aula 80 - auditoria - aula 06

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AUDITORIA – TEORIA E EXERCÍCIOS PARA AFRFB PROFESSOR MARCELO ARAGÃO 1 www.pontodosconcursos.com.br Olá pessoal, Esta é a última aula de Auditoria para o concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. São abordados dois assuntos palpitantes para o concurso e muito explorados pela ESAF, quais sejam: Eventos subsequentes; e Relatório do auditor independente; Tipos de Opinião/parecer, Estrutura, Elementos. EVENTOS SUBSEQUENTES Do ponto de vista contábil, evento subsequente é aquele evento, favorável (positivo) ou desfavorável (negativo), que ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. Portanto, é um evento que ocorre após a data das demonstrações, geralmente 31 de dezembro, e antes da data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. A data na qual é autorizada a emissão das demonstrações contábeis é aquela na qual as demonstrações são apresentadas, pela primeira vez, a algum órgão onde pessoas externas à diretoria e ao corpo funcional da entidade participam. Assim, nas sociedades por ações, a apresentação das demonstrações ao conselho de administração, por exemplo, caracteriza a data da autorização para sua emissão. Atenção: A data na qual é autorizada a emissão das demonstrações contábeis não é a data da divulgação ao público, da publicação em jornal etc. Dois tipos de eventos podem ser identificados:

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AUDITORIA – TEORIA E EXERCÍCIOS PARA AFRFB PROFESSOR MARCELO ARAGÃO

1 www.pontodosconcursos.com.br

Olá pessoal,

Esta é a última aula de Auditoria para o concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. São abordados dois assuntos palpitantes para o concurso e muito explorados pela ESAF, quais sejam:

• Eventos subsequentes; e • Relatório do auditor independente; Tipos de Opinião/parecer,

Estrutura, Elementos.

EVENTOS SUBSEQUENTES

Do ponto de vista contábil, evento subsequente é aquele evento, favorável (positivo) ou desfavorável (negativo), que ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. Portanto, é um evento que ocorre após a data das demonstrações, geralmente 31 de dezembro, e antes da data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. A data na qual é autorizada a emissão das demonstrações contábeis é aquela na qual as demonstrações são apresentadas, pela primeira vez, a algum órgão onde pessoas externas à diretoria e ao corpo funcional da entidade participam. Assim, nas sociedades por ações, a apresentação das demonstrações ao conselho de administração, por exemplo, caracteriza a data da autorização para sua emissão. Atenção: A data na qual é autorizada a emissão das demonstrações contábeis não é a data da divulgação ao público, da publicação em jornal etc. Dois tipos de eventos podem ser identificados:

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Evento subsequente com efeito retroativo ao balanço (que originam ajustes) A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações contábeis para que reflitam eventos subsequentes à data do balanço que venham a confirmar as condições existentes até aquela data. Para exemplificar, são apresentados a seguir, alguns tipos de eventos subsequentes à data do balanço que exigem que a entidade ajuste os valores reconhecidos em suas demonstrações contábeis ou reconheça itens que não tenham sido previamente reconhecidos:

• o pagamento ou a divulgação de uma decisão definitiva relacionado a

um processo judicial, confirmando que a entidade já tinha uma obrigação presente na data do balanço. A entidade deve ajustar qualquer provisão relacionada ao processo ou registrar uma nova provisão, de acordo com as disposições contidas na norma sobre Provisões, Passivos, Contingências Passivas e Contingências Ativas;

• a falência ou a concordata de um cliente normalmente confirma que

já existia potencialmente um prejuízo em uma conta a receber na data do balanço, e que a entidade precisa ajustar o valor contábil da conta a receber;

• a empresa descobre 40 dias após o balanço, que grande parte do

estoque de um produto estava deteriorado há mais de 60 dias, só que isso só foi percebido quando o volume desse estoque baixou;

os que evidenciam condições que já

existiam na data do balanço

eventos subsequentes que originam ajustes

os que são indicadores de condições que

surgiram subsequentemente à

data do balanço

eventos subsequentes que não originam

ajustes

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• a determinação do valor referente ao pagamento de participação nos lucros ou referente a gratificações, no caso de a entidade ter, na data do balanço, uma obrigação presente legal não formalizada de fazer tais pagamentos em decorrência de eventos ocorridos antes daquela data. Pode ter sido necessário esperar o resultado da empresa para definição da gratificação, mas a obrigação já existia à data do balanço.

Eventos Subsequentes sem efeito retroativo ao balanço (que não originam ajustes) A entidade não deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações contábeis por eventos subsequentes ocorridos após a data do balanço, que não permitem a retroação. Apesar de não exigir reconhecimento e ajuste nas demonstrações, esses eventos podem exigir divulgação em notas explicativas sobre a matéria, inclusive com quantificação. Por exemplo, uma enorme deterioração do estoque aconteceu durante uma enorme tempestade ocorrida 15 dias após a data do balanço. Outro exemplo, 30 dias após a data do balanço, a entidade adquire o controle acionário de outra empresa. Outro exemplo de evento subsequente que não origina ajuste é o declínio do valor de mercado de investimentos ocorrido no período entre a data do balanço e a data de autorização de conclusão da elaboração das demonstrações contábeis. O declínio do valor de mercado não se relaciona normalmente à condição do investimento na data do balanço, mas reflete circunstâncias que surgiram no período seguinte. Portanto, uma entidade não ajusta os valores reconhecidos para o investimento em suas demonstrações contábeis. Igualmente, a entidade não atualiza os valores divulgados para os investimentos na data do balanço, embora possa precisar efetuar uma divulgação adicional. IMPORTANTE: A única exceção admitida é o caso de um evento subsequente que leve à descontinuidade da entidade. Nesse caso, o balanço não pode ser divulgado sob o pressuposto da continuidade; assim, o balanço precisará já adotar essa condição de descontinuidade com todos os ativos reconhecidos ao valor líquido de realização, bem como devem ser provisionados todos os gastos relativos à desativação da empresa. Divulgação de eventos subsequentes

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No caso de eventos subsequentes que levem a ajuste relevante no balanço, esses fatos devem também ser divulgados, como é o caso de uma decisão judicial relativa a uma situação que já existia na data do balanço ou de uma nova norma do órgão regulador. No caso de eventos que não levem a ajustes no balanço, mas com efeitos relevantes para a entidade, devem ser divulgados com relação à sua natureza a aos seus efeitos financeiros. Bom, pessoal, notaram que existem diferentes possibilidades quanto aos eventos em relação à necessidade ou não de ajustes no balanço e/ou divulgação em notas explicativas. Em síntese, podemos tirar as seguintes conclusões:

� Se um evento subsequente tem efeito retroativo ao balanço ele requer ajuste, podendo haver ou não divulgação em nota explicativa;

� Se um evento subsequente não tem efeito retroativo ao balanço ele

não requer ajuste, mas quando relevante precisa ser divulgado em nota explicativa;

� A entidade é obrigada a divulgar em nota explicativa fatos envolvendo

eventos subsequentes que possam melhor esclarecer situações de ativos e passivos da entidade na data do balanço, independentemente de efeito retroativo.

AUDITORIA DE EVENTOS SUBSEQUENTES A responsabilidade do auditor pela avaliação da adequação das demonstrações contábeis do cliente não se limita ao exame das transações e eventos que ocorreram até a data do balanço. O auditor deve aplicar procedimentos após a elaboração das demonstrações contábeis e até a conclusão do trabalho de auditoria para verificar a ocorrência de eventos subsequentes relevantes à data das demonstrações contábeis. A NBC TA 560, norma do CFC atualmente em vigor sobre auditoria de eventos subsequentes, estabelece que os objetivos do auditor são:

(a) obter evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre se os eventos ocorridos entre a data das demonstrações contábeis e a

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data do relatório do auditor independente que precisam ser ajustados ou divulgados nas demonstrações contábeis, estão adequadamente refletidos nessas demonstrações contábeis; e

(b) responder adequadamente aos fatos que chegaram ao conhecimento

do auditor após a data de seu relatório, que, se fossem do seu conhecimento naquela data (do relatório), poderiam ter levado o auditor a alterar seu relatório.

Guarde bem: Para efeito da auditoria, eventos subsequentes são eventos ocorridos entre a data das demonstrações contábeis e a data do relatório do auditor independente e fatos que chegaram ao conhecimento do auditor independente após a data do seu relatório.

Portanto, o auditor deve considerar três situações de eventos subsequentes:

1. os ocorridos entre a data do término do exercício social e a data da emissão do relatório ou parecer (denominado período subsequente);

2. os conhecidos depois do término do trabalho de campo e da emissão

de seu relatório ou parecer, e antes da divulgação das Demonstrações Contábeis; e

3. os conhecidos após a divulgação das Demonstrações Contábeis.

O Gráfico abaixo procura demonstrar as três situações ou os três períodos considerados pelo auditor: 1º Período 2º Período 3º período _________I_________________I______________I______________ 31/12/X1 30/03/X2 30/04/X2 Data das DC Data do Parecer Divulgação das DC

Em cada período indicado anteriormente o auditor adota determinadas atitudes e medidas para com eventos subsequentes relevantes. Veremos, a seguir, que atitudes são essas:

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1º PERÍODO: Eventos ocorridos entre a data das demonstrações contábeis e a data do relatório do auditor independente (No exemplo apresentado, de 31/12/X1 a 30/3/X2).

O 1º período, que vai da data do encerramento do exercício sob exame até a data do relatório/parecer do auditor, é o denominado período subsequente, e o auditor deve considerá-lo parte normal da auditoria.

O auditor independente deve executar procedimentos de auditoria

desenhados para obter evidência de auditoria apropriada e suficiente de que todos os eventos ocorridos neste período que precisam ser ajustados ou divulgados nas demonstrações contábeis foram identificados.

O auditor independente deve executar os procedimentos de forma a cobrir o período entre a data das demonstrações contábeis e a data do seu relatório, ou o mais próximo possível dessa data. Os procedimentos usuais são os seguintes:

(a) obtenção de entendimento dos procedimentos estabelecidos pela

administração para assegurar que os eventos subsequentes são identificados;

(b) indagação à administração e, quando apropriado, aos responsáveis

pela governança sobre a ocorrência de eventos subsequentes que poderiam afetar as demonstrações contábeis;

(c) leitura das atas, se houver, das reuniões dos proprietários (dos

acionistas em sociedade anônima), da administração e dos responsáveis pela governança da entidade, realizadas após a data das demonstrações contábeis, e indagação sobre assuntos discutidos nas reuniões para as quais as atas ainda não estão disponíveis;

(d) leitura das últimas demonstrações contábeis intermediárias da

entidade, se houver.

Se, em decorrência dos procedimentos aplicados, o auditor identificar eventos que requerem ajuste ou divulgação nas demonstrações contábeis, o auditor independente deve determinar se cada um desses eventos está refletido de maneira apropriada nas referidas demonstrações contábeis de acordo com a estrutura conceitual aplicável. Representação formal

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O auditor independente deve solicitar à administração e, quando apropriado, aos responsáveis pela governança, uma representação formal de que todos os eventos subsequentes à data das demonstrações contábeis e que, segundo a estrutura de relatório financeiro aplicável, requerem ajuste ou divulgação, foram ajustados ou divulgados.

OBSERVAÇÃO: Conforme ensinam Boynton e outros, geralmente existe um intervalo de uma a três semanas entre a conclusão do trabalho de campo e a emissão do relatório de auditoria. O auditor não tem responsabilidade em indagar a administração ou aplicar procedimentos de auditoria durante esse período, para descobrir eventos subsequentes relevantes. Contudo, se algum evento subsequente relevante chegar a seu conhecimento, ele deve considerar se tal evento deve ser revelado em nota explicativa ou se é necessário que as demonstrações contábeis sejam ajustadas.

2º PERÍODO: Fatos que chegaram ao conhecimento do auditor independente após a data do seu relatório, mas antes da data de divulgação das demonstrações contábeis (No exemplo dado, de 30/3/X2 a 30/4/X2).

O auditor independente não tem obrigação de executar nenhum procedimento de auditoria em relação às demonstrações contábeis após a data do seu relatório. Entretanto, se, após a data do seu relatório, mas antes da data de divulgação das demonstrações contábeis, o auditor tomar conhecimento de fato que, se fosse do seu conhecimento na data do relatório, poderia ter levado o auditor a alterar seu relatório, ele deve:

a) discutir o assunto com a administração e, quando apropriado, com os

responsáveis pela governança; b) determinar se as demonstrações contábeis precisam ser alteradas e,

caso afirmativo; c) indagar como a administração pretende tratar o assunto nas

demonstrações contábeis. Caso a administração altere as demonstrações contábeis, o auditor

independente deve aplicar os procedimentos de auditoria necessários nas circunstâncias da alteração; estender os procedimentos de auditoria até a data do novo relatório do auditor independente; e fornecer novo relatório de auditoria sobre as demonstrações contábeis alteradas. O novo relatório do

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auditor independente não deve ter data anterior à data de aprovação das demonstrações contábeis alteradas.

Pode ser que não haja exigência da legislação ou, regulamentação para que a administração reapresente demonstrações contábeis e, portanto, o auditor não precisa fornecer novo relatório de auditoria ou alterar o relatório. Entretanto, se a administração não alterar as demonstrações contábeis nas circunstâncias em que o auditor considerar necessário:

� se o relatório do auditor independente ainda não tiver sido fornecido

à entidade, o auditor independente deve modificá-lo, conforme exigido pela NBC TA 705 – Modificações na Opinião do Auditor Independente, e depois fornecê-lo; ou

E se o relatório do auditor já tiver sido entregue à administração, o que deve fazer o auditor?

� se o relatório do auditor independente já tiver sido fornecido à

entidade, o auditor independente deve notificar a administração e os responsáveis pela governança, para que não divulguem as demonstrações contábeis para terceiros antes de serem feitas as alterações necessárias.

� Se mesmo assim, as demonstrações contábeis forem divulgadas

posteriormente sem as modificações necessárias, o auditor independente deve tomar medidas para procurar evitar o uso por terceiros daquele relatório de auditoria.

3º PERÍODO: Fatos que chegaram ao conhecimento do auditor independente após a divulgação das demonstrações contábeis (No exemplo dado, após a data de 30/4/X2).

Após a divulgação das demonstrações contábeis, o auditor independente não tem obrigação de executar nenhum procedimento de auditoria em relação às demonstrações contábeis.

Entretanto, se, após a divulgação das demonstrações contábeis, o

auditor independente tomar conhecimento de fato que, se fosse do seu conhecimento na data do relatório do auditor independente, poderia tê-lo levado a alterar seu relatório, o auditor independente deve:

a) discutir o assunto com a administração e, quando apropriado, com

os responsáveis pela governança;

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b) determinar se as demonstrações contábeis precisam ser alteradas e,

caso afirmativo; c) indagar como a administração pretende tratar do assunto nas

demonstrações contábeis.

Caso a administração altere as demonstrações contábeis, o auditor independente deve aplicar os procedimentos de auditoria necessários nas circunstâncias das alterações; revisar as providências tomadas pela administração para garantir que todos os que receberam as demonstrações contábeis juntamente com o respectivo relatório do auditor independente sejam informados da situação; e fornecer novo relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis reapresentadas;

O auditor independente deve incluir no seu relatório, novo ou reemitido, Parágrafo de Ênfase com referência à nota explicativa que esclarece mais detalhadamente a razão da alteração das demonstrações contábeis emitidas anteriormente e do relatório anterior fornecido pelo auditor independente.

Ainda nesta aula, veremos com detalhes as situações que ensejam a

inclusão de parágrafo de ênfase no relatório do auditor. Por enquanto, é importante ressaltar que uma ênfase não é uma ressalva.

Caso a administração não tome as providências necessárias para garantir que todos os que receberam as demonstrações contábeis emitidas anteriormente sejam informados da situação e não altere as demonstrações contábeis, o auditor independente deve notificar a administração e os responsáveis pela governança, de que procurará evitar o uso por terceiros daquele relatório no futuro.

Se, apesar dessa notificação, a administração ou os responsáveis pela

governança não tomarem as referidas providências necessárias, o auditor independente deve tomar as medidas apropriadas para tentar evitar o uso por terceiros daquele relatório de auditoria. O auditor independente pode considerar apropriado buscar assessoria legal. Data do relatório do auditor independente

A NBC T 11 (norma já revogada) estabelecia que a data do parecer do auditor deve corresponder ao dia de encerramento dos trabalhos de campo de auditoria.

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Já a NBC TA 560 define que o relatório do auditor independente não pode ter data anterior à data em que o auditor independente obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente para servir de base para sua opinião sobre as demonstrações contábeis, incluindo evidência de que todos os quadros que compõem as demonstrações contábeis, inclusive as notas explicativas, foram elaboradas e que as pessoas com autoridade reconhecida afirmaram que assumiram responsabilidade por essas demonstrações contábeis.

Consequentemente, a data do relatório do auditor independente não

pode ser anterior à data de aprovação das demonstrações contábeis. Um período de tempo pode decorrer, devido a questões administrativas, entre a data do relatório do auditor independente e a data em que o relatório do auditor independente é fornecido à entidade. Relatório com dupla data Vimos que se algum evento subsequente relevante for levado ao conhecimento do auditor após a conclusão do trabalho de campo, ele deve analisar este evento e verificar se é caso de ajuste nas demonstrações ou de divulgação. Por outro lado, mesmo após a data do relatório, o auditor também verifica a repercussão de eventos subsequentes relevantes que sejam levados ao seu conhecimento. Nesses casos, quando a administração revela o evento subsequente em nota explicativa, o auditor poderá emitir uma opinião sem ressalva, mas deverá alterar a data do relatório para a de ocorrência do evento em questão. Contudo, é mais comum o auditor independente utilizar o sistema de dupla data: manter a data original do relatório e fazer referência à data de ocorrência do evento subsequente. Portanto, a data do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis anterior à alteração subsequente feita pela administração permanece inalterada, pois essa data informa ao leitor quando o trabalho de auditoria para essas demonstrações contábeis foi concluído.

Entretanto, é incluída data adicional no relatório do auditor independente

para informar os usuários que os procedimentos do auditor independente posteriores àquela data restringiram-se à alteração subsequente das demonstrações contábeis. Abaixo, segue exemplo desse tipo de data adicional:

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28 de fevereiro de 2011, exceto para a informação que consta Nota Y, para a qual a data é 7 de março de 2011. Observação final Um aspecto envolvendo eventos subsequentes muito explorado em prova até a edição da NBC TA 560 e ainda descrito na bibliografia especializada é quanto à forma que o auditor deve revelar eventos subsequentes em seu parecer.

Nos termos da NBC T 11, o auditor independente deve considerar em seu parecer os efeitos decorrentes de transações e eventos subsequentes relevantes ao exame das Demonstrações Contábeis, mencionando-os como ressalva ou em parágrafo de ênfase, quando não-ajustadas ou reveladas adequadamente. Portanto, o auditor deve revelar em seu relatório/parecer os efeitos que decorram de eventos subsequentes, sendo em um parágrafo de ênfase, caso a opção seja por um parecer sem ressalva, ou em parágrafo intermediário, no caso de parecer com ressalva. Vistos os principais aspectos normativos e doutrinários sobre eventos subsequentes e que podem ser explorados pela ESAF, vamos analisar algumas questões sobre o tema: 1) (Auditor/São Paulo/FCC/2007) Considere as afirmações a seguir, relativas a transações e eventos subsequentes ao término do exercício social a que se referem as demonstrações contábeis auditadas: I. A emissão de debêntures e ações não é considerada evento subsequente relevante. II. Eventos subsequentes, após a divulgação das demonstrações contábeis, não devem ser considerados pelo auditor, uma vez que ele não pode emitir um novo parecer. III. Caso os eventos subsequentes não sejam revelados adequadamente pela companhia, o auditor deve mencioná-los, como ressalva ou em parágrafo de ênfase, em seu parecer. IV. A desapropriação de bens da companhia pelo Poder Público é considerada um evento subsequente relevante. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III.

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(D) II e IV. (E) III e IV. SOLUÇÃO: A afirmação I está incorreta, pois o auditor deve indagar a administração quanto à emissão de debêntures e ações como evento subsequente relevante. A afirmação II está incorreta, pois o auditor ao tomar conhecimento de eventos subsequentes após a divulgação das demonstrações contábeis deve considerá-los, discutindo com a administração e verificando se são cabíveis ajustes e/ou divulgação nas DC.

A afirmação III está correta. Nos termos da então vigente NBC T 11, o auditor independente deve considerar em seu parecer os efeitos decorrentes de transações e eventos subsequentes relevantes ao exame das Demonstrações Contábeis, mencionando-os como ressalva ou em parágrafo de ênfase, quando não-ajustadas ou reveladas adequadamente. A afirmação IV está correta. A desapropriação de bens da companhia pelo Poder Público é considerada um evento subsequente relevante que deve ser objeto de divulgação em nota explicativa. Portanto, a alternativa correta é a E. 2) (SEFAZ/SP/ESAF/2009) As seguintes opções constituem exemplos de transações e eventos subsequentes, exceto: a) perda em contas a receber decorrente de falência do devedor. b) alteração do controle societário. c) aporte de recursos, inclusive como aumento de capital. d) variação sazonal dos custos com insumos. e) destruição de estoques em decorrência de sinistro. SOLUÇÃO: Na questão em comento, verifica-se que a alternativa “a” refere-se a um evento subsequente que requer ajuste nas demonstrações contábeis, pois se a falência ocorreu logo após a data das demonstrações, a condição falimentar já existia e, mesmo que o fato seja conhecido depois, obriga a empresa a reconhecer os efeitos dessa falência no balanço.

As alternativas “b”, “c” e “e” referem-se a eventos relevantes que não

dizem respeito às demonstrações contábeis que estão sendo examinadas, mas compreendem assuntos importantíssimos que devem ser divulgados em notas explicativas para que os usuários das demonstrações possam tomar decisões acertadas com base nas demonstrações.

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A única alternativa que não corresponde a um evento subsequente e

constitui o gabarito da questão é a “d”. A variação sazonal dos custos com insumos é um aspecto normal, que não requer divulgação e tampouco ajuste. 3) (Auditor/Pref. Jaboatão dos Guararapes/FCC/2006) NÃO se caracterizam como eventos subsequentes, aqueles ocorridos (A) entre a data do término do exercício social e a data da emissão do parecer. (B) após o término do trabalho de campo, com a emissão do parecer, e a data da divulgação das demonstrações contábeis. (C) durante o exercício social, mas contabilizados após o término do exercício social, como ajuste das demonstrações contábeis. (D) após a publicação das demonstrações contábeis pela empresa auditada. (E) após a emissão do parecer pela firma de auditoria, antes da publicação das demonstrações contábeis. SOLUÇÃO: Analisando os itens da questão, verifica-se que as letras A, B, D e E correspondem a eventos subsequentes ocorridos e que devem ser identificados pelo auditor (letra A) ou levados em consideração pelo auditor, quando chegarem ao seu conhecimento (letras B, D e E). O gabarito da questão é a letra C, pois os eventos ocorreram durante

o exercício social auditado e foram contabilizados após o término do exercício social, como ajuste das demonstrações contábeis. Portanto, as demonstrações foram ajustadas e estão refletindo adequadamente esses fatos, o que não enseja medida alguma por parte do auditor, ou seja, não constituem eventos subsequentes. 4) (AUDITOR/TCM/PA/FGV/2008) O período compreendido entre o término do exercício social e a emissão do parecer é denominado período subsequente, e o auditor de considerá-lo parte normal da auditoria, consoante a Resolução CFC 839. Isto ocorre porque, dependendo da natureza e da materialidade dos eventos, ajustes contábeis nas demonstrações contábeis podem ser requeridos. Como exemplo disso, é possível citar perdas significativas em contas a receber e sentenças judiciais. As condições para contabilização e divulgação dos eventos subsequentes são regulamentadas por meio da Resolução CFC 1088. Especificamente em relação aos eventos e transações ocorridos após a divulgação das demonstrações contábeis, o CFC dispõe o seguinte, na NBCT 11-IT 04:

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A) o auditor tem responsabilidade e deve fazer indagações sobre as demonstrações contábeis. B) ao tomar conhecimento, após a divulgação das demonstrações contábeis, de fato anterior à data de seu parecer que, se fosse conhecido, poderia tê-lo levado a emitir documento com conteúdo diverso do que foi, deverá decidir se as demonstrações contábeis precisarão de revisão. C) o auditor ficará impedido de emitir um parecer “sem ressalvas”. D) o parecer a ser emitido deverá estar obrigatoriamente enquadrado na modalidade “sem ressalvas”. E) quando a administração alterar as demonstrações contábeis divulgadas, o auditor deve ignorar essas alterações, uma vez que já concluiu seu parecer sobre elas. SOLUÇÃO: Cabe ressaltar inicialmente que a Banca utilizou como referência para solução da questão a NBC T 11 – IT 04, que, na época, estava revogada pela Resolução CFC nº 1.040/05, quando aprovou a NBC T 11.16 – Transações e Eventos Subsequentes. Segundo a norma citada, após a divulgação das demonstrações contábeis, o auditor não tem responsabilidade de fazer qualquer indagação sobre essas demonstrações. Contudo, se após a divulgação das demonstrações contábeis, o auditor tomar conhecimento de fato anterior à data do seu parecer - e que, se fosse conhecido naquela data, poderia tê-lo levado a emitir o documento com conteúdo diverso do que foi -, ele deve decidir se as demonstrações contábeis precisam de revisão, discutir o assunto com a administração e tomar as medidas apropriadas às circunstâncias. Quando a administração não tomar as medidas necessárias para assegurar que qualquer pessoa que tenha recebido as demonstrações contábeis anteriormente divulgadas, juntamente com o correspondente parecer do auditor, seja informada da situação e, quando a administração não alterar as demonstrações contábeis nas circunstâncias em que o auditor considera necessária sua alteração, ele deve informar à administração que poderá tomar medidas para impedir que seu parecer seja utilizado por terceiros, resguardando, assim, seus direitos e obrigações legais. Portanto, a alternativa que satisfaz o enunciado da questão é a “B”. Em que pese o auditor não ser obrigado a aplicar procedimentos nesse sentido após a emissão de seu parecer, caso ele tome conhecimento, de fato anterior à data de seu parecer que, se fosse conhecido, poderia tê-lo levado a emitir

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documento com conteúdo diverso do que foi, deverá, em uma primeira medida, decidir se as demonstrações contábeis precisarão de revisão. 5) (ANALISTA/TRE/SE/FCC/2007) O auditor da Empresa Confim S.A. toma conhecimento de fato relevante em que a empresa perdeu seu principal cliente após o encerramento das demonstrações contábeis e emissão de seu parecer. Neste caso, o auditor deve (A) considerar o fato em seu parecer por meio de parágrafo de ênfase ou ressalva, quando não ajustadas ou reveladas pela empresa. (B) exigir que a empresa faça carta aberta ao mercado relatando os fatos, mantendo seu parecer por já ter encerrado os trabalhos. (C) manter o seu parecer, tendo em vista o fato ter ocorrido após o encerramento dos seus trabalhos e a respectiva emissão do parecer. (D) sempre emitir parecer adverso após o conhecimento dos fatos, cancelando o parecer anterior. (E) acordar com a empresa para que o fato relevante não seja divulgado ao mercado, mantendo a divulgação das demonstrações contábeis na forma anterior. SOLUÇÃO: Vimos que, após a data do parecer, o auditor não tem responsabilidade de fazer qualquer indagação sobre essas demonstrações. Todavia, se tomar conhecimento de evento após a data de emissão de seu parecer que possa afetar de maneira relevante as Demonstrações Contábeis, ele deve decidir se elas devem ser ajustadas, discutir o assunto com a administração e tomar as medidas apropriadas às circunstâncias.

Portanto, o mais correto seria uma alternativa que apontasse essas medidas. Todavia, o examinador aponta diretamente para as medidas a serem adotadas em termos de parecer ou relatório do auditor. Nesse sentido, a regra geral é a de que o auditor independente considere em seu parecer os efeitos decorrentes de transações e eventos subsequentes relevantes ao exame das Demonstrações Contábeis, mencionando-os como ressalva ou em parágrafo de ênfase, quando não-ajustadas ou reveladas adequadamente. Assim, verifica-se que a alternativa correta é a “A”.

As demais alternativas apresentam medidas e procedimentos

inadequados e não previstos na norma, sendo que alguns são bem absurdos, como o que se aponta nas letras “B” e “E”.

Quanto ao parágrafo de ênfase, cabe alertar que esse é cabível também

quando o auditor emite um novo parecer, com referência à nota explicativa que esclarece mais detalhadamente a razão da alteração das demonstrações contábeis emitidas anteriormente. Portanto, mesmo que a empresa auditada

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resolva divulgar adequadamente o evento relevante, o auditor enfatiza em seu relatório/parecer o evento e os seus efeitos nas DC.

6) (TCE/AM/FCC/2008) A empresa Contesta S.A., após o encerramento do balanço e a conclusão da elaboração das demonstrações contábeis, foi informada pelos seus advogados que uma causa tributária, questionando a cobrança da COFINS, havia sido julgada improcedente em sua totalidade. Esta causa representa um ajuste relevante nas provisões constituídas, que não havia considerado a possibilidade de perda. A divulgação das demonstrações demorou mais de um mês, em virtude do atraso de sua Assembleia Geral. Desta forma, a administração deve (A) atualizar as demonstrações contábeis para que reflitam a posição adequada reconhecendo o evento. (B) determinar a inclusão de nota explicativa apresentando nas demonstrações contábeis os efeitos do evento. (C) desconsiderar toda a provisão efetuada e contratar novo consultor jurídico para fornecer parecer sobre as causas e os processos. (D) estabelecer que a auditoria complemente os trabalhos e ressalve o parecer. (E) manter as demonstrações e publicá-las, por já ter ocorrido a autorização para a conclusão da elaboração das demonstrações contábeis. SOLUÇÃO: A questão refere-se à existência de uma contingência passiva não registrada em função de um litígio envolvendo questão tributária. Como o evento subsequente foi conhecido pela administração e refere-se a uma condição que já existia na data das demonstrações contábeis (31 de dezembro), com impacto relevante nas demonstrações, estas devem ser ajustadas (deve-se refazer o Balanço). Portanto, a alternativa correta é a “A”. Caso a administração se recusasse a ajustar as demonstrações, caberia ao auditor emitir opinião com ressalva ou adversa. 7) (Analista Técnico/SUSEP/ESAF/2006) O auditor ao identificar eventos subsequentes deve considerar a) somente eventos que gerem ajustes nas demonstrações contábeis. b) eventos que demandem de ajustes nas demonstrações contábeis e no parecer de auditoria. c) eventos que demandem de ajustes nas demonstrações contábeis ou a divulgação de informações nas notas explicativas. d) fato não objeto da auditoria por ocorrer após o fechamento dos trabalhos de auditoria.

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e) exclusivamente, ajustes que modifiquem o parecer de auditoria. SOLUÇÃO: Ao identificar eventos subsequentes, o auditor deve considerar eventos que demandem ajustes nas demonstrações contábeis (correção de balanço) e/ou a divulgação de informações em notas explicativas. Alguns eventos subsequentes podem ser objeto apenas de divulgação, pois não se referem ao exercício auditado ou a condições que existiam na data das demonstrações. Pelo exposto, a alternativa “c” é a correta. 8) (AFRFB/ESAF/2009) A empresa Grandes Negócios S.A. adquiriu a principal concorrente, após o encerramento do balanço e a emissão do parecer pelos auditores. No entanto, a empresa ainda não havia publicado suas demonstrações com o parecer. Nessa situação, a firma de auditoria deve: a) manter o parecer com data anterior ao evento, dando encerramento aos trabalhos. b) obrigatoriamente, rever o parecer considerando o fato relevante. c) estabelecer que a empresa inclua o evento relevante nas notas explicativas. d) refazer o parecer considerando as novas informações, determinando nova data para publicação das demonstrações contábeis. e) decidir se as demonstrações devem ser ajustadas, discutir o assunto com a administração e tomar as medidas apropriadas às circunstâncias. SOLUÇÃO: Essa questão poderia levar o candidato a escolher a opção “c”, pois a compra da empresa é um evento subsequente que requer divulgação em nota explicativa. Contudo, o auditor não estabelece, determina ou obriga a administração. Por outro lado, a norma define como primeira medida por parte do auditor, quando ele já emitiu o parecer e toma conhecimento de evento subsequente relevante por terceiro, que ele decida se as demonstrações devem ser ajustadas, discuta o assunto com a administração e tome as medidas apropriadas às circunstâncias. Portanto, a alternativa mais correta é a “e”. 9) Quanto às obrigações do auditor perante eventos subsequentes, é incorreto afirmar que A) o auditor não tem responsabilidade em fazer indagações sobre eventos subsequentes entre a data de conclusão do trabalho de campo e a efetiva emissão do relatório de auditoria. B) o auditor deve discutir com a administração a possibilidade de alteração das demonstrações contábeis, quando toma conhecimento

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de evento subsequente relevante após a data da divulgação das demonstrações contábeis. C) o chamado período subsequente é aquele que vai da data do balanço até a data de divulgação das demonstrações contábeis. D) se eventos subsequentes não forem contabilizados ou adequadamente divulgados em notas explicativas, o auditor não poderá emitir opinião sem ressalva. E) dentre os procedimentos de auditoria para obter evidências sobre eventos subsequentes inclui-se a obtenção de uma representação formal do cliente de que todos os eventos subsequentes que, segundo a estrutura de relatório financeiro aplicável, requerem ajuste ou divulgação, foram ajustados ou divulgados. SOLUÇÃO: A alternativa incorreta é a que afirma ser o chamado período subsequente aquele que vai da data do balanço até a data de divulgação das demonstrações contábeis. Período subsequente é aquele em que o auditor possui responsabilidade por revelar eventos subsequentes e vai da data do balanço até a data do relatório de auditoria. As demais alternativas estão corretas. O gabarito é a letra C. 10) (Analista/TSE/CONSULPLAN/2011) Um auditor planeja entregar seu parecer sem ressalvas em relação à auditoria de 2010 de uma empresa, em 20 de janeiro de 2011. No dia 15 de janeiro de 2011, ele recebe a informação de que o principal cliente da empresa auditada, responsável por 80% de suas vendas, e que já estava em má situação em 2010, pediu concordata. Considerando que não há risco de descontinuidade da empresa, o auditor deve (A) determinar um ajuste na conta perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa no balanço patrimonial de 2010. (B) determinar um ajuste na conta perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa no balanço patrimonial de 2011. (C) incluir no parecer de 2010, um parágrafo de ênfase destacando a nova informação e suas consequências. (D) incluir no parecer de 2010, uma ressalva sobre a ocorrência. SOLUÇÃO: O enunciado afirma que está sendo realizada uma auditoria nas demonstrações contábeis de 2010 e, no início de 2011 e antes do encerramento dos trabalhos de campo, o auditor toma conhecimento de que o principal cliente da empresa auditada, responsável por 80% de suas vendas, e que já estava em má situação em 2010, pediu concordata. Portanto, a perda do principal cliente da empresa é um evento subsequente relevante que requer ajuste nas demonstrações, pois se refere a

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uma condição que potencialmente já existia ao final de 2010. Logo, a empresa precisa ajustar o valor contábil da conta a receber, apropriando a perda na conta créditos de liquidação duvidosa no balanço de 2010. O gabarito é a letra A. Vale notar que o enunciado da questão deixa claro que, apesar da perda, não há risco de descontinuidade da empresa. Caso houvesse risco de descontinuidade, a empresa deveria refazer o balanço com todos os ativos reconhecidos ao valor líquido de realização, bem como deveriam ser provisionados todos os gastos relativos à desativação da empresa, e não apenas o ajuste na conta devedores duvidosos no Balanço Patrimonial. *************************************************************** Perceberam como os procedimentos relativos a eventos subsequentes estão relacionados às normas de formação de opinião sobre as demonstrações contábeis?

Portanto, para concluir o nosso curso, vamos estudar as normas relativas ao relatório e à opinião do auditor sobre as demonstrações financeiras.

RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE TIPOS DE OPINIÃO/PARECER – ESTRUTURA E ELEMENTOS

A etapa final do trabalho de auditoria refere-se ao relato das

descobertas, ocasião em que o auditor analisa as evidências obtidas e formula suas conclusões e opiniões sobre o objeto auditado.

O produto final desse trabalho é o relatório de auditoria e, por meio dele, o auditor informa aos usuários o escopo do trabalho, os procedimentos realizados, eventuais limitações, os fatos relevantes constatados, sua opinião e eventuais recomendações para as não-conformidades evidenciadas.

Em se tratando de uma auditoria independente das demonstrações contábeis, o relatório constitui o meio através do qual o auditor comunica ao seu cliente ou demais usuários das demonstrações contábeis auditadas (administradores, acionistas, banqueiros, poderes públicos ou outros interessados na empresa auditada e em seus resultados), o estado patrimonial e os resultados da entidade auditada. O relatório deve ser redigido de forma clara, concisa, objetiva e imparcial, bem como isento de erros de redação que possam macular o bom conceito do profissional que o emite. O relatório deve ser fiel e completo, não

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podendo omitir fatos relevantes, cuja omissão possa trazer prejuízos a terceiros e pelos quais o auditor venha a ser responsabilizado.

Como o propósito da auditoria independente das demonstrações contábeis é a emissão de uma opinião sobre a adequação das demonstrações, o principal produto é o relatório em forma curta, ou seja, o chamado Parecer do Auditor. Todavia, existem outros tipos de relatórios que podem ser emitidos pelo auditor, como veremos a seguir. Formas de Relatório

Quanto à extensão: sintético e analítico

⇒ Sintético: também chamado de forma curta, se caracteriza pelo fato de não conter todos os tópicos recomendados para o relatório formal do auditor, mas apenas alguns, como por exemplo: a) introdução (escopo e objetivos do trabalho); b) síntese ou sumário dos assuntos tratados e recomendações; c) conclusões, opinião e situação final acompanhada.

⇒ Analítico: Também chamado de forma longa, é utilizado, em geral,

para relatar o resultado da execução da auditoria operacional, sistêmica, de gestão ou financeira.

Quanto à forma de apresentação: escrita e verbal

⇒ Escrita: formal e por escrito, de acordo com as normas e tipos

estabelecidos. ⇒ Verbal: aplicável em casos especiais ou de urgência, quando o

auditor, em reunião com a alta direção utiliza-se deste meio para expor situações de riscos especiais ainda em apuração e cuja natureza e dados o auditor não deseja colocar por escrito, por segurança ou cautela.

Tipos de Relatórios

Franco e Marra ensinam que, dentre os relatórios formais - elaborados de forma escrita e sujeitos a determinadas normas –, podemos distinguir os seguintes tipos principais, a saber: RELATÓRIOS DESCRIÇÃO

Relatórios em forma chamados de “Parecer do Auditor”.

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curta Relatórios em forma longa

que poderão ser bastante analíticos quanto à descrição dos trabalhos realizados, mas poderão não conter uma opinião final e formal do auditor.

Relatórios sobre controle interno

que representam cartas-comentários sobre os controles internos da empresa, ressaltando sua deficiências e fazendo sugestões e recomendações construtivas, para melhoria desses controles.

Relatórios sobre Revisão Limitada

que descrevem, analiticamente, trabalhos elaborados pelo auditor, sem aplicação de todas as normas de auditoria geralmente aceitas. Neste tipo de relatório o auditor não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis examinadas, mas apenas descreve os trabalhos que executou, e declara se foi observado, ou não, algum desvio significativo na aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade quando na elaboração das demonstrações contábeis examinadas.

Relatórios especiais que poderão decorrer de trabalhos diversos executados pelo auditor, que não propriamente trabalhos de auditoria, tais como levantamentos de valores do ativo ou do passivo, conciliações de contas, exames específicos para apuração de irregularidades, além de inúmeros outros.

Orientação para emissão de relatórios em forma longa e curta ao mesmo tempo Franco e Marra apresentam as seguintes observações caso sejam emitidos dois relatórios, um em forma curta e outro em forma longa:

� o auditor deve certificar-se de que o relatório em forma longa não contenha informações adicionais que, por sua ausência no relatório em forma breve, indicasse ser este deficiente;

� nenhum dos comentários do relatório em forma longa deve prestar-se

a ser interpretado como ressalva;

� o auditor deve decidir se os outros dados do relatório em forma longa estão apresentados de maneira que possam ser interpretados como opinião sobre as demonstrações contábeis e não apenas como exposição de fatos.

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RELATÓRIO OU PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES O conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por ações representando sua “prestação de contas” abrange o Relatório de Administração, as Demonstrações Contábeis e as Notas Explicativas que as acompanham, o Parecer dos Auditores Independentes (se houver), o parecer do Conselho Fiscal e o relatório do Comitê de Auditoria (se existirem).

No Brasil, as demonstrações contábeis destinam-se a fornecer informações a respeito da posição patrimonial e financeira, desempenho e fluxos de caixa da entidade. Para tais estruturas, o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração das mutações do patrimônio liquido, demonstração dos fluxos de caixa e respectivas notas explicativas. Para as companhias abertas, inclui-se a demonstração do valor adicionado. O parecer de auditores independentes sobre as demonstrações contábeis é de fundamental importância e obrigatório no caso de companhias abertas (Lei das Sociedades Anônimas) e sociedades de grande porte (Lei 11.638/07). Além disso, normas específicas exigem que as instituições subordinadas ao Banco Central do Brasil, à Superintendência de Seguros Privados, à Agência Nacional de Energia Elétrica e outras também tenham suas demonstrações contábeis auditadas. Com relação ao relatório/parecer do auditor independente, várias são as normas que foram recentemente publicadas pelo CFC. Contudo, para o concurso, as normas mais importantes são a NBC TA 700 – Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis, a NBC TA 705 – Modificações na opinião do auditor independente e a NBC TA 706 - Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos. Vale destacar que as atuais normas não utilizam mais o termo “parecer” de auditoria, preferindo mencionar “relatório”. Quanto aos tipos de opinião, são os seguintes: - opinião não modificada: sem ressalva - opinião modificada: com ressalva, adversa e abstenção de opinião. Inicialmente, vamos lembrar alguns aspectos do relatório ou parecer do auditor independente das demonstrações que são muito explorados em provas de concursos públicos:

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� Não compete ao auditor preparar as demonstrações contábeis e nem a responsabilidade pelo seu conteúdo. A responsabilidade do auditor é emitir opinião sobre essas demonstrações e sugerir ajustes, quando necessário.

� A data do parecer deve coincidir com o dia de conclusão dos trabalhos

de campo na entidade auditada, para delimitar a responsabilidade do auditor perante transações e eventos subsequentes e seu efeito sobre as DC e sobre o parecer. NBC TA 700: A data do relatório do auditor não pode ser anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada para opinar sobre as demonstrações.

� Em decorrência de transações e eventos subsequentes relevantes à

conclusão dos trabalhos, e anteriores à emissão do parecer, poderá haver necessidade de menção de mais de uma data no parecer (parecer dupla data) ou atualização da data original.

� Quem assina o parecer é o auditor responsável com registro no CRC.

Mesmo que este atue com o apoio de equipe de assistentes, não há compartilhamento de responsabilidades, ou seja, os membros da equipe não assinam o parecer e não assumem responsabilidades.

� O parecer do auditor independente tem por limite os próprios

objetivos da auditoria das demonstrações contábeis e não representa, pois, garantia de viabilidade futura da entidade ou algum tipo de atestado de eficácia da administração na gestão dos negócios.

� O relatório do auditor independente é normalmente endereçado às

pessoas para quem o relatório de auditoria é elaborado, frequentemente para os acionistas ou para os responsáveis pela governança da entidade, cujas demonstrações contábeis estão sendo auditadas.

FORMAÇÃO DA OPINIÃO SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O auditor deve formar sua opinião sobre se as demonstrações contábeis

são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável.

Para formar essa opinião, o auditor deve concluir se as demonstrações contábeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes, independentemente se causadas por fraude ou erro.

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Quando o auditor está satisfeito quanto à apresentação das demonstrações contábeis e que foram atendidos todos os requisitos apontados anteriormente, ele pode expressar uma opinião não modificada, também denominada de opinião sem ressalvas, cuja conclusão é que as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável.

IMPORTANTE: A emissão de um relatório de auditoria sem ressalvas não significa que as demonstrações contábeis não contenham distorções causadas por erro e/ou fraude. Significa, em verdade, que o auditor está atestando que não há distorções relevantes.

E quais situações ensejariam uma modificação na opinião do

auditor? De uma forma geral, as seguintes situações exigem que o auditor

modifique a opinião no seu relatório de auditoria: a) se concluir, com base em evidência de auditoria obtida, que as

demonstrações contábeis tomadas em conjunto apresentam distorções relevantes (opinião com ressalva ou adversa).

Exemplos: discordância junto à administração quanto a procedimentos contábeis de efeitos relevantes nas demonstrações; descumprimento de princípio contábil; erros e fraudes relevantes etc. b) caso não consiga obter evidência de auditoria apropriada e

suficiente para concluir se as demonstrações contábeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes (opinião com ressalva ou abstenção de opinião).

Exemplo: limitação no escopo e na extensão dos trabalhos. Tipos de opinião modificada

A NBC TA 705 estabelece três tipos de opinião modificada, a saber, opinião com ressalva, opinião adversa e abstenção de opinião. A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriado depende da:

(a) natureza do assunto que deu origem à modificação, ou seja, se as

demonstrações contábeis apresentam distorção relevante ou, no

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caso de impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, podem apresentar distorção relevante; e

(b) opinião do auditor sobre a disseminação dos efeitos ou possíveis

efeitos do assunto sobre as demonstrações contábeis.

A tabela a seguir mostra como a opinião do auditor sobre a natureza do assunto que gerou a modificação, e a disseminação de forma generalizada dos seus efeitos ou possíveis efeitos sobre as demonstrações contábeis, afeta o tipo de opinião a ser expressa.

Natureza do assunto que gerou a modificação

Julgamento do auditor sobre a disseminação de forma generalizada dos efeitos ou possíveis efeitos sobre as demonstrações contábeis Relevante, mas não

generalizado

Relevante e generalizado

As demonstrações contábeis apresentam distorções relevantes

OPINIÃO COM

RESSALVA

OPINIÃO ADVERSA

Impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente

OPINIÃO COM

RESSALVA

ABSTENÇÃO DE

OPINIÃO

Opinião com ressalva O auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando:

a) obtém evidência e conclui que as distorções, individualmente ou em

conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas demonstrações contábeis; ou

b) não consegue obter evidência de auditoria para suportar sua

opinião, mas ele conclui que os possíveis efeitos de distorções não

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detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes, mas não generalizados.

Opinião adversa

O auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes e generalizadas para as demonstrações contábeis. Abstenção de opinião

O auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando não consegue obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para suportar sua opinião e ele conclui que os possíveis efeitos de distorções não detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes e generalizadas.

O auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, o auditor conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. Atenção: Consequência da impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente devido a uma limitação imposta pela administração depois da aceitação do trabalho pelo auditor:

Se, depois de aceitar o trabalho, o auditor tomar conhecimento que a administração impôs uma limitação ao alcance da auditoria que tem, segundo ele, probabilidade de resultar na necessidade de expressar uma opinião com ressalva ou abster-se de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, o auditor deve solicitar que a administração retire a limitação.

No caso de a administração se recusar a retirar a limitação, o auditor deve comunicar o assunto aos responsáveis pela governança, assim como determinar se é possível executar procedimentos alternativos para obter evidência de auditoria apropriada e suficiente.

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Se persistir a limitação e o auditor não conseguir obter evidência apropriada e suficiente de auditoria, o auditor deve determinar as implicações como segue:

(a) se ele concluir que os possíveis efeitos de distorções não

detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes, mas não generalizados, o auditor deve emitir uma opinião com ressalva; ou

(b) se ele concluir que os possíveis efeitos de distorções não

detectadas, se houver, sobre as demonstrações contábeis poderiam ser relevantes e generalizados de modo que uma ressalva na opinião seria não adequada para comunicar a gravidade da situação, o auditor deve: (i) renunciar ao trabalho de auditoria, quando praticável e possível, de acordo com as leis ou regulamentos aplicáveis; ou (ii) se a renúncia ao trabalho de auditoria antes da emissão do seu relatório de auditoria independente não for viável ou possível, abster-se de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis.

Se o auditor renunciar ao trabalho, antes da renúncia, ele deve

comunicar aos responsáveis pela governança quaisquer assuntos relativos a distorções identificadas durante a auditoria que dariam origem a uma opinião modificada.

INCERTEZAS

Incertezas são ocorrências que podem influenciar as demonstrações contábeis ou as revelações nelas contidas, mas que não se prestam a estimativas razoáveis. Podem estar relacionadas a fatos específicos, cujos possíveis efeitos podem ser isolados, ou a fatos complexos, com impacto, nas demonstrações contábeis, difícil de avaliar.

Atenção! Diante de incertezas relevantes devidamente divulgadas nas

demonstrações, o auditor emite opinião sem ressalva. Por exemplo, quando ocorrer incerteza em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações, deve o auditor adicionar um parágrafo de ênfase em seu parecer, após o parágrafo de opinião, fazendo referência à nota explicativa da administração, que deve descrever de forma mais extensa, a natureza e, quando possível, o efeito da incerteza. Na hipótese do emprego de parágrafo de ênfase, o relatório permanece na condição sem ressalva.

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Por outro lado, se o auditor concluir que a matéria envolvendo incerteza relevante não está adequadamente divulgada nas demonstrações contábeis, o seu relatório deve conter ressalva ou opinião adversa, pela omissão ou inadequação da divulgação. Existe ainda a hipótese de abstenção de opinião decorrente de incertezas relevantes. Neste caso, o auditor deve expressar, no parágrafo de opinião, que, devido à relevância das incertezas descritas em parágrafos intermediários específicos, não está em condições de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis. Portanto, muita atenção em prova quanto ao enunciado da questão, pois o tipo de opinião do auditor depende das circunstâncias ou situações que serão apontadas na questão.

IMPORTANTE: A abstenção de opinião não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no relatório, os desvios relevantes que normalmente seriam incluídos como ressalvas.

ÊNFASE DE ASSUNTO NO RELATÓRIO/PARECER DO AUDITOR

O parágrafo de ênfase é utilizado no relatório de auditoria para chamar a

atenção para um assunto apresentado ou divulgado nas demonstrações contábeis que, segundo o julgamento do auditor, é fundamental para o entendimento dos usuários das demonstrações contábeis.

O parágrafo de ênfase é incluído imediatamente após o parágrafo de

opinião no relatório do auditor sob o título “Ênfase”, devendo o auditor incluir no parágrafo uma referência clara ao assunto enfatizado e à nota explicativa que descreve de forma completa o assunto nas demonstrações contábeis e indicar que a opinião não se modifica no que diz respeito ao assunto enfatizado.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

⇒ O parágrafo de ênfase tem como objetivo alertar o usuário do relatório para uma situação, e não modificar a opinião do auditor. Portanto, uma ênfase no relatório não é uma ressalva. É o caso, por exemplo, de uma incerteza com possíveis efeitos relevantes sobre as DC, cuja ênfase pelo auditor não constitui uma ressalva,

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pois esta só é utilizada caso o auditor discorde de como as DC divulgam a incerteza.

⇒ Contudo, nada impede que o auditor aponte uma ressalva em seu relatório/opinião e acrescente um parágrafo de ênfase nesse mesmo relatório sobre outro assunto, devido a uma incerteza ou a um evento subsequente relevante devidamente divulgado nas demonstrações. Nesse caso, a ressalva não tem nada a ver com a ênfase. São situações distintas, por isso existem em um mesmo relatório com ressalva. Por conclusão, um parágrafo de ênfase pode ser acrescentado em um relatório/parecer sem ressalva, com ressalva ou adverso. Exemplos de itens que os auditores podem querer enfatizar em seu

relatório (os dois últimos, “f” e “g”, exigem o parágrafo de ênfase):

a) existência de incerteza relativa ao desfecho futuro de litígio excepcional ou ação regulatória;

b) a entidade é componente de um empreendimento maior; c) transações importantes efetuadas com partes relacionadas; d) assunto contábil que afeta a comparabilidade; e) grande catástrofe com efeito significativo sobre a posição patrimonial

e financeira da entidade; f) dúvida quanto à continuidade operacional da entidade; g) evento subsequente relevante.

OBSERVAÇÃO: Em prova recente do ISS SP (2012) caiu uma questão

muito específica sobre a providência a ser adotada pelo auditor em seu relatório e opinião quando são elaboradas demonstrações contábeis, consolidadas e individuais, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil para avaliação dos investimentos em controladas e coligadas, usando o método de equivalência patrimonial.

Sem aprofundarmos o estudo acerca das práticas nacionais e internacionais acerca dos métodos utilizados para consolidação de demonstrações contábeis, cabe ressaltar o que dispõe a Resolução CFC nº 1.320/2011, sobre o CTA 02 - Emissão do relatório do auditor independente

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sobre demonstrações contábeis individuais e consolidadas referentes aos exercícios findos em, ou a partir de, 31 de dezembro de 2010:

30. Tendo em vista, o esforço empreendido para que as demonstrações

contábeis elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no

Brasil sejam iguais àquelas elaboradas de acordo com as normas

internacionais de relatório financeiro (IFRS) e como as diferenças

remanescentes são pontuais, a CVM requer a adição de um parágrafo no relatório do auditor independente para enfatizar esse assunto, nos casos em que exista tal diferença, de forma a alertar os usuários que

essas diferenças entre as demonstrações contábeis individuais

elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e

demonstrações contábeis separadas de acordo com as IFRSs se

restringem à avaliação dos investimentos em controladas, coligadas e

empreendimentos controlados em conjunto pelo método de equivalência

patrimonial e à manutenção do diferido nas demonstrações contábeis

individuais (grifo nosso).

O anexo II inclui modelo de parágrafo de ênfase a ser adaptado à situação específica e adicionado após a opinião para atender esse requerimento da CVM:

Ênfase

Conforme descrito na nota explicativa X, as demonstrações contábeis

individuais foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis

adotadas no Brasil. No caso da Companhia ABC, essas práticas diferem

da IFRS, aplicável às demonstrações contábeis separadas, somente no

que se refere à avaliação dos investimentos em controladas, coligadas e

controladas em conjunto pelo método de equivalência patrimonial,

enquanto que para fins de IFRS seria custo ou valor justo; e pela opção

pela manutenção do saldo de ativo diferido, existente em 31 de

dezembro de 2008, que vem sendo amortizado [somente nos casos em

que for aplicável].

Já que a mencionamos anteriormente, eis a questão que constou da prova do ISS SP: 38. A empresa brasileira Torucha S.A. elaborou as demonstrações contábeis de 2011, consolidadas e individuais, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil para avaliação dos investimentos em controladas, coligadas, usando o método de equivalência

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patrimonial. Dessa forma, o auditor ao emitir seu relatório de auditoria sobre as demonstrações contábeis deve (A) emitir um relatório de auditoria, com limitação de escopo, uma vez que as práticas contábeis adotadas no Brasil divergem dos pronunciamentos emanados pelas normas internacionais de contabilidade: IFRS. (B) emitir um parecer adverso, ressalvando que as demonstrações contábeis não atendem às normas internacionais de contabilidade: IFRS, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. (C) elaborar parágrafo de ênfase, evidenciando que as demonstrações financeiras individuais foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, ressalvando que neste aspecto não atendem às normas internacionais de contabilidade: IFRS. (D) emitir parecer sem ressalva, uma vez que as demonstrações foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil; como essas práticas refletem os pronunciamentos do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis, estão em conformidade com as normas internacionais de contabilidade: IFRS. (E) abster-se de opinar em seu relatório de auditoria, uma vez que as práticas adotadas no Brasil divergem dos pronunciamentos emanados pelas normas internacionais de contabilidade: IFRS. Pelo exposto e de acordo com as normas do CFC e orientações da CVM, o gabarito é a letra B, pois o auditor deve enfatizar em seu relatório que a adoção do método de equivalência patrimonial nas demonstrações contábeis individuais atendem às normas brasileiras, mas não guardam respaldo com as normas internacionais de contabilidade e de relatório financeiro.

Não é objeto de ressalva, dado que as demonstrações financeiras foram elaboradas em conformidade com as práticas adotadas no Brasil. Nesse sentido, o candidato poderia ficar em dúvida quanto à alternativa D que aponta ser o parecer sem ressalva. Ocorre, no entanto, que erro está na afirmação de que as demonstrações estão em conformidade com as normas internacionais de contabilidade.

OUTRAS SITUAÇÕES QUE ENVOLVEM O RELATÓRIO Além do que estudamos até aqui sobre o relatório do auditor independente, existem algumas situações específicas que podem ser exploradas pela banca, a saber: Entidades de atividade regulamentada ou sujeitas à legislação específica

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Há inúmeros setores de atividade que têm legislação, normas ou

regulamentos específicos, ditados por órgãos governamentais, que abrangem, também, critérios contábeis. Algumas dessas entidades prestam serviços públicos, como as de energia elétrica e telefonia, as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, as empresas de seguros, as empresas de transporte aéreo e outras.

Tais entidades têm, como as demais, responsabilidades com seus

acionistas, quotistas, debenturistas, instituições financeiras e outros credores, funcionários e público em geral. A prestação de contas a tais usuários é feita, principalmente, por meio de demonstrações contábeis exigidas pela legislação societária ou específica, que devem atender a seus critérios e ser elaboradas segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Além dessa responsabilidade, tais entidades devem reportar-se aos órgãos governamentais reguladores correspondentes.

A responsabilidade do auditor está voltada aos usuários em geral,

atendidos pelas demonstrações contábeis divulgadas, devendo emitir sua opinião com base nos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Em face da especificidade dos órgãos reguladores, cujo teor ainda não conste das Normas Brasileiras de Contabilidade e que não conflitem com os Princípios Fundamentais de Contabilidade, podem ser admitidos pelo auditor na Fundamentação de seu parecer.

O modelo de parecer também é aplicável a essas entidades

regulamentadas. Assim, os desvios dos Princípios Fundamentais de Contabilidade originados na legislação ou nas normas regulamentares específicas devem ser tratados de maneira idêntica à observada nas demais entidades, contendo ressalva ou opinião adversa, sempre que relevante.

CUIDADO: Vimos que para essas entidades, os desvios dos Princípios Fundamentais de Contabilidade originados na legislação ou nas normas regulamentares específicas ensejam parecer com ressalva ou opinião adversa, sempre que relevante. Contudo, em prova, se tivermos duas opções: parecer com ressalva ou parecer adverso, para ser adverso, o enunciado tem que apontar além da relevância, a disseminação das distorções. A simples divergência entre uma prática e um princípio decorrente de uma orientação/norma específica de um órgão regulador seria objeto de ressalva.

Demonstrações Contábeis Comparativas

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A Lei das Sociedades por Ações obriga à comparação das demonstrações contábeis de dois exercícios. Conforme nos ensinam Franco e Marra, se o auditor examinou os dois anos, ele deve opinar sobre ambos. Se o ano anterior foi auditado por outros auditores, ou não foi auditado, este fato deve ser revelado no relatório dos auditores das atuais demonstrações, em um parágrafo de “outros assuntos”. Cuidado em prova, pois não é caso de ressalva, apenas de informação. Entretanto, se o relatório do auditor independente no período anterior incluiu uma opinião com ressalva, adversa ou abstenção de opinião e o assunto que gerou a modificação não está resolvido, o auditor deve manter a modificação de opinião, conforme apropriado, sobre as demonstrações contábeis do período corrente. Parecer quando demonstrações contábeis de controladas e coligadas são auditadas por outros auditores O auditor deve assegurar-se de que as demonstrações contábeis das controladas e coligadas, relevantes, utilizadas para fins de consolidação ou contabilização dos investimentos pelo valor do patrimônio líquido na controladora e/ou investidora foram auditadas e estão adequadas. Quando as demonstrações das entidades controladas/coligadas forem auditadas por outros auditores independentes e o auditor aceita o relatório/parecer de outros auditores, por não ter evidências que indiquem restrições aos seus trabalhos e conclusões, deve destacar os fatos em seu relatório.

A referência ao relatório dos outros auditores, mesmo sem a indicação do conteúdo de sua opinião, significa que:

a) o relatório dos outros auditores não teve ressalvas ou teve ressalvas que não afetam a posição patrimonial e financeira e os resultados da investidora; e

b) não há nenhuma restrição aos seus trabalhos e conclusões.

Quando, todavia, o outro auditor expressou opinião com ressalva,

adversa ou com abstenção de opinião, o auditor deve analisar se o motivo é de

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tal relevância que afete a sua própria opinião, em relação às demonstrações contábeis da investidora. Quando os efeitos não forem relevantes, não é necessário mencioná-los

no relatório do auditor da investidora. Reflexo quando o auditor não puder utilizar o trabalho dos outros

auditores: O auditor deve emitir opinião com ressalva ou abstenção de opinião quando concluir, baseado nos procedimentos recomendados, que o trabalho dos outros auditores não pode ser utilizado, e que não pode aplicar procedimentos adicionais suficientes com relação às demonstrações contábeis da controlada e/ou coligada, ou ao item sobre o qual os outros auditores emitiram opinião. QUADRO RESUMO SOBRE OS TIPOS DE OPINIÃO ⇒ Quando o auditor conclui que as demonstrações contábeis são

elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável.

⇒ Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções irrelevantes.

⇒ Quando ocorrer incerteza em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afetar significativamente a posição patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações (Adicionar Parágrafo de Ênfase).

⇒ Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções

relevantes, mas o efeito não é generalizado. ⇒ Diante de impossibilidade de obter evidência de auditoria

apropriada e suficiente, mas o efeito não é generalizado. ⇒ Em auditoria de entidades públicas ou privadas, sujeitas à

regulamentação específica, quanto à adoção de normas contábeis próprias ao segmento econômico, quando elas forem significativamente conflitantes com a estrutura de relatório financeiro aplicável ou lei e regulamento aplicáveis.

⇒ Quando o auditor conclui que o efeito de qualquer discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que

OPINIÃO SEM RESSALVA

OPINIÃO COM RESSALVA

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requeira opinião adversa. ⇒ Quando as demonstrações contábeis apresentam distorções

relevantes e o efeito é generalizado, afetando várias contas. ⇒ Quando as demonstrações contábeis foram elaboradas com base na

continuidade operacional, mas no julgamento do auditor, o uso do pressuposto da continuidade operacional pela administração nas demonstrações contábeis é inapropriado.

⇒ Diante de impossibilidade de obter evidência de auditoria

apropriada e suficiente e o efeito poderia ser relevante e generalizado.

⇒ Quando o auditor, em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis.

ESTRUTURA DO RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE

O relatório do auditor independente deve ser por escrito, compreendendo

relatório de auditoria emitido de forma impressa em papel ou em meio eletrônico. A seguir, tem-se a estrutura básica de um relatório de auditoria padrão (opinião não-modificada):

Título Destinatário

Parágrafo Introdutório

Seção sobre a responsabilidade da administração

Seção sobre a responsabilidade do auditor e a extensão da auditoria

Seção sobre a opinião do auditor

OPINIÃO ADVERSA

RELATÓRIO COM ABSTENÇÃO DE OPINIÃO

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Local, data e assinaturas

Título

O relatório do auditor independente deve ter um título que indique claramente que é o relatório do auditor independente. Destinatário

O relatório do auditor independente deve ser endereçado conforme exigido pelas circunstâncias do trabalho. Parágrafo introdutório

O parágrafo introdutório do relatório do auditor independente deve: a) identificar a entidade cujas demonstrações contábeis foram

auditadas; b) afirmar que as demonstrações contábeis foram auditadas; c) identificar o título de cada demonstração que compõe as

demonstrações contábeis; d) fazer referência ao resumo das principais práticas contábeis e demais

notas explicativas; e e) especificar a data ou o período de cada demonstração que compõe

as demonstrações contábeis. Responsabilidade da administração sobre as demonstrações contábeis

Essa seção do relatório do auditor independente descreve a responsabilidade dos responsáveis na organização pela elaboração das demonstrações contábeis.

O relatório do auditor independente deve descrever a responsabilidade da administração pela elaboração das demonstrações contábeis. A descrição deve incluir uma explicação de que a administração é responsável pela elaboração das demonstrações contábeis de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável e pelos controles internos que a administração determinar serem necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis que não apresentem distorção relevante, independentemente se causadas por fraude ou erro.

Quando as demonstrações contábeis são elaboradas de acordo com uma estrutura de apresentação adequada, como é o caso das demonstrações

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contábeis para fins gerais requeridas pela Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovada pelo CFC, a explicação da responsabilidade da administração pelas demonstrações contábeis no relatório do auditor independente deve referir-se a “elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis” ou “elaboração de demonstrações contábeis que apresentam uma visão verdadeira e justa” conforme apropriado nas circunstâncias. Responsabilidade do auditor

O relatório do auditor independente deve especificar que a responsabilidade do auditor é expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na auditoria.

O relatório do auditor independente deve especificar que a auditoria foi conduzida em conformidade com as normas de auditoria indicando sempre a nacionalidade das mesmas. Como no Brasil as normas de auditoria estão sendo integralmente convergidas com as normas internacionais de auditoria emitidas pela Federação Internacional de Contadores, a referência deve ser às normas brasileiras e internacionais de auditoria. O relatório do auditor independente deve explicar, também, que essas normas requerem que o auditor cumpra as exigências éticas, planeje e realize a auditoria para obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis não apresentem distorção relevante.

O relatório do auditor independente deve descrever a auditoria especificando que:

(a) a auditoria envolve a execução de procedimentos para obtenção

de evidência de auditoria a respeito dos valores e divulgações nas demonstrações contábeis;

(b) os procedimentos selecionados dependem do julgamento do

auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causadas por fraude ou erro; e

(c) a auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas

contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações contábeis, tomadas em conjunto.

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O relatório do auditor independente deve especificar se o auditor acredita que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar a sua opinião. Opinião do auditor

Ao expressar uma opinião não modificada sobre as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de apresentação adequada, a opinião do auditor deve, utilizar uma das seguintes frases, que são consideradas equivalentes:

a) as demonstrações contábeis apresentam adequadamente, em todos

os aspectos relevantes, … de acordo com [a estrutura de relatório financeiro aplicável]; ou

b) as demonstrações contábeis apresentam uma visão correta e

adequada … de acordo com [a estrutura de relatório financeiro aplicável].

Ao expressar uma opinião não modificada sobre demonstrações

contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de conformidade, a opinião do auditor deve ser que as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com [a estrutura de relatório financeiro aplicável]. Outras responsabilidades relativas à emissão do relatório de auditoria

Se for requerido ao auditor tratar no seu relatório de auditoria de outras responsabilidades em relação às demonstrações contábeis que são complementares à sua responsabilidade, de acordo com as normas de auditoria, para emissão de seu relatório sobre as demonstrações contábeis, essas outras responsabilidades devem ser tratadas em uma seção separada no relatório do auditor independente com o subtítulo “Relatório do auditor independente sobre outros requisitos legais e regulatórios” ou de outra forma, conforme apropriado ao conteúdo da seção.

Se o relatório do auditor independente contém uma seção separada sobre outras responsabilidades relativas à emissão de relatório de auditoria, os títulos, demonstrações e as explicações devem ser incluídos no subtítulo “Relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis”. A seção do relatório sobre outros requisitos legais e regulatórios deve ser apresentada após a seção que cobre as demonstrações contábeis.

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Assinatura do auditor

O relatório do auditor independente deve ser assinado. Data do relatório do auditor independente

O relatório do auditor independente não pode ter data anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião sobre as demonstrações contábeis, incluindo evidência de que: (a) todas as demonstrações que compõem as demonstrações contábeis, incluindo as respectivas notas explicativas, foram elaboradas; e (b) as pessoas com autoridade reconhecida afirmam que assumem a responsabilidade sobre essas demonstrações contábeis.

Lembro que a NBC T 11 definia que a data do parecer deveria corresponder ao dia de encerramento dos trabalhos de campo. As normas atualmente em vigor (NBC TA 700) estabelecem que o relatório do auditor não pode ter data anterior aquela em que o auditor obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada. Em verdade, é a mesma coisa só que dito de outra forma, pois quando ao auditor obtém evidência de auditoria suficiente e apropriada, ele alcança segurança razoável para opinar sobre as demonstrações e concluir os trabalhos. Endereço do auditor independente

O relatório do auditor independente deve mencionar a localidade em que o relatório foi emitido. Informações suplementares apresentadas com as demonstrações contábeis

No caso de serem apresentadas informações suplementares com as demonstrações contábeis auditadas, não requeridas pela estrutura de relatório financeiro aplicável, o auditor deve avaliar se essas informações suplementares estão claramente diferenciadas das demonstrações contábeis auditadas.

Se essas informações suplementares não estão claramente diferenciadas

das demonstrações contábeis auditadas, o auditor deve pedir que a administração mude a forma de apresentação das informações suplementares não auditadas. Se a administração se recusar a fazê-lo, o auditor deve explicar no relatório do auditor independente que essas informações suplementares não foram auditadas.

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Informações suplementares não requeridas pela estrutura de relatório financeiro aplicável, mas que apesar disso são parte integrante das demonstrações contábeis porque não podem ser claramente diferenciadas das demonstrações contábeis auditadas devido a sua natureza e forma de apresentação, devem ser cobertas pela opinião do auditor.

Vejamos, então, o modelo de Relatório do auditor independente sobre demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de apresentação adequada, elaborada para satisfazer as necessidades de informações contábeis comuns de ampla gama de usuários (por exemplo, práticas contábeis adotadas no Brasil):

RELATÓRIO DO(S) AUDITOR(ES) INDEPENDENTE(S) SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (Destinatário apropriado) Examinamos as demonstrações contábeis da Companhia ABC, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 20X1 e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas. A administração da Companhia é responsável pela elaboração e adequada apresentação dessas demonstrações contábeis de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis com base em nossa auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção relevante. Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles internos

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relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis da Companhia para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da Companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Entidade ABC em 31 de dezembro de 20X1, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. [Local (localidade do escritório de auditoria que emitiu o relatório) e

data do relatório do auditor independente] [Nome do auditor independente (pessoa física ou jurídica)]

[Nome do profissional (sócio ou responsável técnico, no caso de o auditor ser pessoa jurídica)]

[Números de registro no CRC da firma de auditoria e do profissional que assina o relatório]

[Assinatura do auditor independente]

Alterações na estrutura de relatório com opinião modificada Parágrafo contendo a base para a modificação

Quando o auditor modifica a opinião sobre as demonstrações contábeis, ele deve, além dos elementos específicos requeridos pela NBC TA 700, incluir um parágrafo no seu relatório de auditoria independente que fornece uma descrição do assunto que deu origem à modificação. O auditor deve colocar esse parágrafo imediatamente antes do parágrafo da opinião no seu relatório de auditoria independente, utilizando o título “Base para opinião com ressalva,” “Base para opinião adversa” ou “Base para abstenção de opinião”, conforme apropriado.

Se houver uma distorção relevante nas demonstrações contábeis relacionada a valores específicos nessas demonstrações contábeis (incluindo

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divulgações quantitativas), o auditor deve incluir no parágrafo contendo a base para a modificação uma descrição e a quantificação dos efeitos financeiros da distorção, a menos que seja impraticável. Se não for praticável quantificar os efeitos financeiros, o auditor deve especificar isso no referido parágrafo contendo a base para a modificação.

Se houver uma distorção relevante nas demonstrações contábeis, relacionada com as divulgações nas notas explicativas, o auditor deve incluir uma explicação sobre como as divulgações estão distorcidas no parágrafo contendo a base para a modificação.

Se houver uma distorção relevante das demonstrações contábeis, relacionada com a não divulgação de informações que devem ser divulgadas, o auditor deve:

a) discutir a não divulgação com os responsáveis pela governança; b) descrever a natureza da informação omitida no parágrafo contendo a

base para a modificação; e c) a menos que proibido por lei ou regulamento, incluir as divulgações

omitidas, desde que praticável e que o auditor tenha obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre a informação omitida.

Se a modificação for decorrente da impossibilidade de obter evidência de

auditoria apropriada e suficiente, o auditor deve incluir as razões dessa impossibilidade no parágrafo contendo a base para a modificação.

Mesmo que o auditor tenha emitido uma opinião adversa ou se absteve de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis, ele deve descrever no parágrafo contendo a base para a modificação as razões para quaisquer outros assuntos dos quais ele está ciente que teriam requerido uma modificação da opinião, assim como os respectivos efeitos. Parágrafo da opinião

Quando o auditor modifica sua opinião deve usar o título “Opinião com ressalva,” “Opinião adversa” ou “Abstenção de Opinião”, conforme apropriado, para o parágrafo da opinião. Com ressalva:

Quando o auditor expressa uma opinião com ressalva devido a uma distorção relevante nas demonstrações contábeis, ele deve especificar no

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parágrafo da opinião que, em sua opinião, exceto pelos efeitos do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião com ressalva:

(a) as demonstrações contábeis estão apresentadas adequadamente,

em todos os aspectos relevantes (ou apresentam uma visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação adequada das demonstrações contábeis; ou

(b) as demonstrações contábeis foram elaboradas adequadamente,

em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura de conformidade.

Quando a modificação é decorrente da impossibilidade de obter evidência

apropriada e suficiente de auditoria, o auditor deve usar a correspondente frase “exceto pelos possíveis efeitos do(s) assunto(s) ...” para a opinião modificada. Com opinião adversa:

Quando o auditor expressa uma opinião adversa, ele deve especificar no parágrafo da opinião que, em sua opinião, devido à relevância do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para opinião adversa:

(a) as demonstrações contábeis não estão apresentadas adequadamente

(ou não apresentam uma visão verdadeira e justa), de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com uma estrutura que tem como objetivo a apresentação adequada; ou

(b) as demonstrações contábeis não foram elaboradas adequadamente,

em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável quando o relatório é emitido de acordo com a estrutura de conformidade.

Com abstenção de opinião:

Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à

impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve especificar no parágrafo da opinião que:

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(a) devido à relevância do(s) assunto(s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, o auditor não conseguiu obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua opinião de auditoria; e, consequentemente,

(b) o auditor não expressa opinião sobre as demonstrações contábeis.

Descrição da responsabilidade do auditor quando expressa uma opinião com ressalva ou adversa

Quando o auditor expressa uma opinião com ressalva ou adversa, ele deve alterar a descrição de sua responsabilidade no relatório para especificar que ele acredita que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar sua opinião modificada. Descrição da responsabilidade do auditor quando se abstém de expressar uma opinião

Quando o auditor se abstém de expressar uma opinião devido à impossibilidade de obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve alterar o parágrafo introdutório do relatório do auditor para especificar que foi contratado para examinar as demonstrações contábeis. O auditor também deve alterar a descrição da sua responsabilidade e a descrição do alcance da auditoria para especificar somente o seguinte: “Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na condução da auditoria de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Em decorrência do(s) assunto (s) descrito(s) no parágrafo sobre a base para abstenção de opinião, não conseguimos obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar uma opinião de auditoria.”

CASO CONCRETO: RELATÓRIO DE AUDITORIA DA ERNEST YOUNG SOBRE AS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA EUCATEX S/A Para facilitar a fixação de conceitos que vimos nesta aula sobre o relatório do auditor, apresento a seguir o relatório dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras de 2010 da empresa Eucatex, amplamente publicado em jornal de grande circulação e na internet. Notem que o relatório contém: ressalva, dupla data, parágrafo de ênfase e seção de outros assuntos, por isso julguei interessante. Anoto que suprimi apenas o nome do auditor/contador responsável. Eis o relatório:

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Aos Conselheiros e Administradores da Eucatex S.A. Indústria e Comércio: Examinamos as demonstrações financeiras individuais e consolidadas da Eucatex S.A. Indústria e Comércio (“Companhia”), identificadas como controladora e consolidado, respectivamente, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2010 e as respectivas demonstrações do resultado, do resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa, para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das principais práticas contábeis e demais notas explicativas. Responsabilidade da administração sobre as demonstrações financeiras: A administração da Companhia é responsável pela elaboração e adequada apresentação das demonstrações financeiras individuais de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e das demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as normas internacionais de relatório financeiro (IFRS), emitidas pelo International Accounting Standards Board - IASB, e de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, assim como pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração dessas demonstrações financeiras livres de distorção relevante, independente se causada por fraude ou erro. Responsabilidade dos auditores independentes: Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre estas demonstrações financeiras com base em nossa auditoria, conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Estas normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter segurança razoável de que as demonstrações financeiras estão livres de distorção relevante. Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados nas demonstrações financeiras. Os procedimentos selecionados dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção relevante nas demonstrações financeiras, independentemente se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada apresentação das demonstrações financeiras da Companhia para planejar os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da Companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis feitas pela Administração, bem como avaliação da apresentação das demonstrações financeiras tomadas em conjunto. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião, com ressalva. Base para opinião com ressalva sobre as demonstrações financeiras: Conforme mencionado na Nota Explicativa nº 18, a Companhia está inadimplente na amortização das parcelas devidas dentro do cronograma estabelecido com o Deutsche Bank Service Uruguay e, como conseqüência, o valor da dívida poderá ser recalculado e resultar num aumento de aproximadamente R$40.000 mil, em 31 de Dezembro de

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2010. Adicionalmente, não obtivemos resposta, até o momento, à solicitação de confirmação direta de saldos de empréstimos e operações com o Deutsche Bank Service Uruguay S.A. Caso fosse recebida esta confirmação as informações poderiam se refletir em ajustes ou divulgação adicionais nas demonstrações financeiras. Opinião com ressalva sobre as demonstrações financeiras individuais: Em nossa opinião, exceto pelos efeitos do assunto descrito no parágrafo Base para opinião com ressalva sobre as demonstrações financeiras, as demonstrações financeiras individuais acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Eucatex S.A. Indústria e Comércio em 31 de dezembro de 2010, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Opinião com ressalva sobre as demonstrações financeiras consolidadas: Em nossa opinião, exceto pelos efeitos do assunto descrito no parágrafo Base para opinião com ressalva sobre as demonstrações financeiras, as demonstrações financeiras consolidadas acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira consolidada da Eucatex S.A. Indústria e Comércio em 31 de dezembro de 2010, o desempenho consolidado de suas operações e os seus fluxos de caixa consolidados para o exercício findo naquela data, de acordo com as normas internacionais de relatório financeiro (IFRS) emitidas pelo International Accounting Standars Board - IASB e as práticas contábeis adotadas no Brasil. Ênfase: Conforme descrito na nota explicativa 2.2.2, as demonstrações financeiras individuais foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. No caso da Companhia essas práticas diferem do IFRS, aplicável às demonstrações financeiras separadas, somente no que se refere à avaliação dos investimentos em controladas pelo método de equivalência patrimonial, enquanto que para fins de IFRS seria custo ou valor justo. Outros assuntos: Demonstrações do valor adicionado: Examinamos, também, as demonstrações individual e consolidada do valor adicionado (DVA), referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2010, cuja apresentação é requerida pela legislação societária brasileira para companhias abertas, e como informação suplementar pelas IFRS que não requerem a apresentação da DVA. Essas demonstrações foram submetidas aos mesmos procedimentos de auditoria descritos anteriormente e, em nossa opinião, estão adequadamente apresentadas, em todos os seus aspectos relevantes, em relação às demonstrações financeiras tomadas em conjunto. Auditoria dos valores correspondentes aos exercícios anteriores: As demonstrações financeiras individuais e consolidadas da Eucatex S.A. Indústria e Comércio referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2009 e 1 de janeiro de 2009, antes da reapresentação, foram examinadas pela Terco Grant Thornton Auditores Independentes (Terco), entidade separada legalmente da Ernst & Young Auditores Independentes S.S., que emitiu relatório em 01 de março de 2010, contendo o mesmo comentário sobre o não recebimento de confirmação direta do Deutsche Bank Service Uruguay S.A. Em 1 de outubro de 2010, a Terco foi

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incorporada pela Ernst & Young Auditores Independentes S.S. Após essa incorporação, a Ernst & Young Auditores Independentes S.S. passou a ser denominada Ernst & Young Terco Auditores Independentes S.S. São Paulo, 01 de março de 2011 (exceto pela nota 35 b) cuja data é 17 de março de

2011) Ernst & Young Terco

Auditores Independentes S.S.

Bom, pessoal, concluída a parte teórica, veremos agora algumas

questões sobre o relatório e a opinião dos auditores, acompanhadas de nossos comentários. Como de praxe, elas estão ao final da aula sem os comentários.

Anoto que algumas questões foram elaboradas antes da vigência das

atuais normas de auditoria independente – as NBC TAs. Contudo, nossos comentários consideram aquelas normas e também as atuais.

1) (ACE/TCE/TO/CESPE/2009) O relatório em forma longa normalmente inclui detalhes de itens das demonstrações, dados estatísticos, comentários explicativos e, às vezes, uma descrição da extensão do exame do auditor. Pode coexistir com o relatório em forma breve. Nesse caso, A) o relatório em forma breve não pode omitir informações consideradas relevantes contidas no relatório em forma longa. B) os dois relatórios devem conter o mesmo tipo de informação, diferindo apenas no detalhamento. C) o relatório em forma longa deve incluir informações que constituam ressalvas. D) recomendações e sugestões constam apenas do relatório em forma longa. E) providências que devam ser adotadas, em caso de irregularidades, só devem constar do relatório em forma breve. SOLUÇÃO: O auditor independente, quando realiza a auditoria das demonstrações contábeis, emite obrigatoriamente um relatório curto ou parecer de auditoria, mas pode também elaborar um relatório em forma longa ou carta-comentário sobre os controles internos.

A alternativa “A” é a correta. O relatório em forma breve não pode omitir informações consideradas relevantes contidas no relatório em forma longa, pois essa omissão significaria ser aquele deficiente.

Cabe alertar que a alternativa “D” pode ter causado certa confusão nos

candidatos, pois como Franco e Marra consideram que o relatório curto seria o

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parecer, então, estaria correto afirmar que recomendações e sugestões constam apenas do relatório em forma longa.

Todavia, Sergio Jund, ao classificar os relatórios quanto à extensão em

sintéticos e analíticos, caracteriza o relatório de forma curta como um relatório sintético que não contém todos os tópicos recomendados para o relatório formal do auditor, mas apenas alguns, como por exemplo: introdução, síntese dos assuntos tratados e recomendações apresentadas, conclusões e opinião. 2) (TCE/TO/CESPE/2009) O parecer dos auditores independentes é o documento mediante o qual os mesmos expressam sua opinião acerca das demonstrações contábeis nele indicadas. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. A) Por meio do parecer, o auditor assume responsabilidade de ordem privada, de natureza estritamente contratual. B) O parecer deve ser assinado por contador ou técnico de contabilidade regularmente registrado em CRC. C) A data do parecer deve corresponder a das demonstrações que tenham sido auditadas. D) O auditor, mesmo abstendo-se de emitir opinião a respeito das demonstrações, é responsável por mencionar qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário das informações. E) Em caso de incerteza acerca de fato relevante, o auditor deve abster-se de opinar, desde que haja nota explicativa da administração relacionada ao fato. SOLUÇÃO: A alternativa “A” está incorreta, pois além da responsabilidade de ordem privada e contratual, o auditor assume também uma responsabilidade profissional e coletiva. Cabe lembrar que existem muitos usuários interessados no relatório do auditor. A alternativa “B” está incorreta, pois somente o contador com registro no CRC pode assinar o relatório. A alternativa “C” está incorreta, pois, segundo a então vigente NBC T 11, a data do parecer deve corresponder ao dia de encerramento dos trabalhos de campo. Lembro que as normas atualmente em vigor estabelecem que o relatório do auditor não pode ter data anterior aquela em que o auditor obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada. A alternativa “D” está correta, pois a abstenção de opinião não elimina a

responsabilidade do auditor de mencionar qualquer desvio relevante que normalmente seria incluído como ressalva no seu relatório e que, portanto,

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possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. O gabarito é a letra D. A alternativa “E” está incorreta, pois a abstenção de opinião não está relacionada à divulgação do fato em Nota Explicativa da Administração. Diante de uma incerteza relevante, cujos fatos estejam devidamente divulgados em Notas Explicativas, o auditor pode deixar de incluir ressalva em seu relatório, optando por um parágrafo de ênfase. A abstenção de opinião ocorre se o auditor não conseguir reunir evidências suficientes para fundamentar sua opinião e, nesse caso, independe se os fatos estejam devidamente divulgados em Notas Explicativas. 3) (ICMS/SP/FCC/2009) O auditor externo, ao se deparar com algum passivo que represente para a empresa uma incerteza relevante, deve emitir parecer (A) com ressalva e limitação de escopo do trabalho. (B) sem ressalva e com limitação de escopo do trabalho. (C) adverso, evidenciando a incerteza constatada. (D) sem ressalva e com parágrafo adicional de ênfase. (E) com negativa de opinião e limitação de escopo. SOLUÇÃO: Conforme os ensinamentos de Franco e Marra, incertezas são ocorrências que podem influenciar as demonstrações contábeis ou as revelações nelas contidas, mas que não se prestam a estimativas razoáveis. Podem estar relacionadas a fatos específicos, cujos possíveis efeitos podem ser isolados, ou a fatos complexos, com impacto, nas demonstrações contábeis, difícil de avaliar.

Muitos candidatos confundem incerteza relevante com uma distorção relevante, concluindo que a opinião do auditor, nesse caso, seria com ressalva ou até mesmo com abstenção de opinião. Não é verdade. Se o enunciado mencionar apenas incerteza relevante ou de possível efeito relevante, o relatório a ser emitido pelo auditor deve acrescentar um parágrafo de ênfase ao final, fazendo referência à nota explicativa da administração, que deve descrever de forma mais extensa, a natureza e, quando possível, o efeito da incerteza. Nesse caso, o relatório permanece na condição sem ressalva. A letra D é a correta. 4) Dadas as situações a seguir, identifique, na respectiva ordem, quais os tipos de opinião do auditor mais adequados a cada situação: I - O auditor constatou que a empresa Alpha S.A somente faturava parte de suas mercadorias vendidas e que boa parte das mercadorias compradas entravam sem documentação hábil.

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II - O auditor constatou que a empresa Beta S.A não estava reconhecendo os juros e as variações monetárias de seus contratos de financiamento junto ao Banco Empresa Tudo S.A, efetuando a contabilização somente no pagamento do empréstimo. III - O auditor, ao executar os trabalhos na empresa Gama S.A encontrou divergências no cálculo da provisão para contigências trabalhistas. Ao analisar a relevância dos números, percebeu que os mesmos não afetavam as demonstrações contábeis. IV - O auditor, ao avaliar as demonstrações financeiras da empresa Omega S.A, não conseguiu compor o saldo das contas de financiamento concedidos, nem das contas de investimentos. A) com ressalva, adversa, abstenção de opinião e sem ressalva. B) adversa, abstenção de opinião, sem ressalva e com ressalva. C) adversa, com ressalva, sem ressalva e abstenção de opinião. D) abstenção de opinião, sem ressalva, com ressalva e adversa. E) com ressalva, com ressalva, sem ressalva e adversa. SOLUÇÃO: Vamos analisar cada afirmativa da questão:

Item I - O auditor constatou que a empresa Alpha S.A somente faturava parte de suas mercadorias vendidas e que boa parte das mercadorias compradas entravam sem documentação hábil:

� o enunciado dá a entender que a irregularidade correspondia a um ato fraudulento e a afirmação de que não havia documentação hábil para boa parte das mercadorias compradas pela empresa é forte e, obviamente, com impacto relevante e extenso nas demonstrações, razão pela qual, o parecer do auditor mais adequado ao caso seria o adverso.

Item II - O auditor constatou que a empresa Beta S.A não estava

reconhecendo os juros e as variações monetárias de seus contratos de financiamento junto ao Banco Empresa Tudo S.A, efetuando a contabilização somente no pagamento do empréstimo.

� perceba que a empresa está descumprindo o princípio contábil fundamental da competência, deixando de reconhecer as despesas com juros e encargos financeiros no momento de sua incorrência. Portanto, o parecer do auditor poderia ser com ressalva ou adverso, dependendo da extensão e impacto nas demonstrações contábeis.

Item III - O auditor, ao executar os trabalhos na empresa Gama S.A

encontrou divergências no cálculo da provisão para contingências trabalhistas.

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Ao analisar a relevância dos números, percebeu que os mesmos não afetavam as demonstrações contábeis.

� considerando que as divergências encontradas pelo auditor não afetavam as demonstrações, ou seja, estavam compatíveis com o nível de relevância estabelecido e, portanto, não distorciam significativamente as demonstrações a ponto de prejudicar os usuários, o parecer deveria ser sem ressalva.

Item IV - O auditor, ao avaliar as demonstrações financeiras da empresa

Omega S.A, não conseguiu compor o saldo das contas de financiamento concedidos, nem das contas de investimentos.

� significa que o auditor, em função de uma limitação em seus procedimentos, não conseguiu coletar evidências sobre o saldo das contas de financiamento e de investimentos. Em função da relevância desta restrição e de sua extensão, o parecer seria com abstenção de opinião.

Assim, a única alternativa que expressa corretamente os possíveis tipos

de opinião/parecer em função das circunstâncias informadas nos itens da questão é a letra “C”. 5) Sobre as normas relativas ao relatório do auditor independente, podemos afirmar: A) a data do relatório não pode ser posterior ao dia em que o auditor obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada. B) a discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e forma de apresentação das demonstrações contábeis deve conduzir à opinião com ressalva ou à abstenção de opinião, com os esclarecimentos que permitam a correta interpretação dessas demonstrações. C) a limitação na extensão do trabalho deve conduzir à opinião com ressalva ou adversa. D) o auditor deve expressar opinião adversa quando verificar que as demonstrações contábeis estão corretas, em tal magnitude, que impossibilite uma opinião com ressalva. E) a opinião sem ressalva indica que o auditor está convencido de que as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, consoante a estrutura de relatório financeiro aplicável.

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SOLUÇÃO: Na letra A, o correto seria: a data do relatório do auditor não pode ser anterior à data que o auditor obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada.

Na letra B, a discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e forma de apresentação das demonstrações contábeis deve conduzir à opinião com ressalva ou adversa. Na letra C, a limitação na extensão deve conduzir à opinião com ressalva ou com abstenção de opinião. Na letra D, o auditor deve emitir opinião adversa quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas, em tal magnitude, que impossibilite a emissão do parecer com ressalva. A letra E é a única alternativa correta. A opinião sem ressalva é expressa

quando o auditor conclui, sobre todos os aspectos relevantes, que as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável e de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 6) (Auditor/São Paulo/FCC/2007) Um auditor independente foi contratado pela Cia. Metalúrgica ABC, em 10.01.2006, para examinar as demonstrações contábeis da sociedade relativas ao exercício findo em 31.12.2005. Em virtude do atraso de sua contratação, ele não pôde acompanhar o inventário físico dos estoques de matérias-primas, de produtos em elaboração e dos produtos acabados da companhia. Essa limitação na extensão de seu trabalho, que ele considerou bastante relevante, deve conduzir à emissão de um parecer (A) sem ressalva. (B) adverso. (C) com abstenção de opinião. (D) com ressalva. (E) com parágrafo de ênfase. SOLUÇÃO: Considerando a natureza da empresa, ou seja, uma indústria, e, portanto, da relevância e materialidade da conta estoques, caso o auditor não possa acompanhar o inventário físico dos estoques de matérias-primas, de produtos em elaboração e dos produtos acabados da companhia, essa limitação na extensão de seu trabalho (que ele considerou bastante relevante) deve conduzir à emissão de um relatório com abstenção de opinião. O gabarito é a letra C.

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Vale notar, no entanto, que as atuais normas do CFC sobre emissão de relatório indicam que a opinião pela ressalva ou pela abstenção, em caso de limitação ou ausência de evidência, dependerá da generalização da distorção para as DC como um todo. Caso essa mesma questão constasse da prova para AFRFB que se aproxima, o candidato seria obrigado a optar por um tipo de opinião e a mais adequada à situação hipotética colocada no enunciado da questão continuaria sendo, a meu ver, o parecer (relatório) com abstenção de opinião, dada a relevância e magnitude da limitação. 7) (ICMS/PB/FCC/2006) O emprego de parágrafo de ênfase no parecer para ressaltar uma incerteza quanto ao sucesso da empresa, que questiona a inconstitucionalidade de um tributo que afeta relevantemente as demonstrações contábeis da empresa auditada, leva o auditor a emitir o parecer (A) com ressalva e parágrafo de ênfase. (B) com limitação de escopo e parágrafo de ênfase. (C) sem ressalva e parágrafo de ênfase. (D) adverso e parágrafo de ênfase. (E) com abstenção de opinião e parágrafo de ênfase. SOLUÇÃO: Diante de incerteza com possível efeito relevante sobre as DC, o auditor deve enfatizar a situação em seu parecer/relatório, com opinião sem ressalva, pois não se trata de uma distorção causada por erro ou fraude, mas apenas uma dúvida quanto ao deslinde de um litígio. O gabarito é a letra C. 8) (AUDITOR INFRAERO/FCC/2009) De acordo com a Interpretação Técnica 5 da NBC T 11, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade pela Resolução 830, de 1998, quando houver limitação na extensão do trabalho do auditor, seja ela imposta pela administração da entidade ou circunstancial, o profissional pode ser obrigado a emitir um parecer (A) com ressalva ou abstenção de opinião, dependendo da extensão da limitação. (B) adverso, qualquer que seja a extensão da limitação. (C) sem ressalva, mas com um parágrafo intermediário indicando como a limitação pode ter distorcido as demonstrações contábeis da entidade auditada. (D) sem ressalva, desde que baseado nas informações do auditor interno, que lhe afirma que a limitação não terá efeito relevante nas demonstrações contábeis. (E) com abstenção de opinião, mesmo que a limitação tenha ocorrido em item das demonstrações contábeis de pouca relevância.

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SOLUÇÃO: De acordo com a norma de auditoria, quando houver limitação na extensão do trabalho do auditor, seja ela imposta pela administração da entidade ou circunstancial, o profissional pode ser obrigado a emitir uma opinião com ressalva ou com abstenção de opinião, dependendo da extensão da limitação. A alternativa A é a correta. 9) (AUDITOR/Jaboatão dos Guararapes/FCC/2006) Ao auditar as demonstrações contábeis de uma empresa, o auditor constata que o saldo da conta outros créditos, no ativo circulante, representa mais de 10% do total deste grupo. Ao discutir o ponto relevante com a administração da empresa, seus diretores afirmam que é prática da empresa divulgar desta forma e que não realizará as modificações solicitadas pela auditoria. Desta forma a auditoria deverá (A) recusar-se a emitir parecer pois evidencia uma limitação de escopo. (B) emitir parecer sem ressalva, pois não passa de uma formalidade. (C) emitir parecer com negativa de opinião, por não conseguir concluir seus trabalhos. (D) emitir parecer adverso por evidenciar que as demonstrações contábeis não representam a situação econômico-financeira da empresa. (E) emitir parecer com ressalva, por haver discordância com a administração da entidade a respeito de conteúdo e forma de apresentação. SOLUÇÃO: Repare que se trata de uma discordância do auditor em relação a uma prática contábil e a respeito de conteúdo e forma de apresentação da demonstração contábil. Como a administração se recusou a proceder aos ajustes e correções, restaria ao auditor modificar a sua opinião, emitindo opinião com ressalva ou adversa. Contudo, como a distorção é específica, em um grupo das demonstrações contábeis, a opinião deveria ser com ressalva. O gabarito é a letra E. 10) (AFRFB/ESAF/2009) Na emissão de parecer com abstenção de opinião para as demonstrações contábeis de uma entidade, pode-se afirmar que: a) elimina a responsabilidade do auditor de emitir qualquer parecer devendo este comunicar à administração da empresa da suspensão dos trabalhos. b) não suprime a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio, independente da relevância ou materialidade, que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações.

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c) exclui a responsabilidade do auditor de se manifestar sob qualquer aspecto das demonstrações. d) não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. e) extingue a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. SOLUÇÃO: A abstenção de opinião é adequada quando o auditor não teve condições de reunir evidências suficientes para permitir-lhe formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis objeto de seu exame. Em outras palavras, o relatório com abstenção de opinião por limitação na extensão é emitido quando houver limitação significativa na extensão do exame que impossibilite o auditor de formar opinião sobre as demonstrações contábeis, por não ter obtido comprovação suficiente para fundamentá-la, ou pela existência de múltiplas e complexas incertezas que afetem um número significativo de rubricas das demonstrações contábeis.

Porém, atenção: Quando o auditor aplica os exames, com alcance suficiente para detectar irregularidades ou desvios relevantes em relação às normas e princípios contábeis ele deve expressar uma opinião adversa e não com abstenção de opinião. A abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no relatório, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. A alternativa correta é a “d”. 11) (Defensoria Pública/SP/FCC/2009) O auditor externo que estava realizando o processo de auditoria na empresa Erfra S.A., constatou um desvio no processo de pagamento de funcionários. Funcionários demitidos continuavam na folha de pagamentos com contas bancárias de outras pessoas, para as quais eram efetuados os créditos. Neste caso, deve o auditor (A) relatar em seus papéis de trabalho, informando a administração no encerramento do processo de auditoria e dependendo da relevância do desvio emitir parecer com ressalva ou adverso. (B) suspender os trabalhos por tratar-se de ponto de auditoria que limita a conclusão dos trabalhos, impedindo que o auditor externo possa emitir parecer ou opinião.

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(C) comunicar a administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas. (D) informar os responsáveis pela área para avaliação e verificação do processo, de forma a identificar os responsáveis pelo desvio, que deverão constar dos papéis de trabalho, sendo providenciado os procedimentos legais. (E) encerrar os trabalhos, emitindo parecer com abstenção de opinião fundamentada no desvio, incluindo parágrafo no parecer identificando os desvios e o montante estimado. SOLUÇÃO: A situação constatada pelo auditor caracteriza uma fraude, obrigando o auditor à imediatamente comunicar à administração da entidade e informar sobre os possíveis efeitos no seu relatório, caso não sejam adotadas as medidas corretivas. O gabarito é a letra C.

Anoto que, à luz das atuais normas, o gabarito continuaria sendo a letra

C, ressaltando, no entanto, que as NBC TAs exigem apenas que o auditor dê conhecimento das distorções à administração da entidade auditada e, em alguns casos, aos responsáveis pela governança, não mais constando, expressamente, a obrigação de sugerir ou recomendar medidas corretivas. 12) (TCE/AM/FCC/2009) A empresa de Auditoria Garantia solicitou a seu cliente que realizasse, com seu consultor jurídico, a circularização de seus processos e litígios em andamento. O auditor, não se sentindo seguro em relação à posição por este apresentada, recomendou à empresa uma segunda opinião de consultor jurídico independente, o qual se recusou a emitir opinião. Desta forma, o auditor deve (A) expedir o parecer sem ressalva respaldando-se na posição do primeiro consultor jurídico. (B) emitir o parecer com ressalva porque representa uma limitação na extensão da auditoria. (C) determinar que sejam evidenciados em notas explicativas os reflexos que a demonstração sofreria. (D) estabelecer a relevância do fato e, caso não tenha representatividade, desconsiderá-lo. (E) emitir parecer com abstenção de opinião, independentemente da relevância do fato. SOLUÇÃO: A questão trata dos procedimentos que o Auditor Independente deve considerar na realização de um exame, de acordo com as normas de auditoria para identificar passivos não-registrados e contingências ativas ou passivas relacionados a litígios, pedidos de indenização ou questões tributárias,

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e assegurar-se de sua adequada contabilização e/ou divulgação nas Demonstrações Contábeis examinadas.

De acordo com as normas, o auditor deve enviar carta de circularização aos consultores jurídicos encarregados dos processos e litígios em andamento, como forma de obter e evidenciar o julgamento desses profissionais acerca do grau da probabilidade de um resultado favorável ou desfavorável e do montante envolvido. Caso considere necessário, o auditor, baseado nas informações obtidas dos consultores jurídicos, tendo em vista eventuais incertezas e relevância do assunto, deve solicitar à administração a opinião de outro consultor jurídico independente.

A recusa de um consultor jurídico em fornecer a informação solicitada,

por meio de circularização ou em reunião ou a ausência de opinião de outro consultor jurídico independente nas condições consideradas necessárias é uma limitação na extensão da auditoria suficiente para impedir a emissão de uma opinião sem ressalvas.

Essa limitação relevante na execução dos procedimentos deve levar o

auditor a avaliar a necessidade de emitir uma opinião com ressalva relacionada a essa limitação ou, ainda, emitir parecer com abstenção de opinião sobre as Demonstrações Contábeis tomadas em conjunto.

Portanto, a única alternativa correta seria a “B”, pois o auditor pode

emitir o relatório com ressalva em função da limitação na extensão da auditoria. O outro tipo de opinião, no caso, seria com abstenção de opinião. Todavia, a alternativa “E” está incorreta, pois a limitação teria que ser relevante e, segundo as atuais normas de auditoria, de possível efeito generalizado.

A propósito, lembramos que a relevância (materialidade), além de

critério de definição dos testes a serem aplicados e da quantidade de evidência necessária, é critério fundamental para avaliar os resultados obtidos, os impactos sobre os objetivos da auditoria e demonstrações contábeis e, por consequência, para definição do tipo de opinião a ser expressa pelo auditor.

13) Assinale a alternativa INCORRETA quanto às normas de relatório e opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis. A) O relatório do auditor independente não pode ter data anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião sobre as demonstrações contábeis. B) Se as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com os requisitos de uma estrutura de apresentação adequada não atingem

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uma apresentação adequada, o auditor deve emitir necessariamente uma opinião adversa. C) Em todos os casos em que não for possível obter segurança razoável e a opinião com ressalva no relatório do auditor for insuficiente nas circunstâncias para atender aos usuários das demonstrações contábeis, o auditor deve abster-se de emitir sua opinião ou renunciar ao trabalho, quando a renúncia for possível de acordo com lei ou regulamentação aplicável. D) A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriado depende da relevância da distorção e da opinião do auditor sobre a disseminação dos efeitos do assunto sobre as demonstrações contábeis. E) O auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes, porém, não generalizadas para as demonstrações contábeis. SOLUÇÃO: A alternativa incorreta é a B, pois se as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com os requisitos de uma estrutura de apresentação adequada não atingem uma apresentação adequada, o auditor deve discutir o assunto com a administração e, dependendo das medidas a serem tomadas, pode emitir opinião sem ressalva, com ressalva ou adversa. Quanto ao que dispõe a letra A, vale lembrar que a asseguração razoável é alcançada quando o auditor obtém evidência de auditoria suficiente e apropriada, portanto, a data de encerramento dos trabalhos e, consequentemente, do relatório do auditor não pode ser anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente. No que concerne à letra C, como consequência da ausência de segurança razoável por parte do auditor, e da impossibilidade de uma opinião com ressalva, dadas as circunstâncias, o auditor deverá abster-se de expressar opinião ou renunciar ao trabalho. Neste último caso – da renúncia – a condição é que a renúncia seja possível de acordo com lei ou regulamentação aplicável. Caso lei ou norma não permita a renúncia, restaria ao auditor emitir relatório com abstenção de opinião. Quanto às letras D e E, vale lembrar que a decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriado – com ressalva, adversa ou abstenção de opinião - depende da relevância da distorção e da opinião do auditor sobre a disseminação dos efeitos do assunto sobre as demonstrações contábeis.

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Assim, o auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes, porém, não generalizadas para as demonstrações contábeis. Por exemplo, apesar da relevância da distorção, ele afeta apenas uma conta do Balanço Patrimonial. Caso as distorções afetassem mais de uma conta ou demonstração, a opinião deveria ser adversa. 14) (AFRFB/ESAF/2009) A empresa de Transportes S.A. é uma empresa que tem seus registros contábeis e procedimentos estabelecidos por agência de fiscalização. A agência estabeleceu procedimento para registro das concessões que diverge significativamente, do procedimento estabelecido pelo Conselho Federal de Contabilidade. Nessa situação, deve o auditor emitir parecer: a) sem abstenção de opinião. b) adverso. c) com ressalva. d) sem ressalva, mas evidenciando em nota explicativa a divergência. e) com abstenção de opinião. SOLUÇÃO: A ESAF apontou a alternativa “b” como correta em seu gabarito preliminar, para depois, quando do gabarito definitivo, alterar o gabarito para a letra “c”. Entendo acertada a decisão da banca, pois o procedimento de registro contábil adotado pela entidade guardou conformidade com que estabeleceu a agência reguladora, que é o caso de entidades de atividade regulamentada ou sujeitas à legislação específica. A então vigente Interpretação Técnica 05, aprovada pela Resolução CFC 830/93, definia que o modelo de parecer também é aplicável a essas entidades regulamentadas e que os desvios dos Princípios Fundamentais de Contabilidade originados na legislação ou nas normas regulamentares específicas devem ser tratados de maneira idêntica à observada nas demais entidades, contendo ressalva ou opinião adversa, sempre que relevante. Porém, o enunciado é decisivo para saber qual seria o tipo de opinião mais adequada à situação hipotética. O fato de a divergência ser significativa em relação à norma (princípio) estabelecida pelo CFC só indica que a opinião mais adequada seria com ressalva, pois, se a divergência não fosse relevante/significativa, o parecer seria sem ressalva. A alternativa correta é a “c”. Para que ficasse caracterizado o parecer adverso, haveria necessidade do enunciado indicar que, além da divergência ser relevante, o efeito fosse

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generalizado e as demonstrações restassem enganosas e erradas a ponto de não ser adequado que o auditor emitisse apenas opinião com ressalva. 15) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) Qual das situações abaixo impede que o auditor emita um parecer sem ressalva? A) O auditado efetuar os ajustes recomendados pelo auditor. B) Chance remota de determinado ativo não ser realizado. C) Incapacidade de a entidade auditada continuar suas operações. D) Discordância junto à administração quanto a procedimentos contábeis de efeitos relevantes nas demonstrações. E) Ausência de limitação da extensão do seu trabalho. SOLUÇÃO: Das alternativas, a única situação que impediria o auditor de emitir uma opinião não modificada ou sem ressalva seria a discordância junto à administração quanto a procedimentos contábeis de efeitos relevantes nas demonstrações. Nesse caso, a opinião poderia ser com ressalva ou adversa. O gabarito é a letra D. Na letra A, se o auditado efetua os ajustes recomendados pelo auditor, não há motivos para que o auditor altere a sua opinião.

Na letra B, a chance remota de determinado ativo não ser realizado significa apenas que não se trata de uma contingência ativa, não sendo suficiente para caracterizar uma distorção.

Na letra C, a incapacidade de a entidade auditada continuar suas

operações por si só não caracteriza objeto de ressalva ou opinião adversa, pois precisaria que houvesse a indicação se as demonstrações contábeis foram ou não ajustadas de forma a refletir essa descontinuidade.

Por fim, na letra E, a ausência de limitação da extensão do trabalho não

enseja modificação no parecer do auditor. 16) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) Quando houver uma limitação no escopo do trabalho do auditor provocado pela entidade auditada, o parecer deverá ser emitido na(s) modalidade(s) A) adverso ou com abstenção de opinião. B) sem ressalvas. C) com parágrafo de ênfase. D) adverso ou com ressalva. E) com ressalva ou com abstenção de opinião.

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SOLUÇÃO: Quando houver uma limitação no escopo do trabalho do auditor provocado pela entidade auditada, a consequência será a ausência de evidência e a emissão de relatório/parecer de auditoria nas modalidades com ressalva ou com abstenção de opinião. O gabarito é a letra E. 17) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) O auditor, durante a aplicação dos testes, identificou a existência de fraudes envolvendo montante significativo, situação que, se não fosse ajustada, demandaria a emissão de parecer adverso. Após reunião com os gestores, recebeu as demonstrações contábeis devidamente ajustadas, tendo sido acatadas todas as recomendações que havia feito. Nesse caso, o parecer a ser emitido é A) sem ressalva. B) com ressalva ou com parágrafo de ênfase. C) adverso ou com ressalva. D) com abstenção de opinião ou com ressalva. E) com limitação de opinião ou adverso. SOLUÇÃO: Como os gestores corrigiram e ajustaram as demonstrações contábeis, o auditor não modifica a sua opinião. Portanto, o relatório a ser emitido é sem ressalva. O gabarito é a letra A. 18) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) A auditoria das demonstrações financeiras de sociedades controladas, avaliadas pelo método de equivalência patrimonial, por outros auditores independentes, implica a seguinte obrigação para o auditor da sociedade controladora: A) emitir parecer com abstenção de opinião ou adverso. B) emitir parecer com parágrafo de ênfase, em virtude dessa incerteza. C) emitir um parecer com ressalvas, em virtude dessa situação. D) desconsiderar essa situação em seu relatório. E) destacar esse fato em seu parecer. SOLUÇÃO: O enunciado apenas indica que houve participação de outros auditores independentes no exame das demonstrações contábeis de controladas e/ou coligadas. Logo, em virtude do investimento da controladora, a ser avaliado pelo método de equivalência patrimonial, a obrigação do auditor da controladora e/ou investidora é apenas de destacar esse fato em seu relatório/parecer. O gabarito é a letra E.

Essa menção significa que as demonstrações contábeis das controladas e coligadas, utilizadas para fins de consolidação ou contabilização dos

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investimentos pelo valor do patrimônio líquido na controladora e/ou investidora, foram auditadas por outros auditores e estão adequadas.

A referência ao relatório dos outros auditores, mesmo sem a indicação do conteúdo de sua opinião, significa que: a) o relatório dos outros auditores não teve ressalvas ou teve ressalvas que não afetam a posição patrimonial e financeira e os resultados da investidora; e b) não há nenhuma restrição aos seus trabalhos e conclusões. 19) Acerca do relatório de auditoria, é correto afirmar que: A) o relatório do auditor independente deve ser por escrito, necessariamente emitido de forma impressa em papel. B) o auditor deverá deixar de elaborar o relatório, caso não tenha razoável segurança das evidências encontradas. C) o auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. D) no caso de eventos subsequentes relevantes, quando as demonstrações contábeis revelarem adequadamente os eventos e os seus efeitos sobre a situação patrimonial e financeira da empresa, o auditor não é obrigado a incluir um parágrafo de ênfase em seu relatório. E) ao expressar uma opinião modificada sobre demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de conformidade, a opinião do auditor deve ser que as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. SOLUÇÃO: A única alternativa correta é a C. O auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. Na letra A, o relatório pode ser de forma impressa em papel ou em meio eletrônico. Na letra B, o relatório poderia ser com ressalva ou com abstenção de opinião. A renúncia seria o último caso. Na letra D, o auditor deve incluir

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parágrafo de ênfase em seu relatório fazendo menção à nota explicativa. Por fim, na letra E, a opinião do auditor deve ser que as demonstrações contábeis não são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável. 20) (TCE/SP/FCC/2012) Segundo a NBC TA 705, que trata da opinião do auditor independente, caso as demonstrações contábeis apresentem distorções relevantes que, no julgamento do auditor, estão disseminadas em vários elementos, contas ou itens das demonstrações financeiras, esse profissional deve emitir um relatório A) padrão B) com ressalva C) com opinião adversa D) com abstenção de opinião E) sem ressalva SOLUÇÃO: Nesse caso, como as distorções são relevantes e estão disseminadas em vários elementos, contas ou itens das demonstrações financeiras, o auditor deve emitir um relatório com opinião adversa. O gabarito é a letra C. *************************************************************** Prezados (as) alunos (as), encerramos o nosso curso de auditoria. Desejo a todos uma boa sorte na prova e sucesso profissional.

QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

EVENTOS SUBSEQUENTES 1) (Auditor/São Paulo/FCC/2007) Considere as afirmações a seguir, relativas a transações e eventos subsequentes ao término do exercício social a que se referem as demonstrações contábeis auditadas: I. A emissão de debêntures e ações não é considerada evento subsequente relevante. II. Eventos subsequentes, após a divulgação das demonstrações contábeis, não devem ser considerados pelo auditor, uma vez que ele não pode emitir um novo parecer. III. Caso os eventos subsequentes não sejam revelados adequadamente pela companhia, o auditor deve mencioná-los, como ressalva ou em parágrafo de ênfase, em seu parecer.

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IV. A desapropriação de bens da companhia pelo Poder Público é considerada um evento subsequente relevante. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV. 2) (SEFAZ/SP/ESAF/2009) As seguintes opções constituem exemplos de transações e eventos subsequentes, exceto: a) perda em contas a receber decorrente de falência do devedor. b) alteração do controle societário. c) aporte de recursos, inclusive como aumento de capital. d) variação sazonal dos custos com insumos. e) destruição de estoques em decorrência de sinistro. 3) (Auditor/Pref. Jaboatão dos Guararapes/FCC/2006) NÃO se caracterizam como eventos subsequentes, aqueles ocorridos (A) entre a data do término do exercício social e a data da emissão do parecer. (B) após o término do trabalho de campo, com a emissão do parecer, e a data da divulgação das demonstrações contábeis. (C))durante o exercício social, mas contabilizados após o término do exercício social, como ajuste das demonstrações contábeis. (D) após a publicação das demonstrações contábeis pela empresa auditada. (E) após a emissão do parecer pela firma de auditoria, antes da publicação das demonstrações contábeis. 4) (AUDITOR/TCM/PA/FGV/2008) O período compreendido entre o término do exercício social e a emissão do parecer é denominado período subsequente, e o auditor de considerá-lo parte normal da auditoria, consoante a Resolução CFC 839. Isto ocorre porque, dependendo da natureza e da materialidade dos eventos, ajustes contábeis nas demonstrações contábeis podem ser requeridos. Como exemplo disso, é possível citar perdas significativas em contas a receber e sentenças judiciais. As condições para contabilização e divulgação dos eventos subsequentes são regulamentadas por meio da Resolução CFC 1088. Especificamente em relação aos eventos e transações ocorridos após a divulgação das demonstrações contábeis, o CFC dispõe o seguinte, na NBCT 11-lT 04:

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A) o auditor tem responsabilidade e deve fazer indagações sobre as demonstrações contábeis. B) ao tomar conhecimento, após a divulgação das demonstrações contábeis, de fato anterior à data de seu parecer que, se fosse conhecido, poderia tê-lo levado a emitir documento com conteúdo diverso do que foi, deverá decidir se as demonstrações contábeis precisarão de revisão. C) o auditor ficará impedido de emitir um parecer “sem ressalvas”. D) o parecer a ser emitido deverá estar obrigatoriamente enquadrado na modalidade “sem ressalvas”. E) quando a administração alterar as demonstrações contábeis divulgadas, o auditor deve ignorar essas alterações, uma vez que já concluiu seu parecer sobre elas. 5) (ANALISTA/TRE/SE/FCC/2007) O auditor da Empresa Confim S.A. toma conhecimento de fato relevante em que a empresa perdeu seu principal cliente após o encerramento das demonstrações contábeis e emissão de seu parecer. Neste caso, o auditor deve (A) considerar o fato em seu parecer por meio de parágrafo de ênfase ou ressalva, quando não ajustadas ou reveladas pela empresa. (B) exigir que a empresa faça carta aberta ao mercado relatando os fatos, mantendo seu parecer por já ter encerrado os trabalhos. (C) manter o seu parecer, tendo em vista o fato ter ocorrido após o encerramento dos seus trabalhos e a respectiva emissão do parecer. (D) sempre emitir parecer adverso após o conhecimento dos fatos, cancelando o parecer anterior. (E) acordar com a empresa para que o fato relevante não seja divulgado ao mercado, mantendo a divulgação das demonstrações contábeis na forma anterior. 6) (TCE/AM/FCC/2008) A empresa Contesta S.A., após o encerramento do balanço e a conclusão da elaboração das demonstrações contábeis, foi informada pelos seus advogados que uma causa tributária, questionando a cobrança da COFINS, havia sido julgada improcedente em sua totalidade. Esta causa representa um ajuste relevante nas provisões constituídas, que não havia considerado a possibilidade de perda. A divulgação das demonstrações demorou mais de um mês, em virtude do atraso de sua Assembleia Geral. Desta forma, a administração deve (A) atualizar as demonstrações contábeis para que reflitam a posição adequada reconhecendo o evento. (B) determinar a inclusão de nota explicativa apresentando nas demonstrações contábeis os efeitos do evento.

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(C) desconsiderar toda a provisão efetuada e contratar novo consultor jurídico para fornecer parecer sobre as causas e os processos. (D) estabelecer que a auditoria complemente os trabalhos e ressalve o parecer. (E) manter as demonstrações e publicá-las, por já ter ocorrido a autorização para a conclusão da elaboração das demonstrações contábeis. 7) (Analista Técnico/SUSEP/ESAF/2006) O auditor ao identificar eventos subsequentes deve considerar a) somente eventos que gerem ajustes nas demonstrações contábeis. b) eventos que demandem de ajustes nas demonstrações contábeis e no parecer de auditoria. c) eventos que demandem de ajustes nas demonstrações contábeis ou a divulgação de informações nas notas explicativas. d) fato não objeto da auditoria por ocorrer após o fechamento dos trabalhos de auditoria. e) exclusivamente, ajustes que modifiquem o parecer de auditoria. 8) (AFRFB/ESAF/2009) A empresa Grandes Negócios S.A. adquiriu a principal concorrente, após o encerramento do balanço e a emissão do parecer pelos auditores. No entanto, a empresa ainda não havia publicado suas demonstrações com o parecer. Nessa situação, a firma de auditoria deve: a) manter o parecer com data anterior ao evento, dando encerramento aos trabalhos. b) obrigatoriamente, rever o parecer considerando o fato relevante. c) estabelecer que a empresa inclua o evento relevante nas notas explicativas. d) refazer o parecer considerando as novas informações, determinando nova data para publicação das demonstrações contábeis. e) decidir se as demonstrações devem ser ajustadas, discutir o assunto com a administração e tomar as medidas apropriadas às circunstâncias. 9) Quanto às obrigações do auditor perante eventos subsequentes, é incorreto afirmar que A) o auditor não tem responsabilidade em fazer indagações sobre eventos subsequentes entre a data de conclusão do trabalho de campo e a efetiva emissão do relatório de auditoria. B) o auditor deve discutir com a administração a possibilidade de alteração das demonstrações contábeis, quando toma conhecimento

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de evento subsequente relevante após a data da divulgação das demonstrações contábeis. C) o chamado período subsequente é aquele que vai da data do balanço até a data de divulgação das demonstrações contábeis. D) se eventos subsequentes não forem contabilizados ou adequadamente divulgados em notas explicativas, o auditor não poderá emitir opinião sem ressalva. E) dentre os procedimentos de auditoria para obter evidências sobre eventos subsequentes inclui-se a obtenção de uma representação formal do cliente de que todos os eventos subsequentes que, segundo a estrutura de relatório financeiro aplicável, requerem ajuste ou divulgação, foram ajustados ou divulgados. 10) (Analista/TSE/CONSULPLAN/2011) Um auditor planeja entregar seu parecer sem ressalvas em relação à auditoria de 2010 de uma empresa, em 20 de janeiro de 2011. No dia 15 de janeiro de 2011, ele recebe a informação de que o principal cliente da empresa auditada, responsável por 80% de suas vendas, e que já estava em má situação em 2010, pediu concordata. Considerando que não há risco de descontinuidade da empresa, o auditor deve (A) determinar um ajuste na conta perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa no balanço patrimonial de 2010. (B) determinar um ajuste na conta perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa no balanço patrimonial de 2011. (C) incluir no parecer de 2010, um parágrafo de ênfase destacando a nova informação e suas consequências. (D) incluir no parecer de 2010, uma ressalva sobre a ocorrência. GABARITO:

1 - E 2 - D 3 - C 4 - B 5 - A 6 - A 7 - C 8 - E 9 - C 10 - A

RELATÓRIO E PARECER DO AUDITOR INDEPENDENTE 1) (ACE/TCE/TO/CESPE/2009) O relatório em forma longa normalmente inclui detalhes de itens das demonstrações, dados estatísticos, comentários explicativos e, às vezes, uma descrição da extensão do exame do auditor. Pode coexistir com o relatório em forma breve. Nesse caso, A) o relatório em forma breve não pode omitir informações consideradas relevantes contidas no relatório em forma longa.

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B) os dois relatórios devem conter o mesmo tipo de informação, diferindo apenas no detalhamento. C) o relatório em forma longa deve incluir informações que constituam ressalvas. D) recomendações e sugestões constam apenas do relatório em forma longa. E) providências que devam ser adotadas, em caso de irregularidades, só devem constar do relatório em forma breve. 2) (TCE/TO/CESPE/2009) O parecer dos auditores independentes é o documento mediante o qual os mesmos expressam sua opinião acerca das demonstrações contábeis nele indicadas. Acerca desse assunto, assinale a opção correta. A) Por meio do parecer, o auditor assume responsabilidade de ordem privada, de natureza estritamente contratual. B) O parecer deve ser assinado por contador ou técnico de contabilidade regularmente registrado em CRC. C) A data do parecer deve corresponder a das demonstrações que tenham sido auditadas. D) O auditor, mesmo abstendo-se de emitir opinião a respeito das demonstrações, é responsável por mencionar qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário das informações. E) Em caso de incerteza acerca de fato relevante, o auditor deve abster-se de opinar, desde que haja nota explicativa da administração relacionada ao fato. 3) (ICMS/SP/FCC/2009) O auditor externo, ao se deparar com algum passivo que represente para a empresa uma incerteza relevante, deve emitir parecer (A) com ressalva e limitação de escopo do trabalho. (B) sem ressalva e com limitação de escopo do trabalho. (C) adverso, evidenciando a incerteza constatada. (D) sem ressalva e com parágrafo adicional de ênfase. (E) com negativa de opinião e limitação de escopo. 4) Dadas as situações a seguir, identifique, na respectiva ordem, quais os tipos de opinião do auditor mais adequados a cada situação: I - O auditor constatou que a empresa Alpha S.A somente faturava parte de suas mercadorias vendidas e que boa parte das mercadorias compradas entravam sem documentação hábil. II - O auditor constatou que a empresa Beta S.A não estava reconhecendo os juros e as variações monetárias de seus contratos de

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financiamento junto ao Banco Empresa Tudo S.A, efetuando a contabilização somente no pagamento do empréstimo. III - O auditor, ao executar os trabalhos na empresa Gama S.A encontrou divergências no cálculo da provisão para contigências trabalhistas. Ao analisar a relevância dos números, percebeu que os mesmos não afetavam as demonstrações contábeis. IV - O auditor, ao avaliar as demonstrações financeiras da empresa Omega S.A, não conseguiu compor o saldo das contas de financiamento concedidos, nem das contas de investimentos. A) com ressalva, adversa, abstenção de opinião e sem ressalva. B) adversa, abstenção de opinião, sem ressalva e com ressalva. C) adversa, com ressalva, sem ressalva e abstenção de opinião. D) abstenção de opinião, sem ressalva, com ressalva e adversa. E) com ressalva, com ressalva, sem ressalva e adversa. 5) Sobre as normas relativas ao relatório do auditor independente, podemos afirmar: A) a data do relatório não pode ser posterior ao dia em que o auditor obteve evidência de auditoria suficiente e apropriada B) a discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e forma de apresentação das demonstrações contábeis deve conduzir à opinião com ressalva ou à abstenção de opinião, com os esclarecimentos que permitam a correta interpretação dessas demonstrações. C) a limitação na extensão do trabalho deve conduzir à opinião com ressalva ou adversa. D) o auditor deve expressar opinião adversa quando verificar que as demonstrações contábeis estão corretas, em tal magnitude, que impossibilite uma opinião com ressalva. E) A opinião sem ressalva indica que o auditor está convencido de que as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, consoante a estrutura de relatório financeiro aplicável. 6) (Auditor/São Paulo/FCC/2007) Um auditor independente foi contratado pela Cia. Metalúrgica ABC, em 10.01.2006, para examinar as demonstrações contábeis da sociedade relativas ao exercício findo em 31.12.2005. Em virtude do atraso de sua contratação, ele não pôde acompanhar o inventário físico dos estoques de matérias-primas, de produtos em elaboração e dos produtos acabados da companhia. Essa limitação na extensão de seu trabalho, que ele considerou bastante relevante, deve conduzir à emissão de um parecer (A) sem ressalva. (B) adverso.

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(C) com abstenção de opinião. (D) com ressalva. (E) com parágrafo de ênfase. 7) (ICMS/PB/FCC/2006) O emprego de parágrafo de ênfase no parecer para ressaltar uma incerteza quanto ao sucesso da empresa, que questiona a inconstitucionalidade de um tributo que afeta relevantemente as demonstrações contábeis da empresa auditada, leva o auditor a emitir o parecer (A) com ressalva e parágrafo de ênfase. (B) com limitação de escopo e parágrafo de ênfase. (C) sem ressalva e parágrafo de ênfase. (D) adverso e parágrafo de ênfase. (E) com abstenção de opinião e parágrafo de ênfase. 8) (AUDITOR INFRAERO/FCC/2009) De acordo com a Interpretação Técnica 5 da NBC T 11, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade pela Resolução 830, de 1998, quando houver limitação na extensão do trabalho do auditor, seja ela imposta pela administração da entidade ou circunstancial, o profissional pode ser obrigado a emitir um parecer (A) com ressalva ou abstenção de opinião, dependendo da extensão da limitação. (B) adverso, qualquer que seja a extensão da limitação. (C) sem ressalva, mas com um parágrafo intermediário indicando como a limitação pode ter distorcido as demonstrações contábeis da entidade auditada. (D) sem ressalva, desde que baseado nas informações do auditor interno, que lhe afirma que a limitação não terá efeito relevante nas demonstrações contábeis. (E) com abstenção de opinião, mesmo que a limitação tenha ocorrido em item das demonstrações contábeis de pouca relevância. 9) (AUDITOR/Jaboatão dos Guararapes/FCC/2006) Ao auditar as demonstrações contábeis de uma empresa, o auditor constata que o saldo da conta outros créditos, no ativo circulante, representa mais de 10% do total deste grupo. Ao discutir o ponto relevante com a administração da empresa, seus diretores afirmam que é prática da empresa divulgar desta forma e que não realizará as modificações solicitadas pela auditoria. Desta forma a auditoria deverá (A) recusar-se a emitir parecer pois evidencia uma limitação de escopo. (B) emitir parecer sem ressalva, pois não passa de uma formalidade.

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(C) emitir parecer com negativa de opinião, por não conseguir concluir seus trabalhos. (D) emitir parecer adverso por evidenciar que as demonstrações contábeis não representam a situação econômico-financeira da empresa. (E) emitir parecer com ressalva, por haver discordância com a administração da entidade a respeito de conteúdo e forma de apresentação. 10) (AFRFB/ESAF/2009) Na emissão de parecer com abstenção de opinião para as demonstrações contábeis de uma entidade, pode-se afirmar que: a) elimina a responsabilidade do auditor de emitir qualquer parecer devendo este comunicar à administração da empresa da suspensão dos trabalhos. b) não suprime a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio, independente da relevância ou materialidade, que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. c) exclui a responsabilidade do auditor de se manifestar sob qualquer aspecto das demonstrações. d) não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. e) extingue a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. 11) (Defensoria Pública/SP/FCC/2009) O auditor externo que estava realizando o processo de auditoria na empresa Erfra S.A., constatou um desvio no processo de pagamento de funcionários. Funcionários demitidos continuavam na folha de pagamentos com contas bancárias de outras pessoas, para as quais eram efetuados os créditos. Neste caso, deve o auditor (A) relatar em seus papéis de trabalho, informando a administração no encerramento do processo de auditoria e dependendo da relevância do desvio emitir parecer com ressalva ou adverso. (B) suspender os trabalhos por tratar-se de ponto de auditoria que limita a conclusão dos trabalhos, impedindo que o auditor externo possa emitir parecer ou opinião. (C) comunicar a administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas.

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(D) informar os responsáveis pela área para avaliação e verificação do processo, de forma a identificar os responsáveis pelo desvio, que deverão constar dos papéis de trabalho, sendo providenciado os procedimentos legais. (E) encerrar os trabalhos, emitindo parecer com abstenção de opinião fundamentada no desvio, incluindo parágrafo no parecer identificando os desvios e o montante estimado. 12) (TCE/AM/FCC/2009) A empresa de Auditoria Garantia solicitou a seu cliente que realizasse, com seu consultor jurídico, a circularização de seus processos e litígios em andamento. O auditor, não se sentindo seguro em relação à posição por este apresentada, recomendou à empresa uma segunda opinião de consultor jurídico independente, o qual se recusou a emitir opinião. Desta forma, o auditor deve (A) expedir o parecer sem ressalva respaldando-se na posição do primeiro consultor jurídico. (B) emitir o parecer com ressalva porque representa uma limitação na extensão da auditoria. (C) determinar que sejam evidenciados em notas explicativas os reflexos que a demonstração sofreria. (D) estabelecer a relevância do fato e, caso não tenha representatividade, desconsiderá-lo. (E) emitir parecer com abstenção de opinião, independentemente da relevância do fato. 13) Assinale a alternativa INCORRETA quanto às normas de relatório e opinião do auditor sobre as demonstrações contábeis. A) O relatório do auditor independente não pode ter data anterior à data em que ele obteve evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a sua opinião sobre as demonstrações contábeis. B) Se as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com os requisitos de uma estrutura de apresentação adequada não atingem uma apresentação adequada, o auditor deve emitir necessariamente uma opinião adversa. C) Em todos os casos em que não for possível obter segurança razoável e a opinião com ressalva no relatório do auditor for insuficiente nas circunstâncias para atender aos usuários das demonstrações contábeis, o auditor deve abster-se de emitir sua opinião ou renunciar ao trabalho, quando a renúncia for possível de acordo com lei ou regulamentação aplicável. D) A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriado depende da relevância da distorção e da opinião do auditor sobre a

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disseminação dos efeitos do assunto sobre as demonstrações contábeis. E) O auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando, tendo obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções, individualmente ou em conjunto, são relevantes, porém, não generalizadas para as demonstrações contábeis. 14) (AFRFB/ESAF/2009) A empresa de Transportes S.A. é uma empresa que tem seus registros contábeis e procedimentos estabelecidos por agência de fiscalização. A agência estabeleceu procedimento para registro das concessões que diverge significativamente, do procedimento estabelecido pelo Conselho Federal de Contabilidade. Nessa situação, deve o auditor emitir parecer: a) sem abstenção de opinião. b) adverso. c) com ressalva. d) sem ressalva, mas evidenciando em nota explicativa a divergência. e) com abstenção de opinião. 15) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) Qual das situações abaixo impede que o auditor emita um parecer sem ressalva? A) O auditado efetuar os ajustes recomendados pelo auditor. B) Chance remota de determinado ativo não ser realizado. C) Incapacidade de a entidade auditada continuar suas operações. D) Discordância junto à administração quanto a procedimentos contábeis de efeitos relevantes nas demonstrações. E) Ausência de limitação da extensão do seu trabalho. 16) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) Quando houver uma limitação no escopo do trabalho do auditor provocado pela entidade auditada, o parecer deverá ser emitido na(s) modalidade(s) A) adverso ou com abstenção de opinião. B) sem ressalvas. C) com parágrafo de ênfase. D) adverso ou com ressalva. E) com ressalva ou com abstenção de opinião. 17) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) O auditor, durante a aplicação dos testes, identificou a existência de fraudes envolvendo montante significativo, situação que, se não fosse ajustada, demandaria a emissão de parecer adverso. Após reunião com

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os gestores, recebeu as demonstrações contábeis devidamente ajustadas, tendo sido acatadas todas as recomendações que havia feito. Nesse caso, o parecer a ser emitido é A) sem ressalva. B) com ressalva ou com parágrafo de ênfase. C) adverso ou com ressalva. D) com abstenção de opinião ou com ressalva. E) com limitação de opinião ou adverso. 18) (Analista de Controle Interno/SEFAZ/RJ/FGV/2011) A auditoria das demonstrações financeiras de sociedades controladas, avaliadas pelo método de equivalência patrimonial, por outros auditores independentes, implica a seguinte obrigação para o auditor da sociedade controladora: A) emitir parecer com abstenção de opinião ou adverso. B) emitir parecer com parágrafo de ênfase, em virtude dessa incerteza. C) emitir um parecer com ressalvas, em virtude dessa situação. D) desconsiderar essa situação em seu relatório. E) destacar esse fato em seu parecer. 19) Acerca do relatório de auditoria, é correto afirmar que: A) o relatório do auditor independente deve ser por escrito, necessariamente emitido de forma impressa em papel. B) o auditor deverá deixar de elaborar o relatório, caso não tenha razoável segurança das evidências encontradas. C) o auditor deve abster-se de expressar uma opinião quando em circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que, independentemente de ter obtido evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demonstrações contábeis devido à possível interação das incertezas e seu possível efeito cumulativo sobre essas demonstrações contábeis. D) no caso de eventos subsequentes relevantes, quando as demonstrações contábeis revelarem adequadamente os eventos e os seus efeitos sobre a situação patrimonial e financeira da empresa, o auditor não é obrigado a incluir um parágrafo de ênfase em seu relatório. E) ao expressar uma opinião modificada sobre demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura de conformidade, a opinião do auditor deve ser que as demonstrações contábeis são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro aplicável.

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20) (TCE/SP/FCC/2012) Segundo a NBC TA 705, que trata da opinião do auditor independente, caso as demonstrações contábeis apresentem distorções relevantes que, no julgamento do auditor, estão disseminadas em vários elementos, contas ou itens das demonstrações financeiras, esse profissional deve emitir um relatório A) padrão B) com ressalva C) com opinião adversa D) com abstenção de opinião E) sem ressalva GABARITO:

1 - A 2 - D 3 - D 4 - C 5 - E 6 - C 7 - C 8 - A 9 - E 10 - D 11 - C 12 - B 13 - B 14 - C 15 - D 16 - E 17 - A 18 - E 19 - C 20 - C