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NEGOCIAÇÕES E ARBITRAGEM INTERNACIONAL Aula 06, 07, 08 INTEGRAÇÃO REGIONAL: NOÇÕES ELEMENTARES PARA AUXÍLIO NAS NEGOCIAÇÕES E ARBITRAGENS INTERNACIONAIS ___________________________________________________________ ___________ 1.1.1 A Integração regional: Conceito e delimitação As formas de integração regional que estão sendo propostas hoje diferenciam-se bastante daquelas desenvolvidas e imprimidas ao longo da história das relações internacionais. No início dos tempos os Estados e reinos se aliavam meramente com objetivo de cooperação estratégica, para manutenção da paz entre suas fronteiras, e à medida que foi se desenvolvendo a noção de Estado-nação a noção de soberania absoluta e irrenunciável foi-se consolidando na compreensão das relações inter-estatais. Em todo esse tempo visualiza-se a prática da submissão de povos conquistados ou colonizados, a xenofobia e mais tarde o nacionalismo exacerbado e a desconfiança internacional alimentada por governos. É de se refletir que o Direito Internacional, embora de indiscutível concepção universalista, paradoxalmente surgiu em um contexto regional, disciplinando basicamente a relação entre os reinos europeus a partir da paz de Westfália. Por isso é possível afirmar que o Direito Internacional foi construído dentro do contexto de relações internacionais regionais dos Estados europeus e que com a ampliação da sociedade internacional, a concepção do Direito Internacional expandiu-se como um instrumento à disposição de toda a sociedade internacional, vertendo assim a sua concepção mundializada, firmada por aqueles pressupostos desenvolvidos pelos Estados, para regular suas relações regionais.

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NEGOCIAÇÕES E ARBITRAGEM INTERNACIONAL

Aula 06, 07, 08

INTEGRAÇÃO REGIONAL: NOÇÕES ELEMENTARES PARA AUXÍLIO NAS NEGOCIAÇÕES E ARBITRAGENS INTERNACIONAIS______________________________________________________________________

1.1.1 A Integração regional: Conceito e delimitação

As formas de integração regional que estão sendo propostas hoje diferenciam-se bastante daquelas desenvolvidas e imprimidas ao longo da história das relações internacionais. No início dos tempos os Estados e reinos se aliavam meramente com objetivo de cooperação estratégica, para manutenção da paz entre suas fronteiras, e à medida que foi se desenvolvendo a noção de Estado-nação a noção de soberania absoluta e irrenunciável foi-se consolidando na compreensão das relações inter-estatais. Em todo esse tempo visualiza-se a prática da submissão de povos conquistados ou colonizados, a xenofobia e mais tarde o nacionalismo exacerbado e a desconfiança internacional alimentada por governos.

É de se refletir que o Direito Internacional, embora de indiscutível concepção universalista, paradoxalmente surgiu em um contexto regional, disciplinando basicamente a relação entre os reinos europeus a partir da paz de Westfália. Por isso é possível afirmar que o Direito Internacional foi construído dentro do contexto de relações internacionais regionais dos Estados europeus e que com a ampliação da sociedade internacional, a concepção do Direito Internacional expandiu-se como um instrumento à disposição de toda a sociedade internacional, vertendo assim a sua concepção mundializada, firmada por aqueles pressupostos desenvolvidos pelos Estados, para regular suas relações regionais.

Por isso, no estudo das relações internacionais um dos acontecimentos mais significativos foi o amadurecimento dos processos de integração regional, que passaram de uma ação meramente de coordenação e aproximação entre Estados para uma integração mais aprofundada, afetando as bases das normas internacionais, suas fontes, princípios e formas de aplicação e trazendo novos mecanismos e institutos e relações entre os nacionais de diferentes Estados.

Assim, por conta desses fenômenos, o regionalismo passa a ser

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tema obrigatório no estudo do Direito Internacional e seu estudo fundamental para se compreenda os fenômenos contemporâneos que estão a modificar a estrutura do Direito Internacional.

Deve ser creditado inicialmente ao abade de Saint-Pierre Charles Irénée Castel que em 1713 e 1717, formulou um detalhado projeto para alcançar a paz perpétua na Europa, discurso mais tarde resgatado em 1761 por Jean Jacques Rousseau, e depois, a Immanuel Kant em 1795 onde sistematiza na obra “À Paz Perpétua” a elaboração de um ideal de união entre diferentes povos, imaginando a consecução da paz mundial através da criação de uma federação de Estados assentada sobre uma ordem jurídica global.

A propósito, a primeira manifestação real do regionalismo nos moldes que se idealizou na obra de kant e como se conhece hoje, deve ser creditada a ação concreta dos países da América Latina, quando em 1826 após a independência, sob liderança de Simon Bolívar, influenciado por aqueles escritos dos pensadores europeus, organizou o Congresso do Panamá onde os Estados tornados independentes decidiram estabelecer uma aliança regional através da assinatura de um “Tratado de União Liga e Confederação perpétua” que previa o estabelecimento de uma confederação de Estados através de um foro multilateral, traçar estratégias comuns para a região, de comércio, de aliança defensiva, livre circulação de pessoas, apoiados, sobretudo, por conta da conjuntura externa e também fundamentalmente dada a proximidade geográfica.1

A partir daqueles conceitos trazidos pelos países latino-americanos, mais tarde envolvidos pela construção do sistema interamericano, é que se desenvolveram em todo o mundo processos de organização regional que acabaram sedimentando na doutrina internacional o conceito da existência do regionalismo no Direito Internacional.2

O regionalismo pode ser definido como a ação internacional de Estados que, dada a proximidade geográfica, além de sua identidade histórica e cultural, pactuam acordo internacional no sentido de coordenarem estrategicamente suas ações em busca da solução de problemas que lhes são próprios e na consecução de objetivos comuns previamente estabelecidos no tratado.

1 Nesse sentido Antonio Remiro Brotóns, contextualiza: Dentro da ampla liberdade de disposição que as normas gerais reconhecem aos seus sujeitos, estes podem constituir no seio de sociedades particulares ou regionais uma ordem, instituições e mecanismos do mesmo caráter, particular ou regional. O Direito Internacional Americano (propriamente Latino-americano) foi um arquétipo do Direito Internacional Regional (BROTÓNS, Antonio Remiro. Universalismo, multilateralismo, regionalismo y unilateralismo en el nuevo orden internacional. Revista Española de Derecho Internacional. Madrid: Boletín Oficial Del Estado, v. LI-1999, n. I, enero-junio, 2000. p. 13 (tradução livre).

2 MENEZES, Wagner. Direito Internacional na América Latina, Curitiba: Juruá, 2007.

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Para Dinh, Daillier e Pellet, o regionalismo foi por muito tempo malvisto. Em razão disso, era camuflado pela tomada de posições regionais como “doutrinas”. Tal debate era superficial, uma vez que subestimava a origem européia regional das normas internacionais, reconhecendo a aplicação de tais regras na América Latina:

“O debate sobre o regionalismo internacional apresenta múltiplas facetas: política, econômica, ideológica, jurídica. Sob esse último ângulo, a questão central é a da oportunidade do regionalismo jurídico sob o ponto de vista internacional geral: favorecer as instituições regionais e reforçar o “corpus” das normas regionais é parecer querer evitar os mecanismos universais e travar a adoção de regras de alcance geral; mas é, também, dispor de um laboratório de idéias e de práticas, antecipação experimental graças à qual permitem-se novos progressos no âmbito mundial (...)

(...) Mas o regionalismo já não é apenas uma reação a um ambiente internacional desfavorável. É também um fenômeno positivo que traduz solidariedades mais estreitas do que no âmbito universal. Dá origem, no mínimo, a uma rede bastante densa de relações de cooperação e a mecanismos de controle vinculativos para os Estados (proteção dos direitos do homem no quadro do Conselho da Europa, ou a C.S.C.E.). Em certas conjunturas particulares, o regionalismo permite o aparecimento de ordens jurídicas de tal modo específicas que, por vezes, se hesitou em ver nelas elementos do Direito Internacional.3

O fenômeno do regionalismo se desenvolve em um ambiente no qual se respeitam determinadas características locais e peculiaridades regionais, e se sustenta sobre princípios e pressupostos localmente reconhecidos como aceitos por aquela comunidade regional, ou ainda, em função dessa dinâmica, fazendo surgir outros princípios que norteiam as relações entre os Estados. O regionalismo envolve então um conjunto de fenômenos não só marcados pelo estabelecimento de estratégias regionais de cooperação, mas por um processo mais aprofundado de integração entre os blocos econômicos.

O desenvolvimento de um sistema geograficamente estratificado, que demarcava as relações internacionais em uma certa região, como na ex-União Soviética, África e América, proporcionou o debate sobre a consonância ou oposição entre o regionalismo e o sistema internacional mais amplo.

O marco de surgimento de movimentos regionais influenciou inclusive a redação da Carta das Nações Unidas, cujo Capítulo VIII

3 DINH, Nguyen Quoc; DAILLIER, Patrick; PELLET, Alain. Direito internacional público. Tradução de Vítor Marques de Coelho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999. p. 67-68).

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tratou especificamente sobre o tema.4, 5 A Carta, de forma inequívoca, estimula a assinatura de acordos para o desenvolvimento de ações regionais em conformidade com os propósitos das Nações Unidas.6

De fato, a Carta das Nações Unidas não chega a conceituar objetivamente o regionalismo, mas faz menção generalizada a acordos ou entidades regionais que se destinam a tratar de manutenção da paz, mediante ação regional e que sejam compatíveis com os propósitos das Nações Unidas. Nesse contexto, submete a ação regional à manutenção da paz e a segurança internacional ao Conselho de Segurança.

É certo que o exemplo das experiências de integração na Europa e na América Latina evidenciam que o regionalismo não se constitui um obstáculo ao universalismo ou às relações globais, pois o regionalismo assume os problemas próprios dos Estados de uma região, mas serve como trampolim para expressá-los em foros globais ou para estabelecer um posicionamento sobre temas universais.7

Sem dúvida o desenvolvimento de esquemas regionais de relação entre Estados segue regras do Direito Internacional, como a utilização de tratados, princípios e de mecanismos de prevenção de litígios. A criação de mecanismos característicos regionais e até de microssistemas, como é o caso do Direito Comunitário, ou mesmo do Direito Americano, não é razão suficiente para se afirmar que tais experiências se contrapõem ao conjunto normativo do Direito Internacional ou que se constituem em um ordenamento totalmente autônomo diferenciado. Pelo contrário, essas experiências são em sua

4 RANGEL, Vicente Marotta. Direito e relações internacionais – textos coligidos, ordenados e anotados. 8. ed. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 27 e ss.

5 MENEZES, Wagner. Direito internacional: legislação e textos básicos. Curitiba: Juruá, 2001. p. 106.6 A Carta não chega a estabelecer um conceito fechado de regionalismo, deixando aberta a

interpretação sobre a modalidade de cada projeto, o que, na opinião abalizada do professor Vicente Marotta Rangel, leva a uma perspectiva imprecisa, e por isso esclarece que: “Os motivos entendem com a própria indecisão da terminologia que concerne às diferentes manifestações, normativas e institucionais, do regionalismo internacional. Ainda mais. Têm eles raízes também no desejo das principais nações, presentes em São Francisco, de manterem de tal sorte vaga a noção de acordo regional, que permanecessem intactos os compromissos anteriormente assumidos, ou que, de futuro, viessem a assumir (RANGEL, Vicente Marotta. Do conflito entre a Carta das Nações Unidas e os demais acordos regionais. São Paulo: Saraiva, 1954. p. 83-84).

7 Nesse sentido, António Truyol y Serra sustenta que: “O universalismo não constitui pois um obstáculo ao regionalismo internacional, que dá lugar a comunidades dentro da sociedade internacional. Exemplo clássico disso é o pan-americanismo, que se plasmou institucionalmente na União Pan-Americana, com conferências, e no estabelecimento da Organização dos Estados Americanos. Uma tendência semelhante ao regionalismo manifestou-se, se bem que com menos continuidade e eficácia institucional, entre os países árabes (Liga Árabe, 1945) e, em geral, afro-asiáticos (Conferência de Bandung, 1955).Precisamente, assistimos hoje a um fortalecimento de acordos regionais estáveis, de estruturas comunitárias parciais, dada a dificuldade dum acordo no plano universal, que resulta da diversidade cultural, política, econômica e social entre povos de tão diversa procedência e tradição como os que hoje constituem a sociedade internacional. No fundo, isso não é senão a confirmação do que reiteradamente comprovamos ao longo da nossa digressão histórica, isto é: que a intensidade dos vínculos jurídico-internacionais está em função da afinidade cultural das partes. Quanto mais fatores comuns haja entre elas, mais firme e estável será a ordem da convivência (TRUYOL Y SERRA, António. 1962, p. 207).

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essência normas para regular a relação entre Estados, motivo pelo qual servem para dinamizar o Direito Internacional, enriquecendo-o com novos institutos jurídicos, e outras regras da relação entre o Direito Internacional e o Direito Nacional, novos princípios que acabam sendo aplicados universalmente.

1.1.2 A Ordem Econômica Internacional como motor do processo de integração

A ação regional dos Estados teve avanço em 1945 a partir da sistematização de uma ordem econômica internacional, e guarda com ela uma relação bastante estreita, pois inspirada nas experiências do processo de aproximação regional, passou a apoiar bases para uma integração regional e econômica, ou seja, um regionalismo político sedimentado sobre bases econômicas.

Para que se comprenda o contexto da sedimentação de uma Ordem Econômica internacionalizada, deve-se voltar-se para o período de término da Segunda Guerra, quando os países de orientação capitalista imaginavam criar uma ordem econômica que possibilitasse o desenvolvimento econômico em todo o mundo, ao mesmo tempo em que organizasse e aquecesse a economia que sentia e se ressentia dos dissabores da guerra.8

O encontro, que é o ponto de partida para a criação de uma ordem econômica internacionalizada, ocorreu em 1944, em Bretton Woods, estado de New Hampshire, Estados Unidos, onde, sob a liderança deste, estiveram presentes representantes de 45 países não-comunistas, que decidiram criar um sistema que possibilitaria a reforma do sistema monetário internacional, diminuiria as barreiras comerciais entre os Estados e financiaria o desenvolvimento dos países destruídos pela guerra.

A nova ordem econômica, implementada a partir de então, foi assentada sobre um tripé basilar, que seria o ponto de partida para regulamentação internacional da economia: moeda, finanças e comércio. Houve consenso entre os países de se criar um fundo monetário internacional – FMI – que pudesse resguardar as economias nacionais contra crises cambiais; um banco que financiasse o desenvolvimento e a reconstrução européia – BIRD; e uma

8 “Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o grande desafio a ser enfrentado pelos países ocidentais vencedores era a construção simultânea de uma paz duradoura e de um novo modelo de sociedade capitalista. Esperava-se que essa nova institucionalidade não produzisse uma instabilidade política e econômica que levasse ao avanço do socialismo, então enormemente fortalecido. Para alcançar esses objetivos era preciso construir uma ordem econômica internacional que estabelecesse regras sob as quais as forças de mercado pudessem atuar, permitindo a previsibilidade das estratégias de investimentos empresariais. Por outro lado era necessário estabelecer salvaguarda para evitar que os países europeus mais afetados pela guerra pudessem ser levados a crises ou à estagnação econômica, que colocariam em risco a estabilidade dos países de influência ocidental.” GONÇALVES, Reinaldo et al. A nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira, p. 55.

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organização internacional que regulamentasse os fluxos comerciais, a Organização Internacional do Comércio – OIC. 9

O FMI foi criado na forma de organização internacional, mais especificamente um organismo subordinado à ONU, cujo poder de voto dos membros é baseada no valor da quota de participação de cada Estado10, e seus objetivos eram supervisionar o cumprimento, por parte das nações, de um conjunto estabelecidos de regras de conduta em comércio internacional e finanças e prover facilidades para tomadas de empréstimos por parte das nações que se encontrassem em dificuldades temporárias com relação aos seus balanços de pagamentos. Os países que se filiassem ao FMI – hoje mais de 170 – eram obrigados a fixar suas moedas com relação ao dólar, que por sua vez era fixado com base no padrão ouro.11

O FMI impõe aos Estados, que recorrem aos seus empréstimos, um “código de boa conduta” que deve ser cumprido e por isso é muito criticado pelas constantes intervenções e palpites que acaba dando na economia dos Estados, acarretando-lhe, inclusive, a responsabilidade por constantes violações no princípio da não-intervenção.12 O Banco mundial – BIRD – foi organizado em forma de

9 Para Celso FURTADO, Ordem Econômica Internacional é caracterizada pelo: “conjunto de regras, aceitas de bom ou mal grado, que chamamos de Ordem Econômica Internacional (OEI) e reflete a estrutura de poder que define e impõe a divisão internacional do trabalho. Essas regras traduzem relações simétricas de interdependência e, também, relações dessimétricas de dominação-dependência. Sua existência e aceitação explicam a operacionalidade de um sistema econômico global, no qual se integram, em graus e formas diversos, todas as economias nacionais. Pelo menos a décima parte do produto conjunto dessas economias – e aí se inclui parte substancial da produção mais qualificada do ponto de vista tecnológico – transita pelos canais internacionais e é fora de qualquer dúvida que, sem esse andar superior da divisão social do trabalho, a produtividade seria substancialmente mais baixa em todos os sistemas econômicos nacionais.” FURTADO, Celso. Transformação e crise na economia mundial, p. 121-122.10 “Ao passar a integrar o FMI, cada nação participava com uma quota baseada em sua importância econômica e no volume de seu comércio internacional. A extensão da quota da nação determinava o seu poder de voto e a capacidade de tomar empréstimo do Fundo. O total de subscrições do fundo em 1944 foi estabelecido em US$8,8 bilhões. Como nação mais poderosa, os Estados Unidos obtiveram de longe a maior quota, 31%. A cada cinco anos as quotas deveriam ser revistas para refletir as mudanças na importância econômica relativa e no comércio internacional das nações –membro. [...] Ao se tornar membro do FMI, a nação tinha de pagar 25% de sua quota ao fundo em ouro, e o restante em sua própria moeda. Ao tomar empréstimo do Fundo, a nação obteria, deste, moedas conversíveis aprovadas pelo Fundo em troca de depósito de quantidade equivalente (e adicional) de sua própria moeda no Fundo, até que este não detivesse mais do que 200% da quota da nação em moeda desta última.” SALVATORE, Dominick. Economia Internacional, p. 393.11 Conforme descreve Peter B. KENEN: “Segundo as cláusulas do acordo do Fundo Monetário Internacional, adotadas em Bretton Woods, os governos que fizessem parte do fundo seriam obrigados a fixar suas moedas com relação ao ouro ou ao dólar norte-americano (que por sua vez, tinha o câmbio fixo em US$ 35 por onça). O FMI tinha que aprovar as taxas de cambio iniciais e a maioria das alterações efetuadas posteriormente. Para justificar uma variação em sua taxa de câmbio, um governo teria que demonstrar ao FMI que estava enfrentando um “desequilíbrio fundamental” em seu balanço de pagamentos. KENEN, Peter Bain. Economia Internacional: teoria e política, p. 512.12 Carlos Arellano GARCIA tece as seguintes críticas: “O FMI faz empréstimos quando surgem problemas nas balanças comerciais dos Estados, mas, adicionalmente, formula exigências que os países se vêem obrigados a aceitar. [...] O FMI exige que os países em desenvolvimento se adeqüem aos interesses dos grandes centros financeiros, principalmente dos EUA.” GARCIA, Carlos Arellano. Segundo Curso de Derecho Internacional Público, p.835.

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organismo internacional, ligado à ONU no mesmo formato do FMI e teve papel importante na reconstrução européia e consolidação da CEE, e ampliou ainda mais sua competência para financiar também projetos nos países em desenvolvimento.13

A Organização Internacional do Comércio – OIC –, acabou não vingando, pois recebeu oposição do senado americano, que não autorizou a ratificação dos EUA, temendo afetação de sua soberania. De qualquer forma, os arquitetos do Tripé de Bretton Woods, entendiam que era preciso uma forma de internacionalizar e centralizar o comércio mundial em conjunto com as outras duas frentes. Foi quando se concebeu em Genebra, em 1947, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – GATT.

É de se destacar que o GATT não foi uma organização internacional, mas um foro de negociações comerciais e de liberalização de tarifas alfandegárias, onde os Estados, usando desse foro conjunto, negociariam através de rodadas realizadas periodicamente. As regras fundamentais para os países que participassem do GATT eram as seguintes, conforme enumera John WILLIAMSON: “1) não aumentar as tarifas; 2) não impor restrições quantitativas (cotas); 3) assegurar a condição da ‘nação mais favorecida’ a todos os outros membros do GATT.”14

Além dessas regras, vale destacar, também, que às relações entre parceiros do GATT se aplicavam dois princípios basilares: a) o princípio do tratamento nacional, que previa que após o ingresso de produto estrangeiro em um território de um Estado, este deverá dar a ele o mesmo tratamento nacional que um outro produto produzido no seu território e, b) A Cláusula da Nação mais favorecida que previa que...

Sob essa perspectiva, não é difícil perceber que a aplicação da clausula da nação mais favorecida, que era uma garantia no sistema multilateral do comércio previsto pelo GATT, em certos aspectos, poderia ser perigosa para setores da economia de Estados se estes pactuassem acordos setoriais onde submetessem seus produtos a disputar espaço com países competitivos, e em razão disso ao invés de incrementar poderia intimidar o comércio entre os Estados. Por isso, antevendo isso e como forma de propiciar a possibilidade de acordos comerciais regionalizados o GATT em seu artigo XXIV previu uma exceção a cláusula da nação mais favorecida:13 “À época de sua criação, o Banco Mundial foi concebido como um instrumento para ajudar na reconstrução das economias européias afetadas pelo esforço de guerra. Na prática, contudo, esse papel ficou a cargo do chamado Plano Marshall, e o Banco passou a lidar de modo crescente com o tema do ‘desenvolvimento econômico’, e a atuar, sobretudo, junto a países subdesenvolvidos. Formalmente, seu propósito era o de prover capital para investimentos que permitissem elevar a produtividade, o padrão de vida e as condições de trabalho nos países-membros.” GONÇALVES, Reinaldo et al. A nova Economia Internacional: uma perspectiva brasileira, p. 283-284.14 WILLIAMSON, John. A economia aberta e a economia mundial; um texto da economia internacional, p. 278.

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A leitura do dispositivo ajuda a compreender a gênese do processo de integração econômica regional e o motivo da criação de vários blocos econômicos a partir de 1947, pois prevê uma exceção a aplicação do princípio da clausula da nação mais favorecida, ao mesmo tempo em que encoraja os Estados a formularem acordos de eliminação de barreiras tarifárias com parceiros de uma data região geográfica.

               O art. XXIV afasta o princípio da não-discriminação autorizando a criação de acordos regionais com benefícios tarifários não extensíveis aos demais membros do sistema mundial do comércio: O GATT 1947 entende que as zonas de livre-comércio e as uniões aduaneiras estabelecidas por meio de acordos regionais representam um complemento ao livre comércio mundial, não alterando o conteúdo dos seus dispositivos.

Aceita-se a integração das economias de uma determinada região, desde que determinadas condições sejam preenchidas como: a) não utilização da integração para impor barreiras ao restante das partes contratantes; b) eliminação dos obstáculos relativos a parcela representativa do comércio da região e; c) tarifas e outras regras não podem ser mais restritivas que antes do processo de integração d) que a constituição do bloco seja comunicada a OMC.

Os Estados submetidos aos riscos da competitividade do comércio mundial, enxergaram no artigo XXIV do GATT a oportunidade de conceder em nível de negociação tarifária e comercial, as reduções de tarifas internacionais que fossem interessantes, desde que pudessem negociar ganhos setoriais com a sua redução, e passaram a estabelecer acordos de comércio visando criar zonas de livre comércio ou união aduaneira.

Assim, os blocos econômicos a maneira que compreendemos hoje, foram decorrentes das experiências de integração regional política decorrentes do dinâmico avanço das relações internacionais, mas não se pode ignorar que a institucionalização dos blocos são inspirados a partir das diretrizes fornecidas pelo GATT como uma estratégia de desenvolvimento comercial internacional. A OMC que absorveu os acordos do GATT mantém um controle do sistema de integração regional, como pauta do desenvolvimento do comércio mundial.

1.1.3 A Integração Regional Econômica

        Estudos econômicos situam o advento do regionalismo econômico a partir do século XVI quando tratados estabeleceram acordos preferenciais de comércio como o tratado de Methuen de 1703 e o tratado de Cobden em 1860, tendo se constituído nesse

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período diverso modelos de união aduaneira, suscitando debates econômicos sobre o tema.

Conforme já observado, é só a partir de 1947, com o desenho de uma ordem internacionalizada e com o patrocínio do GATT que desenhou normativamente os modelos dos processos de integração é que a integração econômica tomou forma e passaram a ser constituídos os blocos econômicos dentro de um marco institucional e desde então, seu estudo tem sido abordado de forma científica e sistemática, não só do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, jurídico em razão dos impactos normativos sobre o direito interno dos Estados.

As razões que motivam essa tendência de criação de blocos econômicos são várias e podem ser analisadas em razão de caráter político, cultural, econômico e ainda geográfico.

Para Peter Robson a maioria dos grupos econômicos são criados e apoiados em parte por razões políticas e por isso, o elemento político como fator para compreensão do processo de integração não deve ser desprezado e, nesse contexto o que motiva os Estados a imergirem em um processo de integração é a perspectiva de vantagens econômicas, sob a forma de um aumento de nível ou da taxa de crescimento da produção ou de algum dos seus componentes. 15

Nesse sentido, as vantagens econômicas motivadoras da integração regional que podem ser apontadas são:

“a) aumento de produção como conseqüência da especialização realizada de acordo com vantagens comparativas;

b) aumento de produção como consequência de um melhor aproveitamento das economias de escala;

c) melhoria dos termos de troca do grupo com o resto do mundo;

d) mudanças forçadas na eficiência causadas pelo aumento de concorrência dentro do grupo;

e) mudanças induzidas pela integração afetando a quantidade e a qualidade dos fatores de produção; tais como o aumento do fluxo de capitais e mudanças na taxa de avanço tecnológico.”16

15 ROBSON, Peter. Teoria Econômica da Integração Internacional, Tradução de Carlos Laranjeiro, Coimbra: Coimbra Editora, 1985, p. 13-14. 16 Idem, p. 14.

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A integração econômica envolve um dinâmico processo onde são eliminadas gradativamente e setorialmente as barreiras de circulação dos produtos de um país para outro, ao mesmo tempo em que, nesse espaço, em razão da proximidade geográfica onde são produzidas as mercadorias, estas acabam chegando a um preço menor ao consumidor final, não só pelos custos de produção, mas em razão também da eliminação das tarifas alfandegárias que podem repercutir no preço final dos produtos.

Eduardo Felipe Matias conceitua a integração regional, apontando:

“quando se fala em integração, pensa-se predominantemente na integração econômica. Essa pode ser definida como “o processo de criação de um mercado integrado, a partir da progressiva eliminação de barreiras ao comércio, ao movimento de fatores de produção e da criação de instituições que permitam a coordenação, ou unificação, de políticas econômicas em uma região geográfica contígua ou não”. A integração econômica aprofunda os vínculos entre os Estados que dela participam, aumentando ainda mais a sua interdependência. O seu principal resultado é a intensificação da cooperação e o surgimento de um espaço econômico unificado”. 17

Os blocos econômicos de integração regional podem ser definidos como o processo segundo o qual Estados, de um dado espaço geográfico comum, se unem para integrar setores de sua economia, arregimentar parceiros comerciais e implementar práticas mercantis que possuam repercussões transnacionais, com a abertura comum de suas fronteiras e integração de sua economia.

1.1.4 Elementos conceituais da integração econômica

A integração regional econômica conforme demonstrado acima, por ser expressão da Ordem Econômica Internacional possuiu uma dialética própria nas discussões normativas e técnicas administrativas, com termos que são bastante utilizados nos processo de integração, conhece-los é importante para análise e leitura do entendimento do contexto em que são realizados os debates sobre o processo de integração, principalmente nos conflitos intra-bloco entre os Estados-membros. A seguir de forma objetiva serão conceituados termos mais comumente utilizados: 18

a) Direitos tarifários: são direitos aduaneiros aplicados as mercadorias importadas. Podem ser ad valorem (uma porcentagem do valor0 ou específicos ( por exemplo 7 dólares por 100 Kg). A

17 MATIAS, Eduardo Felipe P. A humanidade e suas fronteiras: do Estado soberano à sociedade global. São Paulo: Paz e Terra, 2005. p. 284-285.

18 Fonte: glossário da OMC - Organização Mundial do Comércio.

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imposição de direitos tarifários sobre um produto importado supõe uma vantagem de preço para um produto nacional similar e constitui para o Estado uma forma de obter divisas.

a) Barreiras tarifárias: medida protecionista adotada por um país pelo qual se impõe altas tarifas para o ingresso de um produto em seu território, inibindo assim a competitividade e impondo obstáculo a possibilidade de ingresso de um produto estrangeiro com condições de disputa no mercado. Por exemplo,

b) Barreiras não tarifárias: regulamentação de natureza não fiscal do comércio através da imposição de exigências técnicas e fito-sanitárias, cujo escopo principal é limitar a quantidade de importação de mercadorias de outro Estado. Por exemplo, o conjunto de normativas sobre standart técnicos de segurança ambiental, sanitários, etc. que acabam inviabilizando o cumprimento dos requisitos pelos produtores de um outro país.

c) subsídios: são vantagens concedidas pelo estado a determinados setores de sua economia que fazem com que haja incorreção do preço no mercado internacional fazendo com que o produto seja produzido a um menor custo. Existem dois tipos de subsídios a exportação e à importação. Os primeiros constituem um beneficio conferido a uma empresa pelo governo pelo governo que esta supeditado as exportações. O segundo constitui um beneficio que não esta diretamente vinculada às exportações.

d) medidas compensatórias: são adotadas por um estado, geralmente em forma de um aumento dos direitos, com o objetivo de combater os subsídios concedidos pelo país exportador aos produtos ou aos exportadores.

e) Dumping: ilícito econômico internacional que consiste na prática da venda de um produto no exterior a um preço inferior aquele praticado no mercado de origem, inferior aquele que se vende no mercado interno e em terceiros países, abaixo do custo de produção, com a finalidade de quebrar a concorrência neste mercado.

f) Anti-dumping: medida adotada para neutralizar a prática do dumping, que, se feita de forma lícita diante de um dumping real, permite que o Estado que seja vítima do dumping possa sobre-taxar os produtos importados pelo valor do dumping apurado e praticado. Valores equivalentes à diferença entre o preço da exportação das mercadorias e seu valor normal.

g) Restrições quantitativas: Limitação na quantidade ou no valor de produtos a serem importados ou exportados durante um período determinado.

h) medidas de salvaguarda: cláusula prevista nos tratados

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comerciais, que permite a um Estado pactuante a adotar um regime tarifário mais oneroso ou limitação quantitativa de produtos advindos de outros países cuja importação pode causar efeito negativo a um setor econômico vital similar. Justifica-se para fazer frente a importações ou a queda de preços.

i) Importações paralelas: situação em que um produto fabricado legalmente no estrangeiro (sem ser pirata) é importado sem permissão do titular do direito de propriedade intelectual.

j) regras de origem: Leis regulamentos e procedimentos administrativos pelo qual se determina o país de origem de um produto. Da decisão da autoridade aduaneira sobre a origem da partida do produto depende, por exemplo, que ela se inclua em um contingente, pode beneficiar-se e uma preferência tarifária. Essas normas variam de um país para outro.

Minha opinião é que...

1.2. Institucionalização dos Blocos Regionais de integração Econômica

No curso regular de Direito Internacional Público, se estuda que os Estados se associam, com base no princípio da cooperação, com a finalidade de perseguir determinados objetivos comuns, de caráter social, político, econômico cultural, dando origem com essa iniciativa a um novo sujeito da sociedade internacional: as organizações internacionais.

De maneira geral, essas coletividades interestatais são instituições geradas pela vontade criadora dos Estados, mediante a celebração de um Tratado, dotada de um estatuto e de órgãos próprios, que funcionam para a consecução de um determinado objetivo comum a todos os Estados-membros.

Para Angelo Piero SERENI, organização internacional é:

[...] uma associação voluntária de sujeitos de direito internacional, constituída por ato internacional e disciplinada nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui um ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais realiza as finalidades comuns de seus membros mediante funções particulares e o exercício de poderes que lhe foram conferidos.19

Destas definições depreendem-se características essenciais de uma organização internacional, assim consideradas: 1) são

19 Citado por MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, p. 583.

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associações livres entre Estados; 2) surgem a partir de uma convenção internacional; 3) possuem personalidade jurídica internacional; 4) possuem um objeto de trabalho próprio e definido; 5) possuem um ordenamento jurídico próprio que regula a sociedade de Estados; 6) possuem órgãos próprios para executar seus objetivos; 7) possuem uma estrutura que se distingue da estrutura dos Estados membros.20

Esta flexibilidade no funcionamento das organizações internacionais é que permitiu que as organizações internacionais adquirissem um grande espaço como sujeito do Direito Internacional no cenário contemporâneo e, além disso, que se reciclassem, buscando novos objetivos, aproximando os Estados, produzindo novas normas de Direito Internacional, representando uma mudança no aspecto material e formal do Direito Internacional contemporâneo.

Nesse aspecto a experiência do surgimento e da atuação das organizações internacionais, baseada em um sistema para regulamentar a cooperação entre os Estados dentro de um marco normativo internacional, foi utilizada como modelo e base para que os Estados, ao regulamentar um acordo econômico estabelecendo um espaço econômico de circulação de mercadorias optassem pela reprodução de seu modelo institucional, a partir da celebração de um tratado, criando órgãos, estabelecendo mecanismos e dotando o bloco econômico de personalidade jurídica.

Assim, a integração econômica absorveu o modelo de institucionalização das organizações internacionais, contudo, acabou por oferecer um novo modelo de organização internacional, não mais apenas de cooperação, mas para a integração econômica.

Cabe advertir, no entanto, que essa não é uma regra, como se verá adiante, certos blocos econômicos nem sempre caminham para essa tendência, alguns Estados preferem um nível de integração superficial, menos institucionalizado, onde o processo de integração é regulamentado por tratados e por sucessivas reuniões onde são negociadas metas e tarifas. De qualquer forma o fato indiscutível de que aqueles blocos econômicos que obtiveram os melhores resultados foram institucionalizados e se colocam como importantes atores da sociedade internacional.

As organizações internacionais de cooperação se caracterizam por ser uma sociedade mais aberta entre Estados, já as organizações regionais para fins de integração econômica os Estados adotam os mesmos pressupostos que uma organização internacional clássica, possuindo, no entanto, algumas peculariedades que os caracterizam e o diferenciam das demais organizações internacionais, permitindo uma relação mais intrincada e mais aprofundada entre seus sujeitos e

20 MENEZES, Wagner. Ordem global e transnormatividade, Ijui: Editora Unijuí, 2006.

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consequentemente desdobramentos jurídicos, afetando inclusive o direito interno dos Estados.

1.2.1 Classificação das Organizações Internacionais: contexto no qual se situam os blocos econômicos de integração regional

Não existe uma classificação consensual entre autores de Direito Internacional sobre as organizações internacionais. Vários são os enfoques dados para a classificação nos diversos manuais de Direito Internacional, o que não impede de se reproduzir mais uma proposta para classificação das organizações internacionais, identificando as modalidades mais trabalhadas pelos autores.

É de se advertir que, por causa da sua diversidade e, ao mesmo tempo, semelhanças estruturais, certas organizações possuem características múltiplas podendo ser inseridas em uma classificação ou outra e que a presente classificação leva em conta o objeto principal de cada organização internacional, segundo a configuração jurídica dada por seu estatuto jurídico.

Com o objetivo de situar os blocos de integração econômica neste cenário é que se propõe a seguinte classificação das organizações internacionais, entre: a) Organizações de cooperação interestatal; b) organizações especializadas; c) Organizações para integração regional econômica.

1.2.1.a Organizações de cooperação interestatal

A existência de qualquer organização internacional pressupõe a união de Estados para consecução de um determinado objetivo, dentro da idéia de união de esforços entre os mesmos, ou seja, é pressuposto de toda organização internacional desenvolver a cooperação entre os seus membros para alcançar um determinado objetivo.

Não obstante, certas organizações pretendem claramente estabelecer uma aliança de cooperação aberta, sem um aprofundamento ou dinâmica integracionista maior. As organizações de cooperação são aquelas criadas com objetivos mais abertos de ajuda e controle mútuo, sem rigidez jurídica ou um processo de integração mais aprofundado e sem estar vinculado a nenhuma outra organização.

Pode-se citar, como exemplo desse tipo de aglomeração interestatal, a Organização dos Países Produtores de Petróleo – OPEP; a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN; a Organização das Nações Unidas – ONU; Organização dos Estados Americanos –

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OEA, entre outras.

1.2.1.b Organizações especializadas

As organizações especializadas são aquelas criadas para cumprir uma finalidade determinada, com objetivo claramente definido, e que a doutrina convencionou chamar de organismos internacionais especializados aquelas organizações internacionais que, por uma disposição própria e livre de seu Estatuto, vinculam-se à ONU, com o objetivo de promover uma ação mais integrada e efetiva no cumprimento de seus objetivos iniciais.

O fundamento jurídico que estabelece esta ligação está fundamentado em dois dispositivos da Carta das Nações Unidas, em seu art. 57 e 63. O artigo 57 da Carta das Nações Unidas abre a perspectiva às várias entidades criadas por acordos intergovernamentais e com amplas responsabilidades internacionais definidas em seus instrumentos básicos e que tenham atuação no campo econômico, social cultural, educacional, sanitário etc. O artigo 63 da Carta das Nações Unidas, por sua vez, disciplina a forma de adesão dessas organizações especializadas, atribuindo a competência ao Conselho Econômico e Social em estabelecer acordos com essas organizações que desejarem ficar subordinadas à ONU que estarão sujeitos à aprovação da Assembléia Geral, ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de coordenação da atividade dessas organizações, através de consultas e recomendações à assembléia geral e aos membros das Nações Unidas.

Os organismos internacionais, embora subordinados à ONU, possuem uma atuação destacada no cenário internacional, muitos dos quais, pela sua especialidade, muitas vezes parecem equiparados em importância à própria ONU. Neste sentido, vários organismos preparam convenções que são acatadas por uma grande gama de Estados (que talvez não atingissem trabalhando de forma isolada) na Assembléia Geral da ONU e podem, inclusive, influenciar a produção normativa de regras que deverão ser perseguidas pelos Estados.

Conforme descreve Benedetto CONFORTI:

“Também as instituições especializadas, como as Nações Unidas, emanam costumeiramente recomendações ou predispõem projetos de convenções e então exaurem sua atividade em uma fase em que há pouca relevância jurídica. Em alguns casos, porém, eles emanam, em sua maioria, decisões vinculantes para os Estados membros, ou melhor (como no caso das ICAO da OMS, etc.) decisões que se tornam vinculantes se os Estados não manifestarem, dentro de um certo período de tempo, a vontade de repudiá-las. Tais

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decisões vão de fato enquadrar-se entre as fontes previstas do acordo, ou seja do acordo institutivo da relativa organização.”21

Os organismos internacionais especializados desempenham um papel preponderante no cenário internacional contemporâneo e suas atividades têm contribuído para modulação de um mundo melhor e para o surgimento de regras e linhas de ação que muito têm contribuído para a sistematização de um Direito Internacional voltado para o desenvolvimento da sociedade internacional.

Podem ser citados como organismos internacionais especializados a Organização Mundial da Saúde – OMS; a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO; o Fundo Monetário Internacional – FMI; o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD; Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO; Organização Internacional do Trabalho – OIT, entre outros organismos.

1.2.1.c Blocos econômicos de integração regional.

Conforme já definido, quando Estados de um dado espaço geográfico comum se unem para integrar setores de sua economia, arregimentar parceiros comerciais e implementar práticas mercantis e integração de sua economia, acabam celebrando um tratado onde esta prevista a criação de uma organização internacional para conduzir o processo de integração.

Como se verá especificamente adiante os Estados europeus foram os precursores desse tipo de organização para fins de integração regional econômica e que acabou influenciado outros Estados, das mais diferentes regiões do mundo, buscaram os mesmos caminhos, o mesmo modelo.

Dado altamente importante que deve ser observado é que os blocos de integração regional, pela necessidade de integração da legislação e pela proximidade geográfica, acabaram por criar um sistema normativo próprio, sem dúvida derivado do Direito Internacional, pois foram assentados através de tratados e regras peculiares de uma organização internacional, mas com peculiaridades próprias de aplicação de normas que fugiam do sistema internacional clássico de aplicação do Direito Internacional público, na relação com o direito interno, em razão de um conjunto de fatores, como suas fontes, elementos como a supranacionalidade e por mudar o enfoque de soberania concebido no século XVIII.

1.2.2 Blocos econômicos institucionalizados e o

21 CONFOTTI, Benedetto. Diritto Internazionale, p. 154.

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integracionismo

A integração regional é, portanto, um processo novo a compor um cenário internacional diferenciado, desagregado de conceitos e pré-conceitos históricos sobre os quais se sedimentou o Direito Internacional clássico. A integração econômica é fundamentalmente amparada pelo direito não mais meramente de cooperação para o qual o Direito Internacional clássico sempre serviu, mas com uma nova nuança e um novo objeto – o Direito da Integração, que oferece com outros mecanismos jurídicos, como a harmonização legislativa entre diferentes ordenamentos jurídicos, mecanismos próprios de solução de controvérsias com a criação de tribunais especializados.

Pode-se afirmar, contudo, que embora sejam organismos internacionais, os blocos e integração representam uma avanço, um novo modelo de aliança entre os Estados rompendo com os paradigmas do próprio direito internacional público, estabelecendo novos mecanismos, novas formas de se interpretar o direito, que contribuem para o seu amadurecimento.

Agora as organizações, não são baseadas só no princípio de cooperação, mas, além disso, estabelecem uma relação mais intrincada, uma relação mais aprofundada, com base em uma solidariedade econômica, social, cultural , histórica e regional que acabam por causar profundos impactos no ordenamento jurídico internacional e além disso no direito interno dos Estados.

Esse novo modelo pode ser visualizado, sobretudo na analise jurídico normativo da construção da União européia que ultrapassando o modelo de cooperação até então existente entre organizações internacionais e fornece um novo modelo de aproximação entre os estados.

Exemplo ilustrativo

Distinção entre ONU OEA MERCOSULSão organizações internacionais?

Sim Sim Sim

São expressões do regionalismo?

Não Sim Sim

São blocos de integração regional?

Não Não Sim

Não se nega a condição de serem os blocos de integração regional organizações internacionais, mas note-se que a partir do desencadeamento do processo de integração no âmbito de uma organização internacional com esse fim, um aprofundamento maior das relações entre os estados que afetam as mais diversas áreas e que a medida que se aprofunda, um conjunto maior de regras e

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normativas é necessário para disciplina-lo o que podemos chamar de integracionismo.

O integracionismo é a tendência de aliança entre estados de forma mais intrincada e que produz repercussões nas sociedades dos estados membros, gerando por conseguinte repercussões no campo do Direito. O que antes era só uma aliança solta, passa a integrar um conjunto maior de temas e haver, por conta disso, um intrincamento maior dos sistemas jurídicos e normativos dos Estados e entre os Estados que compõem os chamados blocos de integração regional.

1.3. Elementos fundamentais que caracterizam institucionalmente um bloco econômico

É possível compreender institucionalmente um bloco eocnômico a partir de elemtnos que o compõem, é possível definir seus contornos institucionais e a repercussão para oum estado e para o seu direito e cidadãos de acordo com o nível de integração que se propõe.

Os estados optam pelo modelo e grau de integração que darão ao bloco de acordo com a opção que fazem, optando por um ou outro elemnto na condução do processo de integração, podendo ser citado o nível do processo de integração; o modelo de tranferência de porder as insttuiçòesou orgãoes e o método de integração normativa.

A compreensão e o entendiomento desses elemntos permite fazer depois uma leitura mais aprofundada dos modleos do processo de integração, daí a importância de seu estudo a seguir.

1.3.1.As fases da integração econômica

Os blocos econômicos não são iguais, existem níveis no aprofundamento do processo de integração que acabam repercutindo no formato de um bloco ou de outro e ainda no grau de aprofundamento na relações entre os estados membros e no grau de repercussão normativa que serão adotadas.

Deve ser creditado a Bella Balassa um estudo teórico que identifiou esses níveis no processo de integração em um estudo realizado em ...

Cabe lembrar que não foi incluída nessa categoria dos processo de integração da Zona de preferência tarifária, que é..., em função de não ser considerada como uma fase ou elementos de um processo de integração, e sim apenas de uma estratégia econômica dos estados no comércio multilateral com a finalidade de criar parcerias estratégicas em certos setores.

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Quando os Estados celebram um tratado estabelecendo um bloco econômico, seja no formato de uma organização ou não, pactuam o grau que será o aprofundamento das regras pactuadas, e suas repercussões que são derivadas desse acordo, optando por uma das fases e modelando o bloco econômico de acordo com matrizes econômicas e políticas que irá orientar o processo de integração econômica.

Estabelecer uma relação da fase que foi estabelecida com o bloco é fundamental para que se faça uma leitura das características principais do bloco e do seu formato, podendo ser estabel

1.3.1.a Zona de Livre Comércio

É a fase mais simples nos modelos de processo de integração, com um grau de repercussão normativa menor, quando um grupo de dois ou mais países entre os quais se eliminem os direitos aduaneiros e os demais regulamentos comerciais restritivos, para parcela representativa do intercâmbio comercial dos produtos originários da região.

Através da criação de uma zona de livre comércio vai existir uma eliminação gradativa das barreiras tarifárias, com eliminação dos direitos aduaneiros e regulamentações restritivas, impostas para a circulação das mercadorias de um estado para outro.

Ë de se destacar que se tem uma perspectiva equivocada sobre o establecimento de um zona de livre comérico no sentido duas coisas. Primeiro ele pode, e na maioria das vezes é, ser progressivo, ous seja não se estabelece uma zona de livre comérico do dia pra noite, por outro lado, deve-se advertir também que ela nãop abrange todo e qualquer produto, esses produtos são negociados, alguns recebem os beneficio e outro s não.

Por outro lado, deve advertir que nessa fase, os estados devem discutir regras comuns e clararas para a certificação de origem dos produtos pra fazer com que se tenha a possibilidade de determinar objetivamente os produtos que receberão so benfíciso de elimação tarifária, com a afinalidade de não fazer com que haja um desfio das finalidades estipuladas nos tratados e certos produtos vindos de tercerios estados recebam tratamento tarifário previlegiado.

1.3.1.b União aduaneira

A União Aduaneira é uma fase mais aprofundada que a zona de livre comércio, através dela os Estados além de se eliminar as barreiras alfandegárias, vai se estabelecer uma alíquota comum para

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os produtos que vêm de países de fora do bloco.

Com o estabelecimento de uma união aduaneira vai-se realizar a substituição por um só território aduaneiro formado pelos países integrantes, de modo que os direitos aduaneiros e demais regulamentos comerciais restritivos sejam eliminados, e que cada um dos Membros aplique ao comércio com os demais países idênticas tarifas e regulamentos comerciais.

O objetivo do estabelecimento da união aduaneira é fazer com que haja uma política aduaneira comum em relação aos produtos de fora dos país do bloco, por isso ela envolve uma consolidação e uma harmonização do sitema aduaneiro de todos os paises envolvidos no bloco

1.3.1.c Mercado Comum

O Mercado Comum, envolve a implementação de uma zona de Livre Comércio, do estabelecimento de uma União Aduaneira e além disso a implementação de cinco liberdades: livre circulação de mercadorias; Liberdade de Estabelecimento; Livre Circulação de Trabalhadores; Liberdade de Concorrência; Liberdade de Circulação de Capitais.

A Livre Circulação de Mercadorias que compreende a circulação de mercadorias sem as barreiras tarifárias; a Liberdade de Estabelecimento permite que as empresas possam se instalar em qualquer parte do território sem nenhum tipo de tratamento diferenciado; Livre Circulação de Trabalhadores exigindo que os trabalhadores tenham a mesma garantia de acesso ao trabalho sem qualquer tipo de discriminação em razão da sua nacionalidade; a Liberdade de Concorrência que vai permitir que as empresas tenham as mesmas regras para produção e não sejam impostas barreiras para a circulação de certos produtos nacionais; a Liberdade de Circulação de Capitais, envolve a permissibilidade das moedas serem aceitas como moeda para pagamento e investimento.

Deve-se visualizar o conjunto de impactos normativos, de ajustes normativos que devem ser feitos em razão dos avanços no processo de integração em razão da necessidade para as mesmas regras para direitos de seguridade e trabalho, empresarial, finaceiro entre outros que dependem dos acordos firmados.

1.3.1.d União Econômica e Monetária

A fase da União Econômica e Monetária envolve a consecução de todas as fases anteriores e a submissão da economia dos países ao controle de um banco central, a uniformização das economias e a

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adoção de uma moeda única, fase que foi atingida pela união européia.

Para a sistematização de um processo nesses modos é preciso que esteja completamente liberado o movimento de capitais e que seja concentrado em um único órgão a coordenação da política monetária, como o controle da inflação, finanças públicas, balanças de pagamento taxa de câmbio e moeda nacional.

1.3.1.e A discussão sobre a União política: Federalização ou confederalização?

Debate sempre presente no âmbito europeu e entre teóricos do processo de integração, em razão dos avanços do processo de integração, é a perspectiva que o compromisso aprofundado dos Estados e os avanços no processo de integração poderiam levar a um governo único centralizado nos modelos políticos disponíveis. 22

Assim, o redimensionamento do processo de integração econômica, pelas necessidades naturais de regulamentação, poderia levar a criação de uma federação de estados, outros pensam que poderia ser uma confederação, outros ainda têm uma perspectiva funcionalista, e por fim alguns autores pensam que não se está diante de uma coisa nem outra.

Para os partidários da tese federalista o objetivo de se criar uma comunidade econômica é chegar a um Estado Federal em um dado espaço geográfico, criando uma organização que se assemelha a uma Estado federal, que respeitando as diversidades culturais locais, poderia desenvolver uma coesão e conduzir o conjunto de Estados, de maneira que houvesse um único governo, principalmente porque essa era a discussão de fundo do pós-segunda guerra, a existência do Estado nacional que gerou conflito entre os Estados europeus.

Os confederalistas pensam que a integração deve basear-se em um modelo de cooperação intergovernamental, onde os Estados continuam com suas faculdades soberanas, atribuindo poder a uma entidade confederativa, apenas no sentido de conduzir o processo de integração, podendo os estados renunciar em certas matérias a sua soberania, em favor do processo de integração, contudo mantendo o controle das decisões através do consenso.

Para os funcionalistas o processo de integração deve amadurecido de acordo com os ajustes que o processo de integração exige com uma gradual transferência de responsabilidades e funções para as instituições do bloco, e neste sentido é considerado uma proposta que equilibra as duas propostas anteriores.

22 Em 1826 na América latina Simon Bolívar propôs a criação de uma confederação de Estados.

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Por fim, algusn teóricos entendem que não se está diante nem da contruçào de uma confederação, muito menos de uma federação de estados. Em razçào de seu um processo emninemtemente econômico cujo ajustes e processo é gradativo, em razão de terem surgidos vários novos elemntos no processo de integração como o mecanismo da suprancioanlidade e em razàop de ter sidoconstituído todo o bloco através de tratados e que por isso tem como base o direito internacional, na verdade se assiste a algo inovador, que não pode ser buscada a sua definição em conceitos antigos, e sim buscar um novo conceito para os avanços no processo de integração que virão.

Minha opinião...

1.3.2. Poder conferido as instituições ou órgãos

Outro elemento fundamental e que define bem o grau de impacto normativo de um bloco bem como o seu sistema institucional e o formato do bloco é o grau de poder conferido as instituições reposnáveis pela condução do bloco.

Quando os estados optam por construir um bloco econômico, seja em uma simples zona de livre comérico ou com objetivos mais ousados como no mercado comum, o primeiro passo é a celebração de um tratado e nele a instituição de órgãos que irão conduzir o processo de integração. Nesse mmomento, os Estados conferirão um determinado poder a essas instituições ou órgãos que ditaraào a maneria como o poder interno e a s decisões do bloco serão conduzidas, podendo optar pelo sistema intergovernamental, ou supranacional, ou ainda pleos dois métodos.

1.3.2.a A intergovernamentabilidade

Quando os estados decidem adotar o métiodo intergovernamental em um processo de integração quer dizer que estão resguardando seus interesses soberanos e querem participar do processo de decisões diretamente.

O sistema intergovernamental prevê que todas as decisões que sejam tomadas no âmbito de uma organziação internacional, leve em conta essencialmente a vontade do estado, por isso devem ser tomadas por unanimidade.

Ë um método tradicional, baseado no sistema do direito internacional clássico, com atenção a vontade soberana dos Estados, com caráter de cooperação intergovernativa, estruturando os órgãos ou instituições de forma que sejam ali representados e possam opinar

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soberanamente sobre as discussões que são ali apresentadas.

As características essenciais desse método são:

a) prevalência dos órgãos dos Estados: os órgãos principais da organização são pessoas que agem na qualidade de agentes dos estados, na defesa de seu interesse e segundo a diretiva nos poderes apontados por seu governo;

b) prevalência do principio da unanimidade: as deliberações dos órgãos principais da organização somente são implementados se houver uma decisão conjunta, de maneira que nenhum Estado poderá exigir do outro uma regra que ele não assentiu.

c) Não adoção de atos vinculantes: as deliberações da organização tem meramente natureza de recomendações e não podem ser opostas aos estados. Para que uma decisão seja absorvida ela deve passar por processos de assentimento, de recepção normativa ditada pelo controle constitucional de cada Estado individualmente.23

Conforme se observou, há uma transição entre os modleos de orgnaizaçào internacional tradicionais intergovernativas e os novos mecanismos que estão sendo apresentados por alguns blocos econômicos baseado no médoto da supranacionalidade como se verá a seguir, de qualquer forma, a grande maioria das organizações internacionais para fins de integração econômica optam pleo sistema intergovernamental.

A justificativa para a opção pelo método intergovernamental é que as decisões são tomadas de forma mais equilibrada, não podendo o estado se sujeitar a regras que não conheça e tamb’me que nos processo de integração menos aprofundados, menos maduro como uma zona de livre comércio, não é necessário uma construção institucional maior.

Por outro lado, pode-se perceber que os processo de integração baseados nesse método, acabam por transformar o processo decisório em um processo mais lento, em razão da necessidade do ajuste dos interesses que devem ser feitos.

Existe um latente debate quanto a opção pela intergovernamentabilidade...

1.3.2.b A supranacionalidade

23 DANIELE, Luigi. Diritto Dell’Unione Europea: Dal piano Schuman al progetto di Costituzione per l’Europa. Milano: Giuffrè Editore, 2004, p. 2.

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Supranacional: é quando os Estados transferem poder, abrindo mão de uma parcela de soberania, legitimando-as a tomar decisões sem consulta-las, porque representam o bloco e não os Estados.

1.3.2.c Sistema híbrido: mecanismos

O sistema hibrido combina os dois métodos, paontando certas matérias que são afetas ao poder suprancionall das intutições e outras que serão decidicdas pelo método intergovernativo.

A União européia precursora da aplicação do sistema supranacional tem adotado esse método, distribuindo matérias que são decididas de uma forma ou de outra, inclusive tem assitindo a uma reemersão do processo intergovernamental.24

1.3.3. mecanismos de integração normativa

1.3.3.a Aproximação normativa

a) Aproximação: é utilizada quando o processo de integração ainda se encontra em uma fase embrionária. Os Estados então estabelecerão acordos reconhecendo a aplicação de certos procedimentos judiciais. * Não existe a necessidade de modificação na legislação de cada Estado.

1.3.3.b Harmonização normativa

b) Harmonização: é um processo de integração normativa que eliminará todas aquelas regras que estejam conflitando, atingindo a substância das regras visadas, para substituir as divergências de origem de estrutura e de redação das normas em questão.

1.3.3.c Unificação normativa

24 Conforme aponta Luigi Daniele: “A redução do defiti democratico pode ser visto como uma expressào de uma tend6encia volta a ravvicinare sempre mais a realidade institucional comunitária aquela de um Estado moderno. Tal tendência appare mas contradita de uma diversa e importante tendência manifesta-se com prepotência nos últimos anos: a reemersão da dimensão intergovernativa. Com efeito, a ampliação do campo de aplicação da integração européia e o aumento dos poderes transferidos dos estados ao livello europeo não são sempre vindos seguindo o desenho original da comunidade, mas sim se assiste a uma progressiva recuperação da forma de cooperação do tipo mais clássico, no qual o simples estado membro detem poder de intervir mais como a cooperação intergovernamental que a quela comunitária (sistema supranacional).” (DANIELE, Luigi. Diritto Dell’Unione Europea: Dal piano Schuman al progetto di Costituzione per l’Europa. Milano: Giuffrè Editore, 2004, p.17.

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Unificação: é um passo mais avançado no processo de integração pelo qual criar-se-ão regras comuns para todos os Estados, indistintamente

1.4 Regionalismo econômico ou Multilateralismo? Blocos econômicos e a Organização Mundial do Comercio

O multilateralismo é ação internacional do Estado baseada nas regras da organização Mundial do comércio pelo qual se sujeita a regras globais do comércio, através da sistematização de tratamento comercial preferencial e participa ativamente das negociações comerciais com vários parceiros econômicos e também se sujeitando as receitas de liberalização comercial ditadas pelas organizações internacionais que patrocinam a ordem global internacional FMI, BIRD e OMC.

A multiplicação dos blocos regionais de integração econômica, baseado em um sistema de desenvovimento de um espa~co comum, fez surgir debate quanto a sua confrontação com o sistema multilateral do comércio, patrocinado inicialmente pelo GATT e atualmente pela OMC e absorvido pelo que se denominou de globalização. Por outro lado, teóricos divergem quanto a melhor receita de desenvolvimento para os estados: Se o regionalismo baseado na experi6encia européia ou o multilateralismo, sendo citados vários modelos de sucesso no modelo dos tigres asiáticos, do México e Chile.

Para os simpatizantes do multilateralismo o sistema permite que se faça vários acordos comerciais com a possibilidade ganhos maiores face a diversificação dos acordos, criticando o regionalismo pelas amarras a que ele submete os Estados que perdem autonomia na liberdade de firmar acordos comerciais, muitas vezes mais benéficos para sua economia do que os acordos regionais.

Por outro lado os partidários do regionalismo defendem que com a ação regional possuem laços mais profundos e confiáveis, facilitando o desenvolvimento regional e que o sistema multilateral depende muito do sistema internacinal dos paises economicamente mais desenvolvidos.

O certo é que indubitavelmente o regionalismo é uma estratérgica de desenvolvimento e fortalecimento econômico frente ao ssitema multilateral, principalemnte para os paises com economias mais debilitadas e com indicadores econômicos mais frágeis.

Conforme já foi demonstrado a multiplicação dos blocos econômicos é derivada justamente de um dispoisitivo do GATT que abriu apossibilidade de acordo comerciais regionais, ou seja

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inicialmente se tem uma conformação normativa que não opõe os dosi modleos o regionalismo faz parte do sistema multilateral, é um dos seus elementos.

Um conjunto de estados membros de um bloco econômico podem muito bem estabelecera cordos com outros estados e com outros blocos econômicos, basta que haja coesão no sentido da manuten~c”ao dos acordos.

Não existe nenhuma imcompativilidade entreos blocos regionais e o sitema multilateral do comérico, são duas faces da mesma moeda, a ação dos blocos econômicos é direcionada justamente no sentido de eliminar as barreira spar ao comércio, ou seja os mesmo sojetivos da OMC favorecendo assim o processo de interdependência que leva a configuração do cumprimento dos objetivos assinalados pelo ssitema multilateral. Ora, ao final o que será cconcenável será justamente os ilícitos comerciais que se pratica no âmbito do bloco ou fora dele no sistema mais amplo, no sitema multateral de comérico.

O regionalismo no métoco fechado é que deve ser criticado, a conformação de um bloco autosifuciente que acaba imposdo barrerias tarifarias ou não tarifarias para os produtos de fora do bloco, quanzao não exite a mesma exigência para esses produtos internamente.

O regionalismo aberto como foram pensados os blocos econômicos diversifica e fortalece os meodelos econômicos.