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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos,Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges, Catarina Pereira

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - A semana de Octávio Carmo14- Dossier Comunicar no ambiente digital40- Internacional

44- Cinema46 - Multimédia48 - Estante50 - Vaticano II52 - Agenda54 - Liturgia56 - Programação Religiosa57 - Por estes dias58 - Apostolado de Oração60 - Fundação AIS62 - LusoFonias

Foto da capa: Agência EcclesiaFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Igreja e mundodigital[ver+]

Papa Francisco ea crise[ver+]

Dia Mundial doTurismo[ver+] Paulo Rocha|Elias Couto | TonyNeves | Eduardo Novo

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Sozinho em casa ou com wi-fi?

Paulo RochaAgência Ecclesia

A experiência é real e por certo partilhada pormuitos pais com filhos na idade da adolescênciaou juventude.Ter de deixar adolescentes em casa, no períodode férias ou em dias sem aulas é sempre umadecisão difícil. Mas por vezes incontornável,mesmo que provoque preocupação constante aolongo da jornada de trabalho. Já para os filhos,raramente se percebe essa angústia, talveznatural para quem, sendo novo, se visse semmais ninguém dentro de quatro paredes.Em causa não está a liberdade sentida pelosmais novos para fazer o que a presença dos paisnão permitiria (o que é uma possibilidade real aexigir permanente atenção). Mas é sobretudo umnovo conceito de vizinhança, de proximidade, deamizade que está em causa. Há uma novasensação da presença do outro, do amigo, dogrupo.Hoje, estar sozinho em casa combate-se com owi-fi. Para ter “companhia”, basta estarconectado, basta ter internet. E é essa aexperiência de muitos nativos digitais.No livro “Ciberteologia – Pensar o Cristianismona era da Internet” Antonio Spadaro analisa oambiente que as redes sociais criaram e asnovas circunstâncias de vida que inauguraram. Eafirma que “o conceito-chave não é a«presença» na rede, mas a «conexão»: sealguém está presente mas não conectado, essapessoa está só”.

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O padre jesuíta, que está emPortugal nos primeiros dias deoutubro para participar em váriosdebates sobre estas temáticas,participando nomeadamente nasJornadas Nacionais deComunicação Social, na manhã dodia 4, diz também que o conceito de«próximo» e sobretudo de«amizade» “se modifica e sedesenvolve” por causa da rede.A experiência da proximidade dooutro, sentida por quem estásozinho em casa, possível pelaconexão a uma qualquer redesocial, não será só motivo dedescanso.

A rede é “uma ajuda potencial àsrelações” e “uma ameaça”. A certezaé do padre Spadaro, que retomamensagens para o Dia Mundial dasComunicações Sociais do Papaemérito Bento XVI onde se repeteessa pergunta “quem é o meupróximo?”.Neste ambiente, como em todos osque permitem experiências decomunicação, o ponto de chegada ésempre a relação entre pessoas, aacontecer de forma transparente esincera. E quando assim é, nãobasta o digital…

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Este «mineiro» revisita aspedras preciosas docristianismo primitivo© LUSA

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“A última entrevista do Paparompe com o farisaísmo erecentra a mensagem cristã noessencial. Um farol deesperança num mundo em crise”(Paulo Rangel; In: «Público», 24 set2013) “[António] Ramos Rosapertenceu a uma espéciegrandiosa de homens que seentregaram totalmente aosditames da sua arte para daínunca mais sair”(António Guerreiro; In: «Público»,25 set 2013)

“Os ministros do Evangelhodevem ser capazes de aquecero coração das pessoas, decaminhar na noite com elas, desaber dialogar e mesmo dedescer às suas noites, na suaescuridão, sem perder-se”(Papa Francisco na entrevista àsrevistas dos Jesuítas) “Se o cristão é restauracionista,legalista, se quer tudo claro eseguro, então não encontranada. A tradição e a memória dopassado devem ajudar-nos a tera coragem de abrir novosespaços para Deus”(Papa Francisco na entrevista àsrevistas dos Jesuítas)

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Maior consciência ecológica noTurismoO diretor da Obra Nacional daPastoral do Turismo (ONPT) apeloua uma maior consciência ecológicaneste setor, que passe pelo “usomais moderado” dos recursosnaturais, em particular a água, epromova o “respeito pelo ambiente”.“Devemos, desde logo e emprimeiro lugar, formar as novasgerações para o uso correto daágua, consciencializando-as para asua importância, numa séria eautêntica formação ambiental”,escreve o padre Carlos Godinho,numa mensagem para o Dia Mundialdo Turismo, que se assinala estasexta-feira.O texto, enviado à AgênciaECCLESIA, parte do tema escolhido,‘Turismo e água: proteger o nossofuturo comum’, apresentando umareflexão sobre a simbologia desteelemento e a necessidade da suapreservação.“Sabemos, todavia, que a água éum recurso limitado e que, à escalaglobal, nem todos têm igual acessoa este dom fundamental,particularmente quando astransformações

climáticas tendem a estender sobreboa parte do orbe terrestre ummanto crescente de desertificação”,escreve o responsável da ONPT,organismo ligado à ConferênciaEpiscopal Portuguesa.A valorização dos recursos hídricos,acrescenta, exige “moderação” nouso e cuidado com a sua “qualidadee salubridade”. “Necessitamos deuma especial atenção à gestão dosrecursos hídricos verdadeiramentedisponíveis e a uma gestãosustentável que assegure a suaviabilidade futura”, alerta.O Turismo, realça o padre CarlosGodinho, implica uma “forteutilização” dos recursos existentes,“nem sempre consciente das suasimplicações face aos recursosrealmente disponíveis”.Centrando a sua reflexão narealidade de Portugal, o diretor daONPT observa que o país “sofre, evirá a sofrer no futuro, um processode diminuição de recursos hídricos”,por via do aquecimento global, dosincêndios e da “tendência para a

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monocultura do pinheiro bravo e doeucalipto” em detrimento de uma“reflorestação assente nadiversificação das espéciesflorestais”.A mensagem dedica uma atençãoparticular ao mar como “fonte detantas possibilidades”, apelando àpreservação das suas águas e dosseus ecossistemas por parte de“autoridades e de turistas”.

O Dia Mundial do Turismo 2013 foitambém assinalado com umamensagem do Conselho Pontifícioda Pastoral para os Migrantes eItinerantes (Santa Sé), na qual seapela a uma maior consciênciaecológica por parte dos turistas emtodo o mundo.

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Alargar áreas da missão com osjovensA edição conjunta das JornadasMissionárias e de Pastoral Juvenilque decorreu em Fátima concluiu-secom um apelo a um alargamentodas áreas de intervenção doscatólicos. “As áreas da cultura, daeconomia, da família, da bioética eoutros campos, alargam horizontesà missão e colocam novos desafios,exigem novas respostas, coragem ealegria para propor o encontro comCristo, no respeito pela liberdade decada pessoa”, refere o documentofinal, enviado à Agência ECCLESIA.Os participantes falam numa“complexa situação”, onde opresente e o futuro parecematravessados “por nuvensameaçadoras”. Neste contexto,sublinham as conclusões, “torna-seainda mais urgente levarcorajosamente a todas asrealidades o evangelho de Cristo,que é anúncio de esperança, decomunhão, de proximidade, demisericórdia, de modo que ele sejaluz segura que ilumina os caminhosda humanidade”.

A iniciativa decorreu no CentroPastoral Paulo VI, com organizaçãodas Obras Missionárias Pontifíciase do Departamento Nacional daPastoral Juvenil, e reuniu cerca de400 participantes em volta do tema‘Missão @ad gentes: Ide e anunciai.O documento final assinala que oterritório da missão “não é umespaço geográfico, mas o coraçãode cada homem e de cada mulher” eque “a missão é sempre jovem”.

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Leiria-Fátima:Diocese centra-se nas famílias

O bispo de Leiria-Fátima publicouuma carta pastoral dedicada àfamília, documento orientador parao próximo biénio na diocese, em quedestaca a importância docasamento e pede atenção àssituações de “rutura”. “Tem-sedifundido uma determinadamentalidade que desacredita opróprio casamento, religioso ou civil,como se fosse antiquado e,portanto, fora de moda. Ocasamento já nem sequer entra noprojeto de vida de bastantes jovens;parece ter um concorrente nas‘uniões de facto’”, alerta D. AntónioMarto, no documento ‘A beleza e aalegria de viver em família’ comopastoral, dedicado à pastoralfamiliar.O prelado manifesta-se contra aredução do amor e da vida familiar“ao mundo de afetos, sentimentos,emoções espontâneas”, comreflexos “no receio de ser pai emãe”, agravado pelas dificuldadessocioeconómicas, e “na quebra danatalidade”. “Também a banalizaçãodo divórcio e do

aborto – uma chaga social – estána origem de muitos dramasfamiliares”, acrescenta.A carta pastoral debruça-se sobrevárias “questões graves” relativas àidentidade do matrimónio e dafamília, elencando situações de “defragilidade, de crise e de rutura”.“A Igreja é chamada a iluminar estassituações, dum ponto de vistapastoral, na fidelidade a doisprincípios evangélicos: por um lado,salvaguardando a identidade doMatrimónio fiel, livre e indissolúvelque a Igreja não pode modificar; poroutro, imitando a atitude damisericórdia de Jesus”, assinala obispo de Leiria-Fátima.

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Relativismo ou Sociedade

D. Manuel Linda

Reconheço que o tema de hoje é «politicamenteincorrecto». Não obstante, vamos a ele.Há dias, um autarca, mais conhecido pela obrafeita do que pelos seus fervores moralistas,disparava-me: “Só a Igreja nos pode salvar!”.Vendo que o meu silêncio denotava umpensamento que se movia entre o óbvio e ainterrogação, avançou: “É verdade. Só a Igrejapode salvar a Europa e a democracia. Quecorrem perigo. Uma e outra. É que, sem umfundamento de valores, a sociedade não podefuncionar, porque a igualdade entre todos ficasubvertida pela competitividade que faz dohomem lobo do homem. E quando assimacontece, aparece sempre um candidato aditador que impõe pela força a coexistência quenão se construiu em liberdade”.Na mente do meu interlocutor pairava adimensão política do relativismo, esse cancrosilencioso que destrói as células boas dasociedade e, sem a «resistência» das sadias, asenvenena e torna malignas. E que, a pouco epouco, instala “o temível despotismo suave” deum Estado que se torna dono e senhor dequanto há. De facto, a política relativista induz aconceber a verdade como produto determinadopela maioria e condicionado por equilíbriospartidários. E arvora-se o direito de decidir tudo:o justo e o injusto, o bem e o mal, a vida e amorte.Claro que isto se repercute na sociedade.

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Como diz o Compêndio da DoutrinaSocial da Igreja, “uma atençãoinadequada à dimensão moral davida social e política conduz àdesumanização da vida emsociedade e das instituições sociaise políticas, consolidando as«estruturas de pecado»” (nº 566).Estas traduzem-se em dados comos quais topamos todos os dias eque formam como que traços daradiografia da alma contemporânea:amolecimento da vontade, falta depreocupação social, indiferentismo,individualismo, isolamento,materialismo de vida, subjectivismo,amoralidade, desinteresse pelascoisas públicas, passividade, etc. Etudo isto gera uma personalidadeenfraquecida que privilegia aexterioridade (a estética) e a noçãogeral daquilo que “dá prazer”(hedonismo), em detrimento dasrelações sociais equilibradas (aética) e do bom funcionamento dosorganismos que nos envolvem e nosquais (pouco?) nos envolvemos. O

principal dos quais é a família.Pois é. Já que as coisas são o quesão, para o equilíbrio da balança, ouse fortifica a sociedade –tambémsob o ponto de vista moral- e oEstado se reduz, ou aquela seesvazia e este torna-se um papãoomnipresente. Ainda que falido. Massempre potencialmentedéspota. Tertio non datur .Importa reflectir nisto. Toda aEuropa e todos os democratas. Masparticularmente nós, osportugueses, abraços com uma«reforma do Estado» para opresente de crise e para o futuroque só será de esperança se for…diferente. Moralmente diferente. NB. Já o fiz noutras circunstâncias,mas sinto-me obrigado a voltar aredizê-lo: entre nós há heróis. Porexemplo, os Bombeiros Voluntários!O meu maior apreço por vós, carosbombeiros! Sois vós que venceispela paz as guerras que outrosincendeiam. Parabéns!

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Da notícia ao espetáculo

Octávio CarmoAgência ECCLESIA

A aproximação das eleições autárquicas deveriamerecer, por parte dos media e da população emgeral, uma reflexão cuidada sobre os caminhos aseguir em Democracia, os méritos de quem sobenas ‘máquinas’ partidárias, a relação entrepolíticos e os cidadãos, a mobilização dasociedade civil, a relação entre poder local epoder central, entre muitos outros temas. A‘igualdade’ de tratamento que a ComissãoNacional de Eleições impôs acabou, do meuponto de vista, por ter um efeitocontraproducente: distanciando-se a opiniãopública da campanha no terreno, acabou pordar-se muito mais valor ao que podia sertransformado em “espetáculo”: cartazes malconseguidos, hinos cómicos, trocadilhos com osnomes das localidades, etc.De política, como arte nobre, e do papel dasautarquias num país em crise, falou-se pouco, emesmo os rostos do poder autárquico acabaramsilenciados face aos líderes partidários (queespaço para os independentes?), em mais umsinal preocupante de que a informação e aformação dos cidadãos está cada vez maispróxima dos programas de humor e dos realityshow. À falta de pão, parece aumentar a aposta deoferecer ‘circo’ aos portugueses, seja naabordagem de declarações do Papa Franciscoseja no destaque dado a acontecimentos

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menores face às verdadeirasdificuldades que os portuguesestêm de enfrentar. Acima de tudo,será necessário que se questionequem de direito como é que apósanos de austeridade e dereconquista da “credibilidade”externa, os mercados, os famososmercados, se continuam acomportar como se nada tivesseacontecido e as taxas de juro apagar impedem, na prática, que aRepública se financie sem novorecurso à ajuda externa. Nestecaso, não basta constatar que foimais uma promessa por cumprir,porque um falhanço desta ordem

retira qualquer horizonte deesperança aos novos sacrifícios quepossam ser pedidos. Além da perda de esperança, osportugueses têm de lidar muitasvezes com o sentimento de quealguns vivem acima da lei e que amentira compensa. Não devem ficarsurpreendidos, no entanto: se napolítica, como na informação e emcada vez mais âmbitos da vidadiária, o que interessa é oespetáculo e não a substância, asconsequências serão sempredramáticas.

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Discurso do Papa Franciscoaos participantes na assembleiaplenária do Conselho Pontifíciopara as Comunicações Sociais

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Queridos irmãos e irmãs, bom dia!Saúdo-vos a todos, agradecido peloserviço que realizais no importantesetor – mas agora, depois de terouvido D. Cláudio Celli, devoeliminar a palavra «setor» e dizer –na importante «dimensãoexistencial» da comunicação….Agradeço ao Arcebispo CláudioMaria Celli a saudação que medirigiu também em vosso nome.Queria partilhar convosco algunspensamentos. 1. Primeiro: a importância dacomunicação para a Igreja. Este anocompletam-se 50 anos daaprovação do Decreto ConciliarInter mirifica. Não se trata apenasde uma recordação; esteDocumento exprime a atenção quea Igreja dá à comunicação e aosseus instrumentos, importantesnomeadamente para a dimensãoevangelizadora. Temos, pois, osinstrumentos da comunicação e acomunicação; esta não é uminstrumento, é

outra coisa… Nas últimas décadas,os meios de comunicação evoluírammuito, mas a solicitude permanece,assumindo novas sensibilidades eformas. Pouco a pouco o panoramada comunicação foi-se tornando,para muitos, um «ambiente devida», uma rede onde as pessoascomunicam, alargam as fronteirasdos seus conhecimento e das suasrelações (cf. Bento XVI, Mensagempara o Dia Mundial dasComunicações Sociais de 2013).Sublinho sobretudo estes aspetospositivos, apesar de todos estarmoscientes dos limites e fatores nocivosque também existem.

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2. Neste contexto – e passo aosegundo pensamento –, devemosinterrogar-nos: Qual é o papel que aIgreja deve ter com as suasrealidades e atividades decomunicação? Em cada situação,independentemente dastecnologias, acho que o objetivo ésaber inserir-se no diálogo com oshomens e as mulheres de hoje,saber inserir-se no diálogo com oshomens e as mulheres de hoje, paracompreender as suas expectativas,dúvidas, esperanças. São homens emulheres por vezes um poucodesiludidos por um cristianismo quelhes parece estéril, com dificuldadeprecisamente em comunicar deforma incisiva o sentido profundoque a fé dá. Com efeito, assistimoshoje, precisamente na era daglobalização, a um aumento dadesorientação, da solidão; vemosalastrar a confusão sobre o sentidoda vida, a incapacidade de fazerreferimento a uma «casa», adificuldade em tecer laçosprofundos. Assim, é importantesaber dialogar, entrando, comdiscernimento, também nosambientes criados

pelas novas tecnologias, nas redessociais, para fazer emergir umapresença, uma presença queescuta, dialoga, encoraja. Nãotenhais medo de ser esta presença,afirmando a vossa identidade cristãao fazer-vos cidadãos desteambiente. Uma Igreja companheirade estrada sabe pôr-se a caminhocom todos! Há também uma regraantiga dos peregrinos, que SantoInácio adotou (por isso é que aconheço!). Diz ele, numa das suasregras, que o companheiro de umperegrino, que faz a estrada com operegrino, deve caminhar com opasso do peregrino, nem ir maisadiante nem ficar para trás. Comisto, quero dizer: é precisa umaIgreja companheira de estrada quesaiba pôr-se a caminho, como secaminha hoje. Esta regra doperegrino pode servir-nos deinspiração para a realidade. 3. O terceiro: Neste contexto dacomunicação, todos nósenfrentamos juntos um desafio, e aproblemática principal não é deordem tecnológica. Devemosinterrogar-nos: Somos nós capazes,neste campo

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também, de levar Cristo, ou melhor,de levar ao encontro de Cristo? Decaminhar existencialmente com operegrino, mas como caminhavaJesus com os peregrinos de Emaús,inflamando o coração, fazendo-lhesencontrar o Senhor? Somoscapazes de comunicar o rosto deuma Igreja que seja a «casa» para

todos? Falamos da Igreja com asportas fechadas. Mas aqui trata-sede algo mais que uma Igreja com asportas abertas… é algo mais! Étentarmos juntos construir «casa»,construir Igreja, construir «casa».Não é Igreja com as portasfechadas, nem Igreja com as portasabertas, mas, sim, em caminhoconstruir Igreja.

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Um desafio! Fazer redescobrir, noencontro pessoal e também atravésdos meios de comunicação social, abeleza de tudo o que está na basedo nosso caminho e da nossa vida,a beleza da fé, a beleza do encontrocom Cristo. Também aqui nocontexto da comunicação, é precisauma Igreja que consiga levar calor,inflamar o coração. A nossapresença, as nossas iniciativassabem dar resposta a estaexigência ou permanecemos merostécnicos? Temos um preciosotesouro para transmitir, um tesouroque gera luz e esperança. E hátanta necessidade disso! Mas tudoisto exige uma formação cuidadosae qualificada de sacerdotes,religiosos, religiosas, leigos, tambémneste setor. O grande continentedigital não é simplesmentetecnologia, mas é formado porhomens e mulheres reais quetrazem consigo aquilo que têmdentro, as suas esperanças, osseus sofrimentos, as suasansiedades, a busca do verdadeiro,do belo e do bom. É preciso saberindicar e levar Cristo, partilhandoestas alegrias

e esperanças, como Maria quetrouxe Cristo ao coração do homem;é preciso saber penetrar nonevoeiro da indiferença, sem seperder; há necessidade de descermesmo na noite mais escura, semser invadido pela escuridão nem seperder; há necessidade de ouvir asilusões de muitos, sem se deixarseduzir; há necessidade de acolheras desilusões, sem cair naamargura; tocar a desintegraçãoalheia, sem se deixar dissolver edecompor na própria identidade (cf.Discurso aos Bispos do Brasil, 27 dejulho de 2013, 4). Este é o caminho.Este é o desafio. É importante, queridos amigos, aatenção e a presença da Igreja nomundo da comunicação, paradialogar com o homem de hoje elevá-lo ao encontro com Cristo. Mas,o encontro com Cristo é umencontro pessoal. Não se podemanipular. Neste tempo, temos umagrande tentação na Igreja, que éuma moléstia espiritual: manipularas consciências; uma lavagemteologal do cérebro, que no fim televa a um encontro com Cristo, maspuramente nominal e

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não com a Pessoa de Cristo Vivo.No encontro de uma pessoa comCristo, intervêm Cristo e a pessoa!Não aquilo que quer o engenheiroespiritual que pretende manipular.Este é o desfio. Levar o homem dehoje ao encontro com Cristo, nacerteza, porém, de que somosmeios e que o problemafundamental não é a aquisição detecnologias sofisticadas, emboranecessárias para uma presençaatual e válida. Esteja sempre bemclaro em nós que o Deus em quemacreditamos, um Deus

apaixonado pelo homem, quermanifestar-Se através dos nossosmeios, ainda que pobres, porque éEle que opera, é Ele quetransforma, é Ele que salva a vidado homem. E a nossa oração, a oração detodos, seja esta: que o Senhorinflame o nosso coração e nossustente na missão fascinante delevá-Lo ao mundo. Recomendo-meàs vossas orações, porque tambémeu tenho esta missão, e, de bomgrado, dou-vos a minha Bênção.

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Comunicar no ambiente digitalO diretor do Secretariado Nacionaldas Comunicações Sociais da Igreja(SNCS) convidou os profissionais dosetor, católicos ou não, a refletir emconjunto sobre as “possibilidades”do mundo digital.Os meios de comunicação não sãoentendidos apenas comoinstrumentos que ajudam a Igreja aevangelizar, porque estes meios“criaram e provocaram uma novaforma de ser homem e ser mulher”,assinala o cónego João AguiarCampos, em declarações àECCLESIA.O sacerdote e o irmão Darlei Zanondebateram e apresentaram naRTP2 as próximas Jornadas deComunicação Social, que vãodecorrer em Fátima entre os dias 3e 4 de outubro, sobre o tema‘Comunicar no ambiente digital’.O programa proposto pelo SNCSconvida a refletir, a caracterizar e adescobrir os desafios desteambiente, sejam profissionais oupastorais: “Que desafios são essespara a presença do evangelho, paraa comunicação do evangelho, comoé que se habita cristãmente esteespaço”, precisa o cónego JoãoAguiar.

Darlei Zanon, editor da Paulus,apresentou um livro onde revela umtermo novo, a «cibereclesiologia», eaborda diversos elementos destanova realidade, “alguns queameaçam a Igreja e outros surgemcomo oportunidades”.Uma dupla vertente, vantagens eriscos, que está sempre presente eem análise mas que não se podedeixar de arriscar porque “os riscosocupam muito mais espaço seoutras propostas coerentes,interpelativas, humanizantesdeixarem de estar presentes”,explica o cónego João CamposAguiar.A internet para além de tornar todospróximos, “independentemente dosmilhares de quilómetros dedistância”, e da democratização dacultura, tem a desvantagem de “porfalta de tempo, por excesso de ruídode confundir aquilo queefetivamente vale, de confundir ominério com a ganga”, acrescentou.Segundo o diretor do SNCS, “a féexige um encontro e uma adesãopessoal” que se confronta comoutros dos perigos da internet, oesvaziar a “apetência e

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o contacto, a necessidade e ariqueza” do encontro, do face aface.“Há lugar para o institucional porquetambém temos de nos encontrar,vivemos a fé numa comunidade einseridos numa Igreja”, prosseguiu ocónego João Campos Aguiar, paraquem estar e trabalhar em rededesafia “à multiplicidade decontactos e à multiplicidade depresenças”.

O paradigma hoje é falar doambiente, isto é, estes instrumentosou estes meios criaram, provocaramuma nova forma de ser homem e sermulher e é neste ambiente queestamos mergulhados e temos deolhar para estas transformaçõesantropológicas provocaram.Cónego João Aguiar

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Redes sociais, fonte de inspiraçãoAs redes sociais como fonte deinspiração: é desta que forma que ajornalista Laurinda Alves olha paraeste novos meios de transmissão epartilha de mensagens. Nasvésperas das Jornadas daComunicação Social, Laurinda Alvesexplica à ECCLESIA que é contra aexposição gratuita da vida privada eprivilegia partilhas que possamservir como exemplo e comomotivação.“Eu uso as redes sociais sobretudopara falar de causas e coisas quepossam ser inspiradoras. Mesmoquando me envolvo, no sentido dedar um testemunho, é sempre comesse cuidado de ser algo queinspire outros, mais no sentido departilha do que de mostrar, deexibir”, refere.Com uma boa utilização, as redessociais podem ser uma fonte deinspiração e de ajuda para pessoasque antes estavam isoladas, com osurgimento de “todo o tipo deassociações”.“Às vezes há mau uso, no sentidodaninho, perverso, malévolo, masabstraindo dessa realidade, que ésinistra, as redes sociais, quando

bem usadas, são uma ferramentapoderosíssima de transformação,de consciência coletiva”, afirmaLaurinda Alves.Luís Ferreira é responsável pelogrupo Peregrinos de Santiago deCompostela, uma comunidade narede social Facebook, criada emjaneiro de 2012, onde se partilhamexperiências e se incentiva aperegrinar rumo a Santiago deCompostela. Esta é uma presençavirtual que tem ajudado as pessoasa descobrir o caminho e a procuraro essencial na vida.“O Facebook é uma excelenteferramenta de divulgação, quandobem utilizado, seja do que for. Estegrupo usa as boas práticas que estarede permite, de modo a dar umpouco de informação a quem aprocura, de visão do porquê sermostão apaixonados pelo Caminho deSantiago”, revela.As pessoas partilham “de tudo umpouco”, desde as suas própriasvivências, “algo muito profundo,muito pessoal”, neste grupo aberto,aos locais que as marcaram, osalbergues, a gastronomia.

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O grupo Peregrinos de Santiago deCompostela saiu da Rede social etem já agendado o segundoencontro presencial: será emAlvaiázere, em Leiria, no dia 19 deoutubro, e tem como objetivo apartilha de experiências e asolidariedade.

A comunicação no ambiente digitalvai estar em destaque nosprogramas ECCLESIA na Antena 1da rádio pública, pelas 22h45, desegunda a sexta-feira, ao longo dapróxima semana.

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Dioceses nas redes sociaisAs dioceses, como a de Lamego eBragança-Miranda, descobriram nainternet e nas redes sociais umaforma de transmitirem a suamensagem, informaçõesinstitucionais e um ambiente quelhes permite estar próximos dosseus fiéis e da população em geral.“A Igreja é depositária damensagem mais bela e tocante queexiste no mundo e comoadministradores desse tesourocomeçamos a pensar numaestratégia sabendo que erachegada a hora de usar os meiosque a técnica moderna põe àdisposição para lançarmos asredes, como Jesus pediu aosapóstolos”, explica o padre JoséAlfredo Patrício, diretor dodepartamento de comunicação dadiocese de Lamego.Em 2009, a diocese fez o “esforçode integrar as redes sociais” parapartilhar informações e umamensagem com um “público maisabrangente”.Este ano, com a mensagem deBento XVI sentiram um apelo“renovado” para desenvolver ededicar mais atenção

às redes sociais eprocurar “potenciar essa informaçãoatravés do facebook e do twitter”.O padre José Alfredo Patrícioconsidera que a Igreja “em cadaépoca, encontra os meiosnecessários para chegar àspessoas”, e hoje a técnica “permitechegar a muitas pessoas”, umapresença que não deve ser apenasda Igreja “mas também dos cristãos”. O responsável pelo departamentode comunicação da diocese deLamego revela-se satisfeito com ofeedback e com a dinâmica nasredes sociais, onde procuram tersempre alguém para responder àssolicitações: “É importante quealguém possa interagir em tempoútil”.No 47º dia mundial da comunicaçãosocial, o Papa emérito Bento XVIcom o tema - Redes sociais: portaisde verdade e de fé; novos espaçosde evangelização – destacou aimportância das redes sociais naevangelização.Na diocese de Bragança-Mirandatambém existe uma aposta nasredes sociais e o

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padre Calado Rodrigues,responsável pelo departamento decomunicação, assinala acomunicação positiva que têm comos diocesanos locais e com os quemigraram que “gostam de terreferências ao seu local denascimento”.“A principal preocupação era criarcanais de comunicação e não só dedivulgação”, explica o sacerdote queacrescenta que os jovens são umpúblico-alvo porque são “pessoascom mais dificuldade de atingir naIgreja e

é um meio eficaz”.O padre Calado Rodrigues revelaque nas redes sociais também sãoseguidos por reformados e pessoasde mais idade: “surpreendeu-me e épositivo mas muitos fazem-no parasuprir a falta de convívio, a solidão”,o que considera um factor negativo.A presença da diocese passa pelasua página no facebook,pelo twitter e por uma página de D.José Cordeiro no facebook, o bispodiocesano.

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Mudança na comunicação, novomodeloO presidente do Conselho Pontifícioda Cultura (CPC) disse esta quarta-feira em Roma que os jornalistas eIgreja devem unir-se para enfrentaras “gravíssimas” questõeslevantadas por um novo tipo decomunicação.“Com este novo modo de comunicar,temos um novo modelo humano, umnovo fenótipo antropológico”,declarou o cardeal GianfrancoRavasi, durante a sessão dedicadaaos jornalistas do ‘Átrio dosGentios’, estrutura do Vaticanodedicada ao diálogo com os nãocrentes.O cardeal gracejou com o facto demuitos dos termos usados nalinguagem informática serem“claramente teológicos”, dando umasérie de exemplos: salvar, converter,justificar, ícone. À imagem do que jáafirmou noutros encontros dogénero, incluindo a sessão deBraga e Guimarães do Átrio dosGentios (novembro de 2012), opresidente do CPC comparou asfrases curtas, “essenciais”, de Jesusnos Evangelhos, às atuaismensagens da rede social Twitter,com um máximo de 140 carateres.

"Jesus Cristo adotou o uso do ‘tweet’de forma sistemática, aquilo a queos estudiosos, com um termoextremamente sofisticado, arcaico,chamam os ‘logia’", ressaltou. Omodelo comunicativo de Jesusaproximava-se ainda da atualprodução televisiva, com a"articulação das parábolas", atravésde símbolos, e recorria à"corporeidade", acrescentou ocardeal italiano.Neste contexto, o responsável daCúria Romana disse que quando umpadre “não se interessa pelacomunicação, está verdadeiramentefora do seu próprio ministério”.O debate contou com a participaçãodo fundador do jornal italiano ‘LaRepubblica’, Eugenio Scalfari, querecentemente trocoucorrespondência com o Papa. “Nãoestamos aqui para converter-nos,mas temos em comum a convicçãode que as nossas posiçõesdiferentes devem ser fermento parauma terra que precisa de serfertilizada”, disse Scalfari.O cardeal Ravasi destacou, poroutro lado, a transformação do

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conceito clássico e religioso deverdade, que passou do“transcendente” a conquistar peloser humano para um conceitosubjetivo, “elaborado pelo indivíduo”.O ‘Átrio dos Jornalistas’ reuniu osresponsáveis dos principais jornaisitalianos para uma primeira reflexãoentre profissionais

da comunicação, crentes e nãocrentes, sobre várias temáticas.Durante os trabalhos, foi pedidorespeito pela “inquietação própria”do não-crente, que difere da buscade uma fé religiosa. Os participantesdestacaram também o renovadointeresse dos meios decomunicação na vida da Igreja, porcausa do pontificado do PapaFrancisco.

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Ciberteologia- Pensar o Cristianismo na era daInternetAntonio Spadaro Is the Internet changing the way youthink? Assim se intitulava umacoletânea de entrevistas sobre oimpacto da Rede na nossa vida,organizada por John Brockman, eque apareceu em 2011 nos EUA. «AInternet está a mudar o nosso modode pensar?» As recentestecnologias digitais deixaram de serferramentas, isto é, instrumentoscompletamente externos ao nossocorpo e à nossa mente. A rede nãoé um instrumento, mas um«ambiente» no qual vivemos. Os«dispositivos», isto é, os objetosque temos à mão (na verdademuitas vezes mais pequenos queuma mão) e que nos permitem estarcada vez mais conectados, tendema simplificar-se, a perderconsistência, para se tornaremtransparentes em relação àdimensão digital da vida. São portasabertas que raramente se fecham.Quem desliga, hoje em dia, umiPhone? Ele é recarregado,«silenciado»,

mas raramente desligado. Temgente que nem sabe como desligá-lo. E se possuímos um smartphoneligado no bolso, estamos sempre naRede. Pensar a fé em tempos da Rede nãoé só uma reflexão ao serviço da fé.A aposta é muito mais elevada eglobal. Se os cristãos refletem naRede, não é somente paraaprenderem a «usá-la» bem, maspor que foram chamados a ajudar ahumanidade a compreender osignificado profundo da própriaRede, no projeto de Deus: nãocomo um instrumento a ser«usado», mas como um ambiente aser «habitado». (…) Repito que a pergunta certa, aocomeçar a leitura, diz respeito aonovo contexto existencial geradopelos media e a consequente«transformação antropológica».Qual é o seu significado

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para a fé? Em que mundo vivemos?É o mesmo de antigamente? Àpergunta, «onde vives?», o que éque responderemos? Habitamostambém um território digital. Quevalor assume, na era digital, o factode que «o Verbo se fez carne e veiohabitar no meio de nós»? Também me parece importantelembrar que o objetivo da obra é ode abrir cenários e alimentar odesejo de não se deter nos«prodígios» da técnica, mas deaprofundar e compreender como omundo está a mudar e como estamudança possui um impacto na vidade fé. As tecnologias são «novas»não simplesmente porque diferentesem relação àquilo que as precedeu,mas porque mudam profundamenteo próprio conceito de experiência.Trata-se de evitar a ingenuidade deacreditar que estejam disponíveispara nós sem modificar em nada onosso modo de perceber arealidade. A tarefa

da Igreja, assim como de todas ascomunidades eclesiais, é a deacompanhar o homem no seucaminho, e a Rede faz parteintegrante deste percurso de modoirreversível.(Excertos do preâmbulo da obra,publicada pela Paulinas Editora)

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Patriarca destacadimensão essencial da comunicaçãoO patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente, afirmou no Vaticano quea comunicação representa hoje umadimensão “essencial” da vida daIgreja e da sociedade.“A comunicação social deixou de sermeramente instrumental e passou aser algo de essencial, porque nóstodos nos descobrimos como Igrejaem comunicação”, disse, após terparticipado pela primeira vez numaassembleia do Conselho Pontifíciopara as Comunicações Sociais(CPCS), de que é membro.“É muito oportuno passarmos istopara as nossas Igrejas e para osmeios de comunicação social dosnossos países, é urgente”,acrescentou D. Manuel Clemente,em declarações hoje divulgadaspelo CPCS, através do YouTube.O patriarca de Lisboa aludiu ao 50.ºaniversário de publicação dodecreto ‘Inter Mirifica’, documentodo Concílio Vaticano II dedicado aosmeios de comunicação.“Nós estamos num ano muitoimportante, porque são os 50

anos da Inter Mirifica”, recordou,antes de sublinhar as mudançasque tiveram lugar neste meio século.O Conselho Pontifício dasComunicações Sociais promoveu asua assembleia plenária comespecialistas em comunicação detodo o mundo sob o tema ‘A rede ea Igreja’, entre os dias 19 e 21 destemês.“Tive muito gosto e muito proveitonesta participação, porque foi umaocasião para ouvir o que se está afazer no campo das comunicaçõessociais da Igreja, um pouco por todoo mundo, também para me inteirarmais da ação do Conselho Pontifícioe dos seus planos para o futuro”,declara D. Manuel Clemente.O organismo da Cúria Romanareuniu especialistas durante trêsdias para analisarem o trabalhoefetuado deste a última assembleiaplenária e definirem critérios deação para os próximos anos.

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Os participantes deste encontroprocuraram respostas a perguntascomo: “Quais os desafios e asoportunidades no campo dacomunicação eclesiástica?; O quesignifica viver em rede?; Quaisdeveriam ser as prioridades do

Conselho Pontifício dasComunicações Sociais?;Que sinergias existem entre asIgrejas locais? O que significa umacomunicação estratégica numaIgreja mais conectada?”.

“É evidente para todos nós que os media são algo mais do quemeros instrumentos. Abordamos essa questão na nossa plenária,colocando-a em evidência com o título ‘A Igreja e a rede’. Fizemo-loporque Jesus pede-nos que a sua Igreja viva seja tão grande quepossa acolher toda a humanidade”.

D. Claudio Maria Celli,presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais

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Redes Sociais na JMJ Rio2013Os jovens foram sempre o rosto daJornada Mundial da Juventude (JMJ)no Rio de Janeiro. A mensagem deJesus Cristo propagou-se por todosos cantos, num mundo onde nãoexistem fronteiras para anunciá-Lo.Este foi um bom exemplo do que aIgreja pode fazer ao aproveitar asoportunidades oferecidas pelasredes sociais sem se comprometercom o seu aspeto mais nocivo. Estarpresente nesta «dimensãoexistencial da comunicação» éresponder ao apelo de Jesus Cristono evangelho: “Ide e fazeidiscípulos entre todas as nações!” (Mt 28, 19)Como em qualquer processo decomunicação, é necessário queconheçamos “o outro” e este “outro”foi um público herdado da JMJMadrid 2011 e que aumentousignificativamente à medida que seaproximava a data de início da JMJ,chegando a mais de um milhão de“fans” no facebook com os postsatingindo mais de 40 milhões devisualizações durante a semana daJMJ.Inicialmente o grande desafiopassou por ter uma identidade

visual cuidada, promovendo umaforma de comunicação credível e aomesmo tempo próxima do público.Houve depois a necessidade dedivulgar informação generalistarelacionada com a JMJ, promovercampanhas, divulgar conteúdos dereflexão partindo de textos bíblicosou frases do Papa e cuidar dodiálogo entre o peregrino e aorganização, respondendo àsdúvidas.Os conteúdos destinaram-se a umpúblico global e tornaram as redesnum espaço de encontro e formaçãopara os peregrinos e também paratodos aqueles que, impossibilitadosde viajar, puderam fazer um caminhoespiritual muito próximo.Contámos com uma colaboração demais de 120 voluntários em todo omundo que, através de umaplataforma online, asseguraram atradução e publicação dainformação nos 21 idiomas e nasmais diversas redes sociais, taiscomo o Facebook, Twitter , Youtube,Flickr, Tumblr, Ask.fm,Formspring e Google+.

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Durante a semana de realização daJMJ Rio2013 o trabalho nas redessociais era feito em tempo real,dando destaque às frases do Papae a todos os acontecimentos diáriosque tinham lugar. Foi tambémpossível a disponibilização de umagregador de redes sociais - “LiveRio2013” facilitando assim aconsulta a toda a informaçãopublicada.Para o sucesso da comunicação daJMJ Rio2013 foi importante oalcance da informação, não só paraos 3,7 milhões de peregrinos queestiveram em Copacabana

mas para as dezenas de milhões depessoas que receberam, atravésdestas novas plataformas, amensagem de Jesus Cristo. Nuncaalcançaremos uma rede social livrede aspetos nocivos mas, comocristãos, temos este apelo urgentepara dar respostas às inquietaçõesdas pessoas que se tornampresentes nesses ambientes. E otempo é «hoje», porque enquantopermanecemos afastados retiramoshipóteses a muitos de conheceremJesus Cristo.

Filipe Teixeira

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Cibereclesiologia e o presente daIgrejaNo início do Seu ministério naGalileia, Jesus chama algunspescadores para serem Seusdiscípulos. Dirigindo-se a Pedro, diz:“Avança para águas maisprofundas, e lança as redes para apesca” (Lc 5,4). Se Cristo seencontrasse com Pedro (ou comqualquer um de nós cristãos) hoje,certamente diria algo ligeiramentediferente. Algo como: “Avança pararealidades mais profundas, lança-teàs redes”. Se quisermos “ir pelomundo e fazer discípulos”, hoje,devemos lançar-nos às redes,devemos mergulhar no ambientepredominante da sociedadecontemporânea, que é o mundovirtual, principalmente a Internet.Para tal, no entanto, é precisorepensar a própria estrutura e omodelo de Igreja atual. Daí anecessidade de uma“cibereclesiologia”. Uma palavradifícil, mas com um sentido muitosimples, que deriva de três termosconhecidos de todos nós: logia, quetraduz estudo; ekklesia, quesignifica Igreja; e ciber ,

uma derivação do prefixo inglês“cyber”, que exprime a noção deinternet, de virtual ou decomunicação em rede.A cibereclesiologia é, portanto, oestudo sobre a Igreja no mundodigital ou na “sociedade em rede”, otempo e o espaço onde vivemoshoje, segundo o sociólogo ManuelCastels. Este novo ambienterepresenta uma verdadeirarevolução social e antropológica e acibereclesiologia surge para auxiliara Igreja a refletir e a estruturar-seneste contexto, a fim de melhorrealizar a sua missão de evangelizar,“lançando-se às redes”.É um estudo teórico que procuraajudar a dar respostas às inúmerasquestões, ameaças e desafiosimpostos pelo novo ambiente digital.No livro “Elementos para umacibereclesiologia” aponto inúmerosaspectos importantes nesta reflexão,que deve passar por dois caminhosprimordiais: pensar a ação de cada

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cristão individualmente, através doseu testemunho e modo de ser; epensar a ação da Igreja enquantoinstituição.Os desafios são inúmeros, taiscomo a crise das instituições, dafamília, da noção de poder e devalores, o fim dos absolutismos e dopatriarcalismo, a grande miscelâneade Igrejas, seitas e filosofias. Ouentão, a nível estrutural, exigindouma organização horizontal, emrede, descentralizada, interativa,comunitária, com novos formatos elinguagens, etc.

Mas há certamente maisoportunidades do que ameaças nonovo ambiente digital. Maisoportunidades do que desafios, separtirmos dos ensinamentos dasprimeiras comunidades e doConcílio Vaticano II. A Igreja tem2000 anos de experiência e é“especialista em humanidade”, porisso tem muito a contribuir e acrescer neste contexto, semeando oevangelho para colher os “sinais doreino”.

Ir. Darlei Zanon, religioso paulista

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Jovens católicos nas redes sociaisAs Jornadas Mundiais da Juventude(JMJ) do Rio de Janeiro viveram-setambém nas redes sociais. Paraalém dos 3,7 milhões que estiveramin loco no Rio muitos foram osmilhões que participaram e viveramesta peregrinação de jovens on-line.As redes sociais estiveram no seuauge, e a cada momento havianovidades sobre os váriosacontecimentos das JMJ.Quem participou nas JMJ pôdeperceber que a organização sepreocupou muito com acomunicação e imagem do evento,mas muitos foram os contratempose imprevistos que com a ajuda dasredes sociais se diluíram. O exemplomais visível foi a alteração da missade encerramento de Campus Fideipara Copacabana, em que as redessociais tiveram uma grandeimportância na divulgação destaalteração. Acrescentando àinformação alguns comentários,inclusive com muito humor,passando a denominar o local de«Lamus Fidei». Para além dasredes sociais, a criação de uma

aplicação para telemóvel das JMJRio 2013 fez com que os peregrinosestivessem sempre a par dasmudanças de última hora, agendacultural em vários pontos da cidade,percursos do Papa e discursos, tudoo que há partida não se sabia pelosmeios de comunicação.Para quem quer passar ainformação de uma forma maisrápida as redes sociais, maisconcretamente o Facebook , têmessa grande vantagem. Mais do queenviar um e-mail, institucional ainformação divulgada na rede socialé mais rápida e suscita maiscomentários e maior partilha deinformação.O Departamento Nacional daPastoral Juvenil (DNPJ), mais do queo seu site oficial (dnpj.pt), fez dapáginado Facebook (facebook.com/departamento nacionalpastoraljuvenil) oseu veículo de passagem deinformação. Muitos milharesacompanharam os primeiros temposdos portugueses na JMJ. A entregada imagem de Nossa Senhora deFátima ao

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reitor do Santuário do CristoRedentor foi dos momentos altos,um acontecimento que deixou marcae que no momento foi visto, atravésde imagem, por muitos utilizadoresdas redes sociais. Neste caso, ofacto de estarmos no alto doCorcovado, onde só havia internetdentro da capela do Santuário,tornou-se eficaz e fundamental autilização de um telemóvel com wifi.A forma como se partilhou ainformação foi o melhor meio para adivulgar, um sistema mais elaboradopodia ter dificultado.

A LusoFÉsta, evento organizadopelo DNPJ nas JMJ, foi outra dasiniciativas que tiveram influênciasnas redes sociais. Além do conviteinstitucional enviado por e-mail, foimais uma vez no Facebook que separtilhou grande parte dainformação. As partilhas fizeram comque um maior número departicipantes soubesse o que se iapassar.A dificuldade da coberturajornalística das JMJ era grande.Quando se está numa cidadeenorme como o Rio de Janeiro,onde por vezes os sistemas de

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comunicação falham, e a internetnem sempre tem um bom sinal ou seconsegue aceder, é com a ajudadas redes sociais no telemóvel quese consegue partilhar e trabalhar ainformação. O DNPJ conseguiu sero primeiro a divulgar aos Jovens olocal das próximas JMJ 2016, emCracóvia. Com o texto já feito, e àespera das palavras do PapaFrancisco foi só escrever: Cracóvia,na Polónia e carregar em publicar,para sermos os primeiro a divulgar ainformação. Só passados unsminutos é

que a organização e outrosmeios partilharam o local.Como se tem dito muito, aevangelização dos jovens tem deser feita por jovens. Nestas JMJ Rio2013, a partilha nas redes sociaisdas informações juvenis, feita poressa faixa etária, provou ser omelhor meio de comunicaçãopossível. Para além disto, é precisoser testemunho de Cristo, não sónas redes sociais tendo atenção oque se partilha, mas no dia-a-dia naescola, em família e no trabalho.

Bruno Leite (DNPJ)

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Papa faz viagem simbólicae evoca vítimas da criseO Papa Francisco visitou estedomingo, pela segunda vez, umailha italiana e após ter evocado odrama dos migrantes, emLampedusa, centrou a sua atençãonas vítimas da atual criseeconómica, numa viagem àSardenha marcada por váriosdiscursos e gestos de proximidade.Após ter deixado de lado o discursoque tinha preparado para oencontro com o “mundo dotrabalho”, durante o qual abraçouum desempregado que falou da suasituação, o Papa presidiu a umamissa na qual pediu respeito pelos“direitos fundamentais” de cadapessoa.“É necessária a colaboração leal detodos, com o compromisso dosresponsáveis das instituições,também a Igreja, para assegurar osdireitos fundamentais das pessoas,fazendo crescer uma sociedademais fraterna e solidária”, declarouna homilia da missa a que presidiuno Santuário da “Madonna diBonaria” (de Nossa Senhora dosBons Ares, em tradução livre paraportuguês).

Francisco sublinhou de formaparticular o “direito ao trabalho, odireito a levar pão para casa, pãoganho com o trabalho”.Mais tarde, o Papa sustentou que aatual crise internacional ameaça ofuturo da sociedade e apelou àreformulação dos modeloseconómicos e sociais, pararevalorizar o ser humano.“A crise pode tornar-se um momentode purificação e de repensar osnossos modelos económico-sociais,de uma certa conceção deprogresso que alimentou ilusões,para recuperar o humano em todasas suas dimensões”, declarou, numencontro com o “mundo da Cultura”,que decorreu na aula magna daFaculdade Teológica, em Cagliari.Francisco encerrou a visita de dezhoras à Sardenha após um encontrocom milhares de jovens, os quaisdesafiou a resistir à tentação do“desânimo” e aos “mercadores damorte”. “Por favor, não vendais avossa juventude a esses quevendem a morte”, disse, na capitalda ilha,

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desafiando a assembleia a abrir ocoração “à fraternidade, à amizade,à solidariedade”.O Papa dirigia-se em particular aquem se sentia “triste”, frisando quepor vezes se projeta um futuro masacaba por se “viver um falhanço,uma frustração: é uma prova e éimportante”. “O que há a fazer,certamente, não é deixar-se vencerpelo pessimismo e a

desconfiança. Vós jovensnão podeis e não deveis viver semesperança, a esperança faz partedo vosso ser”, declarou.A última intervenção foi dedicada àsvítimas do ataque suicida queprovocou mais de 80 mortos e de150 feridos no Paquistão, pedindoque os crentes evitem a “destruição”e a guerra.

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Bento XVI em diálogocom matemático ateuO Papa emérito Bento XVI escreveuao matemático e escritor italianoPiergiorgio Odifreddi, que, em 2011,publicou a obra ‘Caro Papa,escrevo-te’, para responder aalgumas das suas críticas equestões sobre Jesus e a Igreja.A missiva, parcialmente divulgadahoje pelo jornal italiano ‘LaReppublica’, assume uma crítica“dura”, mas franca, às posições deOdifreddi sobre a historicidade deJesus e a relação entre a Teologia eo mundo científico. “Aquilo que dizsobre a figura de Jesus não é dignodo seu nível científico”, escreveBento XVI, após o matemáticoitaliano ter afirmado que sobreCristo não se saberia nada, doponto de vista histórico,recomendando ao seu interlocutor aleitura da obra de Martin Hengel(publicada em conjunto com MariaSchwemer), exegeta protestante.Joseph Ratzinger, autor de umatrilogia sobre ‘Jesus de Nazaré,nega ter desvalorizado a exegesehistórico-crítica dos evangelhos

e diz nesta carta que a mesma é“necessária para uma fé que nãopropõe mitos com imagenshistóricas, mas reclama umaverdadeira historicidade”.Bento XVI responde também àsobservações de PiergiorgioOdifreddi a respeito dos casos deabusos sexuais de menores porparte de sacerdotes, começandopor mostrar “profundaconsternação”. “Eu procureidesmascarar estas coisas: que opoder do mal penetre até este pontono mundo interior da fé é umsofrimento para nós”, sublinha,antes de frisar que a Igreja vai fazer“todos os possíveis para que taiscasos não se repitam”.

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Mudança de atitudeface a migrantes e refugiadosO Papa apelou a uma mudança de“atitude” em relação aos migrantese refugiados, alertando para os“tráficos de exploração, de dor e demorte” de que estas populações sãoalvo. “Os migrantes e refugiadosnão são peões no tabuleiro dexadrez da humanidade. Trata-se decrianças, mulheres e homens quedeixam ou são forçados aabandonar as suas casas por váriosmotivos”, escreve Francisco numamensagem intitulada ‘Migrantes erefugiados: rumo a um mundomelhor’.O texto, divulgado pelo Vaticano,projeta a celebração da próximaJornada Mundial do Migrante e doRefugiado, que vai ser assinaladapela Igreja Católica a 19 de janeirode 2014. Segundo o Papa, énecessário passar de “uma atitudede defesa e de medo, dedesinteresse ou de marginalização -que, no final, correspondeprecisamente à ‘cultura dodescartável’ – para uma atitude quetem por base a ‘cultura doencontro’, a única capaz deconstruir um mundo mais justo efraterno”.

“Os meios de comunicação tambémsão chamados a entrar nesta‘conversão de atitudes’ e aincentivar esta mudança decomportamento em relação aosimigrantes e refugiados”,acrescenta.Francisco mostra a suapreocupação com a migraçãoforçada e com as “váriasmodalidades de tráfico humano e deescravidão”. A mensagem adverteainda para o “escândalo dapobreza” nas suas váriasdimensões: violência, exploração,discriminação, marginalização,abordagens restritivas às liberdadesfundamentais.

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LIKE SOMEONE IN LOVENum clube noturno de Tóquio, umarapariga fala ao telemóvel. Fala como namorado da jovem e bela Akikoque, não obstante a insistência dorapaz, se esquiva a precisar sobre olocal exato onde está.O dono do clube dirige-se a Akikopara lhe endereçar um novo‘cliente’, um amigo especial quemora longe dali. Ela resiste poisnessa noite deverá encontrar-secom a Avó que veiopropositadamente à capital para aver, mas acabará por ceder. Nãosem a dor de avistar, ao largo, a Avóesperando por si em vão.Chegada a casa do tal amigo aquem foi endereçada, Akikosurpreende-se: Takashi Watanabe éum senhor de idade, viúvo,sociólogo, de ar simultaneamenterespeitável e jovial, modosextremamente finos e um notórioalheamento da perspetiva de umaligação amorosa, menos aindacarnal, com a jovem rapariga.A relação entre ambos tece-sedelicadamente e em breve Akikovislumbra novos horizontes na suavida. Será inteiramente

livre de os escolher?...Pela segunda vez na sua carreira,depois de ‘Cópia Certificada’ (2010),Abbas Kiarostami filma fora do seupaís, o Irão. Desta vez no Japão.Cineasta das grandesinterrogações, dito apolítico e‘informe’ - difícil de espartilhar numestilo cinematográfico -, que recusaseguir os trilhos do cinema militante- como é mister de algunsconterrâneos na redução de arte amanifesto, não escusa a suafilmografia ao mais profundo olharsobre o mundo quotidiano e nessesentido, sim, provável eprofundamente político no seu maisnobre sentido.Surpresa, filme a filme, no seu modode perscrutar, envolve-nos fina eprofundamente neste ‘Like Someonein Love’ num Japão cuja herançamaterial e imaterial conhecemos eum Japão atual ainda muitodesconhecido: duas gerações, doistempos e três modos (o velhoTakashi e os jovens Akiko e o seunamorado) de ser japonês. A umamedida de tempo e espaço, asecular afabilidade, a sólida

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educação e a riqueza cultural; aoutro tempo e espaço, a atabafantepressão do meio urbano, aperspetiva redutora de futuro e aausência de sonho e ideal que abrelugar a soluções rápidas de vida,como a prostituição; a cedência doímpeto e do fulgor da juventude àviolência, na ausência de ideal.Akiko personifica o rio que flui frágile forte, cheio e vazio, entre estasduas margens, numa obraextraordinariamente bem filmada, aque uma aparente tranquilidade esimplicidade narrativas nada retiramdo que de mais belo, mais duro oumais trágico a história contém:questões relevantes e profundassobre o amor, o seu lugar no mundoe a sua polimorfia, sua força evulnerabilidade, o que suscita - Umsentido para a vida? Um sentimentode posse? Sobre a cultura,entendida como capacidade deintegrar passado, presente eprojeção de futuro. Ou sobre aperda- a do outro, por morte ourejeição; a perda de referênciasidentitárias e afetivas com o vazioque tal desenraizamento importa.

Nomeado para a Palma de Ouro deCannes, ‘Like Someone In Love’ é,sem sombra de dúvida, pela suaqualidade estética e capacidade deinterpelação humana, o melhor filmea estrear esta semana.

Margarida Ataíde

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Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

www.fundacao-ais.pt/Quase todos os dias somosinformados que grupos de Cristãossão atacados somente porqueprofessam a sua fé. Ainda hápoucos dias no semanário daAgência Ecclesia se poderia ler que“nunca, como agora, a comunidadecristã esteve tão ameaçada noMédio Oriente” e que “nunca, comoagora, são importantes as nossasorações”. Uma forma deacompanharmos a evolução do quese passa com os nossos irmãos nafé, que vivem em terras banhadaspelos rios Tigre e Eufrates, éacedermos ao sítio da FundaçãoAjuda à Igreja que Sofre (AIS).Ao entrarmos no respetivoendereço, encontramos um espaçoatrativo, denotando-se uma elevadaqualidade na estrutura e conteúdosaí apresentados.Na opção informar , temos apossibilidade de aceder aos boletinsperiódicos em formato electrónico,aos relatórios produzidos peloObservatório

da Liberdade Religiosa no Mundo eainda, à calendarização dosacontecimentos que de algum modoencaixam nos objectivos destaentidade.No item orar , encontramos umconjunto variado de sugestões compistas de oração diária. Sejajuntando-nos, em correntes deoração, “a milhares de cristãos quetodos os dias rezam em comunhãocom a Igreja que sofre”, ou orandopela paz na Síria ou pelo povoEgípcio, ou mesmo acompanhandoas intenções do Santo Padre paracada mês. É também neste espaçoque dispomos da possibilidade decolocar as nossas “intenções oupedidos especiais, para que todospossamos rezar”.Em partilhar , descobrimos asmúltiplas opções, para que dealguma maneira, integremos efaçamos parte deste enorme eriquíssimo projecto de ajuda aosoutros. Desde campanhas aprojectos de voluntariado edonativos, tudo possibilidades queestão ao nosso

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dispôr para conhecermos e quemsabe aderirmos de corpo e alma àsmúltiplas plataformas de ajuda eencontro humano e cristão.Para finalizar, destacamos duasopções disponíveis. Aprimeira, apoios, onde descobrimosas diversas maneiras que a AIS tempara ajudar a desenvolver, povos epessoas com carências aos maisvariados níveis. Asegunda, catálogo, onde acedemosà loja virtual com a venda deprodutos com a chancela da AIS,

com o objetivo de angariar fundosque ajudem a minimizar os custosdas suas acções humanitárias.Fica lançado o repto para quevisitem este espaço. Ficando aconhecer uma das mais prestigiadase reconhecidas fundações católicasinternacionais, que actua onderealmente é necessário, nuncaesquecendo o papel evangelizadorque está patente nos seusprincípios.

Fernando Cassola [email protected]

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Mente Aberta, Coração CrenteTestemunho do sacerdote, pastor eeducador e as suas reflexões sobreDeus, o mundo e os homens.“Mente Aberta, Coração Crente”(Editora Nascente) chega hoje àslivrarias. Este livro de SuaSantidade o Papa Francisco é oresultado de um longo processo dereflexão e pregação desenvolvidono contexto dos seus retirosespirituais.Revelando a profundidade da suavida espiritual, o Papa Franciscoleva-nos, em quatro meditações, aoencontro com Jesus através dosdiálogos que nos fornecem osEvangelhos. É um vislumbre da ricatradição Inaciana do autor, que seráum grande impulso para a vida daIgreja nestes tempos de novaevangelização. O Papa Franciscotambém escreve sobre a Igreja nasua vida real, com a sua grandeza eos seus pontos fracos, e terminacom textos dedicados à oração.Uma obra de caráter espiritual, paraajudar a crescer na Fé os crentes etodos os que procuram dar sentidoespiritual à sua vida.

Excerto do Prólogo«Creio que a obra que tem nas suasmãos, e para a qual tive o prazer deescrever este prólogo, é fruto de umlongo caminho de reflexão e oraçãoque necessita, por isso, de umaleitura pausada; darmo-nos tempo éo primeiro requisito paraavançarmos em algo importante.Estamos habituados a lerrapidamente para nos informarmos,mas este livro tem outra pretensão.Agradeço ao cardeal Bergoglio porter decidido reunir diversos textospara os apresentar, na unidade deuma obra, como um caminhosempre atual que nos ajuda eenriquece.»Mons. José María Arancedo,Arcebispo de Santa Fé da VeraCruz

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Biblioteca do CatequistaUm conjunto de livros que formam abiblioteca indispensável de qualquercatequista: Ao todo, a biblioteca écomposta por 10 livros diferentesque tocam o essencial do que deveser a formação básica de umevangelizador.O agente pastoral consegue atravésde uma compra única ter acesso aum conjunto de materiais que otornam mais capaz no seu anúncio(Edições Salesianas).

TítulosIniciar-se como catequistaPartilhar a FéPara que tenham vidaCasa sobre a RochaMeditações para Advento, Natal,Ano Novo, EpifaniaEucaristia com crianças - ano A(Tempos Fortes)Reuniões EficazesBansmaniaInteragir

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Paulo VI e a reforma da cúriaromana II

Será que Paulo VI foi um Papa reformador? A cúriaromana sempre foi objecto de posições apaixonadas“de lado a lado”, de tal modo que o discurso do Papaproferido a 21 de setembro de 1963, na véspera daabertura da segunda sessão conciliar, foi lido eescutado “nas suas linhas e entrelinhas” (In: Boletimde Informação Pastoral; Setembro-Outubro 1963; Nº26).A reforma da cúria romana é um tema que apaixonaa opinião mesmo de quem não anda muito a par davida da Igreja. A última reorganização tinhaacontecido nos finais do século XVI (em 1588). “Nãosabemos se valerá mais estranhar se admirar queeste organismo tenha podido funcionar sem retoquesimportantes durante quase quatro séculos que viramtantas transformações políticas e sociais” (In: HenriFesquet; «O Diário do Concílio – volume 1»; pág146).Sabe-se que o Papa Pio XII pensou na reformulação,mas não pôde ou não conseguir empreender essetrabalho. Segundo Henri Fesquet – citando o padreLegault – o Papa Pio XII resolveu «curto-circuitá-la»,tomando o máximo de decisões inteiramente só. Ohomem que convocou o II Concílio do Vaticano, JoãoXXIII, estava plenamente convencido da urgênciadesta tarefa, “mas procurou primeiro o apoio doepiscopado do mundo inteiro, e foi essa uma dasrazões da convocação do concílio”.

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Viu as primeiras luzes do concílio,mas morreu sem ter podido cumpriresse objectivo.Mais do que nenhum outrodicastério, a chamada congregaçãodo Santo Ofício tinha necessidadede uma reforma fundamental.“Tornou-se insuportável aoscatólicos, não que exista umministério encarregado de velar pelamanutenção da pureza doutrinal,mas que este trabalho sejarealizado segundo métodoscontrários ao direito internacional,que rege os tribunais (condenarsem apelo dos homens, sem os terprevenido ou ouvido ante; silênciooficial sobre os motivos)”, (In: HenriFesquet; «O Diário do Concílio –volume 1»; pág 146).O índex era “totalmente anacrónico”e muitas vezes chegava aoresultado contrário daquele que sepretendia. Henri Fesquet, na obracitada, escreveu: “Sem o SantoOfício, a «Vida de Jesus» do padreSteinman, por exemplo, teria tidomenos notoriedade e, portanto,menos leitores”.No célebre discurso de Paulo VI,este exortou a cúria romana a

nunca perder de vista que o seucomportamento devia ser umexemplo para a catolicidade dedesprezo pela ambição e derespeito pelos bispos. “A cúriaromana não deve ser umaburocracia pretensiosa e apática,como alguns a consideram semrazão, somente canonista eritualista, um terreno em que sedefrontam ambições ocultas ousurdos antagonismos, segundooutras acusações”.Além disso, continuou o PapaMontini, a cúria romana “não deveráser ciosa das prerrogativastemporais de outrora nem de formasexteriores que já não são aptas paraexprimirem ou conferirem altassignificações religiosas, nem avarade faculdades que o episcopadopode exercer melhor localmente, porsi próprio, sem que isso prejudiquea ordem eclesiástica universal”. Foide capital importância que estasideias tenham sido transmitidas peloPapa a poucos dias da abertura dasegunda sessão.

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setembro 2013Dia 27* Dia Mundial do Turismo. * Celebração dos 900 anos daOrdem de Malta com a emissão deselos.* Braga - UCP - Início da pós-graduação em Administração eGestão do Turismo. * Lisboa - Igreja de São Nicolau - Início do novo ciclo de conferênciasda ACEGE, com o tema "Portugal noFuturo", presidido por D. ManuelClemente.* Lisboa - Estoril (Auditório da Igrejada Boa Nova) (21h00m) -Conferência «Fátima e Portugal»por D. Manuel Clemente. Dia 28* Lisboa - Conselho Nacional daPastoral Operária.

* Funchal - Convento de SantaClara - Assembleia das direcçõesdos secretariados, movimentos eobras laicais da diocese doFunchal. * Lisboa - Basílica da Estrela(12h00) - Missa de abertura do anoescolar da Escola Diocesana deMúsica Sacra por D. ManuelClemente. * Porto - Paredes (Fundação ALORD) - Conferência sobre«Solidariedade com África»proferida pelo padre Almiro Mendes* Guarda - Jornada diocesana paraapresentar o novo plano pastoral. * Fátima - Encontro da JuventudeDoroteia.* Porto - Espinho (nave desportiva)(14h) - Abertura do Ano Catequéticona Diocese do Porto.* Beja - Centro Pastoral - Diadiocesano. * Lisboa - Estoril (Auditório da BoaNova) - Festival da Canção Cristãda diocese de Lisboa.* Aveiro - Igreja matriz de Oiã - Concerto de outono inserido namissão cultura do ano jubilar dadiocese de Aveiro. * Leiria - Aula magna do Semináriode Leiria - Encontro diocesano decatequistas.

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* Porto - Carvalhido (Auditório) - Sessão de empreendedorismosocial promovido pelo Grupo deJovens da Comunidade do MontePedral.* Fátima - Peregrinação nacional doRosário e da Família Dominicana aoSantuário de Fátima. (28 e 29)* Vaticano - Jornada mundial doscatequistas. (28 e 29) Dia 29* Portugal - EleiçõesAutárquicas; Nota da ConferênciaEpiscopal Portuguesa e entrevista aJosé Miguel Sardica.* Setúbal - Encerramento (início a16 de setembro) da iniciativa«Quinzena do Azulejo» promovidopelo projeto «Roteiro das Igrejas daDiocese de Setúbal - Uma novaforma de viver o Património».* Vaticano - Jornadas sobre «Asimagens da fé no patrimónioEuropeu» promovidas peloConselho Pontifício para a Cultura eintegradas nas Jornadas Europeiasdo Património. * Lisboa - Igreja e Museu de SãoRoque - Encerramento (início a 27junho) da exposição «A EncomendaProdigiosa - da Patriarcal à CapelaReal de São João Batista».

* Vaticano - Celebração eucarísticapresidida pelo Papa Franciscointegrada na Jornada Internacionaldos Catequistas. * Semana nacional da EducaçãoCristã. (29 a 06 de outubro)Dia 30* Data limite para a entrega dascandidaturas ao Trofeu Portuguêsdo Voluntariado. * Vaticano - O Papa Franciscoencontra-se com os participantes do27.º Encontro Internacional Homenspela Paz, que terá como tema “Acoragem da esperança”. * Vaticano - Consistório presididopelo Papa Francisco onde sesaberá a data da cerimónia decanonização de João Paulo II e JoãoXXIII. * Suíça - Genebra - Entrega doprémio da edição 2013 do prémioNansen, atribuído pelo AltoComissariado das Nações Unidaspara os Refugiados (ACNUR) àreligiosa congolesa AngéliqueNamaika. * Lisboa, Porto, Braga, Viseu - UCP - Semana cultural da UniversidadeCatólica Portuguesa. (30 a 06 deoutubro)

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Ano C - 26.º Domingo do TempoComum

Receber osbens parapartilhar

A liturgia deste vigésimo sexto domingo do tempocomum faz-nos pensar de novo sobre a nossa relaçãocom os bens deste mundo: não nos pertencem deforma exclusiva, são dons que Deus colocou nasnossas mãos para que os administremos epartilhemos, com gratuidade e amor.As palavras do profeta Amós são muito provocadoras:denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa,que vive no luxo à custa da exploração dos pobres eque não se preocupa minimamente com o sofrimento ea miséria dos humildes; anuncia que Deus não pactuacom esta situação, pois este sistema de egoísmo einjustiça não tem nada a ver com o seu projeto para oshomens e para o mundo.O Evangelho oferece-nos uma catequese sobre aposse dos bens, na parábola do rico e do pobreLázaro. É a única parábola em que Jesus dá um nomea um dos protagonistas da história que inventa. Opobre chama-se Lázaro, que, em hebraico, significa“Deus socorreu”. É o que Jesus faz pelo seu amigo. Orico é descrito com todo o fausto que o rodeava:vestidos luxuosos, festins sumptuosos e quotidianos.Mas não tem nome, é “o rico”. Aos olhos de Deus, osque ocupam o primeiro lugar são os pobres.Uma frase é central no relato: “Lázaro bem desejavasaciar-se do que caía da mesa do rico, mas até oscães vinham lamber-lhe as chagas”. Uma frase muitopróxima da parábola do filho

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pródigo, quando o filho mais novolamenta não poder comer as bolotasdos porcos. Esse filho simboliza o homempecador fechado na sua solidão, opobre Lázaro é vítima do pecado dorico, mas o resultado é o mesmo:não são vistos por ninguém.Ninguém lhes dá atenção. Só oscães vêm lamber as chagas dopobre.Temos aqui uma descrição muitorealista do que são as nossasrelações, muitas vezes anónimas eindiferentes. Mesmo com os maispróximos de nós, acontece que nãoos vemos verdadeiramente, a pontode nos esquecermos de lhes dizerbom dia, de estarmos atentos aoque são e fazem. Jesus recorda-nosque, para Ele e para o seu Pai,cada ser humano é olhado comoúnico.A Palavra de Deus desafia-nos comtoda a sua força profética. Diante detodos os desastres do mundo,temos um olhar diferente para comtodos os “Lázaros” da nossasociedade ou ficamo-nos por umsimples relance no ecrã datelevisão? Ouvimos os golpesdiscretos à nossa porta?

Ou serão somente cães a dar-lhesassistência?Levados pela Palavra, só podemosreceber os bens para partilhar,contribuindo para eliminar o enormeabismo entre ricos e pobres, a todosos níveis: material, espiritual ecultural.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 29 - Política: odesafio da cidadania. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 30 -Entrevista a D. AntónioFrancisco dos Santos sobre aSemana Nacional daEducação Cristã.Terça-feira, dia 01 -Informação e apresentaçãode iniciativas para a SemanaNacional da Educação Cristã na disciplina de EMRC.Entrevista a Dimas Pedrinho.Quarta-feira, dia 02 - Informação e apresentação dasJornadas Nacional de Comunicação Social. Entrevistaa Paulo Rocha.Quinta-feira, dia 03 - Informação e apresentação doprojeto de comunicação através das redes sociais naJMJ. Entrevista a Filipe Teixeira.Sexta-feira, dia 04 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 29 de setembro, 06h00 - Participaçãopolítica e cidadania. Segunda a sexta-feira, dias 30 de setembro a 4 deoutubro, 22h45 - Redes Sociais: lugares decomunicação e partilha.

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Nos dias 28 e 29 de setembro, a cidade do Vaticanorecebe catequistas de todo o mundo para um encontrointernacional. Durante o encontro, os catequistasfarão uma peregrinação ao túmulo do apóstolo SãoPedro, primeiro Papa da Igreja Católica, e serãodepois “confirmados na fé” numa celebração presididapelo Papa Francisco no último dia do encontro, numgesto que deseja reforçar a missão de fé destesagentes da igreja católica. O dia 29 de setembro ficará marcado pelas eleiçõesautárquicas que devem contar com a participação detodos os cidadãos no exercício do seu direito de voto.O Papa afirmou recentemente que é “obrigação detodos os cristãos” envolverem-se na política em proldo bem comum. Francisco tem surpreendido com a sua posturahumilde e pela forma como fala abertamente sobretemas como a necessidade de reforma da CúriaRomana. No sentido de dar início a essa reforma, oPapa agendou, de 1 a 3 de outubro, uma reunião comos 8 cardeais conselheiros. Nos dias 3 e 4 de outubro têm lugar, em Fátima, asJornadas de Comunicação Social. Será debatido otema “Comunicar no ambiente digital” proposto porprofissionais da comunicação e por responsáveis pelapastoral da Igreja. A presidir às conferências e aosdebates estarão jornalistas e sacerdotes experientesna área da comunicação. A comparência do padreAntonio Spadaro, diretor de ‘La Cilviltà Cattolica’,merece destaque entre as participações.

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APOSTOLADO DE ORAÇÃO

Deus está próximo do coraçãoatribulado Para queaqueles queestãodesesperadosa ponto dedesejar o fimda própriavida, sintam aproximidadeamorosa deDeus[IntençãoGeral doSanto Padrepara o mês deoutubro]

O sofrimento chega de muitas formas. Não épossível evitá-lo, por isso importa aprender aconviver com ele. Os nossos antepassados,mais expostos à fragilidade e brevidade davida, assumiam-no como parte integrante doquotidiano. Hoje, isso não é tão fácil, pois asociedade está orientada para esconder osofrimento que não pode vencer e mesmoaquele que aparece como inevitável é olhadocom revolta, como se fosse responsabilidadede alguém. Com frequência, o próprio Deus échamado a juízo, com o argumento de que,«se existisse, não permitiria tal coisa» ou «sefosse bom, não deixaria tal tragédia acontecer».Pessoas em situação de desespero precisam,sobretudo, de encontrar quem disponha detempo para partilhar a sua dor. Em muitoscasos, é necessária uma ajuda especializada(do âmbito da psicologia ou psiquiatria). Emmuitos outros, o importante é a relaçãopessoal, ajudando a dissipar fantasmas e a sairdo atoleiro onde a pessoa caiu. Tratando-se decristãos, esta relação pessoal de acolhimento eescuta pode incluir o fazer memória dos muitosdons de Deus e, sobretudo, do seu amor,manifestado de modo particular na morte eressurreição de Cristo. É importante estamemória não ser imposta sobre

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quem se encontra emdesespero, pois adesesperança pode tercorrompido a relação comDeus, tornando-a mais umfardo a acrescentar aosoutros. A proximidade pessoal,a disponibilidade para escutar,o esforço por ajudar hão-deser a primeira memória, nãofalada, desse Deus-Amor quenunca desespera de ninguém.É também importante, comorecorda a intenção do Papa,rezar por estas pessoas.A oração pode converteraquele que reza, tornando-omais capaz de ajudar o irmãoem necessidade. E podetambém ajudar a fortalecer ocoração e a mente do irmãoem desespero, o qual, mesmosem o saber, não está só nasua batalha contra a tentaçãodo suicídio.Por seu lado, quem reza nãoprecisa de saber se a suaoração foi eficaz, precisaapenas de confiar a Deus asua oração. O que vem depoisjá não lhe pertence....

Elias Couto

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45 milhões de refugiados no mundointerpelam a nossa consciência

Condenados ao esquecimento

A guerra civil na Síria trouxe denovo esta estatística para a luz dodia. Mais de 2 milhões de homens,mulheres e crianças em fugadeste país em destruiçãoamontoam-se agora em camposimprovisados. A tragédia éimensa: a cada 4 segundos,alguém no mundo torna-serefugiado Muitos tornam-se cidadãos do nada.Perdem papéis, família, empregos,casas, tudo o que amealharam aolongo da vida. Por causa deguerras, de conflitos

étnicos e religiosos, por causa daintolerância, milhões de pessoasvêem-se confinados a uma vida emcampos de refugiados. Abrigam-seem tendas, alimentam-se dacaridade e desesperam quanto aofuturo.Neste preciso momento, um milhãode crianças sírias – metade do totaldos refugiados oriundos deste paíspor causa do conflito armado entresoldados de al-Assad e as forçasrebeldes – teve de abandonar a suaterra

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e muitos foram até obrigados a fugirsozinhos. Muitos dos refugiadossírios são cristãos. O alerta do PapaJá este mês, o Papa Franciscodeslocou-se ao Centro Astalli, emRoma, uma instituição gerida pelosJesuítas. Referindo-se ao trabalhode acolhimento do refugiado comouma “missão de toda a Igreja”, oPapa instigou os cristãos a“praticarem a hospitalidade comgenerosidade e coragem”.Acolher os refugiados, apoiar osque mais sofrem, dar voz aos quenão conseguem fazer-se escutar, étambém uma das missõesda Fundação AIS. Em todos os

países no mundo onde os cristãossão discriminados, vítimas deperseguição, atacados, há famíliasinteiras que foram forçadas aabandonar tudo para salvar aprópria vida. Foi assim na Índia, noPaquistão, está a ser assim noIraque, Irão, Nigéria, RepúblicaDemocrática do Congo, Sudão…São milhões que aos poucos foramperdendo as suas raízes, memórias,identidade. Crianças que nuncaconheceram nada mais do quecampos de refugiados são cidadãosde que mundo? A 20 de Junho, DiaMundial do Refugiado, o PapaFrancisco interpelou directamente aIgreja para acolher os refugiados.Para a Ajuda à Igreja que Sofre,como sempre sublinhou oPadre Werenfried van Straaten, oseu fundador, “um desejo do Papa éuma ordem”. Todos somos poucospara acolher esta multidão derefugiados no mundo. Agora naSíria, amanhã no Iraque, depois noSudão...Paulo Aido | Departamento deInformação | www.fundacao-ais.pt

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LUSOFONIAS

Guiné Bissau

Tony Neves

A Guiné-Bissau ainda não se encontrou consigoprópria como país. A constante instabilidadepolítica, aliada à pobreza extrema e à imensidadede um número de etnias que não se entendem,põem sérias reservas quanto ao futuro comopaís. Para agravar a situação, tem ganho umaimagem muito negativa na opinião públicainternacional por ser constantemente referido oseu envolvimento no tráfico de droga.Mas ninguém tem o direito de traçar um quadroassim tão negativo sobre a Guiné-Bissau. O seupovo é bom e hospitaleiro e a maioria dapopulação quer construir uma sociedade justa efraterna.Duas professoras de Portugal passaram um mêsna Guiné e escreveram como testemunho: ‘Deusobrigado… Pela força e beleza das assembleiascristãs que atenua a realidade difícil da vida emBissau e pela beleza de Bubaque, nos Bijagós,pela misteriosa Bafatá e pela alegria dos jovensdo(s) Campo(s) de Férias em Mansoa …Portantos homens e mulheres de fé e vocaçõesdiferentes que encontrámos a dar o seu melhorem favor dos irmãos, fazendo de quase nada opão da esperança que anima tantas vidas e osfaz caminhar na descoberta do cristianismo,entre os Muçulmanos e a religião tradicional…Pela Igreja tão jovem, tão viva e tão alegre, docontinente africano, que insiste em mostrar aoshomens e mulheres de hoje que o cristianismo éuma proposta de amor que muda realmente avida

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dos crentes e se envolve no seudesenvolvimento integral…Eis-nos aqui, Senhor, eternamenteagradecidas por tudo o que nosdestes a viver neste mês de Agosto,na Missão ad gentes em terras daGuiné, por todos aqueles com quempartilhámos a VIDA que és Tu e,agora, ainda mais conscientes daresponsabilidade na luta pelosdireitos destes irmãos que

muitas vezes não têm o essencial. AMissão faz-se com os “pés quecaminham”, “as mãos que ajudam” eos “joelhos que rezam”… unidos…VIVAMOS EM MISSÃO!’.Desejo um futuro de paz e deprogresso para a Guiné-Bissau,país onde já estive algumas vezes eonde tenho muita vontade deregressar.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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«O grande continente digital não é simplesmente tecnologia,porque é formado por homens e mulheres reais quetransportam consigo o que têm dentro, as suas esperanças,os seus sofrimentos, os seus anseios, a busca do que éverdadeiro, belo e bom. É necessário saber apresentar e levarCristo, partilhando a alegria e a esperança, tal como Marialevou Cristo ao coração do homem» (Papa Francisco, na audiência aos participantes na assembleia plenária doConselho Pontifício das Comunicações Sociais – 21/09/2013)

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