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POLÍCIA ADMINISTRATIVA MUNICIPAL E PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

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Page 1: Apostila Adm (1)

POLÍCIA ADMINISTRATIVA MUNICIPALE PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE

INTELECTUAL

Rua Haddock Lobo, 585 - 3º andar – Cerqueira César - CEP 01414-001 São Paulo - SP

Tel.: (11) 3061-1990/Fax: (11) 3061-1221. [email protected] / www.apcm.org.br

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POLÍCIA ADMINISTRATIVA MUNICIPALE PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

SUMÁRIO

Apresentação1. Noções sobre a polícia administrativa

1.1. Qual a finalidade da polícia administrativa?1.2. Quais são os meios de atuação da polícia administrativa?1.3. Quais são os atributos da atividade de polícia administrativa?1.4. Que princípios e requisitos norteiam a polícia administrativa?

2. Competência municipal em matéria de polícia administrativa.2.1. Quais são os critérios para reconhecimento de competência em matéria de polícia

administrativa?2.2. Quais são as matérias de competência do Município em matéria de polícia

administrativa?2.2.1. Competência do Município na polícia da atividade econômica urbana.2.2.2. Competência do Município na polícia das relações de consumo.2.2.3. Competência do Município na polícia dos logradouros públicos.

3. Proteção à propriedade intelectual e atividade de polícia administrativa municipal3.1. A “pirataria” viola a ordem pública municipal?3.2. Que instrumentos são necessários para prevenir e reprimir a pirataria no âmbito municipal?

3.2.1. Medidas preventivas3.2.2. Medidas coativas3.3.3. Sanções Administrativas

4. ConclusãoAnexosBibliografia

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APRESENTAÇÃO

A confecção da presente apostila nos foi solicitada por entidades dedicadas ao combate das atividades violadoras da propriedade intelectual, com o intuito de disseminar informações necessárias à prevenção e repressão de tais ilegalidades aos agentes públicos municipais.

A honra que nos trouxe tal trabalho somente se iguala à responsabilidade de tratar de um tema que embora não propriamente novo – eis que a atividade de polícia administrativa é um dos temas clássicos do direito administrativo – não tinha ainda recebido um enfoque específico, no que tange à proteção da propriedade intelectual.

Não é difícil perceber que o tema da proteção à obra intelectual deixou de ser um mero capítulo das relações entre indivíduos para ganhar aspectos de relevância coletiva, em vista das suas múltiplas implicações em uma economia de massa de âmbito global. Ele está situado na agenda da diplomacia econômica mundial e também se tornou um relevante tema de segurança pública, diante da criminalidade organizada para lucrar às custas da criação intelectual alheia. Tornou-se, por essa razão, objeto de política pública federal específica, a ser proposta pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria, órgão consultivo recentemente criado (Decreto 5.244/2004), vinculado ao Ministério da Justiça.

A proposta contida neste trabalho tem um enfoque mais simples e por isso mesmo mais eficiente: a proteção da obra intelectual e dos princípios e valores jurídicos a ela associados pela atuação administrativa municipal. É revalorizado assim o poder público municipal, cujo papel na solução das aflições cotidianas dos cidadãos não é suficientemente enfatizado em nossa cultura política e jurídica.

Para maior didatismo, evitamos ao máximo usar de citações no corpo do texto. As referências bibliográficas e algumas informações complementares foram colocadas em notas ao final do texto, também no intuito de tornar sua leitura fluente. Pelo mesmo motivo, trouxemos na forma de anexo uma coletânea dos textos normativos relevantes e também alguns exemplos de normas municipais que possam servir de inspiração aos leitores.

Fica registrado, por fim, o nosso desejo de que as informações aqui contidas sejam proveitosas às autoridades públicas municipais e sirvam para tornar mais simples a tarefa de inegável importância que lhes é aqui sugerida.

Carlos José Teixeira de ToledoProcurador do EstadoMestre em Direito Urbanístico pela Universidade de São PauloProfessor de Direito Administrativo da UNINOVE-SP

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POLÍCIA ADMINISTRATIVA MUNICIPALE PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

1. Noções sobre a polícia administrativa

Chamamos de polícia administrativa a atividade exercida pela Administração Pública para adequar o comportamento dos particulares aos balizamentos e diretrizes estabelecidos na lei.

Os direitos e faculdades estabelecidos no ordenamento jurídicos de forma abstrata, devem ser harmonizados, para que a fruição de um direito por um particular não venha a impedir a fruição do direito de seus concidadãos. “Todo o direito deve encontrar um ponto ótimo de utilização”,i e para compatibilizar o exercício dos direitos, a Administração Pública exerce um papel de mediação da convivência social.

Para exercer esse papel de árbitro e ordenador das relações na sociedade, é necessário que a Administração Pública se deixe nortear pelas balizas, diretrizes e limites estabelecidos na lei. Estamos nos referindo à lei em sentido formal, isto é, às normas editadas mediante processo legislativo, nos termos da Constituição. Mesmo quando estabelece normas que devam ser observadas pelos particulares, a Administração não pode ir além das exigências necessárias ao cumprimento das finalidades traçadas na lei e não pode criar obstáculos aos direitos dos cidadãos que não estejam explicitados no texto legal.

1.1. Qual a finalidade da polícia administrativa?

A finalidade da atividade de polícia administrativa é evitar o dano decorrente do exercício abusivo dos direitos pelos particulares.

Todo o direito é necessariamente limitado, pois se levado às últimas conseqüências, aniquilaria a possibilidade da vida em sociedade. Conduzir automóveis é uma atividade útil e benéfica à vida social; conduzir automóveis em estado de embriaguez ou em velocidade incompatível é um comportamento anti-social. Construir imóveis é uma atividade altamente incentivada; construir imóveis insalubres ou que causem riscos aos imóveis vizinhos é uma conduta repudiada socialmente.

A polícia administrativa surge, pois, como uma atividade necessária para o equilíbrio das relações sociais, tornando efetiva a escala de valores que a sociedade estabelece por meio das suas leis. Assim, se a sociedade repudia a poluição ambiental como uma atividade que, a partir de certos patamares, é nociva; se a sociedade, por meio de seus representantes, cria leis que cristalizam esse juízo de valor como comandos e sanções; por conseqüência, é necessário que haja uma autoridade que, em nome da sociedade, imponha a observância desse valor que foi convertido em comando legal.

Portanto, a polícia administrativa é exercida com o intuito de prevenir e impedir o exercício de atividades particulares que se oponham ao interesse da coletividade.ii

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Não se deve confundir a polícia administrativa com outras atividades administrativas, tais como: a oferta de utilidades à coletividade, como água, luz, etc. (serviços públicos); o incentivo de atividades econômicas, culturais, assistenciais dos particulares ( fomento); atuação econômica do Estado e regulação da atividade econômica (intervenção); obtenção de meios para a atividade administrativa (desapropriações, requisições, tributações, etc.).

Também é conhecida a distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária, aplicável às situações em que está presente um ilícito penal – ou seja, uma conduta especificada em uma norma do Direito Penal (Código Penal, Lei de contravenções penais, leis penais especiais, etc.). Os ilícitos penais possuem um tratamento específico e sua apuração e repressão é feita pela autoridade judiciária, com a colaboração de agentes administrativos especializados – as corporações policiais previstas na Constituição, como a Polícia Militar e a Polícia Civil. Desse tratamento específico decorre também uma atividade de polícia específica – a polícia judiciária – regulada por princípios e normas próprios, contidos nas leis processuais penais.iii

Isso não quer dizer que não possa haver, concomitantemente, o exercício da polícia administrativa e da polícia judiciária atuando sobre uma mesma situação.

É comum que um ilícito penal seja também um ilícito administrativo, o que gerará a responsabilização do infrator em ambas as esferas, de forma independente.

1.2. Quais são os meios de atuação da polícia administrativa?

A polícia administrativa atua por meio da imposição de obrigações, que podem ser:

obrigações de não-fazer: também conhecidas como proibições. P. ex.: a proibição de circular com automóveis acima de certa velocidade ou em certos dias da semana (rodízio); a proibição de fumar em determinados ambientes; a proibição de construir acima de determinada altura ou coeficiente, etc.

obrigações de fazer: geralmente são impostas como ônus para que o particular possa exercer determinada atividade ou fruir um direito. P. ex.: a obrigatoriedade de instalação de equipamentos de segurança para que o edifício possa ser utilizado; a imposição do cinto de segurança na condução dos automóveis; a necessidade de requerer uma licença ou autorização para praticar uma atividade econômica, etc.

obrigações de não-fazer: podem ser também denominadas como sujeições, pois aqui o particular é obrigado a suportar uma atividade da Administração, no exercício da polícia administrativa. P. ex.: não pode o criador opor-se ao abate de animais que estejam contaminados por uma epidemia; da mesma forma, os pais devem permitir que seus filhos sejam vacinados, para evitar o contágio de moléstias; o comerciante deve suportar o ingresso dos agentes sanitários para fiscalizar seu estabelecimento.

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Essas obrigações podem ser impostas de maneira geral para os particulares, por meio de normas administrativas – também conhecidas como regulamentos e posturas da Administração. Também podem ser impostas, concretamente, por meio de um ato administrativo que transmita um comando aos particulares. P. ex.: uma notificação ou advertência sobre determinada conduta indesejável; o apito ou o gesto de um guarda de trânsito, ou mesmo o sinal luminoso do semáforo; o bloqueio de uma rua, indicando que os particulares não devem nela transitar; as cláusulas obrigatórias contidas em uma licença concedida pela Administração, etc.

Uma vez que os particulares venham a se opor aos comandos contidos nas normas e nos atos administrativos, surge para a Administração o poder de aplicar medidas coativas e sanções administrativas.iv

Medidas coativas ou cautelares são providências adotadas pela Administração, usando de força se necessário, para constranger o particular a cessar ou evitar a prática do ato danoso.

O intuito é de prevenir ou fazer cessar uma conduta que se considera irregular, restabelecendo-se a ordem pública.v Ex.: a apreensão de equipamentos destinados à pesca ou caça ilegal; o embargo de uma obra irregular; a retenção de um táxi que trafegue sem a aferição do taxímetro, etc.

Sanções são penalidades, isto é, medidas que têm uma natureza aflitiva para o particular. Por meio das sanções, busca-se desestimular as condutas consideradas inadequadas para o convívio social.

As sanções administrativas, para que sejam impostas, devem estar expressamente previstas na lei, que também deve conter em linhas gerais os critérios e o procedimento de punição. Sanções administrativas mais comuns: advertência, multa, suspensão ou cassação de atos de outorga (licenças e autorizações), perda e destruição de bens, perda de linhas de financiamento e benefícios fiscais, etc.

1.3. Quais são os atributos da atividade de polícia administrativa?

Ao exercício da atividade de polícia administrativa geralmente são associados alguns atributos, isto é, qualidades que a caracterizam. O direito reconhece tais qualidades, pois elas são muitas vezes necessárias para que a atividade de polícia administrativa possa atingir o seu fim - e é conhecida a máxima pela qual “quem deve atingir os fins, deve possuir os meios”.vi São eles:

discricionariedade: a polícia administrativa é uma atividade que, em muitos casos, impõe o exercício da chamada discricionariedade administrativa. Chama-se discricionariedade a margem de escolha que a lei dá ao agente, para que ele, diante do caso concreto, escolha uma dentre várias possíveis soluções. Assim, desde que obedeça às balizas e limites dados pela lei e vise à finalidade legal, toda e qualquer escolha feita pelo agente será válida.vii

Usando dessa lógica, é comum que a lei ofereça opções para o agente, como as de aplicar sanções em caráter alternativo (p. ex.: advertência ou multa), ou de fixar o valor da multa dentro de certos limites, de acordo com a gravidade de infração (P. ex.: multa de R$50,00 a R$500,00). Discricionariedade, evidentemente, não se confunde com arbitrariedade, que é conduta contrária ao direito e pode configurar o crime de abuso de autoridade.viii

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coercibilidade: os comandos dados pela Administração no exercício da polícia administrativa não são facultativos para o particular. Ele deve obedecê-los, sob pena de incorrer nos crimes de resistência, desobediência e desacato, tipificados no Código Penal (artigos 329, 330 e 331). Relacionado a este atributo está o seguinte:

auto-executoriedade: é a possibilidade que a Administração tem de realizar concretamente sua decisão, mesmo com a oposição do particular, e sem que haja necessidade de intervenção da autoridade judicial. Isso somente ocorrerá se houver autorização legal para a medida ou se houver urgência que justifique a adoção da providência. Exemplos: a apreensão de bens impróprios para consumo; a demolição de edifício que causa risco à coletividade; a interdição de estabelecimento destinado à prática de atividade ilícita, etc.

1.4. Que princípios e requisitos norteiam a polícia administrativa?

O exercício da atividade de polícia administrativa somente é regular e válido quando são obedecidos determinados requisitos e princípios.

Requisitos:

competência: o agente que exerce a atividade de polícia deve ser juridicamente competente, isto é, deve estar investido dos poderes legais para a prática do ato. Para verificar-se a competência, deve-se analisar: 1°) a competência constitucional do ente político para atuar na matéria (vide próximo capítulo); 2°) a competência legal do órgão que está exercendo a atividade de polícia; 3°) a competência legal do cargo ou função desempenhada pelo agente.

Para a verificação dos poderes atribuídos ao agente, devem-se analisar também os seguintes aspectos: a) aspecto material: se o ato praticado se encontra no rol de matérias atribuídos àquele agente – não pode o agente de vigilância sanitária, por exemplo, lavrar multas de trânsito; não pode o agente estadual cobrar um imposto de competência municipal; b) aspecto territorial: deve o agente praticar atos dentro do âmbito espacial definido na lei e em seus regulamentos – assim, não pode o fiscal de construções exercer fiscalização em áreas que não estão sob sua esfera de competência; não pode o prefeito de um Município tombar bem cultural no território do Município vizinho; c) aspecto temporal: há que se analisar se o ato foi produzido durante a competência do agente – se ele não se encontrava afastado, se já não fora aposentado, se havia cessado o seu mandato, se ainda não havia sido investido no cargo, etc.

Não se pode deixar de mencionar também, como causas que obstam a prática do ato pelo agente a suspeição e o impedimento, causas essas relacionadas aos princípios da moralidade e da impessoalidade da Administração.ix

formalização: chamamos de forma a exteriorização do ato administrativo, que permite o seu conhecimento por parte do destinatário. Os atos baseados no exercício da polícia administrativa que sacrifiquem direitos e imponham penalidades devem ser formalizados de forma cuidadosa, de maneira a permitir o exercício do direito de defesa pelo particular e, ao mesmo tempo, garantir a validade do ato.

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motivo: é a justificativa para a prática do ato, que pode ser desdobrado em dois: motivo de fato e motivo de direito. O motivo de fato é a circunstância, a situação real que impeliu a Administração a agir: se a Administração determinou a demolição de um imóvel, o motivo de fato é o estado de deterioração do prédio, ocasionando perigo à coletividade; o motivo de direito é a justificação da atuação administrativa, baseada em princípios e/ou normas jurídicas. Quando há a imposição de sanções, é sempre necessário que seja indicado o fundamento legal, de maneira que se possa verificar a tipificação da conduta (ver adiante).

Os atos exercidos na atividade de polícia administrativa devem ser sempre motivados, para possibilitar ao particular a defesa de seus interesses e permitir às autoridades competentes o controle de legalidade desses atos. A falta de motivação é causa freqüente de anulação de ato dessa natureza.x

finalidade: é o objetivo a ser alcançado com o ato, em conformidade à vontade da lei. Ao atribuir ao agente público o poder para praticar um determinado ato, a lei busca um resultado específico, que deve ser perseguido. P. ex.: ao possibilitar a aplicação de sanções ao comerciante que vende um produto imprestável, a lei visa promover a segurança nas relações de consumo.

O não atendimento a esse requisito gera o vício conhecido como desvio de finalidade ou desvio de poder, que pode se caracterizar quando o agente busca um fim colidente com o interesse público – por exemplo, quando o agente público impõe uma penalidade indevida, visando obter alguma vantagem com isso – ou quando usa do ato para uma finalidade que é, em tese, compatível com o interesse público, mas para a qual o ato não se presta – o que ocorre, por exemplo, ao determinar o cancelamento de autos de infração de determinado grupo de empresas, a pretexto de incrementar a atividade econômica por elas praticada.

Além desses requisitos, que são comuns a todos os atos administrativos, existem determinados princípios e limites que são especialmente importantes no exercício da atividade de polícia administrativa:

Princípios:

tipicidade: esse princípio se aplica especialmente na imposição de medidas coativas e de sanções administrativas e tem dois significados. Primeiro significado: não pode o agente público criar atos administrativos não previstos em lei – por exemplo, aplicando uma sanção que a lei não previu. Segundo significado: ao aplicar uma medida coativa ou sanção administrativa, o agente público deve verificar se o fato em exame é aquele descrito na norma jurídica como pressuposto para a realização daquele ato. As normas administrativas devem descrever, portanto, a conduta que se considera reprovável, de forma suficiente para que os particulares possam prever e evitar aquela conduta. Isso não impede que as normas tipificadores tenham um conteúdo genérico ou dependam da aplicação de outras normas regulamentadoras, o que é comum no direito administrativo, mas deve-se ter o cuidado de não se criar normas de conteúdo muito vago ou de difícil compreensão pelo destinatário.xi

necessidade e eficácia: a adoção de uma medida de polícia administrativa deve ser justificada pela necessidade de se evitar um dano à coletividade ou reprimir uma conduta socialmente reprovável, de forma eficaz. Entre duas providências igualmente eficazes, deve-se adotar sempre a providência que causa o menor sacrifício ao particular.xii

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razoabilidade: o princípio da razoabilidade impede que a Administração tome atitudes arbitrárias, incongruentes, violadoras do bom-senso e da lógica. Um exemplo de exercício não-razoável da polícia administrativa é a de um prefeito que tentou, recentemente, proibir a venda de preservativos em sua cidade, a pretexto de incentivar o aumento da população local.

proporcionalidade: decorrente do princípio da razoabilidade, o princípio da proporcionalidade impõe adequação entre meios e fins. A finalidade da polícia administrativa não é destruir os direitos dos particulares, mas adequá-los à convivência social. Esse princípio impede o uso de força excessiva ou de punições em desproporção às infrações cometidas. Exemplo de violação desse princípio: a apreensão do veículo de passeio de um particular que foi flagrado com uma vara de pescar no período de proibição legal da atividade.

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2. Competência municipal em matéria de polícia administrativa

Como já dissemos, para o regular exercício da polícia administrativa, é necessário que o agente que aplica as medidas de polícia seja dotado de competência.

O exame da competência dos agentes públicos inicia-se com a verificação da competência do ente político ao qual eles pertencem, visto que a Constituição Federal divide o poder estatal entre esses entes – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

2.1. Quais são os critérios para reconhecimento de competência em matéria de polícia administrativa?

Como regra geral, temos o princípio de que é competente para exercer a atividade de polícia administrativa o mesmo ente político competente para legislar sobre a matéria. Por exemplo: cabe à União legislar sobre atividades nucleares de qualquer natureza (CF/88, art. 22, XXVI); logo, caberá à União também exercer a polícia administrativa sobre essa atividade – o que fará por meio da fiscalização, concessão de licenças e autorizações, aplicação de sanções, etc.

Porém, é certo que a regra geral não se aplica de forma indiscriminada, pois há situações complexas, em que há vários aspectos a serem considerados, sobre cada um deles incidindo uma determinada competência. Um exemplo clássico: cabe à União legislar com exclusividade sobre o direito comercial (CF/88, art. 22, I), o que faria supor que somente a ela caberia a polícia da atividade comercial; todavia, os aspectos referentes à localização da casa comercial e o horário de seu funcionamento, são matéria de interesse local, sofrendo a regulação pelo Município.xiii Hipótese semelhante ocorre em matéria de trânsito: embora haja competência exclusiva da União para legislar (CF, art. 22, XI), os Estados e Municípios também exercem a polícia administrativa de trânsito, por meio de órgãos próprios.xiv

Também há competências que são distribuídas de forma comum para todos os

entes políticos, como a defesa da saúde, do meio ambiente e do consumidor, em que há sistemas nacionais que buscam harmonizar a atuação conjunta desses entes.xv

Em linhas gerais, o sistema de competências da Constituição Federal é estruturado pelo princípio do interesse predominante, pelo qual as competências são preferencialmente distribuídas às entidades que possuam maior motivação e melhores condições para desenvolver determinada tarefa de polícia administrativa.xvi

2.2. Quais são as matérias de competência do Município em matéria de polícia administrativa?

No que toca ao Município, a Constituição enumera algumas competências específicas,xvii porém, recorre à fórmula genérica da existência de um “interesse local” como delimitador da competência municipal:

“Art. 30. Compete aos Municípios:I - legislar sobre assuntos de interesse local;(...)”

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Embora a Constituição se refira nesse inciso à competência legislativa, é evidente que está pressuposta também a competência administrativa, pois essa é necessária à efetivação da legislação Municipal. Trata-se de competência implícita, conforme reconhece a doutrina constitucional,xviii pois é óbvio que não caberá às entidades de maior abrangência (União e Estados-membros), fazer valer a legislação municipal.

Mas quais seriam os assuntos de interesse local? Tanto a Constituição como a doutrina não se arriscam a enumerar as matérias consideradas de interesse local, em razão da multiplicidade e variedade de atividades e serviços que podem ser consideradas de interesse da municipalidade. Isso porque, como sede da convivência dos cidadãos, inúmeros são os aspectos da vida cotidiana que exigem a intervenção da autoridade municipal.

Convém lembrar a lição de Hely Lopes Meirelles, que esclarece serem muitas as “atividades que, embora tuteladas ou combatidas pela União e pelos Estados-membros, deixam remanescer aspectos da competência local, e sobre os quais o Município não só pode como deve intervir, atento a que a ação do Poder Público é sempre um poder-dever. Se o Município tem o poder de agir em determinado setor para amparar, regulamentar ou impedir uma atividade útil ou nociva à coletividade, tem, correlatamente, o dever de agir, como pessoa administrativa que é, armada de autoridade pública e de poderes próprios para a realização de seus fins”.xix

Não custa lembrar também que a Constituição atribui a todos os entes políticos o dever de “zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público” (art. 23, I), o que reforça a obrigação da autoridade municipal em exercer, no âmbito de suas atribuições, todas as atividades que preservem a integridade do ordenamento jurídico nacional.

No que tange à polícia administrativa, diversos são os aspectos da vida local que são objeto dessa atuação, com respaldo doutrinário e jurisprudencial, como: polícia sanitária, polícia das águas, polícia das construções, polícia do uso dos logradouros públicos, polícia dos bens ambientais urbanos, etc. Logicamente, algumas dessas atividades de polícia são compartilhadas com os demais entes públicos, em razão da competência comum ou pelo desdobramento de suas manifestações, sendo o seu exercício regulado pelo princípio já mencionado, da predominância de interesses. Assim, a polícia das construções será exercida pelo Município; porém aspectos relacionados à prevenção de sinistros devem ser exercidos também pelos Estados, em razão da competência constitucional dos corpos de bombeiros militares;xx se o edifício em questão servirá para atividade de manipulação de material radioativo, incidirá também a competência da União, no tocante a esse aspecto.xxi

2.2.1. Competência do Município na polícia dos estabelecimentos econômicos.

Dentre as mais tradicionais atividades fiscalizatórias dos Municípios está a polícia das atividades econômicas em seu território, com o objetivo de assegurar aos munícipes segurança, conforto e salubridade na aquisição dos bens do dia-a-dia. Nos tempos coloniais, essa tarefa era atribuída a um funcionário municipal específico, o almotacé, que percorria as feiras e casas de comércio abertas ao público, zelando pela boa prática da mercancia.xxii

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Essa competência, de cunho eminentemente local, continua a existir, respeitados os limites dados pela Constituição vigente. O novo ordenamento constitucional não se afastou substancialmente das diretrizes contidas em Constituições anteriores, continuando atual a orientação do Supremo Tribunal Federal, de que

“ao Município cabe o poder de polícia sobre o exercício do comércio, indústrias e profissões no seu território”.xxiii

Diz Hely Lopes Meirelles que “tal pode é inerente ao Município para a ordenação da vida urbana, nas suas exigências de segurança, higiene, sossego e bem estar da coletividade”.xxiv

2.2.2. Competência do Município na polícia das relações de consumo.

O papel da autoridade municipal também é reconhecido no que tange à proteção do consumidor. Embora a Constituição não tenha atribuído diretamente ao Município a competência para legislar sobre as relações de consumo – que foi dada concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal (art. 24, V) – não se pode excluir a competência dos Municípios para promover a tutela administrativa do consumidor, suplementando e adaptando a legislação federal e estadual às suas peculiaridades.

Tanto assim que o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) integrou as entidades municipais no Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (art. 105) e reconheceu explicitamente a competência municipal em polícia das relações de consumo:

“Art. 55. (...)§ 1º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias” (grifos nossos).

Essa fiscalização deve seguir as balizas da Política Nacional das Relações de Consumo, sendo que dentre suas exigências, devemos aqui destacar:

“Art. 4º. (...)VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; (...)”(grifos nossos).

A capilaridade das atividades relacionadas com o consumo exige, evidentemente, o envolvimento das autoridades municipais, adotando as medidas cautelares e aplicando as sanções administrativas necessárias à defesa do consumidor e da boa ordem nas práticas relacionadas ao consumo.

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2.2.3. Competência do Município na polícia dos logradouros públicos

Também é reconhecida como prerrogativa municipal a polícia dos logradouros públicos, isto é, dos espaços comuns de convivência da coletividade: ruas, praças, jardins, etc.xxv

Esses bens são geralmente qualificados como bens de uso comum do povo, isto é, de livre utilização pela população em geral, que deles usufrui de maneira anônima, igualitária e independente de consentimento da Administração.xxvi

Isso não significa que esses bens possam ter qualquer utilização, visto que é livre apenas o uso normal desses bens, geralmente relacionados às funções urbanas de circulação e recreação, sem que haja apropriação ou utilização exclusiva dos mesmos por quem quer que seja.

Porém, pode haver um uso anormal ou excepcional dos logradouros públicos, o qual pode ser aceito desde que não haja prejuízo ao interesse da coletividade. Esse uso anormal pode ocorrer de forma:

episódica, quando a função típica do logradouro é temporariamente modificada (p.ex.: a realização de uma competição esportiva na praia; o comércio de feira em uma rua; o bloqueio de uma rua para uma festa comunitária, etc.);

contínua, quando houver um uso persistente em benefício de determinada pessoa (p.ex.: a ocupação da calçada por mesas de um restaurante; a instalação de bancas de jornal; o uso das calçadas pelo comércio ambulante).

Para que esse uso excepcional possa ocorrer, é necessário que a administração municipal dê o seu consentimento, o que faz por meio dos instrumentos denominados autorização e permissão de uso do bem público.xxvii

Deve a administração, antes de dar o seu consentimento, analisar de forma criteriosa se o uso requerido é útil para a coletividade, devendo rejeitar todo e qualquer uso contrário à legalidade e às regras básicas da convivência social. É evidente que não deve o Município, por exemplo, permitir o bloqueio de uma avenida para a realização de “rachas” ou autorizar o uso de uma praça como rinha de galo.

Da mesma forma, ao exercer o direito de usar do bem público de forma excepcional, o particular não pode se afastar das normas legais referentes à atividade realizada e tampouco poderá descumprir as condições que a administração estabeleceu no ato de outorga. xxviii

Diante do descumprimento desses requisitos, a administração não somente pode como deve proceder à cassação da autorização ou permissão concedida.

Por exemplo, não pode a administração tolerar que o particular utilize um quiosque, cuja permissão se referia à venda de jornais e revistas, para a prática de jogo ilegal.

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3. Proteção à propriedade intelectual e atividade de polícia administrativa municipal

Denomina-se propriedade intelectual o direito que é reconhecido ao autor de uma obra ou invento, de dispor sobre sua utilização, publicação ou reprodução, garantindo-se a ele também o reconhecimento de seus direitos morais, relacionados ao reconhecimento de sua autoria e à preservação da integridade de sua criação.

Esse conceito abrange:

os chamados direitos autorais, relativos às obras artísticas, científicas e literárias;

os direitos de propriedade industrial, relativos a inventos industriais, marcas, desenhos industriais, nomes de empresas e signos distintivos.

A proteção da propriedade intelectual tem por fundamento duas necessidades: 1ª) que as atividades de criação sejam incentivadas, pois necessárias ao progresso cultural e econômico da sociedade; 2ª) que os produtos da criação intelectual sejam disponibilizados à coletividade, compatibilizando os direitos do criador com o interesse social.xxix

A propriedade intelectual no Brasil é protegida hoje pela seguinte legislação:

Lei Federal 9.279/96 – legislação que protege a chamada propriedade industrial, como as invenções e as marcas;

Lei Federal 9.609/98 – a chamada “lei do software”, pois protege a propriedade intelectual dos programas de computador;

Lei Federal 9.610/98 – conhecida como “lei de direitos autorais”, que protege as obras artísticas, literárias e científicas.

Além disso, o Brasil é signatário de diversas normas internacionais de proteção da propriedade intelectual, visto que em um mundo globalizado, a circulação dos produtos da criação intelectual é um elemento econômico primordial e atende à necessidade das pessoas por informação, entretenimento e aprimoramento educacional.

3.1. A “pirataria” viola a ordem pública municipal?

No âmbito municipal, as práticas violadoras da propriedade intelectual, além de ocasionarem dano aos titulares dos direitos referentes às obras protegidas, também prejudicam o interesse da coletividade, de variadas formas.

Cabe lembrar que essas práticas são tipificadas criminalmente, no Código Penal (arts. 184 a 186), na lei da propriedade industrial (Lei 9.279/96, arts. 183 a 195) e na lei do software (Lei 9.609/98, art. 12).

Destacamos especialmente a prática comercial conhecida como “comércio de produtos piratas”, que é a violação mais disseminada em nosso país. Com relação a obras protegidas pela lei de direitos autorais (Lei 9.610/98), pratica essa atividade quem:

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“com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma (...)”

Trata-se de conduta tipificada no art. 184, § 2º do Código Penal, sujeita à pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos de reclusão e multa. Em razão da gravidade dessa conduta, a ação penal é pública incondicionada, isto é, a apuração criminal e a propositura da ação penal são feitas pelo Poder Público, independentemente de queixa ou representação da vítima.

Também a lei do software (Lei 9.609/98) pune “quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral”, com pena de reclusão de 1(um) a 4 (quatro) anos e multa, em seu artigo 12, § 2º.

Quando praticadas essas violações de forma ostensiva, há evidente prejuízo da própria moralidade administrativa, visto que é constitucional o dever dos entes públicos em geral de zelar pela legalidade (art. 23, I), usando de suas competências para esse fim. Não o fazendo, a autoridade pública se expõe ao descrédito, além de violar o dever de agir, com a possibilidade de vir a ser responsabilizada pela sua omissão.xxx

Ademais, as práticas relacionadas à violação da propriedade intelectual geralmente estão associadas a outras formas delituosas, como a formação de quadrilha (Código Penal, art. 288), o contrabando e o descaminho (Código Penal, art. 334), crimes contra a organização do trabalho (Código Penal, artigos 197 a 207), e vários tipos de crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90).

Prejuízos de ordem social e econômica também advêm dessas condutas, em razão de serem associadas à informalidade no trabalho, com prejuízo para a arrecadação dos tributos e receitas previdenciárias. Os Municípios também participam desses prejuízos, seja em razão da sobrecarga de suas tarefas assistenciais, seja no decréscimo de sua participação nas receitas tributárias produzidas em seu território (IPI e ICMS), sem mencionar a perda de receitas próprias (ISS).

Portanto, o Município tem os instrumentos necessários para promover o combate às práticas da chamada “pirataria” em seu território, e também não lhe falta motivação, seja em razão da necessidade de combater a evasão fiscal (que também prejudica as receitas municipais), seja para a prevenção da criminalidade em seu território (o que é tarefa de todos os entes públicos, mesmo não dispondo da competência em matéria de polícia judiciária).

3.2. Que instrumentos são necessários para prevenir e reprimir a pirataria no âmbito municipal?

Para que possa exercer tal atividade, é necessário que a Administração seja dotada de: a) normas jurídicas que regulem o exercício da polícia administrativa; b) pessoal administrativo que disponha de competência para o exercício de tal atividade.

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Visto que o exercício da polícia administrativa dos estabelecimentos econômicos e dos logradouros públicos já é tradicional no âmbito municipal, os Municípios já possuem legislação que lhes permita utilizar das medidas preventivas, coativas e sancionatórias pertinentes.

Admite-se que o Município aplique diretamente a legislação federal, no exercício de seu poder de fiscalização, pois é evidente o dever, já mencionado, de fazer valer tal legislação, impedindo a prática de condutas ilícitas em seu territórioxxxi – lembrando que a diferença entre o ilícito penal e o ilícito administrativo é apenas de grau.

Porém, é de todo conveniente que o ente municipal explicite em sua legislação a possibilidade de coibir as práticas ilícitas constatadas no exercício das suas competências em matéria de polícia administrativa.xxxii

Usando de seu arsenal normativo, o Município poderá adotar as seguintes medidas:

3.2.1. Medidas preventivas

O principal instrumento preventivo de que dispõe a autoridade municipal consiste na exigência de prévio cadastramento e licenciamento dos estabelecimentos situados em seu território.

O licenciamento é o procedimento pelo qual a autoridade administrativa verifica se o particular preenche os requisitos para o exercício de um determinado direito.

Por exemplo: não se questiona que o particular tem o direito, em tese, de praticar atividades comerciais; porém, para se estabelecer ele deve preencher diversos requisitos a serem verificados pela autoridade administrativa, relacionados à localização do estabelecimento (zoneamento municipal), instalação de equipamentos de segurança, respeito às normas de edificação, observância das normas sanitárias, etc.

É conveniente que a legislação municipal sobre o licenciamento e o próprio alvará – nome que se costuma dar ao documento que formaliza a licença – já prevejam a possibilidade de sua suspensão e/ou cassação, em razão do exercício de práticas irregulares pelo beneficiário.

Pode-se usar de tipificação genérica, considerando irregulares as atividades que “atentem contra as normas de segurança, de sossego público, de habitabilidade ou higiene”, como o faz, por exemplo, a legislação paulistana.xxxiii Nesse caso, deverá o agente municipal, ao reprimir a atividade, utilizar como justificativa a violação da norma federal protetiva da propriedade intelectual, pois tal conduta pode ser considerada atentatória à “segurança” e ao “sossego público”, pelos motivos já mencionados.

Conforme dissemos, trata-se de uma cautela a mais, pois é evidente que se um particular se dirigir à prefeitura buscando o licenciamento de um estabelecimento de jogo ilegal ou de exploração de menores, o órgão municipal estará impedido de dar o seu consentimento, independentemente do que digam as normas locais. Portanto, não é a ausência de norma local explícita que impedirá a administração de coibir atividades ilícitas, visto que somente as atividades lícitas é que são passíveis de licenciamento.

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Além do licenciamento, também deverá a municipalidade utilizar-se das permissões de uso e autorizações de uso para controle das atividades praticadas nos logradouros públicos em caráter excepcional, como o comércio, eventos culturais, etc.

Como se sabe, o Município pode usar de discricionariedade para a outorga desses instrumentos, estabelecendo que tipo de atividade será tolerada em determinada via pública, com isso incentivando o comércio de feiras livres, artesanatos, ou dando preferência a deficientes físicos, etc. Não poderá, todavia, tolerar as práticas ilícitas nos logradouros públicos, devendo recusar a concessão de permissões ou autorizações para usos indevidos e, uma vez constatados tais usos, deve impedir a sua continuação.

3.2.2. Medidas coativas

Conforme já explicamos, são medidas que buscam fazer cessar a atividade danosa, prejudicial ao interesse público. No que tange à repressão da chamada “pirataria”, podemos destacar a apreensão de mercadorias e interdição de estabelecimento. A apreensão de mercadorias no que tange ao comércio de produtos piratas é particularmente importante, não apenas porque faz cessar a atividade ilícita, mas também porque é necessária para a apuração do crime cometido.

Por essa razão, é conveniente que o auto de apreensão preencha os requisitos do art. 530-C do Código de Processo Penal, sendo lavrado com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre a medida (local, data e horário da apreensão, identificação do detentor das mercadorias). Para uso no processo criminal, esse documento deverá ser firmado por pelo menos 2 (duas) testemunhas.

As mercadorias apreendidas devem então ser entregues à autoridade policial do local onde ocorreu a apreensão, pois cabe a ela adotar as providências relativas à responsabilização criminal do detentor dos produtos irregulares.

Poderá também a autoridade municipal requisitar a presença da autoridade policial no ato de fiscalização, deixando-lhe a incumbência de apreender os produtos irregulares ou lavrando em conjunto o auto de apreensão. Há experiências bem-sucedidas de atuação conjunta das autoridades federal, estadual e municipal em equipes (“força-tarefa”) para coibir as atividades dessa natureza.xxxiv De toda a forma, os bens devem ficar sob a custódia da autoridade policial, que os encaminhará à perícia e, após tal providência, poderá entregá-los ao titular do direito autoral violado.xxxv

Outra providência a cargo da autoridade municipal é a interdição do estabelecimento que se dedique à prática de violação de direitos autorais.

Essa providência deve ser adotada em caráter imediato, caso o estabelecimento se dedique exclusivamente a práticas ilícitas, sendo impossível a regularização da situação. Se o estabelecimento se dedicar a atividades lícitas e praticar violações apenas em caráter acessório (por exemplo: uma lanchonete que também promova a venda CDs piratas), pode-se intimar o estabelecimento para que cesse a atividade ilícita e somente interditá-lo se houver resistência em cumprir a ordem.xxxvi

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Cabe esclarecer que a apreensão de mercadorias e a interdição do estabelecimento são medidas que não se excluem, podendo ser aplicadas de forma concomitante, com o fim de fazer cessar a irregularidade.

3.2.3. Sanções administrativas

Além das providências acima mencionadas, a constatação de uma situação irregular gera também a possibilidade de aplicação de sanções administrativas, especialmente:

a multa e a cassação do ato de outorga (isto é, do ato que consentiu na atividade, como a licença para

instalação e funcionamento do estabelecimento, a autorização e a permissão de uso do logradouro público, no caso de atividades nele realizadas).

Conforme já dissemos, tais sanções devem estar previstas em lei municipal, que estabeleça os parâmetros básicos necessários à sua aplicação (agente competente, tipificação da infração,xxxvii valores mínimo e máximo da multa, critérios de punição conforme a gravidade da infração, reincidência, etc.).

Também é necessário ressaltar a necessidade de se permitir o exercício do direito de defesa pelo particular, previamente à exigência da multa e à efetiva cassação do ato de outorga.

Por ocasião da autuação da infração, a autoridade deverá indicar a sanção a que estará sujeito o particular e este deve ser intimado para a apresentação da defesa. Apresentada a defesa, a Administração deve tomar a sua decisão de forma motivada, sob pena de nulidade do procedimento sancionatório. A decisão da Administração também deve ser informada ao particular, para que ele pague a multa e/ou cesse a atividade cujo ato de outorga foi cassado.

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4. Conclusão

A leitura atenta da Constituição Federal nos permite afirmar que os diversos princípios e objetivos ali traçados, referentes ao respeito aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, inciso IV), busca do desenvolvimento nacional (art. 3º, inciso II), garantia do direito de propriedade, inclusive o referente às obras intelectuais (art. 5º, incisos XXVII a XXIX), respeito à livre concorrência e defesa do consumidor (art. 170, incisos IV e V), somente podem ser plenamente alcançados com a participação de todos os entes políticos.

Neste quadro, a tarefa municipal não é secundária, pois não se pode prescindir da autoridade municipal na disseminação das políticas públicas – visto que mesmo nas de âmbito federal e estadual ela é chamada a participar – e nas manifestações de polícia administrativa, que na maior parte das vezes, estão sob sua responsabilidade.

O exercício da polícia administrativa é irrenunciável, sendo que toda a autoridade pública deve, no âmbito de sua competência, zelar pela observância da lei como forma de assegurar o progresso e o bem-estar da coletividade.

Dentre os fenômenos que impõem a participação municipal no âmbito do poder de polícia, está a propagação do comércio irregular ou ilegal de produtos, cuja ilegalidade pode decorrer de sua origem (receptação, contrabando, descaminho), de sua natureza (entorpecentes, substâncias perigosas ou produzidas de forma ilegal) e de sua lesividade ao consumidor (produtos insalubres ou fora dos padrões de consumo). Os produtos denominados de “piratas” conjugam todos esses vícios, causando danos diretos e indiretos à coletividade, além de prejuízos morais e patrimoniais aos titulares dos direitos de natureza intelectual.

Os Municípios dispõem de instrumentos próprios, já tradicionais e comumente utilizados, para coibir de forma legal e segura essas manifestações, resguardando-se o devido processo legal e o direito de defesa dos particulares afetados pela ação administrativa.

Portanto, os entes municipais não devem abdicar do uso de tais instrumentos, sob pena de se desviarem de uma tarefa fundamental: resguardar a ordem pública no âmbito municipal, cuja manutenção é necessária ao bem-estar da coletividade local.

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NOTAS

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? Bastos, Celso. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Celso Bastos Editora, 2002, p. 234.ii Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13ª ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Malheiros,

2001, p. 688.iii Sobre o estudo da atividade policial em suas diversas vertentes, vide as obras de Álvaro Lazzarini: Estudos de

Direito Administrativo (São Paulo: RT, 1996) e Temas de Direito Administrativo (2ª ed. São Paulo: RT, 2003).iv Adotamos aqui, com alguma simplificação, a didática distinção feita por Fábio Medina Osório, em seu Direito

Administrativo Sancionador (2ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2005, p115). Cabe alertar que a lei nem sempre faz essa distinção, tratando as medidas coativas como espécies de sanção.

v Vide Carlos Ari Sundfeld, Direito Administrativo Ordenador. 1ª ed. 3ª tir. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 78-9.vi Esse preceito remonta aos romanos: Cui jurisdictio data est ea quoque concessa esse videntur sine quibus jurisdictio

explicari nequit (A quem se deu uma jurisdição, supõe-se que lhe tenham sido dados também os meios sem os quais tal jurisdição não pode ser exercida).

vii Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 205.viii Vide Ruy Cirne Lima (Princípios de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: RT, 1982, p. 111) e Álvaro Lazzarini

(Temas de Direito Administrativo, p. 267).ix A Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos ) estabelece:

“Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.”

x Ainda a Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos): Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:        I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;        II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;        (...)        V - decidam recursos administrativos;        (...)        VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.        § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)       

xi Vide Fábio Medina Osório, Direito Administrativo Sancionador, p. 262-322xii Carlos Ari Sundfeld refere-se a isso como princípio da mínima intervenção estatal na vida privada. (Direito

Administrativo Ordenador, p. 67-72).xiii Nesse sentido: Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso..., p. 709. Celso Bastos, Curso..., p. 250-1. A Súmula 645

do STF seguiu esse raciocínio, ao dispor: “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”.

xiv Vide o Código de Trânsito Brasileiros, arts. 22 e 24.xv Marçal Justen Filho, Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 390.xvi André Ramos Tavares, Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 748.xvii Vide art. 30, incisos III a IX.xviii Cf. André Ramos Taveres, Curso..., p. 756. No mesmo sentido Hely Lopes Meirelles, Direito Municipal Brasileiro,

13ª ed. 3ª atualizada por Célia Marisa Prendes e Mário Schneider Reis. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 131-2.xix Direito Municipal Brasileiro, p. 135.xx CF, art. 144, § 5o .xxi CF, art. 21, XXIII.xxii No período republicano, esse tipo de atividade não se modificou substancialmente. Vide a Lei de Organização

Municipal do Estado de São Paulo, de n° 1.038, de 19.12.1906, que em seu art.18, atribuía às Câmaras Municipais deliberar sobre: aferição de pesos e medidas; matadouros, talhos, açougues, feiras e mercados, local para a fabricação, depósito e venda de fogos de artifício, pólvora e produtos inflamáveis e o de indústrias insalubres, perigosas ou incômodas; fiscalização de gêneros alimentícios; jogos, espetáculos e divertimentos públicos; higiene do Município, respeitadas as leis estaduais; tudo quanto respeita à polícia e ao bem do Município que não estiver provido por lei do Estado (apud Soares, Antonio Carlos Otoni. A instituição municipal no Brasil. São Paulo: RT, 1986, p. 95-6)

xxiii RMS 4.504-SP – Rel. Min. Villas Bôas – j. 27.11.1957 – publ. 16.04.1958.

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xxiv Direito Municipal Brasileiro, p. 483-4.xxv Silva, José Afonso. Direito Urbanístico Brasileiro. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 1995, p. 178 e 195. xxvi Medauar, Odete. Direito Administrativo Moderno. 7ª ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2003, p. 263. Vide também

Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso..., p. 764-5.xxvii Para Celso Antônio Bandeira de Mello, a “permissão de uso de bem público é o ato unilateral, precário e

discricionário quanto à decisão de outorga, pelo qual se faculta a alguém o uso de um bem público” (op. cit., p. 767.). O mesmo pode ser dito à autorização, diferindo apenas por ser utilizada para o uso episódico, de curta duração (idem, p. 765).

xxviii Gasparini, Diógenes. Direito Administrativo. 8ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 728.xxix A garantia da fruição da obra intelectual pela sociedade se dá pelas limitações aos direitos de propriedade

intelectual (como sua limitação por prazo determinado, após o qual a obra se torna de domínio público) e pelo uso de instrumentos de intervenção administrativa, como a licença compulsória da patente, a desapropriação dos direitos patrimoniais relativos à obra e o tombamento dos bens culturais.

xxx Essa responsabilização poderá decorrer, de acordo com a conduta, das normas do Código Penal, das Leis de responsabilidade dos agentes políticos (no caso dos prefeitos e vereadores, Decreto-lei 201/1967), da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), além da responsabilização administrativa, pelas normas estatutárias dos servidores públicos. Vide, nesse sentido, Gasparini, op. cit., p. 140-1.

xxxi Nesse sentido, acerca da aplicação de legislação federal ambiental pelo Município, vide Freitas, Juarez. “O regime publicista das águas brasileiras e a proteção dos mananciais hídricos”. In: Bastos, Evandro de Castro (coord.) et. al. Novos Rumos da Autonomia Municipal. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 140.

xxxii Vide, por exemplo, o Decreto Municipal n.º 10.429/2005, do Município de Volta Redonda, reproduzido no anexo VI.

xxxiii Decreto Municipal n.º 41.534, art. 28, § 4º - vide no anexo III.xxxiv Vide exemplo de ato de constituição de força-tarefa no anexo V.xxxv Vide artigos 530-D e 530-E do Código de Processo Penal.xxxvi Um roteiro de como se deve proceder à interdição é dado pelo Decreto Municipal n.º 41.534, em seu art. 32 (vide

no anexo III).xxxvii A tipificação pode ser genérica, remetendo a descrição específica da conduta à norma regulamentar. Por exemplo:

“desrespeitar as condições da licença concedida pela autoridade municipal”, “praticar atividade não conforme às posturas municipais”, “exercer atividade ilícita em estabelecimento comercial aberto ao público”, etc.

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ANEXOSANEXO I – NORMAS DO CÓDIGO PENAL ( DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940).

TÍTULO IIIDOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

CAPÍTULO IDOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Violação de direito autoral

                                                                              

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por

qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do

autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: (Redação dada pela

Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à

venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma

reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de

fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares

dos direitos ou de quem os represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer

outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar

previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização

expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os

represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os

que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra

intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.

(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Usurpação de nome ou pseudônimo alheio

(Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)      

Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

I - queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

II - ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184; (Incluído pela Lei nº 10.695, de

1º.7.2003)

III - ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia,

empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 10.695,

de 1º.7.2003)

IV - ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3 o do art. 184. (Incluído pela Lei nº

10.695, de 1º.7.2003)

ANEXO II – ARTIGOS DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

  Art. 524.  No processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial, observar-se-á o disposto nos

Capítulos I e III do Título I deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes.

        Art. 525.  No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for

instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.

        Art. 526.  Sem a prova de direito à ação, não será recebida a queixa, nem ordenada qualquer diligência

preliminarmente requerida pelo ofendido.

        Art. 527.  A diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos nomeados pelo juiz, que

verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será

apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramento da diligência.

        Parágrafo único.  O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o juiz ordenará que

esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas pelos peritos.

        Art. 528.  Encerradas as diligências, os autos serão conclusos ao juiz para homologação do laudo.

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        Art. 529.  Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão

e em perícia, se decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, após a homologação do laudo.

        Parágrafo único.  Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo

ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo.

        Art. 530.  Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o artigo

anterior será de 8 (oito) dias.

        Art. 530-A. O disposto nos arts. 524 a 530 será aplicável aos crimes em que se proceda mediante queixa.

(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 184 do Código Penal, a autoridade

policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os

equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existência, desde que estes se destinem precipuamente à

prática do ilícito. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-C. Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por 2 (duas) ou mais testemunhas, com a

descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre suas origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou

o processo. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-D. Subseqüente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por pessoa

tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito

policial ou o processo. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-E. Os titulares de direito de autor e os que lhe são conexos serão os fiéis depositários de todos os bens

apreendidos, devendo colocá-los à disposição do juiz quando do ajuizamento da ação. (Incluído pela Lei nº 10.695, de

1º.7.2003)

        Art. 530-F. Ressalvada a possibilidade de se preservar o corpo de delito, o juiz poderá determinar, a

requerimento da vítima, a destruição da produção ou reprodução apreendida quando não houver impugnação quanto à

sua ilicitude ou quando a ação penal não puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito.

(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-G. O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente

produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à

produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados,

Municípios e Distrito Federal, a instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como

incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de

comércio. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

        Art. 530-H. As associações de titulares de direitos de autor e os que lhes são conexos poderão, em seu próprio

nome, funcionar como assistente da acusação nos crimes previstos no art. 184 do Código Penal, quando praticado em

detrimento de qualquer de seus associados. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

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        Art. 530-I. Nos crimes em que caiba ação penal pública incondicionada ou condicionada, observar-se-ão as

normas constantes dos arts. 530-B, 530-C, 530-D, 530-E, 530-F, 530-G e 530-H. (Incluído pela Lei nº 10.695, de

1º.7.2003)

ANEXO III – EXEMPLO DE DECRETO MUNICIPAL SOBRE FISCALIZAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS

DECRETO Nº 41.534, 20 DE DEZEMBRO DE 2001

Dispõe sobre a fiscalização em geral, estabelece os procedimentos de fiscalização da instalação e do

funcionamento de atividades em imóveis, e dá outras providências.

MARTA SUPLICY, Prefeita do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,

CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoamento da ação fiscalizatória e da legislação municipal pertinente, a fim de

assegurar a transparência, a agilização e a eficiência da atuação administrativa;

CONSIDERANDO a diretriz traçada pela Administração Municipal de uniformizar os procedimentos fiscalizatórios, mediante a

adoção de critérios e medidas objetivas que orientem os munícipes;

CONSIDERANDO, finalmente, que as medidas administrativas serão aplicadas por todos os órgãos municipais incumbidos da

fiscalização, sem prejuízo de alterações a serem introduzidas com a implementação das Subprefeituras,

DECRETA :

Art. 1º - Este decreto regulamenta os procedimentos administrativos da fiscalização, fixando as regras gerais e as específicas

da instalação e do funcionamento de atividades em imóveis destinados a uso não residencial.

Dos Objetivos

Art. 2º - A ação fiscalizatória deve ser desenvolvida de ofício ou mediante notícia de irregularidade e visa a verificar no local o

efetivo cumprimento da legislação, em especial no que se refere às normas relativas ao licenciamento para instalação e

funcionamento, ao parcelamento, uso e ocupação do solo, às obras e edificações, à segurança, à higiene, ao sossego público e

ao meio ambiente.

§ 1º - A ação fiscalizatória é procedimento administrativo sujeito à auditoria interna, objetivando a supervisão, avaliação e

controle permanentes.

§ 2º - As informações obtidas por meio das ações fiscalizatórias deverão promover a criação, alimentação e atualização de

bancos de dados para possibilitar o planejamento, consultas e aferição de resultados, visando ao aperfeiçoamento do

procedimento fiscalizatório.

Art. 3º - A ação fiscalizatória obedecerá ao planejamento estabelecido pela respectiva unidade, buscando garantir eficiência e

eficácia.

§ 1º - O planejamento definirá as ações fiscalizatórias prioritárias, considerando os seguintes critérios, dentre outros:

I - porte, impacto ou risco da atividade, obra ou serviço;

II - natureza da atividade, obra ou serviço, avaliando-se a respectiva potencialidade de causar transtorno ou incômodo à

vizinhança ou à população em geral;

III - conformidade em relação à licença concedida e à legislação pertinente.

§ 2º - O planejamento será fundamentado nas informações e dados obtidos, dentre outros, junto a:

I - cadastros municipais;

II - órgãos públicos;

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III - relatórios contendo informações e decisões proferidas em processos, relativos a pedidos de: inscrições em cadastros,

aprovação, execução, conclusão, regularização de obras e edificações, parcelamento do solo, aprovação, funcionamento de

atividades e de equipamentos, aprovação e execução de obras e serviços de segurança, licenciamento para instalação de

anúncios, dentre outros;

IV - pedidos de informações, reclamações e denúncias.

Do Agente Fiscalizador

Art. 4º - O servidor que integrar o corpo fiscalizador será responsável por todos os atos praticados no decorrer da ação

fiscalizatória e, em especial, pelos dados consignados em autos, relatórios, termos e outros documentos equivalentes.

Art. 5º - A ação fiscalizatória será exercida por servidores públicos municipais pertencentes ao Grupo Técnico Fiscalizador e por

agentes vistores, em áreas territoriais previamente definidas, exceto quando da realização de comandos.

Art. 6º - Fica instituído o Grupo Técnico Fiscalizador, com a incumbência de fiscalizar as atividades, obras e serviços que exijam

conhecimento e avaliação técnica específica para fazer cumprir a legislação municipal, expedindo os termos e autos

pertinentes.

§ 1º - A designação de servidor para compor o Grupo Técnico Fiscalizador será efetivada mediante credenciamento pela

autoridade competente da Secretaria em que estiver lotado, pelo prazo de 2 (dois) anos, podendo ser renovado,

sucessivamente, por iguais períodos .

§ 2º - Somente integrarão o Grupo Técnico Fiscalizador os servidores públicos municipais que:

I - pertencerem às carreiras profissionais de nível superior na Administração Municipal, cujas habilitações tenham poderes

fiscalizatórios e sejam compatíveis com o objeto da fiscalização;

II - ocuparem cargo de Agente de Controle Ambiental, criado pela Lei Municipal nº 11.426, de 16 de outubro de 1993.

Art. 7º - Os servidores que exercem cargos de natureza técnico-auxiliar, previstos no Anexo I, Tabela A, Grupo 2, do Quadro

dos Profissionais da Fiscalização, regido pela Lei nº 12.477, de 22 de setembro de 1997, integrarão o corpo auxiliar da

fiscalização, cabendo-lhes a prática de atos não privativos do Grupo Técnico Fiscalizador, bem como a fiscalização de

atividades, obras e serviços que não exijam conhecimento ou avaliação técnicos ou específicos.

Art. 8º - O Poder Executivo Municipal publicará mensalmente, no Diário Oficial do Município, a relação dos servidores que

compõem o corpo fiscalizador e suas respectivas unidades de lotação, disponibilizando-a no "site" oficial.

Art. 9º - Nenhum agente fiscalizador poderá exercer suas atribuições sem exibir documento de identificação fornecido pela

Administração Municipal, devendo ser-lhe permitido imediato ingresso no local objeto da vistoria.

Das Definições

Art. 10. - Constitui vistoria a diligência realizada por agente fiscalizador, visando a verificar o efetivo cumprimento das normas

legais no imóvel.

Parágrafo único - Quando a vistoria exigir avaliação por técnico credenciado, será consubstanciada em Relatório de Vistoria

Técnica.

Art. 11 - O Relatório de Vistoria Técnica é o documento que contém o levantamento de todas as informações necessárias, quer

as obtidas previamente na unidade, quer as constatadas durante a realização da vistoria, servindo para determinar a ação

fiscalizatória cabível e para promover conferências e anotações na unidade ou no Sistema de Informática, equiparando-se ao

laudo técnico, ao auto de inspeção e ao termo de ocorrência.

Parágrafo único - Do Relatório de Vistoria Técnica deverão constar, obrigatoriamente, os seguintes dados, dentre outros:

I - identificação do estabelecimento, da obra ou serviço e seu responsável;

II - localização do imóvel;

III - relativos ao imóvel e à edificação, quando existente;

IV - dados cadastrais e de zoneamento;

V - descrição da atividade e seu enquadramento;

VI - documentação apresentada ou necessária;

VII - indicação de eventual notícia de irregularidade;

VIII - análise técnica e conclusões.

Art. 12 - O Auto de Intimação ou de Notificação será lavrado para dar conhecimento, ao eventual infrator, de ato praticado por

autoridade ou de ordem determinando as providências para sanar a irregularidade constatada.

Parágrafo único - Do Auto de Intimação ou de Notificação deverão constar, obrigatoriamente:

I - identificação do infrator;

II - local da infração e número do contribuinte do imóvel;

III - ordem a ser atendida;

IV- prazo e local de atendimento da ordem;

V - descrição da infração;

VI - dispositivo legal infringido;

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VII - sanções legais aplicáveis pelo não atendimento da ordem no prazo fixado;

VIII - assinatura do infrator ou de seu preposto, com indicação do número de sua cédula de identidade - RG, ou declaração de

sua recusa em fazê-lo;

IX - local, data e hora da lavratura do auto;

X - assinatura e carimbo do agente fiscalizador, do qual constarão o nome, o número de registro no órgão profissional quando

se tratar de técnico credenciado, o número do registro funcional, o cargo que ocupa e a Unidade de lotação.

Art. 13 - O Auto de Infração será lavrado pelo agente fiscalizador no local em que constatou a ocorrência da irregularidade.

Parágrafo único - Do Auto de Infração deverão constar, obrigatoriamente:

I - identificação do infrator;

II - local da infração e número do contribuinte do imóvel;

III - descrição da infração e menção ao preceito legal violado;

IV - sanções legais;

V - assinatura do infrator ou de seu preposto, com indicação do número de sua cédula de identidade - RG, ou declaração de

sua recusa em fazê-lo;

VI - local, data e hora da lavratura do auto;

VII - assinatura e carimbo do agente fiscalizador do qual constarão o nome, o número de registro no órgão profissional quando

se tratar de técnico credenciado, o número do registro funcional, o cargo que ocupa e a unidade de lotação;

VIII - prazo para apresentação de defesa ou recurso, conforme o caso.

Art. 14 - O Auto de Multa será lavrado em decorrência do Auto de Infração, constituindo-se na aplicação da sanção

administrativa de caráter pecuniário.

§ 1º - Do Auto de Multa deverão constar, obrigatoriamente:

I - identificação do infrator;

II - local da infração e número do contribuinte do imóvel;

III - descrição da infração;

IV - dispositivo legal violado;

V - importância da multa e base de cálculo;

VI - assinatura do infrator ou de seu preposto, com indicação do número de sua cédula de identidade - RG, ou declaração de

sua recusa em fazê-lo;

VII - local, data e hora da lavratura;

VIII - assinatura e carimbo do agente fiscalizador, do qual constarão o nome, o número de registro no órgão profissional,

quando se tratar de técnico credenciado, o número do registro funcional, o cargo que ocupa e a unidade de lotação.

§ 2º - Do Auto de Multa será extraída Notificação-Recibo ao infrator para que, até a data estabelecida, pague a multa que lhe

foi aplicada ou apresente defesa.

Art. 15 - A lacração do estabelecimento, obra, edificação ou local de trabalho para a cessação da atividade irregularmente

exercida, será formalizada em Auto de Interdição, do qual deverão constar, obrigatoriamente:

I - identificação do infrator ;

II - local da interdição e número do contribuinte do imóvel;

III - número do processo administrativo;

IV - motivação da interdição;

V - termos específicos do auto, caracterizando, inclusive, a forma de lacração do estabelecimento;

VI - assinatura do responsável ou de seu preposto, com a indicação do número de sua cédula de identidade - RG, ou

declaração de sua recusa em fazê-lo.

VII - local, data e hora da lavratura;

VIII - assinatura e carimbo do agente fiscalizador do qual constarão o nome, o número de registro no órgão profissional quando

se tratar de técnico credenciado, o número do registro funcional, o cargo que ocupa e a unidade de lotação;

IX - assinatura dos Policiais Militares, bem como os respectivos nome, posto, batalhão e registro.

Art. 16 - O Auto de Constatação será lavrado em decorrência do descumprimento do Auto de Interdição, caracterizado pelo

rompimento do lacre colocado pela autoridade competente.

Parágrafo único - Do Auto de Constatação deverão constar, obrigatoriamente:

I - identificação da obra, do estabelecimento ou do serviço e seu responsável;

II - local da interdição e número do contribuinte do imóvel;

III - número do Auto de Interdição;

IV - descrição da violação do lacre;

V - assinatura do responsável ou de seu preposto, com a indicação do número de sua cédula de identidade - RG, ou declaração

de sua recusa em fazê-lo;

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VI - local, data e hora da lavratura;

VII - assinatura e carimbo do agente fiscalizador do qual constarão o nome, o número do registro no órgão profissional, quando

se tratar de técnico credenciado, o número do registro funcional, o cargo que ocupa e a unidade de lotação.

Art. 17 - Os usos serão considerados em situação irregular, em qualquer zona de uso, quando em atividade sem Alvará de

Licença de Localização e Funcionamento, Auto de Licença de Localização e Funcionamento, Auto de Licença de Funcionamento

ou Alvará de Funcionamento, expedidos pela Prefeitura, ou, ainda, quando ocorrerem a cassação ou a invalidação de um

destes documentos.

Art. 18 - As edificações serão consideradas em situação irregular, em qualquer zona de uso, quando não possuírem "Habite-

se", Auto de Vistoria, Auto de Conclusão, Certificado de Conclusão ou Alvará de Conservação, Auto de Regularização ou

documento equivalente, expedidos pela Prefeitura.

Art. 19 - Serão também considerados em situação irregular, em qualquer zona de uso, os usos ou as edificações cujos

documentos, a que se referem os artigos 17 e 18 deste decreto, tenham perdido eficácia em função de alterações de ordem

física ou de utilização, em relação aos regularmente aceitos pela Prefeitura.

Da Ação Fiscalizatória

Art. 20 - O agente fiscalizador, previamente à vistoria do local, deverá diligenciar para obter informações existentes na

respectiva unidade.

Art. 21 - O agente fiscalizador que verificar irregularidades cuja fiscalização não seja de sua competência deverá noticiar o fato

à sua chefia imediata para que esta adote as devidas providências, quer determinando vistoria técnica, quer comunicando o

fato à autoridade competente.

Art. 22 - Na hipótese da irregularidade referir-se a atividade que exija conhecimento técnico de matérias diversas, poderá ser

realizada vistoria conjunta, sem prejuízo da elaboração de um único relatório.

Da Ação Fiscalizatória e do Funcionamento de Atividades

Art. 23 - A vistoria deverá verificar:

I - a existência do Auto de Licença de Funcionamento ou de Alvará de Funcionamento;

II - se o Auto de Licença de Funcionamento ou o Alvará de Funcionamento encontra-se em vigor e está afixado no acesso

principal do edifício, em posição visível para o público.

Art. 24 - Constatado o não atendimento de quaisquer das hipóteses de que trata o artigo anterior, deverá ser expedido Auto de

Intimação para:

I - no prazo de 2 (dois) dias, ser apresentado o documento comprobatório do licenciamento da atividade, sob pena de serem

iniciadas as ações administrativas que poderão ensejar a interdição da atividade;

II - no prazo de 30 (trinta) dias, ser afixado o documento mencionado no inciso I do artigo 23, sob pena de lavratura de Auto de

Infração e da aplicação de multa prevista na Lei nº 8.432, de 8 de setembro de 1986, no valor de R$ 53,74 (cinqüenta e três

reais e setenta e quatro centavos), atualizado pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma estabelecida na legislação municipal pertinente, renovável a cada 30

(trinta) dias, até que seja sanada a irregularidade.

Parágrafo único - Quando se tratar de Auto de Licença de Funcionamento, o não atendimento ao Auto de Intimação implicará a

lavratura de Auto de Infração e a aplicação de multa prevista na Lei nº 10.205, de 4 de dezembro de 1986, no valor de R$

107,48 (cento e sete reais e quarenta e oito centavos), atualizado pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo -

IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma estabelecida na legislação municipal pertinente.

Art. 25 - O Auto de Licença de Funcionamento ou o Alvará de Funcionamento, apresentado por ocasião da vistoria ou em

decorrência do atendimento da intimação, será examinado quanto à sua conformidade com a situação constatada no local.

§ 1º - Se verificada a conformidade, será ela certificada no protocolado formado pelo Auto de Intimação e o Relatório de

Vistoria, que será remetido à chefia imediata para ciência, anotações e arquivamento.

§ 2º - Se verificada a desconformidade, o infrator será intimado acerca da possibilidade de cassação da licença e do prazo para

oferecer defesa prévia.

§ 3º - Na hipótese referida no parágrafo anterior, em se tratando de Auto de Licença de Funcionamento, serão lavrados, de

imediato, Auto de Infração e Auto de Multa prevista na Lei nº 10.205, de 4 de dezembro de 1986, no valor R$ 107,48 (cento e

sete reais e quarenta e oito centavos), atualizado pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma estabelecida na legislação municipal pertinente.

Art. 26 - A não apresentação da licença ou a apresentação da licença em desconformidade com o uso implicará a autuação de

processo administrativo instruído com os autos lavrados e o Relatório de Vistoria Técnica.

Art. 27 - Autuado o processo administrativo, o técnico fiscalizador indicará o enquadramento legal da irregularidade, nos

termos dos artigos 28 ou 29 deste decreto, propondo, quando for o caso, a cassação da licença concedida.

Parágrafo único - A chefia imediata analisará o enquadramento proposto e designará o agente fiscalizador responsável pelo

cumprimento das providências subseqüentes cabíveis.

28

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Art. 28 - Aos usos em situação irregular, instalados em local onde são permitidos conformes ou sujeitos a controle especial,

será concedido prazo para cessação da irregularidade, lavrado Auto de Infração e aplicada multa prevista na Lei nº 8.001, de

24 de dezembro de 1973, no valor de R$ 107,48 (cento e sete reais e quarenta e oito centavos), atualizado pela variação do

Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma estabelecida na

legislação municipal pertinente, renovável a cada 30 (trinta) dias, até a regularização da situação.

§ 1º - Em se tratando de uso em situação irregular instalado em edificação regularizada, conforme em relação à zona de uso,

bem como em edificação não conforme, porém já aceita pela Prefeitura para esse uso ou uso equivalente, o prazo constante

do Auto de Intimação será de 90 (noventa) dias.

§ 2º - Em se tratando de uso em situação irregular instalado em edificação regularizada, não conforme em relação à zona de

uso ou na hipótese de local de reunião com capacidade igual ou superior a 100 (cem) pessoas, o prazo constante do Auto de

Intimação será de 30 (trinta) dias.

§ 3º - Em se tratando de uso em situação irregular instalado em edificação não regularizada, o prazo constante do Auto de

Intimação será de 30 (trinta) dias.

§ 4º - Em se tratando de uso em situação irregular que esteja causando comprovado transtorno ou incômodo à vizinhança ou à

população em geral, ou em condições que atentem contra as normas de segurança, de sossego público, de habitabilidade ou

higiene, o prazo constante do Auto de Intimação será de 10 (dez) dias.

Art. 29 - Nos casos de usos em situação irregular, não conformes, instalados em local onde não são permitidos, será concedido

o prazo de 5 (cinco) dias para a cessação da irregularidade, lavrado Auto de Infração e aplicada multa prevista na Lei nº 8.001,

de 24 de dezembro de 1973, no valor de R$ 2.687,00 (dois mil, seiscentos e oitenta e sete reais), atualizado pela variação do

Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, na forma estabelecida na

legislação municipal pertinente, renovável a cada 30 (trinta) dias, até a regularização da situação, que consiste no

encerramento das atividades.

Parágrafo único - Serão também aplicadas as disposições deste artigo aos usos não permitidos no local, em função da largura

da via, àqueles não admitidos como uso misto, bem como àqueles com restrições de distância entre estabelecimentos.

Art. 30 - A concessão dos prazos para cessação da irregularidade, tratada nos artigos 28 e 29, dar-se-á mediante intimação do

responsável pelo uso ou de seu preposto.

Parágrafo único - Nos casos mencionados no "caput" deste artigo, o Auto de Intimação será lavrado simultaneamente ao Auto

de Infração e ao primeiro Auto de Multa decorrente do enquadramento legal da irregularidade.

Art. 31 - Na hipótese de que trata o parágrafo 1º do artigo 28, a ação fiscalizatória será suspensa se o responsável pela

atividade comprovar ter requerido o Auto de Licença de Funcionamento ou o Alvará de Funcionamento.

§ 1º - Caso o protocolo do pedido de Auto de Licença de Funcionamento seja apresentado por ocasião da intimação, o agente

fiscalizador, após o devido exame e a confrontação com o processo noticiado poderá, de ofício, propor a suspensão da ação

fiscalizatória.

§ 2º - Em não sendo apresentado o referido protocolo, o responsável pela atividade poderá requerer a suspensão da ação

fiscalizatória, no prazo fixado para regularizar ou cessar a atividade.

§ 3º - O prazo máximo de suspensão da ação fiscalizatória será de 90 (noventa) dias, por meio de despacho interlocutório

fundamentado exarado pelo Supervisor de Uso e Ocupação do Solo.

Art. 32 - Se perdurar a irregularidade, decorrido o prazo constante do Auto de Intimação ou da suspensão concedida, será

lavrado Auto de Interdição, com a lacração do estabelecimento, sem prejuízo da aplicação de novas multas, quando for o caso.

§ 1º - A lacração será efetivada por meios compatíveis com o tipo de estabelecimento ou local de trabalho, garantindo-se a

retirada de documentos, objetos pessoais e produtos perecíveis.

§ 2º - Havendo resistência à lacração, o agente fiscalizador deverá acionar imediatamente a Assessoria Policial Militar do

Gabinete do Prefeito, solicitando a presença da Polícia Militar para garantir o cumprimento da ordem.

Art. 33 - Verificada a violação do lacre, será lavrado o Auto de Constatação pelo agente fiscalizador, que o encaminhará ao

chefe da unidade para as seguintes providências, pela ordem:

I - oficiar à autoridade policial competente, para as providências cabíveis, anexando cópia dos Autos de Intimação, de Infração,

de Multa, de Interdição e de Constatação;

II - anotar a violação do lacre no processo administrativo;

III - reproduzir o Relatório de Vistoria, os Autos de Intimação, de Infração, de Multa, de Interdição, de Constatação e a

comunicação à autoridade policial, autuando-os em processo autônomo para o prosseguimento da ação fiscalizatória;

IV - encaminhar o processo original ao setor responsável pelo controle de autos, para instrução quanto à situação das multas

aplicadas em decorrência do funcionamento irregular, enviando-o, posteriormente à Assessoria Jurídica da unidade;

V - providenciar remessa do processo administrativo original ao Departamento Judicial da Procuradoria Geral do Município para

adoção das medidas judiciais pertinentes, após manifestação da Assessoria Jurídica.

Das Multas

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Art. 34 - A inobservância aos dispositivos legais previstos nas Leis nºs 8.001, de 24 de dezembro de 1973, 8.432, de 8 de

setembro de 1986, e 10.205, de 4 de dezembro de 1986, ensejará a lavratura dos competentes Autos de Multa, com a

remessa de notificação ao infrator para pagar ou apresentar defesa, sob pena de confirmação da penalidade imposta e de sua

subseqüente inscrição na Dívida Ativa.

§ 1º - O agente fiscalizador deverá entregar a via correspondente do Auto de Multa no setor competente de informática, até o

primeiro dia útil após a sua lavratura.

§ 2º - O cadastramento dos Autos de Multa deverá ser efetuado até o primeiro dia útil após a sua entrega, no setor competente

de informática.

§ 3º - Cadastrado o Auto de Multa, a notificação será encaminhada ao infrator, por via postal, com aviso de recebimento, no

endereço do estabelecimento ou local de trabalho, constituindo-se em Notificação-Recibo para que seja paga ou apresentada

defesa ou recurso até a data fixada.

§ 4º - A relação total das multas lavradas no mês anterior será mensalmente publicada por edital no Diário Oficial do Município-

DOM.

Art. 35 - Para os fins deste decreto, considera-se infrator o responsável pelo estabelecimento ou local de trabalho.

Art. 36 - A defesa será apreciada pelo Supervisor de Uso e Ocupação do Solo e decidida pelo Administrador Regional da

circunscrição territorial a que pertencer o local da infração.

Art. 37 - A defesa poderá ser apresentada em qualquer Administração Regional ou unidade equivalente.

§ 1º - Toda e qualquer defesa, mesmo a apresentada por via postal, com aviso de recebimento, deverá ser encaminhada a um

dos serviços de protocolo das Administrações Regionais ou unidade equivalente, para autuação e cadastramento do processo

no Sistema Municipal de Processos - SIMPROC.

§ 2º - Autuado, o processo deverá, de imediato, ser encaminhado à Unidade de Cadastro de Autos de Infração/INFORMÁTICA -

UNICAI, para que seja cadastrado junto ao Sistema de Controle da Fiscalização, fixada como data de entrada da defesa a data

de autuação junto ao Sistema Municipal de Processos - SIMPROC.

§ 3º - Cadastrado no Sistema de Controle da Fiscalização, o processo deverá ser imediatamente remetido para análise do

agente fiscalizador responsável pela autuação .

Art. 38 - A decisão final do pedido será prolatada pela autoridade competente da circunscrição territorial da ocorrência da

infração e será cadastrada no Sistema Municipal de Processos - SIMPROC.

§ 1º - Após seu cadastramento no SIMPROC, a decisão será cadastrada no Sistema de Controle da Fiscalização e publicada no

Diário Oficial do Município.

§ 2º - A data da publicação no Diário Oficial do Município deverá ser devidamente certificada no respectivo processo

administrativo.

§ 3º - Publicada a decisão de manutenção do Auto de Multa no Diário Oficial do Município, nova Notificação-Recibo será

encaminhada ao infrator.

Art. 39 - Do despacho decisório que desacolher a defesa, caberão:

I - pedido de reconsideração, dirigido à mesma autoridade que proferiu a decisão;

II - recurso dirigido ao Secretário da Implementação das Subprefeituras ou autoridade equiparada;

III - recurso dirigido ao Prefeito.

Parágrafo único - O pedido de reconsideração e os recursos poderão ser interpostos até a data final constante na Notificação-

Recibo e serão anexados ao processo que trata da defesa.

Das Competências

Art. 40 - Ao Administrador Regional ou autoridade a ele equiparada compete:

I - definir diretrizes para o planejamento das ações fiscalizatórias, estabelecendo o plano correspondente;

II - decidir acerca da defesa interposta contra Autos de Multa.

Art. 41 - Ao Supervisor de Uso, ao Diretor de Divisão ou autoridades a eles equiparadas compete:

I - coordenar a execução das ações fiscalizatórias;

II - elaborar e divulgar, mensalmente, relatório sintético e analítico das ações realizadas pela Unidade de Fiscalização;

III - anular, revogar, cassar e declarar inválida a licença concedida;

IV - oficiar à autoridade policial, noticiando o descumprimento da ordem administrativa;

V - encaminhar o processo à Assessoria Jurídica, objetivando a adoção de medidas judiciais;

VI - determinar anotações e arquivamento de processos fiscalizatórios;

VII - prestar informações em defesas de Autos de Multa;

VIII - deliberar quanto à suspensão da ação fiscalizatória.

Art. 42 - Ao Chefe da Unidade de Fiscalização ou autoridade a ele equiparada compete:

I - gerenciar as ações fiscalizatórias;

II - deliberar quanto ao enquadramento legal da irregularidade e ao rito fiscalizatório pertinente, determinando as medidas

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cabíveis, visando ao encerramento da atividade irregularmente exercida;

III - manifestar-se quanto à suspensão da ação fiscalizatória;

IV - propor e determinar anotações e arquivamento de protocolados e processos fiscalizatórios;

V - manifestar-se quanto à proposta de invalidação ou cassação de licença concedida;

VI - determinar a extração de cópia do processo fiscalizatório e o prosseguimento da ação fiscal;

VII - propor a remessa do processo à Assessoria Jurídica e a expedição de ofício à autoridade policial.

Art. 43 - Ao técnico credenciado compete:

I - realizar vistoria técnica, elaborando o respectivo relatório e lavrar autos;

II - indicar o enquadramento legal das irregularidade constatadas, propondo as medidas pertinentes;

III - solicitar a autuação de processo;

IV - propor a invalidação ou a cassação de licença concedida e o rito fiscalizatório pertinente;

V - propor a suspensão da ação fiscalizatória;

VI - propor anotações e arquivamento de protocolados;

VII - solicitar a presença da Polícia Militar para a plena efetivação do poder de polícia administrativo.

Art. 44 - Compete ao Agente Vistor realizar vistorias, lavrar autos e praticar todos os atos fiscalizatórios que não forem de

competência privativa do técnico credenciado e, ainda, solicitar a presença da Polícia Militar para a efetivação da ordem

administrativa.

Parágrafo único - Ao ocupante de cargo de Agente de Controle Ambiental a que se refere o inciso III do parágrafo 2º do artigo

6º deste decreto, compete, no âmbito das atribuições estabelecidas por este artigo, a aplicação das penalidades previstas na

legislação ambiental vigente.

Da Comissão Permanente de Ações Fiscalizatórias e de Aplicação das Legislações Urbanística, Ambiental e Sanitária - CAFIS

Art. 45 - À Comissão Permanente de Ações Fiscalizatórias e de Aplicação das Legislações Urbanística, Ambiental e Sanitária -

CAFIS, a ser criada por lei específica, incumbirá a normatização dos procedimentos necessários à consecução dos objetivos

traçados pela Política Fiscalizatória Municipal, referentes às legislações urbanística, ambiental e sanitária, bem como a

intermediação entre as unidades de competência fiscalizatória correspondentes e os demais órgãos normativos específicos.

Art. 46 - A Comissão Permanente de Ações Fiscalizatórias e de Aplicação das Legislações Urbanística, Ambiental e Sanitária -

CAFIS atuará como órgão normativo, consultivo e orientador da aplicação das legislações urbanística, ambiental e sanitária, no

âmbito das competências das unidades com poder fiscalizatório.

Disposições Finais

Art. 47 - Integram o presente decreto 6 (seis) anexos que compõem o fluxograma das ações fiscalizatórias.

Art. 48 - Este decreto entrará em vigor no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário, em especial, os artigos 98, 99, 100, 101 e 102 do Decreto nº 11.106, de 28 de julho de 1974, e o

Decreto nº 22.794, de 23 de setembro de 1986.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 20 de dezembro de 2001, 448º da fundação de São Paulo.

Publicado na Secretaria do governo Municipal em 20 de dezembro de 2001.

ANEXO IV – EXEMPLO DE LEI MUNICIPAL DISPONDO SOBRE

A FISCALIZAÇÃO DE COMÉRCIO AMBULANTE

LEI Nº 13.866, DE 1º DE JULHO DE 2004

FIXA AS ATRIBUIÇÕES DA GUARDA CIVIL METROPOLITANA, CRIA SUPERINTENDÊNCIA E CARGOS DE PROVIMENTO

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EM COMISSÃO A ELA VINCULADOS E DISPÕE SOBRE A FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO AMBULANTE.

MARTA SUPLICY, Prefeita do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a

Câmara Municipal, em sessão de 1º de julho de 2004, decretou e eu promulgo a seguinte lei:

DAS ATRIBUIÇÕES DA GUARDA CIVIL METROPOLITANA

Art. 1º A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, principal órgão de execução da política municipal de segurança urbana, de

natureza permanente, uniformizada, armada, baseada na hierarquia e disciplina, tem as seguintes atribuições:

I - exercer, no âmbito do Município de São Paulo, o policiamento preventivo e comunitário, promovendo a mediação de

conflitos e o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos;

II - prevenir e inibir atos que atentem contra os bens, instalações e serviços municipais, priorizando a segurança escolar;

III - realizar atividades preventivas voltadas à segurança de trânsito, nas vias e logradouros municipais;

IV - proteger o patrimônio ecológico, cultural, arquitetônico e ambiental do Município, adotando medidas educativas e

Preventivas;

V - promover, em parceria com as comissões civis comunitárias, mecanismos de interação com a sociedade civil, a fim de

identificar soluções para problemas e implementar projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança nas

comunidades;

VI - atuar, em parceria com outros Municípios e órgãos estaduais e da União, com vistas à implementação de ações integradas

e preventivas;

VII - atuar, de forma articulada com os órgãos municipais de políticas sociais, visando a ações interdisciplinares de segurança

no Município, em conformidade com as diretrizes e políticas estabelecidas pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana;

VIII - estabelecer integração com os órgãos de poder de polícia administrativa, visando a contribuir para a normatização e a

fiscalização das posturas e ordenamento urbano municipal;

IX - fiscalizar o comércio ambulante nas vias e logradouros públicos;

X - intervir, gerenciar e mediar conflitos e crises em bens, serviços e instalações municipais ou relacionadas ao exercício de

atividades controladas pelo poder público municipal.

DA SUPERINTENDÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO AMBULANTE E ATIVIDADES AFINS, MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E

GERENCIAMENTO DE CRISES

Art. 2º Fica criada a Superintendência de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins, Mediação de Conflitos e

Gerenciamento de Crises, vinculada à Guarda Civil Metropolitana, órgão integrante da Secretaria Municipal de Segurança

Urbana, com o objetivo de planejar e coordenar as ações de controle urbano e fiscalização do exercício do comércio e

prestação de serviços ambulantes, regular e irregular, nas vias e logradouros públicos, praticando atos inerentes às atividades

de fiscalização, dentre as quais a apreensão de mercadorias irregulares, bem como intervir, gerenciar e mediar situações de

conflitos e crises verificadas em bens, serviços e instalações do Município ou relacionadas ao exercício de atividades

controladas pelo Executivo Municipal, destinando o efetivo necessário para pronta atuação.

Art. 3º A Superintendência de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins, Mediação de Conflitos e Gerenciamento

de Crises tem a seguinte estrutura:

I - Inspetoria de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins;

II - Inspetoria de Mediação de Conflitos e Gerenciamento de Crises.

Art. 4º A Superintendência de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins, Mediação de Conflitos e Gerenciamento

de Crises tem as seguintes atribuições:

I - cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas dos órgãos superiores;

II - planejar e coordenar as ações de controle urbano e fiscalização do exercício do comércio e prestação de serviços de

ambulante, regular e irregular, nas vias e logradouros públicos;

III - intervir, gerenciar e mediar situações de conflitos e crises verificadas em bens, serviços e instalações do Município ou

relacionadas ao exercício de atividades controladas pelo Executivo Municipal;

IV - controlar a gestão de pessoal e o bom emprego dos recursos materiais alocados na Superintendência, comunicando

imediatamente aos órgãos superiores a ocorrência de qualquer irregularidade.

Art. 5º A Inspetoria de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins tem as seguintes atribuições:

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I - cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas dos órgãos superiores;

II - fiscalizar o exercício do comércio e a prestação de serviços ambulantes, regular e irregular, nas vias e logradouros públicos,

praticando atos inerentes às atividades de fiscalização, dentre os quais a apreensão de mercadorias irregulares, destinando o

efetivo necessário para pronta atuação;

III - controlar a gestão de pessoal e o bom emprego dos recursos materiais alocados na Inspetoria, comunicando

imediatamente aos órgãos superiores a ocorrência de qualquer irregularidade.

Art. 6º A Inspetoria de Mediação de Conflitos e Gerenciamento de Crises tem as seguintes atribuições:

I - cumprir e fazer cumprir as ordens legais emanadas dos órgãos superiores;

II - intervir, imediatamente, em situações de conflitos e crises verificadas em bens, serviços e instalações do Município ou

relacionadas ao exercício de atividades controladas pelo Executivo Municipal, destinando o efetivo necessário para pronta

atuação;

III - controlar a gestão de pessoal e o bom emprego dos recursos materiais alocados na Inspetoria, comunicando

imediatamente aos órgãos superiores a ocorrência de qualquer irregularidade.

DA FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO AMBULANTE

Art. 7º Para os fins desta lei, considera-se vendedor ou prestador de serviços nas vias e logradouros públicos o ambulante

regular, por conta própria ou mediante relação de emprego, e aquele que exercer tal atividade irregularmente.

Art. 8º Pela prática de infrações às normas que regulam o comércio ambulante, os vendedores ou prestadores de serviços nas

vias e logradouros públicos, quando regulares, sujeitar-se-ão às sanções previstas na legislação vigente.

Art. 9º Os vendedores ou prestadores de serviços nas vias e logradouros públicos, quando irregulares, sujeitar-se-ão às

seguintes penalidades:

I - aplicação de multa, no valor de R$ 285,00 (duzentos e oitenta e cinco reais), reajustada na forma da legislação específica,

cobrada em dobro na reincidência;

II - apreensão de mercadorias.

Art. 10 A Inspetoria de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins terá, durante o prazo de 2 (dois) anos, contados

da publicação desta lei, sua atuação adstrita à área da Subprefeitura da Sé.

Art. 11 A partir do término do prazo fixado no artigo 10, a fiscalização do comércio e da prestação de serviços ambulantes, nas

vias e logradouros públicos, exercida pela Guarda Civil Metropolitana, será, mediante decreto, progressivamente estendida às

demais Subprefeituras do Município de São Paulo.

Art. 12 As notificações, os autos de apreensão e as multas decorrentes das atividades fiscais previstas nesta lei serão lavrados

pelos Guardas Civis Metropolitanos lotados na Inspetoria de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins,

especialmente designados e credenciados pelo Superintendente para a fiscalização determinada.

Art. 13 Os documentos originados pelas ações de fiscalização definidas nesta lei deverão ser encaminhados pela Guarda Civil

Metropolitana à Subprefeitura, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para que tenha prosseguimento a ação fiscal,

nos termos da legislação vigente.

Art. 14 Todo material apreendido pela Guarda Civil Metropolitana deverá ser acondicionado, por servidor ocupante de cargo ou

função de Agente de Apoio, em saco apropriado, sendo este fechado por lacre e imediatamente recolhido às dependências da

Subprefeitura, a quem compete relacionar a quantidade de material apreendida, sua guarda e conservação, bem como adotar

as demais providências daí decorrentes.

§ 1º. A responsabilidade pela inviolabilidade dos lacres, durante o transporte das mercadorias até a Subprefeitura, é dos

servidores que efetuarem essa operação, cabendo à Subprefeitura, caso seja constatada qualquer violação ou outro tipo de

irregularidade, adotar as providências visando à apuração de eventual responsabilidade dos servidores pela prática de atos

ilícitos, com a conseqüente aplicação das penalidades cabíveis.

§ 2º. A Subprefeitura é responsável pela guarda, conservação e manutenção das mercadorias apreendidas, bem como pela

inviolabilidade dos lacres, durante o período em que os sacos permanecerem sob sua custódia, cabendo-lhe, caso seja

constatada violação de lacres, adotar as providências para apuração de eventual responsabilidade dos servidores pela prática

de atos ilícitos, com a conseqüente aplicação das penalidades cabíveis.

§ 3º. A devolução das mercadorias a seus proprietários será efetivada pelo setor competente da Subprefeitura, mediante a

apresentação da segunda parte do lacre e da nota fiscal de compra da mercadoria apreendida, na presença do Agente Vistor

que estiver de plantão, a quem incumbirá relacionar as mercadorias apreendidas, compará-las com aquelas descritas na nota

fiscal e adotar as providências ainda cabíveis.

§ 4º. O Subprefeito designará comissão com a finalidade de elaborar laudo de avaliação das mercadorias apreendidas,

constituída por, no mínimo, 3 (três) servidores, sendo 1 (um) da Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, 1

(um) da Coordenadoria de Ação Social e Desenvolvimento e 1 (um) da Coordenadoria de Saúde.

§ 5º. As mercadorias perecíveis que forem objeto de apreensão não serão devolvidas, sendo doadas às entidades de

assistência social, sem fins lucrativos, regularmente inscritas no Conselho Municipal de Assistência Social-COMAS, mediante

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autorização do Subprefeito, nos termos da Lei nº 13.468, de 6 de dezembro de 2002.

§ 6º. O laudo deverá indicar:

I - o estado de conservação das mercadorias;

II - no caso de brinquedos, se atendem às normas técnicas de segurança;

III - o tipo, a quantidade e o lote de cada mercadoria.

§ 7º. Os produtos alimentícios apreendidos deverão ser encaminhados ao Banco de Alimentos, vinculado à Secretaria Municipal

de Abastecimento, para análise e posterior doação, observados os requisitos impostos pelo § 6º deste artigo.

§ 8º. O disposto neste artigo, quanto à doação, não se aplica às mercadorias deterioradas, danificadas, estragadas, com data

de validade vencida, impróprias para o consumo, produzidas ou obtidas ilicitamente ou em desacordo com a lei ou as normas

técnicas aplicáveis, cuja destinação deverá se efetivar na forma da legislação própria.

Art. 15. O servidor responsável pela apreensão deverá fornecer, àquele que teve suas mercadorias apreendidas, o nome e o

endereço da Subprefeitura para a sua retirada, observando-se, no que couber, as disposições da Lei nº 11.112, de 31 de

outubro de 1991, alterada pelas Leis nº 11.917, de 9 de novembro de 1995, 13.370, de 3 de junho de 2002, e nº 13.468, de

2002, e do Decreto nº 44.382, de 17 de fevereiro de 2004.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 16 Ficam criados, na Superintendência de Fiscalização do Comércio Ambulante e Atividades Afins, Mediação de Conflitos e

Gerenciamento de Crises, da Guarda Civil Metropolitana, 1 (um) cargo de Inspetor Chefe Superintendente, Referência QPG-8, e

2 (dois) cargos de Inspetor Chefe Regional, Referência QPG-6, todos de livre provimento em comissão pelo Prefeito, dentre

integrantes da carreira da Guarda Civil Metropolitana, portadores de diploma de nível superior, ocupantes do cargo de

Inspetor, passando a integrar a coluna situação nova do Anexo Único, Tabela "B", a que se refere o artigo 22 da Lei nº 13.396,

de 26 de julho de 2002.

Art. 17 Fica reaberto, por 30 (trinta) dias, contados da publicação desta lei, o prazo para opção pela nova Carreira da Guarda

Civil Metropolitana, previsto no artigo 22 da Lei nº 13.768, de 26 de janeiro de 2004, mantidas as demais condições ali

estabelecidas.

Art. 18 As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias,

suplementadas se necessário.

Art. 19 Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 1º de julho de 2004, 451º da fundação de São Paulo.

Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 1º de julho de 2004.

DATA DE PUBLICAÇÃO: 02/07/2004

ANEXO V – EXEMPLO DE DECRETO MUNICIPAL

CONSTITUINDO FORÇA-TAREFA PARA COMBATE AO COMÉRCIO IRREGULAR

DECRETO Nº 42.059, DE 29 DE MAIO 2002

Dispõe sobre a constituição de Força-Tarefa Permanente e Integrada para o combate à corrupção na fiscalização

do comércio, à reprodução ilegal de produtos, ao contrabando e ao roubo de cargas no Município de São Paulo,

edá outras providências.

MARTA SUPLICY, Prefeita do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, CONSIDERANDO que

parte da atividade do comércio formal e informal integra uma rede - que tem nos camelôs a ponta mais frágil - por envolver a

atuação de grupos que controlam o roubo de cargas, o contrabando, os esquemas de falsificação e reprodução ilegal de

mercadorias e sua venda no mercado informal ou formal, constituindo-se, assim, na base visível de uma estrutura criminosa

mais abrangente do que a prática de cobrança de propina por servidores municipais dos setores de fiscalização, o que resulta,

inclusive, na formação de quadrilhas, para cujo combate o Município não detém competência exclusiva;

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CONSIDERANDO as conseqüências diretas de tais fatos ao conjunto dos trabalhadores desempregados, que, atuando como

camelôs, terminam por se transformar em vítimas de organizações criminosas;

CONSIDERANDO a necessidade de realizar ações integradas e permanentes voltadas ao combate à ilegalidade, ao contrabando

e à reprodução ilegal de mercadorias, e, ainda, de demonstrar as conseqüências de tais práticas à população, como o

desemprego, a violência, a corrupção, o seqüestro e sonegação de recursos do Poder Público, estes fundamentais para novos

investimentos em áreas sociais;

CONSIDERANDO a necessidade de ampliar os canais de diálogo da Prefeitura de São Paulo com os segmentos econômicos

significativamente prejudicados pela prática de tais ilicitudes, bem assim com entidades cujas atividades estejam relacionadas

com a matéria;

CONSIDERANDO ser imprescindível, para o equacionamento de questões de tal magnitude, estabelecer-se ação articulada

entre as diversas instâncias governamentais competentes, com as quais, de resto, a Prefeitura já vem mantendo

entendimentos,

DECRETA:

Art. 1º - Fica criada a Força-Tarefa Permanente e Integrada, com a finalidade de empreender o combate à corrupção na

fiscalização do comércio, à reprodução ilegal de produtos, ao contrabando e ao roubo de cargas. Art. 2º - São atribuições da

Força-Tarefa Permanente e Integrada:

I - quantificar o comércio de produtos ilegais, em especial nas regiões da Sé, Lapa, Santo Amaro e Pinheiros;

II - investigar permanentemente a origem dos produtos ilegais e identificar as pessoas envolvidas para as devidas ações

penais;

III - articular, com outros entes governamentais e organizações e entidades da sociedade civil, ações conjuntas e sistemáticas

para a apreensão de produtos ilegais, assim como promover campanhas contra a ilegalidade, em todos os seus aspectos;

IV - elaborar relatórios de investigações;

V - propor ações que inibam a prática de comércio de produtos ilegais;

VI - propor alterações na legislação referente à matéria;

VII - investigar os servidores do setor de fiscalização supostamente envolvidos na prática de cobrança de propina no comércio

formal e informal e, se presentes indícios de autoria e materialidade, propor a instauração dos procedimentos administrativos

e penais abíveis, dando-se-lhes prioridade na tramitação.

Art. 3º - A Força-Tarefa Permanente e Integrada será composta na seguinte conformidade:

I - o Ouvidor Geral do Município de São Paulo;

II - um integrante do Ministério Público, designado pelo Procurador Geral de Justiça;

III - um Delegado da Polícia Federal, designado pelo Superintendente da Polícia Federal de São Paulo;

IV - um Delegado e um Oficial da Polícia Militar, designado pelo Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo;

V - um representante da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, designado pelo Titular da Pasta;

VI - um representante da Receita Federal, designado pelo Superintendente da Receita Federal de São Paulo;

VII - um integrante do Ministério Público Federal, designado pela Procuradora Chefe Regional da República da 3ª Região;

VIII - um representante da Secretaria de Implementação das Subprefeituras, indicado pelo Titular da Pasta.

IX - o Secretário Municipal de Segurança Urbana. (AC)

Parágrafo único - Os representantes dos órgãos federais e estaduais serão convidados a acompanhar a Força-Tarefa uma vez

formalizada a respectiva designação.

Art. 4º - O Secretário Municipal de Segurança Urbana será o coordenador da Força-Tarefa Permanente e Integrada. (NR)

Art. 5º - A Prefeitura do Município de São Paulo poderá implantar, em áreas da cidade, postos fixos da Força-Tarefa

Permanente e Integrada.

Art. 6º - O Coordenador da Força-Tarefa Permanente e Integrada poderá solicitar a adoção de providências dos órgãos

municipais com poder de polícia administrativa, bem como convocar servidores e requisitar informações necessárias ao

cumprimento das atribuições previstas neste decreto.

Art. 7º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 29 de maio de 2002, 449º da

fundação de São Paulo.

Publicado na Secretaria do Governo Municipal , em 29 de maio de 2002.

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ANEXO VI - EXEMPLO DE LEGISLAÇÃO PROIBINDO O COMÉRCIO

DE PRODUTOS DE ORIGEM ILÍCITA EM LOGRADOURO MUNICIPAL

DECRETO Nº 10.429

Proibe a comercialização de CD’s e DVD’s falsificados no interior dos boxes e dependências

dos Mercados Populares localizados nos bairros Vila Santa Cecília, Aterrado, Retiro e São João.

O Prefeito Municipal de Volta Redonda, no uso de suas atribuições legais ,

CONSIDERANDO que cabe à Administração Pública regulamentar o exercício de atividade comercial, industrial e de prestação

de serviços no Município, visando, sempre, o interesse público ou o bem da coletividade;

CONSIDERANDO que a falsificação, distribuição e comercialização de CD’s, fitas cassetes, fitas de vídeo VHS com imagens e

outros produtos fonográficos e afins é crime previsto e penalizado pela Legislação Federal;

CONSIDERANDO que é obrigação da Administração Pública zelar para que a legislação vigente seja cumprida por todos aqueles

que se utilizam/permanecem nas dependências de quaisquer próprios municipais;

CONSIDERANDO que os Mercados Populares, localizados nos bairros Vila Santa Cecília, Aterrado, Retiro e São João, são

considerados próprios municipais,

D E C R E T A:

Artigo 1º - Fica proibida, no interior dos boxes e dependências dos Mercados Populares localizados nos bairros Vila Santa

Cecília, Aterrado, Retiro e São João, a distribuição e comercalização de CD’s e DVD’s que não sejam oriundos de

estabelecimentos comerciais e industriais registrados nos órgãos competentes, com falta de identificação ou comprovação da

origem lícita.

Artigo 2º - A presente proibição deverá passar a constar das obrigações do Permissionário, na cláusula 5ª, do Termo de

Permissão de Uso do Bem móvel, de que trata o Anexo II, do Decreto nº 9023, de 02/outubro/2001.

Artigo 3º - O não atendimento ao disposto no presente Decreto ensejará a cassação da Permissão de Uso e a revogação da

Licença para o exercício da atividade, concedida pelo Município

Artigo 4º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio 17 de Julho, 08 de setembro de 2005.

Gothardo Lopes Netto

Prefeito Municipal

ANEXO VII - EXEMPLO DE LEGISLAÇÃO SOBRE EMISSÃO DE ALVARÁ PARA COMÉRCIO

AMBULANTE

LEI Nº 8.671, de 18 de dezembro de 2000.Dispõe sobre a emissão de alvarás de autorização para o exercício do comércio ambulante por portadores de deficiência visual e dá outras providências.

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE.

Faço saber que a Câmara Munic ipa l aprovou e eu sanc iono a seguinte Le i :

Art. 1º Fica o Município de Porto Alegre autorizado a conceder 62 (sessenta e dois) alvarás de autorização, que ficam

reservados para o exercício do comércio ambulante por portadores de deficiência visual no Centro da Cidade, perímetro

compreendido entre as Ruas Dr. Flores, Riachuelo, Caldas Júnior e Av. Mauá.

§ 1º As licenças de que trata este artigo somente poderão ser expedidas em favor de portadores de deficiência visual.

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§ 2º A deficiência referida no parágrafo anterior deverá ser comprovada através de laudo fornecido pela Secretaria Municipal

de Saúde de Porto Alegre - SMS.

Art. 2º As licenças de que trata o “caput” do art. 1º poderão ser transferidas em caso de morte ou invalidez permanente do

titular.

Parágrafo único. A transferência de que trata o “caput” deste artigo somente poderá ser feita uma única vez ao cônjuge ou

descendente, independente de ser ou não portador de deficiência vi-sual, desde que estes estejam comprovadamente

desempregados há mais de um ano.

Art. 3º Na eventualidade de surgimento de novos espaços para o exercício do comércio ambulante dentro do perímetro

referido no “caput” do art. 1º, fica reservado para os portadores de deficiência visual um percentual de 20% (vinte por cento)

do total de vagas daqueles novos espaços.

Art. 4º No processo de seleção para o exercício do comércio ambulante de que trata esta Lei, será considerada a condição

sócio-econômica do postulante, dando-se preferência aos mais carentes, em conformidade com os critérios a serem

estabelecidos no decreto regulamentador desta Lei.

Art. 5º Aplicam-se, no que couberem, os dispositivos da Lei nº 3.187, de 24 de outubro de 1968, regulamentada pelo Decreto

nº 4.278, de 31 de dezembro de 1970, alterada pela Lei nº 8.134, de 12 de janeiro de 1998, regulamentada pelo Decreto nº

12.327, de 5 de maio de 1999, e Lei nº 8.447, de 30 de dezembro de 1999.

Parágrafo único. Excetua-se do disposto no “caput” deste artigo, o § 3º do art. 15 da Lei nº 3.187, de 1968, incluído pelo art.

9º da Lei nº 8.447, de 1999, que não se aplica aos ambulantes portadores de deficiência visual.

Art. 6º O Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias.

Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Revogam-se as Leis nºs 4.255, de 30 de dezembro de 1976, e 5.935, de 22 de julho de 1987, bem como o art. 13 da

Lei nº 8.447, de 1999, que alterou dispositivos da Lei nº 3.187, de 1968.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, de dezembro de 2000.

LEI Nº 8447

Altera disposit ivos da Lei nº 3187, de 24 de outubro de 1968, que estabelece normas para a

exploração do Comércio Ambulante, e alterações posteriores, e dá outras providências.

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE.

Faço saber que a Câmara Munic ipa l aprovou e eu sanc iono a seguinte Le i :

Ar t . 1º - F ica a l terado o §1º do ar t . 1º da Le i nº 3187, de 24 de outubro de 1968, que passa a v igorar

com a seguinte redação:

“Art . 1º - . . .

§1º - Cons idera-se Comérc io Ambulante , para e fe i tos desta Le i , a at iv idade lucrat iva de caráter

eventua l ou t rans i tór io , que se exerça de manei ra i t inerante , nas v ias e logradouros púb l icos .

. . . "

Ar t . 2º - F ica acrescentado o §3º ao ar t . 1º da Le i nº 3187/68, com a seguinte redação:

"Art . 1º -

. . . . . .

§3º - Nas condições menc ionadas no §1º , inc luem-se os Camelôs , que se ded icam ao comérc io de

produtos d iversos não-perec íve is

”Art . 3º - F ica acrescentado o §5º ao ar t . 5º da Le i nº 3187/68, com a seguinte redação:

“Art . 5º - . . .

. . .

§5º - As mercador ias não-perec íve is , quando não rec lamadas dentro de 30 ( t r in ta) d ias , serão doadas

ao órgão de ass is tênc ia soc ia l do Munic íp io , mediante rec ibo comprobatór io , que f icará à d ispos ição

do interessado, cance lando-se por este ato , a mul ta ap l icada.”

Art . 4º - F ica a l terada a redação do inc iso V I e acrescentado o inc iso X IV ao ar t . 7º da Le i nº

3187/68:

37

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“Art . 7º - . . .

2

. . .

V I – vender ou ter em depós i to no equ ipamento mercador ias que não pertençam ao ramo autor izado;

. . .

X IV – v io lar o lacre co locado no equ ipamento em função da v is tor ia .”

Art . 5º - F ica a l terada a redação do inc iso V do ar t . 11 e acrescentados os inc isos de V I a XV ao ar t .

11 da Le i nº 3187/68:

“Art . 11 - . . .

. . .

V – venda de c igarros ;

V I - medicamentos ;

V I I - ócu los de grau;

V I I I - ins t rumentos de prec isão;

IX - produtos in f lamáveis ;

X - facas e can ivetes ;

X I - rép l icas de arma de fogo em tamanho natura l ;

X I I - te le fones ce lu lares ;

X I I I - va les t ransportes e passagens de t ransporte co let ivo ;

X IV – ar t igos p i rotécn icos ;

XV – car tões te le fôn icos .”

Art . 6º - F ica acrescentado o inc iso V I ao ar t . 12 da Le i nº 3187/68:

“Art . 12 - . . .

. . .

V I – Camelôs .”

Art . 7º - F icam acrescentados os §§ 5º e 6º ao ar t . 12 da Le i nº 3187/68, como segue:

"Art . 12 - . . .

§5º - O d isposto no §1º não se ap l ica aos camelôs , regu larmente cadastrados pe la SMIC, desde que

este jam loca l i zados na área def in ida no Anexo I da presente Le i .

§6º - Os camelôs regu larmente cadastrados pe la SMIC que desenvo lvem suas at iv idades na Rua

V igár io José Inác io , no t recho compreendido entre as Ruas dos Andradas e Otáv io Rocha, serão

progress ivamente t ransfer idos para a área de que t rata o Anexo I desta Le i , na medida em que se

forem ext ingu indo as l i cenças para aquela área .”

3

Art . 8º - O "caput" do ar t . 15 da Le i nº 3187/68, passa a v igorar com a seguinte redação:

"Art . 15 - À medida que se forem ext ingu indo, por qua lquer mot ivo , as l i cenças dentro do per ímetro

de que t rata o §1º do ar t . 12 desta Le i , o Execut ivo organ izará processo se let ivo para ocupação das

vagas ex is tentes , observada a conveniênc ia púb l ica .”

Art . 9º - F icam acrescentados os §§ 1º , 2º , 3º , 4º e 5º ao ar t . 15 da Le i nº 3187/68:

"Art . 15 - . . .

. . .

§1º - Somente poderão candidatar -se no processo se let ivo , pessoas desempregadas há mais de um

ano, que tenham dependentes e não possuam fonte de renda f ixa .

§2º - Caso o número de candidatos se ja super ior às vagas ex is tentes , será proced ido sor te io púb l ico

pr imei ramente entre os candidatos res identes em Porto A legre; remanescendo vagas , será proced ido

sor te io un iversa l .

§3º - O l i cenc iamento para a área def in ida no §1º do ar t . 12 da Le i n o 3187/68, será concedido por 1

(um) ano, renováve l por igua is e sucess ivos per íodos até o l imi te de 5 (c inco) anos .

§4º - O d isposto neste ar t igo não se ap l ica aos camelôs regu larmente cadastrados pe la SMIC, que,

em caso de morte ou inva l idez do t i tu lar , poderão t ransfer i r a l i cença.

§ 5º - A t ransferênc ia de que t rata o § 4º deste ar t igo somente poderá ser fe i ta uma ún ica vez ao

côn juge/companhei ro ou descendente , desde que estes este jam comprovadamente desempregados há

mais de um ano."

Ar t . 10 - F ica a l terada a redação do inc . I do ar t . 19 da Le i nº 3187/68, que passa a v igorar com a

seguinte redação:

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“Art . 19 - . . .

I - por escr i to , quando se t ratar de ambulante regu larmente l i cenc iado, na pr imei ra in f ração, desde

que a mesma não se ja cons iderada grave.

. . . "

Ar t . 11 - F ica supr imido o inc . I I do ar t . 19 da Le i nº 3187/68.

Art . 12 - F ica a l terada a redação do "caput" do ar t . 20 e dos §§ 1º , 2º , 3º , 4º e 5º do mesmo ar t igo

da Le i nº 3187/68, que passa a v igorar com a seguinte redação:

4

“Art . 20 - As pena l idades por in f ração aos d ispos i t ivos desta Le i serão graduadas de acordo com as

re inc idênc ias de um mesmo in f rator .

§1º - Mul ta in ic ia l de 50 UF IRs (c inqüenta Un idades F isca is de Referênc ia) ;

§2º - Em caso de re inc idênc ia da in f ração, a mul ta será ap l icada em dobro .

§3º - Na terce i ra in f ração será ap l icada a pena de suspensão da at iv idade por 7 (sete) d ias .

§4º - Na quarta in f ração, será cassada a l i cença.

§5º - Para e fe i to de re inc idênc ia serão cons ideradas as in f rações comet idas no per íodo de 2 (do is )

anos ."

Art . 13 - F icam mant idas as l i cenças reservadas pe la Le i nº 4255, de 30 de dezembro de 1976,

regu lamentada pe lo Decreto nº 5903, de 04 de maio de 1977, a l terada pe la Le i nº 5935, de 22 de

ju lho de 1987, às qua is não se ap l icam as d ispos ições dos §§ 3º , 4º e 5º do ar t . 9º desta Le i .

Art . 14 - Esta Le i entra em v igor na data de sua publ icação.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 30 de dezembro de 1999.

ANEXO VIII - EXEMPLO DE LEGISLAÇÃO SOBRE CASSAÇÃO DE INSCRIÇÃO NO ICMS

LEI Nº 12.279, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2006

(Projeto de Lei nº 258/2005, do Deputado Orlando Morando – PL)

Dispõe sobre a cassação da eficácia da inscrição, no cadastro dos contribuintes do Imposto sobre Operações

Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação – ICMS

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º - Será cassada a eficácia da inscrição, no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação –

ICMS, do estabelecimento comercial que comercializar, adquirir, estocar ou expuser produtos falsificados ou contrabandeados.

Artigo 2º - A não conformidade tratada no artigo anterior será apurada na forma estabelecida pela Secretaria da Fazenda e

comprovada por laudo pericial, elaborado por órgão e/ou entidades capacitadas, credenciadas ou conveniadas com o Governo

do Estado de São Paulo.

Artigo 3º - A falta de regularidade da inscrição, no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação –

ICMS, inabilita o estabelecimento à prática de operações relativas à circulação de mercadorias e de prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

Artigo 4º - A cassação da eficácia da inscrição no cadastro de contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação

de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS,

prevista no artigo 1º, implicará aos sócios, pessoas físicas ou jurídicas, em conjunto ou separadamente, do estabelecimento

penalizado:

I - o impedimento de exercerem o mesmo ramo de atividade, mesmo que em estabelecimento distinto daquele;

II - a proibição de entrarem com pedido de inscrição de nova empresa no mesmo ramo de atividade.

Parágrafo único – As restrições previstas nos incisos prevalecerão pelo prazo de 5 (cinco) dias, contados da data de cassação.

Artigo 5º - O Poder Executivo divulgará, através do Diário Oficial do Estado, a relação dos estabelecimentos comerciais

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penalizados com base no disposto nesta lei, fazendo constar os respectivos CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas,

nome completo dos sócios e endereços de funcionamento.

Artigo 6º - As disposições desta lei aplicar-se-ão, indistintamente, ao comércio, indústria, importador, exportador e armazéns

de estocagem.

Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, 21 de fevereiro de 2006

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