6ª edição da revista ecolÓgica

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Esta publicação é impressa em papel 100% reciclado. Preço R$ 5,00 Dezembro / 2010

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Revista sobre meio ambiente, ecologia, sustentabilidade, reciclagem, redução de emissões, crédito de carbono, reflorestamento sustentável, projetos ambientais

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Um novo conceito

Bosco Carvalho

A partir de uma iniciativa da Mármores & Cia., surgiu o Projeto Recriartt, no qual a

nobreza e delicadeza dos mármores transforma-se em painéis de mosaico decorativo. A reutilização de materiais nobres que antes eram desprezados nas indústrias, aliada a uma vasta pesquisa, tornou pos-sível a produção de peças para paredes de halls, salas, dormitórios, varandas e lavabos. O que antes era entulho passou a ser apreciado em ambientes de luxo. O Projeto Recriartt surge de um novo conceito de reaproveitamento de materiais: faz das aparas de mármore, matéria prima para novos produtos. Uma nova concepção, focada na pre-servação ambiental, ou seja, a busca de soluções adequadas, que oferece a arquitetos e engenheiros civis, uma alternativa de material que promova um benefício ambiental e ao mesmo tempo estético. O mármore é extraído há séculos e mesmo assim, apenas cerca de 75% das chapas prontas para serem cortadas é aproveitado. Os painéis desenvolvidos pela Recriartt, conferem aos projetos um conceito contemporâneo, que dão ao mesmo tempo um toque de rusticidade e luxo aos ambientes onde são aplicados. Executado com as mais nobres pedras que existem, como os mármores Tra-vertino Romano, Crema Marfil, Bege Bahia, Branco Piguês e Branco Moura, os painéis se adequam com perfeição a quaisquer ambientes, conferindo-lhes o

que há de mais sofisticado em matéria de acabamento. O resultado do trabalho da Recriartt já marcou presença e chama a atenção em mostras de arquitetura e decoração, como a Casa Cor Goiás e a Ambientar. São placas teladas, produzidas conforme o espaço a ser revestido. A Mármores & Cia. também tem como preocupação, a reutilização da água do corte das pedras. Na nova área de industrialização, atualmente em construção em Aparecida de Goiânia, está prevista a reutilização de água da chuva e a coleta do pó de mármore para ser aplicado na correção da acidez do solo ou como adubo natural, pois o mármore é cálcio comprimido. A compensação das emissões de carbono será feita anualmente, o que tornará a Mármores & Cia. a primeira empresa do ramo em solo goiano, a receber o selo Reco2mpense de Compensação de Emissões de Gases do Efeito Estufa.

A Recriartt reaproveita material que antes era desprezado, transformando aparas de mármore em matéria prima para novos produtos

[ S U S T E N T A B I L I D A D E ]

4 Revista ecoLÓGICA Edição 6 Ano III dezembro 2010 www.revistaecologica.com www.revistaecologica.net

Dois carros parados de cada lado da rua aqui diante da re-dação da Revista ecoLÓGICA, o meu e o de minha fi lha Ananda, não impediriam o trânsito...

Era o que eu pensava, quando vi o caminhão da coleta do lixo, parado à direita da entrada da garagem. De minha escrivaninha, através da janela, pude perceber que eu deveria ir lá fora ver o que acontecia.

Todos nós conhecemos os caminhões da coleta pelo ruído característico. Muito barulhentos, por sinal. O que me leva a crer, que no fi nal de um dia, sob sol ou chuva, ou os ouvidos dos cole-tores já se acostumaram com o ruído, ou eles até sofrem pesadelos, em função de um som mais penetrante que o chorume de nossos resíduos úmidos.

Olhei para o caminhão parado e como estava com as chaves de meu carro no bolso, apressei-me em movê-lo para que o caminhão pudesse passar. Mas ao descer do carro, o motorista e o colega coletor, apontaram para o outro carro e pediram que fosse também retirado. Estava estacionado ao lado da ilha, do lado oposto de uma árvore já crescida, que plantei diante da casa, o que obrigaria o caminhão a passar sob a árvore. Explicaram-me com um grande sorriso, que não queriam danifi car a árvore. Eu pensei: ‘Poxa parece que as coisas estão mesmo mudando!’, afi nal, enquanto tantas queimadas, desmatamento e destruição acontecem, existem pessoas que estão mesmo sensibilizadas e respeitam a natureza.

Que o exemplo do motorista e do ajudante, funcionários da Comurg, seja seguido por mais pessoas, pois evitar que as árvores sejam danifi cadas, é algo que independe do trabalho que se faz. E se até eles, já cansados, no fi nal de um longo e exaustivo dia de trabalho podem ser tão atenciosos e gentis, creio que muitos de nós que não trabalhamos de uma forma tão física como eles, poderíamos fazer muito mais pela proteção do ambiente que nos cerca.

A árvore em questão é uma Schinus molle, também conhecida entre outros nomes populares como Aroeira Salsa, plantei aqui, diante da casa, um pouco depois de tê-la alugado. Aprendi que não é um ‘Salgueiro’ ou ‘chorona’ , através do Walter Cardoso, ex-Secretário de Meio Ambiente de Goiânia, que me auxiliou a diferenciá-las.

Bosco Carvalho

Cuidado com a árvore!

[ C A R T A P A R A O L E I T O R ]

Bosco Carvalho

Esta edição inclui inúmeras matérias e artigos escolhidos entre os mais lidos no site da revista. Entre eles vale ressaltar o que trata de como nosso site (www.revistaecologica.com) está à frente de um dos jornais mais antigos e respeitados de Goiânia, o ‘O Popular’ . O ranking da Alexa.com varia dia-riamente, e poderemos sair de nossa posição, principalmente em função do Natal, mas já estamos muito felizes por termos tido um crescimento médio de 77% entre julho e novembro e de 135% entre outubro e novembro, com uma previsão de 170.000 pageviews em dezembro.

A todos os nossos leitores, nosso muito obrigado e um feliz 2011.

www.revistaecologica.com www.revistaecologica.net dezembro 2010 Ano III Edição 6 Revista ecoLÓGICA 5

10 126[ S U S T E N T A B I L I D A D E ]Reaproveitar materiaispode ser muito lucrativo

[ I N V E S T I M E N T O S ]O Brasil como o maior produtor do polietileno verde

[ R E C O N H E C I M E N T O ]Município obtém nota máxima em 10 diretrizes ambientais

[ C O N Q U I S T A ] Internautas do site da Revista ecoLÓGICA batem recorde

[ B A M B U ]Criatividade para usar a versatilidade do bambu

[ E X E M P L O ]Mina recuperada e dentro da lei é lucrativa sim

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DIRETOR PRESIDENTEBosco Carvalho

MTB [email protected]

DIRETORA INTERNACIONALElke Seiwert

[email protected]

EDITORA EXECUTIVAIzabela Carvalho

MTB [email protected]

EDITOR FOTOGRÁFICOEdmar Welington de Mello

COMERCIALAna Maria Camargo

[email protected]

Fátima [email protected]

COLABORADORALetícia Macedo

Bióloga

PROJETO GRÁFICOCarlos Nascimento

DESIGN GRÁFICO/DIAGRAMAÇÃOJuliano Pimenta Fagundes

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores. Todos os direitos reservados. Autorizamos a publicação de artigos e fotos, com a citação das fontes. Todos os envolvidos na edição da revista são profi ssio-nais autônomos, sem vínculo empregatício.

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EXPEDIENTE

Edição 6 - Ano IIIDezembro 2010

SUMÁRIOSUMÁRIO

[ C R E S C I M E N T O ]O brasileiro está mais verde sim, mostra pesquisa recém divulgada

[ P E S Q U I S A ]Turbina usa fotossíntese para criar combustível verde

[ T E C N O L O G I A ] Eike Batista mostra que energiasolar é comercialmente viável

[ H E R A N Ç A ]Livro sobre 365 plantas medicinais da Amazônia

[ C R I A T I V I D A D E ]O talento criativo dos alemães, na estética e no uso de materiais

[ A R T I G O ]Sustentabilidade, palavra (e investimentos) em alta

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6 Revista ecoLÓGICA Edição 6 Ano III dezembro 2010 www.revistaecologica.com www.revistaecologica.net

R$ 500 milhões em indústria de plástico verde

Izabela Carvalho

A Braskem e grupo belga Solvay disputam quem vai ser a primeira indústria a

entrar em operação nos primeiros meses de 2012. A Braskem, que tem unidades no Polo Petroquímico do Grande ABC, e inaugurou em setembro, em Triunfo (a cerca de 100 km de Porto Alegre) sua fá-brica de plástico verde - que utiliza matéria-prima de fonte renovável (a cana-de-açúcar) no lugar do petróleo. Juntos, os dois projetos devem representar uma expansão de apro-ximadamente 260 mil toneladas anuais de PVC - um plástico de larga utilização na indústria de consumo -, o equivalente a mais de um quarto da atual capacidade instalada do setor no Brasil, de aproximadamente 800 mil toneladas. Vanguardista no setor, a Braskem lançou em 2007, o polietileno verde, o primeiro a ser feito 100% a partir de fontes renováveis no mundo, com validação do labora-tório internacional Beta Analytic. Em 2010, a empresa tornou esse projeto realidade, ao inaugurar sua primeira planta industrial de eteno verde e assumiu a liderança mundial na produção de biopolímeros.

[ I N V E S T I M E N T O S ]

Brasken

Solvay

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[ I N V E S T I M E N T O S ]

Para ter a maior unidade industrial de eteno derivado de etano no mundo, investiu cerca de R$ 500 milhões nesta planta. Para abastecer a indústria, serão consumidos 463 milhões de litros de álcool por ano e permitirá a produção de 200 mil toneladas de polietileno de etanol de cana-de-açúcar, que serve para a fabricação de embalagens alimentícias e outros produtos de plástico. A demanda prévia por plástico verde demonstra o potencial desse produto. Antes mesmo do início da comerciali-zação, a procura era três vezes maior

que a capacidade de produção. Entre os clientes que já acertaram a compra, estão a Toyota, Natura, Procter & Gamble, Acinplas e outras. Caso o projeto da Solvay - que tem no Brasil uma fábrica em Santo André (SP) - receba a aprovação até o início do próximo ano, é possível que as duas empresas disputem para defi nir qual unidade entrará em operação antes da concorrente. Quando foi originalmente anunciado, em 2007, o plano da Solvay era investir US$ 135 milhões. O projeto da empresa ainda pode

estar sujeito a alterações, mas poderia estar concluído entre 12 e 18 meses depois de sua aprovação. Ou seja, a unidade poderá entrar em operação nos primeiros meses de 2012, mesmo prazo dado pela Braskem para iniciar a produção na fábrica a ser instalada em Alagoas.

Balança sustentável Para cada tonelada de polietileno verde produzido são capturados e fi xados até 2,5 toneladas de CO2 da atmosfera.

Natura sai na frente e já projeta suas embalagens plásticas feitas do etanol da cana-de-açúcar

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[ R E C O N H E C I M E N T O ]

Projeto Verde AzulExtraído do site da Prefeitura de Santa Rosa

de Viterbo e editado por Bosco Carvalho

Santa Rosa de Viterbo (SP) conseguiu destaque especial alcançando o primeiro lugar no

Ranking Estadual, com a certificação do Projeto Estratégico Município Verde e Azul. O Projeto Estratégico Município Verde e Azul, propõe 10 Diretivas Ambientais que abordam questões ambientais prioritárias a serem de-senvolvidas. Assim é estabelecida a parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente que orienta, segundo critérios específicos a serem avaliados, rumo às ações necessárias para que o município seja certificado como “Município Verde Azul” . As dez diretivas que regem o Projeto Ambiental Estratégico Município Verde Azul são: Esgoto Tratado, Lixo Mínimo, Recuperação da Mata Ciliar, Arbori-zação Urbana, Educação Ambiental,

Habitação Sustentável, Uso da Água, Poluição do Ar, Estrutura Ambiental e Conselho de Meio Ambiente Durante o ano de 2010 a Divisão de Meio Ambiente da Prefeitura de Santa Rosa de Viterbo, trabalhou para que as diretivas fossem cumpridas e o resultado destas ações foi o aumento da nota do município com relação aos anos anteriores. Em 2008, de 332 municípios ava-liados apenas 44 foram certificados e Santa Rosa de Viterbo obteve a nota 90,64 e o 4° lugar no Ranking; já em 2009 foram avaliados 565 municípios, 168 municípios certificados, e Santa Rosa de Viterbo obteve a nota 92,77 e o 14° lugar no Ranking; e em 2010 dos 614 municípios avaliados, 143 municípios foram certificados e Santa Rosa de Viterbo obteve a nota 94,31 e o 1° lugar no Ranking do Estado de São Paulo.

Neste ano, dos 614 municípios avaliados, 143 foram consagrados com o certifica-do do Projeto Município Verde Azul, uma iniciativa da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Isso significa que mais de 15% das cidades do Estado alcançou média acima de 80 - em uma avaliação que varia de zero a 100 - e foram reconhecidas pelo exemplo ambiental. Grasiela Maria de Oliveira Chefe de Divisão de Meio Ambiente e Interlocu-tora e Prefeito José Tadeu Chiaperini. A Chefe de Divisão de Meio Ambiente e interlocutora do Projeto Município Verde Azul, Grasiela Maria de Oliveira atribui o destaque principalmente pelo plano de ação desenvolvido no municí-pio assim como o cumprimento das 10 diretivas e das pró-atividades. E ainda salienta o comprometimento da atual gestão com as questões ambientais e o desenvolvimento de ações multidisci-plinares integradas, onde o Prefeito Sr. José Tadeu Chiaperini, tem participação ativa. Além da Certificação Verde Azul, o município ganhou o Prêmio Franco Montoro, que é o prêmio que dá des-taque as cidades com melhor desem-penho ambiental dentro das 22 regiões hidrográficas do Estado, sendo que na Bacia do Pardo o destaque maior foi Santa Rosa de Viterbo pela terceira vez consecutiva.

Santa Rosa de Viterbo no topo do Projeto Verde Azul do Estado de São Paulo

Prefeito José Tadeu Chiaperini, Governador Alberto Goldman, Secretário de Meio Ambiente, Pedro Ubiratan e José Walter Figueiredo Gerente do Projeto Município Verde Azul

Grasiela Maria de Oliveira Chefe de Di-visão de Meio Ambiente e Interlocutora e Prefeito José Tadeu Chiaperini

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Projeto Verde Azul LiderançaBosco Carvalho

Ao comemorarmos 6 meses da primeira postagem em nosso site, sentimo-nos muito agradecidos,

ao chegarmos em dezembro com quase 100 pontos à frente do Jornal O Popular. Nossos visitantes nos colocaram na posição 7.549 no ‘ranking’ brasileiro da Alexa, 91 pontos à frente do Jornal O Popular, (que está na internet desde abril de 1996 e faz parte da Rede Globo), são o motivo de nosso orgulho, pois além de serem fiéis frequentadores da Revista ecoLÓGICA, lêem em média 13 páginas e permanecem 27 minutos em cada visita. Isto demonstra um alto grau de interesse pelos assuntos ambientais e uma enor-me fidelidade à versão eletrônica desta revista. A tendência de crescimento de nossos visitantes gira em torno de 70% ao mês e no trimestre está em 120%.

Justificativa A comparação de nosso veículo com outro que possui uma longa história de boas reportagens, de seriedade e pene-tração mercadológica torna-se necessária para alertar os anunciantes e as agências a aplicarem parte do bolo da mídia em nosso veículo também. É evidente que não podemos nos comparar com o veículo impresso, um jornal diário com uma tradição de décadas e um corpo de jornalistas numeroso. Mas a comparação de nosso desempenho na internet com o site deles indica clara-mente a mudança do perfil do leitor e do mercado da comunicação. O infográfico ao lado atesta o cres-cimento do número de nossos visitantes mês a mês.

Revista ecoLÓGICA à frente de O Popular na internet brasileira

[ C O N Q U I S T A ]

70%ESSE TEM SIDO O CRESCIMENTO

MENSAL DE ACESSO AO SITE

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[ B A M B U ]

Alternativa de mercado

O plantio de bambu é uma alterna-tiva para quem quer oferecer aomercado um produto com uma

variada base de uso, mas que ainda não ésufi ciente para atender a demanda do mercado. Roberto Magno, engenheiro agrônomo, especialista em Agronomia, estudioso do bambu desde 1997, orienta que esta é uma excelente opção, além de possuir vantagens ambientais. A vantagem do cultivo do bambu gigante (Dendrocalamus giganteus), é que o mesmo, a partir de seis anos de plantio, pode ser colhido anualmente. Em contrapartida, o eucalipto, após o 3º corte necessita aguardar sete anos para a exploração. Além do papel econômico, o bambu é associado à conservação do solo, na contenção de erosões, e ambiente ideal para a reprodução de certas aves, que só se reproduzem nos bambuzais. O engenheiro agrônomo orienta que para o plantio do bambu não há exigência em relação à qualidade do solo. Da mesma forma, a planta não necessita de combate a pragas. Roberto dedica-se há três anos à fa-bricação de móveis com bambu e explica que para conseguir o produto atualmente só através de ‘garimpagem’ , em várias pro-priedades em Goiás e em Tocantins. Além de ser um substituto para a madeira, o bambu gigante é aplicado na fabricação de placas, papéis, carvão ati-vado e como biomassa para queima em caldeiras, na forma de cavaco (Em Santo Antônio da Purifi cação, diariamente são

queimadas 500 toneladas). O tratamento de esgoto com a planta é o mais antigo de que se tem registro. Após tramitar no Congresso Nacional, a Lei Federal de Incentivo ao Cultivo do Bambu aguarda aprovação no Senado. “Os produtores que tenham interesse de se dedicar ao cultivo da planta, receberãorecursos a partir do FCO”, comenta o engenheiro agrônomo. Roberto alerta que, no período da colonização, as pessoas se preocupavam com o volume de vegetação disponível para exploração, mas que ninguém se ateve ao cálculo do tempo que seria necessário pararecuperá-la. “Hoje, a fronteira já está no centro da Amazônia”, alerta.

Izabela Carvalho

O bambu pode ser usado da mesma maneira quea madeira convencional,mas ainda não há produçãosufi ciente

de mercado

queimadas 500 toneladas). O tratamento

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[ B A M B U ]

Aliado contra erosões Alexander Resende, pesquisador da Embrapa Agrobio-logia, em Seropédica, Rio de Janeiro, explica que o bambu é utilizado como barreira física na contenção de erosões. “Não o plantamos diretamente, embora seja comum ele brotar em alguns casos. Não consideramos que o plantio do bambu por si só, possa auxiliar muito na recupera-ção de áreas degradadas e sim ele pode complementar, principalmente sendo usado para conter os sedimentos carreados nas fortes chuvas.” O pesquisador orienta que, por possuir diversos usos, é fundamental para qualquer propriedade ter uma touceira de bambu plantada. “Nas erosões (como as voçorocas) caso o bambu utilizado nas paliçadas brote, não recomendo seu corte futuro, pois é uma área muito sensível e seria problemático a retirada da vegetação ou o manuseio da área”, orienta.

Aplicação industrial A aplicação do bambu na indústria moveleira em Goiás, ja ganhou destaque com pesquisa de inovação realizada pelo SENAI para inserir no mercado o novo produto. Durante a Feira Internacional do Móvel de Milão na Itália, em 2010, empresários europeus que viram a mostra do novo produto se mostraram entusiasmados com as possibilidades. A informação é de Gregory Kravchenko, consultor de produção industrial em design na área mo-veleira. Gregory reliza pesquisas no SENAI em relação à aplicação do novo produto e introdução no mercado. “O bambu, a partir de agora, ganha áreas mais nobres da casa, sai da aplicação crua dos móveis de varanda e compõe com requinte, a confecção de armários de cozinhas e quartos. O material tem excelentes resultados dentro da indústria, da manipulação ao acabamento, além da ótima aceitação do mercado”, salienta.

Papel social Em uma chácara na cidade de Wenceslau Braz, no estado do Paraná, opera uma pequena fábrica de palitos e alguns utensílios domésticos feitos a partir do bambu. Sem fi nanciamento, a empresa conta hoje com 20 cola-boradores, entre funcionários e tereceirizados. Sandra Correa Rodrigues, diretora fi nanceira da fá-brica conta que há 3 anos o trabalho teve início e era uma alternativa de emprego e renda para pessoas de vilarejos próximos, muitas com problemas de saúde e difi culdade para conseguir trabalho. No início de 2011, a fábrica terá um viveiro pronto para a venda de mudas de bambu. Este ano, fecharam um contrato de exportação de bambu com a Itália, para ser aplicado na bioconstrução.

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[ E X E M P L O ]

Ferrous e asustentabilidade

Izabela Carvalho

A exploração de minérios tem sido vista há décadas como uma atividade impactante para o

meio ambiente, mas se forem seguidas as normas impostas pela legislação, é possível realizar o trabalho de forma sustentável. Luiz Carlos Silva Amorim, coordenador de Meio Ambiente da Ferrous Ressources do Brasil é o responsável pela recuperação da Mina Serrinha e afirma que, “é viável, fazer o que é certo e explorar mineral de forma sustentável”. A Mina Serrinha, localizada em Piedade do Paraopeba, distrito de Bruma-

dinho (MG), foi adquirida pela Ferrous em 2007. Os trabalhos de recuperação tiveram início em junho de 2008 e foram finalisados em setembro deste ano, a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de Minas Gerais. Durante 17 anos o empreendimento ficou abandonado em decorrência da falência da Mineração Vista Alegre. A paralisação da operação deixou um passivo ambiental na região da Serra da Moeda. A consequência para o meio ambiente local foi o carreamento de sedimentos para os cursos d’água responsáveis pelo

abastecimento das comunidades vizi-nhas, a maioria formada por pequenos produtores rurais. Uma das exigências do MP para a regularização ambiental em relação ao passivo ambiental gerado durante a operação da mina no passado foi a averbação de uma área de reserva legal de 31,0729 hectares, localizada no sítio da Conceição, na Serra da Moeda. O objetivo é a compensação ambiental de uma área equivalente ao tamanho da cava, de 31 hectares. Além disso, por iniciativa própria, a Ferrous averbou outra reserva na região da nascente da Mãe d’Água.

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[ E X E M P L O ]

A Revista ecoLÓGICA foi convidada para conferir o resultado do trabalho que a Ferrous realiza na região. De acordo com Cristiano Parreiras, superintendente de Meio Ambiente e Relações Institucionais da Ferrous, a recupe-ração ambiental da Mina Serrinha conta com a geometrização da cava e correção das drenagens das pilhas de estéril, o que impede o carreamento de sedimentos para fora da cava. “Desta forma, eliminamos os riscos de contaminação dos cursos d’água no entorno da mina”, completa. Na visão de Luiz, o empreendimento mine-rador, que antes de qualquer coisa, visa apenas o lucro, está fadado ao fracasso. “Hoje, a própria comunidade do entorno, órgãos ambientais, ONGs e mídia cobram ‘sustentabilidade’ que é composta dos fatores sociais, econômicos e ambiental”, alerta. Durante estes três anos, desde quando assumiu a mina, “a Ferrous tratou em primeiro lugar, de ‘arrumar a casa’ . Um empreendimento deste porte não pode deixar de ser transparente em suas ações” , reitera.

Comunidade local Outro trabalho realizado pelo grupo foi o de manter contato com a comunidade local. Desde quando a Ferrous assumiu o empreendimento, desenvolve um programa de relacionamento com a comunidade vizinha. Inicialmente a abordagem junto à comuni-dade rural de Brumadinho foi individual, com o objetivo de conversar e estreitar relações. Muitos moradores sequer sabiam da existência da mina, em função do tempo que fi cou fora de atividade. Em seguida, foram realizados ciclos de debates com grupos divididos por região, do qual participaram cerca de 400 pessoas nas duas reuniões já realizadas. A comunidade foi convidada para visitar a mina. Desta forma, podem compreender melhor de que forma o trabalho é realizado.

Luiz Carlos Silva Amorim, coordenador de Meio Ambiente da Ferrous Resources do Brasil mostra o resultado de recuperação da mina para visitantes

Cristiano Parreiras apresenta a jornalistas os trabalhos ambientais

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[ C R E S C I M E N T O ]

Preocupação verde

Izabela Carvalho

Pesquisa realizada em 11 capitais do Brasil, pelo Ministério do Meio Ambiente, Walmart e Synovate,

mostra o que brasileiros falam sobre meio ambiente, reciclagem e hábitos de sustentabilidade. O estudo aconteceu de 27 de setembro e 13 de outubro de 2010. A Revista ecoLÓGICA ressalta alguns pontos interessantes da análise. O resultado completo do estudo pode ser acessado em nosso site. O interesse pela pesquisa partiu da Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambientalista junto com o Walmart Brasil para avaliar o com-portamento da população em relação à campanha para reduzir o uso de sacolas plásticas. O objetivo era verifi car se a consciência tinha chegado na ponta. Já que não existe qualquer legislação que estabeleça proibição ou obrigatoriedade. Nada menos que 60% da popula-ção é a favor da proibição do uso de sacolas plásticas. “A campanha ‘pegou’ e a sociedade está madura para realizar esse importante debate: vale mais um aparente “conforto” e praticidade, ou o nosso conhecimento sobre o impacto negativo de certo tipo de consumo?”,

comenta Samyra Crespo. Um dos dados mais relevantes do estudo está na afi rmação de que 17% da população pesquisada armazena lixo eletrônico em casa (TVs, computadores, baterias de celular e outros), até que se tenha um destino correto para eles. Marcos Samaha, presidente e CEO do Walmart Brasil aponta que o estudo é um indicativo de que “o brasileiro está alinhado com as necessidades de seu tempo no que se refere à preservação do meio ambiente. O consumidor de-seja produtos e serviços que tenham a inovação como valor e a visão de um mundo mais sustentável como com-promisso”.

Pesquisa realizada em 11 capitais do Brasil, pelo Ministério do Meio Ambiente, Walmart e Synovate, mostra o que brasileiros falam sobre meio ambiente, reciclagem e hábitos de sustentabilidade.

17%GUARDAM LIXO ELETRÔNICO

ATÉ O DESCARTE IDEAL

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[ C R E S C I M E N T O ]

A média nacional aponta para 26% da população bom informada em relação ao meio ambiente. 52% ainda podem ser considerados mais ou menos informados, enquanto 22% da população ainda estão desinformados sobre o assunto. Entre os veículos de comunicação, ainda é a televisão e o rádio que se encarregam de repassar 65% das informações referentes ao meio ambiente, enquanto a escola, fi ca em segundo lugar, com 29% da atribuição de formar um cidadão consciente sobre o tema. Governo, políticos, revistas e jornais ocupam o mesmo ranking, com 25% da expectativa de serem os responsáveis pelas informações que provoquem mudanças na mentalidade do brasileiro. Em contrapartida, a solução para os problemas ainda fi ca a cargo dos órgãos públicos responsáveis, em 27% dos casos. Mas 24% dos entrevistados acreditam na mobilização de moradores de bairros, por exemplo, como opção para resolver os pro-blemas ambientais que os perturba. Um aspecto relevante apontado pelo estudo é que a coleta seletiva, ainda fi ca a cargo dos catadores. Exceto em casos isolados como Curitiba. Em torno de 40% dos bairros onde vivem os entrevistados desta pesquisa têm algum tipo de coleta seletiva. Com isso, mais ou menos o mesmo percentual das latas, garrafas, papéis e embalagens acabam tendo uma destinação mais amigável ao meio ambiente. No entanto, cerca de 7% a 9% das pessoas não têm informação sobre esse tipo de serviço próximo às suas casas. A sociedade reconhece a importância do trabalho dos catadores de resíduos para a estruturação dos processos de reciclagem. Os catadores de resíduos são os principais agentes da coleta seletiva nos bairros. Entre 65% e 69% de todas as latas, garrafas e pa-pel encaminhados para a reciclagem nestas comunidades têm o trabalho dos catadores como suporte – produtos que têm merca-do mais estável. As prefeituras fi cam com perto de um terço da responsabilidade pelo encaminhamento dos produtos a reciclar. A cidade campeã na coleta é Curitiba, com a média de 90% para todos os materiais.

60%SÃO CONTRA

SACOLAS PLÁSTICAS

60%

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Combustível verde é testado

Bosco Carvalho

As probabilidades de que a c iência encontrará soluções para modificar o curso de nossa forma de produzir energia sem prejudicar

o meio ambiente aumentam diariamente. O infográfico ao lado é a representação esque-mática de um reator químico solar do tamanho de um computador, desenvolvido por cientistas suíços e americanos que consegue criar uma ‘fotosíntese artifical’. Através de radiação solar capturada na parte superior do reator e água (H2O) e dióxido de carbono (CO2) nas laterais, sob altíssima tem-peratura (2.000 graus Kelvin ou aprox. 1700 ºC), os gases capturados entram em reação com o Cério (Ce) e hidrogênio, oxigênio e monóxido de carbono são expelidos. Aldo Steinfeld, do Instituto Paul Scherrer (Suíça), um dos cientistas envolvidos no trabalho revela que “A dissociação termoquímica da água e do gás carbônico é um caminho atraente para a produção de combustível solar de forma eficiente e em altas taxas no futuro”, em recente artigo publicado na última edição da revista “Science”. Há muito tempo, a ciência tenta imitar a natureza para produzir energia através da fotos-sintese, mas somente agora coseguiu-se uma taxa de eficiência tão alta, em função da utilização do Cério, um óxido metálico abundante na natureza, ao invés de outros metais preciosos, usados em experimentos que não apresentaram resultados economicamente viáveis. Steinfeld afirma: “O material já está adequado para aplicações mais realistas”. Ao lado, o infográfico publicado no site Green Car Congress sobre o processo.

Um presente de Natal para a humanidade? Cientistas testam fotossíntese artificial, que pode produzir combustível “verde”

[ P E S Q U I S A ]

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O Sol de cada diaFolha online

A MPX, do empresário Eike Batista, vai construir a primeira usina solar comercial do país,

em Tauá (Ceará). Serão investidos R$ 10 milhões para a instalação de 1 MW (megawatt) de capacidade, que permitirá abastecer 1.500 residências a partir do ano que vem. A empresa já entrou com pedido na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para poder operar até 5 MW, o que deve acontecer em até dois anos.Os planos da MPX preveem ter uma capacidade instalada de até 50 MW em outros projetos. Esse objetivo, porém, ainda esbarra nos custos da energia solar, devido aos equipamentos caros, que só podem ser adquiridos no exterior. A usina pioneira não indica que o

aproveitamento da luz solar para gerar energia esteja fi nalmente deslanchando no país. Faltam projetos e sobram recla-mações no setor, que cobra do governo incentivos para desenvolver o mercado. Produzir energia solar custa até seis vezes mais do que a geração hidrelétrica. O custo com energia solar varia entre R$ 500 e R$ 600 por megawatt-hora. Representa até quatro vezes mais do que o preço da energia eólica, outra fonte limpa e renovável. O megawatt-hora da energia oriunda dos ventos varia entre R$ 150 e R$ 200. A MPX obteve incentivos do governo do Ceará que possibilitaram a constru-ção da unidade. “Mas precisamos ter escala. No mundo, a tecnologia solar vem avançando muito, com incentivos e pesquisa”, afi rma Marcus Temke, diretor

de operações e implantação da MPX.

Custo Para o presidente da Abeama (Asso-ciação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente), Ruberval Baldini, o custo da energia solar pode fi car no mesmo patamar da energia eólica, em franca expansão. Mas isso, ressalta, não vai acontecer de forma natural. “O Brasil tem feito de tudo para que as energias renováveis caminhem sozinhas. O pró-prio governo diz que é necessário que a tarifa caia para os projetos saírem do papel. Isso só vai acontecer se o governo agir para que os preços caiam” , observa. Produtores chineses de equipamentos têm interesse em se instalar no país. A vinda deles, porém, está condicionada à demanda por material ligado à geração solar. Temke lembra que há investidores estrangeiros com intenção de estabe-lecer parcerias, de olho na obtenção de créditos de carbono para mitigar a emissão de gases em outros países. Apesar de ser o segundo lugar do planeta com maior incidência de raios solares, o Brasil está muito distante da Espanha e da Alemanha, cujas ca-pacidades instaladas em energia solar superam os 2.000 MW. “Estamos 20 anos atrasados na energia solar”, sen-tencia Baldini. Mauricio Arouca, especialista da Coppe/UFRJ, diz ser um contrassenso o Brasil não aproveitar sua condição privilegiada. Lembra que os custos da indústria, em geral, vêm caindo 15% a cada ano. “Temos aqui apenas testes e casos em regiões bastante isoladas”, afi rma Arouca.

Eike Batista constrói a primeira usina solar comercial do país

[ T E C N O L O G I A ]

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Plantas medicinais

Vanessa Brasil - Museu Goeldi

Fruto de extensa pesquisa e ex-periência botânica produzida por mais de 30 anos, a terceira

edição do livro Plantas Medicinais na Amazônia apresenta informações científi cas e da cultura popular colhidos pela pesquisadora do Museu Goeldi, Maria Elisabeth van den Berg. Com ilustrações e tabelas, a publicação expõe nomenclaturas, descrições e usos de 31 famílias botânicas que contem espécies medicinais, visando oferecer uma base de dados científi cos confi áveis para o incremento de pesquisas na área. Ao longo das suas 266 páginas, o livro busca resgatar e sistematizar cerca de 365 espécies vegetais conhecidas e utilizadas na Amazônia, com a preocu-pação de mostrar o seu lugar dentro dos grupos taxonômicos, atualizando a sua classifi cação botânica. De acordo com a autora, foi comprovada a necessidade desse estudo devido ao grande número de nomes vulgares que defi nem espécies diferentes de plantas, o que induziria ao erro e provável problema no uso de medicamentos com tais espécies. Exemplos disso são a “erva de passarinho” que designa duas espécies diferentes, assim como o “elixir paregó-rico”, e a “alfavaca” que abrange pelo menos três espécies. Além dessas, também são descritas na publicação espécies como as pimentas de macaco e do reino, o cipó d’alho e o alecrim, entre muitas outras. Elaboração - “A idéia [do livro] era disponibilizar a todas as pessoas

interessadas, seja do ponto de vista cultural, preservacionista, comercial ou industrial, uma contribuição útil e precisa dos nossos recursos, tão cantados e debatidos, às vezes de modo superfi cial e equivocado”, explica Elisabeth van den Berg no prefácio desta terceira edição. Segundo a ex-diretora do Museu Goeldi Ima Vieira, que assina a apresen-tação desta edição, desde a sua primeira edição em 1982, o livro é referência para estudiosos, professores, estudantes e a sociedade civil em geral. “Tenho a convicção que esta obra clássica fi cará para a história da produção científi ca

brasileira, e estimulará a realização de outros estudos desse gênero”, afi rma Vieira. O material estudado durante a elaboração da pesquisa que gerou a publicação, em sua maior parte, é oriunda da coleção viva da autora, de coletas realizadas em feiras, a exemplo da Feira do Ver o Peso em Belém (PA), ou em outros estados da Amazônia Legal. Esse material está depositado nos herbários do Museu Goeldi e da Embrapa Amazônia Oriental. A publi-cação foi ilustrada por Carlos Alvarez e a foto da capa é de Maria Lúcia Morais.

Publicação coloca ao alcance do público resultados de discussões com cientistas e experiência acumulada sobre as plantas de uso medicinal da região Amazônica

[ H E R A N Ç A ]

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[ C R I A T I V I D A D E ]

O que você faria com 1500 caixas de cerveja?

Texto traduzido e adaptado do inglês e do alemão por Bosco Carvalho

Henri Schweynoch, estu-dante da Universidade de Ciências Aplicadas de

Detmold, Alemanha desenvolveu o conceito do extraordinário “Boxel” pavilhão. Foram usadas 1.500 caixas de cerveja vazias. O pavilhão é parte do curso de criação de estruturas a partir da modelagem no computa-dor. O resultado é um pavilhão em escala real, que foi utilizado durante o verão, como um excelente local para exposições, festas e apresentações musicais. A construção foi feita um uma semana, a partir de caixas de cerveja doadas por uma cervejaria local. As-sim que o pavilhão for desmontado, as grades de cerveja serão recicladas. A parte superior da estrutura foi estabilizada com parafusos e ripas. Concreto foi usado para a parte inferior. Para a inauguração, dia 15 de julho passado, compareceram o Reitor da Universidade, Prof. Tilmann Fischer, assim como Simone, Friederike e Renate Strate, diretoras da fábrica de cervejas Strate, que disponibilizou os engradados. Infelizmente o pavilhão não resistiu muito e desmoronou após algumas semanas ao ar livre. Possível causa: “cansaço” do material, segundo a asse-soria de imprensa de faculdade. Mas de qualquer forma, como era somente um projeto experimental, todos os envolvidos puderam aprendar algo a respeito.

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Ano novo,sustentabilidadenova

Vilmar S. D. Berna

[ A R T I G O ]

As pessoas podem se dividir por seu grau de in-teresse - ou desinteresse. Por mais que alguns se interessem, têm outros que não ligam, e não

exatamente por que não se importam, talvez, por não perceberem tão claramente os riscos, ou então por acharem que a situação não é tão grave. Outros ainda podem não se interessar por achar que já sabem tudo o que precisam saber, ou que não vale a pena saber mais, ou por comodidade mesmo, pois saber dá trabalho, custa tempo e dinheiro, exige esforço, motivação e disposição de se expor a debates e correr o risco de ter as idéias questionadas. Existem pessoas que têm medo de pensar ou agir de forma diferente da maioria para evitar serem rejeitadas ou discriminadas. Outras podem achar que pensar dói, especialmente quando são obrigadas a reverem conceitos e visões de mundo que já não se adequam mais às novas realidades, mas que são crenças consolidadas há muito tempo. Ou quando são obrigadas a encarar os fatos e descobrir que muitos dos problemas atuais foram criados por suas próprias culpas e responsabilidades, por conta de escolhas equivocadas que fi zeram ou que prosseguem fazendo. Por outro lado, pessoas interessadas geralmente são líderes, e tanto podem ser parte da solução, por estarem comprometidos com a mudança, quanto po-dem trabalhar para manter as coisas como estão. Por isso, não temos de aceitar de pronto o que dizem os líderes, na empolgação do momento ou pela beleza dos discursos e promessas, pois podem ser falsas ou nos conduzirem ao desastre. Hitler não chegou aonde chegou se não tivesse a capacidade de encantar seu público.

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[ A R T I G O ]

Os quatro pilares Os responsá-veis por definir e aplicar regras

e políticas devem saber levar em conta

o grau diferenciado de interesses dentro

de um coletivo, adotan-do outras estratégias

para obter maior efi cácia na ação, principalmente

quando envolve mudanças. Por exemplo, em primeiro

lugar, assegurando espaço para a comunicação, ampla, geral e

irrestrita, pois boa parte das pesso-as muda de atitude simplesmente ao tomar conhecimento das novas regras. Ser efi caz em comunicação não é falar a mesma coisa para todo mundo, mas primeiro identifi car os diferentes graus de interesse de cada público afetado e depois buscar a melhor mensagem, linguagem e forma para se comunicar,

partindo da percepção e interesse de cada público e não da percepção do comunicador. Em segundo, as políticas para a sustentabilidade devem assegurar acesso à educação ambiental, pois às vezes não basta saber sobre as novas regras, é preciso saber o que fazer e como fazer para se adequar a elas, e que novos valores e capacidades serão requeridos pela nova situação. Em terceiro lugar, assegurar meca-nismos de incentivo para estimular as pessoas e as organizações, reconhecendo o esforço daqueles que saíram na frente. Em quarto e último lugar, desen-volver mecanismos justos e efi cazes que permitam punir sem desestimular a vontade de mudar. Sabemos que a verdadeira mudança ocorre de den-tro para fora, entretanto, o que fazer quando alguns escolhem descumprir as regras deliberadamente depois de já terem recebido as informações, a sensibilização, a capacitação e os in-centivos necessários? A sociedade não

pode fi car refém de quem escolhe não mudar e deve dispor de mecanismos de ajustamento de conduta, até como forma de ser justa com os que escolheram agir dentro das novas regras.

O papel da resistência Por outro lado, o direito de desobe-decer, desde que pacifi camente, deve ser reconhecido e respeitado, embora não deva livrar os desobedientes das penas previstas. Os que desobedecem e resistem sabem dos riscos que correm, mas às vezes assumem tal postura por ser a única forma de serem ouvidos. Os que resistem também cumprem um importante papel social para o processo e mudança. Poderão ser os lideres do amanhã, assim como os lideres de hoje foram os resistentes ou desobedientes do passado. Toda inovação pressupõe certo grau de infração às regras, caso contrário, apenas chegaríamos aos mesmos lugares que outros já chegaram antes.

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[ A R T I G O ]

Radiografi a da mudança A vida é em rede, e as mudanças também. A força de uma rede não se mede pela forca de um de seus fi os, mas pelos entrelaçamentos dos fi os e nós. Numa rede não existe uma cabeça mais importante. Qualquer um numa rede pode se tornar o líder ao escolher agir e, dependendo de suas escolhas, poderá reforçar ou enfraquecer a rede. Os líderes importantes não são os que vão à frente, mas os que vão junto, que ajudam a reforçar a rede, o coletivo, o grupo como um todo, preocupando-se em sensibilizar, conscientizar, mobilizar os demais. Líderes assim devem ser valorizados. O processo de mudança entre um modelo de desenvolvimento predatório e injusto para outro, justo e sustentável, por exemplo, não se dará por força do acaso muito menos pela ação de pessoas desinteressadas e desmotivadas, mas ao contrário. Será por obra e escolha deliberada de pessoas interessadas que em vez de se deixarem paralisar por qualquer razão ou desculpa, decidem descobrir um jeito de superar as difi culdades. Na vida nada é permanente e, assim como as velhas idéias que serviram no passado devem ser substituídas pelas novas idéias de hoje, certamente, as novas idéias também serão muda-das com o tempo, pois a única coisa permanente que existe é a própria mudança. No início, a mudança pode parecer imperceptível, quase um pequeno desvio à regra ou mesmo uma desobediência, como os tropeiros empreendedores que começaram o mercantilismo fa-zendo comércio por fora dos muros das cidades feudais, nos lombos dos burros, sujeitos a todo tipo de rapina e assumindo grandes riscos. Venceram e se tornaram os poderosos de hoje, substituindo os poderosos do passado. Hoje, esta nova forma de ver e organizar o mundo, que foi inovadora e moderna em relação ao sistema feudal

da Idade Média, tornou-se velha e trouxe a humanidade à beira de sua maior crise socioambiental global ao colocar produção e o consumismo exacerbados acima da ética, do hu-manismo e dos limites da natureza.

Os desafi os da sustentabilidade Fomos capazes de mudar no passado. Seremos capazes de mudar novamente. E o novo que chega se chama sustentabilidade, talvez ainda uma idéia em aperfeiçoamento e por isso mesmo ainda mal compreendida, mas que indica um desvio em relação ao sistema que nos trouxe até aqui. Os sinais da sustentabilidade já podem ser notados nas idéias, promessas de boas práticas, em maior ou menor grau, aqui e ali. Eles nos permitem olhar para o futuro com esperança. O desafi o, entretanto, é não saber-mos direito de quanto tempo ainda dispomos antes de um difícil, mas não improvável colapso ambiental planetário, que poderia colocar em risco a vida como a conhecemos. Entretanto, isso não deve nos assustar porque não temos mesmo alternativas. Precisamos tomar coragem para nos levantarmos e agir, rompendo com a inércia. Enquanto ainda temos tempo. E, assim que der, aumentar o ritmo e a velocidade da caminhada.

Vilmar S. D. Berna

Vilmar é escritor com 15 livros publica-dos. Na Paulus, publicou “Como Fazer Educação Ambiental”, “Comunicação Ambiental”, “O Desafi o do Mar”, “O Tribunal dos Bichos”, entre outros, e nas Paulinas, “Pensamento Ecológico” e “A Administração com Consciência Ambiental”, transformados em curso à distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, rece-beu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e em 2003 o Prêmio Verde das Amé-ricas. É fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br) e editor do Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br) e da Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org.br). Mais informações sobre o autor: www.escritorvilmarberna.org.br.

ESTE É O “NATAL” QUE OS GOVERNANTES PRESENTES NO COP16 NOS DESEJARAM!

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A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) tem realizado um trabalho de excelência na preservação de áreas verdes de Goiânia. Em 2005 haviam 6 parques implantados na cidade. Em dezembro de 2010 já são 26. O trabalho sério na preservação deu a Goiânia o reconhecimento de “Capital Brasileira com Melhor Qualidade de Vida” e número um em áreas verdes.

Con� ra os resultados em: www.amma.goiania.go.gov.br