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0 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Bruno Augusto de Oliveira AVALIAÇAO E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO DA LINGÜIÇA TOSCANA CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Bruno Augusto de Oliveira

AVALIAÇAO E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO

DA LINGÜIÇA TOSCANA

CURITIBA

2010

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AVALIAÇAO E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO

DA LINGÜIÇA TOSCANA

CURITIBA

2010

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Bruno Augusto de Oliveira

AVALIAÇAO E MONITORAMENTO DA PRODUÇÃO

DA LINGÜIÇA TOSCANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Profº Ms. Uriel V. C. Andrade

Orientador Profissional: Luana Eloise Walrich

CURITIBA

2010

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Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª. Carmem Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Roberval Eloy Pereira Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Dra. Ana Laura Angeli Campus Prof. Sydnei Lima Santos (Barigui) Rua Sydnei A Rangel Santos, 238 CEP: 82010-330 Curitiba PR Fone: (41) 3331-7958

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APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária e é composto por um Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 08 de fevereiro a 23 de abril de 2010 na Distribuidora de Carnes LTDA, localizada no município de Ponta Grossa PR, local do cumprimento do estágio obrigatório.

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AGRADECIMENTOS

Antes de apresentar este trabalho, devo agradecer toda ajuda que me foi dada ao longo destes anos para chegar a este momento. Primeiramente a Deus pela minha oportunidade de estudar e ao meus pais, Luiz Antônio e Ângela, e também a minha companheira Fabianny pelo apoio constante e as palavras de conforto nas horas difíceis. Aos meus irmãos, Júnior e Guilherme, pelo esforço e conhecimentos repassados durante todo o período.

Aos amigos Diógenes e José Antônio pela troca de conhecimentos e toda a parceria durante a faculdade juntamente com os professores que contribuíram direta e indiretamente pela minha passagem pela universidade.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 10

LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................... 11

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 12

RESUMO ...................................................................................................................... 13

ABSTRACT .................................................................................................................. 14

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

1.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 16

1.2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 18

2.1 ASPECTO GERAL .................................................................................................. 18

2.1.1 Histórico ................................................................................................................ 18

2.1.2 Definição, classificação e identidade .................................................................. 18

2.2 QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA CARNE SUÍNA .......................................... 21

2.2.1 A transformação do músculo em carne .............................................................. 21

2.2.2 Descanso, jejum e dieta hídrica .......................................................................... 22

2.2.3 Insensibilização, sangria e outros processos ..................................................... 24

2.3 ASPECTOS DE HIGIENE NO PROCESSAMENTO DAS LINGUIÇAS ............... 27

2.3.1 A higiene da carne ............................................................................................... 28

2.3.1.1 Microbiologia das carnes .................................................................................. 29

2.3.2 Qualidade da água ............................................................................................... 30

2.3.3 Higiene no processo de fabricação ..................................................................... 32

2.3.3.1 Desossa ................................................................................................. 35

2.3.3.2 Moagem ................................................................................................. 36

2.3.3.3 Mistura das carnes e condimentos ....................................................... 36

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2.3.3.4 Embutimento .......................................................................................... 37

2.3.4 Higiene dos colaboradores .................................................................................. 38

2.3.5 Limpeza e desinfecção do ambiente e utensílios ............................................... 40

2.3.6 Conservação do produto pronto .......................................................................... 43

2.3.6.1 Conservação pelo sal ............................................................................ 44

2.3.6.2 Conservação pelo frio ............................................................................ 44

3 APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO ....................................................................... 46

3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO ............................................................ 46

3.1.1 Local e área .......................................................................................................... 46

3.2 ESTRUTURA INDUSTRIAL ................................................................................... 47

3.2.1 Matadouro-frigorífico ............................................................................................ 47

3.2.1.1 Recepção e desembarque .................................................................... 47

3.2.1.2 Atordoamento e sangria ........................................................................ 47

3.2.1.3 Escaldagem e depilação ....................................................................... 48

3.2.1.4 Área limpa .............................................................................................. 48

3.2.1.5 Câmaras de resfriamento e congelamento........................................... 49

3.2.2 Fábrica de embutidos .......................................................................................... 50

3.2.2.1 Sala de desossa .................................................................................... 50

3.2.2.2 Produção ................................................................................................ 51

3.3 ROTINA DE TRABALHO ........................................................................................ 52

3.4 REQUISITOS TECNOLÓGICOS PARA OBTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS CARNES ........................................................................................................................ 55

3.4.1 Sobre o rebanho de suínos abatidos .................................................................. 55

3.4.2 Procedimentos na recepção e período ante mortem dos suínos....................... 56

3.4.3 Insensibilização e sangria .................................................................................... 58

3.4.4 Escalda e depilagem ............................................................................................ 60

3.4.5 Evisceração .......................................................................................................... 61

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3.4.6 Resfriamento das carcaças ................................................................................. 62

3.4.7 Desossa ................................................................................................................ 63

3.4.8 Fabricação da lingüiça Toscana .......................................................................... 66

3.4.9 Aparência do produto final ................................................................................... 68

3.4.10 Composição da lingüiça Toscana ..................................................................... 69

3.4.11 Conservação da lingüiça Toscana .................................................................... 70

3.5 ASPECTOS HIGIÊNICOS DA PRODUÇÃO DA LINGÜIÇA TOSCANA .............. 70

3.5.1 Pessoal e hábitos higiênicos ............................................................................... 70

3.5.2 Rotina de limpeza e sanitização .......................................................................... 73

3.5.3 Controle de pragas............................................................................................... 74

3.6 QUALIDADE DA ÁGUA .......................................................................................... 75

4 RESULTADOS E APONTAMENTOS ...................................................................... 77

4.1 PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS Sobre a tecnologia de abate e industrialização empregados ........................................................................................ 77

4.1.1 Chegada ............................................................................................................... 77

4.1.2 Abate e insensibilização ...................................................................................... 78

4.1.3 Evisceração .......................................................................................................... 79

4.1.4 Desossa ................................................................................................................ 79

4.1.5 Fabricação da lingüiça Toscana .......................................................................... 80

4.2 Sobre o aspecto higiênico da carne e dos processos ........................................... 81

4.3 Sobre a qualidade da água ..................................................................................... 83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 84

6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 85

7 GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 87

8 ANEXOS.................................................................................................................... 89

ANEXO I CHECK LIST DE PARAMETROS DA ÁGUA............................................ 89

ANEXO II CHECK LIST DE TEMPERATURAS DOS PROCESSOS DA LINGÜIÇA TOSCANA ..................................................................................................................... 90

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ANEXO III ANÁLISE LABORATORIAL DA MASSA DE LINGÜIÇA TOSCANA ..... 91

ANEXO IV ANALISE LABORATORIAL DA TRIPA UTILIZADA NA LINGÜIÇA TOSCANA ..................................................................................................................... 92

ANEXO V ANÁLISE LABORATORIAL DA LINGÜIÇA TOSCANA .......................... 93

ANEXO VI ANÁLISE LABORATORIAL DA ÁGUA INDUSTRIAL ............................ 94

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PROPRIEDADES QUÍMICAS DA LINGÜIÇA FRESCAL ...................... 19

TABELA 2 - PADRÕES MICROBIOLÓGICOS PARA PRODUTOS CÁRNEOS CRUS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) ............................... 30

TABELA 3 - PADRÕES MICROBIOLÓGICOS PARA ÁGUA CONSIDERADA POTÁVEL .................................................................................................................... 31

TABELA 4 - PADRÕES FISICO-QUÍMICOS DA ÁGUA CONSIDERADA POTÁVEL ...................................................................................................................................... 32

TABELA 5 - TEMPERATURA DOS AMBIENTES DE PRODUÇÃO ......................... 45

TABELA 6 - DIMENSÕES DOS AMBIENTES DOS PROCESSOS DE ABATE ...... 49

TABELA 7 - DIVISÃO DA FÁBRICA DE EMBUTIDOS ............................................... 52

TABELA 8 INFORMAÇÃO NUTRICIONAL DA LINGÜIÇA TOSCANA .................. 69

TABELA 9 - DIVISÃO DO PESSOAL NA FÁBRICA DE EMBUTIDOS ..................... 71

TABELA 10 RESULTADOS DA MASSA DA LINGÜIÇA TOSCANA (10/05) ......... 81

TABELA 11 RESULTADOS DA TRIPA UTILIZADA NA LINGÜIÇA TOSCANA (23/04) ........................................................................................................................... 82

TABELA 12 RESULTADOS DA LINGÜIÇA TOSCANA (10/05) ............................. 82

TABELA 13 RESULTADOS DA ÁGUA ................................................................... 83

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LISTA DE SIGLAS

A.a. ....................................................................................................... Atividade de Água

ANVISA ........................................................... Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Aw ............................................................................................................... Activity Water

CRA........................................................................... Capacidade de Retenção de Água

CMS ............................................................................ Carne Mecanicamente Separada

DFD .....................................................................................................Dark, Firm and Dry

..................................................................... Equipamentos de Proteção Individual

MAPA ............................................ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PSE ......................................................................................... Pale, Soft and Exsudative

RIISPOA ...... Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal

SIPOA ...........................................Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal

SIP ................................................................................. Serviço de Inspeção do Paraná

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 DESCANSO E JEJUM DOS SUÍNOS .................................................... 57

FIGURA 2 APARELHO DE INSENSIBILIZAÇÃO .................................................... 59

FIGURA 3 SEPARAÇÃO DE CARNES GORDAS .................................................. 64

FIGURA 4 SEPARAÇÃO DE CARNES MAGRAS .................................................. 65

FIGURA 5 ADIÇÃO DE SAL PARA CURA DAS CARNES ..................................... 66

FIGURA 6 CARNE MOÍDA ....................................................................................... 67

FIGURA 7 APARÊNCIA DA LINGÜIÇA TOSCANA LOGO APÓS EMBUTIMENTO 69

FIGURA 8 SANITIZAÇÃO DE AMBIENTE .............................................................. 74

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RESUMO

Este trabalho visa a demonstrar as experiências vivenciadas no ambiente profissional de uma indústria de produtos de origem animal, na questão da averiguação dos fatores que interferem na qualidade de produto, como na aplicação e interpretação dos resultados do controle tecnológico e sanitário na produção de lingüiça frescal toscana. Foram abordadas as etapas que compõem a obtenção de carnes suína de boa qualidade desde a recepção dos animais até o embutimento das lingüiças, passando pelo abate, industrialização e fases de higienização. Para atestar a qualidade, a lingüiça frescal toscana foi submetida a exame microbiológico, como também a água da indústria e os envoltórios naturais (tripas) utilizados no processo.

Palavras-chave: controle-qualidade, higienização, lingüiça frescal toscana, industrialização, carne suína, embutimento, avaliação, monitoramento.

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ABSTRACT

This work aim for demonstrate the professional experiences in an animal manufactured products industry, in question of factors check out that interferes in the products quality, like the interpretation and application of technological and sanitarian controls results in the Toscana sausage production. The broached steps were the

obtaining, since the animals reception until the sausage casing, passing through the slaughtering, meat industrialization and hygienization stages. For the quality attest, the Toscana sausage was submitted for a

the natural cases used in the process.

Key words - Quality-control, hygienization, Toscana sausage, industrialization, meat, casing, evaluation, monitoring procedure.

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1 INTRODUÇÃO

As condições favoráveis ao crescimento populacional criaram uma série de

desafios para as empresas que estão engajadas de alguma forma com o bem estar

da população. Assim podemos citar exemplos como a indústria farmacêutica

cosmética, de medicamentos e alimentos, que a cada dia tentam alcançar

patamares de qualidade maiores considerando que estão em contato direto com a

saúde das pessoas.

A indústria de alimentos tem se mostrado disposta a uma nova configuração

de trabalho, no que diz respeito ao aumento da qualidade, tanto na hora de se obter

as matérias-primas como na hora de transformá-las. Especificamente nas indústrias

de processamento de produtos no Brasil cárneos houve a evolução tornou-se mais

evidente nos últimos cinqüenta anos, devido à implantação de uma legislação que

determinava requisitos mínimos para a instalação e processos de obtenção de

produtos de origem animal. Com o passar do tempo foram surgindo novas

metodologias para garantir ainda mais a qualidade dos produtos comercializados,

como parâmetros exigidos sobre a qualidade da água utilizada, matérias-primas,

embalagens e de higiene antes, durante e depois do processo.

Na literatura analisada, verifica-se que a qualidade dos produtos de origem

animal não é acidental ou ao acaso e é sim resultado de esforços aplicados nas

diferentes etapas do processamento industrial. A qualidade está intimamente

relacionada à higiene industrial que é citada em PRATA & FUKUDA (2001) como o

controle sistemático das ações e condições durante essas etapas, a fim de evitar os

riscos tanto de perigos físicos, químicos ou biológicos.

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Devido a maior demanda por segurança nos produtos alimentícios é

necessário que as indústrias acatem a ações que visam melhorar seu processo,

sendo uma vez que com o planejamento dessas ações acarretam em menores

perdas de produtos durante sua manipulação e maior rendimento industrial e por fim

o mais importante, o reconhecimento da qualidade dos produtos por parte dos

consumidores finais.

1.1 JUSTIFICATIVA

O envolvimento da classe médico-veterinária nesta área começou em 1934

quando foi criado, através de uma reforma no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal

(SIPOA) juntamente com a apresentação de um regulamento de inspeção federal de

carnes, leite e pescado (PRATA&FUKUDA, 2001). Com o decorrer das décadas

essa área ganhou espaço e prestígio por estar diretamente ligada a saúde da

população e com o crescimento do comércio nacional e internacional a demanda por

mão-de-obra é maior a cada dia a fim de instaurar programas de controle higiênico-

sanitário nas empresas do setor. Este trabalho mostra o que pode ser feito através

do médico veterinário para ajudar na garantia de produção de produtos

higienicamente seguros, no caso lingüiças frescais, no ambiente industrial. Para

alcançar essa meta é necessário focar os pontos mais importantes que compõem a

cadeia produtiva destes alimentos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivos Gerais

Este trabalho tem por objetivo demonstrar as experiências vivenciadas no

ambiente profissional de uma indústria de produtos de origem animal, na questão da

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17

averiguação dos fatores que interferem na qualidade de produto, como na aplicação

e interpretação dos resultados do controle tecnológico e sanitário na produção de

lingüiça frescal toscana.

1.2.2 Objetivos Específicos

Na observação dos fatores influentes na qualidade da lingüiça toscana pode-

se relacionar os seguintes objetivos específicos:

Qualidade da água compreende a observação e interpretação dos

resultados da avaliação das características físico-químicas e dos níveis de garantia

sobre o aspecto bacteriológico das águas utilizadas no processo industrial das

linguiça frescal toscana;

Observação dos requisitos tecnológicos observar os procedimentos

adotados no processo de na obtenção e conservação das carnes até o alcance do

produto final, a lingüiça frescal toscana;

Monitoramento da obtenção e processamento monitorar a obtenção da

matéria-prima e manipulação pelos funcionários, desde o abate passando pela

desossa e elaboração. Para esse objetivo deve-se avaliar a conduta da empresa

sobre os colaboradores, como por exemplo, realização de exames, uniformização,

hábitos higiênicos e também avaliar os produto ali manipulados como a massa da

lingüiça, o produto pronto e os envoltórios naturais através da análise dos resultados

de exames sobre o ponto de vista microbiológico.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ASPECTO GERAL

2.1.1 Histórico

Desde a antiguidade, o homem vem fabricando vários tipos de lingüiça, como

um modo de conservação de carnes. Registros mais antigos datam da época da

Babilônia e dos chineses já em 1500 a. C. (TERRA, 2000, p. 59). A partir da Idade

média, uma grande gama de lingüiças começou a ser comercializada, dependo do

clima onde eram originadas, como por exemplo, as lingüiças frescais sendo oriundas

de regiões mais frias e as lingüiças dessecadas ou salames de regiões quentes,

parte sul da França, Espanha e Itália (TERRA, 2000, p. 59).

Esses produtos se sobressaem devido as suas mais variadas formulações no

que se diz a composição e proporção de carne suína, bovina e gordura direcionadas

a diferentes costumes regionais. Segundo PARDI et al (1996, p. 829) as lingüiças

mais comuns em nossos mercados são as de carne de suíno como a calabresa,

toscana e mista.

2.1.2 Definição, classificação e identidade

A definição de lingüiça é genérica e é dada como produto cárneo

industrializado, obtido de carnes de animais de açougue, adicionados ou não de

tecidos adiposos, ingredientes, embutido em envoltório natural ou artificial, e

submetido a processo tecnológico adequado (BRASIL, 2000).

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A classificação é descrito de acordo com o método de fabricação das

lingüiças, sendo assim denominadas, de acordo com a Instrução Normativa de 31 de

Março de 2000 (BRASIL, 2000):

Produto fresco;

Produto seco, curado ou maturado;

Produto cozido.

Os componentes que devem estar obrigatoriamente presentes nestes

produtos devem ser obrigatoriamente carne de animais de açougue e sal, sendo que

os ingredientes opcionais que poderão ser incluídos, com suas devidas restrições,

são as gorduras (máximo de 30%), água (umidade máxima 70%), proteína vegetal

(máximo 15% sobre a proteína total), açúcares, plasma (máximo de 10%), aditivos

intencionais (conservadores, estabilizantes, antioxidantes, corantes), aromas,

especiarias(alho, pimentas, noz-moscada) e condimentos. A inclusão de CMS (carne

mecanicamente separada) é vetado nas lingüiças frescais (BRASIL, 2000).

As propriedades químicas das lingüiças frescais obedecem ao Regulamento

técnico de identidade e qualidade de Lingüiça, como demonstrado na TABELA 1.

TABELA 1 - PROPRIEDADES QUÍMICAS DA LINGÜIÇA FRESCAL

Umidade máxima 70%

Gordura máxima 30%

Proteína mínima 12%

Cálcio máximo (base seca) 0,1%

Fonte: BRASIL, 2000.

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20

A lingüiça toscana trata-se de um produto cárneo embutido cru e curado feito

a partir da carne suína exclusivamente com adição de tecidos adiposos e

ingredientes, acondicionados em envoltórios naturais (tripas) ou artificiais, depois do

processo tecnológico e conservação adequados (BRASIL, 1952). Possui

características organolépticas próprias como cor, sabor, textura e odor, dependo do

ingredientes incluídos em sua composição. As lingüiças constituem os derivados

cárneos com maior quantidade fabricada em nosso país (250.000 toneladas em

1994), isso se deve por não exigir alta tecnologia para sua fabricação (TERRA,

2000, p. 60). Por esse aspecto deve-se atender aos requisitos mínimos de higiene

tanto na obtenção da matéria-prima, manipulação, fabricação e acondicionamento

uma vez que a lingüiça toscana não sofre tratamento térmico que ajude na redução

da flora microbiana inicial e da sua umidade que é de no máximo 70% (BRASIL,

2000).

Devido as suas características de obtenção e produção a lingüiça toscana

deve ser produzida e manipulada em ambientes que possuam climatização

adequada afim de evitar a proliferação de microorganismos com potencial causador

de doenças como no caso a Salmonella spp. O prazo para comercialização dos

produtos crus, como é o caso da lingüiça toscana pode variar de 7 a 45 dias sendo

que em 15 dias a lingüiça começa a perder qualidade comercial, ou seja, quanto a

forma, cor, sabor e textura. (PARDI et al, 1996, p. 829). Essa variação no prazo de

validade é resultados das formas de obtenção, produção e armazenamentos dos

produtos.

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2.2 QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA CARNE SUÍNA

O aspecto da qualidade das carcaças suínas é de extrema importância para a

indústria processadora como para o comércio dos cortes para os consumidores,

uma vez que ela está interligada a vários fatores, além de proceder de animais

sadios, durante o processamento desde o abate até a produção das conservas. Os

cuidados para se obter matérias-primas de boa qualidade devem ser tomados desde

o transporte dos suínos da granja até o abatedouro, respeitando-se sempre os

períodos de descanso e o jejum com dieta hídrica assim como a insensibilização,

sangria, escaldagem e evisceração.

2.2.1 A transformação do músculo em carne

Com a morte do animal, o colapso na homeostase de todos os sistemas

causa redução na temperatura e aporte de oxigênio nos músculos promovendo

assim a saída dos íons cálcio para o sarcoplasma que resultará em formação de

uma ponte actino-miosina (DELGADO & SORIA in CASTILLO, 2006, p. 54). Com

isso as miofibrilas começam a entrar em estado de contração irreversível utilizando

as fontes de energias disponíveis, que nesse caso alguns compostos fosforilados

em pequena quantidade e a reserva de glicogênio muscular. No ambiente de

anaerobiose que se encontra os músculos, esse glicogênio é metabolizado e

transformado em ácido lático que ocasionará o abaixamento do pH do músculo.

Gradativamente os músculos se tornam rígidos, ou seja, estado irreversível

de rigor mortis devido a grande acidificação do meio muscular (pH próximo de 5,4).

A liberação de catepsinas por parte das fibras musculares irá causar desarranjo na

estrutura actino-miosina transformando músculo em carne. Para obter carne de

ótima qualidade, as condições post mortem ideais que deverão ser alcançadas são

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de pH da carne entre 6,0 a 6,5 em 45 minutos após o sacrifício do animal (TERRA,

2000, p. 28).

2.2.2 Descanso, jejum e dieta hídrica

O desembarque dos suínos deve ser feito de maneira a evitar lesões que

poderão comprometer a qualidade das carnes dentro do frigorífico com lesões

localizadas, hematomas, hemorragias e fraturas. O descanso dos animais é de

suma importância uma vez que ao chegarem aos currais do abatedouro, os suínos

geralmente se apresentam em situação de estresse contínuo devido a saída da

granja e a mistura dos animais no veículo influenciam de maneira negativa na

qualidade da carne. O descanso deve ser de no mínimo de 6 horas e um máximo de

24 horas, se forem mantidos por mais de 24 horas nos currais deverão ser

alimentados em quantidades moderadas e intervalos adequados (BRASIL, 2000). As

pocilgas devem apresentar dimensões que permitam que cada animal tenha pelo

menos 1m2 de espaço (PARANÁ, 2000).

Os suínos que são abatidos logo após o desembarque no abatedouro têm

uma maior incidência de carne PSE, ou seja, pálida, macia e exsudativa (Pale, Soft

and Exsudative em inglês) (SILVEIRA in CASTILLO, 2006, p. 83). Enquanto que na

situação em que os animais sofrem com um jejum mais prolongado (maior que 24

horas) a prevalência de carnes DFD, Dark, Firm and Dry ou escura, firme e seca em

português (SILVEIRA in CASTILLO, 2006, p. 83). As representações de carnes PSE

e DFD podem ser definidas segundo Terra (2000) da seguinte maneira:

PSE significa carnes pálidas, macias e exsudativas e são derivadas de uma

resposta exacerbada do animal resultando numa reação exotérmica acompanhada

por um rápido acúmulo de lactato nas fibras musculares. As carnes PSE são

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originadas de uma interação do ambiente onde o animal se encontra (estresse) e do

seu genótipo com o gene recessivo n em homozigose, identificado pelo teste

positivo de halotano ou halotano-sensível. O pH dos músculos pode decrescer ainda

mais após a primeira hora do abate chegando a valores abaixo de 5,8 , ocasionando

uma forte desnaturação do das proteínas musculares e conseqüente redução na

capacidade de retenção de água (macia e exsudativa) e das propriedades óticas da

carne (pálida). Essas transformações contribuem negativamente tanto para carnes

destinadas ao consumidor quanto a produção de produtos cárneos (SELLIER et al.,

1985 citado por TERRA, 2000, p. 28).

DFD possui sua origem das palavras em inglês dark, firm and dry, ou seja,

carne escura, firme e seca. São encontradas em suínos que sofreram estresse

crônico e intermitente ante mortem. Como no caso da PSE, as carnes DFD possuem

uma relação do ambiente com o genótipo de animais que são predispostos a gastar

com mais facilidade as reservas de glicogênio muscular durante situações de

excitação e/ou estresse intermitente como viagens ou jejuns prolongados. O

consumo descontrolado das reservas de glicogênio constitui num déficit no

abaixamento normal do pH dos músculos, ficando acima de 6, alterando sua

capacidade de retenção de água (carne firme e seca) e sua coloração (escura)

deixando as carnes pouco atrativas e causando sérios defeitos na sua

industrialização (SANTORO, 1988 citado por TERRA, 2000, p. 28).

Os animais que serão abatidos devem possuir acesso irrestrito a água de boa

qualidade (BRASIL, 2000) a fim de se manterem hidratados e facilitar a eliminação

do conteúdo fecal evitando-se a contaminação na hora da evisceração, sendo que

as pocilgas deverão conter bebedouros para 15% da capacidade adota (BRASIL,

2000 e PARANÁ, 2000). A prévia lavagem dos animais nos currais também é

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importante, pois, diminui a quantidade de sujidades carregadas para dentro dos

tanques de escaldagem.

2.2.3 Insensibilização, sangria e outros processos

Após a recepção dos suínos feita, outros aspectos durante a industrialização

das carcaças devem ser monitorados a fim de preservar a qualidade tanto estrutural

quanto microbiológica das carnes. O atordoamento elétrico ou com gás de dióxido

de carbono é o fator ante mortem que mais afeta o desenvolvimento da glicólise post

mortem sendo que mal realizada pode ocasionar aumento nas catecolaminas e

violentas contrações musculares (TERRA, 2000, p. 38). Na maior parte dos

estabelecimentos a insensibilização dos suínos é feita através da eletronarcose,

eletrodos posicionados nas porções laterais da cabeça caudalmente as orelhas

liberam uma descarga elétrica durante 6 a 10 segundos, em uma voltagem de 300V

e amperagem de 5A (PARANÁ, 2000), causando uma despolarização dos

neurônios, outro método é da atmosfera controlada de dióxido de carbono, ambos

trazendo um estado de inconsciência ao animal anterior ao processo de sangria.

De acordo com TROEGER (1991, citado por TERRA, 2000, p. 39) processo

de atordoamento por eletronarcose tem como pontos negativos:

Ocorrência de fraturas mais comuns no lombo, devida a repentina contração

muscular provocada pela aplicação da corrente elétrica. O uso de restrainers reduz

consideravelmente as fraturas, devido seu sistema que limita os movimentos e o

contato com o piso dos suínos;

Aparecimento de petéquias que é decorrente ao súbito aumento da pressão

arterial, devida a vasoconstricção periférica e taquicardia induzia por uma forte

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contração muscular fazendo que determine lesões nas paredes dos vasos

sanguíneos.

Ainda segundo TERRA (2000, p. 38), alguns autores afirmam uma vantagem

do sistema de insensibilização é a rápida acidificação das massas musculares,

através da aceleração da glicólise post mortem.

No método da atmosfera controlada de CO2 os suínos são submetidos a uma

concentração deste gás acima de 80%, o que ocasiona inconsciência dos animais

em menos de 30 segundos, reduzindo verticalmente a quantidade de contrações

musculares facilitando assim o aparecimento de carnes PSE (TROEGER, 1991

citado por TERRA, 2000, p. 40). Porém HAUMANN (1989, citado por TERRA, 2000,

p. 40) cita como vantagens deste método a diminuição da porcentagem de carnes

PSE entre animais halotano-sensíveis, menor índice de fraturas e petéquias. Os

cuidados a serem tomados nesta etapa é a correta utilização dos meios de

insensibilização com intuito de evitar acidentes e sofrimento desnecessário ao

animal (BRASIL, 2000).

A sangria dos suínos é um processo que deve ser realizado no máximo 30

segundos após a insensibilização (BRASIL, 1995), sendo que no caso do

atordoamento elétrico o ideal é de 15 segundos decorridos do processo (ANIL,1991

citado por TERRA, 2000, p. 38), porém poderá ser feita até no máximo 1 minuto

após a insensibilização segundo a Instrução Normativa no 3 de 17 de janeiro de

2000 (BRASIL, 2000). A sangria pode ser feita de duas maneiras sendo a primeira

vertical, onde o animal é içado até a trilhagem por um dos membros inferiores e

levado ao local onde se localiza a calha de sangria. Este momento é delicado devido

a contrações ou convulsões que o animal venha a apresentar e causar fraturas e

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petéquias. Através da sangria horizontal os riscos de fraturas e formação de

petéquias é muito reduzida, porém o volume de sangue esgotado é menor. Este

processo deve durar 3 minutos obrigatoriamente (BRASIL, 1995).

Após a sangria, os suínos seguem para a escaldagem que consiste em um

processo térmico com o objetivo de amolecer e dilatar os folículos das cerdas

através da submersão dos animais em um tanque contendo água quente, ou então

submetidos ao túnel de vapor de água para seguirem ao processo de depilação.

Nesta etapa a atenção deve estar sobre a temperatura da água, tempo de

escaldagem e também sobre a qualidade da água onde os suínos estarão

submersos, no caso de escaldagem pelos tanques, onde a temperatura da água

deverá se situar entre 62º e 72º C, o tempo de escaldagem estar entre 2 a 5 minutos

e a água com renovação constante ou a mais periódica possível (BRASIL, 1995).

Caso alguma das recomendações não forem seguidas neste processo poderá

ocorrer comprometimento da qualidade das carnes tanto no perfil microbiológico

(águas com conteúdo fecal) como na estrutura das proteínas musculares que

poderão desnaturar-se (cozimento) dando aspecto desagradável à carcaça e

comprometendo suas propriedades para seu consumo tanto no mercado como na

indústria.

Ao seguir para área limpa a carcaça do suíno é destinada a evisceração,

onde ocorrerá a retirada das vísceras brancas e depois as vísceras vermelhas.

Entende-se por vísceras brancas o conjunto constituído por estômago, intestinos,

bexiga, baço e pâncreas e vermelhas como coração, língua, pulmões e fígado. Os

cuidados que sucedem este processo é a não abertura dos intestinos pelo operador,

sendo que as partes afetadas pelo conteúdo gastrointestinal deverão ser

obrigatoriamente retiradas (BRASIL, 1952). O mesmo deve acontecer quando

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ocorrer se a contaminação ocorrer através do reto do animal, sendo que a oclusão

do reto é uma medida importante para preservação da integridade da carcaça. A

carcaça de suíno seguirá o caminho da divisão em duas meia-carcaça e pesagem,

para chegar à câmara de resfriamento para a retirada de calor sensível logo após ao

abate programada para atingir temperatura máxima de 1º C no interior das massas

musculares (BRASIL, 1995).

2.3 ASPECTOS DE HIGIENE NO PROCESSAMENTO DAS LINGUIÇAS

Os produtos acabados Lingüiças

Os produtos cárneos como as lingüiças foram desenvolvidas com um meio de

conservação das carnes, uma vez que na sua composição é acrescentada

determinada quantidade do mais popular dos conservantes, o sal. Mas um ponto

não poder subjugado, a procedência da matéria-prima, que tem forte influência no

prolongamento da data de validade dos produtos elaborados, sendo que neste

quesito será avaliada a contagem inicial de bactérias. Por se tratar de um produto

que passará por processos diversos como desossa, moagem, mistura, embutimento

e embalagem, a linguiça necessita de cuidados que tem em vista a minimizar os

riscos de perigos biológicos (bactérias deteriorantes e patogênicas), físicos

(fragmentos de ossos, cartilagens) e químicos (detergentes e sanificantes).

Para analisar a qualidade das lingüiças produzidas em um estabelecimento é

importante apontar os pontos principais da higiene e sanidade dos componentes da

obtenção deste produto. São citados:

1. Higiene da carne;

2. Qualidade da água;

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3. Higiene no processo de fabricação;

4. Higiene dos colaboradores;

5. Limpeza e desinfecção do ambiente e utensílios;

6. Conservação do produto pronto.

2.3.1 A higiene da carne

A higiene na indústria da carne é de essencial importância, pois além dos

métodos de conservação como a salga, defumação e a desidratação, por exemplo, a

carga inicial de microorganismos interfere diretamente na qualidade final do produto.

Os músculos dos animais vivos e sadios são de natureza estéril e se contaminam

durante o processo de abate e industrialização de produtos cárnos por

microorganismos oriundos do couro, trato gastrointestinal, contato com superfícies e

utensílios, ar e funcionários (SERRA, 1994 citado por TERRA, 2000, p. 175).

A carne, por suas características intrínsecas como a composição química,

grande Atividade de Água ou Activity water (A. a ou Aw) e pH próximo a neutralidade

, torna-se um meio ideal para proliferação de bactérias deteriorantes e patogênicas

(LEITÃO, 1994 citado por TERRA, 2000, p. 175). Apesar dos fenômenos que

ocorrem com os músculos, após o abate do animal, como formação do ácido lático e

conseqüentemente abaixamento do pH é necessário atender as contaminações nas

operações que formam o processo de industrialização. O valor da atividade da água

está entre 0,98 a 0,99 em uma escala que vai de 0,0 até 1,0, enquanto que o pH

situa-se entre 5,5 e 5,7 (PORTO in CASTILLO, 2006, p. 102).

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2.3.1.1 Microbiologia das carnes

Quando é discutido sobre a microbiologia de carnes, as bactérias são os

principais agentes influentes, pois, o papel dos fungos e leveduras é muito restrito,

podendo estar presentes em carnes congeladas, salgadas e curadas (PORTO in

CASTILLO, 2006, p. 102). As bactérias presentes na indústria de carnes podem

exercer três papéis distintos. Elas podem agir como agentes deteriorantes, o que na

verdade ocorre na maioria dos casos, do tipo mesófilo representadas pelos gêneros

Klebsiella spp, Enterobacter spp, Escherichia spp e alguns clostrídios, e do tipo

psicrotrófico que são as Pseudomonas spp. Elas também poderão ser usadas na

indústria nos processos de fermentação de salames e outros embutidos como as do

gênero Staphylococcus spp e Microccus spp (BOURGEOIS et al, 1988 citado por

PORTO in CASTILLO, 2006).

Os microorganismos mesófilos podem ser avaliados através da presença de

coliformes totais e fecais. Os coliformes totais são bactérias que tem como origem o

ambiente e intestino, crescendo a uma temperatura de 35º C, mas não a 45º C. É

largamente usada como indicativo do grau de higiene do ambiente onde foi

processada a carne ou a higiene da carne propriamente dita. Os coliformes fecais

são um subgrupo dos coliformes totais e compreende bactérias oriundas

exclusivamente do intestino e que fermentam a lactose com produção de gás a 45º

C. Sua presença em carnes ou alimentos é interpretada como uma contaminação

séria, ou seja, é um indicador agravante sanitário, pois, as bactérias deste grupo,

como por exemplo, a Escherichia coli poderá ser patogênica (ICMSF, 1996, JAY,

1998 citado por PORTO in CASTILLO, 2006).

Sem dúvida as bactérias que possuem papel de maior destaque são as

consideradas como agentes patogênicos como, por exemplo, a Salmonella spp,

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Campylobacter spp, Listeria spp e Clostridium perfringens (PORTO in CASTILLO,

2006, p. 102). A presença de Salmonella spp é inaceitável em carnes e alimentos

(BRASIL, 2001), como é demonstrado na TABELA 2.

TABELA 2 - PADRÕES MICROBIOLÓGICOS PARA PRODUTOS CÁRNEOS CRUS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA)

MICROORGANISMO TOLERÂNCIA EM AMOSTRA INDICATIVA

Salmonella spp Ausência/25g

Clostrídio sulfito redutor a 46º C

(C. perfringens)

3x103/g

Estafilococos coagulase positiva

(S. aureus)

5x103/g

Coliformes a 45º C (fecais) 5x103/g

FONTE: BRASIL, 2001.

2.3.2 Qualidade da água

A água tem funções importantes no que diz respeita a indústria de carnes,

sendo que ela é parte integrante na fabricação de produtos cárneos e é utilizada

também como meio onde ocorre o fenômeno de detergência durante a lavagem, por

isso dispensa-se uma atenção à sua qualidade físico-química e microbiológica. Na

elaboração de alimentos ela pode ser usada tanto na forma líquida quanto sólida

(escamas de gelo) tem como finalidades:

Homogeneização e dissolução dos temperos e condimentos utilizados;

Lubrificação das massas, como no caso das lingüiças frescais;

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Abaixamento da temperatura das massas. Para os produtos frescais, esta

finalidade é importante, pois, é indispensável para conter o crescimento de

microorganismos deteriorantes e no caso dos produtos cozidos é de fundamental

importância para um melhor refinamento da massa quando processada em cutters,

equipamentos dotados de facas com função de picar as carnes de forma a

transformá-las em pasta.

O vapor utilizado na fabricação de alimentos é exclusivamente para aquecer a

água em forma líquida para higienização das instalações, utensílios e equipamentos

podendo não ser potável desde que circule em tubulação específica e a

determinação seja aprovada pelo órgão competente (BRASIL, 1997). Para a

manipulação de produtos alimentícios deverá ser obrigatoriamente potável. Pode-se

considerar água potável, segundo a Portaria no518 do Ministério da Saúde de 25 de

Março de 2004, mostrada pela TABELA 3 (BRASIL, 2004):

TABELA 3 - PADRÕES MICROBIOLÓGICOS PARA ÁGUA CONSIDERADA

POTÁVEL

MICROORGANISMO TOLERÂNCIA EM AMOSTRA INDICATIVA

Escherichia coli ou

coliformes termotolerantes (a 45º C)

Ausência em 100 mL

Coliformes totais Ausência em 100 mL FONTE: BRASIL, 2004.

Os parâmetros físico-químicos da água devem ser observados e monitorados

para garantir a qualidade da água utilizada, como ilustrada através da TABELA 4.

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TABELA 4 - PADRÕES FISICO-QUÍMICOS DA ÁGUA CONSIDERADA POTÁVEL

PARÂMETROS

Sabor Não deverá possuir gosto

Odor Não deverá possuir odor

Dureza (Ca2+ e Mg2+) Máximo de 500 mg/L

Cloro livre Máximo de 2 mg/L (2 ppm)

Turbidez e aspecto visual Sem matérias em suspensão

pH Mínimo de 6,0 e máximo de 9,5 FONTE: BRASIL, 2004; TERRA, 2000.

É importante realizar análises de monitoramento da qualidade da água usada

na produção de alimentos para evitar que a água torne-se um veículo de

contaminação do alimento.

2.3.3 Higiene no processo de fabricação

Durante a elaboração dos alimentos alguns cuidados sobre higiene se tornam

necessários para que não haja contaminação da matéria-prima e conseqüentemente

proliferação de bactérias deteriorantes e patogênicas. A elaboração deverá ser

realizada primeiramente por pessoal capacitado e supervisionada por pessoal

tecnicamente competente (BRASIL, 1997).

O conceito de higiene deve estar voltado para sempre assegurar e manter os

níveis de qualidade aceitáveis e não apenas para atender a certos padrões ou

requisitos legais (PRATA & FUKUDA, 2001, p. 13). Para conseguir uma boa

adaptação higiênica na indústria é necessário investimento, que nem sempre os

empresários estão dispostos a fazer, porém se analisado por outros pontos de vista

a higiene no processo de fabricação pode ser autofinanciável segundo PRATA &

FUKUDA (2001), considerando que poderá ocorrer:

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Diminuição da rejeição do produto no mercado;

Diminuição da taxa de devolução de mercadorias;

Aumento do rendimento industrial;

Não há perdas de esforço, investimentos e matérias-primas;

Diminuem ou cessam as perdas por deterioração;

Obtém-se bom nível de qualidade, que posteriormente será reconhecido pelos

consumidores.

É imprescindível na industrialização das carnes a precaução contra a

contaminação cruzada, ou seja, a contaminação de alimentos processados ou não

de maneira direta ou indireta por material que se encontre em outras etapas ou

áreas não pertencentes ao processo em andamento. Para evitar essa categoria de

contaminação é necessário um conjunto de medidas como:

Instituir uma equipe e uma rotina de trabalhos específicos, evitando assim a

circulação de pessoas e perda de tempo desnecessários;

Supervisão sobre os trabalhos realizados, tendo como objetivo uma maior

freqüência na lavagem das mãos, lavagem e desinfecção de utensílios e

equipamentos;

Evitar a mistura entre matérias-primas e produtos prontos na mesma área,

como por exemplos, nas câmaras de resfriamento.

Todos os equipamentos utilizados na manipulação de produtos de origem

animal deverão conter materiais que não transmitam substâncias tóxicas, nem

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alterem sabor ou odor do alimento, não possuindo também propriedades de

absorção e fendas. Os materiais deverão ser resistentes a corrosão e a repetidas

lavagens e desinfecções, ter superfícies lisas e não sendo recomendado o uso de

madeira e/ou outro material que não possa ser devidamente lavado ou desinfetado,

ao menos que se tenha certeza que seu uso não será fonte de contaminação dos

alimentos (BRASIL, 1997). Os exemplos de materiais que são mais empregados na

indústria de alimentos são o aço inoxidável escovado ou liso, os plásticos das

diversas composições, borracha e o nylon de cor branca.

Os equipamentos e utensílios devem possuir desenho para que se possa

higienizar de modo profundo, tanto os móveis como os fixos (BRASIL, 1997). Para

as áreas de produção ou elaboração de produtos se torna necessário pias e

lavatórios com mangueiras que possuam acesso a água quente para que os

funcionários possam realizar as operações de higiene tanto pessoal (mãos) quanto

dos utensílios e ambiente. Os equipamentos que deverão constar em uma sala de

fabricação de lingüiças deverão ser, segundo a Portaria no 711 de 1 de Novembro de

1995 (BRASIL, 1995):

Moedor de carnes;

Cortador de toucinho em cubos;

Misturadeira automática;

Embutideira automática;

Mesas de aço inoxidável;

Carros para massas;

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Pás de aço inoxidável em formato de concha;

Estaleiros e varas metálicas;

Lavatórios em locais acessíveis e em número suficiente;

Bebedouros que não envolvam as mãos para seu acionamento.

As dependências onde são realizadas as atividades de fabricação de

produtos como as lingüiças deverão ser devidamente organizadas, separando-se as

áreas de embalagens, condimentos, câmaras de produtos prontos e de massas,

evitando-se assim o risco de contaminação por perigos físico, químico e biológico.

2.3.3.1 Desossa

Deverá ser realizada em sala apropriada de modo higiênico, com

equipamentos adequados para cada funcionário de modo a separar as carnes para

a industrialização. A desossa a quente é a operação da retirada das porções

musculares como a carcaça ainda quente com temperaturas entre 30º C a 35º C,

porém apesar de reduzir custos nas indústrias, suas maiores implicações são o

menor rendimento na obtenção de carne e uma maior exposição da carne aos

microorganismos deteriorantes. Deve ser realizada em ambiente climatizado com

temperaturas que não ultrapassem 16º C. As carnes constituintes da lingüiça frescal

toscana que deverá ser selecionada são retalhos suínos gordos e retalhos magros.

A desossa normal é realizada nas carnes resfriadas que se encontram entre -1º C e

+1º C em ambiente onde a temperatura não exceda 16º C (BRASIL, 1995). Para

locais que possuam Serviço de Inspeção do Paraná (SIP) a sala deverá registrar

temperaturas entre 10º C e 15º C (PARANÁ, 2000).

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2.3.3.2 Moagem

É realizada com o intuito de facilitar a homogeneização das carnes e dos

condimentos. Para a lingüiça toscana é utilizado discos com furos que podem variar

de 6 a 11 milímetros de diâmetro, sendo um dos discos mais utilizados o de 8

milímetros (TERRA, 2000). A carne que deverá ser moída deve apresentar

temperaturas variando de 0o C a -3º C (blocos congelados) ou pelo menos

resfriados, uma vez que ao moer as carnes aumenta-se a superfície de contato com

bactérias. As carnes que são moídas quentes podem acelerar o processo de

deterioração, como também ajudar na formação de uma pasta, indesejável para este

tipo de produto.

2.3.3.3 Mistura das carnes e condimentos

No caso da lingüiça toscana os retalhos gordos e magros são misturados a

uma proporção de 84% e 16% respectivamente (TERRA, 2000, p. 66). O máximo

que a lingüiça toscana deve conter de gordura é 30% da sua composição (BRASIL,

2000). Nesta etapa há a adição de água preferencialmente gelada, mantendo baixa

a temperatura da massa produzida, juntamente com seus condimentos que são

constituídos, segundo PARDI (1996, p. 700):

Sal para o processo de cura, também age como conservador em

concentrações de 2% a 3%. A cura nada mais é que a salga que tem o objetivo de

conservar as carnes por mais tempo frescas. Também é responsável pela retirada

de proteínas miofibrilares;

Conservadores como nitrito ou nitrato de sódio ou potássio, que atuam como

sais de cura e não devem ultrapassar o limite de 150 ppm (BRASIL,1952);

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Antioxidante como o ácido ascórbico que impedem a ligação do oxigênio às

duplas e triplas ligações nas moléculas de gordura, também servem como

adjuvantes para os sais de cura em sua ação em baixas temperaturas;

Glutamato monossódico age como potencializador de sabor, ou seja, mascara

sabores como o gosto de carne crua ou o amargo. São adicionados em

concentrações de 0,1 a 0,25%;

Corantes são opcionais, porém devem ser naturais como urucum;

Açúcar como a sacarose, dextrose ou glicose. Confere um aspecto

caramelizado ao produto que será preparado e tem papel no combate a

adstringência. Seu uso é de 0,2% até 1,5%;

Água que preferencialmente deverá ser gelada, para que a massa conserve

sua temperatura baixa para não comprometer sua conservação. A água pode ser

adicionada numa proporção de 10% (TERRA, 2000, p. 66) para facilitar o

embutimento;

Especiarias que podem ser alho, cebola, louro, majerona, orégano, canela,

alcaparra, pimenta e pimentão.

Após o procedimento de mistura, os ingredientes formaram a massa que

estará pronta para ser embutida.

2.3.3.4 Embutimento

No processo de embutimento, ou seja, o envase das carnes em envoltórios

artificiais ou naturais (intestinos, bexiga, esôfago e estômago) de ovinos, suínos ou

bovinos que poderão variar de calibre (PARDI, 1996, p. 596). As lingüiças frescais,

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como por exemplo, a toscana são embutidas em envoltórios naturais de suínos

(intestino delgado), porém deve-se cuidar do aspecto higiênico-sanitário deste

componente a fim de que não haja contaminação do produto por bactérias

patogênicas como a Salmonella spp, E. coli e C. perfringens.

Quanto a higienização desses envoltórios naturais o Regulamento de

Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) dispõe de

medidas de prevenção antes do uso das tripas determinando que as mesmas

deverão estar rigorosamente limpas e sofrer uma lavagem prévia antes do

embutimento, que poderá ser feita com o bissulfito de sódio, água oxigenada e

hexametafosfato de sódio (PARDI, 1996, p. 605). Os envoltórios são conservados

através do emprego do sal comum, já que é o método mais utilizado na indústria

(PARDI, 1996, p. 605).

2.3.4 Higiene dos colaboradores

Após ter focado atenção sobre os princípios de higiene na obtenção e

processamento das lingüiças frescais é necessário envolver-se na higiene durante a

manipulação dos produtos, por parte dos funcionários. A direção dos

estabelecimentos elaboradores de alimentos é responsável pelos ensinamentos

sobre higiene às pessoas que manipulam alimentos com o objetivo de prevenir

contaminações (BRASIL, 1997). A higiene do pessoal é considerado sempre um

problema por ser uma intervenção diária e incessante, porém os funcionários desta

área respondem bem aos treinamentos específicos principalmente quando é lhe

dada a oportunidade de conhecer a importância de sua função e de sua participação

no resultado final esperado (PRATA & FUKUDA, 2001, p. 13).

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Primeiramente os funcionários precisam possuir condições adequadas de

trabalho com a presença de lavatórios em número suficiente e com agentes de

limpeza adequados para que possam lavar as mãos, principal instrumento de

trabalho, tanto na água fria ou quente com a maior freqüência possível. Além dos

cuidados com as mãos, os funcionários devem seguir uma série de normas que diz

respeito a higiene e conduta pessoal juntamente com cuidados com a saúde.

Na indústria de alimentos é necessário que os funcionários mantenham um

certo grau apurado de higiene pessoal como estar devidamente uniformizado,

protegido, calçado com cabelos cobertos e unhas aparadas. As peças do uniforme

devem ser preferencialmente da cor branca, laváveis ou descartáveis e estar limpas.

É vetado o uso de pulseiras, anéis ou quaisquer outros adornos que sejam fonte de

contaminação (BRASIL, 1997). Sobre a conduta pessoal é proibido que os

funcionários possuam condutas anti-higiênicas como fumar, comer, beber e cuspir

durantes os trabalhos na área de manipulação de alimentos.

Pessoas que possuírem ferimentos também não poderão realizar atividades

na produção de alimentos até que seja tomada medida para sua reincorporação

profissional. Devem ser feitos exames na hora do ingresso e depois periodicamente

para evidenciar possíveis portadores de doenças contagiosas (BRASIL, 1997).

A higiene dos colaboradores pode ser resumida como o ABC da higiene

pessoal, de acordo com PRATA & FUKUDA (2001, p. 14):

Manter o corpo limpo;

Exames médicos completos e periódicos;

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Tratamento imediato de feridas, cortes ou arranhaduras, com proteção

impermeável;

Conter espirros, tosse e bocejos;

Lavar e desinfetar as mãos logo após o uso dos sanitários e antes de iniciar

os trabalhos;

Unhas cortadas, aparadas, limpas e sem esmalte;

Uniformes limpos e exclusivos;

Proteção dos cabelos e barba, nem adornos como anéis e pulseiras;

Não utilizar panos, lã ou madeira;

Restrição do fluxo de pessoas;

Combater hábitos anti-higiênicos.

2.3.5 Limpeza e desinfecção do ambiente e utensílios

É inevitável falar de higiene sem comentar sobre limpeza dos ambientes onde

serão elaborados alimentos, principalmente, os alimentos cárneos frescos como as

lingüiças. Se bem realizada esta etapa, ela irá garantir que o produto demore mais a

deteriorar e conseqüentemente um maior tempo de prateleira no mercado com isso

menor índice de devolução ou rejeição da mercadoria. A limpeza refere-se a

atividade realizada após a jornada de trabalho, ou dependendo do local é feita

constantemente para remoção de resíduos grosseiros. As tarefas de limpeza devem

ser organizadas de acordo comas características de cada empresa, podendo ser

executado pelo próprio pessoal de produção ou por pessoal especializado. O horário

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de limpeza deverá ser instituído segundo a jornada da indústria de forma que

coincida com o exato momento final da produção (TERRA, 2000, p. 180).

De acordo com PRATA & FUKUDA (2001, p. 18), pode-se listar 4 categorias

de limpeza:

Física remoção de partículas, não permitindo seu acúmulo;

Química remoção dos agentes de limpeza como os detergentes;

Microbiológica remoção da contaminação de microorganismos

deteriorantes. Deve ser a mais eficiente possível, melhorando a qualidade geral e a

vida útil dos alimentos;

Ambiental diz respeito a quantidade e qualidade do ar circulante nos

aspectos de umidade, infiltrações e condensações, iluminação natural ou artificial e

eliminação dos resíduos de produção, ou seja, do ambiente de trabalho. Também

está ligada ao controle de pragas realizado no estabelecimento.

A limpeza na indústria tem como objetivo retirar sujidades desde as mais

grosseiras até a sanitização de equipamentos e ambiente. Este processo pode ser

dividido em 7 passos (PRATA & FUKUDA, 2001, p. 18):

I. Colher o material grosseiro de piso e equipamentos;

II. Varrer a seco para remover a partículas menores;

III. Enxágüe preliminar que é realizado com água quente (50º C a 60º C), tendo

como objetivo eliminar os resíduos solúveis e partículas aderidas;

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IV. Uso de detergentes ou sabões com o uso de água quente e em tempo

adequado, porém não excessivamente quente e demorado a fim de evitar o

cozimento do material a ser retirado;

V. Enxágüe intermediário para a remoção dos detergentes com água quente;

VI. Desinfecção com sanitizantes em concentração e tempo de ação adequados.

VII. Enxágue das superfícies antes do uso.

Os detergentes que poderão ser usados na limpeza devem possuir algumas

características, tais como (TERRA, 2000, p.181):

Umectação que é a redução da tensão superficial da água com maior

penetração da solução;

Emulsificação das gorduras que melhora sua retirada;

Saponificação ou reação de uma base com ácido graxo formando sabão;

Peptização que é a quebra das proteínas em peptídeos;

Suspensão das sujidades;

Seqüestro de íons;

Enxágüe ou remoção de emulsões pela água.

Concluída a limpeza, passa-se a desinfecção para que ocorra a redução do

nível de microorganismos presentes nas superfícies dos equipamentos e utensílios,

de forma a atender os padrões higiênicos tanto da empresa como da legislação. Há

vários exemplos de desinfetantes que podem ser utilizados na indústria de alimentos

cárneos como, por exemplo, quaternário de amônio, ácido peracético, hipoclorito de

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sódio, clorehexidina, aldeídos e iodóforos, porém eles devem possuir as seguints

características segundo PESQUER (1995 citado por TERRA, 2000, p. 183):

Amplo espectro microbicida;

Efeito rápido na concentração recomendada;

Poder residual, quando desejado;

Mínima toxicidade aos funcionários;

Compatibilidade as superfícies e materiais sobre os quais serão aplicados;

Não alterar odor ou cor das superfícies tratadas;

Eficiência mesmo em meios com presença de proteínas ou pH ácido ou

alcalino;

Boa estabilidade;

Facilidade de enxágüe;

Economia de uso;

Registrados junto ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAPA).

2.3.6 Conservação do produto pronto

Os métodos de conservação de alimentos permitem que se possa guardá-los

para seu futuro uso sem que se estraguem. A maioria dos produtos de origem

animal tem característica de se deteriorar com facilidade, e essa característica está

ligada a ação enzimática e de bactérias devido ao alto teor de água contido nesses

alimentos (PRATA & FUKUDA, 2001, p.55). Na produção de produtos cárneos, um

dos maiores desafios é aumentar a vida útil dos alimentos com isso são usados

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vários meios para a sua conservação como a conservação pelo calor, frio, açúcar,

fermentação, aditivos, radiação, sal, osmose reversa e defumação.

No caso das lingüiças frescais são empregados 2 métodos combinados para

a sua conservação que são pela adição de sal e pelo frio.

2.3.6.1 Conservação pelo sal

É um dos métodos mais antigos empregados como a cura das carnes para a

produção dos produtos cárneos. O sal aumenta a pressão osmótica, diminuindo

assim a atividade aquosa, retirando de 20% a 30% da água presente no alimento

penetrando em uma concentração de até 4.3% no produto (PRATA & FUKUDA,

2001, p. 65). Além de conservar os produtos cárneos o sal tem o papel de solubilizar

as proteínas miofibrilares como actina e miosina melhorando a Capacidade de

Retenção de Água (CRA) melhorando a qualidade e a textura do alimento (PARDI,

1996, p. 721). A sua função bacteriostática é primordial e está ligada a retirada de

água causada pelo fenômeno da osmose. A incorporação deste elemento é feita na

mistura dos condimentos com a carne, na concentração adequada para cada

produto e de acordo com cada fabricante.

2.3.6.2 Conservação pelo frio

As baixas temperaturas vêm sendo utilizadas de modo a retardar as reações

químicas e a atividade enzimática realizado pelas bactérias (PRATA & FUKUDA,

2001, p. 620). Quanto mais baixa é a temperatura, mais pronunciado é esse efeito. A

refrigeração dos alimentos começou nos Estados Unidos no início do século XIX,

através do uso do gelo no intuito de manter os alimentos frescos sendo que a

refrigeração frigorífica chegou ao Brasil durante a Primeira Guerra mundial

(ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL, 1988, p. 2259).

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Na indústria de alimentos é importante que os ambientes onde haverá a

manipulação de carnes e elaboração de produtos sejam devidamente climatizados a

fim de diminuir a taxa de crescimento bacteriano nas carnes. A legislação brasileira

dispõem sobre temperaturas nos ambiente industriais para carne suína segundo a

Portaria no711 de 01 de Novembro de 1995 (BRASIL, 1995) ilustrada na TABELA 5:

TABELA 5 - TEMPERATURA DOS AMBIENTES DE PRODUÇÃO

AMBIENTE TEMPERATURA

Câmara para carnes resfriadas 0o C

Câmara para massas 0o C

Câmara para produtos prontos 0o C

Sala de desossa Abaixo de 16º C

Sala de produção Abaixo de 16º C FONTE: BRASIL, 1995.

A manutenção do frio não depende exclusivamente da temperatura para ser

eficiente, mas também da umidade relativa e de uma boa circulação de ar. A

umidade relativa implica diretamente na qualidade do produto, uma vez que muito

baixa poderá ocasionar o ressecamento do alimento e quando muito alto poderá

ajudar no desenvolvimento microbiano. A umidade relativa ideal é de 85% a 95%

(PRATA & FUKUDA, 2001, p.63).

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3 APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO

3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO

3.1.1 Local e área

O estágio foi realizado na empresa Distribuidora de Carnes Ltda, situada na

rua 1 número 1799, distrito industrial de Ponta Grossa, no estado do Paraná,

durante o período de 08 de fevereiro de 2010 a 23 de abril de 2010. Trata-se de uma

indústria que tem como foco a manipulação de alimentos desde a etapa de abate de

suínos e bovinos, armazenamento de carcaças, fracionamento e desossa de carnes

e elaboração de alimentos na fábrica de embutidos.

Está situada próxima a BR-277, no trecho entre Ponta Grossa a Curitiba, em

um terreno que possui aproximadamente 120.000 m2, onde está implantado o

abatedouro-frigorífico e a fábrica de embutidos que somam em torno de 1.200 m2 de

área construída, totalmente isoladas com cerca de alambrado em sua volta, com

suas vias pavimentadas com asfalto. Além das instalações de processamento a

empresa conta também com vestiários, refeitório, garagem para caminhões,

salgadeira pra couros bovinos e quatro lagoas de tratamento de efluentes.

A estrutura física da empresa foi construída sob as exigências determinadas

pelo Serviço de Inspeção do Paraná (SIP) no número 0032-F, atendendo os

requisitos sobre os pontos de vista estrutural e de serviços realizados, uma vez que

contam com a inspeção realizada por médico veterinário terceirizado pela empresa

em conjunto com o Estado.

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3.2 ESTRUTURA INDUSTRIAL

A indústria é divida de metaforicamente em 2 partes, matadouro-frigorífico e

fábrica de embutidos. A primeira parte foi inaugurada em 25 de agosto de 2003, e

em 2007 a fábrica de embutidos ficou pronta.

3.2.1 Matadouro-frigorífico

3.2.1.1 Recepção e desembarque

Para a realização das atividades envolvidas no abate, a empresa conta com

estrutura de recepção, desembarque e acomodação tanto de bovinos quanto de

suínos. Na parte de suínos estão 5 pocilgas cobertas sendo que 4 são chamadas

pocilgas de matança. Das pocilgas de matança, 2 possuem capacidade para 40

bebedouros de mesmo tipo.

A quinta pocilga é a chamada pocilga de observação e está distada a um

pouco mais de 3 metros de distância das outras pocilgas e possui capacidade para

comportar de 5 a 6 suínos. Todas elas possuem declive para que haja escoamento

da água durante sua lavagem. Após as pocilgas há o corredor de acesso dotado de

chuveiro de aspersão que antecede o box de insensibilização.

3.2.1.2 Atordoamento e sangria

No box de insensibilização são encontrados o aparelho de eletronarcose,

suporte para carretilhas e um elevador para içar os suínos até a trilhagem que os

levará para o setor de escaldagem passando pela canaleta de sangria. O ralo da

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canaleta está ligado a um tanque de inox de recebimento para o sangue, localizado

no subsolo.

3.2.1.3 Escaldagem e depilação

No setor de escaldagem encontra-se o tanque de escaldagem com

capacidade de 2 mil litros de água e ajuste de temperatura da água quente,

aquecida por tubulação de vapor. A capacidade de escaldagem do equipamento é

de manter dois animais dentro do tanque e um na espera. O tanque está acoplado

ao equipamento da depiladeira e lança o animal para a retirada das cerdas através

do atrit

mesa de chapas de aço inox donde serão extraídas as unhas e ocorrerá outro

içamento até a trilhagem chegando às plataformas para chamuscamento e toalete

de depilação. Após estas etapas o animal seguirá até a área limpa.

3.2.1.4 Área limpa

Neste local é realizada a abertura da cavidade abdominal e evisceração e

conseqüentemente inspeção de vísceras. Nesta área a há duas plataformas, a

primeira mais alta para a retirada das vísceras brancas e outra mais baixa para as

vísceras vermelhas, que serão depositadas em mesas de material inoxidável com

chuveiros para inspeção dos órgãos. As vísceras brancas são destinadas ao setor

da bucharia para adequado destino para as tripas, estômagos e esôfagos. As

vísceras vermelhas são destinadas a outro setor para que ocorra sua devida

separação. As partes condenadas são eliminadas através de um chute localizado

entre as mesas.

Depois de concluída a evisceração a carcaça segue para sua divisão através

da serra. Após a divisão longitudinal a carcaça segue para o toalete das patas pelas

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plataformas até chegar a inspeção de papada e cabeça juntamente com o tolete

final. As carcaças são então pesadas e depois encaminhadas a lavatório de

carcaças, em seguida passarão pela ante-câmara e chegarão nas câmaras de

resfriamento.

3.2.1.5 Câmaras de resfriamento e congelamento

A empresa possui 3 câmaras de resfriamento e uma de congelamento de

carcaças constituídas, internamente, de painel isolante, evaporadores e ralos para

escoamento de água . Esta última é chamada câmara de seqüestro para tratamento

térmico de carcaças acometidas com cisticercose. Das 3 câmaras de resfriamento 2

são destinadas a resfriamento das carcaças bovinas e suas vísceras e a restante é

destinada ao resfriamento de suínos. Todas contam com reguladores e medidores

digitais para monitoramento e determinação das temperaturas.

As dimensões de cada uma das áreas relacionadas ao abate estão descritas

na TABELA 6:

TABELA 6 - DIMENSÕES DOS AMBIENTES DOS PROCESSOS DE ABATE

AMBIENTE DIMENSÃO (m2)

Pocilgas de matança 140

Pocilga de observação 7

Box de insensibilização 8

Câmara de resfriamento 1 100

Câmara de resfriamento 2 100

Câmara de resfriamento de suínos 40

Câmara de sequetro 25

Matadouro-frigorífico 1.200

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3.2.2 Fábrica de embutidos

Na Distribuidora de Carnes LTDA a fábrica de embutidos é composta de:

Sala de desossa;

Sala de produção;

Câmara-fria de carnes e massas:

Sala de temperos;

Depósito de embalagens;

Depósito de envoltórios naturais (tripas);

Expedição de produtos;

Câmara-fria de produtos prontos;

Sala de cozimento;

Sala de defumação;

Lavatório de caixas;

Sala de maturação do charque;

Depósito de caixas limpas.

Suas dimensões podem ser observadas na TABELA 7.

3.2.2.1 Sala de desossa

A fábrica é constituída, internamente, de painéis isolantes laváveis na cor

branca e é isolada do restante do frigorífico através de uma porta termoisolante,

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onde primeiramente encontra-se a sala de desossa que possui duas mesas em inox,

trilhagem baixa para recepção das carcaças a serem desmanchadas, esterilizador

de facas, pia em inox com acionamento com o joelho, chute em inox para descarte

dos ossos, mangueira para lavagem da sala com misturador de vapor com água e

evaporadores localizados nos teto para climatização do ambiente.

3.2.2.2 Produção

O setor de produção é constituído das outras peças mencionadas

anteriormente. Logo após a desossa há um corredor que liga a expedição de

produtos prontos aos fundos da fábrica (cozimento, lavagem de caixas e depósito de

caixas limpas) e em frente a ele a sala de produção. Na sala de produção encontra-

se a maior parte dos equipamentos para a industrialização dos alimentos, como

misturadeira para massas, máquina de moagem das carnes, embutideira a ar e a

vácuo (automática), grampeadeira manual e automática, cutter, máquina de gelo,

esterilizador de facas e pia em inox. Além dos equipamentos a sala também dá

acesso ao depósito de temperos (térreo), câmara-fria de carnes e massas e ao

depósito de envoltórios natur

também possui climatização.

Na parte da frente da fábrica encontra-se a expedição, câmara-fria de

produtos prontos e depósito de embalagens. Aos fundos estão localizados os

defumadores, sala de cozimento, setor de lavagem de caixas e depósito de caixas

limpas e ao lado a sala de maturação do charque climatizada. A fábrica possui ralos

em aço inox espalhados em suas dependências para evitar o acúmulo de água e de

material residual.

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TABELA 7 - DIVISÃO DA FÁBRICA DE EMBUTIDOS

AMBIENTE DIMENSÃO (m2)

Sala de desossa (térreo) 45

Sala de produção (térreo) 72

Sala para maturação do charque (térreo) 09

Cozimento (térreo) 25

Defumadores (térreo) 22

Depósito para lenha e carvão (subsolo) 40,5

Depósito de embalagens e etiquetas (térreo) 28

Depósito de envoltórios naturais (térreo) 7,5

Depósito de temperos (térreo) 7,5

Almoxarifado de temperos (subsolo) 40,5

Depósito de caixas limpas (térreo) 4

Lavagens de caixas (térreo) 7,5

Expedição para produtos prontos (térreo) 12

Câmara-fria de massas (térreo) 7,5

Câmara-fria de produtos prontos (térreo) 12

3.3 ROTINA DE TRABALHO

Nesta etapa serão apresentados os procedimentos que foram realizados

durante o estágio na empresa Distribuidora de Carnes LTDA para a elaboração do

relatório. O estágio foi realizado nos setores de abate, beneficiamento e fabricação

de produtos para conseguir criar a integração de fatores que influenciam na

qualidade final da lingüiça frescal toscana. Para chegar ao objetivo principal foram

trabalhos e observados 3 tópicos distintos:

1. Observação dos requisitos tecnológicos para obtenção e conservação das

carnes, que vão desde os cuidados ante mortem dos animais até o armazenamento

do produto final, passando por todas as etapas de elaboração;

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2. Monitoração da obtenção e processamento que envolve a matéria-prima, o

próprio produto, no caso a lingüiça toscana, na questão higiênica. Nessa etapa são

avaliados o estado geral da parte dos colaboradores e interpretação de exames

microbiológicos realizados com a massa, o envoltório natural e o produto pronto;

3. Verificação da qualidade da água utilizada no processo de fabricação da

lingüiça, observando seu aspecto físico-químico, como a turbidez e pH, e

microbiológico através de análise laboratorial.

Durante o estágio, foi pesquisado em literaturas específicas sobre os vários

processos tecnológicos de abate e elaboração de produtos cárneos e requisitos de

higiene assim como a legislação federal e estadual vigente sobre o assunto. A

semana podia ser divida segundo o quadro:

QUADRO - ROTINA DE TRABALHOS DA DISTRIBUIDORA DE CARNES LTDA

Atividades/Dia 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

8h às 12h Abate de suínos e bovinos

Entrega de carnes e fabricação de lingüiças

Abate de bovinos e entrega de embutidos

Abate de suínos, bovinos e entrega de carnes

Fabricação de lingüiças e entrega de carnes

13h às 17h Desossa dos suínos e limpeza do abate

Fabricação de produtos cozidos e defumados

Limpeza da Produção

Limpeza das instalações

Desossa dos suínos e limpeza do abate

Limpeza das instalações

Entrega de embutidos

Limpeza da Produção e instalações

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FIGURA FLUXOGRAMA DE TRABALHO DA DISTRIBUIDORA DE CARNES LTDA

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55

3.4 REQUISITOS TECNOLÓGICOS PARA OBTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS

CARNES

Para se obter produtos cárneos com qualidade tecnológica e higiênica é

necessário dispor de estrutura física e planejamento dos trabalhos executados na

indústria de carnes. A Distribuidora de Carnes LTDA dispõem de abatedouro de

suínos integrado a fábrica de embutidos, facilitando em grande parte o fornecimento

de carnes para elaboração dos produtos de origem animal. Porém nesse caso há

necessidade de um planejamento de rotina a ser seguida para que possam ser

cumpridos os requisitos para assegurar a obtenção e conservação das carnes.

3.4.1 Sobre o rebanho de suínos abatidos

Além de avaliar a estrutura de um frigorífico e suas operações durante o

processo de obtenção de carne suína é bom lembrar que a matéria-prima carne,

tanto para comercialização direta ao mercado ou sua utilização para a elaboração de

produtos cárneos deve proceder de animais que possuam bons índices de

rendimentos de carnes e principalmente que sejam sadios. Para que isso seja

conseguido é necessário planejamento no fornecimento, sendo ele independente ou

através de cooperativas.

Na Distribuidora de Carne LTDA o fornecimento de suínos é feito por

produtores independentes que firmaram parceria com a empresa há mais de 20

anos e também através de uma cooperativa agroindustrial e seus cooperados. São

abatidos pela empresa uma média mensal de 500 suínos, caracterizado por suínos

do tipo padrão, machos castrados e fêmeas, de até 100 kg de peso vivo podendo

chegar até 110 kg. O rendimento de carcaça registrado na empresa, que é dado

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pelo peso do suínos sem as vísceras sem as patas dianteiras e sem a cauda é entre

75,5% a 79,5%.

3.4.2 Procedimentos na recepção e período ante mortem dos suínos

O descarregamento é acompanhado por funcionário habilitado que regula a

inclinação da rampa de descarregamento conforme a altura do veiculo. Os lotes são

separados obedecendo a procedência, de maneira a evitar brigas entre os animais.

Segundo TARRANT (1989 citado por TERRA, 2000, p. 29) o desembarque dos

animais é importante, pois, se mal realizado pode causar lesões que afetaram o

rendimento e qualidade da carne dos suínos. É importante que haja condições

adequadas para realizar esta tarefa como devida inclinação de rampa de

descarregamento e pessoa habilitada. O descanso, jejum e dieta hídrica dos animais

são partes integrantes para garantir qualidade da carcaça suína, uma vez que o

estresse crônico ou agudo pode afetar isoladamente ou em conjunto a curto ou

longo prazo os processos metabólicos musculares.

Na Distribuidora de Carnes LTDA os abates de suínos ocorrem 2 vezes na

semana, sempre as segundas e quintas-feiras na parte da manhã. Neste caso é

importante salientar que o descanso e jejum devem ocorrer por pelo menos 6 horas

e não mais que 24 horas antes do abate (BRASIL, 2000). A respeito disso, a

empresa planeja a chegada dos animais no dia anterior a matança, ou seja, nas

manhãs de domingo e nas tardes de quarta-feira gerando um período de descanso

de aproximadamente 20 horas e 17 horas nos abates de segunda e quinta-feira

respectivamente.

Pelo motivo do descarregamento dos suínos, acontecer no final da manhã ou

começo da tarde nos dias quentes de verão, o funcionário que os receber tem

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instrução de lavá-los com água fria, a fim de diminuir o estresse causado pela

viagem e retirar a camada mais grosseira de sujidades dos suínos. Esta lavagem

tem ação positiva no verão, pois com animais mais calmos diminuem-se as chances

de apresentação de carcaças suínas com carnes PSE, devido ao abaixamento da

freqüência cardíaca e da temperatura corpórea (VON MICKWITZ, citado por TERRA,

2000, p. 30).

Em dias frios os suínos recebidos não são lavados após serem

descarregados, pois o frio tem efeito, neste caso, tem efeito negativo sobre os níveis

de glicogênio dos músculos ocasionando o aparecimento de carnes DFD de acordo

com AUGUSTINI & FISCHER (citado por TERRA, 2000, p. 31).

O período de jejum e descanso, mostrado pela FIGURA 1, alcançado pela

empresa contribui para a menor incidência de carnes PSE e DFD, sendo que o

período de jejum pré-abate que, segundo SILVEIRA in CASTILLO (2006) emite

melhores resultados está entre 16 a 20 horas. Esses resultados são obtidos devido

ao descanso que proporciona ao suíno metabolizar o excesso de ácido lático

produzido pelo embarque, transporte e descarregamento no frigorífico.

FIGURA 1 DESCANSO E JEJUM DOS SUÍNOS

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Antes da etapa de insensibilização é importante lembrar que os suínos devem

ser conduzidos até o box de atordoamento pelo corredor e essa ação constitui um

ponto influente na qualidade da carcaça, já que está ligada ao estresse que o suíno

passa no momento. O corredor deve ser desenhado de forma a tornar a condução,

dos suínos, mais rápida possível, porém as legislações paranaenses e federais

preconizam que as pocilgas devam distar no mínimo 15 metros das instalações

frigoríficas, o que poderá impactar negativamente no processo de obtenção de

carnes.

A empresa dispõe de um corredor não coberto que mede 20 metros de

comprimento por 1,1 metros de altura e 0,8 metros de largura com piso de concreto

e paredes de cimento queimado, ligando as pocilgas até o box de atordoamento, é

mais do que o recomendado, o que causar estresse para os animais a serem

conduzidos. Nos dias de abate o funcionário conduz lotes de aproximadamente 15

suínos que ficam aguardando, antes de adentrar ao box, embaixo do chuveiro de

asperção. A alguns anos, o funcionário que conduzia os suínos utilizava mangas de

borracha para deslocar os suínos, uma prática que foi abolida, pois, era considerada

maus tratos. Durante o estágio a condução foi feita apenas através do bater de

palmas e vocalização do funcionário, pois a direção da empresa não admite que a

pessoa responsável pratique maus tratos como socos e chutes aos animais.

3.4.3 Insensibilização e sangria

Na Distribuidora de Carnes LTDA o método de insensibilização empregado é

a eletronarcose de voltagem 300 V e amperagem de 5 A durante aproximadamente

2 segundos. O procedimento no box de atordoamento é feito com forquilha,

demonstrado na FIGURA 2, contendo dois pólos em sua extremidade que irá

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encaixar na porção da nuca do animal, causando uma despolarização dos neurônios

ocasionando a queda do animal no mesmo instante que acontece descoordenada

atividade muscular composta por movimentos tônicos e clônicos seguido do

relaxamento muscular.

FIGURA 2 APARELHO DE INSENSIBILIZAÇÃO

Segundo TERRA (2000) o atordoamento, tanto elétrico quanto a gás, é o fator

ante mortem que mais afeta a glicólise post mortem, visto que mal efetuado pode

ocasionar violentas contrações musculares que levam a fraturas, lesões ou

hemorragias. Sobre os métodos de insensibilização de suínos é possível afirmar que

a eletronarcose é a mais empregada seguida pela anestesia por dióxido de carbono

(TERRA, 2000, p.40), sendo que deve obedecer as restrições de voltagem e

amperagem estabelecidas pela legislação estadual, pois, a Portaria de no711 de 01

de Novembro de 1995 (BRASIL, 1995) apenas destaca que o box de

insensibilização dotado de aparelho de eletrocussão deverá possuir voltímetro

regulável de 350 V a 750 V e a amperagem ser entre 0,5 A e 2 A. A legislação

paranaense indica que seja usado 300 V e 5 A para insensibilização, porém não

informa o tempo necessário do processo.

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Após o animal insensibilizado, ele é içado por um dos membros posteriores

até a trilhagem de modo a seguir até a canaleta de sangria. A sangria ocorre no

tempo máximo de 30 segundo após a insensibilização e dura em torno de 3 a 4

minutos. O fato de a sangria ocorrer de modo vertical, durante o processo na

empresa, implica em efeitos não desejáveis pelo o risco de ocorrência de fraturas e

formação de petéquias devido aos movimentos bruscos durante o ato. Esse tempo

maior observado é devido as operações serem realizadas sem a ajuda de nória,

sendo feita a condução dos suínos pela trilhagem manualmente até o setor de

escalda dos suínos.

3.4.4 Escalda e depilagem

Nos processos realizados durante o estágio, esta etapa ocorria em um tanque

de capacidade para 2.500 litros de água com ligação com rede de vapor para

esquentar a água, sendo a temperatura controlada através de um termostato

regulado a 63º C. O tanque tem capacidade para 2 suínos cada vez, uma vez que

um pistão movido a ar pressurizado, na parte da depilação. Durante esta operação

os suínos ficam de 2,5 a 3 minutos na escalda e 1,5 minutos na depilação. O tanque

possui sistema de renovação da água utilizada neste processo.

É uma etapa que consiste na imersão dos animais em água quente por um

determinado período pra facilitar a remoção das cerdas. Os animais deverão ficar

imersos durante 2 a 5 minutos segundo BRASIL (1995) a uma temperatura entre 62º

C e 72º C, sendo que o tanque deve possuir sistema de escoamento da água que

possibilite sua renovação. A depilagem ou depilação dos suínos ocorre logo após a

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escalda, removendo grande parte das cerdas que será finalizada no toalete após a

depilagem.

3.4.5 Evisceração

Por ser uma das etapas que envolvem maior risco de contaminação deve ser

realizada de maneira cuidadosa e com funcionário experiente. O intest ino armazena

uma enorme quantidade de microorganismos dentre eles as bactérias deteriorantes

e também as patogênicas como a Salmonella spp, Campylobacter jejuni, Clostridium

perfringens e outras (PORTO in CASTILLO, 2006, p. 124). A evisceração é dividida

em duas partes, sendo a primeira constituída da retirada das vísceras brancas

(intestinos grosso e delgado, estômago, rins, bexiga e útero) e a segunda a retirada

das vísceras vermelhas (coração, pulmões, esôfago e língua).

No acompanhamento realizado na empresa notou-se que a evisceração era

realizada com o corte do ânus e a retirada, em suínos machos, do pênis e posterior

abertura da cavidade abdominal por faca reta. A primeira abertura feita é de

dimensões menores em torno de 6 a 7 centímetros para que o funcionário pudesse

encaixar a mão junto com a faca direcionado com o cabo para as vísceras

finalizando o corte até a altura do osso esterno. A retirada ocorria de maneira

gradual e delicada para evitar a perfuração de alças intestinais. As vísceras

vermelhas eram extraídas logo após.

Para a evisceração das carcaças a empresa conta com duas plataformas e

um lavatório para mãos e facas, além de esterilizador para facas e chairas. A

esterilização das facas era feita entre a passagem das vísceras brancas para as

vermelhas e entre carcaças. A oclusão não era feita, pois, a sob o âmbito da

legislação que rege o Serviço de Inspeção do Paraná, não há diretriz que informe

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sobre a obrigatoriedade deste procedimento. Porém é importante destacar que com

a oclusão do reto pode-se evitar possíveis contaminações das carnes por bactérias

patogênicas.

3.4.6 Resfriamento das carcaças

Após a divisão das carcaças em duas partes, toalete final e carimbagem, as

carcaças suínas são encaminhadas ao setor de lavagem para a remoção de

resíduos de sangue seguindo para as ante câmaras e finalmente as câmaras frias.

As câmaras frias têm por finalidade reduzir rapidamente a temperatura das carcaças

a fim de impedir a multiplicação de organismos mesófilos deteriorantes ou

patogênicos. O resfriamento, porém ocorre de forma mais lenta em bovinos e em

suínos devido às grandes porções musculares, porém não é causa de grandes

problemas, sendo que em animais sadios e devidamente inspecionados o interior

destas massas musculares é estéril (PORTO in CASTILLO, 2006, p.126).

Na empresa observada, o abate dos suínos era feito antes dos bovinos de

modo que as carcaças passavam um curto período na câmara de resfriamento

sendo logo conduzidas para a sala de desossa. As câmaras frias estão reguladas a

atingir 0o C em seu interior para que as peças de carne possam atingir de 2º C a 7º

C nas massas musculares. Por decisão da diretoria da empresa as carcaças suínas

que são abatidas, grande parte delas (80%) são destinadas a desossa para

industrialização mesmo após o abate, ou seja, destinada a desossa a quente. A

legislação paranaense não cita nenhuma resolução sobre as carnes destinadas a

desossa, porém a legislação federal recomenda que a desossa seja feita com

carcaças provenientes de pré-resfriamento que atinja 7º C dentro das massas

musculares (BRASIL, 1995).

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3.4.7 Desossa

Na sala de desossa é possível acompanhar mais de perto a características

das carnes que serão beneficiadas, avaliando-se cor, Capacidade de Retenção de

Água (CRA) e pH. O pH está ligado através do seu abaixamento, na hora do abate,

na formação da qualidade da carne e a cor e CRA são resultados quantitativos

desse processo, ou seja, são dependentes diretos do pH para avaliar em questão as

carnes utilizadas. Fatores do processo de industrialização que são tomados como

determinantes são os que foram listados anteriormente e que deverão resultar em

matérias-primas de boa qualidade.

No ambiente de desossa é importante que se possua os equipamentos

necessários para realização das tarefas, com a devida praticidade, higiene e

segurança, como mesas de material de fácil higienização e resistentes a corrosão,

assim como lavatórios em número e local adequados e climatização determinada.

Os trabalhos de desossa na empresa eram realizados em uma sala própria,

localizada após as câmaras de resfriamento. Estava constituída de 3 mesas em aço

inoxidável, lavatório completo incluindo esterilizador de facas, balança, trilhagem

para condução de carcaças e evaporadores para circulação e climatização

necessária. A equipe de desossa é composta de 7 pessoas devidamente

uniformizadas (calça e moletom brancos, toucas, botas, bata e calça plástica ou

avental), equipadas (facas retas e chairas ou aço) e protegidas (protetor auricular e

luvas anti-corte ou de aço inox).

As carcaças que chegam a este ambiente são desprovidas da cabeça e são

encaminhadas para remoção, primeiramente, do toucinho com pele seguido da

divisão nas seguintes partes:

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Paleta com pescoço;

Lombo mais a costela;

Pernil.

Neste momento são selecionadas as carnes que serão utilizadas na

elaboração dos produtos frescais, no caso a lingüiça toscana. As carnes que são

utilizadas na lingüiça toscana são:

Carnes gordas

pescoço, retalhos de carnes inseridos na manta de toucinho na hora de sua retirada,

como ilustrado na FIGURA 3;

Carnes magras oriundas da desossa do pescoço e partes da paleta e pernil

como o músculo e também de retalhos dessas desossas, observado na FIGURA 4;

Em algumas ocasiões são utilizados carnes de provenientes das paletas que

serão misturadas ao toucinho, uma vez que a proporção entre carnes gordas e

carnes magras não é alcançada.

FIGURA 3 SEPARAÇÃO DE CARNES GORDAS

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FIGURA 4 SEPARAÇÃO DE CARNES MAGRAS

As carnes que foram citadas precisam necessariamente possuir bom aspecto,

isto é, cor rosa claro sem manchas pálidas (PSE) ou escuras (DFD) ou conter

exsudações ou outras características anormais. O rendimento de carnes destinada a

lingüiça toscana (carnes gordas e magras) é de aproximadamente 13 kg por

carcaça, sendo alcançado 1,1 toneladas de carne para fabricação por dia de

desossa. Após a retirada das carnes, as mesmas são acondicionadas em caixas

brancas e são diretamente levadas para pesagem (caixas com 40 kg) e adição de

sal refinado e sal de cura (FIGURA 5) e depois conduzidas à câmara denominada de

câmara de massas, onde ficarão sob refrigeração em temperaturas de 0o C a 4º C,

desde as 15 horas da segunda-feira ou quinta-feira até as 7 horas da terça ou sexta-

feira, totalizando 16 horas.

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FIGURA 5 ADIÇÃO DE SAL PARA CURA DAS CARNES

A desossa realizada na empresa é feita em ambiente com temperatura

controlada que através dos controles realizados chegava ao patamar máximo de 17º

C. As maiores temperaturas eram devido a prática da desossa a quente que reduz o

tempo de espera para a seleção das carnes de composição da lingüiça toscana.

3.4.8 Fabricação da lingüiça Toscana

Após passarem pelo resfriamento, as carnes magras e gordas, já curadas,

são retiradas das câmaras frias e submetidas aos seguintes processos:

Moagem das carnes resfriadas em discos de 10 mm (FIGURA 6);

Mistura das carnes magras e carnes gordas em uma proporção de 50% e

50% respectivamente juntamente com os ingredientes e condimentos devidamente

pesados e água gelada;

Embutimento em tripas suínas de calibre variando de 28 a 32 e separação

das porções ou gomos de 100 cm3 cada (aproximadamente 100 gramas), feito

automaticamente pelo equipamento.

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Após o produto pronto, um funcionário é responsável por embalar as lingüiças

em pacotes plásticos devidamente identificados em porções de aproximadamente 10

kg cada .

FIGURA 6 CARNE MOÍDA

A mistura das carnes, com os condimentos é um momento importante, devido

a reação que ocorre entre eles. Os ingredientes componentes da lingüiça toscana

adicionados neste momento são:

Emulsificante;

Anti-oxidante e fixador de cor;

Glutamato monossódico;

Alho em pasta;

Pimenta preta;

Água.

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A massa formada por estes ingredientes fica no aparelho misturador por cerca

de 2 minutos sendo revirada de um lado e depois o mesmo tempo para o outro lado.

O tempo utilizado nesta etapa não deve se alongar devido ao ganho de calor na

movimentação das carnes faz com que haja uma elevação na temperatura da massa

podendo deixá-la exposta a uma proliferação bacteriana mais rápida.

O embutimento realizado na lingüiça toscana é através de equipamento

automatizado, ou seja, fazendo o próprio carregamento e embutindo as porção em

determinados pesos (gomos de 100 cm3), sendo o trabalho de acionamento da

máquina, recolocação de tripa e ensacamento do produto pronto realizado por 3

funcionários. Os envoltórios eram preparados no dia anterior, sendo realizada a

retirada do sal dos maços e a imersão em água fria com digluconato de clorhexidina

a 0,025% e durante a produção cada maço é colocado em pequena bacia contendo

água quente é separada individualmente para ser colocada no equipamento para

embutir. As lingüiças são separadas em pacotes contendo 10 kg cada e são

arranjados de 3 em 3 em caixas ralas brancas formando-se pilhas que irão para o

resfriamento.

3.4.9 Aparência do produto final

Depois dos trabalhos realizados para adquirir a matéria prima e industrializá-

la é necessária atenção para a lingüiça tenha boa aparência para chegar aos

mercados consumidores. Devido ao esquema de trabalho adotado pela empresa a

lingüiça toscana tem aparência mais clara, como mostra a FIGURA 7, devido às

carnes gordas de sua composição. Este fato está ligado ao fato do não uso de

mistura, uma vez que a gordura possui uma densidade menor que as carnes

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magras. Porém o produto pronto ficará sob refrigeração entre 1º C e 5º C durante no

mínimo de 20 horas, com esse período de descanso as carnes magras ficarão mais

expostas.

FIGURA 7 APARÊNCIA DA LINGÜIÇA TOSCANA LOGO APÓS EMBUTIMENTO

3.4.10 Composição da lingüiça Toscana

A composição nutricional da lingüiça toscana fabricada no estabelecimento é

representada pela TABELA 8:

TABELA 8 INFORMAÇÃO NUTRICIONAL DA LINGÜIÇA TOSCANA

Quantidade por porção (50 g)

Valor energético 97 kcal/407 kJ

Carboidratos 0 g

Proteínas totais 9,3 g (13%)

Gorduras totais 6,5 g (18,6%)

Gorduras Saturadas/Trans 2,6 g/0 g

Fibra alimentar 0 g

Sódio 405 mg FONTE: Registro da lingüiça toscana do fabricante (2010).

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Como pode ser observado os valores de gorduras totais e de proteínas

possuem patamares incluídos na Instrução Normativa de no4 de 31 de Março de

2000 (BRASIL, 2000) que estabelece os padrões de identidade das lingüiças.

Segundo este regulamento as lingüiças consideradas frescas devem conter gordura

máxima de 30% e proteína mínima de 12%.

3.4.11 Conservação da lingüiça Toscana

Para garantir maior vida de prateleira a um produto é necessário também um

bom esquema de conservação. A conservação está ligada não apenas na

conservação do produto final, mas sim durante seu processamento. Durante os

trabalhos realizados na empresa foram feitas observações das temperaturas das

carnes e das massas preparadas assim como da lingüiça pronta e resfriada, da sala

de fabricação e da câmara dos produtos acabados (ANEXO II).

3.5 ASPECTOS HIGIÊNICOS DA PRODUÇÃO DA LINGÜIÇA TOSCANA

Para avaliar os aspectos higiênicos da Distribuidora de Carnes LTDA é

importante levar em conta três aspectos:

I. Pessoal e hábitos higiênicos;

II. Rotina de limpeza e sanitização;

III. Controle de pragas.

3.5.1 Pessoal e hábitos higiênicos

A empresa conta com 31 colaboradores, divididos nas áreas envolvidas no

processo industrial, como operadores de caldeira, magarefes, responsáveis pela

limpeza e organização, motoristas, auxiliares de desossa e de produção, auxiliares

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de manutenção e administração e gerência. Na fábrica de embutidos há 19

funcionários que trabalham nos diversos processos envolvidos na elaboração dos

alimentos e estão divididos conforme a TABELA 9:

TABELA 9 - DIVISÃO DO PESSOAL NA FÁBRICA DE EMBUTIDOS

PROCESSO NO DE FUNCIONÁRIOS

Gerência da produção 1

Desossa 7

Produção Mesa 1 3

Produção Mesa 2 3

Moagem 1

Salga 1

Cutter 1

Lavagem de caixas 1

Cozimento e defumação 1

Total 19

Os funcionários possuem na sua maioria escolaridade média, ou seja, pelo

menos o primeiro grau completo, porém todos possuem boas noções sobre higiene

durante o processo de manipulação dos alimentos, não sendo permitidos atos que

comprometam a higiene do local de trabalho ou do próprio funcionário tais como

fumar, beber, comer, tossir ou espirrar. Todos os funcionários contratados passam

por exames incluindo de fezes, urina, sangue e de audiometria constituídos no

chamado exame admissional da empresa. Os funcionários que já estão trabalhando

são monitorados, para realização de exames, anualmente.

Os colaboradores têm obrigatoriedade de usar roupas adequadas e

Calça, camiseta ou moleton, touca e jaleco brancos;

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Botas de borracha brancas;

Calça ou bata plástica transparente;

Avental de silicone;

Protetor auricular;

Luvas anti-corte ou de malha de aço inox, no caso de funcionários que

trabalham na desossa.

Na produção dos alimentos seja no setor de abate ou da própria fabricação é

necessário que os funcionários apresentem-se barbeados, unhas aparadas e

cabelos amarrados, sendo vetado o uso de perfumes ou adornos como pulseiras e

anéis. Esses cuidados são importantes para que não ocorram contaminações de

naturezas física, química ou biológica.

Para avaliar os métodos de higiene empregado na empresa são realizados

testes laboratoriais onde são analisados grau de higiene da manipulação, dos

equipamentos e utensílios e matéria prima. Estes testes revelam dados quantitativos

sobre coliformes totais, fecais e presença de Salmonella spp e são realizados na

massa, tripa suína, produto pronto e água utilizada na produção.

Os coliformes totais são indicadores de contaminação ambiente, portanto

traduzem o grau de contaminação onde foram elaborados os produtos influenciando

na vida útil do produto acabado, não sendo constituído de bactérias patogênicas. Os

coliformes fecais, porém, são mais específicos e são constituídos apenas de

bactérias oriundas do intestino e é utilizado como indicador de sanitário da carne ou

produto. Neste subgrupo está contida a E. coli O157:H7 (PORTO in CASTILLO,

2006, p. 107).

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A presença de salmonela pode ser encarada de 2 formas quando esta é

positiva nos exames de laboratório. Pode ser interpretada como falha em algum dos

processos produtivos que compõem a cadeia de industrialização, como por exemplo,

rompimento de alça intestinal na evisceração, ou então pode ter origem por falta de

higiene dos colaboradores, uma vez que essa bactéria também está presente na

flora microbiana do intestino dos seres humanos.

3.5.2 Rotina de limpeza e sanitização

Na Distribuidora de Carnes LTDA a rotina de limpeza é conduzida de forma

que ao término do processo de cada setor, a área e todos os objetos são

devidamente limpos de forma adequada. Esta etapa é crucial, uma vez sendo bem

realizada auxilia a diminuir sensivelmente a proliferação de insetos ou animais

indesejáveis. Pode ser descrita da seguinte forma:

1. Retirada dos materiais grosseiros, como por exemplo, sangue, pedaços de

carne, gordura e outros das superfícies das mesas, plataformas, escadas, portas,

lavatórios, pisos, paredes e equipamentos através de água aquecida a 55º C;

2. Ensaboamento com detergente a base de amida, componente básico, e ácido

sulfônico para promover a remoção das gorduras e resíduos envolvidos tanto no

abate quanto na desossa e fabricação de produtos. O tempo de ação que é utilizado

para a ação detergente é de 10 minutos;

3. Enxágüe de todas as superfícies com água a pelo menos 65º C, removendo

por completo o sabão utilizado;

4. Escoamento de toda água encontrada na superfície das mesas, dos

equipamentos e do piso.

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A sanitização dos ambientes é realizada logo após a etapa da limpeza sendo

empregada uma solução de hipoclorito de sódio com água na proporção de 1

(hipoclorito de sódio) para 40 (água) que é borrifada, conforme FIGURA 8 em todas

as superfícies, principalmente aquelas que entraram em contato com os alimentos

por funcionário através de bomba costal. Essa ação é importante, pois impacta

diretamente na qualidade e na vida útil das lingüiças que são processadas no local.

FIGURA 8 SANITIZAÇÃO DE AMBIENTE

3.5.3 Controle de pragas

Este controle tem como objetivo manter o local de processamento de

alimentos livre de ameaça como insetos e roedores. O controle de pragas pode ser

considerado um conjunto de medidas que visa a eliminar animais indesejáveis em

todo espaço ocupado pela indústria. Algumas estruturas encontradas na

Distribuidora de Carnes LTDA ajudam no controle da entrada desses animais:

Pátios com pavimentação de asfalto;

Cercas de alambrado fechando todo o terreno;

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Grama aparada regularmente;

Limpeza de todos os setores externos, por exemplo, o setor de partes

condenadas, garagens e caldeira.

Além das estruturas da empresa, é realizada a pulverização semanal de

inseticida no setor da bucharia do abatedouro para o controle de moscas. Esse

inseticida é a base de Metomil que causa morte de insetos após ingestão ou contato.

A empresa realiza outro controle em toda sua área construída de 6 em 6 meses,

através de uma empresa terceirizada e autorizada que faz serviço de fumigação e

distribuição de iscas para roedores na área externa.

3.6 QUALIDADE DA ÁGUA

O abastecimento de água da empresa não é feito por empresa de

abastecimento, mas sim por poço artesiano de 214 metros de profundidade que

possui capacidade de jorrar 25 m3 por hora. A captação da água ocorre nas caixas

uma cisterna com 6

caixas de 20.000 litros mais 4 de 10.000 litros. Com todo esse consumo é

necessário estar informado sobre os padrões que a água utilizada pela empresa

apresenta, uma vez que o fornecimento não é feito por outro estabelecimento. Para

não haver problemas com o abastecimento da água foi instalado um dosador de

cloro configurado para que a água atinja 0,5 ppm além dos exames periódicos da

acúmulo de substâncias no fundo das caixas, sendo realizada através de empresa

terceirizada por meio de lavagem individual e aplicação de solução de hipoclorito de

sódio.

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76

Na avaliação da qualidade da água é importante ressaltar que alguns

aspectos visuais primários devem ser verificados como a turbidez ou materiais em

suspensão, cor, sabor e odor. Outros parâmetros observados foram pH e quantidade

de cloro existente através de medidor de cloro e pH de piscina durante os dias de

produção.

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77

4 RESULTADOS E APONTAMENTOS

Durante todo o estágio foram acompanhados 52 dias de trabalho sendo que

foram 22 dias de produção de lingüiça toscana sendo observados também os

detalhes dos abates dos suínos, buscando sempre a percepção dos detalhes que

poderiam fazer a diferença na qualidade do produto final. Também nesse período

foram feitas anotações para comparar com toda a literatura analisada.

4.1 PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS SOBRE A TECNOLOGIA DE ABATE

E INDUSTRIALIZAÇÃO EMPREGADOS

Apesar de oferecer boas condições desde a chegada dos suínos até sua

industrialização possui pontos fortes e pontos fracos:

4.1.1 Chegada

Com a análise dos pontos fortes e fracos podemos definir algumas questões

quando se refere a chegada:

Pontos fortes

Rampa de acesso ajustável para os caminhões de suínos que ali

descarregam, ocorrendo assim menores chances de fraturas e machucados;

As pocilgas possuem espaço físico suficiente para abrigar 140 suínos, uma

vez que os abates que ocorrem são de 80 suínos em média;

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78

Os banhos de água em dias quentes de verão têm finalidade dupla. Podem

funcionar como recurso de limpeza dos animais e também como método para

acalmá-los perante o calor.

Pontos fracos

As pocilgas de matança dispõem apenas de 2 bebedouros sendo que o

necessário seria de pelo menos mais 4 em cada pocilga. A falta de bebedouros

poderá resultar em situações de brigas entre os animais e também na hidratação

deficiente influenciando de modo negativo ao jejum imposto.

O corredor longo, de aproximadamente 15 metros, atende as recomendações

do Serviço de Inspeção do Paraná (SIP) (PARANÁ, 2000), porém acaba se tornando

longo demais no ponto de vista do bom manejo pré-abate dos suínos, fazendo com

os animais cansem e corram o risco de queimar parte do glicogênio acumulado, que

poderia ser usado na síntese do músculo em carne.

4.1.2 Abate e insensibilização

Pontos fortes

Na insensibilização, a eletronarcose tem um bom papel para a seqüência de

produção já que é um método rápido;

O tempo conseguido entre a insensibilização e a sangria que foi realizada

esteve abaixo dos 30 segundos recomendados pela legislação federal (BRASIL,

1995).

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79

Pontos fracos

Os pontos fracos nesta etapa se concentraram na ocorrência de pedalagem

do animal durante o içamento, acarretando em perdas em machucados e

hematomas;

A sangria vertical implicando em risco de contusões e hemorragias que

poderão afetar a qualidade e o rendimento das carnes.

4.1.3 Evisceração

Pontos fortes

Um funcionário experiente representa segurança na hora da evisceração,

diminuindo o risco de rompimento de alças intestinais.

Pontos fracos

A não oclusão do reto do suíno pode acarretar em contaminação de partes

da carcaça.

4.1.4 Desossa

Pontos fortes

Na desossa o ambiente encontrado era sempre climatizado com temperaturas

não superiores a 16º C (BRASIL, 1995);

As carnes obtidas não apresentavam nenhum tipo de exsudação ou cor

alterada;

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80

Pontos fracos

A desossa de carcaças quentes traz problemas como maior quebra na

desossa dos cortes, ou seja, partes de carne ficam aderidas aos ossos e também

um maior risco de proliferação de microorganismos deteriorantes (TERRA, 2000).

4.1.5 Fabricação da lingüiça Toscana

Pontos fortes

Boa climatização na sala de produção uma vez que a temperatura dificilmente

ultrapassou 15º C;

Na fabricação os equipamentos utilizados tinham superfícies lisas, não

reagentes com a carne e eram de fácil limpeza, sendo eles constituídos de aço

inoxidável.

Pontos fracos

O ponto fraco é a temperatura das carnes e da massa, que apresenta valores

de 8º C a 9º C paras as carnes enquanto que a massa atingia 11º C como pode ser

observado no check list em ANEXO II. Isso é decorrente ainda a desossa realizada

com a carcaça quente e as carnes separadas em caixas, criando uma maior

concentração de massa de carne diminuindo a troca de calor dentro das câmaras

frias e impactando negativamente para a proliferação de bactérias deteriorantes.

A aparência do produto final, devido a não inclusão de corantes e sua

composição (carnes gordas) apresenta uma cor mais clara. Isso ocorre pelo

processo de embutimento ocorrer logo após a mistura de carnes, não havendo

envoltório da lingüiça.

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81

4.2 SOBRE O ASPECTO HIGIÊNICO DA CARNE E DOS PROCESSOS

As estruturas encontradas na empresa cooperam para um melhor

desempenho na parte de higiene, uma vez que para atingir bons resultados são

necessários matéria-prima de boa procedência, boas práticas durante a

manipulação, funcionários devidamente preparados, conservação das carnes e

limpeza dos ambientes envolvidos.

Para avaliar estes quesitos as análises da massa, tripas e da própria lingüiça

toscana foram feitas para serem analisadas. As amostras foram retiradas nos dias

23/04/2010 e 10/05/2010 e levados ao laboratório e os resultados apresentados

conforme as TABELAS 10, 11 e 12 e ANEXOS III, IV e V. A metodologia utilizada

neste processo obedece a Instrução Normativa no62 de 26 de agosto de 2003, para

contagem de microorganismos mesófilos aeróbios estritos e facultativos viáveis

(BRASIL, 2003).

TABELA 10 RESULTADOS DA MASSA DA LINGÜIÇA TOSCANA (10/05)

ANALISES RESULTADOS ENCONTRADOS

ANVISA RDC 12/2001

Coliformes totais/g 5.200 5.000

Coliformes fecais/g Menor que 100 5.000

Salmonella spp/25g Ausente Ausente

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82

TABELA 11 RESULTADOS DA TRIPA UTILIZADA NA LINGÜIÇA TOSCANA

(23/04)

ANALISES RESULTADOS ENCONTRADOS

ANVISA RDC 12/2001

Coliformes totais/g Menor que 100 5.000

Coliformes fecais/g Menor que 100 5.000

Salmonella spp/25g Ausente Ausente

TABELA 12 RESULTADOS DA LINGÜIÇA TOSCANA (10/05)

ANALISES RESULTADOS ENCONTRADOS

ANVISA RDC 12/2001

Coliformes totais/g 2.300 5.000

Coliformes fecais/g 1.380 5.000

Salmonella spp/25g Ausente Ausente

Com esses resultados podemos afirmar que a lingüiça produzida no

estabelecimento atende as normas estabelecidas pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária pela Resolução de no12 de 02 de Janeiro de 2001 (BRASIL,

2001) e pode ser comercializada. A diferença de coliformes totais e fecais

encontradas entre a massa e a lingüiça toscana é devido ao tratamento empregado

às tripas na hora de seu embutimento, uma vez que as mesmas estavam imersas

em solução contendo clorexidina a 0,025%.

Na TABELA 10 a ocorrência de um número maior de coliformes totais pode

ser associada a manipulação em temperatura considerada alta facilitando o

crescimentos desses organismos. A principal implicação desse resultado é o menor

tempo de validade da lingüiça toscana produzida.

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83

4.3 SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA

A água utilizada no processo de fabricação de lingüiça toscana e também é

utilizada na limpeza, por isso o teste realizado, ilustrado na TABELA 13 e ANEXO VI

tem como objetivo assegurar e avaliar a qualidade da água em questão. A

metodologia utilizada neste processo também está de acordo com a Instrução

Normativa no62 de 26 de agosto de 2003 (BRASIL, 2003).

TABELA 13 RESULTADOS DA ÁGUA

ANALISES RESULTADOS ENCONTRADOS

ANVISA PORTARIA 518/2004

Contagem total

de mesófilos/ml

1 UFC Menor ou igual a 500 UFC

Coliformes totais/100 mL Ausente Ausente

Coliformes fecais/100 mL Ausente Ausente

Com resultado demonstrado acima podemos assegurar que a água utilizada

pela indústria atende aos padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária na Portaria de no518 de 25 de Março de 2004 (BRASIL, 2004) atingido o

patamar de potabilidade requerido. Quanto aos aspectos físico químicos avaliados, a

água não apresentou matérias em suspensão não alterando assim sua turbidez e

seu pH médio medido foi de 6,8 segundo check list realizado durante o estágio,

demonstrado no ANEXO I.

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84

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação realizada no estabelecimento, durante o período de estágio

mostrou apenas uma pequena parcela do que pode ser feito por um médico

veterinário na indústria de alimentos. O principal objetivo de avaliar e monitorar na

parte tecnológica e sanitária foi alcançado, juntamente com os objetivos específicos,

porém os resultados obtidos, mesmo que bons dificilmente são levados em questão

devido aos números relacionados a produção de lingüiças e os outros produtos.

Os aspectos avaliados, como por exemplo, as etapas de recepção e abate

dos animais vão além do bem estar animal, uma vez que seu papel, na obtenção de

carnes de boa qualidade, é imprescindível. As carnes devidamente obtidas e

manipuladas deverão resultar em produtos seguros e dotados de características

sensoriais únicas.

Mas o trabalho realizado abre um caminho para a adaptação da empresa no

que se diz aos controles de qualidade na obtenção das carnes e sua

industrialização, padronização das operações de higiene e também sobre os

funcionários, sendo assim peças principais dentro da indústria de alimentos. O

trabalho além de traduzir as informações reveladas durante este período ajudou a

agregar novos conhecimentos que jamais poderiam ser passados em sala de aula.

Com isso pode-se afirmar que a prática leva ao conhecimento.

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85

6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto n. 30691 de 29 de março de 1952. Aprova o novo regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Diário Oficial da União Federativa do Brasil. Rio de Janeiro, 07 de julho de 1952, Seção 1, p.10785.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria n. 711 de 01 de novembro de 1995. Aprova as normas técnicas de instalações e equipamentos para abate e industrialização de suínos. Diário Oficial da União Federativa do Brasil. Brasília, 03 de novembro de 1995, Seção 1, p. 17625.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 326 de 30 de julho de 1997. Aprova o regulamento técnico de condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores e industrializadores de alimentos. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 01 de agosto de 1997, Seção 1.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 4 de 31 de Março de 2000. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de carne mecanicamente separada, de mortadela, de lingüiça e de salsicha. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 05 de abril de 2000, Seção 1, p.6.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC n. 12 de 02 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União Federativa do Brasil. Brasília, 10 de janeiro de 2001.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 62 de 26 de agosto de 2003. Oficializa os métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para controle de produtos de origem animal e água. Diário Oficial da União Federativa do Brasil. Brasília, 18 de setembro de 2003, Seção 1, p.14

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 518 de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências. Diário Oficial da União Federativa do Brasil. Brasília, 26 de março de 2004.

DELGADO, E. F. SORIA, R. F. Princípios e fundamentos dos métodos de predição da maciez em carne bovina. In: CASTILLO, C. J. C. Qualidade da carne. São Paulo: Editora Varela, p. 54-74, 2006.

ENCICLOPÉDIA Delta Universal. Rio de Janeiro: Editora Delta S. A., 15 v, 1988.

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86

PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Decreto n. 3005 de 20 de novembro de 2000. Regulamenta a lei n. 10799, de 24 de maio de 1994, que torna obrigatória a prévia inspeção sanitária e industrial, em todo o território estadual, de todos os produtos de origem animal, comestíveis e não-comestíveis. Cria o regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Diário Oficial do Estado, 2000.

PARDI, M. C. et al. Ciência, higiene e tecnologia da carne. 1 ed. v. 2.Goiânia: Editora Ufg, p.593-1110, 1996.

PORTO, E. Microbiologia de carnes. In: CASTILLO, C. J. C. Qualidade da carne. São Paulo: Editora Varela, p. 101-131, 2006.

PRATA, L. F. FUKUDA, R. T. Fundamentos de higiene e inspeção de carnes. Jaboticabal: Editora Varela, 349p., 2001.

SILVEIRA, E. T. F. Manejo pré-abate de suínos. In: CASTILLO, C. J. C. Qualidade da carne. São Paulo: Editora Varela, p. 75-87, 2006.

TERRA, N. N. Apontamentos de tecnologia de carnes. São Leopoldo: Editora Unisinos, 218p., 2000.

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87

7 GLOSSÁRIO

A Ampère. Unidade de intensidade da corrente elétrica.

A.a atividade de água.

Actina proteína presente na constituição dos músculos.

Aw Activity water, na tradução para o português, atividade de água.

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Ante-mortem período anterior a morte.

C Celsius. Unidade de temperatura, representada por graus.

Catepsina Proteína sintetizada nas células com propriedades proteolíticas.

Check-list na tradução para o português, lista de checagem.

CMS Carne mecanicamente separada.

CRA Capacidade de retenção de água.

Cutter na tradução para o português, cortador. Equipamento utilizado na indútria de alimentos para picar carne até o ponto de massa.

DFD Dark, Firm and Dry, na tradução para o português, escura, dura e seca.

Eletronarcose método de insensibilização de suínos por despolarização de neurônios causado por passagem de corrente elétrica.

Equipamentos de Proteção Individual.

Glicólise Processo de quebra da glicose para liberação de energia.

Homeostase Situação de equilíbrio fisiológico de um organismo vivo.

Homozigose Situação em que os cromossomos considerados possuem alelos iguais.

kcal kilocalorias. Unidade de representação de energia.

kJ kilo Joules. Unidade de representação de energia.

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Mesófilo Grupo de bactérias que se desenvolvem em temperaturas moderadas, entre 15º C a 40º C.

Miofibrilas unidade estrutural das células musculares.

Miosina proteína presente na constituição dos músculos.

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88

pH Potencial Hidrogeniônico.

Petéquia Pequena mancha vermelha na pele, causada por hemorragia de um vaso sanguíneo.

Post-mortem período posterior a morte.

ppm parte por milhão.

PSE Pale, soft and exsudative, na tradução para o português, pálida, macia e exsudativa.

RIISPOA Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal.

Rigor mortis endurecimento dos músculos devido a mudanças químicas ocorridas após a morte.

Sarcoplasma Citoplasma das células musculares.

SIP Serviço de Inspeção do Paraná.

SIPOA Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal.

V Volt. Unidade de tensão elétrica.

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89

8 ANEXOS

ANEXO I CHECK LIST DE PARAMETROS DA ÁGUA

CONTROLE DA ÁGUA DA PRODUÇÃO LINGÜIÇA TOSCANA DATA pH CLORO (ppm) COLORAÇÃO CHEIRO

9/fev 6,8 0,5 INCOLOR INODORA 12/fev 6,7 0,5 INCOLOR INODORA 15/fev 6,7 0,55 INCOLOR INODORA 19/fev 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 23/fev 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 26/fev 7,1 0,55 INCOLOR INODORA 2/mar 7 0,45 INCOLOR INODORA 5/mar 7 0,5 INCOLOR INODORA 9/mar 7,2 0,5 INCOLOR INODORA 12/mar 6,9 0,55 INCOLOR INODORA 16/mar 7,2 0,5 INCOLOR INODORA 19/mar 7 0,5 INCOLOR INODORA 23/mar 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 26/mar 6,8 0,45 INCOLOR INODORA 29/mar 6,7 0,5 INCOLOR INODORA 1/abr 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 5/abr 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 9/abr 6,9 0,45 INCOLOR INODORA 12/abr 7 0,45 INCOLOR INODORA 16/abr 7 0,5 INCOLOR INODORA 20/abr 6,9 0,5 INCOLOR INODORA 23/abr 7 0,5 INCOLOR INODORA

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90

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