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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião António Rego22 - Opinião LOC/MTC24 - Semana de.. Carlos Borges26 - Dossier Rainha Santa Isabel

28 - Entrevista56 - Multimédia58 - Estante60 - Concílio Vaticano II62 - Agenda64 - Por estes dias66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Jubileu da Misericórdia72 - DNPJ74 - Fundação AIS76 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Arlindo Homem

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Homenagem aBento XVI[ver+]

Novos padres emPortugal[ver+]

Celebrar a RainhaSanta[ver+]

Paulo Rocha|António Rego |LOC/MTC| Maria Helena Coelho |

Manuel Barbosa | Paulo Aido | TonyNeves | Fernando Cassola Marques

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Nós estamos aqui

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Primeiro vimos um jogador a afirmar “eu estouaqui”. Agora percebemos uma seleção a dizer emdiferentes discursos e sobretudo em campo “nósestamos aqui”.As duas afirmações surgem no ambiente dofutebol, em diferentes tempos, mas não são umamarca exclusiva desse ou de qualquer outrodesporto, antes reveladoras do que significa serpessoa e da capacidade que todas devem terpara descobrir que é na relação e na vida emgrupo que encontram a circunstância única derealização plena.Quando se festeja uma vitória, tudo isto pareceser uma evidência. Mais difícil é sustentá-la noesforço que toda a glória exige ou mesmo depoisde uma derrota. No futebol, como em tudo navida!

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Assim acontece no ambiente familiarou empresarial, entre amigos ou emcircunstâncias geradas porencontros ocasionais, no mundoprofissional e também na realizaçãoda experiência crente. Neste caso,com uma palavra que lhe é sempreindissociável: comunidade.Se assim acontece no decurso dosdias, em diferentes estruturas ecircunstâncias, ainda mais nosmomentos de exuberantesmanifestações que cada verãosempre traz. Cada uma coloca namontra um grupo, uma comunidadee todas as tentativas de sobreporuma voz, uma “jogada individual” àforça de uma comunidade,consolidada em tradições egerações, exige sabedoria,prudência. Dizer “eu estou aqui” e depois “nós estamos aqui”, não por palavras mas por ações, é a vitória maior e o caminho para todas as glórias.i

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Um atentado fez esta terça-feira pelo menos 42 mortes e mais de 240feridos no aeroporto de Istambul, Turquia

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“As previsões que foram feitas noutraEuropa, noutro mundo, noutra situação,naturalmente, irão sendo revistas. Éinevitável que sejam revistas"Marcelo Rebelo de Sousa, presidente daRepública, Lisboa, 29.06.2016 "A comunidade portuguesa no Reino Unidodeve ter todas as razões para estar calmaporque nada se alterou e nada designificativo se irá alterar "António Costa, primeiro-ministro, Bruxelas,29.06.2016 "Quero que o Reino Unido clarifique a suaposição o mais rapidamente possível","sem haver notificação da parte do ReinoUnido não haverá negociações"Jean-Claude Juncker, presidente daComissão Europeia, Bruxelas, 28.06.2016 "Os portugueses não o querem e não vãoprecisar [de um segundo resgate] secumprirem as regras europeias"Wolfgang Schauble, ministro das Finançasalemão, Berlim, 29.06.0216 "Vamos sair, mas não virar as costas àEuropa"David Cameron, primeiro-ministro britânico,Bruxelas, 28.06.2016

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Igreja em festa com ordenaçõessacerdotais

Quatro dioceses portuguesascelebraram no último domingo umdia de festa, com ordenaçõessacerdotais e diaconais. Em Lisboa,que passou a contar com oito novossacerdotes, o cardeal-patriarcaafirmou que anunciar a “vinda deJesus” a cada pessoa e família, “acada dimensão da vida social oucultural” é o “único”

programa dos padres recém-ordenados.“[Anúncio] Fazê-lo como sempreimporta, empolgados pelo ‘sonhomissionário de chegar a todos’, navariedade quantitativa e qualitativadas atuais circunstâncias.Igualmente sabendo que amisericórdia divina incide na carnesofredora do mundo;

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e que a vida ressuscitada de Cristoa há de tocar e salvar pelo corpoeclesial dos batizados e peloministério pastoral dos seuspadres”, disse D. Manuel Clemente,na igreja do Mosteiro dosJerónimos.A Igreja em Viseu celebrou o seuDia da Diocese que foi “enriquecido”com a ordenação de um sacerdote.O bispo local diocesano destacou o“sim” a Deus, perante o qual “todasas alternativas, distrações eopções” não são “essenciais”.“Chamado à liberdade, não tedeixes aprisionar por nenhum jugoda escravidão, mas permanecefirme, no viver e no fazer crescer asimensas graças que o Senhor, nosacerdócio, te vai conceder”, disseD. Ilídio Leandro ao padre CarlosManuel Rodrigues.Na homilia, o prelado destacou queo “sim” do novo sacerdote deixa“todas as alternativas, distrações eopções” que, mesmo sendo justas,“não são essenciais à missão” quese “compreende” na radicalidade, osentido da liberdade, da verdade eda caridade.Já em Coimbra, o bispo diocesanopresidiu à ordenação de trêspresbíteros e dois diáconos, aosquais disse que devem ser “homensespirituais” com coração aberto eem saída, para não se tornarem“estorvos à ação salvífica de Deus”.

Durante a celebração na Sé Nova,acompanhada pela AgênciaECCLESIA, D. Virgílio Antunes pediuaos novos sacerdotes e diáconosque deem tempo ao acolhimentodas pessoas manifestando“disponibilidade com todos,especialmente para com os maispobres, os doentes, osdesanimados, os vacilantes na fé,os descrentes” e “grande espaço etempo a Deus”. “No silênciopacificador do santuário e noencontro perturbador com aspessoas sentireis o que é averdadeira espiritualidade cristã esacerdotal, que se enraíza em Deuspor meio do seu Espírito e semanifesta viva na comunhão com osirmãos”, explicou.Mais a sul, o bispo do Algarvepresidiu à ordenação de doissacerdotes diocesanos, aos quaisdisse que “o ministério ordenadonão é um direito resultante do méritoou de uma conquista”, “O ‘dom’ vemde Deus, é Ele que chama,consagra e envia. É d’Ele amensagem a transmiti, é Ele que secompromete na proteção daqueleque chama e envia”, referiu D.Manuel Quintas, na celebração deordenação que decorreu na igrejade São Pedro do Mar, em Quarteira.O prelado contextualizou que aatitude da criança que “se deixaconduzir pela mão segura do pai ouda mãe deve ser a atitudepermanente de todos os chamados”,consagrados e enviados.

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Católicos pedem ao Papa queproclame São João Gualbertopadroeiro da Peneda-GerêsA Irmandade de São Bento da PortaAberta, na Arquidiocese de Braga,já tem “centenas” de assinaturas napetição que vai pedir ao Papa queSão João Gualberto sejaproclamado “padroeiro celeste” doParque Nacional da Peneda-Gerês.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o mesário da irmandade explicouque a ideia da petição surgiu nocontexto dos 50 anos daproclamação de São Bentopadroeiro da Europa e pelos 400anos do santuário a ele dedicadoem Rio Caldo, Terras de Bouro.“Trabalhou-se muito o patrimóniolegado por São Bento e chegamos àconclusão que entre os filhosespirituais havia um homem, que emPortugal não é muito conhecido,mas que marcou o seu tempo”,disse Carlos Aguiar Gomes sobreSão João Gualberto.O monge italiano fundou aCongregação BeneditinaValombrosana e foi proclamadoprotetor da floresta e dos “agentesflorestais” na Itália, pelo Papa Pio XIIem 1951, e “mais recentemente”das florestas do Estado de SãoPaulo, no Brasil.

A Mesa da Irmandade de São Bentoda Porta Aberta pela localização dosantuário no Parque Nacional daPeneda-Gerês considerou que“seria interessante e útil”espiritualmente que essa “grandereserva da biosfera” tivesse “umpadroeiro celeste”.Segundo Carlos Aguiar Gomes ainiciativa “mereceu aplausos” doarcebispo-primaz de Braga e foicriada a comissão responsável pelarecolha de assinaturas que depoisD. Jorge Ortiga vai “fazer chegar” àSanta Sé, ao Papa Francisco”.A divulgação e recolha deassinatura começou a 12 de julhode 2015, dia da festa litúrgica deSão João Gualberto, quando oarcebispo presidiu a uma Missasolene e “lançou o desafio”.

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Cardeal de Boston condecorado pelopresidente da República PortuguesaO presidente da República, MarceloRebelo de Sousa, distinguiu ocardeal Sean Patrick O’Malley com aGrã-Cruz da Ordem do Infante D.Henrique, por serviços àcomunidade portuguesa. MarceloRebelo de Sousa destacou o papeldo cardeal norte-americano "naformação e acompanhamento decomunidades portuguesas e deluso-descendentes durantedécadas", em Washington, FallRiver e em todo o estado deMassachusetts, na costa leste dosEstados Unidos.No final da conferência sobre "Amissão do papa Francisco e osdesafios à Igreja no presente", estaterça-feira, em Lisboa, o presidentesublinhou o apoio à UniversidadeCatólica Portuguesa (UCP), sob adireção do cardeal HumbertoMedeiros (1915-1983), explicandoque a atribuição da condecoraçãonas instalações da UCP "contra oque é costume" teve como intenção“associar o mérito do agraciado auma universidade que temdesempenhado um papel essencialno quadro da sociedade e dacultura portuguesas".O contributo do cardeal O'Malley,que em 1985 tinha já recebido acomenda desta mesma ordem,"merece a

elevação do grau de comendadorao grau máximo da Grã-Cruz daOrdem do Infante D. Henrique por"serviços que Portugal reconhece eque o presidente da RepúblicaPortuguesa em nome de todos osportugueses agradece", declarouRebelo de Sousa.O cardeal Seán Patrick O´Malleyelogiou na sua conferência anovidade que os três anos dopontificado de Francisco têmrepresentado. “Há muitos sinais decomo o Papa Francisco se sentebem na sua pele e não se senteconstrangido por práticasanteriores”, declarou.Falando em português, o cardealO’Malley elogiou no pontíficeargentino o “intenso zelomissionário”, “grande amor pelacomunidade” e uma “vidadisciplinada”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Brexit: «Não podemos desistir» da Europa

Simpósio teológico-pastoral em Fátima

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Papa visitou Arménia em busca dapaz

O Papa cumpriu uma viagem de trêsdias à Arménia, a sua primeira aopaís, que se encerrou com um gestode paz junto à fronteira turca, ondelançou duas pombas brancas, nacompanhia do patriarca dosArménios, Karekin II. A últimacerimónia religiosa da visitadecorreu no Mosteiro de Khor Virap,um dos lugares sagrados da IgrejaArménia, no sopé do Monte Ararat,hoje território da Turquia, que aBíblia identifica como o local deparagem da Arca de Noé, após odilúvio relatado pelo livro doGénesis.

Francisco classificou como um“genocídio” a morte de centenas demilhares de cristãos arméniosdurante a I Guerra Mundial, às mãosdo Império Otomano, uma acusaçãoque é rejeitada pelos atuaisresponsáveis turcos. O Papaevocou as vítimas do “extermínio” evisitou no sábado o memorial quelhes é dedicado, tendo alidepositado uma coroa de flores erezado em silêncio.Francisco escreveu uma mensagemsobre a importância da memória,para que a humanidade “nãoesqueça”

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estas tragédias e as mesmas nuncamais se repitam. Noutra intervenção,o Papa desejou que arménios eturcos procurem caminhos dereconciliação para fechar “feridasabertas” há 100 anos.O pontífice argentino foi sempreacompanhado pelo patriarca daIgreja Apostólica Arménia, o‘catholicos’ Karekin II, com o qualassinou uma declaração ecuménicaconjunta de condenação dasperseguições religiosas e dofundamentalismo.O Papa repetiu em váriasintervenções o desejo de “unidadeplena” entre católicos e arménios,sublinhando que essa unidade éuma exigência de respeito por todosos que “sacrificaram a vida pela fé”.Na segunda maior cidade do país,Francisco dirigiu-se à minoria

católica e convidou todos apreservar a “memória do povo” daArménia, marcada pela fé cristã. Acerimónia de despedida decorreu noaeroporto internacional de Erevan,capital da Arménia, nação que contaatualmente com 280 mil católicos(9,6% da população).A Arménia, como recordou o Papa, éconsiderada “o primeiro paíscristão”, dado que o rei Tiridates IIIproclamou o Cristianismo comoreligião de Estado em 301, aindaantes do Império Romano, sob oimpulso de São Gregório, oIluminador. O país recebeu um Papapela primeira vez desde a visita deJoão Paulo II, em 2001.Ainda em 2016, Francisco regressaao Cáucaso para visitar a Geórgia eo Azerbaijão, entre os dias 30 desetembro e 2 de outubro.

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Emoção e gratidão em homenagem aBento XVIO Papa emérito Bento XVIregressou hoje ao PalácioApostólico do Vaticano pela primeiravez desde fevereiro de 2013 eagradeceu a “bondade” deFrancisco, seu sucessor. “Mais doque nos jardins do Vaticano, com abeleza que têm, a sua bondade é olugar onde moro e me sintoprotegido”, declarou Bento XVI, nofinal de uma cerimónia dehomenagem pelo seu 65.ºaniversário de sacerdócio, presididapelo atual Papa.O Papa emérito disse ter ficadosensibilizado pela “bondade” deFrancisco “desde o primeiromomento da sua eleição” e “emcada momento” da sua vida noVaticano. “Esperamos que possaseguir em frente, com todos nós,neste caminho da misericórdiadivina, mostrando a estrada deJesus para Deus”, desejou, perantemembros do Colégio Cardinalício eresponsáveis da Cúria Romana, naSala Clementina.Após o discurso de homenagem deFrancisco, que o abraçou, Bento XVIfalou de improviso, de pé, emitaliano, sobre a “nova dimensão”que Cristo trouxe à vida dahumanidade. “Ele transformou emgraça, em bênção, a cruz , osofrimento, todo o mal do mundo”,graças à “força do seu amor”,precisou.

Para o Papa emérito, cada pessoa échamada a “receber realmente anovidade da vida e ajudar àtransubstanciação do mundo, paraque seja um mundo não de morte,mas de vida”, no qual “o amor tenharealmente vencido a morte”.Bento XVI agradeceu a “amizade”dos presentes e elogiou a edição deum livro que apresenta reflexõessobre

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o sacerdócio. “Sinto interpretado oessencial da minha visão, do meuagir”, referiu.“Procuro ajudar a entrar, cada vezde uma forma nova, no mistério queo Senhor coloca nas nossas mãos”,acrescentou.O Papa emérito revelou que, há 65anos, um sacerdote que foiordenado consigo decidiu escreverna pagela de recordação daprimeira Missa uma única palavra,em grego - 'eucharistomen' [damos-te graças] - e

mostrou-se “convencido de quenesta palavra, onde há tantasdimensões, está tudo o que se podedizer neste momento”. “Obrigado atodos vós, que o Senhor nosabençoe a todos, obrigado SantoPadre”, concluiu.Já o Papa Francisco afirmou que oagora pontífice emérito “continua aservir a Igreja”. “Vivendo etestemunhando hoje de modo tãointenso e luminoso esta única coisaverdadeiramente decisiva - ter oolhar e o coração dirigido para Deus-, o senhor, Santidade, continuar aservir a Igreja, não deixa decontribuir verdadeiramente comvigor e sabedoria para o seucrescimento”, disse o pontíficeargentino perante responsáveis daCúria Romana, na Sala Clementina,a mesma onde o agora Papaemérito se despediu dos cardeais a28 de fevereiro de 2013.

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Solenidade de São Pedro e São Paulo no Vaticano

Papa condena atentado em Istambul

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Novo nome do inimigo

Cónego António Rego

Não tenho aquilo a que se poderia chamar“amplitude política” para fazer uma análise, aindaque superficial, das consequências, a breve elongo prazo, da saída da Inglaterra da UniãoEuropeia. Soou-me a um bater de porta ruidoso por razões escondidas que foram variandoconsoante ia decorrendo a campanha. Umreferendo, sendo um ato político e fortementepopular, tem características próprias e um tipo dequestões que se fecha no sim ou não “e não sefala mais nisso”. Recordo-me do tempo em queem Portugal não era permitido até que seremexeu na Constituição. E não tendo oferecidodados novos, sacudiu a lógica de algunselementos patrimoniais da sociedadeportuguesa que, entrando no terreno dosreferendáveis, alteraram a formulação e oespírito do voto livre a que cada cidadão tem direito.O que agora se passou no Reino Unidoescondeu razões que ninguém gostaria deassumir frontalmente como por exemplo serxenófobo, inimigo dos estrangeiros, tal como nãohá muito causava repugnância natural aceitar-secomo nazi ou mesmo fascista. A verdade é queos tempos mudam e a defesa de valorestambém, bem como o seu significado.Perguntamos como se acomoda numaconsciência cristã – católica ou não – adeclaração do estrangeiro como inimigo público,a rejeitar da nossa casa, em contradição frontalcom o Evangelho. Este inimigo tem hoje umnome: refugiado. Creio mesmo que sem estenovo dado

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na nossa comunidade europeia estereferendo não teria existido. Poroutras palavras, cada palácio faz asua lista de convidados e nãoaceita que outros lhe alterem oprotocolo, de forma a tornardeselegantes as passeatas pelapassadeiras vermelhas

que atravessam os jardins verdesdas casas reais. E quando um povoalimenta o seu imaginário como sehabitasse um palácio, facilmente serearma nos seus castelos paraevitar a entrada de estranhos.

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Uma Visão do XVI Congresso daLOC/MTC

LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos

O Congresso Nacional, órgão máximo dedecisões da LOC/MTC – Movimento deTrabalhadores Cristãos, é sempre um marcoimportante na vida e na ação deste Movimento.Nesta atividade estão sempre presentes aspetosessenciais que definem o carisma do movimento:a formação, que se faz a partir da vida dostrabalhadores e das suas família e das açõesdos militantes no mundo do trabalho e nascomunidades; a participação ativa napreparação e nas decisões que vão orientar avida e a ação do movimento dos próximos trêsanos; a celebração da fé e da alegria depertencer à comunidade do Povo de Deus e dese estar comprometido nesta missãoevangelizadora.E o XVI Congresso, que se realizou em Braganos dias 10 e 11 de junho, evidenciou, mais umavez, isso mesmo. Percorrendo as habituaisetapas de preparação e de organização, foramelaboradas novas reflexões e propostas deações que vão orientar o movimento e osmilitantes nos próximos tempos. Com um ano deantecedência, os militantes da LOC/MTC foramchamados a participar, através da partilha dasalegrias, das angústias e das esperanças domeio onde vivem e trabalham, usando o métododa Revisão de Vida Operária – Ver, Julgar e Agir,sempre a partir das realidades concretas quevivem e que conhecem.E foi nesta caminhada de preparação que, entreoutros documentos, foram elaboradas as linhasde orientação para os próximos três anos com atemática, “Humanizar e Evangelizar o Mundo doTrabalho”. Estas linhas de orientação, aprovadas

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neste XVI Congresso, constatam,mais uma vez, a crescentedesvalorização e precarização dotrabalho; a situação de desempregocom as graves consequênciaspessoais, familiares e sociais; omedo que se apodera das pessoase a desumanidade com que setratam aquelas que estão naprecariedade e no desemprego. Por isso, foi muito encorajador ouviro bispo auxiliar de Braga, D.Francisco Senra Coelho, presenteneste congresso em representaçãoda arquidiocese e do SecretariadoNacional do Apostolado Laical eFamília, defender convictamente anecessidade de reduzir o trabalhosemanal para as 35 horas, tanto nosector público como no privado. E adesafiar ainda os presentes amanter a coragem e a fidelidade aoevangelho na denúncia da“economia que mata” e a lutar poruma vida digna e comoportunidades para todos.A defesa da diminuição do horáriode trabalho faz parte doscompromissos da LOC/MTC e estáincluída nas suas linhas deorientação: - Lutar pela redução dotempo de trabalho, para que estebem precioso possa ser distribuídopor todos.

Neste Congresso celebrava-setambém os 80 anos de vida daLOC/MTC. E nesta memóriahistórica, apresentada emexposições, vídeos e intervenções,é salientado o facto da atualidade eimportância deste movimento. Amemória acumulada de muitariqueza humana e de fé em todosestes anos comprovam a coragem,a confiança e a audácia que emcada momento foram tidos paraencontrar novos caminhos, novasformas de luta, novos modos deagir. A formação contínua; a reflexão dosgrupos em Revisão de VidaOperária; o desenvolvimento depensamento e de espírito crítico sãoalgumas das referências domovimento que este continuará adesenvolver. A persistência na lutapela dignificação das mulheres edos homens do trabalho continuaráa ser o nosso caminho para que ostrabalhadores e as suas famíliasconquistem os bens materiais,culturais e espirituais a que têmdireito como cidadãos e filhos deDeus. E é este o rumo que, no finaldo Congresso, todas e todos secomprometeram a protagonizar noslocais de trabalho e nascomunidades onde vivem.

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Fotos da semana…

Carlos Borges Agência ECCLESIA

Um mês e dez dias depois, a volta completa echegamos à minha semana. A “semana de…”não é propriamente fácil, melhor, nada fácil,escrevo por mim, claro!Podemos partilhar algo pessoal, que assistimosou ainda comentar um assunto nacional ouinternacional e os temas são variadíssimos,desde a última sexta-feira: O “brexit” do ReinoUnido, com 51,9% dos votos no referendo(madrugada de sexta-feira), e já com relatospreocupantes de xenofobia; a reunião dosministros em representação dos seis países quea 9 de maio de 1957 assinaram o Tratado deRoma (sábado); ou o “eurexit”, a eliminação daseleção inglesa do Euro 2016 (segunda-feira)…Esperem, PUMBAS, o Quaresma marcou,Portugal acabou de passar às meias-finais. (Sim,quando o semanário chegar às vossas caixas decorreio eletrónico já não é novidade.)Existiram também notícias de atentados (terça-feira na Turquia); de manifestações de ódio,tristeza, de preocupação e desrespeito pelooutro mas também de afeto. E também de terçarecordo a magnifica frase - “Mais do que nosjardins do Vaticano, com a beleza que têm, a suabondade é o lugar onde moro e me sintoprotegido” - do Papa emérito Bento XVI, no finalda cerimónia de homenagem pelo seu 65.ºaniversário de sacerdócio presidida pelo PapaFrancisco, no Palácio Apostólico do Vaticano.Ainda no campo dos afetos regresso à manhã dedomingo. Às maravilhas surpreendentes datecnologia com as ecografias “emocionais” 3 e4D, como a empresa

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as apresenta. Espetacular ainda épouco. Não sei se é recente, atecnologia, mas o João era bemreal, como se vê pelo pezinho(fotografia). Com mais de 27semanas o meu afilhado já está decabeça para baixo e qual homem-bala pronto a conhecer o mundo,onde espero que se sinta protegido.Ah, essa tecnologia conjuga asdimensões 3D com movimento.Deslumbrado ao ver a vida que estáem formação regressei à infância,ao episódio do “nascimento” de “EraUma Vez... O Corpo Humano”. “Fotos da semana…” porque erapara ter escolhido uma fotografiapara cada acontecimento mas opteipor selecionar apenas três – Papas,eco 3D e Agência Ecclesia. Faz hojedois anos que regressei à cadeirade sonho.

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Coimbra prepara-se para celebrar as festas da Rainha SantaIsabel, uma tradição secular no mês de julho, marcada pelasprocissões que percorrem a cidade banhada pelo Mondego.

E1883, a Mesa da Confraria da Rainha Santa Isabel decidiu queas procissões se realizassem ordinariamente apenas nos anospares. Em 2016, a celebração é marcada por um acontecimentoespecial, o Jubileu do V centenário da beatificação de D. Isabel

de Aragão, rainha de Portugal. Por esse motivo, a imagem daRainha Santa subirá à Sé Nova, e por especial anuência de D.

Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, será aberto o túmulo deSanta Isabel, de 1 a 13 de julho.

O Semanário ECCLESIA apresenta, por isso, um dossierdedicado a estas celebrações, com a colaboração da Confrariada Rainha Santa Isabel, e recorda a vida e obra da santa a que

os portugueses chamam rainha.

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Celebrar a Rainha Santaem ano de duplo jubileuAntónio Rebelo, Presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, fala àAgência ECCLESIA da celebração do 500.º aniversário da beatificação destafigura de referência da Igreja Católica no nosso país, num ano que o PapaFrancisco quis dedicar à Misericórdia. Um duplo jubileu que vai levar muitosperegrinos até ao túmulo da Rainha Santa, de 1 a 13 de julho.

Entrevista conduzia por Luís Filipe Santos

Agência ECCLESIA (AE) – A cidadede Coimbra tem uma devoçãoespecial à rainha Santa Isabel.Neste local (Igreja do Mosteiro deSanta Clara-a-Nova) estamos nocentro devocional e de romagem aotúmulo da rainha santa.António Rebelo (AR) – Esta igrejaacolhe a mais preciosa relíquia quepossuímos, o corpo incorrupto deSanta Isabel que repousa naqueletúmulo de prata, mandado construir,a expensas suas, pelo bispo deCoimbra, D. Afonso de CasteloBranco.Esta igreja, terminada em 1696, foidedicada à rainha Santa Isabel. Já opróprio mosteiro, quando D. João IVo mandou construir, era dedicado àrainha Santa Isabel. A Igreja só ficouconcluída cerca de 21 anos depoisda parte norte, onde estão situadasa celas e o refeitório.A primeira trasladação foi em 1677e, em 1696, após a conclusãoda Igreja, transferiu-se o túmulo darainha

santa para a tribuna-mor, ondeneste momento repousa. Esta igrejaé barroca com belíssimos retábulosque espelham um pouco a devoçãoda rainha santa e cenas da vidadela com o seu marido, o rei D.Dinis. Nestes retábulos encontramostambém outras cenas relacionadascom os santos franciscanos porqueestamos num espaço habitado porclarissas. AE – A espiritualidade franciscana e,mais concretamente das clarissas,sempre foi um exemplo e estevebem patente na vida da rainhaSanta Isabel.AR – O ideal franciscano sempreentusiasmou a rainha santa e, aoqual, ela aderiu. Quando ela, nasmargens do Mondego, concluiu aconstrução do Mosteiro de SantaClara (na altura tinha como oragosSanta Clara e Santa Isabel daHungria) foi buscar uma comunidadede clarissas para aqui seestabelecer.

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AE – A talha dourada é abundante.Uma obra do entalhador DomingosLopes.AR – Esta igreja é muito rica emtalha dourada. Neste mosteiro régioprofessavam clarissas da maisnobre estirpe de Portugal. Mereciaser contemplada com aquilo que, naépoca, do ponto de vista artístico,mais enobrecia o espaço ondeestava o corpo da rainha santa. AE – Ao centro, a imagem da rainhaSanta Isabel esculpida por AntónioTeixeira Lopes.AR – Esta imagem foi oferecidapela

rainha D. Amélia para as procissões.Uma peça que se encontra junto aotúmulo (sarcófago de prata e cristal)da rainha santa em lugar dedestaque. Uma belíssima imagemque apaixona e inspira os devotos. AE – Uma peça com beleza estética.AR – A imagem da rainha santa foiesculpida pelo Teixeira Lopes epintada pelo seu cunhado. Estaimagem teve por modelo uma jovemaragonesa. Costuma dizer-se queele próprio também procurou, juntoda confraria, ter acesso àvisualização da própria face darainha santa que está no

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túmulo. É uma imagem mognomaciça (extremamente pesada) masque tem uma graciosidade enorme ecativou logo os devotos. Antes de virpara Coimbra, esteve exposta emLisboa, e foi muito admirada portodos. Está cravejada de pedraspreciosas: esmeraldas, rubis,pérolas e diamantes. Teixeira Lopesprocurou que a imagem tivessedignidade e graciosidade que opovo via na sua padroeira. Quandoa imagem é levada na procissão, asua disposição parece que está acaminhar por entre a multidão. AE – Antes da imagem atual, nasacristia da Igreja está exposta asua antecessora.AR - Sim. Ali está exposta a imagemantiga que era levadaprocessionalmente a um dostemplos da cidade, como ditam asregras antigas, porque a confraria,entre as suas obrigações, umadelas, era a de promover duasprocissões em honra da rainhasanta. E, até 1896, era esta aimagem que era transportada. Éuma peça feita de roca e,atualmente, está na sacristia porquealguns devotos ainda a admiram. Asvestes e as coroas desta imagemeram oferecidas. AE – A imagem, juntamente com oandar, pesam umas boas centenasde quilos.AR – A totalidade nunca foi pesada.

O andor, a imagem, e os milharesde rosas… A sensação que oshomens do andor têm, desde ostempos antigos, é que pesa muito.Os talhantes, que outrora levavam oandor, por estimativa falam em cercade 800 quilos. AE – Quem costuma levar o andorna procissão?AR – São os irmãos da confraria.

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AE – É frequente os habitantes deCoimbra, e não só, visitarem aimagem?AR – Temos devotos que visitam,diariamente, a Igreja da rainhaSanta. Muitas vezes, antes de irempara o seu trabalho, passam poraqui e fazem as suas orações. AE – A universidade coimbrãtambém está ligada a esta devoção?AR – A Universidade de Coimbraestá ligada à rainha santa a váriosníveis. Desde logo porque elaacompanhou a fundação dauniversidade. Tendo em conta queela era uma mulher muito culta, teráestado ao lado do seu marido (D.Dinis), também ele

um homem culto, um trovador, umpoeta, na constituição dos EstudosGerais em Portugal.Depois da sua beatificação (1516) edo estabelecimento definitivo dauniversidade em Coimbra (1537),pelo rei D. João III, criou-se umamaior empatia com a universidade.D. João III teve 10 filhos (assistiu aofalecimento de todos eles) e o últimodeixou a esposa grávida. Toda aesperança do reino estavacentralizada no bom êxito donascimento. Todo o reino se moveuem preces à rainha

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santa. Por feliz coincidência, no dia20 de janeiro de 1554, estava arealizar-se uma procissão, pelo bomêxito do nascimento de D.Sebastião, aqui junto ao conventode Santa Clara, junto do túmulo darainha santa, e nesse mesmomomento estava a nascer o D.Sebastião em Lisboa. D. João IIIatribuiu este êxito à intercessão darainha santa. Tornou-se ainda maisdevoto, a ponto de pedir a extensãodo culto a todo o país. AE – Nessa altura, o culto estavaapenas circunscrito à Diocese deCoimbra.AR – Na sequência desta graça,

obrigou a universidade a celebrar,festivamente, todos os anos arainha santa com orações públicas,laudatórias e certames poéticos, nocolégio das artes. D. João III faleceu1557 e a rainha D. Catarina,enquanto regente do neto, tevetambém uma grande influência nafundação da Confraria da RainhaSanta, em 1560. Desde essa alturaque existe uma grande ligação dauniversidade a este culto. Aindahoje, na procissão solene é o únicoato litúrgico fora do espaçouniversitário em que os doutores daUniversidade de Coimbra participamcom as suas insígnias.

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AE – No coro baixo da Igreja estáexposto o túmulo antigo da rainhasanta.AR – Verdade. Este belíssimoespaço do coro baixo contem muitosaltares trazidos do convento antigoe o túmulo original da rainha SantaIsabel. É um túmulo de pedra queela própria mandou esculpir aindaem vida. Tudo o que ali estárepresentado foi feito segundo assuas indicações. O túmulo foi trazidopara aqui em 1677 por ocasião datransferência do corpo da rainhasanta e da comunidade clarissa doconvento antigo para o mosteironovo.

Este túmulo foi aberto, pela primeiravez, em 1612, por ocasião doprocesso de canonização. Faziaparte dos processos de canonizaçãoa abertura do túmulo e verificar-se oestado do corpo. AE – Quando abriram o túmuloreceberam uma grande surpresa…AR – Para grande estupefação dospresentes, entre eles estavamvários bispos e o reitor dauniversidade e médicos, o corpo darainha santa estava em bom estadode conservação. Eles apalparam ascarnes, fizeram o diagnósticoe ficaram com a impressão

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que estavam perante uma pessoaque tinha acabado de falecer. Juntodo corpo encontraram o bordão deperegrina e a escarcela que lhetinha sido oferecida pelo arcebispode Santiago de Compostela. Eladeslocou-se a Santiago, em 1325,depois da morte do marido paradepositar a sua coroa real e muitosdos objetos preciosos.Esse bordão foi partido ao meio,metade e a escarcela foramenviados para Madrid, e a partesuperior conservou-se aqui e fazparte do espólio da confraria.

AE – Faleceu em Estremoz(Alentejo) a 04 de julho de 1336 efoi transportada para Coimbradebaixo de um sol abrasador.Mesmo assim, a pele não sofreu asconsequências das altastemperaturas…AR – Quando faleceu, algumasvozes pediram ao seu filho (AfonsoIV) para que fosse sepultada emEstremoz. O rei seguiu à letra otestamento da rainha santa. Oreceio das pessoas era que o corpoproduzisse um cheio insuportável.Pelo contrário, ao longo do percursoo ataúde deixou escorrer algunslíquidos corporais que tinham umsuave perfume. Foi o primeiroindício de santidade e estáregistado nas crónicas.

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AE – As rosas sempre estiveramassociadas a esta rainha.AR – Verdade. Existem algunsmilagres associados às rosas. Umdeles foi em Alenquer porque elasempre teve uma grande devoçãoao divino Espírito Santo. Quandoestava exilada naquela localidade,mandou fazer uma igreja dedicadaao divino Espírito Santo. No âmbitodas guerras entre o marido e o filhofoi exilada e não tinha grandesproventos. E chegou a pagar aosoperários com rosas. Quando estesiam a caminho de casa,encontraram um dobrão de ouroque pagava, largamente, os seustrabalhos.Esse foi um deles, mas o maisconhecido é quando ela é

surpreendida pelo marido (rei D.Dinis) nas suas ações caritativasaos mais carenciados. Eram asrosas oferecidas aos pobres… Estalenda espelha a dedicação aos maisfrágeis da sociedade. É preciso nãoesquecer que numa época degrande fome (1331-33), ela vendeumuitas das suas joias para mandarvir trigo do estrangeiro. AE – Os confrades e as confreirastambém distribuem «rosas» nostempos atuais?AR - Procuramos, tanto quantopossível, ajudar. A confraria, dentrodas suas posses que são diminutas,procura fazer a manutenção destesespaços que exigem muitoscuidados, mas noutros tempos,quando existiam mais recursos,auxiliar as mais diversascoletividades de apoio aos doentese mais carenciados. A confraria atécriou uma casa de acolhimento dejovens

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da rua (meninas que andavam narua) tal como a rainha santa o fez. Oprimeiro assistente espiritual dessacasa «Refúgio da rainha Santa» foio famoso padre Américo. Foi opadre Américo, depois de ter vistoaquela realidade, que mais tardecriou a Obra do Gaiato para fazer omesmo com os moços da rua.Seguramente terá sido inspiradonesta ideia…. AE – A rainha Santa Isabel deixouuma mensagem para a humanidade,mas também deixou um espólio quepode ser apreciado pelos devotos.AR – No espaço «Tesourosespirituais da rainha Santa Isabel»,os visitantes

podem apreciar alguns objetos donosso precioso espólio. Algumasdestas peças já estiveram emexposições internacionais. Temosaqui relíquias que podem serapreciadas pelo público: o bordão,as mortalhas originais da rainhasanta e as bulas do cardealRainúncio e do Papa Gregório XIIIque autorizam o culto religioso dabeata a todo o território de Portugale a conceder indulgênciasperpétuas aos irmãos da rainhaSanta Isabel.

insira a foto aqui

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D. Isabel - Uma Rainha que foi SantaA casa de Aragão de onde provinhaD. Isabel – filha de D. Pedro III deAragão e D. ConstançaHohenstaufen e nascida em 1270 -firmava-se por aliançasmatrimoniais com os mais notáveisgovernantes do tempo, desde oimperador alemão aos reis daHungria e Sicília, que aredimensionavam, muito para alémda espacialidade ibérica, num amplocontexto de relações internacionais,no continente e no Mediterrâneo.Esta prestigiada infanta casou, em1282, com o rei de Portugal, D.Dinis, e tal união matrimonialtraduzir-se-á num projeto real degrande alcance, tanto a nívelinterno da composição política,social, cultural e religiosa do reinode Portugal como no planointernacional no concerto epacificação das monarquias daPenínsula Ibérica.Se a sua função primeira comomulher casada era a de assegurar alinhagem real, cumpriu-a com onascimento de D. Constança, em1290, e depois, em 1291, doherdeiro da coroa, D. Afonso. Edurante toda a sua vidadesempenhou o seu papel deesposa e mãe, acompanhando D.Dinis, na sua vida privada e pública,até à morte deste, em 1325, e

educando e cuidando dos seusfilhos, mas também de alguns dosbastardos reais.Dedicou-se igualmente ao governoda sua casa, composta por umcorpo próprio de oficiais e por umséquito de donas e donzelas da suacriação, que educava e dotava parao casamento. Possuidora de umamplo património

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recebido por arras ou por doaçõesreais, em que se incluíam vilas,castelos e reguengos, soube dirigi-lo e controlá-lo na justiça, naadministração e na fiscalidade.D. Isabel desenvolveu ainda umasignificativa diplomacia de paz, noreino de Portugal e fora dele, eporque, por nascimento ou enlacesmatrimoniais, estava relacionadacom todos o reinos peninsulares, aoprocurar o entendimento entre osmembros da família envolvia-senuma estratégia de conciliaçãopolítica.Procurou apaziguar os conflitos eguerras internas entre D. Dinis eseu irmão e sobretudo entre o rei eseu filho Afonso. Por intermédio doseu marido, D. Dinis, harmonizou oseu irmão D. Jaime II de Aragão como seu genro D. Fernando IV deCastela, e marcou mesmo presençana sentença arbitral entre elesassinada, em 1304.A rainha D. Isabel soube, assim,acompanhar o rei D. Dinis nogoverno do reino de Portugal,deixando marcas indeléveis nadiplomacia, na assistência, noapoio à Igreja, na espiritualidade, nacultura e na vida de corte.E após a morte do seu rei e senhor,D. Isabel, em luto e recolhimento,mas sem nunca professar, primeiro

peregrina até Santiago deCompostela e depois vivendo juntodo Mosteiro de Santa Clara,continuou a sua missão piedosa,moral e caritativa mas também a suafunção de gestora de bens, obras ehomens.Foi justamente o comprometimentodesta Rainha e desta Mulher com avida e com a ação, pautado pelosvalores evangélicos e pela fé edevoção cristãs, que colocaram D.Isabel no coração do povo comosanta, logo após a sua morte em1336 e a elevaram aos altares pelabeatificação em 1516 e pelacanonização em 1625.

Maria Helena da Cruz CoelhoProfessora da Faculdade de Letras

da Universidade de Coimbra

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V Centenário da Beatificação deSanta Isabel de Portugal4 de julho 2016Ocorre neste ano de 2016 o VCentenário da Beatificação deSanta Isabel de Portugal,popularmente conhecida como arainha Santa Isabel. É uma data atodos os títulos memorável, tantopara a cidade e a diocese deCoimbra como para a NaçãoPortuguesa, que a conta entre assuas mais insignes figuras demulher, de cristã e de santa. Acelebração desta grandíssimaefeméride encherá de júbilo todosos seus inúmeros admiradores edevotos, pois o seu testemunhoatravessou os séculos e chegou aténós com a frescura perene de umavida verdadeiramente evangélica,cheia de significado para o tempopresente e portadora de umamensagem que não morre.A feliz coincidência dacomemoração do V Centenário daBeatificação de Santa Isabel dePortugal com a celebração do AnoSanto da Misericórdia proclamadopelo Papa Francisco torna mais vivaa fé no amor de Deus, que acolhe eabraça todos os

seus filhos com um coração rico demisericórdia. A Rainha Santacontinua a manifestar aos homens emulheres do séc. XXI que amisericórdia de Deus é infinita e queninguém é excluído dela, bastandoapresentar-se de coração simples ehumilde para acolhê-la.Santa Isabel captou admiravelmenteo núcleo central da revelação do Paique, em Jesus, se apresentou comoo

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Deus misericordioso. ComoJesus, Santa Isabel comoveu-sediante dos pobres e dosfamintos, assumiu como suas asalegrias e as esperanças, asdores e sofrimentos dos seusirmãos. Como Jesus, ela incarnouo modo de ser de Deus Pai epelas suas ações muitospuderam encontrar a paz, o pão,a esperança e o amor que tantodesejavam e a que tinham direito.Que o perfume das suas rosascontinue a ser o bálsamo para asdores de todos os que sofrem,que o seu pão continue a ser oalimento delicioso para osfamintos no corpo ou no espírito,que a sua mão benfazeja econstrutora de paz continue aunir a todos na comunhão deDeus e dos homens.Convido a todos a celebrar comdevoção, fé e amor estasfestividades da Rainha Santa einvoco a bênção de Deus paraCoimbra e para Portugal, a fim deque tenham sempre, emabundância, rosas, pão e paz. D. Virgílio do NascimentoAntunes,Bispo de Coimbra

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Primeira aberturado túmulo da Rainha Santa IsabelNo dia 26 de março de 1612, à umahora da tarde de uma segunda feirada Quaresma, foi aberto, pelaprimeira vez, o túmulo de SantaIsabel.Este ato fazia parte do processo decanonização. Presidiram ao ato osjuízes comissários de SuaSantidade, D. Afonso de CasteloBranco, Bispo-Conde de Coimbra,D. Martim Afonso Mexia, Bispo deLeiria (de cuja diocese Santa Isabelé também padroeira), e o DoutorFrancisco Vaz Pinto. Entre osassistentes, além do famoso DoutorFrancisco Suárez, enquantoprocurador, estiveram tambémpresentes 3 médicos, o Reitor eDoutores da Universidade, nobres,clérigos, religiosas e vários devotose curiosos que perfaziam, no total,meia centena de assistentes.A tampa do sepulcro foi retirada,deixando ver o caixão de madeiraenvolto em pele de boi, tal comotinha vindo de Estremoz, em 1336.Nele encontraram o bordão deperegrina e a escarcela que oarcebispo de Santiago tinhaoferecido à Rainha Santa quandoela aí se deslocou em peregrinação,logo após a morte do marido. Obordão e a bolsa de

peregrina foram entregues àabadessa do mosteiro. Tinha obordão seis palmos e meio decomprimento. Foi repartido em dois,tendo ficado no mosteiro a partesuperior.A outra parte foi enviada à Rainhade Espanha, juntamente com aescarcela,

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uma vez que os reis espanhóis eramos grandes promotores da causa decanonização de D. Isabel de Aragão.A parte superior do bordãoencontra-se ainda hoje guardadanum estojo de prata, no tesouro daConfraria da Rainha Santa Isabel.Abriu-se o ataúde, despregou-se apele de boi e, depois de cortados osinvólucros e as mortalhas, ficou adescoberto a parte superior docorpo de Santa Isabel. Perante oespanto geral, o corpo estava emperfeito estado

de conservação e não aparentavaquaisquer sinais de corrupção.O auto de abertura que se conservana Biblioteca Nacional de Lisboadescreve todos os pormenores: “[…]e sem corrupção, antes muito alvo echeiroso e coberto de carne, demaneira que a cabeça estava comos cabelos inteiros, louros e sãos,que pegando por eles estavam fixos;a testa e todo o rosto coberto damesma carne muito alva e bemproporcionada, com nariz, orelhas eboca sem corrupção, pegada a ditacabeça ao corpo com seu pescoçomuito alvo e inteiro…”Também as carnes estavam secasmas resistentes ao toque: “e pondo-lhes a mão com muita força, [o peito]estava firme sem se quebrar nemdesfazer e o braço direito postosobre o peito, inteiro e consolidadocom o corpo coberto de carne,descobrindo-se as veias e os nervosna mão, a qual estava com seusdedos e unhas muito inteira econsolidada, do que tudo oscircunstantes se moveram a grandedevoção e veneração”.O secretário do Bispo de Coimbrahavia ainda de escrever que “afeição do rosto de Santa Isabel seassemelhava muito com o da figuraque vemos sobre a sua sepultura”.

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Posto isto, mandaram recobrir ocorpo com um pano de Holandanovo e o ataúde com um pano develudo carmesim.Mal refeito do assombro causadopelo corpo incorrupto de SantaIsabel, o Bispo-Conde prometefazer-lhe um sepulcro de prata ecristal, em que a Rainha Santa “sepossa ver sem ser tocada”.O novo túmulo foi construído mas,faltava a autorização pontifícia paraque as relíquias da veneranda

padroeira de Coimbra pudessem serexpostas, o que só muito raramenteera permitido antes da canonização,que, no caso da Rainha Santa, sóteria lugar em 1625. Entretanto amorte surpreendeu o devoto Bispo-Conde antes da trasladação, que sóviria a acontecer em 1677. Desdeentão, o venerando corpo incorruptode Santa Isabel repousa nessemagnífico túmulo de prata.

Cronologia da rainha Santa Isabel1270 – Nascimento de Isabel de Aragão (Espanha).1282 – Casamento com o rei D. Dinis.1336 – Morte da rainha Isabel, em Estremoz (Alentejo)1516 – Beatificação da rainha Isabel1625 – Canonização pelo Papa Urbano VIII.1677 - Primeira trasladação do corpo da rainha santa Isabel.1696 - Após a conclusão da Igreja de Santa Clara-a-Nova transferiu-se otúmulo da rainha santa para a tribuna-mor, onde neste momentorepousa.1896 – Versão final da imagem da rainha Santa Isabel da autoria deAntónio Teixeira Lopes.

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ProgramaIgreja da rainha santa1 a 13 de JulhoExposição da mão da RainhaSanta:8.30h às 20.00h(excepto durante os actos litúrgicos) 1, 2 e 3 de JulhoTríduo preparatório21.30h - com a Santa Missa ouVésperas e pregação pelo SenhorD. Manuel Linda, Bispo das ForçasArmadas. 4 de Julho - dia da festa08.00h -Laudes e Missa.11.00h - Missa solene.16.30h - Missa da Real Ordem deSanta Isabel, com a presença deSS.AA.RR. os Senhores Duques deBragança.18.00h - II Vésperas. 7 de Julho18.00h - Missa, seguida daProcissão Penitencial.22.00h - Chegada à Portagem,onde haverá saudação pelo SenhorD. Manuel Pelino Domingues, Bispode Santarém. Cântico pelo Coro dosAntigos Orfeonistas da Universidadede Coimbra.Espectáculo de pirotecnia.

10 de JulhoÀ chegada da Procissão Solene, noadro da igreja da Rainha SantaIsabel, terá lugar a bênção com oSanto Lenho, seguida de uma brevealocução pelo Senhor Bispo deCoimbra. IgreJa da Santa Cruz7 de Julho23.00h - chegada da Imagem 8 de Julho08.00h | 09.00h | 10.00h | 11.00h |17.30h Celebração da santamissa. 08.00h às 21.00hExposição da Imagem da RainhaSanta 9 de Julho08.00h | 09.00h | 10.00h | 11.00h |17.30h Celebração da santamissa. 08.00h às 17.30hExposição da Imagem da RainhaSanta Sé Nova9 de Julho21.00h - Chegada da Imagem 10 de Julho09.00h | 11.00h | 15.00hCelebração da santa missa.

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Procissões

Penitencial ProcissãoRealiza-se no dia 7 de Julho(Quinta-feira), logo a seguir à missadas 18H no adro da Igreja daRainha Santa Isabel.É uma procissão penitencial e temcomo finalidade proporcionar àspessoas oportunidade decumprirem as suas promessas.Tem um espírito profundo de oraçãoe penitência. Guarda silêncio,medita e reza.

No Largo da Portagem haverá umaSaudação à Rainha Santa,proferida pelo Senhor D. ManuelPelino Domingues, Bispo deSantarém.

Procissão da misericórdiaÉ uma procissão jubilar damisericórdia que conduzirá aimagem da Rainha Santa da igrejade Santa Cruz para a Sé Nova,ligando estes dois templos jubilares,e nela podem tomar parte todas asinstituições de apoio e solidariedadesocial da Diocese de Coimbra.Organiza-se depois da Missa naIgreja de Santa Cruz, que terá lugarno Sábado dia 9 de Julho às 18H.Neste Ano Santo, agradece aDeus a Sua infinita misericórdia,que se manifesta também,ao longo da História, no amorpromovido por homensde boa vontade em favordos seus irmãosnecessitados.

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Procissão soleneÉ uma procissão solene de louvor enela podem tomar parte todas asassociações da Igreja, emmanifestação da sua vitalidadecristã.Organiza-se depois da Missa Solenena Sé Nova,que terá lugar noDomingo dia 10 de Julho às 15H eserá presidida pelo Senhor Bispo deCoimbra.Terminará no adro da igreja daRainha Santa Isabel com bênção doSanto Lenho e uma breve alocuçãopelo Senhor Bispo.Não deixes de dar um testemunhoda tua Fé de Cristão através do teusilêncio e recolhimento,do teu comportamento e atitude.

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O culto a Santa IsabelSanta Isabel era uma Rainha muitoquerida pelo povo, muitoparticularmente junto dos maisdesfavorecidos.E foi o povo que começou a veneraros restos mortais de D. Isabel deAragão imediatamente depois dasua morte, crente na santidade dasua Rainha, confirmada porinúmeros milagres. O culto em tornoda figura de Santa Isabel, apoiadonessa forte devoção popular, serialegitimado com a sua beatificação,concedida por Breve do Papa LeãoX, no dia 15 de Abril de 1516.O culto religioso à Beata D. Isabel,circunscrito inicialmente a todas asigrejas, mosteiros e lugares dacidade e diocese de Coimbra,obteve autorização pontifícia, paraser celebrado em todo o Reino, apedido de D. João III em sequênciado feliz êxito do nascimento do neto,o futuro rei D. Sebastião. A pedidodo Rei Piedoso, todas as diocesesfestejavam o dia 4 de Julhocelebrando a missa e ofício dabeata Isabel de Portugal. Idênticopedido foi manifestado por D. JoãoIII à Universidade, no sentido de,nesse dia, se fazer uma oraçãopública em louvor da Rainha Santano Colégio

das Artes, com a presença de toda acomunidade universitária.Em 1559, Dona Catarinadeterminava à Universidade arealização de um préstito anual, commissa e solene pregação. Terá sidotambém por influência da RainhaRegente que a abadessa de SantaClara, D. Ana de Meneses, com oapoio de outras religiosas e leigos,fundou a “Confraria de Santa Isabel,Rainha de Portugal”, em 1560.Desde logo, esta nova corporaçãoagregou a si vários membros dacomunidade universitária, lentes eestudantes, principiando aí umaíntima e profícua ligaçãomultissecular da Alma Mater com aConfraria. Nos seus primeirosestatutos, há a preocupação emreunir na instituição os interesses deorganismos civis e universitáriossem distinção: “E porque este corpoda universidade & cidade com ygoaldevaçam & charidade sem divisam,procure ho bem desta sanctaconfraria & seu augmento: hum dosmordomos seraa dos maishonrrados da cidade & ho outro dosestudantes confrades”.Segundo o compromisso da novaConfraria, além da oração pelosirmãos e benfeitores, vivos e

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defuntos, comprometia-se a realizarduas procissões solenes em cadaano: uma solene, na véspera dafesta, e outra no dia seguinte, a 4de Julho.Dava-se início a uma das maissolenes tradições que ainda hoje semantém.Alargada, pois, a prática cultual atodo o reino, a Beata Isabel eracanonizada pelo Papa Urbano VIII, a25 de Maio de 1625, e proclamadapor Filipe III Padroeira de Portugal,em 14 de Julho desse mesmo ano. Acanonização conferiu renovadavitalidade ao culto à Rainha Santa,que, a partir da

trasladação do corpo incorrupto deSanta Isabel para o novo mosteiro, a29 de Outubro de 1677, passaria acentrar-se no Monte da Esperança.Em 1771 D. José estatuiu que aprocissão solene se realizasse entreuma das igrejas de Coimbra e aigreja monástica. A imagem eratransportada na véspera do dia daprocissão. Em 1862, a cada vezmaior afluência de peregrinos impôsa necessidade de a imagem sertransportada na antevéspera para aIgreja de Santa Cruz. O afluxointenso de devotos de

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Aveiro, Viseu e Leiria obrigou, noano seguinte, a Mesa da Confraria atransportar processionalmente aimagem para Santa Cruz na Quinta-feira, onde permanecia à veneraçãodos fiéis até à procissão solene deDomingo. Os caminhos de ferroaumentaram a afluência de devotose consequentemente a pompa dassolenidades e festas religiosas.Dificuldades de natureza económicatanto para a Confraria como para osparticulares e comerciantes, quetinham a obrigação de enfeitar asruas, bem como o trabalho quedava a própria organização dasfestas, levaram a Mesa a decidir, a17 de Janeiro de 1883, que aprocissão e a respectiva festa serealizasse apenas de dois em doisanos, tal como ainda hoje acontece.A Rainha D. Amélia, Grã-Mestra daReal Ordem de Santa Isabel e quenutria uma profunda devoção pelaRainha Santa, fez questão deoferecer à Confraria da RainhaSanta Isabel uma imagem queencomendou ao escultor TeixeiraLopes. O mais famoso íconeescultórico da Rainha Santa Isabelque, desde então, passou a sertransportado em todas asprocissões, foi inauguradosolenemente nas festas de 1896.

Além de inúmeros membros dafamília real, desde os tempos de D.João IV, e de alguns membros doepiscopado português, como osbispos-condes D. Francisco deLemos e D. António Antunes, e defuturos arcebispos, como D. AntónioJosé de Freitas Honorato, D. ManuelTrindade Salgueiro, e até oPatriarca de Lisboa D. ManuelGonçalves Cerejeira – tendo váriosdeles exercido a presidência daConfraria – contam-se entre os seusconfrades algumas das pessoasmais importantes da vidaacadémica, política e religiosa quetêm como denominador comum ofacto de serem professores daUniversidade de Coimbra.Nas grandes festas dos anos pares,além do habitual tríduo depreparação e da celebração dasolenidade de Santa Isabel, no dia 4de Julho, feriado municipal dacidade de Coimbra, de que ela épadroeira, realizam-se duasprocissões que atraem à cidademilhares de devotos de todo o paíse do estrangeiro.A procissão nocturna da primeiraQuinta-feira que se segue ao dia 4de Julho e que transporta a imagemdo templo da Rainha Santa parauma das igrejas da cidade é umaprocissão penitencial e tem comofinalidade

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proporcionar às pessoasoportunidade de cumprirem as suaspromessas. São muitos os romeirosque, vindos a pé de longe, seintegram nesta procissão. Aprocissão do Domingo seguinte, ade regresso, é já uma procissãosolene de louvor e nela participamtodas as associações e movimentosda Igreja, congregando em invulgarsimbiose todas as classes einstituições da sociedade, sendoainda a única em que os Doutoresda Universidade de Coimbra tomamparte com hábito

talar e insígnias, fora do espaçouniversitário. Nestas festas, podemos verificarquão diversa e abrangente é adevoção à Rainha Santa Isabel, quecongrega a sociedade coimbrã, emtoda a sua diversidade social ecultural, e une num único espíritofraterno, na mesma prece de amor eternura à excelsa padroeira deCoimbra todos os seres humanos,na mais pura singeleza da suahumilde condição de filhos de Deus.

O “milagre das rosas”Saía a Rainha dos seus Paços, apressada, para levar algumas moedas avários pobres e gafados, que aguardavam a graça da sua esmola. Emuma dobra do seu manto conduzia a importância destinada a distribuir,quando D. Diniz lhe surgiu ao caminho, increpando-a — diz a lenda —por continuar gastando demasiado com a pobreza, enquanto osmendigos, de joelhos, mãos erguidas e o olhar de gratidão preso nafigura da Rainha, se dispunham para receber o dinheiro e o pão que elatrazia.Perante a súbita aparição de El-Rei e as suas palavras de ásperacensura, dona Isabel pôs o olhar no céu, dirigiu uma súplica a Deus erespondeu a El-Rei:— Olhai as minhas pobres esmolas. Não achais, meu Rei e Senhor, quea Rainha de Portugal pode suavizar as misérias e as dores dosdesgraçados, com perfume das suas flores?E pronunciando essas palavras, insensivelmente deixou cair a requebrado manto, donde se desprenderam as mais lindas rosas, que entãopoderiam ser colhidas.

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O andor e a Imagem da RainhaSanta Isabel

O andor da Rainha Santa foiinaugurado nas festas de 1894. Erapresidente da Confraria o DoutorFrancisco José de Sousa Gomes. ODoutor António de Vasconcelos,outro presidente da Confraria,relata-nos o seguinte:A Imagem da Rainha-Santa, que eralevada nas procissões por ocasiãodas solenidades, não estava à alturada função religiosa quedesempenhava. Escultura grosseirae tosca, exibia-se numa inestéticapadiola, que servia de andor, e naqual ia também uma figura de pobreajoelhado, de costas para a frente,num ridículo movimento de recúo,quando o andor avançava.Sousa Gomes, envergonhado evexado com o indecorosoespectáculo de tal exibição pelasruas de Coimbra,

iregurgitando de pessoasvindas de todo o país,pensou em mandaresculpir uma Imageme um andor quesubstituíssemos actuais.

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Para não correr o risco de ferir assusceptibilidades do povo, SousaGomes introduz alterações de formagradual. Primeiro manda esculpir edourar no Porto um belo andor detalha, projectado e desenhado porAntónio Augusto Gonçalves. Nasprocissões de 1894, é colocada aimagem antiga sobre o novo andor,mas retirada a do pobre. A belezado novo andor logo fez esquecer aausência do pobre.Entretanto, transpira para os jornaisa verdadeira intenção do Presidenteda Mesa: a de substituir a imagemda Rainha Santa por outra maisdigna. A notícia chega aoconhecimento da Rainha D. Amélia,que, numa carta ao BispoConde, emJunho de 1894, faz saber oseguinte:Reverendíssimo Bispo-Conde.Ontem, quando lhe escrevi, esqueci-me duma cousa, que tinha vontade,e

mesmo necessidade, de lhe dizer. Éa respeito da Imagem da RainhaSanta, que prometi dar, já vão doisanos. Sabe o Bispo-Conde que nãofoi por falta de vontade, mas sim umpouco por falta doutra cousa queainda não cumpri esta promessa.Vi num jornal que a Irmandade daRainha Santa quer mandar fazeruma Imagem. Pedia ao Bispo-Condeo favor de dizer àquela Irmandadequal a minha promessa e intenção,para evitarlhe esta despesa edeixar-me a honra de mostrar umpouco a minha devoção à Rainha-Santa”.A Rainha Dona Amélia encarregouTeixeira Lopes da execução daestátua que viria a ser benzida peloBispo- Conde e inaugurada nas festas de 1896.

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Promoção da Segurança Infantilonline

http://www.apsi.org.pt/ Chegados a esta altura do ano, énormal que os nossos filhos passemmais tempo em casa, sejas dos pais,dos avós e dos familiares. Assimcomo forma de nos prepararmospara estas férias de Verão, estasemana proponho uma visitacuidada ao sítio da Associação paraa Promoção da Segurança Infantil(APSI). A APSI é uma “associaçãoprivada sem fins lucrativos, com oestatuto de utilidade pública, quetem como objetivo promover a uniãoe o desenvolvimento de esforçospara a redução do número e

da gravidade dos acidentes e dassuas consequências nas crianças ejovens em Portugal.” Fundada em1992, esta associação “desenvolveo seu trabalho através dainformação, comunicação,educação, formação, investigação eparticipação em processoslegislativos e de normalização”,sendo líder de opinião nas áreas dasegurança na água, segurança nosespaços de jogo e recreio,segurança da criança passageiro esegurança no transporte coletivo decrianças.Ao digitarmos o endereçowww.apsi.org.pt encontramos umespaço virtual bem construído einteiramente dedicado a todosaqueles que de alguma forma têmcrianças ao seu cuidado.

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Na opção “a apsi”, podemos ficar aconhecer melhor o que é estaorganização, o que faz, quais asatividades que promove, quem sãoos seus parceiros, estatutos eórgãos sociais.Uma das áreas mais importantesdeste sítio está em “segurançainfantil”, onde podemos ficar a sabermais acerca da segurançarodoviária, nomeadamente quais osriscos que as crianças correm ecomo as proteger seja enquantopeões, passageiras ou condutoras.E é neste espaço ainda quepodemos obter mais informaçõessobre como preparar a nossa casapara “receber” uma criança, comocriar espaços de jogos e recreiocom os devidos cuidados, bemcomo, ficar alerta com a segurançanecessária por causa da água.No item “campanhas e ações”,somos convidados a descobrir quaissão

as campanhas publicitárias queforam lançadas nos últimos tempos,quais os projetos que estão noterreno, e ainda quais os cursos eações de sensibilização que serãorealizadas por este país fora nospróximos tempos.Por último podemos ainda colaborarde uma forma mais próxima comesta associação, seja tornando-sesócio, colaborando como voluntário,aumentando o nível deresponsabilidade social da suaempresa, fazendo um donativo ouajudando com o seu IRS.Aqui fica lançado o desafio, visite edivulgue ao máximo este sítio dadoque “os acidentes são a maiorcausa de morte nas crianças ejovens em Portugal e quase todospodem ser evitados. É por isso quea APSI existe!”

Fernando Cassola [email protected]

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Cáritas Portuguesa visita projetos noLíbanoA Cáritas Portuguesa esteve estemês no Líbano e visitou os projetosdesenvolvidos no vale de Beqaapara o apoio a refugiados sírios.O projeto junto à fronteira com aSíria, no vale de Beqqa, apoiadopela PAR – Plataforma de Apoio aosRefugiados, que entregou no iníciodo ano 100.000,00€ à Cáritas doLíbano, tem o objetivo de ajudarrefugiados sírios que estão noLíbano.O responsável pelo projeto nocampo de refugiados, Ramzi AbouZeid confessa: “Estamos muito

agradecidos e admiramosimensamente o povo português pornos ajudar, sabendo de todas asdificuldades que enfrentamatualmente. Os vossos donativossão de extrema importância, poisestas são as necessidades maisprementes que a população maisvulnerável enfrenta no nosso país.Esperamos poder continuar com apreciosa ajuda dos portugueses nospróximos tempos.”

Ler mais

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Caritas Internationalis assinala 1ano da Encíclica “Laudato Si”

Síria: A Paz é PossívelNuma altura em que assistimos àmaior crise humanitária desde a 2.ªGuerra Mundial, onde o desrespeitopelos direitos humanos daspopulações, a crescente violência,as violações das leis internacionaise abusos são cometidos por todasas partes envolvidas, a Cáritaslança, no próximo dia 5 de julho,uma campanha internacional queterá como lema “Síria: a Paz éPossível”.O objetivo desta campanha é juntar

as muitas vozes da Confederação,para exigir um cessar-fogo imediatoe eficaz, apelando aos governosque se comprometam com umasolução política para terminar oconflito. No caso específico dePortugal, a campanha apelará auma participação ativa do GovernoPortuguês na procura de soluçõesque contribuam efetivamente parapor fim a esta guerra.

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II Concílio do Vaticano: Redentoristaportuguês acompanhou o fervilhar

Depois de terminar o percurso no seminário e recebera ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M.Veiga, missionário redentorista, foi enviado paraRoma dois anos depois. Chegou à capital italiana doismeses antes do início do II Concílio do Vaticano.Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudosde Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordouque a “grande maioria ou a totalidade dosprofessores” da Academia de Moral dosRedentoristas, a funcionar na casa onde residiaquando esteve em Roma, “eram consultores ouperitos do Concílio”.Basta recordar que a capital italiana acolheu cerca de2500 bispos. “Todos eles sentiam necessidade dedesabafar e dizer qualquer coisa”. Na casa onderesidia este missionário português, estavamhospedados uns “25 bispos redentoristas de todo omundo”.Quando os estudantes redentoristas saiam para asdiferentes universidades, os bispos conciliares diziam“com alguma graça: «Ide, que nós também vamospara a nossa [referiam-se ao Concílio]»”. Na suacomunicação, o padre Américo Veiga recorda que “agrande maioria dos bispos conciliares estava àmargem dos grandes debates que ali se realizavam edos grandes voos teológicos que supunham”. A Igreja“teve a sorte e a graça” de possuir naquela época umnúmero de teólogos “extraordinários” e um grupo debispos, “reduzido é certo, mas muito bem preparadoteologicamente, de grande abertura e experiênciapastoral”.Para o padre Américo Veiga, o II Concílio do Vaticano

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foi “uma explosão de alegria” e oacontecimento mais marcante” dasua vida. E adianta: “Sempreinquieto e interrogativo, muito doque me tinham ensinado eaprendido não me convenciatotalmente, nem me deixavatranquilo”.Passados 50 anos do início (11 deoutubro de 1962) desta assembleiamagna convocada pelo Papa JoãoXXIII, o missionário portuguêsconfessa: “Não me imagino sem oconcílio nem quero imaginar o queseriam as relações da Igreja com omundo sem o concílio”. Esteacontecimento “foi a luz tãodesejada e ardentementeprocurada, a luz cheia de vida aofundo do túnel para

muitas interrogações que medominavam”.Quando morre o Papa João XXIII (03de junho de 1963) coloca-se oproblema da sucessão e dacontinuação do concílio. O padreAmérico Veiga recorda umaconversa entre o cardeal Cerejeira eo redentorista Bernhard Haring(especialista na área da Moral).Nesse diálogo, o cardeal portuguêspergunta ao moralista quem eram oscardeais mais «papáveis». Na suaresposta, Bernhard Haring diz: “Oscardeais Lercaro, arcebispo deBolonha, e Montini, arcebispo deMilão”. As previsões de BernhardHaring estavam certas…

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Julho 2016 02 de julho. Aveiro - O DepartamentoDiocesano da Catequese daInfância e da Adolescência daGuarda promove o Passeio paraCatequistas a Aveiro. . Lisboa - São João da Talha -Sessão sobre «Descobre-te a timesmo...» promovido pela«Novahumanitas» (termina a 03 dejulho) . Santarém - Encontro/Convívio dosdiáconos permanentes e famílias(termina a 03 de julho) . Porto – Maia - Iniciativa «MissãoJovem» promovida pelosMissionários Combonianos (terminaa 03 de julho) . Faro - Jornadas sobre«Patrimonialização do Caminho deSantiago desde o Algarve, Faro -Loulé» (termina a 03 de julho) . Faro – Paderne, 09h30 - Encontrode preparação das JMJ em Cracóviapromovido pelo Secretariado daPastoral Juvenil da Diocese doAlgarve

. Guarda – Sé, 10h00 - Bênção definalistas da Escola Superior deSaúde do Institulo Politécnico daGuarda (IPG) por D. Manuel Felício . Guarda – Seminário, 11h15 - Encontro dos professores deEducação Moral e Religiosa Católicacom o bispo da Guarda, D. ManuelFelício. . Évora - Vila Viçosa (Igreja do RealConvento de Nossa Senhora daEsperança), 16h00 - Conferênciasobre «Entre a Arte e a Devoção.Memórias do Real Convento daEsperança de Vila Viçosa» porAntónia Fialho Conde e CarlaAvelino. . Guarda - Castanheira (Largo doOutão), 17h30 - Lançamento daobra «Acredite: A vida é umasinfonia perfeita» da autoria dopadre Ângelo Martins comapresentação do padre AntónioLopes. . Beja - Sines (auditório do centro deartes ), 18h30 - A entrega do prémiointernacional «Terras sem Sombra»vai decorrer em Sines e é presididapelo ministro da Cultura, Luís Filipede Castro Mendes.

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. Porto - Carvalho (SeminárioCoração de Maria ) – 19h00 - Arraial de angariação de fundospara o Projeto Casa Claret eVoluntariadoMissionário promovido pelosMissionários Claretianos. . Lisboa - Cripta do Centro CulturalFranciscano, 21h00 - Lançamentoda obra «As origens do cristianismo- padres apostólicos» da autoria defrei Isidro Lamelas comapresentação do padre JoãoLourenço. 03 de julho. Santarém - Encontro diocesano daLOC/MTC de Santarém . Luxemburgo - Celebração dasbodas de ouro da missão católicade língua portuguesa noLuxemburgo . Braga – Sé, 15h30 - Celebraçãopela declaração de frei Bernardo deVasconcelos como venerável por D.Jorge Ortiga. . Guarda – Sabugal, 16h00 - Sessão solene das comemoraçõesdos 500 anos da Santa Casa daMisericórdia do Sabugal com apresença de D. Manuel Felício eManuel Lemos. . Évora – Sé, 17h00 - Celebraçãodas bodas de ouro de D. José Alves

. Lamego - Santuário de NossaSenhora dos Remédios, 17h00 - Lançamento da «O rosto deLamego. Tempo, espaço e vivênciasde Nossa Senhora dos Remédios»da autoria do padre João Antóniocom apresentação de D. AntónioCouto . Lamego, 17h00 - Santuário deNossa Senhora dos Remédios - Estreia do hino a Nossa Senhorados Remédios . Coimbra - Sé Velha, 18h00 - Homenagem a monsenhor JoãoEvangelista com a 9ª Sinfonia deBeethoven executada por várioscoros 04 de julho. Guarda – Penamacor - «ClericusCup», competição de futsaldestinada a padres, em Penamacor.(termina a 06 de julho) . Aveiro - Casa Diocesana deAlbergaria - Encontro e retiro doclero orientado pelo dominicanoJosé Nunes (termina a 08 julho) . Fátima - O Serviço Educativo daConsolata Museu Arte Sacra eEtnologia, em Fátima, apresenta umprograma para as férias de verão,de 4 a 6 de julho, dirigido a criançasdos 6 aos 12 anos.

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A Comissão Diocesana da Cultura apoia aapresentação da peça clássica ‘Rei Édipo’, deSófocles, pela Oficina de Teatro ‘Capitão Grancho’,entre 1 e 3 de julho, no Museu de Aveiro. A entrega do prémio internacional «Terras semSombra» vai decorrer este sábado, em Sines, noauditório do centro de artes daquela localidade, às18H30, e é presidida pelo ministro da Cultura, LuisFilipe de Castro Mendes. Na sessão vão receber oprémio Michael Haefliger (Música e Musicologia);Khaled al-Asaad (Património Cultural) e a Associaçãodos Amigos do Parque Ecológico do Funchal(Biodiversidade). A Arquidiocese de Évora vai celebrar os 50 anos desacerdote do arcebispo da Arquidiocese, D. JoséFrancisco Sanches Alves, que se assinalam a 3 dejulho. O ponto alto é a concelebração de umaEucaristia, na Catedral de Évora, no domingo, pelas17h00. A Diocese da Guarda vai organizar a próxima ediçãoda ‘Clericus Cup’, o torneio de futsal de padrescatólicos que alia desporto, convívio e cultura e que serealiza entre 4 a 6 de julho, em Penamacor. A Casa de Saúde da Idanha, arredores de Lisboa, vaiacolher a 6 de julho as VI Jornadas Hospitaleiras dePastoral da Saúde, este ano dedicadas ao tema‘Evangelização no mundo do sofrimento psíquico’.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 03 de julho -Papa Francisco na Arménia. Segunda-feira, dia 04 -Entrevista a José Carlos Limasobre oPlano Nacional de Ética noDesporto Terça-feira, dia 05 -Informação e entrevista aCatarina Lopes sobre o livro"Recortes da História daGuiné-Bissau" Quarta-feira, dia 06 - Informação e entrevista aopadre João Lourenço e Juan Ambrosio sobre oscursos na Faculdade de Teologia Quinta-feira, dia 07 - Jornada Mundial daJuventude. Informação e entrevista a João Cláudio Sexta-feira, dia 08 - Análise à liturgia de domingopelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 03 de julho - 06h00 - Rainha SantaIsabel, a santa do povo Segunda a sexta-feira, 04 a 09 de julho - 22h45 -Juntos pela Europa, iniciativa ao serviço de umaEuropa mais cristã

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Ano C – 14.º Domingo do TempoComum A seara égrande. Ide,envio-vos!

Nas leituras deste 14.º domingo do tempo comumdomina a temática do envio. Na figura dos 72discípulos do Evangelho, na figura do profeta anónimoque fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que osama ou na figura do apóstolo Paulo que anuncia aglória da cruz, somos convidados a tomar consciênciade que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.No Evangelho, Jesus dirige-se, primeiramente, a 72discípulos que designou para além dos DozeApóstolos. Os nomes têm muitas vezes sentidosimbólico. A tradução grega do capítulo 10 do Génesisapresenta uma lista de todas as nações que povoam aterra: são precisamente 72.Em ligação com esse dado podemos compreender queJesus envia os discípulos a todas as nações. A missãode anunciar o Evangelho não está reservada apenasao grupo dos Doze, é confiada a todos os discípulos,para irem até aos confins da terra. É toda a Igreja queé missionária e está constantemente em missão.Todos somos discípulos missionários, como bemrealça o Papa Francisco.«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores paraa sua seara». É nesta palavra do Evangelho que sebaseia a oração pelas vocações, em particular pelasvocações ao ministério pastoral: pedir a Deus parafazer de cada batizado testemunha da Boa Nova dasalvação dada em Jesus. E se os trabalhadores sãopoucos, é talvez porque os batizados não estão aindasuficientemente conscientes da sua missão.Em Igreja, não deveria haver cristãos que secontentam em ser consumadores espirituais. Todossão chamados a ser pedras vivas. Além disso, a searanão pertence aos

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ceifeiros. É a seara do mestre, queenvia trabalhadores para a suaseara. É Deus que, em Jesus,semeou a boa semente. Este grão,de seguida, cresceu sozinho, até aotempo da ceifa. Os trabalhadoresvêm recolher o fruto de um trabalhoque os precedeu. Os ceifeirosnunca devem esquecer que umOutro está em ação há muito tempono coração das pessoas para nelassemear o grão do seu amor. Nãodevemos agir como se o êxito donosso ministério dependesseexclusivamente dos nossosesforços!«A seara é grande, ostrabalhadores são poucos. Ide!Envio-vos!» Que

a nossa resposta seja deandarmos sempre em missão, emparticular neste tempo de verão emque podemos testemunhar a nossafé em tantas situações e caminhosde encontro, presença eproximidade junto de quem vamosencontrando em cada dia. No dizerda primeira leitura, que issoaconteça na misericórdia e naconsolação, na delícia e na carícia,na alegria e no louvor, que sãoessenciais manifestações de Deusem nós.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Misericórdia é estilo de vida

O Papa Francisco disse esta quinta-feira no Vaticano que a misericórdiaé um “estilo de vida” que deve levaros cristãos a “arregaçar as mangas”para ajudar que mais precisa. “Asobras de misericórdia não sãoquestões teóricas, mas testemunhosconcretos”, precisou, durante aaudiência jubilar extraordinária quelevou milhares de pessoas à Praçade São Pedro.Francisco sublinhou que a

misericórdia cristã tem “olhos paraver, ouvidos para escutar, mãospara aliviar” e não pode ficarindiferente ao sofrimento alheio. “Aspessoas que passam, pela vida, queandam pela vida sem seaperceberem das necessidades dosoutros, sem ver tantas necessidadesespirituais e materiais, são pessoasque passam sem viver, que nãoservem os outros”, lamentou.

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O Papa alertou para a indiferençaperante situações de “pobrezadramática”, pelas quais se passa“como se nada fosse”, realçandoque isso torna as pessoas“hipócritas”, presas a uma “letargiaespiritual”. “Quem experimentou nasua própria vida a misericórdia doPai não pode permanecer insensíveldiante das necessidades do irmão”,acrescentou.A catequese, inserida no programado Ano Santo da Misericórdia(dezembro 2015-novembro 2016),aludiu às “pobrezas materiais eespirituais” que se multiplicam nomundo globalizado, perante asquais é preciso “ver Jesus” nosirmãos que estão em necessidade,sós ou tristes. “Estas são as obrasque Jesus pede de nós”, defendeu.O Papa saudou os peregrinos de

língua de portuguesa, em particulargrupos de professores e alunos deGuimarães e de Viseu, encorajando-os a nunca se cansarem de “serviras pessoas necessitadas, comoverdadeiras testemunhas daMisericórdia no mundo”.No final do encontro, Franciscorecordou a celebração litúrgica emmemória dos primeiros mártires daIgreja de Roma, rezando “por todosos que ainda hoje pagam um preçomuito alto pela sua pertença à Igrejade Cristo”.A proximidade das férias paramilhões de pessoas levou o Papa apedir que este tempo sejaaproveitado para aprofundar as“relações humanas” e para “viver amisericórdia”.

Sorteio

A União das Misericórdias Portuguesas vai sortear 16 obras de artecontemporânea de 10 artistas portugueses, que integram a segundaedição deste projeto dedicado à promoção da arte contemporânea. Osorteio decorre hoje, no Museu da Misericórdia do Porto, querecentemente foi distinguido com o Prémio Museu Português do ano2016, atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia.

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Seis bispos portugueses participamna JMJ

O coordenador Geral do ComitéOrganizador Local da JMJ Cracóvia2016, D. Damian Muskus, informouque contam com aproximadamente900 bispos inscritos no encontromundial de jovens e destes seis sãoportugueses.O Departamento Nacional daPastoral Juvenil (DNPJ) para oencontro mundial de jovens teminscritos seis

bispos da Conferência EpiscopalPortuguesa. Destes quatro sãocatequistas, ou seja, vão falar aosjovens lusófonos e outros nasmanhãs de 27, 28 e 29 de julho. Emcada dia vão apresentar um temadiferente relacionado commisericórdia.Os prelados catequistas que vãoparticipar na JMJ na Polónia – de 26a 31 de junho – são o bispo auxiliar

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de Lisboa, D. Joaquim Mendes, queacompanha o DNPJ como vogal daComissão Episcopal Laicado eFamília, o bispo da Guarda, D.Manuel Felício, D. José Cordeiro deBragança-Miranda, e o bispo daDiocese de Coimbra, D. VirgílioAntunes.Os bispos D. Nuno Brás e D.António Francisco dos Santos,respetivamente bispo auxiliar deLisboa e bispo do Porto, tambémvão participar no encontro emCracóvia.Para D. Joaquim Mendes, ocontacto com os jovens na JMJ éimportante para ouvi-los, estar comeles e fazerem-se próximos.“Estar com os jovens é sempre umalufada de ar fresco. Eles tambémtêm coisas para nos ensinar e agente aperceber-se da realidade,quais são as suas aspirações, quaissão as suas dificuldades, quais sãoos seus limites”, disse D. JoaquimMendes em entrevista à AgênciaEcclesia, transmitida este domingo(06h00)

no programa da Antena 1 da rádiopública.“Conhecemo-los melhor paracaminhar com eles, para os poderacompanhar e darmo-nos conta decomo é a vida dos jovens nosdiversos países, nas diversasrealidades”, acrescentou o bispoauxiliar de Lisboa.O coordenador Geral do ComitéOrganizador Local da JMJ Cracóvia2016, D. Damian Muskus, informouque contavam comaproximadamente 900 bisposinscritos no encontro mundial com oPapa na 373.ª reunião plenária daConferência Episcopal Polaca,tendo na altura convidado os bispospolacos a inscreverem-se, nainformação divulgada no sítio oficialda JMJ 2016.A Jornada Mundial da Juventude2016 tem como tema «Bem-aventurados os misericordiososporque alcançarão misericórdia» (Mt5,7) realiza-se de 26 a 31 de junhoem Cracóvia, Polónia e as inscriçõesterminaram esta quinta-feira, dia 30de junho.

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Arménia: um país onde a fé renasce das cinzas

Memórias do exílioA Arménia, terra que o PapaFrancisco acabou de visitar, ébem o testemunho da aridezprovocada pelo regimecomunista durante décadas.Ainda hoje, 25 anos depois deter conquistado aindependência, após o colapsoda União Soviética, a memóriadesses tempos de medosobressaltam os que o viveram,os que aprenderam a rezarclandestinamente, quando asigrejas foram confiscadas pelopoder soviético. Os cristãos arménios transportamconsigo a certeza de uma fé queultrapassou massacres, tempos declandestinidade. Os pais de AntonTotonjian sobreviveram aogenocídio de 1915, tendo fugidopara Jerusalém, onde seconheceram. Depois, mudaram-separa a Jordânia e mais tardehaveriam ainda de migrar para aAustrália. No entanto, na verdadenunca deixaram o seu país. E essesentimento passou de pais parafilho. Quando pisou pela primeiravez o solo da Arménia, o PadreAnton estava na verdade aregressar à sua verdadeira pátria.Estava a regressar a casa.

Nesses primeiros dias de 1991,Anton Totonjian sentiu como oregime comunista tinha esvaziadoaquelas pessoas. Havia umaenorme falta de generosidade, decompaixão. Para muitas pessoas, ostempos em que a Arménia pertenceuà União Soviética foram umverdadeiro exílio. Quase tudo o queera mesmo delas foi confiscado. Acomeçar pelo mais importante, aliberdade. A igreja de Arevik, que oPadre Anton bem conhece agora, foitransformada em armazém. Quandofoi devolvida, estava em ruínas.Precisava de obras urgentes, acomeçar pelo telhado. Foi essa aprimeira ajuda da Fundação AIS.Pelo telhado da igreja. Mas haviamuito por fazer. O mais difícil nemeram as obras de construção civil,mas sim fazer regressar as pessoasa Deus, devolver-lhes humanidade,sentimentos de compaixão. “Ocomunismo retirou a humanidadedos homens”, afirma o Padre Anton.“E aconteceu o mesmo com a fé…”

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Rezar às escondidasForam 70 anos de um tempo emque o regime soviético decretou amorte de Deus. Ainda hoje sãomuitos os que se sobressaltamquando revivem na memória essestempos. Mas, apesar do medo, daviolência das autoridades, a fé cristãnão foi totalmente extinta durante osanos duros do comunismo. Mesmoclandestinamente havia quemousasse rezar, arriscando a sualiberdade, talvez até a própria vida.Desde 1991 que o Padre Antontenta recuperar esse tempo perdido.Esses anos tristes e negros em queos cristãos foram

perseguidos, as igrejas fechadas,os templos dessacralizados. Para oPadre Anton, há agora um enormetrabalho pela frente. “O quenecessitamos na Arménia, mais doque dinheiro, mais do que qualqueroutra coisa, é alterar a compaixãoentre as pessoas.” Depois dedécadas de aridez provocada peloregime comunista, na Arménia háainda famílias inteiras que nãodescobriram a beleza da oração, aforça da fé, a certeza de uma vidaentregue a Deus. Eles são aprioridade do Padre Anton. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |#BeGodsMercy

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Todos contra a fome

Tony Neves Espiritano

O Papa Francisco interveio na sede do ProgramaAlimentar Mundial (PAM), em Roma, a 13 dejunho. Denunciou o facto de mundo usar a fomecomo arma de guerra. Lamentou ainda que sealimentem as guerras em vez de se alimentaremas pessoas!O Papa já fora o convidado especial da 39ªConferência da Organização das Nações Unidaspara a Alimentação e Agricultura (FAO), realizadaem Roma de 6 a 13 de Junho de 2015, comparticipantes de mais de 120 países. Na suaintervenção, Francisco insistiu nas ideias quetem defendido ao longo do seu pontificado: háque apostar num estilo de vida mais simples, nãodesperdiçar alimentos e apostar numasolidariedade que permita alimentarcorretamente todas as pessoas do mundo.A erradicação total da fome no mundo é oobjetivo número um do Papa, fiel à doutrinasocial da Igreja. Francisco mantém a convicçãode que a terra produz alimentos suficientes paratodos, mas há uma enorme injustiça na suadistribuição. A pobreza e a consequente fomederivam desta injustiça estrutural que é urgentecombater.A alimentação é um direito humano e, por estasimples razão, os governos têm o dever moral degarantir a todos os cidadãos o pão de cada dia.Francisco promoveu o combate aos resíduos quepoluem e ao desperdício que impede o acessode boa parte da população mundial a umaalimentação condigna. Propôs um estilo de vidasaudável e simples: ‘a sobriedade não se

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opõe ao desenvolvimento, e mais,agora está claro que se converteunuma condição para o mesmo’.A FAO deve estar mais perto daspessoas que, por esse mundo além,passam fome. Para tal, há quedescentralizar o seu funcionamento.Também é necessário um combateeficaz à liberalização dos preços dosbens alimentares de primeiranecessidade: ‘Os preços voláteisimpedem os mais pobres de fazerplanos, ou contar com uma nutriçãomínima’.

Há ainda outro combate a levar pordiante: o da criação de condiçõespara enfrentar e ultrapassar osefeitos de calamidades naturais. Éainda preciso que os governoscontrolem as multinacionais queocupam grandes superfícies decultivo industrial, retirando as terrase a capacidade de concorrência aospequenos agricultores.No PAM, Francisco lembrou que ahumanidade joga o seu futuro nacapacidade que tem de assumir afome e a sede dos outros.

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