01 trabalho penal iii

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TRABALHO PENAL III NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO COMO PROVAR QUE ACONTECEU UM HOMICÍDIO QUANDO HÁ UM CORPO E QUANDO NÃO HÁ. O crime de homicídio, artigo 121 do CPP, tem natureza material, porque a lei descreve a ação e o resultado, ou seja, para a consumação do homicídio é necessário a morte da vítima. A morte é consumada com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório da pessoa. Dentre os meios de prova previstos, encontra-se o exame de corpo de delito. De acordo com o CPP, o exame de corpo de delito pode ser direto, aquele realizado diretamente no cadáver, ou indireto, aquele que advém de um raciocínio lógico de dedução ou indução quando não for possível a realização do exame de corpo de delito direto pelo desaparecimento do corpo da vítima. O artigo 158 do CPP impõe a exigência do exame de corpo de delito, nos casos em que a infração houver deixado vestígios. Significa dizer que nos crimes de homicídio, quando há a presença do corpo, o meio de prova utilizado é o corpo de delito. Como nem sempre haverá o corpo da vítima, uma vez que o agente, na tentativa de livrar-se da pena e ficar impune, pode extraviar ou desaparecer com o corpo. Diante desta possibilidade o convencimento da materialidade do crime deverá se dar forma indireta. O artigo 167 do CPP estabelece que quando houver a impossibilidade de se realizar o exame de corpo de delito direto, por terem desaparecidos os vestígios, a prova testemunhal poderá supri-lo. Capez (2009) “não determina que o juiz tome a prova testemunhal como substituta do exame de corpo de delito direto, mas que os peritos elaborem um laudo indireto, a partir de informações prestadas pelas testemunhas”. Quando se fala em outras provas, pode-se referir a testemunhal e a pericial como as fundamentais para o desfecho do caso. Dentre os meios de provas existentes no Código de Processo Penal, encontramos os indícios, previstos no artigo 239, classificado como meio de prova indireto, aquelas capazes de auxiliar o julgador na formação de seu convencimento para concluir pela existência ou inexistência de outra circunstância ou fato até então ignorado, porém, com os quais tenha alguma relação.

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NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO COMO PROVAR QUE ACONTECEU UM HOMICÍDIO QUANDO HÁ UM CORPO E QUANDO NÃO HÁ.

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Page 1: 01 Trabalho Penal III

TRABALHO PENAL III

NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO COMO PROVAR QUE ACONTECEU UM HOMICÍDIO QUANDO

HÁ UM CORPO E QUANDO NÃO HÁ.

O crime de homicídio, artigo 121 do CPP, tem natureza material, porque a lei descreve a ação e o resultado, ou

seja, para a consumação do homicídio é necessário a morte da vítima. A morte é consumada com a cessação do

funcionamento cerebral, circulatório e respiratório da pessoa.

Dentre os meios de prova previstos, encontra-se o exame de corpo de delito. De acordo com o CPP, o exame

de corpo de delito pode ser direto, aquele realizado diretamente no cadáver, ou indireto, aquele que advém de um

raciocínio lógico de dedução ou indução quando não for possível a realização do exame de corpo de delito direto pelo

desaparecimento do corpo da vítima.

O artigo 158 do CPP impõe a exigência do exame de corpo de delito, nos casos em que a infração houver

deixado vestígios. Significa dizer que nos crimes de homicídio, quando há a presença do corpo, o meio de prova

utilizado é o corpo de delito.

Como nem sempre haverá o corpo da vítima, uma vez que o agente, na tentativa de livrar-se da pena e ficar

impune, pode extraviar ou desaparecer com o corpo.

Diante desta possibilidade o convencimento da materialidade do crime deverá se dar forma indireta. O artigo

167 do CPP estabelece que quando houver a impossibilidade de se realizar o exame de corpo de delito direto, por

terem desaparecidos os vestígios, a prova testemunhal poderá supri-lo.

Capez (2009) “não determina que o juiz tome a prova testemunhal como substituta do exame de corpo de

delito direto, mas que os peritos elaborem um laudo indireto, a partir de informações prestadas pelas testemunhas”.

Quando se fala em outras provas, pode-se referir a testemunhal e a pericial como as fundamentais para o

desfecho do caso.

Dentre os meios de provas existentes no Código de Processo Penal, encontramos os indícios, previstos no

artigo 239, classificado como meio de prova indireto, aquelas capazes de auxiliar o julgador na formação de seu

convencimento para concluir pela existência ou inexistência de outra circunstância ou fato até então ignorado, porém,

com os quais tenha alguma relação.

Segundo Capez (2009, p. 399) indício “é toda circunstância conhecida e provada, a partir da qual, mediante

raciocínio lógico, pelo método indutivo, obtém-se a conclusão sobre outro fato”. Em outras palavras são aqueles que

seguem o crime e possuem uma estreita e íntima relação.

O caso Bruno e Eliza Samúdio, as provas obtidas no Inquérito Policial apontaram pela materialidade do crime,

mesmo sem o corpo da vítima, em razão do conjunto de provas prestadas pela polícia, entre elas a prova pericial,

documental e testemunhal.

No caso em questão, conclui-se pela materialidade indireta do crime, acatando a tese da acusação, onde, na

tentativa de não deixarem vestígios, os agentes ocultaram ou extraviaram o cadáver da vítima para não serem punidos,

e ainda convenceu-se da autoria do delito. A materialidade formou-se com base em um conjunto de indícios, através

das provas periciais, documentais e testemunhais, entre eles o depoimento do primo adolescente do acusado Bruno.

Portanto, quando se tratar de um crime de homicídio onde é impossível a realização do exame de corpo de

delito direto, pelo fato do corpo da vítima ter desaparecido, o convencimento da materialidade do crime poderá se dar

por indícios. Hoje já não cabe a velha tese de que sem corpo não há crime.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.