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  • Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

    VoIP/SIP: [email protected] ISN: 3599*654 Telefone: +351 22 508 14 00 Fax: +351 22 508 14 40

    URL: http://www.fe.up.pt Correio Electrnico: [email protected]

    MESTRADO EM ENGENHARIA

    DE

    SEGURANA E HIGIENE

    OCUPACIONAIS

    Dissertao apresentada para obteno do grau de Mestre Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

    AVALIAO DE RISCOS OCUPACIONAIS EM OBRAS DE RESTAURO NA CONSTRUO

    Isaac Cardoso

    Orientador: Professor Doutor Joo Manuel Abreu dos Santos Baptista (professor associado, FEUP) Arguente: Professor Doutor Paulo Antero Alves de Oliveira (professor auxiliar, Univ. Lusfona) Presidente do Jri: Professor Doutor Jos Manuel Soutelo Soeiro de Carvalho (professor associado, FEUP)

    2013

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    i

    AGRADECIMENTOS

    Agora chegou a hora de agradecer a todos aqueles que me apoiaram e me incentivaram, mesmo quando o processo parecia impossvel e o tempo escasseava.

    minha famlia e amigos, pela pacincia e o humor com que me aturam e me perdoam os stress. minha namorada pela ajuda, carinho, e por insistir em mim e me dar foras para continuar a lutar.

    A todos os professores e colegas que comigo se cruzaram e com quem todos os dias aprendia algo novo, parte de mim assim por vossa causa.

    Engenheira Andreia Marques e ao Engenheiro Nuno Topa, pela oportunidade de estgio e pelos ensinamentos e conselhos sem os quais este trabalho provavelmente no veria a luz do dia.

    Por fim, ao Professor Baptista pela orientao, pacincia e pela boa disposio, que torna tudo mais fcil e possvel. Sem si este trabalho no existiria! Obrigado

    Um abrao

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    iii

    RESUMO

    A construo civil representava parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e parte da soluo para o desenvolvimento deste pas. Nesse contexto, os perigos e riscos associados a esta atividade, trazem custos de contexto associados que fazem com que o valor da obra muitas vezes seja inflacionado derivado a prmios de seguro e de acidentes de trabalho que so obrigatrios. Ter uma poltica empresarial de avaliao de riscos contribui para a diminuio desses prmios e permite empresa ter uma imagem/reputao de socialmente responsvel permitindo dessa forma, elevar o nvel de excelncia Os trabalhos de restauro como parte integrante de qualquer obra com contexto histrico, so per si obras delicadas e com condies de trabalho por vezes indignas, da o alerta deste trabalho para as condies desta profisso e dos riscos associados ao exerccio da mesma.

    Avaliar os riscos e perigos que estes profissionais enfrentam no s um direito como tambm um dever para proteger as pessoas e acima de tudo a indstria.

    Palavras-chave: Avaliao de Riscos, construo civil, NTP330, William Fine, MIAR, Restauro, REBA.

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    v

    ABSTRACT

    Construction meant a huge part of Portugals PIB, and was a big part of this country last decades, and eventually will be a part of Portugals future. Therefore risk and hazard of this activity brings costs to this industry, with insurance company fees and accident costs. Having a companys preventing hazard policy, does make the insurance fee lower and gives a good name and image of the companys indoor and outdoor name. Art is a small portion of history, and countries history baggage, therefore restoration as a part of preserving the good old fashionable items is a very important part of todays work in this industry. Evaluation the risk assessment of this task is very important, not only for the workers but also for the industry. To do so, gonna use risk assessment methods such as NTP 330, William Fine and MIAR. AS this is a very physical task, and it obliges people to very manual labor, going to evaluate also the ergonomics posture by the REBA method.

    Keywords: Risk Assessment, NTP330, William Fine, MIAR, Restoration, Construction.

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    vii

    NDICE 1 INTRODUO ..........................................................................................................5

    1.1 Introduo ao restauro..........................................................................................5 2 ESTADO DA ARTE ...................................................................................................7

    2.1 Enquadramento Legal e Normativo ......................................................................9 2.2 Conhecimento Histrico .................................................................................... 13

    2.2.1 Restauro ..................................................................................................... 13

    2.2.2 Perspetiva Histrica .................................................................................... 13 2.2.3 Definio de exposio e perigo .................................................................. 14

    2.2.4 Definio de Risco ...................................................................................... 15 2.3 Avaliao de Riscos ........................................................................................... 16

    2.3.1 Principais riscos no Restauro ...................................................................... 17

    3 Local de Estudo ......................................................................................................... 19 3.1 Casa da Prelada .................................................................................................. 19 3.2 Projeto de Requalificao .................................................................................. 20 3.3 Arquivo Histrico .............................................................................................. 21

    4 Descrio dos mtodos de avaliao de riscos............................................................ 23

    4.1 Classificao geral dos mtodos ......................................................................... 23

    4.1.1 Mtodos Semi- Quantitativos ...................................................................... 23 4.1.2 Mtodos Qualitativos .................................................................................. 23 4.1.3 Mtodos Quantitativos ................................................................................ 23

    4.2 Mtodo Matriz de Falhas ................................................................................ 24

    4.3 Mtodo What If .............................................................................................. 25 4.4 Mtodo William Fine ......................................................................................... 26 4.5 NTP 330 ............................................................................................................ 28 4.6 Mtodo Integrado de Avaliao de Riscos (MIAR) ............................................ 31 4.7 Mtodo de Avaliao da empresa Empripar ....................................................... 35

    5 OBJETIVOS, MATERIAIS E MTODOS ................................................................ 38 5.1 Objetivos da Dissertao .................................................................................... 38 5.2 Materiais e Mtodos........................................................................................... 38

    6 Resultados Obtidos .................................................................................................... 39 6.1 Fase 1 - entrada de obra ..................................................................................... 40 6.2 Fase 2 -obra de restauro ..................................................................................... 43

  • 6.3 Avaliao de produtos qumicos ........................................................................ 50 7 Leses musculo - esquelticas ................................................................................... 52

    7.1 O que so? Como surgem? ................................................................................ 52 7.2 Avaliao LME (mtodo REBA) ....................................................................... 54

    7.2.1 Como aplicar o mtodo REBA ................................................................... 54 8 CONCLUSES E PERSPETIVAS FUTURAS ........................................................ 61

    8.1 Concluses ........................................................................................................ 61 8.2 Perspetivas Futuras ............................................................................................ 62

    9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 1

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    ix

    NDICE DE FIGURAS Figura 1 Grfico com distribuio de acidentes de trabalho por atividade 2000-2010 (fonte: Gabinete de Estratgia e Planeamento) ...................................................................8 Figura 2 Distribuio de acidentes de trabalho mortais por atividade 2000-2010 .............8 Figura 3 Relao entre decretos de Lei no setor do Restauro e Conservao .................. 12 Figura 4 Relao entre decretos de Lei na Construo Civil .......................................... 13 Figura 6 Fachada principal ............................................................................................ 19 Figura 7 Jardins da casa da Prelada ............................................................................... 20 Figura 8 Fachada do novo arquivo, na casa da Prelada .................................................. 21 Figura 9 rvore de Processos (Miar, Antunes,2009) .................................................... 32 Figura 10 Distribuio Resultados mtodo Integrado de Avaliao de Riscos ................ 48 Figura 11 Grfico da distribuio resultados mtodo NTP 330 ...................................... 48 Figura 12 Grfico da distribuio de resultados mtodo William Fine ........................... 49 Figura 13 - grfico da distribuio dos resultados pelos diversos riscos ........................... 50 Figura 14 Relao solicitao do trabalho vs descanso (DGS,2008) ............................. 53 Figura 15 REBA- Folha de pontuao (adaptado Mcatamney & Hignett,2005) ............ 55 Figura 16 Situao REBA 1, em esforo, rebocos e parede............................................ 56 Figura 17 Situao REBA 2, braos em retrao, decalque no rodap ........................... 57 Figura 18 Foto REBA 3, colocao placa gesso, suportando peso sobre a cabea .......... 57

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    xi

    NDICE DE TABELAS Tabela 1 Tabela de acidentes de trabalho, 2000 a 2010 ....................................................7 Tabela 2 Tabela de acidentes de trabalho por CAE ..........................................................9 Tabela 3 Tipos de anlise de risco ................................................................................. 16 Tabela 4 Mtodos de anlise de risco ............................................................................ 24 Tabela 5 Representao da Matriz de Falhas ................................................................. 25 Tabela 6 Registo de identificao de perigos ................................................................. 26 Tabela 7 Consequncia dos acidentes ............................................................................ 27 Tabela 8 Exposio aos acidentes .................................................................................. 27 Tabela 9 Probabilidade de acidente ............................................................................... 27 Tabela 10 ndice de risco e prioridade de interveno segundo a magnitude de risco obtida ............................................................................................................................... 27 Tabela 11 Fator de Custo .............................................................................................. 28 Tabela 12 Grau de Correo .......................................................................................... 28 Tabela 14 Nvel de Deficincia ..................................................................................... 29 Tabela 15 Resultados Nvel de Probabilidade ................................................................ 30 Tabela 16 Significa dos diferentes nveis de Probabilidade ............................................ 30 Tabela 17 Determinao do nvel de consequncias ...................................................... 30 Tabela 18 Clculo do nvel de risco e de interveno..................................................... 31 Tabela 20 Tabela de identificao de aspetos e de avaliao de impactes ...................... 33 Tabela 21 Parmetros do ndice de Risco ...................................................................... 33 Tabela 22 Nveis do ndice de Risco .............................................................................. 34 Tabela 24 Matriz de Avaliao Empripar ...................................................................... 37 Tabela 25 Matriz de Anlise de riscos Empripar ............................................................ 37 Tabela 26 Tabela resumo dos resultados das avaliaes na fase 1 .................................. 40 Tabela 27 Tabela resumo da avaliao pelo mtodo Miar da fase 1 ............................... 41 Tabela 28 Tabela resumo da avaliao pelo mtodo NTP 330 da fase 1 ......................... 41 Tabela 29 Tabela resumo da avaliao pelo mtodo William Fine da fase 1 .................. 42 Tabela 30 Tabela resumo dos resultados da avaliao mtodo Miar fase 2 .................... 43 Tabela 31 Tabela resumo dos resultados da avaliao pelo mtodo NTP 330 ................ 44 Tabela 32 Tabela resumo dos resultados da avaliao pelo mtodo William Fine .......... 45 Tabela 33 Tabela dos resultados finais da avaliao da fase 2 ........................................ 46 Tabela 34 Tabela Resumo dos resultados da avaliao fase 2 ........................................ 47 Tabela 35 Tabela de identificao de produtos qumicos ............................................... 51 Tabela 36 REBA, nveis de ao ................................................................................... 55 Tabela 37 REBA, resultados da Avaliao .................................................................... 57

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    Cardoso, Isaac 1

    GLOSSRIO/SIGLAS/ABREVIATURAS/ Frases de Risco (frases R), DL 98/2010, anexo II:

    R1 : Explosivo no estado seco. R2 : Risco de exploso por choque, frico, fogo ou outras fontes de ignio. R3 : Grande risco de exploso por choque, frico, fogo ou outras fontes de ignio. R4 : Forma compostos metlicos explosivos muito sensveis. R5 : Perigo de exploso sob a ao do calor. R6 : Perigo de exploso com ou sem contacto com o ar. R7 : Pode provocar incndio. R8 : Favorece a inflamao de matrias combustveis. R9 : Pode explodir quando misturado com matrias combustveis. R10 : Inflamvel. R11 : Facilmente inflamvel. R12 : Extremamente inflamvel. R14 : Reage violentamente em contacto com a gua. R15 : Em contacto com a gua liberta gases muito inflamveis. R16 : Pode explodir quando misturado com substncias comburentes. R17 : Espontaneamente inflamvel ao ar. R18 : Quando da utilizao, formao possvel de mistura vapor/ar inflamvel/explosiva. R19 : Pode formar perxidos explosivos. R20 : Nocivo por inalao. R21 : Nocivo em contacto com a pele. R22 : Nocivo por ingesto. R23 : Txico por inalao. R24 : Txico em contacto com a pele. R25 : Txico por ingesto. R26 : Muito txico por inalao. R27 : Muito txico em contacto com a pele. R28 : Muito txico por ingesto. R29 : Em contacto com a gua liberta gases txicos. R30 : Pode tornar-se facilmente inflamvel durante o uso. R31 : Em contacto com cidos liberta gases txicos. R32 : Em contacto com cidos liberta gases muito txicos. R33 : Perigo de efeitos cumulativos. R34 : Provoca queimaduras. R35 : Provoca queimaduras graves. R36 : Irritante para os olhos. R37 : Irritante para as vias respiratrias. R38 : Irritante para a pele. R39 : Perigo de efeitos irreversveis muito graves. R40 : Possibilidade de efeitos cancergenos. R41 : Risco de leses oculares graves. R42 : Pode causar sensibilizao por inalao. R43 : Pode causar sensibilizao em contacto com a pele. R44 : Risco de exploso se aquecido em ambiente fechado. R45 : Pode causar cancro. R46 : Pode causar alteraes genticas hereditrias. R48 : Risco de efeitos graves para a sade em caso de exposio prolongada. R49 : Pode causar cancro por inalao. R50 : Muito txico para os organismos aquticos.

  • Mestrado em Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    2 Introduo

    R51 : Txico para os organismos aquticos. R52 : Nocivo para os organismos aquticos. R53 : Pode causar efeitos negativos a longo prazo no ambiente aqutico. R54 : Txico para a flora. R55 : Txico para a fauna. R56 : Txico para os organismos do solo. R57 : Txico para as abelhas. R58 : Pode causar efeitos negativos a longo prazo no ambiente. R59 : Perigoso para a camada de ozono. R60 : Pode comprometer a fertilidade. R61 : Risco durante a gravidez com efeitos adversos na descendncia. R62 : Possveis riscos de comprometer a fertilidade. R63 : Possveis riscos durante a gravidez com efeitos adversos na descendncia. R64 : Pode causar danos s crianas alimentadas com leite materno. R65 : Nocivo: pode causar danos nos pulmes se ingerido. R66 : Pode provocar secura da pele ou fissuras, por exposio repetida. R67 : Pode provocar sonolncia e vertigens, por inalao dos vapores. R68 : Possibilidade de efeitos irreversveis.

    Frases de Segurana (frases S), DL 98/2010, anexo III:

    S1: Conservar bem trancado. S2: Manter fora do alcance da crianas. S3: Conservar em lugar fresco. S4: Manter longe de lugares habitados. S5: Conservar em... (lquido apropriado a especificar pelo fabricante) S6: Conservar em ... (gs inerte a especificar pelo fabricante) S7: Manter o recipiente bem fechado. S8: Manter o recipiente ao abrigo da humidade. S9: Manter o recipiente num lugar bem ventilado. S10: Manter o contedo hmido. S11: Evitar o contacto com o ar. S12: No fechar o recipiente hermeticamente. S13: Manter longe de comida, bebidas incluindo os dos animais. S14: Manter afastado de... (materiais incompatveis a indicar pelo fabricante). S15: Conservar longe do calor. S16: Conservar longe de fontes de ignio - No fumar. S17: Manter longe de materiais combustveis. S18: Abrir manipular o recipiente com cautela. S20: No comer nem beber durante a utilizao. S21: No fumar durante a utilizao. S22: No respirar o p. S23: No respirar o vapor/gs/fumo/aerossol. S24: Evitar o contacto com a pele. S25: Evitar o contacto com os olhos. S26: Em caso de contacto com os olhos lavar imediata e abundantemente em gua e

    chamar um especialista. S27: Retirar imediatamente a roupa contaminada. S28: Em caso de contacto com a pele lavar imediata e abundantemente com... (produto

    adequado a indicar pelo fabricante). S29: No deitar os resduos no esgoto.

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    Cardoso, Isaac 3

    S30: Nunca adicionar gua ao produto. S33: Evitar a acumulao de cargas electrostticas. S34: Evitar choques e frices. S35: Eliminar os resduos do produto e os seus recipientes com todas as precaues

    possveis. S36: Usar vesturio de proteco adequado. S37: Usar luvas adequadas. S38: Em caso de ventilao insuficiente usar equipamento respiratrio adequado. S39: Usar proteco adequada para os olhos/cara. S40: Para limpar os solos e os objectos contaminados com este produto utilizar ...(e

    especificar pelo fabricante). S41: Em caso de incndio e/ou exploso no respirar os fumos. S42: Durante as fumigaes/pulverizaes, usar equipamento respiratrio adequado

    (denominao(es) adequada(s) a especificar pelo fabricante. S43: Em caso de incndio usar... (meios de extino a especificar pelo fabricante. Se a

    gua aumentar os riscos acrescentar "No utilizar gua"). S44: Em caso de indisposio consultar um mdico (se possvel mostrar-lhe o rtulo do

    produto). S45: Em caso de acidente ou indisposio consultar imediatamente um mdico (se

    possvel mostrar-lhe o rtulo do produto). S46: Em caso de ingesto consultar imediatamente um mdico e mostrar o rtulo ou a

    embalagem. S47: Conservar a uma temperatura inferior a ... C (a especificar pelo fabricante). S48: Conservar hmido com ... (meio apropriado a especificar pelo fabricante). S49: Conservar unicamente no recipiente de origem. S50: No misturar com ... (a especificar pelo fabricante. S51: Usar unicamente em locais bem ventilados. S52: No usar sobre grandes superfcies em lugares habitados. S53: Evitar a exposio obter instrues especiais antes de usar. S54: Obter autorizao das autoridades de controlo de contaminao antes de despejar

    nas estaes de tratamento de guas residuais. S55: Utilizar as melhores tcnicas de tratamento antes de despejar na rede de esgotos ou

    no meio aqutico. S56: No despejar na rede de esgotos nem no meio aqutico. Utilizar para o efeito um

    local apropriado para o tratamento dos resduos. S57: Utilizar um contentor adequado para evitar a contaminao do meio ambiente. S58: Elimina-se como resduo perigoso. S59: Informar-se junto do fabricante de como reciclar e recuperar o produto. S60: Elimina-se o produto e o recipiente como resduos perigosos. S61: Evitar a sua libertao para o meio ambiente. Ter em ateno as instrues

    especficas das fichas de dados de Segurana. S62: Em caso de ingesto no provocar o vmito: consultar imediatamente um mdico e

    mostrar o rtulo ou a embalagem. S63: Em caso de inalao acidental, remover a vtima da zona contaminada e mant-la

    em repouso. S64: Em caso de ingesto, lavar repetidamente a boca com gua (apenas se a vtima

    estiver consciente).

    Glossrio de termos, fonte glossrio Proteo Civil:

    Acidente: Um acidente um evento indesejvel e inesperado que causa danos pessoais, materiais (danos ao patrimnio), danos financeiros e que ocorre de modo no intencional;

  • Mestrado em Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    4 Introduo

    Acidente grave: acontecimento inusitado com efeitos relativamente limitados no tempo e no espao, susceptvel de atingir as pessoas e outros seres vivos, os bens ou o ambiente;

    Caminho de Evacuao: percurso entre qualquer ponto, susceptvel de ocupao, num recinto ou num edifcio at uma zona de segurana exterior, compreendendo, em geral, um percurso inicial no local de permanncia e outro nas vias de evacuao;

    Carga de Incndio: a quantidade de calor susceptvel de ser libertada pela combusto completa da totalidade de elementos contidos num espao, incluindo o revestimento das paredes, divisrias, pavimentos e tectos;

    Catstrofe: o acidente grave ou a srie de acidentes graves susceptveis de provocarem elevados prejuzos materiais e, eventualmente, vitimas, afectando intensamente as condies de vida e o tecido scio-econmico em reas ou na totalidade do territrio nacional;

    Desastre: um facto natural ou provocado pelo homem que afecta negativamente a vida, o sustento ou indstria desembocando com frequncia em mudanas permanentes s sociedades humanas, ecossistemas e o meio ambiente. Os desastres pem em evidncia a vulnerabilidade e abalam o equilbrio necessrio para sobreviver e prosperar;

    Edifcio: toda e qualquer edificao destinada utilizao humana que disponha, na totalidade de um espao interior utilizvel;

    Efetivo: o nmero mximo estimado de pessoas que pode ocupar em simultneo um dado espao de um edifcio ou recinto;

    Efetivo de pblico: o nmero mximo estimado de pessoas que pode ocupar em simultneo um edifcio ou recinto que recebe pblico, excluindo o nmero de funcionrios, ou quaisquer outras pessoas afectas ao seu funcionamento;

    Emergncia: Um acidente inesperado que coloca a vida e/ou a propriedade em perigo e exige um resposta imediata atravs dos recursos e procedimentos de rotina da comunidade;

    Espaos: as reas interiores ou exteriores dos edifcios ou recintos; Exposio: Pessoas, propriedades, sistemas, ou funes expostos aos perigos, com

    consequente risco de perda; Gesto da Emergncia: Organizao e gesto de recursos e responsabilidades para lidar

    com todos os aspetos da emergncia, em particular no que respeita preparao, resposta e recuperao. A gesto da emergncia envolve normalmente o esforo e empenho de entidades pblicas, privadas e voluntrias, que atuam de forma coordenada, de modo a dar resposta ao largo espectro de necessidades usualmente existentes aquando de uma emergncia;

    Impasse: situao, segundo a qual a partir de um ponto de um dado espao a evacuao s possvel atravs do acesso a uma nica sada, para o exterior ou para uma via de evacuao protegida, ou a sadas consideradas no distintas. A distncia do impasse, expressa em metros, medida desse ponto nica sada ou mais prxima das sadas consideradas no distintas, atravs do eixo dos caminhos evidenciados, quando este Regulamento os exigir, ou tendo em considerao os equipamentos e mobilirios fixos a instalar ou em linha, se as duas situaes anteriores no forem aplicveis;

    Incidente: Um acontecimento inesperado com potencial para originar danos; Local de Risco: a classificao de qualquer rea de um edifcio ou recinto, em funo da

    natureza do risco de incndio, com exceo dos espaos interiores de cada fogo e das vias horizontais e verticais de evacuao;

    Perigo: a ameaa de um evento potencial para constituir um desastre ou uma catstrofe, o qual pode ser representado por uma probabilidade de ocorrncia e magnitude do fenmeno;

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    Cardoso, Isaac 5

    Plano de Emergncia: Documento que rene as informaes e estabelece os procedimentos que permitem organizar e empregar os recursos humanos e materiais disponveis, em situao de emergncia. Existem planos de emergncia Municipais, Distritais e Nacionais. Existem ainda os planos Gerais e os Especiais quando para uma determinada rea, um risco especfico o justifique;

    Plano de Evacuao: documento, componente do plano de emergncia, no qual esto indicados os caminhos de evacuao, zonas de segurana, regras de conduta das pessoas e a sucesso de aes a terem lugar durante a evacuao de um local, estabelecimento, recinto ou edifcio, em caso de incndio;

    Plano de Referncia: o plano de nvel, cota de pavimento do acesso destinado s viaturas de socorro, medida na perpendicular a um vo de sada direta para o exterior do edifcio;

    Risco: A possibilidade de ocorrerem perda de vidas humanas, bens ou capacidade produtiva quando estes elementos so expostos a um evento destrutivo. O nvel de risco depende especialmente da vulnerabilidade dos elementos expostos a um perigo. O valor expectvel de perdas (vtimas mortais, feridos, bens, etc.) que seriam provocados por um perigo sendo o seu valor uma funo da perigosidade e do grau de exposio dos elementos vulnerveis (populaes, edificado e infra-estruturas) numa dada rea.

    Sada: qualquer vo disposto ao longo dos caminhos de evacuao de um edifcio que os ocupantes devam transpor para se dirigirem do local onde se encontram at uma zona de segurana;

    Sada de Emergncia: sada para um caminho de evacuao protegido ou para uma zona de segurana, que no est normalmente disponvel para outra utilizao pelo pblico;

    Tempo de Evacuao: tempo necessrio para que todos os ocupantes de um edifcio, ou de parte dele, atinjam uma zona de segurana, a partir da emisso do sinal de evacuao;

    Tempo de Resposta: tempo entre o primeiro alerta e a chegada ao local dos veculos de socorro dos bombeiros, com a dimenso adequada a dar incio ao combate a incndios;

    Zona de Segurana: local, no exterior do edifcio, onde as pessoas se possam reunir, protegidas dos efeitos diretos de um incndio naquele;

    1 INTRODUO

    1.1 Introduo ao restauro

    As obras de restauro so um exemplo de bem preservar a histria de um pas. Pas que no sabe tratar bem a sua histria, no est preparado para o futuro. Mas estaremos ns preparados, para os riscos decorrentes desta atividade? Saberemos ns o que pode acontecer, que tipos de produtos esto a usar e quais as suas consequncias?

  • Mestrado em Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    6 Introduo

    Pudemos ns fazer mais? Que mtodo (s) melhor se adequa (m) a este tipo de trabalho? A verdade que sim, se soubermos antecipar os problemas e os riscos que possamos enfrentar, pudemos tornar a tarefa de Tcnico de Segurana mais fcil e saber exatamente o que esperar deste tipo de obra. A implementao de uma poltica de segurana e higiene e de uma rigorosa avaliao dos riscos, imprescindvel para uma empresa, e permite um ganho de confiana por parte dos investidores que premeiam a excelncia e a dedicao. Desse modo torna-se imperativo o desenvolvimento de ferramentas que permitam a correta avaliao dos riscos, evitando dessa forma percas para a empresa, quer sejam em dias de trabalho, ausncias prolongadas, ou seguros. Agravando dessa forma os custos, aumentando o nmero de baixas e permitindo o aparecimento de doenas profissionais ou em casos piores de acidentes graves com incapacidade e perda de vidas humanas. Num sector gravemente afetado pela crise econmica e imobiliria, a excelncia e as boas prticas, podem muitas vezes ser a diferena entre sucesso e insucesso. Num panorama de instabilidade, precariedade e muitas vezes de explorao, a higiene e segurana muitas vezes o parente pobre de todo o processo, sendo dessa forma muitas vezes marginalizada e posta em segundo plano. A atividade de restauro sendo muito tcnica, minuciosa e recente, com uma variedade grande de produtos, tem riscos muitas vezes desconhecidos para os trabalhadores, tornando ainda mais difcil a avaliao de riscos para os tcnicos. Com este trabalho pretendo responder a estas questes e outras mais que surgem neste tipo de obra.

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    Cardoso, Isaac 7

    2 ESTADO DA ARTE

    Os acidentes de trabalho e as suas consequncias so desde a revoluo industrial um dos maiores flagelos da sociedade moderna. Em tempos de crise e com um maior desinvestimento torna-se ainda mais importante chamar a ateno para o setor, e para o nosso trabalho, para evitar que a progresso at agora alcanada se desperdice e que a tendncia de reduo do nmero de acidentes no se perca. Com a entrada em vigor da diretiva 89/391/CEE, e a sua transposio para a legislao nacional, inicia-se a implementao de polticas ativas para combate aos acidentes de trabalho e doenas profissionais. Esta luta, tem dado resultados e verifica-se uma tendncia decrescente do nmero de acidentes, e uma maior preocupao quer de trabalhadores e sobretudo das empresas para o cumprimento das normas e o estabelecimento de polticas de Higiene e Segurana no trabalho. Analisando as estatsticas oficiais, do Gabinete de Estratgia e Planeamento, verificamos que na ltima dcada (2000-2010) existe uma tendncia decrescente no nmero de acidentes, bem como do nmero de acidentes mortais, conforme demonstra a tabela 1.

    Tabela 1 Tabela de acidentes de trabalho, 2000 a 2010 Acidentes de trabalho e taxas de incidncia, anos 2000 a 2010

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Acidentes de trabalho Total de acidentes 234192 244936 248097 237222 234109 228884 237392 237409 240018 217393 215632 Acidentes Mortais 368 365 357 312 306 300 253 276 231 217 208

    Taxa de Incidncia dos acidentes de trabalho Total de acidentes 5546,9 5599,8 5633,1 5431,9 5393,1 5611,9 5474,5 5422,2 5478,1 5148,5 5202,0 Acidentes Mortais 8,7 8,3 8,1 7,1 7,0 7,0 5,8 6,3 5,3 5,1 5,0

    (fonte: Gabinete de Estratgia e Planeamento)

    Se separarmos os dados por atividade, conforme dados da tabela 2, verifica-se que, o setor da construo (linha F) o segundo com maior nmero de acidentes de trabalho, como se ilustra no grfico1, representando 20,6% do nmero de acidentes. A nvel de mortalidade, ou seja, em gravidade dos acidentes, a situao ainda mais preocupante, representa 32,2% de todos os acidentes mortais, ou seja, o primeiro em acidentes mortais como se pode ver pelo grfico 2.

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    8 Estado da arte

    Figura 1 Grfico com distribuio de acidentes de trabalho por atividade 2000-2010 (fonte: Gabinete de Estratgia e Planeamento)

    Figura 2 Distribuio de acidentes de trabalho mortais por atividade 2000-2010

    (fonte: Gabinete de Estratgia e Planeamento)

    Se a estes dados se acrescentar os dias de trabalho perdido, que s em 2010 significaram em mdia 40,5 dias de ausncia (Gabinete Estratgia e Planeamento), verifica-se a importncia da avaliao de riscos e de uma poltica de gesto direcionada para esta problemtica, de forma a evitar ou minimizar estas perdas, que contribuem negativamente para as despesas, para os resultados econmicos, para desenvolvimento e conduzem a um abaixamento dos nveis de produtividade de muitas empresas.

    3,25% 0,78%

    26,59%

    0,10%

    1,33%20,55%

    15,74%

    4,79%

    5,64%0,30%

    0,37%

    0,45%

    1,04% 6,18%

    3,53%0,78%

    5,33%

    0,84% 1,72%

    0,55%

    0,01%

    0,15% acid. TrabalhoA Agricultura, etc

    B Ind. Extrativas

    C Ind. Transformadoras

    D Eletricidade, etc

    E Capt, trat, e distrib. De gua, etc

    F Construo

    G Comrcio por grosso, etc

    H Transportes e armazenagem

    I Alojamento, etc

    J Ativ. de informao, etc

    K Atividades financeiras e de seguros

    L Ativ. imobilirias

    M Ativ. de consultadoria,etc

    N Ativ. Administr. Etc

    O Admin. pblica, etc

    P Educao

    Q Ativ. da sade humana e apoio social

    R Ativ. artsticas, etc

    S Outras atividades

    T At. Fam. Emp.,etc

    U Ativ. De org. internac. E outras inst. extraterritoriais

    CAE desconhecida

    13,46%

    2,40%12,98%

    0,00%1,44%

    32,21%

    10,58% 15,87%

    1,92%

    0,48%

    0,48% 0,00%1,44%

    3,85%0,96%

    0,00%0,96%

    0,00%

    0,48%

    0,48%

    0,00%

    0,00%

    nmero de acidentes trab.mortais A Agricultura, etcB Ind. ExtrativasC Ind. Transformadoras

    D Eletricidade, etc

    E Capt, trat, e distrib. De gua, etc

    F Construo

    G Comrcio por grosso, etc

    H Transportes e armazenagem

    I Alojamento, etc

    J Ativ. de informao, etc

    K Atividades financeiras e de seguros

    L Ativ. imobilirias

    M Ativ. de consultadoria,etc

    N Ativ. Administr. Etc

    O Admin. pblica, etc

    P Educao

    Q Ativ. da sade humana e apoio social

    R Ativ. artsticas, etc

    S Outras atividades

    T At. Fam. Emp.,etc

    U Ativ. De org. internac. E outras inst. extraterritoriais

    CAE desconhecida

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    Cardoso, Isaac 9

    Tabela 2 Tabela de acidentes de trabalho por CAE

    CAE Total de acidentes de trabalho Acidentes de trabalho

    mortais v.a. % Taxa inc. v.a. % Taxa inc.

    Total 215632 - 5202,0 208 - 5,0 Subtotal 215299 100 - 208 100 A Agricultura, produo animal, caa, floresta e pesca 7005 3,3 1291,9 28 13,5 5,2

    B Indstrias Extrativas 1674 0,8 8301,9 5 2,4 24,8 C Indstrias Transformadoras 57327 26,6 6935,2 27 13,0 3,3 D Eletricidade, gs, vapor, Agua quente e fria e ar frio 210 0,1 1335,1 0 0,0 0,0

    E Capt, trat, e distrib. De gua, saneamento, gesto de resduos e despoluentes 2862 1,3 8794,5 3 1,4 9,2

    F Construo 44304 20,6 9183,6 67 32,2 13,9 G Comrcio por grosso e a retalho; reparao automvel e motociclos 33942 15,8 4607,0 22 10,6 3,0 H Transportes e armazenagem 10323 4,8 5833,0 33 15,9 18,6 I Alojamento, restaurao e similares 12172 5,7 4176,2 4 1,9 1,4 J Atividades de informao e de comunicao 638 0,3 605 1 0,5 0,9 K Atividades financeiras e de seguros 790 0,4 897,6 1 0,5 1,1 L Atividades imobilirias 977 0,5 3543,9 0 0,0 0,0 M Atividades de consultadoria, cientificas, tcnicas e similares 2244 1,0 1434,8 3 1,4 1,9

    N Atividades administrativas e dos servios de apoio 13321 6,2 8557,6 8 3,8 5,1 O Administrao pblica e defesa; Segurana Social 7610 6,5 n.d. 2 1,0 n.d. P Educao 1686 0,8 n.d. 0 0,0 n.d. Q Atividades da sade humana e apoio social 11493 5,3 n.d. 2 1,0 n.d. R Atividades artsticas, de espetculos, desportivas e recreativas 1807 0,8 4901,1 0 0,0 0,0

    S Outras atividades de servios 3714 0,7 3572,5 1 0,5 1,0 T At. Fam. Emp. Pess. Domes. E ativ. Prod. Famlia uso prprio 1180 0,5 819,5 1 0,5 0,7 U Ativ. De org. internac. E outras inst. extraterritoriais 20 0,0 472,6 0 0,0 0,0

    CAE desconhecida 333 0 (fonte: Gabinete de Estratgia e Planeamento)

    2.1 Enquadramento Legal e Normativo

    No mbito das obras de restauro do setor da construo, o mesmo regimentado pela seguinte legislao (fig.3):

    Decreto-lei (DL) 107/2001, Regime de proteo e valorizao do patrimnio cultural;

    DL 55/2001, Regime das carreiras de museologia, conservao e restauro do pessoal;

    DL 140/2009, Regime de proteo e valorizao do patrimnio cultural; DL 47/2004, Lei-quadro dos museus portugueses, Que estabelece as condies

    de acesso profisso.

    Destes Decretos- lei, para este trabalho destacam-se, em cada um, os seguintes artigos:

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    10 Estado da arte

    Decreto-lei 107/2001, de 08/09/2001: Artigo 55. Bens culturais mveis

    1 - Consideram-se bens culturais mveis integrantes do patrimnio cultural aqueles que se conformem com o disposto no n. 1 do artigo 14. e constituam obra de autor portugus ou sejam atribudos a autor portugus, hajam sido criados ou produzidos em territrio nacional, provenham do desmembramento de bens imveis a situados, tenham sido encomendados ou distribudos por entidades nacionais ou hajam sido propriedade sua, representem ou testemunhem vivncias ou factos nacionais relevantes a que tenham sido agregados elementos naturais da realidade cultural portuguesa, se encontrem em territrio portugus h mais de 50 anos ou que, por motivo diferente dos referidos, apresentem especial interesse para o estudo e compreenso da civilizao e cultura portuguesas.

    2 - Consideram-se ainda bens culturais mveis integrantes do patrimnio cultural aqueles que, no sendo de origem ou de autoria portuguesa, se encontrem em territrio nacional e se conformem com o disposto no n. 1 do artigo 14.

    3 - Os bens culturais mveis referidos no nmero anterior constituem espcies artsticas, etnogrficas, cientficas e tcnicas, bem como espcies arqueolgicas, arquivsticas, udio-visuais, bibliogrficas, fotogrficas, fonogrficas e ainda quaisquer outras que venham a ser consideradas pela legislao de desenvolvimento.

    Artigo 59. Projetos e intervenes 1 - As intervenes fsicas ou estruturantes em bens mveis classificados nos termos do artigo 15. da presente lei, ou em vias de classificao como tal, so obrigatoriamente asseguradas por tcnicos de qualificao legalmente reconhecida.

    Decreto-lei 55/2001, de 15/02/2001: Artigo 1. Objetivo e mbito de aplicao 1 O presente diploma define o regime das carreiras do pessoal que exerce a sua atividade no domnio da museologia e no domnio da conservao e restauro e procede ao respetivo enquadramento nos grupos, nveis e graus previstos ().

    Artigo 4. Carreira do conservador-restaurador 2 O recrutamento para a categoria de ingresso na carreira feito, mediante concurso, de entre candidatos habilitados com licenciatura na rea da Conservao e Restauro,

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    Cardoso, Isaac 11

    aprovados em estgio probatrio com a durao de um ano com a classificao no inferior a Bom. Anexo (conservador-restaurador) Investiga, utiliza e adapta mtodos laboratoriais e processos tcnico-cientficos, a fim de diagnosticar, definir, coordenar e executar aces de conservao preventiva bem como realizar intervenes curativas de conservao e restauro do patrimnio cultural.

    Decreto-lei 140/2009, de 15/06/2009 Artigo 1. Objeto e mbito de aplicao 1 O presente decreto-lei estabelece o regime jurdico dos estudos, projetos, relatrios, obras ou intervenes sobre bens culturais classificados, ou em vias de classificao, de interesse nacional, de interesse pblico ou de interesse municipal.

    Artigo 4. Relatrio prvio Para efeitos de apreciao de pedidos de parecer, aprovao ou autorizao para obras ou intervenes em bens culturais obrigatria a entrega do relatrio prvio, sem prejuzo dos demais elementos previstos no mbito do presente decreto -lei.

    Artigo 5. Autoria do relatrio prvio 1 O relatrio prvio da responsabilidade de um tcnico habilitado com formao superior adequada e cinco anos de experincia profissional aps a obteno do ttulo acadmico. 2 A formao superior e a experincia profissional referidas no nmero anterior devem ser relevantes na respetiva rea de especialidade e no mbito das obras ou intervenes em causa.

    3 Na elaborao do relatrio prvio participam igualmente os tcnicos especialistas competentes em funo da natureza do bem cultural e do tipo de obras ou intervenes a realizar.

    Decreto-lei 47/2004, de 19/08/2004: Artigo 31. Intervenes de conservao e restauro 1 - A conservao e o restauro de bens culturais incorporados ou depositados no museu s podem ser realizados por tcnicos de qualificao legalmente reconhecida, quer integrem o pessoal do museu, quer sejam especialmente contratados para o efeito.

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    12 Estado da arte

    2 - No caso de bens culturais classificados ou em vias de classificao, nos termos do artigo 15. da Lei n. 107/2001, de 8 de Setembro, o projeto de conservao ou de restauro carece de autorizao prvia do Instituto Portugus de Museus.

    3 - nulo o contrato celebrado para a conservao ou o restauro de bens culturais incorporados ou depositados em museu que viole os requisitos previstos nos nmeros anteriores.

    4 - Quando tiverem sido executados trabalhos de conservao ou restauro que impliquem dano irreparvel ou destruio de bens culturais incorporados ou depositados em museu aplicvel o regime da responsabilidade solidria previsto no artigo 109. da Lei n. 107/2001, de 8 de Setembro.

    Figura 3 Relao entre decretos de Lei no setor do Restauro e Conservao

    Na atividade da construo civil, e tratando-se de atividade com necessidade de instalao de estaleiro, est regimentada pela seguinte legislao, como demonstra a fig.4:

    DL 50/2005, Prescries mnimas de segurana e sade; Lei 102/2009, Regime Jurdico da promoo da segurana e sade no trabalho; DL 12/2004, Regime Jurdico de ingresso e permanncia na atividade da

    construo; DL 273/2003, condies de segurana em estaleiros mveis ou temporrios; Portaria 101/96, Prescries mnimas de segurana e sade em estaleiros; DL 41820, Segurana e proteo do trabalho; DL 41821, Regulamento de segurana no trabalho.

    Na atividade de restauro, usam-se vrios produtos qumicos, logo tem que se ter em conta a legislao aplicvel, quer de manuseamento, quer de conservao e armazenamento. A diretiva europeia, que regulamenta o uso e conservao de produtos qumicos, a 67/548/CEE e a 91/155/CEE que foram transportas para a legislao nacional pelo decreto de lei 82/95 e que foi posteriormente alterada pelo Decreto-Lei 98/2010, atualmente vigente. Deste Decreto-lei, destacam-se:

    Anexo II, Natureza dos riscos especficos atribudos s substncias e misturas perigosas. (frases R)

    Anexo III, Conselhos de prudncia relativos s substncias e misturas perigosas. (frases S)

    DL 107/2001

    DL 55/2001

    DL 140/2009

    DL 47/2004

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    Cardoso, Isaac 13

    De destacar tambm os artigos 8, 9 e 10 sobre a rotulagem do produto, incluindo indicaes de dimenses e informao obrigatrias num rtulo.

    Figura 4 Relao entre decretos de Lei na Construo Civil

    2.2 Conhecimento Histrico

    2.2.1 Restauro

    O conceito de restauro (Luso,2004), no sentido lato, existe desde os primrdios da humanidade, por necessidade de conservar e restaurar os primeiros instrumentos criados. A atividade de restauro, como hoje a conhecemos, tem as suas origens nos sculos XVIII e XIX, como exemplo temos o mosteiro de Alcobaa, construdo no sc. XII em estilo gtico foi reedificada no sc. XVIII, em estilo barroco com pormenores gticos e manuelinos (muito em voga na altura). Foi no entanto no sculo XX, que finalmente se definiu o restauro, atravs da Carta de Atenas de 1931, que se definiu o que eram monumentos e como proceder sua conservao e restauro protegendo a sua identidade cultural. Esta carta foi o primeiro passo, que seria revista novamente em vrias ocasies (Veneza em 1964, Itlia em 1972, entre outras) sendo a ltima reviso de 2000 com a carta de Cracvia. Como atividade primria o restauro dedica-se ao pormenor e ao preservar a originalidade do elemento arquitetnico, desta forma um atividade minuciosa feita com processos manuais e morosos e usando produtos de base qumica com intuito de no ferir a propriedade original da obra.

    2.2.2 Perspetiva Histrica

    A avaliao de riscos, tal como a conhecemos, teve o seu inicio aps a Revoluo Industrial, ou seja, nos finais do sculo XVIII incios do sculo XIX, motivada pela

    Lei 102/2009

    DL 12/2004

    DL 273/2003; Portaria 101/96

    Decreto 41820/1

    DL 50/2005

    Artigos. 24 e 25

    Artigo 12 Artigo 3

    Artigo 11

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    14 Estado da arte

    crescente casos de acidentes de trabalho e outros fatores de risco frequentes nos ambientes das primeiras industrias. (Nunes,2009) Foi no entanto nos Estados Unidos da Amrica , que o movimento prevencionista se desenvolveu graas a aes conjuntas desenvolvidas de acordo pelo governo, empresrios e especialistas, conforme se testemunha no American Engineerin Council de 1928, onde aparece a primeiro estudo da relao existente entre acidentes e custos diretos e indiretos dos acidentes. Contabilizando perdas financeiras, percas de produo como custos indiretos dos acidentes. Em 1931, H.W. Heinrich, apresentou um estudo relativo aos custos (diretos e indiretos) dos acidentes de trabalho, que ficou conhecido como a teoria domin, em que bastava um acontecimento de casualidade que desencadeava um conjunto sequencial de cinco fatores (Nunes,2009):

    1. Ascendncia e ambiente social; 2. Falha humana; 3. Condio perigosa e ato inseguro; 4. Acidente; 5. Dano pessoal.

    Aps este primeiro estudo surgiram uma sequncia de publicaes relacionadas com o mesmo tema, dos quais se destaca:

    R.H. Simons, 1947, mtodo para clculo dos custos inerentes a quattro tipo de acidentes (leses incapacitantes, assistncia mdica, primeiros socorros e acidentes sem leso);

    Em 1953, a Conferncia Internacional do Trabalho com a recomendao n97, define dois mtodos bsicos para a proteo da sade dos trabalhadores (acompanhamento mdico, medicina no trabalho, de cada trabalhador e medidas tcnicas para prevenir, reduzir e eliminar riscos de acidente no trabalho);

    Em 1966, Frank E. Bird Jr. publica resultados do seu estudo de acidentes de trabalho numa empresa de siderrgica que tinha efetuado durante 7anos, e contabilizados 90 mil acidentes.

    Esta sequncia cronolgica, impulsionado pela vertente econmica, com anlise sobretudo dos custos associados, foi o primeiro passo para a Segurana e Higiene no trabalho. Com o desenvolvimento industrial e social dos finais do sculo XX, os estudos comeam a preocupar-se fundamentalmente com a preveno, analisando os locais de trabalho, a exposio a fatores de risco, as causas das leses e das doenas profissionais. Para tal, temos que primeiramente saber a definio dos conceitos inerentes ao local de trabalho, termos como perigo, risco, exposio, entre outras.

    2.2.3 Definio de exposio e perigo

    Exposio: Pessoas, propriedades, sistemas, ou funes expostos aos perigos, com consequente risco de perda;

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    Cardoso, Isaac 15

    Perigo: A ameaa de um evento potencial para constituir um desastre ou uma catstrofe, o qual pode ser representado por uma probabilidade de ocorrncia e magnitude do fenmeno; Por perigo entende-se fonte, situao, ou ato com potencial para o dano em termos de leso ou afeo da sade, ou uma combinao destes (NP 4397:2008).

    2.2.4 Definio de Risco

    A possibilidade de ocorrerem perda de vidas humanas, bens ou capacidade produtiva quando estes elementos so expostos a um evento destrutivo. O nvel de risco depende especialmente da vulnerabilidade dos elementos expostos a um perigo. O valor expectvel de perdas (vtimas mortais, feridos, bens, entre outras) que seriam provocados por um perigo sendo o seu valor uma funo da perigosidade e do grau de exposio dos elementos vulnerveis (populaes, edificado e infraestruturas) numa dada rea. Segundo Roxo (2003), o risco responde combinao das consequncias do acontecimento e da possibilidade deste ocorrer, ou seja, sua probabilidade e/ou frequncia. O risco entendido como o resultado da conjugao da probabilidade e da consequncia de um determinado acontecimento (Holt, 2001). Pode-se representar graficamente o risco (fig.5, Felix,2009), num grfico bidimensional, em que num dos eixos se representa a frequncia de ocorrncia e no outro eixo a consequncia ou severidade.

    Figura 5 Representao grfica bidimensional do Riscos

    Da anlise do grfico, ressalva-se, que: Risco < R2 , risco aceitvel; R2< Risco < R3, risco provisoriamente aceitvel; Risco > R3, risco inaceitvel.

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    16 Estado da arte

    2.3 Avaliao de Riscos

    Existem vrios mtodos de Avaliao de Riscos usados em construo civil. Neste captulo sero descritps em que consistem alguns dos mais utilizados. Na construo civil, utilizam-se maioritariamente mtodos Quantitativos/ semi-quantitativos e so alguns destes que sero descritos. A avaliao de riscos, segundo Gadd et al. (2003), um conjunto de tcnicas e ferramentas usadas para identificar, estimar, avaliar, monitorizar e administrar acontecimentos que colocam em risco a execuo de um projeto. O principal objetivo da avaliao de riscos quantificar a magnitude (ou severidade) que um risco pode ter na segurana e sade dos trabalhadores, como resultado da exposio ao perigo, permitindo desta forma fornecer informaes precisas para o empregador tomar as medidas preventivas adequadas para minimizar/eliminar esse fator de risco. (Roxo, 2003) Como componente dinmica, o local de trabalho, tem que se progressivamente avaliar as condies, para verificar a eficcia das medidas adotadas. Como estamos a lidar com trabalhadores, a componente humana joga um papel fundamental no processo, logo nunca se pode dar por concluda a avaliao, tornando este um processo dinmico e com evolues/mutaes constantes. Segundo Roxo (2003) e Gaad et al. (2003), a Avaliao de Riscos deve compreender duas fases:

    1. Anlise de risco, quantificar a magnitude do risco; 2. Valorizao do risco, avaliar as consequncias desse mesmo risco.

    Existem vrios mtodos de avaliao de riscos. Embora tenham aspetos comuns so integrados em trs diferentes categorias como demonstrado na tabela 3,Carvalho,2007:

    1. Mtodos de avaliao Qualitativos (MAQl); 2. Mtodos de avaliao Quantitativos (MAQt); 3. Mtodos de avaliao semi-Quantitativos (MASqt).

    Tabela 3 Tipos de anlise de risco Mtodos Qualitativos Mtodos Quantitativos Mtodos Semi-Quantitativos

    Descritivos Estatsticos Matriz rvores Lgicas Pontuais William Fine

    Matemticos rvores Lgicas

    De acontecimento; de falhas/efeito; de causas; de decises (causa-efeito); de

    decises (efeito-causa)

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    2.3.1 Principais riscos no Restauro

    Sendo a atividade do restauro, muito minuciosa e morosa, e com convivncia diria com materiais qumicos e fsicos, temos diversos riscos associados. Dos quais se podem distinguir os seguintes, Queimado (s/data):

    1. Riscos de exposio qumica: Problema com poluentes qumicos na fase da limpeza da rea, na fase de consolidao risco de reaes alrgicas, na fase de desinfestao problemas de irritao (olhos e nariz sobretudo) e na fase de aplicao de vernizes, risco para o sistema nervoso pelo uso de solventes, colas com efeitos anestsicos, dermatoses pelo contato com o cimento;

    2. Riscos de exposio fsica: Riscos de entalhamentos, corte (uso de lminas, raspador e bisturis), quedas e queimaduras, inalao de poeiras;

    3. Riscos de exposio mecnica: Uso de vrias mquinas como serra de fitas, garlopa, lixadeiras e serras.

    4. Riscos visuais e auditivos: Fraca iluminao e elevado rudo.

    5. Queda em Altura; 6. Queda ao mesmo nvel.

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    3 LOCAL DE ESTUDO

    3.1 Casa da Prelada

    Situada na freguesia de Ramalde, junto ao Carvalhido, a Quinta da Prelada elege-se como um dos espaos mais notveis e grandiosos do Porto. Concebido pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni, esta obra histrica e referencial arquitetnico e paisagstico da zona nordeste do Porto est subordinado a um eixo que estabelece um percurso desde a casa nobre at ao recinto onde se eleva uma torre, vulgarmente designada por "Castelo". (fig.5)

    Figura 6 Fachada principal

    fonte SCMP

    Residncia da famlia Noronha de Menezes, esta casa semelhana do Palcio do Freixo, previa a construo de quatro torres, tendo sido s executada uma torre (um quarto da obra). Como obra de Nasoni, tem vrios traos reconhecveis da sua obra, dos quais se destaca o desenho e a gramtica decorativa empregue nos vos da Casa, bem como o tratado em profundidade da sacada da torre, similar ao encontrado no Palcio do Freixo.

    Obra iniciada em 1758, a propriedade pertencia a D. Antnio de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo, e a sua mulher D. Isabel de Noronha e Menezes, irm de D. Manuel, arcediago do Porto, que apadrinhou vrios filhos de Nicolau Nasoni.

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    20 Local em Estudo

    Em 16 de Maio de 1903, D. Francisco de Noronha e Menezes, atravs do seu testamento, lega a Quinta da Prelada Santa Casa da Misericrdia do Porto, da qual tomou posse em 1904. Tendo servido de unidade de sade em grande parte do sculo XX, 1906-1960 (Hospital dos Convalescentes), 1961-1973 (Centro de Recuperao de Diminudos Fsicos) e lar de terceira idade, 1974-2003, sendo a casa classificada como Imvel de interesse pblico, em 1938, ttulo que em 1977 seria revogado passando a incluir a casa, os jardins e a mata. (fig.6)

    Figura 7 Jardins da casa da Prelada

    3.2 Projeto de Requalificao

    Em reunio da Mesa administrativa de 12 de Junho de 2002, por proposta de Estevo Samagaio, foi deliberado a reconverso da casa da Prelada, transformando-a dessa forma num Plo cultural da cidade do Porto.

    Foi aberto concurso para a requalificao do edifcio e selecionada a proposta do arquiteto Antnio Leito Barbosa, que considera divide o edifcio em trs reas fundamentais:

    O arquivo, na parte velha da casa; A provedoria; A capela.

    O projeto compreende trs tipos de interveno de acordo com os vrios setores do edifcio:

    Construo de raiz do arquivo, em ao vidro e beto (fig.8);

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    Reabilitao da casa inicial, setor nasoniano; Restauro do sector do sculo XIX.

    Figura 8 Fachada do novo arquivo, na casa da Prelada

    3.3 Arquivo Histrico

    O Arquivo Histrico da Santa Casa da Misericrdia do Porto (AHSCMP), situado atualmente, na Rua das Flores, que encerra um valioso e vasto acervo documental, acusa uma necessidade urgente de mudana de instalaes e de uma modernizao de acordo com os conceitos atuais de arquivologia.

    Com esta construo, o AHSCMP, compreender quatro zonas distintas:

    rea do Pblico - Hall de entrada; - Auditrio e Sala de Exposies; - Biblioteca de acesso livre; - Salas de leitura, instrumentos de pesquisa e audiovisuais.

    rea Tcnica - Sala de receo e triagem; - Sala de higienizao; - Sala de desinfestao; - Reprografia;

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    - Data center; - Laboratrios de restauro; - Gabinetes para tcnicos.

    rea Administrativa - Gabinete da direo; - Servios administrativos.

    rea de Depsitos - Arquivo histrico de livros;

    - Arquivo de recortes e notcias.

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    4 DESCRIO DOS MTODOS DE AVALIAO DE RISCOS

    4.1 Classificao geral dos mtodos

    4.1.1 Mtodos Semi- Quantitativos

    So mtodos que funcionam por atribuio de ndices s situaes de risco identificadas e definem planos de atuao. Como exemplo deste tipo de mtodos temos o Mtodo de William Fine e o Mtodo da Matriz.

    4.1.2 Mtodos Qualitativos

    Mtodos descritivos, que descriminam os pontos perigosos de um local de trabalho, bem como, as medidas de segurana j existentes, sejam elas preventivas ou de proteo. Tambm identificam a sequncia de acontecimentos que podem levar ao acidente, e quais s formas de evitar a sua ocorrncia (Cabral, 2010). Este tipo de mtodos so muito usados para estimar situaes simples, cuja mera observao seja suficiente para identificar os perigos. Podem ser de vrios tipos:

    Estudos de implantao; Estudos de movimentao; Estudos de risco do posto de trabalho; Fluxogramas; Planos de sinalizao; Listas de verificao; Entre outros.

    4.1.3 Mtodos Quantitativos

    Baseiam-se em clculos e modelos matemticos, este tipo de mtodos quantifica o que pode acontecer atribuindo valores probabilidade e severidade (Cabral,2010). Como modelo matemtico, a atribuio de valores permite quantificar os fatores que agravam ou reduzem o risco, bem como estimar um valor real (numrico) para o risco efetivo. De entre os vrios mtodos ainda pudemos dividir em tipos:

    i) Mtodos estatsticos ndice de frequncia e de gravidade; ndices de fiabilidade; Taxas mdias de falha;

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    24 Mtodos de Avaliao

    Entre outros. ii) Mtodos matemticos

    Modelos de falhas; Modelos de difuso de nveis de gs.

    iii) Mtodos Pontuais Gretener, avaliao risco de Incndio; MESERI, mtodo simplificado risco de Incndio; Entre outros.

    Existem diversos mtodos que podem ser usados na anlise de risco, dependendo do que se pretende avaliar, dos quais se destacam os da tabela 4 (adaptado de Carvalho,2007).

    Tabela 4 Mtodos de anlise de risco Abreviatura Nome completo HAZOP Hazard and operability study CHA Concept and hazard analysis FTA Fault Tree Analysis Pre-Hazop Pre- Hazard and operability study MOSAR Method Organised systematic analysis of Risk FMEA Failure mode and effect analysis Human Rel. Human reliability analysis PHEA Predictive human error analysis

    4.2 Mtodo Matriz de Falhas

    Este mtodo passvel de aplicao em qualquer fase do processo produtivo, e associa a frequncia severidade, de acordo com a seguinte expresso:

    Risco = Frequncia (F) * Severidade (S)

    Para o parmetro frequncia (F) (nvel de probabilidade) utiliza-se a seguinte classificao:

    Improvvel acontecimento que no se prev que acontea

    Remota acontecimento de ocorrncia muito difcil (raro) Ocasional acontecimento com probabilidade de ocorrncia pontual

    Provvel acontecimento com probabilidade de ocorrncia diria

    Frequente acontecimento que ocorre continuamente ou vrias vezes

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    Para o parmetro severidade (Se), ou consequncia utiliza-se a classificao:

    Catastrfico morte, leso com inaptido permanente, perda do sistema ou danos ambientais muito graves

    Crtico danos graves, leses com incapacidade temporria ou permanente mas de pequena percentagem, perda parcial do sistema ou danos ambientais graves

    Marginal leses menores com ou sem incapacidade temporria mas pouco graves, danos no sistema ou ambiente pouco graves

    Leve leses pequenas sem qualquer tipo de incapacidade, danos no sistema ou ambiente insignificantes ou desprezveis

    Combinando os dados obtidos dos dois parmetros obtm-se a seguinte Matriz de anlise (tabela 5)

    Tabela 5 Representao da Matriz de Falhas Matriz = f (F*G) Gravidade Frequncia/probabilidade Catastrfico Crtico Marginal Leve Frequente 1 3 7 13 Provvel 2 5 9 16 Ocasional 4 6 11 18 Remota 8 10 14 19 Improvvel 12 15 17 20 (Freitas, 2003)

    Atravs desta tabela (matriz) pudemos estimar um nvel de risco, variando entre 1 (mau, risco mximo, interveno urgente) e 20 (bom, risco tolervel).

    4.3 Mtodo What If

    O mtodo What If (o que aconteceria?) uma tcnica de identificao de perigos/ anlise de riscos emprica, baseada num questionamento aberto de todo o processo, sistema, equipamento ou evento, questionando o que aconteceria se . Atravs deste processo consegue-se abranger todos os processos que possam originar um erro ou uma falha. Este mtodo admite duas vertentes:

    1. Questionamento livre: aplicando-o a pergunta o que aconteceria se a qualquer aspecto que se considere relevante. Ex: o que aconteceria se houvesse mais

    produto na prateleira?, O que aconteceria se falhassem os traves?, etc; 2. Questionamento sistemtico: focado nas reas de interveno das diversas

    especialidades intervenientes em obra, como exemplo, eletricidade, preveno

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    26 Mtodos de Avaliao

    ambiente, canalizao, etc, fazendo grupos de trabalho e reunies em que se aplicaria a pergunta What if? a cada processo de cada especialidade.

    Este mtodo dever ser registado em formulrio prprio, com campos obrigatrios, riscos, consequncias, causas, medidas de controlo, medidas de emergncia. (Freitas, 2003).

    Tabela 6 Registo de identificao de perigos Descrio Perigo/Consequncias Medidas de Controlo

    Falha de equipamentos, materiais ou instrumentos

    Falhas de servio

    (Freitas,2003)

    4.4 Mtodo William Fine

    Este mtodo permite calcular a gravidade e a probabilidade relativas de cada risco, associando a cada risco a ao preventiva a efetuar e o custo associado implementao da mesma, ou seja permite considerar tambm o tempo de implementao, o esforo e a previso de investimento (Mandarini, 2005). A frmula de clculo, usado por este mtodo, :

    R = Fc * Fe * Fp Em que: R - Magnitude do Risco; Fc Fator consequncia; Fe Fator Exposio; Fp Fator Probabilidade; O fator consequncia define-se como os resultados mais provveis de um acidente, resultando do risco em anlise, considerando-se quer os danos pessoais, como tambm os materiais. O fator exposio traduz um ndice associado frequncia com que se apresenta a situao de risco, sendo que o primeiro acontecimento indesejado seria o ponto de partida da sequncia que conduziria ao acidente. O fator probabilidade traduz um ndice associado probabilidade de uma vez iniciado a sequncia de acontecimentos, ela se desenvolver e terminar no acidente e suas consequncias. A componente econmica faz-se introduzindo na frmula de clculo mais duas variveis, Fator Custo (Fc) e Grau de Correo (Gc) aplicando a seguinte expresso:

    Justificao (J) = Fc*Fe*Fp / (Fc * Gc)

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    Se J > 20, suspenso imediata da atividade Se 10 < J < 20, correo imediata necessria Se J < 10, correo urgente Para calcular o valor de cada coeficiente temos que usar as tabelas 4 a 9.

    Tabela 7 Consequncia dos acidentes

    Consequncias Grau de Severidade

    Danos Corporais Danos Materiais Valor Numerosas Mortes Grandes Danos > 1.000.000 e quebras importantes na actividade 100

    Vrias Mortes De 500.000 a 1.000.000 50 Morte Danos de 100.000 a 500.000 25

    Leses Graves, amputaes, Invalidez permanente

    De 1000 a 100.000 15

    Incapacidades Temporrias At 1.000 5 Ferimentos Ligeiros Pequenos Danos 1

    (Freitas,2008) Tabela 8 Exposio aos acidentes

    Exposio (Fe) Frequncia de ocorrncia da situao de risco Valor Continuamente, vrias vezes ao dia 10 Frequentemente, aproximadamente 6 Ocasionalmente, de uma vez por semana a uma vez por ms 3 Irregularmente, de uma vez por ms a uma vez por ano 2 Raramente, sabe-se que j aconteceu 1 Remotamente possvel, no se tem conhecimento que tenha ocorrido 0.5 (Freitas,2008)

    Tabela 9 Probabilidade de acidente

    Probabilidade (Fp) Possibilidade da sequncia de acontecimentos, incluindo as consequncias Valor Resultado mais provvel se a situao inicial de risco ocorre 10 completamente possvel, a probabilidade de 50% 6 Seria uma consequncia remotamente possvel, sabe-se que j ocorreu 3 Seria uma sequncia ou coincidncia rara 1 Extremamente remota mas concebvel, nunca aconteceu em muitos anos de exposio 0.5 Sequncia praticamente impossvel, possibilidade de 1 em 1.000.000 0.1 (Freitas,2008)

    Tabela 10 ndice de risco e prioridade de interveno segundo a magnitude de risco obtida

    Grau de Perigosidade Risco Classificao Medidas 400 Grave iminente Suspenso imediata da atividade perigosa

    200 a 400 Alta Correo imediata 70 a 200 Notvel Correo logo que possvel 20 a 70 Moderado Deve ser eliminado, mas no uma emergncia

    < 20 Aceitvel Situao a manter (Freitas,2008)

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    28 Mtodos de Avaliao

    Tabela 11 Fator de Custo

    Fator de Custo Valor esperado do custo de ao corretiva Valor

    Mais de 2500 10 De 1.250 a 2.500 6

    De 675 a 1.250 4 De 335 a 675 3 De 150 a 335 2 De 75 a 150 1

    < 75 0.5 Freitas,2008

    Tabela 12 Grau de Correo

    Grau de Correo Diminuio do risco por aplicao da ao corretiva Valor

    Risco totalmente eliminado 1 Risco reduzido em pelo menos 75% 2

    Risco reduzido de 50 a 75% 3 Risco reduzido de 25 a 50% 4

    Ligeiro efeito sobre o risco de menos de 25% 6 (Freitas,2008)

    4.5 NTP 330

    Este mtodo, elaborado pelo Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo INSHT, permite hierarquizar os riscos, permitindo dessa forma priorizar as intervenes. Segundo Freitas (2003), numa avaliao de riscos deve-se comear sempre pelos mtodos mais simples e acessveis, este mtodo enquadra-se nesse prisma, constituindo dessa forma um mtodo de anlise preliminar. A utilizao deste tipo de mtodos, permite que com poucos recursos se possam detetar muitas situaes de risco e elimin-las. Como em vrios mtodos de avaliao, neste mtodo o Risco existente funo da probabilidade de ocorrncia e das consequncias da advm. Interessa por isso definir de que forma os dois conceitos existem para este mtodo de avaliao:

    R = f (P x C) Risco funo de:

    A probabilidade de materializao de fatores de risco em danos; A magnitude ou dimenso dos danos ocorridos (consequncias).

    Probabilidade e consequncias so os dois fatores de que advm o risco, que se define como, o conjunto de danos esperados por unidade de tempo (Carneiro,2011)

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    Este mtodo, e a sua metodologia permitem quantificar a severidade dos riscos existentes, permitindo dessa forma, hierarquizar as prioridades de correo. Comea-se por identificar as insuficincias/deficincias existentes no local de trabalho, seguindo-se o estimar da probabilidade de ocorrncia de um acidente, e tendo em conta a magnitude esperada das consequncias, obtm-se a avaliao do risco associado a cada uma das ditas deficincias. Como forma de simplificao e devido dificuldade de obteno dos valores reais de risco, usa-se ento, os seus nveis, ou seja:

    R= NP*NC Em que: R- Magnitude de Risco NP- Nvel de Probabilidade NC- Nvel de Consequncias O nvel de Probabilidade (NP), obtm-se tendo em conta o nvel de exposio (NE) e o nvel de deficincia (ND), definindo-se como:

    NP= NE*ND O Nvel de exposio, define-se como a frequncia com que se observa a exposio ao risco (tabela 13)

    Tabela 13 Nvel de Exposio Nvel de Exposio NE Significado Contnua (EC) 4 Vrias vezes ao dia com perodos prolongados. Frequente (EF) 3 Vrias vezes ao dia, mas com intervalos longos. Ocasional (EO) 2 Alguma vez no dia e por perodos curtos de tempo. Espordica (EE) 1 Irregularmente. (adaptada Bellovi e Malgon, 1993) Entende-se por nvel de deficincia (ND), a magnitude esperada por um conjunto de factores de risco considerados e a sua relao com o possvel acidente. A valorizao deste parmetro descreve-se na tabela 14.

    Tabela 14 Nvel de Deficincia Nvel de Deficincia ND Significado

    Muito Deficiente (MD) 10 Detetados riscos significativos, possvel origem de acidentes. Medidas preventivas ineficazes. Deficiente (D) 6 Fator de risco detetado significativo que requer correo. A Eficcia das medidas preventivas decresce acentuadamente. Melhorvel (M) 2 Riscos de menor importncia. Eficcia das medidas preventivas no foi afetada. Aceitvel (A) - Nenhuma anomalia encontrada. Risco controlado. Sem

    valorizao

    Conjugando as duas tabelas (13 e 14), obtm-se:

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    30 Mtodos de Avaliao

    Tabela 15 Resultados Nvel de Probabilidade

    Nvel de Exposio (NE) 4 3 2 1

    Nvel de Deficincia (ND)

    10 MA-40 MA-30 A-20 A-10 6 MA-24 A-18 A-12 M-6 2 M-8 M-6 B-4 B-2

    (adaptada Bellovi e Malgon, 1993)

    Tabela 16 Significa dos diferentes nveis de Probabilidade

    Nvel de Probabilidade NP Significado

    Muito Alta (MA) Entre 24 e 40 Situao deficitria com exposio continuada. Ou situao muito deficitria com exposio frequente. Acidentes ocorrem com frequncia.

    Alta (A) Entre 10 e 20 Situao deficitria com exposio frequente ou ocasional, ou situao muito deficitria com exposio ocasional/espordica. Possibilidade de acidentes alta.

    Mdia (M) Entre 6 e 8 Situao deficitria com exposio espordica, ou situao melhorvel com exposio continuada ou frequente. Possvel ocorrncia de acidentes ocasionais.

    Baixa (B) Entre 2 e 4 Situao melhorvel com exposio ocasional ou espordica. Improvvel ocorrncia de acidentes, mas no impossvel! (adaptada Bellovi e Malgon, 1993)

    O Nvel de consequncia (NC), pressupe um duplo significado, consequncias materiais e consequncias fsicas (humanas). Embora o valor de NC obtido seja funo de 2 parmetros, os seus pesos so distintos, dando-se, como seria de esperar, um peso maior aos danos fsicos (humanos) que aos danos materiais. Nos danos materiais, o peso a atribuir no inclui pressupostos financeiros, porque o seu peso e importncia variam conforme a dimenso e o tipo de empresa. A tabela 17 permite uma melhor compreenso dos diferentes pesos:

    Tabela 17 Determinao do nvel de consequncias

    Nvel de Consequncias NC Significado Danos Pessoais Danos Materiais Mortal ou Catastrfica (M) 100 1 Morto ou mais Destruio total do sistema

    Muito Grave (MG) 60 Leses graves que podem ser irreparveis

    Destruio parcial do sistema (recuperao

    custosa)

    Grave (G) 25 Leses com incapacidade laboral temporria Paragem obrigatria do processo para efetuar

    reparao

    Leve (L) 10 Pequenas leses que no requerem hospitalizao

    Reparvel sem necessitar de paragem

    (adaptada Bellovi e Malgon, 1993)

    Agora pudemos finalmente calcular o nvel e Risco (NR): NR= NP*NC

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    Conforme os valores obtidos da tabela 18, pode-se hierarquizar a interveno a realizar. A esta hierarquizao, num contexto de deciso de investimento e melhorias, devemos adicionar uma componente econmica e o mbito de influncia da interveno. Assim perante resultados similares, ser priorizada a interveno de menor custo e a soluo que afete um maior nmero de trabalhadores. Neste processo, a opinio dos trabalhadores deve ser ouvida e considerada, porque esse facto permitir uma melhor envolvncia e efetividade das medidas implementadas. A tabela 19 estabelece os nveis de risco e o seu significado.

    Tabela 18 Clculo do nvel de risco e de interveno

    Nvel de Probabilidade (NP)

    Nv

    el de

    C

    on

    sequ

    nci

    as (N

    C)

    40-24 20-10 8-6 4-2

    100 I (4000-2400) I

    (2000-1200) I

    (800-600) II

    (400-200)

    60 I (2400-1440) I

    (1200-600) II

    (480-360)

    II (240)

    III (120)

    25 I (1000-600) II (500-250)

    II (200-150)

    III (100-50)

    10

    I (400-240)

    II (200)

    III (100)

    III (80-60)

    III (40)

    IV (20) (adaptada Bellovi e Malgon, 1993)

    Tabela 19 Significado do nvel de interveno

    Nvel de Interveno NR Significado 1 4000-6000 Situao crtica. Correo urgente 2 500-150 Corrigir e adotar medidas de controlo

    3 120-40 Melhorar se possvel. conveniente justificar interveno e sua rentabilidade.

    4 20 No necessrio intervir, salvo se outra anlise mais exigente o justificar. (adaptada Bellovi e Malgon, 1993)

    4.6 Mtodo Integrado de Avaliao de Riscos (MIAR)

    Esta metodologia desenvolvida por Antunes (2009), adota os princpios da abordagem por processos, considerada em vrios referenciais, destacando-se a NP EN ISSO 9001:2000. O primeiro passo deste processo, consiste na identificao das atividades da organizao, ou seja, as funes (entradas) e as sadas de cada processo so processadas e identificadas e consequentemente as sadas constituiro uma entrada para outro processo e assim sucessivamente.

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    32

    Assim, todas as sadas de um processo tero uma correspongarantindo-se que no haver elementos deixados de fora e que no sejam devidamente tratados. O nvel de detalhe depender sempre do que se pretende analisar, assumindo a hierarquia proposta a noo de rvore (fig.4

    a) Macro-processo, associao de vrios processos que possuem uma determinada afinidade entre si;

    b) Processo associao de vrias tarefas que esto interc) Atividade associao de tarefas que so desenvolv

    ordem, com o objetivod) Tarefa elemento bsico do sistema.

    Aps este processo de conhecimento componentes que esto relacionadas com as vertentes ambiental e ocupacional:

    1. Identificao dos materiais utilizados, reaes qumicas e aspetos fsicos existentes;2. Mquinas e equipamentos utilizados;3. Recursos energticos utilizados;4. Condies de trabalho;5. Aspetos relacionados com a envolvncia da operao em estudo;6. Procedimentos de proteo de impactes ambientais existentes;7. Procedimentos de proteo8. Potenciais falhas de equipamen

    Processo A

    Actividade A1

    Actividade A2

    Tarefa 1 Tarefa 2

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    Mtodos de

    Assim, todas as sadas de um processo tero uma correspondente entrada no seguinte, se que no haver elementos deixados de fora e que no sejam devidamente

    O nvel de detalhe depender sempre do que se pretende analisar, assumindo a hierarquia rvore (fig.4), onde so considerados quatro tipos de elementos:

    processo, associao de vrios processos que possuem uma determinada

    associao de vrias tarefas que esto inter-relacionadas; associao de tarefas que so desenvolvidas com uma determinada

    objetivo de atingir os resultados esperados por essa atividadeelemento bsico do sistema.

    Figura 9 rvore de Processos (Miar, Antunes,2009)

    Aps este processo de conhecimento da atividade e das suas tarefas, so identificadas as componentes que esto relacionadas com as vertentes ambiental e ocupacional:

    Identificao dos materiais utilizados, reaes qumicas e aspetos fsicos existentes;Mquinas e equipamentos utilizados;

    ecursos energticos utilizados; Condies de trabalho; Aspetos relacionados com a envolvncia da operao em estudo; Procedimentos de proteo de impactes ambientais existentes;

    proteo de riscos existentes; Potenciais falhas de equipamento e sistemas de preveno;

    Empresa

    Macro Processo 1

    Tarefa N

    Actividade N

    Processo B Processo n

    Macro Processo 2

    Processo A2

    Processo B2

    e Avaliao

    dente entrada no seguinte, se que no haver elementos deixados de fora e que no sejam devidamente

    O nvel de detalhe depender sempre do que se pretende analisar, assumindo a hierarquia considerados quatro tipos de elementos:

    processo, associao de vrios processos que possuem uma determinada

    idas com uma determinada atividade;

    e das suas tarefas, so identificadas as componentes que esto relacionadas com as vertentes ambiental e ocupacional:

    Identificao dos materiais utilizados, reaes qumicas e aspetos fsicos existentes;

    Processo B2

    Macro Processo n

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    Cardoso, Isaac 33

    Para cada uma das componentes sero criados subelementos que permitem avaliar de forma singular em conjunto os riscos identificados. A avaliao da significncia do impacte e o consequente ndice de Risco (IR) ter em conta trs fatores:

    1. Gravidade dos impactes (G), desdobrada em: a) Quantificao do aspeto (Q) conjugado com o nvel de perigosidade (P), b) Extenso do impacte (E);

    2. Probabilidade de ocorrncia, desdobrada em: a) Exposio/frequncia de ocorrncia do componente (EF); b) Desempenho dos sistemas de preveno e controle (PC); c) Os custos e a complexidade tcnica das medidas de preveno/correo do

    aspeto (C); Desta forma, os riscos que podero ocorrer com uma probabilidade elevada associados a uma gravidade elevada com medidas de correo de baixo custo tero um elevado ndice de significncia. Como neste estudo s nos interessa a vertente ocupacional, sero analisadas as condies de trabalho para identificar os possveis riscos. Para tal sero usados os parmetros da tabela 20.

    Tabela 20 Tabela de identificao de aspetos e de avaliao de impactes

    Proce

    sso

    Sub-

    proce

    sso /

    Ope

    ra

    o

    Asp

    ecto

    Cara

    cter

    iza

    o do

    asp

    ecto

    Condies de

    Operao

    Impa

    cto

    Tipo

    de

    Impa

    cte Avaliao de Significncia

    IR N P A G (Q+P) E EF PC C

    (Antunes, 2009) Em funo do tipo de impacte em estudo (ocupacional ou ambiental), devem considerar-se os respetivos critrios de avaliao, no caso vigente s nos interessam os de mbito ocupacional (tabela 20). O clculo do ndice de Risco (IR) obtido pela multiplicao da pontuao de cada parmetro, segundo a frmula:

    IR = G * E * EF * PC * C

    Tabela 21 Parmetros do ndice de Risco

    G Gravidade, quantificao do aspeto, Q, conjugada com o nvel de perigosidade, P; E Extenso do impacte;

    EF Exposio/Frequncia da ocorrncia do aspeto; PC Desempenho dos sistemas de Preveno e Controle; C Custos e complexidade tcnica das medidas de preveno / correo do aspeto.

    (Antunes, 2009)

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    34 Mtodos de Avaliao

    A pontuao total de IR varia entre 1 e 1800, conforme tabela 22, em que o nvel 1 indica IR at 90, e o nvel 4 com IR de 501 a 1800.

    Tabela 22 Nveis do ndice de Risco

    Nvel Pontos 1 90 2 91-250 3 251-500 4 501-1800

    (Antunes, 2009)

    Concluda esta fase de caracterizao, deve-se sintetizar a informao relativa aos aspetos da tabela 22, sendo primordial efetuar uma anlise crtica dos resultados para evitar eventuais erros de pontuao. Na tabela 23 esto resumidos os parmetros de avaliao a considerar e as classificaes a atribuir a cada nvel.

    Tabela 23 Parmetros Avaliao

    Parmetros de avaliao

    Tipo de aspeto Descrio Valor

    Gravidade do Aspeto (G)

    Todos os aspetos

    Aspetos que podem causar morte ou leso com incapacidade permanente absoluta;

    10

    Aspetos que podem causar leses graves, com incapacidade temporria absoluta ou permanente parcial, mas de pequena percentagem;

    5

    Aspetos causadores de leses menores com incapacidade temporria parcial mas de baixa gravidade;

    3

    Aspetos que podem causar leses pequenas sem qualquer tipo de incapacidade;

    2

    Aspetos que no causam leses;

    1

    Extenso do Impacto (E)

    Aplicvel a todos os aspetos

    Aspeto cuja extenso atinge mais do que 80% dos trabalhadores afetados por esse processo. 4

    Aspeto cuja extenso atinge entre 51 e 80% dos trabalhadores afetados por esse processo. 3

    Aspeto cuja extenso atinge entre 11 e 51% dos trabalhadores afetados por esse processo. 2

    Aspeto cuja extenso atinge at 10% dos trabalhadores afetados por esse processo. 1

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    Cardoso, Isaac 35

    Exposio/frequncia de ocorrncia do

    aspeto (EF) Aplicvel a

    todos os aspetos

    Ocorrncia contnua ou com periocidade alta, correspondente s condies normais de operao (N) 3 Ocorrncia peridica operao de arranque, paragem ou condies de operao anormais (P) 2 Ocorrncia reduzida correspondente a situaes de emergncia, acidentais ou pontuais (A) 1

    Desempenho dos sistemas de

    Preveno e controle (PC)

    Aplicvel a todos os aspetos

    No existe um sistema de preveno e controle implementado. 5 Existe um sistema de controlo implementado mas sem evidncias da sua adequada funcionalidade 4

    No existe um sistema de preveno mas sim um sistema de controlo implementado que funcional 3

    Existe um sistema de preveno e controlo implementado mas no existem evidncias objetivas da sua adequada funcionalidade 2 H um sistema de preveno e controlo implementado e evidncias da sua adequada funcionalidade 1

    Custos e complexidade tcnica

    de preveno / correo

    do aspeto (C)

    Aplicvel a todos os aspetos

    Metodologia de preveno/correo com custo e complexidade tcnica reduzidas. 3

    Metodologia de preveno/correo com custo e complexidade tcnica mdias. 2

    Metodologia de preveno/correo com custo e complexidade tcnica elevadas. 1

    (Antunes, 2009)

    4.7 Mtodo de Avaliao da empresa Empripar

    A metodologia1 usada pela empresa nesta obra baseou-se numa avaliao qualitativa, em virtude de procurarem um mtodo verstil, de simples aplicao e com garantia de obteno de resultados dotados de alguma fiabilidade, optando ento por uma matriz frequncia (F) x Severidade (S) x condies de segurana (CS). A Frequncia (F) varia entre:

    Muito Frequente (5) pelo menos uma vez por dia ; Frequente (4) pelo menos uma vez por semana; Pouco Frequente (3) pelo menos uma vez por ms; Muito Pouco Frequente (2) pelo menos uma vez por ano; Raro (1) pelo menos uma vez num perodo superior a um ano.

    A Severidade (S) foi definida como: Catastrfico (5) morte ou leso com incapacidade permanente; Crtico (4) danos graves ou leses com incapacidade temporria ou permanente; Ligeiro (3) com baixa maior ou igual a um ms e/ou tratamentos; Marginal (2) leses menores com ou sem incapacidade temporria; Negligencivel (1) leses pequenas sem qualquer tipo de incapacidade.

    1 IPSS completo em anexo

  • Mestrado em Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    36 Mtodos de Avaliao

    As condies de segurana (CS) definem-se como: No existentes (5); Ms (srias deficincias) (4); Medocres (algumas deficincias) (3); Boas (melhorveis) (2); Muito Boas (1).

    Considera-se na metodologia que: R = P*S

    Logo neste mtodo temos,

    R = (F*CS)*S

    Esta formula indica a avaliao de riscos como Tolervel ou No Tolervel. Os resultados obtidos variam de 1 (risco pouco importante/desprezvel) a 125 (risco grave).

  • Avaliao de Riscos Ocupacionais em obras de Restauro na Construo

    Cardoso, Isaac 37

    Tabela 24 Matriz de Avaliao Empripar

    Frequncia Severidade Condies de Segurana

    Muito Frequente (1 vez/dia) 5

    Catastrfico (morte ou leso

    com incapacidade permanente)

    52 No existem 5

    Frequente (1vez/semana) 4

    Critico (danos graves ou leses

    com incapacidade temporria ou permanente)

    ITA3 30 dias

    4 Ms (srias deficincias) 4

    Pouco Frequente (1vez/ms) 3

    Ligeiro (com baixa inferior a 1

    ms e/ou tratamentos) ITA 30 dias

    3 Medocres (algumas

    deficincias) 3

    Muito Pouco Frequente (1vez/ano)

    2

    Marginal

    (leses menores com ou sem incapacidade temporria)

    2 Boas (melhorveis) 2

    Raro (1 vez em tempo 1 ano) 1

    Negligencivel (leses pequenas

    sem qualquer tipo de

    incapacidade)

    1 Muito Boas 1

    Tabela 25 Matriz de Anlise de riscos Empripar

    Nvel de Risco Interpretao Tolerabilidade

    >91 Risco grave:

    Interrupo do Trabalho Para reduzir / eliminar o risco

    NT (no tolervel)

    61-90 Risco Elevado:

    Adotar medidas imediatamente Para reduzir / eliminar o risco

    NT

    26-60 Risco substancial: adotar medidas

    Para reduzir / eliminar o risco NT

    16-25 Risco no limiar da aceitabilidade T (tolervel) 1-15 Risco pouco importante / depressvel T

    2 Sempre que Severidade seja igual a 5, elabora-se um Plano Trabalho de Risco Especial (PTRE)

    3 Incapacidade Temporria Absoluta

  • Mestrado em Engenharia de Segurana e Higiene Ocupacionais

    38 Mtodos de Avaliao

    5 OBJETIVOS, MATERIAIS E MTODOS

    5.1 Objetivos da Dissertao

    O objetivo primordial desta dissertao efetuar uma avaliao dos riscos existentes na atividade de restauro na construo, usando para isso uma anlise em contexto de obra por quatro mtodos diferentes. Conseguindo dessa forma desenvolver avaliar e aconselhar alteraes que permitam evitar, minimizar e/ou controlar esses riscos. Atravs dessa avaliao, efetuada por vrios mtodos de avaliao existentes, comparar os resultados obtidos e comentar a sua adaptao ou no a este tipo de trabalhos, bem como avaliar se esse mtodo indicado ou no para este tipo de trabalho. Finalmente, aproveitando o contexto da obra, e como objetivo secundrio, realizar uma avaliao de posturas atravs do mtodo REBA (Rapid Entire Body Assessment), de algumas posies/posturas de trabalho que costumem ser usuais no trabalho de restauro.

    5.2 Materiais e Mtodos

    Sero usados mtodos de avaliao distintos e comparados os seus resultados. De forma avaliao ser o mais abrangente possvel, foram usados trs mtodos de avaliao de riscos que, conjugado com a avaliao feita para esta obra pela empresa Empripar, SA, permite um maior rigor e abrangncia dos resultados obtidos. Como se tratam de obras na rea da construo civil, em que os custos tm que ser considerados na planificao da obra, foi usado o mtodo William Fine, porque nos permite ordens de grandeza dos custos de implementao de medidas, e por ser um dos mtodos atualmente mais usados em construo civil. Foi usado o mtodo espanhol, NTP330, tendo sido organizado um questionrio personalizado para o caso em questo (NTP324), indo de encontro aos principais perigos que a obra tinha e que se necessitavam de avaliao. Foi ainda utilizado o Mtodo de Avaliao Integrada de Riscos Ambientais e Ocupacionais (Antunes et al, 2009), para testar a sua aplicabilidade e, sendo um mtodo integrado que avalia tanto o ambiente como a parte de Higiene e Segurana, pareceu adequado a sua utilizao na obra em questo, em particular devido ao uso habitual de vrios pr