apostila de ttciu - cfsd 2014 - atualizacao 1

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    ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR 

    CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS BOMBEIRO MILITAR CFSd BM

    TÉCNICA E TÁTICA DE COMBATE À INCÊNDIO URBANO

     __________________________________________________________________

    Curso de Formação de Soldados – Academia de Bombeiros MilitarTécnica e Tática de Combate à Incêndio Urbano – Coordenadoria de TTCIU

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    Disciplina: Técnica e Tática de Combate à Incêndio Urbano

    Prof.(a):

    Carga Horária: 60 h/a

    Plano de AulaEMENTA DA DISCIPLINA

    Generalidades sobre o fogo:  histórico; conceito; causas de incêndio; elementosessenciais do fogo; meios de transmissão de calor. Combustão:  conceito; pontosnotáveis; processo da combustão; velocidade com que ocorre e os fatores que sobre elaexercem influência; tipos; marcha da combustão; produtos gerados pela combustão eseus efeitos no organismo humano. Incêndio:  conceito; evolução; fases da combustãoem local de incêndio; Carga Incêndio; classificação dos incêndios; processos de extinção

    do incêndio. Agentes extintores. Extintores de incêndio:  classe; tipo; manuseio;inspeção e manutenção. Materiais de combate a incêndio urbano: extintores,esguichos, mangueiras e mangotes, aparelhos divisores, redutores, coletores,

    reduções adaptações, chaves, misturadores. Ferramentas em uso pelo CBMMG

    nas operações de combate à incêndio:  ferramentas para efetuar entradas

    forçadas e de remoção e exploração. Apresentação das viaturas de Combate a

    Incêndio usadas no CBMMG.) Considerações táticas do emprego

    operacional: conceitos; generalidades; deveres e proibições do bombeiro militar

    quando da prontidão de incêndio. Ações de bombeiro: estudo de situação,

    salvamento de vítimas em incêndios, isolamento, confinamento, ataque, ventilação,

    proteção(salvatagem) e rescaldo.  Manobras com mangueiras: tipos deenrolamento; transporte; desenvolvimento; desalagamento; inspeção e

    conservação. Atuação nos vários tipos de incêndio: horizontais; iniciação em

    combate no plano vertical; locais abertos e em ambientes fechados. Combate a

    Incêndio no plano horizontal: processos de estabelecimentos e abastecimentos;

    tipos, identificação das linhas; atribuições dos integrantes da guarnição de

    combate a incêndio; variações dos estabelecimentos. Esguicho: tipos, manuseio

    e inspeção. Jatos d’água e de espuma: tipos; pressão de uso. Escadas: tipos de

    escada; manuseio, limpeza e inspeção; operações em escadas. Proteção

    Respiratória: riscos; equipamento de proteção respiratória (epr) manuseio,

    inspeção e manutenção. Auto Proteção: equipamento de proteção individual

    (epi). Noções de Salvamento em Incêndios. Aplicação técnica nos incêndios

    mais comuns:  ataque direto e indireto com aplicação de jato atomizado em

    ambientes fechados. Segurança na extinção de Incêndio.

     ________________________________________________________________________ Curso de Formação de Soldados – Academia de Bombeiros Militar

    Técnica e Tática de Combate à Incêndio Urbano – Coordenadoria de TTCIU

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    OBJETIVOS DA DISCIPLINA

    Geral

    Capacitar o futuro soldado bombeiro militar com conhecimento teórico e prático dasoperações de combate a incêndios, propiciando-lhe condições necessárias para oaprendizado das tarefas básicas executadas pelo soldado do CBMMG.

    Específico

    a) Promover no discente a internalização do comportamento adequado diante dos variadoscenários de ocorrências de incêndio/risco de incêndio;

    b) Paralelamente à capacitação, estimular o discente a promover a cultura prevencionista noslocais, quer seja para recepção de pessoas e de guarda de bens, seja público ou privado, quee estejam sob risco de incêndio;

    c) Capacitar a reconhecer as características de um incêndio, identificando sua classe e osmétodos de extinção, bem como o uso do agente extintor adequado a operação;

    c) Conscientizar sobre a importância de agir sob as ordens dos chefes das operações nasocorrências de incêndio, evitando decisões independentes que possam gerar incidentes;

    d) Propiciar o conhecimento necessário de manuseio e conservação de materiais eequipamentos utilizados pelo CBMMG nas operações de combate a incêndio;

    e) Apresentar aos discentes as viaturas utilizadas pelo CBMMG nas operações de combate a

    incêndios.

    METODOLOGIA

    1ª Etapa - aula expositiva teórica ministrada através de recursos áudio visuais (multimídia,vídeos de ocorrências e/ou filmes, experiências em sala de aula, campo ou laboratório) ecomplementada com exercícios de fixação

    2ª Etapa  – aula expositiva de materiais, equipamentos e viaturas utilizados pelos bombeirosmilitares, bem como sua aplicação prática nas diversas situações enfrentadas pelo bombeiromilitar no local de incêndio. Alia-se a essa condição o conhecimento teórico da disciplina.

    3ª Etapa  –  aplicação de duas verificações, sendo a primeira aplicada por uma VerificaçãoContinuada (VC) de caráter prático. A segunda será por uma Verificação Final (VF) tambémde matéria prática  com distribuição de pontos conforme previsto na norma em vigor noCBMMG. 

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    Técnica e Tática de Combate à Incêndio Urbano – Coordenadoria de TTCIU

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    SISTEMA DE AVALIAÇÃO

    Será distribuído o valor de 5 (cinco) pontos em VC prática e 5 (cinco) pontos em uma VFtambém prática.

    BIBLIOGRAFIA B SICA INDICADA

    Manual do Emprego Operacional, 2005;

    Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros- SP, 1996; 

    Manual Básico de Combate a Incêndio - Módulos 3 e 4-CBMDF, 2006.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR INDICADA:

    - Constituição da República Federativa do Brasil, 1988;

    - Decreto-Lei 667/69, alterado pelo Decreto-Lei 1406/75;

    - Decreto Federal 88.777/83 – R200;

    - Portaria 027 – EME, de 16Jun77;

    - Constituição de MG, 1989;

    - Lei Complementar 54/99 – dispõe sobre a organização básica do CBMMG;

    - Instrução Técnica Operacional 001- CBMMG, 2002;

    - Instrução Técnica nr 16 – extintores de incêndio, CBMMG, 2004;- Instrução Técnica nr 02 – terminologia de proteção contra incêndio e pânico, CBMMG, 2004;

    - Instrução Técnica nr 09 – carga de incêndio nas edificações e áreas de risco, CBMMG, 2004;

    - Instrução Técnica nr 29 – hidrante público – CBMMG, 2004;

    - MTB 4 – Manual de Atividade de Bombeiros – MABOM, 1983;

    - Manual do Sapador Bombeiro - 2ª edição – Lisboa, 1967;

    - Secco, Orlando. Manual de Prevenção e Combate à Incêndio, volume I, SP, 1982.

    MODALIDADE DE AULA

    Presencial ________________________________________________________________________ 

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    ATIVIDADE BOMBEIRO MILITAR

    Aspectos legais

    O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) é uma instituiçãoda administração direta do Estado que tem por missão constitucional, dentre outras, a deprevenção e combate a incêndios1.

    Competência

     Art 144, § 5.º CR. aos corpos de bombeiros militares, além das atribuiçõesdefinidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

    Subordinação

     As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares ereserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadoresdos Estados,( § 6.º, art. 144 da CR 1988)

    Condição de “militar” 

    O art. 44 do Decreto Federal nº 88.777/83, estabelece que o Corpo deBombeiros, para ter a condição de militar e assim ser considerado força auxiliar, reserva

    do exército, tem que satisfazer as seguintes condições:

    a) ser controlado e coordenado pelo Ministério do Exército na forma doDecreto-Lei nº 667, de 02 de julho de 1969, modificado pelo Decreto-Leinº 2.010, de 12 de janeiro de 1983 e do presente regulamento;

    b) ser condições de vida autônoma reconhecida pelo Estado-Maior doExército;

    c) ser estruturado a base da hierarquia e da disciplina militar;d) possuírem uniformes e subordinarem-se aos preceitos gerais do

    Regulamento Interno e dos Serviços Gerais e do Regulamento

    Disciplinar, ambos do Exército, e da legislação específica sobre

    1  § 5.º do art. 144 da Constituição da Republica de 1988 (CR 1988) Inc. II, art. 142 da Constituição do Estado

    de Minas Gerais de 1989; inc. I, art 3º da Lei Complementar 54/99.

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    precedência entre os militares das Forças Armadas e os integrantes dasForças Auxiliares;

    e) ficarem Sujeitos ao Código Penal Militar;f) exercerem suas atividades profissionais em regime de trabalho de tempo

    integral.

    O Corpo de Bombeiros Militar, força pública estadual, é um órgãopermanente, organizado com base na hierarquia e na disciplina militares e comandado,preferencialmente, por oficial da ativa, do último posto, competindo: a coordenação e aexecução de ações de defesa civil, a prevenção e combate a incêndio...  períciasde incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas relativas àsegurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe(art. 142 da Constituição Mineira - Redação dada pela Emenda à Constituição 29, de22/10/1997 e pela Emenda à Constituição 39, de 2/6/1999).

    § 1º - A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar são forças auxiliares e reservasdo Exército. (Parágrafo único alterado para § 1º pela Emenda à Constituição 29,de 22/10/1997) (Redação dada pela Emenda à Constituição 39, de 2/6/1999)

    Lei Complementar 54, de 13 de dez1999.

    Artigo 3º - Compete ao Corpo de Bombeiros Militar:I - coordenar e executar as ações de defesa civil, proteção e

    socorrimento público, prevenção e combate a incêndio, perícia de incêndio e explosão

    e, locais de sinistro, busca e salvamento.

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    TERMINOLOGIA DE TÉCNICA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO URBANO

    “À postos”: disposição regular e uniforme das guarnições em suas respectivas viaturas, para odeslocamento a atendimento operacional.

    Abastecimento: operação executada para assegurar o suprimento de água nos incêndios,envolvendo todos os equipamentos e procedimentos desde a fonte até a viatura de combate aincêndio.Aduchar: trata-se do acondicionamento de uma mangueira, visando seu pronto emprego.Adutora: uma ou mais mangueiras acopladas entre si, partindo da bomba/hidrante e terminando na boca admissora do divisor, coletor e aparelho proporcionador de espuma (linha de espuma). Étradicionalmente denominada de “ligação”. Agente extintor: Produto utilizado para extinguir o fogo.Backdraft : explosão de fumaça.Banzo: Parte lateral das escadas de incêndio onde se fixam os degraus.Botijão: Recipiente transportável de gás liquefeito de petróleo (GLP), com capacidade nominal de

    até 13 kg de GLP.Carro alto: situação de estacionamento de viatura BM por ocasião da chegada ao teatro deoperações, seguida do desembarque e posicionamento da guarnição junto ao veículo, enquanto ocomandante faz o reconhecimento e transmite as ordens operacionais.Combate à Incêndio: ação executada pelo bombeiro face à ocorrência de um incêndio. As açõesestão voltadas para proporcionar condições de retirada de vidas dos locais perigosos, proteção deseus bens, isolamento do incêndio para que não afete as adjacências, confiná-lo ao ambientesinistrado e combatê-lo até sua total extinção.Combustão: reação química, envolvendo uma substância combustível e um agente oxidante,normalmente o oxigênio do ar, produzindo luz e energia.Debelar: combater, extinguir um incêndio.

    Dispositivo de recalque: Registro para uso do Corpo de Bombeiros, que permite o recalque deágua para o sistema, podendo ser dentro da propriedade quando o acesso do Corpo de Bombeirosestiver garantido.Edificação: Área construída destinada a abrigar atividade humana ou qualquer instalação,equipamento ou material.Estabelecimentos: manobras desenvolvidas por bombeiros militares, segundo organizações padronizadas, com material(ais) hidráulico(s) e linha(s), visando a ações táticas específicas.Estanqueidade: Propriedade de um elemento construtivo da vedação de impedir a passagem degases e/ou chamas.Exaustão: Princípio pelo qual os gazes e produtos de combustão são retirados do interior do túnel.F lashover  : generilização do incêndio.

    Guarnição: menor unidade tática no combate a incêndios, sendo indivisível para o empenhooperacional. Consiste de efetivos devidamente comandados que compõem as viaturas operacionaisde bombeiros.Hidrante: Ponto de tomada de água onde há uma (simples) ou duas (duplo) saídas contendoválvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões, mangueiras de incêndio e demaisacessórios.Incêndio: o fogo que foge ao controle do homem, queimando tudo aquilo que a ele não é destinadoqueimar; capaz de produzir danos ao patrimônio e à vida por ação das chamas, do calor e da

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    fumaça.Limite de inflamabilidade: são as concentrações dentro dos limites extremos de um combustívelem um oxidante a uma determinada pressão e temperatura, através das quais uma chama uma veziniciada pode se propagar continuadamente.Linha de arrefecimento: toda linha armada com a finalidade de proteger bombeiros empenhados

    em ações expostas à irradiação do calor.Linha de ataque: uma ou mais mangueiras, acopladas entre si, que partem da boca expulsora dodivisor e terminam num esguicho.Linha direta: uma ou mais mangueiras acopladas entre si, partindo da boca expulsora da bomba ouhidrante e terminando num esguicho.Linha siamesa: o conjunto de duas ou mais linhas formadas de uma ou mais mangueiras acopladasentre si que, partindo das bocas expulsoras de uma ou mais bombas/hidrantes terminam nas bocasadmissoras do esguicho canhão.Ligação siamesa: o conjunto de duas ou mais linhas formadas de uma ou mais mangueirasacopladas entre si que, partindo das bocas expulsoras de uma ou mais bombas/hidrantes terminamnas bocas admissoras de um coletor.

    Manobra d’água: operação executada na rede pública de abastecimento destinada a aduzir água para os hidrantes, nas vazões e pressões necessárias às operações de combate a incêndio.Pirólise: é a decomposição química de uma substância mediante a ação do calor. Tambémconhecida como decomposição térmica.Prontidão: situação de disponibilidade contínua e ininterrupta de pessoal, viaturas e materiaisnecessários às atividades operacionais de Bombeiro.Tática de Combate à Incêndio: a disposição e o emprego inteligente de recursos disponíveis parafazer face a um incêndio.Técnica de Combate à Incêndio:  utilização correta dos meios disponíveis para extinguir oincêndio com maior segurança e com um mínimo de danos durante o combate.Temperatura crítica: temperatura que causa o colapso no elemento estrutural.

    Tetraedro do fogo: combinação do combustível como oxigênio, na presença de uma fonte de calor,em uma reação química em cadeia, liberando energia em forma de luz e mais calor, além de outros produtos químicos.Trem de combate:  comboio composto pelas viaturas operacionais acionadas para atender a umaocorrência BM.

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    SIGLAS e ABREVIATURASCh Op Chefe das OperaçõesCh GU Chefe de GuarniçãoCh L Chefe de LinhaCOV Condutor Operador da Viatura

    EPI. Equipamentos de proteção individualEPR: Equipamentos de proteção respiratóriaGLP Gás Liquefeito de PetróleoGNL Gás Natural LiquefeitoGPM Galões Por MinutoGU BM Guarnição Bombeiro MilitarLGE Liquido Gerador de EspumaMot MotoristaPI Prontidão de IncêndioRUICBM (RUIBM) Regulamento de Uniformes e Insigneas do Corpo de Bombeiros MilitarSAO Seção de Apoio Operacional

    SOU Sala de Operações da UnidadeVtr Viatura

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    1- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO FOGO

     Antes de entrar no estudo propriamente dito sobre o incêndio, necessário se fazcompreender seu principal elemento – o FOGO - e seus componentes. Assim, far-se-á um

    breve relato sobre o fogo, sua origem e evolução no tempo. A seguir, dentro da escalaevolutiva da concepção do fogo, demonstrar-se-á as 4 teorias sobre sua existência:

    Teoria Primitiva (ou mitológica)Teoria FlogísticaTeoria AlquimistaTeoria Moderna (química moderna)

    2- FOGO

    2.1- HISTÓRICO

    Pode-se considerar o fogo como a primeira grande conquista do homem nodomínio da natureza.

     Acredita-se que na pré-história, o homem primitivo conhecia o fogo como forçamisteriosa, servindo apenas como iluminação, meio de aquecimento da caverna onde seabrigava e cozimento de alimentos. Portanto, nada sabia sobre causas, apenas conheciaseus efeitos e os utilizava.

    Foi esta descoberta um dos sinais que permitiu distinguir a inteligência humana dados outros seres vivos.

    O primeiro fogo utilizado pelo homem teria surgido de um fenômeno meteorológicoaté que um dia o homem conseguiu produzi-lo através de prolongadas horas de operaçãoatritando um pedaço de madeira com outro.

    Os primeiros vestígios do Homo Herectus descobertos na Ásia pelo antropólogocanadense Davidson Black (1884-1934) foram em uma caverna soterrada, nasproximidades de Pequim. Na caverna existiam vestígios de fogueiras. Este cenárioremonta um momento na história do homem, hà milhares de anos.

     Antes da Idade Média, a teoria denominada "flogística" ou teoria do flogístico,palavra de origem grega (“Phlogistos”) que significa inflamável, de autoria do médico equímico George Ernest Stahl (1660-1734), dizia que a matéria possuía um elemento

    extremamente leve e o fogo era apenas a perda ou liberação desse elemento. A terceira teoria teve início na Idade Média. Os alquimistas, curiosos da química,

    desenvolveram estudos, ressaltando a importância do fogo e concluíram que ele é umelemento básico da natureza, assim como o ar, a água e a terra.

    No século XVIII, o cientista francês, Antoine Lawrence Lavoisier (1743-1794),descobriu as bases científicas do fogo. A principal experiência que forneceu a chave do“enigma” foi colocar certa quantidade de mercúrio (Hg - o único metal que normalmente já

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    é líquido) dentro de um recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a300ºC, ao observar o interior do frasco, encontrou um pó vermelho que pesava mais queo líquido original. O cientista notou, ainda, que a quantidade de ar que havia no recipientediminuíra de 1/5, e que esse mesmo ar possuía o poder de apagar qualquer chama ematar. Concluiu que a queima do mercúrio absorveu a parte do ar que nos permite

    respirar (essa mesma parte que faz um combustível queimar: o oxigênio). Os 4/5restantes eram nitrogênio (gás que não queima), e o pó vermelho era o óxido de mercúrio,ou seja, o resultado da reação do oxigênio com o combustível.

    Segundo Lavoisier fogo é o resultado de um combustível reagindo com o oxigênio(02) resultando no aparecimento de energia térmica e luminosa. E a teoria do triângulo dacombustão, que até hoje é de fundamental importância, tanto para o estudo de prevenção,quanto para o combate a incêndios. 

    2.2- CONCEITO SOBRE FOGO/INCENDIO

    Este tópico estabelece a diferença entre fogo e incêndio. Muitas vezes, nalinguagem típica de bombeiros, há referências a incêndio, sinistro, fogo, combustão,queima e chamas de uma forma generalizada, como se todos esses elementos tivessemuma conceituação parecida ou igual. É verdade que todos eles fazem parte da rotina damissão dos corpos de bombeiros e alguns deles são até sinônimos, mas não são amesma coisa e isso precisa estar claro.

    Primeiramente, há de se lembrar que incêndio e fogo são conceitos bem distintos.

    Do ponto de vista prático, o fogo é utilizado pelo ser humano há milhares de anos que, aolongo do tempo, o incorporou à sua vida como algo necessário para o dia-a-dia, em açõescomo aquecimento de alimentos e do ambiente, industrialização de equipamentos, objetose metais e outras utilizações não menos importantes, não sendo possível à humanidadedisponibilizar todas as facilidades atualmente existentes se o fogo deixasse de existir.

    Já incêndio é o fogo que foge ao controle do homem, queimando tudo aquilo que aele não é destinado queimar; capaz de produzir danos ao patrimônio e à vida por açãodas chamas, do calor e da fumaça.

    Do ponto de vista científico o fogo nada mais é do que a representação da reaçãoquímica denominada combustão.

    É importante frisar que fogo e combustão são sinônimos. Enquanto aquele é maisconhecido usualmente, este é bastante utilizado nos estudos científicos e ambossignificam queima. Portanto, toda e qualquer abordagem, neste manual, sobre fogo,combustão ou queima refere-se ao mesmo processo.

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    2.3- CAUSAS DE INCÊNDIO

    2.3.1- NATURAIS

    São aquelas decorrentes de fenômenos da natureza e se dividem em:

    Ex: Vulcões, terremotos, raios, meteoros, etc.

    2.3.2- ARTIFICIAIS

    2.3.2.1- MATERIAIS

    2.3.2.1.1- De origem físico-mecânica

    Provenientes de qualquer fenômeno físico que produz energia calorífica.

    a) Atrito

    Fricção entre corpos rígidos, ou entre partes metálicas com lubrificação deficiente.

    b) Choque

    Choque entre partes metálicas frouxas ou desajustadas, em máquinas e motoresque estejam sujos com resíduos de óleo e graxa.

    c) Compressão

    Compressão brusca e continuada dos gases provocando o aumento detemperatura em recargas de cilindro de gases, por exemplo.

    d) Condução térmica

    Calor transmitido de um corpo em alta temperatura para corpos vizinhos queestejam em condições normais.

    Ex: Uma chaminé em contato com o forro de madeira do telhado.

    2.3.2.1.2 De origem química

    Substâncias químicas que podem gerar calor quando se combinam, ou emdecomposição, produzindo aquecimento (reação exotérmica), inflamação ou explosão.

    Ex: Metais pirofóricos finamente divididos quando expostos ao ar.2.3.2.1.3 De origem biológica

     Aumento de temperatura provocado pela fermentação e a ação degradativa dasbactérias, obtido em laboratórios.

    Ex: Fermentação do lixo em um biodigestor de gás para fins domésticos.

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    2.3.2.1.4 Eletricidade

    São aqueles gerados por fenômenos termoelétricos.

    Ex: Curto-circuito, sobrecarga, fuga de corrente, etc.

    2.3.2.2 HUMANAS

    2.3.2.2.1 Culposas

    São incêndios nos quais o homem é o seu causador, sem, no entanto, ter havidointenção de provocá-lo. Esta pode ser dividida em três situações distintas:

    a) Imprudência

    Incêndio provocado por crianças ou pessoas em condições de incapacidade

    (doentes mentais), que não podem ser responsabilizados legalmente pelo delito cometido.

    b) Negligência

    É o desrespeito às normas de segurança, mesmo conhecendo-as, porém sem aintenção efetiva de provocar o incêndio.

    c)Imperícia

    É o desconhecimento das normas de segurança.

    2.3.2.2.2 Dolosas

    São os incêndios provocados com a intenção (dolo) de destruir. Logo, quemprovocou o incêndio, tinha plena ciência das suas consequências e assumiu o risco de asproduzir. Incêndios de causas dolosas normalmente têm motivação financeira. Como talprática é crime, são alvos de investigação pericial (Perícia de Incêndio), e criminal para aapuração de sua autoria.

    2.4 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO FOGO (COMBUSTÃO)

    Sendo o fogo uma reação química, segundo as experiências de Lavoisier, torna-senecessária a existência de três elementos para viabilizar o fenômeno: deve se ter nomínimo dois elementos que reajam entre si, bem como uma circunstância que favoreça talreação. Estes elementos são absolutamente necessários ao fenômeno da combustão. Por

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    esse motivo são denominados Elementos Essenciais do Fogo, formando assim, otriângulo da combustão (Fig. 01).

    Figura 01: representação do triângulo do fogo (ou triângulo da combustão)

    2.4.1 Tetraedro do fogo

    Durante muito tempo acreditou-se que, para haver fogo, eram necessários somentetrês elementos: o oxigênio, também chamado de comburente; o calor, responsável porfornecer energia à mistura; e o combustível, constituindo-se assim o triângulo do fogo.

    O triângulo do fogo, adotado por décadas, identificava os três componentesnecessários para a existência do fogo, basicamente, como:• Combustível — alguma coisa que irá queimar.

    • Calor — suficiente para fazer o combustível queimar.• Ar —  mais especificamente o oxigênio, o qual irá se combinar quimicamente com ocombustível, decompondo-o em outros elementos.

    É importante que os bombeiros se lembrem que todos os três componentesprecisam estar presentes ao mesmo tempo para obter-se fogo, o qual perdurará até queum ou mais componentes sejam removidos. Os métodos tradicionais de extinção deincêndio envolviam, então, a remoção do combustível, do calor ou do oxigênio.Nos últimos anos, um quarto componente — a reação em cadeia — tem sido adicionadopara explicar corretamente o fogo. Estudos científicos mostraram que existe uma reaçãoquímica contínua entre o combustível e o comburente, a qual libera mais calor para a

    reação e mantém a combustão em um processo sustentável, que é a reação em cadeia.Como será abordado mais adiante, essa reação é responsável por fornecer

    continuamente o calor necessário e os gases combustíveis que permitem odesenvolvimento da combustão. Com a inclusão desse quarto elemento, passou-se aadmitir o tetraedro do fogo como a forma mais precisa para o estudo do processo decombustão.

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    Compõem, então, o tetraedro do fogo: o calor, o comburente, o combustível e areação em cadeia (Fig 02).

    Figura 02- Tetraedro do fogo

    possível observar a existência dequatro triângulos. As faces da pirâmide

    representam o oxigênio, o combustívele o calor. O triângulo da baserepresenta a reação em cadeia, sendoa interface entre os outros trêselementos.

    2.5 COMBUSTÍVEL

    É a matéria sujeita a transformação que serve de campo de propagação do fogoestando dividido em 4 grandes grupos: Carbono (C), Hidrogênio (H), Fósforo (P), Enxofre(S).

    Podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, porém poucos reagem com o oxigênio nosestados sólidos ou líquidos, normalmente transformam-se em vapor antes da reação.

     A combustibilidade de um material depende de sua maior ou menor capacidade dereagir com o oxigênio sob a ação do calor. Alguns materiais pegam fogo com facilidade eoutros pegam fogo com relativa dificuldade.

    No Brasil não existe parâmetro para determinar a incombustibilidade dos materiais,portanto para efeito de seguro incêndio são considerados incombustíveis os materiais quepara se queimarem necessitam temperatura acima de 1000ºC.

    2.5.1 Combustíveis Sólidos

     A maioria dos combustíveis sólidos se transforma em vapores e, então, reagem

    com o oxigênio. Outros sólidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-seem líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem.

    Quanto maior a superfície exposta, mais rápida será o aquecimento do material e,consequentemente, o processo de combustão. Como exemplo: uma barra de aço exigirámuito calor para queimar, mas, se transformada em palha de aço, queimará comfacilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será avelocidade da combustão.

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    2.5.2 Combustíveis Líquidos

    Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinçãodo calor, aumentando o perigo para os bombeiros. Os líquidos assumem a forma dorecipiente que os contem. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, fluem e se

    acumulam nas partes mais baixas. Tomando como base o peso da água, cujo litro pesaaproximadamente 1(um) quilograma, classificamos os demais líquidos como mais levesou mais pesados. É importante notar que a maioria dos líquidos inflamáveis é mais levesque água e, portanto, flutuam sobre esta.

    Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do líquido, ou seja, suacapacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos comohidrocarbonetos) têm pouca solubilidade, ao passo que líquidos como álcool, acetona(conhecidos como solventes polares) têm grande solubilidade, isto é, podem ser diluídosaté um ponto em que a mistura (solvente polar + água) não seja inflamável.

     A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também éde grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade dehaver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam vapores atemperaturas menores que 20º C.

    2.5.3 Combustíveis Gasosos

    Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo orecipiente em que estão contidos.

    Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o

    peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direçãodo vento, obedecendo aos contornos do terreno.

    Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o aratmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, nãoqueimará. Cada gás, ou vapor, tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambientehá menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá combustão, pois aconcentração de vapor de gasolina nesse local está fora do que se chama de misturaideal, ou limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração deste vapor é inferior ou ésuperior aos limites de inflamabilidade.

    2.6 COMBURENTE

    Representado pelo Oxigênio (O2), possibilita vida às chamas e intensifica acombustão, por isso é que, em ambientes pobres de O2, o fogo não tem chamas e noslocais ricos elas são brilhantes e com elevada temperatura (maçaricos e oxi acetilenos).Há corpos que possuem oxigênio em sua estrutura (agentes oxidantes), liberando-o

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    durante a queima ou em outras reações, portanto podem manter a combustão emambiente fechado, onde não exista O2 do ar (pólvora).

    2.6.1 Composição do ar:

    78% Nitrogênio (N), não entra na combustão.21% Oxigênio.

    01% de outros gases.

    maior que 15% Combustão completa

    entre 15% e 13% Combustão incompleta

    entre 13% e 9% Combustão lenta combustíveissólidos (oxidação)

     Abaixo de 9% Não há combustãoQuadro 01 – limites da combustão com o O2 

    2.7 CALOR

    O calor, antigamente conhecido como agente ígneo, é o componente energético dotetraedro do fogo e será o elemento responsável pelo início da combustão. É o elemento

    que causa a vaporização do combustível (sólido ou líquido), sendo responsável pormanter a temperatura da reação que,durante a combustão, continuará havendo aliberação de mais calor.

    2.7.1 MEIOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR

    O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção eirradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido da matériacom temperatura mais alta para aquelas com temperatura mais baixa.

    2.7.1.1 Condução

    É a transferência de calor de um ponto para outro de forma contínua. Estatransferência é feita de molécula a molécula sem que haja transporte da matéria de umaregião para outra. É o processo pelo qual o calor se propaga da chama para a mão,através da barra de ferro (Fig. 03 e 04)

     A quantidade de energia caloríficatransferida por condução varia de corpopara corpo dependendo da condutibilidadedo material, de sua seção transversal eespaço percorrido pelo fluxo. Ao contráriodos metais, algumas matérias são máscondutoras de calor, podendo inclusive, serconsideradas isolantes. (Ex: madeira, lã e oar).

    Figura 03 – calor conduzido ao longo da barra para a extremidade fria

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    2.7.1.2 ConvecçãoË a transferência de calor pelo movimentoascendente de massas de gases ou delíquidos dentro de si próprios, ou seja, o quefica mais quente sobe, dando lugar ao que

    está mais frio. Em incêndios em edifícios,essa é a principal forma de propagação decalor para andares superiores, quando osgases aquecidos encontram caminhoatravés de escadas e poços de elevadores(Fig 05).

    Figura 05 - Movimentação das massas gasosas transporta ocalor para cima e horizontalmente nos andares  

    Figura 04 –

     transferência de calor através de um corpo

    2.7.1.3 Irradiação

    É a transmissão de calor por ondasde energia calorífica que se deslocamatravés do espaço (independe do meiofísico para se propagar). As ondas decalor propagam-se em todas as direçõese a intensidade com que os corpos sãoatingidos aumenta ou diminui à medidaque estão mais próximos ou maisafastados da fonte de calor (Fig 06).

    Figura 06 - Ondas de calor atingem os objetos, aquecendo-os.

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    2.7.2 Efeitos do Calor

    O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos eefeitos fisiológicos nos seres vivos. Em conseqüência do aumento de intensidade docalor, os corpos apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois

    químicas.

     Assim, por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este, inicialmente,aumenta sua temperatura e, a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento,o ferro muda de cor, perde a forma, até atingir o seu ponto de fusão, quando setransforma de sólido em líquido. Sendo ainda aquecido, gaseifica-se e queima em contatocom o oxigênio, transformando-se em outra substância.

    2.7.2.1 Elevação da temperatura

    Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bonscondutores de calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos comomaus condutores de calor, como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor,o amianto é utilizado na confecção de materiais de combate a incêndio, como roupas,capas e luvas de proteção ao calor. (O amianto, cuja produção está proibida no Brasil porapresentar características cancerígenas, vem sendo substituído por outros materiais). Oconhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais é de grande valia naprevenção de incêndio. Aprendemos que materiais combustíveis nunca devempermanecer em contato com corpos bons condutores, sujeitos a uma fonte de

    aquecimento (Fig 07).

    Figura 07  –  Exposição a uma fonte

    de calor provoca aumento natemperatura

    2.7.2.2 Aumento de volumeTodos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos  – se dilatam e se contraem

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    conforme o aumento ou diminuição da temperatura (Fig. 08). A atuação do calor não sefaz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessadiferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de 10m exposta a umavariação de temperatura de 700 ºC. A essa variação, o ferro, dentro da viga, aumentaráseu comprimento cerca de 84 mm, e o concreto, 42 mm.  

    Figura 08- O calor dilata oscorpos

    Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade desustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em , pelomenos, 42 mm. Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Porexemplo, ao jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida

    e desigual, o que lhe causa rompimentos e danos.

    Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso, isto é,ao surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais sesustente. (Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causascomuns de desabamentos de estruturas).

     A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, provocandotransbordamento de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc. Adilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas, pois,

    ao serem aquecidos até 273 ºC, os gases duplicam de volume; a 546 ºC o seu volume étriplicado, e assim sucessivamente. Sob a ação de calor, os gases liquefeitos comprimidosaumentam a pressão no interior dos vasos que os contêm, pois não têm para onde seexpandir. Se o aumento de temperatura não cessar, ou se não houver dispositivos desegurança que permitam escape dos gases, pode ocorrer uma explosão, provocada pelaruptura das paredes do vaso e pela violenta expansão dos gases. Os vapores de líquidos(inflamáveis ou não) se comportam como os gases.

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    2.7.2.3 Mudança do estado físico da matéria

    Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: algunssólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases(gaseificação) e há sólidos que se transformam diretamente em gases (sublimação)- (Fig.

    09) Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espaço entre as moléculase estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria. No gelo, as moléculas vibrampouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e maior espaçamento,transformando um sólido (gelo) em um líquido (água) – (Fig10).

    Figuras 09 e 10  – Mudança do estado físico de um corpo

    2.7.2.4 Mudança do estado químico da matéria

    Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância em

    outra. A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de gases,e sim outros gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais de madeira(Fig. 11).

    Essas moléculas são menores emais simples, por isso têm grandecapacidade de combinar com outrasmoléculas, as de oxigênio, por exemplo.Podem produzir também gasesvenenosos ou explosões.

    Figura 11- Transformação de uma substância química em outra pela

    ação do calor

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    2.7.2.5 Efeitos fisiológicos do calor

    O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danoscausados pelo calor incluem desidratação, insolação, fadiga e problemas para o aparelhorespiratório, além de queimaduras, que nos casos mais graves (1º, 2º e 3º graus) podem

    levar até a morte.

    2.8 REAÇÃO EM CADEIA

     A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamasatinge o combustível e este é decomposto em partículas menores (Fig 12), que secombina com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível,formando um ciclo constante (fig. 13).

    Figura 12- calor age em um corpo, decompondo-o em partículas Figura 13- esquema da reação em cadeia 

    3- COMBUSTÃO

    Combustão é uma reação química (oxidação), na qual uma substância combustívelreage com o oxigênio, ativada pelo calor (elevação de temperatura), emitindo energialuminosa (fogo), mais calor e outros produtos.

    3.1 PONTOS NOTÁVEIS DA COMBUSTÃO

    Os combustíveis são transformados pelo calor e, a partir desta transformação éque combinam com o oxigênio, resultando a combustão. Essa transformação sedesenvolve em temperaturas diferentes, à medida que o material é aquecido.

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    O combustível, ao passar porestes estágios de elevação datemperatura, receberá a seguintesdenominações, nesta sequencia: pontode fulgor, ponto de combustão, ponto de

    ignição (Fig. 14). Ficam assim definidos:

    Ponto de Fulgor : é a temperaturamínima na qual os corpos combustíveiscomeçam a desprender vapores que seincendeiam em contato com a fonteexterna de calor, entretanto, a chama nãose mantém devido à insuficiência devapores.Figura 14- A progressão na temperatura produz os pontos de

    fulgor, de combustão e de ignição

    Ponto de combustão: é a temperatura mínima na qual os gases desprendidos doscorpos combustíveis ao ter contato com a fonte externa de calor, entram em combustão econtinuam a queimar-se.

    Ponto de ignição: é a temperatura mínima na qual os gases desprendidos doscombustíveis entram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar,independentemente de qualquer outra fonte de calor.

    3.2 PROCESSO DA COMBUSTÃO

     A combustão não é a simples representação do triângulo do (combustível,comburente, calor). Com a elevação da temperatura chegará a um ponto que teremos ofenômeno Pirólise (decomposição química da matéria devido ao aumento do calor,passando diretamente do estado sólido para gasoso). Ex. Combustão da madeira.

    Na realidade o que se queima não é a madeira e sim os gases emanados (ácidoacético, álcool metílico e monóxido de carbono).

     A madeira a 100ºC começa a evaporar, próximo a 180ºC, começa a destilar (ácido,

    acético, álcool metílico e monóxido de carbono), a 250ºC em contato com agenteignizador se inflama.O início da combustão requer a conversão do combustível para o estado gasoso

    por aquecimento. O combustível pode ser encontrado em qualquer um dos três estadosda matéria: sólido, líquido ou gasoso. Gases combustíveis emanam dos combustíveissólidos, através da pirólise  que é definida como a decomposição química de umasubstância pela ação do calor.

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    Gases combustíveis emanam dos combustíveis líquidos pela vaporização. Esteprocesso é semelhante à ebulição da água ou à evaporação de uma vasilha de água aosol. Em ambos os casos, o calor causa a vaporização do líquido. Os gases combustíveisnão necessitam do calor e este fato implica em consideráveis restrições no controle eextinção de incêndios nestas substâncias (quadro abaixo).

    TEMPERATURA REAÇÃO

    200ºC Produção de vapor d'água, dióxido de carbono, ácidos fórmicos e acéticos

    200ºC - 280ºC Menos vapor d'água, algum monóxido de carbono, ainda uma reaçãoendotérmica (absorvendo calor)

    280ºC - 500ºC Reação exotérmica (liberação de calor) com vários inflamáveis e partículas.Algumas reações secundárias provenientes do carvão formado

    Acima de 500ºC Resíduos de carvão com notável açãoFonte: Manual de Protecion Contra Incendio - 2

    a Edicion española 1983

    Quadro 02- processo evolutivo da pirolise

    3.3 REPRESENTAÇÃO DA COMBUSTÃO

    Como Chama

    Chama é a transformação rápida,por combustão viva (oxidação), que ocorreem camada gasosa fina, acompanhada de

    luminosidade. A exceção das chamas dehidrogênio, que é pouco luminosa eextremamente quente e do flúor e cloro quesão combustões vivas sem oxidação. A corda chama varia de acordo com atemperatura da mesma:

    Cor TemperaturaVermelho visível à luz dodia

    515ºC

    Vermelho pálido 1000ºC

    Vermelho alaranjado 1100º'C Amarelo alaranjado 1200ºC Amarelo esbranquiçado 1300ºCBranco brilhante 1400ºC

    Quadro 03 - relação cor da chama e sua temperatura 

    Como brasa

    Brasas são resíduos decombustões dos materiais sólidos que apósliberação dos gases que se queimam em

    forma de chama viva, continuam a arder,com pequena velocidade de reação, Ocarbono dos combustíveis sólidos, bemcomo alguns combustíveis sólidos como osmetais, se queimam em forma de brasas:

    Cor TemperaturaVermelho (início dacombustão)

    400ºC

    Vermelho escuro 700ºC

    Vermelho pálido 900º'C Amarelo 1100ºCTendendo a azul 1300ºC

     Azul clara 1500ºCQuadro 04 - relação cor da brasa e sua temperatura

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    3.3.1 Estudo da chama através da vela

     A chama é a parte externa e visível de uma combustão, caracterizada/identificada,por vezes, pela existência de chama. A chama (figura abaixo) é um fluxo de gás quequeima emitindo luz, na qual é possível distinguir-se três zonas específicas:

    Zona de Gás - aqui se inicia a vaporização docombustível líquido existente no material. (combustãoincompleta).

    Zona de Incandescência - aqui, devido à influência datemperatura de combustão (da zona de combustão), osvapores combustíveis se decompõem em carbono ehidrogênio. A incandescência se deve às partículas de

    carbono finamente divididas. (gases em combustãoincompleta. E responsável pela iluminação da vela).

    Zona de Combustão - somente aqui, onde o ar pode teracesso, inicia-se a combustão e o desprendimento decalor. Esta zona é facilmente reconhecida como umafina camada azul clara. (gases em combustãocompleta).

    Figura 15 - zonas de formação da chamana vela 

    Obs: ainda há a zona mais central, chamada de zona escura, formada de gases destilados davela, não estando em combustão. 

    3.4 VELOCIDADE DA COMBUSTÃO

    Lentas

    Sem chamas ou qualquer fenômeno luminoso. Ocorre quando a oxidação de umadeterminada substância não provoca liberação de energia luminosa nem aumento detemperatura. Ex: ferrugem, respiração, etc.

    Vivas

    Produção de chamas ou qualquer fenômeno luminoso. Ocorre quando a reaçãoquímica de oxidação libera energia luminosa e calor sem aumento significativo de pressãono ambiente. Ex: Queima de materiais comuns diversos.

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    Muito vivas

     A Velocidade da reação é muito grande, menor que a velocidade do som(300 m/s). Ocorre quando a reação química de oxidação libera energia e calor numavelocidade muito rápida com elevado aumento de pressão no ambiente. Ex: Explosões degás de cozinha, Dinamite, queima da pólvora em espaço não confinado.

    Instantâneas

    Combustão súbita atinge de imediato toda a massa de combustível. Ex. serragemem suspensão no ar.

    3.5 FATORES QUE INFLUENCIAM NA VELOCIDADE DA COMBUSTÃO

    Catalizadores

    Interferem na velo-cidade da reação semtomar parte. A pre-sença de um bom oumau condutor, podeacelerar ou retardar areação. (ex: dutos demetal são excelentescondutores).

    Relaçãosuperfície/massa

    Quanto maior for asuperfície ocupada pelaunidade de massa,maior será a velocidadede reação. (ex: papel emfardo queima mais lenta-mente do que se estiverespalhado; madeira embloco e em limalha.

    Natureza docombustível

    Se o material e maisou menos combus-tível, se queima comfacilidade ou com di-ficuldade. Os voláteisse queimam com velo-cidade maior.

    Concentração decalor

    Quanto maior aquantidade de calorno ambiente, ou namassa combustível,maior será a velo-cidade da reação.

    3.6 MARCHA DA COMBUSTÃO

     A propagação do fogo depende das condições ambientais e da naturezado combustível. Há diferença de marcha da combustão do ambiente aberto para oambiente fechado.

    3.6 TIPOS DE COMBUSTÃO

    Combustão completa é aquela em que o combustível reage perfeitamentecom o comburente, produzindo somente água e dióxido de carbono.

    queima, produz calor e chamasambiente rico em oxigênio (16% a 21%)

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    Combustão incompleta é a combustão que libera resíduos que não foramtotalmente consumidos durante o processo de queima, provenientes da reação em cadeiae capazes de continuar reagindo com o ar.

    queima produz calor e pouca ou nenhuma chamaambiente pobre em oxigênio (15% a 13%).

    3.7.1 FASES DA MARCHA DA COMBUSTÃO EM AMBIENTE FECHADO

    1ª FASE 

    - Combustão normal como se fosse a ambiente

    aberto- Produção de vapor d'água, CO2, CO, anidridosulfuroso- Temperatura ambiente acerca de 40ºC- O2 está acima de 15%.

    2ª FASE

    - O2 insuficiente, teor de 21% passa a 17%;

    - A intensidade da combustão reduz-se;- Aumenta a produção de CO;-Temperatura ambiente vai de 100ºC a 200ºC. 

    3ª FASE- O2 chega a 15% (diminui);- As chamas quase desaparecem;- CO aumenta mais;- Vapores emanados Carbono livre, formam fumaça

    mais densa;- A temperatura ambiente vai de 300ºC a 400ºC;- Gases estão passíveis de explosão;- Impossível a presença de pessoas.

    4ª FASE- O2 chega a 13% ou menos;- Chamas desaparecem;- Ambiente com fumaça concentrada;- Gases a alta temperatura 500ºC ou mais;

    - Calor interno faz desprender gasesinflamáveis de todos os materiais combustíveis,aumentando o risco de explosão devido àentrada de O2 (através do ar).

    3.7.2 FASES DA MARCHA DA COMBUSTÃO EM AMBIENTE ABERTO

    Não apresenta característica especial. O fogo se propaga segundo ascondições ambientais e a natureza do combustível.

    3.8 PRODUTOS DA COMBUSTÃO

    Com resultado da reação de combustão, ocorrerá o aparecimento dosseguintes produtos resultantes do processo.

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    3.8.1 Principais produtos

    H2O (Vapor d'água)

    É produzido pela umidade existente no corpo que queima e pela águautilizada na extinção das chamas. Durante os incêndios, normalmente, existem rolos defumaça negra e à medida que a extinção se processa aparece uma fumaça branca,identificando a presença de vapor d’água, que serve para indicar a ação extintora. 

    O vapor d’água aquecido representa um risco para a vida das

    pessoas, podendo provocar queimaduras de pele e nas viasrespiratórias. Em um ambiente nesta condição, o bombeirodeve estar equipado com equipamentos de proteção.

    CO2 (gás carbônico) Apresenta como fator de risco apenas por ser asfixiante 

    SO2 (Anidrido sulfuroso) PERIGOSO 

     Apresentar-se-á onde se queima o enxofre (S) ou seus compostos é incolorde cheiro desagradável, sufocante, de sabor ácido, muito solúvel em H2O (água),venenoso, incombustível e incomburente. Em reações secundárias pode produzir H 2SO4 (ácido sulfúrico).

    CO (Monóxido de carbono) PERIGOSO

    E um gás incolor, insípido, queima-se com cor azulada formando o CO2,forma misturas explosivas com O2  e com o ar na proporção de 12,5% a 74%. Évenenosíssimo; com o sangue forma mistura estável (carboxihemoglobina) impedindo achegada de O2 aos órgãos e músculos, além de impedir a expulsão do CO2 desses.

    A falta de oxigênio pode causar danosirreversíveis ao cérebro, evoluindo para óbito.

    Outras peculiaridades sobre o monóxido de carbono (CO) Na concentração de 0,5% do gás, produz-se a inconsciência.1,0 % priva o homem das faculdades locomotoras.2,0% matam em uma hora.10% matam imediatamente.Dois haustos (aspirações) profundos a 2% de CO matam a pessoa em 3 minutos.Gás que sai do escapamento dos automóveis movidos a combustíveis fósseis. (Ex: gasolina)

    Quadro 5 – peculiaridades do CO.

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    [29]

    3.8.2 Outros produtos da combustão

    Gases Nitrosados PERIGOSO

    São produzidos devido à queima incompleta de compostos de (N) Nitrogênio(ex: Celulóide), reconhecidos facilmente devido a cor amarela da fumaça e cheiro acre(azedo, áspero);

    Altamente venenosos; poucos haustos podem provocar a morte;São explosivos.

    Cinzas - são os produtos de umacombustão completa, as quais não

    oferecem risco ao homem, neminterferem na combustão.

    Fuligem - são os resíduos da combustãoque saem em meio a fumaça. É a parte

    sólida que fica depositada sobre todas assuperfícies.

    Carvão - é o resíduo sólido dacombustão incompleta. Mereceatenção especial, pois pode estar embrasa no seu interior e permitir oretorno das chamas. 

    Fumaça - é composto por partículas sólidasem suspensão (carbono), monóxido decarbono (CO), dióxido de carbono (CO2) eoutros gases, que variam de acordo com anatureza do combustível, tais como gássulfuroso, ácido fosfórico, ácido prússico e

    outros.

    3.9 FASES DA COMBUSTÃO

    Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances de que sejadescoberto no início e a situação resolvida. Mas se ocorrer quando a edificação estiverdeserta e fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes proporções. Essasituação pode ser controlada com a aplicação dos procedimentos básicos de ventilação. 

    O incêndio pode ser melhor entendido se estudarmos seus três estágios dedesenvolvimento.

    3.9.1 Fase InicialNesta primeira fase, o oxigênio contido no ar não está significativamente reduzido e

    o fogo está produzindo vapor d’água (H20), dióxido de carbono (CO2), monóxido decarbono (CO) e outros gases. Grande parte do calor está sendo consumido no

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    [30]

    aquecimento dos combustíveis, e a temperatura do ambiente, neste estágio, está aindapouco acima do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento do fogo.  

    Figura 16 – fase inicial da combustão no incêndio.

    3.9.2 Queima LivreDurante esta fase, o ar, rico em oxigênio, é arrastado para dentro do ambiente pelo

    efeito da convecção, isto é, o ar quente “sobe” e sai do ambiente. Isto força a entrada dear fresco pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente. 

    Figura 17 – fase da queima livre

    Os gases aquecidos espalham-se preenchendo o ambiente e, de cima para baixo,forçam o ar frio a permanecer junto ao solo; eventualmente, causam a ignição doscombustíveis nos níveis mais altos do ambiente. Este ar aquecido é uma das razões pelasquais os bombeiros devem se manter abaixados e usar o equipamento de proteção

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    [31]

    respiratória. Uma inspiração desse ar superaquecido pode queimar os pulmões. Nestemomento, a temperatura nas regiões superiores (nível do teto) pode exceder 700 ºC.

    “Flashover” Na fase da queima livre, o

    fogo aquece gradualmente todosos combustíveis do ambiente.Quando determinados combus-tíveis atingem seu ponto deignição, simultaneamente, haveráuma queima instantânea econcomitante desses produtos, oque poderá provocar umaexplosão ambiental, ficando toda a

    área envolvida pelas chamas.Esse fenômeno é conhecido como“Flashover”.

    Figura 18 – ignição de todo combustível no ambiente 

    3.9.3 Queima Lenta Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxigênio, até atingir

    um ponto onde o comburente é insuficiente para sustentar a combustão. Nesta fase, aschamas podem deixar de existir se não houver ar suficiente para mantê-las (na faixa de8% a 0% de oxigênio). O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se

    completamente ocupado por fumaça densa eos gases se expandem. Devido a pressãointerna ser maior que a externa, os gasessaem por todas as fendas em forma delufadas, que podem ser observadas em todosos pontos do ambiente. E esse calor intensoreduz os combustíveis a seus componentesbásicos, liberando, assim, vaporescombustíveis.

    Figura 19 – fase em que ocorre o risco de backdraft 

    “Backdraft” 

     A combustão é definida como oxidação, que é uma reação química na qual ooxigênio combina-se com outros elementos.

    O carbono é um elemento naturalmente abundante, presente, entre outros

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    materiais, na madeira. Quando a madeira queima, o carbono combina com o oxigêniopara formar dióxido de carbono (CO2), ou monóxido de carbono (CO). Quando o oxigênioé encontrado em quantidades menores, o carbono livre (C) é liberado, o que pode sernotado na cor preta da fumaça.

    Na fase de queima lenta

    em um incêndio, a combustão éincompleta porque não háoxigênio suficiente para sustentaro fogo. Contudo, o calor daqueima livre permanece, e aspartículas de carbono nãoqueimadas (bem como outrosgases inflamáveis, produtos dacombustão) estão prontas para

    incendiar-se rapidamente assimque o oxigênio for suficiente. Napresença de oxigênio, esseambiente explodirá. A essaexplosão chamamos “Backdraft”. 

    Figura 20- demonstração da explosão ambiental

    4 GENERALIDADES SOBRE INCÊNDIO

    4.1 CARGA INCENDIO

    De acordo com a terminologia utilizada no CBMMG, material combustível é todoproduto ou substância (não resistente ao fogo) que sofrem ignição ou combustão quandoexpostos a ação de calor. Sendo assim, todo material combustível existente em umaedificação (residencial, comercial ou industrial) ou que ocupe espaço em lugares abertos(ferro-velho, depósito de lixo, depósito de GLP, etc), representa um potencial suscetível aincendiar-se. A esse material dá-se o nome de Carga Incêndio.

    Carga Incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadaspela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço,inclusive os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos. 

    Na prática alguns fatores são importantes na avaliação da carga incêndio. Essesfatores é que influenciarão na classificação do potencial de risco de incêndio dasedificações e outros espaços:

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    a) A intensidade do incêndio é determinada pelo tipo de material incendiado epela velocidade de queima (velocidade da combustão);

    b) A rapidez da combustão é altamente influenciada pela disposição domaterial (relação direta das áreas expostas); ou seja, na relaçãosuperfície/massa, a exemplo, um incêndio em materiais empilhados (papeis,

    madeira, tecidos, etc), queimarão mais lentamente do que aquelesdistribuídos linearmente (em prateleiras), e bem ventilados (maior presençade O2).

    c) Na duração de um incêndio, o principal fator é a quantidade de materialpassível de ser incendiado.

    4.2 EVOLUÇÃO DO INCÊNDIOO desenvolvimento de um incêndio compreende cinco fases:

    4.2.1 EclosãoFogo inicial. É a fase embrionária do incêndio.

    4.2.2 IncubaçãoElevação da temperatura em virtude da concentração de calor.

     As duas primeiras fases são consideradas o princípio do incêndio, é o estágio emque ele ainda pode ser debelado.

    4.2.3 Deflagração

    Produção de uma grande quantidade de calor, facilitando o desenvolvimento doincêndio. A quantidade de calor emanada do foco dependerá do tipo de material e aintensidade com que ele queima.

    4.2.4 PropagaçãoFase em que o incêndio evolui para a generelização.

    4.2.5 ExtinçãoO fogo é extinto pelo consumo total do combustível existente.

    NÃO CONFUNDIR PRINC PIO DE INCÊNDIO COM IN CIO DE INCÊNDIOEnquanto o primeiro trata de indicativo de qual fase se encontra o incêndio,o segundo se refere ao momento no tempo e espaço onde ele ocorreu.

    4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E MÉTODOS DE EXTINÇÃO

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    Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bemcomo a situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar o

    agente extintor adequado para o tipo de incêndio específico. Entendemos como agentesextintores todas as substâncias capazes de eliminar um ou mais dos elementosessenciais do fogo, cessando a combustão.

    Essa classificação foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association  –  Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA (InternationalFire Service Training Association  –  Associação Internacional para o Treinamento deBombeiros/EUA) e também adotada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.  

    4.3.1 Incêndio Classe “A” 

    São os incêndios em combustíveis comuns (madeira, papel, estopa, algodão,borracha) que ao se queimarem deixam resíduos (cinzas). Queimam-se em razão desuperfície e profundidade.

    Método de extinçãoNecessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções

    que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do materialem combustão, abaixo do seu ponto de ignição.O emprego de pós químicos irá apenas retardar a combustão, não agindo na queima em

    profundidade.

    4.3.2 Incêndio Classe “B” 

    São incêndios em líquidos inflamáveis derivados de petróleo (Hidrocarbonetos),gasolina, óleo, tintas, gases liquefeitos de petróleo (GLP), ou líquidos polares, álcool. É

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    caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não emprofundidade.

    Método de extinçãoNecessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em

    cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto da ignição), é necessárioresfriamento.

    4.3.3 Incêndio Classe “C” 

    São incêndios em aparelhos elétricos energizados, Vídeo-cassete, TV, Terminal decomputador, transformador, etc. A extinção oferece grande riscos ao operador (sejabombeiro ou não).

    Método de extinção 

    Para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza a corrente elétricae utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia.Esta classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for 

     

    interrompido o fluxo elétrico.Deve-se ter cuidado com

     

    equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam energia 

    elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a 

    interrupção da correnteelétrica.

    4.3.4 Incêndio Classe “D” 

    São incêndios em metais alcalinos (magnésio, selênio, potássio e outroscombustíveis pirofóricos (possuem oxigênio em sua estrutura).  É caracterizado pelaqueima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns(principalmente os que contenham água).

    Método de extinção Para a sua extinção, necessita de agentes extintores especiais que se fundam em

    contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do aratmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento.

    Os pós especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto debário, monofosfato de amônia, grafite seco.

    O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe deincêndio. 

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    4.4 Síntese dos métodos de extinção

    - Resfriamento – consiste na retirada do calor do combustível incendiado;- Abafamento – consiste na extinção do incêndio pela retirada do oxigênio;- Retirada de material – consiste na diminuição do campo de propagação do incêndio;

    - Quebra da reação em cadeia- consiste em interromper a reação química através deagentes químicos especiais.

    5 AGENTES EXTINTORES

    São as substâncias utilizadas para extinção do fogo. São normalmente utilizadosatravés de equipamentos especializados ou instalações adequadas, destinadas a projetá-los contra o incêndio para o combate.

     A proteção do bombeiro é feita por meio de um jato proporcionado peloequipamento ou instalação, com a finalidade de:

    - proteger o operador, mantendo-o à distância do foco; - alcançar o fogo nas mais desfavoráveis condições; - reduzir a intensidade do calor e o volume das chamas; - possibilitar a extinção do incêndio. 

    Os agentes extintores, na prática, são utilizados pelos seguintes equipamentos einstalações:

    Equipamentos especializados  Instalações destinadas a suaprojeção contra o sinistro (fixa)

    Extintores portáteis ou carretas;Unidades estacionárias;

    Viaturas

     Automáticas ou comandadas

    Quadro 06- extintores de incêndio: quanto ao uso

    Os agentes extintores normalmente utilizados são os seguintes: água, espuma,CO2, Pó Químico e Halon.

    5.1 ÁGUA

    É  o agente extintor mais antigo e mais utilizado. Suas propriedades devem serconhecidas para que possa ser bem empregada, porque possui limitações.

    Pode ser decomposta em seus elementos básicos pela corrente elétrica, e poraltíssimas temperaturas (acima de 1200ºC) produzindo o perigoso gás hidrogênio e o

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    comburente oxigênio. O ferro (Fe) e o cobre (Cu) também a decompõem. O potássio (K) osódio (Na) e o cálcio (Ca) reagem violentamente com ela, decompondo-a, a frio, eincendiando-se ao seu contato. O flúor (F) e o cloro (Ci) a decompõem, produzindo osácidos fluorídrico e clorídrico, respectivamente. Portanto, pode-se observar que, se malutilizada, a água poderá trazer riscos para o operador e aumentar a gravidade da

    ocorrência. Pode ser utilizada de diversas maneiras no estado líquido:- jato sólido (compacto), resfriamento;

    - jato pulverizado (chuveiro), resfriamento (atomizado) 

    - neblina resfriamento, emulsificação, abafamento.

    No estado gasoso (vapor), age por abafamento, possibilitando ações deresfriamento, emulsificação e diluição.

     A água sempre conjuga as ações de resfriamento e abafamento.Instalações hidráulicas para incêndios, bombas e equipamentos especializados

    possibilitam as maneiras de utilização. Sendo que a água em seu estado natural contém

    impurezas, essa se torna condutiva. Deve- se considerar o risco de choque elétrico,principalmente nos casos onde há alto potencial ou alta voltagem envolvidos. Tambémpode provocar o choque térmico e, em consequência, riscos de desabamento e danosdesnecessários.

     A água pode ser condicionada em aparelhos extintores pressurizados, de pressãoinjetável e água gás ou através de instalações hidráulicas com uso de bombas hidráulicas(caminhões, reservatórios de edificações, bombas portáteis).

    Hoje já podem ser adicionados a água agentes químicos especiais que afetarão nasua forma de ação conforme a necessidade. Exemplos:

    antigo e mais utilizado condutibilidade elétricaage principalmente por resfriamento(absorção); paralelo a isso, age porabafamento, emulsificação e diluição

    emprego: liquida - jato compacto,pulverizado ou neblina;

    1.700 x o volume inicial gasoso – jato de vapor.Quadro 07 – resumo das características da água

    5.2 ESPUMA

     A espuma é constituída por um aglomerado de bolhas de ar ou gás bióxido deCarbono (Co2), formados de películas de água. Para que se formem as películas, énecessária a mistura de agente espumante. 

    O objetivo da espuma é tornar a água mais leve, gaseificando-a, que desta maneirapoderá flutuar sobre os líquidos mais leves que a água.

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     Age por abafamento e devido à presença da água secundariamente porresfriamento, portanto deve ser utilizada para combater incêndios em materiaiscombustíveis de Classe B.

    No caso específico do álcool acetona, devido à rápida ação de miscibilidade, deveser adicionada a água um agente químico especial.

     A espuma forma uma cobertura forte e contínua sobre o líquido inflamável e o isolado contato com o ar, evitando sua vaporização.

    Pode ser gerada de forma mecânica (sistema de venturi), água + líquido geradorde espuma + ar; ou de forma química que é obtida pela reação entre soluções aquosa deum sal alcalino, normalmente bicarbonato de sódio básico e um sal ácido, normalmente osulfato de alumínio.

    Espuma Mecânica é formada por uma mistura de água com uma pequenaporcentagem (1% a 6%) de concentrado gerador de espuma e entrada forçada de ar.Essa mistura, ao ser submetida a uma turbulência, produz um aumento de volume da

    solução (de 10 a 100 vezes) formando a Espuma.Espuma Química é resultante de uma reação química entre uma solução compostapor "água, sulfato de alumínio e alcaçuz" e outra composta por "água e bicarbonato desódio".

    Os agentes geradores de espuma podem ser condicionados em aparelhosextintores portáteis e carretas, enquanto que a espuma mecânica é gerada através debombas hidráulicas (pelo sistema venturi).

    Como agente extintor a espuma age principalmente por abafamento, tendo umaação secundária de resfriamento, face a existência da água na sua composição. Existemvários tipos de espuma que atendem a tipos diferentes de combustíveis em chamas.

     Alguns tipos especiais podem atender uma grande variedade de combustíveis. A espumapode ser utilizada no combate a incêndios das Classes A e B, não podendo ser utilizadona Classe C, pois conduz corrente elétrica.

    5.2.1 Tipos

    •  Espuma Química é resultante de uma reação química entre uma solução compostapor "água, sulfato de alumínio e alcaçuz" e outra composta por "água e bicarbonatode sódio“. 

    •  Mecânica Proteínica e Fluorproteínica

    •  Sintética: Espuma formadora de película aquosa (AFFF)- água leve

    5.3 CO2 Dióxido de carbono, bióxido de carbono, anidrido carbônico, gás carbônico ou

    ainda ácido carbônico são os vários nomes que se dão a este agente extintor.

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    É um gás incombustível, inodoro, incolor, mais pesado que o ar, não é tóxico, massua ingestão provoca asfixia. Atua por abafamento, dissipa-se rapidamente quandoaplicado em locais abertos. Não conduz corrente elétrica, nem suja o ambiente em que éutilizado.

    É comprimido dentro dos cilindros a cerca de 60 atm (850 PSI). Aliviado da

    compressão, o líquido se vaporiza e sua rápida expansão abaixa violentamente a pressãoa temperatura que alcança 78ºC negativos e parte do gás se solidifica em pequenaspartículas formando uma neve carbônica conhecida como gelo seco.

    Deve ser usado para extinção de incêndios especiais, onde é exigido um meioextintor não condutor de eletricidade e sem ação prejudicial sobre o equipamento ousobre o pessoal.

    Não é um veneno, podendo, contudo causar a asfixia quando é muito concentradono ambiente fechado. Pessoas desacordadas em locais onde houve grandesconcentrações do gás, devem ser removidas imediatamente, para onde exista ar puro.

     Age por abafamento ou pela diminuição dos produtos gasosos no local do incêndioe, secundariamente por resfriamento.Pode ser utilizado com segurança em caso de incêndio em materiais de classe C

    (aparelhos elétricos energizados) e classe B (líquidos inflamáveis derivados de petróleo esimilares). Na Classe A apaga somente na superfície.

    É acondicionado em aparelhos extintores portáteis, carretas, instalações fixas ecarros especiais.

    5.4 PÓS QUÍMICOS

    Pó químico, para fins de combate a incêndio, é o pó composto de finíssimaspartículas, normalmente de bicarbonato de potássio, cioreto de potássio, fosfatomonoamônico, uréia, bicarbonato de potássio com adição de determinados materiaisespecíficos, e submetido a tratamento adequado para dar-lhe resistência à vibração eduração quando embalado.

    O pó químico A B C  ou pó químico para múltiplos propósitos são os pósdestinados a extinção de incêndios das classes A, B e C.

    O pó químico especial é o pó especialmente formulado para agir como agenteextintor de incêndios em metais combustíveis.

    O pó químico regular ou pó químico comum, são os pós destinados a extinçãode incêndios de classe B e C.

    Os ingredientes dos pós químicos não são tóxicos, porém uma descarga emgrandes volumes pode causar dificuldade respiratórias durante o uso ou logo a seguir,dificultando também, seriamente a visibilidade.

     Age por abafamento. É utilizado para extinção de incêndio em líquidos inflamáveis.Não é condutor de eletricidade. Não deve ser utilizado em instalações ou equipamentos

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    elétricos ou eletrônicos que possuam relés ou contatos elétricos delicados, pois aspropriedades isolantes do pó acumulado em tais locais torna-os inoperantes e de difícillimpeza além de corroê-los.

    É expelido dos recipientes através de gás expelente (mais usado = nitrogênio “N”).São acondicionados em aparelhos extintores portáteis, pressurizados e de pressão

    injetável, carretas, equipamentos estacionários, viaturas especiais de combate a incêndiose instalações fixas.

    5.5 Halogenados (Halon)

    Composto halogenado é aquele que contém em sua composição um ou maisátomos de um dos elementos da série de halogêneos, ou seja, mais comumente o Bromo(Br), o cloro (CI) e o Flúor (F).

    Os compostos de lodo (I) não são utilizados por serem tóxicos e instáveis.

    Não têm tendência a se ionizar ou tornar-se eletricamente condutivo, portanto sãoindicados para uso em incêndios elétricos devido a sua baixa condutibilidade elétrica.

    Os halons são gases que vaporizam rapidamente em contato com o fogo, devido aeste fato, após o uso deixam poucos resíduos corrosivos ou abrasivos, possuem uma altadensidade no estado líquido, permitindo seu armazenamento em depósitos compactos.

    E classificado no grupo 6, reservado as substâncias menos tóxicas pois nãooferece riscos em concentrações de até 10%.

    Incolor, inodoro, praticamente atóxico, não conduz eletricidade, não ataca nenhumtipo de material, nem mesmo os mais sensíveis como plásticos, borracha, tintas, etc.

    É o ideal para a proteção em recintos de difícil evacuação o que contenham objetosraros e equipamento de alto custo como centrais de processamentos de dados, bancos,museus, bibliotecas, galerias de arte, navios, aviões, etc.

     Atua nas classes A, B e C, é cinco vezes mais rápido do que qualquer outroextintor, pois atua de forma diferente, quebrando a reação em cadeia da combustão,exigindo com isso, uma quantidade muito menor do elemento extintor.

    Quando disparado, se expande em mais de 180 vezes o seu volume original.Obs: Para ocupar o mesmo espaço seriam necessários 6 Kg de Co2. É leve, compacto efácil de ser operado, mesmo por pessoa sem nenhum treinamento.

    5.5.1 Características

    a) recipiente: lata de alumínio, sem costura, própria para suportar altaspressões.

    b) válvula: Do tipo alta vazão, com abertura de repetição, punho plásticoanatômico, pino de segurança e lacrada até o momento do uso.

    c) conteúdo: uma mistura de Halon 1301 e o 121 1;

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    d) complementos: suportes metálicos para prendê-lo à parede, etiquetapara controle de peso, letreiro de sinalização em auto adesivo;

    e) capacidade: 1 Kg, 2,1/2 Kg. e 5 Kg.

    5.6 AGENTES EXTINTORES PARA METAIS COMBUSTÍVEIS

    Vários metais queimam e são denominados metais combustíveis ou metaispirofóricos.

    Uns queimam-se quando aquecidos a altas temperaturas por fricção ou quandoexpostos a uma fonte de calor, outros queimam pelo contato com a umidade ou devido areação com outros materiais.Exemplo: Magnésio (Mg), Sódio (Na), Potássio (K), Titânio (Ti), Lítio (Li), Cálcio (Ca),Zircônio (Zr), Hafno (Hf), Tório (Th), Urânio (U), Plutônio (Pu), pós de Alumínio (AI), Zinco(Zh) e Ferro (Fe).

     A extinção de incêndios nesse materiais envolvem os seguintes riscos:

      Explosão da água por decomposição em seus elementos básicos;

      Produtos tóxicos da combustão;

      Reação explosivas com alguns dos agentes extintores mais comuns;

      Decomposição de determinados agentes extintores, com liberação de gasescombustíveis ou produtos tóxicos;

      Perigosa radiação, no caso de alguns metais nucleares;

    Portanto os agentes extintores e os métodos específicos de seus empregosprecisam ser bem conhecidos e selecionados com cuidado.Existem metais que, incendiados, não permitirão uma aproximação para combate

    ao fogo sem o uso de máscaras autônomas e roupas de proteção, mesmo no caso depequenos incêndios; outros admitem a aproximação facilmente e com um mínimo deproteção e finalmente existem outros que só podem ser combatidos com equipamentosfixos (sem a presença do homem).

    O sucesso do controle ou da extinção de um incêndio em metal combustíveldepende consideravelmente do método de aplicação dos agentes extintores e daexperiência e treinamento dos operadores.

    Nos locais com indústrias que manipulem metais perigosos, tanto o Corpo deBombeiros Oficial como o Industrial devem recorrer ao pessoal técnico altamenteconhecedor do assunto para o treinamento de seus bombeiros; porque num local comincêndio desses materiais há necessidade de pessoal técnico altamente conhecedor doassunto para combatê-lo.

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    6 EXTINTORES DE INCENDIO

    Extintores são recipientes metálicos que contém em seu interior agente extintorpara o combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Por essa razão, a sua eficáciaficará condicionada ao fácil acesso aos aparelhos, perfeito serviço de manutenção e aoconhecimento do operador das técnicas de extinção do fogo. Podem ser portáteis ousobre rodas conforme tamanho e a operação, e devem conter uma carga mínima deagente extintor em seu interior.

    HALON

    Figura 21 – extintores utilizados no princípio de um incêndio

    Os extintoresportáteis tambémsão conhecidossimplesmente porextintores e osextintores sobre

    rodas, porcarretas (Fig. 22)

    Todo extintor possuiem seu corpo, rótulo deidentificação facilmentelocalizável. O rótulo traza informação sobre aclasse de incêndio para

    as quais o extintor éindicado, bem como asinstruções para seu usopelo operador (Fig 23).

    Figura 22 Figura 23

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    [43]

    Quanto à sua nomenclatura, os extintores recebem o nome do agente queacondicionam em seu interior.

    Quanto ao princípio de funcionamento, todos requerem a expulsão do agenteextintor de seu interior, por meio de “pressão” que pode ser obtida através de uma reaçãoquímica, por intermédio de um gás expelente, ou ainda pela descompressão do próprio

    agente extintor.Os extintores que funcionam por reação química são chamados de químicos e os

    demais pressurizados. Estes últimos podem ainda ser do tipo pressurizado (pressãointerna) ou pressão injetada. Os de pressão interna já possuem o gás expelente dentrodo recipiente, misturado com o agente extintor ou o próprio agente acha-se comprimido.Os de pressão injetada recebem o gás expelente somente no momento de uso, atravésde um cilindro localizado do lado de fora do recipiente.

    6.1 Identificando as partes de um extintor (Fig. 24, 25 e 26).

    Figura 24- Aparelho extintor de água pressurizada (AP) 

    Figura 25 - Aparelho extintor de gás carbônico (CO2)  Figura 26  –  aparelho extintor deespuma química

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     Agente GUA ESPUMAQUÍMICA

    DI XIDO DECARBONO

    P QU MICOSECO

    "HALON"

    Classe "A" bom fraco Fraco Fraco fracoClasse "B" mau bom Bom Bom bom

    Classe "C" perigoso perigoso Bom Bom bomagente extintor água espuma CO2  NAHCO3  hidrocarbonetoshalogenados

    ação principal resfriamento abafamento Abafamento abafamento abafamentoação secundária abafamento resfriamento Resfriamento ---------- ------------perigofuncionamento

    eletricidade eletricidade asfixiante emconcentraçãoacima de 10%

    sufocante emconcentraçãoacima de 10%

    venenoso

    Capacidade 10, 50, 75 100e 150 l

    10, 75, 100 e150 l

    1, 2, 4, 6, 10 25e 50 kg

    1, 2, 4, 6, 8 12,20, 50, e 75 kg

    1,2 e 4 kg

    alcance do jato(metro)

    10 a 12 9 a 12 1 a 3  2 a 7  --------------

    composição dacarga

    gua  água bicarbo-nato de sódio,sulfato de alu-

    mínio e alca-çuz 

    dióxido de carbo-no

    bicarbonato desódio, hidróxidode alumínio e

    nitrogênio

    bromo, cloro, flúor,iodo carbono

    Quadro 08 – resumo características dos extintores de incêndio  Fonte: MABOM (MAB 1-4-PM) 2a ed. 1986 

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    7 MATERIAIS DE COMBATE A INCENDIO URBANO

    São os equipamentos utilizados no combate as chamas, de forma indireta oudireta. Como material de extinção de incêndio de aplicação direta podemos exemplificar

    os extintores  –  portáteis e sobre rodas (tema de outro capítulo), material hidráulico eacessórios.

    Como exemplo de material aplicação indireta, pode-se citar os de uso em corte,arrombamento, remoção e exploração. Esses materiais contribuem sobremaneira nasoperações de combate à incêndio, permitindo o emprego dos materiais diretos

    7.1 Materiais para Abastecimento

    Denomina-se material de abastecimento, o conjunto de aparelhos, ferramentas e

    peças empregadas pelos bombeiros para fazer o abastecimento de água às bombas deincêndio. São os seguintes:

    7.1.1 Hidrante   –  equipamento ligados aosencanamentos de abastecimento d’água da rede,seja pública ou particular. O mais conhecido é ohidrante de coluna (encontrado nas vias públicasde todo país);

    Figuras 27 e 28- Hidrante Público e Interno

    7.1.2 Chave de Registro (ou Chave “T”)  –  é uma ferramenta que consiste numabarra de ferro com munhões em forma de“T” e, na parte inferior, uma tomadaquadrada. Serve para girar o eixo-parafusopara abrir o hidrante subterrâneo.

    Figura 29 – chave de registro 

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    7.1.3 Luva de Registro (ou Capa de Pino)  – peça metálica em forma trapezoidal, comuma tomada quadrada semelhante àexistente na parte inferior da chave “T”,possuindo transversalmente um parafuso

    de ajuste. Sua finalidade é evitar que hajagiro em falso, pois nem sempre a tomadaquadrada da chave “T” se ajustaperfeitamente no topo da haste parafusodos hidrantes. Isso ocorre pelo desgaste de

    Figura 30 – vários modelos de luvas de registro

    suas arestas ou pela diferença de dimensionamento. Para tanto, deverá ser acoplada aotopo da haste parafuso da válvula de abertura e fechamento dos hidrantes, possibilitandoo trabalho da chave "T" (Fig 30).

    7.1.4 Mangote  - É um duto de borracha, reforçadocom armação interna de arame de aço, de modo aresistir, sem se fechar, quando utilizado em sucção.Destina-se a ligar a introdução da bomba amananciais ou aos hidrantes em operação de sucção(Fig 31).

    Figura 31  –  da esquerda para direita:mangueirote, mangueira e mangote

    7.1.5 Mangueirote- É uma mangueira especial utilizada para o abastecimento de viaturas em hidrantes. Deve possuir comprimento bem

    inferior ao de uma mangueira de incêndio comum (entre 3 e 5 metros). Exige cuidados emanutenção iguais aos de qualquer mangueira. Apresenta a vantagem de poder seracoplado por um único homem, além de permitir que a viatura esteja distante ou até malposicionada em relação ao hidrante. Não pode ser usado em sucção (Fig. 31). 

    7.1.6 Chaves - Ferramentas destinadas a facilitar o acoplamento ou desacoplamento de juntas de união (Fig. 32). As chaves podem ser:

      de mangueiras, para acoplamento e desacoplamento de mangueiras e adaptações.

      de mangote, para acoplamento e desacoplamento de mangote, mangueirotes e filtros.

      universal, para acoplamento e desacoplamento de mangueiras e mangotes.

      para hidrante público de coluna, para abrir e fechar tampões de hidrantes públicos decoluna.

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    Figura 32 - Chaves:1- de hidrante;2- de mangote conjugada;3- de mangueira e hidrante conjugada;4- de mangueira conjugada (38 e 63mm);5- de mangueira simples 63 mm

    7.1.7 Coletor-  é uma peça metálica que sedestina a conduzir para uma só linha a águaproveniente de duas ou mais linhas (Fig.