apostila de direito adm. - robson
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Robson Carvalho
Apostila: Direito Administrativo
1 – PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO
Princípios administrativos são postulados fundamentais que inspiram a maneira de agir da
Administração Pública. O eminente administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello
entende o princípio como um “mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o
espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência exatamente por
definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico”.
PRINCÍPIOS EXPRESSOS (ART. 37 DA CF/88)
i) Princípio da Legalidade
Este princípio encontra-se inserido no inciso II do art. 5º da Constituição Federal, sendo esta
sua formulação mais genérica, assim prevendo: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim, enquanto para os particulares a regra é a
autonomia da vontade, para a administração a única vontade de que podemos cogitar é a
da lei, sendo irrelevante a vontade pessoal do agente.
No Direito Administrativo a legalidade traduz a idéia de que a Administração, no exercício de
suas funções, somente poderá agir conforme o estabelecido em lei. Inexistindo previsão legal
para uma hipótese, não há possibilidade de atuação administrativa, pois a vontade da
Administração é a vontade expressa na lei, sendo irrelevantes as opiniões e convicções
pessoais de seus agentes.
ii) Princípio da Impessoalidade
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Apostila: Direito Administrativo
Este princípio objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar aos
administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica (isonomia), como é o caso,
por exemplo, da exigência constitucional do concurso público para o ingresso em cargo ou
emprego público.
Numa outra acepção deste princípio, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o
interesse público, e não para o privado, vedando-se que sejam favorecidos alguns indivíduos
em detrimento de outros e prejudicando alguns para favorecimento de outros (finalidade
pública).
Em outro sentido, o princípio da impessoalidade tem por objetivo proibir a vinculação de
atividades da Administração à pessoa dos administradores, evitando que estes utilizem a
propaganda oficial para a sua promoção pessoal.
iii) Princípio da Moralidade
O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da
Administração. Para atuar em respeito à moral administrativa não basta ao agente cumprir a
lei na frieza de sua letra. É necessário que se atenda à letra e ao espírito da lei, que ao legal
junte-se o ético. Este princípio impõe que o administrador público não dispense os preceitos
éticos que devem estar presentes em sua conduta.
A Constituição Federal, ao consagrar o princípio da moralidade administrativa como vetor
da atuação da Administração Pública, igualmente consagrou a necessidade de proteção à
moralidade e responsabilização do administrador público.
Dessa forma, deve o Poder Judiciário, ao exercer o controle jurisdicional, não se restringir ao
exame estrito a legalidade do ato administrativo, mas entender por legalidade ou
legitimidade não só a conformação do ato com a lei, como também com a moral
administrativa e com o interesse público.
A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio da moralidade
administrativa enquadra-se nos denominados atos de improbidade, previstos no § 4º do art.
37 da Constituição Federal, e sancionados com a suspensão dos direitos políticos, a perda da
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função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
iv) Princípio da Publicidade
O princípio da publicidade apresenta duplo sentido em face do sistema decorrente da
Constituição Federal. No primeiro, refere-se à publicação oficial dos atos administrativos a fim
de que eles possam produzir efeitos externos. Neste sentido, a publicidade faz-se pela
inserção do ato no Diário Oficial ou por edital afixado no lugar próprio para divulgação dos
atos públicos, para conhecimento do público em geral e, consequentemente, início da
produção de seus efeitos.
O segundo sentido inerente ao princípio da publicidade refere-se à exigência de
transparência da atividade administrativa como um todo. A regra da transparência
administrativa é reforçada pelo inciso XXXIII do art. 5º que declara o direito de receber
informações dos órgãos públicos, e pelo inciso LXXII, que prevê o habeas data como
garantia do direito de conhecer e retificar informações pessoais constantes de entidades
governamentais ou de caráter público.
v) Princípio da Eficiência
Este princípio foi acrescentado ao texto constitucional pela Emenda nº 19/98. O princípio da
eficiência impõe ao agente público a obrigação de realizar suas atribuições com presteza,
perfeição e rendimento funcional.
Para a Professora Maria Sylvia Di Pietro o princípio apresenta dois aspectos:
1. relativamente à forma de atuação do agente público, se espera o melhor desempenho
possível de suas atribuições, a fim de obter os melhores resultados;
2. quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, exige-se
que este seja o mais racional possível, no intuito de alcançar melhores resultados na
prestação dos serviços públicos.
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O objetivo do princípio é assegurar que os serviços públicos sejam prestados com
adequação às necessidades da sociedade que os custeia.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS (RECONHECIDOS)
vi) Princípio da Supremacia do Interesse Público
Por força do regime democrático e do sistema representativo, presume-se que a atuação do
Estado sempre tenha por finalidade a tutela do interesse público.
O princípio da supremacia do interesse público informa todos os ramos do Direito Público e
possibilita que, nas relações jurídicas nas quais figure o Estado como representante da
sociedade, seus interesses prevaleçam contra interesses particulares. Exemplos:
desapropriação; alteração unilateral dos contratos administrativos, etc.
A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro exata que “esse princípio, também chamado de
princípio da finalidade pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei como
no momento da sua execução em concreto pela Administração Pública. Ele inspira o
legislador e vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação”.
vii) Princípio da Indisponibilidade
Na Administração Pública, os bens e os interesses públicos não se acham entregues à livre
disposição da vontade do administrador. Assim, cabe ao administrador o dever de protegê-
los nos termos da finalidade legal a que estão adstritos.
Este princípio parte da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesses
públicos trazem benefícios para a própria coletividade.
viii) Princípio da Autotutela
O poder-dever de autotutela possibilita à Administração controlar seus próprios atos,
apreciando-os quanto ao mérito e quanto à legalidade. Todavia, o controle de legalidade
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efetuado pela Administração sobre seus próprios atos, evidentemente, não exclui a
possibilidade de prestação desses pelo Poder Judiciário.
O princípio da autotutela autoriza o controle, pela Administração, dos atos por ela
praticados, sob dois aspectos:
1) de legalidade, em que a Administração pode, de ofício ou provocada, anular os seus atos
ilegais;
2) de mérito, em que examina a conveniência e oportunidade de manter ou desfazer um
ato legítimo, nesse último caso mediante a denominada revogação.
O princípio da autotutela está consagrado na Súmula nº 473 do STF, que assim dispõe: “A
administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial”.
ix) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos
Os serviços públicos são prestados no interesse da coletividade. Por esse motivo sua
prestação deve ser adequada, não podendo sofrer interrupções. A interrupção de um
serviço público prejudica toda a coletividade, que dele depende para satisfação de seus
interesses e necessidades.
A aplicação desse princípio implica restrição a determinados direitos dos prestadores de
serviços públicos e dos agentes envolvidos em sua prestação.
É exemplo dessas limitações a restrição ao direito de greve dos servidores públicos. A
Constituição, em seu art. 37, VII, estabelece que o direito de greve dos servidores públicos
seja exercido nos termos e limites definidos em lei específica.
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x) Princípio da Segurança Jurídica
Este princípio enaltece a idéia de proteger o passado e tornar o futuro previsível, de modo a
não infligir surpresas desagradáveis ao administrado. Visa à proteção da confiança e a
garantia da certeza e estabilidade das relações jurídicas.
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – prevê a segurança jurídica como princípio
da Administração Pública, dispondo que nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação.
xi) Princípio da Motivação
Pelo princípio da motivação, a formalização dos atos administrativos deverá trazer a
narrativa escrita dos fatos ensejadores de sua prática (motivos de fato), suas razões jurídicas
(motivos de direito) e a demonstração de pertinência lógica entre os motivos, de modo a
garantir-se a plena possibilidade de controle, inclusive jurisdicional, de sua validade.
A motivação é necessária em qualquer tipo de ato administrativo, vinculado ou
discricionário, como corolário dos demais princípios que regem a Administração Pública e
para possibilitar total incidência do dispositivo constitucional que prevê a impossibilidade de
exclusão do Poder Judiciário de ameaça ou lesão a direito (CF, art. 5º, XXXV).
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – obrigou de forma expressa o princípio da
motivação como princípio da Administração Pública. Assim, segundo a referida lei, nos
processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos
pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão.
xii) Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
O princípio da razoabilidade conduz às idéias de adequação e de necessidade. Assim, não
basta que o ato da Administração tenha uma finalidade legítima. É necessário que os meios
empregados pela Administração sejam adequados à consecução do fim almejado e que
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sua utilização, especialmente quando se trata de medidas restritivas ou punitivas, seja
realmente necessária.
O princípio da proporcionalidade representa uma das vertentes do princípio da
razoabilidade. Isso porque a razoabilidade exige, entre outros aspectos, que haja
proporcionalidade entre os meios utilizados pelo administrador público e os fins que ele
pretende alcançar. Se o ato administrativo não guarda uma proporção adequada entre os
meios empregados e o fim almejado, será um ato desproporcional, excessivo em relação a
essa finalidade visada.
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – explicitou os referidos princípios
determinando que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios
de adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público.
EXERCÍCIOS – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
01. (TEC. MINISTERIAL – CONTABILIDADE - MPE/PE – 2012 – FCC) Considere:
I. Foi inserido, por meio da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, entre os princípios
constitucionais da Administração Pública.
II. Pode ser visto sob dois aspectos: em relação ao modo de atuação do agente público,
bem como ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública.
III. Soma-se aos demais princípios impostos à Administração Pública, podendo, no entanto,
excepcionalmente, sobrepor-se a algum deles, como o da legalidade.
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IV. Determina que a Administração deve agir, de modo rápido e preciso, para produzir
resultados que satisfaçam as necessidades da população.
No que concerne ao princípio da eficiência, é correto o que consta em
A) II, III e IV, apenas.
B) I, II e IV, apenas.
C) III e IV, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II, III e IV.
02. (ANAL. MINISTERIAL – CONTABILIDADE - MPE/PE – 2012 – FCC) Analise as seguintes
assertivas:
I. Direito de receber dos órgãos públicos informações de interesse particular ou de interesse
coletivo ou geral, exceto apenas para a preservação da intimidade e da vida privada das
pessoas.
II. Direito à informação, no tocante a dados relativos ao indivíduo em si, constantes de
registros ou banco de dados de entes governamentais ou de caráter público, assegurado
pelo habeas data.
III. Direito de obter certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal.
IV. Direito de acesso a informações, resguardado sempre o sigilo da fonte.
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No que concerne aos desdobramentos do princípio da publicidade, está correto o que
consta APENAS em
A) I, II e III.
B) I e IV.
C) II e III.
D) III e IV.
E) I.
03. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) Na administração pública “o agente
público deve atuar produzindo resultados favoráveis à consecução dos fins que cabem ao
Estado alcançar, não bastando que as atividades sejam desempenhadas apenas com
legalidade, mas exigindo resultados positivos para o serviço público”, conforme o princípio
da
(A) legalidade.
(B) impessoalidade.
(C) moralidade.
(D) publicidade.
(E) eficiência.
04. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PC/AL – 2012 – CESPE) Acerca dos princípios da administração
pública previstos na CF, julgue os itens seguintes.
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1. ( ) Ao servidor público deve ser dada a possibilidade de decidir quanto ao que é legal
ou ilegal, mas também quanto ao o que é justo ou injusto, estabelecendo uma distinção
entre o honesto e o desonesto, de modo a respeitar o princípio da moralidade.
2. ( ) A legalidade do ato praticado pelo agente público pode subsistir ainda que não
exista lei prévia que autorize a sua prática.
3. ( ) O princípio da publicidade, no direito administrativo, relaciona-se à publicidade,
diretamente ligada à eficácia do ato, bem como à transparência, derivada, por sua vez, do
princípio da indisponibilidade do interesse público.
05. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne aos princípios
da administração pública, assinale a opção correta.
A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços públicos não podem ser interrompidos,
visto que se destinam a atender os interesses da coletividade. Por isso, é vedado àquele que
contrata com a administração pública valer-se da exceção de contrato não cumprido
quando a administração, sem ter cumprido sua obrigação, exige a satisfação de obrigação
de quem com ela contratou.
B) A administração pública está obrigada a controlar os atos administrativos em relação ao
mérito e à legalidade. Nesse sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos devem ser
retirados do ordenamento jurídico por meio da anulação, e os ilegítimos, por meio da
revogação.
C) Dado o principio da publicidade, é imprescindível a divulgação dos atos, contratos e
outros instrumentos celebrados pela administração pública, de modo que os órgãos e as
entidades públicas são obrigados a divulgar informações relativas à execução orçamentária
e financeira, mas não as referentes a despesas e receita.
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D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação e significação jurídica para a
administração pública a partir da edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe
sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública.
E) A administração pública direta, as autarquias e as fundações de direito público
submetem-se aos princípios administrativos constantes do texto constitucional; já as empresas
públicas e as sociedades de economia mista, por exercerem atividades de natureza
econômica, não se sujeitam a tais princípios, mas ao sistema normativo aplicável às
empresas privadas.
06. (ANALISTA AMBIENTAL – IBAMA – 2012 – CESPE) Considerando os princípios que regem a
administração pública e sua organização, julgue os itens subsequentes.
1. ( ) De acordo com o princípio da autotutela, o ato administrativo discricionário não é
passível de controle pelo Poder Judiciário.
2. ( ) O princípio da moralidade e o da eficiência estão expressamente previstos na CF, ao
passo que o da proporcionalidade constitui princípio implícito, não positivado no texto
constitucional.
07. (CESPE/UNB) Com relação aos princípios que norteiam a Administração Pública, julgue os
itens.
1. ( ) Regras relativas a impedimentos e suspeições são aplicadas a servidores públicos
como corolário do princípio da impessoalidade.
2. ( ) Mesmo que a autoridade administrativa seja competente tanto para punir um
subordinado como para removê-lo para outra localidade, será inválido o ato de remoção
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praticado como meio de punição ao subordinado, ainda que haja necessidade de pessoal
na cidade para onde o servidor foi removido.
3. ( ) O princípio da presunção de legitimidade ou de legalidade, que tem aplicação no
campo probatório, impõe ao particular provar o vício do ato administrativo.
4. ( ) No princípio da impessoalidade, traduz a idéia de que a administração tem que
tratar todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas.
2 – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Conceito
Pode-se conceituar poderes administrativos como o conjunto de prerrogativas de direito
público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que
o Estado alcance seus fins.
Os poderes administrativos são inerentes aos exercício da atividade administrativa da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, em observância a suas competências constitucionais, e
somente podem ser exercidos nos limites da lei.
Modalidades
i) Poder Vinculado
O denominado poder vinculado é aquele de que dispõe a Administração para a prática de
atos administrativos em que é mínima ou inexistente sua liberdade de atuação, ou seja, é o
poder de que se utiliza a Administração quando pratica atos vinculados.
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O poder vinculado apenas possibilita à Administração executar o ato vinculado nas estritas
hipóteses legais e observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei.
ii) Poder Discricionário
Poder discricionário é o privilégio concedido aos agentes administrativos de elegerem, entre
várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse
público.
Conveniência indica em que condições vai se conduzir o agente; já a oportunidade diz
respeito ao momento em que a atividade deve ser produzida.
A liberdade da escolha dos critérios de conveniência e oportunidade não se coaduna com
a atuação fora dos limites da lei. Enquanto atua nos limites da lei, que admite a escolha
segundo aqueles critérios, o agente exerce a sua função com discricionariedade, e sua
conduta se caracteriza como inteiramente legítima.
iii) Poder Regulamentar
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais
para complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa é apenas para
complementar a lei, não podendo a Administração alterá-la a pretexto de estar
regulamentando e, se o fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, invadindo a
competência do Legislativo.
Sob o enfoque de que os atos podem ser originários e derivados, o poder regulamentar é de
natureza derivada ou secundária, pois somente é exercido à luz de lei preexistente. As leis
constituem atos de natureza originária ou primária, originando diretamente da Constituição.
A formalização do poder regulamentar se processa, em regra, por decretos e regulamentos,
também considerados atos de regulamentação de primeiro grau.
Há também atos normativos que, editados por outras autoridades administrativas, podem
caracterizar-se como inseridos no poder regulamentar. São os chamados atos de
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regulamentação de segundo grau. É o caso das instruções normativas, resoluções, portarias
etc.
iv) Poder Disciplinar
Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar
penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o
caso das que com ela contratam.
Note-se que não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna
da Administração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamento no
poder de polícia do Estado.
No que diz respeito aos servidores públicos, o poder disciplinar é uma decorrência da
hierarquia; mesmo no Poder Judiciário e no Ministério Público, onde não há hierarquia quanto
ao exercício de suas funções institucionais, ela existe quanto ao aspecto funcional da
relação de trabalho, ficando os seus membros sujeitos à disciplina interna da instituição.
O poder disciplinar é discricionário, o que deve ser entendido em seus devidos termos. A
Administração não tem liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo
conhecimento de falta praticada por servidor, tem necessariamente que instaurar o
procedimento adequado para sua apuração e, se for o caso, aplicar a pena cabível.
v) Poder Hierárquico
Hierarquia “é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração
que tem como objetivo a organização da função administrativa”. Tantas são as atividades a
cargo da Administração Pública que não se poderia conceber sua normal realização sem a
organização, em escalas, dos agentes e dos órgãos públicos.
A organização administrativa é baseada em dois pressupostos fundamentais: a distribuição
de competência e a hierarquia. O direito positivo define as atribuições dos vários órgãos
administrativos, cargos e funções e, para que haja harmonia e unidade de direção, ainda
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estabelece uma relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos que
integram a Administração Pública, ou seja, estabelece hierarquia.
Mesmo quando depende de lei, pode-se dizer que da organização administrativa decorrem
para a Administração Pública diversos poderes:
1. o de editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de ordenar a
atuação dos órgãos subordinados;
2. o de dar ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência, para estes últimos,
salvo para as ordens manifestamente ilegais;
3. o de controlar a atividade dos órgãos inferiores;
4. o de rever atos dos subordinados, que se configura na faculdade que permite ao superior
hierárquico alterar total ou parcialmente decisões dos subordinados;
5. o de decidir conflitos de competência entre os subordinados;
6. o de avocar atribuições, desde que estas não sejam da competência privativa do órgão
subordinado;
7. o de delegar atribuições que não lhe sejam exclusivas.
Há de se observar que a relação hierárquica é acessória da organização administrativa.
Pode haver distribuição de competências dentro da organização administrativa, excluindo-
se a relação hierárquica com relação a determinadas atividades.
vi) Poder de Polícia
O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do interesse público ou do próprio Estado, restringindo e
condicionando o uso e gozo de bens, direitos individuais e atividades, em busca da
preservação da ordem pública e do estabelecimento de regras de conduta necessárias e
suficientes para evitar conflitos e compatibilizar direitos.
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O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público
sobre o particular, que dá à Administração posição de supremacia sobre os administrados.
Esse interesse público diz respeito aos mais variados setores da sociedade, tais como
segurança, moral, saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural,
propriedade. Daí a divisão da polícia administrativa em vários ramos: polícia de segurança,
das florestas, das águas, de trânsito, sanitária etc.
No direito brasileiro, o conceito legal de poder de polícia está previsto no artigo 78 do
Código Tributário Nacional. A razão de o CTN dar o conceito de poder de polícia decorre do
fato de constituir o exercício desse poder um dos fatos geradores da taxa (CF, art. 145, II e
art. 77 do CTN).
a) Polícia Administrativa e Judiciária
O poder de polícia que o Estado exerce pode incidir em duas áreas de atuação estatal: na
administrativa e na judiciária.
A principal diferença em se acostuma apontar entre as duas está no caráter preventivo
(impedir as ações anti-sociais) da polícia administrativa e no repressivo (punir os infratores da
lei penal) da polícia judiciária.
A diferença não é, no entanto, absoluta, pois a polícia administrativa tanto pode agir
preventivamente (ex.: proibindo porte de arma ou a direção de veículos automotores),
como pode agir repressivamente (ex.: quando apreende arma usada indevidamente ou a
licença do motorista). Contudo, pode-se dizer que, nas duas hipóteses, ela está tentando
impedir que o comportamento individual cause prejuízos maiores à coletividade; nesse
sentido, é certo dizer que a polícia administrativa é preventiva.
A polícia administrativa se rege pelo Direito Administrativa, incidindo sobre bens, direitos ou
atividades; já a polícia judiciária é regida pelo Direito Processual Penal, incidindo sobre
pessoas.
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Robson Carvalho
Apostila: Direito Administrativo
A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil e polícia federal),
enquanto a polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da Administração,
incluindo, além da própria polícia militar, os vários órgãos de fiscalização aos quais a lei
atribui esse exercício, como os que atuam na área de saúde, educação, trabalho,
previdência e assistência.
b) Características
1. Discricionariedade – Embora esteja presente na maior parte das medidas de polícia, nem
sempre isso ocorre. Às vezes, a lei deixa certa margem de liberdade de apreciação quanto a
determinados elementos, como o motivo e o objeto, mesmo porque ao legislador não é
dado prever todas as hipóteses possíveis a exigir a atuação de polícia. Como exemplo temos
a autorização para porte de arma, autorização para circulação de veículos com peso ou
altura excessivos etc.
2. Auto-executoriedade – É a possibilidade que tem a Administração de, com os próprios
meios, pôr em execução as suas decisões, sem recorrer previamente ao Poder Judiciário.
Pelo atributo da auto-executoriedade, a Administração compele materialmente o
administrado, usando meios diretos de coação. Por exemplo, ela apreende mercadorias,
interdita uma fábrica etc. Esse atributo não existe em todas as medidas de polícia.
3. Coercibilidade – O ato de polícia só é auto-executório porque dotado de força coercitiva.
Hely Lopes Meirelles define coercibilidade como sendo “a imposição coativa das medidas
adotadas pela Administração”.
c) Campo de atuação
Dentre os inúmeros campos de atuação do poder de polícia podem ser lembrados os
seguintes: direito de construir, localização e funcionamento de atividades no território de um
Município; condições sanitárias de alimentos, elaborados ou não, vendidos à população;
medicamentos; exercício de profissões; poluição sonora, visual, atmosférica, dos rios; preços;
trânsito.
d) Limites
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Robson Carvalho
Apostila: Direito Administrativo
Como todo ato administrativo, a medida de polícia, ainda que seja discricionária, sempre
esbarra em algumas limitações impostas pela lei. Alguns autores indicam regras a serem
observadas pela polícia administrativa, com o fim de não eliminar os direitos individuais:
a) a da necessidade, em consonância com a qual a medida de polícia só deve ser adotada
para evitar ameaças reais ou prováveis de pertubações ao interesse público;
b) a da proporcionalidade que significa a existência de uma relação necessária entre a
limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;
c) a da eficácia, no sentido de que a medida deve ser adequada para impedir o dano ao
interesse público.
Abuso de Poder
Hely Lopes Meirelles ensina: “O abuso de poder ocorre quando a autoridade, embora
competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das
finalidades administrativas”.
Preconiza, ainda, o citado autor: “O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva
como omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito
individual do administrado. Assim, a inércia da autoridade administrativa, deixando de
executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada, lesa o patrimônio
jurídico individual. É forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo”.
O abuso de poder pode decorrer de duas causas:
1. ação do agente fora dos limites de sua competência (excesso de poder);
2. ação do agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público
(desvio de poder ou de finalidade).
a) Excesso de Poder
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Apostila: Direito Administrativo
Ocorre excesso de poder quando o agente age fora dos limites de sua competência
administrativa, invadindo competência de outros agentes ou praticando atividades que a lei
não lhe conferiu. A autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do que
lhe permitiu a lei, exorbitando no uso de sua competência.
Nesse caso, há violação do requisito competência, tornando o ato administrativo arbitrário,
ilícito e nulo.
b) Desvio de Poder ou de Finalidade
Ocorre desvio de poder ou desvio de finalidade quando o administrador pratica o ato
buscando alcançar fim diverso daquele que lhe foi determinado pela lei. Nesse caso,
embora atue nos limites de sua competência, o agente pratica o ato por motivos ou com fins
diversos daqueles estabelecidos na lei ou exigidos pelo interesse público.
Diversamente do excesso de poder, que decorre de violação ao requisito competência, o
desvio de finalidade deriva de ofensa ao requisito finalidade.
A forma clássica de ofensa ao elemento finalidade é a prática de atos não dirigidos à
satisfação do interesse público, como, por exemplo, a concessão de vantagens apenas a
servidores apaniguados (protegidos).
Há, ainda, outro sentido em que pode ser violado o requisito finalidade, que é o
desatendimento da finalidade específica, prevista em lei, na prática de determinado ato.
Exemplo típico é a remoção ex officio de servidor, como forma de punição.
EXERCÍCIOS – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
01. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRE/SP – 2012 – FCC) Com relação ao poder hierárquico,
considere as afirmativas a seguir:
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Apostila: Direito Administrativo
I. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as
atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.
II. Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega. No
nosso sistema político são admitidas delegações entre os diferentes poderes.
III. O poder hierárquico é privativo da função executiva, sendo elemento típico da
organização e ordenação dos serviços administrativos.
IV. Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada impede
que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu inferior.
V. É impossível rever os atos dos inferiores hierárquicos, uma vez realizada a delegação, pois
tais atos não podem ser invalidados em quaisquer dos seus aspectos.
Está correto o que consta APENAS em
A) I, II, III e IV.
B) II e III.
C) I e V.
D) I, III e IV.
E) II, IV e V.
02. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Contempla situação concreta que
traduz o exercício do poder disciplinar conferido à Administração Pública:
A) interdição de estabelecimento comercial em função de descumprimento de normas de
segurança.
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Apostila: Direito Administrativo
B) aplicação de penalidade a particular que celebre contrato com a Administração Pública,
em face do descumprimento de obrigação decorrente do referido vínculo.
C) edição de resoluções, portarias, instruções e outros atos normativos para ordenar a
atuação de órgãos subordinados.
D) avocação de atribuições, desde que não sejam de competência exclusiva de órgãos
subordinados.
E) edição de regulamentos administrativos ou de organização, para disciplinar a fiel
execução da lei.
03. (TEC. MINISTERIAL – MPE/PE – 2012 – FCC) No que concerne ao poder regulamentar,
considere a seguinte situação hipotética: o Prefeito de Olinda expediu decreto regulamentar
cujo conteúdo contraria lei do mesmo Município, bem como impõe obrigações que não
estão previstas na mencionada lei. Sobre o tema, é correto afirmar que decreto
regulamentar
A) não pode contrariar a lei, nem impor obrigações que nela não estejam previstas.
B) não pode contrariar a lei, porém pode impor obrigações que nela não estejam previstas.
C) pode contrariar a lei, bem como impor obrigações que nela não estejam previstas, tendo
em vista a autonomia e independência do Poder Executivo.
D) pode contrariar a lei, porém não pode impor obrigações que nela não estejam previstas.
E) não faz parte do poder normativo da Administração, vez que não é da competência do
Chefe do Executivo.
04. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRE/CE – 2012 – FCC) Analise as assertivas abaixo
concernentes ao poder de polícia.
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Apostila: Direito Administrativo
I. O poder de polícia só poderá reduzir os direitos individuais quando em conflito com
interesses maiores da coletividade e na medida estritamente necessária à consecução dos
fins estatais.
II. Constituem meios de atuação do poder de polícia, dentre outros, as medidas repressivas,
como, por exemplo, dissolução de reunião, interdição de atividade e apreensão de
mercadorias deterioradas.
III. A medida de polícia, quando discricionária, não esbarra em algumas limitações impostas
pela lei, como por exemplo, no que concerne à competência e à finalidade.
IV. O poder de polícia tanto pode ser discricionário, como vinculado, ressaltando-se que ele
é vinculado na maior parte dos casos.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I, II e III.
B) II, III e IV.
C) I e IV.
D) III e IV.
E) I e II.
05. (ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL – 2009 – CESPE) Julgue os itens subsequentes, relativos à
administração pública.
1. ( ) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua
disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.
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2. ( ) O princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade retrata a presunção
absoluta de que os atos praticados pela administração pública são verdadeiros e estão em
consonância com as normas legais pertinentes.
06. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/ES – 2009 – CESPE/UNB) Acerca dos poderes da administração,
julgue o item abaixo.
1. ( ) Apesar de a discricionariedade constituir um dos atributos do poder de polícia, em
algumas hipóteses, o ato de polícia deve ser vinculado, por não haver margem de escolha à
disposição do administrador público, a exemplo do que ocorre na licença.
07. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/BA – 2010 – CESPE/UNB) Acerca dos poderes administrativos,
julgue os seguintes itens.
1. ( ) Em decorrência do poder hierárquico, é permitida a avocação temporária de
competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior, devendo-se, entretanto, adotar
essa prática em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados.
2. ( ) As medidas de polícia administrativa são freqüentemente autoexecutórias, podendo
a administração pôr suas decisões em execução por si mesma, sem precisar recorrer
previamente ao Poder Judiciário.
08. (AUDITOR DO TCU – CONTROLE EXTERNO – 2011 – CESPE/UNB) Com relação aos poderes
administrativos, julgue os itens subsequentes.
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Apostila: Direito Administrativo
1. ( ) O poder disciplinar da administração pública confunde-se com o poder punitivo do
Estado.
2. ( ) O exercício do poder de polícia não pode ser delegado a entidade privada.
3. ( ) É obrigatória a obtenção prévia de autorização judicial para a demolição de
edificação irregular.
4. ( ) A razoabilidade funciona como limitador do poder discricionário do administrador.
3 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico
Em sentido formal, conceitua-se como o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas
destinadas à execução das atividades administrativas.
Nessa concepção, a expressão Administração Pública engloba todos os órgãos e agentes
que, em qualquer dos Poderes do Estado (Legislativo, Executivo ou Judiciário), em qualquer
das esferas políticas (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), estejam exercendo
função administrativa.
Administração Pública em sentido material, objetivo ou funcional
Em sentido objetivo, a Administração Pública” pode ser definida como a atividade concreta
e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos.
A administração pública neste sentido abrange as seguintes atividades administrativas: o
fomento, a polícia administrativa, o serviço público e a intervenção administrativa.
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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Centralização, Descentralização e Desconcentração
Ocorre a chamada centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas
diretamente, por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta. Nesse
caso, os serviços são prestados diretamente pelos órgãos do Estado, despersonalizados,
integrantes de uma mesma pessoa política (União, DF, Estados ou Municípios).
Ocorre a chamada descentralização administrativa quando a entidade estatal (União, DF,
Estados ou Municípios) desempenha a atividade administrativa, não diretamente, mas de
forma indireta ou descentralizada.
A descentralização será efetivada por meio de outorga (ou por serviço ou funcional) quando
o Estado cria uma entidade administrativa, com personalidade jurídica própria, e a ela
transfere, por lei, determinado serviço público ou atividade para exercer em caráter
específico. A outorga normalmente é conferida por prazo indeterminado. É o que ocorre
relativamente às entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos).
A descentralização será efetivada por meio de delegação (ou por colaboração) quando o
Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do serviço, para
que o ente delegado o preste ao público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob
fiscalização do Estado. Há delegação, por exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos
de permissão de serviços públicos.
Já a desconcentração é simples técnica administrativa, e é utilizada, tanto na Administração
Direta, quanto na Indireta. Ocorre a chama da desconcentração quando a entidade da
Administração, encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no
âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
A desconcentração pressupõe, obrigatoriamente, a existência de uma só pessoa jurídica.
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ADMINISTRAÇÃO DIRETA
A administração Direta ou Centralizada é aquela constituída a partir de um conjunto de
órgãos públicos, através dos quais o Estado desempenha diretamente a atividade
administrativa.
Segundo o art. 4º, inciso I, do Decreto-Lei nº 200/67, a Administração Direta da União se
constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e
dos Ministérios.
Órgãos Públicos
i) Conceito de órgão público
Hely Lopes Meirelles define órgãos públicos como “centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à
pessoa jurídica a que pertencem”.
Na Administração Direta Federal somente a União possui personalidade jurídica. Os
Ministérios, por exemplo, órgãos da Administração Direta Federal, são centros de
competência despersonalizados, cuja atuação é imputada à União.
A Lei Federal nº 9.784/99, que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, conceitua órgão público como “a unidade de atuação
integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.
ii) Teoria do Órgão
Para doutrina e jurisprudência, presume-se que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por
meio dos órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de tal
modo que, quando os agentes que atuam nestes órgãos manifestam sua vontade,
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considera-se que esta foi manifestada pelo próprio Estado. Neste caso, fala-se em imputação
da atuação do agente, pessoa natural, à pessoa jurídica. Cuida-se da denominada Teoria
do Órgão. Assim, para que possa haver a imputação, a pessoa que pratica o ato
administrativo deve fazê-lo em situação tal que leve o cidadão comum a presumir regular
sua atenção. Entretanto, outras teorias tentaram, sem êxito, explicar essa relação, tais como
a Teoria do Mandato e a Teoria da Representação.
iii) Características dos órgãos públicos
De modo geral, os autores apontam como características dos órgãos (algumas não
presentes em todos):
a) integram a estrutura de uma pessoa jurídica;
b) não possuem personalidade jurídica;
c) são resultado da desconcentração;
d) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira;
e) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão com outros
órgãos ou com pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º);
f) não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integram;
g) alguns têm capacidade processual para defesa em juízo de suas prerrogativas
funcionais;
h) não possuem patrimônio próprio.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
A Administração Indireta é constituída a partir de um conjunto de entidades, dotadas de
personalidade jurídica, responsáveis pelo exercício, em caráter especializado e
descentralizado, de certa e determinada atividade administrativa, por outorga legal da
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entidade estatal. Consiste na criação de pessoas jurídicas de direito público ou de direito
privado para exercerem parte da competência administrativa do ente político que a criou e
com o qual não se confunde. Segundo o art. 4º, inciso II do Decreto-Lei nº 200/67, integram a
Administração Indireta: as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista. Contudo, em razão da edição da Lei nº 11.107/2005, que
dispôs sobre as normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem Consórcios Públicos para a realização de objetivos de interesse comum, foi
prevista a possibilidade de mais uma entidade da Administração Indireta: as associações
públicas, que são entidades formadas por consórcios públicos celebrados entre entidades
da Federação com natureza de pessoa jurídica de direito público. Assim, o consórcio público
com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os
entes da Federação consorciados.
i) Autarquias
A professora Maria Sylvia Di Pietro conceitua a autarquia como a pessoa jurídica
de direito público, criada por lei, com capacidade de auto-administração, para o
desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido
nos limites da lei.
As autarquias integram a Administração Indireta, representando uma forma de
descentralização administrativa mediante a personificação de um serviço retirado da
Administração centralizada. Por esse motivo, como regra geral, somente devem ser
outorgados serviços públicos típicos às autarquias, e não atividades industriais ou
econômicas, ainda que essas últimas sejam de interesse coletivo.
As autarquias somente podem ser criadas por meio de lei específica, consoante o disposto
no art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19/1998.
Por desempenharem atividades típicas da Administração Pública, as prerrogativas
administrativas do Estado transmitem-se às autarquias, valendo lembrar que elas gozam de
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imunidade tributária recíproca no que respeita aos impostos sobre o patrimônio, a renda e os
serviços vinculados a suas finalidades essenciais (CF, art. 150, § 2º). Os privilégios processuais
conferidos à Fazenda Pública também se estendem às autarquias, especialmente o prazo
em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (Código de Processo Civil art. 188).
As autarquias estão sujeitas ao controle da entidade estatal a que pertencem (Controle
finalístico, nos termos da lei, no âmbito da chamada supervisão ministerial).
A obrigatoriedade de regime jurídico único foi extinta pela Emenda Constitucional nº
19/1998, retornando tal obrigatoriedade por força da decisão do STF na ADIn 2135, de
agosto de 2007. Assim, tanto no âmbito da União, como no âmbito do Estado de
Pernambuco, o regime jurídico único voltou a ser obrigatório, o que implica afirmar que o
regime de contratação a ser adotado pelas autarquias é o estatutário.
As autarquias gozam da chamada imunidade tributária recíproca, que veda a instituição de
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados a
suas finalidades essenciais ou às que delas decorram (CF, art. 150, § 2º).
Não há subordinação hierárquica da autarquia para com a entidade estatal a que pertence
(entre uma autarquia federal e a União, por exemplo), mas sim mera vinculação.
A entidade estatal que cria uma autarquia exerce sobre ela o chamado controle finalístico,
que visa a mantê-la no estrito cumprimento de suas finalidades, previstas na lei instituidora e
no seu regulamento ou estatuto.
A doutrina conceitua as autarquias de regime especial como aquelas que receberam da lei
instituidora privilégios específicos, a fim de aumentar sua autonomia comparativamente com
as autarquias comuns. São consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do
Brasil – BACEN, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, a Universidade de São
Paulo – USP. As atuais agências reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANP, ANA etc.) têm sido, todas
elas, instituídas sob a forma de autarquias em regime especial.
ii) Fundações Públicas
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As fundações públicas são entidades integrantes da Administração Indireta, voltadas para o
desempenho de atividades de caráter social, como assistência social, assistência médica e
hospitalar, educação e ensino, pesquisa, atividades culturais etc. Essas entidades não
deverão ser criadas para a exploração de atividade econômica, de cunho lucrativo, pois
para esse fim existem as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
São exemplos de fundação pública: Fundação Nacional do Índio; Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Fundação Nacional da Saúde; o HEMOPE; a
FUNAPE, a FUNASE, etc.
Atualmente, em decorrência das alterações trazidas pela EC nº 19/1998, a posição mais
adotada pela doutrina é a admissão da existência de duas espécies distintas de fundações
públicas na Administração Indireta: fundações públicas com personalidade jurídica de direito
público (espécie do gênero autarquias) e fundações públicas com personalidade jurídica de
direto privado.
iii) Agências Reguladoras
São autarquias em regime especial, criadas para exercerem a disciplina e o controle
administrativo sobre os atos e contratos que dizem respeito à prestação de um serviço
público específico ou a determinada atividade econômica. A elas são conferidas maior
estabilidade e independência em relação ao ente que as criou. Seus dirigentes se submetem
a investidura especial (são nomeados pelo Presidente da República após aprovação do
Senado) e exercem mandatos fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, de
condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar (Lei nº
9.986/2000).
iv) Agências Executivas
A agência executiva é um status, um título jurídico, uma qualificação que uma autarquia ou
fundação pública que já existe recebe, em razão do contrato de gestão que celebra com o
órgão da Administração Pública Direta a que se acha vinculada, para uma maior eficiência
e redução de custos.
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v) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista
Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração
Indireta, instituídas pelo Poder Público mediante autorização de lei específica, sob qualquer
forma jurídica (Ltda., S/A etc.) e com capital exclusivamente público, para a exploração de
atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos.
São exemplos de empresas públicas: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT;
Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO; Caixa Econômica Federal – CEF etc.
Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização legal, sob a
forma de sociedade anônima e com capitais públicos e privados, para a exploração de
atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos.
São exemplos de sociedades de economia mista: Banco do Brasil S/A (BB); Banco da
Amazônica S/A (BASA); Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) etc.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são entidades com personalidade
jurídica de direito privado, voltadas para a exploração de atividade econômica ou para a
prestação de serviços públicos.
A criação de empresas públicas e sociedades de economia mista depende de lei específica
autorizativa, nos termos do art. 37, XIX, da Constituição Federal.A lei específica autoriza o
Poder Executivo a, por ato próprio (um decreto), proceder à instituição da entidade. O Poder
Executivo deverá providenciar o registro dos estatutos da entidade no registro competente,
uma vez que é esse registro que dará nascimento à pessoa jurídica, e não a edição da lei
autorizativa.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são criadas com o objetivo
precípuo de permitir ao Estado a exploração de atividades de caráter econômico.
As empresas públicas e sociedades de economia mista são entidades de natureza híbrida.
Formalmente, são pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, nenhuma dessas entidades
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atua integralmente sob regência do Direito Privado. As empresas públicas e sociedades de
economia mista têm seu regime jurídico determinado, essencialmente, pela natureza de seu
objeto, de suas atividades.
As empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam na exploração de
atividades econômicas propriamente ditas (de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços de natureza econômica) são as entidades que, embora integrantes
da Administração Pública em sentido formal, mais se aproximam das pessoas jurídicas
privadas. Somente se submetem a normas de Direito Público naquilo em que a Constituição
expressamente determine, ou quando houver disposição legal específica, mesmo assim se a
lei não contrariar normas e princípios constitucionais concernentes à atuação do Estado na
economia.
As empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos,
embora sejam, também pessoas jurídicas de direito privado, estão sujeitas a diversas normas
e princípios de Direito Público, especialmente em razão do princípio da continuidade dos
serviços públicos.
O regime de pessoal das empresas públicas e das sociedades de economia mista é o
previsto na legislação trabalhista (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). Esses
empregados, porém, são equiparados a funcionários públicos para fins penais (Código
Penal, art. 327, § 1º), bem assim considerados agentes públicos para os fins de incidência das
diversas sanções cominadas para a prática de atos de improbidade administrativa (Lei nº
8.429/1992).
Os conflitos decorrentes da relação de trabalho, envolvendo os empregados públicos e as
empresas públicas e sociedades de economia mista, são julgados pela Justiça do Trabalho
(CF, art. 114).
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são alcançadas pela regra
constitucional que exige a realização de concurso público para contratação de seus
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empregados públicos (CF, art. 37, II), bem assim pela vedação de acumulação de cargos,
empregos e funções públicos (CF, art. 37, XVII).
São três as principais diferenças entre a empresa pública e a sociedade de economia mista,
a saber:
a) a forma jurídica - As sociedades de economia mista devem ter a forma de Sociedade
Anônima (S/A), sendo reguladas, basicamente, pela lei das Sociedades por Ações (Lei nº
6.404/1976). As empresas públicas podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em
direito (Sociedades Civis ou Sociedades Comerciais).
b) a composição do capital - O capital das sociedades de economia mista é formado pela
conjugação de recursos públicos e de recursos privados. As ações, representativas do
capital, são divididas entre a entidade governamental e a iniciativa privada. Exige a lei,
porém, que nas sociedades de economia mista federais a maioria das ações com direito a
voto pertençam à União ou a entidade da Administração Indireta federal (Decreto-Lei nº
200/67, art. 5º, III), ou seja, o controle acionário dessas companhias é do Estado.
O capital das empresas públicas é integralmente público, isto é, oriundo de pessoas
integrantes da Administração Pública. Não há possibilidade de participação de recursos de
particulares na formação do capital das empresas públicas.
c) o foro processual (somente para as entidades federais) - As causas em que as empresas
públicas federais forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes,
exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça
do Trabalho, serão processadas e julgadas pela Justiça Federal (CF, art. 109, I). As empresas
públicas estaduais e municipais terão suas causas processadas e julgadas na Justiça
Estadual.
As sociedades de economia mista federais não foram contempladas com o foro processual
da Justiça Federal, sendo suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual. As
sociedades de economia mista estaduais e municipais terão, da mesma forma, suas causas
processadas e julgadas na Justiça Estadual.
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EXERCÍCIOS – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
01. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) A definição de “pessoa jurídica de direito
privado com capital exclusivo do governo tendo por finalidade a exploração de atividade
econômica” refere-se à
(A) autarquia corporativa.
(B) empresa de economia mista.
(C) empresa pública.
(D) autarquia institucional.
(E) fundação privada.
02. (TEC. ADMINISTRATIVO – INEA/RJ – 2013 – FGV) A organização administrativa baseada na
“distribuição interna de competências, ou seja, dentro de uma mesma pessoa jurídica” é
denominada
(A) desconcentração.
(B) descompensação.
(C) centralização.
(D) vinculação.
(E) descentralização.
03. (ANAL. JUDICIÁRIO – TRT 11ª R – 2012 – FCC) Considere as seguintes assertivas:
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I. Pode adotar uma das modalidades de sociedade disciplinadas pela legislação comercial.
II. Seja de âmbito federal, estadual ou municipal, tem capital inteiramente público, ou seja,
dele somente podem participar pessoas jurídicas de direito público.
III. Não pode adotar a forma de sociedade unipessoal.
IV. Se for de âmbito federal, terá seus litígios processados e julgados obrigatoriamente na
Justiça Federal.
No que concerne à empresa pública, está correto o que se afirma APENAS em
A) I, II e IV.
B) I e III.
C) I e IV.
D) II e III.
E) III e IV.
04. (ANALISTA – ADMINISTRADOR – ECT – 2011 – CESPE) Acerca de administração pública,
julgue os itens a seguir.
1. ( ) O fenômeno da desconcentração, que ocorre tanto na administração direta como
na indireta, equivale à técnica administrativa conhecida como departamentalização, cujo
objetivo central é tornar mais ágil, especializada e eficiente a prestação de serviços.
2. ( ) Entre as acepções do princípio da impessoalidade, inclui-se aquela que proíbe a
vinculação de atividade da administração à pessoa do gestor público, evitando-se, dessa
forma, a realização de propaganda oficial para a promoção pessoal.
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05. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito da organização da
administração pública, julgue os itens a seguir.
1. ( ) A transferência pelo poder público, por meio de contrato ou ato administrativo
unilateral, apenas da execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito
privado corresponde à descentralização por serviços, também denominada
descentralização técnica.
2. ( ) Para exercer a disciplina e o controle administrativo sobre os atos e contratos relativos
à prestação de serviço público específico, a União pode criar, mediante lei federal, uma
agência reguladora, pessoa jurídica de direito público cujos dirigentes exercem mandatos
fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, condenação transitada em julgado
ou processo administrativo disciplinar, entre outras hipóteses fixadas na lei instituidora da
entidade.
06. (INSPETOR DA POLÍCIA CIVIL – CE – 2011 – CESPE) A respeito da organização administrativa
da União, julgue os itens a seguir.
1. ( ) O surgimento de uma autarquia se consolida com o registro de seus estatutos em
cartório.
2. ( ) A instituição de fundação pública deve ser autorizada por lei ordinária específica, ao
passo que a definição de sua área de atuação deve ser feita por lei complementar.
3. ( ) O Ministério da Saúde é órgão da administração pública indireta.
07. (AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL – 2012 – CESPE) A respeito da organização administrativa da
União, julgue os itens seguintes.
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Apostila: Direito Administrativo
1. ( ) Existe a possibilidade de participação de recursos particulares na formação do
capital social de empresa pública federal.
2. ( ) O foro competente para o julgamento de ação de indenização por danos materiais
contra empresa pública federal é a justiça federal.
08. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) Assinale a opção correta
acerca das entidades da administração direta e indireta.
A) Embora sejam dotadas de personalidade jurídica própria, as autarquias não se
caracterizam no mundo jurídico como sujeitos de direitos e encargos.
B) Para a execução de atividades econômicas, só será permitida a criação de empresa
estatal caso seja indispensável à garantia da segurança nacional ou de relevante interesse
coletivo.
C) As autarquias federais, assim como as fundações públicas, compõem a estrutura da
administração pública direta da União.
D) As empresas públicas e as sociedades de economia mista sujeitam-se à falência.
E) As autarquias, pessoas jurídicas de direito público, desempenham, de forma
descentralizada, atividades típicas de Estado, não possuindo, portanto, autonomia
administrativa.
4 – SERVIDORES PÚBLICOS
CONCEITO
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Considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
A expressão “agente público” tem sentido amplo, alcançando todas as pessoas que, a
qualquer título, exercem uma função pública, remunerada ou gratuita, definitiva ou
transitória, política ou jurídica, como preposto do Estado. O agente público é a pessoa
natural mediante a qual o Estado se faz presente.
Espécies de Agentes Públicos
AGENTES POLÍTICOS – Que são os componentes do Governo nos primeiros escalões, investidos
em cargos, funções, mandatos e comissões, por nomeação, eleição, designação para o
exercício de atribuições constitucionais. Ex.: Presidente, Prefeito, Deputado, Senador,
Membros do Tribunal de Contas, membros do Ministério Público. Existe ainda o agente
político especial que é o chefe da representação diplomática no exterior, que é nomeado
pelo Presidente da República.
AGENTES ADMINISTRATIVOS – Que são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas
entidades autárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional
e ao regime jurídico da entidade estatal a que servem. Ex.: servidores públicos efetivos, em
comissão e os contratados temporariamente; e os dirigentes das entidades paraestatais.
AGENTES HONORÍFICOS – São cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,
transitoriamente determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica,
honorabilidade ou notória capacidade profissional. É um múnus (dever) público. Ex: mesário,
jurado. Não são servidores públicos, mas momentaneamente exercem função pública, sem
problema de acumulação de cargo.
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AGENTES DELEGADOS - São particulares que recebem a incumbência da execução de
determinada atividade de obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua
conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob permanente fiscalização do
delegante. Ex: Permissionários e concessionários, serventuários de cartórios extra-judiciais,
oficiais, leiloeiros.
AGENTES CREDENCIADOS – São os que recebem a incumbência da Administração de
representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante
remuneração do Poder Público credenciante. Não possuem vinculação estatutária ou
celetista com a Administração, podendo ser cooperativados ou não.
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS RELATIVAS AOS AGENTES PÚBLICOS
Acesso a funções, cargos e empregos públicos
Prevê o inciso I do art. 37 da CF/88:
“I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei”.
Entretanto, existe restrição constitucional relativamente aos cargos privativos de brasileiro
nato, enumerados no art. 12, § 3º, da Constituição Federal (Presidente e Vice-Presidente da
República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do
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Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial das Forças Armadas; Ministro de Estado
da Defesa).
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas
Somente por lei podem ser criados cargos, empregos e funções públicas. Assim temos:
a) a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas é
competência do Congresso Nacional, exercida por meio de lei, que será de iniciativa
privativa do Presidente da República quando se tratar de cargos, funções ou empregos
públicos na Administração Direta e autárquica (CF/88, art. 61, § 1º).
b) a extinção de funções ou cargos públicos vagos é de competência privativa do
Presidente da República, exercida por meio de decreto autônomo (CF/88, art. 84, VI, “b”).
c) a criação e extinção de ministérios e órgãos da Administração Pública é competência do
Congresso Nacional, exercida por meio de lei de iniciativa privativa do Presidente da
República (CF/88, art. 48, XI).
d) a organização e funcionamento da Administração Federal, quando não implicar aumento
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos é de competência privativa do
Presidente da República, exercida por meio de decreto autônomo (CF/88, art. 84, VI, “b”).
Requisitos para o acesso a cargos ou empregos públicos
O inciso I do art. 37 veda o estabelecimento de exigências ou condições pelos editais de
concursos públicos que não possuam amparo legal. Embora os editais de concursos públicos
para provimento de cargos ou empregos públicos sejam elaborados pelas Administrações
encarregadas da contratação, estas não podem prever condições para a participação no
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certame, e menos ainda para o ulterior ingresso dos aprovados, com base exclusiva em atos
normativos infralegais.
Além disso, o princípio da isonomia (igualdade), previsto no art. 5º da Constituição, impede
que, mesmo a lei, estabeleça quaisquer outras restrições discriminatórias, como, por exemplo,
restrições relativas à origem, religião, raça etc. Os requisitos a que se refere este inciso I do
art. 37 devem, obrigatoriamente, mostrar-se necessários ao adequado desempenho da
função pública correspondente.
Exigência de concurso público
Prevê o inciso II do art. 37 da CF/88:
“II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração”.
A exigência de concurso público aplica-se à nomeação para cargos ou empregos públicos
de provimento efetivo. Não abrange a nomeação para cargos em comissão, os quais, por
definição, são de livre nomeação e exoneração com base exclusiva em critérios subjetivos
de confiança da autoridade competente. Não abrange também os casos de contratação
temporária previstos no inciso IX do art. 37.
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Prazo de validade do concurso
O inciso III do art. 37 da Constituição assim dispõe:
“III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período”.
Entende-se por prazo de validade do concurso o período durante o qual a Administração
poderá nomear ou contratar os aprovados para o provimento ou preenchimento do cargo
ou emprego público a que se destinava o concurso. O prazo de validade é contado da
homologação do concurso.
Prioridade na nomeação
Prevê o inciso IV do art. 37 da CF/88:
“IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele
aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado
com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
carreira”.
Pela dicção do dispositivo em apreço, “prazo improrrogável” seria somente o período de
prorrogação, porque findo este, não pode haver outro. A Constituição de 1988 não veda a
realização, pela mesma Administração, de um novo concurso para o mesmo cargo ou
emprego enquanto ainda válido um concurso anteriormente efetuado, mesmo que ainda
haja candidatos aprovados neste concurso anterior.
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Reserva de percentual de cargos e empregos aos portadores de deficiências
O inciso VIII do art. 37 da CF/88 assim disciplina:
“VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”.
Funções de confiança e cargos em comissão
O inciso V do art. 37 da CF/88 assim disciplina:
“V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes
de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.
Segundo Hely Lopes Meirelles, o cargo, seja ele de provimento efetivo ou em comissão, é um
lugar na estrutura organizacional da Administração, com denominação própria, atribuições e
responsabilidades específicas e remuneração correspondente.
Os cargos em comissão são declarados em lei como de livre nomeação e exoneração.
Significa isso que em princípio qualquer pessoa, mesmo que não seja servidor público de
qualquer Poder ou esfera da Federação, pode ser nomeada para exercer um cargo em
comissão. A mesma autoridade competente para nomear é competente para, a seu critério,
exonerar o servidor ocupante do cargo comissionado.
A exoneração não possui caráter punitivo. É ato administrativo amplamente discricionário.
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O servidor de carreira exonerado de cargo em comissão retorna automaticamente para seu
cargo efetivo e volta a exercer, normalmente, as funções a ele correspondentes. Já o
servidor nomeado para o cargo em comissão que não possua vínculo efetivo com o serviço
público evidentemente perde toda e qualquer relação com a Administração quando é
exonerado.
No caso de função de confiança ou gratificada, a designação para seu exercício deve
recair, obrigatoriamente, sobre servidor ocupante de cargo efetivo.
Contratação temporária
O inciso IX do art. 37 da CF/88 prevê a contratação por tempo determinado, para atender
necessidade temporária de excepcional interesse público, nos seguintes termos:
“IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;”
Na esfera federal, a contratação por prazo determinado encontra-se disciplinada pela Lei nº
8.745/1993 e alterações. Seu âmbito de aplicação restringe-se aos órgãos da Administração
Direta federal, às autarquias e às fundações públicas federais. O pessoal contratado com
base nessa lei não pode ser considerado estatutário (pois o regime jurídico trabalhista a que
se submetem é contratual), nem celetista (não são regidos pela CLT). Não ocupam cargos
na Administração Pública. O regime de previdência social a que estão sujeitos é o regime
geral de previdência social - RGPS, aplicável a todos trabalhadores civis, com exceção dos
ocupantes de cargos públicos efetivos. Os contratados por prazo determinado exercem
função pública remunerada temporária para determinado órgão ou entidade da
Administração.
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A contratação temporária não é feita mediante concurso público, mas sim por meio de
processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial,
sendo dispensado processo seletivo na hipótese de contratação para atender às
necessidades decorrentes de calamidade pública.
Direito de greve dos servidores públicos civis
O inciso VII do art. 37 concede aos servidores públicos civis o direito de greve. A norma,
entretanto, insere-se na categoria das normas constitucionais de eficácia limitada. Significa
que o referido dispositivo não é auto-aplicável, ou seja, o direito de greve do servidor público
civil não pode ser considerado automaticamente exercitável com a simples promulgação da
CF/88, pois é necessária a edição de lei ordinária específica. Assim, a priori, enquanto não
editada essa lei específica regulamentadora, qualquer movimento paredista dos servidores
públicos é ilegítimo, sujeitando-os à aplicação de penalidades por parte da Administração.
Entretanto, por decisão do STF nos Mandados de Injunção nº 670; 708 e 712, enquanto não
for editada a lei que regulamenta o direito de greve para os servidores públicos, aplicar-se-á,
no que couber, a lei de greve dos trabalhadores privados (Lei nº 7.783/89).
Vale lembrar que o direito de greve é vedado aos militares, sem nenhuma exceção, nos
termos do art. 142, IV, da CF/88.
Finalmente, essa restrição ao direito de greve dos servidores públicos civis não se aplica aos
empregados públicos.
Fixação da remuneração e revisão geral
O inciso X do art. 37 da CF/88 disciplina:
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“X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art.
39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices”.
A mais importante alteração introduzida pela Emenda Constitucional nº 19/98 diz respeito à
exigência de lei ordinária específica para que se fixe ou altere a remuneração dos servidores
públicos.
Após a EC nº 19/98, o sistema remuneratório dos agentes públicos em geral passou a ser
composto por três distintas categorias jurídicas, a saber:
a) subsídio: caracteriza-se por ser um estipêndio (salário) fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou
outra espécie remuneratória. É modalidade de remuneração (em sentido amplo):
b) vencimentos ou remuneração: são percebidos por servidores públicos submetidos a
regime jurídico estatutário. Os vencimentos são compostos pelo vencimento (no singular)
básico do cargo + as vantagens pecuniárias estabelecidas em lei (gratificações e
adicionais).
c) salário: é a contraprestação pecuniária paga aos empregados públicos, contratados sob
o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, das pessoas jurídicas de direito
privado da Administração Indireta, ou, ainda, aos empregados públicos contratados pela
Administração Direta Federal.
A parte final do inciso X do art. 37 assegura revisão geral anual da remuneração e do
subsídio dos servidores públicos sempre na mesma data e sem distinção de índices.
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Limites de remuneração dos servidores públicos (teto constitucional)
O inciso XI do art. 37 estabelece a regra conhecida como teto constitucional de
remuneração dos servidores públicos. A EC nº 41/2003 modificou o dispositivo em análise.
As principais observações acerca dos tetos de remuneração previstos no texto constitucional
após a EC nº 41/2003 são as seguintes:
a) Há um teto absoluto, correspondente ao subsídio dos Ministros do STF, a ser fixado em lei
de iniciativa do STF, estando o projeto de lei resultante, como qualquer outro projeto de lei,
sujeito à sanção ou veto do Presidente da República.
b) Além do limite absoluto representado pelo subsídio dos Ministros do STF, o texto
constitucional estabelece limites para os Estados, o DF e os Municípios, a saber: (1) nos
Municípios, o teto é o subsídio percebido pelo Prefeito; (2) nos Estados e no DF há um limite
diferenciado por Poder, correspondendo ao subsídio dos deputados estaduais e distritais, no
Poder Legislativo, e ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça, no âmbito do
Poder Judiciário.
c) Os subsídios dos desembargadores do Tribunal de Justiça não podem ser superiores a
90,25% do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e servem de limite, também, aos
membros do Ministério Público estadual, aos procuradores estaduais e aos defensores
públicos estaduais.
d) Os subsídios dos Governadores e dos Prefeitos não podem ser superiores ao subsídio dos
Ministros do STF, mas nada impede que sejam iguais a este.
e) Os limites incluem todas as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do
valor total percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras.
f) Os limites abrangem os valores resultantes de acumulação de remunerações ou subsídios,
ou de remunerações ou subsídios com proventos, pensões ou qualquer outra espécie
remuneratória, seja ou não lícita à acumulação.
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g) Relativamente ao salário dos empregados públicos das empresas públicas e das
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, os tetos somente se aplicam àquelas que
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (CF/88, art. 37, § 9º).
Vedação de vinculações e equiparações
O inciso XIII do art. 37 traz regra proibindo o estabelecimento de vinculações e equiparações
entre as remunerações pagas no serviço público. O inciso XIII do art. 37 da CF/88 assim
disciplina:
“XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;”
Equiparar significa prever, em lei, para um determinado cargo, remuneração igual à de um
outro cargo. Não há equiparação quando duas leis distintas estabelecem, cada uma,
remuneração idêntica para os servidores por cada uma abrangidos, contanto que não se
crie vinculação automática entre as remunerações.
Já a vinculação é a utilização, pela lei, de índices ou critérios automáticos de reajustamento
da remuneração, como o salário mínimo, determinado índice de inflação, a arrecadação
orçamentária etc.
Base de incidência de acréscimos pecuniários
O inciso XIV do art. 37 estabelece:
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Apostila: Direito Administrativo
“XIV- os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;”
A aplicação da regra transcrita é bastante clara: qualquer vantagem pecuniária – adicionais
ou gratificações – somente pode incidir sobre o vencimento básico. Não é admissível a
incidência de um acréscimo sobre um adicional ou uma gratificação anterior.
Vedação à Acumulação de Cargos, Empregos e Funções Públicos
Os incisos XVI e XVII do art. 37 da CF/88 prevêem a vedação à acumulação de cargos,
empregos e funções públicos remunerados. Assim, somente nas hipóteses expressamente
previstas na Constituição da República será ela lícita, mesmo assim, quando houver
compatibilidade de horários.
É a seguinte a redação dos referidos dispositivos:
“XVI- é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso os disposto no
inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentas;
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XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público”.
Contudo, é de se observar que o texto constitucional elenca algumas hipóteses em que é
lícita a acumulação remunerada, sendo elas:
1) a permissão de acumulação para os vereadores, prevista no art. 38, III;
2) a permissão para os juízes exercerem o magistério, conforme o art. 95, parágrafo único, I;
3) a permissão para os membros do Ministério Público exercerem o magistério, estabelecida
no art. 128, § 5º, II, “d”.
Merece ainda destaque o tratamento dado à percepção simultânea de remuneração e de
proventos de aposentadoria. O assunto encontra-se disciplinado pela EC nº 20/98, que
acrescentou o § 10 ao art. 37 da Constituição, expressamente estendendo a proibição de
acumulação aos proventos, como abaixo se lê:
“§ 10 – É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
livre nomeação e exoneração.”
Entretanto, convém esclarecer que escapam dessa proibição de acumulação:
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Apostila: Direito Administrativo
a) os proventos relativos a cargos que seriam acumuláveis se o servidor estivessem em
atividade;
b) o exercício de cargos em comissão cumulado com proventos de aposentadorias; e
c) a acumulação de remuneração ou proventos atinentes a cargos eletivos.
Servidores em exercício de Mandato Eletivo
O art. 38 da CF/88 dispõe:
a) o servidor público que seja eleito para qualquer cargo, do Executivo ou do Legislativo,
federal, estadual ou distrital (Presidente da República, Governador, Deputado Federal ou
Estadual) será, obrigatoriamente, afastado do seu cargo (efetivo ou comissionado) emprego
ou função públicos. A remuneração percebida será, obrigatoriamente, a do cargo eletivo.
b) o servidor público investido no mandato de prefeito será, obrigatoriamente, afastado de
seu cargo, emprego ou funções públicos. Neste caso, o servidor poderá optar entre a
remuneração do cargo de prefeito e a remuneração do cargo, emprego ou função de que
foi afastado.
c) o servidor eleito para o cargo de vereador poderá, caso haja compatibilidade de horário,
acumular o exercício da vereança com o de seu cargo, emprego ou função públicos. Nessa
hipótese, o servidor receberá as duas remunerações; a de vereador e a de seu outro cargo,
emprego ou função públicos, obedecidos, evidentemente, os limites de remuneração do
anteriormente comentado inciso XI do art. 37 da Constituição.
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Apostila: Direito Administrativo
Regime Jurídico Único
A EC nº 19/98 alterou o caput do art. 39 com o objetivo de eliminar a obrigatoriedade de
adoção, pelas pessoas políticas de um regime jurídico unificado para seus agentes atuantes
na Administração direta, autarquias e fundações públicas. Assim, simplesmente passou a ser
possível a existência de agentes públicos sujeitos a diferentes regimes jurídicos na mesma
Administração, isto é, regime estatutário e celetista.
Contudo, “esse cenário alterou-se profundamente com o julgamento pelo STF, ainda em
sede cautelar, da ADI 2.135 (relator Ministro Néri da Silveira, julgamento em 02/08/2007), onde
se discute a constitucionalidade da EC nº 19/98, em especial no que concerne à alteração
do art. 39, caput, CF/88.
Ocorre que, quando das votações na Câmara dos Deputados, em primeiro turno, a proposta
de alteração do caput do art. 39, CF/88, não foi aprovada pela maioria qualificada
constitucionalmente exigida (art. 60, § 2º, CF/88). Ao elaborar o texto enviado para votação,
em segundo turno, a comissão especial de redação da Câmara dos Deputados teria
deslocado o § 2º do art. 39 – que havia sido aprovado, para o lugar do caput do artigo 39,
cuja proposta de alteração havia sido rejeitada no primeiro turno. Com essa substituição, a
redação original do caput do artigo 39 simplesmente desapareceu. Naturalmente que essa
transposição não pode ser tida por mera emenda redacional, de acordo com o art. 118 do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Havia necessidade, então, de nova votação,
para cumprimento da exigência de aprovação por dois turnos em cada uma das Casas
legislativas do Congresso Nacional (art. 60, § 2º, CF/88).
Com isso, haveria inconstitucionalidade formal. Nesse julgamento afastou-se, em sede
cautelar, a nova redação do caput desse art. 39, retomando-se a redação original do texto
constitucional.
Para que fique claro, compare-se a redação original e a alterada pela EC nº 19/98:
Texto original da CF/88:
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Apostila: Direito Administrativo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política
de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
respectivos Poderes.
À decisão foi dado efeito ex nunc, é dizer, irretroativo, não atingindo as situações jurídicas
havidas entre a promulgação da EC nº 19/98 e a decisão do STF.
A partir de então, repise-se, retorna a regra da exigência de um Regime Jurídico Único,
sendo incabível, hoje, contratação pelo regime da CLT, no âmbito federal.
Como efeito imediato, tem-se a inaplicabilidade da Lei nº 9.962/2000, que disciplinou o
regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e
fundacional. Como agora só cabe um regime, único, o estatutário, não será mais possível a
existência de novos empregos públicos no âmbito da Administração federal direta,
autárquica e fundacional. Aqueles contratados sob esse regime antes da decisão do STF
seguem em seus empregos, já que, como se disse, a decisão cautelar teve efeito ex nunc.”
(Texto do Profº Leandro Cadenas – Ponto dos Concursos)
Direitos e Garantias dos Trabalhadores em Geral aplicáveis aos Servidores Públicos
O § 3º do art. 39 faz remissão a uma série de garantias e direitos fundamentais dos
trabalhadores em geral aplicáveis, também, aos servidores públicos.
Os direitos assegurados aos servidores públicos pelo § 3º do art. 39 encontram-se enumerados
em alguns dos incisos do art. 7º da CF/88, sendo eles:
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Apostila: Direito Administrativo
a) salário mínimo;
b) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;
c) décimo terceiro;
d) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
e) salário-família;
f) duração do trabalho normal não superior a 08 horas diárias e 44 semanais;
g) repouso semanal remunerado;
h) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal;
i) férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que a remuneração normal;
j) licença à gestante com duração de 120 dias;
k) licença-paternidade;
l) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos
da lei;
m) redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
n) proibição de diferença de salários de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
Estabilidade
A Constituição de 1988 tratou da estabilidade em seu art. 41. Pelo texto original a
estabilidade foi conferida aos servidores nomeados em virtude de concurso público após 02
anos de efetivo exercício e, uma vez adquirida a estabilidade, não existia qualquer hipótese
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Apostila: Direito Administrativo
de exoneração do servidor por iniciativa da Administração, entendida exoneração como
rompimento do vínculo entre o servidor e a Administração sem caráter punitivo.
A partir da EC nº 19/98, a estabilidade passou a ser conferida somente após três anos de
efetivo exercício. Embora o caput do art. 41, após a referida Emenda, tenha passado a
explicitar que somente os servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo nomeados
em virtude de concurso público podem adquirir estabilidade, sempre foi entendimento
pacífico da doutrina e da jurisprudência de que nem os empregos públicos (regime da CLT)
e muito menos os cargos em comissão geram direito à estabilidade.
A aquisição da estabilidade, a partir da EC nº 19/98, passou a ter regramento distinto para os
servidores já em exercício na data de sua promulgação e para aqueles que ingressaram
depois:
a) para os primeiros foi expressamente garantida pelo art. 28 da citada emenda, a aquisição
em 02 anos de efetivo exercício;
b) para os que entraram em exercício após a alteração, 03 anos são necessários.
Outro aspecto a ser salientado é que o § 4º do art. 41 passou a estabelecer como condição
para a aquisição da estabilidade a submissão do servidor a uma avaliação especial de
desempenho feita por comissão instituída para esse fim.
Desse modo pode-se afirmar que, nos exatos termos do texto constitucional, a EC nº 19/98
terminou com a possibilidade de aquisição de estabilidade por mero decurso de prazo,
como anteriormente era a regra.
No que diz respeito à perda do cargo, verifica-se que passam a ser quatro as hipóteses de
rompimento do vínculo funcional com o servidor estável, por iniciativa da Administração:
1) sentença judicial transitada em julgado;
2) processo administrativo com ampla defesa;
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3) insuficiência de desempenho, por meio de avaliação periódica, na forma da Lei
Complementar, assegurada ampla defesa:
4) excesso de despesa com pessoal nos termos do art. 169, § 4º.
REGIME PREVIDENCIÁRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 41, 19.12.2003)
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão
aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e
17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de
contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
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a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e
cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não
poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão,
serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor
aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 47, de 2005)
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos,
em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
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§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma
desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
regime de previdência previsto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 15/12/98)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à
data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu
o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela
excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito
de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de
contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade,
inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao
montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo
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acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos
titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o
regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime
de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo,
poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei
de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de
benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá
ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do
ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
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§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício
previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas
pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para
aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no §
1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para
os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo
regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de
proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201
desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença
incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
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EXERCÍCIOS – SERVIDORES PÚBLICOS
01. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) José, dentista em hospital público, realizou
concurso público para dentista de outro hospital público, no qual restou aprovado em todas
as fases. Considerando a situação acima e a existência de compatibilidade de horários,
assinale a afirmativa correta.
(A) José não pode acumular os dois cargos em hipótese alguma.
(B) José não pode acumular, somente poderia se um cargo fosse de dentista e outro de
professor.
(C) José não pode acumular, somente poderia se ambos fossem cargos de professor.
(D) José não pode acumular, somente poderia se ambos fossem cargos de médico.
(E) José pode acumular ambos os cargos na hipótese tratada.
02. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) Pedro, funcionário público, comete grave
falta funcional, conceituada como crime na esfera penal, para o qual é instaurado processo
administrativo disciplinar. Considerando a situação acima, assinale a afirmativa correta.
(A) Considerando que Pedro já havia sido punido anteriormente, deverá, agora, ser‐lhe
aplicada a pena de exoneração.
(B) Mesmo inexistindo outras faltas, considerando‐se a gravidade da situação, a
Administração Pública poderá aplicar a sanção de exoneração.
(C) Caso constatado o cometimento de falta grave, a exoneração jamais poderá ser
aplicada, vez que Pedro deverá ser demitido do serviço público.
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Apostila: Direito Administrativo
(D) Caso Pedro fosse aposentado, caberia a exoneração mas, não sendo este o caso, Pedro
somente poderá ser demitido.
(E) Caso não conste qualquer outra punição a Pedro, a pena de demissão não poderá ser
aplicada.
03. (TÉC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/SE – 2009 – FCC) A respeito dos servidores públicos,
considere:
I. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
II. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão semestralmente os valores do
subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos.
III. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
IV. Os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, serão aposentados compulsoriamente, aos sessenta e cinco anos de idade, com
proventos integrais.
De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil está correto o que se
afirma APENAS em
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I e III.
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Apostila: Direito Administrativo
D) I, III e IV.
E) II e III.
04. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito dos agentes públicos, julgue
os próximos itens.
1. ( ) Admite-se a realização, pela administração pública, de processo seletivo simplificado
para contratar profissionais por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.
2. ( ) Os ministros de Estado são considerados agentes políticos, dado que integram os
mais altos escalões do poder público.
05. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – TO – 2008 – CESPE) Julgue os seguintes itens, a respeito dos
direitos e obrigações do servidor público previstos no Regime Jurídico Único.
1. ( ) Em regra, o servidor público tem direito a um período de 30 dias de férias por ano
trabalhado, sendo admitida a acumulação desse período somente por necessidade da
administração, jamais por interesse pessoal.
2. ( ) Considere que determinado escrivão de polícia não compareça habitualmente à
delegacia onde está lotado, embora observe o horário de trabalho quando se faz presente.
Nessa situação, esse escrivão descumpre o dever funcional da assiduidade.
3. ( ) O servidor público, conforme a natureza da infração que cometer no exercício do
cargo, pode responder perante a administração pública e(ou) perante o Poder Judiciário.
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Apostila: Direito Administrativo
06. (INSPETOR DA POLÍCIA CIVIL – CE – 2011 – CESPE) No que se refere a agentes públicos,
julgue os itens seguintes.
1. ( ) A remoção é uma forma de provimento.
2. ( ) O servidor público estável de autarquia federal que, mediante aprovação em novo
concurso público, ocupe cargo em órgão do Poder Judiciário poderá optar, durante o
estágio probatório no novo cargo, pelo retorno ao cargo anteriormente ocupado.
3. ( ) A exoneração de servidor público em consequência de inabilitação em estágio
probatório não configura punição.
07. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TRT 6ª R – 2012 – FCC) Analisando-se as normas constitucionais
relativas à inativação e pensões dos servidores públicos civis da União é INCORRETO afirmar:
A) serão aposentados compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição.
B) serão aposentados voluntariamente, desde que cumprido o tempo mínimo de dez anos
de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas condições quanto à idade mínima ou tempo de contribuição.
C) por meio de lei complementar poderá ser estabelecida forma de contagem de tempo de
contribuição fictício.
D) os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
E) o tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de
aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
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Apostila: Direito Administrativo
08. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Investido em um cargo, gozando de
estabilidade, as circunstâncias pelas quais um servidor público poderá perder o cargo, no
prazo mínimo estabelecido em lei, são:
A) Processo administrativo, desempenho insuficiente apurado por superiores em três anos
consecutivos e inquérito policial.
B) Desempenho insuficiente apurado a partir de dois anos de estabilidade, processo
administrativo e sentença judicial.
C) Processo administrativo, desempenho insuficiente apurado em avaliações de
desempenho periódicas e sentença judicial.
D) Inquérito policial, aplicação de sanções administrativas e desempenho insuficiente
apurado em dois anos consecutivos.
E) Inquérito judicial, processo administrativo, desempenho insuficiente apurado em
avaliações de desempenho periódicas.
09. (ANAL. LEGISLATIVO – CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne à
administração pública, julgue os itens que se seguem.
1. ( ) Servidor público eleito para o cargo de vice-prefeito poderá continuar recebendo
salário, vencimento e demais vantagens de seu cargo de servidor, além do vencimento do
cargo para o qual foi eleito.
2. ( ) Se a prefeitura de determinado município, ao final de dois anos, prazo de validade
do concurso público por ela realizado para preenchimento de vagas no cargo de professor,
não tiver empossado todos os aprovados nesse certame, poderá prorrogá-lo uma vez por
dois anos.
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Apostila: Direito Administrativo
10. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2013 – CESPE) A respeito dos agentes públicos, julgue
os próximos itens.
1. ( ) Admite-se a realização, pela administração pública, de processo seletivo simplificado
para contratar profissionais por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.
2. ( ) Os ministros de Estado são considerados agentes políticos, dado que integram os
mais altos escalões do poder público.
3. ( ) É permitida a acumulação remunerada de cargo de professor de universidade
pública estadual com o de procurador da República, ainda que não haja compatibilidade
de horários.
5 - ATOS ADMINISTRATIVOS
Conceito
O ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
que, valendo-se das prerrogativas próprias do Poder Público e na função administrativa,
tenha por fim declarar, adquirir, resguardar, transferir, modificar e extinguir direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.
O eminente professor Celso Antônio Bandeira de Mello define o ato administrativo como
“declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
concessionário de serviço público) no exercício de prerrogativas públicas, manifestada
mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e
sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.
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Apostila: Direito Administrativo
O ato administrativo tem como condição a atuação da Administração em posição de
supremacia, no uso do Poder Público. O ato administrativo deve estar apto a produzir efeitos
jurídicos imediatos para os administrados, para a administração e seus servidores e para
produzir tais efeitos o ato deve ser proveniente de autoridade pública competente.
Atributos dos atos administrativos
São atributos do ato administrativo:
a) Presunção de legitimidade: refere-se à conformidade do ato com a lei; em decorrência
desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram
emitidos com observância da lei.
b) Imperatividade: os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente se sua
concordância, obriga-o a obedecê-lo.
c) Auto-executoriedade: o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria
Administração Pública, sem necessidade de autorização/intervenção do Poder Judiciário.
Esse atributo também não existe em todos os atos administrativos, mas a auto-
executoriedade só é possível: quando expressamente prevista em lei e quando se tratar de
medida urgente.
d) Exigibilidde: é o atributo do ato administrativo que confere à Administração a
possibilidade de, utilizando-se de meios indiretos, exigir o cumprimento de determinado ato
pelos administrados, sob pena de aplicação de penalidades, no caso de sua não
observância.
e) Tipicidade: o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei
como aptas a produzir determinados resultados.
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Apostila: Direito Administrativo
Elementos ou Requisitos dos Atos Administrativos
Para o ato administrativo ser válido é necessária a presença dos seguintes requisitos:
a) Competência
Diz respeito ao sujeito, ou seja, ao representante do poder público a quem o texto legal
confere atribuições que o tornam capaz de editar determinados atos administrativos.
Nenhum ato administrativo pode ser praticado validamente sem que o agente disponha de
poderes legais a ele atribuídos.
Inexistindo impedimento legal ou atribuições privativas ao cargo ou função, o agente
poderá transferir atribuições a outros agentes (delegação de competência) ou chamar a si
atribuições de outros agentes (avocação).
b) Finalidade
É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato. Todo ato
administrativo deve ter um interesse público a atingir.
O interesse público é o fim a ser atingido mediante o ato administrativo. Se o ato se desviar
da finalidade legal, será ilegal por desvio de poder ou de finalidade.
c) Forma
É o revestimento externo dos atos. Em regra, é escrita e excepcionalmente existem atos
verbais ou simbólicos, como por exemplo, os sinais de trânsito. No entanto existem várias
espécies de formas escritas, como: Decreto, instruções, circulares, portarias. Existem casos em
que a forma está associada a um determinado tipo de ato, é o caso do decreto que é ato
sempre emanado do Chefe do Executivo.
d) Motivo
É o pressuposto de fato (acontecimentos) e de direito (dispositivo legal) que provocam e
precedem a edição do ato administrativo.
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Apostila: Direito Administrativo
Exemplos: no ato de punição do funcionário, o motivo é a infração que ele praticou.
A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo.
Não se confundem Motivo e Motivação do ato. Motivação é a exposição dos motivos, ou
seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos ou circunstâncias de fato
realmente existiram.
Nesse ínterim, convém observar a chamada Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo essa
teoria, quando a Administração declara o motivo que determinou a prática de um ato
discricionário que, em princípio, dispensaria a motivação expressa, fica vinculada à
existência do motivo pela Administração declarado. Havendo desconformidade entre a
realidade e o motivo declarado ou não sendo ele causa justificável, torna-se possível a
declaração da invalidade do ato pelo Poder Judiciário.
e) Objeto
É o efeito jurídico prático que o ato produz ou a modificação por ele trazida ao
ordenamento jurídico. Assim, por exemplo, num ato de nomeação o resultado pretendido é
investir uma pessoa nas funções de um cargo; no ato de concessão de um alvará a própria
concessão do alvará.
Classificação dos Atos Administrativos
I) Quanto aos Destinatários
a) Atos Gerais - atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Não
possuem destinatários determinados. Ex: os decretos regulamentares, as instruções
normativas, as circulares normativas, etc.
b) Atos Individuais - são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis,
constituindo ou declarando situação jurídica particular. Ex: a nomeação, a exoneração, uma
autorização.
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Apostila: Direito Administrativo
II) Quanto às prerrogativas com que atua a Administração
a) Atos de Império - são aqueles que a Administração impõe coercitivamente aos
administrados. Ex: os procedimentos de desapropriação, de interdição de atividades, de
apreensão de mercadorias, etc.
b) Atos de Gestão - são praticados sem que a Administração utilize sua supremacia sobre os
particulares. Ex: a alienação ou aquisição de bens pela Administração, o aluguel de imóvel
de propriedade de uma autarquia, etc.
c) Atos de Expediente – são os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis
que tramitam pelas repartições públicas.
III) Quanto à formação de vontade
a) Atos Simples - decorrem da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou
colegiado. Assim, por exemplo, é simples o ato de exoneração de um servidor comissionado.
como a decisão administrativa proferida pela Junta de Recursos da Previdência Social.
b) Atos Complexos - é o que necessita, para sua formação, da manifestação de vontade de
dois ou mais órgãos diferentes, sejam eles singulares ou colegiados, cuja vontade se funde
para formar um ato único, ou seja, isoladamente nenhum dos órgãos é suficiente para dar
existência ao ato.
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino dão os seguintes exemplos: a redução
de alíquotas de IPI para alguns refrigerantes depende de aprovação integrada do Ministério
da Agricultura e da Secretaria da Receita Federal, ou seja, o regime especial de redução de
alíquotas somente passa a existir quando presentes ambas manifestações; também alguns
regimes especiais relativos a documentos fiscais somente se aperfeiçoam com a edição de
um ato concessivo da Fazenda Estadual e outro da Receita Federal, ambos integrantes e
indispensáveis à existência do regime.
c) Atos Compostos - é o que resulta da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, em
que a vontade de um é instrumental em relação a de outro, que dita o principal. Enquanto
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Apostila: Direito Administrativo
no ato complexo fundem-se vontades para praticar um ato só, no ato composto, praticam-
se dois atos, um principal e outro acessório. Ex: a nomeação do Procurador Geral da
República depende de prévia aprovação pelo Senado; a nomeação é ato principal, sendo
a aprovação prévia o ato acessório.
IV) Quanto à exeqüibilidade: capacidade de produzir efeitos jurídicos.
a) Ato Perfeito - é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já
completou todo o seu ciclo de formação. Não se confunde com a validade do ato, esta diz
respeito à conformidade do ato com a lei.
b) Ato Pendente - é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir
efeitos.
d) Ato Consumado - é o que já exauriu os seus efeitos, que já produziu todos os seus efeitos.
Não podendo ser impugnado na via administrativa ou até mesmo na via judicial.
V) Quanto aos efeitos
a) Ato Constitutivo - é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito
ou uma situação do Administrado. Ex: é o caso da permissão, autorização, revogação,
aplicação de uma penalidade.
b) Ato Declaratório - é aquele que a Administração apenas reconhece um direito que já
existia antes do ato. Ex: a admissão, licença, homologação, isenção, anulação.
c) Ato Enunciativo - é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece
determinada situação de fato ou de direito. Ex: as certidões, atestados, informações,
pareceres. Encerram juízo, conhecimento ou opinião e não manifestação de vontade
produtora de efeitos jurídicos.
VI) Quanto à liberdade de atuação do legislador
a) Atos Vinculados - é aquele em que a lei estabelece todos os requisitos e condições de sua
realização, sem deixar qualquer margem de liberdade ao administrador, ou seja, todos os
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elementos do ato estão vinculados ao disposto na lei. Não cabe ao administrador apreciar a
oportunidade ou a conveniência administrativa da prática do ato.
Exemplo: concessão de licença à gestante ou da licença paternidade, como reguladas na
Lei 8.112/90. Configurada a hipótese legal, somente uma atitude é admissível: a edição do
ato concessivo, sem espaço para juízo de oportunidade ou conveniência administrativa.
b) Atos Discricionários - é aquele que a Administração pode praticar com certa liberdade de
escolha, nos termos e limites da lei, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua
oportunidade e sua conveniência administrativa.
Atos Administrativos em espécie
a) Atos Normativos: São utilizados para possibilitar a fiel execução das leis pela
Administração. Servem para regulamentar as leis. Ex: os decretos; os regimentos; as instruções
normativas.
b) Atos Ordinatórios: são atos internos, endereçados aos servidores públicos, que veiculam
determinações atinentes ao adequado desempenho de suas funções. Ex: as circulares
internas, os avisos, as portarias, as ordens de serviços e os ofícios.
c) Atos Negociais: são atos editados em situações nas quais uma determinada pretensão do
particular coincide com a manifestação de vontade da Administração, ainda que o
interesse da Administração naquela situação seja apenas indireto. Ex: licença; autorização;
permissão.
d) Atos Enunciativos: não contêm uma manifestação de vontade da administração. São,
portanto, considerados atos administrativos apenas em sentido formal. Eles declaram, a
pedido do interessado, uma situação jurídica preexistente relativa a um particular. Ex:
certidão; atestado, parecer.
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e) Atos Punitivos: são os meios pelos quais a Administração pode impor diretamente sanções
a seus servidores ou aos administrados. Encontra fundamento no Poder de Império da
administração, relativamente aos particulares (Ex: atividade de polícia administrativa, como
aplicação de multa; a interdição de atividades), ou no Poder Disciplinar, no que se refere
aos servidores públicos (Ex: as penalidades disciplinares, como a advertência, a suspensão
ou a demissão).
Extinção dos Atos Administrativos- Modalidades
Um ato administrativo se extingue por:
a) revogação: é a retirada do ato pela própria Administração por razões de
conveniência e oportunidade. Os efeitos da revogação operam a partir da decisão
da Administração, porque desfazem atos dotados de legalidade, ou seja, os efeitos
são ex nunc.
b) invalidação/anulação: consiste no desfazimento do ato administrativo por motivo de
ilegalidade (vício), efetuada pela própria Administração Pública que o editou ou
determinado pelo Poder Judiciário. A anulação efetuada por agente administrativo
ou pronunciada pelo Poder Judiciário produz efeitos ex tunc, isto é, efeitos retroativos
à data da edição do ato.
c) cassação: é o desfazimento do ato administrativo quando o seu beneficiário
descumpre os requisitos que permitem a manutenção do ato e seus efeitos. Ex:
cassação de uma licença para construir., concedida pelo Poder Público sob
determinadas condições previstas em lei, se o particular vir a descumprir tais
condições.
d) caducidade: ocorre quando uma nova legislação impede a permanência da
situação anteriormente consentida pelo Poder Público. Ex: a caducidade de
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Apostila: Direito Administrativo
permissão para explorar parque de diversões em local que, em face da nova lei de
zoneamento, tornou-se incompatível com aquele tipo de uso.
Convalidação
Convalidação ou saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em
um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado.
A lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo Federal) em seu art. 55 estabelece que: “em
decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Administração.”
A convalidação aparece como faculdade da Administração, portanto como ato
discricionário, somente possível quando os atos inválidos não acarretarem lesão ao interesse
público nem prejuízo a terceiros; em caso contrário, tem-se que entender que a
Administração está obrigada a anular o ato, ao invés de convalidá-lo.
Além disso, nem sempre é possível a convalidação. Depende do tipo de vício que atinge o
ato. O exame do assunto tem que ser feito a partir da análise dos cinco elementos do ato
administrativo: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Assim, a convalidação
somente será possível quando se tratar de vício sanável de competência e forma, sendo
incabível a convalidação quanto ao vício de finalidade, motivo e objeto.
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EXERCÍCIOS – ATOS ADMINISTRATIVOS E LEI Nº 9.784/99
01. (TEC. ADMINISTRATIVO – MPE/MS – 2013 – FGV) Com relação aos temas revogação e
anulação dos atos administrativos, assinale a afirmativa correta.
(A) Os efeitos da anulação retroagem à data do ato.
(B) A revogação não pode ser anulada.
(C) O Judiciário têm o dever de revogar os atos administrativos ilegais.
(D) Um ato administrativo que já exauriu seus efeitos pode ser revogado.
(E) Somente os atos administrativos vinculados podem ser anulados.
02. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) O ato administrativo unilateral,
precário e discricionário pelo qual a Administração faculta o desempenho de atividade
material que, sem esse consentimento, seria legalmente proibido, é denominado
A) Licença.
B) Autorização.
C) Admissão.
D) Homologação.
E) Decreto.
03. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Constitui atributo dos atos
administrativos:
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A) Presunção de legitimidade, o que afasta possibilidade de apreciação judicial, salvo para
os atos vinculados.
B) Autoexecutoriedade, que autoriza a Administração a colocar o ato em execução,
empregando meios diretos e indiretos de coerção, na forma prevista em lei.
C) Exigibilidade, que autoriza a Administração a utilizar meios coercitivos para o seu
cumprimento nos termos da lei, sempre com a intervenção do Poder Judiciário.
D) Tipicidade, que impede a Administração de praticar atos de natureza discricionária.
E) Presunção de veracidade, que afasta a possibilidade de revogação, salvo por vício de
legalidade.
04. (ANAL. JUD. – ASSISTENTE SOCIAL – TJ/PE – 2012 – FCC) Em matéria de atributos do ato
administrativo é certo que
A) a imperatividade está presente em todos os atos administrativos, salvo os normativos, e
dependem da sua declaração de validade ou invalidade.
B) a presunção de veracidade e legitimidade não transfere, como consequência, o ônus da
prova de invalidade do ato administrativo para quem a invoca.
C) a presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos
administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade.
D) o reconhecimento da autoexecutoriedade do ato administrativo tornou-se mais
abrangente em face da legislação constitucional, entretanto sua execução depende, em
regra, de ordem judicial.
E) a exequibilidade e a operatividade não possibilitam que o ato administrativo seja posto
imediatamente em execução, porque sempre exigem autorização superior ou algum ato
complementar.
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05. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) O administrador público que
concede aposentadoria por tempo de serviço a um servidor que reúne condições para
tanto está realizando, necessariamente, um ato administrativo classificado como
A) discricionário.
B) vinculado.
C) de gestão.
D) geral.
E) negocial.
06. (DELEGADO – PC/AL – 2012 – CESPE/UNB) Acerca dos atos administrativos, julgue os itens a
seguir.
1. ( ) Não é possível, nos atos administrativos, haver a dispensa de sua motivação.
2. ( ) O fato administrativo é conceituado como a materialização da função
administrativa.
3. ( ) Considere que o prefeito de um município tenha determinado a desapropriação de
uma fazenda de seu adversário político, como forma de retaliação. Nesse caso, fica
configurado o desvio de finalidade do ato.
07. (TÉC. DE CONTROLE EXTERNO – TCU – 2012 – CESPE) Com relação aos atos administrativos,
julgue os itens que se seguem.
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Apostila: Direito Administrativo
1. ( ) Os atos praticados por servidor irregularmente investido na função — situação que
caracteriza a função de fato — são considerados inexistentes.
2. ( ) A celebração de um contrato de abertura de conta corrente entre um banco
público e um particular pessoa física é exemplo de ato administrativo.
08. (AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – TCE/ES – 2012 – CESPE) A respeito de ato
administrativo, julgue os itens a seguir.
1. ( ) Para a formação do ato administrativo composto, é necessária mais de uma
manifestação de vontade, devendo as manifestações ser equivalentes entre si, ou seja, são
necessárias manifestações de vontade de mesmo valor.
2. ( ) A competência para a prática dos atos administrativos depende sempre de previsão
constitucional ou legal: quando prevista na CF, é denominada competência primária e,
quando prevista em lei ordinária, competência secundária.
3. ( ) Os atos administrativos ordinatórios obrigam os particulares.
6 – LICITAÇÃO
Conceito
O eminente Professor José dos Santos Carvalho Filho conceitua a licitação como sendo “o
procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública
e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários
interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor
trabalho técnico, artístico ou científico”.
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Apostila: Direito Administrativo
Natureza jurídica
A natureza jurídica da licitação é a de procedimento administrativo com fim seletivo.
Registre-se que o procedimento constitui um “conjunto ordenado de documentos e
atuações que servem de antecedente e fundamento a uma decisão administrativa, assim
como às providências para executá-la”.
É preciso que a Administração divulgue o que pretende selecionar e contratar; que os
interessados apresentem documentos e propostas; que se obedeça a um processo formal de
escolha etc.
Disciplina Constitucional
A Constituição vigente refere-se expressamente à licitação, estabelecendo, no art. 22, inciso
XXVII, ser de competência privativa da União Federal legislar sobre “normas gerais de
licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1º, III”.
Afora esse dispositivo, a CF/88 aborda o tema nos artigos 37, inciso XXI; 71, incisos II e VI; e no
art. 173, § 1º.
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Disciplina Legal
A disciplina legal reguladora das licitações públicas é a Lei Federal nº 8.666, de 21/06/1993 –
Lei de Licitações e Contratos Administrativos – já tendo sofrida algumas alterações advindas
das Leis nº 8.883/94, nº 9.648/98, nº 9.854/99, nº Lei nº 11.079/2004 e nº 11.107/2005.
Merece destacar que o art. 22, XXVII da CF/88 disciplina que é de competência privativa da
União legislar sobre normas gerais de licitações e contratos, e aos Estados, Distrito Federal e
Municípios é lícito legislar sobre normas específicas.
Além do estatuto geral das licitações – Lei nº 8.666/93 – foi editada em 2002 a Lei nº 10.520,
de 17/07/2002, que trata da nova modalidade de licitação denominada pregão.
Objeto
O objeto imediato do procedimento licitatório é a seleção da proposta que melhor atenda
aos interesses da Administração Pública. Já o objeto mediato consiste na obtenção de
determinada obra, serviço, compra, alienação, locação ou prestação de serviço público, a
serem produzidos por particular através da contratação formal.
Assim, a contratação é o objetivo normalmente perseguido pela Administração. O certame
licitatório busca também selecionar a melhor proposta de trabalhos científicos, técnicos ou
artísticos.
Princípios
O art. 3º da Lei nº 8.666/93 disciplina que as licitações destinam-se a garantir a observância
do princípio constitucional da isonomia, selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Esse artigo enumera
os princípios básicos que regem o procedimento licitatório, sendo eles: legalidade,
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Apostila: Direito Administrativo
impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação
ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
Entre os princípios elencados, são específicos às licitações, e não à generalidade de
atuação administrativa, os princípios da vinculação ao instrumento convocatório e o do
julgamento objetivo. A doutrina enumera, ainda, como princípios implícitos específicos o da
competitividade, o do procedimento formal, o do sigilo das propostas e o da adjudicação
compulsória.
1 – Princípio da legalidade
O princípio da legalidade é basilar de toda atividade administrativa, logo, o administrador
não pode fazer prevalecer sua vontade pessoal, pois sua atuação tem que seguir
estritamente ao que impõe a lei.
Na órbita das licitações, o princípio da legalidade impõe que o administrador observe as
regras que a lei traçou para o procedimento. Trata-se da aplicação do devido processo
legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade certa; que seja
bem clara quanto aos critérios seletivos; que só deixe de realizar a licitação nos casos
permitidos na lei; que verifique, com cuidado, os requisitos de habilitação dos candidatos, e,
finalmente, que se disponha a alcançar os objetivos colimados, seguindo os passos dos
ditames legais.
2 – Princípio da impessoalidade
A impessoalidade provém da igualdade ou isonomia, da vinculação à lei e ao ato
convocatório e da moralidade. Indica vedação a distinções fundadas em caracteres
pessoais dos interessados. Exclui o subjetivismo do agente administrativo.
Assim, por este princípio, todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de
direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se em critérios
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objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por
ele oferecidas.
3 – Princípio da moralidade e da probidade
É obrigatório o respeito à probidade administrativa e à moralidade, pois o direito reprova
condutas incompatíveis com valores jurídicos. Em hipótese alguma a conduta adotada pela
Administração ou pelo particular poderá ofender os valores fundamentais consagrados pelo
sistema jurídico.
Na licitação, a conduta moralmente reprovável acarreta a nulidade do ato ou do
procedimento. A conduta do administrador público deve atentar para o disposto na regra
legal e nas condições do ato convocatório.
4 – Princípio da igualdade
Por tal princípio, veda-se o estabelecimento de condições que impliquem preferência em
favor de determinados licitantes em detrimento dos demais.
O § 1º do art. 3º da Lei nº 8.666/93 veda expressamente aos agentes públicos qualquer ato
capaz de ferir a igualdade e a competitividade entre os participantes da licitação. O mesmo
dispositivo legal também proíbe que se estabeleça tratamento diferenciado de natureza
comercial, legal, previdenciária ou qualquer outra entre empresas brasileiras e estrangeiras.
Contudo, a própria Lei, no § 2º do mesmo art. 3º, estabelece distinção entre os participantes,
em hipótese de empate. Se as condições oferecidas pelos proponentes forem iguais, como
critério de desempate será dada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
1º - produzidos no País;
2º - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; e
3º - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia no País.
5 – Princípio da publicidade
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Este princípio visa a garantir a qualquer interessado as faculdades de participação e de
fiscalização dos atos da licitação.
A publicidade desempenha duas funções. Na primeira, objetiva permitir o amplo acesso dos
interessados ao certame. Refere-se, nesse aspecto, à universalidade da participação no
processo licitatório. Na segunda função, a publicidade orienta-se a facultar a verificação da
regularidade dos atos praticados.
A ausência de publicidade somente é admitida quando outros interesses públicos possam ser
concretamente ofendidos.
6 – Princípio da vinculação ao instrumento convocatório
A vinculação ao instrumento convocatório é garantia do administrador e dos administrados.
Significa que as regras traçadas para o procedimento devem ser fielmente observadas por
todos. Se a regra fixada não é respeitada, o procedimento se torna inválido e suscetível de
correção na via administrativa ou judicial.
Se o instrumento de convocação, normalmente o edital, tiver falha, pode ser corrigido,
desde que ainda oportunamente, mas os licitantes deverão ter conhecimento da alteração
e a possibilidade de se amoldarem a ela.
O Professor Hely Lopes Meirelles ensina que o edital é “a lei interna da licitação” e, como tal,
vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu.
7 – Princípio do julgamento objetivo
Este princípio está consagrado, de modo expresso, no artigo 45 da Lei nº 8.666/93, nos
seguintes termos: “O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de
licitação ou responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação,
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores
exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelo
órgão de controle”.
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A noção de critério objetivo de julgamento vincula-se ao conceito de tipo de licitação. Os
tipos de licitação, aplicáveis a todas as modalidades de licitação, exceto as modalidades do
concurso e do pregão, estão previstos no § 1º do art. 45 da Lei. São tipos de licitação: a de
menor preço; a de melhor técnica; a de técnica e preço; e a de maior lance ou oferta.
8 – Princípio da competitividade
É correlato ao princípio da igualdade. Significa que a Administração não pode adotar
medidas ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da
licitação, isto é, deve o procedimento possibilitar a disputa e o confronto entre os licitantes,
para que a seleção se faça da melhor forma possível.
9 – Princípio do formalismo procedimental
O procedimento administrativo da licitação é sempre um procedimento formal,
especialmente em razão de preceder contratações que implicarão dispêndio de recursos
públicos.
Tal princípio passa a noção de que as regras do procedimento adotadas para a licitação
devem seguir parâmetros estabelecidos na lei, não sendo lícito aos administradores subvertê-
los a seu juízo.
10 – Princípio do sigilo das propostas
Este princípio decorre da própria lógica do procedimento e encontra-se enunciado, embora
indiretamente, no § 3º do art. 3º, que, ao propugnar a publicidade das licitações, declara
“públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo
das propostas, até a respectiva abertura”.
É em razão disso que as propostas devem vir lacradas e só devem ser abertas em sessão
pública previamente marcada. A violação do sigilo das propostas constitui crime e confere
ao infrator a pena de detenção, de 2 a 3 anos, e multa.
11 – Princípio da adjudicação compulsória
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O princípio da adjudicação compulsória ao vencedor impede que a Administração,
concluído o procedimento licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo
vencedor. Esse princípio também veda que se abra nova licitação enquanto válida a
adjudicação anterior.
Não se deve confundir adjudicação com a celebração do contrato. A adjudicação apenas
garante ao vencedor que, quando a Administração for celebrar o contrato relativo ao
objeto da licitação, ela o fará com o vencedor. Todavia, o contrato pode não ser
celebrado, por motivos como anulação do procedimento, ou que tenha sua celebração
adiada por motivo que justifique tal procedimento (interesse público, por exemplo).
A administração deverá convocar regularmente o interessado para assinar o contrato dentro
do prazo e condições estabelecidos. O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma
vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que
ocorra motivo justificado aceito pela Administração. Caso o adjudicatário deixe de firmar o
contrato no prazo estabelecido, decairá de seu direito à contratação e ficará caracterizado
o descumprimento total da obrigação, assumida, sujeitando-se às penalidades legalmente
estabelecidas.
Quando o convocado não assinar o termo de contrato no prazo e condições estabelecidos,
a Administração poderá convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação,
para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,
inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório. É
facultado à Administração, alternativamente, revogar a licitação.
Em contrapartida, a não convocação para a contratação, pela Administração, decorridos
60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas, libera os licitantes dos compromissos
assumidos.
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Obrigatoriedade de licitação
A CF/88 exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras e alienações (art. 37,
XXI), bem como para a concessão e a permissão de serviços públicos (art. 175).
A Lei nº 8.666/93 exige licitação para as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações, concessões, permissões e locações (art. 2º).
Estão obrigados à licitação todos os órgãos da Administração Pública direta, os fundos
especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 1º, parágrafo único).
Dispensa de licitação
O princípio da obrigatoriedade da licitação impõe que todos os destinatários previstos na Lei
nº 8.666/93 e na própria CF/88 façam realizar o procedimento antes de contratarem obras e
serviços. Todavia, a lei não poderia deixar de ressalvar algumas hipóteses que, pela sua
peculiaridade, não se compatibilizam com o rito e a demora do processo licitatório.
A dispensa de licitação, devidamente prevista no art. 24 da Lei nº 8.666/93, caracteriza-se
pelo fato de que, a priori, poderia o procedimento ser realizado, mas que, pela
particularidade do caso, decidiu o legislador não torná-lo obrigatório. Diversamente
acontece na inexigibilidade, pois nessa hipótese sequer é viável a realização da licitação.
A dispensa de licitação trata-se de situação excepcional prevista na Lei, uma vez que as
hipóteses previstas no art. 24 traduzem situações que fogem à regra geral. Outro aspecto
relevante diz respeito à taxatividade, o que significa dizer que as hipóteses elencadas no art.
24 não podem ser ampliadas pelo administrador.
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Licitação dispensável
Trata-se de hipótese em que a Lei autoriza a não realização do certame licitatório. Nesse
caso a competição é possível, mas a lei autoriza a Administração a, segundo critério de
oportunidade e conveniência, dispensar sua realização.
Vejamos as hipóteses de licitação dispensável, enumeradas no art. 24 da Lei nº 8.666/93:
1) para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), desde que
não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços de
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente. Para obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade
de economia mista e empresa pública, bem assim por autarquia e fundação qualificadas
como Agências Executivas, os limites são o dobro, ou seja, até R$ 30.000,00 (trinta mil reais);
2) para outros serviços e compras de valor até R$ 8.000,00 (oito mil reais) e para alienações,
nos casos previstos na Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez. Para serviços e
compras contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista e empresa
pública, bem assim por autarquia e fundação qualificadas como Agências Executivas, os
limites são o dobro, ou seja, até R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais);
3) nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
4) nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente
para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
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5) quando não acudirem interessados à licitação anterior (a chamada “licitação deserda”) e
esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízos para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;
6) quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar
o abastecimento;
7) quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços,
por valor não superior ao constante do registro de preços, ou de serviços, observada a regra
do art. 48, a seguir comentada;
Nessa hipótese, diante da inabilitação de todos os licitantes ou da desclassificação de todas
as propostas, a Administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas das
irregularidades apresentadas, facultada, no caso de convite, a redução desse prazo para
três dias úteis (art. 48, § 3º);
8) para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou
serviços prestados por órgãos ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha
sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência da Lei nº 8.666/1993, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
9) quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional;
10) para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades
precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a
sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
avaliação prévia;
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11) na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência
de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido;
12) nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário
para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com
base no preço do dia;
13) na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação
ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
14) para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico
aprovado pelo Congresso nacional, quando as condições ofertadas manifestamente
vantajosas para o Poder Público;
15) para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade
certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;
16) para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da
administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que
integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
17) para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira,
necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto
ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia;
18) nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em
estrada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas
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sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a
exigüidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das
operações e desde que seu valor não exceda R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
19) para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais
de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização
requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante
parecer de comissão instituída por decreto;
20) na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e
de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a
prestação de serviço ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado;
21) para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica
com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a
pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;
22) na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com
concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
23) na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com
suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou
obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado;
24) para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas
no contrato de gestão;
25) na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica (ICT) ou por agência de
fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de
exploração de criação protegida;
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26) na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de
sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação;
27) na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos
recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por
associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
28) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de
comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão;
29) na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares
das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
ratificadas pelo Comandante da Força;
30) na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins
lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do
Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
Reforma Agrária, instituído por lei federal; e
31) Nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº
10.973, de 2 de dezembro de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica no ambiente produtivo.
32) na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos
para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição
destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
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33) na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de
cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção
de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta
regular de água.
Licitação dispensada
Trata-se de hipótese em que a própria Lei de Licitações, diretamente, dispensa a realização
da licitação.
Enquanto nas hipóteses de licitação dispensável o procedimento licitatório poderá, ou não,
ocorrer, a critério do administrador, em razão do caso concreto, nas situações descritas
como de licitação dispensada não poderá o administrador realizar a licitação, uma vez que
a lei dispensou-a.
As hipóteses de licitação dispensada encontram-se no art. 17 da Lei nº 8.666/93. Todas as
situações de licitação dispensada referem-se à alienação de bens imóveis e móveis pela
Administração.
A alienação de bens imóveis da Administração Pública é subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado pela autoridade administrativa. A alienação
depende de autorização legislativa para órgãos da Administração direta e entidades
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as empresas públicas e sociedades de
economia mista, depende de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, exceto da hipótese do parágrafo seguinte.
A alienação de bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de
procedimento judicial ou de dação em pagamento, poderá ser feita por ato da autoridade
competente, após avaliação e comprovação da necessidade ou utilidade da alienação.
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Nesta hipótese, os bens imóveis poderão ser alienados mediante licitação nas modalidades
concorrência ou leilão.
Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à
comprovação do recolhimento de quantia correspondente a 5% da avaliação.
A licitação será dispensada nos seguintes casos de alienação de bens imóveis:
1) dação em pagamento;
2) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração
Pública, de qualquer esfera de governo. Cessadas as razões que justificaram a doação do
imóvel, ele reverterá ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação
pelo beneficiário;
3) permuta, por ouro imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha;
4) investidura;
5) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de
governo;
6) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou
permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
7) concessão de direito real de uso, quando o uso se destina a outro órgão ou entidade da
Administração Pública;
8) procedimentos de regularização fundiária de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de
dezembro de 1976;
9) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais
da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de quinze módulos fiscais
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Apostila: Direito Administrativo
ou mil e quinhentos hectares, para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos
legais.
A alienação de bens móveis da Administração Pública também é subordinada à existência
de interesse público devidamente justificado. Os bens móveis devem ser previamente
avaliados e alienados após a realização de licitação.
A licitação para a alienação de bens móveis é dispensada nas seguintes situações:
1) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de
sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma
de alienação;
2) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;
3) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação
específica;
4) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
5) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração
Pública, em virtude de suas finalidades;
6) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração
Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
Inexigibilidade
A inexigibilidade de licitação se verifica sempre que houver impossibilidade jurídica de
competição.
Na dispensa, a licitação é materialmente possível, mas em regra inconveniente; na
inexigibilidade, é inviável a competição.
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A inexigibilidade de licitação está disciplinada no art. 25 da Lei nº 8.666/93, que abaixo
transcrevemos:
“Art. 25 – É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,
devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo
órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.
§ 1º - considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no
campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 2º - na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis.”
Essencialmente, os casos exemplificados nos incisos do art. 25 acima descrito, dizem respeito
a: a) fornecedor exclusivo, vedada a preferência de marca; b) contratação de serviços
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técnicos profissionais especializados, de natureza singular, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade; c) contratação de artistas consagrados pela crítica ou pelo público.
O art. 13 da Lei nº 8.666/93 elenca os serviços conceituados como técnicos especializados
dentre os quais não se incluem os de publicidade.
Quanto à natureza singular, diz respeito ao serviço que seja visivelmente diferenciado em
relação aos serviços da mesma natureza prestados por outros profissionais do ramo, e que
seja prestado por profissional ou empresa de notória especialização.
A inexigibilidade de licitação bem como a dispensa devem ser expressamente motivadas,
com apontamento das causas que levaram à Administração a concluir pela impossibilidade
jurídica de competição ou pela dispensa.
Modalidades
São cinco as modalidades de licitação. Entretanto, são apenas três os fins a que se destinam,
e isso porque as três primeiras modalidades – a concorrência, a tomada de preços e o
convite – têm o mesmo objetivo: a contratação de obras, serviços e fornecimento, enquanto
o concurso e o leilão têm objetivos próprios e diferenciados.
Essas modalidades são expressas na Lei. Nenhuma outra, além delas, pode ser criada pela
Administração. Entretanto, a Lei nº 10.520/02 expressamente criou uma nova modalidade de
licitação, denominada pregão, e estendeu a todas as esferas da Federação, aplicável a
contratos para aquisição de bens e serviços comuns.
1 – Concorrência
Concorrência é a modalidade de licitação adequada a contratações de grande vulto. O
Estatuto estabelece duas faixas de valor: uma, para obras e serviços de engenharia
(contratações acima de R$ 1.500.000,00), e outra para compras e serviços (contratações
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acima de R$ 650.000,00) - Art. 23, I, “c” e II, “c”. A partir de tais limites, a contratação exigirá
a concorrência.
Exatamente porque os recursos financeiros a serem empregados pela Administração são
mais elevados, essa modalidade é a que apresenta, em seu procedimento, maior rigor
formal e exige mais ampla divulgação. Por isso, dela podem participar quaisquer interessados
que demonstrem possuir os requisitos mínimos de qualificação fixados no edital.
No entanto, a lei exige a concorrência em algumas situações em que não se considera o
valor, mas a natureza do contrato a ser celebrado. É o caso em que a Administração
pretende adquirir ou alienar bens imóveis; quando o certame tem cunho internacional; e
quando pretende celebrar contrato de concessão de direito real de uso.
Há dois tipos básicos de concorrência: a nacional e a internacional. A primeira é a realizada
para as empresas nacionais dentro do território do país. A internacional é aquela da qual
podem participar empresas estrangeiras.
Mesmo sendo internacional a concorrência, a Administração deve obedecer fielmente ao
princípio da igualdade.
Duas são as características mais marcantes da concorrência. A primeira delas é o formalismo
mais acentuado, razão por que é sempre exigível uma fase inicial de habilitação preliminar,
na qual são aferidas as condições de cada participante.
A segunda é a publicidade mais ampla, o que se traduz na necessidade de participação de
todos quantos estiverem interessados na contratação. Tanto é verdadeiro o fato que os
avisos resumidos dos editais de concorrência têm prazos mais longos que os das demais
espécies.
2 – Tomada de Preços
O art. 22, § 2º da lei nº 8.666, define a tomada de preços como “a modalidade de licitação
entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições
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exigidas para cadastramento até o 3º dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação”.
A tomada de preços presta-se à celebração de contratos relativos a obras e serviços de
engenharia (contratações até R$ 1.500.000,00); serviços e compras de menor vulto do que os
que exigem a concorrência (contratações até R$ 650.000,00) - Art. 23, I, “b” e II, “b”. Fora esta
característica, o procedimento, inclusive quanto ao julgamento por comissão de três
membros, é o mesmo da concorrência.
O que realmente distingue a tomada de preço é a existência da habilitação prévia à
abertura do procedimento, mediante o cadastramento dos interessados nos registros
cadastrais da Administração.
De qualquer forma, mesmo os não previamente cadastrados têm garantia a possibilidade,
tendo em vista o princípio da competitividade, de se inscreverem até o 3º dia anterior à data
do recebimento das propostas, contanto que satisfaçam as condições de qualificação
exigidas.
É admitida a tomada de preços para licitações internacionais, quando o órgão ou entidade
dispuser de cadastro internacional de fornecedores e desde que o contrato a ser celebrado
esteja dentro dos limites de valor estabelecidos na Lei.
3 – Convite
A modalidade de convite é que comporta menor formalismo, e isso porque se destina a
contratações de menor vulto: a) para obras e serviços de engenharia (contratações até R$
150.000,00); e para compras e serviços (contratações até R$ 80.000,00) - Art. 23, I, “a”, e II,
“a”.
Nessa modalidade, não há edital. O instrumento convocatório denomina-se carta-convite, e
é nesta que são colocadas, sucintamente, as regras da licitação. As cartas-convite são
remetidas, no mínimo, a três interessados no ramo a que pertence o objeto do contrato, os
quais são livremente escolhidos pelo administrador, entre empresas cadastradas ou não.
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A Lei nº 8.666/93 admite a participação de interessados não convidados diretamente, mas
cadastrados junto aos órgãos administrativos. Para possibilitar sua participação, a mesma lei
impôs a obrigação de afixar-se, em local adequado, cópia do instrumento convocatório
(art.22, § 3º).
O formalismo é diminuto no convite: não só é bastante suave a exigência documental para
a habilitação, como também basta o prazo mínimo de cinco dias entre a expedição da
carta-convite e o recebimento das propostas ou a realização do evento.
Há ainda duas regras importantes a serem observadas nesta modalidade de licitação. A
primeira diz respeito ao desinteresse dos convidados ou à limitação do mercado. Nessas
situações, pode ser que a Administração não consiga o afluxo do número mínimo de três,
exigido para o convite. Se isso ocorrer, a lei considera válido realizar o confronto entre
apenas duas propostas, ou, se uma só for apresentada, celebrar diretamente o contrato.
Para tanto, deverá o órgão administrativo justificar minuciosamente o fato e aquelas
circunstâncias especiais; se não o fizer, o convite terá que ser repetido (art.22, § 7º).
Quando existirem na praça mais de três interessados, não podem ser sempre os mesmos e
apenas eles, os convidados. Dessa maneira, realizando-se novo convite para objeto idêntico
ou assemelhado, é obrigatório o chamamento de, no mínimo, mais um interessado,
enquanto houver cadastrados não convidados nas últimas licitações (art. 22, § 6º). O
legislador tentou, com tal dispositivo, evitar o favorecimento de somente algumas empresas
e permitir que outras, já cadastradas, tenham a chance de também participar do certame.
4 – Concurso
Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmio ou remuneração
aos vencedores (art. 22, § 4º).
A publicidade é assegurada por meio de publicação do edital, consoante estabelece o
mesmo artigo 22, § 4º, com, pelo menos, 45 dias de antecedência; esse prazo é previsto
também no artigo 21, § 2º, inciso, I, a.
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5 – Leilão
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis cuja aquisição haja derivado de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento (art. 19), a quem possa oferecer o
maior lance, igual ou superior ao da avaliação (art. 22, § 5º).
Quando se tratar de bens imóveis, a modalidade de licitação obrigatória é a concorrência
(art. 17, I, e art. 23, § 3º), com ressalva para as hipóteses do art. 19. Nada diz a lei sobre bens
semoventes. Na Lei nº 8.666/93 nada se diz quanto a esse tipo de bem, podendo, no entanto,
ser-lhe aplicada a mesma regra que se refere aos bens móveis, já que os semoventes são,
em regra, considerados uma espécie de bem móvel dotado de movimento próprio (como os
animais), ao lado de outra modalidade que não tem essa característica.
6 – Pregão
O pregão é uma sexta modalidade de licitação, instituída a par das cinco arroladas no art.
22 da Lei nº 8.666/93, pela MP nº 2.026/2000.
A Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, expressamente estendeu o pregão a todas as esferas
da Federação, passando ele a ser modalidade aplicável no âmbito da União, Estados, DF e
Municípios.
O pregão destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, assim entendidos aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por
meio de especificações usuais no mercado (art. 1º, parágrafo único).
O pregão pode ser utilizado para qualquer valor de contrato.
Apesar de vetado o caput do art. 2º da Lei nº 10.520/2002, permanece não existindo
qualquer limite de valor à contratação mediante pregão. Da mesma forma, continua
inteiramente aplicável, para efeito doutrinário, a definição dessa modalidade de licitação, a
saber:
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“Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme disposto em regulamento, qualquer que seja
o valor estimado da contratação e lances em sessão pública”.
Algumas importantes características do pregão, que têm permitido a redução do preço das
contratações, com sensível vantagem para o Erário, são a possibilidade de redução de
preço das propostas iniciais por meio de lances verbais dos participantes e a não exigência
de habilitação prévia ou de garantias, com o conseqüente aumento do número de
concorrentes e da competitividade. O legislador abriu mão da exigência de habilitações
prévias e garantias, optando por, em vez disso, impor rigorosas sanções àqueles que,
vencendo a licitação, deixem de adimplir o contrato ou o executem inadequadamente. A
Lei prevê sanções como a imposição de multas e o impedimento de licitar e contratar com o
ente federando licitante pelo prazo de até cinco anos.
Outro ponto importante é que, no pregão, não se leva em consideração o vulto do contrato
(valor da contratação), mas sim as características dos bens ou serviços, que devem ser
comuns, ou seja, simples, rotineiros. Por esse motivo, também, o tipo de licitação, no pregão,
é sempre o de menor preço não se exige capacitação técnica especializada para o
fornecimento dos bens ou prestação dos serviços objeto do pregão.
São princípios norteadores do pregão, ao lado dos já estudados princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa,
da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, outros princípios
correlatos, como o da celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,
competitividade, justo preço, seletividade e comparação objetiva das propostas.
O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública. O autor da oferta de
valor mais baixo e os das ofertas com preços até dez por cento superiores a ela poderão
fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor, sempre pelo
critério menor preço. Não havendo pelo menos três ofertas com diferença de até dez por
cento em relação à mais baixa, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo
de três, oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos.
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Examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao
pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade.
Encerrada a etapa e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do envelope
contendo os documentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta,
para verificação das condições fixadas no edital.
A habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante
a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço- FGTS,
e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que
atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnicas e
econômico-financeira.
Provavelmente o aspecto que mais distingue essa modalidade de licitação daquelas
reguladas pela Lei nº 8.666/1993 é a inversão que ocorre nas fases de habilitação e
julgamento das propostas. Enquanto naquelas modalidades a habilitação é sempre anterior
à abertura e julgamento propostas (sequer sendo abertas as propostas dos licitantes
inabilitados), no pregão ocorre o contrário: a habilitação dos licitantes é fase posterior.
Verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado
vencedor. Homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário (licitante
vencedor) será convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital. Se o licitante
vencedor, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta (o prazo de validade
das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital), não celebrar o
contrato, este será celebrado com o colocado seguinte que atenda às exigências de
habilitação e demais estabelecidos no edital.
Nesta modalidade de licitação é vedada a exigência de:
I - garantia de proposta;
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição para participação no certame; e
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III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os referentes a fornecimento do edital,
que não serão superiores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização de
recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.
É importante registrar que as normas da Lei nº 8.666/1993 aplicam-se subsidiariamente à essa
modalidade de licitação.
Finalmente, é interessante registrar que § 1º do art. 2º da Lei nº 10.520/2002 prevê a
possibilidade de “ser realizado o pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da
informação, nos termos de regulamentação específica”, trata-se do chamado “Pregão
Eletrônico”. O pregão eletrônico é realizado em sessão pública, por meio de sistema
eletrônico que promova a comunicação pela Internet.
Procedimentos: as fases da licitação
A licitação, em se tratando de um procedimento administrativo, compreende uma série de
atividades e a prática de um conjunto de atos tendentes a alcançar um só resultado, isto é,
a escolha da melhor proposta para o contrato.
O art. 43 da lei nº 8.666/1993 faz uma breve síntese das principais fases de andamento e
julgamento da licitação, que muito auxilia na visão sistemática de todo o procedimento
licitatório, quais sejam:
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos
concorrentes, e sua apreciação;
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as
respectivas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados, desde que
transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou
após o julgamento dos recursos interpostos;
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IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme
o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou
ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser
devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das
propostas desconformes ou incompatíveis;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação
constantes do edital;
VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do
objeto da licitação.
Audiência Pública
A fim de ampliar o acesso às informações relativas ao contrato a ser firmado com a
Administração, a Lei nº 8.666/1993, em seu art. 39, estabelece a obrigatoriedade de
realização de uma audiência pública prévia à publicação do edital nas licitações de valores
mais elevados.
O referido artigo 39 prevê a realização da audiência pública, com antecedência mínima de
15 dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a
antecedência mínima de 10 dias úteis de sua realização, sempre que o valor estimado para
uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for superior a R$
150.000.000,00 (cento e cinqüenta milhões de reais).
O parágrafo único do art. 39 define como licitações simultâneas aquelas com objetos
similares e com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias. Consideram-se
sucessivas duas ou mais licitações quando, sendo similares seus objetos, o edital da segunda
publicado antes de cento e vinte dias após o término do contrato resultante da primeira
licitação e assim por diante.
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Edital
Edital é o ato pelo qual a Administração divulga as regras a serem aplicadas em
determinado procedimento de licitação. O edital é a lei interna da licitação. O edital traduz
uma verdadeira lei porque subordina administradores e administrados às regras que
estabelece.
Para a Administração, o edital é ato vinculado e não pode ser desrespeitado por seus
agentes. Nesse sentido, é expresso o art. 41 da Lei nº 8.666/93: “A Administração não pode
descumprir as normas e as condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”. Se
houver modificação superveniente do edital, a Administração tem duas obrigações:
1) divulgar a modificação pela mesma forma em que se deu o texto original; e
2) reabrir o prazo estabelecido no início, salvo quando a alteração não afetar a
formulação da proposta.
O edital é uma das espécies de instrumento convocatório. Não é utilizado na modalidade de
convite, porque nesta o instrumento é a carta-convite, que, na verdade, faz as vezes do
edital, porque fixa, ainda que sumariamente, algumas normas e condições que devem
vigorar no convite.
Vários dados devem figurar no edital, como o objeto da licitação, o preço e as condições de
reajuste, o prazo, o critério de julgamento etc. (art. 40). O edital deve ser divulgado através
de aviso resumido (extrato), publicado no Diário Oficial, sendo indicado o local onde pode
ser conseguido o inteiro teor do ato. O edital deve obrigatoriamente ter alguns anexos: a
minuta do contrato a ser firmado; o orçamento estimado em planilhas de quantitativos e
preços unitários; o projeto básico e, se for o caso, o projeto executivo; e as especificações
complementares e as normas de execução.
Se o edital tiver alguma irregularidade, é assegurado a qualquer cidadão impugná-lo,
protocolando o pedido até cinco dias úteis antes da data designada para a abertura dos
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envelopes de habilitação. Oferecida a impugnação, cabe à Administração decidi-la no
prazo de três dias (art. 41, § 1º). O direito assegurado na Lei de Licitação, entretanto, não
exclui o de representação ao Tribunal de Contas respectivo, órgão incumbido do controle
financeiro da Administração. (art. 113, § 1º).
Além do cidadão, a lei assegurou também ao licitante a faculdade de impugnação aos
termos do edital. Seu prazo, porém, é menor do que o conferido ao cidadão: até o segundo
dia útil que anteceder a abertura dos envelopes da habilitação (na concorrência), dos
envelopes com as propostas (no convite, tomada de preços ou concurso) ou da realização
do leilão (art. 41, § 2º). Se não o fizer nesse prazo, decai do direito à impugnação perante a
Administração. Para evitar qualquer retaliação contra o licitante que fez a impugnação, é a
ele garantida a participação no certame até a decisão final sobre o que suscitou na
representação. Advirta-se, porém, que nada impede que a Administração exerça seu poder
de autoridade, corrigindo de ofício a regra ilícita.
Antecedência mínima do edital
A antecedência mínima a ser observada encontra-se disciplinada no art. 21 da Lei e, no
caso da modalidade pregão, no art. 4º, V, da Lei nº 10.520/2002 (deve-se observar que
apenas os prazos relativos às modalidades convite e pregão são contados em dias úteis):
A partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos (prevalecendo a data
que ocorrer mais tarde), o prazo mínimo a ser observado para o recebimento das propostas
ou a realização do evento será de:
1) quarenta e cinco dias para as modalidades:
a) concurso;
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b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de
empreitada integral ou quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço;
2) trinta dias para as modalidades:
a) concorrência, nos casos não especificados na letra “b” acima;
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preços;
3) quinze dias para as modalidades:
a) tomada de preços, nos casos não especificados na letra “b” acima;
b) leilão;
4) cinco dias úteis para a modalidade convite;
5) oito dias úteis para a modalidade pregão, contados a partir da publicação do aviso.
Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que seu o texto
original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido para a apresentação das propostas,
exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.
Habilitação dos licitantes
Hely Lopes Meirelles define a fase de habilitação como aquela em que se procede à
verificação da documentação e de requisitos pessoais dos licitantes, habilitando-os ou
inabilitando-os. É etapa relacionada às qualidades pessoais dos interessados em licitar.
Ocorre previamente à análise das propostas.
A habilitação tem por finalidade garantir que o licitante, na hipótese de ser o vencedor do
certame, tenha condições técnicas, financeiras e idoneidade para adequadamente cumprir
o contrato objeto da licitação. Somente poderá ser exigida dos interessados, para
habilitação nas licitações, documentação relativa a:
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1) habilitação jurídica;
2) qualificação técnica;
3) qualificação econômico-financeira;
4) regularidade fiscal e trabalhista.
A documentação para habilitação poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos
de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão.
A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional das
Pessoas Jurídicas (CNPJ);
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo
ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o
objeto contratual;
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou
sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais
instituídos por lei; e
V - prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a
apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá em:
I - cédula de identidade;
II - registro comercial, no caso de empresa individual;
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III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se
tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado de
documentos de eleição de seus administradores;
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de
diretoria em exercício;
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em
características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações
e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do
objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe
técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e,
quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições
locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.
A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e
apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa,
vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados
por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação
da proposta;
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II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da
pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no caput e § 1o do art. 56 desta
Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.
A inabilitação implica exclusão do interessado do procedimento licitatório. O art. 41, § 4º,
estabelece que “a inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar das
fases subseqüentes”. Por esse motivo, o recurso contra a inabilitação tem efeito suspensivo
(art. 109, § 2º).
Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes e abertas as propostas, não cabe
desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos
supervenientes ou só conhecidos após o julgamento. (art. 43, § 5º).
Após a fase de habilitação, o licitante não poderá mais desistir da proposta apresentada,
salvo por motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão. (art. 43, §
6º).
Julgamento da habilitação
Antes de examinar as propostas oferecidas, cabe à Comissão analisar os documentos
necessários à habilitação dos candidatos. Os candidatos devem fornecer dois envelopes, um
contendo os documentos necessários à habilitação, e outro, com as propostas. Por isso, a
primeira providência na sessão é a abertura dos envelopes contendo os documentos para a
habilitação; nesse momento, ainda não se abrem os envelopes das propostas.
Examinando-se o primeiro envelope, separam-se os candidatos que atenderam aos requisitos
da habilitação, Estes são os habilitados. Formam outro grupo os que não conseguiram
apresentar a documentação necessária à habilitação: são os inabilitados. A estes a
Comissão devolve, fechados, os envelopes das propostas, e isso porque ficam desobrigados
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da competição (art. 43, I e II). Outro aspecto importante é o relativo aos recursos: para que a
sessão prossiga com vistas a julgar as propostas, é preciso que os inabilitados desistam
expressamente de interpor recurso; não havendo esta desistência, a sessão só deverá
continuar após o julgamento do recurso, ou após transcorrido o prazo recursal (art. 43., III).
O ato que considera habilitados os candidatos tem dois efeitos importantes. O primeiro reside
em que não mais caberá desistência da proposta, salvo, excepcionalmente, por motivo justo
derivado de fato superveniente, aceito pela Comissão. O segundo é que, ao ser
ultrapassada a fase de habilitação, e sendo abertos os envelopes das propostas, não mais
pode haver desclassificação calcada em motivo relativo à habilitação, a não ser que os
fatos tenham ocorrido superveniente ou só tenham sido conhecidos após o julgamento. (art.
43, §§ 5º e 6º).
Julgamento das propostas
O julgamento das propostas é a fase em que a Administração procede efetivamente à
seleção daquela proposta que se afigura mais vantajosa para o futuro contrato. É a fase
mais relevante, porque define o destino dos participantes, indicando qual deles conquistará
a vitória na competição.
Entretanto, nessa fase, é sempre necessário verificar dois aspectos:
1) a razoabilidade dos preços; e
2) a compatibilidade das propostas com as exigências do edital.
Após essa verificação, agrupam-se, de um lado, os classificados, e, de outro, os
desclassificados.
O que importa é que, colocadas lado a lado as propostas dos classificados, cumpre
selecionar aquela que é mais vantajosa para a Administração, segundo o que o instrumento
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convocatório estabelecer. Essa vai ser a proposta vitoriosa, permitindo o futuro vínculo
obrigacional com a Administração.
O Estatuto reza que no julgamento, que deve ser objetivo, o órgão administrativo deve levar
em conta os fatores referidos no instrumento convocatório (art. 45). Fatores são, pois, os
elementos que a comissão julgadora pode considerar para a escolha. E é razoável que seja
assim, porque não rara vezes não é o preço como fator isolado que deve prevalecer, mas
sim o preço em conjunto com outros fatores. São exemplos de fatores os relativos à
qualidade, rendimento, preço, prazo e outros do gênero.
Diferente de fatores são os critérios de julgamento. Estes traduzem a conjugação dos fatores
computados pela comissão para chegar à proposta mais vantajosa. O preço de uma
proposta pode ser menor, mas não ser o melhor quando conjugado com outros fatores,
como o prazo, ou a qualidade, por exemplo.
Por outro lado, o critério a ser adotado pela Administração deve estar previamente fixado no
edital ou na carta-convite, em obediência, aliás, ao princípio do julgamento objetivo e da
vinculação ao edital (art. 3º).
Homologação e adjudicação
O artigo 43, inciso VI, da Lei nº 8.666/93 prevê, como ato final do procedimento, a
“ deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto
da licitação”.
Note-se que os dois atos ficam fora da atuação da Comissão e passam a ser de
competência da autoridade superior (um ministro de Estado ou um presidente de uma
autarquia, por exemplo).
A homologação equivale à aprovação do procedimento; ela é precedida do exame dos
atos que o integram pela autoridade competente, a qual, se verificar algum vício de
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ilegalidade, anulará o procedimento ou determinará seu saneamento, se cabível. Se o
procedimento estiver em ordem, ela o homologará. A mesma autoridade pode, por razões
de interesse público devidamente demonstradas, revogar a licitação.
A adjudicação é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade competente
para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação. É o ato final do procedimento.
Trata-se de ato declaratório que não se confunde com a celebração do contrato, pois, por
meio dele, a Administração proclama que o objeto da licitação é entregue ao vencedor.
Depois de praticado esse ato é que a Administração vai convocá-lo para assinar o contrato.
Trata-se de ato vinculado, já que as únicas hipóteses em que a Administração pode deixar
de efetuar a adjudicação são as de anulação ou revogação do procedimento, conforme
previsto no art. 49 da Lei nº 8.666/93.
Embora a adjudicação seja ato meramente declaratório, ela já produz alguns efeitos, assim
referidos por Hely Lopes Meirelles: “a) a aquisição do direito de contratar com a
Administração nos termos em que o adjudicatário venceu a licitação; b) a vinculação do
adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no edital e aos prometidos na sua proposta;
c) a sujeição do adjudicatário às penalidades previstas no edital e a perda de eventuais
garantias oferecidas, se não assinar o contrato no prazo e condições estabelecidas; d) o
impedimento de a Administração contratar o objeto licitado com qualquer outro que não
seja o adjudicatário; e) a liberação dos licitantes vencidos dos encargos da licitação”.
Feita a adjudicação, a Administração convocará o adjudicatário para assinar o contrato,
devendo faze-lo no prazo de 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas;
ultrapassando esse prazo, ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos (art. 64, §
3º).
Se o interessado não atender à convocação no prazo estabelecido pela Administração,
perderá o direito à contratação e ficará sujeito às penalidades previstas no artigo 87; o prazo
de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pela
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parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela
Administração (art. 64, § 1º).
Caso o interessado não atenda à convocação, a Administração poderá convocar os
licitantes remanescentes, pela ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas
mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços
atualizados de conformidade com o ato convocatório; ou pode revogar a licitação, sem
prejuízo da sanção prevista no artigo 87 (art. 64, § 2º).
Os licitantes remanescentes, porém, não são obrigados a aceitar o contrato, já que, se o
fizerem, terão que sujeitar-se às condições propostas pelo vencedor; assim, não ficam sujeitos
às penalidades administrativas, conforme determina o artigo 81, parágrafo único.
Tipos de Licitação
Além dos fatores e dos critérios de julgamento, são apontados no estatuto os tipos de
licitação: a de menor preço, a de melhor técnica, a de técnica e preço e a de maior lance
ou oferta, este último adotado para alienação de bens ou concessão de direito real de uso
de bens públicos. Nos três primeiros, como o próprio nome indica, leva-se em conta o fator
pertinente, embora, possam ser considerados outros para a fixação do critério.
O menor preço é resultado que decorre de verificação objetiva. Diz a lei que esse tipo ocorre
quando o instrumento convocatório determina que a proposta mais vantajosa será aquela
que se apresentar de acordo com as especificações do edital e ofertar o menor preço.
O de melhor técnica, por exemplo, tem duas etapas: uma, em que os candidatos se
submetem a uma valorização de suas propostas; se a proposta não alcançar essa
valorização mínima, está fora do certame. A outra é a fase da negociação: o candidato que
ofereceu a proposta vitoriosa sob o critério técnico só celebra o contrato se aceitar a
execução do objeto ajustado pelo preço mínimo oferecido pelos participantes (art. 46, I e II).
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Se recusar reduzir seu preço, será chamado o candidato que ficou em segundo lugar, e
assim sucessivamente. Ora, é evidente a incoerência desse tipo de processo, porque
dificilmente o candidato de melhor técnica vai submeter-se a um preço oferecido por
candidato de técnica inferior.
O tipo de técnica e preço caracteriza-se pelo fato de que o resultado do certame se faz de
acordo com a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de
acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório (art. 46, § 2º, I e II). Aqui
o grande cuidado de administrador reside na confecção do instrumento convocatório. Pela
grande complexidade de certas contratações, os administradores freqüentemente se valem
da experiência e do conhecimento de técnicas para a elaboração do edital, que terá que
conter fundo detalhamento para possibilitar a seleção da melhor proposta.
Carta-Convite
A carta-convite é o instrumento convocatório utilizado para chamar os interessados a
participar da licitação quando adotada a modalidade convite. A carta-convite é enviada
diretamente aos interessados e não precisa ser publicada, devendo, entretanto, ser fixada
cópia em local apropriado (art. 22, § 3º). Aplicam-se à carta-convite, no que for cabível, as
disposições relativas ao edital, especialmente, quanto à identificação do objeto da licitação,
critério de julgamento e demais condições cujo conhecimento seja indispensável.
Comissão de Licitação
As etapas de habilitação dos licitantes e julgamento das propostas são efetivadas por uma
comissão, denominada comissão de licitação ou comissão julgadora.
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Os órgãos ou entidades da Administração poderão possuir comissões permanentes ou
constituir comissões especiais. As comissões serão integradas por no mínimo, 3 (três) membros,
sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos quadros
permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
No caso de licitação na modalidade convite, a comissão de licitação, excepcionalmente,
nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal disponível,
poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.
(art. 51, § 1º).
Os membros das comissões de licitação responderão solidariamente por todos os atos
praticados pela comissão, salvo se posição individual divergente estiver devidamente
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a
decisão.(art. 51, § 3º).
7 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Introdução
As relações jurídicas ajustadas pela Administração Pública com terceiros decorrem de atos
unilaterais (atos administrativos) e de atos plurilaterais (contratos). As avenças disciplinadas
pelo Direito Administrativo são denominadas contratos administrativos, e como tais a doutrina
tem considerado os que : a) recebem da lei essa denominação; b) tem por objeto o uso de
bem público e a prestação de serviço público; c) contêm cláusulas exorbitantes.
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Contratos da Administração
Toda vez que a Administração Pública celebra compromissos recíprocos com terceiros, firma
um contrato. São esses contratos que se convencionou denominar de contratos da
Administração, caracterizado pelo fato de que a Administração Pública figura num dos pólos
da relação contratual.
Contratos Privados da Administração
Trata-se de uma das espécies de contratos da Administração, regulados pelo Direito Civil e
Comercial. Assim, quando a Administração firma contratos regulados pelo direito privado,
situa-se no mesmo plano jurídico da outra parte, não lhe sendo atribuída, como regra,
qualquer vantagem especial que lhe garanta às linhas do sistema contratual comum.
São exemplos de contratos de direito privado da Administração a compra e venda, a
doação, a locação etc.
Contratos Administrativos
Os contratos administrativos também constituem espécie do gênero contratos da
Administração, mas têm normas reguladoras diversas das que disciplinam os contratos
privados firmados pelo Estado.
Sendo contratos típicos da Administração, sofrem a incidência de normas especiais de direito
público, só lhes aplicando supletivamente as normas de direito privado.
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Conceito
Para o Professor José dos Santos Carvalho Filho contrato administrativo é “o ajuste firmado
entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo direito público, e
tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse público”.
Já o Professor Hely Lopes Meirelles conceitua contratos administrativos como “o ajuste que a
Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade
administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições
estabelecidas pela própria Administração”.
Características dos contratos administrativos
I – Relação Contratual
Possui a relação jurídica do contrato administrativo algumas peculiaridades próprias de sua
natureza, apresentado as seguintes características:
1 - formalismo, porque não basta o consenso das partes, mas, ao contrário, é necessário que
se observem certos requisitos externos e internos;
2 - comutatividade, já que existe equivalência entre as obrigações, previamente ajustadas e
conhecidas;
3 - confiança recíproca (intuitu personae), porque o contratado é, em tese, o que melhor
comprovou condições de contratar com a Administração, fato que, inclusive, levou o
legislador a só admitir a subcontratação de obra, serviço ou fornecimento até o limite
consentido, em cada caso, pela Administração, isso sem prejuízo de sua responsabilidade
legal e contratual (art. 72 do Estatuto);
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4 - bilateralidade, indicativa de que o contrato administrativo sempre há de traduzir
obrigações para ambas as partes.
II – Posição Preponderante da Administração
Os contratos privados em geral traduzem um conjunto de direitos e obrigações em relação
aos quais as partes se situam no mesmo plano jurídico. Não há supremacia de uma sobre a
outra, e esse nivelamento está presente durante todo o curso do ajuste.
O mesmo não se passa com os contratos administrativo, e isso é explicável pelo fato de que
eles visam a alcançar um fim útil para a coletividade, e, além disso, deles participa a própria
Administração. É lógico, então, que no conflito entre os interesses do particular contratado e
o Estado contratante tenham que prevalecer os pertencentes a este último.
Não se pode deixar de reconhecer, em conseqüência, uma certa desigualdade entre as
partes contratantes, fato que confere à Administração posição de supremacia em relação
ao contratado. O mesmo se pode dizer dos tradicionais princípios romanos da imutabilidade
unilateral dos contratos (lex inter partes e pacta sunt servanda), que sofrem notória mitigação
quando se trata de contratos administrativos, como será visto oportunamente.
Essa situação de preponderância em favor da Administração está dispersa em vários
dispositivos do Estatuto, a começar pelo art. 54, verdadeiro princípio norteador de várias
outras regras da mesma natureza.
III – Finalidade Pública
Esta característica está presente em todos os atos e contratos da Administração Pública,
ainda que regidos pelo direito privado; às vezes, pode ocorrer que a utilidade direta seja
usufruída apenas pelo particular, como ocorre concessão de uso de sepultura, mas,
indiretamente, é sempre o interesse público que a Administração tem que ter em vista, sob
pena de desvio de poder. No exemplo citado, o sepultamento adequado, nos termos da lei,
é do interesse de todos e, por isso mesmo, colocado sob tutela do Poder Público.
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IV – Formalismo
Os contratos administrativos são em regra formais e escritos e sempre consensuais.
É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas
compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a R$ 4.000,00
(quatro mil reais), feitas em regime de adiantamento (art. 60, parágrafo único).
Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a
finalidade, o ato que autorizou a sua celebração, o número do processo da licitação, da
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas da Lei nº 8.666 e às
cláusulas contratuais (art. 61).
Além desses requisitos, o resumo do instrumento de contrato, qualquer que seja seu valor
(inclusive os contratos sem ônus), deve ser publicado na imprensa oficial no prazo máximo de
vinte dias, contados a partir do quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura. A
publicação é condição indispensável para a eficácia do contrato. (art. 61, parágrafo único).
Conforme o art. 62 da Lei nº 8.666, o instrumento de contrato é obrigatório nos casos de
concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos
preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação. Nos demais
casos, o instrumento de contrato é facultativo. Não significa isso que o vínculo obrigacional
seja verbal. A lei estabelece que, na hipótese de dispensar o uso do instrumento de contrato,
a Administração deverá substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato,
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.
A Lei permite, também, que a Administração dispense o "termo de contrato", facultando a
substituição por outros meios hábeis, como acima exemplificado, a seu critério e
independentemente de seu valor, nos casos de compra com entrega imediata e integral dos
bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica (art.
62, § 4º).
No intuito de assegurar a publicidade dos contratos administrativos, dispõe a Lei que é
permitido a qualquer licitante o conhecimento dos termos do contrato e do respectivo
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processo licitatório e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o
pagamento dos emolumentos devidos (art. 63).
V – Natureza de Contrato de Adesão
Todas as cláusulas dos contratos administrativos são fixadas unilateralmente pela
Administração. Em um contrato de adesão, uma das partes propõe as cláusulas e a outra
parte não pode propor alterações.
Pelo instrumento convocatório (normalmente o edital) da licitação, o poder público faz uma
oferta a todos os interessados, fixando as condições em que pretende contratar; a
apresentação de propostas pelos licitantes equivale à aceitação da oferta feita pela
Administração.
O art. 55 da Lei nº 8.666/93 elenca as cláusulas que obrigatoriamente deverão constar dos
contratos administrativos, tais como o objeto e seus elementos; o regime de execução ou a
forma de fornecimento; o preço e as condições de pagamento etc.
Importante registrar que a minuta do futuro contrato a ser celebrado entre o vencedor da
licitação e a Administração integrará sempre o edital ou ato convocatório do certame.
VI – Natureza “intuitu personae” (pessoalidade)
Todos os contratos para os quais a lei exige licitação são firmados intuitu personae, ou seja,
em razão de condições pessoais do contratado, apuradas no procedimento da licitação.
Não é por outra razão que a Lei nº 8.666/93, no artigo 78, VI, veda a subcontratação total ou
parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência,
total ou parcial; essas medidas somente são possíveis se expressamente previstas no edital da
licitação e no contrato. Além disso, é vedada a fusão, cisão ou incorporação que afetem a
boa execução do contrato. Note-se que o artigo 72 permite a subcontratação parcial nos
limites admitidos pela Administração; tem-se que conjugar essa norma com a do artigo 78, VI,
para entender-se que a medida só é possível se admitida no edital e no contrato.
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Todas essas medidas constituem motivo para rescisão unilateral do contrato (art. 78, VI),
sujeitando-se, ainda, o contratado, às sanções administrativas previstas no artigo 87 e às
conseqüências assinaladas no artigo 80.
VII – Presença das Cláusulas Exorbitantes
Cláusulas exorbitantes ou cláusulas de privilégio são as prerrogativas especiais conferidas à
Administração na relação do contrato administrativo em virtude de sua posição de
supremacia em relação ao particular contratado.
A lei relaciona as seguintes cláusulas exorbitantes (art. 58 da Lei nº 8.666/93):
a) Exigência de garantia
A faculdade de exigir garantia nos contratos de obras, serviços e compras está prevista no
art. 56, § 1º, da Lei de Licitação, podendo abranger as seguintes modalidades: caução em
dinheiro ou títulos da dívida pública; seguro-garantia e fiança bancária.
Trata-se de uma prerrogativa da Administração que objetiva assegurar a adequada
execução do contrato, ou, na falta do contrato, ensejadora da aplicação de multa,
assegurar diretamente o recebimento dessa multa pela Administração.
A escolha da modalidade de garantia cabe ao contratado, não podendo ultrapassar o
correspondente a 5% do valor do contrato, salvo nos casos de obras, serviços e
fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, podendo o limite de garantia ser elevado para até 10% do valor do contrato.
A garantia, quando exigida do contratado, é devolvida após a execução do contrato.
b) Alteração unilateral
Ao contrário do que ocorre nos contratos de direito privado, a alteração unilateral do
contrato celebrado pela Administração é possível, conforme prevê o art. 65 da Lei nº
8.666/93.
A alteração dos contratos administrativos se dá em dois casos:
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1) quando há modificação do projeto ou das especificações, com vistas à melhor
adequação técnica aos fins do contrato; e
2) quando é preciso modificar o valor em virtude do aumento ou diminuição quantitativa do
objeto contratual.
Se a alteração imposta aumentar os encargos do particular contratado, tem este direito a
receber as diferenças respectivas; o mesmo ocorrendo se forem criados tributos ou encargos
legais após a celebração do contrato, que tenham repercussão no preço.
Outra vantagem da Administração reside na possibilidade de obrigar o contratado a aceitar,
nas mesmas condições, acréscimos ou supressões em obras, serviços ou compras até 25% do
valor originário do contrato, ou até 50% no caso de reforma de edifício ou equipamento.
c) Rescisão unilateral
A rescisão unilateral está prevista no art. 58, II, combinado com os arts. 79, I, e 78, incisos I a XII
e XVII, e ocorre nos seguintes casos:
1 – inadimplemento (incisos I a VIII do art. 78), abrangendo hipóteses como não-cumprimento
ou cumprimento irregular das cláusulas contratuais, lentidão, atraso injustificado, paralisação,
subcontratação total ou parcial etc.
2 – situações que caracterizem desaparecimento do sujeito, sua insolvência ou
comprometimento da execução do contrato (incisos IX a XI do art. 78): falência, dissolução
da sociedade, falecimento do contratado entre outras.
3 – razões de interesse público (inciso XII do art. 78).
4 – caso fortuito ou de força maior (inciso XVII do art. 78).
d) Fiscalização
Trata-se de prerrogativa do poder público, também prevista no artigo 58, III, e disciplinada
mais especificamente no artigo 67, que exige seja a execução do contrato acompanhada e
fiscalizada por um representante da Administração, especialmente designado, permitida a
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contratação de terceiros para assisti-los e subsidia-lo de informações pertinentes a essa
atribuição.
O não-atendimento das determinações da autoridade fiscalizadora enseja rescisão unilateral
do contrato (art. 78, VII), sem prejuízo das sanções cabíveis.
e) Aplicação de penalidades
A inexecução total ou parcial do contrato dá à Administração a prerrogativa de aplicar
sanções de natureza administrativa (art. 58, IV), dentre as indicadas no artigo 87, a saber:
“I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública,
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação, perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior”.
A pena de multa pode ser aplicada juntamente com qualquer uma das outras (art. 87, § 2º),
ficando vedada, em qualquer outra hipótese, a acumulação de sanções administrativas.
Enquanto a pena de suspensão não pode ultrapassar dois anos, a de declaração de
inidoneidade não tem um limite preciso definido na lei. Apesar da má redação do inciso IV
do artigo 87, deduz-se que o limite mínimo é de dois anos, já que a lei, na parte final do
dispositivo, emprega a expressão após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
inciso anterior; o limite máximo é a data em que ocorrer a reabilitação, ou seja, quando,
após decorrido dois anos, o interessado ressarcir os prejuízos causados à Administração (art.
87, 3º).
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Da aplicação das penas de advertência, multa e suspensão temporária cabe recurso, no
prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato, dirigido à autoridade superior, por
intermédio daquela que aplicou a pena; esta tem o prazo de cinco dias úteis para
reconsiderar a sua decisão ou, no mesmo prazo, fazer subir o recurso à autoridade
competente, que deverá decidir também no prazo de cinco dias úteis, contado do
recebimento (art. 109, I, f, e § 4º).
A esse recurso a autoridade administrativa poderá dar efeito suspensivo (art. 109, § 2º).
No caso de declaração de inidoneidade, cabe pedido de reconsideração à autoridade que
aplicou a pena, no prazo de 10 dias úteis da intimação do ato (art. 109, III).
f) Anulação
A Administração Pública, estando sujeita ao princípio da legalidade, tem que exercer
constante controle sobre seus próprios atos, cabendo-lhe o poder-dever de anular aqueles
que contrariam a lei, é a prerrogativa que alguns chamam de autotutela e que não deixa de
corresponder a um dos atributos dos atos administrativos, que diz respeito à sua
executoriedade pela própria Administração.
Em se tratando de ilegalidade verificada nos contratos de que é parte, a Administração tem
também o poder de declarar a sua nulidade, com efeito retroativo, impedindo os efeitos
jurídicos que elas ordinariamente deveriam produzir, além de desconstituir os já produzidos.
Há que se observar que a ilegalidade no procedimento da licitação vicia também o próprio
contrato, já que aquele procedimento é condição de validade deste; de modo que, ainda
que a ilegalidade da licitação seja apurada depois de celebrado o contrato, este terá que
ser anulado.
g) Retomada do objeto
O artigo 80 da Lei nº 8.666/93 prevê, ainda, como cláusula exorbitante, determinadas
prerrogativas que têm por objetivo assegurar a continuidade da execução do contrato,
sempre que a sua paralisação possa ocasionar prejuízo ao interesse público e,
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principalmente, ao andamento de serviço público essencial; trata-se, neste último caso, de
aplicação do princípio da continuidade do serviço público.
Essas medidas, que somente são possíveis nos casos de rescisão unilateral, são as seguintes:
“I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por
ato próprio da Administração;
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal
empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso
V do art. 58 desta Lei;
III - execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e dos valores
das multas e indenizações a ela devidos;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração”.
h) Restrições ao uso da “Exceptio Non Adimplenti Contractus”
No direito privado, quando uma das partes descumpre o contrato, a outra pode descumpri-
lo também, socorrendo-se da exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não
cumprido).
No direito administrativo, o particular não pode interromper a execução do contrato, em
decorrência dos princípios da continuidade do serviço público e da supremacia do interesse
público sobre o particular; em regra, o que ele deve fazer é requerer, administrativa ou
judicialmente, a rescisão do contrato e pagamento de perdas e danos, dando continuidade
à sua execução, até que obtenha ordem da autoridade competente (administrativa ou
judicial) para paralisá-lo. Note-se que a Lei nº 8.666/93 só prevê a possibilidade de rescisão
unilateral por parte da Administração (art. 79, I); em nenhum dispositivo confere tal direito ao
contratado.
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Equação Econômico-Financeira
Trata-se de adequação entre o objeto e o preço, que deve estar presente ao momento em
que se firma o contrato.
A manutenção da equação econômico-financeira do contrato objetiva propiciar às partes
(Administração e contratado) “oportunidade de restabelecer o equilíbrio toda vez que de
alguma forma mais profunda for ele rompido ou, quando impossível o restabelecimento,
ensejar a própria rescisão do contrato”.
As formas permitidas pela Lei nº 8.666/93 do reequilíbrio são as seguintes:
a) reajuste – que se caracteriza por ser uma fórmula preventiva normalmente usada pelas
partes já ao tempo do contrato, com vistas a preservar os contratados dos efeitos de regime
inflacionário. Entre as cláusulas necessárias do contrato administrativo encontram-se “o preço
e as condições de pagamento, e quando for o caso os critérios de reajustamento” (art. 55, III).
b) revisão – deriva da ocorrência de uma fato superveniente, apenas suposto, porém não
conhecido pelos contratantes quando celebraram o contrato, como por exemplo, o
aumento de impostos sobre determinado produto.
Duração dos Contratos
Os contratos administrativos devem ser celebrados por prazos determinados, sendo sua
duração limitada à vigência dos créditos orçamentários (art. 57).
Considerando que os créditos orçamentários têm a duração de um ano, os contratos
deverão também, como regra, ter sua duração em igual período. Tais créditos vigoram
durante cada exercício financeiro – 1º de janeiro a 31 de dezembro.
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A lei de licitações prevê três exceções à regra geral; nesses casos, os contratos podem ter
duração mais longa do que os créditos orçamentários de cada exercício financeiro:
1) os contratos relativos a projetos fixados no Plano Plurianual;
2) os contratos que tenham por objeto a prestação de serviços a serem executados de
forma contínua, quando houver a previsão de preços e condições mais vantajosas para a
Administração, ficando a duração limitada a 60 meses;
3) os contratos em que a Administração quer alugar equipamentos e utilizar programas de
informática, caso em que a duração pode se estender pelo prazo de até 48 meses após o
início do ajuste;
4) V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão
ter vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração.
Prorrogação dos Contratos
Como regra geral, a duração dos contratos administrativos é limitada à vigência dos
respectivos créditos orçamentários. Escapam a essa limitação as três hipóteses elencadas no
item anterior.
A Lei enumera taxativamente as situações que autorizam a prorrogação dos contratos no §
1º do seu art. 57. Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente
autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. A prorrogação é possível
em razão da ocorrência de um dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que
altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;
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III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e
no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos pela
Lei nº 8.666;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela
Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos
pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
Extinção dos Contratos
A extinção do contrato administrativo é o término do vínculo obrigacional existente entre a
Administração e o contratado. A extinção pode ocorrer em virtude da conclusão do objeto
do contrato (término da obra ou entrega do material de expediente comprado) ou término
de seu prazo de duração (término de um contrato de um ano de fornecimento de água
mineral), ou, ainda, por motivo de anulação ou de rescisão do contrato.
Nas duas primeiras hipóteses – conclusão do objeto ou término de prazo de duração – houve
o adimplemento do contratado e o término do vínculo contratual ocorre de pleno direito,
isto é, sem necessidade de intervenção do Judiciário.
A anulação do contrato pode ser feita a qualquer tempo, pela autoridade administrativa ou
pelo Poder Judiciário, sempre por motivo de ilegalidade.
Já a rescisão do contrato implica sua extinção antes de concluído o seu objeto, antes do
término do prazo de sua duração. A rescisão pode se dar por culpa do contratado ou por
culpa da Administração.
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Inexecução dos Contratos
Caracteriza inadimplemento do contrato o descumprimento total ou parcial de suas
cláusulas por qualquer das partes, podendo ser com culpa ou sem culpa da Administração
ou do particular contratado.
Inexecução culposa
A inexecução culposa do contrato é caracterizada pelo descumprimento ou cumprimento
irregular das cláusulas contratuais em razão da ação ou omissão culposa ou dolosa da
Administração ou do contratado.
A inexecução culposa do contrato pelo contratado acarreta a aplicação das sanções legais
e contratuais.
A inexecução por culpa do contratado possibilita, também, a rescisão unilateral do contrato
pela Administração.
A inexecução por culpa da Administração possibilita ao contratado pleitear a rescisão
judicial ou por acordo. O contratado será ressarcido dos prejuízos comprovados que houver
sofrido, tendo ainda direito à devolução da garantia, aos pagamentos devidos pela
execução do contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo da desmobilização.
Inexecução sem culpa
A inexecução sem culpa pressupõe a existência de uma causa justificadora do
inadimplemento e libera o inadimplente de responsabilidade, em razão da aplicação da
denominada Teoria da Imprevisão.
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Para que se caracterize uma causa justificadora de inadimplemento contratual é necessário
que ocorra, após a celebração do ajuste, um evento imprevisível e extraordinário, que
impeça, retarde ou torne insuportavelmente onerosa a execução do contrato como
originalmente avençado.
a) Teoria da Imprevisão
Ocorre a teoria da imprevisão quando, no curso do contrato, sobrevêm eventos
excepcionais e imprevisíveis ou, embora previsíveis, sejam de conseqüências incalculáveis,
que prejudiquem a equação econômico-finaceira do pacto.
O fundamento da teoria da imprevisão é o princípio da cláusula rebus sic stantibus, segundo
o qual o contrato deve ser cumprido desde que presentes as mesmas condições existentes
no cenário do qual foi o pacto ajustado. Mudadas profundamente tais condições, rompe-se
o equilíbrio contratual, e não se pode imputar qualquer culpa à parte inadimplente.
O efeito da teoria da imprevisão firma-se em duas vertentes. Se a parte prejudicada não
puder cumprir, de nenhum modo, as obrigações contratuais, dar-se-á a rescisão sem
atribuição de culpa. Se o cumprimento for possível, mas acarretar ônus para a parte, terá
esta direito à revisão do preço para restaurar o equilíbrio rompido.
b) Fato do Príncipe
Corresponde a medidas de ordem geral, não relacionadas diretamente com o contrato, mas
que nele repercutem, provocando desequilíbrio econômico-finaceiro em detrimento do
contratado. Cite-se o exemplo de um tributo que incida sobre matérias-primas necessárias ao
cumprimento do contrato; ou medida de ordem geral que dificulte a importação dessas
matérias-primas.
No caso de medida geral, que atinja o contrato apenas reflexamente, a responsabilidade é
extracontratual; o dever de recompor o equilíbrio econômico do contrato repousa na
mesma idéia de eqüidade que serve de fundamento à teoria da responsabilidade objetiva
do Estado.
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No direito brasileiro, de regime federativo, a teoria do fato príncipe somente se aplica se a
autoridade responsável pelo fato príncipe for da mesma esfera de governo em que se
celebrou o contrato (União, Estados e Municípios); se for de outra esfera, aplica-se a teoria
da imprevisão.
Na Lei nº 8.666/93 há expressa referência à teoria do fato príncipe, no art. 65, II, d, com a
redação dada pela Lei nº 8.883/94.
c) Caso Fortuito e Força Maior
Consoante as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Di Pietro, a força
maior ocorre quando estamos diante de um evento externo, estranho a qualquer atuação
da Administração ou do contratado, que, além disso, de ser imprevisível e irresistível ou
inevitável, como por exemplo, um furacão, um terremoto, uma guerra etc.
Já o caso fortuito seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da
Administração ou do contratado, como ocorre, por exemplo, na greve de servidores; no
rompimento de uma adutora ou de um cabo elétrico tornando excessivamente onerosa a
execução do contrato. Nesta hipótese (caso fortuito), todas as normas técnicas, cuidados
com a segurança e providências exigidas para a obtenção de um determinado resultado
foram adotadas, mas, não obstante tamanha cautela, inexplicavelmente, o resultado ocorre
de forma diversa do que previsto.
Ocorrendo tais situações, rompe-se o equilíbrio contratual, porque uma das partes passa a
sofrer um encargo extremamente oneroso, não tendo dado causa para tanto.
Quanto ao efeito, dispõe o art. 393 do Código Civil, como regra, que “o devedor não
responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior”.
A ocorrência daquelas situações contempladas na regra geral rende ensejo à rescisão do
contrato sem culpa do devedor inadimplente. A lei de licitações prevê hipótese de rescisão
contratual pela ocorrência de caso fortuito ou força maior regularmente comprovados
(inciso XVII do art. 78 da Lei nº 8.666/93), admitindo, inclusive, indenização ao prejudicado
pelos prejuízos causados, desde que, é lógico, não tenha havido culpa do inadimplente.
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Tais situações, contudo, devem caracterizar-se pela imprevisibilidade, inevitabilidade e
impossibilidade total do cumprimento das obrigações. Fora daí, os fatos estarão dentro da
álea normal dos contratos.
d) Fato da Administração
Ocorre toda vez que uma ação ou omissão do Poder Público, especificamente relacionada
ao contrato, impede ou retarda sua execução. Nesta especificidade da ação ou omissão da
Administração relativamente ao contrato reside a diferença entre esta causa justificadora e
o fato do príncipe, precedentemente analisado.
O fato da Administração pode ensejar a rescisão judicial ou amigável do contrato, ou, em
alguns casos, a paralisação de sua execução pelo contratado até a normalização da
situação.
As hipóteses de fatos da Administração estão previstas na Lei nº 8.666, art. 78, incisos XIV, XV e
XVI, transcritos:
“Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a
120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e
contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado
ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das
obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração
decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou
executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de
suas obrigações até que seja normalizada a situação;
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XVI - a não-liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução
de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais
naturais especificadas no projeto”.
Principais Contratos Administrativos
1 - Contrato de Obra Pública
A Lei nº 8.666/93, em seu art. 6º, inciso I, define obra como toda construção, reforma,
fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta.
No tocante à forma de execução, as obras poder ser executadas diretamente pela própria
Administração ou, indiretamente, quando a execução incumbe a terceiros contratados.
Eis os casos de regime de execução, quando indiretamente executados:
a) empreitada por preço global – é fixado um preço certo, que pode ser reajustável, para
remunerar o empreiteiro pela totalidade da obra.
b) empreitada por preço unitário – ocorre quando se contrata a execução da obra ou do
serviço por preço certo de unidades determinadas.
c) empreitada integral – se presta à realização de obras de maior vulto e complexidade,
abrangendo não só as obras, mas também os serviços.
d) tarefa – é caracterizada pela contratação de mão-de-obra para pequenos trabalhos por
preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.
2 – Contrato de Serviços
O art. 6º, inciso II, da Lei nº 8.666/93 define serviço como “toda atividade destinada a obter
determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto,
instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais”.
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3 – Contrato de Fornecimento
“É o contrato administrativo por meio do qual a Administração adquire coisas móveis, como
material hospitalar, material escolar, equipamentos, gêneros alimentícios, necessários à
realização e à manutenção de seus serviços”.
O contrato pode ser de fornecimento integral, semelhante à compra e venda, sendo o
objeto contratado entregue de uma só vez em sua totalidade; de fornecimento parcelado,
em que a quantidade a ser entregue é certa e determinada; e de fornecimento contínuo,
em que a entrega é sucessiva e prolonga-se no tempo pelo período estipulado com de
duração do contrato.
4 – Contrato de Concessão
Trata-se de “ajuste pelo qual a Administração delega ao particular a execução remunerada
de serviço ou de obra pública ou lhe cede o uso de um bem público (concessão de uso de
bem público), para que o explore por sua conta e risco, pelo prazo e nas condições legais e
contratuais”.
Os contratos de concessão de uso podem ser celebrados sob duas modalidades:
a) concessão administrativa de uso, que confere ao particular um direito pessoal,
intransferível; ou
b) concessão de direito real de uso, atribuindo ao particular um direito real (relacionado ao
bem e não à sua pessoa), por esse motivo alienável a terceiros.
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EXERCÍCIOS – LICITAÇÕES
01. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A União recebeu imóvel como dação em
pagamento de dívida de particular e concluiu que a melhor destinação para o mesmo seria
a alienação visando à obtenção de receita orçamentária para aplicação em investimentos
públicos prioritários. De acordo com a Lei nº 8.666/1993, a venda do referido imóvel deverá
ser realizada precedida de
(A) concorrência, exclusivamente.
(B) leilão, exclusivamente.
(C) concorrência, convite ou tomada de preços, a depender do valor de avaliação do
imóvel.
(D) concorrência ou leilão.
(E) pregão ou leilão.
03. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A respeito das modalidades
licitatórias previstas na Lei nº 8.666/1993,
(A) nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e,
em qualquer caso, a concorrência.
(B) nos casos em que couber concorrência, a Administração poderá realizar licitações
separadas para parcelas do mesmo objeto, adotando a modalidade convite.
(C) em se tratando de alienação de imóvel, a modalidade cabível é o convite.
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(D) leilão é a modalidade cabível para compras de bens ou fornecimento de natureza
contínua, quando adotado o sistema de registro de preços.
(E) concurso é a modalidade cabível para contratação de profissional do setor artístico,
vedada a instituição de prêmios.
03. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Acerca de Licitação considere:
I. Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
II. O leilão destina-se, dentre outras hipóteses, à venda de bens móveis inservíveis para a
Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados.
III. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial para
contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Está correto o que consta em
(A) II e III, apenas.
(B) I, II e III.
(C) I e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II, apenas.
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04. (ANAL. JUD. – ADMINISTRATIVA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) Considere que a
administração pública de um dos estados da Federação pretenda contratar um grupo de
viola consagrado pela mídia local — que cobra R$ 60 mil por um show — para realizar uma
apresentação pública na comemoração do aniversário da capital desse estado. Essa
situação caracteriza a hipótese de
A) adoção de licitação na modalidade convite.
B) inexigibilidade de licitação.
C) dispensa de licitação, em virtude da prévia escolha do executante.
D) adoção de licitação na modalidade tomada de preços.
E) dispensa de licitação, em virtude do valor cobrado para a realização da apresentação.
05. (AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL – 2012 – CESPE) No que se refere às licitações, julgue os itens
que se seguem.
1. ( ) Os contratos de concessão de serviços públicos sempre exigem licitação prévia na
modalidade concorrência.
2. ( ) Configura-se a inexigibilidade de licitação quando a União é obrigada a intervir no
domínio econômico para regular preço ou normalizar o abastecimento.
06. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – MPU – 2010 – CESPE) A respeito da Lei n.º 8.666/1993, julgue
os itens que se seguem.
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1. ( ) Os órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos
municípios estão subordinados ao regime dessa lei.
2. ( ) Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações têm como expressão
monetária a moeda corrente nacional, ressalvadas as concorrências de âmbito
internacional, para as quais o edital deve ajustar-se às diretrizes da política monetária e do
comércio exterior e atender às exigências dos órgãos competentes.
07. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – 2010 – CESPE) Com relação a contratos administrativos
e licitações, julgue o item a seguir, à luz da Lei n.º 8.666/1993.
1. ( ) Considere que o governo de determinado estado-membro da Federação tenha
realizado licitação, na modalidade convite, para contratar um escritório de contabilidade
para desempenhar atividades contábeis gerais, mas não tenha havido interessados. Nesse
caso, é permitida a contratação com dispensa de licitação, desde que observados os
requisitos legais.
08. (TÉC. CONTABILIDADE - MINISTÉRIO DA SAÚDE – 2009 - CESPE) Acerca da Lei nº 8.666/1993
(Lei de Licitações), julgue o item seguinte.
1. ( ) Caso a administração pública pretenda vender bens móveis, tal alienação estará
subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e de licitação e dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais.
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09. (TEC. JUD. – ADMINISTRATIVA – TRF 5ªR – 2012 – FCC) Constitui característica peculiar dos
contratos administrativos, a
(A) mutabilidade, consistente na possibilidade de alteração de seu objeto pela
Administração.
(B) presença de cláusulas exorbitantes, que conferem privilégios à Administração em
relações aos particulares.
(C) possibilidade de alteração unilateral pelo contratado na hipótese de área econômica
extraordinária.
(D) mutabilidade, consistente na alteração da equação econômico-financeira original, nas
hipóteses de reequilíbrio previstas legalmente.
(E) presença de cláusulas exorbitantes, que asseguram à Administração a possibilidade de
alteração unilateral, ainda que em detrimento do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
10. (ANAL. JUD. – EXEC. MANDADOS – TRF 5ªR – 2012 – FCC) A Administração contratou a
reforma de edifício público e, no curso da execução do contrato, constatou a necessidade
de acréscimos nas obras inicialmente contratadas. De acordo com a Lei nº 8.666/1993, a
Administração
(A) não poderá aditar o contrato para introduzir acréscimos sob pena de violação ao
procedimento licitatório.
(B) somente poderá aditar o contrato para introduzir acréscimo em seu objeto até o limite de
25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato.
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(C) poderá alterar o contrato, unilateralmente, até o limite de 50% (cinquenta por cento) do
valor inicial atualizado do contrato.
(D) somente poderá alterar o contrato com a concordância do contratado, até o limite de
50% (cinqüenta por cento) do seu valor inicial, cabendo o reequilíbrio econômico-financeiro
de acordo com as condições vigentes no momento da alteração.
(E) somente poderá alterar o contrato na hipótese de comprovar a ocorrência de eventos
supervenientes e sempre até o limite de 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
atualizado do contrato.
11. (ANAL. JUD. – JUDICIÁRIA – TJ/AL – 2012 – CESPE/UNB) No que concerne a convênios,
consórcios e contratos administrativos, assinale a opção correta.
A) Quando a administração não entrega o local da obra, não providencia as
desapropriações necessárias ou não expede a tempo as competentes ordens de serviço,
impedindo os trabalhos do contratado, fica caracterizado fato do príncipe, que pode
justificar a rescisão do contrato por culpa do poder público.
B) A regra que prevê que a anulação de um contrato administrativo exonera a
administração pública dos pagamentos pela parte do contrato já executada visa
desestimular fraudes e, ainda, prestigiar o princípio geral do direito de que a ninguém é dado
beneficiar-se da própria torpeza.
C) Convênios, contratos e consórcios públicos são acordos de vontades e, por isso, não
possuem personalidade jurídica própria.
D) Os contratos administrativos para os quais é exigida licitação têm natureza intuitu
personae, o que impede subcontratação total ou parcial de seu objeto e obriga a anulação
de eventual previsão editalícia ou contratual nesse sentido.
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E) Em caso de rescisão do contrato adminstrativo por interesse público, não havendo culpa
do contratado, a administração deve ressarci-lo dos prejuízos comprovados, devolver a
garantia, pagar as prestações devidas até a data da rescisão e, ainda, o custo da
desmobilização.
12. (ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO – ANP – 2013 – CESPE) No que se refere à Lei n.º 8.666/1993,
julgue o item abaixo.
1. ( ) Em consonância com a previsão constitucional de observância do procedimento
licitatório no âmbito da administração pública, não é admissível, em nenhuma hipótese, o
contrato verbal.
13. (TÉC. DE CONTROLE EXTERNO – TCU – 2012 – CESPE) Julgue os itens a seguir, a respeito dos
contratos administrativos.
1. ( ) Aplica-se ao contrato administrativo a teoria das nulidades, segundo sua
configuração tradicional do direito privado. Assim, a declaração de nulidade do contrato
administrativo opera retroativamente, impedindo os efeitos jurídicos que ele deveria produzir
e desconstituindo os já produzidos, o que isenta inteiramente a administração pública do
dever de indenizar o contratado.
2. ( ) A regra segundo a qual o prazo de vigência do contrato administrativo não pode
ultrapassar os limites de vigência dos créditos orçamentários correspondentes comporta
exceções, como a que envolve os projetos de longo prazo previstos no plano plurianual,
caso seja do interesse da administração pública e desde que a prorrogação tenha sido
prevista no ato convocatório.
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14. (DELEGADO DE POLÍCIA – PC/ES – 2012 – CESPE) Com referência a licitações e contratos,
julgue os itens subsecutivos.
1. ( ) De acordo com a legislação de regência, é possível a rescisão unilateral do contrato
pela administração pública por motivo de interesse público, hipótese em que o contratado
tem direito ao ressarcimento dos prejuízos, à devolução da garantia, aos pagamentos
atrasados e ao pagamento do custo da desmobilização.
2. ( ) O procedimento do convite é simplificado e pode ser realizado por servidor
designado pela autoridade competente, dispensando-se a comissão de licitação.
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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA COMO FONTE DESTA DISCIPLINA E RECOMENDADA PARA AQUISIÇÃO
PELOS ALUNOS: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 11 ed.
Rio de Janeiro: Lumem Júris. ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo. 7
ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19 ed.
São Paulo: Atlas, 2006. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 2000. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional do Brasil Interpretada e
Legislação Constitucional. São Paulo: Atlas, 2002. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo
Moderno. 5. ed. São Paulo: RT, 2001. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2006. ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo.
8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. JÚNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Administrativo. 7ª
ed. Bahia: JusPodim, 2008. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo. 3ª ed.
São Paulo: Atlas, 2006. Constituição Federal de 1988. Lei nº 8.112/90. Lei nº 9.962/00. Lei nº
9.784/99. Lei nº 4878/65. Lei nº 8429/92. Lei nº 9654/98.
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GABARITOS
1 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
01 – B 02 – C 03 - E 04 - VFV 05 - A 06 - FV 07 - VVVV
2 – PODERES ADMINISTRATIVOS
01 - D 02 - B 03 - A 04 - E 05 - FF 06 - V 07 - VV 08 - FVFV
3 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ADMINSTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
01 - C 02 - A 03 - C 04 - VV 05 - FV 06 - FVF 07 - FV 08 - B
4 – SERVIDORES PÚBLICOS
01 – E 02 – C 03 – C 04 – VV 05 – VVV
06 – FVV 07 – C 08 – C 09 – FV 10 - VVF
5 – ATOS ADMINISTRATIVOS
01 – A 02 – B 03 - B 04 - C 05 - B 06 - FVV 07 - VV 08 - FFF
6 e 7– LEI DE LICITAÇÃO E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: LEI Nº 8.666/93
01 – D 02 – A 03 – B 04 - B 05 - VF 06 - VV 07 – V 08 - F
09 - C 10 - C 11 - E 12 - F 13 - FV 14 - VV ------ -------