apostila relacionamento interpessoal e Ética...

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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E ÉTICA PROFISSIONAL ESPÍRITO SANTO

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA RELACIONAMENTO

INTERPESSOAL E ÉTICA PROFISSIONAL

ESPÍRITO SANTO

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INTRODUÇÃO

http://www.unione.art.br/dnfile/io1h91o7numoql76hjms_def/jpg/cursos/0/arquivo-

io1h91o7numoql76hjms_def.jpg

Prezados alunos, é com imenso prazer que lhes apresento a apostila de

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E ÉTICA PROFISSIONAL, esta é uma

apostila pertencente ao núcleo comum da FAVENI.

Aproveite esse material, o mesmo foi elaborado com muito carinho e

dedicação.

Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois os mesmos serão

necessários na sua formação profissional.

Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez,

alcançar o equilíbrio e contribuição no processo de conhecimento de todos!

Em caso de dúvidas, não hesitem em perguntar, estamos aqui para

melhor servi-los.

Equipe Pedagógica da FAVENI.

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RELAÇÕES INTRAPESSOAL E INTERPESSOAL

http://3.bp.blogspot.com/-Tqw8DZVbdws/UR44yDy8aaI/AAAAAAAAABM/fROiNhH7GJE/s1600/equipe.jpg

Apostila elaborada com base no texto de Elisângela Santana de Jesus Castro.

As relações interpessoais tiveram como um de seus primeiros

pesquisadores o psicólogo Kurt Lewin. MAILHIOT (1976: 66), ao se referir a uma

das pesquisas realizadas por esse psicólogo, afirma que ele chegou à

constatação de que “A produtividade de um grupo e sua eficiência estão

estreitamente relacionadas não somente com a competência de seus membros,

mas, sobretudo com a solidariedade de suas relações interpessoais”.

Schutz, um outro psicólogo, trata de uma teoria das necessidades

interpessoais: necessidade de ser aceito pelo grupo, necessidade de

responsabilizar-se pela existência e manutenção do grupo, necessidade de ser

valorizado pelo grupo. Tais necessidades formam a tríade de que fala MAILHIOT

(1976: 67), quando este faz referência aos estudos de Schutz: necessidades de

inclusão, controle e afeição, respectivamente.

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Ao discorrer acerca da humanização no ambiente de trabalho, COSTA

(2002: 21) aponta as relações interpessoais como um dos elementos que

contribuem para a formação do relacionamento real na organização:

É necessário observar a operação real da organização, aqui incluídas, as

relações interpessoais, que constituem a sua seiva vital. Os elementos formais

(estrutura administrativa) e informais (relacionamento humano, que emerge das

experiências do dia-a-dia) integram-se para produzir o padrão real de

relacionamento humano na organização: como o trabalho é verdadeiramente

executado e quais as regras comportamentais implícitas que governam os

contatos entre as pessoas – esta é a estrutura de contatos e comunicações

humanas a partir da qual os problemas de política de pessoal e de tomada de

decisões podem ser compreendidos e tratados pelos administradores Os autores

são unânimes em reconhecer a grande importância do tema “relações

interpessoais” tanto para os indivíduos quanto para as organizações,

relativamente à produtividade, qualidade de vida no trabalho e efeito sistêmico.

Falar sobre Relacionamento não é fácil, entendê-lo também não.

Principalmente quando levamos em consideração os níveis de relacionamento e

os prováveis personagens do mesmo.

Sendo interpessoal, intrapessoal, com o cliente interno ou externo, o

relacionamento é fator fundamental e, muitas vezes definitivo na vida dos

indivíduos. É necessário possuir habilidades para manter um bom convívio

consigo, com os clientes, colegas de trabalho, amigos ou com alguém que,

simplesmente, só precisa de um minuto de sua atenção para esclarecer uma

dúvida.

Todos somos capazes e estamos aptos a desenvolver tais habilidades,

em muitos casos, uns personagens conseguem superar ou unir a habilidade à

personalidade, tornando-se parceiros / companheiros desejáveis ao convívio.

Outros nem sempre conseguem atingir níveis de satisfação tão relevantes e

perceptíveis, o que não quer dizer que eles sejam incapazes de manter um

relacionamento com alguém. Na verdade não é nada fácil, mesmo. Porém, como

tudo na vida, é preciso treino e perseverança. Pessoalmente e

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profissionalmente, as pessoas que não conseguem ou não estão preparadas

para conviver com os semelhantes e administrar conflitos estão fadadas à

solidão e ao fracasso. O que também não quer dizer que isso seja o fim.

Quando nos aproximamos de alguém é porque temos uma necessidade

para ser satisfeita. O mercado quando dispõe e uma vaga exige como

competência o relacionamento. Gostamos de falar e ser ouvidos, queremos

atenção, ficamos felizes com bons resultados em equipe, sorrimos quando

somos compreendidos, ficamos polivalentes quando o grupo está entrosado.

https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS4_CN5mbWabZ-

OuRglOVDmCMw0r1J4PbRVUjW1KrO8k5dV5SR8

As habilidades e os "macetes" dos relacionamentos inter e intrapessoais

perpassam por estas atitudes, que posteriormente geram sentimentos como o

da fidelidade. A percepção é a primeira destas. Ao estarmos atentos ao que

acontece em nossa casa, trabalho, reuniões fraternas e detectamos que algo

está diferente, os indivíduos que mantém relações conosco respondem com a

"verdade" ao que foi percebido.

E também acontece quando tratamos da relação EU – COMIGO.

Trabalhar a percepção pode ser fácil e divertido.

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Inicialmente esteja atento a sua realidade e interrogue-se, respondendo

sinceramente. A verdade vem como a segunda habilidade. Todo e qualquer

relacionamento é baseado essencialmente na confiança. A criança confia nos

pais, logo a ama; o amigo confia na amiga, logo se confidenciam; o cliente confia

no produto e no vendedor, logo compra e defende.

Apresentar e oferecer o que somos realmente capazes de realizar para

nos aproximar, e fidelizar é um dever. Além disso, a flexibilidade e ser um

negociador não fazem mal algum. Nada está totalmente correto ou equivocado.

Tudo depende do ponto de vista de cada um. Visão esta, que está diretamente

ligada as pré-experiências e a bagagem cultural de cada indivíduo. Visto que,

as relações interpessoais são o resultado de tudo que cada pessoa já

estabeleceu durante a vida.

http://www.acomsistemas.com.br/wp-content/uploads/2015/02/acom-trabalho-de-equipe.jpg

Para completar o ciclo do relacionamento, a responsabilidade com que

devem ser tratadas as expectativas do outro é considerável e irrestrita. Como já

foi mencionado, todos querem se realizar durante o relacionamento. Ora

recebendo a atenção desejada, ora obtendo bons resultados nos negócios. Para

isso, a empatia vem como auxiliador. Respeitar o outro e assumir por um instante

a posição dele faz do convívio uma interação.

Tornamos a repetir, estar em contato com o semelhante é uma atividade

que precisa ser mantida, aprimorada e reciclada, sempre. A cada dia novos

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conceitos sobre o bem – estar, mercado e comportamento surgem. Não existem

seres iguais e é por esta razão que somos chamados de indivíduos. Cada qual

recebe a informação e a compreende de maneira diferente. Não devemos nos

apegar apenas as praxes e protocolos, o bem do relacionamento é a conexão

entre as pessoas e a possibilidade de ficarmos diferentes com isso.

COMUNICAÇÃO HUMANA

http://www.ruadireita.com/info/img/contar-a-historia-com-habilidade.jpg

Quem nunca ouviu falar sobre as aventuras de Robson Crusoé, um

navegante que ficou a ermo numa ilha deserta, cercada de água por todos os

lados e sem ter para onde ir? Ao se deparar com a solidão naquele lugar, Crusoé

logo sentiu uma grande dificuldade que, talvez, muitos de nós ainda não

dedicamos um tempo para reflexão: a necessidade de comunicar-se com

alguém.

A comunicação, sem dúvida, é o centro de todo relacionamento, seja ele

pessoal, profissional, etc. Ela é a chave para o desenvolvimento de uma relação

saudável com o outro, uma vez que pode ser considerada a arte do entender e

do fazer-se entender.

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Em poucas palavras, a comunicação é o processo verbal ou não verbal

de transmitir uma informação a uma outra pessoa de maneira que ela entenda o

que está sendo expresso. A comunicação, portanto, não está limitada à fala, à

linguagem oral, mas também é possível por meio de gestos, símbolos,

expressões, bem como qualquer outra forma que contenha em si um significado

inteligível, compreensível.

A comunicação, portanto, ocorre quando, ao emitirmos uma mensagem,

nos fazemos entender por uma pessoa e modificamos seu comportamento. Isso

é possível através da linguagem, que é a representação do pensamento por meio

de sinais que permitam a comunicação e a interação entre as pessoas.

Podemos encontrar pelo menos quatro níveis de comunicação:

Nível quatro – é uma comunicação altamente superficial, em que os

indivíduos apenas se olham ou falam estritamente o necessário,

limitando-se, no máximo, a um bom dia ou a uma pequena informação.

Nível três – é uma comunicação ainda superficial, mas aqui as pessoas

tratam-se com um mínimo de cordialidade e sorrisos. Neste nível os

indivíduos ainda não saíram das suas “cascas” para tornar conhecido aos

outros o que pensam e sentem, ou seja, a comunicação ainda está

limitada.

Nível dois – aqui os indivíduos começam a relatar suas ideias e

pensamentos, o que marca o início de uma comunicação real. As pessoas

estão dispostas a correr o risco de expor suas ideias e soluções próprias,

mas ainda impõem barreiras para a comunicação plena, talvez como

mecanismo de defesa e forma de conhecer os outros passo a passo. É o

tão conhecido “pé atrás”, mas a comunicação neste nível abre

possibilidades para o aprofundamento das relações interpessoais e dos

laços de confiança, imprescindíveis na comunicação de nível um.

Nível um – é uma comunicação total. As pessoas estão dispostas a

compartilhar seus sentimentos, ideias e pensamentos. Esta comunicação

está baseada na honestidade e na abertura completa, ou seja,

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subentende-se que neste nível de comunicação as pessoas possuem um

alto grau de conhecimento e confiança umas nas outras, estabelecendo

um relacionamento interpessoal pleno e baseado no diálogo como forma

de solução de problemas e conflitos.

A forma de comunicação humana mais utilizada é, sem dúvida, a

comunicação verbal. E todo ato de comunicação envolve sempre seis

componentes essenciais. São eles:

O emissor (ou locutor) – é aquele que diz algo a alguém

O receptor (ou interlocutor) – aquele com quem o emissor se comunica

A mensagem – tudo o que foi transmitido do emissor ao receptor

O código – é o conjunto de sinais convencionados socialmente que

permite ao receptor compreender a mensagem (ex: a língua portuguesa

e os sinais de trânsito)

O canal (ou contato) – é o meio físico que conduz a mensagem ao

receptor (e: o som e o ar)

O referente (ou contexto) – é o assunto da mensagem

Todos esses elementos são indispensáveis à comunicação verbal, e podem

ser assim esquematizados:

Mensagem

Referente

Emissor ----------------------------------------------------- Receptor

Canal

Código

O mais importante da atividade comunicativa, como já foi dito, é a

compreensão do que se está querendo expressar e, através deste ato, podemos

tornar conhecida a nossa maneira de ser, pensar e agir. Isto quer dizer que a

forma como nos comunicamos denuncia quem somos na realidade. Através da

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maneira peculiar como cada um se comunica e pelo fato de cada indivíduo

possuir um jeito próprio de ser, a comunicação tende a enfrentar algumas

barreiras, as quais surgem da heterogeneidade de pensamentos, sentimentos e

ideias. Mas, é preciso saber como lidar com essas barreiras, de forma que a

comunicação não fique comprometida e os possíveis conflitos possam ser

resolvidos da maneira mais adequada.

BARREIRAS À COMUNICAÇÃO

http://blog.beruby.com/pt/files/2012/03/comunidade-beruby.jpg

A comunicação se realiza adequadamente e o seu objetivo é atingido,

quando a mensagem for interpretada da mesma maneira pelo comunicador e

pelo recebedor da comunicação. Quando se fazem interpretações semelhantes,

cada um dos participantes transmite ao outro o seu pensamento e o seu

sentimento sobre o objeto da comunicação. Isto não significa que os

participantes precisem concordar totalmente com o pensamento sobre o objeto

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da comunicação. Podem discordar, mas, se um apreende precisamente os

pensamentos do outro, a comunicação foi satisfatória.

Quando a comunicação se estabelece mal ou não se estabelece entre

pessoas ou entre grupos, resultam alguns fenômenos psíquicos chamados

BLOQUEIOS, FILTRAGEM E RUÍDOS.

Ruído é a interrupção da comunicação através de mecanismos externos,

sons estranhos à comunicação, visualizações que comprometem a

comunicação, ou mecanismos utilizados pelo locutor, que seja incompreendido

pelo interlocutor. A partir do momento em que se elimina o ruído a comunicação

tende a se estabelecer.

Bloqueio é a interrupção total ou provisória da comunicação e

paradoxalmente parecem comprometer menos a evolução da comunicação do

que a filtragem.

Filtragem é o mecanismo de seleção, danosa, dos aspectos da

comunicação que erroneamente interessam aos interlocutores.

Desde que surge um bloqueio, ele obriga os interlocutores a questionar

suas comunicações e geralmente lhes permite reatá-las e restabelecê-las em

clima mais aberto e em uma base mais autêntica. Desde que cada interlocutor,

tenha tomado consciência de que neles, e entre eles, existem obstáculos às suas

trocas.

Em caso de filtragem, a comunicação tende a acompanhar-se de

reticências e de restrições mentais, degradando-se pouco a pouco em

mensagens cada vez mais ambíguas e equivocadas.

Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de minimizar as

barreiras na comunicação:

Comunicação é sempre uma via de mão dupla. Uma das melhores

maneiras de fortalecer a comunicação é desenvolver a habilidade não

apenas de falar, mas de ouvir também. Dar a atenção completa, inclusive

com os olhos e as expressões faciais. Quando concentramos nossa

atenção, mostrando que não estamos apenas escutando com os ouvidos,

poderemos nos identificar com o que a outra pessoa está sentindo ou

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experimentando. Consequentemente, a pessoa que nos fala também nos

dará a atenção que desejamos quando formos nós os locutores.

É preciso o momento certo para se comunicar. Às vezes passamos

por cima dos sentimentos das pessoas, sem observarmos se estão

preparadas para ouvirem determinadas coisas ou se aquele momento é

adequado para uma conversa mais séria. É preciso boa vontade e

discernimento para saber qual a melhor ocasião para que o diálogo seja

eficaz.

A precipitação ao responder pode ser prejudicial. Esperar o outro

terminar de dizer o que pensa, para que então se possa emitir o próprio

pensamento, pode ser uma grande arma para resolver uma barreira de

comunicação. Às vezes pensamos que sabemos o que o outro vai dizer

e, sem vacilar, cortamos o seu momento na conversa. Somente depois

descobrimos que não era nada daquilo que iria falar, correndo o risco de

criarmos uma barreira ainda maior.

É preciso estar aberto à cordialidade. Nunca será demais estarmos

dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer obrigado, pedir

por favor... e a sorrir. Às vezes, gestos como estes desarmam

mecanismos de defesa e formas de ser não muito dadas ao contato

pessoal, ao diálogo e à interação.

Colocando-se no lugar do outro, poderemos fazer da comunicação um

importante instrumento de fortalecimento das relações interpessoais.

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COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

http://noticias.universia.pt/pt/images/investigacion/c/co/com/comunicacao-shutterstock.jpg

Artigo escrito por Prof. Dr. João José Azevedo Curvello,

“Comunicação, Trabalho e Aprendizagem nas Organizações”

A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca criativa da

inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória organizacional e a

reconstrói. Pressupõe, também, motivação para aprender. E motivação só é

possível se as pessoas se identificam e consideram nobres as missões

organizacionais e se orgulham de fazer parte e de lutar pelos objetivos. Se há

uma sensação de que é bom trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar

um crescimento conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se

não há medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes.

Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organizacional

pode se constituir numa instância da aprendizagem pois, se praticada com ética,

pode provocar uma tendência favorável à participação dos trabalhadores, dar

maior sentido ao trabalho, favorecer a credibilidade da direção (desde que seja

transparente), fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de

melhoria da organização ao favorecer o pensamento criativo entre os

empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte, 1996).

Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas será fazer

da criatividade o principal foco de gestão de todas as empresas, pois o único

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caminho para tornar-se uma empresa competitiva é a geração de ideias criativas;

a única forma de gerar ideias é atrair para a empresa pessoas criativas; e a

melhor maneira de atrair e manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um

ambiente adequado para trabalhar.

Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência para

comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exercício da função

gerencial é certamente a habilidade comunicacional. As outras habilidades

seriam a predisposição para a mudança e para a inovação; a busca do equilíbrio

entre a flexibilidade e a ética, a desordem e a incerteza; a capacidade

permanente de aprendizagem; saber fazer e saber ser.

Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empresas, ainda

não faz parte da job-description de um executivo. É ainda uma reserva do

profissional de comunicação, embora devesse ser encarada como

responsabilidade de todos, em todos os níveis.

O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo, saber

ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre apenas metade da

mensagem pertence a quem a emite, a outra metade é de quem a escuta e a

processa. Lasswell já dizia que quem decodifica a mensagem é aquele que a

recebe, por isso a necessidade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório

de quem vai processá-los.

Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um ambiente

propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem estão na autoestima, na

empatia e na afetividade. Sem esses elementos, não se estabelece a

comunicação nem o entendimento. Embora durante o texto tenhamos exposto

inúmeros obstáculos para o advento dessa nova realidade e que poderiam nos

levar a acreditar, tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação,

acreditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar.

Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que traz consigo

uma radical mudança no processo de troca de informações nas organizações e

afeta, também, todo um sistema de comunicação baseado no paradigma da

transmissão controlada de informações, favorece o surgimento e a atuação do

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que chamo de novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem

nas pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e o

comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais de passagem em

que se dá outro sentido aos valores abandonados e introduz-se o novo.

http://www.ibccoaching.com.br/wp-content/uploads/2013/09/comunicacao.jpg

Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações

profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verdadeiros profetas

munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas iluministas, capazes de minar

resistências e viabilizar uma nova cultura e que se autodenominam

reengenheiros da cultura.

Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a comunicação

é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se esquecem de que o que

transforma e qualifica é o diálogo, a experiência vivida e praticada, e não a

simples transmissão unilateral de conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas

tão próprias da chamada educação bancária descrita por Paulo Freire.

E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma política de

comunicação e de RH. A construção e a viabilização dessa política é, desde já,

um desafio aos estrategistas de RH e de comunicação, como forma de criar o tal

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ambiente criativo a que Ricarte de referiu e viabilizar, assim, a construção da

organização qualificante, capaz de enfrentar os desafios constantes de um

mundo em mutação, incerto e inseguro.

GRUPOS

O GRUPO

(Paulo Cavalcanti de Moura)

O grupo é assim:

Gente que é gente

E que não sabe que os outros são gente

Como a gente,

Com um lado bom e outro ruim

No grupo tem de tudo:

Botucudo e tupiniquim.

Tem falador e tem mudo,

Mas ninguém é igual a mim.

Tem doutores e tem tímidos,

Agressivos e dominados

Tem mãe e tem filhos,

Tem até mascarados.

E o grupo vai girando,

Mudando a vida da gente

O calado sai falando,

O pessimista contente

O gruo e como a vida,

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Mas se entra, já vamos indo

Quem ri acaba chorando,

Quem chora, acaba rindo

Uma coisa a gente aprende:

Que o outro é como eu

Chora, ri, ama e sente

Mas quase tudo depende da gente:

Que grupo danado! Que vivência atroz!

O eu e o tu se atacam

Mas depois eles se amam,

Em benefício de nós.

Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de interações

recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido como uma coleção de

várias pessoas que compartilham certas características, interajam uns com os

outros, aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e compartilhem uma

identidade comum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se

percebam de alguma forma afiliados ao grupo.

Segundo Costa (2002), o grupo surgiu pela necessidade de o homem

viver em contato com os outros homens. Nesta relação homem-homem, vários

fenômenos estão presente; comunicação, percepção, afeição liderança,

integração, normas e outros. À medida que nós nos observamos na relação eu-

outro surge uma amplitude de caminhos para nosso conhecimento e orientação.

Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá retorno ao

outro, através do feedback.

Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em aprender se

faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos e quando queremos.

Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa motivação

em estar com outro, participar na coordenação de caminhos ou metas a alcançar.

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Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessita viver com

outros homens, pela sua própria natureza social, mas ainda não se harmonizou

nessa relação.

Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual o indivíduo

se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satisfação das necessidades

físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.

http://www.insightgestao.com.br/images/portfolio_images/treinamento-comunicacao.jpg

FASES DO GRUPO

a) INICIAL – é o momento e que o grupo está na expectativa, faz

perguntas quanto às normas e as regras do jogo. As atitudes

são torpes e mal coordenadas, também denominada de

Infância Grupal.

b) INTERMEDIÁRIA - momento de confrontação e conflitos de

dependência e contra dependência pode ser uma fase

dificultadora. Aborda o movimento e o momento do grupo,

denominada de Adolescência Grupal.

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c) FINAL – apoia a ideia do outro, pode ser também uma fase

dificultadora, se os membros do grupos formarem relações

duais, desfacelando o grupo. Aqui temos a Maturidade Grupal.

FEEDBACK

http://www.unileverhealthinstitute.com.br/assets/posts/images/03_07_Post_Manifesto(1).jpg

Texto adaptado de Carla Isabel Vieira Branco, Elen Sabrina O. de Souza,

Luiz Alexandre de Souza Costa e Marcela Ferreira Guimarães

O que é Feedback ?

Feedback é um termo muito utilizado na eletrônica que significa

realimentação, ou seja uma parcela do sinal da saída de algum circuito

eletrônico, sendo aplicado novamente na entrada para que seja novamente

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aproveitado. Isso pode gerar uma situação desejável ou não, pois em certos

casos essa realimentação não é desejada. É o caso do som da microfonia.

O Feedback também é utilizado onde é necessário um controle de alguma

situação ou objeto, quando poderá ser positivo ou negativo e em função disso,

um circuito de controle estabilizará a saída.

Nas relações interpessoais que dependem do comportamento humano, o

termo Feedback apresenta grande importância por verificar que todo

comportamento dirigido requer Feedback negativo, pois sinais do objetivo são

necessários para a orientação do comportamento.

Na visão de Rosenblueth, Wiener e Bigelow (1943), o comportamento

pode ser dividido em dois tipos, os "de Feedback" e "não-Feedback".

O comportamento de Feedback poderá ser dividido em duas partes:

previsível e não previsível e o comportamento de não feedback ocorre quando

não há retorno do objeto no decorrer de determinadas atitudes.

O processo de Feedback poderá ser útil na modificação de

comportamentos, é comunicação de uma pessoa ou um grupo no sentido de

fornecer informações de como essa pessoa está sendo afetada, contribuindo

assim para direcionar seus objetivos. Para ser eficaz e contribuir para essas

mudanças é necessário que seja:

Descritivo ao invés de avaliativo: Quando não há envolvimento emocional,

o sujeito se torna menos defensivo, se sentindo à vontade para utilizar as

informações de retorno e aplicá-las da melhor forma possível.

Específico ao invés de Geral: Em determinado momento que você diz a

alguém que ele é "dominador", isso poderá ter menos importância do que

demonstrar isso quando ele se comportar assim, em determinada

ocasião.

Compatível com as necessidades: O Feedback pode ter caráter destrutivo

quando apenas as necessidades do comunicador forem levadas em

consideração e as do receptor esquecidas.

Dirigido: Poderá gerar frustração caso o receptor só reconheça suas

falhas, naquilo em que não tem o controle para mudar.

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Solicitado ao invés de Imposto: Será mais proveitoso quando o receptor

indagar algo que os que observam possam responder.

Oportuno: O Feedback será mais proveitoso logo após um determinado

comportamento, onde o sujeito estará mais flexível, mas dependerá de

alguns fatores como emocionais e receptividade.

Esclarecimento para assegurar comunicação precisa: Um modo de

comprovar uma ideia é o receptor repetir o Feedback, para que o

transmissor possa se assegurar de que foi bem entendido. Quando em

um Grupo de Treinamento, o Feedback poderá ser comparado e

compartilhado entre os participantes do grupo.

Na prática, é observado a dificuldade de se dar e receber Feedback, que

poderá ser comprovado através da observação dos insucessos frequentes na

comunicação interpessoal.

https://planningit.files.wordpress.com/2012/10/conflito-comunicacao-ambiente-trabalh.png?w=230&h=230

As dificuldades de dar e receber feedback:

O Homem sofre grande dificuldade em aceitar as suas limitações,

principalmente ter que as admitir diante de pessoas que ele não confia ou em

caso de ambiente de trabalho podem até afetar a sua imagem (status). O receio

do que as pessoas podem pensar, o sentimento de invasão de privacidade e/ou

medo de não obter o apoio que esperam para suas limitações e necessidades,

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faz com que elas se fechem, dificultando assim a abertura para a interação e

troca de Feedback, tão necessário em uma relação.

Quando nos percebemos que estamos contribuindo para o problema e

que precisaremos mudar algo em nós mesmos para melhorarmos a validação

do Feedback, poderemos agravar o problema, nos fechando (negação) e

passando ao outro toda culpa, apontando seus erros e até mesmo agredindo-o

A resolução de alguns problemas pode se dá através do reconhecimento

de alguns traços da nossa personalidade que até então tentamos disfarçar.

Procurando pensar no assunto, poderemos melhorar nossa conduta,

contribuindo assim para uma melhor relação e troca de Feedback.

Muitas vezes as pessoas não estão preparadas, psicologicamente para

receber feedback, sendo assim elas os interpretam mal e se sentem magoadas

com a intervenção, pois feedback em nossa cultura, ainda é percebido como

uma crítica e implicará em reações emocionais imprevisíveis. Mesmo com toda

a dificuldade é muito importante para nós darmos e recebermos feedback, seja

ele positivo ou negativo para que possamos avaliar e corrigir os nossos erros e

com isso melhorarmos como pessoas.

Para superar as dificuldades de dar e receber Feedback, é necessário

uma relação de confiança recíproca e o reconhecimento de que Feedback é um

processo conjunto, diminuindo assim as barreiras entre o comunicador e o

receptor. Devemos aprender a ouvir e expressar nossas opiniões sem reações

emocionais defensivas e/ou ofensivas intensas.

Todos nós gostamos de dar conselhos, pois de certa forma, isso nos faz

sentirmos importantes, porém poderá vir daí o perigo de pensar no Feedback

como uma forma de mostrar nossa inteligência e habilidade, não contribuindo

assim para a verdadeira utilidade do Feedback para o receptor.

Feedback de Grupo:

O grupo também tem necessidade de receber informações sobre o seu

desempenho. Ele pode precisar saber se há muita rigidez nos procedimentos,

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se está havendo utilização de pessoas e de recursos, qual o grau de confiança

no líder e outras informações sobre o seu nível de maturidade como grupo.

Os mesmos problemas envolvidos no feedback individual estão presentes

no grupo em maior ou menor grau. Assim, o grupo pode receber feedback de:

Membros atuando como participantes-observadores.

Membros selecionados para desempenhar uma função específica de

observador para o grupo.

Consultores externos ou especialistas que vêm para fazer observações,

valendo-se de perspectivas mais objetivas.

Formulários, questionários, folhas de reação, entrevistas.

http://www.ib7.org/_novo/wp-content/uploads/2012/06/conflito.jpg

À medida que os membros amadurecem e desenvolvem suas habilidades

em dar e receber feedback individual, tornam-se, também, hábeis em dar

feedback ao grupo como um todo, sempre que necessário e oportuno.

Os resultados individuais também servem de feedback individual: cada

membro do grupo recebe um quadro com auto percepção e heteropercepção de

seu superior imediato e de três subordinados seus.

24

A sessão de feedback é uma das mais ricas do laboratório de treinamento,

tanto a nível individual quanto a nível grupal, permitindo aos membros

processarem as informações individuais e grupais, sem defensividade, num

clima aberto, de apoio mútuo e com abordagem de resolução de problemas.

Alguns aspectos importantes que devem ser considerados dentro de uma

organização para facilitar a interação interpessoal, satisfazendo o próprio

funcionário, o chefe e a empresa.

Fatores que contribuem para que a organização tenha equipes

consolidadas ou em formação em que seus participantes tenham tais

capacidades:

Propor mudanças nas quais acreditam;

Discutir as mudanças propostas, procurando compreender suas causas e

avaliando as consequências;

Encorajar uns aos outros a expressarem suas ideias e seu potencial;

Buscar e repassar os conhecimentos;

Assumir a responsabilidade pelos resultados que a equipe produz;

Identificar e administrar conflitos na equipe, entre equipes, com

fornecedores e clientes;

Negociar e otimizar recursos;

Dar e solicitar feedback;

Dar e solicitar apoio;

Desenvolver nas pessoas essa difícil habilidade de dar e buscar feedback;

Otimizar os resultados da empresa;

Ajudar a evitar erros e potencializar acertos;

Apoiar a linha de frente a deixar no cliente um gostinho de "quero mais";

Implantar acompanhamento e feedback do desempenho:

Definição de resultados a serem atingidos;

Sistemática de mensuração de resultados;

Definição de planos de autodesenvolvimento;

25

Sistemática de feedback;

Acompanhar evolução das pessoas:

Definir resultados a serem atingidos;

Pesquisar periodicamente a satisfação do cliente;

Acompanhar planos de autodesenvolvimento;

Dar periodicamente feedback aos fornecedores;

Rever continuamente os procedimentos para garantir resultados;

COMPREENSÃO EMPÁTICA

http://sucesso.powerminas.com/wp-content/uploads/2010/01/Empatia.jpg

A compreensão dos outros, um dos aspectos mais importantes nas

relações humanas, é a aptidão de se colocar no lugar do outro, ou seja, ver e

perceber com os olhos do outro. A essa aptidão denominamos sensibilidade

social ou empatia.

Entende-se que empatia é diferente de simpatia, de antipatia ou d apatia.

Simpatia você sente em relação ao outro, quando esse outro lhe remonta

26

lembranças, atitudes, ideias que lhe são agradáveis, que lhe atraem. Tem-se

simpatia por Maria, sinto-me alegre se ela está alegre, triste se está triste e vibro

com seus sucessos.

Na atitude empática compreendo como Maria se sente (alegre ou triste) e

sua maneira de agir em função desses sentimentos, mas não me envolvo neles.

Sou capaz de compreendê-la, mas não de sentir o que ela sente (simpatia). A

atitude empática independe da simpatia, não precisamos gostar nem simpatizar

com a pessoa, precisamos ter sensibilidade para compreender como a pessoa

se sente frente a uma determinada situação ou sentimento.

Se você for lidar com pessoas, você deverá:

a) Compreender as pessoas (sensibilidade social, empatia);

b) Ter flexibilidade de ação (comportamento) em função das

atitudes e sentimentos que você conseguiu empatizar.

Flexibilidade de comportamento significa que você deve conduzir-se

apropriadamente numa situação dada, com determinada pessoa. Veja os casos

que seguem:

Se Maria – criança de 05 anos me agride;

Se Paulo – um adolescente de 13 anos me agride;

Se meu pai – um adulto me agride;

Se meu chefe – também adulto me agride;

Se minha namorada – a quem amo, me agride...

...não posso ter uma reação uniforme para com todos os casos. Se assim

agir, não terei flexibilidade de comportamento, me faltou empatia (compreender

o comportamento de cada um, com as suas peculiaridades).

Isso significa que devo ter um repertório de condutas que varia conforme

a situação e a pessoa.

27

Este tipo de comportamento você poderá desenvolver submetendo-se a

um treinamento em sensibilidade social e flexibilidade de comportamento.

Você poderá começar a desenvolver sensibilidade social e flexibilidade de

comportamento através- de:

a) Melhor conhecimento de si próprio;

b) Melhor compreensão dos outros;

c) Melhor convivência em grupo;

d) Desenvolvimento de aptidões para um relacionamento mais

eficiente com os outros.

MOTIVAÇÃO

http://carreiras.empregos.com.br/imagens/221210/motivacao.jpg

RELAÇÕES

HUMANAS

EMPATIA

FLEXIBILIDADE

DE

COMPORTAMENTO

REPERTÓRIO

DE

CONDUTA

28

Conceito de Motivação

Conjunto de forças internas que mobilizarão o indivíduo para atingir um

dado objetivo como resposta a um estado de necessidade, carência ou

desequilíbrio.

A palavra motivação vem do latim movere, que significa "mover". A

motivação é, então, aquilo que é susceptível de mover o indivíduo, de levá-lo a

agir para atingir algo (o objetivo), e de lhe produzir um comportamento orientado.

Ciclo motivacional:

1. Necessidade. É o motivo, a razão de ser da ação. É provocada por um estado

de desequilíbrio devido a uma carência ou privação (ex.falta de alimento no

organismo).

2. Impulso ou pulsão. É a atividade desenvolvida pela necessidade ou motivo,

isto é, a energia interna que impele o indivíduo a agir num dado sentido. (Ex.força

que move o indivíduo para obter comida).

3. Resposta. É a atividade desenvolvida e desencadeada pela pulsão para

atingir algo. (ex.procurar comida).

4. Incentivo. É o objetivo para o qual se orienta a ação. (Ex. ingerir o alimento).

5. Saciedade. É a satisfação decorrente de se ter atingido o objetivo pretendido

(depois de se ter ingerido o alimento, a fome desaparece).

Este comportamento sequencial volta a repetir-se sempre que se repete

a necessidade que o provoca.

29

Tipos de Motivação

http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/m/mo/mot/motivacao-trabalho-

shutterstock.jpg

Não existe uma classificação para as motivações, mas várias. As

motivações podem classificar-se em dois grandes grupos:

1. Motivações fisiológicas (primárias, básicas, biológicas, orgânicas): as

que estão ligadas à sobrevivência do organismo e não resultam de uma

aprendizagem. Elas provocam no organismo certos impulsos para o

restabelecimento do seu equilíbrio. Estas motivações encontram-se

estreitamente ligadas com determinado estado interno do organismo. Exemplos:

respiração, fome, sede, sexo, evitar o frio e o calor, sono, etc. A homeostasia

designa o mecanismo que regulação o equilíbrio interno do organismo.

2. Motivações sociais (secundárias, culturais): as que dependem

essencialmente de aprendizagens, isto é, foram adquiridas no processo de

socialização. Exemplos: Necessidade de convivência (afiliação), de

reconhecimento, de êxito social, de segurança, etc. Este grupo pode ser

subdividido, por exemplo, entre motivações sociais centradas no indivíduo e ou

centradas na sociedade.

a) Centradas no indivíduo (autoafirmação): desejo de segurança, de ser aceito,

de pertencer a um grupo, de alcançar um estatuto social elevado, de enriquecer,

etc.

30

b) Centradas na sociedade (independentes dos nossos interesses particulares):

respeito pelo próximo, de solidariedade, de amizade, de amor, etc.

Há que questione esta divisão das motivações, afirmando que todas elas

têm um fundo comum: a busca do prazer, o único e verdadeiro motivo de todas

as ações humanas.

FRUSTRAÇÃO

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Quando o indivíduo está motivado para atingir um dado objetivo, e por um

obstáculo qualquer não o consegue atingir, vive um estado de frustração. Este

sentimento depende de muitos fatores: personalidade do sujeito, idade, natureza

da motivação, tipo de obstáculo, etc.

Reações à frustração. Não existe uma reação tipo para determinada

frustração, as respostas às frustrações dependem de muitos fatores como acima

aludimos.

Comportamentos resultantes da frustração:

31

1. Agressão (direta ou deslocada). Esta agressão denomina-se direta quando é

dirigida contra a fonte que provocou a frustração, e deslocada se dirige para

outras pessoas ou objetos. Ex. A criança agride o pai que a impede de brincar

(agressão direta); A criança proibida de brincar, destrói os brinquedos com que

o pai a impede de brincar (agressão deslocada);

Ao longo do processo de socialização, o indivíduo aprende a lidar com as

frustrações, inibindo, deslocando, dissimulando, ou compensando as suas

manifestações de agressividade. Em situações extremas, o indivíduo pode dirigir

as suas manifestações de agressividade deslocada para ele próprio

(autoagressão).

2. Apatia (indiferença ou inatividade). Face a contínuas frustrações o indivíduo

pode cair na reação apática (indiferença perante a fonte da frustração). A pulsão

motivadora do comportamento é reduzida ou eliminada.

CONFLITO

Estado de tensão que resulta de uma tensão interior vivida pelo sujeito

quando se debate com motivações inconciliáveis.

Kurt Lewin classificou os conflitos em três grupos:

1. Conflito aproximação/ aproximação. Decisão sobre duas coisas desejáveis,

mas incompatíveis. Ex.: Escolher entre uma festa e uma viagem;

2. Conflito afastamento/ aproximação. Decisão sobre algo que comporta

aspectos positivos, mas também negativos. Ex. Fazer uma viagem, mas ficar

sem dinheiro.

3. Conflito afastamento/ afastamento. Decisão sobre duas coisas igualmente

desagradáveis, mas inevitáveis. Ex.: Para uma criança - comer a sopa ou ir para

a cama.

32

TEORIAS DA MOTIVAÇÃO

http://www.esoterikha.com/coaching-pnl/img/frases-de-motivacao-para-facebook.jpg

Principais teorias

1. Teoria de Abraham Maslow. Este psicólogo, fundador da psicologia

humanista, descreve o processo como o indivíduo passa das necessidades

básicas, como se alimentar, a necessidades superiores como as cognitivas ou

estéticas. Maslow estabelece uma estrutura hierarquia das necessidades

partindo da ideia que se não se satisfaz uma necessidade básica, torna-se

impossível satisfazer outras de ordem superior. Se tivermos fome (necessidade

fisiológica), por exemplo, somos incapazes de nos concentrarmos em atividades

estéticas. Esta ideia aplica-se a todas as atividades da vida humana, afirmando

também que todos os homens aspiram à auto realização plena das suas

potencialidades.

33

Hierarquia das motivações (por ordem crescente):

1. Necessidades fisiológicas (água, luz solar, alimento, oxigênio, sexo,

alojamento);

2. Necessidades de segurança (estar livre do medo e das ameaças, de não

depender de ninguém, de autonomia, de não estar abandonado, de proteção, de

confidencialidade, de intimidade, de viver num ambiente equilibrado);

3. Necessidades de afeto ou de pertença (afiliação, afeto, companheirismo,

relações interpessoais, conforto, comunicação, dar e receber amor);

4. Necessidades de prestígio e estima social (respeito pela própria dignidade

pessoal, elogio merecido, autoestima, individualidade, identidade sexual,

identidade sexual, reconhecimento);

5. Necessidades de auto realização e criatividade (auto expressão, utilidade,

criatividade, produção, diversão e ócio);

6. Cognitivas e de curiosidade, de conhecer o mundo (saber, inteligência, estudo,

compreensão, estimulação, valia pessoal);

7. Estéticas (realização de possibilidades, autonomia pessoal, ordem, beleza,

intimidade, verdade, objetivos espirituais).

http://zarife.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/09/motivac%CC%A7a%CC%83o-no-trabalho_capa.jpg

2. Teoria Psicanalítica. O comportamento do indivíduo é motivado por uma

energia libidinal, que se manifesta sob a forma de pulsões. As satisfações destas

pulsões diminuem a tensão no indivíduo, mas também produzem prazer. Nem

sempre está satisfação se revela aceitável, o que origina frustrações e conflitos.

A fim de evitar as frustrações e os conflitos, e tendo em vista diminuir a

tensão interna, os mecanismos de controlo do ego (Eu), recorrem a várias

34

estratégias para a controlarem estas tensões e obterem alguma satisfação das

pulsões Na maior parte tratam-se de respostas elaboradas pelo inconsciente,

sem que o indivíduo se dê conta disso.

Principais mecanismos de defesa do ego:

- Recalcamento: Processo de esquecimento inconsciente de lembranças

desagradáveis. Os desejos e sentimentos inaceitáveis são mantidos no

inconsciente.

- Repressão: Processo voluntário e consciente pelo qual o indivíduo esquece ou

repele da consciência lembranças desagradáveis.

- Regressão: Retorno do indivíduo a formas de comportamento próprias de uma

idade inferior à sua, nomeadamente a aquelas em que se sentia seguro e

confiante.

- Projeção: Os desejos próprios são atribuídos a outras pessoas. O indivíduo

atribui a outros desejos que são seus.

- Identificação. Adoção de comportamentos daqueles que nos impressionam e

se nos impõe como modelos de comportamento.

- Sublimação: Substituição do objetivo da pulsão por outro socialmente aceite e

estimável. Deste modo o desejo é satisfeito de modo indireto.

- Racionalização: Justificação, a posteriori, com o intuito de evitar sentimentos

de inferioridade que ponham em risco a autoestima.

- Compensação: Realização de atividades inferiores para compensar outras

tidas como superiores, mas face às mesmas o indivíduo manifesta medos ou

assume certas incapacidades para a sua realização.

- Transferência: Mudança de um objeto proibido das pulsões para outro,

relacionado com aquele, mas socialmente aceitável e socialmente aceitável.

- Fantasia.

35

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

http://www.peakcursos.com.br/imagens/cursos/Inteligencia_emocional_no_trabalho.jpg

O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL?

A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar

a si mesmo e persistir mediante frustrações; controlar impulsos, canalizando

emoções para situações apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar

pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu

engajamento a objetivos de interesses comuns. (Gilberto Vitor)

Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a Inteligência Emocional em cinco

áreas de habilidades:

1. Auto - Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento

enquanto ele ocorre.

2. Controle Emocional - habilidade de lidar com seus próprios

sentimentos, adequando-os para a situação.

3. Auto - Motivação - dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial

para manter-se caminhando sempre em busca.

4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.

5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.

36

As três primeiras acima se referem à Inteligência Intrapessoal. As duas

últimas, a Inteligência Interpessoal.

IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES

o Sobrevivência: Nossas emoções foram desenvolvidas

naturalmente através de milhões de anos de evolução. Como

resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos servir

como um sofisticado e delicado sistema interno de orientação.

Nossas emoções nos alertam quando as necessidades humanas

naturais não são encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos

sós, nossa necessidade é encontrar outras pessoas. Quando nos

sentimos receosos, nossa necessidade é por segurança. Quando

nos sentimos rejeitados, nossa necessidade é por aceitação.

o Tomadas de Decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa da

informação. Nossas emoções nos ajudam a tomar decisões. Os

estudos mostram que quando as conexões emocionais de uma

pessoa estão danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem

mesmo as decisões simples. Por quê? Porque não sentirá nada

sobre suas escolhas.

o Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o

comportamento de uma pessoa, nossas emoções nos alertam. Se

nós aprendermos a confiar em nossas emoções e sensações isto

nos ajudará a ajustar nossos limites que são necessários para

proteger nossa saúde física e mental.

o Comunicação: Nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os

outros. Nossas expressões faciais, por exemplo, podem

demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar,

podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também

verbalmente hábeis, juntamente com nossas expressões teremos

uma possibilidade maior de melhor expressar nossas emoções.

37

Também é necessário que nós sejamos eficazes para escutar e

entender os problemas dos outros.

o União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz

de unir todos os membros da espécie humana. Claramente, as

diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto, apesar

dar emoções serem "universais".

ÉTICA E CIVILIZAÇÃO

http://www.professoresdosucesso.com.br/wp-content/uploads/etica.jpg

Texto elaborado com base no texto de Marcos Leite

38

Os seres humanos agem conscientemente, e cada um de nós é senhor

de sua própria vida. Mas como resolvemos o que fazer? Você em algum lugar já

pensou em como você toma as decisões sobre o que fazer em determinada

situação? Você age impulsivamente, fazendo “o que der na telha” ou analisa

cuidadosamente as possibilidades e as consequências, para depois resolver o

que fazer?

A filosofia pode nos ajudar a pensar sobre a nossa vida. Chama-se ética

a parte da filosofia que se dedica a pensar as ações humanas e os seus

fundamentos. Um dos primeiros filósofos a pensar a ética foi Aristóteles, que

viveu na Grécia no século IV aC . Esse filósofo ensinava numa escola à qual deu

o nome de Liceu, e muitas de suas obras são resultado das anotações que os

alunos faziam de suas aulas. As explicações sobre a ética foram anotadas pelo

filho de Aristóteles chamado Nicômaco, e por isso esse livro é conhecido por nós

com o título de Ética a Nicômaco.

Em suas aulas, Aristóteles fez uma análise do agir humano que marcou

decisivamente o modo de pensar ocidental. O filósofo ensinava que todo o

conhecimento e todo trabalho visa a algum bem. O bem é a finalidade de toda

ação. A busca do bem é o diferente é o que difere a ação humana da de todos

os outros animais.

Ele perguntou: Qual é o mais alto de todos os bens que se podem alcançar

pela ação? E como resposta encontrou: a felicidade. Essa resposta formulada

pelo filósofo encontra eco até nossos dias. Tanto o homem do cotidiano como

todos os grandes pensadores estão de acordo que a finalidade da vida é ser

feliz. Identifica-se o bem viver e o bem agir com o ser feliz.

No entanto, disse Aristóteles, a pergunta sobre o que é felicidade não é

respondida igualmente por todos. Cada um de nós responde de uma forma

singular. Essa singularidade na resposta é partilhada por outros indivíduos com

os quais convivemos. Portanto, no processo de nossa educação familiar,

religiosa e escolar aprendemos a identificar o ser feliz com os valores que

sustentam nossas ações.

39

Toda a produção humana consiste em criar condições para que o homem

seja feliz. Todas as religiões, as filosofias de todos os tempos, as conquistas

tecnológicas, as teorias científicas e toda a arte são criações humanas que

procuram apresentar condições para a conquista da felicidade. O processo

civilizatório iniciou-se com a promessa da felicidade.

RACIONALIDADE E LIBERDADE

O mesmo Aristóteles caracterizou os humanos como seres racionais que

falam. A dimensão anímica ou psíquica (psique=alma) dos seres humanos foi

concebida pelo filósofo como um conjunto de duas partes: uma racional e a outra

privada de razão. A primeira se expressa pela atividade filosófica e matemática.

A Segunda, por seus elementos vegetativos e apetitivos. Isso permitiu a

hierarquização dos seres humanos.

Pela Segunda parte da alma, somos iguais a todos os outros animais.

Movidos pelos instintos primários (fome, sede, sono, reprodução), somos

guiados pela necessidade de sobrevivência. Todos os seres humanos tem em

comum um problema único a resolver: como sobreviver. Necessitamos de

alimentos para aplacar nossa fome; de água para saciar a sede: dormir para

perpetuar a espécie. Mas o que nos diferencia dos outros animais? Segundo

Aristóteles, é a racionalidade. Nós somos capazes de planejar nossas ações, de

realizar escolhas e julgá-las, determinando seu valor. Agimos acreditando que

estamos fazendo o bem e, mesmo quando julgamos mal nossas ações, é sempre

o bem que estabelece o critério de tal julgamento.

Assim, os seres humanos identificam-se como tais pelas distinções que

são capazes de estabelecer com os outros animais e, por conseguinte, com todo

o reino da natureza. Os seres humanos definem-se pela capacidade de pensar,

falar, trabalhar e amar. Ainda com Aristóteles, podemos identificar três coisas

que controlam a ação: sensação, razão e desejo. A primeira não é princípio para

julgar ação, pois também os outros animais possuem sensação, mas não

participam da ação.

40

http://overlane.files.wordpress.com/2012/04/etica_trabajo.jpg

A ação é um movimento deliberativo, isto é, a origem da ação é a escolha.

Os homens diferem dos demais animais porque são capazes de realizar

escolhas. O desejo está na raiz dessas escolhas: a razão é o seu guia. Para

Aristóteles, o desejo é a força motriz, o impulso gerador de todas as nossas

ações. Mas esta força motriz deve seguir o curso traçado pela razão. A razão

guia, conduz o desejo ao encontro de seu objetivo.

Realizar escolhas é eleger objetos para o desejo. O critério das escolhas

é sempre racional. O motivo é sempre emocional, ou seja, impulsionados pelo

desejo movemo-nos em direção aos objetos. Nesse sentido, a capacidade

racional de realizar escolhas permite-nos afirmar nossa condição de liberdade.

O exercício da liberdade é a capacidade de escolher. Nisso os seres humanos

podem se desviar do determinismo pelo padrão genético de suas espécies.

Quando olhamos um filhote de cachorro, por exemplo, somos capazes de dizer

seu comportamento futuro. Ao olhar para um bebê é impossível prever seu

comportamento, suas ações e suas intenções.

É a escolha que define o caráter de um ser humano. Suas virtudes se

manifestam nas escolhas que realiza no curso de sua condição mortal. Aqui se

apresentam algumas questões éticas de grande relevância. Quais os critérios

que norteiam as escolhas que um homem faz em sua vida? Quais são os valores

41

que pautam suas ações? Quais objetivos pretende atingir com quais meios

efetivará sua realização? Afirma-se que toda ação deve ser justa e boa. Mas, o

que determina a justiça e a bondade? O que é ser justo? O que é ser bom?

http://editoraargos.org/wp-content/uploads/2011/10/yosoy.jpg

No exercício da liberdade, cada um de nos se relaciona com outros

indivíduos e dessas relações emerge a realidade social. Chamamos sociais

nossas relações com os outros no mundo. A sociedade é uma construção

histórica pautada numa lei fundamental: é proibido matar o semelhante. No

entanto, numa rápida olhada em qualquer jornal, por exemplo, descobrimos que

o assassinato é praticado das mais diferentes formas: guerras, fome, assaltos,

atentados, terroristas...Vez ou outra, ouvimos dizer que essas ações são

desumanas. Mas como, se foram praticadas por seres da mesma espécie,

animais racionais?

CIVILIZAÇÃO E VALORES

A civilização parece não respeitar a lei fundamental que criou para que

pudesse existir. É proibido matar! Se existem práticas homicidas, os critérios de

bondade e justiça não são cumpridos. Os assassinatos revelam o conflito

irremediável entre a liberdade e a lei. A lei foi constituída para garantir o exercício

42

da liberdade. No entanto, acaso deveríamos julgar livres os indivíduos que

praticam crimes? Seriam eles livres em suas ações ou não? O critério de justiça

determina a prisão (perda da liberdade) para quem cometer homicídio. Mas por

que os pobres são condenados à prisão? Por que os chamados “crimes de

colarinho-branco” não são punidos com a prisão? Observe que essas questões

remetem ao chamado da reflexão ética.

Em 1930, um médico vienense chamado Sigmund Freud – o criador da

psicanálise – publicou um livro com o sugestivo título O mal-estar na civilização.

Nessa obra, Freud fez um diagnóstico do processo civilizatório e constatou que

os seres humanos estão condenados a viver nesse conflito irremediável entre as

exigências pulsionais (a liberdade) e as restrições (as leis).

Freud Retoma a clássica questão aristotélica que atravessa toda a história

ocidental: O que os homens pedem da vida e o que desejam nela realizar? A

resposta é categórica: a felicidade. Os homens querem ser felizes e assim

permanecer. Toda ação tem em vista a conquista da felicidade.

Par analisar por que nos afastamos desse propósito, Freud apresenta

uma reflexão decisiva para pensarmos a Ética civilizatória como processa de

felicidade: “Grande parte das lutas humanas centraliza-se em torno da tarefa

única de encontrar uma acomodação conveniente – isto é, uma acomodação

que traga felicidade – entre essa reinvindicação do indivíduo (liberdade) e as

reivindicações culturais do grupo (leis), e um dos problemas que incide sobre o

destino da humanidade é o saber se tal acomodação pode ser alcançada por

meio de alguma específica de civilização (religião, ciência, filosofia, arte) ou se

esse conflito é irreconciliável” (p.116). A posição de Freud é clara: o conflito é

irremediável.

A tarefa da civilização é humanizar esse animal racional chamado

homem. Acompanhando os argumentos de Freud na obra citada, podemos

encontrar elementos para caracterizar o processo civilizatório construído pelos

seres humanos. A civilização é concebida como tudo aquilo por meio do que a

vida humana se elevou acima de sua condição animal. Os humanos são seres

da cultura. A cultura é a morada do homem. O acesso aos bens culturais

43

produzidos em toda a história é o que define nossa condição humana. O homem

é um animal cujo maior desejo é tornar-se humano.

https://encrypted-

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A elevação apontada por Freud é o que diferencia dos outros animais. A

vida humana difere da vida dos animais em dois aspectos: os conhecimentos e

as capacidades adquiridas para controlar as forças da natureza; e os

regulamentos (leis, normas, regras) para ajustar as relações dos homens uns

com os outros.

Na luta pela sobrevivência em um mundo sombrio e assustador, o animal

racional teve de enfrentar três grandes desafios: o poder superior da natureza,

que nos ameaça com forças de destruição, a fragilidade de seu próprio corpo,

condenado à dissolução; e as leis que regulam suas ações sociais. Os

conhecimentos científicos e tecnológicos procuram responder a esses desafios.

As práticas religiosas, os sistemas de crenças também. As teorias filosóficas e

as produções artísticas inserem-se nessa tarefa de encontrar caminhos para

esses desafios humanos.

A conclusão derradeira de Freud é que a civilização tem que ser defendida

contra o indivíduo e que seus regulamentos, suas instituições e suas ordens

dirigem-se a essa tarefa (...) fica-se com a impressão de que a civilização é algo

que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu

como obter a posse dos meios de poder e coerção, somos submetidos ao

processo civilizatório. Desde o nascimento até a morte, somos atravessados

pelos critérios que sustentam a civilização: o bem e a justiça.

44

Finalmente, como relacionar à ética (instância individual) e civilização

(instância coletiva)? A ética, pensada no campo da lei, leva-nos às mesmas

conclusões que Freud. Ao obter a posse dos meios de poder e coerção, uma

minoria impões seus valores à grande maioria que resiste. Mas a conclusão de

Freud nos permite pensar o poder também como resistência por parte da

maioria. Nesse caso, o Estado aparece como o grande gerenciador desse

conflito, por meio de seu sistema de leis e práticas de coerção (prisão, por

exemplo).

http://www.fleury.com.br/Util/img/conteudo/img-codigo-conduta.jpg

Há outra forma também de pensarmos a ética: como exercício estético.

Em meio a esse conflito irreconciliável entre as exigências individuais por

liberdade e as restrições impostas pelo regulamento social, podemos criar

condições para instaurar uma ética da beleza: fazer da vida uma obra de arte,

criar condições para que cada um produza sua própria vida como quem esculpe

o mármore ou pinta uma tela. O mármore ou a tela seriam as

imposições/restrições impostas pela civilização e das quais podemos escapar,

mas, como sujeitos de nossa vida, podemos esculpir/pintar com o formão e o

pincel de nossa liberdade.

45

ÉTICA E VALORES

http://gti.projetointegrador.com.br/~131M154200064/images/charge-conselho-ou-etica.jpg

Ser Humano Influenciado pelo ambiente

(A família à qual pertence; a classe econômica da qual faz parte aquela família;

a raça da qual faz parte; a religião; o país onde nasceu ...).

Conjunto de informações a respeito da vida – entre tantas informações questões

ligadas a “Justiça Social”. Ocorrência: Valores diferenciados para fatos e coisas.

Exemplo:

Na escala de valores de uma família de baixa renda, o valor atribuído às

necessidades básicas, certamente, encontra-se em patamar superior ao do valor

atribuído às necessidades menos imediatas, como o lazer. Esse quadro é

diferente quando a escala de valores é de uma família de alta renda, cujas

necessidades básicas já estão, a priori, totalmente atendidas.

46

Portanto, quanto maior o distanciamento verificado entre as condições de

vida das pessoas, certamente maior será a diferença no que se refere ao

conjunto de informações recebido de forma individual, da mesma forma que

diferentes serão as necessidades a que cada um a busca atender de maneira

mais imediata, vale dizer, maior será o distanciamento entre seus valores.

Objetivos diferentes Conflitos Escala de valores

ÉTICA E LEI

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c

O conceito ou preceito ético é uma regra aplicável à conduta humana. O

preceito possui duas características essenciais:

- Destina-se a adequar a ação humana ao conceito do bem e da moral.

- Pode ser aplicado pela simples determinação do ser humano,

independentemente de qualquer coação externa.

Como os preceitos éticos são regras, muitos estudiosos aplicam-lhes o

princípio – típico das normas jurídicas – da possibilidade de não atendimento

sem violação dos princípios. Essa corrente de pensamento aceita a ideia de que

47

um comportamento pode não ser exatamente de conformidade com a regra

ética, mas mesmo assim pode não contrariar esse preceito. Para qualificar esse

comportamento, tais pensadores utilizam a palavra aético, que é um

comportamento que não é ético, mas que também não contraria a regra ética.

Não concordamos com tal corrente de pensamento. Por essa razão, para nós

os comportamentos valorados à luz das regras ética só podem ser éticos ou

antiéticos.

A lei é uma norma aprovada pelo povo de um país, que possui as seguintes

características fundamentais:

- Resulta de um processo formal de elaboração, do qual a sociedade participa

diretamente ou através de seus representantes.

- É dotada de sanção, ou seja, a sua desobediência gera uma penalidade.

- É sempre atribuída, o que significa que cada direito outorgado a alguém

impõe um dever, para a mesma ou para outra pessoa.

CONCEITO DA ÉTICA

http://www.grupoa.com.br/uploads/imagensTitulo/20120123015941_TAILLE_Moral_Etica.gif

Pode-se, de forma simplificada, definir o termo ética como sendo um ramo

da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado.

48

Uso popular do termo ética: Ética diz respeito aos princípios de

conduta que norteiam um indivíduo ou grupo de indivíduos.

A expressão ética pessoal é normalmente aplicada em referência

aos princípios de conduta das pessoas em geral.

A expressão ética profissional serve como indicativo de conjunto de

normas que baliza a conduta dos integrantes de determinada profissão.

Os filósofos referem-se à ética para denotar o estudo teórico dos padrões

de julgamentos morais, inerentes às decisões de cunho moral.

A reflexão ética não pode pretender converter os agentes sociais

em indivíduos éticos, mas pode instrumentalizá-los para que decidam

consequentemente, de acordo com o que a coletividade espera deles.

A ética representa, pois, uma tomada de posição ideológico-

filosófica que remete aos interesses sociais envolvidos.

A moral, como sinônimo de ética, pode ser conceituada como o conjunto

de normas que, em determinado meio, granjeiam a aprovação para o

comportamento dos homens.

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49

A ética, como expressão única do pensamento correto, conduz à ideia da

universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento

humano, expressa em princípios válidos para todo o pensamento normal e sadio.

CONCEITOS DA ÉTICA PROFISSIONAL

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Texto elaborado com base nos textos de Antônio Roberto Oliveira

As lideranças sociais têm um poder e uma responsabilidade decisivos em

relação à ética. Nenhuma nação, povo, ou grupo social pode realizar seu projeto

histórico sem lideranças. A liderança social é o elemento de ligação entre os

interesses do grupo social e as oportunidades históricas disponíveis para realizá-

50

los. A responsabilidade ética da liderança, portanto, se pudesse ser medida, teria

o tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles que ela representa e

lidera.

A liderança social tem uma tripla responsabilidade ética: institucional,

pessoal e educacional. Institucional, porque devem cumprir fiel e estritamente os

deveres que lhe são atribuídos.

Liderança pessoal porque devem ser cada uma delas, um exemplo de

cidadania: justas e eticamente íntegras. Liderança educacional porque, além de

ser um exemplo, deve dialogar com os que ela lidera, de modo a ampliar a sua

consciência política e a fazê-los crescer na cidadania.

A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo. Tratam

dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens,

segundo a justiça e a equidade natural, ou seja, os princípios éticos e morais são

na verdade os pilares da construção de uma identidade profissional e sua moral

mais do que sua representação social contribui com a formação da consciência

profissional.

Os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção de

um profissional que representa o Direito Justo, distinguindo-se por seu talento e

principalmente por sua moral e não pela aparência.

De forma sintética, João Baptista Herkenhoff (2001) exterioriza sua

concepção de ética; o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo dos juízos

de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juízos de realidade).

Todavia, “a moral é a parte subjetiva da ética”. “O homem nem sempre pode o

que quer, nem quer sempre o que pode. Ademais, sua vontade e seu poder não

concordam com seu saber. Quase sempre as circunstâncias externas

determinam a sua sorte.” (D’HONDT, 1966, p. 105).

51

A ÉTICA PROFISSIONAL E A FILOSOFIA DO AGIR

HUMANO – O SER ÉTICO/AXIOLÓGICO.

É a vida do bem em organizações humanas. A vida plenamente humana,

“programa pedagógico esse que visa formar o jovem Técnico em Metalurgia, que

participa da cidadania, assumindo com plena consciência a recíproca relação

entre direitos e deveres”, consiste essa mesma existência da esfera profissional.

Esse mundo humano – ser ético/axiológico não é uma dádiva da natureza.

É uma conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua

dimensão ético-profissional, a de enveredarem pelos obscuros caminhos da

cidade sem lei.

A ética é aplicada no campo das atividades profissionais. Assim, a ética

profissional do estudante de Técnico de Metalurgia e demais outras profissões.

A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o

fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à

eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão.

O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve

assumir no desempenho de sua profissão.

O estudo e o conhecimento da Deontologia (do grego deontos = dever e

logos = tratado) se voltam para a ciência dos deveres, no âmbito de cada

profissão.

É o estudo dos direitos, emissão de juízos de valores, compreendendo a

ética como condição essencial para o exercício de qualquer profissão.

A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e

“o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que

todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere

à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no

desempenho de sua profissão.

Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que visam estabelecer

certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.

52

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A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma

forma de garantir o seu bem-viver. Independe das fronteiras geográficas e

garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam

este mesmo referencial moral comum.

O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada

pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, que valem apenas

para a área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados

vivem.

A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo

ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos é a busca de

justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente

de ambos – Moral e Direito – pois não estabelece regras.

53

ÉTICA PROFISSIONAL: QUANDO SE INICIA

ESTA REFLEXÃO?

Esta reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve

iniciar bem antes da prática profissional. A fase da escolha profissional, ainda

durante a adolescência muitas vezes, já deve ser permeada por esta reflexão. A

escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres

profissionais passa a ser obrigatório.

Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o

conjunto de deveres que está prestes a assumir, tornando-se parte daquela

categoria.

Toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e

habilidades, referentes à prática específica numa determinada área, devem

incluir a reflexão, antes do início dos estágios. Ao completar a formação em nível

superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e

comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isso

caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, a adesão voluntária

a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o

seu exercício.

É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não

estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas

as atividades que uma pessoa pode exercer.

Atitudes de generosidade e cooperação no trabalho em equipe, mesmo

quando exercidas solitariamente em uma sala, fazem parte de um conjunto maior

de atividades que dependem do bom desempenho desta.

Uma postura proativa, por exemplo, é não ficar restrito às tarefas

solicitadas, mas contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que

temporário.

Se sua tarefa é varrer ruas, você pode se contentar em varrer e juntar o

lixo, mas você pode também tirar o lixo que vê que está prestes a cair na rua,

54

podendo futuramente entupir uma saída de escoamento e causando uma

acumulação de água quando chover.

ÉTICA PROFISSIONAL E RELAÇÕES SOCIAIS

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O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de

água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no

local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere

as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do

asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro;

o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço

de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a

construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em

suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não

saberá quem fez.

As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os

profissionais, as pessoas que dependem deles. Há, porém muitos aspectos não

previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional

com a ética, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa

certa.

55

QUAIS OS LIMITES DE UM CÓDIGO DE ÉTICA?

Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria

ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções

para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependerão sempre da

existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitado.

Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos

comportamentos de seus membros.

Essa regulação só será ética quando o código de ética for uma convicção

que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo

de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade.

Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as

chances de identificação dos membros do grupo com seu código de ética e, em

consequência, maiores as chances de sua eficácia.

O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito de

direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O fundamento

dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua liberdade

(possibilidade) de viver plenamente.

As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não apenas

por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo que

poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser são parte

de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência.

A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A moral tradicional

do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o campo da

ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada indivíduo.

Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico-político-jurídico

seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção consciente e

deliberada dos homens na sociedade.

56

ÉTICA E SISTEMA ECONÔMICO

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O sistema econômico é o fator mais determinante de toda a ordem (e

desordem) social. É o principal gerador dos problemas, assim como das

soluções éticas. O fato de o sistema econômico parecer ter vida própria,

independente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade

ética dos que estão em seu comando.

O sistema econômico mundial, do ponto de vista dos que o comandam, é

uma vasta e complexa rede de hábitos consentidos e de compromissos

reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua responsabilidade ética

individual não existe.

A moral dominante do sistema econômico diz que pelo trabalho qualquer

indivíduo pode ter acesso à riqueza. A crítica econômica diz que a reprodução

da miséria econômica é estrutural. Sendo assim, dentro de uma visão ética, pode

57

se dizer que se exigem transformações radicais e globais na estrutura do sistema

econômico.

ÉTICA E MEIO AMBIENTE

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A voracidade predatória do sistema econômico vigente o faz enxergar a

natureza tão somente como fonte de matérias-primas para a produção de

mercadorias. Com isso, a natureza torna-se ela própria uma mercadoria.

O trabalho é a ação humana que transforma a natureza para o homem.

Mas, para que cumpra essa finalidade de sustentar e humanizar o homem deve

realizar-se de modo autossustentável para a natureza e para o homem. A

voracidade predatória de nosso sistema econômico está rompendo

perigosamente o equilíbrio de autossustentabilidade entre a natureza e o

58

homem. Preservar e cuidar da natureza é o mesmo que preservar e cuidar da

humanidade, das gerações atuais e futuras. Preservar e cuidar do meio ambiente

é uma responsabilidade ética diante da natureza humana.

O pensamento pós-moderno rejeita o conceito defendido pela modernidade

de que existem verdades absolutas e fixas. Toda verdade é relativa e depende

do contexto social e cultural em que as pessoas vivem. Cada um percebe a

verdade de sua própria forma. Não há “verdade”, mas sim “verdades” que não

se contradizem, mas se complementam. Isso inclui verdades religiosas.

Conceitos como “Deus” são totalmente relativos. A única “inverdade” que

existe é insistir em dizer que existe verdade fixa e absoluta!

Nesta época de pós-modernidade, surgiu o conceito do politicamente

correto – na mentalidade pluralista e inclusivista, a opinião e as convicções de

todos têm de ser respeitadas. A razão para esse “respeito” é que a opinião de

um é vista como tão verdadeira quanto à do outro. Assim, torna-se politicamente

incorreto criticar as opiniões, a conduta e as preferências morais, políticas e

religiosas de alguém.

O contemporâneo é incerto e ainda problemático, precisando de

ressignificações dos papéis e das funções, cujos atores humanos têm a plateia

humana sem bússola e sempre os temas centrais dos atos são a ética.

Existem quatro eixos de conteúdos relativos à ética. São eles: respeito

mútuo, justiça, diálogo e solidariedade.

Quando nos referimos ao espectro ético em uma determinada prática

social/profissional, de maneira que possamos reconhecer a existência de

expectativas e de avaliações, cabe-nos sempre uma profunda indagação: o que

se tem feito e dito a respeito de nós, profissionais da área Metalúrgica?

Qual a nossa imagem de ética vivenciada? Essa imagem de um educador

se considerada como ética revela a essência de minha função profissional e

obscurece uma prática contrária aos princípios que acredito existirem?

A transgressão da ética surge pela inconformidade e pela falta do

conhecimento e não necessariamente pela má-fé, se não estiverem atreladas ao

59

não moral. No entanto, não podemos esquecer que no campo da ética, não

devemos estabelecer configurações apriorísticas.

As regras dificilmente serão as mesmas, porém, mesmo quando o

conhecimento e as competências são diferentes, a funcionalidade processual

formal deve ser explicitada. Caso haja rompimentos de regras, é preciso rever o

contrato e refletir a prática no campo da dialética, nascendo à semente ética do

sucesso de qualquer profissão.

A ação do Técnico em Metalurgia, a exemplo, que observa sob uma visão

multilocular o mesmo fenômeno, realizando múltiplas leituras para interpretar a

realidade, refletida na compreensão global do real, deve de forma clara e

competente transformar o universo interdisciplinar e multidisciplinar de sua

formação acadêmica, através de um suporte dialético e interacional do

conhecimento, a partir de suas próprias experiências sociais e humanas.

Reconstruir valores de forma contínua, convergentes e integradores ao

conhecimento de outras disciplinas, permite desenvolver, no campo filosófico,

espaços para a compreensão existencial sob vários ângulos da prática humana

que dão real sentido à vida social e profissional.

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Numa perspectiva mais ampla e comparativa, se o tecido social resulta dos

diversos vetores individuais e coletivos, não é demais admitir que o vácuo ético

60

– nas relações entre profissionais, organizações, fornecedores e consumidores

– tem forte correlação com a fragilidade da ética pessoal, está hoje bem

caracterizada pelo excessivo interesse do indivíduo por si próprio, pelo

individualismo exacerbado, pelo narcisismo desmedido e pelo frágil sentido de

solidariedade.

Com efeito, se as organizações são dirigidas por pessoas que assimilam

não virtudes, e se estas pessoas moldam as crenças das organizações, na

medida em que o homem despreza valores humanos, as organizações tendem

a fazer o mesmo e a resvalar na moral e, às vezes, a abandonar a ética.

DEVERES PROFISSIONAIS

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Quando direcionamos nossas capacidades e níveis de competências para

permitir um desempenho eficaz da profissão escolhida, estamos exercitando

deveres éticos. A satisfação de quem recebe esses benefícios é o referencial

das nossas atitudes que governam as ações do indivíduo perante o outro, ele

próprio, a sociedade e o Estado.

61

O compromisso diante de um agregado de deveres éticos compatíveis com

a tarefa profissional, precisa superar o “complexo de valores” pertinentes a cada

profissão, até tornar-se um valor mais amplo da ética profissional universal.

O primeiro dever está na escolha da profissão seguida do conhecimento

sobre ela para finalmente ser capaz de exercê-la dentro de uma prática plena de

conduta cujos lastros de valoração profissional sejam os valores adotados pela

classe, sociedade e pelo próprio indivíduo. É preciso que o sujeito e sua

profissão façam um “casamento” pleno de prazer e influxos de amor.

A escolha das tarefas deve ser a proveniência do dever a ser cumprido,

visando à qualidade da execução, dentro de uma conduta valorosa e refletida

por práticas úteis e cheias de usufrutos e benefícios. Aí, sim, ocorrerá o pleno

dever ético.

A identificação prazerosa com as tarefas de um trabalho precisa de

convicções da escolha e dos sentimentos envolvidos com a escolha autônoma,

pois quando um aluno perguntou a Mozart: “O que devo compor mestre?”

Ele respondeu: - “É preciso esperar”. A impaciência do aluno o fez retrucar,

dizendo que o mestre já compunha desde os 5 anos, ao que o gênio da música

lhe respondeu: “Mas eu nunca perguntei a ninguém o que deveria compor”.

O dever deve fluir como um sentimento que faz bem e não como algo que

precisa ser cumprido a todo preço, para rapidamente se livrar do peso provocado

pela falta de condições essenciais de opção. A consciência é que monitora as

transgressões éticas que violentam a vontade humana e ela mesma é

responsável pela corrupção que fragmenta o ser ao longo da vida.

Quem aceita tarefas sem ter a capacidade de exercê-las, é condenável

como prática antiética em função dos prejuízos que pode vir a causar a terceiros,

desde que anteriormente seu juízo os tenha identificado. Essa infração ética

precisa ser superada pelo dever profissional de buscar conhecimentos e

competências necessários para a execução de tarefas desafiadoras. Não

reconhecer que uma decisão faz a grande diferença diante das possíveis

consequências, já significa uma premissa antiética.

62

Como profissional deve-se permanentemente refletir sobre a condição

humana para se reconhecer permanentemente aprendizado com os outros

identificando situações em que o exigível não é executável. Ainda, o profissional

em Metalurgia tem o dever de conhecer e aprimorar-se no exercício da sua

prática profissional como também produzir avaliações sobre os níveis de

competências emocionais, profissionais, intelectuais e cognitivas necessárias

para que o exigível seja algo natural e sem traumas.

Encontrar-se com os sentimentos que nutrem o dever ético profissional é

buscar a consciência necessária para dominar o conhecimento, ter posse

relativa do saber, percepção integral do objeto de trabalho e traçar seus objetivos

voltados à qualidade ou eficácia das tarefas. Não se deve esquecer os limites do

cumprimento dos deveres e das condições pelas quais o dever da ética fica

comprometido pelas circunstâncias alheias à vontade humana, permitindo que

forças externas se sobreponham.

Os “achismos do quase bom” ou das intenções por negligência, que levam

a aceitar o “menos mal” não podem ser justificativa para o trabalho ineficaz. O

alcance da plenitude ética é decorrente do êxito profissional e do caminho

percorrido pela prática valorosa e virtuosa em interação humana, social e

institucional, interagindo com suas competências intrapessoais voltadas para o

êxtase das realizações e aos sentimentos do dever cumprido.

É dessa matriz que surgem o zelo e a busca constantes da excelência que

faz o grande encontro com os sentimentos de lealdade com aquele que é

beneficiado. Cada virtude identifica uma capacidade desejável ou uma

habilidade necessária que enseja deveres a cumprir, sempre de acordo com a

natureza de uma determinada tarefa, normalmente normalizada no interesse de

grupos profissionais.

A qualidade do desempenho das tarefas vai identificar uma relação entre o

caráter do profissional e o exercício de sua profissão. Qualquer profissão, dentro

das doutrinas morais ou da ética, requer uma visão holística de mundo onde o

micro social interage com o macrossocial e em todas as relações imagináveis do

indivíduo. Ainda, é através da profissão exercida que se consegue a liberdade

63

do processo de dominação ou nos instalamos através dela, podendo chegar até

o absolutismo ostensivo ou à ditadura.

Pela profissão exercida, abrem-se as dimensões dos “saberes das

conveniências isoladas”, de grupos ou ambiências ligadas às causas e efeitos

humanos próprios, capazes de construir sucessos ou fracassos nas múltiplas

relações interpessoais e intrapessoais geradas no tempo e espaço e que,

permanentemente exigem reflexões de conduta ética.

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