apostila de direito adm. - robson

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Boa Viagem Boa Vista Rua Visconde de Jequitinhonha,76-Recife-PE Rua Montevidéu,276 Recife - PE Tel.81 3462-8989 CEP: 51021-480 Tel. 81 3423-0141 CEP: 50050-250 www.espacojuridico.com ALEPE/ Câmara Robson Carvalho Apostila: Direito Administrativo 1 – PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS CONCEITO Princípios administrativos são postulados fundamentais que inspiram a maneira de agir da Administração Pública. O eminente administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello entende o princípio como um “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”. PRINCÍPIOS EXPRESSOS (ART. 37 DA CF/88) i) Princípio da Legalidade Este princípio encontra-se inserido no inciso II do art. 5º da Constituição Federal, sendo esta sua formulação mais genérica, assim prevendo: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei ”. Assim, enquanto para os particulares a regra é a autonomia da vontade, para a administração a única vontade de que podemos cogitar é a da lei, sendo irrelevante a vontade pessoal do agente. No Direito Administrativo a legalidade traduz a idéia de que a Administração, no exercício de suas funções, somente poderá agir conforme o estabelecido em lei. Inexistindo previsão legal para uma hipótese, não há possibilidade de atuação administrativa, pois a vontade da Administração é a vontade expressa na lei, sendo irrelevantes as opiniões e convicções pessoais de seus agentes. ii) Princípio da Impessoalidade

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Apostila: Direito Administrativo

1 – PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

CONCEITO

Princípios administrativos são postulados fundamentais que inspiram a maneira de agir da

Administração Pública. O eminente administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello

entende o princípio como um “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce

dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o

espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência exatamente por

definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá

sentido harmônico”.

PRINCÍPIOS EXPRESSOS (ART. 37 DA CF/88)

i) Princípio da Legalidade

Este princípio encontra-se inserido no inciso II do art. 5º da Constituição Federal, sendo esta

sua formulação mais genérica, assim prevendo: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de

fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim, enquanto para os particulares a regra é a

autonomia da vontade, para a administração a única vontade de que podemos cogitar é a

da lei, sendo irrelevante a vontade pessoal do agente.

No Direito Administrativo a legalidade traduz a idéia de que a Administração, no exercício de

suas funções, somente poderá agir conforme o estabelecido em lei. Inexistindo previsão legal

para uma hipótese, não há possibilidade de atuação administrativa, pois a vontade da

Administração é a vontade expressa na lei, sendo irrelevantes as opiniões e convicções

pessoais de seus agentes.

ii) Princípio da Impessoalidade

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Este princípio objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar aos

administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica (isonomia), como é o caso,

por exemplo, da exigência constitucional do concurso público para o ingresso em cargo ou

emprego público.

Numa outra acepção deste princípio, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o

interesse público, e não para o privado, vedando-se que sejam favorecidos alguns indivíduos

em detrimento de outros e prejudicando alguns para favorecimento de outros (finalidade

pública).

Em outro sentido, o princípio da impessoalidade tem por objetivo proibir a vinculação de

atividades da Administração à pessoa dos administradores, evitando que estes utilizem a

propaganda oficial para a sua promoção pessoal.

iii) Princípio da Moralidade

O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da

Administração. Para atuar em respeito à moral administrativa não basta ao agente cumprir a

lei na frieza de sua letra. É necessário que se atenda à letra e ao espírito da lei, que ao legal

junte-se o ético. Este princípio impõe que o administrador público não dispense os preceitos

éticos que devem estar presentes em sua conduta.

A Constituição Federal, ao consagrar o princípio da moralidade administrativa como vetor

da atuação da Administração Pública, igualmente consagrou a necessidade de proteção à

moralidade e responsabilização do administrador público.

Dessa forma, deve o Poder Judiciário, ao exercer o controle jurisdicional, não se restringir ao

exame estrito a legalidade do ato administrativo, mas entender por legalidade ou

legitimidade não só a conformação do ato com a lei, como também com a moral

administrativa e com o interesse público.

A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio da moralidade

administrativa enquadra-se nos denominados atos de improbidade, previstos no § 4º do art.

37 da Constituição Federal, e sancionados com a suspensão dos direitos políticos, a perda da

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função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e

gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

iv) Princípio da Publicidade

O princípio da publicidade apresenta duplo sentido em face do sistema decorrente da

Constituição Federal. No primeiro, refere-se à publicação oficial dos atos administrativos a fim

de que eles possam produzir efeitos externos. Neste sentido, a publicidade faz-se pela

inserção do ato no Diário Oficial ou por edital afixado no lugar próprio para divulgação dos

atos públicos, para conhecimento do público em geral e, consequentemente, início da

produção de seus efeitos.

O segundo sentido inerente ao princípio da publicidade refere-se à exigência de

transparência da atividade administrativa como um todo. A regra da transparência

administrativa é reforçada pelo inciso XXXIII do art. 5º que declara o direito de receber

informações dos órgãos públicos, e pelo inciso LXXII, que prevê o habeas data como

garantia do direito de conhecer e retificar informações pessoais constantes de entidades

governamentais ou de caráter público.

v) Princípio da Eficiência

Este princípio foi acrescentado ao texto constitucional pela Emenda nº 19/98. O princípio da

eficiência impõe ao agente público a obrigação de realizar suas atribuições com presteza,

perfeição e rendimento funcional.

Para a Professora Maria Sylvia Di Pietro o princípio apresenta dois aspectos:

1. relativamente à forma de atuação do agente público, se espera o melhor desempenho

possível de suas atribuições, a fim de obter os melhores resultados;

2. quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, exige-se

que este seja o mais racional possível, no intuito de alcançar melhores resultados na

prestação dos serviços públicos.

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O objetivo do princípio é assegurar que os serviços públicos sejam prestados com

adequação às necessidades da sociedade que os custeia.

PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS (RECONHECIDOS)

vi) Princípio da Supremacia do Interesse Público

Por força do regime democrático e do sistema representativo, presume-se que a atuação do

Estado sempre tenha por finalidade a tutela do interesse público.

O princípio da supremacia do interesse público informa todos os ramos do Direito Público e

possibilita que, nas relações jurídicas nas quais figure o Estado como representante da

sociedade, seus interesses prevaleçam contra interesses particulares. Exemplos:

desapropriação; alteração unilateral dos contratos administrativos, etc.

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro exata que “esse princípio, também chamado de

princípio da finalidade pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei como

no momento da sua execução em concreto pela Administração Pública. Ele inspira o

legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação”.

vii) Princípio da Indisponibilidade

Na Administração Pública, os bens e os interesses públicos não se acham entregues à livre

disposição da vontade do administrador. Assim, cabe ao administrador o dever de protegê-

los nos termos da finalidade legal a que estão adstritos.

Este princípio parte da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesses

públicos trazem benefícios para a própria coletividade.

viii) Princípio da Autotutela

O poder-dever de autotutela possibilita à Administração controlar seus próprios atos,

apreciando-os quanto ao mérito e quanto à legalidade. Todavia, o controle de legalidade

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efetuado pela Administração sobre seus próprios atos, evidentemente, não exclui a

possibilidade de prestação desses pelo Poder Judiciário.

O princípio da autotutela autoriza o controle, pela Administração, dos atos por ela

praticados, sob dois aspectos:

1) de legalidade, em que a Administração pode, de ofício ou provocada, anular os seus atos

ilegais;

2) de mérito, em que examina a conveniência e oportunidade de manter ou desfazer um

ato legítimo, nesse último caso mediante a denominada revogação.

O princípio da autotutela está consagrado na Súmula nº 473 do STF, que assim dispõe: “A

administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem

ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou

oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a

apreciação judicial”.

ix) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos

Os serviços públicos são prestados no interesse da coletividade. Por esse motivo sua

prestação deve ser adequada, não podendo sofrer interrupções. A interrupção de um

serviço público prejudica toda a coletividade, que dele depende para satisfação de seus

interesses e necessidades.

A aplicação desse princípio implica restrição a determinados direitos dos prestadores de

serviços públicos e dos agentes envolvidos em sua prestação.

É exemplo dessas limitações a restrição ao direito de greve dos servidores públicos. A

Constituição, em seu art. 37, VII, estabelece que o direito de greve dos servidores públicos

seja exercido nos termos e limites definidos em lei específica.

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x) Princípio da Segurança Jurídica

Este princípio enaltece a idéia de proteger o passado e tornar o futuro previsível, de modo a

não infligir surpresas desagradáveis ao administrado. Visa à proteção da confiança e a

garantia da certeza e estabilidade das relações jurídicas.

A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – prevê a segurança jurídica como princípio

da Administração Pública, dispondo que nos processos administrativos serão observados,

entre outros, os critérios de interpretação da norma administrativa da forma que melhor

garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova

interpretação.

xi) Princípio da Motivação

Pelo princípio da motivação, a formalização dos atos administrativos deverá trazer a

narrativa escrita dos fatos ensejadores de sua prática (motivos de fato), suas razões jurídicas

(motivos de direito) e a demonstração de pertinência lógica entre os motivos, de modo a

garantir-se a plena possibilidade de controle, inclusive jurisdicional, de sua validade.

A motivação é necessária em qualquer tipo de ato administrativo, vinculado ou

discricionário, como corolário dos demais princípios que regem a Administração Pública e

para possibilitar total incidência do dispositivo constitucional que prevê a impossibilidade de

exclusão do Poder Judiciário de ameaça ou lesão a direito (CF, art. 5º, XXXV).

A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – obrigou de forma expressa o princípio da

motivação como princípio da Administração Pública. Assim, segundo a referida lei, nos

processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos

pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão.

xii) Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade

O princípio da razoabilidade conduz às idéias de adequação e de necessidade. Assim, não

basta que o ato da Administração tenha uma finalidade legítima. É necessário que os meios

empregados pela Administração sejam adequados à consecução do fim almejado e que

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sua utilização, especialmente quando se trata de medidas restritivas ou punitivas, seja

realmente necessária.

O princípio da proporcionalidade representa uma das vertentes do princípio da

razoabilidade. Isso porque a razoabilidade exige, entre outros aspectos, que haja

proporcionalidade entre os meios utilizados pelo administrador público e os fins que ele

pretende alcançar. Se o ato administrativo não guarda uma proporção adequada entre os

meios empregados e o fim almejado, será um ato desproporcional, excessivo em relação a

essa finalidade visada.

A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – explicitou os referidos princípios

determinando que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios

de adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e

sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse

público.

EXERCÍCIOS – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

01. (TEC. MINISTERIAL – CONTABILIDADE - MPE/PE – 2012 – FCC) Considere:

I. Foi inserido, por meio da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, entre os princípios

constitucionais da Administração Pública.

II. Pode ser visto sob dois aspectos: em relação ao modo de atuação do agente público,

bem como ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública.

III. Soma-se aos demais princípios impostos à Administração Pública, podendo, no entanto,

excepcionalmente, sobrepor-se a algum deles, como o da legalidade.

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IV. Determina que a Administração deve agir, de modo rápido e preciso, para produzir

resultados que satisfaçam as necessidades da população.

No que concerne ao princípio da eficiência, é correto o que consta em

A) II, III e IV, apenas.

B) I, II e IV, apenas.

C) III e IV, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I, II, III e IV.

02. (ANAL. MINISTERIAL – CONTABILIDADE - MPE/PE – 2012 – FCC) Analise as seguintes

assertivas:

I. Direito de receber dos órgãos públicos informações de interesse particular ou de interesse

coletivo ou geral, exceto apenas para a preservação da intimidade e da vida privada das

pessoas.

II. Direito à informação, no tocante a dados relativos ao indivíduo em si, constantes de

registros ou banco de dados de entes governamentais ou de caráter público, assegurado

pelo habeas data.

III. Direito de obter certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e

esclarecimento de situações de interesse pessoal.

IV. Direito de acesso a informações, resguardado sempre o sigilo da fonte.

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No que concerne aos desdobramentos do princípio da publicidade, está correto o que

consta APENAS em

A) I, II e III.

B) I e IV.

C) II e III.

D) III e IV.

E) I.

03. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) Na administração pública “o agente

público deve atuar produzindo resultados favoráveis à consecução dos fins que cabem ao

Estado alcançar, não bastando que as atividades sejam desempenhadas apenas com

legalidade, mas exigindo resultados positivos para o serviço público”, conforme o princípio

da

(A) legalidade.

(B) impessoalidade.

(C) moralidade.

(D) publicidade.

(E) eficiência.

04. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PC/AL – 2012 – CESPE) Acerca dos princípios da administração

pública previstos na CF, julgue os itens seguintes.

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1. ( ) Ao servidor público deve ser dada a possibilidade de decidir quanto ao que é legal

ou ilegal, mas também quanto ao o que é justo ou injusto, estabelecendo uma distinção

entre o honesto e o desonesto, de modo a respeitar o princípio da moralidade.

2. ( ) A legalidade do ato praticado pelo agente público pode subsistir ainda que não

exista lei prévia que autorize a sua prática.

3. ( ) O princípio da publicidade, no direito administrativo, relaciona-se à publicidade,

diretamente ligada à eficácia do ato, bem como à transparência, derivada, por sua vez, do

princípio da indisponibilidade do interesse público.

05. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne aos princípios

da administração pública, assinale a opção correta.

A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços públicos não podem ser interrompidos,

visto que se destinam a atender os interesses da coletividade. Por isso, é vedado àquele que

contrata com a administração pública valer-se da exceção de contrato não cumprido

quando a administração, sem ter cumprido sua obrigação, exige a satisfação de obrigação

de quem com ela contratou.

B) A administração pública está obrigada a controlar os atos administrativos em relação ao

mérito e à legalidade. Nesse sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos devem ser

retirados do ordenamento jurídico por meio da anulação, e os ilegítimos, por meio da

revogação.

C) Dado o principio da publicidade, é imprescindível a divulgação dos atos, contratos e

outros instrumentos celebrados pela administração pública, de modo que os órgãos e as

entidades públicas são obrigados a divulgar informações relativas à execução orçamentária

e financeira, mas não as referentes a despesas e receita.

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D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação e significação jurídica para a

administração pública a partir da edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe

sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no

exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública.

E) A administração pública direta, as autarquias e as fundações de direito público

submetem-se aos princípios administrativos constantes do texto constitucional; já as empresas

públicas e as sociedades de economia mista, por exercerem atividades de natureza

econômica, não se sujeitam a tais princípios, mas ao sistema normativo aplicável às

empresas privadas.

06. (ANALISTA AMBIENTAL – IBAMA – 2012 – CESPE) Considerando os princípios que regem a

administração pública e sua organização, julgue os itens subsequentes.

1. ( ) De acordo com o princípio da autotutela, o ato administrativo discricionário não é

passível de controle pelo Poder Judiciário.

2. ( ) O princípio da moralidade e o da eficiência estão expressamente previstos na CF, ao

passo que o da proporcionalidade constitui princípio implícito, não positivado no texto

constitucional.

07. (CESPE/UNB) Com relação aos princípios que norteiam a Administração Pública, julgue os

itens.

1. ( ) Regras relativas a impedimentos e suspeições são aplicadas a servidores públicos

como corolário do princípio da impessoalidade.

2. ( ) Mesmo que a autoridade administrativa seja competente tanto para punir um

subordinado como para removê-lo para outra localidade, será inválido o ato de remoção

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praticado como meio de punição ao subordinado, ainda que haja necessidade de pessoal

na cidade para onde o servidor foi removido.

3. ( ) O princípio da presunção de legitimidade ou de legalidade, que tem aplicação no

campo probatório, impõe ao particular provar o vício do ato administrativo.

4. ( ) No princípio da impessoalidade, traduz a idéia de que a administração tem que

tratar todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas.

2 – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Conceito

Pode-se conceituar poderes administrativos como o conjunto de prerrogativas de direito

público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que

o Estado alcance seus fins.

Os poderes administrativos são inerentes aos exercício da atividade administrativa da União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, em observância a suas competências constitucionais, e

somente podem ser exercidos nos limites da lei.

Modalidades

i) Poder Vinculado

O denominado poder vinculado é aquele de que dispõe a Administração para a prática de

atos administrativos em que é mínima ou inexistente sua liberdade de atuação, ou seja, é o

poder de que se utiliza a Administração quando pratica atos vinculados.

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O poder vinculado apenas possibilita à Administração executar o ato vinculado nas estritas

hipóteses legais e observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei.

ii) Poder Discricionário

Poder discricionário é o privilégio concedido aos agentes administrativos de elegerem, entre

várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse

público.

Conveniência indica em que condições vai se conduzir o agente; já a oportunidade diz

respeito ao momento em que a atividade deve ser produzida.

A liberdade da escolha dos critérios de conveniência e oportunidade não se coaduna com

a atuação fora dos limites da lei. Enquanto atua nos limites da lei, que admite a escolha

segundo aqueles critérios, o agente exerce a sua função com discricionariedade, e sua

conduta se caracteriza como inteiramente legítima.

iii) Poder Regulamentar

Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais

para complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa é apenas para

complementar a lei, não podendo a Administração alterá-la a pretexto de estar

regulamentando e, se o fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, invadindo a

competência do Legislativo.

Sob o enfoque de que os atos podem ser originários e derivados, o poder regulamentar é de

natureza derivada ou secundária, pois somente é exercido à luz de lei preexistente. As leis

constituem atos de natureza originária ou primária, originando diretamente da Constituição.

A formalização do poder regulamentar se processa, em regra, por decretos e regulamentos,

também considerados atos de regulamentação de primeiro grau.

Há também atos normativos que, editados por outras autoridades administrativas, podem

caracterizar-se como inseridos no poder regulamentar. São os chamados atos de

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regulamentação de segundo grau. É o caso das instruções normativas, resoluções, portarias

etc.

iv) Poder Disciplinar

Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar

penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o

caso das que com ela contratam.

Note-se que não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna

da Administração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamento no

poder de polícia do Estado.

No que diz respeito aos servidores públicos, o poder disciplinar é uma decorrência da

hierarquia; mesmo no Poder Judiciário e no Ministério Público, onde não há hierarquia quanto

ao exercício de suas funções institucionais, ela existe quanto ao aspecto funcional da

relação de trabalho, ficando os seus membros sujeitos à disciplina interna da instituição.

O poder disciplinar é discricionário, o que deve ser entendido em seus devidos termos. A

Administração não tem liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo

conhecimento de falta praticada por servidor, tem necessariamente que instaurar o

procedimento adequado para sua apuração e, se for o caso, aplicar a pena cabível.

v) Poder Hierárquico

Hierarquia “é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração

que tem como objetivo a organização da função administrativa”. Tantas são as atividades a

cargo da Administração Pública que não se poderia conceber sua normal realização sem a

organização, em escalas, dos agentes e dos órgãos públicos.

A organização administrativa é baseada em dois pressupostos fundamentais: a distribuição

de competência e a hierarquia. O direito positivo define as atribuições dos vários órgãos

administrativos, cargos e funções e, para que haja harmonia e unidade de direção, ainda

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estabelece uma relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos que

integram a Administração Pública, ou seja, estabelece hierarquia.

Mesmo quando depende de lei, pode-se dizer que da organização administrativa decorrem

para a Administração Pública diversos poderes:

1. o de editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de ordenar a

atuação dos órgãos subordinados;

2. o de dar ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência, para estes últimos,

salvo para as ordens manifestamente ilegais;

3. o de controlar a atividade dos órgãos inferiores;

4. o de rever atos dos subordinados, que se configura na faculdade que permite ao superior

hierárquico alterar total ou parcialmente decisões dos subordinados;

5. o de decidir conflitos de competência entre os subordinados;

6. o de avocar atribuições, desde que estas não sejam da competência privativa do órgão

subordinado;

7. o de delegar atribuições que não lhe sejam exclusivas.

Há de se observar que a relação hierárquica é acessória da organização administrativa.

Pode haver distribuição de competências dentro da organização administrativa, excluindo-

se a relação hierárquica com relação a determinadas atividades.

vi) Poder de Polícia

O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos

individuais em benefício do interesse público ou do próprio Estado, restringindo e

condicionando o uso e gozo de bens, direitos individuais e atividades, em busca da

preservação da ordem pública e do estabelecimento de regras de conduta necessárias e

suficientes para evitar conflitos e compatibilizar direitos.

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Apostila: Direito Administrativo

O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público

sobre o particular, que dá à Administração posição de supremacia sobre os administrados.

Esse interesse público diz respeito aos mais variados setores da sociedade, tais como

segurança, moral, saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural,

propriedade. Daí a divisão da polícia administrativa em vários ramos: polícia de segurança,

das florestas, das águas, de trânsito, sanitária etc.

No direito brasileiro, o conceito legal de poder de polícia está previsto no artigo 78 do

Código Tributário Nacional. A razão de o CTN dar o conceito de poder de polícia decorre do

fato de constituir o exercício desse poder um dos fatos geradores da taxa (CF, art. 145, II e

art. 77 do CTN).

a) Polícia Administrativa e Judiciária

O poder de polícia que o Estado exerce pode incidir em duas áreas de atuação estatal: na

administrativa e na judiciária.

A principal diferença em se acostuma apontar entre as duas está no caráter preventivo

(impedir as ações anti-sociais) da polícia administrativa e no repressivo (punir os infratores da

lei penal) da polícia judiciária.

A diferença não é, no entanto, absoluta, pois a polícia administrativa tanto pode agir

preventivamente (ex.: proibindo porte de arma ou a direção de veículos automotores),

como pode agir repressivamente (ex.: quando apreende arma usada indevidamente ou a

licença do motorista). Contudo, pode-se dizer que, nas duas hipóteses, ela está tentando

impedir que o comportamento individual cause prejuízos maiores à coletividade; nesse

sentido, é certo dizer que a polícia administrativa é preventiva.

A polícia administrativa se rege pelo Direito Administrativa, incidindo sobre bens, direitos ou

atividades; já a polícia judiciária é regida pelo Direito Processual Penal, incidindo sobre

pessoas.

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Apostila: Direito Administrativo

A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil e polícia federal),

enquanto a polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da Administração,

incluindo, além da própria polícia militar, os vários órgãos de fiscalização aos quais a lei

atribui esse exercício, como os que atuam na área de saúde, educação, trabalho,

previdência e assistência.

b) Características

1. Discricionariedade – Embora esteja presente na maior parte das medidas de polícia, nem

sempre isso ocorre. Às vezes, a lei deixa certa margem de liberdade de apreciação quanto a

determinados elementos, como o motivo e o objeto, mesmo porque ao legislador não é

dado prever todas as hipóteses possíveis a exigir a atuação de polícia. Como exemplo temos

a autorização para porte de arma, autorização para circulação de veículos com peso ou

altura excessivos etc.

2. Auto-executoriedade – É a possibilidade que tem a Administração de, com os próprios

meios, pôr em execução as suas decisões, sem recorrer previamente ao Poder Judiciário.

Pelo atributo da auto-executoriedade, a Administração compele materialmente o

administrado, usando meios diretos de coação. Por exemplo, ela apreende mercadorias,

interdita uma fábrica etc. Esse atributo não existe em todas as medidas de polícia.

3. Coercibilidade – O ato de polícia só é auto-executório porque dotado de força coercitiva.

Hely Lopes Meirelles define coercibilidade como sendo “a imposição coativa das medidas

adotadas pela Administração”.

c) Campo de atuação

Dentre os inúmeros campos de atuação do poder de polícia podem ser lembrados os

seguintes: direito de construir, localização e funcionamento de atividades no território de um

Município; condições sanitárias de alimentos, elaborados ou não, vendidos à população;

medicamentos; exercício de profissões; poluição sonora, visual, atmosférica, dos rios; preços;

trânsito.

d) Limites

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Apostila: Direito Administrativo

Como todo ato administrativo, a medida de polícia, ainda que seja discricionária, sempre

esbarra em algumas limitações impostas pela lei. Alguns autores indicam regras a serem

observadas pela polícia administrativa, com o fim de não eliminar os direitos individuais:

a) a da necessidade, em consonância com a qual a medida de polícia só deve ser adotada

para evitar ameaças reais ou prováveis de pertubações ao interesse público;

b) a da proporcionalidade que significa a existência de uma relação necessária entre a

limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;

c) a da eficácia, no sentido de que a medida deve ser adequada para impedir o dano ao

interesse público.

Abuso de Poder

Hely Lopes Meirelles ensina: “O abuso de poder ocorre quando a autoridade, embora

competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das

finalidades administrativas”.

Preconiza, ainda, o citado autor: “O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva

como omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito

individual do administrado. Assim, a inércia da autoridade administrativa, deixando de

executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada, lesa o patrimônio

jurídico individual. É forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo”.

O abuso de poder pode decorrer de duas causas:

1. ação do agente fora dos limites de sua competência (excesso de poder);

2. ação do agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público

(desvio de poder ou de finalidade).

a) Excesso de Poder

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Apostila: Direito Administrativo

Ocorre excesso de poder quando o agente age fora dos limites de sua competência

administrativa, invadindo competência de outros agentes ou praticando atividades que a lei

não lhe conferiu. A autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do que

lhe permitiu a lei, exorbitando no uso de sua competência.

Nesse caso, há violação do requisito competência, tornando o ato administrativo arbitrário,

ilícito e nulo.

b) Desvio de Poder ou de Finalidade

Ocorre desvio de poder ou desvio de finalidade quando o administrador pratica o ato

buscando alcançar fim diverso daquele que lhe foi determinado pela lei. Nesse caso,

embora atue nos limites de sua competência, o agente pratica o ato por motivos ou com fins

diversos daqueles estabelecidos na lei ou exigidos pelo interesse público.

Diversamente do excesso de poder, que decorre de violação ao requisito competência, o

desvio de finalidade deriva de ofensa ao requisito finalidade.

A forma clássica de ofensa ao elemento finalidade é a prática de atos não dirigidos à

satisfação do interesse público, como, por exemplo, a concessão de vantagens apenas a

servidores apaniguados (protegidos).

Há, ainda, outro sentido em que pode ser violado o requisito finalidade, que é o

desatendimento da finalidade específica, prevista em lei, na prática de determinado ato.

Exemplo típico é a remoção ex officio de servidor, como forma de punição.

EXERCÍCIOS – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

01. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRE/SP – 2012 – FCC) Com relação ao poder hierárquico,

considere as afirmativas a seguir:

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Apostila: Direito Administrativo

I. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as

atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.

II. Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega. No

nosso sistema político são admitidas delegações entre os diferentes poderes.

III. O poder hierárquico é privativo da função executiva, sendo elemento típico da

organização e ordenação dos serviços administrativos.

IV. Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada impede

que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu inferior.

V. É impossível rever os atos dos inferiores hierárquicos, uma vez realizada a delegação, pois

tais atos não podem ser invalidados em quaisquer dos seus aspectos.

Está correto o que consta APENAS em

A) I, II, III e IV.

B) II e III.

C) I e V.

D) I, III e IV.

E) II, IV e V.

02. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Contempla situação concreta que

traduz o exercício do poder disciplinar conferido à Administração Pública:

A) interdição de estabelecimento comercial em função de descumprimento de normas de

segurança.

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Apostila: Direito Administrativo

B) aplicação de penalidade a particular que celebre contrato com a Administração Pública,

em face do descumprimento de obrigação decorrente do referido vínculo.

C) edição de resoluções, portarias, instruções e outros atos normativos para ordenar a

atuação de órgãos subordinados.

D) avocação de atribuições, desde que não sejam de competência exclusiva de órgãos

subordinados.

E) edição de regulamentos administrativos ou de organização, para disciplinar a fiel

execução da lei.

03. (TEC. MINISTERIAL – MPE/PE – 2012 – FCC) No que concerne ao poder regulamentar,

considere a seguinte situação hipotética: o Prefeito de Olinda expediu decreto regulamentar

cujo conteúdo contraria lei do mesmo Município, bem como impõe obrigações que não

estão previstas na mencionada lei. Sobre o tema, é correto afirmar que decreto

regulamentar

A) não pode contrariar a lei, nem impor obrigações que nela não estejam previstas.

B) não pode contrariar a lei, porém pode impor obrigações que nela não estejam previstas.

C) pode contrariar a lei, bem como impor obrigações que nela não estejam previstas, tendo

em vista a autonomia e independência do Poder Executivo.

D) pode contrariar a lei, porém não pode impor obrigações que nela não estejam previstas.

E) não faz parte do poder normativo da Administração, vez que não é da competência do

Chefe do Executivo.

04. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRE/CE – 2012 – FCC) Analise as assertivas abaixo

concernentes ao poder de polícia.

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Apostila: Direito Administrativo

I. O poder de polícia só poderá reduzir os direitos individuais quando em conflito com

interesses maiores da coletividade e na medida estritamente necessária à consecução dos

fins estatais.

II. Constituem meios de atuação do poder de polícia, dentre outros, as medidas repressivas,

como, por exemplo, dissolução de reunião, interdição de atividade e apreensão de

mercadorias deterioradas.

III. A medida de polícia, quando discricionária, não esbarra em algumas limitações impostas

pela lei, como por exemplo, no que concerne à competência e à finalidade.

IV. O poder de polícia tanto pode ser discricionário, como vinculado, ressaltando-se que ele

é vinculado na maior parte dos casos.

Está correto o que se afirma APENAS em

A) I, II e III.

B) II, III e IV.

C) I e IV.

D) III e IV.

E) I e II.

05. (ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL – 2009 – CESPE) Julgue os itens subsequentes, relativos à

administração pública.

1. ( ) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua

disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.

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Apostila: Direito Administrativo

2. ( ) O princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade retrata a presunção

absoluta de que os atos praticados pela administração pública são verdadeiros e estão em

consonância com as normas legais pertinentes.

06. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/ES – 2009 – CESPE/UNB) Acerca dos poderes da administração,

julgue o item abaixo.

1. ( ) Apesar de a discricionariedade constituir um dos atributos do poder de polícia, em

algumas hipóteses, o ato de polícia deve ser vinculado, por não haver margem de escolha à

disposição do administrador público, a exemplo do que ocorre na licença.

07. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/BA – 2010 – CESPE/UNB) Acerca dos poderes administrativos,

julgue os seguintes itens.

1. ( ) Em decorrência do poder hierárquico, é permitida a avocação temporária de

competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, devendo-se, entretanto, adotar

essa prática em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados.

2. ( ) As medidas de polícia administrativa são freqüentemente autoexecutórias, podendo

a administração pôr suas decisões em execução por si mesma, sem precisar recorrer

previamente ao Poder Judiciário.

08. (AUDITOR DO TCU – CONTROLE EXTERNO – 2011 – CESPE/UNB) Com relação aos poderes

administrativos, julgue os itens subsequentes.

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Apostila: Direito Administrativo

1. ( ) O poder disciplinar da administração pública confunde-se com o poder punitivo do

Estado.

2. ( ) O exercício do poder de polícia não pode ser delegado a entidade privada.

3. ( ) É obrigatória a obtenção prévia de autorização judicial para a demolição de

edificação irregular.

4. ( ) A razoabilidade funciona como limitador do poder discricionário do administrador.

3 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico

Em sentido formal, conceitua-se como o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas

destinadas à execução das atividades administrativas.

Nessa concepção, a expressão Administração Pública engloba todos os órgãos e agentes

que, em qualquer dos Poderes do Estado (Legislativo, Executivo ou Judiciário), em qualquer

das esferas políticas (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), estejam exercendo

função administrativa.

Administração Pública em sentido material, objetivo ou funcional

Em sentido objetivo, a Administração Pública” pode ser definida como a atividade concreta

e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos.

A administração pública neste sentido abrange as seguintes atividades administrativas: o

fomento, a polícia administrativa, o serviço público e a intervenção administrativa.

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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO

Centralização, Descentralização e Desconcentração

Ocorre a chamada centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas

diretamente, por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta. Nesse

caso, os serviços são prestados diretamente pelos órgãos do Estado, despersonalizados,

integrantes de uma mesma pessoa política (União, DF, Estados ou Municípios).

Ocorre a chamada descentralização administrativa quando a entidade estatal (União, DF,

Estados ou Municípios) desempenha a atividade administrativa, não diretamente, mas de

forma indireta ou descentralizada.

A descentralização será efetivada por meio de outorga (ou por serviço ou funcional) quando

o Estado cria uma entidade administrativa, com personalidade jurídica própria, e a ela

transfere, por lei, determinado serviço público ou atividade para exercer em caráter

específico. A outorga normalmente é conferida por prazo indeterminado. É o que ocorre

relativamente às entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas,

empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos).

A descentralização será efetivada por meio de delegação (ou por colaboração) quando o

Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do serviço, para

que o ente delegado o preste ao público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob

fiscalização do Estado. Há delegação, por exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos

de permissão de serviços públicos.

Já a desconcentração é simples técnica administrativa, e é utilizada, tanto na Administração

Direta, quanto na Indireta. Ocorre a chama da desconcentração quando a entidade da

Administração, encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no

âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.

A desconcentração pressupõe, obrigatoriamente, a existência de uma só pessoa jurídica.

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ADMINISTRAÇÃO DIRETA

A administração Direta ou Centralizada é aquela constituída a partir de um conjunto de

órgãos públicos, através dos quais o Estado desempenha diretamente a atividade

administrativa.

Segundo o art. 4º, inciso I, do Decreto-Lei nº 200/67, a Administração Direta da União se

constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e

dos Ministérios.

Órgãos Públicos

i) Conceito de órgão público

Hely Lopes Meirelles define órgãos públicos como “centros de competência instituídos para o

desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à

pessoa jurídica a que pertencem”.

Na Administração Direta Federal somente a União possui personalidade jurídica. Os

Ministérios, por exemplo, órgãos da Administração Direta Federal, são centros de

competência despersonalizados, cuja atuação é imputada à União.

A Lei Federal nº 9.784/99, que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da

Administração Pública Federal, conceitua órgão público como “a unidade de atuação

integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.

ii) Teoria do Órgão

Para doutrina e jurisprudência, presume-se que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por

meio dos órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de tal

modo que, quando os agentes que atuam nestes órgãos manifestam sua vontade,

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Apostila: Direito Administrativo

considera-se que esta foi manifestada pelo próprio Estado. Neste caso, fala-se em imputação

da atuação do agente, pessoa natural, à pessoa jurídica. Cuida-se da denominada Teoria

do Órgão. Assim, para que possa haver a imputação, a pessoa que pratica o ato

administrativo deve fazê-lo em situação tal que leve o cidadão comum a presumir regular

sua atenção. Entretanto, outras teorias tentaram, sem êxito, explicar essa relação, tais como

a Teoria do Mandato e a Teoria da Representação.

iii) Características dos órgãos públicos

De modo geral, os autores apontam como características dos órgãos (algumas não

presentes em todos):

a) integram a estrutura de uma pessoa jurídica;

b) não possuem personalidade jurídica;

c) são resultado da desconcentração;

d) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira;

e) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão com outros

órgãos ou com pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º);

f) não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integram;

g) alguns têm capacidade processual para defesa em juízo de suas prerrogativas

funcionais;

h) não possuem patrimônio próprio.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

A Administração Indireta é constituída a partir de um conjunto de entidades, dotadas de

personalidade jurídica, responsáveis pelo exercício, em caráter especializado e

descentralizado, de certa e determinada atividade administrativa, por outorga legal da

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entidade estatal. Consiste na criação de pessoas jurídicas de direito público ou de direito

privado para exercerem parte da competência administrativa do ente político que a criou e

com o qual não se confunde. Segundo o art. 4º, inciso II do Decreto-Lei nº 200/67, integram a

Administração Indireta: as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as

sociedades de economia mista. Contudo, em razão da edição da Lei nº 11.107/2005, que

dispôs sobre as normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

contratarem Consórcios Públicos para a realização de objetivos de interesse comum, foi

prevista a possibilidade de mais uma entidade da Administração Indireta: as associações

públicas, que são entidades formadas por consórcios públicos celebrados entre entidades

da Federação com natureza de pessoa jurídica de direito público. Assim, o consórcio público

com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os

entes da Federação consorciados.

i) Autarquias

A professora Maria Sylvia Di Pietro conceitua a autarquia como a pessoa jurídica

de direito público, criada por lei, com capacidade de auto-administração, para o

desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido

nos limites da lei.

As autarquias integram a Administração Indireta, representando uma forma de

descentralização administrativa mediante a personificação de um serviço retirado da

Administração centralizada. Por esse motivo, como regra geral, somente devem ser

outorgados serviços públicos típicos às autarquias, e não atividades industriais ou

econômicas, ainda que essas últimas sejam de interesse coletivo.

As autarquias somente podem ser criadas por meio de lei específica, consoante o disposto

no art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda

Constitucional nº 19/1998.

Por desempenharem atividades típicas da Administração Pública, as prerrogativas

administrativas do Estado transmitem-se às autarquias, valendo lembrar que elas gozam de

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imunidade tributária recíproca no que respeita aos impostos sobre o patrimônio, a renda e os

serviços vinculados a suas finalidades essenciais (CF, art. 150, § 2º). Os privilégios processuais

conferidos à Fazenda Pública também se estendem às autarquias, especialmente o prazo

em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (Código de Processo Civil art. 188).

As autarquias estão sujeitas ao controle da entidade estatal a que pertencem (Controle

finalístico, nos termos da lei, no âmbito da chamada supervisão ministerial).

A obrigatoriedade de regime jurídico único foi extinta pela Emenda Constitucional nº

19/1998, retornando tal obrigatoriedade por força da decisão do STF na ADIn 2135, de

agosto de 2007. Assim, tanto no âmbito da União, como no âmbito do Estado de

Pernambuco, o regime jurídico único voltou a ser obrigatório, o que implica afirmar que o

regime de contratação a ser adotado pelas autarquias é o estatutário.

As autarquias gozam da chamada imunidade tributária recíproca, que veda a instituição de

impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados a

suas finalidades essenciais ou às que delas decorram (CF, art. 150, § 2º).

Não há subordinação hierárquica da autarquia para com a entidade estatal a que pertence

(entre uma autarquia federal e a União, por exemplo), mas sim mera vinculação.

A entidade estatal que cria uma autarquia exerce sobre ela o chamado controle finalístico,

que visa a mantê-la no estrito cumprimento de suas finalidades, previstas na lei instituidora e

no seu regulamento ou estatuto.

A doutrina conceitua as autarquias de regime especial como aquelas que receberam da lei

instituidora privilégios específicos, a fim de aumentar sua autonomia comparativamente com

as autarquias comuns. São consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do

Brasil – BACEN, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, a Universidade de São

Paulo – USP. As atuais agências reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANP, ANA etc.) têm sido, todas

elas, instituídas sob a forma de autarquias em regime especial.

ii) Fundações Públicas

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As fundações públicas são entidades integrantes da Administração Indireta, voltadas para o

desempenho de atividades de caráter social, como assistência social, assistência médica e

hospitalar, educação e ensino, pesquisa, atividades culturais etc. Essas entidades não

deverão ser criadas para a exploração de atividade econômica, de cunho lucrativo, pois

para esse fim existem as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

São exemplos de fundação pública: Fundação Nacional do Índio; Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Fundação Nacional da Saúde; o HEMOPE; a

FUNAPE, a FUNASE, etc.

Atualmente, em decorrência das alterações trazidas pela EC nº 19/1998, a posição mais

adotada pela doutrina é a admissão da existência de duas espécies distintas de fundações

públicas na Administração Indireta: fundações públicas com personalidade jurídica de direito

público (espécie do gênero autarquias) e fundações públicas com personalidade jurídica de

direto privado.

iii) Agências Reguladoras

São autarquias em regime especial, criadas para exercerem a disciplina e o controle

administrativo sobre os atos e contratos que dizem respeito à prestação de um serviço

público específico ou a determinada atividade econômica. A elas são conferidas maior

estabilidade e independência em relação ao ente que as criou. Seus dirigentes se submetem

a investidura especial (são nomeados pelo Presidente da República após aprovação do

Senado) e exercem mandatos fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, de

condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar (Lei nº

9.986/2000).

iv) Agências Executivas

A agência executiva é um status, um título jurídico, uma qualificação que uma autarquia ou

fundação pública que já existe recebe, em razão do contrato de gestão que celebra com o

órgão da Administração Pública Direta a que se acha vinculada, para uma maior eficiência

e redução de custos.

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Apostila: Direito Administrativo

v) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração

Indireta, instituídas pelo Poder Público mediante autorização de lei específica, sob qualquer

forma jurídica (Ltda., S/A etc.) e com capital exclusivamente público, para a exploração de

atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos.

São exemplos de empresas públicas: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT;

Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO; Caixa Econômica Federal – CEF etc.

Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da

Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização legal, sob a

forma de sociedade anônima e com capitais públicos e privados, para a exploração de

atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos.

São exemplos de sociedades de economia mista: Banco do Brasil S/A (BB); Banco da

Amazônica S/A (BASA); Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) etc.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista são entidades com personalidade

jurídica de direito privado, voltadas para a exploração de atividade econômica ou para a

prestação de serviços públicos.

A criação de empresas públicas e sociedades de economia mista depende de lei específica

autorizativa, nos termos do art. 37, XIX, da Constituição Federal.A lei específica autoriza o

Poder Executivo a, por ato próprio (um decreto), proceder à instituição da entidade. O Poder

Executivo deverá providenciar o registro dos estatutos da entidade no registro competente,

uma vez que é esse registro que dará nascimento à pessoa jurídica, e não a edição da lei

autorizativa.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista são criadas com o objetivo

precípuo de permitir ao Estado a exploração de atividades de caráter econômico.

As empresas públicas e sociedades de economia mista são entidades de natureza híbrida.

Formalmente, são pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, nenhuma dessas entidades

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Apostila: Direito Administrativo

atua integralmente sob regência do Direito Privado. As empresas públicas e sociedades de

economia mista têm seu regime jurídico determinado, essencialmente, pela natureza de seu

objeto, de suas atividades.

As empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam na exploração de

atividades econômicas propriamente ditas (de produção ou comercialização de bens ou de

prestação de serviços de natureza econômica) são as entidades que, embora integrantes

da Administração Pública em sentido formal, mais se aproximam das pessoas jurídicas

privadas. Somente se submetem a normas de Direito Público naquilo em que a Constituição

expressamente determine, ou quando houver disposição legal específica, mesmo assim se a

lei não contrariar normas e princípios constitucionais concernentes à atuação do Estado na

economia.

As empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos,

embora sejam, também pessoas jurídicas de direito privado, estão sujeitas a diversas normas

e princípios de Direito Público, especialmente em razão do princípio da continuidade dos

serviços públicos.

O regime de pessoal das empresas públicas e das sociedades de economia mista é o

previsto na legislação trabalhista (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). Esses

empregados, porém, são equiparados a funcionários públicos para fins penais (Código

Penal, art. 327, § 1º), bem assim considerados agentes públicos para os fins de incidência das

diversas sanções cominadas para a prática de atos de improbidade administrativa (Lei nº

8.429/1992).

Os conflitos decorrentes da relação de trabalho, envolvendo os empregados públicos e as

empresas públicas e sociedades de economia mista, são julgados pela Justiça do Trabalho

(CF, art. 114).

As empresas públicas e as sociedades de economia mista são alcançadas pela regra

constitucional que exige a realização de concurso público para contratação de seus

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empregados públicos (CF, art. 37, II), bem assim pela vedação de acumulação de cargos,

empregos e funções públicos (CF, art. 37, XVII).

São três as principais diferenças entre a empresa pública e a sociedade de economia mista,

a saber:

a) a forma jurídica - As sociedades de economia mista devem ter a forma de Sociedade

Anônima (S/A), sendo reguladas, basicamente, pela lei das Sociedades por Ações (Lei nº

6.404/1976). As empresas públicas podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em

direito (Sociedades Civis ou Sociedades Comerciais).

b) a composição do capital - O capital das sociedades de economia mista é formado pela

conjugação de recursos públicos e de recursos privados. As ações, representativas do

capital, são divididas entre a entidade governamental e a iniciativa privada. Exige a lei,

porém, que nas sociedades de economia mista federais a maioria das ações com direito a

voto pertençam à União ou a entidade da Administração Indireta federal (Decreto-Lei nº

200/67, art. 5º, III), ou seja, o controle acionário dessas companhias é do Estado.

O capital das empresas públicas é integralmente público, isto é, oriundo de pessoas

integrantes da Administração Pública. Não há possibilidade de participação de recursos de

particulares na formação do capital das empresas públicas.

c) o foro processual (somente para as entidades federais) - As causas em que as empresas

públicas federais forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes,

exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça

do Trabalho, serão processadas e julgadas pela Justiça Federal (CF, art. 109, I). As empresas

públicas estaduais e municipais terão suas causas processadas e julgadas na Justiça

Estadual.

As sociedades de economia mista federais não foram contempladas com o foro processual

da Justiça Federal, sendo suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual. As

sociedades de economia mista estaduais e municipais terão, da mesma forma, suas causas

processadas e julgadas na Justiça Estadual.

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Apostila: Direito Administrativo

EXERCÍCIOS – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

01. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) A definição de “pessoa jurídica de direito

privado com capital exclusivo do governo tendo por finalidade a exploração de atividade

econômica” refere-se à

(A) autarquia corporativa.

(B) empresa de economia mista.

(C) empresa pública.

(D) autarquia institucional.

(E) fundação privada.

02. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) A organização administrativa baseada na

“distribuição interna de competências, ou seja, dentro de uma mesma pessoa jurídica” é

denominada

(A) desconcentração.

(B) descompensação.

(C) centralização.

(D) vinculação.

(E) descentralização.

03. (ANAL. JUDICIÁRIO – TRT 11ª R – 2012 – FCC) Considere as seguintes assertivas:

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Apostila: Direito Administrativo

I. Pode adotar uma das modalidades de sociedade disciplinadas pela legislação comercial.

II. Seja de âmbito federal, estadual ou municipal, tem capital inteiramente público, ou seja,

dele somente podem participar pessoas jurídicas de direito público.

III. Não pode adotar a forma de sociedade unipessoal.

IV. Se for de âmbito federal, terá seus litígios processados e julgados obrigatoriamente na

Justiça Federal.

No que concerne à empresa pública, está correto o que se afirma APENAS em

A) I, II e IV.

B) I e III.

C) I e IV.

D) II e III.

E) III e IV.

04. (ANALISTA – ADMINISTRADOR – ECT – 2011 – CESPE) Acerca de administração pública,

julgue os itens a seguir.

1. ( ) O fenômeno da desconcentração, que ocorre tanto na administração direta como

na indireta, equivale à técnica administrativa conhecida como departamentalização, cujo

objetivo central é tornar mais ágil, especializada e eficiente a prestação de serviços.

2. ( ) Entre as acepções do princípio da impessoalidade, inclui-se aquela que proíbe a

vinculação de atividade da administração à pessoa do gestor público, evitando-se, dessa

forma, a realização de propaganda oficial para a promoção pessoal.

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Apostila: Direito Administrativo

05. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito da organização da

administração pública, julgue os itens a seguir.

1. ( ) A transferência pelo poder público, por meio de contrato ou ato administrativo

unilateral, apenas da execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito

privado corresponde à descentralização por serviços, também denominada

descentralização técnica.

2. ( ) Para exercer a disciplina e o controle administrativo sobre os atos e contratos relativos

à prestação de serviço público específico, a União pode criar, mediante lei federal, uma

agência reguladora, pessoa jurídica de direito público cujos dirigentes exercem mandatos

fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, condenação transitada em julgado

ou processo administrativo disciplinar, entre outras hipóteses fixadas na lei instituidora da

entidade.

06. (INSPETOR DA POLÍCIA CIVIL – CE – 2011 – CESPE) A respeito da organização administrativa

da União, julgue os itens a seguir.

1. ( ) O surgimento de uma autarquia se consolida com o registro de seus estatutos em

cartório.

2. ( ) A instituição de fundação pública deve ser autorizada por lei ordinária específica, ao

passo que a definição de sua área de atuação deve ser feita por lei complementar.

3. ( ) O Ministério da Saúde é órgão da administração pública indireta.

07. (AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL – 2012 – CESPE) A respeito da organização administrativa da

União, julgue os itens seguintes.

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Apostila: Direito Administrativo

1. ( ) Existe a possibilidade de participação de recursos particulares na formação do

capital social de empresa pública federal.

2. ( ) O foro competente para o julgamento de ação de indenização por danos materiais

contra empresa pública federal é a justiça federal.

08. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) Assinale a opção correta

acerca das entidades da administração direta e indireta.

A) Embora sejam dotadas de personalidade jurídica própria, as autarquias não se

caracterizam no mundo jurídico como sujeitos de direitos e encargos.

B) Para a execução de atividades econômicas, só será permitida a criação de empresa

estatal caso seja indispensável à garantia da segurança nacional ou de relevante interesse

coletivo.

C) As autarquias federais, assim como as fundações públicas, compõem a estrutura da

administração pública direta da União.

D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista sujeitam-se à falência.

E) As autarquias, pessoas jurídicas de direito público, desempenham, de forma

descentralizada, atividades típicas de Estado, não possuindo, portanto, autonomia

administrativa.

4 – SERVIDORES PÚBLICOS

CONCEITO

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Apostila: Direito Administrativo

Considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem

remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de

investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.

A expressão “agente público” tem sentido amplo, alcançando todas as pessoas que, a

qualquer título, exercem uma função pública, remunerada ou gratuita, definitiva ou

transitória, política ou jurídica, como preposto do Estado. O agente público é a pessoa

natural mediante a qual o Estado se faz presente.

Espécies de Agentes Públicos

AGENTES POLÍTICOS – Que são os componentes do Governo nos primeiros escalões, investidos

em cargos, funções, mandatos e comissões, por nomeação, eleição, designação para o

exercício de atribuições constitucionais. Ex.: Presidente, Prefeito, Deputado, Senador,

Membros do Tribunal de Contas, membros do Ministério Público. Existe ainda o agente

político especial que é o chefe da representação diplomática no exterior, que é nomeado

pelo Presidente da República.

AGENTES ADMINISTRATIVOS – Que são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas

entidades autárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional

e ao regime jurídico da entidade estatal a que servem. Ex.: servidores públicos efetivos, em

comissão e os contratados temporariamente; e os dirigentes das entidades paraestatais.

AGENTES HONORÍFICOS – São cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,

transitoriamente determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica,

honorabilidade ou notória capacidade profissional. É um múnus (dever) público. Ex: mesário,

jurado. Não são servidores públicos, mas momentaneamente exercem função pública, sem

problema de acumulação de cargo.

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AGENTES DELEGADOS - São particulares que recebem a incumbência da execução de

determinada atividade de obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua

conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob permanente fiscalização do

delegante. Ex: Permissionários e concessionários, serventuários de cartórios extra-judiciais,

oficiais, leiloeiros.

AGENTES CREDENCIADOS – São os que recebem a incumbência da Administração de

representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante

remuneração do Poder Público credenciante. Não possuem vinculação estatutária ou

celetista com a Administração, podendo ser cooperativados ou não.

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS RELATIVAS AOS AGENTES PÚBLICOS

Acesso a funções, cargos e empregos públicos

Prevê o inciso I do art. 37 da CF/88:

“I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que

preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na

forma da lei”.

Entretanto, existe restrição constitucional relativamente aos cargos privativos de brasileiro

nato, enumerados no art. 12, § 3º, da Constituição Federal (Presidente e Vice-Presidente da

República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do

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Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado

da Defesa).

Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas

Somente por lei podem ser criados cargos, empregos e funções públicas. Assim temos:

a) a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas é

competência do Congresso Nacional, exercida por meio de lei, que será de iniciativa

privativa do Presidente da República quando se tratar de cargos, funções ou empregos

públicos na Administração Direta e autárquica (CF/88, art. 61, § 1º).

b) a extinção de funções ou cargos públicos vagos é de competência privativa do

Presidente da República, exercida por meio de decreto autônomo (CF/88, art. 84, VI, “b”).

c) a criação e extinção de ministérios e órgãos da Administração Pública é competência do

Congresso Nacional, exercida por meio de lei de iniciativa privativa do Presidente da

República (CF/88, art. 48, XI).

d) a organização e funcionamento da Administração Federal, quando não implicar aumento

de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos é de competência privativa do

Presidente da República, exercida por meio de decreto autônomo (CF/88, art. 84, VI, “b”).

Requisitos para o acesso a cargos ou empregos públicos

O inciso I do art. 37 veda o estabelecimento de exigências ou condições pelos editais de

concursos públicos que não possuam amparo legal. Embora os editais de concursos públicos

para provimento de cargos ou empregos públicos sejam elaborados pelas Administrações

encarregadas da contratação, estas não podem prever condições para a participação no

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certame, e menos ainda para o ulterior ingresso dos aprovados, com base exclusiva em atos

normativos infralegais.

Além disso, o princípio da isonomia (igualdade), previsto no art. 5º da Constituição, impede

que, mesmo a lei, estabeleça quaisquer outras restrições discriminatórias, como, por exemplo,

restrições relativas à origem, religião, raça etc. Os requisitos a que se refere este inciso I do

art. 37 devem, obrigatoriamente, mostrar-se necessários ao adequado desempenho da

função pública correspondente.

Exigência de concurso público

Prevê o inciso II do art. 37 da CF/88:

“II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia

em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza

e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as

nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e

exoneração”.

A exigência de concurso público aplica-se à nomeação para cargos ou empregos públicos

de provimento efetivo. Não abrange a nomeação para cargos em comissão, os quais, por

definição, são de livre nomeação e exoneração com base exclusiva em critérios subjetivos

de confiança da autoridade competente. Não abrange também os casos de contratação

temporária previstos no inciso IX do art. 37.

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Prazo de validade do concurso

O inciso III do art. 37 da Constituição assim dispõe:

“III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável

uma vez, por igual período”.

Entende-se por prazo de validade do concurso o período durante o qual a Administração

poderá nomear ou contratar os aprovados para o provimento ou preenchimento do cargo

ou emprego público a que se destinava o concurso. O prazo de validade é contado da

homologação do concurso.

Prioridade na nomeação

Prevê o inciso IV do art. 37 da CF/88:

“IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele

aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado

com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na

carreira”.

Pela dicção do dispositivo em apreço, “prazo improrrogável” seria somente o período de

prorrogação, porque findo este, não pode haver outro. A Constituição de 1988 não veda a

realização, pela mesma Administração, de um novo concurso para o mesmo cargo ou

emprego enquanto ainda válido um concurso anteriormente efetuado, mesmo que ainda

haja candidatos aprovados neste concurso anterior.

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Reserva de percentual de cargos e empregos aos portadores de deficiências

O inciso VIII do art. 37 da CF/88 assim disciplina:

“VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas

portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”.

Funções de confiança e cargos em comissão

O inciso V do art. 37 da CF/88 assim disciplina:

“V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes

de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de

carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se

apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.

Segundo Hely Lopes Meirelles, o cargo, seja ele de provimento efetivo ou em comissão, é um

lugar na estrutura organizacional da Administração, com denominação própria, atribuições e

responsabilidades específicas e remuneração correspondente.

Os cargos em comissão são declarados em lei como de livre nomeação e exoneração.

Significa isso que em princípio qualquer pessoa, mesmo que não seja servidor público de

qualquer Poder ou esfera da Federação, pode ser nomeada para exercer um cargo em

comissão. A mesma autoridade competente para nomear é competente para, a seu critério,

exonerar o servidor ocupante do cargo comissionado.

A exoneração não possui caráter punitivo. É ato administrativo amplamente discricionário.

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O servidor de carreira exonerado de cargo em comissão retorna automaticamente para seu

cargo efetivo e volta a exercer, normalmente, as funções a ele correspondentes. Já o

servidor nomeado para o cargo em comissão que não possua vínculo efetivo com o serviço

público evidentemente perde toda e qualquer relação com a Administração quando é

exonerado.

No caso de função de confiança ou gratificada, a designação para seu exercício deve

recair, obrigatoriamente, sobre servidor ocupante de cargo efetivo.

Contratação temporária

O inciso IX do art. 37 da CF/88 prevê a contratação por tempo determinado, para atender

necessidade temporária de excepcional interesse público, nos seguintes termos:

“IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;”

Na esfera federal, a contratação por prazo determinado encontra-se disciplinada pela Lei nº

8.745/1993 e alterações. Seu âmbito de aplicação restringe-se aos órgãos da Administração

Direta federal, às autarquias e às fundações públicas federais. O pessoal contratado com

base nessa lei não pode ser considerado estatutário (pois o regime jurídico trabalhista a que

se submetem é contratual), nem celetista (não são regidos pela CLT). Não ocupam cargos

na Administração Pública. O regime de previdência social a que estão sujeitos é o regime

geral de previdência social - RGPS, aplicável a todos trabalhadores civis, com exceção dos

ocupantes de cargos públicos efetivos. Os contratados por prazo determinado exercem

função pública remunerada temporária para determinado órgão ou entidade da

Administração.

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A contratação temporária não é feita mediante concurso público, mas sim por meio de

processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial,

sendo dispensado processo seletivo na hipótese de contratação para atender às

necessidades decorrentes de calamidade pública.

Direito de greve dos servidores públicos civis

O inciso VII do art. 37 concede aos servidores públicos civis o direito de greve. A norma,

entretanto, insere-se na categoria das normas constitucionais de eficácia limitada. Significa

que o referido dispositivo não é auto-aplicável, ou seja, o direito de greve do servidor público

civil não pode ser considerado automaticamente exercitável com a simples promulgação da

CF/88, pois é necessária a edição de lei ordinária específica. Assim, a priori, enquanto não

editada essa lei específica regulamentadora, qualquer movimento paredista dos servidores

públicos é ilegítimo, sujeitando-os à aplicação de penalidades por parte da Administração.

Entretanto, por decisão do STF nos Mandados de Injunção nº 670; 708 e 712, enquanto não

for editada a lei que regulamenta o direito de greve para os servidores públicos, aplicar-se-á,

no que couber, a lei de greve dos trabalhadores privados (Lei nº 7.783/89).

Vale lembrar que o direito de greve é vedado aos militares, sem nenhuma exceção, nos

termos do art. 142, IV, da CF/88.

Finalmente, essa restrição ao direito de greve dos servidores públicos civis não se aplica aos

empregados públicos.

Fixação da remuneração e revisão geral

O inciso X do art. 37 da CF/88 disciplina:

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“X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art.

39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a

iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na

mesma data e sem distinção de índices”.

A mais importante alteração introduzida pela Emenda Constitucional nº 19/98 diz respeito à

exigência de lei ordinária específica para que se fixe ou altere a remuneração dos servidores

públicos.

Após a EC nº 19/98, o sistema remuneratório dos agentes públicos em geral passou a ser

composto por três distintas categorias jurídicas, a saber:

a) subsídio: caracteriza-se por ser um estipêndio (salário) fixado em parcela única, vedado o

acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou

outra espécie remuneratória. É modalidade de remuneração (em sentido amplo):

b) vencimentos ou remuneração: são percebidos por servidores públicos submetidos a

regime jurídico estatutário. Os vencimentos são compostos pelo vencimento (no singular)

básico do cargo + as vantagens pecuniárias estabelecidas em lei (gratificações e

adicionais).

c) salário: é a contraprestação pecuniária paga aos empregados públicos, contratados sob

o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, das pessoas jurídicas de direito

privado da Administração Indireta, ou, ainda, aos empregados públicos contratados pela

Administração Direta Federal.

A parte final do inciso X do art. 37 assegura revisão geral anual da remuneração e do

subsídio dos servidores públicos sempre na mesma data e sem distinção de índices.

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Limites de remuneração dos servidores públicos (teto constitucional)

O inciso XI do art. 37 estabelece a regra conhecida como teto constitucional de

remuneração dos servidores públicos. A EC nº 41/2003 modificou o dispositivo em análise.

As principais observações acerca dos tetos de remuneração previstos no texto constitucional

após a EC nº 41/2003 são as seguintes:

a) Há um teto absoluto, correspondente ao subsídio dos Ministros do STF, a ser fixado em lei

de iniciativa do STF, estando o projeto de lei resultante, como qualquer outro projeto de lei,

sujeito à sanção ou veto do Presidente da República.

b) Além do limite absoluto representado pelo subsídio dos Ministros do STF, o texto

constitucional estabelece limites para os Estados, o DF e os Municípios, a saber: (1) nos

Municípios, o teto é o subsídio percebido pelo Prefeito; (2) nos Estados e no DF há um limite

diferenciado por Poder, correspondendo ao subsídio dos deputados estaduais e distritais, no

Poder Legislativo, e ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça, no âmbito do

Poder Judiciário.

c) Os subsídios dos desembargadores do Tribunal de Justiça não podem ser superiores a

90,25% do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e servem de limite, também, aos

membros do Ministério Público estadual, aos procuradores estaduais e aos defensores

públicos estaduais.

d) Os subsídios dos Governadores e dos Prefeitos não podem ser superiores ao subsídio dos

Ministros do STF, mas nada impede que sejam iguais a este.

e) Os limites incluem todas as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do

valor total percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras.

f) Os limites abrangem os valores resultantes de acumulação de remunerações ou subsídios,

ou de remunerações ou subsídios com proventos, pensões ou qualquer outra espécie

remuneratória, seja ou não lícita à acumulação.

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g) Relativamente ao salário dos empregados públicos das empresas públicas e das

sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, os tetos somente se aplicam àquelas que

receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para

pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (CF/88, art. 37, § 9º).

Vedação de vinculações e equiparações

O inciso XIII do art. 37 traz regra proibindo o estabelecimento de vinculações e equiparações

entre as remunerações pagas no serviço público. O inciso XIII do art. 37 da CF/88 assim

disciplina:

“XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies

remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;”

Equiparar significa prever, em lei, para um determinado cargo, remuneração igual à de um

outro cargo. Não há equiparação quando duas leis distintas estabelecem, cada uma,

remuneração idêntica para os servidores por cada uma abrangidos, contanto que não se

crie vinculação automática entre as remunerações.

Já a vinculação é a utilização, pela lei, de índices ou critérios automáticos de reajustamento

da remuneração, como o salário mínimo, determinado índice de inflação, a arrecadação

orçamentária etc.

Base de incidência de acréscimos pecuniários

O inciso XIV do art. 37 estabelece:

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“XIV- os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão

computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;”

A aplicação da regra transcrita é bastante clara: qualquer vantagem pecuniária – adicionais

ou gratificações – somente pode incidir sobre o vencimento básico. Não é admissível a

incidência de um acréscimo sobre um adicional ou uma gratificação anterior.

Vedação à Acumulação de Cargos, Empregos e Funções Públicos

Os incisos XVI e XVII do art. 37 da CF/88 prevêem a vedação à acumulação de cargos,

empregos e funções públicos remunerados. Assim, somente nas hipóteses expressamente

previstas na Constituição da República será ela lícita, mesmo assim, quando houver

compatibilidade de horários.

É a seguinte a redação dos referidos dispositivos:

“XVI- é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando

houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso os disposto no

inciso XI:

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com

profissões regulamentas;

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XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange

autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas

subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder

público”.

Contudo, é de se observar que o texto constitucional elenca algumas hipóteses em que é

lícita a acumulação remunerada, sendo elas:

1) a permissão de acumulação para os vereadores, prevista no art. 38, III;

2) a permissão para os juízes exercerem o magistério, conforme o art. 95, parágrafo único, I;

3) a permissão para os membros do Ministério Público exercerem o magistério, estabelecida

no art. 128, § 5º, II, “d”.

Merece ainda destaque o tratamento dado à percepção simultânea de remuneração e de

proventos de aposentadoria. O assunto encontra-se disciplinado pela EC nº 20/98, que

acrescentou o § 10 ao art. 37 da Constituição, expressamente estendendo a proibição de

acumulação aos proventos, como abaixo se lê:

“§ 10 – É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria

decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,

emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta

Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de

livre nomeação e exoneração.”

Entretanto, convém esclarecer que escapam dessa proibição de acumulação:

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a) os proventos relativos a cargos que seriam acumuláveis se o servidor estivessem em

atividade;

b) o exercício de cargos em comissão cumulado com proventos de aposentadorias; e

c) a acumulação de remuneração ou proventos atinentes a cargos eletivos.

Servidores em exercício de Mandato Eletivo

O art. 38 da CF/88 dispõe:

a) o servidor público que seja eleito para qualquer cargo, do Executivo ou do Legislativo,

federal, estadual ou distrital (Presidente da República, Governador, Deputado Federal ou

Estadual) será, obrigatoriamente, afastado do seu cargo (efetivo ou comissionado) emprego

ou função públicos. A remuneração percebida será, obrigatoriamente, a do cargo eletivo.

b) o servidor público investido no mandato de prefeito será, obrigatoriamente, afastado de

seu cargo, emprego ou funções públicos. Neste caso, o servidor poderá optar entre a

remuneração do cargo de prefeito e a remuneração do cargo, emprego ou função de que

foi afastado.

c) o servidor eleito para o cargo de vereador poderá, caso haja compatibilidade de horário,

acumular o exercício da vereança com o de seu cargo, emprego ou função públicos. Nessa

hipótese, o servidor receberá as duas remunerações; a de vereador e a de seu outro cargo,

emprego ou função públicos, obedecidos, evidentemente, os limites de remuneração do

anteriormente comentado inciso XI do art. 37 da Constituição.

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Regime Jurídico Único

A EC nº 19/98 alterou o caput do art. 39 com o objetivo de eliminar a obrigatoriedade de

adoção, pelas pessoas políticas de um regime jurídico unificado para seus agentes atuantes

na Administração direta, autarquias e fundações públicas. Assim, simplesmente passou a ser

possível a existência de agentes públicos sujeitos a diferentes regimes jurídicos na mesma

Administração, isto é, regime estatutário e celetista.

Contudo, “esse cenário alterou-se profundamente com o julgamento pelo STF, ainda em

sede cautelar, da ADI 2.135 (relator Ministro Néri da Silveira, julgamento em 02/08/2007), onde

se discute a constitucionalidade da EC nº 19/98, em especial no que concerne à alteração

do art. 39, caput, CF/88.

Ocorre que, quando das votações na Câmara dos Deputados, em primeiro turno, a proposta

de alteração do caput do art. 39, CF/88, não foi aprovada pela maioria qualificada

constitucionalmente exigida (art. 60, § 2º, CF/88). Ao elaborar o texto enviado para votação,

em segundo turno, a comissão especial de redação da Câmara dos Deputados teria

deslocado o § 2º do art. 39 – que havia sido aprovado, para o lugar do caput do artigo 39,

cuja proposta de alteração havia sido rejeitada no primeiro turno. Com essa substituição, a

redação original do caput do artigo 39 simplesmente desapareceu. Naturalmente que essa

transposição não pode ser tida por mera emenda redacional, de acordo com o art. 118 do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Havia necessidade, então, de nova votação,

para cumprimento da exigência de aprovação por dois turnos em cada uma das Casas

legislativas do Congresso Nacional (art. 60, § 2º, CF/88).

Com isso, haveria inconstitucionalidade formal. Nesse julgamento afastou-se, em sede

cautelar, a nova redação do caput desse art. 39, retomando-se a redação original do texto

constitucional.

Para que fique claro, compare-se a redação original e a alterada pela EC nº 19/98:

Texto original da CF/88:

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Apostila: Direito Administrativo

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua

competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração

pública direta, das autarquias e das fundações públicas.

Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política

de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos

respectivos Poderes.

À decisão foi dado efeito ex nunc, é dizer, irretroativo, não atingindo as situações jurídicas

havidas entre a promulgação da EC nº 19/98 e a decisão do STF.

A partir de então, repise-se, retorna a regra da exigência de um Regime Jurídico Único,

sendo incabível, hoje, contratação pelo regime da CLT, no âmbito federal.

Como efeito imediato, tem-se a inaplicabilidade da Lei nº 9.962/2000, que disciplinou o

regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e

fundacional. Como agora só cabe um regime, único, o estatutário, não será mais possível a

existência de novos empregos públicos no âmbito da Administração federal direta,

autárquica e fundacional. Aqueles contratados sob esse regime antes da decisão do STF

seguem em seus empregos, já que, como se disse, a decisão cautelar teve efeito ex nunc.”

(Texto do Profº Leandro Cadenas – Ponto dos Concursos)

Direitos e Garantias dos Trabalhadores em Geral aplicáveis aos Servidores Públicos

O § 3º do art. 39 faz remissão a uma série de garantias e direitos fundamentais dos

trabalhadores em geral aplicáveis, também, aos servidores públicos.

Os direitos assegurados aos servidores públicos pelo § 3º do art. 39 encontram-se enumerados

em alguns dos incisos do art. 7º da CF/88, sendo eles:

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a) salário mínimo;

b) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração

variável;

c) décimo terceiro;

d) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

e) salário-família;

f) duração do trabalho normal não superior a 08 horas diárias e 44 semanais;

g) repouso semanal remunerado;

h) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal;

i) férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que a remuneração normal;

j) licença à gestante com duração de 120 dias;

k) licença-paternidade;

l) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos

da lei;

m) redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e

segurança;

n) proibição de diferença de salários de exercício de funções e de critério de admissão por

motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Estabilidade

A Constituição de 1988 tratou da estabilidade em seu art. 41. Pelo texto original a

estabilidade foi conferida aos servidores nomeados em virtude de concurso público após 02

anos de efetivo exercício e, uma vez adquirida a estabilidade, não existia qualquer hipótese

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de exoneração do servidor por iniciativa da Administração, entendida exoneração como

rompimento do vínculo entre o servidor e a Administração sem caráter punitivo.

A partir da EC nº 19/98, a estabilidade passou a ser conferida somente após três anos de

efetivo exercício. Embora o caput do art. 41, após a referida Emenda, tenha passado a

explicitar que somente os servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo nomeados

em virtude de concurso público podem adquirir estabilidade, sempre foi entendimento

pacífico da doutrina e da jurisprudência de que nem os empregos públicos (regime da CLT)

e muito menos os cargos em comissão geram direito à estabilidade.

A aquisição da estabilidade, a partir da EC nº 19/98, passou a ter regramento distinto para os

servidores já em exercício na data de sua promulgação e para aqueles que ingressaram

depois:

a) para os primeiros foi expressamente garantida pelo art. 28 da citada emenda, a aquisição

em 02 anos de efetivo exercício;

b) para os que entraram em exercício após a alteração, 03 anos são necessários.

Outro aspecto a ser salientado é que o § 4º do art. 41 passou a estabelecer como condição

para a aquisição da estabilidade a submissão do servidor a uma avaliação especial de

desempenho feita por comissão instituída para esse fim.

Desse modo pode-se afirmar que, nos exatos termos do texto constitucional, a EC nº 19/98

terminou com a possibilidade de aquisição de estabilidade por mero decurso de prazo,

como anteriormente era a regra.

No que diz respeito à perda do cargo, verifica-se que passam a ser quatro as hipóteses de

rompimento do vínculo funcional com o servidor estável, por iniciativa da Administração:

1) sentença judicial transitada em julgado;

2) processo administrativo com ampla defesa;

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3) insuficiência de desempenho, por meio de avaliação periódica, na forma da Lei

Complementar, assegurada ampla defesa:

4) excesso de despesa com pessoal nos termos do art. 169, § 4º.

REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência

de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos

servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional

nº 41, 19.12.2003)

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão

aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e

17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de

contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença

grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 41, 19.12.2003)

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao

tempo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo

exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,

observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de

15/12/98)

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a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e

cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 20, de 15/12/98)

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com

proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não

poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a

aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão,

serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor

aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos

definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 47, de 2005)

I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou

a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos,

em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente

tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino

fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

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§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma

desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do

regime de previdência previsto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº

20, de 15/12/98)

§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo

estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.

201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à

data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu

o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de

previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela

excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter

permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela

Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito

de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de

contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade,

inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como

de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao

montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo

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acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre

nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de

15/12/98)

§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos

titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o

regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei

de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego

público, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime

de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo,

poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime

de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de

previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de

15/12/98)

§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei

de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus

parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência

complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de

benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá

ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do

ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

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Apostila: Direito Administrativo

§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício

previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas

pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os

benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual

igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para

aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em

atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição

previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no §

1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para

os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo

regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de

proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo

estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201

desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença

incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

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Apostila: Direito Administrativo

EXERCÍCIOS – SERVIDORES PÚBLICOS

01. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) José, dentista em hospital público, realizou

concurso público para dentista de outro hospital público, no qual restou aprovado em todas

as fases. Considerando a situação acima e a existência de compatibilidade de horários,

assinale a afirmativa correta.

(A) José não pode acumular os dois cargos em hipótese alguma.

(B) José não pode acumular, somente poderia se um cargo fosse de dentista e outro de

professor.

(C) José não pode acumular, somente poderia se ambos fossem cargos de professor.

(D) José não pode acumular, somente poderia se ambos fossem cargos de médico.

(E) José pode acumular ambos os cargos na hipótese tratada.

02. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) Pedro, funcionário público, comete grave

falta funcional, conceituada como crime na esfera penal, para o qual é instaurado processo

administrativo disciplinar. Considerando a situação acima, assinale a afirmativa correta.

(A) Considerando que Pedro já havia sido punido anteriormente, deverá, agora, ser‐lhe

aplicada a pena de exoneração.

(B) Mesmo inexistindo outras faltas, considerando‐se a gravidade da situação, a

Administração Pública poderá aplicar a sanção de exoneração.

(C) Caso constatado o cometimento de falta grave, a exoneração jamais poderá ser

aplicada, vez que Pedro deverá ser demitido do serviço público.

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Apostila: Direito Administrativo

(D) Caso Pedro fosse aposentado, caberia a exoneração mas, não sendo este o caso, Pedro

somente poderá ser demitido.

(E) Caso não conste qualquer outra punição a Pedro, a pena de demissão não poderá ser

aplicada.

03. (TÉC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/SE – 2009 – FCC) A respeito dos servidores públicos,

considere:

I. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua

competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração

pública direta, das autarquias e das fundações públicas.

II. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão semestralmente os valores do

subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos.

III. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de

provimento efetivo em virtude de concurso público.

IV. Os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, serão aposentados compulsoriamente, aos sessenta e cinco anos de idade, com

proventos integrais.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil está correto o que se

afirma APENAS em

A) I, II e III.

B) I, II e IV.

C) I e III.

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Apostila: Direito Administrativo

D) I, III e IV.

E) II e III.

04. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito dos agentes públicos, julgue

os próximos itens.

1. ( ) Admite-se a realização, pela administração pública, de processo seletivo simplificado

para contratar profissionais por tempo determinado para atender a necessidade temporária

de excepcional interesse público.

2. ( ) Os ministros de Estado são considerados agentes políticos, dado que integram os

mais altos escalões do poder público.

05. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – TO – 2008 – CESPE) Julgue os seguintes itens, a respeito dos

direitos e obrigações do servidor público previstos no Regime Jurídico Único.

1. ( ) Em regra, o servidor público tem direito a um período de 30 dias de férias por ano

trabalhado, sendo admitida a acumulação desse período somente por necessidade da

administração, jamais por interesse pessoal.

2. ( ) Considere que determinado escrivão de polícia não compareça habitualmente à

delegacia onde está lotado, embora observe o horário de trabalho quando se faz presente.

Nessa situação, esse escrivão descumpre o dever funcional da assiduidade.

3. ( ) O servidor público, conforme a natureza da infração que cometer no exercício do

cargo, pode responder perante a administração pública e(ou) perante o Poder Judiciário.

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06. (INSPETOR DA POLÍCIA CIVIL – CE – 2011 – CESPE) No que se refere a agentes públicos,

julgue os itens seguintes.

1. ( ) A remoção é uma forma de provimento.

2. ( ) O servidor público estável de autarquia federal que, mediante aprovação em novo

concurso público, ocupe cargo em órgão do Poder Judiciário poderá optar, durante o

estágio probatório no novo cargo, pelo retorno ao cargo anteriormente ocupado.

3. ( ) A exoneração de servidor público em consequência de inabilitação em estágio

probatório não configura punição.

07. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TRT 6ª R – 2012 – FCC) Analisando-se as normas constitucionais

relativas à inativação e pensões dos servidores públicos civis da União é INCORRETO afirmar:

A) serão aposentados compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos

proporcionais ao tempo de contribuição.

B) serão aposentados voluntariamente, desde que cumprido o tempo mínimo de dez anos

de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a

aposentadoria, observadas condições quanto à idade mínima ou tempo de contribuição.

C) por meio de lei complementar poderá ser estabelecida forma de contagem de tempo de

contribuição fictício.

D) os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o

professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de

magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

E) o tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de

aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.

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Apostila: Direito Administrativo

08. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Investido em um cargo, gozando de

estabilidade, as circunstâncias pelas quais um servidor público poderá perder o cargo, no

prazo mínimo estabelecido em lei, são:

A) Processo administrativo, desempenho insuficiente apurado por superiores em três anos

consecutivos e inquérito policial.

B) Desempenho insuficiente apurado a partir de dois anos de estabilidade, processo

administrativo e sentença judicial.

C) Processo administrativo, desempenho insuficiente apurado em avaliações de

desempenho periódicas e sentença judicial.

D) Inquérito policial, aplicação de sanções administrativas e desempenho insuficiente

apurado em dois anos consecutivos.

E) Inquérito judicial, processo administrativo, desempenho insuficiente apurado em

avaliações de desempenho periódicas.

09. (ANAL. LEGISLATIVO – CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne à

administração pública, julgue os itens que se seguem.

1. ( ) Servidor público eleito para o cargo de vice-prefeito poderá continuar recebendo

salário, vencimento e demais vantagens de seu cargo de servidor, além do vencimento do

cargo para o qual foi eleito.

2. ( ) Se a prefeitura de determinado município, ao final de dois anos, prazo de validade

do concurso público por ela realizado para preenchimento de vagas no cargo de professor,

não tiver empossado todos os aprovados nesse certame, poderá prorrogá-lo uma vez por

dois anos.

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10. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito dos agentes públicos, julgue

os próximos itens.

1. ( ) Admite-se a realização, pela administração pública, de processo seletivo simplificado

para contratar profissionais por tempo determinado para atender a necessidade temporária

de excepcional interesse público.

2. ( ) Os ministros de Estado são considerados agentes políticos, dado que integram os

mais altos escalões do poder público.

3. ( ) É permitida a acumulação remunerada de cargo de professor de universidade

pública estadual com o de procurador da República, ainda que não haja compatibilidade

de horários.

5 - ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceito

O ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública

que, valendo-se das prerrogativas próprias do Poder Público e na função administrativa,

tenha por fim declarar, adquirir, resguardar, transferir, modificar e extinguir direitos, ou impor

obrigações aos administrados ou a si própria.

O eminente professor Celso Antônio Bandeira de Mello define o ato administrativo como

“declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um

concessionário de serviço público) no exercício de prerrogativas públicas, manifestada

mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e

sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.

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Apostila: Direito Administrativo

O ato administrativo tem como condição a atuação da Administração em posição de

supremacia, no uso do Poder Público. O ato administrativo deve estar apto a produzir efeitos

jurídicos imediatos para os administrados, para a administração e seus servidores e para

produzir tais efeitos o ato deve ser proveniente de autoridade pública competente.

Atributos dos atos administrativos

São atributos do ato administrativo:

a) Presunção de legitimidade: refere-se à conformidade do ato com a lei; em decorrência

desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram

emitidos com observância da lei.

b) Imperatividade: os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente se sua

concordância, obriga-o a obedecê-lo.

c) Auto-executoriedade: o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria

Administração Pública, sem necessidade de autorização/intervenção do Poder Judiciário.

Esse atributo também não existe em todos os atos administrativos, mas a auto-

executoriedade só é possível: quando expressamente prevista em lei e quando se tratar de

medida urgente.

d) Exigibilidde: é o atributo do ato administrativo que confere à Administração a

possibilidade de, utilizando-se de meios indiretos, exigir o cumprimento de determinado ato

pelos administrados, sob pena de aplicação de penalidades, no caso de sua não

observância.

e) Tipicidade: o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei

como aptas a produzir determinados resultados.

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Elementos ou Requisitos dos Atos Administrativos

Para o ato administrativo ser válido é necessária a presença dos seguintes requisitos:

a) Competência

Diz respeito ao sujeito, ou seja, ao representante do poder público a quem o texto legal

confere atribuições que o tornam capaz de editar determinados atos administrativos.

Nenhum ato administrativo pode ser praticado validamente sem que o agente disponha de

poderes legais a ele atribuídos.

Inexistindo impedimento legal ou atribuições privativas ao cargo ou função, o agente

poderá transferir atribuições a outros agentes (delegação de competência) ou chamar a si

atribuições de outros agentes (avocação).

b) Finalidade

É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato. Todo ato

administrativo deve ter um interesse público a atingir.

O interesse público é o fim a ser atingido mediante o ato administrativo. Se o ato se desviar

da finalidade legal, será ilegal por desvio de poder ou de finalidade.

c) Forma

É o revestimento externo dos atos. Em regra, é escrita e excepcionalmente existem atos

verbais ou simbólicos, como por exemplo, os sinais de trânsito. No entanto existem várias

espécies de formas escritas, como: Decreto, instruções, circulares, portarias. Existem casos em

que a forma está associada a um determinado tipo de ato, é o caso do decreto que é ato

sempre emanado do Chefe do Executivo.

d) Motivo

É o pressuposto de fato (acontecimentos) e de direito (dispositivo legal) que provocam e

precedem a edição do ato administrativo.

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Exemplos: no ato de punição do funcionário, o motivo é a infração que ele praticou.

A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo.

Não se confundem Motivo e Motivação do ato. Motivação é a exposição dos motivos, ou

seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos ou circunstâncias de fato

realmente existiram.

Nesse ínterim, convém observar a chamada Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo essa

teoria, quando a Administração declara o motivo que determinou a prática de um ato

discricionário que, em princípio, dispensaria a motivação expressa, fica vinculada à

existência do motivo pela Administração declarado. Havendo desconformidade entre a

realidade e o motivo declarado ou não sendo ele causa justificável, torna-se possível a

declaração da invalidade do ato pelo Poder Judiciário.

e) Objeto

É o efeito jurídico prático que o ato produz ou a modificação por ele trazida ao

ordenamento jurídico. Assim, por exemplo, num ato de nomeação o resultado pretendido é

investir uma pessoa nas funções de um cargo; no ato de concessão de um alvará a própria

concessão do alvará.

Classificação dos Atos Administrativos

I) Quanto aos Destinatários

a) Atos Gerais - atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Não

possuem destinatários determinados. Ex: os decretos regulamentares, as instruções

normativas, as circulares normativas, etc.

b) Atos Individuais - são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis,

constituindo ou declarando situação jurídica particular. Ex: a nomeação, a exoneração, uma

autorização.

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II) Quanto às prerrogativas com que atua a Administração

a) Atos de Império - são aqueles que a Administração impõe coercitivamente aos

administrados. Ex: os procedimentos de desapropriação, de interdição de atividades, de

apreensão de mercadorias, etc.

b) Atos de Gestão - são praticados sem que a Administração utilize sua supremacia sobre os

particulares. Ex: a alienação ou aquisição de bens pela Administração, o aluguel de imóvel

de propriedade de uma autarquia, etc.

c) Atos de Expediente – são os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis

que tramitam pelas repartições públicas.

III) Quanto à formação de vontade

a) Atos Simples - decorrem da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou

colegiado. Assim, por exemplo, é simples o ato de exoneração de um servidor comissionado.

como a decisão administrativa proferida pela Junta de Recursos da Previdência Social.

b) Atos Complexos - é o que necessita, para sua formação, da manifestação de vontade de

dois ou mais órgãos diferentes, sejam eles singulares ou colegiados, cuja vontade se funde

para formar um ato único, ou seja, isoladamente nenhum dos órgãos é suficiente para dar

existência ao ato.

Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino dão os seguintes exemplos: a redução

de alíquotas de IPI para alguns refrigerantes depende de aprovação integrada do Ministério

da Agricultura e da Secretaria da Receita Federal, ou seja, o regime especial de redução de

alíquotas somente passa a existir quando presentes ambas manifestações; também alguns

regimes especiais relativos a documentos fiscais somente se aperfeiçoam com a edição de

um ato concessivo da Fazenda Estadual e outro da Receita Federal, ambos integrantes e

indispensáveis à existência do regime.

c) Atos Compostos - é o que resulta da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, em

que a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que dita o principal. Enquanto

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no ato complexo fundem-se vontades para praticar um ato só, no ato composto, praticam-

se dois atos, um principal e outro acessório. Ex: a nomeação do Procurador Geral da

República depende de prévia aprovação pelo Senado; a nomeação é ato principal, sendo

a aprovação prévia o ato acessório.

IV) Quanto à exeqüibilidade: capacidade de produzir efeitos jurídicos.

a) Ato Perfeito - é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já

completou todo o seu ciclo de formação. Não se confunde com a validade do ato, esta diz

respeito à conformidade do ato com a lei.

b) Ato Pendente - é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir

efeitos.

d) Ato Consumado - é o que já exauriu os seus efeitos, que já produziu todos os seus efeitos.

Não podendo ser impugnado na via administrativa ou até mesmo na via judicial.

V) Quanto aos efeitos

a) Ato Constitutivo - é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito

ou uma situação do Administrado. Ex: é o caso da permissão, autorização, revogação,

aplicação de uma penalidade.

b) Ato Declaratório - é aquele que a Administração apenas reconhece um direito que já

existia antes do ato. Ex: a admissão, licença, homologação, isenção, anulação.

c) Ato Enunciativo - é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece

determinada situação de fato ou de direito. Ex: as certidões, atestados, informações,

pareceres. Encerram juízo, conhecimento ou opinião e não manifestação de vontade

produtora de efeitos jurídicos.

VI) Quanto à liberdade de atuação do legislador

a) Atos Vinculados - é aquele em que a lei estabelece todos os requisitos e condições de sua

realização, sem deixar qualquer margem de liberdade ao administrador, ou seja, todos os

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elementos do ato estão vinculados ao disposto na lei. Não cabe ao administrador apreciar a

oportunidade ou a conveniência administrativa da prática do ato.

Exemplo: concessão de licença à gestante ou da licença paternidade, como reguladas na

Lei 8.112/90. Configurada a hipótese legal, somente uma atitude é admissível: a edição do

ato concessivo, sem espaço para juízo de oportunidade ou conveniência administrativa.

b) Atos Discricionários - é aquele que a Administração pode praticar com certa liberdade de

escolha, nos termos e limites da lei, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua

oportunidade e sua conveniência administrativa.

Atos Administrativos em espécie

a) Atos Normativos: São utilizados para possibilitar a fiel execução das leis pela

Administração. Servem para regulamentar as leis. Ex: os decretos; os regimentos; as instruções

normativas.

b) Atos Ordinatórios: são atos internos, endereçados aos servidores públicos, que veiculam

determinações atinentes ao adequado desempenho de suas funções. Ex: as circulares

internas, os avisos, as portarias, as ordens de serviços e os ofícios.

c) Atos Negociais: são atos editados em situações nas quais uma determinada pretensão do

particular coincide com a manifestação de vontade da Administração, ainda que o

interesse da Administração naquela situação seja apenas indireto. Ex: licença; autorização;

permissão.

d) Atos Enunciativos: não contêm uma manifestação de vontade da administração. São,

portanto, considerados atos administrativos apenas em sentido formal. Eles declaram, a

pedido do interessado, uma situação jurídica preexistente relativa a um particular. Ex:

certidão; atestado, parecer.

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e) Atos Punitivos: são os meios pelos quais a Administração pode impor diretamente sanções

a seus servidores ou aos administrados. Encontra fundamento no Poder de Império da

administração, relativamente aos particulares (Ex: atividade de polícia administrativa, como

aplicação de multa; a interdição de atividades), ou no Poder Disciplinar, no que se refere

aos servidores públicos (Ex: as penalidades disciplinares, como a advertência, a suspensão

ou a demissão).

Extinção dos Atos Administrativos- Modalidades

Um ato administrativo se extingue por:

a) revogação: é a retirada do ato pela própria Administração por razões de

conveniência e oportunidade. Os efeitos da revogação operam a partir da decisão

da Administração, porque desfazem atos dotados de legalidade, ou seja, os efeitos

são ex nunc.

b) invalidação/anulação: consiste no desfazimento do ato administrativo por motivo de

ilegalidade (vício), efetuada pela própria Administração Pública que o editou ou

determinado pelo Poder Judiciário. A anulação efetuada por agente administrativo

ou pronunciada pelo Poder Judiciário produz efeitos ex tunc, isto é, efeitos retroativos

à data da edição do ato.

c) cassação: é o desfazimento do ato administrativo quando o seu beneficiário

descumpre os requisitos que permitem a manutenção do ato e seus efeitos. Ex:

cassação de uma licença para construir., concedida pelo Poder Público sob

determinadas condições previstas em lei, se o particular vir a descumprir tais

condições.

d) caducidade: ocorre quando uma nova legislação impede a permanência da

situação anteriormente consentida pelo Poder Público. Ex: a caducidade de

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permissão para explorar parque de diversões em local que, em face da nova lei de

zoneamento, tornou-se incompatível com aquele tipo de uso.

Convalidação

Convalidação ou saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em

um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado.

A lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal) em seu art. 55 estabelece que: “em

decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a

terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria

Administração.”

A convalidação aparece como faculdade da Administração, portanto como ato

discricionário, somente possível quando os atos inválidos não acarretarem lesão ao interesse

público nem prejuízo a terceiros; em caso contrário, tem-se que entender que a

Administração está obrigada a anular o ato, ao invés de convalidá-lo.

Além disso, nem sempre é possível a convalidação. Depende do tipo de vício que atinge o

ato. O exame do assunto tem que ser feito a partir da análise dos cinco elementos do ato

administrativo: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Assim, a convalidação

somente será possível quando se tratar de vício sanável de competência e forma, sendo

incabível a convalidação quanto ao vício de finalidade, motivo e objeto.

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EXERCÍCIOS – ATOS ADMINISTRATIVOS E LEI Nº 9.784/99

01. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) Com relação aos temas revogação e

anulação dos atos administrativos, assinale a afirmativa correta.

(A) Os efeitos da anulação retroagem à data do ato.

(B) A revogação não pode ser anulada.

(C) O Judiciário têm o dever de revogar os atos administrativos ilegais.

(D) Um ato administrativo que já exauriu seus efeitos pode ser revogado.

(E) Somente os atos administrativos vinculados podem ser anulados.

02. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) O ato administrativo unilateral,

precário e discricionário pelo qual a Administração faculta o desempenho de atividade

material que, sem esse consentimento, seria legalmente proibido, é denominado

A) Licença.

B) Autorização.

C) Admissão.

D) Homologação.

E) Decreto.

03. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Constitui atributo dos atos

administrativos:

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A) Presunção de legitimidade, o que afasta possibilidade de apreciação judicial, salvo para

os atos vinculados.

B) Autoexecutoriedade, que autoriza a Administração a colocar o ato em execução,

empregando meios diretos e indiretos de coerção, na forma prevista em lei.

C) Exigibilidade, que autoriza a Administração a utilizar meios coercitivos para o seu

cumprimento nos termos da lei, sempre com a intervenção do Poder Judiciário.

D) Tipicidade, que impede a Administração de praticar atos de natureza discricionária.

E) Presunção de veracidade, que afasta a possibilidade de revogação, salvo por vício de

legalidade.

04. (ANAL. JUD. – ASSISTENTE SOCIAL – TJ/PE – 2012 – FCC) Em matéria de atributos do ato

administrativo é certo que

A) a imperatividade está presente em todos os atos administrativos, salvo os normativos, e

dependem da sua declaração de validade ou invalidade.

B) a presunção de veracidade e legitimidade não transfere, como consequência, o ônus da

prova de invalidade do ato administrativo para quem a invoca.

C) a presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos

administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade.

D) o reconhecimento da autoexecutoriedade do ato administrativo tornou-se mais

abrangente em face da legislação constitucional, entretanto sua execução depende, em

regra, de ordem judicial.

E) a exequibilidade e a operatividade não possibilitam que o ato administrativo seja posto

imediatamente em execução, porque sempre exigem autorização superior ou algum ato

complementar.

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05. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) O administrador público que

concede aposentadoria por tempo de serviço a um servidor que reúne condições para

tanto está realizando, necessariamente, um ato administrativo classificado como

A) discricionário.

B) vinculado.

C) de gestão.

D) geral.

E) negocial.

06. (DELEGADO – PC/AL – 2012 – CESPE/UNB) Acerca dos atos administrativos, julgue os itens a

seguir.

1. ( ) Não é possível, nos atos administrativos, haver a dispensa de sua motivação.

2. ( ) O fato administrativo é conceituado como a materialização da função

administrativa.

3. ( ) Considere que o prefeito de um município tenha determinado a desapropriação de

uma fazenda de seu adversário político, como forma de retaliação. Nesse caso, fica

configurado o desvio de finalidade do ato.

07. (TÉC. DE CONTROLE EXTERNO – TCU – 2012 – CESPE) Com relação aos atos administrativos,

julgue os itens que se seguem.

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1. ( ) Os atos praticados por servidor irregularmente investido na função — situação que

caracteriza a função de fato — são considerados inexistentes.

2. ( ) A celebração de um contrato de abertura de conta corrente entre um banco

público e um particular pessoa física é exemplo de ato administrativo.

08. (AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – TCE/ES – 2012 – CESPE) A respeito de ato

administrativo, julgue os itens a seguir.

1. ( ) Para a formação do ato administrativo composto, é necessária mais de uma

manifestação de vontade, devendo as manifestações ser equivalentes entre si, ou seja, são

necessárias manifestações de vontade de mesmo valor.

2. ( ) A competência para a prática dos atos administrativos depende sempre de previsão

constitucional ou legal: quando prevista na CF, é denominada competência primária e,

quando prevista em lei ordinária, competência secundária.

3. ( ) Os atos administrativos ordinatórios obrigam os particulares.

6 – LICITAÇÃO

Conceito

O eminente Professor José dos Santos Carvalho Filho conceitua a licitação como sendo “o

procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública

e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários

interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor

trabalho técnico, artístico ou científico”.

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Natureza jurídica

A natureza jurídica da licitação é a de procedimento administrativo com fim seletivo.

Registre-se que o procedimento constitui um “conjunto ordenado de documentos e

atuações que servem de antecedente e fundamento a uma decisão administrativa, assim

como às providências para executá-la”.

É preciso que a Administração divulgue o que pretende selecionar e contratar; que os

interessados apresentem documentos e propostas; que se obedeça a um processo formal de

escolha etc.

Disciplina Constitucional

A Constituição vigente refere-se expressamente à licitação, estabelecendo, no art. 22, inciso

XXVII, ser de competência privativa da União Federal legislar sobre “normas gerais de

licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,

autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o

disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos

termos do art. 173, § 1º, III”.

Afora esse dispositivo, a CF/88 aborda o tema nos artigos 37, inciso XXI; 71, incisos II e VI; e no

art. 173, § 1º.

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Disciplina Legal

A disciplina legal reguladora das licitações públicas é a Lei Federal nº 8.666, de 21/06/1993 –

Lei de Licitações e Contratos Administrativos – já tendo sofrida algumas alterações advindas

das Leis nº 8.883/94, nº 9.648/98, nº 9.854/99, nº Lei nº 11.079/2004 e nº 11.107/2005.

Merece destacar que o art. 22, XXVII da CF/88 disciplina que é de competência privativa da

União legislar sobre normas gerais de licitações e contratos, e aos Estados, Distrito Federal e

Municípios é lícito legislar sobre normas específicas.

Além do estatuto geral das licitações – Lei nº 8.666/93 – foi editada em 2002 a Lei nº 10.520,

de 17/07/2002, que trata da nova modalidade de licitação denominada pregão.

Objeto

O objeto imediato do procedimento licitatório é a seleção da proposta que melhor atenda

aos interesses da Administração Pública. Já o objeto mediato consiste na obtenção de

determinada obra, serviço, compra, alienação, locação ou prestação de serviço público, a

serem produzidos por particular através da contratação formal.

Assim, a contratação é o objetivo normalmente perseguido pela Administração. O certame

licitatório busca também selecionar a melhor proposta de trabalhos científicos, técnicos ou

artísticos.

Princípios

O art. 3º da Lei nº 8.666/93 disciplina que as licitações destinam-se a garantir a observância

do princípio constitucional da isonomia, selecionar a proposta mais vantajosa para a

Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Esse artigo enumera

os princípios básicos que regem o procedimento licitatório, sendo eles: legalidade,

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impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação

ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.

Entre os princípios elencados, são específicos às licitações, e não à generalidade de

atuação administrativa, os princípios da vinculação ao instrumento convocatório e o do

julgamento objetivo. A doutrina enumera, ainda, como princípios implícitos específicos o da

competitividade, o do procedimento formal, o do sigilo das propostas e o da adjudicação

compulsória.

1 – Princípio da legalidade

O princípio da legalidade é basilar de toda atividade administrativa, logo, o administrador

não pode fazer prevalecer sua vontade pessoal, pois sua atuação tem que seguir

estritamente ao que impõe a lei.

Na órbita das licitações, o princípio da legalidade impõe que o administrador observe as

regras que a lei traçou para o procedimento. Trata-se da aplicação do devido processo

legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade certa; que seja

bem clara quanto aos critérios seletivos; que só deixe de realizar a licitação nos casos

permitidos na lei; que verifique, com cuidado, os requisitos de habilitação dos candidatos, e,

finalmente, que se disponha a alcançar os objetivos colimados, seguindo os passos dos

ditames legais.

2 – Princípio da impessoalidade

A impessoalidade provém da igualdade ou isonomia, da vinculação à lei e ao ato

convocatório e da moralidade. Indica vedação a distinções fundadas em caracteres

pessoais dos interessados. Exclui o subjetivismo do agente administrativo.

Assim, por este princípio, todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de

direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se em critérios

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objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por

ele oferecidas.

3 – Princípio da moralidade e da probidade

É obrigatório o respeito à probidade administrativa e à moralidade, pois o direito reprova

condutas incompatíveis com valores jurídicos. Em hipótese alguma a conduta adotada pela

Administração ou pelo particular poderá ofender os valores fundamentais consagrados pelo

sistema jurídico.

Na licitação, a conduta moralmente reprovável acarreta a nulidade do ato ou do

procedimento. A conduta do administrador público deve atentar para o disposto na regra

legal e nas condições do ato convocatório.

4 – Princípio da igualdade

Por tal princípio, veda-se o estabelecimento de condições que impliquem preferência em

favor de determinados licitantes em detrimento dos demais.

O § 1º do art. 3º da Lei nº 8.666/93 veda expressamente aos agentes públicos qualquer ato

capaz de ferir a igualdade e a competitividade entre os participantes da licitação. O mesmo

dispositivo legal também proíbe que se estabeleça tratamento diferenciado de natureza

comercial, legal, previdenciária ou qualquer outra entre empresas brasileiras e estrangeiras.

Contudo, a própria Lei, no § 2º do mesmo art. 3º, estabelece distinção entre os participantes,

em hipótese de empate. Se as condições oferecidas pelos proponentes forem iguais, como

critério de desempate será dada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:

1º - produzidos no País;

2º - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; e

3º - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento

de tecnologia no País.

5 – Princípio da publicidade

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Este princípio visa a garantir a qualquer interessado as faculdades de participação e de

fiscalização dos atos da licitação.

A publicidade desempenha duas funções. Na primeira, objetiva permitir o amplo acesso dos

interessados ao certame. Refere-se, nesse aspecto, à universalidade da participação no

processo licitatório. Na segunda função, a publicidade orienta-se a facultar a verificação da

regularidade dos atos praticados.

A ausência de publicidade somente é admitida quando outros interesses públicos possam ser

concretamente ofendidos.

6 – Princípio da vinculação ao instrumento convocatório

A vinculação ao instrumento convocatório é garantia do administrador e dos administrados.

Significa que as regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por

todos. Se a regra fixada não é respeitada, o procedimento se torna inválido e suscetível de

correção na via administrativa ou judicial.

Se o instrumento de convocação, normalmente o edital, tiver falha, pode ser corrigido,

desde que ainda oportunamente, mas os licitantes deverão ter conhecimento da alteração

e a possibilidade de se amoldarem a ela.

O Professor Hely Lopes Meirelles ensina que o edital é “a lei interna da licitação” e, como tal,

vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu.

7 – Princípio do julgamento objetivo

Este princípio está consagrado, de modo expresso, no artigo 45 da Lei nº 8.666/93, nos

seguintes termos: “O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de

licitação ou responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação,

os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores

exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelo

órgão de controle”.

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A noção de critério objetivo de julgamento vincula-se ao conceito de tipo de licitação. Os

tipos de licitação, aplicáveis a todas as modalidades de licitação, exceto as modalidades do

concurso e do pregão, estão previstos no § 1º do art. 45 da Lei. São tipos de licitação: a de

menor preço; a de melhor técnica; a de técnica e preço; e a de maior lance ou oferta.

8 – Princípio da competitividade

É correlato ao princípio da igualdade. Significa que a Administração não pode adotar

medidas ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da

licitação, isto é, deve o procedimento possibilitar a disputa e o confronto entre os licitantes,

para que a seleção se faça da melhor forma possível.

9 – Princípio do formalismo procedimental

O procedimento administrativo da licitação é sempre um procedimento formal,

especialmente em razão de preceder contratações que implicarão dispêndio de recursos

públicos.

Tal princípio passa a noção de que as regras do procedimento adotadas para a licitação

devem seguir parâmetros estabelecidos na lei, não sendo lícito aos administradores subvertê-

los a seu juízo.

10 – Princípio do sigilo das propostas

Este princípio decorre da própria lógica do procedimento e encontra-se enunciado, embora

indiretamente, no § 3º do art. 3º, que, ao propugnar a publicidade das licitações, declara

“públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo

das propostas, até a respectiva abertura”.

É em razão disso que as propostas devem vir lacradas e só devem ser abertas em sessão

pública previamente marcada. A violação do sigilo das propostas constitui crime e confere

ao infrator a pena de detenção, de 2 a 3 anos, e multa.

11 – Princípio da adjudicação compulsória

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O princípio da adjudicação compulsória ao vencedor impede que a Administração,

concluído o procedimento licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo

vencedor. Esse princípio também veda que se abra nova licitação enquanto válida a

adjudicação anterior.

Não se deve confundir adjudicação com a celebração do contrato. A adjudicação apenas

garante ao vencedor que, quando a Administração for celebrar o contrato relativo ao

objeto da licitação, ela o fará com o vencedor. Todavia, o contrato pode não ser

celebrado, por motivos como anulação do procedimento, ou que tenha sua celebração

adiada por motivo que justifique tal procedimento (interesse público, por exemplo).

A administração deverá convocar regularmente o interessado para assinar o contrato dentro

do prazo e condições estabelecidos. O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma

vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que

ocorra motivo justificado aceito pela Administração. Caso o adjudicatário deixe de firmar o

contrato no prazo estabelecido, decairá de seu direito à contratação e ficará caracterizado

o descumprimento total da obrigação, assumida, sujeitando-se às penalidades legalmente

estabelecidas.

Quando o convocado não assinar o termo de contrato no prazo e condições estabelecidos,

a Administração poderá convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação,

para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,

inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório. É

facultado à Administração, alternativamente, revogar a licitação.

Em contrapartida, a não convocação para a contratação, pela Administração, decorridos

60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas, libera os licitantes dos compromissos

assumidos.

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Obrigatoriedade de licitação

A CF/88 exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras e alienações (art. 37,

XXI), bem como para a concessão e a permissão de serviços públicos (art. 175).

A Lei nº 8.666/93 exige licitação para as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,

alienações, concessões, permissões e locações (art. 2º).

Estão obrigados à licitação todos os órgãos da Administração Pública direta, os fundos

especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de

economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,

Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 1º, parágrafo único).

Dispensa de licitação

O princípio da obrigatoriedade da licitação impõe que todos os destinatários previstos na Lei

nº 8.666/93 e na própria CF/88 façam realizar o procedimento antes de contratarem obras e

serviços. Todavia, a lei não poderia deixar de ressalvar algumas hipóteses que, pela sua

peculiaridade, não se compatibilizam com o rito e a demora do processo licitatório.

A dispensa de licitação, devidamente prevista no art. 24 da Lei nº 8.666/93, caracteriza-se

pelo fato de que, a priori, poderia o procedimento ser realizado, mas que, pela

particularidade do caso, decidiu o legislador não torná-lo obrigatório. Diversamente

acontece na inexigibilidade, pois nessa hipótese sequer é viável a realização da licitação.

A dispensa de licitação trata-se de situação excepcional prevista na Lei, uma vez que as

hipóteses previstas no art. 24 traduzem situações que fogem à regra geral. Outro aspecto

relevante diz respeito à taxatividade, o que significa dizer que as hipóteses elencadas no art.

24 não podem ser ampliadas pelo administrador.

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Licitação dispensável

Trata-se de hipótese em que a Lei autoriza a não realização do certame licitatório. Nesse

caso a competição é possível, mas a lei autoriza a Administração a, segundo critério de

oportunidade e conveniência, dispensar sua realização.

Vejamos as hipóteses de licitação dispensável, enumeradas no art. 24 da Lei nº 8.666/93:

1) para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), desde que

não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços de

mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e

concomitantemente. Para obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade

de economia mista e empresa pública, bem assim por autarquia e fundação qualificadas

como Agências Executivas, os limites são o dobro, ou seja, até R$ 30.000,00 (trinta mil reais);

2) para outros serviços e compras de valor até R$ 8.000,00 (oito mil reais) e para alienações,

nos casos previstos na Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,

compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez. Para serviços e

compras contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista e empresa

pública, bem assim por autarquia e fundação qualificadas como Agências Executivas, os

limites são o dobro, ou seja, até R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais);

3) nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

4) nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de

atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de

pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente

para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as

parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e

oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou

calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

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5) quando não acudirem interessados à licitação anterior (a chamada “licitação deserda”) e

esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízos para a Administração, mantidas,

neste caso, todas as condições preestabelecidas;

6) quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar

o abastecimento;

7) quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos

praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos

oficiais competentes, casos em que será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços,

por valor não superior ao constante do registro de preços, ou de serviços, observada a regra

do art. 48, a seguir comentada;

Nessa hipótese, diante da inabilitação de todos os licitantes ou da desclassificação de todas

as propostas, a Administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a

apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas das

irregularidades apresentadas, facultada, no caso de convite, a redução desse prazo para

três dias úteis (art. 48, § 3º);

8) para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou

serviços prestados por órgãos ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha

sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência da Lei nº 8.666/1993, desde

que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;

9) quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos

estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa

Nacional;

10) para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades

precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a

sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo

avaliação prévia;

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11) na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência

de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e

aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,

devidamente corrigido;

12) nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário

para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com

base no preço do dia;

13) na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da

pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à

recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação

ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

14) para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico

aprovado pelo Congresso nacional, quando as condições ofertadas manifestamente

vantajosas para o Poder Público;

15) para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade

certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;

16) para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da

administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de

informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que

integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;

17) para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira,

necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto

ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for

indispensável para a vigência da garantia;

18) nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,

embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em

estrada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas

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sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a

exigüidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das

operações e desde que seu valor não exceda R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

19) para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais

de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização

requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante

parecer de comissão instituída por decreto;

20) na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e

de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a

prestação de serviço ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja

compatível com o praticado no mercado;

21) para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica

com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a

pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;

22) na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com

concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;

23) na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com

suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou

obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no

mercado;

24) para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,

qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas

no contrato de gestão;

25) na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica (ICT) ou por agência de

fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de

exploração de criação protegida;

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26) na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de

sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos

termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação;

27) na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos

recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por

associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda

reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de

equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;

28) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam,

cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de

comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão;

29) na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares

das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,

necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e

ratificadas pelo Comandante da Força;

30) na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins

lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do

Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na

Reforma Agrária, instituído por lei federal; e

31) Nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº

10.973, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa

científica e tecnológica no ambiente produtivo.

32) na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos

para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,

conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição

destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica.

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33) na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de

cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção

de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta

regular de água.

Licitação dispensada

Trata-se de hipótese em que a própria Lei de Licitações, diretamente, dispensa a realização

da licitação.

Enquanto nas hipóteses de licitação dispensável o procedimento licitatório poderá, ou não,

ocorrer, a critério do administrador, em razão do caso concreto, nas situações descritas

como de licitação dispensada não poderá o administrador realizar a licitação, uma vez que

a lei dispensou-a.

As hipóteses de licitação dispensada encontram-se no art. 17 da Lei nº 8.666/93. Todas as

situações de licitação dispensada referem-se à alienação de bens imóveis e móveis pela

Administração.

A alienação de bens imóveis da Administração Pública é subordinada à existência de

interesse público devidamente justificado pela autoridade administrativa. A alienação

depende de autorização legislativa para órgãos da Administração direta e entidades

autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as empresas públicas e sociedades de

economia mista, depende de avaliação prévia e de licitação na modalidade de

concorrência, exceto da hipótese do parágrafo seguinte.

A alienação de bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de

procedimento judicial ou de dação em pagamento, poderá ser feita por ato da autoridade

competente, após avaliação e comprovação da necessidade ou utilidade da alienação.

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Nesta hipótese, os bens imóveis poderão ser alienados mediante licitação nas modalidades

concorrência ou leilão.

Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à

comprovação do recolhimento de quantia correspondente a 5% da avaliação.

A licitação será dispensada nos seguintes casos de alienação de bens imóveis:

1) dação em pagamento;

2) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração

Pública, de qualquer esfera de governo. Cessadas as razões que justificaram a doação do

imóvel, ele reverterá ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação

pelo beneficiário;

3) permuta, por ouro imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da

Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha;

4) investidura;

5) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de

governo;

6) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou

permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente

utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse

social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;

7) concessão de direito real de uso, quando o uso se destina a outro órgão ou entidade da

Administração Pública;

8) procedimentos de regularização fundiária de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de

dezembro de 1976;

9) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais

da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de quinze módulos fiscais

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ou mil e quinhentos hectares, para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos

legais.

A alienação de bens móveis da Administração Pública também é subordinada à existência

de interesse público devidamente justificado. Os bens móveis devem ser previamente

avaliados e alienados após a realização de licitação.

A licitação para a alienação de bens móveis é dispensada nas seguintes situações:

1) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de

sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma

de alienação;

2) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;

3) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação

específica;

4) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;

5) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração

Pública, em virtude de suas finalidades;

6) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração

Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.

Inexigibilidade

A inexigibilidade de licitação se verifica sempre que houver impossibilidade jurídica de

competição.

Na dispensa, a licitação é materialmente possível, mas em regra inconveniente; na

inexigibilidade, é inviável a competição.

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A inexigibilidade de licitação está disciplinada no art. 25 da Lei nº 8.666/93, que abaixo

transcrevemos:

“Art. 25 – É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por

produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,

devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo

órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o

serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades

equivalentes;

II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza

singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade

para serviços de publicidade e divulgação;

III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de

empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião

pública.

§ 1º - considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no

campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,

publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos

relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e

indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2º - na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado

superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o

fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras

sanções legais cabíveis.”

Essencialmente, os casos exemplificados nos incisos do art. 25 acima descrito, dizem respeito

a: a) fornecedor exclusivo, vedada a preferência de marca; b) contratação de serviços

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técnicos profissionais especializados, de natureza singular, vedada a inexigibilidade para

serviços de publicidade; c) contratação de artistas consagrados pela crítica ou pelo público.

O art. 13 da Lei nº 8.666/93 elenca os serviços conceituados como técnicos especializados

dentre os quais não se incluem os de publicidade.

Quanto à natureza singular, diz respeito ao serviço que seja visivelmente diferenciado em

relação aos serviços da mesma natureza prestados por outros profissionais do ramo, e que

seja prestado por profissional ou empresa de notória especialização.

A inexigibilidade de licitação bem como a dispensa devem ser expressamente motivadas,

com apontamento das causas que levaram à Administração a concluir pela impossibilidade

jurídica de competição ou pela dispensa.

Modalidades

São cinco as modalidades de licitação. Entretanto, são apenas três os fins a que se destinam,

e isso porque as três primeiras modalidades – a concorrência, a tomada de preços e o

convite – têm o mesmo objetivo: a contratação de obras, serviços e fornecimento, enquanto

o concurso e o leilão têm objetivos próprios e diferenciados.

Essas modalidades são expressas na Lei. Nenhuma outra, além delas, pode ser criada pela

Administração. Entretanto, a Lei nº 10.520/02 expressamente criou uma nova modalidade de

licitação, denominada pregão, e estendeu a todas as esferas da Federação, aplicável a

contratos para aquisição de bens e serviços comuns.

1 – Concorrência

Concorrência é a modalidade de licitação adequada a contratações de grande vulto. O

Estatuto estabelece duas faixas de valor: uma, para obras e serviços de engenharia

(contratações acima de R$ 1.500.000,00), e outra para compras e serviços (contratações

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acima de R$ 650.000,00) - Art. 23, I, “c” e II, “c”. A partir de tais limites, a contratação exigirá

a concorrência.

Exatamente porque os recursos financeiros a serem empregados pela Administração são

mais elevados, essa modalidade é a que apresenta, em seu procedimento, maior rigor

formal e exige mais ampla divulgação. Por isso, dela podem participar quaisquer interessados

que demonstrem possuir os requisitos mínimos de qualificação fixados no edital.

No entanto, a lei exige a concorrência em algumas situações em que não se considera o

valor, mas a natureza do contrato a ser celebrado. É o caso em que a Administração

pretende adquirir ou alienar bens imóveis; quando o certame tem cunho internacional; e

quando pretende celebrar contrato de concessão de direito real de uso.

Há dois tipos básicos de concorrência: a nacional e a internacional. A primeira é a realizada

para as empresas nacionais dentro do território do país. A internacional é aquela da qual

podem participar empresas estrangeiras.

Mesmo sendo internacional a concorrência, a Administração deve obedecer fielmente ao

princípio da igualdade.

Duas são as características mais marcantes da concorrência. A primeira delas é o formalismo

mais acentuado, razão por que é sempre exigível uma fase inicial de habilitação preliminar,

na qual são aferidas as condições de cada participante.

A segunda é a publicidade mais ampla, o que se traduz na necessidade de participação de

todos quantos estiverem interessados na contratação. Tanto é verdadeiro o fato que os

avisos resumidos dos editais de concorrência têm prazos mais longos que os das demais

espécies.

2 – Tomada de Preços

O art. 22, § 2º da lei nº 8.666, define a tomada de preços como “a modalidade de licitação

entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições

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exigidas para cadastramento até o 3º dia anterior à data do recebimento das propostas,

observada a necessária qualificação”.

A tomada de preços presta-se à celebração de contratos relativos a obras e serviços de

engenharia (contratações até R$ 1.500.000,00); serviços e compras de menor vulto do que os

que exigem a concorrência (contratações até R$ 650.000,00) - Art. 23, I, “b” e II, “b”. Fora esta

característica, o procedimento, inclusive quanto ao julgamento por comissão de três

membros, é o mesmo da concorrência.

O que realmente distingue a tomada de preço é a existência da habilitação prévia à

abertura do procedimento, mediante o cadastramento dos interessados nos registros

cadastrais da Administração.

De qualquer forma, mesmo os não previamente cadastrados têm garantia a possibilidade,

tendo em vista o princípio da competitividade, de se inscreverem até o 3º dia anterior à data

do recebimento das propostas, contanto que satisfaçam as condições de qualificação

exigidas.

É admitida a tomada de preços para licitações internacionais, quando o órgão ou entidade

dispuser de cadastro internacional de fornecedores e desde que o contrato a ser celebrado

esteja dentro dos limites de valor estabelecidos na Lei.

3 – Convite

A modalidade de convite é que comporta menor formalismo, e isso porque se destina a

contratações de menor vulto: a) para obras e serviços de engenharia (contratações até R$

150.000,00); e para compras e serviços (contratações até R$ 80.000,00) - Art. 23, I, “a”, e II,

“a”.

Nessa modalidade, não há edital. O instrumento convocatório denomina-se carta-convite, e

é nesta que são colocadas, sucintamente, as regras da licitação. As cartas-convite são

remetidas, no mínimo, a três interessados no ramo a que pertence o objeto do contrato, os

quais são livremente escolhidos pelo administrador, entre empresas cadastradas ou não.

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A Lei nº 8.666/93 admite a participação de interessados não convidados diretamente, mas

cadastrados junto aos órgãos administrativos. Para possibilitar sua participação, a mesma lei

impôs a obrigação de afixar-se, em local adequado, cópia do instrumento convocatório

(art.22, § 3º).

O formalismo é diminuto no convite: não só é bastante suave a exigência documental para

a habilitação, como também basta o prazo mínimo de cinco dias entre a expedição da

carta-convite e o recebimento das propostas ou a realização do evento.

Há ainda duas regras importantes a serem observadas nesta modalidade de licitação. A

primeira diz respeito ao desinteresse dos convidados ou à limitação do mercado. Nessas

situações, pode ser que a Administração não consiga o afluxo do número mínimo de três,

exigido para o convite. Se isso ocorrer, a lei considera válido realizar o confronto entre

apenas duas propostas, ou, se uma só for apresentada, celebrar diretamente o contrato.

Para tanto, deverá o órgão administrativo justificar minuciosamente o fato e aquelas

circunstâncias especiais; se não o fizer, o convite terá que ser repetido (art.22, § 7º).

Quando existirem na praça mais de três interessados, não podem ser sempre os mesmos e

apenas eles, os convidados. Dessa maneira, realizando-se novo convite para objeto idêntico

ou assemelhado, é obrigatório o chamamento de, no mínimo, mais um interessado,

enquanto houver cadastrados não convidados nas últimas licitações (art. 22, § 6º). O

legislador tentou, com tal dispositivo, evitar o favorecimento de somente algumas empresas

e permitir que outras, já cadastradas, tenham a chance de também participar do certame.

4 – Concurso

Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de

trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmio ou remuneração

aos vencedores (art. 22, § 4º).

A publicidade é assegurada por meio de publicação do edital, consoante estabelece o

mesmo artigo 22, § 4º, com, pelo menos, 45 dias de antecedência; esse prazo é previsto

também no artigo 21, § 2º, inciso, I, a.

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5 – Leilão

Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens

móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou

penhorados, ou para a alienação de bens imóveis cuja aquisição haja derivado de

procedimentos judiciais ou de dação em pagamento (art. 19), a quem possa oferecer o

maior lance, igual ou superior ao da avaliação (art. 22, § 5º).

Quando se tratar de bens imóveis, a modalidade de licitação obrigatória é a concorrência

(art. 17, I, e art. 23, § 3º), com ressalva para as hipóteses do art. 19. Nada diz a lei sobre bens

semoventes. Na Lei nº 8.666/93 nada se diz quanto a esse tipo de bem, podendo, no entanto,

ser-lhe aplicada a mesma regra que se refere aos bens móveis, já que os semoventes são,

em regra, considerados uma espécie de bem móvel dotado de movimento próprio (como os

animais), ao lado de outra modalidade que não tem essa característica.

6 – Pregão

O pregão é uma sexta modalidade de licitação, instituída a par das cinco arroladas no art.

22 da Lei nº 8.666/93, pela MP nº 2.026/2000.

A Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, expressamente estendeu o pregão a todas as esferas

da Federação, passando ele a ser modalidade aplicável no âmbito da União, Estados, DF e

Municípios.

O pregão destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, assim entendidos aqueles cujos

padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por

meio de especificações usuais no mercado (art. 1º, parágrafo único).

O pregão pode ser utilizado para qualquer valor de contrato.

Apesar de vetado o caput do art. 2º da Lei nº 10.520/2002, permanece não existindo

qualquer limite de valor à contratação mediante pregão. Da mesma forma, continua

inteiramente aplicável, para efeito doutrinário, a definição dessa modalidade de licitação, a

saber:

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“Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns pela União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme disposto em regulamento, qualquer que seja

o valor estimado da contratação e lances em sessão pública”.

Algumas importantes características do pregão, que têm permitido a redução do preço das

contratações, com sensível vantagem para o Erário, são a possibilidade de redução de

preço das propostas iniciais por meio de lances verbais dos participantes e a não exigência

de habilitação prévia ou de garantias, com o conseqüente aumento do número de

concorrentes e da competitividade. O legislador abriu mão da exigência de habilitações

prévias e garantias, optando por, em vez disso, impor rigorosas sanções àqueles que,

vencendo a licitação, deixem de adimplir o contrato ou o executem inadequadamente. A

Lei prevê sanções como a imposição de multas e o impedimento de licitar e contratar com o

ente federando licitante pelo prazo de até cinco anos.

Outro ponto importante é que, no pregão, não se leva em consideração o vulto do contrato

(valor da contratação), mas sim as características dos bens ou serviços, que devem ser

comuns, ou seja, simples, rotineiros. Por esse motivo, também, o tipo de licitação, no pregão,

é sempre o de menor preço não se exige capacitação técnica especializada para o

fornecimento dos bens ou prestação dos serviços objeto do pregão.

São princípios norteadores do pregão, ao lado dos já estudados princípios da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa,

da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, outros princípios

correlatos, como o da celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,

competitividade, justo preço, seletividade e comparação objetiva das propostas.

O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública. O autor da oferta de

valor mais baixo e os das ofertas com preços até dez por cento superiores a ela poderão

fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor, sempre pelo

critério menor preço. Não havendo pelo menos três ofertas com diferença de até dez por

cento em relação à mais baixa, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo

de três, oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos.

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Apostila: Direito Administrativo

Examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao

pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade.

Encerrada a etapa e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do envelope

contendo os documentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta,

para verificação das condições fixadas no edital.

A habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante

a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço- FGTS,

e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que

atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnicas e

econômico-financeira.

Provavelmente o aspecto que mais distingue essa modalidade de licitação daquelas

reguladas pela Lei nº 8.666/1993 é a inversão que ocorre nas fases de habilitação e

julgamento das propostas. Enquanto naquelas modalidades a habilitação é sempre anterior

à abertura e julgamento propostas (sequer sendo abertas as propostas dos licitantes

inabilitados), no pregão ocorre o contrário: a habilitação dos licitantes é fase posterior.

Verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado

vencedor. Homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário (licitante

vencedor) será convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital. Se o licitante

vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta (o prazo de validade

das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital), não celebrar o

contrato, este será celebrado com o colocado seguinte que atenda às exigências de

habilitação e demais estabelecidos no edital.

Nesta modalidade de licitação é vedada a exigência de:

I - garantia de proposta;

II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para participação no certame; e

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Apostila: Direito Administrativo

III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital,

que não serão superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de

recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.

É importante registrar que as normas da Lei nº 8.666/1993 aplicam-se subsidiariamente à essa

modalidade de licitação.

Finalmente, é interessante registrar que § 1º do art. 2º da Lei nº 10.520/2002 prevê a

possibilidade de “ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da

informação, nos termos de regulamentação específica”, trata-se do chamado “Pregão

Eletrônico”. O pregão eletrônico é realizado em sessão pública, por meio de sistema

eletrônico que promova a comunicação pela Internet.

Procedimentos: as fases da licitação

A licitação, em se tratando de um procedimento administrativo, compreende uma série de

atividades e a prática de um conjunto de atos tendentes a alcançar um só resultado, isto é,

a escolha da melhor proposta para o contrato.

O art. 43 da lei nº 8.666/1993 faz uma breve síntese das principais fases de andamento e

julgamento da licitação, que muito auxilia na visão sistemática de todo o procedimento

licitatório, quais sejam:

I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos

concorrentes, e sua apreciação;

II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as

respectivas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua denegação;

III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados, desde que

transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou

após o julgamento dos recursos interpostos;

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Apostila: Direito Administrativo

IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme

o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou

ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser

devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das

propostas desconformes ou incompatíveis;

V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação

constantes do edital;

VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do

objeto da licitação.

Audiência Pública

A fim de ampliar o acesso às informações relativas ao contrato a ser firmado com a

Administração, a Lei nº 8.666/1993, em seu art. 39, estabelece a obrigatoriedade de

realização de uma audiência pública prévia à publicação do edital nas licitações de valores

mais elevados.

O referido artigo 39 prevê a realização da audiência pública, com antecedência mínima de

15 dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a

antecedência mínima de 10 dias úteis de sua realização, sempre que o valor estimado para

uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for superior a R$

150.000.000,00 (cento e cinqüenta milhões de reais).

O parágrafo único do art. 39 define como licitações simultâneas aquelas com objetos

similares e com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias. Consideram-se

sucessivas duas ou mais licitações quando, sendo similares seus objetos, o edital da segunda

publicado antes de cento e vinte dias após o término do contrato resultante da primeira

licitação e assim por diante.

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Edital

Edital é o ato pelo qual a Administração divulga as regras a serem aplicadas em

determinado procedimento de licitação. O edital é a lei interna da licitação. O edital traduz

uma verdadeira lei porque subordina administradores e administrados às regras que

estabelece.

Para a Administração, o edital é ato vinculado e não pode ser desrespeitado por seus

agentes. Nesse sentido, é expresso o art. 41 da Lei nº 8.666/93: “A Administração não pode

descumprir as normas e as condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”. Se

houver modificação superveniente do edital, a Administração tem duas obrigações:

1) divulgar a modificação pela mesma forma em que se deu o texto original; e

2) reabrir o prazo estabelecido no início, salvo quando a alteração não afetar a

formulação da proposta.

O edital é uma das espécies de instrumento convocatório. Não é utilizado na modalidade de

convite, porque nesta o instrumento é a carta-convite, que, na verdade, faz as vezes do

edital, porque fixa, ainda que sumariamente, algumas normas e condições que devem

vigorar no convite.

Vários dados devem figurar no edital, como o objeto da licitação, o preço e as condições de

reajuste, o prazo, o critério de julgamento etc. (art. 40). O edital deve ser divulgado através

de aviso resumido (extrato), publicado no Diário Oficial, sendo indicado o local onde pode

ser conseguido o inteiro teor do ato. O edital deve obrigatoriamente ter alguns anexos: a

minuta do contrato a ser firmado; o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e

preços unitários; o projeto básico e, se for o caso, o projeto executivo; e as especificações

complementares e as normas de execução.

Se o edital tiver alguma irregularidade, é assegurado a qualquer cidadão impugná-lo,

protocolando o pedido até cinco dias úteis antes da data designada para a abertura dos

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envelopes de habilitação. Oferecida a impugnação, cabe à Administração decidi-la no

prazo de três dias (art. 41, § 1º). O direito assegurado na Lei de Licitação, entretanto, não

exclui o de representação ao Tribunal de Contas respectivo, órgão incumbido do controle

financeiro da Administração. (art. 113, § 1º).

Além do cidadão, a lei assegurou também ao licitante a faculdade de impugnação aos

termos do edital. Seu prazo, porém, é menor do que o conferido ao cidadão: até o segundo

dia útil que anteceder a abertura dos envelopes da habilitação (na concorrência), dos

envelopes com as propostas (no convite, tomada de preços ou concurso) ou da realização

do leilão (art. 41, § 2º). Se não o fizer nesse prazo, decai do direito à impugnação perante a

Administração. Para evitar qualquer retaliação contra o licitante que fez a impugnação, é a

ele garantida a participação no certame até a decisão final sobre o que suscitou na

representação. Advirta-se, porém, que nada impede que a Administração exerça seu poder

de autoridade, corrigindo de ofício a regra ilícita.

Antecedência mínima do edital

A antecedência mínima a ser observada encontra-se disciplinada no art. 21 da Lei e, no

caso da modalidade pregão, no art. 4º, V, da Lei nº 10.520/2002 (deve-se observar que

apenas os prazos relativos às modalidades convite e pregão são contados em dias úteis):

A partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da

efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos (prevalecendo a data

que ocorrer mais tarde), o prazo mínimo a ser observado para o recebimento das propostas

ou a realização do evento será de:

1) quarenta e cinco dias para as modalidades:

a) concurso;

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b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de

empreitada integral ou quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço;

2) trinta dias para as modalidades:

a) concorrência, nos casos não especificados na letra “b” acima;

b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preços;

3) quinze dias para as modalidades:

a) tomada de preços, nos casos não especificados na letra “b” acima;

b) leilão;

4) cinco dias úteis para a modalidade convite;

5) oito dias úteis para a modalidade pregão, contados a partir da publicação do aviso.

Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que seu o texto

original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido para a apresentação das propostas,

exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.

Habilitação dos licitantes

Hely Lopes Meirelles define a fase de habilitação como aquela em que se procede à

verificação da documentação e de requisitos pessoais dos licitantes, habilitando-os ou

inabilitando-os. É etapa relacionada às qualidades pessoais dos interessados em licitar.

Ocorre previamente à análise das propostas.

A habilitação tem por finalidade garantir que o licitante, na hipótese de ser o vencedor do

certame, tenha condições técnicas, financeiras e idoneidade para adequadamente cumprir

o contrato objeto da licitação. Somente poderá ser exigida dos interessados, para

habilitação nas licitações, documentação relativa a:

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1) habilitação jurídica;

2) qualificação técnica;

3) qualificação econômico-financeira;

4) regularidade fiscal e trabalhista.

A documentação para habilitação poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos

de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.

A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em:

I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional das

Pessoas Jurídicas (CNPJ);

II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo

ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o

objeto contratual;

III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou

sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;

IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais

instituídos por lei; e

V - prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a

apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do

Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:

I - cédula de identidade;

II - registro comercial, no caso de empresa individual;

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III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se

tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de

documentos de eleição de seus administradores;

IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de

diretoria em exercício;

V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em

funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo

órgão competente, quando a atividade assim o exigir.

A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:

I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;

II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em

características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações

e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do

objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe

técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;

III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e,

quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições

locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;

IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.

A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e

apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa,

vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados

por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação

da proposta;

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II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da

pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;

III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no caput e § 1o do art. 56 desta

Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.

A inabilitação implica exclusão do interessado do procedimento licitatório. O art. 41, § 4º,

estabelece que “a inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar das

fases subseqüentes”. Por esse motivo, o recurso contra a inabilitação tem efeito suspensivo

(art. 109, § 2º).

Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes e abertas as propostas, não cabe

desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos

supervenientes ou só conhecidos após o julgamento. (art. 43, § 5º).

Após a fase de habilitação, o licitante não poderá mais desistir da proposta apresentada,

salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão. (art. 43, §

6º).

Julgamento da habilitação

Antes de examinar as propostas oferecidas, cabe à Comissão analisar os documentos

necessários à habilitação dos candidatos. Os candidatos devem fornecer dois envelopes, um

contendo os documentos necessários à habilitação, e outro, com as propostas. Por isso, a

primeira providência na sessão é a abertura dos envelopes contendo os documentos para a

habilitação; nesse momento, ainda não se abrem os envelopes das propostas.

Examinando-se o primeiro envelope, separam-se os candidatos que atenderam aos requisitos

da habilitação, Estes são os habilitados. Formam outro grupo os que não conseguiram

apresentar a documentação necessária à habilitação: são os inabilitados. A estes a

Comissão devolve, fechados, os envelopes das propostas, e isso porque ficam desobrigados

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da competição (art. 43, I e II). Outro aspecto importante é o relativo aos recursos: para que a

sessão prossiga com vistas a julgar as propostas, é preciso que os inabilitados desistam

expressamente de interpor recurso; não havendo esta desistência, a sessão só deverá

continuar após o julgamento do recurso, ou após transcorrido o prazo recursal (art. 43., III).

O ato que considera habilitados os candidatos tem dois efeitos importantes. O primeiro reside

em que não mais caberá desistência da proposta, salvo, excepcionalmente, por motivo justo

derivado de fato superveniente, aceito pela Comissão. O segundo é que, ao ser

ultrapassada a fase de habilitação, e sendo abertos os envelopes das propostas, não mais

pode haver desclassificação calcada em motivo relativo à habilitação, a não ser que os

fatos tenham ocorrido superveniente ou só tenham sido conhecidos após o julgamento. (art.

43, §§ 5º e 6º).

Julgamento das propostas

O julgamento das propostas é a fase em que a Administração procede efetivamente à

seleção daquela proposta que se afigura mais vantajosa para o futuro contrato. É a fase

mais relevante, porque define o destino dos participantes, indicando qual deles conquistará

a vitória na competição.

Entretanto, nessa fase, é sempre necessário verificar dois aspectos:

1) a razoabilidade dos preços; e

2) a compatibilidade das propostas com as exigências do edital.

Após essa verificação, agrupam-se, de um lado, os classificados, e, de outro, os

desclassificados.

O que importa é que, colocadas lado a lado as propostas dos classificados, cumpre

selecionar aquela que é mais vantajosa para a Administração, segundo o que o instrumento

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convocatório estabelecer. Essa vai ser a proposta vitoriosa, permitindo o futuro vínculo

obrigacional com a Administração.

O Estatuto reza que no julgamento, que deve ser objetivo, o órgão administrativo deve levar

em conta os fatores referidos no instrumento convocatório (art. 45). Fatores são, pois, os

elementos que a comissão julgadora pode considerar para a escolha. E é razoável que seja

assim, porque não rara vezes não é o preço como fator isolado que deve prevalecer, mas

sim o preço em conjunto com outros fatores. São exemplos de fatores os relativos à

qualidade, rendimento, preço, prazo e outros do gênero.

Diferente de fatores são os critérios de julgamento. Estes traduzem a conjugação dos fatores

computados pela comissão para chegar à proposta mais vantajosa. O preço de uma

proposta pode ser menor, mas não ser o melhor quando conjugado com outros fatores,

como o prazo, ou a qualidade, por exemplo.

Por outro lado, o critério a ser adotado pela Administração deve estar previamente fixado no

edital ou na carta-convite, em obediência, aliás, ao princípio do julgamento objetivo e da

vinculação ao edital (art. 3º).

Homologação e adjudicação

O artigo 43, inciso VI, da Lei nº 8.666/93 prevê, como ato final do procedimento, a

“ deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto

da licitação”.

Note-se que os dois atos ficam fora da atuação da Comissão e passam a ser de

competência da autoridade superior (um ministro de Estado ou um presidente de uma

autarquia, por exemplo).

A homologação equivale à aprovação do procedimento; ela é precedida do exame dos

atos que o integram pela autoridade competente, a qual, se verificar algum vício de

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ilegalidade, anulará o procedimento ou determinará seu saneamento, se cabível. Se o

procedimento estiver em ordem, ela o homologará. A mesma autoridade pode, por razões

de interesse público devidamente demonstradas, revogar a licitação.

A adjudicação é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade competente

para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação. É o ato final do procedimento.

Trata-se de ato declaratório que não se confunde com a celebração do contrato, pois, por

meio dele, a Administração proclama que o objeto da licitação é entregue ao vencedor.

Depois de praticado esse ato é que a Administração vai convocá-lo para assinar o contrato.

Trata-se de ato vinculado, já que as únicas hipóteses em que a Administração pode deixar

de efetuar a adjudicação são as de anulação ou revogação do procedimento, conforme

previsto no art. 49 da Lei nº 8.666/93.

Embora a adjudicação seja ato meramente declaratório, ela já produz alguns efeitos, assim

referidos por Hely Lopes Meirelles: “a) a aquisição do direito de contratar com a

Administração nos termos em que o adjudicatário venceu a licitação; b) a vinculação do

adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no edital e aos prometidos na sua proposta;

c) a sujeição do adjudicatário às penalidades previstas no edital e a perda de eventuais

garantias oferecidas, se não assinar o contrato no prazo e condições estabelecidas; d) o

impedimento de a Administração contratar o objeto licitado com qualquer outro que não

seja o adjudicatário; e) a liberação dos licitantes vencidos dos encargos da licitação”.

Feita a adjudicação, a Administração convocará o adjudicatário para assinar o contrato,

devendo faze-lo no prazo de 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas;

ultrapassando esse prazo, ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos (art. 64, §

3º).

Se o interessado não atender à convocação no prazo estabelecido pela Administração,

perderá o direito à contratação e ficará sujeito às penalidades previstas no artigo 87; o prazo

de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pela

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parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela

Administração (art. 64, § 1º).

Caso o interessado não atenda à convocação, a Administração poderá convocar os

licitantes remanescentes, pela ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas

mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços

atualizados de conformidade com o ato convocatório; ou pode revogar a licitação, sem

prejuízo da sanção prevista no artigo 87 (art. 64, § 2º).

Os licitantes remanescentes, porém, não são obrigados a aceitar o contrato, já que, se o

fizerem, terão que sujeitar-se às condições propostas pelo vencedor; assim, não ficam sujeitos

às penalidades administrativas, conforme determina o artigo 81, parágrafo único.

Tipos de Licitação

Além dos fatores e dos critérios de julgamento, são apontados no estatuto os tipos de

licitação: a de menor preço, a de melhor técnica, a de técnica e preço e a de maior lance

ou oferta, este último adotado para alienação de bens ou concessão de direito real de uso

de bens públicos. Nos três primeiros, como o próprio nome indica, leva-se em conta o fator

pertinente, embora, possam ser considerados outros para a fixação do critério.

O menor preço é resultado que decorre de verificação objetiva. Diz a lei que esse tipo ocorre

quando o instrumento convocatório determina que a proposta mais vantajosa será aquela

que se apresentar de acordo com as especificações do edital e ofertar o menor preço.

O de melhor técnica, por exemplo, tem duas etapas: uma, em que os candidatos se

submetem a uma valorização de suas propostas; se a proposta não alcançar essa

valorização mínima, está fora do certame. A outra é a fase da negociação: o candidato que

ofereceu a proposta vitoriosa sob o critério técnico só celebra o contrato se aceitar a

execução do objeto ajustado pelo preço mínimo oferecido pelos participantes (art. 46, I e II).

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Se recusar reduzir seu preço, será chamado o candidato que ficou em segundo lugar, e

assim sucessivamente. Ora, é evidente a incoerência desse tipo de processo, porque

dificilmente o candidato de melhor técnica vai submeter-se a um preço oferecido por

candidato de técnica inferior.

O tipo de técnica e preço caracteriza-se pelo fato de que o resultado do certame se faz de

acordo com a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de

acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório (art. 46, § 2º, I e II). Aqui

o grande cuidado de administrador reside na confecção do instrumento convocatório. Pela

grande complexidade de certas contratações, os administradores freqüentemente se valem

da experiência e do conhecimento de técnicas para a elaboração do edital, que terá que

conter fundo detalhamento para possibilitar a seleção da melhor proposta.

Carta-Convite

A carta-convite é o instrumento convocatório utilizado para chamar os interessados a

participar da licitação quando adotada a modalidade convite. A carta-convite é enviada

diretamente aos interessados e não precisa ser publicada, devendo, entretanto, ser fixada

cópia em local apropriado (art. 22, § 3º). Aplicam-se à carta-convite, no que for cabível, as

disposições relativas ao edital, especialmente, quanto à identificação do objeto da licitação,

critério de julgamento e demais condições cujo conhecimento seja indispensável.

Comissão de Licitação

As etapas de habilitação dos licitantes e julgamento das propostas são efetivadas por uma

comissão, denominada comissão de licitação ou comissão julgadora.

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Apostila: Direito Administrativo

Os órgãos ou entidades da Administração poderão possuir comissões permanentes ou

constituir comissões especiais. As comissões serão integradas por no mínimo, 3 (três) membros,

sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros

permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.

No caso de licitação na modalidade convite, a comissão de licitação, excepcionalmente,

nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível,

poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

(art. 51, § 1º).

Os membros das comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos

praticados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente

fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a

decisão.(art. 51, § 3º).

7 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Introdução

As relações jurídicas ajustadas pela Administração Pública com terceiros decorrem de atos

unilaterais (atos administrativos) e de atos plurilaterais (contratos). As avenças disciplinadas

pelo Direito Administrativo são denominadas contratos administrativos, e como tais a doutrina

tem considerado os que : a) recebem da lei essa denominação; b) tem por objeto o uso de

bem público e a prestação de serviço público; c) contêm cláusulas exorbitantes.

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Apostila: Direito Administrativo

Contratos da Administração

Toda vez que a Administração Pública celebra compromissos recíprocos com terceiros, firma

um contrato. São esses contratos que se convencionou denominar de contratos da

Administração, caracterizado pelo fato de que a Administração Pública figura num dos pólos

da relação contratual.

Contratos Privados da Administração

Trata-se de uma das espécies de contratos da Administração, regulados pelo Direito Civil e

Comercial. Assim, quando a Administração firma contratos regulados pelo direito privado,

situa-se no mesmo plano jurídico da outra parte, não lhe sendo atribuída, como regra,

qualquer vantagem especial que lhe garanta às linhas do sistema contratual comum.

São exemplos de contratos de direito privado da Administração a compra e venda, a

doação, a locação etc.

Contratos Administrativos

Os contratos administrativos também constituem espécie do gênero contratos da

Administração, mas têm normas reguladoras diversas das que disciplinam os contratos

privados firmados pelo Estado.

Sendo contratos típicos da Administração, sofrem a incidência de normas especiais de direito

público, só lhes aplicando supletivamente as normas de direito privado.

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Apostila: Direito Administrativo

Conceito

Para o Professor José dos Santos Carvalho Filho contrato administrativo é “o ajuste firmado

entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito público, e

tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público”.

Já o Professor Hely Lopes Meirelles conceitua contratos administrativos como “o ajuste que a

Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade

administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições

estabelecidas pela própria Administração”.

Características dos contratos administrativos

I – Relação Contratual

Possui a relação jurídica do contrato administrativo algumas peculiaridades próprias de sua

natureza, apresentado as seguintes características:

1 - formalismo, porque não basta o consenso das partes, mas, ao contrário, é necessário que

se observem certos requisitos externos e internos;

2 - comutatividade, já que existe equivalência entre as obrigações, previamente ajustadas e

conhecidas;

3 - confiança recíproca (intuitu personae), porque o contratado é, em tese, o que melhor

comprovou condições de contratar com a Administração, fato que, inclusive, levou o

legislador a só admitir a subcontratação de obra, serviço ou fornecimento até o limite

consentido, em cada caso, pela Administração, isso sem prejuízo de sua responsabilidade

legal e contratual (art. 72 do Estatuto);

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Apostila: Direito Administrativo

4 - bilateralidade, indicativa de que o contrato administrativo sempre há de traduzir

obrigações para ambas as partes.

II – Posição Preponderante da Administração

Os contratos privados em geral traduzem um conjunto de direitos e obrigações em relação

aos quais as partes se situam no mesmo plano jurídico. Não há supremacia de uma sobre a

outra, e esse nivelamento está presente durante todo o curso do ajuste.

O mesmo não se passa com os contratos administrativo, e isso é explicável pelo fato de que

eles visam a alcançar um fim útil para a coletividade, e, além disso, deles participa a própria

Administração. É lógico, então, que no conflito entre os interesses do particular contratado e

o Estado contratante tenham que prevalecer os pertencentes a este último.

Não se pode deixar de reconhecer, em conseqüência, uma certa desigualdade entre as

partes contratantes, fato que confere à Administração posição de supremacia em relação

ao contratado. O mesmo se pode dizer dos tradicionais princípios romanos da imutabilidade

unilateral dos contratos (lex inter partes e pacta sunt servanda), que sofrem notória mitigação

quando se trata de contratos administrativos, como será visto oportunamente.

Essa situação de preponderância em favor da Administração está dispersa em vários

dispositivos do Estatuto, a começar pelo art. 54, verdadeiro princípio norteador de várias

outras regras da mesma natureza.

III – Finalidade Pública

Esta característica está presente em todos os atos e contratos da Administração Pública,

ainda que regidos pelo direito privado; às vezes, pode ocorrer que a utilidade direta seja

usufruída apenas pelo particular, como ocorre concessão de uso de sepultura, mas,

indiretamente, é sempre o interesse público que a Administração tem que ter em vista, sob

pena de desvio de poder. No exemplo citado, o sepultamento adequado, nos termos da lei,

é do interesse de todos e, por isso mesmo, colocado sob tutela do Poder Público.

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IV – Formalismo

Os contratos administrativos são em regra formais e escritos e sempre consensuais.

É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas

compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a R$ 4.000,00

(quatro mil reais), feitas em regime de adiantamento (art. 60, parágrafo único).

Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a

finalidade, o ato que autorizou a sua celebração, o número do processo da licitação, da

dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas da Lei nº 8.666 e às

cláusulas contratuais (art. 61).

Além desses requisitos, o resumo do instrumento de contrato, qualquer que seja seu valor

(inclusive os contratos sem ônus), deve ser publicado na imprensa oficial no prazo máximo de

vinte dias, contados a partir do quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura. A

publicação é condição indispensável para a eficácia do contrato. (art. 61, parágrafo único).

Conforme o art. 62 da Lei nº 8.666, o instrumento de contrato é obrigatório nos casos de

concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos

preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação. Nos demais

casos, o instrumento de contrato é facultativo. Não significa isso que o vínculo obrigacional

seja verbal. A lei estabelece que, na hipótese de dispensar o uso do instrumento de contrato,

a Administração deverá substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato,

nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

A Lei permite, também, que a Administração dispense o "termo de contrato", facultando a

substituição por outros meios hábeis, como acima exemplificado, a seu critério e

independentemente de seu valor, nos casos de compra com entrega imediata e integral dos

bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica (art.

62, § 4º).

No intuito de assegurar a publicidade dos contratos administrativos, dispõe a Lei que é

permitido a qualquer licitante o conhecimento dos termos do contrato e do respectivo

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processo licitatório e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o

pagamento dos emolumentos devidos (art. 63).

V – Natureza de Contrato de Adesão

Todas as cláusulas dos contratos administrativos são fixadas unilateralmente pela

Administração. Em um contrato de adesão, uma das partes propõe as cláusulas e a outra

parte não pode propor alterações.

Pelo instrumento convocatório (normalmente o edital) da licitação, o poder público faz uma

oferta a todos os interessados, fixando as condições em que pretende contratar; a

apresentação de propostas pelos licitantes equivale à aceitação da oferta feita pela

Administração.

O art. 55 da Lei nº 8.666/93 elenca as cláusulas que obrigatoriamente deverão constar dos

contratos administrativos, tais como o objeto e seus elementos; o regime de execução ou a

forma de fornecimento; o preço e as condições de pagamento etc.

Importante registrar que a minuta do futuro contrato a ser celebrado entre o vencedor da

licitação e a Administração integrará sempre o edital ou ato convocatório do certame.

VI – Natureza “intuitu personae” (pessoalidade)

Todos os contratos para os quais a lei exige licitação são firmados intuitu personae, ou seja,

em razão de condições pessoais do contratado, apuradas no procedimento da licitação.

Não é por outra razão que a Lei nº 8.666/93, no artigo 78, VI, veda a subcontratação total ou

parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência,

total ou parcial; essas medidas somente são possíveis se expressamente previstas no edital da

licitação e no contrato. Além disso, é vedada a fusão, cisão ou incorporação que afetem a

boa execução do contrato. Note-se que o artigo 72 permite a subcontratação parcial nos

limites admitidos pela Administração; tem-se que conjugar essa norma com a do artigo 78, VI,

para entender-se que a medida só é possível se admitida no edital e no contrato.

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Todas essas medidas constituem motivo para rescisão unilateral do contrato (art. 78, VI),

sujeitando-se, ainda, o contratado, às sanções administrativas previstas no artigo 87 e às

conseqüências assinaladas no artigo 80.

VII – Presença das Cláusulas Exorbitantes

Cláusulas exorbitantes ou cláusulas de privilégio são as prerrogativas especiais conferidas à

Administração na relação do contrato administrativo em virtude de sua posição de

supremacia em relação ao particular contratado.

A lei relaciona as seguintes cláusulas exorbitantes (art. 58 da Lei nº 8.666/93):

a) Exigência de garantia

A faculdade de exigir garantia nos contratos de obras, serviços e compras está prevista no

art. 56, § 1º, da Lei de Licitação, podendo abranger as seguintes modalidades: caução em

dinheiro ou títulos da dívida pública; seguro-garantia e fiança bancária.

Trata-se de uma prerrogativa da Administração que objetiva assegurar a adequada

execução do contrato, ou, na falta do contrato, ensejadora da aplicação de multa,

assegurar diretamente o recebimento dessa multa pela Administração.

A escolha da modalidade de garantia cabe ao contratado, não podendo ultrapassar o

correspondente a 5% do valor do contrato, salvo nos casos de obras, serviços e

fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros

consideráveis, podendo o limite de garantia ser elevado para até 10% do valor do contrato.

A garantia, quando exigida do contratado, é devolvida após a execução do contrato.

b) Alteração unilateral

Ao contrário do que ocorre nos contratos de direito privado, a alteração unilateral do

contrato celebrado pela Administração é possível, conforme prevê o art. 65 da Lei nº

8.666/93.

A alteração dos contratos administrativos se dá em dois casos:

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1) quando há modificação do projeto ou das especificações, com vistas à melhor

adequação técnica aos fins do contrato; e

2) quando é preciso modificar o valor em virtude do aumento ou diminuição quantitativa do

objeto contratual.

Se a alteração imposta aumentar os encargos do particular contratado, tem este direito a

receber as diferenças respectivas; o mesmo ocorrendo se forem criados tributos ou encargos

legais após a celebração do contrato, que tenham repercussão no preço.

Outra vantagem da Administração reside na possibilidade de obrigar o contratado a aceitar,

nas mesmas condições, acréscimos ou supressões em obras, serviços ou compras até 25% do

valor originário do contrato, ou até 50% no caso de reforma de edifício ou equipamento.

c) Rescisão unilateral

A rescisão unilateral está prevista no art. 58, II, combinado com os arts. 79, I, e 78, incisos I a XII

e XVII, e ocorre nos seguintes casos:

1 – inadimplemento (incisos I a VIII do art. 78), abrangendo hipóteses como não-cumprimento

ou cumprimento irregular das cláusulas contratuais, lentidão, atraso injustificado, paralisação,

subcontratação total ou parcial etc.

2 – situações que caracterizem desaparecimento do sujeito, sua insolvência ou

comprometimento da execução do contrato (incisos IX a XI do art. 78): falência, dissolução

da sociedade, falecimento do contratado entre outras.

3 – razões de interesse público (inciso XII do art. 78).

4 – caso fortuito ou de força maior (inciso XVII do art. 78).

d) Fiscalização

Trata-se de prerrogativa do poder público, também prevista no artigo 58, III, e disciplinada

mais especificamente no artigo 67, que exige seja a execução do contrato acompanhada e

fiscalizada por um representante da Administração, especialmente designado, permitida a

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contratação de terceiros para assisti-los e subsidia-lo de informações pertinentes a essa

atribuição.

O não-atendimento das determinações da autoridade fiscalizadora enseja rescisão unilateral

do contrato (art. 78, VII), sem prejuízo das sanções cabíveis.

e) Aplicação de penalidades

A inexecução total ou parcial do contrato dá à Administração a prerrogativa de aplicar

sanções de natureza administrativa (art. 58, IV), dentre as indicadas no artigo 87, a saber:

“I - advertência;

II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a

Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública,

enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a

reabilitação, perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida

sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após

decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior”.

A pena de multa pode ser aplicada juntamente com qualquer uma das outras (art. 87, § 2º),

ficando vedada, em qualquer outra hipótese, a acumulação de sanções administrativas.

Enquanto a pena de suspensão não pode ultrapassar dois anos, a de declaração de

inidoneidade não tem um limite preciso definido na lei. Apesar da má redação do inciso IV

do artigo 87, deduz-se que o limite mínimo é de dois anos, já que a lei, na parte final do

dispositivo, emprega a expressão após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no

inciso anterior; o limite máximo é a data em que ocorrer a reabilitação, ou seja, quando,

após decorrido dois anos, o interessado ressarcir os prejuízos causados à Administração (art.

87, 3º).

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Da aplicação das penas de advertência, multa e suspensão temporária cabe recurso, no

prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato, dirigido à autoridade superior, por

intermédio daquela que aplicou a pena; esta tem o prazo de cinco dias úteis para

reconsiderar a sua decisão ou, no mesmo prazo, fazer subir o recurso à autoridade

competente, que deverá decidir também no prazo de cinco dias úteis, contado do

recebimento (art. 109, I, f, e § 4º).

A esse recurso a autoridade administrativa poderá dar efeito suspensivo (art. 109, § 2º).

No caso de declaração de inidoneidade, cabe pedido de reconsideração à autoridade que

aplicou a pena, no prazo de 10 dias úteis da intimação do ato (art. 109, III).

f) Anulação

A Administração Pública, estando sujeita ao princípio da legalidade, tem que exercer

constante controle sobre seus próprios atos, cabendo-lhe o poder-dever de anular aqueles

que contrariam a lei, é a prerrogativa que alguns chamam de autotutela e que não deixa de

corresponder a um dos atributos dos atos administrativos, que diz respeito à sua

executoriedade pela própria Administração.

Em se tratando de ilegalidade verificada nos contratos de que é parte, a Administração tem

também o poder de declarar a sua nulidade, com efeito retroativo, impedindo os efeitos

jurídicos que elas ordinariamente deveriam produzir, além de desconstituir os já produzidos.

Há que se observar que a ilegalidade no procedimento da licitação vicia também o próprio

contrato, já que aquele procedimento é condição de validade deste; de modo que, ainda

que a ilegalidade da licitação seja apurada depois de celebrado o contrato, este terá que

ser anulado.

g) Retomada do objeto

O artigo 80 da Lei nº 8.666/93 prevê, ainda, como cláusula exorbitante, determinadas

prerrogativas que têm por objetivo assegurar a continuidade da execução do contrato,

sempre que a sua paralisação possa ocasionar prejuízo ao interesse público e,

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principalmente, ao andamento de serviço público essencial; trata-se, neste último caso, de

aplicação do princípio da continuidade do serviço público.

Essas medidas, que somente são possíveis nos casos de rescisão unilateral, são as seguintes:

“I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por

ato próprio da Administração;

II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal

empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso

V do art. 58 desta Lei;

III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos valores

das multas e indenizações a ela devidos;

IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à

Administração”.

h) Restrições ao uso da “Exceptio Non Adimplenti Contractus”

No direito privado, quando uma das partes descumpre o contrato, a outra pode descumpri-

lo também, socorrendo-se da exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não

cumprido).

No direito administrativo, o particular não pode interromper a execução do contrato, em

decorrência dos princípios da continuidade do serviço público e da supremacia do interesse

público sobre o particular; em regra, o que ele deve fazer é requerer, administrativa ou

judicialmente, a rescisão do contrato e pagamento de perdas e danos, dando continuidade

à sua execução, até que obtenha ordem da autoridade competente (administrativa ou

judicial) para paralisá-lo. Note-se que a Lei nº 8.666/93 só prevê a possibilidade de rescisão

unilateral por parte da Administração (art. 79, I); em nenhum dispositivo confere tal direito ao

contratado.

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Equação Econômico-Financeira

Trata-se de adequação entre o objeto e o preço, que deve estar presente ao momento em

que se firma o contrato.

A manutenção da equação econômico-financeira do contrato objetiva propiciar às partes

(Administração e contratado) “oportunidade de restabelecer o equilíbrio toda vez que de

alguma forma mais profunda for ele rompido ou, quando impossível o restabelecimento,

ensejar a própria rescisão do contrato”.

As formas permitidas pela Lei nº 8.666/93 do reequilíbrio são as seguintes:

a) reajuste – que se caracteriza por ser uma fórmula preventiva normalmente usada pelas

partes já ao tempo do contrato, com vistas a preservar os contratados dos efeitos de regime

inflacionário. Entre as cláusulas necessárias do contrato administrativo encontram-se “o preço

e as condições de pagamento, e quando for o caso os critérios de reajustamento” (art. 55, III).

b) revisão – deriva da ocorrência de uma fato superveniente, apenas suposto, porém não

conhecido pelos contratantes quando celebraram o contrato, como por exemplo, o

aumento de impostos sobre determinado produto.

Duração dos Contratos

Os contratos administrativos devem ser celebrados por prazos determinados, sendo sua

duração limitada à vigência dos créditos orçamentários (art. 57).

Considerando que os créditos orçamentários têm a duração de um ano, os contratos

deverão também, como regra, ter sua duração em igual período. Tais créditos vigoram

durante cada exercício financeiro – 1º de janeiro a 31 de dezembro.

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A lei de licitações prevê três exceções à regra geral; nesses casos, os contratos podem ter

duração mais longa do que os créditos orçamentários de cada exercício financeiro:

1) os contratos relativos a projetos fixados no Plano Plurianual;

2) os contratos que tenham por objeto a prestação de serviços a serem executados de

forma contínua, quando houver a previsão de preços e condições mais vantajosas para a

Administração, ficando a duração limitada a 60 meses;

3) os contratos em que a Administração quer alugar equipamentos e utilizar programas de

informática, caso em que a duração pode se estender pelo prazo de até 48 meses após o

início do ajuste;

4) V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão

ter vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração.

Prorrogação dos Contratos

Como regra geral, a duração dos contratos administrativos é limitada à vigência dos

respectivos créditos orçamentários. Escapam a essa limitação as três hipóteses elencadas no

item anterior.

A Lei enumera taxativamente as situações que autorizam a prorrogação dos contratos no §

1º do seu art. 57. Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente

autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. A prorrogação é possível

em razão da ocorrência de um dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:

I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;

II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que

altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;

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III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e

no interesse da Administração;

IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos pela

Lei nº 8.666;

V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela

Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;

VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos

pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na

execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

Extinção dos Contratos

A extinção do contrato administrativo é o término do vínculo obrigacional existente entre a

Administração e o contratado. A extinção pode ocorrer em virtude da conclusão do objeto

do contrato (término da obra ou entrega do material de expediente comprado) ou término

de seu prazo de duração (término de um contrato de um ano de fornecimento de água

mineral), ou, ainda, por motivo de anulação ou de rescisão do contrato.

Nas duas primeiras hipóteses – conclusão do objeto ou término de prazo de duração – houve

o adimplemento do contratado e o término do vínculo contratual ocorre de pleno direito,

isto é, sem necessidade de intervenção do Judiciário.

A anulação do contrato pode ser feita a qualquer tempo, pela autoridade administrativa ou

pelo Poder Judiciário, sempre por motivo de ilegalidade.

Já a rescisão do contrato implica sua extinção antes de concluído o seu objeto, antes do

término do prazo de sua duração. A rescisão pode se dar por culpa do contratado ou por

culpa da Administração.

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Apostila: Direito Administrativo

Inexecução dos Contratos

Caracteriza inadimplemento do contrato o descumprimento total ou parcial de suas

cláusulas por qualquer das partes, podendo ser com culpa ou sem culpa da Administração

ou do particular contratado.

Inexecução culposa

A inexecução culposa do contrato é caracterizada pelo descumprimento ou cumprimento

irregular das cláusulas contratuais em razão da ação ou omissão culposa ou dolosa da

Administração ou do contratado.

A inexecução culposa do contrato pelo contratado acarreta a aplicação das sanções legais

e contratuais.

A inexecução por culpa do contratado possibilita, também, a rescisão unilateral do contrato

pela Administração.

A inexecução por culpa da Administração possibilita ao contratado pleitear a rescisão

judicial ou por acordo. O contratado será ressarcido dos prejuízos comprovados que houver

sofrido, tendo ainda direito à devolução da garantia, aos pagamentos devidos pela

execução do contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo da desmobilização.

Inexecução sem culpa

A inexecução sem culpa pressupõe a existência de uma causa justificadora do

inadimplemento e libera o inadimplente de responsabilidade, em razão da aplicação da

denominada Teoria da Imprevisão.

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Apostila: Direito Administrativo

Para que se caracterize uma causa justificadora de inadimplemento contratual é necessário

que ocorra, após a celebração do ajuste, um evento imprevisível e extraordinário, que

impeça, retarde ou torne insuportavelmente onerosa a execução do contrato como

originalmente avençado.

a) Teoria da Imprevisão

Ocorre a teoria da imprevisão quando, no curso do contrato, sobrevêm eventos

excepcionais e imprevisíveis ou, embora previsíveis, sejam de conseqüências incalculáveis,

que prejudiquem a equação econômico-finaceira do pacto.

O fundamento da teoria da imprevisão é o princípio da cláusula rebus sic stantibus, segundo

o qual o contrato deve ser cumprido desde que presentes as mesmas condições existentes

no cenário do qual foi o pacto ajustado. Mudadas profundamente tais condições, rompe-se

o equilíbrio contratual, e não se pode imputar qualquer culpa à parte inadimplente.

O efeito da teoria da imprevisão firma-se em duas vertentes. Se a parte prejudicada não

puder cumprir, de nenhum modo, as obrigações contratuais, dar-se-á a rescisão sem

atribuição de culpa. Se o cumprimento for possível, mas acarretar ônus para a parte, terá

esta direito à revisão do preço para restaurar o equilíbrio rompido.

b) Fato do Príncipe

Corresponde a medidas de ordem geral, não relacionadas diretamente com o contrato, mas

que nele repercutem, provocando desequilíbrio econômico-finaceiro em detrimento do

contratado. Cite-se o exemplo de um tributo que incida sobre matérias-primas necessárias ao

cumprimento do contrato; ou medida de ordem geral que dificulte a importação dessas

matérias-primas.

No caso de medida geral, que atinja o contrato apenas reflexamente, a responsabilidade é

extracontratual; o dever de recompor o equilíbrio econômico do contrato repousa na

mesma idéia de eqüidade que serve de fundamento à teoria da responsabilidade objetiva

do Estado.

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No direito brasileiro, de regime federativo, a teoria do fato príncipe somente se aplica se a

autoridade responsável pelo fato príncipe for da mesma esfera de governo em que se

celebrou o contrato (União, Estados e Municípios); se for de outra esfera, aplica-se a teoria

da imprevisão.

Na Lei nº 8.666/93 há expressa referência à teoria do fato príncipe, no art. 65, II, d, com a

redação dada pela Lei nº 8.883/94.

c) Caso Fortuito e Força Maior

Consoante as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Di Pietro, a força

maior ocorre quando estamos diante de um evento externo, estranho a qualquer atuação

da Administração ou do contratado, que, além disso, de ser imprevisível e irresistível ou

inevitável, como por exemplo, um furacão, um terremoto, uma guerra etc.

Já o caso fortuito seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da

Administração ou do contratado, como ocorre, por exemplo, na greve de servidores; no

rompimento de uma adutora ou de um cabo elétrico tornando excessivamente onerosa a

execução do contrato. Nesta hipótese (caso fortuito), todas as normas técnicas, cuidados

com a segurança e providências exigidas para a obtenção de um determinado resultado

foram adotadas, mas, não obstante tamanha cautela, inexplicavelmente, o resultado ocorre

de forma diversa do que previsto.

Ocorrendo tais situações, rompe-se o equilíbrio contratual, porque uma das partes passa a

sofrer um encargo extremamente oneroso, não tendo dado causa para tanto.

Quanto ao efeito, dispõe o art. 393 do Código Civil, como regra, que “o devedor não

responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior”.

A ocorrência daquelas situações contempladas na regra geral rende ensejo à rescisão do

contrato sem culpa do devedor inadimplente. A lei de licitações prevê hipótese de rescisão

contratual pela ocorrência de caso fortuito ou força maior regularmente comprovados

(inciso XVII do art. 78 da Lei nº 8.666/93), admitindo, inclusive, indenização ao prejudicado

pelos prejuízos causados, desde que, é lógico, não tenha havido culpa do inadimplente.

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Tais situações, contudo, devem caracterizar-se pela imprevisibilidade, inevitabilidade e

impossibilidade total do cumprimento das obrigações. Fora daí, os fatos estarão dentro da

álea normal dos contratos.

d) Fato da Administração

Ocorre toda vez que uma ação ou omissão do Poder Público, especificamente relacionada

ao contrato, impede ou retarda sua execução. Nesta especificidade da ação ou omissão da

Administração relativamente ao contrato reside a diferença entre esta causa justificadora e

o fato do príncipe, precedentemente analisado.

O fato da Administração pode ensejar a rescisão judicial ou amigável do contrato, ou, em

alguns casos, a paralisação de sua execução pelo contratado até a normalização da

situação.

As hipóteses de fatos da Administração estão previstas na Lei nº 8.666, art. 78, incisos XIV, XV e

XVI, transcritos:

“Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:

XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a

120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da

ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,

independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e

contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado

ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das

obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;

XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração

decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou

executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou

guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de

suas obrigações até que seja normalizada a situação;

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XVI - a não-liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução

de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais

naturais especificadas no projeto”.

Principais Contratos Administrativos

1 - Contrato de Obra Pública

A Lei nº 8.666/93, em seu art. 6º, inciso I, define obra como toda construção, reforma,

fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta.

No tocante à forma de execução, as obras poder ser executadas diretamente pela própria

Administração ou, indiretamente, quando a execução incumbe a terceiros contratados.

Eis os casos de regime de execução, quando indiretamente executados:

a) empreitada por preço global – é fixado um preço certo, que pode ser reajustável, para

remunerar o empreiteiro pela totalidade da obra.

b) empreitada por preço unitário – ocorre quando se contrata a execução da obra ou do

serviço por preço certo de unidades determinadas.

c) empreitada integral – se presta à realização de obras de maior vulto e complexidade,

abrangendo não só as obras, mas também os serviços.

d) tarefa – é caracterizada pela contratação de mão-de-obra para pequenos trabalhos por

preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.

2 – Contrato de Serviços

O art. 6º, inciso II, da Lei nº 8.666/93 define serviço como “toda atividade destinada a obter

determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto,

instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção,

transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais”.

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3 – Contrato de Fornecimento

“É o contrato administrativo por meio do qual a Administração adquire coisas móveis, como

material hospitalar, material escolar, equipamentos, gêneros alimentícios, necessários à

realização e à manutenção de seus serviços”.

O contrato pode ser de fornecimento integral, semelhante à compra e venda, sendo o

objeto contratado entregue de uma só vez em sua totalidade; de fornecimento parcelado,

em que a quantidade a ser entregue é certa e determinada; e de fornecimento contínuo,

em que a entrega é sucessiva e prolonga-se no tempo pelo período estipulado com de

duração do contrato.

4 – Contrato de Concessão

Trata-se de “ajuste pelo qual a Administração delega ao particular a execução remunerada

de serviço ou de obra pública ou lhe cede o uso de um bem público (concessão de uso de

bem público), para que o explore por sua conta e risco, pelo prazo e nas condições legais e

contratuais”.

Os contratos de concessão de uso podem ser celebrados sob duas modalidades:

a) concessão administrativa de uso, que confere ao particular um direito pessoal,

intransferível; ou

b) concessão de direito real de uso, atribuindo ao particular um direito real (relacionado ao

bem e não à sua pessoa), por esse motivo alienável a terceiros.

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EXERCÍCIOS – LICITAÇÕES

01. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A União recebeu imóvel como dação em

pagamento de dívida de particular e concluiu que a melhor destinação para o mesmo seria

a alienação visando à obtenção de receita orçamentária para aplicação em investimentos

públicos prioritários. De acordo com a Lei nº 8.666/1993, a venda do referido imóvel deverá

ser realizada precedida de

(A) concorrência, exclusivamente.

(B) leilão, exclusivamente.

(C) concorrência, convite ou tomada de preços, a depender do valor de avaliação do

imóvel.

(D) concorrência ou leilão.

(E) pregão ou leilão.

03. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A respeito das modalidades

licitatórias previstas na Lei nº 8.666/1993,

(A) nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e,

em qualquer caso, a concorrência.

(B) nos casos em que couber concorrência, a Administração poderá realizar licitações

separadas para parcelas do mesmo objeto, adotando a modalidade convite.

(C) em se tratando de alienação de imóvel, a modalidade cabível é o convite.

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(D) leilão é a modalidade cabível para compras de bens ou fornecimento de natureza

contínua, quando adotado o sistema de registro de preços.

(E) concurso é a modalidade cabível para contratação de profissional do setor artístico,

vedada a instituição de prêmios.

03. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Acerca de Licitação considere:

I. Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de

trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração

aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com

antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

II. O leilão destina-se, dentre outras hipóteses, à venda de bens móveis inservíveis para a

Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados.

III. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial para

contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário

exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Está correto o que consta em

(A) II e III, apenas.

(B) I, II e III.

(C) I e III, apenas.

(D) I e II, apenas.

(E) II, apenas.

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Apostila: Direito Administrativo

04. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) Considere que a

administração pública de um dos estados da Federação pretenda contratar um grupo de

viola consagrado pela mídia local — que cobra R$ 60 mil por um show — para realizar uma

apresentação pública na comemoração do aniversário da capital desse estado. Essa

situação caracteriza a hipótese de

A) adoção de licitação na modalidade convite.

B) inexigibilidade de licitação.

C) dispensa de licitação, em virtude da prévia escolha do executante.

D) adoção de licitação na modalidade tomada de preços.

E) dispensa de licitação, em virtude do valor cobrado para a realização da apresentação.

05. (AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL – 2012 – CESPE) No que se refere às licitações, julgue os itens

que se seguem.

1. ( ) Os contratos de concessão de serviços públicos sempre exigem licitação prévia na

modalidade concorrência.

2. ( ) Configura-se a inexigibilidade de licitação quando a União é obrigada a intervir no

domínio econômico para regular preço ou normalizar o abastecimento.

06. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – MPU – 2010 – CESPE) A respeito da Lei n.º 8.666/1993, julgue

os itens que se seguem.

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Apostila: Direito Administrativo

1. ( ) Os órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações

públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades

controladas direta ou indiretamente pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos

municípios estão subordinados ao regime dessa lei.

2. ( ) Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações têm como expressão

monetária a moeda corrente nacional, ressalvadas as concorrências de âmbito

internacional, para as quais o edital deve ajustar-se às diretrizes da política monetária e do

comércio exterior e atender às exigências dos órgãos competentes.

07. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2010 – CESPE) Com relação a contratos administrativos

e licitações, julgue o item a seguir, à luz da Lei n.º 8.666/1993.

1. ( ) Considere que o governo de determinado estado-membro da Federação tenha

realizado licitação, na modalidade convite, para contratar um escritório de contabilidade

para desempenhar atividades contábeis gerais, mas não tenha havido interessados. Nesse

caso, é permitida a contratação com dispensa de licitação, desde que observados os

requisitos legais.

08. (TÉC. CONTABILIDADE - MINISTÉRIO DA SAÚDE – 2009 - CESPE) Acerca da Lei nº 8.666/1993

(Lei de Licitações), julgue o item seguinte.

1. ( ) Caso a administração pública pretenda vender bens móveis, tal alienação estará

subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de

avaliação e de licitação e dependerá de autorização legislativa para órgãos da

administração direta e entidades autárquicas e fundacionais.

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Apostila: Direito Administrativo

09. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Constitui característica peculiar dos

contratos administrativos, a

(A) mutabilidade, consistente na possibilidade de alteração de seu objeto pela

Administração.

(B) presença de cláusulas exorbitantes, que conferem privilégios à Administração em

relações aos particulares.

(C) possibilidade de alteração unilateral pelo contratado na hipótese de área econômica

extraordinária.

(D) mutabilidade, consistente na alteração da equação econômico-financeira original, nas

hipóteses de reequilíbrio previstas legalmente.

(E) presença de cláusulas exorbitantes, que asseguram à Administração a possibilidade de

alteração unilateral, ainda que em detrimento do equilíbrio econômico-financeiro do

contrato.

10. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A Administração contratou a

reforma de edifício público e, no curso da execução do contrato, constatou a necessidade

de acréscimos nas obras inicialmente contratadas. De acordo com a Lei nº 8.666/1993, a

Administração

(A) não poderá aditar o contrato para introduzir acréscimos sob pena de violação ao

procedimento licitatório.

(B) somente poderá aditar o contrato para introduzir acréscimo em seu objeto até o limite de

25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato.

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(C) poderá alterar o contrato, unilateralmente, até o limite de 50% (cinquenta por cento) do

valor inicial atualizado do contrato.

(D) somente poderá alterar o contrato com a concordância do contratado, até o limite de

50% (cinqüenta por cento) do seu valor inicial, cabendo o reequilíbrio econômico-financeiro

de acordo com as condições vigentes no momento da alteração.

(E) somente poderá alterar o contrato na hipótese de comprovar a ocorrência de eventos

supervenientes e sempre até o limite de 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial

atualizado do contrato.

11. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne a convênios,

consórcios e contratos administrativos, assinale a opção correta.

A) Quando a administração não entrega o local da obra, não providencia as

desapropriações necessárias ou não expede a tempo as competentes ordens de serviço,

impedindo os trabalhos do contratado, fica caracterizado fato do príncipe, que pode

justificar a rescisão do contrato por culpa do poder público.

B) A regra que prevê que a anulação de um contrato administrativo exonera a

administração pública dos pagamentos pela parte do contrato já executada visa

desestimular fraudes e, ainda, prestigiar o princípio geral do direito de que a ninguém é dado

beneficiar-se da própria torpeza.

C) Convênios, contratos e consórcios públicos são acordos de vontades e, por isso, não

possuem personalidade jurídica própria.

D) Os contratos administrativos para os quais é exigida licitação têm natureza intuitu

personae, o que impede subcontratação total ou parcial de seu objeto e obriga a anulação

de eventual previsão editalícia ou contratual nesse sentido.

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E) Em caso de rescisão do contrato adminstrativo por interesse público, não havendo culpa

do contratado, a administração deve ressarci-lo dos prejuízos comprovados, devolver a

garantia, pagar as prestações devidas até a data da rescisão e, ainda, o custo da

desmobilização.

12. (ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO – ANP – 2013 – CESPE) No que se refere à Lei n.º 8.666/1993,

julgue o item abaixo.

1. ( ) Em consonância com a previsão constitucional de observância do procedimento

licitatório no âmbito da administração pública, não é admissível, em nenhuma hipótese, o

contrato verbal.

13. (TÉC. DE CONTROLE EXTERNO – TCU – 2012 – CESPE) Julgue os itens a seguir, a respeito dos

contratos administrativos.

1. ( ) Aplica-se ao contrato administrativo a teoria das nulidades, segundo sua

configuração tradicional do direito privado. Assim, a declaração de nulidade do contrato

administrativo opera retroativamente, impedindo os efeitos jurídicos que ele deveria produzir

e desconstituindo os já produzidos, o que isenta inteiramente a administração pública do

dever de indenizar o contratado.

2. ( ) A regra segundo a qual o prazo de vigência do contrato administrativo não pode

ultrapassar os limites de vigência dos créditos orçamentários correspondentes comporta

exceções, como a que envolve os projetos de longo prazo previstos no plano plurianual,

caso seja do interesse da administração pública e desde que a prorrogação tenha sido

prevista no ato convocatório.

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14. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/ES – 2012 – CESPE) Com referência a licitações e contratos,

julgue os itens subsecutivos.

1. ( ) De acordo com a legislação de regência, é possível a rescisão unilateral do contrato

pela administração pública por motivo de interesse público, hipótese em que o contratado

tem direito ao ressarcimento dos prejuízos, à devolução da garantia, aos pagamentos

atrasados e ao pagamento do custo da desmobilização.

2. ( ) O procedimento do convite é simplificado e pode ser realizado por servidor

designado pela autoridade competente, dispensando-se a comissão de licitação.

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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA COMO FONTE DESTA DISCIPLINA E RECOMENDADA PARA AQUISIÇÃO

PELOS ALUNOS: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 11 ed.

Rio de Janeiro: Lumem Júris. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo. 7

ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19 ed.

São Paulo: Atlas, 2006. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:

Malheiros, 2000. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional do Brasil Interpretada e

Legislação Constitucional. São Paulo: Atlas, 2002. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo

Moderno. 5. ed. São Paulo: RT, 2001. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito

Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2006. ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo.

8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. JÚNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Administrativo. 7ª

ed. Bahia: JusPodim, 2008. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo. 3ª ed.

São Paulo: Atlas, 2006. Constituição Federal de 1988. Lei nº 8.112/90. Lei nº 9.962/00. Lei nº

9.784/99. Lei nº 4878/65. Lei nº 8429/92. Lei nº 9654/98.

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Page 145: Apostila de Direito Adm. - Robson

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ALEPE/ Câmara

Robson Carvalho

Apostila: Direito Administrativo

GABARITOS

1 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

01 – B 02 – C 03 - E 04 - VFV 05 - A 06 - FV 07 - VVVV

2 – PODERES ADMINISTRATIVOS

01 - D 02 - B 03 - A 04 - E 05 - FF 06 - V 07 - VV 08 - FVFV

3 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ADMINSTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

01 - C 02 - A 03 - C 04 - VV 05 - FV 06 - FVF 07 - FV 08 - B

4 – SERVIDORES PÚBLICOS

01 – E 02 – C 03 – C 04 – VV 05 – VVV

06 – FVV 07 – C 08 – C 09 – FV 10 - VVF

5 – ATOS ADMINISTRATIVOS

01 – A 02 – B 03 - B 04 - C 05 - B 06 - FVV 07 - VV 08 - FFF

6 e 7– LEI DE LICITAÇÃO E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: LEI Nº 8.666/93

01 – D 02 – A 03 – B 04 - B 05 - VF 06 - VV 07 – V 08 - F

09 - C 10 - C 11 - E 12 - F 13 - FV 14 - VV ------ -------