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Nesta edição Editorial: 2006 nos reserva surpresas! Veja fotos da nossa Festa de Confraternização 2005 A surpreendente vida de Gandhi em autobiografia Página 8 Páginas 10 e 11 Página 2 A Escola Superior da Magistra tura Trabalhista da 13ª Região (ESMAT 13) encerrou mais um ano letivo, no último dia 5 de dezem- bro, durante solenidade de formatura de quase 40 estudantes que compu- seram a 11ª turma de especialistas em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Instituição. Homenage- ado pelos formandos, o professor e juiz do Tribunal Regional do Trabalho (13ª Região), Paulo Maia Filho, minis- trou a aula da saudade. Mais deta- lhes na página 3. ESMAT 13 Solenidade marca formatura da 11ª Turma caminhos da vida Jornal da Amatra 13 entrevista a juíza Silvia Cerveira Páginas 5 a 7

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Page 1: Amatra 22 Jornal Completo corrigido · nário do Direito Pátrio”. Com essas pa-lavras, o concluinte Vicente Gayoso en-cerrou sua fala como orador da 11ª tur-ma a se formar pela

Nesta ediçãoEditorial: 2006 nosreserva surpresas!

Veja fotos da nossa Festade Confraternização 2005

A surpreendente vida deGandhi em autobiografia

Página 8Páginas 10 e 11Página 2

AEscola Superior da Magistratura Trabalhista da 13ª Região (ESMAT 13) encerrou mais um

ano letivo, no último dia 5 de dezem-bro, durante solenidade de formaturade quase 40 estudantes que compu-seram a 11ª turma de especialistasem Direito do Trabalho e Processo doTrabalho pela Instituição. Homenage-ado pelos formandos, o professor ejuiz do Tribunal Regional do Trabalho(13ª Região), Paulo Maia Filho, minis-trou a aula da saudade. Mais deta-lhes na página 3.

ESMAT 13Solenidade marca formatura da 11ª Turma

caminhos da vidaJornal da Amatra 13entrevista a juízaSilvia Cerveira

Páginas 5 a 7

Page 2: Amatra 22 Jornal Completo corrigido · nário do Direito Pátrio”. Com essas pa-lavras, o concluinte Vicente Gayoso en-cerrou sua fala como orador da 11ª tur-ma a se formar pela

PresidenteHumberto Halison Barbosa

de Carvalho e SilvaVice-Presidente

André Machado CavalcantiDiretor Financeiro

André Wilson Avellar de AquinoDiretora Secretária

Nayara Queiroz Mota de SouzaDiretor de Informática

José Marcos da Silveira FariasDireção da ESMAT 13

André Machado CavalcantiNayara Queiroz Mota de Souza

www.esmat13.com.br

TitularesMaria das Dores Alves

Maria Lílian Leal de SouzaAna Paula Cabral Campos

SuplenteSolange Machado Cavalcanti

AMATRA 13Edifício Atrium - 5º andar – Sala 505Av. Corálio Soares de Oliveira, nº 433CEP 58.013-260 - João Pessoa/PB

Telefones/Fax:(83) 3241–7799 / (83) 3241-7640

www.amatra13.org.br

Meios ComunicaçãoTelefax: (83) 3241-2695 / 9382-4438

[email protected]@yahoo.com.br

Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos respectivos autores e

não expressam, necessariamente, a opinião daAMATRA 13 e do conjunto de seus associados.

DIAGRAMAÇÃO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICARicardo Araújo (MTb/PB 631)

COLABORAÇÃO PARA EDIÇÃODESTE NÚMERO

Henrique França (MTb/PB 1449)

TIRAGEM:500 exemplares.

IMPRESSÃO:Imprima - Gráfica e Editora

As informações divulgadas nesteinformativo podem ser reproduzidas,

desde que citada a fonte.

Circulação:Publicado e distribuído em Janeiro de 2006

D I R E T O R I A E X E C U T I V A

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

C O N S E L H O F I S C A L

Jornal Amatra 13 é uma publicaçãobimestral da Associação dos

Magistrados do Trabalho da 13ª Região.(AMATRA 13)

EDIÇÃO E PROJETO GRÁFICO

Feliz Ano Novo!

Editorial

O momento não podia ser mais oportuno. Às vésperas da chega-da de um novo ano, assisti a “Vinícius”, o documentário sobre opoeta amado, cantado e lido por milhões de pessoas.

Nunca fui seu fã nem profundo conhecedor de sua obra, mas,obviamente, sempre admirei suas letras melodiadas por inúmeros e,igualmente, talentosos parceiros.

Vinícius foi um profundo experimentador da vida. Ele sempre vi-veu intensamente e procurou conhecer coisas novas, daí as trocasconstantes de mulheres, em casamentos que duravam tão pouco.

Iniciei falando dele porque um novo ano se aproxima. É certo queo efeito prático dessa virada em nossas vidas é meramente simbóli-co, já que nada muda na madrugada do dia 1º de janeiro. Mas essa éuma época de refletir e projetar, planejar.

É impossível, no mês de dezembro, não parar e pensar no quefizemos no ano que se vai... no que conquistamos, no que perdemos,nas pessoas que se foram. É difícil não pensar no grito que calou aalma do outro, no silêncio que tanto disse; na lágrima derramada,nos sorrisos e gargalhadas que demos com os amigos...

Observando o espírito camaleônico de Vinícius, lembrei que avida faz concessões, desde que tentemos. Lembrei que sempre éépoca de buscar melhorar, de lutar e conquistar. Sei que não é fácil,em meio ao frenético ritmo de vida que nos lembra uma roda gigantedesgovernada, mas é importante que a gente se recolha, nem queseja por um instante, de preferência em frente ao espelho para quepossamos nos reconhecer (ou não) diante da imagem que pensamoster e que, nem sempre, corresponde à realidade.

2006 nos reserva muitas coisas e várias surpresas. Desejo a to-dos um ano pródigo em vitórias e que ele possa ser motivo de futurase gratas recordações, assim como 2005 é para mim. Que valha apena ter vivido!

Feliz ano novo!

André Machado CavalcantiJuiz Substituto do TRT 13ª Região e Vice-Presidente da AMATRA 13

Aniv

ersa

riante

s

n n n n n JANEIRO/200613/01 - Antônio Peixoto de Araújo19/01 - Juarez Duarte Lima24/01 - Arnaldo José Duarte do Amaral25/01 - Paulo Montenegro Pires

28/01 - Luiza Eugênia Pereira Arraes

nnnnn FEVEREIRO/200601/02 - David Sérvio Coqueiro dos Santos03/02 - Paulo Roberto Vieira Rocha06/02 - Maria José de Andrade Maia08/02 - Paulo Henrique Tavares da Silva14/02 - André Wilson Avellar de Aquino23/02 - Margarida Alves de Araújo Silva26/02 - João Agra Tavares de Sales

C ô n j u g e sn n n n n JANEIRO/200603/01 - Zuila Rodrigues M. Pires(Paulo Pires)16/01 - Zélia Cavalcanti de Melo(Afrânio Melo)17/01 - Ábia Maria de H. C. Barreto(Assis Carvalho)17/01 - Maria Gorete de Medeiros Leitão(Normando Leitão)18/01 - Rita Emília Alvarenga Cirilo de Aquino( André Aquino)18/01 - Valentine C. Meira Gomes(Carlos Hindemburg)19/01 - José Carlos Arcoverde Nóbrega(Ana Clara Nóbrega)24/01 - Vlademir Azevedo de Mello(Ana Paula Campos)

n n n n n FEVEREIRO/200623/02 - Sofia Duarte Pessoa Delgado( Ubiratan Delgado)

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ESMAT 13 encerra ano letivo

O diretor da Escola, André Machado,e a formanda Paula Porto exibem aplaca aos demais concluintes.

A Escola Superior da MagistraturaTrabalhista da 13ª Região (ESMAT 13)encerrou mais um ano letivo, no últimodia 5 de dezembro, durante solenidadede formatura de quase 40 estudantesque compuseram a 11ª turma de espe-cialistas em Direito do Trabalho e Pro-cesso do Trabalho pela Instituição.

Sob a direção dos juízes André Ma-chado e Nayara Queiroz, a ESMAT 13deve retomar as atividades em fevereirode 2006, com o ingresso de uma novaturma. Durante todo o mês de dezembroa Escola encontra-se em recesso, deven-do retornar em janeiro, abrindo matrícu-las a partir do dia 09. Porém, candidatosinteressados podem efetuar sua pré-ins-crição pelo site www.esmat13.com.br ouobter mais informações pelos telefones3241-7799 ou 3241-7640.

A formatura

“Este não é, certamente, mais umcurso superior. A Justiça do Trabalho éaqui tratada com a dignidade que me-rece e no aprofundamento de seus ins-titutos se consolida, fortemente, no ce-nário do Direito Pátrio”. Com essas pa-lavras, o concluinte Vicente Gayoso en-cerrou sua fala como orador da 11ª tur-ma a se formar pela ESMAT 13.

Homenageado pelos formandos, oprofessor e juiz do Tribunal Regional doTrabalho (13ª Região), Paulo Maia Fi-lho, ministrou a aula da saudade, quan-do recebeu dos alunos uma réplica daplaca da turma que levou o seu nome.Durante seu discurso, Maia Filho enfa-tizou os novos rumos da Justiça do Tra-balho pós-reforma da Constituição e aconseqüente ampliação da competên-cia da Justiça Especializada.

O evento, prestigiado por pais,amigos e professores, foi realizado na Fun-dação Casa de José Américo, na Praiado Cabo Branco e as fotos demonstramtoda a alegria e beleza da festa.

O Tribunal Regional do Trabalho da Paraí-ba realizou, nos dias 21 e 22 de novembro, ummega leilão para quitação de dívidas trabalhis-tas de processos em fase de execução. O even-to, realizado no Espaço Cultural, reuniu cerca de2500 pessoas que foram conferir os 3 mil benspostos à venda.

Denominado “Projeto Arrematar”, a inici-ativa do leilão teve como objetivo o desfecho naexecução de inúmeros processos pendentes hávários anos. Foram colocados para arremataçãobens de 600 processos (móveis e imóveis) ava-liados em cerca de R$ 50 milhões. Trinta servi-dores trabalharam em regime de mutirão duran-te os dois dias do Arrematar.

A juíza coordenadora da Central de Man-dados de João Pessoa, Ana Paula Cabral, enfati-zou a repercussão do leilão antes mesmo desua realização. Isso porque o débito, de cerca

Projeto ArrematarMega leilão do TRT tem repercussão positiva

de 15% dos processos incluídos na pauta deleilão, foi quitado mediante pagamento da dívi-da ou conciliação. “Os devedores procuraram aJustiça e pagaram ou negociaram seus débi-tos”, explicou a juíza.

A coordenadora enfatizou ainda que 70%dos bens apregoados foram efetivamente arre-matados ou adjudicados no decorrer do projeto,índice que foi considerado altamente satisfatório.

Durante o evento foram leiloados os maisdiversos itens, desde um lote composto de 400quilos de mortadela até terrenos diversos, gran-jas e fazendas, prédios comerciais em diversosbairros de João Pessoa, casas e apartamentos,móveis, automóveis, motocicletas e material deconstrução civil. A experiência do TRT 13ª Re-gião foi tão bem sucedida que outros tribunaisjá planejam para o início de 2006 a realizaçãode seus próprios leilões.

Juarez Duarte toma posse comoTitular da Vara do Trabalho de Cajazeiras

O juiz Juarez Duarte foi promovidoa Titular da Vara do Trabalho de Caja-zeiras. A promoção ocorreu pelo critériodo merecimento, tendo o TRT da 13ª Re-gião atendido às modificações instituídaspela Emenda Constitucional nº 45/04,sendo a votação aberta e fundamenta-da. O nomeado encabeçou a lista tríplice,por unanimidade de votos, seguido pelasJuízas Maria das Dores Alves e Lílian Leal.Compareceram à posse diversos colegas,servidores do Tribunal e familiares, alémdo juiz-ouvidor do TRT, Edvaldo de An-drade, e o Presidente da AMATRA 13,Humberto Halison, que falou em nome dosintegrantes da magistratura trabalhista.

A posse do juiz Juarez Duarte Limaaconteceu no gabinete da presidência doTRT 13 (fotos). Durante a cerimônia, Jua-rez Duarte falou da disposição de continu-ar trabalhando para o fortalecimento daJustiça do Trabalho, lembrando o compro-misso que o magistrado tem com a popu-lação. Ele é o novo titular da Vara do Tra-balho de Cajazeiras, no sertão paraibano.

Alexsandra e André Machado, Julianae Paulo Roberto, Viviane Ramalho,Ramon dos Santos e Paula Porto.

André Machado, Selda e Paulo Maia (pro-fessor homenageado), Rodrigo Toscano ePaulo Roberto (professores da ESMAT 13).

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caminhos da vidaEntrevista com o juíza aposentada SILVIA CERVEIRA

dedicados àJustiça doTrabalho

Quem conhece a juíza aposentada Silvia

Cerveira (foto), do alto de seus 30 anos dedi-

cados à Justiça do Trabalho, não imagina que

sua trajetória na magistratura só aconteceu

depois do fim de um noivado, proibido pelo

pai. À época, ainda jovem estudante pré-vesti-

bulanda, Silvia residia em Natal (RN), onde se

preparava para entrar na faculdade de Medici-

na. Os pais moravam no interior do Estado,

mas o noivado não foi aceito. A estudante re-

solver enfrentar o veto ao relacionamento e

Trinta anos

O que poderia ser uma histó-ria triste se tornou o início de umavida apaixonada pela magistratu-ra. Quem ouve ou lê as palavrasda juíza Silvia Cerveira tem a cer-teza de que, hoje, o Direito do Tra-balho no Nordeste e no Brasil estámais rico com a contribuição dadapor ela. Sergipana de nascimen-to, Silvia Cerveira voltou para Na-tal após concluir o terceiro grau,no Rio de Janeiro. Atuou na Justi-

ça do Trabalho norte-riogranden-se até 1992, quando veio a Paraí-ba e assumiu, um ano depois, amagistratura.

Hoje dona do próprio tempoe cheia de projetos, a juíza SilviaCerveira releva que não conseguiudeixar de lado o dom da concilia-ção. Mesmo aposentada, decidiuassumir a responsabilidade peladireção do condomínio onde mora,na capital do Rio Grande do Norte.

acabou “exilada” no Rio de Janeiro, onde colou

grau em Letras. Já de volta ao Rio Grande do

Norte, ingressou no curso de Direito “mais por

necessidade profissional do que por vocação”.

“É quase uma continuação do meuofício, pois permaneço resolvendotodo tipo de problema”, revela. Masesse fascínio pelo ajustamento dequestões difíceis sempre marcou atrajetória dessa magistrada. “Gos-to de lidar com o fato social palpi-tante, vivo”, enfatiza.

Essas e outras histórias es-tão na entrevista que o Jornal daAMATRA 13 apresenta a seguir.Confira:

“Gosto de lidar com o fato social palpitante, vivo”

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Conte-nos um pouco sobre suahistória. Suas origens, seus pais, in-fância, adolescência e família.

Meu pai, Silvério Cerveira, Riogran-dense do Norte e funcionário do Bancodo Brasil, foi transferido para o Crato,Ceará, onde conheceu e casou com aminha mãe. De lá foi para Simão Dias-Sergipe, onde nasci. E assim a família foiaumentando com mais duas filhas nata-lenses e três baianas. Enfim, foram vári-os anos morando em cidades diferentes,em que meu pai exerceu as funções degerente de agência. Tive uma infância fe-liz e tranqüila, em pacatas cidades dointerior, e quando morávamos na Bahiaestudei em colégio interno em Salvador,até que meu pai retornou a Natal, ondevivi a minha adolescência sem proble-mas. Tínhamos pouco contato com a fa-mília de minha mãe, pelo fato de residi-rem no Estado do Ceará, mas a famíliade meu pai sempre foi muito alegre, fes-teira e unida. Meus pais são vivos, am-bos já contam mais de oitenta anos, eresidem há muitos anos em uma granjaa dez minutos de Natal, local onde se-manalmente a família se reúne (acresci-da de 16 netos e 10 bisnetos).

Colei grau em Letras e Direito naUFRN e trabalhei 30 anos na Justiça doTrabalho, primeiramente no Rio Grandedo Norte, e desde 1992 na Paraíba,onde assumi a Magistratura em 1993.Fiquei como Juíza Substituta por dois

meses em João Pessoa, e em seguidapromovida a Titular em Catolé do Rocha(cerca de oito meses), Picuí (mais dequatro anos), e finalmente CampinaGrande (mais de seis anos). Tenho trêsfilhos, Cláudio, Wilson, e Cristina, e asnetas Sofia e Helena, e moramos todosem Natal.

Há quantos anos na magistratura?Ingressei na Justiça do Trabalho em

1974, através de concurso público. Na-quela época havia me formado em Le-tras, morava em Natal, estava casada etinha dois filhos. Entrei em exercício naJunta de Conciliação e Julgamento deMacau, cujo Titular era o Dr. Aluisio Ro-drigues, onde permaneci por quatro me-ses, sendo em seguida removida para aJCJ de Natal. Formada em Letras, quede nada me servia para subir na carreirapública, ingressei no Curso de Direito daUFRN. Criada a 2ª JCJ, fui trabalhar comoassistente de Dr. Tarcísio de MirandaMonte, Titular daquela Vara. Fui diretora

de Secretaria de Maria de Lourdes Al-ves Leite, atual Presidente da 21ª Re-gião. Mudei-me com a família para JoãoPessoa em 1992, sendo aprovada noconcurso para Juiz do Trabalho realiza-do em 1993. Tenho 30 anos de justiçado Trabalho, 11 deles na Magistratura.

O que significou e significa, parao Sra., ser uma Juíza?

Meu pai sempre foi muito intransi-gente quanto a questões éticas, morais,e principalmente em se tratando de ho-nestidade. E isto ele nos passou, demodo que sempre fui muito certinha, eme sentia desconfortável quando obser-vava algumas pessoas levando vanta-gens indevidas sobre outras. O exercí-cio da Magistratura me proporcionou aoportunidade de solucionar os conflitosrestaurando a legalidade nas relaçõessociais, o que para mim foi muito gratifi-cante, prazeroso e enriquecedor. Apren-di muito sobre a natureza humana, e ocontato com as partes muito me ensi-nou sobre paciência e humildade. Foi umaexperiência fantástica, mas que exigiudedicação integral, principalmente quan-do o volume de trabalho necessitou deatenção até em sacrifício dos momentosde lazer.

Como e quando a Senhora des-cobriu que sua vocação estava nasleis, em tornar-se uma Juíza do Tra-balho?

Descobri a minha vocação meio poracaso. Quando bem jovem eu queria sermédica. Tanto que minha família residiaem Caícó, e eu morava em um pensio-nato em Natal, freqüentando cursinho demedicina. Naquela época estava apai-xonada, e meu pai se opôs ao casamen-to. Resultado: enfrentei a parada e ter-minei exilada no Rio de Janeiro na casade um tio. Perdi o noivo e o vestibular.Desisti da Medicina, e terminei por co-lar grau em Letras. Antes de servir àJustiça do Trabalho nunca havia tidoqualquer contato com a legislação, demodo que ingressei no Curso de Direitomais por necessidade profissional doque por vocação. Mas para minha sur-presa o direito revelou-se apaixonantee instigante, o que terminou por me le-var à Magistratura.

Silvia Cerveiracom os filhosCláudio,Cristine eWilson,durante viagemà Madri, naEspanhaem 1999

As netas Sofia e Helena Congresso na Itália - Roma, 2001 Festa da Amatra 13 em 2002

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Nesse período, qual foi o seu mo-mento mais feliz como magistrada?

Foi um tempo muito bom aquele emque exerci a Magistratura. Embora detemperamento tímido sempre me sentià vontade nas audiências, e o trabalho,como um todo, foi muito prazeroso. Alémda sensação gratificante de que dei omelhor de mim, e do dever cumprido, eramuito compensador quando qualquerdas partes vinha pessoalmente me agra-decer. Uma vez, - depois é que me con-taram -, um reclamante levou um bodepara me presentear. Ele passou quase odia todo no Fórum, até que alguém lhedisse que eu não poderia receber pre-sentes. Realmente não me lembro de ummomento mais feliz, porque normalmen-te eu me sentia feliz.

E a causa que mais lhe deu traba-lho, mostrou-se mais desafiadora?

Muitas causas foram desafiadoras,principalmente no que diz respeito a no-vas relações sociais decorrentes do ine-xorável desenvolvimento humano em to-das as áreas. Mas é este desafio queapaixona, que instiga o aplicador do di-reito a procurar respostas cada vezmais. A maior dificuldade que enfrenteifoi quando tomei posse e o Presidentedo Tribunal me designou para uma JCJda Capital, cujo titular encontrava-seconvocado para o TRT. Foram dois me-ses sem dormir direito, sozinha para darconta de uma pauta enorme, e pilhas deprocessos para julgar. Trabalhava sába-dos, domingos, feriados, e todos os mi-nutos do dia. Até que tomei posse comotitular da JCJ de Catolé do Rocha e a vidavoltou ao ritmo normal.

Quando chegou a idade ou tempode serviço, a Sra. decidiu que estavana hora de parar, curtir a aposentado-ria, ou gostaria de ter continuado dan-do veredictos, julgando causas?

Após 30 anos de serviços à Justi-ça do Trabalho, senti que já havia cum-prido a minha tarefa, e que deveria apro-veitar para realizar outros sonhos queforam sendo sacrificados ao longo docaminho. E assim decidi requerer a apo-sentadoria, e voltar para casa. A Paraí-ba foi muito generosa comigo, e sereisempre grata pelos queridos amigos quelá encontrei e pelo tempo feliz que lá vivi.Mas toda a minha família reside em Na-tal, inclusive filhos e netas, e já estavacom saudades. Chegar a Desembarga-dora nunca fez parte dos meus planos.Apreciar a narrativa fria de um processonunca me encantou, pois para mim écomo enxergar através dos olhos de ou-tra pessoa. Gosto de lidar com o fatosocial palpitante, vivo, e isto só ocorreno primeiro grau.

Como é desacelerar, suspendertodo aquele ritmo que o legislativo exigee redirecionar a vida como aposentada?

Praticamente não senti mudança aome aposentar, porque logo em seguidame fixei residência em Natal, onde tiveque reorganizar toda a minha vida. Istome tomou muito tempo. Hoje resido emum Flat que tem parte de residentes, eparte que funciona como hotel. Só deempregados são trinta, entre camarei-ras, recepcionais, manobristas, etc. Ecomo me sentia incomodada com umagigantesca inadimplência que já vinha searrastando desde 2003, este ano decidiser síndica, já que disponho de tempolivre, e realmente estou tendo um traba-lhão sem qualquer remuneração, mas jáacabei com a inadimplência.

O que a Sra. mais gosta de fazeragora, depois que as obrigações do ofí-cio foram deixadas de lado e há maistempo para si?

Hoje eu sou dona do meu tempo, eisto é ótimo. Moro perto da praia, ondevou caminhar, posso me deleitar com aleitura que sempre foi meu passatempo

predileto, curto as minhas netas, saiobastante. Enfim, não sobra tempo paraficar de pernas para o ar como eu pen-sava, principalmente depois que resolvitomar conta de um condomínio com maisde cem apartamentos. É quase uma con-tinuação do meu ofício, pois permaneçoresolvendo todo tipo de problema, àsvezes até de solução mais difícil do quequando prolatava minhas sentenças.

Quais são os projetos daqui pordiante?

Tenho vários projetos. Quero moraralgum tempo fora, possivelmente emLondres e depois na França, para estu-dar inglês e exercitar o francês queaprendi na Aliança Francesa em JoãoPessoa. Depois quero trabalhar em al-guma coisa prazerosa, ainda que sejaserviço voluntário. Também pretendoaprender a pintar telas. Aliás, tenho tan-tos projetos que seguramente vou pre-cisar viver até os 100 anos para conse-guir realizá-los.

Na festa de abertura do Congresso da AMB, em Salvador/Bahia - 2003

Reunião comamigos no

RestauranteMangai,

em João Pessoa.Janeiro de 2004

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tela de cinemaFÁTIMA CHRISTIANE G. DE OLIVEIRA

Minha vida sem mim(MI VIDA SIN MI)

ESPANHA/2003, 106 MINUTOS

Ann (Sarah Polley) tem vinte e pou-co anos, duas filhas, um marido que vivede bicos. Além disto, mora num trailer etrabalha como faxineira numa universida-de onde sabe que nunca irá estudar. Con-vive com uma mãe amarga, que não secansa de lhe minar a auto-estima, sentefalta do pai que se encontra preso, e suamelhor amiga de trabalho é uma come-dora compulsiva que só consegue falar so-bre dietas. Sua vida, como se pode ver,está longe daquela idealizada pela gran-de maioria das pessoas. Ann vive em um mundo que pare-ce ter roubado a esperança de todos os que nele habitam.E ela, definitivamente, não parece se importar com isto. Aocontrário, parece seguir vivendo sem grandes conflitos atéque é surpreendida pelo diagnóstico de um câncer em es-tado avançado que lhe priva de qualquer possibilidade detratamento. O médico que lhe atende é cruelmente verda-deiro ao dizer que lhe restam apenas alguns poucos e im-precisos meses de vida. Ann, então, decide enumerar asdez coisas que precisa fazer antes de morrer.

Ao contrário do que poderia sugerir, o filme, ao anun-ciar a morte breve de sua protagonista, não lhe retiraexpectativas - até porque estas não existiam - mas simlhe concede uma nova perspectiva: Ann, que parece nun-ca ter desejado nada e que não tinha nenhum projeto apa-rente de vida, passa a viver seus últimos dias em funçãodas metas que estabelece, desfrutando dos pequenosprazeres que passa a se conceder, e descobrindo o valorde coisas que antes lhe eram invisíveis.

Partindo deste roteiro, a diretora Isabel Coixet cons-trói um belíssimo filme, fugindo do óbvio melodrama edenunciando a banalidade pela qual muitas vezes as pes-soas se deixam levar. Ela brinda o espectador com umanarrativa cheia de verdade e crítica, mas, ainda assim,não desprovida de sutileza. Algumas cenas, como aquelaem que a protagonista empurra seu carrinho num super-mercado enquanto os outros clientes parecem bailar (ebailam), revestem-se de um lirismo ímpar. Não foi à toaque “Minha vida sem mim” foi indicado aos prêmios demelhor filme e melhor diretor no European Filme Awards,e aos prêmios de melhor filme, diretor, atriz, roteiro adap-tado e canção original, arrebatando o Goya nas duas últi-mas categorias. O filme conta com um excelente elencoque inclui Mark Ruffalo, Alfred Molina, Amanda Plummer,Deborah Harry e Maria Medeiros.

‘‘Minha vida sem mim”, por seu enredo, dificilmentedeixaria de emocionar, mas não o faz de maneira vulgar,apelando para a chantagem emocional. Buscando, no fun-do, questionar o que realmente importa na vida, ele pro-cura despertar o espectador para a brevidade da exis-tência humana, para a precarização das relações afeti-vas, para a massificação dos desejos. Poderia se chamar:wake up! Mas diga-se aqui: não é um filme pesado ou ran-coroso. Ao contrário, deixa uma sensação de estranho con-tentamento ao seu término. Um excelente filme enfim, jáem locadoras, após outra (como vários aqui já indicados)passagem invisível pelo cinema.

Juíza do Trabalho Substituta do TRT da 13ª Região

Ghandi surpreendente

A autobiografia de Gandhi surpre-ende até mesmo aqueles que leram algoa seu respeito em livros de história ouaos que assistiram ao filme que leva oseu nome.

Contando a sua história desde o seuconvívio com os pais, Mohandas Kara-mchand Gandhi narra como construiu assuas doutrinas de culto à verdade (Sa-thyagraha) e da não-violência (ahimsa).

A partir de experiências comuns porele narradas, é possível perceber o que diferencia essagrande alma dos demais homens.

Diante de obstáculos, dos mais simples aos mais di-fíceis, Gandhi tem sempre uma mensagem que convida oleitor à reflexão sobre outras formas de construir um con-ceito ou tomar decisões mais acertadas, além dos para-digmas estabelecidos pela sociedade.

A leitura da autobiografia de Gandhi nos leva a per-ceber que alcançar o estado de grande alma dependesomente dos valores que utilizamos na interpretação dosfatos.

O seu exemplo precioso como jurista recomenda aleitura deste livro a todos os estudantes e profissionaisdo Direito, pois contém lições de como a Justiça se realizaem harmonia com a verdade.

Em algumas experiências com a dieta ou tratamentocaseiro de doenças, o pensamento de Gandhi parece exa-gerado para o homem ocidental.

A motivação por trás de medidas tão extremas é oauto-controle e a disciplina, necessários à evolução.

A partir dessas breves referências sobre o caráter eos princípios pelos quais Gandhi se deixou reger enquan-to esteve neste mundo, torna-se fácil entender porque eleé reconhecidamente um dos maiores líderes do século XX.

Este comentário não esgota, evidentemente, toda aprofundidade dos ensinamentos que cada um pode extra-ir dessa rica biografia. Assim, desejamos a todos não ape-nas uma boa leitura, mas um profícuo aprendizado no ca-minho que se trilha em busca do auto-conhecimento.

Juiza do Trabalho Substituta do TRT da 13ª Região.

MARIA LÍLIAN LEAL DE SOUZA

Livro

Gandhi – Autobiografia

Minha Vida e Minhas

Experiências com a

Verdade.

Editora:

Palas Athena, 1999.

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Informátic JurídicaPor tratar-se de assunto palpitante e de interesse de todos os quelidam com a informática no mundo do direito, transcrevo parte de

artigo do Advogado e Professor de Direito de Informática,Renato M. S. Opice Blum, sobre Informática Jurídica:

A Internet e os tribunais“A dependência do mundo virtual

é inevitável. Grande parte das tarefasdo nosso dia a dia são transportadaspara a rede mundial de computadores,ocasionando fatos e suas conseqüênci-as, jurídicas e econômicas, assim comoocorre no mundo físico. A questão quesurge é relacionada aos efeitos dessatransposição de fatos, basicamente asua interpretação jurídica. Como exem-plo, podemos citar a aplicação das nor-mas comerciais e de consumo nas tran-sações via internet (responsabilidadeperante o Código do Consumidor), aquestão do recebimento indesejado demensagens por e-mail (spam), a valida-de da mensagem eletrônica, o conflitode marcas com os nomes de domínio, apropriedade intelectual, a responsabili-dade dos provedores de acesso à in-ternet e os crimes de informática.

A legislação brasileira pode e vemsendo aplicada na maioria dos proble-mas relacionados à rede. Para questõesespecíficas ou controvertidas, como aassinatura digital e os crimes de infor-mática, existem projetos de lei em tra-mitação. Diversas nações possuem re-gulamentação sobre a matéria, desta-cando-se os Estados Unidos, membrosda União Européia, Canadá, Argentina

e Colômbia. No Brasil, a recente Lei nº9.800/99 permite o envio de petições viae-mail ao Poder Judiciário, observadoscertos requisitos.

A questão da validade do documen-to eletrônico movimentará o meio jurídi-co. Basta afirmar que uma simples men-sagem enviada por e-mail dificilmente templena validade jurídica. Em tese, por meiode recursos técnicos, é possível alterardocumentos sem deixar vestígios. Poroutro lado, através da técnica da assina-tura digital, torna-se possível garantir aautenticidade e a veracidade de um do-cumento eletrônico e, por conseqüência,atribuir validade jurídica ao mesmo. Aassinatura digital é, em síntese, uma co-dificação, garantida e atribuída por umaterceira pessoa, demonstrada por umcertificado que identifica a origem e pro-tege o documento de qualquer alteraçãosem vestígios. Aqueles que dispõem daassinatura digital já podem efetuar trocade documentos e informações pela redecom a devida segurança física e jurídica.

Outro assunto interessante é o re-cebimento de mensagens indesejadas ounão solicitadas, mais conhecido como“spam”. O Projeto de Lei nº 1589/99 tra-ta do assunto, dispondo que aqueles quepraticarem essa conduta deverão infor-

mar o caráter da mensagem. Questiona-se o efeito prático da medida proposta,pois, na grande maioria dos casos, nãohá como identificar a comunicação sem aabertura da caixa postal. Os países daUnião Européia deverão ter registros es-pecíficos para esse tipo de correspondên-cia. Nos Estados Unidos, aquele que pro-ceder como “spamer” poderá ser con-denado civil e criminalmente. Indepen-dentemente de normas especiais, no Bra-sil, aquele que enviar “spam” poderá serresponsabilizado nos termos das leis emvigor, desde que haja a efetiva demons-tração do prejuízo causado.

As relações virtuais e seus efeitossão realidade. A tendência é a substitui-ção gradativa do meio físico pelo virtualou eletrônico, o que já ocorre e justificaa adequação, adaptação e interpretaçãodas normas jurídicas nesse novo ambi-ente. Na grande maioria dos casos é pos-sível a aplicação das leis existentes o quegera direitos e deveres que deverão serexercidos e respeitados. Assim, de rigore imprescindível o estudo, orientação eaplicação da internet como ambiente deresultados legais sérios e com enormepotencial de efeitos jurídicos, como, porexemplo, a possibilidade, desde já, daassinatura de contratos eletrônicos en-tre as partes com segurança muitas ve-zes superior àquela utilizada no meiofísico.”

(*) Juiz do Trabalho aposentado, Advogadoe Diretor de Informática da Amatra 13.

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MARCOS FARIAS *@

eNo princípio, narra o Gênesis, Deus criou

o céu e a terra. Por seu grito o cosmo foi chama-do à existência. Quando disse haja luz, houve aluz; e quando bradou haja firmamento, o firma-mento se fez. Só que a luz não sabia que era luz,nem o firmamento, que era firmamento. Por issoo Criador, com o mundo ainda novinho em folha,houve por bem convocar à vida o ser humano. Aí,sim, a natureza passou a ter consciência de simesma. E desde então, mulher e homem lança-ram-se na experiência da transcendência, ques-tionando se existe algum sentido para as coisascriadas, e pautando suas vidas de acordo comas respostas, explícitas ou tácitas, que procu-ram dar a essa questão. Estavam, pois, acome-tidos da febre de Além que a muitos consome,de que fala o poeta Fernando Pessoa.

É possível, porém, tentar se livrar dessafebre, como lembra o teólogo Karl Rahner. Qual-quer um de nós pode mandar às favas a metafí-sica e enfiar-se na materialidade do viver cotidi-ano, cada qual de um jeito diferente. Um escolhefechar-se no seu mundinho concreto, que podeser controlado e manipulado. Para que mexercom coisas que vão além do quintal do nosso

Febre de Alémmundo, ou esquentar a cabeça com perguntasque não se pode responder? Outro decide aban-donar-se a si mesmo, como único timoneiro desua existência. Transcendência, nesse caso,não passa de uma questão com a qual se podeconviver com a ajuda de um ceticismo razoá-vel. E existe, ainda, aquela pessoa que “faznegócios, lê, irrita-se, trabalha, pesquisa, con-segue algo, ganha dinheiro. E, em desesperoúltimo, talvez não admitido, diz-se a si mesmaque o todo como todo carece de qualquer senti-do,” conclusão parecida com a dos versos de OGuardador de Rebanhos, de Alberto Caieiro, umdos heterônimos de Fernando Pessoa:

“Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos;As coisas não têm significação; têm existência.As coisas são o único sentido oculto das coisas.”

Mas se isso é verdade, por que, então, oCriador teria se dado ao trabalho de dar consci-ência ao cosmo? Por que fez o ser humano pen-sar que é melhor que o sol porque este não sabeque é sol? Não seria melhor fazermos coro comAlberto Caieiro, quando diz que a luz do sol vale

mais que os pensamentos de todos os filósofose de todos os poetas justamente porque não sabeo que faz, e por isso não erra e é comum e boa?

Confesso que não consigo ser tão racio-nal a ponto de achar que o saber estritamentehumano pode dar conta dos mistérios de Deus,do mundo e do ser humano. Prefiro dar razão aKarl Rahner, e dizer que transcendência não éartigo supérfluo, luxo metafísico de nossa exis-tência intelectual. Ao contrário, é a condiçãomais simples, óbvia e necessária da possibili-dade de todo o compreender espiritual, queabarca a auto-compreensão do ser humano.Para tanto, é mister que cada um de nós tomeconsciência de que “não passa de pequeninailha no vasto mar ainda não percorrido, ilha flu-tuante, que pode ser para nós mais familiarque o oceano, mas que em último termo é car-regada e somente assim nos carrega por suavez. E, em conseqüência, a pergunta existenci-al àquele que conhece é se ele ama mais apequena ilha do seu assim chamado saber ou omar do mistério infinito; se a pequenina luz,chamada ciência, com que ele ilumina essa ilha,há de ser para ele uma luz eterna, que para elebrilhe eternamente (o que seria o inferno.)”

(*) Professor e Juiz Titular da Varado Trabalho de Guarabira

ANTÔNIO CAVALCANTE DA COSTA NETO *Mitos Metáforas

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Confraternização natalinaO clima de harmonia e descontração encheu o res-

taurante Gulliver, na noite do último dia 15, quando osassociados da AMATRA 13 participaram da tradicio-nal confraternização natalina.

Em ritmo de festa, o evento reuniu um bom nú-mero de amigos e contou com sorteio de presentes,distribuição de brindes e boa música ao vivo com

Jason Mato Grosso.O clima de confraternização da AMATRA 13 tornou-se

tão agradável que muitas pessoas permaneceram no localaté as primeiras horas da sexta 16. Uma noite, realmente,especial para todos que ali estiveram. Uma prévia de todapaz e harmonia que cada um levou para seus lares.

Confira as fotos desse Natal entre amigos.

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Em clima de harmonia e descontração,Amatra 13 realiza encontro de fim de ano

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andançasminhas

Todo Natal invoca luz, aliás, muitas luzes.Desde o nascimento de Jesus Cristo a

humanidade reconhece a expressão reves-tida de importância e significado do nasci-mento do Salvador, e celebra uma das da-tas mais expressivas do calendário cristãocom manifestações festivas e religiosas.

Em júbilo e regozijo Àquele que nasceucom a missão de salvar a humanidade pelaabsorção e perdão dos seus pecados, oNatal simboliza e traduz a superação da cru-eldade e adversidades do nosso cotidiano,enfim, um bálsamo temporário para umaimprescindível reflexão e um renovar de ener-gias espirituais e físicas.

Assim, o Natal é em sua essência umafesta de luz, de lembrança Daquele que nosguia e ilumina do início ao final das nossasexistências.

Em Gramado, aprazível cidade serra-na gaúcha, o Natal ganha contornos de bele-za e plasticidade a partir da iniciativa huma-na, em seu tradicional “Natal Luz”.

O corredor de boas-vindas formadopelas intermináveis fileiras de hortênsias,é apenas um cartão de visita e prenúncioalvissareiro das agradáveis surpresas do“Natal Luz”.

“O Grande Desfile do Natal” que serealiza na avenida das Hortênsias é umespetáculo de magia e encantamento paracrianças e adultos, envolvendo e condu-zindo a todos a um cenário mágico e des-lumbrante formado pelo Papai Noel e osprincipais personagens do Natal. Registre-se, aqui, a contribuição do carnavalescoJoãosinho Trinta em atribuir um tom ale-górico, porém sem arroubos carnavales-cos, aos passistas e carros que compõemo “Grande Desfile do Natal”.

“O Grande Concerto de Natal” no lagoJoaquina Rita Bier dá seguimento aos fes-tejos natalinos, apresentado por orquestrasinfônica, acompanhada por coral, balé,danças típicas, solistas e fogos de artifícioque encantam a todos, seguido em outrodia pelo show “Nativitaten”, este nos fa-zendo viajar dos primórdios da humanida-de aos dias atuais, com tenores, barítonoe soprano em companhia de som e luz, fogo e água.

A platéia, entre hipnotizada e extasiada com aquele trans-bordar de musicalidade e visual desconcertante, também prota-

goniza o espetáculo acendendo as suasvelas de Natal que se integram ao ideáriode fantasia, em ritmo harmônico com a tri-lha sonora, ampliando a densidade emotivae o sentido de unidade entre todos e cadaum dos que ali se encontram entoando a“Noite Feliz”.

Há também a “Árvore Cantante”, o“Tannenbaunfest”, o “Auto de Natal”, enfim,uma expressiva gama qualitativa de opçõespara se festejar o Natal, sem passar ao lar-go do diversificado perfil gastronômico e tra-dição vinícola da região, tudo envolto nocontexto temático do espírito natalino em-preendido pelo povo gramadense.

Enfim, Gramado é banhada pelas luzesdo Natal em justa homenagem àquele que éa Luz do mundo.

Porém o Natal não pode se resumir aespetáculos, shows, presentes, queijos evinhos. O Natal representa um compromis-so que temos com nós mesmos de seguiros ensinamentos de Cristo e darmos a nos-sa contribuição para um mundo melhor.

Em nosso caso específico, a foto aolado constante da “Aldeia do Papai Noel”em Gramado sintetiza o espírito natalino:

“É Natal cada vez que eu faço crescera Justiça entre as pessoas”.

Enfim, o desejo de que todos tenhamtido um verdadeiro “Natal Luz” e que as lu-zes do Criador se irradiem ao longo de 2006,dentro dos ensinamentos Daquele que veiopara ser a Luz do Mundo, fazendo semprecrescer a Justiça para todos.

Luzes do NatalHUMBERTO HALISON DE CARVALHO

Humberto Halison de Carvalho é Juiz do Trabalhoda 13ª Região e Presidente da AMATRA 13