anÁlise da cadeia interna de valor

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS SANDRIELEM DA SILVA RODRIGUES ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR: estudo em uma empresa que industrializa e comercializa portas SINOP 2010

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Page 1: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

SANDRIELEM DA SILVA RODRIGUES

ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR: estudo em uma empresa que

industrializa e comercializa portas

SINOP

2010

Page 2: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

SANDRIELEM DA SILVA RODRIGUES

ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR: estudo em uma empresa que

industrializa e comercializa portas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca

examinadora do curso de Ciências Contábeis da

Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT

– Campus Universitário de Sinop, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Contábeis.

Orientador: Profº. Me. Geovane Paulo Sornberger

SINOP

2010

Page 3: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR: estudo em uma empresa que

industrializa e comercializa portas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Departamento de

Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus

Universitário de Sinop, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Contábeis.

Aprovado (a) em ___ de _________ de 20___. Nota: _______

_______________________________

Sandrielem da Silva Rodrigues

Acadêmica do Curso de Ciências Contábeis

________________________________

Profº. Me. Geovane Paulo Sornberger

Orientador

Departamento de Ciências Contábeis

________________________________

Profº. Esp. Vandersézar Casturino

Avaliador

Departamento de Ciências Contábeis

________________________________

Profª. Ma. Valdiva Rossato de Souza

Avaliadora

Departamento de Ciências Contábeis

________________________________

Profª. Esp. Fernanda Mosseline Josende Coan

Chefe do Departamento de Ciências Contábeis

Campus Universitário de Sinop

SINOP

2010

Page 4: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

DEDICATÓRIA

Ao meu pai Valdemar Rodrigues, à

minha mãe Sandra Apª da Silva Rodrigues e

à minha irmã Priscielem da Silva Rodrigues

pela compreensão, apoio e carinho durante

toda minha vida. Ao meu namorado

Thalyson Renan pelo incentivo e

colaboração nos momentos decisivos.

Page 5: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

“Nada dura, exceto a mudança”

Heráclito, filósofo grego

“As águas não eram estas, há um ano, há um mês, há um dia...”.

Cecília Meireles

Page 6: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo mensurar e analisar a cadeia interna de valor, como

forma de evidenciar a contribuição de cada atividade, na formação do resultado econômico

de uma empresa que atua na produção de portas no município de Sinop. Entende-se que tal

objetivo é importante por contribuir com informações relevantes para a gestão de empresas

com características semelhantes à empresa pesquisada, bem como para o meio acadêmico

que passará a contar com um trabalho voltado a promoção de informações estratégicas e

operacionais. Para isso, foi necessária a mensuração econômica de uma cadeia de valor em

suas atividades de valor, identificando assim a contribuição de cada atividade da cadeia

interna de valor na formação do resultado da organização, sendo possível desta forma uma

visão mais ampla do negócio. Quanto à metodologia utilizou-se uma pesquisa exploratória

realizada com base num estudo de caso em uma indústria que beneficia madeira, a qual

possui atividades desde a compra de matéria-prima até a entrega do produto ao cliente. Com

o uso de algumas técnicas e métodos da gestão estratégica de custos como o método de

Custeio Variável, o Preço de Transferência (Preço de Mercado) e o Custo de Oportunidade,

foi possível uma análise gerencial baseada no modelo desenvolvido por Bleil (2007). Como

resultado, constatou-se que a mensuração da cadeia de valor da qual faz parte a empresa

permite obter informações capazes de oferecer um melhor subsídio ao processo de tomada

de decisões, dentre as quais se destacam a análise e a escolha entre produzir ou terceirizar.

Palavras-Chave: Gestão Estratégica de Custos; Cadeia de Valor; Cadeia Interna de Valor;

Vantagens Competitivas.

Page 7: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Custos com mão-de-obra por atividade de valor .............................................. 44

QUADRO 2 - Valor mensal de EPI para a atividade de preparo da madeira .......................... 46

QUADRO 3 - Valor mensal de EPI para atividade de preparo das lâminas ........................... 46

QUADRO 4 - Valor mensal de EPI para a atividade de preparo da cola ................................ 46

QUADRO 5 - Valor mensal de EPI para a etapa de montagem da porta ................................ 46

QUADRO 6 - Valor mensal de EPI para a etapa de acabamento ............................................ 47

QUADRO 7 - Apresentação dos custos referentes a manutenção, que será utilizada no

calculo da depreciação dos meses de fevereiro e março ................................ 48

QUADRO 8 - Formação do custo da cola ............................................................................... 50

QUADRO 9 - Custo com materiais secundários para cada atividade de valor ....................... 51

QUADRO 10 - Conversão potência (CV) em consumo (kWh/mês) ....................................... 53

QUADRO 11 - Mensuração do custo com energia elétrica por etapa de produção ................ 54

QUADRO 12 - Demonstrativo do resultado sob a ótica das atividades de valor .................... 63

Page 8: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Distribuição dos custos com mão-de-obra a cada atividade de valor ................ 45

TABELA 2 - Distribuição dos custos com EPI’s a cada atividade de valor ........................... 47

TABELA 3 - Distribuição dos custos com depreciação a cada atividade de valor ................. 49

TABELA 4 - Distribuição dos custos com matérias-prima a cada atividade de valor ............ 51

TABELA 5 - Distribuição dos custos com materiais secundários a cada atividade de valor .. 52

TABELA 6 - Distribuição dos custos com energia elétrica a cada atividade de valor ............ 54

TABELA 7 - Mensuração da atividade de preparação da madeira ......................................... 56

TABELA 8 - Mensuração da atividade de preparação das lâminas ........................................ 58

TABELA 9 - Mensuração da atividade de preparo da cola ..................................................... 59

TABELA 10 - Mensuração da atividade de montagem da porta ............................................. 61

TABELA 11 - Mensuração da atividade de acabamento......................................................... 62

Page 9: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 12

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 12

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................................... 13

1.4 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................................. 14

1.4.1 Classificação da Pesquisa .............................................................................................. 14

1.4.2 Unidade de Análise ........................................................................................................ 15

1.4.3 Coleta de Dados ............................................................................................................. 16

1.4.4 Tratamento e Análise dos Dados .................................................................................. 16

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 19

2.1 A CADEIA DE VALOR .................................................................................................... 19

2.1.1 Atividades de Valor ....................................................................................................... 21

2.1.2 Elos da Cadeia de Valor ................................................................................................ 22

2.1.2.1 Elos externos e cadeia externa de valor ........................................................................ 23

2.1.2.2 Elos internos e cadeia interna de valor ......................................................................... 25

2.1.3 Cadeia de Valor e o Processo Operacional .................................................................. 25

2.2 A CONTABILIDADE DE CUSTOS ................................................................................. 26

2.2.1 Terminologia de Custos ................................................................................................ 27

2.2.2 Classificação dos custos ................................................................................................. 29

2.2.3 Contabilidade de Custos como Ferramenta Gerencial .............................................. 30

2.2.4 Métodos de Custeio ........................................................................................................ 30

2.2.5 Preço de Transferência ................................................................................................. 33

2.2.6 Custo de Oportunidade ................................................................................................. 35

3 DESENVOLVIMENTO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .......................... 36

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................................................. 36

3.2 DECOMPOSIÇÃO DA CADEIA INTERNA DE VALOR .............................................. 37

3.2.1 Atividade de preparo da madeira ................................................................................ 38

3.2.2 Atividade de preparo das lâminas ................................................................................ 39

Page 10: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

3.2.3 Atividade de preparo da cola ........................................................................................ 39

3.2.4 Atividade de montagem da porta .............................................................................. 39

3.2.5 Atividade de acabamento .............................................................................................. 40

3.3 COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DAS ATIVIDADES DE VALOR ................................. 41

3.3.1 Apresentação dos Custos Fixos .................................................................................... 42

3.3.1.1 Mão de Obra - MO ....................................................................................................... 42

3.3.1.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ............................................................. 45

3.3.1.3 Depreciação .................................................................................................................. 47

3.3.2 Apresentação dos Custos Variáveis ............................................................................. 49

3.3.2.1 Matéria Prima ............................................................................................................... 49

3.3.2.2 Materiais Secundários................................................................................................... 51

3.3.2.3 Energia Elétrica ............................................................................................................ 52

3.4 APLICAÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VALOR .. 55

3.4.1 Atividade de preparo da madeira ................................................................................ 55

3.4.2 Atividade de preparo das lâminas ................................................................................ 57

3.4.3 Atividade de preparo da cola ........................................................................................ 58

3.4.4 Atividade de montagem da porta ................................................................................. 60

3.4.5 Atividade de acabamento .............................................................................................. 61

3.4.6 Demonstrativo comparativo de custos ......................................................................... 63

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67

ANEXO A - PARTILHA DO SIMPLES NACIONAL – INDÚSTRIA ............................. 70

Page 11: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

11

1 INTRODUÇÃO

A competitividade em um ambiente empresarial que está continuamente se

modificando nos remete a busca pela continuidade da empresa e a necessidade de informações

que auxiliem, de forma consistente, o processo decisório. Neste sentido é muito importante

que o administrador tenha ao seu alcance ferramentas gerenciais que possibilitem o auxílio à

tomada de decisão, por ser este um dos principais determinantes da competitividade de

qualquer empresa.

É comum as empresas não disporem de sistemas que possibilitem esse auxílio e que

também não busquem este tipo de informação junto à contabilidade, pelo fato de crerem que

esta se presta somente a informações fiscais.

A empresa na qual se desenvolveu o estudo de caso trata-se de uma indústria de

pequeno porte, mas com potencial de crescimento, assim, precisa lidar com informações que

auxiliem nesse desenvolvimento de forma organizada e consistente. Neste contexto, conhecer

o processo produtivo, bem como os fatores internos e externos que afetam seu valor, confere

vantagens ao gestor.

No que diz respeito à cadeia produtiva dessa indústria, ela compreende ao setor

madeireiro - que é atualmente uma das principais bases econômicas do Mato Grosso,

reunindo várias atividades que envolvem a produção, a colheita e a transformação dos

produtos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Mecanicamente

Processada - ABIMCI (2008), esse segmento apresenta um bom desempenho, mesmo com a

ocorrência de fatores que afetam sua competitividade, tais como: variação cambial, redução

da demanda de madeira em países como Estados Unidos - destino da maior parte da madeira

exportada, aumento nos custos de produção - reflexo de elevações nos preços da matéria-

prima (madeira), insumos e serviços (resinas e fretes), mão de obra, entre outros. O setor

também tem buscado novas soluções como diversificação do mercado, produtos

diferenciados, aumento no nível de produtividade, melhoria da eficiência (floresta – indústria

- mercado).

Neste contexto, sendo a competitividade desse setor cada vez mais intensa, as

empresas madeireiras tais como quaisquer outras, necessitam de ferramentas que possam

auxiliá-las na obtenção de resultados e a lidar com uma série de desafios, que limitam sua

competitividade. Nesse sentido um estudo que permita conhecer o ambiente interno e externo

da organização, possibilitando uma melhor visualização de sua posição no mercado, torna-se

Page 12: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

12

uma poderosa ferramenta de apoio gerencial. Espera-se que esse estudo proporcione

informações importantes, que contribuam para o gerenciamento de suas atividades

operacionais.

1.1 IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Para atuar nesse mercado cada vez mais competitivo, as organizações precisam ser

eficientes e eficazes em todas as esferas de gestão, e, para tanto dependem de informações

confiáveis e relevantes para que suas escolhas sejam as melhores.

Diante disso, mensurar e analisar a cadeia interna de valor traz a possibilidade de uma

melhor compreensão do ambiente no qual está inserida a organização, de forma a possibilitar

ao gestor uma visão mais ampla de seu negócio, bem como das empresas envolvidas na

cadeia de valor de seu segmento, e ainda, permite a comparação do seu negócio com o de seus

concorrentes.

Partindo-se desse pressuposto, o problema desse estudo consiste na seguinte questão:

como evidenciar a contribuição de cada atividade da cadeia interna de valor na formação do

resultado de uma empresa que atua na fabricação de portas?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Mensurar a cadeia interna de valor, como forma de evidenciar a contribuição de cada

atividade, na formação do resultado econômico de uma empresa que atua na produção de

portas no município de Sinop.

Page 13: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

13

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar e descrever a cadeia interna de valor da empresa em suas atividades

relevantes;

b) Aplicar o método de custeio variável em cada atividade da cadeia interna de valor;

c) Identificar os preços de mercado dos serviços de cada atividade da cadeia;

d) Mensurar o resultado econômico individual das atividades da cadeia interna de

valor da empresa.

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A importância de se mensurar e analisar a cadeia de valor justifica-se pelo

entendimento de que este tipo de análise possibilita aos gestores uma melhor compreensão do

ambiente interno e externo da organização, subentendendo-se que um gestor necessita dessas

informações para tomada de decisões, bem como para comparar o seu desempenho com o de

seus concorrentes.

A realização desse estudo poderá contribuir com informações relevantes para a gestão

das empresas desse setor, pois são poucos os estudos empíricos que tratam da mensuração e

evidenciação dessa cadeia de valor. Desta forma configura-se a importância da promoção de

informações estratégicas e operacionais que possam contribuir com os gestores de empresas

do segmento econômico estudado, assim como para o meio acadêmico.

Justifica-se ainda pelo fato de que a empresa em questão utilizar-se de um número

reduzido de ferramentas gerenciais e do fato de quando utilizá-las, essas, pouco contribuírem

na tomada de decisão. Nesse sentido as atividades relevantes que formam sua cadeia interna

de valor, bem como a contribuição dessas em seu resultado econômico é desconhecido pelos

gestores.

Desta forma, a análise da organização como um conjunto de atividades de relevância

estratégica pode permitir a avaliação e a evidenciação de alternativas capazes de melhorar os

resultados da empresa a fim de obter vantagens competitivas, sendo ainda possível a

visualização de fontes e potenciais de diferenciação existentes no mercado.

Page 14: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

14

1.4 MÉTODO DE PESQUISA

Na realização de uma pesquisa seu proponente precisa utilizar-se de um método ou

vários métodos que possibilitem alcançar o resultado pretendido, diante disto segundo Silva

(2001) pode-se definir método como etapas dispostas ordenadamente para investigação da

verdade, no estudo de uma ciência para atingir determinada finalidade, ou seja, a ordem na

qual irão se realizar os diferentes processos, na intenção de se atingir um objetivo já

determinado.

Neste estudo, utilizou-se o método indutivo que segundo Silva (2001) é caracterizado

por partir de registros menos gerais para enunciados mais gerais. Logo, da observação de

alguns fatos se obtêm conclusões gerais. O método indutivo é realizado por meio de algumas

fases sendo essas a observação do fenômeno, a fim de descobrir suas causas; relacionar os

fenômenos através de comparações e encontrar neles semelhanças, muitas ainda não

observadas.

A pesquisa foi realizada em duas etapas: bibliográfica, que compreende as fontes

secundárias provenientes de livros, artigos e rede mundial de computadores (internet) e estudo

de caso, sendo essa última pautada na análise em especial da cadeia interna de valor de uma

empresa que atua na produção de portas.

1.4.1 Classificação da Pesquisa

Para a realização de uma pesquisa inicialmente torna-se necessário conhecer seu

conceito ou definição. Dessa forma, Gil (2002), define pesquisa como sendo “[...] o

procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos

problemas que são propostos”.

Segundo o mesmo autor, qualquer classificação da pesquisa deve ser feita com base

em algum critério, e essa por sua vez, deve ser classificada por meio da sua natureza, da

abordagem do problema, e, dos seus objetivos e dos procedimentos técnicos a serem

utilizados.

Quanto à natureza, este estudo é tido como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar

conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Os

Page 15: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

15

resultados obtidos nesta pesquisa podem contribuir e atender às expectativas dos gestores das

empresas do segmento madeireiro que operam no beneficiamento da madeira na região, com

informações estratégicas e operacionais ao longo da cadeia de valor de seus produtos.

No que se refere à abordagem do problema, a pesquisa é tratada como qualitativa, uma

vez que o pesquisador tende a analisar os dados indutivamente; o processo e seu significado

são os focos principais de abordagem, que busca a compreensão do modo como as atividades

da cadeia interna de valor podem ser mensuradas.

Quanto aos objetivos, a referida pesquisa classifica-se como exploratória, que na

concepção de Gil (2002), é uma pesquisa cujo objetivo é proporcionar maior familiaridade

com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Seu

planejamento é bastante flexível, possibilitando a consideração dos mais variados aspectos

relativo ao fato estudado, assumindo na maioria dos casos a forma de pesquisa bibliográfica

ou estudo de caso.

De acordo com Gil (2002, p. 43), “[...] para analisar os fatos do ponto de vista

empírico, para confrontar a visão teórica com os dados da realidade, torna-se necessário traçar

um modelo conceitual e operativo da pesquisa”. Segundo o autor, tal modelo pode ser

definido como delineamento, que é caracterizado pela forma como são coletados os dados da

pesquisa.

Desta forma será utilizado como procedimento o estudo de caso, que, de acordo com

Gil (2002, p. 54), conceitua-se como “uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas

ciências biomédicas e sociais. Sendo o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,

de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Nesta pesquisa, busca-se

mensurar a cadeia interna de valor de uma empresa que atua na produção de portas no

município de Sinop.

1.4.2 Unidade de Análise

Para a realização de um estudo de caso, torna-se necessária a escolha ou definição da

unidade-caso para, então, realizar a coleta, avaliação e análise dos dados e preparar os

respectivos relatórios (GIL, 2002).

Como unidade-caso da presente pesquisa foi definida uma empresa que possui as

características necessárias para o desenvolvimento do trabalho, ou seja, atua com a atividade

Page 16: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

16

de processamento da madeira e necessita da análise de sua cadeia interna de valores, como

forma de obtenção de informações relevantes à tomada de decisão.

A empresa em questão opera com três setores distintos: um referente à administração,

esse setor engloba a tomada de decisões, controla compras, vendas, quantidade produzida,

gastos incorridos durante o período, alguns controles básicos são realizados nesse setor. Outro

setor refere-se a recursos humanos, dividindo espaço físico com a administração, esse setor é

responsável pelo que se refere a pagamento de funcionários, contratações, demissões, além de

coordenar e controlar tudo que diz respeito aos funcionários; e finalmente o setor de produção

que opera com 11 funcionários, responsáveis por todo o processo produtivo das portas. Neste

trabalho abordar-se-á o setor responsável pela produção de portas, sendo esse descriminado

em etapas produtivas, que representam as atividades de valor da empresa.

1.4.3 Coleta de Dados

Os dados necessários para o desenvolvimento deste estudo foram coletados por meio

de verificação in loco, entrevistas com os responsáveis por todas as atividades de valor,

observação direta, acompanhamento do processo produtivo e análise documental.

Quanto à análise documental, essa tratará dos relatórios já existentes, como as

demonstrações contábeis e outros relatórios complementares referentes aos gastos incorridos,

estes disponibilizados pelos administradores.

O estudo focou a compreensão das atividades que envolvem o processo de fabricação

das portas, buscando entender como essas se desenvolvem. Esta fase da pesquisa foi realizada

por meio de observação direta. Com relação às entrevistas, essas foram realizadas de forma

presencial, com anotações das informações prévias fornecidas pelo administrador da empresa.

1.4.4 Tratamento e Análise dos Dados

Os dados coletados foram tabulados e analisados em planilhas, quadros e tabelas, com

utilização da metodologia de custeio variável; escolha essa, ocorrida em função do alto grau

de representatividade dos custos variáveis envolvidos nas operações de cada atividade de

Page 17: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

17

valor e ainda em favor do custo-benefício de se adotar outras metodologias de custeio - a

exemplo do custeio ABC – presente na maior parte da literatura, quando se trata de analise da

cadeia de valor, pois a adoção dessa metodologia necessitaria de um maior dispêndio

financeiro com pessoal qualificado e aquisição de sistema apropriado. Também foram

utilizadas ferramentas como preço de transferência (preço de mercado) e análise do custo de

oportunidade, permitindo a confecção de um relatório capaz de evidenciar quanto cada

atividade da cadeia interna de valor está contribuindo para a formação do resultado

econômico da empresa, gerando assim, informações estratégicas e operacionais, que resultem

na criação de vantagens competitivas.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho está organizado em quatro capítulos assim distribuídos:

a) Capítulo 1:

Esse capítulo compreende a introdução, descrição dos objetivos, relevância do

estudo, método de pesquisa e sua classificação. Apresenta a unidade de análise, a

forma de coleta dos dados e a forma como esse dados foram tratados e analisados.

b) Capítulo 2:

Neste capítulo consta o referencial teórico que aborda inicialmente o conceito de

cadeia de valor, atividade de valor, os elos internos e cadeia interna de valor, os

elos externos e cadeia externa de valor e a relação de cadeia de valor com o

processo operacional. Em seguida trata brevemente de contabilidade de custos,

terminologia de custos, a contabilidade de custos como ferramenta gerencial,

alguns métodos de custeio, em especial o método de custeio variável, utilizado

neste estudo para mensurar a cadeia de valor e por fim algumas ferramentas

gerenciais também utilizadas neste estudo, sendo essas, preço de transferência e

custo de oportunidade.

c) Capítulo 3:

Refere-se à análise dos dados. Contempla a análise de todas as informações

coletadas neste estudo de caso. Neste capítulo são analisadas as características da

empresa e é feita a descrição da cadeia interna de valor de suas atividades, bem

como, a separação dos custos pertinentes as atividade de valor, em custos fixo e

Page 18: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

18

custos variáveis; separação essa fundamental para a utilização do modelo de

análise que será aplicado com a utilização do método de custeio variável, preço de

transferência e custo de oportunidade. Sendo possível desta forma, analisar a

contribuição de cada atividade de valor no processo operacional da empresa.

d) Capítulo 4:

Contempla as considerações finais dessa pesquisa.

Ao final estão relacionadas todas as obras consultadas durante a realização da

pesquisa.

Page 19: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresenta-se a fundamentação teórica do estudo, tratando inicialmente

de conceituar cadeia de valor, atividade de valor, elos internos e cadeia interna de valor e elos

externos e cadeia externa de valor, bem como, a relação de cadeia de valor com o processo

operacional. Em seguida aborda brevemente contabilidade de custos, terminologia a ela

empregada e seu papel como ferramenta gerencial. Identifica ainda, alguns métodos de

custeio, com destaque ao método de custeio variável - que será aplicado no estudo empírico.

Por fim, trata de descrever ferramentas como: preço de transferência e custo de oportunidade.

2.1 A CADEIA DE VALOR

Segundo Oliveira; Perez Junior; Silva (2002, p. 100), “a cadeia de valor é o conjunto

de atividades criadoras de valor, desde a fonte de suprimentos de matérias-primas básicas,

passando por fornecedores de componentes, até o produto final, entregue aos clientes.”

Porém de acordo com Rocha e Borinelli (2007), esse conceito deve ser ampliado, pois

ao dizer que a cadeia inicia com a origem de matérias-primas básicas o conceito é restringido,

considerando apenas a indústria de manufatura e deixando de fora a de serviços. Desta forma,

para uma definição correta deve-se contemplar a idéia de origem de recursos, bem como

entender que ao dizer que a cadeia finaliza na entrega do produto final ao cliente, deixamos de

fora as atividades que devem ser realizadas após a venda. As empresas atuantes na cadeia

podem ter vendido o produto ou prestado o serviço, e recebido por ele, mas podem continuar

realizando atividades que agreguem valor durante toda a vida útil do produto.

Sendo assim, segundo Rocha e Borinelli (2007), ao conceituar cadeia de valor

devemos estender o conceito desde a origem primeira de recurso até o último consumidor,

pois muitas vezes os bens são passados adiante após seu ciclo de vida útil econômico, nas

mãos de cada usuário, reciclador, etc., antes de serem destruídos.

Desta forma Rocha e Borinelli (2007, p. 149), definem cadeia de valor como “uma

seqüência de atividades que se inicia com a origem de recursos e vai até o descarte do produto

pelo último consumidor final”.

Page 20: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

20

A cadeia de valor então pode ser considerada como um processo de geração de valor,

que, dos insumos básicos ao descarte do produto entregue ao último consumidor final,

permitirá a integração entre clientes e fornecedores, podendo seu conceito estar atrelado a

toda cadeia de suprimentos, como também as operações de uma única empresa.

A contabilidade gerencial das empresas geralmente adota um enfoque que é, em

grande parte, interno à empresa: suas compras, seus processos de produção e comercialização,

suas funções, seus produtos e seus consumidores. Para Padoveze (2004), a base sobre a qual

se fundamenta o processo de criação de valor empresarial é a produção e venda dos produtos

e serviços da empresa, pois cada produto ou serviço carrega consigo um valor agregado,

sendo essa a diferença entre o preço de venda obtido no mercado, menos o preço de compra

dos insumos e serviços adquiridos de terceiros, também no mercado.

Porém, o conceito de cadeia de valor difere fundamentalmente do conceito de valor

agregado, pois inicia, por exemplo, a análise de custos a partir dos processos de compras

deixando de fora todas as possíveis oportunidades para aprimoramento das rotinas e redução

dos custos com uma melhor integração com os fornecedores e finaliza com o processo de

vendas, deixando fora todas as oportunidades para uma melhor exploração do relacionamento

com os clientes (OLIVEIRA; PEREZ JUNIOR; SILVA, 2002).

De acordo com Shank e Govindarajan (1997, p. 68) “além de começar muito tarde, a

análise de valor agregado tem outro defeito: para muito cedo. Parar a análise de custos nas

vendas descarta todas as oportunidades de explorar as ligações com os clientes da empresa”.

De forma análoga Oliveira; Perez Junior; Silva (2002, p. 100), sustentam a opinião de

que:

A estrutura da cadeia de valor é um método para se dividir a cadeia, desde as

matérias-primas básicas até os consumidores finais, em atividades estratégicas

relevantes, com o principal objetivo de se compreender o comportamento dos custos

e as fontes de diferenciação.

Para Hachimoto (2009, p. 39), “cada organização possui, em sua cadeia de valor

diferenciações perante seus concorrentes, sendo a otimização desta cadeia a ação que

promove a obtenção de vantagens competitivas frente aos demais”.

Bleil (2007) afirma que a cadeia de valor é um instrumento para criar e desenvolver

vantagem competitiva, pois sob essa ótica a empresa passa a analisar e diagnosticar toda sua

estrutura, seus elos e suas atividades de valor, conseguindo assim uma visão completa de todo

o negócio.

Page 21: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

21

Conhecer a cadeia de valor na qual a organização se insere possibilita ao gestor uma

gama de informações úteis e relevantes, que permitem a formação de uma estratégia

competitiva baseada não somente em seus aspectos internos, mas também nos externos de

uma forma global, e justifica ainda a importância estratégica que contemplem dados e

informações sobre os principais elos da cadeia.

2.1.1 Atividades de Valor

Para Bleil (2007, p. 35) “toda atividade de valor de uma empresa é composta por

recursos humanos, tecnológicos, financeiros e de informação”, porém muito, além disso, “[...]

A cadeia de valor deve ser entendida como um sistema maior, que inclui a cadeia de valor dos

fornecedores e dos clientes”.

Assim, de acordo com Hansen e Mowen (2001, p. 424), “desdobrar a cadeia de valor

em suas atividades estrategicamente relevantes é básico para a implementação bem-sucedida,

de estratégias de liderança em custos e de diferenciação”.

Porter (1990) definiu que as atividades que envolvem a Cadeia de Valor podem

dividir-se em “primárias” e de “apoio”. As atividades primárias contemplam cinco categorias

genéricas, as quais se subdividem em uma série de atividades distintas, que dependem do

segmento e da estratégia da empresa:

a) Logística interna: atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem,

manuseio interno e devolução a fornecedores dos insumos empregados na

produção;

b) Operações: atividades associadas à transformação dos insumos no produto ou

serviço final;

c) Logística externa: atividades relacionadas à coleta, armazenamento dos produtos

acabados bem como distribuição para compradores;

d) Marketing e vendas: atividades associadas a oferecer um meio pelo qual os

consumidores possam comprar o produto/serviço;

e) Serviço: atividades associadas ao fornecimento de serviço para intensificar ou

manter o valor do produto.

Page 22: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

22

Segundo o mesmo autor, as atividades de apoio, assim como as atividades primárias,

também podem ser divididas em uma série de atividades de valor distintas, específicas a um

segmento, porém elas são classificadas de forma genérica em quatro categorias:

a) Aquisição: refere-se à função de compra de insumos empregados na cadeia de

valor da empresa, e não aos próprios insumos adquiridos. Embora os insumos

adquiridos (matérias-primas, suprimentos, máquinas, equipamento de laboratório e

escritório) estejam associados às atividades primárias, eles estão presentes em cada

atividade de valor, inclusive nas atividades de apoio;

b) Desenvolvimento de tecnologia: consiste em várias atividades que podem ser

agrupadas em esforços para aperfeiçoar o produto e o processo. Engloba diversas

formas, desde a pesquisa básica e o projeto do produto, até pesquisa de mídia,

projeto de equipamento de processo e procedimentos de atendimento;

c) Gerência de recursos humanos: contempla as atividades envolvidas no

recrutamento, na contratação, no treinamento, no desenvolvimento e na

compensação de todos os tipos de pessoal;

d) Infra-estrutura: representa uma série de atividades, incluindo a gerência geral,

planejamento, finanças, contabilidade, problemas jurídicos, questões

governamentais e gerência de qualidade. Esta atividade, ao contrário das demais

atividades de apoio, geralmente dá suporte à cadeia inteira, e não a atividades

individuais.

2.1.2 Elos da Cadeia de Valor

Para Porter (1989, p. 44), “[...] a cadeia de valor não é uma coleção de atividades

independentes, e sim um sistema de atividades interdependentes”, estando as atividades de

valor interligadas por elos, dentro da cadeia de valor. Assim, segundo o autor “[...] elos são

relações entre o modo como uma atividade de valor é executada e o custo ou o desempenho

de outra”.

Para tanto, é necessário que as empresas conheçam todo o processo produtivo da

cadeia de valor a qual pertencem, desde a origem da matéria-prima até o seu descarte pelo

consumidor final, assim como as relações internas dos processos e unidades de negócios com

Page 23: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

23

as etapas da cadeia. As atividades que formam uma dessas etapas chamam-se cadeia interna

de valor, logo as etapas que são externas a uma determinada empresa chamam-se cadeia

externa de valor (BLEIL, 2007).

Da mesma forma Hansen e Mowen (2001, p. 425), orientam ser “fundamental para

uma estrutura de cadeia de valores o reconhecimento de que existem ligações e inter-

relacionamentos complexos entre as atividades tanto internas quanto externas da empresa”.

Os mesmos autores enfatizam que para perseguir uma sólida posição estratégica bem-

sucedida, exige-se um entendimento dos conjuntos de elos das atividades de criação de valor

da matéria-prima básica, até o descarte do produto acabado pelo usuário final.

Para Skank e Govindarajan (1997), uma empresa pode aumentar sua lucratividade não

só através da compreensão de sua própria cadeia de valor, mas também compreendendo como

as atividades de valor da empresa encaixam-se nas cadeias de valor dos fornecedores e dos

clientes.

Serão apresentadas a seguir as definições de elos externos e cadeia externa de valor, e,

elos internos e cadeia interna de valor.

2.1.2.1 Elos externos e cadeia externa de valor

As empresas têm que lidar todos os dias com “forças” externas, que contribuem direta

ou indiretamente com a atividade que desenvolvem. Quando se pretende realizar um trabalho

que compreenda a análise da cadeia de valor é necessário que essas “forças” externas sejam

levadas em consideração e estudas em particular, para depois integrarem um todo.

De acordo com Bleil (2007, p. 37),

A análise externa tem como objetivo estudar a relação entre a empresa e seu

ambiente, buscando identificar as variáveis de oportunidades e ameaças. Esse

ambiente externo exerce uma série de forças que influenciam direta e indiretamente

as organizações.

É por meio do estudo e análise do ambiente externo e conseqüentemente dos elos

externos que compõem a cadeia de valor da empresa em questão que será possível identificar

as oportunidades e ameaças, sendo essa a base para se chegar a uma eficiência na empresa.

Page 24: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

24

Fornecedores e clientes são importantes elos externos que não podem ser ignorados,

sendo a análise desses, fundamental para o estabelecimento de uma vantagem competitiva

sustentável (HANSEN; MOWEN, 2001).

Para Shank e Govindarajan (1997) as ligações com fornecedores devem ser

administradas de forma a que tanto a empresa quanto seu fornecedor possam se beneficiar.

Explorar tais ligações pode-se constituir em importantes oportunidades convertidas em

benefícios estratégicos para a empresa, ao mesmo tempo em que explorar as ligações com o

cliente podem ser tão importantes quanto explorar as ligações com o fornecedor.

Segundo Bleil (2007), a cadeia externa de valor pode ser considerada como o conjunto

de atividades de valor interligadas por elos e desenvolvidas pelas empresas em uma ou mais

etapas, formando a cadeia de um determinado negócio ou produto.

No que diz respeito a esse estudo, a cadeia externa tem início no setor madeireiro, que

pode ser analisado sob duas vertentes: a cadeia de processamento mecânico, objeto desse

estudo e a cadeia da celulose e papel.

Segundo ABIMCI (2010), quanto aos principais produtos do setor de madeira

processada mecanicamente destacam-se: compensado, madeira serrada, lâminas, e produtos

de maior valor agregado (PMVA) – portas, molduras, janelas, pisos e componentes para

móveis.

Segundo Souza (1999) apud Canan (2007), a organização industrial do setor

madeireiro no município de Sinop se caracteriza por um grande número de empresas de

pequeno porte, muitas dessas dedicadas à exploração econômica de apenas um segmento da

cadeia produtiva da madeira; são empresas familiares que se constituíram pelo capital próprio

dos pioneiros, acumulado no próprio desenvolvimento econômico da região. Esta

característica aponta uma tendência das empresas de estarem fortemente centradas na figura

do proprietário e fundador, ou de seus filhos e agregados de confiança.

ABIMCI (2006) reconhece que as empresas de pequeno porte do setor madeireiro,

tendem a utilizar sistemas gerenciais pouco sofisticados, apontando o aprimoramento dos

processos gerenciais como um dos desafios a serem enfrentados pelo setor.

Desta forma, um trabalho voltado ao aprimoramento de informações gerenciais, bem

como do reconhecimento, avaliação e análise dos ambientes externos e internos que tangem

as empresas desse setor, possibilitará maiores opções na hora da tomada de decisão.

Page 25: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

25

2.1.2.2 Elos internos e cadeia interna de valor

Elos internos “são relacionamentos entre atividades executadas dentro da parcela da

cadeia de valores da empresa” (HANSEN; MOWEN, 2001, p. 425).

Segundo Wright et al. (2000) apud Bleil (2007), compreender a empresa internamente

significa analisar todos os seus tipos de recursos, sua missão organizacional, seus objetivos,

suas limitações e suas capacidades. Dessa forma, podem surgir informações capazes de

permitir a formulação de estratégias realistas para que os seus objetivos sejam atingidos.

Portanto os elos internos referem-se às relações entre as atividades da cadeia de

valores desenvolvidas por uma empresa.

Assim, esse tipo de análise contempla o ambiente interno da organização, bem como,

as atividades de valor realizadas por ela, como forma de identificar as deficiências e

qualidades dessas atividades. Desta forma, é possível que o gestor consiga identificar

possíveis falhas e realizar correções, possibilitando uma melhora nos resultados pretendidos.

2.1.3 Cadeia de Valor e o Processo Operacional

Para Bleil (2007), o processo operacional de uma empresa engloba todas as atividades

que consomem recursos e que são necessárias para a produção de um produto ou serviço.

Portanto, relaciona-se diretamente com os conceitos de cadeia de valor, pois pode abranger

análises desde a origem da matéria-prima até o descarte do produto pelo consumidor final.

Para Hansen e Mowen (2001, p. 429),

A análise da cadeia de valor busca identificar e explorar as ligações internas e

externas das empresas, cujo objetivo é fortalecer a posição estratégica das mesmas

no cenário competitivo. Essa análise com a qual uma empresa opera pode resultar

em uma ferramenta eficaz de avaliação estratégica, pois os gestores podem repensar

e reformular a cadeia para poderem conquistar melhores resultados por meio da

análise de todas as atividades de valor que fazem parte de uma organização.

Na busca de maior eficácia e eficiência a empresa escolhe quais atividades ela quer

processar internamente, essa escolha deve ser pautada preferencialmente no mercado, já que

as atividades internas na maioria das vezes podem ser desenvolvidas por terceiros. Desta

Page 26: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

26

forma a empresa tem condições de decidir se as atividades devem continuar a serem

executadas ou não internamente (PADOVEZE, 2004).

A gestão estratégica de custos, aliada a análise da cadeia de valor, busca fornecer

informações operacionais e estratégicas para o processo de tomada de decisões, podendo

ainda ser empregada para detectar pontos fortes e fracos da empresa e do setor, encontrar

diferenças entre os custos da empresa e de seus concorrentes, identificar fontes de

diferenciação, observar o comportamento dos custos e elaborar tentativas de reconfiguração.

Assim, quando a análise da cadeia de valor é implementada por um controle eficaz dos

custos, é possível desenvolver estratégias de diferenciação e uma melhor evidenciação da

contribuição de cada atividade da cadeia interna de valor na formação do resultado

operacional em uma empresa.

2.2 A CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos é um dos vários ramos da contabilidade, a qual é utilizada

como um instrumento de auxílio gerencial, proporcionando diversas informações para o

processo decisório das organizações. Permite através do levantamento de dados, saber o custo

unitário de cada produto ou de toda a produção.

De acordo com Bornia (2009, p. 35) “a contabilidade de custos surgiu com o

aparecimento das empresas industriais (revolução industrial), tendo por objetivo calcular os

custos dos produtos fabricados”.

A contabilidade de custos nasce através da necessidade de avaliar estoques na

indústria, tarefa simples na empresa da era mercantilista. Seus princípios derivaram dessa

finalidade primeira, com o passar do tempo a contabilidade de custos teve que atender a

funções como auxilio ao controle e ajuda à tomada de decisões; porém, para tanto, necessitou

de algumas adaptações (BORNIA, 2009).

Para Martins (2008), a contabilidade de custos tem duas funções relevantes: o auxílio

ao controle e a ajuda à tomada de decisões. No que diz respeito ao controle, sua mais

importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras

formas de previsão. Num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente

acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos. No que tange a decisão,

seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre

Page 27: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

27

os valores relevantes, que, dizem respeito às conseqüências de curto e longo prazo, sobre

medidas de introdução ou corte de produção, administração de preços de venda, opção de

compra ou produção.

Ao trabalhar diretamente com a tomada de decisão e assumir um enfoque mais

gerencial, cria-se a necessidade da utilização e domínio de certos conhecimentos. Neste

sentido, faz-se uma abordagem teórica acerca dos conceitos terminológicos utilizados pela

contabilidade de custos, seu o papel no processo operacional, formas de classificação dos

custos, métodos de custeio e outras ferramentas gerenciais como preço de transferência e

custo de oportunidade.

O pleno domínio de informações relativas ao custo dos produtos, bem como a

adequada utilização da informação contábil, torna o gestor capaz de orientar suas decisões. Ao

efetuar esta ligação, a contabilidade de custo passa a ser o elemento base para avaliação e

determinação de ações operacionais e estratégicas, assumindo papel fundamental como

instrumento de gestão, sendo fator de vantagem competitiva, essa, decisiva para a

sobrevivência das instituições.

2.2.1 Terminologia de Custos

Para se compreender a Contabilidade de Custos é interessante primeiro conhecer os

conceitos de custos, despesas, gastos, investimentos, perda e desembolso.

Gasto é explicado por Crepaldi (2002) como uma forma genérica de denominar o ato

de comprar, adquirir um bem ou serviço, implicando na entrega de um ativo, então,

implicando no desembolso. Desta forma, um gasto pode configurar um custo, um

investimento ou uma despesa.

Martins (2008), explica gasto como sendo o sacrifício financeiro realizado pela

entidade com a finalidade de obtenção de um produto ou serviço qualquer.

Segundo o mesmo autor, Custos são gastos relativos a bens ou serviços utilizados na

produção de outros bens ou serviços. Descrevendo o significado de custo pode ser percebido

como “a utilização de bens ou serviços na produção de outros bens ou serviços”.

(IUDÍCIBUS, 2006, p. 179).

Page 28: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

28

Crepaldi (2002) menciona que desembolso pode ser entendido como o ato de

pagamento do gasto. Detalhado por Martins (2008, p. 25) como “pagamentos feitos pela

empresa, resultante da aquisição de bens ou serviços”.

Quanto ao termo despesa, Iudícibus (2006, p. 175) conceitua “como sendo o sacrifício

de ativos realizado em troca da obtenção de Receitas (cujo montante, espera-se, supere o das

despesas)”.

Quanto à despesa Martins (2003, p. 26) comenta que despesa poder ser conceituada

com o “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.” Para

Bornia (2009, p. 16), de modo geral “despesa é o valor dos insumos consumidos para

financiamento da empresa e não identificados com a fabricação”.

Investimento é um gasto realizado com a expectativa de algum retorno futuro. Martins

(2008) afirma que investimento é gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios de

períodos futuros. Desta forma segundo Martins (2003), todos os sacrifícios havidos pela

aquisição de bens ou serviços (gastos) que são estocados nos Ativos da empresa para baixa ou

amortização quando ocorrer sua venda, seu consumo, seu desaparecimento ou desvalorização

são especificamente chamados de investimentos. Todo e qualquer gasto, a princípio, pode ser

considerado um investimento dependendo da finalidade a que se destina, será então

classificado como custo ou despesa.

Bornia (2009, p. 18) salienta que “investimento é o valor dos insumos adquiridos pela

empresa não utilizados no período, os quais poderão ser empregados em períodos futuros”.

Segundo Iudícibus (2006, p. 178), Investimento trata-se de “um gasto que deverá

trazer benefícios futuros para a empresa”, como, por exemplo, uma máquina que depois de

adquirida pela empresa provavelmente irá gerar benefícios por um longo tempo.

Para Martins (2008, p. 25) perda é “bem ou serviço consumido de forma anormal ou

involuntária”. Bornia (2009, p. 17) apresenta a idéia de que perda pode ser vista como

“trabalho que aumenta os gastos e não agrega valor ao produto”.

Já Martins (2003, p. 25) afirma que custo pode ser considerado como um “Gasto

relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”, isto é, houve um

desembolso, porém, este bem ou serviço foi diretamente aplicado na produção de outro bem,

ou seja, ele foi transformado. Como exemplo de custo, tem-se a matéria-prima que quando

aplicada no processo de transformação dará origem a outro bem.

As terminologias em custo são várias e seus conceitos importantes para o

entendimento das metodologias utilizadas no ramo da contabilidade de custos.

Page 29: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

29

2.2.2 Classificação dos custos

Existem várias classificações de custos, tantas quanto forem às necessidades

gerenciais; cabe ao contador estabelecer os tipos de classificação de custos que irão atender ás

diferentes finalidades da administração (MARTINS, 2008).

Levando em consideração as classificações apresentadas por Padoveze (2004), os

custos podem ser classificados em: Custos Diretos e Custos Indiretos; quanto ao

comportamento: Custos Fixos e Custos Variáveis.

Para Silva Júnior (2000, p. 82),

• Custos Diretos: são os materiais diretos usados na fabricação do produto e a mão-

de-obra direta. Os custos diretos têm a propriedade de ser perfeitamente mensuráveis

de maneira objetiva.

• Custos Indiretos: são aqueles que apenas mediante aproximação podem ser

atribuídos aos produtos por algum critério de rateio. Incluem-se nos custos indiretos

os diretos por natureza, mas que por serem irrelevantes ou de difícil mensuração são

tratados como indiretos.

Custos Fixos são aqueles que permanecem constantes, independente do volume de

produção. De acordo com Martins (2003, p. 67),

Os custos fixos têm as seguintes principais características: o valor total permanece

dentro de determinado intervalo de volume de produção, considerado normal,

chamado de intervalo de significância; o valor por unidade produzida varia á medida

que ocorre variação no volume de produção, por se tratar de um valor fixo total

diluído por uma quantidade maior ou menor de produção; sua alocação para os

departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, e critérios de

rateio determinados pela administração.

Os custos que mantêm uma relação direta com o volume de produção ou serviço são

definidos como Custos Variáveis.

Para Martins (2003, p. 70) custos variáveis possuem as seguintes características:

seu valor total varia na proporção direta do volume de produção; o valor é constante

por unidade, independentemente da quantidade produzida; a alocação aos produtos

ou centros de custos é normalmente feita de forma direta, sem necessidade de

utilização de critérios de rateios.

Por existir certa complexidade das classificações, o entendimento dos diversos tipos de

custos funciona como um facilitador no processo de análise de informações sobre os custos

que compõem os diferentes produtos ou serviços.

Page 30: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

30

2.2.3 Contabilidade de Custos como Ferramenta Gerencial

Inicialmente a Contabilidade de Custos, tinha como função fornecer elementos para

avaliação dos estoques e apuração do resultado, por isso passou nas últimas décadas a prestar

duas funções relevantes a Contabilidade Gerencial, sendo elas hoje, as mais valorizadas no

Brasil e no mundo (CREPALDI, 2002). Essas funções são: a utilização dos dados de custos

para auxílio ao controle e para a tomada de decisões.

Para Martins (2008, p. 305), “controlar significa conhecer a realidade, compará-la com

o que deveria ser, tomar conhecimento rápido das divergências e suas origens e tomar atitudes

para sua correção”

O controle fornece dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras

formas de previsão em um estágio imediatamente seguinte, podendo acompanhar, o

acontecido para comparar com os valores anteriormente definidos (MARTINS, 2008).

Já a tomada de decisão, consiste no fornecimento de informações sobre valores

relevantes, que, dizem respeito às conseqüências de curto e longo prazo sobre medidas de

introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou

produção etc. (MARTINS, 2008).

Assim, a Contabilidade Gerencial utiliza os dados fornecidos pela Contabilidade de

Custos analisados sob outros aspectos, isentos a legislação e aos princípios contábeis.

2.2.4 Métodos de Custeio

De acordo com Martins (2003), os métodos de custeio podem ser definidos como

critério utilizado por uma entidade, para apropriar os custos ou despesas dos fatores de

produção ao objeto de acumulação de custos.

Alguns autores classificam os métodos de custeio que serão apresentados neste estudo

como sendo princípios de custeio. Neste trabalho serão adotados o conceito e denominação de

métodos de custeio embasados em Wernke (2004); Marion (2008); Oliveira; Perez Jr.; Silva

(2002).

A decisão de qual modelo de sistema usar tem dependência direta com quem vai

receber as informações que serão geradas por este, e o que fará com elas. (MARION, 2008, p.

Page 31: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

31

360). Nesse sentido, a tomada de decisão com base nas informações, pode ocorrer no nível da

escolha do método de custeio.

Portanto a seguir estão descritos de forma breve alguns métodos de custeio, como:

Custeio por Absorção, Custeio Baseado em Atividades (ABC) e RKW (Reichskuratorium für

Wirtschaftlichtkeit) e principalmente o método de Custeio Variável, o qual foi utilizado neste

estudo.

a. Custeio por Absorção:

Segundo Martins (2008, p. 37), “Custeio por Absorção consiste na apropriação de

todos os custos de produção aos bens elaborados; todos os gastos relativos ao esforço

de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos”.

Este sistema de custeio promove a distribuição total dos custos, ou seja, consiste

na apropriação de todos os custos (fixos e variáveis) para todos os produtos ou

serviços realizados. Apresenta-se como uma forma de gerar informações tanto para

usuários internos, quanto externos da empresa. Atendendo as exigências da

contabilidade financeira para a avaliação de estoques; não sendo recusada a utilização

de suas informações para fins gerenciais.

b. Custeio Baseado em Atividades (ABC):

De acordo com Nakagawa (1991, p. 38), o método do custeio baseado em

atividades surgiu a partir do momento em que as empresas reconheceram que os

métodos de custeios tradicionais distorciam e dificultavam a mensuração de atividades

de manufatura, pela diversificação dos produtos em termos de tipos, modelos,

acabamentos e especificações, para atender às exigências dos clientes. Soma-se a isto

o fato de que, simultaneamente, as empresas tinham que competir mediante estratégias

de melhor qualidade, menor tempo de produção e entrega, além de uma agressiva

redução de custos.

No que se refere às vantagens do sistema de custeio ABC, Oliveira e Perez Jr.

(2002, p. 172) indicam:

- o sistema ABC somente se utiliza de critérios de rateio como última alternativa no

que consiste na atribuição de gastos indiretos às atividades, ou seja, o critério de

rateio é utilizado unicamente nos casos em que não seja possível a atribuição de

custo para determinada atividade;

- identifica os “direcionadores” de custos, o que facilita a identificação de custos

desnecessários, que não agregam valor;

- atribui os custos indiretos aos produtos de maneira coerente com a utilização de

recursos consumida para a execução das necessárias atividades.

Page 32: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

32

Neste contexto, é percebido que por meio do ABC é possível eliminar e reduzir

atividades que não agregam valor ao processo produtivo, pois este sistema apropria os

custos indiretos por atividade e os custos diretos por sua vez são apropriados

diretamente aos produtos ou serviços.

c. RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit):

Esse método de custeio foi criado na Alemanha e utilizado inicialmente nas

empresas deste país, as quais foram obrigadas a adotá-lo. A técnica do RKW consiste

em alocar aos “produtos e serviços todos os custos e despesas, inclusive as financeiras,

fornecendo dessa maneira o montante total gasto pela empresa no esforço completo de

obter receitas” (CREPALDI, 2004, p. 250).

Segundo Crepaldi (2004, p. 251), o RKW é utilizado para decisões gerenciais e

para a formação dos preços de venda dos produtos. Este método considera todos os

gastos ocorridos em uma empresa, o que eleva muito o custo unitário dos produtos.

Desta forma, de acordo com o autor a informação gerada por esse método de custeio

pode ser considerada como “o pior custo possível, por consubstanciar-se no maior

valor calculado de custos unitários quando comparado aos números provindos de

outros métodos de custeio”.

Segundo Kaspczak (2008), as informações de custos geradas pelo método de

custeio RKW são utilizadas para gerenciamento dos processos industriais, pois, este

método permite que se avalie a lucratividade dos produtos.

d. Custeio Variável:

O custeio variável é um método de custeio mais indicado pela literatura para fins

gerenciais, proporcionando os subsídios necessários para a tomada de decisões nas

empresas (MARTINS, 2006).

Dutra (2003) afirma que esse método veio para fornecer à administração as

respostas para suas perguntas mais freqüentes, sobretudo as referentes a preços de

venda, volume de produção e de vendas, descontinuidade de produtos etc, haja visto

que o mesmo é utilizado para apurar os custos e as despesas diretamente relacionadas

aos produtos.

Conforme Martins (2006, p. 198), “No Custeio Variável, só são alocados aos

produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas

do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques só vão, como

Page 33: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

33

conseqüência, custos variáveis”. Por não haver necessidade de utilização de rateios,

diminuem-se as distorções provocadas por estes.

Esse método de custeio fere os princípios contábeis da Realização, Competência e

Confrontação, haja vista que os custos fixos são reconhecidos como despesas mesmo

que nem todos os produtos fabricados tenham sido vendidos, não sendo aceito,

portanto, externamente para elaboração de balanços (VICECONTI; NEVES, 2003).

É por esse motivo que, segundo Nascimento (2001), o Imposto de Renda faz

restrições à utilização desse método, por entender que este reduz inicialmente a carga

tributária com sua implantação, levando assim diretamente ao resultado do exercício

os custos indiretos de produção e obtendo como conseqüência a redução do valor do

estoque de produtos acabados.

O método de custeio variável não atende aos princípios contábeis geralmente

aceitos e não é reconhecido pelas autoridades fiscais para fins de relatórios externos.

Entretanto, este fato não deve ter muita importância para os tomadores de decisões,

pois as empresas podem acomodar esse método com outro, podendo utilizá-lo em seus

relatórios internos, já que é considerado por muitos autores, como a melhor técnica

disponível para fins de avaliação e controle gerencial. Assim, as empresas poderão

utilizá-lo durante o período para o processo de tomada de decisão, e quando da

elaboração das demonstrações contábeis, fazer as apropriações necessárias para o

método de custeio por absorção (aceito pela legislação), retornando novamente a

utilizá-lo no início do período subsequente.

2.2.5 Preço de Transferência

Hansen; Mowen (2001, p. 353) definem o preço de transferência como sendo “[...] os

preços cobrados pelos artigos produzidos por uma divisão e transferidos para uma outra”.

Portanto, entende-se que para os produtos ou serviços transferidos internamente, deve-se

contabilizar o valor da receita da divisão fornecedora e os custos para a divisão recebedora, e

assim sucessivamente, até se apurar o resultado de cada divisão e da empresa como um todo.

Segundo Horngren (2004), há três métodos para determinar os preços de transferência:

a) Preços de transferência baseados no mercado - é a opção por usar o preço de um

produto ou serviço similar disponível publicamente, em uma associação comercial

Page 34: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

34

ou em um site na web, para o preço interno, e, pode selecionar também o preço

externo que uma subunidade cobra de particulares.

b) Preços de transferência baseados no custo – é a opção por usar um preço de

transferência baseado nos custos, esses podendo ser reais ou orçados. Esse método

inclui uma margem de lucro que representa um retorno sobre o investimento da

subunidade.

c) Preços de transferência negociados – quando as subunidades são livres para

negociar o preço de transferência entre si e depois decidir se compram ou vendem

internamente ou se transacionam com empresas de particulares, essas podem usar

informações sobre custos e preços de mercado nessas negociações, mas não há

nenhuma exigência de que o preço de transferência escolhido acarrete qualquer

relacionamento específico com os dados de mercado, sendo, portanto, o resultado

de um processo de barganha entre subunidades vendedoras e compradoras. Esse

método é geralmente empregado quando os preços de mercado são voláteis e as

mudanças ocorrem constantemente.

Catelli (2001, p. 393), entende que a incorporação do conceito de preço de

transferência ao sistema de informação da empresa deve apoiar a gestão no sentido de:

Permitir uma constante avaliação dos níveis de eficiência e eficácia da empresa,

a partir das relações econômicas entre suas atividades;

Avaliação de desempenho, a partir da correta mensuração da contribuição das

atividades e das áreas para o resultado global da empresa;

Suportar e permitir simulações e avaliações das decisões tomadas na empresa;

Induzir comportamentos adequados dos gestores;

Não permitir o repasse de ineficiência entre as áreas;

Promover a capacidade competitiva da empresa.

Assim como em outros sistemas de controle gerencial, os preços de transferência

devem ajudar a traçar estratégias, no sentido de alcançar os objetivos da empresa e adaptar

sua estrutura organizacional, ajudando a administração a avaliar o desempenho das

subunidades individuais e de seus gestores. Nos casos em que a administração favorece um

grau elevado de descentralização, os preços de transferência podem promover maior

autonomia da subunidade na tomada de decisão, dando maior liberdade ao gerente de uma

subunidade da empresa para negociar com outras subunidades dessa mesma empresa ou com

empresas de fora (HORNGREN, 2004).

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35

2.2.6 Custo de Oportunidade

“Os custos de oportunidade são os custos relacionados às oportunidades que serão

deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus recursos da maneira mais rentável”

(PINDICK; RUBINFELD, 2002, p. 202).

Corresponde ao valor de um determinado recurso em seu melhor uso alternativo. E,

representa o custo da escolha de uma alternativa em detrimento de outra capaz de

proporcionar um maior benefício, ou seja, é o custo da melhor oportunidade a que se renuncia

quando da escolha de uma alternativa (CATELLI, 2001).

O custo de oportunidade pode ser utilizado como avaliação de desempenho de

determinada divisão ou atividade, pois, através dele pode-se analisar e comparar os resultados

com alternativas, como a terceirização, na qual, se existirem atividades que não estiverem

gerando a lucratividade esperada, podem ser desativadas ou terceirizadas. Porém, ao

decidirem pela terceirização, as empresas devem se atentarem ao aspecto qualitativo, pois a

organização passa a depender da qualidade do serviço ou produto de uma outra empresa

(BLEIL, 2007).

Segundo Catelli (2001, p. 390), ao conceito de custo de oportunidades estão implícitas

algumas noções, tais como:

o custo de oportunidade de um fator representa, economicamente, seu verdadeiro

valor;

o problema da decisão consiste na escolha de uma entre duas ou mais alternativas

viáveis de uso dos recursos;

usos alternativos dos mesmos recursos podem propiciar diferentes resultados; e

o que é sacrificado quando da opção por uma alternativa é a possibilidade de

obtenção de melhores resultados em outras oportunidades

Para esse estudo, a análise do custo de oportunidade foi inserida no computo do

cálculo de mensuração do resultado de cada atividade da cadeia de valor.

Page 36: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

36

3 DESENVOLVIMENTO E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa realizada em uma

empresa localizada no município de Sinop que industrializa e comercializa portas de madeira.

O presente capítulo, inicialmente, trata de caracterizar e apresentar a empresa, na qual

se desenvolveu o estudo. Em seguida, as atividades de valor do processamento da madeira na

fabricação da porta são apresentadas e descritas, com base nas informações, coletadas com os

gestores da mesma.

Posteriormente, são apresentados os custos pertinentes a cada atividade de valor,

obedecendo a uma separação entre custos fixo e variáveis, separação essa fundamental para a

utilização do modelo de análise empregado neste trabalho.

Desta forma, o modelo utilizado nesta pesquisa foi o desenvolvido por Bleil (2007),

por meio do qual foi possível analisar a contribuição de cada atividade de valor no processo

operacional da empresa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A empresa em questão está localizada no município de Sinop. Foi fundada em 1995, e

desde então trabalha com a fabricação e comercialização de portas de madeira e chapas de

madeira compensada. A mesma não se restringe a comercialização local e, por meio de

representantes, tem em seu mercado de atuação várias regiões do Brasil. Por se tratar de uma

empresa cuja administração é de caráter familiar, membros da mesma família dividem-se para

gerenciar a parte administrativa, departamento de pessoal e departamento de produção.

A empresa possui 15 (quinze) funcionários, sendo 11 (onze) funcionários responsáveis

pelo processo de fabricação das portas. Sua estrutura e instalações são próprias,

compreendendo 2400 metros quadrados - m²; sendo o parque industrial composto por: (1)

uma emendadeira, (2) duas prensas, (2) duas batedeiras, (2) duas passadeiras, (1) uma serra

esquadrejadeira, (3) três serras multilâminas e (2) duas lixadeiras.

Quanto a sua capacidade produtiva, a indústria em foco não utiliza sua capacidade

total, produzindo em média 120 portas por dia. Trata-se de uma empresa tradicionalista que se

Page 37: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

37

posiciona de forma conservadora diante o mercado consumidor, motivado em maior parte

pelo temor a mudanças econômicas, políticas e fiscais bruscas.

Seus gestores visualizam algumas dificuldades quanto à atividade, sendo elas

relacionadas a compra de matérias-prima adquirida na região, cuja sazonalidade interfere

qualitativa e quantitativamente no processo de produção; classifica seu mercado consumidor

como instável, dificultando decisões mais ousadas; com relação ao preço de venda.

Sua contabilidade é realizada por um escritório contábil externo somente para fins

fiscais, e os controles gerenciais e de custos são procedidos por meio de planilhas em Excel

desenvolvidas inicialmente pelo SEBRAE e posteriormente adaptadas por seus

administradores às características de produção da empresa.

3.2 DECOMPOSIÇÃO DA CADEIA INTERNA DE VALOR

Mediante observação do processo produtivo verificou-se sua divisão em atividades de

valor, nas quais a matéria prima utilizada é processada até resultar no produto acabado, sendo

esse a porta.

Portanto, o estudo concentrou-se em mensurar e analisar a cadeia interna de valor do

processamento da porta, o qual engloba atividades que vão desde a preparação da matéria-

prima até a entrega do produto beneficiado ao consumidor.

As atividades de valor aqui abordadas são: preparo da madeira; preparo das lâminas;

preparo da cola; montagem da porta e acabamento, podendo estas serem visualizadas na

Figura 1.

Page 38: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

38

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

FIGURA 1 - Fluxograma do processo produtivo em suas atividades de valor

As atividades de valor acima apresentadas são descritas a seguir com base em

informações coletadas com o gestor responsável pelo setor de produção da empresa.

3.2.1 Atividade de preparo da madeira

A fabricação da estrutura física de uma porta envolve a junção da madeira de

preenchimento e madeira para fabricação dos quadros, tendo essas seu preparo diferenciado.

A primeira, utilizada no preenchimento da porta, é preparada por meio de um processo

onde é cortada em pequenas tiras utilizando a serra multilâmina. Para que um bom

preenchimento seja feito é necessária a utilização de 15 tiras de madeira.

Quanto à segunda, utilizada na montagem dos quadros, chega à indústria com

desníveis, onde é corrigida por serras que a cortam com medidas e formato padronizados

ficando pronta para ser utilizada na montagem do quadro. São necessários dois funcionários

para desenvolver essa atividade.

PREPARO DA MADEIRA

ACABAMENTO

MONTAGEM DA PORTA

PREPARO DAS LÂMINAS

PREPARO DA COLA

Page 39: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

39

3.2.2 Atividade de preparo das lâminas

A atividade de preparo das lâminas resulta em dois tipos: lâmina-capa e lâmina-miolo;

utilizadas na produção das portas, sendo o preparo dessas diferenciado.

A lâmina-capa utilizada na capa da porta precisa ser isenta de falhas ou rachaduras,

portanto há necessidade de seu preparo. Essa atividade é responsável pela correção de defeitos

que possam vir a ocorrer na lâmina, a fim de deixá-la pronta para a etapa de montagem da

porta, sendo desenvolvida somente quando necessária. Utiliza três tipos de máquinas para a

correção dos defeitos, que cortam - de modo a deixar retas suas bordas - e emendam,

utilizando uma fita gomada quando a lâmina apresentar rachaduras ou rasgos.

Quanto ao preparo da lâmina-miolo, essa precisa ser cortada de forma padronizada nas

medidas pertinentes a porta que será montada, tal etapa é desenvolvida continuamente por

dois funcionários.

3.2.3 Atividade de preparo da cola

A cola é formada por uma mistura de resina uréia-formol, farinha de trigo e água. Essa

mistura é preparada por uma máquina chamada batedeira e posteriormente encaminhada para

outra máquina - a passadeira de cola, que se encarregará de passar a mistura pelas lâminas que

serão utilizadas na montagem da porta.

3.2.4 Atividade de montagem da porta

A atividade de montagem da porta é na verdade a própria etapa do processo produtivo

da empresa. Nela, a matéria-prima já preparada será utilizada para a montagem da porta. Ela

emprega dois funcionários para desenvolver as seguintes operações da qual é composta:

a) Montagem do Quadro: O quadro é montado com a madeira de aproveitamento já

preparada na etapa anterior com o auxilio de uma grampeadora (máquina

responsável por pregar as madeiras no formato e medida aproximada da porta que

Page 40: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

40

será fabricada). Esse processo é a base para a montagem da porta. A empresa

estudada funciona com 2 (duas) grampeadoras. Posteriormente, são feitas

pequenas fendas na base e no ápice do quadro para que assim haja ventilação na

porta a fim de evitar danos no momento da prensa;

b) Preenchimento da porta: Após a montagem do quadro a madeira para o

preenchimento, as lâminas miolo e capa são colocadas. Inicialmente uma lâmina-

capa seca é colocada, formando a primeira camada do que irá se tornar a porta.

Posteriormente, as lâminas-miolo já cortadas em tiras passam por uma máquina

chamada passadeira de cola, na qual são envolvidas pela mistura produzida no

processo de preparo da cola e então depositadas na porta. Em seguida a madeira

para preenchimento é colocada, o que ocorre manualmente. Por fim, a colagem

das lâminas em tiras “banhadas” pela cola, e a cobertura da porta com a lâmina-

capa inteira seca, para formação da camada mais externa da porta é repetida;

c) Prensa: Após a montagem da porta completa, esta passa por uma máquina que

tem como função a prensa, assim como, sua secagem. A indústria destina uma

prensa para a produção das portas.

3.2.5 Atividade de acabamento

Assim como na atividade anterior, a fase de acabamento além de caracterizar-se como

atividade de valor é também considerada uma etapa do processo produtivo da empresa.

Nessa etapa final de produção as atividades desenvolvidas são responsáveis por deixar

a porta de acordo com o padrão definido pela empresa, tornando-a apta à comercialização.

Utilizando dois funcionários, essa atividade de valor é composta pelas operações apresentadas

a seguir:

a) Corte da porta: A porta já prensada é colocada em uma máquina denominada

serra esquadrejadeira, que tem a função de cortar a porta nas medidas já definidas

pela empresa. A indústria utiliza apenas uma serra esquadrejadeira;

b) Correção de possíveis defeitos (Retificação): Realizada somente quando

necessária essa operação visa à correção de possíveis falhas no produto. Para isso,

uma massa corretiva é aplicada na porta para a cobertura de pequenas rachaduras e

pequenos buracos;

Page 41: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

41

c) Lixa: No final, utiliza-se a lixadeira para concluir o processo de correção,

deixando a porta apta à comercialização.

3.3 COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DAS ATIVIDADES DE VALOR

Para a atribuição e controle dos custos, partiu-se do reconhecimento das atividades

relevantes da cadeia interna de valor da empresa onde elas são desempenhadas, e quais

operações contemplam. Para isso é necessário compreender as principais características das

operações envolvidas no processo de produção das portas, verificando os custos das

atividades de valor e como eles devem ser alocados e analisados.

Os gastos foram separados em fixos e variáveis, uma vez que a elaboração deste

estudo utilizou tal classificação para o emprego do sistema de custeio variável.

O estudo baseia-se na produção de portas dos meses de fevereiro e março de 2010,

sendo 5.303 unidades, equivalente a 113,51 metros cúbicos - m³ de madeira; 2.333,32

quilogramas - kg de cola e 59,50 m³ de lâmina.

Partindo do princípio que a produção é padronizada e as portas utilizam as mesmas

quantidades de madeira, cola e lâmina, a quantia de 113,51 m³ referente à madeira utilizada

nos referidos meses foi encontrada através do cálculo em metros cúbicos de madeira

necessária para a produção de uma única porta, essa determinada por medições e cálculos, e,

multiplicada pela quantidade de portas produzidas. Constatou-se que uma porta utiliza

0,021404 m³ de madeira. Da mesma forma, encontrou-se a quantidade de lâminas por porta

(0,011220 m³ de lâminas) a qual multiplicada pela quantidade de portas produzidas obteve-se

59,50 m³.

Para o cálculo da quantidade de cola pesou-se tanto as lâminas secas bem como essas

mesmas lâminas “banhadas” em cola. Tal processo foi repetido por varias vezes, observando

que as lâminas obedeciam a um padrão, mesmo com desvios muito pequenos no peso de uma

para outra, com isso, constatou-se que a quantidade de cola utilizada por porta, é de 0,440 kg

de cola e que a produção dos dois meses consumiu, 2.333,32 kg de cola.

A análise proposta consiste em avaliar o quanto cada atividade está contribuindo para

formação do resultado do empreendimento, mediante comparação do resultado da atividade

Page 42: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

42

com o custo de oportunidade. Caso a atividade apresente um valor positivo, significa que ela

contribui de forma positiva na formação do resultado do empreendimento.

Para a realização de tal análise, foram mensurados os custos relativos a cada atividade

desenvolvida pela empresa, bem como coletadas informações sobre o preço de mercado

destas mesmas atividades.

Sendo assim, o custo de oportunidade escolhido para a realização desse trabalho foi

obtido mediante a informação de ganho em percentual que os gestores teriam se aplicassem

na caderneta de poupança - baseado na média da taxa de retorno ajustada, do primeiro

semestre de 2010, disponibilizada pelo Banco Central em meio eletrônico - os valores

pertinentes ao investimento em ativos (máquinas, equipamentos, barracão, etc.) necessários

para desenvolver cada uma das atividades.

O preço do serviço no mercado foi pesquisado junto a empresas que atuam no mesmo

ramo da empresa analisada, ou seja, que produzem portas de madeira na região, mas que se

contratadas pudessem comercializar parte do processo de produção das portas. Partindo desta

premissa constatou-se o preço médio orçado para estes serviços, considerando a produção dos

meses em que se desenvolveu o estudo.

As informações referentes aos custos operacionais foram extraídas de planilhas

fornecidas pela empresa, onde constam os custos totais de produção.

Depois de compreendido o processo produtivo e suas informações, iniciou-se o

processo de mensuração das receitas, custos e despesas das atividades da cadeia interna de

valor, as quais são abordadas a seguir mediante separação desses custos em fixos e variáveis.

3.3.1 Apresentação dos Custos Fixos

3.3.1.1 Mão de Obra - MO

Para o cálculo dos custos com mão de obra foram considerados os valores dos salários

obtidos junto à folha de pagamentos, somando todas as remunerações, encargos sociais e

trabalhistas da empresa. Desta forma, calculou-se o valor do FGTS a 8 % conforme legislação

Page 43: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

43

vigente, bem como os proventos proporcionais incidentes como 1/12 de décimo terceiro, 1/12

de férias e 1/3 de férias constitucionais proporcional.

Havendo incidência de Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) e sendo a empresa

optante pelo Simples Nacional, o custo referente a esta contribuição foi calculado com base

no percentual utilizado pela empresa no cálculo do Simples, nos meses de fevereiro e março,

sendo este de 8,04%. O sistema de tributação Simples Nacional contempla uma série de

impostos e contribuições embutidos em sua alíquota, entre eles está a CPP, como pode ser

visto na tabela disposta no Anexo I, a alíquota relacionada a essa contribuição é de 2,99%;

aplicada sobre o faturamento referente aos meses em análise, obtêm-se o valor total pertinente

à CPP dos funcionários, dividindo igualmente ao número de funcionários da empresa, é

possível mensurar o valor dessa contribuição a cada funcionário.

Devido às atividades desempenhadas pela empresa serem consideradas perigosas e

insalubres, é necessário o pagamento de adicionais de periculosidade e insalubridade, sendo

esses calculados sobre os percentuais de 30% (trinta por cento) e 10% (dez por cento)

respectivamente.

Para o cálculo do custo com insalubridade pertinente a atividade de preparo da cola,

foi necessária a consulta junto ao sindicato responsável, do salário base para um funcionário

que desenvolvesse tal atividade, sendo esse de R$ 520,00.

O Quadro 1 apresenta o custo da mão de obra, conforme a alocação dos funcionários

em cada uma das atividades.

Page 44: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

44

Atividade de Preparo da Madeira

Funcionário Salário

Provisão

13º

Salário

Prov. de

Férias

mais 1/3

FGTS

(8%) Periculosidade CPP

Total

Mês

Aux. de Op. Máquina 523,23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 1.059,68

Operador de Máquina 535,00 44,58 59,44 51,12 160,50 227,75 1.078,39

Total 1.058,23 88,18 117,57 101,12 317,47 455,50 2.138,07

Atividade de Preparo das Lâminas

Funcionário Salário

Provisão

13º

Salário

Prov. de

Férias

mais 1/3

FGTS

(8%) Periculosidade CPP

Total

Mês

Aux. de Op. Máquina 523,23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 1.059,68

Operador de Máquina 523,23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 1.059,68

Total 1.046,46 87,20 116,26 100,00 313,94 455,50 2.119,36

Atividade de Preparo da Cola

Funcionário Salário

Provisão

13º

Salário

Prov. de

Férias

mais 1/3

FGTS

(8%) Insalubridade CPP

Total

Mês

Operador de Máquina 523,23 43,60 58,13 50,00 52,00 227,75 954,71

Total 523,23 43,60 58,13 50,00 52,00 227,75 954,71

Montagem da Porta

Funcionário Salário

Provisão

13º

Salário

Prov. de

Férias

mais 1/3

FGTS

(8%) Periculosidade CPP

Total

Mês

Montador 523, 23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 536,45

Montador 523,23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 1.059,68

Montador 621,28 51,77 69,03 59,37 186,38 227,75 1.215,58

Montador 621,28 51,77 69,03 59,37 186,38 227,75 1.215,58

Total 2.289,02 190,74 254,32 218,74 686,71 911,00 4.550,53

Acabamento

Funcionário Salário

Provisão

13º

Salário

Prov. de

Férias

mais 1/3

FGTS

(8%) Periculosidade CPP

Total

Mês

Retificador 523,23 43,60 58,13 50,00 156,97 227,75 1.059,68

Lixador 559,00 46,58 62,11 53,42 167,70 227,75 1.116,56

Total 1.082,23 90,18 120,24 103,42 324,67 455,51 2.176,25

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 1 - Custos com mão-de-obra por atividade de valor

A Tabela 1 na sequência apresenta resumidamente o custo com mão-de-obra direta de

cada atividade de valor e a distribuição desse custo, considerando o objeto de custeio

pertinente a cada uma das atividades:

Page 45: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

45

TABELA 1 - Distribuição dos custos com mão-de-obra a cada atividade de valor

Atividades de Valor Custo MO (R$) Objeto de Custeio MO (R$/m³)

Preparo da Madeira 4.276,14 113,51 m³ 37,67

Preparo das Lâminas 4.238,72 59,49 m³ 71,24

Atividades de Valor Custo MO (R$) Objeto de Custeio MO (R$/kg)

Preparo da Cola 1.911,50 2.333,32 kg 0,82

Atividades de Valor Custo MO (R$) Objeto de Custeio MO (R$/porta)

Montagem 9.101,06 5.303 portas 1,72

Acabamento 4.352,50 5.303 portas 0,82

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

3.3.1.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s)

O uso do EPI é obrigatório e disponibilizado pela empresa a cada funcionário, cabendo

ao administrador fiscalizar se todos os funcionários estão fazendo a utilização correta dos

equipamentos.

O EPI é retirado pelo funcionário, conforme a sua necessidade, sendo seu controle

feito através de fichas que contenham informações do funcionário bem como o material que

foi retirado, a data que retirou e sua assinatura. A ficha é arquivada posteriormente em pasta

especifica. Os valores referentes aos EPI’s foram obtidos junto à nota fiscal de compra desta

mercadoria.

Esses produtos são adquiridos conforme a necessidade de utilização. Uma maior ou

menor vida útil é determinada conforme os cuidados de cada funcionário.

Realizou-se também um levantamento mensal para saber quais foram os gastos com

EPI’s, distribuídos a cada atividade, que resultou no quadro que segue:

Page 46: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

46

a) Atividade de preparo da madeira

Descrição do Produto Número de

Funcionários

Quantidade

Utilizada Custo

Vida Útil

(mês)

Custo

Mensal

Botina 2 1 36,00 6 12,00

Máscara descartável 2 4 0,45 1 3,50

Luva de Raspa 2 2 5,00 1 20,00

Abafador 2 1 14,00 10 7,00

Óculos de segurança 2 1 4,00 3 2,66

Total 45,16

Fonte: Dados da pesquisa (2010).

QUADRO 2 - Valor mensal de EPI para a atividade de preparo da madeira

b) Atividade de preparo das lâminas

Descrição do Produto Número de

Funcionários

Quantidade

Utilizada Custo

Vida Útil

(mês)

Custo

Mensal

Botina 2 1 36,00 6 12,00

Luva de Raspa 2 1 5,00 1 10,00

Total 22,00

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 3 - Valor mensal de EPI para atividade de preparo das lâminas

c) Atividade de preparo da cola

Descrição do Produto Número de

Funcionários

Quantidade

Utilizada Custo

Vida Útil

(mês)

Custo

Mensal

Botina 1 1 36,00 6 6,00

Máscara descartável 1 1 0,45 1 0,45

Luva de Raspa 1 1 5,00 1 5,00

Total 11,45

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 4 - Valor mensal de EPI para a atividade de preparo da cola

d) Atividade de montagem

Descrição do Produto Funcionário Quantidade

Utilizada Valor

Vida Útil

(mês)

Valor

Mensal

Bota 4 1 36,00 6 24,00

Máscara descartável 4 1 0,45 1 1,80

Luva de Raspa 4 2 5,00 1 40,00

Protetor Auricular 4 1 0,90 6 0,60

Total 66,40

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 5 - Valor mensal de EPI para a etapa de montagem da porta

Page 47: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

47

e) Atividade de acabamento

Descrição do Produto Funcionário Quantidade

Utilizada Valor

Vida Útil

(mês)

Valor

Mensal

Botinas 2 1 36,00 6 12,00

Máscara descartável 2 4 0,45 1 3,60

Luva de Raspa 2 2 5,00 1 20,00

Abafador 2 1 14,00 10 2,80

Óculos de proteção 2 1 4,00 3 2,66

Total 41,06

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 6 - Valor mensal de EPI para a etapa de acabamento

A seguir são apresentados os custos de EPI’s correspondentes a cada atividade de

valor durante o período de dois meses (fevereiro e março), e sua distribuição (Tabela 2).

TABELA 2 - Distribuição dos custos com EPI’s a cada atividade de valor

Atividades de Valor Custo EPI’s (R$) Objeto de Custeio EPI’s (R$/m³)

Preparo da Madeira 90,32 113,51 m³ 0,80

Preparo das Lâminas 44,00 59,49 m³ 0,74

Atividades de Valor Custo EPI’s (R$) Objeto de Custeio EPI’s (R$/kg)

Preparo da Cola 22,90 2.333,32 kg 0,010

Atividades de Valor Custo EPI’s (R$) Objeto de Custeio EPI’s (R$/porta)

Montagem 132,80 5.303 portas 0,025

Acabamento 82,12 5.303 portas 0,015

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

3.3.1.3 Depreciação

A depreciação é o custo em decorrência do desgaste ao longo do tempo, com a

obsolescência natural dos bens ativos que a empresa possui. Segundo informação do

proprietário, o maquinário utilizado na produção já está totalmente depreciado. Contudo em

consonância com o Art. 301 da RIR/99 no caso de bens totalmente depreciados, o valor a ser

ativado refere-se ao aumento da vida útil em decorrência de reparos, conservação de partes e

peças, equivalentes aos gastos, inclusive despesas acessórias. Portanto, para fins de cálculo da

depreciação serão utilizados valores referentes à manutenção e troca de peças como, serras e

correias. Os valores de cada item foram retirados das informações fornecidas pelos

Page 48: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

48

administradores e das notas fiscais de compra, bem como de serviços prestados. O tempo de

vida útil dessas peças foi pesquisado junto ao gestor da empresa. Por conseqüência dessa

metodologia não serão contabilizados custos com manutenção.

Preparo da madeira

Descrição do produto Valor R$ Vida Útil (meses) Valor Mensal

Serras 600,00 6 100,00

Correias 52,00 12 4,33

Repastilhamento serra 20,00 2 10,00

Manutenção maquinário 225,00 12 18,75

Afiamento serra 30,00 0,25 120,00

Graxa 12,50 1 12,50

TOTAL 265,58

Preparo da cola

Regulagem bomba de água 25,00 12 2,08

Acabamento

Descrição do produto Valor R$ Vida Útil (meses) Valor Mensal

Correias 193,00 12 16,08

Manutenção de maquinário 238,16 12 19,85

Afiamento serra 7,00 0,25 28,00

Repastilhamento serras 12,00 2 6,00

Graxa 4,00 1 4,00

TOTAL 73,93

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 7 - Apresentação dos custos referentes a manutenção, que será utilizada no calculo

da depreciação dos meses de fevereiro e março

A Tabela 3 apresenta os custos com depreciação correspondentes a cada atividade de

valor e sua distribuição:

Page 49: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

49

TABELA 3 - Distribuição dos custos com depreciação a cada atividade de valor

Atividades de Valor Depreciação (R$) Objeto de Custeio Depreciação (R$/m³)

Preparo da Madeira 265,58 113,51 m³ 2,34

Atividades de Valor Depreciação (R$) Objeto de Custeio Depreciação (R$/kg)

Preparo da Cola 2,08 2.333,32 kg 0,001

Atividades de Valor Depreciação (R$) Objeto de Custeio Depreciação (R$/porta)

Acabamento 73,93 5.303 portas 0,014

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

3.3.2 Apresentação dos Custos Variáveis

3.3.2.1 Matéria Prima

a. Atividade de preparo da madeira

Esta atividade trabalha única e exclusivamente com madeira de aproveitamento,

sendo, portanto essa sua matéria-prima. De acordo com informações recolhidas com o

responsável pelas compras na empresa em questão, o preço pago pela madeira utilizada nessa

atividade tem um custo de R$ 80,00 por metro cúbico.

b. Atividade de preparo das lâminas

A matéria-prima utilizada nessa atividade é composta por dois tipos de lâminas de

madeira, com características e preços distintos. Sendo essas: a lâmina-capa, cujo preço de

compra praticado pela empresa é de 630,00 reais por metro cúbico e a lâmina-miolo cujo preço

é de 230,00 reais por metro cúbico. Essas informações foram recolhidas junto ao gestor da

empresa.

Page 50: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

50

c. Atividade de preparo da cola

Esta atividade tem como matéria prima a cola, sendo assim, para a formação do custo

da cola faz-se necessário a discriminação dos produtos que a integram, conforme quadro

abaixo.

Produtos Peso (Kg) Preço Total Custo (R$/Kg)

Resina Uréia-Formol 250 517,50 2,07

Farinha 50 35,00 0,70

Água 0,00 0,00 0,00

Total 2,77

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 8 - Formação do custo da cola

A tabela apresenta o custo do quilograma de cola, formada pela resina, pela farinha de

trigo e pela água. Assim, 2,77 reais correspondem ao custo de um quilograma da mistura que

forma a cola. A água utilizada no processo produtivo é oriunda de um poço semi-artesiano

instalado na propriedade, por essa razão não serão considerados valores pertinentes a água, na

formação do preço da cola, além disso, sua mensuração não justifica o custo beneficio.

d. Atividade de montagem da porta

Essa atividade de valor não considera valores referentes à matéria-prima, sendo

considerados apenas os custos relativos á prestação do serviço.

e. Atividade de acabamento

Da mesma forma que na atividade anterior, essa atividade também não considera

valores referentes à matéria-prima, sendo considerados apenas os custos relativos á prestação

do serviço.

A Tabela 4 apresenta os custos com matéria-prima correspondentes a cada atividade

de valor e sua distribuição:

Page 51: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

51

TABELA 4 - Distribuição dos custos com matérias-prima a cada atividade de valor

Atividades de Valor Matéria-prima (R$) Objeto de Custeio Madeira (R$/m³)

Preparo da Madeira 9.080,80 113,51 m³ 80,00

Atividades de Valor Matéria-prima (R$) Objeto de Custeio Lâmina (R$/m³)

Preparo das lâminas

25.585,00 59,50 m³ 430,00 (1)

Lâmina-capa 18.742,50 29,75 m³ 630,00

Lâmina-miolo 6.842,50 29,75 m³ 230,00

Atividades de Valor Matéria-prima (R$) Objeto de Custeio Cola (R$/kg)

Preparo da Cola 6.463,30 2.333,32 kg 2,77

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

3.3.2.2 Materiais Secundários

Durante o processo de fabricação das portas, utiliza-se uma série de materiais nas

atividades de preparo das lâminas, montagem da porta e acabamento. O consumo desses

materiais é mensurado conforme sua ocorrência. Sendo seus custos, retirados do relatório de

custo feito pelos proprietários mensalmente, conforme demonstra o Quadro 9, que apresenta

esses valores ocorridos nos meses de fevereiro e março de 2010.

Atividade de Preparo das Lâminas

Descrição do material Custo com Materiais Secundários

Papel Gomado 842,80

Fita adesiva 20,00

Cola branca 7,96

Custos Totais 870,76

Atividade de Montagem

Descrição do material Custo com Materiais Secundários

Grampos 380,00

Custo Total 380,00

Atividade de Acabamento

Descrição do material Custo com Materiais Secundários

Massa Corrida 126,00

Lixa 296,00

Custos Totais 422,00

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 9 - Custo com materiais secundários para cada atividade de valor

1 A atividade de preparo das lâminas tem sua matéria-prima formada por dois tipos de lâminas, com valores

distintos, sendo necessário, portanto, o cálculo da média entre eles.

Page 52: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

52

Desta forma, o custo com materiais secundários distribuídos a cada atividade por meio

do objeto de custeio pertinente a cada uma, pode ser visualizado na Tabela 5.

TABELA 5 - Distribuição dos custos com materiais secundários a cada atividade de valor

Atividades de Valor Materiais Secundários (R$) Objeto de Custeio Materiais

Secundários (R$/m³)

Preparo das Lâminas 870,76 59,50 m³ 14,63

Atividades de Valor Materiais Secundários (R$) Objeto de Custeio Materiais

Secundários (R$/porta)

Montagem 380,00 5.303 portas 0,07

Acabamento 422,00 5.303 portas 0,08

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

3.3.2.3 Energia Elétrica

A energia elétrica é fornecida pela Rede Cemat. Foi analisada e distribuída em cada

atividade. Após a constatação de que sua mensuração seria possível através da potência dos

motores, verificou-se a potência de cada motor no seu respectivo departamento, conforme

quadro abaixo.

Verificado o CV de cada motor, tornou-se necessária a transformação dessa medida de

potência em medida de consumo Quilowatts (kW), essa transformação só foi possível por

meio da utilização de uma fórmula fornecida por um funcionário da Cemat Sinop, sendo essa:

Potência (CV) x Fator de transformação (0,756) x Horas/máquina diárias x dias trabalhados.

A empresa opera meio expediente aos sábados, sendo assim as horas diárias

apresentadas pela tabela correspondem às horas diárias semanais acrescidas das horas

referentes aos sábados, por conseqüência os sábados não foram contabilizados como dias

úteis, sendo estes então, de segunda a sexta. Essa medida foi tomada somente para facilitar a

apresentação do cálculo. Porém é necessário que se faça mais uma dedução no cálculo das

horas diárias, já que ocorre uma perda de 1,5 horas em decorrência do tempo gasto pelos

funcionários para preparar o ambiente, colocar os EPI’s, antes de ligar as máquinas para

iniciar o trabalho. Estão incluídas neste desconto também as horas referentes a setup - paradas

para troca de peças e manutenção.

Page 53: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

53

Na etapa preparo das lâminas, as máquinas não funcionam em tempo integral,

diferente do que ocorre com as etapas de preparo da madeira, montagem da porta e

acabamento em que as máquinas funcionam interruptamente durante o processo produtivo,

por esse motivo o cálculo das horas mês trabalhadas dessas máquinas (juntadeira e

retificadora), foi feito de forma diferente. Para essas máquinas utilizou-se uma média de 8

(oito) horas mensais, ou um dia de trabalho normal. Esta média foi obtida por meio de

informações repassadas pelo administrador, assim como as horas pertinentes a utilização da

bomba de água.

ETAPA PROD. -

MÁQUINA CV

Consum

o

(kW)

Horas

diárias

Fevereiro Horas

diárias

Março

dias Consumo

(kWh/mês) dias

Consumo

(kWh/mês)

Preparo da madeira 16,00 12,10 7,30 19,00 1677,72 7,30 23,00 2030,92

Multilâmina 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Multilâmina 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Multilâmina 10,00 7,56 7,30 19,00 1048,57 7,30 23,00 1269,32

Preparo das Lâminas 14,00 10,58 - 19,00 674,39 - 23,00 816,37

Retificadora 7,00 5,29 0,35 19,00 35,19 0,35 23,00 42,60

Juntadeira 2,00 1,51 0,35 19,00 10,05 0,35 23,00 12,17

Destopadeira 2,00 0,76 7,30 19,00 209,71 7,30 23,00 253,86

Destopadeira 2,00 1,51 7,30 19,00 209,71 7,30 23,00 253,86

Destopadeira 2,00 1,51 7,30 19,00 209,71 7,30 23,00 253,86

Preparo da Cola 6,00 4,54 - 19,00 553,01 - 23,00 669,44

Batedeira de Cola 5,00 3,78 7,30 19,00 524,29 7,30 23,00 634,66

Bomba de água 1,00 0,76 2,00 19,00 28,73 2,00 23,00 34,78

Montagem da Porta 7,00 5,29 7,30 19,00 734,00 7,30 23,00 888,53

Grampeadoras 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Passadeira de Cola 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Prensa 1,00 0,76 7,30 19,00 104,86 7,30 23,00 126,93

Acabamento 10,00 7,56 7,30 19,00 1048,57 7,30 23,00 1269,32

Esquadrejadeira 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Lixadeira 2,00 1,51 7,30 19,00 209,71 7,30 23,00 253,86

Serra Circular 3,00 2,27 7,30 19,00 314,57 7,30 23,00 380,80

Exaustor 2,00 1,51 7,30 19,00 209,71 7,30 23,00 253,86

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

QUADRO 10 - Conversão potência (CV) em consumo (kWh/mês)

Após a conversão da potência em consumo, torna-se necessário então, sua mensuração

monetária. Através dos valores encontrados nas faturas pertinentes aos meses de fevereiro e

março, foi feita a distribuição da energia aos setores correspondentes. Sendo o custo do

quilowatt encontrado através da divisão do custo total da energia elétrica mensal pelo

consumo mensal.

Page 54: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

54

Fev

erei

ro

Etapas do processo produtivo

e administração kWh/mês

Percentual kWh

por atividade.

Custo kWh

(R$) Custo (R$)

Preparo da madeira 1.677,72 20,36 0,59 992,75

Preparo das lâminas 674,39 8,18 0,59 399,05

Preparo da cola 553,01 6,71 0,59 327,23

Montagem da Porta 734,00 8,91 0,59 434,33

Acabamento 1.048,57 12,73 0,59 620,47

Subtotal 4.687,69 56,89 0,59 2.773,83

Administração 254,14 3,08 0,59 150,38

Outra Atividade 3.298,47 40,03 0,59 1.951,79

Total 8.240,00 100,00 0,59 4.875,83

Ma

rço

Preparo da Madeira 2.086,56 27,03 0,55 1.158,00

Preparo das lâminas 837,23 10,84 0,55 464,65

Preparo da cola 686,83 8,90 0,55 381,18

Montagem da Porta 912,87 11,82 0,55 506,63

Acabamento 1304,10 16,89 0,55 723,75

Subtotal 5.827,59 75,49 0,55 3.234,20

Administração 421,51 5,46 0,55 233,93

Outra Atividade 1.470,66 19,05 0,55 816,19

Total 7.720,00 100% 0,55 4.284,45

Fonte: Dados da Pesquisa (2010)

QUADRO 11 - Mensuração do custo com energia elétrica por etapa de produção

A “outra atividade” à qual a tabela se refere corresponde à produção de chapas de

compensado, atividade também desenvolvida pela empresa, que consome energia por utilizar

máquinas como prensa e esquadrejadeira, assim como a administração, que não será alocada

diretamente ao produto.

O custo com energia elétrica referente a cada atividade de valor apresenta-se

distribuídos na Tabela 6.

TABELA 6 - Distribuição dos custos com energia elétrica a cada atividade de valor

Atividades de Valor Energia Elétrica (R$) Objeto de Custeio Energia Elétrica (R$/m³)

Preparo da Madeira 2.150,75 113,51 m³ 18,95

Preparo das Lâminas 863,70 59,50 m³ 14,52

Atividades de Valor Energia Elétrica (R$) Objeto de Custeio Energia Elétrica (R$/kg)

Preparo da Cola 708,41 2.333,32 kg 0,30

Atividades de Valor Energia Elétrica (R$) Objeto de Custeio Energia Elétrica (R$/porta)

Montagem 940,96 5.303 portas 0,18

Acabamento 1.344,22 5.303 portas 0,25

Fonte: Dados da pesquisa (2010)

Page 55: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

55

3.4 APLICAÇÃO DO MODELO DE MENSURAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VALOR

A seguir serão apresentados os modelos de mensuração para cada uma das atividades

de valor desempenhadas pela empresa, objetivando a realização de análise.

A análise em si revela a base para a decisão entre manter uma estrutura operacional

para desenvolver uma das atividades ou terceirizá-la. Como a empresa já dispõe de estrutura

física de ativos necessária para desenvolver as atividades, essa informação será útil para

analisar o resultado, identificando, portanto, como cada atividade contribui na formação do

resultado global do empreendimento. Outro tipo de análise é a possibilidade de fazer

comparações com concorrentes, avaliando se a empresa está competitiva.

O conhecimento da estrutura da cadeia interna de valor permite identificar quais

atividades nas unidades da empresa são representativas em termos de custos e que tipos de

recursos são consumidos em cada uma delas.

3.4.1 Atividade de preparo da madeira

Na atividade de preparo da madeira, a empresa pode optar entre preparar a madeira

retirando imperfeições ou comprá-las já preparadas sem defeitos dos fornecedores no mercado

madeireiro. Se a empresa optar por contratar o serviço de preparo da madeira de terceiros, isso

não elimina as atividades posteriores, pois haveria apenas um serviço terceirizado.

Para obter o valor correspondente ao preço do serviço cobrado no mercado desta

atividade da cadeia, pesquisou-se junto às empresas madeireiras da região quanto seria

cobrado para preparar o volume de madeira utilizada na produção de portas dos meses

fevereiro e março, chegando-se ao valor de R$ 400,00 por metro cúbico.

A quantidade total de madeira preparada na empresa corresponde a 113,51 m³, os

custos relativos a esta atividade foram obtidos do relatório de custo feito pelos proprietários

mensalmente.

Para o cálculo do custo de oportunidade foi utilizado como base no valor do

investimento necessário para montar uma estrutura capaz de realizar essa atividade. Valor

esse obtido por meio de pesquisa de mercado, que levou em consideração, espaço físico,

maquinário, barracão, etc. para uma empresa do mesmo ramo. Sendo este valor de R$

Page 56: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

56

88.000,00. Também foi realizada a pesquisa quanto ao ganho em percentual que os gestores

teriam, se aplicassem o respectivo valor na caderneta de poupança, baseado na média da taxa

de retorno ajustada do primeiro semestre de 2010. Esta taxa é disponibilizada pelo Banco

Central em meio eletrônico, sendo que a taxa encontrada foi de 1,05% ao mês.

Sendo assim, o custo de oportunidade é o valor que a empresa teria que investir para

desempenhar a atividade, aplicada a uma alíquota de 1,05% ao mês para um período de 2

meses, o valor do investimento, resultando um custo de oportunidade de R$ 1.857,70. A

Tabela 7 apresenta os valores pertinentes a essa atividade da cadeia.

TABELA 7 - Mensuração da atividade de preparação da madeira

Atividade de preparo da madeira

Período: fevereiro e março de 2010

Quantidade de portas produzidas em m³: 113,51

R$ / m³ Total %

PREÇO DE MERCADO 400,00 45.404,00 100,00

Preço dos fornecedores 400,00 45.404,00 -

( - ) CUSTOS VARIÁVEIS 98,95 11.231,55 24,74

Matéria-Prima 80,00 9.080,80 20,00

Energia Elétrica 18,95 2.150,75 4,74

Custo com Materiais Secundários 0,00 0,00 0,00

(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 301,05 34.172,45 75,26

( - ) CUSTOS FIXOS E DESPESAS FIXAS 40,81 4.632,04 10,20

Epi’s 0,80 90,32 0,20

Mão de Obra Fixa 37,67 4.276,14 9,42

Depreciação 2,34 265,58 0,58

(=) RESULTADO DA ETAPA 260,25 29.540,41 65,06

( - ) Custo de Oportunidade 1,05% 16,37 1.857,70 4,09

GANHO OU PERDA DA ATIVIDADE 243,88 27.682,71 60,97

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

Desta forma, essa atividade apresenta um ganho econômico de R$ 27.682,71 no

bimestre em análise, pois se a empresa não tivesse a estrutura necessária para realizar este tipo

de serviço teria que contratá-lo com outras empresas no mercado, custando, nesse caso, o

valor de R$ 400,00/m³, preço superior ao de seus custos: R$ 156,13/m³.

Page 57: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

57

3.4.2 Atividade de preparo das lâminas

Nesta atividade de valor pode-se tomar a decisão entre preparar as lâminas de madeira

contratando o serviço de terceiros ou ter uma estrutura própria para a realização desse tipo de

serviço. Se a empresa optar por contratar o serviço de preparo das lâminas de terceiros, isso

não elimina as atividades anteriores ou posteriores a essa atividade, pois haveria apenas um

serviço terceirizado.

Para obter o valor correspondente ao preço do serviço praticado no mercado desta

atividade, também foi pesquisado, junto às empresas madeireiras da região, qual seria o valor

a ser cobrado para preparar o volume de lâminas utilizadas pela empresa durante o período em

estudo. Sendo assim, constatou-se o valor de R$ 600 por metro cúbico - m³.

A metragem cúbica total de lâminas utilizadas na produção foi obtida com base na

observação da produção de portas realizada pela empresa, levando em consideração as

quantidades necessárias para produção de uma porta.

Sendo assim, foram necessários 59,50 m³ de madeira nos meses de fevereiro e março

de 2010. Os custos desta atividade foram extraídos da planilha de controle de custos da

empresa, fornecida por seus gestores.

Para o cálculo do custo de oportunidade foi utilizado como base no valor do

investimento necessário para montar uma estrutura capaz de realizar essa atividade. Valor

esse obtido através de pesquisa de mercado, levando em consideração espaço físico,

maquinário e barracão, para uma empresa do mesmo ramo. Sendo este valor de R$ 27.700,00.

Bem como, uma pesquisa do ganho em percentual que os gestores teriam se aplicassem na

caderneta de poupança, baseado na média da taxa de retorno ajustada, do primeiro semestre

de 2010, disponibilizada pelo Banco Central em meio eletrônico, os valores pertinentes a esse

investimento. Sendo essa taxa de 1,05% ao mês.

Sendo assim, o custo de oportunidade é o valor que a empresa teria que investir, para

desempenhar a atividade, aplicada a uma alíquota de 1,05% ao mês para um período de 2

meses, o valor do investimento, resultando um custo de oportunidade de R$ 584,75. Na

Tabela 8 apresentam-se os resultados da mensuração desta atividade

Page 58: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

58

TABELA 8 - Mensuração da atividade de preparação das lâminas

Atividade de preparação das lâminas

Período: fevereiro e março de 2010

Quantidade de portas produzidas em m³: 59,50

R$ / m³ Total %

PREÇO DE MERCADO 600,00 35.700,00 100

Preço dos fornecedores 600,00 35.700,00 -

( - ) CUSTOS VARIÁVEIS 459,15 27.319,46 76,53

Matéria-Prima 430,00 25.585,00 71,67

Lâmina capa 630,00 18.742,5 -

Lâmina miolo 230,00 6.842,50 -

Energia Elétrica 14,52 863,70 2,42

Custo com Materiais Secundários 14,63 870,76 2,44

(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 140,85 8.380,54 23,48

( - ) CUSTOS FIXOS E DESPESAS FIXAS 71,98 4.282,72 12,00

Epi’s 0,74 44,00 0,12

Mão de Obra Fixa 71,24 4.238,72 11,87

(=) RESULTADO DA ETAPA 68,87 4.097,82 11,48

( - ) Custo de Oportunidade 1,05% 9,83 584,75 1,64

GANHO OU PERDA DA ATIVIDADE 59,04 3.513,07 9,84

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

Desta forma, essa atividade apresenta um ganho econômico de R$ 3.513,07 no

bimestre em análise, pois se a empresa não tivesse a estrutura necessária para realizar este tipo

de serviço teria que contratá-lo com outras empresas no mercado, custando, nesse caso, o

valor de R$ 600 /m³, preço superior ao de seus custos: R$ 540,96/m³.

3.4.3 Atividade de preparo da cola

Nesta atividade da cadeia interna de valor, pode-se tomar a decisão entre preparar a

cola contratando o serviço de terceiros ou ter uma estrutura própria para a realização desse

tipo de serviço. Se a empresa optar por contratar o serviço de preparo da cola, de terceiros,

isso não elimina as atividades anteriores ou posteriores a essa atividade, pois haveria apenas

um serviço terceirizado.

Para obter o valor correspondente ao preço do serviço praticado no mercado, para a

realização dessa atividade, também foi pesquisado, junto às indústrias de portas da região,

qual seria o valor a ser cobrado para preparar o volume de cola utilizada pela empresa durante

o período em estudo. Chegando assim a um valor de R$ 5,00 por quilograma - kg de cola. O

Page 59: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

59

peço total de cola utilizadas na produção foi obtido através de observação direta da produção

de portas, realizada pela empresa, levando em consideração as quantidades necessárias para

produção de uma porta.

Sendo assim, verificou-se que a necessidade de 2.333,32 kg de cola para a produção

dos meses de fevereiro e março de 2010. Os custos desta atividade foram extraídos da

planilha de controle de custos da empresa, fornecida por seus gestores.

Para o cálculo do custo de oportunidade foi verificado, segundo pesquisa, quanto a

empresa teria que investir, se não houvesse essa atividade, resultam num valor total de R$

14.140,00. Valor esse obtido através de pesquisa de mercado, que levou em consideração

espaço físico, maquinário e barracão, para uma empresa do mesmo ramo.

Sendo necessária também, uma pesquisa da média da taxa de retorno ajustada, do

primeiro semestre de 2010, disponibilizada pelo Banco Central em meio eletrônico, que os

gestores teriam, se aplicassem na caderneta de poupança, os valores pertinentes a esse

investimento. Sendo essa taxa de 1,05% ao mês.

Sendo assim, o custo de oportunidade é o valor que a empresa teria que investir, para

desempenhar a atividade, aplicada a uma alíquota de 1,05% ao mês para um período de 2

meses, o valor do investimento, resultando um custo de oportunidade de R$ 298,50. A Tabela

9 apresenta os resultados da mensuração da atividade de preparo da cola.

TABELA 9 - Mensuração da atividade de preparo da cola

Atividade de preparo da cola

Período: fevereiro e março de 2010

Quantidade de portas produzidas em kg: 2.333,32

R$ / kg Total %

PREÇO DE MERCADO 5,00 11.666,60 100,00

Preço dos fornecedores 5,00 11.666,60 -

( - ) CUSTOS VARIÁVEIS 3,07 7.171,71 61,47

Matéria-Prima 2,77 6.463,30 55,40

Energia Elétrica 0,30 708,41 6,07

(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 1,93 4.494,89 38,53

( - ) CUSTOS FIXOS E DESPESAS FIXAS 0,83 1.911,50 16,56

Epi’s 0,01 22,90 0,20

Mão de Obra Fixa 0,82 1.909,42 16,34

Depreciação 0,001 2,08 0,02

(=) RESULTADO DA ETAPA 1,10 2.583,39 21,97

( - ) Custo de Oportunidade 1,05% 0,13 298,50 2,60

GANHO OU PERDA DA ATIVIDADE 0,97 2.284,89 19,38

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

Page 60: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

60

Desta forma, foi possível verificar que, essa atividade apresenta um ganho econômico

de R$ 2.284,89 no bimestre em análise, pois se a empresa não tivesse a estrutura necessária

para realizar este tipo de serviço teria que contratá-lo com outras empresas no mercado,

custando, nesse caso, o valor de R$ 5,00/kg, preço superior ao de seus custos: R$ 4,03 /kg.

3.4.4 Atividade de montagem da porta

Nessa atividade de valor, pode-se tomar a decisão entre contratar o serviço de

montagem da porta de terceiros ou ter uma estrutura própria de produção com ativos e

recursos necessários para a realização desse tipo de serviço. Se a empresa optar por contratar

o serviço de montagem da porta, de terceiros, isso não elimina as atividades anteriores ou

posteriores a essa atividade, pois haveria apenas um serviço terceirizado.

O preço do serviço no mercado foi pesquisado junto às empresas que atuam no mesmo

ramo, ou seja, que produzem portas de madeira na região, e constatou-se que o preço médio

orçado para este serviço de montagem, seria de R$ 11,50 por unidade considerando apenas os

custos relativos à prestação do serviço, sem o custo da madeira, como feito nas atividades

anteriores.

A produção desta atividade refere-se à quantidade total de portas produzidas e

vendidas nos meses de fevereiro e março de 2010, sendo essa, de 5.303 portas.

Para o cálculo do custo de oportunidade, foi verificado, segundo pesquisa o

investimento global em ativos (máquinas, equipamentos, barracão, etc.) para a atividade de

montagem, sendo esse investimento de R$ 57.110,00. Bem como, o ganho em percentual,

baseado na média da taxa de retorno ajustada, do primeiro semestre de 2010, disponibilizada

pelo Banco Central em meio eletrônico, que os gestores teriam, se aplicassem na caderneta de

poupança os valores pertinentes a esse investimento. Sendo essa taxa de 1,05% ao mês.

Sendo assim, o custo de oportunidade é o valor que a empresa teria que investir, para

desempenhar a atividade, aplicada a uma alíquota de 1,05% ao mês para um período de 2

meses o valor do investimento, resultando um custo de R$ 1.205,61. A Tabela 10 evidencia os

dados apurados nesta atividade.

Page 61: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

61

TABELA 10 - Mensuração da atividade de montagem da porta

Atividade de montagem da porta.

Período: fevereiro e março de 2010

Quantidade de portas produzidas em unidades: 5.303

R$/unid. Total %

PREÇO DE MERCADO 11,50 6.0984,50 100

Preço dos fornecedores 11,50 6.0984,50 -

( - ) CUSTOS VARIÁVEIS 0,25 1.325,75 2,17

Energia Elétrica 0,18 954,54 1,57

Custo com Materiais Secundários 0,07 371,21 0,61

(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 11,25 59.658,75 97,83

( - ) CUSTOS FIXOS E DESPESAS FIXAS 1,75 9.253,74 15,17

Epi’s 0,025 132,58 0,22

Mão de Obra Fixa 1,72 9.121,16 14,96

(=) RESULTADO DA ETAPA 9,51 50.405,02 82,65

( - ) Custo de Oportunidade 1,05% 0,23 1.205,61 2,00

GANHO OU PERDA DA ATIVIDADE 9,28 49.199,41 80,65

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

Desta forma, essa atividade apresenta um ganho econômico de R$ 49.199,41 no

bimestre em análise, pois se a empresa não tivesse a estrutura necessária para realizar este tipo

de serviço teria que contratá-lo com outras empresas no mercado, custando, nesse caso, o

valor de R$ 11,50 por unidade, preço este, superior ao de seus custos: R$ 2,23 por unidade.

3.4.5 Atividade de acabamento

Esta é a última atividade da cadeia interna de valor. Nela pode-se tomar a decisão

entre contratar o serviço de acabamento da porta de terceiros ou ter uma estrutura própria de

produção com ativos e recursos necessários para a realização desse tipo de serviço. Assim

como nas demais atividades de valor, se a empresa optar por contratar o serviço de

acabamento, de terceiros, isso não elimina as atividades anteriores ou posteriores a essa

atividade, pois haveria apenas um serviço terceirizado.

O preço do serviço no mercado foi pesquisado junto às empresas que atuam no mesmo

ramo, ou seja, que produzem portas de madeira na região, e constatou-se que o preço médio

orçado para este serviço de acabamento, seria de R$ 8,50 por unidade, considerando apenas os

custos relativos à prestação do serviço, sem o custo da matéria-prima, como feito nas

atividades de preparo da madeira, preparo das lâminas e preparo da cola.

Page 62: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

62

As informações referentes aos custos operacionais foram extraídas da planilha

fornecida pela empresa e da observação direta do processo de produção.

A produção desta atividade refere-se aos produtos prontos, que é a quantidade total de

portas produzidas e vendidas nos meses de fevereiro e março de 2010, sendo 5.303 portas.

Para o cálculo do custo de oportunidade, foi verificado, segundo pesquisa o

investimento em ativos (máquinas, equipamentos, barracão, etc.) para realizar a atividade de

acabamento, este orçado em R$ 59.500,00. Bem como, o ganho em percentual, baseado na

média da taxa de retorno ajustada, do primeiro semestre de 2010, disponibilizada pelo Banco

Central em meio eletrônico, que os gestores teriam, se aplicassem na caderneta de poupança,

os valores pertinentes a esse investimento. Sendo essa taxa de 1,05% ao mês.

Sendo assim, o custo de oportunidade é o valor que a empresa teria que investir, para

desempenhar a atividade, aplicada a uma alíquota de 1,05% ao mês para um período de 2

meses, o valor do investimento, resultando um custo de oportunidade de R$ 1.256,06. A

Tabela 11 evidencia os dados apurados nesta atividade.

TABELA 11 - Mensuração da atividade de acabamento

Atividade de acabamento

Período: fevereiro e março de 2010

Quantidade de portas produzidas em unidades: 5.303

R$/ und. Total %

PREÇO DE MERCADO 8,50 45.075,50 100

Preço dos fornecedores 8,50 45.075,50 -

( - ) CUSTOS VARIÁVEIS 0,41 2.176,22 4,82

Energia Elétrica 0,25 1.344,22 2,94

Manutenção de máquinas 0,08 410,00 0,94

Custo com Materiais Secundários 0,08 422,00 0,94

(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 8,09 42.899,28 95,18

( - ) CUSTOS FIXOS E DESPESAS FIXAS 0,85 4.508,55 9,99

Epi’s 0,015 82,12 0,18

Mão de Obra Fixa 0,82 4.352,50 9,65

Depreciação 0,014 73,93 0,16

(=) RESULTADO DA ETAPA 7,24 38.390,73 85,19

( - ) Custo de Oportunidade 1,05% 0,24 1.256,06 2,79

GANHO OU PERDA DA ATIVIDADE 7,00 37.134,67 82,40

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

Desta forma, essa atividade apresenta um ganho econômico de R$ 37.134,67 no

bimestre em análise, pois se a empresa não tivesse a estrutura necessária para realizar este tipo

de serviço teria que contratá-lo com outras empresas no mercado, custando, nesse caso, o

valor de R$ 8,50/porta, preço superior ao de seus custos: R$ 1,50/porta.

Page 63: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

63

3.4.6 Demonstrativo comparativo de custos

Depois de mensurados todos os custos e despesas e apurados os preços dos serviços

disponíveis no mercado, verificando assim o resultado de cada uma das atividades da cadeia,

pode-se fazer outra análise gerencial.

No Quadro 12 tem-se uma demonstração elaborada com base nas informações de cada

atividade, em que se pode verificar a contribuição de cada uma, na formação do resultado

econômico global da cadeia interna de valor da indústria em análise.

Período: fevereiro e março/

2010

Atividades da Cadeia Interna de Valor

TOTAL Preparo

da

Madeira

Preparo

das

Lâminas

Preparo

da Cola Montagem Acabamento

Preço de Mercado 45.404,00 35.700,00 11.666,60 60.984,50 45.075,50 198.830,60

(-) Custos Variáveis 11.231,55 27.319,46 7.171,71 1.325,75 2.176,22 49.224,69

Margem de Contribuição 34.172,45 8.380,54 4.494,89 59.658,75 42.899,28 149.605,91

(-) Custos e despesas Fixas 4.632,04 42.82,72 1911,5 9.253,74 4.508,55 20.305,83

Resultado da Etapa 29.540,41 4.097,82 2583,39 50.405,02 38.390,73 125.017,37

(-) Custo de Oportunidade 1.857,74 584,75 298,5 1.205,61 1.256,06 5.202,66

Economia na Atividade 27.682,67 3.513,07 2284,89 49.199,41 37.134,67 119.814,71

% Contribuição para a atividade 23,10 2,93 1,91 41,06 30,99 100,00

Fonte: Adaptado de Bleil (2007)

QUADRO 12 - Demonstrativo comparativo de custos

Percebe-se que todas as atividades apresentaram resultados positivos já que os valores

disponíveis pesquisados no mercado para realização dessas mesmas atividades são superiores

aos custos encontrados para sua realização na indústria em questão, assim todas as atividades

deveriam ser mantidas.

Desta forma é possível perceber uma economia total de R$ 119.814,71. Onde as

atividades que mais contribuíram para essa economia foram as de montagem e acabamento,

atingindo 41,06% e 30,99%, respectivamente, da economia total da cadeia; a atividade que

menos contribuiu para o resultado foi a atividade de preparo da cola, obtendo 1,91% de

participação.

Page 64: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

64

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa tratou de conceitos como o de cadeia de valor, que pode ser entendida

como uma sequência de atividades interdependentes que, desde os insumos básicos ao

descarte pelo último consumidor final, permite a interação entre clientes e fornecedores,

podendo tratar de toda uma cadeia de suprimentos, bem como das operações de uma única

empresa.

A divisão da cadeia de valor em atividades estratégicas relevantes proporciona a

compreensão do comportamento dos custos e a identificação de fontes de diferenciação

existentes. Para que tal compreensão seja alcançada é necessária a visualização e análise, além

das atividades desenvolvidas internamente (elos internos), do ambiente externo à organização

(elos externos).

É necessário que o gestor busque caracterizar as atividades a fim de compreender as

possíveis ligações que possam existir entre as atividades estratégicas relevantes e, assim,

coordená-las melhor, otimizando o valor a ser gerado.

Essa análise da cadeia de valor apoiada em um controle eficaz dos custos é capaz de

possibilitar o desenvolvimento de estratégias de diferenciação, e uma melhor evidenciação da

contribuição de cada atividade da cadeia interna de valor na formação do resultado

operacional em uma empresa.

Assim, a contabilidade de custos vem nesse contexto contribuir de forma a prestar

informações que auxiliem os gestores na avaliação e determinação de ações operacionais e

estratégicas. O gestor encontra ainda, na contabilidade, subsídio para um melhor tratamento

dos custos quanto sua apropriação, embasada em inúmeras metodologias de custeio possíveis

de serem encontradas na literatura. Fica a cargo da gestão a decisão de qual modelo utilizar,

levando em consideração as informações pretendidas, para quem essas serão geradas e para

que fins serão utilizadas.

Além de tratar de apresentar algumas formas de custeio e utilizar o método de custeio

variável, este estudo tratou, ainda, de descrever e utilizar outras ferramentas de apoio, também

gerenciais, como preço de mercado e custo de oportunidade. O preço de mercado

proporcionou a realização de uma comparação econômica com os custos internos de

produção. O custo de oportunidade, por sua vez, tratou de evidenciar a participação dos ativos

necessários para a realização de cada uma das atividades no custo de produção, evidenciando,

assim, as necessidades empresariais para tais fins.

Page 65: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

65

Esse estudo alcançou o seu objetivo geral de mensurar e analisar a cadeia interna de

valor como forma de evidenciar a contribuição de cada atividade, na formação do resultado

econômico de uma empresa que atua na produção de portas no município de Sinop.

A solução do objetivo geral foi embasada na análise das informações obtidas com o

reconhecimento das atividades relevantes e a compreensão dos custos pertinentes a cada

atividade da cadeia, além da utilização de um demonstrativo desenvolvido por Bleil (2007)

que através do preço de mercado, do custeio variável e da análise do custo de oportunidade,

evidenciou a participação de cada uma das atividades na economia global da organização.

Dentro deste contexto é importante evidenciar a solução dada aos objetivos específicos

da pesquisa, enunciados na introdução, e depois demonstrar as principais conclusões obtidas

neste trabalho.

Sendo assim, o primeiro objetivo específico proposto foi a identificação e descrição da

estrutura da cadeia interna de valor da unidade de análise, decomposta em suas atividades

relevantes. Tal objetivo foi alcançado no item 3.2 desse trabalho, onde, em forma de

fluxograma, a cadeia interna de valor é apresentada, sendo detalhada nos subitens seguintes.

Em relação à aplicação do método de custeio variável em cada atividade da cadeia

interna de valor, este foi empregado como base para análise dos custos, sendo utilizado

inicialmente no item 3.3 e subitens como critério de classificação dos custos, e posteriormente

na aplicação do modelo de mensuração das atividades de valor no item 3.4 e subitens

sequentes.

Quanto à identificação do preço de mercado dos serviços de cada atividade da cadeia,

foi necessária uma pesquisa de mercado junto a empresas da região. Tal pesquisa foi

indispensável na aplicação do modelo de mensuração das atividades de valor – item 3.4 e

subitens.

E, por fim, a mensuração do resultado econômico individual das atividades da cadeia

interna de valor da empresa, que foi alcançada com a comparação do custo pesquisado para a

realização de cada uma das atividades por terceiros, e dos custos para a realização das

mesmas atividades internamente.

Diante de tais informações, é possível concluir que um demonstrativo que utiliza o

custeio variável, o preço de transferência e o custo de oportunidade, pode propiciar uma

análise avaliativa e comparativa dos serviços prestados pela empresa no decorrer de sua

cadeia interna de valor, com os serviços prestados pelos concorrentes, possibilitando

informações de cunho estratégico e operacional para buscar melhorar os seus resultados ou

mesmo opções entre manter a atividade em funcionamento ou terceirizá-la.

Page 66: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

66

A empresa na qual o estudo foi desenvolvido teve economia em todas as atividades

presentes em sua cadeia interna de valor, já que os custos pesquisados para uma possível

terceirização se mostraram superiores àqueles consumidos para produzir internamente.

Os modelos de relatórios gerenciais utilizados nesse estudo sobre cadeia de valor

podem ser aplicados em outras empresas e, quem sabe, em outros segmentos industriais com

as devidas adaptações.

Page 67: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

67

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Page 70: ANÁLISE DA CADEIA INTERNA DE VALOR

70

ANEXO A - PARTILHA DO SIMPLES NACIONAL – INDÚSTRIA

Receita Bruta em 12 meses (em R$) ALÍQUOTA IRPJ CSLL COFINS PIS/PASEP CPP ICMS IPI

Até 120.000,00 4,50% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% 0,50%

De 120.000,01 a 240.000,00 5,97% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% 0,50%

De 240.000,01 a 360.000,00 7,34% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% 0,50%

De 360.000,01 a 480.000,00 8,04% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% 0,50%

De 480.000,01 a 600.000,00 8,10% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% 0,50%

De 600.000,01 a 720.000,00 8,78% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% 0,50%

De 720.000,01 a 840.000,00 8,86% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% 0,50%

De 840.000,01 a 960.000,00 8,95% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% 0,50%

De 960.000,01 a 1.080.000,00 9,53% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% 0,50%

De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,62% 0,42% 0,42% 1,26% 0,30% 3,62% 3,10% 0,50%

De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 10,45% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% 0,50%

De 1.320.000,01 a 1.440.000,00 10,54% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% 0,50%

De 1.440.000,01 a 1.560.000,00 10,63% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% 0,50%

De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 10,73% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% 0,50%

De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 10,82% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% 0,50%

De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 11,73% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% 0,50%

De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 11,82% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% 0,50%

De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 11,92% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% 0,50%

De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 12,01% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% 0,50%

De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 12,11% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% 0,50%