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LFG – PROCESSO CIVIL – AULA 3

1 – DEVIDO PROCESSO LEGAL. (CONTINUAÇÃO)

Processo – como meio de criação de norma jurídica.

Tanto no âmbito legislativo, como no administrativo e no judiciário.

Obs – fala-se hoje muito no devido processo legal privado = no âmbito

das relações jurídicas privadas, entre cidadãos particulares, também há

processo, só que é um processo em âmbito particular, sem a presença de

Estado e nem juiz (não está falando de arbitragem), de autorregramento da

vontade (ex – condomínio de apartamentos – regimento – previsão de ilícitos

condominiais – para se punido com a multa – deve haver o devido processo

privado).

Art 57 do CC – prevê uma espécie de devido processo privado.

Eficácia horizontal dos direitos fundamentais – devido processo

legal entre os particulares (um exemplo fácil de ser percebido).

A doutrina identifica duas dimensões do devido processo legal:

1 – dimensão formal ou procedimental ou processual do devido

processo legal.

Ele é a fonte de um direito que diz respeito a validade do

processo.

Fonte de garantias processuais.

De direitos a um processo valido.

É o que garante o contraditório, a publicidade, o juiz

natural, a motivação dentre outros (garantias processuais)

2 – dimensão material ou substancial ou substantiva.

Desenvolvida nos EUA.

Trouxemos para o Brasil tal idéia do devido processo legal

material – entretanto o Brasil alterou e criou doutrina própria para o devido

processo legal substancial.

Seria a fonte dos deveres de proporcionalidade e de

razoabilidade – emanam da dimensão substancial do devido processo legal.

Exigência de que as decisões sejam proporcionais e

razoáveis.

Esse entendimento é uma concepção brasileira.

Não é assim que as coisas ocorrem no EUA (eles

deram para esse tema um outro significado).

Críticas:

A – que a respectiva concepção é errada, pois é

diferente da desenvolvida nos EUA. Pois para os americanos a dimensão

substancial do devido processo legal, é a fonte de proteção dos direitos

fundamentais intrínsecos, ou seja, por exemplo, se um direito fundamental não

se encontrava na constituição americana, sendo assim, a respectiva norma

permitia a criação de direitos fundamentais a partir de tal dimensão do devido

processo legal (não precisando de norma para tanto). Tal acepção para os

brasileiros e inútil, pois aqui há um rol imenso de direitos fundamentais e a

própria CF diz que tal rol é exemplificativo. No Brasil deu um olhar para tal

dimensão para a proporcionalidade e razoabilidade.

B – a concepção brasileira seria inútil, pois a

proporcionalidade e a razoabilidade podem ser extraídas de outros princípios

constitucionais, como o da igualdade e o princípio do estado de direito.

Entretanto, deveria ter sido apresentada antes do sentido das dimensões se

consolidarem.

2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS

A – CONTRADITÓRIO

Participar com poder de influência de um processo.

Possui duas dimensões:

1 – perspectiva formal.

Consiste no direito de ser ouvido, de participar da

produção da norma.

É uma garantia meramente formal.

Necessita também da perspectiva substancial para

ficar completo.

2 – perspectiva substancial.

Seria o poder de influência.

Preciso dar a parte instrumentos que lhe permitam

influenciar a decisão – com argumentos, provas...

São conseqüências do contraditório visto pela

perspectiva substancial.

Obs – a ampla defesa, nada mais é que a dimensão

substancial do contraditório.

A liminar, que é uma decisão contra alguém sem

ouvir a pessoa – isso seria legal? R – a previsão de liminares é claramente

uma mitigação do contraditório, mas é para a tutela do princípio da efetividade.

Sendo assim, não seria inconstitucional, pois as liminares são provisórias, que

se fundam em situação de perigo. O indeferimento da petição inicial é tomada

sem ouvir o réu, pois tal decisão é favor dele.

As questões de ordem pública podem ser levantadas pelo

juiz de ofício. Sendo assim, será que o juiz pode decidir com base em uma

questão a respeito da qual ninguém se manifestou? R – deve ouvir as outras

partes do processo. Pode tornar a decisão pior. Então ele pode trazer ex officio,

mas vai ter que permitir o contraditório de forma a intimar as partes para

falarem sobre a questão.

B – PUBLICIDADE

Um processo para ser devido, precisa ser público.

Tem duas dimensões:

1 – uma dimensão interna – para as partes que devem ter

acesso para o processo. Tal publicidade interna que não possui restrição;

2 – uma dimensão externa da publicidade – o processo tem

que ser publico também para quem não faz parte dele, para que possa haver

um controle publico do exercício da jurisdição. Entretanto, a publicidade

externa pode sofrer restrições, previstas na CF, que procurem preservar a

intimidade das pessoas ou o interesse público.

Um dos grandes problemas da publicidade externa,

está nos processos eletrônicos. Para isso o CNJ baixou uma resolução para

tanto (Resolução 121 de 2010 do CNJ) – uma crítica para tanto – está no

estrelismo da publicização no judiciário.

C – DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO.

É o mais novo de todos os princípios constitucionais do processo.

Vai ter que ser verificada em cada caso concreto, não existe uma

duração razoável em abstrato.

O tribunal europeu desenvolveu alguns critério para saber se a

duração é razoável ou não: 1 – complexidade da causa; 2 – infra estrutura do

judiciário; 3 – comportamento do juiz; 4 – comportamento das partes

A L 9504/97 – no art 97-A diz que reputa-se razoável o prazo de 1

ano para um processo que leve a perda de um mandato eletivo.

Instrumentos para efetivar tal princípio – juízes que demorem para

decidirem os processo, podem sofrer processos administrativos que obstam a

sua promoção; o art 198 do CPC prevê a chamada representação por excesso

de prazo e constatada a demora, a causa será redistribuída.

3 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS

São princípios constitucionais, mas não possuem texto expresso,

decorrem do devido processo legal.

Não possuem menos gabarito constitucional que os demais princípios

constitucionais.

A – PRINCÍPIO DA BOA FÉ.

Devido processo leal.

Decorre do devido processo legal (decisão do STF)

Previsão infra constitucional do respectivo princípio – Art 14, II do

CPC (tal interpretação, da consagração do respectivo princípio, é nova, mesmo

o texto sendo antigo).

Os destinatários – dirigido a todos os sujeitos processuais,

incluindo o juiz, devem comportar conforme tal princípio.

Boa fé subjetiva – é um fato da vida (fato de alguém acreditar que

está agindo corretamente); é um estado psicológico. As vezes tal fato é levado

em consideração pelo legislador (ex – se o possuidor estiver agindo de boa

fé...)

Boa fé objetiva – não é um fato e sim uma norma de conduta, da

espécie de princípio. Impõe condutas em conformidade com um padrão ético.

Esta é o princípio da boa fé. Sendo assim, não se deve usar princípio da boa fé

objetiva, pois são sinônimos.

Conteúdo do princípio da boa fé processual ou da boa fé objetiva

processual:

1 – veda comportamentos de má fé processual – não pode

agir de forma dolosamente ilicitamente para prejudicar o réu. Entretanto,

precisa verificar objetivamente se o comportamento foi de má fé. Nos demais

conteúdos, não se exige a comprovação da atuação de má fé, pois o

comportamento em si já é antiético.

2 – abuso de direito processual. Ex: as autoridades que

possuem de serem ouvidas quando e a hora que quiserem, neste sentido o

STF já decidiu que tal pessoa tem tal direito, mas teria apenas três opções, na

quarta já era, perde o direito por abuso. Ex2: o réu tem direito a ser ouvido se o

autor desejar desistir do processo, mas o réu não pode fazer isso de maneira

abusiva, sendo assim, ele precisa ter uma justificativa para tanto.

3 – proíbe o venire contra factum proprium no processo –

não pode comportar-se contra as próprias atitudes, contra os próprios fatos. Tal

comportamento contraditório é considerado ilícito e viola o princípio da boa fé.

Ex:sujeito está sendo executado, ele vão ao juiz e diz que pode penhorar um

respectivo bem, e na defesa o executado diz que o respectivo bem é

impenhorável, tal comportamento é ilícito. Ex2 – é possível que o juiz julgue

apenas com provas documentais, sendo assim, se o juiz decide que não há

necessidade de provas em audiência, pois as documentais servem para tanto,

então o juiz decide que o processo é improcedente por falta de provas, tal

sentença será nula, pois atua de forma contraditória.

4 – surgimento dos chamados deveres de cooperação – ex:

o autor tem o dever de expor a argumentação de forma clara, para que o réu se

defenda. A clareza dos contratos;

B – PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO.

É um subprincípio do princípio da boa fé.

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