apostila de engenharia do meio ambiente

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Gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos urbanos e industriais. Prof. Denize Dias de Carvalho Engenharia do Meio Ambiente RESÍDUOS SÓLIDOS “A questão dos resíduos sólidos é atualmente, um dos temas centrais para aqueles que se preocupam com ambiente na perspectiva de garantir a existência das gerações futuras”. DEFINIÇÕES Primeiramente, devemos conceituar a palavra resíduo, uma vez que este inclui não apenas os materiais sólidos, mas também inclui outros tipos de materiais de diferentes estados físicos, além de uma variedade de significados. É usual na área ambiental, utilizar a palavra resíduo associando a idéia de materiais sólidos ou semi-sólidos, como também se associa efluentes com materiais líquidos e emissões com materiais gasosos. Além disso, o termo resíduos sólidos (urbanos) é tido praticamente como sinônimo de lixo e é usado de forma geral pela população. Segundo SABETAI CALDERONI (1998), o conceito de lixo e de resíduo pode variar conforme a época e o lugar. Depende de fatores jurídicos, econômicos, ambientais, sociais e tecnológicos. Para alguns lixo está associado ao poder público e resíduo ao setor industrial. Para Calderoni resíduo é um material que tem valor comercial, e lixo é um material descartado que não tem valor comercial. Culturalmente, podemos definir resíduo sólido como o conjunto de produtos não aproveitados oriundos de atividades humanas - doméstica, comercial, industrial, de saúde entre outros tipos, ou gerados pela natureza, como folhas, terra etc. Porém em agosto de 2010 foi instituída no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que levou 19 anos para ser aprovada. A LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;e dá outras providências. Esta Lei apresenta uma serie de definições, definindo a diferenciação entre resíduos e rejeitos. Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; Rejeitos sólidos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. CAPÍTULO I DO OBJETO E DO CAMPO DE APLICAÇÃO Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

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Apostila de Engenharia do Meio Ambiente utilizada na UFRJ

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  • Gerenciamento e tratamento de resduos slidos urbanos e industriais. Prof. Denize Dias de Carvalho

    Engenharia do Meio Ambiente

    RREESSDDUUOOSS SSLLIIDDOOSS A questo dos resduos slidos atualmente, um dos temas centrais para aqueles que se preocupam com ambiente na perspectiva de garantir a existncia das geraes futuras.

    DDEEFFIINNIIEESS

    Primeiramente, devemos conceituar a palavra resduo, uma vez que este inclui no apenas os materiais slidos, mas tambm inclui outros tipos de materiais de diferentes estados fsicos, alm de uma variedade de significados. usual na rea ambiental, utilizar a palavra resduo associando a idia de materiais slidos ou semi-slidos, como tambm se associa efluentes com materiais lquidos e emisses com materiais gasosos. Alm disso, o termo resduos slidos (urbanos) tido praticamente como sinnimo de lixo e usado de forma geral pela populao. Segundo SABETAI CALDERONI (1998), o conceito de lixo e de resduo pode variar conforme a poca e o lugar. Depende de fatores jurdicos, econmicos, ambientais, sociais e tecnolgicos. Para alguns lixo est associado ao poder pblico e resduo ao setor industrial. Para Calderoni resduo um material que tem valor comercial, e lixo um material descartado que no tem valor comercial. Culturalmente, podemos definir resduo slido como o conjunto de produtos no aproveitados oriundos de atividades humanas - domstica, comercial, industrial, de sade entre outros tipos, ou gerados pela natureza, como folhas, terra etc. Porm em agosto de 2010 foi instituda no Brasil a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS), que levou 19 anos para ser aprovada. A LEI N 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;e d outras providncias. Esta Lei apresenta uma serie de definies, definindo a diferenciao entre resduos e rejeitos. Resduos slidos: material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos d'gua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel; Rejeitos slidos: resduos slidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperao por processos tecnolgicos disponveis e economicamente viveis, no apresentem outra possibilidade que no a disposio final ambientalmente adequada. CAPTULO I DO OBJETO E DO CAMPO DE APLICAO Art. 1 Esta Lei institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos, dispondo sobre seus princpios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao gerenciamento de resduos slidos, includos os perigosos, s responsabilidades dos geradores e do poder pblico e aos instrumentos econmicos aplicveis. Art. 3 Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder pblico e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

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    Engenharia do Meio Ambiente

    II - rea contaminada: local onde h contaminao causada pela disposio, regular ou irregular, de quaisquer substncias ou resduos; III - rea rf contaminada: rea contaminada cujos responsveis pela disposio no sejam identificveis ou individualizveis; IV - ciclo de vida do produto: srie de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obteno de matrias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposio final; V - coleta seletiva: coleta de resduos slidos previamente segregados conforme sua constituio ou composio; VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam sociedade informaes e participao nos processos de formulao, implementao e avaliao das polticas pblicas relacionadas aos resduos slidos; VII - destinao final ambientalmente adequada: destinao de resduos que inclui a reutilizao, a reciclagem, a compostagem, a recuperao e o aproveitamento energtico ou outras destinaes admitidas pelos rgos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposio final, observando normas operacionais es pecficas de modo a evitar danos ou riscos sade pblica e segurana e a minimizar os impactos ambientais adversos; VIII - disposio final ambientalmente adequada: distribuio ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais especficas de modo a evitar danos ou riscos sade pblica e segurana e a minimizar os impactos ambientais adversos; IX - geradores de resduos slidos: pessoas fsicas ou jurdicas, de direito pblico ou privado, que geram resduos slidos por meio de suas atividades, nelas includo o consumo; X - gerenciamento de resduos slidos: conjunto de aes exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinao final ambientalmente adequada dos resduos slidos e disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gesto integrada de resduos slidos ou com plano de gerenciamento de resduos slidos, exigidos na forma desta Lei; XI - gesto integrada de resduos slidos: conjunto de aes voltadas para a busca de solues para os resduos slidos, de forma a considerar as dimenses poltica, econmica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentvel; XII - logstica reversa: instrumento de desenvolvimento econmico e social caracterizado por um conjunto de aes, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinao final ambientalmente adequada; XIII - padres sustentveis de produo e consumo: produo e consumo de bens e servios de forma a atender as necessidades das atuais geraes e permitir melhores condies de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das geraes futuras; XIV - reciclagem: processo de transformao dos resduos slidos que envolve a alterao de suas propriedades fsicas, fsico-qumicas ou biolgicas, com vistas transformao em insumos ou novos produtos, observadas as condies e os padres estabelecidos pelos rgos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; XV - rejeitos: resduos slidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperao por processos tecnolgicos disponveis e economicamente viveis, no apresentem outra possibilidade que no a disposio final ambientalmente adequada; XVI - resduos slidos: material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos d'gua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia disponvel; XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para minimizar o volume de resduos slidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados sade humana e qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; XVIII - reutilizao: processo de aproveitamento dos resduos slidos sem sua transformao biolgica, fsica ou fsico-qumica, observadas as condies e os padres estabelecidos pelos rgos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa (Sistema nico de Ateno Sanidade Agropecuria); XIX - servio pblico de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos: conjunto de atividades previstas no art. 7 da Lei n 11.445, de 2007.

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    CAPTULO II - PRINCPIOS E OBJETIVOS princpios da preveno e da precauo; princpios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor; responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; proteo da sade pblica e da qualidade ambiental; incentivo indstria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matrias-primas e insumos derivados de materiais reciclveis e reciclados; integrao dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis nas aes que envolvam a Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; prioridade, nas aquisies governamentais, para produtos reciclados e reciclveis; o reconhecimento do resduo slido reutilizvel e reciclvel como um bem econmico e valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; INSTRUMENTOS os planos de resduos slidos; os inventrios e o sistema declaratrio anual de resduos slidos; a coleta seletiva, os sistemas de logstica reversa e outras ferramentas relacionadas implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o incentivo criao e ao desenvolvimento de cooperativas ou outras formas de associao de catadores de materiais reutilizveis e reciclveis; a educao ambiental; os incentivos fiscais, creditcios e financeiros e Educao ambiental. Na gesto e gerenciamento de resduos slidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: no-gerao, reduo, reutilizao, reciclagem, tratamento dos resduos slidos,

    bem como disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos. Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resduos slidos tm a seguinte classificao: I - quanto origem: a) resduos domiciliares: os originrios de atividades domsticas em residncias urbanas; b) resduos de limpeza urbana: os originrios da varrio, limpeza de logradouros e vias pblicas e outros servios de limpeza urbana; c) resduos slidos urbanos: os englobados nas alneas "a" e "b"; d) resduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de servios: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alneas "b", "e", "g", "h" e "j"; e) resduos dos servios pblicos de saneamento bsico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alnea "c"; f) resduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalaes industriais; g) resduos de servios de sade: os gerados nos servios de sade, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos rgos do Sisnama e do SNVS; h) resduos da construo civil: os gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de obras de construo civil, includos os resultantes da preparao e escavao de terrenos para obras civis; i) resduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecurias e silviculturais, includos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) resduos de servios de transportes: os originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios, rodovirios e ferrovirios e passagens de fronteira; k) resduos de minerao: os gerados na atividade de pesquisa, extrao ou beneficiamento de minrios; II - quanto periculosidade: a) resduos perigosos: aqueles que, em razo de suas caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco sade pblica ou qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma tcnica; b) resduos no perigosos: aqueles no enquadrados na alnea "a". Pargrafo nico. Respeitado o disposto no art. 20, os resduos referidos na alnea "d" do inciso I do caput, se caracterizados como no perigosos, podem, em razo de sua natureza, composio ou volume, ser equiparados aos resduos domiciliares pelo poder pblico municipal.

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    DOS PLANOS DE RESDUOS SLIDOS So planos de resduos slidos I o Plano Nacional de Resduos Slidos; II os planos estaduais de resduos slidos; III os planos microrregionais de resduos slidos e os planos de resduos slidos de regies metropolitanas ou aglomeraes urbanas; IV os planos intermunicipais de resduos slidos; V os planos municipais de gesto integrada de resduos slidos; VI os planos de gerenciamento de resduos slidos. LOGSTICA REVERSA Esto obrigados a estruturar e implementar sistemas de logstica reversa, mediante retorno dos produtos aps o uso pelo consumidor, de forma independente do servio pblico de limpeza urbana e manejo dos resduos slidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I agrotxicos, seus resduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, aps o uso, constitua resduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos rgos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas tcnicas; II pilhas e baterias; III pneus; IV leos lubrificantes, seus resduos e embalagens; V lmpadas fluorescentes, de vapor de sdio e mercrio e de luz mista; VI produtos eletroeletrnicos e seus componentes. CAPTULO V - DOS INSTRUMENTOS ECONMICOS O Poder Pblico poder instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, s iniciativas de: implantao de infra-estrutura fsica e aquisio de equipamentos para cooperativas ou outras formas de associao de catadores de materiais reutilizveis e reciclveis formadas por pessoas fsicas de baixa renda; desenvolvimento de projetos de gesto dos resduos slidos de carter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput do art. 11, regional; estruturao de sistemas de coleta seletiva e de logstica reversa; descontaminao de reas contaminadas, incluindo as reas rfs; CAPTULO VI - DAS PROIBIES Ficam proibidas, nas reas de disposio final de rejeitos, as seguintes atividades: utilizao dos rejeitos dispostos como alimentao; catao; criao de animais domsticos; fixao de habitaes temporrias ou permanentes; outras atividades vedadas pelo Poder Pblico. Fica proibida a importao de resduos slidos perigosos e rejeitos, bem como os resduos slidos cujas caractersticas causem dano ao meio ambiente e sade pblica, animal e sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso, reutilizao ou recuperao. A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) editou um conjunto de normas para padronizar, a nvel nacional, a classificao dos resduos: NBR 10.004 - Resduos Slidos NBR 10.005 - Lixiviao de Resduos NBR 10.006 - Solubilizao de Resduos NBR 10.007 - Amostragem de Resduos

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    A NBR 10.004 Resduos Slidos Classificao (ABNT/04) define resduos slidos como: resduos no estado slido e semi-slido que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem inevitvel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnicas e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel. A NBR 10.004 classifica os resduos slidos segundo o grau de periculosidade, em duas categorias: Classe I Perigosos, Classe II No Perigosos (Classe IIA No Inertes e Classe IIB Inertes) Obs: Os resduos radioativos no so objeto desta Norma, pois so de competncia exclusiva da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Resduos Classe I Perigosos Esses resduos apresentam periculosidade, caracterstica que em funo de suas propriedades fsicas, qumicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar riscos sade pblica e ao meio ambiente quando manuseados e destinados de forma inadequada. Resduos slidos que constem nos anexos A ou B ou que apresentarem pelo menos uma das caractersticas quanto a inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade.

    Por exemplo, um resduo : Reativo (...) se possuir em sua constituio CN- ou S2- em concentraes maiores que 250 mg de HCN libervel/kg de resduo ou de 500 mg de H2S

    libervel/kg de resduo. Patogenico: (...) se contiver ou houver suspeita de conter microrganismos patognicos, protenas virais, ADN ou ARN recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmdios, cloroplastos, mitocndrias ou toxinas capazes de produzir doenas em homens, animais ou vegetais.

    Listagem 1 - Resduos perigosos de fontes no

    especficas

    Indstria Cdigo Resduo perigoso Cdigo de

    periculosidade

    Genrica F 001 Os seguintes solventes

    halogenados gastos utilizados

    em desengraxe:

    tetracloetileno, ..........e

    fluocarbonos clorados e lamas

    provenientes da recuperao

    (T)

    F015 solues exauridas de banhos

    contenho cianeto provenientes

    das operaes de extrao de

    metais de minrios.

    (R,T)

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    Listagem 2 - Resduos perigosos de fontes

    especficas

    Indstria Cdigo Resduo perigoso Cdigo de

    periculosidade

    K048 Sobrenadante de separadores

    tipo DAF, nas indstrias de

    refinao de petrleo

    (T)Refino

    de

    petrleo

    K049 Slidos da emulso de leo

    residual da indstria de

    refinao de petrleo

    (T)

    importante frisar que todo material em contato com resduo perigoso fica contaminado e passa tambm a ser considerado como resduo perigoso. Qualquer outro resduo que se suponha txico e que no conste nas listagens da norma, dever ter sua classificao baseada em dados bibliogrficos disponveis. Resduos classe IIA No inertes: Aqueles que no se enquadram nas classificaes de resduos de classe I ou classe IIB. Aqueles que podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em gua.

    Resduos classe IIB Inertes: Quaisquer resduos amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10.007, que submetidos a um contato esttico ou dinmico com gua destilada ou deionizada, temperatura ambiente, conforme NBR 10.006 (Solubilizao) no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor (anexo G).

    As decises tcnicas e econmicas em relao a todo o gerenciamento dos resduos slidos (manuseio, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e disposio final), devero estar fundamentadas na classificao dos mesmos. Contudo essa identificao bastante complexa em determinados casos, e so poucos laboratrios que realizam este servio. A amostragem do resduo uma operao fundamentalmente importante, como j foi dito anteriormente existe uma norma a NBR 10007 que orienta sobre a forma de se realizar um processo de amostragem, porm quanto mais heterogneo o resduo, mais crtica a sua amostragem. Realizar uma determinao das caractersticas de resduos que possa ser considerada representativa no tarefa simples e depende de um bom programa de amostragem e da correta preparao das amostras. A ausncia de uma padronizao nos mtodos de determinao das caractersticas fisico-qumicas e microbiolgicas dificulta a comparao de resultados e , atualmente, um dos problemas da discusso entre especialistas na rea de resduos. Tabela 1 Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos Origem do resduo

    Responsvel

    Domiciliar Prefeitura

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    Pblico Prefeitura Comercial Gerador Servios de Sade Gerador (hospitais, etc) Industrial Gerador (indstrias) Portos, aeroportos e terminais ferrovirios e rodovirios

    Gerador (portos, etc.)

    Agrcola Gerador (agricultor) Entulho Gerador Segundo DALMEIDA ET AL, 2000 (IPT), resduo slido, pode ser classificado como: I Domiciliar aquele originado na vida diria das residncias, constitudos por restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais, garrafas, embalagens em geral, papel higinico, dentre outros, alm de alguns resduos considerados txicos. II Comercial aquele originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de servios, como supermercado, lojas, bares, restaurantes etc. O lixo destes locais tem grande quantidade de papel, plstico e embalagens diversas. III Pblico aquele originado dos servios de limpeza pblica urbana, incluindo-se todos os resduos de varrio das vias pblicas; limpeza das praias; limpeza das galerias, crregos e terrenos; restos de poda de rvores, corpos de animais etc. Inclui-se tambm nessa categoria os resduos da limpeza de reas de feiras livres, constitudos por restos de vegetais diversos, embalagens etc. IV Servios de Sade e Hospitalar constituem os resduos spticos, ou seja, aqueles que contm ou potencialmente podem conter germes patognicos, oriundos de locais como hospitais, clnicas, laboratrios, farmcias, clnicas veterinrias, postos de sade etc. Esto tambm nessa categoria os resduos asspticos destes locais, constitudos por papis, restos da preparao de alimentos, resduos de limpeza gerais e outros materiais. V - Portos, Aeroportos e Terminais Rodovirios e Ferrovirios constituem-se de materiais de higiene, asseio pessoal e restos de alimentos; VI Industrial aquele originado nas atividades dos diversos ramos de indstria como a metalrgica, qumica, petroqumica, papeleira, alimentcia etc. O resduo slido industrial bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos leos, resduos alcalinos ou cidos, plsticos, papis, cermicas etc. VII Agrcola so resduos slidos das atividades agrcolas e da pecuria. Incluem embalagens de fertilizantes e defensivos agrcolas, raes, restos de colheita etc. VIII Entulho so os resduos da construo civil, composto por materiais de demolies, restos de obras, solos de escavaes diversas etc. DAlmeida et al (2000) indica ainda a responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos descritos acima e ilustrados na Tabela 1:

    Tabela 1 Responsabilidade pelo gerenciamento dos resduos

    Origem do resduo Responsvel

    Domiciliar Prefeitura

    Comercial Prefeitura1

    Pblico Prefeitura

    Servios de Sade Gerador (hospitais, etc)

    Industrial Gerador (indstrias)

    Portos, aeroportos e terminais ferrovirios e rodovirios

    Gerador (portos, etc.)

    Agrcola Gerador (agricultor)

    Entulho Gerador

    1 A Prefeitura responsvel por quantidades pequenas, geralmente inferiores a 50kg, de acordo com a legislao municipal especfica. Quantidades superiores so responsabilidade do gerador.

    ABNT NBR 10004:2004 CLASSIFICAO:

    resduo

    Tem origem

    conhecida ?

    Consta nos anexos A

    ou B?

    Tem caracteristicas de:

    Inflamabilidade, corrosividade,

    reatividade, toxicidade ou

    patogenicidade?

    resduo no perigoso classe II

    Possui constituintes que so

    solubilizados em concentraes

    superiores ao anexo G ?

    resduo no inerte Classe II A

    resduo perigoso classe I

    resduo inerte Classe II B

    sim

    no

    sim

    no

    no

    sim

    no

    sim

  • Gerenciamento e tratamento de resduos slidos urbanos e industriais. Prof. Denize Dias de Carvalho

    Engenharia do Meio Ambiente

    O levantamento das quantidades de resduos industriais feito utilizando a metodologia dos inventrios, que consistem em questionrios enviados as indstrias consideradas potencialmente importantes como geradoras de resduos.

    Gerenciamento dos resduos slidos No vigsimo primeiro captulo da Agenda 21, esto estabelecidas as diretrizes para o gerenciamento dos resduos slidos de forma compatvel com a preservao ambiental. Um novo estilo de vida, com mudanas nos padres de consumo, nos padres de produo e de gerao de resduos se impe para a humanidade. O estabelecimento desses novos padres comportamentais e culturais depende de um trabalho de educao e conscientizao e deve (deveria) ser tarefa da atual gerao e das prximas, na construo de um novo modelo de mundo. A Agenda 21 define reas-programa que permitem o estabelecimento de uma estratgia de gerenciamento de resduos slidos compatvel com a preservao do ambiente. Minimizao da produo de resduos, Maximizao de prticas de reutilizao e reciclagem ambientalmente corretas, Promoo de sistemas de tratamento e disposio de resduos compatveis com a preservao ambiental, Extenso da cobertura de coleta dos servios de coleta e destino final. Em se tratando de um resduo industrial, a fonte geradora geralmente conhece a composio e a quantidade dos seus resduos, no entanto, o gerenciamento desse tipo de resduo pode ser bastante problemtico. Uma vez que a gerao dos resduos industriais diretamente dependente das aes de minimizao praticadas pelas indstrias, demonstra que o incio do Gerenciamento de Resduos Slidos comea antes da gerao. Na Agenda 21, os programas considerados importantes para o equacionamento da poluio por resduos perigosos (RP) so:

    Promover a minimizao da gerao de RP Promover e fortalecer a capacitao institucional para o gerenciamento de RP Promover e fortalecer a cooperao internacional para o gerenciamento da movimentao

    de RP entre fronteiras Impedir o trfico internacional ilegal de RP

    Tambm faz parte do gerenciamento, o coleta, classificao, segregao, armazenagem, transporte, reciclagem, bolsa de resduos, levantar as alternativas de tratamento e disposio final destes, considerando aspectos de treinamento de pessoal, manuseio e procedimento de emergncia, dentro de critrios de garantia da proteo ambiental e da sade pblica. Alm disto, se necessrio, realizar um processo de recuperao dos locais contaminados pela disposio inadequada.

    As reas e as formas de armazenamento devero ser previamente submetidas ao rgo ambiental para apreciao e parecer. O local para o armazenamento de resduos dever estar situado a distncias mnimas de residncias, hospitais, clnicas, centros mdicos, de escolas, clubes esportivos e de outros equipamentos de uso comunitrio, de rodovias, vias de acesso pblico e corpos dgua. Os procedimentos de coleta e estocagem a serem seguidos so:

    COLETA definir os equipamentos adequados para coleta e segregao dos resduos slidos; definir os locais para os recipientes para coleta e para segregao; descrever o processo de transporte; descrever o processo de manuseio; ESTOCAGEM definir o local e a capacidade disponvel para cada tipo de resduo;

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    Engenharia do Meio Ambiente

    definir os procedimentos de manuseio entre as reas de estocagem e tratamento ou disposio final;

    definir o treinamento necessrio ao pessoal envolvido; Os resduos slidos devero sofrer tratamento ou armazenamento adequado preferencialmente no prprio local de produo e nas condies estabelecidas pelos rgos responsveis de controle da poluio e de preservao ambiental. Entretanto, a maior parte dos resduos, principalmente aqueles caracterizados como perigosos so geralmente tratados ou dispostos em locais distantes do seu ponto de gerao, o que necessita de transporte do ponto de gerao ao local de tratamento ou disposio, envolvendo coleta, condicionamento e transporte.

    Uma vez havendo a impossibilidade tcnico-cientfica e econmica do tratamento e disposio dos resduos slidos prximos ao local de sua gerao, o transporte deve ser feito em veculos apropriados, compatveis com as caractersticas dos resduos, atendendo as condicionantes de proteo ao meio ambiente e a sade pblica.

    O transporte de resduos no perigosos (por exemplo sucatas de ferro, lixo de restaurante, etc.) no apresenta grandes implicaes quanto ao treinamento de motorista e ajudantes, estado de conservao do caminho e burocracia com relao aos rgos ambientais regionais.

    Para o transporte de Resduos Perigosos a indstria obrigada a seguir uma srie de procedimentos para que se cumpram todas as leis e regulamentaes dos rgos ambientais envolvidos no transporte deste tipo de material, com relao a documentaes, licenas etc. Alm do cumprimento deste procedimento, deve exigir tambm das empresas transportadoras o seu enquadramento s normas referentes ao transporte de resduos perigosos, e atuar como fiscalizadora, j que a mesma se encontra no papel de co-responsvel deste processo.

    Os veculos de transporte de carga ou produtos perigosos s podero transitar por vias pblicas ou rodovias, se preencherem os requisitos de simbologia estabelecidos pela Norma Brasileira. Os produtos devem estar acondicionados para suportar os riscos de carregamento, transporte, descarregamento e transbordo. Devem evitar o uso de vias que atravessem ou estejam prximas de reas densamente povoadas, de reas de proteo de mananciais, reservatrios de gua ou reservas florestais e ecolgicas para carregamento, transporte e descarregamento de produtos perigosos. O transporte de produtos perigosos somente ser realizado em veculos cujas caractersticas tcnicas e estado de conservao possibilitem segurana compatvel com o risco correspondente ao produto transportado. No caso dos resduos serem transportados ou terem de ser estocados at terem um tratamento adequado, eles devem ser cuidadosamente manuseados, coletados e armazenados. O acondicionamento e/ou estocagem de resduos pode ser realizado em: tambores, a granel, caamba, tanque, fardos, sacos plsticos ou outras formas. Os veculos de transporte de carga ou produtos perigosos s podero transitar por vias pblicas ou rodovias, se preencherem os requisitos de simbologia estabelecidos pela Norma Brasileira. Os produtos devem estar acondicionados para suportar os riscos de carregamento, transporte, descarregamento e transbordo. Devem evitar o uso de vias que atravessem ou estejam prximas de reas densamente povoadas, de reas de proteo de mananciais, reservatrios de gua ou reservas florestais e ecolgicas para carregamento, transporte e descarregamento de produtos perigosos. O transporte de produtos perigosos somente ser realizado em veculos cujas caractersticas tcnicas e estado de conservao possibilitem segurana compatvel com o risco correspondente ao produto transportado. Geralmente o gerenciamento interno de exclusividade da empresa, mas o externo, muitas vezes, fica por conta de empresas contratadas, o que dificulta o trabalho da empresa sendo a mesma responsvel por todas as fases. O conhecimento do responsvel pela manipulao, remoo, transporte, armazenamento, disposio e controle dos resduos slidos tambm indispensvel. Outro fator vital a questo do cumprimento da legislao pertinente e dos objetivos traados pela empresa, para assegurar esse programa de gerenciamento. Com relao ao gerenciamento de resduos slidos so necessrias, inicialmente, a identificao da fonte de gerao com qualificao e quantificao atravs da caracterizao por amostragem, anlise e classificao. Aps essa fase inicial, o procedimento abrange as seguintes etapas:

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    Medidas preventivas:

    Gerao da menor quantidade possvel minimizao na gerao; Segregao em local adequado para evitar a diluio dos materiais pelas guas de chuva e

    que fiquem dispostos ao tempo; Rtulos e etiquetas para a identificao; Separao dos resduos entre si, para evitar a contaminao dos menos perigosos com os

    outros e para que no ocorram reaes qumicas entre os diferentes materiais. Medidas corretivas

    Identificao do tipo de tratamento a ser utilizado. As diretrizes para o tratamento de resduos consiste em :

    o Definio de processos de produo, tendo em vista as caractersticas qualitativas e quantitativas dos resduos resultantes;

    o Desenvolvimento dos estudos de tratabilidade para avaliao dos possveis tratamentos;

    o Conceituao dos processos tendo-se em vista a eficincia de remoo de poluentes e o impacto que iro provocar ao meio ambiente.

    Identificao das empresas que realizaro servios de tratamento, anlise e transporte; Elaborao de um plano de tratamento que enviado ao rgo Ambiental, junto com o

    laudo de caracterizao do resduo, para que o rgo emita a autorizao; Transporte do resduo por uma empresa devidamente licenciada, que ter a

    responsabilidade de encaminhar, junto com o resduo, a documentao necessria; Recebimento do resduo pela empresa de tratamento, retirada de uma amostra

    testemunha e pesagem; Tratamento; Emisso do comprovante de destinao final do resduo emitido pela empresa; Arquivamento por um perodo de 5 anos das notas fiscais de transporte e do comprovante

    de destinao final do resduo. Cada resduo deve ter o seu gerenciamento desde a fase imediatamente aps a gerao at a disposio final, de forma a garantir a minimizao de riscos sade pblica e ao meio a ambiente. Cabe ao gerador de resduos assumir a responsabilidade de assegurar que empresas terceirizadas, responsveis pela disposio final, tratamento, compra e reciclagem estejam de acordo com as normas ambientais vigentes. Vale salientar que todo o gerenciamento no definitivo, devendo ser reformulado dependendo das circunstncias e das necessidades do momento.

    As relaes entre pases, no que se refere aos problemas ambientais provocados por produtos e resduos, tm sido objeto de tratados que visam estabelecer novos padres nas relaes internacionais. Alguns dos tratados atuais que interferem na questo dos resduos so:

    Protocolo de Montreal, para controle das substncias que destroem a camada de oznio A Conveno da Biodiversidade, que regula as condies de acesso a recursos biolgicos

    entre os signatrios. A Conveno da Basilia, que probe a movimentao de resduos perigosos, entre

    fronteiras, para pases no participantes da conveno, e estabelece regras para a movimentao entre os pases signatrios.

    Concluindo, a legislao brasileira para a caracterizao e a gesto do problema ao nvel de ao governamental bastante completa e segue os modelos adotados nos pases industrializados, em especial, EUA e Alemanha, pases com os quais os tcnicos brasileiros tm mantido maior intercmbio no assunto resduo industriais. As normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) cobrem bastante bem as definies dos resduos e os cuidados com o seu manuseio, transporte e estocagem. Essas normas so complementadas pelos documentos federais e estaduais referentes a padres de emisses

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    para incineradores, requisitos mnimos para a localizao, construo e operao de aterros industriais e transporte de resduos. A legislao ambiental para transporte de resduos perigosos soma-se quela referente ao transporte de substancias perigosas publicada pelo Ministrio dos Transportes, sendo que a atuao dos rgos ambientais tem se dado em articulao com as autoridades rodovirias, com relativo sucesso.

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    Lodos gerados nas ETEs O termo lodo tem sido utilizado para designar os subprodutos slidos do tratamento de Estaes de Tratamento de Esgotos ou de Efluentes Industriais. Nos processos biolgicos de tratamento, parte de matria orgnica absorvida e convertida, fazendo parte da biomassa microbiana, denominada de lodo biolgico ou secundrio, composto principalmente de slidos biolgicos, por isso denominada de bbiioosssslliiddoo; porm para este termo ser adotado necessria uma estabilizao do lodo, tornando as caractersticas qumicas e biolgicas compatveis a uma utilizao, como por exemplo na agricultura. No Brasil, j temos exemplos concretos da utilizao de Biosslido como fertilizante em plantaes de milho em pesquisa realizada pela Embrapa, na regio de Jaguarina SP; porm ainda no temos uma legislao especfica para permitir e normalizar a utilizao de biosslido na agricultura.

    TTrraattaammeennttoo ddee llooddoo

    O gerenciamento de lodo proveniente de estaes de tratamento uma atividade de grande complexidade, responsabilidade e alto custo, e se for mal executado pode comprometer os benefcios ambientais e sanitrios esperados do sistema. Portanto a gesto do lodo prev a reduo de sua produo e o aumento mximo da reutilizao e da reciclagem. A arte de gerenciar est em combinar as diferentes solues possveis de maneira que resulte numa seqncia de processos de baixo custo e boa confiabilidade. Se falhar o tratamento, a disponibilidade de locais de armazenagem se esgotar rapidamente e a eficincia depuradora da estao fica reduzida pela necessidade de descarregar lodo com o efluente.Todo o esforo feito para tratar os efluentes lquidos pode ser comprometido por um tratamento inadequado do lodo gerado nesses processos. O lodo considerado um resduo slido (semi-slido) Na estao de tratamento fica retido um lodo aquoso, cuja quantidade pode ser avaliada em cerca de 1% a 2% do volume total de esgoto/efluente tratado por isso importante se achar uma utilizao economicamente vivel, pois o custo com o lodo pode ficar entre 20% e 60% do total gasto com a operao de uma estao de tratamentos. O lodo biolgico produzido em unidades (lagoas aeradas, lodo ativado ) tem um teor de slidos de 0,5 - 1,5 % aps descarga do decantador secundrio. Espessamento essencial para reduzir este volume antes das operaes de desidratao. Se o tratamento primrio produz um volume de lodo muito maior que o do tratamento secundrio, os lodos podem ser misturados e desidratados juntos. Contudo, so frequentemente mantidos separados para um melhor controle da desidratao e disposio. Os lodos primrios variam amplamente em densidade, estabilidade qumica e biolgica, solubilidade, toxidez e tamanho de partcula. J o lodo secundrio, geralmente semelhante para todas as indstrias. O lodo primrio removido do decantador tem cerca de 97% de umidade. Quantidade de Lodo A quantidade de lodo produzida por uma estao assim como as caractersticas fsicas e qumicas deste lodo dependem diretamente: do tipo de ao, ou melhor, da seqncia de processos unitrios empregados no tratamento como um todo.

    PPrr--ttrraattaammeennttoo Coagulao qumica (condicionamento qumico) O condicionamento um processo de preparao de lodo, atravs da adio de produtos qumicos (coagulantes e polieletrlitos) para aumentar sua aptido a desidratao e melhorar a captura de slidos nos sistemas de desidratao do lodo. A maioria dos lodos requer um condicionamento qumico anterior ao espessamento e desidratao. A adio de coagulantes qumicos facilita a coalescncia das partculas mais finas do lodo melhorando sua filtrao. Os coagulantes mais comuns so o cloreto frrico, cal e polieletrlitos. Coagulao qumica (condicionamento qumico ) Os coagulantes inorgnicos so amplamente utilizados e, na maioria dos casos, capturam com eficincia os colides. Eles tm a desvantagem

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    de contribuir substancialmente para o aumento de volume do lodo, o que acarreta problemas na desidratao. Os floculantes orgnicos (polieletrlitos) podem ser classificados como: catinicos, aninicos ou no-inicos. Eles so mais especficos e eficazes, porm so tambm, mais sensveis as alteraes de pH e so mais caros.

    EEssppeessssaammeennttoo oouu AAddeennssaammeennttoo

    O adensamento ou espessamento um processo fsico de concentrao de slidos e consiste em basicamente reduzir o volume do lodo, pela reduo de sua umidade, o que facilita as etapas seguintes de tratamento. As taxas de espessamento dependem: propriedades da alimentao, concentrao de slidos na alimentao, tempo de reteno, qualidade requerida na alimentao da desidratao e qualidade do sobrenadante requerida para disposio ou reciclo. Geralmente o espessamento por sedimentao gravitacional ou flotao.

    SSeeddiimmeennttaaoo A configurao mais comum um tanque circular com profundidade de 3 m e dimetros de 3 - 4,5 m. As unidades so semelhantes a decantadores primrios. Equivale a uma decantao cujo objetivo principal no a clarificao do lquido sobrenadante, porm a concentrao dos slidos no fundo. A eficincia depende muito do lodo. Lodo primrio pode ser espessado por gravidade at cerca de 90% de umidade, enquanto lodo misto de 95 a 92%.O espessamento de lodos orgnicos (particularmente de lodo ativado) complicado pela ao anaerbica. Se a temperatura for propcia, as bactrias no lodo comeam a decompor a matria orgnica, liberando gases. Isto acarreta problemas de flotao, impede a compactao e cria odores desagradveis.

    FFlloottaaoo

    O espessamento por flotao empregado para lamas contendo slidos que: flutuam melhor que decantam, tm baixas taxas de decantao ou pobre compactao. A maioria dos espessadores por flotao usa a pressurizao do reciclo. A alimentao do flotador misturada com o reciclo pressurizado na entrada do mesmo. Podem ser retangulares (usualmente para pequenas aplicaes) ou circulares. Ambos os tipos so equipados com escumadeiras na superfcie e raspadores no fundo. As escumadeiras removem o material flutuante do tanque de espessamento para um reservatrio. Os raspadores removem os slidos mais pesados que no podem flotar.

    EEssttaabbiilliizzaaoo A estabilizao visa a atenuar o mau odor no tratamento e manuseio do lodo. Reduo de organismos patognicos e reduo de volume de slidos volteis. A estabilizao biolgica do lodo, que praticada com frequncia antes da desidratao ou disposio, pode ser anaerbia ou aerbia. A digesto anaerbia tm as vantagens de baixo consumo energtico e produo de metano. As bacias de digesto aerbia, com tempo e reteno de 10 -20 dias, reduzem em at 40 % os slidos volteis. Na digesto anaerbia os orgnicos do lodo so reduzidos a CH4, CO2 , NH3 e H2S. O CH4 pode

    ser recuperado e aproveitado para gerao de energia ou outros propsitos. A digesto depende da temperatura, na faixa mesoflica (0- 35 C), o tempo de digesto de 20 -55 dias, enquanto que na faixa termoflica (38 - 60 C), o tempo de 15 - 20 dias.

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    A fase subseqente a desidratao ou desaguamento do lodo, que pode ser realizada por mtodos naturais ou mecnicos, tendo como objetivo remover gua e reduzir ainda mais o volume, produzindo um lodo com comportamento mecnico prximo ao dos slidos. A desidratao do lodo tem um importante impacto nos custos de transporte e destino final do lodo, j que o comportamento mecnico varia com o teor de umidade, e a diminuio de volume otimiza o transporte do lodo para seu destino final, visto que na maioria dos pases, incluindo o Brasil, as estaes de tratamento de esgoto/efluente tm como principal meio de locomoo da carga de lodo, o sistema rodovirio e a utilizao de frota de caminhes.

    DDeessiiddrraattaaoo

    O propsito da desidratao remover lquido suficiente do lodo espessado de forma a produzir uma torta com contedo de slidos e propriedades de manuseio timos para subsequente processamento ou disposio. Centrifugao Uma centrfuga de slidos consiste de um tambor rotativo que concentra e desidrata o lodo, separando em uma torta e uma corrente diluda. A torta se forma no interior do tambor e descarregada deste por intermdio de um parafuso condutor, que gira dentro do deste a uma velocidade levemente menor. O fluido sobrenadante corre para a extremidade oposta do tambor onde coletado. A capacidade da centrfuga est relacionada com seu tamanho (dimetro e comprimento do tambor). Atravs da centrifugao pode-se obter um lodo com teor de umidade na ordem de 70 - 80%.

    FFiillttrraaoo vvaaccuuoo Um tpico filtro vcuo consiste de um tambor rotativo parcialmente submerso em um vaso contendo a lama. Filtros vcuo 70% de umidade. Os dois tipos de filtros vcuo mais comuns so o de tambor rotativo e o de correia rotativa. Desde o desenvolvimento da filtrao contnua, o filtro vcuo com tambor convencional tem sido mais usado . Isto se deve principalmente sua flexibilidade operacional e habilidade para manusear vrias qualidades de lodos. A principal desvantagem destes filtros o progressivo processo de colmatao do meio filtrante. Quando esta colmatao alcana um ponto crtico, o meio deve ser substitudo ou regenerado com uma lavagem cida ou alcalina.Um outro problema a descarga da torta. Ela deve ter uma espessura mnima e secura suficiente para ser desgarregada por completo. Pode ter uma zona de sopro antes da descarga. O uso de filtros do tipo correia rotativa elimina ou reduz bastante os problemas de colmatao e espessura da torta. O meio filtrante uma correia sem fim que atravessa do tambor para um rolo de descarga da torta e, ento,para uma cmara de lavagem onde sprays de alta presso borrifam fluido em ambos os lados do tecido. A descarga da torta se d pela passagem do meio filtrante por um rolo de menor dimetro, o que muda abruptamente o raio de curvatura do meio causando o despreendimento da torta.

    FFIILLTTRRAAOO eemm PPRR--CCAAMMAADDAA A filtrao vcuo em pr- camada usada para aplicaes de difcil filtrao em que srios problemas de descarga da torta so esperados ou quando as caractersticas da alimentao variam consideravelmente. O filtro de pr-camada semelhante ao filtro vcuo de tambor rotativo. Uma torta do material de pr-camada (como terra de diatomcea) formada sobre o meio filtrante . A filtrao prossegue continuamente pela raspagem de uma poro da pr-camada sobre o filtro junto com a torta de lodo. medida que a filtrao continua, a lmina de raspagem avana em direo superfcie do tambor. A pr-camada pode durar por vrias horas ou dias, dependendo das condies operacionais.

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    Filtrao em correia horizontal. Filtros de correia horizontal so melhor aplicados a lamas contendo slidos granulares que forma tortas rapidamente e tm altas taxas de desidratao. O sistema permite a lavagem contnua da torta e da correia, minimizando problemas de colmatao. As vantagens deste mtodo sobre os outros mtodos so a simplicidade operacional e o baixo consumo de energia. Filtrao sob presso. Filtros prensa do tipo placa e quadro ou placas paralelas consistem de uma srie de placas retangulares arranjadas face a face na vertical. O meio filtrante disposto sobre a face de cada placa. As placas so comprimidas e /ou parafusadas para se manterem juntas durante a desidratao. O filtro opera em regime de batelada. O lodo quimicamente condicionado bombeado para dentro dos espaos entre as placas. Presses de 100 - 150 psi so aplicadas. Os slidos preenchem o espao entre duas placas enquanto o lquido forado atravs do meio. Ao trmino do perodo de desidratao, as placas so separadas e a torta de lodo removida. Aplicados na filtrao de lodos municipais e de industrias de polpa de papel, ou de lodos contendo gua e leo. A presso suficiente para prevenir o entupimento do filtro por finos. Filtros prensa 60 - 70 % de umidade.

    SSEECCAAGGEEMM DDOO LLOODDOO

    Secagem natural se d em unidades denominadas leitos de secagem. VANTAGEM o mtodo mais simples e mais barato utilizado em secagem de lodos, devendo ser escolhido sempre que possvel. DESVANTAGENS Dependncia de condies climticas favorveisNecessidade de grandes reas disponveisEmprego de mo de obra para remoo do lodo secoS pode receber lodo estabilizado. Leitos de secagem compreendem tanques rasos de piso drenante, geralmente retangulares, projetados para receber lodo mido at uma altura de 30 cm. A perda de umidade de gua ocorre atravs de 2 mecanismos: * percolao atravs da camada drenante * evaporao atravs da superfcie exposta ao ar CAMADA SUPORTE constituda de tijolos macios assentados com afastamento de 2 a 3 cm, preenchido com areia grossa. MEIO FILTRANTE constitudo de camadas de pedras de granulometria diferentes e arrumadas, de modo que a camada inferior tenha granulometria maiores do que as da camada superior SISTEMA DE DRENAGEM constitudo de canalizaes convenientemente dispostas, abaixo do meio filtrante, de modo a recolher o lquido drenado que enviado entrada da ETE. Em condies normais de secagem, o

    lodo poder ser removido depois de um perodo que varia de 20 a 40 dias, cuja umidade atinge

    valores de 70 a 60 %.

    SECAGEM ARTIFICIAL A secagem artificial do lodo pode ser feita em equipamentos do tipo moinhos rotativos, evaporadores de multi-efeito e de leito fluidizado. O teor de slidos pode alcanar at 90%. O Secador Trmico do tipo de troca trmica direta, ou seja, os gases quentes provenientes da combusto entram em contato com o lodo para aquece-lo e remover a gua, podendo operar continuamente ou intermitentemente.A desinfeco ou higienizao do lodo uma operao necessria se seu destino for reciclagem agrcola, j que os processos de digesto anaerbia ou aerbia podem no reduzirem o nvel de patgenos a patamares aceitveis.

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    TRATAMENTO DE RESDUOS SLIDOS Define-se tratamento de resduos como qualquer processo que altere suas caractersticas, composio ou propriedades, de maneira a tornar mais aceitvel sua disposio final ou simplesmente sua destruio. Estes mtodos se processam por uma ou mais das seguintes formas: convertendo os constituintes agressivos em formas menos perigosas ou insolveis; destruindo quimicamente produtos indesejveis; separando da massa de resduos os constituintes perigosos, com conseqente reduo do volume a ser disposto; e alterando a estrutura qumica de determinados produtos, tornado mais fcil sua assimilao pelo meio ambiente.

    TTiippooss ddee ttrraattaammeennttoo

    No Brasil, tm sido utilizados os seguintes mtodos de tratamento e /ou disposio final:

    Resduos urbanos Resduos Industriais

    Reciclagem Incinerao

    Co-processamento

    Compostagem natural Blend energtico

    Usinas de compostagem

    Outros (land-farming, incorporao em cermica, estocagem)

    Um breve histrico sobre os mtodos de tratamento e/ou disposio final.

    Incinerao Processo de tratamento que utiliza a decomposio trmica de resduos, em elevadas temperaturas, com objetivo de tornar um resduo menos volumoso e menos txico.

    Nesta tecnologia ocorre a decomposio trmica via oxidao alta temperatura da parcela orgnica dos resduos, transformando-a em uma fase gasosa e outra slida, reduzindo o volume, o peso e as caractersticas de periculosidade dos resduos.

    Todos os materiais provenientes deste processo so tratados com as mais modernas tecnologias antes de sua destinao final.

    As escrias e cinzas so dispostas em Aterro prprio, os efluentes lquidos so encaminhados para estao de tratamento, onde 100% retorna ao processo, e os gases oriundos da queima so tratados e monitorados on-line, sob os seguintes parmetros: vazo, temperatura, nveis de O2,CO e tambm ndices de NOx, SOx e materiais particulado.

    A incinerao vem sendo praticada, principalmente para resduos perigosos lquidos com poder calorfico acima de 3.000 kcal/kg. A maioria dos incineradores disponvel no pas de propriedade de empresas multinacionais, e foram construdos principalmente para resolver o problema prprio de cada empresa. Essas empresas procuram vender para outras indstrias a sua capacidade de incinerao excedente.

    OS INCINERADORES DE RESDUOS PERIGOSOS DO BRASIL

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    O investimento nessa rea muito alto tanto na isntalaao como na operao dos incineradores, cobrando preo mdio oscilante de R$ 1,50 a R$ 3,00 por kg de resduo incinerado.

    RESDUOS PASSVEIS DE INCINERAO

    resduos slidos, pastosos, lquidos e gasosos

    resduos orgnicos clorados e no-clorados (borra de tinta, agrodefensivos, borras oleosas, farmacuticos, resduos de laboratrio, resinas, entre outros)

    resduos inorgnicos contaminados com leo, gua contaminada com solventes, entre outros)

    resduos ambulatoriais

    RESDUOS NO-PASSVEIS

    radioativos

    resduos totalmente inorgnicos

    VANTAGENS DA INCINERAO

    destruio total da parcela orgnica dos resduos

    monitoramento on-line de todo o processo

    flexibilidade na forma de recebimento dos resduos (tambores, bombonas, caixas, fardos, sacos e big bags)reduo do volumerecuperao energtica; alternativa para no reciclveis

    Desvantagens:

    custospessoal especializadopossvel emisso de gases txicosmetais pesados (cinzas e gases)

    Legislao

    NBR 11.175 (Teste de queima, Padres de emisso: HCl, HF, CO, SOx, NOx e material particulado, Monitoramento)

    Resoluo CONAMA No. 316, 29/10/2002 (Dispe sobre procedimentos e critrios para o funcionamento de sistemas de tratamento trmico de resduos)

    A regulamentao brasileira se baseia na norma NBR 11.175, de dezembro de 1989, de padres de desempenho de incinerao de resduos perigosos. Na norma, por exemplo, esto os padres de emisso de HCl , HF, CO, SOx, NOx, e materiais particulados. Tambm define o monitoramento contnuo, requisitos de operao e orienta a respeito do chamado teste de queima.

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    No teste de queima, normalmente feito de dois em dois anos, o incinerador opera sob as piores condies. Se nesse teste a empresa conseguir ter seus padres de emisso dentro dos limites, em qualquer outra operao ela diretamente estar apta, afirmou o gerente do setor de ar, rudo e vibraes da Cetesb, Carlos Eduardo Komatsu. O resduo utilizado no teste ser ento de baixo poder calorfico e com alta emisso de material particulado e dos outros poluentes. Ele dever provar que consegue aliar o controle de emisses com capacidade de destruio, completa. Caso passem no teste, realizado tambm quando so ampliados, os incineradores recebem atestado de eficincia de 99,9999%.

    Figura- Foto de um sistema de incinerao.

    O controle sobre a formao de dioxinas e furanos (compostos organo-clorados) feito em um equipamento chamado Quencher, capaz de reduzir em menos de 1 segundo a temperatura de 1.200C, dos gases finais da incinerao, para 80C. A medida evita originar compostos cancergenos, normalmente produzidos em temperatura na faixa dos 700C. Evitando-se a formao das dioxinas e furanos pelo resfriamento lento, impossvel de ocorrer em razo da rapidez do Quencher, que opera com grande quantidade de gua.

    Mecanismo de operao de um sistema de incinerao.

    O forno de fluxo descendente composto por duas cmaras, a primria e a de ps-combusto, que oferecem tempo de residncia total de 4 segundos a 1.200C. Entre as duas cmaras h uma restrio que melhora a turbulncia dentro do forno de modo a garantir uma boa mistura entre o combustvel, constitudo pelo prprio resduo em processo de carbonizao, e o ar. No topo do forno ficam dois queimadores e, na sua parte inferior, um terceiro.

    Ao final do percurso formado pelas duas cmaras o resduo orgnico transformado em CO e CO2. Restam os resduos organoclorados, a esta altura em forma de gases clorados. Esses gases, medida que o processo avana, so parcialmente absorvidos pela prpria gua de resfriamento e da absoro resulta uma soluo contendo cerca de 15% de cido clordrico.

    Os clorados contidos nos gases quentes chegam ao Quencher, onde sua temperatura, mediante contato com a resfriadora soluo de cido clordrico, reduzida de 1.250C para cerca de 90C, aumentando, paralelamente, o teor de cido clordrico na soluo. O HCl e Cl2 persistentes na forma gasosa so retidos na torre de absoro. A seguir so neutralizados com soda custica e tratados com uria industrial e sulfito de sdio, removendo-se o material particulado. O gs neutralizado segue para um tanque onde ocorre a separao das partculas lquidas e se impede por um separador de nvoa o arraste de partculas menores.

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    PROBLEMAS QUE PODEM SURGIR NO PROCESSO:

    Contaminao da corrente gasosa, lquida e/ou das cinzas (metais)

    Danos ao equipamento (F, S, Cl)

    Exploses (explosivos e substncias instveis ou muito reativas)

    Combusto incompleta

    Consumo excessivo de combustvel pelo resduo muito mido, como lixo urbano

    Gerao de monxido de carbono (CO) e material particulado

    Importante controlar na combusto os seguintes

    Parmetros:

    Temperatura fornecimento de energia

    Tempo suficiente para absoro de energia

    Turbulncia garantia de mistura adequada

    Excesso de ar mistura resduo/O2 no perfeita

    Controle de emisses e cinzas

    HCl lavagem cida (H20 ou cal) Gases cidos: SOx, HF lavagem alcalina NOx lavagem uria ou amnia Metais e material particulado controle de partculas Dioxinas e furanos controle de combusto e resfriamento de gases Cinzas aterro

    Monitoramento

    Parmetros de eficincia de combusto Contnuo: O2, CO, SO2 Descontnuo : material particulado, NOx e HCl Pontual: dioxinas e furanos

    Co-processamento O Co-processamento de resduos slidos, utiliza a decomposio trmica, via oxidao, com finalidade de tornar o resduo atxico atravs de sua incorporao qumica s matrias-primas, ou ainda, elimina-lo sob a forma de gs carbnico e gua, atravs de sua queima. A prtica do Co-processamento de resduos slidos vem sendo amplamente explorada e incentivada como forma de destruio trmica de resduos perigosos e no perigosos em vrios pases do mundo. Co-processamento, princpio, pode ser realizado em qualquer indstria desde que esta prtica seja capaz de aproveitar os compostos inorgnicos dos rejeitos e destruir os orgnicos, detendo as condies operacionais para o processo e seu controle sem alterar a qualidade do produto final.

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    No Brasil, o co-processamento de resduos vem sendo praticado, principalmente em fornos cimenteiros nos Estados do Rio de Janeiro, So Paulo, Minas Gerais e Paran. O Co-processamento tem se apresentado como uma das alternativas tecnolgicas mais viveis no gerenciamento de resduos, por ser um processo fechado, custo relativamente baixo, destruio de resduos e reteno de cinzas na matriz do clnquer. TIPOS DE RESDUOS QUE PODEM USADOS NO CO-PROCESSAMENTO Dados da literatura apresentam como uma alternativa de tratamento o co-processamento para os seguintes os resduos industriais: Resduos oleosos: borras, lodos, leos e graxas Catalisadores gastos Materiais de refino e resduos de refinarias de petrleo Pneus Lodos de ETE Solventes Plsticos Madeira Tintas, vernizes, resinas, corantes Substncias inorgnicas Produtos fora da especificao e da validade Pela Resoluo CONAMA N 264 DE 26/08/99, excetua-se do processo de licenciamento de forno rotativo de produo de clnquer, para atividades de co-processamento de resduos, os resduos domiciliares brutos, resduos de servio de sade, radioativos, explosivos, organoclorados, agrotxicos e afins. O blend energtico uma evoluo do co-processamento, na sua modalidade de resduos com contedo energtico. Nesse caso, uma empresa especializada, coleta os resduos com teores energticos acima de 3.000 kcal/kg e prepara uma mistura energtica que pode ser admitida como combustvel auxiliar nos fornos cimenteiros. A vantagem do blend ser um produto homogneo, preparado fora das instalaes da indstria que utiliza o produto, eliminando os problemas ambientais e operacionais do co-processamento. As desvantagens so os custos e a reduo dos ganhos da cimenteira. Caracterizao dos fornos de cimento

    Os fornos de cimento renem algumas caractersticas que os recomendam como possveis instalaes para a eliminao de resduos perigosos, principalmente se esses resduos forem combustveis e puderem ser destrudos por reao com o oxignio atmosfrico. Dado o seu carter perigoso a queima destes resduos tem de ser realizada de modo que a sua remoo e destruio (DRE- Destruction and Removal Efficiency) seja elevada. Usualmente as Normas para o tratamento trmico de resduos perigosos impem DRE melhores que 99,99% (ou 99,9999% para dioxinas/furanos). Devido quantidade elevada de matria prima existente no interior do forno, este tem uma inrcia trmica superior ao de muitas outras instalaes industriais a alta temperatura. Esta caracterstica vantajosa quando se queimam substncias com composio e poder calorfico varivel como so os resduos industriais. necessrio tomar algumas precaues em relao ao modo como o material adicionado ao forno. O local de injeo mais apropriado o queimador principal junto sada do clnquer, porque nestas condies a temperatura e o tempo de residncia so maximizados. Substncias lquidas ou slidos triturados so normalmente queimados neste ponto do forno.

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    Fig. Processo de co-processamento

    Fonte: CIMPOR Brasil (Oliveira, 2006) Resumindo, o coprocessamento em cimenteiras apresenta as seguintes vantagens:

    Altas temperaturas e longos tempos de residncia: mais de 5" > 1800 C

    Elevado ndice de destruio: Orgnicos totalmente destrudos; Metais incorporados e

    fixados no produto final

    Dupla valorizao de produtos orgnicos e minerais

    Reduo das emisses globais: CO2 global reduzido

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    PLASMA TERMICO

    O plasma um gs ionizado, literalmente a matria que forma o Sol e as estrelas. um grande condutor de eletricidade. Cientistas dizem que no universo mais de 90% da matria estaria sob o estado de plasma. Plasma conhecido como o quarto estado da matria (slido, lquido, gasoso e plasma). Pode-se defini-lo como um gs ionizado constitudo de eletros livres, ons positivos, ons negativos e tomos neutros (Alves Jr., 2001). No estado de plasma, o gs atinge temperaturas extremamente elevadas que podem variar de 5.000-50.000 C. A incinerao por plasma processa vrios tipos de resduos: municipal, industrial, comercial, agrotxicos, PCBs, os mais perigosos materiais biolgicos infectados, resduos patolgicos, materiais blicos, munies, armas qumicas e de efeito biolgico, resduos de navios, e uma infinidade de outros materiais, incluindo resduos nucleares de baixa radiao. VANTAGENS

    Processo com emisso zero, ou ordens de magnitude inferior s exigncias das leis ambientais;

    O resduo convertido/ reciclado em um produto vitrificado, similar a um mineral de altssima dureza, de aparncia vtrea e negra, denominado obsidiana;

    Este produto pode ser reaproveitvel pela sociedade, podendo conter metais de alto valor a serem posteriormente reciclados/refinados;

    Elimina qualquer outra necessidade de tratamento subseqente, estocagem ou disposio

    em aterros especiais; No processo a plasma no so gerados compostos txicos como dioxinas e outros; O volume de gases muito inferior ao utilizado em outros processos e por isso muito fcil

    de ser tratado; Reduo de volume extremamente elevada, a fraes podendo ser inferiores a 1%;

    Co-processamento em Cimenteiras Incinerao

    No pode tratar alguns RIP halogenados

    Destri menos eficientemente as molculas orgnicas (1100C/2s contra

    1450Cclnquer/4-6s)

    No pode tratar RIP com Hg, Cd, Tl Pode tratar resduos mais contaminados (ex:organoclorados)

    Necessita da preparao prvia de uma mistura combustvel

    Produz novos resduos perigosos: escrias, poeiras e lquidos de lavagem

    Destri com grande eficincia as molculas orgnicas

    Baixo rendimento energtico

    Fixa os metais integrando-os na estrutura do clnquer

    Possui um sistema de tratamento de gases mais eficiente

    Elevado rendimento energtico

    No produz novos RIP

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    Compostagem A crescente preocupao com os problemas ambientais, associada escassez de recursos naturais tem levado o homem a pensar mais seriamente sobre a questo dos resduos slidos. A compostagem considerada um mtodo de tratamento com aproveitamento de resduos slidos orgnicos, embora seja uma prtica remota, surge atualmente como fonte de produo de um fertilizante orgnico/ composto/condicionador de solos para a agricultura. A crescente procura de produtos mais saudveis e produzidos sem a adio de fertilizantes qumicos provoca certos estmulos na agricultura mundial, tornando o composto orgnico uma alternativa vivel e conciliatria para dois grandes problemas mundiais: a produo de alimentos e a poluio ambiental.

    Histrico:

    A compostagem praticada desde antigidade, principalmente pelos orientais, as tcnicas empregadas eram artesanais e o composto orgnico obtido empregado na produo de cereais.

    S aps 1920, Sir Albert Horward desenvolveu o processo Indore, na ndia, definindo procedimentos para o estudo da fermentao de resduos slidos, resultando na utilizao de leiras sobre o solo.

    Uma srie de outros processos foram surgindo:

    1922 - Giovanni Beccari - reduziu o perodo de fermentao de 180 para 40 dias

    1929 Jean Bordoim props modificaes no processo Beccari

    1932 O holands Van Manhen, props modificaes no processo Albert

    A partir de ento, surgiram inmeros processos: Dumfries, Windrow, Dano, Frazer-Eweson, Riker, Jersey, Earp-Thomas, Triga, Kneen, Prat, Nusoil, dentre outros.

    A avano tecnolgico permite que muitos dos atuais sistemas instalados sejam totalmente operados e controlados por computadores.

    Definio: um processo aerbio e controlado de decomposio biolgica e estabilizao da matria orgnica em condies que permitam o desenvolvimento de temperaturas termoflicas (65oC) resultantes de uma produo calorfica de origem biolgica, com obteno de um produto final estvel, higinico, rico em compostos hmicos e cuja utilizao, no solo, no oferea riscos ao meio ambiente. O fato da decomposio do resduo ser controlada que difere a compostagem da putrefao natural, sendo esse controle em suma, o objeto de todos os estudos sobre o assunto.

    CCoommppoossttoo oorrggnniiccoo

    O vocbulo compost, da lngua inglesa deu origem palavra composto, usada para indicar um fertilizando orgnico preparado a partir de restos vegetais e animais atravs de um processo denominado de compostagem.

    um produto homognio obtido por um processo biolgico, pelo qual a matria orgnica existente em resduos convertida em outra mais estvel pela ao de microrganismos. Os resduos podem se restos agrcolas, estercos de animais ou resduos urbanos, separados ou combinados.

    formado de hmus e protenas resultantes da compostagem da matria orgnica. a denominao genrica dada ao fertilizante orgnico resultante do processo de compostagem.

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    Fatores que Afetam a Compostagem

    Temperatura

    O processo de compostagem ocorre em diversas temperaturas. Seu controle absolutamente necessrio. Para melhores resultados, deve ser mantida entre 50 e 55oC

    nos primeiros dias e entre 55 e 60oC no restante do perodo de compostagem. Se deixar

    aumentar a temperatura acima de 70oC por um perodo significativo de tempo, a atividade

    biolgica ser reduzida.

    Bactria Mnima* tima* Mxima*

    Mesoflica 15 a 25 25 a 40 43

    Termoflica 25 a 45 50 a 55 85

    pH

    Na fase inicial da compostagem, a acidez do material tende a aumentar em virtude da formao de cidos orgnicos, atingindo valores de pH prximos de 4,5. A partir da, o processo toma o sentido inverso, observando-se um crescente aumento do pH, que chega a atingir valores superiores a 8,0. Normalmente deve ser mantido na faixa de 8,0 a 9,0;

    Umidade

    A faixa ideal de operao fica entre 40- 60%, abaixo desta poderemos ter inibio do processo microbiano, pois os microrganismos necessitam, para sua plena atividade metablica, de uma certa quantidade de gua, que funciona como importante veculo de nutrientes e via de excreo dos metablitos e acima podemos favorecer o processo anaerbio.

    Aerao

    Deve ser tal que seja fornecida a quantidade de oxignio necessria para que o processo de oxidao-reduo transcorra favoravelmente com a liberao da energia necessria;

    A compostagem deve ser um processo essencialmente aerbio.

    M aerao favorece a formao de chorume e vetores.

    A aerao pode ser por revolvimento das leiras ou forada.

    Relao C/N

    Os microrganismos para manterem ativo o processo de compostagem exigem, alm do substrato orgnico, uma quantidade mnima de outros elementos necessrios sua constituio celular. Entretanto, suas maiores necessidades so o carbono, como fonte de energia e o nitrognio, como importante formador da estrutura celular. Para o incio do processo, aceita-se como tima uma relao de 30 partes de carbono para cada parte de nitrognio (30 : 1);

    Sofre grande variao no decorrer do processo. Inicialmente, o ideal est em torno de 30/1, terminando o processo com cerca de 10/1. Se a relao estiver alta corrigida, deve ser feita uma correo adicionando fonte de N (ex:

    lodo ou fertilizantes)

    Se estiver baixa ocorre liberao do N na forma de amnia.

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    Desta forma, muito importante que o composto aplicado no solo esteja realmente maturado, C/N 10/1.

    TTiippoollooggiiaa ddooss rreessdduuooss

    Tipos de resduos slidos que podem ser utilizados no processo de compostagem: restos agrcolas, estercos de animais, resduos urbanos (frao orgnica), resduos agro-industriais e lodos gerados em plantas de ETEs separados ou combinados com agentes estruturantes.

    FFaasseess ddaa ccoommppoossttaaggeemm

    Fase I - fase inicial incio da decomposio da matria orgnica, apresenta aquecimento rpido, desprendimento de calor e vapor dgua, fitotoxicidade com formao de cidos (actico, frmico, proprinico, butrico, caprico e cprico - queda do pH ~ 4,5) e toxinas de curta durao 12 a 24 horas.

    Fase II - fase de semicura ou bioestabilizao degradao ativa nesta fase que ocorre as reaes bioqumicas mais intensas. uma fase essencialmente termoflica (65

    oC)

    tempo durao: 24 horas a 8 dias (biorreatores) , 45 70 90 dias (leiras), depende de fatores ambientais, natureza dos resduos, tamanho e natureza da populao microbiana, balao de nutrientes e do tipo de processo escolhido.

    Fase III - fase de resfriamento tempo durao: 2 a 5 dias Fase IV - fase de cura, maturao ou humificao (formao de cidos hmicos) e de mineralizao - tempo durao: 30 a 60 dias

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    A compostagem no pode ser empregada sozinha. Para um bom rendimento, e para a obteno de um composto aceitvel, o processo, ento, feito em uma sequncia de 4 fases: - tratamento preliminar do lixo, com triagem e seleo de materiais aproveitveis; - fermentao propriamente dita; - tratamento secundrio do produto fermentado; e -armazenamento e fermentao lenta do composto obtido. Vantagens: - aproveitamento do lixo para se obter um produto final til para o solo; - o meio mais econmico para se produzir um composto hmico; - no ocorre a contaminao do ambiente durante o processo; - necessita de rea muito menor que os aterros sanitrios; - pode tornar-se rentvel ao se conjugar a venda do composto com a coleta de lixo municipal.

    Baixo Custo Operacional e de Instalao, em comparao a outros processos (por ex: incinerao)

    Pode ser realizado na prpria fonte geradora do resduo, evitando despesas com o transporte.

    Pode ser uma boa soluo para destinar o lodo produzido nas ETE`s. Possui a flexibilidade de processar volumes grandes ou pequenos de resduos Produz um composto com excelente aplicao na agricultura.

    Inconvenientes: - necessita de mais espao que a incinerao; - a descarga do lixo libera odores que devem ser eliminados por instalaes para ventilao; - a qualidade do composto varia em funo da composio do lixo fresco; - devido aos grandes gastos com transporte no preo final do composto, sua venda ainda limitada.

    afetada por diversos fatores (pH, temperatura, aerao, umidade, tamanho das partculas, concentrao de nutrientes e segregao de materiais (coleta seletiva))

    um processo ainda lento at 60 dias. sensvel produtos txicos ou no biodegradveis (Ex.:celulosdicos), e no processa

    metais pesados Caso no haja rigoroso controle do processo, podero surgir impactos ambientais, com

    emanao de odores e produo de chorume Exige boa coleta seletiva e anlise da matria-prima antes do incio do processo Necessita de espao

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    LLeeggiissllaaoo

    As caractersticas dos materiais comercializados como fertilizantes devem obedecer s especificaes da legislao existente, que dispem sobre a inspeo e a fiscalizao da produo e comrcio de fertilizantes e corretivos agrcolas e aprovam normas sobre especificaes, garantias e tolerncias. Decreto-lei 86.955 de 18/12/82 Portaria MA 84 de 29/3/82 Portaria 01 da Secretaria de Fiscalizao Agropecuria do MA de 4/3/83

    OO ccoommppoossttoo oorrggnniiccoo eennqquuaaddrraaddoo nnaa lleeii ccoommoo ffeerrttiilliizzaannttee oorrggnniiccoo oouu mmaaiiss eessppeecciiffiiccaammeennttee ccoommoo

    ffeerrttiilliizzaannttee ccoommppoossttoo..

    Tabela 2 Valores estabelecidos como parmetros de controle para o composto orgnico, conforme legislao brasileira.

    Tabela 3 Resumo da classificao do processo de compostagem Classificao da compostagem

    Quanto biologia

    Aerbio presena de O2, temp. de decomposio elevada, desprendimento de CO2 e vapor dgua; Anaerbio ausncia de O2, temp. de decomposio baixa, desprendimento de CH4 e H2S e outros gases Misto - combinao dos dois processos (processo chins)

    Quanto temperatura Psicoflica temperatura normal ambiente Mesoflica 35 55 oC Termoflica 55 70 oC

    Quanto ao ambiente Aberto cu aberto, ptio de maturao Fechado digestores, bioestabilizadores, biorreatores (possui melhor controle das fases)

    Quanto ao processa-mento

    Natural revolvimentos perdicos Acelerado Dinmico- reatores Esttico leiras com sistema de aerao

    forada

    Parmetro

    Valor

    Tolerncia

    pH

    Mnimo de 6,0

    At 5,4

    Umidade

    Mximo de

    40%

    At 44%

    Mat. Org.

    Mnimo de 40%

    At 36%

    Nitrognio total

    Mnimo de

    1,0%

    At 0,9%

    Relao C/N

    Mximo de 18/1

    At 21/1

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    MMiiccrroobbiioollooggiiaa ddoo pprroocceessssoo

    A compostagem uma bio-oxidao da matria orgnica conduzida por uma variedade de microrganismos. A diversidade, sobretudo de bactrias, fungos e actinomicetos favorece uma boa compostagem.

    - Bactrias: sempre presentes no processo, predominantes na fase de degradao dos compostos biodegradveis, desenvolvem-se rapidamente no incio do processo, liberam energia na forma de calor, necessitam de umidade e so ativas numa larga faixa de pH.

    - Fungos dominantes quando existe uma alta relao C/N no meio (materiais celulosicos), suportam baixos teores de umidade e larga faixa de variao de pH (2-9)

    - Actnomicetos atacam as substncias no degradadas por bactrias e fungos (baixa relao C/N), desenvolvem-se sobretudo na fase final da maturao.

    - Para um bom rendimento nas diferentes etapas da compostagem e para a obteno de um composto aceitvel, o processo, deve ser feito em uma sequncia de 4 fases:

    - tratamento preliminar dos resduos slidos, com triagem e seleo de materiais aproveitveis;

    - fermentao propriamente dita; - tratamento secundrio do produto fermentado; - armazenamento e fermentao lenta do composto obtido.

    1) Tratamento preliminar do resduos slidos: Na entrada de uma usina de compostagem, os caminhes contendo os resduos slidos so pesados e, a seguir, vazam a carga nas fossas de recepo. Das fossas de recepo, o resduo transportado fresco atravs de correias transportadoras para o tratamento primrio que consiste de:

    - crivagem para eliminao de elementos de maior dimenso, que prejudicam os processos posteriores; - triturao e homogeneizao, para facilitar a fermentao;

    - triagem e seleo mecnica ou manual de elementos aproveitveis. Os crivos geralmente so peneiras vibratrias, que deixam passar o material pequeno, geralmente decomponvel por fermentao . A triturao conseguida, com o emprego de moinhos de martelo, que tem como objetivo obter uma granulometria uniforme para a massa do resduo, que ser enviada fermentao. A seleo mecnica realizada por separadores eletromagnticos, que separam as latas e chapas ferrosas, e por flotadores, que recuperam os papis e outros materiais celulsicos. Na seleo manual so empregadas correias transportadoras planas (esteiras rolantes), de onde so retirados materiais no fermentveis e aproveitveis, como vidros, latas, peas de alumnio, zinco, chumbo, nquel e cobre, plstico, trapos, etc. O material separado encaminhado para prensagem e ensacamento e, quando possvel, posterior comercializao. 2) Fermentao: 2.1) Fermentao clssica/natural ou fermentao em leiras com reviramento: Processo muito utilizado, no qual o resduo fresco triturado e selecionado disposto em reas preferivelmente pavimentadas, em montes/pilhas ou em leiras. Em regies frias ou midas, conveniente que o local de disposio das leiras seja coberto. A temperatura de fermentao regulada pela quantidade de oxignio nas leiras, que, por sua vez, adicionado simplesmente pelo reviramento das leiras.

    As experincias realizadas na UFV indicam que um ciclo de reviramento satisfatrio deve ser feito a cada trs dias, na fase de degradao ativa e na fase de maturao as leiras no devem ser

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    reviradas. Cabe ressaltar que este procedimento pode sofrer modificaes em funo da qualidade dos resduos, processamento utilizado e de fatores ambientais.

    O reviramento pode ser manual ou mecnico, com escavadora ou equipamento especialmente projetado para isto. A temperatura medida por sonda termomtrica todos os dias a 50 - 60 cm da superfcie no centro da leira. Quando a temperatura cai abaixo de 50oC, necessrio virar as leiras. Quando, aps o reviramento, a temperatura no sobe mais, considera-se que o composto est pronto, o que ocorre em torno de 75 a 90 dias. sugerido que as leiras devam ter seo triangular, com as seguintes dimenses: - largura da base = 2,40 m e 3,60m (45 m) - altura = 1,20 m e 1,60 m (2 m) - comprimento em torno de 100 m.

    Landfarming

    O solo possui, naturalmente, diversos microrganismos com atividades metablicas bastante variadas. Sendo assim, uma das maneiras mais simples de se proceder no tratamento de um resduo consiste em mistur-lo ao solo e deixar que a flora microbiana nativa atue. Esse procedimento, conhecido como landfarming, amplamente utilizado pela indstria de petrleo no tratamento de seus resduos, mas, tambm pode ser utilizado na descontaminao de solos contaminados por petrleo e derivados (WONG et al., 1997). Tcnica empregada para tratamento de resduos slidos, onde se adicionam nutrientes e espalha-se a mistura sobre o solo. Microrganismos: contidos em camada superficial (15-20 cm) de solo no contaminado. Processos envolvidos: decomposio, lixiviao dos componentes solveis em gua, volatilizao e incorporao matriz do solo. Aplicao: resduos da indstria petroqumica e solos contaminados com petrleo e derivados. Resduos no devem conter componentes como microrganismos patognicos, componentes radiativos, txicos ou altamente reativos. Operao: necessidade de revolvimento ou misturas peridicas para aerar o solo e promover o contato entre o resduo e o solo. O pH deve ser controlado e, se necessrio, adiciona-se cal Landfarming - Tem sido praticado pela indstria petroqumica h bastante tempo na disposio de resduos slidos oleosos (borra de petrleo). As principais vantagens deste mtodo de disposio de resduos slidos so: 1. Efetividade a um custo razovel 2. Relativa segurana ambiental 3. Uso de processos materiais que reciclam o resduo 4. Relativa simplicidade de processo, no requerendo equipamento que necessitam de constante manuteno ou que sejam prova de falhas Essa tecnologia pode apresentar algumas desvantagens: Deficincia dos solos - pois, apesar de disponibilizar quantidades apreciveis de carbono capazes de sustentar uma numerosa populao microbiana, os solos, geralmente, apresentam baixos teores de nitrognio e fsforo (alm de outros nutrientes inorgnicos). Por isso, freqentemente, utilizam-se fertilizantes para suprir a deficincia do solo. O problema de espao, pois no landfarming aproveita-se apenas os 20cm superiores do solo, exigindo grandes extenses de terra Condies climticas - o tratamento altamente dependente das condies climticas (temperaturas baixas inibem o processo, umidade e vento tambm afetam) e do tipo de solo.

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    Os contaminantes volteis, como os solventes, devem ser pr-tratados, para evitar a emisso destes para a atmosfera, causando assim a poluio do ar. O landfarming vem levantando preocupaes quanto ao risco de contaminao de guas subterrneas e liberao de odores. A maior vantagem dessa tcnica o baixo custo com equipamentos, construo e operao. Como o consumo de oxignio aumenta de acordo com a quantidade de carbono orgnico disponvel e a taxa de difuso do oxignio atravs do solo muito baixa, podendo no haver oxignio suficiente para sustentar a atividade aerbia dos microrganismos. Para contornar esse problema, o solo deve ser revolvido, promovendo a aerao de todo o seu volume. Um outro fator limitante desse processo a umidade, pois pode ocorrer um ressecamento na superfcie. Desta forma necessrio que se adicione gua ao sistema para manter nveis de umidade propcios atividade microbiana. O solo pode ser tanto irrigado, atravs de dispersores, ou drenado, se a umidade for excessiva. A homogeneizao, responsvel pela melhora do contato entre os contaminantes e os microrganismos, assim como uma maior interao com o oxignio, realizada atravs de aragem por meio de tratores. Para acelerar e otimizar o processo, nutrientes (fontes de nitrognio, fsforo e potssio - NPK) e corretivos de pH devem ser periodicamente analisados e adicionados conforme a necessidade e relaes pr-estabelecidas. Todo um preparo da rea das clulas de tratamento exigido, a fim de que se reduza, ao mnimo, os riscos de contaminao dos lenis freticos por lixiviao de poluentes. O material lixiviado passvel de recirculao, tratamento em outra unidade e/ou coleta para posterior retirada de compostos orgnicos volteis. O custo envolvido no processo depende das condies especificas do local, da exigncia ou no de impermeabilizao, da extenso da rea de escavao requerida e da obrigatoriedade ou no do tratamento da gua e dos compostos orgnicos volteis emitidos. Tipicamente, o perodo de tratamento varia entre 2 e 6 meses. Sendo bem monitoradas e operadas, as clulas de landfarming podem oferecer elevadas taxas de biodegradao de ampla faixa de compostos orgnicos. NBR 13894 Tratamento no Solo (landfarming) ABNT junho de 1997. Fixa as condies exigveis para o tratamento no solo de resduos slidos industriais suscetveis biodegradao.

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    Solidificao/Estabilizao/Inertizao/Encapsulamento o processo pelo qual reduzida quimicamente, a mobilidade de constituintes perigosos, tais como os metais, evitando a lixiviao dos mesmos. Para tanto introduzido um aditivo mistura rejeito/gua, que ento se solidifica, formando uma matriz, a qual responsvel pela imobilizao do composto de interesse. O termo solidificao empregado para definir tecnologias de disposio que fixam ou encapsulam os resduos em uma matriz slida. Tcnicas de fixao ligam quimicamente ou fisicamente o resduo ao agente de solidificao. Fixao - Demanda uma reao qumica entre um ou mais componentes do resduo e uma matriz slida introduzida ou no Tcnicas de encapsulamento permitem o envolvimento fsico do resduo com o agente. Ambas as tcnicas reduzem a solubilidade de qualquer constituinte no resduo e desintoxica os constituintes poluentes. Usadas para desintoxificar, imobilizar, insolubilizar ou outra maneira de tornar um componente menos perigoso antes de ser disposto no ambiente. Tecnologias Desenvolvidas e Aplicadas 1)Tcnicas baseadas em cimento Adio de cimento Portland ou outros produtos inorgnicos semelhantes. Devido ao pH obtido na mistura, diversos ctions so convertidos em carbonatos e hidrxidos insolveis. 2)Tcnicas baseadas em materiais pozolnicos (no incluindo Cimento) Cinzas, poeiras de forno de cimento ou escria de alto forno produtos residuais com pequeno ou nenhum valor comercial. 3) Tcnicas baseadas em termoplsticos Os resduos so secos, aquecidos e dispersos atravs de uma matriz plstica aquecida, mistura esta normalmente disposta em uma conteno secundria (p.ex., tambor de ao). 4) Tcnicas de polmeros orgnicos Resina plstica de uria-formaldedo (UF). Resduos secos ou midos so misturados com um pr-polmero. Adiciona-se um catalisador e vaza-se a mistura para um container. O material polimerizado no se combina quimicamente com o resduo, mas forma uma massa esponjosa que captura as partculas slidas 5) Tcnicas de encapsulamento Encapsulamento propriamente dito aquele no qual os resduos so inicialmente aglomerados e, a seguir, envoltos por uma camisa de material inerte (em geral o polietileno). 6) Tcnicas de auto-solidificao (cal) Resduos industriais proveniente da dessulfurizao ou os lodos de limpeza de exausto. Estes resduos contm grandes quantidades de sulfato ou sulfeto de clcio. Resduo parcialmente desidratado e hidratado novamente para a formao de uma agamassa. Um processo de fixao ideal torna os constituintes perigosos quimicamente no reativos ou estveis, de forma a se obter uma disposio final segura, sem qualquer conteno secundria. Para ser completamente eficaz, o processo de tratamento deve gerar um produto final com boa estabilidade dimensional, resistncia s intempries, ao ataque de agentes biolgicos e elevada capacidade de suporte. Compatibilidade dos Resduos e Aditivos Como em qualquer operao de manuseio de resduos perigosos, devem ser tomados cuidados durante os processos de estabilizao/solidificao, evitando a mistura de materiais que possam reagir entre si de forma danosa.

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    Disposio final