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    QUEDA E SALVAOPREFCIO .......................................................................................................................... 1

    INTRODUO

    O PROBLEMA DO CONHECIMENTO .............................................. 6I. ESQUEMA GRFICO: INVOLUOEVOLUO ................................................. 23

    II. A SABEDORIA DA LEI ............................................................................................... 37

    III. A TICA UNIVERSAL ............................................................................................... 52

    IV. NEGATIVIDADE E POSITIVIDADE ........................................................................ 65

    V. PRINCPIOS DE UMA NOVA TICA ........................................................................ 84VI. O ERRO E SUA CORREO .................................................................................. 103

    VII. MECANISMO DA CORREO DO ERRO .......................................................... 117

    VIII. EVOLUDO E INVOLUDO .................................................................................. 135

    IX. DETERMINISMO DA LEI ....................................................................................... 146

    X. DINMICA DO PROCESSO EVOLUTIVO ............................................................. 162

    XI. IMPULSOS DA EVOLUO ................................................................................... 179

    XII. O FENMENO QUEDA-SALVAO ................................................................... 201

    XIII. UMA ETICA PROGRESSIVA ............................................................................... 215

    XIV. NVEIS EVOLUTIVOS E TIPOS BIOLGICOS................................................. 235

    XV. TCNICA DO FENMENO DA REDENCO ...................................................... 255

    XVI. AJUDA DE DEUS E MISSO ................................................................................ 273

    XVII. AS ESTRATGIAS DO BEM E DO MAL ........................................................... 288

    XVIII. CONCEITO DE MORTE PARA O EVOLUIDO E O INVOLUDO ................ 301

    Vida e Obra de Pietro Ubaldi (Sinopse) ........................................................................... 318

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    Pietro Ubaldi QUEDA E SALVAO 1

    PREFCIO

    Este livro foi iniciado no inverno de 1959. Em julho desse ano, fui convi-

    dado a proferir uma conferncia em So Paulo e logo comecei a tomar no-

    tas, mas elas foram rapidamente aumentando, at que compreendi tratar-seda recepo de um novo volume, que agora estamos aqui apresentando. Era

    de fato um caudal de ideias novas que estava chegando. Outra coisa norestava seno apressar-me em registrar tudo por escrito, antes que elas de-

    saparecessem. Assim, de um trabalho febril, executado quase todo durante anoite, nasceu este livro.

    Eu havia sido pego desprevenido pela inspirao. Ao invs de uma pales-

    tra, o resultado foi um livro. Sem ter planejado nada de antemo, nasceu um

    trabalho ordenado, segundo um plano lgico e unitrio. A primeira ideiaque surgiu em minha mente foi a viso sinttica do esquema da figura apre-sentada neste livro, na sua forma mais simples, constituda pelo eixo central

    XY e os dois tringulos invertidos, um positivo (vermelho) e o outro negativo

    (verde). No entanto, medida que observava essa viso, ela ia cada vez mais

    se enriquecendo de pormenores, apresentando sempre novos problemas, queexigiam solues, as quais chegavam assim que a minha curiosidade de sa-

    ber formulava novas perguntas. Parecia que eu estava seguindo uma lgicapreexistente, ao longo de um caminho j traado. No me restava outra al-

    ternativa seno admitir que se tratava de uma verdade completamente pron-ta, antes mesmo de eu conhec-la, a qual ia, pouco a pouco, apenas desco-

    brindo-se aos meus olhos.Mais exatamente, a tcnica receptiva deste volume, registrado em portu-

    gus, foi composta de trs fases: 1a) Uma rpida compilao por escrito,

    mo, registrando em suas linhas gerais o conjunto de toda a concepo, com

    uma viso sinttica do esquema geral do trabalho; 2a

    ) Nova leitura do textoinicial, observando atentamente a viso nos seus pormenores, controlando a

    exatido da primeira percepo e ampliando-a agora em todos os seus aspec-

    tos; 3a) Transcrio mquina deste segundo rascunho, onde se realizou, com

    a segunda leitura, a traduo da viso em palavras, cuidando-se da lngua,melhorando-se a forma e focalizando-se com mais exatido cada expresso

    particular, para controlar e ter certeza que a palavra correspondesse viso.Assim, o trabalho se desenvolveu indo do geral para o particular, do conjunto

    para os pormenores, primeiro em forma de sntese e depois de anlise. Para

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    me apoderar completamente da viso e domin-la em todos os seus aspectos,tive de me aproximar progressivamente dela, atravs de trs degraus sucessi-

    vos de observao: 1o) Uma leitura panormica, de longe, poder-se-ia dizer

    telescpica. 2o) Uma leitura comum, mais de perto, a uma distncia normal,

    poder-se-ia dizer a olho nu. 3

    o

    ) Uma leitura minuciosa, a curtssima distncia,poder-se-ia dizer microscpica.

    Assim nasceu este volume, como consequncia das teorias expostas em AGrande Sntese,Deus e Universo e O Sistema. Cada um deles, como tambmo presente, a continuao lgica do precedente. Quando acabo de escreverum livro, tenho a impresso de ter esgotado todo o assunto, havendo dito altima palavra a seu respeito. Mas, depois, apercebo-me que tudo vai conti-

    nuando e que aquela ltima palavra s a primeira de um novo livro. Quando

    chegar ao fim deste volume, tambm terei a impresso de ter esvaziado o de-psito do meu conhecimento a respeito do tema tratado, entretanto verificarei,depois, que o ponto atingido, mesmo parecendo ser de chegada, de fato o

    ponto de partida do volume seguinte. E assim por diante. Na lgica do pensa-

    mento que fui registrando naqueles livros, o presente trabalho representa a

    fase do controle experimental e das aplicaes prticas daquelas teorias, paraver se a realidade dos fatos corresponde aos princpios gerais nelas afirma-

    dos. Assim, tudo vai sendo controlado racionalmente. E fazer isso um dever.Quem prega uma teoria aos outros ele mesmo o maior responsvel pelas

    afirmaes feitas, porque deve possuir a certeza e a garantia da verdade pre-gada. Quem ensina no pode simplesmente acreditar cegamente nas teorias

    que afirma aos outros, mas deve controlar cada passo, para certificar-se queno est sustentando fantasias, e sim verdades. Ele tem de conhecer e oferecer

    as provas concretas, submetendo tudo ao teste da experimentao. Deve ob-servar as consequncias das teorias, entrar nos seus pormenores e comparar

    seus resultados com a realidade dos fatos, estando sempre pronto a repudiar oque no resiste a esse exame, aceitando qualquer objeo e resolvendo toda

    dificuldade, para que tudo se torne claro, lgico e demonstrvel.

    Chegando hoje a este ponto, podemos compreender a lgica do desenvol-

    vimento do pensamento que nos conduziu at este volume, Queda e Salvao.O Sistema havia completado a viso de A Grande Sntese e Deus e Uni-

    verso. Os choques, porm, dos primeiros anos brasileiros chamaram a mi-nha ateno para o mundo terreno da realidade biolgica. Eis ento que tive

    de olhar de outro ngulo, no mais voltado para o cu, e sim para a Terra.

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    Depois de ter estudado e resolvido o problema da criao e das primeirasorigens, foi necessrio estudar e resolver o problema da sobrevivncia do

    homem evanglico no inferno terrestre, do evoludo em contato com as fero-

    zes leis da animalidade humana. Essa foi a origem de onde nasceram os dois

    livros: A Grande Batalha eEvoluo e Evangelho. Tudo isto nos levou en-to ao problema da conduta humana em geral, surgindo assim a necessidadede resolv-lo. Aps o desenvolvimento realizado nos livros: Deus e Universoe O Sistema, o assunto tratado foi sempre mais se ampliando nos seus as-pectos humanos, de natureza terrena e prtica. Nasceram, assim, mais doislivros,A Lei de Deus e Queda e Salvao. Eles representam dois graus dife-rentes de aproximao do problema da conduta humana ou da tica. No

    primeiro, o assunto foi tratado de modo geral, acessvel, prtico, mais pr-

    ximo compreenso do homem comum e de sua vida de cada dia, porqueesta era a forma mais adaptada para palestras na rdio. No segundo, omesmo assunto foi ampliado e aprofundado em relao a outros pontos de

    referncia, no mais em funo das necessidades e vantagens imediatas da

    vida humana atual, mas em funo dos princpios universais fundamentais e

    da salvao do ser no plano geral da criao. O presente volume, Queda eSalvao, pode ser assim considerado como uma ampliao do outro, A Leide Deus, tratando ambos do mesmo assunto, mas em formas diferentes, co-mo j foi mencionado anteriormente.

    Eis o fio que liga, de um polo ao outro do conhecimento, estes livros numnico desenvolvimento lgico, segundo um pensamento unitrio, que vai sem-

    pre continuando e se renovando. Podemos assim compreender qual foi o ca-minho que nos levou at Queda e Salvao. Neste volume, no se trata mais,como no precedente, A Lei de Deus, de consideraes a respeito da condutahumana, mas sim da construo de uma verdadeira tica racional, que, em

    vez de ser fruto dos impulsos do subconsciente da maioria e das interpreta-es das vagas afirmaes das revelaes religiosas, o resultado positivo de

    uma lgica cientfica e, por isso, tem valor real e universal, constituindo um

    produto das leis da vida, verdadeiras para todos, independente do tempo, da

    raa e da religio de cada um. O escopo da presente obra formular e afir-mar esta nova tica, como uma norma de conduta mais inteligente e adiantada

    para os evoludos de amanh.Infelizmente, a tica atual, na sua tentativa de disciplinar os baixos instin-

    tos da cobia, do sexo e da luta para vencer, representa mais um desabafo dos

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    impulsos primordiais da vida do que uma regra para o indivduo se coordenarem funo de finalidades superiores no seio de uma unidade orgnica, futuro

    estado da humanidade. Neste livro, ns, apelando ao sentido prtico que to-

    dos possuem e a um clculo utilitrio compreendido por todos, queremos de-

    monstrar quanto seria mais vantajoso praticar uma regra de vida mais civili-zada, menos primitiva e feroz. Com isto, buscamos possibilitar, em paralelo

    ao mundo atual, que se tornou mais poderoso pela cincia, o surgimento deum outro, melhor pela inteligncia e pela bondade. As geraes atuais talvez

    no compreendam isto. Mas nosso objetivo atingir as futuras geraes, maisaptas compreenso, porque, tendo sido selecionadas no prximo expurgoterrestre, estaro amadurecidas pelas grandes dores que nos esperam, as

    quais tm o poder de abrir os olhos aos cegos.

    Impelido pelo desejo irresistvel de encontrar este mundo melhor, parame evadir do selvagem estado atual, procurei desesperadamente outro lugar.Sufocado pela terrena atmosfera de engano, egosmo, esmagamento e igno-

    rncia, fugi em busca de sinceridade, bondade, honestidade e conhecimento.

    Tive de viajar muito, mas encontrei o que procurava. Atrs dos bastidores

    desta pea humana de teatro, suja e trgica, apareceu-me uma essncia maisprofunda e verdadeira: a realidade do esprito. Quando tive diante dos olhos

    o plano geral do universo, o horrvel presente se completou num melhoramanh, trazendo uma radiante viso de conjunto, em que a futura felicida-

    de justificava os sofrimentos atuais. A certeza de que, atravs da irrefrevelvontade da lei de Deus, este futuro melhor estava garantido criatura

    amargurada pela dor e deveria, por isso, fatalmente tornar-se realidade pa-ra ns um dia, encheu meu corao de esperana. Vislumbrei ao longo do

    caminho das ascenses humanas a lenta e fatal aproximao do reino deDeus, em que Ele triunfa, vencedor das trevas. Esta foi para mim uma gran-

    de descoberta, que me encheu de alegria. Significou uma descoberta maravi-lhosa ter chegado a perceber dentro de cada coisa a imanncia de Deus, no

    de um Deus a quem se costuma orar s com a boca ou no qual se tem de

    acreditar por medo, nem de um Deus s esttua e imagem, mas sim de um

    Deus que sentimos presente em toda a hora e lugar, vivo e operante entrens, pai que nos ama e nos ajuda a viver e a subir para o nosso bem. Final-

    mente foi possvel sair da nvoa das lendas, da fantasia, da ignorncia e daf cega. Finalmente uma viso clara do nosso destino, um apoio slido, um

    caminho certo e uma meta segura, encontrando a verdadeira vida.

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    Tudo isto no caiu de graa do cu, mas foi o fruto de um duro trabalhode amadurecimento, de macerao interior e de sofrimentos profundos. Mas

    este fruto est aqui, e a minha alegria agora oferec-lo aos que sofrem e

    lutam para subir, meus companheiros na viagem da vida, a fim de lhes mos-

    trar o caminho da felicidade e explicar-lhes que possvel atingi-la, vivendoconforme a lei de Deus.

    So Vicente (So Paulo), Brasil.

    Natal de 1960

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    INTRODUOO PROBLEMA DO CONHECIMENTO

    Antes de iniciar este novo livro, apresentaremos, numa viso de conjunto,um rpido resumo do sistema filosfico desenvolvido por ns at hoje, na I e

    na II Obra de doze volumes cada uma, que estamos acabando. Esta exposiosinttica poder ser til como premissa para orientar o leitor a respeito do novotema, que iremos desenvolver neste livro.

    Entremos rapidamente no assunto. Qual o nosso sistema filosfico? Nose trata de uma construo lgica artificial, para formar um castelo de concei-tos e teorias abstratas fora da realidade, mas sim de uma viso positiva, ade-rente aos fatos e cientificamente controlvel, que abrange todos os aspectos daexistncia e d respostas s perguntas mais relevantes para a vida, podendo-se

    dizer que ele resolve o problema do conhecimento, dando-nos, pelo menos nassuas linhas gerais, uma orientao definitiva. A filosofia deveria responder aestas perguntas fundamentais, tais como: por que existimos, por que nascemos,vivemos e morremos, por que sofremos, de onde viemos e para onde vamos?H um funcionamento orgnico no universo, mas quem o dirige? O movimen-to de tudo o que existe est orientado para uma dada finalidade, mas qual oprincpio que tudo guia para ela e qual o plano de todo esse trabalho? Qual oseu resultado final? Se estamos seguindo um caminho, a coisa mais importante conhec-lo. Como podemos percorr-lo sem saber para onde ele vai? E, seestamos desesperadamente fugindo da dor e procurando a felicidade, qual omeio para realizar aquilo que mais almejamos? Um sistema filosfico destetipo representa a vantagem de nos oferecer em todos os campos uma orienta-o que, embora no resolva todos os pormenores dos problemas, permite en-cararmos os assuntos particulares sem ter de construir hipteses por tentativas,proporcionando um caminho pr-ordenado, no qual somos dirigidos pela viso

    de conjunto anteposta nossa pesquisa. Veremos agora qual o mtodo quetorna possvel atingir esta viso.O filsofo moderno tem de ser no somente um construtor de castelos lgi-

    cos, mas tambm um cientista, um matemtico, um bilogo, um historiador,um socilogo, um moralista, um parapsiclogo etc., porque assume a posiode quem, colocando-se acima de todos os ramos do conhecimento humano,tem a tarefa de fazer deles uma sntese que oriente e encaminhe para a unidadeos resultados das tantas conquistas analticas em que o conhecimento est hoje

    fracionado. Ento o valor de um sistema filosfico pode ser avaliado pelo grau

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    de unificao por ele atingido, pela medida na qual ele conseguiu revelar edemonstrar, alm das aparncias da superfcie, a substancial coordenao que,na profundidade, funde num s princpio tudo o que existe.

    Surge agora, como dizamos, o problema do mtodo que nos permita alcan-

    ar esses resultados. A filosofia antiga afirmou e a cincia moderna demons-trou que estamos vivendo num mundo de aparncias. Os sentidos, que repre-sentam o meio para chegar ao conhecimento da realidade, ficam apenas nasuperfcie, sem saber atingir a verdadeira essncia na profundidade. Comopoderemos chegar at l?

    O homem possui dois mtodos de pesquisa: o dedutivo e o indutivo. Atra-vs do primeiro, que se realiza pela inspirao, intuio ou revelao, o ho-mem, antecipando a evoluo e colocando-se acima das pequenas coisas do

    contingente, pode atingir os princpios gerais, para deles descer aos casos par-ticulares, que so enfrentados e resolvidos somente como consequncia douniversal. Acontece, porm, que a pesquisa conduzida neste nvel no nos co-loca diretamente em contato com a realidade dos fatos, que o nico meio decontrole da verdade dos princpios gerais. Utilizando o segundo, que o mto-do positivo da cincia, com base na observao e na experimentao, o homempermanece no terreno objetivo da realidade, procurando chegar ao conheci-mento da verdade atravs do levantamento de hipteses a partir daquela basesegura, at confirm-las com o apoio dos fatos, em teorias positivamente de-monstradas. Desse modo, segue-se um caminho inverso ao precedente. Em lu-gar de se descer do geral para o particular, sobe-se do particular para o geral.Assim o pesquisador permanece diretamente em contato com a realidade dosfatos. As verdades atingidas so exatamente controladas, no entanto so parci-ais, fragmentrias e relativas, ficando fechadas no particular, de onde no seconsegue sair seno depois de um longo e duro trabalho para subir ao universal.

    O primeiro mtodo d resultados vastos, mas no controlados. O segundod resultados positivos, mas restritos. Para resolver o caso por nossa conta,usamos outro mtodo, que poderia ser entendido como uma combinao dosdois, utilizando assim as vantagens de ambos, tanto do dedutivo, que trabalhapor sntese, como do indutivo, que trabalha por anlise.

    Em outras palavras, usamos num primeiro momento o mtodo outrora em-pregado pelas religies, com base na revelao, que mais exatamente chama-mos de intuio ou inspirao, enquanto, num segundo momento, usamos o

    mtodo positivo da cincia, que se apoia no controle objetivo por meio da ob-

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    servao e da experimentao. Deste modo, chegamos primeiramente a umaorientao geral, que nos indica como dirigir a nossa pesquisa, e, depois, reali-zamo-la em contato com os fatos, para controlar se a intuio, que aceitamosapenas como hiptese de trabalho, corresponde realidade. Colocamos assim

    o fruto da inspirao no banco do laboratrio das experimentaes, como fa-zem o fsico e o qumico, quando, observando o funcionamento dos fenme-nos, descobrem as leis que os regem. Temos usado este mtodo de controletambm no campo moral e espiritual, observando o funcionamento da lei deDeus, atravs dos efeitos de nossas aes no bem ou no mal sobre o desenvol-vimento dos destinos. Pudemos chegar assim a uma tica biolgica racional,no mais emprica, e sim positiva, baseada nas leis da vida. Com isso, foramalcanadas novas concluses, que nos levaram bem longe.

    O problema agora consiste em explicar como funciona esse mtodo da in-tuio ou inspirao. Entramos aqui no campo da parapsicologia. Nesta bre-ve exposio, podemos apenas resumir as concluses. Julgo que o grau deconhecimento depende do nvel de amadurecimento evolutivo atingido peloser que o concebe. Desde tempos anteriores ao surgimento do ser humano,todos os problemas j esto resolvidos e tudo est funcionando. O homem,portanto, no cria nada, mas apenas descobre a verdade, aprofundando sem-pre mais a sua pesquisa, para conseguir ver o que j existe por si mesmo,independente dos recursos perceptivos utilizados. A verdade obra eterna deDeus, e no do homem. Ela sempre esteve e sempre estar toda escrita noabsoluto. E o homem, situado no relativo, vai gradualmente, por aproxima-es sucessivas, abrindo os olhos, conseguindo ler cada vez um pouco maisda verdade, em proporo sua sensibilizao e compreenso, dadas peloseu grau de amadurecimento evolutivo.

    Ento o problema do conhecimento , antes de tudo, uma questo de evolu-o do instrumento humano. No se trata de um verniz cultural pintado porfora e colado no crebro por leitura de livros, mas trata-se de um amadureci-mento profundo, preparado s vezes pelos choques da vida, com o sofrimentoe a consequente elaborao ntima do subconsciente. Trata-se de um fenmenoque se realiza para alm dos comuns processos da lgica, num plano de vida edimenso super-racionais. Quando o ser est maduro, o conhecimento aparececomo revelao, em forma de viso interior, que enxerga at onde o raciocnio

    no alcana. Expliquei nos meus livros como, espontaneamente, fui levado a

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    Por esse processo, Deus gerou a primeira criao. Ele tirou da Sua prpriasubstncia as individuaes de tudo o que existe. Ele as tirou de Si, porquenada pode existir fora e alm de Deus, que tudo. E todas ficaram em Deus,porque nada pode sair do todo. Portanto todas as criaturas so feitas da subs-

    tncia de Deus e, pelo fato de no terem sado Dele, existem em Deus, umavez que a criao no podia ser exterior, mas somente interior a Deus.A primeira criao de Deus originou-se, ento, do resultado de trs momen-

    tos: 1o) O pensamento; 2o) A ao; 3o) A obra, no instante em que a ideia, pormeio da ao, atingiu a sua realizao. Aqui temos a obra terminada, na qual aao gerou a expresso final da ideia originria do primeiro momento.

    Tudo assim continuou existindo em Deus, como antes da criao, mas, ago-ra, de maneira diferente, no mais como um todo homogneo, indiferenciado,

    e sim como um sistema orgnico de elementos ou criaturas, no centro do qualest Deus, regendo-o com Seu pensamento, que chamamos Lei, pois const i-tui a regra da existncia de todos os seres, dirigindo tudo.

    No h tempo agora para entrar na demonstrao da verdade destas afir-maes, nem para dar provas ou aprofundar o assunto nos pormenores, comofoi feito nos trs primeiros livros acima mencionados. Falamos de primeiracriao? Por qu?

    Nas aproximaes que conseguimos alcanar em nossa representao hu-mana da ideia de Deus, colocamos o conceito de perfeio. A lgica das coi-sas impe conceber um Deus perfeito e, por conseguinte, uma Sua obra tam-bm perfeita. Ora, o nosso universo representa, porventura, uma obra perfei-ta? Nele existem a desordem, a ignorncia, o erro, o mal, a dor, a morte, eessas coisas parecem mais o resultado de um emborcamento de Sua obra. Setemos de admitir que a obra de Deus deve ser um sistema perfeito, vemos deoutro lado que o nosso universo est colocado nos antpodas da perfeio,

    possuindo qualidades opostas. Se o Sistema de Deus representa a positivida-de, em nosso universo nos encontramos, pelo contrrio, num Anti-Sistema,que representa a negatividade.

    Temos, ento, dois termos opostos: o Sistema, de sinal positivo, cujo centro Deus; e o Anti-Sistema, de sinal negativo, cujo centro Satans, o Anti-Deus. Ora, como nasceu o Anti-Sistema? Que impulso o gerou? No todo, noexistia seno Deus, e Nele estavam todas as criaturas. Tudo isto representava oestado perfeito do Sistema, no fim da primeira criao, obra direta de Deus.

    Ora, se de Deus, que perfeito, no pode sair o imperfeito, absurdo que a

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    Pietro Ubaldi QUEDA E SALVAO 11

    perfeio de Deus possa ter gerado o Anti-Sistema, cujas qualidades so opos-tas s Dele, no nos restando outra escolha para justificar o fato positivo e ine-gvel da presena do Anti-Sistema, seno atribu-lo nica outra fonte queexistia no Sistema, isto , criatura. Mas, se ela atribui tanto mal a Deus, isto

    explica e at mesmo prova a sua revolta, porque lanar a culpa nos outros sempre o desejo instintivo do rebelde, ainda que isto, como neste caso, repre-sente o maior absurdo possvel. Tudo isso somente pode ser explicado se ad-mitirmos que, na primeira criao, tenha acontecido uma alterao introduzidapor esse outro impulso existente no Sistema, o nico ao qual, no sendo ele deDeus, possvel atribuir a causa da formao de um sistema contrrio, isto ,imperfeito. Tudo isto se mostra verdadeiro, pois podemos verificar que a im-perfeio encontrada em nosso universo representa o emborcamento exato da

    perfeio do Sistema e das suas qualidades positivas, agora levadas para onegativo. Em relao primeira criao, estamos no seu polo oposto, e istonos indica que no se trata de uma criao nova, realizada com princpios no-vos, mas simplesmente de uma cpia emborcada e corrompida da primeira.

    Eis ento que aparece racionalmente justificvel a hiptese da desobedin-cia das criaturas lei de Deus, e o fato de j ser conhecida pelo homem atra-vs da intuio e de ter sido, desde a mais remota Antiguidade, afirmada pelasreligies, por meio da revelao, oferece-nos uma confirmao da teoria darevolta e da queda, que s agora possvel ser apresentada com base na evi-dncia dos fatos e demonstrada logicamente, at s suas ltimas consequn-cias, como fizemos em nossos livros. Pelo fato de se referir a um mundo queno pertence ao nosso relativo e de estar alm de todas as nossas possibilida-des de observao e experimentao, tal teoria no diretamente controlvelem si mesma. Podemos, no entanto, control-la atravs de seus efeitos, queconstituem o nosso universo e a nossa prpria vida, cuja forma e funcionamen-

    to s deste modo podem ser explicados e justificados. E lgico que assimseja, porque o Anti-Sistema, onde ns vivemos, exatamente a consequnciados deslocamentos realizados no Sistema, com a revolta. Esta teoria foi assim,em nossos livros, submetida a controle racional. Observando muitos fenme-nos e fatos, vimos que eles confirmam em cheio essa interpretao da primeiraorigem de nosso universo, cuja estrutura fsico-dinmico-psquica, transfor-mismo evolutivo e ltima finalidade, se no fossem relacionados com essascausas primeiras, permaneceriam um mistrio inexplicvel.

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    Deixemos agora o Sistema, isto , o universo espiritual incorrupto, ondeDeus permaneceu no Seu aspecto transcendente, como causa e centro de tudo,junto com as criaturas que no desobedeceram, e olhemos para o Anti-Sistema, ou seja, o universo material e corrupto das criaturas rebeldes, onde

    estamos e no qual, presente no Seu aspecto imanente, Deus permaneceu paraguiar tudo salvao, orientando e dirigindo o ser decado, curando o que setornou doente, reconstruindo o que foi destrudo, endireitando com a evoluoo que se emborcou, reorganizando o caos em que tudo caiu. Sem essa presenade Deus, a salvao no seria possvel. Explica-se assim o conceito de reden-o. No existe no universo outra fora salvadora pela qual o se r pudesse serredimido. Eis que, saindo dos princpios gerais, vamos aproximando-nos dassuas consequncias prticas, que podemos controlar em nossa vida e para as

    quais, assim, encontramos uma explicao.Devido ao mau uso da liberdade que a criatura possua porque feita da

    substncia de Deus, de natureza livreocorreu a desobedincia Lei, e, por umautomtico jogo de foras, o qual no possvel explicar aqui, iniciou-se o afas-tamento dos rebeldes atravs do fenmeno da involuo, que originou o caos,dando incio ao nosso universo. Apareceu assim, no relativo, uma nova maneirade existir, constituda pelo tornar-se, ou vir-a-ser, ou transformismo, pela qualnada pode existir seno encerrado em uma forma que se modifica constante-mente. A perfeio ficou longe no Sistema, nada mais existindo dela seno anecessidade de recuper-la e o caminho da evoluo, que reconduz a ela.

    No dualismo que nasceu assim, surgiu ento um fato novo: o movimento detransformao, realizado nos dois sentidos, de involuo e de evoluo. Foraminiciadas duas corridas em direes opostas: uma para a negatividade do Anti-Sistema, como consequncia da queda, e outra para a positividade do Sistema,como consequncia e continuao do primeiro impulso criador, que busca re-

    cuperar e salvar tudo, levando de volta fonte: Deus. Dois movimentos opos-tos e complementares, que constituem as duas metades inversas do mesmociclo: ida e volta, descida e subida, doena e cura, afastamento e retorno, em-borcamento e endireitamento, involuo e evoluo, onde a segunda fase so-mente possvel e explicvel em funo da primeira.

    Eis, ento, que o quadro geral do fenmeno da queda, em seu conjunto,compreende um circuito completo de ida e volta, ao qual chamamos ciclo.Este ciclo se divide em dois perodos: a fase da descida, chamada involuo, e

    a fase da subida ou ascenso, chamada evoluo. Cada perodo divide-se em

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    trs fases, que so: esprito, energia e matria, apresentadas nesta ordem suces-siva no perodo da descida, ou involuo, e na ordem inversa no perodo dasubida, ou evoluo, que o nosso.

    O perodo involutivo parte da fase esprito, que representa o estado origin-

    rio ou ponto de partida, de onde se inicia a descida. Enredado no processo in-volutivo, o esprito sofre uma transformao por contrao de dimenses, pelaqual sendo demolidas as qualidades positivas do Sistema tambm ele, oesprito, fica demolido at fase energia. Atravs da continuao deste proces-so na mesma direo, a energia chega fase matria, transformao que fe-nmeno j conhecido pela cincia moderna. Temos assim, diante dos olhos, astrs fases do primeiro perodo, chamado involutivo: esprito, energia, matria.

    No fim desse perodo, a substncia que constitui a parte corrompida da es-

    fera do Todo-Uno-Deus, no Seu terceiro aspecto de Filho, inverteu todas assuas qualidades originrias positivas em qualidades negativas. Assim, a causaoriginria exauriu-se, produzindo todo o seu efeito, e o impulso da revolta seesgotou. Neste ponto de mxima inverso dos valores positivos e de mximasaturao de valores negativos, no Sistema invertido, o processo se detm. Atransformao em direo involutiva, ou de descida, cessa. Nesse momento,Deus retoma a Sua lenta ao de atrao para Si, como centro de tudo.

    Iniciou-se assim aquele longussimo processo de subida, no qual vivemoshoje, que o segundo perodo, inverso e complementar, chamado: evoluo.Enquanto o primeiro perodo, dado pela queda ou involuo, significou a des-truio do universo espiritual e a criao ou construo do nosso universofsico, esse segundo perodo, dado pela subida ou evoluo, significa a des-truio da matria como tal e a reconstruo do originrio universo espiritual.Estamos agora neste segundo perodo do ciclo, o evolutivo. Aqui, o caminho inverso do precedente. Se a descida foi do esprito para a energia, chegando

    at matria, agora a subida vai da matria para a energia, voltando at aoesprito. A soma dos dois perodos forma o ciclo completo, feito de um mo-vimento que se fecha, dobrando-se sobre si mesmo. No conjunto, a correoneutraliza o erro, a expiao reabsorve a culpa e, assim, tudo volta ao seulugar. No fim, acima de tudo, triunfa a perfeio de Deus, que, tendo previstotudo, acaba por reconstruir e salvar tudo.

    A estrada queA Grande Sntese nos mostra aquela percorrida pelo ser nosegundo perodo do ciclo, o evolutivo. Aquele livro nos explica o caminho

    ascensional da evoluo, partindo da matria, a sua origem, e progredindo

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    atravs das formas de energia, depois de vida mineral, vegetal e animal, subin-do sempre, at alcanar o homem, seu esprito, seu mundo social e moral, in-dicando o seu futuro em mais altos planos de existncia. O perodo involutivo,precedente ao nosso atual,A Grande Sntese aceita como fato consumado, sem

    indagar-lhe as causas e antecedentes. O seu objetivo somente o trecho quevai do Anti-Sistema ao Sistema. Nisto, aquele livro segue o mesmo mtodo daBblia, onde a gnese tambm comea com a criao da matria, sem explica-es sobre como isto pde acontecer e o que houve antes. Assim, o assunto setorna mais compreensvel, porque abrange apenas o nosso atual trecho de exis-tncia, que o homem pode compreender melhor.

    A viso apareceu completa no livro Deus e Universo, abraando o ciclo to-do, nos seus dois perodos, o involutivo, de ida, e o evolutivo, de volta. Porm,

    nesta primeira exposio do esquema geral do fenmeno, no foi possvel en-trar em pormenores para tudo explicar e provar. Assim, o livro deixou muitosleitores em dvida, porque no compreenderam.

    Chegou depois o volume O Sistema. A sua tarefa foi fixar as ideias desen-volvidas em vrios cursos sobre esse assunto, respondendo s objees queneles foram apresentadas pelos ouvintes. Entrando em maiores pormenores,procuramos oferecer naquele livro novas provas da verdade sobre a teoria, afim de controlar tudo, fazendo contato com a realidade de nossa vida, na qualse encontram as ltimas consequncias daquela teoria. Se tivesse havido erro,este exame e o contnuo controle da teoria deveria t-lo mostrado. Se no apa-receu, ento porque a teoria, ao invs de ser desmentida, foi confirmada pe-los fatos, que correspondem verdade.

    Eis, em sntese, o quadro geral de nosso sistema filosfico. O primeiro vo-lume,A Grande Sntese, fica assim enquadrado na viso dos dois, muito maisvasta. Se aquele livro representa uma sntese cientfico-filosfica, os outros

    dois so uma sntese teolgica. Mas o primeiro no esgotou todo o assunto,porque no se pode admitir um processo evolutivo por si s, como efeito nojustificado por uma causa precedente, como um movimento isolado, sem omovimento oposto, no qual ele encontra a sua contrapartida, que o equilibra.

    Este sistema filosfico nos ofereceu um ponto de referncia, o Sistema, que

    representa o absoluto. Sem isto, o contnuo transformismo de tudo o que existeno relativo de nosso universo no teria nenhum ponto de apoio nem meta final

    a atingir que justifique e sustente aquele transformismo. Ele nos fornece, as-

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    sim, a explicao para muitos acontecimentos, inexplicveis de outra maneira.E o valor de um sistema filosfico pode ser avaliado em funo dos fatos queele desvenda. Explica-se, tambm, a origem de nosso relativo, do vir-a-ser, daevoluo, da imperfeio encerrada na perfeio, dos limites do espao e do

    tempo no seio da eternidade e do infinito. Uma evoluo assim orientada parao seu telefinalismo adquire um sentido lgico, permitindo por seu intermdio amanifestao da obra salvadora de Deus em favor da criatura decada. O maiorfenmeno de nosso universo resulta, deste modo, dirigido para um objetivo de-finido, sem o qual a evoluo se tornaria um caminho sem meta, iniciado semrazo, para ser percorrido fatalmente, como uma condenao no merecida.

    Assim, a presena do mal, da dor e da morte, qualidades prprias da negati-vidade de nosso mundo, que no podem ser produto direto da obra de Deus,

    encontram a sua razo de ser, sem nos fazer cair no absurdo de admitir quetudo isto tenha sado das mos de Deus, o que demonstraria a sua maldade, oupelo menos falta de sabedoria. Assim, a contradio entre opostos, que oprincpio no qual se baseia a estrutura e o funcionamento de nosso universo,encontra a sua explicao e justificao dentro da lgica de Deus, a qual ficainatingvel e ntegra, acima dos absurdos gerados pela revolta. Desta forma, asabedoria domina o erro, a ordem sobrepuja a desordem, o bem prevalece so-bre o mal, a vida senhora da morte, o endireitamento supera o emborcamen-to, a salvao corrige a revolta, o Sistema senhor do Anti-Sistema, Deus superior ao anti-Deus, Satans.

    Neste sistema filosfico, a grande ciso do dualismo, em que o nosso uni-verso aparece inexoravelmente despedaado, fica sanada, pois se encontraenclausurada dentro de um monismo maior, que a abrange e a encerra dentrode si. Fica salvo assim o supremo principio da unidade do todo, onde reinaDeus, um s Deus, em cujas mos est todo o poder, que no compartilhado

    com outro anti-Deus, nem despedaado no dualismo, como infelizmente apa-receu a vrios telogos e filsofos que ficaram na superfcie das aparncias,sem compreender. Com a revolta, a desordem nasceu, mas no saiu da ordem;o caos surgiu, mas permaneceu controlado por Deus; o mal surgiu, mas ficouapenas como sombra do bem. O segundo termo do dualismo no seno umafuno menor do termo originrio, que permaneceu como eixo fundamental,em volta do qual aquele continua a rodar. O ponto central permaneceu, e tudocontinua a gravitar em torno dele. A ciso da unidade entre dois opostos no

    somente lhe interior, mas tambm constitui fenmeno temporrio, que, pela

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    prpria estrutura da obra de Deus, automaticamente tende para a sua soluo.De fato, logo que surge a doena, aparece o seu tratamento. Assim, o prprioerro da separao e involuo leva automaticamente evoluo, que o corrige,no havendo para o processo de emborcamento outra alternativa seno termi-

    nar no endireitamento.Na lgica desse sistema filosfico, fica resolvida a contradio de outramodo, impossvel de suprimirentre monismo e dualismo, dois fatos ineg-veis, que, embora aparentemente inconciliveis, necessrio pr de acordo,pois, caso contrrio, fracassa o princpio fundamental da unidade do Uno-Tudo-Deus.

    Fomos assim observando esse sistema filosfico de todos os lados e tive-mos de concluir que ele satisfaz todas as exigncias da razo, coordenando

    tudo num quadro lgico, onde tudo encontra a sua explicao e justificao.Ele, simplesmente demonstrando, convence sem deixar como resduo aquelespontos obscuros que, em razo do problema no ter sido equacionado na formacerta, precisam depois ser resolvidos fora, com dogmas e mistrios. Essesistema filosfico nos esclarece o significado de tudo o que nos cerca, at ssuas razes mais profundas, satisfazendo o nosso instinto de justia e nossodesejo de felicidade, que reconhecida como nosso direito, pois tudo progridepara ela. um sistema que, alm de saciar o corao, porque nos oferece umagrande esperana, tambm nos d de Deus um conceito completamente isentodas maldades carregadas pelo antropomorfismo. Oferece-nos de Deus umaideia na qual Ele permanece verdadeiramente bom e grande, apesar dos tantoserros e sofrimentos que, aos nossos olhos, parecem macular Sua obra.

    Temos agora, diante dos olhos, todo o caminho do ser, saindo do Sistema,onde Deus o criou, e viajando at ao Anti-Sistema, de onde Deus o traz salvao. Atravs do vir-a-ser involutivo e evolutivo, podemos agora seguir

    o roteiro que cabe a cada um percorrer, at atingir o ponto final de sua traje-tria. E, quando conhecemos o problema maior nas suas linhas gerais, pos-svel nos orientarmos a todo o momento em qualquer ponto de nossa cami-nhada, colocando no lugar que lhe cabe, no quadro geral, cada fenmeno,cada movimento do ser e cada fato particular de nossa vida. Eles, assim, pormenores que sejam, encontram a sua razo de ser, at longnqua primeiraorigem das coisas. S deste modo se poder viver inteligentemente, compre-endendo o sentido de tudo o que nos cerca e sabendo o que temos de fazer e

    por qu. Esta viso progresso, porque nos aproxima do estado orgnico do

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    Sistema, e tambm vantagem, porque nos reconduz felicidade plena. Tra-ta-se de uma filosofia sadia, que busca ajudar, admitindo o utilitarismo ho-nesto do homem de bem. uma filosofia que vem ao nosso encontro paranos salvar, mostrando-nos a ativa presena entre ns de um Deus bom, que,

    antes de tudo, nosso amigo e nos quer bem. Filosofia consoladora, pois nosfala com a forma mental do Sistema, que est no Alto, trazendo luz formamental do Anti-Sistema, para reergu-la at ele, aos nveis de vida mais adi-antados e felizes. Somos infelizes decados no caos, nas trevas, no mal, nosofrimento e na morte. Apesar de tudo isso, esta filosofia nos mostra que,mesmo se as aparncias nos levam a acreditar o contrrio, h ordem nas pro-fundezas do caos, h luz nas trevas, h o bem no mal; indica-nos que o so-frimento um meio para se chegar felicidade e que a morte serve para se

    ressuscitar numa vida sempre melhor. Assim vemos que, alm da injustia,domina a justia e que, acima da negatividade destruidora do Anti-Sistema,est a positividade reconstrutora do Sistema de Deus. Quo diferente e maiorse torna a vida, quando a vivemos em profundidade, em contato com Deus,com o mais poderoso centro vital do universo!

    A parte mais interessante deste sistema filosfico o seu aspecto prtico,

    quando descemos ao terreno das suas consequncias e aplicaes nos casosconcretos de nossa vida. pelo fruto que se conhece a rvore, neste terrenoque se pode medir o valor da teoria, quando, para controlar a sua verdade, acolocamos em contato direto com os fatos. Se ela nos orienta, explicando-noso significado das coisas, ento a realidade em que vivemos tem, por sua vez,de concordar com a teoria at s ltimas consequncias prticas, fundindo tudono mesmo sistema filosfico, que assim, embora tendo por base os longnquosprincpios abstratos do absoluto, pode ser vivido em todos os seus pormenores

    em nossa vida mida de cada dia.Isto o que ns mesmos temos procurado fazer de duas maneiras: 1a) Ob-servando e controlando, por mais de meio sculo na minha vida, se os aconte-cimentos vividos por mim e pelos outrosconfirmavam a interpretao filosfi-ca do universo oferecida por esta teoria; 2a) Coordenando e analisando, racio-nal e logicamente, os frutos destas observaes, para construir uma nova nor-ma de conduta humana, uma tica no mais emprica, como as que ainda vigo-ram, no mais fruto do desabafo de instintos, mas sim positiva, apoiada no

    conhecimento e na compreenso do problema, filha da lgica dos fatos, racio-

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    nalmente demonstrada at primeira fonte da qual deriva, fundada sobre basescsmicas que a justificam; uma moral biolgica, derivada diretamente das leisda vida, e no da vontade do legislador ou dos instintos das massas.

    Este trabalho foi realizado em vrios livros meus, sobretudo nos ltimos

    quatro que se seguiram ao volume O Sistema, que completa at agora a expo-sio da teoria filosfica. Eles so: A Grande Batalha,Evoluo e Evangelho,A Lei de Deus e o presente, QuedaeSalvao.

    Tudo isto nos autoriza a acreditar que este sistema filosfico no fantasia,uma vez que os fatos o justificam e, quanto mais o controlamos, tanto maisvemos que ele corresponde realidade. Por mais que se queira negar e no ver,esto a para dar testemunho toda a minha vida, os acontecimentos da vidaalheia e milhares de pginas escritas.

    Este sistema filosfico fica valorizado, porquanto representa as premissascsmicas racionais de uma norma para a vida humana, norma justificada porser elaborada em funo das origens e funcionamento do universo. O trabalhode construir um tal sistema no fica to somente no terreno abstrato e terico,no representa apenas a produo filosfica de um castelo de ideias, mas sedirige para a realizao do melhoramento das duras condies da vida humana,demonstrando que elas so, em grande parte, devidas ao fato de ignorarmos ocaminho correto que deveramos percorrer. Sendo assim, o trabalho destaconstruo filosfica no tem somente escopo e sentido intelectual, mas tam-bm sublimao, uma vez que seu objetivo beneficiar o homem e, ao mesmotempo, libert-lo o mais rpido possvel dos seus sofrimentos.

    O fruto til de tudo isto, para ns, ter descoberto a existncia de uma leique representa o pensamento e a presena de Deus em nosso mundo. Esta leidirige tudo, funcionando continuamente para cada um, e todos esto sujeitos aela, no importando se a conhecem ou no, se a admiram ou se a negam. Tra-

    ta-se de uma lei cujo contedo ou seja, princpios diretivos, impulsos de aoe reao, tcnica de funcionamento e objetivo final a atingir possvel des-cobrir. Essa Lei viva e operante entre ns, sempre presente e em ao. Elano s pensamento, mas tambm uma poderosa e irrefrevel vontade de rea-lizao. Eis o que nos mostrou a viso da teoria geral deste sistema filosfico.Isto o que, nestes nossos livros, vamos estudando e expondo como resultadode nossa investigao, conduzida com o mtodo positivo da cincia: a obser-vao e a experimentao, que aplicamos minha vida e s vidas de outros,

    colocando o contedo delas sobre a bancada do laboratrio desta nova tica

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    experimental, para calcular os efeitos de cada movimento nosso no terreno dadinmica moral e espiritual.

    Ns temos estudado essa lei porque o seu conhecimento nos ensina as re-gras da conduta certa, revelando-nos assim o segredo para evitar a sua reao,

    que chamamos: dor. S quem conhece a Lei pode viver orientado, porquecompreendeu o significado da sua vida at s suas primeiras origens e ltimasfinalidades, em funo da gnese, estrutura e supremos objetivos do funcio-namento orgnico do todo. O universo um sistema inteligentemente dirigido,ento, para quem quer viver nele com o menor dano e a maior vantagem pos-svel, lgico que deva se comportar com inteligncia e conscincia, resol-vendo todos os seus problemas, inclusive os pequeninos de toda hora, em fun-o da soluo dos problemas mximos, dos quais os menores dependem. S

    conheceremos a razo e a finalidade de tudo o que somos e fazemos, se tiver-mos nas mos a chave de nosso destino e, com ela, a possibilidade de constru-lo da forma que melhor quisermos. Com os nossos pensamentos e atos, livre-mente semeando as causas, ficaremos fatalmente amarrados s consequncias.

    A Lei representa uma construo lgica, que pode ser estudada como seestuda uma teoria matemtica. Com este escopo, fizemos neste volume umesquema grfico, representando, em sntese, uma expresso geomtrica dosprincpios fundamentais que regem o funcionamento da Lei. possvel, por-tanto, medir o valor quantitativo e qualitativo dos diferentes impulsos quemovimentam o ser e as correspondentes reaes da Lei. O ser livre para semovimentar vontade, mas, logo depois, as foras da Lei se apoderam destesmovimentos, guiando-os fatalmente aos seus efeitos. Eles so calculveis,porque esto regidos por princpios de equilbrio e justia bem definidos. ALei inteligente, poderosa e sensvel. No h movimento que no se repercu-ta nela, no h impulsos ou sucesso de deslocamentos que no sejam perce-

    bidos por ela e aos quais ela no reaja. A Lei quer a ordem do Sistema, e noo caos do Anti-Sistema.Em sua substncia, a reao da Lei no seno a continuao de nosso pr-

    prio impulso, que ricocheteia e se volta contra ns, devolvendo-nos o que nslanamos aos outros. Assim, cada fora que, em sentido negativo, projetamoscontra o prximo, transforma-se numa fora inimiga, que se volta contra nspara nos agredir, e cada fora que, em sentido positivo, projetamos a favor doprximo, transforma-se numa fora amiga, que retorna a ns para nos favore-

    cer. A concluso sempre a mesma: recebemos de volta o que lanamos aos

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    outros. Pode-se ento estabelecer o seguinte princpio da Lei: Quem faz obem, assim como quem faz o mal, acaba por faz-lo a si mesmo.

    No campo de foras do todo, so possveis trs impulsos fundamentais: odo Sistema, positivo, o do Anti-Sistema, negativo, e o do ser, indeciso, ora

    dirigindo-se num sentido, ora no outro. A positividade do Sistema est em lutacontra a negatividade do Anti-Sistema, filha da revolta, para corrigir a desor-dem, reconduzindo-a para a ordem. A negatividade do Anti-Sistema est emluta contra o Sistema, para destru-lo e substituir-se a ele. O ser existe atual-mente dentro desse dualismo de impulsos opostos. Porm, dos dois termos, omais poderoso o Sistema, onde Deus permaneceu em seu aspecto transcen-dente, ao mesmo tempo em que continuou presente tambm no Anti-Sistema,para salv-lo, dirigindo-lhe os movimentos no processo evolutivo. Assim o

    dualismo no s temporrio, mas tambm est fechado dentro da unidade,que ficou ntegra no monismo, senhor de tudo.

    Ento tudo dominado pela Lei, que expressa a positividade do Sistema, oprincpio de ordem, de equilbrio e de justia. neste campo de foras que oser est livre para se movimentar, mas s em funo da vontade da Lei. Estaquer realizar os seus princpios, estabelecidos pelo Sistema, que ela represen-ta. Ento, em cada movimento seu, o ser tem de levar em conta a presena daLei, que, embora o deixe livre, est sempre o impulsionando para frente, paraque ele volte ao Sistema. Mas ele tambm pode dirigir-se no sentido oposto,para o Anti-Sistema, agindo no conforme a vontade da Lei, mas contra ela.No primeiro caso, em razo do ser colocar-se na corrente das foras da Lei, por ela ajudado. No segundo caso, pelo fato de querer andar contra aquelacorrente, a Lei se ope e reage.

    Eis a relao que existe entre os trs impulsos fundamentais que se encon-tram no campo de foras do todo. O mundo, no entanto, no quer levar em

    conta um fato essencial, pelo qual, se ele est livre para se dirigir ao Anti-Sistema, que o mal, tem fatalmente de receber o choque da reao por parteda Lei, porque a vontade dela , pelo contrrio, levar tudo para o Sistema, que o bem. Nunca esqueamos que, acima dessa luta entre positividade e negati-vidade, est Deus, dirigindo tudo, e que assim, no final das contas, tudo tem dese desenvolver conforme a Sua vontade. Se assim no fosse, a evoluo repre-sentaria apenas uma tentativa incerta, que, se no alcanasse sucesso, acabariana falncia definitiva da obra de Deus, estabelecendo a derrota final Dele, que

    no teria conseguido salvar Sua obra com a evoluo, e isto significaria a vit-

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    ria definitiva do Anti-Sistema. Na lgica do desenvolvimento dos impulsos nocampo de foras do todo, absolutamente necessrio o aniquilamento total detoda a negatividade e o triunfo completo de toda a positividade, sem qualquerresduo negativo. Se qualquer trao do mal sobrevivesse, isto representaria a

    derrota de Deus, que o bem. Todos os efeitos da queda tm de ser destrudosdefinitivamente, realizando-se a reconstruo integral do Sistema.Este, em sntese, o terreno dentro do qual se movimenta a nossa conduta

    tica, num jogo de aes e reaes, entre os impulsos do ser e a vontade daLei, cuja presena nunca se deve ignorar. O ser age livremente, porque tem deexperimentar para aprender e subir, enquanto a Lei reage deterministicamente,para que o ser suba para o Sistema e nele encontre a sua salvao. O afasta-mento da Lei o que chamamos erro; a reao da Lei ao erro o que ch a-

    mamos dor. No esquema grfico, o comprimento da linha do erro, na dire-o da negatividade, expressa a medida do mal cometido, enquanto o compri-mento da linha da dor, que leva o ser na direo da positividade, nos expressaa medida do trabalho de endireitamento, necessrio para voltar ordem da Lei.O ser livre para cometer erros, mas tem de aceitar depois, forosamente, areao corretiva da Lei, cujos equilbrios no podemos violar sem que tenha-mos de devolver tudo justia de Deus, pagando s nossas custas.

    possvel assim estabelecer o princpio de reao nos seguintes termos:Cada ao do ser contra a vontade da Lei excita e gera uma reao inversae proporcional, de mesma natureza ou qualidade e de mesma medida ouquantidade.

    Estudando as regras que dirigem o funcionamento da Lei, podemos calcu-lar as fatais consequncias dos nossos atos, tornando possvel deste modo,com uma conduta mais inteligente, eliminar o mximo possvel das causasprimeiras de tantos sofrimentos, que so devidos, como agora podemos ver,

    ao fato de querermos colocar-nos fora do caminha certo da Lei. Mas o homemno sabe ou no quer saber estas coisas e continua errando e pagando. Noadianta explicar. Ento, para ensinar a um ser que tem de ficar livre, no resta,na inviolvel lgica da Lei, seno o azorrague da dor, que o raciocnio com-preendido por todos.

    Deus nos corrige com a dor porque Ele quer a nossa felicidade, no haven-do outro caminho para atingi-la seno seguir a Sua lei. E o desejo de felicidade o nosso instinto fundamental, mas a procuramos fora do caminho certo. En-

    to a Lei, que nos ama e protege, nos avisa com a sua reao e nos endireita,

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    constrangendo-nos com a dor a irmos para onde nos convm. O homem conti-nua rebelando-se, buscando uma vantagem onde, pelo contrrio, est o seuprejuzo. Mas a Lei, com grande pacincia, volta sempre a corrigi-lo e nopara de golpe-lo, at que a lio seja toda aprendida.

    Assim, o homem vai experimentando e aprendendo. A verdade que possu-mos um fenmeno em evoluo, portanto relativa e progressiva. Ns avamos conquistando por sucessivas aproximaes, medida que amadure-cemos. Compreenderemos assim cada vez mais o pensamento de Deus, queest escrito na Sua Lei, e alcanaremos um maior progresso, o qual nos per-mitir dirigir mais inteligentemente a nossa conduta, libertando-nos cada vezmais do sofrimento.

    Quisemos nesta introduo, para orientar o leitor, apresentar os conceitos

    fundamentais que desenvolveremos neste livro e, ao mesmo tempo, resumirnuma rpida sntesetanto no seu aspecto terico como no prtico, tanto nosseus princpios gerais como nas suas consequncias em relao nossa condu-ta na realidade da vida a estrutura de nosso sistema filosfico, que vai daprimeira criao realizada por Deus at concluso do ciclo involutivo-evolutivo, com a salvao final de todos os seres.

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    I. ESQUEMA GRFICO: INVOLUOEVOLUO

    Depois da precedente premissa orientadora, podemos agora entrar no assuntodo presente volume. Os aspectos bsicos das teorias que iremos aqui desenvol-

    vendo foram equacionados nos livros mencionados anteriormente: Deus e Uni-verso e O Sistema. O atual livro o terreno das suas consequncias e aplicaes.Focalizemos ento nossa ateno na figura apresentada na prxima pgina,

    que nos oferece geometricamente uma expresso mais exata e evidente dofenmeno da queda e salvao, por ns aqui estudado. Usamos a representaogrfica desta figura por se tratar de um recurso mais adequado para fixar emforma visvel, intuitivo-sinttica, os conceitos que iremos desenvolvendo.

    Esta figura nos d o esquema completo do processo de ida e volta do trans-

    formismo involutivo-evolutivo, que a base da estrutura de nosso mundo fe-nomnico, fornecendo-nos o diagrama do ciclo constitudo pela gnese, desen-volvimento e tratamento da doena da queda e ciso, que foi causada pela re-volta e deu origem ao estado material de nosso universo corrupto. O princpiofundamental do dualismo, no qual se baseia o esquema, a primeira impressoque nos salta vista nesta figura, dividida em duas partes opostas e equilibradaspela condio de recproco emborcamento. Quem no estiver ainda convencidoda verdade das teorias apresentadas nos dois livros, Deus e Universo e O Sis-tema, encontrar aqui no s novos esclarecimentos, que as explicam com mai-or clareza, mas tambm novas provas, que as confirmam ainda mais.

    J sabemos que, devido revolta e consequente queda, a unidade doSistema, ou todo orgnico em Deus, despedaou-se no dualismo Sistema eAnti-Sistema. Este processo de diviso chegou sua plenitude com a reali-zao do Anti-Sistema, que ficou, porm, sujeito a outro processo, agora dereunificao, o qual chegar sua plenitude com a reconstruo da parte

    decada, no seio do Sistema. Separao e reunio, destruio e reconstruo,doena e tratamento, descida e subida, sada e retorno, involuo e evolu-o, so estes os dois momentos que encontramos sempre opostos, num con-traste de foras rivais em luta para a supremacia. Justamente neste contrasteest a base do dinamismo de todo o processo, que vai, assim, amadurecendode uma posio outra, deslocando os seus elementos ao longo das posiesescalonadas pelo caminho a fora, at haver percorrido todo o trajeto, desde asua origem at sua concluso.

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    Este o conceito fundamental que domina o fenmeno por ns agora estu-dado: a ciso no dualismo. Temos ento duas foras bsicas em luta entre si,cada uma com o objetivo de vencer a outra, prevalecendo uma em cada fase, ado Anti-Sistema no perodo de descida, ou fase involutiva, e a do Sistema no

    perodo de subida, ou fase evolutiva. Estas foras so:1) O Sistema, que representa a positividade e os impulsos deste tipo, consti-tuindo as qualidades de afirmao: vida, sabedoria, amor, unidade, ordem,disciplina, felicidade etc. Este o lado de Deus, do esprito, do bem. Por isso osinal do Sistema + (positivo).

    2) O Anti-Sistema, que representa a negatividade e os impulsos deste tipo,opostos aos do Sistema, constituindo as qualidades de negao: morte, igno-rncia, dio, separatismo, desordem, revolta, sofrimento etc. Este o lado de

    Satans, da matria, do mal. Por isso o sinal do Anti-Sistema (negativo).Para nos expressarmos de maneira mais rpida, abreviamos a palavra Siste-

    ma com a letra S, e a palavra Anti-Sistema, que tambm teremos de usar mui-tas vezes, com as letras AS. Na figura, tudo o que pertence ao S est marcadocom cor vermelha, escolhida como a cor da positividade (+), e tudo o que perten-ce ao AS est marcado em verde, escolhida como a cor da negatividade ().

    A linha vermelha WXW1 representa a plenitude do S, constituindo a basedo tringulo WYW1, que contm o campo de foras positivas do S. A linhaverde ZYZ1 representa a plenitude do AS, constituindo a base do tringuloZXZ1, que contm o campo de foras negativas do AS. Este o terreno no daoriginria unidade do S, mas do dualismo em que fracassou o nosso universo.Por isso, todos os valores, impulsos e movimentos que vigoram no AS, reali-zam-se sempre em funo da oposio entre os dois sinais: + e .

    A figura simtrica e est dividida ao meio em duas partes iguais, no senti-do vertical, pela reta XY, comum ao tringulo vermelho do S e ao tringulo

    verde do AS. Marcamos uma linha central em verde, que representa o caminhode descida ou involuo, e outra em vermelho, que representa o caminho desubida ou evoluo, nossa atual fase.

    Esta figura nos oferece a representao completa da viso do fenmeno daqueda nas suas duas fases, ida e volta, pelas quais o ciclo se fecha, chegandonovamente ao seu ponto de partida original. Tendo perante os olhos esta repre-sentao grfica, adequada para fixar as ideias, poderemos estudar melhor ofenmeno nos seus pormenores. As duas cores diferentes nos permitem perceber

    primeira vista no s a natureza e a posio de cada ser, mas tambm o campo

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    ao qual ele pertence, positivo ou negativo. Os limites geomtricos da figura nosexpressam o conceito da presena da lei de Deus, que abrange tudo, inclusive odesmoronamento do AS, dentro dos seus limites, dirigindo com as suas normastodos os movimentos, retificando os erros atravs de suas reaes contra qual-

    quer violao e reconduzindo ordem tudo o que procurou afastar-se dela.Comecemos observando o ciclo nas suas fases de ida e volta. A figura con-tm dois campos de foras contrrias, as positivas e as negativas. Eis que elasse pem em movimento, determinando com isso uma srie de aes que exci-tam reaes opostas, proporcionadas e calculveis, as quais so expressadaspela figura atravs da posio e do comprimento das suas linhas.

    O ponto de partida do ciclo na sua primeira metade, correspondente faseinvolutiva, o ponto X, situado na linha vermelha WW1 do S. O ponto de che-

    gada daquela primeira metade involutiva do ciclo, o ponto Y, situado naoposta linha verde ZZ1 do AS. Aqui acaba a involuo. Mas este ponto de che-gada representa tambm o ponto de partida da segunda metade do ciclo, corres-pondente fase involutiva. Ento o ciclo, que tinha iniciado o seu movimentode descida involutiva no ponto X do S, vira-se agora ao atingir o ponto Y,situado no AS no sentido contrrio, endireitando o seu emborcamento, parainiciar o seu caminho de volta, subindo. O ponto de chegada desta segundametade evolutiva do ciclo o ponto X, situado na linha do S, de onde se iniciouo processo da descida involutiva. Mas qual o significado de tudo isto?

    Isto significa que, depois de ter-se esgotado, atingindo o seu objetivo,que a realizao do AS, o impulso inicial, realizado a partir do S em direoao AS, autoneutraliza-se e anula-se, seguindo um movimento oposto, pelo qual levado novamente ao seu ponto de partida, ou estado de origem no S. Tudose reduz deste modo a um erro corrigido, a uma temporria doena curada, aum afastamento compensado pela aproximao de volta, a uma positividade

    perdida e recuperada e a uma negatividade adquirida e repudiada, a um pro-cesso compensado de ida e volta, a um intervalo de imperfeio na eterna eindestrutvel perfeio de Deus.

    Tudo isto j foi dito naqueles dois livros, mas quisemos aqui acrescentar-lhe uma expresso grfica, mais evidente e exata. E, se temos falado de errocorrigido, foi porque procuramos salientar melhor este aspecto do fenmeno,pois um dos maiores problemas que teremos de encarar agora se refere rea-o da Lei para corrigir os nossos erros, com o qual entraremos no terreno da

    tica, nosso assunto atual. A este respeito, o fenmeno da queda representa o

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    primeiro e maior caso de erro cometido pela criatura e corrigido por Deus. Naqueda, temos o erro mximo, atrs do qual ecoam e se vo repetindo todos osoutros erros menores, que o ser repete a toda hora, ao longo de sua escala evo-lutiva, os quais veremos agora.

    Observemos primeiro o processo no momento do incio do ciclo, no pontoX do S, onde comea a viagem em descida para Y, ao longo da linha da invo-luo. Na linha WW1, o S se encontra na plenitude da sua positividade, en-quanto o valor efetivo da revolta apenas potencial, sendo o volume de nega-tividade apenas um ponto sem dimenses, situado na plenitude da positividadedo S. Mas eis que essa potencialidade vai ficando cada vez mais prxima doAS e, pouco a pouco, a revolta vai se concretizando. Este fato est expresso nafigura pela superfcie sempre mais ampla que, na descida, a revolta vai con-

    quistando e dominando, at atingir a plenitude de sua realizao, com umatotal inverso ao negativo na linha ZZ1, na qual o tringulo verde est comple-to, pois seus lados atingiram a abertura mxima. Assim, a negatividade, com oprocesso da involuo, vai cobrindo toda a superfcie do tringulo do AS, cujovrtice est em X e a base a linha ZZ1. No fim deste processo, o ponto X sedilatou sempre mais, at atingir as dimenses da linha ZZ1. A superfcie sem-pre maior, coberta pelo progressivo impulso da revolta ao longo da linha dainvoluo XY, representa a dilatao do campo de foras dominado pelo AS,que vai assim potencializando-se sempre mais, at atingir sua plenitude mxi-ma na base ZZ1 do tringulo. Neste ponto, o impulso da revolta atingiu a suacompleta realizao com a criao do AS, que o nosso universo material.

    O que acontece simultaneamente, ento, em relao ao S? Se o AS, no in-cio do ciclo, em X, encontra-se no estado puntiforme, com um valor apenaspotencial, o S se encontra, ao contrrio, na sua plenitude WW1. Por outro lado,se durante a descida involutiva, na gnese do AS, o ponto X foi ampliando

    sempre mais o seu campo de ao, at se tornar a plenitude ZZ 1, a linha WW1,ou plenitude do S, foi paralelamente contraindo sempre mais o seu campo deao, at se tornar o ponto Y. As duas transformaes inversas se realizaramuma em funo da outra, com a negatividade ganhando onde a positividadeperdia, num processo de emborcamentos simtricos das dimenses dos respec-tivos valores. O que era mnimo no S tornou-se mximo no AS, e vice-versa.Passou-se assim da plenitude da positividade plenitude da negatividade. Istoporque, no processo da queda, foi sendo realizada sempre mais a inverso das

    qualidades positivas do S nas negativas do AS. Alm disso, medida que se

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    dava o enfraquecimento do poder do S, ocorria o fortalecimento do AS. Issoat que, na linha ZZ1, o poder positivo do S, que era no incio expresso pelalinha WW1, ficou reduzido ao ponto Y, enquanto o poder negativo do AS, queera no incio expresso pelo ponto X, tornou-se a linha ZZ1. Tudo isto a figura

    nos indica com o aumento progressivo da extenso da superfcie ou campo deforas dominado pelo tringulo do AS, associado paralela diminuio daextenso da superfcie ou campo de foras dominado pelo tringulo do S.

    Tudo isto importante esclarecer refere-se ao fenmeno da queda ouciclo involutivo-evolutivo, originado no S e dizendo respeito somente partecorrompida, que dele quis sair, e no ao S todo, que permaneceu ntegro com aparte restante, no rebelde. Esgotamos at aqui somente a primeira parte destefenmeno, isto , a fase da queda. Observemos agora a sua segunda parte, in-

    versa e complementar, a outra fase do ciclo, constituda pela salvao. Por issoo ttulo deste livro: Queda e Salvao.

    Se a primeira parte do ciclo est constituda por um processo de inverso dapositividade da parte rebelde do S na negatividade do AS, a segunda parte constituda por um processo de endireitamento da negatividade do AS na posi-tividade do S, devolvendo ao S a parte corrupta que dele se afastou. Em Y,acabou o caminho da descida, ou involuo, e inicia-se o do regresso em subi-da, ou evoluo. Observando a figura, veremos que ela nos expressa todo oprocesso do ciclo, que contm, nos seus dois movimentos fundamentais, dedescida e de subida, quatro deslocamentos, isto :

    No movimento de descida: 1) O deslocamento do estado de nulidade da ne-gatividade do AS ao estado de plenitude daquela negatividade (gnese do tri-ngulo verde); 2) O deslocamento do estado de plenitude da positividade do Sao estado da nulidade daquela positividade (destruio do tringulo vermelho).

    No movimento de subida: 3) O deslocamento do estado de plenitude da nega-

    tividade do AS ao estado de nulidade daquela negatividade (destruio do trin-gulo verde); 4) O deslocamento do estado de nulidade da positividade do S aoestado de plenitude daquela positividade (reconstruo do tringulo vermelho).

    Eis que a segunda parte do ciclo, inversa e complementar da primeira,completa-o, concluindo a segunda parte do mesmo fenmeno. Se, na primeiraparte, como h pouco dissemos, passa-se da plenitude da positividade pleni-tude da negatividade, vemos agora que, na segunda parte do ciclo, passa-se daplenitude da negatividade plenitude da positividade. Ento todo o fenmeno

    da queda se reduz gnese do dualismo, constitudo pelos dois sinais opostos,

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    + e , fenmeno pelo qual, num primeiro momento, a positividade se tornanegatividade, gerando o AS, e, num segundo momento, a negatividade volta positividade, reconstituindo-se no S.

    O processo de endireitamento evolutivo, que corrige a precedente inverso

    involutiva do S para o AS, inicia-se na linha ZZ1, na qual o AS se encontra emsua plenitude e o S, representado pelo ponto Y, encontra-se reduzido a umapotencialidade. Estamos na fase do maior constrangimento da positividade eda maior expanso da negatividade vitoriosa. Mas, neste ponto, o originrioimpulso da revolta, que gerou a negatividade, aprisionando a positividade doS, esgota-se e o carter fundamental de cada um dos dois impulsos volta a pre-valecer. Ento o AS, que no pode deixar de seguir a sua natureza negativa,ser por ela levado a renegar a si mesmo, anulando-se como negatividade no

    caminho do regresso, processo ao qual levado tambm pelo impulso do S,que, por sua vez, no pode deixar de manifestar sua reao ao constrangimentosofrido dentro da negatividade do AS, afirmando a sua indestrutvel naturezapositiva, agora que o esgotamento do impulso contrrio se desvaneceu.

    Vemos ento que a negatividade, que quer continuar a ser negativa, e a posi-tividade, que quer continuar a ser positiva, de fato colaboram no mesmo sentidoda reconstruo. A negatividade, porque quer ser negatividade; a positividade,porque quer ser positividade. Maravilhosa sabedoria da Lei, que providenciatratamento e cura, prevendo tudo isto de antemo e pr-ordenando esse jogo deforas, que, automaticamente, leva salvao. Tcnica estupenda, pela qualvemos que o bem e o malo impulso positivo do bem e o impulso negativo domaltrabalham juntos para chegar ao mesmo resultado, que o triunfo do bem.

    Continuemos nossa observao. O processo, assim, vai-se desenvolvendo nasegunda parte do ciclo, at que a linha ZZ1 da negatividade do AS fica reduzidaa um ponto: X, enquanto o ponto Y da positividade do S vai-se ampliando at

    chegar linha WW1. Estes deslocamentos significam que o campo de foras doS, que se havia antes comprimido sempre mais, at sua anulao, agora vai-sedilatando cada vez mais, ganhando em superfcie, isto , potencializando-se atvoltar sua plenitude, enquanto o campo de foras negativas do AS, que sehavia anteriormente dilatado e potencializado sempre mais, at chegar suaplenitude, vai-se agora apertando sempre mais, at chegar sua anulao.

    Neste ponto, o ciclo se completa, fechando-se sobre si mesmo, porque atin-giu o seu ponto de partida. Assim, o emborcamento foi endireitado, a negativi-

    dade do AS foi reabsorvida na positividade do S, o caminho involutivo-

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    evolutivo est todo percorrido e tudo voltou, reconstrudo e saneado, ao seiodo S. Desse modo, os opostos se compensam e, em perfeita correspondnciana proporo de impulsos e movimentos, os dois caminhos a queda e a sal-vao equilibram-se, resolvendo-se na perfeita ordem da Lei. Tanto a cons-

    truo do tringulo verde do AS e a destruio do tringulo vermelho do S,geradas pelo processo de involuo ou descida XY, como a destruio do tri-ngulo verde do AS e a reconstruo do vermelho do S, geradas pelo processoda evoluo ou subida YX, esto graficamente expressas na figura, saltando vista ao primeiro olhar.

    Esta figura tem um significado profundo. Ela nos orienta, explicando a cau-sa, a razo e o objetivo do vir-a-ser universal, mostrando-nos as origens e oporqu do processo evolutivo em que vivemos. Ela nos deixa ver com que

    exatido geomtrica a sabedoria da Lei opera a salvao, uma vez que estcontido em sua ordem todo o desmoronamento da queda. Para compreender afigura, necessrio penetr-la nos seus movimentos de contrao e expanso,de criao e reabsoro de valores, no seu contnuo dinamismo regulador detodo o ciclo involutivo-evolutivo. Vemos ento, de X, um ponto sem dimen-so, nascer todo o campo de foras do AS e, igualmente, do ponto Y, o S vol-tar sua plenitude. A posio reciprocamente emborcada dos dois tringulos,S e AS, pela qual um diminui na proporo que o outro aumenta, at um desa-parecer na plenitude do outro, nos mostra quo ordenadamente a Lei tenhadirigido a desordem da queda no AS, at reconduzi-la toda ordem do S. Afigura nos mostra como, a cada ponto e posio ao longo da linha da involuoou da evoluo, corresponde uma proporcionada amplitude do campo de forasnegativas ou positivas dominado, amplitude expressa pela superfcie contidaentre os dois lados oblquos dos tringulos que se vo abrindo ou fechando. Po-de-se assim calcular, em cada ponto do seu caminho, a extenso do terreno do-

    minado pelos seres que o percorrem e o valor das foras possudas por eles, per-dendo num sentido e ganhando no noutro, conforme a direo do seu caminho.Assim, a figura no somente nos expressa com representao geomtrica

    espacial o esquema esttico do fenmeno, mas tambm o dinamismo que oanima e transforma a cada passo, da gnese anulao dos espaos vitais,seja do S seja do AS. Pela aproximao um do outro dos dois lados de cadatringulo, avizinhando-se pouco a pouco do vrtice, a figura, com o relativoestreitamento do campo de foras ou espao vital que o S ou o AS domina,

    apresenta-nos, expresso graficamente, em forma espacial intuitiva, o conceito

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    de anulao do S, ou destruio do AS. E, ao contrrio, com o afastamentodos dois lados dos tringulos e a relativa ampliao do campo dominado, afigura nos expressa o conceito de formao do AS, ou reconstruo do S. Sepensarmos no significado implcito no esquema, com as qualidades e conse-

    quncias de um tringulo prevalecendo sobre o outro, poderemos compreen-der quo vasto significado a figura contm e a importncia das concluses squais nos poder levar este estudo.

    Vamos continuar observando a nossa figura, para compreend-la cada vez

    melhor. Procuremos aprofundar sempre mais o nosso olhar no mistrio daestrutura do fenmeno do universo e dos abstratos princpios gerais que oregem. Poderemos assim penetrar os significados sempre mais ntimos de

    nossa representao grfica, as razes da sua estrutura e a tcnica do funcio-namento das suas foras.

    Temos at aqui observado, numa simples viso de conjunto, a figura em suaestrutura esttica, para ver como est construda. Estudamo-la depois em seudinamismo, isto , no desenvolvimento das duas fases, uma de ida e outra devolta. Estamos aprofundando e ilustrando em forma visvel, com exatido cadavez maior, os conceitos apresentados nos livros Deus e Universo e O Sistema,trabalho que possvel somente agora, pois o esquema geral j foi traado e osproblemas fundamentais esto resolvidos.

    Vimos em que consiste o processo involutivo-evolutivo, isto , as duas fa-ses do ciclo, com a ida e a volta. Explicamos que o movimento de descida ouafastamento do S, ao chegar no ponto Y, inverte-se no movimento de subidaou aproximao do S, at atingi-lo.

    Surge neste ponto uma pergunta espontnea. Por que motivo o processo daqueda, atingindo esse grau do seu amadurecimento, ao invs de continuar na

    mesma direo, volta para trs? A que fora se deve esse emborcamento doseu caminho? Como j dissemos, o fenmeno acontece assim porque o impul-so da revolta se esgota. Mas isto no basta para explicar. H mais ainda.

    A lei de cada impulso tende a progredir at atingir a plenitude da sua reali-zao. Quando, porm, essa realizao for atingida, o impulso no funcionamais. Ento dizemos que ele se esgota, porque, atingido o alvo, ele para. Istoporque, quando a causa tiver sido transformada toda em efeito, ela no existemais como causa e, com isso, anula-se o motor do processo. Quando o alvo for

    atingido, acaba a trajetria da viagem, que no pode continuar. Quando reali-

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    zamos uma obra, manifestando nela o nosso pensamento e nossa vontade fazendo o que se encontrava dentro de ns em estado potencial passar parafora de ns em estado atuala fora que tudo movimentou no pode continuaratuando. Como poderia continuar, se o objetivo foi atingido? Para continuar,

    precisaria determinar novo objetivo e novo impulso para atingi-lo. No h mo-vimento que possa continuar alm do seu ponto de chegada, a no ser inician-do outro caminho para outra finalidade.

    Ento, pela prpria lei que o fenmeno traz escrita dentro de si, tudo estautomaticamente pr-ordenado, de modo que, no ponto onde toda a positivida-de da parte rebelde do S se transformou na negatividade do AS, cumprindo-sea obra de construo do tringulo verde na linha ZZ1, o processo tem de pararforosamente e, se quiser continuar, no pode faz-lo seno mudando o tipo do

    seu movimento e iniciando outro caminho para outro objetivo.E que direo poder esse novo movimento assumir? Que outro tipo de cau-

    sa poder surgir dentro do efeito realizado? O novo impulso somente poderser determinado pelas foras disponveis naquele ponto do caminho ou desen-volvimento do processo. Mas o que se encontra naquele ponto? O impulso parao AS, uma vez que se realizou, esgota-se e assim, no possuindo mais fora,jaz exausto, inerte. Que outro impulso ativo, ento, poder surgir nesse ponto?

    Tal movimento s pode ser determinado pelo S. Enquanto o caminho XYconsumiu todo o impulso da negatividade devida revolta, realizou-se tambm,por esse mesmo processo de expanso construtora da negatividade do tringuloverde, uma compresso destruidora da positividade do tringulo vermelho. Dis-to se segue que, quando o processo chega plenitude do AS, a negatividadeatinge seu estado de expanso mxima, ou seja, de completo esgotamento etotal inrcia, enquanto a positividade alcana seu estado de concentrao m-xima, ou seja, de potencialidade e dinamismo mximos. Sendo o fenmeno da

    queda um jogo de emborcamento, sua vitria s pode resultar no fortalecimentoda reao evolutiva. justamente no ponto onde foi atingido o completo triun-fo da negatividade, que o impulso da positividade comprimida encontra algocomo uma parede, na qual bate e ricocheteia para trs. E esta barreira queconstrange o processo de emborcamento na negatividade a inverter-se, fazen-do-o endireitar-se na positividade, o prprio triunfo da negatividade.

    Isto nos permite pensar que se trata apenas de uma nova direo do mesmoimpulso, continuando no sentido contrrio, para percorrer o trecho comple-

    mentar do mesmo ciclo, do qual involuo e evoluo so duas fases consecu-

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    tivas. Ento a evoluo seria s a continuao do caminho da involuo. Seisto verdade, ento fato tambm que esse novo impulso deriva do S, cujaprevalncia sobre o AS s pode se manifestar no ponto Y, onde o caminho doAS est esgotado. assim que, em Y, comea a predominar o S. Desse modo,

    no ponto onde a negatividade atingiu a plenitude da sua realizao, a positivi-dade pode iniciar o seu trabalho, lento mas constante, que se realizar at re-conduzir tudo ao S, tudo redimindo na salvao final.

    Torna-se necessrio levar em conta tambm o fato de que, com a queda, foigerada e se iniciou a maneira de existir no relativo, sob a forma do vir-a-ser outransformismo. neste processo que o ser est situado agora, constrangido apercorrer o caminho do ciclo involutivo-evolutivo, no qual ele no pode parar.Ento a primeira condio para a sua sobrevivncia a continuao desse ca-

    minho. Se o fruto amadurecido pela queda no quiser ficar congelado na totalausncia de vidapois a vida estabelecida pela positividade necessrioque o movimento continue. Porm, se ningum, devido ao transformismo uni-versalque lei de vida e condio de existncia no relativo pode parar semmorrer, o ser no tem outra escolha, para continuar a existir, a no ser embor-car-se novamente, voltando ao positivo.

    Por que no h outra escolha? Porque no todo no existe outro modelo, ex-ceto o estabelecido pelo S. Este o modelo do Todo-Uno-Deus. A criatura no o Criador e, por isso, no tem o poder de gerar outros modelos. Tudo o queexiste tem de girar ao redor de Deus, estando includo e fechado dentro dosistema de foras da Sua obra. Outra obra no h, nem pode haver. Ento anica coisa que pode existir o sistema de Deus ou uma alterao daquelemodelo, porm jamais um novo. No possvel um sistema de outro tipo, umaordem diferente, mas apenas um deslocamento, uma desordem dentro da or-dem de Deus. Da o emborcamento gerado pela revolta. Quando tal fenmeno,

    pelo fato de se ter realizado, chega ao fim, nem por isso ele pode sair do siste-ma de foras do todo, que abrange tudo. Tudo est enclausurado neste sistemae nada pode existir fora dele. Se Deus tudo e este o modelo do todo, no possvel sair deste sistema. Por isso, quando o impulso da ida se tiver esgota-do, no lhe resta, para sobreviver, seno repetir o mesmo motivo do emborca-mento, invertendo-se para voltar atrs. Esta a razo pela qual a negatividadedo AS tem de endireitar-se na positividade do S.

    Observando a figura, vemos que, quando a negatividade atinge sua expan-

    so mxima, a positividade fica comprimida no ponto Y, acima do qual gravita

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    o tringulo vermelho, convergindo para aquele vrtice todas as suas foras. lgico que, neste ponto, onde mnimo o poder da negatividade (enfraquecidodevido sua maior expanso) e mximo o poder da positividade (fortalecidodevido sua maior concentrao, dado que o ser nada pode criar ou destruir),

    este ltimo prevalea sobre o primeiro, sendo exatamente este o ponto onde seinicia o caminho da volta.Comea assim o regresso. Por este automtico jogo de foras, contidas no

    prprio seio do processo, tudo continua desenvolvendo-se deterministicamen-te, pr-ordenado pela sabedoria de Deus, que, havendo previsto tudo, j tinhapreparado o remdio para o mal, caso a criatura viesse a desobedecer. Trata-sede leis que regulam todo o movimento do ser livre, dentro das quais estamossituados. Leis benfazejas e consoladoras, porque querem e sabem dirigir a lou-

    cura de um ser livre para a sua salvao. A compreenso desse processo deregresso do AS ao S nos mostra e garante que, no fundo do mal, o ser no po-de encontrar seno o caminho para o bem e que, no fundo da culpa, no podehaver seno o arrependimento, pois a Lei determina, no extremo do afastamen-to de Deus, o incio do processo de aproximao e, no mximo da revolta, ocomeo da obra de reconciliao.

    Chegamos ento a compreender e podemos aqui afirmar que existe uma leique poderemos chamar de lei do regresso, pela qual, obedecendo a um prin-cpio geral de equilbrio, tudo o que se afasta de Deus tem de retornar, retroce-dendo para trs, at ao seu ponto de partida, que se torna ento o ponto de che-gada em Deus, a nica referncia para tudo o que existe. Por esta lei de regres-so, a revolta no pode acabar seno na obedincia; o emborcamento, no endi-reitamento; a perdio, na salvao. A nossa admirao jamais ter limitesperante to profunda sabedoria, que faz o erro se resolver numa experinciapara aprender a verdade, o impulso para a subida despontar no fundo da desci-

    da e o caminho para a felicidade se abrir no mago do sofrimento.Assim, o ser, indiretamente constrangido por esta lei de regresso, no podedeixar de realizar a sua salvao. Em todo momento, seja qual for a posioatingida, ele permanece sempre filho do S, com as indelveis qualidades quepossua ali, as quais foram desviadas, torcidas na negatividade, mas nem porisso destrudas. O ser se tornou um exilado, mas a sua ptria permaneceu sem-pre o S. A sua natureza positiva se manteve, porm dela, no fundo da negativi-dade, no subsistiu para ele seno o vazio, a sensao de perda, a saudade e o

    choro do instinto insatisfeito. As qualidades positivas do S ficaram escritas na

  • 8/3/2019 19- Queda e Salvao - Pietro Ubaldi (Volume Revisado e Formatado em PDF para iPad_Tablet_e-Reader)

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    Pietro Ubaldi QUEDA E SALVAO 35

    sua alma, como anseio de vida e de felicidade na desesperada lembrana doparaso perdido. O desenfreado desejo de crescer fora da sua medida e da or-dem do S, lanou o ser no AS, onde ele ficou mergulhado s avessas, na nega-tividade. Assim, ele perdeu o seu tesouro, que ficou no S, e, quanto mais se

    aprofunda no AS, tanto mais fica ansioso para recuper-lo. Mas o ser rebeldee, ento, tenta busc-lo na descida, afastando-se sempre mais dele, perdendo apositividade, ao invs de recuper-la. Eis o que vemos de fato acontecer emnosso mundo. E, depois destas elucidaes, podemos compreender a irraciona-lidade de um trabalho assim to contraproducente.

    Mas eis que, para salvar a criatura desta loucura, intervm a sabedoria da leido regresso. Quanto mais o ser desce, tanto mais aumenta a carncia de tudo oque ela possua no S e, quanto mais ele empobrece, tanto mais aumenta o seu

    anseio de enriquecer novamente. Mas, quanto mais ele desce na negatividade doAS, tanto menos positividade ele encontra no seu ambiente e, com isso, tantomenos possibilidade tem para ficar satisfeito. Quanto mais ele se torna faminto,tanto mais se torna difcil satisfazer a sua fome. Quanto mais o ser procura per-severar na sua loucura de querer encontrar a positividade do S dentro da negati-vidade do AS, tanto mais ele fica trado e desiludido, porque, como lgico, noencontra seno o contrrio do que est procurando. No est tudo isto confirma-do pelos fatos que vemos acontecer em nosso mundo, a todo o momento?

    Mas o tormento deste mal-entendido no pode durar para sempre. Nadaconstrange a pensar tanto como a desiluso; nada acorda a inteligncia comoo sofrimento. Eis que, no meio de todas as dores, abre-se a mente fechadapelo orgulho, ento a alma comea a vislumbrar a luz de Deus, que chama delonge e, assim, inicia-se o caminho da volta a Ele. Quem filho Dele, feito daSua mesma substncia, no pode deixar de s-lo e, mais cedo ou mais tarde,acaba voltando ao Pai.

    Eis como o ser se encontra impulsionado a enfrentar o trabalho de recons-truo. A estrada longa e cheia de dificuldades. E no h como o ser fugir,uma vez que ele, como vimos, encontra-se mergulhado nesse jogo de foras.