a informática no processo de ensino e aprendizagem de … ensinodematematica... · 2014-03-28 ·...
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT
I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 ISBN: 978-85-7014-048-7
Página: 833
A Informática no processo de
Ensino e Aprendizagem de matemática
Jeanine Alves de Oliveira
Ângela Maria Carneiro Silva
Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro
Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira
Resumo
A tecnologia em suas diferentes formas e usos constituem um dos principais agentes de transformação da sociedade, pelas modificações que exercem nos meios de produção e por suas conseqüências no cotidiano das pessoas. A partir desta reflexão, surgiu o interesse motivado pelas aulas, em desenvolver com os alunos da 6ª série do Ensino Fundamental de uma escola da rede privada de ensino da cidade de Ponta Grossa-Pr, uma atividade prática no laboratório de informática, por meio do acesso a um site que explora todos os níveis da matemática, para calcular o valor numérico de equações. Este trabalho constitui-se em utilizar este site, como ferramenta computacional no apoio ao entendimento da “idéia de balança” como um dos procedimentos para calcular equações.
Palavras-chave: tecnologia, ensino-aprendizagem, matemática.
Abstract
The Computer in the Teaching and Learning of Mathematics
The technology in its various forms and applications are one of the main agents of transformation of society, engaged by the changes in the means of production and its consequences in the daily lives of people. From this discussion came an interest motivated by classes, with students to develop the 6th grade of elementary school to a school's private network of schools in the city of Ponta Grossa-Pr, a practical activity in the laboratory computer, using the access to a site
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that explores all levels of mathematics to calculate the numerical value of equations. This work is up to use this site as a computational tool to support the understanding of the idea of balance as one of the procedures for estimating equations.
Keywords: technology, teaching-learning, mathematics.
Introdução
O ensino, como um processo educativo está permanentemente sendo estudado e
revisado, para atender as necessidades dos alunos, em como alcançar uma compreensão da
totalidade, com um trabalho voltado à prática social global, levando-se em conta o avanço
tecnológico e as transformações sócio-econômicas e culturais pelas quais passam a sociedade. A
escola não pode fazer tudo sozinha.
A Escola é o lugar onde se realizam projetos educativos, uma vez que precisa organizar
todas as suas ações em torno da educação, de seus alunos, ou seja, em torno de promover o
crescimento de todos eles em relação à compreensão de mundo e à participação na sociedade.
Com erros e acertos, tanto ensino privado quanto o público estão se adaptando. Crianças e
jovens, por sua vez, desvendam novos mundos e desenvolvem o raciocínio como nunca e, o papel
do professor deixa de ser informador para ser formador. A idéia está em ensinar os alunos a
crescer na era da informação.
O professor tem um papel muito importante neste processo e torna-se necessário fazer
uma reflexão sobre o ensino da matemática. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), para o ensino de matemática o professor deve: identificar as principais características
dessa ciência, de seus métodos, de suas ramificações e aplicações; conhecer a história da vida dos
alunos, sua vivência de aprendizagens fundamentais, seus conhecimentos informais sobre um
determinado assunto, suas condições sociológicas, psicológicas e culturais; ter clareza de suas
próprias concepções sobre a matemática, uma vez que a prática em sala de aula, as escolhas
pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão
intimamente ligadas a essas concepções. (PCN, 2001: 37).
Como um dos caminhos para se aprender matemática, a tecnologia da comunicação,
possibilita o desenvolvimento de um aluno transformador e modificador do meio em que vive,
pois este recurso motiva o aprendizado, aplicar e exercitar o que se aprendeu, investigar e fazer
descobertas.
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Acreditando que vivemos hoje, no mundo da tecnologia, precisamos incorporar ao nosso
trabalho de sala de aula, novas formas de comunicar e conhecer, apoiado tradicionalmente na
oralidade e na escrita. Assim, partindo das hipóteses que a execução de um trabalho com o uso
de computadores em sala de aula enriquece todos os envolvidos, obtendo novos conhecimentos
e novas habilidades matemáticas, pretende-se com este trabalho, levar os alunos a compreender
a importância dos recursos tecnológicos nos auxiliando na escrita, nos cálculos, na visão, na
criação, como fonte de informação, auxiliando no processo de construção do conhecimento,
desenvolvendo a autonomia que possibilitem pensar, refletir e criar soluções, e como ferramenta
para auxiliar determinadas atividades.
Como a tecnologia ajuda no ensino-aprendizagem do aluno
A matemática ensinada na escola é geralmente muito mecânica e exata: um conjunto de
fórmulas e passos que se repetidos corretamente levam à solução de um problema. Continuamos
usando somente o quadro de giz, ensinando alguns conteúdos que eles jamais utilizarão (no 3º
grau, sim), a não ser nas aulas de matemática, como por exemplo, expressões numéricas
enormes, racionalização de denominadores, operações entre radicais, máximo divisor comum.
Discutimos se devemos ou não permitir o uso de calculadoras na sala de aula, enquanto muitas
escolas privadas utilizam o computador. Ao final do ano letivo, fazemos um balanço do plano
previsto e nos questionamos se aluno compreendeu o que representou o conhecimento
matemático para seu desenvolvimento em sociedade ou será que consegue aplicar o que
aprendeu para resolver problemas do seu dia-a-dia ou ainda, se esse professor mediador será
capaz de transformar uma proposta em uma ação pedagógica que atinja as necessidades e
interesses dos alunos, tais como comparar, analisar, conhecer e interpretar as diferentes
representações sociais a respeito de um tema, estabelecer as relações entre diferentes
fenômenos sociais, políticos, culturais, científicos aliados ao uso matemático de conteúdos
disciplinares importantes.
Os colégios que conseguem fazer essa ponte pedagógica entre o real e o virtual
desenvolvem melhor a potencialidade dos alunos. Entende-se que o computador fez da educação
um processo construtivista, em que professores e alunos aprendem juntos todo o tempo, e não se
limitam mais a copiar o que está nos livros ou já foi dito por alguém. A teoria construtivista a que
me refiro, diz que a melhor educação acontece quando o professor ensina o aluno e vice-versa,
num modelo que elimina a postura de que, quem dá aula é o detentor da verdade. Essa quebra de
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hierarquia acaba sendo uma novidade que assusta professores acostumados com o estilo
tradicional.
Uma escola conectada pode aproveitar muito dos computadores na educação. Por
exemplo: - no laboratório de informática, o professor pode planejar atividades que estimulem a
troca de informações entre os alunos e lhes dêem liberdade para descobrir a própria forma de
navegar; - as bibliotecas que têm computadores podem oferecer pesquisas e estimular a leitura
de sites especializados ou até de livros; na sala dos professores, estes podem se habituar à
máquina, conferir e-mails ou descobrir novos softwares e sites. Unir várias disciplinas pode ser
uma excelente alternativa para escolas que utilizam o computador como ferramenta pedagógica.
Os indicadores dessa mudança mostram um aumento considerável no volume de
informações disponíveis e o começo de uma revolução tecnológica muito significativa na história
da humanidade. Este novo meio de comunicação que está emergindo nas escolas, poderá
suplantar todas as revoluções anteriores – a criação da imprensa, do telefone, da televisão, do
computador – em termos de impacto na nossa vida econômica e social. Se a aprendizagem é o
principal objetivo do ensino fundamental, médio e superior, quaisquer melhorias nesse aspecto
devem estar focalizadas na própria aprendizagem.
Aspectos importantes da Informática na Educação
O objetivo da inclusão da informática como componente curricular da área de Linguagens,
Códigos e Tecnologias é permitir o acesso a todos os que desejam torná-la um elemento de sua
cultura, a qual, não substitui as demais, mas, ao contrário, complementa e serve de base
tecnológica para as várias formas de comunicação tradicionais. A nova Lei de Diretrizes e Bases
(LDB), abre a perspectiva de um efetivo debate sobre a Informática no Ensino Médio. Em síntese,
a informática encontra-se presente na nossa vida cotidiana e incluí-la como componente
curricular da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias significa preparar os estudantes para
o mundo tecnológico e científico, aproximando a escola do mundo real contextualizado. (LDB,
9494/96 e Parecer 15/98).
Objetivando um ensino de qualidade para o setor da Educação, foram desenvolvidos
sistemas de auxílio à administração acadêmica, pedagógica e financeira de escolas, com o
propósito de facilitar as tarefas administrativas dessas instituições. Dentre as vantagens dessa
implantação, podemos citar: - redução de espaço físico; - aumento da produtividade,
modernização; - segurança e padronização das informações; - economia de inúmeras outras
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tarefas. Com isto, pretende-se orientar diretores no sentido de prepará-los para o processamento
de informatização, a fim de obter o máximo de benefícios com um mínimo de incômodos.
Lévy (1993), foi um dos precursores na investigação da Informática na Educação nas
décadas de 80 e 90, desenvolvendo pesquisas em tecnologias de inteligência (coletiva e
artificiais), afirmando que pessoas, instituições e técnicas não são somente meios ou ambientes
para o pensamento, mas sim seus verdadeiros sujeitos. Dessa forma, a história das tecnologias
intelectuais condiciona a do pensamento. Defende ainda, que uma tarefa que exige cooperação
não se dá apenas entre atores humanos. Ela envolve também atores tais como as tecnologias da
inteligência: a escrita, a oralidade, a informática e a biblioteca.
Na educação matemática, houve a colaboração de Borba(2001), Penteado(1999),
D’Ambrósio (1996), este com seis propostas de trabalho que visam a melhoria do ensino de
matemática, segundo uma perspectiva construtivista, são elas: resolução de problemas,
modelagem, etnomatemática, história da matemática, jogos matemáticos e o uso de
computadores.
Borba (2001) nos apresenta novas idéias para o uso de mídias e o humano na educação.
Os problemas relativos à falta de capacitação de professores, baixos salários, carga horária
desproporcional e políticas governamentais são indagações levantadas por ele. Entre muitos de
seus argumentos para incentivar os professores a utilizarem novas tecnologias, um deles se
sobressai: “A alfabetização letrada e a matemática hoje não são mais suficientes para garantir a
cidadania”.
Essas são metas aparentemente repetitivas e simples, mas que se forem alcançadas em
sua plenitude, acarretará mudanças excepcionais na vida das pessoas. A educação será realmente
um antídoto contra as desigualdades sociais, quando valorizada e realizada, pode de fato resolver
todos os problemas da sociedade. Uma das tentativas de se repensar a educação tem sido feita
por intermédio da introdução da informática na escola.
Em linhas gerais significa a inserção do computador no processo de ensino-aprendizagem
dos conteúdos curriculares de todos os níveis e modalidades da educação, uma visão de novos
caminhos e abordagens, além de oferecer perspectivas de mudanças e de expansão. A cobrança
do desempenho do aluno é feita em diferentes experiências de aprendizagem dando-se maior
importância à atividade crítica, capacidade de síntese e à elaboração pessoal, utilizando técnicas e
instrumentos diversificados. A avaliação dos resultados é feita através da avaliação contínua e
diagnóstica, utilizando como instrumentos de avaliação: relatórios, provas, pesquisas, testes,
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experiências, observação dos alunos no desenvolvimento das atividades propostas, análise da
resolução dos exercícios práticos e teóricos.
A teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget (1986) auxilia a compreender que o
pensamento matemático é parecido com o pensamento geral, onde ambos requerem algumas
habilidades como intuição, senso comum, estética, abstração e generalização.
Segundo Piaget (1986), o conhecimento objetivo aparece como uma aquisição e não
como um lado inicial. O caminho que o aluno percorre em busca desse conhecimento não ocorre
de forma linear, ele aproxima-se do conhecimento passo a passo, através de estruturações
mentais, algumas das quais errôneas, no que se refere ao produto final, mas por outro lado,
constroem conceitos.
Na Matemática, os objetos são de caráter abstrato e de verdades rigorosas. Da criança ao
adulto, os objetos mudam de natureza, ora abstratos, ora pela representação mental ou simbólica
a eles associada, pontos estes considerados importantes no processo de aprendizagem da
Matemática. No período sensório-motor, as crianças desenvolvem os processos de construção e
coordenação de esquemas lógicos, no início repleto de objetos concretos depois na construção de
conceitos mais complexos e abstratos e por fim, na concretização mental, que nem sempre é
natural e exige uma ação mental mais eficaz. (Piaget, 1986).
É nesse contexto que os computadores podem auxiliar os processos de ensino e
aprendizagem da Matemática, pois são importantes ferramentas para disseminar barreiras de
aprendizagem. Permite que os objetos abstratos, após construções mentais, sejam manipulados,
analisados, simulados, experimentados, confrontados, tornando-os concretos através do monitor
de vídeo no computador e exteriorizados pelo aluno, expressando suas idéias e desenvolvendo o
raciocínio lógico e formal enriquecendo assim, o desenvolvimento cognitivo da experiência e
assimilação.
Segundo Oliveira (2001), os principais pontos a se observar de forma construtivista são: a
mediação permanente do professor, a ênfase à lógica de aprendizagem e não a simples
organização estrutural do conteúdo, o privilégio do trabalho interativo com os alunos e do
tratamento dado ao erro.
Pode-se dizer então, que o mais importante para a construção de um ambiente
construtivista é que o professor realmente se importe com a relação “educador-educando”, e que
haja fortes interações entre o sujeito da aprendizagem e o objeto envolvido no processo, seja o
professor, o computador, os colegas, o assunto.
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É importante acrescentar que, segundo Piaget (1986), o desenvolvimento da inteligência
se processa para que o sujeito consiga manter o equilíbrio com o meio ambiente. Caso ele se
rompa, será necessária uma busca do equilíbrio através da adaptação e organização.
Nunes (1997) discute as implicações para o ensino da matemática numa sociedade
multicultural relacionadas com o raciocínio, com número e espaço, pensamentos diferenciados,
práticas e experiências individuais diferenciadas, trazidas pelos valores, suas famílias, e que,
muitas vezes entram em choque com a escola causando conseqüências desastrosas para esses
alunos.
Surge aí a necessidade de promover a socialização da inteligência na sala de aula através
de inovações e diversidade nas práticas matemáticas realizadas nas diferentes escolas,
proporcionando maior flexibilidade no raciocínio do aluno e em sua prática na sala de aula. Esse
processo de socialização estimula: a) a redescrição dos conteúdos, para que interajam com a
matemática; b) a influência do paralelo entre os antigos significados e os novos conceitos; c) a
conscientização da importância da matemática em nossa vida e na sala de aula; d) inovar e propor
diferentes meios de raciocínio.
Estudos mais recentes em Informática Educativa e Educação Matemática têm mostrado a
relevância do computador nas atividades de ensino da matemática. (Confrey,1992; Castro
Filho,2000). Nesse estudo o computador propicia um contexto simbólico onde os alunos e
professores podem se relacionar sobre diversas áreas da matemática. De acordo com Papert
(1994), o computador é um dispositivo técnico aberto que estimula os docentes e discentes a
impelir seus conhecimentos até o limite para realçar projetos através de uma ilimitada variedade
de “efeitos”. O objetivo central deste estudo desenvolvido no laboratório de informática foi
analisar os fatores que dificultam e os que facilitam a implementação de atividades práticas para
o ensino da matemática no laboratório, do ponto de vista do professor. Também têm como
objetivo analisar quais as dimensões relevantes à utilização da informática para o professor de
matemática.
Aliando aplicativos do computador com a matemática, descobre-se como aplicar os
conceitos, ou ampliar essa capacidade, dominando assim, a linguagem matemática. O desafio é
garantir algumas formas de pensar. Compor e decompor são ações mentais constantes no
trabalho matemático, seja na escrita dos números, seja na manipulação de expressões algébricas,
seja nos cálculos de áreas. A matemática busca também estabelecer as conexões com as demais
disciplinas, ampliando a oportunidade de compreender e utilizar conceitos.
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Pela riqueza de possibilidades, o uso do computador nas aulas de matemática torna-se o
mais sedutor dos recursos eletrônicos, mas cada possibilidade deve ser examinada
cuidadosamente; pois há no mercado, muitos programas dito educativos, porém, alguns são
adequados para revisão de matéria e outros para auxiliar na recuperação de conteúdos na escola.
A matemática busca também estabelecer conexões com as demais áreas do
conhecimento por meio da Informática, ampliando a oportunidade de compreender e construir
novos conceitos científicos e tecnológicos.
Por considerar a importância de se levar a informática para sala de aula de matemática,
passaremos a seguir, a relatar uma experiência desenvolvida junto a alunos da 6ª. Série do Ensino
Fundamental de uma escola da rede privada de ensino de Ponta Grossa.
Experiência desenvolvida
Percebendo a importância da utilização dos recursos da tecnologia, desenvolvemos junto
com os alunos de 6ª série do ensino fundamental de um colégio da rede privada de ensino da
cidade de Ponta Grossa-Pr, um trabalho prático, através de um site que explora a matemática,
para calcular o valor numérico de equações, utilizando a “idéia de balança”.
Cada turma foi dividida em grupos de dois alunos, e levada ao laboratório de informática,
com duas aulas consecutivas, para realização do trabalho. Os alunos acessaram o site:
<www.matti.usu.edu>, o qual é dividido em quatro eixos estruturantes da matemática: Números
e Operações, Álgebra, Espaço e Forma (Geometria), Grandezas e Medidas e Tratamento da
Informação. Os alunos foram orientados para entrar no conteúdo referente à álgebra, no relativo
índice classificado pelo site, 9-12 (FIGURA 1).
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Figura 1 – Página principal do site
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Aos clicarem no índice indicado, os alunos visualizaram uma nova página,
veja a seguir a Figura 2:
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Figura 2 – Atividades do site
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Primeiramente clicaram na atividade Algebra Balance Scales, e resolveram cinco equações
diferentes, todas envolvendo números positivos. (FIGURA 3)
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Figura 3 – Atividade Algebra Balance Scales
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Neste momento os alunos representavam a referida equação numa balança de pratos,
por meio dos pesos figurados por X e 1, conforme mostra o desenho da figura 4.
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Figura 4 – Operações para encontrar o valor de x
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Mediante a eliminação de pesos de ambos os pratos da balança, por meio de operações
inversas, possibilitou encontrar o valor de x. Todas as equações foram registradas no caderno,
que em discussão com a turma, os alunos puderam desenvolver um procedimento para calcular
equações.
Após resolver as cinco equações positivas, os alunos partiram para segunda etapa
clicando na atividade Algebra Balance Scales - Negatives, resolvendo cinco equações que
envolvem números negativos, conforme mostra a figura 5.
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Figura 5 – Atividade Algebra Balance Scales - Negatives
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Observe o campo de registro das operações realizadas para eliminação dos pesos de
ambos os pratos da balança. (FIGURA 6)
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Figura 6 – Resultado final da equação
Algebra Balance Scales - Negatives
Fonte: UTAH STATE UNIVERSITY.
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Com os recursos da tecnologia, enquanto o professor explora conteúdos de programas e
sites com os alunos, possibilita aprofundar os conteúdos, que não estão nos livros, oportunizando
reflexões sobre o assunto.
Em alguns momentos quando os alunos já tinham esgotado todas as possibilidades para
resolver uma determinada equação, a professora orientava-os de maneira a chegarem à solução.
Repetir somente o que é encontrado nas apostilas ou dar a mesma aula para turmas
diferentes, se torna monótono. Uma aula com Internet ou no computador é imprevisível, porque
não se sabe tudo o que pode ser encontrado nem as dúvidas que poderão surgir. No entanto,
estimula o aluno a torna-se mais ativo em busca de conhecimentos. No decorrer da atividade
apareceram conceitos novos e que os levaram a deduzir e a descobrir recursos para resolver esta
situação, por exemplo, ao resolver uma determinada equação e chegaram ao resultado –x = -2.
Isso levou os alunos a analisar e refletir como eliminar este sinal negativo, na discussão
perceberam que se multiplicassem por -1, o sinal mudaria, ficando x=2.
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Aliando aplicativos do computador com a matemática, descobre-se como aplicar os
conceitos, ou ampliar essa capacidade, dominando assim, a linguagem matemática. O desafio é
garantir algumas formas de pensar. Compor e decompor são ações mentais constantes no
trabalho matemático, seja na escrita dos números, na manipulação de expressões algébricas, ou
nos cálculos de áreas. A matemática busca também estabelecer as conexões com as demais
disciplinas, ampliando a oportunidade de compreender e utilizar conceitos. Para tanto, o trabalho
em grupo ou em duplas é um grande aliado, já que permitem discutir as diversas formas de
solucionar problemas e questionar as estratégias.
Considera-se, também, observações sobre o desempenho e o interesse dos nossos alunos
quando instigamos sua curiosidade, desafiando-os com um problema, convidando-os a raciocinar.
Daí uma certeza: professor e aluno, juntos, serão capazes de otimizar a proposta contida no
ensino da Matemática e alcançarão os objetivos maiores – melhorar o pensar, o falar, o escrever a
linguagem Matemática.
Ao observar um erro cometido por um aluno, pode-se analisar o caminho seguido por ele
para buscar o acerto. Ou seja, pode-se compreender a dificuldade que o aluno está encontrando
para a compreensão daquele assunto. Portanto, é importante que um dos meios de avaliação
utilizados permita ao aluno expressar e justificar suas idéias ao professor, por escrito, oralmente
ou mesmo no computador. Como não existe uma forma única e eficaz de avaliar, o registro das
observações diárias de sala de aula sobre participação, interesse e desempenho dos alunos, por
meio de trabalhos individuais ou em grupo, leva ao melhor conhecimento da progressão do
desempenho de cada aluno, facilitando a avaliação dele e a do próprio professor. Nesse caso, a
aplicação de pequenos testes ou exercícios práticos mais freqüentes no laboratório de
informática favorece uma avaliação contínua, permitindo o acompanhamento do processo de
aprendizagem, auxiliando a detectar e corrigir erros e possíveis deficiências dos alunos e falhas do
processo.
Considerações Finais
A sociedade atual passa por profundas mudanças caracterizadas por uma
supervalorização do conhecimento. Sendo assim os processos de aquisição do conhecimento
assumem um papel de destaque exigindo um profissional crítico, criativo, reflexivo e com
capacidade de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo.
Cabe à educação formar esse profissional. No entanto, essa educação não pode mais ser baseada
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na instrução que o professor transmite ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno
e no desenvolvimento dessas competências.
Os avanços da ciência e da tecnologia, com as conseqüentes transformações sociais fazem
muitas e novas exigências à escola. A popularização dos equipamentos e computadores é uma
necessidade de desenvolvimento mundial e uma tendência inevitável. Portanto, espera-se do
educador respostas aos desafios que lhe são impostos, necessitando a ele, além da capacidade de
ensinar, a capacidade de transmitir valores, normas, maneiras de pensar e agir. Atualmente é uma
necessidade que o professor mantenha-se cada vez mais informados e participantes deste mundo
informatizado.
Por meio da manipulação não linear de informações, do estabelecimento de conexões
entre elas, do uso de redes de comunicação e dos recursos multimídia, o emprego da tecnologia
computacional promove a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento de diferentes modos
de representação e de compreensão do conhecimento.
Os computadores possibilitam representar e testar idéias ou hipóteses, que levam à
criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo em que introduz diferentes formas
de atuação e de interação entre as pessoas. Essas relações, além de envolverem a racionalidade
técnico-operatória e lógico-formal, ampliam a compreensão sobre aspectos sócio-afetivos e
tornam evidentes fatores pedagógicos, sociológicos e epistemológicos.
Assim, se faz necessário preparar melhor o professor, assumindo novos papéis, novas
competências e condições para sua nova atuação.
A Matemática aliada à transmissão do conhecimento, por meio de atividades que
desenvolvem autonomia, tais como: exercícios-desafio, leituras e pesquisas extracurriculares e
interdisciplinares para, melhorar a capacidade de ler e interpretar, itens necessários para a
construção do conhecimento. O ensino torna-se de sucesso, se o professor em vez de só repassar
conteúdos, demonstrar a aplicabilidade da matemática, para extinguir o pensamento equivocado
de que a disciplina é distante e de difícil compreensão. Desta forma, professor e aluno, juntos,
serão capazes de construir o conhecimento e alcançarão os objetivos maiores que são: melhorar
o pensar, o falar e o escrever a linguagem matemática.
As mudanças dependem do professor. Que atitudes e técnicas de trabalho em sala de
aula devemos privilegiar para um melhor ensino? Não basta somente a leitura de texto, é
imprescindível que o professor aprofunde esses temas, com novos livros, outras pesquisas, novos
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métodos ou recursos de apoio integrando esses temas, e permitindo que o aluno expresse tudo o
que aprendeu por meio de atividades que permitam avaliar o processo de ensino-aprendizagem.
Para a difusão da apropriação crescente dos conteúdos matemáticos no contexto da vida
diária do educando, buscou-se lançar desafios que indiquem caminhos ou alternativas lógicas
para uma vida melhor, instrumentalizando o pensamento com o acesso ao saber elaborado
permitindo que o educando se expressasse e compare suas observações, suas experiências de
vida, consciência do que fizeram e para que servirá, desenvolvendo assim uma concepção
histórico-crítica-científica do mundo.
Procurou-se diferentes meios de resolução, levando o educando a perceber nitidamente a
criatividade para resolver seus próprios problemas, despertando sua curiosidade, envolvendo-o
numa busca de novos conhecimentos e enriquecendo aqueles que ele já possui.
Assim, apesar das dificuldades dos alunos na resolução dos exercícios, pedagogicamente
foi uma ação favorável, pois percebeu-se que os alunos se mantiveram mais motivados nas aulas
de matemática, o que proporcionou uma melhoria contínua da qualidade do ensino da
matemática.
Referências
ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática: Os novos computadores na escola, São
Paulo: Cortez, 1988.
BORBA, Marcelo de Carvalho. Informática e Educação Matemática. Belo Horizonte:Autêntica,
2001. 104 p.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática.
Brasília: MEC/SEF, 2001. 148 p.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas: Papirus, 1996.
LÉVY, Pierre. Cibercultura: Tradução de Carlos Irineu Costa. São Paulo: 1993, Ed.34, 264p.
(Coleção Trans).
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da educação. Departamento de
Ensino de Matemática. Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica. Curitiba,
2006.
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I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 ISBN: 978-85-7014-048-7
Página: 850
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Jeanine Alves de Oliveira (mestranda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná-
UTFPR-Brasil)[email protected]
Ângela Maria Carneiro Silva (Pós-graduanda da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná-UTFPR-Brasil)[email protected]
Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro, Dra. (PPGECT-Universidade Tecnológica Federal do
Paraná-UTFPR-Brasil)[email protected]
Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira, Dra. (PPGECT-Universidade Tecnológica
Federal do Paraná-UTFPR-Brasil)[email protected]