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    A TCNICA FUNCIONAL DA LEI DE DEUSPREFCIO ................................................................................................................................ 1I. VERDADES E MORAIS RELATIVAS .............................................................................. 3II. A POSIO DO HOMEM ESPIRITUAL DIANTE DAS RELIGIES DEMASSA. A RELIGIO UNITRIA E CIENTFICA DO FUTURO. ............................... 10III. A ATUAL FASE EVOLUTIVA DA SOCIEDADE HUMANA.................................... 18IV. UM MAIS AVANADO CONCEITO de DEUS E DA VIDA...................................... 28V. ARREMESSO E CORREO DA TRAJETRIA DA VIDA. A TERAPIADOS DESTINOS ERRADOS ................................................................................................. 36VI. AS TRS FASES DO CICLO DA REDENO ........................................................... 43VII. A TCNICA FUNCIONAL DO DESTINO. A FUTOROLOGIA E ARACIONAL PLANIFICAO DA VIDA ........................................................................... 62VIII. A NOVA MORAL E A TCNICA DA SALVAO ................................................. 77IX. A RESISTNCIA LEI E SUAS CONSEQUNCIAS ............................................. 109X. O PROBLEMA DO KARMA E A JUSTIA DE DEUS .............................................. 116XI. A FUNO DA BONDADE E DO AMOR DE CRISTO DIANTE DARGIDA JUSTIA DA LEI DO PAI ................................................................................... 124XII. O HOMEM DIANTE DA LEI ..................................................................................... 134XIII. A INTELIGNCIA DO DIABO ................................................................................. 149XIV. O CONCEITO DE CRIAO ................................................................................... 153XV. AS CONQUISTAS ESPIRITUAIS DO NOVO HOMEM DO FUTURO ............... 161CONCLUSO ....................................................................................................................... 174

    Vida e Obra de Pietro Ubaldi (Sinopse)............................................................................... 179

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    PREFCIO

    Com o presente volume, vamos realizando o desenvolvimento da SegundaObra, que constitui uma srie de aplicaes e consequncias da teoria em que

    a Obra se fundamenta. Foi possvel, desse modo, submeter a teoria a um con-trole experimental, colocando-a em contato com os fatos, para buscar a ver-dade e obter assim um slido testemunho. O fato de que a prtica confirma ateoria nos d total segurana.

    Creio, pois, que mantive o compromisso assumido e cumpri o dever de ex- plicar tudo s almas sedentas de conhecimento. Desejo-lhes que seja seugrande jbilo, como foi o meu, compreender tudo e ver com clareza os gran-des problemas da vida, saindo do estado nebuloso da f e do mistrio. De vo-

    lume em volume, conduzi o leitor atravs do longo caminho do conhecimento,e agora, atravessado esse oceano, creio termos chegado juntos ao porto. En-sinando-lhe a dar vida um sentido altssimo, pude demonstrar-lhe essa pos-sibilidade de suprema utilidade, dando minha prpria vida uma expressoque a tornasse digna de ser vivida.

    No ofereci f, mas segurana; no apresentei mistrios, mas demons-traes; no convidei a crer, mas a compreender. De cada afirmao deiuma prova, baseada em fatos, e, finalmente, depois de t-las exposto, aindasubmeti as teorias a controle experimental. Este o estilo da nova religiocientfica, aquela que, sem negar as antigas, mas sim continuando-as edemonstrando-as, torna necessria sua aceitao, assim como, para quemsabe pensar, convincente tudo aquilo que racionalmente demonstrado eexperimentalmente controlado. Isso torna uma religio to positiva e uni-versal quanto a cincia, colocando-a acima da rivalidade entre as divisesexistentes.

    conhecido o conceito de uma lei que tudo dirige. Mas no basta falardela em termos gerais. Por isso, neste volume, adentramo-nos ao tema, paraver com que tcnica funciona esta lei. O conhecimento alcanado de ex-trema utilidade prtica, porque explica as causas da dor e o modo como noseme-las, evitando assim as suas consequncias. Desse modo, aprende-se aconhecer qual a gnese de nosso destino e a corrigi-lo, quando ele estivererrado. Verifica-se que a vida canalizada ao longo de sua prpria via dedesenvolvimento e, assim, aprende-se a no viver loucamente, como aconte-

    ce com os involudos, mas de forma inteligente como os evoludos, de acordo

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    com uma tcnica verdadeira, qual se pode chamar de Tcnica da Liberta-o.

    Este livro, portanto, prtico, utilitrio e benfico, porque, atravs deuma cerrada psicanlise, nos conduz a Deus. um livro que, por meio de

    uma racional planificao da vida, leva redeno e salvao. Mas, paracompreend-lo, seria bom ler os livros precedentes, os mais recentes, quederam origem a este, ou pelo menos um deles: O Sistema , porque as refe-rncias teoria ali exposta sobre o Sistema (S) e o Anti-Sistema (AS) sofrequentes. Terminei esse trabalho em 1969, no meu octogsimo terceiro anode idade, atravessando uma enfermidade que ameaou matar-me. Mas oesprito venceu, a Lei funcionou como j descrevi neste volume, e assim pos-so lanar-me ao trabalho de um novo livro, a fim de que a Obra, nascida no

    Natal de 1931, esteja acabada no devido momento, isto , no Natal de 1971.

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    I. VERDADES E MORAIS RELATIVAS

    Vemos, na realidade, que a verdade uma abstrao. O que existe, de fato,so as pessoas que nela creem. Desta forma, uma verdade s existe na Terra

    enquanto vivem as pessoas que acreditam nela. Isto acontece porque no existe,em nosso mundo (AS), uma verdade universal. Assim encontramo-la, muitasvezes, fragmentada em infinitas verdades particulares, que so definidas pelapercepo de cada indivduo. Estas, porm, representam o ponto de partida e amatria prima para a reconstruo da verdade universal do S, o que se conseguepelo princpio das unidades coletivas, isto , por reagrupamentos sempre maisvastos de mentes que aderem a uma verdade particular, reciprocamente atradaspor afinidade. Evolui-se, assim, em direo a unidades coletivas cada vez mais

    amplas, cujas partes, antes de se unificarem (S), enfrentam-se entre si para des-truir-se (AS), uma acusando a outra de erro, enquanto no passam de aspectosdiversos da mesma verdade, lutando para entender-se e, enfim, unificar-se. Quea evoluo leve unificao das verdades particulares, vemo-lo hoje na religioe na poltica, com a universal tendncia unificao, cuja finalidade sanar oestado de ciso e luta que prevalecia no passado. assim que, atravs da unifi-cao das verdades relativas particulares, chega-se concepo de uma verdadecada vez mais vasta. Certamente existe a verdade universal absoluta, mas ela uma longnqua meta da evoluo e, hoje, para o homem, somente existe namedida dada pela aproximao que ele atingiu da sua compreenso, em propor-o ao desenvolvimento de sua forma mental.

    Ento, o que de fato encontramos hoje, aqui na Terra, so agrupamentos deindivduos de forma mental afim, que, por isso, defendem uma verdade comum,relativa a eles e vlida para seu grupo. Assim as religies so reagrupamentos deindivduos que, pela raa, histria, posio geogrfica, grau de evoluo etc.,

    encontram-se de posse de um dado tipo de forma mental, que possibilita seureagrupamento em torno de um determinado tipo de verdade e, portanto, emtorno de um dado pensador-chefe, que a proclamou e que, ao morrer, deixou-ano mundo. Porm, se ela no corresponde necessidade e gosto das massas, esteguia, por maior que seja, ter falado aos surdos, inutilmente. O fundador fazsozinho a metade do trabalho do lanamento de uma religio. A outra metadedepende da aceitao por parte das massas, que, depois, transformam e adaptamtudo s medidas e formas que suas necessidades e capacidades exigem para seu

    uso.

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    Explica-se, assim, como as vrias religies do mundo concebem Deus e Oadoram em formas to diversas. Deus o ponto de convergncia de todas elas,imensamente distante no Cu, onde todas se encontraro unidas um dia no futu-ro. Uma religio a construo mental que o homem faz, para si mesmo, da

    concepo que ele pode atingir de Deus relativamente sua natureza, dada peloseu nvel de evoluo. Trata-se, portanto, de uma concepo particular, e nouniversal, portanto impotente para conseguir unificaes mais vastas dos que asconseguidas pelo prprio grupo religioso. Tais verdades, assim, no superam oslimites do grupo. Aponta-se para o absoluto, mas o absoluto est no S, no altoda escala evolutiva, no extremo limite do grande caminho de subida, enquantons estamos no AS, inexoravelmente mergulhados no relativo. verdade que ouniverso est pleno de Deus, no havendo ponto, momento ou fenmeno em

    que Ele no esteja vivo e presente com Sua lei, que pensamento diretor e von-tade atuante. Mas tambm verdade que o AS um invlucro que encerra eisola o ser como uma barreira, separando-o da capacidade de sentir aquela pre-sena e mantendo-o aprisionado, at que, com a evoluo, ele consiga romp-lo.

    O estado atual do homem diante da verdade , portanto, de separao, isto, de ciso entre as muitas pequenas verdades isoladas, egocntricas e em lutaentre si. Enquanto o involudo permanece fechado nos estreitos confins da suapequena verdade individual, em antagonismo com a dos seus semelhantes, oevoludo , ao contrrio, levado a conhecer verdades sempre mais universais.Com a queda, a unidade do conhecimento se fragmentou num caos de peque-nas verdades rivais, em posio de disputa. Explica-se assim no s o atualestado divisionista, mas tambm o processo, hoje em ao, de reunificao, emgrupos cada vez mais vastos, dessas verdades separadas, que so, na realidade,apenas diversos aspectos e modos de conceber a mesma verdade, mas que, por

    no se conhecerem, condenam-se reciprocamente. No entanto o processo evo-lutivo de unificao, e ele j se iniciou e se realizar sempre mais no camporeligioso, assim como para as naes no campo poltico.

    Com a queda, o ser se fechou nos limites dimensionais do espao e do tem-po. Assim, a forma mental humana, que seu instrumento, foi construda emfuno de tais limites. O ponto de partida e de referncia para cada concepodo indivduo foi o terreno de sua propriedade, sobre o qual est a casa em quevive com a prpria famlia. Eis, ento, a ideia de confim e de defesa contra os

    invasores, que so estranhos e esto ao seu redor, desejando entrar, como se

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    entrassem nos prprios terrenos, para roubar as mulheres e os haveres, a fimde satisfazer s duas necessidades bsicas da vida: sexo e fome, corresponden-tes s necessidades de sobrevivncia da raa e do indivduo.

    sobre esse esquema que se constri o castelo, para guerrear contra todos.

    Hoje, esse castelo no tem muros e fossas, mas barreiras legais, econmicas,morais e sociais. O princpio o mesmo, quer se trate de indivduos ou de po-vos. Luta-se para invadir e para no ser invadido, em todos os campos e nveis.

    O homem levou consigo, para o campo espiritual, essa forma mental. As-sim, ele constri a sua prpria viso da vida, constituda pela sua verdade,aquela que mais lhe serve para viver. Ele a considera como sua propriedade ea defende contra as outras verdades, as quais, por sua vez, so construdas por outros homens, que igualmente as defendem e delas se servem como

    propriedade sua.Temos, assim, verdades limitadas, para uso prprio, relativas a cada um,

    ciumentas, inimigas uma da outra. Esto separadas, mas cada uma um cen-tro de conscincia e conhecimento, constituindo um foco em expanso. Cadaverdade tende assim a dilatar-se, invadindo o campo da conscincia e da vidado outro. O princpio imperialista uma qualidade humana que se revela emcada manifestao, tanto no terreno poltico como no religioso, dando lugar aguerras que, na substncia, so da mesma natureza.

    assim que, maneira de cada povo, cada religio tende conquista e,alm de ser proselitista e dogmtica, quer invadir e dominar as conscin-cias. Da vem a intransigncia e o absolutismo egocntrico, surgindo entoo fenmeno do imperialismo religioso.

    Tudo isto tem uma explicao. Com a queda, a verdade se fragmentou eminmeros momentos separados, egocntricos e inimigos, em luta para sobre-por-se um ao outro, gerando o caos. Para faz-los voltar ao estado de ordem,

    em posio unitria, no h outro modo seno reagrupar, gradualmente, emunidades sempre maiores, os elementos rebeldes e separados, impondo-lhes fora uma disciplina contra a sua vontade de desordem e separatismo. Esta, de fato, a histria e a tcnica construtiva dos agrupamentos humanos, tan-to polticos como religiosos. Temos sempre um chefe que, com meios mate-riais e espirituais, faz de si o centro e se impe por um poder superior. Te-mos assim a fase do conquistador, depois a do poder e, por fim, a do expan-sionismo imperialista. Tudo depende da natureza humana, constituda por

    uma forma mental que aplicada a tudo o que se faz e se constri. No en-

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    tanto, se temos um imperialismo religioso, tambm temos uma verdade emcontnua expanso, resultado de uma contnua conquista. A necessidade deevoluir est na base de nossa vida e justifica, em qualquer campo, o mtodoimperialista expansionista de conquista dominadora, porque esse um meio

    para chegar unificao, que um dos grandes fins da evoluo. Vemosassim como tudo funciona e encontra a sua justificao e explicao lgica.

    No s no campo da verdade e da religio encontramos indivduos queas aceitam, transformando-as em verdades e religies particulares para uso prprio. Tambm no campo da moral, no encontramos uma nica e uni-versal, mas tantas quantas so as conscincias individuais. No falamosaqui da moral oficial, altamente proclamada e pregada, para uso da massa,

    feita de normas gerais, que deveriam regular-lhe a conduta. Isto o que sediz, mas falar serve frequentemente para mascarar o que se faz. Falamosaqui da verdadeira moral, aquela que, apesar de ningum mostrar, aplica-da conscientemente por todo indivduo, segundo sua prpria natureza eforma metal, as duas nicas bases que ele possui para julgar e se orientar.Esta a moral da qual somos verdadeiramente convencidos, mas que ficaescondida, por ser posio de batalha e arma na luta pela vida.

    Dessas morais individuais existem tantas quantas so as posies de cadaum ao longo do caminho evolutivo. Os ntimos julgamentos variam de acor-do com as posies assumidas, que representam o ponto de vista pelo qualcada um olha o mundo. Assim, um involudo julgar tolo um evoludo que sesacrifica pelo ideal e, do sacrifcio deste, s perceber o modo de aproveit-lo em vantagem prpria. Por sua vez, um evoludo se ofender com o modomaterialista pelo qual o involudo entende a religio, limitada a prticas exte-riores, vazias de espiritualidade e, ainda pior, reduzidas a dogmatismo, fana-

    tismo, proselitismo e intransigncia agressiva contra outras religies. Taismtodos so contra a moral das religies, porm, mesmo assim, so usados,porque correspondem a outra moral, aquela real, aplicada aos fatos.

    Esta no a moral ideal, que o futuro haver de realizar atravs da evolu-o, mas a presente, tal qual se vive. Uma moral biolgica, que funciona narealidade, no fundada sobre a compreenso e a cooperao, mas sim na lutapara impor-se, porque s o vencedor tem direito vida. A outra moral ape-nas terica, sendo repetida em voz alta para esconder o estado de involuo

    em que ainda se encontra o animal humano. A praticada de fato esta moral

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    biolgica, egosta e estritamente utilitria, anteposta a um fim importantssi-mo, que a defesa da vida, continuamente a ameaada por um mundo hostil.

    Ora, isto no significa que o homem, por segui-la, seja mau ou tenha mf, s pelo fato de no praticar a moral que ele defende em palavras. Sim-

    plesmente ele no est amadurecido para saber viver ao nvel do ideal, apli-cando-lhe os princpios. Ele no imoral, mas amoral.Imaturidade no maldade. Portanto ele no culpado. Simplesmente cui-

    da de resolver o problema mais urgente: sobreviver, tratando de ser prudentepara no se arriscar em perigosas exploraes nas desconhecidas terras do ide-al. Deixa tudo isso para o futuro e pensa que, havendo a eternidade, no h porque se apressar. Fica ento ligado matria, parte animalesca, apoiando-sena mais segura realidade biolgica. Ele tem boa f, porque, no seu nvel de

    evoluo, toda a conscincia que ele, por haver conseguido form-la no passa-do, possui agorafruto de uma longa experincia conquistada atravs de du-ras provasassevera-lhe que necessrio permanecer utilitarista, sem se dei-xar desviar por caminhos perigosos, e continuar, portanto, em busca de vanta-gens imediatas e concretas, permanecendo positivo antes de qualquer outracoisa.

    Tudo o que se faz por instinto um produto do inconsciente, onde funcionaa inteligncia da vida, substituindo a do indivduo, ainda insuficiente para ori-ent-lo. A verdade que o homem faz as coisas mais importantes da sua vida,como nascer, reproduzir-se e morrer, movido por foras que desconhece, commuito pouca liberdade de escolha.

    Num tal mundo de involudos, o evoludo surge como um revolucionrio quebusca antecipar os tempos e se destaca do nvel das massas, pretendendo acele-rar-lhes o ritmo evolutivo, esforo que elas se recusam a realizar, porque issosignificaria precipitar os lentos deslocamentos de sua maturao. No obstante,

    vrios profetas foram aceitos, e isto significa que eles tambm so teis vida,porquanto ela os produz e os aceita, no importando as adaptaes necessriaspara se chegar aceitao.

    Embora, num primeiro momento, isto possa parecer escandaloso, pela fal-sificao dos ideais, v-se, depois de um exame mais amadurecido, que tudono passa de um calculado desenvolvimento de foras, canalizadas em senti-do pragmtico, a fim de que todas deem o maior rendimento possvel, segun-do a sua natureza, para o bem do ser, que deve ascender. Ora, se a vida, cujo

    funcionamento dirigido pela Lei, que o pensamento de Deus, aceitou o

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    ideal na sua economia, embora somente na medida em que esse ideal pudesseser utilizado segundo a maturidade atingida pelo homem, tudo isso prova que necessria a descida do ideal Terra. Assim o surgimento de profetas, san-tos e gnios sempre produz certo rendimento biolgico, em sentido positivo.

    Cristo, apesar de tudo, sobreviveu no mundo, em virtude do fato de terem asmassas, no seu inconsciente, por instinto de evoluo, percebido, embora deforma nebulosa, que Ele, num certo sentido, como aspirao a realizaesdistantes, representava uma forma de utilidade.

    Assim, descem Terra os ideais, como uma chuva benfica sobre a selvarida e feroz. Vagam aqui e ali, alimentando o cimo das rvores mais altas,prontas para receb-los e assimil-los. Em baixo, permanece a selva rida eferoz, onde os seres, continuando os mesmos, s podem ver com os olhos

    que tm e agir segundo sua prpria natureza. Tal comportamento conside-rado correto por eles, dentro da perspectiva da sua verdade, relativa ao seunvel de evoluo, verdade esta, porm, que pode ser um terrvel erro paraquem vive em posio mais avanada. Os delinquentes, sua maneira, acre-ditam estar certos, do mesmo modo que a fera, quando devora a vtima, estcerta no nvel da fera. Que ela esteja vivendo a sua verdade prova-o o fato deque no se engana, pois, com tal conduta, resolve o problema maior, que oda sobrevivncia. A culpa da besta est apenas no fato de ser obrigada a re-solv-lo daquela maneira, enquanto que o homem civilizado pode permitir-seo luxo de resolv-lo sem catstrofes e risco de vida, chegando a culpar aque-le que no procede do mesmo modo. No entanto ele tambm se encontra di-ante do mesmo problema de sobrevivncia e o sente to vivo, que tenta re-solv-lo no s na Terra, mas tambm depois da morte, no Cu, pois, se fazsacrifcios, apenas com essa finalidade.

    Assim, para um selvagem, na sua inocncia, pode parecer justo roubar e

    matar, quando isso lhe servir para a sua sobrevivncia. Ele ter remorso e se julgar inepto, se no tiver roubado e matado suficientemente, porque suaconscincia animal lhe diz que faz bem quando age em benefcio prprio. Eque ele age bem provado pelo fato indiscutvel e convincente sua conscin-cia de que, matando e roubando, obtm vantagens. O bom sabor da carne hu-mana e o bem-estar do ventre saciado persuadem, de forma indubitvel, o an-tropfago de que comer o homem branco coisa boa. Da mesma forma, a pos-se da botina roubada, que permite gozar melhor a vida, persuade o ladro de

    que timo roubar sem se deixar prender. Assim, usar a astcia para enganar a

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    boa f dos honestos, pela vantagem que deles obtm, tambm persuade o astu-to de que a hipocrisia louvvel. Cada um, no seu nvel, est certo e, na suaignorncia, tem razo. O ser involudo , pois, a seu modo, inocente. Mas istono impede que cada um receba o que merece, ou seja, a pena mxima, e esta

    no , como se pensa, ficar momentaneamente derrotado na luta, mas sim seruma criatura daquele nvel, no qual deve permanecer, quem sabe por quantotempo, mergulhado nas trevas e nas dores relativas a ele.

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    II. A POSIO DO HOMEM ESPIRITUAL DIANTE DAS RELIGIESDE MASSA. A RELIGIO UNITRIA E CIENTFICA DO FUTURO.

    A hipocrisia o cncer das religies.

    Ela as corri at mat-las.Observemos um caso particular da conscincia e do comportamento que

    deve seguir o indivduo espiritualmente mais sensvel que a mdia, ligado auma religio mais de substncia que de forma, porm ainda enquadrado, naprtica, dentro das normas impostas pela forma mental das massas.

    H na sociedade indivduos profundamente espiritualizados, que, por isso,custam a entrar na corrente em que se encontra a maioria.

    Muitas vezes a fora do nmero que estabelece a lei e a verdade. Quandoo erro da maioria, no julgado erro, mas sim verdade; e quando a verdade de uma minoria, no julgada verdade, mas sim erro. Parece que a verdade,quando no est munida de alguma fora para se fazer valer, perde o valor,reduzindo-se a uma afirmao terica que no se pode realizar. Retirando-sede qualquer doutrina a fora que lhe confere o nmero de seguidores, ela ficaruma ideia desvalida e s, no sendo mais levada em considerao, ainda queseja bela e perfeita. Por isso cada religio se apoia no proselitismo, que corres-ponde ao imperialismo no campo poltico, o valor prtico de cada grupo, ad-vindo do seu poder de conquista e domnio.

    Que deve fazer, ento, o indivduo em minoria? Ele poderia escolher um dosvrios caminhos j existentes e adaptar-se s preferncias da maioria, mas istorepresentaria para ele uma religio apenas de forma, escassa em substncia.Adaptar-se e aceitar tal mentalidade significaria renunciar vida espiritual vi-vida em profundidade, isto , mutilar-se nas regies mais altas do seu ser. Isto,

    para quem espiritualizado, a mais penosa e tambm danosa das experin-cias, constituda pelo retrocesso involutivo, que o leva a viver num nvel espiri-tual mais baixo.

    Diferentemente das massas, que fizeram de Deus uma representao paraseu uso e consumo, reduzida s dimenses do que podem conceber, o indiv-duo mais evoludo tem Dele outro conceito. O homem mediano concebe umDeus antropomrfico, feito sua imagem e semelhana. Ora, uma reduo emto estreitos limites inaceitvel para quem pensa mais profundamente. O

    homem mais evoludo concebe Deus como o sbio pensamento que funciona

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    em cada forma e fenmeno, em toda parte e sempre presente, ao qual preci-so prestar contas em cada movimento. Tal pensamento regula a todos atravsde uma lei estabelecida com exatido, a qual no se pode violar sem pagar asconsequncias. Trata-se de conceitos positivos, racional e experimentalmente

    controlveis, de que a cincia pode apoderar-se para construir uma nova reli-gio, baseada na lgica dos fatos e, portanto, universal.Como se v, neste caso, o problema religioso colocado de forma diferen-

    te. Mas, ao invs de abrir as portas a tais conceitos, mais aceitveis pela cin-cia, as religies insistem naqueles antigos, que parecem feitos justamente paraempurrar as mentes cultas a uma sumria negao, terminando na irreligiosi-dade do ateu. A esses resultados podem levar os velhos mtodos.

    Quando uma religio impe o conceito de um Deus exclusivamente pessoal

    e transcendente, o evoludo espiritualizado, embora desejando obedecer, podedizer a si mesmo: Mas eu no posso aceitar, porque os fatos me falam daimanncia de Deus em todo o universo. verdade que Ele o centro do uni-verso e, por isso, pode ser entendido tambm de forma pessoal, mas isso nome impede de ver que Ele tambm perifrico e, assim, est presente em tudoque existe. Concebendo-o assim, sinto a Sua presena e no posso neg-la paraadmitir um Deus imensamente distante, que se ausenta da sua criao, isolan-do-Se na Sua transcendncia, pois, se assim fosse, tudo morreria no mesmoinstante. E eu preciso desta Sua presena para viver, pois sinto que, relegandoDeus a to imensa distncia, tal separao me mataria. Sei que Deus est pre-sente em tudo, como pensamento diretor e como dinamismo animador de to-das as formas de existncia, nas quais Se exprime. Assim, em todas as criatu-ras e tambm em mim Deus est presente. Eu sou clula do Seu organismovivo, formado por todos os seres, e devo, por conseguinte, pensar em unssonocom o pensamento daquele organismo, que dirige todos os movimentos, e fun-

    cionar segundo os princpios que o regem, isto , segundo a lei Dele. Certa-mente, Ele o Eu central do organismo do todo. Como acontece conosco, o eucentral no se isola dos elementos que o compem, existindo tambm em cadaclula, que s pode viver em funo dele, em estreita unio e comunho comele. Deus a vida presente em toda a parte. Retirai do ser este liame e ele mor-re. Deus a existncia. Um isolamento de Deus na sua transcendncia destrui-ria a criao, porque O retiraria da corrente da existncia. No sei se isto pantesmo, mas sei que no posso renunciar a esta presena de Deus, porque

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    essa presena que me faz vivo na eternidade. Tal renncia romperia o fio daminha vida que me une a Ele, de Quem a recebo.

    Compreender e viver tudo isso fundamental para o homem espiritual,mas pouco interessa s massas. No se trata de abstraes teolgicas, mas do

    modo de conceber a vida e de realiz-la diferentemente da maioria, com re-sultados diversos, aos quais no pode renunciar quem os conhece. Muitossolucionam os elevados problemas espirituais, como os da conscincia e doconhecimento, de modo muito fcil, simplesmente ignorando-os ou supri-mindo-os, para se ocuparem somente do estmago e do sexo. Desse modoobtm-se a vantagem de simplificar a vida, suavizando a fadiga da luta, quefica reduzida s conquistas mais elementares.

    Tudo isso se explica. A fora da evoluo poderosa e conduz ao S, sen-

    do essa redeno a lei fundamental e a razo da vida. Mas a tudo isto se opeoutra fora, tambm poderosa, constituda pela involuo, que tende ao AS.Esta conduz a uma descida sempre mais acentuada. a negao que leva perdio, opondo-se positividade salvadora. Eis o que significa o retrocessoinvolutivo a que se reduziria o homem espiritual, caso se adaptasse ao nveldas massas, que gostariam de det-lo no seu plano.

    A posio delas completamente diferente. No possuem a fora da evolu-o e no saberiam usar a autonomia espiritual, se a tivessem, por isso no adesejam. necessrio compreender-se tambm a sua forma mental. Para viver,a ovelha necessita de um rebanho e de um pastor que a conduza. Deixada so-zinha, em liberdade, no sabe aonde ir e se perde. A autonomia, que para apessoa evoluda e espiritualizada tem um valor inestimvel, no para a ove-lhinha uma vantagem, mas sim um perigo ou um dano. Explica-se assim comofuncionam as religies, com sua estrutura hierrquica de rebanhos e pastores, aqual exprime os valores desses seus termos e corresponde natureza dos v-

    rios elementos biolgicos que a compem. Se os pastores comandam, porqueas ovelhas no sabem se dirigir sozinhas e tm, portanto, necessidade de al-gum que lhes preste este servio. Por isso elas so obedientes, pois com suasubmisso recebem benefcio. A vida sempre utilitria.

    Formam-se assim o grupo e o esprito de grupo que mantm unido o reba-nho sob a tutela do pastor. E, quanto maior o grupo, maior seu poder. Porextenso progressiva vai realizando-se gradualmente o processo de coletivi-zao. Mas trata-se ainda de um sistema de massificao submetido a um

    pastor que, como patro, impe a ordem com regras prprias de disciplina.

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    Com esse bitipo (ovelha), no possvel ir mais adiante, alm da estruturapastor-rebanho, a nica alcanvel pelo nvel atual. Um mais avanado tipode coletivizao, para o qual est pronto o indivduo evoludo, que poderiarealiz-lo, se encontrasse um ambiente humano do seu tipo, composto de

    indivduos autnomos, espontaneamente irmanados em consciente colabora-o, visando obter uma vantagem comum. Mas as organizaes humanas dequalquer gnero no alcanaram ainda tal nvel evolutivo.

    Segundo as leis da vida, para poder dirigir, preciso ter as qualidades ne-cessrias, e quem no as tem deve obedecer. Liberdade e comando significamresponsabilidade. Inaptido e preguia levam a um estado de sujeio. Todosdesejariam eliminar o reverso da medalha e ser gratuitamente servidos. Mas preciso pagar-se com a obedincia o servio prestado por aquele que dirige.

    No obstante, preciso aprender a se autodirigir. Se, at ontem, as massasficaram submetidas, isto ocorreu porque, devido sua imaturidade e inrcia,preferiram a via da pacincia, para elas menos cansativa e menos arriscada.

    Outra via pode ser escolhida pelo indivduo mais evoludo, que se encontraem minoria. Trata-se agora no de um enquadramento para uma verdadeiraadaptao, mas apenas de uma falsa condescendncia, mimetizando-se exter-namente na aparncia. Este o caminho da hipocrisia. Quando no h outromeio, a vida costuma usar a mentira como elemento de conciliao entre opos-tos. um acordo na aparncia, limitando-se a esconder a dissenso, a qualpermanece, porm j no franca e visvel, mas to distorcida, que poderia pa-recer consenso. Isto se justifica enquanto uma tentativa, uma antecipaodaquela verdade, qual se chega somente pela evoluo. Mesmo assim, estemtodo ainda um modo de chegar a uma convivncia pacfica, o que prefe-rvel a um estado de guerra.

    A vida, que utilitria, escolhe sempre o caminho do menor esforo e

    maior rendimento. Mesmo sendo a mentira um remdio de nfimo grau (osmais evoludos a rejeitam com desprezo, resolvendo os problemas com inteli-gente sinceridade), neste sentido pragmtico que a vida aceita a hipocrisia,quando obrigada a recorrer a ela, porque, em face da involuo do indiv-duo, nada encontra nele de melhor. Obviamente, mentir no honesto, sendonecessria muita insensibilidade moral para adaptar-se mentira. Mas, quan-do o acordo no conseguido em sua reta posio, a vida tenta consegui-lonuma posio falsa, invertida, que, mesmo no sendo uma concordncia, ,

    pelo menos, um tcito compromisso, que, bem ou mal, j aproxima as duas

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    partes contrrias e permite uma primeira forma de pacfica convivncia entreopostos. Eis a funo biolgica da mentira. Assim se explica por que a vida,honestamente utilitria, recorre a tal artifcio, seguindo a lgica do seu princ-pio do mnimo esforo.

    O indivduo pode adaptar-se e assumir a forma mental religiosa imposta pelamaioria, quando ele involudo, detentor daquela sensibilidade que permite taissedimentos morais. Mas a isto no se adaptar um evoludo, detentor de outrasensibilidade, que torna impraticvel para ele o mtodo da hipocrisia. Tal m-todo resulta vlido, sobretudo, para os menos evoludos, sendo til para escon-der a forma mental que os leva a desfrutar da religio por interesses materiais,tais como obter respeito, autoridade, posio social e o bem-estar que tudo issotraz junto.

    Se nem a adaptao sincera nem a hipocrisia so aceitveis para o indiv-duo mais evoludo, que se encontra em minoria, h para ele um terceiro mo-do de resolver seu caso: o isolamento, que pode parecer a muitos como indi-ferena religiosa, ausncia espiritual, descrena e atesmo, sendo por issocausa de escndalo. Tal mtodo condenvel perante o mundo, mas, diantede Deus, melhor que os outros dois, porque evita o retrocesso involutivo doprimeiro e o decaimento moral implcito no segundo. De fato, excelente oesprito de conciliao que lubrifica os atritos e atenua os choques, mas nodessa forma. Reduzir uma religio a uma forma de hipocrisia menosprezarDeus, sendo necessrio um alto grau de insensibilidade moral para faz-lo. prefervel um atesmo sincero e convicto a uma falsa religiosidade.

    Como se v, nos dois casos, o modo de conceber a vida completamentediverso, levando consequentemente a uma tica e a um comportamento tam-bm diferentes. As religies oficiais so o resultado de um longo processo deadaptao da ideia-me que as gerou, aos instintos, inclinaes e necessidades

    humanas desenvolvidos no inconsciente das massas. O homem espiritualmen-te evoludo permanece fiel ideia-me e rejeita as acomodaes. E da surgea dissenso. Ora, esta adeso ideia-me no utopia, porque ele no a admi-te cegamente de um profeta fundador de religio, mas controla-a e aceita-aenquanto lhe confirmada pela observao do funcionamento que dirige tudoo que existe, isto , por um fato experimentalmente positivo e universal.

    O homem no tem conscincia da presena nem ideia do poder absoluto detal pensamento e, resistindo e colocando-se em contradio a ele, no com-

    preende que cataclismos atrai. Na sua ingenuidade, cr at que a lei de Deus

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    possa ser enganada e que dela possa fugir com astcia. A Lei, no entanto,impe um equilbrio inviolvel, segundo uma justia calculvel com exatidomatemtica, estabelecendo uma moral frrea, que realmente funciona, emlugar da moral do mundo, elstica e cmoda, mas enganadora.

    Quem segue a moral da Lei sabe que todo abuso produz uma privao namesma proporo; sabe que, para colher, precisa semear; que, para receber, preciso dar. Quem roubou deve restituir, e isto no significa dar apenas umaesmola, mas sim devolver tudo o que foi roubado, mais os juros e os ressarci-mentos dos prejuzos causados. Enquanto isto no for feito e o mtodo de aono for mudado, aquele roubo produzir misria. Pela mesma lei, toda genero-sidade produz abundncia. Isto parece contradio, porque o resultado obtido o contrrio do que se queria. Mas este fenmeno se explica. Se nossa ao ti-

    vesse a direo da Lei, os resultados positivos corresponderiam natureza posi-tiva do impulso que os produziu. Mas, como estamos situados no AS, isso sig-nifica que a direo predominante da nossa ao no sentido anti-Lei. Eis por-que, no campo do fenmeno, temos um impulso determinante de sinal negati-vo, ao qual s podem corresponder resultados negativos. O AS um campoemborcado e s pode emitir impulsos deste tipo. Porm o ser a situado gostariade, ao emitir o impulso negativo, obter resultados positivos. Mas, naturalmente,est enganado e ento grita que a vida uma iluso. No entanto iludido so-mente ele, que, devido posio invertida na qual o AS foi construdo, fatal-mente entende tudo ao contrrio. Seria absurdo tentar conseguir resultados desinal positivo, lanando a trajetria em direo oposta. A causa s pode levar aefeitos do mesmo sinal.

    Que acontece ento? O AS, que feito de revolta, pretenderia a vitria doerro. Isto, porm, impossvel, porque o senhor o S, ou seja, Deus. A aoproduz o efeito contrrio ao desejado, pois, em vez de dirigir-se no sentido

    correto, vai para o sentido oposto e assim, em vez de conseguir o fim dese-jado, produz a reao da Lei, que arrasta no sentido de endireitar novamentea posio errada, levando o ser a obter resultados opostos aos desejados.Para quem compreende o seu funcionamento, o fenmeno evidente. Quasesempre ignorada a presena ativa da Lei, que se interpe entre a ao doser e os resultados por ele buscados. Assim, embora o desenvolvimento dofenmeno dependa dela, e no do arbtrio individual, no se leva em conta asua presena. Quando h conflito entre a vontade da Lei e a do ser, verifica-

    se ento o surgimento de uma fora, denominada reao, por parte da pri-

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    meira, tendendo a corrigir na direo do S o movimento anti-Lei. Trata-sede uma ao salvadora, porquanto reconduz a negatividade positividade,endireitando desse modo a posio invertida do AS na direo justa do S.Assim, a concluso da ao anti-Lei um resultado segundo a Lei. nesta

    tcnica que est o segredo da salvao universal.Para o ser situado no AS, dirigido em sentido contrrio, isto parece um er-ro, porque ele no consegue a alegria que buscava, mas sim dor; no obtm osucesso, mas sim a derrota. Ele no compreende a razo de no conseguir osseus objetivos, mas aquela dor e aquela derrota o salvam, sendo este o cami-nho pelo qual ele alcana os fins da Lei, que so a seu favor, e no contra. Ofim ltimo a salvao, e o ser o atinge contra a sua vontade, sendo obrigado pela Lei a mover-se na direo contrria quela por ele escolhida no incio

    dos seus movimentos. Explicamos assim como a procura da felicidade, feitacom os mtodos do mundo, termina sempre na dor, isto , exatamente no pon-to devido, seguindo o caminho justo, que leva correo do erro, e no aosucesso do mal.

    Tudo se explica e se resolve quando se compreende este jogo entre forasopostas, positivas e negativas, do apocalptico conflito entre o bem e o mal,dirigidas fatalmente para a vitria do bem. assim que, sem mistrios, comlgica evidente, pode-se compreender quais so as vantagens de viver naordem da Lei, em vez de na desordem da anti-Lei. Essa a prova de que vi-ver honestamente, segundo o S, no uma posio de fracos, iludidos pelasteorias moralistas e condenados pela realidade da vida, mas sim o mtodomais vantajoso, porque o nico que conduz vitria final.

    Descobrimos, dessa forma, quais os meios de defesa fornecidos pela Leiaos justos, que parecem inermes no mundo. Estes jamais so abandonadospelo S, que est sempre vivo e presente tambm no AS, como uma alma a sus-

    tent-lo em seu ntimo. O homem que vive segundo a Lei e, com isso, pe-seno campo de ao direta do S, mais potente que o homem que vive contra aLei, na posio inversa e negativa do AS. Deste mecanismo a cincia aindanada sabe, no entanto ele funciona. A tentativa de inverter o S em ASembo-ra constitua uma loucura, porque s serve para despertar na Lei reaes quedepois se pagam com a prpria dor continua. No entanto seria possvel,com uma reta conduta, lanando essas foras na direo justa, recolher o bemao invs do mal e construir destinos de paz e de alegria, em vez de ansiedades

    e sofrimentos.

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    Queira ou no, o homem vive dentro da Lei, como um peixe dentro domar. Este, por mais que tente rebelar-se, no pode existir seno enquanto estdentro da gua, assim como o homem no pode viver sem a atmosfera terres-tre. Em nossa vida, quando fazemos mau uso de uma coisa boa, tentando

    realizar a inverso de valores, vemos que ela se torna m para nos envenenar.Diante do abuso, no h outro remdio seno o justo pagamento, que corrigea inverso, recolocando-nos na ordem, de acordo com a Lei. Assim, quemquer libertar-se das consequncias do mal feito, no tem outro meio senofazer outro tanto de bem. A compensao entre dois impulsos, positivo enegativo, deve ser exata. Para retornar ao ponto de onde se desceu, precisorefazer para o alto todo o trecho percorrido at embaixo. Orar e invocar til, mas s como acessrio. O problema no ser resolvido at que todo o

    trabalho da subida e do pagamento tenha sido realizado.

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    III. A ATUAL FASE EVOLUTIVA DA SOCIEDADE HUMANA

    Na Idade Mdia o domnio era dividido entre a autoridade espiritual e atemporal, entre o pacfico poder religioso e o guerreiro poder civil, entre a

    cruz e a espada, entre o papado e o imprio. As comunidades humanas seagrupavam em torno do templo e do castelo. Prevaleciam, pois, os dois tiposbiolgicos: o religioso e o guerreiro. O nico elemento produtivo, o tipo dotrabalhador, ficava-lhes submetido como servo, custa de quem eles se man-tinham. Somente hoje o tipo do trabalhador foi valorizado. Trata-se de umdeslocamento de base, que mudou toda a tica e os princpios sobre os quaisse apoia a organizao da sociedade. Isto se deveu s condies de vida al-canadas, aos novos conceitos diretivos agora adotados e reorganizao do

    rebanho humano em novas formas. Pela primeira vez na histria, a coletivi-dade se encontra desperta em vasta escala, sente-se a si mesma e, como tal,forma uma conscincia, de modo que as massas trabalhadoras se afirmam,fazendo valer as suas foras e conseguindo reconhecimento do seu valor eco-nmico como produtoras de bens. Disso segue-se que seu advento e seu triun-fal ingresso na histria levaram ao enfraquecimento da importncia e ao pro-cesso de decadncia dos outros dois elementos sociais: o religioso e o guerrei-ro. E este , de fato, o fenmeno a que assistimos hoje. A sociedade tendesempre a valorizar os elementos produtivos e a deixar de lado, como inteis,os improdutivos. Pergunta-se qual a utilidade desses dois tipos, que coisaproduzem para a sociedade, e, quando se v que so passivos, tende-se a eli-min-los. O conceito de produo pode estender-se a um amplo sentido, in-clusive como obteno de valores espirituais e morais, tambm teis coleti-vidade. Trata-se de um utilitarismo lato sensu, e no daquele restrito moder-na economia de consumo.

    Assim, o problema da vida colocado em bases totalmente diferentes,fundamentando-se no trabalho produtivo, e no no domnio imposto sobre asmassas ignorantes e desorganizadas, que, por isso mesmo, so fracas e, por-tanto, facilmente subjugveis, seja com a fora das armas materiais, seja coma fora das armas psicolgicas e espirituais. Mesmo nestas condies, vemosa sabedoria e a bondade da lei de Deus, que dirige a vida. Estes estados desujeio so dolorosos, e a dor, que o grande mestre, ensina, porque obrigao ser a pensar, para compreender a sua origem e, assim, conseguir evit-la. A

    dor desenvolve a inteligncia, e isto significa evoluir, representando conse-

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    quentemente a soluo de todos os males e o maior bem possvel. Todos osindivduos subjugados acabam sendo obrigados, por sua prpria e triste con-dio, a despertar da inrcia. Desse modo, sendo levados a reagir, eles fazemo esforo necessrio para conquistar um valor, sem o que no possvel se

    fazer valer, pois no se podem abraar direitos seno quando se faz tudo paramerec-los.Para uma melhor compreenso, consideremos o fenmeno reduzido sua

    estrutura esqueltica de realidade biolgica, que dada pelo fato de cada umprocurar viver a seu modo, segundo sua natureza, da melhor forma possvel,com o mnimo de fadiga e mal-estar, utilizando para este fim, em seu favor, oselementos que encontra no seu ambiente. O fundo do ser humano frequente-mente feito de preguia, egosmo e utilitarismo aproveitador. A resignada pas-

    sividade e a ignorncia das massas convidavam, no passado, ao fcil triunfosobre elas, que eram absorvidas vontade por quem soubesse, usando a foraou a astcia, elevar-se acima delas. Porm era preciso, moral e legalmente,justificar essa posio, que era falsa no diante das ferozes leis biolgicas, massim perante os princpios oficialmente proclamados, segundo os quais era pre-ciso tambm salvar as aparncias, para se ter as massas melhor subjugadas. assim que, no passado, costumava-se cobrir aquela dura realidade biolgica,feita de instintos nada nobres, com os preciosos mantos das altas teorias e no-bres ideais.

    Assim, para melhor sobreviver na luta, protegido pela sua posio de privi-lgio, o tipo religioso se fez representante de Deus, exibindo virtudes e cobrin-do-se de investiduras divinas. Podia deste modo justificar seu parasitismo eco-nmico, apoiando-se em construes ideais, impostas pela f e fundadas narevelao e no mistrio, meios utilssimos, neste caso, porque autorizavam aparalisao da atividade racional, que, sendo um meio de investigar a verdade,

    era um elemento perigoso, porquanto levava a descobrir e, assim, suprimir ojogo.De seu lado, o tipo guerreiro, para se justificar moralmente diante dos ou-

    tros princpios pregados para uso das massas, a fim de que continuassemobedientes e, ao mesmo tempo, para conservar a sua posio de domnio,escondendo o seu parasitismo econmico, mantinha outros ideais, que lheeram teis, porque construdos para seu uso, semelhana daqueles do tiporeligioso. Assim, neste caso, no somente a preguia e a astcia, mas tambm

    a fora e os instintos agressivos, foram cobertos com o ideal dos valores do

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    herosmo e do patriotismo do guerreiro, associados aos respectivos martrios e interessada e partidria glorificao.

    Ao homem no agrada que se lhe percebam os instintos inferiores, pois eleso aproximam do animal. Gosta de escond-los e, para isso, serve-se dos ideais,

    pois eles permitem obter aquilo que mais lhe interessa: a satisfao dos instin-tos, enquanto ocultam aquela inferioridade, completamente contrastante com a bela figura do homem superior que vive de princpios. Adaptaes da vida,que sabe utilizar-se de tudo, at mesmo do ideal, pois este, se no pode, pelaimaturidade dos indivduos, ser empregado no sentido evolutivo, usado co-mo meio para a defesa na luta pela sobrevivncia.

    Esse mundo medieval, que vivia at h pouco, est hoje desaparecendo por fatal maturao biolgica. verdade que est morrendo, mas diz-lo

    desagrada a quem cresceu dentro dele e com ele estruturou sua forma mental.Desagrada porque destru-lo significa destruir, com ele, a si mesmo. Estasso, ento, verdades que no podem ser ditas, pois acabariam gerando umsentido de agressividade que no necessrio e nem oportuno. Para concluiro atual trabalho de renovao, no se necessita de velhos bem pensantes.Basta esperar que estes morram por si mesmos. Sua forma mental e seus m-todos sero ignorados pelas novas geraes, que sero arrastadas por outrosproblemas. Houve um tempo em que o passado era liquidado com a violn-cia, cumprindo uma carnificina. Hoje, a passagem do velho ao novo se fazsem barulho, respeitosamente, por graduais transformaes, por natural ma-turao e renovao, sem agresses destrutivas, que implicam reaes vio-lentas e, com isto, a reativao de baixos instintos.

    assim que vemos cair pacificamente, na zona do silncio, o convento e afortaleza, os herosmos da santidade e da guerra, o conceito do mundo regidopor dois poderes: o espiritual e o temporal, que foram por muito tempo a base

    da vida social. Estas duas instituies j no servem para o crescimento. As-sim, a vida j est construindo outras. Em seu lugar est surgindo a instituiodo trabalho. Cada elemento da sociedade deve ser produtivo e, em compensa-o, provido do necessrio por toda a vida. Dever, pois, ser eliminado comoantissocial tanto o rico que vive ociosamente de renda, quanto o pobre ociosoque morre de fome; tanto o renunciatrio improlfero, quanto o irresponsvelque se reproduz alm do limite estabelecido por seus recursos e os da coletivi-dade. Com as novas geraes, ir morrendo a velha forma mental, que ser

    substituda pela nova. Assim a velha tica, embora sendo continuada pela no-

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    va, no ser mais compreensvel e desaparecer. Pouco a pouco, com o pro-gresso da vida, a sociedade chegar a uma nova organizao, que utilizar m-todos mais evoludos e perfeitos.

    Isso tudo no significa que o espiritual e o temporal no devam mais cum-

    prir sua funo, mas sim que devem cumpri-la de outro modo. O espiritualser mais positivo, consciente e responsvel, como convm ao adulto, pararealizar-se na vida seriamente, e no apenas em sonho ou aspirao. E o tem-poral saber lanar, com a tcnica, as bases que possibilitaro a produo dosbens necessrios para se poder viver em um nvel civil.

    Trata-se de dois mtodos diversos de enfrentar o problema da vida. H al-gum tempo, dada a fase atrasada de evoluo em que se encontrava o homem,a economia da produo dos bens necessrios se fundava mais no assalto e no

    furto do que no trabalho. Hoje, tambm em razo justamente da evoluo,ocorre que o homem se prepara para superar aquele tipo de economia e substi-tu-la por outra superior, que, em vez de valorizar o heri conquistador, ladroe assaltante, valoriza o trabalhador, pacfico mas produtivo. O que foi um tem-po funo menosprezada de servo, hoje virtude de cidado til coletivida-de.

    O conceito basilar de uma propriedade imvel e hereditria, defendida porleis estticas religiosas e civis, substitudo hoje pelo conceito fluido e din-mico da produo e consumo, defendido por direitos e deveres em termos de justia social. A essa ideia a sociedade foi conduzida pelo desenvolvimentotanto da tecnologia quanto do sentido orgnico social de esprito coletivista,dando maior rendimento ao trabalho, que assumiu assim outro significado evalor. Este, de fato, hoje, no representa mais a condenao dos vencidos,simplesmente reduzidos a escravos, mas exprime a potncia produtora dasmos e da mente do homem. Outrora, quem trabalhava era um escravo; hoje

    ele um produtor. A justia distributiva j esteve confiada espada; hoje eladepende da organizao social.Estes fatos nos fazem compreender por que, no passado, exaltava-se, com

    o cristianismo, a religio do sofrimento. Mas, se sofrer era ento uma virtu-de, uma vez que, sendo a ordem social baseada no desfrute de uma vtima(mulher, servos etc.), era impossvel evit-lo, tal virtude hoje contraprodu-cente, porque a ordem social fundada em outros princpios de justia, comoutros direitos e deveres. No passado havia muita gente sem nenhum direito,

    mas apenas com deveres, gente que era preciso manter quieta na sua posio,

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    com esperanas e consolaes. E o cristianismo satisfazia esta necessidade.Com o seu aparecimento, porm, aos prias foi reconhecida uma alma, pas-sando-se a consider-los como seres humanos, com direitos e com prefern-cia sobre os ricos, ao menos no Cu. Este foi o primeiro passo. O caminho

    foi continuado, depois, pelo comunismo, que, embora com mtodos diversos,deu a eles direito tambm aos bens terrestres.No passado, a sociedade era composta de patres e servos, sendo que a ma-

    tria dos direitos e deveres no era disciplinada, e sim confiada espada. Po-rm, mesmo neste nvel, formou-se um equilbrio, no qual, enquanto ao servoconvinha deixar-se dirigir e defender, ao patro cabia fazer-se servir. No fun-do, cada um dos dois tinha como compensao uma vantagem, estabelecendo-se ento uma espcie de justia social. Formou-se assim uma simbiose que

    permitia uma convivncia pacfica. Naquela fase evolutiva, enquanto cumpriam uma funo, estas relaes

    eram justas. O problema da injustia e da vtima configurou-se somente hoje,quando se concebe a vida de outro modo, de forma coletiva, numa sociedadeorganizada. Ocorre ento que o indivduo pode, cada vez menos, isolar-se noseu egosmo e ficar indiferente ao mal do prximo, porque este mal tambm percebido como sendo seu prprio mal, enquanto antes lhe era indiferente, pois percebido como alheio. Na posio separatista do passado, o dano dooutro significava, muitas vezes, o prprio bem. No estado de sociedade orga-nizada, significa um prejuzo para si o prejuzo do prximo, pelo qual o indi-vduo deve interessar-se, para evitar o seu prprio. Esta transformao estimplcita no fato de que se caminha para uma economia unificada, baseada nasocializao dos resultados, tanto de danos como de vantagens.

    Tal transformao s se tornou possvel hoje, atravs da tcnica, que tornamais rendoso o trabalho, e, paralelamente, do novo amadurecimento mental

    das massas. Houve um tempo em que, fora de compromissos e adaptaes,uma ordem havia sido estabelecida, e a sociedade a conservava de forma ciu-menta, porque, no sabendo inventar algo melhor, no tinha outro meio paraesquivar-se ao caos. Ora, o fator novo, que desloca os antigos equilbrios nosquais se apoiava a sociedade, est no aumento da inteligncia das massas, le-vando-as a descobrirem a potncia da organizao e da cooperao, condiesque as valorizam como nmero, dando-lhes um poder desconhecido e no uti-lizado anteriormente, em virtude da disperso gerada pelo individualismo se-

    paratista, causa de um contnuo e desgastante atrito recproco. Houve um tem-

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    po em que o povo era obrigado a viver de forma subordinada, em funo dasclasses dominantes e seus interesses, porque, pela prpria imaturidade, nosabendo orientar-se por si mesmo, precisava apoiar-se nelas. Hoje, porm,aquele povo se desenvolveu a ponto de se dar conta de que constitui a base da

    estrutura social formada por quem trabalha e produz e que, por isso, valetanto quanto quem comanda. Assim, entendeu que, na organizao coletiva,tem uma funo complementar diferente, mas cujo valor no inferior dequem dirige aquele trabalho e produo.

    Na sociedade futura no haver mais pobres, porque sua formao serimpedida atravs da regulamentao demogrfica, do trabalho organizado eobrigatrio para todos e das necessrias providncias sociais. O desenvolvi-mento da inteligncia levar compreenso de que o individualismo, levado

    at inconscincia, ignorando o prejuzo infligido ao prximo pelo egosmo, contraproducente, devido disperso de energia que custa, fazendo da soci-edade um campo de lutas ferozes. Compreender-se- que o mal, quando postoem circulao por quem quer que seja, danifica a coletividade da qual todosfazem parte e, assim, acaba por retornar quele que o emite. Compreender-se- que impossvel isolar-se no seio de uma sociedade; que no se pode, semdano, ser rico entre pobres ou fruir entre quem sofre; que a vida feita de leis,razo pela qual no se pode fazer o mal sem pagar depois. Sem tericos idea-lismos, que s convencem os que gostam de crer neles, mas objetivando umutilitarismo evidente e prtico, compreender-se- a convenincia de superar oantigo mtodo desagregador da luta de todos contra todos, a fim de substitu-lo pela colaborao. O problema no tico, mas de rendimento positivamen-te calculvel. Este ser o novo Evangelho, adaptado s novas condies devida produzidas pela civilizao e convincente, porque racionalmente utilit-rio. Sem heroicos altrusmos e compensaes ultraterrenas, o homem com-

    preender que no vantagem para si o dano do vizinho, pois isto redundarnum dano a si mesmo, no convindo a ele, portanto, ocasion-lo.Mas h tambm o reverso da medalha. Houve um tempo em que a arte, a

    poesia e os valores espirituais ocupavam lugar de honra, no se deixando quemorresse de fome quem cultivasse to nobres coisas. Hoje se tenta releg-las aum hobby, um passatempo nas horas livres permitidas pelo trabalho, que considerado a atividade mais importante, por ser a nica produtiva. Houve umtempo em que ramos primitivos e ferozes, mas na desordem havia lugar tam-

    bm para os ideais, um lugar estimado e admirado. Hoje somos mais educados

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    e j nos preocupamos em no deixar ningum na misria, mas o ideal desapa-receu, sendo relegado entre as coisas suprfluas, no necessrias vida. Assimconquista-se o bem-estar, mas, como acontece com toda conquista, paga-secom o sacrifcio do melhor.

    Eis, portanto, os tipos de valores sociais aqui examinados. Temos trs pode-res: o espiritual, o temporal e o econmico, representados por trs tipos dehomem: o religioso, o guerreiro e o trabalhador, que desempenham suas fun-es unindo-se segundo trs modelos de vida associativa: o convento, a forta-leza e a oficina. Cada um destes tipos de vida, segundo princpios e necessida-des diversas, representa uma instituio, que a construo de uma unidadecoletiva na qual se organizam os vrios elementos humanos. Ora, o fenmenoa que assistimos, no atual momento histrico, o desaparecimento dos dois

    primeiros tipos de vida em favor do terceiro. Hoje, a tcnica substitui a cruz ea espada; o homem no mais uma alma para ser salva ou um heri habituadoa vencer os inimigos, mas sim um produtor e consumidor de mercadorias. Tra-ta-se de uma transformao profunda, de uma revoluo incruenta, mas quetransformar o mundo como nenhuma outra precedente revoluo.

    Hoje, os dois primeiros tipos de vida esto velhos e cansados, exauriramsua funo biolgica e foram substitudos pelo terceiro. A grande organiza-o industrial, as contnuas descobertas e a tecnicidade aplicada vida, to-mam o lugar dos antigos ideais, tanto mundanos como religiosos. Temposatrs, a mecnica da produo era iniciante e movia os primeiros passos sombra da Igreja e do castelo, donos do poder. Diante do Papado e do Imp-rio, senhores do mundo, o artesanato era ainda uma pobre coisa e o trabalhoconstitua atividade servil, desdenhada pelos senhores, pelos cavaleiros ar-mados e pelos conventuais contemplativos. A cruz e a espada dominavam asmassas inermes e ignorantes. Mas estas, embora de forma servil, trabalha-

    vam e, dessa forma, adquiriram qualidades que os dirigentes, no cio, perdi-am.A vida sempre caminha. Assim os patres se tornaram ineptos e os servos,

    hbeis. Estes, com seu esforo, resistindo opresso dos execrveis senhores e hostilidade da Igreja, criaram a cincia, e esta os levou a uma nova tcnicade vida, que, por sua vez, reage hoje, gerando um novo tipo de homem. Tudo concatenado e interdependente. Com a sua mente, o homem fez a cincia, que, por sua vez, refaz a mente do homem. As novas condies de vida, criadas

    pela tcnica moderna, reagem sobre ele, criando um novo tipo de civilizao.

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    Ir at aos planetas, deslocarem-se milhares de pessoas de avio em alta veloci-dade, comunicar-se por rdio e televiso, saber logo, em qualquer parte onde seesteja, tudo o que ocorre no planeta, abolir o trabalho fsico, confiando-o smquinas, e substitu-lo pelo trabalho mental etc., tudo isto constri um ambi-

    ente novo. Vivendo nele, o homem no pode deixar de se transformar. Eis en-to que o mundo do passado se afasta e desaparece, refugiando-se nas recorda-es histricas e nos museus, circundado pelo respeitoso silencio dos cemit-rios.

    Se a forma diversa, a finalidade mais urgente e imediata sempre amesma: a sobrevivncia. Houve um tempo em que essa luta se desenvolviaem dois nveis: 1) No plano da existncia terrena, ela se travava entre indiv-duos rivais que disputavam entre si o espao vital; 2) No plano da existncia

    depois da morte, ela era realizada contra si mesmo, a fim de assegurar, comvirtudes e renncias para superar a prpria animalidade, a vida em outro pla-no.

    Hoje, esta mesma luta ainda se realiza no plano da existncia terrena, paraconquistar o espao vital, valendo-se da inteligncia, a fim de penetrar as leisda vida e utiliz-las em benefcio prprio. Porm, no plano da existncia de-pois da morte, esta luta eliminada, pois a cincia ainda no d solues posi-tivas neste campo, e assim, dado que, para a mente moderna, mitologia e mis-trios no so mais levados em considerao, estes problemas so no momen-to, enquanto se espera uma soluo, deixados de lado. Desse modo, hoje, oesprito de luta se dirige para outro objetivo, indo muito menos contra o pr-ximo ou contra si mesmoso que no passado se fazia com o esprito agressi-vo caracterstico do involudo e muito mais contra a ignorncia, o cio im-produtivo e o parasitismo, enquanto a luta, caso ocorra, acontece num planomais alto, no mais ao nvel muscular, da guerra feroz, mas sim ao nvel ner-

    voso e cerebral, da competio intelectual.Isto no quer dizer que no passado, no seu terreno e condies de vida,cada um no tenha tido o seu valor ou cumprido a sua funo. Os guerreirostentavam construir e manter a ordem social com as suas instituies. Osmonges e o clero tinham que se defender de ataques blicos, salvar a culturae fazer oraes e penitencias para a salvao espiritual. Tudo isso no erafcil, e devemos a esse trabalho o fato de ter a civilizao chegado ao nvelatual. Eis que a funo desempenhada no passado no se desvaloriza, mesmo

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    se a civilizao hoje lhe impe a superao. Cada coisa, colocada no seu de-vido lugar, tem a sua importncia e o seu significado.

    Porm o respeito pelo passado e o reconhecimento do valor da funo porele desempenhada no pode e no deve impedir a transformao no sentido de

    um tipo de vida mais evoludo. A religio, que outrora detinha o poder polticoe hoje se mantm como poder econmico, dever assumir-se como poder espi-ritual. Os instintos agressivos, que definiam no passado o heri glorioso naguerra, hoje so concebidos cada vez mais como qualidades antissociais, pr-ximas da delinquncia. Mesmo a nova tcnica blica, baseada mais na inteli-gncia do que na ferocidade, no convida mais ao desabafo daqueles instintos bestiais, que antes podiam conduzir s mais altas honras. Semelhante moralera justa enquanto necessria para a sobrevivncia, que era ento reservada

    somente aos fortes, como confirmado pela escolha feita pela mulher, cujoinstinto a fazia sentir-se atrada por este tipo de macho.

    Tudo isso foi substitudo hoje, sobretudo, pelo trabalhador da mente, que,aprendendo e fixando no seu inconsciente capacidades tcnicas e culturais,vai construindo a personalidade num caminho diferente, na direo do co-nhecimento e da produtividade, conquistas que estavam em germe no passa-do, ainda no desenvolvidas, tanto em profundidade como em extenso, nasmassas. Os idealistas do passado, tendo alcanado isoladamente altos grausde evoluo, poderiam olhar com desconfiana a atual transformao, quepode parecer-lhes uma degradao da espiritualidade na tcnica e do trabalhode elite no trabalho de massa. Mas preciso compreender que a humanidade,hoje, est comeando a construir, desde as bases, o edifcio de uma nova ci-vilizao, cujas fundaes ela est colocando agora, no nvel mais baixo.Uma vez lanadas estas, a subida continuar at aos ideais. Partindo de basesmais slidas, ser possvel subir mais alto, at aonde no se podia com os

    mtodos dos sculos precedentes. Do passado nada morre. Tudo apenas con-tinua e renasce de novo para desenvolver-se ainda mais. Ser possvel entoatingir uma espiritualidade positiva, derivada do conhecimento profundo deum mundo que as religies, hoje, tratam apenas como matria de f, envolvi-do em mistrio. Assim a evoluo avana, possibilitando a realizao de ti-pos de vida sempre mais altos.

    A funo da presente obra levar Deus para fora das Igrejas e das religi-es, a fim de coloc-lo de forma racional e positiva diante da cincia agns-

    tica e ateia, de modo que esta no possa mais ignor-Lo. Para chegar a isso,

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    necessrio elevar o conceito antropomrfico com que Deus era pensado nopassado, ao Seu conceito de Lei, funcionando em toda a parte, com o qual acincia no pode deixar de encontrar-se a cada passo e, pois, de prestar-lhecontas. O primeiro passo a laicizao e universalizao das religies parti-

    culares, ainda hoje separadas e inimigas, penetrando em todas as manifesta-es da vida, e no apenas alguns setores particulares. Trata-se de uma abo-lio de fronteiras, uma ampliao de horizontes, uma tentativa de colquiopara chegar atualizao.

    Outros passos viro depois. A evoluo chega por aproximaes sucessivas.A fase que se seguir mais tarde, por essa orientao geral da cincia em relaoaos fins ltimos da existncia, ser constituda pelo conhecimento e uso da tc-nica funcional da Lei. Desta sero descobertos, a partir de ento, os seus muitos

    aspectos, o que permitir viver as suas aplicaes e consequncias. Ser a faseda transformao biolgico-social da humanidade, a fase sucessiva atual, que de orientao e de preparao daquela transformao. Assim, tudo se preparaprimeiro e, depois, realiza-se com lgica, equilbrio e medida, como quer a Lei.

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    IV. UM MAIS AVANADO CONCEITO DE DEUS E DA VIDA

    Quando um leitor apressado v que o autor volta a determinado argumen-to, diz: Mas ele j tratou disto, est repetindo. E assim fica na superfcie.

    No compreende que esta repetio devida ao fato de nossos conceitosgirarem todos em torno de um pensamento central, que continuamenteretomado, porque constitui o ponto de referncia de todos eles. O que parecerepetio de fato um aprofundamento; uma busca de preciso, para re-solver os problemas enfrentados com maior fidelidade; uma penetraocada vez mais profunda no pensamento que dirige os fenmenos examina-dos. Assim, a nossa pesquisa segue um caminho em espiral, que busca apro-ximar-se cada vez mais do centro daquele pensamento. Este centro Deus,

    um infinito irredutvel s nossas dimenses, portanto inconcebvel para nsem sua essncia. Isto, porm, no impede a possibilidade de se obter apro-ximaes sucessivas na tentativa de compreender aquele pensamento, fa-zendo uma progressiva abertura de nossa mente ao conhecimento. Mesmoque, no relativo, onde estamos situados, o absoluto no seja atingvel, esterelativo est sempre a caminho, buscando aproximar-se daquele absoluto. Nestes livros seguimos este caminho, percorrendo um trecho dele, sempreansiosos por avanar mais.

    J conquistamos o conceito de Sistema (S) e Anti-Sistema (AS), referindo-nos continuamente a eles, que nos orientam a cada passo. Conhecemos o es-quema fundamental da estrutura de nosso universo fsico-dinmico-espirituale, com esta bssola nas mos, podemos saber, em cada ponto de nossa navega-o no oceano do desconhecido, onde est o Norte e, assim, dirigir nossa buscacom mais segurana. Cada problema pode assim, j de sada, ser colocado demodo a aproximar-se com mais segurana da verdade e com maior probabili-

    dade da soluo, diferentemente do mtodo da tentativa cega. E isto acontecepelo fato de no se partir da dvida e do desconhecido, mas sim de um princ-pio universal de base, j demonstrado e aceito.

    Pelos argumentos tratados, o leitor poder deduzir que estes livros sejam defilosofia e, portanto, distantes da realidade da vida. No entanto estes livrosesto bem ligados vida, uma vez que no ficam na superfcie, mas penetram-na em profundidade. O conceito de Deus que expomos aqui revoluciona aque-le do passado. No se trata apenas de teorias, mas da anlise cientfica dos

    problemas teolgicos, enfrentando-os com mtodos de pesquisa positivos. Foi

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    assim que pudemos falar de uma religio cientfica unitria no captulo prece-dente. No se trata de elucubraes tericas e estreis. Se quisermos salvar asreligies, preciso encontrar um Deus que os ateus no possam negar, comofazem facilmente com o antropomrfico Deus atual.

    Uma vez que o pensamento humano tenha entrado nesta ordem de ideias ecanais de pesquisa, podem seguir-se a ele consequncias revolucionrias, comgrandes deslocamentos em nossa vida. A aceitao de tais conceitos diretivosimplica na formao de uma estrutura mental diversa da atual, da qual derivauma tica tambm diferente, que determina um novo modo de comportamento.De uma conduta diferente derivam depois outras consequncias, levando aoaumento do bem e diminuio do mal, ou seja, eliminao das dores e conquista de satisfaes, com mudanas nas condies de vida e reaes no

    campo psicolgico-espiritual que podem levar a novas transformaes evoluti-vas, e assim por diante. Tais fenmenos so conexos e se desenvolvem deforma encadeada.

    Assim, a obra feita de um nico pensamento, sempre mais aprofundado.Este pensamento a Lei. Aproximamo-nos dele em dois momentos: primeiro, para conhec-lo; depois, para obedecer-lhe. Conhec-lo importantssimo,porque isso nos faz evitar os erros, que so a causa de nossas dores. Ningumpode escapar da obedincia Lei, sem pagar as consequncias. Se este conhe-cimento no adquirido por esforo da mente, devemos conquist-lo custa desofrimentos. O fim da Obra iluminar, ensinando com mtodos de compreen-so, menos duros que os da escola da dor. A arte de viver consiste no desenvol-vimento da inteligncia, a fim de compreender mais a Lei. E ter dela uma com-preenso melhor serve no s para obedecer-lhe com maior preciso, mas tam-bm para estar melhor e sofrer menos. O nosso objetivo prtico e utilitrio.

    A Lei resiste como um muro contra toda desordem e, sempre atenta sua

    integridade, resiste contra quem ameaa desequilibr-la. Encontramo-nos,assim, diante de um fato positivo, e no uma coisa longnqua e genrica. Nosseus princpios fundamentais, a Lei como uma rvore formada por um tron-co central de onde partem muitos ramos e uma infinidade de folhas. Assim, alei geral se subdivide em muitas leis menores, que so tantas quantas as for-mas dos seres e dos fenmenos. Estes se reagrupam segundo o ramo de quederivam, mas, por outro lado, subdividem-se at chegar aos mnimos particu-lares que encontramos na realidade. preciso aprender a se mover com disci-

    plina, respeitando as normas estabelecidas por essa ordem inviolvel, dentro

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    da qual estamos situados. Ignor-la significa sofrer depois. S com conheci-mento e obedincia se pode evitar a dor. Isto o que a Obra quer ensinar. inevitvel, portanto, girar continuamente em torno do ponto central, constitu-do pela Lei, que pode assumir mil formas e aspectos segundo o problema par-

    ticular submetido a exame, dando assim lugar para um tratamento estritamen-te unitrio, embora subdividido em inumerveis particulares.Tudo que existe est imerso nessa Lei. No podemos, ento, ir de encontro

    a ela a cada passo. Devemos compreender que a finalidade da vida a reden-o na dor, efeito da revolta, e que isto s se consegue atravs da evoluo.Se, num primeiro momento, a revolta contra a ordem do S gerou o caos doAS, num segundo momento a disciplina deve reconstituir tudo na ordem, talcomo nasceu no S. Sabemos que o fio condutor do caminho da existncia

    constitudo dos seguintes termos, reunidos no mesmo ciclo: ordem no S, re-volta, involuo at disperso daquela ordem no caos do AS, estado de ig-norncia, erro, dor, experincia, conhecimento, obedincia e retorno ordemdo S. Assim, o ciclo se fecha, retornando ao ponto de partida. Eis que a lei daexistncia avanar em direo ao S, ao longo do caminho da evoluo.

    Quando se assume esta forma mental, a separao entre a cincia e a f,entre materialismo e religio, entre ateu e crente, perde a importncia. V-seento que, seja qual for o nosso comportamento mental, a Lei funcionaigualmente para todos. O ateu, assim como o crente, vive imerso no pensa-mento de Deus. O homem de cincia no faz outra coisa seno estudar umadas ramificaes desse pensamento. Ele observa seu funcionamento em leisinviolveis, estabelecidas pela mente divina, e sabe que, se no seguir as re-gras com exatido, vai obter como resultado um desastre. Quando o cientistaquer enviar um foguete Lua, deve estudar todas as regras estabelecidas poraquele pensamento e obedecer-lhes, se no quiser ver destrudos os seus me-

    canismos. A Lei, com os fatos, fala claro. Se o mdico no observa as leis dofuncionamento orgnico, mata o doente. Se o engenheiro no respeita as leisda gravidade, do equilbrio, da resistncia dos materiais etc., a sua construocai. Se algum pratica o mal, esse mal termina por voltar contra quem o prati-cou. E assim iludem-se aqueles que esperam obter recompensa, praticando omal.

    Estas so as respostas da Lei, no permanente dilogo que se mantm com opensamento de Deus em todos os campos. Sua presena torna-se assim eviden-

    te, porque, se no compreendemos a sua palavra e nos enganamos, ento ele

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    nos corrige, repetindo-a na lngua que melhor compreendemos: a dos fatos,fazendo-nos pagar o erro. preciso mais que atesmo para negar as evidncias.Este um Deus cuja existncia ningum pode deixar de reconhecer, porque,para os surdos, sabe falar bem alto. E isto verdade em todos os campos, da

    matria ao esprito. O conhecimento dos fatos no seno um prolongamentodo conhecimento da existncia de Deus. Trata-se, portanto, somente de fazer acinciaainda materialistacontinuar avanando, para que possa chegar maisalto e, assim, compreender tambm os problemas do esprito. Com os seus m-todos experimentais positivos, o conhecimento levar aos bancos de prova doslaboratrios tambm os fenmenos desse tipo, para compreender-lhes a tcnicafuncional e descobrir-lhes os princpios diretivos, j estabelecidos pela lei geral,dada pelo pensamento de Deus.

    Trata-se de uma revoluo profunda, que ocorrer antes de tudo no crebrohumano. No se pretende dizer com isso que se possa compreender completa-mente Deus, conquistando o absoluto. Porm possvel, na medida permitidapelo caminho percorrido na evoluo, chegar a um contato direto com Deus,em proporo ao desenvolvimento atingido pela nossa inteligncia e, pois,capacidade de compreenso. No se pode superar tal limite, mas, dentro da-quele nvel, o contato se realiza e o dilogo pode ser uma real troca de ideias.Ora, o livro da vida j foi todo escrito por Deus, mas ainda falta ao homem osolhos para l-lo e a mente para compreend-lo. Ele poder l-lo cada vez me-lhor, medida que a evoluo desenvolve aqueles olhos e aquela mente. Ahistria da humanidade todo um dilogo com Deus. Dilogo profundo ecompleto.

    Na presente obra, j so quase quarenta anos em que estou empenhado so-zinho nesse dilogo, que vejo desenvolver-se sempre mais e que dever con-tinuar cada vez mais estreito na eternidade. Nasci sem saber o verdadeiro sig-

    nificado da vida e no encontrei ningum que o conhecesse e mo explicasse.Agora posso morrer satisfeito, depois de hav-lo compreendido, graas a estedilogo, vivendo com conscincia e com conhecimento e, desse modo, lan-ando na direo desejada por mim a trajetria do meu futuro destino. Jamaisse podero apreciar suficientemente as vantagens advindas de saber assumirconscientemente as rdeas da prpria vida. Desenvolver esta capacidade sig-nifica evitar montanhas de erros e, portanto, de sofrimentos. natural que aignorncia seja um grave perigo, porque leva a desastres contnuos.

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    A cincia ateia est de fato realizando um dilogo com o pensamento deDeus, que se lhe revela sempre mais a cada descoberta. O atesmo no con-tra Deus, mas sim contra o clericalismo, ou seja, contra a concepo eclesis-tica de Deus. Trata-se em resumo da costumeira guerra entre os homens, na

    qual Deus no entra. Seria ridculo pensar que Deus pudesse envolver-se emnossas lutas humanas ou que devesse estar merc de nossas opinies. E umaguerra contra Deus absurda, porque seria uma guerra contra a primeira fontede nossa prpria vida. De fato, o Anti-Sistema, por sua negatividade anti-Deus, tende prpria autodestruio. Uma completa ausncia de Deus im-possvel, porque significa a ausncia da prpria vida. Assim ateu quer dizersem vida, isto morto ou em descida para a morte. O comunismo no ateu,mas s anticlerical, pois ele, de fato, continua o seu dilogo com o pensamen-

    to de Deus, estudando-o atentamente, quando busca conhecer o funcionamen-to da Lei, para no cometer erros quando envia msseis ao espao. Deixemosde lado o Deus fabricado pelas religio para seu uso eclesistico. Seus fins efunes so limitados ao grupo que o elegeu como modelo para satisfazersuas necessidades. natural que tal Deus no possa ser universal, superandoos limites do grupo. E no h razo para cair no atesmo, se tal Deus s vezesparece ilgico e inaceitvel. Se desaparecessem as religies atuais, ainda as-sim Deus sobreviveria de outra forma, cada vez mais sentido no ntimo e cadavez mais amplo como universalidade. Este ser o melhor canto que a cinciapositiva poder elevar glria de Deus.

    Colocada na estrada de uma religio positiva, toda a vida individual e socialpoder ser orientada de outro modo. No campo moral, ser possvel prever asconsequncias das prprias aes, controlar a correo da trajetria do prpriodestino e lan-lo a partir de um novo impulso, calculando a natureza e o de-senvolvimento nele contidos. Em vez de se comportar como hoje, s cegas em

    relao ao futuro, poder-se-, com uma regulamentao racional da prpriaconduta, estabelecer previamente uma planificao da prpria vida, dirigindo-aconscientemente para os fins pr-estabelecidos, evitando os erros e suas con-sequentes dores. A tica poder tornar-se uma cincia exata. Isso possvelporque ela faz parte de uma lei justa. Ento a conduta humana certamente se-guir mtodos diversos. Cada pensamento e ao devero ser feito com abso-luta sinceridade e honestidade, dirigido para fins determinados, porque sabe-seque a Lei justa e responde com a mesma linguagem que se usa com ela. As-

    sim, pois, no ser mais concebvel uma religio de hipocrisia, porque se po-

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    dero calcular os efeitos desastrosos que os impulsos de foras negativas po-dem produzir, pesando sobre quem as lana. O raciocnio, porque ter baseutilitria, ser convincente, claro, evidente e, principalmente porque honesto,tangvel nos efeitos, sem mistrios nem f cega. Compreender-se- ento quo

    pssimo negcio semear o engano, que s pode levar a colher engano. A Leiresponde restituindo o que lhe foi dado e dando o que foi merecido. Assim, oque de fato conta no o que se diz, mas sim o que se faz. O atual sistema dese comportar como astuto, pensando saber o que faz, simplesmente louco.Mas a dor desperta a inteligncia, e a humanidade, quando cansar de sofrer,chegar a compreender que convm adotar um tipo de vida diferente.

    Para o ser maduro, tudo isso evidente. Mas as velhas formas mentais re-sistem e se rebelam contra as mudanas, no querendo correr o risco de se

    perder, abandonando os velhos mtodos, comprovados pela experincia. Defato, o ser, embora situado no AS, tende ao S. Isto significa que, apesar desituado no relativo, onde a verdade relativa e progressiva, sente confusamen-te uma indefinida nsia do absoluto. Busca ento realiz-lo como pode, fazen-do dele uma imagem que lhe corresponda, declarando e afirmando, como ab-soluta e definitiva, a sua posio alcanada na progressiva conquista da verda-de. Ento, cada inovao julgada como erro e heresia, sendo, portanto, con-denada, para que seja destruda. Tudo isso um impulso instintivo, produzidopelo inconsciente. O novo recusado porque atenta contra a segurana garan-tida vida pelos antigos mtodos, que deram prova de ser teis para tal fim.Assim se explica a resistncia do passado, a sua sobrevivncia no presente e asua predisposio contra o futuro.

    O problema se resume em lutar pela prpria sobrevivncia, e no em con-quistar a verdade. O mundo se interessa mais pelo primeiro aspecto do quepelo segundo. Trata-se sempre da velha verdade, que cada religio estabelece

    na sua prpria forma, com o objetivo fundamental de manter o monoplio doseu Deus, concebendo-o segundo sua forma mental especfica e acirrando adiferena do prprio grupo contra todos os demais.

    Na Terra, como se v, fundamental o problema biolgico da luta pela vi-da, e no a busca da verdade. Postos um diante do outro, o primeiro vence osegundo. Interessa ao homem a satisfao imediata das suas necessidades, eno o conhecimento por si mesmo. com esta realidade da vida que o idealtem de ajustar contas todas as vezes que busca descer Terra. Mas possvel

    ento haver obstculos grande funo biolgica do ideal, que fazer evolu-

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    ir? Quem tem razo? louco quem, num mundo feito de guerra, enquantoferve a luta, pe-se a fazer pesquisas sobre a verdade, mas louco tambmquem, na sua ignorncia, violando a lei, atrai tantas dores. No entanto ambostm a sua parte de razo, porque o realizador prtico busca viver bem no pre-

    sente, enquanto o idealista trata de criar para si um mundo melhor. Estes con-trastes entre opostos so inevitveis numa vida feita de transformao, razopela qual tudo, modificando-se, sempre uma fase de transio. Ser que ovalor da vida encontra-se apenas nessa luta exterior e que a sabedoria, ento,est apenas em saber vencer a luta para viver como vencedores, ou tudo issonada mais seno um meio para aprender e, assim, progredir para formas devida mais evoludas? Em suma, ser a vida fim em si mesma e valer mais pelas suas realizaes imediatas do que pelo futuro ou, ao contrrio, valer

    por suas realizaes longnquas, situadas numa outra vida, qual sacrificadaa presente?

    Devemos descuidar-nos dos problemas reais do presente, para cuidar doshipotticos do futuro, ou descuidar destes ltimos para ocupar-nos apenasdos primeiros? Qual dos dois mtodos mais vantajoso? O ideal uma ino-vao ainda no ratificada pela experincia, uma tentativa que pode malo-grar-se, um salto no escuro. Por que devemos, como imprudentes, aventurar-nos por estradas inexploradas?

    Pode-se responder que tanto o realizador prtico quanto o idealista tm, ca-da um, sua sabedoria, mas em funo de pontos de referncia diversos. Cadaum faz o seu trabalho. O primeiro exaure suas foras no presente, na Terra,conseguindo aqui os seus objetivos imediatos. O segundo dirige seu esforopara alm do perodo de vida fsica, estendendo-o ao futuro. Mas cada uma dasduas posies tem o seu pr e o seu contra. O primeiro se tornar rico e pode-roso, obtendo glria e jbilos, mas, com a morte, chega o fim e tudo cai para

    ele, que s ento se dar conta de quo ilusrios so os valores do mundo, en-tendidos como ltimo e exclusivo fim. O segundo viver de renncias e atribu-laes, sendo desprezado como inepto, mas ter aproveitado da escola da vidaum aprendizado que no iluso, porque, quando chegar a morte, estar nocaminho da evoluo. Na verdade acontece que, assim, cada um busca reali-zar-se a si mesmo segundo sua prpria natureza, fazendo o trabalho a que me-lhor se adapta e dele colhendo os respectivos resultados. Cada um recebe empagamento pela Lei, com justia, a recompensa que buscou e mereceu, segun-

    do o destino que, com o seu passado, construiu com as prprias mos.

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    A justa posio est em usar os valores do mundo, mas no como nica fina-lidade, e sim apenas como um meio para conseguir um fim mais alto e longn-quo, aquele proposto pelo ideal. Aceitar assim o mundo, mas em funo deuma superao. Deste modo, a vida na Terra se torna uma escola para aprendi-

    zagem. Ento, a sabedoria est em servir-se desta experincia para preparar-se,a fim de entrar na outra vida, em uma posio espiritual mais elevada. respei-tada assim a imperiosa necessidade de se ocupar das coisas materiais indispen-sveis para viver, mas, ao mesmo tempo, este trabalho canalizado num senti-do evolutivo, em direo ascendente, para o alto, de modo que no d apenasum fruto imediato, mas seja tambm til para a nossa evoluo.

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    V. ARREMESSO E CORREO DA TRAJETRIA DA VIDA.A TERAPIA DOS DES