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1 INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA Ética nos serviços de saúde

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INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

Ética nos serviços de saúde

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Minas Gerais - 2012

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03

1 O QUE É ÉTICA? ......................................................................................... 07

1.1 Origens ....................................................................................................... 07

1.2 Definições ................................................................................................... 10

1.3 O pensamento dos filósofos ....................................................................... 12

1.4 Valores éticos ............................................................................................. 16

2 ÉTICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ............................................................ 20

2.1 As regras deontológicas e os profissionais da saúde ................................. 20

2.2 A humanização como expressão de ética .................................................. 21

2.3 Sugestão de parâmetros para avaliar os níveis de humanização .............. 25

3 RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM EQUIPE,

QUALIDADE NO ATENDIMENTO PÚBLICO ................................................. 29

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .......................................... 31

AVALIAÇÃO .................................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

Sejam bem vindos ao módulo de Ética no Serviço Público, que compõe os

cursos oferecidos pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais.

Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação

daqueles que se candidataram a esta especialização, procuramos referências

atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.

As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,

afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos

educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou

aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e

provado pelos pesquisadores.

Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos

colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada

está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e

melhorar nosso trabalho.

Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês

são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que:

aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é

demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação

dos nossos/ seus alunos.

Deste modo, o módulo em questão traz os seguintes conteúdos: Ética:

origens, definições, o pensamento dos filósofos, valores éticos. As regras

deontológicas. A ética no serviço público: conflitos, interesses, o decreto n. 1171/94.

As relações humanas, o trabalho em equipe, os fatores positivo do relacionamento e

a qualidade no atendimento público.

O módulo tem como objetivo geral levar o profissional a perceber que a ética

permeia todo a vida do sujeito, quer seja no ambiente pessoal quanto profissional.

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Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos

serem os mais importantes para a disciplina.

Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de

redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.

Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final

da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar

dúvidas e aprofundar os conhecimentos.

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Inferências iniciais...

A Ética é a ciência da verdade; não existe uma ética da mentira, nem a meia

ética e ambas, ética e verdade são a essência da consciência humana. Ninguém

lhes pode ser indiferente.

A omissão da consciência é tão dolorosa que o homem, quando não

consegue seguir seus ditamos, inventa simulacros de ética e de verdade. Cria

caricaturas da ética, sacrificando a verdade por meio de retóricas ideológicas, assim,

prevalecem as exteriorizações que nada mais são do que a relativização da ética,

que corresponde à elasticidade da consciência.

A ética e a verdade, por habitarem a consciência, vêm de dentro, têm a ver

com o ser: ou é ou não se é! (MATOS, 2008).

A ética é o fundamento da sociedade!

Não há possibilidade de vida social sem que haja observância de princípios

éticos.

A sociedade apoia-se em três conceitos, seus pilares éticos:

1. É essencial que ela seja justa – que haja oportunidade para todos;

2. É essencial que ela seja livre – que a vontade educada torne a liberdade

responsável;

3. É vital que ela seja solidária – que haja compromisso com o bem pessoal e o

bem comum.

Ética da simulação ou meia-ética são mentiras inteiras que não resistem à

verdade, no tempo, mas estão ai camufladas no meio social e nosso interesse é

justamente levá-los a refletir que o compromisso com a sociedade, o respeito à

dignidade humana passam necessariamente pela ética, onde quer que esteja o

profissional, na educação, nos serviços de saúde, na administração pública, no meio

empresarial, ele deve permear seu viver na ética.

Para que sejam cumpridas as funções básicas da sociedade, são

imprescindíveis desenvolverem-se, igualmente, três capacidades, eminentemente

éticas:

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Liderança integrada – não basta que haja líderes, eles devem estar

integrados por verdades comuns;

Organização flexível – que as estruturas estimulem a participação, a

criatividade, a descentralização e a delegação de autoridade;

Visão e ação estratégicas – que se desenvolva simultaneamente a

percepção diagnóstica (saber o que está acontecendo) e o pensamento

estratégico (saber definir cenários do porvir e tomar decisões eficazes)

(MATOS, 2008).

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1 O QUE É ÉTICA?

Desde suas origens entre os filósofos da antiga Grécia, a Ética é um tipo de

saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres

humanos. A moral também é um saber que oferece orientações para a ação, mas

enquanto ela propõe ações concretas em casos concretos, a Ética – como Filosofia

moral – remonta à reflexão sobre as diferentes morais e as diferentes maneiras de

justificar racionalmente a vida moral, de modo que sua maneira de orientar a ação é

indireta: no máximo, pode indicar qual concepção moral é mais razoável para que, a

partir dela, possamos orientar nossos comportamentos (CORTINA; MARTÍNEZ,

2009).

Portanto, em princípio, a Filosofia moral ou Ética não tem motivos para ter

uma incidência imediata na vida cotidiana, pois seu objetivo último é esclarecer

reflexivamente o campo da moral. No entanto, esse esclarecimento, certamente

pode servir de modo indireto como orientação moral para os que pretendam agir

racionalmente no conjunto da sua vida.

1.1 Origens

Ética é uma palavra de origem grega, com duas origens possíveis. A

primeira é a palavra grega éthos, com e curto, que pode ser traduzida por costume,

a segunda também se escreve éthos, porém com e longo, que significa propriedade

do caráter. A primeira é a que serviu de base para a tradução latina Moral, enquanto

que a segunda é a que, de alguma forma, orienta a utilização atual que damos a

palavra Ética (GOLDIM, 2000).

Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom.

Ética significa modo de ser, caráter, comportamento. É o ramo da filosofia

que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade.

Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas,

tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a

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ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento

humano.

Na filosofia clássica, a ética não se resume ao estudo da moral (entendida

como “costume”, do latim mos, mores), mas a todo o campo do conhecimento que

não é abrangido na física, metafísica, estética, na lógica e nem na retórica.

Assim, a ética abrangia os campos que atualmente são denominados

antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, educação física e até

mesmo política, em suma, campos direta ou indiretamente ligados a maneiras de

viver.

Porém, com a crescente profissionalização e especialização do

conhecimento que se seguiu à revolução industrial, a maioria dos campos que eram

objeto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabelecidos como

disciplinas científicas independentes. Deste modo, é comum que atualmente a ética

seja definida como “a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas morais

nas sociedades humanas” e busca explicar e justificar os costumes de um

determinado agrupamento humano, bem como fornecer subsídios para a solução de

seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência

que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-

se do ponto de vista do Bem e do Mal.

A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa

frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a

lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a

cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas;

por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da

ética.

Modernamente, a maioria das profissões tem o seu próprio código de ética

profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da

ética, frequentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos

passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não

estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por

exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta

profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas

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pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou

definitiva do direito de exercer a profissão.

A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser

humano chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa. (...) A Ética

se ocupa e pretende a perfeição do ser humano.

Ética existe em todas as sociedades humanas, e, talvez, mesmo entre

nossos parentes não humanos mais próximos. Podemos abandonar o pressuposto

de que a Ética é unicamente humana.

A Ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar

que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em

particular (moralidade), ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós

devemos agir (filosofia moral).

É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito.

Estas três áreas de conhecimento se distinguem, porém têm grandes vínculos e até

mesmo sobreposições (GOLDIM, 2003).

Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer

uma certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.

A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma

forma de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e

garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este

mesmo referencial moral comum.

O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada

pelas fronteiras do Estado. As leis tem uma base territorial, elas valem apenas para

aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem.

O Direito Civil, que é referencial utilizado no Brasil, baseia-se na lei escrita. A

Common Law, dos países anglo-saxões, baseia-se na jurisprudência. As sentenças

dadas para cada caso em particular podem servir de base para a argumentação de

novos casos. O Direito Civil é mais estático e a Common Law mais dinâmica.

Alguns autores afirmam que o Direito é um sub-conjunto da Moral. Esta

perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável.

Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A

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desobediência civil ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa

acate uma determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de

referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.

Sintetizando: A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos

objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e

pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras.

Esta reflexão sobre a ação humana é que a caracteriza (GOLDIM, 2003).

1.2 Definições

Ético (ethos): disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas,

seus motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo

que se considera o bem.

Análise da capacidade humana de escolher, ser livre e responsável por sua

conduta entre os demais. Para alguns autores, o mesmo que moral (MARTINS,

2002).

Anti-ético: contra uma ética estabelecida ou contra a ideia (da ética) de

estabelecer o que devemos fazer ou quem queremos ser levando os outros em

consideração. Muitas vezes, o antiético têm ideias éticas próprias.

Aético: sem ética, mas não contra uma ou outra ética.

Para o Professor de Filosofia Alfredo de Oliveira Moraes (2000) o termo ética

provém de outro, mais especificamente de ethos, o qual por sua vez corresponde,

em nosso idioma, a uma transliteração dos dois vocábulos gregos, sejam: ethos com

eta inicial cuja raiz semântica remete ao significado de morada do homem, sendo o

ethos designativo da casa do homem, resumido na bela expressão – o homem

habita sobre a terra acolhendo-se ao recesso seguro do ethos.

Na visão do teólogo Leonardo Boff (2000) “O centro do ethos é o bem

(Platão), pois somente ele permite que alcancemos nosso fim, que consiste em

sentirmo-nos em casa. E nos sentirmos bem em casa (temos um ethos, realizamos o

fim almejado) quando criarmos mediações adequadas, como hábitos, certas normas

e maneiras constantes de agir. Por elas, habitamos o mundo, que pode ser a casa

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concreta, ou o nosso nicho ecológico local, regional ou nossa casa maior, o planeta

Terra”.

Ética é a ciência da moral (SILVA, 1999).

Dalai Lama (2000), de maneira simples nos diz que ético “é aquele que não

prejudica a experiência ou a expectativa de felicidade de outras pessoas”.

Robert Henry Srour (2000) ensina que a moral vem a ser um conjunto de

valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades

adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou

uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, ao estudo

sistemático, a moral correspondente às representações imaginárias que dizem aos

agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem-vindos e

quais não. Em resumo, as pautas de ação ensinam o “o bem fazer” ou o “fazer

virtuoso”, a melhor maneira de agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o

permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício.

Para José Renato Nalini (1999) a ética é uma ciência, pois tem objeto

próprio, leis próprias e método próprio. O objeto da ética é a moral. A moral é dos

aspectos do comportamento humano. A expressão deriva da palavra romana mores,

com o sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de

sua prática.

A ética e a moral não devem ser confundidas. Segundo os estudiosos do

assunto, a ética não cria a moral (MARTINS, 2002).

O Professor de ética Mário Alencastro (2000) assevera que toda moral

supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética

que os estabelece numa determinada comunidade. A ética depara com uma

experiência histórico-social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas

morais já em vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da moral, sua

origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação

moral, a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes

juízos e o princípio que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas

morais.

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“Os problemas éticos, ao contrário dos prático-morais são caracterizados

pela sua generalidade. Por exemplo, se um indivíduo está diante de uma

determinada situação, deverá resolvê-la por si mesmo, com a ajuda de uma norma

que reconhece e aceita intimamente, pois o problema do que fazer numa dada

situação é um problema prático-moral e não teórico-ético. Mas, quando estamos

diante de uma situação, como, por exemplo, definir o conceito de Bem, já

ultrapassamos os limites dos problemas morais e estamos num problema geral de

caráter teórico, no campo de investigação da ética. Tanto assim, que diversas

teorias éticas organizaram-se em torno da definição do que é Bem. Muitos filósofos

acreditaram que, uma vez entendido o que é Bem, descobriríamos o que fazer

diante das situações apresentadas pela vida. As respostas encontradas não são

unânimes e as definições de Bem variam muito de um filósofo para outro. Para uns,

Bem é o prazer, para outros é o útil e assim por diante” (ALENCASTRO, 2000).

1.3 O pensamento dos filósofos

Na antiguidade, todos os filósofos entendiam a ética como o estudo dos

meios de se alcançar a eudaimonia1 e investigar o que significa felicidade. Porém,

durante a Idade Média, a filosofia foi dominada pelo cristianismo e pelo islamismo, e

a ética se centralizou na moral (interpretação dos mandamentos e preceitos

religiosos).

No renascimento e no século XVII, os filósofos redescobriram os temas

éticos da antiguidade, e a ética foi entendida novamente como o estudo dos meios

de se alcançar o bem estar e a felicidade.

A seguir são descritas brevemente as teorias éticas de alguns filósofos

clássicos:

1 O fenômeno da felicidade

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Para a escola cirenaica2, a felicidade consistia no gozo de todo prazer

imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer para que não se

desenvolvesse uma dependência dos prazeres.

Demócrito de Abdera afirmava que, ao buscarmos ser felizes, devemos fazer

poucas coisas afim de que o que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos

leve à inquietação. Dizia que “é sábio quem não se aflige com o que lhe falta e se

alegra com o que possui” e que “a moderação aumenta o gozo e acresce o prazer”.

Afirmava que a agressividade é insensata porque “enquanto se busca prejudicar o

inimigo, esquecemos o nosso próprio interesse”.

Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, afirma que a felicidade

(eudemonia) não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras,

mas numa vida virtuosa. A virtude (areté), por sua vez, se encontra num justo meio

entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (phronesis)

e educado pelo hábito no seu exercício.

Aristóteles faz uma distinção entre os saberes teóricos, poiéticos e práticos

que nos levam a entender melhor que tipo de saber constitui a ética.

Os saberes teóricos (do grego theorein: ver, contemplar) ocupam-se de

averiguar o que são as coisas, o que ocorre de fato no mundo e quais são as causas

objetivas dos acontecimentos. São saberes descritivos, mostram-nos o que existe, o

que é, o que acontece. As diferentes ciências da natureza (Física, Química, Biologia,

Astronomia, etc.) são saberes teóricos na medida em que o que buscam é,

simplesmente, mostrar-nos como é o mundo.

Aristóteles dizia que os saberes teóricos versam sobre “o que não pode ser

de outra maneira”, ou seja, o que é assim porque assim o encontramos no mundo,

não porque assim o dispôs a nossa vontade: o sol aquece, os animais respiram a

água se evapora, as plantas crescem... tudo isso é assim e não podemos mudá-lo a

nosso bel-prazer. Podemos tentar impedir que uma coisa concreta seja aquecida

pelo sol, utilizando para tanto quaisquer meios que tenhamos a nosso alcance, mas

2 Escola de pensamento fundada em Atenas, por Aristipo de Cirene. Foi a partir do nome desta cidade que os

cirenaicos receberam sua denominação. É considerada pela tradição uma das chamadas escolas socráticas,

juntamente com os cínicos e os megáricos. Tais escolas recebem esta denominação por se configurar, cada uma

delas, como uma determinada interpretação dos ensinamentos de Sócrates, especialmente no que concerne à

correlação entre conhecimento e virtude.

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que o sol aqueça ou não aqueça não depende de nossa vontade: pertence ao tipo

de coisas que “não podem ser de outra maneira”.

Em contrapartida, os saberes poiéticos e práticos versam, segundo

Aristóteles, sobre “o que pode ser de outra maneira”, ou seja, sobre o que podemos

controlar à vontade. Os saberes poiéticos (do grego poiein: fazer, fabricar, produzir)

são aqueles que nos servem de guia para a elaboração de algum produto, de

alguma obra, quer seja algum tipo de artefato útil (como construir uma roda ou tecer

uma manta) ou simplesmente um objeto belo (como uma escultura, uma pintura ou

um poema) (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).

As técnicas e as artes são saberes desse tipo. O que hoje chamamos de

“tecnologias” são igualmente saberes que abarcam tanto a simples técnica -

baseada em conhecimentos teóricos - como a produção artística.

Os saberes poiéticos, diferentemente dos saberes teóricos, não descrevem

o que existe, mas procuram estabelecer normas, padrões e orientações sobre como

se deve agir para atingir o fim desejado (ou seja, uma roda ou uma manta bem

feitas, uma escultura, uma pintura ou um poema belos). Os saberes poiéticos são

normativos, porém não pretendem servir de referência para toda a nossa vida, mas

unicamente para a obtenção de certos resultados que supostamente buscamos.

Por sua vez, os saberes práticos (do grego práxis: atividade, tarefa,

negócio), que também são normativos, são aqueles que procuram orientar-nos

sobre o que devemos fazer para conduzir nossa vida de uma maneira boa e justa,

como devemos agir, qual decisão é a mais correta em cada caso concreto para que

a própria vida seja boa em seu conjunto. Tratam do que deve existir, do que deveria

ser (embora ainda não seja), do que seria bom que acontecesse (segundo alguma

concepção do bem humano). Tentam nos mostrar como agir bem, como nos

conduzir adequadamente no conjunto de nossa vida (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).

Na classificação aristotélica, os saberes práticos eram agrupados sob o

rótulo “filosofia prática”, rótulo que abarcava não só a Ética (saber prático destinado

a orientar a tomada de decisões prudentes que nos levam a conseguir uma vida

boa), mas também a Economia (saber prático encarregado da boa administração

dos bens da casa e da cidade) e a Política (saber prático que tem por objeto o bom

governo da pólis).

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Para Epicuro3 a felicidade consiste na busca do prazer, que ele definia como

um estado de tranquilidade e de libertação da superstição e do medo (ataraxia),

assim como a ausência de sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade não é a busca

desenfreada de bens e prazeres corporais, mas o prazer obtido pelo conhecimento,

amizade e uma vida simples. Por exemplo, ele argumentava que ao comermos,

obtemos prazer não pelo excesso ou pelo luxo culinário (que leva a um prazer

fortuito, seguido pela insatisfação), mas pela moderação, que torna o prazer um

estado de espírito constante, mesmo se nos alimentarmos simplesmente de pão e

água.

Para os filósofos cínicos, a felicidade era identificada com o poder sobre si

mesmo ou autossuficiência (em grego, autárkeia) e é alcançada eliminando-se da

vontade todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior. Defendiam um retorno à

vida da natureza, errante e instintiva, como a dos cães. Desacreditavam as

conquistas da civilização, suas estruturas jurídicas, religiosas e sociais.

Para os estóicos, a felicidade consiste em viver de acordo com a lei racional

da natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo. O

homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande

ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade e indiferença

perante as tragédias e alegrias.

Espinoza, em sua obra Ética, afirma que a felicidade é encontrada através

da alegria ativa, que nos possibilita ultrapassar as paixões (tristeza e alegria

passivas). A alegria ativa consiste em compreender e ativamente criar as

condições/oportunidades exteriores que levam à alegria e ao amor (o amor é

definido por ele como a alegria que associamos a uma causa exterior a nós), contra

a tristeza e o ódio (o ódio é definido por ele como a tristeza que associamos a uma

causa exterior a nós). Ele criticava severamente os filósofos cristãos medievais que

afirmavam que a tristeza e o sofrimento são bons (como em Cristo).

Para Espinoza, unicamente a alegria nos leva ao amor no cotidiano e na

convivência com os outros, enquanto a tristeza nunca é boa, intrinsecamente

relacionada ao ódio, à tristeza sempre é destrutiva para nós e para os outros.

3 Um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas

se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.

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1.4 Valores éticos

A ética aristotélica afirma que existe moral porque os seres humanos

buscam inevitavelmente a felicidade, a ventura, e para alcançar plenamente esse

objetivo necessitam das orientações morais.

Mas, além disso, ela nos proporciona critérios racionais para averiguar que

tipo de comportamentos, quais virtudes, em suma, que tipo de caráter moral é o

adequado para essa finalidade.

Desse modo, Aristóteles entende a vida moral como um modo de “auto-

realização” e por isso dizemos que a ética aristotélica pertence ao grupo de éticas

eudemonistas, porque assim se aprecia melhor a diferença em relação a outras

éticas. Para ele os valores seriam:

1-Próprias do intelecto teórico:

Inteligência (nous)

Ciência (episteme)

Sabedoria (Sofia)

2-Próprias do intelecto prático:

Prudência (frónesis)

Arte ou técnica (tekne)

Discrição (gnome)

Perspicácia (euboulía)

3-Próprias do autodomínio:

Fortaleza ou coragem (andreía)

Temperança ou moderação (sofrosine)

Pudor (aidos)

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4-Próprias das relações humanas:

Justiça (dikaiosine)

Generosidade ou liberdade (eleutheríotes)

Amabilidade (filia)

Veracidade (aletheía)

Bom humor (eutrapelía)

Afabilidade ou doçura (praotes)

Magnificência (megaloprepéia)

Magnanimidade (megalofijía) (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).

Para Scheler4, existe uma ciência pura dos valores, uma axiologia pura, que

se sustenta em três princípios:

1. Todos os valores são negativos ou positivos;

2. Valor e dever estão relacionados, pois a captação de um valor não realizado é

acompanhada pelo dever de realizá-lo;

3. Nossa preferência por um valor e não por outro verifica-se porque nossa

intuição emocional capta os valores já hierarquizados. A vontade de realizar

um valor moral superior em vez de um inferior constitui o bem moral, e seu

contrário é o mal. Não existem, portanto, valores especificamente morais.

Esse modelo ético foi seguido e ampliado por pensadores como Nicolai

Hartmann, Hans Reiner, Dietrich Von Hildebrand e José Ortega y Gasset, que

chamou a intuição emocional de “estimativa” e incluiu os valores morais na

hierarquia objetiva, diferentemente de Scheler, como mostra o quadro abaixo.

4 Max Scheller (1874-1928) foi um filósofo fenomenologista, preocupado especialmente com a filosofia dos

valores.

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Valores positivos e negativos

Úteis

Capaz – incapaz

Caro – barato

Abundante – escasso

Vitais

Saudável – doente

Selecionado – vulgar

Cheio de energia – inerte

Forte – fraco

Espirituais

Intelectuais

Conhecimento – erro

Exato – aproximado

Evidente – provável

Morais

Bom – mau

Bondoso – maldoso

Justo – injusto

Escrupuloso – negligente

Leal – desleal

Estéticos

Bonito – feio

Gracioso – tosco

Elegante – deselegante

Harmonioso – desamôrnico

Religiosos

Santo ou sagrado – profano

Divino – demoníaco

Supremo – derivado

Milagroso – mecânico

Fonte: ORTEGA y GASSET (1993, p. 334)

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Surgida na década de 1970 a ética do discurso propõe encarnar na

sociedade os valores e liberdade, justiça e solidariedade por meio do diálogo, como

único procedimento capaz de respeitar a individualidade das pessoas e, ao mesmo

tempo, sua inegável dimensão solidária, porque em um diálogo precisamos contar

com pessoas, mas também com a relação que existe entre elas, a qual, para ser

humana, deve ser justa.

Esse diálogo nos permitirá questionar as normas vigentes em uma

sociedade e distinguir quais são moralmente válidas, porque acreditamos realmente

que humanizam.

Obviamente, não é qualquer forma de diálogo que nos levará a distinguir o

socialmente vigente do moralmente válido, por isso a ética discursiva tentará

apresentar o procedimento dialógico adequado para alcançar essa meta, e mostrar

como ele deveria funcionar nos diferentes âmbitos da vida social. Por isso, divide

sua tarefa em duas partes: uma dedicada à fundamentação – à descoberta do

princípio ético – e outra à aplicação deste à vida cotidiana (CORTINA; MARTÍNEZ,

2009).

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2 ÉTICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

2.1 As regras deontológicas e os profissionais da saúde

A ação humana, sob o aspecto da moral, é fundada em valores criados

segundo juízos apreciativos vividos pelos sujeitos em suas relações entre si e com a

natureza, e que são concretizados objetivamente por normas práticas de ação e em

costumes culturais das sociedades (ZUBIOLI, 2004).

Estas palavras remetem para a Deontologia, uma das teorias normativas,

segundo as quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou permitidas.

Deontologia ou ética profissional é uma disciplina filosófica que em última

instância busca a melhoria da conduta e o bom relacionamento dos indivíduos nos

grupos específicos e na sociedade em geral em que estão inseridos.

Partindo do pressuposto de que a Deontologia compreende um conjunto

específico de deveres, aos quais são obrigados os membros de uma profissão,

deveres estes diferentes daqueles impostos pela lei, acredita-se que profissionais de

saúde é exigido muito mais do que simplesmente cumprir com as exigências éticas

gerais impostas pela legislação vigente.

Os profissionais da área de saúde precisam pautar sua conduta nos moldes

preconizados pela profissão abraçada por diversar razões, mas uma delas

prevalece: o trato com o ser humano, o que lhes reservam, portanto, grande

responsabilidade, precisando ser persuasivo e ao mesmo tempo humano (ZUBIOLI,

2004).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (1993), “prover medicamentos e

outros produtos e serviços para a saúde e ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-

los da melhor maneira possível é a missão de algumas práticas de saúde”. Essa

missão precisa do envolvimento de profissionais com formação direcionada para não

deixar nenhum dos elos da cadeia de atendimento a descoberto, ou seja, desde a

produção até o usuário final.

A atuação destes profissionais inclui uma somatória de atitudes,

comportamentos, co-responsabilidades e habilidades na prestação dos serviços,

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com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos eficientes e seguros,

privilegiando a saúde e a qualidade de vida do paciente (MARTINEZ, 1996 apud

OLIVEIRA et al, 2005).

2.2 A humanização como expressão de ética

A necessidade de melhorar a qualidade do relacionamento e atendimento

nos hospitais e nos serviços de saúde de maneira geral, onde podemos considerar

também as Unidades Básicas de Saúde, os Programas de Saúde da Família, os

prontos-socorros municipais dentre outros, buscando cumprir um dos artigos da

Constituição Federal – direito de qualquer cidadão ao atendimento na saúde, levou o

Ministério da Saúde a lançar sua Política Nacional de Humanização, a priori para o

serviço público, mas que contagiou também as demais instituições de saúde.

Numa concepção ampla ou numa visão holística, humanizar é tornar-se mais

rico em humanidade, em sensibilidade, em afetividade. É ter e demonstrar, além de

competência profissional e conhecimento técnico, maturidade emocional e pessoal

para lidar com serenidade e firmeza ao paciente, ao cuidador, ao colega profissional.

Para Silva (2007) quando falamos, portanto, em “humanização do

atendimento”, não falamos apenas em resgatar o mais bonito do humano ou o

quanto somos “maravilhosos”, mas resgatar-nos de uma forma mais inteira, mais

coerente em todas essas nossas dimensões da comunicação.

Precisamos ser capazes de não ficar imaginando que “em algum lugar do

planeta” nos comunicaríamos muito bem, mas sim entendermos que a nossa

habilidade de comunicação passa pela verdade de sermos capazes de nos

relacionar com quem existe à nossa volta; que as pessoas que nos rodeiam são os

nossos professores de comunicação, e que melhorar a nossa comunicação significa

conquistar o melhor de nós mesmos, significa colocarmos a atenção em dimensões

que, muitas vezes, não a pomos (SILVA, 2007).

Assim, humanizar a assistência à saúde é agregar à eficiência técnica e

científica, valores éticos, além do respeito e solidariedade ao ser humano.

Para conceituar humanização é preciso entender a priori, o que é “ser

humano”, portanto, o que diferencia o ser humano da natureza e dos animais é que

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seu corpo biológico é capturado desde o início numa rede de imagens e palavras,

apresentadas, primeiro pela mãe, depois pelos familiares e em seguida pelo social.

É esse “banho” de imagem e de linguagem que vai moldando o desenvolvimento do

corpo biológico, transformando-o num ser humano, com um estilo de funcionamento

e modo de ser singulares (OLIVEIRA; COLLET e VIERA, 2006).

O fato dos seres humanos serem dotados de linguagem torna possível a

construção de redes de significados, que são compartilhadas em maior ou menor

medida com os semelhantes e que lhes dão uma identidade cultural. Em função

disto, o ser humano é capaz de transformar imagens em obras de arte, palavras em

poesia e literatura e sons em fala e música, ignorância em saber e ciência. É capaz

ainda de produzir cultura e a partir dela, intervir e modificar a natureza. Por exemplo,

transformando doença em saúde (OLIVEIRA; COLLET e VIERA, 2006).

Entretanto, segundo os mesmos autores acima, a palavra pode fracassar e

quando a palavra fracassa o ser humano também é capaz das maiores

arbitrariedades, levando a destruições. Essa destrutividade pode se manifestar em

muitos níveis e intensidades, desde um “não olhar no rosto e dar bom dia”, até o ato

de violência mais cruel e definitivo.

Partindo das inferências acima, humanizar é garantir à palavra a sua

dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer

no corpo, para serem humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito

expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito precisa ouvir do outro,

palavras de seu reconhecimento. Pela linguagem se fazem as descobertas de meios

pessoais de comunicação com o outro, sem o que a desumanização é recíproca.

Isto é, sem comunicação não há humanização. A humanização depende de

nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo com nossos semelhantes (BRASIL,

2004).

O planejamento da assistência deve sempre valorizar a vida humana e a

cidadania, considerando, assim, as circunstâncias sociais, étnicas, educacionais e

psíquicas que envolvem cada indivíduo. Deve ser pautada no contato humano, de

forma acolhedora e sem juízo de valores e contemplar a integralidade do ser

humano (BRASIL, 2004).

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A Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH) entende

por humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de

produção de saúde e enfatiza a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a co-

responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a

participação coletiva no processo de gestão. Pressupõe mudanças no modelo de

atenção e, portanto, no modelo de gestão. Assim, essa tarefa convoca gestores,

trabalhadores e usuários.

Reafirmando a importância do termo humanizar, este é um verbo que

precisa ser conjugado continuadamente por um número cada vez maior de usuários

e trabalhadores da saúde, pois ele facilmente se desgasta e vira desumanização.

Para Backes, Lunardi e Lunardi Filho (2006), perceber o outro requer uma

atitude profundamente humana. Reconhecer e promover a humanização, à luz de

considerações éticas, demanda um esforço para rever, principalmente, atitudes e

comportamentos dos profissionais envolvidos direta ou indiretamente no cuidado do

paciente, o que também está enraizado no Código de Ética dos Profissionais de

Enfermagem (CEPE, 1993), evidenciando que os códigos de ética profissionais,

enquanto expressão de sistemas de valores, explicitam a moralidade de um grupo,

pressupondo a imposição desses valores, e não o seu questionamento(COHEN;

FERRAZ, 1995).

A humanização encontra respaldo, também, na atual Constituição Federal,

no artigo primeiro, Inciso III, que assinala “a dignidade da pessoa humana” como um

dos fundamentos do Estado Democrático de Direito (BRASIL, 1988).

Os direitos dos seres humanos nascem com os homens e, naturalmente,

quando se fala de direitos da pessoa humana, pensa-se em sua integridade,

dignidade, liberdade e saúde (GARRAFA, 1995).

As discussões até o momento nos levam a crer que não é possível pensar

um cuidado que não seja humanizado, entretanto, o fato de haver a necessidade do

estabelecimento de uma política voltada para a humanização, infelizmente, é porque

o cuidado não acontece de fato humanizado.

A implementação de um cuidado humanizado, no entanto, mais do que o

cumprimento de uma prescrição moral, pautada na obediência ao que deve ser,

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associada ao risco da punição frente a transgressões (COHEN; FERRAZ, 1995),

necessita fundamentar-se na ética.

Dessa forma, é importante assinalar que a ética não se preocupa apenas

com as coisas como são, mas como as coisas podem ser e, especialmente, como

devem ser (MARTIN, 2003), de modo particular a partir da identificação de conflitos

presentes nessas relações.

Em meio a tantos avanços tecnológicos e possibilidades de melhoria da

assistência hospitalar e de sua humanização, os recursos, todavia, parecem estar

mais associados a propostas de investimentos na estrutura física dos prédios, na

alta e moderna tecnologia e a outros processos que não, necessariamente,

impliquem mudanças na cultura organizacional em prol da humanização do trabalho

e do cuidado enquanto expressão da ética. Sem dúvida, tais medidas podem ser

relevantes numa instituição. Contudo, não podem descaracterizar a dimensão

humana que necessita estar na base de qualquer processo de intervenção na

saúde, principalmente, no que diz respeito à pretendida humanização de um hospital

(BACKES, LUNARDI E LUNARDI FILHO, 2006).

Humanização, como espaço ético, requer, então, o fomento de relações

profissionais saudáveis, de respeito pelo diferente, de investimento na formação

humana dos sujeitos que integram as instituições, além do reconhecimento dos

limites profissionais. Nesse processo, o profissional, possivelmente, terá condições

de compreender sua condição humana e sua condição de cuidador de outros seres

humanos, respeitando sua condição de sujeito, sua individualidade, privacidade,

história, sentimentos, direito de decidir quanto ao que deseja para si, para sua saúde

e seu corpo. O verdadeiro cuidado humano prima pela ética, enquanto elemento

impulsionador das ações e intervenções pessoais e profissionais, constituindo a

base do processo de humanização (BACKES, LUNARDI E LUNARDI FILHO, 2006).

Quando se define a humanização hospitalar como expressão da ética, a

filosofia da instituição necessita convergir para a construção de estratégias que

contribuam para a humanização do/no trabalho, mediante o estímulo à participação

e à comunicação efetiva, com qualidade em todas as suas dimensões: na relação da

administração com os trabalhadores, dos trabalhadores entre si e desses com os

pacientes.

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Por consequência, faz-se necessário incentivar a horizontalidade nas

relações, pautada na liberdade de ser, pensar, falar, divergir, propor. É

imprescindível reconhecer, ainda, que o exercício da autonomia, ou seja, a relação

sujeito-sujeito, não é um valor absoluto, mas um valor que dignifica tanto a pessoa

que cuida quanto a que está sob cuidado profissional.

2.3 Sugestão de parâmetros para avaliar os níveis de humanização

A avaliação das ações de humanização, a partir dos parâmetros propostos

abaixo pelo Programa de Humanização de Assistência à Saúde (BRASIL, 2004),

pode colocar o grupo de trabalho (GT) frente a uma série de questões que

ultrapassam sua responsabilidade e possibilidade de ação. Portanto, deve-se, antes

de tudo, determinar qual o grau de governabilidade ou ingovernabilidade que o GT

terá sobre as mesmas.

No entanto, em relação a muitas ações, o GT poderá criar alternativas e

soluções que podem ajudar a melhorar o atendimento e o trabalho em termos da

humanização dos serviços. Será no processo de análise, discussão, elaboração e

implementação das ações, campanhas, programas e políticas que irá se

desenhando e construindo uma filosofia organizacional que permitirá avaliar se o

que está sendo feito promove a humanização ou não.

Uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e envolve a

participação de todos os atores do sistema.

É preciso lembrar também que humanizar é verbo pessoal e intransferível,

posto que ninguém pode ser humano em nosso lugar. E é multiplicável, pois é

contagiante.

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a)Parâmetros para humanização do atendimento dos usuários:

* Condições de acesso e presteza dos serviços:

1. Sistema de marcação de consultas

2. Tempo de espera para atendimento

3. Acesso de acompanhantes e visitas

4. Sistema de internação

5. Sistema de marcação, realização e resultados de exames

* Qualidade das instalações, equipamentos e condições ambientais do

hospital:

1. Adequação/criação de áreas de espera

2. Sinalização das áreas e serviços do hospital

3. Instalações físicas e aparência do hospital

4. Equipamentos

5. Refeições

6. Meios para efetivação de queixas e sugestões

7. Espaço de recreação e convivência dos pacientes

* Clareza das informações oferecidas aos usuários

1. Identificação dos profissionais

2. Informações aos familiares sobre o atendimento do usuário

3. Informações sobre prevenção de doenças e educação em saúde

4. Informações sobre outros serviços de saúde e serviços sociais disponíveis

na comunidade

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* Qualidade da relação entre usuários e profissionais

1. Eficiência, gentileza, interesse e atenção

2. Compreensão das necessidades dos usuários

3. Informações aos usuários, quanto a diagnóstico, tratamento e

encaminhamento

4. Privacidade no atendimento

b) Parâmetros para humanização do trabalho dos profissionais:

* Gestão hospitalar e participação dos profissionais

1. Oportunidades de discussão da qualidade dos serviços prestados

2. Oportunidades de discussão das dificuldades na execução do trabalho de

atendimento aos usuários

3. Manutenção de mecanismos para captação de sugestões para a melhoria

do trabalho

4. Oportunidades de reconhecimento e resolução de conflitos e divergências

5. Aplicação sistemática de normas de trabalho

* Condições de trabalho na instituição

1. Áreas de conforto

2. Segurança

3. Equipamentos e materiais

4. Higiene

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* Condições de apoio aos profissionais

1. Transporte, estacionamento e condições de acesso ao hospital

2. Refeitório

3. Área de descanso e convivência

4. Atividades recreativas e/ou sociais

5. Programas de atendimento às necessidades psicossociais dos profissionais

6. Cursos ou treinamentos para aprimoramento profissional

7. Cursos ou treinamentos para melhoria da relação com os usuários

* Qualidade da comunicação entre os profissionais

1. Canais de informação e resolução de problemas e necessidades

2. Canais de informações oficiais da administração do hospital

3. Canais de informação e comunicação interna sobre programas e atividades

* Relacionamento interpessoal no trabalho

1. Confiança

2. Integração grupal

3. Cooperação

* Valorização do trabalho e motivação profissional

1. Respeito

2. Reconhecimento

3. Motivação

4. Realização

5. Satisfação (MANUAL PNHAH, 2004).

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3 RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM EQUIPE, QUALIDADE NO ATENDIMENTO PÚBLICO

Segundo Pepe (2008), cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira

de pensar a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há

pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que se interessam em

aprender constantemente, outras não, enfim as pessoas têm objetivos diferenciados

e nesta situação muitas vezes priorizam o que melhor lhes convém e às vezes

estará em conflito com a própria empresa.

Como observado por Bom Sucesso, o autoconhecimento e o conhecimento

do outro são componentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no

trabalho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades mais

observadas, destacam-se: a falta de objetivos pessoais, dificuldade em priorizar e

dificuldade em ouvir.

É bom lembrar também que o ser humano é individual, é único e que,

portanto também reage de forma única e individual a situações semelhantes.

Para Bom Sucesso (1997, p. 176) no cenário idealizado de pleno emprego,

mesmo de ótimas condições financeiras, conforto e segurança, alguns trabalhadores

ainda estarão tomados pelo sofrimento emocional. Outros, necessitados, cavando o

alimento diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes,

esperançosos.

Nesse contexto e de acordo com os processos dinâmicos e interativos de

gerir pessoas (agregar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar)

estabelecidos por Chiavenato (2005), a promoção da socialização do funcionário ou

colaborador também agrega valor às inter-relações no ambiente de trabalho, ou

seja, as empresas precisam promover a socialização dos novos funcionários, o que

pode acontecer através de vários programas de integração, quer sejam do tipo

formal ou informal; individual ou coletivo; uniforme ou variável, dentre outros.

Um ambiente saudável, rico, tranquilo e ao mesmo tempo desafiador, que

leve o indivíduo a buscar novas conquistas, a satisfazer novas necessidades

favorece não só as relações pessoais, mas o bom desenvolvimento, a fruição dos

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trabalhos e o atendimento dos objetivos da administração quer seja ela pública ou

privada.

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REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS

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AVALIAÇÃO

1)A sociedade se apoia em três pilares éticos. É vital que ela seja solidária é um dos

pilares. Qual das opções abaixo explica esse pilar?

A( )é preciso haver oportunidade para todos.

B( )é preciso educar a vontade para que a liberdade se torne responsável.

C( )é preciso haver compromisso com o bem pessoal e o bem comum.

D( )n.r.a.

2)Organização flexível enquanto capacidade ética quer dizer que:

A( )as estruturas estimulem a participação, a criatividade, a descentralização e a

delegação da autoridade.

B( )não basta haver líderes, eles devem estar integrados por verdades comuns.

C( )deve se desenvolver simultaneamente a percepção diagnóstica e o

pensamento estratégico.

D( )n.r.a.

3)Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. Pois bem, assinale a opção

falsa:

A( ) Ética significa modo de ser, caráter, comportamento.

B( ) É o ramo da biologia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no

cotidiano e na sociedade.

C( ) É o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no

cotidiano e na sociedade.

D( ) Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a

normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos

recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo

pensamento humano.

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4) Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma

certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam. Qual

das opções abaixo fala da moral de acordo com o texto?

A( )estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de

garantir o seu bem-viver.

B( )independe das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas

que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum.

C( ) busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras

do Estado.

D( )estão corretas as opções A e B.

5)Qual das opções abaixo refere-se a “sem ética, mas não contra uma ou outra

ética”?

A( )anti-ético

B( )aético

C( )ético

D( )n.r.a.

6)Aristóteles faz distinção entre alguns tipos de saberes. Quais os saberes

correspondem a: “ocupam-se de averiguar o que são as coisas, o que ocorre de fato

no mundo e quais são as causas objetivas dos acontecimentos. São saberes

descritivos, mostram-nos o que existe, o que é, o que acontece”.

A( )poiético

B( )práticos

C( )teóricos

D( )n.r.a.

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7)São valores éticos próprios do intelecto teórico segundo Aristóteles:

A( )prudência – arte - discrição

B( )fortaleza – temperança - pudor

C( )justiça – amabilidade – bom humor

D( )inteligência – ciência - sabedoria

8) Para Scheler, existe uma ciência pura dos valores, uma axiologia pura, que se

sustenta em três princípios. Leia as afirmativas abaixo e assinale a opção correta.

I – Todos os valores são negativos ou positivos.

II – Valor e dever estão relacionados, pois a captação de um valor não realizado é

acompanhada pelo dever de realizá-lo.

III – Nossa preferência por um valor e não por outro verifica-se porque nossa

intuição emocional capta os valores já hierarquizados. A vontade de realizar um

valor moral superior em vez de um inferior constitui o bem moral, e seu contrário é o

mal. Não existem, portanto, valores especificamente morais

A( )Somente está correta a afirmativa I

B( )Somente está correta a afirmativa II

C( )Todas as afirmativas são falsas

D( )Todas as afirmativas são verdadeiras

9) “Propõe encarnar na sociedade os valores e liberdade, justiça e solidariedade por

meio do diálogo, como único procedimento capaz de respeitar a individualidade das

pessoas e, ao mesmo tempo, sua inegável dimensão solidária, porque em um

diálogo precisamos contar com pessoas, mas também com a relação que existe

entre elas, a qual, para ser humana, deve ser justa”. Esta definição pertence a qual

das éticas abaixo?

A( )Ética da falação

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B( )Ética do Discurso

C( )Ética da falácia

D( )Ética Poiética

10) Leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:

I – A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo com

nossos semelhantes.

II – A Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH) entende por

humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de

produção de saúde e enfatiza a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a co-

responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a

participação coletiva no processo de gestão.

III – Humanização, como espaço ético, requer, então, o fomento de relações

profissionais saudáveis, de respeito pelo diferente, de investimento na formação

humana dos sujeitos que integram as instituições, além do reconhecimento dos

limites profissionais

A( )Somente está correta a afirmativa I

B( )Somente está correta a afirmativa II

C( )Todas as afirmativas são falsas

D( )Todas as afirmativas são verdadeiras

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GABARITO

Nome do aluno:_______________________________________

Matrícula:___________

Curso:_______________________________________________

Data do envio:____/____/_______.

ÉTICA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1)___ 2)___ 3)___ 4)___ 5)___ 6)___ 7)___ 8)___ 9)___ 10)___