pietro ubaldi Ó missionario

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Através de fotografias, legendas e textos ilustrativos o leitor vai conhecer a vida e a missão de Pietro Ubaldi aqui na Terra infância, juventude e maturidade. Cristo foi o centro da vida deste Missionário. Diz Pietro Ubaldi. “ O ser humano verdadeiramente rico e poderoso é dono de um bom destino”. Ele foi um homem que soube governar, com maestria, seu destino. Viveu e mostrou como se vive obediente à Lei de Deus. Como seguidor de Cristo e abraçando os ideais franciscanos, contemplou o seu passado e o seu futuro pleno de graças celestiais. Chegou ao fim da vida esperando o desenlace com alegria e tranquilidade. “Sei que verei o Cristo, na hora da morte, ao cumprir a minha missão, chancela final do meu trabalho, para tudo confiar nas Suas mãos. Ele apareceu no começo da Obra. Reaparecerá no fim”. Leia! É um livro de valor inestimável! - PIETRO UBALDI, O MISSIONÁRIO PIETRO UBALDI, O MISSIONÁRIO * 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100 0 5 25 75 95 100

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Page 1: Pietro Ubaldi Ó Missionario

Através de fotografias,legendas e textos ilustrativoso leitor vai conhecer a vida e amissão de Pietro Ubaldi aquina Terra infância, juventudee maturidade.

Cristo foi o centro da vidadeste Missionário.

Diz Pietro Ubaldi. “ O serhumano verdadeiramenterico e poderoso é dono de umbom destino”. Ele foi umhomem que soube governar,com maestria, seu destino.Viveu e mostrou como se viveobediente à Lei de Deus.

Como seguidor de Cristo ea b r a ç a n d o o s i d e a i sfranciscanos, contemplou oseu passado e o seu futuropleno de graças celestiais.Chegou ao fim da vidaesperando o desenlace comalegria e tranquilidade.

“Sei que verei o Cristo, nahora da morte, ao cumprir aminha missão, chancela finaldo meu trabalho, para tudoconfiar nas Suas mãos. Eleapareceu no começo daObra. Reaparecerá no fim”.Leia! É um livro de valorinestimável!

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Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,O MissionárioO MissionárioO MissionárioO MissionárioO Missionário

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Ao Leitor:Qualquer informação, dirija-se ao

INSTITUTO PIETRO UBALDIAv. José Alves de Azevedo, 422

28.025-497 — Campos dos Goytacazes, RJTelefax: (22) 2722-2266

Título do original em PortuguêsPietro Ubaldi, O Missionário

Copyright byFraternidade Francisco de Assis

1ª Edição — 2009(Revista pelo Departamento Cultural da Fraternidade Francisco deAssis)

Page 4: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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1ª EDIÇÃOJosé Amaral

Distribuidor: PIETRO UBALDI EDITORA — Av. José Alves de Azevedo, 422 Campos dos Goytacazes, RJ — 28.025-497 — Telefax (22) 2722-2266

Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,Pietro Ubaldi,O MissionárioO MissionárioO MissionárioO MissionárioO Missionário

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CAPA:Luiz César de Alvarenga.

CIP — Brasil. Catalogação na fonte

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

Amaral, José, 1929-

A512p Pietro Ubaldi, O Missionário / José Amaral; 1. ed. — Campos dos Goytacazes, RJ: Fraternidade Francisco de Assis, 2009. 344p. : il. ;

ISBN 978-85-

1. Ubaldi, Pietro, 1886/1972. 2. Filósofo — Itália — Obra Ilustrada. 3. Espiritualismo (Filosofia). I. Fraternidade

Francisco de Assis. II. Título.

08-2388 CDD — 921.5 CDU — 929: 1 (450)

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ÍÍÍÍÍndicendicendicendicendice

AAAAAooooo Leitor Leitor Leitor Leitor Leitor...............................................................................07

NNNNNascimentoascimentoascimentoascimentoascimento...........................................................................09

FamíliaLocalRegistro e BatizadoInfância

IIIII Período – Formação exterior, física e cultural Período – Formação exterior, física e cultural Período – Formação exterior, física e cultural Período – Formação exterior, física e cultural Período – Formação exterior, física e cultural– dos 5 aos 25 anos– dos 5 aos 25 anos– dos 5 aos 25 anos– dos 5 aos 25 anos– dos 5 aos 25 anos.................................................................19

EscolaGinásioLiceuUniversidade

IIIIIIIIII Período – Maturação interior, espiritual, na Período – Maturação interior, espiritual, na Período – Maturação interior, espiritual, na Período – Maturação interior, espiritual, na Período – Maturação interior, espiritual, nador – dos 25 aos 45 anosdor – dos 25 aos 45 anosdor – dos 25 aos 45 anosdor – dos 25 aos 45 anosdor – dos 25 aos 45 anos......................................................41

CasamentoPaisagensPrimeira Guerra MundialVisão em FalconaraVoto de Pobreza

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IIIIIIIIIIIIIII Período – Primeira manifestação espiritual Período – Primeira manifestação espiritual Período – Primeira manifestação espiritual Período – Primeira manifestação espiritual Período – Primeira manifestação espiritual(fenômeno inspirativo e produção conceptual(fenômeno inspirativo e produção conceptual(fenômeno inspirativo e produção conceptual(fenômeno inspirativo e produção conceptual(fenômeno inspirativo e produção conceptualdos livros) – dos 45 aos 65 anosdos livros) – dos 45 aos 65 anosdos livros) – dos 45 aos 65 anosdos livros) – dos 45 aos 65 anosdos livros) – dos 45 aos 65 anos..................................79

Início da MissãoA Grande SínteseObras Escritas na Itália

IVIVIVIVIV Período – Realização concreta da missão – Período – Realização concreta da missão – Período – Realização concreta da missão – Período – Realização concreta da missão – Período – Realização concreta da missão –dos 65 aos 85 anosdos 65 aos 85 anosdos 65 aos 85 anosdos 65 aos 85 anosdos 65 aos 85 anos..............................................................200

Brasil – ChegadaViagem para São PauloViagem para Minas GeraisRetorno a CamposRetorno a São PauloViagem ao NordesteViagem ao SulPietro Ubaldi em FlorianópolisRegresso à ItáliaNotícias da ItáliaViagem com a Família para o BrasilObras Escritas no BrasilVerão em GrussaíViagem a BrasíliaTérmino da Missão

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AAAAAo o o o o LLLLLeitoreitoreitoreitoreitor

Este livro – Pietro Ubaldi, O Missionário –nasceu de um velho sonho, quando foi instalado o Mu-seu Pietro Ubaldi em Campos dos Goytacazes (RJ), em2001. Quando estava pronto, fomos informados pela grá-fica, que as fotografias deveriam ser encaminhadas emalta resolução e tratadas para que o visual, em offset oupapel couché, fosse o melhor possível. Tivemos de come-çar tudo de novo, porque há muitas fotos com mais de100 anos. Pietro nasceu em 18 de agosto de 1886. Estaobra contém fotografias dele mostrando a sua infância,juventude, maturidade e velhice.

Pietro Ubaldi foi um grande fotógrafo, que se re-velou antes e depois do casamento, daí as centenas defotografias. São tantas que não há lugar para todas noMuseu.

Pietro Ubaldi, O Missionário é um livro de fo-tografias e textos – muitas fotos são dos anos de 1986,1989 e 1992, quando o Autor desta obra esteve na Itália,fazendo pesquisas sobre Pietro Ubaldi. O nosso objetivoé levar ao conhecimento dos leitores, um acervo cultural,ao alcance de todos e não somente de quem visita oMuseu.

Estamos agradecidos à Fraternidade Francisco deAssis que nos franqueou todo o material para que pudés-semos lançar este livro. Sem aquiescência da Fraternidade,

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proprietária do acervo, não seria possível esta obra vir alume.

Com este compêndio, a bibliografia de PietroUbaldi fica mais enriquecida, porque esta obra, na verda-de, é dele. Pertencem-lhe as fotos (feitas por ele ou poroutros) e também a maioria dos textos.

Tivemos apenas, o trabalho de idealizá-lo e organizá-lo.

Um livro não vem à público sem a colaboração dealguns ou de muitos.

Assim, dedicamos esta obra a Arléa dos SantosAmaral, pela organização das fotografias e várias revi-sões; a Rosany Barcelos de Souza e Walter Cardoso deFreitas, pelas alterações propostas; aos funcionários daeditora que se dedicaram à sua diagramação; e a todosos nossos companheiros de trabalho na FraternidadeFrancisco de Assis.

Campos dos Goytacazes, 27 de Junho de 2009.O Autor.

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Estes são os pais de Pietro Ubaldi.Na Itália o último nome do marido deveria ser o

último sobrenome da esposa, todavia naquela época, onome Alleori era mais importante, porque ela era descen-dente da nobreza italiana.

Sr. Sante Ubaldi Sra. Lavínia Ubaldi Alleori

FFFFFamíliaamíliaamíliaamíliaamília

Fotos de 1886.

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NNNNNascimentoascimentoascimentoascimentoascimento

Casa e rua ondenasceu

Pietro Ubaldi,rua MaurizioQuadro, 6.

sua certidão denascimento quese encontra noMuseu PietroUbaldi, em Cam-pos dos Goyta-cazes (RJ). Maistarde foi viver noPalácio AlleoriUbaldi que esta-va sendo refor-mado por oca-sião do seu nas-cimento.

Nesta casa (último andar) , em Foligno (Provín-cia de Perugia), nasceu Pietro Ubaldi, em 18 de agostode 1886, às 21:00h, horário de Roma, é o que nos revela

Foto de 1986.

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Mapa de Foligno, província de Perugia (capitalda Umbria), onde fica o Palácio Alleori Ubaldi.

A - Onde Nasceu.B - Onde foi registrado.C - Catedral S. Feliciano, onde foi batizado.D - Palácio onde Pietro Ubaldi viveu parte de sua in-fância.E - Onde fez a Escola Elementar.

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RRRRRegistroegistroegistroegistroegistro

Certidão de nascimento de Pietro Ubaldi, fornecidapelo cartório de Foligno. Este documento está no MuseuPietro Ubaldi.

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Próprio Municipal, na Praça da República, ondePietro Ubaldi foi registrado, por seus pais, quando nas-ceu – Foligno, província de Perugia (Capital da Umbria).

Foto de 1986.

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Interior da Catedral S. Feliciano em formato de cruz.Foto de 1986.

O menino Pietro foi batizado nessa Catedral, S.Feliciano, descrita no livro Ascese Mística: Visão da Ca-tedral Gótica.

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O garoto Pietro Ubaldi no colo de seu irmãoJoão Batista – entre 1 e 2 anos – foto de 1888.

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IIIIInfâncianfâncianfâncianfâncianfância

Até 1940 o nomedo Palácio tinha Alleori nofinal (Palácio Ubaldi Alleori).Quando Pietro Ubaldi ficoufamoso, Alleori e Ubalditrocaram de posição, Ubaldino fim (Palácio AlleoriUbaldi), demonstrandocomo tudo é relativo. NessePalácio, Pietro viveu partede sua infância.

Acima: a frente do PalácioAlleori Ubaldi, rua AntonioGramsci, 55 – foto de 1914.

À esquerda: a porta doPalácio. Na entrada,

encontra-se AntoniettaUbaldi Paparelli, sobrinhade Pietro Ubaldi – foto de

1986.

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Afrescos nas paredes e nos tetos das dependên-cias do Palácio Alleori Ubaldi. São dezenas, aqui temosapenas uma amostragem. Fotografias de 1986.

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Pietro Ubaldi quando tinha quatro anos (à esquerda) eseu irmão Augusto. Observa-se que as fotografias dePietro Ubaldi vão acompanhando o seu crescimento

físico e cultural. É a Lei de Deus atenta ao missionáriode Cristo. Era preciso que toda a sua vida fosse

documentada – foto de 1890.

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“Mamãe, manda-me à escola!” O pedido foiaceito pela senhora Lavínia. Ele tinha apenas cinco anos.Pode-se observar que é o mais novinho. Alguém poderiaimaginar que o menino Pietro, tão pequenino, daí aquarenta anos, se tornasse o Arauto da Nova Civilizaçãodo Espírito?

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Sante e Lavínia apoiados sobre a mesa;à direita de Sante, Giovanni; à esquerda de Lavínia,

Augusto (em pé) e Giuseppe (sentado);à frente, Maria e Pietro (sentados no tapete).

Foto de 1891.

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Pietro Ubaldi cresce em estatura e sabedoria.Blaise Pascal tem razão quando diz: Diante de uma criançadois pensamentos me ocorrem: o primeiro de fragilidade, inerente aprópria idade e o segundo de respeito porque não sei o que será nofuturo.

Foto de 1893.

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Pietro está term

inando a escola elementar.

Ele aos dez anos e sua irmã Maria, em uma das propriedades deseus pais – foto de 1896.

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Prédio onde Pietro fez o curso elementar de 1891a 1897, fica a cerca de 100m do Palácio Alleori Ubaldi.

Foto de 1986.

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Pietro Ubaldi aos doze anos incompletos, 3 dejulho de l898, quando fazia o terceiro ginasial no Institu-to Massimo em Roma; é o primeiro sentado à esquerda.

GGGGGinásioinásioinásioinásioinásio

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Pietro e Maria em Roma, ele um ginasiano, vi-vendo os conflitos próprios das cidades grandes, sobre-tudo Roma. A família mudou-se para a Capital porque osfilhos mais velhos foram cursar a universidade.

Foto de 1899.

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O adolescente Pietro Ubaldi está concluindo ocurso ginasial - 1900.

Pietro Ubaldi aos 14 anos.

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Esta foto é de 1901, quando Ubaldi iniciava oLiceu em Spoleto (província de Perugia, Capital daUmbria), aos 15 anos.

LLLLLiceuiceuiceuiceuiceu

Seguindo o movimento horário temos: Pietro, Sra.Lavínia, Augusto, Sr. Sante, Giuseppe e Maria, faltando

Giovanni para completar a família Ubaldi.

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Residência da Família Ubaldi, em Spoleto,durante os três anos de Pietro no Liceu (1901-1904) – foto de 1992.

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Liceu Pontano Sansi, na Praça Giosve Cardocci,em Spoleto, onde Pietro Ubaldi se preparou para a uni-versidade, concluindo em 1904. Nesse período iniciou ocurso de piano e de línguas.

Foi no Liceu que teve a grande surpresa de suavida, quando o Professor de Ciência pronunciou a pala-vra: evolução. Foi um átimo, um relâmpago, um susto (...) aquelaideia teria de ser a espinha dorsal de seu sistema e do seu destino.(História de um Homem).

Liceu Pontano Sansi – foto de 1992.

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Matrícula de Pietro Ubaldi na segunda série doLiceu.

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Os cinco irmãos: Giovanni Baptista, Giuseppe,Augusto, Pietro e Maria.

Nesta foto, Pietro Ubaldi revela seu gosto pela arte.Foto de 1904.

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Estamos acompanhando o crescimento físico ecultural de Pietro Ubaldi. Aqui está junto de sua irmãMaria, à esquerda da Sra. Lavínia.

Pietro Ubaldi no último ano do Liceu,com 17 anos – foto de1904.

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UUUUUniversidadeniversidadeniversidadeniversidadeniversidade

Terminou o Liceu em 1904 e entrou para a Uni-versidade de Roma, imediatamente, onde fez o curso dejurisprudência.

Pietro Ubaldi, quando estudavana Universidade de Roma – foto de 1906.

Naquelaépoca a autori-dade paterna es-colhia a profis-são do filho.

Aprovei-tando o tempo,além da culturahumanista, con-cluiu o estudode piano e setornou poliglota.Falava fluente-mente inglês,francês e ale-mão; mais tardeportuguês e es-panhol.

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Sante Ubaldi e Lavínia Ubaldi Alleori com seusfilhos: Giovanni Baptista, Giuseppe, Augusto, Pietro eMaria. Pietro, naquela ocasião, cursava a Universidade deRoma.

Foto de 1908.

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Dr. Pietro Ubaldi defendeu a brilhante tese: Ex-pansão Colonial e Comercial da Itália para o Brasil

que foi publicada em 1911. Diz ele: Logo que diplomado,demorei alguns meses nos Estados Unidos, que percorri até aCalifórnia, visitando todas as belezas, realmente grandiosas. Ou-tra coisa não vi.

Capa do livro. Tese defendida por Pietro Ubaldi.

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Diploma de formatura em Jurisprudência, pelaUniversidade de Roma. A sua formatura se deu em 15de julho de 1910.

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No início de 1911, Pietro Ubaldi viajou aos Es-tados Unidos, prêmio que recebeu pela brilhante tese de-fendida em sua formatura. Ele, o mais alto, regressandoda viagem, que durou seis meses.

Pietro Ubaldi e mais dois companheiros a bordo do navio Ancona.

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Pietro Ubaldi terminou bem o primeiro períodode sua vida (1911), com boa formação física, excelenteformação cultural; a espiritual já trazia de seu passadoremoto e continuava se enriquecendo ainda mais.

Formado em jurisprudência e piano, poliglota, es-tudou filosofia, ciência e adquiriu outras culturas. Conhe-ceu as diversas correntes religiosas.

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Nesta foto, Antonietta está no convento.

Antonietta saindo do convento para o casamento com Pietro Ubaldi.

CCCCCasamentoasamentoasamentoasamentoasamento

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Em 5 de agosto de 1912, Pietro Ubaldi casou-secom Antonietta Solfanelli, obedecendo a orientação deseus pais, que lhe deram tantos dotes materiais quantosaqueles trazidos por sua noiva. Ela era muito rica e resi-dia em um convento, na cidade de Fabriano (Provínciade Ancona). Casaram-se na Igreja de S. Dionísio, emRoma, com a presença do Ver. M. D. Bernardo Paparelli,tutor de Antonietta, e a cerimônia foi celebrada pelo Bis-po de Fabriano, Mons. Pietro Zamolin. Ao meio dia, ocasal Ubaldi,feliz e sorri-dente, foi re-cebido, em au-diência priva-da, pelo San-to Padre PioX em seus t u d i op a r t i c o l a r e .Com sua ha-bitual paterni-dade e bon-dade dirigiu-lhe amáveispalavras, con-f o r t a ndo -ocom votos defelicidade esua bênçãoapostólica. Convite de casamento.

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A festa, bastante pomposa, aconteceu no HotelGênova, em Roma. A lua de mel foi no sul da França.

Foto de1992.

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Algumas fotografias do casal em lugares diferen-tes, antes da primeira guerra mundial.

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Pietro Ubaldi e Antonietta – fotos de 1912.

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PPPPPaisagensaisagensaisagensaisagensaisagens

Ainda antes daprimeira guerra mundi-al, Pietro se revelou umbom fotógrafo, gostavade fotografar a nature-za e foi premiado váriasvezes.

Aqui algumas desuas obras fotográficas– 1913.

Existem centenasno Museu Pietro Ubaldi.

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Paisagens porPietro Ubaldi

1913.

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Paisagens porPietro Ubaldi

1913.

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A cidade de Assis, fotografada por Pietro Ubaldi,

antes da Primeira Guerra Mundial – 1914.

Pietro Ubaldise

fotografando1913.

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Pietro Ubaldi fotógrafo e se fotografando, aomesmo tempo. Isto é arte. Ele amava a arte. (Cap. 100de A Grande Síntese).

Fotografias feitas por ele mesmo – 1915.

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Fotografias feitas por ele mesmo – 1915.

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Pietro Ubaldi com uniformemilitar e sua esposa – 1916.Pietro Ubaldi e sua esposa – 1915.

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Acima, temos acarteira de soldado.

Ao lado, o documentode Convocação para

servir à Pátria, naPrimeira Guerra

Mundial – 10 de maiode 1919.

Serviu na Bolonha,cidade italiana, como

motorista.

PPPPPrimeira rimeira rimeira rimeira rimeira GGGGGuerrauerrauerrauerrauerra

MMMMMundialundialundialundialundial

Page 56: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Em duas épocas, com seu filho Francesco (Fran-co) que nasceu em 1913.

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Page 57: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Fotografias de Pietro Ubaldi, com uniforme mi-litar – 1916.

Page 58: Pietro Ubaldi Ó Missionario

57 Pietro Ubaldi com uniforme militar – 1916.

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Pietro Ubaldi na Guerra – 1917.

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Ubaldi com uniforme militar, em seu escritório.No fundo o mapa do Brasil, o que mostra a sua ligaçãocom nosso país, desde a tese de formatura – Foto de1917.

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Pietro Ubaldi dirigindo um veículo de guerra – 1917.

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VVVVVeículoseículoseículoseículoseículos

Pietro Ubaldi e suas bicicletas. Fotos de 1913 a 1920,no Museu Pietro Ubaldi, existem centenas.

Page 63: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Pietro Ubaldi e seu filho Francesco,cada um em sua bicicleta.

Pietro Ubaldi e sua bicicleta.

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Possuir automóvel, naquela época, era privilégio de ricos. Nesta foto e em muitasoutras vemos Pietro Ubaldi dirigindo modelos diferentes, durante e depois da segundaguerra mundial.

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64

Um novo modelo dirigido por Ubaldi e admirado por seus amigos – 1918.

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Pietro Ubaldi viajando em automóveis diferentes – 1918.

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Pietro levando parentes a passear. Parou para consertar pequeno defeito – 1920.

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VVVVVisão emisão emisão emisão emisão em

FFFFFalconaraalconaraalconaraalconaraalconaraA visão na praia de Falconara modificara, radi-

calmente, a vida de Pietro, que só pensava em libertar-seda riqueza e dedicar-se ao bem da humanidade. A Lei deDeus guiava os acontecimentos e ele se submetia a ela.

Um dia à beira mar, em Falconara, contemplando o en-cantamento da criação, senti, com evidência, numa revelação rápi-da como o raio, que tudo tinha de ser Matéria, Energia e Conceitoou Espírito, e vi que esta era a fórmula do Universo: (M=E=C)=S,em que M = Matéria, E = Energia, C = Conceito ou Espíritoe S = Substância. Esta é a grande equação da substância, isto é,o mistério da trindade, em que se move toda A Grande Síntese.

Praia de Falconara – foto de 1986.

Page 69: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Essa foto foi tirada depois da visão em Falconara.Ele e o pai divergiram quanto ao destino das proprieda-des que chegaram de graça e abundantes. As cabeçaspendem para lados opostos, física e espiritualmente. Elenão compreendia, mas Deus o vigiava. Aquilo que sentia comosufocação, era antes o caminho da expansão; aquilo que sentiamortal, era introdução à vida; aquela opressão lenta que o arreda-va das coisas humanas, conduzia para as coisas divinas. (Histó-

ria de um Homem – Cap. 9). Diante da riqueza, suaprimeira atitude foi a de respeito. Não foi conquistadapor ele.

Foto de 1923.

Page 70: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Pietro Ubaldi na praia de Falconara (Província de Ancona), com sua família,Antonietta, Franco e Agnese.

Foto de 1925.

Page 71: Pietro Ubaldi Ó Missionario

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Aquele homem que fotografou centenas de pai-sagens e se deixou fotografar outras centenas de vezes,que dirigiu automóveis de luxo, sofreu uma grande trans-formação em seu interior.

A visão em Falconara e as pesquisas lhe mostra-vam a unidade da criação: Tudo-Uno-Deus. Como mos-trar isso para a humanidade? A intuição o levou à desco-berta científica, filosófica e religiosa. Trabalhou nesse cam-po durante seis anos (1917 a 1922), escreveu mais de milpáginas, dois grossos volumes, que se encontram noMuseu Pietro Ubaldi e não foram publicados. Foi umapreparação para a tarefa missionária a desempenhar apartir do Natal de 1931. O período de 1922 a 1931 foi deamadurecimento dos conceitos assimilados.

Foto de 1928.

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Carteira de Identidade.

Documentos necessários à cidadania italiana.

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Tudo que Pietro Ubaldi escrevesse, a imprensapublicava, revelou-se um bom escritor, mas agia cautelo-samente. Em 1928, mandou um de seus artigos, publica-do, à sua mãe, viuva – seu marido, Sante Ubaldi, faleceuno ano anterior – que lhe respondeu: meu filho, se você nãosabe administrar seus bens, seja um bom escritor. Essa profeciase cumpriu e o filho imortalizou a família Ubaldi. Os bensforam se diluindo com o tempo. Como eram muitos,duraram mais de trinta anos.

Chegou1930. Ubaldi,impulsionadopela Lei, habili-tou-se ao magis-tério pelo Minis-tério de Educa-ção Nacional etornou-se Pro-fessor de Inglêspara o primeirograu, no dia 11de dezembro de1930.

Diploma deProfessor de 1º grau na

Língua Inglesa.

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Cada vez mais Pietro Ubaldi se distancia dopatrimônio material e se harmoniza com o plano espiri-tual, eterno e duradouro. A sua posição é a de quemabandonou os bens mais preciosos, para muitos, os quaisnão lhe deixaram saudade alguma.

Pietro Ubaldi deixou-se fotografar mais uma vez,foi a última foto antes da missão, em Sansepolcro.

Pietro Ubaldi na Villa Del Paradiso,em Sansepolcro (Província de Arezzo) – foto de 1931.

VVVVVoto de oto de oto de oto de oto de PPPPPobrezaobrezaobrezaobrezaobreza

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Em julho de 1931 surgiu uma única vaga paraProfessor de Inglês, em Módica (Sicília): fez o concurso,tirou o primeiro lugar e tomou posse no dia 23 de setem-bro de 1931, como nos mostra o documento abaixo.Aquele era o último ano, por lei, que lhe era permitidofazer concurso, porque em 18 de agosto completaria 45anos. É a Lei de Deus funcionando com precisão mate-mática.

À esquerda vê-se as assinaturas da Comissão dosexaminadores; à direita, as assinaturas dos

concursados, Ubaldi é o terceiro nome.

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Antes de viajar para Módica, renunciou a todosos bens em favor da família. Todo o patrimônio estavasob administração do Sr. Etore Sestes, há mais de dezanos. Ainda na primeira quinzena de setembro, depoisda renúncia, Cristo e S. Francisco de Assis apareceram-lhe na estrada de Colle Umberto. Eis o que nos relata, emUm Destino Seguindo Cristo (trechos da visão):

Assim continuou a caminhar e com ele avançando as duasformas paralelas. Isto durou cerca de vinte minutos, pelo que tevetempo de controlar tudo e de fixá-lo em sua memória, para depoisanalisar o fenômeno com a psicologia racional, positiva, indepen-dente de estados emotivos. Melhor não o poderia fazer : desliga-sedo fenômeno ao desdobrar-se nas duas posições de sujeito e obser-vador, fundidas ambas, agora, no mesmo funcionamento.

Continuou a observar. As duas formas não constituíam sóuma indefinida manifestação de presença. Cada uma delas trans-mitia à sua percepção interior uma típica e individual vibração quea definia como pessoa. Foi assim que ele pôde logo sentir comclareza inequívoca que à sua esquerda estava a figura de SãoFrancisco e à sua direita a de Cristo. Eles se deslocavam com ele,caminhando, mas não havia colóquio, nem transmissão de pensa-

VVVVVisão na isão na isão na isão na isão na EEEEEstradastradastradastradastrada

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mentos particulares. A presença deles se concentrava, acima detudo, numa solene afirmação da própria identidade individual.

Não houve testemunhas humanas. Será que, se tivessemhavido, elas teriam percebido? Ou fora bom que não tivessemexistido, pois assim poderiam ter paralisado o fenômeno? Noentanto, a observação foi exata até ao ponto de se notar: Houveuma pequena testemunha e ela demonstrou ter sentido que algumacoisa estava acontecendo. Aquele homem estava acompanhado doseu cãozinho, acostumado a andar a sua volta. Pois bem, naque-les poucos minutos, ele se comportou diversamente do habitual.Ele se manteve a sua volta, ladrando para alguém ou algumacoisa que devia estar percebendo perto do dono. Sem este fato nãose explica tal comportamento excepcional, que não tinha outracausa aparente naquela solidão. Aquele cão não podia falar edizer o que havia percebido. Mas era certo que demonstrava haversentido qualquer coisa.

Percorrido aquele trecho do caminho e aquele breve períodode tempo, a alta tensão não pôde ser mais suportada, e a visão sedesfez lentamente. Não ficou senão o ambiente externo, aqueleque os sentidos físicos normalmente percebem, somente as coisasque todos veem e às quais, porque se veem sempre, pouca impor-tância se dá. O céu se fechou, e tudo voltou como antes, como senada tivesse acontecido. A visão, no entanto, ficou indelével, grava-da a fogo naquela alma, como uma queimadura de luz, uma feridade amor que jamais o tempo poderá cancelar, feita de saudade, deuma contínua e angustiante espera para se reencontrar. A visãopassou como uma arrebatadora paixão que queima, mas fecunda,deixando uma semente n’alma.

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P ietro Ubaldi, disposto a seguir os IdeaisFranciscanos, foi para Módica, nos confins da Sicília, aoSul da Itália. Alugou um quarto em frente à Igreja S. Pedro,na mesma rua do Liceu Ginnasio Tommaso Campailla,onde trabalhou durante um ano.

Igreja S. Pedro, em Módica – foto de 1972.

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O Diretor do Liceu, em 1972, e Manuel Emygdioda Silva que foi à Itália buscar informações sobre a vidade Pietro Ubaldi.

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Natal de 1931, Pietro Ubaldi voltou a Perugia,aproveitando alguns dias de descanso. Após a reuniãoem família, tão comum nesta época, e participar da ceia,desejando a todos um Feliz Natal, dirigiu-se ao seu escri-tório no último andar da torre da Tenuta Santo Antonio.

Ali teve o início da missão de Pietro Ubaldi, quedurou exatamente quarenta anos ininterruptos, até 1971.Sempre orientado por Sua Voz, que ditou a primeiraMensagem, naquela noite de Natal de 1931, no alto da-quela torre: Mensagem de Natal.

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Foto de 1931.

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Eis a Mensagem ditada por Sua Voz (Cristo),naquele 25 de dezembro de 1931:

MENSAGEM DE NATAL

Natal de 1931

No silêncio da noite santa, escuta-me. Põe de lado todo osaber e tuas r ecordações; põe-te de parte e esquece tudo.Abandona-te à minha voz, inerte, no vazio, no nada, no maiscompleto silêncio do espaço e do tempo. Neste vazio, ouve minhavoz que te diz — ergue-te e fala: Sou Eu.

Exulta pela minha presença: grande bem ela é para ti,grande prêmio que duramente mereceste; é aquele sinal que tantoinvocaste deste mundo maior em que eu vivo e em que tu creste.Não perguntes meu nome, não procures individuar-me. Não po-derias, ninguém o poderia; não tentes uma inútil hipótese. Sabesque sou sempre o mesmo.

Minha voz que, para teus ouvidos, é terna, como é amigapara todos os pequeninos que sofrem na sombra, sabe tambémser vibrante e tonante, como jamais a sentiste. Não te preocupes:escreve. Minha palavra se dirige às profundezas da consciência etoca, no mais íntimo, a alma de quem a escuta. Será somenteouvida por quem se tornou capaz de ouvi-la. Para os outros,perder-se-á no vozerio imenso da vida. Não importa, porém, eladeve ser dita.

Falo hoje a todos os justos da Terra e os chamo de todasas partes do mundo, a fim de unificarem suas aspirações e precesnuma oblata que se eleve ao Céu. Que nenhuma barreira dereligião, de nacionalidade ou de raça, os divida, porque não estálonge o dia em que somente uma será a divisão entre os homens:

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justos e injustos.A divisão está no íntimo da consciência e não no vosso aspecto

exterior, visível. Todos os que sinceramente querem compreender ocompreendem. Cada um se conhece, intimamente, sem que o vizinhoo perceba.

Minha palavra é universal, mas também é um apelo íntimo,pessoal, a cada um. Muitos a reconhecerão.

Uma grande transformação se aproxima para a vida domundo. Minha voz é singular, porém, outras se elevarão, muitobreve, sempre mais fortes, fixando-se em todas as partes do mundo,para que o conselho a ninguém falte.

Não temas, escreve e olha. Contempla a trajetória dosacontecimentos humanos: ela se estende pelo futuro. Quem não estápreso nas vossas férreas jaulas de espaço e de tempo vê, naturalmente,o futuro. Isso, que te exponho à vista, é também coerente segundovossa lógica humana e, portanto, vos é compreensível.

Os povos, tanto quanto os indivíduos, têm uma responsa-bilidade nas transformações históricas, que seguem um desenvolvimentológico; existe um encadeamento de causas históricas que, se são livresnas premissas, são necessárias nas consequências.

A lei de justiça, aspecto do equilíbrio universal, sob cujogoverno tudo se realiza, inclusive em vosso mundo, quer que o equilíbrioseja restaurado e que as culpas e os erros sejam corrigidos pela dor.O que chamais de mal, de injustiça, é a natural e justa reação queneutraliza os efeitos de vossas obras. Tudo é desejado, tudo é merecido,embora não estejais preparados para recordar o “como” e o “quando”.De dor está cheio o vosso mundo, porque é um mundo selvagem,lugar de sofrimento e de provas; mas não temais a dor, que é a únicacoisa verdadeiramente grande que possuís. É o instrumento quetendes para a conquista de vossa redenção e de vossa libertação.Bem-aventurados os que sofrem, Cristo vos disse.

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Continua Sua Voz:

O progresso científico, principal fruto de vossa época,continuará ainda a avançar no campo material. Está, entretanto,acumulando energias, riquezas, instrumentos para uma nova e grandeexplosão. Imaginai a que ponto chegará o progresso mecânico, ampliadoainda mais, se tanto já conseguiu em poucos anos! Não mais existirão,na verdade, distâncias; os diferentes povos de tal modo se comunicarãoque haverá uma sociedade única.

A mente humana, porém, troca de direção de quando emquando, vive ciclos e períodos, e nessas várias fases deve defrontardiferentes problemas. O futuro contém não só continuações, mastransformações, consequências de um processo natural de saturação .O vosso progresso científico tende a tornar-se e tornar-se-á tãohipertrófico, porque não contrabalançado por um paralelo progressomoral, que o equilíbrio não poderá ser mantido nos acontecimentoshistóricos. Tem crescido e crescerá cada vez mais, sem precedentes naHistória, o domínio humano sobre as forças da natureza. Um imensopoder terá o homem, mas ele para isso não está preparado moral-mente, porque a vossa psicologia é, em substância, infelizmente, amesma da tenebrosa Idade Média. É um poder demasiadamentegrande e novo para vossas mãos inexperientes.

O homem será dominado por uma tão alargada sensação deorgulho e de força, que se trairá. A desproporção entre o vosso podere a altura ética de vossa vida far-se-á cada dia mais acentuada,porque cada dia que passa é, irresistivelmente para vós, que voslançastes nessa direção, um dia de progresso material.

As idéias são lançadas no tempo, com massa que lhes éprópria, como os bólidos no espaço. Eu percebo um aumentar detensão, lento, porém constante, que preludia o inevitável explodir doraio. Essa explosão é a última consequência, mesmo de acordo com

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a vossa lógica, de todo movimento. Desproporção e desequilíbrio nãopodem durar; a Lei quer que se resolvam num novo equilíbrio.Assim como a última molécula de gelo faz desmoronar o iceberggigantesco, assim também de uma centelha qualquer surgirá o incêndio.Antigamente, os cataclismos históricos, por viverem isolados os povos,podiam manter-se circunscritos; agora, não. Muitos, que estãonascendo, vê-lo-ão.

Adverte Sua Voz, é uma profecia da segunda guerramundial, com 8 anos de antecedência:

A destruição, porém, é necessária. Haverá destruição somentedo que é forma, incrustação, cristalização, de tudo o que devedesaparecer, para que permaneça apenas a ideia, que sintetiza ovalor das coisas. Um grande batismo de dor é necessário, a fim deque a humanidade recupere o equilíbrio, livremente violado: grandemal, condição de um bem maior.

Depois disso, a humanidade, purificada, mais leve, maisselecionada por haver perdido seus piores elementos, reunir-se-á emtorno dos desconhecidos que hoje sofrem e semeiam em silêncio; eretomará, renovada, o caminho da ascensão. Uma nova era começa-rá: o espírito terá o domínio e não mais a matéria, que será reduzidaao cativeiro. Então, aprendereis a ver-nos e escutar-nos; desceremosem multidão e conhecereis a Verdade.

Palavras de conforto e de esperança:

Basta, por agora; vai e repousa. Voltarei, porém, recordaque minha palavra é feita de bondade e somente um objetivo debondade pode atrair-me. Onde existir apenas curiosidade, desejo deemoção, leviandade ou ainda cética pesquisa científica, aí não estarei.

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Somente a bondade, o amor, a dor me atraem.Eu presido ao progresso espiritual do vosso planeta e para o

progresso espiritual um ato de bondade tem mais valor que umadescoberta científica.

Não invoqueis a prova do prodígio, quando podeis possuir ada razão e da fé. É vossa baixeza que vos leva a admirar, comosinal de verdade e poder, a exceção que viola a ordem divina. Se issopode assombrar-vos e convencer-vos, a vós, anarquistas e rebeldes,para nós, no Alto, ela constitui a mais estridente e ofensiva dissonância;é a mais repugnante violação da ordem suprema em que repousamose em cuja harmonia vibramos, felizes. Não procureis semelhanteprova; reconhecei-a, antes, na qualidade da minha palavra.

A todos digo: “Paz!”.

Aquele Natal e os dias seguintes daquele 1931, foramde profunda reflexão para Pietro Ubaldi. Alma mística, voltadapara Cristo, lia e relia a Mensagem dirigida ao mundo atravésdele, extasiado pelo seu conteúdo e pela sua beleza! Erapreciso que o mundo a conhecesse...

Datilografou-a e remeteu-a aalguns jornais: Alfa de Roma, Itália;International Pysychic Gazette deLondres, Inglaterra; Revue SpiriteBelge de Liege, Bélgica; Constancia, deBuenos Aires, Argentina; Reformadore Correio da Manhã do Rio de Janeiro,Brasil; que publicaram-na commerecido destaque. Também foidivulgada em opúsculos separados.Foi uma surpresa sua difusão emvárias partes do mundo!

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1932 – Após a chegada do Ano Novo

(1932), Pietro Ubaldi retornou a Módica para continuara sua função no magistério. Viajou com mais um título,além dos que possuía, o mais importante de todos: oMissionário de Cristo, o Embaixador do Céu na Terra.Por humildade, não foi essa a sua postura e sim a deservo do Senhor a serviço de todos: Senhor, sou teu servo,outra coisa não peço, seu primeiro voto, feito diariamente.

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Módica não era o lugar ideal para Pietro Ubaldirealizar sua missão, um apaixonado pelos ideaisfranciscanos que tinha o Evangelho por instinto, não sesentiu bem naquele ambiente siciliano. Eis o que nos re-vela em seu História de um Homem – cap. 13, escritoem 1941.

Aquele primeiro ano de exílio em região perdida no extre-mo da Sicília, tão espiritualmente longe da sua mística Úmbria,foi de profundo sofrimento. Era este o primeiro gole do cálice dasua amargura. Parecia-lhe impossível descer mais baixo. Que de-solação de alma, de trabalho, de ambiente! Os habitantes do lu-gar, muito corteses, lhe diziam: “Mas, fique conosco. Aqui é tãobonito!” E ele pensava: “Oh, poder fugir!” Não compreendia,mas Deus o vigiava.

A semana da Páscoa chegou. Devido a grande dis-tância, não lhe foi possível estar com a família que se en-contrava ao norte da Itália. As terras franciscanas estão aoNorte e a Sicília ao Sul. O seu pacto de adesão a Cristo erapara valer, desde a Sua aparição na Estrada de ColleUmberto. Eis que de improviso, Sua Voz lhe dita maisuma Mensagem: Mensagem da Ressurreição. Veja Grandes

Mensagens (Vol.1). Aqui, apenas dois parágrafos (2o e 3o):

Venho a vós, hoje, na Páscoa, acima de tudo para iluminare confortar, pois vos achais imersos numa vaga de dores. Crise adenominais e a julgais tratar-se de crise econômica. Eu, porém, vosdigo que se trata de uma crise universal, crise de todos os vossosvalores morais, de todas as vossas grandezas. É o desmoronar-sede todo um mundo milenário. Digo-vos que a crise se encontra,

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Foto de 1932 – Gabinete de trabalho.

sobretudo em vossas almas: crise de fé, de orientação, de esperanças.É o vertiginoso momento de grandes maturações.

Trago-vos esperança, orientação, paz. A cada um falo hojea palavra da verdade e do amor, palavra que não mais conheceis.Quero reconduzir-vos às origens milenárias da fé com o intelectonovo, nascido de vossa ciência. No dia da Ressurreição, repito-vosa palavra da ressurreição, a fim de que possais compreender a dore ultrapasseis as estreitas fronteiras de vossa vida. Comovido, falo acada um no sagrado silêncio de sua consciência.

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Verão de 1932 (julho e agosto), onde está PietroUbaldi? São dois meses de férias, porque as estações doano são opostas as de nosso país. Aproveitou a oportuni-dade e foi para junto da família que se encontrava na TenutaSanto Antonio. Ele agora tem um bom patrão e muitopoderoso, que não é deste mundo. Percebeu nitidamenteque o Cristo não está longe, mas perto, dentro de nósmesmos, basta buscá-Lo. Encontrou o seu Cristo. A TenutaSanto Antonio é uma grande chácara agrícola. Em frentehá uma estrada de terra batida, onde Ubaldi costumavacaminhar e onde, na primeira quinzena de setembro doano anterior, Cristo e S. Francisco de Assis apareceram ecaminharam com ele durante vinte minutos.

A missão de Pietro Ubaldi foi planejada pelo alto,ele foi o intermediário entre o céu e a Terra. Costumavaafirmar: “eu sou apenas uma caneta que escreve”. Umacaneta que sabia e precisava controlar tudo que descia doalto. Uma caneta que estava preparada para desempenhara missão. Como a desempenhou bem, com precisãocronométrica!

Pietro Ubaldi nunca planejava o livro que iria escre-ver, o alto lhe inspirava e ele colocava no papel. Depois deescrito lia e controlava, sempre irretocável. A Grande Sín-

tese foi escrita em quatro verões sucessivos, os demais,

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19321932193219321932

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O casal, junto à porta da Tenuta, é Arléa e José Amaral.

Foto de 1986.

quase todos de um jato. É assim que escreveu os vinte equatro volumes. A missão se desenvolveu em perfeitaharmonia. Até o início foi igual ao fim. Se A Grande

Síntese foi em quatro períodos; o último livro, Cristo,não foi de um jato, começou em 1969 e terminou em1971, escrito a maior parte em Cotia (SP) – local seme-lhante ao da Tenuta Santo Antonio – conforme cartasdele a Nazarius, no livro Pietro Ubaldi & Nazarius.

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No início de julho, voltando do seu passeio pelamanhã, tomou o seu banho habitual e foi para o escritó-rio, no alto da torre. Ali sob inspiração divina começou aescrever. Assim teve início o ditado de A Grande Sínte-

se:Em outro lugar e de outra forma, falei especialmente ao

coração, usando linguagem simples, adaptada aos humildes e aosjustos que sabem chorar e crer. Aqui falo à inteligência, à razãocética, à ciência sem fé, a fim de vencê-la, superando-a com suaspróprias armas. A palavra doce que atrai e arrasta, porque co-move, foi dita. Indico-vos agora a mesma meta, mas por outroscaminhos, feitos de ousadias e potência de pensamento, pois quempede isso não saberia ver de outra forma, por faltar-lhe a fé ouincapacidade de orientação para compreender.

O pensamento humano avança. Cada século, cada povosegue um conceito de acordo com o desenvolvimento que obedece aleis a que estais submetidos. Em qualquer campo, a nova ideiavem sempre do Alto e é intuída pelo gênio. Depois, dela vos apoderais,a observais, a decompondes, a viveis, passando, então, à vossavida e às leis. Assim, desce a ideia e, quando se fixa na matéria,já esgotou seu ciclo, já aproveitastes todo seu suco e a jogais forapara absorverdes, em vossa alma individual e coletiva, novo soprodivino..

É um ditado mediúnico, sem precedente na histó-ria da humanidade.

Ele denominou a fonte de inspiração de Sua Voz,muito embora, soubesse que era o mesmo Cristo de hádois mil anos.

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Tenuta Santo Antonio – Foto de 1972.

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É chegada a hora de escrever. Não pode pararporque a fonte jorra como uma cachoeira de água crista-lina. Tudo vê, capta e passa para o papel, sem perderuma palavra, um conceito, uma ideia, até chegar a horadas refeições e do repouso necessário; o instrumento éhumano e muitas vezes fica vencido pelo cansaço.

No dia seguinte repete o mesmo ritual e o ditadomediúnico continua... Assim, dia após dia... Em 2 de agostodaquele ano, data do Perdão da Porciúncula de S. Francis-co de Assis, uma surpresa agradável, agradabilíssima, emlugar de A Grande Síntese, Sua Voz lhe dita uma Mensa-gem, sublime Mensagem: Mensagem do Perdão.

Foto de 1932, início de A Grande Síntese.

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A Mensagem é grandiosa, bela e sublime! Estáinserida no livro Grandes Mensagens. Nos dias seguin-tes, Sua Voz retornou ao ditado de A Grande Síntese,

somente interrompido quando terminaram as férias es-colares.

Com a sensação do dever cumprido, Pietro Ubaldisegue para Gubbio, onde foi transferido, e assumiu a ca-deira de inglês do primeiro grau. Era um sábio que estavaensinando a jovens adolescentes e irrequietos. Cumpriasua obrigação com aquela humildade que lhe era caracte-rística e os alunos (nem todos) se aproveitavam de suabondade.

Pietro Ubaldi na Tenuta Santo Antonio – 1932.

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No verão daquele ano, surgiu uma vaga na Es-cola Média Estadual Otaviano Nelli, em Gubbio (Provín-cia de Perugia), assim pôde transferir-se para a regiãofranciscana, além de ficar mais próximo da família. Gubbioestá a 41km de Perugia e 56km da Tenuta Santo Anto-nio.

Se em Módica residiu em frente à Igreja S. Pedro,em Gubbio trabalhou ao lado de outra Igreja, tambémde S. Pedro. O local outrora fora um convento. Diz ele:O seu trabalho desenvolveu-se no local de um velho convento. (His-

tória de um Homem – Cap. 15)

Vista panorâmica de Gubbio – Foto de 1986.

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Entrada da Escola Otaviano Nelli; à direita, um anexo

seu e á esquerda a parede da Igreja S. Pedro – 1986.

Nesta escola, Pietro Ubaldi lecionou Inglês durante 20

anos (1932-1952).

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Onde morar em Gubbio? Não demorou paraencontrar a pensão do casal Alfredo e Norina Pagani,Via Catedrale, 6. Aí residiu vinte anos, até 1952. A entra-da é pela Via Catedrale, onde se encontra a escada, napágina seguinte.

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Em História de um Homem – cap. 15, PietroUbaldi fala de sua nova residência.

Quando voltava, a casinha estava deserta. Tudo estavaem ordem, como deixara, mas faltava o calor do afeto. A tempera-tura da casa era muito fria, mas isto não era nada. Ela era fria,sobretudo para o coração. Era angustiante. Às vezes sentava-se,sozinho, nas escadas diante da porta, sem ter coragem de entrar,para não sentir aquele gelo. Também aqui se temperava. Certassolidões, intensamente dinâmicas e fecundas, são sofrimento útil eprecioso. A sua solidão não era nem pacífica aquiescência, neminércia de espírito. Era um silêncio desejado e apenas exterior,para melhor ouvir a voz de Deus; era uma calmaria aparente,plena das mais macerantes tempestades e laboriosas maturaçõesde alma; era uma inércia das coisas, admitida apenas para não

Entrada, pela escada

(parte mais escura

da sombra), na

Rua Catedrale nº 6.

Foto de 1986.

perturbar o ardente dina-mismo interior; era umasufocante compressão defora que condicionava aexplosão criadora, inter-na. A gélida privação deafetos humanos é, talvez,um constrangimento neces-sário para se encontrar oamor evangélico pelo pró-ximo.

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Na pensão, aproveitava o tempo de sobra dosdeveres escolares para datilografar os ditados mediúnicose receber outras mensagens, uma delas foi O Canto dasCriaturas, inserido no livro Fragmentos de Pensamen-

to e de Paixão.

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1932.

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O CANTO DAS CRIATURAS

Caminhava só, em uma hora de férias, pela campina extensa.Não sabia como fazer-me companhia e por isso atentava

nas coisas que me cercavam.Olhava-as com sentimento de amor e respondiam-me com

sentimento de amor. Lentamente o meu olhar se transformava emolhar de sonho e a minha alma, que no silêncio aflorava, reencontra-va e sentia a alma das coisas. Além da maravilhosa harmonia daforma eu percebia, na vegetação, a vida.

Oh! a minha alma vê. Cada pequenina planta possui a suaexpressão de ser; eu sinto-a viver, vejo-a olhar-me. Maiores, asárvores são fortes e severas; mas todos são seres simples e bons quedesconhecem a ferocidade dos animais. Por isto a sua companhiairradia tão grande sentimento de paz... Mas, eu amo os pequeninosvegetais, as plantinhas tenras e jovens que oferecem a sua frescura,desabrochadas do mistério à luz do sol, com uma dedicação tãocompleta, com uma tão feliz ignorância de todos os horrores da vida,que eu desejaria abraçá-las como se deseja abraçar a criança ingênuaque vem à vida cheia de alegria; desejaria beijá-las como almasirmãs.

Também elas me amam; e confiam-me o segredo de suasvidas: – “Não pedimos senão morrer para que a tua mais alta vidaanimal floresça. Nós somos as humildes servas da tua superior vidaorgânica, para nós tão completa e tão complexa. Nossa ambição ésacrificarmo-nos por ti a fim de possibilitar-te esta vida orgânica daqual sabes criar uma atividade ainda mais elevada, tão elevadapara nós, a vida do espírito. Apanha-nos e mata-nos. Não lutamose não nos vingamos. Também nós temos grande missão no equilíbrioda vida. Mesmo o sacrifício e a morte possuem uma grandeza erepresentam uma vitória”.

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A ternura invade-me ao olhar esta humilde vida vegetal,plena de tão abundante e alta finalidade que desejaria quase adorá-la.

Sem este traço intermediário que une a vida do mineral(também essa vida mais abaixo eu sinto-a) à vida do homem, comopoderia completar-se o ciclo de permutas na superfície terrestre? Quemtransformaria o solo, o ar, os minerais em substâncias orgânicasassimiláveis?

Sem toda esta maravilhosa cadeia de transformações e decontatos que do mineral atinge o homem, como seria possível o maisalto fenômeno da vida que é aquele da criação dos eternos valores doespírito?

Pequenina e humilde planta, também tu trabalhas no funci-onamento do grande organismo!...

Não o sabes na forma de consciência reflexa que o homempossui, mas o mesmo instinto que pulsa em ti eu o encontro no meuser, numa idêntica linguagem fundamental, a expressão do pensa-mento da vida. Como eu, nasces, cresces e morres; como o meu corpo,sentes calor ou frio, umidade ou secura, a vigília ou o sono; e permu-tamos um respiro inverso. O calor do perfume das tuas flores, que naprimavera me invade, conta-me que amas e que amas ardentemente.As tristezas outonais dizem-me que também envelheces e morres.Quantos padecimentos, oh! pequeno e humilde ser, humildementesuportas, obedecendo. Obedeces e amas. A nossa vida é uma só.Sentimo-nos e amamo-nos.

A visão não é da Terra e proporciona ao coração um êxtaseque não é da Terra. Toda a criação, plantinhas e árvores, inclusiveos escolhos nus e severos cantam-me na sua voz a grandiosa sinfoniada vida.

Escuto e não sei mais onde me encontro, tão mudada está aTerra vista assim na sua essência interior.

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Todos os seres me olham, cercam-me e falam-me: “Quem éstu que finalmente vês? Tu, que não és cego entre os homens? Vem,olha, escuta, que nós te falamos”.

E cada um levanta a sua voz distinta conforme a sua natureza.A rocha é severa e brame; a grande voz da Terra é um troar

do enorme bramido distante. As velhas árvores em meditação re-pousam cansadas; as plantas mais jovens cantam nas flores, nosrebentos, nas folhas; as plantinhas sorriem delicadamente, como ascrianças, na alegria de viver. E ri a pequenina vida animal, escondi-da e esparsa em redor, num trinado de felicidade. Também o céuimenso e o mar na sua vastidão distante possuem as suas vozes esorriem, ou murmuram, ou cantam, ou choram, ou rugem; tambémo deserto, pleno de vida onde tudo pulsa, vibra e freme. E, comtodos, o meu ser sintoniza porque toda vitalidade é a mesma vida .

Vejo agora abrir-se o abismo dos céus, faiscante de vidas.Quantas, ao infinito, no espaço infinito; e, cada uma possuindo umavoz, uma luta, uma esperança, uma meta, um destino, uma dor,uma alegria. E todas me falam: “Oh! tu que me vês, olha e escuta”.

A sinfonia é imensa, vasta como o Tempo e o Espaço; émúsica composta de toda a harmonia do Universo.

É isto Deus? É Deus isto que eu vejo? Porventura está Elenaquela harmoniosa lei que rege toda esta ordem, o grande EU,centro do grande organismo, lampejante de ideia, vontade e ação?

E este EU és TU, SER SUPREMO, que não sou dignode mencionar?

Então me ponho de joelhos e oro. Então todas as criaturasirmãs se calam, inclinam-se e rezam. Então de todo o Universo sobeo canto do Amor e tudo é luz e alegria, contentamento e triunfo. Eao canto de amor do Universo um outro canto, supremo, responde:“Volve para mim, oh! criatura que conquistei, para mim que tecriei.”

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Gubbio, setembro de 1932. Pietro Ubaldi trou-xe para Gubbio, em sua maleta, um tesouro inalienável:Mensagem do Natal, Mensagem da Ressurreição e o início deA Grande Síntese. Novo ano letivo e com muito traba-lho pela frente. Quem está no poder é Benitto Mussolini,que obrigou todos os funcionários a portarem umacarteirinha funcional com um juramento ao fascismo,abaixo do retrato. Pietro Ubaldi, sempre obediente des-de menino, aceitou aquela imposição com tranquilidade.Ele, apolítico, teve que se declarar fascista, caso contrárioseria demitido e preso.

Isso não impediu de receber uma mensagem paraMussolini e outra para o Sumo Pontífice, ainda em Mó-dica. Diz o livro Comentários:

Retomava a primavera. Certa noite fria, entre 9 e 10 demaio de 1932, pelas duas da madrugada, na hora antecrepusculardos maiores silêncios, acordei bruscamente, por causa de uma mo-vimentação insólita de conceitos em minha psique. Li, maravilha-do, dentro de mim. Tinha que escrever, e escrevi rápido e comsegurança na sonolência, como quem copiasse um texto, duas Men-sagens breves, incisivas, poderosas.

Uma era para Mussolini, outra para o Sumo Pontífice,pessoais, particulares, que eu devia enviar, e que diziam respeito acada campo de ação política e religiosa. Tendo escrito, readormecino meu cansaço pelo trabalho do dia. Depois, no dia imediato, eenfim, à noite, reli-as. Eram belas. Fiquei maravilhado.

Como haviam nascido? No dia anterior, ocupara-me decoisas inteiramente diversas; à noite, até às 23 horas, ficara corri-gindo exercícios e tirando médias escolares. A coisa tomara-me deimproviso, e agora atemorizava-me a ordem: "Entrega-as", mas

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como posso fazê-lo? perguntava. "Os caminhos serão abertos di-ante de ti", respondia-me a Voz. E, o que é surpreendente, por simesmos se abriram os caminhos e as mensagens, estas e outrassucessivas, chegaram ao seu destino. O chefe de governo, na Itália,a 2 de março de 1933, agradecia-me publicamente e comigo secongratulava por meio do Prefeito de Perugia e do Chefe Munici-pal de Gubbio, onde então me achava.

Sua Voz lhes pedia que evitassem a guerra a qual-quer custo, mas Mussolini seguiu o caminho oposto eteve um doloroso fim: morto e esquartejado. O SumoPontífice nem lhe respondeu.

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A GA GA GA GA Grande rande rande rande rande SSSSSínteseínteseínteseínteseíntese

19331933193319331933SEGUNDO ANO DA MISSÃO DE

PIETRO UBALDIAs duas primeiras Mensagens (Mensagem do Natal e

Mensagem da Ressurreição) lhe proporcionaram uma fartacorrespondência. Em Gubbio, além dos deveres inerentesà profissão, tinha de responder a todos. Em janeiro de1933 a revista Alli Del Pensiero começou a publicar A GrandeSíntese (os capítulos escritos no verão do ano anterior),dessa forma Pietro Ubaldi ficava conhecido na Itália, noBrasil, na Argentina, na Bélgica, em Portugal e em outrospaíses. Mais tarde, o próprio Ubaldi vai admitir a grandezadas Mensagens reveladas ao mundo por seu intermédio eassim se expressou no seu Comentários:

Tenho de admitir estes fa-tos e que o movimento, tanto quan-to posso compreender, é muito maisdo que um simples fenômeno demediunidade e significa mais do quequalquer conjunto de literaturamediúnica. Seu objetivo é salvar omundo de sua atual crise moral,religiosa, social e econômica.

Foto de 1933.

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O ano de 1933 foi repleto de revelações espiri-tuais. Sua Voz, em Gubbio, ditou mais duas Mensagens,belíssimas, naquela Páscoa de 1933: Mensagem aos Cristãose Mensagem aos Homens de Boa Vontade. Todas as Mensa-gens estão inseridas no livro Grandes Mensagens.

Chegaram as férias de verão, Pietro Ubaldi retornouà Tenuta Santo Antonio e continuou a recepção de AGrande Síntese, ditada por Sua Voz. Ainda em 1933 lhechega o Cântico da Dor e do Perdão, que é de uma belezaespiritual exuberante:

No silêncio da noite imensa, eu escuto o cântico de minhaalma: um cântico que vem de muito longe e traz consigo o sabor doinfinito.

As coisas dormem e a voz canta.Estou desperto e escuto; parece que a noite escuta comigo.O mistério que está em mim é o mistério das coisas: dois

infinitos olham-se, sentem-se e compreendem-se. Lá embaixo, pe-las margens distantes, além da vida, o canto responde, desper-tam-se as sombras e todos os seres, das profundezas, estendem-meos braços: "Não temas a dor, não temas a morte, a vida é umhino que jamais tem fim".

Observo-os; e perdoo à sarça a inocente ferocidade de seusespinhos, à fera sua garra, à dor sua investida, ao destino seuassédio, ao homem sua ofensa inconsciente. "Perdoa e ama", diz omeu cântico.

E eis que ele apresenta uma estranha magia: todos osseres me olham fascinados e cai o espinho, a garra, a ofensa.

E devagar, devagar, ignaros e cheios de espanto, a magiaos vence e comigo, lentamente, recomeçam o cântico; a harmonia sedilata, difunde-se e ressoa em todo o Criado.

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Sobre cada espinho nasceu uma rosa, sobre cada dor umaalegria, sobre cada ofensa uma carícia de perdão.

Abro meus braços ao infinito e falanges de seres me esten-dem seus braços.

"Canta, canta", — falam-me — "cantor do infinito; nóste escutamos. O teu cântico é a grande Lei, é a grande festa davida.

O teu cântico é luz da qual o ódio e a dor fogem.Canta, canta, cantor do infinito".E eu canto.Meu corpo está cansado e eu canto; meu corpo sofre e eu

canto; meu corpo morre.... e eu canto.

Foto de 1933.

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Chegou o Natal e foi passar com a família, en-cerrando aquele ano com uma Carta Aberta a Todos, escri-ta no mesmo local de A Grande Síntese.

Completam-se, hoje, dois anos desde que Sua Voz come-çou a falar. É Noite de Natal e eu me afasto por um momento dareunião familiar para meditar e escrever.

Este é um exame público de consciência que efetuo na horasolene em que se aguarda, para comemorar, uma vez mais, onascimento do Salvador do Mundo.

Não sei qual imenso espanto me invade nesta hora solene,na qual o homem é vencido pela maravilhosa Voz de Cristo.Extasio-me na visão de um mundo regenerado por essa Voz edetenho-me, nela buscando descanso. É a noite encantada na qualo grande signo do amor adquire realidade também sobre a Terra.Cristo está aqui conosco, esta noite, para nossa paz.

Amanhã, terei que volver a empreender a caminhada, so-zinho, exausto, com uma imensa visão na alma, uma febre inces-sante no coração, um estalido de paixão em cada pensamento.Sinto-me oprimido pela minha debilidade e pela imensidade doprograma. Quem sou eu para atrever-me a tais tarefas? Haveráalguém mais aterrorizado e mais aniquilado do que eu? Cumpri-rei totalmente com o meu dever e hei de cumpri-lo no futuro? Tereiforças bastante para fazê-lo? Vou mendigando um consolo a todasas almas boas para que me sirvam de apoio à minha debilidade. SeSua Voz me abandonasse, eu me sentiria completamente arruina-do.

Entretanto, hoje se completam dois anos que essa Vozretumba no mundo e o mundo a escuta. Nada me havia causadojamais tanto assombro como esta afirmação decisiva, sem prepa-ração alguma de minha parte, nem vontade, num mundo onde,

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com frequência, as coisas mais sabiamente preparadas e mais in-tensamente queridas não obtêm êxito.

Como pode avançar tudo isso com a abstração da minhadebilidade e hesitação? Como pode produzir efeito e arrastar meupensamento, que deveria ser sua causa? Que força convincentereside naquelas palavras escritas improvisadamente, sem que de-las eu me desse conta, para conseguir o assentimento de tantos?Que sensação de infinito despertam e abalam os espíritos?

Tremo e, entretanto, avanço. Quisera resistir por um ins-tinto de objetividade, e vejo-me arrastado. Quem é, então, que meguia?

E quem, por mim, conhece a estrada e o futuro? Sofrodesalentos terríveis e, apesar disso, tudo prossegue do mesmo modo.Quem sou eu diante do imenso torvelinho de forças que me rodei-am? Que outro grande mundo existe além deste que todos veem ecreem ser o único?

Parece indubitável que meu trabalho faça parte de umgrande programa de renovação mundial que ignoro e que não podedeter-se. Rebelar-me ou vacilar seria em vão. Isto já é toda aminha vida. Não conheço o futuro, mas sei muito bem que todomovimento iniciado não se poderá deter, a menos que tenha com-pletado sua trajetória.

Nesta Noite de Natal, todos vós, homens de boa vontade,que sentis uma fé viva, uma paixão de bondade, uma alma abertaàs palavras de Cristo — não importa como a sintais e a manifesteis,desde que essa paixão arda dentro de vós em substância — ajudai-me a orar junto ao Berço para que o Santo Menino nos faça com-preender esta sublime maravilha, que desceu do céu sobre a Terra eé o amor fraternal.

Parece-me ver o Grande Rei, que veio à Terra por amor, irmendigando de porta em porta, por este nosso triste mundo, im-

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plorando-nos por caridade, pelo amor de Deus, um pensamento debondade para os nossos semelhantes.

Perugia (Italia), Vigília do Natal de 1933.

Tenuta Santo Antonio, onde escreveu A Grande Síntese – foto de 1986.

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A GA GA GA GA Grande rande rande rande rande SSSSSínteseínteseínteseínteseíntese

19341934193419341934Pietro Ubaldi não tem férias nem descanso.

Retornou a Gubbio para continuar aquele ano escolar,1933/34. Já remeteu aos jornais e às revistas as Mensagensrecebidas e a segunda parte de A Grande Síntese. Ele éfamoso e a correspondência aumenta, há um certoendeusamento. Faz-se necessário tomar uma posiçãopara que a missão não fique prejudicada e para dar exem-plo de humildade, estampada em sua face. Em Gubbio,no início daquele ano, nos dias 6 e 12 de fevereiro, escre-veu dois artigos: Apresentação e Programa, inseridos emseu livro: Fragmentos de Pensamento e de Paixão.

APRESENTAÇÃO

Apresento-me como homem.A Entidade que me inspira mediunicamente e sobre mim

exerce autoridade, no pensamento e na ação, deve ter um represen-tante terreno, alguém que assuma todo o peso da luta e da responsa-bilidade; que totalmente se exponha, moral e fisicamente, aos perigosde uma realização novíssima, ao trabalho que toda grande conquis-ta e todo progresso impõem, à necessária tensão para ultrapassartodos os obstáculos.

Tal sou e assim me coloco hoje, ao ingressar na vida pública.Nada possuo além do meu trabalho para viver e da minha

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obra para triunfar no bem. Dentro de mim e acima de mim, porém,vibra uma Voz que infunde respeito, que me arrasta e a todosirresistivelmente arrastará, voz que eu escuto e a que devo obedecer.

Já não é mais o momento de dizer: o tempo virá, mas, sim,de afirmar: o tempo chegou. Chegou a hora da grande ressurreiçãoespiritual do mundo.

Eis o que sou: o servo desta Potência, o servo de todos, aserviço de todos, para o bem de todos . Nada mais me pertence, nemalma nem corpo: pertenço ao bem da humanidade. Deverei ser oprimeiro no trabalho, na dor, na fadiga e no perigo; e o primeiroserei nesse caminho e me esgotarei até a última dose de minhaenergia, até o último espasmo de meu tormento, até a última explo-são de minha paixão.

Sou fraco, culpado e indigno; não tenho, porém, mais forçapara sufocar esta Voz que deseja explodir e falar ao mundo, arras-tar os povos, abalar os poderosos, convencer os doutos e todos condu-zir a uma vida de bem e de felicidade. Serei considerado louco, bemo sei . Mas, Sua Voz tem um poder ao qual não mais sei resistir. Eeu, o último dos homens, falarei ao mundo com palavras novas, numtom altíssimo, de coisas grandes e tremendas, em nome de Deus.

Estremeço e choro, ao escrever estas palavras. É o sinalpositivo de que Ele, o Espírito que me assiste, está junto de mim eme faz escrever coisas que são incríveis.

Não obstante, as almas simples sentem, com um sentido quea ciência não tem e nunca terá, sentem por intuição de afetos e porpenetração de amor, a completa naturalidade e a perfeita credibilidadedessas coisas incríveis.

Tão intensamente profunda é essa intuição que a alma juve-nil dos povos do outro hemisfério a sentiu, rápida, vibrante, espontâ-nea, num reconhecimento que dizia: eu sei, em face da demorada,duvidosa e sofisticada análise científica da velha Europa! É que a

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ciência analisa, toca e mede, mas não tem alma e somente com océrebro nada se pode “sentir”.

BRASIL IBrasil, terra prometida da nova revelação, terra escolhida

para a primeira compreensão, terra abençoada por Deus para aprimeira expansão de luz no mundo! Já um incêndio lá se levanta;instantânea e profunda foi a compreensão.

Foi um reconhecimento sem análise, de quem sabe porquesente, de quem tem certeza porque vê. Os humildes, não solicitados,compreenderam e se afirmaram os primeiros, sem provas, sem discus-sões, no terreno em que a ciência que tudo sabe nunca cessa de exigi-las.

A profunda emoção que me invade ao falar-vos, o espasmo depaixão que me arrebata, o rasgar-se de meu coração a cada palavranão se podem medir nem calcular; mas, vós o sentis, embora a tãogrande distância de tempo e de espaço! As lágrimas que me comovemenquanto escrevo, e caem sobre este papel, destas palavras ressurgirãoe cobrirão vossos olhos quando as lerdes. E direis, irresistivelmente:“É verdade”. E através dos anos convencerão e arrastarão outrasalmas que as vão ler e que, como vós, também dirão, irresistivelmente:“É verdade”.

Porque a força que me arrebata também vos arrasta, a pai-xão que me inflama também vos incendeia e nos une a todos, num sóesforço, numa tensão e num trabalho comuns, em favor do Bem. Comoé grande e bela esta felicidade ilimitada de nos sentirmos todos irmãos,profundamente irmãos, diante dessa maravilhosa voz que do Infinitoa todos nos alimenta! Como é doce, diante Dela, ensarilhar as tristesarmas da rivalidade e da competição que pesam sobre nós e nosamarguram a vida! Que grandioso é sentirmo-nos todos unidos, numasó Humanidade, num compacto organismo; não mais como pobres seres

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solitários num mundo inimigo, mas cidadãos de um grande universo,onde cada ato tem um alvo, onde toda vida constitui missão.

O PLANETA A Voz me arrebata neste momento e senhoreia-se de minha

mão, como o faz sempre que deseja falar por meu intermédio. Eu Asigo, pequenino, confuso, maravilhado por imensas visões.

Agora, Ela me apresenta o planeta envolto numa faixa deluz e me faz ver uma humanidade mais feliz e mais sábia, ressurgindodas ruínas da geração de hoje; mas, também, a ela pertenceremos e,quem houver semeado, colherá. Acima de nós que, lutando e sofrendo,semeamos, uma falange de Espíritos Puros estende-nos os braços,encorajando-nos e ajudando-nos. Somos os operários de um grandetrabalho, do maior trabalho que o mundo jamais realizou: a fundaçãoda nova civilização do terceiro milênio.

Mãos à obra! Levantai-vos! É chegado o momento. A pala-vra de Sua Voz encerra uma força misteriosa, intrínseca, invisível,mas poderosa; imponderável, mas irresistível, e por ela sozinha avan-ça, sabendo por si mesma escolher os meios humanos, solicitando-os atodos, convidando à colaboração todos os homens de boa vontade. Elaavança e atinge os corações; persuade e convence, possuindo e ofertandoa cada momento, de si mesma, uma prova evidente, o fato inegável desua automática divulgação.

Mãos à obra! Espera-me, espera-nos um tremendo trabalho,mas também uma imensa vitória. Somente sob a direção de um Chefesobre-humano o mundo poderia empreender uma obra tão gigantesca.Temos um Chefe no céu. Ele não traz senão a paz, o amor, o respeitoa todas as crenças. Nada tem Ele a destruir do que seja terreno; aninguém Ele agride; não toca a forma, que não é o essencial: encara asubstância. Nada tem Ele a modificar do que seja terreno neste mun-do; tudo quer vivificar com uma chama de fé, quer tudo aquecer com

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uma nova paixão de amor puro — o amor de Cristo esquecido. Nada têm a temer as autoridades nem os organismos huma-

nos. É tão velho e inútil o expediente de modificar as organizações! Não mais criações de sistemas sempre novos e sempre velhos,

mas criação do homem novo, que tem origem no íntimo, onde está aalma, e não no exterior. Toda organização é boa quando o homem ébom; é má quando mau é o homem.

O novo Reino não é deste mundo e jamais se tocará no quelhe pertence. Não está surgindo um novo organismo humano, comchefes e subordinados, com cargos e funções, com propriedades e direi-tos. Não. Absolutamente nada disso. Trata-se, eu vos digo, do Reinode Deus, do Reino que o mundo ainda espera, que o mundo aindainvoca: “Veniat Regnum tuun” (“Venha o Teu Reino”). É um reinode almas, de amor e de paz; não possui sedes, não tem riquezas, nadapossui; não tem senão a tarefa do dever, o amor do bem, a paixão dosacrifício, a grandeza do martírio. E quem for o primeiro nesse cami-nho será o maior nesse Reino de Deus.

BRASIL IIAlmas distantes, que no Brasil tudo compreendestes, distan-

tes pelo espaço, mas tão perto do coração, que o meu abraço vos chegueforte, profundo, imenso, como eu o sinto agora, nesta solidão monta-nhosa de Gubbio, no mais alto silêncio da noite, com minha alma nuadiante de Cristo, cujo olhar me penetra, me envolve e me vence.

Humildemente, como o último dos homens que sou, eu vossuplico, pela compaixão que pode inclinar-nos para o mais frágil eabatido dos seres: ajudai-me a compreender este mistério tremendo queem mim se processa, ajudai-me a cumprir esta obra imensa cujoslimites não alcanço.

Gubbio (Italia), na noite de 6 de fevereiro de 1934.

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A tarefa no magistério prossegue; sua atividadeespiritual também. Além da correspondência, escreveuA Arte de Ensinar e de Aprender.

Chegaram as férias escolares de 1934, retornou aoseio da família e o seu escritório está em ordem, tal qual odeixou no princípio do ano. Recomeçou o ditadomediúnico de A Grande Síntese; é a parte mais filosófi-ca e religiosa e menos científica. Há uma oração no capí-tulo 50 (Nas fontes da Vida), verdadeira obra prima de altaespiritualidade.

Adoro-Te, recôndito Eu do universo, alma do Todo, MeuPai e Pai de todas as coisas, minha respiração e respiração detodas as coisas.

Adoro-Te, indestrutível essência, sempre presente no espa-ço, no tempo e além, no infinito.

Pai, amo-Te, mesmo quando Tua respiração é dor, porqueTua dor é amor ; mesmo quando Tua Lei é esforço, porque oesforço que tua Lei impõe é o caminho das ascensões humanas.

Pai, mergulho em Tua potência, nela repouso e me aban-dono, peço à fonte o alimento que me sustente.

Procuro-Te no âmago onde Tu estás, de onde me atrais.Sinto-Te no infinito que não atinjo e donde me chamas. Não Tevejo e, no entanto, ofuscas-me com Tua luz; não Te ouço, massinto o tom de Tua Voz, não sei onde estás, mas encontro-Te acada passo, esqueço-Te e Te ignoro, no entanto, ouço-Te em toda aminha palpitação. Não sei individuar-Te, mas gravito em torno deTi, como gravitam todas as coisas, em busca de Ti, centro douniverso.

Potência invisível que diriges os mundos e as vidas, Tuestás em Tua essência acima de toda a minha concepção. Que

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serás Tu, que não sei descrever nem definir, se apenas o reflexo deTuas obras me enceguece? Que serás Tu, se já me assombra aincomensurável complexidade desta Tua emanação, pequena cen-telha espiritual que me anima integralmente? O homem Te buscana Ciência, invoca-Te na dor, Te bendiz na alegria. Mas nagrandiosidade de Tua potência, como na bondade de Teu amor,estás sempre além, além de todo o pensamento humano, acima dasformas e do devenir, um lampejo do infinito.

No ribombar da tempestade está Deus; na carícia do hu-milde está Deus; na evolução do turbilhão atômico, na arrancadadas formas dinâmicas, na vitória da vida e do espírito, está Deus.Na alegria e na dor, na vida e na morte, no bem e no mal, estáDeus; um Deus sem limites, que tudo abarca, estreita e domina,até mesmo as aparências dos contrários, que guia para seus finssupremos.

E o ser sobe, de forma em forma, ansioso por conhecer-Te,buscando uma realização cada vez mais completa de Teu pensa-mento, tradução em ato de Tua essência.

Adoro-Te, supremo princípio do Todo, em Teu revestimen-to de matéria, em Tua manifestação de energia; no inexaurívelrenovar-se de formas sempre novas e sempre belas; eu Te adoro,conceito sempre novo, bom e belo, inesgotável Lei animadora douniverso. Adoro-Te grande Todo, ilimitado além de todos os limi-tes de meu ser.

Nesta adoração, aniquilo-me e me alimento, humilho-me eme incendeio; fundo-me na Grande Unidade, coordeno-me na grandeLei, a fim de que minha ação seja sempre harmonia, ascensão,oração, amor.

Orai assim, no silêncio das coisas, olhando sobretudo para oâmago que está dentro de vós. Orai com espírito puro, com intensoarrebatamento, com poderosa fé, e a radiação anímica, harmoniosa-

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mente sintonizada com grande vibração, invadirá os espaços. Eouvireis uma voz de conforto, que vos chegará do infinito.

O ano de 1934 terminou com o Tríptico (Novembro– O Sino dos Mortos – Ressurreição). Vejamos apenas doisparágrafos de Ressurreição, Fragmentos de Pensamen-to e de Paixão:

Ressuscita. Aquela dor inimiga é agora a tua força e a tuagrandeza. O espírito a amava como suave libertação. A mesma leique te oprime, agora te salva e te eleva. A meta está atingida e omal cai, instrumento do bem; a pequena desordem temporária éreabsorta na imensa ordem suprema.

A dor que tanto amaste com teu olhar voltado ao Cristonão é negação e treva, mas criação e luz. A cruz não é umacondenação da vida, mas a sua maior força; não é punição ouvingança, mas é uma festa da alma e uma bênção de Deus.

O escritório de Pietro Ubaldi, na Tenuta Santo Antonio,encontrava-se no alto da torre, janela apresentada

nesta foto – 1986.

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Mais um

ano letivo é concluído, professores, fun-cionários e alunos posaram

para uma fotografia.

Pietro Ubaldi é o quarto da direita para a esquerda, sentado,na primeira fila – Foto de 1935, antes das férias.

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1935 vai ser um ano glorioso para PietroUbaldi. Os escritos foram datilografados e enviados àimprensa. Além dos serviços escolares e da correspondência,escreveu em Gubbio, naquele ano:

GÊNIO E DOR

Os êxtases musicais, como a visão do místico e acontemplação do pensador, são portas abertas ao infinito. Quandoo gênio cria, a existência revela-se, então, inegável, porque naquelemomento ela se acha visivelmente em ação. Escutamos estupefatosaquela voz que não possui timbre humano surgindo do mundoeterno. Nos arrebatamentos, o pensador sente a verdade; o místico,a bondade e o amor; o artista, a beleza. O arrebatamento, porém,é sempre o mesmo e constitui a nota fundamental do mesmofenômeno, um ausentar-se da Terra e um atingir outras esferas,manifestações que parecem sonhos irreais, porque são super-reais;mas, verdadeiros, pois a alma humana as tem admirado em todosos tempos, prendendo-se-lhes irresistivelmente.

Todas as altas revelações do espírito, por enquanto tidaspela ciência como anormais, somente porque são supranormais enão produto da cinzenta mediocridade, indiscutivelmente exercemfascinação mesmo no ser mais involuído. São centelhas descidasdiretamente do céu, sem o uso da razão.

A alma as reconhece e as absorve na sua avidez: servem-lhe de alimento. A alma humana tem de ser analisada, não notipo medíocre onde permanece adormecida, em estado embrionário,mas no gênio, que prepara a sua maturidade e a excede,ultrapassando muitas vezes os limites do concebível. Somente nesteela se manifesta em toda a sua plenitude, conseguindo superar a

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vida orgânica, separar-se do corpo e enfrentar o além. É assim queo gênio, seja artista, místico, pensador, seja musicista, santo, heróiou condutor, encontra-se, no momento em que age como tal, numestado de ativa e consciente mediunidade.

CHOPINQuando Chopin compunha ao piano maiorquino os famosos

prelúdios na Cartuxa de Valdemosa, com certeza via fantasmasvagando de cela em cela, talvez os monges do velho convento. GeorgeSand escreve: "Ao regressar às dez horas da noite, encontro-o pálido,os olhos cerrados e os cabelos sobre a testa, diante de seu piano. Eranecessário algum momento para se reconhecer a si próprio. Faziaesforço para sorrir; e tocava coisas sublimes que havia compostodurante nossa ausência...

Executava o seu prelúdio, chorando. Quando nos viu entrar,soltou um grito estranho e disse, depois, com ar confuso e tommisterioso: — Ah! eu sabia perfeitamente que vocês estavam mortos!

Não distinguindo mais o sonho da realidade, acalmou-se equase adormeceu ao piano, persuadido de que também ele estavamorto".

O eco da tempestade dos elementos se transformava na suaalma em tempestade de ideias e de sentimentos. Naquele estado detranse, a sua alma alcançava as raízes da vida e a profundidade dosfenômenos, onde se encontra a essência, onde o todo é UNO.

Quando Chopin improvisava, sempre em presença de umrestrito público de amigos, mandava reduzir as luzes, recolhia-se eprocurava a nota azul que se pode chamar a nota de sintonizaçãoentre a sua e a alma alheia.

Notamos a paralisação do fenômeno inspirativo diante deum público heterogêneo e de estranhos não sintonizados, dos quaisChopin sempre fugia, fenômeno esse semelhante ao do círculo

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mediúnico.Daí deveria resultar a música.

MEDIUNIDADEA mediunidade física é um estado de passividade diante das

forças do além, que interferem quando e como desejam, dominando ofenômeno; a mediunidade inspirativa é, ao invés, um estado demáxima atividade e consciência perante as forças que ela penetra edomina. São os dois extremos. O médium ativo, consciente do própriotrabalho, dono das forças que governa ativamente, ousa bater àsportas do mistério para interrogá-lo.

Elas não se abrem frequentemente a não ser diante de umapelo desesperado ou de uma paixão violenta, capaz de romper ossegredos zelosamente defendidos pela Lei.

É necessário, muitas vezes, a coragem insensata, a vontadedesesperada, o impulso frenético de uma dor imensa, o ímpeto da féque não mede a profundidade do abismo. Então apenas as portas seabrem e as fronteiras do concebível apresentam dilatações repentinas,quase tímidas, o gênio, num gesto supremo, levanta-se sobre as muletasda dor, sofrendo; vacilando na figura gigantesca, fixa o olhar noinconcebível e vê. Ele mesmo ignora a sua grandeza, no átimo daconcepção, porque se unificou com o Todo. O seu gesto potente assaltoude improviso o coração do mistério que estremeceu e respondeu à vozda dor e do amor. Então um rasgo do infinito lampejou sobre aterra.

Desejaria passar em revista a vida de muitos gênios parademonstrar que este tipo de mediunidade consciente e ativa, a maisalta e a mais verdadeira, e, neles, normal.

A maturidade avançada desses seres, completa desde a maistenra idade, explosiva no seu aspecto típico, sem a preparaçãohumana, antecedente a qualquer experiência e a qualquer tirocínio,

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mostra-nos a sua preexistência em outras formas de vida. Períodosde formação sem os quais nada se cria, por uma lei de proporcionalidadeentre o efeito e a causa. O atavismo é absolutamente insuficientepara demonstrar tais florescências de exceção num campo demediocridades. Tudo isso reforça o conceito e oferece a prova de que avida não é senão a passagem da alma proveniente de algum plano,em direção a outro plano.

Os medíocres não conseguem encontrar estas provas, em sitão evidentes, porque são os verdadeiros cidadãos da terra, suficiente-mente selvagens e insensíveis para viver nela, comodamente.

GÊNIOSPor que a vida dos gênios é frequentemente argamassada na

dor? Por que o destino se lhes apresenta como inexorável concatenaçãode provas convergentes muitas vezes, sobre o ponto mais vital do seupróprio gênio? Talvez porque este é também o ponto de maior força,de provas maiores do que as médias para que a alma possa encontraruma resistência adequada a sua grandeza, um testemunho proporcionalà sua elevação. Provas específicas para que a alma se exercite pelolado de sua maior potência. Certamente, estas explanações não sealcançam pelos conceitos comuns de uma vida exterior que visa apenaso prazer. Somente assim podemos explicar a surdez de Beethoven,a tuberculose de Chopin, a cegueira de Milton, um Leopardi disformee sofredor, um Schubert e um Mussorgsky atormentados, umNietzsche e um Poe loucos. Convido a ciência para explicar-meporque a moléstia, a deficiência orgânica possa dar tanta força aoespírito, tanta fecundidade ao pensamento, tanta saúde e potência àpersonalidade. Ou, em outros termos, porque razão o patológicopode conter o supranormal. O conceito de uma crueldade do destinoe, portanto, blasfêmia contra a Divindade; o conceito de umainsuficiência diretiva ou de uma casualidade caótica é simplesmente

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pueril num organismo universal tão preciso. Explica-se tudo, porém,pelo conceito ainda mais amplo: a dor é a estrada mestra de toda aascensão espiritual, que não pode ser conquistada sem fadiga. A dorprepara o caminho às profundas introspecções; revela o que se encontraalém da superfície; desperta o espírito que poderia, fatalmente,adormecer no bem-estar; submete-o a contínua ginástica que lhedesenvolve as melhores qualidades. Embora a natureza humanainferior sofra e se revolte, a dor é, todavia, salutar e fecunda maceraçãoque purifica e multiplica todas as forças do espírito. Somente a dorsabe desnudar a alma, e arrancar-lhe aquele grito que não admitementira. A reação à dor é certamente diferente em cada indivíduorevelando-lhe sempre a natureza íntima.

DORDas três cruzes iguais sobre o Gólgota partiram três gritos

diferentes. No bruto o grito é brutal; no grande o grito é sublime.Então a dor é santa e abençoada, porque revelou a beleza de umaalma.

Desta maneira, a dor martela os espíritos gigantes com forçagigantesca para levá-los a ascensão gigantescamente pura. Ressonânciasprofundas devem produzir nestes hipertróficos do pensamento e dosentimento os golpes duríssimos do destino. Evidentemente suas obrasforam criadas entre os espasmos de uma grande dor. Por isso, puderamdizer: "eu espero que a minha dor venha, porque somente ela mepoderá arrancar o grito da alma".

Sentimos em tudo isso a força da criação, que tem na dor umaçoite: flagela o espírito, impede qualquer repouso, excita-lhe as maisprofundas reações, valoriza-lhe o poder de ação. Assim se compreendea transumanização que a dor, e somente ela possui. Para o gênio, avida humana não é senão preparação para uma vida mais alta; osmesmos clarões que os cegam, a nós também nos atingem. A realização

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da vida não está aqui, em baixo, na morte, que não é o fim, maslibertação.

Os gênios podem inverter os nossos conceitos humanos, porquepertencem a raças super-humanas, que não aparecem na terra senãocomo exceção.

"Pobre Beethoven", conforme escrevia ele sobre si mesmo,este mundo não te proporciona felicidade e somente nas regiões doideal podes encontrar a paz. Que diferença entre o homem abençoadoe o de sentimentos saciados.

Nós, homens comuns, possuímos e sentimos mais fortementeno mais baixo do mundo animal, feito de lutas cruéis e violentas.Carregamos a verdade atávica do corpo, a tão conhecida lei danatureza; somente secundariamente e com esforço alcançamos a maisalta verdade do espírito, que é para os gênios, a verdadeira e aespontânea lei da natureza. O tipo médio, debatendo-se nas formasinferiores de atividade, poderá criar, qualquer que seja a condiçãohumana ou a riqueza, poderá saciar-se, por um momento, de toda avaidade que a sua inexperiência deseja.

Permanecerá, porém, sempre ligado e condenado a essavaidade, fechando-se-lhe o acesso a outra alta esfera do pensamento,da qual o gênio, por mais trespassado e crucificado que se encontre,olhá-lo-á sempre com piedade.

Quanto mais merecemos o céu tanto mais incapazes e infelizessomos sobre a Terra.

A dor, nos grandes, assume também a forma de renúncia,que é o arrebatamento das formas superadas. O destino a impõecom inúmeros dissabores para que se acelere a evolução espiritual ese opere a transformação do amor humano em amor divino. OCalvário é a base natural do fenômeno da sublimação dos grandes.A Renúncia dos prazeres humanos não é senão a expansão doshorizontes espirituais. O destino não é cruel, quando inflige a morte

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para dar vida maior e luminosidade à alma."Durch Sturm Empor", ("arrastado para o alto pelo

vendaval") dizia Beethoven, no meio do furacão, sempre senhor doseu destino, mesmo no mais profundo do sofrimento. O homem éverdadeiramente grande e viril nas lutas contra as forças titânicas doseu Carma, nunca, porém nas lutas contra os seus semelhantes. Odestino da grei humana é frequentemente incolor; há, entretanto, noalto, destinos titânicos que nos proporcionam o arrepio do infinito,destinos que sobrepairam abismos nos quais se alternam regiões deterror, de paixões e de angústias, nos quais ribomba a tempestadede Deus. Destinos que os gigantes souberam agarrar pela goelapara entrar em luta digna da sua grandeza.

Eles podem dizer : "Venha, oh! luta, para que eu possabater-me e vencer”.

Livro: Fragmentos de Pensamento e de Paixão.

Foto de 1933.

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Pietro Ubaldi retorna à Tenuta Santo Antonio econtinua a recepção de A Grande Síntese. Na noite de23 de agosto, às 23 horas, Sua Voz lhe dita o últimocapítulo: DESPEDIDA. Este livro de Pietro Ubaldi, comovimos, foi escrito em quatro verões sucessivos. Vejamosos dois últimos parágrafos:

Minha obra está terminada. Se durante anos e anos, umahumanidade diferente, muito maior e melhor, olhando para trás,pesquisar esta semente lançada com muita antecipação para serlogo fecundada e compreendida, admirando-se como tenha sidopossível adiantar-se aos tempos, tenha ela um pensamento degratidão para o ser humano que, sozinho e desconhecido, realizoueste trabalho, por meio de seu amor e de seu martírio.

A sinfonia está escrita. O cântico emudece, para ressurgirem outras formas, noutros lugares. A voz apaga-se. O pensamen-to se afasta de sua manifestação exterior, na profundeza, para seucentro, no infinito.

A GA GA GA GA Grande rande rande rande rande SSSSSínteseínteseínteseínteseíntese

19351935193519351935

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A GRANDESÍNTESE

O ESTADO ESPIRITUAL DE

PIETRO UBALDI

AO TERMINAR A GRANDE SÍNTESE.

Finalmente, a grande sinfonia está concluída.Agora a humanidade pode conhecer a unidade do uni-verso: Tudo-Uno-Deus. Foi escrita em perfeita harmo-nia, sem qualquer previsão ou planejamento. A fonte

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reveladora era segura e tinha conhecimento de tudo, maso seu mensageiro não dispunha de tais informações, pre-viamente. Apenas se propunha a servir, com toda humil-dade.

Qual foi o estado de espírito de Pietro Ubaldi aoconcluir sua importante Obra? Vamos deixar que ele nosfale em seu As Noúres – Premissas:

Estava sozinho, naquela noite, em face do fato consuma-do, da obra a que me havia dado totalmente, a que havia dadomeu "eu" maior, qual sou na eternidade. Tremia diante de umavisão imensa, completa finalmente agora, diante de um pensamen-to titânico que me havia redemoinhado durante quatro anos, numatempestade sobre-humana, não percebida exteriormente. Exultava,na satisfação perfeita de um profundo instinto biológico, preparadoem minha eterna evolução, instinto inconsciente e absoluto como ode uma mãe que dá a vida a seu filho. Sentia haver tocado, final-mente, um vértice de minhas ascensões, sentia haver obedecido etriunfado ao mesmo tempo, cumprindo minha missão e função decidadão do universo, inclinando-me ao comando da grande Lei deDeus. A flor, fecundada por uma vida de sofrimentos, havia nas-cido: eu não vivera, portanto, e não sofrera tanto, em vão.

Minha vida, tão difícil, havia dado um fruto que a valori-zava, minha paixão incompreendida pudera explodir-se na cria-ção de uma obra de bem. Ao meu coração, que havia suplicadosimpatia e compreensão e a que o mundo não quisera responder,respondeu uma Voz do infinito. Essa Voz me tomou pela mão,guiando-me pelos caminhos do mistério, ajudando-me a ascender anovas fases de consciência. Deu-me a visão deslumbrante da Di-vindade.

Inebriou-me com o cântico das grandes leis da vida. Fez-me sentir o princípio das coisas. Maravilhou-me com a sensação

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do choque das forças cósmicas. Aniquilou minha natureza huma-na e me fez renascer numa natureza superior, numa vida maisalta, em que eu chorava, cantava e amava, em harmonia comtodas as criaturas irmãs.

Despertei de um sonho maravilhoso, potente e dulcíssimo,de um êxtase profundo cuja recordação não se apaga, para descernovamente à triste realidade humana. Minha visão seria, maistarde, compreendida e sentida por outros. Mas, eu a vivera pri-meiramente, na forma do contacto mais imediato, por sensaçãodireta, sem leitura e sem palavras, sozinho, com aquela Voz,disperso numa magnificência única de beleza, sob um poderesmagante de conceito, num ímpeto arrasador de paixão, arreba-tado a um grau supremo de sublimação de todo o meu ser. Euhavia vivido todo aquele escrito, como concepção e como drama,como sensação e como paixão. Cada palavra, cada pensamentohavia transformado uma gota de meu sangue, havia arrancadoum pedaço de minha alma. Naquela noite, olhava para mim mes-mo, estupefato, corpo exânime, mas revigorado de eterna mocida-de no espírito. Exultante e prostrado, olhava aquele livro, saídode minha pena, não sei de que resplandecente fonte, através deminha alma extasiada, aquele livro escrito sem premeditação esem preparação, tão estranhamente desejado pelo destino. E per-guntava a mim mesmo se ainda estava sonhando ou estava louco,a mim mesmo perguntava que significavam essas coisas maravi-lhosas para minha vida e para a vida do mundo. Olhava a obraconcluída, à qual fora loucamente lançado por um impulso maisforte do que eu, e que havia levado a termo sem saber e semdesejar, porque um centro, diverso da minha consciência normal,sabia e desejava por mim.

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1936 — Durante as férias (julho e agosto),Sua Voz inspirou a Pietro Ubaldi um livro que falasse delemesmo, do fenômeno inspirativo e o processo de recep-ção de A Grande Síntese. Ainda enriqueceu-o com bri-

Capa da 2ª edição italiana.

AAAAAsssss NNNNNoúresoúresoúresoúresoúres

lhantes páginas sobreos grandes inpirados,entre os quais Moisés,Cristo, S. Franciscode Assis, Joana D’Arce vários outros pro-fetas. O livro é o ter-ceiro da Obra com-pleta, de 24 volu-mes: As Noúres —Técnica e Recep-ção das Correntes

de Pensamento.

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Feliz como quem conquistou um pedaço do pa-raíso, voltou às aulas para mais um ano letivo – 1936/1937 –, o tempo disponível empregava na correspon-dência e em datilografar seus escritos e a última parte deA Grande Síntese.

Chegou o final de outubro de 1936, dia 28, com atriste notícia: sua genitora havia falecido, depois de umabreve enfermidade.

O Diretor do colégio era tão exigente quanto in-transigente que não deu autorização para o Prof. PietroUbaldi despedir-se de sua mãe. Somente pôde fazê-lopelo pensamento e pelas orações. Diz ele em Históriade um Homem – cap. 15: Morreu a mãe de nosso protago-nista. Pois tiveram a coragem de não lhe dar nem um dia delicença. Uma vez fizeram-no voltar de mais de cem quilômetros dedistância, quando estava nas férias de verão, perdendo um dia deviagem, apenas para fazê-lo escrever duas palavras esquecidasnuma ata. Coisa de loucos! O nosso homem amava o trabalho, otrabalho eficiente, não as inúteis formalidades burocráticas. A perdade tempo sempre lhe parecia um crime.

Sra. LavíniaUbaldi Alleori.

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Chegou o fim de 1936. Aproveitando aqueles diasde descanso, foi à Tenuta Santo Antonio estar com a fa-mília, depois foi a Foligno estar com os parentes que acom-panharam a desencarnação de sua mãe. Maria, sua irmã,deu-lhe a Gazzeta de Foligno que prestou àquela bondo-sa senhora, significativa homenagem, no dia 2 de novem-bro:

Na manhã de 28 de outubro, após receber os sacramentosda igreja e uma bênção particular do Sumo Pontífice, passou parauma vida melhor a Senhora Lavínia Alleori Ubaldi, depois derápida enfermidade, com a idade de 84 anos.

Filha de Giovanni Batista Alleori, que, pelas nossas lem-branças, foi administrador correto, íntegro para com as coisas pú-blicas e particulares.

Ela, esposa de Sante Ubaldi, que deixou com sua passa-gem as marcas de extrema dedicação, honestidade e justiça, viveusempre em paz com sua consciência.

Encaminhou os filhos dentro da religião, fazendo crescer,em todos, o culto à virtude e à sabedoria; não descurou das boasqualidades indispensáveis ao lar, nas quais plasmou sua alma.

Que boa ação praticou a senhora Lavínia, sem propalaraos outros? Era muito piedosa, praticava a beneficência sem sefazer notar. Modesta e silenciosa, fazia o bem com a mão direita,sem que a esquerda soubesse. Raramente seu nome foi citado comobenemérita, mas era comum fazer o bem, doando importânciassignificativas aos pobres e necessitados.

Há uma obra de benemerência muito importante ao seucoração bondoso: a Escola Palestina, para os filhos dos mais ne-cessitados, iniciada há cerca de um século, com objetivos filantrópi-cos. A Senhora Lavínia e seu esposo fizeram construir uma

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belíssima sede, dentro dos melhores padrões didáticos e higiênicos,tornando-se a primeira instituição desta cidade. Centenas de cri-anças e jovens são fartamente nutridos do pão material, ético eespiritual É um verdadeiro monumento da caridade cristã. Paraesta Senhora, em favor de sua alma, o Santo Padre Pio XI man-dou sua bênção consoladora, acompanhada da cruz pontifícia eeclesiástica.

O Sumo Pontífice exaltou, ainda, a obra santa e corajosarealizada pela saudosa Lavínia Alleori Ubaldi.

Na Catedral, houve um ato solene, dedicado a sua alma,com pequenas orações e músicas do Maestro Perosi, cantadas pe-los alunos da Escola Santa Cecília.

Às 16:30h, uma multidão acompanhou o longo cortejofúnebre, ordenadamente, em duas filas.

Respeitosamente, seus funerais atravessaram toda a cida-de dentro de um ritual solene. Monsenhor Faveri, na missa decorpo presente, recordou, com admiração, a vida benemérita daSenhora Lavínia Ubaldi, mostrando, em breves palavras, toda asua bela obra, feita com profundo espírito evangélico, oculta e silen-ciosamente.

Ela prestou benefícios aos desfavorecidos da sorte e aoInstituto Palestina, do qual foi inteligente e laboriosa presidente.

Foligno, sem exaltação e sem bajulamento algum, rendeusignificativa homenagem póstuma à Senhora Lavínia AlleoriUbaldi, expressando através do culto religioso sua profunda grati-dão.

À família — filhos, filha, noras, genro e netos — ascondolências de nosso jornal.

Foi nesse ambiente, de exemplos dignificantes, quePietro Ubaldi viveu sua infância e juventude. Mais tarde,em sua fase missionária, ele escreveu que o ser humano é

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produto dos pais, do meio ambiente e das experiências ad-quiridas (desta e de outras vidas). Ele próprio exerceu umministério em que os três meios foram altamente significa-tivos.

Pietro Ubaldi – foto de 1936.

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1937 — Pietro Ubaldi acompanhou a divulga-ção das Mensagens e de A Grande Síntese.

A revista Alli Del Pensiero publicou a última partedaquela obra monumental, no ano anterior. A EditoraUlrico Hoepli se ofereceu para publicá-la em um único vo-lume, é a primeira edição de A Grande Síntese, em itali-ano. Chegou de Buenos Aires a notícia de que a revistaConstancia, também está interessada em publicá-la, depoisde haver publicado em capítulos, é a primeira edição emespanhol.

Gubbio é centro de atenções de vários países domundo, inclusive do Brasil.

Capa da1ª edição.

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No mesmo ano em que foi escrito As Noúres,um grupo começou a estudar biosofia, liderado por GinoTrespioli. Um ano depois, resolveu instituir um concursode Monografia e Ensaio para uma Coleção Biosófica, ovencedor teria seu trabalho publicado por uma grandeeditora. Pietro Ubaldi se inscreveu com seu As Noúres,foi premiado e seu livro teve a primeira edição naqueleano de 1937. O relator assim se expressou no bojo deseu relatório:

Eis, agora e aqui, escolhido Pietro Ubaldi com o primeirodos trabalhos e justamente com um trabalho que se refere aoprincipal argumento, fundamental, da ultrafania; Pietro Ubaldi,que é dotado de uma hipersensibilidade excepcional, não confundívelcom a dos maiores ultrafanos. Sócrates ouvia, também, a "SuaVoz", mas talvez não tivesse sabido falar — pelas condições doseu tempo, do ambiente, do grau evolutivo de então, do estado daciência de sua época — como Pietro Ubaldi, usando um métodocientífico, sobre o fenômeno do qual é instrumento, mas instrumen-to consciente do valor da produção que através de si mesmo semanifesta.

Ultrafano no verdadeiro e mais amplo sentido da palavra,na forma e na substância de sua obra perfeita, o autor de AsNoúres pode falar sobre as correntes espirituais o que nenhumpensador, embora genial, poderia jamais dizer, porque Ubaldi"viveu" sua obra, abandonando o próprio Eu às ordens de umaEntidade de superlativa inteligência, que ele denomina "Sua Voz"e que lhe vem do Mistério. Ele obedeceu, recolhendo e repetindoaos homens as palavras profundas que ele não pensou, mas ouviu.E pôde, ao mesmo tempo, com as próprias faculdades cerebrais,seguir, indagar, entender (o que era justamente nosso desejo) a

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técnica, por assim dizer, desse importantíssimo fato espiritual queé a radiação emitida pelas Essências vivas, de uma vida exterioraos estreitos limites da nossa existência.

Pietro Ubaldi – 1937.

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Ao lançar, em 1937, a primeira edição espanhola,o editor da revista Constancia, também afirmou: Ao apresen-tar aos leitores de língua espanhola uma tradução, em volume, daobra Síntesis Cósmica, do Professor Pietro Ubaldi, a Edito-ra Constancia está convencida de cumprir um dever moral paracom todos os que se interessam pela explicação do grande proble-ma da Vida e do conhecimento.

Capa da 7ª edição.

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Marc’Antonio Bragadin ao prefaciar a primeiraedição italiana, em 1937, afirmou: A Grande Síntese éhoje oferecida ao público italiano reunida em volume, depois dehaver aparecido em fascículos em Alli del Pensiero, revista deBiosofia, de Milão, e de ter suscitado vivo interesse, não só naItália, mas de modo notável também no estrangeiro. Tanto assimque, desde o início, as revistas Constancia de Buenos Aires eReformador do Rio de Janeiro empreenderam sua tradução epublicação, enquanto o Correio da Manhã, o mais importantediário do Brasil, divulgou grande parte numa seção especial. Ago-ra, estão para aparecer em volume, também, a edição espanholaem Buenos Aires e a portuguesa no Rio de Janeiro, enquanto seestá fazendo a tradução para outras línguas.

Pietro Ubaldi na Estrada de Colle Umberto – 1937.

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Verão de 1937 — Este é o último verão quePietro Ubaldi passou na Tenuta Santo Antonio, pois achácara está próxima a ir a leilão, porque o administrador ahipotecou a um banco. Esse acontecimento não alterou ocomportamento espiritual de Pietro Ubaldi. Vivia alheioao empobrecimento da família. Seu voto de pobreza foipara valer. Aproveitou aquelas férias para escrever maisum livro: Ascese Mística. Uma obra excepcionalmentemística, que nos mostra um misticismo atuante, dinâmicoque faz a alma ascender a planos mais altos. Os assuntossão os mais elevados possíveis, vejamos alguns tópicos:

AS BEM-AVENTURANÇAS

Que importa se ganhei ou perdi, se estou bem ou mal, sesou rico ou pobre, amado ou amaldiçoado, se Tu estás aqui, Senhor,e eu não me encontro mais sozinho, se Tu estás ao meu lado e meanimas?

Que importa riqueza ou miséria exterior, se dentro de mimcanta a magnificência do universo?

Que importa se nada mais possuo, se sou desprezado eignoro meu amanhã, se atingi a fonte das coisas eternas?

Faz frio, mas eu me abraso porque me queima o Teu amor.

AAAAAscesescesescesescesescese MMMMMísticaísticaísticaísticaística

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Está escuro, mas eu enxergo porque me ilumina a Tualuz.

Tudo é silêncio, mas eu escuto a doce música da Tua voz.Minha carne perdeu as forças no caminho do dever, mas

meu espírito exulta.Estão vazios meus sentidos, mas está saciada minha alma.De Ti está cheio o universo e eu Te possuo.Acorrei, criaturas irmãs! Vinde alegrar-vos comigo; ajudai-

me a cantar o cântico do divino amor!Escutai: muitos, muitos anos estive sozinho, mas agora

está comigo o meu Senhor.Muitos, muitos caminhos percorri, mas agora cheguei.Muito, muito tenho lutado e sofrido procurando; agora

achei e sou feliz.Onde está meu desespero? Não mais o encontro.Onde estão os espinhos dolorosos do meu tormento? Não

vejo senão rosas...Onde o rugir das forças desencadeadas do mal?Vinde escutar. Canta dentro de mim a música da criação.Vinde, ajudai a alegrar-me; não tenho forças para ser tão

feliz!Vinde, achegai-vos a mim, Criaturas de Deus, auxiliai-

me a cantar, a orar, a amar.Compreendei o milagre. Eu estava encerrado num castelo

de dor e o castelo desmoronou-se. Eu era cego e agora enxergo.Era surdo e agora ouço. Meu coração estava comprimido emmordaça de ferro e a mordaça despedaçou-se. Estava imerso nummar de gelo e agora me acho envolto num incêndio de amor.

Sobre minha fronte descansou o beijo do Eterno e euressuscitei.

Basta, Senhor! Reprime o êxtase do meu coração, que se

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despedaça...Faz-me ainda sofrer, somente para que eu aprenda a amar-

Te mais intensamente ainda!...

IRMÃO FRANCISCO

Das profundidades do tempo e do espaço, ouço esta vozpotente de Deus, que me leva a alma num turbilhão. Ouço asinfonia dos vastíssimos horizontes, a luminosidade dos céus, asharmonias da vida, a voz do mundo, cantando: Cristo! Cristo!Cristo! Assim grita a História: Cristo esperado, Cristo presente,Cristo operante no coração da civilização. Cristo, repete-me a belezada arte, a profundidade da sabedoria, a vitória da bondade, agrandeza do espírito. Esse canto se dilata e me penetra. Cadanota ecoou em mim, lentamente, das humildes às grandes vozes.Minha alma apertou e sorveu em si a estupenda vibração e,acompanhando esta harmonia, subiu com o canto. Cristo! Repete-me todo o universo. Cristo que sinto chegar resplandecente doscéus, tão vertiginosamente alto e belo, como sonho que devia tersido no ardor de Francisco na suprema consagração do Alverne.

DOR

A dor bate, martela, consome e reedifica. É um martelarrítmico, lacerante, que fere e desperta as profundezas. Esse martelararranca de minha alma gritos que são a sua voz, uma voz queconta, com lógica e calma, uma história trágica e estupenda, profundae sublime — a história de uma alma que conquista o infinito. Épara lançar estes gritos, que são minhas obras, que enfrento e empenhominha vida; é para viver, viver e narrar este fenômeno supremo quesuporto,

sem auxílio nem piedade, a minha imensa dor interior,

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diante da qual estou sozinho e não posso estar senão sozinho. Coma agonia do humano se resgata o triunfo no divino.

RESSURREIÇÃO

O corpo não pode viver nas altas temperaturas a que oespírito se abrasa em contato com o divino; naquela altíssima tensão,as fibras humanas se rompem; naquele fogo espiritual o corpo arde ese consome rapidamente; brilha subitamente numa chama violenta ese aniquila. No entanto, é belo, se é vencido ou triunfa; se morre ourevive; se sofre ou é feliz. Ao declinar das forças físicas, o canto sobedo fundo da alma, cada vez mais doce, mais sutil, mais belo. Afina-se pela dor, harmoniza-se com a harmonia do universo, conquistandonovas ressonâncias em sintonia com o infinito. É intuitivo, certaselevações espirituais e certas realizações supremas só podem seralcançadas à custa de repercussões no estrato inferior do próprio ser.É lógico que toda a unidade da pessoa seja arrastada no turbilhãoda ascese. Só a morte, com sua proximidade, pode dar ao espíritocerta luminosidade. Só um corpo quotidianamente açoitado podepermitir certas transparências, próprias da última purificação. Osque leem não podem saber de que sulcos de tormento desponta estanova flor de vida; que destruição humana nasce a amplitude conceptuale passional que alimenta certos trabalhos literários; de que massa devida se deve dotar a palavra para que seja quente e ativa. Não podecompreender que bases de angústia sustêm o ímpeto festivo eexuberante da criação.

A EXPANSÃO

Chega-se à unificação com Deus depois de haver-secompreendido, numa síntese conceptual, o funcionamento orgânico do

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universo, fundindo-se e identificando-se com a alma universal. Este éo rumo ao ser, a realização da maior felicidade porque, ao mesmotempo, da mais vasta expansão. De outro modo, tudo será umatrabalheira inútil. O instinto insaciável da alma está manifesto, masa porta de entrada está no céu e não na Terra. Aqui embaixo, noambiente fechado, a expansão se reduz à violência recíproca, pelaangústia de espaço. Aqui embaixo isto não se obtém senão roubando-o dos semelhantes, senão oprimindo e esmagando — mas não éassim no céu! A que extremos opostos estamos sobre a Terra, ondea afirmação do eu é a luta de todos contra todos, é a imposição, aextorsão e a coerção do mais forte para com o mais fraco! Quedissonâncias, que atritos, que dispersão de energias, que inferno! Noentanto, o universo é ordem, é música, é amor e tal aparecerá, comesmagadora evidência, assim que a alma se curve às realidades maisprofundas. Esta é a maravilha que nos espera, transposto o limiar.A verdadeira expansão está nas dimensões superiores do espírito.Só assim ele, o insaciável, poderá ficar saciado!

HARMONIZAÇÃO

O grau de ascensão do ser nos planos espirituais se medepelo grau de harmonização, conseguido pela consciência no organismouniversal, pelo grau de identificação com o Todo, de unificação comDeus. E o índice exterior da harmonização, o sentimento peloqual esta se revela sensível, é o amor.

UNIFICAÇÃO

Através do amor realiza-se o mistério da unificação. Opensamento comum sobrevoa, não toca a vida, a simplescompreensão da verdade não desce à profundidade da alma para

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convulsioná-la com suas sensações. No plano místico o pensamentoé vida, cada conceito que emito é um fato que desceu e se estampouno espírito. A fria concepção transmudou-se aqui em renovação dealma. A suprema abstração do conceito de Deus avizinha-se e setorna sensível descida ao centro da própria consciência. Deus, nãose deseja, não se mostra: sente-se. A fria ideia da verdade seaquece, anima-se e vibra nas palpitações de todo o universo. Asinfonia da criação não se vê apenas por compreensão: toca-se porpercepção. E isto é a sublimidade do êxtase.

A SENSAÇÃO DE DEUS

Assim aparece Deus na alma. A existência de Deusdesponta nela e se fixa como um fato sensível. Aquela ideia central,síntese do universo, é tocada pela consciência, quando esta alcançao campo místico. Esta é a substância da minha experiência e aquia descrevo. No plano racional, a razão procura Deus; mas, naanálise, não O encontra (ciência). No plano intuitivo (exemplo: AGrande Síntese), Deus aparece na mente, mas somente comoconceito e permanece como uma visão exterior, distinta do eu. Noplano místico (exemplo: Ascese Mística), Deus aparece naconsciência como sensação total, interior, una com o eu e a sínteseda verdade se transforma em amor (união com Deus). Neste planoa revelação se torna arrebatamento. Método para conhecimento,também, mas inusitado e mais profundo. A ciência adota o métododa observação. Para superá-la, adotei o método da intuição e odescrevi. Este é o método da unificação. É uma posição tão fora docomum, tão afastada da normal atitude da consciência humana,que neste plano não é compreensível, não atua, nem se podecomunicar. Veem-se ressurgir aqui, ante a ideia de Deus, vivos naminha experiência, os níveis de consciência expostos no diagrama

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da ascensão espiritual. Compreende-se que tremenda realizaçãosensorial é para o espírito: alcançar o plano da unificação. Eiscomo se pode dizer : Deus está em mim, vibrando na minhasensação.

CRISTO

O verdadeiro Cristo é uma realidade e uma sensaçãoimensa que repele imagens. É um infinito que se conquista porsucessivas aproximações. À medida que o espírito sobe, aos váriosplanos de consciência correspondem vários planos de conhecimentode Cristo, os quais são uma revelação progressiva de Sua essênciadivina. No plano sensorial, a consciência não supera a representaçãoconcreta do Cristo histórico, do conceito encarnado em formahumana. No plano racional, a consciência crítica procura Deus,naquela figura, sem conseguir encontrá-Lo. No plano intuitivo, aconsciência encontra, por inspiração na revelação, o Cristo cósmico ecompreende que coincide com a Divindade. No plano místico, aconsciência sente pelo amor o Cristo místico, da concepção de Deuspassa à unificação com Deus.

AMOR

Cristo! Tu és a bondade que acaricia, o amor que inflama, aluz que guia. És também a prova que me cabe, para meu bem, ador que me liberta, a morte que me restitui a vida. Tudo Tu és, óDeus! Seja por meio da alegria, do amor, da dor, é sempre a Tuamão que me guia para a única meta, que és Tu. Que animes oucastigues, que acaricies ou punas, sempre atrais tudo a Ti, comosuprema razão de vida. Agora cheguei à suprema violência, quesupera os raios do Sinai, a violência do amor. Ela me busca o

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coração, para arrancá-lo e ficar em seu lugar. Então, a alma chegouao porto, atingiu a meta. Na fuga dos tempos, Cristo venceu.

A REDENÇÃO

Grande e maravilhosa lei de equilíbrio e de justiça é esta: ador, quando cumpriu sua função de levar a alma até a superação daanimalidade, afasta-se em silêncio! Quanto é sábia a lei de Deus, naqual o mal é confinado e submetido aos fins do bem; o sofrimento éjusto e frutífero; a ascensão é conquistada e necessária; a dor écondição de felicidade! Ela é uma força fechada no seu plano, dissonão se pode fugir; a liberdade só é possível subindo-se. A dor nãopode atuar além do limite circunscrito pela Lei, onde se deve esgotarsua função de prova e formação da alma. Mais no alto não existesenão a dor do justo, que é coisa santa, livre, é missão, martírio,triunfo e sobretudo, amor.

ASCESE DA ALMA

Caminha, caminha. Cristo vai com Sua cruz, sempre diantede todos. Ele não tem propriedades, nem riquezas, nem poderhumano. Ele é uma força nua, suspensa entre os horrores da Terrae os esplendores do céu. Ele não está na História, mas é superior àHistória; não está encerrado no tempo, mas é senhor do tempo. Nasua realidade, ele é imaterializável e justamente por isto está vivo epresente. A sua realidade é interior, está nas palpitações e no tormentodo nosso espírito. Justamente por isto, Ele está aqui conosco, entrenós, sensível para qualquer um que o saiba sentir.

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Como era belo contemplar, lá fora, antes do ocaso, sobre odoce e extenso vale úmbrico e os reflexos do Tescio , os pinheirosondeando ao vento, contra os diáfanos esplendores da distância!

E, mais tarde, a lua cheia surgindo do Subásio, a mole dotemplo, irreal entre pálidas luzes, e a imensa campina adormecida.

Hora de doces colóquios de espírito com a alma do criado,no intenso pressentimento de primavera. Hora de ternas recordaçõespara mim, nesta doce terra de Assis, onde tão profundamentetenho vivido e que tanto tenho amado. Hora em que o Céu e aTerra refletem, amigos, um sorriso comum e se estreitam numfraterno amplexo.

Parecem em paz, mas é aparência do momento.

São páginasl i n d í s s i m a s ,m a r a v i l h o s a s ;apenas extraimosalguns tópicos dealguns capítulos deAscese Mística

para mostrar o seuaspécto místico.

O Autorconclui com ocapítulo Paixão,escrito na basílicade São Franciscode Assis, diante dotúmulo do Santo.Foram estas aspalavras finais:

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Pietro Ubaldi – 1937.

Vive dentro de mim a visão da realidade.Eu senti verdadeiramente a Terra tremer.

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Pietro Ubaldi – 1938.

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A primeira edição de A Grande Síntese esgo-tou-se, foi preparada a segunda; Ascese Mística está noprelo. Pietro Ubaldi acompanhou os acontecimentos deGubbio e observou que em tudo reinava perfeita har-monia, mostrando a presença Divina de Cristo em suamissão.

Chegou o verão de l938, dois meses de férias, pas-seios diários. Foi intuído para ir a Versales e observartodos os detalhes da vida de Luiz XV. Uma preparaçãopara compreender todo o seu destino e escrever Histó-ria de um Homem.

Retrato em Paris, na Torre Eiffel, em 29 de julho de1938. Pouco antes de completar 52 anos.

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O mundo parece espargir rosas, mas na verdade distribuiespinhos; eu vos ofereço espinhos, porém ajudarei a colher as rosas.(Sua Voz – Mensagem do Perdão). Pietro Ubaldi sabia dis-so. Os louvores do mundo chegavam de toda parte, elenão se envaidecera porque são como vendavais, chegame passam deixando um vazio na alma. Uma coisa tinhacerteza: não caminhava sozinho, é o que nos mostra His-tória de um Homem (cap.15):

Às vezes o colóquio se fazia tão intenso, tão forte aquelepensamento batia às portas de sua alma, que lhe parecia encarnaruma forma branca, luminosa e diáfana, que lhe recordava a figurade Cristo. E ele a olhava para fixar-lhe os lineamentos feitos deluz. Às vezes, sentando-se à mesa, era tão viva a impressão dapresença dessa figura, que ele, sem o querer, punha outro talher,como se tivesse um comensal. E este lhe sorria com um sorrisotodo seu, de quem compreende e perdoa e mirava-o com um olharque parecia atravessar-lhe toda a alma. Surpreendia-o, acima detudo, a força de penetração daquele olhar que, no entanto, mal sedistinguia. Parecia que nada se poderia esconder dele, nada lhepoderia resistir e que cada pensamento se tornava, para ele, trans-parente.

Aquele olhar era uma tal síntese de vida, uma vibraçãotão intensa e total, um raio tão potente, quente e profundo, que

1939 – Amanheceu o ano novo, a tensãomundial aumenta, a Europa treme diante da ameaça deuma guerra a ser deflagrada pela Alemanha e BenitoMussolini, chefe do governo italiano, era um aliado deAdolf Hitler. O povo estava muito preocupado porqueseu país era vulnerável para entrar num conflito de gran-des proporções.

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persuadia com a sua simples presença.Não se explicam tais fenômenos dando-lhes, apenas, no-

mes de origem grega ou definindo-os como anormais ou patológicos.A ciência das vibrações está apenas nascendo e não temos autori-dade para negar "a priori" a possibilidade de fatos de ordemsuprasensorial, só porque não se deixam medir pelos nossos gros-seiros instrumentos. E mesmo que se tratasse de ilusões, cometeriadelito uma ciência que desejasse privar a alma deste conforto, semsaber fornecer nada capaz de o substituir.

Assim, ignorado do mundo, na paz e na solidão, de umavida simples e obscura, protegido pelo silêncio, florescia este docesonho fervoroso e tranquilo, em que palpitavam as recordações daGalileia. Era como se o céu, às vezes, desejasse e pudesse descer àTerra, a esta nossa terra infernal -, mas furtivamente, protegen-do-se com formas sutis e evanescentes, que, para os sentidos gros-seiros do mundo, permanecem invisíveis e assim podem escapar àsua intervenção agressiva e destruidora. E assim o alto pode, comtranquilidade, operar sua irradiação de força, inundar com elaalguns seres, produzindo aquelas profundas saturações espirituaisque são a premissa necessária de certas explosões que depois omundo se limitará a comprovar, a aceitar, sem ser capaz de lhetraçar a misteriosa preparação.

Ele as absorvia lentamente, num estado de idílica simplici-dade, defendido ainda pelos mal-entendidos em que caem a igno-rância e a insensibilidade humana que, nada vendo, nada podedestruir. Ninguém podia imaginar que tempestades se prepara-vam naquela serenidade, quantas dores já continham aquela ale-gria. Nada de estranho, afinal. Se certos fenômenos fossem com-preendidos, neles se veria a lei que, para o grande e o pequeno, ésempre a mesma.

Assim como a profunda elaboração da matéria na forma-

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ção do feto se processa oculta à luz exterior, protegida de invólu-cros, toda entregue a um fervoroso trabalho interior, e só nestascondições pode o novo ser vir à luz e lançar o seu grito de vida.Assim, a profunda elaboração do espírito na catarse mística sedesenvolve igualmente escondida e protegida e só à custa do traba-lho interior de maceração e de aperfeiçoamento, de destruição ereconstrução; só quando um período de paz e de alegria produziua completa saturação pode o novo homem vir à luz do mundo eaqui se afirmar com o seu grito de desafio. São necessários anos desilêncio, de vida oculta para fazer um homem, prepará-lo, dotá-lodos meios de combate. A ingenuidade deste sonho idílico, do Evan-gelho sentido como alegria que desce do céu antes de ser a batalhaque se terá de combater sobre a Terra, como primaveril doçura deamor em vez de tempestade de desapiedado martírio, não erasatisfação gratuita, mas premissa necessária.

E nesta espera o destino dava uma hora de repouso. As-sim, em paz e alegria se cumpria a catarse mística de nosso perso-nagem. Houve uma hora culminante que é preciso narrar.

Uma tarde, voltando à pequena cidade onde vivia, tardede inverno, sozinho, em carro de 3ª classe de um pequeno tremgélido e chocalhante, acomodara-se sobre o duro assento, com aalma amargurada pela solidão, num pressentimento de qualquercoisa dolorosa que se preparava. Ninguém o esperava à chegada.A casa estava gélida e vazia. Sentia a alma apertada num torno,uma tristeza mortal. Começou a orar, pensando na paixão deCristo, revendo, na contemplação, especialmente a íntima cena es-piritual do Getsêmani e revivendo-lhe a profunda angústia.

Apenas mergulhara nesta visão interior, quando lhe pare-ceu ver, na cadeira defronte, aparecer, emergindo da sombra emque a luz incerta deixava aquele canto, uma como que fosforescência,uma luminosidade vaga que se ia fazendo mais intensa e definindo

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seus lineamentos em forma que, também desta vez, sem dúvida,tomava a semelhança de Cristo. E como de outras vezes, nasciaprimeiro o olhar e esse olhar lhe falava.

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Chegou o mês de novembro, ele pressentiu quealgo de terrível estava para acontecer-lhe:

Nos momentos mais difíceis, em vez de se desesperar, es-perava, sentindo que há na própria força dos acontecimentos umatendência a resolverem-se automaticamente, pela lei da vida. Aexperiência era terrível. Sentia-se acabado e tudo era contra si.Não havia meio de escolher. Não importava senão uma coisa:sobreviver. Os motivos triunfais de seu destino giravam agora comoimpetuoso vento de morte. A primavera era uma recordação lon-gínqua - ela dera o seu fruto, que já fora recolhido. Era preciso,agora, atravessar o inverno e recomeçar o trabalho de preparar,desde o início, uma nova colheita. Tudo se lhe afigurava muitolonge, inatingível, impossível, além de toda a esperança. (Histó-ria de um Homem – cap.17).

A igreja acompanhava a publicação de suas obrase no dia 8 de novembro a Suprema Congregação Sagra-da do Santo Ofício colocou no Index prohibitorum (hojeextinto) A Grande Síntese e Ascese Mística. Isso sig-nificava que os católicos estavam proibidos de ler aqueleslivros.

Foi uma punhalada que o Autor recebeu. Vamosouvi-lo:

Um dia, enquanto ele se encontrava neste estado, umaclasse de homens julgou oportuno condenar o mais significativo deseus livros. Seu pensamento via-se, assim, rechaçado naquele meio.A notícia colheu-o de surpresa em sua laboriosa solidão, numatriste tarde de novembro. E então renovou o cotidiano exame deconsciência e não encontrou no fundo de si senão a sua habitualharmonia com Deus. Sua alma sentiu que nada tinha a se repro-var e permaneceu em paz. (História de um Homem – Cap. 18)

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A imprensa veio a público defendê-lo; nem porisso, deixou de sofrer, sua alma era sensível. Defende-ram-no: Light, de Londres; Constancia, de Buenos Aires;La Verità, de Roma; Reformador, do Rio de Janeiro; alémde outras revistas e muitos jornais.

Naquele ano de 1939, teve as atividades diáriasnormais e ofereceu ao mundo seis composições que es-tão inseridas em Fragmentos de Pensamento e de Pai-xão: O Problema da Educação, A Hora de Napoleão, O Pro-blema Religioso, Urbanismo e Raça, A Evolução e a Delinquência.

Veio a público a segunda edição de A GrandeSíntese, em italiano, e a primeira em português, prefacia-da por Guillon Ribeiro, que inseriu a mensagem deEmmanuel e o soneto de Augusto dos Anjos, através deChico Xavier.

Quando todos os valores da civilização do Ocidente desfa-lecem numa decadência dolorosa, é justo que saudemos uma luzcomo esta, que se desprende da grande voz silenciosa de A Gran-de Síntese. Na mesma Itália, que vulgarizou o sacerdócio ro-mano, eliminando as mais belas florações do sentimento cristão nomundo, em virtude do mecanismo convencional da igreja católica,aparelhos existem da grande verdade, restaurando o messianismo,no caminho sublime das revelações grandiosas da fé.

A palavra de Cristo projeta nesta hora as suas irradia-ções enérgicas e suaves, movimentando todo um exército poderosode mensageiros seus, dentro da oficina da evolução universal. Omomento é psicológico.

As nossas afirmativas abstraem do tempo e do espaço, emcontraposição às vossas inquietudes; mas, o século que passa deveassinalar-se por maravilhosas renovações da vida terrestre.

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As contribuições exigidas serão bem pesadas. Todavia,uma alvorada radiosa sucederá às angústias deste crepúsculo.

Aqui fala a "Sua Voz" divina e doce, austera e compassi-va. No aparelhamento destas teses, que, muitas vezes transcen-dem o idealismo contemporâneo, há o reflexo soberano da suamagnanimidade, da sua misericórdia e da sua sabedoria. Todos osdepartamentos da atividade humana são lembrados na sua expo-sição de inconcebível maravilha!

É que, sendo de origem humana a razão, a intuição é deorigem divina, preludiando todas as realizações da humanidade.A grande lição desta obra é que o Senhor não despreza o vossoracionalismo científico, não obstante a roupagem enganadora doseu negativismo impenitente.

Na sua misericordiosa sabedoria, Ele aproveita todos osvossos esforços, ainda os mais inferiores e misérrimos. Toma-vosde encontro ao seu coração augusto e compassivo, unge-vos com oSeu amor sem limites, renovando os Seus ensinamentos do Marda Galileia.

Vede, pois, que todos os vossos progressos e todos os vos-sos surtos evolutivos estão previstos no Evangelho. Todas as vos-sas ciências e valores, no quadro das civilizações passadas e nomecanismo das que hão de vir, estão consubstanciados na suapalavra divina e redentora.

A Grande Síntese é o Evangelho da Ciência, renovandotodas as capacidades da religião e da filosofia, reunindo-as à revela-ção espiritual e restaurando o messianismo do Cristo, todos os insti-tutos da evolução terrestre.

Curvemo-nos diante da misericórdia do Mestre e agrade-çamos de coração genuflexo a sua bondade. Acerquemo-nos destealtar da esperança e da sabedoria, onde a ciência e a fé se irma-nam para Deus.

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E, enquanto o mundo velho se prepara para as grandesprovações coletivas, meditemos no campo infinito das revelações daProvidência Divina, colocando acima de todas as preocupaçõestransitórias, as glórias sublimes e imperecíveis do Espírito Imor-tal.

Emmanuel.

SUA VOZ

Nesta síntese orgânica da ciência,Fala Jesus em toda a substância,Desde a mais abscôndita reentrânciaDas Leis maravilhosas da existência.

Sua Voz é a divina concordânciaCom o Evangelho, em luz, verdade e essência,Neste instante de amarga decadênciaDa civilização de angústia e ânsia.

Alma humana, que dormes na albumina,Desperta às claridades da doutrinaDeste Evangelho regenerador!...

Fala-te O Mestre, do seu trono de astros.Ouve-lhe a Voz!... Caminha!... Vem de rastrosE escuta a Grande Síntese do Amor!

Augusto dos Anjos.

Pedro Leopoldo, outubro de 1938.

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Capa da 1ª edição.

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No Brasil a primeira edição foi em 1939, pelaFEB, e Guillon Ribeiro ao prefaciá-la, disse: A GRAN-DE SÍNTESE encaminha a ciência para sua espiritualização,a fim de facultar ao homem uma concepção de Deus, escoimada deantropomorfismos e o capacita para lhe escutar a Voz que perene-mente ecoa nos ensinamentos Daquele que será por todo o sempre— Caminho, Verdade e Vida.

Pietro Ubaldi – 1939.

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1940 – Nenhuma produção literária. A se-gunda guerra mundial tinha sido deflagrada e a preocu-pação era grande. Foi um ano de mais reflexão e amadu-recimento espiritual. Parecia que Sua Voz o abandonara,mas era necessário deixá-lo sozinho para que novas ex-periências fossem assimiladas e a fé reedificada cada vezmais sobre a rocha. Em História de um Homem(Cap.26), encontramos:

O nosso personagem voltara-se para as últimas fases desua vida.

O processo de animalização falhara no sentido em quefora tentado e produzira resultados opostos. Desta prova máxi-ma seu espírito saía mais consciente e mais forte. A chama de seuespírito vacilara até quase se apagar sob o sopro gelado; mas osopro mesmo acabara por reavivá-la. Sentia-se, assim, restituídoà fase precedentemente conquistada.

Compreendia, no entanto, que não se tratava de uma sim-ples restituição, de um mero retorno.

Neste sentido o Evangelho lhe falava e nova ordem lhevinha de Cristo: era necessário retomar a cruz a carregá-la naTerra, seguindo o Seu exemplo, e não por si, mas para o bem dosoutros. Esse o grande e novo motivo que ele devia desenvolver : obem dos outros.

Renunciar à própria fuga para se deter, agora que haviaaprendido a ensinar aos outros. Não fugir só, mas salvar tambémos outros; não evoluir sozinho, mas com todas as criaturas irmãs.

O novo e mais profundo sentido do Evangelho estava nesterecuo, sobre os próprios semelhantes, não mais desprezados comoinferiores, involuídos, primitivos, mas amados e ajudados comoirmãos.

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Não é, pois, através da fuga da Terra, seja em busca deperfeição, mas através do amor ao próximo, que se encontra maiscompletamente a Deus e se realiza plenamente o Evangelho. Ocaminho é mais extenso, mas que vastidão de realizações! O anta-gonismo entre a Terra e o céu não existe para que se lute aoinfinito, mas é um contraste na mecânica da evolução que se deveráresolver em progresso.

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1941 – Começou o ano e ele encontrava-seem Gubbio para seu trabalho diário. Chegaram as fériasde verão, ele foi passar com a família que se encontravaem Villa del Paradiso, em Sansepolcro, província de Arezzo.Essa bela propriedade da família, foi vendida pelo admi-nistrador depois da segunda guerra mundial. Lá, naqueleretiro espiritual, foi impulsionado a escrever História deum Homem. Levou apenas quarenta dias para escrevê-lo. É a sua própria história espiritual. Assim começa a suanarração:

O universo é ordem, ou caos? O universo é ordem. Isto é oque me dizem a ciência, a história, e tantos anos de observação ede experiência. Cheguei à conclusão de que o universo é um funcio-namento orgânico em marcha para determinada meta; que todosos fenômenos se encadeiam segundo uma lei, em cujo âmago sinto opensamento e toco com as mãos a vontade de Deus presente eatuante. Assim concluí, com a segurança que me deram trintaanos de estudo, de experiência e de dor.

Se desta verdade universal desço a verdades mais particu-lares e mais próximas, mais relativas e mais tangíveis, descubro

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Pietro Ubaldi em Villa del Paradiso – foto de 1941.

que a vida do homem e do planeta que ele é agora chamado areger, correspondem a uma ordem particular e a um funcionamen-to orgânico, cuja meta é indicada por estados sempre mais perfei-tos a atingir, cuja lei é o progresso. Verifiquei, afinal, que a lei donosso planeta é progredir em todas as formas; evoluir sempre, emtodo sentido, é a ideia dominante. A evolução é uma soberba eincessante marcha de todos os seres da Terra, do mineral à plan-ta, ao animal, ao homem, ao gênio: a marcha em direção a Deus.

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167 Villa del Paradiso – Sansepolcro (Arezzo). Foto de 1992.

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Para escrever História de um Homem foi ne-cessário um retorno ao passado, tendo em vista que asua vida está voltada para o bem da humanidade.Sabia, por intuição, que estava cumprindo a missão equitando seu débito para com a Lei de Deus, ao mesmotempo. Isso o leva a vidas pretéritas. Vamos conferir emHistória de um Homem, em alguns tópicos do capítu-lo À Procura de Si Mesmo:

Assim começou a desenrolar-se o fio da vida do nossohomem. Há tipos lineares, simples, evidentes, de consciência super-ficial. A personalidade pode, então, revelar-se logo. Há indivíduoque se manifesta mais facilmente inteligente, de mente brilhante;tudo exterioriza com rapidez, e pode ser logo apreciado e desfrutara sua posição no mundo. O centro da consciência, no nosso homem,estava, pelo contrário, tão profundamente situado, que permane-ceu, para ele mesmo, longo tempo escondido. Ele sentia qualquercoisa de imenso dentro de si, no seu passado, e uma tão vastacomplexidade no próprio eu, que levou muito tempo a reencontrar-se, e não pôde fazê-lo senão lentamente, laboriosamente, parecen-do, enquanto isso, inepto, tímido, medíocre. A sua consciência de-via ser encontrada não apenas na superfície, mas em profundida-de. Não podia viver por imitação, nem aceitar verdades já confec-cionadas para o uso prático. Não lhe bastava pautar as ações desua vida pelas simples ideias correntes ou pela simples orientaçãodos instintos. Sentia a necessidade de penetrar a substância e deinteirar-se diretamente das razões da vida. Não sabia nem podiaagir senão de maneira consciente. Não podia fazê-lo de outraforma. Tal era o determinismo do seu tipo. (...)

Mas nem tudo, no seu espírito, era trágica tristeza. Havia

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luz também, e quanta luz! Lembrava-se de haver sido tocado, emcriança, mais na vista interior do que nos olhos, certa tarde, numaigreja, por uma luz amiga que fluía do alto, não sabia como.Contou o fato, mas ninguém o compreendeu, e então se calou. Masnunca o esqueceu! Depois, nas suas úmbricas cidades do silêncio,sobrepondo-se ao terror das atrocidades medievais, reencontrou,com a mesma angustiada nostalgia, o encanto de uma figura sim-ples e humilde, que passava fazendo o bem. Irradiava tamanhoesplendor espiritual, que todas as trevas se dissolviam ante ela,todos os terrores se dissipavam, os ódios desapareciam e as doreseram consoladas. Era a figura de São Francisco. E na sua vidaele a seguiu em silêncio, além de Assis, até Verna, a Greccio,sobre o Trasimento, e a tantas outras cidades menores, por toda aparte a que pudesse ir, beijando-lhe angustiadamente as santaspegadas. E em cada lugar se perguntava: Foi aqui, foi ali, onde,quando? Assim amou Assis primeiramente, depois amou Gubbio,como à sua pequenina irmã franciscana. Conheceu depois a Itáliainteira, a Europa e as Américas, mas nenhuma cidade encontroua que pudesse amar mais do que aquelas duas. São Damião, aPorciúncula, o túmulo de S. Francisco em Assis, a Capela dasEstigmatizações, em Verna, haviam sido os lugares de mais in-tensa e evidente sintonia com o seu espírito, como outras tantasetapas da sua paixão. Naqueles lugares reencontrou o sentidomais profundo do seu destino, reencontrou engrandecida aquelaprimeira luz da sua infância, alcançou a visão daquela afirmaçãoque ultrapassa a terrificante prova da vida, encontrou a força dese redimir superando os terrores do passado, consequências natu-rais de suas grandes culpas e dos seus desvios. Eram forças por elemesmo desencadeadas em algum tempo, e que agora se lançavamdesesperadamente contra ele, para espedaçá-lo, a ele inexoravelmenteligadas pelo determinismo do seu destino (...).

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O seu passado era, sem dúvida, extenso e rico de profun-das experiências.

Não podemos aqui aludir senão às mais típicas e maisdecisivas. Um conhecimento havia sido, pois, conquistado e, embo-ra ofuscado, mais tarde, pela queda, ainda restava, porque aquiloque uma vez se conquistou não se pode mais perder. Ainda quan-do a consciência humana oprimida pelo cansaço de mil dores, hou-vesse naturalmente vacilado, havia nele um subconsciente gigantes-co, que nenhum assalto podia destruir. Mesmo marcado por milfadigas, arrastado por um destino de expiações cruciantes,inexoráveis e tenazes, até às portas da sua alma, aquele passadoestava escrito, indelevelmente, no seu subconsciente, era seu, comoinalienável produto do seu trabalho. Diante desses substratos dapersonalidade, a dor não pode destruir, mas somente elevar, aper-feiçoando o indestrutível. Em tais casos, a dor que aniquila eavilta os normais, ao contrário, exalta, eleva, embeleza; é instru-mento de ressurreição.

Havia, entretanto, entre ele e aquela luz do seu passado,um período de trevas humanas, de graves erros queridos pelosquais, era responsável, e que gravavam o seu espírito alado e oligavam às tristes vicissitudes da dolorosa experiência terrestre. Oseu destino, portanto, enquanto revelava, de forma evidente, afunção redentora da dor, continha também, de maneira superlati-va, essa trágica alternativa de treva e de luz em que se desenvolvea luta mais sangrenta da vida; seu, de maneira particular, era ogrande drama do bem e do mal, que é o eixo do mundo. O signifi-cado da sua atual experiência era, sem dúvida, em primeiro lugar,o de expiação; dada a sua posição, assim estreitamente individual,a sua vida era uma prova dolorosa, para ressarcimento de equilí-brios perturbados, para correção de experiências, erradas, paraatingir a assimilação de novas experiências, dirigidas agora em

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sentido oposto, difíceis de suportar, mas destinadas a construir nasua alma qualidades mais elevadas, que ainda lhe faltavam. A suavia não podia ser outra, senão a da cruz. Em meio a tantos cami-nhos diversos, de tantos homens diversos, este era o tipo do seudestino. Cada qual tem o seu, como tem a sua personalidade, o seutipo inconfundível. Na vida social os destinos se enredam em ações ereações, se chocam, se influenciam, se corrigem, mas não se confun-dem nunca, e cada um permanece nu e só, diante de si mesmo.

Mas além da cruz esplendia a libertação, além da luta pelaredenção, surgia a ressurreição. Expiação pela dor era, portanto, aprimeira palavra de ordem da sua vida, no caminho da cruz; mashavia depois, também, um outro aspecto. Mesmo subindo pela viadolorosa de Cristo, haveria espaço para ele prestar benefícios, emalguma parada, em algum descanso, em algum afrouxamento dastenazes fatais, lhe restaria ainda uma possibilidade de missão, paraconceder aos outros, no inferno terrestre, alguns reflexos da luz umavez conseguida e que permanecera inesquecível.

Este destino que narramos, vê-lo-emos desenvolver-se nocaminho do Calvário, sobre as pegadas de Cristo. Não se tratamais, agora, de simples sintonização, talvez pela memória, comambientes medievais franciscanos, de um amor pelo santo da bon-dade e da humanidade, que quis fazer a experiência integral doEvangelho, mas da convergência de todo um destino, como provade dor e como missão, para a figura de Cristo. Trata-se de umasuprema experiência toda tensa na realização vivida do pensa-mento, da bondade, da paixão de Cristo. Veremos, mais adiante,o grave sentido destas palavras e a que tipo particular de experi-ência humana, orientada para o divino, a vida que relatamos quisrealizar ou, pelo menos, sonhou e procurou atingir. Veremos umatentativa, direi, quase desesperada, em face do homem atual, de umaintegral aplicação do Evangelho. E veremos a desforra do mundo:

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as resistências, as reações, as condenações, as falências e as traições,escárnio de quantos quiserem fazer, no campo do espírito, qualquercoisa verdadeiramente séria. Registraremos choques, incompreensões,anacronismo. Um dia o encontro entre o nosso homem e o mundoocorreu e então já não foi mais possível retroceder.

Mas Cristo esplendia naquele destino, no seu passado, noseu futuro. Como uma lembrança e como um pressentimento, oenvolvia todo em luz, tanto que o breve espaço daquela vida detreva dolorosa se fechava entre dois esplendores. Aquela luz estavaantes da culpa e depois da expiação. Cristo era a sintonizaçãomais palpitante daquela vida e sempre ressurgia diante daquelaalma, sempre com profunda emoção. Este era o sulco mais forte-mente traçado e que ali se tornara indelével. Parecia, sempre,àquele homem ver a grande e amada figura andar pelas terras daGalileia, às margens do lago de Tiberíades, de Belém a Nazaré, aJerusalém, da pobre manjedoura ao Getsemani e ao Gólgota. E aseguiria como exemplo, em silêncio, pelos caminhos da vida, amandoe sofrendo. Cristo era, para ele, antes do nascimento e depois damorte, a última síntese de todos os valores humanos.

No último capítulo, Chegada da Irmã Morte, o Autortem uma visão mais ampla deste último parágrafo.

Ei-la:

(...)Enquanto assim pensava, de ideia em ideia, indo do sol a

Cristo, pareceu-lhe que o esplendor do astro se fundia nos reflexosdo rio, incendiando-o. Na sua sensação, já agora unicamente interi-or, a ideia do sol e a ideia de Cristo se fundiram em um só esplen-dor. Sentia nos olhos e na alma acender-se um incêndio de luzes que,avançando do céu, penetrou no aposento iluminando-o. As duas

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realidades, vistas com os olhos do corpo e com os do espírito, sobre-punham-se. A luz que invadira o aposento começou a delinear-se edefinir-se e todo ele, olhos e alma, se concentraram nela para lhedecifrar o aspecto que, sempre sob forma de luz, se ia delineando.Estupefato, incerto e anelante assistia ao progressivo definir-se daforma e da ideia. Evidentemente já não estava só. Ali estava umamaravilhosa realidade de pensamento, de afeto, de vontade e deforma que o atraía com bondade e força, inundando-o de supremaalegria.

Estendeu os braços num esforço supremo e depois deixou-seabater sobre o colchão, extenuado pela violência das sensações. Aquelepensamento olhava-o intensamente; aquele afeto penetrava-o, aque-la vontade arrebatava-o e aquela forma assumira lineamentos preci-sos. Reconheceu-a então.

Mas jamais a divina visão lhe aparecera com tanta força eclareza. E então, contemplando-a com os olhos e com a alma, excla-mou: — Cristo, Senhor!

E assim ficou longo tempo. Seus lábios não tinham forçapara se moverem, mas entre a visão e ele, quem tivesse sentidosespirituais capazes, teria ouvido se desenvolver um breve colóquio:

— Cristo, Senhor! -repetia ele.— Reconheces-me? - respondia a visão.— Reconheço-te, Senhor.— Lembras-te?— Lembro-me.— Quem sou eu?— Tu és Cristo, o filho de Deus.— Tu me amas?— Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que te amo.— Pedro, estás extenuado. Teu caminho está completo.Repousa em mim. Pousa tua cabeça sobre o meu peito e

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repousa.Aqui, a visão se dilatou. Apareceram as margens do lago de

Tiberíades, as doces colinas da Galileia, a noite da paixão, o triunfoda ressurreição. E tudo ele, agora fora do espaço e do tempo, reviuintensamente, detalhadamente, não com o sentido da nostalgia paracom a inalcançável realidade longínqua, como em vida, mas com umsentido de paz e felicidade. Via como aqueles que, terminando umtrabalho e um novo roteiro, chegam à própria realização.

Daquele esplêndido sonho em diante ele já não ficou naterra. Sua visão continuou nos céus. Como o ocaso, morrera navisão de Cristo.

Seu corpo ficou inerte sobre o leito. A alma, levada na visãoesplêndida, tantas vezes pressentida, espasmodicamente e inutilmen-te procurada em vida e jamais conseguida senão na hora da morte, asua alma voltou-se para trás apenas um instante para lançar umolhar distraído ao corpo que fora a sua prisão, mas também compa-nheiro e instrumento de sua trabalhosa tarefa de redenção. Agora,porém, que não servia mais, não interessava mais.

Como um eco, chegava-lhe a recordação do que ele escrevera:"Morta entre as coisas mortas está a tua dor lá em baixo — inútilutensílio largado lá em baixo, na praia deserta de uma triste vida.Mas o seu futuro está aqui e a alma o observa: seu trabalho, suacriação e sua glória".

Libertada do corpo, a alma atirara-se àquele incêndio deluz que tomara a forma de Cristo. Tudo ele percebia agora, maisprofundamente que antes, qual sutil sensibilização nova que lhecentuplicasse a ressonância com as vibrações do universo. Percebiaque elas investiam para ele vindas de toda a imensidade do infinito.E sentiu então o incêndio de Cristo se elevar, como coluna de fogo,para o céu.

Para ele, que estava fora do espaço, aquilo significava o

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afastamento, o distanciamento qualitativo das infernais vibrações daterra. Uma alegria suprema. O estridor da desordem ficava embaixo, na densa atmosfera da qual ele se livrava penetrando emoutra mais sutil, límpida e rarefeita. Percebia-as menos nitidamenteà medida que iam ficando a distância; em breve não eram mais queum eco, uma vaga recordação. A coluna de fogo atraía-o.

Seguindo-a, ele foi levado para fora. Percebeu confusamenteque leis novas se manifestavam em torno de si, leis pertencentes aum mundo novo no qual entrava agora.

Eis o que nos diz o rodapé daquele capítulo:

Quem vive da forma e da letra e não no espírito nãopoderá penetrar o sentido dessas palavras. (N. do A.)

Capa da 1ª edição.

Capa da 4ª edição.

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Após revelar sublimes experiências e conceitosmaravilhosos e abundantes, o seu História de um Ho-mem nos brindou com este:

TESTAMENTO ESPIRITUAL

“Aprendei na escola do trabalho — o primeiro direito davida.

Perdoai sempre.Estudai no grande livro da dor. Sabei sofrer, se quereis subir.Que o trabalho, o perdão e a dor vos tornem irmãos.É preciso que o mundo sofra para que possa corrigir-se e

avançar.O cálice da redenção que Cristo nos deixou e por Ele bebido,

primeiramente, não é taça de prazeres ou de inércia, mas de martírio.O exemplo do Seu sacrifício diz a todos que sem dor não há

salvação.Ninguém pode fugir desta lei fundamental.Mas depois da paixão e da cruz virá a ressurreição e o triunfo

do espírito.Aceitai, portanto, ajudando-vos e amando-vos, a escola do

trabalho e o batismo da expiação que purifica, porque é o único cami-nho de redenção pela dor.

Deixo-vos o aviso: na necessária paixão do mundo está aaurora da nova civilização do espírito”.

Depois de prefaciar o livro, Natal de 1941, e da che-gada do Ano Novo, retornou a Gubbio para o cumpri-mento de suas obrigações escolares, ler a correspondência

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Pietro Ubaldi em Gubbio – 1942.

e datilografar os manuscritos.

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Franco Ubaldi, aos29 anos, antes de

servir à Pátria.

1942 — Este foi um ano de grandes preocu-pações para os italianos, a Itália em plena segunda guerramundial, enquanto Pietro Ubaldi vivia em paz, com a cons-ciência tranquila.

Com a Alemanha armada até os dentes, Hitler pen-sou que poderia ser o dono do mundo e o governo italianose tornou seu aliado, como já foi dito, e convocou os jovenspara os campos de batalha; primeiro os mais novos, assimchegou a hora de Franco Ubaldi ser convocado, jovem sau-dável, como tantos outros, com 29 anos. Havia aprendidocom o pai, morrer, se preciso for, matar nunca.

Foi com imensa tristeza que a família recebeu apior notícia de 1942:Franco tinha sidomorto na batalha deTobruk, ao norte daÁfrica.

Jovem inteligen-te, grande esperançada família. O desenhoque ilustra o capítuloAscese da Alma, do li-vro Ascese Mística,foi obra sua.

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Nem tudo era trágica tristeza. História de umHomem veio a lume e a revista Risanamento Médico lhededicou uma bela reportagem, aqui alguns tópicos:

O livro de Pietro Ubaldi, que traz o título acima, não éromance; mas é mais do que romance ou drama vivido. Não ébiografia, a não ser que seja considerada inversamente, ou seja,como negativo diante do positivo fotográfico: é uma paixão, umasérie de ascese intercaladas com breves paradas; um processo mís-tico, feito por um homem a si mesmo, e terminando com umaascensão espiritual que faz pensar em Francisco de Assis.

Um homem que nasce rico, que poderia gozar dos bensdesta Terra, mas que vê, nela, o aspecto repugnante, os pútridosfrutos, a força corruptora, a ofensa à Divindade, e deixa que lhecarreguem tudo e arrasa a própria riqueza de modo a achar-seum dia pobre, sabendo-o e querendo-o, e isso após haver beneficia-do a muitos, material e espiritualmente, este é o esqueleto dahistória de um homem.

Sem dúvida, a figura de homem que Ubaldi representacomo ele mesmo é, uma figura de alta exceção; seu plano moral éabsolutamente superior; sua expressão é elevadíssima. Neste li-vro, escrito de forma impecável e com uma força de sentimento decomover, achamos, para nosso tempo, uma figura mais do queproeminente: alguma coisa que tem sabor de legendário, para amaioria dos contemporâneos, e que portanto escapa à apreciaçãocom os meios de que dispõe nossa época.

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1943 — Villa del Paradiso, uma das poucaspropriedades da família que ainda existia naquela época.

Chegou o momento de começar A Nova Civiliza-

Pietro Ubaldi emVilla del Paradiso –

foto de 1943.

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TTTTTerceiro erceiro erceiro erceiro erceiro MMMMMilênioilênioilênioilênioilênio

ção do Terceiro Milênio,trabalho concluído na Pás-coa de 1945. Para compre-ender as dificuldades en-frentadas por Ubaldi, leiao capítulo Tempestade. NaVilla del Paradiso, PietroUbaldi escreveu parte da-quele livro em epígrafe.

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No alto de uma colina está o Monte Alverne, ondeS. Francisco recebeu os estigmas. O fenômeno descritopor Ubaldi, S. Francisco no Monte Alverne, é impressionan-te, é a recordação do passado, inserido nos dois últimoscapítulos de A Nova Civilização do Terceiro Milênio.Aqui, vamos transcrever apenas um parágrafo:

Observemos: Francisco está na rocha dos estigmas. FreiLeão está um pouco afastado, mais para cima, em sua cela.Embora não possa ver muito bem no meio daquelas pedras egalhos de árvores, tão perto está que pode ouvir tudo. Permaneceacordado, procurando ver, mas, por obediência, não ousa apro-ximar-se. Procura ouvir o menor ruído porque, se não deve an-dar observando, tem de, no entanto, proteger o Santo. “Tomebem conta de mim, porque dentro de poucos dias Deus farágrandes maravilhas neste monte...” Tinha-lhe sido, pois, confia-

Verão de 1944 — A guerra continuava e PietroUbaldi ficou junto da família, em Sansepolcro.

Postal de 1986.

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da a guarda do amigo. Discreto, afastado, como demonstração derespeito, e, ao mesmo tempo, próximo, por força do amor, estavapronto para, se necessário, acudir em seu socorro. Ambos estavamesperando que, a qualquer momento, acontecesse algo de extraordi-nário. Francisco estava mais embaixo, mais afastado do Monte emais isolado da terra, em cima da rocha vertical dos estigmas, guar-dado de perto pelo afeto do amigo, que até nesse momento supremolhe servia de ajuda e proteção. A cela de Leão estava um pouco maisacima da Rocha onde Francisco orava. Mergulhado no profundosilêncio do céu e da Terra, imerso na infinita paz da noite, Leãoesperava. Não se ouvia o menor ruído. As tempestades do espíritonão encontram eco na matéria. Porém, fervorosa prece abrasava-lhea alma. Que insuportável desejo de aproximar-se, de compreender,de imitar! Que atração e que temor! A espiritualidade de Franciscocausava-lhe medo; naquele momento e naquele lugar, causavam-lhevertigem a misteriosa proximidade de Deus, o contato com o infinito,a sensação do sublime. E o amigo estava quase a precipitar-senaquele abismo de potência e de mistério, que o fazia tremer. Esta-va de espírito suspenso, presa de afetuosa angústia pela sorte doSanto, temia pela vida do querido “pai”, que, refugiando-se no des-conhecido e desaparecendo na vertigem dos céus, para ele se tornavainatingível. Tinha medo do sublime, mas temia por ele, que poderiaqueimar-se inteiramente no divino incêndio. Examina-se interior-mente e fica triste por não poder segui-lo e, incapaz de progredirpara o alto, ser obrigado a permanecer no sopé da montanha dasantidade, a ficar sozinho na Terra, em meio à própria miséria. Echora com pena de si mesmo. Mas, logo em seguida, se esquece de sie pensa no amigo, pensa na sua grande missão daquele instante equer continuar vivendo apenas para executá-la. E transborda dealegria por seu triunfo no mundo divino. Mas esse mundo divino, deque o amigo se apodera, com seu peso, magnitude e poder, volta mais

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uma vez a esmagá-lo, a esmagar o pobre frei Leão, que se amedron-ta ainda mais. E se amedronta principalmente por causa de seuamado amigo, sobre quem recai todo o peso do infinito, daquelaimensidade esmagadora em que a alma se perde. Por isso, escuta,reza, alegra-se, extravia-se, crê e espera. Pequena tempestade, refle-xo da terrível tempestade que se apodera do Santo. Além disso,Leão ignora. Tomado de medo, admira de longe a santidade doamigo, para ele inatingível; intui, porém não compreende tão incomunscolóquios com Deus. Não podemos, portanto, ver a substância dofenômeno através dos olhos de frei Leão, ainda fechados naquelemomento. Apenas mais tarde, depois da morte do Santo, é que vãoabrir-se, contemplando os divinos crepúsculos de Assis, através dasaudade que sentia de Francisco e defendendo-lhe as ideias, aman-do-o e chorando-o. Aí então é que, meditando sobre o que ouvira daboca do amigo, se maturará até ao ponto de compreendê-lo perfeita-mente. Para nós, porém, a compreensão do fenômeno ainda perma-nece na sombra.

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1945 – Em Gubbio, encerrou A Nova Civi-lização do Terceiro Milênio com estas palavras:

Fechamos assim este volume. Este novo trabalho, salvo dadestruição da guerra, dos sofrimentos, das contrariedades, do aba-timento físico e moral, está terminado. Se aprouver a Deus, ama-nhã recomeçaremos. Tudo está nas mãos de Deus, tudo a Elepertence. Fazer Sua vontade, nosso perfeito guia, é a felicidademáxima, porque nos leva pela alegria ou pelo sofrimento pela vidaou pela morte, ao nosso maior bem possível. Basta segui-lo, satis-feitos e felizes.

Amanhã, o esforço continuará ainda a traçar os aspectosinfinitos do mutável e multíplice no relativo, continuará a narraroutros acontecimentos misteriosos, para cavar novos sulcos nasalmas, em diferente clima histórico, com nova maturação de ambi-ente interior e exterior, de destino individual e universal. Estamospresos aos limites, algemados pelas dimensões desse nosso mundo;só nos resta caminhar no tempo. Amanhã! Este novo trabalho éconcedido a todos, como semente jogada nos campos, para que essefuturo seja mais completo, mais elevado, mais feliz para todos.

Gubbio, postal de 1986.

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1946 – É um ano dedicado a sua atividadediária, revisões tipográficas e escreve Problemas doFuturo.

Nesta Obra, o Autor analisa o problema psicoló-gico, filosófico e científico. Ele aprofunda o estudo daparte mais abstrata e científica de A Grande Síntese.

Pietro Ubaldi aos 60 anos.

PPPPProblemas doroblemas doroblemas doroblemas doroblemas do

FFFFFuturouturouturouturouturo

Com a mesma psicologiada intuição, Pietro Ubaldiexplica As Últimas Orien-tações da Ciência, O “Contí-nuo” Espaço-Tempo e a Evo-lução das Dimensões. Combrilhantismo invulgar,apresenta Livre-Arbítrio eDeterminismo, concepçãode inferno e paraíso, a técni-ca da evolução, o retornoda humanidade para Deuse tantos outros assuntosde capital importância.

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1947 – Começou a escrever Ascensões Hu-manas, um livro que desenvolve o lado filosófico, religioso

Pietro Ubaldi em1947.

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e místico de A Gran-de Síntese. Na Pás-coa daquele ano, dian-te do Monte Alverne,escreveu Ressurreição,inserido na obra quelhe estava sendo ins-pirada.

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RESSURREIÇÃO

Alverne, Páscoa de 1947. É manhã de Páscoa, manhãradiosa da minha ressurreição em Cristo e eu cheguei em espíritoaqui em cima do Alverne, na Capela dos Estigmas, no lugar emque Francisco viu Cristo, a minha alma escreve no livro da suavida eterna, em caracteres que não mais se apagarão. Escreve eexprime em si este novo grande dia da sua eterna transformação,dia de alegria depois de tanta dor, dia de vitória e de paz, depoisde uma caminhada tão exaustiva. Sinto o olhar de Cristo sobremim, que imprime um sinete de fogo à minha palavra.

Deste alto cume do Alverne contemplo a terra adormeci-da lá em baixo, longínqua e vaga na névoa matinal, tão cheia deânsias e de dores, e apesar disso aquecida e fecundada pela divinaluz do sol.

Deste cume espiritual também repasso a história do mun-do, ainda imerso no paul da ignorância e da barbárie, perdido nanévoa da involução, história cheia de aflições e destruição, e apesardisso, guiada e regida pela lei de Deus.

Deste cume do meu destino miro a infinda alternância deminha transformação, que finalmente hoje emerge da prova e dador e, por esta impelida a um ancoradouro mais firme e elevado,pode arremessar-se agora de um salto para Deus. O espírito,redimido pela dor, pode, finalmente, escancarar as portas cerradaspelo egoísmo e pela culpa, pode abrir-se a fim de que a luz do altoo penetre e o inunde.

Eis que hoje, não mais na tumba de Francisco de Assis ,tumba de Seu corpo morto, mas no Alverne, a apoteose do Seuespírito vivo e presente, confirmam-se e se concluem, amadurecidosno tempo, os meus pactos com Cristo, já cumpridos em uma horade paixão e de treva para o mundo, no claro pressentimento do

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iminente último conflito mundial. Tudo caminha e tudo fatalmentedeve maturar-se na vida. O bem como o mal estão enquadrados noritmo de sua transformação e eis-me aqui chegado, chegado aqui emcima, de onde contemplo a Terra, a história e a mim mesmo.

Dez anos faz, na Quinta-feira Santa de 1937, que choreiem Assis e pranteei a minha dor e a dor do mundo que torneiminha. E como agora ressurjo da minha dor na alegria de Cristo,assim ressurgirá o mundo em uma nova civilização.

Vejo-a do alto deste cimo, que domina o tempo, últimameta de tanta luta e sofrimento. Hoje, aqui, neste cume do Alverne,não choro mais a minha paixão em Cristo e a paixão do mundo,mas canto a minha ressurreição em Cristo e a ressurreição domundo. A esta dediquei a vida.

Senhor, semeei segundo as Tuas pegadas, como me orde-naste. Semeei por toda a parte, em todos os campos do mundo,rivais e ciosos de vãs posições terrenas. Entrei lá, onde, com bon-dade e compreensão, me foi aberta a porta, seguindo o Teu Evan-gelho, que nos ordena amor. Permaneci contristado em silêncio, nolimiar das portas que me foram fechadas. Fui expulso por aquelesque mais amava e que melhor deveriam ter compreendido. Senhor,ofereço-Te esta minha dor. Eles não me quiseram. Oro por eles.Outra coisa não posso fazer. A obra da qual eu sou o servo éTua. Somente Tu possuís os meios para fazê-la triunfar. Eunada sou. Repito-Te o meu voto: "Senhor, eu sou o Teu servo,nada mais quero do que isto".

Senhor, pela salvação do mundo, para aliviar, se possível,a sua merecida dor, para dar à Tua justiça uma contribuiçãoqualquer de amor, ainda que seja quase nula, para encher o horren-

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do vazio produzido pelo ódio, ofereci-Te a minha dor. Somente Tu aviste e aqui em cima quase que sangrando e esvaído. Tu o sabes.Jamais peço para mim. A minha prece não pede, mas ouve. Ouve aTua voz. Mas se para os outros eu posso implorar, faze com que omundo seja salvo da medonha catástrofe que o ameaça, faze comque ele possa aportar a salvo à outra margem, que se encontra alémda sua atual prova de dor e faze com que a meta da sua ressurrei-ção, pela qual Te ofereço em vida, seja logo plenamente alcançada.

Faze que não seja vão tanto sofrimento, faze com que ador abra as mentes e os corações, faze que esta destruição namatéria construa no espírito. Também Tu, Cristo, ressurgiste daTua paixão, e também ressurgi agora em Ti da minha dor. Fazeque igualmente o mundo, redimido pela sua tribulação, ressurjaem Ti, álacre e triunfante, como Te vejo ascender hoje aos céus,vencedor da dor e da morte, como me apareces neste radioso cumedo Alverne, nesta gloriosa manhã de Páscoa.

Faz com que isso aconteça. Sei que tudo é perfeito no univer-so, segundo a vontade do Pai, que Lhe acena a marcha fatal e queeu, orando, não posso e não devo nem ajuizar nem aconselhar, masapenas obedecer. Deveria dizer somente: “seja feita a Tua vontade”.Mas esta minha imploração é a explosão do meu amor pelos irmãosem perigo, e é mais forte do que eu. Vejo o báratro da barbárie, queameaça as multidões inconscientes. Entre tanto apregoamento desistemas, salva-os, Senhor. Repito-Te o meu segundo voto: "Senhor,eu Te ofereço a mim mesmo pela salvação do mundo".

Senhor, ser parecido é diferente de ser igual, ao terceiroponto, permaneço só diante de Ti.

Separam-se os destinos do mundo do meu destino. Cada

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qual é livre e responsável por si, isoladamente. Um dia me cha-maste para dizer-me: "Segue-me, segue-me!" Obedeci ao Teu ape-lo e procurei seguir-Te Senhor, como a minha infinita fragilidade efraqueza permitiram, como a minha pobre e culpável humanidadefacultam. Mais não pude fazer. Segui-Te de longe desesperada-mente chorando o meu amor perdido, para manifestá-lo, tornan-do-me querido. E caminhei sangrando entre as sarças caindo elevantando, levantando apenas porque Tu, que conheces a miséria,tiveste piedade de mim e me estendeste a mão. Segui-Te de longe,como convém a um servo indigno.

Procurei ver-Te do fundo destas trevas terrenas. Procureiouvir de novo a Tua voz amiga no Evangelho, esquecido dos ho-mens. Escutei com a minha pobre razão os passos por Ti impres-sos na história, sentindo embora que a pobre análise feita pelossentidos não poderá jamais reconstruir a Tua figura, que estáacima de toda a forma humana. Segui-Te chorando a minha in-sensatez, envergonhado por não saber Te dizer, porque Tu estásno alto, em tão ofuscante glória de perfeição, que eu me desoriento.Senhor, juntei esta dor que é a consciência da minha miséria àsoutras dores e também isto Te ofereci, para que Tu tivesses pieda-de de mim. Tudo isto Tu sabes e eu o sei. Nada fiz do que deviae do que desejaria. E no entanto o meu coração enamorado de Ti,sem medir mais nada, nem a Tua grandeza, nem a minha indigni-dade, o meu coração, ardente do desejo por Ti, incapaz de resistirà Tua chama que o envolve e queima, incapaz de compreender oalcance das suas próprias palavras, a imensidade da sua ardência,o absurdo do seu impulso, o meu coração Te repete, irresistivel-mente transtornado à Tua luz, repete o seu terceiro voto: "Senhor,seguir-Te-ei até à cruz".

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Eis que aqui, no cimo do Alverne, nesta manhã de Pás-coa, o meu drama se cumpre. Por dez anos repeti, toda tarde, ostrês votos. E Tu permaneceste ao meu lado, Senhor, e guiastecada passo meu no mundo, precedendo-me com a Tua cruz, coroa-do de espinhos. Mas tudo é transformação e a transformaçãopossui um ritmo. A Lei que rege o universo é um pacto que Deusfez com o homem, no qual está garantida assim a estabilidadefenomênica. Nesta Lei o mal está enquadrado a serviço do bem, ador é permitida como instrumento de felicidade, assim como em Ti,depois da paixão, a ressurreição. Tudo é ordem em uma harmo-nia sublime. Como Tu já nos mostraste como sucederá para omundo, assim também a minha dor cumpriu a sua redenção.

Na redenção não Te vejo mais coroado de espinhos san-grando na crucificação, na primeira fase que é de sacrifício docorpo-matéria, crucificado, em que o homem, ainda todo carne, sedetém demasiado e permanece ainda. Mas vejo-Te na segundafase, a mais alta e vital da redenção, que é a ressurreição noespírito, ressurreição em que o homem, ainda pouco evoluído, mui-to pouco assimila e compreende. Vejo-Te, pois, quão diverso deontem. Vejo-Te emerso da dor, em um esplendor de glória, debeleza e de potência, projetado na amplitude dos céus. Esplendes eirradias, todo feito de luz. És o sol da vida. A Tua chama aquecee nutre o universo. Neste esplendor, aqui no Alverne, onde agorame encontro presente em espírito, Te viu Francisco, aqui onde estáescrito: "Signasti, Domine, Hic servum tuum Franciscum, SignisRedemptionis nostrae" (“Assinalaste aqui, ó Senhor, o teu servoFrancisco, com os estigmas de nossa redenção.”). Nesta alegria,como se acabou a Tua dor, ó Senhor, deve ter fim pela mesma leique Tu nos mostraste, toda dor, a dor do homem, a dor do mundo.

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Na mata em derredor do sacro monte do Alverne canta avoz das grandes árvores meditativas, projetadas para o céu, a vozdas minúsculas criaturas aladas que aí se aninham. Mais alémcanta a voz do homem ocupado nos labores da terra, canta a vozdas rochas e das águas, das nuvens e dos ventos em tempestade, etudo domina o canto imenso dos céus. Tudo é festa. Os sinosanunciam para o mundo a Tua ressurreição. E Tu sobes gloriosono esplendor do sol. A Tua ordem triunfa. É a vitória final dobem sobre o mal.

O meu destino se cumpre. Eis-me junto a Ti, Senhor,última meta. As trevas da noite se desfizeram, a névoa se diluiuao sol. Tu me apareces intensamente mudado, assim vestido deglória, visto nesta outra margem da minha vida, depois de umacaminhada bem longa e dolorosa. Vejo-Te, não mais aflito, masamorosamente reclinado ao meu lado, para dizer-me: "Estás fati-gado. Apoia a tua cabeça em meu peito e repousa". Mas, vencedordo mal, Tu me dizes, como ao bom ladrão porque com ninguémmais tenho semelhança: Amanhã estarás comigo no paraíso". É aTua resposta aos meus votos, por dez anos repetidos e seguidos.Tantas outras coisas depois me dizes, em linguagem não humana,no segredo da alma. Mas estas não se podem repetir porque nãoseriam compreendidas. Estas não se devem dizer, permanecemencerradas no segredo do Eterno!

Assim cheguei junto a Ti, Senhor, peregrino de amor e depaixão. De todos os amores humanos, o Teu foi que venceu. A Tisó se pode amar. Através da tempestade cheguei à Tua paz. Aschamas do Teu incêndio me envolverão e não me deixarão mais.A dor me salvará. Bendita sejas, irmã dor, que nos redimes.

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Agora sei o que Tu querias de mim, Senhor. Não mais chora, nãomais treme a minha alma, mas triunfa na Tua alegria.

A paixão está superada na ressurreição.Assim como a Tua dor foi minha, assim também agora é

minha a Tua felicidade.Tu estás comigo, Senhor, e não mais me deixas. E Ele me

diz: "Vai, diz aos homens que não se sofre em vão. Vai, lembraaos homens o caminho da redenção. Que saibam sofrer e, sofrendo,compreender. À medida que compreenderem, o círculo se alargaráe a dor se suavizará. A luz de Deus bate as portas de sua alma epede para entrar, mas eles a mantêm hermeticamente fechadas.

Abram-nas ao amor fraterno, que Deus entrará. O ho-mem deve aprender qual ser livre e pode, pois, aceitar ou repelircomo quiser. Mas ai de quem odeia os outros, porque envenena asi mesmo. Ai de quem se encerra no cárcere de egoísmo, porquebarra para si próprio o caminho das fontes da vida, isola-se e seestiola em direção à morte. Vai, ensina ao mundo esquecido, desvi-ado por detrás de falsas miragens, os verdadeiros caminhos daalegria. Sê sacerdote do espírito e oferece também o que sabes,porque de mil ofertas nasce a nova civilização".

Eis que, enquanto me afasto do Alverne para tornar aosmesmos misteres do mundo azafamado, uma última visão se medepara. Também aqui, como lá em Assis, o drama do mundo e odrama de Cristo se conjugam. E como Cristo ressuscitou, ressurgea vida da moderna e imensa catástrofe. Outros golpes virão, por-que o homem é obstinado. Mas além deles, também para o mun-do, há a sua ressurreição.

A fé, a lógica profunda da vida nô-la indicam. E assimcomo me liguei à dor do mundo na hora de sua paixão, estouligado agora à sua alegria na hora da sua ressurreição em espírito.Nela reviverei. No bem e na felicidade dos outros estará o meu

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paraíso. E isto será a plenitude da minha meta atingida. Umparaíso ocioso, egoísta e solitário, não é paraíso.

Adeus, santo monte do Alverne, adeus... Retorno lá embaixo ao meu árduo trabalho, no mundo azafamado. Tudo aquiembaixo é tempestade: egoísmo, ódio, agressão. A fúria das pai-xões devasta esta pobre Terra que poderia ser um jardim. Aquiem baixo o belo sonho vivido se torna utopia, e ao canto de Deusresponde um grunhido feroz e satânico. Mudo é o espírito, extintaé a chama da fé e da esperança. Vive-se em um pressentimento decatástrofe universal, sem que se saiba evitá-la. A Terra está enre-gelada sob um manto de dor. Nem mesmo o céu se vê mais sorrirdo fundo deste inferno e a Terra parece prestes a abrir-se, ávidapor tragar o homem que se tornou fera e criatura do mal.

Dentro de mim está a visão do real.Sim! O velho mundo realmente está no fim. É o fim deste

mundo. Mas um outro surgirá dele.Eu vi realmente a Terra florir.

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1948 – Enquanto ele continuava escrevendoseu Ascensões Humanas e realizando suas atividadesnormais, a editora Ergo, de Roma, lançava mais uma edi-ção de A Grande Síntese.

A correspondência com Clóvis Tavares tornou-semais intensa, tendo em vista uma possível vinda sua aoBrasil, para fazer uma série de conferências.

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48.

Page 197: Pietro Ubaldi Ó Missionario

196

1949 – Aqui no Brasil, cresce o movimentoem torno da Obra de Pietro Ubaldi e no Natal daqueleano foi criada a Associação Brasileira dos Amigos dePietro Ubaldi. Na Itália, a tarefa do missionário de Cristoaumentava sempre mais.

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Page 198: Pietro Ubaldi Ó Missionario

197

1950 – Na Páscoa daquele ano, terminou olivro Ascensões Humanas.

O convite de sua vinda foi feito, a viagem iria seruma maratona e reclamava um grande preparativo.

Em novembro de 1950, Pietro Ubaldi mandou parao Autor deste livro uma fotografia, por intermédio deClóvis Tavares, com a seguinte dedicatória: Ao distintoSr. José Amaral, com gratidão – Ubaldi Pietro, Gubbio,novembro de 1950.

Page 199: Pietro Ubaldi Ó Missionario

198

1951 – As conferências já estão prontas, por-que a programação foi enviada com bastante antecedên-cia. O conferencista não dominava ainda o português,muitas foram em italiano e traduzida por Clóvis Tavares,que foi seu intérprete.

Antes de viajar adoeceu, aproveitou-se do repou-so forçado e escreveu Deus e Universo. Assim começao seu Prefácio:

Numa grande reviravolta da minha vida e da vida domundo, nasceu este livro, subitamente, como uma explosão. Foiescrito em vinte noites, pouco antes da Páscoa de 1951, aprovei-

DDDDDeus e eus e eus e eus e eus e UUUUUniversoniversoniversoniversoniverso

tando-me de uma bronquite queme forçava ao repouso, furtando-me ao trabalho diurno normal,necessário para viver. Qual ex-plosão de pensamento e de pai-xão, este livro não poderia reve-lar-se a não ser à aproximaçãoda Semana da Páscoa, após umlongo e íntimo tormento prepara-tório.

Sob a exposição fria eracional, que pretendeu, sobretu-do, ser fiel às visões, oculta-se earde essa paixão, a ânsia doinexplorado, o terror de debruçar-

Page 200: Pietro Ubaldi Ó Missionario

199

Autor: Wagner de Castro – 1951.

se sozinho sobre os abismos dos maiores mistérios, a imensafesta da alma pelo conhecimento obtido. No esforço aqui dispendidopara galgar os últimos cimos, como coroamento da Obra, hácomo que uma vertiginosa desesperação da alma, que se senteperdida e desfeita diante do lampejo de uma concepção que não ésua, que dardeja sobre ela, ofuscando-a e arrebatando-a para osvértices do pensamento, onde tudo se faz uno, e para os vérticesdas sensações, onde alegria e dor se unificam num mesmo espas-mo de êxtase.

Page 201: Pietro Ubaldi Ó Missionario

200

Page 202: Pietro Ubaldi Ó Missionario

201

1951 – Na Itália, como no Brasil, aaposentadoria é aos 65 anos para homens, assim PietroUbaldi pôde afastar-se do trabalho a partir de julho (férias),porque completou 65 anos no dia 18 de agosto eaposentou-se. Ainda lecionou no segundo semestreescolar (janeiro a junho).

Estava bastante preocupado com a viagem ao Brasile se preparava para ela. No dia 20 de julho daquele ano,exatamente à meia noite (horário de Roma) de sexta-feira, viajou num quadrimotor da Alitalia. Incluindo adiferença de fuso-horário, levou 37 horas de viagem,chegando ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, àsnove horas da manhã de domingo, horário do Brasil.Fez escala em Lisboa, Ilha do Sol e Natal.

Avião Alitalia – 22-07-51.

BBBBBrasil - rasil - rasil - rasil - rasil - CCCCChegadahegadahegadahegadahegada

Page 203: Pietro Ubaldi Ó Missionario

202

Esta foto de 22 de julho de 1951, mostra, daesquerda para a direita, Batista Lino, Pietro Ubaldi, Cló-vis Tavares e Ary, em um passeio próximo do hotel, ondeo visitante estava hospedado, no Rio de Janeiro.

Page 204: Pietro Ubaldi Ó Missionario

203

Como a viagem foi muito cansativa, a Comis-são achou melhor que Ubaldi descansasse dois dias, hos-pedado no Hotel Serrador, na Cinelândia, com uma lindavista para o mar do Flamengo, Pão de Açúcar e Corco-vado, e conhecer um pouco o Rio de Janeiro. À tarde,acompanhado de Clóvis Tavares (seu intérprete), doEditor Batista Lino e de outros amigos, deu um passeiopelas praias. Ficou deslumbrado com tanta beleza natu-ral. Ele que foi um grande fotógrafo, não trouxe máqui-na, nem preocupação em documentar sua viagem, ou-tros fariam isso em seu lugar.

Na segunda-feira, viajou com Clóvis Tavares, emcarro-leito, no trem noturno, para Campos, onde foi ca-lorosamente recebido na estação da Leopoldina. A foto-grafia abaixo mostra parte do público que o esperava.

Nesta foto vemos Pietro Ubaldi e Clóvis Tavares

no meio da multidão – 24-07-51.

Page 205: Pietro Ubaldi Ó Missionario

204

Foi uma recepção afetuosa que o visitante rece-beu naquela manhã de 24 de julho de 1951.

Da esquerda para a direita, temos, em primeiro plano:

Jayme Faria (famoso médico cirurgião), Medeiros

Correa Júnior (Professor e Juiz de Direito), Peixotinho

(notável médium de efeitos físicos), Clóvis Tavares

(responsável direto pela vinda de Pietro Ubaldi ao

Brasil, seu tradutor e intérprete ! ! ! ! ! Advogado e

Professor), Pietro Ubaldi, Iracema Magalhães,

Alcebíades de Souza Neto, Inocêncio Noronha Filho e

Ivany Tavares Medina.

Page 206: Pietro Ubaldi Ó Missionario

205

Em Campos, realmente descansou da viagem.Foi nesta casa, de janelas azuis, ao lado da Escola JesusCristo (fundada por Clóvis Tavares, em 27 de outubrode 1935) e pertencente a ela que Pietro Ubaldi ficou hos-pedado durante a sua estadia em Campos. Uma casa sim-ples, porém muito acolhedora.

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Page 207: Pietro Ubaldi Ó Missionario

206

VVVVViagem paraiagem paraiagem paraiagem paraiagem para

SSSSSãoãoãoãoão P P P P PauloauloauloauloauloNo domingo, dia 29 de julho, Pietro Ubaldi, Cló-

vis Tavares e José Américo Motta Pessanha viajaram parao Rio de Janeiro. No dia seguinte visitaram a FederaçãoEspírita Brasileira. À tarde, a comitiva acompanhada doeditor, foi recebida pelo Presidente da República, Getú-lio Vargas. Logo depois foram para S. Paulo, outra gran-de recepção, com filmes e fotografias.

Chegada a S. Paulo: Batista Lino, José Américo,

Clóvis Tavares e Pietro Ubaldi – 30-07-51.

Page 208: Pietro Ubaldi Ó Missionario

207

No dia 31 de julho de 1951, em

São Paulo, elesforam

recebidos pela Com

issão Central, que organizou

todo roteiro do conferencista.

Sentados, (da direita à esquerda) Comandante Edgard Armond, Clóvis

Tavares, Pietro Ubaldi e outros membros da Comissão. Em pé: José

Américo (o segundo), Batista Lino (o quarto) e membros da Comissão.

Page 209: Pietro Ubaldi Ó Missionario

208

No dia 4 de agosto, Pietro Ubaldi foi lançado àvida pública. Até o dia 11, foi uma maratona, fazendoconferências em muitos lugares, inclusive no Teatro Mu-nicipal, Casa da Cultura, Federação Espírita do Estadode S. Paulo, estendendo até Campinas, com todos audi-tórios superlotados. Foram dezenas de entrevistas a jor-nais, revistas e rádios, além de visitas às autoridades cons-tituídas, incluindo Ministro, Governador de São Paulo,Assembléia Legislativa, Prefeito e Câmara de Vereado-res. Foi um trabalho árduo e sem descanso, mas lhe trou-xe muita alegria espiritual.

Pietro Ubaldi e o Governador de S. Paulo,

Lucas Nogueira Garcês – 01-08-51.

Page 210: Pietro Ubaldi Ó Missionario

209

Pietro Ubaldi e Clóvis Tavares, na residência de Batista Lino,

onde se encontravam hospedados – 01-08-51.

Page 211: Pietro Ubaldi Ó Missionario

210

No dia 12 de agosto a comitiva viajou para BeloHorizonte, outra maratona de conferências, entrevistas,visitas e audiências, até o dia 21.

Pietro Ubaldi quando descia do avião,

em Belo Horizonte – 12-08-51.

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MMMMMinasinasinasinasinas G G G G Geraiseraiseraiseraiserais

Page 212: Pietro Ubaldi Ó Missionario

211

Pietro Ubaldi e Rubens C. Romanelli,

ainda no Aeroporto de Pampulha – 12-08-51.

Page 213: Pietro Ubaldi Ó Missionario

212

Em Belo Horizonte: Pietro Ubaldi, Rubens Romanelli, Clóvis Tavares,

Batista Lino, José Pereira Gonçalves e membros da Comissão – 13-08-51.

Page 214: Pietro Ubaldi Ó Missionario

213

Rubens Romanelli, Venanzio Paparelli (sobrinho de Ubaldi e

residente no Brasil) e Clóvis Tavares – 13-08-51.

Page 215: Pietro Ubaldi Ó Missionario

214

Pietro Ubaldi

visitando à

Assembléia

Legislativa de

Minas Gerais, em

16 de agosto de

1951.

Page 216: Pietro Ubaldi Ó Missionario

215

Pietro Ubaldi olhando as notícias em Belo Horizonte,

em 16 de agosto de 1951.

Page 217: Pietro Ubaldi Ó Missionario

216

Clóvis Tavares e Pietro Ubaldi examinando um livro na residência

de Cezar Burnier, onde estavam hospedados, em Belo Horizonte.

Page 218: Pietro Ubaldi Ó Missionario

217

17 de agosto de 1951. A vinda de Pietro Ubaldiao Brasil teve um ponto áureo: o encontro, em PedroLeopoldo, (MG), com o médium mais famoso do mundo,Francisco Cândido Xavier. Naquele entardecer, os doismédiuns se reuniram na residência de Dr. Rômulo Joviano,acompanhados de mais 10 pessoas, na Fazenda Modelo.Os médiuns se sentaram, um em cada cabeceira de umalonga mesa retangular, com 5 pessoas de cada lado. Aomesmo tempo começaram a escrever: o médiumbrasileiro psicografou uma Mensagem de S. Francisco deAssis para Pietro Ubaldi, este recebeu uma Mensagemde Sua Voz, para ele mesmo.

Comparando os textos das Mensagens psicografa-das se observa a identidade noúrica de ambos, o quecomprovam ser de origem das altas esferas espirituais. Maisdetalhes desse encontro estão no livro GrandesMensagens. Temos muitas fotos testemunhando oencontro, no Museu Pietro Ubaldi, em Campos dosGoytacazes. Na sequência, apresentamos algumas, todasem Pedro Leopoldo.

Pietro Ubaldi

e

Chico Xavier.

17-08-51

Page 219: Pietro Ubaldi Ó Missionario

218

Todos atentos ao que Chico Xavier dizia. Pela ordem: José Pereira Gonçalves,

Pietro Ubaldi, Rubens Romanelli, Clóvis Tavares e José Américo Pessanha – 17-08-51.

Page 220: Pietro Ubaldi Ó Missionario

219

Na foto: José Américo Pessanha, Clóvis Tavares, Chico Xavier, Pietro Ubaldi,

Rubens Romanelli e esposa – 17-08-51.

Page 221: Pietro Ubaldi Ó Missionario

220

A mesma foto anterior com Batista Lino entre Chico Xavier e

José Pereira Gonçalves, na Fazenda Modelo – 17-08-51.

Page 222: Pietro Ubaldi Ó Missionario

221

Pietro Ubaldi,

Chico Xavier e

Rômulo Joviano

17-08-51.

Todos estão voltados

para Pietro Ubaldi

17-08-51.

Page 223: Pietro Ubaldi Ó Missionario

222

Os três à frente: Gonçalves, Ubaldi e Xavier caminhando tranquilamente – 17-08-51.

Page 224: Pietro Ubaldi Ó Missionario

223

Aqui, temos José Américo, Clóvis, Pietro e Chico,

mais atrás Romanelli e esposa – 17-08-51.

Page 225: Pietro Ubaldi Ó Missionario

224

Os dois médiuns ladeados por um número maior de pessoas,

algumas já conhecidas e outras não, na Fazenda Modelo – 17-08-51.

Page 226: Pietro Ubaldi Ó Missionario

225

No dia 18 voltaram a Belo Horizonte e PietroUbaldi continuou a Maratona das conferências, entrevis-tas, visitas etc.

No dia 21 a comitiva veio para Campos dosGoytacazes, onde cumpriu intenso programa. Até o dia28: conferências, entrevistas, visitas etc. Falou na EscolaJesus Cristo (onde estava hospedado), no Fórum NiloPeçanha, no Teatro Trianon, na Sociedade de Medicinae Cirurgia e na Academia Campista de Letras.

Diretoria da Associação Brasileira da Universalidade de

Cristo (ABUC). Na frente: Clóvis Tavares, Maria Zenith

Pessanha, Pietro Ubaldi, Hilda Mussa e Albano Seixas

Filho; Atrás: José Amaral, José Américo Mota

Pessanha, Maria Amélia Hammerli, Diana Mussa, Irace-

ma Magalhães, Delcides Ribeiro, Joel Maciel Soares e

Alcyr de Souza Rocha.

RRRRRetorno a etorno a etorno a etorno a etorno a CCCCCamposamposamposamposampos

Page 227: Pietro Ubaldi Ó Missionario

226

Pietro Ubaldi almoçando com os pobres na Escola Jesus Cristo – 26-08-51.

Page 228: Pietro Ubaldi Ó Missionario

227

Clóvis Tavares, Ana Ciatei, Cirene Batista e Pietro Ubaldi com uma criancinha da Escola Jesus

Cristo, no colo – 27-08-51.

Page 229: Pietro Ubaldi Ó Missionario

228

Em pé: Joel Maciel Soares, Alcyr de Souza Rocha e Delcides Ribeiro. Sentados num

movimento destrogiro, José Américo Pessanha, Hilda Mussa, Maria Zenith Pessanha,

Pietro Ubaldi, Clóvis Tavares, Yvone Mussa, Diana Mussa e José Amaral – 28-08-51.

Page 230: Pietro Ubaldi Ó Missionario

229

Essa fotografia foi no dia 31 de agosto,

na Ilha de Guarujá.

30 de agosto, Clóvis Tavares, Pietro Ubaldi e afamília que os hospedou na Ilha de Guarujá (SP).

A maratona seria grande e eles foram convidadosa descançar um pouco, antes de viajar para o interiorpaulista e realizar as conferências planejadas.

RRRRRetorno aetorno aetorno aetorno aetorno a

SSSSSão ão ão ão ão PPPPPauloauloauloauloaulo

Page 231: Pietro Ubaldi Ó Missionario

230

Pietro Ubaldi em São Paulo

Agosto de 1951.Pietro Ubaldi e Clóvis Tavares, na Praia Grande, SP –

01-09-51.

Page 232: Pietro Ubaldi Ó Missionario

231

Depois de Santos, Piracicaba, Araraquara ! fa-zendo conferências ! Pietro Ubaldi acompanhado de Cló-vis Tavares e Batista Lino chegaram a Catanduva no aviãode Benedito Zancanner, que o colocou à disposição.

Os tarefeiros do bem

desembarcando do

avião de Zancanner,

em Catanduva –

05-09-51.

Pietro Ubaldi fazendo

conferência em Catanduva –

06-09-51.

Page 233: Pietro Ubaldi Ó Missionario

232

Depois de cumprir o roteiro em Ribeirão Preto,foram para S. José do Rio Preto.

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Page 234: Pietro Ubaldi Ó Missionario

233

Em Franca (SP) foi uma grande semeadura, mui-tas conferências, entrevistas, visitas a autoridades e enti-dades espíritas. Nesta cidade, Pietro Ubaldi posou parapintura de um quadro a óleo feito por Wagner de Castro,que se encontra no Museu Pietro Ubaldi. Permaneceuem Franca seis dias.

Fotografia em Franca – 13-09-51.

Page 235: Pietro Ubaldi Ó Missionario

234

De Franca eles foram para Bauru.

Pietro Ubaldi e Clóvis Tavares sendo recebidos por

autoridades de Bauru: Poder Executivo e Poder

Judiciário – 16-09-51.

Pietro

Ubaldi na

Rádio de

Bauru (SP)

para uma

entrevista –

16-09-51.

Page 236: Pietro Ubaldi Ó Missionario

235 A comitiva quando visitava o Orfanato Espírita de Birigui – 1951.

De B

auru seguiram para B

irigui (SP).

Page 237: Pietro Ubaldi Ó Missionario

236

De Birigui, a caravana continuou seu roteiro paraAraçatuba, Pinhal, Itu, Jundiaí, Sorocaba e Taubaté, nodia 28 de setembro em Pindamonhangaba e no dia 30em Guaratinguetá.

Fotografias em Pindamonhangaba, visita ao

mCentro Espírita Irmã Teresinha – 28-09-51.

Page 238: Pietro Ubaldi Ó Missionario

237 Pietro Ubaldi fazendo conferência em Guaratinguetá – 30-09-51.

Page 239: Pietro Ubaldi Ó Missionario

238

De São Paulo, Pietro Ubaldi e Clóvis Tavaresforam para Salvador, com uma parada no Rio de Janeiropara entrevistas. No dia 6 de outubro partiram para acapital baiana, chegando no dia sete, pela manhã. Nacomitiva de Salvador integraram Divaldo Pereira Franco,Romano Galeffi e outros companheiros. Pietro Ubaldipermaneceu em Salvador quatro dias.

Em Salvador, Divaldo Franco e alguns amigos levaram

o visitante à residência de Maria Dolores,

à esquerda de Ubaldi.

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Page 240: Pietro Ubaldi Ó Missionario

239

Primeira conferência de Pietro Ubaldi no

Instituto de Educação, em Salvador (BA) – 08-10-51.

Divaldo Franco entre Pietro Ubaldi e Maria Dolores –

07-10-51.

Page 241: Pietro Ubaldi Ó Missionario

240

Parte do grande público que assistiu à primeira conferência no Instituto de Educação,

em 8 de outubro, Salvador (BA).

Page 242: Pietro Ubaldi Ó Missionario

241

Divaldo Franco apresentando Pietro Ubaldi

em sua terceira conferência – 10-10-51.

Divaldo Franco fazendo o discurso de apresentação

na segunda conferência de Pietro Ubaldi,

no Instituto de Educação – 09-10-51.

Page 243: Pietro Ubaldi Ó Missionario

242

De Salvador, a comitiva, com cinco membros –Pietro Ubaldi, Clóvis Tavares, Batista Lino, Divaldo Francoe Orlando Barros – viajou, no dia 11 de outubro, paraFortaleza (CE). Nova maratona de conferências, entre-vistas e visitas. No dia l5, todos retornaram a Salvador.Na madrugada do dia 16, os três primeiros, da comitiva,voltaram ao Rio de Janeiro, com destino a S. Paulo eCuritiba (PR).

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Page 244: Pietro Ubaldi Ó Missionario

243

Chegaram a S. Paulo, nenhum repouso. Um ba-talhão de repórteres aguardava o embaixador do céu paraentrevistá-lo. Foram dois dias de trabalho e conferências.No dia 18, a comitiva viajou a Curitiba (PR), novas con-ferências, entrevistas, mais dois dias de muito trabalho.

Pietro Ubaldi sendo entrevistado

no dia 19 de outubro de 1951, em Curitiba.

VVVVViagem ao iagem ao iagem ao iagem ao iagem ao SSSSSululululul

Page 245: Pietro Ubaldi Ó Missionario

244

De Curitiba foram para Porto Alegre (RS), noroteiro foi incluído a cidade de Caxias do Sul. O trabalhofoi tanto que Pietro Ubaldi acabou adoecendo. Pelo nú-mero de fotografias se depreende o acontecimento emPorto Alegre, onde chegaram no dia 21 e permaneceramaté o dia 27 de outubro.

Chegada ao

Aeroporto

Salgado

Filho – de

Porto Alegre

21-10-51.

Pietro Ubaldi dando um autógrafo em

A Grande Síntese a um soldado, ainda no

Aeroporto – 21-10-51.

Page 246: Pietro Ubaldi Ó Missionario

245

Clóvis Tavares apresentando Pietro Ubaldi, no Teatro

S. Pedro de Porto Alegre – 22-10-51.

Pietro Ubaldi fazendo

conferência no

Teatro S. Pedro – 22-10-51.

Esta fotografia

mostra como o

Teatro S. Pedro

ficou lotado, mi-

lhares de pessoas

foram ver e ouvir

Pietro Ubaldi –

22-10-51.

Page 247: Pietro Ubaldi Ó Missionario

246

Inauguração da placa comemorando a visita de

Pietro Ubaldi ao Consulado Italiano – 22-10-51.

Visita a uma Instituição Espírita,

Porto Alegre (RS) – 22-10-51.

Page 248: Pietro Ubaldi Ó Missionario

247

Pietro Ubaldi e comitiva no Gabinete do

Governador do Estado do Rio Grande do Sul,

General Ernesto Dorneles – 23-10-51.

Page 249: Pietro Ubaldi Ó Missionario

248

A comitiva no Gabinete do Prefeito de Porto Alegre,

Dr. Elísio Paglioli – 25-10-51.

Pietro Ubaldi falando

na Câmara dos Depu-

tados do

Rio Grande do Sul –

23-10-51.

Page 250: Pietro Ubaldi Ó Missionario

249

Pietro Ubaldi discursando na Câmara Municipal

de Porto Alegre – 25-10-51.

Clóvis Tavares, Pietro Ubaldi e um confrade

de Florianópolis (praia de Florianópolis) – 28-10-51.

Page 251: Pietro Ubaldi Ó Missionario

250

PPPPPietro ietro ietro ietro ietro UUUUUbaldi embaldi embaldi embaldi embaldi em

FFFFFlorianópolislorianópolislorianópolislorianópolislorianópolisMesmo doente, o seu programa não foi cancela-

do. Viajou com a comitiva a Florianópolis; no sábado, às8:00h do dia 27 de outubro, para fazer as conferências pro-gramadas. Embora febril, na noite do mesmo dia realizoua sua conferência. O clima ajudou-o a manter-se de pé.

Poucas visitas para o dia seguinte foram agendadas,a fim de que Pietro Ubaldi pudesse recuperar-se durante odia. À noite fez uma bela conferência para um grande pú-blico, que esperava, com expectativa, o conferencista. SuaVoz o sustentava...

A conferência foi brilhante, como as demais. O can-saço e a febre trouxeram-lhe um repouso desconfortável...No dia 29, segunda-feira, pela manhã, embarcaram no aviãopara São Paulo.

Dever cumprido, todo programa executado.Os ouvintes, de toda parte, ficaram felizes por vê-lo

ou ouvi-lo. A sua postura foi sempre a de um discípulo querevelava ao Brasil, a mensagem de seu Mestre e nossoMestre – o Cristo, Filho de Deus vivo, como disse SimãoPedro.

O tarefeiro do bem, empunhou em nosso país ofarol luminoso do Evangelho vivo.

Page 252: Pietro Ubaldi Ó Missionario

251

No dia 30, Pietro Ubaldi (doente) e Clóvis Tavaresvieram para Campos, onde ele recebeu o tratamento ade-quado por dois médicos: Albano Seixas Filho e JaimeFaria, durante duas semanas.

Clóvis Tavares tomou as providências necessáriaspara que o visitante fizesse o repouso indispensável à suasaúde.

Quando melhorou, foi para Atafona, a 40km deCampos, lá continuou repousando e descansando, emcasa dos pais de José Américo Motta Pessanha, até seuregresso à Itália.

Pietro Ubaldi e

Clóvis Tavares,

em Atafona.

Novembro de 1951.

FFFFFim da im da im da im da im da VVVVViagem iagem iagem iagem iagem -----

VVVVVoooooltaltaltaltalta a a a a a CCCCCamposamposamposamposampos

Page 253: Pietro Ubaldi Ó Missionario

252

CARTA AOS AMIGOS BRASILEIROS

(...) Está concluída minha primeira viagem através do imen-so Brasil. Havendo saído exausto da Itália, foi para mim umgrande esforço percorrer durante 100 dias um enorme país, novopara mim, aprender-lhe os costumes e a língua, visitar cerca de 40cidades, realizando cerca de 80 conferências, respondendo a milha-res de pessoas, abraçando a todos. Mas, este esforço era um sagra-do dever, porque fazia parte de minha missão.

Por isso, estou agradecendo de coração a todos que meajudaram. Agradeço o acolhimento que me foi feito, embora nãomerecido, considerando que a homenagem foi à ideia e vinha devosso amor. Agradeço, no entanto, embora essa exaltação eu aaceite somente pela minha missão; na verdade, ela representa paramim a parte mais fatigosa do meu trabalho. Mas, acima de tudo,peço desculpas se me faltaram, às vezes, as forças para atender atodos, para responder pessoalmente ou por cartas a todos, paraabraçar a todos. Apenas concluído meu giro, tamanho foi o cansa-ço, que adoeci. Mas, Cristo, que, antes que eu partisse da Itália,me prometera todo o auxilio, depois de me haver assistido, fazen-do-me chegar até o fim da viagem, quis também, aqui, prover-medo repouso necessário, na paz do mar, junto do afeto de amigos.

RRRRRegresso à egresso à egresso à egresso à egresso à IIIIItáliatáliatáliatáliatáliaAntes de retornar à Itália, deixou uma Carta, es-

crita em 11 de dezembro de 1951, que foi traduzida porClóvis Tavares:

Page 254: Pietro Ubaldi Ó Missionario

253

E agora, eis-me, pelo auxílio de Deus, restabelecido fisica-mente, para continuar meu trabalho. Dentro de poucos dias voareipara a Itália.

Até lá, meu espírito se constringe em aflita nostalgia por estegrande Brasil, que me abriu os braços. E do coração nasce estamensagem de adeus em que, chorando, abraço os queridos amigosque aqui encontrei, que tanto me amam e que tanto tenho amado.

Vou partir e enquanto vos abraço e choro, escuto o ribombarda nova tempestade que se aproxima, tempestade de pensamentoem que relampagueia a ideia que me movimenta, já a sinto, fa-zendo pressão para o nascimento de novas obras. Dentro em pou-co estarei no seio dessa tempestade.

Construir, sempre construir, agir em sentido positivo (Deus),jamais em sentido destrutivo (Satanás). Não discutir, criando dis-sensões em nome da letra. O espírito de todas as religiões é: “Amor”.

Esta é a síntese do meu trabalho feito aqui no Brasil.Esta é a recordação que deixo aos amigos brasileiros, a fim

de que seja o seu método de trabalho.Campos (RJ), 11 de dezembro de 1951.

Dezembro de

1951.

Page 255: Pietro Ubaldi Ó Missionario

254

Pietro Ubaldi e Albano Seixas Filho que o acompa-

nhou a S. Paulo. Estão no apartamento de Rinaldi

Rondino, em Santos (SP), em 18 de dezembro de 1951.

O médico Albano Seixas Filho acompanhouPietro Ubaldi a São Paulo e ficou com o conferencista,alguns dias antes de seu embarque para a Itália.

Page 256: Pietro Ubaldi Ó Missionario

255

Pietro Ubaldi antes de iniciar o passeio na lancha de

Rondino, em volta da Ilha de Santo Amaro, em 18 de

dezembro de 1951.

Page 257: Pietro Ubaldi Ó Missionario

256

Pietro Ubaldi acompanhado de pescadores na Ilha de

Santo Amaro, em 20 de dezembro de 1951.

Ubaldi com os mesmos pescadores junto de uma

grande rocha, na mesma Ilha, pouco antes de

regressar à Itália, em 20 de dezembro de 1951.

Page 258: Pietro Ubaldi Ó Missionario

257

Pietro Ubaldi e o Vice-Governador

de S. Paulo, Erlindo Salzano, tradutor de

Deus e Universo – 21-12-51.

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1952 – Pietro Ubaldi já em Gubbio, tendochegado em Roma às vésperas do Natal, escreveu estalinda carta no dia 20 de janeiro (aniversário de nascimentode Clóvis Tavares) daquele ano:

AOS MEUS AMIGOSDA ESCOLA JESUS CRISTO, DE CAMPOS.

A imensa tristeza de sentir-me distante de vós me impele aescrever-vos estas linhas e assim posso estar, ao menos por algunsinstantes, presente entre vós.

Já havia previsto e vos havia descrito esta cena: aqui estouem Gubbio, sozinho, junto a minha mesinha de trabalho, ao ladodo leito, em meu quarto frio. Lá fora há neve e tudo é silêncio.

Olho as fotografias tiradas no Brasil, em Campos, emAtafona: olho vossas cartas e dádivas e choro de saudade de todosvós. Quantos testemunhos de afeto me destes! Entre vós, emCampos, encontrei a grande afeição de que tanto tinha necessidadee que falta aqui, onde me encontro.

Embora ainda cansadíssimo, já reiniciei a dura vida depesado trabalho: pela manhã, a escola; à tarde, a correspondênciae à noite, os livros para escrever.

Neste doloroso silêncio cheio de trabalho, pude, porém,novamente ouvir, clara e forte a "Sua Voz", que no cansaço e no

NNNNNotícias da otícias da otícias da otícias da otícias da IIIIItáliatáliatáliatáliatália

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rumor das muitas viagens, entre tanta gente, não me era tão fácilescutar. E "Sua Voz" me repete agora: “Vai, retorna ao Brasil.Esta é a terra da bondade e do amor, a terra do Evangelho, tuanova pátria, o lugar de teu novo trabalho".

Confortemo-nos, assim, em nossa saudade. Abraçar-nos-emos novamente.

Amo-vos imensamente e já não posso viver aqui sozinho,longe de vós, sem vossa presença. Seja nosso pranto de tristezaconfortado pela certeza de que nos abraçaremos de novo. Somenteesta certeza é que me dá ainda força para viver, lutar e sofrer.

Com minha imensa gratidão por tudo que por mim fizestes,abraço-vos a todos com afeto. Vosso(a) Ubaldi Pietro.

Gubbio (Italia), 20 de janeiro de 1952. (Tradução deClóvis Tavares) ! Grandes Mensagens.

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Pietro Ubaldi acompanhado das duas netinhas, Maria Antonietta e Maria Adelaide,

ainda na Itália, em março de 1952.

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Pietro Ubaldi retornou à Itália com um convitea vir morar em nosso país, com a família. Aceitou-o. An-tes, porém, foi a Roma em companhia de Alessio Galattivisitar a Prisão Mamertino, próxima ao Coliseu, prisãode Roma antiga, onde estiveram presos S. Pedro e S.Paulo. Na placa se lê: “Carcere Mamertino”.

Pietro Ubaldi diante da prisão, virou-se para o com-panheiro e disse: aqui realmente estive preso com Paulo, quan-do fomos perseguidos como cristãos.

Prisão Mamertina,

em agosto de 1986.

Interior da

Prisão Mamertina, em

agosto de 1986.

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Faltando uma semana para Pietro Ubaldi vir, defi-nitivamente, com a família para o Brasil, foi visitado porseu irmão Augusto, no dia 18 de novembro de 1952.

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Pietro Ubaldi, Antonietta (esposa), Agnese (fi-lha), Maria Antonietta e Maria Adelaide (netas) partiramde Gênova, pelo vapor Augustus, no dia 25 de novem-bro de 1952, e desembarcaram, em Santos (SP), em 8 dedezembro do mesmo ano. Foi uma viagem tranquila, deterceira classe, paga por Adhemar de Barros.

VVVVViagem com a iagem com a iagem com a iagem com a iagem com a FFFFFa-a-a-a-a-mília para o mília para o mília para o mília para o mília para o BBBBBrasilrasilrasilrasilrasil

Vapor Augustus.

Porto de Gênova.

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Pietro Ubaldi e família, depois de passarem al-guns dias em Guarujá, no edifício Sobre as Ondas, vierama Campos e passaram o Natal conosco. Em janeiro fo-ram para Atafona, convidados pela família Pessanha, ondepermaneceram todo o verão.

Residência, em Campos, onde ficaram por alguns

dias, junto da Escola Jesus Cristo e propriedade da

mesma.

Residência da família Pessanha, onde Ubaldi e família

ficaram hospedados, em janeiro e fevereiro de 1953.

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De Campos foram morar em S. Vicente (SP),no edifício Iguaçu, Av. Manoel da Nóbrega, 686 – aptº92, cedido por Rinaldi Rondino.

Nesse apartamento residiu dois anos e meio.

Edifício Iguaçu, em São Vicente (SP).

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1953 foi um ano de muita luta, escreveuProblemas Atuais e muitas entrevistas. Abaixo, asfotografias de uma entrevista a Herculano Pires – tradutorde História de um Homem – para o Diário de S. Paulo.

23-08-53

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No verão de 1954, Pietro Ubaldi e o Autor des-ta Obra foram convidados a passar o verão na fazendade Dr. Raul, em Campos do Jordão. Lá escreveu lindaspáginas (ainda inéditas) sobre Cristo e o último capítulode Problemas Atuais, O Livro Tibetano dos Mortos (Técni-ca da Reencarnação)

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Em 1954, começou a escrever Profecias, emdezembro foi convidado por Erlindo Salzano (tradutorde Deus e Universo) a passar uns dias em Porto Ferreirae lá ficou 15 dias, on-

Pietro Ubaldi em

Porto Ferreira –

julho de 1954.

PPPPProfeciasrofeciasrofeciasrofeciasrofeciase

CCCCComentáriosomentáriosomentáriosomentáriosomentários

de continuou a escre-ver o livro em epígrafe.Os convites erammuitos e a correspon-dência também.

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1955 – Os problemas materiais aumentarame ele devia enfrentá-los. Na hora em que mais necessitava,foi despejado do apartamento onde residia; mesmo assimnão perdeu a fé nem a confiança em Cristo que estavasempre ao seu lado. Naquele dia, 14 de fevereiro de 1955,quando chegou a notificação, aconteceu o milagre: umamigo de Catanduva, Benedito Zancaner, remeteu-lheuma importância significativa que deu para comprar outroapartamento superior ao que morava, no edifício NovaEra, Praça 22 de Janeiro, 531 (último andar). Mais detalheno livro Grandes Mensagens (terceira parte).

Apartamento de cobertura

neste edifício, para onde

se mudou em junho de

1955.

Benedito Zancaner

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Eis como ele narra, ao seu amigo Nazarius (v.Pietro Ubaldi & Nazarius), a mudança para o seu novoapartamento, no dia 19 de junho de 1955:

Nazarius, Hoje aconteceram grandes novidades.Mudaremos entre 20 e 21 de junho, isto é, na próxima

semana.É um grande trabalho, mas também, uma libertação.Antes não foi possível.O meu plano é este: No dia 22 estaremos todos na nova

casa. Do dia 22 a 25 arrumarei o quarto. Tenho que preparar asconferências também.

No dia 1º de julho sairei e voltarei do sul no dia 7.Concordamos assim: Prepare tudo e fique pronto para via-

jar no dia 5 de julho e chegar aqui no dia 7, dia do meu retorno.Se puder viajar para sua cidade, avisarei, passando um telegramaantes do fim deste mês.

Tenho boa vontade de poupar-lhe esta sua viagem. Masacho difícil porque vou chegar de uma para fazer outra, imediata-mente. Se até o dia 2 não receber telegrama, isto significa que nãopoderei ir, então você virá.

Para mim é melhor você vir para cá e poupar-me.Neste dia estou cheio de trabalho. Em outra oportunida-

de, mais devagar, voltarei a Campos.Escreva-me para o novo endereço: Praça 22 de Janeiro,

531 - Aptº 90, Edifício "Nova Era" - São Vicente -SP.Saudades, até breve,

Pietro Ubaldi.

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Pietro Ubaldi diante do Edifício Nova Era,

em agosto de 1955.

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Apesar da luta, concluiu seus dois livros: Profe-cias e Comentários, começando o prefácio deste comestas palavras:

Com o presente trabalho, Comentários, apresentamoso 1º volume de "Introdução à Segunda Obra", que chamamosbrasileira, porque nasceu e se desenvolveu no Brasil, depois quepara cá se transferiu seu instrumento humano, em Dezembro de1952.

Expliquei no princípio do 2º volume desta Obra brasilei-ra, Profecias, como ela nasceu em 1953 e 1954, o seu novoestilo, sua significação e conteúdo.

Esta nova Obra surge seguindo o esquema da primeira,desenvolvendo o mesmo pensamento em novos aspectos, ao mesmotempo que acompanha o desenrolar-se da missão por ela expressae o amadurecimento do espírito de seu instrumento, assim como dodestino do mundo.

Esta segunda Obra é a continuação da primeira, com aqual se funde formando uma Obra Maior, que representa nãoapenas a construção de um sistema científico-filosófico-ético, comoainda o amadurecimento do destino de um homem, que é seuinstrumento, e do destino do mundo na hora histórica atual.

(...)Com o volume que a este se seguirá, Profecias, deixare-

mos para trás esse mundo passado, ao qual pertence a PrimeiraObra, e entraremos decididamente no período brasileiro, que cons-truirá a Segunda em novo ambiente, com novos elementos e psico-

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956.

logia, trabalho inédito, que, no entanto, é sempre o desenvolvimen-to lógico e necessário, consequência do anterior trabalho já realiza-do.

São Vicente, Natal de 1955.

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1956 – Pietro Ubaldi nunca fugiu à luta, esta-va sempre trabalhando: escrevendo, respondendo a to-dos, fazendo conferências e ministrando cursos.

Naquele Natal de 1956, concluiu mais um livro: OSistema, traduzido e prefaciado por Carlos TorresPastorino. Uma obra de suma importância no campo teo-lógico, que forma uma trindade com A Grande Síntese eDeus e Universo.

A seguir, temos três fotografias de Londrina, ondefez conferências nos dias 24, 25 e 26 de maio de 1956.

Pietro Ubaldi em Londrina – 1956.

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Pietro Ubaldi em Londrina.

Pietro Ubaldi fazendo Conferências

em Londrina – 1956.

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O Autor deste livro fazia o pré-vestibular no Riode Janeiro e Pietro Ubaldi veio ao Rio para dar um cursosobre a obra que estava escrevendo O Sistema, no Mi-nistério de Educação e Cultura, durante o mês de agostode 1956. Antes de iniciar o curso, aproveitando meusoito dias de férias na segunda quinzena de julho, tivemosum encontro em casa de um amigo comum, na Ilha dePaquetá. Quando retornamos, ele me entregou esta cartade incentivo a uma vida cristã:

Ilha de Paquetá, 24 de julho de 1956.

Caro Nazarius,Agora está tudo combinado. Lembre-se de todas as nossas

conversas. Continuemos a confiar em Deus, entregando tudo nasSuas mãos.

Voltaremos, depois do breve descanso, cada um ao seutrabalho. É um viver e a satisfação do dever cumprido.

Agradecemos a Deus, tudo continua correndo bem, nãoobstante todas as dificuldades que foram vencidas. Você, agora,está a par de tudo. Faça bom uso da confiança e da experiênciaque lhe foram entregues.

Continuarei o meu caminho de dever e de trabalho. Reco-meço a luta. Quando você tiver folga, nas horas tranquilas, lem-bre-se desta alma cansada que tanto andou e deve ainda andar.Ore a Deus para que lhe dê força de cumprir todo o seu dever atéo fundo.

Estamos subindo o mesmo caminho da espiritualidade.Na tempestade da capital não esqueça o Cristo. Lembre-se dolongo caminho que precisei percorrer para chegar até Ele. Que Ele

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continue nos unindo para sempre.Deus o abençoe pelo bem que você faz, tem feito e fará.

Continue a ser bom e honesto. O fruto será seu. Não procure serastuto, como os lobos do mundo, que procuram a felicidade ondeela não está.

O seu amigo ficará longe, velando pela sua alma, orando aDeus que o proteja sempre.

Ficamos unidos ao Cristo sob a Sua bênção.Pietro Ubaldi.

Pietro Ubaldi e o Autor deste livro – julho de 1956.

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Primeira conferência de Pietro Ubaldi no GrupoUbaldiano de Metafísica, em 16 de outubro de 1956,sobre O Sistema (Gênese e Estrutura do Universo),que continuava escrevendo.

Este livro apresenta os conceitos dos volumes: A GrandeSíntese e Deus e Universo, nascidos em dois períodos diver-sos da minha maturação e filhos de estados d’alma diferentes,afim de fundi-los num só, formado pela atual e mais profundamaturação adquirida. Significa isto fundir as duas concepções numaúnica visão de conjunto, ou seja, num único sistema (religioso, ético,científico etc.), que abarque em síntese todos os fenômenos do Uni-verso, orientando-os para um único centro e objetivo; um sistemaque dê a chave e esgote o problema do conhecimento, pelo menosnas suas linhas gerais.

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Por isso, este volume se chama O Sistema, pois repre-senta um conjunto de princípios em que cada fenômeno se coorde-na, para formar um todo orgânico. Nesta visão global, a concepçãocientífica de A Grande Síntese, vista em função do homem,fundir-se-á, permanecendo nela inserida, junto com a concepçãoteológica do volume Deus e Universo, vista em função de Deus.

A Grande Síntese é uma visão do Alto, isto é, vindado Espírito para baixo, ou seja, para o mundo físico da matériaaté ao homem. O volume Deus e Universo é uma visão debaixo, isto é, do plano humano para o Alto, ou seja, em direçãoao pensamento de Deus Criador ; em O Sistema, queremosfundir as duas visões numa só, o sistema de A Grande Síntesecom o sistema de Deus e Universo, cada um em seu campo, ouseja, fundir os dois campos num só, dando-nos, não duas perspec-tivas diferentes, mas uma única perspectiva, num único sistema.

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1957 e 1958 – Pietro Ubaldi trabalhounos dois livros: A Grande Batalha e Evolução eEvangelho, terminando

Pietro Ubaldi no seu

apartamento – 1958.

A GA GA GA GA Grande rande rande rande rande BBBBBatalhaatalhaatalhaatalhaatalha

e EEEEEvolução evolução evolução evolução evolução e

EEEEEvangelhovangelhovangelhovangelhovangelho

na Páscoa de 1958.Esses dois livros sãointerligados, por isso,quando terminou umcomeçou o outro, pre-faciando ambos em umsó dia.

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A Grande Batalha acentua a luta, neste mundo,do homem involuído que usa as armas com as quaisconvive, e a do evoluído que se apoia no Evangelho e naLei de Deus.

Foi um desafio às forças do bem, vivido nos anosde 1953, 1954 e 1955, pelo Autor. Depois que os temposamadureceram os acontecimentos, nasceu A GrandeBatalha, que não sofreu influência do momento e sim oresultado da intuição e da razão fria; tudo que aconteceu,foi relatado com imparcialidade e universalidade. Omesmo pode ocorrer em nossa vida diária ou emdeterminado período dela. Muito se pode aprender comesta obra ligada ao dia a dia de seu Autor.

Pietro Ubaldi lembra que um mensageiro do Altonão precisaria lutar pela sua sobrevivência neste mundo.Numa civilização mais evoluída, o Estado cuidaria de suasnecessidades, para que ele cumpra sua missão comtranquilidade. Infelizmente, no atual nível evolutivo, a buscapelo pão material é indispensável.

Essa luta tem o seu aspecto positivo, mostra que obem é sempre mais forte e sai vencedor, embora apareçacomo perdedor, contra o mal que nele está contido. Naluta entre o Evangelho e o mundo, a vitória foi e serásempre a do Evangelho. Entre Deus e Satanás, estetermina por obedecer à Lei Divina.

A Grande Batalha pode ser também a nossabatalha diária...

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Depois de haver descrito A Grande Batalhatal qual a viveu nos seus três primeiros anos no Brasil,Pietro Ubaldi foi intuído a mostrar como se vive essabatalha em um nível evolutivo mais alto. Assim nasceuEvolução e Evangelho.

Este livro veio nos mostrar: como se aplica oEvangelho neste mundo; como aproveitar as vantagensque ele oferece; quanto mais se conhece, mais deveres eliberdades se conquistam; que o homem é livre e Deuslhe deixa a liberdade de retroceder, mas ele não compre-ende que retrocedendo se afasta de Deus; que o objetivoda evolução é a conquista da vida; que a grandeza davida consiste em fazer dela um meio para transformar omal em bem. São tantos os ensinamentos que enchería-mos páginas e páginas... Deixamos ao leitor suas refle-xões quando tiver oportunidade de lê-lo. Para concluiresta apresentação oferecemos seu último parágrafo:

Subir, subir, sempre mais subir em direção à meta! Nofim, cessou o transformismo, porque a evolução atingiu seu ter-mo. Então, o tempo não é passado, porque foi apenas umavariante da eternidade; a morte não matou, porque tudo ressur-giu; a caducidade de todas as coisas nada destruiu, porque tudovoltou a ser indestrutível, como era no início. O milagre da re-denção da queda está realizado.

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1959 – levou 6 meses fazendo palestras naRádio Cultura de S. Vicente, delas nasceu o volume ALei de Deus. Somente 10 anos depois veio A TécnicaFuncional da Lei de Deus. Esses dois volumes sãocomplementares e imperdíveis!

A humanidade está ainda tão presa ao Anti-Siste-ma que necessita de centenas de leis humanas para viverem ordem. São leis civis, criminais, tributárias, do trânsi-to, religiosas, de proteção ao consumidor, à criança, aosidosos, à natureza, etc. Isso mostra a imperfeição do ho-mem, a multiplicidade de comportamento do ser huma-no.

Deus é Uno, Sua Lei só pode ser única. Quandofez a Criação, foi uma criação orgânica, obedecendo àSua Lei. Quando nos afastamos de Deus, desobedece-mos à Lei, caímos na desordem e agora estamos voltan-do à ordem e quanto mais obedecemos à Lei, mais en-tendemos a vantagem em obedecer-lhe, porque mais nossentimos próximos de Deus. Com mais facilidade nostornamos obedientes às Leis dos homens, consequen-temente a paz reina em nós. Se não vivemos em paz éporque não obedecemos a Lei Divina.

O livro A Lei de Deus, que Pietro Ubaldi nosbrindou com suas palestras, vem nos mostrar o caminhode obediência à Lei. A grande maravilha da Lei é que ela

A A A A A LLLLLeeeeei de i de i de i de i de DDDDDeuseuseuseuseus

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Pietro Ubaldi ! 1959.

responde a cada um conforme sua natureza. Respondeaos nossos movimentos com a mesma exatidão comque um espelho reflete nossa imagem.

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1961 – exatamente na Páscoa, presenteou-nos Queda e Salvação (o pensamento de Deus que, com SuaLei, dirige o ser para a salvação final.)

Se com a sua experiência, controlava a teoria ex-posta, com este volume, além da vivência, buscou a ma-temática para comprová-la ser verdadeira também nessecampo. Assim podemos afirmar, com toda certeza: a cri-ação de Deus é incontestavelmente perfeita (primeira cri-ação), a criação dos universos é o desmoronamento par-cial da primeira, como nos mostram os gráficos e as equa-ções contidas em Queda e Salvação.

Toda Obra escrita por Pietro Ubaldi, foi por elevivida, experimentada, o que lhe reforça a sua consistên-cia. Quem a lê, observa que não é produto somente darazão nem da intuição, mas é o resultado de uma vivênciado dia a dia. Cada livro representa um degrau em suaascensão espiritual. Escreveu, analisou e viveu cada con-teúdo e se sentiu ainda mais seguro diante de Deus e deSua Lei. Por isso seus livros são harmônicos. 16 anosdepois de escrever A Grande Síntese (uma visão do alto,isto é, vinda do espírito para baixo, ou seja, para o mundo físico,da matéria até o homem), escreveu Deus e Universo (umavisão de baixo, isto é, do plano humano para o alto, ou seja, emdireção ao pensamento de Deus, Criador), surgiu O Sistema eagora Queda e Salvação.

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Fotografia de 1961.

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Pietro Ubaldi ao piano, tocando músicas clássi-cas, que tanto amava, no dia de seu aniversário, aos 75anos, na residência de Merita, em Santos (SP).

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1961 – Foi um ano de muitas conferências ecursos sobre a Obra. Aqui temos algumas fotos de suaconferência na Faculdade de Direito de S. Paulo, em 7 denovembro de 1961.

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Pietro Ubaldi fazendo conferência na Faculdade de

Direito de S. Paulo e o público ouvinte –

7 de novembro de 1961.

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1962 e 1963 – foram os dois anosmais difíceis na vida de Pietro Ubaldi: com a esposa doente

Pietro Ubaldi

em seu

escritório –

1963.

PPPPPrincípios de umarincípios de umarincípios de umarincípios de umarincípios de uma

NNNNNova ova ova ova ova ÉÉÉÉÉticaticaticaticatica

(faleceu em29 de abril de1963) fez-seseu enfermei-ro. O tempopara escreverse tornou es-casso, mesmoassim escre-veu: Princí-pios de umaNova Ética.

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Princípios de uma Nova Ética é o 10.º volumeda II Obra, que foi chamada de brasileira, porque escrita noBrasil; livro que segue o recém-publicado Queda e Salvação,que é o 9.º volume da Obra. Assim está sendo lançada esta segun-da série de 12 volumes, paralela à primeira, já quase toda editadano Brasil, também de 12 volumes.

Estamos, desse modo, nos aproximando do encerramentodesta gigantesca Obra em duas partes, I e II, um conjunto comcerca de 10.000 páginas. Por isso, a fase atual de desenvolvimentodo pensamento central da Obra não é mais aquela das teoriasgerais orientadoras do conhecimento a respeito do imenso proble-ma do universo, mas é a fase do estudo das consequências dasafirmações gerais e das suas aplicações no terreno prático, parailuminar quem queira viver com inteligência e honestidade, compre-endendo o pensamento das leis que dirigem a existência de todosos seres.

É neste ponto que o leitor amadurecido poderá ver a im-portância destes últimos livros conclusivos, escritos para nos dirigirna ação, o que quer dizer agir com inteligência, evitando erros quedepois, pelos princípios de equilíbrio e justiça da Lei, é inevitávelter de pagar, duramente, cada um às suas custas, com a própriador.

Nestes livros, porém, não queremos impor uma condutaou outra. Cada um permanece livre e ninguém pode constrange-lo.Podemos apenas aconselhá-lo, mostrando-lhe o melhor caminhopara evitar a reação da Lei que é a dor, saudável aviso para nãovoltar ao erro; mostrando o que fatalmente acontece depois comoconsequência dele, se escolhermos viver não de acordo com a Lei,mas contra ela. O destino de cada um está nas suas mãos e nãonas de quem só pensa e escreve e com isso pode explicar, pelas leis

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que dirigem a vida, o que acontece ao indivíduo como consequênciade seu livre comportamento. Para um ser inteligente, que saberaciocinar, tal demonstração poderia bastar. Mais do que isto oescritor não pode fazer. Se o leitor não entender, terá depois queler outro livro, escrito por ele mesmo, com a sua dor, no seu desti-no. Mas é bom que lhe seja oferecida uma explicação preliminar,um aviso, de modo que ele conheça o funcionamento das leis queregulam a sua vida e assim sabendo, lhe seja possível evitar o quepode prejudicar.

As teorias gerais de que acima falávamos estão contidasnos livros básicos da obra: A Grande Síntese, Deus e Uni-verso, O Sistema e Queda e Salvação. Eles oferecem umsistema científico-filosófico-ético-teológico completo, cujos pormeno-res os outros livros da Obra explicam, ampliando aspectos parti-culares. Nesses livros básicos o leitor encontrará as demonstraçõesque nos autorizam a chegar às conclusões contidas no presentevolume. Isto prova que não chegamos a elas levianamente, fantasi-ando, mas amadurecidos pelo pensamento desenvolvido em milha-res de páginas, que constituem a premissa positiva das conclusões.

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1964 – Em janeiro de 1964, Pietro Ubaldi veioa Campos, convidado pelo Autor deste volume, e passouconosco todo o verão, na praia de Grussaí. Descansou eescreveu bastante, foram dias proveitosos para nós (JoséAmaral e sua esposa Arléa dos Santos Amaral) e para ele,que antes de retornarmos a S. Vicente nos agradeceucom uma missiva encantadora, que se encontra publicadano último capítulo do livro Um Destino Seguindo Cris-to: LIBERTAÇÃO.

Encontro-me em plena solidão, numa praia deserta. O mundo,as suas imagens e as suas coisas, tudo está longínquo. Nem o ecodos seus rumores, problemas e paixões atinge este imenso silêncio.Como o céu, a planície e o mar são infinitos, também aqui ospensamentos se tornam sem limites. Neste lugar tudo é tão sim-ples e grandioso que parece ter acabado de sair das mãos de Deus.A laboriosa cisão do dualismo, a luta entre contrários, de que éfeita a vida, procuram aqui pacificar-se para se desvanecerem naunificação suprema de todas as coisas em Deus.

Aqui existo fora dos confins do espaço e do tempo, porque,no céu, na planície, no mar, não há pontos de referência, e os diascorrem iguais, sem medida. Sinto-me fora das dimensões terrestres.Não adianta caminhar, porque o deserto é sempre igual, sob omesmo céu, em frente do mesmo mar. O movimento tem relaçãocom o limite. No espaço e tempo infinitos, a velocidade nadamodifica, anulando-se no vazio. Por falta de um ponto de referência,

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não havendo ponto de partida ou de chegada, toda velocidade éinútil. Mesmo o correr do tempo nada muda, porque espaço etempo não faltam. Acima de todos esses infinitos – do céu, dodeserto, do mar, do tempo – o de Deus os contempla, imóvel, ao sefundirem Nele.

Esta é uma atmosfera diferente que respiro, outro ambienteem que penetro, outra dimensão em que existo. Superei os limitesdo plano físico, a barreira da forma, das ilusões, das aparências.Sou apenas um pensamento que observa o pensamento que seencontra em tudo o que existe. Uma força me arrastou para foradas dimensões terrestres, na vibrante imutabilidade do absoluto.

Vivo em uma casinha humilde onde a vida, tormentosa-mente complicada pela civilização das metrópoles, se tornou simplese calma. Assim, o espírito se liberta de tantas necessidades mate-riais artificiosas e pode viver a sua vida maior em contato com ascoisas eternas. É surpreendente ver o pouco de que necessitamos.E que particular sabor tudo adquire quando representa o produtoda bondade, da sinceridade e do amor! Então, a pobreza se tornariqueza, enquanto a avareza e o egoísmo transformam a riquezaem pobreza. No meio da pobreza dessa riqueza, o espírito seatrofia, se envenena e morre. É no meio da riqueza daquela pobrezaque o espírito se expande, vive e triunfa. Pela lei da compensação,para alcançar e possuir o que se encontra mais no alto, é necessáriolibertar-se do que está embaixo. É no meio da riqueza espiritualdessa pobreza material que agora vivo como um grande senhor.

É neste vazio das coisas terrenas que atinjo a plenitude dascoisas do céu. Quanto mais me afasto do que é humano, tantomais me avizinho das coisas divinas. Delas se enche esta imensi-dade deserta, para que se abram as portas do céu e apareçam asgrandes visões. Elas constituem já uma aproximação, um antecipar-se da libertação, tentativa e ensaio de uma vida maior que me

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espera. Nesta paz infinita se vai formando pouco a pouco a grandecorrente que se agiganta e se torna poderosa; toma-me, absorve-me em seu seio, depois me envolve como num turbilhão e me arrastaconsigo para longe. Para onde? Não sei. Leva-me para outroplano de existência, onde já não sou eu que penso, mas o universo.É a sua vida que pensa dentro de mim, porque não existo maiscomo eu separado, que vive e pensa isoladamente, mas sou um euunido ao todo, um elemento que vive e pensa como um momento davida e do pensamento do existir universal. Encontro-me, então,verdadeiramente fora do mundo, para além dos seus limites e dassuas dimensões.

É uma imersão, fora do espaço e do tempo, no infinito. Nãotenho mais consciência do que deixei para trás. Sinto apenas o queme espera na frente, uma vertigem de vida nova e imensa para aqual me precipito. Eis-me ressuscitado mais no alto, transformadoem outro ser, perdido numa dilatação sem limites, na vibranteimobilidade do absoluto.

Eis que a solidão deste deserto, do céu e do mar se enchemde vida. Na noite profunda vejo uma luz imensa e a ela meentrego. Leva-me para fora do mundo, onde a visão se torna real,clara, perceptível com novos sentidos. Contemplo-a extasiado.Observo-me para controlar tudo com a razão. Olho e registro empensamento, transporto tudo o que vejo para o meu cérebro, paraas dimensões terrestres, traduzo-o na linguagem humana e por fimo fixo com palavras nos escritos.

Assim vivo nesta casinha humilde à beira do mar, numdeserto povoado de pensamentos, no meio do vento e das ondas,hospedado graças à bondade e amor de um amigo sincero. Assimvivo aqui, livre e despreocupado, longe do inferno humano. Passoas noites escrevendo, ocupando-me de Cristo, como O sinto a meulado. Ele me está olhando, e eu leio nos Seus olhos o pensamento

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Casinha modesta, na praia de Grussaí,

onde Pietro Ubaldi passou o verão de 1964,

em companhia da família Amaral,

o casal que aparece nesta foto.

de Deus.Quando não me é mais possível encontrar palavras para

dizer o que sinto, dominado pela emoção e pela alegria, deixo caira pena e choro. Paro o meu trabalho, e, sob o olhar de Cristo, olivro continua a escrever-se, sem palavras, na minha alma e nomeu destino.

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1965 – A Descida dos Ideais. Os ideais são asalavancas que fazem evoluir a humanidade. Sejam os ideaisda pintura, da escultura, da música, da literatura, das artesem geral. Há os ideais das religiões e das diferentes correntesfilosóficas, também existem os idealistas no campo daciência. De onde vem e como descem esses ideais? Adistância entre o idealista e o ideal não se mede com fitamétrica, não é espacial. É o resultado de um amadurecimentobiológico, da evolução espiritual do indivíduo. O idealista ésempre um ser que está à frente, que avança e quer arrastara humanidade para um plano mais elevado.

Pietro Ubaldi foi um dos maiores idealistas que omundo já teve. Depois de nos oferecer, através das correntesnoúricas com sua busca incessante, 20 obras singulares paranos fortalecer e ensinar-nos o caminho de volta ao Pai, veio,naquele Natal de 1965, oferecer-nos uma jóia de alto valor,mostrando como os ideais descem e como cada um é capazde assimilá-los.

Começou a escrever em Grussaí, no verão de 1964,e concluiu no ano seguinte.

Como os demais livros, também este veio enriquecerainda mais o nosso espírito sedento da sabedoria divina.

A DA DA DA DA Descidaescidaescidaescidaescida

dos dos dos dos dos IIIIIdeaisdeaisdeaisdeaisdeais

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Pietro Ubaldi entre Cláudio Picazio (à sua direita) e

Manuel Emygdio da Silva (à sua esquerda) – 1º de janeiro de 1965.

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Cláudio Picazio e Pietro Ubaldi inaugurando uma pintura do segundo na residência

do primeiro, que foi doado ao Museu Pietro Ubaldi – 1966 (São Paulo – SP).

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VVVVViagem a iagem a iagem a iagem a iagem a BBBBBrasíliarasíliarasíliarasíliarasília- 1966- 1966- 1966- 1966- 1966

Chegada de Pietro Ubaldi ao Aeroporto de Brasília – DF.

Manuel Emygdio e sua esposa o acompanharam –

11 de março de 1966.

Convidado por Manuel Emygdio da Silva, PietroUbaldi foi a Brasília fazer A Nossa Oferta Simbólica da Obraao Brasil e aos Povos da América Latina.

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Pietro Ubaldi conversando com Cláudio Picazio no Pálace Hotel, Brasília,

onde ambos estavam hospedados – 12 de março de 1966.

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Pietro Ubaldi ao lado da Estátua de D. Bosco, em

Brasília (DF) – 12 de março de 1966.

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José Bonifácio Alexandre apresentando Pietro Ubaldi – 13 de março de 1966.

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Discurso de abertura da solenidade, na Escola Parque (Brasília - DF).

Representante da América Latina saudando Pietro Ubaldi – 13 de março de 1966.

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O Público, cerca de mil pessoas, na Escola Parque,

que foi ouvir o conferencista – 13 de março de 1966.

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O Deputado Campos de Vergal agradecendo a Pietro Ubaldi,

após sua conferência – 13 de março de 1966.

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Quando retornou da viagem, escreveu ao Au-tor desta obra uma longa carta, relatando o aconteci-mento:

S. Vicente, 27 de março de 1966.

Nazarius,Só agora respondo a sua carta de 6 de janeiro.Li a respeito da enchente, que chegou até sua casa.Somente agora posso contar-lhe o Encontro de Brasília.

No dia 7 de março voltamos da casa de campo, perto de S. Paulo,para S. Vicente. Logo depois chegou, de automóvel, o Cônsul comsua senhora, vindo de Montevidéu.

Viajei com eles de avião (os três) de S. Paulo para Brasília,onde ficamos os dias 11, 12, 13 e 14 de março.

No domingo à noite, eu li minha palestra: "A NossaSimbólica Oferta ao Brasil e aos povos da América Latina".Havia no auditório da Escola Parque, onde falei, cerca de 1000pessoas. Fui apresentado pelo Deputado Federal Dr. NoronhaFilho e o encerramento foi feito por outro deputado, Campos deVergal. Tudo foi registrado por 4 gravadores, cada um levando asfitas consigo. Tudo será impresso em nossos boletins. Já temos o deS. Paulo, o de Montevidéu e o mais novo será o de Brasília. Cadaum independente do outro.

A notícia do Encontro foi transmitida aos Estados Uni-dos, Europa e Japão, pela "International United Press", deBrasília. Saíram artigos nos jornais de Brasília, que farão folhetosdas palestras. Estavam presentes representantes de alguns paísesda América do Sul, chegou um de Miami (Flórida – EstadosUnidos). Chegaram telegramas e mensagens de outras cidades

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brasileiras, de países da América do Sul e América Central, dosEstados Unidos, da Europa e do Japão. Tudo foi lido.

No dia 13 houve uma reunião no Pálace Hotel, troca deideias e programa de trabalho para desenvolvimento da Obra. Noalmoço, sábado (12) e domingo (13), éramos 22 pessoas. Algunschegaram de automóvel de S. Paulo (1200 km). Assim tivemos 5carros ao dispor, em Brasília. Sem carro não se pode deslocar, sãodistâncias imensas.

Fomos recebidos pelo Presidente da Câmara dos Deputa-dos. No hotel, fui hóspede da prefeitura de Brasília. Tudo fotogra-fado. Havia quatro fotógrafos sempre funcionando. Chegou tam-bém o Prof. Osvaldo Requião, de Feira de Santana (Bahia), queestá escrevendo um livro apoiando a teoria da Queda dos Anjos,para explicá-la aos espíritas, que não aceitaram. Fez um folhetosobre o assunto.

Assim, em Brasília temos outro centro de divulgação daObra. Vai continuar funcionando com pessoas que moram lá.Estão estudando A Grande Síntese e publicando o nosso Bo-letim. Foi apresentado o meu novo livro, saído recentemente: Evo-lução e Evangelho, aqui já está a venda.

Está na tipografia A Lei de Deus. Entregarei à mes-ma A Descida dos Ideais, que iniciei em Grussaí , com cercade 450 páginas e que sairá no fim deste ano. Agora estou continu-ando Um Destino Seguindo Cristo, que, também inicieiem Grussaí.

Como vê, estamos trabalhando. Está pronto, traduzido, eo Cônsul levou com ele, para revisar a língua, o livro Comentá-rios. Saiu em italiano (Roma), o folheto de 150 páginas:"L'Attuale Momento Storico"; está na tipografia, em Roma, ou-tro folheto : "Psicanalisi delle religioni", ambos são capítulos dolivro A Descida dos Ideais. Numa revista, Piacenza (Ita-

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lia), todo mês sai um artigo meu, desde janeiro de 1965. É umatempestade de livros, artigos, correspondências, etc.

O Cônsul ficou aqui até ontem, despedimo-nos à noite.Hoje, já está viajando, de automóvel, para Montevidéu, ficandoem Curitiba e Porto Alegre, visitando os amigos de lá e organi-zando naquelas cidades o nosso trabalho. Fez isso também, aquiem Santos e S. Paulo.

Todo este trabalho representa o fato de que a Obra estásendo irradiada do Brasil (Brasília - Capital) para o estrangeiro.Ela entra, assim, nesta fase de maior expansão. No início era sóGubbio. Depois foi Campos, a seguir Rio e S. Paulo. Brasil em1951, agora, em 1966 é o Brasil mais os outros países. Esta é afase atual da Obra. O Brasil se torna centro de irradiação, sain-do de Brasília, capital.

Neste ano entro nos meus 81 anos de idade. Era precisoentregar a Obra aos meus herdeiros espalhados pelo mundo,encarregados do trabalho de sua divulgação. O meu trabalho, agora,é só mental: o de escrever os meus últimos livros. Cada coisa chegano devido momento. O programa está se desenvolvendo regular-mente. Calculo viver até o ano de 1971, para acabar a minhaparte que é a de escrever. Para Campos fica sempre a glória de tersido o primeiro núcleo da Obra. Eu posso desaparecer, para quesó a Obra fique.

Peço-lhe o favor de ler esta carta também ao querido Prof.Clóvis e ao Dr. Albano, para que eles estejam a par de tudo.Devo tanto a ambos! Tudo será impresso em nossos boletins.

No dia 4 de abril, às 23:30 horas, falarei uma hora natelevisão de S. Paulo, canal 5, sobre meus livros.

Agora, volto ao meu trabalho de escrever livros da Obra.No inverno se tem um pouco de paz. Aqui, tivemos até ontem umcalor louco. Resisti à corrida, às visitas, a tudo. Estou coordenando

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ideias e coisas.Saudades ao Clóvis e a Dr. Albano, a todos os amigos de

Campos.Abraços de todos daqui e do seu

Pietro Ubaldi.

O texto completo da Oferta se encontra no livroUm Destino Seguindo Cristo.

Lá vamos encontrar estas palavras:

Os senhores, a quem hoje falo, são os primeiros operáriosaos quais a Obra está confiada. É por isso que estamos aquireunidos. Este encontro tem um importante significado, exatamentepelo fato de que nele se realiza esta nossa oferta, neste lugar emomento. Trata-se de passar das mãos do compilador às dos seusherdeiros espirituais.

Assim, somos todos herdeiros de Pietro Ubaldi.

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Ainda naquele ano de 1966, mesmo cansado daviagem a Brasília, recebeu uma ilustre visita.

José Medeiros Corrêa Júnior (Professor e Juiz deDireito no Espírito Santo) foi visitá-lo. Medeiros, fiel amigode Pietro Ubaldi desde 1951, morava na mesma casa, aolado da Escola Jesus Cristo – Campos (RJ) – onde Ubaldificou hospedado.

Pietro Ubaldi e José Medeiros Corrêa Júnior –

julho de 1966.

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1967 – Um Destino Seguindo Cristo –Continuou a escrever este livro iniciado em Grussaí e oconcluiu na Páscoa de 1967. No primeiro capítulo,intitulado O Voto, Pietro Ubaldi relata a visão na qualapareceram Cristo e São Francisco de Assis na estradade Colle Umberto (Perugia), às onze horas da manhã,na primeira quinzena de setembro de 1931.

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SSSSSeguindo eguindo eguindo eguindo eguindo CCCCCristoristoristoristoristo

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1968 – Um pintor espanhol, Sagran, foi aCotia e pintou um quadro a óleo, mostrando PietroUbaldi, que posou para ele, e a evolução da humanidade.Esse quadro foi doado à Fraternidade Francisco deAssis, mas ainda se encontra com Ariston SantanaTeles, em Sobradinho (DF). Também lá, estão amáquina de escrever italiana a mesa e a cadeira, usadaspor ele no escritório; o relógio de bolso Ômega, etc.

Quadro de Sagran – 1968.

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No dia 10 de julho de 1968 Pietro Ubaldi teveum problema no coração, insuficiência cardíaca, e foi le-vado a S. Paulo.

Quando se recuperou, no dia 16 de agosto, escre-veu a Nazarius, relatando o acontecimento.

S. Paulo, 16 de agosto de 1968.

Caro Nazarius,O Prof. Galeffi, da Bahia, já viajou, com todos os livros

da Obra, para Viena (Áustria), e os entregou à Universidade delá.

Viajei para Cotia, como você sabe, no dia 3 de julho. Nodia 10 tive um distúrbio no coração, por insuficiência cardíaca,anemia, esgotamento geral. Levaram-me, de ambulância, acom-panhado de médicos, enfermeiros e oxigênio, e da filha, parauma clínica – Pronto Socorro em S. Paulo. Lá fiquei com Agnese8 dias, dormindo, quase sempre, com soníferos para o coraçãoficar tranquilo. Exames de laboratório, de sangue, de urina etc.No dia 18 de julho fui para a casa de Cláudio Picazio, porqueficar num hospital custa milhões. Agora estou em casa deAntonietta, a neta casada, em S. Paulo, sob tratamento de um

IIIIInsuficiênciansuficiênciansuficiênciansuficiênciansuficiência

CCCCCardíacaardíacaardíacaardíacaardíaca

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médico amigo e conhecido. Estou me recuperando muito devagar,com 82 anos nas costas; começo a andar um pouco.

Espero no fim de agosto conseguir voltar com Agnese paraS. Vicente e retornar à velha vida regular, com muito cuidado.Não se assuste. Continuarei trabalhando. O que piorou foi a vidafísica, não a espiritual. Desci um degrau para desencarnar, mas sóum degrau e continuarei vivendo neste nível. Sem dúvida chegareiaté 1971, como já expliquei na Introdução do livro Profecias.Depois veremos.

Tenho um monte de cartas a responder. Desculpe a minhabrevidade. Tranquilize os amigos. Voltarei a S. Vicente, à minhavida regular, recuperando-me lentamente. Não há mais surpresasà vista. Sempre o costumeiro trabalho.

Um grande abraço para você e a todos os amigos de Cam-pos, seu

Pietro Ubaldi

Já com 82 anos, seu estado de saúde era preo-cupante, o médico mandou que ele diminuísse o ritmode trabalho. Mesmo assim, escreveu Como Orientar aPrópria Vida, inserido no livro Pensamentos.

A seguir, temos algumas fotos tiradas naquele anode 1968.

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Pietro Ubaldi no escritório de seu apartamento,

em S. Vicente (SP) – agosto de 1968.

Pietro Ubaldi em Cotia (SP) – março de 1968.

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Foto antiga, oferecida a José Amaral –

novembro de 1968.

Fotos oferecidas a José Amaral, com quem teveuma profícua correspondência – Veja Pietro Ubaldi &Nazarius.

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Foto oferecida a José Amaral – Natal de 1968.

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1969 – Início do livro Cristo, em marçodaquele ano, numa casinha de campo em Cotia (SP), localde muita tranquilidade, cercado de grandes árvores. Inicieio livro Cristo. Já escrevi quatro capítulos, vou gravá-los. (carta aeste Autor, em 17-03-69).

Mais detalhes no livro Pietro Ubaldi & Nazarius.

CCCCCristoristoristoristoristo

Pietro Ubaldi quando escrevia o livro Cristo –

março de 1969.

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Pietro Ubaldi e Manuel Emygdio da Silva,

em S. Vicente – 30-11-69.

Antes de começar o livro Cristo, concluiu o seuA Técnica Funcional da Lei de Deus, na Páscoa de1969.

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1970 – Pietro Ubaldi continuava escrevendoo Cristo. Aqui estou sempre escrevendo, retornei ao livro Cristo,estou bastante adiantado. (carta de 10-04-70). Pietro Ubaldiestava no seu penúltimo ano de existência terrena e asfotos foram abundantes, sobretudo na Praça 31 deJaneiro, onde residia, sendo feitas em dias diferentes.

Pietro Ubaldi em S. Vicente,

de costas para o mar – 1970.

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Pietro Ubaldi sentado em um degrau,

na Praça 31 de Janeiro – 1970.

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Pietro Ubaldi e Manuel Emygdio da Silva,

na Praça 31 de Janeiro – 1970.

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Pietro Ubaldi caminhando na Praça 31 de Janeiro –

1970.

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Ainda naquele ano de 1970, em S. Vicente,escreveu Análise de Casos Verídicos. Este e ComoOrientar a Própria Vida formam o livro Pensamentos.

Pietro Ubaldi foi um permanente observador dofuncionamento da Lei de Deus em sua vida. Viviasegundo a vontade da Lei, como Cristo o fez: Não faço aminha vontade, mas Daquele que me enviou. O missionário deCristo afirmou, muitas vezes de maneira diferente amesma coisa: Vivo de acordo com a Lei; ela exerce uma tremendaforça sobre mim; A Lei é a nossa vida. Conhecê-la e executá-lacada vez melhor, redunda em vivê-la mais intensamente; a Leiexprime o pensamento e constitui a regra fundamental de nossaconduta; como no espírito está o nosso pensamento, assim tambémna Lei, está o pensamento de Deus; seguir a Lei quer dizer obedecera vontade de Deus. Existem dezenas de outros exemplos,mostrando preocupação em obedecer a vontade de Deus,ou seja, à Lei.

Para mostrar que a Lei não funcionava somenteem sua vida, Pietro Ubaldi analisa sete casos verídicos, depessoas ligadas a ele, minuciosamente, de modo acomprovar que essa Lei foi criada por Deus para funcionarimparcial e universalmente, para todos. Eles, Análise deCasos Verídicos, estão inseridos no penúltimo livro dos 24volumes da coleção: Pensamentos.

PPPPPensamentosensamentosensamentosensamentosensamentos

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Esta foi a última fotografia de Pietro Ubaldi

em sua atividade missionária.

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1971 – Ano de preparação para arrumar asmalas afim de fazer sua última viagem. A vida de PietroUbaldi está dividida em quatro períodos de vinte anos eno final de cada período foi caracterizado por uma viagem.No final do primeiro período (5 aos 25 anos), foi aosEstados Unidos; no final do segundo período (25 aos 45anos), foi para Módica (Sicília), lecionar inglês; no finaldo terceiro período (45 aos 65), veio ao Brasil fazerconferências; no final do quarto período, aos 85 sepreparou para última viagem: o retorno à sua verdadeirapátria – às altas esferas espirituais de onde ele veio, amorada dos grandes missionários de Cristo.

Escrevendo a Nazarius (Pietro Ubaldi &Nazarius, cap. 96), em 24 de maio de 1971, reafirmou:O livro Cristo encerrará a Obra, neste Natal de 1971 tudoestará regularmente executado, como previsto em Profecias.Quarenta anos depois que iniciei (Natal de l931). Numaentrevista ao Autor deste volume e redator de Avancemos,(cap. 20, terceira parte, de Grandes Mensagens ), foiperguntado a Pietro Ubaldi: Que pensa Prof. Ubaldi, a respeitodo livro Cristo, tão ansiosamente esperado? E o entrevistadorespondeu:

O livro Cristo será o coroamento da Obra, o vértice dapirâmide e também o ponto final da minha vida e o término daminha missão.

Quando chegar a hora, saberei o que devo escrever. Massei que pouco falarei da vida humana do Cristo, mas muito deSua vida divina, a respeito do que Ele verdadeiramente é,independentemente de Sua permanência na Terra.

Este livro aparecerá quando eu estiver perto da morte.

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Para perceber o Cristo, é preciso que o corpo esteja diminuindo.Quanto mais isso acontece com a velhice, tanto mais percebo que avisão do Cristo está se aproximando, tornando-se cada dia maisclara.

Este livro já estava planejado quando eu escrevi um dosprimeiros volumes da Obra: Ascese Mística. No início da 2ªparte, no capítulo III, "A Dor", le-se: Cristo me espera, no fimdescerá o marco interior da devoção e do amor. (...) No fim detanto trabalho da mente e do coração, depois de tanto escrever, sóuma palavra ficará: Cristo, sobre esta palavra, que é a síntesesuprema do conhecimento e do Amor, eu me curvarei satisfeito efeliz, para morrer.

De resto, toda a Obra foi prevista e planejada de antemão.Na 1ª parte do livro Profecias, intitulada: "Gênese da II Obra",tudo que depois aconteceu e continua acontecendo, já foi explicado.

Por isso, sei quando vai terminar a obra e com ela aminha vida.

A entrevista foi no dia de S. Pedro, em 1968, epublicada no mês seguinte.

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Certidão de óbito, fornecida por Dr. Ivan Coe-lho Maciel, seu médico assistente, que o acompanhoudesde o início da enfermidade até no instante da morte.

DDDDDesencarnaçãoesencarnaçãoesencarnaçãoesencarnaçãoesencarnação

de de de de de PPPPPietro ietro ietro ietro ietro UUUUUbaldibaldibaldibaldibaldi

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CCCCCarta dearta dearta dearta dearta de

CCCCClaudio laudio laudio laudio laudio PPPPPicazioicazioicazioicazioicazioApenas alguns trechos da Carta de Picazio so-

bre a morte de Pietro Ubaldi. O texto integral encontra-se no livro Pietro Ubaldi e o Terceiro Milênio, inseri-do em Grandes Mensagens.

Escrevo esta carta como um depoimento daquilo que vi, ouvie senti, como testemunha ocular dos últimos instantes de vida donosso querido, épico e imortal Pietro Ubaldi.

No dia 28 de fevereiro, cheguei ao Hospital São José, deSão Vicente, às 22:45 horas. Quarto n° 5. Uma cama. Umrelógio. À cabeceira um crucifixo.

Ubaldi semiconsciente respirava ao ritmo das batidas docoração.

A seu lado o médico, Dr. Ivan, ajudado pelo Alberto, humildee grande amigo da família, que servia de enfermeiro. Fora, sentadosnuma pequena sala de estar, a filha Agnese, Kokoszka e umcasal amigo.

Não havia mais dúvida que a hora final estava chegando...Fiquei no quarto com o médico e o Alberto. Não queria perder umsegundo da companhia do grande amigo.

Agnese, de instante a instante, entrava no quarto. Cabeçabaixa, silenciosa, aparentando calma, escondendo o seu cansaço.

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Havia uma atmosfera de expectativa indescritível. Pareciaque estávamos anestesiados. Tudo parecia um sonho!...

O médico, que se havia tornado um amigo, ficava atentopara que Ubaldi nada sofresse.

A ciência já tinha cumprido o seu trabalho. Restava agorasomente a vontade de Deus...

Ubaldi, deitado no leito meio inclinado, numa posição in-cômoda, passava a mão vagarosamente sobre seu peito.

Silêncio profundo, nenhuma palavra mais... Ouvíamos,atentos, o ritmo das batidas do coração. O médico afirmou quenas últimas horas a sua pulsação estava perfeitamente normal. Oque causava a crise era o enfisema pulmonar.

Expectativa e silêncio... Havia uma sincronização entre o“Tic-Tac” do relógio e as batidas do seu coração...

Aos 20 minutos do dia 29, ele movimentou-se. Apoiou ocorpo em seus braços com toda a energia e quase se sentou no leito.O médico e o Alberto ajeitaram o travesseiro e ele acomodou-senuma posição melhor, como que esperando uma ordem a cumprir.Esboçou um leve sorriso de tranquilidade e caiu na crise final.

Perdemos a noção de tudo o que estava em nosso redor.Somente prestávamos atenção ao seu peito nu, que mostrava o mo-vimento de contração muscular do seu coração. O ritmo das batidascomeçou a acelerar-se e depois a diminuir lentamente, lentamen-te... até à sua paralisação total... (...)

Com surpresa, compareceu o bom amigo José Amaralque veio da longínqua cidade de Campos, Estado do Rio deJaneiro, e um dos primeiros brasileiros a receber Ubaldi, quandopela primeira vez pisou o solo do Brasil, em 1951. (...)

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Escritório, onde Pietro Ubaldi viveu os 20 anos aqui no Brasil.

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Mausoléu no Cemitério da Saudade, em S.Vicente (SP), quadra 13 – 72 S.

Sepultura de Pietro Ubaldi.

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Este Cristo foi bordado pela senhora Alexandra

Herrmann, em tricomia, com linha molinè, e

oferecido a Pietro Ubaldi em 05 de outubro de

1951, na última conferência que fez na Federação

Espírita do Estado de São Paulo.

Ele é motivo da capa do livro Cristo.

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Dedicatória e texto no verso da foto – página anterior –

que se encontra no Museu Pietro Ubaldi.