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Page 1: Ano Pastoral - Agência ECCLESIA...Muito se tem insistido na contraposição de opiniões a respeito de vários dos temas abordados, como se estivéssemos diante de um ato eleitoral
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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional24 - Opinião D. Manuel Linda26 - Semana de.. José Carlos Patrício28 - Dossier Legislativas 2015

50- Multimédia52- Estante54 - Concílio Vaticano II56- Agenda58 - Por estes dias60 - Programação Religiosa61 - Minuto Positivo62 - Liturgia64 - Ano da Vida Consagrada68 - Fundação AIS70 - LusoFonias

Foto da capa: D. R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Sínodo dosBispos 2015[ver+]

Ano Pastoralarranca nasdioceses[ver+]

As prioridadesapós as eleições[ver+]

D. Manuel Linda | Eugénio Fonseca |Pedro Vaz Patto | António Bagão

Félix | Alfredo Bruto da Costa |Manuela Silva | Eduardo

Duque| Fernando Cassola Marques|Octávio Carmo | Manuel Barbosa

| Paulo Aido | Tony Neves | JoséCarlos Patrício

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Hora das decisões

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O Sínodo dos Bispos sobre a família encerra umciclo iniciado há dois anos, com um inquérito quegerou uma participação inédita nas comunidadescatólicas de todo o mundo. A importância deouvir antes de decidir é uma dar marcas de umbom líder e, neste caso, fundamental para que odiscurso católico sobre a realidade familiar nãoseja descarnado, abstrato ou distante da vidadas pessoas.Muito se tem insistido na contraposição deopiniões a respeito de vários dos temasabordados, como se estivéssemos diante de umato eleitoral ou de um processo político.A resposta “conciliadora” de muitos dosparticipantes tem passado, várias vezes, porsublinhar a dimensão pastoral, sem colocar emcausa a doutrina. Este talvez seja um dos bonsexemplos da linguagem “codificada” que muitasvezes sai do interior da assembleia sinodal paraa opinião pública, pouco capacitada paradistinguir planos teológicos.Quando se fala em mudança de linguagem, narelação Igreja-Família, é preciso ter em contaque estamos a tratar de muito mais do que umaoperação de cosmética. As famílias católicas nãopodem viver em piloto automático, sem entendero ensinamento da Igreja sobre a sua vida diária,nas mais variadas dimensões, e o discursoteológico tem de conseguir traduzir-se emlinguagem corrente, até para evitar ficarprisioneiro de preconceitos e reduções quelimitam a sua compreensão e alcance.

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Estou certo de que estapreocupação está presente nosdebates, que ultrapassam em muitoas questões fraturantes e maismediáticas.O documento de trabalho deixavaaos participantes no Sínodo arecomendação de incluir nodiscurso familiar da Igreja Católicauma dimensão simbólica,experiencial, significativa,convidativa, aberta, alegre, comesperança e clareza. Mais de 30anos depois da exortação apostólica‘Familiaris Consortio’, de São JoãoPaulo II, o processo sinodal tem sidochamado a renovar a reflexão sobrea família, perante realidades muitodiferentes e em

transformação constante.Os membros do Sínodo, comorecordava um dos participantes, têmcomo “audiência” o mundo inteiro etêm, por isso, de ultrapassar o“discurso eclesial”, “codificado”, quefunciona apenas em circuito interno.Com ou sem expetativas irrealistas,com ou sem pressão mediática, nofim de contas a verdade é que muitose espera, justamente, destas trêssemanas de trabalho.

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Importa, pois, criar as condiçõespolíticas que permitam melhorar obem estar do nosso povo e reforçara credibilidade externa do País.(Presidente da República, 6 deoutubro) “O PS assume aresponsabilidade que lhe foicometida de garantir que avontade dos portugueses nãose perca na ingovernabilidade,no vazio ou no adiamento”Comunicado da ComissãoPolítica do PS, 7 de outubro) “Embora sustentado no apoioparlamentar dos dois partidossubscritores, atento o novo quadroparlamentar, as condições do novociclo político que ora se inicia e aresponsabilidade que se exige atodas as forças políticas, bem comoaos parceiros sociais, o Governoatuará com um permanente espíritode compromisso, desenvolvendo asnegociações adequadas para aconstrução, nos mais diversosplanos, dos necessáriosentendimentos”(ACORDO DE GOVERNO PSD/CDS,7 de outubro)

“Caros irmãos, como disse, oSínodo não é um parlamento, ondepara se chegar a um consenso ou aum acordo comum, se recorre ànegociação, a pactos ou acedências. O único método doSínodo é o de abrir-se ao EspíritoSanto, com coragem apostólica,humildade evangélica e oraçãoconfiante”(Papa Francisco na abertura doSínodo dos Bispos, 5 de outubro) “[O Papa] disse-nos “a doutrinanão está em causa e eu sou oprimeiro garante dela”. O quenós percebemos é que há onosso trabalho aqui e depoistambém há os media e as suasprioridades e as suasperspetivas que não coincidem.Mas nós estamos aqui para fazero nosso Sínodo e não o Sínododos media”(D. Manuel Clemente à RádioVaticano, 7 de outubro) “Não devemos pensar que hajacomplôs, pessoas que procurammanipular”(Padre Federico Lombardi, 8 deoutubro)

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Dioceses lançam novo ano pastoralVárias dioceses portuguesasassinalaram este sábado e domingoo início do novo ano pastoral, tendocomo pano de fundo a convocaçãode um Jubileu da Misericórdia, peloPapa Francisco.O arcebispo de Évora apresentouas principais linhas do planopastoral 2015-2016 desafiandocerca de 800 diocesanos acontrariar uma sociedade“consumista e egoísta”. [O tema] éum imperativo, acolher e praticar amisericórdia é parte essencial davida cristã. A Igreja ao longo dostempos tem-se esforçado poracolher e praticar a misericórdia demuitas formas mas, infelizmente,com o passar do tempo essasíntese de doutrina foi sendodeturpada e algo esquecida”, disseD. José Alves, este domingo, no Diada Igreja Diocesana realizado noPavilhão dos Salesianos.Já o bispo de Lamego desafiou oscatólicos da diocese a viver o anopastoral com “novas atitudes,modos e estilos de vida”, rejeitandoum estilo de vida de “frases feitas”.“Nenhuma comunidade podecontinuar a cantar a capella, comose tivesse direitos adquiridos sobreo próprio Jesus

ou sobre o Evangelho, e todosdevemos entrar, decididamente ecom todas as forças, semdesperdício algum, naqueledinamismo do ‘saiamos, saiamos’com que o Papa Francisco projeta esonha a nossa Igreja”, explica D.António Couto, na carta pastoral ‘Idee fazei da casa de meu pai casa deoração e de misericórdia’.O bispo de Coimbra presidiu estedomingo à Eucaristia de abertura doAno Pastoral, na qual desafiou oscatólicos a ser “discípuloscorresponsáveis” que apresentam asua fé de forma concreta. “Nunca aevangelização se fez só compalavras, porque elas passam.Sempre se fez com gestos etestemunho, pois esses arrastam, eo mundo precisa mais detestemunhas do que de mestres”,explicou D. Virgílio Antunes, na SéNova de Coimbra.O arcebispo de Braga, por sua vez,desafiou as comunidades católicas apartilhar a sua fé incentiva à partilhada fé numa época de “relativismocultural”, marcada “peloindividualismo e narcisismo”. D.Jorge Ortiga apresentou a nota‘Missão sem Fronteiras’, para o anopastoral,

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convidando a “expressar a alegriade uma fé anunciada” com oestatuto de “discípulos missionários”que correspondem ao “desafio deCristo”.O programa da Diocese de Viana doCastelo para 2015-2016, intitulado“Sede Misericordiosos”, dedicaespecial atenção à família,sobretudo aos “mais frágeis” comoos idosos e doentes. Na sua notapastoral, publicada através dainternet, D. Anacleto Oliveira realçaa necessidade de cuidar maisdaqueles que, pela sua debilidade,são muitas vezes “marginalizados edesprezados” por “uma sociedadeprogramada para

a eficácia” e para o “lucro”, comojá denunciou também o PapaFrancisco.O bispo de Leiria-Fátima apresentouàs comunidades locais a sua cartapastoral para o biénio 2015-2017,um documento centrado na figurade Nossa Senhora mas que desafiaos cristãos a irem além da “meradevoção sentimental”. No texto,divulgado pelo serviço decomunicação diocesano, D. AntónioMarto invoca as aparições de Mariano Santuário de Fátima, em 1917,que “quase cem anos volvidos”continuam “a impressionar” pelaatualidade da sua mensagem”.

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Movimentos católicos pelo trabalhodignoA Juventude Operária Católica(JOC) associou-se às celebraçõesdo Dia Internacional do TrabalhoDigno e denunciou as tentativas depromover a “resignação” face aodesemprego ou a precariedadelaboral. “Há uma tentativa de que asociedade olhe para o desempregocom resignação, aceitando-o comoalgo natural e inevitável, sentimos,também, através do contacto comdiferentes jovens e adultos, que otrabalho precário e não dignotende a ser igualmente aceite”,explica a JOC num comunicadoenviado à Agência ECCLESIA.O movimento juvenil católicoincentiva à denúncia do“desemprego e trabalho não digno”que são problemas estruturantesda sociedade e “não permitemprogredir socialmente”.A Liga OperáriaCatólica/Movimento deTrabalhadores Cristãos(LOC/MTC) também se associou àcampanha internacional peloTrabalho Digno, a 7 de outubro,pelos “direitos sociais a toda apopulação mundial”, parareivindicar um “Rendimento BásicoIncondicional”.“Queremos avançar noreconhecimento prático dosdireitos ao trabalho e dos direitossociais dos trabalhadores emanifestar a nossa

vontade de contribuir para oestabelecimento de princípios deorganização social onde cada família,cada pessoa, possa viver comdignidade”, explica a LOC/MTC.Os trabalhadores cristãoscontextualizam que a mercantilizaçãodos trabalhadores, da vida social, e odomínio da economia financeirasobre a economia de produção “é ummodelo que absorve os recursos e osconsagra à rentabilidade de algunssem o controle social e político, emdetrimento da sorte dostrabalhadores, da natureza e doplaneta”.Para a organização este modelo“provoca medo” e indiferença perante“os acontecimentos da vida e osofrimento das pessoas”. “Estemodelo faz-nos parecer normal o queé imoral e destrói profundamente osentido de justiça, do bem comum edo destino universal dos bens”.

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Bispo de Portalegre-Castelo Brancopede oração pelas famíliasO bispo de Portalegre-CasteloBranco pediu, numa mensagem àssuas comunidades, “oração” pelosucesso dos trabalhos do Sínodosobre a Família, tendo “presente”nas suas intenções “a família,todas as famílias da diocese esobretudo aquelas que, por causada ausência de Deus na vidapessoal e familiar, sofrem a solidãoe a instabilidade”.D. António Dias espera que aspessoas tenham também em mente“todas as famílias feridas pelasguerras, os exílios, a fome, aexclusão, as doenças, aseparação, o divórcio, os maustratos, o desemprego, ainsegurança, a falta de habitação ede acesso à cultura e à saúde”.No documento orientador doSínodo, é referido “que aexperiência do fracassomatrimonial é sempre uma derrota,não escolhida em plena liberdade,mas aceite com muito sofrimento”.“Uma situação dolorosa que nãotemos o direito de julgar, condenarou apontar”, frisa o bispo dePortalegre-Castelo Branco, queconvida as suas comunidades arezar “pelos jovens, para que seenvolvam verdadeiramente numaséria preparação para o seumatrimónio”.

“Neste olhar suplicante”, prossegueD. Antonino Dias, “não esqueçamosos avós que sofrem, silenciosa masamargamente, a dor própria e a dosseus, a falência do casamento deseus filhos e netos e veem, porvezes, as crianças a seremabandonadas ou a serem objeto dedisputa sem qualquer atenção à suador e tristeza”.O início do Sínodo dos Bisposdedicado à Família vai coincidir com apassagem da imagem peregrina deNossa Senhora de Fátima pelasparóquias da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.Uma vez que está a participar nostrabalhos sinodais, D. Antonino Diasestará “ausente” desta festa maspróximo na “esperança de que elaajude todos os seus diocesanos aabrirem o seu coração à Mãe deDeus”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Visita do novo bispo coadjutor à Diocese de Angra

Apresentação do projeto «Caminhos de Fátima»

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Francisco lança trabalhos daassembleia sinodal sob o signo dodiálogoO Papa Francisco disse estasegunda-feira no Vaticano que oSínodo dos Bispos “não é umcongresso ou uma convenção, umparlamento ou um senado” onde senegociam decisões. “Caros irmãos,como disse, o Sínodo não é umparlamento, onde para se chegar aum consenso ou a um acordocomum, se recorre à negociação, apactos ou a cedências. O únicométodo do Sínodo é o de abrir-seao Espírito Santo, com coragemapostólica, humildade evangélica eoração confiante” declarou, naprimeira sessão de trabalho da 14ªassembleia geral ordinária desteorganismo consultivo, dedicado aotema da família.Francisco sublinhou que o “depósitoda fé” da Igreja Católica não é “ummuseu para olhar ou salvaguardar,mas é uma fonte viva”. “O Sínodo éuma expressão eclesial, isto é, aIgreja que caminha em conjuntopara ler a realidade com os olhos dafé e o coração de Deus”, precisou.Nesse sentido, convidou a “valorizare refletir em conjunto” o trabalhorealizado desde a reuniãoextraordinária de 2014, sobre

os mesmos temas, elogiando “todasas pessoas que se deixam guiarpelo Deus que surpreende sempre”,do Deus que “criou a lei e o sábadopara o homem e não ao contrário”.“O Sínodo, como sabemos, é umcaminhar juntos, com o espírito decolegialidade e sinodalidade,adotando corajosamente afranqueza (parrésia, no original)”,assinalou.O Papa pediu que os participantestenham sempre em vista “o bem daIgreja, das famílias”, falando doSínodo como “um espaço protegido,onde a Igreja experimenta a ação doEspírito Santo”.No domingo, Francisco inaugurou anova assembleia do Sínodo dosBispos sobre a família com umahomilia em que apresentou“verdade” e “caridade” como chavesdo debate de três semanas. “Nestecontexto social e matrimonialbastante difícil, a Igreja é chamada aviver a sua missão na fidelidade, naverdade e na caridade”, declarou,na Missa a que presidiu na Basílicade São Pedro, no Vaticano.A intervenção desafiou por isso aIgreja a propor “o significadoautêntico do casal e da sexualidade

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humana no projeto de Deus”, num“amor conjugal único e usque admortem” (até à morte).“Paradoxalmente, também o homemde hoje – que muitas vezesridiculariza este desígnio – continuaatraído e fascinado por todo o amorautêntico, por todo o amor sólido,por todo o amor fecundo, por todo oamor fiel e perpétuo”, prosseguiu.

Esta verdade, acrescentou opontífice argentino, “não se alterasegundo as modas passageiras ouas opiniões dominantes”.Os trabalhos da 14ª assembleiageral do Sínodo dos Bispos (4-25 deoutubro) vão ter mais espaço para odebate e o diálogo, com 13 sessõesde trabalhos em grupo.

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Um Sínodo imune às teorias daconspiraçãoO porta-voz do Vaticano disse hojeem conferência de imprensa queos trabalhos do Sínodo dos Bispossobre a família estão a decorrernum clima de “lealdade” e diálogoaberto, sem quaisquer "complôs".“A visão que todos temos de ter doSínodo, dentro e fora, é a de umprocesso de partilha, decomunicação, que acontece comserenidade e sinceridade”, referiuo padre Federico Lombardi, emresposta a uma pergunta, pelosegundo dia consecutivo, sobre a“hermenêutica da conspiração”que o Papa teria condenado.Segundo o diretor da sala deimprensa da Santa Sé, Franciscoquis pedir aos participantes quetenham “plena confiança” nosoutros, rejeitando a existência dequaisquer tentativas de “manipular”o SínodoO arcebispo de Filadélfia (EUA)confirmou na quarta-feira que oPapa alertou os participantes noSínodo para a criação de um climade “conspiração” que prejudicariao debate sobre a família.“Devemos evitar pensar nos outroscomo alguém que conspira contranós,

mas trabalhar pela unidade entre osbispos”, disse D. Charles Chaput.O prelado norte-americano respondiaa uma pergunta sobre um alerta doPapa para a “hermenêuticaconspirativa”, expressão divulgadaesta terça-feira através das redessociais pelo jesuíta António Spadaro,que participa no Sínodo.A divergência de opiniões é vistacomo algo natural pelo arcebispo deFiladélfia, o qual disse mesmo que“nunca” esteve numa reunião daIgreja sem grupos que se juntassempara “fazer lóbi numa direção emparticular”. “Não devemos ficarescandalizados ou surpreendidos”,prosseguiu D. Charles Chaput,destacando a importância da“honestidade” neste debate.

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D. Manuel Clemente afasta receiossobre mudanças doutrinaisO cardeal-patriarca de Lisboadisse à Rádio Vaticano que ostrabalhos do Sínodo dos Bispossobre a família não têm o objetivode colocar em causa “a doutrina ea tradição cristã sobre a família”.“Antes pelo contrário, [o Sínodo]está a reavivá-la, a compreendê-lamelhor, a apresentá-la a todos,porque com a compreensão quedevemos ter com as mais diversassituações que existam, temos decorresponder a essas situações”,assinalou D. Manuel Clemente.O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP)sublinha a “grande afinidade” coma mensagem que o Papa tem vindoa deixar, com intervenções navigília de oração e na Missa quemarcaram o início do Sínodo, nosábado e domingo, para além dosdiscursos nas reuniões gerais desegunda e terça-feira. “[O Papa]disse-nos “a doutrina não está emcausa e eu sou o primeiro garantedela”. O que nós percebemos éque há o nosso trabalho aqui edepois também há os media e assuas prioridades e as suasperspetivas que não coincidem.Mas nós estamos

aqui para fazer o nosso Sínodo e nãoo Sínodo dos media”, advertiu.O cardeal-patriarca assinala aimportância do reforço do papel dafamília nas comunidades cristãs.“Trata-se de radicar, cada vez mais, anossa proposta sobre a família,contando muitíssimo com aexperiência das famílias cristãs,dando essa mesma resposta àsproblemáticas que se põem”, precisaD. Manuel Clemente, um dosdelegados da CEP, juntamente comD. Antonino Dias, bispo dePortalegre-Castelo Branco.O presidente da CEP elogia o espaçodado aos trabalhos de grupo noschamados ‘círculos menores’ (13sessões ao longo de três semanas),com a possibilidade de “falar eintervir”, ouvindo “padres sinodais,auditores, também leigos e casais”.

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Patriarca sírio fala em «inferno» dasfamílias cristãs no Médio OrienteO patriarca sírio Inácio Youssif IIIYounan denunciou hoje noVaticano o “inferno” daperseguição religiosa contracristãos no Médio Oriente,criticando o “oportunismoeconómico” do Ocidente.“Sentimos que fomos esquecidos,mesmo traídos pelos paísesocidentais”, referiu.O responsável falava naconferência de imprensa deacompanhamento do Sínodo dosBispos sobre a família, que decorreaté 25 de outubro, no dia em quejihadistas revelaram ter decapitadotrês cristãos em Kahbur, Síria.O patriarca siro-católico, quereside no Líbano, admitiu que oscristãos estão “alarmados”,referindo-se a uma “provaçãocatastrófica” para as famílias, quefazem “todos os possíveis para sairdo inferno, particularmente doIraque e da Síria”.“Estamos verdadeiramenteimpotentes diante desta situaçãotrágica”, acrescentou, lamentandoem particular a saída dos jovens.D. Inácio Youssif III Younanlamentou a indiferença perante os“ataque terroristas” doautoproclamado

Estado Islâmico “Os cristãos sãoperseguidos, são raptados, temospresentemente centenas de pessoassequestradas”, precisou.Para o responsável, vive-se um“fenómeno catastrófico” que vaiafetar os cristãos “durante muito,muito tempo”.Nesse contexto, reforçou as suascríticas à “política de oportunismoeconómico” das potências ocidentais.“Chega deste oportunismo, é precisofazer de tudo para devolver a paz e aestabilidade”, apelou.A situação das famílias cristãs noMédio Oriente, afetadas pelosconflitos na Síria e no Iraque, bemcomo pelas perseguições doautoproclamado ‘Estado Islâmico’,tem sido debatida no Sínodo dosBispos.

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Menos burocracia e mais espíritofamiliarO Papa defendeu no Vaticano queos responsáveis políticospromovam um “reconhecimentoadequado” das famílias econstruam uma sociedade commenos “burocracia”. “Não só aorganização da vida comumencalha cada vez mais numaburocracia completamenteestranha aos laços humanosfundamentais mas também,infelizmente, os costumes sociais eda política dão mostras, muitasvezes, de sinais de degradação -agressividade, vulgaridade,desprezo -, que estão bem abaixodo limiar de uma educação familiarmínima”, alertou, durante aaudiência pública desta semana.Perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro,Francisco lamentou que asociedade moderna avance doponto de vista científico etecnológico sem conseguir traduziresse conhecimento “em melhoresformas de convivência social”.O tema está no centro da 14ªassembleia geral ordinária doSínodo dos Bispos, a decorrer noVaticano, da qual o Papa sublinhouo “entusiasmo” com que se têmvivido os trabalhos. “Que oentusiasmo

dos padres sinodais, animados peloEspírito Santo, possa fomentar oimpulso de uma Igreja que abandonaas velhas redes e vai pescar de novo,confiando na palavra do seu Senhor”,pediu.Neste contexto, o Papa sustentou queas famílias são “uma das redes maisimportantes” para a sua missão e ada Igreja, “não uma rede que fazprisioneiros” mas que “liberta daságuas estragadas do abandono e daindiferença”.Francisco sublinhou que a vida dasfamílias exige “toda a atenção ecuidado” da Igreja Católica. “Para aIgreja, o espírito de família é comoque a sua carta magna: a Igreja é edeve ser a família de Deus (…),através da família, a Igreja sai denovo a pescar para evitar que oshomens se afoguem no mar dasolidão e da indiferença”, precisou.

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14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos

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Davide, o «bebé do Sínodo»

Abertura da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos

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Ser mais família ou acabar com ela?

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Segurança

Os Madureira presentearam-se com um aquário.Decidido o modelo e o lugar da colocação,combinaram também comprar quatro peixinhos,de cores distintas, tantos quantos os membrosda família: o pai, a mãe, o Vicente e a Maria, orebentinho de poucos meses. Quanto tudoestava como previsto, num jeito de felicidade nãocontida, o pai Jorge sentenciou: “Agora, nestacasa, vivem duas famílias: a nossa e a dospeixinhos”. Mas o Vicente, reguila nos seuspouco mais de três anos e intuitivo no que a suacurta vida já lhe permitiu apreender, contestouradicalmente: “Eles não são como nós. Elesroubam a comida uns aos outros. Não sãofamília!”. E o Jorge e a D. Raquel entreolharam-se como quem descobre a verdade do ensino deuma criança: nem toda a convivência é sinónimode família.Por causa do Sínodo dos Bispos, este mês deOutubro vai ser marcado pela temática da famíliae pela informação e desinformação que nos viráde Roma. Para lá de toda a poeira que um temadestes levanta, creio que são duas as certezasque importa ter bem presente: que a família éuma realidade tão rica e estruturante que, emcada tempo, merece e precisa de uma reflexãoque lhe faça luzir os seus quilates de ouro fino; eque não é a pura reflexão quem salva a família,mas aquela «força de vontade» que leva apessoa a adaptar-se a ela e não a «vontade daforça» que pretende que seja a família aadaptar-se a si, como advoga o individualismo eo hedonismo contemporâneos.Sim, se um marido chega a casa e dá mau viver

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à mulher e aos filhos; se o filhocoloca o centro de gravidade emqualquer outro lugar, menos nodiálogo e no são convívio do seular; se a mãe se preocupa com tudo,excepto com a promoção de umacomunidade de valores ehumanismo; e até se Deus tem depermanecer à porta, eternamente,porque a entrada é franqueada acães e gatos, cobras e lagartos,mas a Ele não, então a família,inexoravelmente, caminha para adegradação. E não há Sínodo nemreflexão profunda que lhe valha.As estruturas humanas,precisamente porque humanas nãopodem

ser tão rígidas como o aço: é da suanatureza uma certa maleabilidade.Mas, precisamente porqueestruturas, portam consigo a ideiade algo que pré-existe à pessoa e aquem esta deve adaptar-se, aindaque com algum esforço. De outraforma, como pretendem tantos, aestrutura desaparece e dela ficaapenas o nome que se atribui aosinteresses e situações mais obtusas.Desiludam-se os da mudança pelamudança, mas o Sínodo nãopercorrerá esta via. E, lá no fundo,não foi para isto que o Vicentechamou a atenção?

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As “leaks” que interessam

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

Numa reflexão sobre os últimos dias, dominadosnão só pelas eleições legislativas mas tambémpelo fenómeno das “leaks” (fugas deinformação), disse para mim: e que tal falar deoutras “leaks”, que não despertam um debate tãoacérrimo e apaixonado, que não abremtelejornais, mas que seguramente são aquelasque mais interessam?Todos nós estamos recordados de casos como oWikileaks, envolvendo o jornalista JulianAssange, ou o NSAleaks, impulsionado peloanalista ex CIA Edward Snowden, até o Vaticanojá teve o seu caso, que ficou conhecido comoVatileaks.Em qualquer uma destas situações, a histeria foigeral, os media atiraram-se como tubarõesesfomeados sobre os dados, milhares e milharesde páginas foram escritas sobre o assunto,imagens repetidas até à exaustão, cenáriostraçados, soluções ou sanções debatidas…No meio de toda esta confusão, se todos estesrecursos, se as horas e horas de diretos, o queseria se todas as mentes que apareceram paracomentar se unissem para solucionar outros“casos”?Casos que são “denunciados” por pessoas,organizações ou sites que, não tendo o charmedo anonimato, chamam a atenção, produzem“leaks” que dizem respeito a todos mas queninguém parece interessado em ler, em debater,em resolver.Por estes dias, um estudo apresentado pelaorganização não-governamental Oxfamdenunciava o nível “inaceitável” de desigualdadeeconómica que se verifica na Europa.

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Segundo aquela instituição, mais deum quarto da população europeia,cerca de 123 milhões de pessoas,vive em risco de pobreza e deexclusão social, enquanto outros342 cidadãos vivem comomilionários.Em Portugal, refere o InstitutoNacional de Estatística (INE), o riscode pobreza ou exclusão socialatinge quase 30 por cento dapopulação, cerca de 2,8 milhões depessoas.Só para falar das crianças, ficamosa saber que cerca de 500 milpassam ou poderão vir a passardificuldades, pois vivem em famíliascom poucos recursos.Sobre a fome, o último relatório dasNações Unidas (ONU) alerta que“ainda existem cerca de 795 milhõesde pessoas em situação desubnutrição e fome no mundo”, umproblema que todos os anos tira avida a milhões de pessoas, incluindomais de 3 milhões de crianças.Aliás, a mesma organização refereque “todos os dias”, mais de“dezasseis mil crianças com menosde cinco anos de idade” perdem avida devido a fatores relacionadoscom a pobreza e a fome.Entre 1990 e este ano, a ONUsublinha que mais de “236 milhõesde crianças” morreram nestecontexto, número que ultrapassa ototal da população do Brasil. Agorafixemo-nos nessa imagem.

Mas existem mais páginas ondepodemos encontrar “leaks”relevantes e que deveriam fazerrefletir.A página da Associação Portuguesade Apoio à Vítima, por exemplo,segundo a qual, “em média, todasas semanas, 16 idosos e 19crianças são vítimas de crime”.Ou a página da Estratégia Nacionalpara a Integração das Pessoas emSituação de Sem-Abrigo,coordenada pelo Instituto deSegurança Social, que avançou que“pelo menos 4420 pessoas” vivemcomo sem-abrigo em Portugal, pertode mil no município de Lisboa.Oxfam, ONU, INE, APAV, ISS, sãopáginas e organizações poucoapetecíveis ou mediáticas, nestanossa sociedade da informação edo digital, na era dos “leaks” e dos“likes”.Mas ao contrário de algumas, quefecham passado poucos dias, elascontinuam a denunciar uma durarealidade que, essa sim, se não forverdadeiramente abordada esolucionada, ameaça o “interessenacional e internacional”, a“verdade” e a “justiça”, o bem-comum.Deixo uma última sugestão, a páginada Fundação Ajuda a Igreja queSofre, que no próximo dia 13 deoutubro vai apresentar os dadosmais recentes sobre a perseguiçãodos cristãos em todo o mundo.

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Os portugueses foram chamados a votar no

Governo para os próximos quatro anos, numaseleições marcadas pelo recorde da abstenção (43%)e, como recordou o jornal do Vaticano, votaram emcontracorrente face ao que tem acontecido noutros

países europeus submetidosa políticas de austeridade.

A coligação no poder ganhou as eleiçõeslegislativas,

mas sem maioria absoluta, o que abre agoranovos desafios. O Semanário ECCLESIA traz

a reflexão de vários responsáveis deorganismos eclesiais e especialistas católicos

que projetam as prioridades que, do seuponto de vista, devem presidirà formação do novo executivo.

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Os novos desafios de Portugalapós estas eleições legislativas

Eugénio FonsecaPresidente da CáritasPortuguesa

Portugal foi, mais uma vez, a votos. Foi nopassado dia 4 do corrente e, desta vez, para aeleição de um novo Parlamento e criação de umnovo governo de acordo com a decisão doPresidente da República.Tanto aos futuros parlamentares como aosgovernantes colocam-se dois desafios básicos: aopção irrenunciável pelo diálogo e uma atitudeconstantes de humildade. Diálogo que revele aprioridade dos interesses da nação face aos aosinteresses pessoais de cada deputado econveniências claramente partidárias. Pode serestranho referir a humildade como o segundogrande desafio: não é tanto o peso dadistribuição do poder legislativo, resultante dosufrágio, que não o atribuiu, claramente, a umasó força política – antes o dispersou por várias -,mas porque é necessário que, todos os quedecidem e/ou governam, tenham semprepresente que, o que lhes foi confiado, nãofoi poder mas serviço. Por outro lado, há medidas de organização doEstado e da sociedade portuguesa, em geral,que já não se compadecem com mais esperas.Refiro algumas de âmbito mais geral e outrasmais específicas: assumindo sempre as suasobrigações nos domínios do planeamento e damonotorização, descentralize boa parte das suastarefas, confiando nas potencialidades doscidadãos e das suas organizações. Isto só seráviável se for declarada uma corajosa guerra àburocracia anacrónica.Nas urgentes transformações necessárias

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à “maioridade” da sociedadeportuguesa é, sem sombras dedúvida, prioritária, a criação decondições para a revitalização daprática da democracia participativa,expressão de um sadio regimedemocrático. A escandalosapercentagem de cidadãos queoptaram por se abster, mais umavez, de irem às urnas, é a evidênciamais clara deste imperioso desafio. Para tal, os políticos têm que darmaior sentido ético ao seudesempenho, colocando o bemcomum à frente de interessesideológicos ou de manutenção do

poder, a qualquer preço. Éincontornável a assunção deestratégias que facilitem acolaboração dos cidadãos nodesenvolvimento do país. Não é oproliferar de organizações quepermitirá enfrentar, urgentemente,este desafio. Sem obstaculizar acriação de todas as que seconsiderarem indispensáveis,importa dar sustentabilidade econtribuir para a idoneidade daação das já existentes. Que oEstado conte com todas - sejam deque natureza e nível forem - econtribua para a transparência da

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sua missão e correto sentido cívicodas motivações dos que as dirigem.O Estado não tutela estasorganizações civis, mas deve ser umparceiro que, pela sua próprianatureza e fundamentos, tem umpapel especial e inquestionável acumprir.Os desafios mais concretos estão,em meu entender, na reestruturaçãodo Estado Social, no sentido de ofortalecer; na reforma da SegurançaSocial que, como expressão maisobjetiva da dimensão social doEstado, precisa de assentar numaproteção social dignificante doscidadãos; no combate ao dramáticodesemprego, não se focando nonúmero de postos de trabalho acriar, mas na dignidade das suascondições; na reestruturação domodelo tributário, sem a qualdificilmente se conseguirá umadistribuição justa da riquezaproduzida, tributando mais o capital que os rendimentos do trabalho; nocombate decidido e responsávelpela implementação de umaEstratégia Nacional paraerradicação da pobreza, a serassumida pelo Primeiro-Ministro,tendo em conta as propostas já

existentes; na criação de meios quelevem ao abaixamento dos gravesníveis de insucesso e abandonoescolar.Muitas outros desafios poderiam serenunciados, mas termino, com um que até não exigirá significativosencargos financeiros: a promoçãodo voluntariado, não só do que seopera nas instituições, mas tambémdaquele que, sendo mais informal,assegura o cumprimento de umprincípio fundamental para aconcretização de todos os desafiosacima enunciados: o daproximidade física e relacional.Finalmente, é fundamental que,quer o novo governo quer oparlamento nuncaconfundam desenvolvimentohumano com mero crescimentoeconómico.

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Uma Leitura Das Eleições

Pedro Vaz PattoPresidente da ComissãoNacional Justiça e Paz(CNJP)

Abundam, por esta altura, as leituras einterpretações dos resultados eleitorais. Talvez amais frequente seja esta: os eleitores aceitam omesmo governo, mas querem que ele passe agovernar de outro modo, de um modo maisdialogante.Depois de quatro anos de medidas deausteridade tão duras, e de sondagens que, aolongo desses quatro anos, invariavelmenteatestavam a impopularidade do governo, osresultados da coligação dos partidos que oformaram podem surpreender. A explicação paraesses resultados pode relacionar-se com amelhoria (tímida, é certo) da situação económica,ou com experiências alternativas, como a daGrécia, que se revelaram ineficazes.Mas a inexistência de uma maioria absoluta e anecessidade de entendimentos entre os partidosdo chamado “arco da governação” colocam umnovo desafio, que representa uma mudança dehábitos. Dialogar com mais humildade, buscarconsensos, apontar ao que une mais do que aoque separa, encontrar compromissos através decedências recíprocas, não corresponde muito aorelacionamento político dominante entre nós. Porvezes, propostas são rejeitadas só porqueprovêm do adversário, e não tanto por razões deprincípio. Tais hábitos contratam com os deoutros países, como a Alemanha, em quegovernos de “grande coligação”, baseadas empormenorizadas negociações, se mantêmestáveis. Não há, objectivamente, motivos para não

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obter esses consensos. Os trêspartidos em causa aceitam asexigências de disciplina orçamentaldecorrentes da moeda única. Ospróprios partidos da coligaçãoafirmaram na campanha eleitoralque consideravam prioritário ocombate às desigualdades que emPortugal persistem (e que, segundoalgumas fontes, se agravaram nosúltimos quatro anos).O Presidente da República já desdehá bastante tempo vem salientandoa importância desses consensosalargados. Há reformas estruturais,como a da Segurança Social, quenão podem ficar à mercê dassucessivas alterações de governo. Ainstabilidade nunca poderá serbenéfica num país que ainda nãorecuperou completamente da gravecrise que atravessou.

Este é, pois, um desafio colocadopelo novo cenário político.Uma outra observação me pareceoportuna.É provável que do novo Parlamentosurja uma nova vaga de alteraçõeslegislativas relativa às chamadas“questões fracturantes” (acesso deuniões homossexuais à adoção eprocriação artificial, legalização damaternidade de substituição,revogação das pequenas restriçõesao aborto introduzidas na últimalegislatura). Disso pouco se falou nacampanha eleitoral, ou poucoseleitores a isso estiveram atentos. Oalcance destas questões (que deveser qualificado como antropológico,relativo à própria conceção depessoa humana) justificaria outraatitude e que a elas fosse dedicadamais atenção.

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As legislativas do dia 4 de Outubro

Alfredo Bruto da Costa,Sociólogo, ex-presidenteda CNJP

1. Os resultados das eleições legislativas do dia 4 deOutubro corresponderam, de modo geral, ao queseria de esperar. É ainda cedo para uma análisecuidada dos resultados. Mas é possível extrairalgumas ilações políticas. 2. O primeiro aspeto a ressaltar é o do grau derepresentatividade que as eleições revelam. Comuma abstenção de 43.1 por cento, afirmações como“a sociedade portuguesa expressou claramente…”são deslocadas, uma vez que se referem a poucomais de metade dos eleitores. Acresce que a«sociedade portuguesa» abrange não só oseleitores, mas também a parte da população queainda não chegou à idade de votar. O grupo maisvotado (PSD/CDS), com 38.6 por cento dos votos,não representa senão cerca de 21.7 por centodos eleitores e percentagem ainda menorde cidadãos.É certo que razões de ordem prática introduzem nasleis eleitorais e nas regras que regem as instituiçõesdemocráticas simplificações que reduzem averdadeira representatividade e democraticidade dassituações. Todavia, vale a pena ter presentes estesaspetos da realidade, para termos uma ideia maisrealista do que representamos e perante que bemcomum somos responsáveis. 3. Creio que o cenário mais provável é o de acoligação mais votada ser convidada a formargoverno. Provável é também que a coligação queiraapresentar um governo estável, o que requer

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algum tipo de entendimento comos outros partidos. Provável é,ainda, que a coligação privilegie oPS. Neste caso, os partidosenvolvidos no governo somarão 71por cento dos votos.Entendimento em que sentido?Esta é a questão decisiva efundamental. 4. Uma das conclusões dosresultados eleitorais é a de que 61por cento dos eleitores nãovotaram, ou votaram contra, acoligação que governou durante osúltimos quatro anos. A coligaçãoperdeu a maioria absoluta,baixando 12 pontos percentuaisem relação ao total PSD+CDS de2011. Infere-se, pois, que, mesmoque o governo seja o mesmo, apolítica não poderá sê-lo.Neste entendimento, competirá àcoligação e ao PS construir umasolução maioritária, que, por nãoser homogénea, será maisdemocrática. Sabemos quais serãoos pontos de partida por parte dacoligação. Do PS esperar-se-áuma posição que permita introduzirna política a seguir pelo novogoverno a eliminação ou reduçãosubstancial das dimensõesdeficitárias do anterior governo,designadamente: i) ocaráter neoliberal da ideologiadominante; ii) a submissão

despersonalizada a ditames externos,ou sintonia com os mesmos; iii) oesvaziamento de palavras e valorespesados, tais como dignidadehumana, desigualdade, justiçasocial, defesa dos mais injustiçados,etc.; iv) o extremismo do pensamentoúnico e do austerismo; v) o déficede valores que não têm expressãomonetária.Neste panorama, o PS terá aoportunidade de afirmar edemonstrar, além do mais, queexistem alternativas praticáveis. Sebem que o entendimento devamanter-se aberto a todos os gruposrepresentados na AR, a parcela maiorde responsabilidade pelo consensoestará, naturalmente, na coligação eno PS.

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E agora?

António Bagão FélixEconomista, ex-presidente da CNJP

Há políticos e analistas que subestimam bastantea lucidez democrática dos eleitores. Todavia,mais uma vez, o povo foi sábio nas suasescolhas. Na minha opinião, por várias razões: 1) Os eleitores votaram para que o país tenhagoverno e não votaram para o país seringovernável. Por outras palavras, leio overedicto popular no sentido de uma minoriapara governar com maiores exigências e nãouma maioria negativa para - permita-se-me oneologismo - “ingovernar”. 2) Preferiram o “mal menor”, não trocando ocerto e esperado pelo incerto e errático; 3) Não premiaram os ziguezagues socialistasentre um programa mais à direita e um discursomais à esquerda; 4) No entanto, não deram uma maioria àcoligação PàF, mas tão-só a maior das minorias,o que é uma advertência avisada para, sendogoverno, agir com acrescido espírito deconcertação política, sentido de compromisso esensibilidade social; 5) Reiteraram não apreciar absolutismosgratuitos e inconsequentes, como o de AntónioCosta quando afirmou, no calor da campanha,que votaria contra um hipotético OE 2016 dacoligação;

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6) De novo, ficou provado que oseleitores não gostam dedissidências (ex-BE) ou ingratidões(PDR), ao não elegerem qualquerdeputado desses partidos oucoligações.O futuro próximo está confrontadocom uma convergência de factoresrestritivos ou condicionantes: aainda precária e frágil melhoriaeconómica, o fim de mandato doactual PR, a campanha eleitoralpara o seu sucessor e acircunstância da situação interna doPS nos próximos meses.Por isso, dois aspectos são

determinantes, na minha opinião: acapacidade de procurar consensose compromissos estáveis por partedo novo Executivo (o que se afigurabem difícil) e o que se vier a passarno PS, que está cada vez maisentalado entre a sua zona central(europeia e moderada) e a suamargem esquerda (anti euro e maisradical). Neste particular, foimarcante o inteligente discurso dopresidente da CM de LisboaFernando Medina, por ocasião dascelebrações do 5 de Outubro. Seem maioria, o ainda Governo foi

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limitado pelo TribunalConstitucional, agora, em minoria,terá que aceitar e discutir noParlamento as naturais divergênciascom as oposições.A estabilidade política das maioriasé, em geral, positiva, mas tambémabarca vícios e deformações. Ainstabilidade política (bem diferenteda institucional) inerente a nãomaiorias é, potencialmente negativa,mas pode conter em si soluçõespoliticamente mais arejadas. Opróximo governo PSD /CDS terá queser, como tal, um governo maisacentuadamente político na suacomposição e estratégia.O país não pode perder tempoquanto a reformas fundamentais (eduradouras) do Estado Social, doaparelho do Estado, da Justiça, dosistema eleitoral, entre outras. Acircunstância de, juntos, PSD, PS eCDS, apesar da descida para umdos níveis mais baixos, continuarema ter uma maioria constitucional de84% (em mandatos) e de 71% (dosvotos) deve ser tida em conta,nestes desígnios.Uma coisa, os eleitores têm tambémexpressado ao longo dos 40 anosde democracia: não gostam daideia sistemática de bota-abaixo, emparticular, de governos derrubados.Ou seja, o ónus de uma aprovadacensura a um governo recai, emlarga

medida, sobre os seusprotagonistas. Foi assim queCavaco Silva passou de minoritárioa confortavelmente maioritário. E foiassim (ainda que em contextosocioeconómico bem mais favorável)que Guterres cumpriu a únicalegislatura completa sem ter umamaioria no Parlamento.Há, de facto, uma maioria daesquerda, mas não uma maioria deesquerda. Salvaguardadas asdevidas e muitas distâncias, é comose, em França, se somasse nadireita o UMP (agora rebaptizado“Os Republicanos”) com a FrenteNacional. Um pormenor que pode teralguma importância é a elevadaprobabilidade de, após o escrutíniorelativo aos círculos da emigração,PSD + CDS terem mais mandatos (1apenas) do que PS + BE, o que nãoé despiciendo em termos doespectro da esquerda parlamentar.Uma nota final: depois de tantospolitólogos terem debatido aimportância dos debates PassosCoelho / Costa (sobretudo dotelevisionado), afinal a suaimportância deverá ter sido residual.Um último ponto para realçar que,desta feita, as sondagens epesquisas acertaram, à excepção doque se refere aos pequenospartidos. Textos também publicado no blogue

“Tudo menos economia” do jornalPúblico

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No rescaldo das eleições legislativasde 4 Outubro

Manuela SilvaEconomista, ex-presidente da CNJP

Escrevo este texto em período de reflexão, porconseguinte, ainda sem saber quais serão osresultados das eleições de 4 Outubro e, muitomenos, que governo virá a formar-se com basena leitura da expressão da vontade popular queresultar da votação.A minha reflexão incide sobre a experiência quepodemos e devemos recolher a partir da análisedos programas com que as diferentes forçaspolíticas se apesentaram diante do eleitorado ecomo conduziram as campanhas no sentido deobterem a adesão dos cidadãos e cidadãs àssuas propostas.Sobre os programas, participei e acompanheiuma reflexão feita no âmbito do Grupo Economiae Sociedade, reflexão essa de que se deupublicidade através do blogue A areia dos dias,em página autónoma intitulada Legislativas 2015:Olhares cruzados. Ao longo da campanha foram-se produzindo textos sobre um conjunto de áreastemáticas consideradas particularmenterelevantes para entender a situação presente eperspectivar um possível desenvolvimentohumano e sustentável no futuro.Da análise feita das diferentes propostaspartidárias fica a ideia de que é muitoinsatisfatório o teor dos programas com que ospartidos e coligações se apresentaram aoeleitorado. A lição a tirar é que haverá que sermais exigente no futuro,

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quer quanto à transparência e aorigor com que se analise a situaçãopresente quer relativamente acritérios de fundamentação dasopções feitas e estratégiasdefendidas, objectivos visados,solidez e viabilidade dasalternativas sugeridas e impactosesperados sobre a vida daspessoas e da sociedade. É umexercício que deve ser feito, desdejá, quando o futuro governo vierapresentar na Assembleia daRepública o respectivo programae, posteriormente, o plano e oorçamento para o próximo oupróximos anos.A democracia não se aprofunda esustenta com base em slogans, emposições clubísticas com fronteirasrígidas de os nossos e os outros,nem com operações de charme porparte dos políticos. Umademocracia madura carece decidadãos bem informados, dotadosde capacidade crítica paradiscernir a bondade dos objectivosvisados, a justeza das medidaspreconizadas e a previsibilidadedas respectivas consequências.

A este propósito, seria de preconizarque, em próxima governação, sedesse grande prioridade a um planonacional de formação para acidadania que abrangesse todos oscidadãos e cidadãs,independentemente da sua idade ede estrato social, ainda que, comparticular ênfase, junto da populaçãojovem e, de entre esta, os estudantesuniversitários. È impressionanteconstatar o desinteresse que grassaentre a população estudantil pelavida da sociedade e pela política nosentido mais nobre do termo de artede participar na construção de umbem comum. E por que não pensarem alguma modalidade de serviçocívico obrigatório para jovens pré-universitários e universitários?

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Um presente mais amigo do futuro

Padre Eduardo DuqueServiço Nacional daPastoral do EnsinoSuperior

1. Ao novo Governo, independentemente daconstituição final que venha assumir, pede-seque tenha um olhar comprometido com a famíliacomo o eixo central sobre o qual tudo assenta.Não creio ser possível falar de crescimentoeconómico, de desenvolvimento tecnológico oumesmo de desenvolvimento sustentável - temasque têm ganho tanta notoriedade nassociedades ditas complexas -, sem sedesenvolver políticas que visem o apoio real àfamília. Refiro-me a medidas que facilitem oencontro dos conjugues, como trabalhar numespaço que proporcione regressar à família nofinal dos trabalhos; medidas que protejam emtermos laborais a mulher que deseja engravidar;medidas que reforcem as capacidades eresponsabilidades de todos os seus membros;enfim, o próximo Governo deveria ser capaz decolocar a família - os direitos da família - nocentro do desenvolvimento e orientar as suaspolíticas para o verdadeiramente humano. Nãoimagino o peso que tem o valor da família emtodos os indicadores de desenvolvimento de umasociedade, inclusive, no indicador económico,mas não duvido que seja uma variável decretóriade profundo crescimento e este, sim,verdadeiramente sustentável. Neste sentido, umasociedade que não valorize a família é umasociedade doente, condenada ao fracasso, semfuturo e sem horizonte. 2. Além da promoção da família, estouconvencido de que os próximos tempos exigempolíticos com

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abertura de espírito para seremcapazes de olhar mais longe do que afronteira do seu umbigo; falo depolíticos com vontade de servir,políticos que façam incidir uma luzaguda sobre a sociedade,procurando soluções justas eeficientes para os problemas dodesemprego, da pobreza e daexclusão social. Os portugueses nãopodem permitir que os políticosignorem os pobres, os vulneráveis oudesprotegidos. Portanto, a cultura donovo Governo tem que assumir umapostura contra a

corrupção, tem que secomprometer com a verdade eencontrar novas formas deresponsabilização em casos defraude, imprudência, negligência,mentira, etc. 3. Pede-se, assim, ao novoGoverno que seja capaz de operarmudanças construtivas, quer em relação aele mesmo, quer em relação àspessoas. No primeiro caso, que elepróprio funcione bem, custe menose seja transparente. Já em relaçãoao segundo caso, que seconcentre no único capital queherdou e tem verdadeiramente aoseu dispor, que são as pessoas. Énecessário, para tanto, criar umarelação vital entre o Governo e aspessoas. 4. Finalmente, creio que é precisodevolver à vida o que lhe foiretirado e colocado num além ideal,devolvendo o humano ao real e ofuturo à história e isto é tarefa nãode um qualquer Governo, mas deum Governo que, no presente,pretenda ser mais amigo do futuro.

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Jornal do Vaticano destaca valoresda abstenção e efeitos daausteridadeO jornal do Vaticano destacou nasua edição de segunda-feira avitória da coligação PSD/CDS-PPnas legislativas de domingo, umresultado “em contracorrente” facea outros países com políticas deausteridade na Europa. O‘Osservatore Romano’ sublinha, poroutro lado, que a abstenção recorde(43%) mostra que “muitos eleitores,desiludidos com os políticos apósuma crise que pôs o país dejoelhos” preferiram “desertar dasurnas”.A coligação ganhou as eleiçõeslegislativas, ficando com 104deputados, sem maioria absoluta, àfrente do PS que garantiu 85mandatos; o Bloco de Esquerdaelegeu 19 deputados, mais dois quea CDU, e o PAN estreia-se naAssembleia da República, com umrepresentante. “Os analistassublinharam que os portuguesesvotaram em contracorrente, nãopunindo - como na Grécia ouEspanha - o Governo que conduziuo país através do túnel da crise comdrásticas medidas de austeridade”,

assinala o artigo do jornal‘L’Osservatore Romano’.O quotidiano recorda ainda quedesde a revolução de 1974 osexecutivos sem maioria absolutatêm, por norma, falhado na tentativade concluir a legislatura.Neste momento faltam apurar osresultados dos círculos Europa efora da Europa, que elegem quatrodeputados.

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Ética e Economia. Uma contribuiçãodas Igrejas em PortugalNão compete às Igrejas liderar oprocesso para enfrentar as múltiplasconsequências do desequilíbrioeconómico e financeiro que nosúltimos anos tem afetadoprofundamente a nossa sociedade.Mas não podem esconder princípiose valores Evangélicos que estão nabase dos direitos Humanos queurge a todo o custo defender epromover. Nesse sentido o ConselhoPortuguês das Igrejas Cristãs(COPIC) em DIÁLOGO com a Comissão Episcopal Missão e NovaEvangelização, promovem, no Porto,um encontro com este lema: Ética EEconomia, Uma Contribuição DasIgrejas Em Portugal. Terá lugar nosábado 10 de 0utubro das 10h30 às16h00 na Casa da Torre da Marca,Rua D. Manuel II, 286 (em frente aoPalácio de Cristal).Estão previstas duas comunicações:As bases bíblicas do temaapresentadas por D. António Couto,e a Economia de Comunhão naperspetiva de Iolanda Tovar, doMovimento dos Focolares.Depois do almoço, para o qual sepedem para levar alguns

alimentos para partilhar, projeta-seum Painel com representantes deAções concretas, um da IgrejaCatólica, um do COPIC, um daEconomia de Comunhão.Esta é uma iniciativa ecuménicasobre um tema transversal àsIgrejas Cristãs. Certamentepreconizada pela Carta Ecuménicapublicada em 2001, mostra-se deflagrante atualidade se tivermos emconta os acontecimentos de que osemigrantes e refugiados dos últimosmeses são protagonistas.Também ao serviço de uma ordemsocial mais justa e solidária, asIgrejas Cristãs em Portugal queremencontrar-se na reflexão paracolaborarem na ação com todas asforças e instituições ao serviço dobem comum.

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Plataforma de Apoio aos Refugiadosonline

http://www.refugiados.pt/ Como sabemos “está em curso amaior crise de refugiados desde a IIºGuerra, situação de uma enormecomplexidade, para a qual nãoexiste uma resposta simples, nemuma solução isenta de riscos eefeitos perversos. Há a noção daurgência da ação humanitária, quepede uma resposta imediata deacolhimento aos refugiados, semignorar as intervenções comimpacto a médio-longo prazo, comoa estabilização política, económica esocial das zonas de crise”. É assimque, enquadrado neste cenário,surge uma “plataforma deorganizações da sociedade civilportuguesa, para apoio aosrefugiados, na presente crisehumanitária”.

Ao digitarmos oendereço www.refugiados.pt encontramos um espaço digitalmuito bem produzido, quer ao nívelgráfico como ao nível dos conteúdosapresentados. Na página inicialdispomos dos principais destaques,de alguns vídeos com testemunhosde várias personalidades queapoiam este projeto e ainda ligaçõespara as principais redes sociais(twitter, facebook e instagram).Ao clicarmos em “sobre”, podemosficar a saber quem são os membrosfundadores, os membros aderentes,quais as entidades que apoiam esteprojeto e ainda submeter umformulário de inscrição de novosmembros. É ainda possível perceberqual a missão desta plataforma deapoio aos refugiados (PAR)

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que resumidamente se pode dizerque a “missão das organizações dasociedade civil reunidas nestaplataforma assumem a promoção deuma cultura de acolhimento, deapoio aos refugiados, quer nasociedade portuguesa, quer nospaíses de origem e de trânsito”.Caso ainda não tenha percebidoexatamente qual o verdadeiroproblema desta crise que assola aSíria e restantes países islâmicosbasta que aceda a “crise derefugiados”. Aí rapidamenteencontrará um conjunto de vídeoscom testemunhos e infográficosexplicativos que irão ajudar imensonesta compreensão e/ouaprofundamento.Em “como ajudar” descobre queexistem genericamente três grandespossibilidades de colaborarefetivamente com este projeto.

Seja através da PAR – Famílias,onde o que se pretende é que existaum “acolhimento e integração decrianças refugiadas e suas famíliasem Portugal, em contextocomunitário, disperso pelo país”, oupelo PAR – Linha da Frente quepotencia a criação de uma“campanha de recolha de fundos,com o apoio dos media, para otrabalho da Cáritas Médio Oriente edo JRS no Médio Oriente e Norte deÁfrica” ou ainda pela UNICEF,enviando um donativo para estaorganização mundial que oreencaminhará para apoiar ascrianças Sírias.Muito haveria para dizer sobre todaesta extraordinária plataforma, maspenso que o melhor será mesmoaderir quanto antes e divulgar pelomaior número de pessoas.

Fernando Cassola Marques

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Cursilhos de Cristandadeapresentam livro IdeiasFundamentaisO Movimento de Cursilhos deCristandade apresentamundialmente o livro ‘IdeiasFundamentais’, que “incentiva cadaum a encaixar a ‘Alegria doEvangelho’ na sua vida”, na Ultreiade início do ano pastoral, na CasaDiocesana, no Porto. “Neste livroprocura-se as origens do Movimentode Cursilhos de Cristandade,enfrentando novos desafios, sendovanguarda de novos tempos,mantendo método e carisma e,simultaneamente, dando corpo àmudança”, explica a Paulus Editora.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, a editora informa que aobra ‘Ideias Fundamentais’, fruto deum “exaustivo trabalho de quasesete anos”, vai ser apresentadapelo assistente espiritual do ComitéExecutivo do Organismo Mundial deCursilhos de Cristandade.Para D. Francisco José SenraCoelho esta nova revisão “pretendeser” uma resposta aos desafioslançados pelo Papa Francisco atoda a Igreja e aos movimentoseclesiais em particular. Para além dobispo auxiliar de Braga, aapresentação mundial deste livroconta com a presença do bispo

do Porto, D. António Francisco dosSantos, a partir das 21h30 destaquinta-feira, na Casa Diocesana,Seminário do Vilar, no Porto.A PAULUS Editora é a responsávelpela edição mundial, que estádisponível em três línguas -português, espanhol e inglês – epela transmissão online em direto doevento através doendereço www.paulus.pt/omcc.Portugal é, pela primeira vez desde2014 até 2017, o principal ponto deencontro para membros domovimento, tendo sido escolhidocomo sede da Organização Mundialdos Cursilhos de Cristandade,durante o último encontro europeurealizado entre 23 e 26 de maio de2013, na Áustria.Em 2017 vai realizar-se uma Ultreiamundial em Fátima, para os líderesdo movimento, que vai celebrar ocentenário das Aparições de NossaSenhora e o nascimento dofundador dos Cursilhos deCristandade, Eduardo Bonnín.O movimento chegou a Portugal em1960 e o primeiro cursilho realizou-se em Fátima, de 29 de novembro a2 de dezembro desse ano.

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O Movimento dos Cursos deCristandade nasceu em Palma demaiorca, (Espanha) no ano de 1949e teve como iniciadores EduardoBonnín e um grupo de padres eleigos, militantes da Ação Católica,apoiados

por D. João Hervás, bispodiocesano.Desde essa data foi-seconfigurando como um movimentode evangelização que procura levara Boa Nova do Amor de Deus acada pessoa, especialmente aosmais afastados.

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II Concílio do Vaticano: Reflexõesacaloradas do «Esquema 13»

Na IV e última sessão do II Concílio do Vaticano (1962-65), os primeiros dias de outubro de 1965 foram dededicados ao célebre «Esquema 13». Desde a suafase embrionária que este documento que tinha apretensão de se dirigir a todos os homens de boavontade, mesmo que, estes fossem descrentes.Numa conferência pública, realizada nos primeirosdaquele mês, o dominicano, padre Dubarle, conhecidopelas suas posições moderadas declarou que “AIgreja ainda não se libertou duma teologia da guerrajusta, conveniente talvez no século XIV, mas nunca,em todo o caso, nos dias de hoje”. Para aquele padredominicano, o texto do «Esquema 13» é “demasiadobrando, demasiado confuso e retorcido”. Eacrescenta: “É escandaloso que se tolere o que oesquema denomina guerras menores, que sãoguerras odiosamente cruéis e hipócritas” (In: HenriFesquet; «O Diário do Concílio – Volume 3 – página164).Nas suas intervenções, muitos padres conciliares,revelaram que a teoria da guerra justa é uma teoriaperfeitamente ultrapassada. “Falam com simpatia danão-violência.” O cardeal Léger, arcebispo deMontreal, disse que: “Muitos homens esperam que oconcílio empenhe toda a sua autoridade em prol dapaz e alguns desejam mesmo uma condenação solenede ações militares e de armas particularmentedestruidoras”. Para este padre conciliar, o texto tinhade ser corrigido “pois é uma redação ambígua queapresenta até contradições internas”.

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O arcebispo de Argel, cardealDuval, também reconhece asfragilidades do «Esquema 13».Quando falou em nome daConferência Episcopal do norte deÁfrica, pediu um “texto mais firme” eapelou a uma reforma “do comérciointernacional”. Essa atividaderealçou: “contribui para cavar mais ofosso entre povos ricos e povospobres”.No meio dos debates, surgiu umaintervenção inesperada demonsenhor Simons (bispo de Indore- Índia) que pode ser apelidadacomo uma das mais revolucionáriasdo

concílio iniciado pelo Papa João XXIIIe terminado pelo seu sucessor. Oprelado indiano exprime “sem amínima ambiguidade, o voto de quea Igreja autorize os meioscontraceptivos, apoiando-se noseguinte adágio de teologia moral:«Uma lei duvidosa a nada obriga»”.(In: Henri Fesquet; «O Diário doConcílio – Volume 3 – página 164).Segundo monsenhor Simons “háque estudar os meios capazes derefrear a expansão demográfica,tendo em conta que as leis sefizeram para os homens e não oinverso”.

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outubro 2015 Dia 09 de outubro *Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - Encontro de formaçãoteológica do Movimento Fraternitassobre «Igreja, Jesus e Deus:Confronto e Encontro» orientadopor Anselmo Borges (até 11 out) *Fátima- Reunião da Faculdade deTeologia da UCP *Lisboa - Igreja do SagradoCoração de Jesus - Vigília deoração pela Paz promovida pelaFundação Betânia Dia 10 de outubro *Bragança – Mirandela -Workshops dos Salesianos sobre«E-vangelizar» *Aveiro – CUFC -Encontro deamigos do CUFC promovido por umgrupo de antigos universitários. *Fátima- Encontro nacional dasIrmãs Missionárias Dominicanas doRosário

*Fátima- Encontro nacional doMovimento Schoenstatt *Fátima - Centro Catequético deNossa Senhora de Fátima - Encontro nacional da Liga dosAntigos Seminaristas de Évora

*Évora - Auditório dos Salesianos-Colóquio sobre «Servas da SantaIgreja - História e Missão 1945-2015» com conferências de D.Manuel Madureira Dias; D.Francisco Senra Coelho e DavidSampaio. * Porto - Casa de Vilar- Encontroecuménico com a presença de D.Manuel Felício *Braga - Auditório Vita - A FundaçãoAjuda à Igreja que Sofre (AIS) promove o simpósio "Liberdadereligiosa e Testemunho cristão” *Porto - Casa da Torre da Marca- OConselho Português das IgrejasCristãs (COPIC) e a ComissãoEpiscopal Missão e NovaEvangelização promovem umencontro sobre ‘Ética e economia,uma contribuição das Igrejas emPortugal’ *Aveiro – Sé - Celebração dos 75anos das «Florinhas do Vouga»seguida de jantar comemorativo.

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11 de outubro *Aveiro – Sé - Celebração dos 75anos das «Florinhas do Vouga»seguida de jantar comemorativo (até20 de outubro) *Portalegre - Castelo Branco- Imagem peregrina de Fátima nadiocese de Portalegre - CasteloBranco (até 25 de outubro) *Fátima- Peregrinação nacional doApostolado da Oração presidida porD. Jorge Ortiga 12 de outubro *Fátima - O cardeal GiovanniBattista Re preside à peregrinaçãointernacional aniversária noSantuário de Fátima (12 e 13 deoutubro) *Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - Conselho Permanenteda CEP

15 de outubro *Itália - Roma (Colégio PontifícioTeutónico de Santa Maria no CampoSanto) - Colóquio internacionalsobre os 800 anos do encerramentodo IV Concílio de Latrão promovidopelo Comité Pontifício de CiênciasHistóricas. (até 17 de outubro) * Porto - Fundação Cupertino deMiranda - Debate sobre «E se Deusfosse mãe?» com a escritora LídiaJorge, o psiquiatra Júlio MachadoVaz e o padre Anselmo Borges. 16 de outubro * Fátima - Domus Carmeli- Congresso «Às voltas com Deus -Um caminho de santidade» (Até 18de outubro) *Fátima - Casa de Nossa Senhorado Carmo - Curso sobre aMensagem de Fátima (Até 18 deoutubro)

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8 a 11 de outubro - Cascais - O GreenFest, “o maior

evento sobre sustentabilidade”, começa hoje (8) etermina dia 11 de outubro, no Centro de Congressosdo Estoril, em Cascais. A Fundação Fé e Cooperaçãovai participar com “histórias de mudança” dos paísesonde atua. Visite o stand 93. 10 de outubro - Mirandela - As EdiçõesSalesianas e a Fundação Salesianos promoveramo E-vangelizar, uma “feira de formação” comnove workshops diferentes para catequistas,animadores, escuteiros, professores EMRC,consagrados, leigos, acólitos para serem “maisautênticos e criativos no anúncio do Evangelho”. 10 e 11 de outubro - Braga - A Fundação Ajuda àIgreja que Sofre (AIS) vai promover este sábado osimpósio "Liberdade religiosa e Testemunho cristão",no Auditório Vita, em Braga. O evento conta comdiversas intervenções e destaca-se a mesa-redondacom o padre Aurélio Gazzera, carmelita descalço, aviver na República Centro-Africana; a irmã AnnieDemerjian, da Congregação das Irmãs de Jesus eMaria, em Alepo, Síria; e de D. George JonathanDodo, bispo de Zaria, na Nigéria. 12 e 13 de outubro - Fátima - O cardeal BattistaRe preside à peregrinação internacionalaniversária de outubro no Santuário de Fátimaque tem como tema ‘Vigiai e orai’ (Mt 26, 41). 15 de outubro - Porto - A Fundação Cupertino deMiranda promove o debate «E se Deus fosse mãe?»com a escritora Lídia Jorge, o psiquiatra Júlio MachadoVaz e o padre Anselmo Borges, a partir das 21h15.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingos, 11 de outubro -Taizé: falar de Deus pelavida RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 12 -Entrevista a Catarina MartinsBettencourt sobre a liberdadereligiosa no mundo Terça-feira, dia 13 -Informação e entrevistaGonçalo Corrêa de Oliveirasobre Fátima Quarta-feira, dia 14 - Informação e entrevista ao Manuel Lemos, presidente da UMP Quinta-feira, dia 15 - Informação e entrevista António Brito e Marta Pimenta Brito sobre a família Sex-feira, dia 16 - Análise às leituras bíblicas dasmissas de domingo com o cónego João Lourenço epadre João Lourenço Antena 1Domingo, dia 11 de outubro - 06h00 - A vida dopadre Dâmaso Lambers e a Comunidade Santo Egídioque chega a Alfama, em Lisboa. Segunda a sexta-feira, 12 a 16 de outubro - 22h45- Associação "Caminhos de Fátima" (dia 12);Peregrinação Aniversária de Outubro (dia 13); Aoração do Terço: experiência de Jorge Almeida; aoraçao comunitária da paróquia de Carcavelos,Lisboa; e o terço pelos cristãos perseguidos com aFundação AIS.

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Ano B - 28.º Domingo do tempoComum Vida eterna noquotidiano

No Evangelho deste 28.º Domingo do Tempo Comum,conhecemos a resposta radical de Jesus ao jovem quelhe pergunta sobre o que fazer para alcançar a vidaeterna: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dáo dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu.Depois, vem e segue-Me».Os apóstolos tinham razões para ficaremdesconcertados… e nós também, certamente! Éverdadeiramente necessário abandonar tudo, nadapossuir, ser “pobre como Job”, ou como Francisco deAssis, para ser discípulo de Cristo? Isso é irrealista eimpossível!Olhemos um pouco mais de perto! Na primeira partedo diálogo, o jovem comete o mesmo erro dosfariseus. Fica-se pelo “fazer”. Para eles, a Lei era anorma suprema e a sua observação escrupulosa, oúnico meio para obter de Deus a salvação. Religiãosevera e exigente, sem dúvida, que tinha a suagrandeza.Ora, Jesus convida o homem rico a passar para outroregisto. De repente, não se trata de vida eterna aganhar, mas de seguir Jesus. A vida eterna é estarcom Jesus! Eis a grande transformação que Jesusvem provocar. Não se trata primeiramente de fazeresforços para obedecer a mandamentos, mas deentrar numa relação de amor com Jesus.Há que descobrir que Jesus, Ele em primeiro lugar,nos ama. A referência de Marcos é fundamental:“Jesus olhou para ele com simpatia", com amor. É esteolhar que transforma tudo. Jesus quer fazercompreender ao homem rico que lhe falta o essencial:deixar-se amar em primeiro lugar, descobrir que todosos seus bens materiais nunca poderão preencher estanecessidade

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vital, para todo a pessoa, de seramada. Senão, é impossívelaprender a amar. As riquezas sãomesmo um obstáculo ao amor,porque este, para ser verdadeiro,diz ao outro: “Preciso de ti. Sem ti,serei pobre em humanidade”. Asriquezas do homem impediram-node ler tudo isto no olhar de Jesus. Ohomem partiu. Mas Jesus não lheretirou o seu amor, acompanhou-osempre com o seu olhar de amor,como o pai do filho pródigo.Voltemos ainda à questão da vidaeterna, desejo do homem rico e detodos nós. Deus oferece-nos essa

vida já neste mundo e convida-nosa acolhê-la e a escolhê-la em cadadia da nossa caminhada nesta terra;no entanto, sabemos que sóatingiremos a plenitude da vidaquando nos libertarmos da nossafinitude, da nossa debilidade, daslimitações que a nossa humanidadenos impõem. Como peregrinos deDeus, a vida eterna é uma realidadeque deve marcar cada passo danossa existência terrena, em todosos nossos quotidianos, sempreiluminados pelo olhar de amor deDeus para connosco.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.pt

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Pastoral da Juventude celebra Anoda Vida Consagrada na Diocese doPortoEste 2015 é, para toda a Igreja, umano dedicado à “Vida Consagrada”.Na Diocese do Porto, existem cercade 114 comunidades de VidaConsagrada que, todos os dias, sãotestemunho real e concreto da"riqueza" deste verdadeiro "tesouro"para a Igreja/Sociedade. Temosvindo a dar conhecimento de algunsdeles. Este testemunho e riquezamerece ser conhecido, vivido ecelebrado "como deve ser".Por isso mesmo é que oSecretariado Diocesano da Pastoralda Juventude entendeu que estaseria uma oportunidade "de ouro"para proporcionar aos jovensdiocesanos uma oportunidade paraesse devido conhecimento ecelebração. Neste sentido, a Equipadiocesana reuniu esforços junto deoutras “forças vivas” da nossarealidade (consagrada) diocesana epreparou um conjunto de iniciativasque visam assinalar e (fazer) viver,com maior profundidade eenvolvimento de todos, este mesmoAno da Vida Consagrada.

Eis, então, o que a equipa preparou: * 4 Catequeses formativas(“Aprofundando o tesouro…”) que tepermitirão reflectir, cada uma a seumodo, sobre várias dimensões deste“tesouro” que é a Vida Consagradapara a Igreja e para o Mundo:“Os votos e a vida comunitária”“Unidade e diversidade da vidaconsagrada. 1001 formas de seguirJesus”“Contemplação e ação na vidaconsagrada”“Vida consagrada como sinal eprofecia – Despertar o mundo”. * um Calendário interativo (“Otesouro no tempo…”), em que acada dia do ano corresponderá umafigura da História/Tradição Eclesialde alguma formarepresentativa/relacionada com asdiversas comunidades/inspirações econcretizações da ”VidaConsagrada” (para já, está pronto omês de Outubro... os seguintes irãoaparecendo à medida queavançaremos no calendário/tempo);

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* várias propostas de “roteiros” (“Àdescoberta do tesouro…”) queperpassam alguns dos “marcos”(arquitetónico-patrimoniais)incontornáveis da nossa tradição eidentidade histórico-culturaldiocesana, também com umaperspetiva/tonalidade desafianteque inclui uma verdadeira “caça ao

tesouro” via o recurso ao “geo-caching” (se gostas de "caças-ao-tesouro" e até és praticante de"geocaching", então estes roteirossão mesmo para ti! ;) ) ; * outros testemunhos e materiaisdiversos sobre a Vida Consagrada;

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* um megaevento (“Holy_Wins”), ater lugar a 31 de outubro de 2015(tarde e noite), que se pretendeseja um “grande encontro/caça-ao-tesouro” pelas ruas do Porto (eparte de V. N. Gaia), em que osjovens são convidados,individualmente ou em grupo, apercorrer algumas dascomunidades/experiências de VidaConsagrada que hoje mesmo sepodem perceber na vida da nossacidade. Do Programa/trajeto (aindaem construção) constam outrosmomentos (musicais, detestemunho, de partilha...) tambémeles relacionados de alguma formacom o seu “ser”, sentir” e “viver”deste “tesouro”…

Por isso, este é o desafio: em tarde-noite de "Halloween" e em véspera daSolenidade de Todos os Santos,proposta para conhecer exemplos (edar testemunho) de que a "santidadevence" ("holy wins") tudo).Todos estes conteúdos estãodisponíveis num site criadoexclusivamente para estaproposta/dinâmica, e que se convidaa visitar,em: http://vidaconsagradaporto.pt.vc/.Em breve se abrirão as inscrições(limitadas) e se disponibilizarão maispormenores sobre esta nossaproposta! Consultar também ofacebook do SDPJ Porto).

(Voz Portucalense)

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Irmãs Doroteias vão escolher novasresponsáveis geraisAs Irmãs Doroteias reunidas emCapítulo Geral vão escolher o novogoverno-geral, para os próximosseis anos, até ao dia 14 denovembro, em Roma e contam pelaprimeira vez com a participação deleigos.Num comunicado enviado hoje àAgência ECCLESIA, as IrmãsDoroteias assinalam que “pelaprimeira vez” numa assembleia geralda congregação participam leigosde vários países, num períodoespecífico, entre 17 e 20 deoutubro.De Portugal vão estar presentes asprofessores Ana Isabel Santos eAna Márcia Serra Fernandes,respetivamente do Colégio de SantaDoroteia, no Lisboa, e da EscolaSuperior de Educação de PaulaFrassinetti, no Porto.O 21.º Capítulo Geral tem comotema ‘Reaviva o dom de Deus queestá em ti… Vai e caminha com osteus irmãos’ e começou esta quarta-feira, em Roma.A reunião magna das IrmãsDoroteias é constituída peloGoverno-Geral

e representantes de todas asProvíncias da congregação numtotal de 40 irmãs, de países de trêscontinentes, Europa, África eAmérica.O comunicado informa que nosúltimos dias do capítulo, que terminaa 14 de novembro, vão ser eleitas anova Superiora Geral e as quatrosconselheiras para os próximos seisanos.

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O Bispo que nasceu muçulmano e enamorou-se deJesus

O sonho de AtanásioÉ uma história invulgar. O jovembispo de Lichinga deixou-seencantar por Jesus apesar deter nascido numa famíliamuçulmana. Só foi baptizado aos18 anos mas, já então, sonhavaem ser padre. Agora tem umenorme desafio à sua frente: serconstrutor de paz quando ostambores da guerra parecemestar de regresso Atanásio Amisse Canira tem 52 anose é Bispo de Lichinga desde Março.Ainda está a conhecer os cantos daenorme diocese que lhe caiu emmãos. Enorme, com 22 paróquias,algumas com mais de uma centenade localidades e pobre. Muito pobre.Tal como o país. O Bispo deLichinga é um caso singular: é umcristão convertido. “Recebi obaptismo só aos 18 anos e nuncana vida tinha pensado em ser bispo.Ser padre, sim...” E foi com a ajudadas irmãs do mosteiro Mater Dei, emNampula, perto de Mossuril, ondenasceu a 2 de Maio de 1962, que ojovem Atanásio teve as primeirasaulas de catequese.Atanásio, que sonhava apenas serpadre, foi ordenado bispo este anono dia 22 de Março. Praticamenteno

mesmo dia, a 23, mas dois mesesmais tarde, decorreu a cerimónia debeatificação da missionária daConsolata, Irene Stefani. A históriados dois cruzou-se de formaextraordinária. A ele entregaram adiocese de Lichinga. Ela foi aresponsável por um milagre quesalvou dezenas de pessoas. O milagreNum tempo em que o país estavamergulhado na guerra civil. Dia 10de Janeiro de 1989. Um comando daRenamo ataca a aldeia de Nipepe,situada em Lichinga. Muitas pessoasrefugiam-se na igreja local. Sãomuitas dezenas. Talvez duascentenas. Apesar das balas, otemplo não é beliscado. Masninguém se atreve a sair. O pároco,o padre Frizzi, reza à irmã Stefani etodos pedem a intercessão destafreira italiana. Então, dá-se omilagre que levou agora estareligiosa até aos altares. Haviaalguma água, quase nada, na piabaptismal. Todas aquelas pessoasficaram ali fechadas, cheias demedo, entre os dias 10 e 13 deJaneiro. E durante todo aquele

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tempo, durante todas aquelashoras, ninguém teve sede. A piabaptismal nunca secou. Foi omilagre da multiplicação da água.O Bispo já lá esteve e celebroumissa. “Este foi um acontecimentoque acelerou a fé das pessoas”, dizD. Atanásio. “Como Bispo, jádeclarei aquela igreja como lugar deveneração e peregrinação dadiocese, de modo que a Beata Ireneinterceda pela diocese de Lichingae pela paz em Moçambique.”Promover a vida dopovomoçambicano, ser agente depaz, é o sonho de D. Atanásio. AIgreja em Lichinga é muito pobre.Eles precisam da nossa ajuda.“Quero dizer do fundo do meucoração o meu muito obrigado aosbenfeitores portuguesesda Fundação AIS garantindo-lhes aminha oração para que Deus osabençoe, pois é através da suaajuda que a Igreja de Moçambiqueconsegue sobreviver.” Palavra deum Bispo que nasceu muçulmano eque se enamorou por Jesus Cristo. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Lições da Arquitectura

Tony Neves Espiritano

Quando visito uma terra, onde quer que seja,olho sempre para as construções. Não é difícilperceber, pela arquitectura, as datasaproximadas da construção, bem como asescolas em que se inserem.Há cidades belíssimas onde a presença dobarroco, ou do gótico nos indicam imediatamenteas suas raízes. Há monumentos de uma belezaúnica, mostrando como a arquitectura, ao longodos séculos evoluiu e deixou para a históriamarcas de cultura e progresso enormes.A nível de construções para fins religiosos,sobretudo Igrejas, há uma grande diversidade degéneros e estilos. Os historiadores de arteconseguem perceber imediatamente em queséculo foram construídas e quais os temposmarcados por opulência. É o caso dos templosbarrocos, com uma proliferação enorme detalhas douradas, só possíveis em épocas demuita riqueza e esplendor.Hoje em dia, os edifícios religiosos têm quasetodos a assinatura de um grande arquitecto. Háautênticas obras de arte nas construçõesreligiosas onde a arquitectura se conjuga com aescultura, a pintura e a arte dos vitrais. Dá maisvontade de rezar quando a arte nos entra nosolhos e de lá desce até ao coração.Quando visitamos Roma percebemos, deimediato, que estamos dentro de uma cidademonumental. A maioria dos edifícios imponentessão destinados ao culto cristão. Há Igrejas detodas as épocas, de todos os estilos, de todos ostamanhos.

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Os turistas ficam fascinados comtanta beleza ao serviço da Fé e daReligião.Deus fala de muitas formas e aarquitectura é uma delas. Trata-sede uma arte que a história dignificae apresenta como uma das belasartes. Lá o infinito parece maispróximo da humanidade. Oambiente de silêncio e beleza queali se vive ajudam

á oração e ao recolhimento.Não se imagina como vão ser aslinhas da arquitectura do futuro. Masjá sabemos que, desde as ruínasmais antigas que chegaram até nós,a história mostra a criatividadehumana no seu melhor. É umaherança que temos que saberpreservar e dar continuidade.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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"Os emigrantes são nossos irmãos e irmãs queprocuram uma vida melhor longe da pobreza, dafome, da exploração e da injusta distribuição dosrecursos do planeta, que deveriam ser divididos

equitativamente entre todos"

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