caderno de direito do consumidor

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  • 7/28/2019 Caderno de Direito Do Consumidor

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    1Caderno de Direito do Consumidor:

    DIREITO DO CONSUMIDOR FABRICIO BOLZAN

    ndicendice.......................................................................................................................................... 1

    Aula 01 15.02.2012..................................................................................................................1

    Aula 02: 14.03.2012................................................................................................................... 7

    Aula 03 19/04/2012.................................................................................................................. 12

    Aula 04- 19/04/2012.............................................................................................................. 23

    Aula 05- 19/04/2012.............................................................................................................. 38

    Aula 06- 16/05/2012.............................................................................................................. 57

    Aula 07: 27/05/2012................................................................................................................. 80

    Aula 01 15.02.2012

    Bibliografia:o Manual de Direito do Consumidor Cludia Lima Marques

    Editora RT.o Livro do Professor que ainda no est pronto (final do ano).

    PARTE HISTRICA

    1. EVOLUO HISTRICA DO DIREITO DO CONSUMIDORRevoluo Industrial do Ao e do Carvo foi o primeiro momento

    histrico, pois houve aquele grande contingente saindo do campo e

    chegando s cidades. Assim, era necessria uma produo em massapara atender esse grande contingente.

    Passou-se a ser feita uma produo em srie (e no maisartesanalmente). Este modelo de produo se consolidou com aRevoluo Tecnolgica (perodo ps-segunda guerra mundial).

    Com esta Revoluo e, assim, com as mquinas de ponta, conseguiu-se sustentar esse modelo de produo.

    Diante da produo em srie, a qualidade dos produtos no era toboa. Antes, por exemplo, o alfaiate media pessoalmente as roupas das

    pessoas.Destarte, o mundo viu a necessidade de uma lei especfica para a

    proteo do consumidor.

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    2Caderno de Direito do Consumidor:

    Primeira referncia expressa ao Direito do Consumidor: JohnKennedy, em 1962 (EUA) enumerou os direitos do consumidor e osconsiderou como grande desafio do mercado.

    o Porque o direito do consumidor surge nos pases capitalistas?Pas capitalista sempre envolve o risco do progresso. Uma das formas decompensar os riscos do progresso a elaborao de leisprotetivas/tutelar.

    Segunda referncia expressa ao Direito do Consumidor: ONU,1985 foram traadas as diretrizes do direito do consumidor.

    o Direito do Consumidor foi considerado pela ONU um direitohumano de nova gerao, bem como um direito social e econmico(direito de igualdade material do mais fraco).

    2. TRS MANEIRAS DE INTRODUZIR O DIREITO DO CONSUMIDOR:a. 1 maneira: introduo SISTEMTICA do direito do consumidor

    ( luz da Constituio Federal Direito do Consumidor e CF).i. A CF traz um triplo mandamento envolvendo o Direito do

    Consumidor: 1) Necessidade de se promover a defesa dos consumidores (art.

    5, XXXII, CF1). 2) Observar e assegurar o Direito do Consumidor como um

    princpio da ordem econmica (art. 170, IV, V, CF).Qual a relao entre livre concorrncia e direito do consumidor? Para

    fazer valer esse princpio da livre concorrncia (por exemplo, vender oproduto mais barato para ganhar consumidor), o produto no pode violaras normas do direito do consumidor o fornecedor para ganharmercado, pode at colocar um produto mais barato no mercado deconsumo, mas o produto deve ter qualidade (tem que respeitar as normas

    de defesa do consumidor). 3) Sistematizar um Cdigo de Defesa do Consumidor (art. 48,ADCT2).

    O CDC de 11/09/90. Ademais, ele bastante copiado pelos pasesda Amrica Latina.

    ii. Direito do Consumidor como um direito fundamental (primeiromandamento): o Estado passa a intervir nas relaes de consumo, pois oEstado (Executivo, Judicirio e Legislativo) se depara com um novomodelo de relao jurdica, que desigual. Por exemplo: PROCON

    defendendo os direitos do consumidor; Varas especializadas de direito do1Art. 5, XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor;

    2Art. 48 do ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgao da Constituio,elaborar cdigo de defesa do consumidor.

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    em estimular o consumo), o consumidor passa de rei paravtima/vulnervel.

    ii. Trs Revolues: Revoluo Industrial do Ao e do Carvo,Revoluo Tecnolgica e Revoluo da Informtica (que comeou com a

    globalizao).

    3. NATUREZA DO DIREITO DO CONSUMIDORa. Primeira corrente (Gustavo Tepedino): direito do consumidor

    um direito civil-constitucional.b. Segunda corrente (Rizzato Nunes): direito do consumidor um

    ramo autnomo do Direito, caracterizado por uma natureza mista. Ouseja, ele ao mesmo tempo pblico e privado. Ademais, este autor,

    chama o direito do consumidor de um direito difuso.c. Terceira corrente (Cludia Lima Marques): direito do

    consumidor um direito privado ao lado do direito civil e do direitoempresarial. O direito privado tripartite (envolve direito civil, direito doconsumidor e direito empresarial).

    Nenhuma das correntes prevalece. questo de segunda fase.

    LEI 8.078/90 CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

    1. PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DO CDCa. Microssistema multidisciplinar: o CDC possui em seu contedo

    normas de diversas disciplinas jurdicas.i. Exemplo: responsabilidade do fornecedor (direito civil); inverso do

    nus da prova (direito processual civil); processo coletivo; infraes esanes administrativas (direito administrativo); infraes penais (direitopenal).

    b. Lei principiolgica: h inmeros princpios dentro do CDC, que

    tem por objetivo estabelecer direitos ao consumidor vulnervel e impordeveres a os fornecedores .c. Traz normas de ordem pblica e interesse social (art. 1, CDC):

    os direitos do consumidor no podem ser derrogados pelas partes epodem ser reconhecidos de ofcio pelo juiz.

    i. CUIDADO: se o contrato for bancrio, o juiz no pode conhecer deofcio da abusividade das clusulas (Smula 381 do STJ).

    2. RELAO JURDICA DE CONSUMO: aquela estabelecida entre

    consumidor, de um lado, e fornecedor, do outro, e que tem por objeto aquisio de um produto ou a contratao de um servio.Tanto consumidor quanto fornecedor so elementos subjetivos dessa

    relao.

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    5Caderno de Direito do Consumidor:

    a. Consumidor: so quatro conceitos dentro do CDC (os trsltimos so conceitos de consumidor por equiparao).

    i. Consumidor em sentido estrito/standard (art. 2, caput, CDC) : toda

    pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio COMODESTINATRIO FINAL.

    Consumidor como destinatrio final 02 teorias para explicar ofenmeno:

    Teoria Finalista/Subjetiva : consumidor aquele adquire o produto ouservio para o consumo prprio ou de sua famlia. Ou seja, consumidor o destinatrio ftico (retira o produto ou servio do mercado de consumo)e econmico (consome este produto ou servio para ele ou para a famliadele) do produto e do servio. Trata-se de um CONCEITO RESTRITO DE

    CONSUMIDOR, pois, para esta teoria, a PESSOA JURDICA EST FORA DOCONCEITO DE CONSUMIDOR.

    Para essa teoria, a PJ no pode ser considerada vulnervel, massomente a pessoa fsica. Como o CDC foi criado para proteger a partemais vulnervel, ele no pode proteger PJ.

    Ademais, a PJ no destinatria final de produto ou servio (elanunca compra para consumir ela compra bem de insumo, por exemplo,compra mquina para produzir o produto).

    Teoria Maximalista : prega um CONCEITO MAIS AMPLO DE

    CONSUMIDOR, pois, para essa corrente, consumidor apenas odestinatrio ftico do produto ou do servio (basta retirar o produto ouservio do mercado de consumo). Assim, Pessoa Jurdica consumidora.

    OBS 1: Comprar para revender no consumidor para nenhuma dasduas correntes.

    OBS 2: Qual posio adotar na prova? Se cair o texto de lei, podeadotar. Contudo, prevalece, no STJ, prevalece a teoria finalista, porm deforma atenuada (teoria finalista mitigada Prova da MagistraturaFederal). Para o STJ, pessoa jurdica pode ser consumidor, desde quecomprove a sua vulnerabilidade. Nesse sentido, REsp 476.428 e REsp716.877.

    OBS 3: Microempresrio que busca um financiamento no banco paradinamizar o seu negcio microempresrio em relao ao banco maisvulnervel. Nesse caso, como entende o STJ (consumo intermedirio ou

    destinatrio final)? Para o STJ, trata-se de consumo intermedirio, e nodestinatrio final. Portanto, no se aplica o CDC neste caso. Vide Ag.686.793, STJ.

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    Consumidores por equiparao:ii. Consumidor do art. 2, pargrafo nico do CDC (consumidor por

    equiparao): considera-se equiparado ao consumidor a COLETIVIDADEDE PESSOAS, que haja intervindo nas relaes de consumo

    coletividade de pessoas que, de alguma forma, participou da relao deconsumo. Essa coletividade de pessoas pode ser determinvel ou no.

    iii. Consumidor do art. 17 do CDC (consumidor por equiparao) :equiparam-se a consumidor as vtimas do evento danoso. Exemplo:consumidor que ganhou a TV de presente, coloca na tomada e elaexplode; Osasco Plaza Shopping que explodiu (as crianas que estavamao redor foram consideradas consumidoras).

    A doutrina norte-americana chama a vtima do evento danosode bystander.

    iv. Consumidor do 29 do CDC (consumidor por equiparao) : pessoasexpostas s prticas comerciais e contratuais abusivas, determinveis ouno.

    b. Fornecedor (art. 3, caput, CDC): aquele que coloca produtoou servio no mercado de consumo com habitualidade na atividade fim.

    i. Habitualidade profissionalismo? No necessariamente. Exemplo:camel, que no tem profissionalismo nenhum (ao camel, pode seraplicado, teoricamente, o CDC).

    ii. Exemplo: quitandeiro (vende frutas) e tem um Ipad. Ele no utiliza oIpad porque no sabe utilizar e o vende. No pode ser consideradofornecedor, nesse caso, pois, no h habitualidade (ele vende frutas).

    iii. Estado pode ser considerado fornecedor.iv. Fornecedor por equiparao (art. 3 da Lei 10.671/03 Estatuto do

    Torcedor): entidade responsvel pela organizao da competio (CBF),bem como a entidade de prtica desportiva detentora do mando de jogo(Corinthians).

    OBS 1: O clube, na relao com seus associados, pode serconsiderado fornecedor? a mesmo relao condomnio e condmino.Nessas relaes, no se aplica o CDC, pois:

    - 1) So os interessados que deliberam o objeto social, direta ouindiretamente.

    - 2) Natureza comunitria entre os filiados, sem carter lucrativo.Ver REsp 310.953, REsp 650.791.

    OBS 2: Condomnio pode ser considerado consumidor? Sim, por

    exemplo, de um servio de gua e esgoto.

    Elementos objetivos da relao de consumo produto e servio:

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    7Caderno de Direito do Consumidor:

    c. Produto (art. 3, 1, CDC): Produto qualquer bem, mvel ouimvel, material ou imaterial.

    i. Exemplo de bem imaterial: mtuo bancrio.ii. A doutrina d um conceito muito mais amplo de produto. Bem

    fungvel pode ser considerado objeto da relao de consumo? E o bemusado?

    iii. Para a doutrina, o produto pode ser novo ou usado, fungvel ouinfungvel, principal ou acessrio.

    iv. E o produto gratuito? Ele ou no protegido pelo CDC? Exemplo:entrega de produto gratuito no shopping. Sim, aplica-se o CDC.

    v. E quanto ao servio gratuito? O art. 3, 2, CDC, fala medianteremunerao. Assim, o servio, para ser objeto da relao jurdica deconsumo, tem que ser remunerado. Portanto, produto gratuito

    protegido, j o servio gratuito no. E quanto ao shopping com estacionamento gratuito? O servio

    gratuito do estacionamento do shopping est embutido no preo doproduto das lojas. Portanto, a remunerao do artigo supra, tanto aremunerao direta, quanto a remunerao indireta.

    Exemplo de servio integralmente gratuito (no temremunerao direta nem indireta): mdico que est na rua e ajuda apessoa que est passando mal.

    vi. Relao entre entidade de previdncia privada e os seus

    participantes: aplica-se o CDC (Smula 321 do STJ) sempre cai essaSmula!vii. Relao envolvendo o servio notarial: para o STJ e STF, vem

    prevalecendo que no regido pelo CDC. Isso porque os emolumentosextrajudiciais5 tem natureza de taxa. Trata-se de relao tributria. Nessesentido, REsp 625.144, STJ, e ADI 3694, STF.viii. Crdito educativo:

    Aula 02: 14.03.2012

    O servio bancrio est expresso como objeto da relao jurdica deconsumo, ainda que o servio seja gratuito. Tal afirmao est expressano CDC.

    Nelson Nery: se aplica o CDC as atividades bancrias pois se trata deuma atividade remunerada. H habitualidade e profissionalismo nesteservio. Os tomadores do servio bancrio so os vulnerveis da relao.Assim, o CDC previu tal aplicao mas a doutrina unssona nestesentido.

    O STJ posicionou-se primeiramente sobre a incidncia do CDC asatividades bancrias: smula 297. Se aplica o CDC as atividadesbancrias, inclusive as cadernetas de poupana (servio gratuito).

    5 Custas judiciais tambm.

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    8Caderno de Direito do Consumidor:

    O tema, apesar de sumulado, chegou ao STF por meio da ADI 2591,proposta pela CONSIF- Confederao Nacional do Sistema Financeiro:principal associao representante dos bancos. CONSIF fundamentou quehouve violao do artigo 192 da CF: o sistema financeiro nacional

    estruturado de forma a promover o desenvolvimento do pais, abrangendoas cooperativas de crdito, ser regulado por leis complementares quedisporo sobre a participao do capital estrangeiro nas instituies que ointegram. O CDC no pode incidir nas atividades bancrias pois o CDC lei ordinria. STF sobre o tema decidiu pela incidncia do CDC asatividades bancrias.

    A estipulao dos juros remuneratrios, nos casos de emprstimos,entretanto, no ser fixado pelo Poder Judicirio, pois no cabe a este talestipulao. Cabe ao Banco Central fiscalizar . No de 12% ao ano o

    mximo de juros remuneratrios, por revogao a disposio da CF queprevia tal limite, no artigo 192. Smula do STJ n. 382 prev que a fixaoa maior do que isto no indica por si s abusividade . Entretanto, se os

    juros estiverem acima da mdia de mercado, ou se o contrato no fixasseos juros anteriormente , o CDC ser aplicado.

    Os juros moratrios (atraso no pagamento de juros), nos contratosbancrios no regidos por legislao especfica, tais juros podero serconvencionados at o limite de 1% ao ms.

    Crdito educativo de origem bancria servio bancrio sobre o qualincide o CDC?Prevalece no STJ que no. Pois o crdito educativo um programa de

    governo que tem toda a conotao benfica aqueles que vo utilizar ocrdito educativo.

    SERVIO PBLICO E INCIDNCIA DO CDCHistrico do Servio pblico:- Escola francesa ou escola do servio pblico: Leon Duguit: dizia que

    Direito Administrativo era o servio pblico. Qualquer atividadedesempenhada pela administrao era considerada um servio pblico naviso de Leon Deguit.

    - Gaston Jeze identificava o servio pblico como atividade comregime jurdico especial. Trata-se de uma viso mais restrita de serviopblico. o conceito que prevalece at hoje.

    Definio de servio pblico dada por Maria Sylvia: principais pontos adiscutir: o servio pblico uma atividade material, que a lei atribui ao

    Estado, para exercer direta ou por meio de seus delegados por um regimetotal ou parcialmente pblico.Atividade material uma utilidade, comodidade, colocada para ns

    usufruirmos.

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    9Caderno de Direito do Consumidor:

    A lei atribui a titularidade do servio ao Estado.Os regimes totais ou parcialmente pblicos tem relao com os

    princpios: pode ser exercida por meio da administrao ou departiculares (que podem exercer servio pblico por meio de delegao).

    O regime jurdico do servio pblico: Celso Antonio: identifica nanoo de servio pblico dois elementos: substrato material: acomodidade e a utilidade. O substrato formal a submisso ao regime dedireito pblico que est muito bem identificado nos princpios que regema atuao da administrao no tocante ao servio pblico.

    Os princpios que regem os servios pblicos so para Celso de Mello:dever inescusvel do Estado de promover a prestao de servio pblico,que pode ser direta ou indireta; supremacia do interesse pblico;adaptabilidade do servio na lei 8987/95 no artigo 6, pargrafo 2 (servio

    com eficincia, segurana, atualidade, modernidade das tcnicas doequipamento e das instalaes, expanso do servio); universalidade ougeneralidade (o servio deve ser prestado de forma ampla, para atingir omaior nmero de usurios); impessoalidade (probe discriminaesinfundadas). Continuidade; transparncia, motivao, modicidade dastarifas, controle interno e externo da prestao de servio pblico.

    Para Maria Sylvia e Digenes Gasparini, so trs os princpios queregem a prestao de servio pblico: continuidade do servio pblico,mutabilidade do regime jurdico (flexibilidade presente nos contratos

    administrativos, que tem clusulas exorbitantes, pode ser alteradounilateralmente pela administrao), e igualdade para os usurios.Para Dinor Grote os princpios seriam os da lei 8987/95 no se artigo

    6.STJ vem excluindo a responsabilidade da concessionria de servio

    pblico em casos de assalto. A segurana relatada na lei do usurio naprestao do servio pblico.

    Alexandre Santos de Arago: no h na viso dele princpiosespecficos capazes de identificar um regime especial para os servios

    pblicos. O nico ponto relevante o que envolve a impossibilidade dainiciativa privada prestar o servio pblico por direito prprio.

    Na relao jurdica de consumo h consumidor de um lado,fornecedor de outro, aquisio de um produto e contratao de umservio.

    Artigo 17 da lei 8078/90 prev as vtimas do evento danoso comoconsumidores por equiparao.

    O terceiro no usurio do servio pblico tem o direito de invocar aresponsabilidade objetiva do Estado. pacfico o tema no STF. Ex.particular que teve seu veculo abalroado por nibus de transportecoletivo.

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    10Caderno de Direito do Consumidor:

    A administrao como pessoa jurdica pblica se enquadra noconceito legal de fornecedor do artigo 3 do CDC.

    O servio pblico est enquadrado no conceito de servio do CDC.

    remunerado: indiretamente por imposto ou diretamente por tarifas.O CDC inclusive trata expressamente do servio pblico: artigo 4 do

    CDC, inciso VII, artigo 6 direitos bsicos do consumidor, inciso X do CDC,artigo 22 do CDC.

    Lei 8987/95: artigo 6, pargrafo 3: diz que no se caracteriza comodescontinuidade do servio em casos de emergncia ou aps aviso prvioem casos de ordem tcnica ou de segurana, e por inadimplemento dousurio no interesse da coletividade

    No confronto entre artigo 22 do CDC e artigo 6 da lei 8987 o que

    prevalece?Primeira corrente: admite a interrupo. a viso de Jos Geraldo

    Brito Filomeno. H fundamento legal: artigo 6, pargrafo 3 da Lei 8987 eo princpio da supremacia do interesse pblico sobre o privado: evitar quemuitos deixem de pagar a tarifa do servio pblico, comprometendo aqualidade de um bom servio prestado pela coletividade. Defende, ainda,que a interrupo viola o princpio da isonomia, pois se d tratamentoigual em consumidores em situao diferentes: uns adimplentes e outrosno. No mais, a gratuidade no se presume: ou decorre de lei ou de

    contrato.Segunda corrente: no admite a interrupo do servio pblico emrazo do inadimplemento. Luiz Antonio Rizzato Nunes. Para ele, ainterrupo viola o princpio constitucional da dignidade da pessoahumana, bem como viola o princpio da continuidade do servio- artigo 22do CDC. Para ele, extrapola os limites legais de cobrana- artigo 42 doCDC. Viola, ainda, a mxima de que a responsabilidade por uma dvidadeve recair sobre o patrimnio do devedor e no sob sua pessoa.

    Terceira corrente: defendida pelos administrativistas Maral Justen

    Filho, Jos dos Santos Carvalho Filho, Hely Lopes Meirelles. H umadiviso entre servios facultativos e servios compulsrios. Para eles, osfacultativos so os remunerados por tarifas, os compulsrios seriam osremunerados por tributos. somente os facultativos poderiam serinterrompidos diante do inadimplemento do usurio. Os compulsriosbancados por tributos, para eles, no podem ser interrompidos pois jpossuem uma forma de cobrana benfica para a administrao: aexecuo fiscal.

    A posio que prevalece no STJ em regra possvel a interrupo

    em razo do inadimplemento do usurio.Tal regra, entretanto, no absoluta. O STJ no admite a interrupoem casos:

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    12Caderno de Direito do Consumidor:

    Aplica-se o CDC neste caso e cabe a repetio de indbito pelo dobrodiante da cobrana indevida. Resp 1.032. 975

    Smula do STJ 412: ao de repetio de indbito de tarifas de gua eesgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no CC.

    O prazo do CDC do artigo 27 de 5 anos, previsto para pretenso dereparao de danos envolvendo acidentes de consumo. Assim, comorepetio de indbito no acidente de consumo, no se aplica tal prazode 5 anos e sim o do CC.

    Para o manejo de guas pluviais urbanas, a remunerao ser feitapor tributos, inclusive taxas. A remunerao por meio de taxas incompatvel pela impossibilidade de indivisibilidade. Agr. Instrumento476.364 (2004).

    possvel a cobrana da tarifa mnima ser multiplicada pelo nmerode unidades de condomnio que possui gua comum com um smarcador?

    A cobrana da tarifa mnima aceita por lei 8987/95.A posio consolidada no STJ de que no possvel esta cobrana .

    Tal uma cobrana indevida, da qual cabe repetio de indbito pelodobro. Resp. 655.130.

    Smula 407 STJ a respeito da cobrana de tarifa de gua de acordocom as categorias de usurios e faixas de consumo legtima. utilizada como poltica pblica e como racionamento do bem- gua.

    SV 27. A justia estadual competente para julgar causas entreconsumidor entre concessionria de servio de telefonia quando a Anatelno for assistente, opoente ou litisconsorte passiva.

    Aula 03 19/04/2012Princpios Gerais do CDC = Previstos no art.4 do CDC.

    Art. 4 CDC Poltica Nacional das Relaes de Consumo: Nesteartigo o CDC define seus

    objetivos e impe os princpios que devem ser seguidos no mercadode consumo:

    A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objetivo oatendimento das necessidades dos consumidores, o respeito sua

    dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos,a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia eharmonia das relaes de consumo, atendidos os seguintes princpios:

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    13Caderno de Direito do Consumidor:

    1.1 Princpio da Vulnerabilidade (art.4,I CDC)

    I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado deconsumo.

    Por este princpio o consumidor a parte mais fraca da relaojurdica. Existem trs tipos de vulnerabilidade:

    (a) Tcnica = porque o fornecedor que detm o monoplio dosmeios de produo;

    (b) Jurdica ou Cientfica = o consumidor a parte fraca no s nocontrato, mas tambm nas questes econmicas e contbeis. Porm,caso uma micro-empresa celebre acordo com um fornecedor e nomomento da assinatura est acompanhada de um advogado, no se tem

    como alegar vulnerabilidade jurdica.(c) Ftica ou Socioeconmica = o consumidor a parte mais fraca na

    relao scio-econmica.

    Obs.: No precisa haver cumulao destes trs aspectos para acaracterizao da vulnerabilidade, bastando apenas um deles.

    A vulnerabilidade significa a mesma coisa que hipossuficincia?Resposta: No, pois a vulnerabilidade um fenmeno de direito

    material, logo h presuno absoluta para a pessoa fsica. Isso significaque sendo pessoa jurdica a vulnerabilidade dever ser comprovada deacordo com o caso concreto. J na hipossuficincia um fenmeno dedireito processual que deve ser comprovada no caso concreto.

    1.2 Princpio da defesa do consumidor pelo Estado (art.4,II e VIIICDC)

    II - ao governamental no sentido de proteger efetivamente o

    consumidor:a)por iniciativa direta; (Ex.: PROCON, que na maioria dos Municpios eEstado so rgos pblicos que possuem capacidade postulatria ativa.Em SP possui personalidade jurdica):

    b) por incentivos criao e desenvolvimento de associaesrepresentativas; (Ex.: IDEC Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor-, que defende o Estado de forma indireta)

    c) pela presena do Estado no mercado de consumo (desde que oservio seja prestado atravs de tarifas, por contrato de permisso ou

    concesso).d) pela garantia dos produtos e servios com padres adequados dequalidade, segurana, durabilidade e desempenho. (Ex.: A Agncia

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    14Caderno de Direito do Consumidor:

    Executiva que cuida de padres de Metrologia, Normalizao e QualidadeIndustrial INMETRO).

    VIII - estudo constante das modificaes do mercado de consumo .

    1.3 - Princpio da Harmonizao (art.4,III CDC)

    Art.4,III - harmonizao dos interesses dos participantes das relaesde consumo e compatibilizao da proteo do consumidor com anecessidade de desenvolvimento econmico e tecnolgico, de modo aviabilizar os princpios nos quais se funda a ordem econmica (art. 170,da Constituio Federal), sempre com base na boa-f e equilbrio nasrelaes entre consumidores e fornecedores.

    Harmonia = Boa-f objetiva + Equilbrio

    (a) Boa-f: leva em considerao no os aspectos internos e sim osexternos, isto , regras de conduta entre consumidores e fornecedores.Estes, por sua vez, encontram-se nos chamados deveres anexos (oudeveres laterais ou secundrio) de informao, de proteo e decooperao.

    I Dever de Informao = o fornecedor deve informar de maneira

    ostensiva e adequada sobre a periculosidade e inofensividade do produto.A informao pressuposto mnimo de liberdade ao consumidor, ou seja,liberdade de adquirir ou no, aderir ou no ao contrato previamenteelaborado.

    II Dever de Cooperao = Um exemplo de ausncia de cooperaoocorre no caso de pagamento de carn. O cliente parcela o carn em 30prestaes, sendo que o local num lugar de difcil acesso a ele etambm num horrio restrito, o que acarretaria na implicao de juros,

    em caso de descumprimento (atraso no pagamento).

    III Dever de Proteo = j h julgado no STJ referente a este deveranexo MS 23.570 STJ.

    MS 23.570 STJ:Ementa: ADMINISTRATIVO. BANCOS. MEDIDAS DE SEGURANA.

    AGENCIA 24 HORAS. COMPETNCIA DO DF. RAZOABILIDADE DASMEDIDAS. 1. No h inconstitucionalidade na norma que impe a adoo

    de medidas de segurana por instituies bancrias estabelecidas peloDistrito Federal. Precedentes do STJ e STF. 2. A anterior concesso delicena de funcionamento no impede que a Administrao institua novasexigncias genricas de segurana com objetivo de garantir a melhor

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    15Caderno de Direito do Consumidor:

    consecuo dos servios e bem estar dos correntistas. 3. No fere oprincpio da isonomia a lei distrital ao exigir a adoo de medidas desegurana para o funcionamento das agncias de Bancos 24 Horas,vidros indevassveis, quando utilizados como paredes externas, e outras

    como: cmeras em circuito fechado para estabelecimentos bancrios e adisponibilidade de linha ou ramal telefnico para acesso segurana. Oservio bancrio distingue-se dos demais por tratar-se de setorfundamental para a economia do pas, indispensvel a toda a populao,mostrando-se razoveis as medidas previstas para a segurana dosusurios. 4. Recurso ordinrio no provido.

    (b) Equilbrio: O CDC confere direito parte mais fraca da relaocom o objetivo de reequilibrar a relao jurdica de consumo. Ex.:

    Possibilidade da inverso do nus da prova (o autor deve ajuizar ao eno consegue provar nada).

    1.4 - Princpio da Educao e da Informao (art.4, IV CDC)IV - educao e informao de fornecedores e consumidores, quanto

    aos seus direitos e deveres, com vistas melhoria do mercado deconsumo;

    imprescindvel ter a informao e pass-la ao consumidor com ointuito de educ-lo. Ex.: Programa Saber Direito, da TV Justia.

    1.5 - Princpio da Qualidade e Segurana (Princpio da Confiana art.4, V e VII CDC)

    V - incentivo criao pelos fornecedores de meios eficientes decontrole de qualidade e segurana de produtos e servios, assim como demecanismos alternativos de soluo de conflitos de consumo; (Ex.:

    RECALL mecanismo usado pelo fornecedor com o intuito de proteger oconsumidor).

    VII - racionalizao e melhoria dos servios pblicos;

    1.6 - Princpio do Combate ao Abuso (art.4, VI CDC)

    VI - coibio e represso eficientes de todos os abusos praticados nomercado de consumo, inclusive a concorrncia desleal e utilizao

    indevida de inventos e criaes industriais das marcas e nomescomerciais e signos distintivos, que possam causar prejuzos aosconsumidores.

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    16Caderno de Direito do Consumidor:

    Em exemplo foi o logotipo usado pelo Posto 13, fazendo aluso aoPosto BR com o intuito de enganar o consumidor:

    Princpio da Responsabilidade Solidria (art.7, c/c art. 251 CDC)

    Art. 7, pargrafo nico. Tendo mais de um autor a ofensa, todosrespondero solidariamente pela reparao dos danos previstos nasnormas de consumo.

    Art. 25, 1, do CDC: Havendo mais de um responsvel pelacausao do dano, todos respondero solidariamente pela reparao

    prevista nesta e nas sees anteriores.

    Se o dano decorre da ao de mais de um fornecedor, todosrespondero de forma solidria.

    art. 12, caput CDC: O fabricante, o produtor, o construtor,nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentementeda existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aosconsumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao,construo, montagem, frmulas, manipulao, apresentao ouacondicionamento de seus produtos, bem como por informaes

    insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos.

    No caso deste dispositivo, por haver especificao de fornecedores,cada um responder pelo seu (no h responsabilidade solidria).Entretanto, esta hiptese prev a responsabilidade solidria, desde quemais de um deles contribua para a formao do dano. Diferentemente noque ocorre no art. 18 CDC, no qual o legislador utilizou-se o gnero defornecedores (Os fornecedores de produtos de consumo durveis ou nodurveis respondem solidariamente pelos vcios de qualidade ou

    quantidade...), cabendo responsabilidade solidria.

    REsp 867.129Ementa: CIVIL E PROCESSUAL. AO DE INDENIZAO. DANO

    MORAL. CONFIGURAO. RESPONSABILIDADE RECONHECIDA PELOTRIBUNAL A QUO. MATRIA DE PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE.SMULA N. 7-STJ. VALOR. RAZOABILIDADE. CORREO MONETRIA.

    ATUALIZAO A PARTIR DA DATA DO ACRDO ESTADUAL, QUANDOFIXADO O VALOR DA INDENIZAO.

    I. Entendido pelo Tribunal a quo que a recorrente teveresponsabilidade na configurao do dano indenizvel, tal circunstnciaftica no tem como ser reavaliada em sede de recurso especial, ao teorda Smula n. 7 do STJ. II. Indenizao fixada em valor razovel, no

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    17Caderno de Direito do Consumidor:

    justificando a excepcional interveno do STJ a respeito. III. Correomonetria que flui a partir da data do acrdo estadual, quandoestabelecido, em definitivo, o montante da indenizao. IV. Recursoespecial conhecido em parte e provido.

    2. Instrumentos da Poltica Nacional de Consumo (art.5 CDC)

    O art. 5 estabelece os instrumentos para a realizao da PolticaNacional das Relaes de Consumo e, conseqentemente, seus objetivos:

    Art. 5 Para a execuo da Poltica Nacional das Relaes deConsumo, contar o poder pblico com os seguintes instrumentos, entreoutros:

    I - manuteno de assistncia jurdica, integral e gratuita para oconsumidor carente;

    II - instituio de Promotorias de Justia de Defesa do Consumidor, nombito do Ministrio Pblico;

    III - criao de delegacias de polcia especializadas no atendimento deconsumidores vtimas de infraes penais de consumo;

    IV - criao de Juizados Especiais de Pequenas Causas e VarasEspecializadas para a soluo de litgios de consumo;

    V - concesso de estmulos criao e desenvolvimento das

    Associaes de Defesa do Consumidor.

    3 Direitos Bsicos dos Consumidores (art. 6 CDC).

    3.1) Direito vida, sade e segurana (art. 6,I CDC)

    Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:I - a proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados

    por prticas no fornecimento de produtos e servios considerados

    perigosos ou nocivos.

    Nada impede a colocao de produtos ou servios de periculosidadee inofensividade no mercado de consumo, desde que de forma razovel.Ex.: Veneno para rato, barata, etc.

    Em outros termos, o fornecedor tem a obrigao de dar informaesostensivas e adequadas sobre os riscos, sendo que esta periculosidade einofensividade no devem ser de alto grau (arts. 9 e 10 CDC).

    Art. 9 O fornecedor de produtos e servios potencialmente nocivosou perigosos sade ou segurana dever informar, de maneiraostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade,

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    18Caderno de Direito do Consumidor:

    sem prejuzo da adoo de outras medidas cabveis em cada casoconcreto. ( o caso do RECALL).

    Art. 10. O fornecedor no poder colocar no mercado de consumo

    produto ou servio que sabe ou deveria saber apresentar alto grau denocividade ou periculosidade sade ou segurana.

    1 O fornecedor de produtos e servios que, posteriormente sua introduo no mercado de consumo, tiver conhecimento da

    periculosidade que apresentem, dever comunicar o fato imediatamentes autoridades competentes e aos consumidores, mediante anncios

    publicitrios. 2 Os anncios publicitrios a que se refere o pargrafo

    anterior sero veiculados na imprensa, rdio e televiso, s expensas do

    fornecedor do produto ou servio. 3 Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de

    produtos ou servios sade ou segurana dos consumidores, a Unio,os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devero inform-los arespeito. (No causa de excludente de responsabilidade civil no CDC.Foi o que ocorreu com um laboratrio que ps no mercado remdio paraenjo, cujas grvidas tomaram, resultando na m-formao dos fetos).

    3.2) Direito Liberdade de Escolha e Igualdade nas Contrataes (art.

    6,II CDC)

    II - a educao e divulgao sobre o consumo adequado dos produtose servios, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nascontrataes.

    Deve-se dar a informao correta e adequada ao consumidor,garantindo a igualdade material (efetiva) entre consumidor e fornecedor.

    3.3) Direito Informao (art. 6, III CDC) = associada ao direitosupracitado (3.2).III - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e

    servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas,composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos queapresentem.

    3.4) Direito Proteo contra as Prticas Comerciais e ContratuaisAbusivas (art.6, IV CDC)

    IV - a proteo contra a publicidade enganosa e abusiva, mtodoscomerciais coercitivos ou desleais, bem como contra prticas e clusulasabusivas ou impostas no fornecimento de produtos e servios.

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    19Caderno de Direito do Consumidor:

    Exemplos: Publicidade abusiva. Venda casada (incluir um iphone noplano de fidelizao, nos planos de telefonia).

    3.5) Direito Preservao (implcita) do Contrato de Consumo (art.

    6, V CDC)

    V - a modificao das clusulas contratuais que estabeleamprestaes desproporcionais ou sua reviso em razo de fatossupervenientes que as tornem excessivamente onerosas.

    Tem-se o objetivo de preservar o contrato de consumo, caso queirarevisar uma clusula abusiva. Neste caso, no se aplica a Teoria daImpreviso, pois o CDC no exige a previsibilidade, pois basta o fato ser

    superveniente toando-se excessivamente oneroso para reaver o mesmo.Ou seja, pode ser previsvel. Desta forma, nota-se a aplicao da TeoriaBase Objetiva do Negcio Jurdico. Ex.: Resp 367.144/RJ.

    Resp 367.144/RJEmenta: Direito comercial e econmico. Recurso especial. Contrato

    de arrendamento mercantil (leasing). Instituies financeiras. Aplicaodo CDC. Reajuste contratual vinculado variao cambial do dlaramericano. O Cdigo de Defesa do Consumidor aplica-se aos contratos de

    arrendamento mercantil. O abandono do sistema de bandas para cotaoda moeda americana, que resultou em considervel aumento de seuvalor perante o real, constitui fato superveniente capaz de ensejar areviso do contrato de arrendamento mercantil atrelado ao dlar, hajavista ter colocado o consumidor em posio de extrema desvantagem.

    5 direito: a modificao das clausulas contratuais com prestaesdesproporcionais ou sua reviso em razao de fatos supervenientes que astornem excessivamente onerosas.

    Teoria da Impreviso: no foi adotada pelo CDC.Adotou a teoria do rompimento da base objetiva do negcio. Para o

    CDC no importa se o fato era previsvel ou imprevisvel (Resp 367.144)

    6 Direito Bsico do Consumidor: a efetiva preveno e reparao dedanos de danos patrimoniais, morais, individuais e coletivos em sentidoamplo.

    Ex. recall.

    Por tal motivo, no possvel tarifar a indenizao no Brasil, como ocdigo da aeronutica que prev que se pagar X reais pela perda debagagens, que no corresponderia a efetiva reparao do dano.

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    20Caderno de Direito do Consumidor:

    cabvel dano moral coletivo. Ex. caixa preferencial em agnciabancria no segundo andar sem elevador

    7 direito: direito ao acesso a justia e a inverso do nus da prova.

    Presente nos incisos VII e VIII do artigo 6 do CDC.Acesso a rgos judicirios ou administrativos para preveno ou

    reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos oudifusos, inclusive com a inverso do nus da prova a seu valor noprocesso civil quando a critrio do juiz for

    - verossmil a alegao OU- for ele hipossuficiente.No caso de soma de critrios, mas critrio alternativo.

    INVERSO DO ONUS DA PROVAArtigo 333 do CPC dispe que cabe ao autor demonstrar os fatos

    constitutivos de seu direito. E ao ru os modificativos, extintivos ouimpeditivos do direito do autor.

    O CDC prev a possibilidade da inverso do nus da prova em favordo consumidor.

    Sobre o melhor momento para inverso do nus da prova:- Corrente 1: Despacho inicial- Corrente 2: At a fase de saneamento

    - Corrente 3: Sentena, alegando que nus da prova regra dejulgamento.

    Resp 802.832: a inverso deve ocorrer preferencialmente nosaneador. Adotou a corrente 2, defendendo a maior certeza as partes,evitando a insegurana.

    Inverso o nus da prova no implica em pagar a prova pericial, masse a prova no for feita, arcar com o nus do ru.

    PRINCIPIO ESPECFICOS NO CDC

    PRINCIPIO DA PUBLICIDADE OU OFERTA- identificao imediata dapublicidade

    Por este principio o consumidor deve se identificar fcil eimediatamente que uma determinada mensagem tem conotao depublicidade.

    Publicidades vedadas:

    Publicidade dissimulada: a com conotao jornalstica.

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    21Caderno de Direito do Consumidor:

    Publicidade subliminar: aquela que no capitada pelo conscientedo consumidor mas apenas pelo seu inconsciente.

    Publicidade merchandising: tcnica indireta de vincular produtos eservios por meio da sua insero no cotidiano de personagens.

    PRINCIPIO DA VINCULACAO CONTRATUAL DA PUBLICIDADE

    Publicidade espcie de oferta.Artigo 30 do CDC: a publicidade vincula o fornecedor.

    PRINCIPIO DA VEDAO DA PUBLICIDADE ENGANOSA E DA

    PUBLICIDADE ABUSIVA

    Artigo 37 caput do CDC.

    PRINCPIO DA INVERSO OBRIGATRIA O ONUS DA PROVAArtigo 38 do CDC.O nus da prova da veracidade, correo da informao ou

    comunicao publicitria cabe a quem as patrocina.

    No tocante a publicidade, o nus da prova de quem patrocina.

    Trata-se de inverso que decorre da lei OPE LEGIS- e obrigatria.

    PRINCIPIO DA TRANSPARENCIA OU FUNDAMENTAO DAPUBLICIDADE

    O fornecedor dever manter em seu poder os dados fticos, tcnicose cientficos que do sustentao a mensagem publicitria.

    PRINCPIO DA CORREO DO DESVIO DA PUBLICIDADE ou princpio dacontra propaganda

    Obrigao de fazer no sentido de que ele veicule uma novapublicidade sem os vcios da enganosidade e abusividade, para desfazerou diminuir os malefcios da publicidade enganosa ou abusiva.

    A contra propaganda deve ser nas mesmas propores da publicidadeviciada: mesmo veculo, local, espao e horrio.

    PRINCIPIOS ESPECFICOS DO CONTRATO DE CONSUMOROMPIMENTO COM AS TRADIES PRIVATISTAS DO CC:

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    22Caderno de Direito do Consumidor:

    I Fim dapacta sunt servanda;II Oferta deixa de ser mero convite no CDC vincula;III As clusulas no so elaboradas por ambas as partes Contrato

    de Adeso (quem elabora o contrato na relao de consumo o

    fornecedor).

    PRINCPIO DA PRESERVAO (EXPLCITA) DOS CONTRATOS (art. 51, 2 CDC)

    Art. 51, 2 A nulidade de uma clusula contratual abusiva noinvalida o contrato, exceto quando de sua ausncia, apesar dos esforosde integrao, decorrer nus excessivo a qualquer das partes.

    A retirada da clausula nula no invalida os contratos. a preservaodos contratos de consumo.

    o caso do contrato de plano de sade, no qual h uma clusulaque veda o tempo de internao (clusula nula). A soluo excluir estaclusula nula, vigorando o restante do contrato.

    PRINCPIO DA TRANSPARNCIA CONTRATUAL (ART. 46 CDC)Art. 46. Os contratos que regulam as relaes de consumo no

    obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomarconhecimento prvio de seu contedo, ou se os respectivos instrumentosforem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido ealcance.

    S se podem obrigar os consumidores, se o fornecedor fornecer asinformaes contidas no contrato, de forma destacada (linguagem de fcilentendimento, sem utilizao de termos tcnicos), j que visa um direitorestritivo do consumidor.

    A transparncia transcende a mera possibilidade de ver o contrato.No basta dar acesso a informao contratual, o contrato deve serinteligvel para que o consumidor assim o consiga entender.

    PRINCIPIOS ESPECFICOS DO CONTRATO

    PRINCPIO DA INTERPRETAO MAIS FAVORVEL AO CONSUMIDOR .Artigo 47 do CDC:

    Art. 47 - As clusulas contratuais sero interpretadas de maneiramais favorvel ao consumidor.

    O CCB no seu art. 423 possui regra semelhante (Art. 423. Quandohouver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias,dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente). Mas o

    CDC tem aplicao maior do que a do CC, que limita a contratos deadeso.

    PRINCPIO DA VINCULAO PR-CONTRATUAL (ART. 48 CDC)

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    23Caderno de Direito do Consumidor:

    Art. 48. As declaraes de vontade constantes de escritosparticulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumovinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica, nos

    termos do art. 84 e pargrafos.Exemplo: Compromisso ou promessa de compra e venda de imvel,

    no precisa de registro para ter eficcia.

    REsp 247344 / MG - 19/02/2001Ementa: CIVIL E PROCESSUAL - PROMESSA DE COMPRA E VENDA -

    IMVEL INSCRIO NO REGISTRO MOBILIRIO - ADJUDICAO -OUTORGA UXRIA PRECEDENTES DA CORTE. I - A promessa de vendagera efeitos obrigacionais no dependendo, para sua eficcia e validade,

    de ser formalizada em instrumento publico. O direito a adjudicaocompulsria de carter pessoal, restrito aos contratantes, no secondicionando a obligatio faciendi inscrio no registro de imveis.

    Aula 04- 19/04/2012

    Dilogos das Fontes

    6.1 Origem = Havia uma concepo de que caso existisse duas ou

    mais normas regulamentando uma matria deveria haver ciso delas,prevalecendo apenas uma norma. E, 1995, no Curso Geral de Haia, Erik

    Jayme props o dilogo das fontes, ou seja, a unificao destas normas,invs da ciso (excluso). Prega a aplicao de normas geraissupervenientes as especficas, na tentativa de manter a coerncia dosistema. Assim, permite a aplicao do CC, norma geral mais nova, acasos com regramento menos benfico dado pelo CDC, lei especfica maisvelha.

    6.2 Aprofundamento = Para Cludia Lima Marques (no Brasil) trsso os tipos de dilogo possveis:

    a) Dilogo sistemtico de coerncia = aplicao simultnea de duasleis, sendo que uma serve de base conceitual para outra (o CCB a basedo CDC). Para ela, o CDC no impede a aplicao do CCB, quando estetrouxer regra mais favorvel ao consumir, como o caso dos prazosprescricionais.

    b) Dilogo sistemtico de complementariedade e subsidiariedade =consiste na aplicao coordenada de duas leis, uma complementando aaplicao da outra ou sendo aplicada de forma subsidiria. Ex.: Temasque constam no CCB e no no CDC e vice-versa.

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    24Caderno de Direito do Consumidor:

    c) Dilogo das influncias recprocas sistemticas = influncia dosistema geral no especial e vice-versa.

    Por fim, vale dizer que o dilogo das fontes dever ocorrer tambmentre o CDC e leis especiais como a lei de planos de sade, lei sobreincorporao imobiliria, Cdigo Brasileiro de Aeronutica, lei sobre asmensalidades escolares, lei de concesses e permisses de serviospblicos, lei complementar que regulamenta o sistema financeiro...

    ** ATENO: O STJ no admite a Teoria Dos Dilogos Das Fontes,prevalecendo ainda em suas decises ciso entre o CDC e o CCB equando aplicado este ltimo prejudica o consumidor.

    Tema: Responsabilidade Civil no Cdigo de Defesa do Consumidor

    1 Introduo

    A regra no CDC a responsabilidade objetiva, ou seja, aquela queindepende de dolo ou culpa, tendo o consumidor que ajuizar a aodemonstrar:

    - produto defeituoso;

    - eventus damni (prejuzo em razo do produto defeituoso);- relao de causalidade entre ambos.

    O consumidor (autor) deve demonstrar o maior nmero de provas napea, pois pode acontecer do juiz no inverter o nus da prova, j queesta no obrigatria (fica a critrio do juiz).

    Resp 475.039/MSEmenta: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE

    AUTOMOBILSTICO. FALHA NO SISTEMA DE TRAVAMENTO DE FREIOS.EMBARGOS DE DECLARAO. CARTER PROCRASTINATRIO NOVERIFICADO. MULTA AFASTADA. NEXO CAUSAL VERIFICADO NASINSTNCIAS ORDINRIAS. SMULA 7 DO STJ. INVERSO DO NUS DAPROVA. POSSIBILIDADE.

    REsp 915.599-SPEmenta: NUS. PROVA. SAQUES. CONTA BANCRIA. A questo

    consiste em determinar o cabimento ou a inverso do nus da prova (art.

    6, VIII, do CDC) em aes que discutem a realizao de saques indevidosde numerrio depositado em conta bancria. Explica a Min. Relatora quea hipossuficincia a que faz remisso o inciso VIII do art. 6 do CDC nodeve ser analisada apenas sob o prisma econmico e social, mas,

    http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20915599http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20915599
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    25Caderno de Direito do Consumidor:

    sobretudo, quanto ao aspecto da produo de prova tcnica. Sendoassim, a hipossuficincia tcnica do consumidor, na hiptese dos autos,de saques no autorizados em conta bancria, dificilmente poder serafastada pelo total desconhecimento, por parte do cidado mdio, dos

    mecanismos de segurana utilizados pelo banco para o controle de seusprocedimentos e ainda das possveis formas de superao dessasbarreiras a eventuais fraudes. Logo, no caso, impe-se a inverso do nusda prova ao fornecedor do servio (o banco) a fim de ser respeitado oCDC.

    REsp 918257/SP (03-05-07)Ementa: Processo civil. Recurso especial. Ao de reparao por

    danos materiais e compensao por danos morais. Consumidora do

    anticoncepcional 'Diane 35' que engravidou, de forma indesejada,durante a utilizao do produto em face de defeito deste, porque cartelascom 20 comprimidos, ao invs de 21, foram colocadas no mercado.

    REsp 866636/SP (28-11-07)Ementa: Civil e processo civil. Recurso especial. Ao civil pblica

    proposta pelo PROCON e pelo Estado de So Paulo. AnticoncepcionalMicrovlar. Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das plulas

    de farinha'. Cartelas de comprimidos sem princpio ativo, utilizadas parateste de maquinrio, que acabaram atingindo consumidoras e noimpediram a gravidez indesejada. Pedido de condenao genrica,

    permitindo futura liquidao individual por parte das consumidoraslesadas. Discusso vinculada necessidade de respeito segurana doconsumidor, ao direito de informao e compensao pelos danosmorais sofridos.

    EDcl no REsp 866636/SP (19-02-08)

    Ementa: Civil e processo civil. Recurso especial. Ao civil pblicaproposta pelo PROCON e pelo Estado de So Paulo. AnticoncepcionalMicrovlar. Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das plulasde farinha'. Alegao de contradies no acrdo. Discusso a respeitoda juntada extempornea de suposto paradigma. Inovao na causa.Configurao da responsabilidade objetiva da r. Desnecessidade deanlise de dispositivos relativos responsabilidade subjetiva.

    a Teoria do Risco que justifica a responsabilidade objetiva no CDC.Por esta teoria, todo aquele que coloca o produto/servio nomercado de consumo cria o risco de dano terceiro econcretizado o dano surge o dever de reparar/indenizarindependentemente de culpa ou dolo.

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    26Caderno de Direito do Consumidor:

    O CDC ora fala em vcio e ora fala em defeito. a mesmacoisa?

    Resposta: H duas correntes:

    1 corrente (adotada pelo CDC) = vcio e defeitos sodiferentes. Para esta corrente, vcio a inadequao doproduto/servio para os fins a que se destinam (ex.: compro umaTV e ela no funciona). J o defeito est associado inseguranado produto/servio (ex.: compro uma TV e no meio daprogramao, ela explode no rosto do consumidor atinge aintegridade fsica).

    2 corrente: no h diferena entre eles. H o vcio/defeito dequalidade e vcio/defeito de segurana.

    Tipos de responsabilidades no CDC

    O CDC traz duas espcies de responsabilidade, quais sejam:

    Responsabilidade pelo fato do produto/servio (h produto/serviodefeituoso que gera acidente de consumo. H uma proteo com a

    incolumidade fsico-psiquica do consumidor, ou seja, proteo vida esade do consumidor, preferencialmente); ex. TV que explode.

    Responsabilidade pelo vcio do produto/servio (h produto/servioviciado que gera para alguns incidentes de consumo. Busca-se tutelar aincolumidade econmica do consumidor, preferencialmente). H umproduto ou servio inadequado para os fins a que se destinam. Ex. TV queno liga.

    RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E PELO FATO DOSERVIO (gera acidente de consumo pois o produto defeituoso)

    Art. 12, caputCDC: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ouestrangeiro, e o importador respondem, independentemente daexistncia de culpa, pela reparao dos danos causados aosconsumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao,construo, montagem, frmulas, manipulao, apresentao ou

    acondicionamento de seus produtos, bem como por informaesinsuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos.

    A RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

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    27Caderno de Direito do Consumidor:

    H CATEGORIAS DE FORNECEDORES E MODALIDADES DE DEFEITOS.

    Neste dispositivo, pelo fato do legislador ter especificado osfornecedores, a princpio, cada um responder pelo seu dano causado,

    pois se pelo menos mais de um contribuir para a causao do dano todos respondero solidariamente.

    No art. 12 CDC, h trs categorias de fornecedores: fornecedor real,presumido e o aparente.

    (a) fornecedor real = o fabricante, produtor e construtor;(b) fornecedor presumido = o importador;(c) fornecedor aparente = aquele que coloca seu nome ou marca no

    produto final (ex.: franqueador).H tambm trs modalidades de defeitos, estipulados neste artigo:

    (a) defeito de concepo/criao = envolve defeito no projeto,formulao ou design do produto;

    (b) defeito de produo ou fabricao = envolve defeito naconstruo, montagem, manipulao, acondicionamento do produto e naprpria fabricao;

    (c) defeito de informao/comercializao = envolve o defeito naapresentao ou informao insuficiente ou inadequada na oferta. A

    APRESENTAA E INFORMAA INSUFICIENTE TAMBM PODER GERARACIDENTE DE CONSUMO.

    art. 12,1 CDC = conceitua o defeito (correlacionado seguranado produto 1 corrente).

    Art. 12, 1 - O produto defeituoso quando no oferece a seguranaque dele legitimamente se espera, levando-se em considerao ascircunstncias relevantes, entre as quais:

    I - sua apresentao;II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;III - a poca em que foi colocado em circulao (associada teoria do

    Risco do Desenvolvimento).

    Para a doutrina, o produto defeituoso possui dois elementos:(a) desconformidade de expectativa legtima;(b) capacidade de provocar acidente.

    O CDC no probe a venda de produtos nocivos ou que causem riscono mercado de consumo.A depender do grau da periculosidade, ela pode ser aceita ou

    refutada.

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    Artigo 10, pargrafo 1 do CDC dispe que o fornecedor de produto ouservios no poder colocar no mercado que SABE APRESENTAR ALTOGRAU DE NOCIVIDADE OU PERICULOSIDADE A SADE OU SEGURANA.

    Se o fornecedor toma cincia posteriormente a sua introduo no

    mercado de consumo, dever comunicar o fato s autoridadescompetentes e consumidores com anncios publicitrios. Para muitos,este o fundamento do recall.

    - art. 12,2 CDC = diz que o produto no considerado defeituosoem caso de inovaes tecnolgicas.

    AgRg no AI n 693.303/DF (18.04.06)Ementa: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.

    RECURSO ESPECIAL. AO DE INDENIZAO POR DANOS MATERIAIS EMORAIS. VIOLAO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTNCIA. VCIO DEINFORMAO. ANLISE. IMPOSSIBILIDADE. INCIDNCIA DA SMULA 07DO STJ. III. Ademais, o direito do consumidor se d em relao fidedignidade e qualidade do produto que est comprando, noabrangendo, no caso de aquisio de veculo novo, o acesso ainformaes precisas sobre futuros lanamentos da montadora, dado aosigilo e dinmica de mercado prprios da indstria automobilstica.Indevida, portanto, indenizao, se aps a aquisio outro modelo, mais

    atualizado, veio a ser produzido. IV. Agravo regimental desprovido.

    O comerciante responde pelo defeito do produto?Resposta: De acordo com o art. 13 do CDC, a responsabilidade do

    comerciante SUBSIDIRIA (conforme hipteses previstas nos incisosdeste artigo). Todavia, h uma corrente minoritria, na qual entende quea responsabilidade do comerciante direta nas trs hipteses previstasno artigo 13 CDC ( uma responsabilidade direta).

    Art. 13 - O comerciante igualmente responsvel, nos termos doartigo anterior, quando:I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador no

    puderem ser identificados;II - o produto for fornecido sem identificao clara do seu fabricante,

    produtor, construtor ou importador;III - no conservar adequadamente os produtos perecveis.

    E quanto ao direito de regresso dos comerciantes? Cabe

    denunciao da lide?Resposta: De acordo com o art. 13, tem direito de regresso:Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poder exercer odireito de regresso contra os demais responsveis, segundo sua

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    30Caderno de Direito do Consumidor:

    participao na causao do evento danoso, que pode ser exercido nosmesmos autos.

    Contudo, o art. 88 do CDC faz vedao expressa denunciao da

    lide. Assim sendo, para a doutrina vedada a denunciao da lide tantopara o defeito do produto ou servio, sob os seguintes argumentos:

    traz nova pessoa lide; retarda a reparao de dano ao consumidor; traz nova causa de pedir a responsabilidade subjetiva entre os

    fornecedores.

    AO ENTRE FABRICANTE E CONSUMIDOR: A RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

    AO ENTRE COMERCIANTE E PRODUTOR para fins de regresso:RESPONSABILIDADE SUBJETIVA (demonstra dolo e culpa).

    Vale dizer, que o STJ faz uma distino: a vedao ocorre apenaspara os casos de responsabilidade pelo fato do produto, ou seja, possvel a denunciao da lide na responsabilidade pelo fato do servio.

    Caso: ao contra o banco por no conseguir adentrar em agenciabancria. Banco denuncia a lide a empresa de segurana, o que permitido pelo STJ.

    Para o STJ prevalece a impossibilidade de denunciar a lide naresponsabilidade pelo fato do produto.

    Se pelo fato do servio, o STJ admite a denunciao da lide.

    REsp 439233/SP (04/10/2007)Ementa: CIVIL E PROCESSUAL. AO DE INDENIZAO. DANOS

    MORAIS. TRAVAMENTO DE PORTA DE AGNCIA BANCRIA. DENUNCIAO LIDE DA EMPRESA DE SEGURANA. REJEIO COM BASE NO ART. 88 DOCDC. VEDAO RESTRITA A RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE (CDC,

    ART. 13). FATO DO SERVIO. AUSNCIA DE RESTRIO COM BASE NARELAO CONSUMERISTA. HIPTESE, TODAVIA, QUE DEVE SER

    APRECIADA LUZ DA LEI PROCESSUAL CIVIL (ART. 70, III). ANULAO DOACRDO. A vedao denunciao lide disposta no art. 88 da Lei n.8.078/1990 restringe-se responsabilidade do comerciante por fato do

    produto (art. 13), no alcanando o defeito na prestao de servios (art.

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    31Caderno de Direito do Consumidor:

    14), situao, todavia, que no exclui o exame do caso concreto luz danorma processual geral de cabimento da denunciao, prevista no art.70, III, da lei adjetiva civil.

    Excludentes de responsabilidade do fornecedor art. 12,3 CDC

    Art. 12, 3 - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador sno ser responsabilizado quando provar:

    I - que no colocou o produto no mercado (ex.: fabricante de remdiocomprova que o lote de nx que havia separado para a nocomercializao foi furtado de sua fbrica e que posteriormente estavasendo vendido no mercado negro);

    II - que embora haja colocado o produto no mercado, o defeito

    inexiste (quando fabricante, por ex., comprova que a plula no defarinha);**

    III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (a culpa exclusivaexclui o fornecedor, porm a culpa concorrente atenua a responsabilidadedo mesmo).

    possvel incluir o comerciante, na hiptese do inciso III do art.12,3 CDC, ou seja, como sendo o terceiro que colaborou exclusivamentepelo dano?

    Resposta: Prevalece o entendimento que no se pode incluir, pois o

    terceiro a pessoa alheia, fora da relao de consumo.

    E caso fortuito e fora maior so causas de excludentes deresponsabilidade?

    Resposta: O CDC no mencionou, mas tambm no os vedou. Logo,caso fortuito e fora maior so causas de excludentes deresponsabilidade, desde que ocorram aps a colocao do produto narelao de consumo, pois sendo anterior sua colocao no mercado deconsumo, o fornecedor tem o dever de preservar a qualidade do mesmo.

    Ex.: Medicamento estocado para ser encaixotado. Chove e estraga todoo medicamento. Mesmo assim, este posto venda. Neste caso, noexclui a responsabilidade (ocorreu antes de colocar no mercado). Resp1.180.815.

    Teoria do Risco do Desenvolvimento = tem-se defeitos que eramdesconhecidos antes da colocao do produto no mercado de consumo.Alm disso, no havia previso de dano, em face do estado de cincia eda tecnologia. Ex.: Caso do medicamento talidomida (remdio para enjo

    que fora utilizado por grvidas e que causou m-formao nos fetos) neste caso a teoria no foi aplicada, ou seja, no causa de excludentede responsabilidade do fornecedor, sob pena de reintroduzir no CDC aresponsabilidade subjetiva.

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    32Caderno de Direito do Consumidor:

    Obs.: H posio minoritria de que esta teoria exclui aresponsabilidade do fornecedor, sob o argumento de que o fato desconhecido perante toda a comunidade cientifica e no to-somente

    pelo fornecedor.

    Responsabilidade pelo fato do servio

    art. 14 CDC = h acidente de consumo em razo de um serviodefeituoso. O legislador no se valeu do gnero fornecedor, isto , nestahiptese o fornecedor deve ser entendido como aquele prestador diretodo servio.

    - art. 14, do CDC: O fornecedor de servios responde,independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danoscausados aos consumidores por defeitos relativos prestao dosservios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobresua fruio e riscos.

    art. 14,1 CDC = conceitua o servio defeituoso O servio defeituoso quando no fornece a segurana que o consumidor dele podeesperar, levando-se em considerao as circunstncias relevantes, entre

    as quais:I - o modo de seu fornecimento;II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;III - a poca em que foi fornecido.

    art. 14,2 CDC = diz que as inovaes tecnolgicas no fazem comque o servio prestado seja defeituoso.

    Causas excludentes de responsabilidade do fornecedor pelo fato do

    servio

    art. 14,3 CDC: O fornecedor de servios s no serresponsabilizado quando provar:

    I - que, tendo prestado o servio, o defeito inexiste;II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (culpa concorrente

    atenua a responsabilidade do fornecedor que prestou o servio. Inclusive,h casos em que o STJ reduz pela metade o valor da indenizao fixadapelo TJ, em razo do reconhecimento da culpa concorrente, j que ambos

    contriburam para a ocorrncia do dano). ex. usurio de transportecoletivo que anda pelo lado de fora de transporte caso de culpaconcorrente: a vtima sabia que no poderia andar pelo lado de fora dotransporte, e a prestadora de servio pblico tambm.

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    33Caderno de Direito do Consumidor:

    (no h o caso do fato do produto, por no t-lo colocado nomercado).

    REsp 226348/SP (19/09/2006)

    Ementa: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.TRANSPORTE FERROVIRIO. 'PINGENTE'. CULPA CONCORRENTE.PRECEDENTES DA CORTE. I - dever da transportadora preservar aintegridade fsica do passageiro e transport-lo com segurana at o seudestino. II - A responsabilidade da companhia de transporte ferroviriono excluda por viajar a vtima como "pingente", podendo seratenuada se demonstrada a culpa concorrente.

    REsp 437195/SP (19/06/2007)Ementa: Neste Superior Tribunal de Justia, prevalece a orientao

    jurisprudencial no sentido de que civilmente responsvel, por culpaconcorrente, a concessionria do transporte ferrovirio pelo falecimentode pedestre vtima de atropelamento por trem em via frrea, porquantoincumbe empresa que explora essa atividade cercar e fiscalizar,devidamente, a linha, de modo a impedir sua invaso por terceiros,notadamente em locais urbanos e populosos. Embargos de divergnciano conhecidos. (EREsp 705.859/SP).

    E ocorrendo caso fortuito ou fora maior?

    Resposta: Apesar do CDC no fazer meno expressa, estes podemser alegados, desde que ocorridos durante ou aps a prestao doservio.

    ** Relao de conexo coma prestao do servio

    1. Em caso de assalto mo-armada ocorrido em servio detransporte coletivo = O STJ entende que se o fato for espordico, causade excludente de responsabilidade, pois fato de terceiro que no tem

    conexo com o servio de transporte coletivo, visto que questo desegurana pblica, diferentemente do caso visto anteriormente dopingente.

    REsp 142186/SP (27/02/2007)Ementa: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. HOMICDIO

    NO INTERIOR DE VAGO. CASO FORTUITO OU FORA MAIOR.EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. O fato de

    terceiro, que no exime de responsabilidade a empresa transportadora, aquele que guarda uma relao de conexidade com o transporte. 2.Recurso conhecido e provido.

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    34Caderno de Direito do Consumidor:

    Entretanto, se o assalto ocorre sempre no mesmo local e horrio(forma freqente) a situao outra, pois a situao deixou de serimprevisvel, tendo o fornecedor o dever de tutela/guarda do consumidor,como por exemplo: mudando o itinerrio, colocando segurana no local,

    etc.

    2. Em caso de assalto mo-armada ocorrido em banco = Para o STJ,a segurana tem conexo com a prestao de servio (bancria), assimno exclui a responsabilidade do fornecedor prestador de servio banco. A segurana do banco atividade essencial, ou seja, visa segurana do consumidor.

    O caso fortuito EXTERNO exclui a responsabilidade do prestador doservio. J o fortuito interno no exclui a responsabilidade.

    REsp 750418/RS (12/09/2006)Ementa: CIVIL. AO DE INDENIZAO. CHEQUES FURTADOS DE

    AGNCIA BANCRIA. USO INDEVIDO POR TERCEIRO. DEVOLUOINJUSTIFICADA DE CHEQUES EMITIDOS PELAS CORRENTISTAS. DANOMORAL. VALOR. MANUTENO. JUROS MORATRIOS. CLCULO.

    I. A segurana prestao essencial atividade bancria.II. No configura caso fortuito ou fora maior, para efeito de iseno

    de responsabilidade civil, a ao de terceiro que furta, do interior do

    prprio banco, talonrio de cheques emitido em favor de cliente doestabelecimento.III. Ressarcimento devido s autoras, pela reparao dos danos

    morais por elas sofridos pela circulao de cheques falsos em seusnomes, gerando constrangimentos sociais, como a devoluo indevida decheques regularmente emitidos pelas correntistas e injustificadamentedevolvidos.

    REsp 1.010.392/RJ (24.03.2008) o fato do fornecedor chamar o

    consumidor para o RECALL e este no comparece, no o exclui daresponsabilidade de reparar o dano.Ementa: CIVIL. CONSUMIDOR. REPARAO DE DANOS.

    RESPONSABILIDADE. RECALL. NO COMPARECIMENTO DO COMPRADOR.RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE.

    - A circunstncia de o adquirente no levar o veculo para conserto,em ateno a RECALL, no isenta o fabricante da obrigao de indenizar.

    o caso da teoria do risco: risco para o fornecedor. O fato de colocarproduto no mercado de consumo cria o risco para terceiros.

    Responsabilidade do Profissional Liberal

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    35Caderno de Direito do Consumidor:

    art. 14,4 CDC = a exceo regra da responsabilidade objetiva.Para os profissionais liberais a responsabilidade subjetiva (pessoal).

    Art. 14, 4 - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberaisser apurada mediante a verificao de culpa.

    Quem o profissional liberal?Resposta: o no empregado que trabalha por conta prpria, em

    profisso de nvel superior ou no, exercendo atividade cientifica ouartstica. aquele que faz do seu conhecimento a ferramenta da suasobrevivncia.

    E por que estes tm tratamento diferenciado?Resposta: Em virtude:

    I) da relao intuito personae da atividade (envolve confiana/fidciaentre o profissional e cliente);

    II) em regra, desempenha atividade de meio, ou seja, no estobrigado a atingir o resultado e sim a utilizar todo o conhecimento tcnicoa atingir o xito.

    Cirurgia reparadora e cirurgia esttica (de embelezamento) = acirurgia reparadora caracterizada como atividade meio, decorrente, porexemplo, de um acidente automobilstico. J a cirurgia esttica (de

    embelezamento) atividade fim, logo a responsabilidade objetiva,voltando para a regra (pacfico no STJ).

    AgRg no REsp 256174/DF (04/11/2004)Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE MDICA.

    OBRIGAO DE MEIO. REEXAME FTICOPROBATRIO. SMULA 07/STJ.INCIDNCIA. 1. Segundo doutrina dominante, a relao entre mdico e

    paciente contratual e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plsticasembelezadoras), obrigao de meio e no de resultado. Precedente.

    REsp 236.708/MG (10.02.2009)Ementa: DANO MORAL. CIRURGIA PLSTICA. OBRIGAO.

    RESULTADO. Em ao indenizatria por fracasso de procedimentoplstico-cirrgico (abdominoplastia e mamoplastia com resultado decicatrizes, necrose e deformao), o Tribunal a quo reformou a sentena,condenando o mdico a pagar todas as despesas despendidas comsucessivos tratamentos mdicos e verbas honorrias, devendo oquantum ser apurado em sede de liquidao, alm do pagamento de

    indenizao por dano moral, em razo da obrigao de resultado.Entendeu aquele Tribunal que o cirurgio plstico responde peloinsucesso da cirurgia diante da ausncia de informao de que seriaimpossvel a obteno do resultado desejado. Isso posto, o Min. Relator

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    36Caderno de Direito do Consumidor:

    destaca que, no REsp, a controvrsia restringe-se exclusivamente emsaber se presumida a culpa do cirurgio pelos resultados inversos aosesperados. Explica que a obrigao assumida pelos mdicos normalmente obrigao de meio, no entanto, em caso da cirurgia plstica meramente

    esttica, obrigao de resultado, o que encontra respaldo na doutrina,embora alguns doutrinadores defendam que seria obrigao de meio. Masa jurisprudncia deste Superior Tribunal posiciona-se no sentido de que anatureza jurdica da relao estabelecida entre mdico e paciente nascirurgias plsticas meramente estticas de obrigao de resultado, eno de meio.Observa que, nas obrigaes de meio, incumbe vtimademonstrar o dano e provar que ocorreu por culpa do mdico e, nasobrigaes de resultado, basta que a vtima demonstre, como fez aautora nos autos, o dano, ou seja, demonstrou que o mdico no obteve o

    resultado prometido e contratado para que a culpa presuma-se, da ainverso da prova. A obrigao de resultado no priva ao mdico apossibilidade de demonstrar, por meio de provas admissveis, que o efeitodanoso ocorreu, como, por exemplo: fora maior, caso fortuito, ou mesmoculpa exclusiva da vtima. Concluiu que, no caso dos autos, o dano estconfigurado e o recorrente no conseguiu desvencilhar-se da culpapresumida. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso docirurgio. Precedentes citados: REsp 326.014-RJ, DJ 29/10/2001; REsp81.101-PR, DJ 31/5/1999, e REsp 10.536-RJ, DJ 19/8/1991. REsp 236.708-

    MG, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1Regio), julgado em 10/2/2009.

    ** Responsabilidade hospitalar = O STJ diferencia:

    1. se os danos decorrerem da atividade mdica, o hospital respondedos mesmos termos que o mdico (responsabilidade subjetiva). Ex.:Paciente teve problema em razo de uma interveno cirrgica e no porfalta de estrutura do hospital.

    REsp 258389/SP (16/06/2005)Ementa: CIVIL. INDENIZAO. MORTE. CULPA. MDICOS.

    AFASTAMENTO. CONDENAO. HOSPITAL. RESPONSABILIDADE. OBJETIVA.IMPOSSIBILIDADE. 1 - A responsabilidade dos hospitais, no que tange atuao tcnico-profissional dos mdicos que neles atuam ou a elessejam ligados por convnio, subjetiva, ou seja, dependente dacomprovao de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos preponentes .

    Obs.: Se um mdico, por exemplo, alugar um espao do hospital erealizar cirurgias causando danos vtima, o hospital no responder -responsabilidade objetiva (STJ).

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    37Caderno de Direito do Consumidor:

    Resp 908.359 (27.08.08)Ementa: RECURSO ESPECIAL. AO DE INDENIZAO.

    RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MDICO. NEGLIGNCIA. INDENIZAO.RECURSO ESPECIAL. 1. A doutrina tem afirmado que a responsabilidade

    mdica empresarial, no caso de hospitais, objetiva, indicando opargrafo primeiro do artigo 14 do Cdigo de Defesa do Consumidorcomo a norma sustentadora de tal entendimento. Contudo, aresponsabilidade do hospital somente tem espao quando o danodecorrer de falha de servios cuja atribuio afeta nica eexclusivamente ao hospital. Nas hipteses de dano decorrente de falhatcnica restrita ao profissional mdico, mormente quando este no temnenhum vnculo com o hospital -seja de emprego ou de mera preposio-, no cabe atribuir ao nosocmio a obrigao de indenizar. 2. Na

    hiptese de prestao de servios mdicos, o ajuste contratual -vnculoestabelecido entre mdico e paciente -refere-se ao emprego da melhortcnica e diligncia entre as possibilidades de que dispe o profissional,no seu meio de atuao, para auxiliar o paciente. Portanto, no pode omdico assumir compromisso com um resultado especfico, fato que levaao entendimento de que, se ocorrer dano ao paciente, deve-se averiguarse houve culpa do profissional -teoria da responsabilidade subjetiva. Noentanto, se, na ocorrncia de dano impe-se ao hospital que respondaobjetivamente pelos erros cometidos pelo mdico, estar-se- aceitando

    que o contrato firmado seja de resultado, pois se o mdico no garante oresultado, o hospital garantir. Isso leva ao seguinte absurdo: na hiptesede interveno cirrgica, ou o paciente sai curado ou ser indenizado -daum contrato de resultado firmado s avessas da legislao. 3. O cadastroque os hospitais normalmente mantm de mdicos que utilizam suasinstalaes para a realizao de cirurgias no suficiente paracaracterizar relao de subordinao entre mdico e hospital.

    2. O hospital responde de forma objetiva quando os danos

    decorrerem da falta de estrutura do mesmo e no de uma intervenojurdica, como por exemplo, infeco hospitalar.

    REsp 629212/RJ (15/05/2007)Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. INFECO

    HOSPITALAR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL. ART. 14 DOCDC. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATRIO. O hospital respondeobjetivamente pela infeco hospitalar, pois esta decorre do fato dainternao e no da atividade mdica em si. O valor arbitrado a ttulo de

    danos morais pelo Tribunal a quo no se revela exagerado oudesproporcional s peculiaridades da espcie, no justificando aexcepcional interveno desta Corte para rev-lo.

    http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
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    38Caderno de Direito do Consumidor:

    Obs.: Caso se busque um hospital por justamente este ser umreferencial para um tratamento, por exemplo, a responsabilidade domesmo passa a ser objetiva.

    ** Relao de contrato de honorrios entre advogado e cliente =Supondo que ao advogado cobre de seu cliente honorrios de 50%. clusula abusiva? O STJ entende que no, pois se deve aplicar o Estatuoda OAB e no o CDC.

    REsp 757867/RS (21/09/2006)Ementa: PROCESSUAL - AO DE ARBITRAMENTO DE HONORRIOS -

    PRESTAO DE SERVIOS ADVOCATCIOS - CDIGO DE DEFESA DO

    CONSUMIDOR NO APLICAO - CLUSULA ABUSIVA - PACTA SUNTSERVANDA.

    - No incide o CDC nos contratos de prestao de serviosadvocatcios. Portanto, no se pode considerar, simplesmente, abusiva aclusula contratual que prev honorrios advocatcios em percentualsuperior ao usual. Prevalece a regra do pacta sunt servanda . (contra Resp364168).

    Resp 914.105/RS (09.09.08)

    Ementa: PROCESSUAL - AO DE ARBITRAMENTO DE HONORRIOS -PRESTAO DE SERVIOS ADVOCATCIOS - CDIGO DE DEFESA DOCONSUMIDOR - NO APLICAO - CLUSULA ABUSIVA - PACTA SUNTSERVANDA.

    - No incide o CDC nos contratos de prestao de serviosadvocatcios. Portanto, no se pode considerar, simplesmente, abusiva aclusula contratual que prev honorrios advocatcios em percentualsuperior ao usual. Prevalece a regra do pacta sunt servanda.

    NO SE APLICA O CDC A RELAO ENTRE ADVOGADOS E CLIENTES,J QUE REGIDA PELO ESTATUTO DA ADVOCACIA.

    Responsabilidade pelo vcio do CDC diferente do vcio redibitrioOs vcios do CDC podem ser aparentes ou ocultos. No exige que o

    vcio seja grave e nem contemporneo a formao do contrato.

    J os redibitrios somente podem ser ocultos.

    Aula 05- 19/04/2012RESPONSABILIDADE PELO VCIO DO PRODUTO

    http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
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    39Caderno de Direito do Consumidor:

    Artigo 18 do CDC.Vcio de qualidade e de quantidade.O vcio de qualidade o que torna o produto imprprio ou inadequado

    ao consumo e que capaz de diminuir o valor do produto. Pargrafo 6 do

    artigo 18.O vicio de quantidade est no artigo 19 do CDC.

    O produto com pequeno defeito est garantido pelo CDC.

    Compra de produto usado est garantido pelo CDC se vendido nomercado de consumo. Deve-se levar em considerao o critrio da vidatil do produto.

    O artigo 18 prev que devem ser respeitadas as variaesdecorrentes de sua natureza: nem todas as variaes correspondem a umvcio do produto. Ex. tinta que muda de cor a ser coloca na parede emrelao ao cardpio de tintas.

    O legislador conferiu um direito ao fornecedor: direito de sanar o vciono prazo mximo de 30 dias, antes de conferir alternativas- direitos aoconsumidores-.

    Tal prazo de 30 dias legal, pois o pargrafo 2 fala do prazoconvencional (convencionado pelas partes), que no pode ter prazoinferior a 7 dias ou superior a 180 dias.

    STJ entende que antes das alternativas dadas ao consumidor, hdireito do fornecedor tentar sanar o vcio (Resp 991.985)

    A primeira opo ao fornecedor:- Substituio das partes viciadas do produto. No h outro direito ao

    consumidor se assim no desejar.

    Se no sanado o defeito em 30 dias, h alternativas ao consumidor:Substituio do produto por outro de mesma espcie, em perfeita

    condies.Se no for possvel a substituio do bem, poder haver substituio

    do bem por outro de espcie, marca ou modelo diversos comcomplementao de preos, ou se mais barato, restituio da diferena,sem prejuzo das outras alternativas.

    Restituio Imediata da quantia paga monetariamente atualizada,

    sem prejuzo de eventuais perdas e danos.Abatimento proporcional do preo

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    40Caderno de Direito do Consumidor:

    O consumidor poder fazer uso imediato- no h necessidade deespera dos 30 dias- do pargrafo primeiro, se a substituio das peasviciadas poder comprometer a qualidade do produto, ou caractersticasdo produto, ou diminuir-lhe o valor ou se produto essencial (ex. aparelho

    necessrio para a pessoa viver).Se o fornecedor j se utilizou do prazo de 30 dias para conserto,

    prevalece doutrinariamente que neste caso se o vcio voltou a serapresentado, no h necessidade de se esperar os 30 dias, podendo se irdiretamente as alternativas pois houve um comprometimento daqualidade e diminuio do valor do produto.

    Artigo 84 do CDC: traz os instrumentos para viabilizar a substituiode um produto por tutela antecipada, ainda que na via judicial por ao

    de obrigao de fazer ou no fazer. Poder ser imposta multa diria aoru, independentemente de pedido do autor, ou utilizao de outrasmedidas, como busca e apreenso.

    Artigo 18, pargrafo 5 do CDC dispe a respeito do produto in natura:vem diretamente do campo, sem passar por industrializao. Neste caso,quando no se identifica o produtor, quem responde o fornecedordireto, imediato.

    exceo a responsabilidade solidria, j que traz a responsabilidade

    a um dos fornecedores, e no a cadeia de fornecedores, que est nocaput do artigo 18 do CDC, que prev que os fornecedores respondemsolidariamente.

    Vcio de quantidade est previsto no artigo 19 do CDC. H quando ocontedo lquido for inferior as informaes da embalagem, rotulagem oumensagem publicitria. Se a natureza do produto gerar disparidade,poder no ser considerado havido vcio. Ex. gs liquefeito engarrafado,que para engarrafar pode ocorrer perda de seu contedo.

    Neste caso, no h o prazo de 30 dias, indo direto a alternativas aoconsumidor:- Abatimento proporcional no preo- Complementao do peso ou medida- Substituio do produto por outro de mesma espcie, marca,

    modelo sem os aludidos vcios. Se no houver outro produto igual, possvel exigir a substituio por outro de marca, modelo ou espciediversos, com complementao do preo ou restituio correspondente.

    Artigo 19, pargrafo 2: fala do fornecedor imediato, que serresponsvel quando fizer pesagem ou medio e instrumento no estiveraferido segundo os padres oficiais. Trata-se em exceo a regra da

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    41Caderno de Direito do Consumidor:

    responsabilidade solidria de todos os fornecedores do artigo 19 caput doCDC.

    RESPONSABILIDADE PELO VCIO DO SERVIO

    Artigo 20 CDC: trata da responsabilidade pelo vcio (merainadequao. O defeito gera o acidente de consumo) do servio.

    O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que ostornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor e os decorrentesda disparidade da oferta, mensagem publicitria, podendo o consumidorexigir alternativamente e a sua escolha:

    - Reexecuo dos servios sem custo adicional e quando cabvel- Restituio imediata da quantia paga, atualizada, com perdas e

    danos.- Abatimento proporcional do preo.

    Artigo 20, pargrafo primeiro:a reexecuo dos servios poder serfeita por terceiros capacitados, por conta e risco do fornecedor.

    Art. 20 CDC = O legislador no deu nenhum prazo ao fornecedor parasanar o vcio, podendo o consumidor ir diretamente s alternativas.

    Art. 20 - O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidadeque os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assimcomo por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaesconstantes da oferta ou mensagem publicitria.

    As alternativas so:

    I - a reexecuo dos servios, sem custo adicional e quando cabvel.De acordo com o 1, a reexecuo poder ser feita por um 3

    devidamente capacitado, onde caso haja novamente vcio no servioquem responder no o 3 e sim o fornecedor (1).II - a restituio imediata da quantia paga, monetariamente

    atualizada, sem prejuzo de eventuais perdas e danos ex.: taxista.III - o abatimento proporcional do preo.

    art. 20,2 CDC = trata dos servios imprprios para o consumo queso aqueles que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmentedeles se esperam, bem como aqueles que no atendam s normas

    regulamentares de prestabilidade.

    Se o fornecedor alega que no sabe sobre o vcio do servio, ele seexime da responsabilidade?

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    42Caderno de Direito do Consumidor:

    Resposta: No, de acordo com o art. 23 CDC: A ignorncia dofornecedor sobre os vcios de qualidade por inadequao dos produtos eservios no o exime de responsabilidade.

    E em caso de clusula abusiva, como por exemplo, os tickets deestacionamento, na qual diz que o estabelecimento no seresponsabiliza pro objetos deixados no interior do carro?

    Resposta: vedada a estipulao contratual de clusula queimpossibilite, exonere ou atenue a obrigao de indenizar, de acordo como art. 25 CDC. Alm disso, de acordo com o art. 6,VI do CDC, no possvel limitar a indenizao, em razo do Princpio da Efetiva Prevenoe Reparao de Danos.

    ** Exceo regra: encontra-se no art. 51,I CDC, ou seja, haverlimitao da indenizao quando a relaes de consumo entre ofornecedor e o consumidor-pessoa jurdica, desde que em situaes

    justificveis. Ex.: Micro-empresa (consumidor PJ) requereu do fornecedorcomputadores. Entretanto, apresentam vcios, neste caso, foi dada micro-empresa uma dilao da garantia dos computadores.

    art. 21 CDC = trata do servio de reparo. Estes quando realizadosdevero ser colocadas peas novas ou quando forem peas usadas, estas

    devem ter autorizao expressa do consumidor, sob pena de cometercrime contra o consumidor (art. 70 CDC).

    Art. 21 - No fornecimento de servios que tenham por objetivo areparao de qualquer produto considerar-se- implcita a obrigao dofornecedor de empregar componentes de reposio originais adequadose novos, ou que mantenham as especificaes tcnicas do fabricante,salvo, quanto a estes ltimos, autorizao em contrrio do consumidor.

    Art. 70 - Empregar, na reparao de produtos, peas oucomponentes de reposio usados, sem autorizao do consumidor:Pena - Deteno de 3 (trs) meses a 1 (um) ano e multa .

    3 Garantia legal e garantia contratual (dentro da responsabilidadepor fato do produto ou servio).

    Garantia legal, conforme o art. 24 do CDC a adequao do produtoou servio, para os fins a que se destinam. Ela independe de termo

    expresso e obrigatria.H dois tipos de prazos para reclamar esta garantia: prazosdecadencial e prescricional.

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    43Caderno de Direito do Consumidor:

    (a) Prazos decadenciais (art. 26 CDC):

    30 dias = produto/servio no durveis (so aqueles que se

    exaurem com o uso ou com pouco tempo aps o uso); 90 dias = produto/servio durveis (so aqueles que no se

    exaurem com o uso vida til prolongvel. Ex.; geladeira, cama).

    E como saber se o produto/servio durvel ou no?Resposta: Deve-se analisar a durabilidade do resultado e no o tempo

    da sua execuo. Ex.: realizada uma dedetizao em 10 minutos numacasa. Porm, o seu efeito durou 1 ano. um servio durvel, apesar deter sido realizado em pouco tempo.

    A partir de quando comea a contar o prazo decadencial?Resposta: De acordo com o art. 26 1 e 3 CDC, deve-se analisar se

    o vcio de fcil constatao (a partir da entrega efetiva do produto ou dotrmino da execuo dos servios) ou se vcio oculto (inicia-se nomomento em que ficar evidenciado o defeito).

    Produto usado pode ser colocado no mercado de consumo? E casopositivo, pode-se alegar vcio na qualidade do produto?

    Resposta: Pode-se colocar produto usado no mercado, bem como sepode alegar vcio na qualidade.

    Resp 760262/DF (02.04.2008)Ementa: AO DE INDENIZAO. COMPRA E VENDA DE VECULO

    USADO. VCIO DE QUALIDADE DO PRODUTO. ARTIGO 18, 1, DOCDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DANOS MATERIAIS.RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR. CLCULO DOS JUROS DEMORA.

    I - Restando comprovado que a extenso dos danos materiais sofridospelo autor, ora recorrido, no se restringiu pea danificada no motor doveculo fornecida pela r, ora recorrente, tendo alcanado tambm asdespesas efetuadas na realizao do servio, mostra-se insubsistente aalegao recursal de que, com a reposio da referida pea, teriadesaparecido o ato ilcito.

    II - No havendo nos autos prova de que o defeito foi ocasionado porculpa do consumidor, subsume-se o caso vertente na regra contida nocaput do artigo 18 da Lei n. 8.078/90, o qual consagra a responsabilidade

    objetiva dos fornecedores de bens de consumo durveis pelos vcios dequalidade que os tornem imprprios ou inadequados ao consumo a quese destinam ou lhes diminuam o valor, impondo-se o ressarcimentointegral dos prejuzos sofridos.

    http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/c%C3%B3digo-de-defesa-do-consumi