apostila engenharia de manutenção_4
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Curso: Engenharia Mecânica
Disciplina: Engenharia de manutenção
Professor: Jackson Boiher dos Santos
Período: 2014/1
1. O QUE É ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO?..................................................................................1
1.1 MANUTENÇÃO DE TERCEIRO MUNDO.................................................................................2
1.2 O CONCEITO DA MANUTENÇÃO...........................................................................................3
1.3 Aplicação do engenheiro de manutenção............................................................................5
2. RETROSPECTIVA HISTÓRICA.........................................................................................................7
3. MODALIDADES..............................................................................................................................9
3.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA...................................................................................................9
3.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA...............................................................................................10
4. OUTRO PONTO DE VISTA SOBRE OS DIVERSOS TIPOS DE MANUTENÇÃO.................................12
4.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA.................................................................................................12
4.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA...............................................................................................12
4.3 MANUTENÇÃO DETECTIVA.................................................................................................13
4.4 COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE MANUTENÇÃO..................................................................13
5. INDICADORES DE MANUTENÇÃO...............................................................................................15
6. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA....................................................................................38
7. MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:................................................................................76
7.1 MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE...................................................................76
A..........................................................................................................................................................76
7.2 ABC – ACTIVITY BASE COSTING...............................................................................................77
7.3 TPM – Manutenção Produtiva Total.......................................................................................77
7.3.1 MANUTENÇAO PRODUTIVA TOTAL - "TPM - Total Productive Maintenance"..................78
7.3.1.1 2.6.1 - SURGIMENTO DO TPM.............................................................................................78
7.4 Metodologia KAIZEN............................................................................................................98
1. O QUE É ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO?
A manutenção propriamente dita teve o seu início na fase da revolução industrial, século XIX, onde as
primeiras equipes de manutenção especializadas sugiram, caracterizando o setor de manutenção fabril.
Passa-se a exigir maior agilidade no reparo, pois nesta fase inicia-se a necessidade de manter uma maior
disponibilidade dos equipamentos para a produção.
A engenharia de manutenção é o ramo da engenharia vocacionado para a aplicação dos seus conceitos
à optimização dos equipamentos, dos processos e dos orçamentos, de modo a alcançar uma
melhor manutenibilidade,fiabilidade e disponibilidade dos equipamentos.
o Equipamentos – bombas, torres, caldeiras, vasos, chillers, condensadores, ventiladores,
válvulas, etc.
o Processos - centrais de pontência, fabricação de sucos, fabricas alimentícias, etc.
o Orçamentos – gerenciamento de custos;
o Manutenabilidade.
A manutenção e, consequentemente, a engenharia de manutenção têm vindo a ganhar uma importância
crescente devido ao aumento do número de equipamentos, aparelhos,
sistemas, máquinas e infraestruturas que tem vindo a ocorrer constantemente, desde a Revolução
Industrial. O seu elevado número e diversidade requerem um conjunto crescente de profissionais e
sistemas especializados na sua manutenção.
A Manutenção abrange inúmeras áreas, conhecimentos diversos e setores industriais completamente
diferentes. Poderíamos até dizer que Diversidade seria um sinônimo para Manutenção. Pense em apenas
uma área em que a Manutenção não esteja presente de alguma maneira! Não conseguiu não é?
1.1 MANUTENÇÃO DE TERCEIRO MUNDO
Fazendo uma rápida análise do que encontramos em grande parte das manutenções em nosso país,
podemos distinguir algumas características e algumas consequências, oriundas dessas características,
que podem demonstrar o que seja uma Manutenção de Terceiro Mundo.
1.1.1 Principais Características
• Alta taxa de retrabalho
• Falta de pessoal qualificado
• Convivência com problemas crônicos
• Falta de sobressalentes no estoque
• Número elevado de serviços não previstos
• Baixa Produtividade
• Histórico de manutenção inexistente ou não confiável.
• Falta de planejamento prévio
• Abuso de "gambiarras"
• Horas Extras em profusão
• TOTAL FALTA DE TEMPO PARA QUALQUER COISA, É AQUELA VELHA HISTÓRIA DE
ESTAR SEMPRE CORRENDO ATRÁS DO RABO!!
Essas características podem estar todas presentes na manutenção de uma determinada empresa e,
nesse caso, a situação merece uma melhoria global. É possível que em outras empresas, haja ocorrência
de algumas dessas características no entanto elas serão o bastante para prejudicar os resultados.
1.1.2 Principais Consequências
• Moral do Grupo sempre em baixa;
• Falta de confiança do(s) cliente(s);
• Constante falta de gente ( Este costume ser o principal problema do gerente de manutenção do 3
º mundo);
• Não cumprimento de prazos;
• Elevado número de equipamentos abertos (em manutenção);
• Disponibilidade baixa;
• TMEF baixo;
• Perda de produção por problemas de equipamentos;
• Manutenção predominantemente corretiva não planejada;
“NÃO SE MEDE, NÃO SE ESTUDA, NÃO SE PLANEJA.”
1.2 O CONCEITO DA MANUTENÇÃO
De acordo com MONCHY (1987, p.3), “o termo manutenção tem sua origem no vocábulo militar,
cujo sentido era manter nas unidades de combate o efetivo e o material num nível constante de
aceitação“. SLACK et al. (2002, p.644) classificam os seguintes objetivos da Manutenção:
1) Redução de Custos: através da Manutenção Preventiva podem-se reduzir defeitos, impactando
em menos ações corretivas, as quais têm valor de custo mais elevado que as ações de prevenção;
2) Maior Qualidade de Produtos: equipamentos em estado perfeito de funcionamento garantem a
qualidade dos produtos finais;
3) Maior Segurança: setor produtivo limpo e em boas condições de operação propicia maior
segurança, confiança e motivação aos trabalhadores;
4) Melhor Ambiente de Trabalho: ambiente de trabalho limpo, seguro e organizado através de
atividades da Manutenção Autônoma, melhoram o nível de trabalho dos funcionários;
5) Desenvolvimento Profissional: o programa de Manutenção Produtiva Total desenvolve novas
habilidades e também crescimento profissional aos trabalhadores pelo seu envolvimento direto nas
decisões de aumento de produtividade da empresa;
6) Maior vida útil dos equipamentos: o programa objetiva o aumento da vida útil dos
equipamentos, através de ações de prevenção e melhorias específicas nos equipamentos;
7) Maior confiabilidade dos Equipamentos: equipamentos bem cuidados têm intervalos de tempo
maiores de uma falha para outra, o que resulta em maior disponibilidade e velocidade de produção;
8) Instalações da Produção com maior valorização: instalações bem mantidas têm maior valor de
mercado;
9) Maior Poder de Investimento: a redução de custos obtida através da TPM tem relação direta com
o aumento de investimentos, o que beneficia os acionistas, os funcionários e a comunidade ao
entorno da empresa;
10) Preservação do Meio Ambiente: com o bom regulamento das máquinas, advindo da TPM, há
economia de recursos naturais e diminuição dos impactos ambientais.
Figure 1 - Analogia Saúde Humana x Saúde da Máquina
Figure 2 - Localização da Manutenção dentro da estrutura organizacional
1.3 Aplicação do engenheiro de manutenção
1. Optimizar a estrutura da organização de manutenção;
2. Análise das falhas repetitivas de equipamento;
3. Estimativa dos custos de manutenção e avaliação de alternativas;
4. Previsão de necessidades de peças sobresselentes;
5. Avaliação das necessidades em termos de renovação de equipamentos e estabelecimento
de programas de renovação;
6. Aplicação de princípios de agendamento e de gestão de projetos aos programas de
renovação de equipamentos;
7. Avaliação das necessidades em termos de materiais e de mão de obra para uma
manutenção eficaz;
8. Avaliação das necessidades em termos de qualificação técnica e profissional do pessoal de
manutenção;
9. Identificação e reporte dos riscos em termos de segurança associados à manutenção.
10. Desenvolver uma engenharia para a obtenção de resultados concretos;
Figure 3 - Disposição da manutenção dentro de uma estrutura organizacional
Engenharia 1 – Acompanhamento e otimização dos processos de produção;
Engenharia 2 – Elaboração da engenharia básica e detalhada;
Produção – operação das unidades de processo;
Transferência e estocagem – Recebimento e armazenamento dos materiais;
Manutenção – Corretiva, preventiva, preditiva;
Inspeção de equipamentos – Inspecionar os equipamentos.
A Manutenção, como área da tecnologia, é de grande interesse pelo seu significado econômico e
financeiro para os setores de produção de bens e serviços. Estudos recentes demonstram que, no
Brasil, para manter de forma precária um parque com equipamentos em elevado grau de
obsolescência, os gastos com manutenção representam 4,5 % do PIB. A eficácia desta manutenção é
muito ruim, pois, de cada dólar gasto, apenas 40% resulta no trabalho efetivo de manutenção e 60%
acabam se perdendo por incompetência ou má gestão. Tomando-se como base o PIB de 2012 (cerca
de US$ 541 bilhões / R$ 1,11trilhão), esses 4,5% referentes aos gastos correspondem a U$ 23,8
bilhões, dos quais 60% equivalem a US$ 14,3 bilhões. De acordo com estes estudos, mais de U$14
bilhões são desperdiçados anualmente em virtude do gerenciamento inadequado dos setores de
manutenção, em todo o território nacional.
“A melhoria da qualidade dos serviços e dos resultados econômicos e financeiros decorrentes de
uma manutenção adequada, portanto, deve ser prioridade nacional, no sentido de aumentar e
manter a nossa competitividade no mercado globalizado.”
Atualmente, século XXI, a Manutenção é pautada por alguns conceitos e itens de extrema
importância para qualquer estrutura produtiva. Tanto para o investidor privado, que aplica seu
capital num processo produtivo de bens de capital, de bens de consumo durável ou serviços, quanto
para o poder público, que, ao alocar recursos para prestar serviços à comunidade necessita que seus
equipamentos estejam produtivos a maior parte do tempo. Hoje, a melhor técnica para maximizar a
disponibilidade dos equipamentos para a produção é a prática da manutenção preventiva, que faz
com que os equipamentos não parem durante os ciclos de produção. A manutenção corretiva, ao
contrário, atua somente depois de uma pane no equipamento ou devido a uma queda sensível do
nível de produção ou da qualidade do produto. Ao se aplicar a manutenção preventiva, três índices
medem sua eficiência e eficácia em relação ao sistema produtivo.
• confiabilidade do equipamento – confiança que um equipamento funcione sem apresentar falhas
(ideal que fique entre 92 e 94% para se atingir a disponibilidade em torno de 90%);
• disponibilidade – mede a taxa que o equipamento esta disponível para operar (ideal 85 a 90%);
• manutenibilidade – facilidade de se reparar um equipamento;
Para cumprir seu principal objetivo, que é aumentar a disponibilidade dos equipamentos a seus
cuidados, a manutenção deverá estar centrada no conceito de confiabilidade (Manutenção Centrada
na Confiabilidade – M.C.C). A confiabilidade é o primeiro índice a ser definido no projeto de cada
equipamento, em função da qualidade de seus componentes. Ao entrar em operação, além da
confiabilidade decorrente do projeto, o uso em produção e o sistema de gerenciamento da
manutenção utilizado irão definir o grau de confiabilidade do equipamento.
2. RETROSPECTIVA HISTÓRICA
A Manutenção, como especialidade praticada com regularidade e disciplina dentro das empresas,
não tem mais de 60 anos. É uma área cujo gerenciamento e administração envolve conhecimentos
técnicos de engenharia, sendo que o seu desenvolvimento pode ser analisado em cinco fases.
• PRIMEIRA FASE (INÍCIO DA ERA INDUSTRIAL ATÉ A I GUERRA MUNDIAL)
A responsabilidade pela Manutenção cabia à área de operação, esclarecendo-se que naquela época
manutenção não tinha o mesmo conceito de agora. O objetivo era manter o equipamento
funcionando, só sendo praticada o que hoje chamamos de manutenção corretiva. O conceito antigo,
portanto, estava relacionado à conservação do equipamento, não havendo uma estrutura
organizada para planejar e controlar os trabalhos de manutenção.
• SEGUNDA FASE (MANUTENÇÃO CORRETIVA)
Os esforços para a Primeira Grande Guerra impuseram um aumento da capacidade de produção,
bem como uma produção mais uniforme. Assim, o espírito taylorista então vigente (de
departamentalização nas organizações produtivas) levou à criação de um Departamento de
Manutenção independente, visando melhorar o desempenho do setor, que não estava mais
subordinado à operação. A Manutenção passou a ser administrativamente autônoma, sendo
aprimorada a técnica de aplicar a manutenção corretiva para manter os equipamentos funcionando.
• TERCEIRA FASE (MANUTENÇÃO PREVENTIVA)
O crescimento da indústria aeronáutica agregou um novo conceito de manutenção preventiva, logo
adotado pelas indústrias. Além da preocupação com a manutenção de caráter preventivo, passou-se
a valorizar o respeito à segurança (1920).
• QUARTA FASE (UNIDADE DE ENGENHARIA DENTRO DAS UNIDADES DE PRODUÇÃO).
As indústrias de base registraram enorme crescimento nas décadas de 40 e 50, estendendo esta
expansão a seus fornecedores. As siderúrgicas, as petroquímicas, as indústrias de papel e de
cimento, por exemplo, tiveram um grande aporte de capital e um enorme crescimento de suas
plantas. A administração destas empresas exigiu um aprimoramento das técnicas de execução e de
gestão da manutenção, pois a incidência de falhas com interrupção da produção afetaria os
faturamentos em somas muito elevadas.
A Engenharia de Manutenção surgiu dentro deste contexto e começou a ser aplicada por meio de
programas que estabeleciam procedimentos com conteúdo técnico, periodicidade de atuação e
montagem de uma logística de apoio às atividades de manutenção. As primeiras preocupações com
a disponibilidade e com os custos diretos surgiram nesta época. A Manutenção passou então a atuar
através de três áreas: Planejamento, Programação e Controle; Engenharia; e Execução. Na década de
50 surgiu a manutenção preventiva condicional.
• QUINTA FASE (MANUTENÇÃO PREDITIVA)
O foco das preocupações, que estava nos equipamentos, voltou-se para os sistemas produtivos.
Nesta fase, surgiram dentro da cadeia produtiva os conceitos de criticidade, confiabilidade e
disponibilidade dos sistemas produtivos. A preocupação passou a ser com a manutenibilidade que
deve nascer no projeto. A capacitação dos recursos humanos para o setor foi priorizada, investindo-
se no conhecimento de novas tecnologias de manutenção, de processo e gerenciamento das
atividades. Além disso, o controle através de estatísticas e o uso de banco de dados, da
microinformática, da utilização dos sistemas informatizados dedicados à análise de defeitos e
elaboração de diagnósticos possibilitaram um grande avanço na gestão da manutenção. A
manutenção preditiva, ao analisar os sistemas produtivos, fixar os elementos críticos das cadeias de
produção e eleger parâmetros mensuráveis e controláveis dos sistemas, permite a execução da
manutenção preventiva com o mínimo de interferência no programa de produção.
3. MODALIDADES
Manutenção deve ser entendido como o desempenho de todas as ações necessárias para manter ou
restabelecer um equipamento numa condição específica de operação ou manter este estado para
assegurar a realização de determinado serviço. As modalidades são:
3.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA
É a operação de manutenção realizada após uma falha, acarretando perda de produção, com parada
imprevista do equipamento produtivo. É a manutenção que deve ser realizada para restabelecer o
estado de normalidade de um equipamento com produção deficiente ou com perda de qualidade.
Ela pode ser:
3.1.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA PALIATIVA (DEPANAGE)
É o tipo de manutenção efetuada após uma falha que, devido às circunstâncias ou extensão da
mesma, não permite fazer uma intervenção efetiva, restabelecendo-se apenas o serviço, sem a
eliminação definitiva do problema.
3.1.2 MANUTENÇÃO CORRETIVA EFETIVA
É o tipo de manutenção efetuada após uma falha, na qual é realizado o reparo necessário para sanar
o problema de maneira completa. Define-se como falha o cessamento ou a alteração de uma função
requerida de um bem utilizado na produção, que pode paralisar ou diminuir o nível de produção, ou
causar defeito no produto final.
3.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA
É a operação de manutenção realizada com a intenção de reduzir a probabilidade de falhas de um
equipamento ou instalação durante uma jornada de trabalho produtivo. Ela é planejada com
antecipação, e a parada do equipamento para a manutenção é feita com o menor prejuízo possível
da produção. São quatro as modalidades de manutenção preventiva, sendo que o principal objetivo
é chegar à manutenção condicional e à preditiva.
3.1.3 MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE ROTINA
É a manutenção decorrente de um plano de inspeção ou de um plano previamente elaborado,
como as rotinas de lubrificação e de limpeza dos equipamentos das unidades de produção.
3.1.4 MANUTENÇÃO PREVENTIVA SISTEMÁTICA
É o tipo que decorre de um tempo de produção (horas trabalhadas ou volume de produção, por m³).
A Manutenção Preventiva Sistemática, ou Programada, é realizada em intervalos fixos e somente em
alguns casos representa a melhor solução de técnica e de custos. Por exemplo, se trocarmos os óleos
nos grandes sistemas hidráulicos como fazemos nos automóveis, isto é, a intervalos pré-fixados, o
custo será exageradamente alto. Para este caso, portanto a melhor solução é a manutenção
condicional. Outro bom exemplo é o caso da manutenção preventiva de lâmpadas fluorescentes ou
a vapor de halogênio ou mercúrio, pois sabe-se que sua falha ocorre depois de um número
conhecido de horas trabalhadas. Portanto, é recomendável trocá-las antes que queimem ou percam
sua eficiência luminosa, que cai exponencialmente em torno desse número de horas.
3.1.5 MANUTENÇÃO PREVENTIVA CONDICIONAL
A manutenção preventiva condicional está condicionada à ultrapassagem de valores limites pré-
estabelecidos para determinadas variáveis, que condicionam o estado de normalidade de um
equipamento ou instalação.
Este tipo de manutenção baseia-se na inspeção feita por profissionais com grande experiência no
assunto, com auxílio de instrumentos, sentidos humanos e análises químicas, comparando os valores
obtidos com os requisitos mínimos para cada variável controlada. Isto dará condições de prever
quando poderão ocorrer problemas potenciais. É o caso, por exemplo, dos óleos de grandes
sistemas de acionamento hidráulico, onde se faz a análise do óleo quanto a: viscosidade; índice de
cinzas; sólidos em suspensão; oxidação; e ponto de fulgor, entre outros itens. Uma vez conhecido o
estado de deteriorização destas variáveis, decide-se ou não pela troca do óleo. Neste tipo de
manutenção, é sempre necessário, em primeiro lugar, a decisão humana para estabelecer os
padrões de normalidade, e então decidir se o limite inferior foi ultrapassado.
A manutenção condicional está baseada nas seguintes regras:
• Inspecionar e monitorar os componentes críticos dos principais equipamentos da cadeia
produtiva;
• Sempre reparar os defeitos;
• Considerar a segurança, a disponibilidade e a confiabilidade como objetivos principais;
• Verificar se o equipamento ou a instalação estão trabalhando bem. Nunca desmontá-lo
para consertar, sem a indicação da ultrapassagem das linhas.
3.1.6 MANUTENÇÃO PREVENTIVA PREDITIVA
É o tipo de manutenção ditada pela condição da máquina ou do sistema produtivo, sendo a forma
mais elaborada da manutenção preventiva. A manutenção preditiva utiliza o monitoramento
contínuo das condições de normalidade e eficiência do sistema e outros indicadores que permitam
determinar o tempo provável para falhar ou perder a eficiência, para cada conjunto de alto nível de
criticidade na cadeia produtiva.
A aplicação da manutenção preditiva pressupõe o estabelecimento de valores de normalidade para
os parâmetros a serem controlados. Através dos valores destes parâmetros, será analisado o grau de
risco de uma falha com perda de produção para então intervir preventivamente, considerando-se os
equipamentos da cadeia principal de produção escolhida, baseados no custo x benefício. Para a
aplicação da manutenção preditiva, alguns aspectos devem ser observados:
3.1.6.1 PADRÕES
É necessário: que sejam estabelecidos padrões para:
• vibrações;
• estados de superfície;
• exame estrutural;
• dissipação de energia, entre outros.
3.1.6.2 FASES
As fases importantes da manutenção preditiva são:
• detecção do defeito que se desenvolve;
• estabelecimento de um diagnóstico;
• análise de tendência.
A análise de tendência, que necessita das duas fases anteriores para poder ser executada, é o
elemento básico da manutenção preditiva. Através desta análise, é possível verificar de quanto
tempo ainda se dispõe até que possa ocorrer uma falha no equipamento em observação que
obrigue a parada da produção. Isto implica em submeter o equipamento a uma vigilância e
determinar a interrupção para reparo antes da quebra. A intervenção preditiva permite planejar a
data de parada para a manutenção com a menor perturbação para o sistema produtivo, reduzindo o
mínimo as perdas de faturamento quando comparadas com a manutenção corretiva.
4. OUTRO PONTO DE VISTA SOBRE OS DIVERSOS TIPOS DE MANUTENÇÃO
4.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA
É a atuação para correção da falha ou do desempenho menor que o esperado. Corretiva vem da
palavra CORRIGIR. A Manutenção corretiva pode ser dividida em duas classes:
Manutenção Corretiva Não Planejada – correção da falha de maneira aleatória, ou seja é a correção
da falha ou desempenho menor que o esperado após a ocorrência do fato.
Esse tipo de manutenção implica em altos custos pois causa perdas de produção; a extensão dos
danos aos equipamentos é maior.
Quando só existe corretiva, a manutenção é comandado pelos equipamentos.
Manutenção Corretiva Planejada – é a correção que se faz em função de um acompanhamento
preditivo, detectivo, ou até pela decisão gerencial de se operar até a falha.
Esse tipo de manutenção é PLANEJADA. Tudo que é planejado é sempre mais barato, mais seguro e
mais rápido Em algumas indústrias esses 2 tipos de manutenção corretiva são conhecidos como
Manutenção Corretiva Previsível e Manutenção Corretiva Não Previsível.
4.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA
É a atuação realizada para reduzir ou evitar falhas ou queda no desempenho, obedecendo a um
planejamento baseado em Intervalos Definidos de TEMPO. Um dos segredos de uma boa preventiva
está na determinação dos intervalos de tempo. Como, na dúvida, temos a tendência de sermos mais
conservadores, os intervalos normalmente são menores que o necessário o que implica em paradas
e troca de peças desnecessárias.
A preventiva tem grande aplicação em instalações ou equipamentos cuja falha pode provocar
catástrofes ou riscos ao meio ambiente; sistemas complexos e/ou de operação contínua.
Como a Manutenção Preventiva está baseada em intervalos de tempo, é conhecida como TIME
BASED MAINTENANCE - TBM ou Manutenção Baseada no Tempo.
4.1 MANUTENÇÃO PREDITIVA
É um conjunto de atividades de acompanhamento das variáveis ou parâmetros que indicam a
performance ou desempenho dos equipamentos, de modo sistemático, visando definir a
necessidade ou não de intervenção. Quando a intervenção, fruto do acompanhamento preditivo, é
realizada estamos fazendo uma MANUTENÇÃO CORRETIVA PLANEJADA.
Esse tipo de manutenção é conhecido com CONDITION BASED MAINTENANCE - CBM ou Manutenção
Baseada na Condição.
4.1.1 PREDITIVA CORRETIVA PLANEJADA
Permite que os equipamentos operem por mais tempo e a intervenção ocorra com base em dados e
não em suposições. Algumas empresas adotam uma classificação onde a Preventiva engloba as
Manutenção Baseada no Tempo e a Manutenção Baseada na Condição, isto é a Preditiva seria um
ramo da Preventiva. Optamos por mantê-la separada tendo em vista as características diferentes das
duas.
4.3 MANUTENÇÃO DETECTIVA
É a atuação efetuada em sistemas de proteção ou comando buscando detectar falhas ocultas ou não
perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção. Um exemplo clássico é o circuito que comanda a
entrada de um gerador em um hospital . Se houver falta de energia e o circuito tiver uma falha o
gerador não entra. A medida em que aumenta a utilização de instrumentação de comando, controle
e automação nas indústrias, maior a necessidade da manutenção detectiva para garantir a
confiabilidade dos sistemas e da planta. Esse tipo de manutenção é novo e por isso mesmo muito
pouco mencionado no Brasil.
4.4 COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE MANUTENÇÃO
ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO é o conjunto de atividades que permite que a confiabilidade seja
aumentada e a disponibilidade garantida. É deixar de ficar consertando, convivendo com
problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, desenvolver a manutenibilidade, dar
feedback ao projeto e interferir tecnicamente nas compras.
A Engenharia de Manutenção por se tratar do ramo da engenharia destinado a otimização de
equipamentos e processos na manutenção, buscando o aumento da vida útil dos mesmos e o
melhor aproveitamento dos recursos envolvidos, desde a capacitação do profissional até a gestão
de grandes reformas, vem somatizar os esforços para tornar as empresas cada vez mais
sustentáveis.
Normalmente quem está apagando fogo, vivendo de manutenção corretiva não planejada, não terá
tempo para fazer engenharia de manutenção. Mas possivelmente terá tempo para continuar
apagando fogo e convivendo com péssimos resultados. É necessário mudar, incorporar a preventiva,
a preditiva e fazer engenharia de manutenção.
As TEDENDÊNCIAS atuais, analisadas as empresas que são benchmark, indicam a adoção cada vez
maior de técnicas preditivas e a prática da engenharia de manutenção. O quadro abaixo demonstra
o porque, relacionando os tipos de manutenção com os custos.
Tipo de Manutenção Custo US$/HP/ano
Corretiva não planejada 17 a 18
Preventiva 11 a 13
Preditiva/Corretiva Planejada 7 a 9
* HP(horse power) é a potência instalada fonte- NMW Chicago 1998
O quadro, a seguir, mostra como está a utilização das práticas de manutenção no Brasil e nos países
de primeiro mundo.
Tipo de Manutenção Primeiro mundo em relação ao Brasil Corretiva não planejada Menor
Preditiva Maior
Preventiva Igual
Engenharia de Manutenção Maior
A Manutenção é uma atividade de importância estratégica nas empresas pois ela deve garantir a
disponibilidade dos equipamentos e instalações com confiabilidade, segurança e custos
adequados. Entender cada tipo de manutenção e aplicar o mais adequado, corretamente, é fator
de otimização da nossa atividade e lucro ou sobrevivência para nossa empresa.
5. INDICADORES DE MANUTENÇÃO
Não se conhece aquilo que não se mede!
Não se avalia aquilo que não se compara!
A grande maioria das empresas que buscam permanecer no mercado, com uma cota de participação
estável ou crescente, devem ter um desempenho classe mundial. Isso significa caminhar de uma
determinada performance para a melhor performance. O caminho que se percorre de uma para
outra situação deve ser balizado por indicadores de performance.
“Somente os indicadores permitem uma quantificação e acompanhamento dos processos,
banindo a subjetividade e propiciando as correções necessárias. Ou seja, os indicadores são dados
chave para a tomada de decisão.”
Indicadores são medidas ou dados numéricos estabelecidos sobre os processos que queremos
controlar. A manutenção é vista atualmente, pelas empresas que têm as melhores práticas, como
uma atividade que deve proporcionar redução nos custos de produção ou serviços. Para tal, a
manutenção deve estar ciente:
1 - da importância seu papel
2 - do que a organização necessita dela
3 - do desempenho dessa atividade nos concorrentes
Para isso, é importante buscar o que fazem as empresas de sucesso: procurar encontrar, tanto para
os processos como para funções, o que há de "melhor nos melhores". Esse processo é a essência do
benchmarking, que pode ser definido do seguinte modo:
"Benchmarking" é o processo de melhoria da performance pela contínua identificação,
compreensão e adaptação de práticas e processos excelentes encontrados dentro e fora das
organizações.
Antes de praticar o “benchmarking”, é imperativo que nós compreendamos e caracterizemos nossos
próprios processos e práticas. Somente a partir daí teremos condição de quantificar e mostrar seus
efeitos, comparar com o melhor e, então, modificá-los para atingir um maior rendimento global.
Os indicadores de performance na manutenção, que devem ter as seguintes funções:
1. Tornar clara os objetivos estratégicos;
2. Proporcionar a leitura clara de como estão os resultados e compará-los com as metas;
3. Identificar problemas e facilitar as possíveis soluções.
Dirigindo o foco para a função manutenção, podemos afirmar que os indicadores de performance
nos permitirão gerenciar a manutenção de modo eficaz, sintonizados com os objetivos estratégicos
da empresa. Segundo Terry Wiremann:
“A Gerência da manutenção é o gerenciamento de todos os ativos adquiridos pela empresa,
baseada na maximização do retorno sobre o investimento nos ativos”.
No entanto, é preciso muito cuidado com duas armadilhas que envolvem a questão de definição e
acompanhamento de indicadores:
Os indicadores devem acompanhar a performance da manutenção nos seus processos
principais e não aspectos particulares;
É melhor ter poucos indicadores importantes e acompanhá-los bem...;
A listagem, a seguir, aponta uma série de técnicas/atividades que são do interesse do gerenciamento
da manutenção:
Distribuição da atividade por tipo de manutenção – corretiva, preventiva, preditiva,
detectiva e engenharia de manutenção;
Estoque de materiais e política de sobressalentes;
Coordenação e Planejamento da Manutenção – CMMS – Ordens de Trabalho Treinamento e
Capacitação;
Resultados Operacionais – disponibilidade e confiabilidade - perdas Custos e Resultados;
Resultados particulares em Preventiva, Preditiva, Detectiva e Engenharia de Manutenção;
Paradas de manutenção – grandes serviços;
Programas ligados à melhoria e bem estar dos funcionários – Moral Segurança no Trabalho;
Os itens listados constituem os blocos sobre os quais serão propostos os indicadores de
performance.
5.1 Distribuição da atividade por tipo de manutenção
Corretiva, preventiva, preditiva, detectiva e engenharia de manutenção:
Esse indicador revela qual o percentual da aplicação de cada tipo de manutenção está sendo
desenvolvido. Nos países de primeiro mundo, considera-se que a manutenção corretiva não
planejada deve ficar restrita a, no máximo, 20% enquanto os percentuais de preditiva, detectiva e
engenharia de manutenção crescem. De um modo geral, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos
a manutenção preventiva oscila entre 30 e 40% na média. Evidentemente o tipo de instalação ou
equipamento pode determinar variações para mais ou menos nesses valores.
O gráfico abaixo, mostra um exemplo da distribuição dos tipos de manutenção em uma determinada
indústria.
Figure 4 - Distribuição da atividade por tipo de manutenção
No contexto desse indicador principal, podemos ter vários outros indicadores.
5.2 Indicadores associados a engenharia de manutenção
Paradas de equipamento causadas por falhas não previstas
Este é um indicador da eficácia do acompanhamento preditivo e do acerto do plano de manutenção
preventiva da empresa. Quanto maior o seu valor, menor o acerto, ou seja, maior o número de
horas paradas por falhas não previstas.
“Atualmente a grande virtude da manutenção não é reparar os equipamentos de modo rápido,
mas prever e evitar as falhas dos equipamentos, instalações.”
Total de HH gastos em reparos de emergência
É outra maneira de avaliar o acerto da política de preventiva e preditiva da manutenção. Reparos em
emergência são definitivamente indesejáveis. Quanto menor esse indicador, maior deverá ser a
confiabilidade da instalação.
6.1.1 Resultados particulares em Preventiva, Preditiva, Detectiva e
Engenharia de Manutenção
6.1.1.1 Total horas paradas por intervenção da Preventiva
Este indicador permite uma avaliação do quanto o programa de manutenção preventiva influi nas
horas paradas de equipamentos na planta. Pode ser avaliado em função do total de horas paradas
ou relacionado, também, com interferências ou perdas na produção pela necessidade de
intervenção para cumprimento do plano de preventiva.
É preciso ter em mente que se o plano de preventiva influi no processo produtivo, faz- se mister
mudar a forma de atuação com a introdução de técnicas preditivas que permitam o
acompanhamento sem retirar o equipamento de operação.
Cumprimento dos planos de manutenção preventiva e preditiva
O valor desejável é 100%. Valores menores permitirão analisar as causas do não cumprimento que
passa entre outras coisas pela falta de comprometimento com o plano da própria manutenção; não
liberação pela produção; excesso de manutenção corretiva absorvendo a mão de obra disponível,
etc.
De modo similar podem ser analisadas a Manutenção Detectiva ou descer a detalhes em outras
atividades como lubrificação, aferição e calibração etc.
Outro indicador que é usualmente adotado é o valor médio global de vibração de equipamentos da
planta. No entanto, a menos que a situação esteja muito ruim não é um indicador adequado. É mais
eficaz um acompanhamento particularizado.
Em relação à Engenharia de Manutenção é importante uma apropriação de quanto se tem dedicado
e um acompanhamento que permita traduzir os ganhos obtidos pela determinação da causa dos
problemas. Afinal esse esforço objetiva melhorar a confiabilidade e a disponibilidade dos ativos.
6.1.2 Estoque de Materiais e Política de Sobressalentes
Dentre as melhores práticas adotadas pelas empresas que são best-in-class, está uma política de
sobressalentes / estoque de materiais bem diferente da que estamos acostumados a encontrar no
Brasil. Algumas dessas práticas são:
• Rotação do estoque > 1 vez/ano (no valor do inventário)
• Materiais e sobressalentes em consignação no estoque
• Parcerias estratégicas com fornecedores
• Redução de sobressalentes com baixa movimentação
• Eliminação de materiais sem consumo
• Não manter em estoque itens que possam ser adquiridos, imediatamente, na praça
• Estoque 100% confiável
Indicadores relacionados:
Itens Inativos:
Esse indicador pode ser expresso em percentual, como uma relação direta do número de itens e/ou
em R$ ou US$. Entretanto é preciso tomar cuidado com a generalização; determinados
sobressalentes, como conjuntos rotativos de grandes máquinas, podem ficar no estoque por vários
anos, sem utilização. São itens caros, cujo prazo de entrega é muito grande e em geral pertencem à
máquinas críticas no processo produtivo.
Giro do estoque
Falta de materiais que afetam os servicos de manutencao
Este indicador pode também ser referido ao tempo de espera ou indisponibilidade causada pela
falta de material.
6.1.2.1 Confiabilidade e Qualidade do estoque
A Confiabilidade do estoque pode ser analisada pela existência do sobressalente ou material quando
requisitado; já a qualidade do estoque pode ser medida em relação ao atendimento via estoque e
via compras de urgência. Uma relação que mostra a qualidade do estoque é a seguinte:
Ainda em relação à qualidade, podemos analisar as ocorrências ligadas ä qualidade dos
sobressalentes/materiais requisitados e aplicados. A relação pode ser feita com o total de horas
paradas ou diretamente relacionado com as perdas de produção.
6.1.2.2 Custo de Materiais/Sobressalentes no custo de
manutenção
Uma das parcelas significativas do custo de manutenção é o custo com materiais e sobressalentes.
Por vezes, a adoção de um programa de preventiva muito amplo cuja implantação não foi avalizada
por um estudo criterioso pode levar a gastos elevados em materiais e sobressalentes. Isso se dá em
função do “estímulo” que a oportunidade criada pela abertura do equipamento enseja para a troca
de sobressalentes principalmente quando esses apresentam algum tipo de desgaste. Um fato
interessante pode ser visto na participação dos custos de materiais no custo de manutenção no
Brasil; praticamente não há alteração no valor de 32% desde 1987.
6.1.3 Indicadores de planejamento e controle da manutenção
O sistema de planejamento e controle da manutenção, considerado aqui o dia-a-dia, é o centro de
recepção, organização e distribuição dos serviços. A otimização na aplicação dos recursos está
intrinsecamente ligada a essa área.
O planejamento e controle da manutenção é, atualmente, realizado através dos inúmeros softwares
disponíveis no mercado e que são conhecidos como CMMS – Computer Maintenance Management
Systems, o SAP, dentre outros. Independente do tamanho da empresa ou da sua complexidade,
existe um software adequado às suas condições. Dos vários indicadores que podem ser adotados
nessa áreas selecionamos alguns que julgamos fundamentais:
Back Log (carga futura de trabalho)
O Back Log ou simplesmente a carga futura de trabalho, indica quantos homens hora ou quantos
dias, para aquela determinada força de trabalho, serão necessários para executar todos os serviços
solicitados.
A literatura internacional considera que o back-log não deve ser superior a 15 dias.
Alocação por tipo de serviço, por prioridade e por especialidade
A correta identificação das ordens de trabalho, permitem que a manutenção consiga ter dados,
confiáveis, do seu modo de atuação. Assim, é importante definir a prioridade ou característica da
Ordem de Trabalho: Emergência, Urgência, Normal, Data Marcada
Cumprimento da Programação
Outro aspecto importante ligado ao planejamento e coordenação dos serviços é a relação serviços
programados – serviços executados. Além de medir como está andando o planejamento indica,
mesmo que indiretamente, a confiabilidade da instalação.
O objetivo é que o cumprimento da programação seja de 100%. Nos países do primeiro mundo
considera-se que esse número deva estar sempre acima de 75%.
Acerto da programação
Um indicador que mede o acerto da programação é aquele que aponta os desvios entre os tempos
programados e os tempos de execução. Na manutenção são muitas as situações imprevistas, como
quebra de parafusos, engripamentos etc que contribuem para esses desvios. É importante que os
desvios mais acentuados sejam justificados de modo que os parâmetros sejam mantidos ou
corrigidos nas programações futuras.
Outro modo de fazer essa verificação e admitir um desvio de 20% e calcular qual o número de
ordens de trabalho que ficou fora dessa faixa de desvio.
6.1.4 Coordenação e Planejamento da Manutenção – Indicadores
Chaves
Uma grande parte das empresas que possui programas de gerenciamento da manutenção (CMMS)
não o utilizam na sua totalidade. Em média pode-se afirmar que dos recursos do software, à
disposição da manutenção, somente 60% são utilizados. Uma segunda constatação, essa ainda pior,
é que muitas empresas não possuem histórico de manutenção ou quando possuem estes não são
confiáveis.
Esses dois fatos permitem que sejam feitas as seguintes perguntas:
• Os custos de manutenção são apurados corretamente?
• O histórico de manutenção é confiável (se existente)?
• Será possível fazermos uma análise de falhas com os dados existentes?
• Como posso calcular o LCC (Life Cycle Cost)?
• Qual é o MTBF ? Qual é o MTTR?
Sendo esses dados imprescindíveis para o gerenciamento da manutenção, devem ser tomadas as
seguintes providências:
• Elaborar um plano de plena utilização do software de manutenção
• Fazer acompanhamento, através de indicadores, dos progressos.
• Resgatar o histórico existente e adequá-lo ao software em uso.
• Estabelecer indicadores de MTBF e MTTR para as várias especialidades e/ou tipos de
equipamentos.
• Proceder ao casamento de interface do software de manutenção com outros softwares na
empresa – custos, pessoal, materiais, de modo que os valores necessários sejam obtidos
automaticamente.
Tempo Médio Entre Falhas (Mean Time Between Failure)
Se durante um ano o equipamento operou 200 horas, depois 450 horas, depois 4000 horas e
finalmente 1400 horas, o MTBF será :
Tempo Médio de Reparo (Mean Time To Repair)
Disponibilidade
Uma vez que tenhamos os valores do MTBF e do MTTR, podemos calcular a disponibilidade que é
dada pela seguinte relação:
Convém relembrar que proporcionar a DISPONIBILIDADE dos equipamentos e instalações é o
principal objetivo da manutenção.
Resserviços ou retrabalho
Resserviços ou retrabalhos são repetições ocasionadas por problemas ligados às seguintes falhas:
• Mão de Obra;
• Material;
• Problemas de Projeto;
• Problemas de Operação.
O acompanhamento dos resserviços permite rastrear sua causa e corrigi-la. Levantamentos levados
a efeito no Brasil dão conta que a maior causa dos resserviços está relacionada a problemas de mão
de obra, o que reforça a necessidade de se investir no treinamento e capacitação. O indicador de
resserviço deve ser tomado em relação ao total de serviços executados.
Essa forma de medir não leva em conta o porte do serviço, nem a indisponibilidade do equipamento.
Desse modo, outras maneiras de medir são:
6.1.5 Treinamento e Capacitação de Pessoal
Treinamento e capacitação de pessoal é são duas grandes preocupações das empresas que querem
manter alto o nível de competitividade e ser “best-in-class”. Empregados próprios ou contratados
devem ter habilidades suficientes para fazer manutenção, com conhecimento dos equipamentos e
dos processos; serem capazes de fazer análises e diagnósticos através das técnicas preditivas; terem
habilidade para analisar falhas, cataloga-las e, posteriormente, participar dos grupos que irão,
através das ferramentas disponíveis, bloquear as causas básicas. Enquanto o investimento médio em
treinamento, no Brasil, é da ordem de US$ 200,00 nos Estados Unidos fica entre US$ 1200,00 a US$
1600,00 / empregado/ano.
Alguns indicadores comumente utilizados são os seguintes:
Investimento US$ em treinamento por empregado
Investimento em horas de treinamento por empregado
Produtividade
Apesar de todos os programas oferecerem fórmulas para o calculo da produtividade, esse indicador
é um tanto polêmico. A medição da produtividade individual provoca algumas reações que ao invés
de promoverem melhorias acabam criando um estado de espírito em que o executante fica
querendo enganar o planejamento para não sair prejudicado. Somos de opinião que a medição da
produtividade deve estar, em primeiro lugar, ligada à necessidade de melhoria nos métodos de
trabalho visando facilitar a vida do executante e em conseqüência reduzindo os tempos de
manutenção para aumentar a disponibilidade dos equipamentos. Uma vez obtida essa melhoria, fica
fácil separar falta de previsão e mau planejamento da famosa “morcegação”.
Seguramente as 2 primeiras são mais significativas que a terceira.
O indicador clássico de produtividade é o seguinte:
Obviamente esse indicador pode ser aplicado a um indivíduo, a uma equipe, a um
setor/departamento ou à toda manutenção. A produtividade pode estar ligada, também, à
capacitação ou habilidades incorporadas por meio de treinamento aos executantes e supervisores.
Nesse aspecto os supervisores e engenheiros devem estar atentos para que as baixas de
produtividade decorrentes da falta de capacitação sejam sanadas. Essa medição não costuma ser
fácil, entretanto alguns autores preconizam um indicador como o mostrado a seguir:
6.1.6 Resultados Operacionais – Confiabilidade
Os resultados operacionais são extremamente dependentes da eficácia da manutenção. Quanto
maior a disponibilidade maior poderá ser a produção; quanto mais confiáveis são os equipamentos
maior será a certeza de produzir bens dentro das especificações. A disponibilidade já comentada na
parte 6, é função da confiabilidade, representada pelo Tempo Médio entre Falhas (MTBF) e pela
manutenibilidade, representada pelo Tempo Médio para Reparo (MTTR)
A melhoria da confiabilidade passa por uma série de ações que envolvem o projeto, especificação,
compra, manutenção, fornecedor ou fabricante etc. No entanto, abordaremos somente as ações
que, oriundas da manutenção, promovam a melhoria da confiabilidade de equipamentos e
instalações. A primeira é o acompanhamento de falhas repetidas (equipamentos crônicos) seguida
da atuação adequada.
Normalmente este indicador é aplicado, em primeiro lugar, aos equipamentos críticos ou classe A de
uma planta ou unidade. Resolvida a situação dos equipamentos críticos, pode-se passar para os
equipamentos B e assim por diante.
Outra forma de promover o acompanhamento de itens que levam a uma baixa na confiabilidade da
planta é proceder-se a estratificações aplicando gráfico de Pareto.
Por exemplo:
Pelo histórico determina-se quais os equipamentos que mais falharam. Em seguida, quais as causas
que levaram aquelas falhas na classe de equipamento que mais falhou. Determinada a causa
principal de falhas, promove-se o seu bloqueio através dos métodos de análise de falhas existentes.
Outro aspecto fundamental para a manutenção é o acompanhamento das perdas operacionais e
quais as perdas originadas por problemas de manutenção.
Total de perdas por problemas de manutenção
6.1.7 Custos
O acompanhamento dos custos de manutenção deve envolver os seguintes segmentos:
• Custos de mão de obra
• Custos de material
• Custos de serviços de terceiros
• Perdas (Vide parte 8)
• Economias obtidas
• Custo de mão de obra
• Custo de materiais
• Custo de serviços de terceiros
Nesse custo estão incluídas todas as contratações para realizar trabalhos dentro da planta e todos os
serviços contratados fora, como usinagem, recuperação de peças, aferição e calibração,
enrolamento de motores, reforma de equipamentos etc.
Outro aspecto relacionado ao acompanhamento de custos na manutenção é a quantificação de
resultados positivos obtidos pela introdução, melhoria ou adoção de técnicas preditivas, análise de
falhas etc. Esses resultados positivos, quando bem quantificados e acompanhados, demonstram
para a gerência superior o acerto da medida e permite novos investimentos com vistas à melhoria da
confiabilidade e disponibilidade da planta, traduzidos pela melhor atuação da manutenção.
6.1.8 Economias obtidas
Todas as ações orientadas para a melhoria dos resultados na utilização dos ativos, desenvolvidas
pela Manutenção através da Engenharia de manutenção devem ser acompanhadas, contabilizadas e
a distribuiídas entre o pessoal da equipe. Idem para a melhor aplicação da tipologia de manutenção
que é capaz de ser traduzida em economia mantida a mesma ou aumentada a disponibilidade.
“Um dos maiores problemas da supervisão e gerência de manutenção, no Brasil, é a absoluta
incapacidade de justificar investimentos pela falta de dados econômicos. A linguagem que os
executivos da empresa entendem é a linguagem do dinheiro, que é a linguagem dos negócios.”
O acompanhamento dos custos de manutenção é fundamental para bem gerenciá-la. Por fim, uma
observação importante:
“A exemplo do que ocorre em muitas empresas, a redução de custos pela redução de custos, não
leva a bons resultados na manutenção.”
É imprescindível que seja analisada a relação custo benefício para que essa ou aquela decisão, em
custos, seja tomada. Por exemplo, investir R$ 10.000,00 em um coletor de dados para
acompanhamento preditivo dos equipamentos da planta pode trazer um retorno significativo para a
empresa. Um planta bem monitorada pode trazer retorno de 5 dólares para cada dólar investido.
6.1.9 Moral
De um modo geral, os indicadores mais utilizados para verificação do moral do pessoal são o
absenteísmo, a maior incidência de licenças médicas e aspectos relacionados ao atraso ou saídas
antecipadas. O levantamento de necessidades pode ser feita por pesquisa de clima e podem indicar
necessidades ligadas à remuneração, assistência médica, aspectos de relacionamento inter-pessoal e
treinamento para execução do trabalho.
6.1.10 Segurança
A segurança das pessoas e instalações é obrigação primordial das gerências, supervisão e dos
próprios executantes ou operários.
Alguns dos indicadores clássicos, ligados à segurança pessoal são:
• Nº total de acidentes
• Nº total de acidentes com afastamento
• Nº total de acidentes sem afastamento
• Taxa de freqüência de acidentes
Várias empresas adotam a contagem, análise e divulgação dos quase acidentes que são situações
indesejáveis que por muito pouco não provocaram acidentes ou catástrofes.
Além dos acidentes pessoais, as empresas contabilizam perdas ocasionadas por intervenções mal
sucedidas na planta, classificando-as pelo agente ofensor, que pode ser a operação/produção,
manutenção, instalação ou montagem.
6.1.1 Observações gerais
A utilização de indicadores de manutenção não é uma ciência exata e rígida como estamos
acostumados no estudo da engenharia, seja ela mecânica, elétrica, etc. Cada planta industrial possui
suas particularidades, com equipamentos em diversas fases de operação, alguns no início de
operação enquanto outros obsoletos, assim como outros em fase de melhoria para prolongamento
de vida útil. A utilização de qual tipo de indicador depende portanto das condições da planta, da
qualificação do pessoal de manutenção, da disponibilidade de alguém para acompanhar os
indicadores, dentre outros inúmeros fatores. Os indicadores aqui apresentados são apenas alguns
dos indicadores disponíveis, como se trata de uma ciência que não é rígida o próprio engenheiro
pode criar indicadores que melhor se adaptem à sua instalação, dada a sua realidade de trabalho.
6.1.2 Outra forma de se abordar os indicadores de manutenção
Tempo Médio Entre Falhas (TMEF)
O Tempo Médio Entre Falhas é um índice utilizado para itens reparados após a ocorrência de uma
falha. Seria relação entre o produto do número de itens (NOIT) e os seus tempos de operação
(HROP), e o número de falhas identificadas nesses mesmos itens (NTMC), em período determinado.
Conforme a expressão a seguir:
Tempo Médio Para Reparo (TMPR)
O Tempo Médio Para Reparo deve ser utilizado para itens para os quais o tempo de reparo ou
substituição é significativo em relação ao tempo de operação. Seria a relação entre o tempo total de
intervenção corretiva em um conjunto de itens com falha (HTMC) e o número total de falhas
identificadas nesses itens (NTMC), em período determinado.
Tempo Médio Para Falha (TMPF)
O Tempo Médio Para Falha deve ser utilizado para itens que são substituídos após ocorrência de
uma falha. Seria a relação entre o tempo total de operação de um conjunto de itens não reparáveis
(HROP) e o número total de falhas identificadas nesses itens (NTMC), em período determinado.
É importante observar a diferença conceitual existente entre os índices TMPF e TMEF. O primeiro
(TMPF) é calculado para itens que NÃO SÃO reparados após a ocorrência de uma falha, ou seja,
quando falham são substituídos por novos e, em consequência, seu tempo de reparo é zero. O
segundo (TMEF) é calculado para itens que SÃO reparados após a ocorrência da falha. Portanto, os
dois índices são mutuamente exclusivos, ou seja, o cálculo de um exclui o cálculo do outro para itens
iguais.
Para o melhor entendimento destes três primeiros índices a figura a seguir representa graficamente
um equipamento com intervalos operacionais devido à manutenção.
Figure 5 - Relação entre os indicadores
Disponibilidade de Equipamentos (DISP)
Conforme a Norma NBR 5462/1994 a definição de Disponibilidade seria:
“Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou
durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua
confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos
requeridos estejam assegurados”.
Matematicamente poderíamos dizer que disponibilidade seria a relação entre a diferença do
número de horas do período considerado (horas calendário - HCAL) com o número de horas de
intervenção pelo pessoal manutenção (manutenção preventiva por tempo ou por estado,
manutenção corretiva e outros serviços - HTMN) para cada item observado e o número total de
horas do período considerado (também definido como HCAL).
A disponibilidade de um item representa o percentual do tempo em que ficou a disposição do órgão
de operação para desempenhar sua atividade. O índice de Disponibilidade também é identificado
como “Performance ou Desempenho de Equipamentos” e, para itens de operação eventual, pode ser
calculado como a relação entre o tempo total de operação de cada um (HROP) e a soma deste
tempo com o respectivo tempo total de manutenção no período considerado (HTMN).
Esse índice também pode ser calculado como a diferença entre a unidade e a relação entre as horas
de manutenção e a soma dessas horas com as de operação dos equipamentos.
Outra expressão muito comum para representação da Disponibilidade de equipamentos, ou ainda
Confiabilidade dependendo da abordagem, submetidos exclusivamente a reparo de falha é obtida
pela relação entre o Tempo Médio Entre Falha (TMEF) e sua soma com o Tempo Médio Para Reparo
(TMPR) e os Tempos Ineficientes da Manutenção (tempos de preparação para desligamento e
religamento e tempos de espera).
Observa-se que esta é a expressão mais simples uma vez que é obtida a partir da relação entre dois
outros índices normalmente já calculados. O índice de Disponibilidade (ou Performance) é de grande
importância para a gestão de manutenção pois, a través dele, pode ser feita uma análise seletiva dos
equipamentos cujo comportamento operacional está aquém de padrões aceitáveis.
Confiabilidade de Equipamentos (CONF)
Conforme a Norma NBR 5462/1994 a definição de Confiabilidade seria:
“Capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante
um dado intervalo de tempo”.
Na prática diferença entre a Confiabilidade e Disponibilidade seria apenas a abordagem quanto ao
número de horas de intervenção pelo pessoal de manutenção. Enquanto Disponibilidade considera o
tempo de TODAS as intervenções de manutenção independente de sua origem (preventiva,
preditiva, corretiva, etc. – HTMN), a Confiabilidade considera apenas o tempo total de
MANUTENÇÂO CORRETIVA (HTMC), alterando então as fórmulas para:
E também:
Custo de Manutenção por Faturamento (CMFT) Relação entre o custo total de manutenção e o
faturamento da empresa no período considerado.
Este índice é de fácil cálculo uma vez que os valores, tanto do numerador quanto do denominador,
são normalmente processados pelo órgão de contabilidade da empresa.
Custo de Manutenção pelo Valor de Reposição (CMRP)
Relação entre o custo total acumulado na manutenção de um determinado equipamento e o valor
de compra desse equipamento novo (valor de reposição).
Este índice deve ser calculado para itens mais importantes da empresa (que afetam o faturamento, a
qualidade dos produtos ou serviços, a segurança ou o meio ambiente), uma vez que, como indicado,
é personalizado para o item e se utiliza de valores acumulados, o que torna seu processamento mais
demorado que os demais, não justificando desta forma ser utilizado para itens secundários. Seu
resultado deve ser acompanhado por um gráfico de linha ou de superfície com a indicação de sua
variação em, pelo menos, nos doze últimos meses.
Embora o custo total de manutenção devesse ser composto por cinco parcelas (pessoal, material,
terceiros, depreciação e perda/redução no faturamento), cada uma com 3 subdivisões (custos
diretos, custos indiretos e custos administrativos ou de rateio de custos de outras áreas),
dificilmente é feita essa composição limitando-se as empresas na consideração de duas ou três
parcelas (pessoal, material e, eventualmente terceiros) e assim mesmo considerando apenas uma ou
duas de suas subdivisões (custos diretos e, eventualmente, custos indiretos). Outro fator que torna
os índices de custo imprecisos é a utilização de valores históricos sem correção monetária (valores
contábeis) que é mais susceptível ao erro no caso de haver inflação da moeda. Mesmo quando a
empresa se utiliza de valor referencial de moeda (índices ou dólar ou mix de moedas), a imprecisão
aparece devido a variedade dos índices de correção ou a não consideração da desvalorização do
dólar ou de outras unidades monetárias adotada. Essa imprecisão não é sensível no
acompanhamento dos índices na própria empresa, uma vez que estará cometendo o mesmo erro ao
longo do tempo, porém pode levar a grandes erros de interpretação quando esses índices são
comparados com outras empresas (pior no caso de comparação com empresas de outros países).
6.1.3 Conclusão
A importância dos indicadores é aceita por todos os gerentes e pessoal de supervisão de
manutenção. O que se espera é que se passe da intenção para a prática, ou seja:
• Definir os indicadores mais importantes
• Estabelecer metas a serem alcançadas
• Fazer ampla divulgação para toda a estrutura (gerencia, supervisão, executantes)
• Montar um painel para acompanhamento em local visível a todos.
• Manter os gráficos atualizados
• Adotar ações corretivas necessárias.
Exercícios:
1. Defina engenharia de manutenção.
2. Quais as responsabilidades da manutenção.
3. Qual a importância da manutenção.
4. Quais são os principais objetivos da manutenção.
5. Defina confiabilidade.
6. Defina disponibilidade.
7. Defina manutenibilidade.
8. Defina manutenção corretiva (Cite exemplo).
9. Defina manutenção preventiva (Cite exemplo).
10. Defina manutenção preditiva (Cite exemplo).
11. Defina manutenção detectiva (cite exemplo)
12. Apresentar estudo de caso de uma manutenção corretiva, preventiva e preditiva.
13. O que são indicadores de manutenção?
14. Qual a importação dos indicadores de manutenção?
15. Cite 3 indicadores de manutenção, comente a sua função e aplicabilidade.
16. Como fazer para implementar indicadores de manutenção?
17. No que a manutenção pode contribuir para aumentar a competitividade de uma empresa?
18. Faça uma avaliação crítica da figura abaixo:
19. Dada a planilha de acompanhamento de uma planta industrial abaixo, responda as questões.
a. Quais são os indicadores de manutenção que estão sendo utilizados?
b. Qual a função destes indicadores? Quais medidas você tomaria para melhorá-los?
c. Mesmo sem conhecer a planta em questão é possível acrescentar outros
indicadores que melhorem o controle e possibilitem a melhoria da eficência da linha
de produção tornando a manutenção da mesma mais eficaz?
20. Muitas indústrias ainda trabalham a manutenção baseada na ação corretiva, onde os
equipamentos operam até a quebra e, só então, são reparadas. Uma das poucas vantagens
desta abordagem é a:
(A) impossibilidade de um planejamento da manutenção;
(B) redução de qualidade do produto;
(C) redução de custo no curto prazo;
(D) falta de segurança;
(E) redução da vida útil dos equipamentos.
Comente o porque de sua resposta e o porque das outras alternativas estarem certas / erradas.
21. Assinale a afirmativa correta e completa.
(A) falha é a condição em que um equipamento apresenta desvios em relação às condições de
projeto;
(B) defeito é a condição em que um equipamento deixa de desempenhar sua função principal;
(C) falha é a condição em que um equipamento deixa de desempenhar sua função principal;
(D) defeito é a condição em que um equipamento não pode ser operado em sobrecarga;
(E) defeito é a condição em que um equipamento em que o mesmo tem de ser reparo com
urgência.
Comente o porque de sua resposta e o porque das outras alternativas estarem certas / erradas.
22. Assinale a afirmativa INCORRETA e/ou INCOMPLETA.
(A) manutenibilidade é a probabilidade de que um equipamento falhe em um determinado
período de tempo;
(B) o programa de Manutenção Preventiva é normalmente estabelecido em uma base anual;
(C) apesar de haver divergências entre autores pode-se considerar para efeito de planejamento
de manutenção corretiva que a mesma se subdivide em reconhecimento da existência da falha,
diagnóstico do item em falha, substituição ou reparo do item, verificação de funcionamento do
sistema;
(D) em sistemas eletrônicos do tempo gasto em manutenção corretiva a maior parcela é
empregada em localização e isolamento da falha;
(E) uma das tarefas de uma gerência de manutenção é o desenvolvimento de métodos de
monitoração das atividades da equipe de manutenção.
Comente o porque de sua resposta e o porque das outras alternativas estarem certas / erradas.
23. Assinale a afirmativa correta e completa.
(A) o ciclo PDCA é uma ferramenta da qualidade que não se aplica à área de manutenção;
(B) o projeto de experimentos é uma ferramenta da qualidade que não se aplica à área de
manutenção;
(C) um dos principais e mais tradicionais indicadores da área de manutenção é o percentual de
homens-hora dedicados à manutenção;
(D) manutenção por oportunidade é o tipo de manutenção realizado para aproveitar a
oportunidade de baixos preços de serviços e/ou sobressalentes;
(E) a análise de variância (ANOVA) é uma ferramenta da qualidade que não se aplica à área de
manutenção
Comente o porque de sua resposta e o porque das outras alternativas estarem certas / erradas.
24. Assinale a afirmativa correta e completa:
(A) manutenção preditiva é o tipo de manutenção realizada com uma frequência definida;
(B) plano de manutenção é a denominação dada ao conjunto de tarefas de manutenção
planejadas para um sistema ou ativo;
(C) defeito é considerado um desvio da condição normal do item, sem que o mesmo deixe de
desempenhar sua função principal;
(D) manutenção corretiva é o tipo de manutenção que se propõe a identificar falhas ocultas e
repará-las;
(E) manutenção baseada em tempo é o tipo de manutenção que avalia a condição de um item
visando programar uma tarefa de manutenção corretiva o mais próximo possível da ocorrência
de sua falha.
Comente o porque de sua resposta e o porque das outras alternativas estarem certas / erradas.
25. Descreva a diferença entre o planejamento de manutenção para itens de sistemas de
operação e itens de sistemas de segurança.
26. A respeito de manutenção preventiva, pode-se afirmar que:
a) ( ) É aquela feita por ocasião; obedece a um padrão previamente esquematizado, assegurando o
defeito da máquina por um longo período.
b) ( ) Ela obedece a um padrão previamente esquematizado; estabelece paradas periódicas para
troca de peças gastas, assegurando o funci- onamento perfeito da máquina por um período
predeterminado.
c) ( ) Ela proporciona um leve ritmo de trabalho; desequilíbrio do bom andamento desse ritmo, com
controle das peças de reposição e organização dos prazos para reposição dessas peças.
d) ( ) Ela permite a mudança da peça com antecedência, evitando sobre- carga e permitindo
paralisação de um trabalho, mesmo à custa de uma menor eficiência.
e) ( ) É aquela baseada em informações precisas de instrumentos especí- ficos, os quais indicam, por
meio de parâmetros, as ocasiões das paradas para substituição de peças.
27. A aplicação da manutenção preventiva apresenta as seguintes vantagens:
a) ( ) Substituição de peças novas; menor número de funcionários envol- vidos; número maior
de máquinas funcionando.
b) ( ) Substituição de peças novas; maior número de funcionários envolvi- dos; menor número
de máquinas funcionando.
c) ( ) Equilíbrio no ritmo de trabalho; controle das peças de reposição; eliminação ou
diminuição de improvisações e redução de acidentes do trabalho.
d) ( ) Não evita a sobrecarga de determinadas peças; mudança de todas as peças que formam o
conjunto e equilíbrio no ritmo de trabalho.
e) ( ) Elimina totalmente a necessidade de manutenção corretiva.
28. São objetivos a serem alcançados pela instalação da manutenção preventiva:
a) ( ) Redução de custos; qualidade do produto; efeitos no meio ambiente e maior vida útil dos
equipamentos.
b) ( ) Diminuição de pessoal; diminuição de produção; maior vida útil dos equipamentos;
efeitos no meio ambiente e maior durabilidade dos insumos.
c) ( ) Redução de custos; qualidade do produto; diminuição de produção e menor vida útil dos
equipamentos.
d) ( ) Conscientização da gerência em manutenção corretiva; eliminação de improvisações e
efeitos no meio ambiente.
e) ( ) Diminuição de máquinas paradas em manutenção; aumento de pessoal especializado e
eliminação de peças sobressalentes.
29. A manutenção preventiva deverá ser registrada e controlada. Com base nessa afirmação,
indique qual documento deverá ser usado para fins de registro.
a) ( ) Planilha de controle.
b) ( ) Inventário individual.
c) ( ) Catálogo individual.
d) ( ) Cartão de registro.
e) ( ) Ficha individual de registro.
30. Quais as principais funções das técnicas de análise preditivas? Cite dois exemplos?
31. O que é termografia?
32. Explique como é feito um ensaio termográfico?
33. O que é emissividade? Qual a sua importância no estudo da termografia?
34. Qual a diferença entre termografia quantitativa e qualitativa?
35. Quais são as formas de aplicação da termografia?
36. O que é um lubrificante?
37. Quais são os tipos de óleos lubrificantes, quais são as diferenças entre eles?
38. Quais as características de um lubrificante?
39. Qual a importancia do monitoramento das caracteristicas de um oleo de lubrificacao.
Explique quais as principais características que devem ser acompanhadas.
40. Qual o tipo de manutenção que procede a manutenção preditiva, porque?
41. Qual a diferença entre manutenção preditiva e detectiva?
6. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA
“Manutenção preditiva: manutenção que permite garantir a qualidade do serviço desejada, com
base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se meiso de supervisão centralizados
ou de amostragem para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e diminir a manutenção
corretiva”
(ABNT-NBR-5462-1994)
A manutenção preditiva baseada na condição utiliza medições e métodos de processamento de
sinais para diagnosticar a condição do equipamento durante operação. As técnicas de
monitoramento incluem: termografia, análise de vibração, ultrassom, ferrografia, tribologia,
monitoria de processo, inspeção visual, e outras técnicas de análise não destrutivas. A combinação
destas técnicas oferece os meios de monitoramento direto de todos os equipamentos e sistemas
críticos em uma fábrica.
Dentre as vantagens da monitoração da condição, está o controle ou eliminação de sinais estranhos
antes de ocorrer a deterioração da máquina. Portanto, o equipamento opera a um ótimo nível e a
sua vida útil é maximizada e o risco de falha diminuído. As situações de paragem e os respectivos
inconvenientes e custos de horas extras são praticamente eliminados.
Figure 6 - Benefícios da manutenção preditiva
Principais técnicas de manutenção preditiva:
Termografia;
Análise de vibração;
Ultrassom;
Ferrografia;
Tribologia;
Monitoria de processo;
Inspeção visual, etc.
1.1 Termografia
A energia infravermelha foi descoberta por William Herschel (1738-1822). Este por volta do ano de
1800 testou qual a capacidade da luz decomposta, a partir de um prisma, pode ter no aquecimento
de uma superfície. Herschel descobriu que o aquecimento máximo ocorre para lá da luz vermelha
(Kaplan, 2007).
A termografia utiliza a radiação térmica para quantificar a temperatura emitida pelas superfícies.
Qualquer superfície à temperatura de zero absoluto (T=0K ou T=- 273,15ºC) emite radiação
electromagnética. A quantidade de radiação depende da temperatura (quanto mais quente a
superfície mais energia emite) e propriedades do material (Vollmer & Möllmann, 2010).
Figure 7 - Espetros de radiação
O processo de radiação de uma superfície é chamado de radiosidade. Esta pode acontecer sobre 3
formas: emitida a partir da superfície; reflectida da superfície; ou transmitida através da superfície. A
radiosidade total é igual à soma da componente emitida, da componente reflectida, e da
componente de transmissão. A temperatura da superfície está relacionada com a energia emitida.
Assim, para determinar a temperatura de uma superfície, é necessário subtrair a energia emitida
com a energia reflectida e transmitida (EPRI, 2002).
Existem duas leis que definem o comportamento radiante: a lei de Stephan-Boltzmann (W= ξδT4)
e a lei de Wien (λm = ⁄ ). W representa o fluxo radiante emitido por unidade de área (watts/cm2), ξ
representa a emissividade (unidade para superfície do corpo negro), δ é a constante de Stephan-
Boltzmann (5,673 x10-12 watts cm-2), T é a temperatura absoluta do alvo (K), λm representa o
comprimento de onda da radiação máxima (mm) e o b é a constante deslocamento de Wien (2897
(µm - K)). A lei de Stephan-Boltzmann define que a energia radiante (W) emitida pela superfície do
alvo é igual a duas constantes multiplicadas pela potência à quarta da temperatura absoluta (T) da
superfície. A constante, δ, é um valor fixo enquanto a emissividade (ξ), que é a relação entre a
quantidade de energia emitida por uma superfície à emitida por um corpo negro à mesma
temperatura, depende do material. O equipamento de medição usa esta lei para apresentar o valor
de temperatura da superfície a analisar. A lei de Wien define qual o comprimento de onda máximo
para o máxima energia emitida por uma superfície. Esta lei é importante para a escolha do
equipamento de medição a utilizar dentro da gama de comprimentos de ondas a ser analisadas
(EPRI, 2002).
As superfícies podem ser classificadas em três categorias: corpo negro, corpo cinzento, e corpo não-
cinzento. Um corpo negro é uma superfície teórica com uma única emissividade em todos os
comprimentos de onda, absorve toda a energia disponível na sua superfície e tem reflectividade e
transmissividade igual a zero. O corpo negro tem a maior emissividade e radiosidade em todos os
comprimentos de onda, em comparação com qualquer outro corpo e absorve toda a energia
disponível na sua superfície. No entanto, para a maioria das aplicações práticas em termografia a
emissividade das superfícies é constante e de valor inferior a 1, designando-se por corpo cinzento,
contudo para superficies em que a emissividade depende do comprimento de onda são designadas
por emissores selectivos (figura 9) (Vollmer & Möllmann, 2010).
Além dos aspectos mencionados anteriormente, deve ter-se ainda em conta a radiometria, que
estuda aspectos relacionados com a propagação da radiação electromagnética.
A realização de uma análise termográfica implica seguir algumas regras de forma a obter os
melhores resultados possíveis. O Infraspection Institute fornece alguns procedimentos básicos que
devem ser seguidos por quem realiza a análise termográfica que são:
O equipamento a ser inspeccionado deve estar sob carga adequada, idealmente a carga de
funcionamento. No entanto pode ser aplicada uma carga superior como teste;
Inicialmente o equipamento deve ser analisado sem ser removido qualquer tipo de
isolamento ou protecção, por forma a verificar se é necessário tomar alguma medida
preventiva antes de se efectuar a análise termográfica;
Armários ou outros sistemas de isolamento, após verificados, devem ser abertos para
fornecer uma linha de visão dos componentes contidos nele;
Sempre que possível, os componentes similares com carga semelhante, devem ser
comparados uns com os outros;
Podem ser usados critérios para definir prioridades de acção aos componentes analisados.
(Infraspection, 2008)
A técnica termográfica mais usada na indústria é a comparação termográfica, sendo que esta
comparação pode ser quantitativa ou qualitativa. A termografia quantitativa é um método utilizado
para avaliar a condição do equipamento, através da comparação dos valores de temperatura com
equipamentos idênticos, valores de referência ou limites. Um exemplo deste método é o caso de
duas máquinas que estejam a funcionar no mesmo ambiente sob as mesmas condições, e uma
apresenta uma temperatura superior à outra. É provável que uma condição de deterioração possa
existir. O método de comparação qualitativo é idêntico ao anterior. Contudo, em vez de utilizar a
comparação de valores utiliza uma imagem padrão termográfica. Embora as medições qualitativas
possam detectar deficiências, é através das medições quantitativas que se tem a capacidade para
determinar a gravidade. A aplicação da monitorização de equipamentos através de termografia
implica a definição de um critério para avaliação da análise termográfica efectuada. Um critério para
avaliar o equipamento é através do uso da diferença de temperaturas (∆T) (Hitchcock, 2003).
Figure 8 - Tabela de ações em função da diferença de temperatura obtidas através de análise termográfica
Este critério define a rapidez da intervenção a efectuar de acordo com o valor obtido através da
subtracção do maior valor de temperatura em relação a uma temperatura de referência, que
normalmente é a temperatura do ar ambiente, um componente semelhante nas mesmas condições
ou a temperatura máxima admissível do componente (Hitchcock, 2003).
Na tabela seguinte são apresentados valores de ∆T para avaliar o estado do equipamento.
Processos produtivos e equipamentos mecânicos que produzem calor podem se beneficiar da
manutenção preditiva por termografia. A termografia é uma técnica de manutenção que detecta por
radiação infravermelha a temperatura de equipamentos e máquinas. Através desta técnica é
possível identificar regiões onde a temperatura está alterada em relação a um padrão estabelecido.
“É baseada na medida da radiação eletromagnética emitida por um corpo a uma temperatura acima
do zero absoluto”.
A inspeção termográfica é uma técnica não destrutiva realizada para medir temperaturas ou
observar os padrões de distribuição de calor utilizando sistema infravermelho. O objetivo é obter
informações relativas à condição operacional de um componente, equipamento ou processo. Um
sistema de manutenção termográfico possui recursos que permitem a realização de tarefas de
análise preditiva nos campos de redes elétricas, equipamentos mecânicos, redes de vapor, fornos,
reatores e processos, sendo uma técnica que estende a visão humana através do espectro
infravermelho (frequência eletromagnética naturalmente emitida por qualquer corpo ou material
com intensidade proporcional a temperatura). Esta frequencia é captada por câmeras termográficas
que permitem a visualização da distribuição de calor. As imagens são denominadas termogramas.
Veratti (2011) ao abordar as principais características de um sistema básico de inspeção
termográfica esclarece que os instrumentos usados para transformar a radiação infravermelha em
informação térmica são os termovisores e radiômetros. As informações podem ser qualitativa ou
quantitativa. Os termovisores possuem objetivas intercambiáveis que possibilitam adequar o campo
de visão do aparelho às necessidades específicas de cada observação. O registro das imagens
térmicas é digital e permite o acoplamento do sistema a microcomputadores para processamento da
informação.
1.1.1 Aplicações
As técnicas termográficas geralmente consistem na aplicação de tensões térmicas no objeto,
medição da distribuição da temperatura da superfície e apresentação da mesma, de tal forma que as
anomalias ou descontinuidades possam ser reconhecidas. Duas situações distintas são definidas:
Tensões térmicas causadas diretamento pelo próprio objeto durante a sua operação:
equipamento elétrico, instalações com fluido quente ou frio, isolamento entre zonas de
diferentes temperaturas, efeito termo-elástico etc.
Tensões térmicas aplicadas durante o ensaio por meio de técnicas especiais (geralmente
aquecimento por radiação ou condução) e certas metodologias a serem estabelecidas caso a
caso, para que se possa obter boa detecção das descontinuidades.
Em ambas as situações, precisamos registrar, previamente, a temperatura superficial (ou pelo
menos que possa ser assumida com certa segurança) como referencial comparativo em relação à
distribuição real obtida durante o ensaio. O caso mais simples ocorrerá quando a distribuição da
temperatura for uniforme e as descontinuidades se manifestarem como áreas quentes (por exemplo
componentes com maior resistência elétrica de uma instalação) ou áreas frias (fluxo interno de ar
nos materiais).
Atualmente os radiômetros possuem miras infravermelhas que facilitam o posicionamento dos
aparelhos e a rápida visualização da área sensoreada. Os modelos de uso geral apresentam campo
de visão de 1:60 e são adequados para as tarefas básicas de inspeção preditiva como a medição de
temperaturas em quadros elétricos de média e baixa tensão, mancais de redutores, motores
elétricos e fornos de menor porte. O manuseio desse equipamento requer a capacitação dos
operadores. Além do conhecimento das limitações dos equipamentos, os operadores devem saber
se as informações colhidas são confiáveis e se podem orientar as ações da manutenção. Os
programas aplicativos utilizados são capazes de classificar os componentes elétricos aquecidos
considerando as temperaturas máximas admissíveis para cada tipo de componente além da
influência da carga e do vento (em instalações externas). Um aplicativo assim permite a emissão de
relatórios com a classificação correta dos componentes aquecidos em termos de criticidade e de
risco para o sistema produtivo. Um dos mais importantes parâmetros a serem considerados para a
aplicação da termografia em uma empresa é o retorno do investimento. A implantação de um
Sistema Básico de Inspeções Termográficas certamente produzirá resultados de detecção de falhas
que se reflitam em alterações térmicas de equipamentos e máquinas.
1.1.2 Limitações
As variações na distribuição das temperaturas podem ser muito pequenas para serem
detectadas;
Discrepâncias muito pequenas podem ser mascaradas pelo “ruído de fundo”, e permanecer
sem detecção;
As principais organizações de normalização ainda não reconhecim a termografia como um
método confiável para avaliação e certificação dos produtos ensaiados.
1.1.3 O uso da termografia em sistemas elétricos
O problema mais comum dos sistemas eléctricos é o aumento da resistência eléctrica. Com base na
lei de Ohm, (potência (watts) é igual à corrente (Amp.) ao quadrado multiplicada pela resistência
eléctrica (ohm`s)) verifica-se que, com o aumento da resistência, existe um aumento da energia. Este
aumento de energia traduz-se num aumento da temperatura nesse local. O aumento de resistência
eléctrica deve-se normalmente a conexões eléctricas soltas, oxidadas ou corroídas. Outra aplicação
da termografia é na identificação de circuitos abertos. Usualmente esta situação ocorre devido a
falha de algum componente, sendo esses pontos identificados na termografia como zonas frias.
(EPRI, 2002)
As perdas de energia são cada vez menos aceitáveis em sistemas de geração e transmissão de
energia elétrica. Além de eliminar as perdas, os sistemas que geram ou conduzem energia também
devem reduzir as falhas e os prejuízos delas decorrentes. Essas necessidades têm impulsionado o
desenvolvimento de técnicas de inspeção e manutenção preditiva. Entre estas técnicas se encontra a
termografia empregada na inspeção de componentes e sistemas elétricos. Para a detecção de
alteração da temperatura alguns critérios devem ser considerados. A Engelétrica (2011) destaca
alguns critérios: um componente está aquecido quando sua temperatura é maior que a temperatura
do ambiente; o aquecimento é calculado pela diferença entre a temperatura do componente e a
temperatura do ambiente; fatores como carga e evento devem ser considerados; nas inspeções
internas os cuidados devem estar voltados para a carga, nível de utilização da instalação, circuito ou
equipamento; o aquecimento máximo admissível para um componente ou equipamento é igual a
diferença entre a máxima temperatura admissível e a temperatura ambiente. Os componentes do
sistema elétrico que podem acarretar interrupções no fornecimento de energia, muitas vezes
causando danos irreparáveis são: disjuntores; chaves seccionadoras; bases e fusíveis; barramentos e
condutores em geral; conexões; transformadores de distribuição, dentre outros.
Figure 9 - Inspeção termográfica em painéis elétricos
Figure 10 - Imagem da termografia com uma distribuição irregular de temperatura
São consideradas anomalias térmicas as ocorrências das seguintes condições:
Temperatura superior à máxima temperatura para o componente avaliado;
Qualquer aquecimento superior à 25°C em relação ao ambiente com exceção de resistências
de aquecimento, núcleos de algumas bobinas, lâmpadas acesas e resistores;
Equipamento elétrico com temperatura superior a outro equipamento idêntico nas mesmas
condições de carga e trabalho;
Equipamentos que não são visualizados pelo termovisor, mas que despertem suspeita de
aquecimento periférico.
Incluir fotos da outra bibliografia páginas 126, 127, 128, 129
Comentar em sala de aula o exemplo do mancal de motor que aquecia até alarmar na sala elétrica
Incêndios comuns no rio de janeiro
Entrada de água nos redutores da coca cola, diminuição da capacidade de lubrificação e refrigeração
do motor e conseguente quebra (principalmente os motores de acionamento da enxedora e de seus
acessórios
1.1.4 O uso da termografia infravermelha em sistemas mecânicos
A aplicação da termografia a sistemas mecânicos está associada em grande parte a equipamentos
rotativos. É normal neste tipo de equipamentos a ocorrência de fricção entre componentes, o que
gera desgaste ao longo do tempo, até à falha do componente. O desgaste pode ser provocado pelo
normal funcionamento ou por uma situação anormal, ocorrendo normalmente de forma mais rápida
neste último caso.
A termografia em sistemas mecânicos utiliza o calor gerado pela fricção e desgaste para verificar o
estado dos equipamentos. Algumas razões comuns para falha mecânica são um aumento da carga
sobre o rolamento, levando a um desgasta prematuro; um aumento das tensões do equipamento,
levando a problemas de fadiga prematura; um aumento nas forças que são aplicadas ao
equipamento, tais como componentes soltos; e os efeitos da inércia que levam ao
desbalanceamento de um componente ou veio rotativo. Algumas das formas mais comuns de
deterioração mecânica de um sistema são desbalanceamento, desalinhamento, folgas, componentes
danificados, tais como rolamentos, engrenagens, palhetas, etc (Mais, 2002).
Quando estão em atividade os sistemas mecânicos geram energia térmica. Um dos maiores
problemas em sistemas mecânicos são as temperaturas excessivas. Uma quantidade excessiva de
atrito pode ser causada pelo desgaste, desalinhamento ou condições inadequadas de lubrificação. A
imagiologia térmica infravermelha é capaz de avaliar o estado de aquecimento dos equipamentos.
A termografia infravermelha é uma importante ferramenta para o monitoramento de equipamentos
mecânicos. As câmaras infravermelhas permitem a monitoração da temperatura enquanto o
equipamento está em funcionamento. Grande parte dos equipamentos mecânicos possui limites de
temperatura usados como padrões de verificação. A imagiologia térmica infravermelha pode ser
aplicada em uma variedade de equipamentos como bombas, motores, mancais, roldanas,
ventiladores, correias, acionamentos dentre outros.
Em sistemas mecânicos a termografia infravermelha é útil para localizar uma área problemática e
indicar a raiz do superaquecimento. De modo geral, o calor é produzido no interior de um
componente que não está visível para a câmera. Esse calor se apresenta como um padrão sobre a
superfície do objeto e, assim, a câmera infravermelha o detecta. Procedimentos complementares
como análise de vibração, análise de óleo e ultrassom podem ser empregados para localizar o
problema e determinar a causa da falha
Figure 11 – Exemplo de Termografia em sistemas mecânicos
1.1.5 Considerações finais
Em qualquer sistema industrial, a improvisação é sinônimo de prejuízo. Quando se improvisa, pode-
se até evitar a paralisação da produção, mas perde-se em eficiência. Métodos preditivos
estabelecidos pelos técnicos de manutenção evitam a improvisação e asseguram um trabalho
uniforme e seguro. Os sistemas industriais são projetados e mantidos para desempenhar seu
potencial produtivo dentro dos requisitos de qualidade. As práticas de manutenção do desempenho
de equipamentos e máquinas têm por objetivo a implementação de técnicas que minimizem a
frequência e a quantidade de operações de manutenção, a melhoria do processo de manutenção, a
otimização dos recursos e a maximização da utilização dos meios de manutenção.
Em vez de esperar as falhas do equipamento, a empresa deve optar por uma manutenção preditiva.
A manutenção preditiva através da termografia em equipamentos mecânicos e elétricos reduz a
manutenção corretiva; reduz os custos de manutenção e o consumo de energia elétrica, pois
contribui para o prolongamento da eficiência operacional dos sistemas analisados.
1.2 Análise de Vibração
Quando mencionamos Manutenção Preditiva, o primeiro elemento que vem em nossas mente é a
análise de vibração, pois todo e qualquer equipamento esta sujeito a uma vibração natural quando
se mantém em funcionamento. Para Nascimento (2006) a Análise de Vibração pode ser mensurada
como sendo, o processo onde as falhas em alguns elementos móveis de uma máquina ou
equipamento, são encontradas através da taxa de variação das forças dinâmicas geradas. Essas
forças comprometem o nível de vibração, podendo ser avaliado em alguns pontos acessíveis das
máquinas, sem interromper o funcionamento dos mesmos. Quando temos ou conhecemos destes
níveis de vibração, fica mais fácil avaliar o quanto seu equipamento ou máquina esta excedendo
estes valores. `
Dentre as diversas fontes de vibração aquelas mais comuns e que, portanto, podem ser apontadas
como as principais causadoras dos problemas das vibrações mecânicas são:
Desbalanceamento;
Desalinhamento;
Folgas Generalizadas;
Dentes de Engrenagens;
Rolamentos;
Corrente Elétrica;
Campo Elétrico Desequilibrado;
Outros.
Esta técnica se baseia nas condições de correlação existentes entre as vibrações registradas num
dado equipamento e suas características reais, sendo possível detectar alguns tipos de problemas
mecânicos. Este método de análise utiliza as seguintes grandezas matemáticas (velocidade,
aceleração, deslocamento e freqüência). O excesso de vibração para Viana (2002, p.13) “[...] se
constitui freqüentemente em um processo destrutivo, ocasionando falhas nos elementos de
máquinas por fadiga”. Segundo Souza (2009, p.45) “[...] o acompanhamento e a análise de vibração
tornaram-se um dos mais importantes métodos e esta concentrada principalmente nos
equipamentos rotativos”. Estes parâmetros de vibração relacionados a máquinas rotativas são
usualmente expressos em termos de deslocamento, velocidade e aceleração, sendo que estas três
variáveis relacionadas mencionam o quanto o equipamento esta vibrando, mas dentro da análise de
vibração temos outra grande variável que é a freqüência, que indica a origem da vibração, ou seja, o
que esta ocasionando a vibração, sendo assim e a fase que nos indica onde o ponto mais pesado
está em relação ao sensor de vibração.
1.3 FERROGRAFIA
1.3.1 Introdução
A inspeção das partes móveis de um equipamento complexo em operação é impraticável (existem alguns tipos de manutenção preditiva que permitem a análise de áreas acessíveis, como a termografia citada anteriormente). Sua desmontagem é também inconveniente, por diversos motivos. No entanto, o óleo lubrificante que circula pela máquina pode testemunhar quanto o estado das peças com as quais esteve em contato.
Assim, o acompanhamento sistemático do lubrificante permite controlar o estado do equipamento em operação prevenindo falhas ou detectando mudanças nas condições físicas, que evidenciem a necessidade de uma intervenção. Estas condições, se aplicam aos lubrificantes do tipo banho ou circulação, ou seja, aqueles cuja ação de lubrificar é repetida em ciclos alternados de repouso e utilização.
Num passado recente era bastante comum a substituição do óleo lubrificante a cada período de operação independentemente de seu estado, procedimento este totalmente inviável economicamente.
“Um dos objetivos da manutenção preditiva é a diminuição da preventiva e da corretiva, trocando-se o óleo lubricante em intervalos pré-determinados executa-se manutenção preventiva
sistemática, que é possível de ser evitada utilizando-se técnicas de manutenção preditiva.”
A análise dos óleos lubrificantes apareceu como técnica de manutenção nos EUA em torno de 1950. Imediatamente depois da crise do petróleo, a análise dos lubrificantes passou a constituir um procedimento rotineiro nos complexos industriais. Assim, a análise passou a ter duas finalidades.
1. Verificar as características do lubrificante visando manter suas propriedades; 2. Determinar através dos elementos que compõe o lubrificante, o que esta
acontecendo com o equipamento e como o mesmo está funcionando.
O controle e análise dos óleos implicam em um investimento em equipamentos especiais, além do treinamento adequado daqueles que vão se dedicar ao assunto.
A primeira providência consiste em realizar um amplo programa de racionalização do sistema de lubrificação abrangendo todas as máquinas e equipamentos da instalação. O objetivo é manter o processo de lubrificação limitado ao número mínimo de lubrificantes, evitando a diversificação de estoques.
Em suma, a racionalização e a organização de um programa ou plano de lubrificação deve ser executada com bastante rigor, para que os resultados obtidos com a execução da análise forneçam não somente dados quanto ao estado de funcionamento dos equipamentos, como também para uma utilização mais adequada dos lubrificantes.
Os especialistas da Tribolab foram os principais responsáveis pela implantação da Ferrografia no
Brasil. Esse marco se deu em 1988 e foi a partir daí que essa técnica passou a ser considerada uma
das mais importantes, quando falamos de máquinas. Quando executado conforme todos os rigores
exigidos é um ensaio bastante complexo, que exige alta especilização e tempo de execução. Hoje,
grande parte dos procedimentos para a Ferrografia foram criados pela Tribolab.
1.3.2 ÓLEO LUBRIFICANTE
Quando ocorre um movimento relativo entre superfícies, é normalmente desejável minimizar o
atrito e o desgaste. Qualquer substancia interposta que reduz o atrito e desgaste é um lubrificante.
Em sistemas metálicos deslizantes típicos, o coeficiente de atrito seco pode variar em uma faixa de
0,5 a 1,0 e essa faixa pode ser reduzida por um fator 1/2 ou ¼ com uso de lubrificante, (Bayer apud
Maru, 2003). Os lubrificantes são normalmente líquidos, mas podem também ser sólidos, pastosos,
e gasosos, conforme de seu estado físico, (CPM, 1997). Lubrificantes líquidos são caracterizados pela
viscosidade, mas outras propriedades também são importantes. Óleos lubrificantes tem nomes que
designam estas propriedades. Este tipo de lubrificante pode ser subdividido em: óleos minerais
puros, óleos graxos, óleos compostos, óleos aditivados e óleos sintéticos. Os óleos minerais puros
são provenientes da destilação do petróleo. Os óleos graxos podem ser de origem animal ou vegetal.
Foram os primeiros lubrificantes a serem utilizados, sendo mais tarde substituídos pelos óleos
minerais. Seu uso nas maquinas modernas é raro, devido à sua instabilidade química, principalmente
em altas temperaturas, o que provoca a formação de ácidos e vernizes.
Os óleos compostos são constituídos de misturas de óleos minerais e graxos. A percentagem de óleo
graxo é pequena, variando de acordo com a finalidade do óleo. Os óleos graxos conferem aos óleos
minerais propriedades de emulsibilidade, oleosidade e extrema pressão. Os óleos aditivados são
óleos minerais puros, aos quais foram adicionados substancias comumente chamadas de aditivos,
com o fim de reforçar ou acrescentar determinadas propriedades. Os óleos sintéticos são
provenientes da industria petroquímica. São os melhores lubrificantes, mas são também os de custo
mais elevado. Os mais empregados são os polímeros, os diésteres etc. Devido ao seu custo, seu uso
limitado aos locais onde óleos convencionais não podem ser utilizados.
1.3.2.1 ÍNDICE DE VISCOSIDADE
A viscosidade fornece uma medida da resistência do fluido ao cisalhamento e pode ser definido
como a tensão de cisalhamento em um plano no fluido por unidade de gradiente de velocidade
normal ao plano (a viscosidade dinâmica mede a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação). Esta pode ser expressa em termos de viscosidade cinemática (mm2/s ou cSt) ou
viscosidade absoluta (dinâmica) cuja unidade é o Pa.s.
Normalmente a viscosidade dos fluidos diminui com a temperatura. Assim é definida outra
importante propriedade do óleo que é o índice de viscosidade (VI). O índice de viscosidade é um
numero sem unidade, usado para indicar que a viscosidade cinemática depende da temperatura do
óleo. Ela é baseada na comparação da viscosidade cinemática do óleo testado a 40 °C, com a
viscosidade cinemática de dois óleos de referências – um dos quais tem um VI igual a 0, e o outro
com VI igual a 100 – cada um tendo a mesma viscosidade em 100 °C, como o óleo testado. As
Tabelas para o calculo do VI de uma viscosidade cinemática medida de um óleo a 40 °C e 100 °C são
referenciadas na ASTM D2270.
Figure 12 - Determinação do índice de viscosidade
A Figura 12 mostra que um óleo com menor mudança na viscosidade cinemática com a temperatura
terá um VI mais alto, que um óleo com maior mudança de viscosidade para a mesma variação de
temperatura. A maioria das parafinas, solventes-refinados, minerais-baseados em óleos industriais,
possuem VIs típicos no intervalo de 90 a 105. Entretanto, muitos óleos minerais altamente refinados,
sintéticos e óleos com VI melhorado possuem VIs que excedem 100. Óleo sintéticos do tipo PAO
(Poli Alfa Olefin) possuem tipicamente VIs no intervalo de 130 a 150, (POA, 2002).
1.3.2.2 Monitoramento da Viscosidade
Monitoramento da viscosidade é um importante componente de muitos programas de análise de
óleo. Até mesmo pequenas mudanças na viscosidade pode causar grandes prejuízos a lubrificação.
Os Limites de óleos industriais típicos são fixados em ±5 % para precaução, e ±10 % para situação
critica, embora aplicações em altas cargas e sistemas extremamente críticos deverão ter igualmente
um sistema de alarme, (POA, 2002). Uma redução significante na viscosidade pode resultar em:
• Perda do filme de óleo causando desgaste excessivo;
• Aumento do atrito mecânico causando excessivo consumo de energia;
• Geração de calor devido ao atrito mecânico;
• Vazamento interno ou externo;
• Aumento da sensibilidade para contaminação de partícula devido à redução do filme
de óleo;
• Falha do filme de óleo para altas temperaturas, altos carregamentos ou durante
partidas e paradas.
Por outro lado, viscosidade muito alta pode causar:
• Excessiva geração de calor resultando na oxidação do óleo, lodo e desenvolvimento
de verniz;
• Cavitação gasosa devido ao fluxo inadequado de óleo para bombas e mancais;
• Falta de lubrificação devido ao fluxo inadequado de óleo;
• Chicoteamento de óleo no mancal radial;
• Consumo excessivo de energia para superar o atrito do fluido;
• Fraca demulsibilidade;
• Bombeamento fraco durante partidas a frio.
Sempre que uma mudança significativa na viscosidade é observada, a origem da causa do problema
deverá sempre ser investigada e corrigida. Mudanças na viscosidade podem ser resultado de uma
mudança na base química do óleo (uma mudança na estrutura molecular do óleo), ou devido ao
ingresso de contaminantes conforme pode ser visto na Figura 13. Mudanças na viscosidade requer
testes adicionais, tais como: número de ácidos (AN) e espetroscopia infravermelho com a
transformada de Fourier (FTIR), para confirmar a incipiente oxidação; teste de contaminantes para
identificar a presença de água, fuligem ou ingresso de glicol; ou outro teste menos comumente
usado, tal como o teste de ultracentrífuga ou cromatografia a gás (GC), para identificar uma
mudança na base química do óleo, (POA, 2002).
A Viscosidade é uma propriedade física importante que deve ser monitorada e controlada
cuidadosamente, devido ao seu impacto no óleo e o impacto do óleo na vida útil dos equipamentos.
Medindo-se a viscosidade diretamente no local usando um de muitos instrumentos de análise de
óleo capazes de determinar a mudança de viscosidade com precisão, ou se enviando amostras
habitualmente para um laboratório, é importante para aprender como a viscosidade é determinada,
e como mudanças podem incidir na confiabilidade do equipamento. Uma medida proativa deve ser
tomada para determinar a condição de alma do equipamento – o óleo!
Figure 13 - Causas comuns da mudança de viscosidade
1.3.2.3 Demulsibilidade
Chama-se de demulsibilidade a capacidade que possuem os óleos lubrificantes de separarem-se da água. Quanto mais rápida esta separação, maior será a demulsibilidade.
Os produtos de oxidação e contaminantes quando presentes diminuem a demulsibilidade.
Esta característica é muito importante em alguns tipos de serviços onde haja o risco de contaminação com água como por exemplo turbinas hidráulicas e a vapor. Neste caso, o lubrificante deve resistir a emulsificação para facilitar a remoção da água.
1.3.2.4 Estabilidade à oxidação
O óleo é uma mistura complexa de compostos de carbono e hidrogênio. Os hidrocarbonetos expostos ao ar e ao calor decompõem-se lentamente com o oxigênio do ar e transformam-se quimicamente em materiais impróprios para a lubrificação.
A oxidação é uma forma de deterioração à qual todos os óleos em serviços estão expostos; ela tende a elevar a viscosidade do lubrificante, pois os produtos desta reação são materiais ácidos que vão se depositando em formas de borras ou vernizes duros.
1.3.2.5 Os Processos de Degradação dos Lubrificantes
Normalmente, os lubrificantes têm suas características alteradas e se tornam inadequados por dois motivos: Contaminação e Degradação.
A contaminação é originada pelos detritos e partículas oriundas do uso do equipamento, retiradas pelo lubrificante. Estas partículas são resultado do desgaste devido à má lubrificação ou condições inadequadas de operação.
Outra possibilidade de contaminação é a água proveniente do meio externo que atinge o lubrificante.
O acompanhamento dos níveis de contaminação é fundamental, pois com estes dados, é perfeitamente possível que a manutenção possa tomar as providências necessárias para evitar situações desastrosas.
Com os resultados obtidos com o controle de contaminação é que o analista decidirá se há ou não viabilidade de executar o controle da degradação do lubrificante.
O processo de degradação ocorre devido à oxidação dos componentes do lubrificante sob a ação da temperatura na presença do oxigênio. Esta degradação não só altera as características do lubrificante como também introduz aglomerados que podem obstruir a tubulação do circuito de lubrificação ou entupir os filtros.
O acompanhamento do grau de degradação indica vários problemas de funcionamento do equipamento, como refrigeração inadequada, lubrificação insuficiente, etc.
1.1.1 FORMAÇÃO DAS PARTÍCULAS DE DESGASTES
O comportamento ao desgaste dos materiais é ditado pelos mecanismos atuantes de desgaste
(abrasão, adesão, corrosão, fadiga), os quais dependem da estrutura do tribosistema (corpo, contra-
corpo, interface, meio ao redor), a forma de ação dos elementos tribológicos (rolamento,
deslizamento, impacto, escoamento) e dos parâmetros de operação (carga, velocidade,
temperatura, tempo).
Ludema (1996) relaciona 34 termos diferentes ao discutir a nomenclatura para descrever o desgaste.
Já Rabinowicz (1995) identificou quatro formas principais de desgaste: adesivo, abrasivo, corrosivo e
por fadiga, além de uns processos marginais que são freqüentemente classificados como formas de
desgaste. Cada processo de desgaste obedece suas próprias leis, e em muitas ocasiões um dos
modos de desgaste atua de tal modo que influencia os outros. Desta forma, na análise de uma
situação complexa, é crucial encontrar a causa primária do desgaste.
Oxidação, erosão, erosão por cavitação e impacto, são às vezes classificados como tipos de desgaste,
embora Rabinowicz considere que na realidade nenhum deles seja uma forma de desgaste. Cada um
deles descreve uma maneira diferente em que ocorrem a carga e a ação de deslizamento necessário
aos desgastes. Na maioria dos casos todas as formas de desgaste podem resultar da introdução de
energia mecânica num sistema. Assim, pode-se ter desgaste adesivo por erosão, abrasão por erosão
e assim por diante, todas se dando dentro do mesmo processo erosivo.
Em transmissões do tipo rosca sem fim, ou engrenagens hipóides, existe deslizamento que facilita o
surgimento de trincas superficiais; desgaste por adesão, por abrasão, por corrosão ou por fadiga
superficial são modos potenciais de falha. Portanto, resultados satisfatórios de operação em
elementos potencialmente sujeitos a fadiga superficial somente podem ser obtidos com um projeto
adequado, com uma manufatura cuidadosa e com o uso do lubrificante próprio para as condições de
trabalho.
1.1.1.1 Desgaste Abrasivo
O termo "desgaste" se refere freqüentemente ao desgaste abrasivo, o qual ocorre pela ação de
partículas duras pressionadas deslizando umas sobre as outras ou sobre as superfícies. O desgaste
abrasivo é denominado de 2 corpos quando uma superfície dura e rugosa, ou uma superfície macia
contendo partículas duras, desliza sobre uma superfície de menor dureza, produzindo nela diversas
ranhuras, e de 3 corpos quando as partículas duras são livres para rolar e deslizar entre as 2
superfícies. A taxa de desgaste no casso de 3 corpos é geralmente menor. O material das ranhuras é
deslocado na forma de partículas de desgaste geralmente soltas (Rabinowicz, 1995). Estas partículas
são tipicamente pequenas, duras e possuem extremidades afiadas – tal como de grãos de areia,
partículas de metal ou óxido que friccionam uma superfície de metal. O desgaste produzido por uma
partícula abrasiva pode ser provocado por um processo de microcorte, por um processo de fadiga
causada pelo microsulcamento, microfadiga, ou por microlascamentos se a superfície for frágil,
(Tomanik, 2000). O desgaste abrasivo pode ser reduzido com a adição partículas duras na matriz, de
modo a interromper os riscos (microcorte, microsulcamento), dependendo da distribuição e
tamanho relativos dessas em relação ao abrasivo. Às vezes, visando a redução dos gastos com
manutenção, um do par dos componentes de atrito é feito relativamente com menor dureza e é
projetado para ser facilmente e economicamente substituído. Por exemplo, superfícies duras de
hastes giratórias são protegidas pelo uso de partes mais dúcteis, mancais facilmente substituíveis e
buchas. Às vezes é desejável que o mancal seja suficientemente suave para permitir que as
partículas abrasivas duras fiquem completamente engastadas de forma que elas não formem
saliência sobre a superfície atuando como partículas abrasivas. A dureza relativa das partículas
abrasiva é de extrema importância na determinação da taxa de desgaste. Já que a taxa de desgaste é
muito sensível se a razão entre dureza do abrasivo e a da superfície é próxima de 1.
1.1.1.2 Desgaste por Adesão
Em uma escala microscópica, superfícies de metal de deslizamento nunca são lisas. Embora a
rugosidade da superfície pode ser só de alguns milésimos de polegada (ou alguns centésimos de
milímetro), cumes inevitáveis (freqüentemente chamados de " asperezas ") e vales sempre estão
presentes, como mostrado na Figura 2.3.
Figure 14 - Visão aproximada de duas superfícies denominadas lisas
1.1.2 Definição
A ferrografia é o estudo tribológico empregado para determinar a severidade, modo e tipos de
desgaste em máquinas, por meio da identificação da morfologia, acabamento superficial, coloração,
natureza e tamanho das partículas encontradas em amostras de óleos ou graxas lubrificantes, de
qualquer viscosidade, consistência e opacidade. A ferrografia também pode ser entendida como
uma técnica laboratorial de manutenção preditiva para o monitoramento e diagnose de condições
de máquinas. A partir da quantificação e análise da morfologia das partículas de desgaste (limalhas),
encontradas em amostras de lubrificantes, determinam-se: tipos de desgaste, contaminantes,
desempenho do lubrificante etc. Com estes dados torna-se possível a tomada de decisão quanto ao
tipo e urgência de intervenção de manutenção necessária. A Ferrografia é classificada como uma
técnica de Manutenção Preditiva, embora possua inúmeras outras aplicações, tais como
desenvolvimento de materiais e lubrificantes.
O sufixo "ferro" no nome Ferrografia foi mantido desde a sua criação. Embora sugira que apenas
partículas ferromagnéticas possam ser detectadas, vemos que inúmeros outros tipos de materiais
são analisados por esta técnica: ligas de metais não ferrosos (cobre, alumínio, metal patente etc);
materiais não metálicos (areias, fibras orgânicas e inorgânicas, borras, fuligem etc).
Quando executada com todos os rigores técnicos, permite um diagnóstico preciso do modo de
desgaste da máquina monitorada.
As curiosidades mais comuns no entendimento desta técnica são:
Confundir teor de ferro por espectrometria com Ferrografia;
Confundir contagem de partículas com Ferrografia quantitativa;
Confundir simples inspeção de partículas em membranas de filtro com Ferrografia Analítica;
Crer que apenas o formato (morfologia) de algumas partículas é suficiente para diagnósticos;
Crer que os resultados são subjetivos (há regras muito severas para sua execução);
Crer que pode ser obtida diretamente de um instrumento sem a intervenção de um especialista para
o diagnóstico;
Crer que é procedimento químico. É, na verdade, um procedimento físico multidisciplinar do campo
da Engenharia, em particular da Engenharia de Manutenção.
Crer ser possível um diagnóstico adequado sem que o analista conheça detalhes da máquina
monitorada.
Principais vantagens.
Aumento da vida útil do equipamento.
Redução dos custos pelo aditamento controlado de paradas programadas.
Aplicação em máquinas de todo tipo e dimensões.
Mais segurança.
Maior disponibilidade operacional.
Ensaios ferrográficos
Há dois tipos de procedimentos:
A Ferrografia Quantitativa - DR - (Direct Reading Ferrography)
A Ferrografia Analítica - AN - (Analytical Ferrography). É chamada de forma incorreta de
"ferrografia qualitativa".
A Ferrografia Quantitativa (DR) determina a concentração de partículas de desgaste maiores que
5μm e menores que 5μm. Os resultados permitem a análise de tendências quando num programa
de monitoramento, além de informações importantes quanto as alterações no modo de desgaste.
Figura 1 - Equipamento de análise ferrográfica
O procedimento mais detalhado é o da Ferrografia Analítica. Neste procedimento uma amostra de
óleo é colocada numa placa de vidro montada num plano inclinado e submetida a um campo
magnético intenso. As partículas existentes de maior dimensão serão retidas em primeiro lugar
relativamente a outras de menor dimensão que, entretanto, continuarão a fluir segundo o plano
inclinado, sendo retidas em outro local. Através deste método é possível identificar diferentes
grupos com diferentes dimensões e concentrações.
A Ferrografia Analítica (AN) é utilizada na identificação do tipo de desgaste (pitting, abrasão por
contaminantes, desalinhamentos, corrosão, arrastamento, desempenho do lubrificante etc. ) e
indica quais as providências de manutenção devem ser tomadas. Por questões técnicas, somente
pode ser realizada após a execução da Ferrografia Quantitativa (DR).
Ao final da inspeção por microscopia óptica (ferroscópio), o analista deve interpretar os resultados e
correlacioná-los com os vários tipos de desgaste assim são determinados os tipos de problemas
existentes e quais providências a equipe de manutenção deve tomar.
Toda a máquina se desgasta
O desgaste gera partículas
O tamanho e a quantidade são indicativos da severidade
A morfologia indica a causa do desgaste
A real economia se dá quando se consegue postergarparadas !
Neste exemplo temos a evolução da concentração total de partículas.
Desde 1996 as paradas deste compressor vêm sendo adiadas de forma segura, com intervenções
pequenas e baratas.
Partículas grandes ( L > 5 µm ), Partículas pequenas ( S < 5 µm ), Concentração total = L+S , Modo de
desgaste = –PLP = [(L-S)/(L+S)]*100
Quando a dedicaçãoé real, os benefíciostambém o são.
O desgaste deste redutor foi diminuído sistematicamente devido ao aprimoramento dos
procedimentos de manutenção, melhores materiais e lubrificantes.
Os gráficos da ferrografia analítica
Cada partícula, ou conjunto de partículas indica um tipo de desgaste ou contaminação diferente. As
partículas são batizadas de acordo com sua característica mais importante: –Tipo de desgaste –
Morfologia –Natureza
A escala de 0 a 10 é apenas uma referência gráfica, pois cada tipo de partícula possui uma
metodologia própria. No exemplo abaixo: –A esfoliação cobriu 25% da área total do ferrograma. –
Foram encontradas 9 partículas de abrasão –Foram encontradas 7 partículas laminares
Problemas típicos:
Sobrecargas
Lubrificação incorreta ou contaminada
Pitting em engrenagens ou rolamentos
Desalinhamentos
Corrosão por ataque químico
Oxidação (ferrugem)
Arrastamento de material
Erros de projeto, montagem ou operação
Aplicações:
Redutores
Turbo-geradores
Sistemas hidráulicos
Mancais em geral
Motores diesel
Compressores de parafuso, centrífugos ou alternativos.
1.1.3 Curiosidades
A ferrografia foi desenvolvida para o monitoramento de equipamentos críticos e super-críticos de
aplicação militar.
Apenas aqueles que não executam os procedimentos rigorosos exigidos pela Ferrografia dizem que
fornece avaliação subjetiva.
Detectar elementos tais como: ferro, aço, ligas como bronze, babite, alumínio, magnésio,
contaminantes como ferrugem, areia, sais, fibras, papel, tecidos, plásticos. E ainda, a degradação do
lubrificante do tipo gel, borra e corrosão.
O termo FERROgrafia causa confusão apenas nos países de língua latina, visto que induzem o
pensamento exclusivamente ao FERRO. O termo original “ferrography” somente traria confusão em
seu pais de origem (EUA) se tivesse sido batizada como “irongraphy”. Este nome adveio das
primeiras partículas examinadas.
As unidades ferrográficas não são conversíveis para valores de outras técnicas. O motivo principal é
que seu alcance (dimensões de partículas de desgaste e tipos diversos de materiais) ser muito maior
do que o obtido pelas demais técnicas.
A ASTM reconhece nossa autoridade de desenvolvedores e fabricantes, mencionando na ASTM D
6224 serem válidos os nossos métodos.
Figure 15 - Análise qualitativa - morfologia das partículas
O mercado está acostumado a pedir e oferecer análises de lubrificantes, talvez devido a um vício do
passado. O foco do homem de manutenção é a máquina; portanto, devemos aproveitar as imensas
oportunidades existentes numa amostra de lubrificante usado e extrair o máximo de informações
possíveis, afim de ajudar os profissionais da área, no diagnóstico mais próximo possível da realidade.
Todas as peças de desgaste, mais importantes de uma máquina (rolamentos, engrenagens, buchas),
são banhadas e lubrificadas por um lubrificante; estas peças se desgastam de forma normal ou
severa, dependendo da situação e condições de trabalho; os desgastes geram partículas, o tamanho
e quantidade indicam o grau de severidade; o formato, estado das superfícies e a cor indicam as
causas destes desgastes. Na maioria dos casos as causas dos desgastes são os contaminantes como:
sólidos metálicos e não metálicos, que entram nos sistemas ou são gerados internamente; líquidos
como água, combustíveis, refrigerantes, produtos de processo; altas temperaturas transmitidas ou
irradiadas de uma fonte de calor. Outra causa fundamental é o uso de lubrificante errado ou
inadequado, o que é muito mais freqüente do que se imagina. Todos os parâmetros dos desgastes e
suas causas podem ser determinados com ensaios certos em amostras de lubrificantes usados. Uma
vez que as causas dos desgastes podem ser determinadas, o encaminhamento das soluções
respectivas são possíveis.
1.1.4 Como devem ser as análises com foco na máquina
Viscosidade Cst a 40 grausC - Por ser a característica mais importante de um óleo
lubrificante, sua variação, em conjunto com outros resultados pode confirmar uma série de
irregularidades como abastecimento inadequado, contaminação, deterioração do
lubrificante;
AN - Indica possível consumo de aditivos, ou formação de ácidos. BN –Mede o valor da
reserva alcalina remanescente numa amostra de óleo para motores diesel.
Ponto de Fulgor - Pode confirmar junto com a variação de viscosidade e odor, uma eventual
contaminação por combustível, ou uma mistura com outros lubrificantes.
Corrosão em Lamina de Cobre - Indica ação corrosiva devido a formação de ácidos fortes,
por contaminação de combustúvel ou deterioração do lubrificante.
Contagem de Partículas por comparação - resultados conforme ISO 4406 1999 ou NAS. O
resultado indica a contaminação total por partículas, metálicas, não metálicas, vernizes,
borras, gel, fibras;
Ferrografia Analítica (CM&L) - Análise morfológica e diagnóstico das causas, analisa
tamanho, quantidade, estado das superfícies e cor das partículas É uma boa alternativa para
contagem de partículas. Sem dúvida a melhor ferramenta para diagnóstico de desgastes em
máquinas.
Água por Karl Fisher - O melhor método e mais preciso na quantificação de água. Seu
monitoramento é fundamental para identificar sua origem e prevenção. É o segundo pior
contaminante, sendo superado somente pelos sólidos contaminantes.
Sedimentos totais - Tem a finalidade de constatar a presença de todos os tipos de
contaminantes presentes numa amostra de óleo.
É claro que para cada tipo de óleo são escolhidos um conjunto de ensaios: Por exemplo para
óleo hidráulico - viscosidade, AN, contagem de partículas, agua, sedimentos. Para óleo de
redutores – Viscosidade, CM&L, agua, sedimentos.
1.1.5 Análises que merecem atenção e questionamento de sua validade
Existem no mercado uma serie de ensaios que são pedidos no meio de outros tantos, que precisam
ser questionados, e sua validade analisadas. Algumas perguntas precisam ser respondidas: As
informações medidas são confiáveis? Qual a precisão dos resultados? As informações são
relevantes? Ele nos conduz a alguma ação importante?
Lembramos que não estamos questionando a validade daquilo que as técnicas se propõem a fazer e
informar. Por exemplo, o contador de partículas se propõe a medir a quantidade de partículas
existentes numa amostra de óleo, e através de uma norma, ISO 4406- 1999 ou classificação NAS,
dizer se aquela quantidade de sujeira é prejudicial ou não ao equipamento. O problema é o
resultado, a precisão das medidas e sua validade; veja os comentários abaixo:
1.1.5.1 ESPECTROMETRIA
Mede a quantidade de átomos de elementos que existem numa amostra de lubrificante novo ou
usado. No lubrificante novo pode indicar o grau de aditivação. No lubrificante usado pode identificar
contaminantes,desgastes e depleção de aditivos. quaisquer que sejam os métodos: emissão ou
indução, com ou sem filtro rotrodo. O problemas maior destas metodologias estão na limitação dos
tamanhos de partículas que conseguem medir: 8 a 10 microns com filtro rotrodo e 5 a 6 microns sem
o filtro. Se considerarmos que as partículas de desgastes de até 15 microns, podem ser considerados
como normais e que a partir de 20 microns é o inicio do desgaste severo. A tecnologia ignora,
exatamente as partículas mais importantes do desgastes, que são aquelas maiores do que 10
microns. Por exemplo, de 100 PPM de ferro de 1 a 5 microns presentes em uma amostra de óleo a
tecnologia consegue ler 73 PPM; e de cada 100 PPM de ferro de 1 a11 microns, presentes na
amostra, consegue ler 21 PPM. De cada 100 PPM de alumínio de 1 a 5 microns presentres numa
amostra de óleo, lê 25 PPM; e de cada 100 PPM de alumínio de 1 a 11 microns, lê, 7 PPM. Já para
partículas diluídas, como os aditivos sua precisão é de 100%, ou seja da cada 100 PPM de aditivo,
consegue ler 100PPM. Ótimo para controle de lubrificantes.
Como a Ferrografia Analítica executada de forma convencional é muito cara, foi inventado um
formato semi automático, mais barato. A idéia difundida pelos idealizadores é que se realizasse a
cada 4 ensaios, uma Ferrografia Analítica e três Ferrografias Quantitativas. Desta forma o preço
médio seria um valor aceitável, uma vez que a Analítica custa o equivalente a quatro vezes a
Quantitativa. Porém, um problemas sério aparece quando o método para leitura das partículas
escolhido foi o ótico. Um feixe de luz incide sobre uma superfície; as partículas, ao atravessarem este
feixe de luz, atenuam a luz que incide; a quantidade de luz que deixa de passar é relatada como uma
quantidade de partículas. As leituras são efetuadas em duas regiões das superfícies onde as
partículas se depositam: a região das partículas maiores do que 5 microns e outra das partículas
maiores do que 5 microns. O primeiro grande problema surge na leitura ótica: qualquer partícula
que obstrua a luz é medida como partícula de desgaste: água, bolha de ar , gel , borra, pó de pedra e
rocha, sílica, verniz, óleo escuro. Outro que afeta significativamente o resultado é a escolha dos
locais de medição: junto com partículas menores do que 5 microns, existem partículas maiores do
que 5 microns e vice versa. A coleta de amostras é outro item que merece uma atenção especial, a
preparação de um ponto ou, no mínimo, determinar um procedimento padrão é de suma
importância.
1.1.5.2 Ferrografia quantitativa infra vermelho
Necessita de um espectro padrão, tipo óleo novo. Com o espectro do óleo usado, faz se a subtração
dos espectros, o espectro da diferença é analisada. É ótimo para controle de qualidade na
fabricação do lubrificante. Pode determinar contaminantes, alterações no lubrificante, o diagnóstico
é complicado e necessita um profissional capacitado. Existem outro métodos mais adequados para a
detecção de contaminantes e alterações nos lubrificantes. Ótimo para controle de recebimento de
lubrificantes e controle da fabricação dos lubrificantes.
1.1.5.3 CONTADORES DE PARTÍCULAS ÓTICOS
As mesmas contra indicações da Ferrografia Quantitativa: Conta água, bolhas de ar, gel e fibras,
como partículas grandes. Neste caso as imagens de partículas são projetadas numa superfície
sensível e medidas. As partículas medidas, são impressas e relacionadas dentro da classificação ISO
4406 1999 ou NAS 1738.
Necessita de um espectro padrão, tipo óleo novo. Com o espectro do óleo usado, faz se a subtração
dos espectros, o espectro da diferença é analisada. É ótimo para controle de qualidade na
fabricação do lubrificante. Pode determinar contaminantes, alterações no lubrificante, o diagnóstico
é complicado e necessita um profissional capacitado. Existem outro métodos mais adequados para a
detecção de contaminantes e alterações nos lubrificantes. Ótimo para controle de recebimento de
lubrificantes e controle da fabricação dos lubrificantes.
1.1.5.4 CONTADORES DE PARTÍCULAS POR BLOQUEIO DE
POROS ANALISES RÁPIDAS DE APOIO
Embora não previstas nos custos das propostas, a Pramalub realiza, sempre que necessários uma
serie de ensaios rápidos afim de auxiliar e reforçar a precisão dos diagnósticos. Em muitas ocasiões,
a empresa contratante pode realizar uma série destes mesmos ensaios como forma de diminuir
seus custos e tomar ações pro ativas, antes de enviar as amostras para o laboratório, são eles:
1.1.1.1 ÁGUA POR CREPITAÇÃO
Duas gotas de óleo sobre uma superfície pré aquecida a 160 Graus C. Dependendo daquilo que
acontecer dentro da gota de óleo, indica, em PPM a quantidade de água contida na amostra
analisada. Por exemplo: uma crepitação audível é sinal de presença de 2000 PPM de água. 500 PPM
podem afetar até 70% da vida de um rolamento. Amostra com 2000 PPM de água não precisa ser
enviada para análise em laboratório, dever ser tomada uma ação imediata: troca ou
descontaminação e verificação das causas da entrada de água e sua correção.
1.1.1.1 PARTÍCULAS POR SEDIMENTAÇÃO
Após descanso e repouso da amostra por um período adequado, dependente da viscosidade,
observar no fundo do frasco, se tiver partículas visíveis a olho nu; trocar o óleo ou descontaminar e
verificar as causas da contaminação e tomar ações corretivas.
1.1.1.1 ASPECTO FILTRAGEM EM FILTRO MICROPORE
Escurecimento acentuado, aparecimento de diferentes fases, turvamento, são sintomas típicos de
problemas sérios em andamento: trocar o óleo e descobrir as causas são providencias importantes.
Enviar a amostra para tentar identificar as causas pode ser necessário,mas as ações devem ser
tomadas.
1.1.1.2 Mata borrão
Observação com microscópio ou uma lupa potente, permite uma observação de todos os
contaminantes presentes numa amostra de óleo usado. Complementa e turbina a observação visual.
Muito usado pelos antigos técnicos de lubrificação. Dois pingos de óleo em cima de um pedaço de
papel mata borrão( ainda existem a venda nos bazares e casas especializadas), a observação dos
resíduos e manchas que são formados nos dão informações sobre: Produtos de oxidação, formação
de lodos, Falha do aditivo dispersante, Contaminação por glicol, contaminação por água,
contaminação por combustíveis, sedimentos fuligem e particulados.
1.1.2 ENSAIOS COMPLEMENTARES VALEM A PENA?
Uma serie de ensaios são feitos de forma automática, como se fossem necessárias, muitas vezes
para fazer volume, a maioria deles medem as características desejáveis em lubrificantes
corretamente formulados, não tem sentido estes ensaios em óleos usados. Dentre outros citamos:
1.1.2.1 INDICE DE VISCOSIDADE
Mede a taxa de variação da temperatura com a variação da temperatura. Importante na hora da
escolha do lubrificante, quando ele pode ser submetido a uma variação de temperatura significativa
ao longo do uso do equipamento, como por exemplo veiculo, automotivo; durante o ano trabalha
em condições de temperatura e de operação variáveis. Não tem sentido medir seu valor após
escolha do lubrificante.
1.1.2.2 PONTO DE MÍNIMA FLUIDEZ
Pode ser definido como sendo a máxima temperatura em que o lubrificante, ainda flui, submetido
ao resfriamento nas condições de teste. Também não tem sentido o seu monitoramento, uma vez
escolhido o lubrificante correto para o ponto de lubrificação.
1.1.2.3 PONTO DE NÉVOA
Ponto de névoa é a temperatura em que a parafina contida no óleo começa a se cristalizar,
caracterizada pelo enevoamento( turvamento) do óleo. Importante para lubrificantes que trabalham
em baixas temperaturas, onde são recomendados lubrificantes sintéticos ou mineral de base
naftênica. Também sem sentido sua medição, uma vez escolhido o lubrificante correto para o ponto
de lubrificação.
1.1.2.4 RESIDUO DE CARBONO CONRADSON OU
RAMSBOTTOM
Pode ser entendido como o carvão que se forma quando o lubrificante de motores de combustão
interna é calcinado em aparelhos específicos, sob restrição de ar. Como todos os lubrificantes para
motores de combustão interna são formulados com esta finalidade, não tem sentido sua medição se
o lubrificante escolhido for correto.
1.1.2.5 COR
Antigamente a cor tinha sua importância pois podia indicar o tipo de básico que foi utilizado para a
formulação de im óleo lubrificante. Hoje, com os lubrificantes sintéticos e vegetais, além da
utilização de cores para identificação de certas especificações e fabricantes a cor deixou de ter
importância, não dever ser motivo de monitoração.
1.1.2.6 DEMULSIBILIDADE
É a característica que o óleo lubrificante tem, de se separar rápidamente, da água que o
contaminou. A perda desta capacidade depende de dois fatores: perda do aditivo correspondente
ou contaminação. A perda desta característica é muito evidente: água emulsionada e aspecto turvo.
Não há razão para o seu monitoramento. O controle da contaminação por água é fundamental,
neste caso, mínimo de contaminação.
1.1.2.7 PONTO DE ANILINA
Este ensaio determina a compatibilidade do óleo lubrificante com os elastômeros usados nas
vedações e como componentes de máquinas. Se os lubrificantes escolhidos forem os corretos, não
tem sentido seu monitoramento. Necessário em caso especiais onde se quer determinar
compatibilidade.
1.1.2.8 ESPUMA
Este teste se destina a determinar se um óleo lubrificante tem característica anti espumante e a
natureza desta espuma quanto a estabilidade. Também é um teste evidente: o óleo está
espumando. Existem algumas causas possíveis: Perda de aditivo, contaminação, deterioração do
lubrificante, aumento de viscosidade. A espumação de um óleo pode ser fácilmente determinada
por um processo muito simples: Pegue uma amostra do óleo que está no sistema, leve num
ambiente limpo, coloque um certo volume conhecido desta amostra e coloque num liquidificador,
deixe operar sob velocidade mais baixa, meça um tempo e desligue, coloque este óleo com espuma
numa bureta graduada, veja quanto de óleo e quanto de espuma existem, depois de 10 minutos
verifique a situação óleo/espuma, repita a 20 minutos e a 30 se for o caso, anote, todas as fases.
Repita todas as fases com óleo novo coletado e compare os resultados. A primeira medição nos
informa o volume de formação de espuma, aquele que for maior está pior. As fases dois três e
quatro indicam a estabilidade da espuma, se a espuma permanece é ruim , quanto mais rápida a
dissipação melhor o resultado.
1.1.2.9 INSOLÚVEIS EM PENTANO E BENZENO
Quando se tem uma amostra de óleo usado, ele contem no seu interior uma série de materiais que
não fazem parte do óleo original: contaminantes, partículas de desgastes, produtos de oxidação e
deterioração do lubrificante. Quando acrescentamos pentano a esta amostra ele vai solubilizar o
óleo lubrificante, segregando todos os demais materiais presentes; a estes materiais segregados
chamamos de insolúveis em pentano e é representado pelo conjunto de todos os materiais
estranhos presentes no óleo lubrificante usado. Se a esta amostra, acrescentarmos o benzeno, este
solubilizará além do óleo original, também os produtos de oxidação; desta forma, insolúveis em
benzeno, são todos os materiais presentes no óleo usado, menos os produtos de oxidação.
Teoricamente a diferença entre insolúveis em pentano e benzeno nos fornece os produtos de
oxidação. Outros testes mais simples e rápidos podem nos informar os mesmos resultados.
1.1.2.10 CINZAS
É o resíduo resultante de uma queima completa, em chama aberta, dentro de cadinho especial. Nos
indica a quantidade total de material inorgânico ( aditivos inorgânicos em óleos novos ou mais
produtos de desgastes e contaminantes em óleos usados), presente no óleo lubrificante. Existem
outros métodos mais simples e rápidos para obtenção dos mesmos resultados.
1.1.2.11 ENSAIOS DE EXTREMA PRESSÃO
De todas as características, sem dúvida a mais importante, pois indica a capacidade de carga de um
lubrificante, independentemente da viscosidade. Mede o grau de aditivação AW, EP, Eutético,
Sólidos, Condicionador de Metais, Nano aditivos, presentes no óleo lubrificante. Pode ser medido
por diversos métodos: Four Ball, Timkem, FZG( Neiman), Falex. O Four Ball apresenta dois
resultados: um para a carga total suportada outro para medir o índice de desgaste. É um valor
informado pelo fabricante de lubrificante e o usuário escolhe aquele que melhor se adapta às
condições do maquinário a que se destina. Importante lembrar que é um aditivo que é consumido
na medida em que a máquina trabalha. A depleção deste aditivo resulta em desgastes, inicialmente
incipientes até chegar a valores inadmissíveis. Monitorar seu valor ao longo do uso do lubrificante
não é assertivo. Monitorar desgaste é melhor. São ensaios caros.
1.1.2.12 ENSAIOS DE OXIDAÇÃO
Específicos para óleos de turbinas, mede a vida útil restante do óleo usado.
1.1.3 COLETA DE AMOSTRAS
Uma serie de ensaios são feitos de forma automática, como se fossem necessárias, muitas vezes
para fazer volume, a maioria deles medem as características desejáveis em lubrificantes
corretamente formulados, não tem sentido estes ensaios em óleos usados. Dentre outros citamos:
Quando analisamos partículas de desgastes ou contaminantes, a forma de coleta de amostras se
torna crítica e alguns critérios devem ser levados em consideração, como melhores práticas:
1. Coleta com a máquina quente.
2. Coleta em zona ativa.
3. Coleta com procedimento.
4. Coleta com preparação do ponto.
5. Coleta sem contaminação.
6. Frasco limpo e transparente.
7. Análise visual antes do envio.
8. Enviar o quanto antes.
9. Projetar uma etiqueta com os dados completos.
10. Preencher corretamente a etiqueta.
Pouquíssimas máquinas estão preparadas para uma coleta decente de amostras; na maioria dos
casos somos obrigados a coletar amostras de forma equivocada e o que é pior, cada um coleta de
forma diferente, impossibilitando um acompanhamento de tendências. Um exemplo de coleta
inadequada é o uso de bombas de vácuo, muito recomendada pelo mercado: Para a coleta com este
processo temos que colocar o tubo flexível por um orifício da máquina e depois acionar a bomba;
observe que pelo fato de não sebermos onde está a ponta do tubo, poderiamos coletar amostras de
locais inadequados como o fundo do Carter, perto ou encostados na parede dos reservatórios; pior a
cada coleta a amostra é coletada de pontos diferentes; muitas vezes a contaminação durante a
coleta é evidente. A Saito Engenharia está preparada para propor instalação de dispositivos para
uma coleta correta. Ou a elaboração de procedimentos para diminuir as possibilidades de erros de
diagnósticos. Melhor ainda, instalação de pontos de coleta mais corretos.
1.1.4 PERIODICIDADE DE COLETA DE AMOSTRAS
As periodicidades de coleta de amostras tem sido escolhido em função do preço dos ensaios.
Quando um equipamento é lubrificado com o lubrificante correto e ele for mantido
permanentemente limpo os desgastes ocorrem de forma natural e normal, nestas condições, a vida
do lubrificante e da máquina são extremamente longas e as periodicidades de coleta de amostras
podem ser aumentadas significativamente, sem que isto afete negativamente os resultados dos
ensaios. A adequação dos equipamentos para a exclusão e remoção de contaminantes é uma
preparação sadia para que os resultados de ensaios sejam otimizados. A Saito Engenharia, está
preparada para orientar na escolha das periodicidades ótimas para cada máquina.
1.1.5 CONJUNTO DE ENSAIOS PARA CADA TIPO DE ÓLEO E MÁQUINA
Acreditamos que um laboratório, não deve ser apenas um emissor de laudos bonitos mas, aquele
que auxilia na escolha dos conjuntos de ensaios para cada tipo de lubrificante ou máquina. Quando
resolvemos realizar um tipo de ensaio, estamos querendo obter algumas informações que nos
ajudem a detectar problemas nos equipamentos. Para que os resultados dos ensaios nos tragam
informações precisas e válidas, temos que conhecer o que cada um dos ensaios podem nos oferecer.
O que vimos nos capítulos anteriores teve a finalidade de definir os ensaios e mostrar que tipo de
informações podemos buscar com cada um deles.
1.1.6 LIMITES DE ALERTA E CRÍTICOS
Quando obtemos os resultados de um ensaio, encontramos um número que, por si só não
representa absolutamente nada. Para que este número faça sentido é preciso comparar com um
padrão, este padrão normalmente não é um número absoluto, mas uma faixa ou um limite, dentro
do qual aquele resultado pode variar; a estas faixas e limites chamamos de especificação. Por
exemplo: Um óleo tem uma viscosidade equivalente a um ISO 68, o que significa que o óleo pode
variar dentro da faixa ISO, correspondente: 61,2 a 74,8 Cst a 40 graus C; portanto a especificação de
um óleo ISO 68, pode variar dentro destes valores e ele continuará sendo um ISO 68. Já limites de
alerta e críticos tem funções diferentes: Limites Críticos, são valores máximos ou mínimos que um
resultado de ensaio pode variar, alem do qual o resultado é considerado como crítico e alguma ação
é requisitada para a correção da situação. Vimos no exemplo acima, da viscosidade ISO 68, que
podemos receber o lubrificante dentro da faixa de 61,2 a 74,8 Cst a 40 Graus C , qualquer que seja
ele e continuará sendo ISO 68; vamos supor que recebemos um óleo hidráulico com viscosidade 72,5
Cst a 40 graus C. É perfeitamente aceitável que esta viscosidade possa ter um limite de variação de
viscosidade de 10% para mais ou para menos, ou seja a faixa respectiva seria de 65 até 80 Cst a 40
graus C, diferente de 61,2 a 74,8 da faixa ISO. Por questões de simplificação quase todos os
laboratórios usam a faixa ISO, como limite critico, o que não é verdade. Para que não sejamos pegos
de surpresa existe um nível intermediário que serve para alertar o usuário, mostrando que houve
uma mudança significativa e que é necessária uma atenção especial, um alerta. Estes limites de
alerta e críticos devem ser escolhidas em função de alguns fatores: criticidade da máquina,
velocidade, precisão dos elementos, condições de trabalho e ambiente, tipos de lubrificantes, dentre
outros. A Saito Engenharia poderá orientar os clientes na escolha dos limites mais adequados.
1.1.7 Soluções de engenharia
Os diagnósticos de ensaios devem ser simples de entender e práticos, o profissional que receber um
laudo deve ler muito claramente todas as ações que devem ser tomadas e estar plenamente
convencido de que os resultados esperados serão positivos.
7. MODELOS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO:
7.1 MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE
A manutenção centrada na confiabilidade em resumo significa um equipamento disponível e de fácil
conserto. Este modelo já é estudado desde os anos 70. No Japão, após a 2ª Grande Gerra, iniciaram
os estudos para tornar o país competitivo, visto que não havia riqueza. Crescer, sendo rentável era
quase impossível, mas se tornou um lema. Seichi Nakagima foi um dos percurssores da TPM (Total
Productive Maintenance), cujos fundamentos são os mesmos do R&M. Estes modelos foram
aplicados às grandes fábricas do setor automotivo, devido à grande competitividade neste ramo.
Isso se deve, em parte, aos programas de Qualidade Total e Perda Zero (metodologia que visa a
redução de custos operacionais). A partir disso, o segmento de fabricação de máquinas operatrizes
se desenvolveu e começou a projetar equipamentos cada vez mais confiáveis. Isso significa dizer
maior probabilidade de um equipamento operar sem falhar e por um determinado período de
tempo.
Basicamente, a Manutenção centrada na confiabilidade consiste em entender as principais fontes de
falhas e antecipá-las na eminência de sua ocorrência. Entende-se por falha a incapacidade de um
determinado equipamento desenvolver normalmente as atividades para as quais foi projetado. Esse
tipo de falha, também definido como falha funcional, tem sua severidade variável que vai do
comprometimento do desempenho até uma total incapacidade operacional (SIQUEIRA 2005).
Toda vez que uma falha é identificada, deve-se listar e investigar todos os eventos que a
provocaram. Esses eventos são conhecidos como modos de falha e, na maioria das vezes, são
organizados em listas em que, comumente, registram-se apenas as falhas causadas por deterioração
ou desgaste normal. No entanto, para que se tenha uma compreensão mais ampla acerca dos
modos de falha, é necessário que também sejam registradas as falhas causadas por erros humanos
(por parte dos operadores e mantenedores) e falhas de projeto (LAFRAIA 2001).
Para se minimizar a subjetividade na identificação dos diferentes modos de falha, é necessário que o
registro dos mesmos siga, de forma sistemática, as etapas descritas a seguir:
1. Constatação de que uma falha específica ocorreu;
2. Como essa falha representa uma ameaça para a segurança ou o ambiente;
3. De que maneira a falha observada afeta a produção ou operações;
4. Quais os danos físicos são causados pela falha;
5. O que deve ser feito para reparar a falha;
6. Qual o custo de reparo.
O registro criterioso dos modos de falhas, além de uma caracterização precisa das causas dos
mesmos, fornece subsídios importantes para a formulação de indicadores que contribuirão com a
gestão da manutenção promovendo, assim, de acordo com Siqueira (2005), resultados
surpreendentes com os quais, muitas vezes, se melhora o desempenho e a segurança de todo
processo produtivo.
Em função das particularidades dos diferentes processos avaliados, a definição de quais indicadores
deve ser utilizado, a fim de conseguir uma maior eficiência na gestão da manutenção, é um assunto
normalmente polêmico para a maioria dos profissionais dessa área. Entretanto, Siqueira (2005)
afirma que os principais indicadores utilizados são:
1. Hora Parada ou Hora Indisponível - Representa o tempo entre a comunicação de
indisponibilidade da máquina ou equipamento até a sua liberação/aprovação para
funcionamento normal ou produção;
2. Hora de Espera - Representa o tempo entre a comunicação da indisponibilidade da máquina
ou equipamento e o momento do início do atendimento por parte do responsável pela
manutenção;
3. Hora de Impedimento - Representa todo e qualquer tempo gasto com ações que não
dependem diretamente da ação do grupo da manutenção, ou seja, demandam ações de
outras equipes, tais como a de compras, de projetos, de laboratório, etc;
4. Disponibilidade - Representa a probabilidade de em um dado momento um equipamento
estar disponível. Ele é o resultado do bom acompanhamento do indicador de hora parada;
5. Custo de manutenção - Representa a somatória dos custos de intervenção, custos próprios,
custos de perdas de produção entre outros;
6. Tempo Médio Entre Falhas - Representa o tempo médio entre a ocorrência de uma falha e a
próxima, representa também o tempo de funcionamento da máquina ou equipamento
diante das necessidades de produção até a próxima falha.
7. Tempo Médio para Reparo - Aponta o tempo que a equipe de manutenção demanda para
reparar e disponibilizar a máquina ou equipamento para o sistema produtivo. Nesse
período, estão todas as ações envolvidas no reparo, sejam elas da equipe de compras, de
laboratório ou qualquer outra equipe de trabalho.
Juntamente com os efeitos das falhas, os indicadores aqui descritos devem ser ponderados para
uma gestão da manutenção eficiente onde, de forma objetiva, deve-se estabelecer qual a
confiabilidade, a probabilidade de que um item ou uma máquina funcione corretamente em
condições esperadas durante um determinado período de tempo ou de que ainda esteja em
condições de trabalho após um determinado período de funcionamento; deve-se estabelecer ainda
a mantenibilidade, probabilidade de que um item avariado possa ser colocado novamente em seu
estado operacional, em um período de tempo predefinido. Esses são os itens mais apropriados em
função do seguimento que se queira atuar (PALLEROSI 2006).
A importância da Manutenção Centrada na Confiabilidade tem aumentado nas últimas décadas
devido à complexidade crescente dos sistemas e às severas implicações decorrentes de eventuais
falhas. A necessidade por sistemas mais confiáveis está inserida em um contexto de interesses
conflitantes que envolvem a minimização de gastos e maximização de lucros. Embora esteja
fortemente embasado em conceitos estatísticos e matemáticos, o sucesso da engenharia da
confiabilidade, depende que o profissional, que atua na área de manutenção, conheça e sistematize
a obtenção dos indicadores mais relevantes a fim de se garantir a representatividade das
informações adquiridas.
7.1.1 Conceitos existentes no R&M:
7.1.1.1 Confiabilidade:
É a probabilidade de um equipamento operar, sem falhas, durante um período de tempo
predeterminado. A determinação da confiabilidade deve sempre estar associada a um período de
tempo. À medida que se aumenta o tempo de avaliação, maior é a chance de acontecerem falhas,
ou seja, menor será a confiabilidade da máquina ou do ferramental.
7.1.1.2 Mantenabilidade ou Manutenabilidade
É a medida ou grau de facilidade para se fazer o reparo em um equipamento, quando este é
realizado de acordo com os procedimentos definidos. Como exposto anteriormente, a confiabilidade
tem relação direta com a chance de ocorrerem falhas num equipamento operando normalmente. O
comportamento das folhas pode ser estudado pela Curva da Banheira, representando o
comportamento da Taxa de Falhas ao logo de todo seu ciclo de vida. Conseguimos distinguir três
fases distintas: Mortalidade infantil, Vida útil e Desgaste.
Quando um equipamento está operando, a avaliação da confiabilidade normalmente é feita após a
estabilização de sua taxa de falhas, ou seja, quando se encontra na fase de Vida Útil. O indicador
utilizado para se fazer esta avaliação é o MTBF (Mean Time Between Failure), conforme visto
anteriormente. A manutenabilidade é medida por meio de um indicador chamado MTTR (Mean
Time To Repair). Esses indicadores são obtidos a partir dos registros de manutenção.
7.1.1.3 LCC – Life Cyclo Cost
Este é outro conceito muito importante dentro da R&M (MCC). Também visa aumentar a
disponibilidade dos mesmos para a produção, mas possui o foco em reduzir seu custo global, ou
seja, O LCC. O cálculo leva em consideração todas as etapas do ciclo de vida de um equipamento ou
ferramental de deve contabilizar os custos associados a cada uma delas. O R&M (MCC) estabelece
que toda a avaliação para aquisição seja baseada no LCC e não somente em seu valor comercial de
venda.
LCC=custodeaquisição(A )
+custodeoperação(B )
+custodemanutenção+(C)
custodescarte(D )
7.1.1.4 Melhoria contínua
A atividade de Melhoria Contínua é um componente essencial dentro do R&M. O modelo
implantando serve de exemplo, para engenheiros, projetistas e demais profissionais para aquisição,
para os novos sistemas. Isso significa dizer desenvolver, construir ou instalar uma nova máquina com
maior confiabilidade e com alto índice de mantenabilidade. Além disso, se as melhorias e seus
resultados forem registrados, servirão de base para a formação do banco de dados, propiciando um
melhor gerenciamento para a aquisição destes novos equipamentos (PEREIRA 2009).
Essas atividade de análise consistem na coleta dos dados, análises de falhas e processos de feedback
(retorno do andamento de uma ação), de ações tomadas e melhorias realizadas e alcançadas com o
R&M. A coleta de dados pode ser descrita como o processo que permite ao cliente e ao fornecedor
monitorar o desempenho dos equipamentos e verificar se as metas de confiabilidade e
mantenabilidade foram atingidas. O monitoramento deve ser iniciado já na fase de construção e
instalação, sendo mantido até o final do ciclo de vida (PEREIRA 2009).
O R&M estabelece o uso de sistema de relatório de falhas, análise e ação corretiva e deve ser
aplicado aos principais defeitos apresentados pelo equipamento, quando este estiver em operação
no cliente. Este sistema pode ser aplicado também em todas as falhas graves apresentadas pelo
equipamento ou ferramental que não foram previstas anteriormente. A vantagem de utilização do
follow-up (monitoramento de ações) das análises emitidas é a de facilitar o controle das atividades
do próprio R&M. O feedback do desempenho R&M, em conjunto com sólidos processos de coleta de
dados e análise de falhas, age como uma base estratégica. Sem essa informação, as atividades de
melhoria contínua provavelmente não alcançariam um de seus principais objetivos, o de prover
informações para inovar por meio de novos projetos. Geralmente, o processo de implementação
destes itens parte dos fabricantes. Deve ser entendido como um direcionamento estratégico pois
devido à abrangência e ao volume de técnicas e informações envolvidas em essa implementação,
serão necessários treinamento e envolvimento de quase todos os departamentos (PEREIRA 2009).
Do ponto de vista dos clientes que adquirem novos equipamentos, o R&M (MCC) traz como
benefícios melhor desempenho dos produtos adquiridos, menor tempo de resposta a problemas por
parte dos fornecedores e redução dos custos operacionais. Além destes fatores, é importante
lembrar que o R&M é um requisito muito solicitado às empresas fornecedoras de máquinas,
equipamentos e ferramental para a Ford, GM e Chrysler que tiveram implantados os suplementos
das normas automotivas de qualidade total, denominados Exigência de Clientes.
7.2 ABC – ACTIVITY BASE COSTING
7.3 TPM – Manutenção Produtiva Total
Caracteriza-se por repartir a responsabilidade pela execução das tarefas de conservação e reparo
dos equipamentos entre o setor de manutenção e o setor de produção. Os operadores realizam
pequenos consertos, a limpeza técnica e a lubrificação de suas máquinas. O setor de manutenção
fica encarregado das tarefas mais complexas, dos trabalhos de melhorias de máquinas e
equipamentos, voltados para o aumento da confiabilidade e segurança, e também da execução da
manutenção preventiva. Esta é uma forma de organização mista.
Figura 2 - Empregados da manutenção / Total de empregados da empresa.
A rotatividade de pessoal nesta categoria costuma ser baixa, o domínio tecnológico e estratégico e o
conhecimento profundo dos equipamentos da planta é fundamental para que as intervenções sejam
rápidas e eficientes, assim é importante que a equipe não esteja sempre mudando. É por estas
razões que a maior parte dos profissionais de manutenção são empregados das empresas, conforme
tabela abaixo:
Figura 3 - Rotatividade do pessoal da manutenção
Entende-se por execução da manutenção os profissionais que efetivamente atendem ao dia a dia da
empresa, sejam eles empregados ou terceiros. As pessoas envolvidas no planejamento das
atividades estudos técnicos nas tarefas de apoio e controle do setor de manutenção serão
consideradas em outro grupo denominado engenharia de manutenção.
A mão de obra terceirizada é empregada para regular as flutuações na carga de trabalho, atua em
projetos temporários, nas grandes paradas industriais, ou realiza trabalhos que não estejam
diretamente ligados a atividade fim da empresa (limpeza técnica, pintura, manutenção predial,
manutenção de sistemas de telecomunicação, revisão periódica de sistemas de refrigeração e ar
condicionado, revisão periódica de equipamentos de utilidades, etc.).
7.3.1 MANUTENÇAO PRODUTIVA TOTAL - "TPM - Total Productive
Maintenance"
7.3.1.1 2.6.1 - SURGIMENTO DO TPM
O TPM – Total Productive Maintenance, traduzido no Brasil como “Manutenção Produtiva Total”, foi
inicialmente divulgado como um programa específico de manutenção industrial. Entretanto a
crescente aplicação do programa em empresas demonstrou aplicabilidade em outros departamentos,
além do de produação, como por exemplo em departamentos administrativos, de apoio, de pesquisa
e em desenvolvimento de vendas. (SUZIKI, 1995; NAKAGIMA, 1989).
A implementação do TPM em industrias japonesas tem resultado em um aumento de eficiência da
ordem de 60 a 90% da utilização de sua capacidade instalada. Tais resultados foram obtidos
utilizando-se conceitos da maximização da eficiência de equipamentos, através de pequenos grupos
de trabalho e implementação de atividades de manutenção autônoma. A Manutenção Produtiva
Total é um programa operacional onde todos desenvolvem atividades de melhoria contínua nos
equipamentos e nos processos, sendo o resultado monitorado através da utilização de indicadores
de desempenho. O TPM é um conjunto de atividades de gerenciamento voltadas para o
equipamento, visando atingir sua utilização máxima. Para tanto, promovem a integração de todos os
funcionários.
Segundo o JIPM (Instituto Japonês de Manutenção de Planta), o TPM está definido a partir de 5
objetivos principais:
1. Criar uma organização que maximize a eficiência dos sistemas de produção;
2. Gerenciar a planta como uma organização que evite todo o tipo de perda (tendo como meta
zero acidentes, defeitos e avarias), ao longo de toda a vida do sistema de produção;
3. Envolver todos os departamentos na evolução do TPM, incluindo desenvolvimento de
produto, vendas e administração;
4. Envolver a todos, desde a alta administração aos operários da planta, em um mesmo
objetivo;
5. Orientar as ações visando atingir a meta “Zero perdas”, apoiando-se para isso, nas
atividades dos pequenos grupos de melhorias.
Através da implementação de grupos de trabalho o TPM amplia o ciclo de vida do equipamento e
elimina sistematicamente as perdas dos equipamentos e dos processos, envolvendo a todos os
departamentos, criando uma gestão de trabalho que visa diminuir a reincidência de problemas. Três
razão explicam a rápida difusão do TPM primeiramente na indústria japonesa, e posteriormente em
todo o mundo:
1. O programa produz e garante resultados rápidos e concretos;
2. Transforma o local de trabalho tornando-o mais agradável para se trabalhar;
3. Eleva o nível de conhecimento dos trabalhadores de manutenção e produção através de
treinamentos constantes;
Para Nakajima, "os Estados Unidos sempre desempenharam papel de destaque na inovação
tecnológica". No campo da manutenção das máquinas, os Estados Unidos foram os pioneiros na
adoção da manutenção preventiva (MP), e evoluiu para Manutenção do Sistema de Produção (MSP),
incorporadas a Prevenção de Manutenção (PM), além dos tópicos oriundos da engenharia de
confiabilidade.
O Japão assimilou todos estes conhecimentos, que se cristalizaram como TPM - Total Productive
Maintenance, ou seja, a "Manutenção com a participação de todos." [38]
Aperfeiçoado pelo JIPM - "Japan Institute of Plant Maintenance", foi implementado na indústria
japonesa a partir de 1971, na Nippon Denso (pertencente ao grupo Toyota), e seus conceitos foram
trazidos para o Brasil em 1986.
Desde o seu lançamento na década de 70, muitas empresas consolidaram o TPM e o seu reflexo já
pode ser sentido principalmente nos países do Sudoeste Asiático, Estados Unidos, Brasil e França.
De acordo com Nakajima, a evolução do sistema de Manutenção, no Japão, se processou em 4
fases distintas:
Estágio 1 - Manutenção Corretiva
Estágio 2 - Manutenção Preventiva
Estágio 3 - Manutenção do Sistema de Produção
Estágio 4 -TPM
TPM engloba, também as técnicas de Manutenção Preditiva, ou seja, o uso de ferramentas que
possibilitam diagnóstico preliminar das máquinas e equipamentos.
Segundo Hamrick, a Manutenção Produtiva Total (TPM) foi concebida primeiro nos Estados Unidos,
mas aperfeiçoada no Japão. A TPM dirigiu sua atenção para a redução de custos do equipamento no
seu ciclo de vida, combinando manutenção preventiva com melhorias sustentáveis e projeto de
manutenção preventiva. O TPM significa uma manutenção autônoma da produção que tenta otimizar
a habilidade do operador e o conhecimento do seu próprio equipamento para aumentar ao máximo a
sua eficiência de operação. Ele estabelece um esquema de limpeza e manutenção preventiva para
prolongar a vida útil do equipamento. Procura, também, envolver todos os funcionários, desde a alta
administração até membros das equipes individuais que participam do sistema. [39]
2.6.2 - CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO TPM
Segundo Tavares, o conceito básico do TPM é a reformulação e a melhoria da estrutura empresarial
a partir da restruturação e melhoria das pessoas e dos equipamentos, com envolvimento de todos os
níveis hierárquicos e a mudança da postura organizacional.
Em relação aos equipamentos, significa promover a revolução junto a linha de produção, através da
incorporação da "Quebra Zero", "Defeito Zero" e "Acidente Zero".
Antes do TPM as indústrias se preocupavam em consertar após a quebra, gerando mais custos e
obstáculos para manter e melhorar a qualidade de produtos e serviços. Os primeiros contatos das
empresas japonesas com técnicas americanas se deram nos anos 50. A Nippon Denso Co,
pertencente ao grupo Toyota foi a companhia pioneira na implementação da metodologia TPM, no
Japão. Esta implementação se deu em razão da evolução da Manutenção Preventiva desenvolvida
no ano de 1969, tendo como principal caracterísitica a participação de grupos multidisciplinares.
Para Nakajima, significa montar uma estrutura onde haja a participação de todos os escalões, desde
os da alta direção até os postos operacionais de todos os departamentos, ou seja, uma sistemática
PM (Prevenção da Manutenção), com envolvimento de todos. Trata-se da efetivação de um
"Equipment Management", isto é, a administração das máquinas por toda a organização.
Conforme Banker, o TPM cria um auto-gerenciamento no local de trabalho, uma vez que os
operadores "assumem" a propriedade de seu equipamento e cuidam dele eles próprios. Eliminando-
se as paradas e defeitos cria-se confiança. O TPM respeita a inteligência e o potencial de
conhecimento de todos os empregados da empresa. O conceito de propriedade de equipamento
junta a força (poder) do homem ao equipamento do sistema de produção, para criar produtos da
cultura de valor.
Segundo o que dizem Jostes e Helms, a manutenção produtiva total (TPM), descreve uma relação
sinergística entre todas as funções organizacionais, mais particularmente entre produção e
manutenção, para melhoramento contínuo da qualidade do produto, eficiência operacional, e da
própria segurança. A essência do TPM é que os operadores dos equipamentos de produção
participem dos esforços de manutenção preventiva, auxiliem os mecânicos nos consertos
quando o equipamento está fora de operação e, juntos, trabalhem no equipamento e no
processo de melhoria do grupo de atividades.
Takhashi reforça o significado do TPM como "uma MP (manutenção preventiva) mais ampla,
baseada na aplicabilidade econômica vitalícia de equipamentos, matrizes e gabaritos que
desempenham os papeis mais importantes na produção". [44]
A definição do TPM, proposta em 1971 pela JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance), foi revista
em 1989, estabelecendo-se uma nova exposição, que se constitui dos cinco itens seguintes:
1 - tendo como o objetivo a constituição de uma estrutura empresarial que busca a máxima eficiência
do sistema de produção (eficiência global);
2 - construindo, no próprio local de trabalho, mecanismos para prevenir as diversas perdas, atingindo
"zero de acidente, zero de defeito e zero de quebra/falha", tendo como objetivo o ciclo total de vida
útil do sistema de produção;
3 - envolvendo todos os departamentos, começando pelo departamento de produção, e se
estendendo aos setores de desenvolvimento, vendas, administração, etc;
4 - contando com a participação de todos, desde a alta cúpula até os operários de primeira linha;
5 - atingindo a perda zero por meio de atividades sobrepostas de pequenos grupos.
Em harmonia com a definição do TPM, cada uma das letras possui um significado próprio como
segue:
- a letra "T" significa "TOTAL". Total no sentido de eficiência global, no sentido de ciclo total de vida
útil do sistema de produção e no sentido de todos os departamentos e de participação;
- a letra "P" significa "PRODUCTIVE". A busca do sistema de produção até o limite máximo da
eficiência, atingindo "zero acidente, zero defeito e quebra/falha zero", ou seja, a eliminação de todos
os tipos de perda ate chegar ao nível zero;
- a letra "M" significa "MAINTENANCE". Manutenção no sentido amplo, que tem como objeto o ciclo
total de vida útil do sistema de produção e designa a manutenção que tem como objeto o sistema de
produção de processo único, a fábrica e o sistema de vendas. [45]
A partir da definição, pode-se delinear algumas características peculiares ao TPM, que o diferenciam
dos movimentos tradicionais, como o da manutenção do sistema de produção, e que são
representados na figura 5.
(Fonte: NAKAJIMA, Seiichi. Introdução ao TPM - Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC
Internacional Sistemas Educativos Ltda., 1989, p. 13.)
1 - A busca da Economicidade - A manutenção produzida deve proporcionar lucros.
2 - Um sistema integrado (total system).
3 - Manutenção espontânea, executada pelo próprio operador - atividade de pequenos grupos.
Verifica-se, portanto, que "a manutenção produtiva total é o envolvimento dos operários nos
trabalhos de prevenção e correção dos defeitos em seus equipamentos". [46]
2.6.3 - OBJETIVO DO TPM
O TPM é um conceito gerencial que começa pela liberação da criatividade normalmente escondida e
inexplorada em qualquer grupo de trabalhadores. Estes trabalhadores, freqüentemente atarefados
em tarefas aparentemente repetitivas, têm muito a contribuir se, pelo menos, isto lhes for permitido.
Seu objetivo é promover uma cultura na qual os operadores sintam que eles "possuem" suas
máquinas, aprendem muito mais sobre elas, e no processo se liberem de sua ocupação prática para
se concentrar no diagnóstico do problema e projeto de aperfeiçoamento do equipamento. Desta
forma, há um ganho direto.
Pode-se dizer que o objetivo do TPM é a "melhoria da estrutura empresarial mediante a melhoria da
qualidade de pessoal e de equipamento". [47] Melhoria da qualidade de pessoal significa a formação
de pessoal adaptado à era da Automação Fabril. Em outras palavras, cada pessoa deve adquirir
novas capacidades.
Mediante a melhoria da qualidade do pessoal realiza-se a melhoria da qualidade do equipamento. Na
melhoria da qualidade do equipamento incluem-se os dois pontos seguintes:
- atingir a eficiência global mediante melhoria da qualidade dos equipamentos utilizados atualmente;
- elaborar o projeto LCC (Life Cycle Cost) de novos equipamentos e entrada imediata em produção.
Para atingir a eficiência global do equipamento, o TPM visa a eliminação das perdas, que a
prejudicam. Tradicionalmente a identificação das perdas era realizada ao se analisar estatisticamente
os resultados dos usos dos equipamentos, objetivando a determinação de um problema, só então
investigar as causas. O método adotado pela TPM examina a produção de "inputs" como causa
direta. Ele é mais pró-ativo do que reativo, uma vez que corrige as deficiências do equipamento, do
operador e o conhecimento do administrador em relação ao equipamento. Deficiências de "input"
(homem, máquina, materiais e métodos) são consideradas perdas, e o objetivo do TPM é a
eliminação de todas as perdas. [48]
As seis grandes perdas são:
1 - perda por parada devido à quebra/falha;
2 - perda por mudança de linha e regulagens;
3 - perda por operação em vazio e pequenas paradas;
4 - perda por queda de velocidade;
5 - perda por defeitos gerados no processo de produção;
6 - perda no início da operação e por queda de rendimento.
A figura próxima página apresenta, esquematicamente, a forma com que as perdas agem no
equipamento/instalação, no sentido da redução do tempo disponível para a produção, e conseqüente
queda da produtividade.
(Fonte: Apostila do Curso de Formação de Multiplicadores - TPM. São Paulo: IM & C - Programas
Especiais de Desenvolvimento Profissional, Out/93, p. 9.)
Ao serem zeradas cada uma das perdas apontadas na figura acima, tornar-se-á efetivo o rendimento
operacional máximo. Na prática, dificilmente isto ocorre, pois, conforme Nakajima, "um índice de
rendimento operacional de 85 % é suficiente para encher de orgulho qualquer diretor de produção", e
ainda, para se conhecer este índice, ele propõe a equação abaixo:
Índice do tempo operacional = tempo em funcionamento = tempo de carga - tempo de parada
tempo de carga tempo de carga
2.6.4 - O TPM COMO ÍNDICE DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
Para melhor destacar a importância do TPM na qualidade e produtividade, observe-se uma pesquisa
da Price Waterhouse de São Paulo, realizada em 1000 empresas do país, no quadro 1, a seguir.
Quadro 1 - Estágio de utilização de técnicas para a melhoria da Q&P.
RP
%
I
%
NP
%
RI
%
NN
%
NA
%
MRP II - Planejamento de recursos de manufaturados 25,2 10,4 21,7 3,5 24,3 14,9
Kanban - Sistema de acionamento da produção 26,4 9,9 16,5 2,5 28,1 16,6
Just-in-time junto ao fornecedor 24,0 14,4 36,8 4,0 15,2 5,6
Just-in-time junto ao cliente 19,6 10,7 31,2 5,4 20,5 12,6
Benchmarking 22,5 12,5 35,8 2,5 20,8 5,9
Desenvolvimento de fornecedores com qualidade
assegurada
38,8 25,6 27,1 4,6 1,5 2,4
Manutenção Produtiva Total (MPT) 12,1 24,1 41,4 1,7 17,2 3,5
Sistema de Qualidade - ISO 9000 16,9 39,2 33,8 0,0 4,6 5,5
Desdobramento da função qualidade (QFD) 12,4 16,8 38,9 0,9 20,3 10,7
Programas de qualidade (TQM, TQS, TQC) 21,6 42,4 24,0 1,6 8,0 2,4
Controle estatístico do processo (CEP) 37,4 24,4 22,1 4,6 6,9 4,6
Células de produção 27,1 16,1 17,8 1,7 18,6 18,7
Células administrativas 15,3 11,7 27,9 0,0 27,9 17,2
Análise de valor 25,0 8,3 33,3 5,0 21,7 6,7
CAE, CAD, CAM - Engenharia/Desenho/Manufatura
assistidos por computador47,6 8,7 20,6 0,8 9,5 12,8
Automação industrial 38,1 12,7 22,2 0,0 15,1 11,9
Outros 18,2 9,1 9,1 9,1 27,3 27,3
Total 25,2 17,5 27,1 2,8 16,9 10,5
RP = Utiliza ou utilizou com resultados positivos; I = Em fase de implantação;
NP = Não utiliza, mas tem planos de utilizar; RI = Utilizou com resultados insatisfatórios;
NN = Não utiliza e não tem planos de utilizar; NA = Não se aplica à empresa.
Fonte: Price Waterhouse. Máquinas e Metais, dez/93, p. 6.
2.6.5 - O TPM E A QS-9000
Os fornecedores de produtos e serviços para a indústria automobilística, atendendo as exigências de
seus clientes e, visando a manutenção desta condição, estão sendo compelidos ao atendimento dos
requisitos da QS-9000.
Numa análise mais apurada dos requisitos desta norma, observa-se que a utilização da metodologia
TPM, de uma forma mais ampla e conceitual, aponta para a necessidade de controles, registros e
acompanhamentos do processo de fabricação, que coincidem com aqueles preconizados pela QS-
9000, o que poderá ainda via a ser muito útil na viabilização de outras exigências da norma.
Nos pilares de sustentação do TPM, propostos na metodologia, apresentados a seguir, verifica-se,
por exemplo, que tópicos como manutenção planejada, melhorias, educação e treinamento,
segurança e meio ambiente, gerenciamento e manutenção para a qualidade, são itens que compõem
os preceitos enunciados pela QS-9000.
Conforme o elemento 4.9 - Controle do Processo - da QS 9000, há que se observar o item que trata
da manutenção preventiva. "Os fornecedores devem identificar os equipamentos chave do processo
e providenciar recursos adequados para manutenção do equipamento/máquina, e desenvolver um
sistema planejado de manutenção preventiva total que seja eficaz".
Desta forma, pode-se concluir que a aplicação do TPM só virá favorecer, beneficiar e garantir o
cumprimento, com sucesso, as exigências do Sistema de Qualidade QS-9000, já que suas filosofias
vem de encontro, uma à outra.
2.6.6 - METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO TPM
2.6.6.1 - OS OITO PILARES DO TPM
No TPM, para a eliminação das 6 (seis) grandes perdas do equipamento, implementam-se as 8 (oito)
atividades seguintes designadas como "8 pilares de sustentação do desenvolvimento do TPM",
proposto pelo JIPM.
Na sua configuração inicial, o TPM contava com 5 (cinco) pilares ou atividades, estabelecidos como
básicos para dar sustentação ao desenvolvimento da metodologia. Posteriormente foram incluídos
mais 3 (três) atividades ou pilares, quais sejam: manutenção com vistas a melhoria da qualidade;
gerenciamento; segurança, higiene e meio ambiente.
Ao todo, são eles:
1 - melhoria individual dos equipamentos para elevar a eficiência;
2 - elaboração de uma estrutura de manutenção autônoma do operador;
3 - elaboração de uma estrutura de manutenção planejada do departamento de manutenção;
4 - treinamento para a melhoria da habilidade do operador e do técnico de manutenção;
5 - elaboração de uma estrutura de controle inicial do equipamento;
6 - manutenção com vistas a melhoria da qualidade;
7 - gerenciamento;
8 - segurança, higiene e meio ambiente.
A figura abaixo ilustra, esquematicamente, os oito pilares de sustentação da metodologia TPM.
(Fonte: Suzuki, Tokutaro. TPM in Process Industries. Portland (OR - USA) Productivity Press, Inc.,
1994, p. 12.)
2.6.6.2 - AS DOZE ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DO TPM
Conforme Tavares, a estimativa média de implementação do TPM é de 3 a 6 meses para a fase
preparatória, e de 2 a 3 anos para início do estágio de consolidação, considerando que seja feita
segundo as doze etapas sugeridas pela metodologia do JIPM.
O quadro 2 mostra as fases e suas respectivas etapas para a implementação da metodologia.
Quadro 2 - As 12 Etapas do Programa de Desenvolvimento do TPM.
FASES ETAPAS PONTOS PRINCIPAIS
Preparação para a
Introdução.
1. Manifestação da alta direção
sobre a decisão de introduzir o
TPM
Essa Manifestação deve acontecer num
encontro interno da empresa sobre TPM, e
deve ser publicada num boletim interno da
empresa.
2. Campanha de divulgação e
treinamento para introdução do
TPM.
Executivos: Realizam estudos em grupo,
conforme os cargos que ocupam.
Funcionários em geral: passam por seções
orientados por projeção de "slides" ou outros
recursos.
3. Estrutura para implantação
do TPM.
Comissão ou grupos de estudo por
especialidade.
Secretaria.
4. Estabelecimento de diretrizes
básicas e metas para o TPM.Benchmark e metas: previsão dos resultados.
5. Elaboração do plano diretor
para implantação do TPM.
Desde os preparativos para introdução até os
detalhes da implantação.
Inicio da Introdução 6. Inicio do programa de TPM.
Convites: - Clientes;
- Empresas Relacionadas;
- Empresas Colaboradoras.
Implementação
7. Aperfeiçoamento
individualizado nos
equipamentos para melhorar
rendimento operacional.
Seleção de um equipamento modelo:
organização de uma equipe de projetos.
8. Estruturação da manutenção
por iniciativa própria.
Método de evolução passo a passo,
diagnostico e aprovação.
9. Estruturação da manutenção
programada pelo departamento
de manutenção.
Manutenção periódica, manutenção preditiva,
controle de construções, peças sobressalentes,
ferramentas e desenhos.
10. Treinamento para melhora
do nível de capacitacao da
Treinamento concentrado dos líderes:
operação e da manutenção. treinamento das outras pessoas envolvidas.
11. Estruturação do controle da
fase inicial de operação dos
equipamentos.
Projeto MP: controle de flutuação na fase
inicial: LCC
Consolidação12. Execução total do TPM e
elevação do nível geral.
Recebimento do prêmio PM: busca de maior
desafio através de objetivos cada vez mais
ambiciosos.
Fonte: Apostila do Curso de Formação de Multiplicadores - TPM. São Paulo: IM & C - Programas
Especiais de Desenvolvimento Profissional, Out/93, p. 25.
1a etapa - Manifestação da Alta Administração Sobre a Decisão de Introduzir o TPM.
A decisão da alta direção de adotar o TPM deverá ser divulgada para todos os funcionários, pois
todos deverão se preparar psicologicamente para colaborar na consecução das expectativas e metas
a serem atingidas com o programa em questão.
Em reunião de diretoria ou com as gerências a alta direção deverá declarar sua decisão pela
introdução do TPM.
A organização de eventos, como seminários e encontros sobre TPM, direcionados para todo os
executivos e o pessoal de chefia da empresa deve ser levada a efeito, e nestas oportunidades, se
deve afirmar novamente a decisão de introduzir o TPM. A publicação desta declaração deve ser feita
nos boletins internos da empresa.
É recomendável que o TPM seja desenvolvido a nível da empresa como um todo, contudo, quando
se tratar de uma empresa de grande porte, e que possua muitas divisões em vários locais, deve-se
selecionar algumas divisões ou localidades como modelos, e efetuar nestes a introdução piloto do
TPM. A partir dos resultados obtidos nestas áreas-piloto pode-se passar a difundir o TPM por toda a
empresa.
2a etapa - Campanha de Divulgação e Treinamento para Introdução do TPM.
O TPM é um movimento para o aperfeiçoamento da empresa através do aprimoramento das pessoas
e dos equipamentos. Assim, à medida que se faz treinamento para a introdução do TPM em todos os
níveis hierárquicos, consegue-se maior compreensão sobre o assunto por todos, que além disso
passarão a utilizar uma linguagem comum, aumentando sua vontade para enfrentar o desafio
proposto pelo TPM.
Recomenda-se que a mídia a ser utilizada na campanha interna seja através de "posters" e
"slogans".
O simples fato de o executivo principal ter decidido colocar em prática o TPM não é suficiente que o
programa se desenvolva por si só. Tal desenvolvimento será possível somente após a realização de
treinamentos adequados.
Nesta etapa, não apenas o setor de produção, mas todos os demais setores, como pesquisa e
desenvolvimento, projetos, área técnica de produção, vendas, compras, contabilidade, pessoal,
administração e outros, deverão também receber treinamento introdutório, o qual nada mais é que
um esclarecimento e conscientização sobre o TPM.
3a etapa - Estrutura para Implantação do TPM.
O objetivo desta etapa é criar uma estrutura matricial para promover o TPM, que junte a estrutura
horizontal formada por comissões e equipes de projetos com a estrutura formal, hierárquica e
vertical. Além disso, deve-se gerenciar participativamente através de pequenos grupos
multifuncionais.
Ao se desenvolver o programa de TPM a nível da empresa como um todo, deve-se constituir uma
comissão de TPM de toda e empresa, que se preocupará em promover a implantação do programa
de forma global.
Igualmente, será necessário estabelecer uma comissão de promoção do TPM em cada divisão ou
filial.
Sugere-se criar uma secretaria administrativa de promoção do TPM e designar uma pessoa
dedicada, que será responsável pelo programa.
Dependendo da necessidade, pode-se estabelecer, ainda, grupos de estudo ou equipes de projetos
visando melhorias individualizadas nas áreas de divulgação, treinamento, manutenção espontânea,
manutenção programada e controle dos equipamentos na fase inicial, entre outras.
Deve-se, também, criar e desenvolver, dentro da estrutura formal, pequenos grupos voltados para o
TPM, que terão como líderes os responsáveis de primeira linha da empresa.
O sucesso ou insucesso do programa de TPM dependerá enormemente de quem for escolhido para
presidente da comissão de implantação de TPM.
Os executivos deverão comparecer assiduamente às reuniões da comissão e liderá-las de forma
positiva e efetiva.
4a etapa - Estabelecimento de Diretrizes Básicas e Metas para o TPM.
O TPM deve ser parte integrante das diretrizes básicas da administração da empresa, bem como dos
seus planos de médio e longo prazos. Além disso, as metas do TPM devem fazer parte das metas
anuais da empresa e sua promoção deve ser feita de acordo com as diretrizes e metas da empresa.
É importante definir claramente a postura que se deseja para cada nível hierárquico, decorridos 3 a 5
anos após a introdução do TPM. Deve-se também estabelecer metas para a incorporação dos
conceitos e das principais sugestões para execução, obtendo o consenso de toda a empresa sobre
estas questões.
Deve-se fazer uma previsão do tempo necessário para alcançar um nível que permita à empresa
concorrer ao prêmio PM (Prevenção da Manutenção), assim como definir os objetivos a serem
alcançados nessa época (tais como metas relativas à redução de quebras, aumento do rendimento
geral dos equipamentos, etc.).
Para isso, é necessário efetuar um levantamento criterioso de cada item da meta, dos índices
atualmente verificados, e monitorá-los.
Recomenda-se fazer comparações entre a situação atual e o objetivo visado, ou seja, quando se
atingir o nível de concorrer ao prêmio PM, fazendo uma previsão dos resultados e alocando recursos
adequados para tal execução.
Ao se introduzir o TPM deve-se buscar, sem dúvida, a conquista do prêmio PM. Entretanto, o prêmio
no mínimo deve ser um meio para melhorar os resultados, mas não um fim, pois o que realmente
importa é a realização de melhorias.
Como meta para o TPM alcançar um nível que permita o recebimento do prêmio PM, devem-se
propor metas ambiciosas, como a redução do índice de defeitos de 10 para 1, ou a elevação da
produtividade em 50 %. Além disso, é importante a criação de um "slogan" que eleve o moral de
todos os funcionários e seja facilmente compreendido. Inclusive por pessoas de fora da empresa.
5a etapa - Elaboração do Plano Diretor para Implantação do TPM.
Elaborar um plano de metas (Plano Diretor) que englobe desde os preparativos para a introdução do
TPM, até a etapa de avaliação para o prêmio PM. Durante o desenvolvimento do Plano Diretor deve-
se medir sua promoção tendo em mente o propósito de alcançar o nível esperado de avaliação, em
base anual.
Inicialmente deve-se elaborar um cronograma contendo as 12 etapas previstas no programa de
desenvolvimento do TPM, especialmente o proposto nos pilares básicos do TPM, e indicando
claramente o que deve ser feito e até quando. O cronograma, estabelecido a nível da empresa como
um todo ou de suas divisões ou filiais, é denominado Plano Diretor.
Baseando-se nesse Plano Diretor, cada departamento, seção ou unidade deverá elaborar o seu
próprio cronograma.
Anualmente efetua-se a comparação entre o previsto e o real, fazendo-se uma avaliação do
progresso conseguido e introduzindo correções de acordo com a necessidade.
Como o TPM visa o aprimoramento das pessoas e dos equipamentos, se não houver tempo
suficiente não se alcançará a melhora desejada. A elaboração do Plano Diretor deve considerar um
espaço de tempo suficiente para que surjam resultados.
Para o desenvolvimento de cada um dos pilares básicos deve-se elaborar um manual que possibilite
a qualquer pessoa a compreensão do desenvolvimento do programa de TPM.
A comissão deve reunir-se mensalmente para verificar o progresso e avaliar a evolução do programa.
6a etapa - Início do Programa de TPM.
Encerrada a fase preparatória, terá início a implantação do programa. Trata-se, nesta etapa, de fazer
frente ao desafio de "zerar" as seis grandes perdas dos equipamentos, procurando que cada
funcionário da empresa compreenda as diretrizes da Diretoria, conseguindo assim elevar a
motivação moral de todos para participar, desafiando as condições limites atuais, e atingir as metas
visadas.
É preciso programar uma cerimônia para lançar o desafio de eliminar as seis grandes perdas, com
garra e disposição, e conseguir o apoio de todos os funcionários às diretrizes emanadas da Diretoria.
A cerimônia deve ser um encontro de todos os funcionários, no qual:
é reafirmada a decisão da Diretoria de implantar o TPM;
o procedimento de promoção do TPM é explicado, bem como as diretrizes básicas do
programa, suas metas, o Plano Diretor e outros aspectos;
é feita, por um representante dos funcionários, uma declaração solene de aceitação do
desafio de conquistar o prêmio PM;
são recebidas manifestações de incentivo por parte de visitantes presentes ao evento;
Para esse encontro deverão ser convidados os clientes, empresas fornecedoras e empresas
coligadas.
Até a data de início do programa propriamente dito, o treinamento visando à introdução ao TPM, para
todos os funcionários da empresa, já deverá estar concluído.
7a etapa - Melhoria Individualizada nos Equipamentos para Maior Rendimento Operacional.
Selecionando-se um equipamento piloto e formando-se uma equipe de projeto, composta por pessoal
da engenharia de processo e da manutenção, supervisores de linha de produção e operários, é
possível efetuar as melhorias individualizadas destinadas a elevar o rendimento dos equipamentos e
comprovar os efeitos positivos do TPM.
Como equipamento piloto, deve ser escolhido aquele que seja um gargalo de produção, ou onde
estejam ocorrendo perdas crônicas nos últimos 3 meses, pois assim, após a introdução das
melhorias pretendidas, será possível obter resultados altamente positivos.
Dentre os temas para melhoria, deve-se escolher qual das 6 grandes perdas (quebras, "setup" e
ajustes, perdas devidas ao ferramental, operação em vazio e paradas momentâneas, redução da
velocidade, defeitos no processo e início de produção, e queda no rendimento), é aquela que melhor
atende à necessidade de redução de perdas.
Ao demonstrar melhorias individualizadas através de equipes de projeto com temas específicos, é
possível demonstrar as reais habilidades do pessoal de engenharia de processo e de manutenção.
Ao disseminar a melhoria individualizada lateralmente, cada líder de grupo poderá realizar as
melhoria nos equipamentos do seu próprio local de trabalho, através de pequenos grupos.
Para as melhorias individuais é necessário utilizar todos os métodos relevantes, tais como a
engenharia industrial, o controle de qualidade, engenharia de confiabilidade, ou outros. Para eliminar
perdas crônicas em um equipamento pode-se utilizar uma das metodologias da engenharia de
confiabilidade mais eficazes, que é o método de análise de PM - Prevenção da Manutenção.
Cada setor ou seção deve selecionar um único equipamento piloto, pois não se deve atuar sobre
muitos ao mesmo tempo.
É sempre recomendável que se inclua, como membro da equipe, alguma pessoa que domine o
método de análise de PM.
8a etapa - Estruturação para a Manutenção Espontânea.
O objetivo desta etapa é fazer com que a atitude segundo a qual, cada pessoa se encarrega de
cuidar efetivamente de seus próprios equipamentos, seja definida para todos os trabalhadores da
empresa. Ou seja, a habilidade de executar uma manutenção espontânea deve ser adotada por cada
operador.
Para o desenvolvimento da manutenção espontânea deve-se proporcionar treinamento a cada
passo, executar as manutenções, e as chefias devem avaliar os resultados que, um vez aprovado,
permitirá prosseguir para o passo subseqüente.
Na primeira etapa (limpeza inicial) deve-se, juntamente com a limpeza, identificar pontos onde haja
defeitos e efetuar o reparo dos mesmos, ou seja, aprender que fazer a limpeza é efetuar a inspeção.
Na segunda etapa (medidas contra fontes geradoras de problemas e locais de difícil acesso), deve-
se inicialmente providenciar ações contra fontes geradoras de problemas e proceder à melhoria do
acesso a pontos normalmente difíceis. Com isso será possível reduzir o tempo gasto para efetuar a
limpeza e a lubrificação.
Na terceira etapa (elaboração de normas para limpeza e lubrificação) as normas que serão seguidas
devem ser elaboradas pelo próprio usuário.
Na quarta etapa (inspeção geral) faz-se o treinamento nas técnicas específicas de inspeção (por
exemplo, o ajustes de parafusos e porcas). Executando-se a inspeção geral pequenos defeitos nos
equipamentos são detectados, procedendo-se em seguida ao efetivo reparo, até que os
equipamentos atinjam o estado que deveriam ter.
Na quinta etapa (inspeção espontânea) efetua-se a inspeção espontânea com a finalidade de manter
as condições de performance originalmente concebidas para o equipamento.
Na sexta etapa (arrumação e limpeza) definem-se as ações necessárias ao controle das estações de
trabalho e sua manutenção.
Na sétima etapa (efetivação do autocontrole) as habilidades adquiridas nas etapas 1 a 6 serão
utilizadas para dar continuidade à manutenção espontânea e às atividades de melhoria dos
equipamentos.
As etapas 1 a 4 referem-se à parte fundamental do aprimoramento das pessoas e dos equipamentos.
Ao realizá-las com paciência e perseverança certamente serão alcançados os resultados esperados.
Deve-se evitar pintar corredores e equipamentos sem que antes sejam eliminadas as sujeiras,
ferrugens, lixo, vazamentos de óleo e outros.
9a etapa - Estruturação da Manutenção Programada pelo Departamento de Manutenção.
Nesta etapa a produção e a manutenção buscam complementar-se, com a adoção da manutenção
autônoma ou voluntária pela produção, enquanto a área de manutenção se encarrega da condução
do planejamento da manutenção.
O departamento de manutenção se desloca para uma nova modalidade de trabalho que é o da
incorporação de melhorias.
O planejamento da manutenção é a prática tradicional recomendada para a preservação de
máquinas, equipamentos e instrumentos, através da preparação dos calendários de trabalho e a
definição das normas e padrões para a sua condução, não se tratando, portanto, de algo inédito.
10a etapa - Treinamento para Melhoria do Nível de Capacitação da Operação e da Manutenção.
Desenvolver novas habilidades e conhecimentos, tanto para o pessoal de produção quanto para o de
manutenção, é o que preconiza esta etapa.
Não se trata do mesmo programa estabelecido na fase inicial, a segunda etapa, que se baseia na
conscientização, mas sim, busca a obtenção dos conhecimentos suplementares e habilidades
necessárias, através de aulas teóricas e práticas, desenvolvidas nos centros de treinamento das
empresas, constituindo-se como parte integrante do programa de formação profissional, visando à
boa performance no trabalho.
Portanto, nesta etapa, a empresa deve encarar este programa de educação e treinamento como um
investimento, no qual não se deve economizar, visto que apresenta um retorno garantido.
11a etapa - Estruturação do Controle da Fase Inicial de Operação dos Equipamentos.
Esta é uma etapa designada aos órgãos de engenharia da empresa, tanto no que se refere aos
processos, como no que se refere à determinação ou construção de máquinas, buscando o máximo
rendimento operacional global.
É nesta fase, que os levantamentos das inconveniências, imperfeições e a incorporação de melhorias
são efetivadas, mesmo nas máquinas novas, onde os conhecimentos adquiridos possibilitam o
desenvolvimento de projetos onde estejam presentes os conceitos de PM - Prevenção da
Manutenção, destinada a conquista de resultados de máquinas com Quebra Zero/Falha Zero.
A aquisição de uma nova máquina deve levar em conta também estes conceitos de PM, além dos
fatores econômicos e financeiros, variáveis que, em função dos equipamentos atualmente
disponíveis no mercado, nem sempre são atendidas satisfatoriamente.
12a etapa - Execução Total do TPM e Elevação do Nível Geral.
Esta é a etapa da consolidação do TPM onde se dá o incremento do nível geral da sua performance.
Com a conquista desse marco a empresa estaria habilitada a inscrever-se ao Prêmio PM de
Excelência em Manutenção, concedido pelo JIPM.
2.7 - CONSIDERAÇÕES
Conforme foi visto neste capítulo, existem diversas formas de manutenção industrial. Estas formas,
de modo geral, são convencionais e excluem a participação dos operadores da produção nos
serviços de manutenção.
A exceção fica por conta do TPM, nova forma de gestão, onde a participação dos operadores
da produção é fundamental na manutenção de suas máquinas.
Também observa-se que os autores têm exposto suas opiniões a respeito do tema, abordando as
diversas possibilidades e vantagens da utilização do TPM, sem, no entanto, sugerir uma alternativa
diferente da originalmente proposta pelo JIPM - Japan Institute of Plant Maintenance, autoridade
maior no assunto, do Japão.
Robinson e Ginder [53] sugerem que, para a cultura norte americana, se faça uma reengenharia do
TPM, apesar de diversas companhias terem obtido sucesso com o modelo do JIPM, enquanto que
outras, mesmo sofrendo prejuízos, têm resistido, por sua rejeição automática a qualquer coisa
japonesa.
Conforme destacado no item 2.6.4, observou-se a importância e a relação do TPM com a qualidade e
produtividade das empresas. Também não se pode ignorar a contribuição que o TPM oferece à
qualidade total - TQC, contudo, é preciso ter cuidado ao se pretender comparar TQC com o TPM, a
exemplo de Mirshawka, que coloca lado a lado a filosofia TQC e a ferramenta TPM, que suporta esta
filosofia.
Empresas que utilizam o TPM obtêm bons resultados, particularmente:
1. Redução nas avarias de equipamentos, minimizando os tempos ociosos e possíveis
pequenas paradas;
2. Diminuição de defeitos e reclamações da qualidade;
3. Na elevação da produtividade;
4. Redução dos custos de pessoal, estoques e acidentes;
5. No maior compromisso dos empregados.
Qualquer que seja o ramo de atividade, o método Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta), é o
caminho comprovado para a melhoria da qualidade, a redução dos custos e dos prazos. Desde o
final de 1890, Fredeick W. Taylor inovou ao estudar e divulgar o gerenciamento científico do trabalho
que teve como consequencia a formalização do estudo dos tempos e o estabelecimento de padrões.
Frank Gilbert acrescentou a isso a decomposição do trabalho em movimento elementares, então
aparecem os primeiros estudos de eliminação de desperdício e o estudo sobre movimento. Henry
Ford, em 1910, inventou a linha de montagem para o seu produto padrão, o Ford modelo “T”. Alfred
P. Sloan aperfeiçoou e introduziu, na GM, o Sistema Ford como um conceito de diversidade nas
linhas de montagem.
Após a Segunda Guerra mundial, a Toyota criou os conceitos just in time (produção na quantidade e
tempo necessários), waste reduction (redução de desperdícios), pull system ( produção com base no
produto vendido) que, acrescidos a outras técnicas de introdução de fluxo, se transformaram no
Toyota Production System (TPS). Aliás, muitos especialistas comentam, com base nisto, que o Lean
(enxuto) nasceu das idédias do TPS.
James Womack, em 1990, sintetizou esses conceitos para formar o Lean Manufacturing. É dele a
expressão que diz: “ O know-how japones difunde-se no ocidente. Se torna evidente o sucesso das
empresas que aplicam estes princípios e técnicas”. Algumas idéias no Lean considerando a Gestão
em manutenção:
Não deixar de comunicar o cliente caso não consiga cumprir prazos determinados. Evite
porstergar ou deixar cair no esquecimento;
Gerencie o negócio manutenção como se fosse seu: racionalize os gastos;
Forme Team Work (time de trabalho): contribuição de todos;
Evite o “achomêtro”. Baseie suas ações em dados concretos;
Combata o desperdício;
Seja pontual, ao marcar reuniões de trabalho evite atrasos. Caso não possa comparecer,
avise com antecedência o gerente;
Faça pesquisa de satisfação de seus clientes, melhore seus serviços;
Avalie seus fornecedores (diga o que está bom e o que precisa melhorar);
Tenha créditos para aumentos salariais de seus subordinados, seja justo!;
Proponha mudanças, mas implemente-as aos poucos;
Crie métricas de desempenho que agreguem ao negócio manutenção;
MTBF = Análise para implantar a Manutenção preventiva e ou Preditiva;
MTTR = Análise para melhorar seu tempo de reação: melhor treinamento, melhor ferramental
de trabalho, padronização, gestão de peças de reposição;
Manutenção autonoma: cuide de seus ativos;
Divulgue os resultados: mantenha a equipe informada e motivada para melhorar seus
resultados;
Tenha senso de urgência para as atividades da manutenção;
“Indústria da hora extra”: discipline a necessidade das horas extraordinárias;
Crie multiplicadores de habilidades: identifique experts em mecânica, hidráulica, eletrônica,
etc, para ministrarem treinamentos internos;
Tenha idéias de planejamento estratégico: identifique pontos fortes x pontos fracos da
Manutenção, mantenha o que está bom, planeje ações corretivas;
Tenha apenas um sistema de controle de manutenção, evite controles paralelos.
7.4 Metodologia KAIZEN