aula 09 microeconomia regular

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CONCEITO E PRINCÍPIOS DE TRIBUTAÇÃO

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  • Aula 09 CURSO ON-LINE TEORIA E EXERCCIOS MICROECONOMIA CURSO REGULAR

    PROFESSOR HEBER CARVALHO

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    AULA 09

    Ol caros(as) amigos(as),

    Hoje dia de estudarmos assuntos relacionados teoria da tributao. Na maioria dos manuais de microeconomia, este assunto

    contextualizado e distribudo ao longo dos diversos captulos. Por motivos didticos, decidi abordar o assunto de forma consolidada, em uma aula

    separada. Acredito que isso tornar a fixao do assunto mais eficiente.

    Espero que gostem!

    Esclarecimento:

    Com a publicao do edital para o concurso do MPU, alguns alunos

    abandonaram nosso curso para estudar para esse interessante concurso. Diante disso, muitos ficaram atrasados e possivelmente no

    conseguiro estudar todas as aulas at o trmino do curso e a disponibilizao do frum de dvidas. Assim, recebi alguns e-mails

    perguntando sobre a possibilidade de tirar as possveis dvidas via e-mail, mesmo aps o trmino do curso e a no disponibilizao do frum de

    dvidas. Respondo a esses alunos que a resposta afirmativa!

    Caso algum de vocs tenha alguma dvida e o curso j tenha

    terminado, vocs podero retir-la via e-mail, normalmente. Para isso, basta se identificar como aluno(a) do curso regular, ok?!

    Todos prontos? Vamos aula!

    1. CONCEITO E PRINCPIOS DE TRIBUTAO

    Evitar impostos o nico esforo que ainda produz alguma recompensa.

    John Maynard Keynes

    Ns, como cidados, esperamos que o governo nos proporcione diversos bens e servios. Para fornec-los, o governo precisa de recursos

    para atender s necessidades do povo (ns). Esses encargos so financiados por meio de vrias maneiras; seguem alguns exemplos:

    emisso de moeda, lanamento de ttulos pblicos, emprstimos e a tributao.

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    A tributao, sem dvida, o mais famoso e atuante meio do governo financiar os seus gastos. Benjamim Franklin, ex-presidente

    norte-americano em meados do sculo XVIII, disse uma frase que ficaria famosa mundialmente: neste mundo nada certo a no ser a morte e os impostos.

    O mecanismo da tributao intervm diretamente na alocao dos

    recursos e na sua distribuio na sociedade. Desta forma, pode, tambm, reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo.

    O sistema tributrio variar de acordo com as peculiaridades

    polticas, econmicas e sociais de cada pas ou Estado. Mesmo que tenhamos sistemas diferentes, eles sero com certeza o principal meio de

    obteno de recursos e o principal instrumento para promover ajustes de natureza social e econmica.

    Neste sentido, dado que o governo vai enfiar a mo em bolsos

    privados para pagar suas despesas, surgem algumas perguntas sobre a composio de um sistema tributrio adequado. Qual o melhor sistema

    tributrio para a sociedade? Quais as consequncias de determinados tributos para certas classes da sociedade? Quais so seus efeitos ao nvel

    individual e coletivo? As alquotas dos tributos devem ser as mesmas para

    todos os bens e para todos os indivduos?

    De uma forma geral, espera-se que sistema tributrio obedece ao seguinte:

    Obteno de receitas para financiar os gastos pblicos;

    Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua interferncia no sistema de mercado, a fim de no torn-lo (mais)

    ineficiente (princpio da neutralidade); A distribuio do nus tributrio deve ser equitativa entre os

    diversos indivduos de uma sociedade (equidade); Cada indivduo deveria ser taxado de acordo com sua habilidade

    para pagar (equidade capacidade de pagamento); Os tributos deveriam ser universais, cobrados sem distino para

    indivduos em situaes similares;

    Baseado nestas premissas, podemos apresentar os princpios

    tericos da tributao, a saber:

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    Princpio da capacidade ou habilidade de pagamento

    Princpio da neutralidade

    Princpio da equidade

    1.1. Princpio da neutralidade

    O princpio da neutralidade diz que os impactos gerados pelo nus tributrio no devem alterar, ou intervir o mnimo possvel, a

    alocao de recursos na economia. Como os preos so a melhor forma de se estabelecer a alocao de recursos em uma economia,

    podemos concluir que o impacto da tributao sobre os preos dos bens e servios deve ser neutro, ou seja, a relao de preos existente entre os

    diversos bens deve-se manter igual. Em outras palavras, e de um modo mais tcnico, o princpio da neutralidade no deve interferir ou distorcer

    os preos relativos (preo de um produto em relao aos outros) dos bens e servios.

    Para clarear o raciocnio, veja o seguinte exemplo: antes da incidncia da tributao, o preo do quilo de picanha custava R$ 30,00 e o

    quilo de coxo duro custava R$ 7,50. Com isso, o preo relativo entre picanha e coxo duro era 0,25 (7,5/30=1/4).

    Para que seja mantida a neutralidade tributria, a incidncia da

    tributao sobre a picanha deve ser igual aos outros tipos de carne (o coxo duro, por exemplo). Imaginemos o caso de um aumento de cerca

    de 10% na tributao para todos os bens. O preo do quilo de picanha passa a custar R$ 33, e o quilo de coxo duro, R$ 8,25. Veja que foi

    obedecido o princpio da neutralidade, pois o preo relativo dos bens no foi distorcido, continuou com o mesmo valor de 0,25 (8,25/33=1/4).

    Se o governo, por outro lado, decidisse no tributar a picanha para

    tornar o seu consumo mais acessvel s classes mais pobres e, ao mesmo

    tempo, tributar o coxo duro nos mesmos 10%, haveria mudana nos preos relativos. A picanha continuaria custando R$ 30,00 o quilo,

    enquanto o coxo duro custaria R$ 8,25. O preo relativo seria 0,275. Ou seja, a tributao, neste caso, interveio na alocao de recursos, de tal

    forma que no podemos dizer que, nesta ltima situao, o objetivo da neutralidade foi atendido.

    Princpio do benefcio

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    Assim, pelo exposto, percebemos que, quando a tributao deixa de

    ser neutra, haver mudana na alocao existente. Se esta alocao preexistente significar um equilbrio em um mercado competitivo, ela ser

    um timo de Pareto1 (eficiente economicamente). Ao tributar e mudar a alocao eficiente preexistente, o (possvel) no atendimento

    neutralidade pode tornar o mercado (mais) ineficiente. por isso que o princpio da neutralidade est intimamente ligado ao conceito de eficincia

    econmica (timo de Pareto).

    O ltimo pargrafo pode ser mais bem esclarecido. Pense no

    seguinte: imagine que a economia est equilibrada em um timo de Pareto e a produo seja tributada com um imposto que no seja neutro.

    O que acontecer? Como a economia estava operando em nveis timos de eficincia, ser provvel que este imposto, que no neutro, piore os

    nveis de eficincia da economia, pois ele alterar a alocao preexistente, que era eficiente.

    Por outro lado, imagine que a economia no esteja em nveis timos

    de eficincia. Suponha que haja externalidades2 provocadas pelo excesso de consumo de cigarros, que polui o ar e provoca doenas respiratrias na

    populao, sobrecarregando o sistema de sade pblico. Diante dessa externalidade negativa, o governo, a fim de corrigir essa falha de

    mercado, pode decidir impor um tributo especfico sobre o consumo de

    cigarros. Veja que esse tributo, apesar de no ser neutro, pode melhorar a eficincia econmica, tendo em vista que ele visa reduo de uma

    externalidade (falha de mercado).

    Lump-sum X Excise tax

    Lump-sum tax (ou tributo por montante nico) uma obrigao

    tributria fixa, um tipo de imposto em que cada indivduo paga um valor fixo, independentemente do montante da sua renda e do seu consumo.

    Do ponto de vista da eficincia econmica (sem levar em conta

    consideraes de equidade), o lump-sum tax um tipo de imposto ideal. Como ele um valor fixo cobrado de todos os cidados, ele no interfere na eficincia econmica das trocas, pois todos esto pagando o mesmo valor para o governo e tm suas rendas reduzidas no mesmo

    montante. Assim, se a economia est em um timo de Pareto e cobrado um imposto do tipo lump-sum, a eficincia econmica no ser

    prejudicada. Por isso, o lump-sum tax considerado um imposto neutro.

    1 De acordo com o 1 teorema econmico do bem estar (ver aula 07, item 2.2).

    2 Se h externalidades (falha de mercado) na economia, ento, essa economia no est em um nvel timo de eficincia (no est em um timo de Pareto).

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    Um excise tax uma sobretaxa tributria que acrescentada ao preo de cada unidade de um produto. So exemplos de excises taxes o ICMS,

    o IPI e o ISS, que so impostos que incidem sobre os preos dos

    produtos vendidos.

    Imagine que o governo queira levantar uma determinada receita tributria e, para isso, ele tenha que escolher um lump-sum ou um

    excise tax. Do ponto de vista do contribuinte, qual ser a melhor opo?

    O lump-sum tax altera o oramento disponvel (renda) para o consumidor, reduzindo-o. O excise tax no interfere no oramento

    disponvel, mas interfere na relao entre os preos dos bens. Ou seja, o excise tax aumenta para o consumidor o custo de oportunidade do bem

    que est sendo taxado.

    No ser demonstrado aqui todo o processo de ajustamento e as implicaes sobre a escolha tima do consumidor envolvendo a linha do

    oramento, curvas de indiferena e efeitos renda/substituio. Mas o

    mais relevante que, supondo que o consumidor adquire alguma quantidade positiva do bem que tributado pelo excise tax e sua

    estrutura de preferncias seja formada por curvas de indiferena bem-comportadas, e, dada uma escolha entre um lump-sum e um excise

    tax que proporcione a mesma receita tributria, o consumidor preferir o lump-sum. Em outras palavras, um lump-sum a forma

    prefervel de tributao.

    Ressalto que essa escolha do imposto do tipo lump-sum depende dos pressupostos de que as preferncias do consumidor so representadas

    por curvas de indiferena bem-comportadas e o consumo do bem tributado pelo excise tax seja positivo. Para exemplificar, seguem dois

    casos em que estes pressupostos no so obedecidos e, por conseguinte, o lump-sum tax no a melhor escolha:

    Primeiro, imagine a escolha entre um lump-sum e um excise tax sobre cigarros que arrecadem a mesma receita tributria, numa regio onde

    metade dos contribuintes seja fumante e a outra metade seja no fumante. As pessoas que fumam (consumo positivo de cigarros)

    preferiro o lump-sum, enquanto os no fumantes (no adquirem qualquer quantidade de cigarros) preferiro o excise tax. Ou seja, se o

    consumidor no adquire qualquer quantidade do bem que ser tributado, ele preferir o excise tax. A explicao bvia: se o

    governo aplica um excise tax sobre um bem que ele no consome, ele no ser prejudicado de nenhuma forma, ao passo que, na adoo de um

    lump-sum, ele ter que pagar alguma quantia ao governo. Ou seja, entre pagar uma quantia fixa, e no pagar nada, melhor no pagar nada!

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    Segundo, imagine que a estrutura de preferncias de um consumidor seja representada por curvas de indiferena quebradas. Isso acontecer, por exemplo, se os bens consumidos forem complementares

    (curvas de indiferena em L). Neste caso, em que temos curvas de indiferena quebradas, o consumidor indiferente entre um imposto lump-sum e um excise tax.

    A este respeito, vale a pena ver o exerccio n 20.

    1.2. Princpio da equidade

    O princpio da equidade tem por objetivo a garantia de uma distribuio equitativa do nus tributrio pelos indivduos, de uma forma

    justa. Existem duas abordagens ou princpios a fim de definir qual a parcela justa de imposto que cada indivduo deve pagar:

    Princpio da capacidade contributiva: a repartio tributria

    deveria ser baseada na capacidade individual de contribuio.

    Princpio do benefcio: o nus tributrio deveria ser repartido entre os indivduos de acordo com o benefcio que cada um recebe

    em relao aos bens e servios prestados pelo governo.

    A partir de agora, vejamos cada uma deles:

    1.2.1. Princpio da capacidade contributiva

    Tambm chamado de princpio da capacidade de pagamento ou, ainda, princpio da habilidade de pagamento, ele nos afirma que os

    impostos devem ser cobrados das pessoas de acordo com a capacidade que elas tm de suportar o encargo.

    Esse princpio justificado pelo argumento de que todos os

    cidados devem fazer o mesmo sacrifcio para sustentar o governo. Isso significa que R$ 100,00 mais importante para um indivduo pobre do

    que para um rico. Dado esse fato, se um indivduo pobre e um rico pagam um mesmo montante de tributos, eles no fizeram o mesmo sacrifcio.

    Devido sua capacidade de pagamento inferior, o indivduo pobre teve um sacrifcio superior ao do rico.

    Para evitar esse tipo de injustia, utilizamos dois mecanismos de tributao que tm por objetivo igualar o sacrifcio dos cidados: a

    equidade horizontal e a equidade vertical.

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    A equidade horizontal significa que os indivduos com iguais capacidades devem pagar o mesmo montante de tributos. Sua

    implementao relativamente fcil, j que as pessoas com o mesmo nvel de renda (mesma capacidade de pagamento) devem, em princpio,

    dar igual contribuio tributria.

    A equidade vertical significa que indivduos com diferentes

    habilidades devem pagar tributos em montantes diferenciados. Quem pode pagar mais, de fato, deve pagar mais. o tratamento desigual para

    desiguais. Vale destacar que esses montantes a que nos referimos so em valores percentuais. Por exemplo, um sujeito que ganha R$ 1.000,00

    deve pagar uma parte menor de sua renda que outro sujeito que ganha R$ 7.500,00. Se o primeiro paga R$ 200,00 de impostos (20% de sua

    renda) e o segundo paga R$ 1.500,00 (20% da renda), no estaremos obedecendo equidade vertical, mas, sim, equidade horizontal, pois os

    dois sujeitos estaro pagando o mesmo montante (mesmo percentual de suas rendas). Assim, para que a equidade vertical seja obedecida, quem

    ganha mais, deve contribuir com um percentual maior de sua renda.

    1.2.2. Princpio do benefcio

    Este princpio afirma que as pessoas devem pagar impostos com base nos benefcios que obtm dos servios do governo. Quanto maior o

    benefcio auferido, maior deve ser a contribuio e vice-versa.

    Algumas pessoas argumentam que esse princpio mais justo porque evita a situao na qual um indivduo paga indiretamente pelo

    benefcio de outra pessoa. Outras pessoas argumentam que esse princpio mais eficiente porque ele se alinha perfeitamente com o sistema de

    mercado livre, onde cada indivduo paga de acordo com os benefcios que recebe ao adquirir determinados bens e servios.

    Baseado nestes argumentos, temos que, quanto maior o

    benefcio, maior o nvel de consumo e, por conseguinte, maior o preo a ser pago pelos benefcios. Ainda nesta forma de anlise, argumenta-se

    que, se o pagamento dos tributos no feito com base no princpio do

    benefcio, o resultado inequivocamente o desperdcio, porque h um estmulo velado superutilizao dos servios, levando ineficincia e/ou

    desperdcio.

    Por outro lado, a aplicao do princpio do benefcio revela duas dificuldades intransponveis. Em primeiro lugar, difcil estabelecer qual

    o benefcio de cada indivduo na fruio de bens e servios pblicos. Por exemplo, quanto de segurana nacional cada indivduo usufrui? Difcil

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    responder, no!? Quanto cada cidado paulistano usufrui do Parque do

    Ibirapuera, ou quanto cada cidado carioca usufrui das praias, ou, ainda, quanto cada cidado brasiliense usufrui do Parque da Cidade? So

    perguntas (quase) impossveis de se responder, de modo que se torna invivel a aplicao prtica do princpio do benefcio.

    Em segundo lugar, outra dificuldade para a aplicao deste princpio

    surge no momento em que se procura mensurar o benefcio individual

    para que, de acordo com ele, se estabelea um valor a ser pago. Pelos exemplos do pargrafo anterior, v-se que no h mecanismos eficientes

    para medir o benefcio que cada cidado tem ao usufruir os bens e servios pblicos. Mesmo que houvesse meios de mensurar esse

    benefcio, haveria ainda a dificuldade de estabelecer o quantum deveria ser cobrado de cada um.

    Assim, fica claro que o mecanismo da tributao baseado apenas no

    princpio do benefcio seria de dificlima implantao. Logo, a alternativa de se estabelecer um sistema de tributao adequado mostra a

    necessidade de se buscar outro mecanismo que, associado ao princpio do benefcio, torne a estrutura de tributao menos ineficiente e mais justa

    e, ao mesmo tempo, vivel do ponto de vista prtico.

    2. TIPOS DE IMPOSTOS

    Neste tpico, ns veremos diversas classificaes dos impostos,

    que, so, inclusive, cobradas em concursos.

    2.1. Impostos diretos e indiretos

    A diferena bsica entre esses tributos est na incidncia. Enquanto

    os tributos diretos incidem sobre a renda e riqueza (patrimnio) das pessoas, os tributos indiretos so aqueles que incidem sobre os bens e

    servios adquiridos pela sociedade. Nesse sentido, podemos tambm conceituar o primeiro como sendo aquele que incide sobre as pessoas,

    enquanto o segundo incide sobre a produo.

    Como exemplo de impostos diretos, temos o IR (Imposto de

    Renda), incidente sobre a renda das pessoas; o SIMPLES (imposto sobre o lucro das micro e pequenas empresas e empresas de pequeno porte),

    incidente sobre a renda das pessoas jurdicas; o IPVA (Imposto sobre a propriedade de veculos automotores), incidente sobre o patrimnio; o

    IPTU (Imposto predial e territorial urbano), incidente sobre o patrimnio; o ITR (Imposto territorial rural), incidente sobre o patrimnio; etc.

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    Como exemplo de impostos indiretos, temos o ICMS (Imposto sobre circulao de mercadorias e servios), o IPI (Imposto sobre produtos

    industrializados), o ISS (Imposto sobre servios), etc.

    2.2. Impostos especficos e ad valorem

    Dentro dos impostos indiretos, ns podemos ainda ter os impostos especficos e os ad valorem.

    Imposto especfico ou ad rem aquele cobrado com base em um

    valor nico, dependente da quantidade transacionada da mercadoria. Por exemplo, imagine um imposto de R$ 1,00 por cada lata de cerveja

    produzida. um tipo de imposto especfico pois um valor nico e no depende do valor pelo qual a lata foi vendida, mas apenas do nmero de

    latas vendidas.

    Imposto ad valorem aquele cobrado com base em uma alquota que incide sobre o valor da transao. o tipo mais comum. Por exemplo,

    imagine uma venda de um bem que custe R$ 100 e a alquota do imposto seja 10%. O valor do imposto ser R$ 10. Se o mesmo bem for vendido

    em outro lugar por R$ 200, o valor do imposto ser R$ 20. Diferente,

    portanto, do imposto especfico que tem um valor nico por unidade transacionada.

    Ainda em relao ao imposto ad valorem, podemos ter dois tipos:

    os cobrados por fora ou por dentro.

    O imposto ad valorem cobrado por fora incide sobre o valor da mercadoria, de modo que o imposto uma porcentagem sobre o preo de

    venda, onde ainda no est incluso o imposto. Exemplo: se um bem custa R$ 100,00 (preo de venda) e o imposto por fora equivale a 10%, o preo

    de nota fiscal do bem (aquele que o consumidor pagar) ser R$ 110. O IPI um exemplo de imposto ad valorem cobrado por fora.

    O imposto ad valorem cobrado por dentro incide sobre o preo de

    venda, de modo que o valor do imposto uma porcentagem sobre o

    preo de venda, onde j est incluso o imposto. Exemplo: se um bem custa R$ 100 (preo de venda) e o imposto por dentro equivale a 10%, o

    preo de nota fiscal do bem ser R$ 100 e o valor do imposto ser R$ 10. Ou seja, o preo lquido da mercadoria (preo de venda do bem menos o

    imposto) ser R$ 90. O ICMS um exemplo de imposto ad valorem cobrado por dentro.

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    Uma pergunta pertinente seria: qual destes impostos ad valorem

    mais oneroso para o contribuinte, o por fora ou o por dentro? Certamente o imposto ad valorem cobrado por dentro mais oneroso. Veja os

    exemplos que foram citados acima. No caso do imposto por fora, o preo lquido da mercadoria equivale a R$ 100 enquanto o imposto equivale a

    R$ 10, ou seja, a tributao foi de 10% sobre o preo lquido da mercadoria. No caso do imposto por dentro, o preo lquido da mercadoria

    equivale a R$ 90 enquanto o imposto equivale R$ 10, ou seja, a

    tributao foi de 11,11% (10/90) sobre o preo lquido da mercadoria.

    2.3. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

    2.3.1. Impostos proporcionais

    Neste sistema, aplica-se a mesma alquota de imposto para os diferentes nveis de renda. Este tipo de tributo coaduna-se com a

    equidade horizontal, em que indivduos com capacidades iguais de pagar, pagam o mesmo montante percentual de suas rendas.

    Veja como exemplo a tabela abaixo:

    Classes de renda

    Renda Alquota

    % Valor do imposto

    % de imposto sobre a renda

    % de renda aps o imposto

    A 1.000 10 100 10 90

    B 2.000 10 200 10 90

    C 3.000 10 300 10 90

    D 4.000 10 400 10 90

    Veja que todos pagam impostos nos mesmos montantes

    percentuais de suas rendas. A partir deste quadro, conclumos que o sistema proporcional no tem nenhum impacto sobre a redistribuio da

    renda na sociedade.

    2.3.2. Impostos progressivos

    Por meio desse sistema, aplicam-se maiores percentuais de

    impostos para as classes de renda mais alta. Este tipo de tributo coaduna-se com a equidade vertical, em que indivduos com

    capacidades desiguais para pagar, pagam montantes percentuais desiguais de suas rendas.

    Veja como exemplo a tabela abaixo:

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    Classes de

    renda

    Renda Alquota

    % Valor do imposto

    % de imposto

    sobre a

    renda

    % de renda aps

    o imposto

    A At R$

    1.000 10 100 10 90

    B At R$

    2.000 20 100+200 15 85

    C At R$ 3.000

    30 100+200+300 20 80

    D Mais

    que R$

    3.000

    40 100+200+300+400 25 75

    Nota o sujeito que ganha R$ 4.000,00 no pagar a alquota de 40% sobre todo o montante de sua renda. Ele pagar 10% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 0 e R$ 1000; 20% sobre os

    valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 1.000 e R$ 2.000; 30% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 2.000

    e R$ 3.000; e 40% sobre os valores que se encontram na faixa de renda

    acima de R$ 3.000.

    Observe que aqueles mais ricos pagam percentuais maiores de suas rendas. Aps o imposto, o percentual que sobra de suas rendas menor

    que o percentual das classes pobres aps a mordida do imposto. Assim, conclumos que o imposto progressivo um sistema de tributao em que

    h impacto sobre a redistribuio de renda da sociedade, contribuindo para menores desigualdades na sua distribuio.

    No Brasil, temos como exemplo de impostos progressivos o IR

    (Imposto de Renda), em que h uma faixa de renda em que no se paga qualquer imposto e, por outro lado, h um faixa em que se paga at

    27,5% sobre a renda. Outro exemplo o IPTU em que, quanto maior o valor venal (de venda) do imvel, maior a alquota do imposto a pagar.

    No municpio de So Paulo, por exemplo, dependendo do valor do imvel

    residencial, temos alquotas que vo desde a iseno total (0%) at 1,5% do valor venal.

    A magnitude das alteraes na distribuio da renda aps o imposto

    depender da diferenciao das alquotas para as diversas classes de renda. Quanto maior a diferenciao, ou seja, quanto maior o intervalo de

    uma alquota para outra, maior ser o impacto sobre a distribuio da renda.

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    A utilidade marginal da renda e a progressividade do imposto

    Na aula 03, ns estudamos o conceito de utilidade marginal3 e vimos que

    a utilidade marginal dos bens decrescente. Ou seja, medida que

    aumentamos o consumo de determinado bem, o acrscimo de utilidade decorrente do acrscimo de consumo (que o prprio conceito de

    utilidade marginal) decrescente. Tem at uma lei sobre isso: a lei da utilidade marginal decrescente.

    Pois bem, se pensarmos que a renda tambm um bem, somos levados

    concluso que a utilidade marginal da renda tambm decrescente. Isto , quanto mais renda o indivduo possui, menor a utilidade

    marginal decorrente do acrscimo de renda. Por outro lado, quanto menor a renda, maior a utilidade marginal decorrente do acrscimo de

    renda. Assim,

    Alta renda (indivduo rico) = baixa utilidade marginal da renda Baixa renda (indivduo pobre) = alta utilidade marginal da renda

    Por exemplo, algum que tenha R$ 1.000,00 de renda e, em um segundo momento, possua R$ 1.500 ter bastante acrscimo de utilidade

    decorrente deste aumento de renda. Ou seja, neste caso, a utilidade marginal (acrscimo de utilidade) alta.

    Agora, suponha algum que tenha R$ 1.000.000,00 de renda e, em um

    segundo momento, possua R$ 1.500.000,00. Este indivduo ter um acrscimo de utilidade em virtude do aumento de renda, mas esse

    acrscimo de utilidade ser bem menor que aquele verificado no caso do pargrafo acima. Isto acontece porque o acrscimo de renda, para o

    indivduo que rico e possui muita renda, gera pouco acrscimo de utilidade. Afinal, com uma renda de R$ 1.000.000,00; o sujeito j faz

    (quase) tudo de que ele gosta de fazer. Desta forma, o aumento de renda para ele no ter muita utilidade, de tal forma que a utilidade

    marginal para ele muito menor que a do indivduo pobre.

    A progressividade do imposto de renda embasada neste

    pressuposto terico da utilidade marginal decrescente da renda. Assim, cobrar alquotas mais altas de indivduos ricos no reduzir muito

    a sua utilidade total, pois a sua utilidade marginal da renda baixa.

    3 Item 1.2, aula 03.

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    2.3.3. Impostos regressivos

    Esse sistema tributa de forma mais aguda as classes mais pobres,

    fazendo com que elas suportem uma carga tributria maior. Nesse caso, quanto menor o nvel de renda, maior o percentual de imposto a ser

    pago pelo indivduo.

    No sistema tributrio brasileiro, admitido que os impostos

    indiretos (incidentes sobre a produo) so regressivos. Por exemplo, imagine uma pessoa com renda de R$ 1.000 que decida comprar um

    televisor de LCD com o valor de nota fiscal de R$ 1.500. O ICMS e IPI da televiso somados valem, digamos, R$ 300,00. Ao comprar a TV, este

    indivduo pagar, em impostos indiretos (ICMS e IPI), o equivalente a 30% de sua renda. Agora, imagine algum com renda de R$ 6.000 decida

    comprar a mesma TV. Ao pagar os mesmos R$ 300,00 em impostos, este ltimo indivduo estar perdendo apenas 5% de sua renda.

    Assim, percebe-se que os impostos indiretos, no sistema tributrio

    brasileiro, so regressivos e pioram a distribuio de renda.

    2.4. Impostos cumulativos e no cumulativos

    Impostos cumulativos so aqueles que incidem sobre todas as etapas da produo. Tambm so chamados de impostos em cascata,

    justamente por incidirem sobre todas as etapas produtivas, assim como uma cascata vem incidindo sobre tudo que est abaixo dela. A antiga

    CPMF (Contribuio Provisria sobre Movimentao Financeira) um exemplo tpico. Qualquer transferncia financeira, excetuadas raras

    excees, era tributada.

    Impostos no cumulativos so aqueles que incidem apenas sobre o valor adicionado em cada etapa de produo. Por exemplo, imagine uma

    fazenda que produziu trigo no valor de R$ 1,00 o quilo. Haver tributao em cima deste valor de R$ 1,00/kg. Se uma indstria comprar o trigo e

    produzir farinha de trigo no valor de R$ 3,50/kg e o tributo for no cumulativo, permitido que se deduza o que foi pago na etapa anterior

    de produo. Assim, permitido compensar o imposto que foi pago sobre

    a base de clculo de R$ 1,00 (produo do trigo). Na prtica, ento, ser cobrado imposto somente sobre o valor que foi adicionado, ou seja, sobre

    R$ 2,50 (3,50 1,00). Se o imposto fosse cumulativo, haveria tributao sobre o valor cheio nos dois casos (sobre R$ 1,00 na primeira etapa e

    sobre R$ 3,50 na segunda etapa).

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    Pelo fato de o imposto no cumulativo incidir somente sobre o valor

    adicionado, ele tambm denominado de IVA (Imposto sobre o Valor Adicionado).

    2.4.1. O imposto sobre o valor adicionado (IVA)

    Teoricamente, um imposto sobre o valor adicionado na venda de

    bens de consumo seria equivalente a um imposto sobre vendas somente ao consumidor final, tendo em vista a igualdade contbil entre a soma

    dos valores adicionados e o valor do produto final. No exemplo que foi dado acima, os valores adicionados so R$ 1,00 e R$ 2,50; e o valor do

    bem vendido ao consumidor final R$ 3,50. Um imposto em cascata seria inferior a ambas as alternativas (seria cobrado sobre os valores de R$

    1,00 e R$ 3,50), uma vez que discriminaria contra produtos que apresentassem um nmero maior de etapas de produo e

    comercializao, incentivando a integrao vertical das empresas e reduzindo o grau de concorrncia.

    Deixe-me explicar um pouco melhor essa questo da integrao

    vertical. No imposto cumulativo, h incentivo para que vrias empresas se integrem, de forma que todas as etapas de produo sejam tributadas

    somente uma vez. Por exemplo, imagine a produo de po. Caso

    tenhamos a tributao cumulativa, haver tributao cheia em todas as etapas de produo (produo do trigo, da farinha de trigo e do po).

    Assim, naturalmente, h um forte estmulo para que as empresas das diversas etapas de produo (fazenda produtora do trigo, indstria

    produtora da farinha de trigo, padaria produtora do po) se integrem e formem uma s, de tal maneira que somente o po, ao final, ser

    tributado. Por outro lado, quando a tributao no cumulativa, no h estmulo a essa integrao vertical, pois a tributao ocorre somente

    sobre o valor adicionado, pois possvel utilizar como crdito fiscal o que foi pago na etapa anterior da produo.

    Em relao fiscalizao dos impostos cumulativos e do IVA, neste

    ltimo, ela torna-se mais transparente. Como possvel o abatimento do que foi pago nas etapas anteriores da produo por meio do crdito fiscal,

    fica exposta uma espcie de trilha de auditoria. Assim, a sonegao

    desincentivada, pois ela s no ser detectada se houver sonegao em todas as etapas da produo. Muitos tributaristas dizem at que o IVA

    (imposto no cumulativo) um tributo autofiscalizador, devido a este rastro que ele deixa nas vrias etapas da produo.

    Por fim, pelo fato do IVA distorcer menos as decises dos agentes

    (no estimular a integrao vertical e incidir somente sobre o valor

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    adicionado), ele considerado mais neutro que o imposto cumulativo.

    Segue agora um pequeno resumo sobre o IVA sob diversos aspectos, analisados separadamente: aspecto poltico, econmico, social,

    administrativo e financeiro.

    a) Aspecto poltico - IVA

    Segundo Fernando Rezende4, a tributao do consumo pelo IVA estabelece um vnculo estreito entre o que tributado (base imponvel)

    pelos governos e o poder aquisitivo de sua populao. A transferncia de parte desse poder aquisitivo da populao para o poder pblico deve estar

    fundamentada no reconhecimento de que este montante de tributo que pago corresponde ao legtimo pagamento de bens e servios de interesse

    coletivo, que so responsabilidade do Estado. Nesse ponto, o IVA, por ser um tributo mais eficiente e neutro, pea importante e contribui para o

    fortalecimento dessa relao contribuinte X Estado.

    Assim, um Estado da Federao, ao adotar um imposto do tipo IVA, ou at mesmo a Unio, ao adotar o mesmo tipo de imposto, reforam a

    autonomia federativa, em que cada ente federativo (Unio, Estados, DF e Municpios) tem a autonomia de instituir os impostos de sua competncia

    previstos na Constituio Federal. Diante do exposto, sob o ngulo

    poltico, o IVA:

    Refora a autonomia federativa; Estabelece um vnculo estreito entre a base imponvel, que ser

    tributada pelo ente federativo que impe o IVA, e o poder aquisitivo de sua populao.

    b) Aspectos econmicos - IVA

    O IVA permite que se tribute apenas o consumo (IVA-Consumo), desonerando a produo, os investimentos e a exportao. Essa

    possibilidade apresentada como uma das vantagens do IVA, sob o aspecto econmico.

    Supondo a adoo de um IVA-Consumo que contenha a base tributria do ICMS, IPI e ISS, surgiria outra vantagem em relao ao

    aspecto econmico e ela diz respeito (possvel) soluo da guerra fiscal entre os estados e municpios brasileiros. Essa guerra fiscal redunda em

    prejuzo e a sua soluo seria um aspecto positivo sob o ngulo econmico.

    4 Fernando Rezende, Finanas Pblicas, 2. Edio, ed. Atlas.

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    c) Aspectos sociais IVA

    A adoo do IVA possibilita a tcnica da seletividade, em que o

    consumo de bens de luxo (consumidos apenas pelos mais ricos) e/ou inadequados (fumo, bebidas) seja tributado em alquotas maiores que

    aquelas verificadas no consumo de bens de primeira necessidade.

    Ademais, a adoo do IVA que tributa o consumo e desonera os investimentos (IVA-Consumo) estimula o crescimento, melhorando os

    nveis de emprego da economia.

    d) Aspectos administrativos IVA

    A adoo de um IVA que substitua o ICMS/IPI/ISS simplificaria o

    sistema tributrio, reduzindo os custos administrativos para as empresas. Alm disso, a autofiscalizao embutida nos mecanismos de dbito e

    crdito, utilizados na aplicao do IVA, um fator de reduo dos custos governamentais de controle e fiscalizao do tributo.

    e) Aspectos financeiros IVA

    A adoo de um IVA-Consumo (que incide somente sobre o

    consumo) reequilibraria a distribuio regional de receitas, vinculando-as repartio do consumo, e no da produo, como atualmente. Assim,

    regies da Federao que possuem um mercado que consome bastante, consequentemente, tambm teriam arrecadao maior de impostos, o

    que justo. Assim, a adoo do IVA-Consumo tornaria a base da tributao de cada ente federativo compatvel com o tamanho e o

    dinamismo de sua economia, contribuindo para uma maior estabilidade da receita, e para uma correlao mais estreita entre o crescimento dos

    recursos oramentrios e o incremento de renda e do poder aquisitivo da populao.

    3. INCIDNCIA TRIBUTRIA

    3.1. Repartio do nus tributrio

    Quando um bem tributado, os seus compradores e vendedores

    compartilham o nus dos impostos. Por exemplo, suponha que o governo tribute um bem, inicialmente vendido ao preo de R$ 10,00, com um

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    E1

    Quantidade

    PCONS

    Figura 1

    Oferta

    Oferta

    Imposto total

    Parte do imposto que recai sobre os

    consumidores

    Demanda

    REPARTIO DO NUS TRIBUTRIO ENTRE VENDEDORES E COMPRADORES

    a) Oferta elstica, demanda inelstica

    b) Oferta inelstica, demanda elstica

    PINICIAL

    PPROD

    Demanda

    PCONS

    PINICIAL

    PPROD

    Parte do imposto que recai sobre

    os consumidores

    Parte do imposto que recai sobre os produtores

    Imposto total

    Parte do imposto que recai sobre os

    produtores

    imposto especfico de R$ 2,00. Aps a tributao, podemos ser levados a

    pensar que este bem ser vendido a R$ 12,00. Entretanto, isto no necessariamente correto. Caso o bem seja vendido a R$ 12,00, o nus

    tributrio estar sendo repassado integralmente para os consumidores. Na prtica, na maioria das vezes, no isso que ocorre. Mas, ento,

    como se d essa diviso do nus?

    Na maioria das vezes, tanto consumidores quanto produtores so

    apenados pela imposio dos tributos, no entanto, a diviso do nus raramente igualitria. Para ver como o nus dividido, considere o

    impacto da tributao sobre os dois mercados da figura 1. Em ambos os casos, a figura mostra a curva de demanda inicial, a curva de oferta

    inicial e um imposto que diminui o preo recebido pelos produtores e aumenta o preo pago pelos consumidores.

    No painel 1.a, temos o caso da oferta elstica e da demanda inelstica (lembre-se de que curvas mais horizontais, ou mais planas,

    indicam maior elasticidade). No painel 1.b, temos o contrrio: oferta inelstica e demanda elstica. Nos dois casos, foi introduzido um imposto

    e houve a repartio tributria, com uma parte do imposto recaindo sobre

    os consumidores e outra parte recaindo sobre os produtores. PINICIAL o preo inicial, PCONS o preo pago pelos consumidores aps a imposio

    do tributo, e PPROD o preo recebido pelos produtores aps o imposto. A

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    diferena PCONS PPROD o valor do imposto, que ir para os cofres do governo.

    No painel 1.a, note que a maior parte do imposto recai sobre os consumidores. Isto acontece porque eles so mais inelsticos

    (insensveis) a mudanas nos preos que os produtores, j que a curva dos consumidores (demanda) mais vertical (inelstica) que a curva dos

    produtores (oferta). Ou seja, como neste caso os produtores reagem mais

    s mudanas nos preos (so mais elsticos), eles arcaro com a menor parte do imposto.

    No painel 1.b, note que a maior parte do imposto recai sobre os

    produtores. Isto acontece porque eles so mais inelsticos a mudanas nos preos que os consumidores, j que a curva de oferta mais vertical

    (inelstica) que a curva de demanda. Como, neste caso, os consumidores reagem mais s mudanas nos preos (so mais elsticos), eles arcaro

    com a menor parte do imposto.

    Pelo exposto, chegamos concluso de que quem reage mais, paga menos (imposto). Assim, o nus de um imposto recai mais

    pesadamente sobre o lado menos elstico do mercado. Ademais, como a elasticidade reflete a declividade das curvas de demanda e

    oferta (quanto mais inelstico, mais vertical; e quanto mais

    elstico, mais horizontal), a repartio do nus tambm depender das declividades das curvas de demanda e oferta, o

    que o mesmo que dizer que a repartio depender das elasticidades dos consumidores e produtores. Mas, por que isso

    ocorre?

    Em essncia, a elasticidade mede a disposio dos consumidores ou produtores para sair do mercado quando as condies tornam-se

    desfavorveis. Uma elasticidade pequena da demanda significa que os compradores no tm boas alternativas ao consumo do bem em questo.

    Quando o bem tributado, o lado com menos alternativas boas (menos elasticidade) tem menos desejo de deixar o mercado e precisa, portanto,

    arcar com uma parcela maior do nus do imposto.

    Vale ainda comentar os casos especiais da demanda e oferta.

    Quando a demanda (consumidores) totalmente inelstica, os consumidores arcam com a totalidade da tributao, j que eles no

    reagem de nenhuma maneira a mudanas nos preos. Ainda neste caso, ressaltamos que no haver mudana nas quantidades transacionadas,

    pois os consumidores, inelsticos que so, mantero o mesmo consumo de antes. Seguindo o mesmo raciocnio, podemos tambm afirmar que se

    a demanda perfeitamente elstica, os produtores assumem toda

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    a carga do imposto, e os consumidores no assumem nenhuma

    parte dela.

    A mesma anlise pode ser feita pelo lado da oferta. Se a oferta perfeitamente inelstica, os produtores sero integralmente

    apenados pela imposio do tributo. Se a oferta perfeitamente elstica, os consumidores arcaro com a totalidade da tributao.

    Por fim, ressalto que o lado do mercado sobre o qual o imposto lanado irrelevante para a distribuio das cargas do imposto. Ou seja,

    a incidncia do imposto idntica, quer ele seja lanado sobre produtores ou sobre consumidores. Por exemplo, suponha que o governo decida

    cobrar um imposto especfico de R$ 0,20 por litro de gasolina e, para isso, ele tenha a opo de cobrar dos consumidores na bomba de gasolina,

    quando pagam pela compra do produto, ou cobrar dos produtores como feito normalmente.

    No ser feita aqui a demonstrao matemtica, mas saiba que a

    repartio do nus tributrio ser idntica em ambos os casos. Ou seja, o lado do mercado sobre o qual o imposto lanado irrelevante

    para determinar o nus tributrio, sendo que este determinado pelas elasticidades da demanda e da oferta, e no sobre quem

    lanado o tributo.

    3.2. Calculando a repartio do nus tributrio

    Neste tpico, veremos como se calcula a repartio do nus

    tributrio entre consumidores e vendedores. Para isso, utilizaremos as funes de demanda e oferta do bem a ser tributado e consideraremos a

    hiptese de um imposto sobre vendas (ou imposto sobre o consumo).

    Qualquer imposto sobre vendas recolhido pelo vendedor, mas isso no significa que ele quem pagar pelo imposto. O vendedor poder

    repassar uma parte deste imposto para o preo do produto, de forma que o consumidor arcar com alguma parte do aumento de custo imposto pelo

    governo. Por isso, ns dizemos que os impostos sobre o consumo ou

    sobre as vendas so impostos indiretos, porque tributam indiretamente os indivduos em suas transaes.

    Em que pese a discusso sobre quem de fato arcar com o nus do

    imposto, o fato que a pessoa que recolher o valor imposto e o entregar ao governo o produtor. Assim, qualquer imposto sobre vendas alterar apenas a funo de oferta de determinado bem,

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    pois a funo de oferta que nos mostra o comportamento dos

    produtores. A funo de demanda no alterada. Desta forma,

    Se tivermos um imposto especfico (T), o novo preo da funo de oferta ser (P T).

    Se tivermos um imposto ad valorem por dentro, o novo preo da funo de oferta ser P.(1 T).

    Se tivermos um imposto ad valorem por fora, o novo preo da

    funo de oferta ser P/(1 + T). Assim,

    Imposto Novo preo na funo de oferta

    Especfico (P T) Ad valorem por dentro P.(1 T)

    Ad valorem por fora P/(1 + T)

    Vejamos um exemplo numrico, utilizando dados retirados de

    uma questo de concurso:

    EPPGG/MPOG/ESAF 2002 - As curvas de oferta e demanda de mercado de um bem so, respectivamente: S= 400 + 400p e D=5.000 500p. Pede-se: (1) o preo e a quantidade de equilbrio (p1 e q1) dada a alquota de um imposto especfico T =

    0,9 por produto e (2) o valor total da respectiva arrecadao do governo.

    a) (1) p1 = 6,40 e q1 = 1.800 e (2) 1.620,00 b) (1) p1 = 6,00 e q1 = 1.920 e (2) 1.728,00

    c) (1) p1 = 6,00 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00 d) (1) p1 = 5,76 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00

    e) (1) p1 = 4,80 e q1 = 2.400 e (2) 2.160,00

    Resoluo:

    Sem o imposto, o preo e quantidade de equilbrio so: p=6,0 e Q=2000

    (basta igualar S=D)

    Com o imposto especfico, temos que fazer (p-0,9) apenas na curva de oferta, pois o imposto incide sobre os vendedores (so eles que recolhem

    o imposto para o governo).

    Assim, depois do imposto, temos:

    -400+400(p - 0,9)=5000-500p p=6,4 e Q=1800

    Veja que o preo de transao (aquele que o consumidor paga) passou de 6,0 para 6,4. Ou seja, o consumidor foi apenado com 0,4 (6,4 6,0).

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    Como o imposto 0,9, o produtor foi apenado em 0,5 (0,9 - 0,4). Veja

    que, do montante de 0,9 de imposto especfico, o produtor arca com 0,5 e o consumidor arca com 0,4.

    Nota o valor que o consumidor arca ser sempre igual diferena entre o novo preo de equilbrio e o preo antigo de equilbrio. Neste caso,

    (6,4 6,0)=0,4.

    A receita do governo o imposto especfico multiplicado pela quantidade que transacionada no mercado, ou seja, a arrecadao ser Q x t =

    1800 x 0,9 = 1620 e a nova quantidade de equilbrio 1800.

    GABARITO: A

    Para fins de treinamento, vamos fazer os seguintes clculos considerando um imposto ad valorem por dentro de 10%:

    a) Novo preo de equilbrio, diviso do nus do imposto entre

    consumidores e produtores:

    Considerando um imposto ad valorem por dentro de 10%, o novo preo a

    ser utilizado na funo de oferta p(1 T), onde T=0,1 (10%). Assim, a nova funo de oferta ficar:

    S=-400 + 400p(10,1) S=-400 + 400.0,9p S=-400 + 360p

    Igualando a curva de oferta com o imposto e a funo demanda, temos:

    -400 + 360p = 5000 500p p = 6,28 (novo preo de equilbrio)

    Como o preo de equilbrio era 6,0 e, depois do imposto, passou para 6,28, o consumidor arca com R$ 0,28 do imposto.

    O tributo a ser pago e o preo lquido recebido pelo produtor sero, respectivamente (considerando que T=10%=0,1):

    T = 6,28.T = 0,628 (o tributo a ser pago 10% sobre 6,28)

    Preo a ser recebido pelo produtor: P= 6,28 0,628 = 5,652 Assim, no caso de um imposto ad valorem por dentro alquota de 10%,

    o consumidor pagar 6,28, o valor do imposto ser 0,628. Deste valor de imposto, o consumidor arcar com 0,28; e o produtor arcar com o

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    restante (0,628 0,28 = 0,348). O preo a ser recebido pelo produtor ser 5,652.

    Agora, faamos os mesmos clculos considerando um imposto ad valorem por fora alquota de 10%.

    b) Novo preo de equilbrio, diviso do nus do imposto entre

    consumidores e produtores:

    Considerando um imposto ad valorem por fora de 10%, o novo preo a

    ser utilizado na funo de oferta p/(1 + T), onde T=0,1 (10%). Assim, a nova funo de oferta ficar:

    S=-400 + 400p/(1+0,1)

    S=-400 + 400p/1,1 S=-400 + 363,64p

    Igualando a curva de oferta com o imposto e a funo demanda, temos:

    -400 + 363,64p = 5000 500p p = 6,25 (novo preo de equilbrio)

    Como o preo de equilbrio era 6,0 e, depois do imposto, passou para

    6,25, o consumidor arca com R$ 0,25 do imposto.

    O preo lquido recebido pelo produtor ser:

    P = 6,25.[1/(1+T)] = 6,25/(1,1) P = 5,682 (preo recebido pelo produtor)

    Tributo a ser pago: T= 5,682 x 10%= 5,682 x 0,1 = 0,568

    Assim, no caso de um imposto ad valorem por fora alquota de 10%, o

    consumidor pagar 6,25, o valor do imposto ser 0,568. Deste valor de imposto, o consumidor arcar com 0,25; e o produtor arcar com o

    restante (0,568 0,25 = 0,318). O preo a ser recebido pelo produtor ser 5,682.

    Comparando os valores encontrados para o imposto ad valorem por fora e por dentro, v-se que o imposto por dentro mais oneroso para o

    contribuinte (seja consumidor ou produtor).

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    4. TRIBUTAO E EFICINCIA ECONMICA

    Neste tpico, ns veremos como os impostos afetam a eficincia

    econmica. Para isso, utilizaremos o enfoque grfico bastante semelhante ao que foi utilizado na aula 02, quando vimos o que era o peso morto

    (item 2.3).

    J sabemos que, ao tributar o bem, normalmente os demandantes

    pagam um preo maior e os ofertantes recebem um preo menor. Isso representa um custo para os consumidores (demandantes) e para os

    ofertantes (produtores). Mas, do ponto de vista da eficincia econmica, o custo do imposto que ele diminui o nvel de produo que seria

    alcanado caso no houvesse tributao.

    A produo perdida representa o custo social do imposto. Ele tambm chamado de perda peso morto5. Analisaremos esse peso morto

    por meio das ferramentas dos excedentes do consumidor e produtor apresentadas na aula 02. Para isso, acompanhe o raciocnio pela figura

    02.

    Incialmente, tnhamos um mercado competitivo em equilbrio, no ponto onde as curvas de demanda e oferta se interceptam. Conforme

    sabemos, esse equilbrio significa um timo de Pareto, pois um

    equilbrio de um mercado competitivo (1 teorema do bem-estar social).

    A figura 02 ilustra o preo pago pelos compradores e o preo recebido pelos produtores aps a imposio do imposto t.

    5 Em muitos livros, utilizada a expresso perda de peso morto, indicando simplesmente que h peso morto. Assim, se voc vir o termo perda de peso morto, na verdade, isso no quer dizer que o peso morto foi reduzido, mas simplesmente que h peso morto. A confuso ocorre devido traduo literal do termo em ingls deadweight loss (perda de peso morto).

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    Quantidade

    Preos

    Equilbrio antes do imposto

    Figura 02

    Q1

    D

    O

    A

    Preo recebido pelos vendedores = PV

    Preo pago pelos compradores = PC

    Q2

    Imposto t

    A produo foi reduzida por esse imposto (de Q2 para Q1). A perda

    de excedente dos consumidores dada pela soma das reas A+B, e a perda de excedente dos produtores dada pela soma das reas C+D.

    Essas perdas so iguais quelas estudadas na aula 02.

    Como estamos procura de uma expresso para o custo social do

    imposto ou para o quantum ele reduz a eficincia econmica, seria natural, a princpio, somarmos todas as perdas de excedentes

    (A+B+C+D) para obter a perda total para os consumidores e produtores. No entanto, necessrio considerar que um terceiro agente (o governo),

    at ento no considerado por ns, tem um relevante ganho de excedente ou bem-estar.

    O governo ganha a receita com o imposto. Essa receita tributria

    pode ser encarada como uma espcie de excedente do governo. Pelo menos teoricamente, essa receita auferida pelo governo ser

    integralmente devolvida para a sociedade na forma de bens e servios que beneficiaro toda a coletividade (sade, educao, estradas,

    saneamento, etc).

    Assim, a rea A+D (que a receita tributria6) retornar para a

    sociedade, de tal forma que o resultado lquido da imposio do tributo ser uma perda total de excedentes (A+B+C+D) e um ganho de receita

    tributria (A+D). Logo, o resultado lquido ser uma perda de excedentes no valor das reas C+B, que o nus do imposto ou peso morto.

    6 A receita tributria dada pela multiplicao do valor do imposto (t) pela quantidade produzida e vendida (Q2). Assim, a receita tributria dada pela rea dos retngulos A+B.

    B

    D C

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    Qual ser a fonte desse nus? Ele acontece pelo valor perdido pelos

    consumidores e produtores com a reduo nas vendas do bem. Observe que a taxao imposta pelo governo faz reduzir a demanda e a oferta, de

    tal forma que a quantidade de equilbrio se reduz de Q1 para Q2. Essa reduo nas vendas provoca o peso morto. Afinal, no se taxa o que no

    vendido! Assim, o governo no obtm nenhuma receita pela reduo nas vendas do bem. Do ponto de vista da sociedade, e tambm da

    eficincia econmica, esta reduo o nus do imposto (ou peso morto).

    Uma interessante pergunta que pode surgir sobre o que

    determina o grau de ineficincia do imposto. O que faz o peso morto ser maior ou menor?

    A ineficincia de qualquer imposto determinada pela

    medida em que os consumidores e produtores alteram seu comportamento para evitar o imposto; o peso morto causado por

    decises ineficientes de consumo e produo por indivduos e empresas para evitar a tributao. A quantidade alcanada no equilbrio competitivo

    maximiza o excedente total. Qualquer variao da quantidade em relao ao ponto de equilbrio leva ineficincia. Assim, a ineficincia

    proporcional variao de quantidade induzida pelo imposto.

    No caso de bens de demanda inelstica, h pouca variao na

    quantidade em virtude da imposio do imposto. Por outro lado, quanto mais elstica a demanda (ou a oferta) de um bem, maior a variao de

    quantidade induzida pelo imposto, e maior a ineficincia por ele causada.

    Desta forma, podemos concluir que as elasticidades determinam

    a ineficincia do imposto: quanto maiores as elasticidades da demanda/oferta, maior ser o peso morto. Quanto menores as

    elasticidades da demanda/oferta, menor ser o peso morto (uma visualizao grfica sobre isso pode ser vista na figura 12 da aula 02). Se

    o governo busca a neutralidade, de forma a intervir o mnimo possvel na alocao de recursos, sem causar ineficincias, ele procurar tributar

    bens de demanda/oferta inelstica.

    Por fim, apenas para arrematar o raciocnio, podemos entender que

    quanto mais o imposto muda o comportamento de consumo e produo, menos eficiente ele ser. Por exemplo, suponha que o governo esteja

    preocupado com questes de eficincia, e deseje impor um imposto. Naturalmente, ele procurar impor esse imposto sobre bens cujo consumo

    no deva alterar muito aps a imposio do imposto (bens de demanda inelstica e cujos consumidores tenham alta propenso marginal a

    consumi-los).

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    5. ALQUOTA MARGINAL E ALQUOTA MDIA DE IMPOSTOS

    No contexto da discusso da eficincia dos impostos, importante

    discutirmos dois conceitos: alquota mdia e marginal. A alquota mdia o imposto total pago dividido pela renda total. A alquota marginal o

    imposto adicional pago sobre um R$ 1,00 adicional de renda.

    Por exemplo, suponha um imposto progressivo em que o governo

    aplique uma alquota de 10% sobre os primeiros R$ 3.000,00 de renda e uma alquota de 50% sobre toda a renda alm de R$ 3.000,00. Nessas

    condies, uma pessoa que ganha R$ 4.000,00 paga um imposto de R$ 800,00 (10% dos primeiros R$ 3.000,00, que igual a R$ 300,00; mais

    50% dos R$ 1.000,00 restantes, que igual R$ 500,00). Para esse contribuinte, a alquota mdia seria 800/4000=0,2, ou 20%, mas a

    alquota marginal seria 50%, uma vez que cada R$ adicional que ele ganhe ser tributado alquota de 50%.

    A anlise das alquotas mdia e marginal bastante til. Se o

    objetivo medir o sacrifcio feito pelo contribuinte, a alquota mdia o conceito mais apropriado, porque mede a parcela da renda do consumidor

    que vai para o pagamento de impostos. Por outro lado, se o objetivo avaliar a medida que o tributo distorce as aes dos agentes, a alquota

    marginal o conceito mais importante. Em economia, os agentes, ao

    tomarem suas decises, pensam na margem. Assim, se um indivduo decide avaliar se aumentar sua carga de trabalho, ele far avaliaes

    pensando na margem, marginalmente: quanto a mais de renda eu vou ganhar? Quanto a mais de impostos eu vou pagar?

    Se a alquota marginal alta, como no caso acima, o acrscimo de

    trabalho ser desencorajado, pois cada R$ ganho na margem provocar R$ 0,50 a mais de impostos a pagar. Assim, a alquota marginal que

    determina a mudana de comportamento dos agentes decorrentes da imposio de um tributo. Por conseguinte, a alquota marginal que

    determina o peso morto do imposto.

    Se pensarmos que o lump-sum tax (tributo por montante nico) um imposto neutro, que no provoca mudanas de comportamento nas

    pessoas, ns entenderemos essa afirmao que relaciona a alquota

    marginal e a eficincia do imposto.

    Um imposto lump-sum, tributo por montante nico, caracterizado pela cobrana de um valor fixo sobre os cidados. Suponha que o governo

    imponha um tributo por montante nico no valor de R$ 400,00. Ou seja, todos devero pagar o mesmo valor, independentemente de seus ganhos

    ou aes. Para um contribuinte com renda de R$ 4.000,00, a alquota mdia de 10%; para outro com renda de R$ 1.000,00, a alquota mdia

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    de 40%. Para ambos, a alquota marginal ZERO, porque no se

    dever nenhum imposto por R$ adicional de renda.

    Como a alquota marginal deste tipo de imposto nula, as decises das pessoas e a renda auferida por elas no alteram o montante devido

    ao governo. Assim, o imposto no distorce os incentivos, nem muda o comportamento das pessoas e, portanto, no causa peso morto. Ou seja,

    este tipo de imposto o mais eficiente possvel.

    Se o imposto lump-sum to eficiente, por que ele no utilizado

    pelos governos? A razo que a eficincia apenas uma das consideraes de um sistema tributrio. Conforme aprendemos na aula

    07, eficincia no implica obrigatoriamente equidade. bastante claro que a adoo de um imposto de montante nico, apesar de eficiente

    economicamente, no atenderia ao princpio da equidade (imagine: pessoas extremamente pobres ou ricas pagariam o mesmo montante de

    tributos). Por tal motivo, ele no adotado pelos governos.

    Por fim, interessante fazermos uma breve anlise das alquotas mdias e marginais em relao progressividade e regressividade dos

    impostos.

    Em um sistema de impostos progressivos, as alquotas mdia e

    marginal dos impostos elevam-se com a renda, sendo que a alquota marginal naturalmente maior que a alquota mdia. Quando a alquota

    de imposto marginal aumenta, a alquota mdia aumenta, mas de forma mais lenta. Como, no sistema progressivo de impostos, a alquota

    marginal cresce medida que a renda cresce, podemos concluir que esse sistema tem um efeito negativo sobre o incentivo de aumentar a renda.

    Afinal, para que se esforar mais e aumentar a renda se, cada vez mais, uma fatia maior dessa renda vai para os bolsos e cuecas do governo?

    Em um sistema de impostos regressivos, a alquota marginal se

    reduz com o aumento de renda. Quando a alquota marginal se reduz, a alquota mdia a acompanha, de forma que as alquotas mdia e marginal

    dos impostos reduzem-se com a renda, e tambm de forma que a alquota mdia maior que alquota marginal. Como, no sistema

    regressivo, a alquota marginal decresce medida que a renda aumenta,

    conclumos que esse sistema incentiva o aumento de renda (aumento de trabalho). Afinal, quanto mais voc ganhar, cada vez mais, uma fatia

    menor dessa renda adicional vai para os bolsos do governo.

    6. A CURVA DE LAFFER

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    T*

    Arrecadao

    Alquota do imposto

    Figura 3

    CURVA DE LAFFER

    Ponto de arrecadao tima

    Trecho da curva de Laffer em que aumentos na alquota do imposto reduzem a arrecadao.

    0% 100%

    Impostos mais altos no significam, necessariamente, maior

    arrecadao. A chamada Curva de Laffer, formulada por Arthur Laffer (economista da escola monetarista), mostra a relao entre os distintos

    nveis de tributao de certo imposto e a respectiva receita arrecadada pelo governo. A concluso a que se chega que, quando o nvel dos

    impostos passa de um certo limite, a arrecadao do governo comea a cair em vez de aumentar.

    A representao grfica do trabalho, conhecida como Curva de Laffer, tem a forma de uma meia-lua voltada para baixo. O eixo

    horizontal, x, representa a carga de tributos e o eixo vertical, y, representa a arrecadao do governo. Com a alquota zero, a

    arrecadao, naturalmente, nula. medida que a alquota aumentada, a renda que o governo recebe dos cidados e das empresas

    crescente at atingir o nvel de arrecadao tima (T*). Desse ponto em diante, medida que o governo continua aumentando a alquota do

    imposto, a receita cai at chegar a zero com o imposto de 100%.

    Ou seja, a curva de Laffer nos diz que, s vezes, o aumento

    desenfreado dos impostos pode reduzir a arrecadao. Isto ocorre porque

    a tributao excessiva provoca sonegao fiscal, fuga do consumo e desestmulo produo. Estes trs fatores provocam reduo da

    produo e da renda, causando, por conseguinte, reduo da arrecadao fiscal.

    Pessoal, com isso, terminamos nossa penltima aula!!

    Abraos e bons estudos!!! Heber Carvalho

    [email protected]

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    EXERCCIOS COMENTADOS

    QUESTES CESPE

    TCNICO JUDICIRIO TRE - MG 2009 - As funes do governo expandiram-se de forma considervel nos ltimos anos, refletindo

    a necessidade de interveno governamental no sistema econmico, assim como as modificaes nas preferncias da

    coletividade quanto interveno do governo em atividades relacionadas distribuio de renda. Fernando Rezende. Finanas

    pblicas. 2. ed. SP: Atlas, 2001, p. 17 ( com adaptaes ).

    Tendo como referncia o texto acima e considerando o estudo das finanas pblicas sobre as funes do Estado, assinale a opo

    correta.

    01 - O governo pode realizar ajustamento na redistribuio da

    renda e da riqueza do pas utilizando instrumentos como transferncias, impostos e subsdios. Por exemplo, o Estado pode

    tributar indivduos de alta renda e utilizar os recursos captados para o financiamento de programas para a parcela de baixa renda

    da populao.

    COMENTRIOS: O governo pode redistribuir a renda e a riqueza do pas, por meio dos instrumentos citados na assertiva. O caso do imposto

    progressivo um exemplo tpico, outro exemplo aquele que est no prprio texto da assertiva. Esta foi uma assertiva fcil, exigindo apenas

    interpretao de texto. GABARITO: CERTO

    ANALISTA ADMINSITRATIVO E FINANCEIRO CINCIAS ECONMICAS SEGER/ES - 2009 - A economia do setor pblico analisa o papel desempenhado pelo governo nas economias de mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens.

    02 - A existncia de um imposto de renda progressivo colide com

    o princpio de equidade vertical, de acordo com o qual, indivduos semelhantes em todos os aspectos relevantes devem ser

    tributados igualmente.

    COMENTRIOS: A existncia de um imposto de renda progressivo coaduna-se com o princpio da equidade vertical e colide (vai contra) com

    o princpio da equidade horizontal. O imposto de renda proporcional colide com o princpio de equidade vertical e coaduna-se com o princpio da

    equidade horizontal. GABARITO: ERRADO

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    03 - O nus fiscal decorrente de impostos como o imposto sobre produtos industrializados (IPI) e o imposto sobre circulao de

    mercadorias e servios (ICMS) recai mais fortemente sobre os consumidores com menores rendas e, por essa razo, so

    considerados regressivos.

    COMENTRIOS: Os tributos indiretos, no Brasil, funcionam

    regressivamente. GABARITO: CERTO

    ANALISTA INMETRO CINCIAS ECONMICAS 2007 - A ao do Estado tem sido crucial para garantir o funcionamento das economias de mercado. Por essa razo, importante estudar a

    economia do setor pblico, incluindo-se a as questes de finanas pblicas. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

    04 - A curva monetria de Laffer estabelece que quanto mais elevada for a taxa de inflao da economia, maior ser a alquota

    do imposto inflacionrio e, portanto, maiores sero os nveis de senhoriagem.

    COMENTRIOS: A curva de Laffer estabele que, a partir de um nvel de

    alquota de imposto, a arrecadao fiscal comea a cair. No tem relao, portanto, com o imposto inflacionrio nem com senhoriagem.

    Nota Imposto inflacionrio uma espcie de transferncia de renda do contribuinte para o governo, devido inflao. Suponhamos que o governo emita moeda (fabrique dinheiro) num total igual a 15% do dinheiro em circulao. Segundo os monetaristas, a inflao ser, ento, de 15%, mantendo-se os outros fatores constantes. Assim, as pessoas perderiam 15% de seu dinheiro, devido perda de seu poder aquisitivo, enquanto que o governo ter ganhado esses 15%, materializados na moeda recm-emitida. Assim, houve um imposto inflacionrio de 15 % pago por todos aqueles que tinham dinheiro em seu poder. Senhoriagem a arrecadao do governo via emisso de moeda. O termo vem da poca em que os prprios senhores feudais tinham o poder de cunhar a moeda que seria utilizada dentro do seu feudo.

    GABARITO: ERRADO

    ANALISTA JUDICIRIO TSE 2007 - Com relao ainda aos aspectos microeconmicos do setor pblico, assinale a opo

    correta.

    05 - O imposto sobre a renda da pessoa fsica (IRPF), por no gerar distores nos preos relativos das mercadorias, no

    acarreta perdas, em termos de bem-estar, para a economia.

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    COMENTRIOS: Para no gerar distores nos preos relativos das

    mercadorais, o montante do imposto que deve ser pago precisa recair igualmente sobre todas as pessoas. O IRPF recai desigualmente sobre as

    pessoas (quem ganha mais, paga mais). Assim, pelo fato dele recair de forma diferente sobre as pessoas, ele distorce os preos relativos das

    mercadorias e acarreta perdas de bem-estar. GABARITO: ERRADO

    ESCRIVO DA POLCIA FEDERAL 2004 - O problema da escolha em situao de escassez, abordado pela microeconomia, as interaes

    entre governo e mercados privados, e as questes macroeconmicas so temas relevantes para a cincia econmica.

    A esse respeito, julgue os itens a seguir

    06 - A minimizao dos efeitos distorcivos da tributao da renda, com o intuito de reduzir o gravame excessivo do sistema

    tributrio, requer a ampliao das bases e a reduo das alquotas tributrias.

    COMENTRIOS: O efeito distorcivo de um imposto reduzido medida

    que ele recai mais igualmente sobre todas as pessoas (ampliao da base tributria) e tambm medida que a alquota se torna cada vez menor

    (reduo das alquotas). Quanto menos distorcivo o imposto (menos ele

    afeta a eficincia econmica), menor o gravame excessivo do sistema tributrio.

    Nota Gravame excessivo ou excesso de gravame do sistema tributrio o conjunto de efeitos indiretos indesejveis causados pela tributao.

    Entre esses efeitos indesejveis, temos a ineficincia econmica, reduo da produo, do consumo, etc.

    GABARITO: CERTO

    AGENTE DA POLCIA FEDERAL 2004 - A questo da escolha em situao de escassez, abordada pela microeconomia, as interaes

    entre governo e mercados privados e os problemas macroeconmicos so temas relevantes para a cincia econmica.

    A esse respeito, julgue os itens a seguir.

    07 - Caso a Receita Federal deseje maximizar a arrecadao

    tributria derivada de um imposto ad valorem, esse tributo dever ser colocado sobre produtos transacionados em mercados

    competitivos e cuja elasticidade preo da demanda seja extremamente elevada.

    COMENTRIOS: Se a elasticidade preo da demanda for elevada, o

    aumento de preos ocasionado pela imposio de tributos vai provocar reduo do consumo em percentual maior que o aumento de preos.

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    Logo, no haver maximizao da arrecadao. Portanto, incorreta a

    assertiva. Por outro lado, se a tributao ocorresse sobre um produto cuja

    elasticidade preo da demanda fosse baixa, a reduo no consumo seria mais baixa percentualmente que o aumento de preos provocado pela

    tributao, logo, haveria ganhos na arrecadao neste caso. GABARITO: ERRADO

    ANALISTA LEGISLATIVO - CMARA DOS DEPUTADOS 2002 - A tributao um dos fenmenos econmicos mais comuns e ainda

    no h muita concordncia entre os tericos, sobre os seus efeitos reais. Contudo, h um ncleo de princpios bsicos, que so

    tomados como pressupostos no estudo de sistemas tributrios. No mbito desse tema, julgue os itens subseqentes.

    08 - A parte de um imposto que repassada aos consumidores

    independe das declividades relativas das curvas de oferta e demanda.

    COMENTRIOS: Conforme vimos no item repartio do nus tributrio, a

    parte do imposto que repassada aos consumidores e vendedores depende das suas elasticidades em relao ao preo. Quem mais

    elstico, paga menos. Como a elasticidade influencia a a inclinao

    (declividade) das curvas de oferta e demanda, podemos dizer que a repartio do nus tributrio depende tambm da declividade das curvas

    de oferta e demanda (depende das elasticidades). GABARITO: ERRADO

    09 - A tributao de produtos com maior elasticidade, tanto do

    lado da demanda quanto da oferta, a concluso evidente de toda a anlise da incidncia e transferncia, do ponto de vista estrito

    da otimizao da arrecadao a curto prazo.

    COMENTRIOS: A tributao de produtos com maior elasticidade no a sada ideal para a otimizacao da arrecadao a curto prazo. Conforme

    comentado na questo 07, o aumento de preos em produtos com alta elasticidade provocar uma reduo percentual no consumo que maior

    que o aumento de preos. Como as quantidades transacionadas reduziro

    em proporo maior que o aumento de preos (provocado pelo aumento de impostos), no haver otimizao da arrecadao.

    GABARITO: ERRADO

    10 - Quando a demanda absolutamente inelstica, o produtor apenado integralmente pela imposio tributria, sem que a

    quantidade consumida e, por conseqncia, a base da arrecadao se alterem.

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    COMENTRIOS: Quando a demanda totalmente (ou perfeitamente/ absolutamente) inelstica, o consumidor apenado integralmente pela

    imposio tributria, j que ele quem no reage a alteraes nos preos.

    GABARITO: ERRADO

    ANALISTA LEGISLATIVO - CMARA DOS DEPUTADOS 2002 - Ainda

    no que diz respeito s finanas pblicas, julgue os itens abaixo.

    11 - Entre as vantagens atribudas ao imposto sobre o valor agregado (lVA), encontram-se a neutralidade desse imposto e o

    seu carter autofiscalizador, quando calculado pelo mtodo do crdito fiscal.

    COMENTRIOS: O IVA, ao incidir somente sobre o valor adicionado e no

    incentivar a integrao vertical, distorce menos as decises dos agentes, logo, ele apresenta maior neutralidade que o imposto cumulativo.

    Ademais, por permitir o abatimento do que foi pago de imposto nas etapas anteriores da produo por meio do crdito fiscal7, deixa um rastro

    que facilita o trabalho de auditoria e fiscalizao. Por tal motivo, possui carter autofiscalizador.

    GABARITO: CERTO

    12 - Impostos cumulativos, como as contribuies sociais,

    FINSOCIAL e PIS/PASEP, tendem a desestimular a integrao vertical do processo produtivo.

    COMENTRIOS: Impostos cumulativos estimulam a integracao vertical.

    GABARITO: ERRADO

    ECONOMISTA - DFTRANS - 2008 - Um consumidor pode escolher gastar sua renda m com o bem x1 ou com o bem x2 de tal forma

    que a sua reta oramentria seja descrita por p1x1 + p2x2 = m em

    7 O mtodo do crdito fiscal funciona assim: suponha que, em uma primeira etapa da

    produo, uma firma tenha produzido um bem no valor de R$ 1,00 e o IVA seja 20%. Logo, o valor pago de IVA por esta firma ser R$ 0,20. Uma segunda firma compra este bem e o utiliza como insumo na produo de outro bem, que ser vendido a R$ 3,00, com IVA tambm de 20%. O mtodo do crdito fiscal permite deduzir o que foi pago nas etapas anteriores. Por exemplo, o IVA, neste ltimo caso, equivalente a R$ 0,60 (20% de R$ 3,00). No entanto, existe o crdito fiscal de R$ 0,20 (valor de imposto que foi pago na etapa anterior de produo). Logo, na prtica, o IVA pago ser R$ 0,40 (0,60 0,20). Funciona como se fosse tributado somente o valor adicionado: 20% sobre R$ 2,00 (3,00 1,00) = R$ 0,40.

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    que p1 e p2 so os respectivos preos. Com relao a essa

    situao, julgue os itens que se seguem.

    13 - Se um imposto especfico lanado igualmente sobre dois bens, a reta oramentria do consumidor desses bens no se

    desloca.

    COMENTRIOS: Se um imposto especfico lanado igualmente sobre

    dois bens, ns podemos dizer que isso equivale a uma situao em que estes dois bens aumentam de preo no mesmo montante. Neste caso, a

    situao equivalente a uma reduo de renda do consumidor, deslocando a reta oramentria para dentro.

    GABARITO: ERRADO

    ECONOMISTA DFTRANS 2008 - Do sculo XX para c, a produo industrial mundial cresceu significativamente, a

    populao mundial dobrou e a renda per capita cresceu entre 15 e 20 vezes, ou seja, houve desenvolvimento econmico e social. A

    partir destas averiguaes, julgue os itens a seguir.

    14 - possvel promover redistribuio de renda no Brasil por meio da adoo da progressividade do imposto sobre a renda e

    por meio de impostos indiretos como o ICMS e o IPI.

    COMENTRIOS: A progressividade do imposto sobre a renda um meio

    de distribuio de renda, mas a cobrana de impostos indiretos, como o ICMS e o IPI, no serve como redistribuio de renda, pois tais impostos

    so regressivos. GABARITO: ERRADO

    QUESTES ESAF

    15 (EPPGG/MPOG 2002) - As curvas de oferta e demanda de mercado de um bem so, respectivamente: S = 400 + 400 p e D = 5.000 500 p. Pede-se: (1) o preo e a quantidade de equilbrio (p1 e q1) dada a alquota de um imposto especfico T = 0,9 por

    produto e (2) o valor total da respectiva arrecadao do governo.

    a) (1) p1 = 6,40 e q1 = 1.800 e (2) 1.620,00 b) (1) p1 = 6,00 e q1 = 1.920 e (2) 1.728,00

    c) (1) p1 = 6,00 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00 d) (1) p1 = 5,76 e q1 = 2.000 e (2) 1.800,00

    e) (1) p1 = 4,80 e q1 = 2.400 e (2) 2.160,00

    COMENTRIOS: J foram realizados nas pginas 20 e 21. GABARITO: A

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    16 (AFRF/SRF 2000) - A teoria econmica moderna estabelece critrios de imposio de tributos. O critrio que postula que a

    tributao no introduza distores nos mecanismos de funcionamento e alocao de recursos da economia de mercado

    o da a) Universalidade

    b) equidade

    c) neutralidade d) justia social

    e) adequao

    COMENTRIOS: Para que no haja distores nos mecanismos de mercado e na atual

    alocao de recursos necessrio que a tributao realizada pelo Estado no altere os preos relativos dos produtos, ou seja, que os preos de um

    produto em relao ao outro sejam mantidos constantes. Essa definio refere-se ao princpio que conceituamos por neutralidade da tributao.

    Essa mesma neutralidade est associada ideia de eficincia do sistema tributrio.

    GABARITO: C

    17 - (AFRF/SRF 2002) - Segundo o princpio da equidade, na teoria da tributao, dois critrios so propostos: a classificao dos indivduos que so considerados iguais e o estabelecimento

    de normas adequadas de diferenciao. Indique quais so esses critrios:

    a) Neutralidade e eficincia b) Benefcio e capacidade de pagamento

    c) Unidade e universalidade d) Eficincia e justia

    e) Produtividade e eficincia.

    COMENTRIOS: A questo fala do princpio da equidade, solicitando os critrios utilizados

    para a aplicao deste princpio. Conforme vimos, o princpio da equidade dividido em dois (sub) princpios:

    Capacidade de pagamento;

    Benefcio. GABARITO: B

    18 - (AFRF/SRF 2002) - A principal fonte de receita do setor pblico a arrecadao tributria. Com relao s caractersticas de um sistema tributrio ideal, assinale a opo falsa:

    a) A distribuio do nus tributrio deve ser equitativa.

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    b) A cobrana dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais

    aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento. c) O sistema tributrio deve ser estruturado de forma a interferir o

    minimamente possvel na alocao de recursos da economia. d) O sistema tributrio deve ser eficiente e maximizar os custos de

    fiscalizao da arrecadao. e) O sistema tributrio deve ser de fcil compreenso para o contribuinte

    e de fcil arrecadao para o governo.

    COMENTRIOS:

    Analisando as alternativas, vemos que, com certeza, um sistema tributrio ideal no busca maximizar os custos de fiscalizao.

    GABARITO: D

    19 (APO/Sec. Fazenda SP 2009) - Por poltica fiscal, entende-se a atuao do governo no que diz respeito arrecadao de

    impostos e aos gastos pblicos. Com relao tributao, no correto afirmar:

    a) os tributos especficos e ad valorem so exemplos clssicos de impostos diretos.

    b) o sistema tributrio dito progressivo quando a participao dos impostos na renda dos indivduos aumenta conforme a renda aumenta.

    c) o sistema tributrio considerado proporcional quando se aplica a

    mesma alquota do tributo para os diferentes nveis de renda. d) a aplicao de um sistema de imposto regressivo afeta o padro de

    distribuio de renda, tornando-a mais desigual. e) conforme aumenta a renda dos indivduos e a riqueza da sociedade,

    aumenta a arrecadao de impostos diretos.

    COMENTRIOS: Os tributos especficos e ad valorem so exemplos de impostos indiretos,

    pois incidem sobre a produo e no sobre as pessoas. GABARITO: A

    20 (Analista BACEN - 2001) - Considere as duas alternativas de polticas tributrias que se seguem: Alternativa I: Aplicar um imposto per capita no valor de R$ 30,00

    mensais por pessoa.

    Alternativa II: Introduzir um imposto de R$ 1,00 por unidade vendida sobre a venda de um bem, cuja oferta perfeitamente

    (infinitamente) elstica. Assinale a opo correta.

    a) Para um consumidor que, na hiptese de adotada a alternativa II, opte por consumir 30 unidades mensais do bem tributado, a alternativa I

    inferior alternativa II.

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    b) Para um consumidor que, na hiptese de adotada a alternativa II, opte

    por consumir 30 unidades mensais do bem tributado, a alternativa I indiferente alternativa II, uma vez que as duas implicam o mesmo gasto

    com impostos. c) Para um consumidor que, na hiptese de adotada a alternativa II, opte

    por consumir 30 unidades mensais do bem tributado, a alternativa I prefervel alternativa II.

    d) Para um consumidor que, na hiptese de adotada a alternativa II, opte

    por consumir 30 unidades mensais do bem tributado, a alternativa I superior alternativa II caso a sua demanda por esse bem seja inelstica

    e inferior alternativa II caso sua demanda por esse bem seja elstica. e) Para um consumidor que, na hiptese de adotada a alternativa II, opte

    por consumir 30 unidades mensais do bem tributado, a alternativa I superior alternativa II caso a sua demanda por esse bem seja elstica e

    inferior alternativa II caso sua demanda por esse bem seja inelstica.

    COMENTRIOS: A alternativa I faz meno a um imposto lump-sum tax. A alternativa II

    faz meno a um imposto excise tax. Se o consumidor consumir alguma quantidade do bem a ser

    tributado, ele preferir a alternativa (tributao via lump-sum tax). Portanto, correta a alternativa C.

    Se o consumidor no consumir o bem tributado, ele optar pela alternativa II (excise tax).

    GABARITO: C

    21 (ACE TCU - 2000) - As curvas de oferta e de demanda de um bem que vendido em um mercado concorrencial so dadas

    por, respectivamente, qs=(1000/3)p e qd=(8.000 - (1000/3)p), sendo p o preo da mercadoria vendida nesse mercado, medido

    em reais por unidade, qs a quantidade ofertada da mesma e qd a sua quantidade demandada. Caso seja introduzido um imposto

    sobre a venda dessa mercadoria no valor de R$ 3,00 por unidade vendida, pode-se afirmar que

    a) o peso morto do imposto ser igual a R$ 750,00. b) a quantidade de equilbrio desse mercado antes da introduo do

    imposto igual a 5.000 unidades

    c) aps a introduo do imposto, o preo ao consumidor dever subir de R$ 12,00 para R$ 14,00

    d) a reduo no excedente do consumidor em decorrncia da introduo do imposto ser igual a R$ 9,00

    e) o imposto ir implicar uma reduo no lucro dos produtores superior reduo causada sobre o excedente dos consumidores

    COMENTRIOS:

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    Quantidade

    Preos

    Altura (h) do tringulo o valor da reduo

    de produo

    Q1

    D

    O

    Q2

    Valor do Imposto (Base do tringulo)

    Antes de iniciar o comentrio das assertivas, vamos calcular os preos e

    quantidades de equilbrio antes e depois do imposto:

    Antes do imposto:

    Funo oferta: qs=(1000/3)p Funo demanda: qd=(8.000 - (1000/3)p)

    Equilbrio: 1000p/3 = 8000 1000p/3 p = 12 qs=qd=4.000

    Depois do imposto:

    Funo oferta: qs=(1000/3)(p 3) Funo demanda: qd=(8.000 - (1000/3)p)

    Equilbrio: (1000p 3000)/3 = 8000 1000p/3 p = 13,5 qs=qd=3.500

    Agora, passemos para a anlise das alternativas:

    a) O peso morto corresponde rea do tringulo que tem como altura o valor da reduo de produo (considere que o tringulo est deitado) e

    como base o valor do imposto. Veja:

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