avaliaÇao economica - core.ac.uk · antonio do naacimnto rosa jair0 mendes visira joi6 marques da...

21
ISSN 0100 -7750 I Número 11 I AGOSTO, 1983 AVALIAÇAO ECONOMICA DA ENGORDA DE NOVILHOS CONFINADOS COM SUBPRODUTOS DA MICRODESTILARIA DE ALCOOL Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Vinculada ao Ministério da Agricultura Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte - CNPGC Campo Grande, MS

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ISSN 0100 -7750

I Número 11 I AGOSTO, 1983

AVALIAÇAO ECONOMICA DA ENGORDA DE NOVILHOS

CONFINADOS COM SUBPRODUTOS DA MICRODESTILARIA DE ALCOOL

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Vinculada ao Ministério da Agricultura Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte - CNPGC Campo Grande, MS

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CIRCULAR TÉCNICA N9 11 ISSN 0100-7750

Agosto, 1983

AVALIAÇÃO ECONOMICA DA ENGORDA DE NOVILHOS CONFINADOS

COM SUBPRODUTOS DA MICRODESTILARIA DE ÁLCOOL

Fernando Paim Costa Luiz Roberto Lopes de S.Thiago José Marques da Silva Eduardo Simões Corrêa

(i)Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA Vinculada ao Ministério da Agricultura ~~centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte-CNPGC Campo Grande, MS

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Pedidos de exemplares desta publicacio devem aer dirigidos ã

Setor da Difusdo de Tecnologia

UU)IUPA - CNPCC

Rodovia BR 262 km 4

Cairs poeta 154

79100 - Campo Grande, W

Joio Cmllo Milagrsa - Presldenta

Fernando Palm Costa - Secratlr io ~ u i c u t i v o

Antonio do Naacimnto Rosa Ja i r0 Mendes Visira Joi6 Marques da s i lva Jurandir Pereira da Oliveira

m r i a Regina Jorge Soarei

üaul Henrique Xesalsr

Coordenacio: Arthur da Silva mriliit. Nomaliricioi Maria R?gina JOrg. soar.. Datilogratiai Euripedes Valírio Bittencourt

Costa, P.P.1 Thiago, L.R.L.de 5.1 Silva, J.ll.dal Corría, E.S. Avaliacio aconóilca da engorda nOvllhO# confinado# CO. #ubprodutom da iicrod*#- t i l a r l i de álcool. Campo Grande, W , 'WIUPA- CNPCC, 1983 . 2lp. (EYBIUPA-CNPCC. Ciroular TIO-

1. Confin~ant+Bsrsrro~-Avalia5i~ Econóillca. 2. B~~~rro.-Confin-nto-EngDrda. 3. Alcool. Ucrouil- lu. Subprcdutos. I. TNagO, L.R.L.de S. 11. Silwa, J.M.~.. III. C O C I I ~ , E.S. IV. mpcesa ~ r a s i l e i r a de Poiquima Agropcuária. Cantro Nacional de Pesquisa da Gado de Corte, Campo Grauda, W . V. Tltulo. VI. séria.

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i INTRODUÇAO ................................... 2 METODOLOGIA .................................. 3 BASE F r S I C A .................................. 4 RESULTADOS ...................................

4.1 Desempenho dos animais ................... .................... 4.2 Avaliafio economica ..

5 CONCLUS~ES ................................... 6 REFERENC I AS B I B L I OGRhF I CAS ...................

Pág .. - 5

5

8

14

14

16

20

21

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AVALIAÇAO ECONÕMICA DA ENGORDA DE NOVILHOS CONFINADOS

COM SUBPRODUTOS DA M I CRODESTI L A R I A DE hLCOOL

Fernando Paim costa1 Luíz Roberto Lopes de s.~hia~o' ~ o s é Marques da silva1 Eduardo SimÕes corrêa2

Durante dois anos ( 1 9 8 1 e 1 9 8 2 ) o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte da EMBRAPA realizou a experiên- cia de confinar bovinos ao longo da estação seca, visando seu abate na entressafra. A ração ministrada aos animais foi distinta entre os dois anos, apresentando, no entan- to, a característica comum de utilizar subprodutos da mi- crodestilaria de álcool. Os experimentos de 1 9 8 1 e 1 9 8 2 acham-se expostos em Thiago et al. ( 1 9 8 2 , 1 9 8 3 ) . O presente trabalho visou reunir e analisar, numa só

publicação, informações econômicas sobre dois sistemas de confinamento derivados dos resultados obtidos nos experi- mentos acima mencionados, confrontando estes sistemas en- tre si e com a alternativa conservadora da engordaempas- tagem. A dominãncia desta alternativa no Brasil impõe que os resultados económicos obtidos no confinamento sejam a- valiados à luz dos resultados que seriam obtidos na en- gorda em pastagem.

2 METODOLOGIA

. A partir das relações insumo - produto verificadas nos experimentos cujos nümeros foram extrapolados para 80 ca-

l EngQ Agr?, M.Sc. Pesquisador da EMBRAPA-CNPGC

Eng? AgrQ, B. S. Pesquisador da EMBRAPA-CNPGC/EMBRATER

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beças (capacidade da base física considerada), delinea- ram-se dois sistemas de confinamento que, fundamentalmen- te, se diferenciam pela ração utilizada, a saber:

Confinamento I: Baseado num dos tratamentos do experi- mento de 1981, com duração de 120 dias, tendo como ração: ponta de cana fresca triturada ad l i b , 4 kg/cab.dia de panícula de sorgo sacarino moída, 120 g/cab.dia de uréia pecuária e 30 g/cab.dia de mistura mineral3.

Confinamento 11: Baseado num dos tratamentos do experi- mento de 1982, com duração de 126 dias, tendo como raçso: 60% de ponta de cana fresca triturada + 40% de bagaço de cana triturada ad lib, 3 kg/cab.dia de panícula de sorgo sacarino moída, 1,3 kg/cab.dia de torta de algodão e 30 kg/cab.dia de mistura mineral3. Este sistema procurou re- duzir o custo e aumentar a disponibilidade do volumoso a- través da substituição parcial da ponta de cana pelo ba- gaço, estando este Último disponível junto à usina en- quanto a ponta de cana implica em custo de recolhimento e transporte da lavoura até o confinamento. A função da torta de algodão foi reduzir o efeito desta substituição no desempenho animal, dado o baixo valor nutritivo do ba- gaço em relação ã ponta de cana. Para o sistema de engorda a campo, considerou-se um

pasto de capim colonião capaz de permitir manutenção de peso na seca e ganho diário de 0,500 kg durante a estação chuvosa. .Computaram-se indicadores econÔmicos para os dois sis-

temas de confinamento estudados e em seguida procedeu-se a comparação daquele de melhor desempenho com a engorda a campo. Os indicadores calculados foram margem bruta e lu- cro, assim definidos: margem bruta é a parcela da receita

JFórmula : Fosfato bicálcico - 41,202; Sulfato de zin- co - 2,451; Sulfato de cobre - 0,582; Sulfato de cobalto 0,030; Iodato de potássio - 0,015; Flor de enxofre-7,513 e Cloreto de sódio - 48,207. Trinta gramas foram forneci- das junto à ração, havendo fornecimento a vontade em co- chos específicos.

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que resta ao produtor após a dedução do gasto operacio- nal; o lucro, destinado a remunerar a capacidade adminis- trativa do empresário, tem o valor do resíduo obtidoquan- do da receita se desconta o custo total, sendo este Últi- mo constituído pelo gasto o~eracional, depreciação das instalaçÕes/equipamentos e custo de uso do capital. O gasto operacional corresponde à quantia em dinheiro

efetivamente desembolsada pelo produtor. No caso, inclu- iu-se também neste item o montante relativo i aquisição dos animais. Quanto i depreciação, para aqueles itens de uso exclusivo no confinamento (curral, galpão. instala- ção elétrica e desintegradora de forragem) considerou-se uma amortização anual constante, tomada em sua íntegra. Para os itens de utilização parcial (trator e carreta), a amortização foi calculada na proporção de seu uso pelo confinamento. O capital a remunerar constituiu-se pelaso- ma dos valores dos animais, instalações e equipamentos. Dentre estes Últimos, cabe observar que o valor do trator não foi tomado integralmente pois supôs-se um uso parale- lo em outras atividades. Quanto i carreta, considerou-se que seu uso fora do confinamento apenas se daria em época do ano não coincidente com o mesmo, daí seu valor ter si- do tomado na íntegra. Fixou-se uma taxa de juros real de 10% ao ano (equivalente a 0,8% ao mês) para cálculo do custo de uso do capital. Dentre uma série de fatores, alguns beneficiam e outros

oneram o confinamento diante da alternativa padrão de en- gorda a campo. A expressão desses fatores na forma de be- nefícios e custos adicionais (em relação i engorda em pastejo) permite o cálculo, por diferença, do benefício líquido adicional do confinamento, conceito básico para comparar os dois sistemas. Se o benefício líquido for po- sitivo, o confinamento é economicamente mais interessante que a engorda em pastagem. 0s itens determinantes dos be- nefícios e custos adicionais do confinamento em relação à pastagem são os seguintes4:

Para a comparasão, os animais a campo foram supostamen- te conduzidos até atingirem o peso final alcançado no confinamento.

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a) benefícios adicionais: - aluguel da pastagem que seria necessária para engor- dar os animais confinados;

- poupança de insumos (suplemento mineral e vacina aftosa) ;

- redução (em relasão à pastagem) dos juros correspon- dentes aos animais;

- maior rendimento de carcaça; - diferença de preço real, a favor do boi gordo vendi- do na entressafra.

b) custos adicionais: - instalações e equipamentos específicos para o confi- namento (depreciação e juros );

- mão-de-obra adicional; - ração; - energia elétrica. Os preços considerados ao longo da análise são aqueles

vigentes em 1982. Para o boi gordo, tomou-se o valor cor- rente em outubro deste ano, da ordem de Cr$ 3.800,00/í3 O boi comprado para confinar foi cotado a seu preço em ju- nho e os demais itens de custo, segundo o preço médio do período de confinamento considerado (junho a outubro de 1982). Estes preços são expostos adiante.

3 BASE F r S I C A

As principais instalações dos sistemas de confinamento em estudo são um 'curral (duplo) a céu aberto e um galpão para preparo e armazenamento de ração,-cuja disposição é mostrada na Fig. 1 . O primeiro, com área em torno de 1.650 mz, tem seus componentes e custos apresentados na Tabela 1 . O galpão possui uma área coberta ao redor de 24 m2, parte da qual é fechada para permitir o armazenamento da ração (Tabela 2). Detalhes da cerca frontal e do come- douro podem ser vistos na Fig. 2. As demais cercas são simples, com oito fios de arame liso eqüidistantes até a altura de 1,80 metros.

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. -

C U R R A L

i

C U R R - A L

FIG. 1 Vista do conjunto das instalações

9

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TABELA 1

. Curral para confinamento a céu aberto

- relação do material e custo da

construção (1.650 m2) em

1982.

~iscriminação

Uni- Quanti

Valor em Cr$

dade

dade unitário

Total

1. CERCAS

Firmes de aroeira (2,50

m; 4

= 0,20 m)

1 140

Firmes de aroeira (3,00 m; d

= 0,20 m)

1 20

Ripas

(6,50 m x 0,035 m x 0,07 m)

dz

6 Arame liso nQ 8

1.000m

2 Arame galvanizado nQ 14

kg

40

SUBTOTAL 1

d

2. PORTOES

O

Vigas de faveiro (2,00 m x 0,05 m x 0,10 m)

1 28

Vergalhões (7116"; 6,00 m)

1 14

Porcas

1 160

Arruelas

1 160

Dobradiças

1 16

SlJ3TOTAL 2

3. COMEDOLROS

Colunas/faveiro (2,00 m x 0,10 m x 0,10 m)

1 28

Vigas de faveiro.(3,50 m x 0,06 m x 0,12 m)

1 8

~ábuas de ipê (4,20 m x 0,03 m x 0,25 m)

1 1 00

Prego especial torcido (18 x 24)

kg

8

SUBTOTAL 3

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TABELA 1 (Cont.)

Curral para confinamento a céu aberto

- relaçáo do material

e custo da construção (1.650 ml) em 1982.

--

-

--

--

Uni- Quanti

~iscriminação

Valor em Cr$

dade

dade unirário

Total -

.. 4. COCHOS PARA MINERAIS

A

Tábuas (4,20 m x

0.025

m x

0,25 m)

1 12

1.019,OO

12.228,OO

Prego especial torcido (18 x 24)

kg

1 364 ,O0

364 ,O0

SUBTOTAL 4

12.592 ,O0

5. BEBEDOUROS

2 -

Fundos de fossa

Caixa d'água de cimento amianto 18 1

Bóia plástica

1"

Cano PVC 1

" Mangueira polietileno

1"

Cimento

SUBTOTAL 5

6. MO-DE-OBRA

(suBTOTAL 6)

TOTAL GERAL

(SUBTOTAIS 1

+2+3+4+5+6)

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TAB

ELA

2. ~al~ão

de preparo e armazenamento de ração

- relação do material e cus-

to da construção em

1982

.

Uni-

Quant i

Valor em Cr$

dade

dade

unitário

Total

Firmes de aroeira

(3.5

0 m; d

= 0

,25

m)

1

Firmes de aroeira

(3,8

0 m; d

= 0

,25

m)

1

Vigas

(3,5

0 m x 0

,06

m x

0,1

6 m)

1

Caibros

(4,O

O m x 0

,05

m x

0

,06

m)

1

Chapas de aglomerado

(2,2

0.m

x 0

,01

0 m

N

x

1,1

0 m)

1

Porta de imbuia

1

~ábuas (3

,20

m x 0

,03

m x

0

,25

m)

1

Telhas Maxiplac

(4,l

O m x 0

,00

6 m x

1

,o0 m)

1

Tinta a óleo

galão

M~O-de-obra

TOTAL

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FIG. 2 Detalhes do curral: cerca frontal e comedouro

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Os equipamentos utilizados são uma desintegradora de forragem, um trator com potência de 36CV e uma carreta com capacidade para 3 toneladas. A desintegradora é movi- da por motor elétrico, tendo sido, por isso, necessário instalar uma extensão de energia eletrica no local (Ta- bela 3). Para cômputo dos custos, considerou-se que o uso do trator e da carreta no confinamento seria parcial, da- do seu emprego em outras atividades.

4 RESULTADOS

4.1 Desempenho dos animais

No Confinamento I, a ponta de cana mostrou ser um volumoso capaz de responder a níveis de suplementaçáo e- nergética. Assim, quando se fez adequado o nível de ni- trogênio na dieta (usando-se a uréia pecuária), 4 kglcab. dia de panígula de sorgo triturada (PST) permitiram um ganho de peso de 0,596 kg/cab.dia, ganho este aumentado para 0,712 kg quando se forneceu 6 kg/cab.dia de PST. En- tretanto, o custo para aumentar de 4 para 6 kg o teor de PST na ração não foi compensado pelo incremento na recei- ta devido ao maior ganho expresso acima. Além disso, o maior teor de PST na 'dieta reduziu consideravelmente o consumo da ponta de cana, fato indesejável dadas suas es- cassas alternativas de uso em comparação com a PST. Este consumo foi de 5.6 e 5,1 kg/cab.dia de matéria seca (MS) para, respectivamente, 4 e 6 kg/cab.dia de PST na dieta.

No Confinamento 11, a ponta de cana foi parcialmen- te substituída pelo bagaço, alimento conhecido pelo seu baixo valor nutricional mesmo para ruminantes. Por este motivo optou-se por uma suplementação protéica mais efi- ciente do que aquela representada pela uréia. O maior custo deste suplemento, no caso a torta de algodão, pode- ria ser compensado pela conseqüente maior eficiência dos microorganismos do rÜmen em desdobrar a fração fibrosa do volumoso (60% de ponta de cana + 40% de bagaço). Isto, no entanto, não ocorreu. O bagaço de cana fez com que o con- sumo do volumoso baixasse para 4 , l kg/cab.diade MS (quan- do comparado com os 5.4 kg/cab.dia de MS de ponta de cana no Confinamento I) e o ganho de peso não ultrapassasse 0,456 kg/cab.dia.

14

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TABE

LA 3. In

stal

ação

el

étri

ca -

rela

ção

do mat

eria

l e

custo da

co

nstr

ução

em

1982.

Uni-

Quan

t i

Valo

r em Cr

$ Di

scri

mina

ção

dade

dade-

Unit

ário

Total

Post

es d

e a

roei

ra (5,OO m)

1 2

7.280 ,O0

14.560 ,O0

- Ar

macã

o Pr

esbo

m c1

3 ro

ldan

as

V1

1 2

874,OO

1 .748 ,O0

Chave

faca bli

ndad

a 60 A

1 1

4.750,OO

4.750,OO

Fusí

vel

cart

ucho

60 A

1 3

151 ,O0

453,OO

Fio nQ 8 AWC

100 m

2

8.736,OO

17.472,OO

Mão-de-obra

...

. . .

. . .

4.914,OO

TOTA

L 43.897,OO

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4.2 vali ação econômica

Esta avaliação confronta os dois sistemas de confi- namento em estudo e, a seguir, compara o de melhor desem- penho com a alternativa de engorda em pastagem. Observan- do-se os indicadores econômicos dos dois sistemas (Tabe- las 4 e 5), nota-se que o gasto operacional do Confina- mento 11 foi superior ao do Confinamento I, fundamental- mente devido ao custo da torta de algodáo, bastante supe- rior ao da urgia. Este maior gasto operacional teve como contrapartida uma receita ligeiramente superior (devido ao maior peso de abate dos animais), o que, no entanto, não foi suficiente para compensar o maior custo tota1,re- sultando daí margem bruta e lucro bastante inferiores,em- bora ainda positivos. Cabe ressaltar que os animais do Confinamento I1 tinham maior peso médio no início do pro- cesso (373 kg contra 336 kg), fator responsávelpelomaior peso de abate apesar da menor taxa diária de ganho de pe- so. Tomando-se daqui para diante apenas o sistema de melhor

desempenho, o Confinamento I, tem-se que o empreendedor do mesmo seria remunerado por Cr$ 790.039,00,0 que equi- valeria a uma renda mensal de, aproximadamente, 200 mil cruzeiros (preços de junho de 1982), informação básica para o julgamento da atratividade do negócio. Esta infor- mação não.;, contudo, suficiente para uma decisão. Cabe- ria ainda a seguinte pergunta: sendo a engorda em pasta- gem uma alternativa disponível (usando pasto próprio ou alugado), vale a pena confinar? Buscou-se resposta para a questão acima, calculando-se

benefícios e custos adicionais do confinamento em relação a engorda a pasto e, a partir destes, seu benefício 15- quido adicional. A Tabela 6 expõe estes valores. O Confinamento I é uma alternativa economicamente mais

interessante que a engorda em pastagem de colonião. Este resultado, porém, está fortemente condicionado pela ob- tenção de maior preço do boi na entressafra, fator res- ponsável por 41% dos benefícios adicionais calculados. No caso, tomou-se a média das variações percentuais do preço real (em São Paulo) entre outubro e fevereiro seguinte,

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TABE

LA 4.

Cast

o op

erac

iona

1 do

i Confinmentos I e 11

Valor

em CZ$'

puantidsde

Unid

ade

To

til

I I1

Unitirio

I I1

Animais

(Confinamelito I)

Anim

ais

(Confin.muito 11)

Ponta de

ca

iu'

üags

co de

can

a

Cri

or de eorgo

Uré

ia p

ecu

íri.

Tort

a de

alg

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Supl

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Vacina =ti-sf tos

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L

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.

kg

kg

kg

kg

kg

k8

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dose

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hom

em

Pre

to.

de 19

82

O cus

to da ponta d

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Ia

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onsu

mida

pel

a desintegrador. de f

orragem.

O va

lor un

irir

io expresso refere-se

a quatro m

ese.

da

tra

bal

ho.

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TA

BE

LA 5. Re

sult

ado

econ

ômic

o dos

Confinamentos

I e

11.

Indi

cado

res

econ

ômic

os1

Confinamento

I (Cr$)

11 (Cr$)

Rece

ita

(R)

4.377.600.00

4.499.200,OO

Gast

o Oper

acio

nal

(GO)

3.376.382,OO

4.156.730,OO

- De

prec

iaçã

o da

s in

stal

açõe

s e equipamentos(D)

80.387,OO

w

71.469,OO

Cust

o de uso

do ca

pita

l (K)

130.792,OO

132.926,OO

Cust

o tota

l (CT

= G

O + D

+ K)

3.587.561,OO

4.361.125,OO

Marg

em brut

a (R -

GO)

1.001.218,OO

342.470,OO

Lucr

o (R -

CT)

790.039,OO

138.075,OO

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TABE

LA 6

. C

onfi

nim

ento

ve

riu

i pa

itag

cm:

orc

imen

raci

o

e c

ílc

ulo

do

ben

efic

io l

íqu

ido

ad

icio

nal

do

coof

inam

ento

. (P

reto

s d

e 19

82)

Orc

amen

taci

o C

onfi

nam

enro

B

enef

icio

Dis

crim

inac

io

liq

uid

o

Con

fina

men

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io

Cu

rto

a

dic

ion

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o

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ion

al

adic

ion

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conf

inam

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NS

TOS

Init

ala

er s

equ

ipim

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Alu

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pi.t.g

em

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A

nim

ais

Juros s

ob

re a

nim

ais

Sup

lem

ento

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eral

Vac

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considerando-se o ~eríodo 1970/1981, sendo este valor 11% maior em outubro. A variação que implicaria numa indife- rença entre confinamento e engorda a campo da. ordem de 8%. Este percentual, nos doze anos do considerado, foi igualado ou superado em apenas cinco, chegandoaocor- rer dois casos (1970 e 1971) de menor preço em outubro. Considerando-se o atual ciclo de preços do gado, iniciado em 1977, são notórias as altas variações dos três Últimos anos, tendo sido o preço de outubro de 1980 35% superior ao de fevereiro de 1981, valor máximo verificado desde 1970. Em 1977 e 1978, porém, este percentual foi menor que 8%. Estes números atestam a existência de um signifi- cativo risco associado à decisão de empreender um confi- namento ao invés da engorda a campo. Outro fator de importância para a competição entre con-

finamento e engorda a campo é o custo de oportunidade da terra, no caso representado pelo aluguel da pastagem e estimado em Cr$ 500,00/cab.mês para o colonião. Quanto mais alto este valor, maior tornar-se-iaacompetitividade do confinamento, atividade poupadora de terra e mais in- tensiva em capital e mão-de-obra. Supondo-se que não o- corresse preço do boi gordo diferenciado na entressafra, o confinamento seria preferido à engorda a campo se o a- luguel do pasto valesse, em 1982, no mínimo Cr$ 983,001 cab .mês.

5 CONCLUSÓES

As seguintes conclusões podem ser extraídas do presente estudo:

l.A substituição parcial da ponta de cana pelo bagaço e o uso da torta de algodão como suplementação protéica não permitiu um desempenho animal capaz de compensar o custo deste suplemento (Confinamento 11).

2.0 Confinamento I, tendo como único volumoso a ponta de cana e como suplementação protéica a uréia, foi econo- micamente mais interessante que o Confinamento 11.

3.0 Confinamento I, sob as condições de preços conside- radas, mostrou-se preferível à engorda a campo. Tal situ-

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ação,restrita ao caso em apreço (confinamento usando sub- produtos de microdestilaria de ãlcool),está sujeita à sa- tisfação das seguintes condições (mantidos fixos os de- mais fatores):

a) a variação de preço entre outubro e fevereiro deve ser maior que 8%.

b) caso a variação acima seja nula, o aluguel do pasto deve valer no mínimo Cr$ 983,00/cab.mês.

4.A condição do item a ocorreu em apenas cinco dos doze anos considerados, o que demonstra o risco associado a este tipo de decisão. Esta condição.tem maior probabilida de de realização se o confinamento tiver início quando õ preço real do boi gordo estiver em fase de queda acentua- da, fato possível de verificação através de uma ariãlise do conhecido "ciclo de preços do gado".

THIAGO, L.R.L.S. ; SILVA, J.M.da; COSTA, F.P. & CORRÉA, E. S. O uso da ponta de cana na engorda de novilhos em confinamento. Campo Grande-MS, EbíBRAPA-CNPGC, 1982,lOf. (EMBRAPA-CNPGC. Comunicado Técnico, 9).

THIAGO, L.R.L.S.; SILVA, J.M.da; COSTA, F.P. & CORaA, E. S. Engorda de novilhos em confinamento utilizando sub- produtos de microdestilarias de álcool. In: R E U N m DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 20, Pelotas, 1983. Anais... Pelotas, Sociedade Brasileira de Zootecnia, - 1983. Resumo. p.100.