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  • 1

    CURSO DE PS-GRADUAO LATO SENSU

    NCLEO DE PS-GRADUAO E EXTENSO - FAVENI

    APOSTILA RELACIONAMENTO

    INTERPESSOAL E TICA PROFISSIONAL

    ESPRITO SANTO

  • 2

    INTRODUO

    http://www.unione.art.br/dnfile/io1h91o7numoql76hjms_def/jpg/cursos/0/arquivo-

    io1h91o7numoql76hjms_def.jpg

    Prezados alunos, com imenso prazer que lhes apresento a apostila de

    RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E TICA PROFISSIONAL, esta uma

    apostila pertencente ao ncleo comum da FAVENI.

    Aproveite esse material, o mesmo foi elaborado com muito carinho e

    dedicao.

    Leia com ateno os contedos aqui abordados, pois os mesmos sero

    necessrios na sua formao profissional.

    Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez,

    alcanar o equilbrio e contribuio no processo de conhecimento de todos!

    Em caso de dvidas, no hesitem em perguntar, estamos aqui para

    melhor servi-los.

    Equipe Pedaggica da FAVENI.

  • 3

    RELAES INTRAPESSOAL E INTERPESSOAL

    http://3.bp.blogspot.com/-Tqw8DZVbdws/UR44yDy8aaI/AAAAAAAAABM/fROiNhH7GJE/s1600/equipe.jpg

    Apostila elaborada com base no texto de Elisngela Santana de Jesus Castro.

    As relaes interpessoais tiveram como um de seus primeiros

    pesquisadores o psiclogo Kurt Lewin. MAILHIOT (1976: 66), ao se referir a uma

    das pesquisas realizadas por esse psiclogo, afirma que ele chegou

    constatao de que A produtividade de um grupo e sua eficincia esto

    estreitamente relacionadas no somente com a competncia de seus membros,

    mas, sobretudo com a solidariedade de suas relaes interpessoais.

    Schutz, um outro psiclogo, trata de uma teoria das necessidades

    interpessoais: necessidade de ser aceito pelo grupo, necessidade de

    responsabilizar-se pela existncia e manuteno do grupo, necessidade de ser

    valorizado pelo grupo. Tais necessidades formam a trade de que fala MAILHIOT

    (1976: 67), quando este faz referncia aos estudos de Schutz: necessidades de

    incluso, controle e afeio, respectivamente.

  • 4

    Ao discorrer acerca da humanizao no ambiente de trabalho, COSTA

    (2002: 21) aponta as relaes interpessoais como um dos elementos que

    contribuem para a formao do relacionamento real na organizao:

    necessrio observar a operao real da organizao, aqui includas, as

    relaes interpessoais, que constituem a sua seiva vital. Os elementos formais

    (estrutura administrativa) e informais (relacionamento humano, que emerge das

    experincias do dia-a-dia) integram-se para produzir o padro real de

    relacionamento humano na organizao: como o trabalho verdadeiramente

    executado e quais as regras comportamentais implcitas que governam os

    contatos entre as pessoas esta a estrutura de contatos e comunicaes

    humanas a partir da qual os problemas de poltica de pessoal e de tomada de

    decises podem ser compreendidos e tratados pelos administradores Os autores

    so unnimes em reconhecer a grande importncia do tema relaes

    interpessoais tanto para os indivduos quanto para as organizaes,

    relativamente produtividade, qualidade de vida no trabalho e efeito sistmico.

    Falar sobre Relacionamento no fcil, entend-lo tambm no.

    Principalmente quando levamos em considerao os nveis de relacionamento e

    os provveis personagens do mesmo.

    Sendo interpessoal, intrapessoal, com o cliente interno ou externo, o

    relacionamento fator fundamental e, muitas vezes definitivo na vida dos

    indivduos. necessrio possuir habilidades para manter um bom convvio

    consigo, com os clientes, colegas de trabalho, amigos ou com algum que,

    simplesmente, s precisa de um minuto de sua ateno para esclarecer uma

    dvida.

    Todos somos capazes e estamos aptos a desenvolver tais habilidades,

    em muitos casos, uns personagens conseguem superar ou unir a habilidade

    personalidade, tornando-se parceiros / companheiros desejveis ao convvio.

    Outros nem sempre conseguem atingir nveis de satisfao to relevantes e

    perceptveis, o que no quer dizer que eles sejam incapazes de manter um

    relacionamento com algum. Na verdade no nada fcil, mesmo. Porm, como

    tudo na vida, preciso treino e perseverana. Pessoalmente e

  • 5

    profissionalmente, as pessoas que no conseguem ou no esto preparadas

    para conviver com os semelhantes e administrar conflitos esto fadadas

    solido e ao fracasso. O que tambm no quer dizer que isso seja o fim.

    Quando nos aproximamos de algum porque temos uma necessidade

    para ser satisfeita. O mercado quando dispe e uma vaga exige como

    competncia o relacionamento. Gostamos de falar e ser ouvidos, queremos

    ateno, ficamos felizes com bons resultados em equipe, sorrimos quando

    somos compreendidos, ficamos polivalentes quando o grupo est entrosado.

    https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS4_CN5mbWabZ-

    OuRglOVDmCMw0r1J4PbRVUjW1KrO8k5dV5SR8

    As habilidades e os "macetes" dos relacionamentos inter e intrapessoais

    perpassam por estas atitudes, que posteriormente geram sentimentos como o

    da fidelidade. A percepo a primeira destas. Ao estarmos atentos ao que

    acontece em nossa casa, trabalho, reunies fraternas e detectamos que algo

    est diferente, os indivduos que mantm relaes conosco respondem com a

    "verdade" ao que foi percebido.

    E tambm acontece quando tratamos da relao EU COMIGO.

    Trabalhar a percepo pode ser fcil e divertido.

  • 6

    Inicialmente esteja atento a sua realidade e interrogue-se, respondendo

    sinceramente. A verdade vem como a segunda habilidade. Todo e qualquer

    relacionamento baseado essencialmente na confiana. A criana confia nos

    pais, logo a ama; o amigo confia na amiga, logo se confidenciam; o cliente confia

    no produto e no vendedor, logo compra e defende.

    Apresentar e oferecer o que somos realmente capazes de realizar para

    nos aproximar, e fidelizar um dever. Alm disso, a flexibilidade e ser um

    negociador no fazem mal algum. Nada est totalmente correto ou equivocado.

    Tudo depende do ponto de vista de cada um. Viso esta, que est diretamente

    ligada as pr-experincias e a bagagem cultural de cada indivduo. Visto que,

    as relaes interpessoais so o resultado de tudo que cada pessoa j

    estabeleceu durante a vida.

    http://www.acomsistemas.com.br/wp-content/uploads/2015/02/acom-trabalho-de-equipe.jpg

    Para completar o ciclo do relacionamento, a responsabilidade com que

    devem ser tratadas as expectativas do outro considervel e irrestrita. Como j

    foi mencionado, todos querem se realizar durante o relacionamento. Ora

    recebendo a ateno desejada, ora obtendo bons resultados nos negcios. Para

    isso, a empatia vem como auxiliador. Respeitar o outro e assumir por um instante

    a posio dele faz do convvio uma interao.

    Tornamos a repetir, estar em contato com o semelhante uma atividade

    que precisa ser mantida, aprimorada e reciclada, sempre. A cada dia novos

  • 7

    conceitos sobre o bem estar, mercado e comportamento surgem. No existem

    seres iguais e por esta razo que somos chamados de indivduos. Cada qual

    recebe a informao e a compreende de maneira diferente. No devemos nos

    apegar apenas as praxes e protocolos, o bem do relacionamento a conexo

    entre as pessoas e a possibilidade de ficarmos diferentes com isso.

    COMUNICAO HUMANA

    http://www.ruadireita.com/info/img/contar-a-historia-com-habilidade.jpg

    Quem nunca ouviu falar sobre as aventuras de Robson Cruso, um

    navegante que ficou a ermo numa ilha deserta, cercada de gua por todos os

    lados e sem ter para onde ir? Ao se deparar com a solido naquele lugar, Cruso

    logo sentiu uma grande dificuldade que, talvez, muitos de ns ainda no

    dedicamos um tempo para reflexo: a necessidade de comunicar-se com

    algum.

    A comunicao, sem dvida, o centro de todo relacionamento, seja ele

    pessoal, profissional, etc. Ela a chave para o desenvolvimento de uma relao

    saudvel com o outro, uma vez que pode ser considerada a arte do entender e

    do fazer-se entender.

  • 8

    Em poucas palavras, a comunicao o processo verbal ou no verbal

    de transmitir uma informao a uma outra pessoa de maneira que ela entenda o

    que est sendo expresso. A comunicao, portanto, no est limitada fala,

    linguagem oral, mas tambm possvel por meio de gestos, smbolos,

    expresses, bem como qualquer outra forma que contenha em si um significado

    inteligvel, compreensvel.

    A comunicao, portanto, ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem,

    nos fazemos entender por uma pessoa e modificamos seu comportamento. Isso

    possvel atravs da linguagem, que a representao do pensamento por meio

    de sinais que permitam a comunicao e a interao entre as pessoas.

    Podemos encontrar pelo menos quatro nveis de comunicao:

    Nvel quatro uma comunicao altamente superficial, em que os

    indivduos apenas se olham ou falam estritamente o necessrio,

    limitando-se, no mximo, a um bom dia ou a uma pequena informao.

    Nvel trs uma comunicao ainda superficial, mas aqui as pessoas

    tratam-se com um mnimo de cordialidade e sorrisos. Neste nvel os

    indivduos ainda no saram das suas cascas para tornar conhecido aos

    outros o que pensam e sentem, ou seja, a comunicao ainda est

    limitada.

    Nvel dois aqui os indivduos comeam a relatar suas ideias e

    pensamentos, o que marca o incio de uma comunicao real. As pessoas

    esto dispostas a correr o risco de expor suas ideias e solues prprias,

    mas ainda impem barreiras para a comunicao plena, talvez como

    mecanismo de defesa e forma de conhecer os outros passo a passo. o

    to conhecido p atrs, mas a comunicao neste nvel abre

    possibilidades para o aprofundamento das relaes interpessoais e dos

    laos de confiana, imprescindveis na comunicao de nvel um.

    Nvel um uma comunicao total. As pessoas esto dispostas a

    compartilhar seus sentimentos, ideias e pensamentos. Esta comunicao

    est baseada na honestidade e na abertura completa, ou seja,

  • 9

    subentende-se que neste nvel de comunicao as pessoas possuem um

    alto grau de conhecimento e confiana umas nas outras, estabelecendo

    um relacionamento interpessoal pleno e baseado no dilogo como forma

    de soluo de problemas e conflitos.

    A forma de comunicao humana mais utilizada , sem dvida, a

    comunicao verbal. E todo ato de comunicao envolve sempre seis

    componentes essenciais. So eles:

    O emissor (ou locutor) aquele que diz algo a algum

    O receptor (ou interlocutor) aquele com quem o emissor se comunica

    A mensagem tudo o que foi transmitido do emissor ao receptor

    O cdigo o conjunto de sinais convencionados socialmente que

    permite ao receptor compreender a mensagem (ex: a lngua portuguesa

    e os sinais de trnsito)

    O canal (ou contato) o meio fsico que conduz a mensagem ao

    receptor (e: o som e o ar)

    O referente (ou contexto) o assunto da mensagem

    Todos esses elementos so indispensveis comunicao verbal, e podem

    ser assim esquematizados:

    Mensagem

    Referente

    Emissor ----------------------------------------------------- Receptor

    Canal

    Cdigo

    O mais importante da atividade comunicativa, como j foi dito, a

    compreenso do que se est querendo expressar e, atravs deste ato, podemos

    tornar conhecida a nossa maneira de ser, pensar e agir. Isto quer dizer que a

    forma como nos comunicamos denuncia quem somos na realidade. Atravs da

  • 10

    maneira peculiar como cada um se comunica e pelo fato de cada indivduo

    possuir um jeito prprio de ser, a comunicao tende a enfrentar algumas

    barreiras, as quais surgem da heterogeneidade de pensamentos, sentimentos e

    ideias. Mas, preciso saber como lidar com essas barreiras, de forma que a

    comunicao no fique comprometida e os possveis conflitos possam ser

    resolvidos da maneira mais adequada.

    BARREIRAS COMUNICAO

    http://blog.beruby.com/pt/files/2012/03/comunidade-beruby.jpg

    A comunicao se realiza adequadamente e o seu objetivo atingido,

    quando a mensagem for interpretada da mesma maneira pelo comunicador e

    pelo recebedor da comunicao. Quando se fazem interpretaes semelhantes,

    cada um dos participantes transmite ao outro o seu pensamento e o seu

    sentimento sobre o objeto da comunicao. Isto no significa que os

    participantes precisem concordar totalmente com o pensamento sobre o objeto

  • 11

    da comunicao. Podem discordar, mas, se um apreende precisamente os

    pensamentos do outro, a comunicao foi satisfatria.

    Quando a comunicao se estabelece mal ou no se estabelece entre

    pessoas ou entre grupos, resultam alguns fenmenos psquicos chamados

    BLOQUEIOS, FILTRAGEM E RUDOS.

    Rudo a interrupo da comunicao atravs de mecanismos externos,

    sons estranhos comunicao, visualizaes que comprometem a

    comunicao, ou mecanismos utilizados pelo locutor, que seja incompreendido

    pelo interlocutor. A partir do momento em que se elimina o rudo a comunicao

    tende a se estabelecer.

    Bloqueio a interrupo total ou provisria da comunicao e

    paradoxalmente parecem comprometer menos a evoluo da comunicao do

    que a filtragem.

    Filtragem o mecanismo de seleo, danosa, dos aspectos da

    comunicao que erroneamente interessam aos interlocutores.

    Desde que surge um bloqueio, ele obriga os interlocutores a questionar

    suas comunicaes e geralmente lhes permite reat-las e restabelec-las em

    clima mais aberto e em uma base mais autntica. Desde que cada interlocutor,

    tenha tomado conscincia de que neles, e entre eles, existem obstculos s suas

    trocas.

    Em caso de filtragem, a comunicao tende a acompanhar-se de

    reticncias e de restries mentais, degradando-se pouco a pouco em

    mensagens cada vez mais ambguas e equivocadas.

    Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de minimizar as

    barreiras na comunicao:

    Comunicao sempre uma via de mo dupla. Uma das melhores

    maneiras de fortalecer a comunicao desenvolver a habilidade no

    apenas de falar, mas de ouvir tambm. Dar a ateno completa, inclusive

    com os olhos e as expresses faciais. Quando concentramos nossa

    ateno, mostrando que no estamos apenas escutando com os ouvidos,

    poderemos nos identificar com o que a outra pessoa est sentindo ou

  • 12

    experimentando. Consequentemente, a pessoa que nos fala tambm nos

    dar a ateno que desejamos quando formos ns os locutores.

    preciso o momento certo para se comunicar. s vezes passamos

    por cima dos sentimentos das pessoas, sem observarmos se esto

    preparadas para ouvirem determinadas coisas ou se aquele momento

    adequado para uma conversa mais sria. preciso boa vontade e

    discernimento para saber qual a melhor ocasio para que o dilogo seja

    eficaz.

    A precipitao ao responder pode ser prejudicial. Esperar o outro

    terminar de dizer o que pensa, para que ento se possa emitir o prprio

    pensamento, pode ser uma grande arma para resolver uma barreira de

    comunicao. s vezes pensamos que sabemos o que o outro vai dizer

    e, sem vacilar, cortamos o seu momento na conversa. Somente depois

    descobrimos que no era nada daquilo que iria falar, correndo o risco de

    criarmos uma barreira ainda maior.

    preciso estar aberto cordialidade. Nunca ser demais estarmos

    dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer obrigado, pedir

    por favor... e a sorrir. s vezes, gestos como estes desarmam

    mecanismos de defesa e formas de ser no muito dadas ao contato

    pessoal, ao dilogo e interao.

    Colocando-se no lugar do outro, poderemos fazer da comunicao um

    importante instrumento de fortalecimento das relaes interpessoais.

  • 13

    COMUNICAO ORGANIZACIONAL

    http://noticias.universia.pt/pt/images/investigacion/c/co/com/comunicacao-shutterstock.jpg

    Artigo escrito por Prof. Dr. Joo Jos Azevedo Curvello,

    Comunicao, Trabalho e Aprendizagem nas Organizaes

    A aprendizagem, como j vimos, pressupe uma busca criativa da

    inovao, ao mesmo tempo em que lida com a memria organizacional e a

    reconstri. Pressupe, tambm, motivao para aprender. E motivao s

    possvel se as pessoas se identificam e consideram nobres as misses

    organizacionais e se orgulham de fazer parte e de lutar pelos objetivos. Se h

    uma sensao de que bom trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar

    um crescimento conjunto e ilimitado. Se h tica e confiana nessa relao, se

    no h medos e se h valorizao livre troca de experincias e saberes.

    Nesse aspecto, possvel perceber que a comunicao organizacional

    pode se constituir numa instncia da aprendizagem pois, se praticada com tica,

    pode provocar uma tendncia favorvel participao dos trabalhadores, dar

    maior sentido ao trabalho, favorecer a credibilidade da direo (desde que seja

    transparente), fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de

    melhoria da organizao ao favorecer o pensamento criativo entre os

    empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte, 1996).

    Para Ricarte, um dos grandes desafios das prximas dcadas ser fazer

    da criatividade o principal foco de gesto de todas as empresas, pois o nico

  • 14

    caminho para tornar-se uma empresa competitiva a gerao de ideias criativas;

    a nica forma de gerar ideias atrair para a empresa pessoas criativas; e a

    melhor maneira de atrair e manter pessoas criativas proporcionando-lhes um

    ambiente adequado para trabalhar.

    Esse ambiente adequado pressupe liberdade e competncia para

    comunicar. Hoje, uma das principais exigncias para o exerccio da funo

    gerencial certamente a habilidade comunicacional. As outras habilidades

    seriam a predisposio para a mudana e para a inovao; a busca do equilbrio

    entre a flexibilidade e a tica, a desordem e a incerteza; a capacidade

    permanente de aprendizagem; saber fazer e saber ser.

    Essa habilidade comunicacional, porm, na maioria das empresas, ainda

    no faz parte da job-description de um executivo. ainda uma reserva do

    profissional de comunicao, embora devesse ser encarada como

    responsabilidade de todos, em todos os nveis.

    O desenvolvimento dessa habilidade pressupe, antes de tudo, saber

    ouvir e lidar com a diferena. preciso lembrar: sempre apenas metade da

    mensagem pertence a quem a emite, a outra metade de quem a escuta e a

    processa. Lasswell j dizia que quem decodifica a mensagem aquele que a

    recebe, por isso a necessidade de se ajustarem os signos e cdigos ao repertrio

    de quem vai process-los.

    Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construo de um ambiente

    propcio criatividade, inovao e aprendizagem esto na autoestima, na

    empatia e na afetividade. Sem esses elementos, no se estabelece a

    comunicao nem o entendimento. Embora durante o texto tenhamos exposto

    inmeros obstculos para o advento dessa nova realidade e que poderiam nos

    levar a acreditar, tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicao,

    acreditamos que essa uma utopia pela qual vale a pena lutar.

    Mas preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanas, que traz consigo

    uma radical mudana no processo de troca de informaes nas organizaes e

    afeta, tambm, todo um sistema de comunicao baseado no paradigma da

    transmisso controlada de informaes, favorece o surgimento e a atuao do

  • 15

    que chamo de novos Messias da comunicao, que prometem internalizarem

    nas pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivao e o

    comprometimento nova ordem de coisas, organizarem rituais de passagem em

    que se d outro sentido aos valores abandonados e introduz-se o novo.

    http://www.ibccoaching.com.br/wp-content/uploads/2013/09/comunicacao.jpg

    Hoje, no raro encontrar-se nos corredores das organizaes

    profissionais da mudana cultural, agentes da nova ordem, verdadeiros profetas

    munidos de frmulas infalveis, de cartilhas iluministas, capazes de minar

    resistncias e viabilizar uma nova cultura e que se autodenominam

    reengenheiros da cultura.

    Esses profissionais se aproveitam da constatao de que a comunicao

    , sim, instrumento essencial da mudana, mas se esquecem de que o que

    transforma e qualifica o dilogo, a experincia vivida e praticada, e no a

    simples transmisso unilateral de conceitos, frases feitas e frmulas acabadas

    to prprias da chamada educao bancria descrita por Paulo Freire.

    E a viabilizao do dilogo e da participao tem de ser uma poltica de

    comunicao e de RH. A construo e a viabilizao dessa poltica , desde j,

    um desafio aos estrategistas de RH e de comunicao, como forma de criar o tal

  • 16

    ambiente criativo a que Ricarte de referiu e viabilizar, assim, a construo da

    organizao qualificante, capaz de enfrentar os desafios constantes de um

    mundo em mutao, incerto e inseguro.

    GRUPOS

    O GRUPO

    (Paulo Cavalcanti de Moura)

    O grupo assim:

    Gente que gente

    E que no sabe que os outros so gente

    Como a gente,

    Com um lado bom e outro ruim

    No grupo tem de tudo:

    Botucudo e tupiniquim.

    Tem falador e tem mudo,

    Mas ningum igual a mim.

    Tem doutores e tem tmidos,

    Agressivos e dominados

    Tem me e tem filhos,

    Tem at mascarados.

    E o grupo vai girando,

    Mudando a vida da gente

    O calado sai falando,

    O pessimista contente

    O gruo e como a vida,

  • 17

    Mas se entra, j vamos indo

    Quem ri acaba chorando,

    Quem chora, acaba rindo

    Uma coisa a gente aprende:

    Que o outro como eu

    Chora, ri, ama e sente

    Mas quase tudo depende da gente:

    Que grupo danado! Que vivncia atroz!

    O eu e o tu se atacam

    Mas depois eles se amam,

    Em benefcio de ns.

    Em Sociologia, um grupo um sistema de relaes sociais, de interaes

    recorrentes entre pessoas. Tambm pode ser definido como uma coleo de

    vrias pessoas que compartilham certas caractersticas, interajam uns com os

    outros, aceitem direitos e obrigaes como scios do grupo e compartilhem uma

    identidade comum para haver um grupo social, preciso que os indivduos se

    percebam de alguma forma afiliados ao grupo.

    Segundo Costa (2002), o grupo surgiu pela necessidade de o homem

    viver em contato com os outros homens. Nesta relao homem-homem, vrios

    fenmenos esto presente; comunicao, percepo, afeio liderana,

    integrao, normas e outros. medida que ns nos observamos na relao eu-

    outro surge uma amplitude de caminhos para nosso conhecimento e orientao.

    Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e d retorno ao

    outro, atravs do feedback.

    Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em aprender se

    faz necessria. S aprendemos aquilo que queremos e quando queremos.

    Nas relaes humanas, nada mais importante do que nossa motivao

    em estar com outro, participar na coordenao de caminhos ou metas a alcanar.

  • 18

    Um fato merecedor de nossa ateno que o homem necessita viver com

    outros homens, pela sua prpria natureza social, mas ainda no se harmonizou

    nessa relao.

    Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual o indivduo

    se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satisfao das necessidades

    fsicas, econmicas, polticas, sociais, etc.

    http://www.insightgestao.com.br/images/portfolio_images/treinamento-comunicacao.jpg

    FASES DO GRUPO

    a) INICIAL o momento e que o grupo est na expectativa, faz

    perguntas quanto s normas e as regras do jogo. As atitudes

    so torpes e mal coordenadas, tambm denominada de

    Infncia Grupal.

    b) INTERMEDIRIA - momento de confrontao e conflitos de

    dependncia e contra dependncia pode ser uma fase

    dificultadora. Aborda o movimento e o momento do grupo,

    denominada de Adolescncia Grupal.

  • 19

    c) FINAL apoia a ideia do outro, pode ser tambm uma fase

    dificultadora, se os membros do grupos formarem relaes

    duais, desfacelando o grupo. Aqui temos a Maturidade Grupal.

    FEEDBACK

    http://www.unileverhealthinstitute.com.br/assets/posts/images/03_07_Post_Manifesto(1).jpg

    Texto adaptado de Carla Isabel Vieira Branco, Elen Sabrina O. de Souza,

    Luiz Alexandre de Souza Costa e Marcela Ferreira Guimares

    O que Feedback ?

    Feedback um termo muito utilizado na eletrnica que significa

    realimentao, ou seja uma parcela do sinal da sada de algum circuito

    eletrnico, sendo aplicado novamente na entrada para que seja novamente

  • 20

    aproveitado. Isso pode gerar uma situao desejvel ou no, pois em certos

    casos essa realimentao no desejada. o caso do som da microfonia.

    O Feedback tambm utilizado onde necessrio um controle de alguma

    situao ou objeto, quando poder ser positivo ou negativo e em funo disso,

    um circuito de controle estabilizar a sada.

    Nas relaes interpessoais que dependem do comportamento humano, o

    termo Feedback apresenta grande importncia por verificar que todo

    comportamento dirigido requer Feedback negativo, pois sinais do objetivo so

    necessrios para a orientao do comportamento.

    Na viso de Rosenblueth, Wiener e Bigelow (1943), o comportamento

    pode ser dividido em dois tipos, os "de Feedback" e "no-Feedback".

    O comportamento de Feedback poder ser dividido em duas partes:

    previsvel e no previsvel e o comportamento de no feedback ocorre quando

    no h retorno do objeto no decorrer de determinadas atitudes.

    O processo de Feedback poder ser til na modificao de

    comportamentos, comunicao de uma pessoa ou um grupo no sentido de

    fornecer informaes de como essa pessoa est sendo afetada, contribuindo

    assim para direcionar seus objetivos. Para ser eficaz e contribuir para essas

    mudanas necessrio que seja:

    Descritivo ao invs de avaliativo: Quando no h envolvimento emocional,

    o sujeito se torna menos defensivo, se sentindo vontade para utilizar as

    informaes de retorno e aplic-las da melhor forma possvel.

    Especfico ao invs de Geral: Em determinado momento que voc diz a

    algum que ele "dominador", isso poder ter menos importncia do que

    demonstrar isso quando ele se comportar assim, em determinada

    ocasio.

    Compatvel com as necessidades: O Feedback pode ter carter destrutivo

    quando apenas as necessidades do comunicador forem levadas em

    considerao e as do receptor esquecidas.

    Dirigido: Poder gerar frustrao caso o receptor s reconhea suas

    falhas, naquilo em que no tem o controle para mudar.

  • 21

    Solicitado ao invs de Imposto: Ser mais proveitoso quando o receptor

    indagar algo que os que observam possam responder.

    Oportuno: O Feedback ser mais proveitoso logo aps um determinado

    comportamento, onde o sujeito estar mais flexvel, mas depender de

    alguns fatores como emocionais e receptividade.

    Esclarecimento para assegurar comunicao precisa: Um modo de

    comprovar uma ideia o receptor repetir o Feedback, para que o

    transmissor possa se assegurar de que foi bem entendido. Quando em

    um Grupo de Treinamento, o Feedback poder ser comparado e

    compartilhado entre os participantes do grupo.

    Na prtica, observado a dificuldade de se dar e receber Feedback, que

    poder ser comprovado atravs da observao dos insucessos frequentes na

    comunicao interpessoal.

    https://planningit.files.wordpress.com/2012/10/conflito-comunicacao-ambiente-trabalh.png?w=230&h=230

    As dificuldades de dar e receber feedback:

    O Homem sofre grande dificuldade em aceitar as suas limitaes,

    principalmente ter que as admitir diante de pessoas que ele no confia ou em

    caso de ambiente de trabalho podem at afetar a sua imagem (status). O receio

    do que as pessoas podem pensar, o sentimento de invaso de privacidade e/ou

    medo de no obter o apoio que esperam para suas limitaes e necessidades,

  • 22

    faz com que elas se fechem, dificultando assim a abertura para a interao e

    troca de Feedback, to necessrio em uma relao.

    Quando nos percebemos que estamos contribuindo para o problema e

    que precisaremos mudar algo em ns mesmos para melhorarmos a validao

    do Feedback, poderemos agravar o problema, nos fechando (negao) e

    passando ao outro toda culpa, apontando seus erros e at mesmo agredindo-o

    A resoluo de alguns problemas pode se d atravs do reconhecimento

    de alguns traos da nossa personalidade que at ento tentamos disfarar.

    Procurando pensar no assunto, poderemos melhorar nossa conduta,

    contribuindo assim para uma melhor relao e troca de Feedback.

    Muitas vezes as pessoas no esto preparadas, psicologicamente para

    receber feedback, sendo assim elas os interpretam mal e se sentem magoadas

    com a interveno, pois feedback em nossa cultura, ainda percebido como

    uma crtica e implicar em reaes emocionais imprevisveis. Mesmo com toda

    a dificuldade muito importante para ns darmos e recebermos feedback, seja

    ele positivo ou negativo para que possamos avaliar e corrigir os nossos erros e

    com isso melhorarmos como pessoas.

    Para superar as dificuldades de dar e receber Feedback, necessrio

    uma relao de confiana recproca e o reconhecimento de que Feedback um

    processo conjunto, diminuindo assim as barreiras entre o comunicador e o

    receptor. Devemos aprender a ouvir e expressar nossas opinies sem reaes

    emocionais defensivas e/ou ofensivas intensas.

    Todos ns gostamos de dar conselhos, pois de certa forma, isso nos faz

    sentirmos importantes, porm poder vir da o perigo de pensar no Feedback

    como uma forma de mostrar nossa inteligncia e habilidade, no contribuindo

    assim para a verdadeira utilidade do Feedback para o receptor.

    Feedback de Grupo:

    O grupo tambm tem necessidade de receber informaes sobre o seu

    desempenho. Ele pode precisar saber se h muita rigidez nos procedimentos,

  • 23

    se est havendo utilizao de pessoas e de recursos, qual o grau de confiana

    no lder e outras informaes sobre o seu nvel de maturidade como grupo.

    Os mesmos problemas envolvidos no feedback individual esto presentes

    no grupo em maior ou menor grau. Assim, o grupo pode receber feedback de:

    Membros atuando como participantes-observadores.

    Membros selecionados para desempenhar uma funo especfica de

    observador para o grupo.

    Consultores externos ou especialistas que vm para fazer observaes,

    valendo-se de perspectivas mais objetivas.

    Formulrios, questionrios, folhas de reao, entrevistas.

    http://www.ib7.org/_novo/wp-content/uploads/2012/06/conflito.jpg

    medida que os membros amadurecem e desenvolvem suas habilidades

    em dar e receber feedback individual, tornam-se, tambm, hbeis em dar

    feedback ao grupo como um todo, sempre que necessrio e oportuno.

    Os resultados individuais tambm servem de feedback individual: cada

    membro do grupo recebe um quadro com auto percepo e heteropercepo de

    seu superior imediato e de trs subordinados seus.

  • 24

    A sesso de feedback uma das mais ricas do laboratrio de treinamento,

    tanto a nvel individual quanto a nvel grupal, permitindo aos membros

    processarem as informaes individuais e grupais, sem defensividade, num

    clima aberto, de apoio mtuo e com abordagem de resoluo de problemas.

    Alguns aspectos importantes que devem ser considerados dentro de uma

    organizao para facilitar a interao interpessoal, satisfazendo o prprio

    funcionrio, o chefe e a empresa.

    Fatores que contribuem para que a organizao tenha equipes

    consolidadas ou em formao em que seus participantes tenham tais

    capacidades:

    Propor mudanas nas quais acreditam;

    Discutir as mudanas propostas, procurando compreender suas causas e

    avaliando as consequncias;

    Encorajar uns aos outros a expressarem suas ideias e seu potencial;

    Buscar e repassar os conhecimentos;

    Assumir a responsabilidade pelos resultados que a equipe produz;

    Identificar e administrar conflitos na equipe, entre equipes, com

    fornecedores e clientes;

    Negociar e otimizar recursos;

    Dar e solicitar feedback;

    Dar e solicitar apoio;

    Desenvolver nas pessoas essa difcil habilidade de dar e buscar feedback;

    Otimizar os resultados da empresa;

    Ajudar a evitar erros e potencializar acertos;

    Apoiar a linha de frente a deixar no cliente um gostinho de "quero mais";

    Implantar acompanhamento e feedback do desempenho:

    Definio de resultados a serem atingidos;

    Sistemtica de mensurao de resultados;

    Definio de planos de autodesenvolvimento;

  • 25

    Sistemtica de feedback;

    Acompanhar evoluo das pessoas:

    Definir resultados a serem atingidos;

    Pesquisar periodicamente a satisfao do cliente;

    Acompanhar planos de autodesenvolvimento;

    Dar periodicamente feedback aos fornecedores;

    Rever continuamente os procedimentos para garantir resultados;

    COMPREENSO EMPTICA

    http://sucesso.powerminas.com/wp-content/uploads/2010/01/Empatia.jpg

    A compreenso dos outros, um dos aspectos mais importantes nas

    relaes humanas, a aptido de se colocar no lugar do outro, ou seja, ver e

    perceber com os olhos do outro. A essa aptido denominamos sensibilidade

    social ou empatia.

    Entende-se que empatia diferente de simpatia, de antipatia ou d apatia.

    Simpatia voc sente em relao ao outro, quando esse outro lhe remonta

  • 26

    lembranas, atitudes, ideias que lhe so agradveis, que lhe atraem. Tem-se

    simpatia por Maria, sinto-me alegre se ela est alegre, triste se est triste e vibro

    com seus sucessos.

    Na atitude emptica compreendo como Maria se sente (alegre ou triste) e

    sua maneira de agir em funo desses sentimentos, mas no me envolvo neles.

    Sou capaz de compreend-la, mas no de sentir o que ela sente (simpatia). A

    atitude emptica independe da simpatia, no precisamos gostar nem simpatizar

    com a pessoa, precisamos ter sensibilidade para compreender como a pessoa

    se sente frente a uma determinada situao ou sentimento.

    Se voc for lidar com pessoas, voc dever:

    a) Compreender as pessoas (sensibilidade social, empatia);

    b) Ter flexibilidade de ao (comportamento) em funo das

    atitudes e sentimentos que voc conseguiu empatizar.

    Flexibilidade de comportamento significa que voc deve conduzir-se

    apropriadamente numa situao dada, com determinada pessoa. Veja os casos

    que seguem:

    Se Maria criana de 05 anos me agride;

    Se Paulo um adolescente de 13 anos me agride;

    Se meu pai um adulto me agride;

    Se meu chefe tambm adulto me agride;

    Se minha namorada a quem amo, me agride...

    ...no posso ter uma reao uniforme para com todos os casos. Se assim

    agir, no terei flexibilidade de comportamento, me faltou empatia (compreender

    o comportamento de cada um, com as suas peculiaridades).

    Isso significa que devo ter um repertrio de condutas que varia conforme

    a situao e a pessoa.

  • 27

    Este tipo de comportamento voc poder desenvolver submetendo-se a

    um treinamento em sensibilidade social e flexibilidade de comportamento.

    Voc poder comear a desenvolver sensibilidade social e flexibilidade de

    comportamento atravs- de:

    a) Melhor conhecimento de si prprio;

    b) Melhor compreenso dos outros;

    c) Melhor convivncia em grupo;

    d) Desenvolvimento de aptides para um relacionamento mais

    eficiente com os outros.

    MOTIVAO

    http://carreiras.empregos.com.br/imagens/221210/motivacao.jpg

    RELAES

    HUMANAS

    EMPATIA

    FLEXIBILIDADE

    DE

    COMPORTAMENTO

    REPERTRIO

    DE

    CONDUTA

  • 28

    Conceito de Motivao

    Conjunto de foras internas que mobilizaro o indivduo para atingir um

    dado objetivo como resposta a um estado de necessidade, carncia ou

    desequilbrio.

    A palavra motivao vem do latim movere, que significa "mover". A

    motivao , ento, aquilo que susceptvel de mover o indivduo, de lev-lo a

    agir para atingir algo (o objetivo), e de lhe produzir um comportamento orientado.

    Ciclo motivacional:

    1. Necessidade. o motivo, a razo de ser da ao. provocada por um estado

    de desequilbrio devido a uma carncia ou privao (ex.falta de alimento no

    organismo).

    2. Impulso ou pulso. a atividade desenvolvida pela necessidade ou motivo,

    isto , a energia interna que impele o indivduo a agir num dado sentido. (Ex.fora

    que move o indivduo para obter comida).

    3. Resposta. a atividade desenvolvida e desencadeada pela pulso para

    atingir algo. (ex.procurar comida).

    4. Incentivo. o objetivo para o qual se orienta a ao. (Ex. ingerir o alimento).

    5. Saciedade. a satisfao decorrente de se ter atingido o objetivo pretendido

    (depois de se ter ingerido o alimento, a fome desaparece).

    Este comportamento sequencial volta a repetir-se sempre que se repete

    a necessidade que o provoca.

  • 29

    Tipos de Motivao

    http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/m/mo/mot/motivacao-trabalho-

    shutterstock.jpg

    No existe uma classificao para as motivaes, mas vrias. As

    motivaes podem classificar-se em dois grandes grupos:

    1. Motivaes fisiolgicas (primrias, bsicas, biolgicas, orgnicas): as

    que esto ligadas sobrevivncia do organismo e no resultam de uma

    aprendizagem. Elas provocam no organismo certos impulsos para o

    restabelecimento do seu equilbrio. Estas motivaes encontram-se

    estreitamente ligadas com determinado estado interno do organismo. Exemplos:

    respirao, fome, sede, sexo, evitar o frio e o calor, sono, etc. A homeostasia

    designa o mecanismo que regulao o equilbrio interno do organismo.

    2. Motivaes sociais (secundrias, culturais): as que dependem

    essencialmente de aprendizagens, isto , foram adquiridas no processo de

    socializao. Exemplos: Necessidade de convivncia (afiliao), de

    reconhecimento, de xito social, de segurana, etc. Este grupo pode ser

    subdividido, por exemplo, entre motivaes sociais centradas no indivduo e ou

    centradas na sociedade.

    a) Centradas no indivduo (autoafirmao): desejo de segurana, de ser aceito,

    de pertencer a um grupo, de alcanar um estatuto social elevado, de enriquecer,

    etc.

  • 30

    b) Centradas na sociedade (independentes dos nossos interesses particulares):

    respeito pelo prximo, de solidariedade, de amizade, de amor, etc.

    H que questione esta diviso das motivaes, afirmando que todas elas

    tm um fundo comum: a busca do prazer, o nico e verdadeiro motivo de todas

    as aes humanas.

    FRUSTRAO

    http://www.pucminas.br/imagedb/pucinforma/PIM_ARQ_IMAGE_GRAND20131101142940.jpg

    Quando o indivduo est motivado para atingir um dado objetivo, e por um

    obstculo qualquer no o consegue atingir, vive um estado de frustrao. Este

    sentimento depende de muitos fatores: personalidade do sujeito, idade, natureza

    da motivao, tipo de obstculo, etc.

    Reaes frustrao. No existe uma reao tipo para determinada

    frustrao, as respostas s frustraes dependem de muitos fatores como acima

    aludimos.

    Comportamentos resultantes da frustrao:

  • 31

    1. Agresso (direta ou deslocada). Esta agresso denomina-se direta quando

    dirigida contra a fonte que provocou a frustrao, e deslocada se dirige para

    outras pessoas ou objetos. Ex. A criana agride o pai que a impede de brincar

    (agresso direta); A criana proibida de brincar, destri os brinquedos com que

    o pai a impede de brincar (agresso deslocada);

    Ao longo do processo de socializao, o indivduo aprende a lidar com as

    frustraes, inibindo, deslocando, dissimulando, ou compensando as suas

    manifestaes de agressividade. Em situaes extremas, o indivduo pode dirigir

    as suas manifestaes de agressividade deslocada para ele prprio

    (autoagresso).

    2. Apatia (indiferena ou inatividade). Face a contnuas frustraes o indivduo

    pode cair na reao aptica (indiferena perante a fonte da frustrao). A pulso

    motivadora do comportamento reduzida ou eliminada.

    CONFLITO

    Estado de tenso que resulta de uma tenso interior vivida pelo sujeito

    quando se debate com motivaes inconciliveis.

    Kurt Lewin classificou os conflitos em trs grupos:

    1. Conflito aproximao/ aproximao. Deciso sobre duas coisas desejveis,

    mas incompatveis. Ex.: Escolher entre uma festa e uma viagem;

    2. Conflito afastamento/ aproximao. Deciso sobre algo que comporta

    aspectos positivos, mas tambm negativos. Ex. Fazer uma viagem, mas ficar

    sem dinheiro.

    3. Conflito afastamento/ afastamento. Deciso sobre duas coisas igualmente

    desagradveis, mas inevitveis. Ex.: Para uma criana - comer a sopa ou ir para

    a cama.

  • 32

    TEORIAS DA MOTIVAO

    http://www.esoterikha.com/coaching-pnl/img/frases-de-motivacao-para-facebook.jpg

    Principais teorias

    1. Teoria de Abraham Maslow. Este psiclogo, fundador da psicologia

    humanista, descreve o processo como o indivduo passa das necessidades

    bsicas, como se alimentar, a necessidades superiores como as cognitivas ou

    estticas. Maslow estabelece uma estrutura hierarquia das necessidades

    partindo da ideia que se no se satisfaz uma necessidade bsica, torna-se

    impossvel satisfazer outras de ordem superior. Se tivermos fome (necessidade

    fisiolgica), por exemplo, somos incapazes de nos concentrarmos em atividades

    estticas. Esta ideia aplica-se a todas as atividades da vida humana, afirmando

    tambm que todos os homens aspiram auto realizao plena das suas

    potencialidades.

  • 33

    Hierarquia das motivaes (por ordem crescente):

    1. Necessidades fisiolgicas (gua, luz solar, alimento, oxignio, sexo,

    alojamento);

    2. Necessidades de segurana (estar livre do medo e das ameaas, de no

    depender de ningum, de autonomia, de no estar abandonado, de proteo, de

    confidencialidade, de intimidade, de viver num ambiente equilibrado);

    3. Necessidades de afeto ou de pertena (afiliao, afeto, companheirismo,

    relaes interpessoais, conforto, comunicao, dar e receber amor);

    4. Necessidades de prestgio e estima social (respeito pela prpria dignidade

    pessoal, elogio merecido, autoestima, individualidade, identidade sexual,

    identidade sexual, reconhecimento);

    5. Necessidades de auto realizao e criatividade (auto expresso, utilidade,

    criatividade, produo, diverso e cio);

    6. Cognitivas e de curiosidade, de conhecer o mundo (saber, inteligncia, estudo,

    compreenso, estimulao, valia pessoal);

    7. Estticas (realizao de possibilidades, autonomia pessoal, ordem, beleza,

    intimidade, verdade, objetivos espirituais).

    http://zarife.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/09/motivac%CC%A7a%CC%83o-no-trabalho_capa.jpg

    2. Teoria Psicanaltica. O comportamento do indivduo motivado por uma

    energia libidinal, que se manifesta sob a forma de pulses. As satisfaes destas

    pulses diminuem a tenso no indivduo, mas tambm produzem prazer. Nem

    sempre est satisfao se revela aceitvel, o que origina frustraes e conflitos.

    A fim de evitar as frustraes e os conflitos, e tendo em vista diminuir a

    tenso interna, os mecanismos de controlo do ego (Eu), recorrem a vrias

  • 34

    estratgias para a controlarem estas tenses e obterem alguma satisfao das

    pulses Na maior parte tratam-se de respostas elaboradas pelo inconsciente,

    sem que o indivduo se d conta disso.

    Principais mecanismos de defesa do ego:

    - Recalcamento: Processo de esquecimento inconsciente de lembranas

    desagradveis. Os desejos e sentimentos inaceitveis so mantidos no

    inconsciente.

    - Represso: Processo voluntrio e consciente pelo qual o indivduo esquece ou

    repele da conscincia lembranas desagradveis.

    - Regresso: Retorno do indivduo a formas de comportamento prprias de uma

    idade inferior sua, nomeadamente a aquelas em que se sentia seguro e

    confiante.

    - Projeo: Os desejos prprios so atribudos a outras pessoas. O indivduo

    atribui a outros desejos que so seus.

    - Identificao. Adoo de comportamentos daqueles que nos impressionam e

    se nos impe como modelos de comportamento.

    - Sublimao: Substituio do objetivo da pulso por outro socialmente aceite e

    estimvel. Deste modo o desejo satisfeito de modo indireto.

    - Racionalizao: Justificao, a posteriori, com o intuito de evitar sentimentos

    de inferioridade que ponham em risco a autoestima.

    - Compensao: Realizao de atividades inferiores para compensar outras

    tidas como superiores, mas face s mesmas o indivduo manifesta medos ou

    assume certas incapacidades para a sua realizao.

    - Transferncia: Mudana de um objeto proibido das pulses para outro,

    relacionado com aquele, mas socialmente aceitvel e socialmente aceitvel.

    - Fantasia.

  • 35

    INTELIGNCIA EMOCIONAL

    http://www.peakcursos.com.br/imagens/cursos/Inteligencia_emocional_no_trabalho.jpg

    O QUE INTELIGNCIA EMOCIONAL?

    A Inteligncia Emocional est relacionada a habilidades tais como motivar

    a si mesmo e persistir mediante frustraes; controlar impulsos, canalizando

    emoes para situaes apropriadas; praticar gratificao prorrogada; motivar

    pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu

    engajamento a objetivos de interesses comuns. (Gilberto Vitor)

    Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a Inteligncia Emocional em cinco

    reas de habilidades:

    1. Auto - Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento

    enquanto ele ocorre.

    2. Controle Emocional - habilidade de lidar com seus prprios

    sentimentos, adequando-os para a situao.

    3. Auto - Motivao - dirigir emoes a servio de um objetivo essencial

    para manter-se caminhando sempre em busca.

    4. Reconhecimento de emoes em outras pessoas.

    5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.

  • 36

    As trs primeiras acima se referem Inteligncia Intrapessoal. As duas

    ltimas, a Inteligncia Interpessoal.

    IMPORTNCIA DAS EMOES

    o Sobrevivncia: Nossas emoes foram desenvolvidas

    naturalmente atravs de milhes de anos de evoluo. Como

    resultado, nossas emoes possuem o potencial de nos servir

    como um sofisticado e delicado sistema interno de orientao.

    Nossas emoes nos alertam quando as necessidades humanas

    naturais no so encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos

    ss, nossa necessidade encontrar outras pessoas. Quando nos

    sentimos receosos, nossa necessidade por segurana. Quando

    nos sentimos rejeitados, nossa necessidade por aceitao.

    o Tomadas de Deciso: Nossas emoes so uma fonte valiosa da

    informao. Nossas emoes nos ajudam a tomar decises. Os

    estudos mostram que quando as conexes emocionais de uma

    pessoa esto danificadas no crebro, ela no pode tomar nem

    mesmo as decises simples. Por qu? Porque no sentir nada

    sobre suas escolhas.

    o Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o

    comportamento de uma pessoa, nossas emoes nos alertam. Se

    ns aprendermos a confiar em nossas emoes e sensaes isto

    nos ajudar a ajustar nossos limites que so necessrios para

    proteger nossa sade fsica e mental.

    o Comunicao: Nossas emoes ajudam-nos a comunicar com os

    outros. Nossas expresses faciais, por exemplo, podem

    demonstrar uma grande quantidade de emoes. Com o olhar,

    podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos tambm

    verbalmente hbeis, juntamente com nossas expresses teremos

    uma possibilidade maior de melhor expressar nossas emoes.

  • 37

    Tambm necessrio que ns sejamos eficazes para escutar e

    entender os problemas dos outros.

    o Unio: Nossas emoes so talvez a maior fonte potencial capaz

    de unir todos os membros da espcie humana. Claramente, as

    diferenas religiosas, cultural e poltica no permitem isto, apesar

    dar emoes serem "universais".

    TICA E CIVILIZAO

    http://www.professoresdosucesso.com.br/wp-content/uploads/etica.jpg

    Texto elaborado com base no texto de Marcos Leite

  • 38

    Os seres humanos agem conscientemente, e cada um de ns senhor

    de sua prpria vida. Mas como resolvemos o que fazer? Voc em algum lugar j

    pensou em como voc toma as decises sobre o que fazer em determinada

    situao? Voc age impulsivamente, fazendo o que der na telha ou analisa

    cuidadosamente as possibilidades e as consequncias, para depois resolver o

    que fazer?

    A filosofia pode nos ajudar a pensar sobre a nossa vida. Chama-se tica

    a parte da filosofia que se dedica a pensar as aes humanas e os seus

    fundamentos. Um dos primeiros filsofos a pensar a tica foi Aristteles, que

    viveu na Grcia no sculo IV aC . Esse filsofo ensinava numa escola qual deu

    o nome de Liceu, e muitas de suas obras so resultado das anotaes que os

    alunos faziam de suas aulas. As explicaes sobre a tica foram anotadas pelo

    filho de Aristteles chamado Nicmaco, e por isso esse livro conhecido por ns

    com o ttulo de tica a Nicmaco.

    Em suas aulas, Aristteles fez uma anlise do agir humano que marcou

    decisivamente o modo de pensar ocidental. O filsofo ensinava que todo o

    conhecimento e todo trabalho visa a algum bem. O bem a finalidade de toda

    ao. A busca do bem o diferente o que difere a ao humana da de todos

    os outros animais.

    Ele perguntou: Qual o mais alto de todos os bens que se podem alcanar

    pela ao? E como resposta encontrou: a felicidade. Essa resposta formulada

    pelo filsofo encontra eco at nossos dias. Tanto o homem do cotidiano como

    todos os grandes pensadores esto de acordo que a finalidade da vida ser

    feliz. Identifica-se o bem viver e o bem agir com o ser feliz.

    No entanto, disse Aristteles, a pergunta sobre o que felicidade no

    respondida igualmente por todos. Cada um de ns responde de uma forma

    singular. Essa singularidade na resposta partilhada por outros indivduos com

    os quais convivemos. Portanto, no processo de nossa educao familiar,

    religiosa e escolar aprendemos a identificar o ser feliz com os valores que

    sustentam nossas aes.

  • 39

    Toda a produo humana consiste em criar condies para que o homem

    seja feliz. Todas as religies, as filosofias de todos os tempos, as conquistas

    tecnolgicas, as teorias cientficas e toda a arte so criaes humanas que

    procuram apresentar condies para a conquista da felicidade. O processo

    civilizatrio iniciou-se com a promessa da felicidade.

    RACIONALIDADE E LIBERDADE

    O mesmo Aristteles caracterizou os humanos como seres racionais que

    falam. A dimenso anmica ou psquica (psique=alma) dos seres humanos foi

    concebida pelo filsofo como um conjunto de duas partes: uma racional e a outra

    privada de razo. A primeira se expressa pela atividade filosfica e matemtica.

    A Segunda, por seus elementos vegetativos e apetitivos. Isso permitiu a

    hierarquizao dos seres humanos.

    Pela Segunda parte da alma, somos iguais a todos os outros animais.

    Movidos pelos instintos primrios (fome, sede, sono, reproduo), somos

    guiados pela necessidade de sobrevivncia. Todos os seres humanos tem em

    comum um problema nico a resolver: como sobreviver. Necessitamos de

    alimentos para aplacar nossa fome; de gua para saciar a sede: dormir para

    perpetuar a espcie. Mas o que nos diferencia dos outros animais? Segundo

    Aristteles, a racionalidade. Ns somos capazes de planejar nossas aes, de

    realizar escolhas e julg-las, determinando seu valor. Agimos acreditando que

    estamos fazendo o bem e, mesmo quando julgamos mal nossas aes, sempre

    o bem que estabelece o critrio de tal julgamento.

    Assim, os seres humanos identificam-se como tais pelas distines que

    so capazes de estabelecer com os outros animais e, por conseguinte, com todo

    o reino da natureza. Os seres humanos definem-se pela capacidade de pensar,

    falar, trabalhar e amar. Ainda com Aristteles, podemos identificar trs coisas

    que controlam a ao: sensao, razo e desejo. A primeira no princpio para

    julgar ao, pois tambm os outros animais possuem sensao, mas no

    participam da ao.

  • 40

    http://overlane.files.wordpress.com/2012/04/etica_trabajo.jpg

    A ao um movimento deliberativo, isto , a origem da ao a escolha.

    Os homens diferem dos demais animais porque so capazes de realizar

    escolhas. O desejo est na raiz dessas escolhas: a razo o seu guia. Para

    Aristteles, o desejo a fora motriz, o impulso gerador de todas as nossas

    aes. Mas esta fora motriz deve seguir o curso traado pela razo. A razo

    guia, conduz o desejo ao encontro de seu objetivo.

    Realizar escolhas eleger objetos para o desejo. O critrio das escolhas

    sempre racional. O motivo sempre emocional, ou seja, impulsionados pelo

    desejo movemo-nos em direo aos objetos. Nesse sentido, a capacidade

    racional de realizar escolhas permite-nos afirmar nossa condio de liberdade.

    O exerccio da liberdade a capacidade de escolher. Nisso os seres humanos

    podem se desviar do determinismo pelo padro gentico de suas espcies.

    Quando olhamos um filhote de cachorro, por exemplo, somos capazes de dizer

    seu comportamento futuro. Ao olhar para um beb impossvel prever seu

    comportamento, suas aes e suas intenes.

    a escolha que define o carter de um ser humano. Suas virtudes se

    manifestam nas escolhas que realiza no curso de sua condio mortal. Aqui se

    apresentam algumas questes ticas de grande relevncia. Quais os critrios

    que norteiam as escolhas que um homem faz em sua vida? Quais so os valores

  • 41

    que pautam suas aes? Quais objetivos pretende atingir com quais meios

    efetivar sua realizao? Afirma-se que toda ao deve ser justa e boa. Mas, o

    que determina a justia e a bondade? O que ser justo? O que ser bom?

    http://editoraargos.org/wp-content/uploads/2011/10/yosoy.jpg

    No exerccio da liberdade, cada um de nos se relaciona com outros

    indivduos e dessas relaes emerge a realidade social. Chamamos sociais

    nossas relaes com os outros no mundo. A sociedade uma construo

    histrica pautada numa lei fundamental: proibido matar o semelhante. No

    entanto, numa rpida olhada em qualquer jornal, por exemplo, descobrimos que

    o assassinato praticado das mais diferentes formas: guerras, fome, assaltos,

    atentados, terroristas...Vez ou outra, ouvimos dizer que essas aes so

    desumanas. Mas como, se foram praticadas por seres da mesma espcie,

    animais racionais?

    CIVILIZAO E VALORES

    A civilizao parece no respeitar a lei fundamental que criou para que

    pudesse existir. proibido matar! Se existem prticas homicidas, os critrios de

    bondade e justia no so cumpridos. Os assassinatos revelam o conflito

    irremedivel entre a liberdade e a lei. A lei foi constituda para garantir o exerccio

  • 42

    da liberdade. No entanto, acaso deveramos julgar livres os indivduos que

    praticam crimes? Seriam eles livres em suas aes ou no? O critrio de justia

    determina a priso (perda da liberdade) para quem cometer homicdio. Mas por

    que os pobres so condenados priso? Por que os chamados crimes de

    colarinho-branco no so punidos com a priso? Observe que essas questes

    remetem ao chamado da reflexo tica.

    Em 1930, um mdico vienense chamado Sigmund Freud o criador da

    psicanlise publicou um livro com o sugestivo ttulo O mal-estar na civilizao.

    Nessa obra, Freud fez um diagnstico do processo civilizatrio e constatou que

    os seres humanos esto condenados a viver nesse conflito irremedivel entre as

    exigncias pulsionais (a liberdade) e as restries (as leis).

    Freud Retoma a clssica questo aristotlica que atravessa toda a histria

    ocidental: O que os homens pedem da vida e o que desejam nela realizar? A

    resposta categrica: a felicidade. Os homens querem ser felizes e assim

    permanecer. Toda ao tem em vista a conquista da felicidade.

    Par analisar por que nos afastamos desse propsito, Freud apresenta

    uma reflexo decisiva para pensarmos a tica civilizatria como processa de

    felicidade: Grande parte das lutas humanas centraliza-se em torno da tarefa

    nica de encontrar uma acomodao conveniente isto , uma acomodao

    que traga felicidade entre essa reinvindicao do indivduo (liberdade) e as

    reivindicaes culturais do grupo (leis), e um dos problemas que incide sobre o

    destino da humanidade o saber se tal acomodao pode ser alcanada por

    meio de alguma especfica de civilizao (religio, cincia, filosofia, arte) ou se

    esse conflito irreconcilivel (p.116). A posio de Freud clara: o conflito

    irremedivel.

    A tarefa da civilizao humanizar esse animal racional chamado

    homem. Acompanhando os argumentos de Freud na obra citada, podemos

    encontrar elementos para caracterizar o processo civilizatrio construdo pelos

    seres humanos. A civilizao concebida como tudo aquilo por meio do que a

    vida humana se elevou acima de sua condio animal. Os humanos so seres

    da cultura. A cultura a morada do homem. O acesso aos bens culturais

  • 43

    produzidos em toda a histria o que define nossa condio humana. O homem

    um animal cujo maior desejo tornar-se humano.

    https://encrypted-

    tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR0IPBuGim2Hl5jGT4kp_9e6RPNUGzfdugpgfxbjFOxERkqiB1e

    A elevao apontada por Freud o que diferencia dos outros animais. A

    vida humana difere da vida dos animais em dois aspectos: os conhecimentos e

    as capacidades adquiridas para controlar as foras da natureza; e os

    regulamentos (leis, normas, regras) para ajustar as relaes dos homens uns

    com os outros.

    Na luta pela sobrevivncia em um mundo sombrio e assustador, o animal

    racional teve de enfrentar trs grandes desafios: o poder superior da natureza,

    que nos ameaa com foras de destruio, a fragilidade de seu prprio corpo,

    condenado dissoluo; e as leis que regulam suas aes sociais. Os

    conhecimentos cientficos e tecnolgicos procuram responder a esses desafios.

    As prticas religiosas, os sistemas de crenas tambm. As teorias filosficas e

    as produes artsticas inserem-se nessa tarefa de encontrar caminhos para

    esses desafios humanos.

    A concluso derradeira de Freud que a civilizao tem que ser defendida

    contra o indivduo e que seus regulamentos, suas instituies e suas ordens

    dirigem-se a essa tarefa (...) fica-se com a impresso de que a civilizao algo

    que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu

    como obter a posse dos meios de poder e coero, somos submetidos ao

    processo civilizatrio. Desde o nascimento at a morte, somos atravessados

    pelos critrios que sustentam a civilizao: o bem e a justia.

  • 44

    Finalmente, como relacionar tica (instncia individual) e civilizao

    (instncia coletiva)? A tica, pensada no campo da lei, leva-nos s mesmas

    concluses que Freud. Ao obter a posse dos meios de poder e coero, uma

    minoria impes seus valores grande maioria que resiste. Mas a concluso de

    Freud nos permite pensar o poder tambm como resistncia por parte da

    maioria. Nesse caso, o Estado aparece como o grande gerenciador desse

    conflito, por meio de seu sistema de leis e prticas de coero (priso, por

    exemplo).

    http://www.fleury.com.br/Util/img/conteudo/img-codigo-conduta.jpg

    H outra forma tambm de pensarmos a tica: como exerccio esttico.

    Em meio a esse conflito irreconcilivel entre as exigncias individuais por

    liberdade e as restries impostas pelo regulamento social, podemos criar

    condies para instaurar uma tica da beleza: fazer da vida uma obra de arte,

    criar condies para que cada um produza sua prpria vida como quem esculpe

    o mrmore ou pinta uma tela. O mrmore ou a tela seriam as

    imposies/restries impostas pela civilizao e das quais podemos escapar,

    mas, como sujeitos de nossa vida, podemos esculpir/pintar com o formo e o

    pincel de nossa liberdade.

  • 45

    TICA E VALORES

    http://gti.projetointegrador.com.br/~131M154200064/images/charge-conselho-ou-etica.jpg

    Ser Humano Influenciado pelo ambiente

    (A famlia qual pertence; a classe econmica da qual faz parte aquela famlia;

    a raa da qual faz parte; a religio; o pas onde nasceu ...).

    Conjunto de informaes a respeito da vida entre tantas informaes questes

    ligadas a Justia Social. Ocorrncia: Valores diferenciados para fatos e coisas.

    Exemplo:

    Na escala de valores de uma famlia de baixa renda, o valor atribudo s

    necessidades bsicas, certamente, encontra-se em patamar superior ao do valor

    atribudo s necessidades menos imediatas, como o lazer. Esse quadro

    diferente quando a escala de valores de uma famlia de alta renda, cujas

    necessidades bsicas j esto, a priori, totalmente atendidas.

  • 46

    Portanto, quanto maior o distanciamento verificado entre as condies de

    vida das pessoas, certamente maior ser a diferena no que se refere ao

    conjunto de informaes recebido de forma individual, da mesma forma que

    diferentes sero as necessidades a que cada um a busca atender de maneira

    mais imediata, vale dizer, maior ser o distanciamento entre seus valores.

    Objetivos diferentes Conflitos Escala de valores

    TICA E LEI

    https://encrypted-

    tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRUWubSXqjtpfE69uGhOP6oAgBQB_n3dUZaIaznZ7o8jSSKsGW

    c

    O conceito ou preceito tico uma regra aplicvel conduta humana. O

    preceito possui duas caractersticas essenciais:

    - Destina-se a adequar a ao humana ao conceito do bem e da moral.

    - Pode ser aplicado pela simples determinao do ser humano,

    independentemente de qualquer coao externa.

    Como os preceitos ticos so regras, muitos estudiosos aplicam-lhes o

    princpio tpico das normas jurdicas da possibilidade de no atendimento

    sem violao dos princpios. Essa corrente de pensamento aceita a ideia de que

  • 47

    um comportamento pode no ser exatamente de conformidade com a regra

    tica, mas mesmo assim pode no contrariar esse preceito. Para qualificar esse

    comportamento, tais pensadores utilizam a palavra atico, que um

    comportamento que no tico, mas que tambm no contraria a regra tica.

    No concordamos com tal corrente de pensamento. Por essa razo, para ns

    os comportamentos valorados luz das regras tica s podem ser ticos ou

    antiticos.

    A lei uma norma aprovada pelo povo de um pas, que possui as seguintes

    caractersticas fundamentais:

    - Resulta de um processo formal de elaborao, do qual a sociedade participa

    diretamente ou atravs de seus representantes.

    - dotada de sano, ou seja, a sua desobedincia gera uma penalidade.

    - sempre atribuda, o que significa que cada direito outorgado a algum

    impe um dever, para a mesma ou para outra pessoa.

    CONCEITO DA TICA

    http://www.grupoa.com.br/uploads/imagensTitulo/20120123015941_TAILLE_Moral_Etica.gif

    Pode-se, de forma simplificada, definir o termo tica como sendo um ramo

    da filosofia que lida com o que moralmente bom ou mau, certo ou errado.

  • 48

    Uso popular do termo tica: tica diz respeito aos princpios de

    conduta que norteiam um indivduo ou grupo de indivduos.

    A expresso tica pessoal normalmente aplicada em referncia

    aos princpios de conduta das pessoas em geral.

    A expresso tica profissional serve como indicativo de conjunto de

    normas que baliza a conduta dos integrantes de determinada profisso.

    Os filsofos referem-se tica para denotar o estudo terico dos padres

    de julgamentos morais, inerentes s decises de cunho moral.

    A reflexo tica no pode pretender converter os agentes sociais

    em indivduos ticos, mas pode instrumentaliz-los para que decidam

    consequentemente, de acordo com o que a coletividade espera deles.

    A tica representa, pois, uma tomada de posio ideolgico-

    filosfica que remete aos interesses sociais envolvidos.

    A moral, como sinnimo de tica, pode ser conceituada como o conjunto

    de normas que, em determinado meio, granjeiam a aprovao para o

    comportamento dos homens.

    http://images.slideplayer.com.br/1/40745/slides/slide_2.jpg

  • 49

    A tica, como expresso nica do pensamento correto, conduz ideia da

    universalidade moral, ou ainda, forma ideal universal do comportamento

    humano, expressa em princpios vlidos para todo o pensamento normal e sadio.

    CONCEITOS DA TICA PROFISSIONAL

    http://www.colaboremais.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/01/07_12_2013_%C3%A9tica.jpg

    Texto elaborado com base nos textos de Antnio Roberto Oliveira

    As lideranas sociais tm um poder e uma responsabilidade decisivos em

    relao tica. Nenhuma nao, povo, ou grupo social pode realizar seu projeto

    histrico sem lideranas. A liderana social o elemento de ligao entre os

    interesses do grupo social e as oportunidades histricas disponveis para realiz-

  • 50

    los. A responsabilidade tica da liderana, portanto, se pudesse ser medida, teria

    o tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles que ela representa e

    lidera.

    A liderana social tem uma tripla responsabilidade tica: institucional,

    pessoal e educacional. Institucional, porque devem cumprir fiel e estritamente os

    deveres que lhe so atribudos.

    Liderana pessoal porque devem ser cada uma delas, um exemplo de

    cidadania: justas e eticamente ntegras. Liderana educacional porque, alm de

    ser um exemplo, deve dialogar com os que ela lidera, de modo a ampliar a sua

    conscincia poltica e a faz-los crescer na cidadania.

    A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo. Tratam

    dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens,

    segundo a justia e a equidade natural, ou seja, os princpios ticos e morais so

    na verdade os pilares da construo de uma identidade profissional e sua moral

    mais do que sua representao social contribui com a formao da conscincia

    profissional.

    Os princpios ticos e morais so, na verdade, os pilares da construo de

    um profissional que representa o Direito Justo, distinguindo-se por seu talento e

    principalmente por sua moral e no pela aparncia.

    De forma sinttica, Joo Baptista Herkenhoff (2001) exterioriza sua

    concepo de tica; o mundo tico o mundo do deve ser (mundo dos juzos

    de valor), em contraposio ao mundo do ser (mundo dos juzos de realidade).

    Todavia, a moral a parte subjetiva da tica. O homem nem sempre pode o

    que quer, nem quer sempre o que pode. Ademais, sua vontade e seu poder no

    concordam com seu saber. Quase sempre as circunstncias externas

    determinam a sua sorte. (DHONDT, 1966, p. 105).

  • 51

    A TICA PROFISSIONAL E A FILOSOFIA DO AGIR

    HUMANO O SER TICO/AXIOLGICO.

    a vida do bem em organizaes humanas. A vida plenamente humana,

    programa pedaggico esse que visa formar o jovem Tcnico em Metalurgia, que

    participa da cidadania, assumindo com plena conscincia a recproca relao

    entre direitos e deveres, consiste essa mesma existncia da esfera profissional.

    Esse mundo humano ser tico/axiolgico no uma ddiva da natureza.

    uma conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua

    dimenso tico-profissional, a de enveredarem pelos obscuros caminhos da

    cidade sem lei.

    A tica aplicada no campo das atividades profissionais. Assim, a tica

    profissional do estudante de Tcnico de Metalurgia e demais outras profisses.

    A tica ainda indispensvel ao profissional, porque na ao humana o

    fazer e o agir esto interligados. O fazer diz respeito competncia,

    eficincia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profisso.

    O agir se refere conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve

    assumir no desempenho de sua profisso.

    O estudo e o conhecimento da Deontologia (do grego deontos = dever e

    logos = tratado) se voltam para a cincia dos deveres, no mbito de cada

    profisso.

    o estudo dos direitos, emisso de juzos de valores, compreendendo a

    tica como condio essencial para o exerccio de qualquer profisso.

    A tica indispensvel ao profissional, porque na ao humana o fazer e

    o agir esto interligados. O fazer diz respeito competncia, eficincia que

    todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profisso. O agir se refere

    conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no

    desempenho de sua profisso.

    Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que visam estabelecer

    certa previsibilidade para as aes humanas. Ambas, porm, se diferenciam.

  • 52

    http://4.bp.blogspot.com/-S2Ru1H57Ooo/Tylck3gxWgI/AAAAAAAAAHQ/bmU-

    XHVLB80/s320/conduta1.jpg

    A moral estabelece regras que so assumidas pela pessoa, como uma

    forma de garantir o seu bem-viver. Independe das fronteiras geogrficas e

    garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam

    este mesmo referencial moral comum.

    O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada

    pelas fronteiras do Estado. As leis tm uma base territorial, que valem apenas

    para a rea geogrfica onde uma determinada populao ou seus delegados

    vivem.

    A tica o estudo geral do que bom ou mau, correto ou incorreto, justo

    ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos a busca de

    justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela diferente

    de ambos Moral e Direito pois no estabelece regras.

  • 53

    TICA PROFISSIONAL: QUANDO SE INICIA

    ESTA REFLEXO?

    Esta reflexo sobre as aes realizadas no exerccio de uma profisso deve

    iniciar bem antes da prtica profissional. A fase da escolha profissional, ainda

    durante a adolescncia muitas vezes, j deve ser permeada por esta reflexo. A

    escolha por uma profisso optativa, mas ao escolh-la, o conjunto de deveres

    profissionais passa a ser obrigatrio.

    Geralmente, quando voc jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o

    conjunto de deveres que est prestes a assumir, tornando-se parte daquela

    categoria.

    Toda a fase de formao profissional, o aprendizado das competncias e

    habilidades, referentes prtica especfica numa determinada rea, devem

    incluir a reflexo, antes do incio dos estgios. Ao completar a formao em nvel

    superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adeso e

    comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isso

    caracteriza o aspecto moral da chamada tica Profissional, a adeso voluntria

    a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o

    seu exerccio.

    fundamental ter sempre em mente que h uma srie de atitudes que no

    esto descritas nos cdigos de todas as profisses, mas que so comuns a todas

    as atividades que uma pessoa pode exercer.

    Atitudes de generosidade e cooperao no trabalho em equipe, mesmo

    quando exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto maior

    de atividades que dependem do bom desempenho desta.

    Uma postura proativa, por exemplo, no ficar restrito s tarefas

    solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que

    temporrio.

    Se sua tarefa varrer ruas, voc pode se contentar em varrer e juntar o

    lixo, mas voc pode tambm tirar o lixo que v que est prestes a cair na rua,

  • 54

    podendo futuramente entupir uma sada de escoamento e causando uma

    acumulao de gua quando chover.

    TICA PROFISSIONAL E RELAES SOCIAIS

    http://www.uapi.ufpi.br/conteudo/disciplinas/filosofia/imagens/02_etica_profissional.gif

    O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de

    gua da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se no h umidade no

    local destinado para colocar caixas de alimentos; o mdico cirurgio que confere

    as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do

    asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa aps ir ao banheiro;

    o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que no maquia o balano

    de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a

    construo de uma ponte, todos esto agindo de forma eticamente correta em

    suas profisses, ao fazerem o que no visto, ou aquilo que, algum vendo, no

    saber quem fez.

    As leis de cada profisso so elaboradas com o objetivo de proteger os

    profissionais, as pessoas que dependem deles. H, porm muitos aspectos no

    previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional

    com a tica, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa

    certa.

  • 55

    QUAIS OS LIMITES DE UM CDIGO DE TICA?

    Um cdigo de tica no tem fora jurdica de lei universal, porm deveria

    ter fora simblica para tal. Embora um cdigo de tica possa prever sanes

    para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependero sempre da

    existncia de uma legislao, que lhe juridicamente superior, e por ela limitado.

    Por essa limitao, o cdigo de tica um instrumento frgil de regulao dos

    comportamentos de seus membros.

    Essa regulao s ser tica quando o cdigo de tica for uma convico

    que venha do ntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo

    de elaborao do cdigo de tica, para que ele tenha a fora da legitimidade.

    Quanto mais democrtico e participativo esse processo, maiores as

    chances de identificao dos membros do grupo com seu cdigo de tica e, em

    consequncia, maiores as chances de sua eficcia.

    O princpio fundamental que constitui a tica este: o outro um sujeito de

    direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O fundamento

    dos direitos e da dignidade do outro a sua prpria vida e a sua liberdade

    (possibilidade) de viver plenamente.

    As obrigaes ticas da convivncia humana devem pautar-se no apenas

    por aquilo que j temos, realizamos, somos, mas tambm por tudo aquilo que

    poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser so parte

    de nossos direitos e de nossos deveres. parte da tica da convivncia.

    A atitude tica uma atitude de amor pela humanidade. A moral tradicional

    do liberalismo econmico e poltico acostumaram-nos a pensar que o campo da

    tica o campo exclusivo das vontades e do livre arbtrio de cada indivduo.

    Nessa tradio, tambm, a organizao do sistema econmico-poltico-jurdico

    seria uma coisa neutra, natural, e no uma construo consciente e

    deliberada dos homens na sociedade.

  • 56

    TICA E SISTEMA ECONMICO

    http://dicaedinheironanet.com/blog1/wp-content/uploads/2014/01/o-que-vale-mais-dinheiro-ou-

    etica.jpg

    O sistema econmico o fator mais determinante de toda a ordem (e

    desordem) social. o principal gerador dos problemas, assim como das

    solues ticas. O fato de o sistema econmico parecer ter vida prpria,

    independente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade

    tica dos que esto em seu comando.

    O sistema econmico mundial, do ponto de vista dos que o comandam,

    uma vasta e complexa rede de hbitos consentidos e de compromissos

    reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua responsabilidade tica

    individual no existe.

    A moral dominante do sistema econmico diz que pelo trabalho qualquer

    indivduo pode ter acesso riqueza. A crtica econmica diz que a reproduo

    da misria econmica estrutural. Sendo assim, dentro de uma viso tica, pode

  • 57

    se dizer que se exigem transformaes radicais e globais na estrutura do sistema

    econmico.

    TICA E MEIO AMBIENTE

    http://www.infojovem.org.br/wp-content/uploads/2009/06/meio_ambienteq1400.jpg

    A voracidade predatria do sistema econmico vigente o faz enxergar a

    natureza to somente como fonte de matrias-primas para a produo de

    mercadorias. Com isso, a natureza torna-se ela prpria uma mercadoria.

    O trabalho a ao humana que transforma a natureza para o homem.

    Mas, para que cumpra essa finalidade de sustentar e humanizar o homem deve

    realizar-se de modo autossustentvel para a natureza e para o homem. A

    voracidade predatria de nosso sistema econmico est rompendo

    perigosamente o equilbrio de autossustentabilidade entre a natureza e o

  • 58

    homem. Preservar e cuidar da natureza o mesmo que preservar e cuidar da

    humanidade, das geraes atuais e futuras. Preservar e cuidar do meio ambiente

    uma responsabilidade tica diante da natureza humana.

    O pensamento ps-moderno rejeita o conceito defendido pela modernidade

    de que existem verdades absolutas e fixas. Toda verdade relativa e depende

    do contexto social e cultural em que as pessoas vivem. Cada um percebe a

    verdade de sua prpria forma. No h verdade, mas sim verdades que no

    se contradizem, mas se complementam. Isso inclui verdades religiosas.

    Conceitos como Deus so totalmente relativos. A nica inverdade que

    existe insistir em dizer que existe verdade fixa e absoluta!

    Nesta poca de ps-modernidade, surgiu o conceito do politicamente

    correto na mentalidade pluralista e inclusivista, a opinio e as convices de

    todos tm de ser respeitadas. A razo para esse respeito que a opinio de

    um vista como to verdadeira quanto do outro. Assim, torna-se politicamente

    incorreto criticar as opinies, a conduta e as preferncias morais, polticas e

    religiosas de algum.

    O contemporneo incerto e ainda problemtico, precisando de

    ressignificaes dos papis e das funes, cujos atores humanos tm a plateia

    humana sem bssola e sempre os temas centrais dos atos so a tica.

    Existem quatro eixos de contedos relativos tica. So eles: respeito

    mtuo, justia, dilogo e solidariedade.

    Quando nos referimos ao espectro tico em uma determinada prtica

    social/profissional, de maneira que possamos reconhecer a existncia de

    expectativas e de avaliaes, cabe-nos sempre uma profunda indagao: o que

    se tem feito e dito a respeito de ns, profissionais da rea Metalrgica?

    Qual a nossa imagem de tica vivenciada? Essa imagem de um educador

    se considerada como tica revela a essncia de minha funo profissional e

    obscurece uma prtica contrria aos princpios que acredito existirem?

    A transgresso da tica surge pela inconformidade e pela falta do

    conhecimento e no necessariamente pela m-f, se no estiverem atreladas ao

  • 59

    no moral. No entanto, no podemos esquecer que no campo da tica, no

    devemos estabelecer configuraes apriorsticas.

    As regras dificilmente sero as mesmas, porm, mesmo quando o

    conhecimento e as competncias so diferentes, a funcionalidade processual

    formal deve ser explicitada. Caso haja rompimentos de regras, preciso rever o

    contrato e refletir a prtica no campo da dialtica, nascendo semente tica do

    sucesso de qualquer profisso.

    A ao do Tcnico em Metalurgia, a exemplo, que observa sob uma viso

    multilocular o mesmo fenmeno, realizando mltiplas leituras para interpretar a

    realidade, refletida na compreenso global do real, deve de forma clara e

    competente transformar o universo interdisciplinar e multidisciplinar de sua

    formao acadmica, atravs de um suporte dialtico e interacional do

    conhecimento, a partir de suas prprias experincias sociais e humanas.

    Reconstruir valores de forma contnua, convergentes e integradores ao

    conhecimento de outras disciplinas, permite desenvolver, no campo filosfico,

    espaos para a compreenso existencial sob vrios ngulos da prtica humana

    que do real sentido vida social e profissional.

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    cpt.jpg

    Numa perspectiva mais ampla e comparativa, se o tecido social resulta dos

    diversos vetores individuais e coletivos, no demais admitir que o vcuo tico

  • 60

    nas relaes entre profissionais, organizaes, fornecedores e consumidores

    tem forte correlao com a fragilidade da tica pessoal, est hoje bem

    caracterizada pelo excessivo interesse do indivduo por si prprio, pelo

    individualismo exacerbado, pelo narcisismo desmedido e pelo frgil sentido de

    solidariedade.

    Com efeito, se as organizaes so dirigidas por pessoas que assimilam

    no virtudes, e se estas pessoas moldam as crenas das organizaes, na

    medida em que o homem despreza valores humanos, as organizaes tendem

    a fazer o mesmo e a resvalar na moral e, s vezes, a abandonar a tica.

    DEVERES PROFISSIONAIS

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    Quando direcionamos nossas capacidades e nveis de competncias para

    permitir um desempenho eficaz da profisso escolhida, estamos exercitando

    deveres ticos. A satisfao de quem recebe esses benefcios o referencial

    das nossas atitudes que governam as aes do indivduo perante o outro, ele

    prprio, a sociedade e o Estado.

  • 61

    O compromisso diante de um agregado de deveres ticos compatveis com

    a tarefa profissional, precisa superar o complexo de valores pertinentes a cada

    profisso, at tornar-se um valor mais amplo da tica profissional universal.

    O primeiro dever est na escolha da profisso seguida do conhecimento

    sobre ela para finalmente ser capaz de exerc-la dentro de uma prtica plena de

    conduta cujos lastros de valorao profissional sejam os valores adotados pela

    classe, sociedade e pelo prprio indivduo. preciso que o sujeito e sua

    profisso faam um casamento pleno de prazer e influxos de amor.

    A escolha das tarefas deve ser a provenincia do dever a ser cumprido,

    visando qualidade da execuo, dentro de uma conduta valorosa e refletida

    por prticas teis e cheias de usufrutos e benefcios. A, sim, ocorrer o pleno

    dever tico.

    A identificao prazerosa com as tarefas de um trabalho precisa de

    convices da escolha e dos sentimentos envolvidos com a escolha autnoma,

    pois quando um aluno perguntou a Mozart: O que devo compor mestre?

    Ele respondeu: - preciso esperar. A impacincia do aluno o fez retrucar,

    dizendo que o mestre j compunha desde os 5 anos, ao que o gnio da msica

    lhe respondeu: Mas eu nunca perguntei a ningum o que deveria compor.

    O dever deve fluir como um sentimento que faz bem e no como algo que

    precisa ser cumprido a todo preo, para rapidamente se livrar do peso provocado

    pela falta de condies essenciais de opo. A conscincia que monitora as

    transgresses ticas que violentam a vontade humana e ela mesma

    responsvel pela corrupo que fragmenta o ser ao longo da vida.

    Quem aceita tarefas sem ter a capacidade de exerc-las, condenvel

    como prtica antitica em funo dos prejuzos que pode vir a causar a terceiros,

    desde que anteriormente seu juzo os tenha identificado. Essa infrao tica

    precisa ser superada pelo dever profissional de buscar conhecimentos e

    competncias necessrios para a execuo de tarefas desafiadoras. No

    reconhecer que uma deciso faz a grande diferena diante das possveis

    consequncias, j significa uma premissa antitica.

  • 62

    Como profissional deve-se permanentemente refletir sobre a condio

    humana para se reconhecer permanentemente aprendizado com os outros

    identificando situaes em que o exigvel no executvel. Ainda, o profissional

    em Metalurgia tem o dever de conhecer e aprimorar-se no exerccio da sua

    prtica profissional como tambm produzir avaliaes sobre os nveis de

    competncias emocionais, profissionais, intelectuais e cognitivas necessrias

    para que o exigvel seja algo natural e sem traumas.

    Encontrar-se com os sentimentos que nutrem o dever tico profissional

    buscar a conscincia necessria para dominar o conhecimento, ter posse

    relativa do saber, percepo integral do objeto de trabalho e traar seus objetivos

    voltados qualidade ou eficcia das tarefas. No se deve esquecer os limites do

    cumprimento dos deveres e das condies pelas quais o dever da tica fica

    comprometido pelas circunstncias alheias vontade humana, permitindo que

    foras externas se sobreponham.

    Os achismos do quase bom ou das intenes por negligncia, que levam

    a aceitar o menos mal no podem ser justificativa para o trabalho ineficaz. O

    alcance da plenitude tica decorrente do xito profissional e do caminho

    percorrido pela prtica valorosa e virtuosa em interao humana, social e

    institucional, interagindo com suas competncias intrapessoais voltadas para o

    xtase das realizaes e aos sentimentos do dever cumprido.

    dessa matriz que surgem o zelo e a busca constantes da excelncia que

    faz o grande encontro com os sentimentos de lealdade com aquele que

    beneficiado. Cada virtude identifica uma capacidade desejvel ou u