caderno - direito do consumidor - luiz antônio de souza - damásio - 2010 - 1º semestre

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DIREITO DO CONSUMIDORDIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 05 de fevereiro de 2010 AULA: 01 Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aula de 50 minutos.

Quem est sempre ao lado do vulnervel o Ministrio Pblico. --------HISTRICO As revolues liberais (Inglesa, Americana e Francesa)vieram propor o afastamento da figura do Estado absolutista, trazendo mais direitos para as pessoas. Revoluo Francesa - princpio da liberdade - princpio da igualdade - princpio da fraternidade O contratualismo de Roussot pregava a existncia de um grande contrato social, um cdigo, para que a lei desse liberdade (relativa) s pessoas. At ento quem tinha total liberdade era o soberano e a Igreja. Ele queria sair do arbtrio estatal e ingressar no imprio legal. NO deu certo porque no perodo ps revoluo (Estado Liberal), a burguesia comeou a ascender e surgiu o liberalismo econmico, o voluntarismo no direito. GOFREDO DA SILVA TELES Liberdade e igualdade so antagnicos, no so complementares. Se for dada muita liberdade a um grupo, esse grupo acaba com a igualdade pois cria direitos apenas para si mesmo. CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA (Portugal) A lei fruto da poltica de seu tempo. Logo a lei resultante do poder poltico daquele tempo. Ento o Cdigo Civil francs de 1804 e os conseqentes deram nfase para dois institutos: propriedade e contrato. A propriedade foi concebida como um bem intangvel, absoluto, perptuo e que na morte vai

para um parente. O contrato foi idealizado como pacta sunt servanda, eu (a parte mais forte) fao o contrato e voc cumpre. S surgiram os direitos de terceira gerao (fraternidade) recentemente, porque o Planeta pode acabar (meio ambiente e outros). A legislao do consumidor teve que ser feita porque a partir dos tempos, em especial a partir de 1960 o consumidor foi sendo marginalizado, posto de lado. Existem dois movimentos no planeta: a produo massificada e o consumo massificado (a partir de 1965). Os EUA intensifica ento a publicidade, que o instrumento de massa mais efetivo, com a ideia de que ter ser. Livro: A sociedade de consumo (JEAN Beaudrillard - francs) A Revoluo Francesa era uma revoluo de princpios, de ideias, mas em 200 anos os homens conseguiram transformar ela em uma revoluo material, do bem estar; hoje liberdade poder comprar o que se quer. A reao da sociedade comeou na Europa, nos EUA (porque a massa consumidora, sem direitos, ainda subjulgada pelos contratos de adeso), embora j existissem algumas leis protetivas em prol do consumidor. O consumidor precisa ser protegido porque a liberdade foi usada para impor regras favorecendo apenas um grupo. ------------------------------

LEGISLAO BRASILEIRA O CDC veio por fora da CF/88. - Artigo 1, III, CF dignidade da pessoa humana - Artigo 1, IV, CF livre iniciativa

O legislador colocou no mesmo patamar a dignidade da pessoa humana e a livre iniciativa. A livre iniciativa tem que ter funo social. - artigo 5, XXXII, CF O direito do consumidor um direito fundamental da pessoa humana; o direito subjetivo constitucional, pode ser pedido em juzo. A CF est dizendo que o consumidor vulnervel, precisa de proteo por lei (o CDC criado). - Artigo 170, caput, CF A ordem econmica um meio de dar dignidade a todos. Por isso Rizatto Nunes diz que o mercado de consumo no do empreendedor, mas sim da coletividade, pois ela que precisa da dignidade; preciso existir a boa-f objetiva (fazer pelo outro o que eu gostaria que ele fizesse por mim). O empreendedor acha que a ordem econmica um fim em si mesmo. - Artigo 170, V, CF Defender o consumidor necessrio para se atender dignidade da pessoa humana. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA um fundamental, o pice de toda a Constituio. princpio

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 05 de fevereiro de 2010 AULA: 02

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aula de 50 minutos.

- Artigo 48, ADCT O legislador constitucional diz que a lei que o legislador infraconstitucional tem que fazer no uma simples lei, mas uma lei com a amplitude de um cdigo.

- CDC um microssistema de fundo constitucional, todos os direitos nele contidos so direitos subjetivos; o CDC um piso protetivo mnimo, isso porque (artigo 7, caput, CDC) os direitos previstos no CDC no excluem outros que existam. - Artigo 1, CDC normas de ordem pblica e interesse social. Uma relao de consumo uma relao jurdica de direito privado, mas as normas que tutelam essa relao so pblicas, cogentes. ATENO: O juiz pode atuar de ofcio com relao s normas cogentes, ento se voc no pedir algo em favor do consumidor o juiz pode dar. SMULA 381, STJ - Artigo 6, Cdigo Civil Francs de 1804 No se pode derrogar por conveno leis que interessem ordem pblica. -----------------

RELAO DE CONSUMO CONCEITO: Relao de consumo a relao jurdica estabelecida entre consumidor e fornecedor, tendo por objeto produtos e/ou servios. CONCEITO DE CONSUMIDOR sob o aspecto jurdico:

- Artigo 2, caput, CDC toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. = consumidor em sentido prprio = consumidor em sentido estrito = consumidor padro TODA pessoa jurdica consumidora? NO, pois adotamos o conceito finalista mitigado. O CDC no se importa com a idade do consumidor; logo criana tambm consumidora. O CDC equipara quem utiliza a quem adquire. A base da responsabilidade civil no CDC a qualidade do produto ou servio. No teve qualidade e causou dano deve indenizar. DESTINATRIO FINAL: - Corrente Maximalista: tudo relao de consumo; basta ser destinatrio ftico de um bem que o sujeito consumidor. O CDC veio para defender o vulnervel; s vezes a empresa grande compra do pequeno e a grande quem dita as regras, ento como proteger o grande e no o pequeno seria correto, pois a pequena que vulnervel por isso no podemos ser maximalistas. No quem compra que sempre consumidor, mas sim quem vulnervel. - Corrente Finalista: destinatrio ftico e econmico (no pode comprar para revender ou para fabricar alguma coisa). - Corrente Finalista Mitigado = relativo = temperado STJ pessoa jurdica pode ser consumidora desde que ela compre um produto ou servio para consumo prprio e imediato interno, e seja vulnervel em relao outra pessoa jurdica. EX: concessionria de automveis compra carro da montadora para vender, ento no consumidor; caf para oferecer ao cliente, papel para imprimir no escritrio desde que a compradora seja vulnervel ser consumidora. - Artigo 2, pargrafo nico, CDC prxima aula. - Artigo 17 prxima aula. - Artigo 29, CDC prxima aula.

ATENO: O nosso direito do consumidor sofreu influncia europia. As leis europias tm por objetivo proteger apenas o no profissional. Na Frana e na Alemanha pessoa jurdica no consumidora nunca. Na Europa o conceito de consumidor um conceito subjetivo finalista restritivo, isso porque o sujeito protegido especfico, o no profissional. um conceito finalista, porque a legislao protege um sujeito que o usurio final do produto ou servio, ou seja, ele o destinatrio final econmico do bem. um conceito restritivo porque no ampliado para todos. ATENO: No CDC pessoa jurdica pode ser consumidora. CONCEITO DE FORNECEDOR: - Artigo 3, caput, CDC prxima aula. CONCEITO DE PRODUTO: - Artigo 3, 1, CDC prxima aula. CONCEITO DE SERVIO: - Artigo 3, 2, CDC prxima aula. LER EM CASA Conflito de Competncia 92519/SP, STJ, 02/2009, Min. Fernando Gonalves.DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 12 de fevereiro de 2010 AULA: 03

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aula de 50 minutos.

Consumidor em sentido coletivo o conceito do artigo 2, pargrafo nico do CDC. Art. 2, CDC Consumidor toda pessoa fsica ou jurdica que adquire ou utiliza produto ou servio como destinatrio final. Pargrafo nico. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que

indeterminveis, que relaes de consumo.

haja

intervindo

nas

Nem sempre existe um consumidor s. Existem produtos que so consumidos por milhares de pessoas. EX: medicamento produzido por laboratrio com pouco princpio ativo, no que as mulheres que tomaram para evitar a gravidez engravidaram. Os legitimados da ACP, seja a coletividade determinada ou indeterminada, fazem a proteo dessa massa de pessoas. O pedido principal de uma ACP uma obrigao de no fazer, no mais produzir o remdio daquele jeito errado, e uma obrigao de fazer, que retirar do mercado aquele produto fabricado errado. Pode ainda ser feito o pedido para que os consumidores lesados tenho seu dinheiro devolvido pela compra do medicamento com problemas de fabricao. CONSUMIDOR BYSTANDER Artigo 17, CDC. Art. 17, CDC. Para os efeitos desta Seo, equiparam-se aos consumidores todas as vtimas do evento. Esse consumidor s utilizado quando existe ACIDENTE DE CONSUMO. Esse consumidor no adquiriu, no utilizou, mas atingida pela relao. EX: Exploso do Osasco Plaza Shopping; exploso do avio da Tam que bateu no galpo da prpria Tam. Pessoas que no estavam utilizando o servio foram atingidas, foram vtimas do evento. Quem est no avio e quem est fora, se morreram devido ao mesmo evento, o acidente do avio, sero abarcados pela mesma legislao.

ATENO: B empresta para C seu carro; C sofre um acidente por problemas no carro. C consumidor em sentido prprio, porque utilizou o carro. EX: Recall da Honda onde o air bag funciona com o carro em movimento; por causa disso o condutor do carro atropela uma pessoa e a mata; o motorista consumidor em sentido prprio, mesmo que no seja o proprietrio do carro. EX: Recall da Honda onde o air bag funciona com o carro em movimento; por causa disso o condutor do carro atropela uma pessoa e a mata sendo que ela estava no acostamento a p; O falecido consumidor bystander.

CONSUMIDOR IDEAL = EM SENTIDO AMPLO = EXPOSTO = ABSTRATO Artigo 29, CDC. Art. 29, CDC. Para os fins deste Captulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinveis ou no, expostas s prticas nele previstas. Esse artigo est no captulo das prticas comerciais. Aqui tratamos do consumidor que est exposto a essas prticas comerciais. EX: vitrine com produto sem preo, no que voc tem que entrar na loja para saber o preo e nisso os vendedores tem prticas para te fazer comprar alguma coisa. Geralmente a tutela desses consumidores feita atravs de ACP. O pedido para que seja tirada a propaganda abusiva do ar, por exemplo.

Pode haver ao individual tambm. EX: B mora em GO e C, seu filho, vai morar em SP para fazer faculdade; B vai a SP comprar um apartamento, encontra o apartamento na 5-feira para comprar, desmarca todos os compromissos na sexta e sbado e leva a famlia toda para efetuar a compra; no sbado ele chega para comprar e o vendedor diz que desde 2-feira no tem mais apartamentos para vender, que esqueceram de tirar a publicidade do jornal. B pode processar pelos lucros cessantes (pelo que deixou de ganhar trabalhando), danos emergentes (gastos com passagens de avio, hotel) e dano moral (pela quebra de expectativa). Assim mesmo o consumidor meramente exposto pode processar individualmente. --------------------------------FORNECEDOR Artigo 3, caput, CDC. Pela tica constitucional o mercado de consumo pertence ao consumidor, por isso o empreendedor, o fornecedor tem que respeitar o consumidor. Art. 3, CDC Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. ATENO: a relao advogado-cliente hoje, segundo o STJ, no uma relao de consumo, isso porque existe uma lei prpria. Camel tambm fornecedor. O problema que se o produto der problema, para lev-lo na Justia mais difcil, visto que ele pode sumir do lugar.

O Estado tambm pode ser fornecedor. At condomnio pode ser fornecedor. ATENO: No existe relao de consumo condomnio e o condmino, segundo o STJ. entre o

EX: Prdio residencial; vagas de garagem sobrando; o condomnio passou a alugar as vagas para gerar uma renda extra; um dia um carro sumiu; o dono desse carro entrou com um processo contra esse condomnio e ganhou, pois caracterizou prestao de servio (aluguel de vaga de garagem) mediante remunerao. Para ser fornecedor no precisa ter finalidade lucrativa. Portanto, qualquer um que colocar uma atividade no mercado de consumo ser caracterizado como fornecedor. O ponto fundamental do conceito de consumidor ser destinatrio final. O ponto fundamental para saber se algum fornecedor saber se ele desenvolve uma atividade no mercado de consumo. Logo atividade isolada no relao de consumo, uma relao civil comum. EX: B tem uma pequena empresa de fabricao de roupas; o computador da recepo est velho e B o vende para comprar outro novo; a venda do computador para C no caracteriza uma relao de consumo, mas sim uma simples relao civil porque a venda desse nico computador caracteriza um ato isolado. ATENO: A atividade NO PRECISA ser continua para caracterizar relao de consumo. EX: Beyonce, que veio no Brasil caracteriza sim relao de consumo. cantar uma noite

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 12 de fevereiro de 2010 AULA: 04

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aula de 50 minutos.

PRODUTO Artigo 3, 1, CDC. JEAN Beaudrillard francs diz que hoje o meio ambiente formado de coisas, porque ns, seres humanos, substitumos plantas, animais e pessoas por coisas. Art. 3, CDC Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. 1 Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial. Ler artigos 79 a 84 do Cdigo Civil. Dos Bens Imveis

Art. 79, CC. So bens imveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80, CC. Consideram-se imveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imveis e as aes que os asseguram; II - o direito sucesso aberta. Art. 81, CC. No perdem o carter de imveis: I - as edificaes que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prdio, para nele se reempregarem. Dos Bens Mveis Art. 82, CC. So mveis os bens suscetveis de movimento prprio, ou de remoo por fora alheia, sem alterao da substncia ou da destinao econmico-social. Art. 83, CC. Consideram-se mveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econmico; II - os direitos reais sobre objetos mveis e as aes correspondentes; III - os direitos pessoais de carter patrimonial e respectivas aes. Art. 84, CC. Os materiais destinados a alguma construo, enquanto no forem empregados, conservam sua qualidade de mveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolio de algum prdio. O CDC no exige remunerao do produto. Assim o produto gratuito e a amostra grtis tambm ensejam relao de consumo.AMOSTRA GRTIS PRODUTO GRATUITO

aquele que j sai com esse aquele que voc deveria pagar rtulo e distribudo. mas o proprietrio diz: pode levar, no precisa pagar no. --------------------------------

SERVIO Artigo 3, 2, CDC. Art. 3, CDC Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios. 2 Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista. A empresa no precisa ter lucro. Se o CDC no tivesse a exceo para as relaes de carter trabalhista, a diarista que presta servio na casa de B seria caracterizada como uma prestadora de servios para fins de relao de consumo. Existem muitas situaes camuflado, indireto. em que o pagamento

EX: voc ganha uma ducha se abastecer o carro com 30 litros; embora a ducha aparente ser grtis, o consumidor pagou por ela ao pagar pelos 30 litros do abastecimento. Por isso se aquele rolo da ducha cair e avariar o veculo existe relao de consumidor.

-----------------------------------------SERVIOS PBLICOS Servio pblico relao de consumo. Os artigos que j estudamos no excluem o servio pblico da relao de consumo. Art. 6, CDC So direitos bsicos do consumidor: X - a adequada e eficaz prestao dos servios pblicos em geral. Art. 22, CDC. Os rgos pblicos, por si ou suas empresas, concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos. Pargrafo nico. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigaes referidas neste artigo, sero as pessoas jurdicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste cdigo. NEM TODO servio pblico gera uma relao de consumo. STJ hoje: - servio pblico uti universe (servios prprios do Estado, gerais, indivisveis). EX: sade pblica, segurana pblica. NO H RELAO DE CONSUMO. Por isso hospital pblico no gera relao de consumo. - servio pblico uti singuli (servios divisveis, especficos, so aqueles que o cidado paga individualizamente). - TAXA no relao de consumo. - TARIFA relao de consumo.

Vide REsp 914.828 RS. EX: tarifa do pedgio. REsp 856.378 MG Discusso sobre gua. gua e esgoto so pagos por tarifa, e no taxa, logo aplica-se o CDC. Hoje STF e STJ entendem assim. ATENO: O artigo 22 do CDC diz que os servios pblicos essenciais precisam ser contnuos. Servios pblicos essenciais esto definidos na Lei 7.783/89, artigo 10. Art. 10, Lei 7.783/89. So considerados servios ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de gua; produo e distribuio de energia eltrica, gs e combustveis; II - assistncia mdica e hospitalar; III - distribuio e comercializao de medicamentos e alimentos; IV - funerrios; V - transporte coletivo; VI - captao e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicaes; VIII - guarda, uso e controle de substncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a servios essenciais; X - controle de trfego areo; XI - compensao bancria. O artigo 6, 3 da Lei 8.987/95 diz que possvel o corte do servio no caso de inadimplncia no pagamento. Art. 6o Toda concesso ou permisso pressupe a prestao de servio adequado ao pleno atendimento dos usurios, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

1o Servio adequado o que satisfaz as condies de regularidade, continuidade, eficincia, segurana, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestao e modicidade das tarifas. 2o A atualidade compreende a modernidade das tcnicas, do equipamento e das instalaes e a sua conservao, bem como a melhoria e expanso do servio. 3o No se caracteriza como descontinuidade do servio a sua interrupo em situao de emergncia ou aps prvio aviso, quando: I - motivada por razes de ordem tcnica ou de segurana das instalaes; e, II - por inadimplemento do usurio, considerado o interesse da coletividade. O STJ hoje entende que pode sim cortar quando no paga, sendo necessrio apenas o aviso prvio. ATENO CONCURSO PARA MP: O CDC tutela direito fundamental da pessoa humana; a lei 8.987/95 tutela o mercado, logo essa lei no poderia tutelar esse direito a interrupo, mas o STJ decide assim. Procurar no STJ: Corte de servio pblico; o ministro LUIZ FUX, explica porque no se pode cortar a luz de quem no pode pagar. ---------------------------------POLTICA NACIONAL DA RELAO DE CONSUMO Artigos 4 e 5, CDC. Poltica um conjunto de medidas por parte do Poder Pblico. Para a defesa do consumidor no assim.

No campo metaindividual estamos trabalhando com o princpio da participao entre o Poder Pblico e a Sociedade.

CAPTULO II Da Poltica Nacional de Relaes de Consumo Art. 4 A Poltica Nacional de Relaes de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transferncia e harmonia das relaes de consumo, atendidos os seguintes princpios: Art. 4 A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia e harmonia das relaes de consumo, atendidos os seguintes princpios: (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ao governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos criao e desenvolvimento de associaes representativas; c) pela presena do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e servios com padres adequados de qualidade, segurana, durabilidade e desempenho.

III - harmonizao dos interesses dos participantes das relaes de consumo e compatibilizao da proteo do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econmico e tecnolgico, de modo a viabilizar os princpios nos quais se funda a ordem econmica (art. 170, da Constituio Federal), sempre com base na boa-f e equilbrio nas relaes entre consumidores e fornecedores; IV - educao e informao de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas melhoria do mercado de consumo; V - incentivo criao pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurana de produtos e servios, assim como de mecanismos alternativos de soluo de conflitos de consumo; VI - coibio e represso eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrncia desleal e utilizao indevida de inventos e criaes industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuzos aos consumidores; VII - racionalizao e melhoria dos servios pblicos; VIII - estudo constante das modificaes do mercado de consumo. ARTIGO 4, CDC diz que para se alcanar alguns objetivos, existem princpios a serem atendidos. So 4 as espcies de vulnerabilidade que o consumidor pode apresentar: 1 vulnerabilidade tcnica o desconhecimento a respeito do produto ou servio que se est adquirindo ou utilizando. 2 vulnerabilidade jurdica o desconhecimento jurdico que afasta do consumidor as acessibilidades do mercado. As pessoas no tem

conhecimento suficiente para evitar toda armadilha do mercado. 3 vulnerabilidade ftica ou scio-econmica Ftica a presso social. Tem hora em que a pessoa tem que comprar um produto ou servio sem tempo, pressionado, e compra qualquer coisa. 4 vulnerabilidade informacional A falta ou excesso de informao prejudicial ao consumidor. - Hoje em dia a tecnologia to intensa que o excesso de informao desinforma. Por isso o STJ diz que a PESSOA FSICA sempre vulnervel.

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 19 de fevereiro de 2010 AULAS: 05 e 06

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aulas de 50 minutos cada.

I. Princpio da Vulnerabilidade do Consumidor Pessoa fsica sempre vulnervel. Pessoa Jurdica: tem que provar a vulnerabilidade. Artigo 4, II: o Estado deve promover uma ao governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor, por exemplo, o Estado pode intervir no mercado. Se um determinado produto o preo estiver muito alto, pode facilitar importao, criar mecanismos internos para diminuir os preos. Artigo 4, III harmonizao dos participantes sempre com base na boa-f e equilbrio busca do equilbrio do mercado. A boa-f trazida pelo CDC a boa-f objetiva. A mudana da boa-f subjetiva para a objetiva pode ser demonstrada pelo fato de que as relaes atuais no se encontram mais entre as pessoas, como era antigamente. Atualmente, as relaes passaram a ser impessoais, no existem mais sujeitos na relao, somente o objeto. Boa-f objetiva: quando ambas as partes atingem as suas expectativas legtimas, significa que atuaram de boa-f objetiva, porque uma proporcionou outra aquilo que se esperava. Agir com relao ao outro, conforme agiria consigo mesmo. Artigo 4, IV: este artigo est desatualizado, tendo em vista que h a Lei da Poltica Nacional de Educao Ambiental, que exige que nos currculos das escolas tenha esta matria inserida. Artigo 4, V: Ser tratado quando for estudado o controle da publicidade feito pelo CONAR Conselho Nacional de Auto Regulamentao Publicitria associao privada formada pelas empresas de publicidade. Editaram um

cdigo para regular, assim, mais de 99% das suas decises so cumpridas. Artigo 4, VI: Coibir e reprimir a concorrncia desleal. Para defender consumidor, tem que estimular a concorrncia, mas a boa concorrncia. Portanto o papel do CADE muito importante. Ningum quer que empresa ruim entre no mercado. A idia ter concorrncia positiva, com boas empresas no mercado. Nem sempre uma promoo ou preos baixos, significa que uma prtica boa, s vezes para coibir a entrada de outras empresas. Neste sentido, verifica-se o importante papel do CADE: Analisar a diminuio artificial do preo, que vem em detrimento do consumidor. ---------Direitos Bsicos do Consumidor (artigos 6 e 7, CDC). Artigo 6, I: proteo da vida, sade e segurana contra os riscos provocados por prticas consideradas nocivas. Artigo 6, II: direito liberdade na escolha e liberdade nas contrataes Informao: quanto mais se informa, mais se d liberdade de escolha, conseguindo igualdade. Artigo 6, III: Direito subjetivo do consumidor informao. Conseqentemente, o fornecedor tem o dever de prestar as informaes. Artigo 6, IV: Proteo contra abusividades no mercado de consumo (na publicidade, mtodos coercitivos, desleais, etc.). Artigo 6, V: duas situaes: Modificao de clusulas contratuais quando houver desproporo, tendo em vista que o contrato nasceu sem observar os pilares da boa-f objetiva e da vulnerabilidade do consumidor. (artigo 157, Cdigo Civil).

Reviso por fora de onerosidade excessiva superveniente. Basta a existncia da onerosidade. O CDC trabalha com o princpio da conservao do contrato, assim o que se busca a reviso contratual. Smula 380, do STJ: A simples propositura da ao de reviso do contrato no inibe a caracterizao da mora do autor. Artigo 6, VI: Confere ao consumidor o direito preveno e reparao de todos os danos patrimoniais e morais, individuais coletivos e difusos (dano moral difuso). Tem direito reparao integral, no pode ser tarifada. o direto bsico de ser reparado de danos que eventualmente possa ter sofrido. Artigo 6, VII: Acesso ao judicirio e aos rgos administrativos para solucionar conflitos de consumo. Artigo 6, VIII: Direito facilitao da defesa dos seus direitos: - Pode acionar no seu domiclio; - Determina que a responsabilidade do fornecedor seja objetiva (no precisa provar dolo ou culpa); - Inverso do nus da prova. Inverso do nus da prova Artigo 6: So direitos bsicos do consumidor: VIII: a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias. Permite a inverso do nus da prova a seu favor, no artigo 51, VI, do CDC determina que seja nula de pleno direito a clusula que estabelea a inverso do nus da prova em prejuzo do consumidor.

Critrio do juiz deve ser entendido no sentido avaliao criteriosa e de maneira fundamentada, no refere discricionariedade do juiz. Neste sentido, se requisitos para a inverso estiverem presentes o juiz tem o dever inverter.

de se os de

Os Requisitos so: verossimilhana (plausibilidade) ou hipossuficincia (carter processual, a capacidade de produzir provas). Conforme Rizato Nunes, se estiverem presentes os requisitos para inverso do nus da prova, o Juiz tem o dever de conceder. Quanto ao momento da inverso: a doutrina entende que deve ser invertida no despacho saneador, fixando quem tem o nus de provar. Outra parte entende que tem que ser feita no julgamento. O lado bom de ser no saneador que a parte j sabe quem vai provar. Muitos advogam que tem que ser regra de julgamento, assim, o juiz, quando chega no saneador determina que sejam realizadas as provas (autor e ru) , quando chega na sentena, o juiz analisa as provas e diz: o autor provou, logo, dou procedncia (art. 333, do CPC) ou o ru se desvencilhou, improcedente; ou ainda, se houver dvida quanto s provas produzidas, inverte-se o nus da prova. O STJ entende que regra de julgamento, diferentemente da doutrina, que maior parte tende a determinar que seja no saneador. Artigo 7 caput: consumidor tem direito incluso de novos direitos, vindos do direito internacional, tratado, etc. Pargrafo nico: Regra solidariedade passiva, assim, todos os que causaram danos respondem, dando direito ao consumidor escolher a parte passiva (litisconsrcio facultativo), sendo vedada a denunciao da lide (artigo 88, do CDC).

Como regra, o litisconsorte no entra, mas se o juiz analisar que o ingresso bom, poder deixar entrar (Recurso Especial 1024791/STJ de fevereiro de 2009). Preveno Artigo 8: Princpio da segurana: Periculosidade inerente. Existem produtos que tm certo grau de periculosidade e dentro da expectativa padro para ser colocado no mercado de consumo. Todavia, obriga-se o fornecedor dar informao adequada ao seu respeito: quando algo que est sendo introduzido no mercado, cabe ao fornecedor informar, sob pena de ter que indenizar. Se estiver dentro da expectativa padro no tem o dever de indenizar, mas se houver ausncia de informao, saindo da expectativa, ter o dever de indenizar. Artigo 9: periculosidade latente refere-se a certos produtos que a potencialidade s no vai se manifestar se der a devida informao (ex.: agrotxico) tem que dar toda a informao, seno vai acontecer dano. Artigo 10: Periculosidade exagerada, no admitida. Quando o produto ou servio tem alto grau de nocividade ou periculosidade no podem ser introduzidos no mercado. 1: recall atividade que o fornecedor vai mdia e d um prazo para chamar os consumidores para consertar (portaria DPDC Departamento de Proteo e Defesa do Consumidor portaria regra como os fornecedores devem proceder para com seus consumidores). 3: Determina que a obrigao de informar os consumidores tambm do estado. A autoridade que tiver conhecimento tem que levar ao pblico. Reparao de danos

Diferena entre fato e vcio: importncia em razo dos prazos: decadencial e prescricional. Teoria da qualidade: toda vez que houver um problema no produto ou no servio, sempre ter, na sua base, um vcio de qualidade. Referido problema poder gerar insegurana ou inadequao, cabendo uma soluo para cada uma das causas. Exemplo 1: compra um celular, no funciona, no manda mensagem: trata-se de problema de qualidade, inadequao para os fins a que se destina. Vcio do produto e do servio est disciplinado nos artigos 18 a 20 prazo do artigo 26. Quando houver dano, ainda que potencial, vida, sade ou segurana, trata-se de fato ou defeito no produto ou servio, conforme disciplinam os artigos 12, 13 e 14, do CDC, sendo que o aplica-se o prazo do artigo 27, do CDC. Exemplo 2: celular que explodiu a bateria (independentemente de haver dano) trata-se de fato ou defeito do produto.

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 26 de fevereiro de 2010 AULAS: 07 e 08

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aulas de 50 minutos cada.

Teoria da qualidade: vcio da qualidade 1. Fato do produto (artigo 12, do CDC): Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao, construo, montagem,

frmulas, manipulao, apresentao ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos. Nos termos do artigo supra transcrito, elenca todos os que sero responsveis, caso haja problema com a fabricao. Observe-se que o comerciante no est inserido neste hol, ou seja, no entra no plo passivo. Assim, diante do estabelecido, respondem solidria e objetivamente pelos danos derivados de quaisquer das situaes ali elencadas: por informao insuficiente ou inadequada. Quanto ao presumido. importador, considerado fornecedor

Fornecedor real - aquele que realmente produziu. Conforme leitura do 1 do artigo 12: O produto defeituoso quando no corresponde expectativa. Exemplo: a compra de um carro com freio ABS, justamente por no travar a roda. Se travar, no preencheu as expectativas. 2: o produto no ser considerado defeituoso se outro de melhor qualidade for colocado no mercado. 3: Trata da excluso de responsabilidade: nus de demonstrar do fabricante. Assim, para eximir-se da responsabilidade, dever demonstrar uma das situaes elencadas, pois quebram o nexo causal alegado pelo consumidor: - No colocou o produto no mercado. - Embora tenha colocado o produto no mercado, o defeito inexiste. * Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: - Quanto culpa exclusiva de consumidor: esta culpa tem que ser exclusiva.

- Exemplo: prescrio descrita de que no deve ser feito x, se o consumidor o fizer, ser sua culpa exclusiva. - Quanto culpa exclusiva de terceiro: verificada quando terceiro, fora da relao, interfere no produto, dando causa ao problema. Responsabilidade do Comerciante (artigo 13, do CDC) O consumidor igualmente responsvel, nos termos do artigo anterior, ou seja, solidria e objetiva, quando: i) Um daqueles no puder ser identificado. ii) Quando o produto foi distribudo sem a informao da identificao do fabricante, produtor, construtor ou importador. iii) Quando no conservar adequadamente o produto perecvel. De acordo com o artigo 13, nico, pode-se afirmar que a responsabilidade solidria, confira-se: Artigo 13, nico: Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poder exercer o direito de regresso contra os demais responsveis, segundo sua participao na causao do evento danoso. 2. Fato do Servio (artigo 14, CDC) Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos. O artigo transcrito demonstra a responsabilidade objetiva, derivada da prestao de servio ou da falta/ inadequao de informaes. 1: o servio defeituoso se no oferecer a segurana esperada pelo consumidor.

2: no defeituoso pela adoo de novas tcnicas. 3: Eximentes de responsabilidades: i) Se provarem que no prestaram o servio (analogia ao 3, do artigo anterior). ii) Se provarem que, tendo prestado os servios, o defeito inexiste. iii) Se provarem a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. A responsabilidade, por ser objetiva, no se prova culpa, tem-se que quebrar o nexo, para eximir o fornecedor. Observaes: Profissionais liberais 1. Os servios prestados por profissionais liberais a responsabilidade subjetiva, ou seja, mediante a prova da culpa. - Alguns casos a relao intuito personae, caso em que as relaes no so to massificadas como nas relaes comuns de consumo. Disto, entenderam que a responsabilidade no pode ser objetiva. 2. Quando houver responsabilidade subjetiva com inverso com o nus da prova, tem-se a culpa presumida. 3. Quando a responsabilidade subjetiva, h aumento das possibilidades de se desvencilhar: atravs da quebra do nexo de causalidade ou prova da inexistncia de dolo ou culpa. A doutrina brasileira consumeirista entende que casos fortuitos e fora maior no existem dentro da relao de consumo. Ao passo que a jurisprudncia : - Furto de estacionamento de shopping - Furto em estacionamento de supermercado, agncia bancria, excurso de colgio. Se for fortuito interno h responsabilidade de indenizao.

Exemplo: furto em interior de loja (no mandam pagar), roubo sim, pois o local tem que oferecer segurana. Tem-se que provar se vcio ou se fato. Ressaltando que fato aquele que coloca em risco e vida, a sade ou a segurana. Importante garantia a estipulada no artigo 25, 1 e 2, confira-se: Art. 25. vedada a estipulao contratual de clusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigao de indenizar prevista nesta e nas sees anteriores. 1 Havendo mais de um responsvel pela causao do dano, todos respondero solidariamente pela reparao prevista nesta e nas sees anteriores. 2 Sendo o dano causado por componente ou pea incorporada ao produto ou servio, so responsveis solidrios seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporao. 3. Vcio do produto X Vcio do servio (artigo 18, do CDC) 3.1 Vcio do produto Os fornecedores de produtos de consumo, durveis ou no, respondem solidariamente pelos vcios de qualidade que os tornem inadequados ou imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor. - Quando o vcio traz impropriedade ou inadequao. - Quando diminuir o valor - apresenta depreciao disparidade do que foi informado, causadora de pequena depreciao. Prazo de conserto: de acordo com o 1, do CDC: 30 dias. Se no solucionar o problema, o consumidor poder exigir uma das trs alternativas:

2: Podero as partes acordar entre si acerca da diminuio do valor (intil). Obs.: a primeira parte do referido pargrafo inaplicvel e o prazo de 180 dias abuso. 3: quando o concerto do vcio comprometer a qualidade ou caractersticas do ou quando a extenso do vcio for muito grande, poder o consumidor requerera substituio do produto, a restituio da quantia paga, ou o abatimento proporcional do preo. 4 - trata da hiptese de impossibilidade de substituio por outro da mesma espcie poder haver substituio por outro de espcie, marca ou modelo diversos, mediante complementao ou restituio de eventual diferena de preo, sem prejuzo do disposto nos incisos II e III do 1 do artigo 18. 5: trata da hiptese de fornecimento de produtos in natura em que ser responsvel o fornecedor imediato, nos casos em que no for identificado claramente o produtor. 6: estipula quais os produtos inadequados para o consumo: prazo de validade vencido, por exemplo. 3.2 Vcio de qualidade do servio Nos termos do artigo 20, do CDC o prestador de servio responde pelo vcio de qualidade do produto ou vcio de qualidade do servio: Art. 20. O fornecedor de servios responde pelos vcios de qualidade que os tornem imprprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicaes constantes da oferta ou mensagem publicitria, podendo o consumidor exigir, alternativamente e sua escolha: Observao:

1. Vcio de qualidade do servio no tem prazo. Em razo da enorme diversidade de problemas, tem que ser verificado caso a caso. 2. 1, do artigo 20 estabelece a possibilidade de confiar a reexecuo do servio a terceiro, devidamente qualificado, por conta e risco do fornecedor. O Juiz mandar fazer percia, demonstrada a necessidade e a procedncia do pedido, o primeiro profissional obrigado a arcar com o nus da reexecuo do servio.

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 02 de maro de 2010 AULAS: 09 e 10

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Artigo 21, do CDC: Art. 21. No fornecimento de servios que tenham por objetivo a reparao de qualquer produto considerar-se- implcita a obrigao do fornecedor de empregar componentes de reposio originais adequados e novos, ou que mantenham as especificaes tcnicas do fabricante, salvo, quanto a estes ltimos, autorizao em contrrio do consumidor. No fornecimento de servios que tenham por objetivo reparar qualquer produto, considere-se o seguinte esquema: Servio + produto - Obrigao de empregar componente original e novo. Se no tiver a original, utilizar pea no original, mas que atenda as especificaes do fabricante. Se houver autorizao do consumidor - impresso de que se o consumidor autorizar a pea no original poder ser

utilizada fora das especificaes, interpretao totalmente absurda e que no pode ser considerada. Seria mais razovel interpretar a ressalva quanto aos primeiros, no quanto aos ltimos, visto que a obrigao do fornecedor: usar componente original e novo, se houver autorizao do consumidor, poder utilizar pea no original, considerando as especificaes do fabricante. Artigo 24: qualquer clusula que exonera o fornecedor do produto qualidade invlida, posto que a sua responsabilidade objetiva. Artigo 25, 1: mais de um responsvel: responsabilidade solidria (repete o artigo 7). Tcnica legislativa (artigo 25, caput = artigo 51, I). Em razo das inovaes do Cdigo de Defesa do Consumidor, houve receio de que pudesse ser retirado em determinados locais. Como no houve corte, ficou repetido. No foi falha, mas sim tcnica legislativa. DECADNCIA E PRESCRIO NO CDC (artigos 26 e 27) O artigo 26 tutela vcio aparente e vcio oculto, a base a qualidade do produto (artigo 24: ningum se exime da qualidade do produto) - mesmo que o vcio seja aparente o consumidor tem o direito de reclamar. Exceto aqueles produtos em que o vcio existe exatamente por este motivo o preo mais baixo. e

O CDC ampara o consumidor tanto nos vcios aparentes, quanto nos vcios ocultos. O prazo para exercer o direito de reclamar dos vcios aparentes ou de fcil constatao de 30 dias, para produto e servio no durvel; e de 90 dias para produto ou servio durvel prazo decadencial.

Artigo 26, 3, quando houver vcio oculto: tem o mesmo prazo, mas o prazo decadencial inicia-se do momento em que o vcio aparece. Vcio aparente ou de fcil constatao tem que ser verificado aps a entrega efetiva do produto ou o trmino da execuo do servio. Entrega efetiva aquela entrega quele que poder detectar o problema (ex. presente de casamento - a efetiva entrega seria aos noivos) tem que ser muito bem interpretada. Garantia estendida: Tem um ano de garantia, paga-se mais 10% para ter mais 2 anos de garantia. Ocorre que o cdigo garante 90 dias Vcio diferente de desgaste: se tem garantia estendida por 3 anos, ele cobre vcio oculto e desgaste, nica vantagem que tem a garantia estendida. Se for vcio oculto, o fornecedor j tem que reparar. Quando acontecer o vcio, ele tem 90 dias para reparar! Conta-se o prazo da ocorrncia do vcio. 2 estabelece as causas interruptivas decadencial (zera o prazo, volta do incio). do prazo

Artigo 27 - fato do produto ou do servio prazo de prescrio: prazo de 5 anos. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretenso reparao pelos danos causados por fato do produto ou do servio prevista na Seo II deste Captulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Ateno: conta-se a partir do conhecimento do dano e sua autoria, razo pela qual no se pode errar se algo fato ou servio. Desconsiderao da Personalidade Jurdica Desconsiderao da personalidade jurdica no Cdigo Civil: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica. ** Estabelece os requisitos para desconsiderao: - Abuso ou desvio de finalidade. - Tem que haver pedido. - O nus da prova do demandante. No Cdigo Civil, verifica-se a teoria subjetiva da desconsiderao, ou seja, para que haja desconsiderao necessrio que haja o atuar doloso ou culposo do administrador. No CDC: O juiz poder desconsiderar - poder-dever (Rizzato Nunes), entende-se que o juiz pode atuar de oficio, no h requisito de pedido pelo ofendido: Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia,estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. O simples fato de ocorrer infrao da lei, pode levar o sujeito desconsiderao da sua personalidade jurdica.

5: sempre que a sua personalidade jurdica causar dificuldade ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. Disto resulta que basta demonstrar o risco de no pagar para ter-se a desconsiderao. O promotor, quando faz o pedido, faz uma estimativa, e, como base nisto, pede a desconsiderao. Basta demonstrar que h ou haver dificuldade para o ressarcimento. De acordo com entendimento do STJ, o Cdigo de Defesa do Consumidor segue a teoria menor da desconsiderao, acolhida no nosso ordenamento jurdico (direito ambiental e consumidor). (Ver Acrdo Relatora Nanci Andrighi 279.273 STJ). No interessa se houve dolo ou culpa por parte do administrador - teoria puramente objetiva. Oferta (artigos 427/ 435 Cdigo Civil) O estudo da oferta no CDC tem que ser estudado juntamente com a proposta do Cdigo Civil. Artigo 30, CDC: Art. 30. Toda informao ou publicidade*, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicao com relao a produtos e servios oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. ** pode existir uma informao que tenha publicidade ou no. 1) Informao publicitria: manual de instruo, folheto explicativo, etc.

2) Informao no publicitria Se a informao for suficientemente precisa e veiculada por qualquer meio de comunicao, obriga o fornecedor e integra o contrato que for celebrado. A melhor bolacha do mundo, fora de expresso ou puffing, exagero! Para a incidncia deste artigo, tem que ter um critrio preciso de aferio. Princpio da vinculao: o fornecedor fica obrigado a cumprir. Art. 31. A oferta e apresentao de produtos ou servios devem assegurar informaes corretas, claras, precisas, ostensivas e em lngua portuguesa sobre suas caractersticas, qualidades, quantidade, composio, preo, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam sade e segurana dos consumidores. Pela leitura do referido artigo, quando apresentada a oferta, ser que o CDC est querendo dizer que todo o produto e servio tm que trazer, em sentido literal, todas as informaes? O que o CDC quer dizer o seguinte: no precisa dar todas as informaes, salvo quando a lei o exige (exemplo remdios, alimentos, etc.). Todavia, se houver as informaes, dever ser clara, precisa, ostensiva, sob pena de vinculao - exemplo: veicular que o carro o menos poluente do mundo, no poder voltar atrs, se no for o menos poluente, caber ACP por publicidade enganosa. Artigo 32: Reposio Os fabricantes e importadores devero assegurar a oferta de componentes e peas de reposio enquanto no cessar a fabricao ou importao do produto.

Pargrafo nico. Cessadas a produo ou importao, a oferta dever ser mantida por perodo razovel de tempo, na forma da lei. Enquanto tenha o produto fabricado no Brasil ou importado, tem que ter a reposio pelo perodo razovel de tempo. Artigo 33, nico: proibida a publicidade de bens e servios por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. Artigo 34: o fornecedor do produto ou do servio solidariamente responsvel pelo ato de seu preposto ou autnomo. Artigo 35: descumprimento da oferta: quando a oferta for descumprida, o consumidor poder sua livre escolha: pedir o cumprimento forado da obrigao; aceitar outro produto equivalente; rescinde o contrato - perdas e danos, com atualizao do valor. Verifique-se a ampla possibilidade que o consumidor poder exercitar. Publicidade O termo publicidade: criada em 1597, para difundir a f crist no mundo o Papa Clemente VI instituiu a propaganda (propagare) quando comeou a se intensificar e massificar, o termo foi sendo utilizado na publicidade se referindo ao mercado de consumo. O legislador constitucional coloca, no artigo 220, 4: para publicidade o termo propaganda comercial. O termo propaganda utilizado pela constituio: a propaganda comercial, da CF a publicidade do CDC. O Controle da publicidade no Brasil um controle misto: controle feito por uma associao privada (CONAR) e um controle legal.

CONAR: www.conar.org.br : regramento: associao de natureza civil que congrega todos os atores do mercado publicitrio. Quando se associa ao CONAR tem que se propor a respeitar todo o seu regulamento. Atendem ao (Conselho Nacional de Auto-regulamentao Publicitria). Os infratores recebem advertncia, recomendao de suspenso de anncio, se no o fizer requisita aos veculos de comunicao que suspenda. Controle legal, feito de maneira administrativa ou judicial atua quando se trata de alguma publicidade de alguma empresa no associada ao CONAR ou quando este no resolver. Feito pelos rgos de defesa do consumidor, que vo autuar, e pelo inqurito civil (termos de ajustamento de conduta). O controle legal mais efetivo o administrativo (ACP, se for coletivo) ou se houver dano individual. O sistema do CDC: Regra da publicidade, nos artigos 36 a 38: Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fcil e imediatamente, a identifique como tal. Nestes termos, a publicidade deve ser veiculada de acordo com o princpio da identificao publicitria - no se admite publicidade clandestina ou subliminar. O merchandising tem que ser identificado, tem que constar. Artigo 36, nico: o fornecedor manter em seu poder dados fticos, tcnicos e cientficos que do sustentao publicidade.

Principio da transparncia da fundamentao Conforme determina o artigo 69, do CDC: Art. 69. Deixar de organizar dados fticos, tcnicos e cientficos que do base publicidade. O CDC considera crime contra o consumidor deixar de dar dados fticos, tcnicos e cientficos que do sustentao publicidade. No tem informao, est enganando. A atuao feita pela promotoria retirou a maioria das publicidades enganosas (queda de cabelo, por exemplo). Usava o CDC 69, depois o 171, CP: saneando o mercado de publicidade.

FIM DA AULA

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 05 de maro de 2010 AULAS: 11 e 12

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Artigo 37, caput do CDC e artigo 20, da CF

Publicidade enganosa: a publicidade verdadeira, no pode enganar.

tem

que

ser

1: Inteira ou parcialmente falsa capaz de induzir em erro o consumidor. Basta comprovar a capacidade ilusria. Aqui h o consumidor ideal, no precisa ter sido realmente enganado. Ainda, a responsabilidade objetiva: basta que seja enganosa. (elemento subjetivo no interessa). Dos Crimes contra o consumidor - aqui sim preciso a existncia do elemento subjetivo: dolo ou culpa - artigos 66, 67, 68, CDC. Duas modalidades de publicidade enganosa: - Publicidade enganosa por omisso - quando deixa de informar dado essencial de um produto e servio: aquele dado que definiria a compra ou no do produto. o fato necessrio para a compra. (exemplo compra de apartamento, omite a inexistncia de garagem), publicidade comparativa: omite-se que o seu produto tem pontos ruins. - Publicidade enganosa por ao: publicidade chamariz, liquidao inexistente; produto inexistente; ambigidade; Artigo 37, 2: Princpio da no abusividade (publicidade da cerveja devassa apelo sexual).Aplicao da smula 8 do CONAR, suspenderam a publicidade para discutir. Artigo 38: nus da prova cabe ao patrocinador, princpio do nus probatrio do anunciante - trata-se de inverso do nus da prova legal, regra de distribuio da produo de provas. Artigo 39: dentre outras o rol exemplificativo: aqui estabelece o direito bsico: - inciso I: venda ou operao casada - vedado ao fornecedor condicionar a venda de um produto ou servio a outro. Cuidado: nem tudo venda casada o oferecimento de dois por preo melhor oferta.

Venda casada quando voc no pode deixar de levar o que voc quer. Exemplo: Carros com 5 anos de garantia, mas estipula que a reviso tem que ser feita l: pode ser considerada venda casada, pois a garantia no est sendo dada, mas est embutida na venda da reviso. Segunda parte: limitao quantitativa injustificada: oferta que somente pode levar determinado nmero sem qualquer motivo. Suprimiu dado essencial, no avisou que a venda era limitada. Inciso II: enquanto o fornecedor estiver estoque tem que vender, a recusa de venda com argumento de que para reserva de estoque. Inciso III: recebimento de carto de crdito, roubo do carteiro. Inciso IV: abuso da idade, da sade; rol exemplificativo, (internao, morte e casamento - pacote). Inciso V: abuso de exigncia abusiva: tem que analisar caso a caso (exemplo contrato de viagem). Inciso VI: oramento oferta. Artigo 40: nem sempre fcil atender tudo o que determina: existem determinados servios que no tem como prever o valor, visto que somente na execuo dos servios ser avaliado. O MP reconhecendo esta realidade, verificou que deve ter, pelo menos, valor mnimo e mximo, do valor do oramento. 2: depois que negociou no tem como voltar atrs. 3: contratao de quem no sabe o servio, sabe que vai precisar de outro. Se vier terceiro no previsto o fornecedor no tem que pagar ao terceiro, por conta e risco do fornecedor.

Visita para oramento: pode cobrar, desde que avise antecipadamente. Inciso VII: repassar informao depreciativa... nem positiva (rol exemplificativo). Quando algum passa informao positiva da pessoa, por trs disto existe o mercado de compra e venda de cadastro de pessoas, viola o artigo 5, X, da CF. Inciso VIII: Servio em desacordo com norma tcnica. Inciso IX: complementa o inciso II, no se pode recusar a venda pra quem tem pronto pagamento. No se pode negar algo que no informou. Inciso X: abusivo elevar sem justa causa preo de produto e servio. Preo tabelado, controlado, ofertado, contratado. No existe tabelamento de preos no Brasil. Controlado: ex. remdios Contratado - se j est contratado, no pode aumentar os preo. Inciso XI: aplicar frmula de reajuste pela lei ou pelo contrato, no pode fugir. Inciso XII: deixar de estipular prazo para incio e trmino do servio. Cobrana de Dvida 1) Exerccio regular de direito, o Cdigo probe a cobrana abusiva, nos termos do artigo 42, do CDC: no pode ser submetido a constrangimento, ameaa crime correspondente: artigo 71, do CDC.

Artigo 42, nico: para o CDC, se pagou em excesso recebe em dobro (tem que ter pago) - J no artigo 940 do CC: aquele que demandar (ajuizar) por dvida j paga tem que pagar o dobro, mesmo que no tenha pago. Bancos de Dados e Cadastro de Consumidores (ltima aula de Consumidor). Cadastro aquele que voc faz para um fornecedor. Banco de dados: os fornecedores fazem o banco de dados para os demais. Artigo 43, CDC: o consumidor tem acesso sobre as fontes. Tem o direito de saber quem informou.

FIM DA AULA

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 19 de maro de 2010 AULAS: 13 e 14

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BANCOS DE DADOS CONSUMIDORES O CDC no diferencia.

E

CADASTROS

DE

Cadastro - aquele que o consumidor faz para o fornecedor (o consumidor fornece as informaes). Banco de dados - so os fornecedores que fornecem as informaes. Exemplo - SERASA, SPC (no h participao do consumidor).

Art. 43. O consumidor, sem prejuzo do disposto no art. 86, ter acesso s informaes existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. Tem direito a plena acessibilidade tanto por um quanto por outro. H plena acessibilidade do consumidor sobre os dados e cadastros tidos sobre ele, bem como as fontes. Se o local no franquear as informaes sobre o consumidor, impedir ou dificultar o acesso ocorrer o crime previsto no artigo 72 do CDC: Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor s informaes que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: Pena Deteno de seis meses a um ano ou multa. Pergunta: Pode haver a negativao do consumidor? Sim, pode conforme art. 43, pargrafo primeiro. 1 - Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fcil compreenso, no podendo conter informaes negativas referentes a perodo superior a cinco anos. Nenhum direito absoluto, nenhum princpio absoluto. Tem direito a imagem, a honra, s que tambm existe mercado de consumo, livre iniciativa, por isso deve fazer ponderao de valores. Para negativar deve haver dvida lquida, certa, exigvel, no paga (vencida), existente e no pode haver oposio (formal) por parte do devedor. Deve ainda haver comunicao prvia ao consumidor por escrito, segundo pargrafo 2 do artigo 43.

2 A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo dever ser comunicada por escrito ao consumidor, quando no solicitada por ele. Para negativar deve haver uma ponderao de valores. Prazo de cinco dias teis - se deduz do pargrafo terceiro do artigo 43. 3 O consumidor, sempre que encontrar inexatido nos seus dados e cadastros, poder exigir sua imediata correo, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias teis, comunicar a alterao aos eventuais destinatrios das informaes incorretas. Smula 323 - direito de negativao. Smula 359 do STJ - o banco de dados tem obrigao de fazer a comunicao. Smula 404 do STJ - dispensvel A.R. sobre negativao para o consumidor. Deve haver essa comunicao, sob pena de indenizao por dano moral. Smula de junho de 2009 do STJ n 385 - no cabe dano moral se houve a inscrio irregular, mas se j tinha inscrio anterior. No pode ter informao cifrada, art. 43, pargrafo 1: 1 Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fcil compreenso, no podendo conter informaes negativas referentes a perodo superior a cinco anos. Artigo 43, pargrafo 3 do CDC. Trata da correo de dados no prazo de cinco dias teis. Se no o fizer, incide o artigo 73 ( crime). Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informao sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas

ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: Pena Deteno de um a seis meses ou multa. Artigo 43, pargrafo 4 - todas essas entidades so consideradas de carter pblico, desse modo, o consumidor pode se valer de habeas data. 4 - Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os servios de proteo ao crdito e congneres so considerados entidades de carter pblico. Artigo 44 fala de cadastro de fornecedores. Art. 44. Os rgos pblicos de defesa do consumidor mantero cadastros atualizados de reclamaes fundamentadas contra fornecedores de produtos e servios, devendo divulg-lo pblica e anualmente. A divulgao indicar se a reclamao foi atendida ou no pelo fornecedor. Exemplo: PROCON tem cadastro de reclamaes fundamentadas - so reclamaes que consumidores fizeram com fundamento no CDC contra fornecedores. O PROCOM vai colocar uma lista de atendidas e no atendidas.

PROTEO CONTRATUAL Parte geral do CDC traz os seguintes dispositivos: Art. 46. Os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prvio de seu contedo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance. o princpio da transparncia - conhecimento prvio daquilo a que voc est se obrigando. Consumidor deve entender exatamente aquilo a que est se obrigando.

Art. 47. As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor. Lembrar do que o Professor falou sobre aplice de contrato de seguro - quando receber em casa, guardar o papel do correio com a data da entrega para, posteriormente, saber exatamente quando recebeu, caso seja acionado pela Seguradora por algum motivo (querer que consumidor cumpra algo do contrato e o consumidor ainda nem recebeu esse contrato). Art. 423 do CC bem prximo do texto do artigo acima referido do CDC: Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente. Art. 48. As declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica, nos termos do art. 84 e pargrafos. Este artigo traz o principio da vinculao. O CDC previne a compra por impulso - art. 49: Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou servio, sempre que a contratao de fornecimento de produtos e servios ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domiclio. Compra fora do estabelecimento d direito ao consumidor de devolver o produto no prazo de sete dias (prazo de reflexo) - direito de arrependimento. Pargrafo nico. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer ttulo, durante o prazo de

reflexo, sero devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Art. 50. A garantia contratual complementar legal e ser conferida mediante termo escrito. A garantia contratual somada legal. A contratual pode no ser dada pelo fornecedor, mas a legal obrigatria.

CLUSULAS ABUSIVAS: 1) Controle: Administrativamente ou judicialmente (ao individual ou ACP). Nulidade absoluta das clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios, conforme art. 51. Efeito - ex tunc e Smula 381 do STJ. Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: I impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de qualquer natureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de direitos. Nas relaes de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurdica, a indenizao poder ser limitada, em situaes justificveis. O inciso acima refere-se clusula de no indenizar ou de renncia. II - subtraiam ao consumidor a opo de reembolso da quantia j paga, nos casos previstos neste cdigo. Reembolso est na lei, no adianta vir clusula em contrato dispondo em contrrio.

III - transfiram responsabilidades a terceiros. O fornecedor no pode transferir responsabilidade para outro. IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade. VI - estabeleam inverso do nus da prova em prejuzo do consumidor. VII - determinem a utilizao compulsria de arbitragem. Se impuser arbitragem ento no vale? Esta clusula gera discusso porque contrato de adeso sempre tem a utilizao compulsria de arbitragem. Lembrar que o rbitro no juiz! O Professor defende que onde h vulnervel, no cabe arbitragem. VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negcio jurdico pelo consumidor. Trata da clusula mandato (mandato para que o fornecedor possa emitir titulo em nome do consumidor - Smula 60 do STJ). IX - deixem ao fornecedor a opo de concluir ou no o contrato, embora obrigando o consumidor. Agncia de viagem descumpre normalmente esse inciso, pois quando assinamos contrato, existem clausulas que autorizam a agncia a mudar tudo: Cia area, horrio do vo, hotel, etc. Nem no CC isso autorizado, muito menos no CDC.

Art. 122. So lcitas, em geral, todas as condies no contrrias lei, ordem pblica ou aos bons costumes; entre as condies defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negcio jurdico, ou o sujeitarem ao puro arbtrio de uma das partes. X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variao do preo de maneira unilateral. Impossvel mudar preo sem clusula de reajuste. XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor.

FIM DA AULA

DIREITO DO CONSUMIDOR Prof.: Luiz Antnio de Souza DATA: 26 de maro de 2010 AULA: 15 FIM

Magistratura e MP Estaduais Damsio via Satlite Aula de 50 minutos.

Ler Recurso Especial STJ: 1133410. Artigo 51: So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: XI: autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor. A clusula em si, como prev para ambos os lados, no abusiva, mas no caso concreto, abusiva para o consumidor. Ler lei 9656/98 - artigo 13. XII: obrigar o consumidor ressarcir os custos de cobrana (Recurso especial 794752 probe os bancos pagarem tarifa pelo recebimento de boletos: no pode repassar para o consumidor os seus custos). XIII: clusula que autorize o fornecedor a modificar o contedo do contrato ou a qualidade aps a celebrao. EX: agncias de viagens, que se reservam no direito de alterar o contrato.

Enunciado 23, da 1 jornada: a funo social do contrato no elimina o princpio da autonomia da vontade: no pode, invocando a autonomia da vontade, ter norma que viole o meio ambiente. A funo social do contrato (artigo 421, CC) e tambm funo social ambiental, direito metaindividual. XIV: infrinjam ou possibilitem a violao de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteo ao consumidor; XVI: clusulas que possibilitem a renncia do direito de indenizao por benfeitorias necessrias. 1 - este pargrafo complementa o inciso IV: presume-se exagerada a vontade que: I - ofende os princpios fundamentais do sistema jurdico a que pertence. II - restringe direitos ou obrigaes fundamentais inerentes natureza do contrato, de tal modo a ameaar seu objeto ou equilbrio contratual. III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerandose a natureza e contedo do contrato, o interesse das partes e outras circunstncias peculiares ao caso. 2: princpio da conservao do contrato. 4 facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministrio Pblico que ajuze a competente ao para ser declarada a nulidade de clusula contratual que contrarie o disposto neste cdigo ou de qualquer forma no assegure o justo equilbrio entre direitos e obrigaes das partes. Referido pargrafo faculta ao consumidor a possibilidade de requerer ao MP que ajuze ao para instaurao do Inqurito Civil. TAC: termo de ajustamento de conduta: o pedido inicial da ACP colocado nas clusulas e condies que tem que

ser cumpridas extrajudicial.

no

contrato.

TAC

ttulo

executivo

Art. 52. No fornecimento de produtos ou servios que envolva outorga de crdito ou concesso de financiamento ao consumidor, o fornecedor dever, entre outros requisitos, inform-lo prvia e adequadamente sobre: I - preo do produto ou servio em moeda corrente nacional; II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acrscimos legalmente previstos; IV - nmero e periodicidade das prestaes; V - soma total a pagar, com e sem financiamento. Este artigo 52 visa transparncia do fornecedor, que deve informar, evitando a iluso do consumidor. 1, alterado em 96, at este ano no havia controle de inflao, antes era mais que 2%. Questo: S aplica esta taxa para contratos de crdito e financiamento ou a todos? Antes, era aplicado s para financiamento. Hoje, deve ser extensivo para todos os contratos, vez que no existe outro local no CDC que se refira sobre o percentual a ser aplicado. Entendimento pacfico no STJ: recurso especial 436224/DF (contrato de telefonia - STJ mandou aplicar os 2%). 2: assegurado ao consumidor a liquidao antecipada do dbito, total ou parcialmente, mediante reduo proporcional dos juros e demais acrscimos. O pargrafo refere-se liquidao total do dbito, direito do consumidor inserido no CDC. Artigo 53: no pode perder tudo o que pagou. A porcentagem que devolve tambm relativa, o STJ determina que se observe a proporcionalidade, a depender do caso concreto. Quando se trata de bens que podem ser repassados sem muitas perdas, como no caso de imvel,

que pode ser repassado integralmente para terceiro, a reteno no pode ultrapassar de 10%. Artigo 54: Contratos de adeso: clusulas estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor. 1: contrato de adeso aquele que o consumidor participou substancialmente. Ainda, a insero de uma clusula tambm no desfigura o contrato de adeso. STJ: contrato de seguro que determinava a no cobertura clusula restritiva estava em negrito, mas no estava em letras maiores: RESP n. 774035.

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