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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet n.º 329 Curitiba, 06 a 15 de maio de 2008 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ....................................................................................... ..................01 - 49 Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................... ..............50 - 73 Tribunal Regional Federal –4ª Região ....................................................................................... Procuradoria-Geral da República...................................................................................... ......... 74 - 81 Quinta-feira, 15 de Maio de 2008 09:00 Negada liminar a José Aparecido, suspeito de vazamento do dossiê das contas do governo FHC 08:10 Ministro indefere liminar a condenado por causar incêndio Quarta-feira, 14 de Maio de 2008 20:45 Supremo suspende lei que abriu créditos extraordinários no orçamento 19:50 Íntegra do voto do ministro Gilmar Mendes na ADI 4048 que suspende créditos extraordinários 19:45 Deferida liminar contra decisão do TJ-SP que afastou a contribuição previdenciária sobre proventos 17:00 Negada liberdade a condenado por atentado violento ao pudor Terça-feira, 13 de Maio de 2008 19:20 Negada transferência de presos integrantes de facções criminosas para o Rio de Janeiro 18:43 2ª Turma do STF determina imediata cassação do mandato do deputado estadual Chico das Verduras (PRP) 18:20 1ª Turma: negado pedido de abertura de ação penal contra ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 18:10 1ª Turma analisa imunidade tributária de chapas de impressão para jornais 18:01 2ª Turma concede a réu o direito de recorrer em liberdade 17:45 2ª Turma mantém ação penal por abuso de autoridade contra ex-secretário de Segurança de SP 17:30 2ª Turma do STF rejeita recurso do ex-deputado Eurico Miranda 16:46 1ª Turma: economista condenado por assassinar a mãe vai permanecer preso 15:55 1ª Turma encaminha para Plenário habeas que discute se MP pode propor ação em crimes contra vítimas pobres 15:38 2ª Turma do STF aplica princípio da insignificância em tentativa de furto em supermercado 14:40 Soldado condenado por uso de maconha tem liminar negada no STF 09:45 Arquivado HC de estagiário que pedia o fim de “perseguição” de ex-companheira e contestava Lei Maria da Penha 08:20 Arquivado HC de acusado de fraude em licitações em município do RJ

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Page 1: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

n.º 329Curitiba, 06 a 15 de maio de 2008

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal .........................................................................................................01 - 49Superior Tribunal de Justiça .....................................................................................................50 - 73Tribunal Regional Federal –4ª Região ....................................................................................... Procuradoria-Geral da República............................................................................................... 74 - 81

Quinta-feira, 15 de Maio de 200809:00 Negada liminar a José Aparecido, suspeito de vazamento do dossiê das contas do governo FHC 08:10 Ministro indefere liminar a condenado por causar incêndio

Quarta-feira, 14 de Maio de 200820:45 Supremo suspende lei que abriu créditos extraordinários no orçamento 19:50 Íntegra do voto do ministro Gilmar Mendes na ADI 4048 que suspende créditos extraordinários 19:45 Deferida liminar contra decisão do TJ-SP que afastou a contribuição previdenciária sobre proventos 17:00 Negada liberdade a condenado por atentado violento ao pudor

Terça-feira, 13 de Maio de 200819:20 Negada transferência de presos integrantes de facções criminosas para o Rio de Janeiro 18:43 2ª Turma do STF determina imediata cassação do mandato do deputado estadual Chico das Verduras (PRP) 18:20 1ª Turma: negado pedido de abertura de ação penal contra ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 18:10 1ª Turma analisa imunidade tributária de chapas de impressão para jornais 18:01 2ª Turma concede a réu o direito de recorrer em liberdade 17:45 2ª Turma mantém ação penal por abuso de autoridade contra ex-secretário de Segurança de SP 17:30 2ª Turma do STF rejeita recurso do ex-deputado Eurico Miranda 16:46 1ª Turma: economista condenado por assassinar a mãe vai permanecer preso 15:55 1ª Turma encaminha para Plenário habeas que discute se MP pode propor ação em crimes contra vítimas

pobres 15:38 2ª Turma do STF aplica princípio da insignificância em tentativa de furto em supermercado 14:40 Soldado condenado por uso de maconha tem liminar negada no STF 09:45 Arquivado HC de estagiário que pedia o fim de “perseguição” de ex-companheira e contestava Lei Maria da

Penha 08:20 Arquivado HC de acusado de fraude em licitações em município do RJ

Segunda-feira, 12 de Maio de 200819:25 Deferido habeas corpus para acusado de assalto a agência do Banco do Brasil 18:35 Sindjus pede reconhecimento do direito à aposentadoria especial para servidores 15:30 Ministro mantém nomeação de membro do Conselho Consultivo da Anatel

Sexta-feira, 09 de Maio de 200818:54 Júri de São Gonçalo terá que aguardar decisão do STF para julgar acusados de homicídio qualificado 17:56 Acusado de participar de homicídio de líder sindical em 2001 não consegue liberdade 17:51 Servidor do Ministério Público quer continuar exercendo a advocacia 08:20 Procurador-geral da República questiona nova classificação da promotoria de Tubarão (SC)

Quinta-feira, 08 de Maio de 200820:30 Passe livre em transporte interestadual é mantido pelo Supremo 20:10 STF muda horário de distribuição dos processos 20:08 Presidência terá setor responsável por analisar correspondências dirigidas ao STF 19:45 Ministro nega busca e apreensão de armas, munições e explosivos na terra indígena Raposa Serra do Sol 18:40 STF arquiva inquérito contra ex-prefeita Marta Suplicy relativo ao RELUZ 18:27 Arquivada denúncia contra deputado Ciro Nogueira por prevaricação

Page 2: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

17:52 Súmula Vinculante nº 5: STF assegura legalidade das mais de 1700 demissões no serviço público desde 2003 17:25 Ministro Gilmar Mendes autoriza licitação da Floresta Nacional do Jamari (RO)

Quarta-feira, 07 de Maio de 200818:40 STF garante a consumidor paranaense selo de qualidade do café 18:04 Supremo aprova 6ª Súmula Vinculante 17:31 Súmula Vinculante nº 5: STF decide que não é obrigatória defesa elaborada por advogado em processo

administrativo disciplinar

Terça-feira, 06 de Maio de 200819:40 Concedido HC para acusado por contrabando e quadrilha 19:20 2ª Turma do STF nega recursos de Rocha Mattos 18:30 STF nega liminar para policiais paulistas acusados de latrocínio 18:20 Recurso do MP fora do prazo leva STF a extinguir punibilidade de condenado por roubo 18:00 Vereador carioca acusado de participar de “Liga da Justiça” tem HC negado no STF 17:10 2ª Turma concede liberdade a réu acusado de homicídio em 2001 e não julgado até hoje 16:47 Concedido HC para policial acusado de matar advogado no Espírito Santo 16:18 2ª Turma do STF mantém denúncia contra advogado de São Paulo 16:10 Concedido habeas corpus para réu absolvido por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma 14:45 Pedido de ex-juiz Rocha Mattos para que testemunha da defesa seja ouvida é negado

Segunda-feira, 05 de Maio de 200817:05 Indeferida liminar a advogado denunciado pelos crimes de calúnia e difamação contra juiz paulista 14:30 Arquivado HC de condenado por tráfico de drogas que pedia para recorrer em liberdade 14:26 Mantida resolução que proíbe servidores do MP de exercerem advocacia

Quinta-feira, 15 de Maio de 2008Negada liminar a José Aparecido, suspeito de vazamento do dossiê das contas do

governo FHCO ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu liminar no Habeas Corpus (HC) 94703, em que José Aparecido Nunes Pires pedia um salvo-conduto para não correr o risco de ser preso durante seu depoimento à CPI mista dos Cartões Corporativos do Congresso Nacional. Ele foi convocado a depor na CPMI por ser apontado como responsável pelo vazamento do chamado Dossiê dos Cartões Corporativos. O depoimento do ex-secretário de controle interno da Casa Civil da Presidência da República está marcado para esta quinta-feira, às 9h30, de acordo com a defesa. Ao pedir o habeas corpus, a defesa de José Aparecido pretendia também que ele pudesse comparecer ao depoimento acompanhado do advogado e permanecer em silêncio, além de não precisar assinar compromisso de dizer a verdade na condição de investigado.DecisãoEm sua decisão, o ministro Carlos Ayres Britto, relator do caso, ponderou que toda CPI detém poderes de instrução judicial e por isso entende que, “assim como não é de se supor que um magistrado venha a exceder os limites de sua atuação funcional para incursionar-se pelos domínios do abuso de poder ou da ilegalidade contra a alheia liberdade de locomoção, também assim não é de se supor que uma Comissão Parlamentar de Inquérito enverede pela mesma senda da ilicitude”.O ministro reconheceu os direitos de José Aparecido permanecer em silêncio e não produzir provas contra si mesmo, de acordo com a Constituição Federal. No entanto disse não acreditar que uma instituição parlamentar que se investe numa das dimensões da Judicatura venha a forçar qualquer depoente a se privar do desfrute de direitos e garantias que o ordenamento jurídico oferece ao depoente. Com isso, o ministro decidiu negar a liminar por entender que a coação injusta à liberdade de locomoção alegada pelos advogados não ocorre neste caso. “Não enxergo um evidente risco de a CPMI dos cartões corporativos do Governo Federal violar os direitos consagrados no texto constitucional, tal como pretendido nesta impetração”, decidiu o relator.Britto finalizou dizendo que, para ele, é “descabido que o STF, para conceder a pretendida liminar, tenha que presumir algo de cuja factibilidade os autos não dão conta, de plano. Razão por que indefiro o pedido cautelar”.

Quinta-feira, 15 de Maio de 2008Ministro indefere liminar a condenado por causar incêndio

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu o pedido de liminar no Habeas Corpus (HC) 93902, requerido pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro em favor de José

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Page 3: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Madeira da Silva, condenado por incêndio criminoso (artigo 250 do Código Penal). Na ação, a Defensoria alega a atipicidade da conduta do condenado quanto ao delito. Os fatos relatados na denúncia e no inquérito não configuram crime, de acordo com a defesa, que pediu a suspensão do cumprimento da pena até o julgamento do mérito da ação.IndeferimentoNo exame da liminar, o relator Celso de Mello entendeu que a alegação de atipicidade da conduta de José Madeira “parece destituída da necessária liquidez”, qualidade indispensável para a concessão de habeas corpus. Celso de Mello afirma que essa impossibilidade já teria sido apontada na decisão da liminar impetrada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Napoleão Nunes Maia relatou que a verificação da pertinência da alegação de atipicidade da conduta “dependeria de ampla e profunda avaliação do acervo probatório, impossível de realização no âmbito do HC”.O ministro decidiu indeferir o pedido por entender que é inadequada a utilização de habeas corpus nesse caso, pois “constitui remédio processual que não admite dilação probatória”.

Quarta-feira, 14 de Maio de 2008Supremo suspende lei que abriu créditos extraordinários no orçamento

“O chefe do poder Executivo da União transformou-se em verdadeiro legislador solitário da República”, disse o ministro Celso de Mello, ao salientar que na edição de medidas provisórias o presidente da República deve observar os requisitos constitucionais da urgência e da relevância. A declaração foi dada no julgamento, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4048. Por 6 votos a 5, a Corte deferiu medida liminar solicitada pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), para suspender a eficácia da Medida Provisória (MP) 405/07, convertida na Lei 11.658/08, pela qual o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, abriu crédito extraordinário no valor de R$ 5,4 bilhões para a Justiça Eleitoral e diversos órgãos do Poder Executivo. A decisão vale a partir de hoje, não atingindo os créditos já repassados e empenhados pelos órgãos. O PSDB sustenta, na ação, que a MP não respeitou os pressupostos constitucionais da urgência e da relevância previstos no artigo 62 da Constituição Federal (CF), nem tampouco os da imprevisibilidade e da urgência, requeridos para a abertura de créditos extraordinários (artigo 167, parágrafo 3º, CF). Em 17 de abril passado, quando a Corte iniciou o julgamento, os ministros Gilmar Mendes (relator), Eros Grau, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio votaram pela concessão da medida cautelar. Já os ministros Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Cezar Peluso votaram contra a concessão de liminar. Hoje, outros três votos completaram o julgamento. Os ministros Menezes Direito e Ellen Gracie votaram pelo indeferimento do pedido e o ministro Celso de Mello pela concessão da medida.JulgamentoA ministra Ellen Gracie apresentou o seu voto-vista que acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que indeferiu o pedido. “Entendo que o atraso na aprovação da lei orçamentária deste ano de 2008, o risco do cancelamento de importantes programas governamentais já em curso e até mesmo a aprovação da medida provisória sob exame pelo Congresso Nacional exauriram o perigo na demora eventualmente existente”, disse a ministra Ellen Gracie, ressaltando a ausência de um dos requisitos indispensáveis para a concessão da medida cautelar. Segundo a ministra, “as verbas alocadas a quase todos os ministérios e ao setor judiciário eleitoral, tinham por objeto a manutenção de programas já em curso e que se encontravam inseridos no orçamento anual não aprovado em tempo hábil”, afirmou. Ela considerou que um possível cancelamento do repasse dos créditos trariam conseqüências danosas de ordem social com a interrupção dos programas e serviços, bem como de ordem financeira, com a necessidade de indenização por parte da União. O ministro Menezes Direito votou no mesmo sentido. Para ele, “não cabe a esta Suprema Corte examinar os critérios de urgência e relevância, matéria que fica, evidentemente, na alçada do presidente da República, com a colaboração do Congresso Nacional”.Desempate De modo contrário, se manifestou o ministro Celso de Mello, que apresentou o último voto. Depois de cinco votos contrários e cinco favoráveis à suspensão da medida provisória, o ministro Celso de Mello acompanhou o entendimento do relator, pelo deferimento da medida cautelar. “É importante ressaltar de modo claro que a presente ação direta não discute os créditos em si mesmo considerados, mas sim o real enquadramento deles na categoria de créditos extraordinários que é a única permitida à medida provisória”, disse. Ele observou que a própria Constituição dá exemplos de créditos extraordinários, tais como aqueles que são abertos para fazer frente à guerra, à comoção interna ou à calamidade pública. “Esses casos tão graves que ensejam, no limite, até mesmo a decretação ou do estado de defesa ou até mesmo do próprio estado de

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sítio, não é o caso de nenhum dos créditos abertos pela MP ora impugnada”, apontou. De acordo com o ministro Celso de Mello, a situação atual é grave, uma vez que de 1º de janeiro de 2007 até 17 de abril de 2008 foram editadas 23 medidas provisórias relativas à abertura de créditos extraordinários, que somam aproximadamente R$ 62 bilhões e 500 milhões. Segundo ele, o orçamento da União em 2007 ficou em torno de R$ 1 trilhão e 200 bilhões a R$ 1 trilhão e 400 bilhões. “Desconsiderada a dívida pública, o valor do orçamento de 2007, da União, fica em torno de R$ 600 bilhões”, revelou. Celso de Mello afirmou que as últimas medidas provisórias que totalizam o valor global de R$ 62 bilhões e meio de créditos extraordinários somaram mais de 10% do orçamento de 2007. “Tem-se na prática, em razão do notório abuso de créditos ditos extraordinários, um verdadeiro orçamento paralelo”, ressaltou. “Não podemos ignorar que a crescente apropriação institucional do poder de legislar por parte dos sucessivos presidentes da República, tem despertado gravíssimas preocupações de ordem jurídica em razão do fato de a utilização excessiva das medidas provisórias causar profundas distorções que se projetam no plano das relações políticas entre os poderes Executivo e Legislativo”, salientou o ministro. Ele informou que, valendo-se da MP, os diversos presidentes da República no período de 5 de outubro [de 1988, promulgação da Constituição] até hoje, legislaram duas vezes mais que o próprio Congresso Nacional no mesmo período. Conforme Celso de Mello, “esse comportamento dos vários chefes do Poder Executivo da União além de concentrar indevidamente na Presidência da República o foco e o eixo das decisões legislativas, tornou instável o ordenamento normativo do estado brasileiro que passou, em conseqüência, a viver sob o signo do efêmero”. Celso de Mello ressaltou, ainda, um dado considerado por ele como “extremamente preocupante”. Segundo o ministro, desde o início da vigência da Constituição, os presidentes da República, entre edições e reedições, promulgaram sozinhos um total de medidas provisórias equivalentes a mais do que o dobro dos decretos-leis editados pelos generais presidentes ao longo de todo o regime de exceção que vigorou no Brasil entre 1º de abril de 1964 e 15 de março de 1985. “Nesse período, os generais presidentes editaram ao longo de 21 anos 2.272 decretos-leis em proporção bem inferior ao volume de medidas provisórias editadas e reeditadas sob a égide da presente Constituição, numa evidente atestação que o chefe do Poder Executivo da  União transformou-se definitivamente hoje em verdadeiro legislador solitário da República”, destacou. Por fim, o ministro afirmou que a utilização excessiva das MPs “minimiza perigosamente a importância político-institucional do poder legislativo, pois suprime a possibilidade de prévia discussão parlamentar de matérias que ordinariamente estão sujeitas ao poder decisório do Congresso Nacional”. A decisão aplica-se à Lei 11.658/08, promulgada em razão da MP 405/2007.

Quarta-feira, 14 de Maio de 2008Íntegra do voto do ministro Gilmar Mendes na ADI 4048 que suspende créditos

extraordináriosLeia a íntegra do voto do ministro Gilmar Mendes no julgamento de liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 4048, que suspendeu a Lei 11.658/08, oriunda da Medida Provisória (MP) 405, de 18 de dezembro de 2007. A MP abriu crédito extraordinário no valor de R$ 5,4 bilhões para a Justiça Eleitoral e diversos órgãos do Poder Executivo.

Quarta-feira, 14 de Maio de 2008Deferida liminar contra decisão do TJ-SP que afastou a contribuição previdenciária sobre

proventosA ministra Ellen Gracie concedeu liminar na Reclamação (RCL) 5808, proposta no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo governo de São Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça daquele estado (TJ-SP), que afastou a incidência da contribuição previdenciária sobre a complementação dos proventos de servidor celetista aposentado. Referida contribuição foi instituída pela Lei Complementar estadual nº 954/2003. Na Reclamação, o governo paulista sustenta a ocorrência de violação de decisão do STF nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 3105 e 3128, em que o Tribunal afirmou a constitucionalidade da Emenda Constitucional (EC) nº 41/2003, que incluiu no artigo 40 da Constituição Federal a contribuição previdenciária dos servidores inativos e pensionistas do serviço público. “É inegável a relevância jurídica dos fundamentos da reclamação oferecida contra decisão que, a despeito do entendimento firmado pelo STF no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs)  3105 e 3128, reputa inconstitucional, in totum,  a incidência de contribuição previdenciária sobre os proventos de servidores inativos”, afirmou a ministra Ellen Gracie, ao deferir a liminar. “A observância da decisão exarada por esta Corte impõe-se com a publicação, no Diário da Justiça, da ata da sessão de julgamento que, ao proclamar a constitucionalidade do ato normativo questionado, determina a improcedência da ação direta ou a

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procedência da ação declaratória (artigo 24 da Lei nº 9.868/99)”, afirmou a ministra. Ela citou como precedente a RCL 2576, relatada por ela própria, julgada pelo Plenário do STF em junho de 2004. A ministra abriu vista do processo à Procuradoria Geral da República (PGR).

Quarta-feira, 14 de Maio de 2008Negada liberdade a condenado por atentado violento ao pudor

O ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu liminar no Habeas Corpus (HC 94611) pedido pelo empresário Eduardo Sallum Motta, condenado a sete anos de prisão por atentado violento ao pudor. A acusação é de que ele teria aliciado duas meninas, de quatro e oito anos, em uma região próxima a escolas em Brasília. Ao pedir o HC, a defesa de Motta alegou excesso de prazo no julgamento do recurso de apelação  “interposto há mais de dez meses” no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT). A defesa argumentou ainda que a liminar deveria ser concedida para que a prisão cautelar não se torne antecipação de pena e, por isso, pede para que o acusado aguarde o julgamento do recurso em liberdade.DecisãoAo indeferir o pedido, o ministro Eros Grau, relator do caso, entendeu que os requisitos necessários para que a liminar fosse concedida não estão justificados neste caso. “Não tendo, à primeira vista, por configurados seus requisitos, indefiro o pedido de liminar”, decidiu. Em seguida, solicitou informações sobre o caso ao TJDFT e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Terça-feira, 13 de Maio de 2008Negada transferência de presos integrantes de facções criminosas para o Rio de JaneiroPor 3 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, na tarde de hoje (13), a transferência de 11 integrantes das facções criminosas conhecidas como “Comando Vermelho” e “Terceiro Comando Puro” - que estão presos no Presídio Federal de Catanduvas (PR), para o sistema prisional do Rio de Janeiro. A decisão aconteceu no julgamento do Habeas Corpus (HC) 93190, impetrado em favor de condenados que costumam freqüentar as páginas policiais dos principais jornais do país, sempre com seus nomes ligados ao narcotráfico: Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel; Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP; Márcio José Guimarães, o Tchaca; Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor; Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu; Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira; Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco; Márcio Cândido da Silva, o Porca Russa; Charles da Silva Batista, o Charles do Lixão; Marcus Vinicius da Silva, o Lambari; e Leonardo Marques da Silva, o Sapinho. Com a ação, o advogado pretendia restabelecer uma decisão do juiz da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro que havia indeferido o pedido de prorrogação do prazo de permanência dos presos no Presídio de Catanduvas, determinando o retorno dos condenados para o sistema prisional carioca. Como a decisão foi derrubada por meio de um Mandado de Segurança ajuizado pelo Estado do Rio de Janeiro, a defesa recorreu ao STJ, sem sucesso. Contra a negativa do STJ foi impetrado esse habeas no Supremo. Em seu voto o relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, salientou que o caso é idêntico ao HC 93003 - negado pela Primeira Turma em março deste ano - em que a defesa de Robson André da Silva fazia o mesmo pedido. O ministro disse que mantinha seu voto dado naquela ocasião. “Não enxerguei nenhuma peculiaridade de modo a desarticular o que havia sido posto”, frisou o relator, sendo acompanhado pelos ministros Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.RessocializaçãoJá o ministro Marco Aurélio divergiu da opinião do relator. Para ele, um dos motivos de ser da prisão é a ressocialização, que passaria pela assistência da respectiva família, conforme previsto no rol das garantias constitucionais. Por isso, no seu entender, o local da custódia deve, sempre que possível, viabilizar o acesso dos familiares. O ministro Marco Aurélio votou no sentido da concessão da ordem.

Terça-feira, 13 de Maio de 20082ª Turma do STF determina imediata cassação do mandato do deputado estadual Chico

das Verduras (PRP)A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou hoje (14) o imediato cumprimento de decisão judicial que cassou o registro do deputado estadual por Roraima Francisco Vieira Sampaio, conhecido como Chico das Verduras (PRP), e o tornou inelegível por três anos. Sampaio foi condenado por compra de votos nas eleições de 2006 pela Justiça Eleitoral de Roraima, decisão mantida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a denúncia, quando ainda era candidato, o parlamentar teria distribuído sopa a pessoas carentes na periferia de Boa Vista, capital de Roraima, em julho de 2006. Ele alegou que somente fazia filantropia. O deputado tentou anular sua condenação no STF por meio de um recurso extraordinário que sequer chegou à Corte. O ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, mandou arquivar o pedido de Sampaio, feito por meio de um Agravo de Instrumento (AI 676479), para que o STF analisasse o recurso. Barbosa entendeu que, para julgar o recurso extraordinário, a Corte teria de reexaminar provas, o que não é permitido pela jurisprudência do Supremo. A decisão de Barbosa foi

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mantida em novembro do ano passado pela Segunda Turma do STF. Contra ela, Sampaio apresentou outro recurso, chamado embargos de declaração. Esse recurso serve para esclarecer algum ponto obscuro da decisão. Nesta tarde, os ministros entenderam que não havia nenhum ponto obscuro na decisão que impediu a análise do recurso pelo STF. No recurso, Sampaio alegava violação aos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Isso porque o TSE não teria avaliado provas que o deputado considerava relevantes para a defesa dele e tampouco deixado que o deputado se manifestasse quanto a provas da acusação. A Segunda Turma registrou em novembro de 2007 que o TSE havia considerado irrelevantes, para o julgamento do político, as provas por ele anexadas ao processo e as provas sobre as quais ele não se manifestou. O TSE também entendeu que as provas apresentadas contra o deputado eram sólidas o bastante. Por isso, não havia motivo para a alegação de violação do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. “A pretensão [do deputado] reduz-se a mero juízo de inconformidade com o julgamento. Não se admitem embargos de declaração de decisão em que não há omissão, contradição, obscuridade”, afirmou Barbosa.

Terça-feira, 13 de Maio de 20081ª Turma: negado pedido de abertura de ação penal contra ex-presidente Fernando

Henrique CardosoA Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por unanimidade, o Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS 25141), em que um militar pretendia abrir ação penal contra o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e seus ministros Ronaldo Sardemberg (Ciência e Tecnologia) e Celso Lafer (Relações Exteriores). Segundo o autor da ação, ao assinar com os Estados Unidos da América um acordo sobre salvaguardas tecnológicas e o uso do centro de lançamentos espaciais de Alcântara (MA), as autoridades teriam tentado submeter o país à soberania de país estrangeiro, crime previsto no artigo 142 do Código Penal Militar. O recurso foi interposto no Supremo depois que a Juíza-Auditora da Auditoria da 11ª CJM e o próprio Superior Tribunal Militar (STM) determinaram o arquivamento dos autos de recurso criminal, “originário de ação penal privada subsidiária da pública” proposta contra o ex-presidente da República e os dois ex-ministros de Estado.

Terça-feira, 13 de Maio de 20081ª Turma analisa imunidade tributária de chapas de impressão para jornais

Em razão de um empate, o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 202149 pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) foi suspenso para aguardar o voto da ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha. A questão abordada no recurso, interposto pela União contra o Grupo Editorial Sinos S/A, refere-se à aplicação da imunidade tributária em peças sobressalentes para equipamentos de preparo e acabamento de chapas de impressão offset para jornais. Segundo o relatório do ministro Carlos Alberto Menezes Direito, o Grupo Editorial Sinos S/A impetrou mandado de segurança contra ato do inspetor-chefe da alfândega do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS). A empresa alegou ter direito a isenção tributária, ou seja, não deveriam ser exigidos o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) no despacho aduaneiro de peças sobressalentes para equipamento de preparo e acabamento de chapas de impressão offset. “As peças sobressalentes para equipamento de impressão para jornais não está alcançada pela imunidade do artigo 150*, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal, como assentado na nossa jurisprudência”, disse o ministro Menezes Direito, relator da matéria. Segundo ele, os insumos diretos, como por exemplo o papel, estão absorvidos pela imunidade, mas o ministro entendeu que o caso não trata desse tipo de insumo. “É equipamento acessório; não é insumo direto”, afirmou. “A Suprema Corte já deu uma extensão com relação aos insumos diretos. Daqui a pouco nós vamos dar também isenção para material que não tem nada a ver com o processo constitucional de papel para a impressão, que é aquilo que foi determinado”, ressaltou o relator Menezes Direito, votando pelo provimento do recurso. Ele foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski.EmpateAbriu divergência o ministro Marco Aurélio, ao considerar que o recurso deve ser desprovido. “Numa interpretação teleológica do artigo 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição, o objetivo maior da norma é viabilizar, sem ônus maiores, a divulgação de idéias, da comunicação”, destacou, completando que “a imunidade conferida a livros, jornais e periódicos,  apanha todo e qualquer insumo, é mesmo ferramenta indispensável à edição desses veículos de comunicação”. O ministro Marco Aurélio apontou que a imunidade não diz respeito apenas ao produto acabado. De acordo com ele, a imunidade abrange também os insumos, o maquinário, que são indispensáveis à produção dos livros, jornais e periódicos. “Eu potencializo o objetivo maior da norma que, a meu ver, é facilitar”, concluiu. Ele entendeu que a expressão “e papel” é simplesmente exemplificativa,

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Page 7: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

pois o objetivo da norma é justamente viabilizar sem ônus maiores a publicação. O ministro Carlos Ayres Britto votou no mesmo sentido, pelo não provimento do RE. “Se a serventia da peça for exclusivamente para a impressão final, eu acho que fica alcançada pela regra da imunidade”, disse Ayres Britto. “O espírito da Constituição é esse mesmo, é favorecedor da leitura de livros, jornais e periódicos. Se essa peça sobressalente tem essa específica serventia, ou seja, a destinação é a impressão”, destacou o ministro.

Terça-feira, 13 de Maio de 20082ª Turma concede a réu o direito de recorrer em liberdade

Por  votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta terça-feira (13), Habeas Corpus (HC 91360) parcial concedido em maio do ano passado pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, a João Paulo de Jesus Ramos, para que apele em liberdade da condenação à pena de um ano e oito meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, por tráfico de drogas. O HC voltava-se contra denegação de pedido semelhante impetrado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O réu permaneceu preso por sete meses, de outubro de 2006 a maio de 2007 e, nesta condição, acompanhou a tramitação do processo em primeiro grau. Recorreu da condenação ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que indeferiu o pedido. Interpôs, então, embargos infringentes, pleiteando, alternativamente à sua libertação, o regime de progressão de pena. O pedido lhe foi negado, tanto no TJ quanto no STJ. Embora a Segunda Turma tenha autorizado que o réu possa aguardar os recursos que interpôs contra sua condenação em liberdade, a sentença proferida contra ele não foi considerada nula. 

Terça-feira, 13 de Maio de 20082ª Turma mantém ação penal por abuso de autoridade contra ex-secretário de

Segurança de SPPor votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta terça-feira (13), ordem de Habeas Corpus (HC 93224) ao ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo Saulo de Castro Abreu Filho, que  pedia o arquivamento de ação penal instaurada contra ele pelo Ministério Público paulista no Tribunal de Justiça daquele estado (TJ-SP),  por abuso de autoridade. O HC insurgia-se contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que indeferiu pedido semelhante lá formulado. A ação penal originou-se de um fato ocorrido em 14 de maio de 2005. Naquele dia, um sábado, o ex-secretário, acompanhado de sua esposa, dirigiu-se a um restaurante no bairro Itaim Bibi, na capital paulista, seguido de um carro de escolta. Ao chegar às proximidades do estabelecimento, deparou com um cavalete que interditava o trânsito naquele trecho da rua. Após se identificar, teve sua passagem autorizada. Uma vez no restaurante, o então secretário telefonou para um delegado de polícia e lhe ordenou que verificasse se não haveria algum abuso no fechamento da passagem naquele local. O delegado dirigiu-se, então, para lá e, sob alegação de desacato à autoridade, conduziu alguns transeuntes, algemados, para a respectiva delegacia de polícia. Informado do fato pelo delegado, o ex-secretário não teria dado a ordem para liberar os presos, diante da ilegalidade de sua prisão. Segundo a denúncia levantada contra ele pelo Ministério Público (MP), não havia ordem judicial para detê-los nem, tampouco, eles haviam sido presos em flagrante delito.AlegaçõesA defesa alega que o Ministério Público não tem autoridade para colher provas diretamente, sem participação da polícia judiciária, que a denúncia é inepta e carece de justa causa. Em defesa oral feita na sessão de hoje, o advogado de defesa alegou, ademais, que a investigação contra o ex-secretário foi conduzida pelo então procurador-geral do Estado, que era inimigo declarado dele e estava postulando a sua recondução ao cargo. Além disso, na coleta das provas, teria sido valorizada a declaração de um garçom do restaurante que disse ter ouvido, a dois metros de distância do secretário, que este mandou prender pessoas, uma delas o dono do próprio estabelecimento em que se encontrava. Alegou, ainda, que o ex-secretário, embora superior hierárquico da polícia, não tinha o poder de interferir na atuação do delegado. Contrariando essas alegações, tanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto os membros da Segunda Turma entenderam que o então secretário tinha, sim, ascendência sobre a polícia, tanto que chamou um delegado para investigar por que a rua estava fechada no local. Além disso, segundo o relator, ministro Eros Grau, o ex-secretário de Segurança é membro do Ministério Público estadual, e a própria Lei Orgânica do MP atribui ao procurador-geral de Justiça dar prosseguimento a inquérito em que sejam investigados membros da corporação. Tanto Eros Grau quanto o ministro Cezar Peluso afirmaram que, ao atribuir a competência de investigar delitos à Polícia Judiciária, a Constituição Federal não exclui, em hipóteses excepcionais, a atuação direta do Ministério Público,

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Page 8: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

embora com certas cautelas. E uma dessas hipóteses ocorre em relação a seus próprios membros, até porque infrações de membros do MP podem redundar em infração funcional. “Não temos base para trancar esta ação penal”, disse o ministro Cezar Peluso, acompanhando o voto do relator, ministro Eros Grau, pela denegação da ordem de HC. Segundo Peluso, no mínimo o ex-secretário tinha a obrigação de advertir o delegado de que ele estava cometendo uma ilegalidade ao prender transeuntes, visto que não tinha ordem judicial para prendê-los nem, tampouco, a prisão ocorrera em flagrante delito.

Terça-feira, 13 de Maio de 20082ª Turma do STF rejeita recurso do ex-deputado Eurico Miranda

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve nesta tarde (13) decisão da ministra Ellen Gracie que arquivou Ação Cautelar (AC 1735) proposta pelo presidente do Vasco da Gama, o ex-deputado Eurico Miranda. Ele pretendia suspender condenação criminal, determinada pela Justiça do estado do Rio de Janeiro, de seis meses de detenção, depois substituída por indenização à vítima no valor de R$ 12 mil. Para levar o caso ao colegiado da Segunda Turma, Eurico Miranda recorreu da decisão de Ellen Gracie por meio de um agravo regimental. Esse recurso é que foi negado hoje pelos ministros. Eles concordaram com o argumento da ministra segundo o qual não é possível suspender a execução de uma pena quando sequer chegou ao STF o recurso extraordinário que discute o mérito do pedido, sendo que o recurso teve ainda sua remessa negada. Eurico Miranda ainda aguarda decisão do STF em outro recurso, um Agravo de Instrumento (AI 662133), que definirá se a Corte analisará ou não o recurso extraordinário do ex-deputado. Somente uma decisão favorável a ele no agravo de instrumento possibilitará que o Supremo venha a suspender a execução da pena. O agravo está sob análise do ministro Joaquim Barbosa.

Terça-feira, 13 de Maio de 20081ª Turma: economista condenado por assassinar a mãe vai permanecer preso

Condenado a 15 anos de prisão por assassinar a própria mãe em 1985, na cidade de Niterói (RJ), o economista Roberto Alves Menezes não teve sucesso em seu pedido de liberdade ao Supremo Tribunal Federal (STF). Por maioria, a Primeira Turma não conheceu (arquivou) o Habeas Corpus (HC 93673), impetrado em favor do economista para que ele pudesse recorrer da sentença em liberdade. A defesa alegava excesso de prazo na prisão preventiva. Mas o relator, ministro Ricardo Lewandowski, salientou que Roberto já foi condenado pelo Tribunal do Júri, e que além disso o juiz, ao proferir a sentença condenatória, confirmou que os motivos da prisão preventiva, constantes do artigo 312 do Código de Processo Penal, persistiam valendo e por isso manteve sua custódia. De acordo com o advogado de defesa, Roberto está preso provisoriamente há quatro anos e onze meses, no Hospital Penitenciário Heitor Carrilho, depois de ter sido declarado indefeso, com instauração de incidente de insanidade Mental.

Terça-feira, 13 de Maio de 20081ª Turma encaminha para Plenário habeas que discute se MP pode propor ação em

crimes contra vítimas pobresÉ possível o conhecimento de habeas corpus que discute decisão tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em ação diferente da que é questionada? E o Ministério Público, pode propor ação pública condicionada [mediante representação da vítima], em casos de crime contra os costumes – a exemplo do estupro – praticado contra vítima pobre? Ao se deparar com essas duas questões durante o julgamento do Habeas Corpus (HC) 92932, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu encaminhar a ação para análise do Plenário da Corte. Para a defesa de M.R.S. e W.P.S., condenados a sete anos de prisão pelo crime de estupro, a Constituição Federal de 1988 teria consagrado que cabe à Defensoria Pública a legitimidade para agir em nome de vítimas pobres. O artigo 225, parágrafo 1º, inciso I, do Código Penal, que trata da legitimidade do MP para propor a ação penal quando a vítima não tem condições de prover sua defesa, disse a advogada, não teria sido recepcionado pela Carta Magna. Dessa forma, a ação contra seus clientes não poderia ter sido proposta pelo Ministério Público, mesmo que tenha havido a representação da vítima. Entretanto, a Súmula 608 do STF, conforme lembrou o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, diz que no crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada [independente de representação da vítima] e, portanto, de competência do Ministério Público. A questão da legitimidade para propor a ação penal foi motivo de um Habeas Corpus (HC 64250) impetrado no STJ pela defesa dos condenados, mas a Corte superior negou o pedido. No habeas que começou a ser julgado hoje pela Primeira Turma, a defesa questiona, contudo, a decisão do STJ em outro habeas (HC 60845). Os ministros decidiram, então, encaminhar

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Page 9: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

para o Plenário a discussão sobre a possibilidade de conhecimento de ação que contesta outras decisões de cortes superiores, e não apenas do ato questionado.O casoM.R.S. e W.R.S. teriam sido presos em flagrante, em agosto de 2005, pelo crime do artigo 213, do Código Penal (estupro). A sentença condenatória da Primeira Vara Criminal de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo, aplicou a ambos pena de sete anos de reclusão, em regime integralmente fechado, negando o direito de apelarem em liberdade, sob o fundamento de que permaneceram sob custódia cautelar durante toda a instrução criminal. Em recurso impetrado no STJ, a defesa conseguiu mudar o regime, de integralmente para inicialmente fechado, para permitir a progressão da pena.

Terça-feira, 13 de Maio de 20082ª Turma do STF aplica princípio da insignificância em tentativa de furto em

supermercadoPor unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu Habeas Corpus (HC 92744) impetrado pela Defensoria Pública da União (DPU) em favor de M.C.J., acusado de tentar roubar, em um supermercado, mercadorias no valor de R$ 86,50. Os ministros aplicaram ao caso o princípio da insignificância. O relator do habeas corpus, ministro Eros Grau, acolheu parecer do Ministério Público Federal (MPF), que opinou pela concessão do pedido. Segundo o MPF, tem-se no caso a “mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o baixo grau de reprovabilidade social do comportamento [do acusado] e a ausência de lesão jurídica, posto que, além de pequeno valor, os objetos furtados foram restituídos”.HistóricoM.C.J. foi condenado pela justiça de primeira instância do Rio Grande do Sul a dez meses e quinze dias de reclusão por furtar um punhal, sete cadeados e um condicionador para cabelos de um supermercado. Os objetos, avaliados em R$ 86,50, foram devolvidos. A Defensoria Pública recorreu da condenação ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), que reconheceu no crime “a falta absoluta de potencialidade ofensiva à ordem social ou econômica”. O Ministério Público do Rio Grande do Sul, por sua vez, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que afastou a aplicação do princípio da insignificância, cassou a decisão do TJ-RS e restabeleceu a sentença da primeira instância. Com a decisão da Segunda Turma do STF, o processo contra M.C.J. será arquivado e a condenação, anulada.

Terça-feira, 13 de Maio de 2008Soldado condenado por uso de maconha tem liminar negada no STF

A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu o pedido de liminar da Defensoria Pública da União no Habeas Corpus (HC) 94583, para que fosse aplicado o princípio da insignificância e, conseqüentemente, suspenso o processo contra o soldado M.S.L., condenado pelo porte de 8,24 gramas de maconha. O soldado foi condenado a um ano de prisão, no Mato Grosso do Sul, decisão que foi mantida por todas as instâncias da Justiça Militar, relata o defensor. Mas, para ele, a conduta do militar, além de não constituir crime, teria gerado dano irrelevante. O defensor acredita que deveria ser aplicado, ao caso, o disposto na nova Lei de Tóxicos (Lei 11.343/06) – que não prevê a aplicação de pena privativa de liberdade para o usuário de drogas. Além do pedido de liminar para suspender o curso do processo até o julgamento final do habeas corpus, a Defensoria pede para que, no mérito, seja anulada a condenação do soldado. A tipificação diferenciada dos crimes militares está prevista no artigo 124, parágrafo único, da Constituição Federal, lembrou a relatora, ministra Ellen Gracie, em sua decisão. “Assim, mostra-se possível o tratamento diferenciado do crime militar de posse de substância entorpecente pelo artigo 290, do Código Penal Militar, que não sofreu alteração pela superveniente [posterior] edição da Lei 11.343/06”, disse a relatora. “É firme a orientação dessa Corte quanto à inadmissibilidade de reconhecimento do “princípio da insignificância ou crime de bagatela quanto a crime de posse e de uso de substância entorpecente”, concluiu a ministra ao negar o pedido de liminar.

Terça-feira, 13 de Maio de 2008Arquivado HC de estagiário que pedia o fim de “perseguição” de ex-companheira e

contestava Lei Maria da PenhaO ministro Celso de Mello arquivou Habeas Corpus (HC 93470) impetrado, no Supremo Tribunal Federal (STF), em favor do estagiário de Direito A.S.S. No habeas, a defesa pedia o arquivamento

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Page 10: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

de ações penais em curso contra ele e a revogação de despacho da juíza substituta do Juizado da Violência Doméstica Familiar contra a Mulher (mais conhecida como Delegacia da Mulher, em Brasília). No pedido protocolado no STF, A.S.S. contestava decisão da relatora de pedido semelhante formulado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou liminar, sob o argumento de que a Súmula 691, do STF, veda o conhecimento de habeas corpus impetrado contra decisão do relator de tribunal inferior que indefere a liminar requerida em outro HC lá impetrado. Essa referência era ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), onde relator de pedido semelhante também havia negado liminar. Para o relator, “o exame dos fundamentos em que se apóia a decisão ora impugnada nesta ação - que se ajusta, integralmente, à orientação jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou a propósito da matéria em análise - inviabiliza o próprio conhecimento da pretensão deduzida”. Isto porque, segundo Celso de Mello, a decisão do STJ entendeu que deveria ser aplicada a Súmula 691, do STF. Ao citar alguns julgados, entre eles os HCs 85185, 86634, 86864, o ministro ressaltou que o Supremo, ainda que em caráter extraordinário, tem admitido o afastamento da súmula. Conforme ele, tal fato ocorreria “em hipóteses nas quais a decisão questionada divirja da jurisprudência predominante nesta Corte ou, então, veicule situações configuradoras de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade”. Entretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar, em um primeiro momento, situação de flagrante ilegalidade, “cuja ocorrência, uma vez positivada, terá o condão de afastar, excepcionalmente, na linha da jurisprudência desta Suprema Corte, a incidência da Súmula 691/STF”. Por outro lado, o relator salientou que Supremo firmou entendimento “no sentido de repelir a possibilidade jurídico-processual de determinado tribunal vir a ser prematuramente substituído pelo Supremo Tribunal Federal ou, como ocorreu no caso, pelo Superior Tribunal de Justiça”. Assim, Celso de Mello arquivou os autos, ao entender que a decisão questionada ajusta-se à orientação firmada pelo STF, “o que inviabiliza o próprio conhecimento da pretensão deduzida na presente sede processual, na linha de reiterados pronunciamentos emanados de eminentes Ministros desta Corte, em contexto idêntico ao que ora se examina nesta causa”.

Terça-feira, 13 de Maio de 2008Arquivado HC de acusado de fraude em licitações em município do RJ

Alex Pereira Campos, ex-procurador-geral da prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ), teve pedido de Habeas Corpus (HC 94581) arquivado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. O ex-procurador é acusado de envolvimento em fraudes de licitações públicas. Preso desde março em conseqüência da “Operação Telhado de Vidro”, da Polícia Federal, Alex Campos pleiteava o direito de responder em liberdade à ação penal movida contra ele pelo Ministério Público Federal (MPF). O pedido de liberdade foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e, posteriormente, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).ArquivamentoAo examinar o pedido, o ministro Celso de Mello decidiu pela aplicação da Súmula 691 que veda ao Supremo Tribunal Federal analisar habeas corpus impetrado contra decisão liminar negada por ministro de tribunal superior, a não ser em situações de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, o que não foi verificado no caso, de acordo com o relator. Para o ministro, a aplicação da súmula evita a possibilidade de supressão de instância ao impedir que o STJ seja “prematuramente substituído” pelo Supremo. Celso de Mello arquivou a ação por entender que “é inviável o próprio conhecimento da pretensão deduzida na presente sede processual, eis que não se registra, na espécie, situação de flagrante ilegalidade”.

Segunda-feira, 12 de Maio de 2008Deferido habeas corpus para acusado de assalto a agência do Banco do Brasil

O comerciante M.P.S.L., acusado de ter assaltado a agência do Banco do Brasil em Afogados da Ingazeira (PE), em julho de 2005, teve seu pedido liminar deferido no Habeas Corpus (HC) 94179 para responder ao processo em liberdade. A liminar foi concedida pelo relator, ministro Cezar Peluso, “determinando a expedição de contramandado de prisão em favor do paciente [o acusado], para que, solto, aguarde o julgamento definitivo deste habeas corpus ou o trânsito em julgado de eventual condenação”, se por outro motivo não estiver preso.Acusado dos crimes de seqüestro (artigo 148, parágrafo 2º, do Código Penal), roubo mediante ameaça por arma de fogo (artigo 157,

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Page 11: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

CP), formação de quadrilha (artigo 288, CP) e porte ilegal de arma, inclusive de uso restrito (artigos 14 e 16 da Lei 10.826/03), M.P.S.L., que está foragido há três anos, negava a autoria e afirmava possuir álibi. Segundo ele, na data do crime, ele não se encontrava em Pernambuco, mas sim em São Paulo. Em sua decisão, o ministro Cezar Peluso alegou que o STF “cansa-se de decidir que a prisão cautelar, motivada pela gravidade do delito, padece de defeito evidente e intransponível, porque tal razão é inábil a sustentar o decreto de prisão preventiva”. Alegou, ainda, que o STF “tem afirmado, reiteradamente, que é ilegal o decreto de prisão preventiva que, a título de resguardo da instrução criminal, não indica fatos capazes de justificar temor desse risco”. Concluiu, assim, não existir motivo para a prisão preventiva.

Segunda-feira, 12 de Maio de 2008Ministro mantém nomeação de membro do Conselho Consultivo da Anatel

O ministro Eros Grau indeferiu liminar no Mandado de Segurança (MS) 27270 impetrado pela Federação Brasileira de Telecomunicações (Febratel). O mandado contesta ato do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que designou Ricardo Lopes Sanches para exercer função de membro do Conselho Consultivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Febratel alega que, apesar de Ricardo Sanches ter assumido a função como representante da classe de prestadores de serviços de telecomunicações, ele não é representante dessas entidades, pois “é oriundo e representa entidades de classe com interesses estruturalmente conflitantes” com as entidades mencionadas. Argumenta que o conselheiro foi indicado pela Associação Brasileira de Pequenos Provedores da Internet e Telecomunicações (Abrappit), da qual é presidente e sócio fundador. Dessa forma, segundo os advogados, o empresário “atua de fato e de direito na defesa dos interesses dos pequenos provedores da internet”. Os advogados da Febratel pediam a concessão da liminar, determinando a suspensão da eficácia do Decreto de 10 de março de 2008 que nomeou Ricardo Sanches como membro do Conselho Consultivo da Anatel, com o “necessário afastamento” do cargo. No mérito, pedem concessão da ordem para “o fim de que seja declarada a ilegalidade do Decreto ora impugnado e, por conseqüência, invalidada a designação do conselheiro Ricardo Lopes para o Conselho Consultivo da Anatel”.

DecisãoInicialmente, o ministro-relator, Eros Grau, lembrou que a concessão de medida liminar em mandado de segurança “pressupõe a coexistência da plausibilidade do direito invocado e do receio de dano irreparável pela demora no deferimento da ordem”. Segundo o relator, o decreto presidencial foi publicado no Diário Oficial da União de 11 de março de 2008, e o MS impetrado na véspera da primeira reunião ordinária do Conselho Consultivo. O ministro ressaltou também que a nomeação de membro componente de conselho consultivo de agência reguladora é atribuição de competência privativa do presidente da República, conforme o artigo 84, inciso XIV, da Constituição Federal. “A nomeação de agentes públicos pelo Presidente da República é livre, dentro dos limites legais e constitucionais. Ao Supremo cabe analisar apenas se a liberdade de escolha do Presidente da República não transpôs as vedações do ordenamento, o que será possível somente após a completa instrução deste mandado de segurança”, destacou o relator. Assim, o ministro Eros Grau indeferiu o pedido de medida liminar, “sem prejuízo de sua reapreciação após a vinda das informações”.

Sexta-feira, 09 de Maio de 2008Ministra Ellen Gracie nega habeas corpus a PM preso por associação ao tráfico de drogasA ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), aplicou a Súmula 691/STF para negar o Habeas Corpus (HC) 94613, impetrado pelo soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro J.D.M. no Supremo Tribunal Federal (STF). O PM  pedia o reconhecimento do direito de responder em liberdade a ação penal que lhe é movida pelo Ministério Público (MP) na 33ª Vara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro, sob acusação de associação ao tráfico. A Súmula 691 veda a concessão de HC impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar. Neste caso, trata-se de decisão do ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que indeferiu pedido semelhante pleiteado naquele tribunal.O crimeNo pedido de habeas corpus consta que J.D.M., lotado no 6º Batalhão da PM (Tijuca), supostamente se associou a um bando que se dedicava ao tráfico, cabendo a ele colocar drogas dentro de eventos, especialmente "raves" (festas com música eletrônica). E fazia isso sem que fosse revistado pelos seguranças, usando sua carteira de policial. Preso temporariamente em 21 de dezembro de 2007, J.D.M. teve convertida a prisão em preventiva desde 15 de fevereiro de 2008,

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Page 12: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

quando o juízo de primeiro grau aceitou denúncia oferecida contra ele pelo MP, sob acusação de associação ao tráfico (artigo 35, caput, da Lei 11.343/06). Dessa decisão, ele recorreu, em vão, com HCs impetrados no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo o pedido negado agora pelo STF. Alega que é primário e tem bons antecedentes e que o decreto de prisão preventiva tem fundamentação precária, com isso infringindo o disposto no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. O TJ-RJ  considerou a decisão do juízo de primeiro grau “satisfatoriamente fundamentada”. No mesmo tom, o ministro Félix Fischer, do STJ, entendeu que “restaram suficientemente comprovadas, nos autos, as circunstâncias ensejadoras da custódia cautelar, não havendo que se falar, em princípio, em ilegalidade de prisão do paciente”.DecisãoNo STF, além de aplicar a Súmula 691, a ministra Ellen Gracie confirmou o acerto da decisão do ministro Félix Fischer de negar pedido semelhante. “A participação dos denunciados em delito grave, ou seja, a associação para o tráfico ilícito de entorpecentes, que é o grande responsável pela escalada sem medida da violência na sociedade, assombra a população em geral, demandando resposta enérgica dos poderes constituídos, notadamente do Judiciário, para combate efetivo à guerra civil não declarada que é causada pelos integrantes do narcotráfico e, também, como forma de proteção da ordem pública e da paz social”, afirmou o ministro do STJ. Ele lembrou, ademais, que o crime imputado a J.D.M. e a outros indiciados no mesmo processo foi praticado reiteradamente, denotando organização na divisão de tarefas na conduta delituosa. Segundo ele, portanto, “a liberdade dos indiciados não se revela conveniente à ordem pública”, citou Ellen Gracie.  Contrapondo os argumentos da defesa, a ministra Ellen Gracie considerou que “a decisão guerreada apresenta fundamentação idônea, não havendo motivo para o afastamento da orientação desta corte”. Segundo ela, o ministro Félix Fischer “agiu com prudência ao não deferir a liminar pretendida pelo impetrante”.

Sexta-feira, 09 de Maio de 2008Acusado de participar de homicídio de líder sindical em 2001 não consegue liberdade

A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de liminar no Habeas Corpus (HC 94619) impetrado pelo advogado do cobrador J.C., acusado de auxiliar na fuga de um dos suspeitos de assassinar o presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Guarulhos (SP), em 2001. O cobrador foi preso preventivamente pela suposta participação no crime, que, segundo as investigações da polícia, foi motivado por divergências políticas. De acordo com o advogado, o juiz pronunciou o acusado e decretou sua prisão preventiva, alegando que J.C. estaria foragido. Para o defensor, contudo, seu cliente não compareceu ao interrogatório porque não foi devidamente intimado. A intimação do cobrador foi feita por edital e por carta precatória, mas o endereço constante da carta não era da residência de J.C., salienta o advogado. O oficial de justiça, então, respondeu ao juiz que o acusado estaria em lugar incerto e não sabido. O defensor explica que, quando seu cliente tomou conhecimento de que fora denunciado, sua prisão preventiva já estava decretada. O cobrador não foi interrogado, “não tendo concorrido com culpa para a referida omissão”, salienta a defesa, que lembra jurisprudência no sentido da nulidade do processo em que o acusado não é interrogado. O advogado pede a revogação da prisão preventiva e o reconhecimento da nulidade do processo, desde a publicação do edital e do envio da carta precatória.DecisãoPara a ministra, contudo, “a circunstância de ter sido ordenada a citação por edital sem o prévio retorno da carta precatória expedida para o chamamento do paciente [o acusado] ao processo, com efeito, não gerou qualquer vício, eis que verificou-se que, nos endereços conhecidos, o paciente não foi encontrado”. O decreto de prisão preventiva, disse a ministra, deveu-se ao fato de J.C. ter permanecido alheio aos atos processuais, mesmo sabendo do processo. Ela cita trecho da decisão do relator do habeas impetrado no STJ, em que se afirma que o cobrador sabia da acusação, “haja vista ter sido preso anteriormente e ter constituído defensor”.

Sexta-feira, 09 de Maio de 2008Servidor do Ministério Público quer continuar exercendo a advocacia

O advogado Daniel Andrade Rangel ingressou com Mandado de Segurança (MS 27295) no Supremo Tribunal Federal (STF) para continuar atuando como servidor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e exercendo a advocacia no estado. Ele pede que a Corte declare a inconstitucionalidade da Resolução 27, do Conselho de Nacional do Ministério Púbico (CNMP), que em março de 2008 impediu o exercício da advocacia pelos servidores do MP dos estados e da União. Rangel diz que tem “direito líquido, certo, e, acima de tudo, adquirido, ao livre exercício da advocacia”. Segundo

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Page 13: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

ele, esse direito foi conquistado “legitimamente, através dos meios legais existentes”. Rangel argumenta que o CNMP não poderia, por meio de uma “mera resolução”, restringir direitos e cercear o livre exercício da profissão de advogado. Para ele, a Resolução 27 é inconstitucional porque o CNMP não tem competência para editar resolução desse tipo, que afronta os princípios do devido processo legal e da legalidade. Ainda de acordo com Rangel, o cargo de técnico (nível médio) que ele ocupa no MP do estado do Rio de Janeiro não é incompatível com o exercício da advocacia. Outro motivo para que o STF declare a resolução do CNMP ilegal. Rangel pede a concessão de liminar para que ele possa continuar advogando, até o julgamento final do mandado de segurança. O relator é o ministro Eros Grau.

Sexta-feira, 09 de Maio de 2008Procurador-geral da República questiona nova classificação da promotoria de Tubarão

(SC)O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4075, com pedido de medida cautelar, para questionar a emenda parlamentar que reclassificou a Promotoria da Justiça da comarca de Tubarão, no estado de Santa Catarina, da entrância final para a entrância especial. A alteração foi estabelecida pela Lei Complementar 399/2007, resultado de emenda a projeto de lei encaminhado pelo Ministério Público de Santa Catarina à Assembléia Legislativa do estado, que incluiu a expressão “e Tubarão” na lei. Para o procurador-geral, a Assembléia catarinense desrespeitou dispositivos da Constituição Federal (CF) que assegura autonomia funcional e administrativa ao Ministério Público. O artigo 127, parágrafo 2º, da CF, dá ao Ministério Público o direito de propor ao Poder Legislativo lei que disponha sobre sua organização e funcionamento. No entanto, afirma que, mesmo a Constituição prevendo a competência do Legislativo para realizar emendas em projetos de lei, essa iniciativa “não é ilimitada”, a própria Constituição a restringe (artigo 63, incisos I e II da CF). “Não pode a Assembléia Legislativa substituir-se ao Ministério Público do estado e acrescentar comarca na lista daquelas que haveriam de ter, segundo deliberação do MP, a entrância elevada”, alega o procurador-geral. Na cautelar, pede-se a suspensão da eficácia da expressão “e Tubarão” incluída na Lei Complementar 399/2007 pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina  e, no mérito, que seja declarada inconstitucional a elevação da comarca.O relator é o ministro Joaquim Barbosa.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Passe livre em transporte interestadual é mantido pelo Supremo

A Lei Federal 8.899/94, que concede passe livre no sistema de transporte coletivo interestadual às pessoas carentes portadoras de necessidades especiais, foi declarada constitucional pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2649. A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Interestadual, Intermunicipal e Internacional de Passageiros (Abrati), autora da ação, alegava que, ao instituir o passe livre, a lei não indicou fonte correspondente de custeio, o que considerou um verdadeiro confisco por parte do estado no domínio privado, e menosprezou o princípio da livre iniciativa, em desrespeito à Constituição. Questionava, também, que o transporte rodoviário gratuito tem natureza jurídica de serviço assistencial, incidindo sobre ele as regras de custeio contidas no artigo 195 da Constituição, que obriga a indicação da origem dos recursos necessários ao seu desenvolvimento.VotoA relatora da ADI, ministra Cármen Lúcia, afirmou que o artigo 170, caput, da Constituição, dispõe ser a ordem econômica fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa para o fim de assegurar a todos a existência digna. Considerou, também, não se tratar de criação de um benefício sem fonte de custeio, pois o artigo 195, parágrafo 5º, da Constituição, refere-se a benefícios com ônus direto a ser suportado pelos cofres públicos. “A busca de igualdade de oportunidades e possibilidades de humanização das relações sociais determina a adoção de políticas públicas a fim de que se amenizem os efeitos das carências de seus portadores”, ressaltou a ministra ao justificar a manutenção do passe livre. “Toda sociedade, não apenas o estado, tem obrigação de adotar medidas e providências para incluir todos esses portadores no que seja compatível com suas condições”, destacou a ministra relatora ao lembrar as providências que já foram tomadas pela sociedade e pelo estado para integrar o portador de necessidades especiais à sociedade, como: reserva de vagas em estacionamentos públicos, isenção de tributos para aquisição de veículos, prioridade no atendimento em órgãos públicos, dentre outras. Lembrou também que o Brasil assinou, em março de 2007, na sede da ONU, em Nova York, uma convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais, bem como o seu protocolo que

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Page 14: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

se encontra em tramitação no Congresso. Nesse sentido, ela considera que os países que vierem a ratificar esse tratado “têm a obrigatoriedade de implementar medidas para dar efetividade ao que foi ajustado”, ao citar a Lei 8.899. “Foi com vista aos direitos fundamentais dessas pessoas que o legislador brasileiro elaborou a Lei 8.899/94”, ao afirmar não haver contrariedade entre o que foi constitucionalmente estabelecido e a norma legal questionada. Quanto à alegação da Abrati sobre o ônus que as passagens dos portadores de deficiência (dois lugares em cada transporte) teriam que ser assumidos pelas empresas transportadoras, a relatora também rebateu o argumento, pois, segundo Cármen Lúcia, apresentaram apenas estimativas de cálculo de um possível prejuízo. “Falharam na matemática, quando não fosse bastante falhar no Direito. Ademais, os ônus decorrentes de qualquer prestação de serviço público são repassados aos usuários pagantes, e não suportados pelas empresas como pretendem fazer crer”. Dessa forma, ficou garantido o passe livre para os portadores de deficiência carentes nos moldes da Lei 8.899/94.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Presidência terá setor responsável por analisar correspondências dirigidas ao STF

Em sessão administrativa realizada no início da noite desta quinta-feira (8), os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram a criação de um setor específico responsável por receber e analisar correspondências do público, dirigidas ao Tribunal. A estrutura será instalada na Presidência da Corte que pretende, assim, estabelecer um novo canal de comunicação com os cidadãos.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Ministro nega busca e apreensão de armas, munições e explosivos na terra indígena

Raposa Serra do SolFoi indeferido pelo ministro Carlos Ayres Britto pedido da União e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a expedição de mandado de busca e apreensão de armas, munições e explosivos na terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A decisão ocorreu na análise de uma petição protocolada na Ação Cautelar (AC) 2009. O processo foi ajuizado pelo governador de Roraima para que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinasse à União a suspensão de qualquer operação para retirar não-índios da área indígena Raposa Serra do Sol – principalmente a Operação Upatakon 3, da Polícia Federal. Na petição juntada ao processo, a União e a Funai pediam que o Supremo concedesse mandado de busca e apreensão que autorizasse o ingresso da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública nas fazendas ocupadas pelos não-índios, a fim de recolher armas que estivessem na posse dos fazendeiros. Isso porque, conforme a União e a Funai, no dia 6 de maio de 2008, dez indígenas foram feridos, sendo três em estado grave, por prepostos da Fazenda Depósito, ocupada pelo agricultor Paulo César Quartiero. Tal fato teria ocorrido quando as vítimas se aproximaram, pacificamente, dos limites do mencionado imóvel, “com o objetivo de construir casas e malocas onde seriam acomodadas famílias indígenas”. Para as requerentes, a aproximação não significa descumprimento da decisão proferida na AC 2009. Porém, o ataque violento que os índios sofreram justificaria a medida, para assegurar a integridade deles próprios.Decisão“As requeridas de ontem pegaram carona num processo já em curso para atuarem positivamente, na ofensiva”, disse o ministro Carlos Ayres Britto, ao explicar que na petição houve inversão das partes nos pólos ativo e passivo. “O pedido consubstancia uma cautelar (busca e apreensão) dentro de outra cautelar (inominada), afirmou. O ministro entendeu que, pela natureza do pedido, a competência processual é da Justiça Federal de Roraima, conforme entendimento do Supremo no julgamento da Reclamação 2833. Na ocasião, o Plenário entendeu não caber à Corte julgar questões relativas a ameaças a indígenas, ou seja, fato que não trata especificamente da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol. “Com base nessa decisão, vários inquéritos, que tratam de assunto semelhante (ameaça a indígenas), foram devolvidos à primeira instância, face à incompetência desta colenda Corte. Cito, como exemplos, as Petições 3803 e 3777”, lembrou Ayres Britto. O relator observou que, possivelmente, o pedido perdeu o objeto, em decorrência da recente apreensão de armas na região, noticiada pela imprensa. “Ademais, segundo o artigo 144, da Constituição Federal, e o Decreto 4.412/2002, compreendem-se no exercício das atribuições da

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Page 15: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Polícia Federal as atividades relacionadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, ressaltou. Ao considerar que o presente pedido abrange todas as armas, munições e explosivos que se encontram nas localidades dentro da terra indígena Raposa Serra do Sol, o ministro Carlos Ayres Britto entendeu que a medida deveria alcançar também as armas eventualmente utilizadas pelos próprios indígenas. “Mesmo porque é pública e notória a animosidade recíproca, na região, entre índios e não-índios, cada parte ameaçando a outra com a ‘lei da força’ e não com a ‘força da lei’”, disse. Ayres Britto destacou que o próprio documento juntado pelas requerentes “põe em dúvida o caráter pacífico da ‘aproximação’”. Segundo ele, o documento é um relatório do coordenador-geral de Assuntos Fundiários da Funai, que menciona que as lideranças indígenas “iniciaram o processo de reocupação de suas terras tradicionais dentro do perímetro demarcado em 1988 e homologado em 2005 e ocupadas, pós 1992, por rizicultores”.“As próprias lideranças envolvidas no litígio – em quem se presume um certo nível de esclarecimento – resolveram fazer justiça por conta própria, sem aguardar o pronunciamento definitivo do Poder Judiciário. Certamente, não é uma atitude que mereça o beneplácito desse mesmo Poder”, concluiu o relator.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008STF arquiva inquérito contra ex-prefeita Marta Suplicy relativo ao RELUZ

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal arquivou, nesta quinta-feira (08), o Inquérito (INQ) 2591, instaurado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPESP) contra a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy em atendimento a notícia-crime formulada pelo ex-deputado Alberto Goldman (PSDB-SP). O ex-parlamentar acusava Marta de ter ultrapassado os limites ordinários de endividamento do município da capital paulista, ao firmar com a AES-Eletropaulo, em fevereiro de 2004, um contrato aditivo no âmbito do Programa Nacional de Iluminação Pública (Reluz). A representação foi baseada em denúncia do Ministério da Fazenda ao Senado Federal, segundo a qual a capital paulista teria infringido a Resolução nº 43/01, do Senado, que estabelece normas para operações de crédito interno e externo de estados, do Distrito Federal e dos municípios. Os demais ministros acompanharam o voto do relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, que adotou o parecer do Ministério Público Federal (MPF) pelo arquivamento do processo. Segundo o MPF, a Lei nº 11.131 (autoriza a União a prestar auxílio financeiro aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios), que alterou a Medida Provisória (MP) 2.185-35/2001, admite que as operações de crédito relativas ao Reluz não se submetem aos limites ordinários de refinanciamento das dívidas dos municípios.InquéritoA representação que motivou o inquérito sustentava que o Município de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy, teria realizado, sem a prévia autorização da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), operação de crédito relativa ao Reluz por meio de aditivo contratual. Esse aditivo estaria, também, em desacordo com o artigo 32 da Lei Complementar nº 101/2000 (estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal), e a mencionada Resolução 43/2001, do Senado Federal. No parecer encaminhado ao STF, o MPF lembra que o aditivo contratual impugnado deveria atender ao disposto no art. 32, da Lei Complementar nº 101/2000, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Entretanto, observa,“em momento posterior, foi editada a Lei nº 11.131/2005, cujo artigo  10 alterou o artigo. 8º da MP nº 2185-35/2001, excluindo as operações de crédito relativas ao Programa Reluz das exigências contidas no referido dispositivo”. Ainda segundo o MPF, “tanto o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) quanto a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado concluíram não ter o aludido aditivo configurado uma operação de crédito”. Dessa forma, afirma que a conduta da investigada “afigura-se atípica, por não se subsumir às elementares operações de crédito, ou aberturas de crédito, previstas no art. 359-A, do Código Penal, e no art. 1º, XVII e XX, do Decreto-Lei 201/67. Assim, concluiu o MPF que “não há materialidade delitiva para a propositura de eventual ação penal”. Conforme o entendimento pacificado do STF, o pedido de arquivamento do inquérito feito pelo procurador-geral da República é irrecusável.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Arquivada denúncia contra deputado Ciro Nogueira por prevaricação

Por cinco votos a dois, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou nesta tarde (8) denúncia (INQ 2191) oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI), pela suposta prática de prevaricação (quando agente ou funcionário público deixa de cumprir sua função para satisfazer interesse pessoal). O parlamentar foi acusado de, na condição de quarto

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Page 16: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

secretário da Câmara dos Deputados e responsável pela Coordenação de Habitação da Casa, acobertar ex-deputados que moravam irregularmente em apartamentos funcionais da Câmara. Segundo a denúncia, Ciro Nogueira teria sido movido pela “inequívoca amizade traduzida no companheirismo, no `espírito de corpo´, no coleguismo, alimentados ao longo do exercício da atividade parlamentar”. O relator do inquérito, ministro Carlos Ayres Britto, e os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie concordaram que o MPF não indicou de forma convincente o interesse pessoal que teria movido o deputado a não desocupar os apartamentos. Os dois ministros que votaram pelo recebimento da denúncia foram Cezar Peluso e Marco Aurélio. Ayres Britto afirmou que não seria adequado receber a denúncia “com base em presunção de amizade”. Ele acrescentou que o deputado chegou a tomar providências administrativas no caso e que 17, dos 19 apartamentos, acabaram sendo desocupados. O deputado teria sido omisso ao não comunicar o problema à Advocacia Geral da União (AGU), responsável pelo ajuizamento de ação de reintegração de posse dos apartamentos.Segundo Ayres Britto, o caso “parece traduzir negligência no trato da coisa pública, que configura ilícito administrativo”. O ministro esclareceu que o deputado já responde a ações de improbidade administrativa sobre as supostas ilegalidades. Para Menezes Direito, “a mera referência ao coleguismo ou ao corporativismo não é elemento bastante para justificar o recebimento da denúncia”. O ministro afirmou que o denunciado exerceu a função que lhe cabia ao encaminhar o caso pela via administrativa. Ellen Gracie observou que o deputado se valeu de “procedimentos suasórios [persuasivos], ao invés de buscar solução judicial” para resolver o caso, iniciativa estimulada pelo próprio STF. Ela citou o Movimento de Conciliação, lançado pela Corte com o objetivo de retirar do Judiciário questões que possam ser resolvidas fora dele.DivergênciaO ministro Cezar Peluso rebateu o argumento de Ayres Britto de que o parlamentar teria cometido uma negligência. Para Peluso, como o deputado foi reiteradamente instado a agir por funcionário da direção da Coordenação de Habitação da Câmara, por meio de ofícios que alertavam para a situação irregular nos apartamentos, o fato de ele não ter atuado indica que houve “presunção de satisfação de interesse pessoal”. Peluso acrescentou que a apuração da existência do dolo — do interesse pessoal que teria movido o parlamentar — deveria ocorrer no curso do processo, e não no momento do recebimento da denúncia. “Estamos rompendo com jurisprudência tradicional na casa", que, segundo ele, não exige a demonstração da vontade com que agiu o denunciado no momento do recebimento da denúncia. Marco Aurélio concordou. Para ele, a denúncia demonstra que houve “resistência” do deputado, que foi alertado reiteradamente a encaminhar o caso para a AGU. Ele acrescentou que, nessa fase do processo, basta que a narração da denúncia englobe o elemento subjetivo. “A denúncia transcreve ´n` provocações feitas junto àquele que tinha o poder e o dever de tomar providências.”Majoração da penaDurante o julgamento, os ministros discutiram a aplicação do parágrafo 2º do artigo 327 do Código Penal, que majora a pena e amplia o tempo de prescrição de crimes cometidos por funcionários públicos que exercem cargos comissionados ou função de direção ou assessoramento. A controvérsia era sobre a aplicação do dispositivo também para agentes públicos. Por seis votos a um, os ministros decidiram que o dispositivo vale para agentes públicos que exerçam cargos de direção e coordenação. Com isso, Ciro Nogueira, como quarto secretário da Câmara dos Deputados, estaria enquadrado no dispositivo, fato que influenciaria no prazo de prescrição do crime e em uma eventual condenação do parlamentar. “Não concebo que servidor público [que exerça cargo em comissão] fique sujeito ao aumento da pena e que o agente público não. Seria um paradoxo.”, disse o ministro Marco Aurélio, primeiro a defender a aplicação do dispositivo também a agentes públicos. Ele foi acompanhado pelos ministros Cezar Peluzo, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Ellen Gracie e pelo próprio relator do inquérito, Carlos Ayres Britto, que evoluiu seu entendimento e mudou de posição ao longo das discussões. Segundo Ayres Britto, o artigo 327 “realmente amplia o conceito de funcionário público”, incluindo também os agentes políticos.O único a discordar foi o ministro Menezes Direito. Para ele, não é possível equiparar cargo eletivo de parlamentar à noção de funcionário público. “Não equiparo o parlamentar a funcionário público.”  

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Súmula Vinculante nº 5: STF assegura legalidade das mais de 1700 demissões no

serviço público desde 2003“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. Com a aprovação, ontem (07), da sua 5ª Súmula Vinculante, o Supremo Tribunal

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Page 17: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Federal (STF) pacificou o entendimento do poder Judiciário em um tema que envolve mais de 25 mil processos em tramitação no poder Executivo Federal desde 2003, confirmando e ao mesmo tempo trazendo segurança jurídica às decisões já tomadas, ou em vias de serem proferidas. De acordo com informações da Controladoria-Geral da União (CGU), esse foi o número de processos administrativos disciplinares (PADs) instaurados no âmbito do poder Executivo, entre 2003 e 2007. Ao manter o entendimento de que a ausência da defesa em PAD não é ilegal, os ministros do STF evitaram que 1711 processos já concluídos em diversos órgãos públicos - e que resultaram na expulsão do servidor, pudessem vir a ser anulados.

Processo Administrativo DisciplinarO PAD é o procedimento instaurado pela Administração Pública para apurar supostas irregularidades cometidas pelos servidores públicos, e que prevê, entre outras, as penas de demissão, cassação ou destituição do cargo. No julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 434059, na tarde de ontem, que levou à edição desta súmula, os ministros entenderam, no entanto, que, no PAD, a presença do advogado é uma faculdade de que o servidor público dispõe, dada pelo artigo 156 da Lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos), mas não uma obrigatoriedade, e que a sua ausência não implica em nulidade do processo. Os ministérios da Previdência e Assistência Social, da Educação, da Fazenda, da Justiça e da Saúde reúnem mais de 75% dos 1711 PADs que terminaram em demissão, cassação ou destituição de servidor desde 2003. Entendimento contrário do Supremo poderia levar os demitidos a recorrerem à justiça, alegando a nulidade dos processos administrativos a que responderam.

Quinta-feira, 08 de Maio de 2008Ministro Gilmar Mendes autoriza licitação da Floresta Nacional do Jamari (RO)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, determinou que a concorrência para concessão da Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, prossiga normalmente. Ao analisar a Suspensão de Tutela Antecipada (STA 235), o ministro cassou decisão de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que obrigava a União a interromper o processo. Ao pedir a suspensão da concorrência, o Ministério Público Federal (MPF) alegou que, para proceder à licitação de uma floresta pública com área superior a 2.500 hectares, a União precisa obter autorização prévia do Congresso Nacional, conforme prevê o artigo 49, inciso XVII, da Constituição Federal.DecisãoO ministro Gilmar Mendes, contudo, concordou com o argumento do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, de que se a concorrência objetivar a concessão de florestas públicas (exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo), "não se mostra indispensável a submissão prévia ao Parlamento Nacional para a aprovação ou não de tal certame”. Não se pode confundir concessão florestal com concessão dominial, prosseguiu o presidente. A concessão florestal não implica em transferência da posse da terra pública, mas sim a delegação onerosa do direito de praticar o manejo florestal sustentável na área, asseverou. O dispositivo da Lei 11.284/2006 (artigo 10, parágrafo 4º), citado pelo MPF e que exigiria, no caso, a autorização do Congresso Nacional, foi vetado pelo Presidente da República, acrescentou Gilmar Mendes. Assim, o presidente cassou a decisão do TRF-1, considerando estar demonstrado o risco de grave lesão à ordem pública, no tocante ao regular funcionamento dos serviços da Administração Pública, e ressaltando a existência do risco do “efeito multiplicador”, visto que a Justiça Federal poderia passar a usar este caso como precedente para, liminarmente, suspender outras concorrências de concessão de florestas públicas.Leia a íntegra da decisão.

Quarta-feira, 07 de Maio de 2008STF garante a consumidor paranaense selo de qualidade do café

O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta tarde (7) a constitucionalidade da Lei 13.519/02, do Paraná, que tornou obrigatório informar nos rótulos das embalagens de café comercializado no estado a espécie vegetal que compõe o produto. A lei foi questionada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2832) ajuizada na Corte em 2003. A CNI alegou que a norma teria usurpado a competência da União para legislar sobre direito comercial e comércio interestadual, bem como afetaria a livre concorrência. Todos os ministros concordaram que a lei não fere qualquer dispositivo da Constituição. Muito pelo contrário, ela torna efetivo o direito à informação do consumidor. Alguns ministros acrescentaram que a norma

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Page 18: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

preserva, também, o direito à saúde. Ou seja, resguarda princípios constitucionais. Segundo o relator da ação, ministro Ricardo Lewandowski, a lei “tão-somente visou a proteção do consumidor, informando sobre as características de produtos comercializados e consumidos no Paraná”. Ele lembrou que um princípio constitucional basilar da ordem econômica é “precisamente a defesa do consumidor”. “O estado limitou-se a estabelecer a informação necessária ao consumidor”, concordou o ministro Menezes Direito. “A lei tem por foco a precisa informação do consumidor”, afirmou Carlos Ayres Britto. Para o ministro Cezar Peluso, a norma “nada mais fez” que adotar regras do Código do Consumidor. “Nutro inveja, considerada a segurança dos paranaenses na aquisição de café”, disse o ministro Marco Aurélio.Lei do caféAlém das informações, nos rótulos de café, sobre a porcentagem de cada espécie vegetal que compõe o produto, a lei paranaense determina que o café só poderá ser produzido com grãos de plantas da espécie do gênero Coffea, que gera o café. Nesse ponto, o ministro Joaquim Barbosa divergiu dos colegas e considerou a regra inconstitucional. Para ele, a cláusula é restritiva e fere o princípio federativo. Com relação ao artigo 2º da lei, a maioria dos ministros concordou em fazer um ajuste. O dispositivo determinava que a norma se aplicaria a todas as formas de café comercializado no Brasil. Para evitar uma interpretação no sentido de que o Paraná estaria extrapolando seu poder de legislar regionalmente, a expressão “no Brasil” foi retirada do dispositivo. Com isso, a regra continua a valer para todas as formas de café comercializado no Paraná, seja ele torrado, moído, solúvel ou misturado com outros produtos alimentícios. A lei também determina que as embalagens do café comercializado no Paraná têm de apresentar um selo de qualidade emitido pela Associação Paranense de Cafeicultores (Apac), com fiscalização de entidades vinculadas à administração pública do estado. Questões como acondicionamento, higiene e teores máximos de impureza no café são delegadas, na lei, a serem especificadas em regulamento.

Quarta-feira, 07 de Maio de 2008Supremo aprova 6ª Súmula Vinculante

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram uma nova súmula vinculante na sessão plenária desta quarta-feira (7). O enunciado foi elaborado pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator do Recurso Extraordinário (RE) 570177, cujo julgamento motivou a edição do texto. Esta é a sexta súmula vinculante editada pelo Supremo e se refere à decisão sobre o pagamento de valor inferior ao salário mínimo para os jovens que prestam serviço militar obrigatório. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) havia decidido na sessão do último dia 30 de abril que é constitucional o pagamento de valor inferior ao salário mínimo para os jovens que prestam serviço militar obrigatório. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 570177, interposto por um recruta contra a União, e foi aplicada também aos REs 551453; 551608; 558279; 557717; 557606; 556233; 556235; 555897; 551713; 551778; 557542, que tratam de matéria idêntica.Confira o enunciado da Súmula Vinculante nº 6:“Não viola a Constituição da República o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para os praças prestadores de serviço militar inicial”.

Quarta-feira, 07 de Maio de 2008Súmula Vinculante nº 5: STF decide que não é obrigatória defesa elaborada por

advogado em processo administrativo disciplinarPor votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)  aprovou, em sua sessão desta quarta-feira (07), sua 5ª Súmula Vinculante para estabelecer que, em processo administrativo-disciplinar (PAD), é dispensável a defesa técnica por advogado. A redação desta súmula  é a seguinte: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 434059, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e pela União contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que entendeu ser obrigatória a presença do advogado em PAD e até editou uma súmula dispondo exatamente o contrário do que decidiu hoje o STF. Diz esta súmula do STJ, de nº 343: “É obrigatória a presença de advogado em todas as fases de processo administrativo disciplinar”. A decisão de editar a nova súmula vinculante, aceita pelo relator do RE, ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, e pelos demais ministros, foi tomada em função de sugestões dos ministros Joaquim Barbosa e Cezar Peluso sobre sua conveniência, diante da existência desta súmula do STJ. Nesta decisão,  o Plenário se baseou em três precedentes em que o STF assentou que a presença de advogado de defesa é dispensável, em processo administrativo

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Page 19: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

disciplinar. Trata-se do Agravo Regimental (AR) no RE 244277, que teve como relatora a ministra Ellen Gracie; do AR em Agravo de Instrumento (AI) 207197, relatado pelo ministro Octávio Gallotti (aposentado), e do Mandado de Segurança (MS) 24961, relatado pelo ministro Carlos Velloso (aposentado).Presença de advogado em PAD é facultativaNo acórdão (decisão colegiada) contestado pelo INSS e pela AGU, o STJ concedeu Mandado de Segurança (MS) à ex-agente administrativa do INSS Márcia Denise Farias Lino, que se insurgia contra a portaria do Ministro da Previdência que a exonerou do cargo. Alegou violação aos artigos 5º, inciso LV, e 133 da Constituição Federal. O primeiro desses dispositivos garante o direito do contraditório e da ampla defesa, enquanto o segundo dispõe que o advogado é indispensável à administração da  justiça. Segundo a ex-servidora, ela não teria contado com assistência técnica de advogado durante o processo administrativo disciplinar que precedeu a sua demissão. Os ministros entenderam, no entanto, que, no PAD, a presença do advogado é uma faculdade de que o servidor público dispõe, que lhe é dada pelo artigo 156 da Lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos), não uma obrigatoriedade. Exceções seriam o caso de servidor que, submetido a tal processo, se encontre  em lugar incerto e não sabido, caso em que cabe ao órgão público a que pertence designar um procurador; e, ainda, o fato de o assunto objeto do processo ser muito complexo e fugir à compreensão do servidor para ele próprio defender-se. Neste caso, se ele não dispuser de recursos para contratar um advogado, cabe ao órgão público colocar um defensor a sua disposição.AGU: risco de demitidos serem premiadosAo defender a posição da União na sessão plenária de hoje, o advogado-geral, José Antônio Dias Toffoli, advertiu para o risco de, a se consolidar o entendimento do STJ, servidores demitidos a bem do serviço público, nos Três Poderes, “voltarem a seus cargos  com poupança, premiados por sua torpeza”.  Isto porque, para todos eles, o processo administrativo disciplinar é regido pelo artigo 156 da Lei 8.112 (Estatuto do Funcionalismmo Público). E a decisão do STJ daria ensejo a demandas semelhantes, em que os servidores, além de sua reintegração ao cargo, poderiam reclamar salários atrasados de todo o período em que dele estiveram ausentes. Toffoli informou, neste contexto, que o  chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, informou-lhe que, de janeiro de 2003 até hoje, 1.670 servidores da União foram demitidos a bem do serviço público.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Concedido HC para acusado por contrabando e quadrilha

Em decisão unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu Habeas Corpus (HC 93629) para L.C.S.C. aguardar em liberdade o julgamento de ação penal pela suposta prática dos crimes de contrabando ou descaminho (art. 334, do Código Penal) e formação de quadrilha ou bando (art. 288, também do CP). O relator do caso, ministro Cezar Peluso, considerou que “não há mais nenhum motivo para temer qualquer interferência do réu, que é primário”, tendo em vista que ele vinha cumprindo prisão preventiva, com base no argumento da conveniência da instrução criminal, desde dezembro de 2006. O relator salientou que a instrução criminal já foi concluída há certo tempo.HistóricoEm janeiro de 2008, a ministra Ellen Gracie, ao julgar o pedido de liminar no referido Habeas, aplicou a Súmula 691, do STF para indeferi-lo. O HC se voltava contra decisão do ministro Paulo Galotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), relator do pedido semelhante formulado naquela corte, que indeferiu pedido de liminar. A Súmula 691 impede o Supremo de julgar pedido de HC impetrado contra decisão de ministro de Tribunal Superior que indefere liminar. A defesa de L.C.S.C. alegava que o réu era primário, possuía residência fixa e ocupação lícita.

Terça-feira, 06 de Maio de 20082ª Turma do STF nega recursos de Rocha Mattos

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve nesta tarde (6) três decisões do ministro Joaquim Barbosa contra o ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos. Em dois processos, Rocha Mattos pretendia anular decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), sediado em São Paulo, sobre uma das ações penais em que foi condenado. Ele alegava suspeição dos 14 desembargadores que compõem o órgão especial do TRF-3. No outro processo, o ex-juiz queria anular acusações do Ministério Público (MP) feitas em outra ação penal quanto a crimes de falsidade ideológica, peculato e até em relação à denúncia de corrupção passiva, da qual foi absolvido. Ele recorreu ao STF contra decisões que arquivaram ou não admitiram recursos extraordinários, instrumento jurídico apropriado para contestar, no Supremo, decisões de outros tribunais que supostamente feriram a Constituição. Para tanto, o ex-juiz interpôs Agravos de

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Page 20: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Instrumentos (AI 599452, 599460 e 651927) que foram arquivados pelo ministro Joaquim Barbosa. Não satisfeito, interpôs outro recurso, chamado agravo regimental, para que as decisões do ministro passassem pelo crivo da Segunda Turma. Com relação aos processos contra o órgão especial do TRF-3, o colegiado concordou com Joaquim Barbosa, segundo o qual a análise de possível suspeição e impedimento de magistrado para julgar uma causa teria de ser feita por meio do exame prévio de regras infraconstitucionais. Como Rocha Mattos não questionou a suposta ilegalidade no momento judicial correto, a matéria chegou ao STF como ofensa reflexa ou indireta à Constituição. A jurisprudência da Corte é pacífica quanto à impossibilidade de se analisar recursos extraordinários desse tipo.CeleridadeRocha Mattos chegou a argumentar que não questionou antes a suspeição dos magistrados por estar preocupado com a celeridade processual. Joaquim Barbosa rechaçou o argumento e disse que o ex-juiz “nunca esteve preocupado em colaborar para a efetiva celeridade processual das ações penais a que responde”. Segundo o ministro, desde 2002 até os dias de hoje, chegaram o STF 132 recursos ou ações que têm por recorrente ou agravante o ex-juiz Rocha Mattos, todos relacionados com a Operação Anaconda, que desarticulou quadrilha que envolvia policiais e juízes em esquema de venda de sentenças. Do total de recursos ingressados no STF, 50 estiveram sob relatoria de Barbosa. O ministro disse ainda que a questão suscitada por Rocha Mattos é similar à analisada em Habeas Corpus (HC 84301) do próprio juiz pela Segunda Turma em novembro de 2004. Tanto nos recursos quanto no habeas, que foi indeferido, Rocha Mattos alegou que o órgão especial do TRF-3 constituiu um verdadeiro “tribunal de exceção” para julgá-lo.Conduta atípicaNo recurso que pretendia anular acusações do MP, os ministros da Turma concordaram que a questão também teria de ser analisada por meio de leis infraconstitucionais (o Código de Processo Penal e o Código Penal). Sobre o crime de corrupção passiva, do qual o ex-juiz foi absolvido, a questão não foi sequer analisada, por falta de interesse do próprio Rocha Mattos.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008STF nega liminar para policiais paulistas acusados de latrocínio

A ministra Ellen Gracie negou o pedido de liminar no Habeas Corpus (HC) 94517, impetrado em favor de dois policiais militares de São Paulo, acusados de latrocínio (roubo seguido de morte) e presos no presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, desde novembro de 2005. O crime ocorreu em outubro daquele ano, no bairro de Bom Retiro, na capital paulista, quando os acusados teriam invadido uma loja, situada em uma galeria. A defesa alega nos autos que, até a data da impetração do habeas no Supremo – em 25 de abril de 2008, os policiais já se encontravam presos por mais de um ano, sem serem julgados. Dessa forma, por entender configurado o excesso de prazo, o advogado pede o relaxamento da prisão preventiva de seus clientes. A jurisprudência do STF vem se orientando no sentido de que a prisão cautelar, ainda que com prazo superior a 81 dias, pode se justificar com base no parâmetro da razoabilidade, "em se tratando de instruções criminais de caráter complexo, como parece ocorrer na hipótese", salientou a ministra ao negar o pedido de liminar.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Recurso do MP fora do prazo leva STF a extinguir punibilidade de condenado por roubo

L.A., condenado pela 30ª Vara Criminal de São Paulo à pena de quatro anos de reclusão e multa pela prática de roubo (artigo 157, do Código Penal), teve extinta a sua punibilidade pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. A decisão, tomada nesta terça-feira (6), confirma liminar concedida pelo relator do Habeas Corpus (HC) 85730, ministro Cezar Peluso, em junho de 2005. No julgamento do mérito, o relator lembrou que L.A. apelou da condenação de primeiro grau e obteve do extinto Tribunal de Alçada Criminal (TACRIM) de São Paulo a desclassificação do delito para furto tentado. Assim, o julgamento foi convertido em diligência, para oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo. A proposta foi aceita e cumprida integralmente, de modo que, em 21 de janeiro de 2004, foi declarada extinta a punibilidade (art. 89, § 5o, da Lei nº 9.099/95). Entretanto, o Ministério Público (MP) havia interposto recurso especial contra a decisão do TACRIM que, apesar de reconhecer a intempestividade da medida, manteve sua tramitação. Assim, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o Recurso Especial (REsp), deu provimento parcial ao pedido para que se restabelecesse a sentença de primeiro grau e se afastasse, em conseqüência, a aplicação da suspensão condicional do processo. Ao declarar, nesta terça-feira (6), a extinção da punibilidade, os demais ministros da Segunda Turma acompanharam o voto do relator, segundo o qual o recurso especial foi interposto pelo Ministério Público fora do prazo (intempestividade),

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Page 21: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

motivo pelo qual foi restaurada a extinção da punibilidade. O ministro Cezar Peluso afirmou que os autos foram recebidos na Procuradoria Geral de Justiça em 09.02.2001, mas o recurso só foi protocolizado em 27.03.2001. Por seu turno, segundo Peluso, o STJ, ao julgar o recurso, omitiu-se na apreciação da questão da tempestividade.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Vereador carioca acusado de participar de “Liga da Justiça” tem HC negado no STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, na tarde de hoje (6), Habeas Corpus (HC 94059) para o vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), do município do Rio de Janeiro. Ele foi denunciado, juntamente com seu irmão, o deputado estadual carioca Natalino Guimarães, por formação de quadrilha armada, e encontra-se preso preventivamente desde dezembro de 2007. Segundo o Ministério Público, os parlamentares fariam parte de uma quadrilha organizada – autodenominada “Liga da Justiça”, que extorquia moradores, comerciantes e motoristas de transportes alternativos, em troca de uma suposta proteção contra os delinqüentes da zona oeste da capital fluminense. Na denúncia consta que o grupo usaria o símbolo do personagem Batman para marcar as casas, lojas e vans que estariam sob sua "vigilância". A defesa de Jerônimo focou o pedido no decreto de prisão preventiva, que estaria fundamentado unicamente na manutenção da ordem pública, e por isso não seria harmônica com o disposto no Código de Processo Penal. Além disso, o vereador estaria preso há mais de 120 dias, o que configuraria excesso de prazo. Por estes motivos, o advogado pedia ao STF que cassasse o decreto de prisão, determinando a soltura de seu cliente. Sobre a questão do excesso de prazo, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, ressaltou inicialmente que a situação processual sofreu alterações desde a decretação da prisão preventiva do vereador. A ação penal não se encontra paralisada e nem caminha lentamente, disse o ministro, citando precedentes da Corte (HC 92453 e RHC 92300) que discutiram esse mesmo tema – a flexibilização dos prazos processuais em crimes graves com muitos réus. A desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que decretou a prisão preventiva do vereador disse que, além de ocupar posição de destaque na câmara de vereadores, Jerônimo é policial civil, o que recomendaria sua segregação para manutenção da ordem pública. “A lei vale para todos, ninguém está acima dela”, frisou em seu decreto a magistrada. O relator foi acompanhado pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha e pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito. O presidente da Primeira Turma, ministro Marco Aurélio, votou no sentido de conceder a ordem, considerando que, no caso, estaria configurado excesso de prazo. Ele lembrou que os fatos descritos na denúncia ganharam as manchetes dos veículos de comunicação do estado, à época. “Isso não pode respaldar a prisão preventiva”, disse ele. “O Judiciário não atua a partir do que veiculado pela grande imprensa. Atua considerados elementos constantes no processo”, concluiu.

Terça-feira, 06 de Maio de 20082ª Turma concede liberdade a réu acusado de homicídio em 2001 e não julgado até hojePor votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira (06), ordem de Habeas Corpus (HC 83516) a W.M.A, pronunciado pela 1ª Vara do Júri – Unidade III - da Comarca de São Paulo (capital) para ser julgado por júri popular pelo crime de homicídio triplamente qualificado (artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, III e IV, do Código Penal –CP). Com a decisão, W.M.A. ganhou, em definitivo, o direito de responder ao processo em liberdade. Ele já havia obtido este benefício em dezembro de 2004, quando o relator do HC, ministro Cezar Peluso, com base em informações obtidas pelo juízo de primeiro grau, reviu decisão anterior de indeferir igual pedido e lhe concedeu liminar, mandando soltá-lo. A Turma decidiu, também, estender o mesmo benefício ao co-réu A.G., que se encontra em situação semelhante à de W.M.A. no mesmo processo. Mas rejeitou pedidos de extensão a outros dois co-réus, acusados juntamente com ele e A.G., visto já terem sido julgados e por entender que sua situação é diversa dos dois primeiros.Réu teria confessado sob torturaA defesa sustentou que W.M.A é inocente, pois teria confessado o crime mediante tortura. Além disso, ao pleitear a revogação da prisão preventiva, alegou ausência de fundamentação da ordem que determinara a privação de sua liberdade. Pedido semelhante fora negado anteriormente pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em outro HC lá formulado. E é contra esta decisão que a defesa recorreu ao STF. Ao conceder a ordem de HC, o relator, ministro Cezar Peluso, lembrou que W.M.A. foi pronunciado em 13 de agosto de 2001, decisão contra a qual interpôs recurso em sentido estrito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), em dezembro do mesmo ano. Mas este recurso não foi julgado até hoje. Quando instado a fornecer cópia dos autos do processo, o juiz de primeiro grau informou que ele se encontra desde 2003 no TJ-SP, nos autos do recurso em sentido

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Page 22: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

estrito. Peluso observou que, ao decretar a ordem de prisão de W.M.A, o juiz da 1ª Vara do Júri da Capital Paulista alegou necessidade de “garantir o regular deslinde da causa e a efetiva aplicação da lei penal, pois, em liberdade, certamente os acusados irão procurar obstar a ação da Justiça, quer abandonando o distrito de culpa, quer intimidando testemunhas”. Entretanto, não fundamentou essas afirmações. Posteriormente, ao pronunciar o réu, afirmou apenas que permaneciam inalterados os motivos que o haviam levado a decretar a prisão, incorrendo no mesmo vício da não-fundamentação.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Concedido HC para policial acusado de matar advogado no Espírito Santo

Em decisão unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu Habeas Corpus (HC 87676) para o policial militar D.A.C., que aguardará em liberdade julgamento pelo suposto homicídio do advogado Joaquim Marcelo Denadai, crime ocorrido em abril de 2002, no estado do Espírito Santo. A decisão dos ministros foi baseada no excesso de prazo da prisão do policial, que está encarcerado desde o dia 12 de junho de 2002. Em dezembro de 2003, ele foi pronunciado — quando o juiz admite a acusação de um crime doloso* contra a vida e determina o julgamento do réu pelo Tribunal do Júri —, ocasião em que a prisão preventiva dele foi renovada.O relator do caso, ministro Cezar Peluso, disse que o caso é “inacreditável”. Segundo ele, o policial “provavelmente já até cumpriu uma eventual pena”. Em janeiro de 2006, a ministra Ellen Gracie havia indeferido o pedido de liminar no habeas corpus por falta de informações sobre a prisão preventiva do policial.HistóricoO policial foi denunciado como o executor do assassinato do advogado Marcelo Denadai, baleado e morto na cidade de Vila Vellha, às vésperas de denunciar esquema de fraudes em licitações em várias prefeituras no Espírito Santo. O policial foi preso quatro dias depois do crime, a pedido do Ministério Público estadual.

Terça-feira, 06 de Maio de 20082ª Turma do STF mantém denúncia contra advogado de São Paulo

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu hoje (6) Habeas Corpus (HC 93197) impetrado por advogado de São Paulo que pretendia trancar um dos mais de 563 processos penais a que responde na Justiça Federal do estado por estelionato qualificado, falsidade ideológica e uso de documento falso. Os ministros acolheram parecer do Ministério Público Federal (MPF) segundo o qual a denúncia contestada descreve todas as circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução dos supostos crimes, permitindo o exercício do contraditório e da ampla defesa por parte do acusado. No dia 5 de março, o relator do habeas corpus, ministro Celso de Mello, já havia indeferido o pedido de liminar feito pelo advogado.

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Concedido habeas corpus para réu absolvido por tentativa de homicídio e porte ilegal de

armaA Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou hoje (6) que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) terá de refazer julgamento em que analisou recurso do Ministério Público contra a absolvição de um réu acusado de tentativa de homicídio e de porte ilegal de arma. Pela decisão, tomada por meio de Habeas Corpus (HC 93942) impetrado pela Defensoria Pública em favor do réu, somente a absolvição quanto ao crime de porte ilegal de arma poderá ser analisada pelo TJ-RS. Segundo informou o relator do caso, ministro Cezar Peluso, “o recurso do Ministério Público foi especificadamente dirigido contra a absolvição por porte ilegal de arma”. Por isso, a absolvição por tentativa de homicídio transitou em julgado, impedindo que seja revista.

HistóricoO réu foi absolvido pelo Tribunal do Júri das acusações de tentativa de homicídio e de porte ilegal de arma de fogo. O Ministério Público recorreu somente contra a decisão relativa ao crime de porte ilegal de arma, que teria sido manifestamente contrária à prova dos autos. Sobre o delito de tentativa de homicídio, o MP afirmou expressamente que a decisão dos jurados não havia sido contrária à prova dos autos. Mesmo assim, o TJ-RS determinou um novo julgamento pelo Tribunal do Júri quanto aos dois crimes, decisão confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e reformada pelo STF nesta tarde.

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Page 23: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Terça-feira, 06 de Maio de 2008Pedido de ex-juiz Rocha Mattos para que testemunha da defesa seja ouvida é negado

Foi indeferido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau outro pedido de liminar do ex-juiz João Carlos da Rocha Mattos, que cumpre prisão na Penitenciária de Araraquara (SP). O pedido, feito no Habeas Corpus (HC) 94542, é contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) de não permitir a oitiva da testemunha Derney Luiz Gasparino, arrolada pela defesa do ex-juiz. Na ocasião, Gasparino estava preso e cumprindo pena num presídio de São Paulo. A relatora do processo no TRF-3 afirmou que a testemunha não tem influência nenhuma em relação aos esclarecimentos e a comprovação dos fatos discutidos no processo. Isso porque estava preso há vários anos e “muito antes dos acontecimentos narrados nos respectivos autos [da denúncia contra o ex-juiz]”. Rocha Mattos recorreu da decisão e agora alega que o indeferimento da oitiva da testemunha causou prejuízo para sua defesa. Ele acrescentou que é direito da parte a oitiva de testemunhas, sob pena de nulidade absoluta e insanável do processo.DecisãoO ministro Eros Grau indeferiu a liminar por não identificar os requisitos necessários para a concessão do pedido: “Não tendo, à primeira vista, por configurados seus requisitos, indefiro o pedido de liminar”. Em seguida, ele determinou que o processo seja encaminhado ao Ministério Público Federal, para que o procurador-geral da República opine sobre o pedido.

Segunda-feira, 05 de Maio de 2008Indeferida liminar a advogado denunciado pelos crimes de calúnia e difamação contra

juiz paulistaO ministro Ricardo Lewandowski indeferiu liminar no Habeas Corpus (HC 94569) impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil, secção de São Paulo, em favor do advogado Arlindo Uilton de Oliveira. Ele foi denunciado pelos crimes de calúnia e difamação praticados, supostamente, contra o juiz de Direito Emerson Sumariva Junior, da 3ª Vara Cível da Comarca de Araçatuba (SP). A defesa pedia celeridade no julgamento de habeas corpus em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A denúncia foi realizada perante a 15ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de São Paulo em representação ofertada contra o magistrado na Corregedoria Geral de Justiça do estado de São Paulo. Conforme a ação, Arlindo de Oliveira teria denegrido a reputação do juiz “difamando-o, ao taxá-lo de despreparado e incompetente". Com base na denúncia, os advogados contaram que o crime de calúnia teria ocorrido em razão de o acusado ter dito na representação, de forma velada, que o referido magistrado, por interesse pessoal teria praticado “atos de ofício indevidamente, ou contra a lei expressa”. De acordo com os advogados, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP) recebeu habeas corpus, buscando o reconhecimento de falta de justa causa em ação penal contra Arlindo Oliveira. A ordem foi negada, e novo habeas corpus foi impetrado no STJ, que também indeferiu o pedido. A defesa alega que a distribuição do HC para o relator no STJ ocorreu no dia 9 de agosto de 2006 e até o momento não foi julgado. Diante disso, a impetrante pedia a concessão de liminar a fim de determinar que o habeas corpus fosse julgado na primeira sessão da 5ª Turma do STJ.Decisão“Tenho reiteradamente me rendido à observação de que o excesso de trabalho que assoberba o Superior Tribunal de Justiça é digno de flexibilizar, em alguma medida, a celeridade processual. Mais ainda no caso concreto, em que não se trata de réu preso”, afirmou o relator, ministro Ricardo Lewandowski. Segundo ele, a concessão da liminar, no caso concreto, “implicaria indevida medida satisfativa, que não pode ser decretada monocraticamente”. Dessa forma, Lewandowski indeferiu a liminar.

Segunda-feira, 05 de Maio de 2008Arquivado HC de condenado por tráfico de drogas que pedia para recorrer em liberdade

O ministro Ricardo Lewandowski aplicou a Súmula 691/STF para arquivar o Habeas Corpus (HC) 94521, pelo qual T.S.M. pleiteava o direito de apelar em liberdade da sentença da 5ª Vara Criminal da Comarca de Ribeirão Preto (SP), que o condenou à pena de 3 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, além do pagamento de 389 dias-multa, pelo crime de tráfico de drogas (artigo 33, caput e artigo 44, inciso III, da Lei 11.343/06). A súmula citada diz que não compete à Suprema Corte conhecer de habeas corpus impetrado contra liminar indeferida por ministro de tribunal superior. A defesa alegava que T.S.M. está sofrendo constrangimento ilegal, pois é primário e possui bons antecedentes e, portanto, teria o direito de apelar em liberdade, que lhe seria assegurado pelo

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Page 24: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

artigo 59 da Lei 11.343/06, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad). Os advogados afirmavam, ainda, que a sentença de primeira instância que condenou o réu não teria fundamentado a necessidade de mantê-lo preso, com isso contrariando o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal (CF). Lembravam também que, durante a instrução criminal, T.S.M. informou ser usuário de entorpecentes e disse que os 28 comprimidos de ecstasy apreendidos em seu poder seriam para consumo próprio e de seus amigos, para os quais distribuiria gratuitamente a droga, sem qualquer intenção de comercializá-la. Diante disso, conforme relata a defesa, foi feito um exame que constatou “uma dependência leve, para maconha, cocaína e ecstasy”. Entretanto, este fator não teria sido levado em conta nem pela juíza de primeira instância em sua sentença, nem pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que indeferiu liminar contra esta decisão, nem tampouco pela ministra-relatora de igual pedido formulado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foi contra esta decisão que se voltou o HC impetrado no STF.DecisãoAo negar seguimento (arquivar) ao HC, o ministro Ricardo Lewandowski assinalou que “o enunciado da Súmula 691 desta Corte somente pode ser vencido em caso de teratologia, flagrante ilegalidade ou abuso de poder, que possam ser constatados imediatamente”. Nesse caso, segundo o ministro, não foram identificadas as hipóteses excepcionais que permitiriam afastar a aplicação da súmula. “Ao contrário, a decisão atacada demonstra, para aquela fase de apreciação liminar, uma detalhada apreciação do quanto alegado. Ademais, a decisão atacada explica a impossibilidade de concessão de liminar antes que existam informações mais completas, prestadas tanto por primeiro quanto por segundo grau de jurisdição”. Por fim, o ministro afirma que, “nos limites que aqui se possa fazer, ao tratar-se de constrição originada do flagrante, de crime de tráfico de entorpecentes e de sentença condenatória que fixa regime fechado para o início do cumprimento de pena, não se pode apontar flagrante ilegalidade em decisão que, em sede de liminar, negou a ordem”.

Segunda-feira, 05 de Maio de 2008Mantida resolução que proíbe servidores do MP de exercerem advocacia

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau indeferiu liminar no Mandado de Segurança (MS) 27214, em que o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério Público da União (Sinasempu) pedia a suspensão de uma resolução do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A Resolução 27/2008 proíbe os servidores do MP dos estados e da União de exercerem advocacia. Ao propor o MS, o sindicato defendeu o direito líquido e certo de os servidores exercerem a atividade e evoca os casos de clientes que já contrataram os serviços desses servidores. Além disso, explica que o exercício da advocacia por parte dos servidores do MP era permitido até a edição da Lei 11.415/2006, que proibiu a atividade. No entanto, a Resolução 24/2007, do CNMP, resguardou as situações que existiam anteriormente à data da publicação da norma. Com isso, os servidores que advogavam antes de 2006 poderiam continuar com suas atividades. Acrescenta que "a mudança de entendimento do CNMP quanto à matéria, com a edição da Resolução 27/2008, causa transtornos aos servidores e à sociedade, em especial aos que contrataram os serviços de advocacia". Com base nesses argumentos, pedia liminar para suspender a resolução.

DecisãoO relator do caso, ministro Eros Grau, indeferiu a liminar por entender que não houve violação da competência do procurador-geral da República para regulamentar a matéria, como alegou o sindicato. “Eis que compete ao CNMP, no papel de órgão uniformizador das atividades do Ministério Público nacional, zelar pela autonomia funcional e administrativa da instituição, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência”, afirmou o relator.

Informativo STFBrasília, 5 a 9 de maio de 2008 - Nº 505.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo

efetivo das decisões, embora seja uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

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Page 25: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

SUMÁRIO

PlenárioDefesa Técnica em Processo Administrativo Disciplinar e Ampla DefesaMedida Provisória e Abertura de Crédito Extraordinário - 3Comercialização de Café: Obrigatoriedade de Informação e Defesa do ConsumidorSoldo de Praça e Salário Mínimo - 2Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 1Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 2Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 3Agente Político: Incidência do Art. 327, § 2º, do CP e PrescriçãoADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 1ADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 2ADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 31ª TurmaPrisão Preventiva de Vereador - 1Prisão Preventiva de Vereador - 2ED: Efeitos Modificativos e Defesa Preliminar2ª TurmaTribunal do Júri e Alcance da ApelaçãoArt. 14 da Lei 10.826/2003 e Tipicidade MaterialECA: Remissão e Medida Sócio-Educativa - 1ECA: Remissão e Medida Sócio-Educativa - 2Repercussão GeralClipping do DJTranscriçõesQuestão Constitucional: Concessão de Floresta Pública e Autorização Prévia do Congresso Nacional (STA 235/RO)Inovações Legislativas

PLENÁRIODefesa Técnica em Processo Administrativo Disciplinar e Ampla Defesa

O Tribunal aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante 5 nestes termos: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.”. Essa orientação foi firmada pelo Tribunal ao dar provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, que concedera mandado de segurança para anular a aplicação de penalidade expulsiva, ao fundamento de ausência de defesa técnica no curso do processo administrativo disciplinar instaurado contra o impetrante, servidor público. Salientou-se, inicialmente, que a doutrina constitucional vem enfatizando que o direito de defesa não se resume a simples direito de manifestação no processo, e que o constituinte pretende garantir uma pretensão à tutela jurídica. Tendo em conta a avaliação do tema no direito constitucional comparado, sobretudo no que diz respeito ao direito alemão, afirmou-se que a pretensão à tutela jurídica, que corresponderia exatamente à garantia consagrada no art. 5º, LV, da CF, abrangeria o direito de manifestação (que obriga o órgão julgador a informar à parte contrária dos atos praticados no processo e sobre os elementos dele constantes); o direito de informação sobre o objeto do processo (que assegura ao defendente a possibilidade de se manifestar oralmente ou por escrito sobre os elementos fáticos e jurídicos contidos no processo); e o direito de ver os seus argumentos contemplados pelo órgão incumbido de julgar (que exige do julgador capacidade de apreensão e isenção de ânimo para contemplar as razões apresentadas). Asseverou-se, ademais, que o direito à defesa e ao contraditório tem aplicação plena em relação a processos judiciais e procedimentos administrativos, e reportou-se, no ponto, ao que disposto no art. 2º, e parágrafo único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, enfatizando que o Supremo, nos casos de restrições de direitos em geral e, especificamente, nos de punições disciplinares, tem exigido a observância de tais garantias. Considerou-se, entretanto, que, na espécie, os direitos à informação, à manifestação e à consideração dos argumentos manifestados teriam sido devidamente assegurados, havendo, portanto, o exercício da ampla defesa em sua plenitude. Reportando-se, ainda, a precedentes da Corte no sentido de que a ausência de advogado constituído ou de defensor dativo não importa nulidade de processo administrativo disciplinar, concluiu-se que, o STJ, ao divergir desse entendimento, teria violado os artigos 5º, LV e 133, da CF. Alguns precedentes citados: RE 244027 AgR/SP (DJU de 28.6.2002); AI 207197/PR (DJU de 5.6.98); MS 24961/DF (DJU de 4.3.2005). RE 434059/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.5.2008. (RE-434059)

Medida Provisória e Abertura de Crédito Extraordinário - 3O Tribunal retomou julgamento de ação direta proposta pelo Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB em que se pleiteia a declaração da inconstitucionalidade da Medida Provisória 405/2007, que abre crédito extraordinário, em favor da Justiça Eleitoral e de diversos órgãos do Poder Executivo — v. Informativo 502.

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Page 26: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Após o pregão, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista da Min. Ellen Gracie. ADI 4048 MC/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.5.2008. (ADI-4048)

Comercialização de Café: Obrigatoriedade de Informação e Defesa do ConsumidorO Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pela Confederação Nacional da Indústria - CNI para declarar a inconstitucionalidade da expressão “no Brasil”, contida no art. 2º da Lei 13.519/2002, do Estado do Paraná — que estabelece obrigatoriedade de informação, nos rótulos de embalagens de café comercializado no Paraná, da porcentagem de cada espécie vegetal de que se compõe o produto —, a fim de evitar qualquer dúvida de que aquela unidade federada estivesse legislando para outros Estados-membros (“Art. 2º. As disposições desta lei aplicam-se ao café torrado em grão, ao café torrado moído, ao café solúvel e a todas as demais formas em que o café, destinado ao consumo humano, puro ou em mistura com outros produtos alimentícios, seja comercializado no Brasil”). No mais, afastou-se a alegação de que a norma impugnada teria usurpado competência da União para legislar sobre direito comercial e comércio interestadual (CF, art. 22, I e VIII), ao fundamento de que ela apenas teria visado à proteção ao consumidor, no sentido de que lhe fossem fornecidas informações sobre as características de produtos comercializados no referido Estado-membro. Asseverou-se que o art. 24, V, da CF atribui competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar sobre a produção e o consumo. Também se rejeitou a assertiva de afronta aos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência (CF, art. 170, IV), tendo em conta o referido objetivo dessa lei, enfatizando, no ponto, que o inciso V desse mesmo dispositivo constitucional estabelece, como princípio da ordem econômica, a defesa do consumidor. Mencionou-se, ademais, o disposto no art. 6º, III, do Código de Defesa do Consumidor, que garante, como direito básico de todo consumidor, a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como os riscos que apresentem. Assentou-se, ainda, que se houvesse desrespeito ao texto constitucional, ele seria indireto. Por fim, não se acatou a apontada violação ao art. 174 da CF, por eventual delegação do poder de fiscalização a particulares, já que o art. 5º da Lei 13.519/2002 determina que os selos de qualidade sejam emitidos por meio da Associação Paranaense de Cafeicultores - APAC, com a fiscalização da EMATER - Paraná e aprovação técnica, mediante laudo laboratorial a ser fornecido pelo Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, entidades estas vinculadas à Administração Pública do Estado do Paraná. Vencidos, em parte, o Min. Joaquim Barbosa, que também declarava a inconstitucionalidade do § 1º do art. 1º da referida lei, e o Min. Marco Aurélio, que julgava o pleito totalmente improcedente. Precedentes citados: ADI 1980 MC/PR (DJU de 25.2.2000); ADI 1286/SP (DJU de 6.9.96). ADI 2832/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2008. (ADI-2832)

Soldo de Praça e Salário Mínimo - 2O Tribunal aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante 6 nestes termos: “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”. Tal orientação foi firmada pela Corte tendo em conta o julgamento do RE 570177/MG (v. Informativo 504). O Min. Marco Aurélio ficou vencido quanto à redação. RE 570177/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.5.2008. (RE-570177)

Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 1O Tribunal iniciou julgamento de mérito de recurso extraordinário interposto por indústria de cigarros no qual se discute a validade de norma que prevê interdição de estabelecimento, por meio de cancelamento de registro especial, em caso do não cumprimento de obrigações tributárias (Decreto-lei 1.593/77). Trata-se de recurso interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região que entendera que o rigor fiscal se ampararia nas características da indústria do cigarro, dentre as quais a circunstância de a tributação ter papel extrafiscal no arrefecimento do consumo e no aparelhamento do Estado para combater a nocividade do produto à saúde pública. Alega a recorrente que o art. 2º, II, do referido decreto consubstanciaria uma sanção política não recepcionada pela Constituição, por contrariedade ao direito à liberdade de trabalho, de comércio e indústria e aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (CF, artigos 5º, XIII e LIV, e 170). O Min. Joaquim Barbosa, relator, conheceu do recurso, mas lhe negou provimento. Salientou, inicialmente, que a Corte tem confirmado e garantido a proibição constitucional às sanções políticas, invocando o direito ao exercício de atividades econômicas e profissionais lícitas, a violação do substantive due process of law (a falta de proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas que se predispõem a substituir os mecanismos de cobrança de créditos tributários) e a violação do devido processo legal manifestado no direito de acesso aos órgãos do Executivo ou do Judiciário tanto para controle da validade dos créditos tributários quanto para controle do próprio ato que culmina na restrição. Asseverou que essa orientação não serviria, entretanto, de escusa ao deliberado e temerário desrespeito à legislação tributária, não havendo se falar em sanção política se as restrições à prática de atividade econômica combatessem estruturas empresariais que se utilizassem da inadimplência tributária para obter maior vantagem concorrencial. Assim, para ser reputada inconstitucional, a restrição ao exercício de atividade econômica deveria ser desproporcional e não-razoável. RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim

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Page 27: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Barbosa, 7.5.2008. (RE-550769)

Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 2O relator aduziu que o desate do caso seria, no entanto, mais sutil do que o reconhecimento, pura e simplesmente, do art. 2º, II, do Decreto-lei 1.593/77 como sanção política ou como salvaguarda da saúde pública e do equilíbrio concorrencial. Ou seja, a questão de fundo consistiria em saber se a interpretação específica adotada pelas autoridades fiscais, no caso concreto, caracterizaria sanção política, dada a ambigüidade do texto normativo em questão. Tendo em conta essa ambigüidade e a conseqüente falta de calibração expressa, a norma extraída a partir da interpretação do aludido dispositivo legal seria inconstitucional se atentasse contra um dos 3 parâmetros constitucionais: 1) a relevância do valor dos créditos tributários em aberto, cujo não pagamento implicaria a restrição ao funcionamento da empresa; 2) manutenção proporcional e razoável do devido processo legal de controle do ato de aplicação da penalidade; 3) manutenção proporcional e razoável do devido processo legal de controle de validade dos créditos tributários cujo não-pagamento importaria na cassação do registro especial. O relator julgou atendidas essas 3 salvaguardas constitucionais, e concluiu que a interpretação dada pela Secretaria da Receita Federal não reduziria a norma ao status de sanção política. RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 7.5.2008. (RE-550769)

Indústria de Cigarros: Cancelamento de Registro Especial e Obrigação Tributária - 3Ressaltou que seriam relevantes tanto o montante dos créditos cuja compensação não fora homologada quanto o montante total do débito tributário atribuído à empresa. Além disso, o risco à efetividade da tutela jurisdicional relativa à cassação do registro especial, existente por ocasião do julgamento da AC 1657 MC/SP (DJU de 11.5.2007), enfraqueceria com o julgamento de mérito da questão, já que, realizado o controle de constitucionalidade incidental da norma, não haveria mais expectativa juridicamente relevante de reversão da penalidade. Ademais, não restaria demonstrado o risco à efetividade da tutela jurisdicional, no que se refere ao controle de validade dos créditos tributários cujo não-pagamento levaria à cassação do registro especial. Considerou, ainda, ausente a plausibilidade da tese que defenderia a possibilidade de compensação de créditos referentes às antigas obrigações do Estado, cujos títulos foram denominados “moeda podre”, em virtude de sua duvidosa liquidez e de restrições postas pela legislação ordinária. Enfatizou pesarem, também, alegações gravíssimas contra a recorrente. Para o relator, diante do contexto excepcional, a parte deveria ter demonstrado com precisão os motivos que a levaram à sistemática e contumaz inobservância das normas de tributação, não bastando apontar a inconstitucionalidade absoluta do dispositivo analisado. Por fim, reputou que a assertiva imprecisa da existência de discussão sobre o sistema de tributação da indústria do cigarro com o IPI, encapsulada na suposta inconstitucionalidade da tributação via pautas de preços fixos, não teria sido parte do quadro apresentado ao tribunal de origem, não podendo o argumento ser usado para confirmar a plausibilidade da tese que sustenta a violação do direito ao livre exercício de atividade econômica lícita. Após, pediu vista dos autos o Min. Ricardo Lewandowski. RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 7.5.2008. (RE-550769)

Agente Político: Incidência do Art. 327, § 2º, do CP e PrescriçãoO Tribunal, por maioria, rejeitou denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Deputado Federal pela suposta prática do delito de prevaricação, em razão de, no exercício do cargo de 4º Secretário da Câmara dos Deputados, ter deixado de tomar as devidas providências no sentido da retomada de imóveis funcionais irregularmente ocupados por ex-parlamentares, embora ciente desse fato. Inicialmente, afirmou-se que a denúncia imputaria ao denunciado o delito de prevaricação nas modalidades comissiva e omissiva. Asseverou-se que, na forma comissiva, o delito seria instantâneo, e que estaria no suposto ato de “emprestar” os imóveis a pessoas não habilitadas para o gozo desse benefício, tendo sido materializada a conduta típica no ano de 2001. Ressaltou-se que, na forma omissiva, o crime seria permanente, tendo cessado a omissão em 19.5.2004. Entendeu-se que incidiria, na espécie, o disposto no § 2º do art. 327 do CP, haja vista que o denunciado exercia função de direção, e concluiu-se que a prescrição em ambas as modalidades não teria ocorrido (CP: “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. ... § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.”). Aduziu-se que o art. 327, caput, do CP, ao conceituar funcionário público, abrangeria todos os que exercessem cargo, emprego ou função pública, no âmbito de qualquer dos poderes. Nesse ponto, ficou vencido o Min. Menezes Direito, que afastava a incidência do § 2º do art. 327 do CP, por não equiparar parlamentar a funcionário público, reconhecendo prescrito o delito na modalidade comissiva. No mérito, considerou-se que não estariam presentes os indícios de autoria e materialidade. Vencidos os Ministros Cezar Peluso e Marco Aurélio, que recebiam a denúncia. Inq 2191/DF, rel. Min. Carlos Britto, 8.5.2008. (INQ-2191)

ADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 1

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Page 28: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - ABRATI contra a Lei nacional 8.899/94, que concede passe livre no sistema de transporte coletivo interestadual às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes. Mencionando o contexto social e constitucional vigentes, destacou-se, inicialmente, a existência da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinado pelo Brasil, na sede da ONU, em 30.3.2007, e em tramitação no Congresso Nacional, e os valores que norteiam a Constituição, contidos no seu preâmbulo. Asseverou-se que, na esteira desses valores, é que se afirmaria, nas normas constitucionais, o princípio da solidariedade, projetado no art. 3º. Ressaltou-se que, na linha dos princípios fundamentais da República, a Constituição teria acolhido como verdadeira situação, a ser alterada pela implementação de uma ordem jurídica que recriasse a organização social, a discriminação contra os deficientes, tendo em conta sua inegável dificuldade para superar, na vida em sociedade, os seus limites. ADI 2649/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.5.2008. (ADI-2649)

ADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 2Afastou-se, em seguida, a alegação de ofensa ao art. 170, da CF. Afirmou-se, no ponto, que a livre iniciativa presta-se à garantia de liberdade empresarial para atividades desta natureza, sendo que para os concessionários e permissionários de serviço público o regime não seria de livre iniciativa, mas de iniciativa de liberdade regulada nos termos da lei, segundo as necessidades da sociedade. Tendo em conta o disposto no art. 175, parágrafo único, II, da CF (“Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma a lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,... a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá... II - sobre os direitos dos usuários...”), aduziu-se que a pessoa portadora de carências especiais haveria de ser considerada como um potencial usuário do serviço público de transporte coletivo interestadual, e tratando-se de titular de condição diferenciada, nesta condição haveria de ser cuidado pela lei, tal como se deu com o diploma questionado. Rejeitou-se, de igual modo, a apontada ofensa ao princípio da igualdade, ao fundamento de que a lei em questão teria dado forma justa ao direito do usuário que, pela sua diferença, haveria de ser tratado nesta condição desigual para se igualar nas oportunidades de ter acesso àquele serviço público. ADI 2649/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.5.2008. (ADI-2649)

ADI e Passe Livre a Portadores de Deficiência Carentes - 3Reputou-se, ademais, improcedente o argumento de que a norma combatida teria instituído uma “ação de assistência social”, com inobservância ao art. 195, § 5º, da CF, haja vista que o passe livre não constituiria benefício ou serviço da seguridade social. Julgou-se insubsistente, também, a afirmação de que a lei impugnada consubstanciaria forma de confisco, porque o ônus das passagens usadas pelos portadores de deficiência seria assumido pelas empresas. Considerou-se que o que a requerente estaria querendo demonstrar seria que o direito reconhecido aos portadores de deficiência conduziriam ao desequilíbrio da equação econômico-financeira do contrato firmado pelas prestadoras do serviço com o poder concedente. Salientou-se que eventual desequilíbrio nessa equação seria resolvido na comprovação dos dados econômicos a serem apresentados quando da definição das tarifas nas negociações contratuais. Concluiu-se que a Constituição, ao assegurar a livre concorrência, também, determinou que o Estado deveria empreender todos os seus esforços para garantir a acessibilidade, para que se promovesse a igualdade de todos, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se realizaria pela definição de meios para que eles fossem atingidos. Um desses meios se poria na lei analisada que dotaria de concretude os valores constitucionais percebidos e acolhidos pelos constituintes e adotados como princípios e regras da CF/88. Vencido o Min. Marco Aurélio, que julgava o pleito procedente. Precedente citado: ADI 2163 MC/RJ (DJU de 12.12.2003). ADI 2649/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.5.2008. (ADI- 2649)

PRIMEIRA TURMAPrisão Preventiva de Vereador - 1

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que Vereador sustentava: a) ilegalidade da decisão do STJ, no ponto em que não reconhecera a nulidade dos atos investigatórios a ele concernentes, porquanto realizados à revelia do tribunal de justiça local; b) falta de fundamentação da prisão cautelar decretada em seu desfavor; e c) excesso de prazo, já que custodiado desde 26.12.2007. Tendo em conta a desistência da análise, perante esta Corte, do primeiro argumento da impetração, declarou-se o prejuízo do writ nessa parte. Relativamente às alegações subsistentes, salientou-se que a situação processual se alterara desde o momento da impetração, haja vista que o Órgão Especial do tribunal de origem, competente em razão da presença de co-réu com prerrogativa de foro, recebera a denúncia e, posteriormente, desprovera agravo regimental interposto pela defesa. Considerou-se, dessa forma, que a ação penal não se encontraria paralisada e nem tramitaria com lentidão incompatível com a lei processual apenas pelo fato de ainda não ter sido designado o interrogatório do paciente. HC 94059/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.5.2008. (HC-94059)

Prisão Preventiva de Vereador - 2

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Page 29: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Enfatizou-se a complexidade do processo-crime que, na espécie, envolveria 11 denunciados, de modo a constituir, conforme orientação firmada pelo STF, motivo legítimo para abrandar o rigor com que os prazos processuais devam ser interpretados, cuidando-se de réus presos. Rejeitou-se, assim, o pleiteado excesso de prazo na segregação cautelar, notadamente porque o paciente e os demais co-réus são acusados da prática de formação de quadrilha, denominada “Liga da Justiça”, organizada para o suposto cometimento de crimes hediondos. Aduziu-se que a abordagem do tema referente ao excesso de prazo não implicaria impossibilidade de, com a passagem do tempo, vir a ser examinado por outros órgãos. De igual modo, afastou-se a alegação de ilegalidade da prisão preventiva, haja vista que determinada por autoridade competente e devidamente motivada em elementos concretos, com base na necessidade de assegurar-se o regular andamento da ação penal, bem como de resguardar-se a ordem pública e de garantir-se eventual aplicação da lei penal. Por fim, entendeu-se que a condição de Vereador ostentada pelo paciente não possuiria o condão de assegurar-lhe tratamento diferenciado em relação aos demais co-réus. Assentou-se, no ponto, que os vereadores, ao contrário do que ocorre com os parlamentares federais e estaduais, não gozam de “incoercibilidade pessoal relativa” (freedom from arrest), embora sejam detentores da chamada “imunidade material” em relação às palavras, opiniões e votos que proferirem no exercício do mandato e na circunscrição do Município (CF, art. 29, VIII) e possuam, em alguns Estados da federação, prerrogativa de foro assegurada na respectiva Constituição. Vencido o Min. Marco Aurélio que concedia a ordem por reputar que a excepcionalidade ínsita à custódia preventiva não estaria configurada e também por vislumbrar ocorrente o excesso de prazo. HC 94059/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.5.2008. (HC-94059)

ED: Efeitos Modificativos e Defesa PreliminarA Turma deu parcial provimento a embargos de declaração opostos, com efeitos infringentes, contra acórdão por ela prolatado, por meio do qual concedera habeas corpus ao fundamento de que a não observância do contraditório prévio, determinado pelo art. 38 da Lei 10.409/2002, acarreta a nulidade do processo penal desde o recebimento da denúncia, por afronta ao direito de defesa — v. Informativo 436. Sustentava o embargante a ocorrência de erro material, uma vez que não teriam sido juntados aos autos documentos relativos ao recebimento de segundo aditamento da denúncia, este sim precedido de intimação do paciente para a apresentação de defesa preliminar (Lei 10.409/2002, art. 38), o que afastaria a existência de nulidade. Pleiteava, em conseqüência, a revogação do mencionado acórdão e o restabelecimento da prisão do paciente. Entendeu-se, na linha do que decidido no RHC 86084/BA (DJU de 24.11.2006), que a superveniente citação realizada com o objetivo de se conceder aos réus a possibilidade de apresentação de defesa preliminar supriria eventuais nulidades. Asseverou-se que, na espécie, o juiz, antes de receber a ratificação da denúncia, proporcionara a defesa preliminar. ED acolhidos para restabelecer a inteireza da ação penal em andamento, reformando-se a decisão proferida neste habeas corpus para que se conclua pela concessão parcial da ordem, apenas a fim que seja cassado o decreto de prisão preventiva do paciente, mantido o recebimento da denúncia. O Min. Ricardo Lewandowski recebia integralmente os embargos. Precedente citado: HC 87347 ED/MS (DJU de 29.6.2007). HC 87346 ED/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.5.2008. (HC-87346)

SEGUNDA TURMATribunal do Júri e Alcance da Apelação

A Turma deferiu habeas corpus impetrado em favor de pronunciado pela suposta prática dos crimes de tentativa de homicídio (CP, art. 121, § 2º, II) e de porte ilegal de arma de fogo (Lei 9.437/97, art. 10, caput) que, submetido a julgamento pelo tribunal do júri, fora absolvido. No caso, contra essa decisão, o Ministério Público interpusera apelação genérica, com base no art. 593, III, d, do CPP, cujas razões recursais, apresentadas posteriormente, limitaram-se a atacar a absolvição quanto ao delito de porte ilegal de arma. Ocorre que o tribunal estadual, ao prover o recurso, determinara a realização de novo julgamento, também em relação àquele homicídio tentado. Irresignada, a defesa impetrara writ, denegado pelo STJ ao fundamento de que a amplitude do recurso de apelação definir-se-ia de acordo com o disposto no seu termo, sendo vedada a restrição de seu alcance por ocasião do oferecimento ulterior das razões pelo parquet, sob pena de caracterização de desistência parcial do recurso. Entendeu-se que a apelação contra sentença do tribunal do júri pode ter seu alcance determinado pelas respectivas razões, quando tempestivas, em homenagem ao princípio do tantum devolutum quantum apellatum, notadamente em se tratando de interposição genérica. Nesse sentido, enfatizou-se que, na espécie, as razões apresentadas pelo órgão acusador foram especificadamente dirigidas contra a absolvição por porte ilegal de arma. Logo, não haveria que se falar em ofensa ao art. 576 do CPP, haja vista não se cuidar de desistência de recurso, mas de especificação de seu alcance. Ademais, salientou-se que o capítulo referente à tentativa de homicídio transitara em julgado. Ordem concedida para cassar o acórdão do tribunal de justiça, a fim de que outro julgamento seja realizado nos estritos termos da apelação contra a absolvição do paciente por porte ilegal de arma. HC 93942/RS, rel. Min. Cezar Peluso, 6.5.2008. (HC-93942)

Art. 14 da Lei 10.826/2003 e Tipicidade MaterialO mero fato de o funcionamento de arma de fogo não ser perfeito não afasta a tipicidade material do crime

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definido no art. 14 da Lei 10.826/2003. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenado por porte ilegal de arma de fogo pleiteava o reconhecimento da atipicidade material de sua conduta, sob a alegação de que não restara comprovada, de forma válida, a potencialidade lesiva da arma apreendida. Aduzia, ainda, que a constitucionalidade do delito de arma desmuniciada encontrar-se-ia em análise nesta Corte. Inicialmente, asseverou-se que o presente writ não trataria do caso do porte de arma sem munição, nem do porte de munição sem arma, dado que o paciente fora denunciado porque trazia consigo revólver municiado com cartuchos intactos. Considerou-se que, na espécie, a perícia não concluíra pela inidoneidade da arma municiada portada pelo paciente. Ressaltou-se que o revólver não apresentava perfeitas condições de funcionamento, mas, conforme destacado na sentença condenatória, possuiria aptidão de produzir disparos, o que seria suficiente para atingir o bem juridicamente tutelado.HC 93816/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6.5.2008. (HC-93816)

ECA: Remissão e Medida Sócio-Educativa - 1A Turma deu provimento a recurso extraordinário para reformar acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que, por reputar inconstitucional a parte final do art. 127 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, afastara medida sócio-educativa aplicada a adolescente (“Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e internação.”). Salientou-se que a remissão é instituto jurídico expressamente previsto no ECA (artigos 126 a 128) e que pode ser identificado como a possibilidade da suspensão ou do encerramento do procedimento judicial iniciado para a apuração de ato infracional, sem incursão no exame da autoria e da materialidade do caso sub judice. Ademais, aduziu-se que Lei 8.069/90 prevê duas espécies de remissão, a saber: a) pré-processual ou ministerial (ECA, art. 126, caput), proposta pelo Ministério Público antes do início do procedimento judicial para averiguação de ato infracional e que tem como conseqüência a exclusão do processo; e b) judicial (ECA, art. 126, parágrafo único), cabível depois de iniciado o procedimento judicial e proposta pela autoridade judiciária, podendo suspender ou extinguir o processo. Na espécie, entendeu-se que a medida sócio-educativa aplicada ao menor dera-se por imposição da autoridade judiciária, que homologara remissão cumulada à medida de advertência cominada por promotora de justiça. Assim, concluiu-se pela ausência de violação de garantia constitucional, porquanto a medida sócio-educativa emanara de órgão judicial competente.RE 248018/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6.5.2008. (RE-248018)

ECA: Remissão e Medida Sócio-Educativa - 2Em seguida, ultrapassada a questão referente à legitimidade para imposição da medida sócio-educativa, asseverou-se que a argüição incidental de inconstitucionalidade da parte final do art. 127 do ECA merecia apreciação. Considerou-se, no ponto, que não haveria afronta ao devido processo legal na cumulação da remissão com a medida de advertência. Enfatizou-se que a incidência dessa medida poderia ser vista, na hipótese, como um modo de o Poder Judiciário chamar a atenção do adolescente, alertando-o para a gravidade de seus atos, sem ter que submetê-lo ao streptus inerente a um procedimento judicial. Ademais, destacou-se que o Pleno desta Corte já assentara que o aludido dispositivo legal não violaria qualquer norma constitucional. RE provido para reformar o acórdão impugnado, afastando-se a declaração de inconstitucionalidade nele contida, e reconhecendo-se a possibilidade de aplicação de medida sócio-educativa, pela autoridade judiciária, a requerimento do Ministério Público, em remissão por este concedida. Precedente citado: RE 229382/SP (DJU de 31.10.2002). RE 248018/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6.5.2008. (RE-248018)

R E P E R C U S S Ã O  G E R A L

DJE de 9 de maio de 2008

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 566.259-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA - CPMF. INCIDÊNCIA SOBRE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. ART. 149, § 2º, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista econômico e jurídico.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 570.680-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO. RESOLUÇÃO CAMEX 15/2001. ART. 153, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista

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econômico e jurídico.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 572.884-GORELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - GDACT. EXTENSÃO AOS SERVIDORES INATIVOS E PENSIONISTAS EM SEU GRAU MÁXIMO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista econômico.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 577.494-PRRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: PIS/PASEP. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 12 DA LC 7/70 E DO ART. 3º DA LC 8/70. ART. 173, § 1º, II, DA CF. TRATAMENTO MAIS GRAVOSO PARA AS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA QUE EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA, POR SE SUJEITAREM À CONTRIBUIÇÃO AO PASEP, EM RELAÇÃO ÀS EMPRESAS PRIVADAS, QUE RECOLHEM A CONTRIBUIÇÃO AO PIS. RELEVÂNCIA JURÍDICA E ECONÔMICA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 578.695-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EXECUÇÃO: FRACIONAMENTO. CUSTAS: PAGAMENTO POR REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. QUESTÃO RELEVANTE DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO E JURÍDICO QUE ULTRAPASSA O INTERESSE SUBJETIVO DA CAUSA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

CLIPPING DO  DJ

9 de maio de 2008

ADI N. 2.862-SPRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ATOS NORMATIVOS ESTADUAIS QUE ATRIBUEM À POLÍCIA MILITAR A POSSIBILIDADE DE ELABORAR TERMOS CIRCUNSTANCIADOS. PROVIMENTO 758/2001, CONSOLIDADO PELO PROVIMENTO N. 806/2003, DO CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, E RESOLUÇÃO SSP N. 403/2001, PRORROGADA PELAS RESOLUÇÕES SSP NS. 517/2002, 177/2003, 196/2003, 264/2003 E 292/2003, DA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ATOS NORMATIVOS SECUNDÁRIOS. AÇÃO NÃO CONHECIDA.1. Os atos normativos impugnados são secundários e prestam-se a interpretar a norma contida no art. 69 da Lei n. 9.099/1995: inconstitucionalidade indireta.2. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal pacífica quanto à impossibilidade de se conhecer de ação direta de inconstitucionalidade contra ato normativo secundário. Precedentes.3. Ação Direta de Inconstitucionalidade não conhecida.* noticiado no Informativo 499

ADI N. 3.660-MSRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade. 3. Custas judiciais. Destinação a entidades privadas. Inconstitucionalidade. O Supremo Tribunal Federal já manifestou, por diversas vezes, o entendimento de que é vedada a destinação dos valores recolhidos a título de custas e emolumentos a pessoas jurídicas de direito privado. Precedentes. 4. Ação julgada procedente. Tendo em vista razões de segurança jurídica e de excepcional interesse social, aplica-se o art. 27 da Lei n° 9.868/99, para atribuir à declaração de inconstitucionalidade efeitos a partir da Emenda Constitucional n° 45, de 31.12.2004.* noticiado no Informativo 498

ADI N. 3.691-MARELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Portaria n° 17/2005, do Estado do Maranhão, que altera e fixa os horários de funcionamento dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no Estado. 3. Generalidade, abstração e autonomia que tornam apto o ato normativo para figurar como objeto do controle de constitucionalidade. 4. Competência do Município para legislar sobre horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais (art. 30, I, CF/88). Matéria de interesse local. Precedentes. Entendimento consolidado na Súmula 645/STF. 5. Ação julgada procedente.

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* noticiado no Informativo 477

QUEST. ORD. EM RE N. 556.664-RSRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Questão de Ordem. 2. Inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, e do art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 1.569/77 declarada pelo Plenário do TRF - 4ª Região. 3. Determinação de suspensão do envio ao STF dos RE’s e AI’s que versem sobre a constitucionalidade dos referidos dispositivos.* noticiado no Informativo 479

RHC N. 92.746-SPRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL MILITAR. PROCESSUAL PENAL MILITAR. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. INSURGÊNCIA CONTRA A DECRETAÇÃO DA PERDA DO ESTADO DE MILITAR PARA CUMPRIMENTO DA PENA NO REGIME PRISIONAL ABERTO. RECURSO PROVIDO.* noticiado no Informativo 498

HC N. 84.469-DFRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: HABEAS CORPUS. ART. 595 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. APELAÇÃO JULGADA DESERTA EM RAZÃO DO NÃO RECOLHIMENTO DO RÉU À PRISÃO. VIOLAÇÃO AOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E AOS PRINCÍPIOS DO DIREITO. ORDEM CONCEDIDA.1. O não recolhimento do réu à prisão não pode ser motivo para a deserção do recurso de apelação por ele interposto.2. O art. 595 do Código de Processo Penal institui pressuposto recursal draconiano, que viola o devido processo legal, a ampla defesa, a proporcionalidade e a igualdade de tratamento entre as partes no processo.3. O fato de os efeitos do julgamento da apelação dos co-réus terem sido estendidos ao paciente não supre a ausência de análise das razões por ele mesmo alegadas em seu recurso.4. O posterior provimento pelo Superior Tribunal de Justiça do recurso especial da acusação não alcança a esfera jurídica do paciente, cuja apelação não havia sido julgada. Possíveis razões de ordem pessoal que poderiam alterar a qualidade da sua participação nos fatos objeto de julgamento. Adoção da teoria monista moderada para o concurso de pessoas, que leva em consideração o dolo do agente (art. 29, § 2º, do Código Penal).5. Ordem concedida, para determinar que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios proceda ao julgamento do mérito da apelação interposta pelo paciente. Somente contra esse futuro julgamento é que eventual recurso acusatório poderá ser interposto contra o paciente.* noticiado no Informativo 502

HC N. 91.650-RJRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: AÇÃO PENAL. Crime de quadrilha ou bando. Art. 288 do Código Penal. Não configuração. Fato atípico. Absolvição de um dos 4 (quatro) supostos membros, posto que noutro processo. Atipicidade conseqüente reconhecida. Condenação excluída. Habeas corpus concedido para esse fim, com extensão da ordem aos dois co-réus também condenados. Existência de coisa julgada material em relação à sentença condenatória. Irrelevância. Caso de nulidade absoluta recognoscível em habeas corpus, ainda que transitada em julgado a sentença. Inteligência do art. 5º, inc. LXVIII, da CF, e arts. 647 e 648 do CPP. Precedentes. A coisa julgada material que recobre sentença condenatória por delito de quadrilha ou bando não obsta, por si só, a que se reconheça, em habeas corpus, a atipicidade da conduta e conseqüente nulidade da condenação, se um dos quatros supostos membros foi definitivamente absolvido noutro processo.

HC N. 92.824-SCRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: CRIMINAL. HABEAS CORPUS. CRIME HEDIONDO. PRISÃO EM FLAGRANTE HOMOLOGADA. PROIBIÇÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. PLEITO DE AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA DA SURPRESA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DOS FATOS E PROVAS. IMPROPRIEDADE DO WRIT. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E CONCEDIDA.A atual jurisprudência desta Corte admite a concessão de liberdade provisória em crimes hediondos ou equiparados, em hipóteses nas quais estejam ausentes os fundamentos previstos no artigo 312 do Código

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de Processo penal. Precedentes desta Corte.Em razão da supressão, pela lei 11.646/2007, da vedação à concessão de liberdade provisória nas hipóteses de crimes hediondos, é legítima a concessão de liberdade provisória ao paciente, em face da ausência de fundamentação idônea para a sua prisão.A análise do pleito de afastamento da qualificadora surpresa do delito de homicídio consubstanciaria indevida incursão em matéria probatória, o que não é admitido na estreita via do habeas corpus.Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensão, concedida.* noticiado no Informativo 493

HC N. 93.391-RJRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTAS: 1. PRISÃO PREVENTIVA. Cumprimento. Definição do local. Transferência determinada para estabelecimento mais curial. Competência do juízo da causa. Aplicação de Regime Disciplinar Diferenciado - RDD. Audiência prévia do Ministério Público e da defesa. Desnecessidade. Ilegalidade não caracterizada. Inteligência da Res. nº 557 do Conselho da Justiça Federal e do art. 86, § 3º, da LEP. É da competência do juízo da causa penal definir o estabelecimento penitenciário mais curial ao cumprimento de prisão preventiva.2. PRISÃO ESPECIAL. Advogado. Prisão preventiva. Cumprimento. Estabelecimento com cela individual, higiene regular e condições de impedir contato com presos comuns. Suficiência. Falta, ademais, de contestação do paciente. Interpretação do art. 7º, V, da Lei nº 8.906/94 - Estatuto da Advocacia, à luz do princípio da igualdade. Constrangimento ilegal não caracterizado. HC denegado. Precedentes. Atende à prerrogativa profissional do advogado ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, em cela individual, dotada de condições regulares de higiene, com instalações sanitárias satisfatórias, sem possibilidade de contato com presos comuns.* noticiado no Informativo 502

TRANSCRIÇÕESCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Questão Constitucional: Concessão de Floresta Pública e Autorização Prévia do Congresso Nacional (Transcrições)

STA 235/RO*

RELATOR: MIN. GILMAR MENDESDECISÃO: Trata-se de suspensão de tutela antecipada, com pedido de medida liminar, ajuizada pela União, contra decisão proferida pela Des. Selene Maria de Almeida, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região - TRF da 1ª Região, nos autos do Agravo de Instrumento n° 2008.01.00.004474-1/RO. A petição inicial relata que, na origem, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública, em face da União, para suspender, em sede de tutela antecipada, a concorrência nº 1/2007, referente à concessão da Floresta Nacional do Jamari/RO, bem como para que a então requerida se abstenha de praticar quaisquer outros atos tendentes à formalização de outra concorrência até decisão ulterior (fls. 51-62). Em 17 de janeiro de 2008, o juízo da Segunda Vara Federal da Seção Judiciária de Rondônia indeferiu a antecipação de tutela (fls. 40-47), sob o fundamento de que a concorrência nº 1/2007 estaria respaldada na Lei nº 11.284/2006, que regula a gestão de florestas públicas para a produção sustentável. Acrescentou que a Constituição Federal, em seu art. 225, não vedaria a referida concessão, mas tão-somente limitaria a utilização do meio-ambiente, impondo algumas restrições. Por fim, o magistrado de primeira instância asseverou que a concessão em exame não implicaria a transferência de domínio de área pública, uma vez que a própria lei contraria essa afirmação, ao impor uma série de restrições quanto ao uso da terra pública. Contra essa decisão, o Ministério Público Federal interpôs agravo de instrumento, com pedido de antecipação da tutela recursal, no TRF da 1ª Região (fls. 23-39). A relatora do agravo, Des. Maria Selene de Almeida, deferiu a antecipação de tutela “para sustar o processo de licitação da Floresta Nacional do Jamari até que o Serviço Florestal Brasileiro obtenha autorização prévia do Congresso Nacional, conforme determina o art. 49, XVII, da Constituição da República” (fls. 63-91). A decisão impugnada fundamenta-se, em síntese, na suposta usurpação da competência exclusiva conferida pelo art. 49, XVII, da Constituição Federal, ao Congresso Nacional para aprovar a concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares:“A questão jurídica da submissão da concessão ao Congresso Nacional, ex vi do art. 49, XVII, da Constituição, já foi matéria sujeita a polêmica entre os juristas, quando se verificou que o Projeto de Lei 4.776/05 não observava a referida norma constitucional. O Projeto de Lei 4776/2005 provocou muita polêmica entre ambientalistas, governo e membros do Parlamento, exatamente por causa dessa omissão.

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[...]A r. decisão agravada partiu do pressuposto de que a Lei 11.284/06, que retirou a possibilidade do Congresso Nacional examinar concessões de florestas de grandes áreas, é constitucional. Quanto ao argumento de que a lei presume-se constitucional, não se põe em discussão que, realmente, a lei goza, no ordenamento jurídico, da presunção de constitucionalidade, assim como o ato administrativo presume-se revestido de legalidade. Também não é admissível que o magistrado afaste tais presunções sem demonstração evidente, acima de qualquer dúvida razoável, de que está patente a violação à Constituição. Por isso, na dúvida, a decisão do juízo singular ou colegiado deve ser pela confirmação da constitucionalidade da norma impugnada. O Projeto de Lei que deu origem a Lei 11.284/06 não previa a aprovação do Parlamento para a concessão da floresta com área superior a 2.500 hectares, ex vi do art. 49, XVII, da Constituição Federal de 1988. No Senado Federal, o projeto recebeu emenda para que se adequasse à Constituição no particular. A circunstância de ter havido veto presidencial, por si só, não transforma o texto inconstitucional em constitucional. A vontade do Poder Executivo ou de quem quer que seja não tem o condão de alterar a natureza das coisas. Do contrário, ter-se-ia a conclusão, oposta ao ordenamento jurídico, de que em todo caso de ocorrência de veto nasceria uma presunção absoluta da constitucionalidade da norma. Por outro lado, é bizantina a distinção entre concessão de terra pública e concessão florestal feita na decisão agravada. Concessão não é sinônimo de alienação nem transferência de domínio. Não se conhece em sede de Direito Administrativo a tese de que a concessão de bens, serviços ou terras públicas, implique em transferência de domínio ou que concessão e alienação de terras públicas tenham a mesma natureza jurídica. A r. decisão agravada vale-se de um raciocínio falacioso porque a concessão prevista no art. 49, XVII, da CF/88 não implica em alienação de propriedade. Ademais, conforme destacado pelo Ministério Público Federal – agravante, são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe for incorporado natural ou artificialmente. A concessão é um ato administrativo pelo qual se institui um direito de uso, de aproveitamento e exploração. Por meio da concessão se constitui um direito real sobre coisas de domínio público. Contudo, é de sua essência a revogabilidade. Não há transmissão do domínio pleno e a exploração que venha a ocorrer será sempre limitada por esse domínio público. A doutrina subdivide a concessão em duas modalidades: a de serviço público e concessão dominial. A concessão de floresta pública seria dessa última espécie, porque implica na outorga de um privilégio ao vencedor da licitação sobre um bem imóvel da União. O conteúdo dominial da concessão de floresta pública altera o princípio da inalienabilidade do domínio público, mas não significa, ipso facto, em transmissão da propriedade do bem do Estado. Como qualquer outra modalidade de concessão, a de florestas públicas é passível de caducidade, revogabilidade, tem profundas limitações quanto à disponibilidade, à forma de uso, além de outros gravames impostos pelo Poder Público. Inexiste na doutrina e na jurisprudência tese de que a concessão do domínio público, qualquer que seja, afaste a soberania do Estado das áreas dadas em concessão. Em resumo, a exigência de apreciação da matéria sub judice é do Congresso Nacional, pois a norma constitucional não faz distinção da exigência seja para concessão ou alienação. Além disso, a concessão de floresta é também uma espécie de concessão dominial, exatamente como prevista na Constituição. No caso, contudo, a presunção de legitimidade da norma jurídica, data venia, não subsiste diante das disposições claras do legislador constituinte que não permite que se conceda o uso de terras públicas com área superior a 2.500 hectares sem prévia anuência do Parlamento. A constituinte não faz qualquer distinção entre alienação do domínio ou mera concessão. Quem elabora a distinção, inexistente no texto da Constituição, é a r. decisão recorrida. Portanto, o pedido autoral tem fundamento constitucional legítimo, eis que a retirada da competência exclusiva do Congresso Nacional para examinar sobre a concessão de milhões de quilômetros de florestas públicas brasileiras é uma afronta direta ao art. 49, XVII, da Constituição da República. O caso não requer interpretação sutil, pois o texto da norma é de meridiana clareza e sua violação pela Lei 11.284/06" (fls. 12 e 27/28).É contra essa decisão que se insurge a requerente.Conforme aduzido na inicial, além do presente pedido de suspensão de tutela antecipada, a União pleiteou a reconsideração da decisão ora impugnada e, alternativamente, a remessa dos autos à Quinta Turma do TRF da 1ª Região para reexame da questão (fls. 92-131). A requerente alega que a decisão impugnada constituiria grave lesão à ordem pública. Nesse sentido, aponta a dispensabilidade da submissão prévia ao Congresso Nacional da aprovação da concorrência para concessão de florestas públicas, verbis:“Logo, a contracautela a ser buscada temporariamente (ou seja, até o trânsito em julgado da ação) objetiva sustar a eficácia de decisão que afronta não só disposições legais, mas também normas contidas no próprio texto constitucional – arts. 49, XVII, e 225 –, e que, pois, desrespeita a ordem público-administrativa traçada pelo constituinte originário. No caso dos autos, observa-se que a decisão antecipatória que ora se pretende suspender, ao sustar o processo de licitação da Floresta Nacional do Jamari/RO até que o Serviço Florestal Brasileiro obtenha autorização prévia do Congresso Nacional, violou tanto dispositivos da Constituição Republicana (art. 49, XVII, e art. 225), como também a própria diretriz contida na Lei nº 11.284/2006 (que disciplina, dentre outras matérias, a gestão de florestas públicas para a produção sustentável).[...]Conforme se verifica da redação da norma acima transcrita [art. 10 da Lei nº 11.284/2006], o seu § 4º, que

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Page 35: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

determinada a submissão prévia do PAOF à apreciação do Congresso Nacional (nas hipóteses de concessões de florestas públicas com área superior a 2.500 hectares), foi vetado pelo Presidente da República, sob a justificativa de que ‘o texto aprovado pelo Congresso Nacional se contrapõe ao princípio apontado no inciso VII do art. 2º - que diz: a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas; uma vez que determina sistemática de submeter o Plano Anual de Outorga Florestal ao Congresso Nacional, o que vincula sua aprovação, inclusive, a contingências políticas de curto prazo, além de criar novos processos administrativos para a tramitação da matéria’. Dessa forma, quando a concorrência (processo licitatório) objetivar a concessão de florestas públicas (exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo), não se mostra indispensável a submissão prévia ao Parlamento Nacional (como previsto no art. 49, XVII, da Constituição) para a aprovação ou não de tal certame” (fls. 11 e 13"). Defende, assim, a inaplicabilidade do disposto no art. 49, XVII, da Constituição Federal, às concessões florestais:“A necessidade de aprovação do Congresso Nacional, prevista no art. 49, inciso XVII, da Constituição de 1988, só deve ser aplicada nas hipóteses taxativamente previstas no dispositivo, quais sejam, a de alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Não se aplica, portanto, às concessões florestais previstas na Lei nº 11.284, de 02 de março de 2006” (fl. 16).Ademais, sustenta que “a manutenção da decisão proferida no Agravo de Instrumento nº 2008.01.00.004474-1/RO poderá servir de paradigma para que os Juízos Federais de todo o país, em total desrespeito ao texto da Constituição de 1988 e às políticas públicas elaboradas pelo Poder Executivo, concedam liminares e determinem a suspensão (com a conseqüente anulação) de futuros editais de concorrências destinadas à concessão de florestas públicas no âmbito do território nacional” (fl. 19).Por fim, requer:“seja suspensa a eficácia da decisão monocrática proferida pela Desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, nos autos do Agravo de Instrumento nº 2008.01.00.004474-1/RO, tendo em vista a comprovada lesão à ordem pública.Requer, ainda, que o pedido seja processado e deferido, ainda que sobrevenha acórdão na ação de origem ou a manutenção, por órgão colegiado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, da medida de urgência ora impugnada, em ordem a suspender a eficácia executiva da decisão até o trânsito em julgado da decisão de mérito da ação de origem, tendo em vista o teor da Súmula nº 626 dessa Suprema Corte” (fls. 20/21).Decido.A base normativa que fundamenta o instituto da suspensão (Leis 4.348/64, 8.437/92, 9.494/97 e art. 297 do RI-STF) permite que a Presidência do Supremo Tribunal Federal, para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, suspenda a execução de decisões concessivas de segurança, de liminar ou de tutela antecipada, proferidas em única ou última instância, pelos tribunais locais ou federais, quando a discussão travada na origem for de índole constitucional. Assim, é a natureza constitucional da controvérsia que justifica a competência do Supremo Tribunal Federal para apreciar o pedido de contracautela, conforme a pacificada jurisprudência desta Corte, destacando-se os seguintes julgados: Rcl 497-AgR/RS, rel. Min. Carlos Velloso, Plenário, DJ 06.4.2001; SS 2.187-AgR/SC, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 21.10.2003; e SS 2.465/SC, rel. Min. Nelson Jobim, DJ 20.10.2004. Embora ainda não se tenha contemplado a questão com a necessária atenção, é certo que se, de um lado, a transferência para o Superior Tribunal de Justiça da atribuição para conhecer das questões relativas à observância do direito federal acabou por reduzir a competência do Supremo Tribunal Federal às controvérsias de índole constitucional, não subsiste dúvida de que, por outro lado, essa alteração deu ensejo à Excelsa Corte para redimensionar o conceito de questão constitucional. O próprio significado do princípio da legalidade, positivado no art. 5.º, II, da Constituição, deve ser efetivamente explicitado, para que dele se extraiam relevantes conseqüências jurídicas já admitidas pela dogmática constitucional. O princípio da legalidade, entendido aqui tanto como princípio da supremacia ou da preeminência da lei (Vorrang des Gesetzes), quanto como princípio da reserva legal (Vorbehalt des Gesetzes), contém limites não só para o Legislativo, mas também para o Poder Executivo e para o Poder Judiciário. A idéia de supremacia da Constituição, por outro lado, impõe que os órgãos aplicadores do direito não façam tabula rasa das normas constitucionais, ainda quando estiverem ocupados com a aplicação do direito ordinário. Daí porque se cogita, muitas vezes, sobre a necessidade de utilização da interpretação sistemática sob a modalidade da interpretação conforme à Constituição. É de se perguntar se, nesses casos, tem-se simples questão legal, ou se o tema pode ter contornos constitucionais e merece, por isso, ser examinado pelo Supremo Tribunal Federal.Ainda nessa linha de reflexão, deve-se questionar se a decisão judicial que se ressente de falta de fundamento legal poderia ser considerada contrária à Constituição, suscitando uma legítima questão constitucional. Na mesma linha de raciocínio seria, igualmente, lícito perguntar se a aplicação errônea ou equivocada do direito ordinário poderia dar ensejo a uma questão constitucional. Tal como outras ordens constitucionais, a Constituição brasileira consagra como princípio básico o postulado da legalidade segundo o qual “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5.º, II). O princípio da legalidade contempla, entre nós, tanto a idéia de supremacia da lei (Vorrang des Gesetzes), quanto a de reserva legal (Vorbehalt des Gesetzes). O princípio da reserva legal explicita as

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Page 36: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

matérias que devem ser disciplinadas diretamente pela lei. Este princípio, na sua dimensão negativa, afirma a inadmissibilidade de utilização de qualquer outra fonte de direito diferente da lei. Na sua dimensão positiva, admite-se que apenas a lei pode estabelecer eventuais limitações ou restrições.Por seu turno, o princípio da supremacia ou da preeminência da lei submete a administração e os tribunais ao regime da lei, impondo tanto a exigência de aplicação da lei (dimensão positiva) quanto a proibição de desrespeito ou de violação da lei (dimensão negativa).A propósito, são elucidativas as lições de Canotilho:“Em termos práticos, a articulação de suas dimensões aponta: (I) para a exigência da aplicação da lei pela administração e pelos tribunais (cfr. CRP arts. 206, 266/2), pois o cumprimento concretizador das normas legais não fica à disposição do juiz (a não ser que as ‘julgue’ inconstitucionais) ou dos órgãos e agentes da administração (mesmo na hipótese de serem inconstitucionais); (II) a proibição de a administração e os tribunais actuarem ou decidirem contra lei, dado que esta constitui um limite (‘função limite’, ‘princípio da legalidade negativa’) que impede não só as violações ostensivas das normas legais, mas também os ‘desvios’ ou ‘fraudes’ à lei através da via interpretativa; (III) nulidade ou anulabilidade dos actos da administração e das medidas judiciais ilegais; (VI) inadmissibilidade da ‘rejeição’ por parte dos órgãos e agentes da administração (mas já não por parte dos juízes), de leis por motivo de inconstitucionalidade. Neste sentido pôde um autor afirmar recentemente que o princípio da legalidade era um ‘verdadeiro polícia na ordem jurídica’ (J. Chevallier).”Problema igualmente relevante coloca-se em relação às decisões judiciais que, por falta de fundamento legal, acabam por lesar relevantes princípios da ordem constitucional.Por exemplo, uma decisão judicial que, sem fundamento legal, afete situação individual, revela-se igualmente contrária à ordem constitucional, pelo menos ao direito subsidiário da liberdade de ação (Auffanggrundrecht).Se se admite, como expressamente estabelecido na Constituição, que os direitos fundamentais vinculam todos os poderes e que a decisão judicial deve observar a Constituição e a lei, não é difícil compreender que a decisão judicial que se revele desprovida de base legal afronta algum direito individual específico, pelo menos o princípio da legalidade.A propósito, assinalou a Corte Constitucional alemã:“Na interpretação do direito ordinário, especialmente dos conceitos gerais indeterminados (Generalklausel) devem os tribunais levar em conta os parâmetros fixados na Lei Fundamental. Se o tribunal não observa esses parâmetros, então ele acaba por ferir a norma fundamental que deixou de observar; nesse caso, o julgado deve ser cassado no processo de recurso constitucional” (Verfassungsbeschwerde) (BverfGE 7, 198 (207); 12, 113 (124); 13, 318 (325).Não há dúvida de que essa orientação prepara algumas dificuldades, podendo converter a Corte Constitucional em autêntico Tribunal de revisão. É que, se a lei deve ser aferida em face de toda a Constituição, as decisões hão de ter a sua legitimidade verificada em face da Constituição e de toda a ordem jurídica. Se se admitisse que toda decisão contrária ao direito ordinário é uma decisão inconstitucional, ter-se-ia de acolher, igualmente, todo e qualquer recurso constitucional interposto contra decisão judicial ilegal.Enquanto essa orientação prevalece em relação a leis inconstitucionais, não se adota o mesmo entendimento no que concerne às decisões judiciais.Por essas razões, procura o Tribunal formular um critério que limita a impugnação das decisões judiciais mediante recurso constitucional. Sua admissibilidade dependeria, fundamentalmente, da demonstração de que, na interpretação e aplicação do direito, o Juiz desconsiderou por completo ou essencialmente a influência dos direitos fundamentais, que a decisão se revela grosseira e manifestamente arbitrária na interpretação e aplicação do direito ordinário ou, ainda, que se ultrapassaram os limites da construção jurisprudencial. Não raras vezes, observa a Corte Constitucional que determinada decisão judicial afigura-se insustentável, porque assente numa interpretação objetivamente arbitrária da norma legal (Sie beruth vielmehr auf schlechthin unhaltbarer und damit objektiv willkürlicher Auslegung der angewenderen Norm).Essa concepção da Corte Constitucional levou à formulação de uma teoria sobre os graus ou sobre a intensidade da restrição imposta aos direitos fundamentais (Stufentheorie), que admite uma aferição de constitucionalidade tanto mais intensa quanto maior for o grau de intervenção no âmbito de proteção dos direitos fundamentais.Embora o modelo de controle de constitucionalidade exercido pelo Bundesverfassungsgericht revele especificidades decorrentes, sobretudo, do sistema concentrado, é certo que a idéia de que a não-observância do direito ordinário pode configurar uma afronta ao próprio direito constitucional tem aplicação também entre nós.Essa conclusão revela-se tanto mais plausível se se considera que, tal como a Administração, o Poder Judiciário está vinculado à Constituição e às leis (CF, art. 5.º, § 1.º).Enfim, é possível aferir uma questão constitucional na violação da lei pela decisão judicial. A decisão ou ato sem fundamento legal ou contrário ao direito ordinário viola, dessa forma, o princípio da legalidade.No presente caso, a controvérsia suscitada pela União diz respeito à lesão à ordem pública, entendida como ordem administrativa, decorrente da violação a dispositivos da Constituição da República (art. 49,

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Page 37: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

XVII, e art. 225), que dizem respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e, principalmente, da Lei n° 11.284/2006, a qual disciplina a gestão de florestas públicas para a produção sustentável.A presença da questão constitucional, portanto, é evidente.Feitas essas considerações preliminares, passo à análise do pedido, o que faço apenas e tão-somente com base nas diretrizes normativas que disciplinam as medidas de contracautela. Ressalte-se, não obstante, que, na análise do pedido de suspensão de decisão judicial, não é vedado ao Presidente do Supremo Tribunal Federal proferir um juízo mínimo de delibação a respeito das questões jurídicas presentes na ação principal, conforme tem entendido a jurisprudência desta Corte, da qual se destacam os seguintes julgados: SS 846-AgR/DF, rel. Ministro Sepúlveda Pertence, DJ 29.5.96; SS 1.272-AgR/RJ, rel. Ministro Carlos Velloso, DJ 18.5.2001. O art. 4º da Lei 8.437/92, c/c o art. 1º da Lei 9.494/97, autoriza o deferimento do pedido de suspensão da execução da tutela antecipada concedida nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. No caso, entendo que está devidamente demonstrado o risco de grave lesão à ordem pública, entendida como ordem administrativa, no tocante ao regular funcionamento dos serviços da Administração Pública e à normal execução das atividades típicas do Estado-administração. A decisão impugnada suspendeu o processo de concessão da Floresta Nacional do Jamari-RO até que o Serviço Florestal Brasileiro obtenha autorização prévia do Congresso Nacional.Conforme demonstrou a Advocacia-Geral da União, “quando a concorrência (processo licitatório) objetivar a concessão de florestas públicas (exploração de produtos e serviços de uma unidade de manejo), não se mostra indispensável a submissão prévia ao Parlamento Nacional (como previsto no art. 49, XVII, da Constituição) para a aprovação ou não de tal certame” (fl. 13). Parece razoável, também, o argumento de que “não se pode confundir a concessão florestal com a concessão dominial (ou concessão de terras públicas)”. Segundo bem descreve a AGU, “a primeira (concessão florestal), nos termos da Constituição da República e da Lei n° 11.284/2006, não implica a transferência da posse da terra pública, mas sim a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado” (fl. 15). O processo de licitação para a concessão florestal está disciplinado pela Lei n° 11.284, de 2 de março de 2006, a qual não exige a submissão do Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF à prévia aprovação do Congresso Nacional. Ao contrário, conforme descreve a União, o § 4º do art. 10, “que determinava a submissão prévia do PAOF à apreciação do Congresso Nacional (nas hipóteses de concessões de florestas públicas com área superior a 2.500 hectares), foi vetado pelo Presidente da República, sob a justificativa de que ‘o texto aprovado pelo Congresso Nacional se contrapõe ao princípio apontado no inciso VIII do art. 2º - que diz: ‘a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das florestas’; uma vez que determina sistemática de submeter o Plano Anual de Outorga Florestal ao Congresso Nacional, o que vincula sua aprovação, inclusive, a contingências políticas de curto prazo, além de criar novos processos administrativos para a tramitação da matéria”. Ressalte-se que a questão relacionada à eventual inconstitucionalidade da referida lei em relação ao art. 49, inciso VII, da Constituição da República, é objeto da ADI n° 3.989/DF, Rel. Min. Eros Grau, e deverá ser apreciada, no momento oportuno, por esta Corte. Ademais, também está presente a probabilidade de concretização do denominado “efeito multiplicador” (SS 1.836-AgR/RJ, rel. Min. Carlos Velloso, Plenário, unânime, DJ 11.10.2001), ante a possibilidade de multiplicação de medidas liminares em demandas que contenham o mesmo objeto. Ante o exposto, defiro o pedido para suspender a execução da decisão proferida pela Des. Selene Maria de Almeida, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região - TRF da 1ª Região, nos autos do Agravo de Instrumento n° 2008.01.00.004474-1/RO.Comunique-se, com urgência.Publique-se. Brasília, 5 de maio de 2008.Ministro GILMAR MENDES - Presidente* decisão publicada no DJE de 12.5.2008

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS5 a 9 de maio de 2008Súmula vinculante nº 4 – Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. Publicada no DOU de 9/5/2008, Seção 1, p.1.

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Informativo STF

Brasília, 28 de abril a 2 de maio de 2008 - Nº 504.Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo

efetivo das decisões, embora seja uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioCompensação de Créditos de ICMS - 3Repercussão GeralAdicional de Insalubridade e Vinculação ao Salário Mínimo - 1Adicional de Insalubridade e Vinculação ao Salário Mínimo - 2Soldo de Praça e Salário-Mínimo1ª TurmaReclamação e Nova Prisão PreventivaArquivamento de Inquérito: Art. 28 do CPP e Justa Causa - 1Arquivamento de Inquérito: Art. 28 do CPP e Justa Causa - 2Prisão Preventiva e Progressão de Regime - 2Publicação em Nome de Advogado Falecido2ª TurmaGrave Estado de Saúde e Prisão DomiciliarTurmas Recursais e Competência em Matéria CriminalTempestividade de Recurso e Momento de ComprovaçãoAção Civil Pública e Legitimidade do Ministério PúblicoRepercussão GeralClipping do DJ

PLENÁRIOCompensação de Créditos de ICMS - 3

Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário em que se discutia se filial de empresa localizada em Duque de Caxias-RJ, contribuinte de ICMS, poderia abater, do valor do imposto devido pela venda de produto acabado (óleo lubrificante), os créditos decorrentes das operações de outra filial, situada em São Cristóvão-RJ, quando da aquisição de insumos. Cuidava-se, na espécie, de recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que, mantendo a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau, cancelara os créditos de ICMS obtidos na compra de insumos, ao fundamento de que nas operações realizadas entre os estabelecimentos da recorrente não incidiria o imposto, razão por que aplicável o disposto no art. 155, § 2º, II, b, da CF (“II - a isenção ou não incidência, salvo determinação em contrário da legislação: ... b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;”) — v. Informativos 241 e 413. Salientou-se que os insumos adquiridos pela filial de São Cristóvão serviriam para preparar o óleo lubrificante que seria vendido pela filial de Duque de Caxias tanto no mercado interno quanto no interestadual, sendo que haveria incidência do ICMS somente no primeiro caso. O Min. Carlos Velloso, tendo em conta que o crédito decorrente da aquisição de tais insumos somente poderia ser aproveitado se o produto acabado fosse vendido exclusivamente no mercado interno, entendeu que o acórdão impugnado deveria ser mantido, porque, apesar do recolhimento com lançamento do crédito, quando da entrada dos insumos, a recorrente, não teria comprovado, na saída do produto final, quais os créditos desses insumos utilizados num e noutro caso. O Min. Celso de Mello o acompanhou quanto a esse fundamento. O Min. Marco Aurélio se baseou no auto de infração que anulara os créditos provenientes da compra de insumos, haja vista que, a recorrente, como contribuinte de direito, na saída do produto final, nada teria recolhido. Tal contexto, portanto, atrairia o previsto na alínea b do inciso II do § 2º do art. 155 da CF. Vencidos os Ministros Nelson Jobim, Carlos Britto, Cezar Peluso e Gilmar Mendes, que davam provimento ao recurso, por considerar que não teria havido isenção ou não-incidência, mas substituição tributária, com diferimento da cobrança do imposto, motivo pelo qual o acórdão recorrido, ao vedar a compensação dos créditos obtidos pela recorrente, teria violado o princípio constitucional da não-cumulatividade (CF, art. 155, § 2º, I). O Min. Joaquim Barbosa reformulou seu voto para acompanhar a divergência iniciada pelo Min. Maurício Corrêa.

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Page 39: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

RE 199147/RJ, rel. orig. Min. Nelson Jobim, rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 16.4.2008. (RE-199147)

REPERCUSSÃO GERALAdicional de Insalubridade e Vinculação ao Salário Mínimo - 1

O Tribunal aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante 4, do STF, nestes termos: “Salvo os casos previstos na Constituição Federal, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial”. Essa orientação foi firmada pelo Tribunal ao negar provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que assentara a legitimidade do cálculo do adicional de insalubridade com base no salário mínimo. Declarou-se a não-recepção da expressão “salários mínimos” contida no caput do art. 3º da Lei Complementar 432/85 do Estado de São Paulo, e do § 1º do mesmo dispositivo legal (“Art. 3º - O adicional de insalubridade será pago ao funcionário ou servidor de acordo com a classificação nos graus máximo, médio e mínimo, em percentuais de, respectivamente, 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento), que incidirão sobre o valor correspondente a 2 (dois) salários mínimos. § 1º - O valor do adicional de que trata este artigo será reajustado sempre que ocorrer a alteração no valor do salário mínimo.”). Entendeu-se que os dispositivos impugnados estariam em confronto com a vedação prevista na parte final do inciso IV do art. 7º da CF, reportando-se a vários precedentes da Corte, que assentaram que o sentido dessa proibição seria o de evitar o uso do salário mínimo como fator de indexação, para que, com essa utilização, não se criasse empecilho ao aumento dele em face da cadeia de aumentos que daí decorreriam se admitida essa vinculação (CF: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais ... IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, ..., sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”). RE 565714/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 30.4.2008. (RE-565714)

Adicional de Insalubridade e Vinculação ao Salário Mínimo - 2Asseverou-se que, a despeito do reconhecimento da não-recepção, o Tribunal não poderia substituir a base de cálculo legal, tal como pretendido pelos recorrentes, sob pena de atuar como legislador positivo. Por fim, o Tribunal determinou o aproveitamento como base de cálculo do adicional de insalubridade a ser pago aos recorrentes do valor em reais equivalente a dois salários mínimos nacionais segundo o valor vigente na data do trânsito em julgado deste recurso extraordinário, atualizando-se na forma da legislação, até que seja editada lei fixando nova base de cálculo. O Min. Cezar Peluso declarou a não-recepção apenas do § 1º do art. 3º da lei em questão, ao fundamento de que somente nele o salário mínimo serviria de indexador, e considerou que referido preceito também ofenderia os artigos 61, § 1º, c/c o art. 37, X, bem como o art. 37, XIII, todos da CF. Nesse sentido, votou o Min. Celso de Mello. Alguns precedentes citados: RE 217700/GO (DJU de 17.12.99); RE 236396/MG (DJU de 20.11.98); RE 351611/RS (DJU de 7.2.2003); RE 284627/SP (DJU de 24.5.2002); RE 221234/PR (DJU de 5.5.2000); AI 432622 ED/BA (DJU de 15.9.2006); RE 439035/ES (DJE de 28.3.2008). RE 565714/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 30.4.2008. (RE-565714)

Soldo de Praça e Salário-MínimoNão se estende às praças que prestam serviço militar inicial obrigatório a garantia do salário mínimo contida na Constituição Federal (“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:... IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;... VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;”). Essa foi a conclusão do Tribunal ao negar provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão de Turma Recursal de Juizado Especial Federal que, com base em enunciado de súmula do próprio Juizado, reputara constitucional o art. 18, § 2º, da Medida Provisória 2.215-10/2001, que possibilita o pagamento de soldo inferior a um salário mínimo a praça que presta serviço militar inicial obrigatório. Salientando que a Constituição Federal, ao tratar dos militares, tanto na sua redação original quanto na dada pela EC 18/98, não fez remissão aos incisos IV e VII do art. 7º da CF, entendeu-se inexistente a alegada violação ao princípio da isonomia. Asseverou-se que, diversamente do que ocorre com os trabalhadores urbanos e rurais, bem como os servidores civis, aos quais os artigos 7º, IV, e 39, § 2º (atual § 3º, na redação da EC 19/98), da CF, asseguram remuneração nunca inferior ao salário mínimo, aos militares não teria sido conferida essa garantia constitucional. Afirmou-se que a aprovação da EC 18/98, que suprimiu dos militares a qualificação de servidores públicos, não teria tido caráter exclusivamente terminológico, e que as regras pertinentes ao regime jurídico dos servidores públicos apenas se aplicariam aos militares quando o texto constitucional expressamente assim o previsse (CF, art. 142, § 3º). Afastando, de igual forma, ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana ou a outro postulado constitucional, destacou-se que os recrutados para o serviço militar obrigatório exerceriam um verdadeiro múnus público, um dever do cidadão no tocante a sua pátria, e se submeteriam a treinamento militar, por tempo determinado,

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percebendo do Estado todas as condições necessárias para bem cumprir essa obrigação constitucional. Precedente citado: RE 198982/RS (DJU de 19.4.2002). RE 570177/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 30.4.2008. (RE-570177)

PRIMEIRA TURMAReclamação e Nova Prisão Preventiva

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus no qual se alegava que a expedição de novo decreto prisional pelo juízo de origem teria descumprido decisão proferida pelo STJ que, em idêntica medida, ordenara a soltura do paciente, preso preventivamente desde 20.6.2006. Tratava-se de writ impetrado contra acórdão do STJ que julgara improcedente pedido formulado em reclamação por reputar que a atual custódia do paciente decorrera de novo decreto prisional, agora motivado na aplicação da lei penal e na preservação da ordem pública. Inicialmente, tendo em conta que o argumento de excesso de prazo da custódia não fora submetido àquela Corte, não se conheceu, no ponto, da impetração. Em seguida, salientou-se que o writ deferido pelo STJ determinara a expedição de alvará de soltura em favor do paciente, sem prejuízo de eventual decretação da custódia preventiva, devidamente justificada. Considerou-se, na espécie, que a decisão proferida pelo tribunal de origem — que decretara pela 2ª vez a prisão preventiva do paciente — não descumprira aquela anterior manifestação do STJ. Enfatizou-se que, depois de concedida a ordem, não haveria prejuízo de que, presentes os requisitos autorizadores e demonstrados fundamentos concretos, fosse decretada nova prisão preventiva, acaso necessária. Aduziu-se que, nesses casos, é exigível que a nova decisão contenha argumentação pertinente e suficiente a tudo quanto posto em exame, o que, na espécie, fora plenamente atendido. Vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio por entender, respectivamente, que a custódia do paciente não poderia ter sido decretada novamente com base nos mesmos fatos, mas mediante a superveniência de novos ou de circunstâncias em concreto; e que a magistrada de 1º grau não dera cumprimento ao que decidido pelo STJ. O Min. Marco Aurélio, por vislumbrar excesso de prazo, também concedia a ordem de ofício. HC 94062/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2008. (HC-94062)

Arquivamento de Inquérito: Art. 28 do CPP e Justa Causa - 1A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que denunciada, com terceiros, pela suposta prática do crime de homicídio qualificado reiterava as alegações de afronta ao princípio do promotor natural e falta de justa causa para o oferecimento da denúncia. Na espécie, o tribunal de origem concedera idêntica medida para determinar o trancamento da ação penal ante a inépcia da inicial acusatória. Determinado esse trancamento, a promotora de justiça da causa requerera a extinção da punibilidade dos réus e o conseqüente arquivamento dos autos. Ocorre que o juízo de 1º grau, com base no art. 28 do CPP, ordenara a remessa do feito para o Procurador-Geral de Justiça, que designara outro membro do parquet para oferecer a denúncia em desfavor da paciente, sendo essa peça recebida. A defesa impetrara, então, habeas corpus denegado sucessivamente no tribunal de justiça local e no STJ. Inicialmente, ressaltou-se que não existiria ofensa ao princípio do promotor natural pelo fato de ter sido pedido o arquivamento dos autos do inquérito policial por um promotor de justiça e apresentação da denúncia por outro, indicado pelo Procurador-Geral de Justiça, depois de o juízo singular haver reputado improcedente o pedido de arquivamento. Enfatizou-se que o aludido princípio do promotor natural, uma das garantias que advém do princípio do devido processo legal, é direito titularizado pelo cidadão para impedir que o Estado exorbite de suas atribuições em benefício ou em detrimento de alguém, fixando para determinada pessoa promotor ad hoc. HC 92885/CE, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2008. (HC-92885)

Arquivamento de Inquérito: Art. 28 do CPP e Justa Causa - 2Considerou-se que as normas que permitiriam ao Procurador-Geral de Justiça a substituição do promotor que deveria dar continuidade ao processo (CPP, art. 28 e Lei 8.625/93, art. 10, IX, d) — se observados os critérios normais de distribuição, por outro membro do Ministério Público, designado especialmente para atuar em caso determinado —, teriam sido atendidas em sua inteireza, em observância ao princípio do promotor natural. Relativamente à alegada ausência de justa causa para a segunda ação penal, salientou-se que o tribunal de justiça acolhera tão-somente a tese de inépcia da primeira denúncia e não a de falta de justa causa, como sustentava a impetração. Assim, incabível o trancamento da ação penal se presente na denúncia, como na hipótese, a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, e adequada indicação da conduta ilícita imputada ao réu, de modo a propiciar-lhe o pleno exercício do direito de defesa. Vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio que, tendo em conta a contradição entre a ementa e a parte dispositiva do acórdão do tribunal estadual, concediam a ordem por concluir que a falta de justa causa restara proclamada, quando se condicionou o ajuizamento de ação penal futura ao levantamento de novos dados. HC 92885/CE, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2008. (HC-92885)

Prisão Preventiva e Progressão de Regime - 2Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que condenado pela prática dos crimes de quadrilha, falsidade ideológica, coação no curso do processo e favorecimento pessoal, preso

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Page 41: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

preventivamente desde meados de 2004, reiterava as alegações de excesso de prazo na custódia e ausência de fundamentação na sentença condenatória. Inicialmente, aplicou-se a jurisprudência da Corte no sentido de que, com a superveniência da sentença condenatória, que constitui novo título da prisão, encontra-se superada a questão relativa ao antecedente excesso de prazo. Entendeu-se que, com o julgamento da apelação interposta pelo paciente, além de prejudicada a matéria concernente à excessiva demora na apreciação daquele recurso também não haveria mais que se discutir eventual falta de motivação da sentença condenatória, a qual fora substituída pelo acórdão de apelação. Informou-se, ainda, que na presente impetração não houvera a formulação de pedido específico quanto a possíveis benefícios referentes à execução da pena. Assentou-se que, não obstante o paciente tivesse sustentado o seu direito à progressão de regime e ao livramento condicional, poder-se-ia concluir que o tema fora suscitado somente a título de evidência do alegado excesso de prazo na prisão. No ponto, considerou-se não ser caso de concessão da ordem, de ofício, uma vez que as instâncias antecedentes decidiram corretamente ao deixar de analisar o pleito de progressão, enfatizando que, já tendo sido extraída guia de execução provisória da sentença, caberia ao paciente requerer aquele benefício, originariamente, ao juízo das execuções criminais, sob pena de supressão de instância. Por outro lado, aduziu-se que o exame dos requisitos para a concessão dos benefícios da progressão de regime de cumprimento da pena, ou mesmo livramento condicional, ultrapassaria os limites da via eleita. Vencido o Min. Marco Aurélio que concedia a ordem por vislumbrar excesso de prazo. HC 93443/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2008. (HC-93443)

Publicação em Nome de Advogado FalecidoA Turma iniciou julgamento de recurso ordinário em habeas corpus em que condenados pelo crime de apropriação indébita (CP, art. 168, II) pleiteiam a anulação do processo a partir da publicação da pauta de julgamento de apelação criminal, sob a assertiva de cerceamento de defesa, haja vista que a pauta fora publicada em nome de advogado falecido dias antes. A Min. Cármen Lúcia, relatora, negou provimento ao recurso por considerar que não caracteriza cerceamento de defesa o julgamento de apelação interposta em favor do réu se o seu patrono vem a falecer antes do julgamento, sem que tenha havido a oportuna comunicação desse fato à turma julgadora. Aduziu que, a teor do disposto no art. 565 do CPP, nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que tenha dado causa. Em divergência, o Min. Marco Aurélio, assentando que ninguém pode ser julgado sem defesa (CPP, art. 261), proveu o recurso ordinário ao fundamento de se tratar de nulidade absoluta, não preclusa pelo fato de não ter sido argüida. Após, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Carlos Britto. RHC 93849/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2008. (RHC-93849)

SEGUNDA TURMAGrave Estado de Saúde e Prisão Domiciliar

Tendo em conta a excepcionalidade da situação, a Turma deu provimento a recurso ordinário em habeas corpus em que se discutia se paciente idosa (62 anos), condenada por tráfico ilícito de entorpecentes, cujo grave estado de saúde se encontrava demonstrado por diversos laudos, teria direito, ou não, à prisão domiciliar, nos termos do art. 117, da Lei de Execução Penal - LEP (“Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.”). Asseverou-se que a transferência de condenado não sujeito a regime aberto para cumprimento da pena em regime domiciliar é medida excepcional, que se apóia no postulado da dignidade da pessoa humana, o qual representa, considerada a centralidade desse princípio essencial, significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente no país e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Concluiu-se que, na espécie, impor-se-ia a concessão do benefício da prisão domiciliar para efeito de cumprimento da pena, independentemente da modalidade de regime de execução penal, pois demonstrada, mediante perícia idônea, a impossibilidade de assistência e tratamento médicos adequados no estabelecimento penitenciário em que recolhida a sentenciada, sob pena de, caso negada a transferência pretendida pelo Ministério Público Federal, ora recorrente, expor-se a condenada a risco de morte. RHC provido para assegurar a ora paciente o direito ao cumprimento do restante de sua pena em regime de prisão domiciliar, devendo o juiz de direito da vara de execuções criminais adotar as medidas necessárias e as cautelas pertinentes ao cumprimento da presente decisão. RHC 94358/SC, rel. Min. Celso de Mello, 29.4.2008. (RHC-94358)

Turmas Recursais e Competência em Matéria CriminalA Turma negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia se as Turmas Recursais do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina seriam competentes para processar e julgar recursos em matéria criminal, inclusive habeas corpus, em decorrência da edição de resolução daquela Corte. O recorrente alegava ofensa ao princípio do juiz natural e a configuração de juízo de exceção, haja vista a inexistência de legislação estabelecendo competência criminal àquelas turmas recursais. Sustentava, ainda, que tais

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turmas possuiriam apenas competência para julgamento de recursos cíveis e que a referida resolução violaria o art. 98, I, da CF (“Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;”). Entendeu-se que a citada resolução do tribunal local apenas regulamentara a atuação das turmas recursais dos juizados especiais cíveis que já existiam anteriormente à Lei 9.099/95, por força da Lei Complementar estadual 77/93. Enfatizou-se que, considerando a necessidade de as causas criminais envolvendo delitos de menor potencial ofensivo ser processadas de acordo com o rito da Lei 9.099/95 e tendo em vista que não sobreviera nova lei estadual no prazo definido no art. 95 dessa mesma lei, o tribunal de justiça, observando os princípios constitucionais e legais que determinaram a criação dos juizados de pequenas causas, declarara que os juizados especiais e as turmas recursais julgariam também causas criminais, e não apenas cíveis. Dessa forma, asseverou-se que não faria sentido exigir daquele Estado-membro outra lei para dispor sobre o que previsto na Lei 9.099/95. Concluiu-se que seria legítima, portanto, a resolução do tribunal que, pautada nos objetivos da Lei 9.099/95 e com base nos já existentes juizados especiais, regulamentou o julgamento das causas criminais por aqueles órgãos. RE 463560/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29.4.2008. (RE-463560)

Tempestividade de Recurso e Momento de ComprovaçãoA Turma, por proposta do Min. Eros Grau, deliberou submeter ao Plenário julgamento de agravo regimental, do qual aquele é relator, interposto contra decisão que negara, ante sua extemporaneidade, seguimento a recurso extraordinário. Sustenta-se, na espécie, a tempestividade do recurso extraordinário sob a alegação de que, em virtude do feriado de carnaval (quarta-feira de cinzas), não houvera expediente no tribunal de origem, sendo o termo final do prazo prorrogado para o primeiro dia útil subseqüente, data em que protocolizada a petição. Aduz o ora agravante que não juntara a resolução que “regulamentou” o aludido feriado local, quando da interposição do recurso, haja vista que publicada somente na própria terça-feira de carnaval. RE 536881 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 29.4.2008. (RE-536881)

Ação Civil Pública e Legitimidade do Ministério PúblicoO Ministério Público possui legitimidade para propor ação civil pública com o fim de obter certidão parcial do tempo de serviço que segurado tem averbado em seu favor. Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento a agravo regimental em recurso extraordinário em que o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS sustentava ofensa aos artigos 127 e 129, III, da CF. Considerou-se que o direito à certidão traduziria prerrogativa jurídica, de extração constitucional destinada a viabilizar, em favor do indivíduo ou de uma determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de previdência social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou o esclarecimento de situações, de tal modo que a injusta recusa estatal em fornecer certidões, não obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensão, autorizaria a utilização de instrumentos processuais adequados, como o mandado de segurança ou como a própria ação civil pública, esta, nos casos em que se configurasse a existência de direitos ou interesses de caráter transindividual, como os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Enfatizou-se que a existência, na espécie, de interesse social relevante, amparável mediante ação civil pública, restaria ainda mais evidenciada, ante a constatação de que os direitos individuais homogêneos ora em exame estariam revestidos, por efeito de sua natureza mesma, de índole eminentemente constitucional, a legitimar desse modo, a instauração, por iniciativa do parquet, de processo coletivo destinado a viabilizar a tutela jurisdicional de tais direitos. RE 472489 AgR/RS, rel. Min. Celso de Mello, 29.4.2008. (RE-472489)

REPERCUSSÃO  GERALDJE de 2 de maio de 2008

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 568.596-MGRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. INELEGIBILIDADE. EX-CÔNJUGE DE PREFEITO REELEITO. ART. 14, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista político, social e jurídico.

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REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 570.532-SPRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. ART. 7º, XXIX. TRABALHADOR RURAL. PRESCRIÇÃO. APLICABILIDADE. CONTRATO DE TRABALHO ANTERIOR À EC 28/2000, MAS EXTINTO APÓS A RESPECTIVA PUBLICAÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA PROPOSTA APÓS A REFERIDA EMENDA. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 577.302-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. EXTINÇÃO. ART. 41, § 1º, DO ADCT. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista econômico e jurídico.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 579.720-MGRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. ARTS. 37, XVI, B; 42, § 1º; E 142, § 3º, II E VIII. MILITAR. POSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO COM CARGO DE MAGISTÉRIO. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

CLIPPING  DO  DJ2 de maio de 2008

ADI N. 1.593-PEREL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAAção Direta de Inconstitucionalidade. Precatórios judiciais. Letras Financeiras do Tesouro do Estado de Pernambuco. Artigo 4º da Lei nº 11.334/96 do Estado de Pernambuco.1. O art. 4º da Lei nº 11.334, de 24 de abril de 1996, do Estado de Pernambuco, contém expressões em antinomia com o art. 33 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, permitindo ao administrador estadual grau de discricionariedade que o texto constitucional não autorizou. Inconstitucionalidade da expressão “prioritamente”, pois conduz à interpretação de preferencial, de importante, abrindo a possibilidade de escapar do comando constitucional, que não prevê exceção, dispondo expressamente que os recursos obtidos com a emissão de títulos da dívida pública se destinam apenas ao pagamento de precatórios judiciais pendentes de liquidação na data da promulgação da Constituição Federal. Inconstitucionalidade da expressão “mesmo que de exercício anteriores”, pois autoriza o pagamento de precatórios em data posterior à data prevista no dispositivo constitucional.2. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente para declarar inconstitucionais as expressões “prioritariamente” e “mesmo que de exercícios anteriores”, constantes do art. 4º da Lei nº 11.334, de 24/4/96, do Estado de Pernambuco.* noticiado no Informativo 487

ADI N. 1.864-PBREL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. EDUCAÇÃO. ENTIDADES DE COOPERAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. LEI 11.970/1997 DO ESTADO DO PARANÁ. PARANAEDUCAÇÃO. SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO. POSSIBILIDADE. RECURSOS PÚBLICOS FINANCEIROS DESTINADOS À EDUCAÇÃO. GESTÃO EXCLUSIVA PELO ESTADO. AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.1. Na sessão plenária de 12 de abril de 2004, esta Corte, preliminarmente e por decisão unânime, não conheceu da ação relativamente à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação-CNTE. Posterior alteração da jurisprudência da Corte acerca da legitimidade ativa da CNTE não altera o julgamento da preliminar já concluído. Preclusão. Legitimidade ativa do Partido dos Trabalhadores reconhecida.2. O PARANAEDUCAÇÃO é entidade instituída com o fim de auxiliar na Gestão do Sistema Estadual de Educação, tendo como finalidades a prestação de apoio técnico, administrativo, financeiro e pedagógico, bem como o suprimento e aperfeiçoamento dos recursos humanos, administrativos e financeiros da Secretaria Estadual de Educação.Como se vê, o PARANAEDUCAÇÃO tem atuação paralela à da Secretaria de Educação e com esta coopera, sendo mero auxiliar na execução da função pública - Educação.3. A Constituição federal, no art. 37, XXI, determina a obrigatoriedade de obediência aos procedimentos licitatórios para a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer um dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. A mesma regra não existe para as entidades privadas que atuam em colaboração com a Administração Pública, como é o caso do PARANAEDUCAÇÃO.4. A contratação de empregados regidos pela CLT não ofende a Constituição porque se trata de uma

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entidade de direito privado.No entanto, ao permitir que os servidores públicos estaduais optem pelo regime celetista ao ingressarem no PARANEDUCAÇÂO, a norma viola o artigo 39 da Constituição, com a redação em vigor antes da EC 19/1998.5. Por fim, ao atribuir a uma entidade de direito privado, de maneira ampla, sem restrições ou limitações, a gestão dos recursos financeiros do Estado destinados ao desenvolvimento da educação, possibilitando ainda que a entidade exerça a gerência das verbas públicas, externas ao seu patrimônio, legitimando-a a tomar decisões autônomas sobre sua aplicação, a norma incide em inconstitucionalidade.De fato, somente é possível ao Estado o desempenho eficaz de seu papel no que toca à educação se estiver apto a determinar a forma de alocação dos recursos orçamentários de que dispõe para tal atividade. Esta competência é exclusiva do Estado, não podendo ser delegada a entidades de direito privado.6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, para declarar a inconstitucionalidade do artigo 19, § 3º da lei 11.970/1997 do estado do Paraná, bem como para dar interpretação conforme à Constituição ao artigo 3º, I e ao artigo 11, incisos IV e VII do mesmo diploma legal, de sorte a entender-se que as normas de procedimentos e os critérios de utilização e repasse de recursos financeiros a serem geridos pelo PARANAEDUCAÇÃO podem ter como objeto, unicamente, a parcela dos recursos formal e especificamente alocados ao PARANAEDUCAÇÃO, não abrangendo, em nenhuma hipótese, a totalidade dos recursos públicos destinados à educação no Estado do Paraná.* noticiado no Informativo 475

MS N. 25.477-DFRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIODESAPROPRIAÇÃO - REFORMA AGRÁRIA - VISTORIA. Descabe confundir com vistoria simples manifestação de agrônomo em laudo pericial.RECURSO ADMINISTRATIVO - EFEITO. Segundo o artigo 61 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, “salvo disposição legal em contrário, o recurso administrativo não tem efeito suspensivo”. A regra incide em se tratando de processo administrativo para desapropriação que vise ao implemento da reforma agrária.DESAPROPRIAÇÃO - INTERESSE SOCIAL - DECRETO - OPORTUNIDADE E ALCANCE. A ausência de eficácia suspensiva do recurso administrativo viabiliza a edição do decreto desapropriatório no que apenas formaliza a declaração de interesse social, relativamente ao imóvel, para efeito de reforma agrária, decorrendo a perda da propriedade de decisão na ação desapropriatória, não mais sujeita, na via recursal, a alteração.

QUEST. ORD. EM MED. CAUT. EM MS N. 27.158-DFRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Questão de Ordem em Medida Cautelar em Mandado de Segurança. 2. Violação ao princípio da igualdade: decisões monocráticas divergentes no âmbito do Supremo Tribunal Federal. 3. Ato do Procurador-Geral da República que cancelou a inscrição preliminar do impetrante no 24º concurso público para provimento de cargos de Procurador da República 4. Não-preenchimento da exigência de prática jurídica em cargo ocupado exclusivamente por bacharel em Direito. 5. Entendimento ainda não consolidado por esta Corte. 6. Ausência dos requisitos autorizadores da medida liminar. 7. Medida liminar indeferida.* noticiado no Informativo 495

Pet N. 3.645-PARELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTA“Ação de direito de resposta”. Lei de Imprensa. Ilegitimidade passiva do radialista (hoje Deputado Federal). Sentença em 1º grau. Apelação. Competência do Supremo Tribunal Federal. Precedentes.1. Em tese, nas hipóteses em que se cuidar de processo de natureza penal, deve acolher-se a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar recurso pendente de julgamento em Tribunal diverso quando ao menos um dos réus passar a ocupar cargo ou função com foro privilegiado, nos termos do art. 102, inciso I, alíneas “b” e “c”, da Constituição Federal. Orientação que não firma a competência desta Corte, entretanto, considerando a absoluta ausência de legitimidade passiva e de interesse recursal no tocante ao requerido pessoa física, hoje Deputado Federal.2. O pedido judicial de direito de resposta previsto na Lei de Imprensa deve ter no pólo passivo a empresa de informação ou divulgação, a quem compete cumprir decisão judicial no sentido de satisfazer o referido direito, citado o responsável nos termos do § 3º do art. 32 da Lei nº 5.250/67, sendo parte ilegítima o jornalista ou o radialista envolvido no fato.

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3. Falta interesse recursal ao requerido pessoa física, já que, no caso concreto, o Juiz de Direito proferiu decisão condenatória apenas no tocante à empresa de radiodifusão.4. O não-conhecimento da apelação do requerido pessoa física, hoje Deputado Federal, implica a devolução dos autos ao Tribunal de origem para que julgue a apelação da pessoa jurídica, que não tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal.5. Apelação da pessoa física não conhecida, determinada a remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará relativamente ao apelo da empresa de radiodifusão.

RE N. 387.047-SCRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI N. 3.338/89 DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS/SC. SOLO CRIADO. NÃO CONFIGURAÇÃO COMO TRIBUTO. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO. DISTINÇÃO ENTRE ÔNUS, DEVER E OBRIGAÇÃO. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. ARTIGOS 182 E 170, III DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.1. SOLO CRIADOSolo criado é o solo artificialmente criado pelo homem [sobre ou sob o solo natural], resultado da construção praticada em volume superior ao permitido nos limites de um coeficiente único de aproveitamento.2. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO. PRESTAÇÃO DE DAR CUJA SATISFAÇÃO AFASTA OBSTÁCULO AO EXERCÍCIO, POR QUEM A PRESTA, DE DETERMINADA FACULDADE. ATO NECESSÁRIO. ÔNUS.Não há, na hipótese, obrigação. Não se trata de tributo. Não se trata de imposto. Faculdade atribuível ao proprietário de imóvel, mercê da qual se lhe permite o exercício do direito de construir acima do coeficiente único de aproveitamento adotado em determinada área, desde que satisfeita prestação de dar que consubstancia ônus. Onde não há obrigação não pode haver tributo. Distinção entre ônus, dever e obrigação e entre ato devido e ato necessário.3. ÔNUS DO PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL URBANO.Instrumento próprio à política de desenvolvimento urbano, cuja execução incumbe ao Poder Público municipal, nos termos do disposto no artigo 182 da Constituição do Brasil. Instrumento voltado à correção de distorções que o crescimento urbano desordenado acarreta, à promoção do pleno desenvolvimento das funções da cidade e a dar concreção ao princípio da função social da propriedade [art. 170, III da CB].4. Recurso extraordinário conhecido, mas não provido.* noticiado no Informativo 497

HC N. 88.945-SPRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - INTERPRETAÇÃO. O Estatuto da Criança e do Adolescente há de ser interpretado dando-se ênfase ao objetivo visado, ou seja, a proteção e a integração do menor no convívio familiar e comunitário, preservando-se-lhe, tanto quanto possível, a liberdade.ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - SEGREGAÇÃO. O ato de segregação, projetando-se no tempo medida de internação do menor, surge excepcional, somente se fazendo alicerçado uma vez atendidos os requisitos do artigo 121 da Lei nº 8.069/90.

HC N. 91.444-RJRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAHabeas corpus. Processual penal. Internacional. Interrogatório dos pacientes. Cidadãos norte-americanos. Ato essencialmente de defesa. Possibilidade de ser praticado perante as autoridades judiciárias estrangeiras, por força do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, assinado entre o Brasil e os EUA. Decreto nº 3.810/01.1. O Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, assinado pelo Brasil e pelos Estados Unidos, tem como objetivo “facilitar a execução das tarefas das autoridades responsáveis pelo cumprimento da lei de ambos os países, na investigação, inquérito, ação penal e prevenção do crime por meio de cooperação e assistência judiciária mútua em matéria penal”.2. O artigo I, item 2, letra “a”, desse acordo prevê que a assistência incluirá, entre outros atos processuais, a tomada de depoimento ou declaração de pessoas, incluindo-se aí o interrogatório dos acusados.3. Considerando as peculiaridades do caso concreto e o que previsto no Acordo de Assistência, em especial no artigo V, item 3, o interrogatório dos pacientes poderá ocorrer perante as autoridades e sob as regras processuais dos Estados Unidos.4. O artigo X, item 1, do mesmo diploma estabelece que, quando o Estado requerente solicita o

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comparecimento de uma pessoa para prestar depoimento, o Estado requerido “convidará” essa pessoa para que compareça perante a autoridade competente no Estado requerente, devendo este aguardar a resposta do depoente. Esse dispositivo indica a não-obrigatoriedade do comparecimento pessoal do depoente que poderá responder, por escrito, aos quesitos formulados pela Justiça brasileira.5. Ordem concedida.* noticiado no Informativo 497

HC N. 92.626-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES. FIGURA PENAL APENADA COM SANÇÃO AUTÔNOMA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA MAJORANTE DO CRIME DE ROUBO. IMPOSSIBILIDADE. REINCIDÊNCIA. CAUSA OBRIGATÓRIA DE AUMENTO DE PENA. ORDEM DENEGADA.I - Não pode o julgador, por analogia, estabelecer sanção sem previsão legal, ainda que para beneficiar o réu, ao argumento de que o legislador deveria ter disciplinado a situação de outra forma.II - Em face do que dispõe o § 4º do art. 155 do Código Penal, não se mostra possível aplicar a majorante do crime de roubo ao furto qualificado.III - O aumento da pena em função da reincidência encontra-se expressamente prevista no art. 61, I, do CP, não constituindo bis in idem.IV - Ordem denegada.* noticiado no Informativo 499

HC N. 92.990-RSRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAHabeas corpus. Penal militar e processual penal militar. Crime de deserção. Erro na contagem do prazo para a consumação do crime de deserção. Possibilidade de renovação do procedimento administrativo militar. Constrangimento ilegal não configurado. Precedente. Ordem denegada.1. Tendo o paciente permanecido ausente por período além do dia em que se consumou o crime de deserção, justifica-se a ressalva feita no acórdão questionado, que, ao trancar a ação penal por falta de justa causa, possibilitou à Justiça de 1º grau renovar o procedimento administrativo militar para punição dele, levando-se em conta a data correta da consumação. Seria diferente o cenário se tivesse o paciente retornado às suas funções antes de consumado crime.2. Ordem denegada.

HC N. 93.442-SPRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAHabeas corpus. Penal. Ajustamento da pena pecuniária. Manutenção da condenação de 1º grau. Constrangimento ilegal não configurado. Incidência da Súmula 693 do STF. Não-conhecimento.1. O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve-se fiel aos limites estabelecidos no acórdão do Superior Tribunal de Justiça, que determinou, tão-somente, a redução da pena de multa, mantendo no mais toda a sentença condenatória, inclusive os fundamentos pelos quais houve a condenação e as circunstâncias consideradas na dosimetria da pena (art. 59 do CP).2. Óbice jurídico-processual ao conhecimento da ordem, a revelar o não-cabimento da impetração de habeas corpus para discutir questões concernentes à pena de multa, por incidência do enunciado da Súmula nº 693 desta Suprema Corte (“Não cabe ‘habeas corpus’ contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”).3. Habeas corpus não-conhecido.

RE N. 540.995-RJRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTARecurso extraordinário. Garantia constitucional de fundamentação das decisões judiciais. Artigo 118, § 3º, do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar.1. A garantia constitucional estatuída no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, segundo a qual todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, é exigência inerente ao Estado Democrático de Direito e, por outro, é instrumento para viabilizar o controle das decisões judiciais e assegurar o exercício do direito de defesa.2. A decisão judicial não é um ato autoritário, um ato que nasce do arbítrio do julgador, daí a necessidade da sua apropriada fundamentação.3. A lavratura do acórdão dá conseqüência à garantia constitucional da motivação dos julgados4. Recurso extraordinário conhecido e provido.

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Page 47: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

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Notícias do Superior Tribunal de Justiça

15 de Maio de 200809h18 Aprovado em concurso público realizado em 1999 será nomeado 08h12 Maluf terá de pagar indenização por danos morais a Alckmin

14 de Maio de 200810h09 Mentor e integrante de organização criminosa para tráfico de armas têm condenação mantida 09h27 STJ rejeita denúncia de sonegação fiscal contra donos de bingo 08h15 Aprovado em concurso público que foi para o final da lista não tem direito à nomeação

13 de Maio de 200812h36 Homem que furtou R$ 9,90 de um bar tem ação penal trancada 10h29 Herdeiros têm obrigação de construir prédio prometido em contrato pelo sócio falecido 09h23 Médico consegue afastar da acusação a qualificadora referente ao motivo torpe 08h16 Unimed deve autorizar cirurgia em obeso ainda em período de carência de contrato

12 de Maio de 200811h17 Acusado de planejar assalto a banco continuará preso 10h20 Condenado por furto no valor de R$ 5 consegue invalidar condenação 08h14 Yahoo! do Brasil deve retirar página da internet sob pena de multa diária

09 de Maio de 200820h09 União pode usar área do Campo de Marte, mas tem que indenizar o município de São Paulo

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10h33 STJ reduz devolução devida por segurado ao INSS 09h19 Prefeitura de Coari fica com R$ 3 milhões reclamados por Manaus 08h08 STJ condena banco a compensar funcionários da Copesul

08 de Maio de 200811h39 Férias de ministros do STJ não suspendem prazo para interposição de agravo nos TJs 09h38 STJ suspende execução de dívidas trabalhistas da Varig movida contra a sucessora Gol 08h12 Banco OK perde recurso contra o Banco Central

07 de Maio de 200820h00 Definida lista de membros do Ministério Público para vaga no STJ 18h53 STJ define competência para julgar greve dos advogados públicos 18h21 Corte Especial nega pedido da OAB para suspender escolha de listas tríplices 15h00 STJ nega liminar a empresários denunciados na Operação Medusa III 11h37 Policial condenado a cinco anos de prisão tem habeas-corpus preventivo negado 10h15 Depositários e demais envolvidos respondem a ação de regresso 08h13 Investigação iniciada por denúncia anônima pode usar escuta telefônica

06 de Maio de 200821h38 Vice-presidente mantém afastado um terço dos deputados da Assembléia alagoana 15h37 Servidores da Justiça do Maranhão são obrigados a pagar contribuição sindical 14h27 Dersa não pode ser responsabilizada por furto de caminhão em posto de pesagem 11h47 Pela terceira vez, falha tentativa de Garotinho de obter indenização por dano moral 10h23 STJ mantém absolvição de Zélia Cardoso de Mello 09h21 É ilegal a concessão de escritura de lote de tamanho inferior ao fixado em lei 08h12 Liminar para reconhecimento de atenuante feita pela defesa de Suzane Von Richthofen é negada

05 de Maio de 200811h47 Divulgação de balanço patrimonial de empresa coligada, no exterior, pode ser considerado fato gerador de IR

15/05/2008 - 09h18Aprovado em concurso público realizado em 1999 será nomeado

O Superior Tribunal de Justiça determinou que um candidato aprovado em concurso público realizado em 1999 seja nomeado no cargo de oficial de Justiça da comarca da capital paulista. Por unanimidade, a Sexta Turma do STJ reconheceu o direito do candidato de ser empossado no cargo por ele ter se classificado dentro do número de vagas previstas no edital. Citando precedentes da Corte, o relator da matéria, ministro Nilson Naves, reiterou que o novo entendimento jurídico adotado pelo tribunal determina que o candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas previstas em edital possui direito líquido e certo à nomeação e à posse. Até há pouco tempo, prevalecia o entendimento de que o candidato aprovado possuía mera expectativa de direito à nomeação, que deveria ser praticada por conveniência da Administração Pública. Segundo os autos, o edital do concurso realizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e homologado em outubro de 1999 previa o preenchimento de 1.200 vagas de oficial de Justiça. O candidato foi aprovado em 799º lugar, mas, decorrido o prazo de validade de quatro anos previsto no edital – dois anos prorrogáveis por mais dois –, o Tribunal nomeou apenas 241 aprovados. Em 2003, diante da proximidade de término do prazo de validade do concurso, o candidato tentou ingressar no cargo pela via administrativa mediante requerimento dirigido ao presidente do TJSP. Seu pedido foi negado sob a alegação de que as chamadas ocorrem segundo o interesse da Administração Pública e dentro das possibilidades orçamentárias existentes. O candidato, então, recorreu ao órgão especial do TJSP, que entendeu que a aprovação em concurso público não origina direito líquido e certo à nomeação e indeferiu o recurso. Daí o mandado de segurança interposto no STJ contra o acórdão do tribunal paulista. Em seu voto, o relator fez questão de reproduzir trechos do recurso no qual a defesa sustenta que, durante muito tempo, a doutrina e a jurisprudência firmaram o entendimento de que a aprovação em concurso público gerava mera expectativa de direito à nomeação, permitindo a ocorrência de situações absurdas, como a de candidatos que, após intensa dedicação, obtinham aprovação dentro do número das vagas oferecidas e amargavam o dissabor de ver expirar-se o prazo de validade de um concurso sem nomeação. Para o ministro Nilson Naves, ao lançar um concurso público, o Estado se obriga ao recrutamento de acordo com o número de vagas. “Não creio que se trate de simples expectativa, e sim de um direito à nomeação”, ressaltou.

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15/05/2008 - 08h12Maluf terá de pagar indenização por danos morais a Alckmin

Uma briga em função de ofensas envolvendo dois ex-governadores de São Paulo foi freada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro João Otávio de Noronha negou a admissão do recurso pelo qual a defesa de Paulo Maluf tentava reformar a decisão que o condenou ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais a Geraldo Alckmin. Em reportagens publicadas nos dias 23 de abril e 23 de maio de 2002 no jornal O Estado de S. Paulo, Maluf teria declarado que Alckmin mostraria ser “o melhor dos alunos de seu professor predileto: o ladrão de casaca”. Ná época da veiculação da notícia, Alckmin ocupava o cargo de governador do estado. Ao julgar a ação de indenização, o juízo de primeira instância considerou as declarações ofensivas e fixou os danos morais em R$ 24 mil. Houve apelação e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a condenação, mas reduziu o valor para R$ 10 mil. Desta decisão, a defesa de Maluf tentou recorrer novamente, agora ao STJ. No entanto, a presidência do TJSP entendeu que o recurso não deveria ser admitido por não contemplar todas as exigências da lei. Foi, então, que a defesa ingressou diretamente no STJ, com um agravo de instrumento, espécie de recurso que visa a destrancar a subida do recurso especial, aquele que irá debater a matéria de fato. Entre outras alegações, a defesa de Maluf contestava a não-inclusão do jornal no pedido de indenização. Para o ministro do STJ, Alckmin poderia ingressar na Justiça, como fez, apenas contra Maluf, excluindo do pedido de indenização o jornal O Estado de S. Paulo. Há jurisprudência no STJ no sentido de que responde igualmente pelos danos causado pela matéria quem presta informações à imprensa ou fornece documentos que não correspondem à realidade. De acordo com o ministro Noronha, a análise pretendida pela defesa de Maluf ultrapassaria os limites da competência do STJ, envolvendo reexame de fatos e provas. A decisão do ministro Noronha é individual e dela ainda cabe recurso.

14/05/2008 - 10h09Mentor e integrante de organização criminosa para tráfico de armas têm condenação

mantidaA Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação imposta a Glicério Gonzáles e Vanderlei Inácio Conde, condenados por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Para o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, a sentença condenatória encontra-se devidamente motivada, baseando-se em fatos concretos. A decisão foi unânime. Gonzáles e Conde foram condenados a cinco anos e dois meses e quatro anos e três meses de reclusão respectivamente. De acordo com a sentença, Gonzáles era o mentor da organização criminosa, liderando o tráfico de armamento (fuzis) interestadual, e Conde faria parte dessa organização. No STJ, a defesa sustentou que as penas-bases foram fixadas bem acima do mínimo legal, sem que houvesse a necessária fundamentação. Pediu, assim, que fosse anulada a sentença e, ainda, por economia processual, “seja aplicado o benefício da suspensão condicional do processo, consoante a regra do artigo 44 do Código Penal, ou mesmo o regime prisional compatível com a pena redimensionada”. De acordo com o relator, não há como reconhecer que se mostra carente de fundamentação idônea a fixação da pena-base, quando o juízo de primeiro grau registrou, com relação a ambos, as circunstâncias do crime e suas graves conseqüências.

14/05/2008 - 09h27STJ rejeita denúncia de sonegação fiscal contra donos de bingo

O Superior Tribunal de Justiça determinou o trancamento da ação penal pelo crime de sonegação fiscal (Lei n. 8.137/90) movida contra os empresários Thiago Teixeira Cardoso e César Andrade de Lima Souto (sobrinho do já falecido banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade). Responsáveis pelos bingos Ilha Rio, Barra Mansa e Nova Iguaçu, eles foram denunciados pelo Ministério Público Federal junto com outros nove empresários, pelos crimes de apropriação indébita, formação de quadrilha, falsidade ideológica e sonegação fiscal. Segundo os autos, na qualidade de sócios, os acusados exploraram ilicitamente atividades empresariais de bingo entre os anos de 1999 e 2003, fraudando os repasses de verbas oriundas das receitas dos jogos que deveriam ser destinadas a entidades desportivas (conforme determinava à época a Lei Pelé e os artigos 7º, parágrafo único, e 10º, ambos do Decreto Estadual nº 25.723/99, alterado pelo Decreto Estadual nº 30.135/2001) e eximindo-se do pagamento dos tributos federais devidos mediante a utilização de recibos falsos. No caso desses três bingos, o repasse era destinado à Associação Brasileira de Desportos para

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Amputados (ABDA). De acordo com o Ministério Público, os denunciados obrigavam os dirigentes dessa entidade desportiva a assinar recibos com valores muito superiores aos valores reais repassados, não só para dar aparência de legalidade aos repasses, como também para diminuir o lucro real dos bingos. No habeas-corpus ajuizado no STJ contra o acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) que rejeitou o trancamento da ação penal, a defesa sustenta que a exata verificação da existência e do montante do crédito tributário devido não foi apurado em procedimento administrativo-fiscal, conforme exigido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o início do processo judicial em sede de crime tributário. O TRF2 entendeu que, no caso em questão, o esgotamento do procedimento administrativo que origina a representação fiscal não é condição de procedibilidade da ação penal. O relator do recurso na Sexta Turma do STJ, ministro Nilson Naves, entendeu que administrativamente ainda não existe decisão final sobre a exigência fiscal e reiterou que, segundo a jurisprudência firmada pelo STF, a constituição definitiva do crédito é condição objetiva de punibilidade. Citando vários precedentes da Corte, o relator ressaltou que, na esteira da compressão formada pelo STF, o STJ vem entendendo não ser possível a deflagração de ação penal pela prática do crime previsto na Lei n. 8.137/90, enquanto não houver lançamento definitivo do tributo. “Voto, pois, pela concessão da ordem; em consequência subtraio da denúncia os crimes contra a ordem tributária, sem prejuízo doutra ação, se e quando oportuno”, concluiu o relator. O julgamento foi alvo de três votos-vista e terminou empatado em dois a dois. A ministra Maria Thereza de Assis de Moura acompanhou o relator, e os ministros Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti divergiram. Por tratar-se de habeas-corpus, o empate no julgamento favoreceu o réu.

14/05/2008 - 08h15Aprovado em concurso público que foi para o final da lista não tem direito à nomeação

Classificado em concurso público que pede para figurar no último lugar da lista de aprovados não tem direito líquido e certo à nomeação. Por unanimidade, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o mandado de segurança impetrado por T.C.F.L., contra a decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe que indeferiu seu pedido de nomeação. A candidata foi aprovada em concurso público realizado pela Secretaria de Saúde de Sergipe e convocada para nomeação e posse no cargo. Como na época da convocação ela não preenchia os requisitos exigidos no edital, requereu sua inclusão no último lugar da lista de aprovados, conforme previa o edital. Depois que preencheu os requisitos, a candidata recorreu à Justiça alegando que não deveria ter sido transferida para o final da lista de aprovados, e sim para o final da lista cujo número de vagas estaria disponível no edital. O argumento foi rejeitado pelo tribunal estadual e a decisão mantida pelo STJ. Acompanhando o voto da relatora, ministra Maria Thereza de Assis Moura, a Turma concluiu que não tem direito líquido e certo a ser nomeado dentro do número de vagas previsto em edital de concurso público o candidato que, impossibilitado de atender à primeira convocação, é transferido para o final da lista total de aprovados no certame, em obediência à expressa previsão do instrumento convocatório.

13/05/2008 - 11h43Homem que furtou R$ 9,90 de um bar tem ação penal trancada

O ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça, concedeu habeas-corpus para trancar uma ação penal por furto. O ministro aplicou o princípio da insignificância, levando em consideração que o denunciado foi pego ao tentar furtar R$ 9,90 do caixa de um bar. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou o trancamento da ação devido ao valor irrisório da quantia objeto da tentativa de furto. O ministro Nilson Naves concordou com o parecer do MPF e destacou que o dano deve representar prejuízo de alguma significância para a vítima. O autor do habeas-corpus tentou furtar o bar com um alicate e uma chave de fenda. Para entrar no local, ele danificou uma das janelas e passou a procurar objetos de valor. Encontrou três máquinas caça-níqueis, que foram arrombadas, mas não havia dinheiro nelas. Depois encontrou o caixa e retirou todo o dinheiro que estava dentro: R$ 9,90. Ao perceber o barulho no estabelecimento, o proprietário conseguiu capturar o invasor, que foi denunciado em flagrante delito. O homem que tentou assaltar o bar conseguiu um habeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo para ficar em liberdade provisória. Mas a ação penal continuou em andamento, até ser trancada por decisão do STJ.

13/05/2008 - 10h29Herdeiros têm obrigação de construir prédio prometido em contrato pelo sócio falecido

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A obrigação de construir um edifício é transmitida aos herdeiros e sucessores do construtor falecido. Isso quando a construção pode ser feita por qualquer profissional habilitado. A decisão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, que deu provimento ao recurso especial ajuizado por beneficiários de um contrato com uma empreiteira. Para a relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, a principal questão é saber se a obrigação de construir um edifício é personalíssima, não podendo ser transmitida aos herdeiro, ou se é fungível e impessoal, podendo ser feita por qualquer outro construtor. Na obrigação personalíssima, as habilidades individuais do construtor são decisivas no cumprimento do contrato. Quando essas habilidades não são objeto do acordo, a obrigação é fungível e pode ser feita por qualquer profissional habilitado.Para a relatora, o caso julgado se encaixa na segunda hipótese, que, segundo ela, é a regra geral. Conforme o artigo 626 do Código Civil, “não se extingue contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em considerações às qualidades pessoais do empreiteiro”. Seguindo o voto da relatora, a Terceira Turma definiu, por unanimidade, que a natureza do contrato analisado é de obrigação fungível (a que pode ser substituída por outra coisa da mesma espécie, quantidade e valor) e pode ser repassada aos herdeiros. Com essa conclusão, a Turma anulou o acórdão do tribunal estadual, que entendeu que o contrato era personalíssimo e intransferível. Segunda a decisão do STJ, o processo deve retornar ao tribunal de origem para que seja julgado de acordo com a natureza do contrato definida pela corte superior. Entenda o casoEm setembro de 1975, os recorrentes firmaram um contrato de cessão de direitos hereditários sobre um imóvel com um construtor. Ele prometeu construir no terreno cedido um prédio de apartamentos com salão e vagas de garagem. Em troca, o construtor confessou dever a quantia de Cr$ 1,7 milhão. A dívida seria paga com a doação de dois apartamentos no prédio que seria construído no prazo de 24 meses prorrogáveis por mais seis meses. Também seria paga uma quantia em dinheiro e ajuda de custo para o aluguel de outro imóvel até que os novos fossem entregues. O construtor que assinou o contrato faleceu e a obra nunca foi concluída. Em 1981, o representante legal do espólio fez uma proposta para resolver a questão, mas não foi aceita. Em 1999, os beneficiários do contrato ajuizaram ação de cobrança. Em primeiro grau, a sentença condenou o espólio a pagar toda a quantia devida atualizada e ainda 50% do valor de locação dos apartamentos que deveriam ser entregues. O Tribunal de Justiça de São Paulo reformou a decisão. Entendeu que a obrigação assumida pelo construtor era personalíssima e não poderia ser transmitida aos herdeiros. Por isso determinou que o herdeiro pagasse apenas o preço do imóvel estabelecido no contrato, excluindo da condenação o pagamento de outras obrigações contratuais e indenizações.

13/05/2008 - 09h23Médico consegue afastar da acusação a qualificadora referente ao motivo torpe

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, afastou da acusação do médico Luiz Henrique Semeghini a qualificadora referente ao motivo torpe. Semeghini é acusado de assassinar a mulher com sete tiros, devido ao seu inconformismo com a possível separação do casal. Para o relator, ministro Felix Fischer, o motivo constante da decisão de pronúncia – tirar a vida da esposa, com quem tem uma filha, por ela ter anunciado a intenção de acabar com o casamento – não pode ser considerado, a princípio, como qualificado. Entretanto, o ministro destacou que, com isso, não se está a chancelar a prática delituosa em comento, pois um crime de homicídio, independentemente do motivo, sempre merece censura. “Deve-se ter em conta que a existência de motivação para a prática do crime de homicídio não pode, inexoravelmente, conduzir à existência ou de delito qualificado ou privilegiado. Há hipóteses em que se configurará a prática de um homicídio simples. Basta que a motivação não seja capaz de atrair a causa de diminuição da pena ou que as razões da ação criminosa não se qualifiquem como insignificantes – fútil, portanto – ou abjetas – torpe”, afirmou o ministro. Além da exclusão da qualificadora do motivo torpe, a defesa do médico buscava a anulação da decisão de pronúncia, alegando o excesso de linguagem, o que evidenciaria a parcialidade do julgador. Para o ministro, a decisão indicou elementos acerca da existência do crime por um lado e, de outro lado, referentes a indícios de autoria por parte do médico, não estabelecendo antecipadamente um juízo condenatório em desfavor de Semeghini. Dessa forma, assinalou o relator, a linguagem utilizada não pode ser qualificada como excessiva.

13/05/2008 - 08h16Unimed deve autorizar cirurgia em obeso ainda em período de carência de contrato

A Unimed Rondônia terá de autorizar todos os procedimentos necessários para a cirurgia de redução de estômago (cirurgia bariátrica) de um paciente com obesidade mórbida, independentemente o período de carência. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a cooperativa médica tentava suspender a determinação da

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Justiça do estado, mas o pedido foi negado pela Quarta Turma. De acordo com o relator, ministro Fernando Gonçalves, analisar a questão envolveria reexame de prova, o que não é possível ao STJ. A Unimed-RO alega que, além de não se tratar de cirurgia de urgência e emergência, a doença seria pré-existente. A Justiça de Rondônia, nas duas instâncias, entendeu que a cirurgia deveria ser realizada por haver risco de morte comprovado ao paciente obeso. Já a alegação de doença pré-existente foi considerada infundada, uma vez não ter sido juntado ao processo qualquer laudo pericial. Conforme documentos constantes do processo, o paciente, um representante comercial, à época dos exames para a cirurgia, media 1,72 metro e cerca de 144 quilos. Ele aderiu ao plano de saúde oferecido pela Unimed-RO em 22 de junho de 2006. O prazo de carência do contrato é de dois anos. No entanto, o paciente tenta, há mais de um ano, submeter-se à cirurgia, indicada por seu médico após vários tratamentos contra a obesidade, todos sem sucesso. Ante a negativa da Unimed-RO de autorizar a cirurgia, o paciente ingressou com ação judicial para determinar à cooperativa a obrigação de fazer. Pediu, também, indenização por danos morais por supostos desgastes emocionais relacionados ao caso. Liminarmente, em junho de 2007, o juízo de primeiro grau em Porto Velho (RO) concedeu liminar, determinando que a Unimed-RO autorizasse o procedimento independentemente do período de carência, sob pena de multa diária de R$ 500, até o limite de R$ 15 mil. A cooperativa recorreu da decisão, mas o Tribunal de Justiça de Rondônia manteve a determinação e negou seguimento ao recurso especial para o STJ. Foi então que a Unimed-RO recorreu diretamente ao STJ, por meio de uma medida cautelar, com a intenção de não só ter admitido o recurso especial, como de suspensão da obrigação de autorizar a cirurgia. Esse pedido foi negado pelo ministro Fernando Gonçalves e referendado pela Quarta Turma.

12/05/2008 - 11h17Acusado de planejar assalto a banco continuará preso

Integrante da quadrilha que planejava assaltar a agência do Bradesco em Botucatu, a 238 quilômetros de São Paulo, Edmar Falcão Amorim continuará preso até o julgamento da ação penal pela 1ª Vara Criminal da Comarca do município. Por unanimidade, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas-corpus para reverter sua prisão cautelar. Segundo os autos, 15 integrantes da quadrilha, entre eles Edmar Amorim, foram presos em flagrante pela Polícia Civil quando planejavam o assalto. No momento da prisão, eles portavam sete armas com numeração raspada, farta munição e uniformes completos de empresa de vigilância. No habeas-corpus, a defesa alegou ausência de fundamentação na decisão que indeferiu o pedido de liberdade provisória e excesso de prazo da cautelar, uma vez que o réu está preso desde setembro de 2006. Acompanhando o voto da relatora, ministra Maria Thereza de Assis Moura, a Turma concluiu que a decisão que indeferiu a liberdade provisória está totalmente fundamentada, uma vez que o juiz menciona, em seu voto, o forte armamento apreendido com a quadrilha e a degravação das escutas telefônicas sobre o planejamento da assalto. Quanto ao alegado excesso de prazo, a relatora afirmou que tal argumento não procede, ressaltando que a instrução do processo está finalizada.

12/05/2008 - 10h20Condenado por furto no valor de R$ 5 consegue invalidar condenação

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), aplicando o princípio da insignificância da coisa furtada, determinou a extinção da ação penal instaurada contra E.A., condenado por ter furtado um estojo avaliado pela perícia criminal em R$ 5. A extinção da ação invalidou, por conseqüência, a condenação penal contra ele imposta. No caso, E.A. foi condenado à pena de dois anos de reclusão em regime aberto, substituída por restritiva de direitos, pela prática de furto qualificado. No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a defesa recorreu sustentando a insignificância da coisa furtada, mas o tribunal entendeu ser impossível o seu reconhecimento, uma vez que Alves agiu com vontade livre e consciente para a prática do furto. No STJ, a defesa de E.A. alegou, mais uma vez, a atipicidade da conduta em razão da insignificância da coisa furtada: um estojo de itens pessoais, assemelhado a uma carteira, dentro do qual havia apenas documentos pessoais e um cartão de crédito. O relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, aplicou o princípio da insignificância. Para ele, a conduta de E.A., embora se amolde à definição jurídica do crime de furto tentado e à tipicidade subjetiva, uma vez presente o dolo, não ultrapassa a análise da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de pena privativa de liberdade, uma vez que, embora existente o desvalor da ação, a lesão é absolutamente irrelevante. “O estojo (carteira) foi avaliado em R$ 5, correspondendo, à época da tentativa de furto, ocorrida em 8/4/05, a 2% do salário mínimo então vigente, o que, por tal critério, implicaria, também, a adoção da insignificância”, afirmou.

12/05/2008 - 08h14Yahoo! do Brasil deve retirar página da internet sob pena de multa diária

A Yahoo! do Brasil continua obrigada a retirar do ar página eletrônica ofensiva à imagem e honra de

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uma bancária do Rio Grande do Norte, ainda que a página tenha sido hospedada a partir de portal de outro país. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido da empresa para suspender os efeitos de uma decisão da Justiça estadual que determinava a retirada sob pena de multa diária de R$ 200. Ao constatar que uma página hospedada por provedor da Yahoo! trazia anúncio relacionando sua pessoa à prática de prostituição, L.S.S. ingressou com ação de indenização por danos morais. A 15ª Vara Cível da comarca de Natal (RN), ao apreciar pedido de liminar, determinou a retirada imediata da página ofensiva da internet. A empresa apelou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ/RN), alegando que não teria como cumprir a ordem por impossibilidade técnica, uma vez que o portal utilizado para hospedar o anúncio ofensivo foi o http://www.yahoo.com e o portal oferecido ao público por ela é o http://br.yahoo.com. Por sua vez, a defesa da bancária argumentou que a Yahoo! do Brasil seria sócia daquela a quem atribuiu a responsabilidade de realizar a ordem judicial, a Yahoo! Inc. As empresas pertenceriam ao mesmo grupo econômico, havendo, portanto, responsabilidade objetiva solidária. O TJ/RN manteve a determinação de retirada e a multa. A Yahoo! do Brasil recorreu ao STJ. O recurso especial chegou ao Tribunal em janeiro, mas ainda não foi apreciado. Como a simples apresentação do recurso não suspende a decisão de segunda instância, isto é, de retirada da página e cobrança da multa, a empresa ingressou com outro tipo de ação, chamada medida cautelar, para garantir a desobrigação tanto da retirada quanto do pagamento da multa diária até que o recurso especial seja apreciado no STJ. O relator, ministro Fernando Gonçalves, negou seguimento ao pedido. Para ele, não pode ser afastada a existência jurídica entre ambas as empresas, a que foi demanda judicialmente e a que teria hospedado a página ofensiva, já que as relações travadas na internet são de grande complexidade técnico-jurídica. Para o ministro, deve ser mantida, num primeiro momento, a decisão do TJ/RN que concluiu ser a Yahoo! do Brasil representante legal da empresa Yahoo! Inc. no Brasil, usufruindo de meios para cumprir a determinação judicial de retirada da página. O ministro Fernando Gonçalves também citou o entendimento do STJ segundo o qual o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, inclusive apresentado-se aos consumidores da mesma forma (mesmo nome e aparência), possibilita a aplicação ao caso da teoria da aparência, em especial quando o objetivo é proteger terceiro de boa-fé. O entendimento do ministro relator foi referendado pela Quarta Turma por unanimidade. O recurso especial que trata da determinação de retirada do anúncio ofensivo e do pagamento da multa diária ainda será apreciado pela Quarta Turma, mas não há data prevista para o julgamento ocorrer.

09/05/2008 - 20h06União pode usar área do Campo de Marte, mas tem que indenizar o município de São

PauloO município de São Paulo tem a propriedade da área ocupada pelo Campo de Marte, mas, como o local é usado pelo serviço público federal, ele não pode ser reintegrado ao município. Porém a União deve pagar indenização pela ocupação das terras municipais. Toda a área que não fizer parte do Campo de Marte deverá ser imediatamente reintegrada ao município. A decisão é da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial da Prefeitura de São Paulo. O Campo de Marte é, atualmente, um aeroporto de pequeno porte localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo, à margem do rio Tietê. A área é alvo de disputa judicial entre o município e a União desde 1958. A União alega que tem a posse da área desde o século XVIII, quando a confiscou dos jesuítas. Já o município sustenta que as terras eram devolutas. A Justiça de primeiro grau decidiu que a posse da área era da União e que o município não tinha direito à indenização. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região manteve a sentença. Contra essa decisão, o município recorreu ao STJ. Para o relator, ministro Herman Benjamim, é irrelevante discutir a qualificação jurídica da tomada do imóvel. Segundo ele, o que importa é apenas debater o domínio e a posse de um imóvel. Nesse aspecto, o relator considerou que a área do Campo de Marte, por ser pública e sem destinação específica, era devoluta nos termos do artigo 3º da Lei n. 601/1850, sob a vigência da Constituição Republicana de 1891. O Estado, titular da terra devoluta, a repassou ao município no início da República. Seguindo as considerações do relator, a Segunda Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial para reconhecer o domínio do município de São Paulo sobre o Campo de Marte e o dever da União de indenizar o município pelo uso da área que não pode ser reintegrada à Prefeitura. A Turma determinou que o processo volte para o TRF para que seja apreciado o pedido de indenização e que a área que não é utilizada pela Aeronáutica seja imediatamente reintegrada ao município.

09/05/2008 - 11h55Publicada lei que agiliza trâmite de recursos especiais repetitivos

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Page 54: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

Publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Lei nº 11.672, que agiliza o trâmite de recursos especiais sobre questões repetitivas já pacificadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A lei foi sancionada pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ontem (8). “A lei equivale a um atestado de alta para um tribunal que está tentando combater uma doença quase fatal, que é a sobrecarga de processos”, destacou o presidente do STJ, ministro Humberto Gomes de Barros. A nova lei representa o resultado do esforço conjunto dos três Poderes da República para a promoção de uma justiça mais rápida. O projeto foi sugerido pelo ministro Athos Gusmão Carneiro, aposentado do STJ, e apresentado pelo Poder Executivo ao Legislativo, que aprovou a proposta. Ela acrescenta o artigo 543-C ao Código de Processo Civil (CPC). O dispositivo permite que recursos especiais com teses idênticas possam ser resolvidos já nas instâncias anteriores, não havendo necessidade de análise pelo STJ. Com a nova lei, o trâmite de recursos especiais fica da seguinte maneira: verificada a grande quantidade de recursos sobre mesma matéria, o presidente do Tribunal de origem – Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal – poderá selecionar um ou mais processos referentes ao tema e encaminhar os feitos ao STJ. O julgamento dos demais recursos idênticos deve ficar suspenso até a decisão final da Corte superior. Após a solução do STJ, os tribunais de origem deverão aplicar o entendimento de imediato. Para assegurar que os argumentos das partes tenham a devida atenção – por respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa – o relator no STJ poderá solicitar informações e admitir a manifestação de pessoas, órgãos e entidades envolvidas no processo. Também está prevista a manifestação do Ministério Público Federal nesses casos. Em menos de um ano, o projeto foi entregue ao Executivo e aprovado pelo Congresso Nacional. A rápida votação do projeto no Senado Federal foi possível graças a participação de diversos parlamentares a pedido da Assessoria Parlamentar do tribunal.Íntegra do texto da Lei nº 11.672, publicada na página 11 do Diário Oficial da União.

09/05/2008 - 10h33STJ reduz devolução devida por segurado ao INSS

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que um segurado da Previdência Social devolva valores recebidos indevidamente somente a partir da revogação da decisão que concedeu o aumento no benefício. O pagamento indevido foi feito por força de tutela antecipada, decisão judicial provisória que antecipa os efeitos práticos do que foi pedido na ação. A decisão ocorreu em embargos de declaração contra acórdão da própria Quinta Turma, que deu provimento a um recurso especial do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Na ocasião, ficou decidido que o segurado deveria restituir tudo à Previdência, mediante descontos mensais de até 10% no benefício. Nos embargos, o segurado alega que a decisão no recurso especial foi omissa por não ter determinado a partir de quando as parcelas deveriam ser restituídas. O relator dos embargos e também do recurso especial contestado, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, afirmou no voto que, após uma análise mais detalhada do caso, gostaria de rever a decisão. Levando em conta a boa-fé do segurado favorecido com o aumento do benefício por força judicial e o caráter alimentar da verba, o ministro pretendia dispensá-lo do ressarcimento à Previdência. O ministro Napoleão Nunes Maia Filho reconhece que tutela antecipada pode ser revogada a qualquer momento e que, nesse caso, as partes devem voltar ao estado anterior à antecipação da tutela, que é concedida mediante caução. Mas o ministro destacou que, em demandas envolvendo segurado da Previdência Social, reconhecidamente hipossuficiente, as regras legais podem ser flexibilizadas, como no caso julgado, em que a caução foi dispensada. Mesmo com esse novo entendimento, o relator ressaltou que não pode mudar o acórdão em embargos de declaração. Esse tipo de recurso tem a função exclusiva de esclarecer omissão, contradição ou obscuridade de uma decisão. Dessa forma, o ministro acolheu os embargos para determinar que sejam restituídos somente os valores pagos após a revogação dos efeitos da tutela antecipada. Essa foi a decisão unânime da Quinta Turma.

09/05/2008 - 09h19Prefeitura de Coari fica com R$ 3 milhões reclamados por Manaus

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Gomes de Barros, manteve decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ/AM) que aumentou o repasse estadual da parcela do ICMS ao município de Coari, no interior do estado, o que teria desfalcado os cofres de Manaus em R$ 3 milhões mensais. Este é o segundo pedido de suspensão de liminar e de sentença apresentado pela capital amazonense sobre o tema. Ambos foram negados pela Presidência do STJ. No pedido mais recente, o município de Manaus queixa-se de vícios de procedimento e julgamento, o que, no entender do ministro Gomes de Barros, é argumento que não se encaixa nos limites de uma suspensão de liminar e de sentença. O presidente do STJ observou que não há prova dos danos alegados, como por exemplo, da redução do ICMS que lhe toca. No caso anterior, o pedido contestava

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a concessão de liminar (SLS 247). Neste se contesta a sentença que confirmou a decisão anterior, determinando que a Secretaria de Estado de Fazenda restaure o índice de repasse do ICMS que vinha sendo destinado a Coari. O pedido encaminhado ao STJ baseia-se na alegação de que Manaus perderia com a decisão, mensalmente, R$ 3 milhões em favor de Coari. Como resultado, um montante significativo de investimentos deixaria de ser efetuados, “pondo em risco o planejamento feito no início de cada exercício”. Em ambos os casos, não foi possível examinar as questões de fundo envolvidas na controvérsia. A análise feita pelo STJ deve ater-se às lesões potenciais do ato, como dano à economia pública, capaz de causar transtornos ao equilíbrio das contas públicas ou ao regular andamento dos serviços da Administração. Isso, conforme a decisão do presidente do Tribunal, não ficou comprovado.

09/05/2008 - 08h08STJ condena banco a compensar funcionários da Copesul

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o Banco Boavista Interatlântico S/A a pagar aos funcionários da Companhia Petroquímica do Sul (Copesul) o saldo credor acrescido de juros de 1% ao mês desde outubro de 1994, decorrente de contrato efetuado por ocasião da privatização da empresa. Segundo dados do processo, em face da privatização da Copesul, os funcionários da companhia tiveram o direito de adquirir 10% do total do capital privatizado. O Banco Boavista, à época, ofereceu aos funcionários a concessão de empréstimo para a aquisição, tendo como garantia parte das ações em questão e como contrapartida os ganhos com a intermediação do negócio. O banco se comprometia a vender uma parte da garantia do empréstimo, 440 mil ações, e, com o resultado, quitar a dívida dos funcionários. Na hipótese de saldo a favor deles, o banco deveria devolver o saldo. No caso de a venda não ser suficiente para o pagamento dos empréstimos, eles estariam quitados. Finalizado o processo, o banco informou que o produto de venda das ações havia sido superior ao saldo devedor, por isso os funcionários tinham crédito a receber. Após a realização do negócio, os funcionários ajuizaram ação contra o Boavista alegando que, no processo de aquisição das ações da Copesul, o banco teria comprado as moedas de privatização com deságio de 75%, porém, no acerto de contas, utilizado o valor nominal, que resultou em saldo credor bem inferior ao que seria devido aos funcionários. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul entendeu que o banco deveria repassar os benefícios do deságio aos funcionários e fixou os juros moratórios em 1% ao mês. No STJ, o banco Boavista entrou com um recurso especial alegando erro na valoração da prova, contestou as declarações emitidas pela corretora Kraesner e alegou que não cabe ao banco provar o percentual de deságio, mas aos funcionários. O relator, ministro Aldir Passarinho Junior, em conformidade com a súmula 7 do STJ, não conheceu do pedido, pois a controvérsia necessita de análise de provas para ser sanada, o que não compete ao STJ. Entretanto, conheceu parcialmente do recurso para estabelecer que aos valores correspondentes à diferença do saldo credor serão acrescidos juros remuneratórios de 1% ao mês desde quando foi disponibilizado pelo banco, em outubro de 1994, rejeitando a pretensão dos autores de receberem a compensação pelo uso do seu capital com base nos lucros obtidos pelo banco réu no período. E modificou a sentença do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para que a correção monetária seja realizada pelo INPC. Nesse entendimento, toda a Turma acompanhou o voto do relator.

08/05/2008 - 10h23Férias de ministros do STJ não suspendem prazo para interposição de agravo nos TJs

As férias dos ministros do Superior Tribunal de Justiça não suspendem o prazo para a interposição de agravo de instrumento, que deve ser feita nos tribunais de origem. Esse é o entendimento da Quinta Turma do STJ. Com essa compreensão, a Turma negou, por unanimidade, agravo regimental contra a decisão do ministro Napoleão Nunes Maia Filho que negou agravo de instrumento por intempestividade, ou seja, recurso apresentado fora do prazo legal. Os autores do agravo alegaram que os prazos processuais estavam suspensos no período de 20/12/2007 a 1º/01/2008, por ser recesso no STJ. Eles acrescentaram que os prazos continuaram suspensos no intervalo de 2 a 31 de janeiro de 2008 por ser período de férias dos ministros do STJ. Com isso, eles sustentam que o agravo de instrumento ajuizado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul no dia 07/01/2008 estaria tempestivo porque o prazo final para sua interposição seria o dia 04/02/2008. O relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, destacou que a decisão que negou o apelo foi publicada no Diário da Justiça em 10/12/2007. Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil a seguir, no caso, 11/12/2008. O prazo legal de dias para interposição de agravo se iniciou em 12/12/2007 e terminou em 04/01/2008. Mas o agravo só foi protocolado em 07/01/2008, portanto intempestivo na avaliação da Quinta Turma.

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08/05/2008 - 09h38STJ suspende execução de dívidas trabalhistas da Varig movida contra a sucessora Gol

O ministro Ari Pargendler, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deferiu liminar para suspender o processo de execução fiscal de dívidas trabalhistas da antiga Varig S/A, hoje VRG Linhas Aéreas S/A, arrematada em leilão pela Gol Transportes Aéreos S/A. A execução foi determinada pela 3ª Vara do Trabalho de Recife (PE). O Juízo de Pernambuco reconheceu a Gol como sucessora da Varig para responder às ações por dívidas trabalhistas da empresa arrematada. A liminar foi concedida pelo ministro Pargendler até o julgamento do mérito do conflito de competência (tipo de processo) 95385/RJ. No processo, a Gol pede ao STJ que defina como competente o Juízo da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para decidir todas as questões resultantes do leilão da Varig. Além de suspender a execução, o ministro designou o Juízo do Rio de Janeiro para decidir as medidas urgentes relacionadas ao processo e solicitou informações. No processo, a assessoria jurídica da Gol argumenta que todas as ações provenientes do leilão da Varig S/A devem ser decididas pelo Juízo estadual, no caso, a Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e não pelo Juízo Trabalhista, como ocorreu em Pernambuco. A empresa informa que adquiriu, por meio de sua subsidiária GTI, a VRG Linhas Aéreas. E, segundo a Gol, o edital previa expressamente que a transferência do patrimônio leiloado não representaria à vencedora do leilão a obrigação de assumir o passivo trabalhista da Varig S.A. Apesar do conteúdo do edital – ressalta a Gol –, a 3ª Vara do Trabalho do Recife (PE) reconheceu a sucessão e determinou à Gol que saldasse as dívidas trabalhistas da Varig. Diante da decisão do Juízo do Recife, a Gol enviou o conflito de competência ao STJ para que o Tribunal indique o Juízo competente para definir se a empresa deve ou não assumir tal passivo trabalhista. Para a defesa jurídica da Gol, o Juízo competente é o estadual – a Vara Empresarial do Rio de Janeiro – porque o leilão foi processado pela Justiça estadual, e não pela Trabalhista. Após a chegada das informações, o ministro Ari Pargendler deverá analisar os documentos e, então, levar o processo a julgamento na Segunda Seção do STJ.

08/05/2008 - 08h12Banco OK perde recurso contra o Banco Central

Por unanimidade, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso especial do Banco de Investimentos OK S/A que pedia a anulação de contrato firmado com o Banco Central do Brasil (Bacen) para adquirir a Corretora Comind Rio S/A. A decisão seguiu integralmente o entendimento da ministra relatora Denise Arruda. Em novembro de 1987, o Banco OK fechou contrato com o Bacen para cessão de créditos, direitos e outros pactos, pelo qual adquiriria a corretora Comind Rio S/A, que estava em liquidação há dois anos. Na época, estava em vigor a Resolução 1.060 de 1985 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que restringia a criação de novas instituições financeiras e de mercado de capitais, bem como a criação de novas agências ou dependências. Foi instituído também um sistema de "pontos", como exigência mínima para o funcionamento das instituições. Com a compra da Comind, o OK aumentaria seus pontos e poderia ampliar suas operações. Mas, em 1988, novas resoluções do CMN, a 1.524 e a 1.527, respectivamente, suspenderam a restrição e extinguiram o sistema de pontos. Com isso o Banco OK pediu a nulidade do contrato, afirmando que a Resolução 1.060 seria ilegal e inconstitucional, portanto tal contrato seria nulo. Segundo a instituição financeira, o contrato na verdade seria a negociação de uma carta-patente (autorização de funcionamento), algo fora de comércio, de natureza precária, personalíssima e gratuito, não podendo ser penhorada ou alienada. Afirmou ainda que, segundo o artigo 10, parágrafo 1º, da Lei n. 4.595, de 1964, o Bacen seria obrigado a analisar todos os pedidos. A mesma previsão seria feita no artigo 192 da Constituição Federal e a edição das duas resoluções posteriores do CMN seriam provas da irregularidade. A primeira instância não aceitou as alegações do Banco OK e esse entendimento foi acompanhado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. O banco interpôs, então, recurso no STJ, com as mesmas alegações, sustentando ainda violação do artigo 535 do Código Civil, já que o TRF não teria se manifestado sobre todos os argumentos apresentados. Também afirmou haver julgados divergentes sobre o tema no STJ. O Ministério Público Federal se manifestou contra as alegações do banco, afirmando que o risco da atividade creditícia foi assumido e, na época da celebração do contrato, não havia norma que impedisse o acordo. Em seu voto, a ministra Denise Arruda. considerou inicialmente que o artigo 535 do Código Civil não foi desrespeitado e também que não foi demonstrado haver julgados divergentes. Para a ministra, o Banco OK tinha pleno conhecimento da legislação da época e, por ela lhe ser vantajosa, firmou o contrato. A mudança da lei, mesmo que tenha tornado o negócio desvantajoso, não seria de forma alguma justificativa para a anulação do contrato, como já ficou demonstrado no acórdão do TRF. Quanto ao artigo 10 da Lei n. 4.595, para a ministra Denise Arruda, o Bacen deve seguir as normas do CMN para conceder licenças, regular funcionamento das instituições financeiras."[...] o Bacen agiu

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corretamente de acordo com as normas do CMN", completou.

07/05/2008 - 18h45STJ define competência para julgar greve dos advogados públicos

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu hoje (7) que é da competência da Terceira Seção julgar dissídios coletivos de greve de servidores públicos. A decisão foi em resposta à questão de ordem formulada pela ministra Maria Thereza de Assis Moura. Ela é relatora da medida cautelar em que a União dos Advogados Públicos Federais do Brasil (Unafe) pede que a greve da categoria seja declarada legal. O caso foi levado à Corte Especial porque a relatora considerou necessário que o órgão máximo do STJ decidisse se a competência para julgar dissídios de greve de servidores públicos poderia mesmo ser atribuída a este Tribunal por decisão do Supremo Tribunal Federal. E reconhecida essa competência, era preciso apontar qual órgão, dentro do STJ, seria responsável pelo julgamento dos dissídios e o meio processual adequado. A ministra Maria Thereza de Assis Moura ressaltou que cabe à Terceira Seção julgar causas relativas a servidores públicos. Mas, segundo ela, questões relacionados ao movimento de greve e suas conseqüências extrapolam os limites da competência da Seção. O ministro Gilson Dipp ressaltou que a Terceira Seção já decide questões relativas à greve de servidores e lembrou que, em 2001, quando fazia parte desse colegiado, foi relator do processo de greve dos professores da Universidade de Brasília. Além de confirmar que a competência para julgar dissídio de greve de servidor é da Terceira Seção, a Corte Especial determinou que o próprio órgão decida as regras e os meios processuais para julgar esses casos. A decisão foi por maioria, ficando vencida a ministra relatora.

07/05/2008 - 18h19Corte Especial nega pedido da OAB para suspender escolha de listas tríplices

Por maioria de votos, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu o pedido liminar da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que fosse suspensa a reunião do Pleno do Tribunal realizada ontem (7), com o objetivo de escolher os nomes dos desembargadores e membros do Ministério Público que concorrerão às três vagas abertas. A quarta vaga é a que deveria ser preenchida pela OAB. Além disso, a OAB pedia a definição da lista de indicados da entidade para a vaga de ministro do STJ, decorrente da aposentadoria do ministro Antônio de Pádua Ribeiro. Em fevereiro, o Tribunal reencaminhou a lista à entidade após três escrutínios em que não houve votos suficientes para nenhum dos nomes indicados constar na lista tríplice que deve ser encaminhada ao presidente da República. Para o relator, ministro Paulo Gallotti, a definição da lista de indicados da OAB se confunde com o próprio mérito do mandado de segurança, sendo, portanto, impossível de ser analisada em liminar. Quanto à suspensão da sessão do Pleno, sob a alegação de que a composição de novas listas antes da definição da lista da OAB implicaria modificação na ordem de antiguidade de ingresso no Tribunal, o ministro Gallotti afirmou que a vaga prevista para a entidade está assegurada e que a antiguidade é direito somente do nomeado e não da entidade, tratando-se, assim, de um prejuízo incerto e hipotético. Segundo o relator, ainda que por certo período a representação dos advogados fique desfalcada, isso não leva ao descumprimento da regra de alternância, pois a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Peçanha Martins é destinada a membros do Ministério Público. Além disso, o ministro Gallotti destacou que o STJ não pode ficar desfalcado de tantos ministros por tanto tempo e que se deve priorizar o interesse do jurisdicionado, que será prejudicado com o menor número de ministros. Para ele, há manifesto e indiscutível interesse público consolidado na urgente necessidade dos provimentos dos cargos vagos nesta Corte, de forma a garantir a eficiência da prestação jurisdicional. Os ministros Nilson Naves, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendler, Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Luiz Fux e Castro Meira votaram com o relator. A ministra Nancy Andrighi concedia a liminar somente para que a sessão do Pleno fosse suspensa. Os ministros Teori Albino Zavascki, Arnaldo Esteves Lima e Massami Uyeda acolhiam parcialmente o pedido para que as listas formadas no dia de hoje não fossem encaminhadas à Presidência da República até o julgamento do mérito do mandado de segurança. Os ministros José Delgado e João Otávio de Noronha concediam a liminar.

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07/05/2008 - 14h58STJ nega liminar a empresários denunciados na Operação Medusa III

O ministro Napoleão Nunes Maia Filho, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou pedido de liminar em habeas-corpus aos empresários E.S.S. e M.J.M., acusados de integrar suposto esquema de cartel entre postos de combustíveis da cidade de Londrina, no Paraná. O suposto cartel foi denunciado pela Operação Medusa III, coordenada pela Polícia Civil do Paraná. No habeas-corpus, a defesa dos dois empresários pede o trancamento da ação penal ou a declaração da nulidade de várias provas produzidas no inquérito. O ministro Napoleão Nunes Maia Filho lembrou que a concessão de liminar em habeas-corpus “constitui medida de extrema excepcionalidade, somente admitida nos casos em que demonstrada de forma manifesta a necessidade e urgência da ordem, bem como o abuso de poder ou ilegalidade do ato impugnado”. E, para o relator, “na hipótese vertente, tais circunstâncias não restaram evidenciadas de plano”. Após negar a liminar, o ministro solicitou informações e o encaminhamento do processo ao Ministério Público Federal para parecer. Somente após a chegada das informações e do parecer do MPF, deverá ser julgado o mérito do habeas-corpus pela Quinta Turma do STJ. No pedido de habeas-corpus, a defesa dos dois empresários pede o trancamento da ação penal movida contra eles ou o reconhecimento da nulidade de todas as provas produzidas no inquérito. Os advogados afirmam que as interceptações telefônicas, bem como as buscas e apreensões e quebras de sigilos telefônicos dos acusados foram autorizadas pelo Juízo da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba, que não tem competência para analisar os referidos pedidos, pois não tem jurisdição sobre fatos ocorridos em Londrina. Resumo do caso O Ministério Público do Paraná (MP/PR) denunciou várias pessoas, entre elas os empresários E.S.S. e M.J.M., por suposta participação em acordo para impor elevados preços dos combustíveis em postos de gasolina da cidade de Londrina. O cartel teria causado o aumento significativo dos preços, além de dificultar a livre concorrência. Os acusados teriam praticado crimes previstos no artigo 4º da Lei 8.137/90 – contra a economia e as relações de consumo. A denúncia foi baseada em dados obtidos na Operação Medusa III, da Polícia Civil do Paraná. A Operação desbaratou, em agosto de 2007, suposto cartel formado por postos de combustíveis na região de Londrina. Na ocasião, foram cumpridos 59 mandados de prisão e de busca e apreensão contra donos de postos e distribuidoras de combustível, além de contadores e donos de gráfica.

07/05/2008 - 11h37Policial condenado a cinco anos de prisão tem habeas-corpus preventivo negado

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas-corpus preventivo a um investigador de polícia condenado por concussão – exigência de vantagem indevida em razão da função que ocupa. O habeas-corpus é contra a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que manteve integralmente a sentença que condenou o policial a cinco anos de prisão em regime inicial fechado e à perda do emprego público. O crime ocorreu em junho de 1996. Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, o investigador e outras duas pessoas exigiram R$ 5 mil de um comerciante para não prendê-lo em flagrante por tráfico de droga e provocar a abertura de inquérito policial. Foi a própria vítima quem contou o caso à polícia e depois tentou desmentir a acusação em um cartório extrajudicial. O comerciante foi denunciado por falsificação de documento público. No habeas-corpus, a defesa do policial pede que ele continue em liberdade até que todos os recursos cabíveis sejam julgados. Sustenta que o tribunal estadual já havia permitido que ele apelasse em liberdade. O relator do caso, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, destacou que a Lei n. 8.038/90 é taxativa. Em regra, os recursos de caráter excepcional, como recurso especial no STJ ou recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal, não têm efeito suspensivo. Assim, não se pode acolher o pedido de permanência em liberdade até o trânsito em julgado da condenação, uma vez que a apelação já foi apreciada e manteve a sentença condenatória. Seguindo o entendimento do relator, a Quinta Turma negou o habeas-corpus por unanimidade.

07/05/2008 - 10h15Depositários e demais envolvidos respondem a ação de regresso

A empresa responsável pela intermediação da venda de ações na bolsa e a corretora que determina tal venda podem ser chamadas a integrar a ação judicial ajuizada pelo titular dessas ações contra a instituição financeira depositária no caso de negociação realizada sem consentimento do proprietário por meio de procuração falsa. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não atendeu a recurso do Unibanco Corretora de Valores Mobiliários S/A e acabou mantendo a decisão de segunda instância que

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Page 59: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

condenou o Banco Bradesco S/A a restaurar a situação acionária do proprietário à situação anterior, devolvendo suas ações. O caso foi apreciado pela Terceira Turma. A relatora, ministra Nancy Andrighi, entendeu que a condenação da instituição financeira fundou-se justamente no fato de que ela, na condição de depositária, tinha o dever de conferir a autenticidade da procuração supostamente outorgada pelo acionista. Porém a negligência do banco não afasta a obrigação da corretora de garantir a legitimidade da procuração por ela própria utilizada para requerer o bloqueio, depositar e vender as ações, já que o documento apresentado era falso. A açãoA. R. F. ajuizou ação declaratória de nulidade de lançamento de débito contra o Banco Bradesco argumentando que era possuidor e legítimo proprietário de ações ordinárias escriturais e preferenciais escriturais da Companhia Antártica Paulista Indústria e Bebidas Conexas Ltda., depositadas junto à instituição financeira. Segundo ele, tais ações foram vendidas na Bolsa de Valores de São Paulo, com uso de procuração falsa, razão pela qual pediu a declaração de nulidade do lançamento de débito em sua conta mantida no banco, com a reposição da mesma situação acionária original, acrescida de eventuais incorporações e desdobramentos. Em primeira instância, a ação foi julgada parcialmente procedente para condenar o Bradesco a restaurar a situação acionária do proprietário à situação anterior, devolvendo-lhe as 691 ações escriturais ordinárias e 95 ações preferenciais, acrescidas das ações decorrentes de incorporações de reservas ou desdobramentos que tiverem ocorrido. A instituição financeira apelou da sentença. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deu parcial provimento à apelação ao entendimento de que, independentemente de apuração de culpa, até em vista do contrato de depósito, responde a instituição depositária das ações, ressalvado o direito de regresso contra os demais envolvidos. Inconformado, o Unibanco Corretora recorreu ao STJ alegando que a decisão violou artigos do Código Processual Civil e do Código Civil, bem como divergiu da jurisprudência de outros Tribunais ao considerar legal a denunciação da lide ( (é a demanda com que a parte provoca a integração de um terceiro ao processo pendente).

07/05/2008 - 08h13Investigação iniciada por denúncia anônima pode usar escuta telefônica

Mesmo que uma investigação criminal tenha sido iniciada por uma denúncia anônima, a Justiça pode autorizar que sejam usadas escutas telefônicas. Essa foi a decisão por maioria da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em habeas-corpus originário de Pernambuco. O processo foi relatado pela desembargadora convocada Jane Silva, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. No processo, os réus J.B.R.O., J.R.O. , M.A.S., M.S.L. e R.F.C. foram presos, acusados de formação de quadrilha, tráfico de entorpecentes e corrupção passiva. Eles eram servidores públicos, acusados de receber propinas. A defesa dos cinco réus alegou que haveria constrangimento ilegal na prisão e entrou com recurso contra o Tribunal de Justiça do Estado do Pernambuco (TJ/PE). A defesa alega que, como a investigação foi iniciada com base unicamente em uma denúncia anônima, o sigilo telefônico dos acusados não poderia ter sido quebrado. Em seu voto, a desembargadora Jane Silva considerou que diversas decisões do STJ autorizam a instauração de processos com base em denúncias anônimas, mesmo havendo algumas ressalvas. Quanto às escutas telefônicas, a magistrada concluiu também não haver nenhuma irregularidade. A Lei n. 9.296, de 1996, que regula a escuta telefônica, veda a escuta caso não haja indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal, se a prova puder ser feita por outros meios disponíveis ou se o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. No caso, não houve nenhuma dessas restrições, portanto a escuta foi legal.

06/05/2008 - 21h31Vice-presidente mantém afastado um terço dos deputados da Assembléia alagoana

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha manteve o afastamento de nove deputados estaduais alagoanos investigados pela Operação Taturana, da Polícia Federal. Como vice-presidente do Tribunal, ele negou o pedido de suspensão de liminar e de sentença apresentado pela Assembléia Legislativa de Alagoas ao STJ, que contestava a decisão do Tribunal de Justiça do estado (TJ/AL) de afastar os deputados de seus cargos até o fim da fase de instrução, com o objetivo de resguardar o processo. Para o ministro Cesar Rocha, não se constata a existência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o que poderia justificar a eventual suspensão da decisão que afastou os parlamentares. No caso, os argumentos expostos pela Assembléia Legislativa tratam especificamente da legalidade do afastamento temporário dos deputados, o que não pode ser analisado por meio de uma suspensão de liminar e sentença. O vice-presidente do STJ já havia negado o pedido da SLS 850, em que, individualmente, o deputado afastado Edwilson Fábio de Melo Barros tentava retornar ao cargo. No pedido encaminhado ao STJ, os parlamentares afirmaram que a

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decisão do TJ/AL violaria a ordem pública pela quebra da "estabilidade institucional". Alegaram que se trataria de intervenção do Poder Judiciário na independência do Poder Legislativo, argumentando que o afastamento de um terço dos 27 deputados da Assembléia estadual poderia paralisar a máquina legislativa diante da falta de votação de assuntos importantes. A Operação Taturana foi deflagrada pela Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público para o combate à sonegação fiscal, à obtenção fraudulenta de financiamentos bancários e à lavagem de dinheiro. Segundo a Receita, foi identificada uma estrutura criminosa que atuava na Assembléia Legislativa de Alagoas e teria causado prejuízo de R$ 200 milhões aos cofres federais nos últimos cinco anos. De acordo com a determinação do TJ/AL, o afastamento dos deputados estaduais não implica prejuízo às suas remunerações.

06/05/2008 - 15h36Servidores da Justiça do Maranhão são obrigados a pagar contribuição sindical

O Sindicato dos Servidores da Justiça e do Ministério Público do Estado do Maranhão (Sindjump) conseguiu assegurar o desconto compulsório de contribuição sindical referente ao ano de 2007 na folha de pagamento dos servidores. A determinação é da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão do STJ ocorreu no julgamento de um recurso ordinário em mandado de segurança contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA). Os desembargadores do tribunal estadual decidiram, por maioria, que a contribuição não poderia ser cobrada porque a lei exige esse pagamento apenas dos empregados celetistas, trabalhadores autônomos, profissionais liberais e empregadores. Isso é o que prevê a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), voltada para os trabalhadores do setor privado. No recurso, o sindicato alega que a cobrança de contribuição sindical dos servidores públicos é legítima, com fundamento na CLT. Já o Estado do Maranhão argumentou não existir norma que estenda a CLT aos sindicatos de servidores públicos. O relator do recurso, ministro Herman Benjamin, seguindo a jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal e já seguida pelo STJ, entendeu que a contribuição sindical, prevista na CLT, é devida por todos os trabalhadores de determinada categoria, inclusive pelos servidores públicos. Inicialmente, o Sindjump pediu o recolhimento da contribuição sindical de 2006 e 2007. Segundo a CLT, o desconto é feito sempre na folha do mês de março. Como o pedido foi feito em mandado de segurança impetrado em março de 2007, o ministro Herman Benjamin considerou que a ação constitucional não é a via adequada para a cobrança de verbas pretéritas. Por isso, deu parcial provimento ao recurso para determinar o desconto em folha da contribuição sindical referente apenas ao exercício de 2007. Essa foi a decisão unânime da Segunda Turma do STJ.

06/05/2008 - 14h21Dersa não pode ser responsabilizada por furto de caminhão em posto de pesagem

Transportadora que teve caminhão carregado de produtos Sadia furtado no estacionamento do posto de pesagem da empresa Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) não conseguiu reverter decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) no Superior Tribunal de Justiça. Por unanimidade, o STJ não conheceu do recurso especial interposto pela Caho Ltda. Os ministros não puderam analisar a questão porque o TJ paulista baseou seu entendimento em critérios exclusivamente constitucionais, o que impediu a Corte Superior de apreciar o pedido de indenização. Desse modo, fica mantido o acórdão da segunda instância favorável à Dersa. Um caminhão Mercedez Bens de propriedade da Caho parou no posto de pesagem administrado pela empresa Desenvolvimento Rodoviário S/A na altura do quilômetro 110 da Rodovia Anhangüera, perto da cidade de Sumaré, no estado de São Paulo. Após ser detectado excesso de peso, o motorista foi orientado a estacionar o veículo no pátio do posto para ir à cabine de pesagem assinar e receber o comprovante de multa. Ao retornar ao estacionamento, cerca de 10 minutos depois, o veículo havia desaparecido. A transportadora alega que o caminhão não estava com o peso acima da tolerância exigida, pois não havia sido multado em nenhuma das balanças pelas quais passou durante todo o percurso entre Várzea Grande (MT) e São Paulo. A capacidade do caminhão seriam 22 mil quilos e ele estaria transportando um pouco mais de 18 mil quilos quando foi obrigado a parar. “A atitude do agente da Dersa em deter o caminhão para lavrar a multa foi que concorreu para o furto”, ressaltaram os advogados da Caho Ltda. A defesa da transportadora ressaltou que a empresa levou mais de uma hora para comunicar o furto à polícia, o que caracterizaria negligência da concessionária. A Dersa, por sua vez, afirmou que não possuía poder de polícia para prevenir “ocorrências delituosas” e, por isso, não poderia ser responsabilizada. A tese de defesa da empresa se baseou na falta de nexo causal entre o que ocorreu no posto de pesagem e o dano patrimonial sofrido pela transportadora. O Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu os argumentos da Dersa, entendendo não haver nexo de causalidade entre a parada para fiscalização, aplicação da multa por excesso de peso e o furto ocorrido no pátio. “Não há como

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Page 61: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

comprovar a culpa (imprudência ou negligência). Não é possível enquadrar na tipificação da responsabilidade objetiva (artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição) e muito menos no da culpa subjetiva, por mínimo que seja, da ré ou do agente encarregado da lavratura do auto”, concluiu o acórdão do TJ/SP. A transportadora recorreu ao STJ tentando reverter a decisão, mas a Segunda Turma, seguindo o voto da relatora, ministra Eliana Calmon, não conheceu do recurso, uma vez que o acórdão do TJ/SP se baseou em fundamentos constitucionais, vedando o exame do pedido por parte do Tribunal da Cidadania.

06/05/2008 - 11h47Pela terceira vez, falha tentativa de Garotinho de obter indenização por dano moral

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Aldir Passarinho Junior negou a subida de um recurso especial que pretendia rever o pedido de indenização por dano moral apresentado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho contra o jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo. Para o ministro, o STJ não deve analisar o recurso, pois o caso exigiria reexame de provas, o que não é possível ao Tribunal. Em 24 de outubro de 2006, a coluna “Disse-me-disse”, de autoria do jornalista, publicou nota intitulada “Arrastão no aterro”. O texto informava sobre o cancelamento de um show que seria promovido pela Petrobras, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A nota encerrava afirmando que o cancelamento do show se devia a rumores de que “um pessoal ligado a Garotinho estaria preparando alguma provocação”. Garotinho ingressou na Justiça do Rio de Janeiro, alegando que, ao insinuar que ele seria articulador de um arrastão, o texto teria ofendido sua honra, merecendo reparação por meio de indenização. O jornalista rebateu que a nota publicada não conteria atribuição de crime a Garotinho e que não existiria lesão causada pela notícia. A primeira instância considerou o pedido de indenização improcedente, por entender que o conteúdo da nota divulgada no jornal não traria referência a ato criminoso ligado a Garotinho. De outra forma, apenas teria informado o cancelamento do show e a suposição de preparação de alguma “provocação” de pessoal ligado a Garotinho. Inconformado, o ex-governador apelou. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ) manteve a sentença, acrescentando que, por ser homem público, Garotinho teria inúmeros correligionários, os quais muitas vezes atuam sem seu consentimento prévio. Contra esse entendimento, a defesa ingressou com recurso especial, mas, ao analisar a possibilidade de admissão do recurso, a subida ao STJ foi negada pelo TJ/RJ. Daí o agravo de instrumento (novo recurso), desta vez apresentado diretamente ao STJ, para que o recurso especial fosse admitido e apreciado, tentativa que também falhou.

06/05/2008 - 10h23STJ mantém absolvição de Zélia Cardoso de Mello

O ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manteve a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) que absolveu a ex-ministra da Fazenda do Governo Collor, Zélia Cardoso de Mello, do crime de corrupção passiva. O Ministério Público Federal recorreu da decisão do TRF alegando que a imputação do delito de corrupção, nas modalidades ativa e passiva, dispensa aprofundado exame de fatos e provas, não carecendo de “operação mental de conta, peso e medida dos elementos de convicção”. O TRF reformou a sentença e absolveu Zélia Cardoso sustentando a inexistência de prova que demonstrasse que ela tivesse solicitado ou recebido ou aceito promessa de receber vantagem indevida em razão da função. Para o ministro Naves, não há falar em má valoração da prova quando o julgador, valendo-se do livre convencimento, conclua estar provado ou não um fato. “Veja-se que, no caso, não deixou o Tribunal de origem de considerar as provas colhidas, tampouco deixou de dar a elas o devido valor jurídico, a saber, o de serem provas aptas à instrução do processo penal. Concluiu, isto sim, que seu conteúdo era insuficiente para corroborar a pretensão do autor”, afirmou o ministro.

06/05/2008 - 09h21É ilegal a concessão de escritura de lote de tamanho inferior ao fixado em lei

Não é possível o pedido de outorga da escritura pública de um lote de 1.800 m² no Lago Sul, em Brasília, já que o contrato de compra e venda celebrado entre C.M.R. e M.V.T.B. não é válido, pois a compra da fração ocorreu quando o imóvel era indivisível, portanto, o ato é ilícito. O entendimento foi firmado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar o recurso do comprador contra a proprietária do lote. A Turma manteve a decisão de segunda instância que julgou extinto o processo, por entender que, mesmo com a aprovação da Lei Complementar Distrital 129/98 (que trata sobre a edificação de condomínios por unidades autônomas), o contrato continuou ilícito. A metragem mínima de 2.500m² não foi observada, visto que a fração adquirida possui apenas

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1.800m². O comprador ajuizou ação de cumprimento de obrigação de fazer contra a proprietária. Ele tinha adquirido um sexto de um terreno de aproximadamente 10 mil m² no Lago Sul. O pagamento do terreno foi estipulado em R$ 210 mil, sendo que, no fechamento do negócio, foi paga a importância de R$ 100 mil, ficando acertado que, quando houvesse a quitação do restante (R$ 110 mil), a dona do terreno outorgaria a escritura definitiva do imóvel. Em decorrência do descumprimento do acordo, ele ajuizou ação de cumprimento de obrigação de fazer. Entre agosto e novembro de 1997, o comprador pagou o restante da quantia, mas a proprietária não cumpriu com suas obrigações quanto à escritura definitiva do imóvel. Segundo ele, a proprietária ainda omitiu a informação de que não existia a carta de habite-se. Essa carta só foi expedida em julho de 2000. Em 1998, foi aprovada a Lei Complementar Distrital 129, que estabeleceu o parcelamento da área em lotes autônomos de 2.500m². Em decorrência desse fato novo, a proprietária do terreno ofereceu ao comprador outros 700m² para completar a área de parcelamento ao pagamento de R$ 80 mil. A proposta não foi aceita, portanto a outorga da escritura não foi feita. Em primeira instância, o pedido do comprador foi julgado procedente, sendo a proprietária condenada a promover a outorga da escritura pública da venda de um sexto do imóvel objeto do contrato particular celebrado. A sentença foi reformada para julgar extinto o processo sem julgamento de mérito. Para o Tribunal, verifica-se a impossibilidade jurídica do pedido de obrigação de fazer, tendo em vista a ilicitude do objeto do contrato de compra e venda realizado entre as partes. Inconformado, o comprador recorreu ao STJ, argumentando que a decisão viola artigos do Código Civil e alegando que cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Ao analisar a questão, o relator, ministro Ari Pargendler, destacou que o tema discutido nesse processo é um caso de impossibilidade jurídica. Para o ministro, o comprador poderia ter interposto recurso especial com a finalidade de que fosse reconhecido o julgamento do mérito da causa, a modo de dar pretexto à oposição de embargos (tipo de recurso). Em vez disso, ele pediu a reforma do julgado.

06/05/2008 - 08h12Liminar para reconhecimento de atenuante feita pela defesa de Suzane Von Richthofen é

negadaO ministro Hamilton Carvalhido, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), indeferiu o pedido liminar da defesa de Suzane Louise Von Richthofen para que fosse reconhecida a atenuante pertinente à confissão, o que poderia reduzir a sua pena. Suzane foi condenada, em julho de 2006, a 39 anos de reclusão pela morte dos pais, ocorrida em outubro de 2002. Ela está presa na penitenciária feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, situada no município de Tremembé (SP). A defesa de Suzane recorreu ao STJ contra a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que fixou o regime fechado como o inicial para o cumprimento da pena de 39 anos, mas não reconheceu a atenuante da confissão. Pediu assim, liminarmente, que o STJ “(...) venha reconhecer a atenuante obrigatória em favor da paciente Suzane Louise von Richthofen, conforme acima estampado, concernente à confissão, vez que o Tribunal Paulista quedou-se e não proclamou a insofismável existência”. O ministro Carvalhido, relator do habeas-corpus, não acolheu o pedido liminar destacando que ele se confunde com o próprio mérito da impetração, cuja análise caberá, oportunamente, ao órgão colegiado. Após o envio das informações solicitadas pelo ministro Carvalhido ao Tribunal de Justiça paulista, o processo segue para a manifestação do Ministério Público Federal. Em seguida, retorna ao STJ para o julgamento da Sexta Turma.

05/05/2008 - 11h46Divulgação de balanço patrimonial de empresa coligada, no exterior, pode ser considerado

fato gerador de IRDe acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), a divulgação do balanço patrimonial de uma empresa coligada ou controlada, no exterior, ainda pode ser considerado como o fato gerador do Imposto de Renda (IR). Esse foi o entendimento dos ministros da Segunda Turma, ao acompanhar, à unanimidade, o voto do ministro relator Castro Meira. O balanço patrimonial indica a variação do patrimônio de uma empresa, sendo considerado ganho de capital no caso de esse ser positivo, portanto devendo pagar o IR.. No caso de empresas com capital ou investimentos no estrangeiro, há também a variação cambial que pode aumentar ou diminuir o valor de suas ações. A Fazenda Nacional entrou com recurso no STJ contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Na decisão, o TRF desautorizou a cobrança do tributo da Arnaldo Ulmann – Participações, no momento em que a empresa divulgou seu balanço. No acórdão do TRF, argumentou-se que a Instrução

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Normativa nº 213 de 2002 da Secretaria da Receita Federal (SRF) definiu que os resultados positivos da equivalência patrimonial em investimentos no exterior, não está determinando a incidência de IR e Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSL) somente sobre os lucros, mas atingindo investimentos ainda não realizados, o que estaria em descompasso com a legislação. Para o tribunal, o balanço seria um fato econômico que não implicaria necessariamente mudança do capital social de empresa ou do número e valor nominal das ações. Ao analisar o recurso, o ministro Castro Meira considerou que o cerne da questão é na verdade o tempo em que tributos incidiriam sobre o lucro da empresa. Ou seja, quando a renda aumentada se torna disponível. Para o ministro, o CNT e a MP 2150 são claros em definir que o esse momento para empresa coligada ou controlada do exterior seria na divulgação do balanço. "Não se confunde disponibilidade econômica com disponibilidade financeira da renda ou proventos de qualquer natureza. Enquanto esta última se refere à imediata "utilidade" da renda, a segunda está atrelada ao simples acréscimo patrimonial, independentemente da existência de recursos financeiros", explicou. O magistrado afirmou não ser necessário que a renda se torne efetivamente disponível (disponibilidade financeira) para que se considere ocorrido o fato gerador do imposto de renda, limitando-se a lei a exigir a verificação do acréscimo patrimonial (disponibilidade econômica). O ministro considerou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) discute a legalidade do artigo 43 do CNT e, conseqüentemente, do artigo 7º da IN 213. "Porém, enquanto não houver juízo definitivo do Supremo, estes dispositivos devem ser considerados legais e aplicáveis", concluiu. Com esse entendimento, o ministro Castro Meira reformou o entendimento do TRF, aceitando o recurso da Fazenda Nacional.

Informativo de JurisprudênciaInformativo n. 0354

Período: 28 de abril a 9 de maio de 2008.As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes

de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Corte EspecialQO. COMPETÊNCIA. DISSÍDIO COLETIVO. GREVE.Após o STF reconhecer que o STJ é competente para julgar o dissídio coletivo referente à greve de servidor público toda vez que ela extrapolar o âmbito de uma das regiões da Justiça Federal, pela relevância da matéria, a Terceira Seção submeteu à Corte Especial, em questão de ordem, a medida cautelar sobre greve da Advocacia-Geral da União para decidir qual órgão judicante interno teria competência para julgar uma ação de dissídio coletivo. A Corte Especial reconheceu a competência da Terceira Seção, que já decide questões relativas à greve de servidor público, e determinou que caberá àquela própria Seção dirimir as demais regras e os meios judiciais para julgar esses casos. QO na MC 14.101-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 7/5/2008.

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MS. LIMINAR. OAB.Em votação administrativa de lista formulada pela OAB para composição de lista tríplice referente a candidatos a ministros deste Superior Tribunal, lista a ser enviada ao presidente da República, em votação por três escrutínios, não foi possível a escolha devido aos números de votos em branco, tendo o plenário do STJ deliberado que o ocorrido deveria ser comunicado à OAB. A OAB insistiu na mesma lista, daí o presente MS com pedidos de liminar. Note-se que só os pedidos de liminar foram julgados nessa ocasião. O primeiro pedido foi de sustação da votação das outras listas para preencher vagas no STJ (representante do Ministério Público e desembargadores). O outro pedido de liminar foi para que o STJ prossiga na votação dos nomes fornecidos pela OAB até a elaboração da respectiva lista tríplice. Para a maioria dos ministros, esse último pedido confundia-se com o próprio mérito do mandado de segurança sendo, portanto, impossível de ser analisado em liminar. Argumentou-se, ainda, que a concessão de liminar exige fumus boni juris e periculum in mora, requisitos acumulativos, não bastando estar presente apenas um deles. Quanto ao periculum in mora, impõe-se que se analisem as normas constitucionais e essas não são aplicadas, mas valoradas. Então, no caso, há dois valores em jogo: o interesse público na composição das turmas do STJ e o interesse da parte (OAB), objetivos legítimos. Porém se sobrepõe o interesse público que é o interesse do jurisdicionado. Outrossim, decidiu-se, por maioria, que a votação de outras listas não altera a composição alternada entre membros do MP e advogados e tampouco exclui a vaga garantida da OAB no Tribunal. Quanto à ordem de antiguidade que seria alterada, firmou-se, também por maioria, que, só após a nomeação, há o direito subjetivo do nomeado e não da entidade. Com esses argumentos, a Corte Especial indeferiu, por maioria, as liminares. MS 13.532-DF, Rel. Min. Paulo Gallotti, julgado em 7/5/2008.

Primeira TurmaFGTS. NÃO-OPTANTE. SAQUE.O art. 19 da Lei n. 8.036/1990 apresenta duas hipóteses em que é possível o empregador efetuar o levantamento dos valores depositados a título de FGTS - quando houver comprovação do pagamento da indenização prevista nos arts. 477 e seguintes da CLT e quando o empregado tiver trabalhado na condição de não-optante -, desde que a extinção do contrato de trabalho ocorra na forma prevista no art. 14 da lei em comento. Assim, caracterizada uma das hipóteses previstas no art. 19 da mencionada lei, é viável que o empregador efetue o levantamento dos valores depositados nas contas vinculadas, mostrando-se ilegítima a pretensão do trabalhador que foi beneficiado pela permanência no regime anterior de indenização ou estabilidade (art. 14) de movimentar a conta com base no disposto no art. 20, VIII, da lei em comento (permanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS). Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 846.882-MG, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 6/5/2008.

Segunda TurmaRESP. INTEMPESTIVIDADE. ATESTADO MÉDICO.A Turma decidiu que constitui justificativa idônea para a suspensão do prazo recursal a impossibilidade do exercício profissional da única advogada constituída nos autos, uma vez que foi comprovado o impedimento mediante atestado médico. Destacou-se que esse atestado foi apresentado junto com o recurso especial, assim, não se poderia agora cogitar da extemporaneidade do recurso, até porque não há qualquer alegação nas contra-razões ofertadas pelo Fisco. AgRg no REsp 1.015.392-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 6/5/2008.RMS. ESCRIVÃ. CARTÓRIO. OPÇÃO.A recorrente exerceu o cargo de escrivã de cartório estadual no interior por mais de vinte cinco anos e sem ter sido notificada ou haver procedimento de demissão, deixou de perceber seus vencimentos. Daí o mandado de segurança que foi denegado no Tribunal a quo ao argumento de que os notários e registradores exercem atividade estatal, não sendo titulares de cargo efetivo nem de cargo público. A Min. Relatora observou que o tema deve ser focado à luz da LC estadual n. 68/2003, que no art. 8º oportunizou aos ocupantes efetivos ou estáveis das serventias mistas das comarcas do interior optar entre a serventia extrajudicial e o cargo de funcionário do Poder Judiciário. Anotou também que não há, no dispositivo mencionado, qualquer menção acerca do prazo para ser exercida essa opção. Colhe-se, ainda, das informações da autoridade coatora que se considerou ter havido uma opção implícita da servidora. Para a Min. Relatora, essa afirmação não se sustenta porque, em ofício da Corregedoria-Geral de Justiça, a recorrente é intitulada como estável. Ademais, ela foi tratada como servidora estável, tendo em vista o pagamento dos seus vencimentos todos os anos anteriores à

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Page 65: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

suspensão. Outrossim, diante da irresignação explanada no MS, não há dúvidas de que a opção da recorrente é no sentido de permanecer no cargo de funcionária do Judiciário. Diante do exposto, a Turma reintegrou a recorrente no quadro dos funcionários do Poder Judiciário, incluídos os valores que deixaram de ser pagos, a contar da data da impetração. RMS 23.950-MA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 6/5/2008.LEGITIMIDADE. ASSISTENTE. LITISCONSÓRCIO.Em ação de desapropriação, o Estado-membro figurou como assistente litisconsorcial, tendo, inclusive, manifestado embargos de devedor, alegando excesso de execução. Após a sentença condenatória, o embargante, ora recorrente, apelou, perdeu e continua sustentando sua ilegitimidade passiva ad causam. Note-se que só foi prequestionado no REsp o art. 54 do CPC. Isso posto, para o Min. Relator, a legitimidade do recorrente foi definida na apelação como assistente litisconsorcial. Assim, a pretensão recursal não encontra amparo, pois o assistente litisconsocial detém relação de direito material com o adversário assistido, de modo que a sentença que vier a ser proferida em relação a ele constituirá coisa julgada material também em relação ao assistente. Logo, não há como se afastar a legitimidade passiva ad causam do recorrente no processo de execução de sentença. Com esse entendimento, a Turma conheceu em parte o recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento. REsp 557.106-SE, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 6/5/2008.EXECUÇÃO FISCAL. ADJUDICAÇÃO. BENS. FACULDADE.Consta dos autos que há petição em conjunto do procurador da Fazenda e do patrono da empresa executada, informando o interesse de solucionar a lide com a adjudicação dos bens penhorados, bem como a reunião e suspensão das execuções. Mas o acórdão recorrido consignou que, apesar desse interesse, a Fazenda estadual não a requereu expressamente e permaneceu inerte, mesmo sendo intimada a se manifestar no agravo de instrumento contra decisão que reconsiderou posição anterior, determinando o leilão dos bens penhorados. Destacou o Min. Relator que, nas contra-razões do presente REsp, há expressa recusa da Fazenda, circunstância que mostra o acerto do Tribunal a quo, além de não haver embasamento jurídico para uma decisão judicial que obrigasse o poder público a adjudicar bens sujeitos à execução. O art. 24 da Lei n. 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais) é claro: a Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados. Portanto é uma faculdade processual, não está obrigada a Fazenda Pública a fazê-lo, condiciona-se ao eventual interesse da Administração dentro de seu poder discricionário. Ante o exposto, a Turma conheceu em parte o recurso e nessa parte negou-lhe provimento. Precedente citado: REsp 800.228-MG, DJ 31/5/2007. REsp 557.106-SE, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 6/5/2008.CERTIDÕES. LICITAÇÃO. REGULARIDADE FISCAL.É cediço que a Lei n. 8.666/1993, nos arts. 27, IV, e 29, III, exige a regularidade fiscal para a habilitação das empresas para participar de licitações. Mas, no caso dos autos, o impetrante demonstrou que, no município do seu domicílio, as certidões têm validade de noventa dias, podendo ser revalidadas uma única vez antes da expiração do prazo, que o alvará de licença para estabelecimento e o comprovante de pagamento da taxa relativa ao ano de 1999 são os únicos documentos hábeis fornecidos para comprovar a regularidade fiscal, já que o tributo exigido pelo edital de licitação foi suprimido por meio de leis estaduais. Desse modo, é ilegítima a exigência de certidões comprobatórias de regularidade fiscal, quando elas não podem ser fornecidas pelo município de domicílio do licitante como determinado pelo edital. REsp 974.854-MA, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 6/5/2008.

Terceira TurmaPATERNIDADE. DNA. NOVA AÇÃO.A paternidade do investigado não foi expressamente afastada na primeva ação de investigação julgada improcedente por insuficiência de provas, anotado que a análise do DNA àquele tempo não se fazia disponível ou sequer havia notoriedade a seu respeito. Assim, nesse contexto, é plenamente admissível novo ajuizamento da ação investigatória. Precedentes citados: REsp 226.436-PR, DJ 4/2/2002; REsp 427.117-MS, DJ 16/2/2004, e REsp 330.172-RJ, DJ 22/4/2002. REsp 826.698-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/5/2008.DOAÇÃO. DIREITOS HEREDITÁRIOS. MEAÇÃO.As partes, quando do falecimento do de cujus (pai e marido) e da abertura do inventário, entenderam firmar um contrato particular sobre a cessão de direitos dos filhos para a mãe, além da promessa de doação quanto a todos os bens da viúva meeira, como forma de viabilizar a partilha. Alega-se desobedecida a necessária forma pública, contratada a proibida herança de pessoa viva com o uso de indevida promessa de doação, além de existir coação em sua celebração. Nesta instância especial, diante dessas peculiaridades, o Min. Relator reconheceu a eficácia do instrumento particular para a comprovação do negócio entabulado. O Min. Ari Pargendler, em seu voto-vista, ao acompanhá-lo, aduziu que a promessa, no caso, caracterizar-se-ia como uma condição do negócio, não seria apenas

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Page 66: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

mera liberalidade. Já o voto-vista da Min. Nancy Andrighi, também conforme com o do Relator, afastou da cessão dos direitos hereditários a possibilidade de se aventar renúncia e ressaltou que, apesar de consumada em instrumento particular, essa manifestação dos herdeiros recebeu a homologação do juízo mediante termo próprio lavrado nos autos: mesmo inquinada de nula a posterior promessa de doação, permaneceria íntegra a cessão; quisessem desconstituir a partilha, deveriam pautar-se pelo disposto no art. 1.030 do CPC. No que toca à promessa de doação, a Min. Nancy Andrighi firmou não haver interesse dos recorrentes, pois, mesmo que anulada, a viúva meeira poderia, independentemente de promessa, doar a seus filhos o patrimônio amealhado nos mesmos termos do acordo que se quer invalidar. Anotou, também, não haver prejuízo à legítima dos herdeiros necessários, o que afasta a violação do art. 1.176 do CC/1916. Quanto à alegação de uma das rés de que estaria no pólo errado da ação, para a Ministra, aquele que inicialmente se coloca totalmente contra as pretensões do autor não pode, simplesmente, no curso da ação, advogar em prol do demandante contra os demais; poderia, quando muito, abster-se de litigar e reconhecer a procedência do pedido, sem pretender transferir-se para o pólo ativo. REsp 853.133-SC, Rel. originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler (art. 52, IV, b, do RISTJ), julgado em 6/5/2008.PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO INFIEL. IMÓVEL.O credor não diligenciou registrar a penhora (art. 659, § 4º, do CPC), daí que não pode pedir a prisão civil com fundamento na infidelidade do depositário judicial (proprietário) do bem imóvel (art. 666, II, do CPC). Antes da Lei n. 8.953/1994, a alienação do imóvel depositado judicialmente tinha-se por ineficaz relativamente à execução, daí que sem necessidade a prisão civil. Após essa lei, a alienação pode ser eficaz na falta de registro da penhora, mas a prisão civil do depositário judicial não pode ser aplicada como pena, visto que é ineficiente como coerção para volver o bem em disponível ao juízo. Portanto, para prevenir essa infidelidade, diante do regime atual, há que se diligenciar o registro da penhora. Anotou-se que, a muitos doutrinadores parece inconciliável o depósito judicial de imóvel com o próprio conceito de depósito. Precedente citado: REsp 186. 633-MS, DJ 1º/3/1999. HC 99.346-MG, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 6/5/2008.

Quarta TurmaDPVAT. JUROS. MORA. TERMO INICIAL.A Turma reiterou que os juros de mora, no caso de ilícito contratual relativo ao DPVAT, i. e., seguro obrigatório, são devidos a partir de sua citação. Precedente citado: AgRg no REsp 954.209-SP, DJ 19/11/2007. REsp 1.004.390-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 6/5/2008.PENHORA. NOMEAÇÃO. DEPOSITÁRIO.A Turma reiterou que é sanável a falta de nomeação do depositário no auto de penhora, assim não há por que conduzir à nulidade de tal ato, em desacordo com os princípios da modernidade processualística, mormente por ser defeito juridicamente sem caráter absoluto, podendo ser suprido (arts. 664 a 666 do CPC). Precedentes citados: REsp 90.865-MG, DJ 26/10/1998; REsp 351.490-SP, DJ 1º/7/2002; REsp 294.952-MG, DJ 5/4/2004, e REsp 399.263-RS, DJ 24/2/2003. REsp 990.502-MS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 6/5/2008.EXCEÇÃO. PRÉ-EXECUTIVIDADE. TERMO ADITIVO.A Turma reiterou que é cabível, em exceção de pré-executividade, pela aplicação das Súmulas ns. 286 e 300 do STJ, a revisão de cláusulas contratuais para aferir a abusividade e o anatocismo de juros cobrados pelas instituições financeiras. Consabidamente, tais financeiras utilizam-se da Lei de Usura e da capitalização ao firmar com os clientes contratos originários que posteriormente ensejam contratos particulares e renegociação de dívida, malgrado conter vícios flagrantes. No caso, a execução funda-se em um instrumento de consolidação do débito mediante termo aditivo ao contrato (CPC, art. 858, II) e não no próprio contrato de abertura de crédito, o qual, nem por isso, perde a sua natureza de título executivo. Precedente citado: REsp 132.565-RS, DJ 12/2/2001. REsp 475.632-SC, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 6/5/2008.DANO MORAL E ESTÉTICO. CUMULAÇÃO.A Turma reiterou a tese jurisprudencial da cumulação dos danos moral e estético (art. 1538 do CC/1916). Quanto aos honorários arbitrados, é incabível a redução da verba honorária (art. 20, § 3º, do CPC), cabendo a constituição de capital para pagar as prestações vincendas. Outrossim, razoável a pensão fixada em favor de uma das vítimas, a que mais sofreu com o atropelamento provocado pelo veículo da transportadora, concedendo-se-lhe a pensão vitalícia, fixada em um salário mínimo,

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independente de não exercer ainda atividade remunerada à data do acidente, pois as lesões sofridas causaram-lhe incapacidade laboral irreversível. Na hipótese, é favorável à recorrente apenas o provimento quanto à incidência dos juros de mora a partir do evento danoso. Precedentes citados: REsp 595.789-MG, DJ 6/3/2006; REsp 126.798-MG, DJ 4/2/2002; REsp 899.869-MG, DJ 26/3/2007; REsp 737.708-CE, DJ 13/8/2007; AgRg no REsp 977.656-RS, DJ 6/11/2007; EREsp 109.675-RJ, DJ 29/4/2002; REsp 687.567-RS, DJ 13/3/2006, e REsp 416.846-SP, DJ 7/4/2003. REsp 519.258-RJ, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 6/5/2008.

Quinta TurmaPRONÚNCIA. EXCESSO. LINGUAGEM. MOTIVO TORPE.Não padece de excesso de linguagem a decisão de pronúncia que indica a prova da materialidade do delito e indícios de autoria, sem emitir juízo de valor capaz de influir no ânimo dos jurados. O juiz apenas explicitou os motivos de seu convencimento de acordo com os arts. 408 do CPP e 93, IX, da CF/1988. Quanto ao fato de o réu, em tese, ter cometido o homicídio contra sua esposa, por não aceitar a anunciada separação, pode caracterizar-se como motivo injusto, porém isso não significa que seja torpe ou ao menos fútil. Em princípio, trata-se, portanto, de um homicídio simples. Com esses argumentos, entre outros, a Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas corpus. Precedentes citados: HC 53.730-PE, DJ 6/8/2007; HC 62.660-SP, DJ 12/3/2007; REsp 233.797-GO, DJ 19/12/2002, e REsp 555.166-MG, DJ 2/8/2004. HC 77.309-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 6/5/2008.CANCELAMENTO. INSCRIÇÃO. OAB.Trata-se de habeas corpus em que se pretende a anulação do processo desde o interrogatório do paciente ou da apresentação da defesa prévia em razão de todos os atos atinentes à defesa técnica terem sido praticados por advogado que teve, posteriormente, sua inscrição cancelada pela OAB com efeitos retroativos abrangentes do tempo em que ele atuava no feito. A Turma entendeu que, no caso, todos os atos processuais que se pretendia anular foram praticados antes do cancelamento da inscrição do causídico. Isso porque os atos instrutórios foram realizados até 22/8/2000 e a decisão da OAB foi proferida em 27/10/2000; portanto a defesa foi formulada, até então, por advogado devidamente inscrito na OAB. Ressalte-se que a determinação de que o cancelamento da inscrição seja retroativo a 21/2/1987 não acarreta a nulidade de todos os processos judiciais em que o advogado tenha atuado, sob pena de ofensa ao princípio da segurança jurídica. Assim, denegou-se a ordem de habeas corpus. Precedentes citados: RHC 17.797-SP, DJ 19/9/2005; HC 42.678-RS, DJ 26/9/2005; HC 39.416-RJ, DJ 11/4/2005, e HC 20.225-GO, DJ 1º/9/2003. HC 89.894-PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 6/5/2008.RMS. TEORIA. ENCAMPAÇÃO. HIERARQUIA.Trata-se de agravo regimental contra decisão monocrática que, ao reconhecer a ilegitimidade passiva da autoridade, negou provimento ao recurso em mandado de segurança. Sustenta o agravante, entre outras razões, ser aplicável ao caso a teoria da encampação porque a autoridade adentrou o mérito do mandamus ao prestar as informações. Explica o Min. Relator que, além da manifestação do mérito, exige-se, para fins de aplicação da teoria da encampação, que haja hierarquia imediata entre a autoridade indicada pelo impetrante e aquela que deveria ter figurado no feito. Note-se que, no caso, a impetração insurge-se contra a elaboração de questão de prova de concurso público que estaria em desacordo com o edital. Logo, afirma o Min. Relator, não há vínculo de hierarquia entre o desembargador presidente da comissão de concurso público do TJ apontado como autoridade coatora e o centro de seleção e promoção de eventos de universidade contratado para efetivação do concurso público. Ademais, foi o centro que respondeu ao recurso administrativo interposto pelo impetrante e o desembargador não praticou nenhum ato contra direito líquido e certo do candidato impetrante. Outrossim, o fato de a comissão do concurso supervisionar as atribuições do centro não afasta a competência deste contra a alegada ilegitimidade atacada no mandamus. Observou ainda que a delegação de atribuição por vínculo contratual àquele centro legitima a autoridade competente desse órgão para figurar no pólo passivo do mandamus (aplicação da Súm. n. 510-STF). Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao agravo. Precedentes citados: MS 10.484-DF, DJ 26/9/2005, e MS 12.779-DF, DJ 3/3/2008. AgRg no RMS 24.116-AM, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 8/5/2008.

Sexta TurmaREGIME FECHADO. REINCIDÊNCIA.A Turma, por maioria, concedeu a ordem para reduzir a reprimenda ao argumento de que a caracterização de reincidência tem como requisito a prática de novo crime após o trânsito em julgado de sentença que tenha condenado a pessoa por crime anterior, é dizer, um ou mais crimes que, sendo vários, hipótese que ora se considera especificamente, integram o suporte fáctico da norma do

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Page 68: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

art. 63 do CP. Daí porque não há como levar a efeito separação de modo a excluir do suporte fáctico da norma da reincidência crime ou crimes, para então lhe atribuir função de antecedente judicial, tomando a seguir condenação remanescente para afirmar a agravante legal da reincidência. A interpretação conjunta dos arts. 59 e 68 do CP deixa bem certo que as circunstâncias judiciais não são outras que não aquelas cuja função, em cada caso, depende da valoração do juiz, enquanto as denominadas circunstâncias legais, agravantes e atenuantes, têm função obrigatória na individualização da pena, não havendo, assim, entre as denominadas circunstâncias judiciais e as legais, diferença ontológica qualquer. Caracterizando-se a circunstância agravante da reincidência, excluída estará a consideração como circunstância judicial dos antecedentes que fundam a sua caracterização, na precisa razão de que a indevida divisão dos antecedentes implica, em última análise, violação do princípio ne bis in idem. Desse modo, configura reincidência a sentença condenatória transitada em julgado anterior ao cometimento de novo crime a qual não ultrapasse período de tempo superior a 5 anos entre a data da extinção da pena e a infração posterior (art. 64 do CP), devendo a maior ou menor quantidade de condenações influir no quantum de pena a ser aumentado. In casu, ambos os antecedentes invocados pelo magistrado sentenciante alcançaram o trânsito em julgado antes da data do fato, podendo, pois, ter função como agravante legal. Precedentes citados: REsp 813.019-SP, DJ 22/10/2007, e RHC 15.055-SP, DJ 11/4/2005. HC 97.119-SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 29/4/2008.PORTE. ILEGAL. ARMA. MUNIÇÃO.A Turma, ao retomar o julgamento e por maioria, negou provimento ao agravo ao entendimento de que, para a caracterização do delito previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003, que revogou a Lei n. 9.437/1997, é irrelevante se a munição possui potencialidade lesiva, revelando-se desnecessária a realização de perícia. Precedentes citados: REsp 949.442-PB, DJ 10/12/2007, e REsp 941.526-RS, DJ 17/9/2007. AgRg no REsp 917.040-SC, Rel. Min. Paulo Gallotti, julgado em 29/4/2008.HC. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.A Turma negou provimento ao agravo e reiterou o entendimento de que a gravidade abstrata do delito não é suficiente para manter a prisão de natureza cautelar, mormente se o decreto apóia-se, como no caso, em meras suposições, e não em elementos concretos de convicção. Precedentes citados: HC 80.870-PR, DJ 11/2/2008, e HC 91.401-MS, DJ 25/2/2008. AgRg no HC 47.312-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 29/4/2008.LOCAÇÃO. FIADOR. ENTREGA. CHAVES.Inicialmente, o Min. Relator afastou a aplicação da Súm. n. 214 deste Superior Tribunal, porquanto não houve aditamento do contrato de locação. O que realmente houve foi a prorrogação legal dele e, sobre o tema, a Terceira Seção entende que, havendo cláusula expressa no contrato de aluguel de que a responsabilidade dos fiadores perdurará até a efetiva entrega das chaves do imóvel objeto da locação, não há falar em desobrigação deles, ainda que o contrato se tenha prorrogado por prazo indeterminado. Assim, havendo, no contrato de aluguel, cláusula expressa de que seria o garante responsável até a efetiva entrega das chaves do imóvel locado, não há como exonerá-lo dessa obrigação. Esclareceu ainda o Min. Relator que a questão não foge, por todos os lados que a veja, do reexame vedado pelas Súm. ns. 5 e 7 do STJ. Assim, a Turma negou provimento ao agravo. Precedentes citados: EREsp 568.968-SC, DJ 6/8/2007; EREsp 834.127-SP, DJ 27/8/2007; EREsp 566.633-CE, DJ 12/3/2008, e EREsp 569.025-TO, DJ 6/12/2007. AgRg no REsp 959.173-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 29/4/2008.REGIME. PROGRESSÃO. LEI MAIS BENÉFICA.Ao paciente foi deferida a progressão de regime pelo juiz da vara de execução penal. Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs agravo em execução e o Tribunal a quo cassou aquela decisão ao argumento de que a progressão deveria ser analisada sob os critérios da Lei n. 11.464/2007. Nesse contexto, o Min. Relator advertiu que este Superior Tribunal vem entendendo que a inovação trazida pela referida lei, por ser evidentemente mais gravosa, não deve retroagir para prejudicar o réu, considerando correta a decisão do juiz que aplicou ao caso o art. 112 da Lei de Execuções Penais (com a redação dada pela Lei n. 10.792/2003). Diante disso, a Turma negou provimento ao agravo. AgRg no HC 96.226-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 29/4/2008.APROPRIAÇÃO INDÉBITA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARCELAMENTO.A questão está em saber se o simples parcelamento do débito de que dispõe o art. 34 da Lei n. 9.249/1995, na vigência desta lei, extingue a punibilidade dos crimes de apropriação indébita de contribuições previdenciárias. No caso, houve o parcelamento do débito antes do recebimento da denúncia, impondo-se, dessa forma, a declaração da extinção da punibilidade do crime (art. 34 da mencionada lei). Precisamente por consistir em uma das hipóteses de pagamento, o parcelamento do débito, desde que anterior ao recebimento da denúncia, afasta a justa causa da ação penal e determina a extinção da punibilidade do respectivo delito. Precedentes citados: RHC 13.047-SP, DJ

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2/8/2004; EREsp 229.496-RS, DJ 3/2/2003; REsp 378.799-RS, DJ 16/6/2003, e REsp 403.622-RN, DJ 30/6/2003. AgRg no REsp 1.026.214-RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 29/4/2008.HOMICÍDIOS. PERICULOSIDADE CONCRETA. CUSTÓDIA PROVISÓRIA.Na espécie, a custódia provisória mostra-se perfeitamente justificada na necessidade de garantia da ordem pública em razão da periculosidade concreta do paciente, denunciado como mandante dos cinco homicídios qualificados consumados e seis tentados, cometidos por ocasião da invasão da residência das vítimas durante a madrugada, utilizando-se de metralhadoras, bem como de armamento de grosso calibre, tudo isso motivado por sentimento de vingança e disputa por poder dentro da organização criminosa voltada ao tráfico ilícito de drogas, inexistindo o alegado constrangimento ilegal. Assim, as condições pessoais favoráveis do paciente não têm o condão de, por si sós, impedir a decretação da segregação antecipada, uma vez que existentes elementos capazes de autorizar a adoção da providência extrema. Precedentes citados: HC 79.641-RS, DJ 3/12/2007; RHC 17.519-AL, DJ 20/11/2006, e HC 88.101-SP, DJ 10/3/2008. HC 85.922-SP, Rel. Min. Paulo Gallotti, julgado em 29/4/2008.FÉRIAS. MP.A Turma negou provimento ao recurso por entender que é legal o ato da Procuradoria-Geral de Justiça estadual que considerou não ser possível a acumulação de mais de dois meses de férias e cancelou os atos que deferiam o gozo de períodos excedentes a esses e determinou a permanência dos promotores de justiça em serviço no mês de setembro de 2003. A Lei Orgânica do Ministério Público disciplina que as férias dos membros do Ministério Público sejam iguais à dos magistrados, cabendo a cada lei orgânica estadual regular a concessão. Assim o Estado-membro aprovou a Lei Complementar n. 19/1994, que, em seu art. 168, dispõe de forma análoga ao art. 65, § 1º, da Lei Complementar n. 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional). O ato da referida Procuradoria-Geral de Justiça apenas aplicou a legislação cabível e corrigiu o vício de atos anteriores que deferiam fruição de férias atingidas pela caducidade. RMS 20.361-PB, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 6/5/2008.CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. ATO VINCULADO.É dever da Administração Pública nomear os candidatos aprovados para as vagas oferecidas no edital do concurso. Com a veiculação em edital de que a Administração necessita prover determinado número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, tornam-se vinculados, gerando, em conseqüência, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital. Precedentes citados: RMS 15.420-PR; RMS 15.345-GO, DJ 24/4/2007, e RMS 15.034-RS, DJ 29/3/2004. RMS 19.478-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 6/5/2008.REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD). HIPÓTESES LEGAIS.Para que haja a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado (RDD), é necessário ocorrer ao menos uma das hipóteses previstas no art. 52 da LEP. Ademais, a decisão judicial sobre a inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado terá que ser fundamentada pelo juiz das execuções criminais e determinada no processo de execução penal, bem como precedido de manifestação do Ministério Público e da defesa. Na espécie, não verificada a ocorrência de nenhum dos requisitos, a Turma concedeu a ordem para que se transfira o paciente do regime disciplinar diferenciado para o conjunto penal em que anteriormente se encontrava. HC 89.935-BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2008.

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MPF/PA recomenda medidas urgentes para melhorar atendimento do Samu 14/05/2008 17:23PGR: professor universitário não precisa inscrever-se em órgão de regulamentação profissional 14/05/2008 09:52MPF/ES: liminar determina fornecimento de remédio para câncer 12/05/2008 17:03PRR-1 denuncia secretário de Saúde de Rondônia 12/05/2008 15:35Governador não pode interferir na nomeação de membro do MP, diz PGR 12/05/2008 14:38MPF/SP obtém quarta liminar contra cobrança do diploma na capital 09/05/2008 13:31PGR pede instauração de conflito negativo de atribuições entre MPF e MP/RJ 08/05/2008 19:36Subprocurador discute projeto que extingue inquérito policial 08/05/2008 18:18PGR questiona reclassificação das Promotorias de Justiça da Comarca de Tubarão (SC) 08/05/2008 15:23MPF/MT move ação contra ex-procurador da República Roberto Cavalcanti 07/05/2008 16:13MPF/MS: Hospital Universitário vai controlar horário de trabalho dos médicos 07/05/2008 15:53CNMP: Corregedoria vai apurar por que MP/AP não enviou dados sobre teto remuneratório 07/05/2008 13:36PGR: lei do PR que autoriza concessão unilateral de benefício fiscal é inconstitucional 07/05/2008 11:59MPF/ES: suspensos descontos de empréstimo consignado sob suspeita de fraude 05/05/2008 17:21

MPF/PA recomenda medidas urgentes para melhorar atendimento do Samu14/5/2008 17h23

Aumento da frota, aquisição de equipamentos básicos, manutenção nas unidades de atendimento e até ativação de ambulâncias que estão inexplicavelmente paradas estão entre as recomendações.

A degradação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na capital paraense levou o Ministério Público Federal no estado – por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão – a recomendar uma série de providências urgentes às autoridades de saúde do município de Belém e do estado do Pará. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) receberam a recomendação na última sexta-feira, 9 de maio, de acordo com os registros assinados do setor de protocolo do MPF. O prazo para que as autoridades respondam se acatam ou não a recomendação é de 15 dias. Os problemas foram registrados em dois momentos. Em abril de 2007, o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) fez inspeção no Samu e detectou uma série de irregularidades, depois transformadas em um relatório e uma série de recomendações dos próprios médicos do Denasus. Um ano depois, em abril passado, o MPF fez nova vistoria e constatou que não só as recomendações do SUS não foram aceitas como as condições

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haviam piorado. As novas recomendações, do MPF, não têm poder de ordem judicial, mas devem ser observadas para evitar que, posteriormente, sejam tomadas as medidas legais cabíveis. Veja as recomendações feitas pelo MPF: Ao governo do Pará, por meio de sua Secretaria Estadual de Saúde:1. Atualizar os repasses não efetivados que estabelecem a contrapartida, de sua responsabilidade, para o custeio do Samu, em conformidade com a pactuação da Comissão Intergestores Bipartite; À prefeitura de Belém, por meio de sua Secretaria Municipal de Saúde: 1. Disponibilizar, de imediato, para atendimento, as nove ambulâncias doadas pelo Ministério da Saúde, em janeiro desse ano, haja vista o flagrante déficit de unidades ambulatoriais em atividade na Região Metropolitana de Belém; 2. Redimensionar, de imediato, a frota de veículos do Samu 192, disponibilizando o quantitativo suficiente para o seu funcionamento adequado; 3. Promover, emergencialmente, a manutenção preventiva e corretiva das unidades móveis paradas em razão de defeito, bem como de equipamentos médicos hospitalares destinados ao Samu;

4. Adquirir os equipamentos mínimos não encontrados nas Unidades de Suporte Básico, tais como: estetoscópio e esfigmomanômetro aneróide adulto e infantil, maleta de parto, kits com equipamento de proteção individual, cobertores, coletes refletivos para a tripulação, lanterna de mão e conjunto de colares cervicais, esfigmomanômetro infantil, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, compressas cirúrgicas estéreis, protetores para queimados ou eviscerados, dentre outros eventualmente em falta; 5. Adquirir os equipamentos mínimos não encontrados nas Unidades de Suporte Avançado, tais como: bombas de infusão com bateria e equipo, fios-guia para intubação, esfigmomanômetro infantil, conjunto de drenagem toráxica, material para punção óssea de vários tamanhos, torneira de três vias, coletores de urina, protetores para queimados ou eviscerados, espátulas de madeira, equipo para bombas de infusão, cobertor ou filme metálico para conservação do calor do corpo, campo cirúrgico fenestrado, incubadora, conjunto de colares cervicais e kits de equipamento de proteção individual, dentre outros eventualmente em falta.

PGR: professor universitário não precisa inscrever-se em órgão de regulamentação profissional

14/5/2008 9h52Para Antonio Fernando, não há nenhuma determinação legal que exija o registro.

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, manifestou-se pelo não-conhecimento e pela improcedência de ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3993) proposta pelo Conselho Federal de Enfermagem. A ação questiona o artigo 69 do Decreto 5.773/06, segundo o qual não é necessário inscrever-se em órgão de regulamentação profissional para atuar como professor de ensino superior. De acordo com o parecer do procurador-geral, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o  Conselho Federal de Enfermagem não possui legitimidade para propor ADI. Isso porque os conselhos corporativos não se enquadram na categoria de entidades de classe de âmbito nacional, não sendo, portanto, abrangidos pelo rol de legitimados da Constituição Federal. Antonio Fernando destaca ainda que o dispositivo contestado possui natureza meramente regulamentar, pois não cria direitos ou deveres. Na verdade, ele “apenas torna explícita uma garantia que permite a fiel execução da lei de diretrizes e bases da educação nacional”. Assim, o decreto não poderia ser alvo de controle de constitucionalidade. Por essas razões, o parecer é pelo não-conhecimento da ação. Mesmo assim, se o STF decidir prosseguir com o julgamento da ação, o procurador-geral se posiciona pela improcedência do pedido. Ele discorda do argumento do Conselho Federal de Enfermagem de que a norma em questão estaria criando distinção entre pessoas da mesma classe profissional, violando o princípio da igualdade. De acordo com o parecer, o ordenamento jurídico não impõe que o professor universitário possua formação específica na carreira em que está inserida a disciplina sobre a qual irá lecionar. “Ora, se não há na legislação federal qualquer espécie de restrição, tem-se que o exercício do magistério na educação superior não depende de inscrição em órgãos de regulamentação profissional, garantia esta que só foi textualmente fixada no Decreto n° 5.773/2006”. Antonio Fernando ressalta também que os conhecimentos fornecidos aos profissionais em formação não se limitam à área específica de concentração. “A exigência de inscrição nos quadros da entidade de regulamentação da classe profissional fim é, portanto, incoerente com a própria sistemática do ensino superior, que não se liga, ao menos tão diretamente, com a carreira profissional”, acrescenta. Ele destaca ainda que, como não há exigência de inscrição de professores de ensino superior em órgão de regulamentação profissional, prevalece a determinação constitucional de que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

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O parecer vai ser analisado pelo ministro Gilmar Mendes, relator da ação no STF.

MPF/ES: liminar determina fornecimento de remédio para câncer12/5/2008 17h03

Tratamento com Glivec pode custar até 18 mil reais por mês. Remédio deve ser fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde.

A pedido do Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES), a Justiça Federal determinou, em caráter liminar, que a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) garanta o fornecimento do medicamento Glivec para portadores de câncer que estejam em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Após ser notificada sobre a decisão judicial, a Sesa tem um prazo de cinco dias úteis para comprovar a compra e a disponibilização do medicamento em quantidade suficiente à demanda existente por parte dos pacientes do SUS no estado que estejam em tratamento com o Glivec. A Secretaria foi notificada na última sexta-feira, 9 de maio. Em caso de descumprimento da decisão judicial, o secretário estadual da Saúde, Anselmo Tose, poderá ser multado em dez mil reais por dia. De acordo com a decisão da juíza federal Renata Coelho Padilha Gera, da 3ª Vara Federal Cível, independentemente da doença e de seu estágio, o Poder Público tem o dever constitucional de garantir a prestação da saúde, dentro das possibilidades técnicas e dos avanços médicos existentes. Ainda segundo a juíza, a saúde é elemento indissociável do direito à vida e à dignidade humana. Alto custo - O tratamento com o Glivec pode custar até 18 mil reais por mês. O medicamento, cujo princípio ativo é o Mesilato de Imatinib, é utilizado por portadores de leucemia mielóide crônica. A falta do medicamento acarreta transtornos físicos e psicológicos aos pacientes, o que freqüentemente agrava o quadro da doença. A ação para garantir o fornecimento gratuito do Glivec para pacientes do SUS foi ajuizada pelo MPF no último dia 25 de abril e tem como réus o estado do Espírito Santo, a União e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A ação do MPF tem por objetivo a disponibilização imediata e contínua do medicamento e a garantia de que o problema da falta do Glivec nos hospitais públicos do Espírito Santo não vai voltar a ocorrer no futuro. Para André Pimentel Filho, que responde pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, deixar de fornecer esse tipo de medicamento é negar o direito à saúde, o que significa negar o direito à vida aos portadores de doenças graves. Segundo ele, a União e os estados, por meio do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais de Saúde, são responsáveis solidariamente pela garantia de acesso da população a procedimentos de alta complexidade e não podem alegar falta de recursos para essa finalidade, já que há inúmeros gastos governamentais menos importantes que os relacionados à saúde.

PRR-1 denuncia secretário de Saúde de Rondônia12/5/2008 15h35

Milton Luiz Pereira demorou um ano e dois meses para cumprir ordem judicial.A Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR-1) denunciou Milton Luiz Pereira, secretário de Saúde de Rondônia, por crime de desobediência. O secretário foi comunicado pelo menos cinco vezes de que deveria bloquear créditos de uma empresa contratada pela Secretaria para pagamento judicial de ex-empregado. O mandado judicial foi emitido em dezembro de 2005, mas a ordem só foi cumprida um ano e dois meses depois. O dinheiro devido pela Secretaria à empresa seria bloqueado para pagamento de dívida trabalhista. A ordem judicial foi expedida pela 5ª Vara do Trabalho de Porto Velho (RO). “A demora no pagamento prejudicou o trabalhador e desrespeitou o Judiciário”, afirmou o procurador regional da República Luiz Francisco Fernandes de Souza, autor da denúncia. A denúncia aguarda decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A pena máxima prevista é de seis meses de detenção, além de multa. O Ministério Público Federal (MPF) já propôs a suspensão do processo por prestação de serviços à comunidade: seis meses de trabalho assistencial em instituição de crianças carentes e doação de 80 cestas básicas. Inquérito nº 2008.01.00.008993-6/RO.

Governador não pode interferir na nomeação de membro do MP, diz PGR12/5/2008 14h38

Para Antonio Fernando, norma do Acre que atribui ao governador participação na nomeação de subprocurador-geral de Justiça é inconstitucional.

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer a favor de ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3988), proposta pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) contra o parágrafo 4º do artigo 6º da Lei Complementar nº 8/83, na redação dada pela Lei Complementar nº 31/91 do Acre. A norma atribui ao governador do estado a participação na nomeação de subprocurador-geral de Justiça. A Conamp alega que a

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Page 73: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

interferência do governador no ato de nomeação de membro do Ministério Público, que não o procurador-geral, viola o artigo 127, parágrafo 2º, da Constituição Federal. O artigo citado confere ao Ministério Público autonomia administrativa. Para o procurador-geral, “a autonomia funcional não pode ser desligada da administrativa, com especial gravidade para os planos de escolha, seleção e nomeação dos integrantes das carreiras do MP”. Antonio Fernando ainda explica que nada justifica a intervenção do governador no modo e na maneira pelos quais ascendem os membros do Ministério Público na carreira. “Essa aproximação somente traria de volta os desvios de um modelo constitucional ultrapassado, em que existia vínculo dessa natureza”, destaca o procurador-geral. “A intervenção do chefe do Poder Executivo num plano organizacional de que fora separado pelo sistema constitucional em vigor representa retrocesso na consideração de que as instâncias de poder não são o primado maior do direito”, conclui Antonio Fernando. O parecer será analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação no STF.

MPF/SP obtém quarta liminar contra cobrança do diploma na capital9/5/2008 13h31

Com a decisão, mais três faculdades estão proibidas de cobrar a taxa em São Paulo.A juíza substituta Marcelle Ragazoni Carvalho, da 22ª Vara Federal Cível de São Paulo, concedeu liminar em ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF/SP) e determinou que as mantenedoras das faculdades UniPaulistana, Teresa Martin e Renascença suspendam imediatamente a cobrança ou o repasse de taxa para expedição e ou registro de diploma. A decisão vale tanto para alunos que vão se formar a partir deste ano, como para alunos que já colaram grau, “mas não obtiveram, não retiraram ou não conseguiram registrar seus diplomas, em razão do não-pagamento de tal taxa”, afirma a juíza na decisão, que determinou a aplicação de multa de mil reais em caso de descumprimento da decisão. Essa é a quarta liminar obtida pelo MPF na cidade de São Paulo contra a cobrança da taxa do diploma. Segundo a ação movida pelo MPF, as mantenedoras das faculdades acionadas cobravam de 70 a 90 reais para expedir o documento. Para o autor das ações, o procurador da República Sergio Gardenghi Suiama, a cobrança da taxa é ilegal. Normas federais do Conselho Nacional de Educação proíbem as instituições de ensino superior privadas de cobrarem qualquer espécie de taxa para a expedição de diplomas, pois tal serviço não é tratado pela lei como serviço extraordinário. No procedimento aberto pelo MPF, as mantenedoras das três instituições, a Organização Paulista de Educação e Cultura (UniPaulistana) e a União das Faculdades Hebraico Brasileiras Teresa Martin e Renascença (Uniesp) informaram que cobravam a taxa dentro dos limites do estabelecido na Lei paulista nº 12.248/2006, que é de cinco Ufesps (R$ 71,15). Entretanto, a lei estadual é contestada em ação direta de inconstitucionalidade movida no Supremo Tribunal Federal pela Confederação Nacional de Ensino (órgão de representação das instituições particulares de ensino). O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, em seu parecer ao STF, afirma que o estado feriu competência exclusiva da União ao editar a lei. No mesmo parecer, Souza também argumenta que a cobrança pelo diploma é ilegal, pois "a emissão do diploma é decorrência natural do término do curso". Balanço estadual - Após ações em praticamente todas as regiões do estado de São Paulo e termos de ajustamento de conduta, o Ministério Público Federal já conseguiu impedir a cobrança da taxa para expedição ou registro do diploma em 173 instituições de ensino superior do estado, incluindo a nova liminar na capital. No campo judicial, o Ministério Público Federal em São Paulo moveu 33 ações civis públicas, entre 2005 e 2008, resultando em 31 decisões liminares, em 16 cidades do estado de São Paulo (Bauru, São Carlos, São Paulo, Ribeirão Preto, Guarulhos, Jaú, Santos, Guaratinguetá, Piracicaba, São José dos Campos, Santo André, São Bernardo, Assis, Franca, Bragança Paulista e Presidente Prudente). As liminares proíbem 153 instituições de ensino superior privadas de cobrar a taxa do diploma. Alguns casos já contam com sentença de primeiro grau. Extrajudicialmente, 20 faculdades, dez em Ribeirão Preto, nove em São José dos Campos e uma em Ourinhos, comprometeram-se a parar de cobrar a taxa por meio de termos de ajustamento de conduta (TACs) firmados com o MPF, elevando para 173 o total de instituições no estado que não cobram mais pelo diploma após a atuação do MPF. O número, entretanto, não é definitivo e pode aumentar nos próximos dias. Duas ações civis públicas, propostas pelo MPF em São João da Boa Vista e em Santos, ainda não foram julgadas. Além disso, o MPF expediu recomendações e está convocando os representantes de outras instituições de ensino para negociar novos TACs em outras cidades. Confira a lista completa de todas as faculdades que estão obrigadas a interromper a cobrança por força de liminar da Justiça Federal ou TAC, acessando a página: http://www.prsp.mpf.gov.br/cidadania/diploma/. A lista está separada por cidade e permite ao interessado obter o conteúdo da maior parte das iniciais de ações do MPF, íntegras de decisões judiciais e TACs.

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PGR pede instauração de conflito negativo de atribuições entre MPF e MP/RJ8/5/2008 19h36

Conflito refere-se a um procedimento para apurar possível divulgação de práticas discriminatórias na internet por seguidores da Opus Dei.

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração do conflito negativo de atribuições entre o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) e o Ministério Público Estadual (MP/RJ). O pedido refere-se a um procedimento instaurado pelo MP/RJ para apurar possível divulgação de práticas discriminatórias em relação a negros, homossexuais e deficientes físicos, pela internet, por indivíduos supostamente seguidores da prelazia religiosa Opus Dei. O endereço eletrônico noticiava suposto envolvimento do Centro Cultural Laranjeiras, local onde houve atividades sociais para adolescentes que teriam influenciado de modo negativo o comportamento deles. O caso chegou à Promotoria da Infância e da Juventude, que, por sua vez, remeteu ao MPF/RJ, alegando crime cometido pela internet, cuja competência seria da Justiça Federal. O MPF/RJ suscitou o conflito negativo de atribuições, porque a prática discriminatória não teria ocorrido na internet, mas sim noticiada em um sítio contendo informações sobre a Opus Dei. Antonio Fernando explica que, para ser de competência do MPF, são necessários dois requisitos: a previsão do tipo em tratado ou convenção internacional ao qual o Brasil tenha aderido e que o início da execução ou seu resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro. Por isso, não seria da alçada do MPF/RJ investigar esse suposto crime. Para ele, a atribuição é do MP/RJ.

Subprocurador discute projeto que extingue inquérito policial8/5/2008 18h18

Wagner Gonçalves participou de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre projeto de lei que institui juízo de instrução criminal preliminar.

O coordenador da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, que trata de matéria criminal, subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves, participou hoje, 8 de maio, pela manhã, de audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara dos Deputados. Na pauta estava a discussão do Projeto de Lei nº 1.914/07, que institui o juízo de instrução criminal preliminar, alterando o Código de Processo Penal (Lei nº 3.689/1941). O juízo de instrução criminal preliminar, segundo a proposição, seria um órgão que reuniria, em uma mesma fase, o trabalho de diversos agentes, como a Polícia, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Judiciário. Com isso, acabaria o inquérito policial, uma vez que tais agentes fariam um procedimento único, hoje distribuídos em diversas fases do processo penal. Participaram da audiência pública também o promotor de Justiça do MP/PE Marco Aurélio Farias da Silva; o procurador de Justiça do Acre, Sammy Barbosa Lopes; o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Carlos Eduardo Benito Jorge, e o advogado Wladimir Sérgio Reale. Para o coordenador da 2ª CCR, o projeto precisa ser melhorado e discutido pelos agentes atingidos pela proposição, sob o aspecto da constitucionalidade. "Contudo, na reunião, realcei o aspecto positivo do projeto de lei, que é o de evitar a repetição de atos feitos na polícia em juízo. O contraditório se daria, quanto às provas uma única vez", diz. O subprocurador disse que o projeto possui defeitos e “arranha” dispositivos da Constituição, mas tem o mérito de evitar a duplicidade de atos, devendo ser balanceado, e não bombardeado de todo. Segundo Wagner Gonçalves, a participação da 2ª CCR na discussão do projeto de lei é fundamental para melhor discutir a matéria.

PGR questiona reclassificação das Promotorias de Justiça da Comarca de Tubarão (SC)8/5/2008 15h23

Ação também impugna elevação dos cargos de promotor de justiça da comarca.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, propôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4075) contra a expressão "e Tubarão", presente no inciso I do artigo 1º da Lei Complementar 399/2007, de Santa Catarina. A inclusão da expressão na referida norma implica a elevação de entrância das Promotorias de Justiça e dos respectivos cargos de promotor de justiça da Comarca de Tubarão. Na ação, Antonio Fernando explica que a impugnação se assemelha ao questionamento que deu origem à ADI 4062, na qual questiona a reclassificação da Comarca de Tubarão (SC), baseada na Lei complementar nº 398/2007, de Santa Catarina. Nessa ação, o procurador-geral explicou que a casa legislativa não observou a competência privativa dos Tribunais de Justiça para propor alteração da organização e da divisão judiciárias, violando assim, o princípio da separação dos Poderes. Antonio Fernando destaca que a expressão questionada agora é resultado de emenda parlamentar a projeto de lei encaminhado pelo Ministério Público de Santa Catarina à Assembléia Legislativa local e que novamente o Parlamento estadual não observou o

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disposto na Constituição da República, “descaracterizando o princípio da autonomia administrativa do Ministério Público”. O procurador-geral destaca que “a liberdade de emenda não parece alcançar a classificação da elevação de promotorias de justiça e os cargos lá lotados a entrância outra, que não a definição no projeto de lei. Admitir outra compreensão, dando livre destaque à ação parlamentar, superaria parcela relevante da autonomia institucional do Ministério Público”. “Não pode a Assembléia Legislativa de Santa Catarina substituir-se ao Ministério Público do Estado e acrescentar determinada comarca na lista daquelas que haveriam de ter, segundo deliberação do MP estadual, a entrância elevada”, explica Antonio Fernando. Na ação, o procurador-geral pede que seja concedida liminar (medida cautelar) para suspender, até a decisão final da ação, a eficácia da expressão "e Tubarão", contida no inciso I do artigo 1º da Lei Complementar 399/2007, de Santa Catarina. Antonio Fernando explica que o perigo na demora (periculum in mora) pode trazer um prejuízo de difícil reparação decorrente da interferência nas diretrizes de organização do Ministério Público Estadual. Por fim, o procurador-geral requer a análise conjunta da ação com a ADI 4062, de relatoria do  ministro Joaquim Barbosa, no STF.

MPF/MT move ação contra ex-procurador da República Roberto Cavalcanti7/5/2008 16h13

De acordo com a ação, ele atuou como advogado em causas que conflitavam com os deveres do cargo público que ele exercia na instituição.

O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) encaminhou à Justiça Federal uma ação civil pública contra o ex-procurador da República Roberto Cavalcanti Batista. De acordo com a ação, o ex-integrante do MPF atuou como advogado em causas que conflitavam com os deveres do cargo público que ele exercia na instituição. Roberto Cavalcante é ex-membro do Ministério Público Federal, tendo trabalhado na Procuradoria da República em Mato Grosso de novembro de 1985 até fevereiro de 2005, quando pediu exoneração alegando motivo de foro íntimo. Nesta época, tramitava um procedimento disciplinar contra ele, apurando uma série de irregularidades e que estava às vésperas de julgamento definitivo pelo Conselho Superior do MPF. O procedimento administrativo, que baseou a ação do MPF, apurava a atuação de Roberto Cavalcanti como advogado da empresa Elma Eletricidade Ltda, interessada em instalar uma usina na localidade Ponte de Pedra, que os índios parecis reivindicavam como área sagrada. Nesse processo, Cavalcanti, atuando como advogado, agiu em contrariedade aos interesses do Ministério Público Federal, produzindo pareceres que subsidiaram contestação e recursos nos autos da ação civil pública que tinha por objetivo a paralisação do empreendimento da usina. A empresa fazia parte do grupo pertencente a João Arcanjo Ribeiro. De acordo com o autor da ação, procurador da República Thiago Lemos de Andrade, como Roberto Cavalcanti ingressou no Ministério Público Federal antes da promulgação da Constituição de 1988, não se aplicava a ele a proibição de advogar, “mas o exercício dessa atividade teria de respeitar limites éticos e jurídicos, de modo a compatibilizar-se com os interesses que o mesmo, na qualidade de procurador da República, deveria defender”. Para o procurador, “o mais lamentável é que o requerido (Roberto Cavalcanti) realmente valeu-se de dados e do aparato  do Ministério Público Federal para assessorar a empresa”. Na ação, o Ministério Público Federal pede a indisponibilidade dos bens de Roberto Cavalcanti até a soma de 492 mil reais, e o levantamento de veículos e imóveis em nome dele. A ação também pede perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e a proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.

MPF/MS: Hospital Universitário vai controlar horário de trabalho dos médicos7/5/2008 15h53

População sul-mato-grossense pode fiscalizar e reclamar se médicos administrativos não cumprirem jornada de trabalho no Hospital Universitário.

A Justiça Federal de Campo Grande (MS) assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) celebrado entre Ministério Público Federal (MPF/MS), Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Advocacia-Geral da União (AGU) para fiscalizar o cumprimento da jornada de trabalho dos médicos administrativos do Hospital Universitário (HU). Por meio do TAC, a UFMS tem o prazo de 15 dias, a partir da intimação, para instalar no HU um sistema eletrônico de controle de freqüência. A medida visa monitorar a escala de trabalho dos servidores médicos administrativos. Além disso, a universidade se comprometeu em afixar, em locais especificados, uma relação de escala de trabalho dos médicos administrativos, indicando inclusive as entidades que poderão receber reclamações se for constatada ausência destes profissionais. O procurador da República Felipe Fritz Braga explicou que uma fiscalização realizada ano passado, pelo Tribunal de Contas da União, no Hospital

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Universitário de Campo Grande, constatou que diversos médicos estavam atendendo em clínicas ou consultórios particulares durante seu horário de expediente no hospital público. Após cinco meses de vigor do TAC, a UFMS vai encaminhar ao MPF um relatório sobre o controle de assiduidade e freqüência dos médicos administrativos, bem como um levantamento informando a real quantidade de médicos necessários para assegurar o funcionamento ininterrupto do PAM Adulto - Clínica Médica, PAM Pediátrico, da UTI Neonatal, da Unidade Coronariana (UCO), e da Recuperação Cardíaca Pós-Operatória (RCPO). Tais setores são considerados essenciais para o atendimento da população sul-mato-grossense. O TAC também prevê a suspensão por seis meses da ação civil pública nº 2007.60.00.008424-9, em trâmite perante a 1ª Vara Federal de Campo Grande. Esta ação foi ajuizada pelo MPF objetivando a realização de concurso para suprir o quadro de médicos do HU. Confira no site http://www.prms.mpf.gov.br a íntegra do acordo.

CNMP: Corregedoria vai apurar por que MP/AP não enviou dados sobre teto remuneratório7/5/2008 13h36

Decisão foi tomada na sessão da última segunda-feira, 5 de maio.O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) determinou na sessão de segunda-feira, 5 de maio, que a Corregedoria Nacional do Ministério Público apure os motivos de o Ministério Público do Amapá não ter enviado ao CNMP informações sobre o cumprimento da Resolução nº 10/2006. A resolução trata da aplicação do teto remuneratório constitucional para os membros dos Ministérios Públicos dos estados que ainda não adotam a remuneração na forma de subsídio, que é o caso do MP/AP, e determina que os procuradores-gerais de Justiça encaminhem ao CNMP relatório circunstanciado sobre as medidas adotadas a esse respeito. A decisão do Plenário do CNMP deu-se na análise do Processo nº 804/2007-93, em que o procurador-geral de Justiça do MP do Amapá encaminhou cópia do Projeto de Lei nº 01/2006, enviado ao Executivo local, destinado a disciplinar as regras sobre o teto remuneratório dos membros da instituição. Após solicitar à Assembleia Legislativa do estado informações sobre o andamento do PL 01/2006, sem obter resposta, o relator do processo, conselheiro Cláudio Barros, oficiou ao procurador-geral de Justiça do MP do Amapá para que prestasse, em dez dias, informações sobre a aprovação do projeto, sobre a existência ou não de lei fixando o teto remuneratório no MP/AP e, caso não haja lei sobre a matéria, como estão sendo aplicadas as Resoluções do CNMP. Como o prazo esgotou-se e o Ministério Público do Estado do Amapá não prestou as informações, o Plenário do CNMP decidiu remeter o processo à Corregedoria Nacional para as providências cabíveis.

PGR: lei do PR que autoriza concessão unilateral de benefício fiscal é inconstitucional7/5/2008 11h59

Para o procurador-geral, a autorização dada ao Poder Executivo estadual promoveria a guerra fiscal, competição predatória entre os estados, que provoca verdadeira desestruturação do pacto federativo.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, opinou pela declaração de inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei 10.689/93, do Paraná, que autoriza o governador do estado a conceder, unilateralmente, benefício fiscal relativo ao ICMS caso qualquer outro estado ou o Distrito Federal o faça e não venha a ser punido. O parecer, enviado ao Supremo Tribunal Federal, foi dado na ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3936) ajuizada pelo governador do Amazonas contra o dispositivo, por considerar que ele permitiria ao Paraná adotar medidas de represália contra estados que concedessem tais benefícios sem prévia celebração de acordos em reuniões do Conselho Nacional de Política Fazendária. Segundo Antonio Fernando, a redução ou eliminação da carga tributária prevista na lei do Paraná viola o artigo 155, parágrafo 2º, inciso XII, alínea “g”, da Constituição Federal, que diz caber à lei complementar regular a forma como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Para o procurador-geral, a autorização dada ao Poder Executivo estadual promoveria "a guerra fiscal", competição predatória entre os estados, que provoca verdadeira desestruturação do pacto federativo. Em sua defesa o governador do Paraná alegou que a medida apenas buscou proteger a economia local “de forma a assegurar a igualdade entre seus contribuintes e aqueles dos demais estados”. A Assembléia Legislativa reitera essa argumentação e acrescenta que esse foi o instrumento de defesa encontrado “contra a concessão de benefícios fiscais por outros entes da Federação, em especial o estado do Amazonas”. O procurador-geral lembra que o dispositivo já foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal por medida cautelar porque viola a proibição feita pela Constituição Federal aos estados e Distrito Federal de fixarem alíquotas internas inferiores ao patamar instituído pelo Senado para alíquota interestadual. O STF também considerou que houve violação ao princípio da não-diferenciação ou da uniformidade tributária, inscrito no artigo 152 da Constituição. O relator da ação é o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes.

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Page 77: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewEntretanto, Celso de Mello destacou que o exame preliminar dos autos não permite identificar,

MPF/ES: suspensos descontos de empréstimo consignado sob suspeita de fraude5/5/2008 17h21

Decisão deve ser cumprida por todas as agências do INSS espalhadas pelo país.O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) obteve na Justiça uma liminar para que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cancele em 48 horas os descontos efetuados em aposentadorias e pensões de beneficiários da Previdência Social quando houver suspeita de fraude na contratação de empréstimos consignados. A liminar foi concedida pela Justiça Federal do Espírito Santo e tem efeito nacional. A pedido do procurador da República Sérgio Luiz Pinel Dias, autor da ação civil pública, a Justiça determinou em caráter liminar que as agências do INSS espalhadas por todo o país suspendam em dois dias os descontos feitos em folha de pagamento sempre que o pedido partir dos aposentados ou pensionistas que procurarem a autarquia e se disserem vítimas de fraude na contratação de empréstimos consignados. Para embasar a ação judicial e o pedido de liminar,  o MPF/ES demonstrou à Justiça que, em alguns casos, os segurados do INSS tinham que suportar durante meses os descontos ilegais em seus benefícios previdenciários até conseguirem comprovar que foram vítimas de fraude. De acordo com a Justiça Federal, descontos ilegais em benefícios previdenciários violam o princípio da dignidade da pessoa humana. A maioria das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS tem valor irrisório, e qualquer redução em seu valor pode comprometer o sustento do segurado e de sua família. Para a juíza federal Isabel Cristina Longuinho Batista de Souza, que assina a decisão, descontos que não foram previamente autorizados pelos titulares de benefícios previdenciários são ilegais e não podem ser efetuados pelo INSS. A autarquia previdenciária, portanto, não pode deixar o segurado esperando pela conclusão da análise de processos administrativos, devendo de imediato promover o cancelamento dos descontos indevidos. Informativos - O INSS só poderá restabelecer os descontos em folha depois de comprovada a regularidade do empréstimo, e, por determinação judicial, terá que afixar em todas as suas agências informativos sobre a adoção da nova rotina. Nesses informativos deverá ficar claro que os empréstimos consignados fraudulentos serão suspensos em 48 horas a partir do requerimento do segurado à agência. O segurado que falsamente alegar que não contratou empréstimo, entretanto, responderá pela prática de crime. Em caso de descumprimento de qualquer uma das obrigações especificadas na decisão judicial, o instituto será multado em três mil reais, mais cem reais por dia em que perdurar o descumprimento. Os agentes administrativos envolvidos num eventual descumprimento da decisão também serão multados em cem reais por dia. A fiscalização deverá ser feita pelo MPF. A ação foi ajuizada no último dia 28 de fevereiro e seu número para acompanhamento processual no sítio da Justiça Federal (www.jfes.gov.br) é 2008.50.02.000190-9. A íntegra da decisão judicial também pode ser consultada no mesmo endereço eletrônico. Inicialmente, em outubro do ano passado, o procurador Sérgio Pinel, que responde pela Procuradoria da República no município de Cachoeiro de Itapemirim, havia recomendado que as agências do INSS localizadas em sua área de circunscrição, especificamente em Cachoeiro, Afonso Cláudio, Alegre e Guaçuí, suspendessem os descontos. A recomendação do MPF, entretanto, não foi acatada, o que resultou na propositura da presente ação civil pública. Para o Ministério Público Federal, o INSS tem que manter mecanismos eficazes para evitar qualquer desfalque em decorrência de consignação de empréstimos realizada de forma fraudulenta, já que cabe ao instituto assegurar o recebimento integral de benefícios de seus pensionistas.

Responsável pelo “Seleções da Biblioteca” : Jussara de Mello Toledo RamosMINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ – DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO

Fone/Fax: (41) 3250-4555

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