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DIREITO ROMANO – 753 a.C a 564 d.C
1. O QUE É O DIREITO ROMANO?
A expresão é tomada em diferentes sentidos:
a) conjunto de regras jurídicas que vigoram no império romanodurante cerca de 12 séculos (desde a fundação da cidade atéa morte do Imperador Justiniano)
b) É a expressão que designa um ramo do direito privadoromano – afastando o direito público que não alcançougrandiosidade em Roma
c) É o direito do Corpus Juris Civilis
UTILIDADE DESTE ESTUDO• I – Legado jurídico romano: completo, sistemático e
penetrante.
• II – É um laboratório do direito– indispensável para oestudo do direito comparado.
• III – Numerosos institutos continuam vivos! E aindaexistem no nosso sistema jurídico, embora emcontexto diferente.
• IV – O direito romano é fonte do nosso direito
• Politicamente, podemos dividir a história de Roma nos seguintes períodos:
• 1. REALEZA (753 - 510) a. C.
• 2. REPÚBLICA (510 – 27) a. C.
• 3. IMPÉRIO (Alto império (27 – 284) d. C e baixo império (284 – 565) d. C).
REALEZA (753 – 510 a.C.)
• Fundação mítica, Rômulo e Remo.
• Rei vitalício, porém, eleito e não hereditário.
• Assembléias (Comícios Curiatos;“povo”) - Senado (propunha) -Rei eleito dotado de Imperium.
• Era o Juiz supremo. Suasdecisões eram irrecorríveis.
• SENADO (SENATUS) – até arealeza era composto por 300senadores (paterfamilias).
• Conselheiros do rei, mas semvinculá-lo.
• COMICIOS CURIATOS – eracomposto pelos consideradoscomo povos de Roma (patríciose clientes), excluídos osplebeus e escravos.
Camadas Sociais:
• Patrícios: cidadãos romanos, descendentes das famíliasfundadoras. Tinham cidadania plena (votar, ser votado,servir nas legiões, com direito a saques).
• Clientes: estrangeiros que viviam às custas dos patrícios(dependência e proteção). Não tinham cidadania.
• Plebeus: Estrangeiros sem qualquer relação com ospatrícios.
• Escravos: Eram considerados coisa.
REPÚBLICA (510 a. C – 27 a.C)• Pulverização do poder executivo
das mãos de um para de muitos,com mandatos curtos (1 ano).
•O senado era vitalício. Não tinhampoder de legislar, mas ratificavam.
• Transitoriedade do governante xvitaliciedade do Senado =centralização do governo nasmãos deste.
• MAGISTRADOS – Era quem detinha o poderexecutivo em Roma (posição mais abrangenteque na atualidade, pois ainda não existia adivisão de poderes).
• Os magistrados eram divididos entre Ordinários(Cônsules, Pretores, Edis, Questores) eExtraordinários (Censores-casos excepcionais).
• Requisitos: Ser cidadão pleno e, dependendo docargo almejado, já ter exercido outro cargo .
Cursus honorum (cursohonorífico ou caminho dashoras) – percurso sequencialdas magistraturas a seralcançado sucessivamente.
Questor-> Edil -> Pretor-> CÔNSUL
QUESTORES – Cuidavam do tesouro público, cobrar osdevedores e denunciá-los quando não pagavam.
EDIL – Cuidavam das provisões da cidade, segurança pública,tráfego das ruas, exatidão de pesos e medidas nos mercados,pavimentação das cidades, etc.
PRETORES – Estão mais relacionados à Justiça, embora nãofossem propriamente os magistrados.
Pretor Urbano (367 a.C) – cuidavam de problemasrelacionados apenas aos romanos da cidade.
Pretor Peregrino (241 a.C) – cuidavam dos problemasenvolvendo estrangeiros e romanos que viviam no campo.
Pretores não eram juízes, mas tratavam da primeira fasedo processo – verificavam a veracidade das alegações daspartes e impunham limites à disputa, regras. Feito isto,direcionavam o caso para ser julgado por um juizparticular.
Os pretores encarregavam-se de administrar a justiça. Aotomar posse do cargo , o pretor costumava promulgar oédito, no qual indicava as normas e princípios queorientariam sua gestão como Juiz , com validade de 1 ano.
CÔNSULES (2) – lideravam o exército, presidiam osenado e os comícios, representavam a cidade emeventos religiosos.
CENSORES – Cargo cobiçado da República Romana.Eram eleitos a cada cinco anos. Em número de (2).Porém, só exerciam o cargo por no máx. 18 meses.
Deveriam já ter exercido o cargo de cônsul.(Responsáveis pelo Censo e Policiamento deCostumes.)
IMPÉRIO (27 a.C. – 566 d.C.)O poder estava nas mãos do Imperador.
As magistraturas subsistem, mas sem o poder de outrora.Muitos dos cargos passam a ser apenas honorífico.
O Senado perde força quando comparado ao períodoanterior, no entanto, há a ampliação da força legislativa.
Quanto ao DIREITO ROMANO, este pode serrepartido em 3 fases para melhor compreensão:
1. Direito Arcaico
2. Direito Clássico
3. Direito pós Clássico
PERÍODO ARCAICOInício de Roma até a metade do século II a.C.
Direito não legiferado. Prevalece a ritualidade, oscostumes, sendo a família o centro de tudo – núcleoeconômico, político, jurídico da família estendida.
Figura principal: paterfamília (direitos absolutos).
De outro lado iniciava a ascensão dos plebeus.
Fato mais importante foi a revolta Plebe x Patrícios = Leidas 12 Tábuas – regras costumeiras de cunho religioso (451– 450 a.C.).
Inicia no Séc. II a.C até o Séc. III d. C.
Considerado o auge do Direito Romano.
O poder do Estado foi centralizado. Surge a figura dospretores e jurisconsultos, onde o formalismo é substituídopor interpretações moderadas baseadas no bom senso =modificação de muitas regras já existentes.
PERÍODO CLÁSSICO
PERÍODO PÓS CLÁSSICOVai do Séc. III ao Séc. VI d.C.
Período sem grandes inovações.
Sistematização do Direito. Surge a necessidade dacodificação das leis, ocorrida com Justiniano (Roma doOriente).
Corpus Iurus Civili, composto pelo Códex (Constituiçõesimperiais. Quantidade excessiva e ambígua), Novelas
(publicações do próprio Justiniano), Institutas (Manuais deDireito para estudantes) e o Digesto ou pandectas
(jurisconsultos) .
FONTES DO DIREITO ROMANO• jus non scriptum
� Costumes.
• jus scriptum
� Leis - Lex.
� Plebiscitos.
� Senatus-consultos (eram decisões senatoriais que adquiriam forças de lei ).
� Constituições imperiais.
� Editos dos magistrados. Pretores (Tralacium.Repentinum)
� Jurisconsultos (Respostas dos prudentes)
•Plebiscito são assembleias populares feitas pela plebe.Inicialmente só se aplicava à plebe; até a Lei de Hortênciade 286 a. C.
• Senatus-consultos – São medidas de ordem legislativa queemanam do senado, mediante proposta do magistrado. Sópassa a ser considerado fonte do direito no Séc. I a.C.quando Roma é governada sob a forma de Império.
Na República, o Senado apenas aconselhava osmagistrados, função semelhante a desenvolvida na Realeza.
• Constituições imperiais –são medidas de ordemlegislativa feitas pelo príncipe.(Alto império).
• Haviam 4 tipos de constituições imperiais: edictas(disposições gerais que valiam para todo oimpério), decretas (julgamento específicos doimperador em determinado caso), rescriptas(respostas do imperador a consulta) e mandatas(eram legislações especificas para as províncias).
• Interpretação dos prudentes – eram jurisconsultos comobrigação de preencher as lacunas deixadas pela lei – a
interpretatio. Respondiam de forma escrita ou oral.
•Davam interpretações da lei , ou opiniões sobre casos emjulgamento nos tribunais. Suas respostas a questõesjurídicas não possuíam valor oficial , mas gozavam deautoridade e acatamento, em proporção ao prestígio dequem as formulava.
Divisão do Direito RomanoJus civili x Jus Getium
• Jus Civile ou Jus Quiritium é o direito próprio epeculiar aos cidadãos romanos. É mais antigo,restrito e rígido. Predominou nos primeiros tempos.
• Jus Gentium aparece quando Roma estende suasconquistas e entra em contato com outros povos. Éum direito comum a todos os povos – gentes – dovastíssimo mundo romano – orbis romanus.
(Baseado na Razão Natural)
Divisão do D. R.
*Com base na Aplicabilidade
Ius Cogens (Indisponíveis-Público)
Ius dispositivum (Disponíveis)
*Com base no SujeitoIus Commune (Para todos)
Ius Singulare (Para determinados grupos)
Capacidade Jurídica de Gozo
a) Status Libertatis; Status Civitatis; Status
Familiae
b) Causas Restritivas da Capacidade (Total,
parcial, mínima)
DIREITO DE FAMÍLIA
• Acepção da palavra família:
a) Coisa – conjunto de patrimônio.
b) Pessoa – tudo e todos os o poder do pater familias.
Pátrio Poder – exclusivo dos pater familias. Este tinha direito de vida e de morte sobre todos (filhos, esposa, escravos).
Se extinguia pela morte ou perda da cidadania.
Poder dos pater familias x poder do Estado.
• Parentesco – haviam duas relações deparentesco: a agnatio e a cognatio.
Agnatio - não se fundamentava em laçossanguíneos, mas na sujeição ao pater familias.
Ex: sogro, sogra, padrastro, cunhado, etc.
Cognatio – parentesco natural, por laçosanguíneo.
• Casamento – tinha de ser legítimo – era necessário oconúbio.
• “Conúbio é a faculdade de casar-se legalmente. Os cidadãosromanos tem conúbio com os cidadãos romanos, com oslatinos e os estrangeiros, quando lhes for permitidos. Nãohá conúbio entre escravos” (jurista romano Ulpiano).
• Espécie de casamento: cum manu e sine manu.
• Cum manu a mulher saía da dependência do seu própriopater familias.
• Sine manu a mulher permanecia sob o seu pater familias.Gerava efeitos sucessórios.
• O matrimônio era consensual:
• “Não se contrai matrimônio entre quem não deuconsenso” (Celso).
Limitação do consenso:
• “A moça que não se opõe explicitamente a vontadedo pai é considerada concorde. Só se permite que ajovem tenha opinião diferente daquela de que seupai quando este escolhe para seu noivo um homemindigno ou portador de alguma tara” (Justiniano).
Impedimentos para o casamento:
Loucura, consanguinidade, parentesco adotivo, diferençaentre camadas sociais, entre outros.
Divórcio – Já era previsto desde o direito arcaico (no sinemanu era mais simples, podendo ser por mútuoconsentimento (divortium comuni consenti) ouunilateralmente (repudium).
Inicialmente apenas o homem poderia pedir divorcio. Amulher só podia pedir divorcio quando o homem perdia acidadania.
Com o passar do tempo o divórcio poderia serrequerido sem “motivo”. Nos casamentos sinemanu as mulheres também poderiam requerer odivórcio.
Dote – conjunto de bens que a noiva traz para omarido para sustentar o ônus do matrimônio.
Quando da dissolução do casamento, o dotedeveria ser devolvido.
Adoção – “a adoção é um ato legal, que imita a natureza, com o qual podemos adotar filhos como seus” (Institutas 1.11).
Formas:
a) Adrogatio – adoção de um pater familias por outro (dependentes e patrimônio).
b) Adoptio – era a adoção de um indivíduo sui iuris.
Em ambos os casos, o adotando tem de ser mais velho que o adotado – “Seria monstruoso que o filho fosse mais velho que o pai” (Institutas 1.11.4).
As mulheres não podiam adotar, salvo quando perdiam seus filhos e recebiam permissão para isso (indulgência).
Tutela – Impúberes e mulheres sui iuris.
O tutor poderia ser parente, por testamento ounomeado pelo pretor.
“O primeiro dever do tutor é não deixar o pupiloindefeso” (Jurista Marcelo, Digesto 26).
O tutor deveria administrar o patrimônio do pupilo.Quando o pupilo era a mulher, esta poderiaadministrar os bens, sendo assistido pelo tutor.
Curatela – pessoa de capacidade deteriorada e nãoé impúbere ou mulher.
O curador poderia ser o parente ou nomeado peloPretor.
A curatela também era concedida àquelesindivíduos que esbanjava seus bens (cura prodigi).
SUCESSÃO
Ligado a perpetuação da família e seu patrimônio.
“Succedere in ius” – transmissão dos direitos eobrigações do defunto para outra pessoa.
“Hereditas” – conjunto de bens.
“Heredis” – o herdeiro.
Os sucessores naturais eram os filhos.
“quem é adotado se torna herdeiro dos mesmos dequem foi seu pai e terá a herança legítima deles”(Ulpiano, Digesto 38)
Herança – conjunto de direitos e obrigações do defunto.
A posse, usufruto, uso, mandatos e penas não eramtransmissíveis.
A herança era o balanço entre o que o defunto devia e oque ele tinha.
Testamento – expressão unilateral da vontade de alguém.
Não podiam testamentar: alieni iuris, escravos, os que senegaram a ser testemunha (intestabiles) e incapazes(loucos, impúberes, pródigos, etc).
No período clássico a mulher já podia testar.
DIREITO DAS COISASPosse – detinha apenas poder de fato sobre a coisa.
Propriedade – detinha poder jurídico sobre a coisa.
O posseiro não tem poder jurídico sobre a coisa, enquantoque o proprietário tem este poder, podendo vender, alugar,etc).
“Occupatio” – era a aquisição da propriedade de umacoisa, por meio da posse de algum objeto que não estavasob o domínio de outrem.
Havia previsão, ainda, da aquisição da propriedade pelausucapião, compra, herança, etc.
DELITOS
No período arcaico prevalecia a vingança, como formade se punir o infrator.
Não havia diferenciação entre prejuízo, dano, delito,crime.
Havia a individualização da pena “Os crimes sóatingem aqueles que o cometeram”
Previa a legítima defesa “O que cada um fez paraproteger o próprio corpo julga-se que haja feito comtodo direito”
Havia, ainda, a presunção de inocência “Mais valedeixar impune o culpado que condenar oinocente” (Ulpiano, Digesto 48).
O fortalecimento do Estado limita o poder devingança, que só poderia acontecer quando oinfrator fosse pego em flagrante.
Causalidade – nexo subjetivo que liga o delito aoseu autor.
Formas: dolo (“se alguém matou um homem comprévia intenção, é homicida” Jurisconsulto Numa)ou culpa (“se alguém matou um homemimprudentemente será oferecido em compensaçãoum carneiro perante a assembleia” Numa).
Imputabilidade – aptidão para praticar atos com discernimento.
Os impúberes eram considerados semi-imputáveis. As penas aplicáveis eram leves (pecuniárias).
Os demens eram inimputáveis.
Ignorância da lei gera imputabilidade.
A ignorância de fato gera a inimputabilidade.
Extinção da punibilidade:
Cumprimento da pena.
Perdão.
Prescrição (exceto homicídio).
Morte do infrator.
Delitos previstos:
a) Furto – apropriação da coisa sem emprego deviolência. Gerava multa pecuniária no dobro, triplo ouquádruplo da coisa furtada.
b) Roubo – “aquele que se apropria dolosamente dacoisa” (Jur. Paulo).
Pena – mesma do furto.
c) Dano – era o delito causado injustamente poralguém em face de outrem, podendo ser cobrado dequem causou.
No período clássico surge a reparação passa a ser doprejuízo efetivamente causado (damnum emergens) eo que a vítima deixou de ganhar (damnum cessans).
d) Injúria – Ofensa cometida em desfavor de outrem. “Actioinjuriarum” era a ação em que o ofendido pedia reparaçãopela ofensa sofrida.
e) Dolo – Todo comportamento desonesto que levassealguém a erro. A ação competente era a “Actio Dolo”.
f) Coação – obrigar outrem a praticar atos jurídicos,mediante emprego de violência. Podia ser física ou moral.
g) Quase-Delictus – delito cometido de forma culposa, masque poderia ser evitado (arremessar coisas, julgamentoerrado, etc).
IMPORTÂNCIA
O Direito Romano se reveste de grandeimportância ao operador do direito e estudante,ante o grande legado deixado, que influenciou einfluencia o nosso direito.