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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet n.º 331 Curitiba, 24 a 30 de maio de 2008 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ....................................................................................... ..................01 - 18 Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................... ..............19 - 35 Tribunal Regional Federal –4ª Região ....................................................................................... Procuradoria-Geral da República...................................................................................... ......... 36 - 40 29 quinta-feira 21:10 STF libera pesquisas com células-tronco embrionárias 27 terça-feira 20:45 2ª Turma indefere habeas corpus para acusados de assalto a agência do Banco do Brasil 20:00 2ª Turma: suspensão condicional do processo não impede análise de habeas corpus 17:35 2ª Turma nega extensão de HC a acusado de crime ambiental 16:28 Acusado de homicídio poderá responder a processo em liberdade 15:47 Negado HC para investigado pela Operação Farol da Colina 14:18 Denunciada na máfia dos fiscais de São Paulo tem liminar negada pelo STF 08:10 Ministra Ellen Gracie nega pedido do estado de Alagoas e mantém servidor no cargo de procurador do estado 26 segunda-feira 17:35 Negada liminar a servidor do MP que pretende continuar exercendo a advocacia 23 sexta-feira 17:30 Supremo nega liminar a acusado por tráfico internacional de drogas 17:06 Suspensa condenação por furto de mercadoria avaliada em 80 reais 16:43 Ministro indefere pedido de anulação de júri popular a acusado de assassinar ex-esposa Quinta-feira, 29 de Maio de 2008 STF libera pesquisas com células-tronco embrionárias O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (29) que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade da pessoa humana. Esses argumentos foram utilizados pelo ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3510) ajuizada com o propósito de impedir essa linha de estudo científico. Para seis ministros, portanto a maioria da Corte, o

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Page 1: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewA sentença julgou procedente em parte os embargos e afastou a pena pecuniária para a

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

n.º 331Curitiba, 24 a 30 de maio de 2008

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal .........................................................................................................01 - 18Superior Tribunal de Justiça .....................................................................................................19 - 35Tribunal Regional Federal –4ª Região ....................................................................................... Procuradoria-Geral da República............................................................................................... 36 - 40

29 quinta-feira 21:10 STF libera pesquisas com células-tronco embrionárias

27 terça-feira 20:45 2ª Turma indefere habeas corpus para acusados de assalto a agência do Banco do Brasil 20:00 2ª Turma: suspensão condicional do processo não impede análise de habeas corpus 17:35 2ª Turma nega extensão de HC a acusado de crime ambiental 16:28 Acusado de homicídio poderá responder a processo em liberdade 15:47 Negado HC para investigado pela Operação Farol da Colina 14:18 Denunciada na máfia dos fiscais de São Paulo tem liminar negada pelo STF 08:10 Ministra Ellen Gracie nega pedido do estado de Alagoas e mantém servidor no cargo de procurador do estado

26 segunda-feira 17:35 Negada liminar a servidor do MP que pretende continuar exercendo a advocacia

23 sexta-feira 17:30 Supremo nega liminar a acusado por tráfico internacional de drogas 17:06 Suspensa condenação por furto de mercadoria avaliada em 80 reais 16:43 Ministro indefere pedido de anulação de júri popular a acusado de assassinar ex-esposa

Quinta-feira, 29 de Maio de 2008STF libera pesquisas com células-tronco embrionárias

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (29) que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade da pessoa humana. Esses argumentos foram utilizados pelo ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3510) ajuizada com o propósito de impedir essa linha de estudo científico. Para seis ministros, portanto a maioria da Corte, o artigo 5º da Lei de Biossegurança não merece reparo. Votaram nesse sentido os ministros Carlos Ayres Britto, relator da matéria, Ellen Gracie, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio e Celso de Mello. Os ministros Cezar Peluso e Gilmar Mendes também disseram que a lei é constitucional, mas pretendiam que o Tribunal declarasse, em sua decisão, a necessidade de que as pesquisas fossem rigorosamente fiscalizadas do ponto de vista ético por um órgão central, no caso, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Essa questão foi alvo de um caloroso debate ao final do julgamento e não foi acolhida pela Corte. Outros três ministros disseram que as pesquisas podem ser feitas, mas somente se os embriões ainda viáveis não forem destruídos para a retirada das células-tronco. Esse foi o entendimento dos ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Ricardo Lewandowski e Eros Grau. Esses três ministros fizeram ainda, em seus votos, várias outras ressalvas para a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no país.Veja abaixo os argumentos de cada ministro, na ordem de votação da matéria. Carlos Ayres Britto (relator)

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Relator da ADI 3510, o ministro Carlos Ayres Britto votou pela total improcedência da ação. Fundamentou seu voto em dispositivos da Constituição Federal que garantem o direito à vida, à saúde, ao planejamento familiar e à pesquisa científica. Destacou, também, o espírito de sociedade fraternal preconizado pela Constituição Federal, ao defender a utilização de células-tronco embrionárias na pesquisa para curar doenças. Carlos Britto qualificou a Lei de Biossegurança como um “perfeito” e “bem concatenado bloco normativo”. Sustentou a tese de que, para existir vida humana, é preciso que o embrião tenha sido implantado no útero humano. Segundo ele, tem que haver a participação ativa da futura mãe. No seu entender, o zigoto (embrião em estágio inicial) é a primeira fase do embrião humano, a célula-ovo ou célula-mãe, mas representa uma realidade distinta da pessoa natural, porque ainda não tem cérebro formado. Ele se reportou, também, a diversos artigos da Constituição que tratam do direito à saúde (artigos 196 a 200) e à obrigatoriedade do Estado de garanti-la, para defender a utilização de células-tronco embrionárias para o tratamento de doenças.Ellen GracieA ministra acompanhou integralmente o voto do relator. Para ela, não há constatação de vício de inconstitucionalidade na Lei de Biossegurança. “Nem se lhe pode opor a garantia da dignidade da pessoa humana, nem a garantia da inviolabilidade da vida, pois, segundo acredito, o pré-embrião não acolhido no seu ninho natural de desenvolvimento, o útero, não se classifica como pessoa.” Ela assinalou que a ordem jurídica nacional atribui a qualificação de pessoa ao nascido com vida. “Por outro lado, o pré-embrião também não se enquadra na condição de nascituro, pois a este, a própria denominação o esclarece bem, se pressupõe a possibilidade, a probabilidade de vir a nascer, o que não acontece com esses embriões inviáveis ou destinados ao descarte”.Carlos Alberto Menezes DireitoDe forma diversa do relator, o ministro Menezes Direito julgou a ação parcialmente procedente, no sentido de dar interpretação conforme ao texto constitucional do artigo questionado sem, entretanto, retirar qualquer parte do texto da lei atacada. Segundo Menezes Direito, as pesquisas com as células-tronco podem ser mantidas, mas sem prejuízo para os embriões humanos viáveis, ou seja, sem que sejam destruídos. Em seis pontos salientados, o ministro propõe ainda mais restrições ao uso das células embrionárias, embora não o proíba. Contudo, prevê maior rigor na fiscalização dos procedimentos de fertilização in vitro, para os embriões congelados há três anos ou mais, no trato dos embriões considerados "inviáveis", na autorização expressa dos genitores dos embriões e na proibição de destruição dos embriões utilizados , exceto os inviáveis. Para o ministro Menezes Direito, “as células-tronco embrionárias são vida humana e qualquer destinação delas à finalidade diversa que a reprodução humana viola o direito à vida”.Cármen LúciaA ministra acompanhou integralmente o voto do relator. Para ela, as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, muito pelo contrário, contribuem para dignificar a vida humana. ”A utilização de células-tronco embrionárias para pesquisa e, após o seu resultado consolidado, o seu aproveitamento em tratamentos voltados à recuperação da saúde, não agridem a dignidade humana constitucionalmente assegurada.” Ela citou que estudos científicos indicam que as pesquisas com células-tronco embrionárias, que podem gerar qualquer tecido humano, não podem ser substituídas por outras linhas de pesquisas, como as realizadas com células-tronco adultas, e que o descarte dessas células não implantadas no útero somente gera "lixo genético".Ricardo LewandowskiO ministro julgou a ação parcialmente procedente, votando de forma favorável às pesquisas com as células-tronco. No entanto, restringiu a realização das pesquisas a diversas condicionantes, conferindo aos dispositivos questionados na lei interpretação conforme a Constituição Federal.Eros GrauNa linha dos ministros Menezes Direito e Ricardo Lewandowski, o ministro Eros Grau votou pela constitucionalidade do artigo 5º da Lei de Biossegurança, com três ressalvas. Primeiro, que se crie um comitê central no Ministério da Saúde para controlar as pesquisas. Segundo, que sejam fertilizados apenas quatro óvulos por ciclo e, finalmente, que a obtenção de células-tronco embrionárias seja realizada a partir de óvulos fecundados inviáveis, ou sem danificar os viáveis.

Joaquim BarbosaAo acompanhar integralmente o voto do relator pela improcedência da ação, o ministro Joaquim Barbosa ressaltou que a permissão para a pesquisa com células embrionárias prevista na Lei de Biossegurança não recai em inconstitucionalidade. Ele exemplificou que, em países como Espanha, Bélgica e Suíça, esse tipo de pesquisa é permitida com restrições semelhantes às já previstas na lei

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brasileira, como a obrigatoriedade de que os estudos atendam ao bem comum, que os embriões utilizados sejam inviáveis à vida e provenientes de processos de fertilização in vitro e que haja um consentimento expresso dos genitores para o uso dos embriões nas pesquisas. Para Joaquim Barbosa, a proibição das pesquisas com células embrionárias, nos termos da lei, “significa fechar os olhos para o desenvolvimento científico e os benefícios que dele podem advir”.Cezar PelusoO ministro Cezar Peluso proferiu voto favorável às pesquisas com células-tronco embrionárias. Para ele, essas pesquisas não ofendem o direito à vida, porque os embriões congelados não equivalem a pessoas. Ele chamou atenção para a importância de que essas pesquisas sejam rigorosamente fiscalizadas e ressaltou a necessidade de o Congresso Nacional aprovar instrumentos legais para tanto.Marco AurélioEle acompanhou integralmente o voto do relator. Considerou que o artigo 5º da Lei de Biossegurança, impugnado na ADI, “está em harmonia com a Constituição Federal, notadamente com os artigos 1º e 5º e com o princípio da razoabilidade”. O artigo 1º estabelece, em seu inciso III, o direito fundamental da dignidade da pessoa humana e o artigo 5º, caput, prevê a inviolabilidade do direito à vida. Ele também advertiu para o risco de o STF assumir o papel de legislador, ao propor restrições a uma lei que, segundo ele, foi aprovada com apoio de 96% dos senadores e 85% dos deputados federais, o que sinaliza a sua “razoabilidade”. O ministro observou que não há, quanto ao início da vida, baliza que não seja simplesmente opinativa, historiando conceitos, sempre discordantes, desde a Antiguidade até os dias de hoje. Para ele, “o início da vida não pressupõe só a fecundação, mas a viabilidade da gravidez, da gestação humana”. Chegou a observar que, “dizer que a Constituição protege a vida uterina, já é discutível, quando se considera o aborto terapêutico ou o aborto de filho gerado com violência”. E concluiu que “a possibilidade jurídica depende do nascimento com vida”. Por fim, disse que jogar no lixo embriões descartados para a reprodução humana seria um gesto de egoísmo e uma grande cegueira, quando eles podem ser usados para curar doenças.Celso de MelloO ministro acompanhou o relator pela improcedência da ação. De acordo com ele, o Estado não pode ser influenciado pela religião. “O luminoso voto proferido pelo eminente ministro Carlos Britto permitirá a esses milhões de brasileiros, que hoje sofrem e que hoje se acham postos à margem da vida, o exercício concreto de um direito básico e inalienável que é o direito à busca da felicidade e também o direito de viver com dignidade, direito de que ninguém, absolutamente ninguém, pode ser privado”.Gilmar MendesPara o ministro, o artigo 5º da Lei de Biossegurança é constitucional, mas ele defendeu que a Corte deixasse expresso em sua decisão a ressalva da necessidade de controle das pesquisas por um Comitê Central de Ética e Pesquisa vinculado ao Ministério da Saúde. Gilmar Mendes também disse que o Decreto 5.591/2005, que regulamenta a Lei de Biossegurança, não supre essa lacuna, ao não criar de forma expressa as atribuições de um legítimo comitê central de ética para controlar as pesquisas com células de embriões humanos. 

Terça-feira, 27 de Maio de 20082ª Turma indefere habeas corpus para acusados de assalto a agência do Banco do Brasil

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu, nesta terça-feira (27), por unanimidade, o Habeas Corpus (HC) 93624 impetrado em favor de A.S. e W.A.S. Eles são acusados de, em junho 2004, terem assaltado a agência do Banco do Brasil em Nova Canaã, no interior da Bahia, “fortemente armados e empregando extrema violência”. A defesa alegava que, mesmo tendo permanecido por algum tempo foragidos, os acusados estão presos preventivamente há mais de três anos e que, diante da negativa da autoria do crime, teriam sofrido, por parte dos agentes policiais, “sessões de tortura e imputações de atos que não foram praticados, de maneira atroz”. Alegavam, também, constrangimento ilegal pelo excesso de prazo para a conclusão da instrução criminal. Ao se pronunciar contra o pedido, o ministro Eros Grau, relator do habeas corpus, levou em conta o parecer da Procuradoria Geral da República que opinou pela não concessão da ordem de habeas corpus por considerar que os acusados não sofreram constrangimento ilegal por excesso de prazo na conclusão da instrução criminal. Segundo o parecer da PGR, o fato de, após “terem sido expedidas e reexpedidas inúmeras cartas precatórias para oitivas de testemunha”, a defesa ter desistido de ouvi-las, fica evidente que a demora na conclusão do processo pode ser atribuída à defesa dos assaltantes. Dessa forma, a PGR considerou ter ficado evidente que as testemunhas não eram imprescindíveis às teses de defesa.  “E, se não eram imprescindíveis, o arrolamento de tais testemunhas contribuíram

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decisivamente para o retardamento da instrução criminal”, justificou o ministro Eros Grau. Com a decisão, os acusados vão aguardar presos seus julgamentos.

Terça-feira, 27 de Maio de 20082ª Turma: suspensão condicional do processo não impede análise de habeas corpus

Por decisão unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou (não conheceu) Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC 82365) no qual Maria Cristina Ceridono Couto questionava decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou pedido de habeas corpus. Aquela corte entendeu que a concessão do benefício da suspensão condicional do processo impede a análise da existência de justa causa para ação penal. No STF, a Turma determinou, entretanto, de ofício, que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) julgue o mérito do habeas corpus lá impetrado.HistóricoMaria Cristina Ceridono Couto apresentou-se a autoridade policial e declarou-se motorista do veículo que teria atropelado Maria Eli de Moura, que veio a falecer. Posteriormente, Maria Cristina revelou que o motorista, na verdade, era seu filho, menor de idade, e que teria mentido para protegê-lo. Ao menor foi aplicada medida sócio-educativa de prestação de serviço à comunidade e sua mãe foi denunciada pelo crime de auto-acusação falsa, previsto no artigo 341 do Código Penal. O Ministério Público (MP) propôs a suspensão condicional do processo, que foi aceita por Maria Cristina, ficando suspensa a ação penal, sob condições impostas pelo MP. A defesa impetrou habeas corpus na justiça paulista alegando que o crime de auto-acusação falsa configura-se quando o cidadão se diz autor de crime inexistente ou praticado por outra pessoa. Assim, por não ter o filho de Maria Cristina praticado um crime e sim, um ato infracional, a conduta não estaria descrita no artigo 341 do Código Penal. A justiça paulista e o Superior Tribunal de Justiça negaram os pedidos de habeas corpus. No habeas corpus impetrado no STF, a defesa pedia que a ação penal fosse arquivada, uma vez que Maria Cristina não cometeu o crime de auto-acusação falsa, pois sua conduta não se encaixa perfeitamente com o texto do artigo 341 do CP. A decisão da Segunda Turma, que acompanhou por unanimidade o voto do relator, ministro Cezar Peluso, foi somente para determinar que o TJ-SP analise o pedido de habeas corpus, no tocante à equiparação ou não de ato infracional com crime, a fim de viabilizar a instauração de ação penal sobre auto-acusação falsa.

Terça-feira, 27 de Maio de 20082ª Turma nega extensão de HC a acusado de crime ambiental

F.P.N., acusado de envolvimento numa suposta quadrilha de exploração ilegal de madeira em Mato Grosso e Rondônia, desbaratada em 2005 pela Operação Curupira, realizada pela Polícia Federal, terá de continuar aguardando, preso, o seu julgamento por crime ambiental. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta terça-feira (27), por unanimidade, a extensão, a F.P.N., do Habeas Corpus (HC) 94842, anteriormente concedido ao despachante J.A.D., que teve relaxada a ordem de prisão contra ele decretada pela 1ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, sob a mesma acusação. Ao se pronunciar contra a extensão do HC, a relatora do processo, ministra Ellen Gracie, afirmou que a extensão de HC somente é possível em caso de situação subjetiva e objetiva equivalente. Mas, segundo ela, a acusação que pesa contra F.P.N. não é equivalente àquela formulada contra J.A.D. O primeiro é acusado de integrar grupo armado de um grande madeireiro clandestino que supostamente impede a ação do Estado para coibir a exploração ilegal de madeira e a prática de crimes ambientais nos dois estados.  Já em favor de J.A.D. pesaram argumentos de que ele nada tem a ver com a degradação ambiental de que a suposta quadrilha é acusada. Na operação, foram presos, entre outros, diversos funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), acusados de vender Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPF), legalizando a madeira extraída ilegalmente. J.A.D., entretanto, alega que era mero despachante que prestava serviços terceirizados a madeireiras, não tendo envolvimento com a ilegalidade do esquema desbaratado.

Terça-feira, 27 de Maio de 2008Acusado de homicídio poderá responder a processo em liberdade

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal concedeu, nesta terça-feira (27), o Habeas Corpus (HC) 93315, permitindo a D.M.S.S. responder em liberdade pelo crime de homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, II e IV, do Código Penal – CP) e furto  (artigo 155 do CP). Preso preventivamente, desde 15 de dezembro de 2006, para a garantia da ordem pública,  para conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal (artigo 312 do Código de Processo Penal - CPP), D.M.S.S. foi pronunciado em 7 de agosto de 2007 para ser julgado pelo Tribunal do Júri de Teixeira de Freitas (BA). Na oportunidade, pleiteou o direito de responder ao processo em liberdade, mas o pedido lhe foi negado pelo juiz de primeiro grau, decisão essa

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confirmada, sucessivamente, pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). É contra esta última decisão que ele se insurgiu no HC impetrado no STF. O processo foi protocolado em dezembro de 2007 e, em janeiro de 2008, a ministra Ellen Gracie, então presidente do STF de plantão durante o recesso do Judiciário, negou pedido de liminar.Ausência de fundamentaçãoA defesa alegou que o juiz não fundamentou a ordem de prisão, apenas argumentando que o réu, acusado de haver cometido um homicídio em companhia de dois comparsas, a mando da esposa da vítima, é de alta periculosidade, e que o município de Teixeira de Freitas vem sofrendo elevado número de homicídios. A Turma acolheu os argumentos da defesa e, também, da Procuradoria Geral da República (PGR) pela soltura do réu. A PGR afirmou que o juiz, ao manter a ordem de prisão de D.M.S.S., não citou um fato sequer que demonstrasse a periculosidade dele. Além disso, a Turma levou em consideração o fato de o réu ser primário, possuir bons antecedentes, residência fixa e profissão lícita. 

Terça-feira, 27 de Maio de 2008Negado HC para investigado pela Operação Farol da Colina

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu hoje (27) pedido de Habeas Corpus (HC 94147) em favor de J.C.F.S., acusado de supostos crimes contra o sistema financeiro no curso das investigações da Operação Farol da Colina, da Polícia Federal. Ele responde às acusações em liberdade, mas, para tanto, deve cumprir imposições, determinadas pela Justiça. A defesa se insurgiu exatamente contra essas imposições, que considera ilegais. Seguindo voto da relatora do habeas corpus, ministra Ellen Gracie, a Turma, por unanimidade, entendeu que não há qualquer tipo de constrangimento ilegal nas restrições impostas pelo Judiciário para manter J.C.F.S. em liberdade. Ele, que tem cidadania brasileira e portuguesa e mantém negócios em Portugal, está proibido de sair do país, teve seu passaporte retido e deve, quinzenalmente, assinar termo de comparecimento perante a Justiça, sob ameaça de ser preso novamente.

Terça-feira, 27 de Maio de 2008Denunciada na máfia dos fiscais de São Paulo tem liminar negada pelo STF

A arquiteta Maria Thereza Ribeiro de Castro teve liminar negada pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito no Habeas Corpus (HC) 94689. Ela foi denunciada junto com outros co-réus no esquema conhecido como “máfia dos fiscais”, de 1998, supostamente comandado pelo vereador Faria Lima na Administração Regional de Pinheiros (SP) para arrecadar, mediante exigência de propina, fundos para a sua campanha política. A defesa buscava suspender ação penal ajuizada na primeira instância, alegando que o juízo seria incompetente. A defesa de Maria Thereza alega que “o Ministério Público optou por oferecer denúncia criminal contra todos os funcionários que se colocavam na ordem hierárquica que vigorava abaixo do vereador”. Além disso, para cada vítima de extorsão foi oferecida uma denúncia, e, por isso, Maria Thereza responde a 19 ações penais. Os processos tramitam na 19ª Vara Criminal de São Paulo. No entanto, um dos processos foi distribuído para a 5ª Vara Criminal, fato que, segundo a defesa, não observou a prevenção determinada pelo Código de Processo Penal.IndeferimentoO relator afirmou que, no caso, deve incidir a Súmula 691 do STF, segundo a qual “não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. Entretanto, o ministro Menezes Direito afirmou que a jurisprudência da Corte tem admitido o abrandamento da súmula para admitir a impetração de habeas corpus, quando os autos demonstrarem hipótese de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia. Para o ministro, não há flagrante ilegalidade capaz de afastar, pelo menos neste primeiro exame, a incidência da Súmula 691 da Corte. “Não há como ter-se como desprovida de fundamentação ou teratológica a decisão que entende não haver elementos suficientes, demonstrados de plano, para o deferimento da liminar”, disse. Segundo ele, ao apreciar o pedido inicial, o magistrado pode e deve “pautar-se no poder geral de cautela para buscar outros elementos formadores das razões de decidir, além daqueles trazidos pela impetração, sem que tanto caracterize constrangimento ilegal, abuso de poder ou teratologia”. Menezes Direito afirmou também que a pretensão da defesa é trazer ao conhecimento do Supremo, de forma precária, questões não analisadas, definitivamente, no Superior Tribunal de Justiça, “em flagrante intenção de suprimir a instância antecedente”. Por fim, o ministro não verificou a presença de constrangimento à liberdade de locomoção da acusada, além de ressaltar que não há nos autos qualquer informação de que ela se encontre presa. Por esse motivo, indeferiu a liminar.

Terça-feira, 27 de Maio de 2008

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Ministra Ellen Gracie nega pedido do estado de Alagoas e mantém servidor no cargo de procurador do estado

A ministra Ellen Gracie arquivou (negou seguimento) a ação cautelar (AC 1188) ajuizada pelo Estado de Alagoas com o objetivo de suspender decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas (TJ-AL) que concedeu equiparação salarial entre procuradores ativos e inativos da Junta Comercial do Estado e procuradores do Estado. A decisão também determinou que o único funcionário que se encontrava ativo fosse absorvido nos quadros da Procuradoria Geral do Estado, como procurador. Na cautelar, o governo alagoano sustenta que os procuradores da Junta Comercial não realizaram concurso público para procurador de Estado. Assim, o tribunal alagoano teria julgado válida lei local contestada em face da Constituição Federal, contrariando os artigos 37, inciso II, 132 (concurso para ingresso em carreiras do serviço público) e 135 (remuneração dos servidores da advocacia e da defensoria públicas). Em 30 de outubro de 2007, o então relator da AC, ministro Gilmar Mendes, hoje presidente do STF, negou pedido de liminar.Recurso “Da leitura das razões do requerente a justificar a concessão de efeitos suspensivo, não vislumbro a existência dos requisitos da fumaça do bom direito e da viabilidade do recurso extraordinário interposto”, afirmou a ministra Ellen Gracie – que assumiu a relatoria do processo em 25 de abril passado –, ao arquivar a ação. “Assim, entendo questionável o cabimento do recurso extraordinário interposto pelo requerente, porquanto a alegada violação constitucional, notadamente aos princípios do contraditório e da ampla defesa, aparentemente, denota ofensa reflexa ao texto constitucional, circunstância que, conforme orientação da  jurisprudência sedimentada nesta Corte, não autoriza o acesso à via recursal extraordinária”. “Ademais, a descrição dos fatos revela a existência, na melhor das hipóteses, de ofensa reflexa à Constituição, dado que, para divergir da conclusão do acórdão recorrido, necessário se faria o exame da regra local (Lei Estadual 6.329/2002), que deferiu o aproveitamento de Aderval Vanderlei Tenório Filho no cargo de procurador do Estado e estendeu aos demais, inativos, as vantagens conferidas aos ativos da Procuradoria estadual, tudo nos moldes da Emenda à Constituição Estadual nº 21/2000 e da Lei Complementar Estadual 22/2002, o que é defeso nesta fase recursal, nos termos da Súmula STF nº 280”, afirmou ainda a ministra. Por fim, ela salientou que “a simples admissão do recurso extraordinário na origem não é, por si só, suficiente para a concessão da pretendida medida cautelar”.

Segunda-feira, 26 de Maio de 2008Negada liminar a servidor do MP que pretende continuar exercendo a advocacia

O ministro Eros Grau negou liminar no Mandado de Segurança (MS) 27295, no qual servidor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) quer garantir o direito de continuar exercendo a advocacia. Ele pede que a Corte declare a inconstitucionalidade da Resolução 27, do Conselho de Nacional do Ministério Púbico (CNMP), que, em março de 2008, impediu o exercício da advocacia pelos servidores do MP dos estados e da União. O advogado afirma, no MS, que tem “direito líquido, certo, e, acima de tudo, adquirido", ao livre exercício da profissão. Segundo ele, esse direito foi conquistado “legitimamente, através dos meios legais existentes”. De acordo com a ação, o CNMP não poderia, por meio de uma “mera resolução”, restringir direitos e cercear o livre exercício da profissão de advogado. Para o autor, a norma é inconstitucional porque o CNMP não tem competência para editar legislação desse tipo, que afronta os princípios do devido processo legal e da legalidade. Ele conclui que o cargo de técnico (nível médio) que ocupa no MP do estado do Rio de Janeiro não é incompatível com o exercício da advocacia.DecisãoAo negar a liminar, o ministro Eros Grau lembrou que a Resolução 27/08 vedou o exercício da advocacia aos servidores efetivos, comissionados, requisitados ou colocados à disposição do Ministério Público dos Estados ou da União. Embora resguardasse os atos processuais já praticados, proibiu “a continuidade do exercício da advocacia”, mesmo àqueles que já estivessem exercendo essa atividade até a data da publicação da resolução. “A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico-funcional”, sustentou o ministro. “Não há falar-se, ademais, em violação da competência do Presidente da República para regulamentar a matéria, eis que compete ao CNMP, no papel de órgão uniformizador das atividades do Ministério Público nacional, zelar pela autonomia funcional e administrativa da instituição, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência (artigo 130 A, parágrafo 2º, inciso I, da Constituição do Brasil)”, concluiu o ministro, ao indeferir o pedido de liminar.

Sexta-feira, 23 de Maio de 2008Supremo nega liminar a acusado por tráfico internacional de drogas

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Habeas Corpus (HC 94721) impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa de M.C.S. teve pedido liminar indeferido pelo ministro Ricardo Lewandowski. Em 20 de julho de 2006, o acusado foi preso por tráfico internacional de drogas, conforme os artigos 12 e 18 da Lei 6.368/76 (antiga Lei de Entorpecentes). Atualmente, ele está no Centro de Detenção Provisória Belém II, do estado de São Paulo. Pedido de relaxamento de prisão preventiva foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa alegava constrangimento ilegal por excesso de prazo, tendo em vista que seu cliente encontra-se preso há mais de 642 dias “sem que a instrução criminal tivesse se deflagrado”. Os advogados também afirmavam que o juiz de primeira instância teria adotado rito ordinário, considerado por eles como indevido e, por isso, sustentam haver nulidade processual. “Na análise perfunctória que esta fase processual permite, não se encontra fumus boni iuris suficiente a dar ensejo à decisão liminar pleiteada”, disse o relator. Segundo ele, a decisão questionada apresenta fundamentos suficientes para a manutenção da prisão, “não havendo, à primeira vista, flagrante ilegalidade, teratologia ou abuso de poder a serem superados em fase liminar”. O ministro Ricardo Lewandowski também ressaltou que os autos não estão instruídos com elementos de informação necessários a uma análise mais detalhada. Assim, indeferiu a liminar.

Sexta-feira, 23 de Maio de 2008Suspensa condenação por furto de mercadoria avaliada em 80 reais

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, concedeu Habeas Corpus (HC 94772) impetrado pela Defensoria Pública da União (DPU) em favor de J.D.S., acusado de furtar, em Osório-RS,  mercadoria no valor de R$ 80,00. “Torna-se claro, presente esse contexto (em que a subtração patrimonial foi praticada sem violência física ou moral à vítima), que se mostra aplicável, ao caso, o princípio da insignificância”, afirmou o ministro relator Celso de Mello. O ministro considerou, ainda, a jurisprudência do STF que já julgou da mesma forma casos semelhantes. Dessa forma, foi deferido o pedido liminar para suspender a condenação, até o julgamento final deste HC.HistóricoJ.D.S., denunciado pelo Ministério Público como incurso no artigo 155, parágrafo 4º, inciso I e IV do Código Penal, foi condenado a dois anos de reclusão e ao pagamento de multa. A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul interpôs recurso de apelação, onde foi concedido parcial provimento reduzindo a pena para oito meses de reclusão, a ser cumprida em regime aberto. O Ministério Público gaúcho, descontente com a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), apresentou Recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Recurso foi provido pelo STJ, que restabeleceu a pena de dois anos de reclusão, em regime aberto, e dez dias-multa. A Defensoria Pública por considerar o caso “cabível de aplicação do princípio da insignificância” e por observar a presença do fumus boni iures e do periculum in mora, em vista do constrangimento imposto ao acusado, impetrou o habeas corpus  94772.

Sexta-feira, 23 de Maio de 2008Ministro indefere pedido de anulação de júri popular a acusado de assassinar ex-esposa

Indeferido o pedido de liminar no Habeas Corpus (HC) 94725, em favor de D.B.F., acusado de homicídio duplamente qualificado e porte ilegal de arma. O relator da ação, ministro Cezar Peluso, afirmou não ter encontrado evidente constrangimento ilegal que justifique a concessão do pedido. D.B.F. teria assassinado a facadas a ex-esposa, na cidade paulista de Rancharia, em abril de 2000, motivado pela separação e ciúme, já que a ex-esposa estaria namorando outra pessoa. A defesa do acusado pede a anulação da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que determinou o julgamento de D.B.F. pelo júri popular. E alega que o tribunal paulista confirmou a sentença de pronúncia sem analisar as alegações da defesa. O advogado pediu ao Supremo o adiamento do julgamento e a designação de nova data.LiminarNa decisão, o relator Cezar Peluso explicou que o pedido de liminar deve estar apoiado em dois requisitos: o fumus boni júris (plausibilidade do direito) e o periculum in mora (perigo na demora). No caso do HC 94725, Peluso não verificou, nas informações contidas na ação, a presença do requisito de plausibilidade do direito. “Ao decidir que os indícios de autoria e materialidade eram suficientes para a pronúncia do acusado, tenho que o Tribunal se manifestou, implicitamente, sobre as questões de provas trazidas pela defesa”, disse o ministro sobre a alegação de que o TJ-SP deixou de analisar as alegações que apontavam a inépcia da denúncia. Nesse sentido, o relator decidiu pelo indeferimento da liminar ao não encontrar evidência de constrangimento ilegal contra o acusado.

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Informativo STFBrasília, 19 a 23 de maio de 2008 - Nº 507.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioCNJ e Anulação de Concurso para MagistraturaImunidade Tributária: Cemitério e Extensão de Entidade de Cunho ReligiosoImunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 1Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 2Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 3Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 41ª TurmaResponsabilidade Civil do Estado e Competência do STFICMS: Redução da Base de Cálculo e Estorno de CréditoRegistro de Empresa: Apresentação de CND e Débito de Sócio2ª TurmaInquérito Civil Público e Recebimento de DenúnciaRepercussão GeralClipping do DJTranscriçõesCNJ - Natureza Jurídica - Controle da Função Jurisdicional - Inadmissibilidade (MS 27148 MC/DF)

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Extradição - Prisão Cautelar - Legitimação Exclusiva do Estado Estrangeiro - Pleito da Interpol - Inadmissibilidade (PPE 607/Itália)Inovações Legislativas

PLENÁRIOCNJ e Anulação de Concurso para Magistratura

O Tribunal deferiu mandado de segurança impetrado contra decisão do Conselho Nacional de Justiça - CNJ proferida nos Procedimentos de Controle Administrativo 371, 382 e 397 que determinara a anulação do XVIII Concurso para ingresso no cargo inicial de juiz de direito substituto da carreira da magistratura do Estado de Rondônia, ao fundamento de que a simples participação dos desembargadores na comissão de concurso no qual suas assessoras eram candidatas se apresentaria como uma afronta ao princípio da impessoalidade e sua exigência de imparcialidade, consubstanciando, ainda, um fator de constrangimento para os demais examinadores. Entendeu-se que a decisão impugnada estaria fundada em mera presunção de má-fé e que, da análise dos documentos acostados nos autos, não constariam indícios de irregularidades que levassem à conclusão da existência do apontado favorecimento de candidatos por parte da comissão do concurso, sendo indevidas, assim, as razões utilizadas pelo CNJ para determinar a anulação de todo o certame. Salientou-se que o referido concurso fora realizado com a previsão de três fases, e que, somente após a correção das provas da segunda fase, haveria identificação dos candidatos. Asseverou-se que, na terceira fase, os desembargadores que tinham qualquer relação com candidatos se ausentaram do recinto. Além disso, considerou-se que a lisura do concurso fora certificada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia e pela seção local da OAB, instituições que mereceriam toda a credibilidade. Por fim, ressaltou-se que a Constituição assegura a participação de todos nos concursos públicos, desde que atendidos os requisitos legais, não importando eventual parentesco com integrantes do órgão ou entidade que os realizam. Ordem concedida para desconstituir o ato do CNJ, garantindo-se ao TJ-RO o direito de proceder, conforme os seus próprios critérios de oportunidade e conveniência, às nomeações dos candidatos aprovados para o cargo em questão. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa que denegavam o writ. MS 26700/RO, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.5.2008. (MS-26700)

Imunidade Tributária: Cemitérios e Extensões de Entidades de Cunho ReligiosoO Tribunal deu provimento a recurso extraordinário interposto pela Sociedade da Igreja de São Jorge e Cemitério Britânico contra acórdão da Câmara Cível Especializada do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia que entendera que a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, b, da CF não se aplicaria aos cemitérios, porque estes não poderiam ser equiparados a templos de culto algum. Distinguindo a situação dos cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso da daqueles que são objeto de exploração comercial por empresas que alugam ou vendem jazigos, asseverou-se que apenas a primeira hipótese estaria abrangida pela aludida imunidade tributária. Considerou-se que o cemitério analisado seria uma extensão da capela destinada ao culto da religião anglicana, situada no mesmo imóvel, e que a recorrente seria uma entidade filantrópica sem fins lucrativos, titular do domínio útil desse imóvel, dedicada à preservação da capela, do cemitério e dos jazigos, bem assim do culto da religião anglicana professada nas suas instalações. Reportou-se ao que decidido no RE 325822/SP (DJU de 14.5.2004), no sentido de que a imunidade do art. 150, VI, b, da CF contemplaria não apenas os prédios destinados ao culto, mas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades mencionadas nesse preceito, e que a regra do seu § 4º serviria de vetor interpretativo dos textos das alíneas b e c do seu inciso VI. Assim, tendo em conta tratar-se, na espécie, de mesmo imóvel, parcela do patrimônio da recorrente, entendeu-se que o cemitério seria alcançado pela garantia contemplada no art. 150, a qual seria desdobrada do disposto nos artigos 5º, VI e 19, I, todos da CF. Aduziu-se, ao final, que a imunidade dos tributos, de que gozam os templos de qualquer culto, é projetada a partir da proteção aos locais de culto e a suas liturgias e da salvaguarda contra qualquer embaraço ao seu funcionamento. Daí, da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo dos referidos artigos, concluiu-se que, no caso, o IPTU não incidiria. RE 578562/BA, rel. Min. Eros Grau, 21.5.2008. (RE-578562)

Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 1O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto contra acórdão do extinto Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, que reputara válida a incidência do IPTU sobre imóvel, pertencente à recorrente, alugado a empresa que o explorava como cemitério privado. Sustenta-se que a propriedade imóvel em questão é imune, nos termos do art. 150, VI, b, da CF, e que a expressão “templos” deve ser interpretada de forma a abranger não apenas os edifícios destinados à celebração pública dos ritos religiosos, mas também os respectivos anexos, haja vista que em frente aos túmulos são prestadas homenagens e desenvolvidos ritos que configuram o culto previsto na norma constitucional. O Min. Joaquim Barbosa, relator, negou provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos Ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso e Marco Aurélio. Ressaltando que a propriedade imóvel que se pretende imune pertenceria a uma pessoa natural e laica; teria sido alugada a uma empresa privada sem

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qualquer vínculo com as finalidades institucionais típicas de entidade eclesiástica; bem como utilizada em atividade econômico-lucrativa cujo produto não seria destinado à manutenção de atividades institucionais essenciais a qualquer entidade religiosa, entendeu não aplicável, à espécie, a orientação fixada pelo STF em vários precedentes e constante do Enunciado da Súmula 724, no sentido de que não pode haver tributação de imóveis pertencentes a entidades imunes, ainda quando alugadas a terceiros, sempre que a renda obtida seja empregada nas atividades essenciais dessas entidades. RE 544815/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 21.5.2008. (RE-544815)

Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 2O Min. Joaquim Barbosa rejeitou, em seguida, a alça da do terreno em exame à condição de templo de qualquer culto. Ressaltou, no ponto, que a expressão “templo” abrangeria os anexos e outras construções nos quais a entidade religiosa desempenhasse atividades essenciais à consecução de seus objetivos institucionais, mas que não seria coerente, partindo dessa premissa, concluir que terrenos explorados comercialmente por entidades não eclesiásticas, para fins que não são necessariamente próprios à expressão da crença, fossem considerados templos. Além disso, ressaltou que a propriedade imóvel de que se trata seria destinada à prestação de serviços funerários e ao sepultamento, e sendo o serviço funerário atividade de interesse público, especificamente de saúde pública e de saneamento, não se trataria ontologicamente de questão de índole religiosa. Aduziu que, para reformar o acórdão recorrido, também seria necessário reconhecer que a pessoa que explora o terreno se dedicasse inexoravelmente à prática de ritos religiosos fúnebres, o que não estaria comprovado nos autos, sendo, ademais, lícito presumir que a execução de ritos religiosos não seria obrigatória, porque o cemitério não seria exclusivo ao sepultamento de fiéis de uma ou outra religião. Afirmou, ademais, que o serviço funerário se submeteria à regra que o exclui da imunidade se desempenhado por particular em regime de concessão ou delegação (CF, art. 150, §§ 2º, 3º e 4º), devendo, por isso, ser tributado o terreno utilizado para tal atividade. RE 544815/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 21.5.2008. (RE-544815)

Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 3O relator reputou, ainda, adequado prosseguir no exame da questão, trazendo ponderações sobre a racionalidade subjacente à construção do campo de imunidade aplicável aos templos de qualquer culto, a capacidade contributiva, a livre iniciativa e a livre concorrência. Disse que a imunidade tributária dos templos de qualquer culto se distanciaria das demais normas de imunização tributária em função da postura constitucional imposta à atuação do Estado em relação à liberdade de culto. Para ele, a imunidade tributária dos templos de qualquer culto seria uma salvaguarda à neutralidade do Estado em relação à liberdade religiosa, servindo como mecanismo para impedir que a cobrança de impostos operasse como instrumento de pressão às confissões religiosas, e para desestimular o arrefecimento das atividades institucionais que lhe são peculiares. Dessa forma, a tributação de bens de terceiros aplicados com intuito econômico ou individual não traria nenhum risco à neutralidade do Estado em matéria de religião. Por outro lado, a não tributação redundaria em chapada vantagem econômica ao particular que decidiu explorar economicamente o seu bem. Fugiria, portanto, à racionalidade extraída da Constituição o uso da imunidade tributária como instrumento que viesse a beneficiar atividades desenvolvidas por entidades não eclesiásticas exercidas com inequívoco intuito lucrativo individual. RE 544815/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 21.5.2008. (RE-544815)

Imunidade Tributária: Cemitérios e Exploração Comercial - 4Reportando-se ao voto-vista que proferira no julgamento do RE 451152/RJ (DJU de 27.4.2007), o relator concluiu que não estariam presentes, na hipótese, nenhum dos requisitos objetivos ou subjetivos necessários ao reconhecimento da imunidade tributária. Em suma, o terreno não pertenceria a entidade eclesiástica, não seria utilizado por entidade eclesiástica, nem em atividade inerente à atividade eclesiástica. Além disso, a tributação do terreno não traria qualquer risco à liberdade de culto, sendo que tanto a pessoa natural titular do domínio do terreno que o explora economicamente, como a pessoa jurídica, que também o faz, mediante a comercialização de jazigos, demonstrariam capacidade contributiva e finalidade não religiosa. Por fim, a não tributação implicaria, ainda, risco à livre concorrência, à livre iniciativa e à isonomia. Em divergência, o Min. Carlos Britto deu provimento ao recurso, por entender, conjugando a regra de imunidade de templos de qualquer culto (art. 150, VI, b) com a do art. 5º, VI, que a Constituição teria por objetivo favorecer, proteger o local de culto, caracterizador de uma liberdade individual que ela tem por inviolável. Ressaltou que esse local de culto valeria por si mesmo, nada tendo a ver com a entidade que eventualmente o vitalizasse, inclusive economicamente. Assim, a Constituição, sem esperar pela lei, já teria consagrado a imunidade aos templos, ou seja, locais, espaços físicos, de qualquer culto, sendo esse pronome “qualquer” da maior abrangência material, institucional, possível, alcançando o cemitério, local de reverência, adoração e veneração de pessoas queridas. Haveria, portanto, uma preponderância do religioso sobre o econômico. Após, pediu vista dos autos o Min. Celso de Mello. RE 544815/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 21.5.2008. (RE-544815)

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PRIMEIRA TURMAResponsabilidade Civil do Estado e Competência do STF

A Turma não conheceu de recurso extraordinário em que o Estado de São Paulo alegava ofensa ao art. 37, § 6º, da CF. No caso, o tribunal de justiça, com fundamento na responsabilidade objetiva do Estado, dera provimento à ação de indenização ajuizada pela recorrida em virtude da apreensão judicial do veículo que adquirira meses antes, cujo certificado fora emitido, pelo DETRAN, sem a indicação de vínculo de alienação fiduciária. Tendo em conta que a situação de fato, tal como narrada na inicial, não padeceria de controvérsia, entendeu-se que o presente recurso não deveria ser conhecido, porquanto não se estaria discutindo substancialmente matéria constitucional, ou seja, a existência ou não de responsabilidade objetiva, uma vez que as partes não a questionaram, mas, ao contrário, admitiram-na sem tergiversação. Salientou-se, no ponto, que a contenda sobre eventual erro do DETRAN envolveria tema relativo à aplicação ou não de legislação infraconstitucional (Código de Trânsito Brasileiro, art. 22). Desse modo, não estando subjacente o tema da responsabilidade civil do Estado, o STF não possuiria competência para apreciar o recurso extraordinário. RE 181414/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.5.2008. (RE-181414)

ICMS: Redução da Base de Cálculo e Estorno de CréditoAplicando o precedente firmado no RE 174478/SP (DJU de 30.9.2005), no sentido de que a redução na base de cálculo configura isenção fiscal parcial que autoriza o estorno proporcional do crédito do ICMS, a Turma, por maioria, reformou acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A Corte de origem rejeitara a possibilidade de estorno da parcela correspondente à redução proporcional pela circunstância de não haver verificado, no caso, a ocorrência da hipótese prevista no inciso IV do art. 41 da Lei estadual 6.374/89 (“Artigo 41 - O contribuinte deve proceder ao estorno do imposto de que se tenha creditado, sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no estabelecimento: ... IV - venha a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento;”), bem como pelo fato de a ora recorrente haver optado pela redução da base de cálculo, o que afastaria o aproveitamento de quaisquer créditos. Considerou-se que, caracterizada a isenção parcial, não seria razoável vedar-se o estorno proporcional com base nas exceções postas pelo acórdão impugnado, a tanto equivalendo malferir-se o princípio da não-cumulatividade. RE provido para autorizar o estorno proporcional. Vencido o Min. Marco Aurélio que negava provimento ao recurso por não reputar possível o estorno de parte do crédito, considerada a operação anterior com tributação normal. RE 205262/SP, rel. Min. Menezes Direito, 20.5.2008. (RE-205262)

Registro de Empresa: Apresentação de CND e Débito de SócioTransgride o que assegurado no art. 5º, XIII, da CF (“é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;”) exigir que os sócios estejam em dia com o Fisco para poderem constituir sociedade. Com base nesse entendimento, a Turma, por maioria, proveu recurso extraordinário interposto por empresa contribuinte em face do Estado de Minas Gerais que impunha a apresentação de Certidão Negativa de Débito - CND perante a fazenda dessa unidade da federação para o registro de empresa da qual sócio inadimplente, pessoa natural, faria parte. Reputou-se, no caso, abusiva a exigência de se condicionar a criação de empresa, com a participação de sócio devedor, à liquidação do débito. Assentou-se que essa conduta configuraria coação política e que eventual inadimplência com o Fisco poderia ser cobrada por intermédio de sanções apropriadas. Vencido o Min. Menezes Direito, relator, que negava provimento ao recurso por considerar que essa exigência não ofenderia o aludido preceito constitucional. RE 207946/MG. rel. orig. Min. Menezes Direito, rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 20.5.2008. (RE-207946)

SEGUNDA TURMAInquérito Civil Público e Recebimento de Denúncia

A decisão que reputa válido o recebimento de denúncia lastreada em notícia-crime extraída de inquérito civil público não viola o texto constitucional. Com base nesse entendimento e tendo em conta a desnecessidade de prévia instauração de inquérito policial para o oferecimento da inicial acusatória, a Turma negou provimento a recurso extraordinário em que se sustentava ofensa aos artigos 129, I, III, VI, VII e VIII, e 144, § 4º, ambos da CF. No caso, o recorrente pleiteava o restabelecimento da rejeição de tal peça, sob a alegação de que o Ministério Público não teria atribuição para oferecer denúncia baseada em inquérito civil público instaurado com o objetivo de propor futura ação civil pública para a proteção do meio ambiente. Inicialmente, ressaltou-se que as peças de investigação trazidas ao conhecimento do parquet teriam sido autuadas no âmbito de suas atribuições constitucionais (CF, art. 129, III) e que o representante daquele órgão, ao concluir as investigações na esfera cível e constatar a possibilidade de a conduta também configurar crime, remetera cópia do procedimento ao Procurador-Geral de Justiça, haja vista a presença de suposto acusado com prerrogativa de foro. Asseverou-se que se o fato disser respeito a interesse difuso ou coletivo, o Ministério Público pode instaurar procedimento administrativo, com base no aludido art. 129, III, da CF. Ademais, entendeu-se que, na espécie, a notícia-crime continha os elementos necessários para provar a materialidade e os indícios da autoria do fato apurado.

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RE 464893/GO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 20.5.2008. (RE-464893)

REPERCUSSÃO  GERALDJE de 23 de maio de 2008

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 565.886-PRRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOPIS E COFINS - IMPORTAÇÃO - LEI Nº 10.865/2004 - APLICAÇÃO NO TEMPO - BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS - NATUREZA DA DISCIPLINA - LEI COMPLEMENTAR. Possui repercussão geral controvérsia sobre a aplicação da lei no tempo e a base de cálculo dos tributos considerada a disciplina mediante lei ordinária.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 567.801-MGRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTATaxa de matrícula. Cobrança. Universidade pública de ensino superior. Existência de repercussão geral.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 575.093-SPRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOCOFINS - SOCIEDADES CIVIS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - LEI Nº 9.430/96 - PROCESSO LEGISLATIVO - ISENÇÃO - DISCIPLINA MEDIANTE LEI ORDINÁRIA - RESERVA DE PLENÁRIO. Possui repercussão geral controvérsia sobre a observância do processo legislativo e do princípio da reserva de Plenário, considerada revogação de isenção por meio de lei ordinária.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 576.464-GORELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKICONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR ESTADUAL MILITAR. TRANSFERÊNCIA DE OFÍCIO. INEXISTÊNCIA DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR CONGÊNERE À DE ORIGEM. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Questão relevante do ponto de vista social e jurídico.

Decisões Publicadas: 4

C L I P P I N G  D O  DJ

23 de maio de 2008

ADI N. 2.395-DFRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Emenda Constitucional no 15/1996, que deu nova redação ao § 4o do art. 18 da Constituição Federal. Modificação dos requisitos constitucionais para a criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios. 3. Controle da constitucionalidade da atuação do poder legislativo de reforma da Constituição de 1988. 4. Inexistência de afronta à cláusula pétrea da forma federativa do Estado, decorrente da atribuição, à lei complementar federal, para fixação do período dentro do qual poderão ser efetivadas a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios. Precedente: ADI n° 2.381-1/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.12.2001. 5. Ação julgada improcedente.* noticiado no Informativo 466

QUEST. ORD. EM HC N. 94.307-RSRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: PRISÃO CIVIL. Depositário judicial infiel. Inadmissibilidade reconhecida pela maioria em julgamentos pendentes do RE nº 466.343 e outros, no Plenário. Razoabilidade jurídica da pretensão. Liberdade deferida de ofício, em habeas corpus contra acórdão de Turma, até a conclusão daqueles. Caso excepcional. Defere-se, de ofício, liminar em habeas corpus contra acórdão que, de Turma do Supremo, não reconheceu constrangimento ilegal em decreto de prisão da paciente, a título de infidelidade como depositária judicial.* noticiado no Informativo 502

QUEST. ORD. EM Inq N. 2.503-SP

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RELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTA: Ação penal privada. Apelação. Sentença que rejeitou a queixa-crime por falta de preparo. Juiz suspeito. Nulidade. Sentença anulada para dar seguimento à queixa-crime. Apelação prejudicada.1. Embora o Juiz sentenciante tenha acolhido os fundamentos expostos no parecer do Ministério Público do Estado de São Paulo, as circunstâncias fáticas nas quais estava ele envolvido evidenciam ausência de imparcialidade para julgar causa em que figura como autor pessoa objeto de denúncia oferecida pelo Ministério Público, oriunda de representação criminal, em que figura como ofendido.2. Sentença anulada e apelação prejudicada.* noticiado no Informativo 501

TRANSCRIÇÕESCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

CNJ - Natureza Jurídica - Controle da Função Jurisdicional – Inadmissibilidade (Transcrições)

MS 27148 MC/DF*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

DECISÃO: Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar, impetrado contra decisão, que, proferida pelo E. Conselho Nacional de Justiça nos autos do Pedido de Providências nº 2007.2000.0005427, está assim ementada (fls. 286):“‘Recurso Administrativo em Pedido de Providência. Arquivamento determinado em decisão monocrática. Argüição de suspeição em processo judicial. Incompetência do CNJ.’ – ‘A argüição de suspeição é um incidente processual que em nada se relaciona com as questões administrativas do Poder Judiciário para as quais este Conselho tem competência estabelecida constitucionalmente para atuar’ (CNJ – RAPP 5427 - Rel. Cons. Andréa Pachá – 48ª Sessão - j. 23.10.2007).” (grifei)A eminente Conselheira ANDRÉA MACIEL PACHÁ, Relatora do referido Pedido de Providências, ao fundamentar o seu voto, quando do julgamento colegiado do recurso administrativo deduzido pelos ora impetrantes, apoiou-se nos seguintes fundamentos (fls. 286/287):“A matéria objeto do presente Pedido de Providências é de natureza processual, como bem recordam os requerentes que amparam sua insurgência nos dispositivos do Código de Processo Civil.As decisões dos magistrados no âmbito do processo não são passíveis de revisão pelo CNJ, cuja competência, como bem ressaltaram os requerentes, cinge-se à esfera administrativa, envolvendo também a fiscalização da atuação funcional do Juiz.Neste sentido foi a fundamentação da decisão do Juiz Auxiliar da Presidência, atuando com fundamento na Portaria 23, emitida pela Ministra Presidente do CNJ:‘Com efeito, a competência fixada para este Conselho é restrita ao âmbito administrativo do Poder Judiciário, pelo que não pode intervir em conteúdo de decisão judicial, seja para corrigir eventual vício de ilegalidade ou nulidade, seja para inibir o exercício regular dos órgãos investidos de jurisdição. Para reverter eventuais provimentos que considera incorretos, ilegais ou desfavoráveis aos seus interesses, deve a parte valer-se dos meios processuais adequados.’Claro está que no presente caso os requerentes argüiram suspeição da Juíza, seguindo a tramitação processual regular, não havendo qualquer medida, pelo menos a partir dos fatos narrados, que possam ensejar a atuação do CNJ.Em outras palavras, não há nenhuma correção a ser providenciada na postura da juíza Lilia Simone Rodrigues da Costa Vieira, pois não foi relatada ofensa de deveres funcionais do magistrado, sendo

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possível que no âmbito do processo ela tenha atuado de modo a contrariar os interesses dos requerentes, situação que deve ser coibida com o manejo dos recursos previstos no ordenamento jurídico.O que pretendem os requerentes é que o CNJ determine a suspensão do processo judicial onde foi argüida a suspeição da Juíza. O pedido é inadmissível como já restou consignado na decisão atacada.Por tais razões, mantenho integralmente a decisão recorrida, pelos próprios e jurídicos fundamentos e julgo improcedente o presente recurso.” (grifei)Passo a examinar o pedido de medida cautelar formulado nesta causa, analisando, desde logo, questão que se erige como pressuposto necessário ao reconhecimento do direito vindicado neste “writ” mandamental, consistente na verificação da possibilidade, ou não, de o Conselho Nacional de Justiça – considerada a existência de exceções de suspeição opostas pelos ora impetrantes – intervir em processos de natureza jurisdicional (ação negatória de paternidade e ação de regulamentação de visitas), com a finalidade de “(...) suspender os processos e anular os atos ilegais praticados, e afastar a juíza exceta, examinando as exceções opostas (...), com os processos voltando à sua normalidade (...)” (fls. 240 – grifei).Não se desconhece que o Conselho Nacional de Justiça – embora incluído na estrutura constitucional do Poder Judiciário – qualifica-se como órgão de caráter administrativo, não dispondo de atribuições institucionais que lhe permitam exercer fiscalização da atividade jurisdicional dos magistrados e Tribunais.Esse entendimento – que põe em destaque o perfil estritamente administrativo do Conselho Nacional de Justiça e que não lhe reconhece competência constitucional para intervir, legitimamente, em matéria de índole jurisdicional (SERGIO BERMUDES, “A Reforma do Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45”, p. 19/20, item n. 2, 2005, Forense) – foi bem sintetizado na lição de NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY (“Constituição Federal Comentada e Legislação Constitucional”, p. 302, item n. 2, 2006, RT):“Conselho Nacional de Justiça. Natureza jurídica. O CNJ é órgão do Poder Judiciário (...), mas ‘sem jurisdição’, vale dizer, é órgão judicial mas não jurisdicional. Órgão administrativo de controle externo do Poder Judiciário e da atividade da Magistratura (...), o CNJ não tem função jurisdicional, cabendo-lhe fiscalizar a gestão financeira e administrativa do Poder Judiciário e o cumprimento do dever funcional dos juízes (...). Ao CNJ não cabe controlar a ‘função jurisdicional’ do Poder Judiciário e de seus membros, razão por que não pode rever nem modificar decisão judicial, isto é, não tem competência recursal (...).” (grifei)Essa orientação doutrinária, por sua vez, fundada no magistério de autores eminentes (UADI LAMMÊGO BULOS, “Curso de Direito Constitucional”, p. 1.089/1.094, item n. 6.8.1, 2007, Saraiva; NAGIB SLAIBI FILHO, “Reforma da Justiça”, p. 283/284, item n. 3, 2005, Impetus; ERIK FREDERICO GRAMSTRUP, “Conselho Nacional de Justiça e Controle Externo”, “in” “Reforma do Judiciário: primeiros ensaios críticos sobre a EC n. 45/2004”, coordenação de TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, LUIZ RODRIGUES WAMBIER, LUIZ MANOEL GOMES JR., OCTAVIO CAMPOS FISCHER e WILLIAM SANTOS FERREIRA, p. 193/194, item n. 4, 2005, RT; SYLVIO MOTTA e GUSTAVO BARCHET, “Curso de Direito Constitucional”, p. 733, item n. 6.2, 2007, Elsevier; WALBER DE MOURA AGRA, “Curso de Direito Constitucional”, p. 471/474, item n. 26.18, 2007, Forense), tem o beneplácito da jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou a propósito da matéria ora em exame:“I. Mandado de segurança contra ato do Conselho Nacional de Justiça: arquivamento de petição que pretendia a anulação de decisão judicial, por alegado vício processual atribuído aos Ministros do Superior Tribunal de Justiça: indeferimento.1. Ainda que disponha o art. 103-B, § 6º, da Constituição Federal que ‘junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil’, a ausência destes às sessões do Conselho não importa em nulidade das mesmas.2. A dispensa da lavratura do acórdão (RICNJ, art. 103, § 3º), quando mantido o pronunciamento do relator da decisão recorrida pelo Plenário, não traduz ausência de fundamentação:II. Conselho Nacional de Justiça: competência restrita ao controle de atuação administrativa e financeira dos órgãos do Poder Judiciário a ele sujeitos.”(MS 25.879-AgR/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei)“(...) 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste, como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos arts. 102, ‘caput’, inc. I, letra ‘r’, e 103-B, § 4º, da CF. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito.”(RTJ 197/839-840, Rel. Min. CEZAR PELUSO - grifei)As razões ora expostas revelam-se suficientes para justificar, em juízo de sumária cognição, o indeferimento da pretensão cautelar ora deduzida na presente causa.É importante rememorar, neste ponto, que o deferimento da medida liminar, resultante do concreto exercício do poder cautelar geral outorgado aos juízes e Tribunais, somente se justifica em face de situações que se ajustem aos pressupostos referidos no art. 7º, II, da Lei nº 1.533/51: a existência de

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plausibilidade jurídica (“fumus boni juris”), de um lado, e a possibilidade de lesão irreparável ou de difícil reparação (“periculum in mora”), de outro.Sem que concorram esses dois requisitos – que são necessários, essenciais e cumulativos –, não se legitima a concessão da medida liminar, consoante enfatiza a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:“Mandado de segurança. Liminar. Embora esta medida tenha caráter cautelar, os motivos para a sua concessão estão especificados no art. 7º, II da Lei nº 1.533/51, a saber: a) relevância do fundamento da impetração; b) que do ato impugnado possa resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida a segurança.Não concorrendo estes dois requisitos, deve ser denegada a liminar.”(RTJ 112/140, Rel. Min. ALFREDO BUZAID - grifei)Sendo assim, e por entender ausente o requisito pertinente à plausibilidade jurídica da pretensão cautelar ora em exame, indefiro o pedido de medida liminar.2. Solicitem-se informações ao órgão ora apontado como coator, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão.Publique-se.Brasília, 16 de maio de 2008.Ministro CELSO DE MELLORelator * decisão publicada no DJE de 26.5.2008Extradição - Prisão Cautelar - Legitimação Exclusiva do Estado Estrangeiro - Pleito da Interpol -

Inadmissibilidade (Transcrições)

PPE 607/ItáliaRELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

DECISÃO: Cumpre advertir que apenas Estados estrangeiros – e não organismos policiais, mesmo os de atuação internacional, como a INTERPOL – dispõem de legitimidade ativa para ajuizar, perante a Suprema Corte, a pertinente ação de extradição passiva (RTJ 99/1003 – Ext 313/Argentina, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI), eis que o ordenamento constitucional brasileiro, nesse tema, prevê, unicamente, a formulação de demanda extradicional, quando “solicitada por Estado estrangeiro” (CF, art. 102, I, “g” - grifei):“Extradição. Pressuposto. Competência.1. É pressuposto essencial da extradição que seja ela requerida por Governo de país estrangeiro.2. Pedido não conhecido, visto que formulado por autoridade judiciária estrangeira.”(RTJ 64/22, Rel. Min. BILAC PINTO - grifei)“Extradição: inadmissibilidade da formulação do pedido por carta rogatória de juiz estrangeiro (...).1. O processo de extradição passiva só se instaura mediante pedido de governo do Estado estrangeiro. (...).”(RTJ 184/674, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Pleno - grifei)“- O Supremo Tribunal Federal, no sistema constitucional brasileiro, somente dispõe de competência originária para processar e julgar as extradições passivas, requeridas, ao Governo do Brasil, por Estados estrangeiros. (...).- Os pedidos de extradição, por envolverem uma relação de caráter necessariamente intergovernamental, somente podem ser formulados por Estados soberanos, falecendo legitimação, para tanto, a meros particulares. Doutrina. Precedentes.”(Ext 955-Tutela Antecipada/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Não custa ressaltar, neste ponto, na linha da diretriz jurisprudencial firmada por esta Corte, que o processo de extradição faz instaurar uma relação de caráter necessariamente intergovernamental, o que afasta a possibilidade de terceiros, desvestidos de estatalidade, formularem pleitos de natureza extradicional.Não constitui demasia enfatizar que esse entendimento reflete-se no magistério de autorizados doutrinadores, como resulta claro das lições de CAROLINA CARDOSO GUIMARÃES LISBOA (“A Relação Extradicional no Direito Brasileiro”, p. 130/131, item n. 2.2.1, 2001, Del Rey), ALEXANDRE DE MORAES (“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 299, item n. 5.91, 7ª ed., 2007, Atlas), UADI LAMMÊGO BULOS (“Constituição Federal Anotada”, p. 277, 7ª ed., 2007, Saraiva), GILDA MACIEL CORRÊA MEYER RUSSOMANO (“A Extradição no Direito Internacional e no Direito Brasileiro”, p. 136, item n. 4, 3ª ed., 1981, RT), YUSSEF SAID CAHALI (“Estatuto do Estrangeiro”, p. 363, item n. 27, 1983, Saraiva), ÁLVARO MAYRINK DA COSTA (“Direito Penal – Parte Geral”, vol. 1/514-515, item n. 6, 7ª ed., 2005, Forense), e FRANCISCO REZEK (“Direito Internacional Público – Curso Elementar”, p. 197, item n. 117, 10ª ed./3ª tir., 2007, Saraiva), dentre outros.A cláusula constitucional pertinente ao reconhecimento do direito de agir em sede extradicional, mediante formulação do concernente pedido de extradição (CF, art. 5º, inciso LI), confere legitimação, tão-somente, aos Estados soberanos, que poderão, na condição de sujeitos de Direito Internacional Público, deduzir os

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respectivos pleitos extradicionais.Isso significa, portanto, que a regra atributiva de legitimação para agir, constitucionalmente restrita ao “Estado estrangeiro” (CF, art. 102, I, “g”), não só incide na causa principal (ação de extradição passiva), como, por igual, estende-se aos procedimentos de natureza cautelar (como os que veiculam pedido de prisão preventiva para efeitos extradicionais), que guardam, com a demanda de extradição, um irrecusável vínculo de dependência e de acessoriedade.Disso resulta que o pedido de prisão cautelar, para fins extradicionais, também deverá ser deduzido por Estado estrangeiro, e não por organismos policiais, ainda que de atuação internacional, como sucede com a INTERPOL.O exame do pedido de prisão preventiva ora formulado, e não obstante o que dispõe o Artigo 13, parágrafo 2, do Tratado de Extradição Brasil/Itália, evidencia que esse pleito, encaminhado pela INTERPOL/Roma – que não pode assumir compromissos internacionais, junto ao Governo brasileiro, em nome do Estado italiano –, sequer foi chancelado pela Missão Diplomática da República Italiana acreditada em nosso País.Tal circunstância bastaria, por si só, para tornar incognoscível o pedido em questão.

Mesmo que se pudesse, no entanto, superar esse obstáculo, ainda assim este pedido de prisão preventiva revelar-se-ia insuscetível de conhecimento por esta Suprema Corte.É que a privação cautelar da liberdade individual de qualquer pessoa constitui medida de caráter excepcional, ainda que prevista em tratado bilateral de extradição.O ato que ordena a prisão preventiva de súdito estrangeiro para efeito extradicional há de ser praticado com a certeza de que estão presentes os requisitos mínimos viabilizadores da própria extradição, notadamente a observância dos postulados da dupla tipicidade e da dupla punibilidade.O presente pedido, no entanto, não veio instruído com cópia da legislação pertinente às condutas imputadas ao súdito estrangeiro em questão (tipificação penal), e indicação da pena cominada aos delitos motivadores deste pleito (cominação penal), nem com a demonstração de que não se consumou a prescrição penal segundo a legislação italiana.Sendo assim, e pelas razões expostas, não conheço do presente pedido de prisão preventiva para extradição.Comunique-se o teor desta decisão ao Senhor Ministro da Justiça e, para efeito de cientificação formal da Missão Diplomática da República Italiana, ao Senhor Ministro das Relações Exteriores. Os ofícios em questão deverão ser encaminhados com cópia desta decisão.A presente decisão não deverá constituir objeto de publicação nos órgãos de divulgação oficial dos atos deste Tribunal, eis que possível a renovação do pedido de decretação da prisão cautelar do súdito estrangeiro em referência, desde que formulado por iniciativa da Missão Diplomática da República Italiana acreditada em nosso País.Arquivem-se os presentes autos.Brasília, 19 de maio de 2008.Ministro CELSO DE MELLORelator

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INOVAÇÕES LEGISLATIVAS19 a 23 de maio de 2008

CNJ - AUTORIZAÇÃO - Concessão - Viagem ao exterior - Criança – AdolescenteResolução nº 55/CNJ, de 13 de maio de 2008 - Altera o inciso II do artigo 1º da Resolução nº 51, que dispõe sobre a concessão de autorização de viagem para o exterior de crianças e adolescentes. Publicada no DJ de 20/5/2008, Seção 1, p. 1.RESOLUÇÃO Nº 55, DE 13 DE MAIO DE 2008. Altera o inciso II do artigo 1º da Resolução nº 51, que dispõe sobre a concessão de autorização de viagem para o exterior de crianças e adolescentes O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas conferidas pela Constituição Federal, especialmente o que dispõe o inciso I do § 4° de seu art. 103-B; R E S O L V E: Art. 1º - O inciso II do art. 1º da Resolução nº 51 passa a vigorar com a seguinte redação: II - com um dos genitores ou responsáveis, sendo nesta hipótese exigível a autorização do outro genitor, salvo mediante autorização judicial.Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Ministro Gilmar MendesPresidente

STF - Regimento Interno – AlteraçãoEmenda Regimental nº 24/STF, de 20 de maio de 2008 - Altera dispositivos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Publicada no DJE, n. 92 de 23/5/2008, p. 1.EMENDA REGIMENTAL Nº 24, DE 20 DE MAIO DE 2008*Altera dispositivos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL faz editar a Emenda Regimental, aprovada pelos Senhores Membros da Corte em Sessão Administrativa realizada em 8 de maio de 2008, nos termos do art. 361, inciso I, alínea a, do Regimento Interno.Art. 1º Os dispositivos do Regimento Interno a seguir enumerados passam a vigorar com a seguinte redação:“Art. 13. ................................................V - ..........................................................c) como Relator, nos termos dos arts. 544, § 3º, e 557 do Código de Processo Civil, até eventual distribuição, os agravos de instrumento, recursos extraordinários e petições ineptos ou de outro modo manifestamente inadmissíveis, inclusive por incompetência, intempestividade, deserção, prejuízo ou ausência de preliminar formal e fundamentada de repercussão geral, bem como aqueles cuja matéria seja destituída de repercussão geral, conforme jurisprudência do Tribunal.”“Art. 28. O Presidente designará os membros das Comissões, com mandatos coincidentes com o seu, assegurada a participação de Ministros das duas Turmas.”Art. 2º Fica revogado o § 3º do art. 335 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.Art. 3º Esta Emenda Regimental entra em vigor na data de sua publicação.Ministro Gilmar Mendes* Este texto não substitui a publicação oficial.

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

[email protected]

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Notícias do Superior Tribunal de Justiça

30 de Maio de 200810h43 Apresentador Ratinho continua obrigado a pagar indenização 08h14 Rigor processual é afastado e mulher de 90 anos receberá correção de poupança

29 de Maio de 200812h41 Corte Especial: ausência de provas leva Mocaiber de volta à prefeitura de Campos 11h22 STJ determina nova perícia em desapropriação milionária 10h38 Servidor demitido por abandono de cargo consegue revisão do processo administrativo 09h25 Mantida condenação por improbidade contra Prefeito de Araçatuba (SP) 08h12 STJ libera Falcão do pagamento de IR sobre salário ganho no Japão

28 de Maio de 200814h38 Primeira Seção decide que incide IR sobre indenização de horas extras 11h28 Mantida ação contra perito que prestou informações falsas em juízo 10h32 STJ barra recurso de Sócrates contra Flamengo 09h21 Celular na prisão: falta disciplinar grave somente a partir de 2007 08h14 Marido não pode exigir da ex-esposa prestação de contas da pensão paga à filha

27 de Maio de 200816h01 Caso Isabella - STJ rejeita pedido de habeas-corpus do casal Nardoni, que vai continuar preso 11h18 Bancos podem quebrar sigilo bancário de correntista por ordem da Fazenda Nacional 10h34 Em habeas-corpus, não é possível intervenção de assistente de acusação 09h22 STJ nega habeas-corpus a acusado na Operação Carranca de Tróia, da Polícia Federal 08h12 Acesso dos advogados ao inquérito policial não pode ser absoluto

26 de Maio de 200811h59 Formalismo excessivo não pode inabilitar licitante 11h28 STJ tranca inquérito instaurado contra advogado em Minas Gerais 10h19 Ocupante de apartamento herdado deve pagar aluguel ao outro herdeiro 08h12 STJ mantém indenização a jovem ferida em incêndio no Canecão Mineiro

23 de Maio de 200811h59 Mantida a prisão contra advogado acusado de chefiar tráfico no Rio de Janeiro 11h25 Oficial de registro de imóveis não consegue anular processo administrativo

30/05/2008 - 10h43Apresentador Ratinho continua obrigado a pagar indenização

O apresentador de TV e empresário Carlos Roberto Massa, o "Ratinho", continua obrigado a pagar indenização por danos morais a D.F.F.T. no valor de 250 salários mínimos, por matéria divulgada em seu programa. A decisão foi tomada por unanimidade pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), seguindo o voto da relatora, ministra Nancy Andrighi. A defesa do apresentador entrou com agravo em decisão anterior da própria relatora. Alegou-se que haveria violação do artigo 535 do CPC, já que a decisão não teria se manifestado sobre todos os pontos do processo e teria analisado unilateralmente as provas de D.F.F.T. Também afirmou que o valor da indenização seria excessivo. Por fim declarou que o apresentador não poderia ser considerado responsável, portanto parte passiva do processo, pois não teria sido autor do texto considerado ofensivo. Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi manteve sua decisão anterior. Afirmou que, segundo a súmula 221 do STJ, são civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano decorrente de publicação pela imprensa tanto o autor do

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escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. A ministra também manteve o valor da indenização em 250 salários mínimos, definido ainda na segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, afirmando que a alteração do valor obrigaria o exame de provas materiais, algo vedado pela súmula 7 do STJ. Por fim, afirmou que a jurisprudência da Casa é firme no sentido que o juiz não precisa atacar cada ponto do processo se considerar sua decisão suficientemente fundamentada.

30/05/2008 - 08h14Rigor processual é afastado e mulher de 90 anos receberá correção de poupança

O banco Nossa Caixa S/A terá de pagar a uma senhora de 90 anos de São Paulo a correção monetária de 42,72% incidentes, no mês de janeiro de 1989, sobre conta poupança mantida pela nonagenária na instituição, além de juros e correção monetária. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, afastar o rigor processual contido no artigo 535 do Código de Processo Civil e aplicar a tese da finalidade prática para impedir a nulidade da decisão que reconheceu o direito da poupadora. “Decretar a nulidade meramente para defender o rigor do processo civil, com a conseqüente repetição de todo o procedimento, implicaria desrespeitar o princípio da razoável duração do processo, da efetividade, da igualdade (manifestado na prioridade que devem ter as causas envolvendo pessoas idosas) e até mesmo da dignidade da pessoa humana”, afirmou a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, ao votar. O caso teve início com a ação de cobrança proposta por A. G. de S. Ela entrou na Justiça contra a Nossa Caixa requerendo a correção monetária de 42,72% incidentes sobre a poupança que mantinha no banco. Pediu, ainda, o pagamento de juros contratuais capitalizados de 6% ao ano, mais juros de mora e correção monetária. O pedido foi julgado procedente quanto ao principal, mas o juiz não se manifestou, inicialmente, sobre os juros e a correção monetária. A poupadora interpôs embargos de declaração apontando a omissão, e os embargos foram acolhidos para atender integralmente o pedido. Insatisfeito, o banco apelou, e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) deu parcial provimento apenas para reconhecer a alegação de prescrição dos juros contratuais, no período anterior a cinco anos contados da data da propositura da ação. Novos embargos de declaração foram interpostos pela cliente, alegando que o STJ já pacificou o entendimento, adotando a prescrição vintenária também para os juros remuneratórios. Os embargos foram acolhidos, tendo a decisão conferido a eles efeitos modificativos. No recurso especial para o STJ, a Nossa Caixa alegou, entre outras coisas, que o Tribunal paulista não poderia conferir efeitos infringentes a embargos de declaração com fundamento na modificação da posição do relator quanto à matéria. Segundo o advogado, não compete ao TJSP promover uma revisão de mérito de suas próprias decisões, atribuição exclusiva do STJ. Ao votar, a ministra considerou a idade e a conseqüente prioridade na tramitação do processo da poupadora, além de os efeitos modificativos conferidos pelo Tribunal terem colocado o mérito da decisão em perfeita conformidade com a jurisprudência do STJ a respeito da prescrição vintenária. Apesar de reconhecer que os embargos de declaração realmente não se prestam à revisão de decisões de mérito pelo próprio relator, a ministra questionou a finalidade prática da decretação de nulidade do acórdão paulista, já que a poupadora voltaria depois com um recurso especial e acabaria mesmo vitoriosa, já que a questão está pacificada no STJ. “Ainda que não se tenha obedecido ao rigor processual consubstanciado na regra do artigo 535 do Código de Processo Civil, que vantagem teria o direito, a justiça e a sociedade?”. A ministra observou, ainda, que o excessivo rigor processual atua muitas vezes em desserviço da efetividade da justiça. “O processo tem de correr. O aparato judiciário é muito caro para a sociedade e cada processo representa um custo altíssimo. Anulá-lo, portanto, é medida de exceção”, concluiu Nancy Andrighi.

29/05/2008 - 12h36Corte Especial: ausência de provas leva Mocaiber de volta à prefeitura de Campos

“O Poder Judiciário não pode afastar previamente agente político do cargo para o qual foi eleito com base em vagas imputações. Quando o afastamento cautelar não se ampara em provas de que o prefeito atuou no sentido de tumultuar a investigação, surge grave lesão à ordem pública institucional”, afirmou o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Gomes de Barros, ao negar agravos regimentais (tipo de recurso) contra Alexandre Marcos Mocaiber, prefeito afastado de Campos do Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro. O caso foi julgado na manhã de hoje (29/05) pela Corte Especial. Com a decisão, Mocaiber, preso pela operação Telhado de Vidro da Polícia Federal, acusado de fazer parte de um esquema que incluía inúmeras irregularidades com o uso do dinheiro público, como superfaturamento, favorecimento de empresas em licitações, realização de obras emergenciais irregulares, entre outras, vai ser reintegrado ao cargo de prefeito até que sejam concluídas as investigações contra ele. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Mocaiber e

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vários outros réus por crime de improbidade administrativa. De posse da denúncia, o Juízo da 1ª Vara Federal de Campos, em decisão liminar, determinou o afastamento cautelar do prefeito fundamentado no grave risco à ordem pública. O MPF alegava que o prefeito se valia do cargo para prática de atividades ilícitas que só terminaram com o afastamento dele do cargo: “Enquanto ocupava essa relevante função pública, implantou na sede da administração um balcão de negócios para tratar de assuntos particulares escusos.” Mocaiber, então, recorreu ao STJ pedindo a suspensão do afastamento, que foi deferida pelo presidente do Tribunal, ressaltando que não há indicação – em qualquer das 109 laudas da decisão que afastou o requerente – “de qualquer fato concreto que demonstre a intenção do agente político de prejudicar a colheita de provas ou a investigação”. Gomes de Barros determinou a imediata reintegração de Mocaiber ao cargo de prefeito, ressaltando que afastá-lo do cargo gerava a quebra da normalidade institucional do município de Campos dos Goytacazes (RJ), ameaçando, de forma grave, a ordem pública. Ilegalidade – Inconformados, o MPF, o vice-prefeito que assumiu a prefeitura da cidade, Roberto Sales Henriques da Silveira, e o município de Campos dos Goytacazes recorreram da decisão com três agravos regimentais (tipo de recurso). Ao negar provimento aos pedidos formulados, Gomes de Barros reafirmou que o afastamento cautelar só é permitido quando o agente político atua direta ou indiretamente, no sentido de prejudicar, tumultuar, atrapalhar as investigações. “Fora deste caso, a decisão que determinou o afastamento é ilegal e rompe a ordem pública institucional, exatamente porque, sem base legal ou constitucional, se sobrepõe à vontade soberana do povo”, salientou o presidente. Em seu voto, o presidente do STJ fez questão de explicar que não estava rebatendo os argumentos dos três agravantes (MPF, vice-prefeito e município) relativos aos supostos atos de improbidade administrativa praticados pelo denunciado, e sim se as afirmações acerca da tentativa de atrapalhar as investigações poderiam ser comprovadas. “No único ponto que poderia justificar o afastamento cautelar, não há mais que ilações, presunções e conjecturas. Não basta que haja dificuldade ou tumulto nas investigações para que o agente público seja cautelarmente afastado. É preciso que ele próprio (o prefeito) tivesse concorrido direta ou indiretamente para impedir a apuração dos fatos. Mantenho minha decisão porque, neste caso, essa prova não existe”, concluiu o ministro, que foi acompanhado pelos demais magistrados que compõem a Corte Especial.

29/05/2008 - 11h22STJ determina nova perícia em desapropriação milionária

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça determinou a realização de nova perícia no processo de desapropriação de uma área no Parque Estadual da Serra do Mar que resultou numa indenização de R$ 98,5 milhões. Seguindo o voto do ministro Herman Benjamim, a Turma, por unanimidade, acolheu o pedido do Estado de São Paulo para que uma nova perícia fosse feita. A determinação foi dada no julgamento de embargos de declaração, recurso contra decisão que contém obscuridade, omissão ou contradição. Os embargos ajuizados pelo Estado de São Paulo eram contra a decisão da Primeira Seção do STJ que não admitiu a produção de novas provas na ação rescisória em que o governo estadual pretendia anular a sentença que fixou a indenização. O Estado de São Paulo alegou que o acórdão da Primeira Seção se baseou em conclusões erradas sobre os fatos e que, desde a petição inicial, foi apontada falsidade da prova pericial, o que seria comprovado no curso do processo. A prova pericial apontada como falsa motivou a fixação de indenização exorbitante pela desapropriação de 795 hectares da Fazenda Rondônia, incorporada ao Parque Estadual da Serra do Mar. Em valores atualizados até maio de 2008, o preço do hectare é de quase R$ 124 mil e o total da indenização pela terra nua e pela cobertura vegetal ultrapassa R$ 98,5 milhões. Para o ministro Herman Benjamim, a simples análise dos valores fixados, mesmo em 1988, quando a moeda corrente era o cruzado, deixa evidente que há algo errado na “astronômica” indenização deferida aos particulares. Considerando também a existência de erro material no acórdão da Primeira Seção e a falta de prejuízo para o beneficiário da indenização, a Primeira Seção, seguindo o voto do ministro Herman Benjamim, reformou o acórdão e determinou que fossem produzidas as provas requeridas pelo Estado de São Paulo.

29/05/2008 - 10h38Servidor demitido por abandono de cargo consegue revisão do processo administrativo

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, determinou a revisão do processo administrativo que demitiu um guarda civil do Rio de Janeiro por abandono de cargo público. Marcos Machado dos Santos havia pedido a reconsideração do ato que o demitiu, porém o processo não foi localizado. O guarda civil foi demitido em 1967 por ter faltado ao trabalho sem justificativa, por 53 dias. Ele pediu a revisão do processo administrativo para que fossem abonadas as faltas de 30 dias, com base no artigo 1º da lei fluminense 1.508/67. Alegou que o número de faltas sem justificativa

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seria de 23 dias, o que não poderia resultar em sua demissão. Para ele, o correto seria aplicar outra sanção menos drástica. Em uma nova tentativa de reconsideração do ato de demissão, o processo não foi achado. Sustenta que, por esse motivo, ficou impossibilitado de juntar novo documento ao processo. Em defesa da legalidade da demissão, o advogado do Estado do Rio de Janeiro argumentou que o documento não possui nada novo porque sempre constou no processo e que não tem o poder de estabelecer o real número de faltas cometidas. O revisor do processo, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ressaltou que o novo documento demonstra que o servidor público não se ausentou por mais de 30 dias consecutivos do local de trabalho. “Realmente, não ficou comprovado, por esse documento, que tenha o guarda civil se ausentado por prazo maior que este período.” Como a administração pública não trouxe provas que demonstrassem a ausência do servidor, o ministro julgou procedente o pedido de revisão do processo administrativo. “Não pode ser outra a interpretação para o caso, pois inadmissível que o Tribunal possa perpetuar tamanha injustiça que se quer impor”, sustentou o ministro.

29/05/2008 - 09h25Mantida condenação por improbidade contra Prefeito de Araçatuba (SP)

Continua válida a condenação contra o prefeito da cidade de Araçatuba (SP), Jorge Maluly Netto, que suspende seus direitos políticos por cinco anos. Ele também deve reparar o dano provocado aos cofres públicos por ter, em 2001, depositado recursos da prefeitura num banco privado que acabou sendo liquidado pelo Banco Central. O prejuízo se aproximaria, segundo o Ministério Público, de R$ 1,3 milhão. O recurso apresentado pela defesa de Maluly à Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não foi conhecido. Os ministros entenderam que a condenação baseou-se em argumentos constitucionais. Nesse caso, o recurso deve ser dirigido ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator no STJ, ministro José Delgado, ainda constatou que a defesa do prefeito pretendia que o Tribunal revisse fatos e provas, o que não é permitido em razão da Súmula 7. A decisão foi unânime. A denúncia que provocou a condenação de Maluly diz respeito ao primeiro mandato exercido por ele como prefeito de Araçatuba. Logo que tomou posse, em janeiro de 2001, ele teria determinado o depósito de recursos do caixa do Município e do Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba (DAEA) no Banco do Interior de São Paulo. A empresa encontrava-se descapitalizada e, no mês seguinte, sofreu intervenção do Banco Central, o que resultou na liquidação do banco. Do total depositado no banco privado (R$ 1,3 milhão), a Prefeitura recuperou apenas R$ 20 mil. O Ministério Público apurou que, antes de tomar posse como prefeito, Maluly teria tomado empréstimos pessoais no Banco do Interior de São Paulo em valor total que coincidiria com aquele depositado pela Prefeitura e pelo DAEA no mesmo banco. O artigo 164, parágrafo 3º, da Constituição Federal e o artigo 43 da Lei Complementar 101/2000 determinam que as disponibilidades de caixa dos municípios sejam aplicadas em instituições bancárias estatais. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) confirmou a condenação por improbidade administrativa contra Maluly decretada na primeira instância. Além da suspensão dos direitos políticos, ele fica proibido de contratar com o poder público e receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por cinco anos. O prefeito ainda deve ressarcir o dano, juntamente com o então presidente do DAEA.

29/05/2008 - 08h12STJ libera Falcão do pagamento de IR sobre salário ganho no Japão

O comentarista esportivo Paulo Roberto Falcão, ex-jogador de futebol, ganhou de virada a disputa com a Receita Federal. O fisco tentava cobrar Imposto de Renda de Pessoa Física (IR) sobre os rendimentos que Falcão recebeu em 1994, quando atuou como técnico de futebol no Japão. Por maioria de votos, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso do ex-técnico para suspender a cobrança do tributo. O recurso é contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que, ao julgar apelação do ex-treinador, manteve a obrigatoriedade do pagamento do IR. Após dois votos favoráveis e um contrário à cobrança do imposto, a ministra Eliana Calmon pediu vista. Ela apresentou o voto na sessão desta terça-feira (27) e acompanhou a divergência. O desempate coube ao juiz Carlos Mathias. Ele também acompanhou a divergência inaugurada pelo ministro Herman Benjamim, que ficou responsável pela redação do acórdão.Votos O relator, ministro Castro Meira, conheceu em parte do recurso e negou provimento. Ele entendeu que o imposto era devido porque Falcão não declarou a intenção de residir fora do país. Mesmo contratado para atuar como técnico de futebol no Japão pelo período de oito meses, Falcão manteve domicíliio em Porto Alegre (RS). O relator entendeu também que técnico de futebol não se equipara a atleta, que tem rendimentos sujeitos à tributação no Estado contratante. Para o ministro Castro Meira, a principal controvérsia está na interpretação do artigo 8º da Lei n. 7.713/88. Esse dispositivo afirma

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que está sujeito ao pagamento de imposto de renda “a pessoa física que receber de outra pessoa física, ou de fontes situadas no exterior, rendimentos e ganhos de capital que não tenham sido tributados na fonte, no País”. A Turma teve que analisar se “País” referia-se ao Brasil ou ao Japão. O relator entendeu que o termo se referia ao Brasil. O voto do ministro Castro Meira foi acompanhado pelo ministro Humberto Martins. O ministro Herman Benjamim divergiu. Considerou que o artigo citado não é claro devido à existência da palavra “exterior” pouco antes de “País” e sua interpretação não pode ser no sentido de prejudicar o contribuinte. Por isso deu parcial provimento ao recurso. A ministra Eliana Calmon apresentou voto-vista e acompanhou a divergência. Entendeu que técnico de futebol se equipara a atleta para efeitos da legislação tributária e que o termo “País” se refere ao Japão. Ao desempatar a votação, o juiz convocado Carlos Mathias também seguiu a divergência. Ele considerou que o pagamento de IR no Brasil, uma vez que o imposto já foi pago no Japão, seria bitributação.

28/05/2008 - 13h51Primeira Seção decide que incide IR sobre indenização de horas extras

Após intenso debate, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por unanimidade, que incide Imposto de Renda (IR) sobre o pagamento de indenização de horas extras trabalhadas. Desse modo, está unificada a jurisprudência da Primeira e da Segunda Turma, que tinham decisões conflitantes sobre a questão. O caso em discussão envolve uma disputa judicial entre empregados da Petrobras e a Fazenda Nacional. A Primeira Turma tinha decidido que o valor pago pela Petrobras a título de indenização por horas trabalhadas não estaria sujeito à incidência de IR por se tratar de verba indenizatória, que recompensaria períodos de folga não gozados e a supressão de horas extras, segundo acordo coletivo celebrado entre os empregados e a empregadora. Por outro lado, a Segunda Turma havia decidido que os mesmos valores pagos pela Petrobras corresponderiam ao ressarcimento de horas extras, constituindo, assim, acréscimo patrimonial passível de ser tributado por meio do IR. Durante um período de dois anos, os empregados da Petrobras tiveram as folgas não gozadas indenizadas por meio de horas extras. O advogado da Fazenda Nacional subiu à tribuna para defender a incidência do imposto sobre as horas extras trabalhadas: “O imposto incide sobre os acréscimos patrimoniais, independentemente se forem frutos de verba indenizatória ou não”. A princípio, o relator do processo na Primeira Seção, ministro José Delgado, era favorável ao entendimento da Primeira Turma. Porém, ao discutir a tese com a ministra Eliana Calmon, que sempre defendeu a incidência do IR sobre horas extras por terem “caráter remuneratório que dá ensejo a aumento de patrimônio da pessoa física”, o relator resolveu mudar o seu voto, que foi acompanhado pelos demais ministros. Sendo assim, a Primeira Seção do STJ desproveu os embargos de divergência no recurso especial contra a Fazenda Nacional, para definir que é legal a incidência do imposto de renda sobre a verba decorrente de horas extraordinárias, inclusive quando resultante de acordo coletivo, pois possui caráter remuneratório e configura acréscimo patrimonial.

28/05/2008 - 11h28Mantida ação contra perito que prestou informações falsas em juízo

Nos dias atuais, o trabalho dos peritos tornou-se fundamental para embasar diversos inquéritos e processos judiciais. A atividade pericial assume caráter de prova e contribui para esclarecer variados tipos de casos. Por isso, o profissional que, na condição de perito judicial, presta falsas afirmações, nega ou cala a verdade pode responder pelo crime de falsa perícia previsto no artigo 342 do Código Penal. Com base nesse entendimento, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça negou, por unanimidade, o pedido de habeas-corpus em favor de José Argemiro da Silva. De acordo com a denúncia do Ministério Público, José Argemiro, nomeado perito judicial para atuar numa ação cautelar proposta por D’Marcas Comércio Ltda. contra a União Federal, teria prestado falsas informações sobre o caso, afirmando categoricamente que a Roam Trading International Ing. (do grupo D’Marcas) poderia realizar operações de comercialização no estado norte-americano da Flórida sem a devida autorização. Contudo a legislação da Flórida estabelece que uma empresa estrangeira não pode comerciar na região até que obtenha um certificado de autorização do Departamento de Estado dos EUA. O perito também teria prestado falsas afirmações ao alegar que não houve subfaturamento dos produtos comercializados, sendo que a empresa estaria cobrando preços muito inferiores aos levantados pelos auditores da Receita Federal. Segundo o inquérito policial, os valores dos produtos adquiridos pela D’Marcas no exterior eram sete vezes superiores aos declarados à alfândega brasileira. Além disso, José Argemiro teria omitido dados em relação às falsificações das faturas comerciais, como ficou demonstrado pelo laudo crítico da União elaborado pelo auditor responsável. As falsificações foram comprovadas por exames grafotécnicos emitidos pela Polícia Federal, atestando que as faturas comerciais supostamente emitidas no exterior foram, na verdade,

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produzidas por empregados da D’Marcas e de outras empresas do grupo. O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (Pernambuco) negou o pedido da defesa de José Argemiro, dando seguimento à ação penal pela prática de falsa perícia. Os advogados, então, recorreram ao STJ para tentar trancar (suspender) o processo. Eles alegaram falta de justa causa (falta de indícios para formular a denúncia) e também ausência de conduta dolosa (atipicidade), “pois ainda que os dados não correspondessem à realidade, não haveria o menor rastro de que tenham sido consignados com a finalidade de falsear a verdade”. Para o relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, a tese da inexistência de dolo na conduta de José Argemiro é matéria de prova que deverá ser produzida no decorrer do processo. Já as alegações sobre a falta de justa causa para instauração da ação penal exigem análise do conjunto de fatos e provas dos autos, o que é inviável por meio do HC, “remédio jurídico-processual que tem como escopo resguardar a liberdade de locomoção contra ilegalidade ou abuso de poder, marcado por rito célere”, ressaltou o ministro. Em seu voto, Esteves Lima transcreveu a decisão do TRF da 5ª Região que diz: “O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o juiz pode receber a denúncia pelo crime de falsa perícia antes da conclusão do processo em que o perito faz a afirmação falsa, negou ou calou a verdade, o que demonstra que não é imprescindível, para a caracterização do delito, a influência do laudo no fechamento da causa”.

28/05/2008 - 10h32STJ barra recurso de Sócrates contra Flamengo

Uma disputa que entrou no campo Judiciário há cerca de dez anos pode ter seu apito final no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Massami Uyeda negou a admissão do recurso em que o jogador de futebol Sócrates Brasileiro de Oliveira reivindicava valores de um contrato assinado com o Flamengo em 1985. Com isso, permanece válido o entendimento da Justiça do Rio de Janeiro segundo o qual o não-cumprimento das cláusulas resultou da vontade conjunta do jogador e do clube. No recurso ao STJ, Sócrates pretendia demonstrar a violação dos dispositivos de lei que prevêem a responsabilidade do devedor por perdas e danos nos casos em que a obrigação de fazer não se concretiza. Mas, para o ministro Massami Uyeda, como a decisão de segunda instância baseou-se na análise das provas do processo, o julgamento do caso no STJ implicaria reexame dessas provas e das cláusulas contratuais, hipóteses vedadas pelas Súmulas 7 e 5 do Tribunal. Dessa decisão ainda cabe recurso interno ao próprio STJ. Em setembro de 1985, Sócrates e Flamengo assinaram contrato por dois anos. Pelo aluguel do seu passe, ele receberia 50 milhões de cruzeiros, além da renda líquida obtida pelo Flamengo em cinco jogos a serem realizados fora do país. No recurso, Sócrates relata que, em março de 1987, ao perceber que uma intervenção cirúrgica prejudicaria seu desempenho em campo por algum tempo, decidiu romper o contrato com o Flamengo, embora parte da dívida ainda não estivesse quitada. Ainda restariam quatro cotas de amistosos internacionais da equipe a serem repassadas ao jogador. O Flamengo teria reconhecido a dívida e, extrajudicialmente, assinado um acordo de pagamento, reduzindo o pagamento à renda líquida de três partidas realizadas em território brasileiro. O acordo não teria sido cumprido e, em julho de 1998, Sócrates procurou a Justiça para uma ação de cobrança. No pedido inicial, a defesa do jogador estimou entre R$ 100 mil e R$ 150 mil a cota do jogador em cada jogo devido. Em primeira e segunda instâncias, o pedido foi julgado improcedente. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) considerou que os jogos amistosos previstos no acordo não teriam se realizado por vontade conjunta, do clube e do jogador. De acordo com o entendimento do TJRJ, Sócrates não esteve apto fisicamente para jogar futebol logo após a rescisão do contrato com o Flamengo. E, quando se recuperou, jogou por um ano e meio em outros clubes, sendo que, para participar dos amistosos previstos no acordo, precisaria da autorização do novo clube. O TJRJ afirmou que não haveria prova dessas autorizações no processo.

28/05/2008 - 09h21Celular na prisão: falta disciplinar grave somente a partir de 2007

A posse de aparelho de telefone celular ou de seus componentes dentro da cadeia passou a ser falta grave a partir da Lei n. 11.466, de março de 2007, que alterou o artigo 50 da Lei de Execução Penal (LEP). Desse modo, por ser norma mais punitiva, não pode retroagir para prejudicar o condenado. Esse foi o entendimento unânime da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao conceder o pedido de habeas-corpus para anular a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) que determinou, em razão de uma revista feita em 2005 no presídio onde A.L.F. está detido, a anotação de falta grave na folha de antecedentes e no roteiro de penas do preso. A Defensoria Pública recorreu

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ao STJ em favor de A.L.F., que cumpre pena em regime fechado num presídio do estado de São Paulo, para anular o procedimento que considerou falta grave o porte de componentes de aparelho celular na prisão. Para tanto, alegou que, à época da revista, “inexistia na Lei de Execução Penal (LEP) qualquer menção ao fato de que portar telefone celular configurava prática de falta disciplinar de natureza grave”. De acordo como que o dispõe o artigo 49 da LEP, as faltas disciplinares são classificadas em leves, médias e graves, cabendo à legislação local especificar os dois primeiros tipos e as respectivas sanções cabíveis. A autoridade estadual não pode estabelecer restrições relativas às faltas de natureza grave, devendo seguir as normas fixadas na LEP. A definição de falta grave pode implicar restrição de diversos benefícios na execução da pena, com a perda de dias remidos e a regressão do regime prisional. Por esse motivo, a defensora pública afirmava que a resolução da Secretaria de Assuntos Penitenciários do Estado de São Paulo teria ultrapassado os limites da LEP ao anotar, como falta grave, a posse de aparelho celular na ficha do preso em uma data anterior à alteração da lei. Estaria, assim, “configurado inegável constrangimento ilegal do paciente”, ressaltou a Defensoria. O relator do habeas-corpus do STJ, ministro Arnaldo Esteves Lima, acolheu os argumentos da Defensoria e esclareceu: “não obstante as conseqüências nefastas que o uso do aparelho celular no interior do cárcere possa representar, não é permitido ao Poder Executivo nem ao Judiciário imiscuírem-se na atividade do legislador, sob pena de violação das regras constitucionais de delimitação de competência”. Em seu voto, o ministro ressaltou que, na data dos fatos, a posse de celular dentro da prisão não estava “elencada no rol taxativo previsto pelo artigo 50 da Lei de Execução Penal”. A alteração promovida pela Lei 11.466/07, incluindo mais um inciso no artigo da LEP (“Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”), por tratar de norma “mais gravosa, não pode retroagir em prejuízo do paciente”, concluiu Arnaldo Esteves Lima.

28/05/2008 - 08h14Marido não pode exigir da ex-esposa prestação de contas da pensão paga à filha

Ex-marido não pode exigir que ex-esposa que detém a guarda da filha preste conta da pensão alimentícia paga por ele. Com essa decisão, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, manteve a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios em ação de prestação de contas ajuizada por ex-marido. Na ação de prestação de contas, o ex-marido argumenta que a ex-mulher exerce má administração dos alimentos por ele pagos à filha de 7 anos, no valor de sete salários mínimos. Ele afirma que, além da pensão, paga as despesas escolares, o curso de balé e o plano de saúde. Por isso, sustenta que a ex-mulher deve prestar conta dos seus gastos, ao entendimento de que há “desvio de finalidade para a qual a fixação dos alimentos se deu”. A defesa da ex-mulher contestou afirmando que o dinheiro é exclusivamente em prol da criança, “sem que se possa visualizar qualquer margem à má administração destes recursos pela mãe da menor que somente visa seu bem”. Na primeira instância, o juiz extinguiu o processo. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal confirmou a sentença e negou a apelação. No STJ, o ex-marido sustenta que a prestação de contas serve para comprovar a alegada “má administração” da ex-mulher em relação aos alimentos pagos por ele à criança. Para a ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, aquele que paga pensão alimentícia não detém interesse processual para propor ação de prestação de contas contra a mãe da criança. Diante disso, não reconheceu ao ex-marido o direito de exigir da ex-esposa a prestação de contas da pensão paga por ele à filha.

27/05/2008 - 15h52Caso Isabella - STJ rejeita pedido de habeas-corpus do casal Nardoni, que vai continuar

presoPor unanimidade, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça não conheceu do habeas-corpus impetrado por Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. O relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, disse, no início da sessão, que neste julgamento o STJ não estava fazendo “juízo de culpabilidade”. Estava apenas verificando se os decretos de prisão são sustentáveis do ponto de vista jurídico. Seguindo o voto do relator, os cinco ministros da Quinta Turma entenderam que o STJ não poderia julgar o mérito do habeas-corpus por força da súmula 691 do Supremo Tribunal Federal. A súmula impede que o tribunal superior julgue habeas-corpus contra decisão de tribunal estadual negando liminar em outro habeas-corpus que ainda não teve o mérito julgado. O relator destacou que o habeas-corpus só poderia ser julgado se o decreto de prisão tivesse “evidente, gritante, absurda”

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ilegalidade ou abuso de poder. Ele entendeu que não era o caso da prisão dos Nardoni. Além disso, para o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, a decisão não tinha irregularidade jurídica e não era nenhum “monstrengo”. O ministro Felix Fischer afirmou que o caso, embora tenha muita repercussão, é tecnicamente bastante simples. “Não é hipótese, nem de longe, de exceção à súmula do Supremo”, disse. No fim do julgamento, o advogado do casal disse ter conhecimento da Súmula 691 do STF, mas acreditava que a prisão do casal seria considerada um dos casos de flagrante ilegalidade. Afirmou também que a estratégia da defesa agora é não recorrer e aguardar o julgamento de mérito do habeas-corpus impetrado no Tribunal de Justiça de São Paulo.

27/05/2008 - 11h18Bancos podem quebrar sigilo bancário de correntista por ordem da Fazenda Nacional

Se a Fazenda Nacional determinar, os bancos e demais instituições financeiras podem quebrar o sigilo bancário de seus correntistas. A decisão em dois processos do Mato Grosso do Sul foi tomada pela maioria da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e seguiu integralmente o voto do relator, ministro Humberto Gomes de Barros. No processo, a Fazenda Nacional ordenou a dois bancos a quebra do sigilo bancário de um correntista que estava sendo executado por dívidas. Posteriormente, ele entrou com uma ação de indenização por danos morais contra as duas instituições financeiras. Nas instâncias inferiores, teve ganho de causa. Os bancos, então, interpuseram recursos especiais no STJ. No seu voto, o ministro Humberto Gomes de Barros, então membro da Terceira Turma, considerou que os bancos não agiram por conta própria, mas seguindo determinação de autoridade do setor financeiro, no caso a Fazenda Nacional. O ministro afirmou ainda que a própria determinação da Fazenda Nacional não teria nenhuma ilegalidade evidente, o que desobriga os bancos de qualquer indenização. O ministro considerou que a Portaria 493 de 1968 e o Comunicado Defis 373 de 1983 do Banco Central (Bacen), que regulamentam a prestação de informações protegidas por sigilo bancário, autorizam a Fazenda a solicitar tais informações. O ministro destacou ainda que, se as instituições financeiras se negassem a fornecer as informações, seriam punidas com a multa estabelecida no artigo 7º da Lei n. 8.021, de 1990. "Se houver ato ilícito, gerador de direito a indenização por dano mora, esse ato não é de responsabilidade do banco, mas, sim da Fazenda Nacional", concluiu. Com essa fundamentação, o ministro deu provimento aos recursos, julgando improcedentes os pedidos de indenização.

27/05/2008 - 10h34Em habeas-corpus, não é possível intervenção de assistente de acusação

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não admite intervenção de assistente de acusação ou qualquer outro interessado em desfecho desfavorável à pessoa defendida em um habeas-corpus. Decisão recente da Sexta Turma seguiu essa jurisprudência, negando a participação do Município de Jandaíra (BA) no habeas-corpus em que um ex-prefeito da cidade pedia o trancamento da ação a que respondia por crimes de abuso de autoridade, responsabilidade e furto de energia elétrica. Seguindo o voto do relator, ministro Paulo Gallotti, a Turma reafirmou que a assistência de acusação em um habeas-corpus é impossível, em razão de ele tratar de garantia de natureza constitucional destinada exclusivamente à proteção da liberdade. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendimento no mesmo sentido. No caso em julgamento, a ação penal a que o ex-prefeito respondia foi trancada por falta de justa causa. Em 2005, ele teria determinado a outra pessoa, seu subordinado, que religasse a rede de energia elétrica da sede da prefeitura, cujo fornecimento havia sido suspenso por falta de pagamento. O valor da dívida era de cerca de R$ 30 mil. A denúncia chegou a ser recebida pelo Tribunal de Justiça da Bahia. O ministro Gallotti concluiu que a denúncia é inepta, porque não estabelece a correspondência entre os tipos penais (crimes descritos em lei) e a ação praticada pelo ex-prefeito. Na acusação, não há relato de prejuízo material à concessionária de serviço público, elemento indispensável à configuração dos crimes de abuso de autoridade e furto atribuídos ao ex-prefeito. Quanto à prática do crime de responsabilidade, a denúncia não descreve a ocorrência de descumprimento de lei ou ordem judicial. O habeas-corpus foi estendido à pessoa que teria religada o rede a mando do então prefeito.

27/05/2008 - 09h22STJ nega habeas-corpus a acusado na Operação Carranca de Tróia, da Polícia Federal

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas-corpus a E.A.S., conhecido como Shildren, um dos acusados na Operação Carranca de Tróia, da Polícia Federal (PF). A operação descobriu um esquema de retirada de valores de contas bancárias por meio de fraude via internet. E.A.S. foi denunciado pelo Ministério Público Federal e está preso na Superintendência da PF na Bahia. Com o julgamento do STJ, ele permanece preso. O relator foi o ministro Arnaldo Esteves Lima e o

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processo teve decisão unânime. A defesa de E.A.S. entrou com habeas-corpus no STJ após ter o pedido negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região. Para o TRF, “é alto o grau de probabilidade de que os pacientes [acusados] retornem à prática delitiva – no caso de serem postos em liberdade –, tendo-se em conta a circunstância de que estas espécies de delitos [via internet] são de difícil prevenção/impedimento e de fácil realização”. Na ação encaminhada ao Superior Tribunal, os advogados pediram que o acusado respondesse ao processo em liberdade. Alegaram excesso de prazo na formação do processo e ausência dos requisitos que justificassem a prisão preventiva. O ministro Arnaldo Esteves Lima negou o pedido entendendo “razoável que o prazo para o término da instrução criminal seja prolongado”, pois o caso trata de “ação penal complexa que envolve organização criminosa composta por 16 pessoas, com ramificações em vários estados da Federação (Pernambuco, Ceará e Goiás)”. Para o ministro, estão justificados o decreto de prisão e o julgamento do TRF que manteve a preventiva contra E.A.S. “Primeiro, em razão do modus operandi [maneira de agir] da quadrilha e na gravidade da ação delituosa”, entendeu o relator. Ele ressaltou que E.A.S. “tinha participação essencial na quadrilha”, na conquista de pessoas dispostas a ceder contas bancárias para o recebimento dos valores conseguidos pelo esquema e na operação dos programas espiões que possibilitavam as fraudes via internet. Além disso, segundo o ministro Arnaldo Esteves Lima, E.A.S. “se furtou à ação da Justiça, evadindo-se, primeiramente, para Salvador e, posteriormente, para Fortaleza, sendo preso em local distinto de sua residência”. Dessa forma, para o ministro, a prisão preventiva está justificada de forma satisfatória, pois há “necessidade de proteção da ordem pública, a aplicação da lei penal e por conveniência da instrução criminal, a teor do disposto no artigo 312 do Código de Processo Penal”. Carranca de Tróia O jovem E.A.S. foi acusado na Operação Carranca de Tróia, da Polícia Federal, de suposta participação em uma quadrilha que promovia a retirada de valores dos correntistas de diversos bancos, mediante fraude na internet. Segundo as investigações, a quadrilha criava páginas na internet para capturar informações bancárias. Os integrantes enviavam para as vítimas links com programas como “cavalos de tróia”, “trojans”, “keylogs” ou “spywares”, capazes de monitorar informações bancárias sigilosas utilizadas na internet. Os links eram encaminhados por e-mail ou em recados no site Orkut. De posse das informações, eles acessavam as contas e efetuavam as transferências para outras contas conseguidas pelos “cartãozeiros” ou “biscoiteiros”, membros do grupo responsáveis por conseguir correntistas dispostos a participar do esquema em troca de dinheiro. De acordo com as investigações, E.A.S. atuava no grupo como “usuário”, com a função de disseminar e-mails com os programas fraudulentos. Em depoimento às autoridades policiais, o acusado informou que conheceu o esquema durante contatos no IRC – um chat de bate-papo na rede, quando trabalhava em uma lan house. E.A.S. confessou aos policiais ter conseguido entre R$ 700 mil e R$1 milhão com os golpes.

27/05/2008 - 08h12Acesso dos advogados ao inquérito policial não pode ser absoluto

O advogado constituído pela parte pode conhecer o conteúdo do inquérito policial instaurado, como estabelece o direito de informação do indiciado e o Estatuto da Advocacia. Entretanto, essa determinação deve respeitar a necessidade de sigilo, caso exista, além de assegurar a restrição de acesso a documentos e outros dados de terceiros que estejam envolvidos na investigação, sob pena de ofensa à intimidade. Esse foi o entendimento unânime da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar um pedido de habeas-corpus que debatia a tese. Os advogados de W.B. pretendiam reconhecer o direito irrestrito de acesso aos autos do inquérito policial que investiga a participação do cliente na prática do delito tipificado no artigo 2º da Lei n. 8.176/91(é crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, explorar matéria-prima pertencente à União, sem a devida autorização legal). A defesa recorreu ao STJ contra a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região que garantiu o direito de leitura do inquérito, mas vedou a vista dos documentos relacionados a terceiras pessoas, bem como dos procedimentos investigatórios que estavam em andamento. A defesa de W.B. alegou que o acesso dos advogados aos autos “é absoluto” e, por isso, não deve ser limitado apenas às peças do procedimento que digam respeito a um cliente específico, mas a “todo teor do apurado, excluídas as diligências que porventura não foram concluídas”. Em razão disso, pediu autorização para que pudesse manusear o inquérito livremente. Para o ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do HC no STJ, os interesses da investigação, o direito à informação do

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investigado e, conseqüentemente, do advogado devem ser conciliados para preservar as garantias constitucionais. “Neste contexto, o acesso conferido aos procuradores não é irrestrito, restringindo-se aos documentos já disponibilizados nos autos que se refiram apenas ao cliente específico, sendo vedado o acesso a dados pertinentes a outras pessoas. A concessão sem quaisquer reservas ofenderia o direito de terceiros à intimidade e à inviolabilidade de sua vida privada e prejudicaria a satisfatória elucidação dos fatos supostamente criminosos ainda em apuração”, concluiu o voto do ministro, acompanhado pelos demais magistrados da Quinta Turma.

26/05/2008 - 11h59Formalismo excessivo não pode inabilitar licitante

O poder público não pode prender-se a formalismo excessivo ou interpretar de forma restritiva as regras constantes de edital de licitação, de modo a eliminar concorrentes e, assim, escolher a proposta mais vantajosa para a administração pública. Em defesa desse princípio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão em favor da Ram Engenharia Limitada, contra a pretensão da Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, que requeria a inabilitação da concorrente. Anteriormente, a Comissão de Licitação do Estado do Maranhão inabilitou a empresa por ela não ter cumprido dois itens do edital: apresentação de certidão negativa de taxa de localização e funcionamento (TLF) e da certidão negativa de falência e concordata emitida com até 30 dias antes da entrega da documentação. Esses documentos, porém, não são fornecidos pelo município do Rio de Janeiro, sede da Ram, na forma como exigida pelo edital da concorrência realizada no Maranhão. O caso foi apreciado pela Segunda Turma. O relator, ministro Castro Meira, entendeu ser ilegítima a exigência da apresentação de certidões comprobatórias de regularidade fiscal que não são fornecidas do modo como requerido no edital pelo município de domicílio do licitante. A Ram Engenharia Limitada impetrou mandado de segurança para concorrer na licitação. O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ/MA) negou o pedido por entender que, se o edital exige a certidão negativa de débitos municipais relativa à taxa de localização e funcionamento, não se pode, devido ao princípio da vinculação ao edital, permitir a utilização de documentação similar à requerida, quando não há ressalva nesse sentido. A decisão foi modificada posteriormente porque o Tribunal de Justiça entendeu que, tendo o licitante demonstrado sua aptidão fiscal e preenchido os demais requisitos do edital, não poderia ser impedido de continuar no processo licitatório. Inconformada, a Concremat recorreu ao STJ alegando que o TJ/MA contrariou o Código de Processo Civil (CPC). Entre outras alegações, para a empresa, o Tribunal simplesmente mudou o seu entendimento em relação à controvérsia, proferindo um novo julgamento. O Estado do Maranhão ressaltou que a empresa pretende discutir matéria de fato, o que é inviável no recurso especial, e que não há semelhança entre a decisão e os paradigmas apresentados. No mérito, o estado aduziu que as regras constantes do edital de licitação não podem ser interpretadas de forma restritiva a limitar a participação de licitantes e impedir a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública. Por fim, alegou que o contrato foi assinado e a obra executada, o que configura fato consumado, evidenciando a perda de objeto do recurso. Ao analisar a questão, o relator ministro Castro Meira destacou que o CPC, ao dispor sobre as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, não veda a atribuição de efeitos infringentes, com alteração da decisão embargada, quando o Tribunal conclui que deva ser sanada omissão, contradição, obscuridade ou, ainda, deva ser corrigido erro material.

26/05/2008 - 11h28STJ tranca inquérito instaurado contra advogado em Minas Gerais

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão unânime, determinou o trancamento do inquérito policial instaurado contra o advogado L.M. de B., a quem se imputou o crime de denunciação caluniosa. A decisão, entretanto, é sem prejuízo de eventual responsabilidade civil ou falta disciplinar, a serem apuradas nas vias adequadas. No caso, houve a instauração do inquérito policial com o objetivo de apurar a suposta prática do delito de denunciação caluniosa, porque teria o advogado representado criminalmente, junto ao Tribunal de Justiça de Alterosas (MG), contra membro do Ministério Público estadual e magistrado integrante da justiça mineira, por suposto abuso de autoridade. Segundo consta, essas autoridades teriam sido responsáveis pela manutenção, na prisão, por mais de 30 dias, de C.M. da S., sem qualquer ordem judicial impondo tal restrição à liberdade dessa pessoa. O Tribunal estadual mineiro, ao julgar a representação formulada pelo advogado, rejeitou-a e a arquivou com relação à promotora de justiça. Quanto ao juiz de direito, reconheceu “que nada há de ser apurado contra o douto magistrado”. No STJ, o advogado sustenta a inexistência dos requisitos configuradores da denunciação caluniosa, na medida em que faltariam à conduta praticada os elementos constantes do tipo penal do crime previsto no artigo 339 do CPB (dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa,

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inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente). Pediu, assim, o trancamento do inquérito policial. De acordo com o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, rejeitada a representação contra o magistrado, não há falar em instauração, efetivamente, de procedimento administrativo. Isso porque, conforme o Regimento Interno do TJMG, a instauração do procedimento somente ocorrerá após a análise da representação formulada. “Inexistindo procedimento administrativo instaurado, porquanto rejeitada a representação, conseqüentemente não se configura o ilícito de denunciação caluniosa, visto que ausente o elemento objetivo exigido pela figura típica”, afirmou o ministro.

26/05/2008 - 10h19Ocupante de apartamento herdado deve pagar aluguel ao outro herdeiro

O herdeiro que fica com a posse de imóvel deixado como herança e resiste ao direito de usufruto do outro herdeiro deve indenizá-lo. Isso porque, até que a partilha seja feita, ocorre o regime de comunhão hereditária e os herdeiros são co-titulares do patrimônio deixado. Nesse caso são aplicadas as mesmas regras relativas ao condomínio, como estabelecido no artigo 1.791 do novo Código Civil. Esse entendimento da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça foi confirmado pela Corte Especial, que negou recurso apresentado pelo ocupante do imóvel. No caso, dois irmãos por parte de pai disputam os frutos da herança. O herdeiro que não ocupa o imóvel ajuizou ação de cobrança alegando que tinha o direito de receber o equivalente à metade de um aluguel do apartamento comum ocupado exclusivamente pelo irmão. A Terceira Turma do STJ decidiu, no julgamento de um recurso especial, que o aluguel era devido. Então, o herdeiro que deveria pagar o aluguel apresentou recurso chamado embargos de divergência, alegando que havia decisões divergentes no STJ sobre o mesmo tema. Mas a Corte Especial entendeu que não houve a divergência alegada, pois a decisão contestada e a que foi apresentada como oposta tiveram a mesma conclusão. O relator dos embargos, ministro Castro Meira, destacou que o acórdão contestado considerou que o silêncio do ocupante do apartamento diante da notificação com o pedido de aluguel demonstra a resistência em dividir o usufruto do imóvel. Já o acórdão apresentado como divergente concluiu que não existiu resistência, uma vez que não houve notificação e o imóvel estava disponível para uso comum. As duas decisões consideraram que o aluguel é devido quando fica comprovada a resistência em dividir o bem. Esse foi o entendimento unânime da Corte Especial que, seguindo o voto do relator, negou provimento aos embargos.

26/05/2008 - 08h12STJ mantém indenização a jovem ferida em incêndio no Canecão Mineiro

O Município de Belo Horizonte deve indenização por danos materiais e morais a uma comerciária ferida no incêndio ocorrido em 2001, na casa de shows Canecão Mineiro, em Belo Horizonte (MG). Ao analisar o recurso apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo município, os ministros da Primeira Turma decidiram não alterar a decisão de segunda instância sobre o caso. A indenização por danos morais foi fixada em 300 salários mínimos. Em relação à indenização por danos materiais, os desembargadores consideraram que seu valor deverá ainda ser apurado. O município foi responsabilizado por negligência e omissão, em razão de não ter cumprido o dever de fiscalizar a casa de shows, que funcionava sem alvará. Para o relator do recurso, ministro Teori Albino Zavascki, reduzir o valor como pretendido ou mesmo analisar novamente se há responsabilidade do município implicaria reexame de provas, o que é vedado ao STJ. A decisão foi unânime. Na noite do dia 24 de novembro de 2001, durante um espetáculo, o Canecão Mineiro teve parte de sua estrutura destruída por um incêndio, causando a morte de sete pessoas e lesões corporais em outras 197. Na ocasião, a comerciária sofreu queimaduras no rosto e em parte do corpo, além de ter rompido os ligamentos do joelho direito. Na ação de indenização, a comerciária pediu a condenação do Município de Belo Horizonte. Segundo ela, ficou comprovado que, apesar de a casa de shows não possuir alvará, a fiscalização do município teria sido negligente ao não impedir o seu funcionamento. Após o incêndio, a perícia constatou que o Canecão Mineiro carecia de um sistema adequado de combate a incêndio, além de faltarem saídas de emergência, hidrantes e extintores. Na primeira instância, o juiz considerou que o município não teve responsabilidade pelo ocorrido. Mas o Tribunal de Justiça de Minas Gerais entendeu que, se o município tivesse exercido regularmente o seu poder de polícia, não teria evitado o incêndio, mas daria aos presentes a possibilidade de se retirar do local através de saídas de emergência de acordo com as normas de segurança e aparelhagem de prevenção de incêndio exigidas pelo Corpo de Bombeiros.

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23/05/2008 - 11h59Mantida a prisão contra advogado acusado de chefiar tráfico no Rio de Janeiro

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Hamilton Carvalhido negou liminar em habeas-corpus ao advogado F.C.G., a quem o Ministério Público denuncia como chefe uma quadrilha de traficantes que atuava na zona sul do Rio de Janeiro (RJ). As operações do bando, centradas no serviço de disque-drogas, foram desbaratadas durante a Operação Lâmina II da Polícia Civil do estado. Em uma análise preliminar do caso, o ministro Carvalhido não constatou existirem os elementos necessários para a concessão de liminar. Para o relator, a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que negou o habeas-corpus, não tem ilegalidade flagrante. A defesa do advogado tenta conseguir a suspensão do processo e a revogação do pedido de prisão preventiva. Alega que a denúncia não cumpre os requisitos previstos em lei (seria inepta), não haveria motivos legais nem fundamentação para a prisão. Sustenta, ainda, que o advogado sofreria perseguição por ter denunciado policiais. A análise do mérito do habeas-corpus ainda caberá à Sexta Turma, mas o julgamento não tem data para ocorrer.

23/05/2008 - 11h25Oficial de registro de imóveis não consegue anular processo administrativo

O oficial de registro de imóveis Carlos André de Oliveira não conseguiu anular o processo administrativo instaurado contra ele para apurar o não-recebimento de correspondência da Direção do Foro e do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. A decisão é da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No recurso, a defesa de Oliveira sustentou o impedimento do juiz diretor do Foro da Comarca de Montes Claros (MG) para a instauração do processo administrativo disciplinar (PAD) bem como ausência de fundamentação do ato de instauração, na medida em que a Portaria nº 161/05 não registra descrição explícita dos atos imputados a ele. O relator, ministro Humberto Martins, destacou que não se sustenta a alegação de que não existe motivação clara, suficiente e explícita dos fatos imputados ao investigado na portaria que instaurou o PAD. Para ele, a descrição dos fatos está presente da forma devida, com a constituição da Comissão processante; ou seja, permitiu-se, como não poderia deixar de ser, tanto o conhecimento prévio dos fatos a serem apurados, como da comissão. Quanto à alegação de impedimento do juiz diretor do Foro, o ministro Humberto Martins ressaltou que o ato de instauração não depende de qualquer juízo de valor da autoridade, que tem o dever de apurar qualquer eventual irregularidade apontada, tudo na forma do artigo 143 da Lei n. 8.112/90.

Informativo n. 0356Período: 19 a 23 de maio de 2008.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Corte EspecialCANCELAMENTO. SÚM. N. 256-STJ. PROTOCOLO INTEGRADO.Ao apreciar o agravo regimental no agravo de instrumento no qual o agravante sustentava que deve prevalecer o entendimento da Lei n. 10.352/2001, a Corte Especial, ao prosseguir no julgamento, por maioria, deu provimento ao agravo regimental e revogou a Súmula n. 256 deste Superior Tribunal. O Min. Luiz Fux, em seu voto-vista, explicitou que a mencionada lei alterou o parágrafo único do art. 547 do CPC visando a permitir que, em todos os recursos, não só no agravo de instrumento (art. 525, § 2º, do CPC), pudesse a parte interpor sua irresignação por meio do protocolo integrado. Para o Min. Luiz Fux, atenta contra a lógica jurídica conceder o referido benefício aos recursos interpostos na instância local, onde há mais comodidade oferecida às partes do que com relação aos recursos endereçados aos tribunais superiores. A tendência ao efetivo acesso à Justiça, demonstrada, quando menos, pela própria possibilidade de interposição do recurso via fax, revela a inequivocidade da ratio essendi do artigo 547, parágrafo único, do CPC, aplicável aos recursos em geral e, a fortiori, aos Tribunais Superiores. Este Tribunal Superior já assentou que a Lei n. 10.352/2001, ao alterar os artigos 542 e 547 do CPC, afastou o obstáculo à adoção de protocolos descentralizados. Essa nova regra processual, de aplicação imediata, orienta-se pelo critério da redução de custos, pela celeridade de tramitação e pelo mais facilitado acesso das partes às diversas jurisdições. Precedente citado do STF: AgRg no AI 476.260-SP, DJ 16/6/2006. AgRg no Ag 792.846-SP, Rel. originário Min. Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2008.MÚTUO HIPOTECÁRIO. NÃO-APLICAÇÃO. REGRAS. SFH.A Corte Especial sedimentou o entendimento de que as regras do Sistema Financeiro da Habitação não se aplicam ao sistema hipotecário. As regras previstas na Lei n. 5.741/1971 são aplicáveis somente aos contratos vinculados ao SFH. EREsp 788.571-PR, Rel. Min. José Delgado, julgados em

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21/5/2008.FAX. AG. PEÇAS.A Corte Especial, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, que é possível a petição de agravo de instrumento ser transmitida mediante o uso de fac-simile ao Tribunal a quo sem se fazer acompanhar das peças que o formariam (obrigatórias ou facultativas), que só vieram em seguida, juntamente com o original. A Min. Relatora firmou que a Lei n. 9.800/1999 não diz nada a respeito da transmissão das peças ou documentos que guarnecem a petição e que ela deve ser interpretada no sentido de dispensar a parte dessa exigência, visto não lhe aproveitar qualquer benefício, dado que suas razões têm de estar prontas no prazo do recurso e as peças a serem juntadas não podem ser modificadas, além de não existir prejuízo à parte contrária, que tem vista dos autos só após o protocolo dos originais. Por sua vez, o Min. Luiz Fux (vencido) entendia que a via do fax não exonera a parte do atendimento, no momento da transmissão, das exigências legais quanto ao ato processual específico (art. 1º, parágrafo único, da Resolução n. 179/1999 do STF), sendo necessária a conjunta transmissão a fim de aferir a coincidência entre o que é transmitido e os originais (arts. 4º e 5º da retrocitada lei), além de permitir soluções de urgência. Anotou, por último, que é justamente a formação do instrumento que diferencia este agravo do retido, sendo certo que a falta de peças leva à inadmissão pela ausência de requisito de admissibilidade extrínseco consistente na regularidade formal. REsp 901.556-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/5/2008.DENÚNCIA. REJEIÇÃO. CONDUTA ATÍPICA.Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) em desfavor de desembargador porque ele, na qualidade de presidente do Tribunal, teria infringido o disposto no art. 100, § 6º, da CF/1988, ao determinar o seqüestro e repasse de valores devidos pelo município em desrespeito à estrita ordem seqüencial de pagamento dos precatórios. A Min. Relatora recebeu integralmente a denúncia após afastar todas as preliminares argüidas pelo denunciado. Porém, a Min. Nancy Andrighi entendeu que a denúncia liga a imputação a uma ocorrência específica, que é o desrespeito à ordem de precatórios e essa não está demonstrada. Considerou que as circunstâncias fáticas apontadas pelo MPF como configuradoras da responsabilidade do denunciado não têm alcance suficiente para justificar, mesmo nesse juízo perfunctório, a imputação que lhe foi feita relativamente à alegada tentativa de frustrar a liquidação regular de precatório, pois a conduta se lhe afigura atípica. Diante disso, a Corte Especial, por maioria, rejeitou a denúncia. APn 451-PB, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgada em 21/5/2008.AR. DECADÊNCIA. INÍCIO. PRAZO.Discute-se, nos embargos, o prazo de decadência para a propositura da ação rescisória. O Min. Luiz Fux, em seu voto-vista, divergiu do voto da Min. Relatora embasando-se em precedentes deste Superior Tribunal no sentido de que o prazo decadencial da ação rescisória somente se inicia no dia seguinte ao trânsito em julgado. Diante disso, a Corte Especial, ao prosseguir o julgamento, por maioria, acolheu os embargos. Precedentes citados: AgRg no Ag 175.140-GO, DJ 11/6/2001; AR 377-DF, DJ 13/10/2003, e REsp 12.550-SP, DJ 4/11/1996. EREsp 341.655-PR, Rel. originária Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgados em 21/5/2008.MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. SUSTENTAÇÃO ORAL. STJ.A Corte Especial conheceu em parte dos embargos de divergência e, nessa parte, proveu-os para anular o julgamento da Segunda Turma deste Superior Tribunal que permitiu a sustentação oral do representante do Ministério Público estadual. Na oportunidade, reiterou o entendimento de que somente o Ministério Público Federal, por meio dos subprocuradores-gerais da República, possui atribuição para atuar nas causas de competência deste Superior Tribunal. EREsp 445.664-AC, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgados em 21/5/2008.RESP. RATIFICAÇÃO. EDCL.O entendimento de que o recurso especial logo interposto necessita ser ratificado após o julgamento de embargos de declaração pelo Tribunal a quo, recentemente adotado por este Superior Tribunal, pode ser aplicado a processos em curso. Isso posto, a Corte Especial, por maioria, rejeitou os embargos de divergência. Precedente citado: REsp 776.265-SC, DJ 6/8/2007. EREsp 933.438-SP, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para acórdão Min. Fernando Gonçalves, julgados em 21/5/2008 (ver Informativos ns. 317, 329 e 333).

Terceira SeçãoCOMPETÊNCIA. STJ. GREVE. SERVIÇO PÚBLICO.Em retificação à notícia da Rcl 2.797-DF (ver Informativo n. 355), leia-se: a Seção concedeu liminar na reclamação para afirmar que compete ao STJ o julgamento de dissídio coletivo de greve no serviço público quando a paralisação for de âmbito nacional ou abranger mais de uma região da Justiça Federal. Precedentes citados do STF: MI 708-DF, DJ 6/11/2007; STA 207-RS, DJ 15/4/2008; MI 712-PA, DJ 6/11/2007, e MI 670-ES, DJ 6/11/2007. Rcl 2.797-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgada

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em 14/5/2008.Primeira Turma

DEFENSOR PÚBLICO. INTIMAÇÃO PESSOAL.O Tribunal a quo asseverou que não houve intimação pessoal do defensor público para que ele apresentasse as contra-razões do recurso de apelação. Logo, conforme o art. 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950 e o art. 44 da Lei Complementar n. 80/1994, é prerrogativa da Defensoria Pública a intimação pessoal, e sua não-realização acarreta a nulidade absoluta. Assim, a Turma cassou os atos posteriores à sentença e determinou o retorno dos autos à Corte de origem para que seja regularizada a intimação da Defensoria Pública, oportunizando-se a apresentação de contra-razões à apelação. Precedentes citados: REsp 476.471-RS, DJ 3/11/2003; REsp 808.411-PR, DJ 10/4/2006, e REsp 793.362-RS, DJ 11/6/2007. REsp 1.035.716-MS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/5/2008.DIREITO. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. EDCL.Se o Tribunal local não aprecia a questão constitucional suscitada, a parte prejudicada pode pedir, mediante recurso especial, lastreado em violação do art. 535 do CPC, a anulação do acórdão proferido nos embargos de declaração, uma vez que há o direito de exaurimento de jurisdição provocado pela parte. Precedente citado: EREsp 505.183-RS, DJ 6/3/2008. AgRg no REsp 1.022.649-PE, Rel. originário Min. Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 20/5/2008.PIS. COFINS. VENDAS INADIMPLIDAS. ENERGIA ELÉTRICA.Os valores relativos ao fornecimento de energia elétrica que, mesmo faturados, não ingressaram efetivamente no caixa da empresa, devido à inadimplência dos consumidores são computados na base de cálculo da Cofins e do PIS. O inadimplemento do consumidor não equivale ao cancelamento da compra e venda para efeito de aplicação do art. 3º, § 2º, I, da Lei n. 9.718/1998. A “venda inadimplida”, caso não cancelada, leva ao crédito em favor do vendedor, subsistindo o fato imponível das contribuições referidas, ou seja, o faturamento está configurado, uma vez que a pessoa jurídica realiza uma operação e apura o valor dela como faturado. A energia elétrica não pode ser devolvida em hipótese alguma, pois é consumida instantaneamente, sendo impossível falar em venda cancelada. A analogia não pode levar à exclusão do crédito tributário, uma vez que a criação ou a extinção de tributo pertence ao campo da legalidade (art. 111 do CTN). Precedentes citados do STF: RE 357.950-RS, DJ 15/8/2006, e RE 346.084-PR, DJ 4/10/2006; do STJ: REsp 956.842-RS, DJ 27/11/2007, e REsp 953.011-PR, DJ 25/9/2007. REsp 1.029.434-CE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/5/2008.

Segunda TurmaAGRG. PRINCÍPIO. INSTRUMENTALIDADE. FORMAS.É irrecorrível a decisão do Min. Relator que dá provimento a recurso de agravo de instrumento para determinar a subida do recurso especial inadmitido na origem. Admite-se a exceção do art. 258, § 2º, do RISTJ quando houver ofensa a requisito formal na instrução do agravo de instrumento. Para o Min. Relator, as ligeiras imperfeições que tornaram ilegíveis pequenos trechos não chegaram a contaminar a regularidade formal do instrumento, porquanto não comprometem a perfeita compreensão dos argumentos que foram levantados nas contra-razões ao recurso especial. Satisfeito o propósito dessa específica norma legal, qual seja, possibilitar o exercício da ampla defesa e do contraditório também no agravo, deve ser relevado o pequeno lapso aventado no regimental, em respeito ao princípio da instrumentalidade das formas. Mas, ao final a Turma negou provimento ao agravo. AgRg no Ag 1.012.017-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 20/5/2008.DESAPROPRIAÇÃO. ANCIANIDADE. POSSE.Para o Min. Relator, o recurso merece ser conhecido, uma vez que o justo preço determinado pelo acórdão recorrido é discutido apenas quanto à depreciação trazida pela ancianidade da posse, reconhecendo a existência de posseiros na área desapropriada tal como registrada em algumas das perícias realizadas. A legislação de regência estabelece os aspectos a ser considerados no cálculo final da indenização, conforme expresso no art. 12 da Lei n. 8.629/1993. A lei é clara ao determinar que, no caso concreto, seja realizada a aferição de eventual depreciação pela existência de posseiros na área desapropriada. No caso, o Tribunal de origem não verificou, especificamente, o grau de perda de valor da propriedade pela ancianidade das posses lá existentes. Houve explicitação de caráter doutrinário da impossibilidade de aplicação do inciso IV do art. 12 da Lei n. 8.629/1993. Desse modo, devem retornar os autos para que a instância ordinária realize juízo de valor sobre o tema. Diante disso, a Turma conheceu em parte do recurso e nessa parte deu-lhe provimento. REsp 945.799-DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 20/5/2008.

Terceira TurmaQO. COMPETÊNCIA. EC N. 45/2004.A Turma decidiu, em questão de ordem, remeter à Segunda Seção os autos em que houve decisão a respeito de competência e, ao retornarem os autos à origem, novamente o juiz afirmou ser incompetente. Para o Min. Relator, o juiz não poderia novamente se dar por incompetente porque há coisa julgada formal, embora observe que haja precedente em sentido contrário - de que, por não se tratar de coisa julgada material, o juiz pode dar-se, de novo, por incompetente. QO no REsp 1.020.893-PR, Rel. Min. Ari Pargendler, em 20/5/2008.

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EXECUÇÃO. MULTA COMINATÓRIA.Discute-se a possibilidade de cobrança de multa cominatória em obrigações de fazer ou não fazer quando se tratar de prestação infungível. No caso, empresa de televisão interpôs ação de execução em busca de cumprimento de acordo em contrato de prestação de serviço artístico com cláusula de exclusividade. Os recorridos, por sua vez, opuseram embargos do devedor, alegando que, no acordo entre as partes, havia expressa renúncia da ora recorrente em relação à cobrança de quaisquer valores a título de indenização por descumprimento do contrato. A sentença julgou procedente em parte os embargos e afastou a pena pecuniária para a hipótese de descumprimento das obrigações, facultando à então embargada a conversão da execução em perdas e danos. Mas o Tribunal a quo, ao negar provimento às apelações, sustentou a impossibilidade da conversão da obrigação de fazer em perdas e danos e da condenação à indenização, porém pelo fato de ter sido dada quitação pela emissora em acordo nos autos da execução. Isso posto, para a corrente vencedora, admite-se a aplicação de multa cominatória no caso de inadimplemento de obrigação personalíssima, tal como a prestação de serviços artísticos (comediante) pactuada pelos recorridos. Ressalta o Min. Sidnei Beneti que, caso contrário, ter-se-ia a transformação de obrigações personalíssimas em obrigações sem coerção à execução, mediante a pura e simples transformação em perdas e danos que se transmutaria em fungível a prestação específica contratada. E isso viria inserir caráter opcional para o devedor, entre cumprir ou não, ao baixo ônus de apenas prestar indenização. A Turma, ao prosseguir na renovação do julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso da emissora de televisão. REsp 482.094-RJ, Rel. originário Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 20/5/2008.

Quarta TurmaDESCONSIDERAÇÃO. PERSONALIDADE JURÍDICA. PRESSUPOSTOS.Houve a desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine) da empresa devedora, ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela dívida, sem sequer as instâncias ordinárias declinarem presentes os pressupostos do art. 50 do CC/2002. Houve apenas menção ao fato de que a cobrança é feita por um órgão público e que a empresa controlada seria simples longa manus da controladora. Daí a violação do art. 131 do CPC, visto que não há fundamentação nas decisões das instâncias ordinárias, o que leva a afastar a extensão do arresto às recorrentes em razão da exclusão da desconsideração da personalidade jurídica da devedora, ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu crédito acaso comprovadas as condições previstas no retrocitado artigo. Anotou-se não se cuidar da chamada teoria menor: desconsideração pela simples prova da insolvência diante de tema referente ao Direito Ambiental (art. 4º da Lei n. 9.605/1998) ou do Consumidor (art. 28, § 5º, da Lei n. 8.078/1990), mas sim da teoria maior que, em regra, exige a demonstração do desvio de finalidade da pessoa jurídica ou a confusão patrimonial. Precedente citado: REsp 279.273-SP, DJ 29/3/2004. REsp 744.107-SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 20/5/2008.MS. REPETIÇÃO. PUBLICAÇÃO. MULTA. MÁ-FÉ. JUSTIÇA GRATUITA.Trata-se de MS contra ato do diretor do cartório que, em execução movida contra o impetrante, fez publicar segunda intimação para a apresentação de contra-razões pela exeqüente diante dos REsp e RE interpostos. Anote-se que a primeira intimação apenas fez menção ao REsp. Isso posto, vê-se nítida a intenção de utilizar-se do MS como substituto de recurso cabível (Súm. n. 267-STF) e de forçar a análise de matéria fática (se houve ou não defeito na primeira publicação), o que se torna inviável na sede escolhida. Quanto à multa por litigância de má-fé e à circunstância de haver assistência da Justiça gratuita, isso não torna o impetrante infenso às penalidades, visto que assim entender resultaria em estender a finalidade a que se presta a gratuidade de Justiça, a permitir ao assistido fruir de posição privilegiada no processo enquanto possa praticar atos indevidos e ilegais durante o trâmite da ação sem sofrer qualquer punição por isso. Precedentes citados: EDcl no AgRg no REsp 94.648-SP, DJ 1º/12/2003, e EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 222.155-SP, DJ 27/3/2000. RMS 15.600-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 20/5/2008.

Quinta TurmaJULGAMENTO ADIADO. REINCLUSÃO. PAUTA.O recurso de apelação do ora paciente estava na pauta de julgamento de 15 de maio de 2007, com regular intimação da defesa. No entanto, o julgamento foi adiado em cumprimento à decisão liminar do STF. Em seguida, outra liminar também do STF determinou o processamento da apelação. O julgamento realizou-se em 9 de outubro de 2007, independentemente de nova intimação da defesa, visto que se tratava de feito adiado, a prescindir da referida intimação. A defesa tinha ciência da iminência do julgamento, uma vez que foi por ela mesma pedida a providência. A Turma entendeu que, a despeito de o adiamento ter sido ocasionado pelas

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sucessivas provocações da defesa, dado o lapso temporal de quase cinco meses entre a publicação da pauta e o efetivo julgamento, deveria ter sido republicada a inclusão em pauta do referido processo, de modo a concretizar, pelos meios oficiais, a intimação do defensor, para que, respeitado o devido processo legal, pudesse exercer o direito à sustentação oral que, mesmo não sendo ato essencial à defesa, uma vez manifestado o interesse, deve ser oportunizada. Assim, concedeu-se a ordem de habeas corpus. Precedentes citados no STF: HC 78.097-SP, DJ 6/8/1999; do STJ: HC 53.917-SP, DJ 27/11/2006, e REsp 415.027-PR, DJ 13/9/2004. HC 94.230-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 20/5/2008.RHC. INDEPENDÊNCIA. INSTÂNCIAS.Na espécie, pelo mesmo fato descrito em denúncia, qual seja, crime de extorsão (art. 158, § 1º, do CP), o recorrente teve processo instaurado na Justiça do Trabalho, tendo sido absolvido da acusação de falta grave e pelo reconhecimento da inexistência do fato delituoso. Diante disso, alega o recorrente constrangimento ilegal com a instauração do processo criminal, uma vez que a decisão da Justiça do Trabalho fez coisa julgada, e pede o trancamento da ação penal por falta de justa causa. Ressalta o Min. Relator que, ao contrário do exposto no recurso, a ação trabalhista, em duas instâncias, julgou improcedente a ação de inquérito por falta de provas. Além de que, como há independência entre as instâncias, a conclusão de ausência de justa causa para demissão na Justiça do Trabalho não vincula o juízo criminal. Sendo assim, como não verificada de plano a atipicidade da conduta ou ausência de mínimos indícios de autoria e prova da materialidade, satisfazendo a peça acusatória os requisitos do art. 41 CPP, nega-se trancar a ação penal. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso. Precedente citado: HC 75.283-SP, DJ 22/10/2007. RHC 19.324-MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 20/5/2008.

Sexta TurmaINTERROGATÓRIO JUDICIAL. VIDEOCONFERÊNCIA. NULIDADE.A Turma, alterando sua jurisprudência, concedeu o writ, ao entendimento de que o interrogatório realizado por videoconferência, em tempo real, viola o princípio do devido processo legal, em que pese o papel da informatização moderna do Judiciário (Lei n. 11.419/2006). Outrossim, o interrogatório judicial por videoconferência pode gerar nulidade devido às carências até então insanáveis, a exemplo da falta de controle nacional dos presidiários, de modo a dispensar a presença do réu perante o julgador. Ademais, por ser peça imprescindível no processo penal, o interrogatório é o momento em que, de viva voz e pessoalmente, o acusado, confrontado frente ao julgador, relata sua versão dos fatos, para que se determine sua culpabilidade ou inocência (art. 185, § 2º, do CPP). HC 98.422-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 20/5/2008.

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Notícias

CNMP decide sobre vitaliciamento de promotor paulista 30/05/2008 15:53Banco Central acata recomendação para comunicação de crimes 30/05/2008 11:07PRE/SP passa a receber denúncias com fotos pela internet 29/05/2008 11:42Estado da Paraíba vai internar bebê cardiopata 28/05/2008 17:20MPF/DF pede a suspensão da realização das provas discursivas para o STF 28/05/2008 16:51MPF/PB ajuíza ação para garantir cirurgia de bebê cardiopata 27/05/2008 19:03CNMP e CNJ firmam acordo de cooperação para implantação de processo virtual 26/05/2008 14:40Famílias de bebês mortos em maternidade no Ceará vão receber indenização 23/05/2008 14:15

CNMP decide sobre vitaliciamento de promotor paulista30/5/2008 15h53

Conselho se reúne na próxima segunda-feira, 2 de junho.O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) volta a se reunir na segunda-feira, 2 de junho. Um dos destaques da pauta é a retomada da apreciação do mérito do Procedimento de Controle Administrativo (PCA) 680/2007-46, que analisa o ato de concessão de vitaliciedade, pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, ao promotor de Justiça Thales Ferri Schoedl. O promotor é acusado de matar a tiros um jovem e ferir outro em dezembro de 2004, em Bertioga, litoral paulista. Em voto apresentado na reunião de 28 de abril deste ano, o conselheiro Ernando Uchoa, relator do processo, defendeu o arquivamento dos autos. Segundo ele, o CNMP não tem competência para desconstituir o ato que concedeu a vitaliciedade ao promotor. O conselheiro Sérgio Couto declarou apoio ao relator e afirmou que o “vitaliciamento só pode ser discutido por via judicial” – Thales ainda não foi julgado criminalmente. Após o voto do relator e do conselheiro Sérgio Couto, os conselheiros Alberto Cascais, Osmar Machado, Cláudio Barros, Sandro Neis e Nicolao Dino pediram vista regimental do processo, a fim de analisar melhor a questão. A primeira manifestação do CNMP sobre o caso ocorreu no dia 3 de setembro de 2007, quando o Plenário decidiu, em votação unânime, afastar Thales Ferri Schoedl do exercício de suas funções, requisitar os autos de vitaliciamento e suspender cautelarmente a eficácia do ato proferido pelo Ministério Público de São Paulo, que, em 29 de agosto do ano passado, havia concedido a vitaliciedade ao promotor. A 6ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público será realizada na cobertura do Bloco A do edifício-sede da Procuradoria Geral da República, a partir das 9h. As reuniões do CNMP são abertas ao público e transmitidas ao vivo pela internet.

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Banco Central acata recomendação para comunicação de crimes30/5/2008 11h07

Autarquia informará ao MPF indícios de crimes sem aprofundar análise sobre o tipo penal.O Banco Central do Brasil (Bacen), atendendo recomendação feita pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal, editou a Portaria nº 43.834/08, que estabelece prazos para comunicação ao MPF dos indícios de crimes definidos em lei e dispensa qualquer análise e classificação das condutas praticadas. A recomendação feita pelos procuradores da República Lauro Pinto Cardoso Neto e Valquíria Oliveira Quixadá Nunes foi necessária para ajustar a forma como o Bacen deve fazer essas comunicações. Foi verificado que, em alguns pareceres da autarquia, as comunicações extrapolavam os limites da análise jurídica. Conforme estabelece a Lei Complementar nº 105/2001, o Banco Central, ao verificar a ocorrência de crimes de ação pública, ou indícios da prática de tais crimes, deve informar o fato ao Ministério Público, juntando à comunicação os documentos necessários à apuração ou à comprovação das possíveis ilicitudes. De acordo com a portaria, os servidores do Bacen, sempre que tiverem conhecimento de indícios de crimes, devem encaminhar proposta de comunicação, no prazo máximo de 30 dias, à Procuradoria-Geral do Bacen para manifestação jurídica do órgão e encaminhamento ao Ministério Público Federal. Essa comunicação vai limitar-se a narrar objetivamente os fatos, ficando dispensada a análise de aspectos subjetivos do tipo de crime praticado. Tal definição é constitucionalmente função privativa do Ministério Público Federal, que formará sua convicção sobre a prática efetiva de crime e promoverá, se for o caso, os atos e as diligências investigatórias criminais necessárias ao caso.

PRE/SP passa a receber denúncias com fotos pela internet29/5/2008 11h42

Novidade facilita o acesso dos cidadãos ao Ministério Público para formulação de denúncias de irregularidades eleitorais.

A Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo (PRE/SP) passou a receber em sua página na internet denúncias online nas quais podem ser anexados arquivos de fotos. A novidade é pioneira no âmbito eleitoral e permite à Procuradoria receber maiores elementos que comprovem as irregularidades denunciadas. Desde a reformulação do site da PRE/SP em 2006, já se encontrava disponível um formulário para denúncias online, tendo em vista qualquer irregularidade ou ilicitude relacionada com a área eleitoral: desde práticas de propaganda eleitoral irregular até condutas mais graves, como corrupção eleitoral e abuso de poder político ou econômico. Todas as notícias de irregularidades recebidas são encaminhadas aos órgãos competentes do Ministério Público Eleitoral, para as providências cabíveis. Com o novo recurso que permite o envio de fotos pelos denunciantes, o Ministério Público Eleitoral espera receber denúncias ainda mais detalhadas. Na área eleitoral, várias ilicitudes, como propaganda antecipada ou irregular, podem ser documentadas por meio de registros fotográficos, inclusive aqueles feitos por meio de celulares. Antes de ser implementada essa novidade, ao longo do atual semestre, a PRE/SP já recebeu pelo seu site 106 denúncias. Dessas, 95 foram encaminhadas para providências cabíveis e 11 arquivadas por atipicidade dos fatos. A página de denúncia pode ser aberta a partir do seguinte endereço eletrônico: www.presp.mpf.gov.br.

Estado da Paraíba vai internar bebê cardiopata28/5/2008 17h20

Segundo acordo feito em audiência judicial, o estado tem até as 18h de hoje para obter vaga para a realização da cirurgia.

A Justiça Federal, por meio do juiz Bianor Arruda Bezerra, realizou, na manhã de hoje, 28 de maio, audiência urgente sobre ação civil pública ajuizada, ontem, pelo Ministério Público Federal na Paraíba (MPF/PB), para garantir a realização da cirurgia do bebê João Pedro Santos, portador de cardiopatia congênita grave, fora do estado da Paraíba. A ação é contra a União e o estado da Paraíba. Na ocasião, ficou acordado que o estado da Paraíba se compromete a encaminhar João Pedro, em até 24 horas após o recebimento da confirmação de existência de vaga e disponibilidade de recepção, a um dos seguintes hospitais, nesta ordem: Hospital do Coração (São Paulo), Hospital da Beneficência Portuguesa (São Paulo), Instituto do Coração (Incor/Universidade de São Paulo - USP), Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba-PR) ou qualquer outro apto a realizar o procedimento em questão e que tenha disponibilidade para receber o paciente. Cabe ao estado procurar um hospital disponível e apto, de forma imediata e não intermitente, devendo apresentar os resultados das buscas à Justiça Federal, até às 18h de hoje. Todas as diligências e buscas deverão ser documentadas, bem como seus resultados. A Paraíba comprometeu-se a seguir a prioridade dos estabelecimentos médicos mencionados, de maneira que só será tentado o segundo da lista quando o anterior estiver

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indisponível, o que deverá ser obtido pelo estado, por escrito, para juntar aos autos da ação civil pública. Ainda conforme a audiência, deve ser tentada uma vaga, de preferência, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Caso não exista, deverá ser tentada uma vaga particular. O transporte do paciente deverá ser feito por meio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, que ficará a cargo do estado. O transporte deve ser feito de imediato, em razão da urgência que o caso requer. A mãe de João Pedro deverá acompanhá-lo e receberá o valor de diárias correspondente ao valor fixado em portaria do SUS. Em caso de descumprimento do acordo, o estado da Paraíba pagará multa de cinco mil reais por dia, a ser revertida para o fundo previsto na Lei nº 7.347/1985. Compareceram à audiência o procurador da República Duciran Van Marsen Farena; o procurador do Estado, Carlos Arthur de Almeida Baptista Ferreira Pereira; o secretário de Saúde, Geraldo Almeida Cunha Filho; o advogado da União, Dario Dutra Sátiro Fernandes; o procurador autárquico da Secretaria Estadual de Saúde, José Arimatéia Madruga; e a médica Patrícia Lima Furtado.

MPF/DF pede a suspensão da realização das provas discursivas para o STF28/5/2008 16h51

Ação questiona a ausência de previsão no edital dos critérios de correção e pontuação a serem aplicados nas provas discursivas para analista judiciário.

O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) ajuizou hoje, 28 de maio, ação civil pública, com pedido de liminar, para suspender a realização das provas discursivas do concurso público para o Supremo Tribunal Federal (STF) para o cargo de analista judiciário, marcadas para 6 de julho. A ação questiona a ausência de previsão no edital dos parâmetros de correção e dos critérios de pontuação que serão aplicados. Segundo o MPF, a metodologia corretiva e os respectivos critérios de pontuação devem ser preestabelecidos de modo objetivo e claro no edital do concurso. No caso do concurso do STF, porém, os parâmetros a serem usados pela banca examinadora foram informados de modo vago e incompleto. Já os critérios de pontuação sequer foram mencionados, avalia o procurador da República Bruno Acioli, autor da ação. Ele afirma que a ausência dessas informações fere os princípios da legalidade, da publicidade e do julgamento objetivo. “Uma coisa é a liberdade de escolher os critérios e as respectivas pontuações reputadas pertinentes; outra coisa bem diferente é deixar de inseri-los no edital ou inseri-los de modo vago e deficiente”, sustenta o procurador. A ação é contra a União e o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), representado pela Fundação Universidade de Brasília. Em liminar, o MPF pede a suspensão da realização das provas discursivas para analista judiciário até o julgamento da ação. No mérito do processo, pede a inclusão no edital, com 30 dias de antecedência à data de realização do exame, dos parâmetros objetivos e respectivos critérios de pontuação. Processo: 2008.34.00.016603-3. Veja aqui íntegra da ação.

MPF/PB ajuíza ação para garantir cirurgia de bebê cardiopata27/5/2008 19h03

João Pedro, com quase três meses de idade, aguarda pela cirurgia desde março.O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF/PB) entrou, hoje, 27 de maio, com ação civil pública, com pedido de liminar, contra o estado da Paraíba e a União, para garantir a realização da cirurgia do bebê João Pedro Santos, portador de cardiopatia congênita grave, em outro estado. O paciente, com quase três meses de vida, sofre de cardiopatia grave e necessita de uma cirurgia denominada transposição dos grandes vasos. A ação é assinada pelo procurador da República Duciran Van Marsen Farena. A médica responsável informou que a criança se encontra em condições de ser transferida. No entanto, até agora, a Secretaria de Saúde do Estado nada providenciou quanto à transferência e internação da criança. Para o Ministério Público Federal, isso decorre do fato de que a Secretaria de Saúde pretende aguardar até 6 de junho, quando surgirá uma vaga na Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade, em Campo Largo, no Paraná. Ocorre que João Pedro já passou da idade ideal para fazer o procedimento cirúrgico e não pode aguardar mais tanto tempo, pois o tipo de cirurgia que ele precisa deveria ter sido feita até os dois meses de idade. Na ação, o MPF argumenta que, por causa da negligência da Secretaria de Saúde, a “cirurgia tornou-se ainda mais complexa, não podendo ser realizada por um centro médio como aquele do interior do Paraná, onde pretende o secretário enviar a criança”. A ação argumenta que João Pedro teria todas as chances de sobreviver, pois, embora o caso seja grave, é plenamente tratável com enorme chance de êxito, quando a cirurgia é feita no momento adequado. No entanto, como este momento já passou, deve ser internado no Hospital do Coração, em São Paulo. Em caráter liminar, o MPF/PB pede que o estado providencie a imediata transferência da criança, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, e internação do bebê no Hospital do Coração em São Paulo, devendo a Secretaria Estadual de Saúde custear, antecipadamente, todas as despesas de deslocamento do paciente via UTI aérea, assim como a hospedagem do paciente, da mãe da criança e de responsável médico, se necessário.

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Conforme a ação, somente a total ausência de leitos, inclusive particulares, no referido hospital deve ser aceita como justificativa da não internação da criança, caso em que João Pedro deverá ser imediatamente encaminhado para outro hospital, mediante declaração escrita de que há vaga e que realizará a cirurgia. Pede-se ainda que a União, por meio do responsável pela Central Nacional de Regulamentação de Alta Complexidade (CNRAC), disponibilize vaga para internação da criança em outro hospital, no caso de não haver vaga disponível no Hospital do Coração, devendo tomar todas as providências para que a vaga esteja assegurada no momento em que o avião com João Pedro decolar. Ainda, em sede liminar, solicita-se a concessão do prazo de 24 horas, para que a Secretaria Estadual de Saúde efetive a transferência da criança, salvo impossibilidade fática devidamente comprovada junto ao juízo, sob pena de prisão. O MPF/PB pediu também a fixação de multa diária contra o estado e a União, no caso de descumprimento da decisão liminar. No mérito, o Ministério Público Federal quer ainda a condenação dos réus ao ressarcimento de todas despesas de traslado, hospedagem e alimentação realizadas pela mãe do paciente e equipe médica, não cobertos antecipadamente, nos termos legais aplicáveis. Solicita também o pagamento de danos morais coletivos, solidariamente, no valor de cem mil reais, a serem revertidos ao fundo de direitos difusos, em razão da má prestação do serviço. Sobre o caso - No dia 25 de abril,  Geisa dos Santos Lima, mãe de João Pedro, informou ao MPF/PB que o bebê, nascido em 5 de março, encontrava-se internado no Hospital Frei Damião, à espera de uma cirurgia fora do estado, já que a intervenção de que necessitava não era feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Paraíba. À época, foi dito que o estado aguardava apenas vaga em um hospital de Recife, Pernambuco. Transcorrendo o tempo vital para a intervenção (dois meses), sem que fosse concretizada a internação da criança em Pernambuco, o MPF expediu a recomendação ao secretário de Saúde  Geraldo Almeida, para que providenciasse a “imediata realização da cirurgia cadiopática necessária, na rede privada”, caso não fosse possível disponibilizar vaga na rede pública, através do Sistema Nacional de Regulação. Novamente, nada foi providenciado, enquanto o estado de saúde de João Pedro agravava-se. Em 19 de maio, o MPF/PB expediu outra recomendação, dessa vez à Secretaria de Saúde, para que providenciasse todos os meios necessários ao "transporte adequado do menor João Pedro para sua internação no Hospital Pequeno Príncipe, no Paraná”, ou, inviabilizada a contratação de UTI aérea, fosse o menor internado no Hospital Português, em Recife, responsabilizando-se a Secretaria de Saúde pelo pagamento. Isso porque sabia-se que a CNRAC havia encontrado uma vaga no Paraná. Por outro lado, o Hospital Português, em Recife, centro de excelência mais próximo de João Pessoa, tinha vagas disponíveis, mas só para internação particular, não pelo CNRAC.  Um dia depois, a Secretaria de Saúde informou que estava “envidando esforços no sentido de viabilizar o atendimento da recomendação”, acrescentando que a criança no momento não podia ser transferida, por apresentar quadro infeccioso, e que cessado tal quadro seria removida para o tratamento cirúrgico. O ofício de resposta da Secretaria de Saúde nem sequer indica onde a criança seria internada. Naquele momento, o quadro infeccioso causado pela condição crítica da criança, face à negligência do estado em providenciar a internação com a urgência que o caso requeria, permitiu à Secretaria de Estadual de Saúde ganhar tempo. Diante de laudo médico informando que a criança já podia ser transferida na data de hoje, e sem qualquer indicação concreta de que a internação fosse ocorrer, a ação foi proposta.Ação Civil Pública nº 2008.82.00.003274-5

CNMP e CNJ firmam acordo de cooperação para implantação de processo virtual26/5/2008 14h40

Assinatura será amanhã, 27 de maio.Os presidentes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Antônio Fernando de Souza, e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Gilmar Mendes, assinam nesta terça-feira, 27 maio, termo de cooperação técnica, que visa desenvolver e implantar no Ministério Público o Sistema de Processo Judicial Eletrônico (Projudi) e a inclusão do MP na Rede Nacional de Telecomunicações. Com a implantação do sistema de processamento virtual, promotores e procuradores de todo o país poderão emitir pareceres, apresentar petições e interpor recursos por meio eletrônico, sem o uso de papel. Além disso, o acesso dos membros do MP à Rede Nacional de Comunicação do Judiciário vai facilitar o intercâmbio de informações entre os membros. “A informatização será um passo importante para o Ministério Público no planejamento estratégico, além de atender ao princípio constitucional da eficiência da Administração Pública e ao direito à razoável duração dos processos judiciais”, afirma o presidente da Comissão de Planejamento Estratégico do CNMP, conselheiro Nicolao Dino. Uma vez assinado o convênio, o próximo passo será a integração técnica entre as equipes de tecnologia da informação dos dois conselhos. A solenidade de assinatura do convênio será amanhã, 27 de maio, às 14h, no Plenário do CNJ, em Brasília.

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Famílias de bebês mortos em maternidade no Ceará vão receber indenização23/5/2008 14h15

Decisão judicial atende pedido do Ministério Público Federal no Ceará.Parentes das crianças que morreram na Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2002, terão direito à indenização. O benefício é resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal no Ceará (MPF) e o Ministério Público Estadual. A Justiça Federal condenou a instituição de ensino a pagar o equivalente a 300 salários mínimos (em valores vigentes à época, com correção e acréscimo de juros) por vítima. A indenização por danos morais será paga às famílias de 13 bebês prematuros que morreram em decorrência de infecção hospitalar na maternidade. Os casos foram registrados entre meados do mês de maio e o início do mês de junho de 2002. Na avaliação da procuradora da República Nilce Cunha, essa a decisão judicial tem um caráter pedagógico. Serve de exemplo para que não só a maternidade, mas todas as unidades de saúde tomem cuidados para evitar que problemas semelhantes venham a acontecer. O juiz federal Ricardo Cunha Porto, da 8ª Vara Federal, culpou apenas a UFC, tendo declarado a inexistência de responsabilidade civil da União, estado e do município de Fortaleza. "A administração da UFC não conseguiu manter - ou manteve de forma insuficiente e inadequada - o controle de infecção da Maternidade Escola Assis Chateaubriand", afirma o juiz na sentença. Porto considerou que as mortes decorreram dos serviços "precários" da unidade de saúde.

Responsável pelo “Seleções da Biblioteca” : Jussara de Mello Toledo RamosMINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ – DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO

Fone/Fax: (41) 3250-4555

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