avaliação de empresas no mercado financeiro - uma abordagem a análise fundamentalista
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UNITRI – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE GERENCIAL E
GESTÃO TRIBUTÁRIA
REGES RODRIGUES SANTOS
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS NO MERCADO FINANCEIRO – UMA
ABORDAGEM A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
UBERLÂNDIA – 2008
I
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS NO MERCADO FINANCEIRO – UMA
ABORDAGEM A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
REGES RODRIGUES SANTOS
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Unitri – Centro Universitário do Triangulo como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Contabilidade Gerencial e Gestão Tributária, sob a orientação do Prof. Luiz Gonzaga Ramalho Júnior.
UBERLÂNDIA – 2008
II
AVALIAÇÃO DE EMPRESAS NO MERCADO FINANCEIRO – UMA
ABORDAGEM A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
REGES RODRIGUES SANTOS
“Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Unitri – Centro Universitário
do Triângulo, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em
Contabilidade Gerencial e Gestão Tributária”.
Monografia aprovada em ____/___/_______
_______________________________________ Prof. Luiz Ramalho Gonzaga Júnior
(Orientador)
III
LISTA DE QUADROS
Descrição das leis de regulamentação do Mercado Financeiro........................................ 12
Carteira teórica do Ibovespa para Setembro a Dezembro de 2008.................................. 24
Descrição das características dos ciclos de Kondratieff.................................................. 27
Descrição das características dos ciclos de Kitchin......................................................... 27
Modelo de Balanço Patrimonial....................................................................................... 41
Demonstração do Resultado de Exercício (Drogasil S/A)............................................... 43
IV
LISTA DE FIGURAS
A história dos preços das ações de 1969 a 2001 (Ibovespa Indexado ao dólar comercial – Gráfico semanal)............................................................................................. 30
V
RESUMO
A interdependência da economia internacional tem influenciado os aspectos produtivos e
financeiros das empresas. Desse modo, a eficácia das organizações, não mais se fundamenta
essencialmente na produção de bens e serviços. Este trabalho investigou os efeitos da
globalização financeira internacional sobre o desempenho das empresas, ao passo que
demonstrou a existência de método de avaliação de ativos financeiros, o qual pode ser
utilizado para proteção financeira do capital diante das incertezas, bem como a oportunidade
de diversificação de investimentos. Através de uma abordagem à Análise fundamentalista,
torna-se possível a compreensão da importância da análise de balanços e análises setoriais, da
estrutura das demonstrações financeiras e dos indicadores financeiros relacionados à liquidez,
alavancagem de capital, atividade e rentabilidade das operações.
Palavras-chave: Mercado Financeiro, Análise Fundamentalista.
VI
ABSTRACT
The international economic dependence has influenced the productive and financial aspects of
the business. So, the effectiveness in organization is not more based essentially in production
of the goods and services. This work investigated the effect of the global international finance
in the business performance, while demonstrated the existence of the methods for valuation of
the financial assets, of which can be used for financial protection of the capital front of the
uncertainties and like opportunity of the diversification of the investments. Through an
approach fundamental analysis, it becomes possible to understand the importance of balance-
sheet analysis and the sectorial analysis, the structure of the financial statements and financial
indicators related to liquidity, leverage capital, activity and profitability of operations.
Keywords: Financial Market, fundamental analysis.
VII
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS..................................................................................................... 03
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... 04
RESUMO........................................................................................................................... 05
ABSTRACT........................................................................................................... ........... 06
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 08
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO............................ 11
CAPÍTULO 2 – NORMATIZAÇÃO NO MERCADO FINANCEIRO
GLOBALIZADO............................................................................................................... 14
CAPÍTULO 3 – A INTERDEPENDÊNCIA FINANCEIRA DOS MERCADOS...... 17
3.1 Histórico da Globalização Financeira........................................................................... 17
3.2 O Comportamento dos Investimentos........................................................................... 20
3.2 O Mercado de Capitais.................................................................................................. 21
3.4 Índices de Bolsa de Valores.......................................................................................... 23
3.5 A Influência dos Ciclos Econômicos nos Mercados..................................................... 26
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DAS EMPRESAS............ 32
4.1 Introdução a Análise Fundamentalista.......................................................................... 32
4.2 Análise de Balanços...................................................................................................... 34
4.3 Análise Setorial............................................................................................................. 37
4.4 A Estrutura das Demonstrações Financeiras................................................................. 39
4.4.1 Balanço Patrimonial................................................................................................... 40
4.4.2 Demonstração do Resultado de Exercício (DRE).................................................... 43
4.4.3 Análise Vertical e Horizontal.................................................................................... 44
4.5 Introdução a Análise por Índices................................................................................. 45
4.5.1 Índices de Liquidez.................................................................................................. 46
4.5.2 Índices de Alavancagem de Capital......................................................................... 48
4.5.3 Índices de Atividade................................................................................................ 49
4.5.4 Índices de Rentabilidade.......................................................................................... 51
4.5.5 Índices de Mercado.................................................................................................. 53
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 59
INTRODUÇÃO
As finanças empresariais representam uma das áreas da engenharia econômica que
mais profunda evolução sofreu nos últimos anos. Instrumentos financeiros foram
desenvolvidos à medida que novos métodos de avaliação de ativos foram criados. O livre
fluxo de capitais do sistema capitalista global proporcionou grandes avanços na teoria
econômica.
Uma das principais conseqüências deste forte ritmo de inovação é a permanente
atualização dos profissionais corporativos. Esta resulta não apenas das rápidas mudanças nos
mercados financeiros e instituições, mas, sobretudo do desenvolvimento das bases teóricas
essenciais exigidas para a qualificação profissional, quer para o processo de tomada de
decisões estratégicas nas organizações, quer para assegurar a auto-realização financeira.
O aperfeiçoamento de conhecimentos avançados do mercado financeiro proporciona
a aplicação em contexto profissional dos mais recentes conceitos, instrumentos e técnicas para
o planejamento estratégico. Dentro do extenso mundo dos ativos financeiros, o entendimento
dos métodos de análise fundamentalista para escolha de ações de empresas de capital aberto,
negociadas na bolsa de valores e títulos imobiliários, proporciona o desenvolvimento da
percepção crítica dos fatores que influenciam o comportamento das empresas e as estratégias
para preservação ou maximização do capital frente às forças do mercado.
A consolidação da atual sociedade globalizada alterou significativamente os padrões
da economia mundial. Atualmente, os fatores indispensáveis para a sobrevivência das
atividades industriais e a expansão de mercados, não mais baseia-se essencialmente na alta
qualidade dos produtos/serviços, o menor custo de processamento e a garantia de satisfação
dos clientes.
Os mercados financeiros internacionais exercem hoje uma forte influência no
crescimento industrial das organizações, definindo a intensidade do desenvolvimento
9
econômico de um país. A sobrevivência e a expansão das organizações dependem das forças
dominantes do mercado. Os fatores macroeconômicos, tais como: taxa de juros, preços dos
ativos financeiros (ações, índices, moedas, comoditties, etc.), índices de inflação, entre outros;
decidem a lucratividade e viabilidade econômica dos negócios empresariais.
O modelo recente do sistema capitalista global caracteriza-se pela alta mobilidade de
capitais. Esse sistema torna-se muito favorável ao capital financeiro, cuja liberdade sobrepõe
às fronteiras geográficas. Dessa forma, os países disputam entre si, de modo, a captar e a reter
os recursos financeiros dos investidores.
No capitalismo moderno, o mercado financeiro assume ainda mais a importante
função na geração de recursos para o investimento industrial. Em especial, no Brasil, apesar
da lei do mercado de capitais (4728/65) que estabelece as normas e os regulamentos básicos
para a estruturação de um sistema de investimentos destinado a apoiar o desenvolvimento
nacional e a atender a demanda de crédito ter sido promulgada há muitas décadas, ainda é
possível vislumbrar uma gama de oportunidades de geração de valor para as organizações.
Durante este trabalho, apresentam-se uma abordagem aos conceitos utilizados no
mercado financeiro, focando o funcionamento dos mercados globais e a interdependência
financeira internacional, os aspectos de normatização do mercado financeiro globalizado,
além de demonstrar as forças que interferem no comportamento dos preços dos ativos das
ações. Através da utilização de dados históricos, representados graficamente, identifica-se a
ocorrência de ciclos econômicos e aspectos estruturais de um país, que afetam positiva ou
negativamente os resultados das empresas.
Em especial, a análise fundamentalista, um dos métodos tradicionais de avaliação do
comportamento das ações, demonstra a existência de ferramentas de previsão que tem como
objetivo, o auxílio em qualquer processo decisório diante das incertezas que permeiam a
tomada de decisões de investimento.
10
Em seguida, apresentam-se os conceitos mais relevantes relacionados à análise
fundamentalista: a análise de balanços, a estrutura das demonstrações financeiras, os índices
de liquidez, alavancagem de capital, índices de atividade e rentabilidade.
A pesquisa também tem como objetivo discutir também os índices utilizados pelo
mercado financeiro, a partir da análise dos fundamentos das empresas. A compreensão de tais
fatores pode contribuir com o objetivo financeiro de uma empresa de maximização do valor
do acionista e com o conceito de proteção de capital diante dos fatores macroeconômicos.
De forma geral, esta monografia busca tecer considerações sobre a teoria e conceito
do mercado financeiro, abordando a análise fundamentalista, seus principais conceitos e
utilizações; além disso, pesquisar sua aplicação como metodologia de análise de
investimentos em ambientes de grande volatilidade, visando capturar o valor advindo da
incerteza que permeia tais ambientes.
A metodologia aplicada no desenvolvimento desta monografia teve uma abordagem
nos métodos dedutivos e indutivos. Na pesquisa bibliográfica, foi utilizado o método
dedutivo, de forma a alcançar um denominador comum entre os autores; ao passo que o
método indutivo foi predominantemente utilizado para a obtenção de dados e informações do
mercado de capitais, através de sites especializados.
O trabalho foi desenvolvido basicamente através de pesquisa bibliográfica que
comprova a influência dos fatores macroeconômicos sobre o desempenho do mercado de
capitais.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
A conjuntura atual da sociedade globalizada promove um modelo de sistema
capitalista que se caracteriza não somente pelo livre comércio de bens e serviços, mas ainda
pelo livre fluxo de capitais.
As complexas forças do mercado financeiro internacional ditam as diretrizes da
economia mundial, gerando instabilidade ou prosperidade no foco econômico ou político dos
países. De acordo com Soros (2001, p. 175):
“por ser ainda mais volátil que o investimento físico, o capital financeiro ocupa uma posição privilegiada: pode evitar os países em que seja submetida a regulamentações ou tributações onerosas. Uma vez construída uma fábrica, é difícil tirá-la do lugar. As corporações multinacionais, sem dúvida, desfrutam da flexibilidade dos preços de transferência e são capazes de exercer pressões no momento da decisão sobre o investimento, mas sua maleabilidade não se comparara à liberdade de escolha dos investidores em carteiras internacionais. A gama de oportunidades de investimento disponíveis também se dilata pela localização no centro da economia global, em vez de na periferia. Todos esses fatores se conjugam para atrair o capital para os centros financeiros e distribuí-lo pelos mercados financeiros. Esse é o motivo pelo qual eles desempenham um papel tão dominante no mundo de hoje, e por que sua influência vem crescendo com tanta rapidez”.
A estrutura do mercado financeiro Brasileiro evolui de modo, a atender a demanda
do capitalismo global. No QUADRO 01, destacam-se algumas leis que regulamentam o
mercado financeiro.
12
DESCRIÇÃO DA LEI APLICAÇÕES
Lei do Mercado de Capitais (4.728/65)
Estabelecidas normas e regulamentos básicos para a
estruturação de um sistema de investimentos
destinado a apoiar o desenvolvimento nacional e
atender à crescente demanda por crédito.
Lei da CVM – (6.385/76)
Criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
transferindo do banco Central a responsabilidade
pela regulamentação e fiscalização das atividades
relacionadas ao mercado de valores mobiliários
(ações, debêntures, etc.).
Lei das S/A – (6.404/76)
Estabelecidas regras claras quanto às características,
forma de constituição, composição acionária,
estrutura de demonstrações financeiras, obrigações
societárias, direitos e obrigações de acionistas e
órgãos estatutários e legais.
QUADRO 01 – DESCRIÇÃO DAS LEIS DE REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO -
FONTE: Elaborado pelo Autor.
O mercado financeiro proporciona aos investidores, a possibilidade de aplicação dos
recursos financeiros em produtos e serviços com características próprias que atendam as
expectativas (segurança ou risco). Títulos Públicos Federais, Títulos de Renda Fixa, CDB’s e
RDB’s, Fundos Mútuos de Investimento (Ações, Imóveis, Debêntures, etc.) e Poupança são
algumas das ofertas desse mercado.
Além disso, o mercado de capitais torna-se fundamental para o desenvolvimento das
empresas e do país. A expansão das organizações é promovida por um segmento de capital
intensivo, isto é, que precisa de investimentos constantes.
Por essa razão, muitas empresas optam pela abertura do capital na Bolsa de Valores,
que além do crescimento diretamente relacionado à captação de dinheiro a um custo mais
adequado, ainda existem diversas outras vantagens.
13
A melhoria da imagem institucional em uma empresa aberta é vista com outros
olhos por seus parceiros comerciais e financeiros, nacionais ou estrangeiros, e na própria
imprensa especializada. A exigência de transparência e confiabilidade das informações facilita
os negócios e também atrai o investidor, que se sente mais seguro em colocar seu dinheiro nos
papéis da empresa. Além disso, a companhia acaba ganhando reconhecimento além de seu
setor e consegue uma visibilidade maior no mercado, dentro e até fora do país.
Por outro lado, quando as ações das empresas abertas são negociadas em bolsas com
facilidade, os acionistas aumentam a liquidez de seu patrimônio, isto é, a possibilidade de
converter seus bens em dinheiro. E essa liquidez tende a aumentar com o passar do tempo
devido ao aumento no número de compradores. E, quanto maior a liquidez, mais altos são os
preços das ações e, conseqüentemente, menor o custo de capital para a empresa.
CAPÍTULO 2
NORMATIZAÇÃO NO MERCADO FINANCEIRO GLOBALIZADO
A grande transformação ocorrida no mercado financeiro globalizado proporciona
novas oportunidades de desenvolvimento industrial, ao passo que também é crescente o
potencial de crise e instabilidade financeira. Grandes desafios são enfrentados no sentido de
definir e criar regulamentos adequados de mercado visando principalmente à proteção dos
investidores, como também assegurar que os riscos serão conhecidos, para que seja possível a
criação de estratégias de gestão dos riscos pelos participantes do mercado.
Segundo Suen, Kimura, Imori e Nonaka (1996), os argumentos que realçam a
necessidade de se normatizar o setor financeiro, referem-se às questões relacionadas à
proteção do consumidor, ao risco moral e a questão do risco sistêmico.
O primeiro argumento parte do princípio de que os riscos do pequeno e médio
investidor não devem ser os mesmos de grandes investidores e instituições financeiras, visto
que não são oferecidas formas eficazes de monitoria do risco de seus investimentos.
Com o objetivo de se fornecer uma segurança financeira adequada a esses
investidores, destacam-se a necessidade de criação de mecanismos de compensação dos
investidores no caso de falência de instituições financeiras, normas estabelecidas para níveis
de alavancagem de fundos mútuos, bem como, o desenvolvimento de programas de incentivo
para a reestruturação e melhoria do segmento de instituições financeiras.
Em especial, no Brasil, observam-se a níveis bem modestos a aplicação de algumas
questões relacionadas à proteção do investidor, por exemplo, a garantia de proteção até o
valor de R$ 20.000,00 no caso de falências de instituições e/ou fundos mútuos.
O risco moral envolve a implementação de regulamentos de forma a minimizar o
investimento com riscos excessivos, apresentando perdas potenciais altas para o grupo de
15
investidores. Esse fato geraria uma eventual redução dos retornos sobre investimentos, no
entanto, proporcionaria um ambiente estável e favorável à gestão dos riscos.
Devido à forte interdependência financeira mundial, as instituições financeiras
apresentam um forte vínculo umas às outras, visto que os recursos financeiros são objetos de
transações entre si. Dessa forma, um eventual colapso em uma determinada instituição
promoveria um impacto em todo o sistema financeiro, gerando uma iniciativa de resgate em
massa por parte dos consumidores e conseqüentemente uma grave recessão no sistema
financeiro.
Em especial, o ano de 2008, é marcado por uma crise mundial nos mercados de
ações, de crédito e de câmbio, com efeitos ao comércio, aos empregos e a economia global.
Sua origem relaciona-se com a supervalorização dos imóveis nos Estados Unidos e a
abundância de crédito para financiamento imobiliário fornecido pelas instituições financeiras,
tendo garantias vinculadas ao valor futuro dos imóveis.
Em busca de retornos mais elevados, os financiamentos se tornaram acessíveis até
clientes de altíssimo risco (subprime), com renda, documentação e garantias insuficientes.
Com o objetivo de alavancar os recursos, as instituições financeiras venderam títulos no
mercado que pagavam a seus compradores juros compatíveis com os juros elevados cobrados
dos mutuários de alto risco.
Porém, em função da desaceleração da economia americana, provocada pelo
aumento das taxas de juros, política monetária para combate a inflação, a valorização dos
imóveis foi interrompida e deu-se início a uma onda de inadimplência generalizada, resultado
em fortes perdas dos títulos emitidos pelas instituições e conseqüente risco de falência.
Em função dessa incerteza, de forma geral, os investidores se desfazem das ações e
migram para outros investimentos considerados mais seguros, reduzindo a oferta monetária
no mercado e levando a contração da economia, com potencial risco de recessão.
16
Desse modo, a abordagem aos efeitos do risco sistêmico tem sido um forte
argumento para o estabelecimento de uma regulamentação financeira, que estabeleceria uma
forma de proteção dos sistemas financeiros da probabilidade de colapso.
Com a expansão da globalização dos mercados financeiros, tornam-se
imprescindíveis o estabelecimento de regulamentos entre centros financeiros, fornecendo uma
transparência maior na gestão dos riscos do mercado. Conforme Suen, Kimura, Imori e
Nonaka (1996, p.05):
“A tendência do mercado, tanto dos regulamentadores quanto investidores e acionistas, será, num futuro não muito distante, a exigência tanto dos relatórios usuais de resultados da empresa como também de relatórios gerenciais de riscos assumidos no período...”.
Desse modo, as tentativas do próprio mercado constituir essas regras para auto-
proteção devem ser amplamente discutidas a nível governamental e mundial, de forma a se
prevenir contra colapsos financeiros tão presentes na história moderna.
CAPÍTULO 3
A INTERDEPÊNDENCIA FINANCEIRA DOS MERCADOS
3.1 – HISTÓRICO DA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA
As relações econômicas contemporâneas apresentam uma característica de forte
interdependência entre os mercados. A vulnerabilidade econômica afeta a todos os países,
especialmente, os países menos desenvolvidos. Esses países se tornam mais frágeis em
virtude da necessidade de captação dos recursos financeiros internacionais para o
financiamento dos déficits internos e externos. Além disso, a exposição financeira dos países
possibilita os ataques especulativos dos investidores internacionais, colocando em risco a
estabilidade da economia.
O processo de globalização teve como origem os fatos que sucederam à Segunda
Guerra Mundial, marcado pela redução das barreiras ao comércio internacional. Em 1944, os
países aliados reuniram-se na cidade de Bretton Woods nos Estados Unidos da América, com
o objetivo de estabelecer medidas concretas para a criação de um sistema para assegurar a
liquidez internacional. Dentre tais medidas, incluía-se a instituição do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a reconstrução e o desenvolvimento
econômico (World Bank).
Segundo Carvalho e Silva (2004), a instituição do Fundo Monetário Internacional
(FMI) tornou o dólar norte americano a principal fonte de reservas dos vários países, gerando
a acumulação de dólares americanos fora do país de origem. Este conceito de “Paridade
Monetária” visava à contribuição para a estabilidade financeira e econômica do mundo, de
modo a evitar grandes flutuações no câmbio.
18
Qualquer medida de desvalorização da moeda do país dependeria da aprovação do
FMI, que concederia quando realmente necessária. Isto evitaria as guerras comerciais
decorrentes da desvalorização da moeda e as formas predatórias de se conquistar os mercados
externos. O mercado seria disputado com o produto gerado e não com as manobras
monetárias.
No entanto, conforme Maia (2003), o dólar enfrentava um processo de perda de
confiança dos vários países, em razão dos seguintes fatos:
• Déficit interno sucessivos nos balanços de pagamento dos Estados Unidos,
• A guerra do Vietnã e os programas sociais do Governo Americano
desestabilizaram a economia,
• Em 1970, em decorrência das maiores taxas de juros praticadas na Europa,
ocorreu a migração dos investimentos de diversos países para a Europa.
Diante disso, os mercados mundiais acreditavam na iminente desvalorização da
moeda americana. Este fato proporcionou uma crescente substituição das reservas dos países
em dólar por ouro, e outras moedas européias.
No entanto, em conseqüência dos acordos estabelecidos em Bretton Woods, os
bancos centrais dos países eram obrigados a sustentar a paridade monetária, através da
intervenção na compra ou venda da moeda para manter a estabilidade do dólar. Entretanto, os
bancos centrais da Alemanha e da Holanda quebraram as regras de Bretton Woods e deixaram
suas moedas flutuarem, gerando as primeiras crises do sistema capitalista global em meados
dos anos setenta.
Seguiu-se a esses acontecimentos, a crise do petróleo em 1973, o que provocou uma
forte expansão da liquidez internacional, resultando no aumento dos preços da comodities.
19
Isto resultou no endividamento dos países do terceiro mundo, ocasionando um processo de
tomada de créditos nos Bancos comerciais.
As taxas de juros dos empréstimos feitos aos Bancos centrais eram de formas
flutuantes e constantemente repactuadas periodicamente, o que em virtude da alta liquidez da
comodities não trazia maiores preocupações.
Contudo, ao fim dos anos setenta, os Estados Unidos optaram por uma política de
combate ao processo inflacionário, elevando as taxas referenciais de juros. Isto resultou em
uma forte captação de recursos financeiros, gerando a brusca redução da liquidez das
commodities, de forma que a dívida externa dos países devedores tornasse praticamente
impagável. O problema se agravou em 1982, quando o México declarou sua incapacidade em
honrar os compromissos assumidos, iniciando a crise da dívida externa do Terceiro Mundo.
Em especial, diversos países, como o Brasil, sofreram os efeitos da crise da dívida
externa, enfrentando enormes dificuldades para a estabilização da economia associada ao
crescimento industrial.
Além disso, o mundo enfrenta sérios desajustes sociais e econômicos. Os países em
desenvolvimento, no entanto, são os mais vulneráveis a choques externos, problemas que vem
se tornando cada vez mais traumático frente ao livre fluxo de capitais.
De acordo com Carvalho e Silva (2004, p. 260):
“Com o objetivo de aumentar a rentabilidade dos capitais, os investidores aceitam riscos elevados. No entanto, como as informações são falhas, um acontecimento qualquer pode reverter as expectativas quanto à lucratividade dos capitais investidos. Assim, até um determinado momento, um país pode ser visto como promissor e, de uma hora para outra, ser transformado em uma péssima opção para aplicações financeiras. Isso aconteceu, por exemplo, com o México em 1994, os tigres asiáticos em julho de 1997, e com o Brasil no final de 1998”.
Para promover a atratividade dos investidores financeiros internacionais, as nações
em desenvolvimento são levadas a implantar diversos planos de ajustes, envolvendo o
estabelecimento de políticas públicas, controle sobre a dívida interna e externa, necessidade
20
de estabelecer um superávit na balança comercial, controle de inflação e taxa de juros, etc.
Tais planos, embora muito suscetíveis a falhas, são essenciais para promover o
desenvolvimento e o crescimento sustentável da economia.
Embora ainda detenham o poder de interferir na economia, os governos tornaram-se
cada vez mais suscetíveis às forças da competição global. Se um governo impuser condições
desfavoráveis ao capital, este abandonará o país. Assim, o sistema capitalista global consiste
em muitos Estados soberanos, cada qual com suas próprias políticas, mas todos sujeitos à
competição internacional, não apenas no comércio, mas também no capital.
3.2 – O COMPORTAMENTO DOS INVESTIMENTOS
O mercado financeiro internacional caracterizado pela forte interdependência
financeira causou profundas transformações, não apenas no comportamento das nações, mas
também, nos agentes econômicos internos e investidores.
Na transferência dos recursos financeiros, quanto maior o retorno sobre o capital
excedente, maior o risco, de modo que o investidor estrangeiro se retrai diante da perspectiva
de que os rumos da economia de um país são alarmantes. Essa situação pode ser de natureza
econômica, ou política, por exemplo, queda dos volumes de exportação, vitória eleitoral de
um partido político contrário aos interesses dos investidores. Devido às incertezas do cenário
econômico ou político, a cotação dos papéis da dívida externa do país cai, elevando assim, a
taxa de risco do país.
Com o objetivo de se reduzir os riscos das aplicações financeiras, foram criados
mecanismos financeiros, como por exemplo, os mercados futuros, swaps (contrato de troca de
pagamentos periódicos com uma contraparte) e o mercado de derivativos; bem como
estabelecidas agências internacionais para a classificação dos riscos de um país. Embora esses
21
instrumentos tenham como função reduzir os riscos para o investidor ou agente financeiro,
ampliam o risco macroeconômico.
Os derivativos, em particular, foram criados com o propósito de aumentar a
segurança dos investimentos frente aos riscos de variação do preço dos ativos, sob o foco do
ponto de vista microeconômico (setorial). Entretanto, acabaram por se transformar no maior
instrumento de especulação financeira, com alto risco aos países menos desenvolvidos e a
prosperidade da economia mundial.
3.3 – O MERCADO DE CAPITAIS
O investimento financeiro é diferenciado do investimento de capital, pelo fato de
que o retorno do investimento financeiro é geralmente definido contratualmente em termos de
prazos e valores. Por outro lado, no mercado de capitais, o investimento é feito em ativos que
normalmente integram o capital próprio de uma empresa.
Diferente do investimento financeiro, o investimento de capital não tem uma data
programada de resgate e não pode oferecer uma remuneração previamente definida. No
entanto, não seria interessante para um investidor assumir posições no mercado sem liquidez.
Dessa forma, para satisfazer uma eventual necessidade de resgate por parte do investidor de
capital, os direitos sobre o negócio podem ser transferidos a outros investidores desejosos de
assumir os riscos e benefícios do negócio. Assim, a finalidade da aplicação, a variabilidade do
rendimento e a forma de reembolso são fatores específicos que caracterizam o mercado de
capitais.
As bolsas de valores são as principais instituições encarregadas de promover as
transferências do ativo entre investidores, fornecendo liquidez aos investimentos. O mercado
22
de capitais abrange a oferta e procura pelos investimentos de capital primário e pelas
transferências secundárias daqueles investimentos.
O mercado primário refere-se, portanto, às aplicações diretas na atividade produtiva,
por exemplo, compra de novas ações pelo investidor quando do aumento de capital de uma
empresa em expansão.
No mercado secundário são realizadas as transferências entre investidores dos
direitos sobre estes investimentos. Outro ambiente típico de mercado secundário é o chamado
mercado de balcão. São negociações de compra e venda de ações fora das bolsas,
normalmente promovido por corretoras especializadas nesta área. O mercado de balcão é mais
apropriado para empresas de pequeno e médio porte, cujas ações não são bem conhecidas ou
que não tem volume de negociação que justifique sua movimentação através de uma bolsa de
valores.
As bolsas de valores são sociedades civis, de direito privado, sem fins lucrativos,
exercendo relevante atividade de interesse público e de importante significado econômico. Os
investidores que operam na bolsa o fazem por intermédio de suas sociedades corretoras das
quais são clientes. As corretoras cobram de seus clientes uma corretagem sobre o volume
financeiro das operações de compra/venda.
A função econômica das bolsas é prover liquidez dos títulos e valores mobiliários,
criando condições de negociação e, em conseqüência, viabilizando o mercado primário destes
títulos.
A característica do mercado de capitais é a participação do investidor no risco do
negócio ou em financiamentos de longo prazo voltados para a formação de ativos fixos nas
empresas e cujas garantias dependam fundamentalmente do retorno dos referidos ativos.
De acordo com Assaf Neto (2005), o mercado de capitais abrange ações, debêntures,
bônus de subscrição, outros valores imobiliários e financiamentos de longo prazo destinados à
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formação do patrimônio produtivo das empresas, tal como os financiamentos de projetos do
BNDES e do FINAME.
3.4 – ÍNDICES DE BOLSA DE VALORES
O desempenho do mercado de capitais é mensurado com base nos índices de Bolsa
de Valores, que representam os preços de uma suposta carteira de ações das empresas em um
determinado intervalo de tempo. Para os analistas, o que interessa, não é o valor absoluto do
índice, mas, as variações verificadas de um período para outro, entendidas como sua
rentabilidade. Desse modo, a informação relevante do índice é sua rentabilidade, e não o seu
valor monetário absoluto.
Os índices são compostos de ações com maior liquidez, que expressem de forma
mais precisa, o comportamento do mercado e a sensibilidade às oscilações nos preços de
negociação. Visto que os preços das ações seguem geralmente a mesma tendência apresentada
pelo mercado, o índice de bolsa de valores é utilizado para o estudo do comportamento do
mercado.
De uma forma geral, a composição da carteira deve priorizar as ações que tenham
maior representatividade no volume de negócios realizados na Bolsa. A cada ação selecionada
para compor o índice, é atribuído um peso, representando a sua importância no volume de
operações.
Em geral, uma parte considerável das flutuações das ações pode ser explicada pela
evolução do mercado, o que vem a refletir-se no índice da Bolsa de Valores. Além disso, o
índice do mercado de capitais reflete o comportamento dos investimentos em ações, e
conseqüentemente a tendência geral da economia. Por meio de suas variações periódicas, é
24
possível distinguir certos ciclos que caracterizam o funcionamento da economia, formando as
expectativas dos investidores com relação a seu comportamento esperado.
No Brasil, o IBOVESPA (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) é o mais
importante indicador do desempenho dos preços das ações negociadas no mercado de capitais.
O IBOVESPA foi criado em 1968, a partir de uma carteira teórica de ações, expressa em
pontos.
O objetivo básico do IBOVESPA é refletir o desempenho médio dos negócios a vista
ocorrida nos pregões da Bolsa de Valores de São Paulo. A carteira teórica do índice procura
retratar, da melhor forma possível, o perfil dos negócios realizados na BOVESPA (Bolsa de
Valores de São Paulo). É considerado um indicador do retorno total das ações que o
compõem, apurando não somente as variações dos preços, mas também a distribuição dos
proventos por parte das empresas.
Com o objetivo de atualizar a amostra, tornando-a mais representativa do mercado,
periodicamente a Bolsa de Valores procede à atualização de sua hipotética carteira de ações
teórica, incluindo os papéis mais representativos do último período e excluindo aqueles com
menor participação. O QUADRO 02 apresenta as ações que compõe o índice teórico do
IBOVESPA e a sua respectiva participação nas negociações.
Código Ação Tipo Qtde. Teórica (1) Part.(%) (2)
ALLL11 ALL AMER LAT UNT N2 43,08258045000 1,459
AMBV4 AMBEV PN 6,15897643658 1,110
ARCZ6 ARACRUZ PNB N1 46,75721178905 0,753
BTOW3 B2W VAREJO ON NM 9,57336407525 1,000
BVMF3 BMF BOVESPA ON EDJ NM 176,54285380307 3,944
BBDC4 BRADESCO PN N1 65,98925551740 3,550
BRAP4 BRADESPAR PN N1 22,87258387597 1,339
BBAS3 BRASIL ON NM 57,18070007501 2,443
BRTP3 BRASIL T PAR ON N1 3,01238773911 0,291
BRTP4 BRASIL T PAR PN N1 11,80091928155 0,445
BRTO4 BRASIL TELEC PN N1 14,02258377344 0,422
BRKM5 BRASKEM PNA N1 31,79378460914 0,667
CCRO3 CCR RODOVIAS ON NM 12,62217557907 0,676
CLSC6 CELESC PNB N2 1,68234984953 0,136
CMIG4 CEMIG PN N1 25,53637758069 1,614
CESP6 CESP PNB N1 28,85641461635 1,354
25
CGAS5 COMGAS PNA 1,78302725995 0,137
CPLE6 COPEL PNB N1 14,05554275557 0,707
CSAN3 COSAN ON NM 15,70989635013 0,733
CPFE3 CPFL ENERGIA ON NM 9,01962387736 0,551
CYRE3 CYRELA REALT ON NM 33,96883273181 1,250
DURA4 DURATEX PN N1 14,19519199260 0,712
ELET3 ELETROBRAS ON N1 16,40510217482 0,869
ELET6 ELETROBRAS PNB N1 20,66603276720 0,929
ELPL6 ELETROPAULO PNB N2 12,79970181910 0,694
EMBR3 EMBRAER ON NM 28,90637129981 0,718
GFSA3 GAFISA ON NM 23,37661569156 0,980
GGBR4 GERDAU PN N1 51,97635892846 2,866
GOAU4 GERDAU MET PN N1 11,66562997323 0,869
GOLL4 GOL PN N2 37,55591373458 0,989
ITAU4 ITAUBANCO PN ED N1 57,83151072359 3,193
ITSA4 ITAUSA PN N1 134,91768863853 2,309
JBSS3 JBS ON NM 48,97555582422 0,583
KLBN4 KLABIN S/A PN N1 44,24342345995 0,398
LIGT3 LIGHT S/A ON NM 5,62962310415 0,232
LAME4 LOJAS AMERIC PN INT 68,44483941846 1,270
LREN3 LOJAS RENNER ON NM 18,05469025553 0,957
NATU3 NATURA ON NM 21,17462642279 0,722
NETC4 NET PN N2 37,01268012474 1,250
BNCA3 NOSSA CAIXA ON NM 4,85047034103 0,341
PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN N1 10,15278534224 0,618
PRGA3 PERDIGAO S/A ON NM 13,64798676208 1,000
PETR3 PETROBRAS ON 36,82232144968 2,821
PETR4 PETROBRAS PN 245,48750518047 15,387
RDCD3 REDECARD ON NM 16,66688357442 0,869
RSID3 ROSSI RESID ON NM 32,39040245029 0,582
SBSP3 SABESP ON NM 6,56830965202 0,435
SDIA4 SADIA S/A PN N1 53,76144176861 1,040
CSNA3 SID NACIONAL ON ED 32,17904964132 3,265
CRUZ3 SOUZA CRUZ ON 6,06859685656 0,465
TAMM4 TAM S/A PN N2 14,09620057857 0,818
TNLP3 TELEMAR ON EJ 6,45478372074 0,464
TNLP4 TELEMAR PN EJ 17,31920976507 1,180
TMAR5 TELEMAR N L PNA 1,63267967418 0,249
TLPP4 TELESP PN 2,28089053902 0,190
TCSL3 TIM PART S/A ON 21,74051431732 0,236
TCSL4 TIM PART S/A PN 126,54295170287 0,816
TRPL4 TRAN PAULIST PN N1 4,06111825629 0,336
UGPA4 ULTRAPAR PN N1 3,87068564846 0,407
UBBR11 UNIBANCO UNT N1 69,97074691479 2,427
USIM3 USIMINAS ON EDJ N1 5,61082961894 0,565
USIM5 USIMINAS PNA EDJ N1 29,55026535678 3,036
VCPA4 V C P PN N1 10,90252816278 0,684
VALE3 VALE R DOCE ON N1 41,89391541015 3,271
VALE5 VALE R DOCE PNA N1 185,19456246870 12,639
VIVO4 VIVO PN 48,99869034772 0,741
Quantidade Teórica Total 2.334,56932388045 100,000
QUADRO 02 – CARTEIRA TEÓRICA DO IBOVESPA PARA SETEMBRO A DEZEMBRO DE 2008 -
FONTE: BOVESPA (www.bovespa.com.br).
26
O IBOVESPA é apurado em tempo real, considerando os negócios realizados com
ações no mercado à vista, de forma instantânea e com divulgação online. Conforme Assaf
Neto (2005), o valor em pontos publicado pelo IBOVESPA é determinado pelo produto da
quantidade de cada ação que compõem a sua carteira técnica, e o seu respectivo preço de
mercado.
3.5 – A INFLUÊNCIA DOS CICLOS ECONÔMICOS NOS MERCADOS
Conforme Maia (2003, p. 443), toda a atividade econômica quer mundial ou
nacional, sempre oscila em períodos denominados de prosperidade, recessão, depressão,
recuperação e novamente prosperidade.
Na fase de prosperidade econômica, as empresas tendem a manter seus fundamentos
bem consistentes, refletindo nos preços dos ativos no mercado de capitais. Nessa fase, as
vendas são crescentes, com uma margem de contribuição lucrativa, onde os preços e salários
tendem a se elevar, gerando um otimismo generalizado.
Por outro lado, no período de recessão, a economia cresce em um ritmo menor,
provocando uma desaceleração da produção, gerando desemprego e impacto na lucratividade
das empresas. De acordo com Maia (2003, p. 443):
“Durante o período de prosperidade, as empresas mantêm estoques elevados de matéria-prima ou de produtos acabados. Em determinando momento surge a preocupação de reduzi-los; com isso, diminuem os pedidos de compra. A atividade industrial cai; há necessidade de racionalizar despesas (enxugar custos), motivos por que muitos trabalhadores são dispensados. O trabalhador desempregado precisa reduzir seus gastos, o que traz como efeito: menos vendas, menos produção e menos empregos. Os preços e os lucros caem. Os bancos, agindo com cautela, passam a restringir o crédito, o que ajuda também a reduzir a produção”.
O conceito de ciclos econômicos, especialmente os ciclos de longa duração ou de
séculos, tornou-se objeto no estudo de um dos pioneiros da economia mundial por Nicolai D.
27
Kondratieff, ficando conhecido como ciclos Kondratieff. As principais características desses
ciclos são apresentadas no QUADRO 03.
CARACTERÍSTICAS DOS
CICLOS KONDRATIEFF
� Ciclos de expansão em função dos investimentos em bens de capital.
� Ciclos de declínio em função da depreciação em infra-estrutura do país (ferrovias,
portos, canais, indústrias, saneamento Básico, edificações, eletrificação, etc.).
� Ciclos de longa duração provenientes de Modificações Técnicas, guerras e revoluções,
imersão de países na economia mundial e flutuações na produção do ouro.
� Período de duração dos ciclos em média de 50 anos.
QUADRO 03 – DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS CICLOS DE KONDRATIEFF - FONTE:
Elaborado pelo Autor.
Os ciclos de pequena duração foram estudados por Joseph Kitchin, ficando
conhecidos como ciclos de Kitchin. As principais características desses ciclos são
apresentadas no QUADRO 04.
CARACTERÍSTICAS DOS
CICLOS KITCHIN
� Ciclos econômicos originários de causas aleatórias.
� Ciclos em função dos movimentos de flutuação de oferta e demanda.
� Ciclos de Caráter adaptativos e não por inovações.
� Período de duração dos ciclos em média de 02 a 04 anos.
QUADRO 04 – DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS CICLOS DE KITCHIN - FONTE:
Elaborado pelo Autor.
28
Destacam-se, porém nos estudos sobre os ciclos, as teorias do economista John
Maynard Keynes, indicando que a razão entre os investimentos e a poupança define períodos
de ascensão ou declínio da economia, além disso, através da política de juros de um país
determina-se o fluxo monetário.
Uma redução na política de juros estimula o fluxo da poupança para os
investimentos, fortalecendo a atividade econômica, através do aumento do consumo,
produção e geração de empregos; ao passo que, taxa de juros maior incentiva à poupança,
reduzindo a atividade econômica de um país, promovendo indícios de recessão.
Entretanto, os ciclos econômicos não são exatamente iguais e desse modo, não são
passíveis de controle. As forças desses ciclos podem ser endógenas ou exógenas.
As forças endógenas são aquelas geradas dentro da empresa e dependem da estrutura
de produção e das decisões internas em assuntos como finanças, pessoal, matéria-prima,
marketing, tecnologia, planos de produção, sucessão e qualidade da administração. Resume-se
no planejamento estratégico da empresa, com o objetivo de gerar lucro.
A força interna da empresa pode estar alavancando ou em oposição à força externa
do mercado. Desta forma, o movimento efetivo dos preços das ações é a resultante entre os
dois vetores.
Por outro lado, as forças exógenas do mercado atuam sobre o ambiente global,
influenciando indistintamente todas as empresas. Nesse caso, destacam-se variáveis, como:
liquidez da economia taxa básica de juros, sistema cambial, inflação, legislação fiscal,
influências da economia internacional, nível de emprego e consumo, política econômica em
geral e, inclusive, o quadro político e social do país.
A crise da Bolsa de New York em 1929 tornou-se o exemplo clássico de uma
combinação duradoura de forças exógenas negativas, antecipadas por um clima de elevado
otimismo influenciando os níveis de cotação dos ativos. As forças exógenas negativas
29
também foram marcantes na crise no México (1995), nos países asiáticos (1997-1999) e na
Rússia em meados de 1998.
A economia brasileira também sofreu o efeito das crises internacionais. A história da
trajetória dos preços das ações no Brasil passa por um período de aceleração a partir de 1968
que terminou num pico principal em 1971. Foram mais de doze anos de quedas influenciadas
pela crise do petróleo em 1973 e 1979 até Setembro de 1983. No ano de 1983 deu-se início a
uma grande tendência de alta que durou até o plano cruzado em 1986. Neste intervalo,
ocorreu também a volta da democracia e a eleição do presidente Tancredo Neves.
Em 1986, após o Plano Cruzado, os preços começaram a cair e em um ano e meio
havia reduzido o valor das ações brasileiras, queda essa que culminou com o crash na Bolsa
de New York ocorrida em 1987.
A tendência de alta que começou então, no final de 1987 e que testemunhou a
promulgação da constituição de 1988 e o Plano Verão em 1989. Durou apenas um ano e meio
até que o investidor Nagi Nahas desse um golpe que quase provocou um crash no mercado
financeiro brasileiro.
A maior de todas as tendências de alta do mercado de ações brasileiro foi iniciada
com o Plano Collor II em 1991, acelerada com o início da entrada dos investidores
estrangeiros em Novembro de 1991, teve uma grande correção após a eleição do Presidente
Fernando Henrique Cardoso em 1994, e houve uma queda posterior em função da crise do
México, cujo término se deu na crise Asiática em 1997.
Nesta mesma época, foi deflagrado o caso envolvendo a empresa Enron nos Estados
Unidos e a empresa de auditoria contábil Arthur Andersen, responsáveis pela falsificação dos
balanços contábeis da empresa negociada na bolsa de valores dos Estados Unidos,
apresentando lucros irreais. Tal fato gerou uma intensa desvalorização dos ativos dos
30
mercados financeiros internacionais, provocado pela desconfiança generalizada dos
investidores.
Em 2008, os efeitos da crise imobiliária dos Estados Unidos refletem negativamente
no desempenho do mercado internacional, com grande potencial de risco de recessão mundial.
A história da trajetória dos preços das ações no Brasil de 1969 a 2001, bem como os
principais fatores exógenos influenciadores são demonstrados na FIGURA 01.
FIGURA 01 – A HISTÓRIA DOS PREÇOS DAS AÇÕES DE 1969 A 2001 (IBOVESPA INDEXADO AO
DOLAR COMERCIAL – GRÁFICO SEMANAL) - FONTE: BOTELHO (2003, pág. 05).
De acordo com a interpretação tradicional dos participantes do mercado acionário,
os preços das ações presumivelmente refletem os fundamentos das empresas participantes.
Porém, conforme Soros (2001, p.78), esta visão é equivocada, pois os preços de mercado
31
geralmente não refletem os lucros, os balanços patrimoniais, nem os dividendos do ano
passado; antes, procuram antecipar o fluxo futuro de lucros, dividendos e valor dos ativos.
Segundo Botelho (2003), os preços dos ativos do mercado oscilam por diversas
razões:
• O conjunto de fatores fundamentais que influenciam o comportamento dos
participantes do mercado muda constantemente.
• Os participantes podem interpretar os mesmos conjuntos de fatores
fundamentais de forma diferente.
• O surgimento de um novo fator fundamental.
As oscilações de preços das ações no mercado podem também ser provocadas pela
movimentação de alguns grandes participantes do mercado, principalmente investidores
estrangeiros. Além disso, existem os investidores Insiders, ou seja, grandes investidores com
informações privilegiadas, os quais assumem posições de compra/venda das ações antes do
conhecimento dos fatores pelo público.
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DAS EMPRESAS
4.1 – INTRODUÇÃO A ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
A análise dos fundamentos do valor de um ativo tem como objetivo investigar as
causas que fazem com que os preços apresentem movimentos ascendentes ou descendentes.
Na análise fundamentalista, as informações utilizadas geralmente envolvem os
níveis futuros e previstos da atividade econômica nacional, setorial e da empresa, além de
considerações políticas que possam influenciar o comportamento de variáveis econômicas,
tanto a nível macro quanto micro, afetando as taxas de retorno esperadas e o grau de risco
associado.
Outro ponto de destaque na análise fundamentalista é a experiência da pessoa que
trabalha com essas informações, pois apesar de todo o cuidado que envolve a manipulação das
informações, qualquer modelo econômico está sujeito aos fatores exógenos que podem
inviabilizar as conclusões obtidas.
Os dados utilizados na análise de fundamentos estão relacionados à produção, ao
consumo, aos preços de venda dos produtos, aos custos industriais e inúmeras outras variáveis
macroeconômicas para a estimativa do retorno e risco, que justifique assumir uma posição na
compra das ações de uma determinada empresa.
O fundamentalista, além de estar constantemente informado sobre qualquer evento
que possa influenciar a empresa, a concorrência e a própria economia como um todo, utiliza
intensamente as informações contábeis da empresa, associados aos índices de desempenho
financeiro.
33
O estudo dos indicadores financeiros tem como objetivo auxiliar o analista em uma
visão mais detalhada de uma série de aspectos da saúde financeira e operacional da empresa.
Weston e Brigham (2000) classificam os índices em quatro grandes classes:
• Índices de Liquidez
• Índices de Alavancagem de capital
• Índices de Atividade
• Índices de Rentabilidade
Os dois primeiros grupos estão relacionados com o risco empresarial e da concessão
de crédito, enquanto os índices de atividade e rentabilidade se relacionam mais com o retorno
sobre o capital.
Segundo Famá e Grava (2000), a análise da liquidez das empresas envolve a
compreensão de seus ativos e passivos de curto prazo, que mede a capacidade de um ativo
líquido ser vendido rapidamente sem que incorra em perdas significativas. Uma empresa com
baixa liquidez apresenta grandes riscos potenciais de inadimplência, podendo se transformar
em uma empresa insolvente. Por outro lado, a questão sobre quantos recursos manter sob a
forma de ativos líquidos tem reflexos diretos na estrutura do capital, podendo influenciar a
distribuição dos dividendos das ações.
Conforme Kiyosaki e Lechter (2002, p.347), através das demonstrações financeiras
de uma empresa torna-se possível determinar o quanto um negócio será lucrativo ou até que
ponto uma empresa está alavancada financeiramente, de forma a se obter o risco operacional
da empresa.
No entanto, os indicadores contábeis devem ser examinados em conjunto com a
situação do ramo de atividade, possibilitando uma forma de projeção dos resultados futuros
percebidos de forma diferente pelo mercado.
34
As informações geradas pelas demonstrações contábeis devem propiciar aos seus
usuários, uma base segura para a tomada de decisões, dada pela compreensão do estado em
que se encontra a entidade, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que
oferece. Visando garantir esses objetivos, os balanços divulgados pelas empresas de capital
aberto são devidamente auditados por auditores independentes com registro na Comissão de
Valores Imobiliários (CVM).
Na Bolsa de Valores, os investidores não podem comprar pelo valor contábil dos
ativos da empresa, sendo que somente podem comprar ações pelo preço de mercado. Para
analisar a subavaliação/super-avaliação dos preços das ações foram desenvolvidos índices de
mercado pelos analistas fundamentalistas.
Dentre as características da análise fundamentalista, destaca-se o tempo médio do
retorno do capital sobre o investimento. Geralmente, as análises são feitas levando-se em
consideração os resultados para um médio e longo prazo. Além disso, a análise fundamental é
consistente, coerente e racional, sendo apoiada por fatos concretos; mas também intuitiva e
subjetiva, pois envolve a interpretação do analista.
4.2 – ANÁLISE DE BALANÇOS
A utilização principal das técnicas de análise de balanços é a extração de
informações a partir das demonstrações financeiras para alimentação do processo de tomada
de decisões.
A análise de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras das quais
essas, precisam ser transformadas em informações para que se possa concluir como está a
administração da empresa, se tem condições de receber créditos financeiros, se há recursos ou
não para honrar seus compromissos assumidos perante terceiros, aspectos referentes à
35
lucratividade, se os processos são eficientes ou ineficientes, ou seja, avaliar a continuidade
dos negócios ou riscos potenciais. Resumidamente, a análise de balanços produz as seguintes
informações:
• Situação Financeira
• Situação Econômica
• Desempenho
• Eficiência na alocação dos recursos
• Pontos fortes e fracos
• Tendências e perspectivas
• Quadro de evolução histórico
• Adequação das fontes às aplicações de recursos
• Causas das alterações na situação financeira
• Causas das alterações na rentabilidade
• Evidências de erros na administração
• Providências que deveriam ser tomadas e não foram
• Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras
O diagnóstico de uma empresa geralmente inicia-se após uma rigorosa análise de
balanços, tendo como finalidade determinar quais são os aspectos necessários para a solução
de problemas. Torna-se fundamental para quem pretende relacionar-se de uma forma com a
empresa.
Dentre os envolvidos, citam-se os fornecedores, os quais estão interessados em
conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes, ou seja, sua liquidez e solvência. Os
clientes, por sua vez, analisam as informações de forma a se ter previsibilidade de um
fornecimento constante visando à segurança dos negócios.
36
Para o fornecimento de créditos em curto prazo, para o financiamento das atividades
empresariais, os bancos comerciais observam a situação atual do cliente, buscando realizar
projeções a partir de informações históricas. Por sua vez, os bancos de investimento
necessitam da análise de balanços para que sejam rigorosamente calculados os riscos da
concessão do crédito.
Em função da alta competitividade, desencadeada principalmente pelo processo de
globalização, a análise de concorrentes pode ser determinantes como fator de sucesso ou de
fracasso da empresa no mercado.
As decisões de lançamento de novos produtos, penetração em novos mercados,
investimentos em imobilizados, por exemplo, a construção de uma nova fábrica, são decisões
muitas vezes tomadas em função da situação do balanço mostrado pelos concorrentes. Além
disso, é fundamental para a empresa saber qual é a sua posição em relação a seus concorrentes
e como se situa sua liquidez e rentabilidade.
De forma geral, para clientes e fornecedores, a análise de balanços proporciona bons
resultados na precisão de insolvência, evitando que fornecedores e clientes tenham enormes
prejuízos com empresas que vão à falência ou entram em concordata.
As sociedades de crédito imobiliário e o governo são ainda outros usuários
dependentes das informações geradas dos balanços. Tal análise por parte do governo é
utilizada intensamente em diversas situações, como: concorrências abertas, empresas
concessionárias de serviços públicos, setores da economia, etc.
Em especial, na análise fundamentalista, a análise de balanços é imprescindível,
pois, permite as decisões para o investimento em ações desta ou daquela empresa, sendo o
objetivo dos investidores, a maximização e preservação de seus investimentos.
37
Entretanto, na análise de balanços, um fator principal consiste na comparação de
dados. A grande importância dos dados históricos é que através deles pode-se observar o
comportamento das demonstrações financeiras ao longo dos períodos em análise.
Por exemplo, o lucro de uma empresa em um determinado exercício não teria
significado se não pudesse ser comparado com os lucros obtidos no passado. Através da
análise histórica podem-se perceber as causas que levaram a empresa obter esse lucro, como
cresceu ou como diminuiu.
4.3 – ANÁLISE SETORIAL
A análise de balanços somente adquire consistência e objetividade quando esses são
comparados ao seu setor de atuação. A iniciativa por parte daqueles que se defronta com a
necessidade de análise de balanços e quer delas extrair alguma informação como desempenho
passado e principalmente fatores quanto a sua perspectiva futura, é realizar comparações.
Por exemplo, podem-se comparar o lucro líquido com o patrimônio líquido, o
investimento em imobilizados com o patrimônio líquido, ativo circulante com o passo
circulante, etc.
No entanto, a comparação do índice de uma empresa deve ser feita com as de outras
empresas de mesmo segmento ou setor de atuação, a fim de se ter uma melhor idéia do seu
desempenho em relações à média do setor a qual pertence. Segue-se alistado, alguns aspectos
importantes para uma análise setorial:
• Estrutura e Estágio de competição na Indústria (número de empresas que
participam do setor; componentes de cada empresa em termos de vendas,
ativo e patrimônio líquido; níveis de participação do mercado entre as
38
empresas do segmento; subdivisão do setor; tendência para fusões e
diversificação fora do setor)
• A natureza e as perspectivas da demanda para produtos e serviços da
indústria (classificação da indústria: de crescimento, cíclica, defensiva ou em
estágio de maturidade; principais mercados e distribuição geográfica desses
mercados, inclusive exportações; determinantes da demanda; possibilidades
de crescimento da demanda em curto e longo prazo; existência de
sazonalidade de vendas)
• Comportamento dos custos e lucratividade (distribuição de custos do setor
entre custos diretos (mão de obra direta, matéria prima, etc.) e custos
indiretos de fabricação; percentual de aumento do custo de mão de obra e
produtividade; percentual de aumento dos preços dos produtos; capacidade
instalada e taxa de ocupação; necessidade de investimentos na planta
industrial visando o aumento da eficiência produtiva e competitividade;
existência de sazonalidade de compras de matérias-primas e de produção)
• Tecnologia e Pesquisa
Através da análise setorial é possível realizar projeções e definir tendências de curto
e médio prazo que permitem identificar fatores de riscos e oportunidades de negócios nos
mais diversos setores da economia. Dessa forma, a análise fundamentalista pressupõe que
haja uma interação entre a análise de balanços e a análise setorial.
39
4.4 – A ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações financeiras possuem finalidades específicas embora todas tenham
uma finalidade comum, ou seja, resumir em um determinado momento os registros dos atos e
fatos praticados pela empresa dentro de um determinado período. Alguns desses períodos ou
momentos também são determinados por lei, outros, são definidos de acordo com o interesse
da própria organização.
Para as empresas com subscrição de capital social por ações, a lei da sociedade por
ações (6.404/76) estabelece que ao final de cada exercício, a diretoria providenciará com base
na escrituração contábil, demonstrações financeiras validadas por administradores e por
contabilistas legalmente habilitados.
As empresas com capital aberto, ou seja, que tenham as ações negociadas em bolsa
assume o compromisso de elaborar os relatórios de demonstrações trimestralmente e
disponibilizá-los ao público. Destacam-se os seguintes componentes dos relatórios:
• Relatório de administração (relatório que informa aos acionistas e terceiros
sobre fatos que se julgam importantes sobre diversos aspectos do
desempenho e perspectivas futuras da organização, relativo às estratégias de
vendas, compras, produtos, setor de atuação, efeitos conjunturais, resultados
alcançados, previsões e etc.)
• Demonstrações Financeiras (Balanço Patrimonial; Demonstração de
resultados; Mutações do Patrimônio líquido e Origem e aplicações de
recursos)
• Notas explicativas (são dados e informações que complementam as
demonstrações financeiras, como: contexto operacional da empresa,
principais práticas contábeis, taxa de juros, vencimentos e garantias de
40
obrigações de longo prazo / financiamentos, avaliação de estoques,
depreciação e outras previsões, espécies de ações do capital social, eventos e
benefícios, etc. As notas explicativas contêm também um conjunto de
elementos que auxiliam o analista a fazer uma avaliação mais detalhada da
empresa).
As demonstrações financeiras geralmente possuem um número extenso de contas, as
quais necessitam ser avaliadas antes do início da análise. Suas estruturas básicas também são
regulamentadas ou normatizadas. Esta exigência faz sentido porque uma das principais
funções das demonstrações é classificar os eventos administrativos, os atos ou os fatos
contábeis em grupos representativos de eventos patrimoniais ou do próprio patrimônio.
Embora não existam modelos exigidos por lei, a praxe contábil conseguiu criar
estruturas que facilitam a leitura de tais demonstrações. Para efeito de análise em muitos casos
há a necessidade de readequar a estrutura demonstrada ou de reclassificar algumas contas ou
grupos no sentido de facilitar os trabalhos e dar valor real à análise.
A padronização consiste em condensar e criticar as contas pertencentes à
demonstração e tem como objetivo: a simplificação da análise, criar a possibilidade de
comparação, adequação aos objetivos da análise, precisão nas classificações das contas,
descoberta de erros e desenvolver uma familiaridade do analista com as demonstrações
financeiras da empresa.
4.4.1 – BALANÇO PATRIMONIAL
O balanço patrimonial é o demonstrativo que reflete a situação da empresa no
momento daquele encerramento. Composto pelas contas patrimoniais (contas que não são
41
transportadas para a demonstração de resultados) e pelo resultado apurado estará refletindo
todos os bens, direitos e obrigações da empresa.
No QUADRO 05 é demonstrado um modelo de padronização do Balanço
Patrimonial.
QUADRO 05 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL - FONTE: Elaborado pelo Autor.
Na estrutura do balanço patrimonial, destacam-se os seguintes grupos de conta:
Ativo e Passivo/Patrimônio Líquido.
42
No ativo são alistadas todas as contas representativa de bens e direitos de
propriedade da empresa, classificadas em ordem de liquidez decrescente, sendo destacadas:
• Ativo circulante – envolvem disponibilidades e direitos realizáveis no curso
do exercício social após o balanço. Essas contas caracterizam-se por estar em
constante giro.
• Ativo realizável a longo prazo – bens e direitos realizáveis após o término do
exercício social em questão. Além disso, podem incluir direitos derivados de
adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladoras,
diretores, acionistas ou participantes de lucro da companhia, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.
• A conta de ativos permanentes pode ser desmembrada em investimentos,
imobilizado e diferido. Os investimentos envolvem participações em outras
sociedades e direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo
Circulante ou Realizável a Longo Prazo que não se destinem a manutenção
da atividade da empresa. Na conta de imobilizado se encontra direitos que
tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da empresa
ou exercidos com essa finalidade. Em diferido, são aplicados recursos que
beneficiarão resultados de exercício futuros.
Nas contas Passivo e Patrimônio Líquido é classificado todas as contas que
originaram o capital empregado nos bens e direitos classificados no Ativo. Destacam-se:
• Passivo Circulante – obrigações da empresa exigíveis que devem ser
liquidadas no próximo exercício social após o levantamento do balanço.
• Passivo Exigível a Longo Prazo – dívidas de longo prazo ou obrigações
exigíveis que serão liquidadas com prazo superior a um ano.
43
• Patrimônio Líquido – recursos dos proprietários aplicados na empresa. Os
recursos incluem o capital mais o rendimento de lucros e reservas.
4.4.2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DE EXERCÍCIO (DRE)
As indicações sobre o detalhamento das contas de receita, despesa, lucro ou prejuízo
líquido são obtidas através da demonstração do resultado de exercício (DRE). Enquanto o
balanço patrimonial reflete a situação do patrimônio da empresa em um dado momento, a
DRE demonstra as ocorrências em certo período.
As mais importantes funções de uma DRE envolvem a geração de informações dos
resultados das operações aos stakeholders. No QUADRO 06 é demonstrado um modelo de
demonstração do resultado de exercício (DRE).
DFP - DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PADRONIZADAS
03.01 - Demonstração do Resultado (x R$ 1000)
Código da Conta:
Descrição da Conta: 01/01/2005 a
31/12/2005
01/01/2004 a
31/12/2004
01/01/2003 a
31/12/2003
3.01 Receita Bruta de Vendas e/ou Serviços
658.543 522.886 427.207
3.02 Deduções da Receita Bruta
(119.377) (95.968) (82.534)
3.02.01 Impostos Faturados (115.401) (92.747) (80.150)
3.02.02 Abatimentos (3.976) (3.221) (2.384)
3.03 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços
539.166 426.918 344.673
3.04 Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos
(390.000) (305.943) (237.064)
3.05 Resultado Bruto 149.166 120.975 107.609
3.06 Despesas/Receitas Operacionais
(136.529) (112.402) (98.513)
3.06.01 Com Vendas (106.849) (83.366) (71.144)
3.06.02 Gerais e Administrativas (30.926) (25.816) (24.766)
3.06.02.01 Administrativas (20.543) (16.187) (15.364)
3.06.02.02 Honorários da Administração
(1.645) (1.451) (1.329)
44
3.06.02.03 Depreciações e Amortizações
(8.738) (8.178) (8.073)
3.06.03 Financeiras (2.030) (6.841) (5.721)
3.06.03.01 Receitas Financeiras 2.740 3.497 3.492
3.06.03.02 Despesas Financeiras (4.770) (10.338) (9.213)
3.06.04 Outras Receitas Operacionais
4.895 5.509 4.531
3.06.05 Outras Despesas Operacionais
(1.619) (1.888) (1.413)
3.06.06 Resultado da Equivalência Patrimonial
0 0 0
3.07 Resultado Operacional 12.637 8.573 9.096
3.08 Resultado Não Operacional
667 2.047 485
3.08.01 Receitas 1.081 2.509 823
3.08.02 Despesas (414) (462) (338)
3.09 Resultado Antes Tributação/Participações
13.304 10.620 9.581
3.10 Provisão para IR e Contribuição Social
(3.579) (2.669) (2.622)
3.10.01 Corrente (3.440) (2.710) (2.467)
3.10.02 Diferido (139) 41 (155)
3.11 IR Diferido 0 0 0
3.12 Participações/Contribuições Estatutárias
0 0 0
3.12.01 Participações 0 0 0
3.12.02 Contribuições 0 0 0
3.13 Reversão dos Juros sobre Capital Próprio
0 0 0
3.15 Lucro/Prejuízo do Exercício
9.725 7.951 6.959
QUADRO 06 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DROGASIL SA) - FONTE:
BOVESPA (www.bovespa.com.br).
4.4.3 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
Para auxiliar o processo de análise, tem-se utilizado técnicas de comparação dos
resultados, como, a análise vertical e horizontal.
O objetivo da análise vertical é observar ao longo do tempo o comportamento das
demonstrações financeiras, mostrando a participação percentual em cada exercício social de
45
sub-contas em relação a uma conta base que equivale a 100%, podendo assim, estabelecer
bases para análises prospectivas.
Na análise vertical, ao contrário da análise horizontal, os valores não são
influenciados pela inflação, uma vez que se trata de contas de uma mesma demonstração
financeira, e, portanto, os valores encontram-se monetariamente em um mesmo período.
O estudo realizado através da Análise Horizontal tem por objetiva compara a
evolução individual das contas que compõe as demonstrações financeiras em períodos de
tempos consecutivos.
De forma geral, conclui-se que a combinação da análise vertical com a análise
horizontal apresenta importantes informações do comportamento das demonstrações
financeiras no passado, da situação atual, bem como fornece subsídios para projeções futuras
da empresa.
4.5 – INTRODUÇÃO A ANÁLISE POR ÍNDICES
A avaliação de uma empresa realizada através dos índices exige a comparação com
padrões e a fixação da importância de cada índice. A característica fundamental dos índices é
fornecer uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa.
Os aspectos econômicos referem-se ao lucro, no sentido dinâmico de
movimentação, ao passo que de forma estática, refere-se ao patrimônio líquido.
A visão financeira da empresa permite verificar os aspectos relacionados ao fluxo de
dinheiro. De forma dinâmica, representa a variação do caixa. Estaticamente, representa o
saldo do caixa. Quando analisado de forma ampla, a visão financeira tem a ver com o capital
circulante líquido.
46
O resultado econômico reflete o lucro ou prejuízo do exercício. O lucro aumenta o
patrimônio líquido, no entanto não altera a disponibilidade de dinheiro. Ao mesmo tempo em
que uma empresa pode apresentar ótima situação econômica com investimentos em
imobilizado, pode ter insuficiência de recursos financeiros para pagamento de suas dívidas.
4.5.1 – ÍNDICES DE LIQUIDEZ
O principal objeto dos índices de liquidez é realizar a medição da capacidade da
empresa em atender os seus compromissos assumidos de curto prazo através da realização de
seus ativos circulantes. Os principais índices de liquidez são alistados abaixo:
• ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE – indica quanto a empresa possui no ativo
circulante para cada $ 1,00 no passivo circulante. A Fórmula é descrita a seguir:
Caso uma empresa tenha ativos circulantes em uma determinada data o montante de
$ 5.000 e de passivos circulantes $ 3.000, o índice de liquidez apurado é de 1,7. Isso significa
dizer que a empresa para cada $ 1,00 de dívidas de curto prazo, tem $ 1,7 de bens e direitos
realizáveis no curto prazo.
• ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA – indica quanto a empresa possui no ativo circulante
descontados os estoques para cada $ 1,00 no passivo circulante. A Fórmula é descrita
a seguir:
47
A análise da liquidez seca é importante, pois a conta de estoques representam contas
dentro do ativo circulante que são renovadas, e o índice de liquidez corrente não revela a
movimentação entre os prazos e renovação dos ativos e os prazos de vencimento das dívidas.
• ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL – indica quanto a empresa possui no ativo circulante
e realizável a longo prazo para cada $ 1,00 de dívida total. A Fórmula é descrita a
seguir:
• ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA – indica quanto a empresa tem de disponibilidades
(caixa, bancos e em aplicações de liquidez imediata) para saldar $ 1,00 de dívidas no curto
prazo. A Fórmula é descrita a seguir:
A administração da liquidez é de extrema importância para as empresas. O saldo de
caixa deve ser suficiente para atender seus compromissos de curto prazo, tanto de despesas
correntes, bem como aos diversos pagamentos que estão programados, além de ser importante
manter uma reserva para emergências.
Em função do cenário econômico, caracterizado por juros altos, consumo fraco e
crédito limitado, as empresas devem concentrar seus recursos em ativos de alta liquidez,
aumentando assim, o seu grau de liquidez imediata. Por outro lado, um cenário com
estabilidade econômica, incentiva a aplicação dos recursos nos ativos permanentes.
48
4.5.2 – ÍNDICES DE ALAVANCAGEM DE CAPITAL
Os índices de alavancagem ou de estrutura de capital mostram as grandes linhas de
decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Seguem descritos os
principais índices:
• ENDIVIDAMENTO GERAL – Indica a participação do capital de terceiros de curto e
longo prazo nos investimentos efetuados no ativo da empresa. A principal fórmula é
descrita a seguir:
Uma empresa endividada é aquela que depende da liquidação de seus ativos para
poder arcar com suas dívidas, situação em alto grau de endividamento.
Ressalta-se que uma empresa comparativamente com outras do mesmo setor, pode
apresentar um elevado grau de endividamento, porém, representar um menor risco. Isso é
possível se a empresa apresentar uma elevada capacidade de geração de recursos. Neste caso,
considera-se que as dívidas correntes de uma empresa serão saldadas pelo fluxo de recursos
gerados pelas suas operações e não pela venda de seus ativos.
• ENDIVIDAMENTO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO – Identifica qual a
proporção dos recursos de terceiros em relação aos recursos próprios existente na
empresa. A principal fórmula é descrita a seguir:
49
• ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO SOBRE O ENDIVIDAMENTO TOTAL –
Indica a porcentagem do volume de dívidas da empresa que deve ser paga no curto
prazo. Trata-se de um indicador da qualidade da dívida, porém, requerendo análise das
taxas de juros a serem pagas nas dívidas de longo prazo. A principal fórmula é
descrita a seguir:
• PASSIVO ONEROSO SOBRE OS ATIVOS – Este indicador fornece a participação
das fontes externas de financiamentos captados pela empresa em relação aos capitais
próprios. A principal fórmula é descrita a seguir:
Para uma melhor avaliação, é importante observar o tipo de dívida existente, os
prazos de vencimento da dívida ao longo prazo e as taxas de juros correspondentes a cada um
desses financiamentos. Essas informações podem ser observadas junto nas notas explicativas
dos relatórios.
4.5.3 – ÍNDICES DE ATIVIDADE
A análise dos recursos investidos no giro das operações de uma empresa envolve o
cálculo dos prazos médios (índices de atividade) de renovação dos estoques, duplicatas a
receber (clientes) e de liquidez, mostrando a relação entre número de dias dos prazos e os
recursos de investimento no giro da empresa.
50
• PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES (PMRE) – fornece o número
médio de dias em que os estoques ficam armazenados até sua venda. As principais
fórmulas são descritas a seguir:
O giro dos estoques mede o número de vezes em que estes são renovados ao longo
dos anos. Quanto maior o giro dos estoques da empresa, maiores serão suas vendas, salvo se a
empresa não estiver mantendo níveis baixos de estoque.
• PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DAS VENDAS (PMRV) – fornece o número
de dias em que a empresa leva para receber as suas vendas. As principais fórmulas são
descritas a seguir:
Quando as empresas necessitam elevar as suas vendas, geralmente concedem
maiores prazos de pagamentos a seus clientes proporcionando, assim, um aumento do volume
de duplicatas a receber.
O conhecimento da relação de clientes de uma empresa é de grande importância
para a análise das demonstrações financeiras, pois, o analista poderá observar se existe uma
dependência das vendas por parte da empresa para determinados clientes e avaliar a qualidade
desses clientes.
• PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO DAS COMPRAS (PMPC) – fornece o tempo
médio entre o recebimento das compras de materiais de produção e/ou das
51
mercadorias para revenda, e o seu respectivo pagamento. As principais fórmulas são
descritas a seguir:
A partir dos prazos médios de renovação dos estoques, recebimento das vendas e
pagamento das compras é possível entender o ciclo operacional e o ciclo financeiro da
empresa, conceitos fundamentais para compreender melhor o fluxo financeiro interno.
O ciclo operacional corresponde ao intervalo de tempo compreendido desde a
recepção dos materiais de produção ou das mercadorias para revenda (PMRE) até a cobrança
das vendas correspondentes (PMRV). Neste período são investidos recursos nas operações da
empresa sem que ocorram as entradas de caixa relativas às vendas. Parte desse capital de giro
é mantida pelos fornecedores que concedem prazos de pagamento das compras dos insumos
ou mercadorias.
Por outro lado, o ciclo financeiro ou ciclo de caixa compreende o prazo entre saídas
de caixa relativas ao pagamento dos fornecedores e as entradas de caixa provenientes dos
recebimentos das vendas. Neste período, a empresa terá de financiar suas operações em a
participação dos fornecedores. Quanto maior for o ciclo financeiro, mais capital de giro
próprio ou terceiros será necessário para sustentar as aplicações, podendo gerar custos
financeiros e afetando a rentabilidade geral da empresa.
4.5.4 – ÍNDICES DE RENTABILIDADE
Os índices de rentabilidade têm como principal objetivo a interpretação e análise dos
resultados obtidos pela empresa. São derivados do demonstrativo de resultados do exercício
52
através da análise vertical e também, apurados através das vendas, e resultados operacionais
em relação aos ativos e patrimônio líquido.
• MARGEM BRUTA – Identifica o desempenho dos custos de produção. Dado que o
lucro bruto é obtido pela diferença entre as vendas líquidas e o custo dos produtos
vendidos, ou das mercadorias vendidas, um aumento deste índice significa uma
melhor eficiência produtiva da empresa, no que se refere aos seus custos. A principal
fórmula é descrita a seguir:
Um aumento na margem bruta pode também ser obtida pelo fato do crescimento dos
preços de vendas serem maior que dos custos.
Outra hipótese bastante comum que ocasiona o aumento da margem bruta é a
redução dos custos fixos em função do aumento do volume de vendas, ou seja, quanto maior
for a quantidade vendida, menor será o custo unitário de produção.
Por outro lado, uma redução na margem bruta pode ser conseqüência dos seguintes
fatos: controle de preços, redução de tarifas, maior queda da receita de vendas do que os
custos, aumento de salários, aumento dos preços dos insumos e etc.
• MARGEM OPERACIONAL – Identifica o desempenho operacional da empresa em
função de valores efetivamente utilizados em suas operações normais ou do próprio
ramo de atividade da empresa, antes dos efeitos dos resultados financeiros. A principal
fórmula é descrita a seguir:
53
• MARGEM LÍQUIDA – Identifica a parte das vendas que a empresa aufere de lucro
líquido. Por exemplo, uma empresa possui uma margem líquida de 5%, isto significa
dizer que 5% das vendas líquidas realizadas permaneceram na empresa sob a forma de
lucros, e o restante foi utilizado para cobrir os custos e despesas incorridas. A
principal fórmula é descrita a seguir:
• RENTABILIDADE DO ATIVO TOTAL – Este índice mostra o retorno do total do
investimento efetuado pela empresa, ou seja, a capacidade que os ativos apresentam de
gerar lucros. A principal fórmula é descrita a seguir:
O índice de rentabilidade do ativo total indica a rentabilidade sobre toda a estrutura
de capital do ativo, considerando-se recursos próprios e de terceiros. Para a avaliação do
retorno de investimentos sobre o capital próprio (patrimônio líquido), deve-se avaliar a razão
entre o lucro líquido e o patrimônio líquido.
4.5.5 – ÍNDICES DE MERCADO
O valor de mercado de uma empresa está representado pela cotação das suas ações
em bolsa multiplicado pelo número de ações total que compõe seu capital. Para o cálculo
ideal do valor de mercado, deveriam ser consideradas as cotações em bolsa de cada tipo de
ação (ordinária e preferencial) e ponderadas pelas quantidades de cada tipo no capital da
empresa.
54
Entretanto, na maioria dos casos, não há negócios com os dois tipos em bolsa,
motivo pelo qual geralmente é utilizada como referência a cotação da ação mais líquida e a
sua multiplicação pelo número total de ações.
• VALOR PATRIMONIAL DA AÇÃO – Indica quanto vale cada ação em termos de
patrimônio líquido. A principal fórmula é descrita a seguir:
A cotação de uma ação no mercado não está relacionada com o valor do patrimônio
líquido da ação, sendo esta última mais ligada diretamente com a capacidade de geração de
lucro e dividendos.
O valor patrimonial é uma informação que mede a parcela dos recursos próprios da
empresa que compete a cada ação em determinado momento, com base nos valores
acumulados no passado. Esse índice é mais bem interpretado como um indicador do potencial
de uma empresa em distribuir dividendos e de sua capitalização. Quanto maior, maior é o
potencial econômico da empresa em distribuir lucros nos exercícios futuros.
• LUCRO POR AÇÃO – Indica quanto corresponde para cada ação o lucro líquido
apurado pela empresa em determinado período. A principal fórmula é descrita a
seguir:
55
• RELAÇÃO PREÇO-LUCRO – Este índice mostra o número de anos que o investidor
deve esperar para recuperar o investimento efetuado na compra de uma ação. A
principal fórmula é descrita a seguir:
Em relação à avaliação do preço-lucro da ação, tem-se que, quanto maior for o
índice de uma ação, espera-se que menor será o risco e a lucratividade do investimento. E
quanto menor for o preço-lucro da ação, maiores serão os riscos e a lucratividade da ação.
• PAY-OUT (TAXA DE DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS) – é a taxa de distribuição do
lucro da empresa para os acionistas na forma de dividendos ou juros sobre o capital
próprio. A principal fórmula é descrita a seguir:
• DIVIDEND YIELD (TAXA DE RENTABILIDADE DOS DIVIDENDOS) – Indica
quanto efetivamente o acionista embolsa para cada $ 100 investidos na aquisição de
ações segundo sua cotação. A principal fórmula é descrita a seguir:
O Yield é calculado dividindo-se o dividendo distribuído por ação pelo preço atual
da ação. Torna-se especialmente relevante se analisado a longo prazo, sendo neste caso
necessário que seja projetado os lucros e estabelecido um Pay-Out. Assim, se uma ação custa
56
hoje $ 100,00 e espera-se receber $ 10,00 em dividendos, o Yield seria de 10%, podendo ser
visto como um desconto no custo de aquisição da ação.
A análise por índices resultam na necessidade de acompanhamento da evolução
histórica e a identificação de tendências que auxiliem o processo de tomadas de decisões, cujo
objetivo proporcione maior grau de precisão e assertividade.
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos últimos anos, diversos trabalhos e pesquisas sobre os métodos para avaliação de
ativos financeiros vêm sendo publicados, trazendo a atenção dos participantes do mercado
para as oportunidades de investimentos e proteção diante das incertezas econômicas. Além
disso, incentivam na área acadêmica, estudos voltados para a análise das estruturas financeiras
das empresas, através da aplicação dos métodos de análise de investimentos reais nas mais
diversas áreas.
Devido à rápida velocidade de mudanças e do alto grau de incertezas que permeiam
os diversos ambientes de negócios no mundo, vimos que a abordagem da análise
fundamentalista proporciona uma visão geral da estrutura financeira da empresa e possibilita
por meio da construção e análise de índices, identificar tendências valiosas para
investimentos.
Um passo importante no sentido da compreensão da análise fundamentalista advém
do bom entendimento de suas premissas e conceitos de contabilidade gerencial. Neste sentido,
foram apresentadas nesta monografia as estruturas contábeis das empresas, seus aspectos
principais e a sua relação com a possibilidade de combinações de diferentes de índices para
utilização no mercado financeiro.
Este trabalho pretendeu contribuir com a compreensão dos fatores e métodos
disponíveis no mercado financeiro, em especial a aplicação e desenvolvimento da análise
fundamentalista.
Espera-se, sem esgotar o assunto que é extremamente amplo e passível de muitas
outras pesquisas, ter chamado a atenção para estes aspectos específicos e sua importância para
a gestão de investimentos e avaliação de empresas.
58
Na expectativa de que o Brasil fortaleça os fundamentos tanto no setor público
quanto no setor privado, o fluxo internacional de capitais não cessará. É nesse cenário que
devem aparecer inúmeras possibilidades de investimento, principalmente em renda variável.
Assim, a relevância do mercado acionário para os investidores em geral aumentarão.
Alternativas de investimento serão mais exploradas, uma vez que a remuneração por juros
será bem menos atrativa. O setor produtivo voltará a receber mais investimentos, aquecendo o
mercado financeiro e voltando a desenvolver as Bolsas e tudo o que gira em torno delas.
Entretanto, torna-se necessário a regulamentação de normas específicas que venham
a proteger os pequenos e médios investidores diante dos riscos do mercado financeiro.
Através do conhecimento dos riscos envolvidos é possível a adoção de estratégias eficazes de
gestão de risco, que permitam aos participantes do mercado formas conscientes de
investimento.
Portanto, diante das expectativas, observa-se um bom momento para entender e
estudar esse vasto mundo financeiro, pois com a provável melhora macroeconômica nos
próximos anos, a análise fundamentalista poderá ser utilizada em grande escala pelas
empresas e investidores em geral.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 470 p.
BOTELHO, Fausto de Arruda. Análise Técnica e Estratégia Operacional. São Paulo: Enfoque Gráfico Sistemas, 2003. 196 p. CARVALHO, Maria A. de; SILVA, Cezar R. Leite da. Economia Internacional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 300p. FAMÁ, Rubens; GRAVA, J. William; Liquidez e a Teoria dos Elementos Causadores de
Insolvência. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, vol. 1, nº. 12, p. 10-21, 2000. KIYOSAKI, Robert T.; LECHTER, Sharon L. Pai rico: o guia de investimentos: aprenda a ganhar dinheiro investindo com os ricos. Tradução de Maria José Chylar Monteiro. Rio de Janeiro: Campus, 2002. 456 p. MAIA, Jayme de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 472 p. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis: Contabilidade Empresarial.
3. Ed. São Paulo, Atlas, 2005. 310 p. MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 8. Ed. São Paulo, Atlas, 2006. 264 p. SANVINCENTE, Antônio Zoratto; MELLAGI FILHO, Armando. Mercado de capitais e
estratégias de investimento. São Paulo: Atlas, 1988. 160 p. SOROS, George. A crise do capitalismo global: os perigos da sociedade globalizada – uma visão crítica do mercado financeiro internacional. Tradução de Cristina Serra. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 344 p. SUEN, Alberto S.; KIMURA, Herbert; IMORI, Marcelo; NONAKA, Paulo K. Aspectos de
Normatização em um Mercado Financeiro Globalizado. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, vol. 1, nº. 3, p. 1-7, 1996. TOLMASQUIM, Maurício T. O Brasil e o ciclo de Kondratieff e Juglar segundo a obra de
Ignácio Rangel. Revista de Economia Política, São Paulo, vol. 11, nº. 4, p. 27-38, 1991. WESTON, J. Fred; BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Makron Books, 2000, 1050 p. www.bovespa.com.br acessado em 20/10/08 15:00 hs.
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