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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet v. 6, nº 393 Curitiba, 10 a 16 de novembro, 2009 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ...................................................................................................01 - 23 Superior Tribunal de Justiça ...............................................................................................24 - 48 Tribunal Regional federal – 4ª Região …............................................................................. Procuradoria-Geral da República.........................................................................................49 - 53 Senado Federal …................................................................................................................54 - 57 Resenha Legislativa ….........................................................................................................58 - 59 Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009 18:20 Ministro Dias Toffoli revoga prisão de português que retornou ao Brasil após ser expulso 16:45 Ministro Celso de Mello concede liberdade provisória para mulher acusada por tráfico de drogas Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009 18:55 Arquivada ação contra descumprimento de súmula que limita uso de algemas 18:00 Supremo arquiva habeas corpus de ex-piloto das FARC que pretendia anular extradição para os EUA 17:50 Ministro Ayres Britto suspende decisão que obrigou Veja a publicar sentença favorável a Eduardo Jorge Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 20:21 STF confirma liminar que suspendeu posse de vereadores (íntegra do voto da relatora) 20:00 Íntegra do voto do ministro Marco Aurélio no julgamento do HC dos líderes da Igreja Renascer 19:42 Liminar suspende nomeação de irmão do governador do Paraná ao cargo de conselheiro do TC estadual 16:36 Ministro Eros Grau suspende reintegração de servidores em Tocantins 16:08 Ministro Celso de Mello anula condenação que obrigou jornalista a indenizar presidente da CBF (íntegra da decisão) 14:42 Promulgada emenda constitucional que altera composição do CNJ Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 20:00 Site do STF tem legislação comentada sobre controle de constitucionalidade 19:37 1ª Turma confirma entendimento sobre o crime roubo consumado 19:25 Falta de apreensão e perícia da arma afasta aumento de pena em caso de roubo, decide 2ª Turma 18:00 Ministro Eros Grau determina soltura de cidadão preso em casa com pequena quantidade de cocaína 17:55 Suspensa ação por suposto crime tributário porque o débito não estava definitivamente constituído 16:45 Preso por roubo qualificado e extorsão obtém soltura por falta de fundamentação da ordem de prisão 16:43 Excesso de prazo de prisão preventiva garante a acusado de homicídio o direito de responder a processo em liberdade 16:35 1ª Turma nega pedido para unificar penas para condenado tráfico de drogas 16:25 Decisão em HC põe em debate substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito em caso de tráfico 16:20 Pedido de prisão domiciliar por falta de vagas em albergues em Caxias do Sul-RS é indeferido Segunda-feira, 09 de Novembro de 2009 19:35 Ministro Marco Aurélio nega liminar em habeas corpus no crime do Morro do Boi 18:30 Negada liminar a condenado por rapto de menores que alega extinção do crime 17:40 Relaxada prisão preventiva de acusado de tráfico de entorpecentes 15:40 Ministro Celso de Mello divulga ementa do julgamento sobre poder de investigação do MP

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

v. 6, nº 393Curitiba, 10 a 16 de novembro, 2009

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal ...................................................................................................01 - 23Superior Tribunal de Justiça ...............................................................................................24 - 48Tribunal Regional federal – 4ª Região ….............................................................................Procuradoria-Geral da República.........................................................................................49 - 53Senado Federal …................................................................................................................54 - 57Resenha Legislativa ….........................................................................................................58 - 59

Sexta-feira, 13 de Novembro de 200918:20 Ministro Dias Toffoli revoga prisão de português que retornou ao Brasil após ser expulso 16:45 Ministro Celso de Mello concede liberdade provisória para mulher acusada por tráfico de drogas

Quinta-feira, 12 de Novembro de 200918:55 Arquivada ação contra descumprimento de súmula que limita uso de algemas 18:00 Supremo arquiva habeas corpus de ex-piloto das FARC que pretendia anular extradição para os EUA 17:50 Ministro Ayres Britto suspende decisão que obrigou Veja a publicar sentença favorável a Eduardo Jorge

Quarta-feira, 11 de Novembro de 200920:21 STF confirma liminar que suspendeu posse de vereadores (íntegra do voto da relatora) 20:00 Íntegra do voto do ministro Marco Aurélio no julgamento do HC dos líderes da Igreja Renascer 19:42 Liminar suspende nomeação de irmão do governador do Paraná ao cargo de conselheiro do TC estadual 16:36 Ministro Eros Grau suspende reintegração de servidores em Tocantins 16:08 Ministro Celso de Mello anula condenação que obrigou jornalista a indenizar presidente da CBF (íntegra da decisão) 14:42 Promulgada emenda constitucional que altera composição do CNJ

Terça-feira, 10 de Novembro de 200920:00 Site do STF tem legislação comentada sobre controle de constitucionalidade 19:37 1ª Turma confirma entendimento sobre o crime roubo consumado 19:25 Falta de apreensão e perícia da arma afasta aumento de pena em caso de roubo, decide 2ª Turma 18:00 Ministro Eros Grau determina soltura de cidadão preso em casa com pequena quantidade de cocaína 17:55 Suspensa ação por suposto crime tributário porque o débito não estava definitivamente constituído 16:45 Preso por roubo qualificado e extorsão obtém soltura por falta de fundamentação da ordem de prisão 16:43 Excesso de prazo de prisão preventiva garante a acusado de homicídio o direito de responder a processo em liberdade 16:35 1ª Turma nega pedido para unificar penas para condenado tráfico de drogas 16:25 Decisão em HC põe em debate substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito em caso de tráfico 16:20 Pedido de prisão domiciliar por falta de vagas em albergues em Caxias do Sul-RS é indeferido

Segunda-feira, 09 de Novembro de 200919:35 Ministro Marco Aurélio nega liminar em habeas corpus no crime do Morro do Boi 18:30 Negada liminar a condenado por rapto de menores que alega extinção do crime 17:40 Relaxada prisão preventiva de acusado de tráfico de entorpecentes 15:40 Ministro Celso de Mello divulga ementa do julgamento sobre poder de investigação do MP

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Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009 Ministro Dias Toffoli revoga prisão de português que retornou ao Brasil após ser expulso

José Antonio Dias Toffoli determinou a soltura imediata do português João Adelino Pereira Félix, que está sendo mantido em prisão cautelar-administrativa nas dependências da PF em Belém,PA, depois de ter sido autuado em flagrante sob acusação de cometer o crime previsto no art. 338 do CP. O português foi expulso do Brasil no fim da ditadura militar, por meio de decreto assinado por João Batista Figueiredo, em abril/81, mesmo tendo uma filha brasileira nascida em 1975. Ao conceder liminar em HC 101528 e suspender a prisão do português, Dias Toffoli disse que, num primeiro exame, o procedimento administrativo que culminou no ato de expulsão do cidadão português não observou os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o que impediu que João Adelino comprovasse o preenchimento de um dos requisitos previstos no Estatuto do Estrangeiro, ou seja, a existência de uma filha de 6 anos de idade à época dos fatos. “Aliás, nesse sentido, a Súm. 1 deste STF, segundo a qual ‘é vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou que tenha filho brasileiro, dependente da economia paterna”. Mais de 20 anos após ser expulso, o português voltou ao Brasil em 20/10/02, quando ingressou em território nacional apresentando seu passaporte, tendo permanecido no País sem qualquer problema. Saiu e entrou novamente no Brasil em novembro e dezembro/02 e em janeiro/03. Em todas as ocasiões, ele dirigiu-se livremente ao setor de imigração da PF e apresentou sua documentação, sem ser informado de qualquer restrição à sua entrada ou permanência no Brasil. Desde 2002, o português tem família constituída e residência fixa em Belém, onde exerce a profissão de taxista. Diante da ausência de qualquer restrição ao seu ingresso no Brasil por 4 vezes consecutivas e após tomar conhecimento da sanção do presidente Lula à Lei da Anistia Migratória (Lei 11961/09), em julho passado, o português dirigiu-se à delegacia da PF em Belém, em busca de informações sobre o procedimento necessário a sua regularização. Para sua surpresa e de sua família, ele foi preso em flagrante. O MPFPA manifestou-se pela desnecessidade da manutenção da prisão, uma vez que a expulsão ocorreu há mais de 20 anos e há 7 ele desenvolve atividade lícita. O juiz da 3ª Vara de Belém, verificando o preenchimento dos requisitos, concedeu liberdade provisória ao cidadão português mediante pagamento de fiança de R$ 500,00. Diante da requisição da prisão preventiva feita pela autoridade policial, o juiz decretou a prisão cautelar-administrativa por 60 dias. A defesa impetrou HC junto ao TRF1, que negou o pedido de liminar. No HC a defesa pediu a concessão de liminar para revogar a prisão cautelar-administrativa e, no mérito, pediu a decretação da nulidade do decreto de expulsão.

Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009 Ministro Celso de Mello concede liberdade provisória para mulher acusada por tráfico de drogas

Presa preventivamente pela acusação de tráfico de drogas, J.M.D. obteve liminar para aguardar em liberdade o julgamento de seu processo. Celso de Mello considerou inconstitucional manter a custódia dela com base no dispositivo da Lei de Tóxicos que proíbe a liberdade provisória nos crimes previstos na norma. O art. 44 da Lei 11343/06, que proíbe “de modo abstrato e a priori”, a concessão de liberdade provisória nos crimes de tráfico de entorpecentes, é considerado inconstitucional por diversos “eminentes penalistas”. O STF já declarou a inconstitucionalidade de um dispositivo virtualmente idêntico, o art. 21 da Lei 10826/03, que veda a concessão de liberdade provisória para os acusados por porte ilegal de arma de fogo. A proibição “apriorística” de concessão de liberdade provisória não pode ser admitida, uma vez que se revela “manifestamente incompatível com a presunção de inocência e a garantia do ‘due process’, dentre outros princípios consagrados pela CF/88, independentemente da gravidade objetiva do delito”. O Poder Público não pode agir “imoderadamente”, pois a atividade estatal, ainda mais em tema de liberdade individual, “acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade”.NaturezaO STF tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta a justificar, só por si, a privação cautelar do “status libertatis” daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado, lembra o ministro, alegando ser inadequada a fundamentação da prisão com base no art. 44 da Lei de Tóxicos. Principalmente, frisa o ministro, depois de editada a Lei 11464/07, “que excluiu, da vedação legal de concessão de liberdade provisória, todos os crimes hediondos e os delitos a eles equiparados, como o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins”. “Também não se reveste de idoneidade jurídica, para efeito de justificação do ato excepcional de privação cautelar da liberdade individual, a alegação de que a paciente deveria ser mantida presa, ‘ante a imensa repercussão e o evidente clamor público’ e para “acautelar o meio social e a própria credibilidade da Justiça”. O ministro determinou a expedição de alvará de soltura em favor de J.M.D., se ela não estiver presa por outro motivo, para que aguarde, em liberdade, a decisão final do STF no HC 101261, impetrado na Corte pela DPU.

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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009 Arquivada ação contra descumprimento de súmula que limita uso de algemas

O STF arquivou RCL 6565 que apontava violação à Súmula Vinculante 11, editada para limitar o uso de algemas a casos excepcionais. A ação, ajuizada pela DP-DF, questiona decisões do juiz da 3ª Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Ceilândia (26km de Brasília). A DP-DF contesta o uso de algemas em um servente de pedreiro acusado de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Para manter o acusado algemado, o juiz alegou insuficiência no número de agentes que escoltam os denunciados, apontou a periculosidade presumida dele e alegou que a Súmula 11 não se aplica a julgamentos feitos pelo próprio magistrado, onde a imagem do preso não será afetada. A Súmula Vinculante 11 foi editada no dia 13/08/2009, após o julgamento de um recurso em favor de réu mantido algemado durante todo o Tribunal de Júri e que foi condenado. Os ministros concordaram que as algemas prejudicaram a imagem dele perante os jurados. A DPDF alega que todos os argumentos do juiz são insuficientes e que as audiências de instrução realizadas até o momento devem ser anuladas, porque o magistrado não poderia se basear em uma “mera recomendação de escolta” e porque o enunciado do STF “tutela todo e qualquer indivíduo sob a custódia do Estado”, não somente aqueles que serão julgados pelo Júri ou que estão na mira da imprensa.DecisãoPreliminarmente, a relatora, Cármen Lúcia Antunes Rocha, admitiu o ingresso na reclamação da AMB na condição de interessada. Lembrou que a criação do instituto da súmula vinculante gerou uma nova hipótese de cabimento de reclamação ao STF, conforme disposto no art. 103-A, par. 3º, da CF. “Assim, a contrariedade a determinada súmula ou a sua aplicação indevida por ato administrativo ou decisão judicial possibilita a atuação do STF, que, ao julgar a reclamação procedente, pode anular o ato ou cassar a decisão e determinar que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso”. A relatora considerou evidente a excepcionalidade da medida, determinada em razão do perigo que o reclamante representaria à integridade física daqueles que participaram da audiência se estivesse sem as algemas. “Pautou-se o magistrado na evidente periculosidade do agente, atestada pelas condenações anteriores por crimes cometidos mediante emprego de violência ou grave ameaça a pessoa, nos termos do art. 157, § 2º, inc. I e II, do CP”. Outra justificativa para a manutenção do reclamante algemado, seria um relatório produzido pelo diretor da penitenciária do DF noticiando que o detento cometeu infrações disciplinares graves, entre elas agressão e tentativa de fuga. A 3ª Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Ceilândia, ao examinar a periculosidade do réu e o contexto em que o ato processual seria realizado, entendeu ser excepcionalmente necessário mantê-lo algemado. A relatora lembrou que em casos semelhantes, nos quais o uso das algemas decorre de fundamentação escrita e consistente de autoridade reclamada, os ministros do Supremo não têm acolhido a alegação de afronta à Súmula Vinculante 11. Na mesma linha, são as seguintes decisões monocráticas: Rcl 7268, 9086, 8313, 8032, 7264, 7260, 8659, 8328, entre outros.

Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009 Supremo arquiva habeas corpus de ex-piloto das FARC que pretendia anular extradição para os

EUAAo acolher parecer do MPF, Eros Grau arquivou o HC 100147 em favor do francês Pierre Jacques Hernandez de Lannoy, que teve decretada sua extradição para os EUA, por tráfico internacional de drogas. A defesa pretendia anular a extradição, alegando que o crime de conspiração, apontado no pedido do governo americano e que teria motivado a decisão, não encontra paralelo na legislação penal brasileira. No HC, a defesa sustentava que o crime de “conspiracy”, previsto na legislação americana não encontra neste país qualquer correspondente. “Assim, não estando atendido o requisito da dupla tipicidade, a extradição não poderia ter sido decretada”. Além disso, o governo americano não teria se comprometido a ajustar a pena de prisão perpétua, prevista na legislação americana para o crime imputado, ao permitido pela lei brasileira – 30 anos. O HC pedia a suspensão da decisão do ministro da Justiça, para assegurar a Pierre o direito de não ser extraditado do país. E, no mérito, pedia a confirmação da liminar. De acordo com o parecer, apesar de Pierre afirmar que há uma decisão do ministro da Justiça autorizando sua entrega ao governo norte-americano em razão do deferimento da Extradição 944, “não se obteve êxito em localizar qualquer comunicação oficial do Ministério da Justiça ao MRE a fim de que informasse ao Estado requerente quanto ao deferimento do pedido de extradição e à possibilidade de retirada de Pierre Jacques Hernandez de Lannoy, do território brasileiro”. O MP informou que o art. 86, do Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80) prevê que após a concessão do pedido de extradição, o fato será comunicado através do MRE à Missão Diplomática do Estado requerente que, no prazo de 60 dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do território nacional. Conforme o MP, a jurisprudência do STF é no sentido de considerar inadmissível HC

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cujo objetivo é questionar os próprios fundamentos em que se apoiou a decisão proferida no âmbito do processo de extradição, “sem que, para isso, introduza situação inovadora, quer de fato, quer de direito, que tenha o condão de legitimar a formulação de novo pedido de HC”. Assim, manifestou-se pelo não conhecimento (arquivamento) do pedido de HC, parecer acolhido pelo relator, Eros Grau.

Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009 Ministro Ayres Britto suspende decisão que obrigou Veja a publicar sentença favorável a Eduardo

JorgeFoi publicada no DJe do STF decisão de Carlos Ayres Britto, que suspendeu os efeitos da decisão de desembargador do TJDFT que deferiu pedido de antecipação de tutela no âmbito da ação de indenização por danos morais movida pelo ex-secretário da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira contra a Editora Abril S/A. Na decisão, o desembargador do TJDFT havia determinado o cumprimento imediato da obrigação de publicar a sentença condenatória na Revista Veja, independentemente de intimação pessoal, com base na Lei de Imprensa (Lei 5250/67). A sentença condenou a editora a pagar indenização de R$ 150 mil; a publicar a decisão na edição impressa de Veja, bem como mantê-la por 3 meses na internet, sob pena de multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento. Na RCL 9362 ao STF, os advogados da Abril argumentaram que a obrigação foi imposta com base no art. 75 da Lei de Imprensa, lei que o STF declarou não ter sido recepcionada pela CF/88. A decisão que declarou a Lei de Imprensa incompatível com a CF foi tomada no julgamento da ADPF 130. Carlos Ayres Britto considerou presentes os requisitos para a concessão da liminar. “Ademais, a presente medida cautelar comporta revogação a qualquer momento, oportunidade em que a sentença condenatória será publicada na Revista Veja, sem maiores prejuízos ao interessado. Ante o exposto, defiro a liminar para suspender os efeitos da decisão reclamada, sem prejuízo de uma mais detida análise após a prestação das informações e quando do exame do mérito”.

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 STF confirma liminar que suspendeu posse de vereadores (íntegra do voto da relatora)

Com exceção de Eros Grau, o Plenário referendou a decisão de Cármen Lúcia Antunes Rocha nas ADI 4307 e ADI 4310 contra a “PEC dos Vereadores”. Na sessão de hoje houve o referendo à liminar anteriormente concedida na ação ajuizada pela PGR e a concessão de liminar idêntica no processo envolvendo o Conselho Federal da OAB. A ministra suspendeu, em decisão monocrática, a posse, retroativa às eleições de 2008, de vereadores suplentes. Ao votar pela manutenção da liminar, argumentou que o pleito foi encerrado em 2008 e que a posse de suplentes, agora, afrontaria a soberania popular, prevista na CF.Dias Toffoli Primeiro a acompanhar a relatora, José Antonio Dias Toffoli afirmou que o juiz deve votar com a razão, não com a emoção. “O meu coração pode estar com os suplentes de vereadores, mas a minha razão está com a CF. No momento em que o eleitor se dirigiu às urnas para votar nos vereadores, ele tinha um número especifico de cadeiras para preencher. É evidente que o eleitor, ao votar, faz contas e, se o número de cadeiras fosse outro, ele poderia ter votado em outro candidato. A liberdade de voto exercida em 2008 foi pautada por esse critério pelo eleitor ao exercer a soberania do voto”, afirmou o ministro Dias Toffoli.Ricardo LewandowskiRicardo Lewandowski afirmou que o reconhecimento de vigência e eficácia imediatas à PEC dos Vereadores violaria, a um só tempo, 2 princípios constitucionais. “Nós estaríamos admitindo que o próprio equilíbrio de forças políticas no âmbito dos municípios que resultou da aplicação das normas eleitorais vigentes à época do pleito de 2008 poderia ser alterado. Nós estaríamos então atentando frontalmente, a meu ver, contra o princípio não só da anualidade, como também estaríamos vulnerando o devido processo eleitoral”, afirmou.Eros Grau Único a divergir, Eros Grau citou em seu voto as ADIs 3104, 3685 e 3741 que tratam da aplicação imediata. “Não vejo no caso nem violação ao processo eleitoral nem ao principio da segurança jurídica. Eu diria mesmo que não me permitiria interpretar a CF e nem mesmo EC à luz da lei ordinária. Lembro-me aqui e agora da ADI 3104 em que se afirmou que não há direito adquirido contra emenda constitucional, com relação à aplicação imediata da regra nova que não afronte o art. 16 da CF. E aqui não há afronta a esse dispositivo”. O artigo citado dispõe que a lei que alterar o processo eleitoral deve entrar em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 ano da data de sua vigência.Carlos Ayres BrittoCarlos Ayres Britto, que preside o TSE, reportou-se à Consulta 1421 feita à Corte eleitoral pelo deputado federal Gonzaga Patriota, quando do início da tramitação da PEC 58, na qual indagou sobre a eficácia

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imediata da emenda. O TSE pronunciou-se, de forma unânime, no sentido de que a emenda só teria aplicação imediata se fosse publicada antes do fim do prazo das correspondentes convenções partidárias, ou seja, antes de 30 de junho do ano da eleição. Marcos Aurélio e Cezar Peluso votaram nessa consulta, além do próprio Ayres Britto. “Só há uma forma de investidura legítima nos cargos de representação popular, é pelo voto mediante a audiência do eleitorado. Fora disso não há legitimidade na investidura, tirante aqueles casos de chamamento do suplente por efeito de uma classificação que se faz nos termos do Código Eleitoral e de acordo com os diplomas expedidos pela Justiça Eleitoral. Pensar diferente é fazer da emenda um substitutivo, um sucedâneo da urna. É conferir à emenda à Constituição a dignidade de voto, de voz do eleitor. Nós sabemos que só quem tem voto é o eleitor, nos termos do art. 14 da CF”, permitir que uma PEC confira mandatos seria um “caso bizarro e esdrúxulo de eleição por ato legislativo”.Cezar Peluso Cezar Peluso, agradeceu a Ayres Britto a referência à consulta do TSE, afirmando que já “não se lembrava que tinha razão desde aquele tempo”. Peluso acompanhou Cármen Lúcia e afirmou que o caso em questão envolve uma norma casuística, na medida em que buscou alterar o resultado de um processo eleitoral já exaurido. “O caso em questão não trata de vereadores que tenham sido eleitos pelo povo, segundo a CF determina. Teriam sido eleitos por uma emenda constitucional. Já nisso teríamos ofendido alguns direitos fundamentais, sobretudo dos cidadãos; sem falar nos direitos dos próprios políticos, que definem os seus candidatos em função do quadro desenhado pela legislação vigente”, ressaltou.Marco AurélioPara Marco Aurélio, o pronunciamento do TSE na consulta feita pelo deputado Gonzaga Patriota esclareceu um item importantíssimo que deixou bem claro que a data-limite para aplicação da emenda para as eleições municipais de então deveria preceder o início do processo eleitoral, ou seja, o prazo final de realização das convenções partidárias. “Começo por fazer justiça aos nossos congressistas. Não imagino que hajam abandonado as noções primárias relativas ao conflito de normas no tempo. A razão de ser do inc. I do art. 2º da Emenda, que, segundo os veículos de comunicação poderá acarretar um aumento de 7 mil cadeiras nas Câmaras de Vereadores, decorreu do fato alusivo ao início da tramitação da PEC. Se aprovada em um tempo não muito longo, nós talvez pudéssemos ter a observância ainda nas eleições de 2008, mas essa emenda é de 23 de setembro de 2009”, afirmou.Celso de Mello Celso de Mello afirmou que a representação política tem como fonte normal e indeclinável o sufrágio universal, não sendo admissível a escolha para o cargo eletivo por outra forma que não seja pelo voto. Ele qualificou a situação de preocupante. “O mandato tem como substancial a sua origem na vontade dos eleitores, que é protegida por uma cláusula magna de nossa Constituição, que consiste no postulado da soberania popular. Nós estamos em face de tais suplentes como se fossem ‘os representantes dos representantes do povo’, uma vez que se optou aqui por uma fórmula esdrúxula, extravagante, além de frontalmente incompatível com o nosso modelo constitucional de se investir alguém no exercício de mandato representativo por meio de emenda à Constituição”, afirmou Celso de Mello.Gilmar MendesGilmar Mendes, também confirmou a liminar concedida pela relatora. Ele lembrou que o art. 16 da CF, que dispõe sobre a necessidade da anterioridade de um ano de norma que altere o processo eleitoral, contém elementos mínimos de segurança jurídica para balizar o processo eleitoral. “Mesmo que não se aplique o dispositivo em toda sua extensão - porque a Emenda 58/09 não trata do processo eleitoral em si – é necessário que se respeite alguns elementos mínimos do que Sepúlveda Pertence chama do ‘devido processo legal eleitoral’”, confirmando que a emenda não pode retroagir para alcançar o pleito já concluído de 2008. Leia o voto da ministra Cármen Lúcia

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 Íntegra do voto do ministro Marco Aurélio no julgamento do HC dos líderes da Igreja Renascer

Leia a íntegra do voto de Marco Aurélio, relator no HC 96007 a favor do encerramento da ação penal pelo crime de lavagem de dinheiro, contra os fundadores da Igreja Renascer, Estevan Hernandes Filho e Sonia Haddad Moraes Hernandes. O voto foi apresentado na sessão da Primeira Turma desta terça-feira (10).

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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 Liminar suspende nomeação de irmão do governador do Paraná como de conselheiro do TCPR

A nomeação de Maurício Requião de Mello e Silva para o cargo de conselheiro do TCPR foi suspensa por decisão do STF. Pedido de liminar foi concedido por Ricardo Lewandowski em análise à Rcl 9375. A ação foi ajuizada por José Rodrigo Sade sob alegação de afronta a Súmula Vinculante 13, do STF. A súmula veda o nepotismo na administração pública ao proibir a contratação de parentes até o terceiro grau para funções públicas. De acordo com a defesa, a nomeação de Maurício para o cargo de conselheiro do TC, por meio do Decreto Estadual 3044 assinado por seu irmão, o governador do Paraná, Roberto Requião, contraria a proibição do nepotismo estabelecida na Súmula do Supremo. Tal verbete, com observância no artigo 103-A da CF, tem efeito vinculante com relação aos órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Em síntese, o autor da Reclamação alegava que a 4ª Vara da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba,PR manteve a posse de Maurício Requião, o que teria afrontado a Súmula Vinculante 13, do STF. Também sustentava que o processo de escolha e de nomeação apresentaria diversas nulidades, dentre as quais a abertura do processo seletivo na AL, antes de formalizada a aposentadoria do conselheiro do TC, cuja vaga seria ocupada pelo irmão do governador do estado. O relator verificou a presença do requisito do perigo na demora, pois a 4ª Vara afirmou, em decisão de 9/11/09, que “nada obsta que o réu Maurício reassuma as suas funções, até o julgamento do recurso de apelação”. Ricardo Lewandowski também identificou a presença do perigo na demora e concedeu a liminar solicitada. Dessa forma, ele suspendeu, de imediato, os efeitos da nomeação de Maurício Requião para o cargo de conselheiro do TCPR até o julgamento final da Ação Popular 52203/08 ajuizada pelo reclamante perante a 4ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas do Foro Central da RMC.

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 Ministro Eros Grau suspende reintegração de servidores em Tocantins

Eros Grau concedeu 2 liminares, respectivamente nas RCLs 5145 e 5687, que suspendem a reintegração de servidores estaduais, determinada pelo juiz da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda e Registros Públicos da Comarca de Palmas,TO. As liminares atendem ao pedido do governo tocantinense que anulou concurso público e autorizou a realização de um novo processo seletivo com a consequente exoneração dos aprovados no concurso anulado. A medida foi tomada com base no julgamento do STF (ADIN 598) que considerou inconstitucional uma lei estadual que atribuía aos detentores do título “Pioneiros do Tocantins” vantagem em caso de concurso público. No entanto, os servidores exonerados recorreram à Justiça e obtiveram decisão que determinava a reintegração. Por isso, o estado recorreu ao STF. Eros Grau concedeu a liminar ao lembrar que o STF já reafirmou a impossibilidade de ato nulo produzir efeitos válidos. Em outras palavras, o concurso feito com base numa lei julgada inconstitucional não pode ter validade. Portanto, cassou as decisões da justiça local que determinavam o retorno de tais servidores.

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 Celso de Mello anula condenação que obrigou jornalista a indenizar presidente da CBF (íntegra)

Celso de Mello reformou decisão do TJRJ que obrigou o jornalista Juca Kfouri a indenizar em R$ 50 mil o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, por conta de matéria jornalística considerada ofensiva pelo dirigente. Para o ministro, Juca Kfouri apenas exerceu o seu direito à liberdade de expressão. Teixeira ajuizou ação indenizatória contra o jornalista em virtude de matéria publicada na revista “Lance”, edição de dezembro de 1999, em que Juca Kfouri teria criticado a entrevista concedida por Teixeira a um jornalista da revista Playboy. Segundo Kfouri, o presidente da CBF teria respondido às perguntas “sem nenhuma preocupação com a ética ou com a verdade”. E disse acreditar que o salário de Teixeira como dirigente da CBF, de aproximadamente R$ 17 mil, seria pouco. Ao analisar o AI 505595 ajuizado por Kfouri contra a decisão do TJRJ que o condenou ao pagamento da indenização Celso de Mello explicou que no caso o jornalista exerceu, de forma concreta, o exercício da liberdade de expressão e de crítica. “Reconheço que o conteúdo da matéria jornalística que motivou a condenação do recorrente [Juca Kfouri] ao dever de pagar indenização civil, por danos morais, ao ora recorrido [Ricardo Teixeira], longe de evidenciar prática ilícita contra a honra subjetiva do suposto ofendido, traduz, na realidade, o exercício concreto, por esse profissional da imprensa, da liberdade de expressão, cujo fundamento reside no próprio texto da Constituição da República, que assegura, ao jornalista, o direito de expender crítica, ainda que desfavorável e mesmo que em tom contundente, contra quaisquer pessoas ou autoridades”, disse Celso de Mello. Para ele, a crítica jornalística, quando inspirada pelo interesse público, ainda mais quando dirigida a figuras públicas com alto grau de responsabilidade na condução dos interesses de certos grupos da coletividade,

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“não traduz nem se reduz, em sua expressão concreta, à dimensão do abuso da liberdade de imprensa, não se revelando suscetível, por isso mesmo, em situações de caráter ordinário, de sofrer qualquer repressão estatal ou de se expor a qualquer reação hostil do ordenamento positivo”. Celso de Mello deu provimento ao recurso, para julgar improcedente a ação indenizatória ajuizada pelo presidente da CBF. Determinou, ainda, que seja devolvido ao jornalista o valor de sua condenação, depositado em juízo na 8ª Vara Cível do Rio de Janeiro, equivalente a R$ 50 mil mais correção monetária desde 2002. Leia a íntegra da decisão

Quarta-feira, 11 de Novembro de 2009 Promulgada emenda constitucional que altera composição do CNJ

As Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados promulgaram na manhã desta quarta-feira (11) a EC 61/09, que altera o art. 103-B da CF para modificar a composição do CNJ. O presidente do STF e do CNJ, Gilmar Mendes, participou da cerimônia de promulgação, realizada durante a 31ª sessão conjunta solene do CN. De acordo com a EC 61/09, o CNJ será presidido pelo presidente do Supremo e, nas suas ausências ou impedimentos, pelo vice-presidente do STF. Antes da mudança, era o corregedor nacional de Justiça quem substituía o presidente em caso de impossibilidade de comparecimento. Os demais membros do conselho continuam sendo nomeados pelo presidente da República, depois de aprovadas a indicações pela maioria absoluta do Senado Federal. Gilmar Mendes ressaltou a importância da cerimônia e a parceria entre os três Poderes da República no sentido de oferecer melhores serviços aos cidadãos brasileiros. “Esta solenidade é daquelas que a todos compraz porquanto ao tempo em que reverenciada a democracia como valor em si mesma, também se celebram as ações que, etapa por etapa, cuidam de fortalecê-la. Neste salutar processo de aperfeiçoamento institucional, a atuação conjunta e complementar dos poderes da República evidencia claramente o elogiável estado civilizatório alcançado pelo país em tão pouco tempo, tendo em vista as duas décadas de vigência do nosso robusto texto constitucional”, afirmou.Pacto RepublicanoO presidente do STF também fez referência ao Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e Efetivo, acordo firmado entre os representantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, que tem entre seus objetivos melhorar o acesso universal à Justiça, aprimorar a prestação jurisdicional e aperfeiçoar e fortalecer as instituições de Estado para uma maior efetividade do sistema penal no combate à violência e criminalidade. “Desse concerto harmônico e profícuo, é exemplo notório o Pacto Republicano, que já produziu tão significativos resultados. O objetivo perseguido é um só: a plenitude de um Estado de Direito, que se traduz de forma fiel na construção diária, mas permanente de um país socialmente justo, economicamente desenvolvido e politicamente avançado. Em nome do Judiciário, gostaria de registrar a homenagem do STF ao CN, pelo descortino e empenho com que tem atuado para atender essas diversas pautas, inclusive aquelas defendidas pela Justiça brasileira no propósito de aprimorar o serviço público de prestação jurisdicional que se almeja cada vez mais ágil, transparente, acessível e eficiente”. Em entrevista concedida a jornalistas após a sessão solene, o presidente do STF resumiu o que, em sua visão, significa o Pacto Republicano para o país, destacando alguns importantes avanços no âmbito legislativo obtidos após a assinatura do acordo, como a aprovação das seguintes leis: 12016/09, que dá nova disciplina ao Mandado de Segurança; 12063/09, que regula a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão; 132/09, que trata da Defensoria Pública; e 12011/09, que cria mais 230 Varas Federais, entre outras. “O Pacto Republicano está contribuindo para a modernização da Justiça em geral e acredito que está contribuindo também para a modernização institucional do Brasil”, finalizou.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 1ª Turma confirma entendimento sobre o crime roubo consumado

A 1ª Turma negou HC 96856 para André Virgili Lopes, condenado no RS por assaltar o cobrador de um ônibus, crime tipificado como roubo, previsto no art. 157 do CP. Ele queria que o STF reconhecesse que o crime não chegou a se consumar. Mas os ministros confirmaram o entendimento de que mesmo que a prisão tenha acontecido instantes após o delito, houve a inversão da posse do bem furtado, o que configura o crime de roubo consumado e não tentado. De acordo com o relator do caso, Dias Toffoli, consta dos autos que o condenado entrou em um ônibus e, com o uso de arma de fogo, roubou a féria do cobrador. Logo a seguir desceu do coletivo, que seguiu adiante em sua viagem. Mais adiante, o motorista teria avistado uma viatura policial, ocasião em que parou o ônibus e descreveu o acontecido. Os policiais logo capturaram o suspeito, com a bolsa e a arma do crime. Ao ser abordado, o suspeito chegou a dizer que havia acabado de encontrar a bolsa e reparar que continha uma arma dentro. Toffoli foi acompanhado pelos demais ministros da Turma. Para Ricardo Lewandowski, havendo a inversão da res furtiva, considera-se consumado o roubo.

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Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Falta de apreensão e perícia da arma afasta aumento de pena em caso de roubo

A 2ª Turma do STF concedeu em parte a ordem no HC 94023 impetrado pela DPU em favor de A.S.S., condenado a 6 anos de reclusão por roubo com suposto emprego de arma de fogo. O relator do HC, Eros Grau, determinou que seja excluído da condenação o aumento da pena aplicado com base no inc. I, par. 2º, do art. 157 do CP. O dispositivo legal autoriza o aumento da pena de um terço à metade quando o roubo for praticado com arma de fogo. Ocorre que, no caso em questão, não houve apreensão e perícia da arma de modo a configurar a causa especial de aumento de pena. Para o relator, trata-se de requisito indispensável para a majoração da pena. “Entendo, na linha do precedente firmado no HC 95142, relator Cezar Peluso, que a comprovação da potencialidade da arma de fogo é imprescindível à aplicação da causa de aumento de pena de que trata o inc. I do par. 2º do art. 157 do CP”. O precedente citado (publicado no DJ de 4/12/08) dispõe que não se aplica a causa de aumento de pena, a título de emprego de arma de fogo, se a arma não foi apreendida nem periciada, sem prova de disparo. A.S.S. foi condenado inicialmente a 4 anos e 9 meses de reclusão em regime inicialmente fechado, pela prática de roubo (art. 157, caput, do CP). Mas o TJRJ, acolhendo apelação do MP, reconheceu a incidência da causa de aumento prevista no mesmo artigo, e elevou a pena para seis anos de reclusão. Foi impetrado HC perante o STJ. Lá, a 5ª Turma negou o HC sob o fundamento de que a apreensão e a perícia da arma de fogo utilizada no roubo seriam desnecessárias para configurar a causa especial de aumento de pena. Para o STJ, a regra é que uma arma tenha potencial lesivo. O contrário é que é exceção. Por esta razão, é da defesa do acusado o ônus de comprovar eventual ausência de potencial lesivo, sendo inadmissível a transferência desse ônus à vítima ou à acusação. No HC ao Supremo, a Defensoria Pública requereu liminar para suspender os efeitos da decisão do STJ até o julgamento final deste processo. Além da falta de apreensão e perícia da arma, a Defensoria argumentou suposta ocorrência de bis in idem baseada no fato de que a reincidência foi aplicada ao mesmo tempo como circunstância judicial desfavorável (maus antecedentes) e agravante. Esse argumento, porém, foi rejeitado no voto do relator porque o STF tem entendimento de que inexiste bis in idem quando o juiz majora a pena base com fundamento em uma condenação e a agrava com base em condenação diversa.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Eros Grau determina soltura de cidadão preso em casa com pequena quantidade de cocaína

Eros Grau determinou que um cidadão baiano, preso em flagrante em casa, com 4 invólucros de cocaína junto a um maço de cédulas de pequeno valor e um cheque em nome de terceiro, seja posto em liberdade até o julgamento final do HC 100733 impetrado em seu favor pela DPU. A sua liberdade provisória havia sido indeferida pelo STJ, que manteve a prisão ao fundamento de que o art. 44 da Lei 11343/06 veda a liberdade provisória ao preso em flagrante por tráfico de entorpecentes. A DPU alegou que indeferimento da liberdade provisória sem necessidade da prisão cautelar viola o princípio da presunção da inocência. Eros Grau afirma que o STF vem adotando o entendimento de que o preso em flagrante por tráfico de entorpecentes não tem direito à liberdade provisória, por expressa vedação do dispositivo legal citado. Citou precedente de Celso de Mello (HC 97976), no qual observa que o tema está a merecer reflexão pela Corte. Segundo Eros Grau, a inconstitucionalidade do preceito legal lhe parece inquestionável. “A vedação da concessão de liberdade provisória ao preso em flagrante por tráfico de entorpecente, veiculada pelo art. 44 da Lei 11343/06, é expressiva de afronta aos princípios da presunção de inocência, do devido processo legal e da dignidade da pessoa humana. Daí ser inadmissível, face a essas garantias constitucionais, possa alguém cumprir pena sem decisão transitada em julgado, além do mais impossibilitado de usufruir benefícios da execução penal. A inconstitucionalidade do preceito legal me parece inquestionável”.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Suspensa ação por suposto crime tributário porque o débito não estava definitivamente

constituídoInformação da RF de que ainda não há crédito definitivamente constituído contra C.W. e M.V.C.M., acusadas de suposto crime contra a ordem tributária, levou a 2ª Turma a determinar o trancamento de ação penal intentada contra ambas com fundamento no art. 1º, inc. II, da Lei 8139/90. Elas eram acusadas de se terem utilizado de conta bancária para operar depósitos e movimentações de valores não contabilizados, sobre os quais teria havido sonegação de tributos federais. A Turma, no entanto, acompanhando o relator Eros Grau, que informou ter consultado a RF sobre o suposto débito, determinou o trancamento da ação penal. A decisão foi tomada no julgamento do HC 91725. Em junho/07, o relator havia negado pedido de liminar e, em agosto do mesmo ano, também negou seguimento a agravo de instrumento. Ao mesmo

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tempo, Eros Grau dirigiu pedidos de informação às Delegacias da RF de Piracicaba e Ribeirão Preto,SP, e ao Primeiro Conselho de Contribuintes, em Brasília, a fim de que prestassem informações, que chegaram para sustentar a decisão de hoje. Nela, a Turma se baseou em jurisprudência do STF no sentido de que não cabe ação penal por débito tributário, enquanto o débito não for definitivamente constituído.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Preso por roubo qualificado e extorsão obtém soltura por falta de fundamentação da ordem de

prisãoPor unanimidade, a 2ª Turma negou seguimento ao HC 100340, mas concedeu, de ofício, a ordem de soltura de Alexandre Tadeu de Oliveira. Ele foi condenado à pena de 9 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, pelo Juízo da 4ª Vara da Comarca de Carapicuíba,SP, pelos crimes de roubo qualificado e extorsão, em concurso material (art. 157, parágrafo 2º, inciso I, e 158, caput, combinados com o artigo 69, todos eles do Código Penal - CP), sendo-lhe negado o direito de apelar em liberdade.Gravidade genéricaAo negar o pedido de liberdade provisória, o juiz de primeiro grau fundamentou sua decisão na gravidade abstrata do delito. Alegou que o réu constrangeu a vítima “mediante grave ameaça, com o intuito de obter para si indevida vantagem econômica, a lhe entregar a quantia de R$ 60,00”. Em dezembro/02 o réu teria subtraído para si, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma branca (faca), R$ 418,00 em dinheiro e um celular, avaliado em R$ 600,00, pertencentes à mesma vítima. Recurso de apelação interposto pela defesa foi desprovido pelo TJSP, mas a decisão ainda não transitou em julgado. Em seguida, a defesa impetrou HC perante o mesmo TJ, que concedeu a ordem parcialmente, assegurando a Alexandre o processamento e julgamento da apelação por ele interposta, mas manteve-o preso. Diante disso, a defesa impetrou HC perante o STJ, mas o pedido de liminar foi indeferido pelo relator, sob o argumento de que o magistrado de primeiro grau justificou a necessidade da medida de exceção para resguardar a ordem pública, tendo em vista a gravidade concreta do ilícito perpetrado, conforme ressaltado pelo tribunal de origem. Ao conceder o HC de ofício, sendo acompanhado pelos demais ministros presentes à sessão da 2ª Turma, o relator Cezar Peluso aplicou jurisprudência do STF segundo a qual a gravidade genérica do crime, por si só, não é suficiente para o decreto de prisão preventiva. Em parecer que ofereceu sobre o caso, a Procuradoria Geral da República também se manifestou pela concessão do HC.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Excesso de prazo de prisão preventiva garante a acusado de homicídio o direito de responder a

processo em liberdadePor unanimidade, a 2ª Turma superou os obstáculos da Súmula 691 do STF, e concedeu o HC 100574, permitindo a E.J.P.D. que continue respondendo em liberdade ao processo que lhe é movido pelo crime de homicídio qualificado (art. 121, par. 2º, inc. II, do CP), c/c o art. 14, inc. II, também do CP (tentativa de homicídio). A decisão confirma liminar concedida em 10/09/09 por Celso de Mello, que determinou a soltura do réu, por entender que este estava sofrendo constrangimento ilegal, pois se encontrava preso desde dezembro/03, sem que seu julgamento fosse concluído.O casoE.J.P.D. foi preso e pronunciado pelo juiz do Tribunal do Júri de Montes Claros,MG para ser submetido a júri popular. Mas a DPMG, que atua em favor dele, apelou ao TJMG, que anulou a sentença de pronúncia. Prolatada nova sentença de pronúncia, a defensoria apelou novamente ao TJMG, por meio de recurso em sentido estrito, que foi negado. Dessa decisão, a defensoria apelou, por meio de REsp ao STJ e de RE ao STF. No STJ, o recurso foi negado, enquanto o RE ainda aguarda julgamento do STF. Por ser o réu mantido preso ao longo de toda a tramitação do processo, sendo-lhe negado o direito de liberdade provisória, a DPMG impetrou, sem sucesso, pedidos de HC no TJMG e no STJ. E é contra a negativa do STJ de conceder liberdade que a DP recorreu ao STF, em novo HC. Ao conceder a liminar e consolidar seu entendimento no julgamento de mérito, Celso de Mello superou os obstáculos da Súm. 691, que veda a concessão de liminar quando relator de tribunal superior tiver negado pedido de liminar em pedido semelhante.

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Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 1ª Turma nega pedido para unificar penas para condenado tráfico de drogas

Por unanimidade, a 1ª Turma indeferiu o HC 98831, por meio do qual Francisco Ferreira dos Santos Júnior pretendia que fosse reconhecida a continuidade delitiva nos dois crimes de tráfico de drogas que levaram à sua condenação, com a consequente unificação das penas. Um dos processos foi instaurado após a apreensão de 300 quilos de maconha em poder de Francisco. Ele pretendia que fosse reconhecido que os crimes estariam ligados pela continuidade delitiva, o que levaria à aplicação do art. 71 do CP, que determina que no caso de 2 ou mais crimes da mesma espécie, e respeitadas as condições de tempo, lugar, maneira de execução, “devem os subsequentes ser considerados como continuação do primeiro”, com a aplicação da pena de um só dos crimes (ou do mais grave, se crimes diversos) aumentada de um sexto a dois terços. A relatora, Cármen Lúcia, revelou que a decisão do STJ, que negou pedido idêntico feito àquela Corte, apreciou bem a questão. Segundo o STJ, os crimes teriam sido cometidos em locais distantes, em épocas diversas e a maneira de execução de um e outro crime não guarda semelhança, além da apreensão de drogas ter sido efetuada em situações inteiramente diversas uma da outra. Segundo a ministra, enquanto um dos processos tratou de uma propriedade agrícola arrendada por Francisco, na qual ele beneficiava, dividia e embalava a maconha em sociedade com o filho de um funcionário, a outra ação investigou a prática de tráfico de drogas na cidade de Lins,SP, situação em que Francisco trabalhava com uma companheira. Segundo o STJ, não ficou comprovado que as drogas apreendidas nas duas situações tivessem a mesma origem. Francisco foi condenado inicialmente a 12 anos e 2 meses de reclusão. O juiz de execuções penais acolheu o pedido da defesa, reconheceu a continuidade delitiva e reduziu a pena para 9 anos e 4 meses. Em resposta ao recurso do MP, o TJSP reformou essa decisão, voltando a pena para os 12 anos iniciais, entendimento mantido pelo STJ. Francisco Ferreira encontra-se atualmente recolhido.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Decisão em HC põe em debate substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de

direito em caso de tráficoMarco Aurélio concedeu liminar no HC 101205, impetrado pela DPU em favor de E.L.S., para suspender os efeitos de decisão do STJ, que indeferiu pedido formulado em outro HC, o qual visava a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito. O réu foi condenado pela 2ª Vara Criminal de Gravataí (RS) à pena de 5 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, e ao pagamento de 500 dias-multa, pelo crime de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11343/06, a nova Lei Antidrogas). O ministro relata que a defesa do réu interpôs recurso no TJRS, que lhe deu parcial provimento, reduzindo a pena para o mínimo de 3 anos de reclusão. Insatisfeita com a decisão do TJRS, a DPU ingressou com pedido de HC no STJ, que foi negado, sob o argumento de que o art. 44 da nova Lei Antidrogas veda, expressamente, a substituição aos sentenciados por crime de tráfico de drogas. No HC impetrado no STF, a DPU sustenta a inconstitucionalidade do art. 44 da Lei Antidrogas, levando em consideração princípios elencados na CF, ante a inexistência de vedação constitucional ao deferimento da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito. A defesa alega que “não poderia o magistrado furtar-se à apreciação do caso concreto, presente o texto constitucional, relegando ao segundo plano o princípio da individualização da pena e a razoabilidade na aplicação do direito”. Ao conceder o pedido de liminar para determinar a suspensão dos efeitos da decisão do STJ, Marco Aurélio destacou que há no STF questionamento sobre a constitucionalidade do citado dispositivo da referida lei, concluindo que “tudo recomenda seja afastada a execução da pena, aguardando-se o crivo do Plenário do STF, ao qual, desde logo, fica afetado o julgamento desta impetração”.

Terça-feira, 10 de Novembro de 2009 Pedido de prisão domiciliar por falta de vagas em albergues em Caxias do Sul-RS é indeferido

Por decisão de José Antonio Dias Toffoli, A. M., condenado a 6 anos e 6 meses de prisão em regime semiaberto não poderá cumprir prisão domiciliar até o julgamento final de seu HC. Dias Toffoli indeferiu o pedido de liminar no HC 101258 feito pela DPU, para que o condenado pudesse concluir o cumprimento de sua pena em casa. Depois de cumprir um sexto da pena, o condenado obteve a progressão prisional do regime semiaberto para o aberto. Contudo, a defesa informa que não há na cidade de Caxias do Sul,RS, vagas disponíveis em casa de albergado. Segundo a DP, a falta de local adequado está causando constrangimento ilegal no apenado, uma vez que a ele foi imposto “um regime não condizente com o regime aberto a que teve direito”. A defesa tentou a prisão domiciliar no TJRS e também no STJ, tendo o pedido indeferido em ambos os casos. Contra a negativa do STJ a defesa recorreu ao STF. Ocorre que no

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STJ ainda não houve julgamento final. Assim, ao impetrar novo HC, a defesa pediu o afastamento da Súm. 691, segundo a qual “não compete ao STF conhecer de HC impetrado contra decisão do relator que, em HC requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. Dias Toffoli não constatou “flagrante ilegalidade capaz de afastar, pelo menos neste exame preliminar, a incidência do enunciado da Súm. 691 deste STF”. A pretensão da defesa de “trazer ao conhecimento deste STF, de forma precária, questões não analisadas definitivamente no STJ”, é uma forma flagrante de supressão de instância. Antes de indeferir a liminar, sem prejuízo para o julgamento de mérito do processo, Dias Toffoli afirmou que “o deferimento de liminar em HC constitui medida excepcional por sua própria natureza, justificada apenas se a decisão impugnada estiver eivada de ilegalidade flagrante, demonstrada de plano”. Dias Toffoli pediu informações à Vara de Execuções Criminais de Caxias do Sul sobre a situação prisional do condenado e também sobre a existência de vaga em estabelecimento próprio para o cumprimento da pena em regime aberto naquela localidade.

Segunda-feira, 09 de Novembro de 2009 Ministro Marco Aurélio nega liminar em habeas corpus no crime do Morro do Boi

Marco Aurélio Mello negou o pedido de liminar feito em HC 100894 impetrado pela defesa de Juarez Ferreira Pinto, denunciado por aquele que ficou conhecido como “o crime do Morro do Boi”, no Paraná. No dia 31/01/2009, o estudante Osíris Del Corso foi assassinado quando fazia uma trilha na localidade, em companhia da namorada. Com ressalva de entendimento pessoal, o ministro aplicou ao caso a Súmula 691, segundo a qual “não compete ao STF conhecer de HC impetrado contra decisão do relator que, em HC requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. HCs sucessivos foram impetrados e negados pelo TJPR e pelo STJ. “Conforme tenho proclamado, o Verbete 691 desta Corte não pode ser levado às últimas consequências. Nele está contemplada implicitamente a possibilidade, em situação excepcional, de se admitir a impetração contra ato que haja resultado no indeferimento de medida acauteladora em idêntica medida. O entendimento da Turma, no entanto, tem sido rigoroso quanto à sua observância”. Juarez foi denunciado por latrocínio (art. 157, par. 3º, última parte, do CP) em relação à vítima fatal; por roubo qualificado por lesão corporal grave (art. 157, par. 3º, primeira parte), atentado violento ao pudor (art. 214, do CP), contágio de moléstia grave (art. 131, do CP) c/c o artigo 70 do CP (concurso formal) em relação à moça. O MP pediu a prisão preventiva do acusado e o pedido foi acolhido pelo juízo da Vara Criminal da Comarca de Matinhos,PR em 5/03/09. O MP justificou o pedido por se tratar de crime doloso e por haver elementos que comprovam a materialidade do delito e indicam a autoria. A gravidade do crime e o fato de ter sido cometido com crueldade, em local muito próximo da praia onde milhares de veranistas aproveitavam a temporada de férias, também motivou o pedido de prisão preventiva como forma de restabelecer a paz social e a segurança pública. O TJPR negou o pedido de liberdade provisória sob o argumento de que o ato que determinou a custódia foi bem fundamentado. Protocolada idêntica medida no STJ, o desembargador convocado do TJ/SP Celso Limongi negou a liminar por não verificar a existência de coação ilegal. No HC ao Supremo, em que pediu a liminar para expedição do alvará de soltura, a defesa alegou ser insubsistente o ato que determinou a prisão, na medida em baseou-se na “gravidade do crime praticado, fato que teria concorrido para o estado de clamor social e o abalo à ordem pública”.

Segunda-feira, 09 de Novembro de 2009 Negada liminar a condenado por rapto de menores que alega extinção do crime

Cezar Peluso negou pedido de liminar formulado no HC 101035 por Henrique Mendes dos Santos, condenado a 3 anos e 6 meses de detenção pela Justiça do Rio de Janeiro por rapto (art. 219 do CP). Inicialmente condenado em primeiro grau à pena de 7 anos e 4 meses de reclusão pelo crime previsto no art. 219 do CP, além de 6 meses pelo crime de uso de documento alheio, previsto no art. 308 do CP, Henrique Mendes foi denunciado pelo rapto de duas menores “ludibriadas por promessas de serem lançadas como modelos e conseguir empregos bem remunerados”. Contra essa decisão, recorreu ao TJRJ, onde obteve a redução da pena referente ao crime de rapto (passou para 3 anos e 6 meses) e teve reconhecida a prescrição da pretensão punitiva referente a delito do artigo 308 do CP (uso de documento alheio).Extinção do crimeEm virtude da entrada em vigor da Lei 11106/05, ocorrida após o trânsito em julgado da condenação, a defesa requereu HC no STJ, alegando abolitio criminis e pedindo que fosse declarada a extinção da punibilidade. O STJ, a princípio, concedeu liminar suspendendo o mandado de prisão até o julgamento final do processo, mas, após manifestação do MPF, reavaliou o caso e acabou cassando a liminar e negando seguimento ao pedido de HC.

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NegativaAo manter a condenação e negar seguimento ao pedido de HC, o STJ observou que o art. 219 do CP, que previa como crime “raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude, para fim libidinoso”, foi revogado pelo art. 5º da Lei 11106/05, mas que isso não implicou em abolitio criminis. É que, segundo aquele tribunal, a nova lei, embora tenha revogado o art. 219 do CP, não descriminalizou a conduta praticada por Henrique Mendes, que, agora estaria inserida no art. 148, par. 1º, inc. V, do CP, que prevê o sequestro com fins libidinosos, independentemente de a vítima ser mulher honesta e independentemente de fraude, bastando a retenção que caracteriza o cárcere privado. No HC impetrado no STF, a defesa alega que a conduta do réu não pode ser desqualificada para o crime de sequestro ou cárcere privado, pois esta pressupõe a prática de violência ou grave ameaça. Alega também que, se houve fraude, ela foi praticada contra os pais das adolescentes, e não contra elas, já que haveria o compromisso de que elas somente poderiam andar em companhia de seus responsáveis ou de quem fizesse as vezes deles. Cezar Peluso observou que “não é caso de liminar”. Segundo ele, o decreto de prisão expedido decorre de condenação transitada em julgado, que somente pode ser anulada após eventual pronunciamento definitivo do STF que reconheça a atipicidade da conduta. E isso, segundo ele, não e possível em sede de liminar, sob pena de o relator substituir-se à Turma, competente para julgar o mérito da questão.

Segunda-feira, 09 de Novembro de 2009 Relaxada prisão preventiva de acusado de tráfico de entorpecentes

Cezar Peluso superou as restrições da Súmula 691, do STF, e concedeu liminar no HC 101307, determinando a imediata soltura de W.A.A., preso em flagrante e denunciado pela suposta prática dos delitos previstos no art. 33, caput , e 35, c/c o art. 40, inc. III, todos da Lei 11343/06, na forma do art. 69 do CP. A liminar terá validade até julgamento do mérito ou até eventual trânsito em julgado de sentença condenatória. A Súmula 691 veda a concessão de liminar quando igual pedido tiver sido rejeitado por relator de tribunal superior. E é justamente contra uma negativa de liminar em HC do STJ que a defesa impetrou o presente HC. A defesa alega constrangimento ilegal, porquanto o pedido de liminar foi negado com base no art. 44, da Lei 11343/06. Esse dispositivo tornou os crimes de tráfico de drogas inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória e proibiu a conversão de suas penas em medidas restritivas de direitos.JurisprudênciaCezar Peluso aplicou jurisprudência do STF no sentido de que a inafiançabilidade do delito, no caso comparado ao de crime hediondo, não implica a proibição de liberdade provisória. Aplicou, também, entendimento que vem sendo adotado pela 2ª Turma do STF no sentido de reconhecer a nulidade de prisão decretada sob o singelo fundamento da vedação legal contida no art. 44 da Lei 11343/06. A esse respeito, o STF já firmou jurisprudência no sentido de reconhecer a nulidade de prisão decretada tão somente sob fundamento da vedação legal contida no arti. 44 da Lei 11343, quando ausentes os requisitos do art. 312 do CPP, que estabelece os pressupostos para a prisão preventiva.O casoW.A.A. foi preso em flagrante e teve sua prisão preventiva decretada pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Itapira/SP, que negou pedido de liberdade provisória, louvando-se no art. 44 da mencionada Lei 11343. Alegou, também, que a gravidade do delito imputado a W.A.A. e sua natureza hedionda autorizavam a sua manutenção no cárcere, para salvaguarda da ordem pública. Por seu turno, o TJSP negou HC lá impetrado, alegando que, como o art. 5º, inc. XLIII, da CF não autoriza fiança para crime hediondo, a proibição de liberdade provisória, no caso, derivaria logicamente do preceito constitucional que impõe a inafiançabilidade do crime. Cezar Peluso observou que cabe aplicar ao caso o disposto no par. único do art. 310 do CPP, que permite ao juiz conceder liberdade provisória ao réu preso em flagrante delito, quando verificar a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva. “Nenhum desses fundamentos foi adotado pela decisão de primeiro grau”. Ele lembrou, também, que o STF “se cansa de anular decretos de prisão cautelar fundados tão-só em razão da gravidade do delito ou do clamor público”. “À míngua de elementos que demonstrem necessidade concreta da prisão cautelar, sua imposição configura flagrante constrangimento ilegal, que justifica a desconsideração da Súmula 691 e a concessão da liminar requerida”afirmou Cezar Peluso, que citou uma série de precedentes do STF para adotar a medida.

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Informativo STFBrasília, 26 a 30 de outubro de 2009 - Nº 565.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioFinanciamento de Campanha Eleitoral: Peculato e Lavagem de Dinheiro1ª TurmaLei 6.368/76: Causa de Aumento e Bis In Idem - 1Lei 6.368/76: Causa de Aumento e Bis In Idem - 22ª TurmaLiberdade Provisória e Tráfico de DrogasRepercussão GeralClipping do DJTranscriçõesProcesso Legislativo Municipal - Poder de Iniciativa das Leis - Usurpação - Sanção - Irrelevância - Inconstitucionalidade Formal (AI 348800/SP)Inovações Legislativas

PLENÁRIOFinanciamento de Campanha Eleitoral: Peculato e Lavagem de Dinheiro

O Tribunal iniciou julgamento de inquérito instaurado para apurar a suposta prática dos crimes de peculato (sete vezes) e de lavagem de dinheiro (seis vezes), previstos, respectivamente, no art. 312, § 2º, do CP e no art. 1º, V, da Lei 9.613/98, imputados a Senador da República e outros. Na espécie, o parlamentar acusado, na condição de Governador do Estado de Minas Gerais, supostamente teria organizado um esquema criminoso de desvio de verbas estatais, colocando em ação mecanismos que permitiriam a ocultação da origem criminosa desses recursos e o financiamento ilícito da sua reeleição. Narra a denúncia que o então Governador teria ordenado a expedição de ofícios à Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA, à Companhia Mineradora de Minas Gerais - CEMIG e ao Banco do Estado de Minas Gerais - BEMGE, determinando o patrocínio de evento esportivo, o que implicara a transferência de recursos estatais para determinada empresa de comunicação, responsável pela veiculação publicitária do evento, da qual o então candidato a Vice-Governador fora sócio. Por meio de acordo com os sócios dessa empresa, o parlamentar teria planejado a aplicação dessas verbas na sua campanha de reeleição ao Governo do Estado de Minas Gerais em 1998. Para tanto, e visando à ocultação da origem desses recursos, os sócios da referida empresa de comunicação teriam tomado empréstimos junto a banco, aplicando-os na campanha do parlamentar acusado. Tais empréstimos teriam sido parcialmente liquidados com os recursos públicos que deveriam ser destinados ao evento esportivo. O Min. Joaquim Barbosa, relator, após declarar a extinção da punibilidade de um dos acusados, em razão de sua morte (CP, art. 107, I), e de outros, pela prescrição da pretensão punitiva, tendo em vista as penas cominadas em abstrato aos crimes narrados na inicial e o fato de já possuírem, atualmente, mais de setenta anos de idade (CP, art. 107, IV, c/c o art. 115), recebeu a denúncia contra o parlamentar, relativamente aos dois crimes a ele imputados. Em seguida, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli. Inq 2280/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 5.11.2009. (Inq-2280)

PRIMEIRA TURMALei 6.368/76: Causa de Aumento e Bis In Idem - 1

Os crimes de auxílio ao tráfico ilícito de drogas (Lei 6.368/76, art. 12, § 2°, III) e de associação para o tráfico (Lei 6.368/76, art. 14) são autônomos, sendo possível a incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 18, I, do mesmo diploma legal, de forma independente, sobre cada um desses delitos, desde que presente a elementar da transnacionalidade do crime [Lei 6.368/76, art. 18, I: “As penas dos crimes definidos nesta Lei serão aumentadas de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços): I - no caso de tráfico com o exterior ou de extra-territorialidade da lei penal;”]. Ao aplicar essa orientação, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenado por tráfico internacional e associação para o tráfico de drogas em concurso material (art. 12, § 2º, III e 14 c/c o art. 18, I, todos da Lei 6.368/76 c/c o art. 69 do CP) alegava a impossibilidade de se aplicar a majorante disposta na antiga Lei de Entorpecentes simultaneamente às sanções previstas para os crimes mencionados, sob pena de bis in idem. HC 97979/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.11.2009. (HC-97979)

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PRIMEIRA TURMALei 6.368/76: Causa de Aumento e Bis In Idem - 2

Enfatizou-se, inicialmente, a jurisprudência da Corte segundo a qual os crimes praticados pelo paciente são autônomos, ou seja, constituem-se em infrações penais independentes uma da outra, o que tornaria possível a ocorrência do concurso material. Ademais, reputou-se que esse entendimento seria cabível já sob a égide da Lei 11.343/2006, que tipifica esses delitos de modo bastante semelhante à Lei 6.368/76. Ressaltou-se, ainda, que o bis in idem somente ocorreria quando uma mesma circunstância fosse utilizada mais de uma vez para sancionar o réu de maneira mais severa por um delito praticado. Salientou-se, contudo, que se estaria, na espécie, diante de dois delitos diversos, que o legislador, em virtude de política criminal, quisera reprimir de forma mais severa quando presente a transnacionalidade. Considerou-se, por fim, que poderia suceder o fato de somente o tráfico ilícito de drogas ser feito para o exterior e a associação ser unicamente para prática do crime dentro do país. Neste caso, apenas incidiria a causa de aumento quanto ao primeiro delito. HC 97979/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.11.2009. (HC-97979)

SEGUNDA TURMALiberdade Provisória e Tráfico de Drogas

A Turma, superando a restrição fundada no Enunciado 691 da Súmula do STF, concedeu, de ofício, habeas corpus para assegurar a denunciado pela suposta prática do delito de tráfico de substância entorpecente (Lei 11.343/2006, art. 33) o direito de permanecer em liberdade, salvo nova decisão judicial em contrário do magistrado competente fundada em razões supervenientes. Enfatizou-se que a prisão cautelar do paciente fora mantida com base, tão-somente, no art. 44 da Lei 11.343/2006 (“Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.”) que, segundo a Turma, seria de constitucionalidade, ao menos, duvidosa.HC 100742/SC, rel. Celso de Mello, 3.11.2009. (HC-100742)

REPERCUSSÃO GERAL

DJE de 6 de novembro de 2009

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 594.435-SPRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOCOMPETÊNCIA - COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA - LEI ESTADUAL - REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral controvérsia sobre o alcance do artigo 114 da Constituição Federal considerado conflito a envolver a complementação de proventos e de pensões, disciplinada por lei estadual, e a incidência da contribuição previdenciária.

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CLIPPING DO DJ

6 de novembro de 2009

ADPF N. 130-DFRELATOR: MIN. CARLOS BRITTOEMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). LEI DE IMPRENSA. ADEQUAÇÃO DA AÇÃO. REGIME CONSTITUCIONAL DA “LIBERDADE DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA”, EXPRESSÃO SINÔNIMA DE LIBERDADE DE IMPRENSA. A “PLENA” LIBERDADE DE IMPRENSA COMO CATEGORIA JURÍDICA PROIBITIVA DE QUALQUER TIPO DE CENSURA PRÉVIA. A PLENITUDE DA LIBERDADE DE IMPRENSA COMO REFORÇO OU SOBRETUTELA DAS LIBERDADES DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, DE INFORMAÇÃO E DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA, CIENTÍFICA, INTELECTUAL E COMUNICACIONAL. LIBERDADES QUE DÃO CONTEÚDO ÀS RELAÇÕES DE IMPRENSA E QUE SE PÕEM COMO SUPERIORES BENS DE PERSONALIDADE E MAIS DIRETA EMANAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. O CAPÍTULO CONSTITUCIONAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL COMO SEGMENTO PROLONGADOR DAS LIBERDADES DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, DE INFORMAÇÃO E DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA, CIENTÍFICA, INTELECTUAL E COMUNICACIONAL. TRANSPASSE DA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS PROLONGADOS AO CAPÍTULO PROLONGADOR. PONDERAÇÃO DIRETAMENTE CONSTITUCIONAL ENTRE BLOCOS DE BENS DE PERSONALIDADE: O BLOCO DOS DIREITOS QUE DÃO CONTEÚDO À LIBERDADE DE IMPRENSA E O BLOCO DOS DIREITOS À IMAGEM, HONRA, INTIMIDADE E VIDA PRIVADA. PRECEDÊNCIA DO PRIMEIRO BLOCO. INCIDÊNCIA A POSTERIORI DO SEGUNDO BLOCO DE DIREITOS, PARA O EFEITO DE ASSEGURAR O DIREITO DE RESPOSTA E ASSENTAR RESPONSABILIDADES PENAL, CIVIL E ADMINISTRATIVA, ENTRE OUTRAS CONSEQUÊNCIAS DO PLENO GOZO DA LIBERDADE DE IMPRENSA. PECULIAR FÓRMULA CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO A INTERESSES PRIVADOS QUE, MESMO INCIDINDO A POSTERIORI, ATUA SOBRE AS CAUSAS PARA INIBIR ABUSOS POR PARTE DA IMPRENSA. PROPORCIONALIDADE ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS MORAIS E MATERIAIS A TERCEIROS. RELAÇÃO DE MÚTUA CAUSALIDADE ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E DEMOCRACIA. RELAÇÃO DE INERÊNCIA ENTRE PENSAMENTO CRÍTICO E IMPRENSA LIVRE. A IMPRENSA COMO INSTÂNCIA NATURAL DE FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E COMO ALTERNATIVA À VERSÃO OFICIAL DOS FATOS. PROIBIÇÃO DE MONOPOLIZAR OU OLIGOPOLIZAR ÓRGÃOS DE IMPRENSA COMO NOVO E AUTÔNOMO FATOR DE INIBIÇÃO DE ABUSOS. NÚCLEO DA LIBERDADE DE IMPRENSA E MATÉRIAS APENAS PERIFERICAMENTE DE IMPRENSA. AUTORREGULAÇÃO E REGULAÇÃO SOCIAL DA ATIVIDADE DE IMPRENSA. NÃO RECEPÇÃO EM BLOCO DA LEI Nº 5.250/1967 PELA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL. EFEITOS JURÍDICOS DA DECISÃO. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). LEI DE IMPRENSA. ADEQUAÇÃO DA AÇÃO. A ADPF, fórmula processual subsidiária do controle concentrado de constitucionalidade, é via adequada à impugnação de norma pré-constitucional. Situação de concreta ambiência jurisdicional timbrada por decisões conflitantes. Atendimento das condições da ação.2. REGIME CONSTITUCIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA COMO REFORÇO DAS LIBERDADES DE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, DE INFORMAÇÃO E DE EXPRESSÃO EM SENTIDO GENÉRICO, DE MODO A ABARCAR OS DIREITOS À PRODUÇÃO INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA E COMUNICACIONAL. A Constituição reservou à imprensa todo um bloco normativo, com o apropriado nome “Da Comunicação Social” (capítulo V do título VIII). A imprensa como plexo ou conjunto de “atividades” ganha a dimensão de instituição-ideia, de modo a poder influenciar cada pessoa de per se e até mesmo formar o que se convencionou chamar de opinião pública. Pelo que ela, Constituição, destinou à imprensa o direito de controlar e revelar as coisas respeitantes à vida do Estado e da própria sociedade. A imprensa como alternativa à explicação ou versão estatal de tudo que possa repercutir no seio da sociedade e como garantido espaço de irrupção do pensamento crítico em qualquer situação ou contingência. Entendendo-se por pensamento crítico o que, plenamente comprometido com a verdade ou essência das coisas, se dota de potencial emancipatório de mentes e espíritos. O corpo normativo da Constituição brasileira sinonimiza liberdade de informação jornalística e liberdade de imprensa, rechaçante de qualquer censura prévia a um direito que é signo e penhor da mais encarecida dignidade da pessoa humana, assim como do mais evoluído estado de civilização.3. O CAPÍTULO CONSTITUCIONAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL COMO SEGMENTO PROLONGADOR DE SUPERIORES BENS DE PERSONALIDADE QUE SÃO A MAIS DIRETA EMANAÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: A LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E O DIREITO À INFORMAÇÃO E À EXPRESSÃO ARTÍSTICA, CIENTÍFICA, INTELECTUAL E COMUNICACIONAL. TRANSPASSE DA NATUREZA JURÍDICA DOS DIREITOS PROLONGADOS AO CAPÍTULO CONSTITUCIONAL SOBRE A COMUNICAÇÃO SOCIAL. O art. 220 da Constituição radicaliza e alarga o regime de plena liberdade de atuação da imprensa, porquanto fala: a) que os mencionados direitos de personalidade (liberdade de pensamento, criação, expressão e informação) estão a salvo de qualquer restrição em seu exercício, seja qual for o suporte físico ou tecnológico de sua veiculação; b) que tal exercício não se

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sujeita a outras disposições que não sejam as figurantes dela própria, Constituição. A liberdade de informação jornalística é versada pela Constituição Federal como expressão sinônima de liberdade de imprensa. Os direitos que dão conteúdo à liberdade de imprensa são bens de personalidade que se qualificam como sobredireitos. Daí que, no limite, as relações de imprensa e as relações de intimidade, vida privada, imagem e honra são de mútua excludência, no sentido de que as primeiras se antecipam, no tempo, às segundas; ou seja, antes de tudo prevalecem as relações de imprensa como superiores bens jurídicos e natural forma de controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo as demais relações como eventual responsabilização ou consequência do pleno gozo das primeiras. A expressão constitucional “observado o disposto nesta Constituição” (parte final do art. 220) traduz a incidência dos dispositivos tutelares de outros bens de personalidade, é certo, mas como consequência ou responsabilização pelo desfrute da “plena liberdade de informação jornalística” (§ 1º do mesmo art. 220 da Constituição Federal). Não há liberdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia, inclusive a procedente do Poder Judiciário, pena de se resvalar para o espaço inconstitucional da prestidigitação jurídica. Silenciando a Constituição quanto ao regime da internet (rede mundial de computadores), não há como se lhe recusar a qualificação de território virtual livremente veiculador de ideias e opiniões, debates, notícias e tudo o mais que signifique plenitude de comunicação.4. MECANISMO CONSTITUCIONAL DE CALIBRAÇÃO DE PRINCÍPIOS. O art. 220 é de instantânea observância quanto ao desfrute das liberdades de pensamento, criação, expressão e informação que, de alguma forma, se veiculem pelos órgãos de comunicação social. Isto sem prejuízo da aplicabilidade dos seguintes incisos do art. 5º da mesma Constituição Federal: vedação do anonimato (parte final do inciso IV); do direito de resposta (inciso V); direito a indenização por dano material ou moral à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas (inciso X); livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (inciso XIII); direito ao resguardo do sigilo da fonte de informação, quando necessário ao exercício profissional (inciso XIV). Lógica diretamente constitucional de calibração temporal ou cronológica na empírica incidência desses dois blocos de dispositivos constitucionais (o art. 220 e os mencionados incisos do art. 5º). Noutros termos, primeiramente, assegura-se o gozo dos sobredireitos de personalidade em que se traduz a “livre” e “plena” manifestação do pensamento, da criação e da informação. Somente depois é que se passa a cobrar do titular de tais situações jurídicas ativas um eventual desrespeito a direitos constitucionais alheios, ainda que também densificadores da personalidade humana. Determinação constitucional de momentânea paralisia à inviolabilidade de certas categorias de direitos subjetivos fundamentais, porquanto a cabeça do art. 220 da Constituição veda qualquer cerceio ou restrição à concreta manifestação do pensamento (vedado o anonimato), bem assim todo cerceio ou restrição que tenha por objeto a criação, a expressão e a informação, seja qual for a forma, o processo, ou o veículo de comunicação social. Com o que a Lei Fundamental do Brasil veicula o mais democrático e civilizado regime da livre e plena circulação das ideias e opiniões, assim como das notícias e informações, mas sem deixar de prescrever o direito de resposta e todo um regime de responsabilidades civis, penais e administrativas. Direito de resposta e responsabilidades que, mesmo atuando a posteriori, infletem sobre as causas para inibir abusos no desfrute da plenitude de liberdade de imprensa.5. PROPORCIONALIDADE ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. Sem embargo, a excessividade indenizatória é, em si mesma, poderoso fator de inibição da liberdade de imprensa, em violação ao princípio constitucional da proporcionalidade. A relação de proporcionalidade entre o dano moral ou material sofrido por alguém e a indenização que lhe caiba receber (quanto maior o dano maior a indenização) opera é no âmbito interno da potencialidade da ofensa e da concreta situação do ofendido. Nada tendo a ver com essa equação a circunstância em si da veiculação do agravo por órgão de imprensa, porque, senão, a liberdade de informação jornalística deixaria de ser um elemento de expansão e de robustez da liberdade de pensamento e de expressão lato sensu para se tornar um fator de contração e de esqualidez dessa liberdade. Em se tratando de agente público, ainda que injustamente ofendido em sua honra e imagem, subjaz à indenização uma imperiosa cláusula de modicidade. Isto porque todo agente público está sob permanente vigília da cidadania. E quando o agente estatal não prima por todas as aparências de legalidade e legitimidade no seu atuar oficial, atrai contra si mais fortes suspeitas de um comportamento antijurídico francamente sindicável pelos cidadãos.6. RELAÇÃO DE MÚTUA CAUSALIDADE ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E DEMOCRACIA. A plena liberdade de imprensa é um patrimônio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de evolução político-cultural de todo um povo. Pelo seu reconhecido condão de vitalizar por muitos modos a Constituição, tirando-a mais vezes do papel, a Imprensa passa a manter com a democracia a mais entranhada relação de mútua dependência ou retroalimentação. Assim visualizada como verdadeira irmã siamesa da democracia, a imprensa passa a desfrutar de uma liberdade de atuação ainda maior que a liberdade de pensamento, de informação e de expressão dos indivíduos em si mesmos considerados. O § 5º do art. 220 apresenta-se como norma constitucional de concretização de um pluralismo finalmente compreendido como fundamento das sociedades autenticamente democráticas; isto é, o pluralismo como a virtude democrática da respeitosa convivência dos contrários. A imprensa livre é, ela mesma, plural, devido a que são constitucionalmente proibidas a oligopolização e a

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monopolização do setor (§ 5º do art. 220 da CF). A proibição do monopólio e do oligopólio como novo e autônomo fator de contenção de abusos do chamado “poder social da imprensa”.7. RELAÇÃO DE INERÊNCIA ENTRE PENSAMENTO CRÍTICO E IMPRENSA LIVRE. A IMPRENSA COMO INSTÂNCIA NATURAL DE FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E COMO ALTERNATIVA À VERSÃO OFICIAL DOS FATOS. O pensamento crítico é parte integrante da informação plena e fidedigna. O possível conteúdo socialmente útil da obra compensa eventuais excessos de estilo e da própria verve do autor. O exercício concreto da liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero ou contundente, especialmente contra as autoridades e os agentes do Estado. A crítica jornalística, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível de censura, mesmo que legislativa ou judicialmente intentada. O próprio das atividades de imprensa é operar como formadora de opinião pública, espaço natural do pensamento crítico e “real alternativa à versão oficial dos fatos” (Deputado Federal Miro Teixeira).8. NÚCLEO DURO DA LIBERDADE DE IMPRENSA E A INTERDIÇÃO PARCIAL DE LEGISLAR. A uma atividade que já era “livre” (incisos IV e IX do art. 5º), a Constituição Federal acrescentou o qualificativo de “plena” (§ 1º do art. 220). Liberdade plena que, repelente de qualquer censura prévia, diz respeito à essência mesma do jornalismo (o chamado “núcleo duro” da atividade). Assim entendidas as coordenadas de tempo e de conteúdo da manifestação do pensamento, da informação e da criação lato sensu, sem o que não se tem o desembaraçado trânsito das ideias e opiniões, tanto quanto da informação e da criação. Interdição à lei quanto às matérias nuclearmente de imprensa, retratadas no tempo de início e de duração do concreto exercício da liberdade, assim como de sua extensão ou tamanho do seu conteúdo. Tirante, unicamente, as restrições que a Lei Fundamental de 1988 prevê para o “estado de sítio” (art. 139), o Poder Público somente pode dispor sobre matérias lateral ou reflexamente de imprensa, respeitada sempre a ideia-força de que quem quer que seja tem o direito de dizer o que quer que seja. Logo, não cabe ao Estado, por qualquer dos seus órgãos, definir previamente o que pode ou o que não pode ser dito por indivíduos e jornalistas. As matérias reflexamente de imprensa, suscetíveis, portanto, de conformação legislativa, são as indicadas pela própria Constituição, tais como: direitos de resposta e de indenização, proporcionais ao agravo; proteção do sigilo da fonte (“quando necessário ao exercício profissional”); responsabilidade penal por calúnia, injúria e difamação; diversões e espetáculos públicos; estabelecimento dos “meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente” (inciso II do § 3º do art. 220 da CF); independência e proteção remuneratória dos profissionais de imprensa como elementos de sua própria qualificação técnica (inciso XIII do art. 5º); participação do capital estrangeiro nas empresas de comunicação social (§ 4º do art. 222 da CF); composição e funcionamento do Conselho de Comunicação Social (art. 224 da Constituição). Regulações estatais que, sobretudo incidindo no plano das consequências ou responsabilizações, repercutem sobre as causas de ofensas pessoais para inibir o cometimento dos abusos de imprensa. Peculiar fórmula constitucional de proteção de interesses privados em face de eventuais descomedimentos da imprensa (justa preocupação do Ministro Gilmar Mendes), mas sem prejuízo da ordem de precedência a esta conferida, segundo a lógica elementar de que não é pelo temor do abuso que se vai coibir o uso. Ou, nas palavras do Ministro Celso de Mello, “a censura governamental, emanada de qualquer um dos três Poderes, é a expressão odiosa da face autoritária do poder público”.9. AUTORREGULAÇÃO E REGULAÇÃO SOCIAL DA ATIVIDADE DE IMPRENSA. É da lógica encampada pela nossa Constituição de 1988 a autorregulação da imprensa como mecanismo de permanente ajuste de limites da sua liberdade ao sentir-pensar da sociedade civil. Os padrões de seletividade do próprio corpo social operam como antídoto que o tempo não cessa de aprimorar contra os abusos e desvios jornalísticos. Do dever de irrestrito apego à completude e fidedignidade das informações comunicadas ao público decorre a permanente conciliação entre liberdade e responsabilidade da imprensa. Repita-se: não é jamais pelo temor do abuso que se vai proibir o uso de uma liberdade de informação a que o próprio Texto Magno do País apôs o rótulo de “plena” (§ 1 do art. 220).10. NÃO RECEPÇÃO EM BLOCO DA LEI 5.250 PELA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL.10.1. Óbice lógico à confecção de uma lei de imprensa que se orne de compleição estatutária ou orgânica. A própria Constituição, quando o quis, convocou o legislador de segundo escalão para o aporte regratório da parte restante de seus dispositivos (art. 29, art. 93 e § 5º do art. 128). São irregulamentáveis os bens de personalidade que se põem como o próprio conteúdo ou substrato da liberdade de informação jornalística, por se tratar de bens jurídicos que têm na própria interdição da prévia interferência do Estado o seu modo natural, cabal e ininterrupto de incidir. Vontade normativa que, em tema elementarmente de imprensa, surge e se exaure no próprio texto da Lei Suprema.10.2. Incompatibilidade material insuperável entre a Lei n° 5.250/67 e a Constituição de 1988. Impossibilidade de conciliação que, sobre ser do tipo material ou de substância (vertical), contamina toda a Lei de Imprensa: a) quanto ao seu entrelace de comandos, a serviço da prestidigitadora lógica de que para cada regra geral

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afirmativa da liberdade é aberto um leque de exceções que praticamente tudo desfaz; b) quanto ao seu inescondível efeito prático de ir além de um simples projeto de governo para alcançar a realização de um projeto de poder, este a se eternizar no tempo e a sufocar todo pensamento crítico no País.10.3 São de todo imprestáveis as tentativas de conciliação hermenêutica da Lei 5.250/67 com a Constituição, seja mediante expurgo puro e simples de destacados dispositivos da lei, seja mediante o emprego dessa refinada técnica de controle de constitucionalidade que atende pelo nome de “interpretação conforme a Constituição”. A técnica da interpretação conforme não pode artificializar ou forçar a descontaminação da parte restante do diploma legal interpretado, pena de descabido incursionamento do intérprete em legiferação por conta própria. Inapartabilidade de conteúdo, de fins e de viés semântico (linhas e entrelinhas) do texto interpretado. Caso-limite de interpretação necessariamente conglobante ou por arrastamento teleológico, a pré-excluir do intérprete/aplicador do Direito qualquer possibilidade da declaração de inconstitucionalidade apenas de determinados dispositivos da lei sindicada, mas permanecendo incólume uma parte sobejante que já não tem significado autônomo. Não se muda, a golpes de interpretação, nem a inextrincabilidade de comandos nem as finalidades da norma interpretada. Impossibilidade de se preservar, após artificiosa hermenêutica de depuração, a coerência ou o equilíbrio interno de uma lei (a Lei federal nº 5.250/67) que foi ideologicamente concebida e normativamente apetrechada para operar em bloco ou como um todo pro indiviso.11. EFEITOS JURÍDICOS DA DECISÃO. Aplicam-se as normas da legislação comum, notadamente o Código Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal às causas decorrentes das relações de imprensa. O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria publicada é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra objetiva, ou então subjetiva, conforme estampado no inciso V do art. 5º da Constituição Federal. Norma, essa, “de eficácia plena e de aplicabilidade imediata”, conforme classificação de José Afonso da Silva. “Norma de pronta aplicação”, na linguagem de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, em obra doutrinária conjunta.12. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Total procedência da ADPF, para o efeito de declarar como não recepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei federal nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.* noticiado no Informativo 544

HC N. 93.876-RJRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: PROCESSUAL PENAL. PENAL. HABEAS CORPUS. PORTE DE MUNIÇÃO DE USO RESTRITO. ART. 16 DA LEI 10.826/2003. PERÍCIA PARA A COMPROVAÇÃO DO POTENCIAL LESIVO DA MUNIÇÃO. DESNECESSIDADE. SIGILO TELEFÔNICO JUNTADO AOS AUTOS APÓS AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE QUE NÃO PODE SER EXAMINADA SOB PENA DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. POSSIBILIDADE. DECISÃO ADEQUADAMENTE FUNDAMENTADA. IMPETRAÇÃO CONHECIDA EM PARTE E DENEGADA A ORDEM NESSA EXTENSÃO.I - A objetividade jurídica dos delitos previstos na Lei 10.826/03 transcende a mera proteção da incolumidade pessoal, para alcançar também a tutela da liberdade individual e de todo o corpo social, asseguradas ambas pelo incremento dos níveis de segurança coletiva que a lei propicia.II - Despicienda a ausência ou nulidade do laudo pericial da arma ou da munição para a aferição da materialidade do delito.III - A questão da nulidade decorrente do fato de o procedimento de quebra de sigilo telefônico ter sido juntado aos autos após a audiência de instrução e julgamento não pode ser conhecida, sob pena de indevida supressão de instância com o desbordamento dos limites de competência do STF descritos no art. 102 da Constituição Federal.IV - No caso, o magistrado, ao fixar a pena-base dos pacientes, observou fundamentadamente todas as circunstâncias judiciais constantes do art. 59 do Código Penal, especialmente a grande quantidade de substância entorpecente e a qualidade de mentores intelectuais ostentada pelos pacientes, o que justifica a fixação do quantum da pena acima do mínimo legal.V - Writ conhecido em parte, denegando-se a ordem na parte conhecida. * noticiado no Informativo 544

HC N. 95.706-RJRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. ABSOLVIÇÃO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR. ACÓRDÃO. CONDENAÇÃO. NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. VIOLAÇÃO AO ART. 93, IX, DA CF. OCORRÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA.I - O acórdão recorrido, ao reformar a sentença absolutória, deixou de explicitar em quais elementos de prova fundou-se a condenação, o que viola a exigência constitucional de motivação das decisões.II - Ofensa ao art. 93, IX, da CF.III - Ordem concedida. * noticiado no Informativo 559

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HC N. 99.582-RSRELATOR: MIN. CARLOS BRITTOEMENTA: HABEAS CORPUS. TIPICIDADE. PORTE ILEGAL DE ARMA DESMUNICIADA E COM NUMERAÇÃO RASPADA. INCIDÊNCIA DO INCISO IV DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 16 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA.1. A tese da atipicidade do porte ilegal de arma desmuniciada não foi arguida perante a autoridade apontada como coatora. Impossibilidade de conhecimento pelo Supremo Tribunal Federal, pena de indevida supressão de instância.2. No julgamento do RHC 89.889, da relatoria da ministra Cármem Lúcia, o Plenário desta colenda Corte entendeu que o delito de que trata o inciso IV do parágrafo único do art. 16 do Estatuto do Desarmamento é Política Criminal de valorização do poder-dever do Estado de controlar as armas de fogo que circulam em nosso País. Isso porque a supressão do número, marca, ou qualquer outro sinal identificador do artefato lesivo impede o seu cadastramento e controle.3. A função social do combate ao delito em foco alcança qualquer tipo de arma de fogo; e não apenas armamento de uso restrito ou proibido. Tanto é assim que o porte de arma de fogo com numeração raspada constitui crime autônomo. Figura penal que, no caso, tem como circunstância elementar o fato de a arma (seja ela de uso restrito ou não) estar com a numeração ou qualquer outro sinal identificador adulterado, raspado ou suprimido.4. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada.* noticiado no Informativo 558

RE N. 114.282-SPRELATORA P/ O ACÓRDÃO: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MILITAR. PROMOÇÃO AO POSTO IMEDIATAMENTE SUPERIOR. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. PRECEDENTES.1. Não há direito adquirido à promoção ao posto imediatamente superior quando o preenchimento das condições para a aposentadoria ocorre quando já vigente norma legal e constitucional não mais a admite.2. Recurso extraordinário ao qual se dá provimento.* noticiado no Informativo 545

RE N. 428.324-DFRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MINISTÉRIO PÚBLICO. Longe fica de vulnerar o inciso II do § 5º do artigo 128 da Constituição Federal pronunciamento judicial no sentido de não se mostrarem devidos honorários advocatícios em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público e julgada procedente considerada a articulação de a verba ser recolhida à Fazenda Pública.

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TRANSCRIÇÕESCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam

despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Processo Legislativo Municipal - Poder de Iniciativa das Leis - Usurpação - Sanção - Irrelevância - Inconstitucionalidade Formal (Transcrições)AI 348800/SP*

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLOEMENTA: PROCESSO LEGISLATIVO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE REGEM O PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS LEIS. APLICABILIDADE AOS ESTADOS-MEMBROS E AOS MUNICÍPIOS. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS (RTJ 187/97, REL. MIN. CELSO DE MELLO). MATÉRIA SUJEITA À RESERVA DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. PROCESSO LEGISLATIVO. INSTAURAÇÃO DEPENDENTE DE INICIATIVA CONSTITUCIONALMENTE RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. DIPLOMA LEGISLATIVO MUNICIPAL QUE RESULTOU DE INICIATIVA PARLAMENTAR. USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA. SANÇÃO DO PROJETO DE LEI. IRRELEVÂNCIA. INSUBSISTÊNCIA DA SÚMULA Nº 5/STF. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. DOUTRINA. PRECEDENTES. RECURSO IMPROVIDO.DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo de instrumento foi interposto contra decisão, que, proferida em sede de fiscalização abstrata de constitucionalidade (CF, art. 125, § 2º), pelo Órgão Especial do E. Tribunal de Justiça local, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 21):“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.- Norma pertinente à admissão de deficiente, originária de proposta de membros do legislativo municipal – Inadmissibilidade – Estatutos referentes ao provimento de cargos e empregos públicos a constituírem-se em matéria de atribuição exclusiva do órgão executivo do Município – Ação procedente.” (grifei)A análise dos autos evidencia que o acórdão questionado em sede recursal extraordinária ajusta-se à diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na apreciação da controvérsia em causa.Com efeito, o tema suscitado na presente sede recursal concerne à cláusula de reserva constitucional de iniciativa em matéria de instauração do processo legislativo.O Supremo Tribunal Federal tem advertido, em orientação jurisprudencial consolidada, que as diretrizes inscritas na Constituição da República - que regem, em seus aspectos essenciais, o processo de formação das leis - impõem-se à compulsória observância dos Estados-membros e dos Municípios, inclusive no que se refere à cláusula de iniciativa, consideradas, para tanto, as hipóteses taxativamente definidas, em “numerus clausus”, no art. 61, § 1º, da Carta Política (RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA - RTJ 178/621, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RTJ 185/408-409, Rel. Min. ELLEN GRACIE - ADI 1.060-MC/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - ADI 1.729-MC/RN, Rel. Min. NELSON JOBIM - ADI 2.569/CE, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - ADI 2.731/ES, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.):“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – POLICIAL MILITAR – REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS – PROCESSO LEGISLATIVO – INSTAURAÇÃO DEPENDENTE DE INICIATIVA CONSTITUCIONALMENTE RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - DIPLOMA LEGISLATIVO ESTADUAL QUE RESULTOU DE INICIATIVA PARLAMENTAR – INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL – MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O PROCESSO LEGISLATIVO IMPÕEM-SE À OBSERVÂNCIA DOS ESTADOS-MEMBROS.- O modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais pela Carta da República, impõe-se, enquanto padrão normativo de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados-membros. Precedentes.- O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, que resulte da usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente editado.Nem mesmo a ulterior aquiescência do Chefe do Poder Executivo, mediante sanção do projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical. Insubsistência da Súmula nº 5/STF, motivada pela superveniente promulgação da Constituição Federal de 1988. Doutrina. Precedentes.SIGNIFICAÇÃO CONSTITUCIONAL DO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS (CIVIS E MILITARES).- A locução constitucional ‘regime jurídico dos servidores públicos’ corresponde ao conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus agentes.”(RTJ 187/97, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

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A natureza especial que assume a cláusula referente à iniciativa reservada das leis caracteriza, em nosso sistema de direito, derrogação que excepciona o princípio geral da legitimação concorrente para a instauração do processo de formação das espécies legislativas. Disso decorre, portanto, que não se deve presumir a incidência da cláusula de reserva, que deve resultar, necessariamente, de explícita previsão constitucional.Dentro do quadro normativo delineado pela Lei Fundamental da República, a ação legislativa do Estado vê-se condicionar pela necessidade de fiel observância e submissão da instituição parlamentar ao postulado da reserva de iniciativa, quando ocorrentes as hipóteses taxativas constantes do texto constitucional.O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, mediante usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo assim editado, que não se convalida, juridicamente, nem mesmo com a sanção manifestada pelo Chefe do Poder Executivo.A matéria versada nos diplomas legislativos questionados em sede recursal extraordinária subsume-se, claramente, ao conceito de regime jurídico dos servidores públicos, cuja definição - tal como assinalado por esta Suprema Corte (ADI 1.381-MC/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO) - “corresponde ao conjunto de normas que disciplinam os diversos aspectos das relações, estatutárias ou contratuais, mantidas pelo Estado com os seus agentes” (RTJ 157/460, Rel. Min. CELSO DE MELLO).No caso, como já enfatizado, o acórdão ora recorrido observou a diretriz jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame, adequando-se, por isso mesmo, por inteiro, à orientação prevalecente no âmbito desta Corte Suprema.Devo observar, ainda, que a sanção do projeto de lei, de que resultou a Lei municipal nº 2.642/95, não assume qualquer relevo jurídico-constitucional nem afasta o vício de inconstitucionalidade que a infirma.A sanção, pelo Prefeito Municipal, do projeto de lei em que se converteu a Lei nº 2.642/95 não tem o condão de validar a inconstitucionalidade formal desse diploma legislativo, cuja elaboração resultou da usurpação do poder de iniciativa, reservado, com exclusividade, ao Chefe do Executivo.Cabe referir, neste ponto, que a jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria em questão orienta-se no sentido de que a sanção (expressa ou tácita) não supre o vício resultante da usurpação de iniciativa, não mais subsistindo, em conseqüência, ante a sua manifesta incompatibilidade com o modelo positivado na vigente Constituição da República, a Súmula 5 enunciada por esta Corte (RTJ 174/75, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA - RTJ 180/91, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA - ADI 2.192-MC/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO):“(...) USURPAÇÃO DE INICIATIVA E SANÇÃO EXECUTIVA: A sanção a projeto de lei que veicule norma resultante de emenda parlamentar aprovada com transgressão à cláusula inscrita no art. 63, I, da Carta Federal não tem o condão de sanar o vício de inconstitucionalidade formal, eis que a só vontade do Chefe do Executivo - ainda que deste seja a prerrogativa institucional usurpada - revela-se juridicamente insuficiente para convalidar o defeito radical oriundo do descumprimento da Constituição da República. Precedente. (...).”(RTJ 168/87, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Vale destacar, neste ponto, o que observou o eminente Ministro MARCO AURÉLIO, Relator da já mencionada ADI 2.192-MC/ES, a respeito do tema ora em análise:“Surge, assim, a relevância do que articulado na inicial, valendo notar que a sanção do Governador não implica o afastamento do vício. O processo legislativo encerra atos complexos e cada qual deve estar afinado com os ditames constitucionais.” (grifei)Cumpre assinalar que esse entendimento foi reafirmado em julgamento efetuado pelo Plenário desta Corte (ADI 2.840/ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE), quando o Supremo Tribunal Federal, acolhendo o douto voto da eminente Ministra ELLEN GRACIE, enfatizou, a propósito da questão em exame, que “nem a sanção do projeto de lei pelo Governador tem o condão de convalidar o defeito radical de iniciativa proveniente do descumprimento da Carta Magna” (grifei).Impende enfatizar, ainda, quanto ao tema ora em análise, que essa orientação – que adverte que o vício de iniciativa não pode ser suprido, validamente, pela sanção do Chefe do Executivo – tem o beneplácito de expressivo magistério doutrinário (ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional”, p. 1.126, item n. 61.2, 7ª ed., 2007, Atlas; CAIO TÁCITO, “Parecer”, “in” Revista de Direito Administrativo, vol. 68/351; FRANCISCO CAMPOS, “Parecer”, “in” Revista de Direito Administrativo, vol. 73/390).Igual percepção do tema é revelada por MARCELLO CAETANO (“Direito Constitucional”, item n. 116, vol. II/332, 1978, Forense), cuja lição enfatiza que a sanção governamental – tratando-se de hipótese de usurpação do poder de iniciativa – não faz desaparecer a inconstitucionalidade originária:“Um projeto resultante de iniciativa inconstitucional sofre de pecado original, que a sanção não tem a virtude de apagar, até porque, a par das razões jurídicas, militam os fortes motivos políticos que determinaram a exclusividade da iniciativa presidencial, cujo afastamento poderia conduzir a situações de intolerável pressão sobre o Executivo.” (grifei)Registre-se, por oportuno, que o entendimento ora exposto na presente decisão vem de ser reafirmado em

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recentíssimo julgamento plenário desta Corte, realizado em 16/09/2009 (ADI 3.930/RO, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI).Cabe observar, finalmente, tratando-se da hipótese prevista no art. 125, § 2º, da Constituição da República, que o provimento e o improvimento de recursos extraordinários interpostos contra acórdãos proferidos por Tribunais de Justiça em sede de fiscalização normativa abstrata têm sido veiculados em decisões monocráticas emanadas dos Ministros Relatores da causa no Supremo Tribunal Federal, desde que, tal como sucede na espécie, o litígio constitucional já tenha sido definido pela jurisprudência prevalecente no âmbito deste Tribunal (RE 243.975/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE - RE 334.868-AgR/RJ, Rel. Min. CARLOS BRITTO - RE 336.267/SP, Rel. Min. CARLOS BRITTO - RE 353.350-AgR/ES, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - RE 369.425/RS, Rel. Min. MOREIRA ALVES - RE 371.887/SP, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA - RE 396.541/RS, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - RE 415.517/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO - RE 421.271-AgR/RJ, Rel. Min. GILMAR MENDES - RE 444.565/RS, Rel. Min. GILMAR MENDES - RE 461.217/SC, Rel. Min. EROS GRAU - RE 501.913/MG, Rel. Min. MENEZES DIREITO - RE 592.477/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - RE 601.206/SP, Rel. Min. EROS GRAU - AI 258.067/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).Sendo assim, pelas razões expostas, e considerando os precedentes referidos, nego provimento ao presente agravo de instrumento, por revelar-se inviável o recurso extraordinário a que ele se refere.Publique-se.Brasília, 05 de outubro de 2009.

(21º Aniversário da promulgação da Constituição democrática de 1988)

Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão publicada no DJE de 20.10.2009

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INOVAÇÕES LEGISLATIVAS3 a 6 de novembro de 2009

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)Adoção - Poder Familiar - Guarda de Menor - Destituição - Prazo ProcessualInstrução Normativa/CNJ nº 2, de 3 de novembro de 2009 - Disciplina a adoção de medidas destinadas à observância de tramitação de processos da Lei 8069/90; da garantia de cumprimento de prazos previstos na mencionada Lei; dos demais direitos da criança e do adolescente estabelecidos na “teoria da proteção integral” e dá outras providências. Publicada no DOU de 4/11/2009, Seção 1, p. 94. Publicada também no DJE/CNJ de 4/11/2009, n. 187, p. 7.Poder Familiar - Destituição - Informação - Registro - Guia Nacional de Acolhimento - Guia Nacional de Desligamento de Crianças e Adolescentes AcolhidosInstrução Normativa/CNJ nº 3, de 3 de novembro de 2009 - Institui a guia única de acolhimento familiar ou institucional, de crianças e adolescentes, e a de desligamento, fixa regras para o armazenamento permanente dos dados disponíveis em procedimentos de destituição ou suspensão do poder familiar. Publicada no DJE/CNJ de 4/11/2009, n. 187, p. 7. Publicada também no DOU de 6/11/2009, Seção 1, p. 155.Sistema Prisional - Preso - Convívio Social - Trabalho - CapacitaçãoResolução/CNJ nº 96, de 27 de outubro de 2009 - Dispõe sobre o Projeto Começar de Novo no âmbito do Poder Judiciário, institui o Portal de Oportunidades e dá outras providencias. Publicada no DOU de 4/11/2009, Seção 1, p. 94. Publicada também no DJE/CNJ de 4/11/2009, n. 187, p. 2.Justiça Comum - Paraná - InspeçãoPortaria/CNJ nº 237, de 23 de outubro de 2009 - Instaura inspeção junto às unidades judiciárias e administrativas da Justiça Comum Estadual de Primeiro e de Segundo Grau do Estado do Paraná com início no dia 09/11/2009. Publicada no DJE/CNJ de 3/11/2009, n. 186, p. 23. Publicada também no DJ de 30/10/2009, n. 208, p. 1.CONVENÇÃO INTERNACIONAL - Menor - Secretaria Especial de Direitos HumanosDecreto nº 6995, de 30 de outubro de 2009 - Acresce dispositivo ao parágrafo único do art. 1o do Anexo I do Decreto no 5.174, de 9 de agosto de 2004, para designar a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República como Autoridade Central da Convenção Interamericana sobre Restituição Internacional de Menores. Publicado no DOU de 30/10/2009, Seção 1, p. 1. Edição Extra.PODER JUDICIÁRIO - Dia Nacional - Integração - América LatinaLei nº 12.075, de 29 de outubro de 2009 - Institui o Dia da Integração Jurídica Latino-Americana. Publicada no DOU de 30/10/2009, Seção 1, p. 2.TRABALHO ESCRAVO - Combate - Dia Nacional - Semana Nacional - CriaçãoLei nº 12.064, de 29 de outubro de 2009 - Dispõe sobre a criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, bem como da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Publicada no DOU de 30/10/2009, Seção 1, p. 1.SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) - Estágio - Estudante - EstrangeiroResolução/STF nº 418, de 4 de novembro de 2009 - Altera os artigos 12 e 16 e acresce o art. 14-A à Resolução nº 400, de 29 de maio de 2009. Publicada no DJE de 6/11/2009, n. 208, p. 1.

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

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NOTÍCIAS

16 de Novembro de 200911h12 - Pegar bicicleta emprestada e não saber onde deixou não caracteriza apropriação indébita 10h19 - Liberdade provisória não pode ser negada com base na gravidade abstrata do crime 09h36 - STJ determina trancamento de ação penal contra mulher que tentou furtar duas blusas 08h59 - Para STJ, filho maior de 25 anos não deve receber indenização por morte da mãe 08h00 - Emissora de TV e diretor terão que indenizar ator Thiago Lacerda por uso indevido de imagem

13 de Novembro de 200913h25 - Contribuição previdenciária não incide sobre o terço de férias 12h19 - Ex-prefeito de município de Pernambuco continuará a responder processo por desvio de dinheiro público 11h05 - RECURSO REPETITIVO Autenticação do agravo de instrumento prevista no artigo 525 do CPC é desnecessária 10h01 - RECURSO REPETITIVO Cabe agravo contra decisão liminar em mandado de segurança 09h27 - Obras públicas em terra invadida não caracteriza desapropriação indireta 08h53 - Ação contra erro ou má-fé em registro não deve ser proposta contra particulares 08h00 - Hermès francesa pode utilizar marca no Brasil

12 de Novembro de 200912h03 - DECISÃO Ministro da Defesa deve determinar pagamento imediato de retroativos a um anistiado político11h01 - STJ nega pedido de desaforamento a ex-vereador acusado de assassinar parente no interior de Goiás 10h08 - RECURSO REPETITIVO Legislação não autoriza o juiz a extinguir, sem a concordância do credor, a execução dos créditos 09h36 - RECURSO REPETITIVO STJ pacifica entendimento sobre drawback 08h54 - Empresa consegue reduzir honorário de R$ 1,1 milhão para R$ 23,7 mil 08h00 - Não cabe conversão de pena para crime de tráfico de entorpecentes

11 de Novembro de 200913h35 - Cúmplice de adultério não tem o dever de indenizar marido traído 10h01 Conselho de Medicina pode julgar conduta ética do diretor-técnico médico de plano de saúde em caso de morte de paciente 09h22 Contratação irregular de servidor não é improbidade quando não há dano ao erário 08h00 STJ nega pedido de indenização de José Carlos Gratz contra promotor e o jornal A Gazeta

10 de Novembro de 200916h31 - BHTrans não pode aplicar multa de trânsito12h39 - Militares que ingressaram na FAB após Portaria 1.104/64 não têm direito à anistia política 11h25 - Atraso no desbloqueio de cartão de crédito não gera indenização se culpa é do consumidor 10h19 - Em leilão judicial, o imposto é cobrado sobre o valor do bem e não da arrematação 09h34 - STJ rejeita recurso de desembargador de Goiás acusado de improbidade 08h58 - Multa de sentença trabalhista gera acréscimo patrimonial e incidência do IR 08h00 - Aracruz Celulose garante correção monetária de crédito-prêmio de IPI

09 de Novembro de 200914h44 - STJ aumenta para 50 mil a indenização a ser paga pelo RJ a pai de vítima de dengue hemorrágica 14h11 - STJ anula acórdão de apelação revisado por mesma juíza que recebeu denúncia contra réu 12h30 - Prefeito acusado de fornecer combustível a eleitor tem pedido negado para trancar ação penal 10h59 - MP tem legitimidade para defender direitos específicos de determinado grupo de pessoas 10h22 - Editora terá que indenizar uma confecção de biquíni por publicação enganosa de seus produtos

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16/11/2009 - 11h12 Pegar bicicleta emprestada e não saber onde deixou não caracteriza apropriação indébita

A 6ª Turma concedeu, por unanimidade, o pedido de HC em favor de M.C., que cumpria pena pelo crime de apropriação indébita. Não houve dolo na conduta de M.C., que pegou uma bicicleta, avaliada em R$ 220, emprestada com um amigo para fazer compras, embriagou-se e esqueceu-se do veículo na porta do supermercado. Ao retornar para a casa do dono da bicicleta, não sabia dizer em que lugar a havia esquecido. Em maio/03, em Miranda,MS, M.C. pediu emprestada a bicicleta que pertencia a W.M.O. com a finalidade de comprar carne e outros produtos com o objetivo de fazer um churrasco. M.C. retornou ao apartamento do amigo sem a bicicleta, afirmando que não sabia onde havia deixado o bem. Vinte dias depois, W.O. conseguiu reaver a bicicleta que estava abandonada no mesmo local no qual havia sido esquecida, o Mercado Lisboa. A denúncia por apropriação indébita aconteceu em 2006 e, 1 ano depois, o acusado foi condenado à pena de 1 ano e 6 meses de reclusão, tendo sido estabelecido o regime inicial semiaberto. A DP recorreu ao TJMS para que fosse extinta a ação penal por ausência de justa causa, mas o tribunal negou. “Não há que se falar em absolvição se restou demonstrado nos autos que o agente não tinha a intenção de devolver a bicicleta para a vítima, uma vez que esta só foi recuperada porque a própria vítima a encontrou, sendo que o agente em nada contribuiu para o feito”. A defesa apelou alegando que M.C. foi injustamente condenado. “Uma mera análise superficial da prova testemunhal evidencia a atipicidade de sua conduta pela absoluta ausência de dolo. A própria vítima, W.O., durante as fases do processo, confirma terem se passado cerca de 6 horas entre o empréstimo da bicicleta e o retorno do amigo sem o referido veículo; e que ele voltou até o prédio em tal grau de embriaguez que, num primeiro momento, sequer se lembrava de ter pegado a bicicleta. Somente quando foi confrontado com testemunhas que presenciaram o empréstimo, foi que ele assumiu não se lembrar onde a deixara”. A DP também alegou que na única oportunidade em que foi ouvido, o acusado deixou claro jamais ter tido a intenção de se apoderar da bicicleta, não tendo devolvido o bem ao legítimo dono simplesmente porque não sabia onde a havia deixado. Com base nestes argumentos, requereu ao STJ concessão do HC para “absolver M.C. e mantê-lo em liberdade, diante da atipicidade de sua conduta pela ausência de dolo”. Nilson Naves, relator, acolheu as alegações da defesa. “No caso, pode-se afirmar que o paciente foi displicente, negligente mesmo com a coisa que lhe foi emprestada, pois em vez de embriagar-se a ponto de esquecer onde deixara a bicicleta que não era dele, deveria ter feito suas compras e prontamente devolvido o veículo ao proprietário. Sua conduta poderia se encaixar numa modalidade culposa, mas fica a anos luz do dolo exigido para configurar a apropriação indébita descrita no CP”. M.C. não obteve nenhum proveito em razão do empréstimo, uma vez que a bicicleta ficou abandonada na porta do estabelecimento comercial por 20 dias. “Como, então, atestar a vontade inequívoca de não restituir o bem? Tenho sérias dúvidas da tipicidade do fato. O meu convencimento é o da desnecessidade aqui da tutela penal, visto que a ação de apropriar-se ficou a meio caminho – se o crime é um fato típico e antijurídico, como se falar em conduta penalmente punível se o elemento subjetivo não se confirmou?”. Seguindo o relator, que concluiu não haver justa causa para ação penal pelo crime de apropriação indébita, a 6ª Turma concedeu o HC, extinguindo o processo.

16/11/2009 - 10h19 Liberdade provisória não pode ser negada com base na gravidade abstrata do crime

A concessão de liberdade provisória a um réu não pode ser negada com base apenas na gravidade abstrata do crime cometido ou na possibilidade do que essa pessoa pode vir a fazer depois que for solta. O entendimento é da 6ª Turma, que concedeu HC a acusado de associação ao tráfico de entorpecentes no Pará. O acusado foi denunciado por delitos previstos nos art. 33 e 35 da Lei 11343/06. O TJPA decidiu, ao indeferir o pedido da defesa, que as alegações apresentadas de que o réu mora no local onde foi praticado o delito, não possui antecedentes criminais e é réu primário não podem ser consideradas suficientes para autorização da liberdade. O TJPA também levou em consideração a “gravidade do delito praticado” e a “periculosidade do requerente”. O relator do HC, Celso Limongi, considerou que “a vedação da liberdade provisória a um réu não pode estar fundamentada apenas na gravidade abstrata do crime cometido, nem em meras conjecturas e nas suas consequências sociais”. O ministro lembrou no seu voto que o entendimento mantido por ele tem precedentes em dois habeas corpus anteriores. O primeiro, relatado pela desembargadora convocada do TJMG Jane Silva, em fevereiro deste ano. E o segundo, pelo ministro Arnaldo Esteves Lima, em dezembro do ano passado. O ministro relator concedeu a liminar para que o indiciado aguarde em liberdade o julgamento final do processo, salvo o caso de ele vir a ser preso por outro motivo “ou se sobrevierem eventuais razões para sua prisão preventiva” e contanto que seja assumido, por este, o compromisso de comparecer a todos os atos do processo, sob pena de revogação.

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16/11/2009 - 09h36 STJ determina trancamento de ação penal contra mulher que tentou furtar duas blusas

A 5ª Turma determinou o trancamento de ação penal uma mulher acusada de tentar furtar 2 blusas avaliadas em R$ 68,00. A ordem foi expedida no julgamento de um HC impetrado pela DP. A tentativa de furto ocorreu em dezembro/07, em Teresina,PI. A acusada foi presa em flagrante e as 2 blusas devolvidas ao estabelecimento. Libertada após pagar fiança, ela foi denunciada pelo crime, que prevê até 4 anos de prisão, pena que pode ser reduzida em até dois terços por se tratar de tentativa e não de delito consumado. Após a instauração do processo contra a ré, a DP impetrou HC no TJPI. Na ação, pediu o trancamento da ação sob o fundamento de atipicidade da conduta pela aplicação do princípio da insignificância. O pedido foi indeferido pelo TJPI. Existe justa causa para a ação contra a acusada porque estavam presentes os indícios de autoria e materialidade do crime. A DP impetrou novo HC no STJ, com pedido de trancamento da ação. Amparado na doutrina atual sobre o assunto e em vários precedentes do STF e do próprio STJ, a 5ª Turma acolheu o requerimento e reformou a decisão do TJPI. Os ministros acompanharam o relator, Jorge Mussi. A aplicação do princípio da insignificância reflete o entendimento de que o Direito Penal deve intervir somente nos casos em que a conduta do acusado ocasionar lesão jurídica de certa gravidade ao bem protegido pela lei (no caso, o patrimônio). Esse mesmo princípio orienta o reconhecimento da atipicidade material de perturbações jurídicas mínimas ou leves, consideradas “não só no seu sentido econômico, mas também em função do grau de afetação da ordem social que ocasionem”. A insignificância não pode ser vista como elemento gerador de impunidade, mas citou a orientação do STF no sentido de que, ao verificar se a conduta configura lesividade mínima, deve-se levar em consideração: a) mínima ofensividade da conduta do agente, b) nenhuma periculosidade social da ação, c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e d) inexpressividade da lesão jurídica. Apesar de a conduta da acusada se amoldar à tipicidade formal (perfeito enquadramento da ação aos artigos da lei penal que dispõem sobre a tentativa de furto) e à tipicidade subjetiva (comprovação da intenção de praticar o crime), não há como reconhecer a tipicidade material, que consiste na relevância penal da conduta e do resultado em razão da significância da lesão produzida ao patrimônio. “As duas blusas, avaliadas em R$ 68,00, quantia que se apresenta realmente ínfima, foram integralmente restituídas à vítima, um estabelecimento comercial que não logrou prejuízo algum, seja com a conduta da acusada, seja com a conseqüência dela, mostrando-se carente de justa causa a deflagração de ação penal no caso, pois a lesão produzida, mostra-se absolutamente irrelevante”.

16/11/2009 - 08h59 Para STJ, filho maior de 25 anos não deve receber indenização por morte da mãe

O filho maior de 25 anos não é legitimado a receber indenização por morte da mãe em acidente de trânsito. A 3ª Turma afastou a indenização por dano material devida a 3 filhos pela morte da mãe, com 72 anos. A exceção à regra reserva-se ao caso de dependência econômica do filho relativamente ao genitor, que evidencie incapacidade de prover o próprio sustento pelo próprio trabalho, o que se evidencia em situações como a de estar cursando faculdade que lhe impeça normalmente de trabalhar, ou de enfermidade, especialmente a mental e situações análogas. Não é o caso em que os filhos tinham, à época do ajuizamento da ação, cerca de 50 anos, 2 já casados, com vida definida, estando um deles até mesmo aposentado. “Isso quer dizer que tinham todas as condições de prover o sustento pelo trabalho próprio, não havendo como nutrir-se de indenização, ainda que a genitora pudesse eventualmente ajudá-los, não se patenteando, com credibilidade, que ela os sustentasse por incapacidade de trabalho destes”. A Turma manteve a indenização por dano moral a cada 1 dos filhos, vez que esta não foi discutida no recurso.

16/11/2009 - 08h00 Emissora de TV e diretor terão que indenizar ator Thiago Lacerda por uso indevido de imagem

A 3ª Turma, por unanimidade, acolheu parcialmente o pedido da TV SBT Canal 4 de São Paulo S/A e de Roberto Manzoni e reduziu para R$ 80 mil a indenização a ser paga ao ator Thiago Lacerda, referente à indenização por uso indevido da imagem do ator na realização do leilão de uma sunga de banho supostamente utilizada pelo artista ao interpretar Jesus Cristo na encenação da Paixão de Cristo, realizada em João Pessoa (PB). A defesa ajuizou ação ordinária de indenização por uso indevido de imagem, dano material e dano moral contra a emissora de televisão, contra o diretor e contra o ex-apresentador do programa Domingo Legal, Augusto Liberato. Alegou que em abril/00, o programa dominical voltou-se por completo, durante aproximadamente 25 minutos, para noticiar sua atuação na Paixão de Cristo e para leiloar a suposta sunga utilizada pelo ator. Em primeira instância, o pedido foi concedido em parte para condenar a emissora de televisão e o apresentador ao pagamento de R$ 140 mil por danos morais. O

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diretor foi condenado a pagar R$ 80 mil também por danos morais. A emissora e o diretor apelaram da sentença. O TJRJ negou a apelação ao entendimento de que o fato de alegarem que a arrecadação do leilão seria destinada a instituição de caridade não descaracteriza a ofensa ao direito do autor. Para o TJRJ, sendo um profissional de atividade artística, consagrado na mídia, sua imagem não pode ser utilizada, sem a sua concordância, como atração para aumentar a audiência de empresa com a qual não mantém vínculo contratual. Inconformados, eles recorreram ao STJ sustentando que não houve nenhum dano que justificasse a condenação ao pagamento da indenização estipulada, já que o resultado danoso é requisito essencial para o dever de indenizar. Por fim, pediram que a condenação fosse minorada para um patamar justo, tendo em vista que o STJ deve controlar o valor das indenizações extrapatrimoniais. O relator, Sidnei Beneti, destacou que o montante fixado mostra-se exagerado, extrapolando os limites definidos pela jurisprudência desta Casa. Assim, a indenização deve ser reduzida para o valor de R$ 40 mil para cada (emissora e diretor). Esa quantia cumpre, com razoabilidade, a sua dupla finalidade, isto é, a de punir pelo ato ilícito cometido e a de reparar a vítima pelo sofrimento moral experimentado, considerando o fato de que o ofendido era contratado de outra emissora e as peculiaridades da exposição da sua imagem.

13/11/2009 - 13h25 Contribuição previdenciária não incide sobre o terço de férias

O STJ adequou sua jurisprudência ao entendimento firmado pelo STF para declarar que a contribuição previdenciária não incide sobre o terço de férias constitucional. A posição já vinha sendo aplicada pela Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos JEF. A tese da incidência prevaleceu na Seção desde o julgamento do Resp 731132, realizado em outubro/08 e relatado por Teori Zavascki. Na ocasião, a Turma concluiu que mesmo não sendo incorporado aos proventos de aposentadoria, o adicional de um terço de férias integrava a remuneração do trabalhador e não afastava a obrigatoriedade da contribuição previdenciária, uma vez que a seguridade social é regida pelo principio da solidariedade, sendo devida a contribuição até mesmo dos inativos e pensionistas. A Jurisprudência do STF pela não incidência da contribuição foi firmada a partir de 2005, ao fundamento de que a referida verba tem natureza compensatória /indenizatória e que, nos termos do art. 201, § 11, da CF/88, somente as parcelas incorporáveis ao salário para fins de aposentadoria sofrem a incidência da contribuição. O adicional de férias é um reforço financeiro para que o trabalhador possa usufruir de forma plena o direito constitucional do descanso remunerado. Eliana Calmon, relatora, reconheceu que o entendimento do STJ está em divergência com o posicionamento reafirmado pelo STF em diversos julgados. “Embora não se tenha decisão do Pleno, os precedentes demonstram que as 2 Turmas do STF consignam o mesmo entendimento, o que me leva a propor o realinhamento da posição jurisprudencial do STJ, adequando-se à jurisprudência do STF, no sentido de que a contribuição previdenciária não incide sobre o terço de constitucional de férias, verba que detém natureza indenizatória por não se incorporar à remuneração do servidor para fins de aposentadoria”. Por unanimidade, a 1ª Seção, que até então considerava a incidência da contribuição legítima, acolheu o incidente de uniformização suscitado pela FN e modificou seu entendimento.

13/11/2009 - 12h19 Ex-prefeito continuará a responder processo por desvio de dinheiro público

O ex-prefeito de Tracunhaém,PE, Sebastião Barbosa da Silva, vai continuar a responder ao processo no TJPE em que é acusado de desvio de dinheiro público. A 5ª Turma negou HC ao político, que pretendia obter o trancamento da ação sob a alegação de que houve violação ao devido processo legal e de que teria direito a foro privilegiado. A denúncia contra Silva foi proposta em 1998 pelo MPPE, que o acusou de praticar a infração prevista art. 1º, inc. I e II do Decreto-Lei 201/67. A denúncia foi aceita pelo TJPE. No HC impetrado no STJ, a defesa pediu o reconhecimento da prerrogativa de foro do ex-prefeito e a anulação da decisão de recebimento da denúncia. A 5ª Turma não acolheu as alegações. Sequer analisou o mérito da parte do requerimento relativa à anulação do acórdão do TJPE. E não o fez simplesmente porque a defesa não juntou na ação o inteiro teor da decisão do TJPE, peça imprescindível para apreciação de eventual existência de constrangimento ilegal contra o ex-prefeito. A 5ª Turma apreciou o outro fundamento da ação e entendeu que o político não tem direito à prerrogativa de foro, segundo o relator do HC no STJ, Arnaldo Esteves Lima, e seguida pelos demais julgadores. O relator recordou que o Plenário do STF, no julgamento da ADIn 2797/DF, declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do art. 84 do CPP. Assim, não mais subsiste prerrogativa de foro para processar e julgar ex-prefeito. Com a declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos legais que garantiam o foro privilegiado ao político, o STJ não mais possui competência para apreciar o caso, que agora deve ser analisado pelo TJPE.

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13/11/2009 - 11h05 RECURSO REPETITIVO Autenticação do AI prevista no artigo 525 do CPC é desnecessária

A autenticação das peças que instruem o AI, prevista no art. 525, I do CPC, não é requisito de admissibilidade recursal. Sua autenticação é desnecessária, ressalvada a hipótese de impugnação específica pela parte contrária. A necessidade ou dispensabilidade da autenticação de peças trasladadas para o AI, que vinha recebendo tratamento divergente pelas Turmas, foi superada pela Corte Especial pelo rito dos recursos repetitivos. Acompanhando o relator, Luiz Fux, a Corte reiterou que o AI interposto nas instâncias de origem, previsto no art. 522 e seguintes do CPC para impugnar decisões monocráticas proferidas pelo juízo singular, é diferente do AI interposto contra decisão denegatória de Resp, disciplinado pelo art. 544 do mesmo código. Ressaltou que os dispositivos processuais que disciplinam o AI interposto contra decisões monocráticas dos juízos de primeiro grau não trazem qualquer menção à necessidade de autenticação das peças que o instruem. Ao contrário do art. 544, onde o legislador manifesta, textualmente, a exigência de que as peças trasladadas ao instrumento sejam autenticadas. “O recurso de agravo, recentemente modificado pela reforma infraconstitucional do processo civil, não incluiu a referida exigência, muito embora institua a obrigatoriedade da afirmação da autenticidade, relegada ao advogado, nos agravos endereçados aos Tribunais Superiores”. A exigência de requisito de admissibilidade recursal não estabelecido na norma processual federal viola a garantia do devido processo legal. O relator foi acompanhando por unanimidade.

13/11/2009 - 10h01 RECURSO REPETITIVO Cabe agravo contra decisão liminar em mandado de segurança

O agravo é o recurso cabível contra a decisão que defere ou indefere liminar em MS, a teor dos arts. 527, II, e 588, do CPC, com a nova redação dada pela Lei 9139/95. O entendimento foi consolidado pela Corte Especial pelo rito da lei dos Recursos Repetitivos. No caso em questão, a Corte julgou Resp interposto pelo município de São José do Rio Preto contra decisão do TJSP que entendeu que o agravo de instrumento é meio inidôneo para atacar decisão que concede ou indefere liminar em sede de MS. No recurso, o município sustentou que o entendimento adotado pelo TJSP diverge de julgados do STJ. O referido agravo de Instrumento foi ajuizado contra decisão do Juízo de Direito da Vara da Fazenda Pública de São José do Rio Preto, que concedeu liminar em MS determinando ao município o fornecimento de medicamentos à impetrante, por tempo indeterminado, até o término do tratamento. Segundo o relator, Luiz Fux, subtrair a possibilidade de interpor agravo de instrumento contra a decisão que concede ou denega a liminar em MS é incompatível com os princípios da ampla defesa e do devido processo legal, já que o agravo é instrumento recursal que desafia qualquer decisão interlocutória, independentemente do rito inerente à ação.

13/11/2009 - 09h27 Obras públicas em terra invadida não caracteriza desapropriação indireta

O município que realiza obras de saneamento básico em área já invadida, sem ter agido para impedir o exercício da posse pelos proprietários, não está obrigado a indenizar o particular. Essa situação não caracteriza desapropriação indireta, mesmo que o município não tenha combatido a invasão. O entendimento é da 1ª Turma. A questão foi discutida no julgamento de um Resp interposto pelos proprietários de uma área invadida de 100 mil metros quadrados localizada na Freguesia do Irajá, no município do Rio de Janeiro, onde foi constituída a comunidade carente Vila Esperança. Os proprietários alegam que o TJRJ reconheceu a formação da comunidade na área, fomentada pelo município com obras de infra-estrutura, mas não condenou o ente público na “justa e prévia indenização”. Luiz Fux, relator, ressaltou que desapropriação indireta pressupõe o apossamento administrativo da área pelo ente estatal ou ato que impeça o exercício da posse pelo particular do imóvel invadido. Para verificar a ocorrência dessas hipóteses, o relator baseou-se no acórdão do TJRJ. De acordo com a decisão contestada, os proprietários ajuizaram ações de reintegração de posse, sem êxito. Ao tomarem conhecimento das obras de infra-estrutura, ingressaram também com ação de desapropriação indireta. Mas o TJRJ entendeu que o município não praticou qualquer ato material que resultasse na concretização do esbulho ou impediu o exercício do direito de propriedade. O ministro concluiu que nenhum ato expropriatório foi praticado. Após ampla análise de provas, o TJRJ constatou que quando as obras de saneamento foram realizadas, a invasão do imóvel já estava consolidada “não sendo crível entender ter havido ato de desapossamento por parte do ente público com a realização das obras de infra-estrutura”. Também não há nos autos prova cabal de que o município tenha fomentado a invasão ou simplesmente contribuído para que ela ocorresse. Por ser necessário o reexame de provas para rever a decisão, que é vedado pela Súm. 7/STJ, o relator conheceu parcialmente do recurso e nessa parte negou-lhe provimento. Todos os demais ministros Turma acompanharam o voto.

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13/11/2009 - 08h53 Ação contra erro ou má-fé em registro não deve ser proposta contra particulares

Ação contra erro ou má-fé em registro dever ser realizada contra oficiais dos cartórios de registro e não contra particulares. O entendimento é da 3ª Turma ao negar o pedido de Thelma Garcia Limões Filha e outros para que ação proposta por eles fosse desmembrada, a fim de evitar a extinção do processo sem julgamento de mérito. Foi proposta uma ação anulatória cumulada com reivindicatória contra Antônio Alves Simões e outros. A família de Thelma sustentou que é a legítima proprietária de um imóvel registrado no Cartório de Registro de Imóveis de Betim,MG, na condição de herdeira de Antônio Alves Limões. Entretanto, por ato que afirma oriundo de erro ou má-fé, no registro, passou a constar o nome do proprietário como Antônio Alves Simões, com novo número de matrícula, no Cartório de Registro de Imóveis de Contagem/ MG. A partir desse novo número, o imóvel foi alienado a outras pessoas. Com a ação foi pedida a anulação e o cancelamento da nova matrícula para restabelecimento do registro original. Na mesma oportunidade, foi pedida a imissão de Thelma e outros na posse do imóvel. Em primeiro grau, o pedido de anulação da nova matrícula foi julgado procedente. Quanto ao pedido da reivindicatória, a sentença julgou os autores carecedores do direito de ação, em virtude da inexistência de registro do formal de partilha. O TJMG, ao julgar a apelação, também reconheceu que os autores seriam carecedores do direito de ação, sob o fundamento de que não foram observados os pressupostos processuais e condições da ação, porquanto o ajuizamento deveria ter ocorrido contra os oficiais de Registro dos Cartórios de Registro de Imóveis de Betim e de Contagem, pois o que está sendo questionado é a validade do registro, em virtude da ocorrência de erro ou de má-fé, e não a validade do negócio. No STJ, os autores sustentaram que não havia necessidade de extinção do processo, sem resolução de mérito, pois o equívoco poderia ser sanado pelas regras do litisconsórcio passivo necessário e pelo desmembramento das ações, anulando-se o feito até a citação, para inclusão na ação dos oficiais dos cartórios. Para a relatora, Nancy Andrighi, não há razão para afastar as conclusões da decisão do TJMG quanto à extinção do processo, sem julgamento do mérito, pois os réus apontados são partes ilegítimas para figurar no pólo passivo. A ministra considerou incabível o desmembramento da ação, uma vez que o ajuizamento se deu, exclusivamente, contra parte ilegítima, tendo causa de pedir que não autoriza o pedido de anulação do registro nem o de reivindicação do imóvel.

13/11/2009 - 08h00 Hermès francesa pode utilizar marca no Brasil

Mantida decisão do TJRJ que permitiu à grife francesa Hermès conviver em harmonia no território nacional com a brasileira Hermes. O STJ rejeitou a tentativa da empresa brasileira Sociedade Comercial e Importadora Hermes de impedir que a companhia francesa explorasse os seus produtos no Brasil com a referida marca. Ambas as empresas atuam no mesmo ramo de atividade; uma se destinando ao mercado de luxo, outra à venda por catálogos. As marcas traduzem expressões praticamente idênticas e a única diferença é o acento gráfico. A brasileira possui o registro junto ao INPI desde 1942 e tentava assegurar o direito de registro de exclusividade. A empresa francesa, por meio da Hermès International, ingressou com uma ação declaratória na Justiça, para também ter direito de utilizar a marca. A Lei 9279/96 confere o direito de exclusividade do uso da marca registrada junto ao INPI, mas a ação interposta pela empresa francesa foi julgada procedente com o argumento de que o público alvo era distinto e os produtos não se confundiam. “Um consumidor da grife Hermès jamais adquirirá um produto da Hermes por engano, e vice-versa”. O TJRJ confirmou a sentença. Para a defesa, o TJRJ cometeu 2 equívocos: violou o direito de exclusividade do titular da marca e aplicou de forma errada o princípio da especificidade, criando uma espécie de subclasse de produtos que leva em conta apenas o público-alvo, critério que não encontra respaldo legal. Para o TJRJ, entretanto, por ser a Hermès uma empresa mundialmente conhecida, a marca seria notória. A empresa francesa – famosa por suas gravatas – foi fundada em Paris em 1837. Os magistrados utilizaram, no caso, o princípio da proteção extraterritorial às marcas notórias, da Convenção de Paris, que assegura o uso da marca. A defesa da Hermes brasileira, alegou que a Justiça confundiu a conceito de notoriedade, que só existe quando se confunde com o produto (caso da Gilette). Um agravo de instrumento interposto pela Hermes do Brasil tentava trazer a discussão ao STJ, mas o recurso foi rejeitado pelo então relator, Massami Uyeda, que negou a subida do recurso para análise ao STJ. Novo recurso foi apresentado pela empresa nacional, mas a 4ª Turma negou provimento ao fundamento de que a empresa não apresentou argumento capaz de “infirmar a decisão monocrática que pretende ver reformada”. A matéria de mérito não foi analisada pela Corte. “O acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame dos fatos e provas, o atrai a incidência da Súm. 7”, assinalou o relator Honildo A. de Mello Castro.

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12/11/2009 - 12h02 Ministro da Defesa deve determinar pagamento imediato de retroativos a um anistiado político

MS que pretende sanar omissão quanto a cumprimento integral de portaria que reconhece condição de anistiado político não consubstancia ação de cobrança, inclusive no pagamento de parcela relativa a valores pretéritos. A conclusão, por unanimidade, é da 3ª Seção, em decisão que obriga o ministro de Estado da Defesa ao pagamento, em 60 dias, dos valores devidos. A condição de anistiado político de Rubens Lopes Abreu foi declarada por meio da portaria 3699, de dezembro/04, do Ministério da Justiça. No MS o anistiado alegou que, a despeito da portaria, o Ministro da Defesa vem se omitindo quanto ao cumprimento integral da obrigação. Afirmou que apenas a reparação mensal vem sendo paga. Requereu, então, a concessão da segurança para que se cumprisse o imediato pagamento da obrigação prevista na portaria. O Ministro da Defesa alegou, entre outras coisas, que o MS não poderia ser usado como substitutivo de ação de cobrança e ausência de recursos orçamentários específicos para fins de pagamento dos valores retroativos exigidos. De acordo com o órgão, teria havido decadência do direito de impetrar o MS, além de decisão do TCU que teria suspendido o pagamento correspondente aos efeitos retroativos do ato que reconhece, conforme a portaria 1104/GM/3/63, do Ministro da Aeronáutica, a condição de anistiado político a ex-cabo daquela Força. A segurança foi concedida. O relator, Arnaldo Esteves Lima, lembrou que o TCU, em sessão plenária, revogou, em dezembro/08, a liminar concedida em outubro/06 que suspendia o pagamento dos valores retroativos devidos aos ex-cabos da Aeronáutica que tiveram a condição de anistiado reconhecida. Na mesma decisão o TCU reconheceu sua incompetência para rever o mérito da concessão ou não de anistia pelo ministro da Justiça por se tratar de ato eminentemente político. Afastou a alegação de decadência do pedido, lembrando que o impetrante não protesta contra um ato concreto de efeitos permanentes. “A suscitada omissão da autoridade impetrada quanto ao cumprimento integral da portaria que reconhece a condição de anistiado político renova-se continuamente”. O argumento de que o MS estaria sendo usado como substitutivo da ação de cobrança não foi considerado procedente. Não consubstancia ação de cobrança o mandado de segurança que visa sanar omissão quanto ao cumprimento integral de portaria que reconhece a condição de anistiado político. Arnaldo Esteves Lima lembrou que a análise de forma detalhada da execução orçamentária não cabe compete ao Judiciário. “Esse exame cabe ao administrador, certamente em momento anterior à publicação da portaria que declara a condição de anistiado político e assegura as reparações econômicas correspondentes”, acrescentou o ministro. A conceder a segurança para determinar ao ministro da Defesa o cumprimento integral da portaria 3699, e o imediato pagamento da parcela correspondente aos valores pretéritos, acrescida de correção monetária e juros de mora, conforme manual de cálculos da Justiça Federal, Arnaldo Esteves Lima fixou o prazo de 60 dias para o cumprimento.

12/11/2009 - 11h01 STJ nega pedido de desaforamento a ex-vereador acusado de assassinar parente

A 5ª Turma negou o pedido de desaforamento criminal feito pelo ex-vereador de Hidrolândia,GO Livertino Batista da Silva. Denunciado pelo assassinato de seu primo, o também vereador Francisco Alves de Souza, Livertino pretendia levar seu julgamento para outra cidade. O pedido de desaforamento fora inicialmente feito ao TJGO, que o indeferiu. A defesa impetrou novo HC no STJ, reiterando os fundamentos e o pleito de alteração do local do julgamento. Segundo a defesa, nas eleições de 2000 e 2004 Livertino foi o vereador mais votado de Hidrolândia, cidade distante cerca de 34 quilômetros de Goiânia. Essa circunstância abriria a possibilidade de um dos eleitores do ex-vereador ser escolhido jurado, o que, na avaliação da defesa, poderia violar a imparcialidade do Conselho de Sentença. Alegou ainda que o Fórum de Hidrolândia não possui auditório próprio para a realização do júri, o que impediria a segurança do réu em razão da repercussão negativa do crime na cidade. O relator, Arnaldo Esteves Lima, recordou que a regra é o réu ser julgado no local onde houve a consumação do crime. O desaforamento é medida excepcional só permitida nos casos em que ficarem comprovados, concretamente, a existência de interesse da ordem pública, dúvida sobre a imparcialidade do júri ou risco à segurança pessoal do acusado. Não houve demonstração inequívoca de que o fato de o ex-vereador ter tido votação expressiva pudesse influir na imparcialidade dos jurados. A defesa baseia-se na suposição de que a condição pessoal e profissional de Livertino seria capaz de ferir essa imparcialidade. Ressaltou a inexistência de prova de que o réu estaria sofrendo ameaça à sua incolumidade física. O fato de não haver auditório específico no Fórum de Hidrolândia não implica que a segurança do acusado esteja em risco. O ex-vereador será julgado pelo Tribunal do Júri de Hidrolândia. O político está em liberdade provisória desde outubro/06 em razão de outra decisão do STJ que lhe concedeu o benefício. Segundo informações colhidas durante as investigações do crime, ele teria assassinado seu primo porque estaria insatisfeito com o relacionamento deste último com sua filha.

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12/11/2009 - 10h08 REPETITIVO Legislação não autoriza o juiz a extinguir, sem a concordância do credor, a

execução dos créditos Em mais um processo julgado pelo rito dos Recursos Repetitivos, a 1ª Seção do STJ consolidou o entendimento de que o artigo 1º da lei 9469/97 não pode ser aplicado de oficio para extinguir a execução de créditos. Acompanhando o voto do relator, Teori Zavascki, a Seção reiterou que o referido artigo simplesmente confere uma faculdade à Administração, não se podendo extrair de seu comando normativo a virtualidade de extinguir a obrigação, nem de autorizar o juiz a indeferir a demanda executória sem o consentimento do credor. O art. 1º dispõe que o AGU e os dirigentes máximos das autarquias, das fundações e das empresas públicas federais poderão autorizar a realização de acordos ou transações, em juízo, para terminar o litígio, nas causas de valor até R$ 50 mil, a não-propositura de ações e a não-interposicão de recursos, assim como requerimento de extinção das ações em curso ou de desistência dos respectivos recursos judiciais, para cobrança de créditos, atualizados, de valor igual ou inferior a R$ 1 mil, em que interessadas essas entidades na qualidade de autoras, rés, assistentes ou opoentes. No caso em questão, a Justiça de Pernambuco isentou o pagamento de honorários advocatícios em favor da CEF em demanda que buscava a correção monetária dos saldos de contas vinculadas do FGTS, com o fundamento de que descabe o pagamento de honorários advocatícios de valor abaixo do estipulado no art. 1º da Lei 9469/97. A CEF recorreu ao STJ alegando que o advogado tem direito aos honorários fixados judicialmente, sendo nula qualquer decisão em contrário. Sustentou, ainda, que a faculdade dos órgãos da administração indireta de decidirem pelo prosseguimento ou não da ação, não autoriza o seu indeferimento de oficio. Citando precedentes das duas Turmas da 1ª Seção, Teori Zavascki reiterou que tal norma não cria, por si só, um direito subjetivo do devedor de não ser demandado. Também ressaltou que o regramento específico para a cobrança de honorários advocatícios, autorizando e arquivamento das execuções fiscais de valores ínfimos de até R$ 1 mil, é o art. 20 da lei 10522/2002, “que “todavia, não se aplica às execuções relativas ao FGTS, conforme estabelece, de modo expresso, o seu parágrafo terceiro”. Assim, por unanimidade, a Seção acolheu o recurso para autorizar o prosseguimento da execução e encaminhou o acórdão à Comissão de jurisprudência com sugestão para edição de súmula nos seguintes termos: "O art. 1º da Lei 9469/97 não autoriza o juiz a extinguir, sem a concordância do credor, a execução dos créditos nele referidos".

12/11/2009 - 09h36 RECURSO REPETITIVO STJ pacifica entendimento sobre drawback

É ilegal a exigência de Certidão Negativa de Débito (CND) para reconhecimento do benefício fiscal de drawback no momento do desembaraço aduaneiro. Tal entendimento foi pacificado pela 1ª Seção em julgamento pelo rito da Lei dos Recursos Repetitivos e será aplicado para todos os demais casos semelhantes. O drawback é a operação pela qual a matéria-prima ingressa em território nacional com isenção ou suspensão de impostos, para ser reexportada após sofrer beneficiamento. Segundo o relator, Luiz Fux, o art. 60, da Lei 9069/95, é claro ao dispor que a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou beneficio fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela SRF fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais. Assim, ao contrário do sustentado pela FN, o referido artigo exige a certidão na concessão ou no reconhecimento do incentivo, ou seja, em um momento ou em outro e não sob a forma cumulativa. Para Luiz Fux, o drawback é uma operação única, com três momentos distintos, e não uma operação bipartida em que o fisco pode exigir do contribuinte nova documentação quando da reexportação. Parecer do MPF também atestou a ilegalidade da exigência da CND no momento do desembaraço aduaneiro, uma vez que o importador já é titular do benefício fiscal em razão do ato concessivo do regime especial. Citando vários precedentes, o relator ressaltou que conforme jurisprudência reiterada do STJ, é ilícita a exigência de nova certidão negativa de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da concessão do beneficio inerente às operações pelo regime de drawback. O recurso julgado foi interposto pela FN contra acórdão do TRF3, que dispensou a apresentação de nova CND pela Royal Citrus Ltda, empresa produtora e exportadora de suco de laranja, na liberação de sacos para embalagem de produtos alimentícios regularmente importados pelo regime de drawback.

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12/11/2009 - 08h54 Empresa consegue reduzir honorário de R$ 1,1 milhão para R$ 23,7 mil

A 1ª Turma do STJ fixou os honorários a serem pagos pela Jayme Wainberg S.A Indústria e Comércio de Enxovais em 0,02% do valor da causa. O valor exorbitante dos honorários de sucumbência fixados em ação de execução fiscal motivou sua redução. A empresa apelou contra decisão de primeiro grau que extinguiu ação de consignação em pagamento, via títulos da dívida pública, por impossibilidade jurídica do pedido. Como conseqüência, a empresa foi condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, que foram fixados em 10% sobre o valor da causa, atribuído em R$ 11,8 milhões. Levando em consideração a “singeleza” do trabalho do procurador da FP na ação, o TJRS reduziu a verba para 2% do valor causa. Ainda assim a empresa recorrente considerou o montante de R$ 237,3 mil muito elevado e recorreu ao STJ. O relator, Luiz Fux, destacou que o STJ admite o conhecimento do Resp para alterar valores fixados a título de honorários advocatícios, para mais ou para menos, quando o montante se afasta do princípio da razoabilidade, distanciando-se do juízo de equidade e resultando em valor exorbitante ou irrisório. Para Fux é inequívoca a exorbitância da verba arbitrada. Ele alterou o valor para 0,02% sobre o valor da causa, o equivalente a R$ 23.733,00. O relator foi acompanhado por todos os ministros da 1ª T.

12/11/2009 - 08h00 Não cabe conversão de pena para crime de tráfico de entorpecentes

A Corte Especial rejeitou argüição de inconstitucionalidade do par. 4º do art. 33 e art.44 da Lei 11343/06, suscitada pela 6ª Turma. Acompanhando voto vista de Ari Pargendler, que divergiu do relator Og Fernandes, a Corte ratificou os dispositivos legais que vedam a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos nos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes. O art. 44 da Lei 11343 dispõe que “os crimes previstos nos arts. 33, caput e par. 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos”. O par. 4º do art. 33 dispõe que “nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa”. Ari Pargendler iniciou seu voto citando matéria jornalística informando que o governo pretende propor mudanças na lei antidrogas para que quem for flagrado pela polícia vendendo pequena quantidade de droga, estiver desarmado e não tiver ligação comprovada com o crime organizado seja condenado a penas alternativas. A notícia foi a introdução para o desenvolvimento do voto que abriu e consolidou a divergência. “Se a presente argüição de inconstitucionalidade for julgada procedente, o efeito será maior que o das mudanças que serão propostas pelo MJ: a pena de privação da liberdade poderá ser substituída pela pena de restrição de direitos desde que atendidas as demais exigências legais”. A adoção da pena privativa de liberdade para punir o crime de tráfico de entorpecentes não implica no descumprimento das normas constitucionais da dignidade humana e da individualização da pena, invocadas para a declaração de inconstitucionalidade. A privação da liberdade pode parecer inconciliável com a dignidade humana, mas os princípios constitucionais devem ser ponderados, e o da defesa social, representado pela pena, justifica a privação temporária da liberdade para garantir a convivência social. Existe um estreito paralelo entre a norma da lei antidrogas e o disposto no art. 5º, XLIII, que determina que a lei considerará inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, dentre outros, o tráfico ilícito de entorpecentes. A lógica está justamente na relação entre a inafiançabilidade pelo tráfico ilícito de entorpecentes e a inconversibilidade da pena de privação da liberdade pela pena restritiva de direito: “como justificar a prisão antes de uma condenação judicial, para, depois desta, substituí-la pela pena restritiva de direitos? O argumento de que a vedação da conversão leva à padronização da pena peca pelo excesso. “Se a lei deve assegurar indiscriminadamente ao juiz o arbítrio para, no caso do trafico ilícito de entorpecentes, substituir a pena privativa da liberdade pela pena restritiva de direitos, o próprio art. 44 do CP seria inconstitucional ao excluir desse regime, com maior razão, os crimes cometidos à base da violência ou de grave ameaça à pessoa”. Ari Pargendler ressaltou que as hipóteses excludentes do regime de substituição de penas, contempladas no art. 44 do CP, tem como suporte unicamente o critério do legislador ordinário, enquanto que a inconversibilidade das penas quando a condenação decorre do tráfico ilícito de drogas tem por si a vontade do constituinte, que em dois momentos destacou a importância da repressão a esse crime: no art. 5º, XLIII, e no art. 5º LI, que autoriza a extradição do brasileiro naturalizado comprovadamente envolvido no trafico ilícito de entorpecentes e drogas afins. O voto vista rejeitando a argüição de inconstitucionalidade foi acompanhado por maioria. Ficaram vencidos Og Fernandes e Nilson Naves.

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11/11/2009 - 13h34 Cúmplice de adultério não tem o dever de indenizar marido traído

O cúmplice de adultério não deve indenizar o marido traído por dano moral. A 4ª Turma entendeu que, em nenhum momento, nem a doutrina abalizada, nem tampouco a jurisprudência, cogitou de responsabilidade civil de terceiro. Para Luís Felipe Salomão, relator, não há como o Judiciário impor um “não fazer” ao amante, decorrendo disso a impossibilidade de se indenizar o ato por inexistência de norma posta – legal e não moral – que assim determine. “É certo que não se obriga a amar por via legislativa ou judicial e não se paga o desamor com indenizações”. No caso, G.V.C ajuizou ação de indenização por danos morais contra W.J.D alegando que viveu casado com J.C.V entre 17/1/87 e 25/3/96 e que, possivelmente, a partir de set./90, aquele passou a manter relações sexuais com sua então esposa, resultando dessa relação o nascimento de uma menina, a qual registrou como sua. O casal divorciou-se em out./99. Diante da infidelidade, bem como da falsa paternidade na qual acreditava, sofreu dano moral passível de indenização, pois “anda cabisbaixo, desconsolado e triste”. O juízo da 2ª Vara Cível de Patos de Minas,MG condenou o cúmplice do adultério ao pagamento de R$ 3,5 mil ao ex-marido, a título de compensação pelos danos morais. Na apelação, o TJMG afirmou que, embora reprovável a conduta do cúmplice, não houve “culpa jurídica” a ensejar sua responsabilidade solidária, quando em verdade foi a ex-esposa quem descumpriu os deveres impostos pelo matrimônio. No STJ, o ex-marido sustentou que estão presentes os requisitos autorizadores da responsabilidade civil do cúmplice, tendo em vista que o ilícito (adultério, com o conseqüente nascimento da filha que acreditava ser sua) foi praticado por ambos (amante e ex-mulher), sendo solidariamente responsáveis pela reparação. O cúmplice de adultério é estranho à relação jurídica existente entre o casal, relação da qual se origina o dever de fidelidade mencionado no art. 1566, inc. I, do CC/2002. “O casamento, se examinado tanto como uma instituição, quanto contrato sui generis, somente produz efeitos em relação aos celebrantes e seus familiares; não beneficiando nem prejudicando terceiros”.

11/11/2009 - 10h01 CRM pode julgar conduta ética do diretor-técnico médico de plano de saúde em caso de morte de

paciente É médico, para fins de aplicação dos deveres éticos e sanções por seu descumprimento, tanto o que exerce diretamente as atividades próprias da profissão, como aquele que ocupa cargo ou função privativa de médico em pessoa jurídica. A 2ª Turma do STJ indeferiu, por maioria, o pedido de um médico e Diretor Técnico de plano de saúde para anular a punição ético-disciplinar que lhe foi aplicada pelo CRM, por negar atendimento cirúrgico a beneficiária portadora de cardiopatia congênita. A atuação do Conselho em fiscalizar o diretor-técnico-médico não exclui a atribuição da ANS para fiscalizar o plano de saúde. No caso, uma menor portadora de doença cardíaca congênita foi internada em um hospital particular credenciado ao seu convênio médico com diagnóstico de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Durante o tratamento, o plano de saúde não pagou ao hospital as despesas oriundas da internação. A paciente, então, foi transferida para a rede pública, onde faleceu posteriormente. De acordo com o CRM, a conduta violou o art. 2º da Res. 19/1987, pois "uma das funções do diretor técnico é fazer cumprir o Código de Ética Médica e as Resoluções emanadas por este Conselho”. Dentre as normas previstas na Resolução 19/1987 está a do art. 1º, VIII, de que as empresas de Medicina de Grupo atuantes no Rio de Janeiro estão obrigadas a garantir atendimento a todas as enfermidades relacionadas no CID da OMS. O CREMERJ condenou o médico e diretor do plano de saúde à pena de “Censura Pública em Publicação Oficial”. O diretor impetrou MS no TRF2 alegando que a sua ação teria se baseado no respectivo contrato de saúde. O TRF2 manteve a condenação sob o fundamento de que é atribuição do CREMERJ fiscalizar a atividade exercida por médico no sentido de impedir que maus profissionais causem prejuízos individuais ou coletivos por ação ou omissão na prestação de serviços. O diretor técnico recorreu da decisão, argumentando ser abusiva a punição ético-disciplinar. Justificou que agiu apenas na função de diretor-médico-técnico da pessoa jurídica. Herman Benjamin, cujo voto prevaleceu, considerou ser a atuação do diretor-técnico inerente à medicina. Citou trechos do art. 28 do Decreto 20931/32 em que “nenhum estabelecimento de hospitalização ou de assistência médica pública ou privada poderá funcionar, em qualquer ponto do território nacional, sem ter um diretor técnico e principal responsável habilitado para o exercício da medicina nos termos do regulamento sanitário federal”. Por ocupar cargo privativo de médico, o CREMERJ pode responsabilizá-lo em caso de descumprimento de normas deontológicas. Os conselhos de fiscalização são autarquias dotadas de autonomia para fiscalizar a atividade dos médicos, seja no exercício da clínica ou na administração técnica de pessoas jurídicas. As atribuições da ANS e dos Conselhos Profissionais são distintas, com objetivo e destinatários também diferenciados, que não se superpõem ou se excluem mutuamente.

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11/11/2009 - 09h22 Contratação irregular de servidor não é improbidade quando não há dano ao erário

A 1ª Turma negou Resp do MP/RS, que queria a condenação de Elói Braz Sessim, ex-prefeito de Cidreira,RS, por improbidade administrativa. A contratação irregular de servidores públicos feita pelo então prefeito não caracteriza ato de improbidade administrativa em razão da falta de lesão ao erário, como exige o art. 10 da Lei 8429/92. Na ACP, o MP questionou a contratação sem concurso público de 42 vigilantes para trabalhar em diversas obras públicas em curso. O juízo de primeiro grau reconheceu que as admissões foram formalmente irregulares, mas julgou a ação improcedente por observar que houve o controle do TC, não havendo qualquer comprovação de que as recomendações não tenham sido cumpridas, além de vigoravam leis locais que autorizam os atos praticados. O TJRS manteve a sentença. A relatora, Denise Arruda, ressaltou que a Lei 8429/92 exige o efetivo prejuízo aos cofres públicos para caracterizar ato de improbidade administrativa, o que foi afastado pelo TJRS após análise de fatos e provas. Afirmou que o ato do ex-prefeito poderia configurar improbidade administrativa por violação dos princípios da administração pública, conforme pediu o MP no recurso. Mas o STJ não pode analisar essa questão porque ela não foi abordada no julgamento pelo tribunal estadual, o que caracteriza ausência de prequestionamento. A Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso e negou-lhe provimento nessa parte.

11/11/2009 - 08h00 STJ nega pedido de indenização de José Carlos Gratz contra promotor e o jornal A Gazeta

O desembargador convocado Honildo Amaral de Mello Castro negou, em decisão monocrática, provimento ao agravo de instrumento no Resp em favor de José Carlos Gratz, ex-presidente da AL/ES e ex-deputado estadual, acusado de ser o dono de várias casas de jogos (máquinas caça-níqueis e bingos). Indiciado pela CPI do Narcotráfico, Gratz responde a processos pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e pretendia, neste recurso, receber do promotor Fabio Vello Correa e da A Gazeta S/A indenização por danos morais no valor de 50 mil reais, decorrentes de uma entrevista publicada no jornal. Em 19/03/04, A Gazeta publicou uma entrevista com o promotor Fabio Vello sobre as investigações e denúncias contra Gratz intitulada “Dossiê do bingo liga Gratz a comendador (Relatório do MP recoloca ex-deputado como suspeito de comandar organização criminosa)”. Gratz ajuizou ação ordinária contra o promotor e o veículo de comunicação na qual afirma ter sido caluniado. Segundo a defesa, as alegações do promotor não seriam verdadeiras e sim difamações que lhe causaram danos morais. Para Gratz, tanto o promotor quanto o jornal o trataram como se fosse culpado, sendo que não existe qualquer sentença condenatória transitada em julgado, o que fere o art. 5º da CF. Os advogados pretendiam que o promotor e o jornal pagassem, solidariamente, indenização pelos danos causados à honra do ex-deputado e que também fosse veiculado nas redes de TV do grupo de comunicação um desmentido às alegações. Requeria ainda que os acusados fossem condenados a pagar as custas processuais e os honorários advocatícios. Todavia a decisão do TJES entendeu que a entrevista veiculada não imprimiu juízo de valor quanto aos fatos narrados: “Não ficou caracterizado o dano moral quando a matéria apresenta-se apenas como manifestação das críticas a que estão sujeitos todos que exercem um cargo político e que têm por obrigação a prestação de contas de suas gestões”. A decisão do TJES que não admitiu o Resp pela não-existência do dano moral “não merece reparos”. Não houve violação ao CPC que justificasse o recurso, uma vez que “demandaria a alteração das premissas fático-probatórias estabelecidas pela decisão anterior e o revolvimento das provas contidas nos autos, o que é vedado em sede de Resp, nos termos da Súmula 7 do STJ”.

10/11/2009 - 16h27 BHTrans não pode aplicar multa de trânsito

A 2ª Turma decidiu, por unanimidade, que a Empresa de Transporte de Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) não têm poder para aplicar multas de trânsito na capital mineira. A Turma deu provimento ao Resp do MP/MG. O julgamento foi concluído com a apresentação do voto-vista de Herman Benjamim. Seguindo entendimentos doutrinários, o ministro ressaltou que as sociedades de economia mista tem fins empresariais e servem para desempenhar atividade de natureza econômica. “Nesse aspecto, é temerário afirmar que o trânsito de uma metrópole pode ser considerado atividade econômica ou empreendimento”, afirmou no voto-vista. Herman Benjamim seguiu o relator, Mauro Campbell Marques, no sentido de considerar impossível a transferência do poder de polícia para à sociedade de economia mista, que é o caso da BHTrans. Todos os demais ministros da 2ª Turma acompanharam essa tese. A decisão do STJ reforma o acórdão do TRF1, que havia decidido que a BHTrans, criada com o objetivo de gerenciar o trânsito de Belo Horizonte, teria competência para aplicar multa aos infratores de trânsito, nos termos do art. 24 do CNT.

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10/11/2009 - 12h39 Militares que ingressaram na FAB após Portaria 1.104/64 não têm direito à anistia política

Militares que ingressaram na Aeronáutica após a edição da portaria 1104/GM3/64, cuja natureza é de ato de exceção, não têm direito à anistia. A 3ª Seção considerou que, em relação a eles, a norma - preexistente - tinha conteúdo genérico e impessoal, não possuindo conotação política os atos de licenciamento por conclusão do tempo de serviço permitido, na forma da legislação vigente. Em MS, 4 ex-servidores militares protestavam contra atos do MJ que indeferiu requerimentos administrativos por meio dos quais pretendiam ser declarados beneficiários da anistia política de que trata o art. 8º do ADT da CF e da Lei 10559/02. Segundo afirmaram, foram incorporados nas fileiras da FAB durante o regime militar, onde prestaram, efetivamente, 8 anos de serviços. No MS, alegaram que foram ilegalmente licenciados em cumprimento ao disposto na portaria ministerial 1104-GM3, de 12/10/1964. Após serem licenciados, protocolaram pedidos de anistia política na Comissão de Anistia do MJ que indeferiu, sob o argumento de que não é considerado ato de exceção o licenciamento dos cabos incorporados à FAB na vigência da aludida portaria ministerial. O pedido foi negado. Para Laurita Vaz, relatora, diferentemente dos militares já incorporados antes da portaria 1104/64, os cabos que ingressaram no serviço militar após essa data não foram alcançados pela portaria como ato de exceção. Em se tratando de norma preexistente, geral e abstrata, não há como atribuir conteúdo político aos atos que determinaram os licenciamentos por conclusão do tempo de serviço permitido, na forma da legislação vigente. “Nessa linha, entendo que inexiste ilegalidade no ato de indeferimento do requerimento de anistia dos impetrantes”. "Ante o exposto, denego a segurança”. Por unanimidade, a 3ª Seção votou com a relatora. Em outro caso, também denegado, outro ex-servidor militar afirmava ter direito à anistia política, segundo reconhecido pela portaria 2303 de 17/12/02. Alegava que o MJ havia reconhecido seu direito a contagem de tempo de serviço, para todos os efeitos legais, até a idade limite de permanência na ativa, assegurando às promoções à graduação de suboficial com os proventos do posto de segundo-tenente e as respectivas vantagens, bem como reparação econômica mensal permanente continuada, com efeitos financeiros retroativos. Após a informação do Ministério da Justiça de que tais portarias estão sendo revisadas, pois os ingressos na FAB se deram após portaria 1104, a segurança foi denegada. “Mostra-se incabida a pretensão de tachar como ilegal a inércia da autoridade apontada como coatora no cumprimento das portarias, na medida em que a instauração do processo de anulação, dentro do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei 9784/99, em tese, compromete a legalidade do ato concessivo de anistia política, afastando a liquidez e certeza do direito vindicado”.

10/11/2009 - 11h25 Atraso no desbloqueio de cartão de crédito não gera indenização se culpa é do consumidor

A 3ª Turma restabeleceu sentença que negou o pagamento de indenização por danos morais a consumidor que ficou impossibilitado de usar seu cartão de crédito devido a bloqueio realizado pela administradora. Para Sidnei Beneti, relator, a permissão de bloqueio temporário do cartão após a verificação de descumprimento contratual pelo consumidor não o coloca em sujeição ao puro arbítrio da administradora, já que o mesmo só ocorrerá regularmente se o consumidor não cumprir com suas obrigações contratuais. “No presente caso, não houve nenhuma publicidade abusiva do fato, tal como, por exemplo, a inscrição em serviço de proteção ao crédito, mas apenas o bloqueio do cartão por inadimplência por prazo razoável necessário à regularização após a quitação do débito”. O consumidor ajuizou a ação contra o Banco Citicard S/A alegando prejuízos de ordem moral em virtude da impossibilidade de uso do cartão nos 2 dias úteis seguintes ao pagamento da fatura. No primeiro grau, o pedido foi julgado improcedente. A sentença reconheceu a culpa exclusiva do consumidor pelo bloqueio do cartão, concluindo que “foi ele quem deu causa a toda essa situação, quando atrasou o pagamento da fatura mensal de seu cartão de crédito por 30 dias, motivando a suspensão temporária e, efetuando o pagamento da fatura mensal, que trazia os débitos referentes aos períodos de julho dia 14, sendo o dia 14 de agosto um sábado, estando seu cartão bloqueado em virtude do atraso e, como a compensação, feita pelo banco, somente se deu no primeiro dia útil, isto é, na segunda-feira, deu motivo ao atraso na liberação do crédito”. Ao julgar a apelação do consumidor, o TJMA declarou a abusividade da cláusula do contrato que permitia à administradora bloquear o cartão “ao seu exclusivo talante” e sob o fundamento de que “em decorrência da não autorização de uso de seu cartão de crédito, mesmo estando com todas as faturas pagas, o consumidor experimentou danos morais”, fixando-os em 100 vezes o valor da última fatura, que resultou na quantia de R$ 83.065,00. A instituição financeira recorreu sustentando culpa exclusiva do consumidor baseada no atraso do pagamento da fatura do mês de julho, que agiu no exercício regular de um direito, devendo ser considerado tempo hábil para desbloqueio após o pagamento da fatura e ausência de demonstração do abalo creditício.

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10/11/2009 - 10h19 Em leilão judicial, o imposto é cobrado sobre o valor do bem e não da arrematação

A base de cálculo do imposto de importação de bem penhorado adquirido em leilão judicial é o valor aduaneiro da mercadoria e não o valor da arrematação. Com esse entendimento, a 1ª Turma, por maioria, rejeitou recurso interposto por Tangará Importadora e Exportadora S/A contra o TRF2. Em março/2001, a empresa adquiriu em leilão público 89.915 sacas de arroz penhoradas e ainda não nacionalizadas, avaliadas em R$ 1.6 milhão e arrematadas por R$ 750 mil, estavam armazenadas em regime de entreposto. A FN cobrou o imposto de importação sobre o valor real da mercadoria. A empresa apelou para recolher o imposto de importação tendo como base de cálculo o preço da arrematação e não o valor aduaneiro atribuído à coisa leiloada. O TRF2 rejeitou o pedido, com o fundamento de que o inc. III do art. 20 do CTN não se aplica a mercadoria introduzida no país sob o regime especial de entreposto aduaneiro e levada a leilão pelo Poder Judiciário em decorrência de demanda judicial, e não de produto apreendido ou abandonado. A Tangará S/A recorreu sustentando, entre outros pontos, que o valor aduaneiro busca aferir o valor real da transação ocorrida entre importador e exportador, não podendo ser aplicado a terceiro que arrematou a mercadoria em leilão público; e que o Regulamento Aduaneiro não restringe a utilização do preço da arrematação como base de cálculo do tributo à coisa abandonada ou apreendida. Segundo Benedito Gonçalves, relator, a utilização do preço da arrematação como base de cálculo do imposto de importação restringe-se aos leilões promovidos pela autoridade aduaneira nos quais são alienados os bens abandonados e aqueles que sofrem apreensão liminar para posterior imposição de pena de perdimento, nos termos do art. 20, III, do CTN e art. 63 do Decreto-Lei 37/66. O caso em nada se assemelha com a hipótese contemplada pela legislação, pois não se trata de leilão realizado pela autoridade aduaneira, mas pelo Poder Judiciário; e não se cuida de mercadoria abandonada ou objeto de pena de perdimento, mas de mercadoria penhorada em ação de execução. Benedito Gonçalves também destacou que o edital de convocação do referido leilão mencionou expressamente que a mercadoria objeto da licitação estava pendente de nacionalização e custos operacionais. Portanto, a utilização do valor aduaneiro como base de cálculo está respaldado na legislação de regência, cuja regra geral determina que nos casos em que a alíquota for ad valorem a base de cálculo do imposto de importação corresponde ao preço real da mercadoria, que deve ser apurado pela autoridade aduaneira em conformidade com o art. VII do GATT.

10/11/2009 - 19h34 STJ rejeita recurso de desembargador de Goiás acusado de improbidade

Por unanimidade, a 2ª Turma rejeitou o recurso impetrado pelo ex-presidente do TJGO, Charife Oscar Abrão, contra decisão do próprio STJ. O réu é acusado de improbidade administrativa, pelo desvio de recursos do TJGO para o Banco Santos, que faliu pouco tempo depois das supostas aplicações. A decisão da Turma seguiu o relator, Humberto Martins. Oscar Abrão foi denunciado pelo MPGO, que entrou posteriormente com recurso no STJ para negar o foro privilegiado do acusado. O réu alegou que pelo art. 27 da Lei Complementar 35/97, teria prerrogativa de foro por função. Humberto Martins acatou o pedido do MPGO e negou foro especial ao acusado. O magistrado entendeu que nas ACPs que apuram improbidade administrativa, bem como no inquérito civil que apura esses casos, não se aplicaria essa prerrogativa. No seu recurso, o réu alegou haver diversas omissões no julgado, inclusive que os argumentos do MPGO não teriam sido prequestionados (temas que deveram ter sido discutidos anteriormente no processo) e não poderiam ser decididos pelo STJ. Também afirmou que na decisão de Martins haveria fundamentos constitucionais, o que seria vedado pela Súmula 126 do próprio Tribunal. Em seu voto, Martins considerou que o réu buscava o reexame de questão já julgada por mero inconformismo com decisão que lhe pareceu negativa. Apontou também que a jurisprudência majoritária da Casa seria contrária ao foro privilegiado para desembargadores acusados de improbidade administrativa. Afastou ainda as alegações de que o tema não teria sido prequestionado, ponderando que os temas foram tratados implicitamente no processo, argumento também aceito na jurisprudência do STJ. Quanto à súmula 126, afirmou que os supostos argumentos constitucionais seriam apenas subsidiários, não sendo essenciais para o julgado. Negou o recurso.

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10/11/2009 - 08h58 Multa de sentença trabalhista gera acréscimo patrimonial e incidência do IR

O pagamento de verba relativa à multa diária imposta em sentença trabalhista acarreta acréscimo patrimonial, configurando assim o fato gerador, não estando beneficiado por isenção. Com esse entendimento, a 1ª Turma acolheu recurso da FN contra acórdão do TRF4. No caso julgado, o TRF4 entendeu que o imposto de renda não incide sobre valores recebidos em ação trabalhista, relativos à multa diária na base de 1/30 do valor da remuneração por atraso no pagamento das complementações de aposentadoria, pois tal verba apenas recompõe o patrimônio lesado dos contribuintes. A FN recorreu ao STJ alegando violação ao art. 43 do CTN. Segundo o relator, Teori Albino Zavascki, o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. do CTN e seus parágrafos, os "acréscimos patrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. Não há dúvida que o citado pagamento acarretou acréscimo ao patrimônio material do contribuinte, configurando assim o fato gerador. “Por outro lado, não há previsão legal de isenção para pagamentos da espécie. Devido, consequentemente, o imposto de renda”, no que foi acompanhado por unanimidade.

10/11/2009 - 08h00 Aracruz Celulose garante correção monetária de crédito-prêmio de IPI

Por decisão unânime da 1ª Turma a empresa Aracruz Celulose S/A conseguiu assegurar a incidência de correção monetária sobre parte do incentivo fiscal denominado crédito-prêmio de IPI não aproveitado no momento oportuno. Após garantir o direito ao creditamento por decisão do TRF2 em MS, a empresa recorreu ao STJ para ter direito também à correção monetária sobre o crédito concedido em razão de exportações realizadas dentro do programa BEFIEX. A relatora Denise Arruda afirmou que, de acordo com a jurisprudência do STJ, é incabível a correção monetária de créditos escriturais de IPI, salvo quando não aproveitado no momento oportuno por injusto impedimento administrativo ou normativo do Fisco. Observou nos autos que a própria empresa afirmou que deixou de creditar as quantias relativas ao incentivo fiscal no momento oportuno e, por isso, pediu na esfera administrativa o reconhecimento do direito de compensar os créditos não atingidos pela prescrição. Para Denise Arruda, “não há como se admitir que a posterior negativa ao pedido administrativo seja motivo para determinar-se a correção monetária do crédito durante todo o período não atingido pela prescrição”. No entanto, considerando que o direito ao creditamento foi reconhecido pelo Poder Judiciário, Denise Arruda determinou a incidência de correção monetária sobre os saldos escriturais durante o período entre a negativa do pedido administrativo e a data do trânsito em julgado da decisão do TRF2. O recurso da Aracruz foi, por unanimidade, conhecido e provido em parte. Recurso da Fazenda NacionalNo mesmo processo, a 1ª Turma julgou o recurso da FN contra a mesma decisão do TRF2. Primeiramente, a Fazenda alegou que MS não era via adequada para reconhecimento de crédito-prêmio de IPI por envolver matéria fático-probatória. Essa alegação foi afastada porque a Súm. 213/STJ dispõe que “o mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária”. A FN sustentou também que o benefício fiscal crédito-prêmio de IPI está extinto desde junho/83 e que ele não estaria incluído no contrato do BEFIEX, assinado em 1987, com vigência de 10 anos. A análise dessa questão não se limita à verificação da data de extinção do benefício, adentrando na análise de dispositivo constitucional que embasou a decisão do TRF. O exame de questão constitucional é da competência do STF. O recurso da FN foi, por unanimidade, parcialmente conhecido e, nessa parte desprovido.

09/11/2009 - 14h11 STJ anula acórdão de apelação revisado por mesma juíza que recebeu denúncia contra réu

O STJ concedeu HC com pedido de liminar para anular acórdão de apelação proferido pelo TJRS, num caso de pessoa condenada a pena de 2 anos e 5 meses de reclusão pelo uso de documentos falsificados. O motivo da anulação foi que tal acórdão teve como revisora, no TJRS, a mesma juíza que recebeu a denúncia. Trata-se da juíza titular da Vara Judicial Criminal do Foro Regional do 4º Distrito e de Porto Alegre, que foi convocada para compor a Oitava Câmara Criminal do TJRS. O entendimento do STJ foi de que, mesmo não tendo sido a prolatora da sentença, a magistrada atuou na instrução, recebendo a denúncia e procedendo ao interrogatório. Sua participação em outra instância, portanto, criaria empecilhos à sua atuação, conforme estabelece o CPP. O relator, Og Fernandes, afirmou que após as reformas processuais, se explicitou a identidade física do julgador. Citou, inclusive, o art. 399 do CPP, no qual se estabelece que “o juiz que presidiu a instrução é que deverá proferir a sentença do mesmo processo”.

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Ofensa“Sendo assim, está configurada, no caso em questão, a ofensa aos princípios do devido processo legal e, também, da imparcialidade dos julgadores. Ratificar tais condutas, por certo, refoge ao modelo penal garantista, compatível com nossa Constituição”, disse Og Fernandes. O HC interposto ao STJ apresentou como argumento a existência de constrangimento ilegal e destacou o art. 252 do CPP, segundo o qual o juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que tiver atuado em outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão. O relator concedeu HC para anular o acórdão da apelação no TJRS e para assegurar que o réu aguarde em liberdade o desfecho do processo.

09/11/2009 - 12h30 Prefeito acusado de fornecer combustível a eleitor tem pedido negado para trancar ação penal

A 6ª Turma indeferiu o pedido de HC para trancar a AP em favor de João Batista Dias, prefeito de Caldas Brandão,PB, acusado de fornecer 20 litros de combustível utilizados no abastecimento do veículo de um eleitor na véspera das eleições municipais de 2006. Segundo o MPF, no dia 28/10/06, o eleitor saiu com sua família de João Pessoa com destino a Caldas Brandão para votar no 2º turno das eleições municipais. Ao chegar a Caldas Brandão, pediu ao prefeito combustível para retornar à capital após as eleições. O prefeito atendeu a solicitação e emitiu uma ordem de abastecimento de combustível junto a um posto de gasolina a ser paga pelo município de Caldas Brandão. Interrogado em juízo, o prefeito justificou que o benefício foi concedido em razão de o eleitor ter acompanhado funcionários do Centro de Referência Especializado Regional da Assistência Social. A juíza de Gurinhém rejeitou o argumento e suspendeu os direitos políticos do prefeito por 5 anos. Além disso, sentenciou-o a ressarcir os cofres do município. Recebida a denúncia, o TJPB manteve a sentença. A defesa entrou com HC no STJ alegando constrangimento ilegal diante da atipicidade da conduta. Sustentou que o prefeito restituiu o valor do combustível ao Estado sendo descaracterizado o prejuízo. Pediu ainda a aplicação do princípio da insignificância. O relator, des. convocado Celso Limongi, considerou ser evidente a caracterização do delito. Ressaltou que o eleitor não mantinha nenhum vínculo com a prefeitura, e o combustível foi utilizado em veículo particular. Afastou a alegação de atipicidade da conduta e falta de justa causa por ausência de prejuízo aos cofres públicos. O valor só foi restituído ao município após a condenação do prefeito na ACP. Celso Limongi descartou a aplicabilidade do princípio da insignificância por se tratar de crime contra a administração pública.

09/11/2009 - 10h59 MP tem legitimidade para defender direitos específicos de determinado grupo de pessoas

O MP tem legitimidade para ajuizar ACP que trata de direitos específicos de um determinado grupo de pessoas. A 2ª Turma acolheu recurso interposto contra a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) por descumprimento de acordo firmado entre a empresa e os trabalhadores residentes em área desapropriada pela companhia. O acordo original previa o reassentamento dos trabalhadores e o pagamento mensal de 2,5 salários-mínimos a titulo de verba de manutenção temporária (VMT), já que toda a população residente na área desapropriada ficou privada de suas casas e das terras usadas para a própria subsistência. Posteriormente, o acordo foi alterado em negociação realizada por uma entidade sindical e o VTM reduzido ao equivalente a 10% do valor dos produtos de uma cesta básica somado à taxa mínima de energia elétrica. Como o montante ficou bem inferior ao inicialmente pactuado pelos trabalhadores, o MPPE requereu a anulação do acordo firmado pelo sindicato. A ACP foi rejeitada pelo TTJPE, que reconheceu a ilegitimidade ativa do MP para ajuizar ACP que trata de direitos específicos de um determinado grupo de pessoas. O MP recorreu ao STJ. Segundo o relator, Mauro Campbell Marques, no caso em questão ficou claro que o objetivo da ação civil púbica foi resguardar os direitos individuais homogêneos com relevante cunho social, e portanto indisponíveis, tais como os direitos de moradia, de garantia da própria subsistência e da vida digna. “Ainda que os beneficiários desta ação sejam em número determinado de indivíduos, isso não afasta a relevância social dos interesses em jogo, o que é bastante para que, embora em sede de tutela de direitos individuais homogêneos, autorize-se o manejo de ação civil pública pelo Ministério Público”, ressaltou o ministro em seu voto. Assim, com base nos art. 129, inc. III, da CF e 1º da Lei 7347/85, a Turma, por maioria, acolheu o recurso e determinou o retorno dos autos ao tribunal de origem para julgamento das demais questões pendentes. Ficou vencida a ministra Eliana Calmon.

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Informativo n. 0413Período: 26 a 30 de outubro de 2009.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira Seção SÚMULA N. 406-STJ.A FP pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório. Rel. Eliana Calmon, em 28/10/2009.SÚMULA N. 407-STJ.É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo. Rel. Eliana Calmon, em 28/10/09.SÚMULA N. 408-STJ.Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a MP 1577, de 11/06/97, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/01 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súm. 618 do STF. Rel. Luiz Fux, em 28/10/09.SÚMULA N. 409-STJ.Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5º, do CPC). Rel. Min. Luiz Fux, em 28/10/09.QO. REMESSA. CORTE ESPECIAL. SÚM. N. 348-STJ.A Seção entendeu remeter o julgamento do conflito de competência à Corte Especial, com a finalidade de alterar ou cancelar a Súm. 348-STJ, diante de recente decisão do STF no RE 590409-RJ (DJe 29/10/09), no sentido de que é competente o TRF quando há conflito entre juiz de primeiro grau da Justiça Federal e Juizado Especial Federal de uma mesma seção judiciária. QO no CC 107635-PR, Rel. Luiz Fux, em 28/10/09. (Informativo 406).RECURSO REPETITIVO. EXTRATOS. FGTS.É certo que a CEF, na qualidade de gestora do FGTS, é responsável pela apresentação dos extratos referentes às contas vinculadas àquele fundo. Quanto aos extratos relativos ao período anterior à centralização das contas (1992), a CEF, se não os possuir, é responsável por requisitá-los dos bancos que detinham essas informações. Esse entendimento foi acolhido pela Seção ao prosseguir o julgamento de recurso repetitivo (art. 543-C do CPC). REsp 1108034-RN, Rel. Humberto Martins, julgado em 28/10/09.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL. FÉRIAS.O STJ entendia que o acréscimo de 1/3 sobre as férias integraria a remuneração do servidor público e, consequentemente, a base de cálculo da contribuição previdenciária (art. 4º da Lei 10887/04), pois se trataria, ao cabo, de vantagem retributiva da prestação do trabalho. Contudo, esse entendimento mostrou-se contrário a vários arestos do STF, que concluíam não incidir a referida contribuição sobre aquele adicional, visto que deteria natureza compensatória, indenizatória, por não se incorporar ao salário do servidor para aposentadoria (art. 201, § 11, da CF/88). Assim, embora esses julgados não sejam do Pleno do STF, a Seção reviu sua posição, para entender também que não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. Esse entendimento da Seção foi firmado em incidente de uniformização jurisprudencial que manteve o acórdão impugnado da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais acorde com o STF. Precedentes: AI 712880-MG, DJe 11/9/09; AI 710361-MG, DJe 8/5/09; AgRg no AI 727958-MG, DJe 27/2/09; AgRg no RE 589441-MG, DJe 6/2/09; RE 545317-DF, DJe 14/3/08, e AI 603537-DF, DJ 30/3/07. Pet 7.296-PE, Rel. Eliana Calmon, j. 28/10/09.RÁDIO COMUNITÁRIA. FUNCIONAMENTO.Nenhuma emissora de rádio pode funcionar sem autorização do Poder Público. Cabe ao Executivo autorizar, conceder e fiscalizar o serviço de radiodifusão (art. 223 da CF/88), não podendo o Judiciário imiscuir-se nessa seara eminentemente técnica e complexa. Mas essa competência exclusiva impõe à Administração o dever de prestar os serviços que lhe estão afetos ao mesmo tempo em que outorga aos destinatários deles o direito de exigi-los. As rádios comunitárias são de grande importância e alcance social, especialmente em comunidades carentes. Por isso, a lei assinala prazo para a análise do procedimento de outorga de rádio comunitária. A jurisprudência do STJ, apesar de antes permitir o funcionamento excepcional da rádio até que se ultimasse o processo administrativo de sua autorização, hoje preconiza que, se há pedido da parte interessada, o Judiciário, diante da constatada omissão administrativa, deve fixar prazo para que o órgão competente resolva o requerimento de autorização de funcionamento da emissora. Não se trata de imiscuir-se na atividade precípua do órgão público competente, mas de intervir em nome do princípio da eficiência e da moralidade, corolários da legalidade, tão cara ao Estado de direito. Porém, no caso, não houve sequer pedido nesse sentido, fato que inviabiliza a adoção dessa providência, daí ser correto dar provimento aos EREsp para julgar improcedente a ação ordinária ajuizada pela embargada. Precedentes: REsp 584392-PE, DJ 25/4/07; REsp 440674-RN, DJ 23/8/04; REsp 363281-RN, DJ 10/3/03; REsp 983077-SC, DJe 27/11/08; MS 11563-DF, DJ 7/8/06; MS 7765-DF, DJ 14/10/02; REsp 1006191-PI, DJe 18/12/08, e REsp 579020-AL, DJe 5/11/08. EREsp 1.100.057-RS, Rel. Eliana Calmon, j. 28/10/09.

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Primeira Seção RECURSO REPETITIVO. DRAWBACK. CND.Drawback é a operação na qual a matéria-prima ingressa em território nacional com isenção ou suspensão de impostos, mas é reexportada após beneficiamento. É negócio jurídico único, de efeito diferido, que se aperfeiçoa em um ato complexo. Já o art. 60 da Lei 9069/95 pugna que a concessão ou reconhecimento de incentivos ou benefícios fiscais referentes a tributos ou contribuições administrados pela RF fica condicionada à comprovação de quitação. Desse modo, não é lícito exigir uma nova certidão negativa de débitos (CND) para o desembaraço aduaneiro da importação, se a comprovação da quitação dos tributos já foi apresentada quando da concessão do benefício fiscal de drawback. Ao reafirmar esse entendimento, a Seção negou provimento ao REsp sujeito ao procedimento do art. 543-C do CPC e da Res. 8/08-STJ (recurso repetitivo). Precedentes: REsp 859119-SP, DJe 20/5/08, e REsp 385634-BA, DJ 29/3/06. REsp 1041237-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 28/10/09.DECLARAÇÃO. INIDONEIDADE. EFEITO EX NUNC.A declaração de inidoneidade só produz efeitos para o futuro (ex nunc). Ela não interfere nos contratos preexistentes e em andamento. Dessa forma, esse efeito da sanção inibe a sociedade empresarial de licitar ou contratar com a Administração Pública (art. 87 da Lei 8666/93), sem, contudo, acarretar, automaticamente, a rescisão de contratos administrativos já aperfeiçoados juridicamente e em curso de execução, notadamente os celebrados diante de órgãos administrativos não vinculados à autoridade coatora ou de outros entes da Federação. Contudo, a falta de efeito rescisório automático não inibe a Administração de promover medidas administrativas específicas tendentes a rescindir os contratos nos casos autorizados, observadas as formalidades contidas nos arts. de 77 a 80 da referida lei. Precedente: MS 13101-DF, DJe 9/12/08. MS 14002-DF, Rel. Teori Albino Zavascki, j. 28/10/09.RECURSO REPETITIVO. FACULDADE. EXTINÇÃO. COBRANÇA. PEQUENO VALOR.O art. 1º da Lei 9469/97 concede uma faculdade à Administração ao permitir ao advogado-geral da União e a outros dirigentes autorizar requerimento de extinção das ações em curso ou desistir dos recursos judiciais referentes à cobrança de créditos de pequeno valor. Não se pode extrair desse comando normativo a virtualidade de extinguir a obrigação, nem de autorizar o juiz a, sem o consentimento do credor, indeferir a demanda executória. Esse entendimento foi reafirmado pela Seção quando proveu o especial sujeito ao procedimento do art. 543-C do CPC (recurso repetitivo). REsp 1125627-PE, Rel. Teori Albino Zavascki, j. 28/10/09.AG. INTERPOSIÇÃO SIMULTÂNEA. STF. COMPROVAÇÃO.É desnecessária a comprovação da interposição de agravo contra a decisão que inadmitiu recurso extraordinário na formação do agravo de instrumento dirigido a este STJ (art. 544 do CPC). Leva-se em conta a dificuldade de operacionalizar a prova da interposição dessa peça. Frise-se que a verificação da referida interposição deve ser feita quando do exame do próprio recurso especial, momento em que poderá ser aplicada, se for o caso, a Súm. 126-STJ. Precedentes: AgRg no Ag 1130218-RJ, DJe 31/8/09, e AgRg no Ag 1000758-SP, DJe 14/4/09. EAg 1093440-RJ, Rel. Humberto Martins, j. 28/10/09.RECURSO REPETITIVO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ. CSLL.Para redução da alíquota do IRPJ e da CSLL, a expressão “serviços hospitalares” constante do art. 15º, § 1º, III, a, da Lei 9249/95 (na redação anterior à vigência da Lei 11727/08) deve ser interpretada de forma objetiva, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte, porquanto a lei, ao conceder aquele benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critérios subjetivos), mas sim a natureza do próprio serviço prestado, a assistência à saúde. Os regulamentos da RF sobre o citado dispositivo legal mostram-se irrelevantes, porque, para a obtenção do benefício, não podem exigir dos contribuintes requisitos que não estão na lei, tal como a manutenção de estrutura que permita internações. Vê-se, então, que essa dispensa da capacidade de internação deriva da própria lei. Dessa forma, são considerados serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais voltados diretamente à promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior de estabelecimentos hospitalares. Estão excluídas as simples consultas médicas, pois elas são atividades que não se identificam com as prestadas no âmbito hospitalar, igualando-se àquelas exercidas nos consultórios médicos. O citado benefício não se refere a toda receita bruta do contribuinte, mas apenas àquela parcela que provenha unicamente da atividade específica que está sujeita ao benefício (art. 15, § 2º, da referida lei). Já as modificações trazidas pela Lei 11727/08 à Lei 9249/95 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, não possuindo efeito retroativo. Esse entendimento, já adotado pela Seção desde o julgamento do REsp 951251-PR (DJe 3/6/09), foi confirmado por maioria no julgamento de REsp sujeito ao procedimento do art. 543-C do CPC. No caso, as instâncias ordinárias firmaram que a sociedade empresária recorrida presta serviços laboratoriais, de todo ligados à promoção da saúde, que demandam maquinário específico, podem ser realizados em ambientes hospitalares ou não e não se assemelham a simples consultas médicas. Daí ela fazer jus ao benefício da redução de alíquotas. Hamilton Carvalhido, vencido, entendia que equiparar a prestação de serviços médicos laboratoriais aos hospitalares é dar um elastério muito grande à interpretação daquela expressão. Precedentes: REsp 939321-SC, DJe 4/6/09; EREsp 956122-RS, DJe 1º/10/09, e REsp 955753-RS, DJe 31/8/09. REsp 1116399-BA, Rel. Benedito Gonçalves, j. 28/10/09.

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Segunda Seção SÚMULA N. 402-STJ.O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão. Rel. Min. Fernando Gonçalves, em 28/10/2009.SÚMULA N. 403-STJ.Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 28/10/2009.SÚMULA N. 404-STJ.É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 28/10/2009.SÚMULA N. 405-STJ.A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos. Rel. Min. Min. Fernando Gonçalves, em 28/10/2009.RECURSO REPETITIVO. DPVAT. JUROS. MORA. TERMO INICIAL.A Seção, ao julgar recurso sob regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-STJ, firmou entendimento de que, em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT), os juros de mora são devidos a contar da citação, por se tratar de responsabilidade contratual e obrigação ilíquida. Precedentes citados: REsp 665.282-SP, DJe 15/12/2008; AgRg no Ag 998.663-PR, DJe 3/11/2008; AgRg no REsp 936.053-SP, DJe 7/5/2008; AgRg no REsp 955.345-SP, DJ 18/12/2007, e REsp 546.392-MG, DJ 12/9/2005. REsp 1.120.615-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/10/2009.EXECUÇÃO TRABALHISTA. EMPRESA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.A Seção deu provimento ao agravo regimental para não conhecer do conflito de competência. Essa decisão possibilita que prossiga a execução de dívidas trabalhistas de empresa em recuperação judicial fora do juízo da falência e recuperações judiciais. No caso dos autos, trata-se de execução referente à fazenda adjudicada em reclamação trabalhista para indenizar ex-funcionários de sociedade empresária de aviação comercial em recuperação judicial. O Min. Relator acolheu argumento do Ministério Público do Trabalho (agravante), afirmando que, ultrapassado o prazo de 180 dias previstos no art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falências), caso não tenha sido aprovado o plano de recuperação, deve ser restabelecido o direito de os credores prosseguirem nas execuções contra a sociedade empresária devedora. Dessa forma, apesar de o juízo da recuperação judicial ser competente para decidir sobre o patrimônio de sociedade devedora em recuperação, mesmo quando já realizada a penhora de bens no juízo trabalhista, na hipótese de os bens terem sido adjudicados em data anterior (em 27/8/2008) ao deferimento do processamento de recuperação judicial (em 13/11/2008) e de o prazo de 180 dias previsto na citada lei ter-se esgotado em 11/5/2008, a execução deve prosseguir na Justiça trabalhista. AgRg no CC 105.345-DF, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 28/10/2009.RECURSO REPETITIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUSPENSÃO. AÇÃO INDIVIDUAL.A Seção, ao apreciar REsp submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Res. n. 8/2008-STJ, por maioria, firmou o entendimento de que, ajuizada a ação coletiva atinente à macro lide geradora de processos multitudinários, admite-se a sustação de ações individuais no aguardo do julgamento da ação coletiva. Quanto ao tema de fundo, o Min. Relator explica que se deve manter a suspensão dos processos individuais determinada pelo Tribunal a quo à luz da legislação processual mais recente, principalmente ante a Lei dos Recursos Repetitivos (Lei n. 11.672/2008), sem contradição com a orientação antes adotada por este Superior Tribunal nos termos da legislação anterior, ou seja, que só considerava os dispositivos da Lei da Ação Civil Pública. Observa, ainda, entre outros argumentos, que a faculdade de suspensão nos casos multitudinários abre-se ao juízo em atenção ao interesse público de preservação da efetividade da Justiça, que fica praticamente paralisada por processos individuais multitudinários, contendo a mesma lide. Dessa forma, torna-se válida a determinação de suspensão do processo individual no aguardo do julgamento da macro lide trazida no processo de ação coletiva embora seja assegurado o direito ao ajuizamento individual. REsp 1.110.549-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 28/10/2009.

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Terceira Seção DEMISSÃO. SERVIDOR. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA.A Seção concedeu em parte o writ, considerando ilegal a demissão da servidora; pois, mesmo que sua conduta fosse considerada típica (art. 117, XI, da Lei n. 8.112/1990), a pena imposta fere o princípio da proporcionalidade, cabendo sua reintegração no cargo público com direito às verbas indenizatórias, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária. Com efeito, em que pese o dispositivo supra, que veda ao servidor atuar como procurador ou intermediário junto à repartição pública com a qual mantenha vínculo empregatício, em favor de beneficiários parentes até segundo grau, tal conduta, para configurar infração administrativa, deveria ser análoga à regra do art. 321 do CP, equivalente à advocacia administrativa, por meio do tráfico de influência. Conforme os autos, porém, inexistiu tal influência de se valer do próprio cargo com o intuito de intermediar vantagens para outrem. MS 7.261-DF, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 28/10/2009.COMPETÊNCIA. MILITAR. CRIMES CONTRA A HONRA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL.Compete à Justiça Militar processar e julgar delitos praticados por militar da ativa contra civil em lugar sujeito à administração militar. No caso, o militar (sargento), detido por deserção, atribuiu à procuradora da Justiça castrense, diante de várias outras autoridades civis e militares, de fazer parte de “esquema”, chamando-a de mentirosa, farsante e afirmando que fora denunciada por improbidade administrativa. A Justiça Militar declinou da competência, julgando que seria competente a Justiça Federal, mormente por se tratar de delitos contra a honra de uma funcionária pública federal em razão da função. Como a Constituição Federal ressalva expressamente a competência da Justiça Militar deve prevalecer. CC 106.623-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2009.DEMISSÃO. SERVIDOR PÚBLICO. ABANDONO. CARGO.A Seção concedeu o “writ” ao entendimento de que a ausência do servidor público por mais de trinta dias consecutivos ao serviço, sem o animus abandonandi não basta para sua demissão por infrigência ao art. 138, c/c o 132, II, da Lei n.º 8.112/90, visto que seu não comparecimento ao local de trabalho deveu-se à restrição a seu direito de ir e vir originária de órgão judicial: ele seria recolhido à prisão decorrente de sentença ainda não transitada em julgado. Com efeito, para a tipificação de abandono de cargo, caberia investigar necessariamente se houve, de fato, a intenção deliberada. No caso, em razão da ilegalidade da custódia contra si expedida, reconhecida posteriormente, que o impossibilitou de ir ao trabalho, são devidos a sua reintegração no cargo, as vantagens financeiras e o cômputo do tempo de serviço para todos os efeitos legais, a contar da data do ato impugnado. MS 12.424-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/10/2009.

Primeira Turma IMPOSTO. IMPORTAÇÃO. ARREMATAÇÃO. VALOR ADUANEIRO.A Turma, prosseguindo o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso, considerando descabida a pretendida equiparação de penhora à apreensão liminar de produto de que trata o art. 108, § 1º, do CTN; pois, em que pese ao argumento de que não é possível a utilização do valor aduaneiro por ser a recorrente mera arrematante de mercadoria em hasta pública, alheia à transação comercial efetuada entre importador e exportador, é vedado, nos termos do art. 108, § 2º, do CTN, interpretar a lei tributária mediante juízo de equidade para fins de dispensar ou reduzir imposto devido. Com efeito, tratando-se de mercadoria penhorada em ação de execução, não é possível o recolhimento do imposto de importação com base no preço de arrematação (art. 63 do DL n. 37/1966), mas sim no valor aduaneiro atribuído à coisa leiloada. REsp 1.089.289-ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 27/10/2009.DANOS MORAIS. DENGUE.A Turma proveu o recurso para majorar o valor indenizatório de danos morais, considerando que, provado o nexo de causalidade entre a omissão do estado e do município no combate à epidemia e o evento da morte de vítima acometida de dengue hemorrágica, o dano moral advindo de tal omissão fora fixado irrisoriamente em desconformidade com o evento fatal. Precedentes citados: REsp 860.099-RJ, DJ 27/2/2008; AgRg no Ag 836.516-RJ, DJ 2/8/2007, e REsp 960.259-RJ, DJ 20/9/2007. REsp 1.133.257-RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/10/2009.SEGURADORA. MULTA. RECUSA. INDENIZAÇÃO.A Turma afastou a multa administrativa imposta à seguradora que se recusou a pagar indenização por roubo de veículo conduzido, principalmente, pelo filho do segurado que, no ato da contratação do seguro, omitiu tal informação influente para o cálculo correto do valor do prêmio a ser pago. Com efeito, descabida a aplicação da multa no exercício do poder de polícia, em que pese ao inconformismo do segurado, alegando violação dos arts. 6º, III, e 14, § 1º, do CDC c/c o art. 12, III e VI, do Dec. n. 2.181/1997 e arts. 5º, I e II, e 6º da Lei estadual n. 3.906/2002, ante a conduta da impetrante, de todo não prevista em lei, de modo abstrato, como infração. Precedente citado: RMS 19.510-GO, DJ 3/8/2006. RMS 28.778-RJ, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27/10/2009.

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Segunda Turma HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. TERMO A QUO. JUROS MORATÓRIOS.Segundo o STF, incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido na inicial e na condenação (Súm. 254-STF), assegurando, desse modo, a inclusão de juros moratórios não previstos na sentença executada. Assim o termo a quo para sua incidência é o trânsito em julgado do aresto ou da sentença em que foram fixados. REsp 771029-MG, Rel. Mauro Campbell Marques, j. 27/10/09.IBAMA. DEMOLIÇÃO. EDIFÍCIO IRREGULAR.Versa o recurso sobre o interesse do Ibama em ajuizar ação civil pública para demolir edificação tida como irregular conforme as leis ambientais vigentes. A Turma deu provimento ao recurso, ao entender que, à luz do art. 72, VIII, da Lei 9605/98, não é dotada de auto executoriedade a demolição de obras já concluídas, mesmo como sanções administrativas de cunho ambiental. Ademais, a presente ação civil pública tem como objetivo, além da demolição, a recuperação de área degradada. Assim não há que falar em ausência de interesse de agir do Ibama. REsp 789.640-PB, Rel. Mauro Campbell Marques, j. 27/10/09.PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA. AÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL.A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que não é admissível o parcelamento previsto no art. 11 da MP 38/00 relativo a débitos fiscais que não são questionados em juízo pelo contribuinte, mas apenas aos cobrados em execução fiscal. REsp 761.419-SC, Rel. originário Min. Mauro Campbell Marques, Rel. para acórdão Castro Meira, j. 27/10/09.TÉCNICOS NÍVEL MÉDIO. ANOTAÇÕES. ATRIBUIÇÕES. CREA.A Turma reiterou seu entendimento de que as atribuições profissionais dos técnicos de nível médio constantes no Dec. 90922/85, inclusive as do seu art. 4º, § 2º, que regulamentou a Lei 5524/68, não são conflitantes com as atribuições das profissões de nível superior, de maior abrangência, sendo obrigatório o registro das atribuições daqueles profissionais no CREA. Precedentes: REsp 700348-SC, DJ 4/8/06, e REsp 132485-RS, DJ 1º/8/00. REsp 1138748-RJ, Rel. Eliana Calmon, j. 27/10/09.DESAPROPRIAÇÃO. JAZIDA. AREIA. CASCALHO. SAIBRO.Trata-se de desapropriação para fins de reforma agrária em que se discute o cabimento de indenização de jazida mineral que, no caso, teve o seu licenciamento renovado dois meses antes da imissão do Incra na posse, muito embora, na ocasião, não houvesse exploração na área. A Turma, por maioria, ao prosseguir o julgamento, entendeu que, havendo legítima autorização, licença ou concessão, uma vez inviabilizada pelo Poder Público a exploração da jazida, há direito à indenização, ainda que não exercida a atividade de exploração naquele momento. Trata-se na verdade, de indenização por lucros cessantes. Precedentes do STF: Ag no RE 140254-SP, DJ 6/6/97, e RE 315135-RS, DJ 7/6/02; do STJ: REsp 33832-SP, DJ 28/6/93, e REsp 77129-SP, DJ 2/12/96. REsp 654321-DF, Rel. Eliana Calmon, j. 27/10/09.

Terceira Turma PRAZO. RECESSO FORENSE.Trata-se de agravo regimental em que se alega manifesta intempestividade do agravo de instrumento, visto que publicada a decisão que indeferiu o processamento do REsp em 12/12/03, o prazo para interposição do agravo findou-se em 24/12/03. A Turma negou provimento ao agravo regimental ao fundamento de que a decisão contra a qual se insurge o referido agravo foi publicada em 12/12/03. O prazo para interposição de recurso iniciou-se no dia 15/12/03 e foi suspenso em 19/12/03, em razão do recesso forense, ainda existente à época. Logo, o recurso encontra-se tempestivo, visto que foi interposto em 29/12/03, ainda no curso da suspensão do prazo recursal, que continuou a fluir em 2/2/04. Ademais, a necessidade de comprovação da suspensão do expediente forense só se deu com a superveniência da EC 45/03. Precedentes: AgRg no REsp 698172-PB, DJe 23/6/08, e AgRg no Ag 914377-SC, DJe 3/11/08. AgRg no Ag 616626-SP, Rel. Paulo Furtado (Desembargador convocado do TJ-BA) j. 27/10/09.QO. REMESSA. CORTE ESPECIAL. AGRG. PREPARO.A Turma decidiu remeter o julgamento do feito à CE. Trata-se de preparo irregular do recurso diante da ausência de indicação do número de referência do processo na GRU, nos termos da Resolução 20/04 do STJ. QO no AgRg no REsp 798599-MG, Rel. Paulo Furtado (Des. convocado do TJ-BA), em 27/10/09. (Vide Informativo n. 408).ANULATÓRIA. REIVINDICATÓRIA. IMÓVEL. ILEGITIMIDADE. PARTE.A controvérsia cinge-se em definir se é possível aplicar das regras do litisconsórcio necessário, bem como desmembrar as ações anulatória e reivindicatória propostas na origem, a fim de evitar a extinção do processo sem julgamento de mérito. A Relatora observou que, conforme os arts. 1° e 2° da Lei 6015/73, o registro de imóveis é encargo a ser cumprido por serventuário privativo nomeado de acordo com as resoluções sobre a divisão de organização judiciária dos Estados. A leitura a contrario sensu dessas disposições leva à conclusão de que qualquer discussão acerca da regularidade do registro deve ser ajuizada contra o referido serventuário, ou seja, contra o oficial do registro respectivo. Os recorrentes ajuizaram a ação de anulação de registro c/c reivindicatória do imóvel tão somente em face dos particulares, ora recorridos; não houve, em momento algum, a inclusão dos oficiais de registro dos cartórios envolvidos. Não há razão para afastar as conclusões do acórdão

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quanto à extinção do processo sem julgamento de mérito, pois os réus apontados pelos recorrentes são partes ilegítimas para figurar no polo passivo da ação; não observada, portanto, uma das condições previstas no art. 267, VI, do CPC. Disso decorre serem inaplicáveis as regras do litisconsórcio, tal como pretendido pelos recorrentes. Para considerar a viabilidade do desmembramento, imperioso seria, antes de tudo, que a ação a qual se pretende desmembrar tivesse sido ajuizada contra partes legítimas, para verificação do cumprimento das condições da ação. Necessária, ainda, seria a verificação da existência de causa para ambos os pedidos, o que, como asseverado pelo acórdão recorrido, não se justificaria na reivindicatória, pois não se discutiu o negócio jurídico que levou ao registro do imóvel, mas eventual erro ou má-fé a gerar a duplicidade do registro. O ajuizamento deu-se, exclusivamente, contra parte ilegítima (os particulares), tendo causa de pedir que não autoriza o pedido de anulação do registro nem o de reivindicação do imóvel. A Turma negou provimento ao recurso. REsp 855574-MG, Rel. Nancy Andrighi, j. 27/10/09.CAUTELAR. EXIBIÇÃO. DOCUMENTOS.Trata-se de REsp em que se discute a correção de acórdão que considerou indispensável a propositura de ação cautelar prévia e autônoma de exibição de documentos para obtenção de cópia de contrato de consórcio de veículos a que a autora alega ter aderido. A autora, ora recorrente, em vez de valer-se de cautelar preparatória, ajuizou diretamente a ação principal, discutindo o contrato e pleiteando a devolução de parcelas pagas, com a requisição incidental de exibição do contrato. No julgamento, nesta instância especial, inicialmente, observou-se que a regra, no Processo Civil brasileiro, é que a petição inicial deve ser instruída com os documentos que fundamentam a pretensão do autor, indispensáveis à propositura da ação. A produção de prova documental posterior, pelo sistema do código, somente é admissível quanto a fatos posteriores ou para impugnação de alegações da parte contrária. Mediante uma interpretação literal e estática dessas normas, assistiria razão ao Tribunal a quo ao concluir que o contrato de consórcio, bem como os recibos de pagamento, são documentos indispensáveis à propositura da ação declaratória de nulidade de cláusula cumulada com cobrança. A visão clássica do processo determinaria que, ante a inexistência de tais documentos em poder da autora, competiria a ela, nos termos do art. 844 e seguintes do CPC, propor ação cautelar preparatória e, somente após concluído o procedimento cautelar, concluir pela conveniência ou não de ajuizar a ação principal. Sem isso, a petição inicial estaria incompleta, competindo ao juízo indeferi-la nos termos do art. 284, par. único, do CPC. Por outro lado, ressaltou-se que o Processo Civil moderno tem, na máxima medida possível, de se direcionar a uma solução de mérito. As nulidades processuais somente podem ser decretadas em casos extremos, em que esteja clara a ofensa a princípios fundamentais do processo. Entre as modalidades de exibição de documentos, a que mais se adéqua à intenção da autora, no ponto de vista técnico, de fato, é a exibição preparatória. Na situação concreta, não há prejuízo em decorrência da formulação incidental do pedido de exibição. Na contestação, o recorrido, em momento nenhum, alegou não existir o contrato em que se funda o pedido, ao contrário, demonstrou conhecimento acerca da existência do grupo de consórcio ao qual supostamente aderiu a autora. A falta do documento na petição inicial não inviabilizou a defesa do réu. Todas as questões dúbias quanto à existência do contrato, quanto aos montantes pagos ou quanto à transferência do grupo de consórcio a outro administrador poderiam ser solucionadas mediante a aplicação direta das regras que disciplinam a exibição incidental de documentos, sem necessidade de medida cautelar preparatória. A Turma deu provimento ao recurso. Precedente citado: REsp 1.068.040-GO, DJe 16/12/2008. REsp 896.435-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2009.FINANCIAMENTO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. ARREPENDIMENTO.Trata-se de REsp em que se discute, em síntese, o direito de arrependimento, previsto no art. 49 do CDC, como cláusula de resolução de contrato de financiamento com alienação fiduciária em garantia. O recorrente assinou 2 contratos, um de compra e venda com a concessionária de veículos e outro de financiamento com o banco recorrido. Após a assinatura do contrato, ocorrido em lugar diverso do estabelecimento comercial do recorrido, o recorrente arrependeu-se e enviou notificação a este no sexto dia seguinte à celebração do negócio. É facultado ao consumidor desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar da assinatura, quando a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial, nos termos do referido dispositivo legal. Notificado ao vendedor, a cláusula de arrependimento, implícita no contrato de financiamento realizado em local diverso do estabelecimento comercial da instituição financeira, deve ser interpretada como causa de resolução tácita do contrato, cuja consequência é restabelecer as partes ao status quo ante. Não prospera a argumentação do recorrido de que não é possível o exercício do direito de arrependimento, porque o valor referente ao contrato de empréstimo foi repassado para a concessionária de veículos antes da manifestação do recorrente. Ao exercer o direito de arrependimento, agiu em exercício regular de direito amparado pelo referido art. 49 do CDC. O eventual arrogo na posse do valor referente ao contrato de empréstimo pela concessionária de veículos não pode ser imputado ao recorrente nem dele ser exigido, uma vez que o contrato de compra e venda celebrado entre ele e a concessionária não se perfectibilizou; na verdade, sequer houve imissão na posse do bem. Nos termos do art. 2º do DL 911/69, a ação de busca e apreensão é fundamentada com o inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais. No caso, ocorreu a resolução do contrato pelo exercício do direito de arrependimento e não houve formação nem ajuste de obrigações contratuais. Deu-se provimento ao recurso. REsp 930.351-SP, Rel. Nancy Andrighi, j. 27/10/09.

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Terceira Turma MARCAS. ALTO RENOME. REGISTRO.Trata-se de REsp em que o cerne da questão está em saber se é possível a aplicação do princípio da especialidade às marcas de alto renome, citadas no art. 125 da Lei n. 9.279/1996, quando se reconhecer a ausência de confusão dos consumidores. A Turma negou provimento ao recurso ao entendimento de que não se aplica o princípio da especialidade à marca considerada de alto renome, sendo irrelevante discutir a possibilidade de confusão do consumidor. Ressaltou-se que, na hipótese, não houve renovação do registro das recorrentes como marca notória nos termos do art. 67 da Lei n. 5.772/1971 nem aquisição de registro de “alto renome”, de acordo com o art. 125 da Lei n. 9.279/1996, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Conforme se depreende do último dispositivo legal, que é uma reminiscência do mencionado art. 67 da Lei n. 5.772/1971, verifica-se que é necessário, para o reconhecimento do alto renome da marca, procedimento administrativo junto ao INPI, que, inclusive editou a Resolução n. 121/2005 para tal finalidade, procedimento que não ocorreu no caso. Assim, em face da ausência de declaração do INPI reconhecendo a marca das recorrentes como de alto renome, não é possível a proteção conferida pelo art. 125 da Lei n. 9.279/1996. Precedente citado: REsp 658.702-RJ, DJ 21/8/2006. REsp 951.583-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2009.

Quarta Turma INDENIZAÇÃO. CONTRATAÇÃO. ADVOGADO.A autora pleiteou indenização pelos gastos com a contratação de advogado para postular causa trabalhista e o Tribunal a quo deu provimento parcial à apelação da autora, concluindo que o banco empregador tem dever de indenizá-la, pois descumpriu suas obrigações trabalhistas, compelindo-a a contratar advogado para ajuizar ação. Para o Relator, é incabível a indenização pela necessidade de contratação de advogado para o ajuizamento de ação laboral, uma vez que descaracterizado qualquer ato ilícito. Além de as verbas discutidas serem controvertidas e somente se tornaram devidas após o trânsito em julgado da sentença, afastando, assim, qualquer alegação de ilicitude para gerar o dever reparatório. Em razão do art. 791 da CLT, o reclamante na Justiça Trabalhista pode postular seu direito sem assistência de advogado. Ressalta, entre outras considerações, que entender de modo diferente importaria no absurdo da prática de considerar ato ilícito qualquer pretensão resistida questionada juridicamente e cada ação iria gerar uma outra para ressarcimento de verba honorária, assim por diante, indefinidamente. A Turma deu provimento ao recurso do banco para restabelecer a sentença que julgou improcedente o pedido indenizatório. REsp 1084.084-MG, Rel. Aldir Passarinho Junior, j. 27/10/2009.RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE.As concessionárias de serviços rodoviários, nas suas relações com os usuários da estrada, estão subordinadas ao CDC. A presença de animal na pista coloca em risco a segurança dos usuários da rodovia, devendo a concessionária responder, de forma objetiva, pela morte de motociclista que se chocou com animal na rodovia. A Turma não conheceu do recurso da concessionária, no qual se defendia a denunciação à lide do DNER para reparação dos danos, afirmando ser da autarquia a responsabilidade de patrulhar a rodovia para apreensão de animais soltos, e confirmou o acórdão recorrido que decidiu descaber a denunciação à lide. Precedentes: REsp 647710-RJ, DJ 30/6/06; AgRg no Ag 522022-RJ, DJ 5/4/04, e REsp 467883-RJ, DJ 1º/9/03. REsp 573260-RS, Rel. Aldir Passarinho Junior, j. 27/10/09.COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO. COISA JULGADA.Em ação ordinária de repetição de indébito decorrente de financiamento imobiliário do SFH, os autores, ora recorrentes, obtiveram êxito e se iniciou a execução. Sobreveio o acórdão recorrido, anulando a decisão favorável de cobrança, por reconhecer a incompetência absoluta do juízo cível e a competência das varas da FP, acolhendo preliminar arguida pelo banco em liquidação extrajudicial. Daí o REsp suscitar, além da ofensa ao art. 476 do CPC, que a alegada incompetência do juízo só foi arguida após o trânsito em julgado da decisão a qual deu origem ao título executivo judicial; sendo assim, sua desconstituição só seria possível pela via da ação rescisória. Para o Relator, quanto à ofensa ao referido artigo, não pode prosperar a irresignação, porque a obrigatoriedade de instaurar incidente de uniformização é uma faculdade do magistrado, que, dentro de sua discricionariedade, pode examinar sua oportunidade e conveniência, mas deu razão aos recorrentes quanto à incompetência absoluta. Observa que a jurisprudência deste STJ não contempla privilégio da norma competencial em detrimento da segurança jurídica emanada da coisa julgada. Não haveria sentido em promover a execução da coisa julgada em outra vara, pois a competência para executar o título judicial é do juízo que proferiu a sentença de conhecimento (art. 575, II, do CPC). Ante o exposto, a Turma conheceu em parte do recurso e lhe deu provimento para manter a execução do julgado na vara cível. Considerou ainda prejudicada a medida cautelar, determinando o pagamento das custas pelo recorrido, inclusive quanto à cautelar. Precedentes: AgRg no Ag 656614-RJ, DJe 21/9/09; EDcl no Ag 794218-RS, DJe 4/5/09; REsp 711151-PR, DJ 1º/8/05; CC 87156-RJ, DJe 18/4/08; AgRg no REsp 6176-DF, DJ 8/4/91; REsp 258604-PB, DJ 18/12/00; REsp 169002-RS, DJ 6/9/99; REsp 114568-RS, DJ 24/8/98, e REsp 28832-SP, DJ 20/6/94. REsp 590421-RJ, Rel. Aldir Passarinho Junior, j. 27/10/09.

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Quarta Turma RENÚNCIA. HERANÇA. PARTILHA HOMOLOGADA.Em razão do trânsito em julgado da sentença que homologa a partilha, não cabe pedido do banco credor de aceitação de herança de renunciante (devedor), pois o requerimento só poderia ser formulado enquanto estivessem pendentes os direitos hereditários do devedor; tampouco poderia penhorar, no rosto do arrolamento, bens que foram transmitidos aos demais herdeiros. Com o trânsito em julgado da homologação da partilha, na qual houve renúncia de executado (herdeiro), extingue-se qualquer direito desse em relação aos bens transmitidos. Só resta ao banco, caso comprove a fraude a credores e se preenchidos os demais requisitos, arguir, em ação própria, a anulação da partilha homologada. REsp 754468-PR, Luis Felipe Salomão, j. 27/10/09.DANOS MORAIS. SPAM.Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com pedido de indenização por danos morais em que o autor alega receber e-mails (spam com mulheres de biquíni) de restaurante que tem show de streaptease e, mesmo tendo solicitado, por 2 vezes, que seu endereço eletrônico fosse retirado da lista de e-mail do réu (recorrido), eles continuaram a ser enviados. A sentença julgou procedente o pedido e deferiu tutela antecipada para que o restaurante se abstivesse do envio da propaganda comercial sob pena de multa diária, condenando-o a pagar, a título de danos morais, o valor de R$ 5 mil corrigidos pelo IPC a partir da data do julgamento, acrescidos de juros de mora, contados a partir do evento lesivo. O TJ proveu apelação do estabelecimento e reformou a sentença, considerando que o simples envio de e-mails não solicitados, ainda que dotados de conotação comercial, não configuraria propaganda enganosa ou abusiva para incidir o CDC e não haveria dano moral a ressarcir, porquanto não demonstrada a violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem. Para o Relator, que ficou vencido, o envio de mensagens com propaganda, quando não autorizada expressamente pelo consumidor, constitui atividade nociva que pode, além de outras consequências, gerar um colapso no próprio sistema de internet, tendo em vista um grande número de informações transmitidas na rede, além de que o spam teria um custo elevado para sociedade. Não há legislação específica para o caso de abusos, embora existam projetos de lei em tramitação. Daí se aplicar por analogia o CDC. Após reflexões, reconheceu a ocorrência do dano e a obrigação de o restaurante retirar o autor de sua lista de envio de propaganda, e a invasão à privacidade do autor, por isso restabeleceu a sentença. Para a tese vencedora, inaugurada por Honildo de Mello Castro, não há o dever de indenizar, porque existem meios de o remetente bloquear o spam indesejado, aliados às ferramentas disponibilizadas pelos serviços de e-mail da internet e softwares específicos, assim manteve a decisão do Tribunal a quo. A Turma por maioria não conheceu do recurso. REsp 844.736-DF, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Honildo de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ-AP), julgado em 27/10/2009.

Quinta Turma DENÚNCIA. REJEIÇÃO. ERROR IN PROCEDENDO.Cuida-se de recurso interposto pelo MP contra acórdão de TJ que, por maioria, rejeitou a denúncia oferecida contra o recorrido incurso nas penas do art. 299 do CP. A Turma, ao prosseguir o julgamento, não conheceu do recurso, por entender que, verificado que os fundamentos do voto condutor do acórdão que rejeitou a denúncia não foram sequer examinados pela maioria, não há interesse em sua impugnação por meio do recurso especial, uma vez que não foi em razão deles que a denúncia acabou sendo rejeitada. Não concluído o julgamento na instância de origem, quanto às preliminares levantadas pela defesa, as quais não mereceram o necessário destaque, indevido se mostra o exame do mérito. Não obstante a constatação do error in procedendo, é inviável a declaração de nulidade a teor do que prescreve a Súm. 160-STF. Descabe reexaminar o que foi decidido quanto ao tema (justa causa) pelo Tribunal de origem, sob pena de admitir-se o prosseguimento de processo em que não houve a devida apreciação da admissibilidade da acusação. REsp 1113182-DF, Min. Felix Fischer, j. 27/10/09.SIGILO. COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS. INVIOLABILIDADE.Trata-se de HC em que se pretende a declaração da nulidade das interceptações telefônicas realizadas no procedimento investigatório. Foi concedida a ordem porque foi constatado que o acesso às informações protegidas por sigilo constitucionalmente garantido foi possibilitado por decisão que não atendeu aos requisitos elencados pelo legislador ordinário. Trata-se de medida açodada, pois se provou que indícios de autoria poderiam ser colhidos com o depoimento dos sócios da empresa investigada, ato por diversas vezes postergado pela própria autoridade policial e realizado apenas após a autorização de interceptação telefônica objurgada, circunstância que evidencia a preterição, pelo juiz, dos requisitos indisponíveis para o abrandamento do sigilo das comunicações telefônicas. O STJ já decidiu ser ilegal a interceptação telefônica deferida sem a observância do art. 2º da Lei 9296/96. O objeto das investigações era o suposto crime de apropriação indébita previdenciária e também estaria sendo praticado o delito de sonegação fiscal, fato que também motivou a quebra do sigilo telefônico dos investigados. Se tem por ilegal qualquer ato investigatório, dentre os quais a quebra de sigilo telefônico destinada à colheita de provas acerca de crime contra a ordem tributária, sem que se tenha notícia da constituição definitiva do crédito tributário tido por sonegado. HC 128087-SP, Rel. Jorge Mussi, j. 27/10/09.

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Quinta Turma HC. SEGREGAÇÃO CAUTELAR. HOMICÍDIO.Noticiam os autos que o paciente e outro corréu, ambos policiais no exercício profissional, abordaram quatro adolescentes na via pública, em seguida os espancaram, levaram para um local ermo onde os executaram e queimaram seus corpos. Por esses crimes, o paciente foi condenado a 56 anos de reclusão em regime fechado como incurso no art. 121, § 2º, IV (quatro vezes) e art. 211 (quatro vezes) c/c arts. 29 e 69, todos do CP. Agora, o habeas corpus busca que seja expedido alvará de soltura devido ao fato de o paciente se sentir constrangido com a prisão cautelar, uma vez que ainda não transitou em julgado a condenação. Para o Min. Relator, a prisão cautelar reveste-se de caráter excepcional, entretanto a irresignação do paciente não merece prosperar. Explica que, no caso dos autos, não se trata de execução provisória da pena, pois o Tribunal a quo decretou a prisão preventiva do acusado diante da gravidade e peculiaridades do caso e ao fundamento da garantia da ordem pública, após o julgamento da segunda apelação (a primeira foi anulada por decisão do Min. Relator e acolhida pela Turma em HC anterior). Observa, com base em precedentes do STF e do STJ, que a prisão cautelar só se justifica quando fica demonstrada sua real necessidade, o decreto prisional está devidamente fundamentado em dados concretos extraídos dos autos e a liberdade do paciente acarretaria insegurança jurídica e lesão à ordem pública. Diante do exposto, a Turma denegou a ordem de habeas corpus. Precedentes citados do STF: HC 90.858-SP, DJ 22/6/2007; HC 90.162-RJ, DJ 29/6/2007, e HC 90.726-MG, DJ 17/8/2007; do STJ: HC 92.125-SE, DJe 23/6/2008; HC 90.629-PR, DJ 17/12/2007, e HC 85.485-RS, DJ 17/12/2007. HC 143.892-PE, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/10/2009.

Sexta Turma PRISÃO PREVENTIVA. AGRESSÃO. TESTEMUNHA.A prisão temporária foi convertida em preventiva pelo juízo ao considerar a gravidade dos delitos (homicídio qualificado e ocultação de cadáver), a crueldade com que foram praticados, a periculosidade dos supostos autores (reconhecidos traficantes de droga), o fato de que eles, após custodiados na cadeia pública, ordenaram a outros detentos que agredissem fisicamente uma testemunha, bem como de que, se soltos, poderiam intimar outras. A gravidade e a crueldade, por si sós, não são suficientes a embasar a preventiva, porém a agressão e a ameaça às testemunhas o são. Dá-se ênfase à agressão em si, pois a ameaça não está bem precisada na decisão impugnada. É certo, porém, que elas não deixam de aderir à extrema violência com a qual foram praticados os crimes, a justificar a manutenção da preventiva, mesmo diante da pronúncia, que pende de julgamento de recurso. HC 110.584-MT, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 27/10/2009.PROMOÇÃO. MERECIMENTO. CRITÉRIOS OBJETIVOS.Busca-se, na impetração, que a promoção por merecimento concedida ao recorrente, integrante do quadro de funcionários técnico-científicos estaduais, tenha efeitos retroativos a partir de 1º de julho de 1996 e não da data da publicação da promoção (quase nove anos após). Quanto a isso, vê-se que a lei estadual que, em 1986, criou aquele quadro de funcionários previu critérios estritamente objetivos para as promoções por merecimento, bem como que elas se dariam no mês de julho de cada ano. Um decreto estadual também escolheu esse mesmo mês para iniciar a vigência das promoções. Então, preenchidos esses requisitos legais, não há que se falar em discricionariedade do administrador na concessão dessas promoções por merecimento. Assim, o servidor que compõe o referido quadro e tem reconhecido o direito a essa promoção também tem direito de que ela seja feita em periodicidade anual, tal como previsto na legislação específica, além da fixação do termo inicial da promoção em 1º de julho. Quanto ao recorrente, diante da demora da Administração de reconhecer seu direito à promoção, há que se reconhecer esse direito com efeitos retroativos a contar de 1º de julho de 1996, data em que deveria ocorrer. Todavia, conforme as Súmulas ns. 269 e 271 do STF, o MS não pode ser utilizado como sucedâneo de ação de cobrança, o que impõe reconhecer que as prestações patrimoniais anteriores à impetração devem ser requeridas mediante ação própria. Afastou-se, também, a alegação de prescrição; pois, apesar de não cuidar de relação de trato sucessivo e de a pretensão à retificação de ato de promoção dizer respeito ao próprio fundo de direito, o prazo de cinco anos previsto no art. 1º do Dec. n. 20.910/1932 não foi ultrapassado. Anote-se haver precedente da Quinta Turma em sentido diverso (RMS 20.745-RS, DJ 5/11/2007). RMS 21.125-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27/10/2009.CONTINUIDADE. ROUBO. LATROCÍNIO.A Turma reiterou que não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de latrocínio, pois não se trata de delitos de mesma espécie, apesar de pertencerem ao mesmo gênero. Precedentes citados: HC 98.307-SP, DJe 2/6/2008; HC 68.137-RJ, DJ 12/3/2007; REsp 563.051-RS, DJ 16/5/2005; RHC 15.534-PR, DJ 24/5/2004; REsp 70.905-SP, DJ 30/6/1997, e REsp 26.855-PR, DJ 5/9/1994. REsp 751.002-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27/10/2009.

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Sexta Turma APROPRIAÇÃO INDÉBITA. TIPICIDADE. CONFISSÃO.Por força de questionamento em ação popular, foi determinado pelo juízo penal que os valores referentes a aumento de subsídios aprovado em favor do paciente e outros (todos vereadores) deveriam ser depositados em instituição bancária. Contudo, eles obtiveram acesso a essas quantias e alguns fizeram uso delas. Daí a denúncia do paciente pelo crime de peculato, que resultou em sua condenação pela prática de apropriação indébita (no momento da inversão da posse, ele não mais ostentava a condição de funcionário público, porque não foi reeleito). Nesse contexto, não há falar em nulidade do acórdão da apelação por falta de enfrentamento da questão referente à atipicidade da conduta. O Tribunal de origem combateu e rechaçou a tese de atipicidade por falta de posse do numerário, apontando que o paciente sacou os valores depositados por ordem judicial em caderneta de poupança de que ele mesmo era titular, apesar de ciente de que não poderia movimentá-los, e quando chamado a restituí-los, não atendeu a determinação. Desse modo, caracteriza-se indevida inversão da posse, diante da configuração do animus rem sibi habendi. Além disso, ao entender presente a omissão, deveria manejar embargos de declaração do acórdão de apelação, providência não ultimada, o que resultou no trânsito em julgado do aresto sem que fosse interposto nenhum recurso. Mostra-se também correto o acórdão quando equilibrou a dosagem da pena ao fixar sua majoração pela metade em razão das circunstâncias judiciais apontadas desfavoráveis na sentença (culpabilidade, personalidade, motivos e consequências do crime). Todavia, a impetração merece amparo quanto ao uso da confissão do paciente como elemento relevante à condenação, visto ser de rigor, nesse caso, a incidência da atenuante do art. 65, III, “d”, do CP. Para tanto, conforme a jurisprudência do STJ, é prescindível a espontaneidade, bastando que haja apenas a voluntariedade. Por tudo isso, a Turma entendeu conceder parcialmente a ordem para reduzir a pena devido à presença da atenuante da confissão, decisão cujos efeitos foram estendidos a outros corréus. Precedentes citados: RHC 7.934-MG, DJ 9/11/1998; REsp 303.202-MS, DJ 5/2/2007; HC 42.865-SP, DJ 21/11/2005; HC 119.889-MG, DJe 2/2/2009; RHC 12.842-PR, DJ 29/9/2003; HC 96.133-MS, DJe 15/12/2008, e HC 66.437-SP, DJe 3/11/2008. HC 117.764-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/10/2009.USO. ALGEMAS. JUSTIFICAÇÃO.O paciente foi preso em flagrante em uma localidade, mas foi transportado à delegacia de plantão situada em outra cidade (distante 190 KM), local em que lavrado o flagrante. Ele foi mantido algemado por todo o trajeto; porém, só quando de seu transporte da delegacia para o presídio da mesma cidade, agentes de polícia assinaram uma comunicação de serviço dirigida ao delegado, justificando o uso das algemas nesse percurso. Alega, na impetração, a nulidade de sua prisão em flagrante, porque a justificação do uso de algemas só diz respeito a esse pequeno trajeto feito dentro da cidade, daí sua condução sob algemas no trajeto anterior ser indevida frente à Súm. vinculante n. 11-STF, quanto mais se essa justificação deveria ser feita pelo condutor no boletim de ocorrência. Consequentemente, a impetração busca desconstituir a imposição do TJ quando revogou a prisão cautelar (convolada em preventiva pelo juiz) de que o paciente comparecesse a todos os atos do processo como condição à sua liberdade. Contudo, nesse contexto, é lícito concluir que, se houve necessidade de algemar o paciente para o deslocamento dentro da própria cidade para a garantia da integridade física dos policiais e dele próprio, certamente o risco era bem maior no trajeto de uma cidade a outra, pois é inconcebível que o risco em sua condução só tenha surgido na delegacia. Não há constrangimento ilegal na circunstância de não constar a justificativa da lavratura do flagrante, mesmo porque o paciente encontra-se, como já dito, em liberdade. Por último, a imposição de condições para que ele responda ao processo em liberdade é medida comum acolhida pela jurisprudência do STJ. Precedentes citados: HC 126.308-SP, DJe 28/9/2009; HC 128.572-PA, DJe 1º/6/2009, e HC 95.157-AP, DJe 22/6/2009. HC 138.349-MG, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 27/10/2009.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALNOTÍCIAS

STF referenda liminar que suspendeu posse de vereadores para vagas criadas pela EC 58/2009 11/11/2009 21:35

Vice-PGR sustenta inconstitucionalidade de emenda que aumenta número de vereadores 11/11/2009 16:47

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STF referenda liminar que suspendeu posse de vereadores para vagas criadas pela EC 58/200911/11/2009 21h35

Plenário do Supremo Tribunal Federal segue entendimento do Ministério Público FederalO STF referendou a medida liminar concedida por Carmem Lúcia Antunes Rocha, em 2/10/09, na ADI 4307 proposta por Roberto Gurgel, contra o art. 3º, I, da EC 58, de 23/09/09, que autorizou a posse imediata dos candidatos que não receberam votos suficientes para assumir cargo de vereador nas eleições de 2008. Em votação conjunta, também foi concedida a liminar na ADI 4310, proposta pelo Conselho Federal da OAB para impugnar o mesmo dispositivo. Oito ministros acompanharam a relatora pela concessão da liminar, ficando vencido Eros Grau. Joaquim Barbosa e Ellen Gracie não participaram do julgamento. A EC 58/2009 aumentou em cerca de 7,7 mil o número de vereadores em todos os municípios brasileiros, segundo informou Carlos Brito, e fez retroagir seus efeitos para as eleições de 2008, o que, segundo a corte, violou o art. 16 da CF/88, onde está disposto que norma que alterar o processo eleitoral não se aplica à eleição que ocorrer até um ano da data de sua vigência. A relatora justificou o fato de ter concedido a liminar monocraticamente, procedimento excepcional em se tratando de ADIn, em razão do risco em aguardar a decisão do plenário diante do anúncio da posse de vereadores em vários municípios brasileiros após a promulgação da EC 58 pelo Congresso, como ocorreu, por exemplo, em Bela Vista ,GO, Conselheiro Pena (MG) e Icó (CE). Ela lembrou que está pacificado no STF o cabimento de ADIN contra dispositivo de EC que não se conforme aos limites formais e materiais colocados pela CF/88. Carmem Lúcia acatou a tese do PGR de que é inconstitucional a retroação às eleições de 2008 das regras da EC 58/2009 que alteram a composição das Câmaras Municipais.Cláusulas de transição - Segundo Gurgel normas como esta, que alteram regimes jurídicos, devem conter cláusulas de transição para garantir a segurança jurídica e política: “A transição para um novo regime jurídico eleitoral de tamanha dimensão – a interferir não só no resultado das eleições, mas também no direito dos eleitos e na participação dos partidos políticos – deve ocorrer sem sobressaltos, o que implica dizer que suas regras não podem retroagir”. Segundo a relatora, nem mesmo emenda constitucional poderia abolir o direito fundamental do cidadão à liberdade, previsto no art. 5º, LIV, da CF, e acrescentou que o voto é a maior manifestação da liberdade política e instrumento da democracia. “Transgredir, cercear ou mutilar esta liberdade de manifestação agride não apenas um dispositivo da Constituição, mas o ordenamento jurídico em sua inteireza”. Afirmou que a modificação do número de vagas na disputa para vereadores repercute no sistema de representação proporcional, “atingindo candidatos naquele pleito de 2008, os eleitos, partidos políticos e, principalmente, instabilizando os eleitores, que foram às urnas, acreditaram no Estado que, pela Justiça Eleitoral, proclamou os eleitos, promoveu a sua diplomação e validou a sua posse, ficando o eleitor sem saber ao certo o destino do seu voto e sem ter ciência de quem se elegeu e de quem não se elegeu”. Ricardo Lewandowski advertiu que “se aceitarmos que a EC 58 tem eficácia imediata, estaríamos admitindo que o equilíbrio vigente que resultou das eleições de 2008 poderia ser alterado. Estaríamos vulnerando o devido processo eleitoral, e haveria lesão ao princípio basilar da segurança jurídica. A própria soberania popular restaria lesada”. O único a divergir, Eros Grau não referendou a liminar porque não considerou que houve violação ao processo eleitoral ou ao princípio da segurança jurídica. “Eu não interpretaria a Constituição à luz de lei ordinária. Aqui não há afronta ao art. 16, cujo âmbito é mais restrito”.

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Consulta - Carlos Britto destacou que já antevia o que iria acontecer quando, no início da tramitação da proposta de emenda constitucional, o deputado Gonzaga Patriota fez uma consulta formal ao TSE (nº 1421) sobre a constitucionalidade da eficácia imediata da emenda. Em resposta à consulta, o tribunal decidiu, por votação unânime, da qual também participaram Peluso e Marco Aurélio, que para ter aplicação imediata a EC alterando o número de vereadores teria que ser promulgada até 30/06/2008, quando terminou o prazo para realização das convenções partidárias que aprovaram os nomes dos candidatos ao pleito. Essa decisão, de 2007, foi comunicada por Britto, por meio de ofício, aos presidentes dos TREs em 28 de setembro passado, para que ficassem cientes da impossibilidade de dar posse aos suplentes. “E tem lógica esse tipo de entendimento”, afirmou Britto, “porque se a alteração se dá a tempo da sua deliberação pelas convenções partidárias, o processo legal está sendo observado. Possibilita aos partidos o registro das respectivas candidaturas, e o eleitor vota nos candidatos aprovados em convenção. Os eleitores já sabem o número de cadeiras a prover e, com isso, se respeita o princípio da soberania popular, inscrito no art. 1º da CF como fundamento da República. Pensar diferente é conferir à EC um substitutivo da urna, e só quem tem voto é o eleitor. Se emenda puder conferir mandato, nós teremos um caso esdrúxulo de eleição por ato legislativo, que passa ao largo do voto, para investir suplentes em cargo de representação popular”. Cesar Peluso considerou a EC 58 “uma norma casuística porque tende a alterar o resultado de um processo eleitoral já exaurido. Não se trata de vereadores que tenham sido eleitos pelo povo segundo a Constituição determina, mas por uma emenda constitucional”. Ele destacou a importância de não se alterar as regras jurídicas vigentes no início das eleições, já que é com base nelas que os partidos definem seu quadro. “Tais regras incluem a inalterabilidade do número de vagas, uma garantia de respeito à vontade objetiva dos eleitores. Muitos eleitores tomam sua decisão pelo número de vagas existentes. Qualquer alteração posterior viola a vontade do cidadão”. Quanto à advertência feita pelo advogado-geral do Senado, Luis Fernando Bandeira de Melo, de que, na hipótese da corte entender que a EC 58 não é aplicável ao pleito de 2008, seria necessário convocar novas eleições para preencher as vagas criadas, conforme dispõe o art. 56 da CF, Peluso respondeu: “Não há vaga nenhuma. Havê-las-á na próxima eleição”. Celso de Mello afirmou que “o Congresso pode muito, mas não pode tudo. Não compete ao constituinte reformador dispor contra os valores essenciais que conferem identidade ao próprio texto da CF. Emendas também podem incidir no vício de inconstitucionalidade. Uma vez configurada tal transgressão contra o núcleo temático irreformável, porque contém a própria alma da Constituição, as emendas podem ser objeto de controle de constitucionalidade, exercido pelo STF ou qualquer magistrado”. Marco Aurélio lembrou que os suplentes aos quais se pretende empossar agora com as vagas criadas pela EC 58 “não foram votados para essas cadeiras. A lei delimita o número de candidatos que podem concorrer em função do número de cadeiras. De quem eles seriam suplentes, se as cadeiras não existiam?” Gilmar Mendes afirmou que “não devemos aceitar qualquer proposta de emenda que provoque erosão no sistema protetivo constitucional”.

Vice-PGR sustenta inconstitucionalidade de emenda que aumenta número de vereadores11/11/2009 16h47

Deborah Duprat defendeu no STF que a aprovação da EC nº 58 ofende os princípios da soberania popular, do devido processo eleitoral, da segurança jurídica e do ato jurídico perfeito.

Deborah Duprat fez sustentação oral durante referendo da medida cautelar da ADI 4307, no STF, contra o art. 3º, inc. I, da EC 58, que faz retroagirem os efeitos da alteração ao processo eleitoral de 2008. A emenda aumentou em mais de 7 mil o número de vereadores em todo o país. As ações do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e do SF trazem 2 questões centrais para a questão: a primeira é que a composição de uma Câmara de Vereadores não está sujeita ao princípio da anualidade, como previsto no art. 16 da CF, porque não se trata de norma de processo eleitoral. A segunda é que a alteração dessa composição após o desfecho do processo eleitoral tampouco atenta contra o princípio do ato jurídico perfeito e, como exemplo, destacam a substituição corriqueira da substituição de titulares por suplentes no âmbito dessas câmaras. Essas ações se batem contra a retroatividade da EC 58, com base no art. 1º, inc. I, no art. 16 e no art. 5º, inciso V, da CF. Essa retroatividade ofende os princípios da soberania popular, do devido processo eleitoral, da segurança jurídica e do ato jurídico perfeito. O que está em discussão é o devido processo eleitoral e o princípio da segurança jurídica, que garante aos eleitores que eles conhecerão previamente as regras que marcarão aquele pleito. “O que está em questão é o próprio princípio da soberania popular. Dizer que o número de vagas e o número de candidatos é absolutamente irrelevante num pleito eleitoral está longe de corresponder à verdade.” O eleitor faz um cálculo, considerando exatamente o número de vagas e os candidatos que se apresentam. “Isso fica evidente em qualquer pesquisa de opinião que se faça em que se acresce um nome a mais na pesquisa subsequente”. A vice-

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procuradora acrescenta que “no entendimento dessa casa (STF) o suplente é considerado não eleito. Então quando se alteram as regras findo o pleito nós vamos ter uma pessoa que passa a ser eleita simplesmente porque houve uma mudança no número de cargos, e não por uma vontade do eleitor, daí porque o princípio da soberania popular fica sim fortemente marcado e essa vontade fortemente distorcida”. Na sustentação oral, Deborah Duprat também citou a resposta de Fernando Neves, do TSE, à consulta pública sobre a emenda constitucional, em que dispensou a necessidade de observância dessa emenda ao princípio da anualidade, mas a condicionou ao princípio da anterioridade. Por fim, a vice-procuradora-geral comentou sobre o contra-argumento apresentado de que não haveria ofensa porque, mesmo após findo o processo eleitoral, é possível uma recomposição a qualquer momento da Camara de Vereadores, pois essa mudança se dá corriqueiramente pela substituição de titulares pelos supelentes nas mais diversas situações. “Ocorre que, na questão das regras que já estão previamente previstas para aquele dado pleito eleitoral, elas são constitutivas do pleito e portanto, a substituição que se dá confere mero exaurimento daquele pleito, tal como se dá o exercício normal do mandato porque aquilo é constitutivo daquele pleito. O que se pretende agora é inserir uma norma posterior ao encerramento do pleito que não era constitutivo daquele pleito eleitoral e portanto, há sim, nesse caso, diferentemente daqueles casos corriqueiros próprios do exaurimento do pleito eleitoral ofensa ao ato jurídico perfeito.”

MPF não vê crime na colaboração de agentes da Abin durante a Operação Satiagraha11/11/2009 8h58

Para o subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves, a cessão de servidores da Abin não constitui crime (usurpação de função pública) mas, quando muito, mera irregularidade administrativa, no caso.

O MPF votou pela insistência no pedido de arquivamento do inquérito policial que apura suposto crime na cessão de servidores e na colaboração de agentes da Abin durante as investigações da Operação Satiagraha. Os autos do inquérito que tramitam na 7ª Vara Federal Criminal/SP foram encaminhados para manifestação de Roberto Gurgel, tendo em vista a decisão do juiz Federal Ali Mazloum que rejeitou o arquivamento, considerando "como anômala a cooperação entre Abin e PF". O voto foi escrito por Wagner Gonçalves enquanto relator-coordenador da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que tem atribuições na área penal e controle externo da atividade policial, e para a qual houve delegação do PGR para decidir sobre arquivamento de inquéritos. Participaram também da decisão Julieta Albuquerque e Ana Maria Guerrero. De acordo com o voto, não houve crime na cessão de agentes da Abin para participar da Operação Satiagraha, a pedido do delegado da PF Protógenes Queiroz, com a autorização do Diretor-Geral da Agência, Paulo Lacerda, que os cedeu. Os agentes cedidos atuaram como coadjuvantes, auxiliares e sob as ordens de um Delegado da PF. O juiz também pediu análise de eventual ingresso de ação penal em face deles e de todos os indiciados por usurpação de função pública (art. 328 do CP) e art. 10, segunda parte, da Lei 9296/96. A princípio, no sistema acusatório, é vedada a participação do magistrado na fase pré-processual, ressalvadas as hipóteses de medidas cautelares. E, quando da análise do pedido de arquivamento, deve o juiz, quando discordar, fundamentar suas razões com extrema cautela, sob pena de inversão de papéis e falta de imparcialidade. "Vê-se, portanto, que, na fase pré-processual, o juiz só comparece quando há pedido da Polícia Judiciária ou do MP para medidas constritivas ou cautelares, em defesa dos direitos fundamentais dos investigados", afirma.Excesso de linguagem - Para o subprocurador-geral houve excesso de linguagem do juiz ao rejeitar o arquivamento do inquérito. Primeiro porque, segundo ele, o MP, como titular da ação penal, pode apresentar ou não a denúncia e, no caso, o MPF denunciou Protógenes e outro por violação de sigilo funcional e fraude processual e não o denunciou e ao então Diretor da Abin Paulo Lacerda por usurpação de função pública e art. 10, segunda parte, da Lei 9296/96. "O Juiz não pode obrigar o MP a fazer uma acusação, nem pode se sentir ofendido caso ele não a faça". Além disso, ao discordar do pedido de arquivamento, o juiz adentra, em profundidade, nas provas - provas essas em que não houve contraditório. De acordo com Wagner Gonçalves, uma incursão acentuada nas provas na fase pré-processual, por parte do juiz, além de representar violação das atribuições do MP, pode configurar uma futura condenação, em havendo denúncia, com violação dos direitos fundamentais dos acusados.Segurança pública - O voto explica ainda que o direito de investigar mediante o inquérito policial é exclusivo da polícia judiciária, mas investigações de crimes são feitas pelos mais diversos órgãos públicos e não há reserva de mercado investigatório para a PF. "Se todos são responsáveis pela segurança pública, não se pode afastar, a priori, a colaboração de outros órgãos, muito menos da Abin". Os agentes da Abin não praticaram atos de gestão ou decisão, mas colaboraram nas investigações, efetuando atividades de pesquisa, vigilância, seleção e desgravação de ligações interceptadas etc. Todas as medidas cautelares,

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busca e apreensão, interceptações telefônicas etc deferidas judicialmente, não foram solicitadas pela Abin, mas pela PF ou pelo MP, e seu cumprimento foi executado pela PF, entrando os agentes cedidos como meros coadjuvantes, em questões pontuais e determinadas, muitos deles desconhecendo o objetivo maior da operação. E conclui dizendo que houve cessões de servidores para o Delegado Protógenes, deferidas verbalmente, podendo-se falar em irregularidade administrativa e, por isso, em improbidade, quando muito, mas não em crime. "Afora isso, após os fatos aqui questionados, há norma posterior, que permitiu a regularização de servidores cedidos pela Abin, que estariam irregulares."Regularização das cessões - A norma posterior a que se refere é a Medida Provisória 434, de 5/06/2009, ainda durante a cooperação da Abin na Operação Satiagraha - convertida na Lei 11776/08, que tornou possível regularizar as cessões de servidores feitas pela Agência, para outros órgãos, inclusive para a PF, ante a redação que foi dada ao par. único do art. 44, que dispõe: "as cessões em desconformidade com o disposto no caput deste artigo serão regularizadas até 6 de outubro de 2008". Tal norma age como manifesta exclusão de ilicitude material do fato, mesmo que se entendesse, só para argumentar, haver crime em virtude da colaboração da Abin. Há todo um conjunto de normas que não vedam, mas, ao contrário, permitem uma cooperação dos diversos órgãos que compõem o Subsistema de Segurança Pública, a partir do Sistema Brasileiro de Inteligência, para compartilhar informações, apuradas dentro da área de competência de cada qual, mas com o objetivo precípuo de garantir a segurança pública, mediante ações que coíbam e reprimam a criminalidade. Finalmente, sobre a matéria - cessão de servidores da Abin para a operação Satiagraha - menciona Wagner Gonçalves que o TRF3, em HC, reconheceu que, em face da Lei 9883/99, não há irregularidade no compartilhamento de dados e informações sigilosos entre os órgãos encarregados da persecução penal e outros órgãos integrantes do Estado. E que tal colaboração nunca "causou perplexidade ou surpresa". Leia a íntegra do voto.

PRR-5: SUS terá que financiar transplante de fígado nos EUA para criança10/11/2009 18h52

Criança é portadora de doença metabólicaA 1ª Turma do TRF-5 manteve a decisão da 5ª Vara da Justiça Federal/CE que, ao julgar ACP proposta pelo MPF, havia determinado que a União e o estado do Ceará financiassem uma cirurgia de transplante de fígado, nos EUA, em uma criança portadora da doença conhecida como “xarope de bordo na urina”. A enfermidade se caracteriza pela deficiência na metabolização de alguns aminoácidos e pode causar danos ao sistema neurológico. O tribunal acolheu o parecer do MPF, emitido pela PGR5, que havia se posicionado contrariamente ao provimento do recurso ajuizado pela União contra a decisão da JF em primeira instância. No mérito do recurso, a União alegara que a cirurgia poderia ser realizada no Brasil. Entretanto, os transplantes de fígado em crianças realizados aqui pertencem a uma modalidade comum, e o tratamento nesse caso requer transplante de fígado com manejo metabólico. Sem esse procedimento, poderia ocorrer uma descompensação metabólica capaz de provocar danos neurológicos e até mesmo a morte do paciente.Ação civil pública - A União havia questionado também a legitimidade do MPF para ajuizar ação civil pública em defesa de um direito individual. Porém, a alegação não foi aceita pela Primeira Turma do TRF-5. O MPF argumentou que o ECA autoriza o MP a se utilizar da ACP na defesa dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência. No caso, o direito individual à saúde de um menor. O MPF ressaltou ainda que a JF havia determinado que o SUS destacasse um médico brasileiro para acompanhar o transplante nos EUA. Dessa forma, esse profissional terá acesso ao procedimento cirúrgico e poderá repassar o conhecimento adquirido para outros médicos no Brasil, o que irá beneficiar inúmeros pacientes portadores da mesma doença. Nº do processo no TRF-5: 2004.81.00.020298-9 (AC 360863 CE)

Político paraense é condenado a nove anos de prisão por trabalho escravo10/11/2009 18h31

Dedeco, que foi vice-prefeito e candidato a vereador em Moju, foi sentenciado junto com o filhoO ex-vice-prefeito de Moju, no Pará, Altino Coelho Miranda, o Dedeco, foi condenado a 9 anos de prisão em regime fechado por submeter trabalhadores a condições semelhantes às da escravidão. Dedeco, que teve indeferida sua candidatura a vereador nas últimas eleições, também terá que pagar multa. Pelo mesmo crime, o filho de Dedeco, Altino Freitas Miranda, o Dequinho, foi condenado a 7 anos e 6 meses de prisão em regime semi-aberto, mais multa. Em agosto/07, fiscais do MTE encontraram 15 pessoas em condições degradantes de trabalho na fazenda de Dedeco, localizada na zona rural de Moju, município de 64 mil habitantes do nordeste paraense, a 56 km de Belém. Uma das vítimas tinha menos de 18 anos. Os Miranda foram denunciados à Justiça pelo MPF/PA em abril/08. "Além de não fornecerem condições para que os

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trabalhadores pudessem exercer com o mínimo de dignidade as atividades de roçado e cultivo de dendê, o denunciado Dequinho mantinha, sob as ordens de Dedeco, o denominado 'sistema de armazém''", registrou na ação o procurador da República Fernando José Aguiar de Oliveira. Por esse sistema, também conhecido como sistema de barracão, o empregador inviabiliza a ida dos trabalhadores ao comércio municipal para forçá-los a adquirir alimentos e outros meios de subsistência diretamente da venda da fazenda, tudo descontado nos salários. Na sentença, o juiz federal Rubens Rollo D'Oliveira diz que, de acordo com as provas do processo, “a jornada de trabalho e o sistema de produção e pagamento também eram desumanos, eis que deixavam os trabalhadores exaustos e com pouca retribuição pelo esforço físico desenvolvido”. A decisão judicial também cita informações coletadas pela equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que expediu 25 autos de infração contra Dedeco e Dequinho em decorrência de uma série de irregularidades, como a falta de alojamento e de refeitório adequados, a inexistência de água potável e de banheiro para os trabalhadores, o não-pagamento de contribuições previdenciárias e a cobrança pelos equipamentos de proteção individual que deveriam ser cedidos gratuitamente aos empregados. Além disso, os trabalhadores tinham que pagar pela própria alimentação. Dedeco e Dequinho estão recorrendo contra a decisão na Justiça Federal em Belém. Processo: 2008.39.00.005951-2 (Justiça Federal em Belém)

Para garantir leite especial a criança, MPF/AL obtém decisão de bloqueio de valores9/11/2009 14h49

Justiça determina bloqueio de valores em contas da União, do estado de Alagoas e do município de Maceió caso não forneçam o leite especial

O MPF/AL obteve decisão favorável de bloqueio de valores em contas correntes da União, do estado e do município de Maceió para garantir fornecimento de leite especial a menor portadora de refluxo gastro-esofágico e intolerância a lactose. O bloqueio de R$ 1.837,00, a ser realizado nas contas bancárias do Ministério da Saúde, do FNSe e das secretarias de Saúde do Estado de Alagoas e do município de Maceió, será destinado à compra de leite especial Alfaré, indispensável ao desenvolvimento de recém-nascida com intolerância à lactose. O fornecimento do leite já havia sido determinado pela JF no último dia 20/10. Diante do descumprimento da decisão judicial por parte dos entes públicos, Niedja Kaspary renovou o pedido de liminar, requerendo outras medidas coercitivas hábeis a tornar efetivo o provimento judicial. Acatando o pedido ministerial, o juiz federal substituto da 2ª Vara Sérgio de Abreu Brito determinou que o chefe do núcleo do Ministério da Saúde/AL e os secretários estadual e municipal de Saúde fossem novamente intimados para providenciar o fornecimento do alimento especial no prazo de 48 horas. Em caso de novo descumprimento, os 3 gestores públicos terão que pagar multa pessoal de R$ 300 por dia. Segundo Niedja Kaspary, autora da ACP, para o primeiro fornecimento, o juiz facultou aos gestores públicos a realização, por meio dos órgãos competentes, de depósito judicial, no valor de R$ 1.837,00, para que o MPF ou os próprios pais da menor adquiram 11 latas do leite especial, suficientes para um mês. “Em caso de descumprimento, ou seja, se o depósito judicial não for feito em 48 horas, haverá o imediato bloqueio do valor, via sistema Bacenjud, diretamente nas contas dos órgãos”. Além da multa pessoal fixada aos gestores, a decisão liminar obtida pelo MPF/AL já previa multa diária de R$ 500 a ser paga pela União, estado e município em caso de descumprimento.Refluxo - Com apenas 5 meses de vida, a criança beneficiada pela ação sofre de refluxo gastro-esofágico e precisa de 11 latas do leite especial por mês até completar, pelo menos, 4 anos de idade, segundo prescrição médica. A pediatra também recomenda o uso diário de medicações e fórmulas infantis especiais. Somente com o leite, a despesa chegaria aos R$ 880 por mês, valor acima da capacidade financeira da família. A mãe da criança é comerciária e o pai, bancário. A família solicitou o fornecimento do leite Alfaré à SMS, sendo informada apenas que a solução do problema seria de responsabilidade do secretário municipal de Saúde. Desde 14/09, a mãe da criança não obteve mais nenhuma resposta da Secretaria. Na decisão liminar proferida em outubro, o juiz federal Sérgio de Abreu Brito afirmou que “a privação do leite especial poderá gerar efeitos irreversíveis à formação física e mental da criança”. A ação de Niedja Kaspary teve início com o procedimento administrativo instaurado na PGR/AL para investigar a denúncia, feita por meio do site da Procuradoria, em 29/09/09/, pela mãe da criança. Juridicamente, a ACP está fundamentada no art. 12 da Lei 7347/85 combinado com os art. 461, § 3º, e 273 do CPC, e ainda o art. 2º da Lei 8437/92. Na ação, Niedja Kaspary sustenta que “não há dúvida quanto ao dever do Estado de fornecer o alimento necessário para a continuidade do desenvolvimento da criança”. Entendimento que encontrou amparo na decisão liminar do juiz Sérgio Brito. “O passar do tempo e a inércia do poder público causam prejuízo à saúde da menor, que não pode ficar sem o acesso a tão precioso alimento”, afirma o juiz na decisão. A ação tramita na 2ª Vara Federal, sob o número 2009.80.00.005857-6.

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11/11/2009Aprovada indicação de Claudia Maria de Freitas Chagas para o Conselho Nacional do Ministério Público11/11/2009CCJ dificulta redução de pena para preso por crime comum10/11/2009 Estatuto da Igualdade Racial pode ser aprovado ainda este mês10/11/2009Osmar Dias quer mais portos secos e ferrovias no Paraná 09/11/2009 Alvaro Dias critica Lula por comparar tucanos aos nazistas

11/11/2009 – 18h03Aprovada indicação de Claudia Maria de Freitas Chagas para o CNMP

A CCJ aprovou, por unanimidade, a indicação da procuradora Claudia Maria de Freitas Chagas para integrar o CNMP. Além dos votos favoráveis, de 22 senadores, ela recebeu amplos elogios pela qualidade de seu currículo. Segundo muitos, isso até tornaria dispensável a sessão de inquirição, rito que antecede a votação de nomes de autoridades. A indicada, que ainda terá seu nome submetido a votação final em Plenário, integra desde 1993, por concurso, o MPDFT, que indicou seu nome para o CNMP. No início da vida profissional, atuou como advogada e, em seguida, assessora jurídica do então ministro da Justiça, Paulo Brossard. De 1988/1993, integrou a assessoria do ministro Carlos Velloso, tanto no STJ como no STF. Mais recentemente, licenciada do MP, Claudia Maria ocupou o cargo de Secretária Nacional de Justiça, na estrutura do MJ, quando essa pasta estava sob o comando de Márcio Thomaz Bastos. Atualmente, ela exerce a função de diretora-geral da FEMPDFT. Responsável pelo planejamento e a fiscalização das atividades do MP, inclusive da conduta de seus membros, o Conselho deve orientar suas atuação, conforme a indicada, para questões principais: administrativa, disciplinar e de planejamento. Na linha administrativa, ela disse muito já foi feito, como nas decisões que resultaram no teto remuneratório e na regulamentação dos concursos, mas salientou que ainda é preciso avançar. Com relação ao controle disciplinar, ela observou que ainda há críticas, embora esse seja um desafio que o MP vem enfrentando. Ponderou, no entanto, que excessos são cometidos por integrantes das diversas categorias profissionais. Observou que, quanto maior é a instituição e o seu poder, maiores são os prejuízos que pode causar. Por essa razão, observou, as investigações conduzidas pelos procuradores devem ser "imparciais, sem excessos". Há erros e acertos, mas os eventuais abusos devem ser enfrentados. Deve-se garantir a independência na atuação, mas também o dever do respeito aos direitos individuais. Ao justificar a importância do planejamento nas ações do órgão, Claudia Maria afirmou ainda que o MP, para cumprir sua missão, precisa mais do que de "ideais e pessoas dedicadas". O CNMP conhece a importância do MP na defesa da ordem jurídica e consciência da necessidade de uma atuação planejada, com metas definidas e aferição de resultados. Crime organizadoO relator com a indicação de Claudia Maria foi o senador Gim Argello (PTB-DF). Quinze senadores falaram na sessão, destacando as qualificações da procuradora para o cargo. O primeiro foi o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que destacou o empenho de Claudia Maria, em sua passagem pela Secretaria Nacional de Justiça, na estruturação de órgão que vem conseguindo repatriar recursos desviados para o exterior pelo crime organizado, assim como em ações de proteção a crianças e adolescentes. De acordo com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), a biografia da indicada demonstra mesmo profunda dedicação à causa pública. Simon, assim como outros senadores, aproveitaram ainda para recomendar que, no Conselho, ela trabalhe pela conscientização e disciplinamento dos integrantes do MP contra desvios e excessos no cumprimento de suas funções. O presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO) aproveitou para registrar que Claudia Maria deixou a SNJ a "fórceps", depois que o CNMP decidiu que nenhum integrante do MP poderá ser cedido a outros Poderes. Demosténes apelou para a revisão dessa medida, por entender que, em benefício da sociedade, outros órgãos devem ter a possibilidade de contar com a experiência profissional de membros da carreira. Diversos senadores destacaram a origem familiar da indicada, que é filha do jornalista político Carlos Chagas, apontado como um profissional digno, competente e comprometido com os valores democráticos. Como salientado por muitos, a trajetória da filhas reflete o mesmo brilho da vida de seu pai.Gorette Brandão / Agência Senado

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11/11/2009 - 17h38CCJ dificulta redução de pena para preso por crime comumA CCJ aprovou, em turno suplementar, substitutivo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) a projetos que tratam do regime para a progressão de penas. A elevação do prazo para progressão abrangerá apenas presos por crimes comuns, passando dos atuais 1/6 (16,6%) da pena para 1/3 (33,3%). Votada em caráter terminativo, a proposta poderá seguir para exame da Câmara dos Deputados. Ao contrário do que ficou decidido na última reunião da comissão, o relator resolveu acatar emenda, do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), mantendo os prazos atualmente determinados na legislação para progressão por crimes hediondos, ou seja, 2/5 (40%) para réu primário e 3/5 (60%) para reincidente. Outras quatro emendas de Valadares também foram incorporadas ao texto final aprovado pela CCJ. Assim, para os condenados por crimes hediondos passará a ser exigido o exame criminológico, de modo que o juiz possa decidir pela progressão para o regime semi-aberto. Para dispensar esse laudo, o magistrado terá que apresentar decisão fundamentada. A decisão sobre progressão para os demais crimes continuará dependendo de manifestação do Ministério Público e do defensor. Os condenados por crimes hediondos, ou a ele equiparado, ou os reincidentes da prática de crime cometido mediante violência ou grave ameaça, que forem beneficiados com a progressão para o regime semi-aberto, terão que ser submetidos a monitoramento eletrônico, ou seja, usar a tornozeleira eletrônica para que o juiz possa saber onde ele está. E se o juiz entender necessário, também poderá exigir a realização do exame criminológico e o monitoramento para os condenados por outros tipos de crimes. Também por emenda de Valadares aceita pelo relator, a CCJ desistiu de promover alterações no Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848 de 1940) para regular a concessão pelo juiz da liberdade condicional em caso de pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos (artigo 83), como havia sido acatado na última reunião do colegiado. Pena AlternativaComo já havia anunciado, Demóstenes manteve a rejeição de emenda do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que abriria a possibilidade de instituição de pena alternativa para os pequenos traficantes. Para esses casos, a progressão dependerá do cumprimento de 1/3 da pena. A legislação atual, lembrou o relator, exige o cumprimento de 2/5 da pena, para réu primário, e de 3/5, para reincidentes. Segundo avalia, a aplicação da pena alternativa seria um estímulo para "escancarar as portas para o tráfico de drogas no país", uma vez que o pequeno traficante passaria a ser usado pelo grande traficante. AvançoDe acordo com Demóstenes, o texto final aprovado pela comissão, embora não seja o ideal, representa um "avanço monumental". Ele disse que o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, considerou adequado não ampliar os prazos para progressão de pena para os casos de crime hediondo, desde que houvesse a obrigatoriedade do exame criminológico e do monitoramento eletrônico. Pois, na prática, explicou ele, se o exame criminológico concluir que o preso é perigoso e não pode sair da prisão, ele não sairá. Ainda segundo o relator, a exigência, contida no substitutivo, de que o monitoramento dependerá da existência de recursos, não será impedimento para colocar esse sistema à disposição do judiciário.SegurançaPara o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o texto final votado pela comissão também representa um grande avanço com a criação da exigência do exame criminológico e do monitoramento eletrônico para os condenados por crimes hediondos. Ele disse acreditar que o uso da tornozeleira vai beneficiar os que merecem ter progressão, ao mesmo tempo em que dará segurança para a sociedade. Ele informou, contudo, não ter ficado satisfeito com a decisão para os pequenos traficantes. Para o senador, há uma "zona cinzenta" entre o usuário de droga e o pequeno traficante que precisa ser resolvida sem "jogar nos presídios um réu primário". Já o senador Romeu Tuma (PTB-SP) concordou com a posição de Demóstenes de rejeitar a pena alternativa para pequenos traficantes e aceitar o prazo de 1/3 de cumprimento da pena para a progressão. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM) também aplaudiu a proposta acordada pela CCJ, que representa, em sua avaliação, uma resposta do Senado às preocupações da sociedade com segurança pública. Autora de um dos projetos que deu origem ao substitutivo apresentado por Demóstenes, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse ter ficado contente com o relatório final. Ela lembrou ter apresentado o projeto em 2008, tornando mais rigorosa a progressão da pena, após decisão da Justiça de seu estado, seguindo a legislação, de conceder progressão para o regime aberto para cerca de 70 presos condenados por crime hediondo, o que causou revolta na sociedade local. Na proposta original, Kátia Abreu propôs tempo maior para progressão no caso de crimes hediondos, que deveria ser, em sua avaliação, de 2/3 (66%) da pena, no caso de réu primário, e de 4/5 (80%) para reincidentes. Valadares é autor do outro projeto (PLS 421/08) que deu origem ao substitutivo de Demóstenes Torres.

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RegimesDe acordo com o Código Penal, no regime semi-aberto o condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior (artigo 35). Já no regime aberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (artigo 36). DrogasA comissão aprovou também requerimento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para que a Subcomissão de Segurança Pública, órgão da CCJ presidido por ele, examina o projeto do senador Gerson Camata (PMDB-ES) que estabelece pena de detenção para o consumo de droga (PLS 227/09). A matéria estava na pauta da CCJ da reunião desta quarta-feira (11).Denise Costa / Agência Senado

10/11/2009 – 21h14Estatuto da Igualdade Racial pode ser aprovado ainda este mês

O ministro Edson Santos, da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial, o senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) informaram ao presidente do Senado, em audiência nesta terça-feira (10), que obtiveramdo senador Demóstenes Torres (DEM-GO) - presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e relator naquele colegiado do Estatuto da Igualdade Racial (PLS 213/03) - a garantia de uma tramitação rápida da matéria. A ideia é garantir a aprovação do estatuto no Congresso antes do dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra. De acordo com Paim, Sarney voltou a manifestar seu apoio à iniciativa e o orientou a apresentar um requerimento de urgência para garantir que, em entendimento com os líderes, o projeto prevaleça sobre as outras deliberações. De autoria do senador Paulo Paim, o Estatuto da Igualdade Racial tramita no Congresso Nacional há seis anos. Foi aprovado na Câmara em setembro, na forma do substitutivo do deputado Antônio Roberto (PV-MG). O texto prevê medidas como o incentivo à contratação de negros em empresas, o reconhecimento da capoeira como esporte, o livre exercício dos cultos religiosos de origem africana, a reclusão de até três anos para quem expressar manifestações racistas na internet e o estímulo às atividades produtivas da população negra no campo. - É muito importante que, obtido o consenso na Câmara, o Senado nos ajude para que, ainda neste ano, a comunidade negra veja o estatuto aprovado em sessão histórica - disse o deputado Onyx, que participou das articulações pelas alterações no texto original. Raíssa Abreu / Agência Senado

10/11/2009 – 18h02Osmar Dias quer mais portos secos e ferrovias no Paraná

Ao relatar visita ao interior de seu estado, durante a qual teve oportunidade de tomar conhecimento de importantes demandas dos municípios da região, o senador Osmar Dias (PDT-PR) defendeu a construção de portos secos no Paraná bem como a ampliação de sua malha ferroviária. De acordo com o parlamentar, o desenvolvimento industrial de cidades-pólo como Londrina e Ponta Grossa, por exemplo, poderá ser acelerado com a implantação de mais portos secos, devido à desburocratização dos procedimentos de exportação e importação de mercadorias possibilitada através do funcionamento desses terminais terrestres de movimentação de cargas. Ele reclamou da demora na apreciação pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do projeto de lei do Senado (PLS 327/06), de autoria do ex-senador João Alberto Souza, que dispõe sobre a movimentação e armazenagem de mercadorias importadas ou despachadas para exportação em portos secos. FerroviasOsmar Dias chamou a atenção para importância da construção de um trecho de ferrovia ligando a cidade de Cascavel, em seu estado, até Maracajú, no Mato Grosso do Sul. Em sua opinião, tal obra, mesmo dependendo de recursos privados, somente poderá ser realizada se o Estado desempenhar o papel de articulador de investimentos financiados junto ao Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Da Redação / Agência Senado

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09/11/2009 Decisão que limita atuação da Anvisa merece ser discutida, diz Papaléo

Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou Luiz Inácio Lula da Silva, que, em discurso durante o 12º Congresso do PCdoB, em São Paulo, disse sentir "pena" dos tucanos por eles planejarem um programa de treinamento de cabos eleitorais no Nordeste do Brasil com vistas às eleições de 2010. "É um pouco o que o Hitler fazia, para que os alemães pegassem os judeus. Ou seja, vamos treinar gente para não permitir que eles sobrevivam", disse ele, em referência ao ditador nazista alemão, Adolf Hitler, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. Lula reagia às críticas dirigidas ao seu governo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado em vários veículos de comunicação no fim de semana anterior. No texto, ao qual Alvaro Dias fez menção, FHC disse verificar no governo Lula uma espécie de autoritarismo popular. - Não podemos aceitar passivamente que o presidente ofereça a cada dia lições que deveriam ser repudiadas pelos que acreditam no regime democrático - disse o senador. No caso do PSDB, prosseguiu ele, a afirmação feita "não é apenas injusta, mas desonesta intelectualmente". Ele desaconselhou o presidente da república a lançar mão de argumentos históricos, sob pena de cair na mediocridade.Venezuela No mesmo pronunciamento, Alvaro Dias criticou Hugo Chávez, que, em meio à tensão daquele país com a Colômbia, pediu aos seus soldados que se preparem para a guerra para garantir a paz. O senador lembrou que o Plenário do Senado deve deliberar sobre o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul e disse que, a seu ver, o CN deveria sobrestar a decisão "até que a democracia voltasse à plenitude no país". - Os valores democráticos devem ser preservados, sobretudo no Parlamento. É evidente que o que se assiste na Venezuela é o contraponto a essa realidade. Seria como se colocássemos macaco em casa de louças. CPI da Petrobras Alvaro Dias anunciou que PSDB e DEM concederão uma entrevista coletiva em que anunciarão decisão conjunta quanto à CPI da Petrobras. Os membros da oposição abandonaram a reunião da CPI em que prestaria depoimento o gerente da Petrobras Erardo Gomes Barbosa, substituído à última hora por outros funcionários da estatal. Na ocasião, Alvaro Dias protestou contra a forma como os trabalhos da comissão vêm sendo conduzidos, com arquivamento sumário pelo relator, Romero Jucá (PMDB-RR), de todos os requerimentos apresentados por PSDB e DEM. Os membros da oposição disseram que "a CPI é uma farsa".

09/11/2009 – 17hDecisão que limita atuação da Anvisa merece ser discutida, diz Papaléo.

Papaléo Paes (PSDB-AP) defendeu a realização de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais para debater a decisão do governo federal que acaba com a anuência prévia da Anvisa aos pedidos de patentes de medicamentos em análise no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Com a mudança, caberá à Anvisa apenas opinar sobre fatores relacionados à segurança e à eficácia dos medicamentos, enquanto o Inpi passará a atuar sozinho na análise dos pedidos de concessão de patentes. Observou que a regra da anuência prévia foi estabelecida para justamente assegurar a possibilidade da produção de genéricos a partir de novos medicamentos. Papaléo citou dados publicados pelo O Estado de São Paulo sobre a matéria, segundo a qual das 1.346 autorizações de patentes concedidas pelo Inpi, desde 2001, 106 foram barradas pela Anvisa por causa de irregularidades. E, das 988 patentes confirmadas, em quase metade foram feitas restrições aos direitos que haviam sido concedidos pelo Inpi. Na avaliação do senador, a mudança indica que o governo federal age em prol dos grandes conglomerados farmacêuticos multinacionais, pois facilita a concessão de patentes para esses laboratórios e diminui a liberação de remédios para os laboratórios brasileiros que produzem os genéricos. Com uma só tacada, o governo Lula consegue atingir duplamente o povo brasileiro. “Por um lado, prejudica a população consumidora de medicamentos, especialmente de medicamentos de uso contínuo. De outro, desfere um duro golpe na indústria nacional, aquela que gera empregos e renda para o povo”. A mudança afeta diretamente a eficácia da Lei dos Genéricos, "que foi, ao lado do programa de tratamento da Aids, um dos marcos da gestão de José Serra. Em aparte, Alvaro Dias disse ser "incompreensível" qualquer mudança que elimine uma conquista do povo brasileiro no que se refere ao acesso facilitado a medicamentos. “A saúde no Brasil já é um caos que rouba vidas. As pessoas esperam atendimento nos hospitais que não acontece porque o governo é incompetente e desonesto, não atende aos requisitos básicos da saúde pública”.Amazônia Papaleo defendeu a criação do Ministério da Amazônia, por considerar que a pasta daria mais credibilidade às políticas de preservação ambiental do governo. A criação do ministério também serviria para comprovar que o governo Lula "olha a questão da Amazônia de forma extremamente séria, competente e responsável". Da Redação / Agência Senado

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RESENHA LEGISLATIVA

Lei Federal nº 12.089, de 11.11.2009Proíbe que uma mesma pessoa ocupe 2 (duas) vagas simultaneamente em instituições públicas de ensino superior.Decreto Federal nº 7.003 de 9.11.2009Regulamenta a licença para tratamento de saúde, de que tratam os arts. 202 a 205 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e dá outras providências.Lei Estadual nº 16266 de 3.11.2009Publicada no Diário Oficial nº. 8089 de 3 de Novembro de 2009 Dá nova redação ao parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 15.724, de 10 de dezembro de 2007, conforme especifica.

LEI Nº 12.089 DE 11 DE NOVEMBRO DE 2009.Proíbe que uma mesma pessoa ocupe 2 (duas) vagas simultaneamente em instituições públicas de ensino

superior.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Esta Lei visa a proibir que uma mesma pessoa ocupe, na condição de estudante, 2 (duas) vagas, simultaneamente, no curso de graduação, em instituições públicas de ensino superior em todo o território nacional. Art. 2o É proibido uma mesma pessoa ocupar, na condição de estudante, simultaneamente, no curso de graduação, 2 (duas) vagas, no mesmo curso ou em cursos diferentes em uma ou mais de uma instituição pública de ensino superior em todo o território nacional. Art. 3o A instituição pública de ensino superior que constatar que um dos seus alunos ocupa uma outra vaga na mesma ou em outra instituição deverá comunicar-lhe que terá de optar por uma das vagas no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do primeiro dia útil posterior à comunicação. § 1o Se o aluno não comparecer no prazo assinalado no caput deste artigo ou não optar por uma das vagas, a instituição pública de ensino superior providenciará o cancelamento: I - da matrícula mais antiga, na hipótese de a duplicidade ocorrer em instituições diferentes; II - da matrícula mais recente, na hipótese de a duplicidade ocorrer na mesma instituição. § 2o Concomitantemente ao cancelamento da matrícula na forma do disposto no § 1o deste artigo, será decretada a nulidade dos créditos adquiridos no curso cuja matrícula foi cancelada. Art. 4o O aluno que ocupar, na data de início de vigência desta Lei, 2 (duas) vagas simultaneamente poderá concluir o curso regularmente. Art. 5o Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação. Brasília, 11 de novembro de 2009; 188o da Independência e 121o da República.

DECRETO Nº 7.003, DE 9 DE NOVEMBRO DE 2009.Regulamenta a licença para tratamento de saúde, de que tratam os arts. 202 a 205 da Lei no 8.112, de 11 de

dezembro de 1990, e dá outras providências.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 202 a 205 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, DECRETA: Art. 1º Este Decreto regulamenta a concessão de licença para tratamento de saúde do servidor da administração federal direta, autárquica e fundacional, e os casos em que poderá ser dispensada a perícia oficial. Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:I - perícia oficial: a avaliação técnica presencial, realizada por médico ou cirurgião-dentista formalmente designado, destinada a fundamentar as decisões da administração no tocante ao disposto neste Decreto;II - avaliação por junta oficial: perícia oficial realizada por grupo de três médicos ou de três cirurgiões-dentistas; eIII - perícia oficial singular: perícia oficial realizada por apenas um médico ou um cirurgião-dentista. Art. 3º A licença para tratamento de saúde será concedida ao servidor, a pedido ou de ofício: I - por perícia oficial singular, em caso de licenças que não excederem o prazo de cento e vinte dias no período de doze meses a contar do primeiro dia de afastamento; eII - mediante avaliação por junta oficial, em caso de licenças que excederem o prazo indicado no inciso I. Parágrafo único. Nos casos previstos no inciso I, a perícia oficial deverá ser solicitada pelo servidor no prazo de cinco dias contados da data de início do seu afastamento. Art. 4º A perícia oficial poderá ser dispensada para a concessão de licença para tratamento de saúde, desde que:I - não ultrapasse o período de cinco dias corridos; eII - somada a outras licenças para tratamento de saúde gozadas nos doze meses anteriores, seja inferior a

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quinze dias. § 1º A dispensa da perícia oficial fica condicionada à apresentação de atestado médico ou odontológico, que será recepcionado e incluído no Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos - SIAPE, módulo de Saúde. § 2º No atestado a que se refere o § 1º, deverá constar a identificação do servidor e do profissional emitente, o registro deste no conselho de classe, o código da Classificação Internacional de Doenças - CID ou diagnóstico e o tempo provável de afastamento. § 3º Ao servidor é assegurado o direito de não autorizar a especificação do diagnóstico em seu atestado, hipótese em que deverá submeter-se à perícia oficial, ainda que a licença não exceda o prazo de cinco dias. § 4º O atestado deverá ser apresentado à unidade competente do órgão ou entidade no prazo máximo de cinco dias contados da data do início do afastamento do servidor. § 5º A não apresentação do atestado no prazo estabelecido no § 4º, salvo por motivo justificado, caracterizará falta ao serviço, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. § 6º A unidade de recursos humanos do órgão ou entidade do servidor deverá encaminhar o atestado à unidade de atenção à saúde do servidor para registro dos dados indispensáveis, observadas as normas vigentes de preservação do sigilo e da segurança das informações. § 7º Ainda que configurados os requisitos para a dispensa da perícia oficial, previstos nos incisos I e II do caput, o servidor será submetido a perícia oficial a qualquer momento, mediante recomendação do perito oficial, a pedido da chefia do servidor ou da unidade de recursos humanos do órgão ou entidade. Art. 5º Na impossibilidade de locomoção do servidor, a avaliação pericial será realizada no estabelecimento hospitalar onde ele se encontrar internado ou em domicílio. Art. 6º Inexistindo perito oficial, unidade de saúde do órgão ou entidade no local onde tenha exercício o servidor, o órgão ou entidade do servidor celebrará acordo de cooperação com outro órgão ou entidade da administração federal, ou firmará convênio com unidade de atendimento do sistema público de saúde ou com entidade da área de saúde, sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública. Parágrafo único. Na impossibilidade de aplicação do disposto no caput, que deverá ser devidamente justificada, o órgão ou entidade promoverá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, nas condições previstas no art. 230, § 2º, da Lei nº 8.112, de 1990. Art. 7º O laudo pericial deverá conter a conclusão, o nome do perito oficial e respectivo registro no conselho de classe, mas não se referirá ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1º, da Lei nº 8.112, de 1990. Art. 8º A perícia oficial para concessão de licença para tratamento de saúde, nas hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia, será efetuada por cirurgiões-dentistas. Art. 9º A perícia oficial poderá ser dispensada para a concessão da licença por motivo de doença em pessoa da família de que trata o art. 83 da Lei nº 8.112, de 1990, desde que não ultrapasse o período de três dias corridos, mediante apresentação de atestado médico ou odontológico, conforme o caso, que contenha justificativa quanto à necessidade de acompanhamento por terceiro. Parágrafo único. Observado o disposto no caput, aplicam-se as demais disposições deste Decreto à licença por motivo de doença em pessoa na família. Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 9 de novembro de 2009; 188º da Independência e 121º da República.

Lei 16266 - 03 de Novembro de 2009Publicado no Diário Oficial nº. 8089 de 3 de Novembro de 2009

Súmula: Dá nova redação ao parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 15.724, de 10 de dezembro de 2007, conforme especifica.

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei:Art. 1º. O Parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 15.724, de 10 de dezembro de 2007, passa a vigorar com a seguinte redação:“Art. 2º .......Parágrafo único. O Poder Executivo fica autorizado a vincular, como contragarantias à garantia da União, as cotas de repartição constitucional previstas nos artigos 157 a 159, complementadas pelas receitas tributárias estabelecidas no artigo 155 da Constituição Federal, nos termos do § 4º, do artigo 167 da Constituição Federal, bem como outras garantias em Direito admitidas, até o montante de que trata o artigo 1º desta Lei.”Art. 2º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 03 de novembro de 2009.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - Fone/Fax: (41) 3250-4555

Jussara de Mello Toledo Ramos Bibliotecária responsável pelo “Seleções da Biblioteca”