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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Opinião: D. Manuel Linda16 - A semana de... Sónia Neves18 -Entrevista: Centro Nacional de Cultura28 - Dossier Peregrinos e peregrinação

40 - Internacional46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52 - Agenda54 - Por estes dias56 - Programação Religiosa57 - Minuto Youcat58 - Aplicações Pastorais60 - Pastoral da Saúde62 - Liturgia64 - Fundação AIS66 - Lusofonias68 - Opinião: Manuel Lemos

Foto da capa: Miguel CupidoFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Falar claro noSínodo daFamília[ver+]

JornadasNacionais deCatequistas[ver+]

Peregrinação[ver+]

Paulo Rocha | D. Manuel LindaFernando Cassola Marques |ManuelBarbosa | Tony Neves | João Duque |Ricardo Freire

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Família com sentidos

Paulo RochaAgência Ecclesia

Outubro chegou com os dias de um Sínodoconvocado para recolher propostas sobre aexperiência crente, em coerência e felicidade, noambiente familiar e com um novo livro de JoséTolentino Mendonça, “A Mística do Instante”. Doisacontecimentos, entre muitos outros é certo, queoferecem convergências para um roteiro de vida,nomeadamente quando assumido como umaperegrinação, um caminho. Concretamente noambiente familiar.“A Mística do Instante” inaugura uma nova era naforma e nas fórmulas de dizer os itinerários doquotidiano, afastando ruturas entre alma e corpo,entre o divino e o mundano, porque “o dualismoé um equívoco muito grande e acaba por levar avisão cristã por caminhos que não encontramossublinhados no Evangelho”.No seu último livro, José Tolentino Mendonçasugere uma “reconciliação” com o tempo (paravivermos uma “mística de olhos abertos”) e como corpo (porque “o corpo que somos é umagramática de Deus”), encontrando nos cinco

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sentidos referências essenciais paratransformar o instante de cada umnuma experiência mística.“A mística do instante reenvia-nospara o interior de uma existênciaautêntica, ensinando a tornarmo-nos realmente presentes: a ver emcada fragmento o infinito, a ouvir omuralhar da eternidade em cadasom, a tocar o impalpável comgestos mais simples, a saborear oesplêndido banquete daquilo que éfrugal e escasso, a inebriar-nos como odor da flor sempre nova doinstante”, escreve no livro editadopela Paulinas.Numa longa entrevista à AgênciaECCLESIA sobre “A Mística doInstante”, José Tolentino Mendonçadefendeu que “é impossível pensarum caminho de fé que não tenha aver com o que ouvimos, o quevemos, o que tateamos, o que noschega através do odor, muitas vezesinvisível, ou então do sabor deDeus”. E explicou: “a audição faz-secom os ouvidos, mas faz-se tambémcom o

coração”, numa tradição crenteonde as comunidades “são umaconsequência da escuta”; o “ver domundo e do homem” permite “avisão de Deus”; há um Evangelhoque “só a pele apreende” e “afraternidade exprime-se tambémpelo tato”; “o odor é um léxico damemória” e possibilita uma “umaaprendizagem do invisível”; ascomunidades cristãs têm de “passardo saber ao sabor”, para nãopermanecer no “mero anúncio”, maschegar à “experiência”.No contexto do debate sinodal sobrea família, e parafraseando o autorde “A Mística do Instante", parecenecessário afirmar: é impossívelpensar “Os desafios pastorais sobrea família no contexto daEvangelização” sem atender ao “queouvimos, o que vemos, o quetateamos, o que nos chega atravésdo odor, muitas vezes invisível, ouentão do sabor de Deus”.A família tem de ser pensada evivida com os sentidos. Oscinco, pelo menos!

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“No momento em que começamos o Sínodo sobre a família, peçamos aoSenhor que nos indique o caminho” Papa Francisco, em @Pontifex, na redesocial Twitter (05 out 2014)

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“Em tempos de angústia einfelicidade, as pessoas ainda sevoltam instintivamente para a Igrejaem busca de esperança, de consoloe inspiração. Não as podemosdesiludir” Cardeal D. PhilipTartaglia, arcebispo de Glasgow, noSínodo dos Bispos sobre a“compaixão” por quem passa porsituações de separação e dor nasua vida conjuga. (Agência Ecclesia08 out 2014) “A epidemia já afetou um total de7.500 pessoas, é difícil fazerprevisões, mas pensamos quenos próximos 90 dias possamosinverter a tendência da epidemiae, eventualmente, controlá-la”diretor regional da OMS paraÁfrica no Porto, Luís Sambo(Observador 7 out 2014) “Portugal está melhor do que há umano e, se fizer as coisas certas,estará melhor daqui a um ano doque está agora” Paulo Portas, Vice-Primeiro Ministro de Portugal (RádioRenascença 04 out 2014)

“Que reforma podemos dar àspessoas que por falta de empregotêm carreiras contributivas muitolimitativas?”, Eugénio Fonseca,presidente da Cáritas Portuguesana conferência ‘Afirmar o Futuro -Políticas Públicas para Portugal’, daFundação Calouste Gulbenkian (07out 2014). "Todas as minhas afirmações naaltura têm de ser lidas comatenção e interpretadas dentrodo quadro legal. Os professoresmantêm-se, disse. Mantêm-se atéàs novas listas de colocaçãocorrigidas, que tacitamenterevogam a anterior.” Nuno Crato,ministro Educação e Ciência naAssembleia da República (JornalExpresso 08 out 2014)

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Uma catequese renovadaque apresente JesusCentenas de catequistas marcarampresença em Fátima, entre os dias 3e 5 deste mês, para as suasjornadas anuais, nas quais D. NunoBrás, bispo auxiliar de Lisboa,afirmou que a catequese “deve epode ganhar” a outros propostasque os mais novos têm na escola eem casa, como “um sentido para aexistência”.“O grande desafio é ser capaz deacompanhar habitualmente umacriança, um adolescente, um jovemneste processo de encontro edescoberta de Jesus Cristo, porquea catequese perde em termos detécnicas, de manuseamento e deutilização de dispositivos eletrónicosem relação à escola e divertimentosque hoje têm em casa”, comentou ovogal da Comissão Episcopal deEducação Cristã e Doutrina da Fé àAgência ECCLESIA.A coordenadora do Departamentoda Catequese do SecretariadoNacional de Educação Cristã(SNEC) explicou por sua vez algunsprojetos destinados a integrar erevitalizar as famílias no processode transmissão da fé. “Já temos umprocesso de catequese familiar, noquarto ano

de implementação, onde os pais têmoportunidade de fazer umacatequese de adultos com outrasfamílias e, depois, têm um papelmuito importante na catequizaçãodos filhos em casa”, revela CristinaSá Carvalho.Assim as crianças/adolescentes,para além do seu grupo decatequese, também “absorvem,trabalham e acompanham” odesenvolvimento religioso dos pais.O padre Luís Miguel FigueiredoRodrigues, da Arquidiocese deBraga, apresentou o tema ‘Oração eespiritualidade do catequista emmissão’ e explicou que a formaçãodestes agentes de pastoral édiferente da “profissional dasempresas”. “Interessa-nos a que meajuda ou torna disponível para queDeus se forme em mim, ou seja, umhomem totalmente transformado porDeus”, sublinha o sacerdote,observando que “a fé acontece emhomens e mulheres que vivem nacarne, que vivem no mundo” e temde assumir o “conceito deencarnação” na vida concreta.O padre Luís Miguel FigueiredoRodrigues comentou ainda a riquezaque é a diversidade de idades dos

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catequistas quando estes sereúnem em grupo paroquial porqueos mais novos “têm entusiasmo masnão têm experiência” e o maissénior, que pode não ter a força dojovem, “tem a sabedoria”. “A riquezaestá num

grupo de irmão ajudarmo-nosmutuamente. O grupo decatequistas deve fazer a experiênciade se encontrar, rezar, e depois oque se ensina não é teoria, é umaexperiência e naturalmente sai”,desenvolve.

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Por um trabalho mais dignoA Liga Operária Católica e a suacongénere espanhola associaram-se à Jornada Mundial pelo TrabalhoDigno, celebrada anualmente a 7 deoutubro, propondo transformaçõesna forma de “entender e organizar otrabalho humano”. “Estamosimersos numa realidade que sofreue está a sofrer profundastransformações em todos osâmbitos da vida das pessoas. Aforma como hoje se organiza otrabalho não é compatível com avida digna à qual fomos chamados”,explica o comunicado enviado àAgência ECCLESIA.A Liga Operária Católica/Movimentode Trabalhadores Cristãos(LOC/MTC) e a Hermandad ObreraAccion Católica (HOAC)acrescentam que “ter trabalho, tersalários suficientes para

poder viver, realizar o trabalho emcondições dignas” são situaçõesque possibilitam “o crescimento e aconstrução da pessoa”. Nessesentido, assinalam na Europa odesemprego, “também dos jovens”,que alcança níveis “alarmantes emmuitos países do sul” ou a perdados direitos laborais.A nível mundial exemplificam que“mais de duzentos milhões demulheres e homens estãodesempregados” ou “quase milmilhões” trabalham mas vivemabaixo do “limiar da pobreza de 2dólares por dia”. Por isso, aLOC/MTC e a HOAC convidam arefletir sobre o mundo laboral e a“descobrir e denunciar as causas”que originam o sofrimento dostrabalhadores, das famílias e dospovos.

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Coimbra: Diocese atenta aos que «estão nas margens da fé»

O bispo de Coimbra, D. VirgílioAntunes, deu este domingo início aonovo ano pastoral na diocese, quedará atenção especial à formaçãoou reintrodução de adultos na fé.Em declarações concedidas àAgência ECCLESIA, o preladodestacou a importância do projetonuma época em que “tantaspessoas perderam a fé, estão nasmargens da fé, precisam de umreencontro”.“A Igreja não pode ficar parada nemà espera que os acontecimentos sevão sucedendo”, salientou oresponsável católico, para quem otempo de “falar” em “catequese deadultos” já passou, agora é precisoavançar de facto com uma“estratégia” que vá ao encontro

dos desafios.No caso da Diocese de Coimbra, aimplementação do projeto está acargo de “uma equipa integrada noSecretariado Diocesano deEvangelização e Catequese”, queestá a preparar catequistas paraque estejam aptos a acompanhar eajudar adultos na sua “caminhada”de fé.O ano pastoral 2014-2015 tem comotema “Comunidade de DiscípulosMissionários” e vai ao encontro doconvite que o Papa Franciscodeixou na exortação apostólica “Aalegria do Evangelho”, para que aIgreja Católica seja uma forçaevangelizadora permanentementeem “saída”, promotora do“encontro”, sobretudo com asperiferias da sociedade.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Caminhada pela Vida

Assembleia Diocesana de Portalegre-Castelo Branco

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Uma cultura retro?

D. Manuel LindaBispo das ForçasArmadas e de Segurança

Creio bem que tudo começou por um certointeresse didáctico-pedagógico. O que éaltamente louvável. Mas generalizou-se tantoque, hoje em dia, quase não há terra, terrinha outerriola que se preze que não organize a suafeira medieval ou um mercado romano, umcortejo real ou uma «recriação histórica».Aquelas que, por diminuta população econsequente carência de figurantes não sepodem aventurar nesses voos, ao menos recriamuma lagarada tradicional, uma desfolhadacolectiva, um serão de aldeia, uma malhada àantiga, uma garraiada popular, etc. Consta-meaté que uma Associação de Estudantes de umaEscola Básica ficou «danada» porque a Direcçãonão autorizou o espectáculo com o qualdesejavam presentear os seus colegas criançase adolescentes: a matança do porco pelosmétodos bárbaros tradicionais.Evidentemente, a Igreja, constituída por homense mulheres que respiram este ambiente cultural,também não se consegue desprender danostalgia do passado. E para alguns, hoje,dinamismo pastoral equivale a monumentaispresépios com centenas de figurantes, vias-sacras ao vivo, recriações de cenas bíblica, etc.O que, numa sociedade de curiosos e mórbidos,mas analfabetos nos rudimentos da fé, não deixade ser uma óptima sessão de catequese. Nãoobstante, confirma o princípio da atracção peloregresso ao passado. Na moda, em geral,acontece o mesmo: o revivalismo da roupa e docabelo; a recuperação dos minis, «carochas» ecinquecenti; as concentrações de «clássicos»; amúsica dos anos sessenta; os hotéis-museu, etc.

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Fenómeno simplesmentepassageiro? Temo que seja maisque isso. Temo que seja a afirmaçãode uma cultura passadista querecupera muito do que esta tinha depior. Por exemplo: o dualismocorpo/espírito; o culto da deusaGea, Gaia ou Mãe-natureza; opróprio paganismo, na Islândiaelevado ao estatuto de igualdadecom as outras religiões; oindividualismo, que tanto semanifesta no desinteresse pelosemelhante como num gregarismode conveniência e circunstância; oanimismo e o sincretismo, sob acapa «new-age»; etc.Perante este estado de coisas, épreciso afirmar que o tempo mental

do cristianismo não é o regresso auma qualquer idade do ouropassada, mas sim o futuro absoluto.Embora com uma história –Históriade Salvação- porque conjunto demomentos e eventos em que Deusirrompe na vida da humanidade, a fécristã põe os olhos no horizonte daperusia porque espera de Deusnovos céus e nova terra.É isto que nos distingue da culturamundana. Com grande vantagemnossa, estou em crer. De facto, nãoantevejo grande futuro para quemse fixa no passado e intenta umacivilização retro. Retro ouretrógrada, que é o mesmo. Esses,quando muito, entrarão no futuro àsarrecuas.

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Caminha, caminha…

Sónia NevesAgência ECCLESIA

No sábado passado muitos caminharam por ruasdo centro de Lisboa, com cartazes e tarjas,camisolas azuis e laranja, balões brancos. Haviauma razão que os unia, lutar pela vida, pelodireito a nascer... Anónimos, jovens e velhos,deputados e figuras públicas, alguns em família,juntaram-se num objetivo de gritar bem alto “Vivaa vida”, não se conformando com a lei do abortodespenalizada em 2007. Passos que irão levaruma iniciativa legislativa de cidadãos com linhasde valorização da vida e proteção à maternidade.Há 100 anos que três crianças caminhavamtodos os dias desde o lugar de Aljustrel até àCova da Iria... Guardavam um rebanho. Imagino-as crianças felizes, com a energiaprópria da idade nas brincadeiras com o gado.Imagino as meninas, Lúcia e Jacinta, com umlenço na cabeça e Francisco de chapéu. Seráque contavam ovelhas? Que conversas teriam?Pensavam em namorado(a)s? Jogavam ao piãoou saltavam à corda? Saltitavam e corriam nosmontes?Crianças normais da época que foram escolhidaspara guardarem um segredo e depois o"anunciar ao Mundo".É assim que imagino que os peregrinos que sepreparam para chegar a Fátima no próximo dia13 também se sintam... Iguais a tantos outros,com o segredo que só a fé provoca em cada ume os leva a caminhar. Agradecer ou pedir. Cantarou rezar. À chuva ou ao sol. Alegres ou em maissofrimento.Para os portugueses esta realidade é comummas há pouco tempo, estava eu na capelinhadas

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Aparições à noite, e observava umgrande grupo de peregrinosestrangeiros, de velas na mão.Chamou-me a atenção osimpermeáveis, os joelhos etornozelos com ligaduras. Talvezuma peregrinação grande, talvezalguns quilómetros… Objetivosdiferentes, a mesma fé.Também é a fé que leva muitosportugueses espalhados peloMundo a verem as transmissõesonline da capelinha, a fazeremdisparar as visualizações do site nosdias das peregrinaçõesaniversárias

e que o facebook tenha mais de 638mil gostos.Fátima, conhecido como altar doMundo, caminha para o centenáriodas aparições a passos largos.Caminha através de exposições,música, bailado e até um musicalque vai marcar esta celebraçãonuma atitude de peregrinação até2017.Este ano o dia 13 de outubro é, pelaprimeira vez, dedicado aoperegrino… aquele que caminhacom uma motivação. Eu souperegrina! E assim quero continuarsempre a caminhar…

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Peregrinação, cultura e féEntrevista de Lígia Silveira

Pela primeira vez Portugal celebra o Dia do Peregrino. A Assembleiada República aprovou, em junho passado, que o dia 13 de outubroassinale a forte tradição na sociedade de peregrinar a locais deculto. Serve esta efeméride para dignificar o papel do peregrino nasociedade portuguesa, sendo, simultaneamente dinamizadorreligioso, social, cultural e económico.A Agência Ecclesia conversa com Lourenço de Almeida, diretor eresponsável pelo projeto «Caminhos de Fátima» do Centro Nacionalde Cultura (CNC), e com Isabel Blanco Ferreira, delegada e voluntáriado CNC para o Caminho do Mar. Agência Ecclesia (AE) - Como surgeo projeto «Caminhos de Fátima»,dentro da proposta que o CNCformula?Lourenço de Almeida (LA) – Esteprojeto surge por uma propostaminha. Diversas vezes peregrinei aFátima pela estrada nacional 1, eembora gostasse muito daperegrinação, penso que grandeparte dos participantes estava maispreocupada com a salvaçãoimediata para não ser atropelado,do que pelo caminho em si.Enquanto associado do CNCpropus, à então presidente HelenaVaz da Silva, fazer a nível nacionaluma rede de caminho pedonaisonde se pudesse olhar mais para ospássaros, para os rios, para dentroe para o alto. Entusiasticamente foiaceite, e assim começámos.

AE – O importante na peregrinaçãoé o próprio caminho, não só odestino?LA – O importante é o partir e ocaminhar. O chegar tem a suaimportância mas não é ofundamental. No livro «Diário de ummago», o autor Paulo Coelho relataque o peregrino quando está a 30ou 40 quilómetros de chegar aSantiago de Compostela, entra numautocarro. Quando li, acheiestranho, mas é exemplificativo deque embora tenha um encantoenorme passar o Pórtico da Glória,na cidade, isso não é o essencial. Oessencial é de facto partir ecaminhar.

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AE – Muitas pessoas que fazem ocaminho, quando o iniciam, têm estanoção ou é o próprio caminho queas converte?Isabel Blanco Ferreira (IBF) –Algumas iniciam o caminho com opropósito de descoberta. E essasterão um percurso maiscontemplativo. Outros irão com opropósito mais físico ou turístico.

No entanto os desafios do caminho,a relação com os outros e asdificuldades que se apresentamtransformam quem peregrina. Nuncamais somos os mesmos. Passamosa ter outra atitude, outro olhar epreocupação. Não quer dizer quepassemos a ser melhores pessoasmas apercebemo-nos maisfacilmente de muitas pedras nonosso caminho.

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AE – Que importância assume anatureza no caminho que se traça?Porquê privilegiar troços naturais?IBF – Um caminho de peregrinaçãotem o objetivo de ser contemplativo.É no contacto com a natureza queconseguimos escutar Deus e nóspróprios. O Caminho do Mar, queparte do Estoril teve sempre apreocupação de se manter natural.Essa foi a orientação que demos àsautarquias que o percursoatravessa, privilegiando caminhosfora de estrada ou com poucotrânsito. (O CNC apresenta quatroitinerários: Caminho do Tejo,Caminho do Norte, Caminho daNazaré e Caminho do Mar, ndr.) AE – Que importância tem ainstituição do Dia do Peregrino?IBF – É um olhar novo sobre operegrino. Vejo alguma diferença naforma de peregrinar. Há uns anosconfidenciavam-me que cumpriampromessas. Hoje vejo que vão àprocura de algo, à procura de Deus.A instituição deste dia faz-nos olharpara os peregrinos como pessoasque procuram algo de bom, paraalém de fatores económicos quenão deixam de ser importantes.Percebemos

essa dimensão quandoidentificámos e sinalizamos oCaminho do Mar, que atravessamuitas localidades desertificadas.Socialmente é importante. Aspessoas vêm à rua ver osperegrinos passar, uma merceariano caminho vende mais algumacoisa. Mesmo com alguma bizarriavai ser bom para os peregrinos epara os que os rodeiam. AE – O reconhecimento indicado noprojeto de resolução aprovado pelaAssembleia da República, 1050/XII,indica o carácter religioso doperegrino, mas também a dimensãosocial, cultural e económica. Operegrino é de facto essedinamizador?LA – Lembra-me uma fase doescritor alemão Goethe que diziaalgo como «A Europa está-sefazendo a caminho de Santiago».Essa interligação entre osperegrinos que, durante o dia ou ànoite, se reúnem nos albergues,com o mesmo objetivo, simples eprofundo que é caminhar, sepossível, chegando a um localsagrado.Com os telemóveis, asautoestradas, há uma maiorcomunicação, mas todos osperegrinos têm essa experiência. Eeu, como peregrino,

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lembro-me de, à noite, conversar econhecer, trocando experiências. Apartilha daquilo que temos nocoração e, e continuará a ser, muitoimportante.Todos os anos verifico, comagradável surpresa, quer nocaminho para Fátima como paraSantiago de Compostela, mais umalbergue, outro hotel, mais umrestaurante. Todas as atividadescomplementares – os albergues sãoimportantes mas não esgotam aforma de alojamento dos peregrinos– contribuem para o bem-estar daspessoas e para a dinamizaçãoeconómica e cultural. Entendendo acultura como o cultivar do que estáà nossa volta.

AE - Peregrinar é também umaforma de cultura?LA – Sem qualquer dúvida. Já osromanos diziam que o homem é umcaminhante. Faz parte da naturezahumana caminhar, conhecer. E acultura é tudo isto: ver o que está ànossa volta. Hoje já ninguém duvidaque cultura ultrapassa a informaçãoe os conhecimentos e integra ocultivo das relações com a natureza,na qual nos inserimos. É o frutodessa interação que o peregrinarnos proporciona.

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AE – O português é um peregrino?IBF – Quando se peregrina, leva-sea cultura e tradição próprias masrecebe-se muito do outro. Semperder a sua identidade, operegrino faz uma transformaçãoabrindo-se às outras formas deviver. Quando se atravessaquilómetros de Portugal profundo,ou da Espanha profunda,enriquece-se muito, na conjugaçãodo que se leva e se apreende. Serperegrino é uma bênção. AE – O Caminho do Mar foi o últimoa ser identificado e indicado comodisponível para rumar a Fátima edepois a Santiago de Compostela(As setas azuis indicam o sentido deFátima; as setas amarelas indicam ocaminho para Santiago deCompostela, ndr.). Este é um trajetoque tem envolvido diferentesautarquias e associações,mostrando a importância dotrabalho em rede.IBF – Recuo ao dia 28 de novembrode 2012, cerca de seis mesesdepois de termos sido convidadospelo CNC para tornar este caminhopúblico ao serviço dos peregrinos.Neste dia conseguimos sentar 11autarquias e assinar um protocolo.Tínhamos

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um projeto: seis meses depois ter otrajeto sinalizado e identificado. Nodia 27 de abril conseguimos, comequipas de voluntários, entre as 8horas da manhã e as 20h da noite,sinalizar todo o caminho. AE – Estas parcerias estabelecidassão exemplo para outras que sequerem efetuar?IBF – É o trabalho em rede a quequeremos dar continuidade.Estamos neste momento aestabelecer protocolos com cercade 30 Juntas de Freguesia que oCaminho do Mar atravessa, tendocomo objetivo o compromisso deque, regularmente, estas entidadesque melhor conhecem o terreno eos munícipes possam verificar ascondições e a visibilidade das setas.Queremos ainda avançar para amarcação com marcos de pedra, talcomo acontece no caminho do Tejoe em Espanha.Temos contactado tambémempreendimentos hoteleiros quegostem de receber peregrinos e queultrapassem a ideia de não quererreceber peregrinos com mochila àscostas e botas com lama.O envolvimento de todos, seja pormotivos religiosos ou económicos,são bem-vindos.

AE – E há espaço para sonhoainda.IBF – Gostaríamos de fazer ocaminho por mar. Temos eco dealguns peregrinos que rumavam aSantiago de Compostela de barco,num trajeto desde o Mediterrâneopassando por Lisboa. Sabemos queo rei D. Luís partiu de Cascais emdireção a Santiago. Temos o sonhode em 2016 partir de Cascais.Estamos a trabalhar nesse projetoem colaboração com outrosportugueses e espanhóis também,que já realizam uma peregrinaçãopor mar.Impulsionado pela instituição do diado peregrino está em marcha umprojeto para a criação de umalbergue no Estoril, que possaajudar a acolher as muitas pessoasque vêm do sul.Os albergues têm uma mística poisproporcionam encontro, cultura,fraternidade. Não será suficiente,claro. Independentemente dosalbergues que se criem, nunca serásuficiente para a tamanha procura,mas é importante para o testemunhoe fraternidade cristã que seproporciona.O peregrino não é um «turigrino»,mas obviamente, o peregrino vaitambém ver as belezas naslocalidades, vai partilhar o que maisgostou e vai influenciar outraspessoas.

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LA – Os caminhos nunca estãocompletos. Há sempre manutençãoe melhorias a fazer. Mesmo nocaminho do mar, o mais recente,faltam coisas ainda. Mas quem iniciao percurso não se perde. Quemantenha o coração aberto e, talcomo a vida, sabendo que vaiavançar e recuar, mas faz parte docaminho.

AE – O CNC quer ser o centro nãoaglutinador mas impulsionador doscaminhos?LA – O CNC não é dono doscaminhos de Fátima. Por exemplo, ocaminho da Beira Baixa está a serdelineado e não foi nossa iniciativa.E valorizamos que assim seja. Poruma questão de parceria e trabalhoem rede fomos contactados.O que se fez não foi o CNC arealizar mas muita gente. Isso sónos alegra e só assim é queverdadeiramente se está amissionar.

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AE – Peregrinar está na moda?IBF – Está na moda e é uma boamoda. As pessoas tiveram uns anosde muita prosperidade económica,estávamos todos muito virados parafora de nós mesmos. Este novodesafio de menos prosperidadeeconómica faz-nos procurar umolhar interior põe-nos em busca doessencial. Começaram a peregrinarpara se encontrarem. Aquelas quedizem que não acreditam em Deuseu costumo dizer: «não tepreocupes porque Deus acredita emti». LA – Não é um contexto apenasportuguês mas mundial. Operegrinar teve altos e baixos.Quando fui a Santiago pela primeiravez - tenho 78 anos mas não foiassim há tanto tempo - as pessoassurpreendiam-se pelo facto de verperegrinos a pé. Hoje é uma moda,mas é magnífica.Para Fátima penso que se trata deum fenómeno um pouco diferente.Desde 1917 as peregrinações foramuma

constante. Muitos iam a pé porquenão tinham maneira de ir de outraforma. Penso que o que diferencia éque passou a ser muito procuradapor muitos urbanos e não apenaspor gente simples que ia a péporque não podia de ir de outramaneira. Penso que nunca seregistou uma quebra significativa.Percebeu-se que peregrinar aFátima é uma grande ferramentaque Deus colocou à nossadisposição, uma forma demissionação, e aproveitar osbenefícios que nos traz umaperegrinação a pé.Entendo que não é mais valiosauma peregrinação a pé do que deoutra forma, mas é talvez maisbenéfica porque temos a sorte deaproveitar circunstâncias e aoportunidade de perceber que aobra de Deus é magnífica; quem vaicom mochila tem a oportunidade dever que leva sempre coisas a maisnuma metáfora com a vida: levamosmuita coisa que não precisamos eque pesam muito.

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AE – A moda pode ajudar ouprejudicar essa descoberta que aperegrinação possibilita?LA – A primeira vez que fui aSantiago – já antes tinha ido váriasvezes a Fátima por motivosreligiosos – integrava um casal deholandeses, que não eramcatólicos, e eu espantava-meporque não me pareciamperegrinos. Já em Santiago, namissa do peregrino, senti queestavam ali 20 peregrinos, quandono início saíram uns três ou quatro. IBF – Quando se volta vem-sediferente. A peregrinação é umretiro. As pessoas vão a Fátima emgrupo o que lhes confere proteção,contam já com uma organizaçãooleada. Normalmente asperegrinações a Santiago, mesmoque em grupo, há mais desafios.Estamos noutra terra, com outroidioma, com outros costumes. O quese vive nas peregrinações são ocaminho da vida – tanto o que se dácomo o que se recebe.Recentemente no caminho em Vigoencontramos cinco senhoras - amais nova teria uns 80 anos - aconversar e nós, como cantamosmuito e levamos instrumentos pelocaminho, cantámos para elas e foiuma emoção enorme.

Durante cinco minutos partilhámosaquele momento que, tenho acerteza, vai ser transmitido e vaidurar muito mais tempo do queaquele instante dividido na estrada.O caminho de vida que se partilhadurante os dias é um retiro doquotidiano. Somos muito urbanos,temos muitas manias, mandamosmuito, temos a vida muitoorganizada e ali existe aoportunidade de nos confrontarmoscom o tempo que é tempo e temmuitas horas.Este ano, no caminho que fizemosda variante espiritual do Caminhoportuguês de Santiago deCompostela, passamos no de SantaMaria de Armenteira, da Ordem deCister, na província de Pontevedra,onde as irmãs contemplativasrecebem peregrinos. Impressionou-me que as suas 24 horas pareciam48 porque rezam, trabalham etestemunharam esse tempo que setem para cada um sem estarmospreocupados. Tudo flui e tudo éprovidenciado.

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AE – O que é que mudou nasperegrinações?LA – Um amigo espanhol disse-meque o caminho de Santiago, talcomo o conhecemos, já morreu.Mas está a renascer e serão osnossos filhos e netos que, pegandono essencial lhe vão dar qualquerforma.Sou tradicionalista procurandomanter o que é bom. Noto maisgente, portugueses e estrangeirosde vários locais do mundo, maisrestaurantes,

mais abrigos, lojas e casas. Tudoisso não causa dano. Deuspreocupou-se com os pobres.Os caminhos, todos eles, estãoabertos a todos. A Santiago deCompostela, uma grande parte nãoirá, à partida, por motivos religiososou de fé. Mas não se esqueça quemse relaciona com os caminhos, quesão trilhos de peregrinação. Se issose perder, perde-se a alma docaminho. Aberto a todos sim, masque se aceite fazer um caminho deperegrinação.

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Peregrinar na BíbliaVários textos, tanto do Antigo comodo Novo Testamento, oferecem-nosa possibilidade de traçar umaespécie de “perfil do peregrino”. Aprática da peregrinação é bastantedifundida no judaísmo, conforme sepode depreender da obrigação decumprir este rito por ocasião dasgrandes festividades (cf. Dt 16,16).Em primeiro lugar, pode destacar-sea alegria do peregrino, mal escuta oconvite: “Vamos para a casa doSenhor!” (Sl 122,1). O caminho, quecomeça com alegria, tem origem nodesejo de “se apresentar diante deDeus em Sião” e passa por umaespécie de decisão de se fazerperegrino, porque em Deusencontra a sua força, para se usarpróprias do Sl 84. Aí se proclama abem-aventurança dos que sedecidem a ser peregrinos, aindaque este mesmo salmo destaque aaridez do caminho, “o vale seco”que, depois, “se transforma emoásis”. Última nota, ainda do Sl 84,é o entusiasmo crescente com queo peregrino vai realizando o seucaminho. E isto apesar dasdificuldades.Uma análise de relance dos“cânticos das subidas”, a pequenacoleção

de salmos dentro do próprio saltério(cf. Sl 120-134) talvez destinadaa acompanhar as subidas aJerusalém, faz ressaltar a confiançacom que peregrino se dirige aoSenhor, esperando dele o auxílio,pois acredita que o mesmo Deus équem o guarda a ele e a Israel (cf.Sl 121). De facto, muitos destessalmos são catalogadoshabitualmente como “salmos deconfiança”. Mais tarde, a Carta aosHebreus viria justamente a convidara aproximar-se do trono da graça –um outro tipo de peregrinação –“com grande confiança, a fim dealcançar misericórdia eencontrar graça para uma ajudaoportuna” (Heb 4,16).Além disso, já em chave cristã, talcomo no caso dos discípulos deEmaús (cf. Lc 24,13-35), a presençade Jesus traz nova luz a umcaminhar errante, em que operegrino tantas vezes se mostradesiludido por ver frustradas assuas esperanças. Desta vez oentusiasmo crescente é conferidopelo próprio Jesus que, com a suaressurreição, traz novo alento aocaminhar, faz arder os corações apartir de dentro.

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A Escritura permite, além disso,dizer que ser peregrino é mais quecumprir um tempo fugaz de caminhoaté um santuário. Adquire, antes,um sentido mais amplo e existencial,transversal a toda a vida humana. Operegrino está, afinal, consciente deaqui não ter morada permanente,

uma vez que a sua pátria está noscéus (cf. Fil 3,20), sentindo-setambém ele “estrangeiro e peregrinosobre a terra” e aspirando “à pátriaceleste” (Heb 11,13-16).

Padre Ricardo Freire, scjBiblista

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Centenário De Fátima – UmaOcasião ÍmparFátima dá que pensar.Tenho vindo a convencer-me, cadavez mais, da perfeita adequaçãodesta leitura. É claro que, enquantofenómeno sui generis –rigorosamente não enquadrávelfacilmente em estruturas habituais –pode provocar o pensamento deformas muito variadas. E não merefiro apenas ao fenómenoespecífico das aparições, mas aofenómeno Fátima, no seu conjunto.Nestas breves linhas, eprecisamente impulsionado pelaprogramação em torno à celebraçãodo primeiro centenário, pretendoapenas considerar o desafio deFátima para o pensamentoteológico. E posso considerá-lo emdois sentidos – como desafiotemático para a teologia, nadiversidade dos seus aspetos; ouentão como promoção direta dopensamento teológico, por iniciativados responsáveis do santuário,normalmente em colaboração felizcom a Faculdade de Teologia (aliás,colaboração praticamente inéditaem todo o mundo). A minhaconcentração neste tópico –deixando de lado todas asrealizações artísticas, catequéticas,etc., que são muito significativas –não é inocente, e parece-meconstituir um dos núcleos

mais fortes do contributo de Fátimapara o momento cultural e eclesialque atravessamos.A Teologia pode realizar-se de modosimplesmente dedutivo, partindo deafirmações mais ou menosabstractas e desenvolvendo umareflexão coerente sobre os seusconteúdos; ou pode elaborar-se demodo indutivo, a partir dasmanifestações concretas da fé dopovo de Deus, incarnada emcontextos e tempos diversos.Rigorosamente, nenhuma destasduas vertentes fundamentais dopensamento teológico pode serignorada. Para uma Teologiaindutiva, os acontecimentos em quese envolvem os crentes são sempreo ponto de partida da reflexão,embora com critérios tipicamenteteológicos. É nesse sentido que asrealidades humanaspermanentemente provocam opensamento teológico. E este estásempre referido a essas realidades,nunca chegando a esgotar as suaspossibilidades.Fátima pode ser considerada umadessas realidades. Seja quanto aosseus acontecimentos fundadores,seja quanto a tudo o que se lheseguiu, seja quanto ao efeito queteve sobre a sociedade e a Igreja –não apenas em Portugal – sejaquanto aos textos daí

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resultantes – tudo isso constitui ummanancial a provocarpermanentemente a leiturateológica. Esta será, por uma lado,uma leitura atenta, disposta atransformar-se a si mesma,provocada pelos acontecimentos e,por outro lado, uma leitura crítica,que ajuda a discernir a qualidadeteológica dos mesmosacontecimentos. A programação dacelebração do centenário, por partedo santuário, compreendeuperfeitamente este desafio aopensamento teológico, estando aexplorá-lo progressiva epedagogicamente, rumo ao ano de2017.Mas, ao mesmo tempo, seguindouma tradição que a reitoria doSantuário já tinha assumido antes, apreparação deste centenário está aser uma provocação explícita dopensamento teológico, sejadiretamente sobre o fenómeno deFátima, seja sobre temas que lhesão afins. Assim sendo, o próprioespaço de Fátima e tudo o que nelese movimenta tem convidadoteólogos de diversas nacionalidadesa pensar. E esse pensamentoteológico tem

colocado ao serviço de toda apopulação, através depublicações, as conclusões a quetem chegado esses teólogos, oupelo menos o próprio processo dopensamento. É já significativa abiblioteca resultante de todos ossimpósios e congressos aírealizados.Fátima manifesta-se, confirmandouma sua vocação já antiga, cadavez mais como desafio à Teologia,para que o modo popular de comela se relacionar não seja pensadocomo alternativa a um modoteologicamente crítico. Há umapossível e sadia aliança entre adevoção popular e o esclarecimentocrítico, que me parece ter em Fátimaum dos seus exemplos cimeiros, nocontexto do nosso mundocontemporâneo. Como cristãopreocupado com o pensamentocrítico da Teologia, agradeço oserviço que o Santuário temprestado à reflexão sobre o nossomodo próprio de sermos Igreja. Enão será essa uma das linhas fortesda sua missão?

João Duque

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13 de outubro marcado por grandesacontecimentos da Igreja

O bispo de Leiria-Fátima destacou aespecial “relevância” daperegrinação aniversáriainternacional de 13 de outubro, esteano marcada por iniciativas como oSínodo dos Bispos sobre a Famíliae a beatificação do Papa Paulo VI.“O 13 de outubro é muitosignificativo, por vários motivos”,frisou D. António Marto emdeclarações à Agência ECCLESIA,lembrando que no caso do encontroque está a decorrer em Roma,dedicado aos desafios pastorais daIgreja Católica junto das famílias, “oPapa pediu que ele sejaacompanhado com oração”.O prelado conta que os peregrinosadiram em força ao apelo de

Francisco, até porque “Fátimanunca pode estar desligada dosgrandes acontecimentos da Igreja”.As cerimónias de 12 e 13 deoutubro, subordinadas ao tema“Arrependei-vos porque Deus estáperto”, vão acontecer uma semanaantes de outro evento marcantepara as comunidades católicas, abeatificação do Papa Paulo VI, nodia 19.D. António Marto destaca osignificado que aquela cerimóniaterá para o Santuário, recordandoque Paulo VI foi “o primeiro Papa avisitar Fátima”, a 13 de maio de1967, no cinquentenário dasaparições.A beatificação de Paulo VI tem aindaa curiosidade de acontecer numaaltura em que na Cova da Iria estáem marcha a preparação docentenário

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das aparições de Nossa Senhora, ater lugar em 2017.Em paralelo a estes eventos, obispo de Leiria-Fátima destaca trêsefemérides que dão outraenvolvência à peregrinaçãoaniversária de outubro.“A comemoração do centenário daPrimeira Grande Guerra, os 75 anosda Segunda Grande Guerra e os 25anos da queda do muro de Berlim,acontecimentos históricos a queestá associada a mensagem deFátima”, frisa o prelado.De acordo com o serviço deinformação do Santuário de Fátima,já está confirmada a presença decerca de 100 grupos organizadosde peregrinos nas celebrações de13 de outubro, vindos de 20 países.

“Com o maior número de peregrinosestá um grupo português, o ‘Grupoda Imaculada’, com 300 peregrinos”,adianta aquele organismo.A Itália encabeça a lista dos outrospaíses participantes, com ainscrição de 25 grupos, seguida daPolónia (9), Espanha (8), Alemanha(7) e França (7).Com início previsto para as 18h30de dia 12, na Capelinha dasAparições, a última peregrinaçãoaniversária deste ano vai serpresidida pelo arcebispo de Goa eDamão, D. Filipe Neri Ferrão.O bispo de Leiria-Fátima saúda apresença daquele responsávelcatólico, que acompanha na Índiacomunidades que, apesar de já nãoserem colónias portuguesas, aindahoje mantém “relações afetivas” como nosso país.

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Centenário das Aparições, celebraçãoda fé cristã com eventos culturaisO coordenador da ComissãoOrganizadora do Centenário dasAparições de Fátima (1917-2017),explicou que o Santuário optou porfazer “uma celebração mais do queuma comemoração” porque é umevento que “toca a fé cristã” edestacou alguns projetos culturaisque estão a preparar.O padre Vítor Coutinho destaca queos dois últimos anos do Centenário,até 2017, vão sendo enriquecidosprogressivamente com um conjuntocultural porque “não há celebraçãose não existir este caráter festivo” edestaca que um programa queabrange áreas “muitos diferentes”desde a música clássica à popular;ao teatro, um musical, bailado e aperegrinação.Para a realização deste programacultural, a Comissão Organizadorado Centenário das Aparições deFátima contactou compositores “derenome” internacional, um conjunto“interessante” de compositoresportugueses que estão a trabalharnuma obra a partir dos textos dairmã Lúcia com o propósito de“criação de obras artísticas novas”.Neste contexto também que estáprogramado um bailado, um

espetáculo “multi arte” emconstrução, um musical estilo teatrocantado que vai começar a serescrito e composto nos próximosmeses.“Temos um conjunto de algumasdezenas de projetos que estão a serultimados, outros praticamenteprojetados e esperamos que os doisúltimos anos sejam muito intensosnão só em Fátima mas também nasparóquias”, frisa o responsável.À Agência ECCLESIA, o padre VítorCoutinho, assinala a importânciadesta celebração, que termina em2017,

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seguissem um itinerário temático:“Que ao longo de sete anos nãotivéssemos apenas eventosevocativos mas que as ações desteprograma pudessem ir esporandoe aprofundando os vários tópicosda mensagem de Fátima”,desenvolve.Nesse sentido, depois do desafioem 2010 do agora Papa eméritoBento XVI começaram a prepararum plano não só para especificar ostemas da mensagem de Fátima masprocurar uma ligação à vida cristã,“aos núcleos essenciais do agir e dafé cristã”.Segundo o coordenador daComissão Organizadora doCentenário das

Aparições de Fátima (1917-2017)“muita” da programação do planoque está a ser realizado está ligado“sobretudo” à dimensão da fé e dapastoral inserindo-se no quotidianodo Santuário para “enriquecer asperegrinações” a nível temático mas“também de ritos próprios”.O responsável destaca também ociclo de conferências que procura“quase em forma de catequese deadultos aprofundada” explorar osvários tópicos de cada ano e aaposta no guia do peregrino queconvida a visitar os espaços centraisdo Santuário de Fátima “com novostextos, abordagens e formas” devisita “sempre com o ângulotemático daquele ano”.Até à celebração do Centenário dasAparições de Nossa Senhora aospastorinhos de Fátima aorganização preparou anualmenteuma exposição que procuraenquadrar os temas “a partir dalinguagem da arte”, assinala o padreVítor Coutinho.

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Fátima a comunicarLeopoldina Reis Simões é umadas caras do CentroComunicação Social doSantuário de Fátima. É ela quegere a comunicação, estápresente nas reuniões detrabalho do santuário, fala comos jornalistas e os acolhe. Pelassuas mãos passam muitosdocumentos informativos quechegam aos colaboradores, aosperegrinos e vão até aos quatrocantos do Mundo “A presença dos membros do centrocomunicação social nas reuniões detrabalho onde somos convidados adar parecer e tomamosconhecimento do que realmente éimportante divulgar torna-sefundamental”, explica LeopoldinaSimões.Ao nível interno houve um boletiminformativo, “Servidores de NossaSenhora”, que fazia chegar ainformação antecipada aoscolaboradores, o que na opinião daresponsável “aproximava os colegase os fazia estar a par de tudo o quese fazia até o chamavamcarinhosamente por jornal dacaserna”. No nível externo, mais estruturado,a imprensa e os peregrinos são ospúblicos-alvo.“Já em 1973, quando houve umareestruturação dos serviços do

santuário, praticamente hoje aindaem vigor, existia o serviço deinformações do santuário deFátima”, recorda LeopoldinaSimões.Os grandes objetivos são oacolhimento dos jornalistas, atransmissão do que acontece nosantuário e as novas tecnologiasvieram dar um grande impulso, umavez que, do outro lado do mundo, sepode receber na hora o que sepassa em Fátima.“Nos dias das grandesperegrinações os jornalistasprecisam de atenção, materiais eespaço para que tudo funcione bem,eles está a comunicar Fátima”,defende a responsável.O santuário de Fátima tem um jornalmensal, “Voz da Fátima”, que fazeste mês 92 anos, ou seja, “jáexistia antes da acreditação dasaparições”, e agora distribuído pelosmembros do movimento Mensagemde Fátima.O boletim informativo surgiu em2004, traduzido em sete idiomas ecom destaque para os“acontecimentos internacionais quelevam Fátima a todo o mundo e dáconta do que chega dos devotos aonível nacional e internacional”.“Instituições que têm como patronoNossa Senhora de Fátima e dãoconta de muitas iniciativas ligadas aesta

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devoção e recentemente, até maisdedicações aos pastorinhos”,realça.Para assinalar a vivência docentenário das aparições osantuário lançou também a revistacultural “Fátima XXI” e que se tornouum desafio para “a história, culturae mensagem de Fátima”.Para acompanhar a tecnologia echegar a novos públicos o santuáriotem ainda o site e o facebook. “A página do santuário, que vai serremodelada em breve, para ser defesta e celebração, aumentou onúmero de visitas com atransmissão online chegando a ter10 mil visitas

por dia e que triplica nos dias 12 e13”.Já no facebook o público-alvo é ajuventude e “é preciso estar narede” tendo uma perspetivadiferente pois ali “torna-se fácilgostar ou não gostar e até comentarfacilmente e chega-se aos 635 milgostos”.“Desenvolve-se um diálogo com aspessoas que é favorecedor dacomunicação, porque podemossaber o sentir de quem nos ouve, lêe até vê”.“É um mundo diferente, há muitoscomentários que dizem “sonharvisitar Fátima”, o que fazacreditarmos que estamos mesmoem rede”, conclui.

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Dia Nacional do Peregrino1. Desde tempos imemoriais que osperegrinos – vocábulo de origemlatina, per agrum, que significa‘pelos campos’ -, realizam, noâmbito histórico e religioso,individualmente ou em grupo,jornadas em direção a umdeterminado lugar sagrado. 2. Em Portugal, existe uma fortetradição na realização deperegrinações cristãs direcionadaspara os mais variados locais deculto, com destaque para aquelasque se decorrem no Santuário deFátima, que envolve inúmeraspessoas. 3. É de referir que a condição deperegrino não se esgota naintenção de caminhar em direção deum lugar sagrado; importa tambémvalorizar o motivo que o levou afazer essa jornada, determinantepara a sua vida, onde muitas vezesse procura o sentido da própriaexistência, como um percursointerior. 4. Importa referir, também, que o atode peregrinar abrange umaamplitude que vai muito para alémda condição de crente de quem opratica, abrangendo uma dimensãosocial, cultural e económica que sedeve também valorizar.

5. Na sua declaração de 23 denovembro de 1987, a propósito darevitalização do Caminho deSantiago, o Conselho da Europareconhece “que a fé que, ao longodos tempos, animou os peregrinose, para além das diferenças einteresses nacionais, os reuniunuma aspiração comum, nos inspirehoje, e muito particularmente osjovens,a percorrer estes caminhos, emordem a construirmos umasociedade fundada na tolerância, norespeito do outro, na liberdade e nasolidariedade”. 6. Em suma, no amplo conjunto dedias evocativos de váriosacontecimentos e efeméridesrelevantes, a criação deste dia seráuma iniciativa que dignificará opapel do peregrino na construçãoda sociedade portuguesa. Assim, a Assembleia da República,resolve, nos termos do nº 5 doartigo 166º da Constituição daRepública Portuguesa o seguinte: Instituir o dia 13 de outubro como oDia Nacional do Peregrino.

Projeto de Resolução N.º 1050/XII

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Sínodo: Falar claro sobre temascomplexosO Sínodo dos Bispos sobre a famíliatem respondido ao desafio do PapaFrancisco para falar sem medo e deforma clara sobre os principaisproblemas que se levantam hoje, narelação entre a Igreja, os seus fiéise a sociedade em questões como afamília, a sexualidade ou a moral.Os 253 participantes discutiram emparticular nas duas últimas sessõesas questões ligadas aos divorciadosrecasados e aos procedimentos denulidade matrimonial, procurandonovas soluções “pastorais” semquestionar a “doutrina fundamental”.“Devemos adotar a hermenêutica doPapa: conservar completamente adoutrina, mas partir das pessoas,das suas situações, necessidades,sofrimentos, urgências concretas”,disse hoje em conferência deimprensa o cardeal FrancescoCoccopalmerio, presidente doConselho Pontifício para os TextosLegislativos.O especialista em Direito Canónicoreferiu que a Igreja Católica tem dedar uma resposta “a pessoasconcretas, que se encontram emcondições de gravidade e deurgência” e que exigem “umaresposta que vá ao encontro dassuas necessidades”.

“Nestes casos, muito precisos, emque não é possível deixar aquelasituação, por si anómala, ilegítima,eu tenho de fazer alguma coisa”,acrescentou.O porta-voz do Vaticano, padreFederico Lombardi, precisou porsua vez que a questão do acesso àComunhão dos divorciados católicosem segunda união gerou um“debate apaixonado”.Alguns participantes nos trabalhos àporta fechada seguem “uma linhaque, não negando de modo algum aindissolubilidade do matrimónio,quer ver na chave da misericórdia,importantíssima para todos, assituações vividas e fazer umdiscernimento sobre como abordá-las”.O porta-voz do Vaticano sublinhou,nesse sentido, que os intervenientestêm repetido a necessidade de“evitar a impressão de dar um juízomoral” sobre estes casos, como sefosse uma “condenação”.As primeiras sessões de trabalho doSínodo dos Bispos sobre a famíliaficaram marcadas por váriospedidos de mudança na linguagemda Igreja sobre família esexualidade.Os porta-vozes da assembleia geralextraordinária revelaram aos

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jornalistas que uma das propostasfoi a passagem de uma linguagem“defensiva” para um discursocentrado “na atração e na beleza doamor de Deus que se vive nafamília”, também através dos meiosde comunicação social.Um dos intervenientes no Sínodosublinhou que o uso de expressõescomo “viver em pecado”,“intrinsecamente desordenado” ou“mentalidade contracetiva” nãoajuda a atrair as pessoas “à Igrejaou a Cristo”.

Segundo comunicado divulgadopela sala de imprensa da Santa Sé,em discussão esteve a questão do“valor essencial da sexualidade”.“Fala-se tanto, de forma crítica, dasexualidade fora do matrimónio quea sexualidade conjugal parecequase a concessão a umaimperfeição”.

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Fotogaleria

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Ouvir a «voz» da Igreja sobre afamília

O Papa inaugurou esta segunda-feira as sessões de trabalho daterceira assembleia extraordináriado Sínodo dos Bispos, dedicada àsquestões da família, convidando osparticipantes a "falar claro". "Queninguém diga: 'isto não se podedizer, vão pensar de mim isto ouaquilo'. É preciso dizer tudo o quese sente com ousadia", declarou,num breve discurso.Francisco destacou a importânciadesta reunião para ouvir a "voz" dasvárias Igrejas particulares e revelouque após o consistório quedecorreu em fevereiro deste anorecebeu uma carta de um doscardeais presentes que selamentava por outros "não tenhamtido coragem de dizer

algumas coisas, por respeito aoPapa, julgando que o Papa pensavade forma diferente"."Isto não está bem, isto não ésinodalidade. É preciso dizer tudo oque, no Senhor, sentimos obrigaçãode dizer", observou.O Papa convidou a "escutar comhumildade" e acolher com "coraçãoaberto" o que dizem os irmãos, com"paz e tranquilidade".Francisco concluiu com umaobservação de cariz teológico,sublinhando que o Sínodo decorresempre com a presença e sob apresidência do Papa (cum Petro etsub Petro), "garantia para todos ecustódia da fé".

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D. Manuel Clemente falou no Sínodo

O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa falou estaquarta-feira diante do Sínodo dosBispos sobre a família,apresentando o Vaticano II comoexemplo para a relação entredefesa da doutrina e novoscaminhos pastorais. D. ManuelClemente, patriarca de Lisboa,levou para o Vaticano uma reflexãoque recordava a declaração sobre aliberdade religiosa do concílio(1962-1965).“O Concílio Vaticano II resolveu aquestão afirmando que os direitos eas liberdades se conjugam napessoa, com uma subjetividade quea pouco e pouco vai assumindo averdade que lhe é apresentada,num percurso que às vezes incluierros, mas que tem de serrespeitado”, disse à Agência

ECCLESIA, antes da partida paraRoma.A intervenção do representanteportuguês foi abordada ao início datarde durante o encontro com osjornalistas sobre os trabalhos daassembleia sinodal, com a presençade D. Victor Manuel Fernández,arcebispo de Tiburnia, Argentina, oqual recordou que esta soluçãopareceria “impossível” para alguns,há 50 anos. “O Concílio Vaticano II,pelo contrário, encontrou um novocaminho”, observou o preladoargentino, e isso pode ser umexemplo para que o Sínodo sobre afamília, nas suas assembleias desteano e de 2015, possa “encontraruma nova síntese para falar sobreestes problemas” dos divorciadosrecasados e outras situações.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Francisco recebeu atletas do Comité Paraolímpico italiano

Papa pede orações pelo Sínodo e as famílias

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República Portuguesa onlinehttp://www.presidencia.pt/

O facto de terem suspendido algunsferiados em Portugal faz com queestes passem despercebidos àgrande maioria dos portugueses.Assim, como forma de relembrar acomemoração do 104º aniversárioda Proclamação da República, estasemana sugerimos o sítio daPresidência da RépublicaPortuguesa. A qualidade dainformação, as actualizaçõespermanentes, os recursosdisponíveis, a multiplicidade demeios ao dispor e o excelenteambiente gráfico, são exemplo doempenho e profissionalismo dosserviços de informação ecomunicação do Palácio de Belém.Todo este espaço online poderámuito bem servir de exemplo paratodo e qualquer sítio que, dealguma maneira se possa compararao serviço prestado nesteendereço.Ao digitarmos o endereçowww.presidencia.pt deparamo-nosimediatamente com três ambientesdistintos: o habitual serviço denotícias e destaques muito bemdocumentados e com recursosmultimédia adaptados ao assuntoem causa; a lista de opções lateraisque nos mostram o que temos ao

nosso dispôr e ainda a fantásticaapresentação multimédia que relata“os dias do presidente”. Umamaneira muito cuidada e uma mais-valia que nos aproxima, mesmo quevirtualmente, do nosso presidenteda républica, onde aí, ele nos relatade um modo singular o seuquotidiano.Passando para o menu, temos logode início, o item “presidênciadirecta”, onde podemos aceder àagenda, às intervenções,mensagens, artigos e publicaçõesdo presidente. Depois, na opção“presidência da república”,acedemos a informação de âmbitomais formal. Desde as funções dopresidente, passando pelos seusserviços de apoio directo, pelossímbolos nacionais (hino ebandeira) e ainda, olhando umpouco para o passado, consultandoos conteúdos relevantes de todosos presidentes anteriores. Maisabaixo, em “presidente darepública”, como o nome indicaficamos devidamente informadosacerca da sua biografia, e temosainda a possibilidade de ocontactarmos através de umformulário criado especificamentepara esse efeito. Por último,destacamos a opção “visitas deestado e oficiais”, onde temosfantásticos

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dossiers de cada país que o Prof.Anibal Cavaco Silva visitouoficialmente (Moçambique, Brasil,Jordânia, Singapura, Austrália, etc.),bem como os roteiros e outro tipode informações relativas àsdeslocações oficiais.

Aqui fica a sugestão para quevisitem este fantástico sítio pois asopções disponíveis são imensas e apresença da presidência darepública nas mais variadasplataformas tecnológicas sãoimensas e muito bem enquadradas.

Fernando Cassola Marques

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Pobre para os pobresA missão da IgrejaA relação da pobreza com a missãoevangelizadora e libertadora daIgreja Católica é o mote que dáorigem ao livro POBRE PARA OSPOBRES. De autoria do cardealGerhard Müller, atual prefeito daCongregação para Doutrina da Fé,o livro propõe uma reflexão sobre apobreza independente de ideologiase extremamente enraizada noEvangelho e na doutrina social daIgreja.O prefácio foi escrito pelo PapaFrancisco e nele o Santo Padremanifesta a sua gratidão ao cardealMüller pelo livro e pelo facto dequerer chamar a atenção para apobreza e para os diversos tipos depobreza. «Estou certo de que cadaum de vós que irá ler estas páginas,de algum modo, deixar-se-á tocarno coração e sentirá surgir dentrode si a exigência de uma renovaçãoda vida», refere Francisco. Aspalavras do Papa recordam-nos que«não existem somente as pobrezasligadas à economia. Na origem, ohomem é pobre, é necessitado eindigente.

Quando nascemos, para viverprecisamos do cuidado dos nossospais, e assim também em cadauma das épocas e etapas da vidanunca nenhum de nós seconseguirá libertar totalmente danecessidade e da ajuda dosoutros.» Recorda-nos o SantoPadre que «se não nos fizemos anós próprios e sozinhos, nãopodemos dar-nos tudo o queprecisamos. O reconhecimento lealdesta verdade convida-nos apermanecer humildes e a praticarcom coragem a solidariedade, comouma virtude indispensável aopróprio viver.»«A missão libertadora da Igreja», «amissão evangelizadora da Igreja» e«da América Latina à IgrejaUniversal» são os grandes temastratados ao longo das páginas destelivro. Nele aprofundam-se realidadesimportantes como «a Teologia daLibertação hoje», «desafios para aTeologia no horizontecontemporâneo», «a opçãopreferencial pelos pobres emAparecida» ou «pobreza: o desafioda fé».

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O autor explica que fez «aexperiência muito concreta da Igrejapobre para os pobres no Peru, nasfavelas de Lima e entre oscamponeses dos Andes, ficandoespantado quando, ao encontraraquelas pessoas, viu e percebeuuma fé cheia de alegria e de vida. Afé testemunhada abertamente etransmitida com amor faz parte dosmaiores tesouros destaspopulações, apesar de marcadaspor enormes preocupaçõesquotidianas devido à sua própriavida.»Mas para o cardeal Müller «a Igrejapobre para os pobres tem também orosto de Gustavo Gutiérrez». Refereo autor que «foi precisamente apartir da experiência concreta daproximidade com os homens paraquem Gutiérrez desenvolveu aTeologia da Libertação, que seimpunha aos meus olhos cada vezcom mais clareza o querepresentava o seu coração: o seucoração é o encontro com Jesus, éseguir Jesus Cristo, o BomSamaritano».

Paulus Editora

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II Concílio do Vaticano:Do santo João ao beato Paulo

Os papas João XXIII e Paulo VI estavam na cadeirade Pedro durante a realização do II Concílio doVaticano (1962-1965). A 19 deste mês, o papaMontini vai ser beatificado, em Roma (Itália), no finalda Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dosBispos sobre a família.A 11 de maio de 1993 abriu-se na diocese romana, oprocesso diocesano. Nas investigações que foramfeitas reuniram-se os depoimentos de 58testemunhas de Brescia (Itália) e 71 de Milão (cidadeitaliana) e 63 de Roma. Os postuladores da causaforam o padre jesuíta Paolo Molinari e, a partir de2007, o padre redentorista António Marrazzo “que alevou à feliz conclusão” (In: «Paulo VI – Biografia»,Giselda Adornato; Lisboa; Paulus Editora). A 10 demaio, o Papa Francisco promulgou o decreto sobre omilagre, abrindo assim o caminho para a celebraçãoda beatificação, a realizar na Praça de São Pedro, a19 de outubro.Giovanni Battista Montini, depois Paulo VI, nasceuem Concesio (Brescia), a 26 de setembro de 1897.Filho de Giorgio Montini – “figura grada domovimento católico, advogado, jornalista, deputado,fundador da editora Morcelliana, de uma família deadvogados e eclesiásticos” (In: «Os Papas do séculoXX», D. Manuel Clemente, Lisboa, Paulus Editora) –e de Giuditta Alghisi. Passou a infância quase todano campo, entre Consecio, Bovezzo e Verolavecchia,terra dos condes Alghisi.Em maio de 1907 foi a Roma com a família, sendorecebido pelo Papa Pio X. Um ano depois entra no

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Colégio Arici, de Brescia, escolaparticular confiada aos jesuítas. Nojornal escolar «La Fionda»,Giovanni Battista Montini começou aescrever e dava sinais evidentes devocação sacerdotal. O padre eprofessor Persico testemunhou naaltura: “Era um bravo rapaz, comdotes maravilhosos de escritor, […]irredutivelmente antirretórico […].Teria sido um magnífico jornalista”.Em julho de 1916 inscreveu-se noSeminário de Brescia, ficando comoaluno externo “por motivos desaúde” (In: «Os Papas do séculoXX», D. Manuel Clemente, Lisboa,Paulus Editora). No mês de maio de1920 foi ordenado padre peloarcebispo local, monsenhor Gaggia.Em Roma estudou Direito Canónico,Teologia e Filosofia na UniversidadeGregoriana e também na Sapienza.Logo em 1921, monsenhor Pizzardoabriu-lhe as portas da Academia dosNobres Eclesiásticos e, depois,chamou-o para a Secretaria deEstado. As suas qualidadesdiplomáticas e o discernimento depessoas e situações ressaltavam.Esteve como adido na Nunciaturade Varsóvia (Polónia), no entantonão suportou o clima daquele país eteve de voltar à Secretaria deEstado.

Para além do trabalho na cúriaromana, Giovanni Battista Montini foinomeado – pelo Papa Pio XI -assistente da FederaçãoUniversitária Católica Italiana nostempos difíceis da resistência aofascismo. Neste contexto procurouformar uma elite católica para acristianização da sociedade. Com osuniversitários tanto ia ao estrangeirocomo os levava às barracas dosbairros mais degradados.

(Continua)

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Outubro 2014Dia 10 Outubro* Lamego - Conselho Presbiteral * Lisboa - ISCTE-IUL. - Semináriosobre o «Sector Social e aEstratégia Europa 2020» promovidopela União Distrital das InstituiçõesParticulares de Solidariedade Socialde Lisboa (UDIPSS). * Braga - Universidade do Minho -Salão Nobre da Reitoria - Colóquiode homenagem ao jesuíta LúcioCraveiro da Silva para assinalar ocentenário do seu nascimento. * Guarda - Carmelo da Guarda -Encontro sobre Santa Teresa deJesus com a presença de D. ManuelFelício. * Fátima - O Santuário de Fátima,em Portugal, e o Santuário deAparecida, no Brasil, unem-se, emoração às 21h30 (hora de Lisboa),pelo Papa e o Sínodo dos Bispos. * Porto - Estação Casa da Música(Metro do Porto) - Inauguração daexposição «Cister no Douro».

* Guarda - Centro Apostólico -Encontro de espiritualidade sobre«Para falar de Teresa de Jesus... eda mestra de oração» orientadopelo padre Alpoim Portugal e padreManuel Reis (10 a 12) * Santarém - Tomar - Convento deCristo - A Associação Portuguesa deCister e o Instituto Politécnico deTomar promovem o colóquiointernacional «Cister, os Templáriose a Ordem de Cister».(10 a 12) Dia 11 Outubro* Lisboa – Estoril - As EdiçõesSalesianos organizam o evento E-vangelizar, atividade formativadestinada a animadores,catequistas, consagrados,professores e demais agentesevangelizadores que procurammelhorar as suas competências noanúncio da Boa Nova. * Coimbra - Quinta de SantoAntónio, no Almegue - A ConferênciaNacional dos Institutos Seculares dePortugal (CNIS) realiza um encontronacional de jovens, intitulado«Encontro de Alpinistas do Espírito»

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* Coimbra – Lousã - A JuntaRegional de Coimbra do CorpoNacional de Escutas promove o«Dia da Região 2014» e início doAno Escutista. * Fátima - Centro Catequético deNossa Senhora de Fátima -Encontro nacional da Liga dosantigos alunos do Seminário deÉvora (LASE) * Lamego - Santuário da Senhorada Lapa - Peregrinação diocesana àSenhora da Lapa do Movimento daMensagem de Fátima com o tema«Envolvidos no amor de Deus pelomundo» presidida por D. AntónioCouto. * Luxemburgo - Esch-sur-Alzette - AMissão Católica de LínguaPortuguesa no Luxemburgoorganiza uma procissão em honrade Nossa Senhora de Fátima emEsch-sur-Alzette. * Porto - Casa Diocesana de Vilar -Sessão formativa para professoresde EMRC com a presença de D.António Francisco Santos * Guarda - Centro Apostólico D.João de Oliveira Matos - JornadaDiocesana de Pastoral eapresentação do programa pastoraldiocesano de 2014/15 que pretenderepensar formas de fazerevangelização.

* Lisboa - Paróquia de Camarate -Encontro de jovens com o temaJovem «Vive a Missão». * Braga – Barcelos - A CâmaraMunicipal de Barcelos realiza a IXRota das Igrejas e dos Santuáriosde Barcelos, iniciativa que pretendepromover o turismo religioso epatrimonial do concelho e tambémas riquezas naturais, paisagísticas eculturais. * Lisboa - Seminário dos Olivais -Conselho diocesano da pastoraljuvenil com a presença de D. JoséTraquina * Beja - Instituto Politécnico de Beja -Concerto solidário com ThiagoBrado organizado pelos JovensShemá e a Fraternidade dosIrmãozinhos de S. Francisco deAssis de Beja. * Santarém – Tomar - Concerto deangariação de fundos para a Cáritasde Tomar

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- O padre Agostinho Jardim, pároco em Vitória, na

diocese do Porto, vai hoje ser homenageado noInstituto Cultural D. António Ferreira Gomes. Acerimónia vai decorrer na abertura do ano académico.O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, fará oElogio de Louvor («Laudatio») e a Oração deSapiência será pronunciada pelo presidente daautarquia, Rui Moreira, com o tema «O Porto e aCultura». Será anunciado o Prémio BernardoDomingues criado pelo Instituto. - A Diocese de Leiria-Fátima assinala hoje, emparceria com o semanário «Presente», ocentenário do jornal «O Mensageiro», jornalregional fundado a 7 de outubro de 1914, com opropósito de lutar pela restauração do extintobispado de Leiria e de ser uma “voz católica” nojornalismo do início do século XX. A sessão vaiser presidida por D. António Marto, bispo deLeiria-Fátima, e conta com intervenções deâmbito histórico e momentos musicais - O arcebispo de Goa e Damão, na Índia, D. Filipe NeriFerrão, vai presidir à peregrinação internacionalaniversaria dos dias 12 e 13 de outubro. A celebraçãoque evoca a última das aparições em 1917, na qualteve lugar o chamado ‘milagre do sol’, vai ter comotema ‘Arrependei-vos porque Deus está perto’. - A Assembleia da República aprovou o 13 deoutubro como o dia do Peregrino com o objetivode assinalar a “forte tradição na realização deperegrinações cristãs direcionadas para os maisvariados locais de culto, com destaque paraaquelas que se decorrem no Santuário deFátima”. O projeto de resolução, aprovado emjunho, quis valorizar o “papel do peregrino naconstrução da sociedade portuguesa”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 05 de outubro:Famílias: Realidades emPortugal e debates em Roma RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 06 -Entrevista a Monsenhor VitorFeytor Pinto e a OctávioCarmo, a propósito do livro-entrevista A Vida é Sempreum Valor;Terça-feira, dia 07 -Informação e entrevistaOctávio Carmo e António Matos Ferreira obre onúmero especial do Semanário Ecclesia;Quarta-feira, dia 08- Informação e entrevista ao padreVitor Feytor Pinto sobre a Pastoral da Saúde;Quinta-feira, dia 09 - Informação e entrevista ao padreElísio Assunção sobre o Congresso da AIC;;Sexta-feira, dia 10 - Apresentação da liturgia dedomingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 12 de outubro, 06h00 - Dia doPeregrino com Isabel Blanco Ferreira e Lourenço deAlmeida do Centro Nacional de Cultura. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 13 e 14 outubro:Fátima, a celebração do centenário e a comunicaçãodo santuário; 15, 16 e 17 outubro - V CentenárioNascimento de Santa Teresa de Ávila, com FreiJoaquim Teixeira, provincial da Ordem dos CarmelitasDescalços em Portugal

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Se Deus é amor, como pode haverInferno?

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10 contas a seguir do TwitterDepois de um período de féria, maisou menos merecidas, volto aocontacto com os leitores doSemanário Ecclesia.Hoje proponho 10 contas a seguirnesta rede social. Para quem nãosabe o que é o Twitter poderásempre consultar o artigo com otítulo “Twitter, o que é?”, doFernando Cassola Marquespublicado no site a AgênciaEcclesia.O critério que presidiu a estaescolha foi a importância epertinência das partilhas feitas porcada uma das contas. Não temcomo objetivo ser as 10 contas maisqualquer coisa, mas 10 contas, quena minha opinião, todos os agentespastorais deveriam seguir. Há mais.Mas 10 é um clássico. Todas ascontas sugeridas são em português. Assim, selecionei as seguintescontas: @Pontifex_pt. Conta oficial de SuaSantidade Papa Francisco. Contacom 1,17 mil seguidores. Cada tuítedesta conta são autênticascatequeses. É um exemplo paratodos os agentes de pastoral nacapacidade de sintetizar cadamensagem em 140 carateres. Poresta conta passa muito dopensamento do Papa. As suasmensagens têm milhares derepublicações. Um caso de enormesucesso na Igreja Católica

no aproveitamento das novastecnologias e redes para comunicare divulgar a Mensagem. @agenciaecclesia. Conta oficial daAgência de Notícias da IgrejaCatólica em Portugal. Conta com3429 seguidores. É a melhor formade estarmos em contacto e de nosinformarmos sobre as notícias,atividades e dinâmicas que a IgrejaCatólica leva a cabo por essasparóquias espalhadas pelo país. @EducrisSnec. Conta oficial doportal Educação Cristã (Educris), daComissão Episcopal da EducaçãoCristã e Doutrina da Fé. Conta com106 seguidores. É uma contapolivalente quanto às partilhas quefaz. Podemos encontrar notíciasrelacionadas com a ComissãoEpiscopal, Catequese, EMRC eEscolas Católicas. Excelente contana partilha de recursos áudio evídeo para o trabalho pastoral. Nãopercam as histórias da “JovemPipoca”. Aconselho o “Minuto deSantidade”, “Aprende com a Bíblia”e os “Episódios Bíblicos” comoexcelentes recursos para catequesee pastoral juvenil. @abcdacatequese. O ABC daCatequese é um dos espaços mais

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antigos de partilha de recursos paracatequese que conheço. É umaconta de partilha de recursos para acatequese, de apoio à catequese,mas também espaço que veiculanotícias e váriosesquemas/momentos de oração.Conta com 396 seguidores. @cristojovem. Com 1435seguidores, assume-se como oportal para jovens católicosportugueses! Conta com quase 8anos de existência. É um canalinformativo e formativo sobre aPastoral juvenil em Portugal. Nãopercam a Godzine, publicaçãobimensal, online. @ruisantiagocssr . Com 309seguidores. Conta do Padre RuiSantiago, cssr, autor do bloguehttp://derrotarmontanhas.blogspot.pt.Uma conta interpelativa. Muitaspartilhas são autênticas lufadas dear fresco no meu dia, fonte deinspiração e horação. Uma contaque existe por vocação e proVocação. @luiszz. Com 151 seguidores. Contado Padre Luís Miguel FigueiredoRodrigues, Presidente da ComissãoArquidiocesana para a EducaçãoCristã e professor na UCP, Braga.Neste perfil encontramos excelentespartilhas de artigos úteis para aevangelização, catequese, formaçãopessoal. Artigos curtos, mas cheiosde sabedoria e formação.

@tiagofernandes . Com 132seguidores. Padre da diocese deBraga. Mentor de váriospojetos: acaminho.net epatiodosgentios.com, entre outros.Atualmente é Diretor doDepartamento de ComunicaçõesSociais da Arquidiocese de Braga.Pensador e apaixonado,pensamento meu, pela presença daIgreja nas várias plataformas online. @laboratoriodafe . Com 134seguidores. «Laboratório da fé®» éo nome do projeto do Arciprestadode Braga para concretizar osobjetivos propostos para o anopastoral iniciado em outubro de2012: celebrar o Ano da Fé deforma digna e fecunda; intensificara reflexão sobre a fé; confessar a féno Senhor Ressuscitado;aprofundar os conteúdos do«Credo», a partir do Catecismo daIgreja Católica. Excelente recursolitúrgico. @padrejulio. Com 245 seguidores.Conta do Padre Júlio Grangeia, umdos pioneiros no uso das novastecnologias na Igreja. É um casopara dizer “vejam para crer” peloseu grande dinamismos. Boas leituras e excelente pastoral.

Bento Oliveira@iMissio

http://www.imissio.net

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A saúde dá trabalho?Podemos nascer ou não com saúde.Podemos ter mais ou menos saúde.Podemos cuidar mais ou menos dasaúde. De qualquer forma, a saúdenão é unicamente uma lotaria danatureza. Temos de fazer algo “pelasaúde” em todas as estações davida, principalmente enquanto nossentimos em saúde, prevenindo eadiando quanto possível a chegadada doença ou a ruptura de laçosvitais. O exercício físico pode darsaúde; o equilíbrio no quecomemos/bebemos pode dar saúde;a higiene do nosso corpo pode darsaúde; a sensatez na quantidade detrabalho/descanso pode dar saúde;a manutenção de amizades sólidaspode dar saúde; uma festa pode darsaúde; a participação na Eucaristiapode dar saúde; a partilha dosnossos problemas com um amigopode dar saúde; o tempo quereservamos à família pode darsaúde; as palavras bondosaspodem dar saúde. A saúde não ésomente uma “coisa que nasceconnosco”, um dom da natureza,mas é conquista diária, luta por umbem-estar do corpo e da alma. Asaúde é dom mas dá trabalho e é,por isso, também uma conquista. Oque fazemos pela saúde?

A Assistência espiritual ereligiosa é prestada aoutente a solicitação dopróprio ou dos seusfamiliares ou outros cujaproximidade ao utenteseja significativa, quandoeste não a possa solicitare se presuma ser essa asua vontade.

(Decreto Lei 253/2009, art. 4)

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Assistência religiosa e cuidados de saúde: tema apresentado aquisemanalmente e no programa Ecclesia, RTP2, em cada quarta-feira “Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça avisita do capelão aos enfermeiros logo no início dointernamento. Não fique à espera”. (Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)

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Ano A – 28º domingo do TempoComum Aceitar oconvite para obanquete

A liturgia do 28.º Domingo do Tempo Comum utiliza aimagem do banquete para descrever o mundo defelicidade, de amor e de alegria sem fim que Deusquer oferecer a todos os seus filhos.Jesus compara Deus seu Pai a um rei que celebra asbodas do seu filho: nada é mais belo para a festa, e osconvidados são numerosos, mas eles declinam oconvite, encontrando desculpas, algumas que vão atéa maltratar e a matar os que fazem o convite.O rei poderia resignar-se, mas não. Quer que todostenham recebido o convite, «os maus e os bons».Deus convida sempre e convida todos: «felizes osconvidados para a Ceia do Senhor». E espera umaresposta. Portanto, a questão decisiva não é se Deusconvida ou não; mas é se se aceita ou não o convitede Deus para o banquete do Reino.Os convidados que não aceitaram o conviterepresentam aqueles que estão demasiadopreocupados em conquistar os seus cinco minutos defama, ou a impor aos outros os seus própriosesquemas e projetos, ou a explorar o bem estar que odinheiro lhes conquistou e não têm tempo para osdesafios de Deus.Os convidados que não aceitaram o conviterepresentam também aqueles que estão instalados nasua autossuficiência, nas suas certezas, seguranças epreconceitos e não têm o coração aberto e disponívelpara as propostas de Deus. Até podem ser pessoassérias e boas, que se empenham na comunidadecristã e que desempenham papéis fundamentais naestruturação dos organismos paroquiais… Mas sabemtudo sobre Deus, já construíram um deus à medidados seus interesses, desejos e projetos e não sedeixam questionar nem

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interpelar. Os seus corações estão,talvez, fechados à novidade deDeus.Os convidados que aceitaram oconvite representam todos aquelesque, apesar dos seus limites epecados, têm o coração disponívelpara Deus e para os desafios queEle faz. Percebem os limites da suamiséria e finitude e estãopermanentemente à espera queDeus lhes ofereça a salvação. Sãohumildes, pobres, simples, confiamem Deus e na salvação que Elequer oferecer a cada homem e acada mulher e estão dispostos aacolher os desafios de Deus.Na segunda leitura, Pauloapresenta-nos a

comunidade de Filipos comoexemplo concreto de umacomunidade que aceitou o convitedo Senhor e vive na dinâmica doReino. É generosa e solidária,verdadeiramente empenhada navivência do amor e em testemunhare anunciar o Evangelho a todos eem toda a parte.Que assim seja nas nossas vidas ecomunidades, ao longo destasemana, que é também de oração aacompanhar o Sínodo dos Bisposem Roma sobre a família e apreparar o Dia Mundial das Missões.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Papa Francisco recorda os mártiresda Igreja na visita à Albânia

A fé na clandestinidadeTêm 84 e 85 anos. Estiverampresos e foram maltratados.Nunca pensaram que iriamsobreviver às torturas. O PadreErnesto Simoni e a Irmã MariaCaleta são hoje o símbolo dacoragem do povo albanês quesofreu uma das mais terríveisditaduras de que há memória. O Papa Francisco não conseguiuconter as lágrimas. A seu lado, naCatedral de São Paulo, em Tirana, opadre Ernesto Simoni, um sacerdotediocesano de 84 anos, recordou asua experiência na prisão e como foitorturado por nunca ter renegadoCristo nesses tempos de ditaduraestalinista em que na Albânia sedecretou a morte das religiões.As igrejas foram fechadas,convertidas em lojas. Os padres eas religiosas foram assassinados oupresos. Tal como o padre Simoni,também a irmã Maria Caleta, de 85anos, recordou as décadas deditadura feroz em que a Albânia sefechou ao mundo no final da IIGuerra Mundial. Presa,

condenada a trabalhos forçados, airmã Caleta nunca renunciou aDeus.Um dia, na rua, uma mulher, quepertencia a uma família comunista,pediu-lhe para baptizar o filho. Seriauma armadilha? Ali mesmo, emplena rua, pegou num pouco deágua, verteu-a sobre a cabeça dacriança e baptizou-a. Arriscou tudonaquele gesto. Até a própria vida.Hoje, ao lembrar esse episódio, aolado do Papa Francisco, a irmãMaria Calena diz-se assombradapela sua própria coragem, por terfeito tanto com tão pouco. Violenta perseguiçãoA pior censura é a que se instaladentro das pessoas, a que nasce domedo. Na Albânia, durante aditadura de Enver Hoxha, queliderou o país com mão de ferrodesde a II Guerra Mundial até 1985,qualquer pessoa podia serdenunciada. A posse de um terço,de uma Bíblia, de um crucifixo, eramsuficientes para condenar

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alguém à morte. Centenas depadres e religiosas foram mortos.Muitos foram fuzilados enquantogritavam “Viva Cristo-Rei!”.O regime decretou-se oficialmenteateísta. Perseguiu, maltratou,violentou padres e freiras. Lançou omedo nas pessoas. Ainda hoje sesente um vazio em muitas aldeiasnas montanhas.São poucos os católicos albaneses.Não são mais de 10 % dapopulação. O Papa Franciscoclassificou esses anos de ditaduracomo o “Inverno do isolamento”.

O país de Madre Teresa de Calcutácomeça agora a sair da penumbra,a descobrir a democracia, o convíviofraterno entre religiões. Ao escutaras memórias sofridas do padreSimoni e da irmã Caleta, o Papalembrou-lhes que “Deus nunca osabandonou”. Hoje, na Albânia, aIgreja precisa de ajuda. É precisovoltar a catequisar crianças ejovens, voltar a encher osseminários, trazer de novo a fé vivapara as ruas. A Igreja da Albâniaprecisa de ajuda, da nossa ajuda. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Cuidar até ao fim…

Tony Neves

Até os cuidados paliativos têm direito a um diamundial. É a 12 de Outubro. Tempos houve (enão são longínquos) em que a aproximação ámorte trazia o terror de dores indescritíveis. Nãohavia os meios médicos que hoje existem paraaliviar as dores mais intensas provocadas poracidentes ou doenças que causam enormessofrimentos.Os tempos que vivemos são outros, graças àmelhoria significativa dos cuidados paliativos. Osofrimento vai fazer sempre parte da vida, mashá dores que faz sentido aliviar, sem que issorepresente qualquer abertura de caminho áeutanásia. A dor fará sempre parte da vida, masnão podemos ser masoquistas e passar ao ladode meios de assistência que nos permitem alivia-la.Sabemos que ‘não há almoços grátis’, isto parapegar numa máxima dos economistas que provaque tudo na vida tem custos e alguém os temque pagar. Tal pode dizer-se da rede decuidados paliativos, espalhada por muitoshospitais, clínicas e centros de saúde. Dada asua importância, era fundamental que todos osgovernos investissem muito nela. Em algunspaíses, tal já acontece. Ter garantia que, quandoa dor extrema aparece, as pessoas podemrecorrer a estes cuidados, dá serenidade evontade de viver até ao fim. Quando tal nãoacontece, instala-se o pânico e pede-se a Deuse á família que ajude a apressar a chegada dahora da morte, tal o desespero que se vive.Há ainda um outro aspeto a contemplar quandose aborda o delicado e complexo tema doscuidados paliativos: o do acompanhamento dosdoentes

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por parte da família e dos amigos.Muita gente acha que, quando umfamiliar ou amigo está numa fase davida que precisa de cuidadospaliativos, não precisa de presençae carinho, pois as máquinas, osquímicos e o pessoal de saúde sãosuficientes para garantir uma boamorte. Nada de mais errado edesumano. É nestas horas depassagem que os doentes maisprecisam de ver os rostosconhecidos, de sentir os seusabraços e beijos, de ter ali ao pé aspessoas de quem mais gosta.Mesmo quando,

aparentemente, já não reconhecemninguém nem transmitemmensagens que indiciem a alegriade ter os entes queridos ao seulado. E mesmo que o estado dodoente já seja de coma, a famíliatem de manter presença até ao fim,como gesto de gratidão pela vidapartilhada.Há que viver com dignidade, há quemorrer com sentido e serenidade.Há que acompanhar as pessoas nashoras boas e más, quando tudocorre bem e quando a hora damorte se aproxima. Assim damossentido à vida dos outros e á nossa.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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Entre o divino e o humano

Manuel de LemosPresidente da União dasMisericórdiasPortuguesas

A identidade das Misericórdias é composta,sobretudo, por duas grandes linhas orientadorasa que chamamos obras de misericórdia corporaise obras de misericórdia espirituais. Sete cadauma delas, 14 ao todo. Representam o conteúdoprogramático que há mais de 500 anos inspira aatuação das Santas Casas em Portugal.É certo que os tempos são de urgência corporale material. Dar de comer a quem tem fome e debeber a quem tem sede, entre outras obrascorporais, têm marcado a atuação quotidiana dasnossas instituições. Acudir a quem nos procuratem sido a palavra de ordem junto de provedorespor todo o país. Com muito esforço e “ginásticafinanceira”, temos conseguido dar respostaatempada a todos os cidadãos que, nestemomento, estão a viver situações de maiordificuldade e fragilidade.Por sua vez, a face espiritual da atividade dasMisericórdia foi, continua a ser e certamenteserá, um elemento de fundamental importânciapara construção e consolidação da nossaidentidade comum. Dar bom conselho e consolaros aflitos são duas dessas sete obras que,juntamente com as corporais, orientam a nossaatuação enquanto instituições de natureza einspiração cristã.Mas há ainda um outro símbolo de extraordináriaimportância quando refletimos sobre a nossaidentidade: a Nossa Senhora da Visitação.Inspirada na passagem bíblica, a sua iconografiamostra-nos o momento em que Nossa Senhoradeixa todos os seus afazeres para acudir a primaSanta Isabel

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num momento delicado da suagravidez em idade já avançada.Ao longo dos séculos arepresentação da Nossa Senhorada Misericórdia obedeceu aomesmo critério: a Virgem com osbraços abertos, segurando o manto,sob o qual se abriga um grupo depessoas ordenadas por estatutosocial, de um lado a hierarquia daIgreja, que representa o poderespiritual, do outro o poder temporalou corporal, representado por reis efidalgos. O manto pode aindarepresentar o amor materno, amisericórdia perante toda ahumanidade. A simbologia

é tão marcante que em muitasrepresentações, os reis aparecemcom as suas coroas colocadas nochão, um sinal claro de humildadeperante uma Nossa Senhora que é,ao mesmo tempo divina ehumanista. Mas haverá ainda umasegunda interpretação. Os braçosabertos da Nossa Senhora daMisericórdia podem representar umconvite a todos aqueles quedesejem fazer misericórdia pelosoutros.Muito mais ainda poderíamos refletirsobre possíveis interpretações daiconografia que nos temacompanhado há séculos. E foijustamente esse convite quefizemos,

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em parceria com a CooperativaÁrvore, a um grupo de 19 artistascontemporâneos: que olhassempara Nossa Senhora da Misericórdiacom um olhar atual e capaz demostrar, nos próximos séculos,como era interpretado ecompreendido este símbolo maiorda nossa identidade.O convite foi bem recebido e aolongo de 2014 a exposição de 25telas, sob o tema “A Senhora doManto Largo: um olharcontemporâneo”, esteve patente emtrês cidades do país (Porto, Bragae, mais recentemente, Lisboa). Asinterpretações são variadíssimas,mas atingem o que considero ser oaspeto fundamental: convidam àreflexão sobre o que são e podemser as Misericórdias nos dias dehoje.

É certo que os tempos que corremnão estão muito famosos para seinvestir em arte mas é nosmomentos mais difíceis queencontramos força para construir ofuturo e afirmar a nossa missão.Acreditamos que através destainiciativa vamos conseguir mostraràs comunidades a força damodernidade e da atualidade(apesar dos nossos cinco séculos)das nossas instituições.Mas mais importante de tudo,lembrar que o manto, representativoda capacidade de entrega e doamor materno, continua, nos dias dehoje, a estender-se a todos, masque representa também umarelação que nos tem inspiradodesde sempre: a relação entrecorpo, alma e espirito. Entre o céu ea terra. Entre o divino e o humano.

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