as vitaminas e a atividade fÍsica - educadores · 4 resumo o presente trabalho da pesquisa...

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SOELY DE FÁTIMA MACHADO GERALDIS AS VITAMINAS E A ATIVIDADE FÍSICA Monografia apresentada ao IBPEX como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciência do Movimento Humano. Orientador: Prof. Dr. Jair Mendes Marques GUARAPUAVA 2002

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Page 1: AS VITAMINAS E A ATIVIDADE FÍSICA - Educadores · 4 RESUMO O presente trabalho da pesquisa procurou trazer à luz a importância das vitaminas na atividade física. As vitaminas

SOELY DE FÁTIMA MACHADO GERALDIS

AS VITAMINAS E A ATIVIDADE FÍSICA

Monografia apresentada ao IBPEX como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciência do Movimento Humano. Orientador: Prof. Dr. Jair Mendes Marques

GUARAPUAVA 2002

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SOELY DE FÁTIMA MACHADO GERALDIS

AS VITAMINAS E A ATIVIDADE FÍSICA

GUARAPUAVA

2002

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................ 01 I. COMO AS VITAMINAS FORAM DESCOBERTAS ........................................ 03 II. AS VITAMINAS E A EVOLUÇÃO .................................................................. 09 III. PAPEL DAS VITAMINAS NO ORGANISMO ............................................... 16 IV. METABOLISMO DAS PRINCIPAIS VITAMINAS NA ATIVIDADES FÍSICAS.................................................................................... 21 V. VITAMINAS E O DESEMPENHO NOS EXERCÍCIOS.................................. 34 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 43 GLOSSÁRIO............................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 47 ANEXOS.................................................................................................................. 49

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RESUMO O presente trabalho da pesquisa procurou trazer à luz a importância das vitaminas na atividade física. As vitaminas foram descobertas formalmente como substâncias orgânicas de que o corpo necessita em quantidades minúsculas, como acessórios essenciais para a transferência de energia, já que as mesmas não fornecem energia porque são consideradas componentes de coenzimas ou precursoras de Coenzimas que regulam o metabolismo energético. São treze tipos diferentes classificadas em dois grupos com base em suas propriedades químicas particulares: lipossolúveis e hidrossolúveis. Pode-se obter uma quantidade adequada de todas as vitaminas procurando-se consumir refeições balanceadas, isto independente do sexo, idade e do nível das atividades físicas. De fato, não é necessário que os indivíduos fisicamente ativos consumam doses extras de vitaminas, sob a forma de alimentos especiais ou suplementos vitamínicos. Contrariamente à crença popular, a vitamina, por si só, não contém energia disponível, não podendo ser fonte de “energia rápida” como se pensa. Além disso, na atividade física intensa, a ingestão de alimentos é geralmente aumentada para suprir maiores necessidades energéticas. Um acréscimo proporcional de micronutrientes estará assegurado e, não necessitando de vitaminas adicionais. Porém a maioria dos nutricionistas acha que a ingestão de uma cápsula de multivitaminas com quantidade recomendada de cada vitamina não fará qualquer mal. Para algumas pessoas, os efeitos psicológicos podem ser até benéficos. Entretanto, a pesquisa mostrará em geral que a suplementação vitamínica não está relacionada a um melhor desempenho nos exercícios nem ao potencial para os treinamentos.

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INTRODUÇÃO

As vitaminas são substâncias orgânicas que não fornecem energia nem

contribuem para a massa corporal, mas que exercem funções cruciais em quase todos

os processos corporais. Elas regulam o metabolismo, facilitam a liberação de energia e

são importantes no processo da síntese óssea e tecidual. Usualmente as vitaminas estão

divididas de acordo com duas classificações amplas, hidro e lipossolúveis. A

solubilidade das vitaminas afeta sua forma e função dentro das células. Todas essas

vitaminas apresentam a característica comum de sua habilidade para atuar como

coenzimas ou cofatores nas reações metabólicas. Essas reações regulam a energia, o

metabolismo protéico e de aminoácidos, bem como a divisão celular. Outro traço

comum das vitaminas hidrossolúveis é que seu armazenamento no corpo é

relativamente pequeno, sendo dessa maneira requerido a sua ingestão regular.

Se apropriado ou não, o uso e abuso de vitaminas pelas pessoas que praticam

alguma atividade física são muito comuns. Conforme algumas pesquisas, um número

significativo de atletas provavelmente está tomando alguma forma de suplementação

vitamínica na crença de que isto auxiliará em seu desempenho.

Como as vitaminas são nutrientes essenciais é virtualmente certo que uma

deficiência ou um estado subótimo de qualquer vitamina irá, em algum ponto,

prejudicar o desempenho físico. Muitos relatos relataram melhora na função com

suplementação vitamínica. Isto seria esperado se a adição de vitaminas estivesse

corrigindo um estado de deficiência. Pois pesquisas no geral mostram que a

suplementação vitamínica (acima daquela obtida numa dieta balanceada) não está

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relacionada a um melhor desempenho nos exercícios nem ao potencial para os

treinamentos. Pode-se obter uma quantidade adequada de todas as vitaminas

procurando-se consumir refeições bem balanceadas, isto independente do sexo, idade e

do nível de atividade física. Elas são encontradas nos alimentos sob a forma precursora

ou inativa. No organismo, essas pró-vitaminas são transformadas na forma ativa.

Nesse aspecto, o teor de vitamina de um alimento específico é mais corretamente

expresso em termos da atividade vitamínica potencial total disponível, tanto do

conteúdo da vitamina em si como das prós-vitaminas.

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I. COMO AS VITAMINAS FORAM DESCOBERTAS.

A descoberta das vitaminas se deu após uma série de doenças que apareceram,

como o escorbuto, o beribéri, a pelagra, a anemia perniciosa e o raquitismo e causaram

um sofrimento enorme e milhões de mortes. E mesmo antes dos cientistas isolarem e

classificarem as vitaminas, sua importância já era conhecida. O médico grego

Hipócrates aconselhava a ingestão de fígado para curar a cegueira noturna. A razão

para esta cura era desconhecida naquela época, porém agora sabemos que a vitamina

A, que ajuda a prevenir a cegueira noturna, é abundante nessa víscera.

Em 1897, os cientistas observaram que uma dieta regular de arroz polido

causava beribéri, mas que a suplementação da dieta com as cascas de arroz ricas em

vitamina curava essa enfermidade.

No início do século XIX, a doença escorbuto foi eliminada pelo acréscimo de

limões (então denominada limas) na dieta dos marinheiros britânicos, muitos dos quais

teriam sucumbido em virtude da falta da então desconhecida vitamina C. O escorbuto

é conhecido há séculos, mas só após 1911 descobriu-se claramente que sua causa era

uma deficiência. Até os anos de 1880 a doença era comum entre marinheiros bordos

de navios em longas viagens. Também apareciam com freqüência entre os soldados

das forças armadas em campanha, em comunidades às vezes com escassez de

alimento, em cidades sitiadas, e em cadeias e presídios agrícolas. O escorbuto flagelou

os mineiros da Califórnia, 140 anos atrás, e os mineiros do Alaska, há 90 anos atrás.

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As devastações do escorbuto entre os primeiros viajantes náuticos foram

terríveis. A idéia que o escorbuto poderia ser prevenido por meio de uma dieta

apropriada desenvolveu-se vagarosamente.

Hoje, o escorbuto, complicado por outras doenças de deficiência é encontrado

em populações devastadas pela fome e pela má nutrição, normalmente resultantes da

pobreza.

O estudo de outra doença de deficiência vitamínica, o beribéri, estava na

ocasião, em situação parecida. Esta doença predominante no leste da Ásia, onde o

arroz é o alimento base, e também nas ilhas do Pacífico e na América do Sul.

Em 1886, o governo da Holanda pediu ao jovem médico holandês Chistiaan

Eijkman que estudasse a doença. Em três anos ele progrediu pouco. Então, reparou que

as galinhas no galinheiro do laboratório estavam morrendo de uma doença de paralisia,

parecendo se muito com o beribéri. Seus estudos sobre a doença das galinhas de

repente tiveram um fim, quando as galinhas que ainda não tinham morrido recuperam-

se e nenhum caso novo teve início. Ao investigar as circunstâncias ele descobriu que o

homem que cuidava das galinhas as alimentara de 17 de junho a 27 de novembro, com

arroz beneficiado (com casca removidas), preparado na cozinha do hospital militar

para pacientes do hospital.

Quando um novo cozinheiro assumiu a cozinha, ele não permitiu, como

Eijkman relataria em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel de fisiologia e medicina

em 1929, “que arroz militar fosse comido por galinhas civis”. A Doença aparecera

entre as galinhas em 10 julho, desaparecendo nos últimos dias de novembro.

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Foi imediatamente confirmado que uma dieta constituída de arroz beneficiado

causa a morte de galinhas em três ou quatro semanas, ao passo que com arroz integral

elas permanecem com boa saúde.

Na época foi realizado um estudo com 300.000 prisioneiros em 101 prisões das

Índias Holandesas Leste e sabe-se que a incidência do beribéri era trezentas vezes

maior nas prisões onde se usava arroz beneficiado como base na dieta.

Eijkman descobriu que poderia retirar um extrato da casca de arroz, que tinha

ação protetora contra o beribéri. De início pensava que alguma substância na casca

agisse com um antídoto para uma toxina que se supunha estar presente no arroz

beneficiado, mas, por volta de 1907, ele e seu colaborador Gerrit Grijns concluíram

que a casca contém uma substância nutriente necessária para uma boa saúde.

Nesse meio tempo, inúmeros pesquisadores estiveram estudando o valor

nutritivo dos alimentos. Foi demonstrado que uma boa saúde depende de certos

minerais (compostos de sódio, potássio, ferro, cobre e outros metais) e também de

proteínas, carboidratos e gorduras. O bioquímico suíço Lunin descobriu, em 1981, que

ratos morriam quando comiam uma mistura de proteína, carboidrato, gordura e

minerais purificados ao passo que os ratos com essa dieta e mais um pouco de leite

sobreviviam. Ele concluiu que “um alimento natural como o leite deve, portanto,

conter pequenas quantidades de substâncias conhecidas essenciais à vida, além dos

elementos principais”. Dez anos mais tarde, outro bioquímico suíço Socin, o qual

descobriu que pequenas quantidades de gema de ovo ou leite, além de uma dieta

purificada eram bastante para manter os ratos com boa saúde.

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Em 1911, Casimir Funk, um bioquímico polonês, trabalhando na época no

Instituto Lister de Londres, publicou sua teoria das “vitaminas” baseado em sua

análise do conhecimento existente sobre as doenças associadas com a nutrição errada.

Sugeriu que quatro dessas substâncias estão presentes em alimentos naturais e servem

para dar proteção contra quatro doenças – beribéri, escorbuto, pelagra e raquitismo.

Funk formou a palavra vitamine do vocabulário latino vita (vida) e do termo químico

amina, elemento de compostos de nitrogênio que inclui os aminoácidos. Mais tarde,

quando se descobriu que algumas dessas substâncias essenciais não contém nitrogênio,

a palavra foi mudada para vitamin (vitamina).

Enquanto, isso o pesquisador americano E. V. Mc-Collum estudava elementos

nutricionais na Universidade de Wisconsin juntamente com seus colaboradores e

registraram a necessidade de dois elementos alimentares, um solúvel em gordura e um

em água, sendo em 1915 ele os chamou de “A solúvel em gordura” e “B solúvel em

água”. Foi o início da nomenclatura moderna das vitaminas. A vitamina que previne o

escorbuto foi chamada na época de D solúvel em gordura. Quando se soube que a “B

solúvel em água” continha não apenas o agente protetor contra beribéri mas também

muitos outros, a esses deu-se os nomes B1, B2, e, assim por diante, até B17. Descobriu-

se então que algumas dessas substâncias não eram vitaminas, pelo motivo da incerteza

com relação a sua necessidade para a vida e saúde, mas ainda são usadas as

denominações B1, B2, B3, B12.

Nos anos seguintes, inúmeros esforços foram feitos para isolar a vitamina C

pura do suco de limão e de outros alimentos que foi obtida em 1928, por Albert Szent-

Gýörgyi o qual estudava uma outra substância e, de início, não sabia que se tratava da

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vitamina C. A ela, deu o nome de ácido hexurônico, ganhando com isso o Prêmio

Nobel de fisiologia e medicina, em reconhecimento a suas descobertas em relação aos

processos biológicos de oxidação, com referência especial à vitamina C e ao papel do

ácido fumárico nesses processos. Em 1922, Albert iniciou um estudo das reações de

oxidação que fazem aparecer uma pigmentação marrom em certas frutas, como maçã e

banana, quando estas se deterioram. Durante esses estudos, descobriu que os repolhos

contém um agente redutor (agente passível de combinar com o oxigênio) que impede a

formação do pigmento marrom, e que as glândulas supra-renais de animais contém o

mesmo agente redutor ou um agente parecido. Devido a seu interesse pelas reações

fisiológicas de oxidação-redução, iniciou sua tentativa de isolar esse agente redutor

dos tecidos vegetais e das glândulas supra-renais. Demonstrou as duas reações

químicas pelas quais se faz com que o açúcar dextrose, ou glicose, um carboidrato de

fórmula C , libere quatro átomos de hidrogênio para se transformar em C ,

com duas moléculas de água como sub-produto. Basicamente as mesmas reações são

conduzidas pelas células vivas que produzem a vitamina C, e pelos reagentes químicos

que produzem a mesma vitamina C “sintética”. A própria simplicidade da molécula e

sua produção a partir da glicose, o principal combustível que sustenta a vida em

células do tecido, sugerem a importância da vitamina C e explicam sua ambigüidade

nos tecidos do corpo.

6126 OH 686 OH

O mundo de hoje é diferente daquele de cem anos atrás. Temos agora uma

compreensão muito maior que nossos avós tinham da natureza. Entramos na era

atômica, na era eletrônica, na era nuclear, na era dos aviões a jato, da televisão, e da

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medicina moderna e suas drogas maravilhosas. Para o bem de nossa saúde, devemos

conhecer e reconhecer também que esta é a era das vitaminas.

A descoberta das vitaminas durante o primeiro terço do século XX, e o

reconhecimento de que são elementos essenciais de uma dieta saudável, foi uma das

contribuições mais importantes já feitas para a saúde.

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II. AS VITAMINAS E A EVOLUÇÃO.

Estamos acostumados a imaginar os seres humanos como a espécie mais

evoluída dos organismos vivos. De certa forma isso é verdade: conseguiram chegar ao

controle real sobre grande parte da Terra e começaram a expandir seu reino até a Lua e

Marte. Mas na capacidade bioquímico são inferiores a muitos outros organismos,

inclusive organismos unicelulares como bactérias, levedos e fungos.

O fungo do pão vermelho (neurospora), por exemplo, é capaz de realizar em

suas células uma grande quantidade de reações químicas, as quais os seres humanos

são incapazes de realizar. Esse fungo pode viver em um meio bastante simples

constituído de água, sais inorgânicos, uma fonte inorgânica de nitrogênio, como o

nitrato de amônia, uma fonte propicia de carbono como a sacarose, e uma única

vitamina, a biotina. Todas as outras substâncias necessárias para o fungo do pão

vermelho são sintetizadas por ele, através de seus mecanismos bioquímicos internos. O

fungo do pão vermelho não precisa ter qualquer aminoácido em sua dieta porque é

capaz de sintetizar todos eles e também sintetizar todas as vitaminas, com exceção da

biotina.

No início da história da vida na Terra, quando as primeiras espécies animais,

das quais se originaram os pássaros e mamíferos atuais, povoaram uma parte da Terra.

Supomos que os animais dessas espécies alimentavam-se de vegetais, possivelmente

acompanhados de outro alimento, sendo que todos os vegetais contêm tiamina. Dessa

forma, os animais teriam no corpo a tiamina ingerida com os gêneros alimentícios que

comiam, além da tiamina que eles próprios sintetizam. Agora, supondo que um animal

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mutante tenha aparecido na população, um animal que, como resultado do impacto de

um raio cósmico sobre um gene ou de uma ação de algum outro agente mutagênico,

tenha perdido o mecanismo bioquímico que ainda permitia aos outros membros das

espécies fabricarem tiamina a partir de outras substâncias. A quantidade de tiamina

fornecida pela ingestão de alimento seria suficiente para manter o mutante bem

nutrido, basicamente tão bem nutrido quanto os animais não-mutantes. Os mutantes

teriam uma vantagem sobre os não-mutantes; seriam libertados do peso do mecanismo

para a fabricação da própria tiamina. Como resultado, os mutantes seriam capazes de

procriar mais que os outros animais na população. Por meio da reprodução, o animal

transformado passaria seus genes vantajosamente transformados para algumas de suas

proles, e essas também teriam mais que a média de procriação. Assim, no curso do

tempo para fabricar tiamina, ou de não trazer para dentro de si o mecanismo para essa

fabricação, permitiria ao tipo mutante substituir o tipo original. Então, muitos tipos

diferentes de moléculas devem estar presentes no corpo de um animal para que ele

possa estar como boa saúde. Algumas dessas moléculas podem ser sintetizadas pelo

animal; outras devem ser ingeridas como alimentos. Se a substância existe em forma

de alimento, é vantajoso para as espécies animais se livrarem do peso do mecanismo

para sintetizá-la.

Durante milênios, os antepassados dos seres humanos eram capacitados, por

meio de disponibilidade de certas substâncias como alimentos, inclusive dos

aminoácidos e vitaminas essenciais, a simplificar constantemente a própria vida

bioquímica, livrando-se do mecanismo que seus ancestrais necessitam para sintetizar

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essas substâncias. Processos evolucionários desse tipo, durante milhões de anos,

levaram gradualmente ao aparecimento de novas espécies, inclusive o homem.

Algumas experiências interessantes tratam da competição entre descendências

de organismo que requerem uma certa substância com alimento e aquelas que não

requerem a substância, pois possuem a capacidade de sintetizá-la. Estudos realizados

com a bactéria, Bacillus Subtilis, comparando uma descendência que tinha o poder de

fabricar o aminoácido triptofano com uma descendência mutante que perdera a

capacidade de fabricá-lo. Se os mesmos números de células das duas descendências

eram colocadas em um meio que não continha triptofano, a descendência que podia

fabricá-lo sobrevivia, ao passo que a outra morria. Entretanto, se algumas células das

duas descendências eram colocadas juntas em um meio onde houvesse uma boa

quantidade de triptofano, a situação se invertia. A descendência mutante, que perdera a

capacidade de fabricar o aminoácido, sobrevivia, e a descendência original, com a

capacidade de fabricar o aminoácido, morria. As duas descendências de bactérias

diferiam apenas em uma simples mutação, a perda da capacidade de fabricar

triptofano. Assim, somos levados a concluir que a capacidade de usar o mecanismo

para a síntese do triptofano não era vantajosa para a descendência que a possuía,

atrapalhando-a, na competição com a descendência mutante, a ponto de faze-la perder

a competição. O número de Gerações (divisões celulares) necessário para a

substituição nessa série de experiências (Começando com um número igual de células,

para se chegar a um número um milhão de vezes maior de células da descendência

vitoriosa) era de aproximadamente cinqüenta, que corresponderia apenas à cerca de

mil e quinhentos anos para os humanos (trinta anos por geração).

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Podemos dizer que tais pesquisadores realizaram uma experiência em pequena

escala sobre o processo de evolução de espécies. Essa experiência, e muitas outras

também realizadas, mostraram que pode ser vantajoso estar livre do mecanismo

interno para sintetizar uma substância vital, se a substância pode ser obtida, do meio

ambiente imediato, em forma de alimento.

A maioria das vitaminas requisitadas pelos seres humanos para boa saúde

também são requisitadas por animais e outras espécies. A vitamina A é um nutriente

essencial para todos os vertebrados, para a visão, para a manutenção do tecido da pele

e para o desenvolvimento normal dos ossos.

A riboflavina, o ácido pantotênico, a piridoxina (B6), o ácido

nicotínico(niaxina) e a cianocobalamina (B12) são indispensáveis para a boa saúde de

muitos animais: vaca, porco, ratazana, galinha e outros. É provável que a perda da

capacidade de sintetizar tiamina, tenha ocorrido bem cedo na história da vida animal

na Terra, quando os animais começaram a se alimentar amplamente de vegetais, que

contêm esse nutrientes.

Em 1965, Irwin Stone salientou que, embora a maioria das espécies animais

possa sintetizar o Ácido Ascórbico, os humanos e outros animais primatas que foram

testados, são incapazes de sintetizar a substância e necessitam dela como uma vitamina

complementar. Conclui-se que a perda da capacidade de sintetizar o Ácido Ascórbico

ocorreu provavelmente no ancestral comum dos primatas.

Podemos perguntar porque o ácido ascórbico não é necessário como vitamina

no alimento de vacas, porcos, cavalos, ratazanas, galinhas, e muitas outras vitaminas

necessárias para os humanos.

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O ácido ascórbico e outras vitaminas estão presentes nos vegetais. Quando os

vegetais se tornam à dieta regular do ancestral comum dos humanos e de outros

mamíferos, há milhões de anos, seus ancestrais não passaram pela transformação de

eliminar o mecanismo de síntese do ácido ascórbico, como os de síntese de tiamina.

Acido pantotênico, piridoxina e outras vitaminas. Porque uma saúde perfeita exige

mais acido ascórbico do que a quantidade que poderia ser obtida, sob condições

comuns, dos vegetais normalmente disponíveis. Os animais precisam de parte da

quantidade extra pelo fato de o acido ascórbico ser necessário para a síntese do

colágeno, proteína esta presente em grandes quantidades no organismo dos animais,

mas não em vegetais.

O fato de a maioria das espécies animais não ter perdido a capacidade de

fabricar o próprio ácido ascórbico mostra que a quantidade disponível do ácido,

geralmente em gêneros alimentícios, não é suficiente para fornecer a dose adequada

dessa substância. Somente em um ambiente incomum, no qual o alimento disponível

fornece normalmente grandes quantidades que uma espécie animal abandonasse o

próprio poder de síntese dessa importante substância.

Assim, a consideração do processo evolucionário, tal como foi apresentado na

análise anterior, indica que os gêneros alimentícios comumente disponíveis podem

muito bem fornecer quase as quantidades adequadas de tiamina, riboflavina, niacina,

vitamina A e outras vitaminas necessárias como nutrientes essenciais a todas as

espécies mamíferas, mas podem ser deficientes em ácido ascórbico. Para esse

alimento, essencial para humanos mas sintetizado por muitas outras espécies animais,

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o índice ideal de ingestão demonstrado é maior que o índice associado com a ingestão

da dieta comumente disponível.

Dessa forma, se de um lado a perda da capacidade de sintetizar vitamina C

conferiu alguma vantagem evolutiva aos primatas e a outras linhagens de outro, essa

supressão genética também expôs a algum risco.

O índice adequado de ingestão de ácido ascórbico ainda deve situar-se dentro

dos limites indicados de 2 a 3gr. ou mais por dia, ou um pouco a menos, e,

logicamente, existe sempre o fator individualidade de bioquímica. Imaginamos que

nos últimos milhões de anos o corpo humano ajustou-se de algum modo ao alimento

disponível e ingerido, de forma que as quantidades dos diversos nutrientes no alimento

devem ser uma indicação das doses adequadas desses nutrientes. Nos últimos anos, os

paleontólogos, os antropólogos e outros cientistas obtiveram numerosas informações

sobre os alimentos ingeridos pelos seres humanos primitivos, de quarenta mil anos

atrás até o desenvolvimento da agricultura há dez mil anos. Também realizaram-se

estudos sobre poucas sociedades caçadoras- ceifeiras que sobreviveram até

recentemente ou até o momento.

Há cinco milhões de anos, as frutas e outros alimentos vegetais eram os

principais alimentos dietéticos dos primatas e foi mais ou menos nessa época que as

linhagens se diferenciaram, dando origem aos humanos atuais e aos macacos. No

começo, os ancestrais dos seres humanos comiam quantidades de carne cada vez

maiores. O homem moderno (homo sapiens) desenvolveu-se cerca de quarenta e cinco

mil anos atrás. Sua dieta era aproximadamente 50% de substância vegetal e 50% de

carne, incluindo peixes, moluscos e pequenos e grandes animais.

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Quando a agricultura se desenvolveu cerca de dez mil anos atrás, o que

aumentou foi o consumo de grãos como alimento, a quantidade de vegetal na dieta

chegou a 90%, uma diminuição drástica, portanto, na quantidade de carne.

Concluindo-se que a dieta de nossos ancestrais remotos pode ser padrão de

referência para a nutrição humana moderna e um modelo para a defesa contra certas

“doenças civilizadas”.

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III. PAPEL DAS VITAMINAS NO ORGANISMO.

Como foi citado no capitulo I desta pesquisa, foram às doenças de deficiência

vitamínica que levaram à descoberta das vitaminas. A definição exata e a seriedade

dos sintomas dessas doenças comprovam o fato de que cada uma das vitaminas

desempenha um papel decisivo em um ou mais processos vitais nas células e tecidos

do corpo. É tamanha a eficácia específica e imediata de uma dada vitamina em sua

ação sobre a doença da deficiência com a qual se identifica, que as pessoas poderão

pensar que ela é um “santo remédio”. É preciso lembrar que vitaminas são alimentos.

Elas catalisaram a evolução da nossa espécie e continuam sendo essenciais à nossa

existência e à nossa saúde.

Uma característica surpreendente dos seres humanos e de outros organismos

vivos é que eles realizam milhares de reações químicas diferentes entre substâncias

que, sob condições normais, não reagiram entre si. Todos os dias, queimamos cerca de

450gr de combustível, carboidrato (principalmente glicose) e gordura, para

proporcionar calor e energia ao corpo, 36,5ºC. Mas sabemos que essas substâncias –

amido, açúcar, manteiga, etc – não queimam a temperatura comuns. Pode até ser

difícil fazê-los queimar a uma temperatura mais alta. Por ex., se você pegar um cubo

de açúcar(sacarose) e colocar a chama de um palito de fósforo em uma ponta do cubo,

verá que um pouco de açúcar derreterá, mas não se incendiará.

De que maneira os organismos vivos conseguem levar carboidratos e gorduras a

reagir com oxigênio (queimarem), à temperatura do corpo? A resposta é que eles usam

substâncias auxiliares que têm o poder de acelerar reações químicas sem qualquer

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modificação neles mesmos. Essas substâncias são chamadas catalisadoras; diz-se que

catalisam as reações. Tais catalizadores no corpo humano são chamados de enzimas

(assim nomeadas após conferir-se a palavra grega do lêvedo); o lêvedo contém

enzimas que aceleram o processo de fermentação, a conversão de glicose em álcool

por meio da reação com o oxigênio. Os catalizadores são altamente específicos em sua

atividade enzimática, freqüentemente capazes muitas vezes de acelerar apenas uma

única reação bioquímica ou algumas reações parecidas. Devem existir uns cinqüenta

mil tipos diferentes de enzimas no corpo de um único ser humano.

Algumas enzimas são proteínas pura, apenas uma cadeia entrelaçada de

resíduos de aminoácidos. Outras consistem de uma molécula de proteína com algo

mais, um acréscimo necessário para dotá-las da capacidade de catalisar sua reação

química específica. A parte acrescentada é chamada coenzima.

As vitaminas funcionam como coenzimas em muitos sistemas de enzimas no

corpo humano. Sabe-se que a maioria das vitaminas servem de coenzimas em

inúmeros sistema de enzimas. O ácido pantotênico, por exemplo, é uma parte da

coenzima A, que combina com as apoenzimas de proteína (enzimas passivas) para

produzir enzimas ativas necessárias para muitas reações. Uma dessas reações é a

conversão, que ocorre no cérebro, de colina em acetilcolina, uma das mensageiras

envolvidas na atividade cerebral. A nicotinamida, uma forma de vitamina B3, é uma

parte essencial de duas coenzimas importantes, o difosdopiridina nucleotídeo e o

trifosfopiridina nucleotídeo. Existe alguma evidência de que essas enzimas estejam

envolvidas em duzentos sistema de enzima e, de fato, o número pode ser bem maior. A

vitamina B6 é necessária como coenzima, normalmente como fosfato de piridoxina, a

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mais de cem sistemas de enzima conhecidos, e as outras vitaminas, com exceção da

vitamina C, também servem como coenzimas.

Com freqüência, a apoenzima disponível no corpo é apenas parcialmente

convertida em enzima ativa. A quantidade de enzima ativa pode ser aumentada,

elevando-se a dose da vitamina que serve como coenzima.

Como as coenzimas contêm uma vitamina como parte de sua estrutura, razão

pela qual muitas vitaminas tem um papel “essencial” dentro do nosso organismo.

Porém, será visto também que os sintomas principais associados às deficiências da

maioria das vitaminas não são explicados simplesmente pelo conhecimento das

funções bioquímicas que as coenzimas relacionadas executam no organismo.

Pesquisas realizadas estabeleceram a primeira inter-relação entre uma vitamina e sua

coenzima correspondente que serviu como modelo para quase todas as outras relações

entre vitaminas e coenzimas.

Quando se fala em vitaminas, a primeira coisa que a maioria das pessoas pensa

é em “comprimido”, o que lhes traz a idéia errada de que elas sejam remédios. Embora

elas possam agir como remédios – e freqüentemente o fazem – elas não o são. As

vitaminas são compostos orgânicos essenciais para reações metabólicas especificas

que não podem ser sintetizadas pelas células dos tecidos humano a partir de simples

metabólicos. São essenciais para o funcionamento normal do corpo, como ao nosso

crescimento, vitalidade e bem estar geral. No geral, encontramos-as em quantidade

mínimas, em todos os alimentos orgânicos. Não possuem qualquer estrutura química

especifica em comum, o mais das vezes, são consideradas como acessórios, pois não

fornecem energia nem contribuem substancialmente para a massa corporal.

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Geralmente, pensa-se que as vitaminas são como um grupo de componentes

necessários em quantidade diminutas no organismo. Na realidade, elas não são

assimiladas sem a ingestão de alimentos, não tem valor calórico ou energético próprio

e não são substituídos para proteínas ou quaisquer outros nutrientes, como, minerais,

gorduras, carboidratos, água ou até mesmo outra vitamina.

Uma função essencial no nosso organismo exercido por elas é o controle da

síntese de tecido tecidual. Por exemplo, a vitamina B1 facilita a conversão de piruvato

para acetil- CÔA na desintegração dos carboidratos, enquanto a Niacina e a vitamina

B2 regulam o metabolismo energético das mitocôndrias. As vitaminas B6 e B1 agem

como catalisadores na síntese protéica, e o ácido pantotênico é um componente da

coenzima – A, que desempenha um papel essencial no fracionamento aeróbico dos

macronutrientes. As principais coenzimas juntamente com suas derivações e funções

principais, são listadas em anexo na tabela 3.1. Esses compostos não são sintetizados

pelo corpo e, assim, devem ser obtidos de fontes dietéticas. Uma quantidade adequada

de todas as vitaminas existirá em refeições bem balanceadas.

Em verdade, para os indivíduos que dependem uma quantidade considerável de

energia nos exercícios rigorosos, parece ser desnecessário consumir vitaminas extras

na forma de alimentos especiais ou de suplementos. Outro papel das vitaminas é ser

antioxidante, pois a maior parte do oxigênio consumido durante o metabolismo

energético nas mitocôndrias combina-se com o hidrogênio para produzir água.

Normalmente, porém, aproximadamente 2 a 5% desse oxigênio irão formar radicais

livres que contêm oxigênio, tais como superóxido (O2), peróxido de hidrogênio (H2O2)

e radicais hidroxila (OH-) em virtude do “vazamento” de elétrons em várias etapas na

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cadeia de transporte dos elétrons. Um radical livre é uma molécula altamente reativa

ou um fragmento molecular que contém pelo menos um elétron ímpar em seu escudo

orbitário externo ou responsável pelas valências. Esses são os mesmos radicais livres

produzidos por certos fatores externos, tais como calor e radiação ionizante, e são

carreados na fumaça do cigarro, nos poluentes ambientais e até mesmo em alguns

medicamentos. Uma vez formados, os radicais livres podem interagir com outros

compostos para criarem novas moléculas de radicais livres.

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IV. METABOLISMO DAS PRINCIPAIS VITAMINAS NAS ATIVIDADES

FÍSICAS.

Devido ao fato da existência de muitas vitaminas terem sidos reconhecidas

antes que sua natureza química fosse identificada, foram designadas por letras e

algumas nomenclaturas descritivas de suas funções.

Usualmente, os nomes corretos derivam da estrutura química; entretanto, a

terminologia alfabética, mais familiar e freqüentemente mais conveniente continua

sendo amplamente usada. São classificadas em dois grupos, com base em sua

solubilidade, o que para alguns graus determina sua estabilidade, ocorrência em

alimentos, distribuição nos fluidos corpóreos e sua capacidade de armazenamento nos

tecidos.

Treze tipos de vitaminas diferentes foram isoladas, analisados, classificadas e

sintetizadas, já tendo sido estabelecidos os níveis das quantidades dietéticas

recomendadas (QDR). Essas vitaminas são classificadas em:

Vitaminas Lipossolúveis.

A necessidade de ingerir diariamente as vitaminas lipossolúveis não é absoluta,

pois essas substâncias são absorvidas e armazenadas nos tecidos adiposos do corpo.

De fato, poderão ter que transcorrer vários anos para se tornarem evidentes os

sintomas de insuficiência de uma vitamina lipossolúvel. As vitaminas A e D são

armazenadas predominantemente no fígado, enquanto a vitamina E se distribui por

todos os tecidos adiposos do organismo. A vitamina K é armazenada somente em

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pequenas quantidades, principalmente no fígado. O mais das vezes, as vitaminas

lipossolúveis são obtidas das gorduras dietéticas, e o consumo de uma dieta “isenta de

gordura” poderia certamente acelerar o surgimento de uma insuficiência.

Na outra extremidade, a ingestão excessiva de vitaminas lipossolúveis pode ser

prejudicial. Por exemplo, a ingestão diária de doses moderadas a altas de vitaminas A

e D pode acabar exercendo efeitos tóxicos sérios. As mulheres que consumem um

excesso de vitamina A no início da gravidez correm um maior risco de defeitos de

nascença em sua prole. Em crianças pequenas, a ingestão excessiva de vitamina A

(denominada hipervitaminose A) causa irritabilidade, tumefação dos ossos, perda de

peso e pele seca e pruriginosa. Em adultos, os sintomas podem incluir náuseas,

cefaléia, sonolência, queda dos cabelos, diarréia e perda de cálcio pelos ossos,

acarretando uma condição com extrema fragilidade. A interrupção dessas altas

ingestões de vitamina A reverte esses sintomas. O dano renal pode resultar de um

excesso regular de vitamina D.

As vitaminas lipossolúveis não devem ser consumidas em excesso sem uma

supervisão médica apropriada. Uma “supervisão” das vitaminas E e K é rara, porém

em geral admite-se que as ingestões acima do nível recomendado não são benéficas.

Vitaminas A, D e K.

As vitaminas lipossolúveis não funcionam como coenzimas no metabolismo,

como o fazem as vitaminas do complexo B. Em várias circunstâncias as vitaminas

lipossolúveis atuam mais como componentes semelhantes a hormônios. Como as

vitaminas A, D e K podem ser armazenadas em quantidades apreciáveis no organismo,

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o exercício ou a atividade física devem estar menos aptos a influenciar suas

necessidades. Além disso, como as vitaminas lipossolúveis não se encontram

intimamente envolvidas de um ponto de vista metabólico no metabolismo energético

ou na hipertrofia muscular, a adição dessas vitaminas a uma dieta já adequada seria

menos provável de afetar o desempenho.

A vitamina A (retinol) é necessária para uma visão normal, crescimento ósseo,

integridade do tecido epitelial e reprodução. As boas fontes de vitamina A incluem

fígado, leite fortificado, produtos lácteos e óleos de fígado de peixe. A atividade da

vitamina A também pode ser obtida através do consumo da pró-vitamina,

caroteno−β de vários vegetais verdes e frutas cor de laranja: batata doce, espinafre,

mamão, ervilha, brócoli entre outros. As RIDs de 1989 para vitamina A eram de 1000

equivalentes de retinol (5000UI) para homens adultos e 800 equivalentes de retinol

(4000UI), para mulheres adultas. Tem sido observado toxicidade devido a vitamina A

ou hipervitaminose A em atletas jovens, adultos consumindo mais de 50000UI por dia

de retinol (não caroteno−β ).

A vitamina D (calciferol) é necessária em sua forma ativa para a formação

normal e mineralizada dos ossos e dentes. O modo de ação da vitamina D é semelhante

ao de outros hormônios esteróides. A vitamina D não é encontrada abundantemente

em alimentos. Está presente, não em grande quantidade em fígado, manteiga e gema

de ovo. O melhor suprimento de vitamina D é oriundo de óleo de fígado de peixe, leite

fortificado e produtos lácteos. Entretanto, a vitamina D pode ser produzida no

organismo pela exposição da pele aos raios ultravioletas do sol. Esta exposição

converte um componente esterol, 7-desidrocolesterol em calciferol, que pode então ser

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utilizado pelo organismo. Assim, com a exposição adequada à luz solar um adulto

pode não ter a suplementação recomendada pela dieta. A RID para adultos, para

vitamina D é de gµ5 (200UI) por dia. Como no caso da vitamina A, um consumo

excessivo pela dieta pode conduzir à toxicidade. Adultos consumindo dose diárias

superiores a 2000UI por um período longo devem ser monitorizados para toxicidade.

Os componentes da vitamina K (quinona) são necessários para a coagulação

normal do sangue. No fígado a vitamina K é necessária como um fator para a

conversão da translação enzimática de ácido glutâmico a ácido α -carboxiglutâmico.

Esse aminoácido é uma parte importante da estrutura de várias proteínas da

coagulação. As proteínas dependentes de vitamina K também podem desempenhar

um papel no metabolismo ósseo. A vitamina K é encontrada em quantidades

apreciáveis em vegetais verdes folhosos como espinafre, nabo, repolho, alface e

brócoli. Queijo, gema de ovo e fígado também contêm alguma quantidade de vitamina

K. A vitamina K também é produzida pelo microflora do trato gastrintestinal em

humanos. A alguma quantidade da vitamina obtida por essa via está disponível para

absorção. Assim, parte das necessidades de vitamina K para seres humanos é satisfeita

através de outras vias que não pela dieta. É improvável a deficiência de vitamina K em

adultos. Devem ser removidas as fontes da dieta enquanto ocorre destruição

concomitante da micro-flora GL. Além disso, ocorre algum depósito em tecidos

corpóreos, diminuindo assim as chances de uma deficiência. A RID para vitaminas K

é de gµ65 /dia para mulheres adultas e gµ80 /dia para homens adultos.

Cinco homens jovens, adequadamente nutridos sob uma dieta com baixo teor de

vitamina A (100UI/dia) por um período de 6 meses, seguindo por uma suplementação

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com vitamina carotenoA −β/ (25000UI a 75000UI/dia), por um período de 6 semanas.

Não houve diferenças significativas nos níveis plasmáticos de vitamina A durante o

período de 6 meses de deficiência. Conforme o desempenho medido por um teste

caminha/corrida em esteira, não houve diferenças para os indivíduos em qualquer

período medido de suplementação alta ou baixa. Segundo algumas pesquisas que

suplementou um grupo de cavalos de corridas que apresentava um estado marginal ou

baixo de vitamina A com retinol (110 a 125UI/Kg/dia) por um período de 1 ano. Outro

grupo de cavalos de corridas não suplementados atuaram com controles. Todos os

cavalos tinham histórias de problemas na perna. A suplementação com retinol

aumentou significativamente o número de corridas disputadas pelos cavalos,

basicamente devido a um decréscimo nos problemas de ligamentos e tendões do grupo

suplementado. Os autores sugeriram que suplementação com retinol melhorava a

integridade do tendão nos cavalos suplementados. Mediram-se níveis de vitamina A no

plasma em corredores antes e após uma maratona em grande altitude. Não foi

observado nenhuma diferença significativa.

Concluindo, parece haver poucas evidências de que as vitaminas A e D estejam

extensivamente envolvidas no desempenho físico. Isto parece substâncias por poucos

estudos executados utilizando estas vitaminas em protocolos de exercício.

Vitamina E

Vitamina E é um termo comum para um grupo de componentes identificados

como tocoferóis. As funções da vitamina E no organismo não estão completamente

elucidada; entretanto, sabe-se que in vitro funciona como um antioxidante

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lipossolúvel. Aparentemente a vitamina E protege membranas celular e subcelular da

peroxidação lipídica atuando como uma varredura de radicais livres. Outras funções da

vitamina E não estão completamente compreendidas, embora tenham sido relatas

possíveis relações para a biossíntese protanóide. As boas fontes incluem germe de

trigo, óleos vegetais, nozes, fígado, espinafre e milho verde. As RIDs para a vitamina

E em adultos é 8mg de equivalentes de tocoferóis (12UI) para mulheres adultas e

10mg de equivalentes de tocoferóis (15UI) para homens. Entretanto, as necessidades

variam dependendo do tipo de gordura consumida pela dieta e presença ou ausência de

outros antioxidantes e/ou pró-oxidantes. Por exemplo, gorduras poliinsaturadas, ferro,

aspirina e exposição ao ozônio aumentam as necessidades de vitamina E, enquanto as

gorduras saturadas, ácido ascórbico, selênio e zinco podem diminuir as necessidades.

Numerosos investigadores têm relatado achados relacionados a vitamina E o

desempenho físico. Vários estudos têm relatado efeitos da suplementação de vitamina

E no desempenho físico. Com uma dupla de exceções, não foram observados

melhoras. Um artigo dirigiu as alterações enzimáticas em relação à suplementação

com vitamina E o estresse físico, não encontrado efeitos da vitamina. Outros estudos

têm relatado o dano oxidativo de tecidos com o exercício com e sem vitamina E extra.

Os achados geralmente indicam ou sugerem que o dano peroxidativo associado ao

exercício foi reduzido com a suplementação com vitamina E a dor muscular retardada.

Algumas fontes das vitaminas lipossolúveis estão apresentadas em anexo nas tabelas

4.1., 4.2., 4.3. e 4.4.

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Vitaminas Hidrossolúveis.

As vitaminas hidrossolúveis funcionam essencialmente como coenzimas, que

são pequenas moléculas que se combinam com compostos protéicos maiores

(apoenzimas) para formar enzimas ativas que aceleram a interconversão dos

compostos químicos. As coenzimas participam diretamente das reações químicas,

porém quando a reação é completada, elas permanecem intactas para serem usadas

novamente. As vitaminas hidrossolúveis são semelhantes aos seus equivalentes

lipossolúveis, pois são formadas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Elas

contêm também nitrogênio e íons de metais tipo ferro, molibdênio, cobre, enxofre e

cobalto.

Por causa de sua solubilidade na água, essas vitaminas são dispersas nos

líquidos corporais e não são armazenadas em quantidades apreciáveis. Em geral,

qualquer excessiva acaba sendo eliminada na urina. As vitaminas hidrossolúveis

exercem provavelmente sua influência por até 8 a 14 horas após a ingestão; daí em

diante, sua potência no organismo começa a diminuir. Por exemplo: para um benefício

máximo, a vitamina C deve ser consumida pelo menos a cada 12 horas. Na maioria

dos casos, a perda de vitaminas hidrossolúveis na transpiração, até mesmo durante a

atividade física extrema, talvez seja desprezível.

A natureza essencial de vitamina B na dieta foi primeiramente identificada em

1897 por Eijkman, um médico alemão em Java, que observou que adicionando-se

farelo de arroz às migalhas de arroz polido evitava-se o beribéri em aves. A

importância de suas descobertas não foi reconhecida naquele momento, e não até

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1911, quando Funk e outros descreveram um fator alimentar essencial, o qual

designaram vitamina B. Um trabalho posterior mostrou que o fator antiberibéri era

apenas uma de várias partes, 10 das quais agora foram identificadas. Seu agrupamento

sob a designação de complexo B é baseada na sua fonte de distribuição comum, em sua

inter-relação próxima em tecidos animais e vegetais e em suas íntimas inter-relações

funcionais.

Os membros do complexo B têm um papel essencial nos processos metabólicos

das células vivas, tanto de plantas como de animais. Funcionam como coenzimas ou

como grupos prostéticos ligados a apoenzimas. Quatro deles (tiamina, niacina,

riboflavina e ácido pantotênico) são essenciais para a derivação de energia de glicólise

e do ciclo do ácido tricarboxílico.

Devido as inter-relações próximas entre as vitaminas B, uma ingestão

inadequada de uma pode prejudicar a utilização das outras. As deficiências discretas

de uma vitamina B isolada são raramente vistas de forma clínica.

Vitaminas do complexo B.

A tabela 4.5. em anexo lista os compostos na família de vitaminas do complexo

B e os seus papéis relacionados com o exercício. A maioria das vitaminas B se envolve

no metabolismo dos ingredientes alimentares em energia e, consequentemente, tem

atraído um interesse de pesquisa como auxílios ergogênicos. As vitaminas B foram

estudadas quanto a efeitos ergogênicos desde a década de 20.

Vitaminas do complexo B individuais.

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A suplementação com tiamina (vitamina B1) (900mg/dia, por 3 dias) a 15

ciclistas treinados levou a melhoras consistentes e importantes nos limiares

anaeróbicos, nas freqüências cardíacas, nos níveis sangüíneos de lactato e nos níveis

sangüíneos de glicose durante um exercício máximo em bicicleta ergométrica.

A suplementação com riboflavina (vitamina B2)(10mg antes do exercício)

levou a uma diminuição da irritabilidade neuromuscular após uma estimulação

elétrica, sugerindo ser possível uma melhora da hiperexcitabilidade muscular e da

capacidade glicolítica. Teoricamente, o desempenho pode-se beneficiar destas

alterações. A suplementação com 60mg/dia de riboflavina por 16 a 20 dias em

nadadores de elite não descobriu nenhuma alteração comparada com um grupo de

placebo quanto ao desempenho em natação, ao VO2max. ou ao limiar anaeróbico.

Avaliou-se o estado de riboflavina pré-suplementação e descobriu-se como normal.

Descobriu-se que a suplementação com niacina (ácido nicotínico ou vitamina

B3) (300 a 2000mg antes do exercício) impede a elevação normal nos níveis

plasmáticos de ácidos graxos livres durante o exercício. Embora cinco desses relatos

não tenham encontrado alterações no desempenho de resistência após uma

administração aguda de niacina, a niacina causou uma fadiga percebida maior e

reduziu a resistência nos indivíduos com esgotamento de glicogênio comparado com

os indivíduos não-suplementados com esgotamento de glicogênio. Portanto, as

quantidades excessivas de niacina (mais de 300mg) não são ergogênicas e podem na

verdade ser antiergogênicas nas situações de exaustão ou de baixo consumo dietético

de carboidratos. Não se estudou especificamente os efeitos da niacinamida não

comunga das mesmas propriedades farmacológicas da niacina em altas doses, é

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possível que as quantidades de niacinamida em produtos vitamínicos/minerais

múltiplos seja insuficientes para afetar os níveis de ácidos graxos livres na maioria das

pessoas.

A suplementação com piridoxina (vitamina B6) (51 a 985mg/dia, por 30 a 180

dias) não afetou o desempenho da resistência de nadadores treinados, a carga de

trabalho de exercício após dietas ricas em carboidratos ou o VO2max. e os níveis

máximos de lactato após corridas em esteiras supramáximas. A suplementação com

8mg/dia de piridoxina em 4 indivíduos causou um esvaziamento mais rápido dos

depósitos musculares de glicogênio durante um exercício em bicicleta ergométrica,

enquanto que um consumo de 10,4mg/dia de piridoxina descobriu uma elevação da

utilização do glicogênio e uma redução dos níveis séricos de ácidos graxos livres,

comparando com um consumo de 2,4mg/dia de piridoxina. A piridoxina maximizou a

elevação normal nos níveis séricos de somatotropina induzida por um exercício de

ciclismo intenso. Juntos, esses resultados sugerem que a suplementação com

piridoxina não seja benéfica para um desempenho de resistência, mas pode ter um

efeito positivo em exercícios anaeróbicos de curta duração (tais como o levantamento

de peso), que cofiam principalmente em uma glicogenólise rápida.

A suplementação com cianocobalamina (vitamina B12) (10,50 ou 1000µg/dia,

por 42 a 49 dias) não teve efeito no tempo de corrida de meia-distância, na força de

empunhadura, na recuperação da freqüência cardíaca, nos tempos máximos de

exercício em bicicleta ergométrica, no VO2max. ou em outros testes-padrão. Desde

1986, a disponibilidade comercial de uma forma coenzimática da vitamina B12

(Dibencozide, cobamamida, coenzima 5,6-dimetil-benzimidazolil-cobamida)

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proveniente de companhias farmacêuticas européias se transformou em uma moda

para os halterofilistas e os fisiculturistas, promovida como uma substituição dos

esteróides anabólicos. Um estudo muitas vezes citados de crianças polonesas

desnutridas (que eram provavelmente muito deficientes em vitamina B12 e outros

nutrientes) parecia demonstrar respostas melhores de crescimento e de acréscimo de

massa corporal magra após uma suplementação com cobamamida comparado com a

administração de esteróides anabólicos. Não existe nenhum estudo que sustente os

benefícios da vitamina B12 para os halterofilistas, apesar do uso comum e da crença na

eficácia pelos usuários. No entanto, como os sintomas de deficiência de vitamina B12

incluem distúrbios psicológicos e sintomas neurológicos (incluindo a fadiga), torna-se

difícil diagnosticá-la por meio dos testes laboratoriais clínicos normais, não podendo

se excluir nesse caso um possível efeito semelhante a um placebo para as altas doses

de vitamina B12.

A suplementação com folato (5 mg/dia, por 11 semanas) a 10 mulheres

maratonistas deficientes em folato e não-anêmicas elevou os níveis séricos de folato

em três a quatro vezes, mas não alterou o VO2max., o desempenho máximo em esteira,

as freqüências cardíacas e os níveis sangüíneos de lactato comparados com os

indivíduos de placebo. Não existe nenhuma pesquisa óbvia acerca dos possíveis efeitos

prejudiciais da anemia megaloblástica (causada por deficiências de vitamina B12 e/ou

de folato) no desempenho de exercício em atletas. As deficiências de folato nas

mulheres não são incomuns, tornando esse assunto uma faceta abandonada de

resistência se os achados anteriores forem confirmados.

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A Biotina, o inositol e o ácido ρ-aminobenzóico (PABA) não foram testados

quanto a efeitos ergogênicos no desempenho de exercício no homem. Esses compostos

se encontram presentes em algumas misturas consideradas posteriormente neste

capítulo, embora em doses menores.

Em geral, a administração das vitaminas B individuais não demonstrou nenhum

efeito ergogênico a menos que se administrasse doses muito grandes (tiamina e

pantotenato). No entanto, como as vitaminas B trabalham em conjunto entre si e com

outros processos metabólicos, é muito mais lógico se administrar as vitaminas B

suplementares como uma mistura.

Antes de 1950, todas as vitaminas do complexo B ainda não se encontravam

bem caracterizadas, e consequentemente, as misturas não continham o que se

considera como um complexo B completo. Esse fato, aliado às doses conhecidas como

insuficientes para afetar os níveis corporais, renderam resultados na maioria dos

estudos iniciais dos efeitos suspeitos das vitaminas do complexo B.

A tabela 4.6. em anexo exibe as doses e as conclusões dos estudos acerca das

vitaminas B como auxílios ergogênicos. Não encontrou-se nenhuma alteração na

resistência de marcha sobre a esteira após 6 semanas de suplementação com uma dose

relativamente baixa de suplemento de vitaminas do complexo B. no entanto, observou-

se em alguns experimentos uma correlação positiva entre o consumo de tiamina e os

tempos de corrida em marcha sobre esteira até a exaustão. Mediu-se o desempenho

funcional de 23 indivíduos alimentados com uma dieta deficiente em tiamina,

riboflavina, piridoxina e ascorbato por 8 semanas. Todos os indivíduos receberam um

suplemento que continha duas vezes a RID para as outras vitaminas (A, D, E, B12,

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folato, biotina, niacinamida e pantotenato) e minerais adequados. Onze indivíduos

também receberam um fornecimento de suplemento de duas vezes a RID para a

tiamina, a riboflavina, a piridoxina e o ascorbato. Os indivíduos completamente

suplementados não exibiram nenhuma alteração no VO2.

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V. VITAMINAS E O DESEMPENHO NOS EXERCÍCIOS.

Geralmente as vitaminas são pensadas como um grupo de componentes

necessários em quantidade diminutas nos organismo e, muitas funcionando como

coenzimas que regulam o metabolismo energético e conforme a sua solubilidade

afetará sua forma e função dentro das células. As hidrossolúveis incluem o grupo do

complexo B e o ácido ascórbico (vitamina C) e todas essas vitaminas apresentam a

característica comum de sua habilidade para atuar como coenzimas ou cofatores nas

reações metabólicas; reações que regulam a energia, o metabolismo protéico e de

aminoácidos, bem como a divisão celular. Outra característica das hidrossolúveis é que

seu armazenamento no corpo é relativamente pequeno, necessitando de sua ingestão

regular.

Como muitas das vitaminas funcionam como componentes de Coenzimas e

formalmente foram descobertas como substâncias orgânicas de que o corpo necessita

em quantidades minúsculas e, o mais das vezes, são consideradas como nutrientes

acessórios, pois não fornecem energia nem contribuem essencialmente para a massa

corporal seria tentador especular que uma maior ingestão dessas vitaminas poderia

apropriar a liberação de energia e acarretar uma melhora no desempenho físico. A

crença de que “se um pouco é bom, mais deve ser melhor” induziu muitos técnicos,

atletas, entusiasta da aptidão e até mesmo alguns cientistas a advogarem o uso de

suplementos vitamínicos. Essa abordagem simplesmente não é consubstanciada pelos

achados da pesquisa nem pela esmagadora maioria dos nutricionistas profissionais.

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A suplementação com vitamina B6, que é um cofator essencial no metabolismo

do glicogênio e dos aminoácidos, não evidenciou qualquer benefício para a mistura

metabolizada por mulheres durante o exercício aeróbico de alta intensidade.

Entretanto, se forem incluídas as vitaminas do complexo B, não evidenciaria qualquer

beneficio, em termos de exercício, para as demais vitaminas, tais como C e E. por

exemplo: a vitamina C é um fator na síntese do colágeno e do hormônio supra renal

relacionado ao stress, a noradrenalina.

Se apropriado ou não, o uso e abuso de vitaminas pelos atletas é evidentemente

muito comum. Pesquisas relataram que 75% dos atletas universitários acreditavam que

necessitavam de mais vitaminas que indivíduos não atletas. Numa discussão sobre

ácidos ergogênicos também estabeleceu que as vitaminas são os suplementos mais

comuns utilizados pelos atletas. Um relato também recentemente apresentado no “U.S.

Senate”, com relação ao uso de vitaminas em atletas olímpicos. Relatou-se que eles

consumiam multi-vitamínicos, vitamina B12 (injeções de 1000mg) e vitamina C

(10000mg/dia), entre outras. Outros relatos como entrevistas com treinadores que

recomendavam a ingestão de suplementos vitamínicos a seus atletas.

Assim, parece que um número significativo de atletas provavelmente está

tomando alguma forma de suplementação vitamínica na crença que isto auxiliará em

seu desempenho.

Como as vitaminas são nutrientes essenciais é virtualmente certo que uma

deficiência ou um estado subótimo de qualquer vitamina irá, em algum ponto,

prejudicar o desempenho físico. Isto foi demonstrado por pesquisadores mais recentes,

que relataram um decréscimo significativo na capacidade aeróbica e início de acúmulo

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de lactato no sangue de indivíduos de sexo masculino recebendo uma dieta com baixo

teor de vitamina B1, B2, B6, e C por um período de 8 semanas. Muitos estudos

relataram melhora na função com suplementação vitamínica. Isto seria esperado se a

adição de vitaminas estivesse corrigindo um estado de deficiência. A literatura está

repleta com relatos de decréscimo na função física durante estados de deficiência de

vitaminas.

Relatos demonstram que os níveis sangüíneos de vitaminas B1 (tiamina)

diminuíram num grupo de 12 esquiadores treinados após 3 semanas de treino de esqui

e também após um único de 4 horas de esqui. Um grupo controle não atlético foi

utilizado para o teste em 4 horas com esqui. Os níveis sangüíneos de tiamina nos

controles não diminuíram. Outros relatos, relataram decréscimo na fadiga em um

grupo de homens, jovens sujeitos a uma corrida repetitiva de 5000m rasos tomando

suplementos vitamínicos quando comparado com o grupo-placebo-controle

executando os mesmos exercícios. Esses investigadores atribuíram o decréscimo na

fadiga ao fato de que os indivíduos do grupo experimental estavam tomando 100mg de

tiamina e ácido pantotênico (30mg) como suplemento vitamínico todos os dias por

uma semana antes dos exercícios. Entretanto, nenhuma avaliação do estado vitamínico

desses indivíduos foi feita.

Em resumo, os dados com a tiamina e exercícios são equivocados. Estudos

suplementares, designados e bem controlados envolvendo tiamina e desempenho físico

são necessários, bem como estudos com animais e seres humanos buscando os efeitos

do treino com o exercício do conteúdo de tiamina nos tecidos e no sangue, bem como

outros marcadores de alterações bioquímicas.

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Os indivíduos fisicamente ativos que adotam uma dieta bem balanceada não

necessitam de suplementos vitamínicos adicionais, porém a maioria dos nutricionistas

acha que a ingestão de uma cápsula de vitamina com quantidade recomendada de cada

vitamina não fará mal. Para algumas pessoas, os efeitos psicológicos podem ser até

benéficos. Entretanto, preocupa muito as pessoas recorrerem aos suplementos

vitamínicos adicionais (doses de pelo menos 10 vezes e até 1000 vezes maiores que a

QDR), na esperança de que uma “sobrecarga” de vitaminas possa aprimorar o

desempenho na realização dos exercícios. Se forem excluídos os casos de

enfermidades específicas graves, essa conduta pode ser prejudicial. Pois, uma vez

saturada os sistemas enzimáticos que catabolizados por vitaminas específicas, as

vitaminas excessivas tomadas em megadoses funcionam como substâncias químicas

no organismo. Por exemplo, uma megadose de vitamina C hidrossolúvel pode elevar

os mais sérios riscos de ácido úrico e desencadear a gota nas pessoas predispostas a

essa enfermidade. Além disso, pesquisas relatam que alguns negros americanos,

asiáticos e judeus possuem uma deficiência metabólica genética na qual os excessos de

vitamina C podem resultar em anemia hemolítica. Já em indivíduos com deficiência de

ferro, as megadoses de vitamina C podem destruir quantidades significativas de

vitamina B12. Já nos indivíduos sadios, com bastante freqüência os suplementos de

vitamina C irritam o intestino e causam diarréia.

Atualmente, admite-se que o excesso de vitamina B6 pode produzir doença

hepática e dano neural. O excesso de riboflavina (B2) pode afetar a visão, enquanto

uma megadose de ácido nicotínico inibe a captação dos ácidos graxos pelo músculo

cardíaco durante o exercício. Possíveis efeitos colaterais de uma megadose de vitamina

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E incluem cefaléia, fadiga, visão embotada, distúrbios gastrintestinais, fraqueza

muscular e um açúcar sangüíneo baixo. Pelo fato da vitamina E ser encontrada

habitualmente com os ácidos graxos insaturados, é difícil “construir” uma dieta com

deficiência dessa vitamina. A toxidade para o sistema nervoso das megadoses de

vitamina A e os efeitos lesivos para os rins do excesso de vitamina D já foram bem

demonstrados.

É de fato perturbador constatar que os dados do U.S. National Health Survey

indicam que mais de 30% dos adultos norte-americanos utilizam suplementos

vitamínicos, o mais das vezes em posologia potencialmente tóxicas. Se a

suplementação vitamínica desempenha um papel nos indivíduos fisicamente ativos,

talvez seja somente naqueles que possuem reservas marginais de vitaminas.

Talvez o uso inadequado e o abuso das vitaminas por parte de indivíduos que

esperam aprimorar o desempenho atlético possam ser colocados em sua vida

perspectiva pela seguinte citação feita há quase 20 anos: “A venda de vitaminas talvez

seja a maior espoliação em nossa sociedade atual. Seu único efeito parece ser uma

água de esgoto altamente enriquecida nas proximidades dos locais de treinamento ou

de competição atléticas”.

É difícil resumir os dados com relação ao desempenho físico e o metabolismo

de vitaminas. Isto em parte é devido a um grande número de vitaminas diferentes, mas

também aos diferentes tipos de estudos executados (seres humanos versus diferentes

espécies animais, diferentes níveis de dosagens, diferentes formas de atividade física,

diferentes variáveis de desempenho, etc.).

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A atividade física não parece alterar o metabolismo de várias vitaminas do

complexo B (riboflavina, niacina, piridoxina, ácido pantotênico), bem como ácido

ascórbico. Se estas alterações representam aumentos reais nas necessidades

vitamínicas ou uma justa redistribuição de vitamina nos tecidos do corpo,

freqüentemente não é claro. Alguns dados com relação ao ácido ascórbico dão uma

indicação que as necessidades desta vitamina são aumentadas com a atividade física.

Há outros dados com relação a tiamina e a reboflavina que podem sugerir que as

necessidades de vitaminas são aumentadas com início de programas de treinamentos,

mas que adaptações para reduzir aquelas necessidades podem ocorrer à medida que o

treino progride.

Assim, a suplementação com vitaminas, em grandes quantidades, para

indivíduos adequadamente nutridos não aumentaria o desempenho. Em outras

palavras, ainda não existe nenhuma pílula ou dieta que transforme um empregado de

escritório e sedentário em atleta, com um excelente desempenho. A partir da breve

visão panorâmica das pesquisas acerca dos suplementos vitamínicos é que não existe

nenhuma questão de que a manipulação dietética ou os suplementos podem melhorar

em determinadas estruturas. Uma opinião prevalente de que a suplementação dos

atletas com as famosas “pílulas” é perigosa ou charlatanismo está se derretendo

rapidamente sob o calor dos achados científicos. As vitaminas sintetizadas no

laboratório não são menos efetivas para o funcionamento corporal que as vitaminas de

origem natural. Os suplementos vitamínicos conseguem eliminar os sintomas de

deficiência vitamínica, porém uma vez curada essa deficiência, os suplementos não

induzem qualquer aprimoramento adicional em relação ao estado normal. Além disso,

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são mais de 40 anos de pesquisas que ainda não se conseguiu comprovar o

desempenho na realização dos exercícios, nem a capacidade de treinamento nas

pessoas sadias em bom estado nutricional e quando a ingestão de vitaminas processa-

se nos níveis recomendados, os suplementos não aprimoram o desempenho nos

exercícios nem aumentam necessariamente os níveis sangüíneos desses nutrientes.

Lembrar sempre que as fontes alimentares de vitaminas são superiores àquelas

oferecidas através das pílulas, que nunca serão substituídas para uma dieta balanceada

e variada, tornando-se desnecessárias e dispendiosas. Apenas os indivíduos com

condições que aumentam as necessidades de vitaminas ou prejuízo na absorção e

utilização desses nutrientes essenciais devem preocupar-se com suplementação. Um

médico ou nutricionista clínico poderá determinar melhor essa necessidade. Muitos

indivíduos não percebem que as substâncias podem ser essenciais em um nível e

prejudiciais em doses maiores. Os indivíduos que praticam esportes deveriam repensar

mais ao ingerir as doses altas de vitaminas, pois a falta de estudos controlados nos

impedem de definir a menor dose neurotóxica humana de qualquer vitamina.

Deveriam ter mais consciência que os alimentos podem oferecer ainda nutrientes não

descobertos, importantes para a saúde; seria muito melhor gastar todo o dinheiro gasto

com suplementos vitamínicos na compra de frutas, vegetais e grãos integrais. Qualquer

indivíduo que prática ou não exercícios físicos devem obter nutrientes adequados de

fontes da dieta. Satisfazer as necessidades de nutrientes escolhendo uma variedade de

alimentos, com moderação, mais que o uso da suplementação, reduz o risco potencial

tanto para deficiências de nutrientes quanto para o excesso deles. As recomendações

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individuais com relação a suplementos e dietas devem vir de médicos e nutricionistas

clínicos.

Hoje, a dúvida da maioria das pessoas é a de tomar o não suplementos

vitamínicos. De fato, alguns estudos realizados principalmente nos Estados Unidos e

Europa chegaram à conclusão que uma dieta rica em vitaminas ou a ingestão de doses

elevadas de suplementos pode prevenir desde o envelhecimento precoce até o

aparecimento de certos tipo de câncer, além de combater infartos e outros distúrbios

cardiovasculares. Os ortomoleculares prescrevem receitas generosas, mas nem mesmo

eles aconselham doses altas de certas vitaminas, por isso, se existe uma unanimidade

entre os que são a favor e os que são contra a administração de suplementos

vitamínicos, ela está na necessidade de orientação médica. Mesmo o mais inofensivo

comprimido de vitamina C é um produto farmacêutico. Para se ter uma idéia da

complexidade das interações que acontecem no interior do corpo humano, basta

lembrar que a vitamina C aumenta a absorção de ferro, mineral que não é excretado e

que, em grandes quantidades, pode ser tóxico. Ou seja, tomar vitamina C para banir os

radicais livres, sem rigoroso acompanhamento médico, pode ser apenas uma forma

onerosa de aumentar os depósitos de ferro e literalmente “enferrujar” mais

rapidamente o organismo. Então, a automedicação traz riscos de superdosagem, isto é,

hipervitaminose com conseqüências danosas ao organismo. Nem sempre uma pessoa

com hábitos alimentares está bem nutrida. Um caso clássico é dos vegetarianos, que,

em princípio, ingerem quantidades fartas de vegetais. Portanto, eles não tem

suprimentos garantidos de vitaminas, por que a vitamina B12, por exemplo, são

encontradas apenas em produtos de origem animal. Assim, o ideal, seria que os

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praticantes dessa dieta consumissem alimentos enriquecidos e até mesmo adotassem

suprimentos vitamínicos especiais para suprir essa lacuna.

Muitos indivíduos já se sentiram perdidos diante de uma prateleira de farmácia

repleta de coloridos frascos de vitamina. Ou ficou tentado pela história daquele amigo

que “mudou de vida” depois que passou a tomar esta ou aquela cápsula. Junto a uma

especialista de confiança, o ideal é cada pessoa verificar individualmente se pode

beneficiar-se da ingestão de suplementos.

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CONCLUSÃO

Desde as experiências fundamentais de Lavoisier, no século XVIII, até os

estudos de FUNKm, um período de hipóteses, de investigações experimentais e

observações clínicas imperou, por etapas, até chegar-se ao ano de 1920, encerrando-se

assim, o que poderia denominar o primeiro ciclo das investigações vitaminológicas.

As vitaminas são agentes essenciais ativos para manutenção das funções

biológicas, podendo ocorrer em natureza como tal ou sob a forma de precursores, pro-

vitaminas, que são ingeridas com os alimentos. O organismo humano pode promover a

síntese de algumas vitaminas, necessitando, no entanto, do suprimentos alimentar. O

homem e os animais dependem de fontes externas de vitaminas e, consequentemente

qualquer interrupção do suprimento causa distúrbios no metabolismo. No entanto, e

particularmente nos EUA, essas deficiências são raras, pois as demandas diárias

mínimas de vitaminas são pequenas e podem ser atendidas facilmente através de uma

dieta variada.

Como as vitaminas regulam o metabolismo energético, mesmo em quantidades

mínimas, fica tentador especular que uma maior ingestão de vitaminas pode aprimorar

a liberação de energia e acarretar uma melhora principalmente no desempenho físico

para quem prática alguma atividade física, induzindo-os ao uso de suplementos

vitamínicos.

Essa abordagem, surgida nos anos 80, não é consubstanciada pelas achados das

pesquisas nem pela maioria dos nutricionistas profissionais. O suprimento pode ser

indicado por médicos para suprir deficiências e o excesso pode ser tóxico para o

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organismo. Não se pode pensar em vitaminas como “comprimidos” e, sim como

alimentos.

Em outras palavras ainda não existe nenhuma pílula por exemplo, que

transforme ou contribua para que um empregado de escritório meia-idade sedentário

em um atleta. Uma opinião prevalente de que a suplementação dos atletas com

suplementos vitamínicos é inútil, perigosa ou charlatanismo está se derretendo

rapidamente sob o calor dos achados científicos.

Grande parte da propaganda moderna é falsa ao dizer que pessoas ativas com

alimentação adequada precisem tomar suplementos vitamínicos regularmente. Não é

porque a grande maioria das vitaminas não exige receita médica que se deva encara-las

sem consultar um especialista. A dica vale para todos independente de estar doente,

saudável e principalmente para aqueles que praticam alguma atividade física. Deve-se

adquirir as vitaminas e todos os nutrientes se alimentando com alimentos variados e

balanceados. A palavra “vitaminada” já virou em adjetivo, mas o indivíduo ativo

consegue ter uma saúde e muita energia praticando algum tipo de esporte associado a

boa alimentação.

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GLOSSÁRIO Termos-chave Ácido ascórbico – Um derivado da hexose; vitamina C. Ácido fólico – Ácido pteroliglutâmico. Ácido pantotênico – Uma vitamina do complexo B. Acetilcolina – Um dos produtos químicos que transmite impulsos entre os nervos, células nervosas e musculares. Aminoácidos – Grupo de compostos químicos que contém nitrogênio que formam as unidades estruturais básicas de proteínas. ATP – Trifosfato de adenosina. Beribéri – Doença por deficiência de tiamina. Bioflavonóides (Vitamina P) – qualquer elemento de um grupo de flavonas (compostos cristalinos) coloridas, encontrado junto à casca de muitas frutas. Essencial à estabilidade e absorção de ácido ascórbico. Biotina – Uma vitamina que contém enxofre e que é sintetizada por microorganismos no trato gastrointestinal inferior. Coenzima – Uma molécula estável ao calor que deve se associar a outra enzima, para que a enzima realize sua função no corpo. É necessária para a utilização de vitaminas e minerais. Corateno – Um pigmento amarelo ou vermelho encontrado em cenouras, batatas doces, vegetais folhosos, gordura de leite e gema de ovo que pode ser convertida em vitamina A no organismo. Cianocobalamina – Forma comercialmente disponíveis de vitamina B12. Cobalamina – Vitamina B12 nos alimentos. Colina – Uma anemia natural e precursora da acetilcolina; geralmente classificada com as vitaminas do complexo B, mas pode ser sintetizada pelo ser humano. 7-Deidrocolesterol – Um precursor de vitamina D encontrado na camada epidérmica da pele, o qual sob irradiação ultravioleta se converte em vitamina D3. Enzima – Catalisador orgânico que acelera as reações químicas dos processos biológicos. Equivalente Retinol – Uma medida da atividade da vitamina A nos alimentos. Ergocalciferol – Vitamina D2; ergosterol que foi ativado por irradiação ultravioleta. Ergosterol – Um precursor de vitamina D encontrado em plantas, o qual sob irradiação se converte em vitamina D2. Escorbuto – Doença causada por deficiência de vitamina C. Flavonóide – Pigmentos vegetais que exercem uma ampla variedade de efeitos fisiológicos no organismo humano. Folato (folacina) – Um termo genérico para um grupo de componentes química e nutricionalmente semelhantes ao ácido fólico. Hipervitaminose – Supedosagem de alguma vitamina. Hipovitaminose – Um estado de carência vitamínica. Niacina – Termo genérico para nicotinamida (niacinamida) e ácido nicotínico; vitamina B3. Nicotinamida – Uma amida da niacina sem a atividade vasodilatadora da niacina. Pelagra – Doença por deficiência de niacina.

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Piridoxina – Vitamina B6. RDA – Recomendações nutricionais. Retinol – Vitamina A. Riboflavina – Vitamina B2. RID – Recomendações de Ingestão pela dieta. Tiamina – Vitamina B1. Tocoferal – Uma molécula com um sistema de anel e uma longa cadeia lateral saturada, que tem atividade biológica de vitamina E. Triptofano – Um aminoácido; precursor de niacina. Vitamina – Um composto orgânico, essencial em pequenas quantidades para o controle de processos metabólicos, que não pode ser sintetizada pelo organismo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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MERCATELLI, Rose. REVISTA VITAL. Editora Azul nº 178, p. 22-32, julho, 1998. STRYER, Lubert. Bioquímica geral. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

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ANEXOS

Reportagens

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Vitaminas e Imunidade – A história Antioxidante

O corpo mantém um complexo conjunto de defesas contra doenças e infecções.

Pele, membranas mucosas e secreções acídicas estão entre a primeira linha de defesa.

A imunidade celular modificada pelas células T da glândula timo e anticorpos são a

linha seguinte de proteção. Os nutrientes tais como a vitamina A (especialmente

betacarotenoe outros carotenóides), vitamina E, vitamina C, vitamina B6 e folacina

protegem o corpo sustentando esforços antioxidantes. Ferro, zinco e selênio também

têm papéis importantes.

O dano pela oxidação da célula pode diminuir a defesa corpórea contra alguns

cânceres (BLOCK, 1992; HUNTER, 1993; ILSI, 1993; BECKER, 1993; AMERICAN

COUNCILON ON SCIENCE AND HEATH, 1993). O dano cromossômico está

diretamente relacionado ao câncer e mutação celular, e o betacaroteno é protetor

contra danos por raios X (UmEGAKI et al., 1994). Em uma triagem de suplementação

vitamina/mineral extensiva em Linxian, China, 30.000 pessoas participaram durante

um período de 5 anos. Enquanto os resultados não garantem a redução em cânceres

esofágicos e estomacais (WANG, 1994), as implicações são a mortalidade total que foi

diminuída no grupo experimental (AMERICAN COUNCILON ON SCIENCE AND

HEATH, 1993).

Experiências mais longas com grupos populacionais maiores são justificadas.

Vários estudos tão grande de distúrbios sugerem que esta ingestão destes nutrientes

pode ter um efeito pró-oxidante. Em um estudo, o betacaroteno também foi implicado

como um contribuinte ai invés de um agente preventivo em alguns tipos de câncer de

pulmão, especialmente em fumantes (NUTRITION TODAY, 1994). Finalmente, o

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“Nurses Health Study” (Estudo de Saúde de Enfermeiro), um estudo investigativo em

andamento das ingestões de nutrientes e alimentos de 89.494 mulheres norte-

americanas com idades entre 34 e 59 anos, não encontrou nenhuma correlação

específica para as vitaminas C ou E, mas encontrou uma correlação protetora para

fontes dietéticas de vitamina A (HUNTER, 1993). No processo de envelhecimento,

pensa-se que os radicais livres causam alterações degenerativas no sistema

imunológico, talvez levando à formação de catarata, placas ateroscleróticas, artrite e

doença de Parkinson (BLUMBERG, 1992). Acredita-se que a proteção contra dano no

DNA aumente os mecanismos de autodefesa do organismo. Vegetais, frutas e seus

relacionamentos com uma boa saúde e bem-estar foram estudados mais

extensivamente na década passada do que nos anteriores. O “american councilon on

science and heath” (Sociedade Norte-americana de Câncer) e outras agências para

recomendar cinco porções diariamente de frutas e vegetais. A Pirâmide de Alimentos

também realça a importância de ambas as categorias de alimentos. Uma vez que

apenas cerca de 9% dos norte-americanos consomem antioxidantes suficientes

(Vitamina A, C e D) de suas dietas, os conselheiros nutricionais devem fazer desta

recomendação uma prioridade máxima em suas práticas (INTERNATIONAL LIFE

SCIENCES INSTITUTE, 1993; SCHOOL OF PUBLIC HEALTH, 1994). As

substâncias nos alimentos, tais como fitoquímicos, podem ser tão importantes quanto

qualquer nutriente isolado na forma de suplemento (AM COUNCIL ON SCIENCE

AND HEALTH, 1993). Esta área de pesquisa gerou muito interesse e continuará a

estimular novos estudos.

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Tabela 3.1. – Quantidade dietética recomendada, fontes alimentares, principais funções corporais e sintomas de deficiência ou de excesso das vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis para adultos sadios (19 a 50 anos de idade)*

QDR (mg) Vitamina

Homens mulheres

Fontes dietéticas Principais funções Corporais Deficiência Excesso

Lipossolúvel Vitamina A (retinol) 1,0 0,8 Provitamina A (β-caroteno),

amplamente distribuída nos vegetais verdes. Retinol, presente no leite, na manteiga, no queijo, na margarina enriquecida

Componentes da rodoprina (pigmento visual). Manutenção dos tecidos epiteliais. Papel na síntese dos mucopolissacarídeos

Xenoftalmia (queratinização do tecido ocular) cegueira noturna, cegueira permanente

Cefaléia, vômitos, descamação da pele, anorexia, tumefação dos ossos longos

Vitamina D 0,01a 0,01 Óleo de fígado de bacalhau, ovos, produtos lácteos, leite enriquecido e margarina

Promove o crescimento e a mineralização dos ossos. Aumenta a absorção de cálcio

Raquitismo (deformidades ósseas) em crianças. Osteomalácia em adultos. Possivelmente anemia

Vômitos, diarréia, redução ponderal, dano renal.

Vitamina E (tocoferol)

10,0 8,0 Sementes, vegetais com folhas verdes, margarina, certas gorduras

Funciona como um antioxidante para prevenir o dano celular

Possivelmente anemia

Relativamente atóxica

Vitamina K (filoquinona)

0,08 0,06 Vegetais com folhas verdes. Pequenas quantidades nos cereais, frutas e carnes

Importante na coagulação sangüínea (implicada na formação da protrombina ativa)

Deficiências condicionadas associadas a sangramento intenso: hemorragias internas.

Relativamente atóxica. As formas sintéticas em altas doses podem causar icterícia.

Hidrossolúvel Vitamina B1 (Tiamina)

1,5 1,1 Porco, vísceras, cereais integrais, legumes

Coenzima (pirofosfato de tiamina) nas reações que implicam a remoção de dióxido de carbono

Beribéri (alterações nos nervos periféricos, edema, insuficiência cardíaca)

Nenhum relato

Vitamina B2 1,7 1,3 Amplamente distribuída nos alimentos

Componentes de duas coenzimas do nucleotídeo flavina implicadas no metabolismo energético (FAD e FMN)

Lábios avermelhados, fendas nos cantos da boca (queilose), lesões oculares

Nenhum relato

Niacina 19 15 Fígado, carnes, cereais, legumes (pode ser formada a partir do triptofano)

Componentes de coenzimas implicadas nas reações de oxidação-redução (NAD e NADP)

Pelagra (lesões cutâneas e gastrintestinais, distúrbios nervosos e mentais)

Rubor, queimação er formigamento ao redor do pescoço, na face e mãos.

Vitamina B6 (piridoxina)

2,0 1,6 Carnes, vegetais, cereais integrais

Coenzima (fosfato de piridoxal) implicada no metabolismo dos aminoácidos e do glicogênio

Irritabilidade, convulsões, contrações musculares, dermatide, cálculos renais

Nenhum relato

Ácido Pantotênico 4,7b 4,7b Amplamente distribuído nos alimentos

Componente da coenzima A, que desempenha um papel central no metabolismo energético.

Fadiga, distúrbios do sono, coordenação alternada, náuseas

Nenhum relato

Folacina 0,2 0,2 Legumes, vegetais verdes, produtos com trigo integral

Coenzima (forma reduzida) implicada na transferência das unidades com um único carbono no ácido nucléico e no metabolismo dos aminoácidos

Anemia, distúrbios gastrintestinais, diarréia, língua avermelha

Nenhum relato

Vitamina B12 0,002 0,002 Músculo, ovos, produtos lácteos (ausente nos alimentos de origem vegetal)

Coenzima aplicada na transferência das unidades com um único carbono no metabolismo do ácido nucléico

Anemia perniciosa, distúrbios neurológicos

Nenhum relato

Boitina 0,03 0,10 Legumes, vegetais, carnes Coenzimas necessárias para a síntese das gorduras, o metabolismo dos aminoácidos e formação de glicogênio (amido animal)

Fadiga, depressão, náuseas, dermatite, dores musculares

Nenhum relato

Vitamina C (ácido ascórbico)

60c 60 Frutas críticas, tomates, pimentões verdes, verduras para salada

Mantém a matriz intercelular da cartilagem, do osso e da dentina, importante na síntese do colágeno

Escorbuto (degeneração da pele, dos dentes, dos vasos sangüíneos, hemorragias epiteliais

Relativamente atóxica. Possibilidade de cálculos renais

Quantidades Dietéticas Recomendadas. Revisão de 1989. Departamento de Alimentos e Nutrição, Academia Nacional de Ciências – Conselho Nacional de Pesquisa. Washington – DC. a 0,005mg para adultos com 25 ou mais anos de idade b por haver menos informação como base para a determinação das quantidades, esses números são fornecidos na forma de variações. c 100 para adultos que fumam.

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TABELA 4.1. – Conteúdo de Vitamina A de alimentos selecionados* TABELA 4.2. – Conteúdo de vitamina D de alimentos selecionados*

ALIMENTOS RE ALIMENTOS UI

Fígado, carne bovina, 3oz 9.011 Arenque fresco e cru, 1oz 255 Batata-doce cozida, 1 pequena 2.488 Salmão, 1oz 142 Cenouras cruas, 1 2.025 Leite de vaca reforçado, 1 xícara 100 Espinafre cozido, ½ xícara 875 Sardinha enlatada, 1oz 85 Abóbora, noz branca, ½ xícara 857 Fígado de frango cozido, 3oz 45 Cantalupo, ¼ o melão 516 Camarão enlatado, 1oz 30 Damascos secos, 8 metades grandes 253 Gema de Ovo 25 Leite, 2%, 1 xícara 140 Leite materno, 1 xícara 1-24 Brócolis cozido, ½ xícara 110 Fígado de bezerro cozido, 3oz 12 Gema de ovo, 1 97 Nata, creme, 1 colher de sopa 8 Queijo tipo Cheddar, 1oz 86 Queijo Cheddar, 1oz 3 Margarina fortificada, 1 colher de chá 47 Ostras, 4 3 Pêssego, 1 médio 47 Manteiga, 1 colher de chá 1,4 Linguado gigante assado, 3 oz 46 * De USDA: Composition of Foods, Handbook n.º8 Series. Whashington, DC, ARS, USDA, 1976-1986.

Manteiga, 1 colher de chá 38 Laranja, 1 média 27 Caranguejo, 100g 14 Maça, 1 média 7 * De USDA: Composition of Foods, Handbook n.º8 Series. Whashington, DC, ARS, USDA, 1976-1986. RE = Equivalentes retinol

Tabela 4.3. - Conteúdo de vitamina E de alimentos selecionados*

Alimentos Total de Vitamina E (mg) Óleo de germe de trigo, 1 colher de sopa 34,6 Amêndoas recobertas por chocolate, ½ xícara 14,3 Óleo de milho, 1 colher de sopa 11 – 14 Óleo de soja, 1 colher do sopa 8,8 – 14 Óleo de girassol, 1 colher de sopa 8,5 – 8,8 Leite (sem gordura ou integral), 1 xícara 7,6 Abacate (florida), 1 4,0 Macarrão e queijo, 1 xícara 3,5 Ervilhas cozidas a partir de fresca, 1 xícara 3,4 Damascos secos, 10 2,2 Azeite, 1 colher de sopa 1,8 Margarina, 1 colher de sopa 1,6 Feijão enlatado cozido com carne de porco, 1 xícara 1,5 Achocolatado (simples), 1oz 1,4 Salmão (cozido ou assado), 3oz 1,3 Maionese, 1 colher de sopa 1,0 Frango assado, 5oz 0,8 Manteiga, 1 colher de sopa 0,2 * Dados da Hands ES: Food Finder, Salen, Oregan, ESHA Research, 1980. TABELA 4.4. – Teor médio de vitamina K de alimentos selecionados* Alimento µg/100g Alimento µg/100g Alimento µg/100g Alimento µg/100g Leite e Derivados Gorduras Vegetais Frutas Manteiga 30 Gordura de carne Bovina 15 Aspargo 57 Polpa de maça 2 Queijo 35 Gordura de milho 0 Feijão verde 40 Banana 2 Leite (de vaca) 1 Gordura de flor de açafráo 10 Brócolis 175 Laranja 1 Leite (Materno) 0,2 Repolho 125 Pêssego 8 Cereais e derivados Couve 729 Uva passa 6 Ovos Pão 4 Alface 129 Morango 10 Galinha (inteira) 11 Milho 5 Ervilha verde 29 Aveia 10 Batata 1 Bebidas Carne e Derivados Arroz 3 Abóbora 2 Café 38 Bacon 46 Farinha de Trigo 4 Espinafre 415 Bebidas a base de “cola” 2 Fígado de boi 92 Trigo integral 17 Tomate 10 Chá Preto -- Fígado de Galinha 7 Nabiça 650 Chá (verde) 712 Carne Bovina 7 Agrião 80 Presunto 15 Tabaco Fígado de porco 25 Cigarros 5.000** Lombo de Porco 11 *De Olson RE: Vitamin K. In Shils ME, Olson RE, Shike M (eds): Moden Nutrition in Health and Disease, 8ª ed. Philadelphia, Lee an Febiger, 1984, p.345. ** Somente uma pequena porcentagem é volatilizada e absorvida pelas membranas mucosas.

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TABELA 4.5. – Complexo de Vitaminas B: Funções Relacionadas com o Exercício. Vitamina B1 (Tiamina)

Papel: Produção de energia a partir dos ingredientes alimentares, especialmente dos carboidratos. Função: Coenzima para a transcetolase (trajeto da pentose pelos fosfatos); para a piruvato-desidrogenase e para as α-cetoglutarato-desidrogenases (entrada de

grupos acetílicos e do α-cetoglutarato no ciclo do ácido tricarboxílico). Necessidades: 0,5 mg por 1.000Kcal.

Vitamina B2 (Riboflavina) Papel: Produção de energia e respiração celular. Função: Como as coenzimas flavina-adenina-dinucleotídio (FAD) e flavina-mononucleotídio (FMN), vitais para um grande número de reações de redução-

oxidação, liberando energia a partir dos carboidratos, gorduras e proteínas. Necessidades: 0,6 mg por 1.000Kcal.

Niacina e Niacinamida (Ácido nicotínico, Nicotinamida e Vitamina B3) Papéis: Produção de energia, respiração celular e síntese de gordura. Função: Como as coenzimas nicotinamida-adenina-dinucleotídio (NDA) e nicotinamida-adenina-dinucleotídio-fosfato (NADP), vitais para muitas reações de

redução-oxidação, liberando energia a partir do desdobramento dos carboidratos, das gorduras e das proteínas; síntese de glicogênio. Necessidades: 6,6 equivalentes de niacina por 1.000Kcal (1 equivalente de niacina=1mg de niacina)

Vitamina B6 (Piridoxina, Piridoxal e Piridoxamina) Papéis: Metabolismo de aminoácidos e produção de energia. Função: Como a coenzima piridoxal-fosfato (PLP), vital para as várias reações que envolvem a transaminação (transferência de grupos amínicos), a

desaminação (remoção de grupos de amínicos), a dessulfuração (transferência de grupos sulfidrílicos), a a descarboxilação (remoção dos grupos de ácidos orgânicos), a formação do heme, a conversão do triptofano em niacina, o desdobramento do glicogênio e a síntese de icosanóides.

Necessidades: 2 – 2,2mg por dia. Vitamina b12 (Cobalaminas)

Papéis: Previne a anemia e sustenta o crescimento dos tecidos de divisão rápida Função: Vital para a transferência dos grupos metílicos e do metabolismo do folato, para o desdobramento dos ácidos graxos de cadeia estranha e dos

aminoácidos de cadeia ramificada. Necessidades: 3µg por dia

Ácido Fólico (Folacina, Ácido Folínico e Pteroiglutamatos) Papéis: Formação de células sangüíneas e de células de crescimento rápido Função: Transportador primário de unidades de um carbono utilizadas para várias reações biossintéticas Necessidades: 0,4 mg por dia

Ácido Pantotênico Papéis: Produção de energia a partir de carboidratos, gorduras e proteínas. Função: Como a coenzima A, vital para a entrada dos carboidratos, gorduras e proteínas no ciclo ácido tricarboxílico e para muitos trajetos biossintéticos. Necessidades: 4 – 7 mg por dia (estimativa)

Biotina Papéis: Produção de energia e metabolismo das gorduras. Função Biossíntese de ácidos graxos, reabastecimento do ciclo do ácido tricarboxílico e gliconeogênese. Necessidades: 100 – 300 µg por dia

TABELA 4.6. – Correlação da dose e dos efeitos Ergogênicos de Estudos Humanos Controlados Recentes acerca dos Suplementos de Vitamina B. Investigadores

(ano) B1

(mg) B2

(mg) Niacina

(mg) B6

(mg) B12

(µg) Pantotênico

(mg) Folato (mg)

Duraçao da Administração

Resultados Ergogênicosa

Referência

KNIPPEL et al. (1986) 900 --- --- --- --- --- --- 3 dias + 203 HARALAMBIE (1976) --- 10 --- --- --- --- --- Agudab + 204 TREMBLAY et al (1984) --- 60 --- --- --- --- --- 16 – 20 + 205 JENKINS (1965) --- --- 300 --- --- --- --- Aguda - 207 CARLSON et. al (1963) --- --- 500 --- --- --- --- Aguda - 206 BERGSTRIOM et. Al (1969) --- --- 1.600 --- --- --- --- Aguda -c 210 PERNOW e SALTIN (1971) --- --- 1.200 --- --- --- --- Aguda -c 211 NORRIS et. al (1978) --- --- 2.000 --- --- --- --- Aguda - 208 GILMAN e LEMON (1982) --- --- ? --- --- --- --- Aguda - 209 LAWRENCE et. al (1974) --- --- --- 51 --- --- --- 6 meses - 179 MARCONI et. al (1982) --- --- --- 958d --- --- --- 30 dias - 212 WETZEL et. Al (1952) --- --- --- --- 10 --- --- --- - 217 MONTOYE et. al (1955) --- --- --- --- 50 --- --- 7 semanas - 216, 218 TIN-MAY-THAN et. al (1978) --- --- --- --- 1.000 --- --- 6 semanas - 219 MATTER et. Al (1987) --- --- --- --- --- --- 5 11 semanas - 223 NICE et. al (1984) --- --- --- --- --- 1.000 --- 14 dias - 224 LITOFF et. al (1985) --- -- --- --- --- 2.000 --- 14 dias + 225 BUZINAe et. Al (1982) --- 2 --- 2 --- --- --- 3 meses + 228 BONCKE e NICKEL (1989) 90 --- --- 60 120 --- --- 8 semanas + 229 BONCKE e NICKEL (1989) 300 --- --- 600 600 --- --- 8 semanas + 229 VAN DER BEEK et. al.f (1988) 2,5 4 -- 4 --- --- --- 8 semanas - 227 READ e MCGUFFIN (1983) 5 5 25 2 0,5 12,5 --- Aguda - 226 EARLY e CARLSON (1969) 100 8 100 5 25.000 30 --- Aguda + 230 a + indica uma melhora das alterações fisiológicas ou uma potencialização do desempenho de exercício; - indica nenhum efeito no desempenho ou nas variáveis fisiológicas. b Aguda significa uma administração 0 – 2 h antes do exercício. c As medições do desempenho e/ou fisiológicas demonstraram alterações prejudiciais. d A administração real era de 16mg/Kg, com um peso corporal médio de 61,6 ± 1,6 (S.E.M.) Kg. para uma dose média de 985mg/dia. e Até um terço dos indivíduos demonstrou sintomas clínicos ou bioquímicos de deficiências para suplementação vitamínica. Esse fato pode significar que os benefícios observados se deveram a uma relação das deficiências, o que se sabe que reduz o desempenho. Inclui-se vitamina C (70mg/dia) no suplemento. f O suplemento incluía 2X as quantidades de RID de vitaminas A, D, E, B12, folato, niacinamida e pantotenato, mais 100mg de vitamina C tanto para os grupos de controle como para os experientes.

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