apostila adm fin

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1 S U M Á R I O 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3 1.1 Conceito de Organização ........................................................................................ 5 1.2 - Temas para Objetivos ........................................................................................... 8 1.3 - Indicadores de Desempenho para Objetivos ........................................................ 9 1.4 - Objetivos .............................................................................................................. 9 1.5 - Missão ................................................................................................................ 11 1.6 - Visão .................................................................................................................. 15 1.7 - Cultura Organizacional ...................................................................................... 16 1.7.1 - Ferramentas que ajudam na mudança na Cultura da Organização.............. 18 1.7.2 - Aplicação das ferramentas citadas .............................................................. 20 2 - PROCESSOS DE TRABALHO ............................................................................... 21 2.1 - O conceito de processos ..................................................................................... 22 3 - NORMALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS......................................................... 24 3.1 - Origens históricas e evolução ............................................................................ 24 3.2 - Objetivos e importância da Normalização ......................................................... 26 4 - planejamento estratégico ........................................................................................... 28 4.1 – Elaborando o planejamento ............................................................................... 31 4.1.1 - Definir a missão .......................................................................................... 31 4.1.2 - Identificar fatores fundamentais para obter sucesso ................................... 32 4.1.3 - Estudar mercado .......................................................................................... 32 4.1.4 - Definir metas e objetivos ............................................................................ 33 4.1.5 - Estabelecer estratégias................................................................................. 33 4.1.6 - Planejar a ação............................................................................................. 33 4.1.7 - Controlar as ações ....................................................................................... 34 5 - Prática ética nas organizações ................................................................................... 36 5.1 - A moral ............................................................................................................... 37 5.2 – Comportamento ético ........................................................................................ 39 6 - Administração Financeira ......................................................................................... 42 6.1 - Função do Departamento Financeiro dentro das Organizações. ........................ 43 6.1.1 - Contas a Pagar ............................................................................................. 44 6.1.2 - Contas a Receber ......................................................................................... 45 6.1.3 - Desempenho de contas a receber: ............................................................... 46 6.2 - Folha de Pagamento ........................................................................................... 46 6.2.1 . Introdução .................................................................................................... 46 6.2.2 . Cálculo de Folha de pagamento................................................................... 47 6.2.3 – Valor bruto dos salários .............................................................................. 47 6.3 - Faturamento........................................................................................................ 49 6.4 - Apuração do Resultado do Exercício ................................................................. 51 6.4.1 - Encerramento das contas de resultado ........................................................ 52 6.4.2 - Apuração do Resultado do Exercício .......................................................... 53 6.4.3 - Modelo simplificado da Demonstração do resultado do exercício ............. 56 6.5 - Gestão Tributária ................................................................................................ 56 6.5.1 - Economia tributária no planejamento ......................................................... 58 6.6 - A gestão estratégica de custos como diferencial competitivo nas empresas...... 60 6.6.1 - Introdução ................................................................................................... 60 6.6.2 - A gestão estratégica de custos ..................................................................... 60 6.6.3 - Cadeia de valores ........................................................................................ 62

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Page 1: Apostila ADM FIN

1

S U M Á R I O 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3

1.1 Conceito de Organização ........................................................................................ 5 1.2 - Temas para Objetivos ........................................................................................... 8 1.3 - Indicadores de Desempenho para Objetivos ........................................................ 9 1.4 - Objetivos .............................................................................................................. 9 1.5 - Missão ................................................................................................................ 11 1.6 - Visão .................................................................................................................. 15 1.7 - Cultura Organizacional ...................................................................................... 16

1.7.1 - Ferramentas que ajudam na mudança na Cultura da Organização .............. 18 1.7.2 - Aplicação das ferramentas citadas .............................................................. 20

2 - PROCESSOS DE TRABALHO ............................................................................... 21 2.1 - O conceito de processos ..................................................................................... 22

3 - NORMALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS......................................................... 24 3.1 - Origens históricas e evolução ............................................................................ 24 3.2 - Objetivos e importância da Normalização ......................................................... 26

4 - planejamento estratégico ........................................................................................... 28 4.1 – Elaborando o planejamento ............................................................................... 31

4.1.1 - Definir a missão .......................................................................................... 31 4.1.2 - Identificar fatores fundamentais para obter sucesso ................................... 32 4.1.3 - Estudar mercado .......................................................................................... 32 4.1.4 - Definir metas e objetivos ............................................................................ 33 4.1.5 - Estabelecer estratégias................................................................................. 33 4.1.6 - Planejar a ação ............................................................................................. 33 4.1.7 - Controlar as ações ....................................................................................... 34

5 - Prática ética nas organizações ................................................................................... 36 5.1 - A moral ............................................................................................................... 37 5.2 – Comportamento ético ........................................................................................ 39

6 - Administração Financeira ......................................................................................... 42 6.1 - Função do Departamento Financeiro dentro das Organizações. ........................ 43

6.1.1 - Contas a Pagar ............................................................................................. 44 6.1.2 - Contas a Receber ......................................................................................... 45 6.1.3 - Desempenho de contas a receber: ............................................................... 46

6.2 - Folha de Pagamento ........................................................................................... 46 6.2.1 . Introdução .................................................................................................... 46 6.2.2 . Cálculo de Folha de pagamento................................................................... 47 6.2.3 – Valor bruto dos salários .............................................................................. 47

6.3 - Faturamento ........................................................................................................ 49 6.4 - Apuração do Resultado do Exercício ................................................................. 51

6.4.1 - Encerramento das contas de resultado ........................................................ 52 6.4.2 - Apuração do Resultado do Exercício .......................................................... 53 6.4.3 - Modelo simplificado da Demonstração do resultado do exercício ............. 56

6.5 - Gestão Tributária ................................................................................................ 56 6.5.1 - Economia tributária no planejamento ......................................................... 58

6.6 - A gestão estratégica de custos como diferencial competitivo nas empresas...... 60 6.6.1 - Introdução ................................................................................................... 60 6.6.2 - A gestão estratégica de custos ..................................................................... 60 6.6.3 - Cadeia de valores ........................................................................................ 62

Page 2: Apostila ADM FIN

2

6.6.4 - Posicionamento estratégico ......................................................................... 63 6.6.5 - Direcionadores de custos ............................................................................. 66

6.7 - Considerações finais ........................................................................................... 68 7 - empreendedorismo .................................................................................................... 70

7.1 - Conceito Empreendedorismo ............................................................................. 70 7.2 - O perfil do empreendedor .................................................................................. 72 7.3 O intra-empreendedorismo ................................................................................... 80

7.3.1 Vantagens e desvantagens do intra-empreendedorismo ................................ 82 8 - Referências Bibliográficas ........................................................................................ 85

Page 3: Apostila ADM FIN

3

1 INTRODUÇÃO

O mundo atual é uma sociedade institucionalizada e composta de organizações.

Todas as atividades voltadas para a produção de bens (produtos) ou para a prestação de

serviços (atividades especializadas) são planejadas, coordenadas, dirigidas e controladas

dentro das organizações. Todas as organizações são constituídas de pessoas e de

recursos não humanos (como recursos físicos e materiais, recursos tecnológicos,

recursos mercadológicos, etc.). A vida das pessoas depende das organizações e estas

dependem do trabalho daquelas. As pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem,

trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro das organizações. As organizações

são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de

características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes. Existem

organizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como

exército, igrejas, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não-

governamentais etc.). A Teoria das Organizações (TO) é o campo do conhecimento

humano que se ocupa do estudo das organizações em geral. Pelo seu tamanho ou pela

complexidade de suas operações, as organizações, quando atinge um certo porte

precisam ser administradas e a sua administração requer todo aparato de pessoas

estratificadas em diversos níveis hierárquicos que se ocupam de incumbências

diferentes. A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de

uma organização seja ela lucrativa e não-lucrativa. A Administração trata do

planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as

atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma

organização. Assim, a Administração é imprescindível para a existência, sobrevivência

e sucesso das organizações. Sem a Administração, as organizações jamais teriam

condições de existir e crescer. A Teoria Geral da Administração (TGA) é o campo do

conhecimento humano que se ocupa do estudo da Administração em geral, não se

preocupando onde ela seja aplicada, nas organizações lucrativas (empresas) ou se nas

organizações não lucrativas. A TGA trata do estudo da Administração das organizações

em geral e da empresa em particular.

Em cada organização, o administrador soluciona problemas, dimensiona

recursos, planeja sua aplicação, desenvolvendo estratégicas, efetua diagnósticos de

situações etc., exclusivos daquela organização. Um administrador bem-sucedido em

uma organização pode não ser em outra.

Page 4: Apostila ADM FIN

4

Mesmo que o executivo tenha profundos conhecimentos de Administração e

apresente um invejável currículo profissional, ele não é julgado pelo que sabe a respeito

das funções que exerce em sua especialidade, mas principalmente pela maneira como

realiza o seu trabalho e os resultados que consegue obter dos recursos disponíveis.

Existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar

com sucesso: a habilidade técnica, a humana e a conceitual.

• Habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e

equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas por meio da

experiência profissional.

• Habilidade humana: consiste na capacidade de discernimento para trabalhar

com pessoas, comunicar, compreender suas atitudes e motivações e desenvolver

uma liderança eficaz.

• Habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com idéias e conceitos

abstratos. Essa habilidade permite que a pessoa faça abstrações e desenvolva

filosofia e princípios gerais de ação.

A combinação dessas habilidades varia à medida que a pessoa sobe na escala

hierárquica, de posições e supervisão e posições de alta direção.

Níveis Administrativos Habilidades Necessárias

Alta

Intitucional Direção Intermediário Gerência Operacional Supervisão

Conceituais

Humanas

Técnicas

Page 5: Apostila ADM FIN

5

1.1 Conceito de Organização

Recorrendo ao conceito clássico, podemos definir qualquer organização como

um conjunto de duas ou mais pessoas que realizam tarefas, seja em grupo, seja

individualmente, mas de forma coordenada e controlada, atuando num determinado

contexto ou ambiente, com vista a atingir um objetivo pré-determinado através da

utilização eficaz de diversos meios e recursos disponíveis, liderados ou não por alguém

com as funções de planear, organizar, liderar e controlar.

Desta definição de organização convém reter alguns conceitos fundamentais para

a sua adequada compreensão, nomeadamente:

1. Atuação coordenada: para que exista uma organização, não basta que um

conjunto de pessoas atue com vista a atingir um objetivo comum; é necessário também

que essas pessoas se organizem, ou seja, que desenvolvam as suas atividades de forma

coordenada e controlada para atingir determinados resultados. Esta coordenação e

controlo é geralmente efetuada por um líder mas encontram-se muitas vezes

organizações em que estas tarefas são efetuadas por todos os membro em conjunto

através, por exemplo, de um órgão colegial.

2. Recursos: representam todos os meios colocados à disposição da organização

e necessários à realização das suas atividades/tarefas. Nestes recursos incluem-se os

recursos humanos, os recursos materiais, os recursos tecnológicos, os recursos

financeiros, a imagem de mercado e credibilidade perante o exterior.

3. Utilização eficaz: os recursos organizacionais descritos no ponto anterior são,

por definição, escassos, daí que a sua alocação deva ser efetuada eficazmente por forma

a que a probabilidade de atingir os objetivos pré-definidos seja a maior possível. É

daqui que surge a principal justificação para a necessidade da gestão nas organizações.

4. Objetivos: Representam as metas ou resultados organizacionais pretendidos e

a obter no futuro ou, por outras palavras, o propósito que justifica toda a atividade

desenvolvida ou mesmo a própria existência da organização. Naturalmente, todas as

organizações devem determinar não apenas os seus objetivos, mas também definir as

Page 6: Apostila ADM FIN

6

medidas e formas de atuação e de alocação de recursos que se pensam mais adequadas

para os atingir.

5. Contexto: Representa toda a envolvente externa da organização que, de

forma direta ou indireta, influencia a sua atuação e o seu desempenho. Nesta envolvente

externa inclui-se o contexto econômico, tecnológico, sócio-cultural, político-legal, e

ainda um conjunto de elementos que atuam mais próximo e diretamente com a

organização, tais como os clientes, os fornecedores, os concorrentes, as organizações

sindicais, a comunicação social, entre outros.

Como facilmente nos apercebemos, o conceito anteriormente descrito para

organização, pode ser aplicado a qualquer tipo de organização seja ela empresarial ou

não. A única diferença reside nos objetivos de base a que cada uma se propõe.

No caso das organizações empresariais, o objetivo base ou fim último será a

maximização do seu valor para os seus proprietários conseguida através da satisfação de

todos os seus membros e colaboradores e da produção e/ou distribuição de bens e

serviços afim de satisfazer necessidades concretas dos seus consumidores.

Se nos referirmos a organizações não empresariais como são os hospitais, as

escolas, os clubes desportivos, as associações sindicais, ou outras, os principais

objetivos diferem ligeiramente, embora o fim último seja sempre a satisfação de

necessidades ou a defesa de interesses de um conjunto particular de pessoas ou da

sociedade em geral. Desta forma, no caso dos hospitais, o principal objetivo é a saúde

da população a que se destina enquanto que o das escolas é a aprendizagem dos seus

alunos, o dos clubes desportivos é a obtenção de bons resultados desportivos e o das

associações sindicais será a defesa dos direitos dos trabalhadores.

“Acredito que a diferença vital entre o sucesso e o fracasso de uma empresa pode

freqüentemente ser atribuída à questão de até que ponto a organização aproveita bem a

energia e o talento de seu pessoal. Que faz ela para ajudar as pessoas a achar um

denominador comum que as aproximem? Como as mantém direcionada em torno de um

mesmo Objetivo?"

Thomas J. Watson Jr.

Objetivos são resultados quantitativos e qualitativos que a empresa precisa

alcançar em prazo determinado, no contexto de seu ambiente, para cumprir sua Missão.

Page 7: Apostila ADM FIN

7

A importância da definição de Objetivos pode ser fundamentada pelas seguintes

opiniões:

"Acredito que a diferença vital entre o sucesso e o fracasso de uma empresa pode

freqüentemente ser atribuída à questão de até que ponto a organização aproveita bem a

energia e o talento de seu pessoal. Que faz ela para ajudar as pessoas a achar um

denominador comum que as aproximem? Como as mantém direcionada em torno de um

mesmo Objetivo?"

Thomas J. Watson Jr. - IBM

"Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho lhe servirá.

Henry Kissinger

Segundo o experiente professor Raimar Richers, fundador da Escola de

Administração de Empresas da FGV-SP, "Objetivos são essenciais à sobrevivência da

empresa. Eles asseguram um mínimo - por vezes um alto grau - de unidade de ação ao

seu corpo administrativo. Ao discuti-los e reformulá-los, eles nos ajudam a melhor

equacionar perguntas, como:

Onde se situa a empresa hoje, e para onde vamos encaminhá-la no futuro?

O que podemos esperar como resultados, ao agir desta ou daquela forma?

O que deve representar a empresa atualmente, e dentro de futuro previsível, para

seus proprietários, seus públicos-alvo e para a sociedade a que pertence?"

Na opinião de John Young, presidente da HP, a bem sucedida Hewllet-Packard,

os Objetivos são fundamentais:

"Os Objetivos da empresa são uma espécie de cola, o senso básico de direção

que une todo mundo."

O Grupo Olvebra, que atua no Brasil desde 1960, ao comemorar 30 anos de

atividades publicou um anúncio destacando a seguinte mensagem:

Page 8: Apostila ADM FIN

8

"Quando os homens caminham na mesma direção, surgem a esperança e o

caminho."

Como já vimos, o conceito atual de Planejamento leva a empresa a construir o

seu futuro.

Agora é chegado o momento de escolher o futuro a ser construído, e essa escolha

deve ser feita através da definição dos Objetivos. Para orientar essa definição vamos

utilizar três recursos:

- Características dos Objetivos

Coerentes

Viáveis, porém desafiantes

Aprazados

Mensuráveis (quantitativamente e qualitativamente)

Claros, explícitos e concisos

Conhecidos e acreditados por toda a empresa

Em número reduzido, para evitar dispersão

1.2 - Temas para Objetivos

Nossa experiência tem mostrado que antes de definir os Objetivos é fundamental

selecionar os temas mais pertinentes à empresa.

George Steiner, da Universidade da Califórnia, no seu livro "Política e Estratégia

Administrativa", afirma: "Um elemento importante do Planejamento Estratégico são os

Objetivos. Afirmações simplistas como 'Nosso Objetivo é ter lucro', não dão uma

direção adequada às atividades de uma empresa. No processo de Planejamento

Estratégico, devem ser estabelecidos Objetivos específicos para vendas, lucros,

participação de mercado, ROI - Retomo sobre Investimento e outros fatores relevantes

para a empresa".

Page 9: Apostila ADM FIN

9

Peter Drucker, no artigo "O espectro da guerra de classes", revista Exame de

19/02/92, comentando o assunto Objetivos, afirma que as seguintes questões devem ser

abordadas ao se definirem os Objetivos de uma empresa:

Participação de mercado.

Inovação.

ROI - Retorno sobre Investimento.

Os seguintes temas tem sido os mais utilizados nos processos de planejamento:

Crescimento

Rentabilidade

Participação de Mercado

Produtividade

Qualidade

Observação importante: "Quem tem cem Objetivos com c acaba sem Objetivos

com s." Lembre-se disso ao definir Objetivos. Concentre-se no que é essencial e

estratégico para a empresa.

1.3 - Indicadores de Desempenho para Objetivos

Além da seleção dos temas é importante definir Indicadores de Desempenho que

permitam a posterior avaliação dos resultados alcançados.

O quadro a seguir sugere um formato que facilita a visualização dos Objetivos.

1.4 - Objetivos

• Temas

• Indicadores de desempenho

• Resultados

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10

OBJETIVOS

Temas Indicadores de desempenho

RESULTADOS

Atual

Planejado

Ano

Ano

Ano

Ano

Ano

Crescimento Faturamento ou Produção

Rentabilidade

Receita Líquida / Patrimônio Líquido e/ou Lucro Líquido / Patrimônio Líquido

Participação

Faturamento / Faturamento do Setor ou Produção / Produção do Setor

Produtividade Faturamento por Funcionário ou Vendas por m2

Quantidade Nível de satisfação do cliente

Obs.: Para o Objetivo de Produtividade, os indicadores variam conforme o setor.

O próximo quadro mostra alguns exemplos de indicadores.

Exemplos de Indicadores de Produtividade

Exemplos de Indicadores de Produtividade

Supermercados Vendas / m2

Indústria Automobilística Vendas / Nº Funcionários

Siderurgia Toneladas Ano / Nº Funcionários

Bancos Nº Clientes / Nº Funcionários

Locadoras de veículos Vendas / Nº Funcionários ou Vendas / Frota

Para mobilizar os esforços na direção dos Objetivos, sugerimos que a partir dos

quadros, os Objetivos sejam explicitados, da seguinte forma:

Objetivo de Crescimento

"Aumentar o faturamento em X % até _________"

Objetivo de Rentabilidade

"Atingir a rentabilidade de Y % até __________"

Page 11: Apostila ADM FIN

11

Objetivo de Participação de Mercado

"Ter Z % do mercado até ___________"

Objetivo de Produtividade

"Aumentar a produtividade em K % até ________"

Objetivo de Qualidade

"Atingir o nível Q de qualidade até __________"

Apesar do assunto "Objetivos" ainda ser considerado confidencial por muitas

empresas, a experiência tem comprovado que os benefícios da divulgação interna e até

externa, são maiores do que um possível custo de deixar chegar a informação aos

concorrentes.

1.5 - Missão

"Uma empresa não se define pelo seu nome,

estatuto ou produto que faz; ela se define pela sua

missão. Somente uma definição clara da missão é razão

de existir da organização e torna possíveis, claros e

realistas os objetivos da empresa."

Peter Drucker

Missão é o papel desempenhado pela empresa em seu Negócio.

Naturalmente você deve estar se indagando:

Importante identificar a Missão da empresa?

Qual a força de uma Missão bem explicitada?

O que se aprende ao identificar a Missão?

É fácil explicitar a Missão?

Page 12: Apostila ADM FIN

12

Para encontrar as respostas a essas indagações, sugerimos que você medite sobre

as seguintes citações:

"Uma empresa não se define pelo seu nome, estatuto ou produto que faz; ela se

define pela sua missão. Somente uma definição clara da missão é razão de existir da

organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa."

Peter Drucker

"Uma missão bem difundida desenvolve nos funcionários um senso comum de

oportunidade, direção, significância e realização. Uma missão bem explícita atua como

uma mão invisível que guia os funcionários para um trabalho independente, mas

coletivo, na direção da realização dos potenciais da empresa."

Philip Kotler

"Você pode não aprender muito ao ler a missão de uma empresa - mas você aprenderá

muito ao tentar escrevê-la."

S. Tilles

"Definir a missão de uma empresa é difícil, doloroso e arriscado, mas é só assim que se

consegue estabelecer políticas, desenvolver estratégias, concentrar recursos e começar a

trabalhar. É só assim que uma empresa pode ser administrada, visando um desempenho

ótimo."

Peter Drucker

Imaginamos que as citações acima, além de terem ajudado a responder ás suas

indagações, devem ter despertado sua curiosidade sobre como se identificar a Missão de

uma empresa.

Já abordamos a etapa da definição estratégica do Negócio, que cria uma moldura

na qual a empresa precisa cumprir a Missão que justifique sua existência.

No quadro abaixo se permite visualizar a ligação Negócio/Missão. Tomemos

como exemplo o Negócio "Energia". Várias organizações atuam nesse setor cada uma

com sua Missão. Por exemplo, a Secretaria Nacional de Energia, tem uma Missão

normatizadora e política. A Petrobrás, por ter monopólio, tem uma Missão exclusiva.

Empresas como a Shell, Atlantic, Ipiranga, Esso e BR tem Missões semelhantes, pois

Page 13: Apostila ADM FIN

13

atuam no mesmo "espaço". A Eletrobrás tem uma Missão de "holding", enquanto

empresas como Furnas, Light, Eletropaulo, COPEL, CEMIG, CESP, CEMAT etc., tem

Missões semelhantes, porém atuações limitadas por âmbito geográficos. O quadro não

pretende mencionar todas as empresas que atuam no Negócio de Energia e sim

esclarecer a ligação Negócio/Missão.

A seguir apresentamos algumas perguntas facilitadoras que orientam na

identificação da Missão:

• O que a empresa deve fazer?

• Para quem deve fazer?

• Para quê deve fazer?

• Como deve fazer?

• Onde deve fazer?

• Qual responsabilidade social deve ter?

Salientamos que nem sempre será necessário ou conveniente explicitar respostas

para todas as perguntas, e nem necessariamente apresentá-las na ordem sugerida.

Como a Missão é a expressão da razão da existência da empresa, em um

ambiente em crescente mutação, é fundamental dotá-la de flexibilidade para que possa

acompanhar as mudanças ambientais.

Outro aspecto importante em relação ao tema é que a Missão deve ter "a cara da

empresa", uma espécie de sua carteira de identidade.

Recomendamos um questionamento periódico da Missão, avaliando sua validade

no ambiente da empresa. Se for preciso mudar parte ou toda a Missão, é melhor fazê-lo

do que enfrentar as rejeições naturais a uma empresa que não consegue justificar sua

existência.

A melhor maneira de assimilar o conceito de Missão e testar a validade das

perguntas é examinar a seleção de missões a seguir apresentadas.

Esta seleção formou-se através de permanente análise de relatórios anuais,

posters, anúncios, reportagens, encartes, etc. e, sobretudo, pela atuação dos autores junto

a empresas ansiosas por explicitar suas Missões.

Escolhemos como primeiro exemplo uma empresa que, além de ter sido pioneira

na divulgação da sua Missão, dá significativa importância ao assunto.

Page 14: Apostila ADM FIN

14

Em 1990, quando faleceu Victor Civita, fundador da empresa, a revista Veja de

29 de agosto, em sua edição mais importante depois da primeira, precisava de uma capa

de impacto para registrar fato tão marcante na sua história.

A decisão foi colocar uma foto do fundador tendo como fundo a Missão da

Abril, gravada em letras douradas na parede da entrada do prédio da empresa em São

Paulo, como mostra a próxima ilustração.

Em julho de 1991, no processo de Planejamento Estratégico do Sistema Jornal

do Brasil, formado pelo Jornal, pela Rádio, pela Agência e pela Gráfica, a equipe do JB

explicitou a seguinte Missão:

"Atuar no setor de comunicação, com o compromisso de informar com

imparcialidade, garantindo a liberdade de expressão, contribuindo para o

desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida da sociedade."

O McDonald's explicitou assim sua "McMissão":

"Servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, num ambiente

limpo e agradável."

É a seguinte a Missão orientadora da atuação do Sistema TELEBRÁS:

"Propiciar á sociedade serviços de telecomunicações adequados ao seu

desenvolvimento político e econômico e ao bem-estar social."

A TELEMIG, empresa operadora participante do Sistema TELEBRÁS, tal como

fez a Abril, também estampou sua Missão em letras prateadas, na parede de entrada da

sua nova sede em Belo Horizonte.

Prestar serviços de telecomunicações no âmbito do Estado de Minas Gerais,

adequados ás necessidades de desenvolvimento político, econômico, social e

tecnológico da comunidade, assegurando lucratividade, que permita o melhoramento, a

expansão dos serviços e a justa remuneração do capital acionário.

O CPqD-Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS, atua

cumprindo a seguinte Missão:

"Realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e suporte tecnológico,

que propiciem ao STB condições de oferta de serviços/redes, produtos de

telecomunicações demandados pela sociedade brasileira e que contribuam para a

capacitação tecnológica e industrial do país."

Page 15: Apostila ADM FIN

15

1.6 - Visão

Os grandes navegadores sempre sabem onde fica o norte. Sabem

aonde querem ir e o que fazer para chegar a seu destino. Com as

grandes empresas acontece a mesma coisa: elas têm visão. É isso

que lhes permite administrar a continuidade e a mudança

simultaneamente.

James Collins e Jerry Porras

Ao lado de estratégias e práticas comerciais que se adaptam incontáveis vezes às

mudanças mundiais, as empresas de sucesso duradouro apresentam valores e objetivos

fundamentais que permanecem invariáveis.

A dinâmica de preservar o básico, estimulando em paralelo o progresso, é que

levou empresas como Hewlett-Packard, 3M, Johnson & Johnson, Procter & Gamble,

Merck, Sony, Motorola, Nordstrom e Disney ao topo do mercado, com capacidade de

renovação e desempenho superiores em longo prazo.

Os funcionários da Hewlett-Packard sabem que mudanças radicais em práticas

operacionais, normas culturais e estratégias comerciais não arranham os princípios

básicos da empresa. A Johnson & Johnson questiona regularmente sua estrutura e

reformula seus processos, mas preserva os ideais incorporados à sua filosofia. Em 1996,

a 3M desfez-se de várias de suas divisões grandes (e já maduras) e passou a se

concentrar em sua meta básica e essencial: solucionar de maneira inovadora problemas

ainda não solucionados. Analisamos empresas como essas durante a pesquisa para o

livro Feitas para Durar (ed. Rocco) e descobrimos que, desde 1925, seu desempenho

superou 12 vezes o do mercado acionário em geral.

As empresas realmente grandes compreendem a diferença entre o que nunca

deve ser mudado e o que deve ser aberto a mudanças. Essa rara capacidade de

administrar continuidade e mudança – que exige disciplina consciente – está vinculada à

capacidade de desenvolver uma visão. É a visão que indica que princípios básicos

devem ser preservados e para qual futuro se deve progredir.

A palavra "visão" tornou-se, infelizmente, uma das mais desgastadas e menos

compreendidas dos últimos tempos. Sugerimos , portanto, uma nova forma de defini-la,

esclarecendo e dando maior precisão aos conceitos vagos e confusos que a circundam.

Page 16: Apostila ADM FIN

16

Queremos, assim, fornecer uma orientação prática de como articular uma visão coerente

dentro de uma organização. Trata-se de uma definição fundamentada em seis anos de

pesquisas, testada e refinada pelo trabalho que fazemos com vários executivos de várias

organizações em todo o mundo.

A visão, concebida de forma correta, compreende dois componentes principais:

ideologia central e visualização do futuro. A ideologia básica, o yin de nosso esquema,

define o que defendemos e o porquê de nossa existência. O yin é imutável e

complementa o yang, o futuro visualizado. Esse futuro é o que aspiramos nos tornar, o

que esperamos alcançar e criar, tudo que requer mudanças significativas e progresso

para ser atingido.

1.7 - Cultura Organizacional

A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças

estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por

todos os membros da organização. Ela refere-se ao sistema de significados

compartilhados por todos os membros e que distingue uma organização das demais.

Constitui o modo institucionalizado de pensar e agir que existe em uma organização. A

essência da cultura de uma empresa é expressa pela maneira como ela faz seus

negócios, a maneira como ela trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia ou

liberdade que existe em suas unidades ou escritórios e o grau de lealdade expresso por

seus funcionários com relação à empresa. A cultura organizacional representa as

percepções dos dirigentes e funcionários da organização e reflete a mentalidade que

predomina na organização. Por esta razão, ela condiciona a administração das pessoas.

Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas informais e

não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia-a-

dia e que direcionam suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. No fundo,

é a cultura que define a missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos

objetivos da organização. A cultura precisa ser alinhada juntamente com outros aspectos

das decisões e ações da organização como planejamento, organização, direção e

controle para que se possa melhor conhecer a organização.

Page 17: Apostila ADM FIN

17

Pode-se Mudar a Cultura de uma Organização? Deve-se mudar a cultura da

Organização em busca de resultados?

Segundo Kissil (1998), para que a organização possa sobreviver e se

desenvolver, para que existam revitalização e inovação, deve-se mudar a cultura

organizacional. Esse conceito responde plenamente esta questão, onde o Autor sugere

que a revitalização e a inovação são fatores importantes para as empresas, e de certo

modo só se consegue isso mudando a cultura da organização.

O esforço de entendimento mútuo dentro da empresa é uma maneira de garantir

uma estrutura consistente e manter o ritmo de produtividade da organização. Para

montar as equipes com um perfil variado é preciso de um enfoque cultural e escolher as

pessoas que são diferentes. O que faz uma empresa forte é o respeito mútuo interno, é

ele que poderá gerar respostas rápidas e eficientes. Se as diversidades forem integradas

em torno de um único compromisso, a empresa estará sempre pronta para administrar as

mudanças que forem necessárias. Só se consegue isso com uma cultura organizacional

forte, onde as pessoas têm os valores e princípios da empresa disseminados de forma

clara, onde todos têm orgulho de fazer parte de uma organização transparente e focada

no sucesso.

Page 18: Apostila ADM FIN

18

1.7.1 - Ferramentas que ajudam na mudança na Cultura da Organização

Clareza de objetivos, valores e princípios: Onde a empresa tem seus objetivos

claros, definidos, formalmente estabelecidos e orientados para médio e longo prazo.

Para dar certo a empresa deve fazer com que todos funcionários tenham acesso aos seus

objetivos, ter definidos os valores e princípios, sendo relembrados periodicamente (Ex.

reunião mensal), isso auxilia no processo de mudança e seu retorno pode ser de médio

prazo, caso bem divulgado e aplicado.

Imagem de produtos e serviços: Grau em que os vários públicos (internos e

externos) percebem a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Não basta o cliente

externo ter percepção da empresa, mas também os funcionários, a "venda" interna é

muito importante, divulgação de projetos que estão sendo executados, conquistas,

detalhes sobre a qualidade de seus produtos e serviços, devem ser do conhecimento dos

clientes internos e externos, fazendo com que o funcionário tenha orgulho do seu

trabalho. Seu resultado na mudança pode ser notado no longo prazo. Deve ser também

ser trabalhado constantemente, para manter os funcionários informados.

Integração e comunicação: Onde a estrutura da organização permite a

comunicação interna entre os diversos níveis de forma simples e aberta. Tendo também

a colaboração e parceria como meio existente como auxílio mútuo, sendo tanto

internamente (funcionários) quanto externamente (fornecedores). A comunicação

flexível, entre subordinados e gestores, caso a empresa for muito fechada se dará num

período de longo prazo, porém sendo um pouco mais flexível, se dará no curto ou médio

prazo. A política de "portas abertas" deve ser incentivada pelos gestores até se tornar

comum na organização.

Abertura a novas idéias: Grau em que a empresa é dinâmica está atenta às

mudanças, tem senso de oportunidade, estabelece objetivos arrojados, é líder de

tendências e cria um ambiente motivador. Nesse ambiente a empresa valoriza e

incentiva as novas idéias de seus colaboradores. Pode ser feito incentivos financeiros

como premiações por economia na mudança de algum processo, criar uma caixa de

sugestões, ter reuniões periódicas entre setores na busca de melhorias, criar um grupo de

melhoria, etc. Depende muito da comunicação, ela deve ser aberta a ponto do

funcionário ter a ousadia de expor e criar novos métodos e procedimentos. É um

trabalho que pode trazer resultados no curto, médio, ou longo prazo.

Page 19: Apostila ADM FIN

19

Desempenho profissional: O trabalho é estimulante para os funcionários e

oferece desafios profissionais, possibilidade de crescimento e valorização pessoal. A

própria prática de idéias faz com que o profissional sinta-se mais valorizando, pode-se

também fazer rodízios, onde o funcionário deixa de ser um especialista numa função e

começa a ter conhecimento de outras atividades, ajudando no entendimento do todo do

processo e seu objetivo final. A construção de um plano de carreira também é

importante, mas certamente é mais viável em empresas de grande porte. Seus resultados

são de médio a longo prazo.

Aprendizado: A empresa estimula e proporciona oportunidade de

desenvolvimento profissional para os funcionários. A empresa não passa da fase de

apenas cobrar qualificação do quadro funcional, mas passa a incentivar. Pode-se fazer

isso com cursos internos, auxílio financeiro nos estudos (faculdade, curso de línguas,

cursos profissionalizantes específicos, etc.). Pode ser implantado com divulgação de

uma nova política de valorização dos funcionários incentivando aos estudos, tem um

reflexo muito bom, e seus resultados podem ser de curto prazo.

Critérios para recrutamento, seleção, promoção de empregados. Os tipos de

pessoas que são contratadas e os que têm sucesso são aqueles que aceitam e comportam-

se de acordo com os valores da organização. É fundamental não ter o favoritismo de

algumas pessoas, onde o caráter paternalista, pode ser visto muito fortemente em

empresas familiares acontecer tornando a organização desacreditada internamente.

Aplica-se com um recrutamento e seleção feita por profissionais qualificados, onde são

buscados profissionais que se encaixam com o perfil da vaga e os objetivos da

organização. Seu retorno é de longo prazo.

É importante, porém ressaltar que antes de qualquer atitude deve-se

primeiramente fazer um diagnóstico da atual cultura da organização, para poder assim

fazer um plano de ação e finalmente executá-lo e controlá-lo.

Page 20: Apostila ADM FIN

20

1.7.2 - Aplicação das ferramentas citadas

Os mecanismos acima citados, realmente podem ser aplicados, e são formas de

fazer com que a organização mude sua cultura corporativa, claro que se deve observar o

tamanho e a estrutura de cada empresa e adaptar a ferramenta conforme sua situação.

A mudança da cultura certamente começa de cima para baixo, e podem e devem

ser executadas pela Diretoria (CEO). Os gerentes intermediários, supervisores, ou

chefes de departamentos, devem obrigatoriamente fazer parte do processo, ou etapas

como a de comunicação não funcionariam, é seu papel também incentivar as mudanças

propostas, é por eles que as instruções normalmente chegam, e se falhar nessa etapa

todo o processo pode vir por água abaixo.

Dessa forma conclui-se que apenas com a integração de todos é possível fazer

com que se mude a cultura de uma organização.

"Só existem duas maneiras de mudar a cultura de uma organização: mudando as pessoas

ou mudando de pessoas." (Autor desconhecido)

Page 21: Apostila ADM FIN

21

2 - PROCESSOS DE TRABALHO

Podemos descrever todas as atividades de uma empresa através da identificação

de seus processos. Um processo pode ser definido como uma atividade que possui

entradas e suas saídas é resultado da atividade executada. Um mapa de processo é a

seqüência lógica e ordenada destas atividades, onde é possível ter uma visão geral do

fluxo (de material ou informação) de um setor ou organização.

Não obstante, o gerenciamento destas atividades torna-se complexo ou pouco

eficaz quando estas não estão claramente determinadas e definidas, distanciando-se

principalmente dos objetivos da área ou da organização. Neste cenário, surge a

importância do conceito de processos, não somente para estabelecer as atividades do

setor, mas também como forma de reestruturar a organização tipicamente

departamentalizada e verticalizada.

O contexto atual de concorrência e busca por diferenças no mercado tem gerado

nas empresas, a necessidade de identificar, para melhor gerenciar suas atividades. Com

este intuito, muitas empresas estão aplicando o conceito de gestão por processos, para

alocar seus recursos e esforços de forma mais eficiente.

O intuito é focar as atividades principais e que agregam valor, seja no setor de

serviços seja na de manufatura.

A Gestão por Processos torna-se, portanto, objetivo das empresas, uma vez que

visa identificar e mapear todas as atividades de uma organização para assim gerenciá-

las. Através do mapa de processos, torna-se possível visualizar todo o fluxo e a relação

de dependência entre as atividades (a saída de um processo é a entrada do seguinte) de

forma a unificar uma estrutura em torno de um objetivo em comum.

Processos definidos permitem também, que as pessoas tenham conhecimento de

seu papel dentro da organização, criando um ambiente mais integrado e menos

individual. Através do mapa de processo, é possível também identificar potenciais

causas de problemas, uma vez que as entradas de cada processo são determinadas.

Somente é possível, no entanto gerenciar e controlar processos que possuem

alguma forma de medição.

Por isso, a importância de se estabelecer indicadores de performance para cada

um dos processos, após sua identificação e definição.

Page 22: Apostila ADM FIN

22

2.1 - O conceito de processos

A empresa é a forma pela qual organizamos nossos recursos, de todos os tipos,

para realizar o trabalho que nos propusemos a fazer; o trabalho pode ser entendido como

objetivo a ser realizado, podendo ser concreto ou abstrato. A estrutura das organizações

é proveniente da produção artesanal, que possui características, que para Womack

(1992) consistiam em uma força de trabalho altamente qualificada, em toda a estrutura

do produto, como projeto, operações de máquinas, ajuste e acabamento e organizações

extremamente descentralizadas. Também era comum o emprego de máquinas de uso

geral e um volume de produção baixíssimo.

Com passar do tempo, houve um aumento na capacidade de consumo da

sociedade, surgiram técnicas para se obter melhores resultados, com que se iniciaram as

técnicas de controle de tempos e movimentos propostos por Taylor. Posteriormente,

com a introdução das técnicas de Henry Ford, na indústria automobilística, obteve-se a

divisão do trabalho em tarefas simples, a introdução de peças intercambiáveis

(conseguido através da padronização de medidas). Portanto, ocorreu uma mudança na

estrutura organizacional das empresas, permanecendo praticamente a mesma até os dias

atuais.

Atualmente, as organizações vêm sendo marcadas por profundas transformações,

advindas da utilização de novas tecnologias, em todos os setores produtivos. Segundo

Santos & Paim (2000) estas transformações tecnológicas incidiram sobre a estrutura

organizacional e romperam com modelos tradicionais do processo de trabalho. As novas

estruturas organizacionais tendem a apresentar um baixo nível de formalização, formas

avançadas de departamentalização, multiplicidade de comando, diversificação elevada e

comunicação horizontal e diagonal (VASCONSELLOS & HEMSLEY, 1989).

Essas diferentes formas de comunicação e de relação de trabalho fizeram com

que houvesse mudanças nos conceitos de gestão das organizações, passando por

mudanças dos ambientes interno e externo.

Conseqüentemente, ao longo do século XX, várias teorias e modelos foram

desenvolvidos para estruturas organizacionais e bradados como ideais mais adequados

para atender os desafios ou demandas mercadológicas do momento. Uma dessas teorias

ou modelos é baseada na visão dos processos. Porém, existe uma mudança de foco das

teorias anteriores, que eram baseadas nos processos essencialmente produtivos, na

tentativa de otimização e redução de custos. Mas não possuíam grande participação no

Page 23: Apostila ADM FIN

23

valor dos produtos, enquanto os processos de suporte representavam quase metade dos

custos do produto.

Atualmente, as organizações vêm sendo marcadas por profundas transformações,

advindas da Gestão de processos em uma empresa do setor elétrico utilização de novas

tecnologias, em todos os setores produtivos. Segundo Santos & Paim (2000) estas

transformações tecnológicas incidiram sobre a estrutura organizacional e romperam

com modelos tradicionais do processo de trabalho. As novas estruturas organizacionais

tendem a apresentar um baixo nível de formalização, formas avançadas de

departamentalização, multiplicidade de comando, diversificação elevada e comunicação

horizontal e diagonal (VASCONSELLOS & HEMSLEY, 1989).

Essas diferentes formas de comunicação e de relação de trabalho fizeram com

que houvesse mudanças nos conceitos de gestão das organizações, passando por

mudanças dos ambientes interno e externo.

Conseqüentemente, ao longo do século XX, várias teorias e modelos foram

desenvolvidos para estruturas organizacionais e bradados como ideais mais adequados

para atender os desafios ou demandas mercadológicas do momento. Uma dessas teorias

ou modelos é baseada na visão dos processos. Porém, existe uma mudança de foco das

teorias anteriores, que eram baseadas nos processos essencialmente produtivos, na

tentativa de otimização e redução de custos. Mas não possuíam grande participação no

valor dos produtos, enquanto os processos de suporte representavam quase metade dos

custos do produto.

Segundo Gonçalves (2000a) a idéia de processos não é nova e tem raízes na

tradição da engenharia industrial e no estudo dos sistemas sociotécnicos. Temas como

redesenhos de processos, organização por processos e gestão por processos começaram

a ser exaustivamente discutidos nos últimos 20 anos, quando empresas japonesas

começaram a implantar a gestão por processos.

Page 24: Apostila ADM FIN

24

3 - NORMALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS

3.1 - Origens históricas e evolução

A linguagem falada e, mais tarde, a escrita, que se desenvolveram para

possibilitar a comunicação entre os homens, podem ser consideradas como formas

primeiras de normalização. Existem registros, desde a antiguidade, de ações tendentes a

definir, unificar e simplificar (ou seja, normalizar) produtos acabados e elementos

utilizados na sua produção, podendo, a título de exemplo, assinalar-se algumas das mais

importantes etapas do processo de normalização:

- A adoção do “primeiro” padrão de comprimento [distância entre dois nós de

uma vara de bambu que, quando soprada, permitia reproduzir uma determinada nota

musical (som de freqüência específica), na China, no século XXVII a.C.

- A construção de pirâmides com blocos de pedra de dimensões unificadas, no

Egito, por volta de 2500 a.C.

- A fabricação de tijolos de formato único e ânforas de dimensões e formas

unificadas, no Egito, sob o domínio do faraó Thutmosis I (1530 - 1520 a.C.).

- A existência de regras escritas para a construção de obras públicas (Códice do

templo de Elêusis), na Grécia, no século IV a.C.

- A utilização de tijolos e diâmetros de tubos para aquedutos normalizados, em

Roma.

- O aparelhamento de navios com mastros, velas, remos e barras do leme, com

características unificadas, em Veneza, no século XV.

- A adoção do SISTEMA MÉTRICO DECIMAL, em França, através da Lei de 1

de Agosto de 1793.

- A Introdução do PRINCÍPIO da INTERMUTABILIDADE na indústria de

armamento, por Whitney, nos USA, no final do século XVIII.

* In “Texto de Apoio às Disciplinas de Desenho Técnico (LEM) e de Desenho

Industrial I (LGEI) da FEUP”. Porto: AEFEUP. 2005.

Page 25: Apostila ADM FIN

25

** Docente da Secção de Desenho Industrial do DEMEGI-FEUP, colaborador do

ONS-INEGI e secretário da CT1 e da CT9.

- A elaboração de normas relativas à construção de veículos sobre carris, pela

Administração Ferroviária, e de segurança em navios, pela Sociedade de Seguros, no

século XIX.

- O estabelecimento de um sistema de diâmetros e passos normalizados para

elementos roscados (rosca inglesa ou rosca Whitworth), por Sir Joseph Whitworth, em

1841, no Reino Unido.

No entanto, só com o progresso registrado com a Revolução Industrial do século

XIX e com a industrialização para a produção em série de automóveis, nos USA, no

início do século XX, surgiu a necessidade de estender a Normalização aos níveis

industrial e nacional. Adicionalmente, as dificuldades sentidas, no campo da cooperação

técnica e militar, pelos Países Aliados, no decurso da Segunda Guerra Mundial,

puseram em evidência a necessidade de se caminhar decididamente para a

Normalização no plano internacional. A título de exemplo, pode referir-se o fato de a

não existência de normalização internacional no domínio dos perfis e passos das roscas

ter custado cerca de 1000 milhões de dólares aos Aliados. Neste enquadramento, entre

as principais ações desenvolvidas em prol da Atividade Normativa merecem destaque:

- A criação da VDE (Associação dos Eletrotécnicos Alemães), primeiro

organismo de normalização para o estabelecimento de normas para a construção e

instalação de aparelhos elétricos, em 1893.

- A criação da IEC - Comissão Eletrotécnica Internacional (CEI), para o

desenvolvimento da atividade normativa internacional no domínio eletrotécnico, em

Londres, em 1906.

- A criação do DIN - Instituto Alemão de Normalização, em 1917.

- A criação da ISA – “International Federation of the National Standardizing

Associations”, para o desenvolvimento da atividade normativa internacional, nos outros

domínios e em particular na engenharia mecânica, em 1926. As atividades da ISA

cessaram em 1942, em resultado da Segunda Guerra Mundial.

- A criação da CEP - Comissão Eletrotécnica Portuguesa, em 1929, antecessora

do atual Instituto Eletrotécnico Português (IEP), constituído em 1981.

Page 26: Apostila ADM FIN

26

- A criação da ISO – “International Organization for Standardization”, com sede

em Genebra, para facilitar a coordenação e a unificação internacional das normas

industriais, em 1947.

- A criação da IGPAI – Inspecção Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, em

1948, antecessora do atual Instituto Português de Qualidade (IPQ), constituído em 1986.

- A criação do CEN - Comitê Europeu de Normalização, em 1961, com o

objetivo de permitir a elaboração de normas européias destinadas a promover a

competitividade da indústria européia no mundo e contribuir para a criação de um

mercado interno europeu, com sede em Bruxelas, desde 1975.

- A criação do CENELEC - Comitê Europeu de Normalização Eletrotécnica, em

1973.

- A criação do ETSI – “European Telecommunications Standards Institute”, em

1988.

3.2 - Objetivos e importância da Normalização

De acordo com a definição da norma NP EN 45020: 2001:

A Normalização é a atividade destinada a estabelecer, face a problemas reais ou

potenciais, disposições para utilização comum e repetida, tendo em vista a obtenção do

grau ótimo de ordem, num determinado contexto. Consistem, em particular, na

elaboração, publicação e promoção do emprego das Normas.

A importância da Normalização pode ser constatada nas mais diversas atividades

desenvolvidas, no dia-a-dia, por pessoas e instituições, podendo assinalar-se, a título de

exemplo:

- A utilização de formatos de papéis (em desenhos, impressos, etc.) normalizados

internacionalmente (a norma original foi publicada pelo DIN, em 1922) permite reduzir

os desperdícios na produção de papel, aumentar a produtividade das indústrias

tipográfica e de papelaria, etc.

- A existência de normas para a construção, instalação e funcionamento de

aparelhos elétricos industriais e domésticos é fundamental para segurança de pessoas e

bens.

Page 27: Apostila ADM FIN

27

- A utilização da designação ISO na caracterização da sensibilidade das

películas, adotada mundialmente, entre outras normas respeitantes ao material

fotográfico, facilita muito a vida dos utilizadores.

- A normalização dos contentores de mercadorias, ao nível internacional, permite

a todos os elementos de uma cadeia de transportes – instalações portuárias e

aeroportuárias, caminhos de ferro, redes rodoviárias e embalagem – uma integração

eficaz.

- A utilização mundial de elementos com roscas métricas ISO permitiu eliminar

um importante obstáculo técnico às trocas comerciais, reduzindo os problemas de

manutenção.

A Normalização busca a definição, a unificação e a simplificação, de forma

racional, quer dos produtos acabados, quer dos elementos que se empregam para

produzi-los, através do estabelecimento de documentos chamados Normas.

O termo definição significa precisar qualitativa e quantitativamente todos os

materiais, objetos e elementos que se utilizam na produção, bem como os próprios

produtos finais. Os termos Unificação e Simplificação têm em vista a redução, ao

mínimo, das variedades dos materiais, das ferramentas e operações do processo

produtivo e ainda dos produtos acabados.

As normas definem características de bens ou serviços, tais como os níveis de

qualidade ou de eficiência, a segurança ou as dimensões. Deve registar-se que, embora,

normalmente, a sua aplicação não seja obrigatória, as normas têm hoje um papel

relevante nas relações industriais e comerciais. A utilização de uma marca de

conformidade com as normas dá, aos consumidores, uma determinada garantia de

qualidade dos respectivos bens ou serviços.

Page 28: Apostila ADM FIN

28

4 - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Nos dias de hoje, existem três tipos de organizações: as

que fazem acontecer, as que apenas observam acontecer e as

que surpreendentemente se espantam com o que aconteceu.

Desse modo, uma organização moderna que pretende manter-

se competitiva deve estar entre as organizações que fazem

acontecer, pois no mundo globalizado não existe espaço para

seguidores, mas sim para inovadores.

Nesse contexto, pode-se evidenciar a importância de uma estratégia que oriente a

empresa para que seja possível alcançar seus objetivos, seja através da produção de bens

ou de oferecimento de serviços. A organização que escolher a abordagem do “Eu não

me importo para onde” pode-se ver à mercê de forças múltiplas no mercado. A

concorrência pode dominá-la; idéias novas podem substituir seu produto; novos

métodos de marketing podem fazer com que seus sistemas de distribuição fiquem

obsoletos. A organização pode nunca atingir seus objetivos.

A formulação das estratégias empresariais é complexa, uma vez que a própria

estratégia está mergulhada em uma multiplicidade de fatores e de componentes internos

e externos. Muitos desses fatores estão situados completamente fora do controle e da

previsão da empresa.

Diante deste cenário o planejamento estratégico surge como uma valiosa

“ferramenta” de auxílio à alta administração, pois permite nortear as ações gerenciais da

empresa dentro de um plano previamente determinado de metas e estratégias

diminuindo, com isso a possibilidade de tomada de decisões equivocadas, num mercado

extremamente competitivo sem margem para erro.

O planejamento estratégico é um importante instrumento de gestão para as

organizações na atualidade. Constitui uma das mais importantes funções administrativas

e é através dele que o gestor e sua equipe estabelecem os parâmetros que vão direcionar

a organização da empresa, a condução da liderança, assim como o controle das

atividades. O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e suas equipes uma

ferramenta que os municie de informações para a tomada de decisão, ajudando-os a

Page 29: Apostila ADM FIN

29

atuar de forma pró-ativa, antecipando-se às mudanças que ocorrem no mercado em que

atuam.

Michael Porter, importante autor no campo da estratégia, afirma que uma

empresa sem planejamento corre o risco de se transformar em uma folha seca, que se

move ao capricho dos ventos da concorrência. De fato, o administrador que não exerce a

sua função enquanto planejador acaba por se concentrar excessivamente no operacional,

atuando principalmente como um bombeiro que vive apagando incêndios, mas que não

consegue enxergar onde está a causa desses incêndios.

Mas como evitar essa armadilha do imediatismo na administração?

Como garantir um tempo e um espaço relevante para o planejamento dentro da

empresa, tendo em vista as inúmeras atribuições que já possui o gestor no seu dia-a-dia?

Como definir um processo de planejamento que seja realista diante das intensas e

profundas mudanças que ocorrem na atualidade, numa velocidade tão grande?

As respostas para essas perguntas não são simples. Entretanto, podemos afirmar

que, embora o crescimento das organizações esteja repleto de acidentes e eventos

aleatórios, é inegável que as empresas que prosperam e conseguem se perpetuar no

mercado atualmente possuem algo mais do que uma boa sorte.

O que determina grande parte do seu sucesso é a capacidade de se adaptar às

mudanças de seu ambiente, antecipando-se aos seus concorrentes.

Saber utilizar os instrumentos do planejamento de forma coerente, adaptando-os

à realidade da empresa e às suas necessidades, pode ser então uma excelente arma

competitiva. Para utilizá-la eficazmente, é importante que os gestores conheçam bem

cada um dos elementos do planejamento e suas funções, assim como as mudanças que

estão ocorrendo no contexto competitivo, as quais estão influenciando na própria prática

do planejamento e lançando alguns desafios para a sua gestão nas empresas.

Segundo Kotler (1992, p.63), “planejamento estratégico é definido como o

processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos

e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado”. O objetivo do

planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de

modo que gere lucros e crescimento satisfatórios.

O planejamento estratégico, em todos os aspectos técnicos, surgiu somente no

início da década de 70. Nas décadas de 50 e 60 os administradores empregavam, apenas

o planejamento operacional, porque o crescimento de demanda total estava controlado,

Page 30: Apostila ADM FIN

30

e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem

sucedido no negócio.

Isso mudou com a turbulência dos anos 70, que trouxe a tona diversas crises: os

preços do petróleo dispararam com a guerra entre árabes e israelenses; houve escassez

de energia e matéria-prima, inflação de dois dígitos, recessão econômica e alarmantes

índices de desemprego.

Essa seqüência de fatores negativos para a economia trouxe como conseqüência

à necessidade de um novo processo de planejamento administrativo, visando manter as

empresas numa boa posição, mesmo diante de problemas que possam ocorrer em

qualquer um de seus negócios ou linhas de produtos.

Segundo Kotler (1992, p.63), esse novo processo de planejamento tinha 3 idéias

básicas. Primeira : uso pela empresa de um portfólio de investimento. Cabia o gerente

de portfólio financeiro avaliar cada tipo de investimento para saber se era vantajoso

adquirir mais, vender apenas uma parte ou vender tudo. A mesma idéia servia para uma

empresa que atuava em vários ramos de negócios, produtos ou linhas de produtos. O

importante era saber que tipo de negócio podia ser iniciado, mantido, desacelerado ou

encerrado.

Segunda idéia básica: estar em constante avaliação em relação ao potencial de

lucro futuro de cada tipo de negócio, pois a empresa não pode agir simplesmente

baseando-se no planejamento anual ou fazendo planejamento de longo prazo com base

nas vendas passadas: ela deve criar diferentes instrumentos analíticos com relação ao

futuro do mercado. Pois seria doloroso permanecer num mercado que a empresa teria

que abandonar depois ou abandonar agora um mercado no qual a empresa deveria atuar

em pleno vigor.

A terceira idéia básica: planejamento estratégico é a estratégia propriamente

dita, ou seja, para cada tipo de negócio a empresa tem que criar uma estratégia para

alcançar os objetivos de longo prazo, pois não há uma estratégia satisfatória para todos

os concorrentes. Assim, cada empresa deve escolher o que é melhor para ela, levando

em conta a sua posição no mercado, os objetivos, as oportunidades e os recursos

disponíveis.

Portanto para entender o planejamento estratégico é necessário examinar a

estrutura organizacional da organização, normalmente dividida em três níveis: alta

administração, unidades de negócios da empresa e produto. Desta maneira, é

Page 31: Apostila ADM FIN

31

incumbência da alta administração elaborar e desenvolver o planejamento estratégico

corporativo para levar a empresa a um futuro promissor e rentável.

4.1 – Elaborando o planejamento

O primeiro passo para a elaboração do planejamento estratégico é determinar

com precisão questões básicas, porém primordiais como:

- “Quem somos?”

- “Onde queremos chegar?”

- “Avaliamos os fatores externos?”

- “Como atingiremos nossos objetivos?”

A partir daí, deve-se simular situações diversas construir cenários, não

objetivando prever o futuro, mas sim descrever possíveis acontecimentos plausíveis que

poderão ocorrer. Para isso é necessário levar em consideração fatores como o histórico e

resultados para ter condições de interagir.

4.1.1 - Definir a missão

Definir a missão significa “estabelecer a razão de existência da organização, qual

seu negócio (o que faz) e de que forma atua nesse negócio (como faz)”. A missão deve

ser simples, curta extremamente objetiva. Ademais, deve haver consenso entre os

dirigentes da organização e ser um compromisso de todos.

Ao definir a missão da organização, o empreendedor estará conseqüentemente

objetivando o foco da empresa do mercado. Podendo assim determinar com precisão em

que segmento irá atuar, quais são seus concorrentes, que empresas serão seus futuros

fornecedores, etc.

A missão da empresa é algo totalmente diferente da declaração de visão da

empresa. Desta vez, trata-se exatamente de valores numéricos e quantitativos,

estabelecidos de modo muito mais preciso e documental. A missão da empresa não

somente indica seus objetivos e propósitos concretos futuros e em andamento, como

descreve seu estado atual, seu ramo, atividade, produtos e serviços, sua abrangência, seu

mercado, seu público etc. GAJ (2001, p.219) define a declaração da missão da empresa,

como uma consolidação prática, formal e detalhada de como se pretende e se pode

Page 32: Apostila ADM FIN

32

aplicar o conteúdo da visão da empresa no mercado e em suas ações no mundo real, ou

seja, trata-se de uma forma sólida de declarar as práticas que são subjetivamente

abordadas na visão da empresa.

Como um resumido exemplo, pode-se imaginar uma empresa que em sua

declaração de visão, exprima a idéia, a esperança e a intenção de preservar o meio

ambiente. Essa empresa em sua declaração de missão deverá listar os recursos humanos

e materiais que possui, e quais serão as ações específicas para atingir esse ideal, como,

por exemplo, oferecer um determinado produto que não contenha ingredientes tóxicos,

prestar um serviço de modo que seus resíduos sejam reciclados ou devidamente

contidos, ou ainda fomentar a consciência ambiental em campanhas, etc. Descrevendo

detalhadamente esses produtos, serviços e campanhas, estabelecendo metas, prazos,

quantidades, valores e outras características específicas.

4.1.2 - Identificar fatores fundamentais para obter sucesso

Consiste no levantamento e estudo dos principais fatores que poderão influenciar

no desempenho da empresa no mercado alvo e no conseqüente sucesso ou fracasso no

planejamento estratégico da organização. A identificação de fatores essenciais para

obtenção de sucesso consiste basicamente na análise do ambiente interno e externo da

empresa e formulação das metas e objetivos.

4.1.3 - Estudar mercado

Nesta etapa deve-se avaliar a posição/participação da empresa no mercado, bem

como, analisar fatores internos e externos, utilizando dados fidedignos e consistentes.

No levantamento de dados internos da organização, deve-se levar em

consideração a trajetória da empresa, seu modelo de gestão, sua estrutura, ambiente

organizacional, seus resultados nas áreas comercial e financeira; provenientes de suas

estratégias, bem como, operacionalização da sua qualificação técnica e evolução dos

seus processos produtivos.

Page 33: Apostila ADM FIN

33

4.1.4 - Definir metas e objetivos

As metas e objetivos devem ser definidos de maneira agressiva e desafiadora,

porém deve-se levar em conta as limitações da organização. Esses deverão ser

qualitativos e quantitativos e precisarão obedecer a prazos previstos no planejamento.

As metas são na verdade necessárias para orientar a empresa no caminho, no

roteiro que deve ser seguido para que seja cumprida a missão de empresa dentro da

visão de empresa, já os objetivos, são as descrições detalhadas do que deve ser feito

para se atingir as metas.

4.1.5 - Estabelecer estratégias

Neste ponto do planejamento serão utilizadas informações de todas as etapas

anteriores, visando estabelecer estratégias focadas nas necessidades da organização em

questão. Um fator crucial é agregar valor ao cliente oferecendo um diferencial no

segmento em que atua a organização.

Uma vez prontas essas referidas etapas anteriores, pode-se então formular a

estratégia propriamente dita. O plano estratégico de negócio conterá então diversas

informações e propostas importantes para que ocorram as melhores tomadas de decisão,

tanto diante de situações previstas como de surpresas, além de proporcionar a existência

de uma organização sólida, capacitada, empreendedora, que age com margens de

segurança e risco devidamente equilibradas ao considerar a relação custo x benefício x

risco de cada oportunidade vislumbrada. Contando ainda com uma forte sinergia através

da coordenação de ações e métodos em todos seus departamentos.

4.1.6 - Planejar a ação

Tendo-se estabelecido estratégias, faz-se necessário definir claramente quem será

o responsável pela execução de determinada ação, como e quando será implementada,

qual será o cronograma a ser seguido e qual será o custo da mesma, ou seja, fazer um

plano de ação.

Geralmente os planos de ação mais comuns se baseiam em três modelos:

liderança total em custos, diferenciação e foco.

Page 34: Apostila ADM FIN

34

No modelo da liderança total em custos, a atenção do plano de ação, é voltada

para a produção, distribuição e qualquer outro setor diretamente aos custos, no sentido

de reduzi-los sem grande impacto na qualidade geral do produto, sendo assim possível,

se obter um produto com preço menor que a concorrência e com base nisso, dominar

uma maior fatia de mercado progressivamente rumo à liderança.

No modelo de diferenciação, a atenção central do plano de ação também é

voltada para a produção e distribuição, no entanto, engloba também outros setores da

organização, como o marketing, o design, a pesquisa e desenvolvimento ou outros de

acordo com o caso específico e, desta vez os esforços serão concentrados no sentido de

diferenciar seu produto ou serviço dos demais concorrentes, em alguma característica

desejada pelos consumidores.

Por exemplo, na qualidade, praticidade, rapidez de entrega, resistência, estilo,

etc. No entanto, a literatura e a prática demonstram que é comum conseguir liderança

em uma característica, e raramente em duas ou mais. Até mesmo por uma questão de

lógica, o mais resistente não deverá ser ao mesmo tempo o mais bonito, o mais barato e

o de maior status ou tradição, e ao mesmo tempo ainda conseguir ser o mais prático, o

de entrega mais rápida, o mais fácil de usar, e o mais eficiente e seguro, e assim por

diante.

O modelo do foco pode tanto ser um, o outro, ou ambos os exemplos

supracitados, com a diferença que ao invés de almejar um grande mercado, será

concentrado num segmento menor.

4.1.7 - Controlar as ações

A execução das ações estabelecidas deve ser analisada constantemente, visando

mensurar desempenho x investimento e verificar se o cronograma está sendo cumprido.

Só assim será possível identificar as dificuldades e prováveis falhas, possibilitando

mudança de estratégia caso se faça necessária.

Diversos são os fatores internos e externos que devem ser monitorados para um

perfeito controle das ações. Por exemplo, funcionários aumentam ou diminuem sua

produtividade de acordo com sua motivação ou reação diante de modificações diversas;

o mercado reage com maior ou menor demanda diante de diversos fenômenos que vão

Page 35: Apostila ADM FIN

35

desde a mudança repentina de opinião – como uma notícia de que manteiga causa

infarto, ou que aumentaram os acidentes aéreos - à alteração do poder aquisitivo – como

falências, demissões em massa ou catástrofes naturais; os concorrentes também reagem,

podendo lançar novos produtos ou fazer promoções; a moda e os estilos de vida se

modificam, até mesmo por causa de telenovela e assim por diante.

Receber essas informações - feedback - e reagir adequada e prontamente é algo

essencial para a continuidade de toda estratégia implementada, inclusive até mesmo

estar apto a mudanças radicais em toda estrutura e conceitos se isso for necessário.

Page 36: Apostila ADM FIN

36

5 - PRÁTICA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

Ética é um tema fascinante, mas complexo.

Fascinante porque em teoria é compreensível e inspirador e

complexo porque se dá na prática por meio das pessoas. A

Ética é, portanto, um produto das relações humanas. De

forma pragmática, a ética se apresenta como o assunto cujo estudo tem tornado possível

maximizar a eficácia das relações humanas nas organizações. Em seu sentido mais

abrangente, a ética significa o conjunto de valores e da moral que conduzem um

indivíduo a tomar decisões, no que se refere principalmente às suas relações com o

mundo. Não se pode estudar a ética de forma isolada, mas com foco no ambiente e nas

relações humanas ali existentes.

Na busca de facilitar o convívio em sociedade são criadas normas formais, que

podem estar escritas ou normas morais, que são simbólicas e se manifestam por

comportamentos fortalecidos nas teias sociais ao longo dos anos. O objetivo das normas

é o de se tentar prever, racionalizar e evitar que conflitos éticos ocorram.

A questão ética nas organizações passa pela compreensão da sua cultura

organização. Quais os valores e crenças desta organização e como suas questões do

cotidiano são resolvidas?

Edgar Schein (1982) define cultura organizacional como sendo um padrão de

suposições básicas inventadas, descobertas ou desenvolvidas pelos membros de uma

empresa para lidar com problemas de adaptação externa e integração interna. Estes

padrões funcionam com eficácia suficiente para serem considerados válidos e, em

seguida, ensinados aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e

sentir esses problemas.

Observa-se que a prática da ética nas organizações, por caminhos formais ou

informais, instala-se por referências ideais de comportamentos e procedimentos que

servem de guia, modelo e exemplo de ações ou atitudes tidas como aceitas ou

recomendadas.

No mundo das organizações a ética tem se apresentado como um tema muito

complexo e pouco aprofundado. Durante o dia a dia da empresa, podem acontecer

diversas situações testando a ética de cada profissional, independendo de sua função ou

cargo, gerando assim conflitos éticos. Os objetivos da empresa de maximizar lucros se

Page 37: Apostila ADM FIN

37

chocam com os objetivos dos funcionários de receber a melhor remuneração possível. O

desejo dos fabricantes de cobrar margens confortáveis confronta o desejo dos

consumidores de ter produtos bons a um menor preço. A vontade de um gerente em

contratar um amigo, parente ou conhecido vai contra a necessidade da empresa de

possuir o melhor candidato possível e a exigência da sociedade de que sejam oferecidas

oportunidades iguais para todos.

Vázquez (1999, p.23) afirma que a ética "é a teoria ou ciência do comportamento

moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica de

comportamento humano". Portanto, a ética, como um estudo científico, parte de certos

tipos de fatos com o intuito de encontrar os princípios que o regem. A ética não é a

moral, não devendo, deste modo, ser caracterizada como um conjunto de normas e

regras, já que não é ela que as estabelece em uma determinada comunidade. Sua

finalidade é explicar a moral efetiva podendo, por meio desta, influir na própria moral.

Para Aguiar (2003, p.61)

A Ética, como ciência, procura princípios universalmente válidos que possam

fundamentar um agir construtivamente orientado, que favoreça o indivíduo, a

coletividade na qual ele se insere, a humanidade em geral e, até, todos os seres vivos.

Ela pretende determinar os valores e preceitos que devem nortear a conduta humana em

qualquer tempo ou lugar.

5.1 - A moral

Segundo Vázquez (1999), a moral é um modo do Ser se comportar, acreditando-

se que por trás de seus atos existam certos princípios, normas ou regras de conduta, as

quais podem variar entre as diversas comunidades. Surge quando o homem supera a sua

natureza puramente natural e instintiva, passando a possuir uma natureza social, ou seja,

quando este homem se torna membro de uma coletividade.

Em uma matéria, publicada por Cohen (2003, p.35-43), existe um argumento que

traz a seguinte idéia: se uma empresa assumir uma postura ética, seus funcionários,

conseqüentemente, darão seu sangue por ela, os fornecedores irão se tornar fortes

parceiros estratégicos, os consumidores darão preferência a seus produtos e serviços,

Page 38: Apostila ADM FIN

38

aceitando até mesmo pagar mais caro por eles, e a sociedade na qual está inserida será

mais compreensiva diante de certos tropeços. Ou seja, a ética promete às empresas o

paraíso, em versão adaptada aos negócios.

A formalização de um Código de Ética enfrenta um difícil caminho de

construção, implementação e manutenção nas organizações.

Na construção, o desafio está em tornar perceptível o que, de fato, se constitui

como valor a serviço da visão e da missão da Empresa. A fronteira entre o código de

ética de uma empresa e o ideal de comportamento humano pode levar à construção de

um produto incompatível com a gestão corporativa. Assim, o produto (código de ética)

pode surgir fadado a ser um mero instrumento ilustrativo ou, no máximo, uma

ferramenta a serviço da divulgação de imagem da corporação.

Na implementação, o risco consiste em ter um código de ética elaborado, bem

redigido, inserido em manuais, mas que não seja do conhecimento das pessoas ou ainda,

não seja aceito como padrão efetivo de diretrizes da ação profissional. A implementação

de um Código de Ética pressupõe a elaboração de um projeto específico, com ações de

treinamento e endomarketing para divulgação e fixação de seu conteúdo como valor

para a organização.

Na manutenção de um código de ética é necessário que se tenham os guardiões

que, em geral, compõem o Conselho de Ética e têm por objetivo: analisar os casos

discrepantes ou não descritos e auxiliar na identificação das necessidades de revisão dos

itens existentes, sugerindo acréscimos ou mudanças.

Mesmo quando uma organização não tem um código de ética formal, sempre

existe um conjunto de princípios e normas que sustentam as suas práticas.

A maneira como a organização opera, a partir da experiência em diferentes

situações, reflete a crença de cada instituição. Essa crença é detalhada no Modelo de

Gestão (Fornari, 2004) que tem como ponto de partida a visão e a missão da

organização.

Na manutenção, o risco é não manter este código atual e aderente à cultura

organizacional da empresa.

Os Valores são afirmações sobre as crenças fundamentais, princípios que podem

ser compartilhados, aprendidos e formam a base a partir da qual as ações e decisões

organizacionais serão tomadas. O conjunto de valores orienta a definição de políticas e

diretrizes, que se consolidam nos hábitos e costumes. Os valores servem de guia para

definição de prioridades e de como todos devem se conduzir na busca dos objetivos da

Page 39: Apostila ADM FIN

39

organização. Embora tenham caráter permanente, os valores devem ser periodicamente

revisitados, para evoluir com a sociedade e com as necessidades da empresa, formando

um conjunto vivo de crenças.

Em torno dos valores, as pessoas, constroem modelos de referência para atuar de

forma independente e delegada, respeitando seus interesses, crenças e as variações

culturais.

Além da declaração de valores, outros artefatos culturais contribuem para

disseminar os princípios éticos de uma organização (exemplo dos líderes; código de

ética e o conselho de ética).

A ética numa organização, seja ela empresarial ou governamental, deve ser

pautada pelos mesmos princípios. Qualquer ação ou decisão, coletiva ou pessoal, não

pode prescindir de um comportamento ético, já que os códigos de conduta devem ser

uma ferramenta de gestão para estabelecer e articular os valores corporativos, as

responsabilidades sociais, e as obrigações da organização que, em última análise, vão

definir a forma como atua para atingir os fins coletivos a que se propõe.

5.2 – Comportamento ético

O comportamento ético é trabalhado através de um manual conhecido como

Código de Ética. Sintetizando as informações desse manual, são os seguintes os valores

mais importantes da empresa:

• Honestidade: ser correto, leal e íntegro em suas atitudes, buscar sempre a

verdade para pautar as relações dentro do princípio da ética e da moralidade.

• Respeito: criar relação cordial, entendendo e respeitando as limitações e

individualidades de cada um.

• Comprometimento: envolver as pessoas com os objetivos da empresa,

tornando-as parceiras e colaboradoras.

• Confiança: acreditar nas qualidades de cada um, desenvolvendo entendimentos

sinceros, criando oportunidades para solidificar a credibilidade e segurança em todos os

segmentos das relações humanas.

• Responsabilidade: agir com zelo, exercer as suas tarefas com

profissionalismo, dedicação e disciplina, tendo consciência dos seus deveres e

obrigações, atos e decisões e com respeito ao meio ambiente.

Page 40: Apostila ADM FIN

40

• Exemplaridade: dar bom exemplo através de ações e atitudes coerentes com

os princípios da organização.

• Justiça: ser capaz de reconhecer o valor das pessoas, distinguindo aquelas que

se comprometem com os propósitos da organização, concedendo a cada um a que lhe é

devido em função da sua contribuição efetiva.

• Solidariedade: relacionar-se com harmonia e companheirismo para que cada

pessoa sinta a importância de apoiar e de ser apoiada pelos outros, alcançando

resultados maiores que a soma do trabalho individual.

• Dinamismo: agir com determinação, ousadia, iniciativa, criatividade e

competência superando a sua performance.

A seguir encontram-se os seus princípios gerais para relacionamentos:

• Clientes: primar por um atendimento onde os interesses e a satisfação do

cliente estejam em primeiro lugar, orientando-o na opção dos serviços que melhor

atendam a suas necessidades, e primando pela sua fidelização.

• Acionistas: otimizar a relação custo/ benefício. Diversificar e priorizar

investimentos, fortalecer a empresa e assegurar o maior retorno para os acionistas.

Informá-los com veracidade e transparência sobre a empresa.

• Empregados: criar relação de confiança mútua, transparência e respeito.

Possibilitar crescimento profissional, estimular motivação e criatividade. Delegar

autoridade necessária e responsabilizá-los pelos resultados alcançados.

• Fornecedores: manter relação de parceria e confiança mútua. Garantir justiça e

transparência na avaliação qualidade-preço. Exigir qualidade e garantia, cumprimento

de prazos e preços competitivos no fornecimento de produtos e prestação de serviços.

Efetuar pagamento em dia, obtendo credibilidade pelo cumprimento dos prazos.

• Concorrência: competir de forma leal, sem realizar publicidade enganosa ou

que denigra seus concorrentes ou terceiros. Incentivar e praticar a livre concorrência em

benefício dos clientes e usuários. Obter informações de terceiros ou da concorrência

exclusivamente de forma legal.

• Sociedade: contribuir para o desenvolvimento econômico e social, através de

melhoria na prestação de serviços e na geração de empregos. Preservar o meio ambiente

cumprindo a legislação em vigor. Promover ações de apoio sóciocultural, objetivando a

integração da empresa com a sociedade.

Page 41: Apostila ADM FIN

41

Órgãos Governamentais: Sabendo que a violação das determinações

governamentais nesse campo poderá sujeitar a organização a processos de perdas e

danos, ter o compromisso de orientar suas ações do modo mais estrito com a legislação

e os regulamentos vigentes em transações com o governo, atentando sempre para:

Não oferecer, dar ou transferir vantagens indevidas tangíveis (dinheiro, bens,

serviços, diversões) ou benefícios intangíveis (promessas de emprego, tratamento

diferenciado) a qualquer agente público.

Não aceitar, nem pleitear, que agente do governo patrocine interesses privados

da empresa perante a administração pública, valendo-se de sua qualidade de

funcionário.

Page 42: Apostila ADM FIN

42

6 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A Administração Financeira está estreitamente ligada

à Economia e Contabilidade. A Administração Financeira

pode ser vista como uma forma de economia aplicada que se

baseia amplamente em conceitos econômicos. A

Administração Financeira também aproveita certos dados da

Contabilidade, outra área da Economia aplicada.

Nesta seção discutiremos a relação entre a Administração Financeira e

Economia, bem como entre a primeira e Contabilidade. Embora estas disciplinas

estejam relacionadas, há diferenças marcantes entre elas.

Administração Financeira e Economia, a importância da Economia para o

desenvolvimento do ambiente financeiro e teoria financeira pode ser melhor descrita em

função de suas duas área mais amplas – Macroeconomia e Microeconomia.

A Macroeconomia estuda o ambiente global, institucional e internacional em que

a empresa precisa operar, enquanto que a Microeconomia trata da determinação de

estratégias operacionais ótimas para empresas e indivíduos. Cada uma dessas áreas será

discutida sucintamente sendo tratadas suas relações com a Administração Financeira

O conceito de contas a pagar é em si mesmo muito simples. Contas a pagar

significa o dinheiro que a empresa deve, em contas e obrigações. Do mesmo modo,

contas a receber tem o significado inverso, ou seja, é o dinheiro que outros devem à

empresa. Em contas a pagar estão incluídos dívidas contraídas com fornecedores de

matérias primas e insumos, obrigações com o fisco e outras saídas previstas de dinheiro.

Em contas a receber estão incluídos todos os valores que deverão ser recebidos pela

empresa. Simplificando: Despesas e Receitas.

Apesar de ser um conceito extremamente simples, é de fundamental importância

para o bom andamento de um negócio que despesas e receitas sejam estimadas,

avaliadas, monitoradas e controladas para que o negócio seja lucrativo. Contas a pagar e

contas a receber são, via de regra, discriminadas no chamado fluxo de caixa. O fluxo de

caixa lista e registra os valores recebidos e gastos em uma empresa dentro de um

período de tempo previamente estabelecido.

Page 43: Apostila ADM FIN

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6.1 - Função do Departamento Financeiro dentro das Organizações.

O Departamento Financeiro é estratégico em qualquer empresa, pois será

responsável por administrar a entrada e saída de dinheiro oferecendo aos Gestores

informações importantes na tomada de decisão.

O Fluxo de caixa é, portanto, o retrato da saúde financeira de uma empresa e sua

elaboração e acompanhamento cuidadoso revelam-se ferramentas essenciais para a

tomada de decisões e o planejamento estratégico. No fluxo de caixa, podem ser

percebidos e avaliados os custos fixos e os custos variáveis, e medidas para o controle

mais eficaz de gastos e receitas podem ser tomadas.

Esse controle financeiro é absolutamente primordial para a empresa possa

diagnosticar problemas, estabelecer metas e buscar soluções. Uma tesouraria eficiente

exerce esse controle financeiro, gerenciando os recursos financeiros da empresa,

estabelecendo regras para o uso racional dos recursos disponíveis e sugerindo formas de

aumentar as receitas e diminuir as despesas, inclusive com o investimento de recursos

financeiros do caixa ou com a captação de recursos no mercado para suprir déficits. Os

processos de controle financeiro exercidos pela tesouraria devem ser transparentes e

embasados em conhecimento técnico e atualizado.

Em resumo – a tesouraria deve ser capaz de gerenciar de forma eficaz contas a

receber e contas a pagar, crédito cobrança, controles bancários, conciliação de caixa,

controle de numerário, aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos. Como

área chave do gerenciamento empresarial e base da lucratividade das empresas, o

controle financeiro precisa ser executado por profissionais especializados, treinados e

competentes. Além disso, grande parte dos processos de controle financeiro de uma

tesouraria tem hoje em dia o suporte de softwares específicos que facilitam a coleta,

consolidação e análise de dados e informações financeiras de vários setores da empresa.

Desde os mais simples programas de planilhas de contas a pagar até sistemas

integrados de controle financeiro, existem inúmeras opções para a informatização dos

processos e tarefas de uma tesouraria. As soluções mais adequadas irão depender,

obviamente, do porte da empresa, seu faturamento, tipo de negócio e outras

particularidades que devam ser observadas. Diretores financeiros, controllers e

tesoureiros estão aptos a escolher os programas mais adequados para a empresa, tendo

em vista necessidades e tipo de demanda existente.

Page 44: Apostila ADM FIN

44

Para saber mais sobre contas a pagar e outros assuntos financeiros, consulte

sempre nossa página.

O Departamento Financeiro é composto de três divisões:

6.1.1 - Contas a Pagar

A adequada administração das Contas a Pagar tem por finalidade informar ao

empresário sobre o vencimento dos compromissos, prioridades de pagamento e

montante dos valores a pagar. Um bom gerenciamento dos pagamentos depende da

exatidão e precisão dessas informações.

Para que seja garantida a confiabilidade necessária, faz-se importante a completa

integração entre o departamento Financeiro e as demais áreas da empresa (geradoras de

pagamentos). É preciso que sejam criadas regras e procedimentos claros para que não

ocorram problemas como: pagamentos indevidos e/ou atrasados, pagamento de juros e

multas, indisposição com fornecedores e fluxo de caixa negativo.

Mas como realizar e controlar as Contas a Pagar? O processo deve seguir os

seguintes passos:

Conferência e aprovação do pagamento (atividades realizadas pela área que deu

origem ao evento a ser pago as demais são executadas pelo próprio Financeiro);

Cadastramento, agendamento e controle dos prazos e montantes de pagamento;

Autorização e efetivação do pagamento;

Conciliação e baixa do pagamento.

Os conceitos de provisionamento, previsão e realização devem estar bastante

claros durante todo o processo. Além disso, para que seja garantido o cumprimento do

orçamento, recomenda-se estabelecer limites customizados por área para compra de

produtos ou serviços. Outra possível medida para desburocratizar o processo é a

determinação de um “caixinha” semanal para as áreas. No final do período previamente

estabelecido, faz-se a prestação de contas.

Como pode ser visto, Contas a Pagar é um daqueles setores que nenhuma

empresa deseja ter, mas que todas elas precisam para a viabilização do negócio.

Em se tratando de um mal necessário, nada melhor do que estruturar um

processo eficiente e controlado para que os gestores não precisem se preocupar com ele.

Page 45: Apostila ADM FIN

45

Desta forma evitam-se todas as dores de cabeça geradas por um mau gerenciamento dos

pagamentos e fica garantida a realização de todos os compromissos da empresa.

6.1.2 - Contas a Receber

O processo de Contas a Receber trata de todas as entradas de capital na

companhia. Esse recebimento pode ser proveniente tanto da operação da empresa,

quanto da venda de ativos ou do crédito originado por cancelamento de pagamentos já

realizados. Sendo assim, qualquer negócio tem Contas a Receber para que sejam

operacionalizados os modos de recebimento dos clientes, dos parceiros ou mesmo dos

fornecedores.

O bom andamento das atividades relacionadas a esse processo depende do

controle e da garantia de recebimento dos montantes devidos nos prazos acordados. A

fim de gerenciar corretamente o Contas a Receber de uma empresa, a área Financeira

deve cadastrar 3 níveis recebimentos: as contas provisionadas, as previstas e as

realizadas.

Conceitualmente falando, a diferença básica entre elas é:

Provisões são estimativas de prazos e valores a receber baseadas nos dados

históricos da corporação e nas suas metas empresariais;

Previsões também são estimativas. Entretanto, nesse momento já se baseiam em

documentos (títulos a receber);

Realizados são os recebimentos já efetivados, ou seja, já é possível confirmá-los

na conta bancária da empresa.

Com o objetivo de minimizar ainda mais a inadimplência, pode-se fazer uma

análise de crédito prévia do cliente. Entretanto, em qualquer processo a colocação de

controles reduz a agilidade. Sendo assim, o ideal seria realizar a análise de crédito

seletiva (para aqueles clientes com maior potencial de se tornarem inadimplentes).

Pode-se notar que o efetivo gerenciamento de Contas a Receber reduz a

inadimplência, dá subsídios à área de Cobrança e, principalmente, dá tranqüilidade ao

empresário pois controla a entrada de dinheiro, vital para sobrevivência de qualquer

negócio.

Page 46: Apostila ADM FIN

46

As empresas devem saber sempre todas as contas vencidas e que não foram

pagas. O departamento financeiro deve fazer um relatório de vencimento para todas as

contas a receber, mostrando o total do valor das contas pendentes a serem pagas em

menos de 30 dias, 31 a 60 dias, 61 a 90 dias, e assim por diante, por exemplo.

Comparando este relatório com relatórios anteriores, o gerente financeiro pode

comparar as contas a receber com padrões históricos. Além disso, todas as contas

vencidas deveriam ser contatadas diretamente pelo correio, por telefone ou ainda,

pessoalmente. Se os clientes com altas contas pendentes forem chamados regularmente,

há maior probabilidade de recebimento.

6.1.3 - Desempenho de contas a receber:

O desempenho de contas a receber pode ser avaliado por diversos fatores, entre

eles:

·Prazo concedido pela área comercial

Deve ser analisada a evolução histórica dos prazos de faturamento concedidos

pela área comercial.

6.2 - Folha de Pagamento

6.2.1 . Introdução

A folha de pagamento é um documento de emissão obrigatória para efeito de

fiscalização trabalhista e previdenciária. A empresa é obrigada a preparar a folha de

pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os empregados a seu

serviço.

Para sua elaboração não existe modelo oficial, ou seja, podem ser adotados

critérios que melhor atendam as necessidades de cada empresa. Uma folha de

pagamento, por mais simples que seja, apresenta pelo menos os seguintes elementos:

Discriminação do nome dos empregados (segurados), indicando cargo, função ou

serviço prestado;

Valor bruto dos salários;

Valor da contribuição de Previdência, descontado dos salários;

Page 47: Apostila ADM FIN

47

Valor liquido que os empregados receberão.

Da folha de pagamento origina-se o recibo de pagamento, que indica os dados

que constaram da folha relativamente a cada um dos empregados e a estes é entregue.

6.2.2 . Cálculo de Folha de pagamento

6.2.3 – Valor bruto dos salários

É o valor, considerado, para a empresa como despesa total de salários, além dos

salários é também despesa para a empresa a contribuição de Previdência parte empresa

e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)

6.2.3.1 – Previdência Social - INSS

De acordo com a legislação atual, todo empregado assalariado, regido pela

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), está obrigado a contribuir com a Previdência

Social. Essa contribuição é descontada do empregado em folha de pagamento, ela varia

de acordo com a faixa salarial de cada empregado e, é calculada mediante aplicação de

um percentual sobre o salário de contribuição1.

Atualmente, o calculo é feito com base na seguinte tabela :

Tabela de Contribuição da Previdência Social

Salário de Contribuição R$

Alíquota para fins de Recolhimento ao INSS (%)

Até 429,00 7,65 7,65 De 429,01 até 540,00 8,65 8,65 De 540,01 até 715,00 9,00 9,00 De 715,01até 1.430,00 11,00 11,00 O valor limite para contribuição é de R$ 157,30 (teto de contribuição).

A Contribuição de Previdência parte referente à empresa, corresponde a 26,8%

sobre o valor bruto da folha de pagamento2. O valor de 26,8% tem o seguinte destino:

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Previdência Social..........................................................20,0 % Seguro Acidente do Trabalho...........................................1,0 % Terceiros...........................................................................5,8 %

6.2.3.2 – FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)

Corresponde a 8% sobre o valor bruto da folha de pagamento,o qual será

recolhido na Caixa Econômica Federal, em nome dos empregados. Constitui uma

despesa paga pela empresa aos empregados.

6.2.3.3 – IRF – (Imposto de Renda na Fonte)

É um imposto variável de acordo com o valor do salário. Sobre o valor bruto do

salário aplica-se a tabela progressiva a seguir:

Base de calculo mensal em R$ Alíquota (%) Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.058,00 Acima de 1.058,01 até 2.115,00 Acima de R$ 2.115,00

Isento 15,0 27,5

- 158,70 423,08

6.2.3.4 – Salário Família

É um auxilio da Previdência Social aos trabalhadores de baixa renda que

possuem filhos menores de 14 anos de idade. A empresa paga este valor para o

empregado e é reembolsada pela Previdência Social quando efetua os recolhimentos

correspondentes a folha de pagamento.

Page 49: Apostila ADM FIN

49

6.3 - Faturamento

A definição de faturamento é de fundamental importância para as empresas. Não

apenas pelo óbvio – um setor de faturamento bem gerenciado garante bons negócios e

lucros para a empresa. Mas também porque a definição de faturamento, para além do

próprio conceito de faturamento, permite delimitar e especificar pontos importantes para

qualquer empresa, notadamente os que dizem respeito à legislação do imposto de renda.

A definição de faturamento, em princípio, engloba a receita bruta auferida pela

venda de bens ou pela prestação de serviços. Essa definição de faturamento perdurou até

1998, quando o governo estabeleceu através da Lei 9718 que o conceito de faturamento

abarcaria todas as receitas auferidas. Em outras palavras, além da receita proveniente

das atividades da empresa, ou seja, valores obtidos pela venda de bens e mercadorias ou

pela prestação de serviços serão considerados parte da receita bruta as receitas

financeiras, vendas de ativos e outras atividades financeiras.

Esse ponto polêmico da lei continua suscitando inúmeras discussões, inclusive

no âmbito do Supremo Tribunal Federal, sendo que até recentemente não tivemos

notícia de resposta definitiva do judiciário sobre a questão. O fato é que a lei majorou o

pagamento de impostos por parte das empresas e aumentou a arrecadação. Essa

modificação do conceito de faturamento permite que a receita bruta considerada revele-

se bem maior do que os cálculos da classificação contábil tradicional que se referia á

antiga definição de faturamento.

Com isso, o setor de faturamento, já tão fundamental para o bom andamento dos

negócios, precisou renovar-se e ficar atento às modificações para não cometer erros

inadvertidamente. A escrituração contábil, típica de todo setor de faturamento, é peça

essencial do funcionamento de uma empresa e deve ser feita com todo cuidado,

conhecimento e treinamento possível.

Um bom setor de faturamento deve apurar, organizar e executar faturas. Para

isso, o setor de faturamento deve estar estreitamente ligado e coordenado com os demais

setores da empresa, mantendo a escrita contábil atualizada e prontamente acessível.

O setor de faturamento possui, em linhas gerais, uma estrutura organizacional

simples, que irá variar conforme a empresa e suas necessidades. Diretor Administrativo,

como cargo mais alto, de coordenação e chefia. Seguem-se os cargos para faturamento,

contas a pagar e a receber, contabilidade de custos, e recursos humanos. Outros cargos e

serviços podem ser incorporados caso haja demandas específicas dependendo do tipo de

Page 50: Apostila ADM FIN

50

empresa e negócios feitos. Cada um desses serviços do setor de faturamento deverá

contar com chefes responsáveis, auxiliares e escriturários.

Os modernos setores de faturamento hoje em dia estão completamente

informatizados, com inúmeros softwares especializados disponíveis para o setor.

Existem inclusive softwares de faturamento para negócios específicos, como por

exemplo, programas para faturamento hospitalar.

Os serviços hospitalares demandam um setor de faturamento de muita agilidade

para gerenciar e organizar as faturas de particulares, conveniados e segurados. Para

facilitar e garantir os níveis de excelência do setor de faturamento hospitalar, softwares

específicos podem ser adotados com sucesso. Esses programas permitem que o

faturamento hospitalar seja feito integrando as diversas aéreas do hospital, desde a

recepção do paciente, passando por gastos de farmácia e estoque, serviços auxiliares de

diagnóstico, entre outros.

Além dos softwares específicos, cursos de faturamento hospitalar também estão

disponíveis, inclusive cursos à distância. Eles permitem ao escriturário e demais

funcionários do setor a aprendizagem ou atualização das melhores técnicas do setor.

Esse tipo de curso de faturamento hospitalar cobre toda a gama de atividades do setor de

faturamento de um hospital, incluindo prontuários médicos, tabelas e honorários, faturas

hospitalares, guias de convênios, legislação e ética.

Existem também cursos de faturamento não específicos. Esses cursos cobrem os

conhecimentos necessários para o bom funcionamento do setor de faturamento de todo

tipo de empresa, especialmente no tocante a escrituração fiscal, o chamado faturamento

básico. A prática correta da escrituração fiscal seguindo a legislação evita multas e

perdas financeiras reais.

É claro que uma escrituração fiscal eficiente permite a tomada de decisões

gerenciais e estratégicas adequadas. O setor de faturamento dá aos gestores da empresa

uma visão geral e ao mesmo tempo minuciosa da saúde financeira da empresa. Ao

mesmo tempo, como já foi citado, é o faturamento que irá definir a posição da empresa

com relação ao pagamento de impostos e taxas.

Tomemos como exemplo o SuperSimples. Nesse regime, a cobrança de oito

impostos e contribuições são unificadas e o resultado final, na prática, é uma diminuição

real do valor a ser pago para a Receita Federal. No entanto, o SuperSimples só pode ser

integralmente adotado por empresas com receita anual de até R$2,4 milhões nos estados

de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Paraná, Rio Grande do sul e Distrito

Page 51: Apostila ADM FIN

51

Federal. Faturamento de R$1,2 milhão é o teto para o supersimples em Acre, Alagoas,

Paraíba e rio Grande do Norte. Goiás, Mato Grosso do Sul, Ceará e Pernambuco

possuem um teto de faturamento para o SuperSimples de R$1,8 milhão.

Já para empresas que não se enquadrariam no Supersimples de forma alguma, o

faturamento também irá definir o regime de pagamento de impostos. Empresas com

faturamento anual de ate R$48 milhões pode optar pelo lucro presumido. Para aqueles

cujo faturamento supera os R$48 milhões, a única opção é o lucro real, onde os

impostos incidem sobre o lucro apurado.

6.4 - Apuração do Resultado do Exercício

Este é um dos mais importantes assuntos para os empresários, pois se trata de

apurar o resultado econômico da atividade. Apurar o resultado não significa meramente

subtrair as despesas das receitas, é necessário que seja feita de tal forma que o lucro ou

prejuízo possa ser demonstrado de maneira clara e transparente, facilitando a análise do

leitor e eventuais decisões necessárias para melhorar a performance da empresa.

O objetivo desta aula é evidenciar a necessidade de uma metodologia e rigor na

apuração rigorosa do resultado para que se tenham informações relevantes e confiáveis.

O Patrimônio Líquido da empresa sofre alterações com as receitas e despesas.

As receitas fazem com que esse patrimônio aumente e as despesas fazem com que ele

diminua seu valor, pois essas contas servem para apurar o resultado do exercício

contábil, que é um dos componentes do Patrimônio Líquido.

Esquema do Balanço Patrimonial:

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52

As receitas representam entradas de novos recursos para a empresa e são

controladas em contas específicas (ex. Receita de Vendas, Receitas Financeiras etc.).

As despesas representam consumo de recursos da empresa e também são

controladas em contas específicas (ex.: despesa de salários, despesa de aluguel, despesa

de materiais etc.).

Ao final de cada exercício contábil, é necessário fazer um confronto entre as

receitas e despesas com a finalidade de apurar o resultado da atividade empresarial e

demonstrá-lo de forma clara e transparente.

6.4.1 - Encerramento das contas de resultado

Contabilmente, esse confronto entre Receitas e Despesas, no final do exercício, é

feito por meio de lançamentos de encerramento dessas contas, (deixá-las com saldo

igual a zero), cuja contrapartida seria dada em uma única conta, denominada “Resultado

do exercício”. As receitas serão creditadas e as despesas, debitadas na conta “Resultado

do exercício”. A diferença entre os débitos e créditos da conta “Resultado do exercício”

será:

• lucro se for credor;

• prejuízo se for devedor.

Naturalmente, se o total das receitas for igual ao das despesas, a empresa não terá

obtido nem lucro nem prejuízo, isto é, obterá resultado nulo.

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53

6.4.2 - Apuração do Resultado do Exercício

Para apurar o resultado (lucro ou prejuízo) obtido pela empresa no período, é

necessário encerrar as contas de resultado (receitas e despesas).

Sistemática de apuração do resultado:

1º. Passo: Apurar saldo final das contas de resultado

Os valores das despesas, quando incorridas, são levados a débito da conta que

representa o gasto correspondente, portanto, no final do exercício, terão sempre saldo

devedor.

Despesas Débito Crédito Saldo Devedor

Os valores das receitas, quando realizadas, são levados a crédito da conta que

representa a geração do recurso, portanto, no final do exercício, terão sempre saldo

credor.

Receitas Débito Crédito

Saldo Credor

Apurados os saldos devedores de todas as contas de despesas e os saldos

credores de todas as contas de receitas, podemos partir para o 2o. passo.

2º. Passo: Encerrar todas as contas de receitas e despesas em contrapartida

de uma conta transitória denominada “Resultado do exercício”.

Mas por que encerrar as contas de resultado?

Porque elas servem apenas para apurar o resultado de um período, seus saldos

precisam ser zerados para que, no período seguinte, volte acumular valores daquele

exercício.

O saldo devedor de cada conta de despesa deve ser debitado na conta “Resultado

do Exercício” e creditado na própria conta de despesa, encerrando-a.

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O saldo credor de cada conta de receita deve ser creditado na conta “Resultado

do Exercício” e debitado na própria conta de receita, encerrando-a.

3º. Passo: Calcular e contabilizar o imposto de renda

A conta “Resultado do Exercício” recebe, então, todas as receitas e despesas do

exercício, se o somatório dos créditos recebidos forem maiores que o somatório dos

débitos, significa que a empresa apresentou um lucro no período.

Sobre esse lucro, a empresa deve fazer uma provisão para pagamento do imposto

de renda, debitando a conta “Resultado do Exercício” e creditando a conta “Provisão

para Imposto de Renda”.

4º. Passo: Calcular e contabilizar as participações estatutárias

Caso os estatutos da empresa contenham previsão de participações estatutárias, elas

devem ser calculadas e a provisão contabilizada.

5º. Passo: Transferir o L.L.E. para “Lucros acumulados”

Veja que a conta “Resultado do Exercício” também é uma conta transitória com a

finalidade de apurar o resultado. Após apurá-lo e realizadas as provisões, também deve ser

encerrada, seu saldo deve ser transferido para uma conta patrimonial “Lucros Acumulados”.

Em caso de prejuízo, o saldo da conta “Resultado do Exercício” seria devedor e

seu lançamento de encerramento seria:

Débito = Prejuízos Acumulados

Crédito = Resultado do exercício

- Demonstração do Resultado do Exercício

Não adiantaria mostrar aos proprietários ou administradores da empresa a

contabilização das receitas e despesas, o encerramento das contas de resultados, as

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provisões feitas corretamente. Provavelmente, ficariam muito confusos e teriam

dificuldade de analisar a composição do resultado da empresa.

Uma das funções do contador é transformar dados em informações úteis para as

decisões da administração. Deve, então, preparar uma demonstração inteligível que dê

informações sobre a composição das receitas, despesas e do resultado.

Essa informação sobre a formação do resultado do exercício é dada pela

demonstração do resultado do exercício, que é uma apresentação das contas de receitas

e despesas ocorridas no exercício, feita de modo organizado. As receitas e despesas

devem ser divididas em duas categorias: operacionais e não operacionais.

Despesas operacionais e não operacionais

As despesas operacionais são todos os gastos desembolsados ou provisionados

que se relacionam, diretamente, com o objeto social de uma empresa. Por exemplo, uma

organização cujo objeto social seja a comercialização de calçados, os salários e

encargos dos funcionários da loja e administração estão relacionados diretamente com o

objeto do negócio, são necessários para gerar receitas para a atividade, então são

despesas operacionais.

Despesas não-operacionais são aquelas decorrentes de transações não incluídas

nas atividades principais ou acessórias que constituam objeto da empresa, como aquelas

relacionadas com a venda de bens do ativo permanente e a baixa do respectivo valor

residual do bem.

Receitas operacionais e não operacionais

Receitas operacionais são todas aquelas realizadas e diretamente relacionadas

com a natureza do negócio de uma empresa.

Por exemplo, o negócio de uma empresa comercial é vender mercadorias, o título

“receita de vendas” já indica sua atividade. Se o objeto social da empresa é a prestação

de serviços, o título “receita de serviços” também já indica a sua atividade.

As receitas não operacionais são aquelas que não se relacionam diretamente com

a natureza do negócio de uma companhia, como as receitas provenientes de dividendos

e indenizações de seguros.

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6.4.3 - Modelo simplificado da Demonstração do resultado do exercício

Receita operacional bruta Deduções de vendas

Receita operacional líquida Custo dos produtos vendidos

Lucro bruto Despesas Comerciais Despesas Administrativas Despesas (-) Receitas Financeiras Amortização das Despesas Diferidas

Lucro operacional Receitas (despesas) não operacionais

Lucro antes do imposto de renda Provisão para imposto de renda

Lucro antes das participações Participações estatutárias

Lucro líquido do exercício

6.5 - Gestão Tributária

A realidade tributária brasileira é notoriamente complexa, sendo um dos

componentes do chamado “custo Brasil”.

Existem dezenas de tributos exigidos em nosso país, entre impostos, taxas e

contribuições.

O excesso de tributação inviabiliza muitas operações e cabe ao administrador

tornar possível, em termos de custos, a continuidade de determinados produtos e

serviços, num preço compatível com o que o mercado consumidor deseja pagar.

Não obstante, há ainda a edição de grande quantidade de normas que regem o

sistema tributário, oriundas dos 3 entes tributantes (União, Estados e Municípios).

Cálculos aproximados indicam que um contabilista, somente para acompanhar

estas mudanças, precisa ler centenas de normas (leis, decretos, instruções normativas,

atos, etc.) todos os anos.

E ainda, há dezenas de obrigações acessórias que uma empresa deve cumprir

para tentar estar em dia com o fisco: declarações, formulários, livros, guias, etc.

Page 57: Apostila ADM FIN

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Se não bastasse este caos, existe ainda o ônus financeiro direto dos tributos, que

tomam até 40% do faturamento de uma empresa. Somente o ICMS pode tomar 18%, o

IPI, 10%, o PIS e a COFINS, até 9,25%, além do Imposto de Renda, Contribuição

Social sobre o Lucro, INSS, FGTS, Contribuição Sindical, IPTU, IPVA, etc.

Desta forma, o grande volume de informações e sua contínua complexidade

acabam dificultando a aplicação de rotinas e o planejamento. As pessoas responsáveis

pelo setor de tributos das empresas dispõem de pouco tempo pode dedicar ao estudo das

legislações pertinentes, resignando-se ao cumprimento das rotinas e recolhimento dos

tributos, às vezes de forma imprecisa ou incorreta.

Aliado a isto, note-se que numa empresa de porte média, várias pessoas, além

das que estão diretamente trabalhando no departamento fiscal, envolvem-se com rotinas

associadas a tributos. Um exemplo é o pessoal do faturamento, que emite notas fiscais e

calcula impostos.

Portanto, a adoção de uma metodologia de trabalho, de forma regular e

planejada, pelo menos dará condições á empresa de buscar nas pessoas envolvidas o

melhor de seus conhecimentos e percepções, para enfrentarem o “dilúvio tributário” a

que estão sujeitas diariamente.

O processo de globalização pelo qual passa o mundo e, conseqüentemente, o

Brasil é irreversível e avança com uma velocidade extraordinária.

Vivemos dia a dia em exigência por qualificação empresarial e isso só vem

aumentando, ora por parte do mercado que requer qualidade e melhor preço, ora por

parte do Estado que limita o funcionamento de empresas desestruturadas do ponto de

vista tributário. Só resta às empresas com capacidade e aquelas que tem o poder de

visão adequar-se a essa nova situação para competir e crescer ou trilhar o caminho do

desaparecimento no médio ou longo prazo.

As ferramentas disponíveis para essa adequação passam pelo planejamento

estratégico incluindo gestão tributária profissional, gestão participativa por objetivos,

redução de custos, benchmarking etc.

Nossa legislação tributária brasileira que tem um grau de complexidade muito

grande, se por um lado onera, por outro permite combinações, que quando trabalhadas

de forma profissional e criativa podem fazer com que uma gestão tributária profissional

na empresa privada seja fonte de minimização de custos e oxigene o fluxo de caixa,

criando condições favoráveis para a empresa desenvolver novos projetos e áreas de

crescimento.

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As pequenas e médias empresas sofrem com a alta carga tributária vigente no

Brasil, porém as grandes empresas, notadamente os bancos, praticam o planejamento

tributário, o que têm levado essas empresas a obter uma lucratividade não

experimentada por outros setores.

Isso se dá porque não há instrumentos administrativos disponíveis para aferição e

por conseqüência preparação de um diagnóstico e projeto para uma gestão tributária

global.

Normalmente, o administrador vê a questão tributária sempre de forma global,

sob o aspecto macroeconômico como regra que atinge o coletivo e não tem a

sensibilidade, que a complexidade das leis que oneram excessivamente o setor

produtivo pode ser combinada de forma criativa e absolutamente lícita de maneira a

retirar a empresa da incidência de vários tributos ou reduzir o seu alcance gerando

redução de custos e por conseqüência maior lucratividade.

Para SHINGAKI (1994), AMARAL (2003), MARTINEZ (2003) o planejamento

tributário é fator de grande diferencial na lucratividade das empresas e que a falta de

sensibilidade dos administradores, o grau de complexidade desse trabalho e falta de

literatura nesta área têm levado a maioria das empresas a não se utilizarem dessa

ferramenta, ficando a mercê da carga tributária elevada no Brasil, ora trilhando o

caminho do desaparecimento ora ampliando o grau de informalidade nas suas operações

convivendo com o risco permanente de estar inserida em ações cíveis e criminais ligada

à ordem tributária.

6.5.1 - Economia tributária no planejamento

O planejamento tributário tem um objetivo a economia (diminuição) legal da

quantidade de dinheiro a ser entregue ao governo. Os tributos (impostos, taxas e

contribuições) representam importante parcela dos custos das empresas, senão a maior.

Com a globalização da economia, tornou-se questão de sobrevivência empresarial a

correta administração do ônus tributário.

Em média, 33% do faturamento empresarial é dirigido ao pagamento de tributos.

Do lucro, até 34% vai para o governo. Da somatória dos custos e despesas, mais da

metade do valor é representada pelos tributos. Assim, imprescindível a adoção de um

sistema de economia legal.

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Três são as finalidades do planejamento tributário:

1) Evitar a incidência do fato gerador do tributo.

Exemplo: Substituir a maior parte do valor do pró-labore dos sócios de uma

empresa, por distribuição de lucros, pois a partir de janeiro/1996 eles não sofrem

incidência do IR nem na fonte nem na declaração. Dessa forma, evita-se a incidência do

INSS (20%) e do IR na Fonte (até 27,5%) sobre o valor retirado como lucros em

substituição do pró-labore.

2) Reduzir o montante do tributo, sua alíquota ou reduzir a base de cálculo do

tributo.

Exemplo: ao preencher sua Declaração de Renda, você pode optar por deduzir

até 20% da renda tributável como desconto padrão (com limite em R$) ou efetuar as

deduções de dependentes, despesas médicas, plano de previdência privada, etc. Você

certamente escolherá o maior valor, que lhe permitirá uma maior dedução da base de

cálculo, para gerar um menor Imposto de Renda a pagar (ou um maior valor a restituir).

3) Retardar o pagamento do tributo, postergando (adiando) o seu pagamento,

sem a ocorrência da multa.

Exemplo: transferir o faturamento da empresa do dia 30 (ou 31) para o 1º dia do

mês subsequente. Com isto, ganha-se 30 dias adicionais para pagamento do PIS,

COFINS, SIMPLES, ICMS, ISS, IRPJ e CSLL (Lucro Real por estimativa), se for final

de trimestre até 90 dias do IRPJ e CSLL (Lucro Presumido ou Lucro Real trimestral) e

10 a 30 dias se a empresa pagar IPI.

Planejamento tributário é saúde para o bolso, pois representa maior capitalização

do negócio, possibilidade de menores preços e ainda facilita a geração de novos

empregos, pois os recursos economizados poderão possibilitar novos investimentos.

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6.6 - A gestão estratégica de custos como diferencial competitivo nas empresas

6.6.1 - Introdução

Sabemos que manter a competitividade de uma empresa sempre em alta é um

dos grandes desafios enfrentado por todas as empresas. A vasta literatura acerca do tema

propicia infinitos recursos para o desenvolvimento da sustentação da vantagem

competitiva. Portanto vale ressaltar que geralmente as tradicionais soluções de curto

prazo desenvolvidas pelas empresas nem sempre têm clareza e detalhamento da melhor

direção a ser seguida, pois a vantagem competitiva geralmente está intimamente ligada

à estruturação da cadeia de valores da empresa.

Uma ferramenta útil para sustentar a competitividade é a gestão estratégica de

custos. Ela tenta compreender onde a empresa estará amanhã diante de todas as

variáveis que envolvem o ambiente empresarial.Tendo assim uma visão diferente se

compararmos a estratégias puramente simples que geralmente refere-se aos planos da

alta administração para alcançar os objetivos almejados pela empresa.

Segundo Hansen; Mowen (2001, p. 423) a gestão estratégica de custos "é o uso

de custos para desenvolver e identificar estratégias superiores que produzirão uma

vantagem competitiva"

Sendo assim a gestão estratégica de custos surge como uma alternativa de

entender às demandas do sistema econômico com relação as variáveis vividas nos

mercados buscando a melhoria continua da competitividade.

6.6.2 - A gestão estratégica de custos

Estamos vivendo em um ambiente de constante mudança é fato que as empresas

atualmente precisam estar atentas às estas mudanças. Portanto tomar a decisão certa no

momento certo passa a ser algo primordial para a longevidade das empresas. Em outras

palavras, as situações decisórias no âmbito profissional, podem afetar toda a empresa

positivamente ou negativamente. Neste sentido tomar a decisão correta passa a ser a

base de sucesso de toda a empresa.

Em virtude desta continua mudança no mundo dos negócios as empresas se vêm

obrigadas a aprimorar seus sistemas de informações gerenciais. Buscam modelos que

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61

sejam capazes de detectar falhas em seus processos de forma tal venha a otimizar seus

recursos evitando distorções, retrabalhos e perda de competitividade.

A gestão estratégica de custos passa a ser uma excelente alternativa a ser

utilizada pelas empresas, servindo de orientadora no momento de tomada de decisão.

Prado (2004 p 19) "enfatiza que sua finalidade principal é fornecer as informações de

que as empresas necessitam para proporcionar valor, qualidade e oportunidade que os

clientes desejam".

Para Shank ; Govindarajan (1997) gestão estratégica de custos trata de uma

análise vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos se tornam

mais conscientes, explícitos e formais, a análise de custos é vista tradicionalmente como

o processo de avaliação do impacto financeiro das decisões gerenciais.

Para Martins (2003) a gestão estratégica de custos requer uma analise mais

profunda dos custos que vão além dos limites da empresa. A gestão estratégica de

custos busca conhecer toda a cadeia de valor desde a aquisição da matéria prima até o

consumidor final.

Hansen; Mowen (2001) afirmam que as informações fornecidas pelo

departamento contábil da empresa normalmente são usadas para estabelecer estratégias

tendo como foco a obtenção da vantagem competitiva, ou seja, a criação de um valor

melhor para o cliente por um custo igual ou mais baixo que aquele oferecido pelos

competidores. Valor ao cliente é a diferença entre o que um cliente recebe e o que ele

espera receber em outras palavras é a superação das expectativas.

De acordo com Shank; Govindarajan (1997) a gestão estratégica de custos é

resultado de três temas subjacentes tirados de literaturas especializadas em gestão de

custos são eles:

1. Análise da cadeia de valor;

2. Análise de posicionamento estratégico;

3. Análise de direcionadores de custos.

Para Paiva (2004), "Entre as possibilidades que a empresa pode utilizar para se

manter competitiva mercadologicamente está o gerenciamento de custos por meio de

análise da cadeia de valores, de seu posicionamento estratégico e do estudo dos

direcionadores de custos"

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62

6.6.3 - Cadeia de valores

A cadeia de valor para Carvalho; Laurindo (2003 p. 111) [...] " é um conjunto

das atividades tecnológica e economicamente distintas que a empresa utiliza para

realizar seus negócios". Sendo que cada uma destas atividades seria uma atividade de

valor. A capacidade de agregar valor a esta atividade em relação ao seu concorrente é o

pilar da vantagem competitiva.

A cadeia de valor compõe-se de um conjunto de atividades criadoras de valores

independentes que vai da fonte da matéria prima, passando pelos fornecedores até ser

entregues ao consumidor final.

Carvalho;Laurindo ( 2003, p. 111) identifica nove atividades genéricas , que

podem ser classificadas em dois grandes grupos;

[...] atividades meio (ou de suporte) e atividade fim (ou primárias), [...]. As

quatro atividades meio são: infra-estrutura empresarial, gerenciamento de recursos

humanos, desenvolvimento de tecnologias e aquisição de insumos. As cinco atividades

fim são: logística interna, operações, logística externa, marketing e vendas e finalmente

prestação de serviços. Cada uma dessas atividades, para ser realizada, tem um

componente físico e outro de processamento de informações, e é por isso que a

tecnologia da informação tem grande impacto na cadeia de valor [...].

Para Wenke 2001 ( apud PAIVA 2004) o modelo da cadeia de valor é descrito

pelo modelo das cinco forças de Porter. Que serve para analisar a competitividade e

compreender o desenvolvimento estratégico de sua empresa em relação aos seus

concorrentes.

Este conceito da cadeia de valores tem suas origem nas inúmeras atividades

distintas que uma empresa executa no decorrer da sua gestão. Nas atividades de apoio

podemos encontrar as atividades necessárias para o funcionamento da empresa

conforme já foi explanado. Portanto podemos encontrar nas atividades de apoio as

seguintes atividades fins; coordenação da administração, administração de recursos

humanos e tecnológicos juntamente com a obtenção de recursos. Já na atividade

primária podemos encontrar; logística interna, operações, logística externa, marketing e

vendas e por fim atendimento ao cliente. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2003).

Page 63: Apostila ADM FIN

63

6.6.4 - Posicionamento estratégico

Segundo Oliveira (1996, p. 46) "O planejamento estratégico pode ser

conceituado como um processo gerencial que possibilita aos administradores

estabelecerem o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de

melhoria continua na relação da empresa com seu ambiente". Quem define a estratégia

da empresa é a alta administração que tem como objetivo elaborar cursos de ações a

serem seguindo levando em consideração o ambiente em que atua, bem como todas as

variáveis ambientais.

Para uma empresa atingir os seus objetivos, precisa de uma estratégia

consistente, pois a estratégia pura e simples não tem valor nenhum para a empresa.A

formulação da estratégia deve ser baseada com maior numero de informações possíveis

do mercado alvo, para que com isto possibilite a empresa na formação do preço de

venda que seja capaz de ser captado pelo seu publico alvo. Vale salientar que este valor

percebido pelo cliente só será captado através de informações precisa sobre o mercado

alvo que mostrará os atributos valorizados pelo cliente no produto.

Segundo Oliveira (1996) a elaboração e implementação do planejamento

estratégico devem passar por quatro fases distintas a ser observada são elas;

1.ETAPA: Diagnostico estratégico. Nesta fase analisa-se a empresa como um

todo identificando a visão da empresa, objetivo, meta, analise interna e externa e análise

de seus concorrentes.

2.ETAPA: Missão da empresa. Nesta fase se define a razão de ser da empresa

bem como o seu posicionamento estratégico.

3.ETAPA: Instrumentos prescritivos e quantitativos. Nesta fase analisam-se

todas as alternativas possíveis para a empresa alcançar os objetivos desejados.

4.ETAPA: Controle e Avaliação. Nesta fase se faz a analise da estratégia

escolhida. O controle pode ser feito através da comparação do desempenho da empresa

no presente em relação a empresa antes da implantação da estratégia. Caso os resultados

não sejam satisfatórios a empresa deverá reformular sua estratégia de modo que ela

venha a atender aos objetivos traçados.

O que acaba diferenciando uma estratégia da outra é exatamente o perfil de cada

empresa juntamente com seus objetivos e metas. Uma estratégia bem elaborada propicia

a empresa à capacidade de enfrentar o ambiente externo com maior eficácia. Para que a

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64

empresa possa formular suas estratégias adequadamente, ela deve colher informações de

seus ambientes internos e externos para que a partir daí possa escolher qual o modelo

estratégico irá adequar melhor a situação mercadológica vivida no momento.

Conforme sugestão de Porter (1989), o desempenho de qualquer empresa pode

ser decomposto em duas partes; sendo a primeira estabelecida pelo desempenho médio

de todos os concorrentes e a segunda referente ao desempenho médio relativo da

empresa no setor.

Segundo Porter (1979 apud CARVALHO; LAURINDO 2003, p. 70) ;

Há dois tipos básicos de vantagem competitiva; liderança em custo ou

diferenciação. Paralelamente, deve-se definir o escopo de atuação estratégica, podendo-

se ter como alvo um mercado mais amplo, com vários segmentos industriais, ou mais

restrito, atuando em um segmento específico. Com base nessas duas dimensões, há

quatro possíveis estratégicas genéricas. [...] As estratégias genéricas são: liderança em

custo, diferenciação, enfoque / foco em custo e enfoque /foco em diferenciação.

Através da definição da estratégica competitiva genérica a empresa poderá

estabelecer uma posição competitiva favorável e sustentável contra as forças externas e

internas que determinam a concorrência em mercados competitivos.

Carvalho&Laurindo ( 2003) conceitua e define as estratégia genérica da seguinte

forma:

•A estratégia de liderança no custo

•Estratégia de diferenciação

•Estratégia diferenciação focada

A estratégia de liderança no custo é uma estratégia que exige um esforço muito

grande de toda a empresa, pois ela busca obter uma vantagem competitiva oferecendo

ao mercado suas mercadorias com custo mais baixo em relação a seu concorrente. Este

tipo de estratégia faz com que a empresa busque trabalhar de forma integrada em

relação aos seus departamentos, pois para uma empresa trabalhar com a diferenciação

de custo exige da empresa que todos os departamentos trabalhem com o forte objetivo

de minimização de custos.

Page 65: Apostila ADM FIN

65

Segundo Porter (1989) um líder em custo não pode ignorar as bases da

diferenciação de seu produto. Um líder no custo deve obter paridade em relação ao seu

produto com o do concorrente para que a partir desta possa obter lucros mais altos do

que o da concorrente. A liderança de custo também exige que apenas uma empresa

venha a ditar o preço de venda em seu mercado alvo e não uma dentre as várias

empresas, caso haja mais de uma, a concorrência tende a ser maior dificultando ainda

mais a obtenção da vantagem competitiva e fatalmente diminuição de seus lucros.

Vale a pena salientar que este tipo de estratégia é muito difícil de ser mantida sua

sustentabilidade o motivo da dificuldade se dá pela vulnerabilidade que se aloja nos

mercados de concorrência perfeita onde todos têm acesso aos insumos e a tecnologia.

Já a estratégia de diferenciação não tem como foco trabalhar seus produtos com

custos menores, pelo contrário ela busca encontrar um equilíbrio entre a necessidade do

cliente e quanto ele está disposto a pagar pela diferenciação oferecida no produto.

Porter (1989) afirma que esta diferenciação não esta apenas em ofertar um

produto com um grau de diferenciação em relação ao seu concorrente, pode-se obter a

diferenciação através do nível de serviço oferecido ao cliente ou até mesmo pela

durabilidade oferecida pelo produto. Variando de indústria para industria.

Carvalho&Laurindo (2003) completam que a lógica desta estratégia é aumentar

sua margem de contribuição partindo da variável preço e não da variável custo. Sendo

que seu objetivo está em identificar e satisfazer as necessidades dos clientes, mas

naqueles requisitos que o cliente está disposto a pagar a mais.Os cuidados também

devem ser tomados em relação da interface da empresa juntamente com outros

departamentos, pois caso contrário seus lucros poderão ser achatados pela necessidade

que a empresa tem em investir na diferenciação do produto.

Este tipo de diferenciação também pode se tornar vulnerável ao mercado de

concorrência perfeita, pois seus concorrentes poderão copiá-lo fazendo com que a

vantagem que a empresa tem em relação aos seus concorrentes venha a desaparecer em

médio prazo. Para que isto não aconteça é necessário que a empresa esteja atenta ao

mercado externo e invista em tecnologia a fim de ajustar e agregar valor a seu produto.

E por fim a estratégia diferenciação focada torna diferente das outra em relação

ao seu objetivo, que está em determinar um nicho de mercado para atuar. Podemos

encontrar dois tipos de enfoque são eles: enfoque custo e enfoque diferenciação. Sendo

que ambas buscam trabalhar apenas com um segmento de mercado.

Page 66: Apostila ADM FIN

66

Carvalho&Laurindo (2003) , salienta que o segredo da estratégia está em

encontrar o mercado alvo para atuar,devendo a empresa dedicar todos seus esforço neste

mercado. Vale salientar que os riscos neste tipo de estratégia são altos, pois a empresa

para trabalhar com este tipo de estratégia precisa optar em atuar apenas em um tipo de

segmento abandonando os outros.

Conforme já foi salientado qualquer das estratégias genéricas que a empresa

possa escolher não está livre de riscos. Um dos riscos que a estratégia de diferenciação

pode ter é o cliente não sentir a real diferença do produto em relação ao seu concorrente

e não aceitar a pagar o preço da diferenciação. Quanto à estratégia de custos os riscos

estão voltados na eficácia da administração da empresa. Promover uma reengenharia

dentro dos departamentos é de vital importância, pois a eficiência e eficácia só poderão

ser alcançadas se a empresa ao invés de trabalhar com a estrutura hierárquica clássica

der lugar à integração das diversas áreas da empresa.

Vale salientar que a tarefa da gestão estratégica de custos neste estágio e buscar

reduzir custos enquanto a empresa firma no mercado seu posicionamento estratégico

escolhido.

6.6.5 - Direcionadores de custos

Se analisarmos os custos de uma empresa ele é causado ou direcionado, por

diversos fatores que inter-relacionam de formas complexas. Paiva (2004) salientam que

"compreender o comportamento dos custos significa compreender a complexa interação

do conjunto de direcionadores de custos em determinada situação"

Diante deste fato após analisar a cadeia de valor sugere-se que a empresa venha a

identificar e analisar os determinantes de custos, ou seja, quais são os fatores que

efetivamente provocam os custos. Para Paiva (2004) estes custos podem ser [...]

"denominados direcionadores de custos, por meio de uma relação de causa-efeito que

reflita de forma mais precisa a realidade".

O mesmo autor completa que devemos dividir os direcionadores de custos em

direcionadores custos estruturais e direcionadores de custos execução.

Page 67: Apostila ADM FIN

67

Onde podemos definir os direcionadores estruturais como aqueles que fazem

parte da estrutura econômica da empresas que são classificados segundo Paiva (2004

apud SHANK; GOVINDARAJAN 1997) como;

Escala: Define o quanto de investimento é necessário para a atividade de

pesquisa de desenvolvimento, produção e marketing.

Escopo: Define o grau de integração vertical da empresa. Sendo que o de escala

define o grau de integração horizontal da empresa.

Experiência: O grau de experiência da empresa nas atividades executadas no

presente.

Tecnologia: Quais são as tecnologias utilizadas em cada fase da cadeia de valor

da empresa.

Complexidade: A variedade de produtos ou serviços oferecido pela empresa aos

clientes.

Já os direcionadores de execução segundo Paiva (2004 p. 51);

São aqueles determinantes da posição de custos de uma empresa que depende de

sua capacidade de executar cada atividade de forma bem sucedida, estão intimamente

relacionados com o desempenho. Podem ser segregada em envolvimento da força de

trabalho, gestões da qualidade total, utilização da capacidade, eficiência do layout das

instalações, configuração do produto e exploração de elos com fornecedores e clientes.

Vale salientar que para cada direcionador de custos há uma estrutura de análise e

que devem ser analisadas no momento de identificar os custos da empresa.E se esta

analise for feita de forma estratégica é aconselhável que não seja feito de acordo com o

volume de produção ou venda e sim em relação à estrutura, habilidade e competências

das empresas que norteiam a sua posição competitiva

Podemos identificar que as ferramentas aqui expostas, como norteadora da

gestão estratégica de custos e totalmente conhecidas em qualquer literatura que trata de

estratégias empresariais e gestão de custos da empresa. Portanto não existe nada de

novo e sim a junção destas ferramentas como alternativa de ser alcançar a eficiência e

eficácia empresarial.

Page 68: Apostila ADM FIN

68

Por fim podemos fazer uma correlação da gestão estratégica de custos com as

ferramentas tradicionais utilizada pela empresa enfatizado alguns pontos positivos desta

grandiosa ferramenta.

De acordo com Perez Jr., Oliveira e Costa (2003), o que diferencia a gestão

estratégica de custos das ferramentas tradicionais é a forma como ela trata as

informações. Tendo uma abordagem mais ampla sendo que os dados de custos são

utilizados para desenvolver estratégias, a fim de se obter uma vantagem competitiva.

Se analisarmos abordagem tradicional de analise de custos podemos verificar que

a ferramenta tradicional de analise de custos tem como foco indicar os custos incorridos

em um dado período de tempo não levando em consideração as atividades que agregam

valor ou não.Já a gestão estratégica de custos tem como foco principal agregar valor em

toda a sua cadeia produtiva, buscando analisar atividades que podem reduzir tempos dos

ciclos operacionais, bem como as principais atividades que agregam valor, buscando a

todo o momento a redução de custos em toda a sua cadeia produtiva. Para isto ela

trabalha de forma sistêmica entre todos os seus setores.

6.7 - Considerações finais

Nesta nova visão coesa e integrada da gestão estratégica de custos verifica-se

uma grande potencialidade para as empresas alcançarem a tão almejada vantagem

competitiva. Observa-se que as ferramentas aqui expostas, como norteadora da gestão

estratégica de custos e totalmente conhecidas em qualquer literatura que trata de

estratégias empresariais e gestão de custos da empresa. Portanto não existe nada de

novo e sim a junção destas ferramentas como alternativa de ser alcançar a eficiência e

eficácia empresarial.

Podemos afirmar que a gestão estratégica de custos implica na apresentação de

uma nova visão da contabilidade gerencial, baseada na premissa que a contabilidade

gerencial deve considerar temas ligados a estratégias empresariais.

É necessário analisar e determinar as atividades que possam contribuir para a

melhoria do desempenho da empresa no futuro, portanto fica claro que hoje qualquer

empresa para ter uma vantagem competitiva precisa trabalhar de forma tal que seus

custos sejam mensurados de forma correta, além disto é preciso administrar seus

Page 69: Apostila ADM FIN

69

processos e serviços de forma acurada a fim de melhorar sua eficiência e eficácia.Fica

claro, portanto que esta ferramenta propicia para a empresa um processo de aprendizado

continuo onde todos estarão envolvidos com um único objetivo, ou seja, a melhora

continua do desempenho da empresa.

A empresa precisa ter uma vantagem competitiva, tanto para sua estabilidade no

mercado quanto para o seu desenvolvimento no setor que atua. O estudo da cadeia de

valor conforme citado no texto como um dos pilares da gestão estratégica de custos

relaciona a empresa ao seu ambiente focando suas alianças e concorrentes, já o

posicionamento estratégico direciona a empresa para o futuro determinando seus pontos

fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. E por fim os direcionadores de custos

têm como objetivo a mensuração dos custos, podendo ser divido em direcionadores

estruturais e direcionadores de execução onde através deles é possível analisar onde e

como os custos estão incorrendo dentro de seus departamentos.

Considera-se que a contribuição principal que este trabalho procurou trazer

foiidentificar a gestão estratégica de custos como uma valiosa ferramenta para a

obtenção da vantagem competitiva dentro das empresas. Isto se dá pelo fato dela esta

mais adequada, adaptada ao novo cenário que vivemos onde a agregação de valor é de

vital importância.

Page 70: Apostila ADM FIN

70

7 - EMPREENDEDORISMO

7.1 - Conceito Empreendedorismo

O tema empreendedorismo é secular, tão antigo

que achar obras literárias sobre o tema não é uma tarefa

difícil, aliás, é natural já que se trata de um tema tão

popular e antigo, segundo Dolabela (2006)

"empreendedorismo não é um tema novo ou modismo:

existe desde sempre, desde a primeira ação humana

inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e com a

natureza".

Se existem muitas obras sobre o assunto, as definições do tema são as mais

diversaS são apresentados vários conceitos, mas a grande maioria converge no mesmo

ponto,a inovação, aliada a força de vontade, e a grande busca de resultados. Para Angelo

(2003) "empreendedorismo é a criação de valor por pessoas e organizações trabalhando

juntas para implementar uma idéia por meio da aplicação de criatividade, capacidade de

transformar e o desejo de tomar aquilo que comumente se chamaria de risco".

Segundo definição de Barreto (1998) "empreendedorismo é a habilidade de se

conceber e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada", assim Barretos

enfatiza a grande importância do trabalho, além da capacidade de maximizar recursos.

Uma outra definição interessante é a de Schumpeter (citado por FILION,1999)

onde expõe que "empreendedorismo está na percepção e aproveitamento das novas

oportunidades no âmbito dos negócios ... sempre tem a ver com criar uma nova forma

de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional

e sujeitos a novas combinações."

Segundo Timmons (citado por DOLABELA, 2006), "o empreendedorismo é

uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial

foi para o século 20", ao comparar com a revolução industrial, a grande responsável por

radicais mudanças no século 20, demonstra o grau de importância para a sociedade do

tema empreendedorismo.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -

SEBRAE (2009) o empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e

Page 71: Apostila ADM FIN

71

pesquisador. Ele está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções,

sempre tendo em vista as necessidades das pessoas.A essência do empresário de sucesso

é a busca de novos negócios e oportunidades e a preocupação sempre presente com a

melhoria do produto. Enquanto a maior parte das pessoas tende a enxergar apenas

dificuldades e insucessos, o empreendedor deve ser otimista e buscar o sucesso, apesar

das dificuldades.

Já para Dornelas (2008) "empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e

processos que, em conjunto, levam a transformação de idéias em oportunidades"

enfatiza assim de forma mais geral o real objetivo do empreendedorismo, que é gerar

oportunidades.

Todas estas definições exprimem de forma muito clara o que vem a ser o tema

empreendedorismo, porém cabe uma definição mais sucinta, onde traga palavras chave,

assim:

Empreendedorismo é o ato de aproveitar oportunidades, inovar, planejar,

arriscar, empenhar, ser perseverante, acreditar na idéia e transformar em realidade, este

ato se aplica em qualquer área, seja um novo negócio, seja um novo processo ou um

novo produto, um novo método, tanto faz.

Empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar, principalmente,

aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de se dedicar às atividades

de organização, administração, execução; principalmente na geração de riquezas, na

transformação de conhecimentos e bens em novos produtos – mercadorias ou serviços;

gerando um novo método com o seu próprio conhecimento. É o profissional inovador

que modifica, com sua forma de agir, qualquer área do conhecimento humano. Também

é utilizado – no cenário econômico – para designar o fundador de uma empresa ou

entidade, aquele que constroi tudo a duras custas, criando o que ainda não existia.

A palavra empreendedorismo foi utilizada pelo economista Joseph Schumpeter

em 1950 como sendo uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com

inovações. Mais tarde, em 1967 com Kenneth E. Knight e em 1970 com Peter Drucker

foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa arriscar em

algum negócio. E em 1985 com Gifford Pinchot foi introduzido o conceito de Intra-

empreendedor, uma pessoa empreendedora mas dentro de uma organização.

Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso de

empreendedorismo, Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele,

Page 72: Apostila ADM FIN

72

empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e

o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais

correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e

pessoal.

A satisfação econômica é resultado de um objetivo alcançado (um novo produto

ou empresa, por exemplo) e não um fim em si mesma.

Empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento econômico

e social de um país. Identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para

transformá-las em negócio lucrativo. Esse é o papel do empreendedor.

7.2 - O perfil do empreendedor

Os estudos na área do empreendedorismo mostram que as características do

empreeendedor ou do espírito empreendedor, da indústria ou da instituição, não é um

traço de personalidade. Para Meredith, Nelson e Nech (apud UFSC/LED 2000 p. 51) “

Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar oportunidades de

negócios; prover recursos necessários para pô-los em vantagens; e iniciar ação

apropriada para assegurar o sucesso. São orientadas para a ação, altamente motivados;

assumem riscos para atingirem seus objetivos”.

O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo à medida que presencia a

evolução. Valoriza suas experiências, valoriza seu valor, tomando decisões e decisões

acertadas. Abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define objetivos e dá o

primeiro passo. De acordo com Gerber (1996), o século XVIII foi marcado por grandes

modificações nos processos industriais. A revolução industrial teve início no século

XVII, se caracterizando pela mudança dos processos produtivos que eram feitos

manualmente e passaram a ser feitos por máquinas. Essa época modificou ou

transformou os meios de produção, as relações econômicas, as relações sociais e as

relações culturais. Como conseqüência aconteceu a divisão do trabalho, a produção em

série e a urbanização. O homem passou a ser visto como uma máquina produtiva e não

como gente (Leite, 2000).

Procurando cada vez mais a eficácia, surgiram os grandes pensadores aliados aos

interesses dos empresários. Cenários com novas estratégias. Falase em marketing e

relações humanas. As idéias de Taylor imperam, porém o consumidor se faz ouvir,

Page 73: Apostila ADM FIN

73

surgindo a segmentação do mercado de Sloan: a diversidade, modelos específicos para

usuários diferentes. Ela foi colocada em cheque com o mundo da informática, com a

nova visão de mundo. Ouviu-se, então, Peter Drucker, considerado o pai da gestão.

Colocou-se de lado o mecanicismo e surgiu a preocupação com o indivíduo. Descobriu-

se que, para o bom desempenho, auto-estima é vital. Com as tecnologias de informação,

o homem passa a ser o centro das atenções.

Hoje, fala-se do “Capital Intelectual” que nada mais é do que: conhecimento,

experiência, especialização. Ferramentas ou estratégias utilizadas para se ter sucesso e

ser competitivo. A mão-de-obra passa a ser cabeça-de-obra. É o conhecimento e a

capacidade gerando novas idéias. O foco está nas pessoas. Assim, o perfil do

profissional de sucesso que lidera suas concepções e suas atitudes está em pessoas que

conseguem harmonizar esforços individuais ou coletivos e que criam algo novo e

criativo.

Segundo Leite(2000), nas qualidades pessoais de um empreendedor, entre

muitas, destacam-se:

a) iniciativa;

b) visão;

c) coragem;

d) firmeza;

e) decisão;

f) atitude de respeito humano;

g) capacidade de organização e direção.

Traçar metas, atualizar conhecimentos ser inteligente, do ponto de vista

emocional, conhecer teorias de administração, de qualidade e gestão, são mudanças

decorrentes da globalização e da revolução da informação. O empreendedor deve

focalizar o aprendizado nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a

fazer, aprender a conviver e aprender a ser, e com isso, ser capaz de tomar a decisão

certa frente à concorrência existente. Novas habilidades vêm sendo exigidas dos

profissionais para poderem enfrentar a globalização com responsabilidade, competência

e autonomia.

Buscam-se profissionais que desenvolveram novas habilidades e competências,

com coragem de arriscar-se e de aceitar novos valores, descobrindo e transpondo seus

limites. O futuro é cheio de incertezas, por isso, é preciso refletir sobre: habilidades

pessoais e profissionais; criatividade; memória; comunicação; como enfrentar este

Page 74: Apostila ADM FIN

74

século. Diferenciar-se dos demais, revalidar seu diploma pessoal e profissional, rever

convicções, incorporar outros princípios, mudar paradigmas, sobrepor idéias antigas às

novas verdades, este é o perfil do profissional que, trocando informações, dados e

conhecimentos, poderá fazer parte do cenário das organizações que aprendem, das

organizações do futuro. São mudanças socioculturais e tecnológicas que fazem repensar

hábitos e atitudes frente às novas exigências do mercado.

Conquista-se a autonomia profissional quando se é perseverante, determinado,

aprendiz, flexível e quando se tem:

• Positividade

• Organização

• Criatividade

• Inovação

• Foco

Essas qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela

experiência pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem

desenvolver habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa

ter visão. Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro. A maioria das pessoas tem

pouca noção da verdadeira visão, dos níveis de significado. Metas e objetivos não são

visão. Ser visionário é imaginar cenários futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter

visão é perceber possibilidades dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que

anda, caminha ou viaja para inspirar pensamentos inovadores.

Esse enfoque se volta à disposição de assumir riscos e nem todas as pessoas têm

esta mesma disposição. Não foi feito para ser empreendedor quem precisa de uma vida

regrada, horários certos, salário garantido no fim do mês. O empreendedor assume

riscos e seu sucesso está na “capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles”

(Degen, 1989, p.11). Gerber (2004), apresenta algumas diferenças dos três personagens

que correspondem a papéis organizacionais, quais sejam:

a) o Empreendedor, que transforma a situação mais trivial em uma

oportunidade excepcional, é visionário, sonhador; o fogo que alimenta o futuro; vive no

futuro, nunca no passado e raramente no presente; nos negócios é o inovador, o grande

estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados;

b) o Administrador , que é pragmático, vive no passado, almeja ordem, cria

esquemas extremamente organizados para tudo;

Page 75: Apostila ADM FIN

75

c) o Técnico, que é o executor, adora consertar coisas, vive no presente, fica

satisfeito no controle do fluxo de trabalho e é um individualista determinado.

É importante destacar no pensamento de Gerber (2004) o fato dos três

personagens estarem em eterno conflito, sendo que ao menor descuido o técnico toma

conta, matando o visionário, o sonhador, o personagem criativo que está sempre lidando

com o desconhecido. Os riscos fazem parte de qualquer atividade, sendo necessário

aprender a administrá-los, pois eles são um dos fatores mais importantes que inibem o

surgimento de novos empreendedores. Um outro fator inibidor é o” capital social” que

são valores e idéias que sublimemente nos foram incutidos por nossos pais, professores,

amigos e outros que influenciaram na nossa formação intelectual e que,

inconscientemente, orientam nossas vidas.

Dessa forma, um pai engenheiro desperta no filho o ideal de seguir a mesma

carreira, militares, pilotos, esportistas, até pessoas que raramente vão vislumbrar ou ter

interesse numa carreira de empreendedor exercem sua influência na formação das

pessoas. É de se considerar, porém, que a avaliação mais objetiva do preparo para

empreender é a percepção que a pessoa tem de si própria, refletindo na sua

autoconfiança. Com o potencial empreendedor também isso acontece. O que se aprende

na escola, nas pesquisas, nas observações, vai se acumulando. O preparar-se para ser

empreendedor, portanto, inicia-se com o domínio que se tem sobre tarefas que se fazem

necessárias, o próprio desenvolvimento da capacidade de gerenciamento. O que falta, na

verdade, é motivação para uma tomada de decisão para se tornar um empreendedor.

Decisões tomadas no cotidiano são inúmeras. Os processos de decisão nem

sempre são simples, objetivos e eficientes como deveriam ser pois, se a intuição está de

um lado; a análise racional está do outro.

Descrevem-se aqui os oito estilos de decisão, relatados por Cohen,(2001):

Intuitivo : tenta projetar o futuro, com perspectiva ao médio e do longo prazo,

imaginando o impacto dessa ação.

O planejador: situa-se onde está e para onde se deseja ir, com planejamento e

tendo um processo de acompanhamento, adequando à realidade sempre que for

necessário.

O perspicaz: diz que além da percepção é necessário conhecimento.

O objetivo: sabe qual o problema a ser resolvido.

O cobrador: tem certeza das informações, vê a importância de medir e corrigir

quando o resultado não foi o decidido.

Page 76: Apostila ADM FIN

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O mão–na–massa: envolve-se pessoal e diretamente, acredita em grupos para

estudos multidisciplinares.

O meticuloso: junta opiniões de amigos, especialistas, funcionários, tentando se

convencer da solução a encontrar.

O estrategista: decide cumprir sua estratégia de crescimento, tendo percepção

do que resolver. Diagnostica o problema para encontrar a solução e sua resolução com

eficácia.

A decisão é de cada um. Interagir, refletir, deixar a cada um o momento de uma

descoberta e desenvolvendo habilidades específicas para o sucesso da sua escolha é de

responsabilidade única e exclusiva. As características comuns que se encontram no

empreendedor que fez uma escolha, tanto nas universidades como na sociedade, são

difíceis para listar com precisão, porém diferentes autores chegaram a algumas

conclusões. Elas dizem respeito às necessidades, conhecimento, habilidades e valores.

As necessidades que se referem a conhecimentos, Lezana (1995, p.78) assim

elenca:

• aspectos técnicos relacionados a negócios

• experiência na área comercial

• escolaridade

• formação complementar

• experiência em organizações

• vivência com situações novas.

As necessidades que se referem aos valores, Empinotti (1994), argumenta que

são os existenciais, estéticos, intelectuais, morais e religiosos. É preciso, no entanto, ser

registrado que, no contexto empresarial, essas características podem se desenvolver e

atuar de forma positiva ou negativa. É a personalidade do empreendedor que fará o

impacto decisivo para o sucesso.

A definição da palavra empreendedor varia de autor para autor, mas há uma

intercessão na definição que todos concordam. No dicionário de ciências sócias

encontramos que o termo empreendedor denota a pessoa que exercita total ou

parcialmente as funções de:

a) iniciar, coordenar, controlar e instituir maiores mudanças no negócio de

empresa e/ou,

Page 77: Apostila ADM FIN

77

b) assumir riscos nessa operação que decorrem da natureza dinâmica da

sociedade e do conhecimento imperfeito do futuro e que não pode ser convertido em

certos custos através de transferência, cálculo ou eliminação.

Segundo o dicionário Webster empreendedor é a pessoa que organiza e gere um

negócio, assumindo o risco em favor do lucro. Então cabem aqui as perguntas: Quem na

verdade é um empreendedor? Quais são as suas características mais marcantes?

Em primeiro lugar vamos descrever o que não é uma pessoa empreendedora. A

revista exame de 24 de julho de 2002 publicou um artigo intitulado as falsas verdades

sobre empreendedores. No artigo são destacados seis mitos a cerca do

empreendedorismo.

O primeiro é “Não é possível desenvolver o empreendedorismo, você deve

nascer empreendedor”. Nos Estados Unidos, os maiores responsáveis pelo surgimento

de novos negócios são os profissionais que foram demitidos de seus empregos e

precisaram encontrar uma forma de sobreviver. São gestores que viraram

empreendedores por necessidade.

O segundo mito é “Todo empreendedor inventou algo na garagem de casa,

quando jovem, e tem uma personalidade esquisita?”

O empreendedor americano médio tem entre 35 e 45 anos, dez anos de

experiência numa grande empresa e um perfil psicológico rico. Necessariamente não

inventaram nada, apenas souberam aproveitar uma oportunidade de um salto

tecnológico, por exemplo. Não há nada de esquisito neles. Apenas tiveram iniciativa.

São pessoas normais, como eu e você, não são extraterrestres, são deste mundo mesmo.

O terceiro mito é “O objetivo de todo empreendedor é ser milionário”.

Todos os empreendedores entrevistados, mesmo os que ficaram ricos, afirmam

que isso não é verdade. O que os motivou foi a vontade de

criar algo novo e não a pergunta. Bom, o que eu posso fazer para ficar rico?

O quarto mito é “Empreendedores não são muito confiáveis”. Essa visão era

muito comum quando eu era jovem. Agora responda: onde estão acontecendo os

maiores crimes do mundo dos negócios? Nas grandes empresas. Não faz sentido dizer

que um empreendedor deve ser menos respeitado do que um CEO?

O quinto mito é “Um empreendedor precisa tomar riscos enormes”. Como

investem o próprio dinheiro, empreendedores tendem a ser muito conservadores. Os

maiores riscos são tomados pelos principais executivos das grandes empresas. Vários já

Page 78: Apostila ADM FIN

78

me disseram que apostariam um milhão de dólares numa nova idéia. Nenhum

empreendedor faria isso.

E por último, “Fazer um MBA é a melhor forma de se transformar num

empreendedor”. Minha recomendação aqui é: economize seu dinheiro. O conhecimento

sobre gestão vai fazer falta depois que sua empresa atingir certo tamanho. Nessa hora

pode ser uma boa idéia contratar alguém com um MBA, se for caro, contrate alguém

experiente e com formação adequada, não necessariamente com um MBA. Mas é bom

se lembrar de pedir ajuda a um consultor no inicio do projeto, ajuda a evitar erros

rotineiros.

Então como podemos identificar uma pessoa empreendedora? Várias são as

características que fazem parte do perfil de uma pessoa empreendedora, dentre elas

podemos citar:

1. Autoconfiança. Sentir-se seguro em relação aos seus propósitos, ao seu

projeto. Mesmo tendo muitas opiniões contrárias podendo agir com firmeza e

determinação para atingir o seu objetivo.

2. Automotivação. Não necessita do “empurrão” de outros para se animar.

Encontra forças em si mesmo diante dos desafios. Mesmo diante de algum fracasso

encontra sempre um motivo para recomeçar.

3. Criatividade . Capacidade de encontrar

soluções viáveis para solução de problemas.

Capacidade de criar novos produtos e serviços.

Capacidade de encontrar novos caminhos, novos

processos. Tem sempre uma sugestão, mesmo que

não seja a melhor.

4. Flexibilidade. Pessoas inflexíveis têm muitos problemas para o recomeço

quando necessário. A flexibilidade habilita para rever posições, assumir o novo, ceder

quando preciso. Ouvir as idéias e sugestões e aceitá-las quando for o caso, mesmo que

isso signifique uma grande mudança no projeto.

Page 79: Apostila ADM FIN

79

5. Energia. Que tem seu negócio próprio, dificilmente trabalhará oito horas por

dia. Serão doze, senão catorze horas de trabalho diariamente. É preciso ter “pique”,

muita energia até o negócio poder caminhar sem necessidade de acompanhamento “full

time”. Tem que suar a camisa.

6. Iniciativa . Capacidade para agir de maneira oportuna e adequada sobre a

realidade, apresentando soluções, influenciando acontecimentos e se antecipando às

situações.

7. Perseverança. Capacidade de manter-se firme e constante em seus propósitos,

porém, sem perder a objetividade e clareza frente às situações (saber perceber limites).

8. Resistência à frustração. Este é um item de muita importância no perfil do

empreendedor. Não são poucos que abrem um negócio que não tem vida longa. Há

sempre um recomeço. Este item está muito ligado à perseverança e a motivação.

9. Disposição para assumir riscos. São muitos os riscos que o empreendedor

assume ao criar seu negócio. Risco do abandono do emprego, riscos financeiros, riscos

psicológicos pela possibilidade de fracassar.

Uma pergunta que constantemente é feita, as pessoas nascem empreendedoras ou

podem ser formadas?

Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que os empreendedores não são

pessoas do outro mundo, são deste mundo mesmo. São pessoas simples como você.

Podem nascer com espírito empreendedor e também podem ser formados. São

reconhecidos pela sua capacidade, pela sua ousadia, pelas suas quedas e pelo seu

recomeço. Pelo sucesso e pelo seu insucesso. São ativas. Existem em quantidades

ilimitada e enormemente diversificada ao longo do tempo. São influenciados em parte

pela genética, em parte pela formação familiar, pelas experiências profissionais e

também pelo ambiente econômico.

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80

7.3 O intra-empreendedorismo

O intra-empreendedorismo é um sistema considerado revolucionário para

acelerar as inovações dentro de grandes empresas, através do uso melhor dos seus

talentos empreendedores. Trata-se, segundo Pinchot (1985), de um método que tem

como objetivo fomentar a criação de empreendedores dentro da empresa.

O desafio da empresa é conseguir desenvolver seus colaboradores, dando-lhes a

oportunidade de fazer com que suas idéias se realizem. O intra-empreendedorismo

surgiu como uma decorrência natural do empreendedorismo e se impôs como uma

maneira saudável para se reagir aos desafios empresariais do novo milênio.

Uma característica marcante no cenário dos negócios deste início de século tem

sido a competitividade, que se mostra bem mais acentuada em relação ao século

anterior. Novos concorrentes, que surgem a todo momento no país e no exterior, estão

rapidamente demonstrando que nossas grandes empresas devem se preparar para a

renovação, ou estarão perdendo competitividade. O intra-empreendedorismo ganha

força nesse cenário, uma vez que, essencialmente, a empresa valoriza o espírito

empreendedor, estimulando as pessoas a concretizarem suas idéias, através do

patrocínio e liberdade de ação para agir. Trata-se de um método eficiente, porque libera

o gênio criativo dos empregados, que são justamente as pessoas que melhor conhecem a

organização.

O método do intra-empreendedorismo também tem se mostrado interessante para

empresas mergulhadas na burocracia e em estado de estagnação competitiva. Neste

caso, o intra-empreendedor busca resgatar o foco no cliente e no produto, o que permite

a redefinição clara da missão da empresa, o resgate da comunicação e a proximidade

das pessoas aos focos, o desmantelamento das estruturas funcionais e a reorganização

da empresa através dos fluxos reais de trabalho, ou seja, os processos.

O intra-empreendedor é o indivíduo que, ao invés de tomar a iniciativa de abrir o

seu próprio negócio, toma a iniciativa de criar, inovar e buscar novas oportunidades e

negócios para organização na qual trabalha.

É o empreendedor dentro da própria empresa, que tem a habilidade de manter

naturalmente a inovação sistemática no negócio, diferenciando-o e mantendo-o

competitivo no mercado.

Page 81: Apostila ADM FIN

81

A principal razão de as empresas buscarem desenvolver comportamentos

empreendedores parece residir na dificuldade de se implementarem projetos pessoais e

profissionais.

Essa dificuldade é decorrente de grande número de variáveis, entre as quais

podemos destacar:

– Definição clara do que se quer fazer;

– Planejamento das ações;

– Dependência do apoio de outros;

– Condições ambientais favoráveis etc.

Por outro lado, percebe-se no dia-a-dia que muitos conseguem efetivar seus

objetivos mesmo com diversas adversidades e outros, entretanto, não obtêm o mesmo

êxito, ainda que em condições favoráveis.

A conclusão disso é que além do preparo técnico específico para a efetivação de

um projeto e de ambiente que garanta condições mínimas, existem também aspectos

pessoais que aumentam a probabilidade de levar a cabo qualquer desafio e que se

referem à prática de um novo conjunto de competências, que foi amplamente

pesquisado e estudado.

O que se espera, então, são pessoas ativas, que vivam profundamente suas metas,

que assumam a responsabilidade pessoal de implementar novas idéias e transformá-las

em sucesso comercial. Os intra-empreendedores podem fazer toda a diferença entre o

sucesso e o fracasso da empresa.

O custo de se perder talentos empreendedores, conforme alerta Pinchot (1985),

costuma ser maior do que o da simples perda de um técnico qualificado, ou de um

elemento eficaz de uma área administrativa específica.

Para estimular ou resgatar o espírito empreendedor na empresa, é necessário

promover o envolvimento do pessoal. Pelo menos três caminhos são apontados para

alcançar esse envolvimento:

– A participação na gestão: ou seja, os empregados com espírito empreendedor

têm maiores chances reais de subir na organização, podendo atingir rapidamente os

diversos níveis de gestão.

– A participação no capital da empresa: à medida que a empresa progride, a

partir das idéias e ações propostas pelos intra-empreendedores, estes são convidados a

participarem do capital da empresa, tornando-se sócios do empreendimento.

Page 82: Apostila ADM FIN

82

– A participação nos lucros ou resultados da empresa: a empresa destina parte de

seus lucros como prêmio aos intraempreendedores que apresentaram idéias mais

criativas, inovadoras e que, uma vez implementadas, geraram evidentes sinais de

progresso para a organização.

7.3.1 Vantagens e desvantagens do intra-empreendedorismo

Da mesma forma que se deve ter certo cuidado na exacerbação de vantagens do

empreendedorismo, deve-se analisar bem as vantagens do intra-empreendedorismo, a

fim de não se ter uma visão excessivamente otimista e, portanto, distorcida da realidade

desse método que, como vimos, pode ser útil para as empresas, mas não é solução para

todo e qualquer problema.

Para melhor analisarmos as vantagens do intra-empreendedorismo, é conveniente

que as olhemos sob duas óticas: a ótica da empresa e a ótica do funcionário.

Sob a ótica da empresa, uma das vantagens que nos parece relevante é a de se ter

colaboradores com visão de sócios, dedicados como se fossem donos de um negócio

próprio. Equivale a, como se dizia antigamente, ter empregados que “vestem a camisa

da empresa”. A ressalva a essa vantagem é que hoje em dia o ato de vestir a camisa de

uma empresa não é o mesmo do passado. Vivemos num momento semelhante ao dos

jogadores de futebol: quando fazem parte de um clube, dedicam se a ele com todo o

fervor. Aparecem nas entrevistas “beijando” a camisa do clube que representam, como

se nunca mais o fossem deixar.

Ao primeiro assédio financeiro de um clube concorrente, o fervor pelo clube

anterior some e os jogadores, antes tão fiéis, se não conseguirem fazer valer o seu poder

de barganha, transferem o seu fervor ao clube adversário, e dão entrevistas beijando a

camisa do novo clube, como se fizessem parte do time desde pequenos. Os recursos

humanos dos dias atuais são carreiristas por natureza. Parece não existir mais uma

“fidelidade plena”, mas sim uma “fidelidade relativa”. Nesse caso, a habilidade e a

possibilidade da empresa em negociar com os bons empregados (que, em princípio são

os intra-empreendedores) devem ser muito maiores do que se exigia no passado.

Ainda sob a ótica da empresa, há a vantagem de se praticar o internamente o

empreendedorismo de maneira pró-ativa. O intra-empreendedor enxerga a

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implementação das suas idéias como um desafio pessoal e, por acreditar nelas e que elas

contribuirão para o desenvolvimento da empresa em que trabalha, empenha-se em

viabilizá-las. A empresa, ao premiar os intra-empreendedores, imprime uma nova

velocidade da ação empreendedora, que permite a realização de muito mais trabalho e

mão na massa, que refletem em maior produtividade.

Outra vantagem para a empresa é a possibilidade de se ter um menor índice de

funcionários deixando-a, se ela realmente se interessar em preservar aqueles

considerados acima da média.

Sob a ótica dos funcionários, as vantagens principais são a participação nos

lucros, a participação nas decisões, a participação em brainstorms constantes para a

criação de novos produtos e serviços e para a reestruturação de processos internos, os

incentivos à inovação e a liberdade para criar e inovar. Note-se a importância

psicológica dessas vantagens para os funcionários. Eles deixam de ter um papel passivo,

de simples “acatadores” de ordens, e passam a ser co-partícipes nas decisões da

empresa.

Mas, nem tudo são flores. Muitas dessas vantagens exigem uma análise crítica,

pois também trazem em seu bojo, algumas desvantagens, causadas muitas vezes pelas

distorções administrativas que tradicionalmente permeiam a maioria das organizações.

Como primeira desvantagem, o intra-empreendedorismo pode gerar competição

excessiva, o que é um problema em termos de troca de informações entre os

funcionários. Sabemos que a competição saudável deve ser estimulada.

Entretanto, o excesso de competição estimula a geração de boatos e fofocas e a

sonegação de informações pela obtenção de poder. Os impactos negativos sobre o

trabalho em equipe são praticamente inevitáveis, se isso acontecer.

Outra desvantagem do intra-empreendedorismo é que ele exige dos empregados

conhecimento acima da média para que as propostas sejam aprovadas. Ainda que isso

possa parecer positivo, já que, aparentemente, deva gerar trabalhos de qualidade

superior, pode gerar certo desconforto entre a mão-de-obra menos privilegiada, que nem

sempre tem conhecimento suficiente para apresentar boas propostas. A auto-estima

dessa mão-de-obra pode ser seriamente afetada, o que tolhe o seu empenho em tentar se

capacitar para melhorar.

Contudo, a desvantagem mais preocupante do intra-empreendedorismo é que ele

pode gerar “apadrinhamentos”, que, por sua vez, podem gerar falsas competências e

estimular a premiação injusta. Os apadrinhados terão mais vantagem dos que os não-

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apadrinhados. Estabelece se na empresa uma espécie de “seres iluminados”, que, na

verdade, não são tão iluminados assim. Os que não caem nas graças dos chefes são

sempre relegados ao segundo plano e ficam estagnados profissionalmente.

Há ainda que considerar uma última desvantagem do intra-empreendedorismo:

ela pode estimular a premiação apenas por dinheiro, o que nem sempre é o desejável.

Ao fazer isso, a empresa corre o risco de ter um exército de “mercenários”, que só

trabalham por dinheiro. Sabemos, com base nos estudos de Maslow (1943) e Herzberg

(1959), que nem sempre a premiação em dinheiro é a mais indicada.

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8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Revisada, Rio de Janeiro : Campos, 2000

PAGNONCELLI, Dernizo; VASCONCELLOS Filho, Paulo. Sucesso

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SANTOS, A. F., PAIM, I. A informação nos modelos organizacionais.

Perspectivas em Ciências da Informação, v.5, n.1, p.9-21, Jan./Jun.2000.

WOMARCK, J. P., JONES, D. T., ROOS, D. A máquina que mudou o mundo.

17ª Ed., Rio de Janeiro: Campus, 1992.

VASCONCELLOS, E., HEMSLEY, J. R. Estrutura das organizações. 2.ed. São

Paulo: Edusp, 1989.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreendedorismo - Disponivel na internet acesso

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do-administrador/23199/ - Disponível na internet, acesso em 03/08/2011

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