apostila - meio ambiente

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DESENVOLVIMENTO REGIONAL MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL Fortaleza, Fevereiro/2007

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Page 1: Apostila - Meio Ambiente

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

– MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

REGIONAL –

Fortaleza, Fevereiro/2007

Page 2: Apostila - Meio Ambiente

Redação: MÔNICA Maria Bezerra Farias ROSIMEIRE Guedes de Carvalho Lima

Correção: Manoel Crisóstomo do Vale

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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SUMÁRIO I – A QUESTÃO AMBIENTAL

1.1 – Relações homem x natureza ........................................................................ 03 1.2 – Raízes histórica ............................................................................................ 04 1.3 – Marcos significativos a partir da década de 60 ............................................ 06

II – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.1 – Componentes de Sustentabilidade .............................................................. 07 III – ENERGIA E MEIO AMBIENTE

3.1 - Energia nuclear ............................................................................................. 11 3.2 - Combustíveis Fósseis ................................................................................... 12 3.3 - Fontes renováveis de energia ....................................................................... 12

3.3.1 - Biomassa ........................................................................................... 13 3.3.2 - Energia solar ...................................................................................... 14 3.3.3 - Energia éolica. ................................................................................... 17 3.3.4 - Biodiesel ............................................................................................ 18

IV – POLUIÇÃO

4.1 - Lixo ............................................................................................................... 20 4.2 - Lixos recicláveis ............................................................................................ 21

V – PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS ............................................................... 24

VI - O MEIO AMBIENTE E AS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS 6.1 - Agricultura Sustentável ................................................................................. 31

VII - PROTOCOLO VERDE .......................................................................................... 34 VIII - BNB E O FINANCIAMENTO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. ....... 35 VIII – LICENCIAMENTO AMBIENTAL. ........................................................................ 37 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 42

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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I - A QUESTÃO AMBIENTAL

Os seres vivos sempre fazem parte de comunidades heterogêneas, mantendo, com o

meio físico e entre si, relações de interdependência, ainda que algumas vezes remotas. Cada

espécie necessita de substâncias ou componentes básicos do meio ambiente para sua

alimentação, reprodução e proteção.

Além disso, há exigências quanto à estrutura e topografia do ambiente para que a

espécie desenvolva seus hábitos característicos.

Tudo isto faz com que cada espécie somente se desenvolva em ambiente onde existam

composição e estrutura favoráveis, chamado habitat, de maneira geral. Mas esse ambiente ou

habitat não é constituído exclusivamente pelo meio físico, mas trata-se de um conjunto de

circunstâncias físicas e geográficas o qual oferece condições favoráveis à vida e ao

desenvolvimento de determinada espécie animal ou vegetal.

Freqüentemente, no nicho ecológico, o alimento, o material para a construção de ninhos

os meios de proteção são oferecidos ou disputados por outros seres vivos, seus concorrentes

ou predadores.

A integração equilibrada de todos esses fatores (físicos, químicos e biológicos) é que

permite e regula a sobrevivência, o desenvolvimento e o equilíbrio populacional de uma

determinada espécie biológica. Nesses ciclos ecológicos, há uma reciprocidade na qual a

economia da natureza não significa o predomínio desta ou daquela espécie; mas significa,

sim, desenvolvimento harmônico e equilibrado de todos os seres vivos.

Quando o meio ambiente não é capaz de fornecer as condições exigidas para a vida -

nutrição, reprodução e proteção - ele se torna impróprio à sobrevivência do ser vivo. O sapo-

boi, por exemplo, destrói certos besouros que prejudicam o cultivo da cana-de-açúcar;

entretanto ele também se alimenta de insetos destruidores de moscas transmissoras de

doenças. Como o sapo-boi prolifera com facilidade (vive 40 anos e põe 40 mil ovos por ano) é

perigoso colocá-lo em regiões onde não existam outras espécies que possam devorá-lo; pois,

desta forma, o equilíbrio ecológico não será mantido; portanto, se por um lado, o sapo-boi é

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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importante para a agricultura, por outro, é também o responsável indireto pela proliferação de

doenças.

Muitas vezes, homem se encarrega de quebrar o ciclo natural da sobrevivência. Essa

ruptura ocorre, algumas vezes, em razão do conforto, do bem-estar - e do poder do homem

tenta transformar o seu meio ambiente, trazendo desmatamento, poluição, degradação e

destruição, provocando tragédias ecológicas. Isso por não saber explorar adequadamente os

recursos renováveis e não-renováveis da natureza. Até meados do século 19, a atividade do

homem não concorria de forma tão acentuada com o meio ambiente que chegasse a provocar

mudanças drásticas que pudessem alterar a biosfera; entretanto a partir de revolução

industrial e das grandes guerras mundiais, é que essas transformações começaram a ser

sentidas com intensidade. Foi nessa época que a Inglaterra passou a conhecer os problemas

de poluição do ar e da água.

À medida que o homem foi adaptando o meio ambiente às suas exigências progressistas, por

intermédio do desenvolvimento de vacinas, meios de transportes, novas habitações, aparelhos

requintados, novas formas de energia, ou seja, explorando, desordenadamente, os recursos

naturais, suas ações foram causando impactos e poluindo o ambiente.

Complementando essas ações, a exploração demográfica também teve sua influência,

em virtude da necessidade de maior quantidade de alimentos, que o homem precisou

preservar, utilizando, irracionalmente, os defensivos agrícolas na lavoura e na indústria.

Atualmente, tanto os ambientes naturais quanto os ambientes urbanos encontram-se

em níveis alarmantes de degradação e contaminação. Este elevado grau de comprometimento

dos ecossistemas tem origens remotas que se caracterizam desde que se estabeleceram as

primeiras relações do homem com o meio ambiente.

1.1 - Relações Homem x Natureza

A relação homem e natureza existe em razão do seu posicionamento perante o meio

ambiente, estando esta embutida basicamente na capacidade que o ser humano tem de

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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explorar, conservar e consumir os recursos naturais, garantindo assim o atendimento de suas

necessidades.

Para que esta relação ocorresse, passou-se por várias etapas que contribuíram para

se chegar ao estágio atual desse relacionamento. Estas etapas foram formalizadas pelos

quatro estágios seguintes:

1º Estágio – Preocupação com as forças da natureza e desejo de segurança

relacionados ao medo e ao respeito Geraram a cooperação mútua e a organização social. Ex:

povos primitivos e indígenas atuais. Pouca interferência nos ecossistemas.

2º Estágio – Crescimento autoconfiante – disciplina da adaptação às necessidades do

homem. Previsão de alguns fenômenos. Domesticação de alguns animais selvagens.

Aparecimento de atividades agrícolas gerando segurança alimentar. Início do crescimento

populacional.

3º Estágio – Agressão e Conquista – desenvolvimento da agricultura, urbanização,

industrialização e mineração intensas. A preocupação ainda é a adaptação do meio ambiente

às necessidades humanas. O momento mais marcante foi o renascimento e, posteriormente, a

Revolução Industrial (ainda vivemos nessa fase).

4º Estágio – Responsabilidade e Unificação – ajustamento do homem e suas

necessidades às características do meio. Seus principais obstáculos são: diferenças culturais,

de renda e de consciência coletiva.

1.2 - As Raízes históricas

Na antiguidade, a preocupação com o meio ambiente já se encontrava expressa no

Velho Testamento, quando, no início, vemos Deus recomendar a Adão e Eva que preservem o

Paraíso. Nestes livros também são encontradas noções de biodiversidade e preservação de

espécies animais, quando Noé leva para a sua arca, um casal de cada espécie animal.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Com a evolução dos tempos, quando se iniciaram os primeiros movimentos de

assentamentos populacionais na busca da fixação dos indivíduos em aglomerações humanas,

as questões ambientais eram localizadas, não passavam de questões locais, como a poluição

de um lago, a queima de uma floresta etc; entretanto esses problemas mesmo apresentando

dimensões limitadas, motivaram pequenos grupos de pessoas a discutir e a tomar decisões

sobre o assunto.

A obra “Ensaio sobre o Princípio da População”, de 1798, do inglês Rev. Thomas

Malthus, exemplifica essas interrogações sociais que motivaram as pesquisas sobre meio

ambiente. Os problemas populacionais, já na antiguidade, chegavam a preocupar os

governos; o primeiro esforço científico, porém, para estudar esta questão, foi feito por Malthus.

Sua posição era de que o crescimento natural da população, em progressão geométrica,

sempre excederia o incremento dos recursos de subsistência, que cresciam em progressão

aritmética. Este desequilíbrio levaria a espécie humana à decadência e até o

desaparecimento, se não houvesse uma limitação natural por meio de epidemias, subnutrição

e de guerras, por exemplo.

A teoria Malthusiana não previu as possíveis conseqüências do desenvolvimento

tecnológico, com a mecanização agrícola, as novas formas de produção, o surgimento de

novos tipos de alimentos e o progresso da medicina.

Nos Estados Unidos e na Europa, o aumento de renda per capita não foi

acompanhado pelo aumento da população como previu Malthus, mas da diminuição da taxa

de natalidade em conseqüência da crescente prosperidade.

A falência da teoria gerou um período de otimismo, pois esta corrente, na época,

defendia o pensamento de que os recursos naturais eram inesgotáveis, e que o planeta tinha

capacidade infinita de receber os resíduos inerentes à atividade humana.

O homem ampliou sua capacidade de produzir alterações no meio ambiente e os

efeitos negativos sobre a qualidade de vida tornaram-se evidentes.

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1.3 - Marcos significativos a partir da década de 60

No que se refere aos marcos significativos, na área ambiental, a partir da década de

60, enumeram-se no quadro a seguir, vários eventos de repercussão global que iniciaram um

processo, perdurando até a atualidade. Período Evento Conseqüência

1962 Lançamento do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson, clássico do movimento ambientalista mundial

Desencadeou grande inquietação sobre a perda da qualidade de vida produzida pelo uso indiscriminado de produtos químicos e seus efeitos no meio ambiente.

1968 “Clube de Roma” - Fundado por especialistas de vários países Criado para discutir a crise atual e futura da humanidade

1972

Relatório “Os Limites do Crescimento” publicado pelo Clube de Roma. Conferência de Estocolmo, conferência da ONU sobre meio ambiente. Marco para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental

Denunciou que o consumo mundial levaria a humanidade a um limite de crescimento e possivelmente a um colapso, a exemplo da Crise do Petróleo. Pela primeira vez, discutiu-se a possibilidade do esgotamento dos recursos naturais. Discutiu as questões como a defesa e a melhoria do meio ambiente, para as gerações presentes e futuras. Gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o objetivo de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano. A delegação brasileira defendeu a posição de que não poderia deter-se nas questões ambientais porque necessitava do desenvolvimento econômico (O Milagre Brasileiro).

1980 IUCN – Estratégia Mundial para a Conservação

Objetivou a conservação dos recursos a fim de obter-se o desenvolvimento sustentável sem a destruição irreversível dos recursos naturais.

1987

Divulgação do Relatório Brundtland sobre meio ambiente e desenvolvimento – Nosso Futuro Comum. Esta comissão foi criada pela ONU como organismo independente (1983). O relatório tratava da preocupação, desafios como a busca do desenvolvimento sustentável, segurança alimentar, energia e economia internacional.

Objetivou reexaminar os principais problemas do meio ambiente e do desenvolvimento, em âmbito planetário, formular propostas realistas para solucioná-los e assegurar que o progresso humano seja sustentável por meio do desenvolvimento, sem comprometer os recursos ambientais para as futuras gerações.

1992

Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, discutiu temas ambientais globais, aos 20 anos de Conferência de Estocolmo. Essa conferência reuniu o maior número de governantes de todos os tempos e de toda a história de conferências da ONU:

Participaram 179 países e firmaram o mais ambicioso programa de ações conjuntas com o objetivo de promover, em nível mundial, um novo estilo de desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável. Resultou na elaboração da Agenda 21 que se constitui um poderoso instrumento rumo a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do progresso, maior harmonia e equilíbrio holístico entre todos.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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II - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido pela primeira vez, em nível

mundial em 1980, despertando para a necessidade da conciliar conservação, preservação e uso racional dos recursos naturais com o desenvolvimento.

Como se pode definir o desenvolvimento sustentável?

“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as

possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”

• O conceito de desenvolvimento sustentável ganhou múltiplas dimensões, na

medida em que os estudiosos passaram a incorporar outros aspectos das relações

sociais e individuais com a natureza: podemos considerar cinco dimensões básicas:

sustentabilidade Social; sustentabilidade econômica; sustentabilidade ambiental;

sustentabilidade espacial; e sustentabilidade cultural.

Veiga (2005, p. 193-196) resgata a origem do conceito Sustentabilidade, no que se

refere às ciências naturais, como sendo a “manutenção por tempo ilimitado de determinada

população, ou seja, manter uma comunidade longe da extinção, vivendo e se reproduzindo”.

2.1 - Componentes de Sustentabilidade

Existem alguns itens que são observados como ações que levam à sustentabilidade:

• A responsabilidade ecológica (ser capaz de identificar as relações de

interdependência e aceitar o princípio da co-responsabilidade na gestão dos

recursos e dos ecossistemas compartilhados);

• A eficiência energética, redução e conservação de energia, sobretudo aquela

proveniente dos combustíveis fósseis; estimular o uso de energias alternativas;

• Uso de tecnologias limpas nos processos industriais;

• Diminuição significativa da produção de resíduos;

• Produção e uso de materiais recicláveis;

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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• Recuperação de áreas degradadas e reposição do estoque dos recursos naturais;

• Manutenção da biodiversidade existente (o Brasil detém a maior diversidade

biológica do planeta, com 20% de espécies endêmicas, 40% das florestas tropicais,

20% de toda água doce; além disto, cerca de 45 % do PIB e 31% das exportações

estão diretamente associadas à base de recursos naturais);

• Diminuição da pressão humana sobre a base de recursos, mudando os padrões de

consumo;

• Diminuição radical do uso dos recursos não-renováveis e de sua substituição a

médio e longo prazo, valorizando a implementação de termos de intercâmbio

justos, para os países exportadores de matérias-primas;

• Assegurar o acesso aos recursos à maioria da população, eliminando a pobreza

extrema e possibilitar o alcance à educação, informação, saúde, alimentação e

lazer.

• Assegurar o acesso aos recursos à maioria da população, eliminando a pobreza

extrema e possibilitando o alcance à educação, informação, saúde, alimentação e

lazer.

Você sabia?

Que uma criança nascida em Nova York, Londres ou Paris, tem um impacto 50

vezes mais forte sobre os recursos naturais do que uma criança nascida nos

países mais pobres.

Em 200 anos, o Planeta perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de

florestas.

A carga sedimentar resultante da erosão do solo aumentou de 3 a 5 vezes, nas

bacias hidrográficas.

O volume de água retirado dos mananciais cresceu de 100 para 3.600 Km3/por

ano.

Desde a revolução industrial, a população humana cresceu oito vezes.

A produção industrial cresceu mais de cem vezes nos últimos 100 anos.

Seis bilhões de pessoas vivem hoje, no planeta, usando 40% do recurso mais vital

– a energia do sol.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Uma, em cada cinco pessoas, não tem alimento suficiente para manter uma vida

ativa no trabalho.

¼ da população mundial não dispõe de água potável.

A previsão é que, em 2020, a população da Terra seja de nove bilhões de

habitantes.

A Amazônia é um dos ecossistemas mais ricos do planeta. São cerca de 5 mil tipos

de árvores, 1,5 milhão de espécies de vegetais, 3 mil tipos de peixes, 950 espécies

de pássaros e 300 espécies de mamíferos. Vinte por cento de toda a água doce no

mundo estão na Amazônia.

Tudo isto coloca o desafio de construir o desenvolvimento sustentável sob uma ótica

integradora que valorize os recursos naturais e humanos como fatores primordiais para a

instituição de uma sociedade sustentável capaz de superar os problemas atuais e utilizar as

potencialidades existentes no país, de maneira justa e visando a melhoria conjunta da

qualidade de vida.

Para se obter um ambiente sustentável, é necessário gerenciar com muita maestria

vários fatores, inclusive a energia.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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III - ENERGIA E MEIO AMBIENTE

O uso da energia é essencial para a satisfação das necessidades humanas.

Você sabia que o homem é o único animal, cujas necessidades mudam

significativamente, ao longo dos tempos?

A humanidade evoluiu paralelamente a um crescimento moderado de seu consumo

energético, até a Revolução Industrial. A passagem da lenha ao carvão, no século XIX, e a

generalização do uso do petróleo e da eletricidade, após 1930, assentaram a base da

civilização moderna, industrial, sobre o consumo de combustíveis fósseis, que a natureza

havia levado milhares de anos para produzir. A aceleração sem precedentes do ritmo de

expansão do uso de energia após a Segunda Grande Guerra – o consumo energético mundial

cresceu sete vezes entre 1900 e 1965 – levou, enfim, ao emprego da energia nuclear para a

geração de eletricidade.

Por outro lado, a rapidez e a amplitude desse desenvolvimento, com os efeitos

cumulativos e a superação de certos limites que este padrão de consumo da civilização

industrial acarreta, está colocando em perigo a própria sobrevivência da humanidade e da vida

na terra. Pela primeira vez, na história, as atividades humanas podem destruir frágeis

equilíbrios ecológicos, essenciais, para a reprodução da vida.

Os principais riscos ambientais da atualidade estão intimamente relacionados à

elevação do consumo de energia. Destes riscos, quatro se destacam por sua dimensão global:

• O “efeito estufa”: o aquecimento da atmosfera devido à emissão de gases –

sobretudo de dióxido de carbono (CO2) – poderá causar perigosas alterações

climáticas;

• A poluição do ar urbano, pelas indústrias e veículos de transporte;

• A chuva ácida e seus impactos sobre os solos, os recursos hídricos e a vegetação;

• O risco de acidentes em reatores nucleares, incluindo o lixo tóxico.

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3.1 - Energia Nuclear

É energia gerada por uma reação chamada fissão nuclear, em que no reator nuclear

os núcleos dos átomos são bombardeados entre si, provocando a ruptura desses núcleos,

levando a liberação de energia. A matéria-prima usada na produção desse tipo de energia é o

urânio, um metal pesado radioativo. A utilização deste metal é extremamente questionada em

razão dos problemas de contaminação de sua extração e pela dificuldade de depositar os

dejetos radioativos.

Na década de 50, este tipo de energia se apresentava como a solução energética ideal

para a humanidade; porém, depois de vários acidentes, entre os quais o da usina Chernobyl,

na década de 80, passou a ser muito questionada a utilização da energia nuclear em razão

dos riscos de explosão e contaminação.

Atualmente, o Brasil tem uma usina termonuclear em funcionamento em Angra dos

Reis (RJ).

Figura nº 1 – Usina nuclear Angra 1. Fonte: www.nutec.com.br/educacional

Quais são conseqüências geradas pelas experiências com material nuclear?

Desde o início da era atômica, as centenas de experiências com material nuclear têm

jogado quantidades enormes de resíduos radioativos na atmosfera. As correntes de ar, por

sua vez, se encarregam de distribuir este material para todas as regiões da Terra. Com o

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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tempo, a suspensão é trazida para o solo e para os oceanos, onde será absorvida e

incorporada pelos seres vivos.

3.2 - Combustíveis Fósseis

Os combustíveis fósseis: carvão, petróleo, gás natural são objeto de múltiplas

aplicações no setor doméstico, na indústria, nos transportes e na geração de eletricidade.

A mineração do carvão acarreta impactos ambientais, bem significativos. Os mineiros

estão expostos a acidentes nas minas (incêndios, explosões, desabamentos) à inalação de

poluentes e ao ruído.

Você sabia que a mineração do carvão, especialmente a céu aberto causa a erosão e

a acidificação do solo?

Os recursos hídricos também são afetados pela mineração de carvão, que provoca a

drenagem ácida.

Quais são os diversos impactos ambientais que a exploração de petróleo e gás natural

causam? Entre eles destacam-se as explosões, incêndios e vazamento de óleo podendo

acarretar prejuízos ao homem e ao meio ambiente.

A queima dos combustíveis fósseis origina uma série de poluentes atmosféricos,

dentre eles o monóxido de carbono, o dióxido de carbono, óxidos de enxofre e nitrogênio etc.

O gás natural é o combustível fóssil mais limpo, com grande vantagem sobre o

petróleo e o carvão.

3.3 - Fontes Renováveis de Energia

Você sabia que a biomassa, a energia solar, energia eólica, biodiesel são fontes de

energia renováveis? Vamos conhecê-las um pouco mais.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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3.3.1 - Biomassa

Figura nº 2 – Projeto coque vegetal atualmente utilizado nos calcinadores do Pólo Gesseiro do Araripe

Fonte: www.itep.br/tecnologia_material_construção_projeto_execução

Por meio da fotossíntese, as plantas captam energia do sol e transformam em energia

química. Esta energia pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. As fontes

orgânicas, usadas para produzir energia usando este processo, são chamadas de biomassa.

A biomassa obtida de diversas formas (florestas nativas e plantadas, culturas

energéticas e resíduos orgânicos) pode ser transformada em energia por processos incluindo

combustão, pirólise, digestão anaeróbia.

A coleta indiscriminada de lenha vem causando a erosão e a degradação do solo,

contribuindo para o avanço do processo de desertificação. Estima-se em 16 milhões de

hectares por ano a taxa de destruição de áreas de florestas no Terceiro Mundo. Técnicas

adequadas de manejo florestal e programas de reflorestamento, com as devidas precauções

ambientais, são os principais pré-requisitos para assegurar um suprimento renovável de lenha.

Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos agrícolas, madeira e

plantas como a cana-de-açúcar, que são colhidos com o objetivo de produzir energia. O lixo

municipal pode ser convertido em combustível para o transporte, indústrias e mesmo

residências.

Atualmente, a combustão direta da lenha, de resíduos agrícolas e de esterco fornece

energia à maioria da população rural e da periferia das cidades do Terceiro Mundo, onde a

lenha para fins energéticos representa 80% do consumo total. Os recursos renováveis

representam cerca de 20% do suprimento total de energia no mundo, sendo 14% provenientes

de biomassa e 6%, de fonte hídrica. No Brasil, a proporção da energia total consumida é cerca

de 35% de origem hídrica e 25% de origem em biomassa, significando que os recursos

renováveis suprem algo em torno de 2/3 dos requisitos energéticos do País.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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A produção de energia elétrica a partir da biomassa, atualmente, é muito defendida

como uma alternativa importante para países em desenvolvimento e mesmo em outros países

mais adiantados. Programas nacionais começaram a ser desenvolvidos visando ao incremento

da eficiência de sistemas para a combustão, gaseificação e pirólise da biomassa. Segundo

pesquisadores, entre os programas nacionais bem sucedidos no mundo citam-se:

• O PROÁLCOOL- Brasil

• Aproveitamento de biogás - China

• Aproveitamento de resíduos agrícolas - Grã - Bretanha

• Aproveitamento do bagaço de cana - Ilhas Maurício

• Coque vegetal - Brasil

No Brasil, cerca de 30% das necessidades energéticas são supridas pela biomassa

sob a forma de:

• Lenha para queima direta nas padarias e cerâmicas

• Carvão vegetal para redução de ferro gusa em fornos siderúrgicos e combustíveis

alternativos nas fábricas de cimento do norte e do nordeste

• No sul do país queimam carvão mineral, álcool etílico ou álcool metílico para fins

carburantes e para industria química

• O bagaço de cana e outros resíduos combustíveis são utilizados para geração de

vapor para produzir eletricidade, como nas usinas de açúcar e álcool, que não

necessitam de outro combustível, pelo contrário ainda sobra bagaço para indústria

de celulose

• Outra forma de aproveitamento da biomassa é o Biogás que é uma fonte

abundante, de energia barata e não poluidora. 3.3.2 - Energia solar

O Sol é fonte de energia renovável, o aproveitamento desta energia tanto como fonte

de calor quanto de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras para

enfrentarmos os desafios do novo milênio.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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A energia solar é abundante e permanente, renovável a cada dia, não polui nem

prejudica o meio ambiente. É a solução ideal para áreas afastadas e ainda não eletrificadas,

especialmente num país como o Brasil onde se encontram bons índices de insolação em

qualquer parte do território.

Este tipo de energia soma características vantajosamente positivas para o sistema

ambiental, pois o Sol, trabalhando como um imenso reator a fusão, irradia na Terra, todos os

dias, um potencial energético extremamente elevado e incomparável a qualquer outro sistema

de energia, sendo a fonte básica e indispensável para praticamente todas as fontes

energéticas utilizadas pelo homem.

O Sol irradia, anualmente, o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela

população mundial neste mesmo período. Para medir a potência é usada uma unidade

chamada quilowatt. O Sol produz, continuamente, 390 sextilhões (390x1021) de quilowatts de

potência. Como o Sol emite energia em todas as direções, um pouco desta energia é

desprendida, mas, mesmo assim, a Terra recebe mais de 1.500 quatrilhões (1,5x1018) de

quilowatts-hora de potência por ano.

Figura nº 3 Solar home system instalado em casa no semi-árido

Fonte: www.aondevamos.eng.br/boletins/edição01

Quais as vantagens da energia solar em relação aos demais tipos de energia?

São muitas, dentre as quais podemos citar:

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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1) Não é poluente;

2) Não influi no efeito-estufa;

3) Dispensa turbinas e geradores;

4) Evita a inundação de 56 m2 de terras férteis, espaço correspondente a cada metro

quadrado de um coletor solar.

Como desvantagem, podemos citar a exigência de altos investimentos para a

implantação do coletor solar.

Curiosidades que devemos saber:

Uma parte do milionésimo de energia solar que nosso país recebe durante o ano

poderia dar-nos 1 suprimento de energia equivalente a:

54% do petróleo nacional

2 vezes a energia obtida com o carvão mineral

4 vezes a energia gerada no mesmo período por uma usina hidrelétrica.

Quais são as aplicações mais comuns da energia solar?

Atualmente, seu uso vem sendo bem difundido nas seguintes aplicações:

1) Aquecimento de água para fins domésticos, industriais e do setor de serviços;

2) Secagem de produtos agrícolas;

3) Bombeamento d’água;

4) Produção de eletricidade por meio de células fotovoltaicas.

Vale salientar que estes e outros empregos vêm despertando um crescente interesse

em muitos outros países.

De modo geral, os impactos ambientais do aproveitamento de energia solar são

positivos, graças à conservação dos recursos energéticos não-renováveis e redução das

emissões poluentes.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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O uso da energia solar, em países do Terceiro Mundo, pode propiciar uma substancial

melhoria da qualidade de vida da população, especialmente no meio rural. 3.3.3 - Energia eólica

A energia eólica é aquela que se obtém pelo movimento do ar (vento). É uma

abundante fonte de energia, renovável, limpa e disponível em todos os lugares.

Os moinhos de vento foram inventados na Pérsia no Sec.V. Eles

foram usados para bombear água para irrigação. Os mecanismos básicos de

um moinho de vento não mudaram desde então: o vento atinge uma hélice

que, ao movimentar-se, gira um eixo que impulsiona uma bomba (gerador de

eletricidade).

A curto e médio prazo, o uso de energia eólica deverá expandir-se. Os impactos

ambientais do uso de energia eólica envolvem apenas o risco de acidentes, o nível de ruído, o

efeito estético, a interferência nas telecomunicações e a possibilidade de alterações

microclimáticas.

Os ventos são gerados pela diferença de temperatura da terra e das águas, das

planícies e das montanhas, das regiões equatoriais e dos pólos do planeta Terra.

Que influencia a quantidade de energia eólica?

A quantidade de energia disponível do vento varia de acordo com as estações do ano

e as horas do dia. A topografia e a rugosidade do solo também tem grande influência na

distribuição da freqüência dos ventos e de sua velocidade. Além disto, a quantidade de

energia eólica captável numa região depende das características de desempenho, altura de

operação e espaçamento horizontal dos sistemas de conversão de energia.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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A avaliação exata do potencial de vento em uma região é o primeiro e fundamental

passo para o aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia.

Para a avaliação do potencial eólico de uma região é necessária a coleta de dados de

vento com precisão e qualidade, capaz de fornecer um mapeamento eólico da região.

As hélices de uma turbina de vento são diferentes das lâminas dos antigos moinhos

porque são mais aerodinâmicas e eficientes. As hélices têm o formato de asas de aviões e

usam a mesma aerodinâmica. As hélices em movimento ativam um eixo que está ligado à

caixa de mudança. Por intermédio de uma série de engrenagens, a velocidade do eixo de

rotação aumenta. O eixo de rotação está conectado ao gerador de eletricidade que com a

rotação em alta velocidade gera energia.

A energia eólica é considerada a energia mais limpa do planeta, disponível em

diversos lugares e em diferentes intensidades, uma boa alternativa às energias não-

renováveis. 3.3.4 - Biodiesel

O Biodiesel é um combustível biodegradável, derivado de fontes renováveis, e pode

ser obtido por diferentes processos. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de

óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas,

tais como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, entre outras.

O biodiesel substitui, total ou parcialmente, o óleo diesel de petróleo em motores

ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários

(geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em

diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e

assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.

O governo brasileiro está apoiando esta opção de energia renovável; informações

detalhadas poderão ser obtidas por meio do endereço eletrônico www.biodiesel.gov.br.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Figura nº 4 Mapa das potencialidades de biodiesel no Brasil Fonte: www.biodieselbr.com/biodiesel/brasil

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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IV - POLUIÇÃO

É a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, em quantidade superior à

capacidade de absorção do meio ambiente ou maior do que a quantidade existente no meio.

Também é causada pelo lançamento de substâncias que não existem na natureza, como os

inseticidas. A poluição interfere no equilíbrio ambiental e na vida dos animais e vegetais. As

metrópoles Santiago do Chile, México e São Paulo são as cidades da América Latina que

apresentam maior grau de poluição.

4.1 - O Lixo

Que é considerado como lixo?

Conceituam-se, como LIXO, as sobras, os restos, ou um conjunto de resíduo.

Qual a diferença de lixo e resíduo?

RESÍDUOS: tecnicamente, o LIXO é chamado de resíduo. Resíduo é um sub-produto

de um processo qualquer; ele pode ser: orgânico, inorgânico, especial e lixo reciclável.

Que assim se considera lixo orgânico?

São considerados como restos de comida; restos de frutas, de legumes e verduras;

cascas de ovos, folhagens, plantas mortas; papel higiênico, guardanapos e toalhas de papel;

cinzas, pó de café, e similares.

Quais os produtos que compõem o lixo inorgânico?

Os plásticos, vidros, papéis, papelões, metais, entre outros são os componentes do

lixo inorgânico.

Quais os lixos que são considerados especiais?

Os entulhos de demolição e os resíduos industriais são enquadrados como lixos

especiais. Estes lixos especiais se classificam em: classe I - PERIGOSOS; classe II – NÃO-

PERIOGOSOS E NÃO-INERTES; classe III – INERTES e resíduos hospitalares e de serviços

de saúde.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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4.2 - Lixos Recicláveis

Que materiais são enquadrados como lixo reciclável?

Os papéis de jornal, revistas, caixas de papelão, embalagens de ovos, envelopes,

cartolina, formulários de computador, papel sulfite, embalagem UHT, papel de fax, papel

toalha ou papel higiênico que não estiverem sujos (podem estar molhados).

Também alguns tipos de plásticos podem ser reciclados, tais como: embalagens de

refrigerante, margarina, e material de limpeza, copinhos plásticos, (não é necessário lavar),

canos, tubos, sacos plásticos em geral, brinquedos e baldes.

Garrafas, potes e cacos de vidros podem ser enquadrados como lixos recicláveis, bem

como latas de aço (lata de óleo, alimentos em conserva) latas de alumínio (refrigerante,

cerveja), panelas parafusos, outras sucatas de construção civil.

Existe algum tipo de papel, plástico, vidro ou metal que não possa ser reciclado?

Sim. Alguns papéis não se reciclam, entre eles estão: papel carbono, etiqueta adesiva,

fita crepe, guardanapos sujos, fotografias, bitucas de cigarros, papéis sujos, papel metalizado.

Também os cabos de panela, tomada, bandejas de alimentos feitas de uma mistura de

plástico e isopor, fralda descartável não são materiais reciclados.

Os espelhos, vidros planos, lâmpadas, tubos de tv, cerâmica e porcelana são tipos de

vidros que não podem passar pelo processo de reciclagem, tais como os clipes, grampos,

esponjas de aço, pilhas e baterias (as pilhas e baterias devem ser devolvidas aos fabricantes

ou ao revendedor).

Figura nº 5 Lixão da cidade de Canudos-BA

Fonte: www.ecossistema.bio.br

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Qual o tempo necessário para a decomposição de papel, plástico, alumínio e vidro?

O quadro a seguir ilustra o tempo necessário para a decomposição desses materiais.

MATERIAL RECICLADO PRESERVAÇÃO DECOMPOSIÇÃO

1000 kg de papel o corte de 20 árvores 1 a 3 meses

1000 kg de plástico extração de milhares de litros de petróleo 200 a 450 anos

1000 kg de alumínio extração de 5000 kg de minério 100 a 500 anos

1000 kg de vidro extração de 1300 kg de areia 4000 anos

Fonte: Manual A Embalagem e o Meio Ambiente (1999)

Quais as vantagens de separar o seu lixo?

Quando você separa o lixo reciclável, você esta economizando recursos naturais como

energia, árvores, petróleo e água. Todos estes recursos são finitos e não podem ser

desperdiçados.

Que é um aterro sanitário?

É um local, onde será enterrado todo o lixo recolhido nas residências. Tendo uma vida

útil pouco menos de dois anos. Estas e as áreas destinadas a este fim estão ficando

extremamente reduzidas, pois o lixo é altamente tóxico e pode contaminar lençóis de água

subterrâneos e escoar para córregos espalhando-se para outras áreas.

O melhor meio para o reaproveitamento do lixo ainda é a coleta seletiva. Empresas

especializadas instruem a população, distribuem recipientes apropriados para que cada

indivíduo, na sua residência, separe o lixo em suas: vidro, papel, plástico, metais e lixo

orgânico. Em algumas cidades, a própria Prefeitura se encarrega desse trabalho, obtendo o

retorno financeiro do material que é reaproveitado.

Page 25: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Como funcionam os lixões?

Em alguns lixões, é empregado o sistema de esteiras transportadoras, das quais os

catadores tiram o material aproveitável de forma manual. Este processo representa melhor

aproveitamento em relação aos lixões comuns, que apenas amontoam o lixo e depois o

espalham com tratores pesados.

A construção de aterros sanitários, controlados, é uma técnica de disposição de

resíduos sólidos, urbanos, no solo, minimizando os impactos ambientais e riscos para a saúde

pública. Nesse processo, tem-se uma poluição localizada, e os resíduos são confinados em

camadas cobertas com material inerte (normalmente o solo). No aterro, o solo deve ser

totalmente compactado na base, o que o torna impermeável, evitando assim a penetração do

chorume para os lençóis freáticos.

Figura nº 6 – Aterro sanitário de São Paulo

Ao material orgânico pode ser aplicado o processo de compostagem - processo

biológico de decomposição da matéria orgânica – em que o produto final é aproveitado como

adubo orgânico. Neste processo, as frações orgânicas são levadas aos pátios e dispostas em

pilhas de tamanhos variados, que são revolvidas, com auxílio de tratores, pás ou removedores

automáticos, durante um período médio de quatro meses. O processo pode ser acelerado

usando-se tubulações perfuradas para aeração sob as pilhas.

Page 26: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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V - PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS

A degradação ambiental ocorre em razão de várias ações que afetam a natureza,

entre elas podemos citar: a erosão, desmatamento e a desertificação.

Como se dá o processo de erosão?

Erosão é um processo que afeta o ingresso de nutrientes em um determinado sistema,

retirando do ambiente os elementos que seriam essenciais ao processo de realimentação do

sistema. A erosão ocorre continuamente na natureza, por meio das mudanças de temperatura,

dos ventos e do movimento das águas. Esse processo tem sido intensificado pelas ações

antrópicas, ou seja, ações com a interferência humana, tais como: remoção de partes de terra

para a construção de estradas, habitações e demais equipamentos em locais susceptíveis à

erosão.

Qual o conceito de desmatamento?

O desmatamento é um fenômeno que se transforma em problema ambiental, na

medida em que ele altera as composições originais, tanto de populações vegetais quanto de

animais, em um determinado meio ambiente. Desta forma, ele modifica o ingresso de

nutrientes neste sistema, prejudicando o meio ambiente.

Figura nº 7 Desmatamento da Caatinga Nordestina

Fonte: www.nordesterural.com.br

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Qual a definição de desertificação?

Na Agenda 21, em seu capítulo 12, constante a definição de desertificação como: “A

degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, sendo causada por

variações no clima e atividades humanas”.

Desta forma, é uma resultante de atividades humanas sobre o meio ambiente,

associadas aos fenômenos naturais. A desertificação é um fenômeno que tem no

desmatamento um de seus componentes principais.

Além do desmatamento quais são as outras ações do homem que levam à

desertificação?

Além do desmatamento, as práticas agrícolas inadequadas como as queimadas,

escavações, aterros e contaminação por agrotóxicos também contribuem para o processo de

desertificação. No Nordeste existem quatro núcleos de desertificação, são eles: Gilbués(PI),

Irauçuba(CE), Seridó (RN ePB) e Cabrobó(PE)

Figura nº 8 Área desertificada de Gilbués (PI)

No Brasil, quais são os principais problemas ambientais?

O País preocupa-se particularmente com três aspectos ligados à degradação

ambiental no planeta:

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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As alterações climáticas;

Os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies;

A destruição da camada de ozônio.

Quais são as principais questões ambientais internas para o Brasil?

Para o Brasil, as principais questões internas, relacionadas ao meio ambiente são:

saneamento básico inadequado ou inexistente, crescimento da população; pobreza;

urbanização descontrolada; consumo e desperdício de energia; perda de solo agricultável e

desertificação; práticas agrícolas inadequadas; substâncias tóxicas perigosas; ineficiente

gestão dos recursos hídricos; mineração e garimpos predatórios; processos industriais

poluentes; e poluição do ar em áreas metropolitanas.

Existe alguma implicação para o Brasil em função das alterações climáticas ocorridas

no restante do mundo?

Como qualquer outro país, o Brasil sofre as conseqüências do chamado “efeito-

estufa”, que provoca o aumento da temperatura terrestre. As causas estão relacionadas ao

lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos

de nitrogênio e os hidrocarbonetos halogenados.

Que questionamentos o Brasil deve realizar sobre o “efeito-estufa”?

É um fenômeno que acontece em razão da concentração de gases (como dióxido de

carbono, óxido nitroso, metano e os clorofluorcarbonos (CFC – clorofluorcarbono são últimos

resíduos de produtos industrializados) na atmosfera, compondo uma camada que deixa passar

os raios solares, absorvendo grande parte do calor emitido pela superfície da Terra.

O Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes questões:

1. Como as mudanças da cobertura de vegetação na Amazônia, em particular o

desmatamento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas?

2. Com que intensidade, as emissões de fumaça e gases provocadas pelo

desmatamento, pelas indústrias, meios de transporte e produção de energia no

Brasil, contribuem para as alterações climáticas globais?

Page 29: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

27

3. Como estas mudanças afetariam os ecossistemas naturais e os de produção

agropecuária no território brasileiro?

4. Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases e o

desmatamento no Brasil fossem controlados?

Não existem ainda respostas definitivas para tais questões. Sabe-se que a vegetação

da Amazônia tem importância para o clima do mundo, mas não, em que proporção. É preciso

que o País acompanhe os estudos em andamento e utilize a Amazônia em seu benefício, com

a consciência da importância que tem a região em escala mundial.

Outro tema que vem sendo questionado é sobre a destruição da camada de ozônio.

Que tem o Brasil a ver com a questão da camada de ozônio?

O ozônio é um gás encontrado na alta atmosfera, formando uma fina camada que

protege a humanidade dos raios ultravioleta do sol. Esta camada possui a espessura entre

3mm a 5mm; no entanto, quando se localiza próximo ao solo, torna-se tóxica e perigosa para

os animais, plantas e seres humanos.

O principal uso do CFC – clorofluorcarboneto-que destrói a camada de ozônio, se dá

na refrigeração. O Brasil produziu 10.000 toneladas de CFC em 1988 e 8,6 mil em 1990,

enquanto os Estados Unidos produziram 285 mil toneladas em 1985. A destruição da camada

de ozônio no Brasil ainda não é notada, apesar de estar sendo pesquisada desde 1978.

Quais as atividades que contribuem para o aquecimento global?

Algumas atividades industriais, uso do CFC, as práticas agrícolas, uso e produção de

energia, modificações do uso da terra, conforme o gráfico mostra:

Page 30: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Causas do Aquecimento Global

3% 14%

17%

57%

9%

Outras atividades industriais Práticas agrícolasCFC Uso e produção de energiaModificação do uso da terra

Que sinalizam os estudos sobre a biodiversidade e a extinção das espécies?

A biodiversidade engloba todas as plantas, animais e microorganismos bem como o

sistema de meio ambiente (ecossistema) do qual fazem parte.

Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e 7% das

espécies nos próximos 25 anos, correspondentes à extinção de 8 mil a 28 mil espécies por

ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia.

A América do Sul e América Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no

mundo, enquanto África e Madagascar respondem por 23% e a Ásia 26%. Verifica-se, desta

forma, a grande importância da Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado quanto à questão da

biodiversidade.

Quais são as principais atividades de maior potencial de impacto ambiental na Região

Nordeste?

Em 1992, por ocasião da Conferência do Rio, o Governo do Brasil apresentou o

Relatório "O Desenvolvimento Sustentável: Relatório do Brasil para a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento", onde reconheceu oficialmente como os

principais impactos ambientais, para a Região Nordeste, os mostrados a seguir:

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Quadro Geral dos Principais Impactos Ambientais – Região Nordeste

Atividades de maior Potencial de Impacto

Ambiental Área de Ocorrência Tipo de Degradação

Agroindústria de açúcar e álcool

Pernambuco

Paraíba

Rio Grande do Norte

Alagoas

- Em geral ocupam áreas agrícolas mais férteis – Zona da Mata, competindo com cultura de alimentos provocando êxodo rural – extensas áreas de monoculturas de cana – destruição da vegetação nativa

- Poluição das águas interiores e costeiras – Exaustão do solo e contaminação da água subterrânea

- Contaminação fundiária – Grandes grupos

Pólos Industriais e/ou grandes indústrias

Bahia – Pólo Petroquímico de Camaçari, Centro industrial de Aratu

Sergipe – Nitro Fértil

Petromisa

Alagoas – Pólo Cloroquímico de Maceió, Complexo Salgema

Indústria de Alumínio – São Luís do Maranhão

- Poluição do ar, água e solo

- Ameaça a ecossistemas litorâneos – Manguezais e restingas

- Conflito industrial X turismo X pesca X lazer

Expansão urbana desordenada em áreas naturais do litoral e especulação imobiliária

Todo o litoral Nordeste, com destaque para as regiões próximas das capitais nordestinas localizadas no litoral, no balneário de Parnaíba no Piauí

- Degradação de ecossistemas litorâneos, praias dunas e manguezais

- Degradação da paisagem

- Impactos negativos em atividades econômicas como turismo e pesca

Atividade Portuária Porto de Suape, Capibaribe-PE

Natal – RN

Luiz Correa e Paraíba – PI

Terminal da ALCOA, Terminal Pesqueiro

Porto de Itaqui – São Luís do Maranhão

Mucuripe – CE

Salvador, Aratu, Ilhéus-BA

- Poluição das águas costeiras

- Impactos sobre áreas urbanas

- Riscos de acidentes

- Poluição Atmosférica

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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VI - O MEIO AMBIENTE E AS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS

Em poucos anos, os valores ambientais evoluíram de um interesse marginal para o

topo das preocupações, principalmente dos consumidores no mundo ocidental mais

desenvolvido.

Preocupadas em proteger a vida no planeta, as pessoas resolveram agir nas lojas e

nas prateleiras de supermercados, optando por produtos considerados ambientalmente

saudáveis e rejeitando aqueles que não oferecem essa garantia.

Isso que chamamos “consumismo ambiental” vem provocando uma reviravolta no

marketing e proporcionando novos nichos de mercado como oportunidades de negócios-

tendência presentes entre nós, como país em desenvolvimento, e que fatalmente se

consolidará.

Como está o lançamento dos “produtos verdes” no mercado internacional?

Pesquisa realizada pela agência de publicidade Backer SpielVogel Bantes constatou

que 67% dos consumidores americanos estão dispostos a mudar de marca a fim de escolher

uma com embalagem ambientalmente segura. A mesma pesquisa mostrou que uma

proporção maior de consumidores de outros países faria tal coisa: 90% na ex-Alemanha

Oriental, 88% na ex-Alemanha Ocidental, 84% na Itália e 82% na Espanha.

Uma ampla variedade de produtos verdes, incluindo alimentos, bebidas, produtos de

limpeza doméstica, além de produtos de saúde e beleza, estão sendo lançados com

freqüência em diversos países.

Como os países se preparam para o consumismo ambiental?

O Japão está preparado para surgir como líder em tecnologia ambiental no século XXI.

Apesar de um recorde insatisfatório quanto à preservação de animais selvagens, entre outras

questões ambientais, os japoneses criaram tecnologias impressionantes de prevenção de

poluição e conservação de energia. Eco-rotulações, patrocinadas por órgãos governamentais

ou para-governamentais, proliferam em países parceiros comerciais do Brasil.

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Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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Criado em 1977, o logotipo alemão Anjo Azul aparece em mais 3100 produtos de 57

categorias para ajudar os consumidores a identificar produtos ambientalmente preferíveis. O

Canadá publicou o Environmental Choice, diretrizes para produtos que variam de tintas a

fraldas de pano reutilizáveis. O Japão tem seu próprio programa Ecomark. Vários outros

países, incluindo a Áustria, Dinamarca, França, Holanda, e Nova Zelândia, assim como a

Comunidade Européia (CE), também estão estabelecendo eco-rotulações próprias.

Quais as recompensas pela opção por “produtos verdes”?

Além de vantagem mercadológica, existem também recompensas profissionais e

pessoais para os que integram a preocupação com ambiente em suas atividades. A resposta

ambiental caracteriza hoje uma empresa como progressista.

O desenvolvimento de processos e produtos ambientalmente mais corretos oferece

uma rara oportunidade de colocar em prática nossas convicções sobre valores no trabalho.

Assim, exercemos o desejo pessoal de contribuir para a limpeza ambiental e garantir um futuro

mais seguro para nossos filhos.

6.1 - Agricultura Sustentável

Agricultura sustentável é o resultado dos métodos alternativos que utilizam a

agricultura orgânica, a biodinâmica, o controle biológico e o natural, visando ao

desenvolvimento de uma agricultura com o menor prejuízo possível ao meio ambiente e à

saúde humana.

Você sabia que:

Cerca de 20.000 pessoas morrem por ano e milhões são envenenados direta ou

indiretamente pelos efeitos dos agrotóxicos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

A própria terra torna-se inaproveitável pela contaminação por agrotóxicos

reiteradamente usados, sendo este um dos fatores de redução de sua capacidade. Os

Page 34: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

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pesticidas comprometem a saúde humana, contaminam a água, agridem os ecossistemas e

deixam as pragas mais resistentes. Estes fatores, aliados à erosão, a salinização, a

desertificação e ao esgotamento dos produtos nutrientes, tornaram-se os maiores problemas

da agricultura.

Estas constatações mostram a necessidade de se modificar a forma de agricultura,

surgindo a emergente agricultura ambiental ou agro-ambiental. Dentro deste novo panorama a

Biotecnologia tem papel fundamental, desenvolvendo inseticidas biológicos, além disso, a

biologia molecular consegue gerar culturas mais resistentes às pragas e menos dependentes

dos agrotóxicos.

Que é a agricultura orgânica?

É a agricultura também chamada ecológica, tem como objetivo básico à preservação

do meio ambiente. Assim, não utiliza fertilizantes químicos nem agrotóxicos. Neste tipo de

agricultura o solo é adubado com matéria orgânica, mantendo um sistema equilibrado e

integrado entre os homens, animais, plantas e microorganismos.

A agricultura orgânica vem se desenvolvendo muito com a utilização dos inseticidas

biológicos, adubos naturais e esterco animal para fertilizar os campos, optando ainda o

agricultor pela forma rotativa de colheitas para "não cansar o solo". Sabe-se também que

algumas multinacionais já estão produzindo enzimas que aumentam a dissolução do mineral

fósforo contido nas rações para animais, diminuindo assim a contaminação do solo e da água

quando seus dejetos são utilizados como adubo orgânico.

Page 35: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

33

Figura nº9 – Feira de produtos orgânicos em Campina Grande-PB

Que se entende por Plantio Direto?

Outra forma alternativa de agricultura dentro de uma nova visão agroambiental é a do

plantio direto que consiste em plantar sem revolvimento do solo por arado ou grade, não

permitindo a erosão e conseqüentemente mantendo os nutrientes na terra, inclusive os

originados dos restos de culturas anteriores.

Neste tipo de plantio, não há preparo prévio do solo, cuja conservação é o objetivo

principal desta forma de plantio, uma vez que diminui a erosão.

O plantio direto é uma tecnologia muito adequada ao pequeno e médio produtor, e à

agricultura familiar.

Page 36: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

34

VII - PROTOCOLO VERDE

O Protocolo Verde é o resultado do esforço feito pelo Grupo de Trabalho, instituído

pelo Governo Federal por meio do Decreto de 29/05/95, objetivando uma proposta contendo

diretrizes, estratégias e mecanismos operacionais, para a incorporação da variável ambiental

no processo de gestão e concessão de crédito oficial e benefícios fiscais às atividades

produtivas.

Como são aplicados os recursos financeiros?

Os recursos financeiros do governo darão prioridade a projetos que apresentem

maiores características de auto-sustentabilidade e que não acarretem danos ao meio

ambiente.

Quais foram os participantes do Protocolo Verde?

Participaram do Protocolo Verde as principais instituições federais ligadas ao meio

ambiente e organismos de financiamento:

Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal;

Ministério da Agricultura e do Abastecimento;

Ministério Extraordinário da Reforma Agrária;

Ministério da Fazenda;

Ministério do Planejamento e Orçamento;

IBAMA;

Caixa Econômica Federal;

Banco Central;

BNDES

Banco do Brasil;

Banco do Nordeste S/A; e

Banco da Amazônia S/A

Page 37: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

35

VIII - O BNB E O FINANCIAMENTO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O BNB, desde que participou do Protocolo Verde, inseriu a vertente ambiental em seu

processo de crédito, incluindo esta variável no SIAC (Sistema de Análise de Crédito),

observando a legislação ambiental e criando linhas de crédito voltadas para a conservação e

preservação do meio ambiente.

Quais são as linhas de crédito que o BNB disponibiliza para esta finalidade?

O BNB disponbiliza uma linha de crédito específica, destinada ao financiamento de

atividades e itens de conservação e proteção ambiental, denominada FNE VERDE (Programa

de Financiamento à Conservação e Controle do Meio Ambiente) e PRONAF –Floresta.

Você sabia?

Que quando Banco do Nordeste criou a linha de crédito FNE-Verde tornou-se o

primeiro Banco Federal a disponibilizar para os seus clientes uma linha de crédito voltada para

projetos ambientais?

Criado em 1996, o FNE VERDE tem como fonte de recursos o FNE (Fundo

Constitucional de Financiamento do Nordeste) atendendo a toda a Região Nordeste, norte de

Minas Gerais e alguns municípios do norte do Espírito Santo.

Que atividades são financiadas pelo FNE-VERDE?

Esta linha financia projetos de reflorestamento, manejo florestal sustentável,

recomposição de áreas degradadas, silvicultura, sistemas agro-florestais, agropecuária

orgânica, tecnologias limpas, energia alternativa, redução da poluição, dentre outros, desde a

concepção do projeto – estudos, elaboração de planos, até a certificação ambiental.

Page 38: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

36

O FNE VERDE, por ser uma linha de crédito exclusiva do BNB, destinada ao

financiamento de atividades ligadas ao meio ambiente, que opera com taxas de juros

diferenciadas (de acordo com o FNE) apresenta vantagem competitiva em relação às demais

instituições bancárias.

Nos casos específicos de projetos de reflorestamento, energia alternativa e

reconversão energética, esta linha de crédito apresenta prazos de carência e de pagamento,

podendo-se estender até a 8 e 20 anos, respectivamente. As taxas de juros variam de 6% a

14% a.a., dependendo do setor e do porte do empreendimento, além de bônus de adimplência

de 15 ou 25% para pagamentos em dia.

Para projetos de micro e pequenas empresas, o financiamento pode chegar a 100 %

do valor do projeto. Não existe, definido, o limite máximo de volume de capital por projeto,

podendo inclusive financiar projetos de grande porte.

PRONAF-Floresta:

A partir de 2002 o BNB também passou a operar com recursos do PRONAF-Floresta.

Trata-se de uma modalidade do programa do governo federal, destinado ao fortalecimento da

agricultura familiar e financia projetos agricultores, familiares ligados ao setor florestal –

investimento em projetos de silvicultura, sistemas agro-florestais, exploração extrativista,

sustentável, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do

empreendimento.

Page 39: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

37

IX - LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental é um dos instrumentos exigidos para a implantação de

atividades. Trata-se de um instrumento prévio de controle ambiental, para exercício legal de

modificações do meio ambiente, entre as quais se incluem aquelas listadas nas resoluções do

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) números 001/86, 011/86, 006/87, 006/88,

009/90 e 010/90.

Quem fornece as licenças ambientais?

As licenças ambientais são fornecidas pelos órgãos estaduais do meio ambiente ou

pelo IBAMA, em caráter supletivo ou para aquelas atividades que, por lei, são de competência

federal.

Quais são essas licenças?

As licenças ambientais são de três tipos: A Licença Prévia (LP), a Licença de

Instalação (LI), e a Licença de Operação (LO).

Que é Licença Prévia?

È a licença que autoriza o empresário a desenvolver o projeto do empreendimento de

acordo com as exigências ambientais, determinadas a partir das características das atividades

pretendidas.

Que é Licença de Instalação?

A Licença de Instalação é requerida ao se ter o projeto aprovado pelo órgão ambiental,

servindo para a construção do empreendimento segundo este mesmo projeto.

Page 40: Apostila - Meio Ambiente

Desenvolvimento Regional – Meio Ambiente E O Desenvolvimento Sustentável Regional

38

Que é Licença de Operação

A Licença de Operação é expedida após a Licença de Instalação, depois da

verificação de que o empreendimento foi construído de acordo como projeto aprovado e

autorizando o empresário a iniciar as atividades do empreendimento.

Qualquer atividade empresarial necessita de licenciamento ambiental?

Não. Aquelas atividades cujo potencial poluidor é desprezível não são objeto do

licenciamento ambiental.

Como saber se atividade empresarial é potencialmente poluidora?

O empresário deve dirigir-se ao órgão estadual de meio ambiente para ser informado

antes de iniciar o seu projeto e solicitar financiamento.

Como se determina o potencial poluidor de uma atividade empresarial?

As atividades empresariais podem ser classificadas em razão do oferecimento de

potencial poluidor. A classificação utilizada é baseada na estabelecida pelo Instituo Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) e leva em conta as características de processo e do tipo de

utilização de matéria-prima, energia, etc.

O potencial poluidor das atividades pode ser classificado em três níveis: alto, médio e

baixo. A classificação foi baseada no documento “Classificação de Atividades Poluidoras” (MN

- 050. R-1), de 1992, da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA / RJ.

Que diz a Constituição Brasileira de 1988 sobre o meio ambiente?

Reconhece a importância do meio ambiente e dedica todo o Capítulo VI ao tema.

O artigo 225 estabelece que:

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“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Por seu turno, o artigo 170 da Constituição condiciona a ordem econômica, entre

outros princípios, ao da defesa do meio ambiente.

Quais as responsabilidades do Poder Público na defesa e conservação do meio

ambiente?

O artigo 225 da Constituição incumbe ao Poder Público:

I. preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II. preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar

as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através da lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a qual se dará publicidade;

V. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI. promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização

pública para a preservação do meio ambiente; VII. proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em

risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

De que forma o poder público assegura, na prática, o direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado?

O Poder Público dispõe dos seguintes instrumentos, segundo a Lei nº 6.938, de 1981:

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avaliação de impacto ambiental

o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras;

o zoneamento ambiental; e

a fiscalização.

Quem promove as ações de proteção ao meio ambiente?

O meio ambiente é patrimônio público e social; cabe, portanto, ao Ministério Público

protegê-lo, mediante a promoção de inquérito civil e ação civil pública (Constituição Federal,

artigo 129).

Pode o cidadão proteger o Meio Ambiente? Como deve ele agir, para proteger o meio

ambiente e proteger-se da poluição e de acidentes ambientais?

Sim. O cidadão pode agir individualmente ou em grupo. Para isto, dispõe do

instrumento denominado de Ação Popular. Conforme, consta no artigo quinto da Constituição:

• “LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor Ação Popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada a má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”;

A que instrumentos de ação do governo devem estar atentos os micro e pequenos

empresários?

A Política Nacional de Meio Ambiente (artigo nono, Lei nº 6.939, de 31/08/81) prevê os

seguintes instrumentos de ação do governo:

I estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II zoneamento ambiental; III avaliação de impactos ambientais; IV licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; V incentivos á produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de

tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

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VI criação de espaços territoriais, especialmente protegidos, pelo Poder Público federal, estadual ou municipal, tais como áreas de proteção ambiental relevante ao interesse ecológico e reservas extrativistas;

VII sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental; IX penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas

necessárias á preservação ou correção da degradação ambiental; X instituição do relatório de qualidade do meio ambiente, obrigando-se o Poder

Público a produzi-las, quanto existentes; XI garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o

Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; XII cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras

dos recursos naturais.

Existem também instrumentos definidos pelo Poder Público Estadual (Legislativo e

Executivo) como, por exemplo, a realização de auditoria ambiental.

Que atividades a lei incentiva para proteger o meio ambiente?

A Lei nº 6.938, de 1981, dispõe que o Poder Executivo incentivará as atividades

voltadas para a proteção do meio ambiente, visando:

I Ao desenvolvimento no País de pesquisa e processos tecnológicos destinados a

reduzir a degradação da qualidade ambiental;

II À instalação de equipamentos antipoluidores; e

III A outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso de recursos naturais.

NÃO SE ESQUEÇA de resolver o EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO , disponível no site.

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BIBLIOGRAFIA CONSUMO Sustentável: manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/IDEC, 2002. Manual de Impactos ambientais: orientações básicas sobre aspectos de atividades produtivas/Banco do Nordeste; equipe elaboração Marilza do Carmo Oliveira Dias (coordenadora), Mauri César Barbosa Pereira, Pedro Luiz Fuentes Dias, Jair Fernandes Virgilio – Fortaleza: Banco do Nordeste, 1999. Protocolo VERDE. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Orçamento, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil, Banco da Amazônia. Brasília: 1995. Programa Educando para cooperação em Meio Ambiente. Apostila Comunidade Virtual. Banco do Nordeste do Brasil. Fortaleza: 2002. SINISGALLI, Paulo. Sistema de Gestão Ambiental. Histórico evolutivo das Ciências Ambientais. Módulo I. Programa Modular de Desenvolvimento a Distância. São Paulo: IBC- Brasil, 2005. www. ambientebrasil.com.br. Consultado em Dezembro de. 2006. www.bnb.gov.br. Consultado em dezembro de 2006. www.cempre.org.br. Consultado em Janeiro 2007. www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição. Consultado em Janeiro de 2007. www.planetaorganico.com.br . Consultado em dezembro de 2006.

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