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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet n.º 320 Curitiba, 25 a 29 de fevereiro de 2008 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ....................................................................................... ..................01 - 36 Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................... ..............37 – 50 Tribunal Regional Federal –4ª Região .......................................................................................5 1 - 52 Procuradoria-Geral da República...................................................................................... .........53 - 69 29/02/2008 - sexta-feira 19:26 Médico do DF impetra mandado de injunção com objetivo de obter aposentadoria especial 19:15 Acusado de matar ex-prefeito de João Pinheiro pede para ser julgado em outra comarca 17:00 Ex-diretor do Banco Atlantis acusado de gestão temerária pede habeas corpus ao STF 10:00 Condenado por associação para o tráfico pede progressão de regime prisional 09:00 Arquivada ADI que questionava teto remuneratório para fiscais de renda do RJ 28/02/2008 - quinta-feira 19:50 STF arquiva HC impetrado em favor de condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha 19:29 Mantida decisão que julgou ilegal greve dos advogados públicos 19:24 CNC questiona isenção de contribuição sindical para micro e pequenas empresas 18:12 Arquivada ação que pedia legalização de cassinos 17:28 STF permite extradição de francês acusado de tráfico de drogas 17:15 Plenário decide que ministro Joaquim Barbosa relatará inquérito de Palocci e outros nove indiciados 16:55 STF admite participação de sindicato em processo sobre fechamento de empresa de cigarros 16:40 Plenário do STF revoga liminar que afastou procuradora-regional eleitoral em Alagoas 27/02/2008 - quarta-feira 19:45 STF mantém proibição à NKR Agropecuária de explorar imóveis em área de parque nacional à beira do Rio Paraná 19:30 Plenário referenda liminar e mantém suspensa parte da Lei de Imprensa 18:10 STF mantém suspensa parte da Lei de Imprensa 17:40 Ministro arquiva MS de empresário investigado pela CPI do Apagão Aéreo 17:30 Liminar mantém promoções de servidores do judiciário no Piauí 16:55 Candidato aponta irregularidade em regras de concurso público para juiz substituto no Piauí 09:30 Arquivado HC em que acusado de associação para o tráfico alegava ausência de ampla defesa 26/02/2008 - terça-feira 20:32 1ª Turma nega manutenção de dias remidos a preso que cometeu falta grave 20:05 DEM e PSDB contestam decreto que cria o Programa Territórios da Cidadania

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

n.º 320Curitiba, 25 a 29 de fevereiro de 2008

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal .........................................................................................................01 - 36Superior Tribunal de Justiça .....................................................................................................37 – 50Tribunal Regional Federal –4ª Região .......................................................................................51 - 52Procuradoria-Geral da República...............................................................................................53 - 69

29/02/2008 - sexta-feira 19:26 Médico do DF impetra mandado de injunção com objetivo de obter aposentadoria especial 19:15 Acusado de matar ex-prefeito de João Pinheiro pede para ser julgado em outra comarca 17:00 Ex-diretor do Banco Atlantis acusado de gestão temerária pede habeas corpus ao STF 10:00 Condenado por associação para o tráfico pede progressão de regime prisional 09:00 Arquivada ADI que questionava teto remuneratório para fiscais de renda do RJ

28/02/2008 - quinta-feira 19:50 STF arquiva HC impetrado em favor de condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha 19:29 Mantida decisão que julgou ilegal greve dos advogados públicos 19:24 CNC questiona isenção de contribuição sindical para micro e pequenas empresas 18:12 Arquivada ação que pedia legalização de cassinos 17:28 STF permite extradição de francês acusado de tráfico de drogas 17:15 Plenário decide que ministro Joaquim Barbosa relatará inquérito de Palocci e outros nove indiciados 16:55 STF admite participação de sindicato em processo sobre fechamento de empresa de cigarros 16:40 Plenário do STF revoga liminar que afastou procuradora-regional eleitoral em Alagoas

27/02/2008 - quarta-feira 19:45 STF mantém proibição à NKR Agropecuária de explorar imóveis em área de parque nacional à beira do Rio Paraná 19:30 Plenário referenda liminar e mantém suspensa parte da Lei de Imprensa 18:10 STF mantém suspensa parte da Lei de Imprensa 17:40 Ministro arquiva MS de empresário investigado pela CPI do Apagão Aéreo 17:30 Liminar mantém promoções de servidores do judiciário no Piauí 16:55 Candidato aponta irregularidade em regras de concurso público para juiz substituto no Piauí 09:30 Arquivado HC em que acusado de associação para o tráfico alegava ausência de ampla defesa

26/02/2008 - terça-feira 20:32 1ª Turma nega manutenção de dias remidos a preso que cometeu falta grave 20:05 DEM e PSDB contestam decreto que cria o Programa Territórios da Cidadania 19:34 2ª Turma: entidade beneficente está isenta da cobrança de IPTU e ISS 19:30 2ª Turma mantém isenção de ICMS em leasing de aeronave até julgamento de recurso sobre a questão 19:25 Acusado de atentado violento ao pudor poderá ter progressão de pena 19:10 1ª Turma: carta rogatória deve ser formulada por autoridade judiciária 19:01 Arquivado habeas em favor de acusado por extorsão mediante seqüestro 18:55 2ª Turma considera genérica denúncia do MP contra empresários acusados de apropriação indébita 18:40 Supremo anula resolução da Camex sobre importação de insulina 18:25 Arquivado HC de condenado por tráfico de drogas 17:31 1ª Turma: réu não pode ser ouvido como testemunha em um mesmo processo 16:00 Ministro nega pedido da Defensoria Pública para anulação de julgamento de condenado por roubo 09:30 CNI questiona obrigação de pagamento prévio por danos ao meio ambiente para mineradoras poderem explorar 08:30 Ministro arquiva ação em que servidores temporários da Anvisa contestavam demissão determinada pelo TCU

25/02/2008 - segunda-feira 19:38 Policial condenado por homicídio alega erro no julgamento pelo júri 17:37 Condenados por porte ilegal de arma de fogo alegam ausência de provas

17:30 Preso pelo furto de CD player e máquina fotográfica pede para responder a processo em liberdade 15:45 UBS pede suspensão de cobrança de ISS sobre administração de fundos e corretagem de títulos 15:25 Operação Diamante: Arquivado HC de condenado pelos crimes de tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro 14:45 Policial federal recorre de decisão que impediu pagamento de reajuste salarial 14:30 PT pede revogação de lei paulista que criou Agência Reguladora de Saneamento 08:25 PGR questiona dispositivos de lei do Amazonas que tratam do regime previdenciário do estado

Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008Médico do DF impetra mandado de injunção com objetivo de obter aposentadoria especial

O médico Eduardo Barbosa de Souza impetrou, no Supremo Tribunal Federal (STF), Mandado de Injunção (MI 808). Ele alega inexistência de lei complementar que regulamente o parágrafo 4º do artigo 40 da Constituição Federal, fato que o impede de obter aposentadoria especial por exercício de atividade insalubre no serviço público de saúde do Distrito Federal.Conforme o mandado, desde a admissão do médico ele teria sido submetido a condições especiais de trabalho, “que vêm prejudicando sua integridade física: os plantões que deve cumprir em seu horário de trabalho”. Segundo a defesa, os plantões desgastam sua saúde física e psíquica, considerando também que seu trabalho é dirigido ao atendimento de crianças. Além disso, sustenta que seu cliente tem contato com agentes nocivos à saúde, uma vez que por muitas vezes atende pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas.Consta no MI a informação de que o médico foi admitido pela Fundação Hospitalar de Brasília, em 17 de novembro de 1980. Atualmente, ele está lotado no atendimento de emergência, na especialidade de pediatria. Os advogados contam, ainda, que no dia 24 de dezembro de 2007, Eduardo de Souza completou 35 anos de serviço.No entanto, argumentam que seu cliente está impedido de exercer o direito de se aposentar, por falta de lei complementar que regulamente critérios para a concessão de aposentadoria de servidores públicos “cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem sua saúde ou integridade física”. Sustentam que o fato de o médico ter completado 35 anos de serviço público, “seria mais do que suficiente para a concessão de sua aposentadoria especial, de acordo com a Lei 8.213/91”. Assim, a defesa pede que a ação seja julgada procedente para assegurar ao impetrante o direito de se aposentar, nos termos do Regime Geral da Previdência Social, como disposto no artigo 57 da Lei 8.213/91, em razão da inexistência de lei complementar que regulamente o artigo 40, parágrafo 4º da Constituição Federal.Mandado de InjunçãoSegundo a Constituição Federal (artigo 5º, inciso LXXI), o mandado de injunção será concedido sempre que faltar norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.Processos relacionadosMI 808

Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008Acusado de matar ex-prefeito de João Pinheiro pede para ser julgado em outra comarca

Foi impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) Habeas Corpus (HC 93939), com pedido de liminar, contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou pedido de deslocamento de foro em relação ao seu julgamento.O impetrante, Dácio Sebastião Amâncio, e mais três réus, seus familiares, são acusados pelo homicídio do comerciante Juarez Braga de Lima, ex-vice-prefeito de João Pinheiro (MG). O crime teria ocorrido em 2002, por causa do não-pagamento de uma dívida de R$ 10 mil.Na liminar, a defesa alega que a popularidade da vítima causa riscos ao seu cliente. A população ficou comovida e abalada com o crime. “Toda a região acompanha cada passo do trâmite processual, aguardando com grande expectativa o momento em que terão sua vingança”, afirma o advogado.Ressalta-se na liminar, que o corpo de jurados que atuará no julgamento do réu, será composto por indivíduos da comunidade, “mesmas pessoas, revoltadas, rancorosas, movidas pelo sentimento de vingança”. A defesa levanta dúvida quanto à imparcialidade do Júri e pede ao réu “o direito de ser julgado por pares de sua comunidade”.Leia mais:14/04/04 - STF concede Habeas Corpus a acusados de matar ex-vice-prefeito de João PinheiroProcessos relacionadosHC 93939

Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008Ex-diretor do Banco Atlantis acusado de gestão temerária pede habeas corpus ao STF

O administrador de empresas José Carlos Piedade de Freitas, ex-diretor do Banco Atlantis e da Corretora Atlantis, liquidados extrajudicialmente pelo Banco Central (BC) em 1994, impetrou Habeas Corpus (HC 93917), com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal, objetivando a suspensão parcial de ação penal movida contra ele pelo Ministério Público Federal na 5ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, sob acusação de gestão temerária de instituição financeira e gestão fraudulenta. A defesa alega que ele e outros ex-diretores das mencionadas instituições financeiras já foram objeto de outra ação penal, esta em âmbito estadual, por crime falimentar e gestão temerária, que já foi declarada extinta por prescrição, conforme sentença do juiz da 3ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro, prolatada em 13 de maio

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de 2003.A defesa afirma que a ação extinta foi instruída por um relatório produzido por comissão de inquérito designada quando da liquidação das instituições pelo BC. Este mesmo relatório instruiu, também, inicialmente, a confissão de falência do Banco Atlantis formulado pelo liquidante extrajudicial. Entretanto, como havia indicação de delitos praticados no mercado financeiro, o mesmo relatório foi também enviado ao Ministério Público Federal (MPF).Em conseqüência, o MPF apresentou denúncia contra Piedade de Freitas e outros ex-diretores do Atlantis, que figuram na ação como co-réus, com fundamento na Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/86).A defesa alega que ”não há dúvida de que se trata exatamente dos mesmos fatos, havendo as mesmas partes, pedido e causa de pedir, o que configura violação a coisa julgada”.Ela lembra que, na primeira ação penal, que tramitou na 37ª Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, os fatos eram os mesmos, apenas sob roupagem de crime falimentar. E, como foi julgada extinta a punibilidade do ex-diretor, “é manifesta a existência da coisa julgada”, afirma.Uma vez recebida a denúncia e, tendo Piedade de Freitas sido interrogado, a defesa opôs exceção de coisa julgada, quando da apresentação da defesa prévia. Entretanto, o recurso foi julgado improcedente sob o argumento de que haveria causa de pedir distinta nas duas ações penais.Dessa decisão, a defesa interpôs recurso de apelação. Mas o recurso foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Foi então impetrado o HC 61870, negado pelo Superior Tribunal de Justiça |(STJ). O STJ entendeu que a extinção da punibilidade por suposta infração da Lei de Falência não impede a instauração de processo-crime pela eventual prática de gestão temerária.A defesa alega que seu cliente está sendo submetido a constrangimento ilegal e pede o trancamento parcial da ação penal que corre contra ele na Justiça Federal no Rio de Janeiro. Requer que seja mantido o feito em curso apenas quanto à segunda imputação, de gestão fraudulenta por supostas operações celebradas por meio da Atlantis Corretora, que não foi objeto de nenhuma impugnação quanto à coisa julgada.Processos relacionadosHC 93917

Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008Condenado por associação para o tráfico pede progressão de regime prisional

A defesa de Zaqueu Manente, condenado por associação para o tráfico de entorpecentes, impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) o Habeas Corpus (HC) 93887, com pedido de liminar, contra decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).Cumprido mais de um sexto da pena a que foi condenado, a defesa de Zaqueu impetrou habeas no STJ para pedir a progressão de regime prisional. A ministra Laurita Vaz, relatora da ação, indeferiu a liminar. No entanto, a defesa reclama que, passados aproximadamente sete meses, o mérito ainda não foi julgado naquela Corte.Consta na liminar que a fixação do regime prisional aplicada no caso de Zaqueu Manente se deu em razão do artigo 2º da Lei 8.072/90, que poibia a progressão de regime a condenados por crimes hediondos. A defesa alega que no julgamento do HC 82959, em fevereiro de 2006, o Supremo declarou inconstitucional o dispositivo. Além disso, o artigo foi revogado com a criação da Lei 11.464/07, a nova lei dos crimes hediondos, e passou a determinar que a pena para esses crimes seja cumprida inicialmente em regime fechado. “Tem-se, assim, que o direito do paciente [o condenado] à progressão de regime prisional fechado para o regime semi-aberto é direito líquido e certo por não existir mais qualquer vedação para a sua progressão”, conclui a defesa.O relator é o ministro Gilmar Mendes.

Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008Arquivada ADI que questionava teto remuneratório para fiscais de renda do RJ

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3867, ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi arquivada por determinação da relatora, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. A ação questionava os artigos 3º e 5º da Emenda Constitucional (EC) 19/98 e os artigos 8º e 9º da EC 41/03 por supostamente ferirem direitos assegurados pelas chamadas cláusulas pétreas da Constituição Federal (artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV).A ação relatava que, a partir de fevereiro de 2004, passou a ser aplicado sobre as remunerações e os proventos devidos aos fiscais de renda do Rio de Janeiro um teto de R$ 12.765,00. “Valores que ultrapassam essa quantia foram, e continuam sendo, reduzidos, sem qualquer outro esclarecimento”, informou a defesa.Outro argumento dos fiscais foi o de que o governo fluminense estaria agindo em prejuízo das remunerações e dos proventos dos fiscais de renda do Poder Executivo estadual “ao não considerar seus direitos e vantagens como líquidos e certos”.Por fim, afirmaram que "o constituinte originário, ao elaborar a Constituição Federal de 1988, incluiu em seu texto as chamadas cláusulas pétreas, proibindo o constituinte derivado de, através de emendas constitucionais, aboli-las”. Entre essas cláusulas pétreas, concluiu a defesa, “estão aquelas relativas aos direitos e garantias individuais, nos quais se incluem, especialmente, o direito adquirido e a coisa julgada”.DecisãoA ministra Cármen Lúcia julgou prejudicado o exame da ADI por entender que a ação não busca o controle abstrato de constitucionalidade, e sim contemplar interesses subjetivos dos fiscais de renda do Rio de Janeiro. “O PDT pede não a declaração de inconstitucionalidade dos artigos das Emendas Constitucionais 19/98 e 41/03, mas, sim, o restabelecimento ‘do limite ou teto das remunerações e proventos dos fiscais de renda como previsto na Constituição’”, observou a ministra. “Nessa via, não se há de decidir sobre os interesses ou os

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direitos de partes específicas, mas da validade das normas em face da Constituição”, decidiu a relatora ao ensinar sobre a finalidade da ADI.

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008STF arquiva HC impetrado em favor de condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilhaPor maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (28), aplicar a Súmula 606/STF para arquivar o Habeas Corpus 91352, impetrado por José Diogo de Oliveira Campos e outros, condenados pela Justiça de 1ª instância de São Paulo à pena de reclusão de 14 anos sob acusação de lavagem de dinheiro, ocultação de bens (leis 7.492/86 e 9613/98) e formação de quadrilha (artigo 288, do Código Penal - CP). Eles são envolvidos no caso Barcelona Tur.No HC julgado hoje, eles alegavam demora do relator do HC 83933, ministro Joaquim Barbosa, para julgar o processo, que já tramita no STF há quase 50 meses. A defesa pleiteiava a suspensão do julgamento de recurso de apelação interposto no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), na época ainda com objetivo de trancar a ação penal movida contra os acusados em 1ª instância, enquanto não fosse julgado, pelo Plenário do STF, o mérito do HC 83933.A maioria dos ministros votou com o relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, que propôs a aplicação da Súmula 606, segundo a qual “não cabe HC originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em HC ou no respectivo recurso”.Menezes Direito lembrou, em seu voto, que Joaquim Barbosa inicialmente indeferiu o pedido de liminar no HC 83933; posteriormente, reconsiderou sua decisão, ante alegações apresentadas pela defesa. Entretanto, em uma terceira etapa, diante de informação do juiz de primeira instância de que a condenação dos acusados, entrementes ocorrida, não se baseou apenas nos dados probatórios apresentados pelo Ministério Público, mas num leque de acusações bem mais amplo, Joaquim Barbosa revogou novamente a liminar.Ao iniciar a análise do mérito do HC, a 2ª Turma do STF decidiu remeter o processo para julgamento no Plenário. E, no mesmo dia desta decisão, a defesa, segundo ela por coincidência, impetrou o HC 91352, reclamando da demora do julgamento do HC anterior. A maioria dos ministros observou que acolher este HC seria dar a ele o caráter de recurso de Agravo Regimental (AgR).Os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes divergiram da maioria. Eles concordaram com o enunciado da Súmula 606, mas defenderam a concessão do HC de ofício, diante da demora prolongada do tribunal para julgar o HC 83933. O relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, e também o ministro Cezar Peluso, argumentaram que a demora deveu-se a reiterados recursos interpostos pela defesa. Mello e Mendes defenderam a necessidade de ser encontrada uma alternativa para os rigores da Súmula 606, em casos excepcionais como o de hoje.Ao defender a aplicação da Súmula, o ministro Cezar Peluso lembrou que, em primeira instância, foi dada aos autores do HC o direito de responder ao processos em liberdade. Portanto, segundo ele, este direito não estaria ameaçado por ocasião do julgamento do recurso por eles interposto no TRF-3.Leia mais:20/11/07 - 2ª Turma do STF remete ao Plenário julgamento de HC impetrado por Toninho da Barcelona08/06/04 - 1ª Turma do STF paralisa julgamento de HCs de empresários envolvidos no caso Barcelona TurProcessos relacionadosHC 91352

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008Mantida decisão que julgou ilegal greve dos advogados públicos

O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, liminarmente, decisão da 16ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, que julgou ilegal a greve dos advogados públicos federais, deflagrada no dia 17 de janeiro deste ano, contra descumprimento de acordo salarial firmado dia 1º de novembro por parte do governo federal. O pedido, negado pelo ministro Ricardo Lewandowski, foi requerido pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Reclamação (RCL) 5798.De acordo com a OAB, a 16ª Vara teria ofendido autoridade de decisão do Supremo que, ao julgar os Mandados de Injunção (MIs) 670, 708 e 712, declarou que a regulamentação do direito de greve aplica-se não só às partes envolvidas nessas ações, mas, por sua natureza, também a todo serviço público. O conselho ressalta ser indiscutível que “o exercício do direito fundamental à greve no serviço público civil tornou-se viável mediante a aplicação analógica do disposto na Lei 7.783/89 [lei de greve vigente no setor privado]”.Segundo o ministro Lewandowski, no mandado de segurança, a prova deve estar pré-constituída, a fim de demonstrar a existência de fatos incontroversos, “que se amoldem com precisão à regra jurídica alegadamente violada”. Ele verificou que, em exame preliminar dos autos, "a inicial embora bem elaborada, não comprova, ictu oculi, ou seja, de forma inequívoca, que os grevistas estariam cumprindo todos os requisitos da Lei 7.783/89, conforme previsto nos Mandados de Injunção 670/ES, 708/DF e 712/PA”.Assim, o relator indeferiu o pedido de medida liminar, sem prejuízo da análise de mérito.Leia mais:23/01/2008 - Chega ao Supremo reclamação do Conselho Federal da OAB em favor dos advogados públicos em greveProcessos relacionadosRcl 5798

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

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CNC questiona isenção de contribuição sindical para micro e pequenas empresasChegou ao Supremo Tribunal Federal a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4033, em que a CNC (Confederação Nacional do Comércio) questiona o artigo 13, parágrafo 3º da Lei Complementar (LC) 123/2006, que isenta as micro e pequenas empresas do pagamento da contribuição sindical patronal.Para a CNC, a contribuição sindical patronal compulsória – exigível de todos os integrantes da categoria, independente de sua filiação ao sindicato, está prevista no artigo 578 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e foi recepcionada pela Constituição Federal. Por essa razão, alega a confederação, não pode ser objeto da isenção concedida por norma infraconstitucional “ao imenso universo das microempresas e empresas de pequeno porte”.Outro argumento da confederação é de que, conforme o parágrafo 6º do artigo 150 da Constituição, compete exclusivamente à União instituir contribuições sindicais, e qualquer isenção só pode ser concedida mediante lei específica, que regule exclusivamente a matéria. Não é o que acontece com a Lei Complementar questionada, que trata de inúmeras medidas e não somente da contribuição sindical, conclui a CNC.A confederação pede a concessão de liminar para suspender o dispositivo questionado e a isenção da contribuição sindical patronal para as micro e pequenas empresas, até o julgamento final da ação. E, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 3º, artigo 13 da LC 123/2006.O relator da ADI é o ministro Joaquim Barbosa.

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008Arquivada ação que pedia legalização de cassinos

O ministro Ricardo Lewandowski determinou o arquivamento do Mandado de Injunção (MI) 771, em que o empresário Sérgio Antônio Camargo pedia que o Supremo Tribunal Federal (STF) declarasse a mora e, por conta da ausência de norma sobre o tema, determinasse ao Congresso Nacional a expedição de uma lei regulamentando a exploração e o funcionamento de cassinos no Brasil. Para Lewandowski, não existe lacuna normativa, uma vez que a matéria é tipificada no Decreto-Lei 3.688/41, a chamada Lei de Contravenções Penais.Camargo sustentava, na ação, que essa lei estaria em desuso, o que acarretaria a ausência de uma regulamentação sobre a exploração de cassinos. A falta de uma norma federal sobre o tema estaria violando o princípio da igualdade, no tocante ao exercício da atividade econômica, alegava o empresário.O ministro Ricardo Lewandowski salientou, em sua decisão, que a Lei 3.688/41 está em plena vigência e, em seu artigo 50, tipifica a exploração de cassinos como contravenção penal. Ele disse entender que o objetivo do impetrante, com o mandado de injunção, seria a substituição das normas proibitivas vigentes por outras que permitiriam a exploração dos jogos de azar, o que seria “totalmente impertinente”.O ministro negou seguimento ao MI afirmando que “a matéria não só está disciplinada em lei, ou melhor, está vedada pela legislação especial, como também se encontra fartamente estudada pela doutrina penal”. Leia mais:24/07/07 - Empresário pede que Senado edite lei sobre abertura e funcionamento de cassino

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008STF permite extradição de francês acusado de tráfico de drogas

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu hoje (28) o pedido de Extradição (EXT 1072) de Sylvain Weigel para a França, onde é investigado por tráfico ilícito de entorpecentes.Como Weigel, que é nacional francês, responde no Brasil pelo mesmo crime, caberá à Presidência da República decidir se o acusado será extraditado imediatamente ou se aguardará a conclusão do processo a que responde no Brasil.Ao analisar o caso, os ministros concordaram que o pedido feito pela França atendeu a todos os requisitos necessários para a concessão da extradição. O crime investigado naquele país tem correspondência na legislação penal brasileira e não está prescrito em nenhum dos dois países.Weigel afirma ser inocente e diz que é somente usuário de drogas. O processo em curso contra ele aqui foi aberto cerca de 15 dias antes do cumprimento da prisão preventiva para fins de extradição.Na noite de 4 de outubro de 2006, policiais militares o prenderam em Matinhos, no Paraná, após encontrarem com ele cocaína em pó e em pasta em quantidade que evidenciava o propósito de venda. Em seguida, os policiais fizeram uma busca na casa do francês, onde apreenderam material para manusear drogas.Processos relacionadosExt 1072

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008Plenário decide que ministro Joaquim Barbosa relatará inquérito de Palocci e outros nove indiciados

O ministro Joaquim Barbosa será responsável pela relatoria do Inquérito (INQ) 2443, instaurado no Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito irá apurar eventual prática, pelos 10 indiciados, dos crimes de quadrilha ou bando; falsificação de documento público e lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, durante a administração de Antônio Palocci Filho na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), entre os anos de 2001 e 2004.A decisão ocorreu durante análise de recurso [agravo regimental] interposto no Inquérito 2443, por Antônio Palocci, contra decisão da Presidência do Supremo. A maioria dos ministros negou provimento ao recurso, entendendo correto ato da Corte que determinou a redistribuição desse inquérito ao ministro Joaquim Barbosa, por considerá-lo prevento em razão do vínculo apontado entre este procedimento e o Habeas Corpus (HC) 86600, que foi de relatoria de Barbosa.No recurso, a defesa de Palocci alegava a necessidade de livre distribuição do inquérito. Argumentava que, segundo os artigos 69 do Regimento Interno do STF e 83 do Código de Processo Penal, a prevenção se

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estabelece com base em ações ou recursos relativos a um mesmo processo. Sustentava, ainda, que o inquérito e o HC 86600 são procedimentos diversos, razão pela qual não se estabeleceria prevenção reconhecida anteriormente e inexistindo também relação entre as questões debatidas.O ministro Joaquim Barbosa trouxe a matéria a julgamento após pedir vista dos autos no dia 10 de maio do ano passado. Ele votou pelo provimento do agravo regimental, salientando que a hipótese não é de prevenção, uma vez que o HC 86600 teve origem no Inquérito 34/2004 e o presente inquérito (Inq 2443) tem origem no Inquérito 1577, de Ribeirão Preto. “Os fatos são diversos”, considerou Joaquim Barbosa, ao informar que os indiciados também são diferentes. Ele teve o voto seguido pelos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio.Em momento anterior, a presidente do STF, ministra Ellen Gracie, havia reconhecido a ocorrência de prevenção e determinado a redistribuição dos autos ao ministro Joaquim Barbosa, negando provimento ao agravo regimental. “Pode-se constatar, dessa forma, que o HC 86600 tem em vista justamente impugnar a utilização de documentos obtidos a partir da medida de busca e apreensão determinada pelo juiz de Sertãozinho, os quais vieram a fundamentar, em parte, a instauração do presente inquérito”, disse a presidente.Ellen Gracie salientou que o procedimento interno de distribuição no Supremo autoriza a prevenção quando os processos guardem estreita relação entre si. Votaram no mesmo sentido os ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto e Gimar Mendes.Leia mais:10/05/2007 - Pedido de vista adia julgamento de recurso interposto por PalocciProcessos relacionadosInq 2443

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008STF admite participação de sindicato em processo sobre fechamento de empresa de cigarros

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quinta-feira (28), admitir o Sindicato da Indústria do Fumo do Estado de São Paulo (Sindifumo/SP) como assistente litisconsorcial simples no Recurso Extraordinário (RE) 550769. Neste recurso, a American Virginia Indústria, Comércio Importação e Exportação de Tabacos Ltda. questiona acórdão (decisão colegiada) do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que poderá levar ao fechamento da empresa.A decisão foi tomada pelo STF no julgamento de uma questão de ordem levantada no processo, e todos os demais ministros acompanharam o voto do relator, ministro Joaquim Barbosa, que opinou pelo interesse do Sindifumo e por sua legitimidade para atuar no processo como assistente simples. A American Virginia havia se manifestado a favor do pleito do Sindifumo, enquanto a União e o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Instituto Ético), também admitido no processo como litisconsorte, a ele se opuseram.Ao decidir a questão, o STF indeferiu, por outro lado, requerimento do Sindifumo/SP para que o processo tramitasse em segredo de justiça. O Tribunal entendeu que se trata de questão de interesse público e que a tramitação em segredo de justiça só se dá em casos excepcionais. Entretanto, o relator, ministro Joaquim Barbosa, opinou pela preservação de sigilo em torno de algumas questões do processo, de interesse apenas do Sindifumo e do Instituto Ético.Os demais ministros acompanharam, também, o voto do ministro Joaquim Barbosa no sentido de indeferir requerimento do Sindifumo para produção de provas. Segundo o relator, esta não é cabível no atual estágio em que se encontra o processo, pois não há previsão legal para ela.O TRF-2 reconheceu a receptividade, pela Constituição Federal de 1988, do artigo 2º, inciso II, do Decreto-Lei 1.593/77, que autoriza o cancelamento de registro especial, obrigatório para funcionamento das empresas fabricantes de cigarros, no caso de descumprimento de obrigações tributárias. A American Virginia é acusada pela Secretaria da Receita Federal de ter sonegado impostos em valor que se aproximaria de R$ 1 bilhão.Com sede em Nova Iguaçu, a American Virginia atua em 26 estados do País e no Distrito Federal, na comercialização, fabricação, importação e exportação de produtos de tabaco. Em 2005, quando foi iniciado o processo, afirmava deter 3,2% do mercado nacional de fumo. Sustenta que uma eventual cassação da licença deixará sem emprego cerca de 7 mil pessoas que atuam, direta ou indiretamente em seus negócios.Processos relacionadosRE 550769

Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008Plenário do STF revoga liminar que afastou procuradora-regional eleitoral em Alagoas

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) revogou, por unanimidade, a liminar concedida pelo relator, ministro Joaquim Barbosa, no Mandado de Segurança (MS) 26698. A decisão cautelar havia suspendido a Portaria 245/2007, da Procuradoria Geral da República (PGR), que nomeou a procuradora da República Niedja Gorete de Almeida Rocha Kaspary para a função de procuradora-regional eleitoral em Alagoas, e conduzido ao cargo o impetrante da ação, Joel Almeida Belo, procurador-regional da República naquele estado.Com a decisão de hoje (28) do Supremo, voltou a vigorar a portaria que nomeou Niedja Gorete Kaspary para a função de procuradora-regional eleitoral em Alagoas.Joel Almeida Belo fundamentou o pedido de concessão da liminar no artigo 76 da Lei Complementar 75/93, que determina que o procurador-regional eleitoral deve ser escolhido dentre os procuradores-regionais da República, o que não seria o caso de Niedja Gorete.O vice-procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos, defendeu o indeferimento do mandado, por considerar que o pedido, se aceito, levaria a uma monopolização da função eleitoral. Isso porque, ressaltou Gurgel, existem diversos estados em que existe apenas um procurador-regional da República, e a valer o entendimento de Joel Almeida Belo, disse o representante do Ministério Público, todos esses procuradores-

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regionais seriam sempre reconduzidos para o cargo, monopolizando a função eleitoral em seus estados.Litisconsorte passivaAntes de iniciar a votação, o ministro Celso de Mello disse entender que a procuradora da República Niedja Gorete deveria compor o processo, como litisconsorte passiva necessária. O ministro explicou que, a depender do resultado do julgamento, Niedja teria alterada sua situação jurídica, e portanto deveria fazer parte do processo, para ser ouvida e poder, inclusive, defender a sua nomeação como procuradora-regional eleitoral em Alagoas.O relator, ministro Joaquim Barbosa, concordou com a importância da participação da procuradora. O ministro sugeriu, então, que fosse cassada a liminar concedida anteriormente e determinado o adiamento do julgamento do mérito do MS 26698, para que ele possa citar a procuradora da República para compor a ação na condição de litisconsorte passiva. Todos os ministros presentes ao julgamento concordaram com a solução apresentada pelo relator.Processos relacionadosMS 26698

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008STF mantém proibição à NKR Agropecuária de explorar imóveis em área de parque nacional à beira

do Rio ParanáA NKR Agropecuária Comércio Ltda., do Paraná, continua impedida de explorar economicamente imóveis rurais de sua propriedade incorporados aos limites do Parque Nacional de Ilha Grande, nas margens do Rio Paraná. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (27), manter decisão da presidente da Corte, ministra Ellen Gracie, que, em 23 de maio do ano passado, suspendeu tutela antecipada dada pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que autorizava a companhia a continuar explorando os imóveis, enquanto não recebesse da União - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - a devida indenização por elas. A decisão de hoje, por maioria, vencido o ministro Marco Aurélio, foi tomada no julgamento do Agravo Regimental (AgR) na Suspensão de Tutela Antecipada (STA) 112, em que a NKR se insurgiu contra a decisão da presidente do STF. O processo foi iniciado com uma ação de indenização proposta pela companhia, na qual a Turma do TRF-4, além de autorizá-la a continuar explorando os imóveis, determinou à União que se abstivesse de proceder qualquer autuação ou embargo em seu desfavor, até o trânsito em julgado da referida ação.Contra essa decisão se voltou o Ibama, alegando, entre outros, o direito do cidadão a meio ambiente ecologicamente equilibrado e o da União de criar unidades de conservação (artigo 225, caput e § 1º, III, da Constituição Federal – CF); a importância da proteção da área para a preservação do meio ambiente; criação do parque em atendimento à solicitação de moradores locais, com o objetivo de assegurar a proteção dos ecossistemas da floresta aluvial, várzeas e matas ciliares, o que se contrapõe ao objetivo da NKR de desenvolver atividades agrícolas e pastoris, notadamente a criação de gado.O Ibama alegou, também, a impossibilidade do pagamento de indenização por desapropriação indireta no presente caso, ante o fato de que a empresa teria adquirido os imóveis em questão após a criação da referida unidade de conservação de proteção integral, quando já existia a proibição de sua utilização para os fins por ela almejados; e ocorrência de grave lesão à ordem pública, consubstanciada no prejuízo ao interesse público de proteção do meio ambiente.Por seu turno, a NKR alegou não estar utilizando área de preservação permanente, tendo isolado uma faixa de quinhentos metros ao longo do Rio Paraná. Alegou ademais que, com a construção das barragens de Itaipu, Rosana e Primavera, o aumento do leito do Rio Paraná perdeu suas características de sazonalidade, passando a ser controlado artificialmente.A empresa alegou, também, a inexistência de pastoreio excessivo, assegurando desenvolver atividade pecuária com obediência às normas técnicas recomendadas, “realizando manejo constante do rebanho, com apascentamento de reduzido número de cabeças por hectare”. Sustentou, também, que lhe cabia indenização pelas áreas desapropriadas, vez que o fato de terem sido adquiridas após a criação de unidade de conservação não lhe retiraria o direito à sub-rogação em todos os haveres e ações porventura existentes sobre esses bens.Por fim, invocando o artigo 5º, incisos XXI, XXIV e LIV,CF, argumentou que “não há perda da propriedade, enquanto seu titular não tenha sido, através do devido processo legal, devidamente indenizado, sob pena de a empresa sofrer sérios e irreversíveis prejuízos com a paralisação de suas atividades”.Leia mais:Terça-feira, 24 de Abril de 2007 STF suspende decisão que autorizava utilização de área de preservação ambiental para criação de gadoProcessos relacionadosSTA 112

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008Plenário referenda liminar e mantém suspensa parte da Lei de Imprensa

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou hoje (27) a liminar do ministro Carlos Ayres Britto que suspendeu 20 dos 77 artigos da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67). A liminar foi concedida na última quinta-feira (21) em uma ação (ADPF 130) ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).Pela decisão, juízes de todo o Brasil estão autorizados a utilizar, quando cabível, regras dos Códigos Penal e Civil para julgar processos que versem sobre os dispositivos que estão sem eficácia. Em questões envolvendo direito

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de resposta, regras da própria Constituição Federal devem ser aplicadas.Caso não seja possível utilizar as leis ordinárias para solucionar um determinado litígio, o processo continua paralisado (como o ministro Ayres Britto já havia determinado em sua liminar) e terá seu prazo prescricional suspenso.O Tribunal também determinou que o mérito da ação do PDT será julgado em até seis meses, contados a partir de hoje. Ao todo, estão suspensos 22 dispositivos da lei, entre artigos, parágrafos e expressões contidos na norma.Liberdade de imprensaBoa parte dos debates entre os ministros girou em torno de se suspender ou não toda a Lei de Imprensa. Esse pedido foi ressaltado da tribuna pelo advogado e deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), que assina a ação. “É uma lei que não serve para a solução de conflitos. Esta lei serve para intimidar. Esta lei serve para ameaçar”, afirmou.Dos dez ministros que participaram do julgamento, cinco votaram conforme o entendimento do ministro Ayres Britto, suspendendo parte da lei. Os ministros decidiram que a possibilidade de se suspender toda a lei deverá ser analisada no momento do julgamento final da ação. Votaram dessa forma as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, presidente do Supremo, e os ministros Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso e Gilmar Mendes, além do próprio relator, Ayres Britto.“Imprensa e democracia, na vigente ordem constitucional, são irmãs siamesas”, disse Ayres Britto na liminar. Cezar Peluso afirmou “que nenhuma lei pode garrotear a imprensa”. Para Lewandowski, numa primeira análise, “a Lei de Imprensa conflita com a Constituição”.Outros três ministros votaram no sentido de suspender toda a Lei de Imprensa. Essa vertente foi aberta pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito e seguida pelos ministros Eros Grau e Celso de Mello.Menezes Direito afirmou que nenhuma lei pode causar embaraço “à plena liberdade de informação jornalística” e que a democracia depende de informação, meio essencial para se exercer a participação política. “Regimes totalitários convivem com o voto, nunca com a liberdade de informação”, disse.Segundo ele, suspender a eficácia de toda a lei não causará “vácuo nenhum do ponto de vista legislativo porque toda a Lei de Imprensa está coberta por legislação ordinária”.Celso de Mello, por sua vez, afirmou que “o Estado não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as idéias ou sobre as convicções manifestadas por qualquer cidadão dessa República e, em particular, pelos profissionais dos meios de comunicação social”.Já o ministro Marco Aurélio decidiu não referendar a liminar. Ele ressaltou a inadequação do instrumento jurídico utilizado pelo PDT para contestar a lei – uma argüição de descumprimento de preceito fundamental. Para ele, esse tipo de ação só pode ser usado quando inexistem outros meios de solucionar determinada controvérsia.Marco Aurélio acrescentou que referendar a liminar impediria os cidadãos em geral de ter livre acesso ao Judiciário para litigar sobre causas envolvendo a Lei de Imprensa. Isso causaria, segundo ele, a “paralisação da jurisdição”.Leia mais:21/02/08 - Ministro defere liminar para suspender aplicação de artigos da Lei de ImprensaProcessos relacionadosADPF 130

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008STF mantém suspensa parte da Lei de Imprensa

O Supremo Tribunal Federal (STF) referendou hoje (27) a liminar do ministro Carlos Ayres Britto que suspendeu 20 dos 77 artigos da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67). A liminar foi concedida na última quinta-feira (21) em uma ação (ADPF 130) ajuizada pelo PDT.Pela decisão, juízes de todo o Brasil estão autorizados a utilizar, quando cabível, regras dos Códigos Penal e Civil para julgar processos que versem sobre os dispositivos que estão sem eficácia. Em questões envolvendo direito de resposta, regras da própria Constituição Federal devem ser aplicadas.Caso não seja possível utilizar as leis ordinárias para solucionar um determinado litígio, o processo continua paralisado (como o ministro Ayres Britto já havia determinado em sua liminar) e terá seu prazo prescricional suspenso.O Tribunal também determinou que o mérito da ação do PDT será julgado em até seis meses, contados a partir de hoje.Dos dez ministros que participaram do julgamento, cinco votaram nos termos do voto proferido pelo ministro Ayres Britto, suspendendo parte da lei. Foram eles as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, e os ministros Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.Outros três ministros apresentaram votos mais abrangentes no sentido de suspender toda a Lei de Imprensa. Essa vertente foi aberta pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito e seguida pelos ministros Eros Grau e Celso de Mello.Já o ministro Marco Aurélio decidiu não referendar a liminar.Em breve, mais detalhes.Leia mais:21/02/08 - Ministro defere liminar para suspender aplicação de artigos da Lei de Imprensa (com íntegra da decisão)Processos relacionadosADPF 130

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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008Ministro arquiva MS de empresário investigado pela CPI do Apagão Aéreo

Sócio da empresa Aeromídia, Carlos Alberto Carvalho teve Mandado de Segurança (MS 26963) julgado prejudicado pelo ministro Eros Grau. No mandado, impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de liminar, ele contestava a exposição pública de seus sigilos bancário, telefônico e fiscal durante seu depoimento à CPI do Apagão Aéreo, formada para investigar as causas, conseqüências e responsáveis pela crise do sistema de tráfego aéreo brasileiro.No pedido liminar do MS, Carlos Alberto solicitava que fossem retirados do site do Senado Federal os termos de seu depoimento, por conterem a revelação de dados sigilosos, e que esses dados fossem lacrados, não sendo expostos em qualquer documento da CPI. No mérito, ele pedia a declaração de nulidade de seu depoimento, e que fosse assegurado seu direito de prestar novo depoimento, nos termos da lei.Eros Grau ressaltou que os trabalhos da comissão foram encerrados no dia 31 de outubro de 2007, com a aprovação de seu relatório final. De acordo com ele, a jurisprudência do Supremo é firme no sentido de que os mandados de segurança e habeas corpus impetrados contra atos de CPIs ficam prejudicados “quando estas venham a extinguir-se em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da aprovação de seu relatório final”.Por essas razões, o ministro Eros Grau julgou prejudicado o mandado de segurança em razão de perda do objeto, citando como precedente questão de ordem no MS 23852.Leia mais:08/11/2007 - Empresário acusado de corrupção pela CPI do Apagão Aéreo no Senado interpela relatorProcessos relacionadosMS 26963

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008Liminar mantém promoções de servidores do judiciário no Piauí

Atos administrativos praticados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI), que concederam promoções aos servidores, estão mantidos até análise do mérito do Mandado de Segurança (MS) 26948, de autoria do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do estado do Piauí (SINDSJUS). A decisão é do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, que deferiu o pedido de liminar na ação.O mandado de segurança contesta ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, no Procedimento de Controle Administrativo (PCA) nº 268, decidiu considerar a data de 23 de abril de 1993 como termo a partir do qual é inadmissível o provimento derivado de cargos públicos.A decisão do CNJ levou o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) a editar a Portaria 489/07, que determinou o enquadramento dos servidores e atos administrativos atingidos por ela, no status quo ante [no estado em que se encontrava antes], sem deixar de considerar a nova nomenclatura introduzida pela Lei estadual 5237/02, Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV).O relator, ministro Marco Aurélio, afirmou que o ato do CNJ está contido no campo dos atos administrativos em geral. “Então, tem-se como adequada a regra do artigo 54 da Lei nº 9.784/99, a revelar que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”, disse. Segundo ele, o próprio regimento interno do conselho repete, no parágrafo único do artigo 95, regra sobre a decadência citada.Assim, o ministro deferiu a medida cautelar para preservar, até a apreciação final do MS, os provimentos derivados de cargos, no TJ-PI, “aperfeiçoados no período anterior aos cinco anos que antecederam a decisão do Conselho Nacional de Justiça, de 12 de junho de 2007”.Leia mais:11/10/2007 - Sindicato de servidores do judiciário piauiense pede ao Supremo que reveja ato de controle administrativo do CNJProcessos relacionadosMS 26948

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008Candidato aponta irregularidade em regras de concurso público para juiz substituto no Piauí

O servidor público Rodrigo Cordeiro de Souza Rodrigues impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) Mandado de Segurança (MS 27160), com pedido de liminar, contra ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) relacionado ao concurso público realizado em 2007 no Piauí, para provimento de vagas no cargo de juiz de direito substituto.O candidato relata que, no andamento do concurso, a comissão organizadora publicou o edital nº 7, garantindo a convocação para a segunda fase do concurso (prova oral) aos cinqüenta primeiros colocados na primeira fase, considerando-se a soma das notas obtidas na prova escrita de múltipla escolha e na prova escrita prática.No entanto, alguns candidatos que só passariam para a segunda fase se os convocados fossem aqueles que obtiveram as cinqüenta melhores notas somente na prova escrita prática, reclamaram ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a anulação do citado edital. O CNJ, por meio de Procedimento de Controle Administrativo (PCA), suspendeu liminarmente o concurso e posteriormente anulou o edital nº 7, por entender que “novas regras não poderiam ser inclusas durante a realização do concurso”. Estabeleceu, também, que a nota de classificação para a segunda fase seria exclusivamente a da prova escrita prática.De acordo com o impetrante, a entidade organizadora do concurso esclareceu que as regras de classificação (soma das notas das provas escritas) já constavam no edital de lançamento do concurso, portanto, “não foi

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preciso o edital nº 7 para se chegar a essa conclusão”, conclui o impetrante.Na liminar, o candidato pede que lhe seja concedido o direito de se inscrever e realizar a prova oral do concurso público, até que seja julgado o mérito da ação.Processos relacionadosMS 27160

Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008Arquivado HC em que acusado de associação para o tráfico alegava ausência de ampla defesa

Acusado de associação para o tráfico de entorpecentes, A.S.A. teve Habeas Corpus (HC 93765) arquivado pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal (STF). No habeas, impetrado com pedido de liminar, a defesa pedia a concessão de liberdade provisória ao réu.Os advogados sustentavam que, ao receber denúncia elaborada pelo Ministério Público contra o seu cliente, a Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba, em São Paulo, não notificou o acusado para que apresentasse defesa preliminar, como prevê o artigo 55, da Lei de Tóxicos.Conforme a ministra, a decisão questionada não foi anexada aos autos, “o que seria imprescindível para saber quais seriam os fundamentos nela invocados”. Apesar disso, Cármen Lúcia, após acessar o site do STJ, verificou que a relatora do caso naquele tribunal não examinou o mérito das questões. “Restringiu-se a ministra Jane da Silva, portanto, a analisar o acerto da decisão monocrática lá questionada, para saber se, excepcionalmente, seria possível conhecer da impetração e deferir a liminar negada no Tribunal de Justiça de São Paulo”, disse.Por fim, Cármen Lúcia esclareceu que a análise pelo Supremo do acórdão do TJ-SP, único tribunal que analisou definitivamente o mérito das questões, significaria indevida supressão de instância. Assim, arquivou o habeas.Leia mais:14/02/2008 - Acusado de associação para o tráfico alega que não teve direito a ampla defesa

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20081ª Turma nega manutenção de dias remidos a preso que cometeu falta grave

Perda dos dias remidos por falta grave foi tema de julgamento realizado hoje pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Por maioria dos votos, os ministros indeferiram o Habeas Corpus (HC) 92791 impetrado pela Defensoria Pública da União em favor de Vilmar Padilha Cardozo, que perdeu dias remidos conquistados por trabalho interno na prisão.Condenado a 26 anos e 9 meses de reclusão, Vilmar Cardozo cumpre pena na penitenciária regional de Pelotas (RS). Por ter cometido falta grave, ao se recusar a virar de costas para ser revistado, ele perdeu 311 dias remidos.O pedido indica ofensa ao artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal, pelo acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao deferir recurso especial interposto pelo Ministério Público (MP) para manter a perda de dias remidos, decretada pelo juízo da execução penal e reformada por decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).Para a defesa, a decisão que decretou a perda de todos os dias remidos afronta a dignidade do sentenciado. Os advogados pretendiam frisar a limitação do número de dias remidos perdidos em razão de falta grave por força dos princípios constitucionais da razoabilidade e da individualização da pena.Relator“A situação é realmente emblemática considerada a razoabilidade, a ordem natural das coisas, a dinâmica da própria vida”, disse o ministro Marco Aurélio, relator do habeas, que votou pelo deferimento do pedido. De acordo com ele, sob o ângulo da remição, “933 dias trabalhados foram por terra”, tendo em vista que a contagem do tempo para a remição é de um dia de pena por três de trabalho.Ao considerar as peculiaridades apresentadas no caso, o ministro indagou: “A simples recusa a virar de costas para uma revista levaria a essa conseqüência tão drástica dele perder e ter que cumprir mais 311 dias de prisão, praticamente mais um ano?”. Marco Aurélio considerou “sacramentado” o perdão dos dias, uma vez que já houve manifestação do Ministério Público e decisão do juiz. O relator concedeu a ordem para reformar o acórdão do STJ e, em razão da singularidade do caso, afastar a perda dos dias “já compreendidos em remição, sacramentada ante ato judicial”.O ministro Carlos Ayres Britto concedeu de ofício o habeas corpus, considerando que não houve falta grave. “Houve uma flagrante ilegalidade da autoridade administrativa ao enquadrar como falta grave essa recusa do apenado de se deixar revistar por um determinado modo”, disse Britto.Divergência vencedora “Não entro no mérito da análise da gravidade”, afirmou o ministro Menezes Direito, ao divergir. Conforme ele, a regra jurídica que incide nesse habeas está contida explicitamente no artigo 127, da Lei de Execuções Penais [Lei 7210/84], segundo a qual o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar.Ele lembrou que o Supremo já se pronunciou sobre o assunto, entendendo que não haveria violação ao direito adquirido porque a própria regra jurídica estabeleceria essa possibilidade quando ocorresse um fato por ela indicado.“Tenho para mim, portanto, que não há violência ao direito adquirido e nem há, por essa razão, qualquer violação ao princípio da decisão judicial, como o próprio Plenário do Supremo Tribunal assentou”, ressaltou. “Por outro lado, quero crer que não cabe à Suprema Corte examinar a questão da gravidade da falta, que isso depende de circunstâncias de fato que envolveram o episódio que motivou a penalidade”, completou Menezes Direito.

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Ele foi seguido pelos ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia Antunes Rocha, que formaram a maioria dos votos. Ficaram vencidos os ministros Marco Aurélio e Carlos Ayres Britto.Leia mais:19/10/2007 - Presos que cometeram falta grave pedem manutenção de dias remidosProcessos relacionadosHC 92791

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008DEM e PSDB contestam decreto que cria o Programa Territórios da Cidadania

O Democratas (DEM) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ajuizaram, nesta terça-feira (26), Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4032), com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal (STF), para inicialmente obter a suspensão e, posteriormente, a declaração de inconstitucionalidade do decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que criou o Programa Territórios da Cidadania.O decreto não numerado, publicado na edição de hoje no Diário Oficial da União (DOU), cria um programa de desenvolvimento territorial sustentável a ser executado de forma integrada pelos diversos órgãos do governo federal responsáveis pela execução de ações voltadas à melhoria das condições de vida, de acesso a bens e serviços públicos e a oportunidades de inclusão social e econômica às populações que vivem no interior do País.Prevê, entre outros, o investimento, em 2008, de R$ 11,3 bilhões em 137 ações coordenadas entre 19 ministérios em 60 áreas mais carentes do País, abrangendo 137 municípios com uma população de 23,9 milhões de habitantes.Segundo os dois partidos de oposição ao governo, os termos do decreto “colidem frontalmente com preceitos basilares da Constituição Brasileira” e, por isso, o decreto “não deve prosperar”.DEM e PSDB: Programa depende de aprovação pelo CongressoDEM e PSDB alegam que se trata, “claramente, de um programa nacional de desenvolvimento regional” que, nessa condição, “depende necessariamente de lei para ser instituído. Segundo eles, “é vedado instituir programa governamental voltado ao desenvolvimento regional por meio de decreto, sem que suas diretrizes básicas tenham sido sufragadas pelo Poder Legislativo”.Nesse sentido, eles se reportam ao artigo 48 da Constituição, segundo o qual “cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos artigos 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: IV – planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento”.Os dois partidos desqualificam a base legal indicada pelo governo ao editar o decreto, que é o artigo 84, VI, a, da CF. Este artigo atribui privativamente ao Presidente da República a competência para, mediante decreto, dispor sobre “organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”.“Perceba-se, contudo, que o decreto diverge em muitos aspectos do figurino traçado pelo dispositivo constitucional”, afirmam os partidos oposicionistas, observando que o mencionado artigo se restringe a questões meramente de organização e funcionamento da administração.Eles observam, também, que o decreto dispõe, entre outros, sobre mecanismos de relacionamento entre entidades da Federação, ao disciplinar a cooperação e a participação de estados e municípios do programa, “mediante instrumento impróprio”.“De outra parte, ao determinar como medida a ser adotada no seio do novo programa a ampliação de programas básicos, sugere necessariamente a ocorrência de aumento de despesa, matéria proscrita ao decreto a que se refere o artigo 84, VI, da CF”, sustentam. Argumentam ainda que, ao criar um comitê-gestor para definir diretrizes do programa, o decreto viola mais uma vez “o perfil definido pelo artigo 84, VI (da CF)”, pois implica a criação de órgão administrativo.DEM e PSDB alegam também que, ao definir que áreas receberão as ações do programa “Territórios da Cidadania”, o decreto presidencial estabelece critérios em que viola o princípio federativo que, “se admite políticas para redução da desigualdade regional (artigo 3º, III, e 170, VII), impede tratamento discriminatório e arbitrário entre municípios ou estados em situação equivalente”.Por fim, alegam que o decreto impugnado impõe “indevida exceção à legislação eleitoral”, que veda a distribuição de recursos, bens e benefícios em ano eleitoral, salvo se autorizados em programa social já em execução orçamentária desde o exercício anterior (parágrafo 10 do artigo 73, da Lei 9.504/1999).Ao justificar o pedido de liminar, os dois partidos alegam perigo na demora, pois o programa impugnado envolve vultosos recursos públicos. Além disso, alegam, “a urgência do provimento cautelar justifica-se, ainda, em face do impacto eleitoreiro que o programa ‘Territórios da Cidadania’ pode causar, distorcendo o processo eleitoral que se avizinha, por uso indevido da máquina pública”.Processos relacionadosADI 4032

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20082ª Turma: entidade beneficente está isenta da cobrança de IPTU e ISS

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou hoje, por unanimidade, liminar concedida em dezembro pelo ministro Gilmar Mendes à Sociedade Hospitalar de Caridade de Taquara (RS), isentando a entidade, de caráter beneficente, do recolhimento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto Sobre Serviços (ISS). Os tributos eram cobrados pela prefeitura da cidade.O ministro Gilmar Mendes, relator do processo (Ação Cautelar 1864), disse que “existem, em princípio, os

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requisitos para concessão do efeito suspensivo do Recurso Extraordinário (RE)". Mendes argumentou que, se a entidade é imune à cobrança de tributos federais, existe a plausibilidade para sê-lo, também, em relação aos municipais. Ele lembrou que o STF já firmou jurisprudência no sentido de que as entidades sem fins lucrativos gozam de imunidade tanto em relação ao recolhimento do IPTU quanto do ISS, em conformidade com o disposto no artigo 5º, inciso VI, letra c, da Constituição Federal.Processos relacionadosAC 1864

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20082ª Turma mantém isenção de ICMS em leasing de aeronave até julgamento de recurso sobre a

questãoPor unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, nesta terça-feira (26), liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, em outubro do ano passado, na Ação Cautelar (AC) 1821, suspendendo a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrada pelo governo de São Paulo em relação à importação de uma aeronave Cessna em um contrato de leasing firmado pela Alphaville Urbanismo, de Barueri, na Grande São Paulo.A decisão foi tomada no julgamento de uma questão de ordem levantada no processo, e terá validade até a decisão de Agravo de Instrumento (AI) interposto pela mencionada empresa contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) que, após validar a cobrança de ICMS, não admitiu um Recurso extraordinário interposto pela empresa contra essa decisão.Ao trazer a questão a julgamento na Turma, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, lembrou que, no julgamento do RE 461968, em maio de 2007, o Plenário do STF afastou a incidência de ICMS numa operação semelhante à que está em julgamento na AC 1821. Na época, o STF isentou a TAM de recolher ICMS na importação de aeronaves e de peças de reposição de avião por meio de operações de leasing.A razão dessa decisão, segundo Gilmar Mendes, foi justamente a ausência de circulação de mercadoria no contrato mencionado. É que, na importação de aeronaves em regime de leasing, não se admite que elas sejam transferidas ao domínio do arrendatário. No presente caso, os advogados da Alphaville Urbanismo alegam que o Cessna já foi até devolvido à empresa que o arrendou.Leia mais:17/10/07 - Ministro determina a suspensão de cobrança de ICMS em operação de leasing para aeronave Processos relacionadosAC 1821

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Acusado de atentado violento ao pudor poderá ter progressão de pena

Condenado por atentado violento ao pudor, Edinilson Ferraz Fiuza conseguiu Habeas Corpus (HC 89699) no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o juízo de execução avalie se ele tem ou não direito à progressão do regime da pena. O réu foi condenado a seis anos de prisão, que estão sendo cumpridos em regime fechado, na Penitenciária em Itapetininga (SP).A decisão unânime foi tomada hoje (26) pela Segunda Turma do STF. Os ministros também decidiram que caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisar se houve extinção da punibilidade (a impossibilidade de punir o autor de um crime) no caso de Edinilson. A questão foi levantada pela defesa do condenado no STJ, mas o tribunal não chegou a julgá-la.A defesa também pretendia conseguir, com o habeas, a liberdade do acusado e a anulação da sentença proferida contra ele. Nesses pontos, o pedido foi negado.Leia mais:29/09/06 - Condenado por atentado violento ao pudor pede liberdade no Supremo Processos relacionadosHC 89699

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20081ª Turma: carta rogatória deve ser formulada por autoridade judiciária

Ao julgar caso referente a exequatur na tarde desta terça-feira (26), os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmaram o entendimento da Corte de que cartas rogatórias devem ser formuladas por autoridades judiciárias. Por unanimidade, a Turma concedeu a ordem para anular a decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o cumprimento da Carta Rogatória 570 contra Rômulo Gonçalves.A decisão aconteceu na análise do Habeas Corpus (HC) 91002. O relator, ministro Marco Aurélio, ressaltou que a carta rogatória foi formulada pelo Ministério Público (MP) suíço, contrariando o que determina o artigo 202 do Código de Processo Civil. O inciso I deste artigo determina que o pedido de exequatur deve conter o juiz de origem, ou seja, deve ser feito por autoridade judicial, e não por membro do MP, concluíram os ministros, que votaram todos no sentido de tornar definitiva a liminar já concedida.

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Arquivado habeas em favor de acusado por extorsão mediante seqüestro

Por 3 votos a 2, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento do Habeas Corpus (HC) 88598, impetrado em favor de M.A.G., acusado pelo crime de extorsão mediante seqüestro, em São

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Paulo. Com a decisão, deixou de vigorar a liminar concedida pelo relator, ministro Marco Aurélio, que havia determinado a expedição de alvará de soltura em nome do acusado.Em seu voto o ministro reafirmou os argumentos em que se baseou para conceder a liminar. O relator concordou com o argumento da defesa, de que a fundamentação para a decretação da prisão preventiva seria genérica e não atendia aos pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Marco Aurélio ressaltou ainda que determinou, na liminar, que o acusado deveria permanecer no distrito da culpa e atender a todos os chamados da justiça. O ministro disse ter tomado conhecimento que M.A.G. se comportou conforme o determinado, o que justificaria a confirmação da liminar. Ele foi acompanhado pelo ministro Carlos Ayres Britto.DivergênciaO ministro Carlos Alberto Menezes Direito, porém, votou no sentido de considerar prejudicado o habeas. Ele explicou que a ação foi impetrada no Supremo contra decisão liminar do STJ em um habeas, mas que aquela corte já julgou o mérito daquela ação. Ele disse entender que a ação deveria ser arquivada, por ter perdido seu objeto. O ministro foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski e pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, formando a maioria que determinou o arquivamento da ação.Processos relacionadosHC 88598

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20082ª Turma considera genérica denúncia do MP contra empresários acusados de apropriação indébita

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, nesta terça-feira, o arquivamento de ação penal que tramitava na 8ª Vara da Justiça Federal em Vitória (ES) contra Carlos Eduardo Lemos de Carvalho, sob acusação de ter deixado de repassar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contribuições previdenciárias descontadas de seus empregados, no período de abril a novembro de 2000.O crime é tipificado no artigo 168-A, combinado com o artigo 71, ambos do Código Penal (CP). A Turma decidiu, também, estender essa decisão aos demais membros do conselho de administração da empresa mencionada.A decisão foi tomada no julgamento do Habeas Corpus (HC 93683) impetrado no STF contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou pedido semelhante lá formulado. Anteriormente, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) também havia negado pedido semelhante.A Turma decidiu aplicar jurisprudência do STF, que exige um mínimo de individualização na descrição de delitos supostamente praticados por pessoas denunciadas em ação penal, fato que considerou inexistir na denúncia do MP contra o acusado. Portanto, o relator, ministro Eros Grau, decidiu não só acolher o HC, como estender a decisão também aos demais membros do conselho de administração da referida empresa.Ao reformar a decisão do STJ, o ministro Eros Grau lembrou que aquela corte aplicou jurisprudência antiga ao caso, esclarecendo que o STF já tem precedentes com a nova jurisprudência. A Procuradoria Geral da República havia se pronunciado contra a concessão do habeas. Em janeiro, a presidente do STF, ministra Ellen Gracie, havia negado pedido de liminar formulado no HC. Alegou que o pedido tinha caráter satisfativo, confundindo-se com o mérito da matéria, que deveria ser examinado mais detidamente quando do julgamento pela Turma.O autor do HC alegou que a denúncia do MP contra ele está em desacordo com o artigo 41 do Código de Processo Penal (CPP), que exige detalhamento do fato criminoso, qualificação do acusado e classificação do crime; que não há indícios da autoria de parte dele, que, alega, era mero integrante do conselho administrativo da empresa; que não há justa causa para a instauração da ação penal contra ele; e que a denúncia não descreveu o elemento subjetivo da conduta atribuída a ele.Leia mais:31/01/08 - Mantida ação penal contra acusado de apropriação indébita de contribuições previdenciárias Processos relacionadosHC 93683

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Supremo anula resolução da Camex sobre importação de insulina

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou hoje (26) resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que, em 2001, fixou alíquota para importação de insulina pela empresa Novo Nordisk, da Dinamarca.Por unanimidade, os ministros concordaram que a Resolução nº 02/2001, editada pela Presidência da Camex, não seguiu regra do Decreto 3.756/01, que dispõe sobre a entidade. A decisão foi tomada no julgamento de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS 26967) apresentado pela Novo Nordisk.A regra violada foi a do parágrafo 2º do artigo 5º do decreto. O dispositivo determina que, em casos de relevância e urgência, o presidente da Camex pode expedir resolução a ser referendada pelo colegiado. Para tanto, antes ele deve obter prévia concordância dos demais membros do órgão.Como a edição da resolução ocorreu em regime de urgência, mas não houve concordância prévia dos integrantes do colegiado da Camex, os ministros anularam a resolução, que havia fixado em 76,1% a alíquota de importação sobre o valor cobrado pela empresa na insulina.Na época em que a resolução foi feita, a empresa era alvo de denúncias de prática de comércio desleal e acusada de dumping – venda abaixo do custo de produção – para dominar o mercado de insulina no Brasil.

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Arquivado HC de condenado por tráfico de drogas

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou na tarde de hoje (26) o Habeas Corpus (HC) 91137, impetrado em favor de P.P.O., condenado em Mato Grosso por tráfico de drogas. Os ministros

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concordaram que os fundamentos do habeas, sustentando a existência de excesso de prazo para a formação da culpa, deixaram de existir com a condenação de P.P.O.Para a defesa, a justiça teria sido extremamente morosa neste caso. O advogado afirmava que, quando recorreu ao STJ contra decisão negativa do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), seu cliente já se encontrava preso há mais de 170 dias – desde abril de 2006, e até aquele momento não tinha sido concluída a instrução criminal. O STJ também negou o pedido liminar, por considerar que o excesso de prazo seria justificável, tendo em conta a complexidade do processo e o número de réus envolvidos. Contra essa decisão a defesa recorreu ao Supremo.No início do julgamento, no último dia 19, o relator do habeas, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, votou no sentido de indeferir o pedido, por considerar que a decisão do STJ estava devidamente fundamentada. Na ocasião, o ministro Marco Aurélio pediu vista do processo.Hoje, ao retomar o julgamento, o ministro Marco Aurélio informou ter tomado conhecimento, por meio do TJ-MT, que a justiça já teria proferido a sentença condenando P.P.O. Dessa forma, concluiu o presidente da Primeira Turma, estaria prejudicado o pedido do habeas corpus. Todos os ministros concordaram com o entendimento do ministro Marco Aurélio e determinaram o arquivamento da ação.Processos relacionadosHC 91137

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 20081ª Turma: réu não pode ser ouvido como testemunha em um mesmo processo

O jornalista italiano Achille Lollo, condenado na Itália por um incêndio criminoso ocorrido em Roma, em abril de 1973, e que atualmente vive no Brasil, não vai precisar voltar ao seu país para ser ouvido como testemunha por fatos relativos a esse mesmo caso. A decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal (STF), na análise do Habeas Corpus (HC) 87759, reconheceu a impossibilidade de que um réu possa ser ouvido como testemunha em um mesmo processo.Para a defesa do jornalista, a decisão do ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinando monocraticamente o cumprimento da carta rogatória (exequatur) solicitada pela Procuradoria da República do Tribunal Ordinário de Roma, contraria o devido processo legal. Isso porque, resumiu o advogado, a concessão de exequatur deve ser decidida pelo colegiado da Corte, e não por decisão de um único ministro.O advogado lembrou, ainda, que Lollo já foi alvo de um pedido de Extradição (EXT 851), negado pelo Plenário do Supremo, que considerou que a motivação para o pedido seria de fundo político. Outro fundamento do STF, ao negar o pedido de extradição, foi o de que os fatos que levaram à condenação do jornalista, na Itália, já teriam sido atingidos pela prescrição, segundo a legislação brasileira.DecisãoEm seu voto, o ministro-relator Marco Aurélio ressaltou que os argumentos da defesa deviam ser acolhidos. O fato da carta rogatória ter sido expedida por autoridade que não faz parte do judiciário, frisou o ministro, desrespeita o artigo 202 do Código de Processo Civil. Além disso, para o ministro, mesmo que o colegiado do STJ tenha julgado um agravo contra a decisão monocrática do ministro Asfor Rocha, o ato do relator da ação naquela corte estaria viciado, o que contaminaria a decisão do agravo. “O ato do relator [no STJ] foi tomado à margem da ordem jurídica”, resumiu o ministro Marco Aurélio.O ministro concluiu seu voto ressaltando que não existe a possibilidade de um co-réu, em um determinado processo, ser ouvido como testemunha sobre o mesmo caso. Para o ministro Menezes Direito, que acompanhou o relator, existiria mesmo o risco de Achille Lollo ser preso assim que chegasse para prestar o depoimento na condição de testemunha.O casoAchille Lollo era militante do Partido Operário, na Itália, quando, em 16 de abril de 1973, junto com dois companheiros, ateou fogo no apartamento onde morava um integrante do Movimento Social Italiano, Mario Mattei. No incêndio, morreram dois filhos de Mattei.Em 1987, a justiça italiana condenou Achille Lollo e os dois co-réus a 18 anos de prisão. Lollo fugiu para o Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde reside até hoje, trabalhando como jornalista.Processos relacionadosHC 87759

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Ministro nega pedido da Defensoria Pública para anulação de julgamento de condenado por roubo

Decisão do ministro Marco Aurélio negou pedido de anulação de julgamento formulado pela Defensoria Pública da União por meio do Habeas Corpus (HC) 93759 ao Supremo Tribunal Federal (STF). A impetração foi feita em favor de Marcos Gonçalves de Pinho, condenado a nove anos e três meses de reclusão por roubo.O argumento do defensor é de que a sentença condenatória não pode ser aceita, pois a defesa não foi devidamente intimada da sessão de julgamento realizada no dia 12 de janeiro de 2006. A condenação foi resultado de um recurso do Ministério Público, que apelou ao Tribunal de Justiça do Paraná após o juiz de primeiro grau ter absolvido o réu por entender que as provas de que ele teria participado do crime não eram suficientes.O relator afirmou que a intimação do defensor dativo é formalidade essencial para julgamento de recurso. Para ele, de início, essa premissa é inafastável. “Ocorre que possível defeito remete à forma de intimação, surgindo com eficácia preclusiva a passagem do tempo”.O ministro Marco Aurélio afirmou que, após julgada a apelação, a defesa interpôs recursos [embargos declaratórios], mas deixou de apresentar a matéria. “Esse dado afasta a relevância do pleito de implemento de

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medida acauteladora, a alcançar a expedição de alvará de soltura”, concluiu. O ministro, dessa forma, indeferiu a liminar.Leia mais:12/08/2008 - Defensoria pública tenta anular julgamento de condenado por rouboProcessos relacionadosHC 93759

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008CNI questiona obrigação de pagamento prévio por danos ao meio ambiente para mineradoras

poderem explorarChegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4031) contra a Lei paraense 6986/2007, que obriga as empresas mineradoras a pagarem uma indenização prévia por danos ao meio ambiente para obterem autorização para a exploração de recursos minerais, independente da necessidade de reparo do dano. A ação foi proposta pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e tem como relator o ministro Gilmar Mendes.Segundo o advogado da CNI, ao exigir indenização para permitir a atividade de lavra, a lei questionada estaria considerando ilícita a atividade, ofendendo com isso o artigo 176 da Constituição Federal, que disciplina a matéria. O advogado afirma, ainda, que o artigo 225, parágrafo 2º da Constituição Federal, impõe às empresas exploradoras apenas a obrigação de recuperar o meio ambiente degradado. O parágrafo 3º deste mesmo artigo, que determina a obrigação de reparar os danos, se aplica apenas quando o explorador não cumpre as regras de recuperação, explica a confederação.A lei teria, ainda, uma série de erros jurídicos e falhas de técnica legislativa, diz a ação. Para o advogado da CNI, esse fato dá a entender que a verdadeira intenção da lei seria a “mera arrecadação de recursos para o Estado”. A Confederação pede ao Supremo que suspenda, por meio de uma liminar, os efeitos da lei questionada, uma vez que as empresas mineradoras já estão sujeitas, desde julho do ano passado, ao pagamento do valor criado pela norma. E, ao final, a ADI pede que o Supremo declare a inconstitucionalidade da Lei 6986/2007.

Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008Ministro arquiva ação em que servidores temporários da Anvisa contestavam demissão determinada

pelo TCUFoi arquivado pelo ministro Ricardo Lewandowski o Mandado de Segurança (MS) 27119, impetrado pela Associação dos Servidores Temporários (Astemp). O pedido, dirigido pela entidade ao Supremo Tribunal Federal (STF), pretendia a anulação de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determinou a demissão de servidores temporários contratados pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Eles alegavam que a contratação dos servidores, com prazo máximo até 31 de dezembro de 2007, foi prorrogada pela Medida Provisória número 407/07. Essa MP, afirmava a entidade, permite que Anvisa avalie a conveniência das contratações, permitindo prorrogá-las até 31 de julho de 2009.Lewandowski recordou que, conforme a jurisprudência do STF, “o TCU apenas é parte legítima para figurar no pólo passivo de mandado de segurança, quando o ato impugnado estiver revestido de natureza impositiva”. Para o relator, não existe, no caso, o caráter impositivo necessário para a legitimação do TCU no pólo passivo desse mandado de segurança.“Desse modo, embora exista a previsão de aplicação de multa para o não cumprimento de decisão daquele Tribunal, essa penalidade fica circunscrita à justificação desse descumprimento”, disse o ministro. Segundo ele, se a Anvisa entender que, nos termos da Medida Provisória 407, de 26 de dezembro de 2007, há interesse e necessidade de prorrogação dos contratos, terá que justificar as razões pelo descumprimento do ato do TCU questionado na ação. Por fim, Ricardo Lewandowski ressaltou que, caso houvesse ameaça de coação, deveria ser imputado ao diretor-presidente da Anvisa, “cujos atos não podem ser analisados pelo Supremo Tribunal Federal em sede de mandado de segurança”. Assim, o ministro arquivou o MS, ao entender o Tribunal de Contas da União não proferiu ato “que consubstancie ameaça concreta ao alegado direito líquido e certo”.Leia mais:25/01/2008 - Servidores temporários da Anvisa contestam demissão determinada pelo TCU

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008Policial condenado por homicídio alega erro no julgamento pelo júri

A defesa do policial civil aposentado Bruno Alberto Cardoso Ferreira impetrou, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedido de liminar no Habeas Corpus (HC 93879) contra suposto erro em seu julgamento pelo tribunal do Júri e a demora na análise de um habeas corpus que impetrou, em 2006, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O policial aposentado foi condenado pelo Tribunal do Júri de Porto Alegre a 13 anos e seis meses de reclusão, em regime fechado, por homicídio qualificado (artigo 121 do Código Penal).O advogado pede que seja suspensa ordem de prisão até que se julgue o mérito do habeas no Supremo, onde o relator é o ministro Celso de Mello. Pede ainda que o STF determine que a 6ª Turma do STJ julgue, logo na sua primeira reunião, o HC lá impetrado.Por fim, a defesa solicita anulação do júri, alegando “cerceamento de defesa” e “agressão à Constituição Federal”. O parágrafo 1º do artigo 20 do Código Penal diz que “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima”, apontam os advogados.

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Homicídio qualificadoO policial foi condenado pela prática do crime previsto no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I e IV do Código Penal. O tribunal considerou o homicídio qualificado (art 2º), que ocorre quando ele é cometido “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe” (inciso I) e “à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido” (inciso IV).Em 19 de janeiro de 2002, segundo os autos do TJ do Rio Grande do Sul, Bruno Ferreira desferiu tiros de revólver em Carlos Dias, pelas costas, alegando tê-lo confundido com um dos assaltantes que, momentos antes, haviam roubado a ótica Santa Teresinha, de sua propriedade. O fato aconteceu em um posto de gasolina, na capital gaúcha, enquanto a vítima aguardava para abastecer o carro em companhia da família.Processos relacionadosHC 93879

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008Condenados por porte ilegal de arma de fogo alegam ausência de provas

A defesa do advogado João Marcos Campos Henriques e do empresário Fernando Celso Gonçalves Hermida impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) Habeas Corpus (HC 93876), com pedido de liminar, contra decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).João e Fernando foram condenados por associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo. Ambos foram sentenciados a cumprir pena em regime integralmente fechado quanto à primeira acusação, e em regime inicialmente fechado, quanto à segunda.Em recurso impetrado no STJ, João Marcos manifestou-se insatisfeito com a sentença e teve regime prisional alterado para inicialmente fechado quanto ao delito de tráfico de entorpecentes. Posteriormente, Fernando também obteve o benefício.Os advogados dos condenados apontam a ausência de materialidade quanto à acusação de posse ilegal de armas “tendo em vista que se encontra ausente o laudo pericial necessário à comprovação da capacidade lesiva das munições apreendidas”. Outra alegação é de que informações referentes à quebra de sigilo telefônico dos condenados foram juntadas aos autos fora do prazo legal, o que desrespeita os princípios do contraditório e da ampla defesa, pois “as defesas dos pacientes [condenados] ficaram inviabilizadas de formular perguntas sobre esse tema”, explicam.Na liminar, a defesa pede que seja excluída a condenação referente ao crime de porte ilegal de arma pela ausência de laudo pericial.O relator é o ministro Ricardo Lewandowski.Processos relacionadosHC 93876

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008Preso pelo furto de CD player e máquina fotográfica pede para responder a processo em liberdade

E.E.M.K., jovem de 22 anos preso em flagrante no dia 26 de novembro passado sob acusação de furto de um aparelho de CD e uma máquina fotográfica de um veículo no município de Poá, na grande São Paulo, mediante uso de chave falsa (artigo 155, parágrafo 4º, incisos III e IV, do Código Penal – CP), impetrou Habeas Corpus (HC 93880), com pedido de liminar, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele quer responder, em liberdade, à ação penal que lhe é movida na comarca de Poá.Preso provisoriamente desde então no Centro de Detenção Provisória de Suzano (SP), cidade vizinha a Poá, E.E.M.K.argumenta que um companheiro de 23 anos, preso juntamente com ele, teve atendido pedido de liberdade provisória, em 30 de novembro. Ao conceder a soltura do colega, o juiz argumentou que o crime de que é acusado foi cometido “sem violência ou grave ameaça a pessoa”. Embora E.E.M.K. seja acusado do mesmo crime, o juiz o manteve preso, alegando que ele tem condenação anterior, por tráfico de entorpecentes.A defesa alega que E.E.M.K. está sofrendo constrangimento ilegal, não só por esta falta de isonomia, mas também por se tratar de um crime de pequena monta. Afirma, ademais, que a instrução do processo já foi encerrada com os interrogatórios e a oitiva das testemunhas. Por fim, sustenta que o jovem trabalha na cidade de Poá, onde possui residência fixa.Os defensores informam ter apresentado um segundo pedido de relaxamento da prisão cautelar de E.E.M.K., por ocasião de seu interrogatório e, um terceiro, quando da oitiva das testemunhas. Entretanto, os pedidos foram negados, sempre com o mesmo argumento da condenação anterior. Recorreu, então, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que também lhe negou a soltura, alegando que o pedido de liberdade provisória lhe fora indeferido pelo juízo de primeira instância “com fundamentação sustentável”.Por fim, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu o pedido de HC lá impetrado, aplicando a Súmula 691, do STF. E isto, quando havia pedido justamente o abrandamento dos enunciados desta súmula, que proíbe a concessão de HC quando impetrado contra indeferimento, pelo relator, de igual processo em outro tribunal. É contra a decisão do STJ que E.E.M.K. recorreu com novo habeas ao STF.A defesa justifica, ainda, o alegado constrangimento ilegal com o argumento de que, até hoje, o TJ-SP não julgou, no mérito, o HC lá impetrado e, no STJ, o processo sequer foi enviado ao Ministério Público, para oferta de parecer. Pede, portanto, também ao STF que supere os obstáculos da Súmula 691 e conceda a liminar.Após sustentar que a prisão cautelar somente é necessária quando houver perigo de fuga ou for indispensável à instrução criminal e à garantia da aplicação da lei, o que diz não ser o caso, e, ademais, que a decretação desse tipo de prisão tem que ser justificada, o que tampouco teria ocorrido, a defesa cita doutrina e jurisprudência para defender a soltura do jovem.

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A defesa invoca o direito de E.E.M.K ser tratado com isonomia em relação ao colega que obteve soltura, argumentando que antecedentes (condenação anterior por tráfico de entorpecentes) não são requisitos para custódia cautelar. Cita, a propósito, acórdão de relatoria da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do STF, no HC 89900. Nele, segundo a defesa, a ministra sustenta que condenações anteriores repercutem na dosimetria da pena, “mas não justificam a segregação preventiva”.O relator do HC é o ministro Ricardo Lewandowski.Processos relacionadosHC 93880

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008UBS pede suspensão de cobrança de ISS sobre administração de fundos e corretagem de títulos

O Banco UBS impetrou Ação Cautelar (AC 1959) no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de suspender a cobrança, pelo município do Rio de Janeiro, do ISS (Imposto sobre Serviços) em atividades de administração de fundos mútuos e corretagem de títulos. Para o advogado da instituição, a cobrança é inconstitucional. A relatora da ação é a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha.Os autos relatam que, contra a cobrança do imposto, considerado inconstitucional pelo banco, o advogado da instituição impetrou um mandado de segurança, que teve liminar deferida pelo juiz de primeira instância, mas o mérito foi negado no mesmo juízo. Após apelar da decisão, sem sucesso, o advogado interpôs Recurso Especial junto ao Superior Tribunal de Justiça e Recurso Extraordinário dirigido ao STF, ambos negados. Contra mais essas decisões negativas, o advogado interpôs agravos de instrumento, pedindo que os recursos sejam admitidos e analisados pela corte superior e pelo Supremo.O UBS relata, na ação, que o motivo do pedido de liminar se baseia no fato de o município carioca já ter proposto uma ação de execução fiscal para conseguir receber o crédito tributário em discussão. A defesa pede, então, a suspensão liminar da cobrança do imposto até o julgamento final do recurso extraordinário, uma vez que considera “manifesta a possibilidade de reforma do acórdão impugnado”. Isso porque, conclui o advogado, a tese da defesa possui respaldo na jurisprudência do próprio STF.Processos relacionadosAC 1959

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008Operação Diamante: Arquivado HC de condenado pelos crimes de tráfico de entorpecentes e

lavagem de dinheiroCondenado pelos crimes de tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro pela Justiça Federal em Goiás, Vicente de Paulo Lima teve Habeas Corpus (HC 93600) arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ação, ele pedia o direito de responder em liberdade a uma apelação.A defesa alegava constrangimento ilegal, pois o recurso de apelação da sentença condenatória tramita há mais de quatro anos no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), sem ser julgado. Os advogados relatavam que Lima se encontra preso desde dezembro de 2002, em razão de decreto de prisão temporária, posteriormente transformado em prisão preventiva.Segundo o habeas, Vicente Lima foi condenado em 17 de novembro de 2003, juntamente com outros 32 acusados, em decorrência da chamada “Operação Diamante”, realizada pela Polícia Federal em vários estados e no Distrito Federal. Logo após a sua condenação, ele interpôs recurso de apelação ao TRF, que até hoje não foi julgado.O ministro Cezar Peluso, relator do HC, afirmou que o caso é de dupla supressão de instância, uma vez que a matéria não foi discutida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ele, “a Turma julgadora sequer conheceu da impetração, porque entendeu que a apreciação do pedido levaria a ‘supressão de instância e malferimento à repartição constitucional de competências’”.Para o relator, apreciar o pedido, neste momento, implicaria a substituição tanto do STJ como do Tribunal Regional, que não analisou o pedido de liberdade provisória formulado pela defesa, motivo pelo qual arquivou o habeas.Leia mais:16/01/2008 - Condenado por tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro pleiteia liberdadeProcessos relacionadosHC 93600

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008Policial federal recorre de decisão que impediu pagamento de reajuste salarial

Um policial federal do Ceará ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (RCL 5852) contra decisão judicial que o impediu de receber reajuste salarial de 84,32% referente à inflação apurada em 1990.O servidor federal alega que obteve o direito ao reajuste por meio de decisão transitada em julgado (decisão definitiva) do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, sediado em Recife (PE). Segundo o policial, o próprio TRF-5 julgou recurso da União e impediu o pagamento do reajuste, paralisando a execução da sentença. Isso teria ocorrido anos após a sentença final que determinou o reajuste.Ele cita, ainda, decisão do Supremo em Recurso Extraordinário (RE 498843) que teria feito “menção expressa ao direito dos reclamantes de perceberem o percentual dos 84,32%”. Esse recurso foi arquivado.O relator da reclamação é o ministro Cezar Peluso.Processos relacionados

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Rcl 5852

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008PT pede revogação de lei paulista que criou Agência Reguladora de Saneamento

O Partido dos Trabalhadores ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4028), pedindo a revogação de diversos dispositivos da Lei Complementar paulista 1.025/2007, que criou a Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (ARSESP).Análise de méritoAo substituir o relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, que se encontra de licença médica até o próximo dia 29, o ministro Eros Grau determinou, para este caso, a aplicação do artigo 12 da Lei das ADIs (9.868/99). Este dispositivo dispensa o julgamento do pedido de liminar, permitindo que o Plenário do Supremo analise diretamente o mérito da ação e tome a decisão final sobre o tema discutido. O artigo 12 é aplicado pelos ministros quando a questão debatida na ação tem "inegável relevância" e "especial significado para a ordem social e a segurança jurídica".Invasão de competênciaPara o PT, ao pressupor a existência de serviço público em nível estadual, a norma invadiu a competência constitucionalmente assegurada aos municípios. O partido ressalta que a Constituição Federal, em seus artigos 23, 30 e 37, deixa claro que a competência para legislar sobre a matéria – saneamento básico – é do município, e que o governo estadual, ao editar a Lei Complementar 1.025/2007, feriu o pacto federativo.O PT pede que o Supremo declare a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 6º, 11, 14, 39, 42, 43, 44, 45, 47, 48 e 63 da LC 1.025/2007, do estado de São Paulo, bem como a eficácia de todos os atos administrativos que já tenham sido expedidos com base na lei.Processos relacionadosADI 4028

Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2008PGR questiona dispositivos de lei do Amazonas que tratam do regime previdenciário do estado

O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4030) para questionar a validade de vários dispositivos da lei complementar 30/2001, do Amazonas, que dispõem sobre o regime previdenciário próprio do estado.Antônio Fernando verificou que o artigo 52 da lei impugnada viola o artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal (CF), que proíbe a utilização de tributo com efeito de confisco. Relata que a norma exige do segurado sem remuneração o pagamento da contribuição (11% sobre o valor do vencimento de seu cargo efetivo), além de contribuição mensal para o custeio do programa de previdência. “Trata-se de exigência imoderada, excessiva, capaz de gerar insuportabilidade econômica para o segurado, que se revela ainda mais severa pelo fato de este não estar recebendo qualquer remuneração”, afirma o procurador.Alega-se, também, violação ao princípio da isonomia, previsto na Constituição Federal em seu artigo 5º, caput. Segundo o procurador, o segurado que não está recebendo remuneração é tratado de forma diferenciada dos demais segurados. “Trata-se de injustificável fator de discrímen [distinção]”, conclui.Quanto aos artigos 100 e 101 da lei analisada, o procurador-geral afirma que desrespeitam claramente o artigo 40 da CF, pelo fato de assegurarem a servidores não-efetivos e a deputados estaduais um sistema de previdência próprio, “tão-somente aos servidores titulares de cargo efetivo”.Por fim, pede-se que seja declarada a inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados. O relator da ADI é o ministro Cezar Peluso.

Informativo STFBrasília, 18 a 22 de fevereiro de 2008 - Nº 495.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioOrdem do Rito e Sustentação Oral - 1Ordem do Rito e Sustentação Oral - 2Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 1Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 2Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 3Concurso Público: Profissional da Área de Transporte e Tempo da Habilitação - 1Concurso Público: Profissional da Área de Transporte e Tempo da Habilitação - 2ADI e Sistema de Conta Única de Depósitos Judiciais e ExtrajudiciaisAlteração de Limites de Municípios e PlebiscitoDireito de Construir e Lei Municipal - 1Direito de Construir e Lei Municipal - 2Aquisição de Veículos e Critério Discriminatório

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ADI e Venda de Ações do BANERJConcurso para Procurador da República e Cargo Privativo de Bacharel em Direito1ª TurmaCrime Continuado e Reunião dos Feitos - 1Crime Continuado e Reunião dos Feitos - 2Lavratura de Acórdão e FundamentaçãoLegitimidade do Ministério Público e Incompetência AbsolutaRecurso sem Efeito Suspensivo e Execução ProvisóriaPrisão Civil de Depositário Judicial Infiel2ª TurmaInquérito Policial e Prova Ilícita - 1Inquérito Policial e Prova Ilícita - 2Prisão Preventiva e Direitos Fundamentais - 1Prisão Preventiva e Direitos Fundamentais – 2Clipping do DJTranscriçõesAdolescente - Ato Infracional - Internação Provisória - Excesso de Duração (RECONS. em HC 93431/PI)Mandado de Segurança - Prova Pré-Constituída - Indispensabilidade - Publicidade dos Atos Governamentais (MS 27141 MC/DF)

PLENÁRIOOrdem do Rito e Sustentação Oral - 1

Em recurso exclusivo da acusação, o representante do Ministério Público, ainda que invoque a qualidade de custos legis, deve manifestar-se, na sessão de julgamento, antes da sustentação oral da defesa. Com base nesse entendimento, o Tribunal concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 2ª Turma, impetrado em favor de acusado pela suposta prática de delito previsto no art. 10 da Lei 7.492/86. No caso, o juízo de 1º grau rejeitara a denúncia apresentada contra o paciente. Contra esta decisão, o Ministério Público interpusera recurso em sentido estrito que, provido pelo TRF da 3ª Região, dera ensejo à instauração da ação penal. Ocorre que, durante a sessão de julgamento do citado recurso, a defesa proferira sustentação oral antes do Procurador-Geral, sendo tal fato alegado em questão de ordem, rejeitada ao fundamento de que o parquet, em segunda instância, atua apenas como fiscal da lei — v. Informativo 449.HC 87926/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 20.2.2008. (HC-87926)

Ordem do Rito e Sustentação Oral - 2Deferiu-se o writ para anular o julgamento do recurso em sentido estrito e determinar que outro se realize, observado o direito de a defesa do paciente, se pretender realizar sustentação oral, somente fazê-lo depois do representante do Ministério Público. Entendeu-se que, mesmo que invocada a qualidade de custos legis, o membro do Ministério Público deve manifestar-se, na sessão de julgamento, antes da sustentação oral da defesa, haja vista que as partes têm direito à observância do procedimento tipificado na lei, como concretização do princípio do devido processo legal, a cujo âmbito pertencem as garantias específicas do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, LIV e LV). Ressaltando a unidade e indivisibilidade do parquet, asseverou-se ser difícil cindir sua atuação na área recursal, no processo penal, de modo a comprometer o pleno exercício do contraditório. Aduziu-se, também, que o direito de a defesa falar por último é imperativo e decorre do próprio sistema, e que a inversão na ordem acarretaria prejuízo à plenitude de defesa. Ademais, afirmou-se não ser admissível interpretação literal do art. 610, parágrafo único, do CPP (“... o presidente concederá ... a palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer ...”) e que o art. 143, § 2º, do Regimento Interno do TRF da 3ª Região, que dispõe que o parquet fará uso da palavra após o recorrente e o recorrido, merece releitura constitucional. Precedentes citados: RHC 85443/SP (DJU de 13.5.2005); RE 91661/MG (DJU de 14.12.79).HC 87926/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 20.2.2008. (HC-87926)

Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 1O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de função se estende ou não àqueles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na espécie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinário criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisão da Corte Especial do STJ que declinara de sua competência, em ação penal contra ele instaurada, ao fundamento de que, em decorrência de sua aposentadoria, não teria direito à prerrogativa de foro pelo encerramento definitivo da função. O ora recorrente sustenta a incidência do art. 95, I, da CF, assegurador da vitaliciedade aos magistrados, sob a alegação de que esta somente poderia ser afastada por sentença judicial transitada em julgado, na qual consignada a perda do cargo. Alega, ainda, que a correta leitura do art. 105, I, a, da CF, incluiria também os desembargadores aposentados, uma vez que interpretação diversa desse dispositivo o colocaria em situação inusitada, pois, o submeteria, na qualidade de ex-presidente e ex-corregedor-geral, a juiz que eventualmente tenha recebido alguma sanção disciplinar. Por fim, pleiteia o reconhecimento da negativa de vigência aos artigos 5º, XXXV, LIV, LV, e § 2º e 93, IX, ambos da CF e, alternativamente, requer sejam tidos como transgredidos os artigos 94, I e 105, I, a, da CF — v. Informativo 485.

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RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560)

Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 2O Min. Ricardo Lewandowski, relator, negou provimento ao recurso por entender que a pretensão do recorrente esbarra na orientação jurisprudencial fixada pelo Supremo. Reportou-se ao que decidido no HC 80717/SP (DJU de 5.3.2001), no qual se consignara que, com o cancelamento do Enunciado da Súmula 394 do STF, estaria afastada a competência originária do STJ para proceder ao julgamento de juiz do TRT aposentado, entendimento baseado no julgamento do Inq 687 QO/SP (DJU de 9.11.2001). Citou, também, o que estabelecido pela Corte no RE 291485/RJ (DJU de 23.4.2003), no sentido de que o foro especial por prerrogativa de função tem por objetivo o resguardo da função pública; que o magistrado, no exercício do ofício judicial, goza da prerrogativa de foro especial, garantia que está voltada não à pessoa do juiz, mas aos jurisdicionados; e que, não havendo mais o exercício da função judicante, não há de perdurar o foro especial, haja vista que o resguardo dos jurisdicionados, nesse caso, não é mais necessário. Ressaltou, ainda, que o provimento vitalício é o ato que garante a permanência do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos que integram as fileiras ativas da carreira pública. Por fim, aduziu não haver se falar em parcialidade do magistrado de 1ª instância para o julgamento do feito, porquanto a lei processual prevê o uso de exceções capazes de afastar essa situação. Em seguida, o Min. Marco Aurélio levantou questão acerca da impossibilidade de se discutir a matéria, que já se encontraria julgada por esta Corte, em processo objetivo (ADI 2797/DF, DJU de 19.12.2006), sob pena de se atuar como legislador positivo, restabelecendo, embora de forma mitigada, o § 1º do art. 84 do CPP. No ponto, o relator acompanhou essa manifestação, mantendo seu voto.RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560)

Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro - 3Em divergência, o Min. Menezes Direito deu provimento ao recurso para assegurar ao magistrado aposentado plena prerrogativa das garantias que são inerentes à magistratura, ao fundamento de que o ato que é objeto do processo foi praticado no exercício das funções judicantes. Salientou, inicialmente, estar-se diante de situação exemplar não contemplada em nenhum dos precedentes citados, que deveria ser analisada pela Corte, qual seja, o fato de que um ex-desembargador, aposentado hoje, ter praticado um delito no exercício da função judicante. Disse que, se o magistrado é vitalício no exercício da função judicante, e se ele, eventualmente, em razão dessa atividade, comete certo ato que pode ser objeto de determinada ação, essa ação não se referiria a nenhuma atividade posterior ao exercício da atividade judicante, mas concretamente ao exercício da atividade judicante. Assim, quando um magistrado, sob qualquer circunstância, em qualquer instância, exercesse atividade judicante, ele teria de ter, até por princípio de responsabilidade do sistema constitucional, a proteção que a CF lhe assegura (CF, art. 95, I). Mencionou, ademais, dispositivo constante do Estatuto de Roma, que aprovou o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, integrado pela adesão brasileira e relativo à garantia dos juízes que dele fazem parte (“Artigo 48º... 2 - Os juízes, o procurador, os procuradores-adjuntos e o secretário gozarão, no exercício das suas funções ou em relação a estas, dos mesmos privilégios e imunidades reconhecidos aos chefes das missões diplomáticas, continuando a usufruir de absoluta imunidade judicial relativamente às suas declarações, orais ou escritas, e aos atos que pratiquem no desempenho de funções oficiais após o termo do respectivo mandato.”). Após, o julgamento foi suspenso com o pedido de vista do Min. Eros Grau.RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560)

Concurso Público: Profissional da Área de Transporte e Tempo da Habilitação - 1O Tribunal iniciou julgamento de mandados de segurança impetrados contra ato do Procurador-Geral da República, que exigira, como requisito do cargo de técnico - área de apoio especializado - especialidade transporte, a comprovação de ser o candidato titular de Carteira Nacional de Habilitação - CNH, categorias “D” ou “E”, expedida há, no mínimo, 3 anos, completados até a data do encerramento das inscrições do concurso para o provimento de cargos e formação de cadastro de reserva para as carreiras de analista e técnico do Ministério Público da União - MPU. Alegam os impetrantes que a comprovação de experiência mínima, com base na data da emissão da CNH, fere o princípio constitucional da isonomia, uma vez que trata iguais de maneira desigual. Sustentam, também, que a data de emissão de CNH não comprova experiência e que a Lei 11.415/2006, ao dispor sobre as carreiras dos Servidores do Ministério Público da União, não menciona período mínimo de habilitação, não tendo a autoridade coatora competência para restringir a disciplina legal. Aduzem, por fim, que a exigência de cumprimento de requisitos legais para investidura no cargo se dá apenas no momento da posse e não antes, conforme vasta jurisprudência dos tribunais pátrios.MS 26668/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26668)MS 26673/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26673)MS 26810/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26810)

Concurso Público: Profissional da Área de Transporte e Tempo da Habilitação - 2O Min. Ricardo Lewandowski, relator, concedeu as ordens, confirmando parcialmente as liminares deferidas, para permitir que o prazo de 3 anos seja contado da data da posse dos impetrantes. Considerou a jurisprudência do Supremo no sentido de que a comprovação da experiência exigida nos editais de concurso, salvo no caso de atividades jurídicas, deve ocorrer no ato da posse e não no momento da inscrição no certame (ADI 3460/DF, DJU de 15.6.2007; RE 392976/MG, DJU de 8.10.2004; RE 184425/RS, DJU de 12.6.98). Asseverou que essa orientação é a que melhor atende ao princípio da razoabilidade, pelo qual a Administração deve se pautar, haja vista que, se o candidato apenas vai exercer suas atividades depois da posse, é razoável que os requisitos possam ser

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comprovados nessa oportunidade. Os Ministros Menezes Direito e Cármen Lúcia acompanharam o relator, tendo o primeiro se limitado à fundamentação relativa ao tempo em que a documentação deve ser apresentada, em conformidade com o Enunciado da Súmula 266 do STJ. O Min. Carlos Britto concedeu os mandados de segurança em maior extensão, por entender que a exigência dos 3 anos, que não estaria prevista em lei, imporia uma severa restrição à acessibilidade do cargo público, constituindo uma exacerbação. Após, o julgamento foi suspenso com o pedido de vista do Min. Eros Grau.MS 26668/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26668)MS 26673/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26673)MS 26810/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 21.2.2008. (MS-26810)

ADI e Sistema de Conta Única de Depósitos Judiciais e ExtrajudiciaisO Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB para declarar a inconstitucionalidade da Lei 15.010/2004, do Estado de Goiás, que dispõe sobre o Sistema de Conta Única e Depósitos Judiciais e Extrajudiciais no âmbito estadual, estabelecendo que serão efetuados em conta única administrada pelo Tesouro Estadual os depósitos judiciais e extrajudiciais, feitos em dinheiro, decorrentes de processos judiciais ou administrativos, bem como os rendimentos de aplicações dos saldos de depósito no mercado financeiro. Entendeu-se haver vício de iniciativa, já que o projeto de lei teria sido deflagrado pelo Governador, não estando a matéria tratada na lei entre as previstas no art. 61, § 1º, da CF. Além disso, vislumbrou-se vício material, porquanto, assim como a iniciativa legislativa, no que tange à criação de conta única de depósitos judiciais e extrajudiciais, caberia ao Poder Judiciário, a ele caberia também a administração e os rendimentos referentes a essa conta. Os Ministros Carlos Britto, Cezar Peluso, Gilmar Mendes e Marco Aurélio julgaram procedente o pedido por fundamentação diversa. Tendo em conta a vigência da lei desde 2002, aplicou-se, por maioria, modulação para dar efetividade à decisão apenas 60 dias após a publicação do acórdão, tempo hábil à organização do Estado de Goiás no que se refere ao recolhimento das custas judiciais e extrajudiciais.Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que não modulava os efeitos.ADI 3458/GO, rel. Min. Eros Grau, 21.2.2008. (ADI-3458)

Alteração de Limites de Municípios e PlebiscitoO Tribunal iniciou julgamento de ação direta proposta pelo Procurador-Geral da República em que se objetiva a declaração de inconstitucionalidade das Leis fluminenses 2.497/95 e 3.196/99, que estabelecem os novos limites territoriais dos Municípios de Cantagalo e Macuco. O Min. Carlos Britto, relator, não conheceu da ação relativamente à Lei fluminense 2.497/95, porquanto elaborada antes da EC 15/96, e julgou parcialmente procedente o pedido formulado quanto à Lei 3.196/99, por entender ter havido violação ao § 4º do art. 18 da CF, em face da ausência de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos (CF, art. 18, § 4º: “A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.”). Após, pediu vista dos autos o Min. Menezes Direito.ADI 2921/RJ, rel. Min. Carlos Britto, 21.2.2008. (ADI-2921)

Direito de Construir e Lei Municipal - 1O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 2ª Turma, interposto contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, que denegara mandado de segurança impetrado por empresa prestadora de serviços, contra ato do Prefeito e do seu Secretário de Finanças, consubstanciado na exigência do pagamento da remuneração alusiva à “parcela do solo criado”, instituída pela Lei 3.338/89, do Município de Florianópolis, como condição à construção do imóvel de sua propriedade — v. Informativo 439.RE 387047/SC, rel. Min. Eros Grau, 21.2.2008. (RE-387047)

Direito de Construir e Lei Municipal - 2O Min. Eros Grau, relator, negou provimento ao recurso. Asseverou que, no caso, estar-se-ia diante de um autêntico ônus, e não obrigação tributária, haja vista que a prestação de dar a que corresponde à chamada “parcela do solo criado” consubstanciaria um vínculo imposto à vontade de proprietário de imóvel, em razão do seu próprio interesse em construir além do coeficiente único não oneroso de aproveitamento. Ressaltou que o não cumprimento desse ônus não implicaria sanção jurídica, mas apenas a desvantagem de o proprietário do imóvel nele não construir além daquele coeficiente. Aduziu, por fim, que o instituto a que corresponde a chamada “parcela do solo criado” seria instrumento próprio à política de desenvolvimento urbano, cuja execução incumbiria ao Poder Público municipal (CF, art. 182), instrumento vocacionado à correção de distorções que o crescimento urbano desordenado ocasiona, adequado à promoção do pleno desenvolvimento das funções da cidade e a dar concreção ao princípio da função social da propriedade (CF, art. 170, III). Após, pediu vista dos autos o Min. Menezes Direito.RE 387047/SC, rel. Min. Eros Grau, 21.2.2008. (RE-387047)

Aquisição de Veículos e Critério DiscriminatórioO Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República para declarar a inconstitucionalidade da expressão “produzidos no Estado do Paraná” constante do art.

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1º e seu parágrafo único da Lei paranaense 12.204/98 [“Art. 1º - Qualquer aquisição ou substituição de unidades automotivas para uso oficial poderá ser realizada por veículos movidos a combustíveis renováveis, ou por veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo, produzidos no Estado do Paraná. Parágrafo único - O prazo para substituição integral da frota oficial de veículos leves por veículos movidos a combustíveis renováveis e derivados de petróleo produzidos no Estado do Paraná é de 05 (cinco) anos.”]. Considerou-se que a expressão impugnada estabelece critério arbitrário e discriminatório de acesso à licitação pública em ofensa ao disposto no art. 19, II, da CF, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Precedentes citados: Rp 1103/RJ (DJU de 8.10.62); Rp 1147/RJ (DJU de 22.4.83); Rp 1258/RN (DJU de 6.9.85); Rp 1185/PE (DJU de 14.9.84); Rp 1177/RS (DJU de 22.8.86).ADI 3583/PR, rel. Min. Cezar Peluso, 21.2.2008. (ADI-3583)

ADI e Venda de Ações do BANERJConvalidando a medida cautelar deferida, o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro, para declarar a inconstitucionalidade do art. 364, caput e parágrafo único, da Constituição estadual, com a renumeração determinada pelos artigos 1º e 2º da EC estadual 4/91, que vedou a alienação das ações ordinárias nominativas, representativas do controle acionário do Banco do Estado do Rio de Janeiro - BANERJ e atribuiu, em caráter exclusivo, a essa instituição financeira a arrecadação de impostos, taxas, contribuições e demais receitas do Estado e dos órgãos vinculados à administração direta e indireta, bem como os respectivos pagamentos a terceiros. Salientou-se que, com base no deferimento da medida cautelar pelo Supremo, suspendendo a eficácia dos dispositivos, em 1995, teria sido editada a lei que autorizou a venda dessas ações e realizado o leilão das mesmas em 1997, não existindo mais, portanto, sequer o objeto da ação.ADI 1348/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 21.2.2008. (ADI-1348)

Concurso para Procurador da República e Cargo Privativo de Bacharel em DireitoO Tribunal indeferiu medida cautelar em mandado de segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral da República que cancelara a inscrição preliminar do impetrante no 24º Concurso Público para provimento de cargos de Procurador da República (Edital 24/2007). Salientou-se, inicialmente, a necessidade de se apresentar o pedido de liminar à apreciação do Plenário, em razão de manifestação divergente, em sede de liminar, de dois Ministros da Corte sobre questão aparentemente idêntica, o que poderia gerar conseqüências concretas que violariam o princípio da igualdade. Esclareceu-se que o ora impetrante, que exerce o cargo de auditor fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná, desde 30.4.96, e é bacharel em Direito desde 1º.3.93, anteriormente impetrara o MS 27014/DF contra a Resolução 93/2007 do Conselho Superior do Ministério Público Federal, alegando que a exigência, para a comprovação de atividade jurídica, de exercício de cargo, emprego ou função públicas privativos de bacharel em Direito para inscrição no concurso para provimento de cargos de Procurador da República feria os princípios da legalidade, da isonomia e da razoabilidade. O pedido de liminar, nesse writ, fora indeferido, com base no que decidido na ADI 3460/DF (DJU de 15.6.2007). Ocorre que outra candidata, ocupante do cargo de analista tributário da Receita Federal do Brasil, desde 13.1.93, e bacharel em Direito desde 27.2.99, impetrara o MS 27013/DF, questionando a mesma Resolução, tendo obtido, entretanto, o deferimento da liminar pleiteada. Concluiu-se não haver razões suficientes para reputar ilegal ou inconstitucional o ato ora impugnado, tendo em conta que, ao menos no plano formal, o cargo exercido pelo impetrante não seria privativo de bacharel em Direito, não atendendo, em princípio, o disposto no art. 129, § 3º, da CF, nos termos do que definido no julgamento da ADI 3460/DF.MS 27158 MC-QO/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 21.2.2008. (MS-27158)

PRIMEIRA TURMACrime Continuado e Reunião dos Feitos - 1

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que advogado, denunciado por suposta obtenção fraudulenta de benefícios junto ao INSS (CP, artigos 171, § 3º; 299 e 304), pretende o reconhecimento da continuidade delitiva em relação aos crimes imputados, bem como a reunião de mais de 500 processos em curso contra ele. Sustenta-se, na espécie: a) a presença dos requisitos legais para a caracterização da continuidade delitiva; b) a existência de conexão intersubjetiva entre os feitos, já que em todos figurariam os mesmos réu e autor; c) a ocorrência de conexão probatória, uma vez que a prova obtida em uma ação serviria às demais e d) a inviabilidade do exercício de ampla defesa, tendo em conta o elevado número de processos. O Min. Menezes Direito, relator, preliminarmente, conheceu parcialmente da impetração, haja vista que esta Corte estaria impedida de examinar, sob pena de supressão de instância, se os requisitos fáticos indicados pela defesa seriam suficientes para caracterizar o crime continuado. Ademais, salientou a impossibilidade de concessão, de ofício, da ordem, pois a questão demandaria dilação probatória não admitida nesta via processual.HC 91895/SP, rel. Min. Menezes Direito, 19.2.2008. (HC-91895)

Crime Continuado e Reunião dos Feitos - 2Quanto ao mérito, deferiu também, em parte, o writ para determinar que os processos sejam todos submetidos ao mesmo juízo prevento. Asseverou que, relativamente à reunião dos feitos com base nas conexões subjetiva e probatória, se o juiz natural da causa reputara não ser conveniente a reunião dos processos em uma única ação, não caberia ao STF, em habeas corpus, substituir-se ao órgão julgador para afirmar o contrário. Além disso, enfatizou que, desde que submetidos ao mesmo juízo, o magistrado pode utilizar-se da faculdade de não reunir processos conexos, por força do que dispõe a regra contida no art. 80 do CPP (“Será facultativa a separação dos

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processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.”). Observou, no entanto, que embora a conexão não implique, necessariamente, a reunião dos feitos em um único processo, eles devem ser submetidos à competência do mesmo juízo prevento. De outro lado, quanto à alegada inviabilização do direito de ampla defesa do paciente, entendeu que a multiplicidade de ações penais não constituiria, por si só, obstáculo ao exercício dessa garantia, não podendo o vício em questão ser invocado em situações abstratas. Após os votos dos Ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia acompanhando o relator, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio.HC 91895/SP, rel. Min. Menezes Direito, 19.2.2008. (HC-91895)

Lavratura de Acórdão e FundamentaçãoPor vislumbrar caracterizada ofensa ao art. 93, IX, da CF (“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade...”), a Turma deu provimento a recurso extraordinário interposto contra decisão de Ministro do STM que rejeitara embargos de declaração opostos pelo Ministério Público Militar nos quais solicitava a lavratura de acórdão proferido em agravo regimental, em que constava dos autos apenas a certidão de julgamento. Assentou-se que a garantia constitucional de fundamentação das decisões judiciais é exigência inerente ao Estado Democrático de Direito, bem como instrumento para viabilizar o controle das decisões judiciais e assegurar o exercício do direito de defesa. Aduziu-se que a decisão judicial não é um ato autoritário, nem ato que nasce do arbítrio do julgador, surgindo daí a necessidade de sua apropriada fundamentação. Desse modo, ressaltou-se que, no caso, não obstante o agravo regimental tivesse sido julgado em sessão pública, a falta do respectivo acórdão tornaria impossível o conhecimento das razões e dos fundamentos da decisão judicial. Assim, a lavratura do acórdão daria conseqüência à garantia constitucional da motivação dos julgados. Além disso, afirmou-se que o procedimento previsto pelo Regimento Interno do STM — ao dispor que o resultado do julgamento será certificado nos autos pela secretaria do tribunal pleno (art. 118, § 3º) —, frustraria por completo o objetivo da aludida garantia. RE provido para determinar o retorno dos autos ao STM a fim de que providencie a lavratura dos acórdãos havidos no julgamento do agravo regimental e dos embargos de declaração a ele opostos.RE 540995/RJ, rel. Min. Menezes Direito, 19.2.2008. (RE-540995)

Legitimidade do Ministério Público e Incompetência AbsolutaA Turma iniciou julgamento de habeas corpus impetrado pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte em que requerida, ante disposição da Constituição Estadual e da lei de organização judiciária, a declaração de incompetência absoluta de vara criminal para julgamento do paciente. A impetração sustenta a inconstitucionalidade formal da resolução do tribunal de justiça que fixou a competência da vara, haja vista a contrariedade com a Constituição potiguar (art. 72, VI, a) e com o princípio da reserva legal. Requer a livre distribuição do feito ou, alternativamente, a continuidade do julgamento do RHC denegado pelo STJ por ilegitimidade ativa ad causam. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, assentando a ilegitimidade do Ministério Público, não conheceu do writ, no que foi acompanhado pelo Min. Menezes Direito. Enfatizou que, embora o parquet possa legitimamente impetrar habeas corpus para proteger o direito constitucional de ir e vir, essa medida não pode ser utilizada para veicular pretensão da acusação, ainda que, em tese, juridicamente legítima. Tendo em conta que, no caso, a diligência para que o paciente fosse intimado quanto ao interesse na impetração não lograra êxito e que o impetrante almeja, por intermédio de habeas corpus, o reconhecimento da inconstitucionalidade de resolução, entendeu que o pedido deduzido pelo parquet extrapolaria os estreitos limites do writ, mostrando-se inadequada a via processual eleita para alcançar o desiderato proposto. Considerou que a alegação de ilegalidade na resolução que atribui competência a determinado juízo constituiria iniciativa exclusiva da defesa, pois somente caberia a ela, argüi-la em benefício do réu. Ademais, admitida a possibilidade de o Ministério Público, que atua como parte no processo penal, impetrar habeas corpus em hipóteses como estas, violar-se-ia o princípio do devido processo legal, com prejuízo para o exercício da ampla defesa. Após o voto do Min. Carlos Britto, concluindo pela legitimidade do Ministério Público, pediu vista dos autos a Min. Cármen Lúcia.HC 91510/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.2.2008. (HC-91510)

Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução ProvisóriaA Turma, por se tratar de réu preso, decidiu afetar ao Plenário julgamento de recurso ordinário em habeas corpus em que ex-policial civil condenado à pena de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2º, I e IV), pleiteia o direito de permanecer em liberdade até o trânsito em julgado da ação penal. A impetração sustenta: a) ser incabível a expedição de mandado de prisão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, porquanto ainda pendentes de apreciação recursos especial e extraordinário; b) ser o paciente primário, ter bons antecedentes e residir no distrito da culpa e c) ter o recorrente respondido ao processo em liberdade. Trata-se, na espécie, de recurso ordinário interposto contra acórdão do STJ que indeferira habeas corpus, ao fundamento de que a execução provisória da decisão condenatória constituiria efeito natural do exaurimento das vias recursais ordinárias, não importando em violação ao princípio constitucional da presunção de inocência, haja vista que os recursos de caráter excepcional não possuem efeito suspensivo.RHC 93287/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 19.2.2008. (RHC-93287)

Prisão Civil de Depositário Judicial InfielA Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se sustentava a ilegitimidade da prisão civil decretada

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contra o paciente que, na condição de depositário judicial, remanescera inerte depois de intimado a proceder à entrega de bens penhorados. Alegava-se, na espécie, que a possibilidade de prisão civil do depositário infiel está sendo discutida pelo Supremo, cuja votação sinaliza no sentido de que a aludida restrição da liberdade será expurgada do ordenamento jurídico brasileiro, e que, em razão da gravidade do estado de saúde do paciente, cabível a revogação da prisão, ou então, o seu recolhimento domiciliar. Advertiu-se, de início, que a questão não deveria ser tratada sob o enfoque conduzido pelo impetrante, relativamente ao julgamento do RE 466343/SP (v. Informativos 449 e 450), no qual se discute a constitucionalidade da prisão civil de devedor que descumpre contrato garantido por alienação fiduciária. Enfatizou-se que, no presente caso, a custódia decorreria da não entrega de bens deixados com o paciente a título de depósito judicial. Em conseqüência, considerou-se que a decisão do tribunal a quo estaria em consonância com a jurisprudência desta Corte que entende ser constitucional a prisão civil decorrente de depósito judicial, pois enquadrada na ressalva prevista no inciso LXVII do art. 5º, da CF, ante sua natureza não-contratual. No ponto, asseverou que a repressão se dirige, em essência, à fraude praticada pelo depositário que, assumindo obrigação de colaboração com o Poder Judiciário, viola também os princípios da lealdade e da boa-fé que devem nortear a conduta processual das partes. Por fim, aduziu-se a impossibilidade de análise de fatos e provas na via eleita, a fim de se verificar o estado clínico do paciente para se decidir sobre o exame de prisão domiciliar. Vencido o Min. Marco Aurélio que, salientando não ser auto-aplicável o referido dispositivo constitucional, bem como a subscrição, pelo Brasil, do Pacto de São José da Costa Rica, concedia o writ ao fundamento de que a prisão civil estaria limitada ao inadimplemento inescusável de prestação alimentícia. Precedentes citados: HC 84484/SP (DJU de 7.10.2005) e HC 90759/MG (DJU de 22.6.2007).HC 92541/PR, rel. Min. Menezes Direito, 19.2.2008. (HC-92541)

SEGUNDA TURMAInquérito Policial e Prova Ilícita - 1

A Turma deferiu habeas corpus para determinar a exclusão, do inquérito policial, de cópia de documentos obtidos ilicitamente que, antes desentranhadas, foram reconduzidas, por via indireta, ao mesmo procedimento inquisitório. No caso, ex-presidente da empresa da qual os pacientes são diretores ajuizara reclamação trabalhista e requerera, com base em documentos sigilosos da empresa, fornecidos por colega de trabalho, a abertura de inquérito policial para apuração de supostos crimes de falsidade cometidos no âmbito da reclamada. A empresa, então, aduzindo que tais documentos teriam sido obtidos de modo ilícito, solicitara a instauração de inquérito policial e o desentranhamento da documentação sigilosa que instruíra o primeiro inquérito policial, porquanto violado o art. 5º, LVI, da CF. O juízo de origem determinara o desentranhamento dessas provas e declarara a sua ilicitude. O Ministério Público Federal requisitara cópia integral dos autos daquela ação trabalhista. Diante disso, a defesa dos pacientes informara ao magistrado que o reclamante havia juntado aos autos cópia integral do inquérito, do qual constavam os documentos sigilosos, sendo-lhe deferida a solicitação para que tais cópias do inquérito policial fossem excluídas da requisição do MPF. Contra esta decisão, o parquet impetrara mandado de segurança perante o TRF da 3ª Região, postulando a remessa de cópia integral da aludida ação trabalhista, inclusive com os documentos desentranhados por ilicitude, sob a alegação de indevido cerceio a sua atividade institucional. Concedida a liminar, os diretores da empresa impetraram habeas corpus, não conhecido por Ministro do STJ, em que sustentaram a reinserção, por via oblíqua, daquela prova ilícita. No presente writ, reiteraram os fundamentos do pedido.HC 82862/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 19.2.2008. (HC-82862)

Inquérito Policial e Prova Ilícita - 2Inicialmente, salientou-se que, durante o trâmite do feito, o TRF da 3ª Região deferira a segurança pleiteada pelo Ministério Público Federal. Entendeu-se caracterizado constrangimento ilegal manifesto, autorizador da cognição oficial do pedido, agora contra o teor do julgamento superveniente que absorvera a eficácia da liminar impugnada neste habeas corpus. Reputou-se, ainda, dispensável adentrar a questão relativa ao uso desvirtuado do mandado de segurança, já que não poderia haver direito líquido e certo, da parte acusadora, de fazer juntar aos autos de procedimento de persecução criminal, mediante sentença mandamental de segurança, prova originalmente obtida de forma ilícita, qualquer que fosse a razão ou o pretexto invocado para o lograr. Enfatizou, nesse sentido, que o poder jurídico que as partes têm de requerer e produzir provas que julguem necessárias à apuração da verdade encontra limite intransponível no seu eventual caráter ilícito, repudiado pela Constituição (art. 5º, LVI). Ademais, aduziu-se que, na espécie, seria patente a ilicitude das provas, porquanto obtidas por funcionário da empresa, sem autorização desta, sob acusação de criminoso abuso de confiança. Concluiu-se que a permissão, para efeito de suporte de opinio delicti e de convicção judicial, da juntada de cópia integral dos autos da reclamação trabalhista em que contida cópia de documentos de presumida origem ilícita, autorizaria a produção, por via indireta, de prova, em princípio, ilícita.HC 82862/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 19.2.2008. (HC-82862)

Prisão Preventiva e Direitos Fundamentais - 1Por vislumbrar patente situação de constrangimento ilegal, a Turma deferiu habeas corpus impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil - OAB em favor de ex-Procurador-Geral do Estado do Maranhão, preso preventivamente na denominada “Operação Navalha”, em que investigado o suposto envolvimento de organização criminosa constituída com a finalidade de desviar recursos públicos federais e estaduais destinados à execução de obras públicas, mediante fraudes em contratos licitatórios. No caso, o paciente fora acusado de associar-se a tal grupo criminoso e, valendo-se do cargo que ocupava, emitir pareceres favoráveis a determinada

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construtora. A custódia estava embasada na conveniência da instrução criminal e na garantia da ordem pública e econômica. Considerou-se insubsistente, na espécie, o requisito da conveniência da instrução criminal, por se constatar inexistente indicação de fatos concretos que levantassem suspeitas ou ensejassem possibilidade de interferência da atuação do paciente para retardar, influenciar ou obstar a instrução criminal. Isso porque não demonstrada, de plano, a correlação entre os elementos apontados pela prisão preventiva relativamente ao risco de continuidade na prática de delitos em virtude da iminência de liberação de recursos do governo federal. Ademais, ressaltou-se que o paciente, quando da decretação da custódia, não ocupava mais a função de Procurador-Geral do Estado, o que afastaria o nexo fático-probatório apto a justificar a validade e a legitimidade das razões para o seu encarceramento.HC 91386/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2008. (HC-91386)

Prisão Preventiva e Direitos Fundamentais – 2No tocante ao tema da garantia da ordem pública, reiterou-se que esta envolve, em linhas gerais, as seguintes circunstâncias principais: a) necessidade de resguardar a integridade física ou psíquica do paciente ou de terceiros; b) objetivo de impedir a reiteração das práticas criminosas, desde que lastreado em elementos concretos expostos fundamentadamente no decreto de custódia cautelar; e c) necessidade de assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial o Poder Judiciário, no sentido da adoção tempestiva de medidas adequadas, eficazes e fundamentadas quanto à visibilidade e transparência da implementação de políticas públicas de persecução criminal. Desse modo, enfatizou-se que a liberdade de um indivíduo suspeito do cometimento de crime apenas pode sofrer restrições se houver decisão judicial devidamente fundamentada, amparada em fatos concretos e não apenas em hipóteses ou conjecturas, ou na gravidade do delito. Asseverou-se que, no que se refere aos direitos de caráter penal, processual e processual-penal, não haveria exagero na comprovação de que esses direitos cumprem papel indispensável na concretização do moderno Estado Democrático de Direito, em cuja idéia também se imputa ao Poder Judiciário o papel de garante dos direitos fundamentais. Assim, salientando que no sistema constitucional pátrio o âmbito de proteção de direitos e garantias fundamentais recebe contornos de especial relevância, entendeu-se decisivo o fato de a prisão preventiva dos demais investigados ter sido revogada após a inquirição dos envolvidos. Por isso, afirmou-se que não faria sentido a manutenção da segregação do paciente para a mera obtenção de depoimento, aduzindo-se que a prisão é medida excepcional e não pode ser utilizada como meio generalizado de limitação das liberdades dos cidadãos.HC 91386/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2008. (HC-91386)

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Pleno 20.2.2007 21.2.2007 17 1ª Turma 19.2.2007 —— 33 2ª Turma 19.2.2007 —— 180

C L I P P I N G D O D J

22 de fevereiro de 2008ADI N. 64-RORELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADES FORMAL E MATERIAL DOS ARTS. 4º E 5º DA LEI N. 227/1989, DO ESTADO DE RONDÔNIA. AFRONTA AOS ARTS. 25, 37, INC. X E XIII, 61, § 1º, INC. I, ALÍNEA A, E 63 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. Inconstitucionalidade formal dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, que desencadeiam aumento de despesa pública em matéria de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo. Afronta aos arts. 25; 61, § 1º, inc. I, alínea a; e 63 da Constituição da República. 2. Inconstitucionalidade material dos arts. 4º e 5º da Lei n. 227/1989, ao impor vinculação dos valores remuneratórios dos servidores rondonienses com aqueles fixados pela União para os seus servidores (art. 37, inc. XIII, da Constituição da República). 3. Afronta ao art. art. 37, inc. X, da Constituição da República, que exige a edição de lei específica para a fixação de remuneração de servidores públicos, o que não se mostrou compatível com o disposto na Lei estadual n. 227/89. 4. Competência privativa do Estado para legislar sobre política remuneratória de seus servidores. Autonomia dos Estados-membros. Precedentes. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.* noticiado no Informativo 489

ADI N. 2.104-DFRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE DE RESOLUÇÕES DE TRIBUNAIS (ARTIGO 102, I, A, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL). RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA N. 51/99 DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO. ATO QUE DETERMINA QUE A VERBA DE REPRESENTAÇÃO INSTITUÍDA PELO DECRETO-LEI N. 2.371/87 SEJA CALCULADA COM A INCIDÊNCIA DO VENCIMENTO BÁSICO E DA PARECLA DE EQUIVALÊNCIA. AUMENTO DE REMUNERAÇÃO SEM RESERVA LEGAL E PRÉVIA DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 96, INCISO II, ALÍNEA “B”, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. É cabível o controle concentrado de resoluções de tribunais que deferem reajuste de vencimentos. Precedentes. 2. Inconstitucionalidade do ato normativo que configura aumento de remuneração dos magistrados de forma diversa da prevista no artigo 96, inciso II, alínea “b”, da Constituição

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do Brasil. Jurisprudência do Supremo. 3. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da Resolução Administrativa n. 51/99 do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região.* noticiado no Informativo 489

ADI N. 3.587-DFRELATOR: MIN. GILMAR MENDESEMENTA: 1. Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Distrital no 3.136/2003, que “disciplina a atividade de transporte de bagagens nos terminais rodoviários do Distrito Federal”. 3. Alegação de usurpação de competência legislativa privativa da União para legislar sobre direito do trabalho (CF, art. 22, I) e/ou sobre “condições para o exercício de profissões” (CF, art. 22, XVI). 4. Com relação à alegação de violação ao art. 22, I, da CF, na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é o caso de declarar a inconstitucionalidade formal da Lei Distrital no 3.136/2003, em razão da incompetência legislativa das unidades da federação para legislar sobre direito do trabalho. Precedentes citados: ADI no 601/RJ, Rel. Min. Ilmar Galvão, Pleno, unânime, DJ 20.9.2002; ADI no 953/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, unânime, DJ 2.5.2003; ADI-MC no 2.487/SC, Rel. Min. Moreira Alves, Pleno, unânime, DJ 1.8.2003; ADI no 3.069/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, unânime, DJ 16.12.2005. 5. Quanto à violação ao art. 22, XVI, da CF, na linha dos precedentes do STF, verifica-se a inconstitucionalidade formal dos arts. 2o e 8o do diploma impugnado por versarem sobre condições para o exercício da profissão. Precedente citado: ADI-MC no 2.752/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, maioria, DJ 23.4.2004. 6. Ainda que superado o reconhecimento de ambas as inconstitucionalidades formais indicadas, com relação ao art. 1o da Lei Distrital, verifica-se violação ao art. 8o, VI, da CF, por afrontar a “liberdade de associação sindical”, uma vez que a norma objeto desta impugnação sujeita o exercício da profissão de carregador e transportador de bagagens à prévia filiação ao sindicato da categoria. 7. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da legislação impugnada.Acórdãos Publicados: 412

T R A N S C R I Ç Õ E SCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Adolescente - Ato Infracional - Internação Provisória - Excesso de Duração (Transcrições)RECONS. em HC 93431/PI*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLODECISÃO (RISTF, art. 38, I): Esta decisão é por mim proferida em face da ausência eventual, nesta Suprema Corte, do eminente Relator da presente causa (fls. 65) e de seu ilustre substituto regimental (fls. 67), justificando-se, em conseqüência, a aplicação da norma inscrita no art. 38, I, do RISTF.O exame da presente impetração evidencia a relevância da fundamentação jurídica nela exposta, o que permite reconhecer a presença, na espécie, do pressuposto concernente ao “fumus boni juris”, eis que, como narrado na petição inicial pela Defensoria Pública do Estado do Piauí, o paciente, que é adolescente, sofreu a decretação de sua internação provisória, efetivada no Centro Educacional Masculino – CEM, em Teresina/PI, há 266 (duzentos e sessenta e seis) dias, pela suposta prática de ato infracional descrito, abstratamente, como crime (homicídio qualificado).Isso significa reconhecer, ao menos em juízo de estrita delibação, presente o contexto em análise, que se configura, na espécie, excesso de prazo na internação (meramente provisória) do adolescente em questão.Impende verificar, por isso mesmo, se a situação versada nestes autos justifica, ou não, o reconhecimento de que está a ocorrer, na espécie, hipótese de constrangimento ilegal.É que o quadro em análise revela que o ora paciente permanece recolhido, em estabelecimento de internação, por período superior àquele que a lei permite, dando ensejo a uma situação de injusto constrangimento, por efeito de transgressão ao que prescreve o ordenamento positivo (Lei nº 8.069/90, art. 108).Com efeito, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ao dispor sobre a possibilidade (sempre excepcional) de internação provisória do adolescente, decretável antes da sentença, estabelece que esse recolhimento dar-se-á “pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias” (art. 108, “caput”, “in fine”).No caso, como precedentemente assinalado, essa internação provisória, de índole meramente cautelar, já se prolonga por 266 dias!!! Tem-se, pois, que o prazo legal máximo (45 dias) foi excedido, no caso, de modo irrazoável, pois referida internação perdura por período seis (6) vezes superior ao máximo legalmente permitido!!!É sempre importante relembrar, neste ponto, que ninguém pode permanecer preso, ou, como no caso, tratando-se de adolescente, submetido a internação provisória, por lapso temporal que exceda ao que a legislação autoriza (ECA, art. 108, “caput”), consoante adverte a própria jurisprudência constitucional que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria ora em exame:“O EXCESSO DE PRAZO, MESMO TRATANDO-SE DE DELITO HEDIONDO (OU A ESTE EQUIPARADO), NÃO PODE SER TOLERADO, IMPONDO-SE, AO PODER JUDICIÁRIO, EM OBSÉQUIO AOS PRINCÍPIOS CONSAGRADOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, O IMEDIATO RELAXAMENTO DA PRISÃO CAUTELAR DO INDICIADO OU DO RÉU.- Nada pode justificar a permanência de uma pessoa na prisão, sem culpa formada, quando configurado excesso irrazoável no tempo de sua segregação cautelar (RTJ 137/287 – RTJ 157/633 – RTJ 180/262-264 – RTJ 187/933-934), considerada a excepcionalidade de que se reveste, em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou do réu, mesmo que se trate de crime hediondo ou de delito a este equiparado.

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- O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário - não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao réu - traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a de não sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou superior àquele estabelecido em lei.- A duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar de alguém ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Constituição Federal (Art. 5º, incisos LIV e LXXVIII). EC 45/2004. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, ns. 5 e 6). Doutrina. Jurisprudência.- O indiciado ou o réu, quando configurado excesso irrazoável na duração de sua prisão cautelar, não podem permanecer expostos a tal situação de evidente abusividade, ainda que se cuide de pessoas acusadas da suposta prática de crime hediondo (Súmula 697/STF), sob pena de o instrumento processual da tutela cautelar penal transmudar-se, mediante subversão dos fins que o legitimam, em inaceitável (e inconstitucional) meio de antecipação executória da própria sanção penal. Precedentes.”(RTJ 195/212-213, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)O quadro exposto nos presentes autos registra que o ora paciente está internado há 266 (duzentos e sessenta e seis) dias, sem que, nesse período, tenha sido ele julgado.O excesso verificado – porque irrazoável – revela-se inaceitável (RTJ 187/933-934), ainda mais porque essa situação anômala não foi provocada pelo ora paciente, mas, isso sim, pelo aparelho de Estado, o que impõe, em conseqüência, o acolhimento deste pedido de reconsideração.Assinale-se, por relevante, que esse entendimento encontra pleno apoio na jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou na matéria em exame, tanto que se registrou, nesta Corte, em diversas decisões, a concessão de ordens de “habeas corpus”, em situações nas quais o excesso de prazo - reconhecido em tais julgamentos - foi reputado abusivo por este Tribunal (RTJ 181/1064, Rel. Min. ILMAR GALVÃO).Refiro-me, particularmente, aos casos nos quais a duração da privação cautelar da liberdade do acusado era semelhante ou, até mesmo, inferior ao período de internação provisória a que ainda está submetido, na espécie, o ora paciente: 10 (dez) meses e 21 (vinte e um) dias (HC 83.867/PB, Rel. Min. MARCO AURÉLIO); 04 (quatro) meses e 10 (dias) (RTJ 118/484, Rel. Min. CARLOS MADEIRA).Essa diretriz jurisprudencial também é perfilhada pelo E. Superior Tribunal de Justiça, que, em casos semelhantes ao que ora se examina (adolescentes submetidos a internação provisória por tempo superior a 45 dias), proferiu julgamentos que se acham assim ementados:“CRIMINAL RHC. MENOR. SUCESSIVAS PRORROGAÇÕES DO PRAZO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA. PERÍODO DE INTERNAÇÃO SUPERIOR AO PERMITIDO PELO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA.I – O prazo de internação provisória de menor infrator não pode ultrapassar aquele previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente – 45 dias – sob pena de se contrariar o propósito da Legislação do Menor, que pretende a celeridade dos processos e a internação como medida adotada apenas excepcionalmente.II – Configura-se o constrangimento ilegal se verificado que, através de sucessivas prorrogações do período de internação provisória, este excede o prazo máximo permitido pela legislação especial. Precedente.III – Recurso provido, para determinar a desinternação do menor.”(RHC 13.435/AC, Rel. Min. GILSON DIPP - grifei)“‘HABEAS CORPUS’. ATO INFRACIONAL EQUIVALENTE AO HOMICÍDIO QUALIFICADO. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA. ARTIGO 108 DO ECA. EXCESSO DE PRAZO.1. Em que pese cuidar-se de ato infracional grave, equivalente ao homicídio qualificado, não há como manter os pacientes internados provisoriamente por quase 90 dias, superado de muito o limite legal de quarenta e cinco dias estipulado pelo artigo 108 do Estatuto da Criança e do Adolescente.2. ‘Habeas corpus’ concedido.”(HC 26.035/BA, Rel. Min. PAULO GALLOTTI - grifei)“ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA. EXCESSO DE PRAZO. ALEGAÇÕES FINAIS. SÚMULA Nº 52/STJ. INAPLICABILIDADE. EXCEPCIONALIDADE - BREVIDADE DA MEDIDA EXTREMA. ORDEM CONCEDIDA.A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias.A medida sócio-educativa de internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.A aplicação da Súmula 52/STJ mostra-se incompatível com os princípios fundamentais do ECA, devendo prevalecer o respeito ao prazo máximo de internação provisória expressamente previsto de 45 (quarenta e cinco) dias.‘WRIT’ CONCEDIDO para determinar a imediata soltura do Paciente, salvo se estiver internado por outro motivo.”(HC 36.981/RJ, Rel. Min. PAULO MEDINA - grifei)“RECURSO ORDINÁRIO EM ‘HABEAS CORPUS’. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA. EXCESSO DE PRAZO. ALEGAÇÕES FINAIS. SÚMULA N° 52/STJ. INAPLICABILIDADE. CÔMPUTO DO PERÍODO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA EM EVENTUAL SANÇÃO POSTERIORMENTE ARBITRADA.

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1. A aplicação da Súmula 52/STJ mostra-se incompatível com os princípios fundamentais do ECA de excepcionalidade, brevidade e observância da condição peculiar do menor de pessoa em desenvolvimento (art. 121), devendo prevalecer o respeito ao prazo máximo de internação provisória expressamente previsto de 45 (quarenta e cinco) dias (art. 108).2. Inviável o exame de questão não examinada pela Corte ‘a quo’, sob pena de inadmissível supressão de instância.3. Recurso parcialmente provido.”(RHC 12.010/DF, Rel. Min. EDSON VIDIGAL - grifei)Sendo assim, em face das razões expostas, reconsidero a decisão de fls. 43/44, proferida pelo eminente Ministro JOAQUIM BARBOSA, e defiro, em conseqüência, o pedido de medida cautelar, em ordem a determinar a imediata soltura do ora paciente, se por al não estiver internado.A presente medida liminar não impede o normal prosseguimento do mencionado Processo nº 180/2004, ora em tramitação perante a 2ª Vara da Infância e Juventude da comarca de Teresina/PI.Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia da presente decisão ao Juízo da 2ª Vara da Infância e Juventude da comarca de Teresina/PI (Processo nº 180/2004), ao Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (Habeas-corpus nº 07.002739-0) e ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 96.309/PI, Rel. Min. NILSON NAVES).Publique-se.Brasília, 19 de fevereiro de 2008.Ministro CELSO DE MELLO(RISTF, art. 38, I)* decisão pendente de publicação

Mandado de Segurança - Prova Pré-Constituída - Indispensabilidade - Publicidade dos Atos Governamentais (Transcrições)

MS 27141 MC/DF*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLODESPACHO: Trata-se de mandado de segurança, com pedido de medida liminar, impetrado em face do Senhor Presidente da República, em razão de alegado desrespeito, por parte do Chefe do Poder Executivo, “ao art. 49, inciso X, da Constituição de 1988”, decorrente de comportamento que - segundo sustenta o autor da presente ação mandamental – teria frustrado “(...) direito subjetivo e constitucional, líquido e certo, do parlamentar ora Impetrante (...)” (fls. 02).OS FUNDAMENTOS DA PRESENTE IMPETRAÇÃO MANDAMENTALO autor deste “writ” mandamental – ao imputar, ao Poder Executivo, omissão consistente em “(...) prestar contas da administração dos bens e valores por ele gerenciados (...)” (fls. 04) e ao afirmar que “(...) a explícita negativa ao acesso das informações sobre a utilização de tais recursos configura uma afronta aos princípios da harmonia e independência dos Poderes (...)” (fls. 04) – apóia a sua pretensão na alegação de que, como Senador da República, dispõe do direito subjetivo “(...) de exercer o poder fiscalizador incontestavelmente delegado ao Poder Legislativo, nos termos do art. 70 da Constituição Federal (...)” (fls. 03).Eis, em síntese, os fundamentos que dão suporte ao pleito ora submetido ao exame desta Suprema Corte (fls. 04/07 e 14):“O Excelentíssimo Senhor Presidente da República, nos termos do inciso II do art. 84 da Constituição Federal, exerce, com auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal. Tem a competência constitucional de se pronunciar em nome do Poder Executivo perante as prerrogativas institucionais do Poder Legislativo.O Congresso Nacional e o Tribunal de Contas da União vêm tentando, por intermédio de todos os mecanismos legais e constitucionais, obter o acesso às informações sobre os gastos do Gabinete do Presidente da República, sem lograr êxito. Em uma relatoria executada pelo TCU, sob o n° TC-016.236/056, a Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República, através de um ofício, solicitou tratamento sigiloso às informações contidas em documentos referentes às despesas com as peculiaridades da Presidência da República. Alegou, fundamentalmente, que tais informações são ‘direta ou indiretamente imprescindíveis a planos e operações de segurança do Presidente e Vice-Presidente da República, seus familiares, e de Chefes de Estados e Governos estrangeiros em visita ao nosso País’. No requerimento apresentado ao Tribunal, argumenta-se que as informações constantes de documentos relativos às despesas examinadas na auditoria são, ainda que indiretamente, imprescindíveis ‘a planos e operações de segurança’ e que, nessa hipótese, caberia restrição à publicidade. Ainda nessa linha argumentativa, nota jurídica elaborada no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República enfatiza: ‘vale destacar, também, que nem sequer valores nominais globais discriminados por natureza da despesa devem ser divulgados. Isso porque, insista-se, o valor global do gasto com munição, alimentação, hospedagem e deslocamento - por exemplo - presta-se à mensuração do contingente de homens envolvidos na segurança presidencial. Tal dado, por sua significação estratégica, não pode ser levado ao conhecimento público’.Em paralelo à fiscalização do TCU, o Ministério Público Federal requisitou à Casa Civil a relação de todos os portadores de cartão de crédito corporativo no âmbito da Presidência da República. Os dados fiscais dos portadores, obtidos junto à Receita Federal, encontram-se atualmente sob análise. Em atendimento à requisição de informações feita pelos Procuradores da República para a correção da sistemática de faturamento e saque prevista para o uso dos cartões de crédito corporativos, como determinado pelo TCU no Acórdão 1783/2004, a Secretaria do Tesouro Nacional informou, em fevereiro de 2005, que foram tomadas providências, ‘adequando-se às determinações impostas pelo Tribunal de Contas da União, impondo à utilização do Cartão de Pagamento do

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Governo Federal - CPGF - maior segurança e racionalidade’.Em abril de 2007, o TCU encaminhou ao MPF o resultado do processo de tomada de contas instaurado para examinar a regularidade dos documentos fiscais utilizados para comprovar a realização das despesas efetivadas com o CPGF.Uma vez que as conclusões, mais uma vez, em nome do sigilo, não abrangeram a análise dos gastos da Presidência da República sob o ponto de vista da sua necessidade, o Ministério Público solicitou ao Tribunal a instauração de novo processo de tomada de contas com esse objetivo.O Gabinete da Presidência da República, ao negar ao Poder Legislativo, em seu legítimo exercício do poder fiscalizador, o acesso dos gastos públicos referentes aos seus cartões corporativos, entra em flagrante colisão com esses institutos norteadores da administração federal, em especial aos princípios da publicidade e da moralidade pública.Por todo o exposto, resta incontroverso o direito líquido e certo do Impetrante à legítima proteção de suas prerrogativas, como representante da vontade popular, em ter acesso aos gastos de qualquer órgão da administração pública federal, e, especificamente, no presente, do Gabinete Pessoal do Presidente da República.” (grifei)A GESTÃO REPUBLICANA DO PODER E A PUBLICIDADE DOS ATOS GOVERNAMENTAIS: UMA EXIGÊNCIA IMPOSTA PELA ORDEM DEMOCRÁTICA E PELO PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVAO tema ora veiculado nesta sede mandamental – alegada violação ao princípio constitucional da publicidade – reveste-se de indiscutível relevo jurídico, em face do que dispõe a própria Constituição da República.Tenho salientado, em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal, que um dos vetores básicos que regem a gestão republicana do poder traduz-se no princípio constitucional da publicidade, que impõe transparência às atividades governamentais e aos atos de qualquer agente público, inclusive daqueles que exercem ou exerceram a Presidência da República.No Estado Democrático de Direito, não se pode privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo compromete a própria legitimidade material do exercício do poder. A Constituição republicana de 1988 dessacralizou o segredo e expôs todos os agentes públicos a processos de fiscalização social, qualquer que seja o âmbito institucional (Legislativo, Executivo ou Judiciário) em que eles atuem ou tenham atuado.Ninguém está acima da Constituição e das leis da República. Todos, sem exceção, são responsáveis perante a coletividade, notadamente quando se tratar da efetivação de gastos que envolvam e afetem a despesa pública. Esta é uma incontornável exigência de caráter ético-jurídico imposta pelo postulado da moralidade administrativa.Sabemos todos que o cidadão tem o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros, por legisladores probos e por juízes incorruptíveis, que desempenhem as suas funções com total respeito aos postulados ético-jurídicos que condicionam o exercício legítimo da atividade pública. O direito ao governo honesto – nunca é demasiado reconhecê-lo - traduz uma prerrogativa insuprimível da cidadania.O sistema democrático e o modelo republicano não admitem - nem podem tolerar - a existência de regimes de governo sem a correspondente noção de fiscalização e de responsabilidade. Nenhum membro de qualquer instituição da República, por isso mesmo, pode pretender-se excluído da crítica social ou do alcance do controle fiscalizador da coletividade e dos órgãos estatais dele incumbidos.A imputação, a qualquer agente estatal, de atos que importem em transgressão às leis revela-se fato que assume, perante o corpo de cidadãos, a maior gravidade, a exigir, por isso mesmo, por efeito de imposição ética emanada de um dos dogmas essenciais da República, a plena apuração e o esclarecimento da verdade, tanto mais se se considerar que o Parlamento recebeu, dos cidadãos, não só o poder de representação política e a competência para legislar, mas, também, o mandato para fiscalizar os órgãos e agentes dos demais Poderes.Não se poderá jamais ignorar que o princípio republicano consagra o dogma de que todos os agentes públicos – legisladores, magistrados e administradores – são responsáveis perante a lei e a Constituição, devendo expor-se, plenamente, às conseqüências que derivem de eventuais comportamentos ilícitos.A submissão de todos à supremacia da Constituição e aos princípios que derivam da ética republicana representa o fator essencial de preservação da ordem democrática, por cuja integridade devemos todos velar, enquanto legisladores, enquanto magistrados ou enquanto membros do Poder Executivo.Não foi por outro motivo que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao analisar a extensão do princípio da moralidade - que domina e abrange todas as instâncias de poder -, proclamou que esse postulado, enquanto valor constitucional revestido de caráter ético-jurídico, condiciona a legitimidade e a validade de quaisquer atos estatais:“A atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuação do Poder Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado.O princípio constitucional da moralidade administrativa, ao impor limitações ao exercício do poder estatal, legitima o controle jurisdicional de todos os atos do Poder Público que transgridam os valores éticos que devem pautar o comportamento dos agentes e órgãos governamentais.”(RTJ 182/525-526, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)É importante salientar, neste ponto, que o modelo de governo instaurado em nosso País, em 1964, mostrou-se fortemente estimulado pelo “perigoso fascínio do absoluto” (Pe. JOSEPH COMBLIN, “A Ideologia da Segurança Nacional - O Poder Militar na América Latina”, p. 225, 3ª ed., 1980, trad. de A. Veiga Fialho, Civilização Brasileira), pois privilegiou e cultivou o sigilo, transformando-o em “praxis” governamental institucionalizada, ofendendo,

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frontalmente, desse modo, o princípio democrático.Ao assim proceder, esse regime autoritário, que prevaleceu no Brasil durante largo período (1964-1985), apoiou a condução e a direção dos negócios de Estado em concepção teórica – de que resultou a formulação da doutrina de segurança nacional – que deu suporte a um sistema claramente inconvivente com a prática das liberdades públicas.Desprezou-se, desse modo, como convém a regimes autocráticos, a advertência feita por NORBERTO BOBBIO, cuja lição magistral sobre o tema (“O Futuro da Democracia”, 1986, Paz e Terra) assinala – com especial ênfase – não haver, nos modelos políticos que consagram a democracia, espaço possível reservado ao mistério.Não constitui demasia rememorar, neste ponto, na linha da decisão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal proferiu no julgamento do MI 284/DF, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO (RTJ 139/712-732), que o novo estatuto político brasileiro - que rejeita o poder que oculta e que não tolera o poder que se oculta - consagrou a publicidade dos atos e das atividades estatais como valor constitucional a ser observado, inscrevendo-a, em face de sua alta significação, na declaração de direitos e garantias fundamentais que a Constituição da República reconhece e assegura aos cidadãos.Na realidade, os estatutos do poder, numa República fundada em bases democráticas, como o Brasil, não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo - que tem, na transparência, a condição de legitimidade de seus próprios atos - sempre coincide com os tempos sombrios em que declinam as liberdades e os direitos dos cidadãos.A Carta Federal, ao proclamar os direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º), enunciou preceitos básicos, cuja compreensão é essencial à caracterização da ordem democrática como um regime do poder visível, ou, na lição expressiva de BOBBIO (“op. cit.”, p. 86), como “um modelo ideal do governo público em público”.A AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA FAZ INSTAURAR PROCESSO DOCUMENTAL QUE EXIGE A PRODUÇÃO LIMINAR DE PROVAS DOCUMENTAIS PRÉ-CONSTITUÍDASPasso a verificar, agora, se a petição inicial atende, ou não, à exigência inscrita no art. 6º da Lei nº 1.533/51, especificamente aquela que impõe a produção de “documento necessário à prova do alegado”.Tal observação é feita, porque constato que esta impetração mandamental não se acha instruída com prova literal pré-constituída, imprescindível à comprovação das alegações de omissão e de “explícita negativa” imputadas, pelo impetrante, ao Senhor Presidente da República.Como se sabe, a ação de mandado de segurança faz instaurar processo de caráter eminentemente documental, a significar que a pretensão jurídica deduzida pela parte impetrante há de ser demonstrada mediante produção de provas documentais pré-constituídas, aptas a evidenciar a alegada ofensa a direito líquido e certo supostamente titularizado pelo autor do “writ” mandamental.A lei exige que o impetrante, ao ajuizar o “writ”, instrua a petição inicial com prova literal pré-constituída, essencial à demonstração das alegações feitas, ressalvada a hipótese de o documento necessário à comprovação das razões invocadas encontrar-se em repartição ou em estabelecimento público, ou, ainda, em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão (Lei nº 1.533/51, art. 6º e seu parágrafo único, e RISTF, art. 114).A petição inicial, no caso - como já assinalado -, está desacompanhada da prova documental, o que torna invocável a advertência feita pelo saudoso Ministro e Mestre eminente ALFREDO BUZAID (“Do Mandado de Segurança”, vol. I/208, item n. 128, 1989, Saraiva), para quem, “Diversamente do que ocorre com o procedimento comum e com o procedimento especial de jurisdição contenciosa, nos quais à fase dos articuladores se segue, de ordinário, a instrução probatória, a característica do processo de mandado de segurança está em só admitir prova documental pré-constituída (...)” (grifei).Impunha-se, ao impetrante, por isso mesmo, cumprir a obrigação processual de produzir, desde logo, com a inicial, os documentos essenciais ao exame da postulação veiculada na causa mandamental.O IMPETRANTE SÓ ESTÁ DISPENSADO DE PRODUZIR, DESDE LOGO, A PROVA LITERAL PRÉ-CONSTITUÍDA, SE DEMONSTRAR (COMPROVAÇÃO INEXISTENTE NA ESPÉCIE) QUE A AUTORIDADE COMPETENTE RECUSOU-SE A FORNECER-LHE CÓPIA DO DOCUMENTO OU CERTIDÃO EQUIVALENTE, HIPÓTESE EM QUE SE APLICARÁ O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 6º DA LEI Nº 1.533/51Assinalo, ainda, que o ilustre impetrante sequer justificou essa falta de comprovação documental, com invocação do que prescreve o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 1.533/51.Não se desconhece que “A lei do mandado de segurança assegura ao impetrante o direito de requerer ao magistrado a requisição de documentos necessários à prova do alegado, se a autoridade recusar-se a fornecê-lo ou a fornecer certidão equivalente” (RSTJ 30/22-23, Rel. Min. ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO).Com efeito, e tal como adverte o magistério da doutrina, “Se na inicial houver pedido de requisição de documentos, e for caso de deferimento, o juiz ordenará, preliminarmente, a exibição dos originais ou o fornecimento de certidões ou de cópias autenticadas, dentro de dez dias, e, após sua apresentação, ordenará a notificação e as intimações devidas; se os documentos estiverem em poder do próprio coator, a requisição será feita com a notificação (art. 6º, parágrafo único, da Lei n. 1.533/51, com a redação dada pela Lei n. 4.166/62)” (HELY LOPES MEIRELLES, “Mandado de Segurança”, p. 79/80, item n. 11, 30ª ed., atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, 2007, Malheiros).Cabia, no entanto, ao ora impetrante, caso pretendesse invocar o preceito legal em questão (o que, simplesmente, deixou de fazer na espécie), provar a recusa das autoridades administrativas em lhe fornecer, ainda que por certidão, o teor dos documentos necessários à comprovação de que a omissão ou a negativa seriam imputáveis, direta, pessoal e imediatamente, ao Senhor Presidente da República.É importante assinalar que, em sede de processo mandamental, “A iniciativa da apresentação de provas cabe às partes, sendo excepcional a intervenção do juiz” (CELSO AGRÍCOLA BARBI, “Do Mandado de Segurança”. p. 171,

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item n. 215, 10ª ed., 2002, Forense).A EXISTÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DOS FATOS CONSTITUI REQUISITO PROCESSUAL INDISPENSÁVEL À IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇACumpre acentuar, por oportuno, que o Supremo Tribunal Federal já deixou consignado que a discussão em torno do próprio significado de direito líquido e certo - que traduz requisito viabilizador da utilização do “writ” mandamental - veicula matéria de caráter eminentemente processual, mesmo porque a noção de liquidez, “que autoriza o ajuizamento do mandado de segurança, diz respeito aos fatos” (RTJ 134/681, Rel. p/ o acórdão Min. CARLOS VELLOSO - RTJ 171/326-327, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - RE 195.192/RS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - RMS 23.443/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RMS 23.720/GO, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.):“O ‘direito líquido e certo’, pressuposto constitucional de admissibilidade do mandado de segurança, é requisito de ordem processual, atinente à existência de prova inequívoca dos fatos em que se basear a pretensão do impetrante e não à procedência desta, matéria de mérito (...).”(RTJ 133/1314, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei)“A formulação conceitual de direito líquido e certo, que constitui requisito de cognoscibilidade da ação de mandado de segurança, encerra (...) noção de conteúdo eminentemente processual.”(RTJ 134/169, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO)Daí o incensurável magistério do saudoso CELSO RIBEIRO BASTOS (“Do Mandado de Segurança”, p. 15, 1978, Saraiva), para quem “(...) o direito líquido e certo é conceito de ordem processual, que exige a comprovação dos pressupostos fáticos da situação jurídica a preservar. Conseqüentemente, direito líquido e certo é conditio sine qua non do conhecimento do mandado de segurança, mas não é conditio per quam para a concessão da providência judicial” (grifei).Esse mesmo entendimento é também perfilhado por HELY LOPES MEIRELLES (“Mandado de Segurança”, p. 100, item n. 15, 30ª ed., atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, 2007, Malheiros), cujo magistério, na matéria, adverte que “Não basta a invocação genérica de uma remota possibilidade de ofensa a direito para autorizar a segurança ‘preventiva’; exige-se prova da existência de atos ou situações atuais que evidenciem a ameaça temida” (grifei).Registre-se que esta Corte, em sucessivas decisões, deixou assinalado que o direito líquido e certo, apto a autorizar o ajuizamento da ação de mandado de segurança, é, tão-somente, aquele que concerne a fatos incontroversos, constatáveis, de plano, mediante prova literal inequívoca (RE 269.464/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO):“(...) direito líquido e certo é o que resulta de fato certo, e fato certo é aquele capaz de ser comprovado, de plano, por documento inequívoco.”(RTJ 83/130, Rel. Min. SOARES MUÑOZ - grifei)“O mandado de segurança labora em torno de fatos certos e como tais se entendem aqueles cuja existência resulta de prova documental inequívoca...”.(RTJ 83/855, Rel. Min. SOARES MUÑOZ - grifei)“(...) É da essência do processo de mandado de segurança a característica de somente admitir prova literal pré-constituída, ressalvadas as situações excepcionais previstas em lei (Lei n. 1533/51, art. 6º e seu parágrafo único).”(RTJ 137/663, Rel. p/ o acórdão Min. CELSO DE MELLO)Impõe-se observar, finalmente, quanto a este tópico, que não cabe apoiar as alegações constantes desta impetração em notícias veiculadas pelos órgãos de imprensa, eis que – como esta Corte tem decidido (MS 24.422/DF, Rel. Min. ELLEN GRACIE - MS 24.597/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES – MS 25.535/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES, v.g.) - referências jornalísticas emanadas dos meios de comunicação social não bastam, sob uma perspectiva estritamente processual, para satisfazer a exigência da produção, com a inicial, de prova pré-constituída.AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO, PELO IMPETRANTE, DE QUE A RECUSA DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS TER-LHE-IA SIDO NEGADA POR ATO DIRETO DO PRÓPRIO PRESIDENTE DA REPÚBLICAObservo que o ilustre impetrante não atribuiu, ao Senhor Presidente da República, um específico ato concreto que veiculasse “a explícita negativa” de acesso às informações pertinentes aos dados relativos aos cartões corporativos.Com efeito, a análise da presente impetração evidencia, na realidade, que o ora impetrante sequer apontou, de modo concreto e específico, um só ato, que, imputável ao Senhor Presidente da República, pudesse traduzir situação configuradora de potencial violação a direito líquido e certo alegadamente titularizado pelo autor do presente “writ” constitucional.O autor desta ação mandamental limitou-se, ao contrário, a atribuir, à “Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República” (fls. 05), ao “Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República” (fls. 05), à “Casa Civil” (fls. 06) e ao “Gabinete Pessoal da Presidência da República” (fls. 16), comportamentos alegadamente lesivos ao seu direito de exercer, como parlamentar, a prerrogativa de fiscalizar os atos e omissões do Poder Executivo.Vale assinalar, neste ponto, que, tratando-se de mandado de segurança, impunha-se a precisa identificação do ato cuja prática – atual ou iminente - fosse atribuível, considerados os termos desta impetração, ao próprio Presidente da República, “quando (...) responsável pela ilegalidade ou abuso de poder” (CF, art. 5º, LXIX).É preciso advertir, por isso mesmo, que cabia, ao impetrante, demonstrar, de maneira objetiva, a vinculação direta, pessoal e imediata do Senhor Presidente da República aos comportamentos que, no caso em exame, foram atribuídos, não ao Chefe do Poder Executivo, mas, isso sim, aos órgãos administrativos que compõem a estrutura institucional da Presidência da República.

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Isso significa, portanto, que somente imputar atos e omissões à Casa Civil, à Secretaria-Executiva da Casa Civil, ao Gabinete de Segurança Institucional e ao Gabinete Pessoal da Presidência da República não equivale, necessariamente - exceto comprovação documental em contrário (inexistente nos autos) -, a atribuir esses mesmos comportamentos administrativos ao próprio Presidente da República.E inexiste, como anteriormente ressaltado, qualquer alegação, deduzida nesta sede mandamental, que permita atribuir-se, comprovadamente, ao Presidente da República, determinação no sentido de haver ele restringido o acesso a informações referentes às despesas do Gabinete da Presidência.Vê-se, portanto, que a demonstração de que o Presidente da República teria negado acesso a determinadas informações revela-se imprescindível no caso ora em exame, pois incumbe, a quem impetra mandado de segurança, comprovar, “ex ante”, mediante prova pré-constituída, a alegação da efetiva ocorrência ou do justo receio de que determinada lesão possa afetar o direito líquido e certo daquele que o invoca.Essa demonstração, embora necessária, não se fez produzir no presente caso, o que torna pertinente, na espécie, consideradas as alegações deduzidas pelo impetrante, a asserção de que refoge, aos estreitos limites da ação mandamental, o exame de fatos despojados da necessária liquidez, pois o “iter” procedimental do mandado de segurança não comporta a possibilidade de instauração incidental de dilação probatória, consoante adverte a doutrina (ALFREDO BUZAID, “Do Mandado de Segurança”, vol. I/208, item n. 127, 1989, Saraiva) e proclama o magistério jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal:“Refoge, aos estreitos limites da ação mandamental, o exame de fatos despojados da necessária liquidez, pois o iter procedimental do mandado de segurança não comporta a possibilidade de instauração incidental de uma fase de dilação probatória.- A noção de direito líquido e certo ajusta-se, em seu específico sentido jurídico, ao conceito de situação que deriva de fato certo, vale dizer, de fato passível de comprovação documental imediata e inequívoca.”(MS 20.882/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)Mais do que isso, sem essa necessária comprovação documental, não se instaurará a própria competência originária do Supremo Tribunal Federal para apreciar a presente causa mandamental, pois esta Corte Suprema, tratando-se de membros do Poder Executivo da União, só dispõe de atribuições jurisdicionais para processar e julgar a ação de mandado de segurança, se e quando esta se referir ao Presidente da República (CF, art. 102, I, “d”).É que, como se sabe, atos de outras autoridades do Poder Executivo da União, como os Ministros-Chefes da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, são passíveis de correção, em sede de mandado de segurança, por outros órgãos do Poder Judiciário (CF, art. 105, I, “b”, e art. 109, VIII).Registre-se, neste ponto, que, cuidando-se de mandado de segurança contra atos ou omissões dos Chefes da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (órgãos e agentes aos quais se atribuiu, na espécie, recusa de fornecimento dos dados sigilosos – fls. 05 e 06), a impetração mandamental deverá ser deduzida perante o E. Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, “b”), eis que referidas autoridades são legalmente qualificadas como Ministros de Estado (Lei nº 10.683/2003, art. 25, parágrafo único, na redação dada pela Lei nº 11.497/2007).Tratando-se, no entanto, do Chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, a quem também se atribuiu a ora questionada recusa (fls. 16), cumpre observar que eventual mandado de segurança contra ele impetrado inclui-se na esfera de competência dos juízes federais de primeira instância (CF, art. 109, VIII), pois referida autoridade do Poder Executivo da União, embora dirigindo órgão situado na estrutura administrativa da Presidência da República (Lei nº 10.683/2003, art. 1º, na redação dada pela Lei nº 11.497/2007), não se qualifica como Ministro de Estado (lex cit., art. 25, parágrafo único).Daí a necessidade, para que se reconheça, no caso, a competência originária desta Corte Suprema, de o ilustre impetrante demonstrar, mediante prova literal pré-constituída, que o Senhor Presidente da República incidiu no comportamento objeto de impugnação na presente ação mandamental.A EVENTUAL EXISTÊNCIA DE DELEGAÇÃO ADMINISTRATIVA PELA QUAL O PRESIDENTE DA REPÚBLICA HAJA OUTORGADO COMPETÊNCIA A MINISTROS DE ESTADO PARA NEGAR (OU AUTORIZAR) ACESSO A DADOS SIGILOSOS PERTINENTES AOS CARTÕES CORPORATIVOS DESCARACTERIZARÁ A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALNem se diga, de outro lado, que tais condutas administrativas (expressamente atribuídas, na espécie, à Casa Civil e aos Gabinetes Pessoal e de Segurança Institucional da Presidência da República) teriam sido praticadas “de ordem” do Senhor Presidente da República, pois, ainda que assim o fosse, tais comportamentos resultariam “de delegação administrativa informal” (RDA 203/206), o que implicaria o deslocamento, para outro órgão judiciário, que não o Supremo Tribunal Federal, da competência originária para processar e julgar a causa mandamental.Torna-se claro, desse modo, que, não sendo imputável, ao Senhor Presidente da República, a prática, atual ou iminente, de qualquer ato concreto no contexto específico que se delineia nesta causa, falecerá competência, a esta Suprema Corte, para, em sede originária, apreciar a presente causa mandamental.Não se pode perder de perspectiva, neste ponto, que a competência originária do Supremo Tribunal Federal, por qualificar-se como um complexo de atribuições jurisdicionais de extração essencialmente constitucional - e ante o regime de direito estrito a que se acha submetida -, não comporta a possibilidade de ser estendida a situações que extravasem os rígidos limites fixados em “numerus clausus” pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I, da Carta Política, consoante adverte a doutrina (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/217, 1992, Saraiva) e proclama a jurisprudência desta própria Corte (RTJ 43/129 - RTJ 44/563 - RTJ 50/72 - RTJ 53/776 – RTJ 171/101-102).A “ratio” subjacente a esse entendimento, que acentua o caráter absolutamente estrito da competência

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constitucional do Supremo Tribunal Federal, vincula-se à necessidade de inibir indevidas ampliações descaracterizadoras da esfera de atribuições institucionais desta Suprema Corte, conforme ressaltou, a propósito do tema em questão, em voto vencedor, o saudoso Ministro ADALÍCIO NOGUEIRA (RTJ 39/56-59, 57).Desse modo, e considerando a estrita dimensão constitucional em que se projeta a competência do Supremo Tribunal Federal (RTJ 171/101, Rel. Min. CELSO DE MELLO), torna-se inviável reconhecer a possibilidade de ampliação da esfera de atribuições jurisdicionais desta Corte, para apreciar mandado de segurança impetrado contra ato cuja prática concreta não tenha emanado, comprovadamente, do Senhor Presidente da República.Esse entendimento encontra integral apoio no magistério da doutrina, que ressalta, tratando-se de mandado de segurança impetrado contra ato praticado no exercício de atribuição administrativa delegada, que a competência jurisdicional para apreciar o “writ” mandamental deverá ser definida em razão da qualidade do órgão delegado (Casa Civil, Secretaria-Executiva da Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional e Gabinete Pessoal da Presidência da República, no caso), e não em função da condição hierárquica do órgão delegante – o Senhor Presidente da República, na espécie (VLADIMIR SOUZA CARVALHO, “Competência da Justiça Federal”, p. 162/163, 4ª ed., 2002, Juruá; SÉRGIO FERRAZ, “Mandado de Segurança”, p. 62, item n. 8.3, 3ª ed., 1996, Malheiros; REGIS FERNANDES DE OLIVEIRA, “Delegação Administrativa”, p. 129, item n. 3.3, 1986, RT, v.g.).É por essa razão que HELY LOPES MEIRELLES (“Mandado de Segurança”, p. 67, item n. 8, 30ª ed., atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, 2007, Malheiros), ao versar o tema da competência jurisdicional em sede de mandado de segurança impetrado contra ato fundado em delegação administrativa, assim expõe a questão:“As atribuições delegadas, embora pertencentes à entidade delegante, colocam como coator o agente delegado que praticar o ato impugnado (...).”Essa mesma orientação é perfilhada por CARLOS MÁRIO DA SILVA VELLOSO (“Mandado de Segurança”, “in” “Revista de Direito Público”, vol. 55-56/341-342), cuja autorizada lição foi assim exposta por esse eminente Magistrado e Professor, quando Ministro do hoje extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR):“A Súmula 510 da Corte Suprema (...) é expressa: ‘praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial’.Isto quer dizer que, feita a delegação de competência, de forma regular, fica o delegado responsável pela solução administrativa, não respondendo o delegante pelos atos que, em tal condição, praticar o delegado.A competência para o processo e julgamento do mandado de segurança, quando se tratar de ato praticado por autoridade delegada, tendo sido a delegação efetivada no próprio âmbito das entidades políticas - União, Estados e Municípios - será do Juízo ou Tribunal competente para apreciar os atos da autoridade delegada. Assim, se o Ministro de Estado age com delegação de funções do Presidente da República, o Tribunal competente para apreciar mandado de segurança impetrado contra os atos pelo mesmo praticado, em tal situação, é o TFR. O TFR, por sua vez, tem decidido que os atos praticados pelos Secretários Gerais de Ministérios, por delegação do Ministro de Estado, são examinados, via do mandado de segurança, pelo Juiz Federal.” (grifei)Cabe enfatizar, por necessário, que esse entendimento reflete-se, por igual, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, constituindo, até mesmo, objeto da Súmula 510 desta Corte Suprema, cujo conteúdo está assim enunciado: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial”.Essa diretriz jurisprudencial tem orientado, invariavelmente, os sucessivos pronunciamentos desta Suprema Corte sobre a questão ora em exame (RTJ 46/748 - RTJ 75/689 - RE 78.018/DF - MS 20.207/DF - MS 23.871-MC/DF):“MANDADO DE SEGURANÇA. COMPETÊNCIA. ATO PRATICADO COM FUNDAMENTO EM DELEGAÇÃO ADMINISTRATIVA. SÚMULA 510/STF. DEMISSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL DECIDIDA POR MINISTRO DE ESTADO, NO EXERCÍCIO DE PODERES DELEGADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (DECRETO 3.035/99). COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MANDADO DE SEGURANÇA DE QUE NÃO SE CONHECE.- Tratando-se de mandado de segurança contra ato praticado no exercício de poderes administrativos delegados, a competência jurisdicional para apreciar o writ mandamental é aferida em razão da qualidade da autoridade delegada (o Ministro de Estado, no caso) e não em função da hierarquia da autoridade delegante (o Presidente da República, na espécie).- Sendo, a autoridade coatora, um Ministro de Estado, cabe, ao Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, b), e não ao Supremo Tribunal Federal, processar e julgar, originariamente, o mandado de segurança que objetive invalidar a demissão veiculada em portaria ministerial, não obstante essa punição disciplinar tenha derivado de ato praticado no exercício de competência meramente delegada. Doutrina. Jurisprudência. Súmula 510/STF.”(MS 23.559-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Essa mesma orientação tem sido igualmente perfilhada pelo E. Superior Tribunal de Justiça:“ATO ADMINISTRATIVO ‘DE ORDEM’ - DELEGAÇÃO - CONTROLE JUDICIAL.- O ato praticado ‘de ordem’ resulta de delegação administrativa informal.- Compete à Justiça Federal de primeiro grau conhecer de Mandado de Segurança contra ato de delegado regional praticado ‘a ordem’ do Ministro de Estado.”(RDA 203/206, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS - grifei)“CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO EDITADO, POR DELEGAÇÃO DE MINISTRO DE ESTADO. SÚMULA 510-STF. INCOMPETÊNCIA DO STJ.I - Se a autoridade administrativa edita o ato, em virtude de delegação conferida pelo Ministro de Estado, a competência para processar e julgar o mandado de segurança não se desloca, em razão da pessoa deste último, mas se fixa tendo em vista a hierarquia da autoridade delegada.II - A teor do enunciado da Súmula 510-STF, uma vez praticado o ato por autoridade no exercício de competência

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delegada, é contra esta que cabe o mandado de segurança.III - Mandado de segurança de que se não conhece. Decisão unânime.”(MS 3.838/PA, Rel. Min. DEMÓCRITO REINALDO - grifei)O extinto Tribunal Federal de Recursos, por sua vez, também observava esse mesmo entendimento jurisprudencial:“CONSTITUCIONAL e PROCESSUAL CIVIL.Competência.Mandado de Segurança.1. Se o ato foi praticado por delegação ou subdelegação de competência, a impetração deve ser dirigida contra a autoridade que detém os poderes delegados (Súmula 510 do STF).2. Este Tribunal não é competente para conhecer mandado de segurança dirigido contra ato de autoridade submetida à jurisdição da Justiça Federal de primeiro grau, que o praticou em razão de delegação ou subdelegação de Ministro de Estado.3. Mandado de segurança de que não se conhece.”(MS 110.049/DF, Rel. Min. BUENO DE SOUZA – grifei)Em suma: é preciso ter presente - consoante adverte CAIO TÁCITO (“Delegação de Competência”, “in” “Repertório Enciclopédico do Direito Brasileiro”, vol. XV/155-156, Borsoi) - que, “Embora atuando em conseqüência da delegação recebida, o delegado age, autonomamente, segundo seu próprio entendimento. A delegação não se confunde com a representação. O delegado não age em nome e em lugar do delegante, mas atua por força de competência legal que lhe foi transferida” (grifei).Em conseqüência desse entendimento, cabe reconhecer, em tema de delegação administrativa, que a autoridade delegada fica “responsável pelo exercício ou prática das atividades delegadas, pois seria absurdo que o delegante transferisse atribuições e continuasse responsável por atos que não praticou”, conforme acentua, em clara lição sobre a matéria, ODETE MEDAUAR (“Delegação Administrativa”, “in” “Revista Forense”, vol. 278/21-27, 26).APLICABILIDADE, AO CASO, DO ART. 284 DO CPCTodas essas razões que venho de expor no presente despacho justificam-se no caso em exame, porque ausente, na petição de impetração mandamental, a necessária e indispensável produção de prova literal pré-constituída.Muito embora pudesse, desde logo, aplicar o disposto no art. 8º da Lei nº 1.533/51, entendo adequado permitir-se, à parte impetrante, que, no prazo de 10 (dez) dias a que se refere o art. 284 do CPC, complemente a petição inicial com as provas documentais que julgar necessárias para o exame da presente causa mandamental, especialmente aquelas que vinculem, diretamente, o Senhor Presidente da República – autoridade cujos atos estão sujeitos, em sede mandamental, à competência originária desta Suprema Corte – ao comportamento ora qualificado como lesivo ao direito vindicado pelo ilustre impetrante.A aplicação, no caso, dessa regra legal - além de encontrar suporte em autorizado magistério doutrinário (CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, “Manual do Mandado de Segurança”, p. 110, cap. 9º, 3ª ed., 1999, Renovar; HELY LOPES MEIRELLES, “Mandado de Segurança”, p. 80, item n. 11, 30ª ed., atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, 2007, Malheiros; CASSIO SCARPINELLA BUENO, “Mandado de Segurança”, p. 74, 3ª ed., 2007, Saraiva, v.g.) - tem o beneplácito da prática processual desta Suprema Corte (MS 24.812-AgR/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - MS 24.820/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – MS 25.818-MC/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - MS 25.882-MC/DF, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - MS 26.145/DF, Rel. Min. EROS GRAU, v.g.).Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, assino, ao impetrante, sob pena de indeferimento do pedido, o prazo de 10 (dez) dias, para que, nos termos do art. 284 do CPC, produza, nos autos, as faltantes e indispensáveis provas documentais ora referidas.Publique-se.Brasília, 22 de fevereiro de 2008.Ministro CELSO DE MELLORelator* decisão pendente de publicação

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Notícias do Superior Tribunal de Justiça 29 de Fevereiro de 200812h11 - Motorista embriagado preso por atropelamento e morte de idoso continuará preso 10h31 - Legitimidade de concurso público para vagas de município deve ser julgada pela Justiça estadual 08h26 - Dado como garantia, cheque pré-datado sem fundos é obrigação descumprida e não ilícito penal

28 de Fevereiro de 200817h24 - STJ rejeita trancamento de ação contra Salvatore Cacciola 12h16 - Sindicato dos agentes penitenciários de Catanduva continua com auxílio-transporte garantido 10h32 - Ordem de prisão antes da apelação deve demonstrar efetiva necessidade 09h27 - Eleições para mesa diretora da Câmara Municipal de Belmonte continuam suspensas 08h09 - Mantida decisão que condenou o banco Itaú a indenizar maestro paulista

27 de Fevereiro de 200820h34 - Acidente da Gol Controladores de vôo devem responder a dois processos distintos 17h36 - Mera denúncia anônima não é causa para procedimento criminal 11h53 - Procon pode aplicar multa por prática de dumping 08h25 - Banco Central terá de indenizar empresas por intervenção na década de 70

26 de Fevereiro de 200812h27 - Farmacêutico pode ser responsável técnico simultaneamente de farmácia e drogaria 10h04 - Menor de 21 anos, com o apoio dos pais, pode retificar seu registro civil 08h31 - STJ extingue ação penal contra condenada por tentar furtar 12 barras de chocolate

25 de Fevereiro de 200811h03 - Prefeito de Paulínia continua com direitos políticos suspensos 10h22 - Progressão de condenados por crime hediondo deve seguir legislação vigente à época do delito 08h31 - Empresa pode deduzir despesas efetuadas no PAT sem limitação de custo máximo por refeição

29/02/2008 - 12h11Motorista embriagado preso por atropelamento e morte de idoso continuará preso

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão de um motorista do Paraná acusado de atropelar e matar um ciclista idoso, depois de arrastá-lo por cinco quilômetros, enganchado ao carro. A Sexta Turma considerou que a embriaguez constatada em exames feitos após o acidente, bem como a confissão de dependência química do preso fazem crer que é possível a ocorrência de novo crime, caso o acusado seja colocado em liberdade. O motorista foi preso em flagrante em 4 de junho de 2006. Ele está pronunciado por homicídio doloso (dolo eventual), por ter assumido o risco de produzir um resultado danoso. Sua defesa apelou ao Tribunal de Justiça do Paraná, mas a Corte manteve a pronúncia, assegurando que o julgamento será realizado no Tribunal do Júri. Pleiteando a liberdade, a defesa do motorista ingressou com pedido de habeas-corpus na Justiça paranaense, mas não foi atendida. De acordo com o TJ-PR, o teste com bafômetro realizado após a prisão do motorista indicou a presença de uma taxa de álcool no sangue que, segundo a literatura médica, não representa embriaguez completa, como quer fazer crer a defesa, mas embriaguez com ressalvas, o que tiraria sua capacidade de dirigir, mas não o impediria de comportar-se de acordo com a lei. A defesa recorreu ao STJ, que decidiu manter a prisão. Para os ministros da Sexta Turma, a ordem pública estaria ameaçada por conta da probabilidade concreta de que o motorista voltasse a cometer algum crime, já que ele próprio admite sua dependência química e o crime ocorreu em razão do consumo de bebida alcoólica.

29/02/2008 - 10h31Legitimidade de concurso público para vagas de município deve ser julgada pela Justiça estadual

Compete ao juízo comum estadual processar e julgar ação sobre legitimidade de concurso público para ingresso nos quadros do serviço público municipal. O entendimento é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao determinar a competência do juízo de Direito de Apodi (RN) para julgar a ação da Federação dos Trabalhadores em Administração Pública Municipal do Estado do Rio Grande do Norte (Fetam/RN) contra o município potiguar de Itaú. No caso, a Federação ajuizou a ação objetivando a reintegração de servidores públicos que foram exonerados pelo município em virtude da anulação do concurso público por eles prestados. O pedido inicial foi encaminhado ao juízo comum estadual, que reconheceu sua competência para julgar a ação. O juízo do Trabalho também se declarou competente, suscitando, em conseqüência, o conflito. Afirmou que, tendo em vista a anulação do concurso público, a contratação dos servidores foi irregular, motivo pelo qual a Justiça estadual não teria competência para julgar a questão. Para o relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, o pedido da Federação possui natureza exclusivamente

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administrativa, uma vez que discute a legalidade do ato de admissão dos servidores do município de Itaú. Dessa forma, cabe ao juízo comum estadual o julgamento da ação, pois ela é pautada nos princípios do direito administrativo. “Com efeito, não se busca, na presente demanda, o reconhecimento de vínculo de trabalho entre os representados e a Administração Pública, mas o exame da legalidade do concurso público, motivo pelo qual não se verifica a competência da Justiça do Trabalho”, assinalou o ministro.

29/02/2008 - 08h26Dado como garantia, cheque pré-datado sem fundos é obrigação descumprida e não ilícito penal

O cheque pré-datado, como ordem de pagamento à vista, emitido sem fundos não caracteriza ilícito penal qualquer. O entendimento, unânime, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) segue o voto do ministro Hamilton Carvalhido e confirma a jurisprudência da Casa. A decisão extinguiu, por falta de justa causa, a ação penal que condenou um ex-dono de casa noturna à pena de um ano e dois meses de reclusão por estelionato. Segundo dados do processo, o ex-dono da casa noturna mantinha relacionamento comercial com muitos estabelecimentos e com prestadores de serviços da cidade. Com isso, conseguia crédito, adquirindo e pagando os serviços mediante os eventos promovidos pelo estabelecimento. Como alguns eventos não tiveram o retorno esperado, ele não conseguiu arcar com o pagamento de todos os débitos que tinha na praça. Por essa razão, foi denunciado pelo crime de estelionato, por ter emitido três cheques no valor de R$ 1.500,00 e outro no valor de R$ 840,00 que não puderam ser descontados. Ao analisar a questão, o ministro Hamilton Carvalhido destacou que a própria denúncia exclui que os cheques tenham sido emitidos como ordem de pagamento à vista. Para o ministro, aquele que recebe título para desconto futuro, à falta de provisão de fundos em poder do sacado no tempo da emissão, não está sendo induzido, nem mantido em erro, mas aceitando promessa de pagamento futuro, sendo, pois, sujeito passivo, pura e simplesmente, de obrigação descumprida. O relator ressaltou, ainda, que todos os débitos foram quitados. Segundo ele, a prova é firme de que os cheques foram emitidos fora da sua finalidade específica, fazendo-se inequívoco que ele foi denunciado, condenado e teve sua condenação preservada por falta penalmente atípica.

28/02/2008 - 17h13STJ rejeita trancamento de ação contra Salvatore Cacciola

O ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, acusado de causar grande prejuízo aos cofres públicos por emitir, oferecer ou negociar, títulos ou valores mobiliários, sem lastro ou garantia suficientes, não conseguiu trancar uma ação movida contra ele. A decisão é da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, sob a relatoria da desembargadora convocada Jane Silva, negou o habeas-corpus com o qual sua defesa alegava que ele não pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Cacciola foi denunciado anteriormente, em uma primeira ação, juntamente com outros cinco co-réus, pelos delitos dos artigos 3º, 4º e 7º da Lei 7.492/86 que, entre outras providências, define os crimes contra o sistema financeiro. A denúncia foi parcialmente recebida, restando apenas o crime do artigo 7º, que é o de emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários, sem lastro ou garantia suficientes. Diante disso, sua defesa alegou, em ação posterior, que p ex-banqueiro já havia sido julgado e condenado pelos mesmos fatos, o que caracterizava a litispendência e a necessidade de trancar a ação penal pelo princípio que veda o bis in idem (incidir duas vezes sobre a mesma coisa ou ato). Com o trancamento da ação pretende encerrar os constrangimentos ilegais que, segundo a defesa, se apresentam. Segundo a relatora do habeas corpus, desembargadora Jane Silva, ficou evidente que na primeira ação ajuizada e já julgada, apenas dois envolvidos foram denunciados. Cacciola figurou nessa ação apenas como testemunha, nada mais. Não é parte, mas apenas testemunha, vez que, nessa primeira ação, não sofreria qualquer restrição em seu universo de direitos, não seria atingido, como não foi, pela sentença prolatada. A magistrada afirma que o trancamento de uma ação penal, como pleiteado, só poderia ocorrer se presente o fenômeno da litispendência (julgamento e condenação pelos mesmos fatos). Segundo a ministra, a denúncia foi parcialmente recebida justamente porque o juiz monocrático percebeu que dois dos réus já haviam sido condenados em ação anterior, mas não Cacciola que figurou no primeiro procedimento apenas como testemunha, não como réu. Não há qualquer constrangimento ilegal a atingir o paciente.

28/02/2008 - 12h16Sindicato dos agentes penitenciários de Catanduva continua com auxílio-transporte garantido

A União não conseguiu suspender o pagamento do auxílio-transporte e descontar os valores já pagos a esse título aos agentes penitenciários federais de Catanduvas (PR). O pedido de suspensão de liminar e sentença proposto pela União contra a decisão da Justiça Federal da 4ª Região que determinou o pagamento foi rejeitado pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Raphael de Barros Monteiro Filho. O Sindicato dos Agentes Penitenciários Federais de Catanduvas (Sindapef) ajuizou ação inibitória com pedido de antecipação de tutela (antecipação dos efeitos) contra a União. Na ação buscava evitar a suspensão do pagamento do auxílio-transporte aos agentes penitenciários e o desconto dos valores já pagos aos servidores a esse título. Com o deferimento do pedido de concessão de tutela antecipada em primeira instância, a União interpôs agravo de instrumento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que o negou. Daí o pedido de suspensão no STJ, alegando que a determinação para que sejam depositados imediatamente os valores relativos ao auxílio-

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transporte acarreta impacto orçamentário de vultosa expressão. A União acrescenta que “o auxílio-transporte reveste-se de natureza propter laborem faciendo, isto é, somente é devido em circunstâncias específicas, atinentes ao local de trabalho, distância da residência, horário de funcionamento do serviço de transporte público, motivo pelo qual não se pode estender tal vantagem pecuniária de forma generalizada”. Ao indeferir o pedido, o ministro Barros Monteiro afirma que não se acham presentes os pressupostos específicos para o deferimento. Segundo ele, a suspensão de liminar é medida excepcional e sua análise deve restringir-se à verificação da lesão aos bens jurídicos tutelados pela norma regência, quais sejam a ordem, a saúde, a segurança e a economia públicas. E, afirma, que todos os argumentos trazidos para justificar o pedido de suspensão dizem respeito a questões de fundo, insuscetíveis de apreciação nesse tipo de recurso. A seu ver a União não demonstrou, concretamente, o potencial lesivo da decisão contestada e a existência de violação da ordem pública.

28/02/2008 - 10h32Ordem de prisão antes da apelação deve demonstrar efetiva necessidade

O fundamento de reiteração de práticas criminosas combinadas com conduta social distorcida é insuficiente para determinar a prisão preventiva do réu para que ele possa apelar contra decisão condenatória. O entendimento é da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo os ministros, para que a prisão seja determinada na condenação, deve ser demonstrada a efetiva necessidade da medida restritiva de liberdade antecipada, “evidenciando-se, de forma específica e objetiva, em que ponto reside a ameaça à ordem pública”. O processo foi relatado pelo presidente da Quinta Turma, ministro Arnaldo Esteves Lima. O voto do relator foi acompanhado por todos os membros da Turma. Com o julgamento, fica confirmada a liminar antes concedida a uma condenada a quatro anos, um mês e 20 dias de reclusão pela prática do crime de estelionato continuamente. A pena foi imposta para cumprimento em regime inicialmente fechado. Com a decisão, a ré teve reconhecido seu direito de apelar em liberdade, se por outro motivo não estiver presa. O ministro Arnaldo Esteves Lima destacou o entendimento firmado pela Terceira Seção do STJ – responsável pelo julgamento de matéria penal – de que “o réu que respondeu solto ao processo deve aguardar em liberdade o julgamento do seu recurso de apelação, ainda que reincidente ou portador de maus antecedentes, salvo se presentes, demonstradamente, os motivos legais que determinam a decretação da prisão preventiva”. Para o ministro, “a mera reprodução das expressões ou dos termos legais expostos na norma de regência, divorciada dos fatos concretos ou baseada em meras suposições ou pressentimentos, não é suficiente para atrair a incidência do artigo 312 do Código de Processo Penal (CPP), pois não se admitem conjecturas. A decretação da referida medida restritiva de liberdade antecipada deve reger-se sempre pela demonstração da efetiva necessidade no caso em concreto”. O ministro Arnaldo Esteves Lima destacou, ainda, várias decisões no mesmo sentido de seu voto. “A prisão preventiva, espécie do gênero prisão cautelar, é medida excepcional, dada a relevância do princípio constitucional da presunção de inocência, devendo ser decretada tão-somente nos estritos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal.” Processo O juízo de primeiro grau condenou a ré pela prática do crime de estelionato. Ela fez uso indevido de cartão de crédito bancário por 14 vezes, prejudicando, com isso, a instituição bancária. Na sentença, foi negado à condenada o direito de apelar em liberdade. A decisão fundamentou-se no entendimento de que “sua custódia faz-se necessária para a garantia da ordem pública, considerando sua conduta social distorcida e a reiteração de práticas criminosas”. A defesa da ré entrou com um habeas-corpus, mas o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo (TAC/SP) manteve a ordem contra o apelo em liberdade. Para o TAC, o decreto prisional não ofende, no caso, a garantia da presunção de inocência. O Tribunal citou a Súmula 9 do STJ para justificar sua conclusão. O advogado da ré entrou com outro habeas-corpus com pedido de liminar, diretamente no STJ. A defesa afirmou não haver motivação idônea para impedir o direito à ré de apelar em liberdade, sobretudo porque ela permaneceu solta durante toda a instrução do processo e não prejudicou o andamento do feito nem perturbou a ordem pública. O pedido de habeas-corpus foi analisado e concedido pela Quinta Turma.

28/02/2008 - 09h27 DECISÃOEleições para mesa diretora da Câmara Municipal de Belmonte continuam suspensas

A convocação de novas eleições para a mesa diretora da Câmara Municipal da Comarca de Belmonte (BA) continuam suspensas. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, negou o pedido do vereador Aelson Silva Matos para suspender a decisão que interrompeu a convocação até o pronunciamento definitivo da Câmara. A eleição da nova presidência da Câmara Municipal de Belmonte, realizada em 1º/1/2007, que elegeu Matos como presidente, foi contestada pelo vereador Orlando Valter Lapa. O juízo de Direito da Comarca acatou o pedido de nulidade feito por Lapa, declarando “vago o cargo de presidente que deverá ser ocupado pelo presidente em exercício no dia 31/12/2006, que deverá convocar novas eleições dentro do prazo máximo de 30 dias do trânsito em julgado”. Entretanto Lapa interpôs um agravo de instrumento (tipo de recurso) com pedido de efeito suspensivo, pedindo a modificação da sentença na parte que determinou a convocação de novas eleições. Ele foi concedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia, suspendendo-se a convocação de novas eleições até o pronunciamento definitivo da Câmara.

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No STJ, Matos pediu a suspensão da decisão alegando que ela afronta os princípios legais, especialmente o que preserva a segurança jurídica e o Estado democrático de direito. Para o ministro Barros Monteiro, o vereador Matos sustentou de forma genérica a possibilidade de dano à ordem pública, não demonstrando a ocorrência de graves lesões. Além disso, afirmou que os argumentos trazidos por ele dizem respeito a questões de fundo da ação declaratória, incapaz de apreciação nesse recurso.

28/02/2008 - 08h09Mantida decisão que condenou o banco Itaú a indenizar maestro paulista

Está mantida a decisão que condenou o banco Itaú S/A a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 21 mil ao maestro paulista J. L. N., por inclusão indevida de seu nome em cadastro de inadimplentes. O ministro João Otávio de Noronha, da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou provimento ao agravo de instrumento por meio do qual a instituição bancária pretendia modificar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A ação de cobrança foi proposta pelo banco, alegando que o maestro teria realizado operações de saque, gerando saldo a descoberto de aproximadamente R$ 12 mil. O maestro entrou com ação de reconvenção [ação na qual o réu propõe, dentro do mesmo processo, uma outra ação contra o autor], afirmando que o banco é quem lhe devia indenização por ter inscrito seu nome indevidamente no cadastro de inadimplentes. Ao julgar a ação, o juiz julgou improcedente a ação do banco e parcialmente procedente a do maestro. Para o magistrado, foi invertido o ônus de provar as alegações, mas o banco não conseguiu demonstrar que os saques efetuados na conta-corrente do maestro foram regulares, assim como o envio do cartão magnético ou talonários de cheques. O banco foi, então, condenado a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 35 mil. Insatisfeito, o Itaú apelou, e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deu provimento apenas para reduzir o valor. “Não há que se falar em culpa da vítima, nem mesmo prática de exercício regular de direito no caso em tela”, afirmou o TJRJ. “Inscrição do nome do apelado no rol dos inadimplentes indevida, gerando dano moral a ser reparado”, acrescentou. Reduziu o valor, no entanto, alegando obediência aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Após o tribunal fluminense rejeitar recurso especial para o STJ, o banco entrou com agravo de instrumento [tipo de recurso], pretendendo que o STJ modificasse decisão do TJRJ, pelo menos em relação ao valor da indenização. Segundo alegou, a decisão gera enriquecimento sem causa do maestro, o que é proibido pelo artigo 884 do Código Civil. O pedido foi negado. O ministro João Otávio de Noronha constatou que as alegações apresentadas pela instituição financeira não foram apreciadas pelo Judiciário do Rio de Janeiro, não sendo possível serem agora vistas no tribunal superior. Para o ministro, o Itaú não se incumbiu de demonstrar a questão federal sob enfoque com o intuito de provocar a emissão de juízo de valor sobre ela. “O que veio a ocorrer somente nos argumentos expendidos no recurso especial”, afirmou, ao aplicar, as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. Rejeitou assim o recurso apresentado com o intuito de fazer chegar a questão à apreciação do STJ.

27/02/2008 - 20h28Acidente da Gol

Controladores de vôo devem responder a dois processos distintosOs controladores de tráfego aéreo envolvidos no episódio do acidente com o avião da Gol em 2006 devem responder a dois processos distintos, um perante a Justiça Militar – pelos crimes militares – e outro na Justiça Federal – por crime comum. O entendimento é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar o conflito de competência suscitado pelo juiz federal de Sinop (MT). A decisão foi unânime. Para o relator, ministro Paulo Gallotti, não existe conflito de competência a ser resolvido. Isso porque quatro dos controladores de vôo estão respondendo a processos nas Justiças Federal do Mato Grosso e Federal Militar da Circunscrição Judiciária do Distrito Federal, pelo acidente aéreo que ocasionou a queda do Boeing da Gol no município de Peixoto de Azevedo (MT), mas com imputações distintas. Os controladores de vôo Felipe Santos dos Reis, Jomarcelo Fernandes dos Santos, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José dos Santos de Barros foram denunciados, junto à Justiça Federal, pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo, definido de modo diferente na legislação militar. Já na ação em curso na auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar do Distrito Federal, Felipe, Lucivando e Leandro foram denunciados pelo crime de inobservância de lei, regulamento ou instrução, previsto exclusivamente na legislação militar. Ainda, na mesma auditoria, Jomarcelo responde por homicídio culposo, que tem igual definição na lei penal comum e na militar. Dessa forma, o crime atribuído a ele deve ser submetido à jurisdição militar, porquanto praticado, segundo a denúncia, por militar em serviço contra civis. Conflito de competênciaNo caso, o conflito de competência aconteceu entre o juiz federal de Sinop (MT) e a juíza auditora da 11ª Circunscrição Judiciária Militar do Distrito Federal, afirmando-se que, nesses juízos, tramitam duas ações para a apuração da responsabilidade penal pelo acidente aéreo envolvendo um Boeing da Gol e um jato Embraer/Legacy . No dia 25/5/2007, o Ministério Público Federal denunciou os pilotos do jato Joseph Lepore e Jan Paul Paladino pelo delito de inobservância de regra técnica da profissão e os controladores de vôo, pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo. Posteriormente, em 11/9/2007, o Ministério Público Militar ofereceu denúncia contra o também controlador João Batista da Silva, Felipe, Lucivando e Leandro por inobservância de lei, regulamento ou instrução e contra

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Jomarcelo por homicídio culposo.

27/02/2008 - 17h35Mera denúncia anônima não é causa para procedimento criminal

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o arquivamento de um procedimento criminal baseado em um e-mail anônimo encaminhado à Ouvidoria do Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação tramitava no órgão especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) contra um promotor de Justiça daquele estado. A correspondência anônima afirmava que ele teria praticado crime de injúria contra um procurador de Justiça do Rio de Janeiro durante os debates no plenário do II Tribunal do Júri, em fevereiro do ano passado. Os ministros acompanharam, por unanimidade, o voto do relator do habeas-corpus, ministro Nilson Naves. Em dezembro passado, o ministro havia concedido liminar suspendendo a tramitação da ação, que já estava em fase de audiência de transação. Para o relator, um procedimento criminal baseado em denúncia anônima é nulo e sofre de ausência de justa causa. O ministro, no entanto, ressalvou a validade das denúncias recebidas por serviços de disque-denúncia, que provocam o Poder Público a apurar a possível ocorrência de ilicitude penal. De acordo com o ministro Naves, é preciso reconhecer que, se, por um lado, não se pode negar o interesse da vítima e da sociedade na repressão dos crimes, por outro, a Constituição veda o anonimato, preservando direitos da personalidade, como a honra, a vida privada e a intimidade, coibindo abusos na livre expressão do pensamento. O ministro Nilson Naves concluiu que há conflito entre normas inspiradas em valores contrapostos (a garantia da liberdade e a garantia da segurança). No caso concreto, tendo em vista que o procedimento criminal baseou-se em denúncia anônima, o ministro optou por favorecer a garantia da liberdade. Para definir a questão, o ministro considerou preceitos constitucionais como a presunção da inocência, a dignidade da pessoa humana e o princípio da ampla defesa.

27/02/2008 - 11h53Procon pode aplicar multa por prática de dumping

A revendedora de combustíveis Esso Brasileira de Petróleo terá de pagar multa imposta pelo Procon do município de Campinas (SP) pela prática de dumping. A empresa teria reduzido seus preços em 22%, visando prejudicar e eliminar a concorrência local, na intenção de, então, dominar o mercado e impor preços altos. A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legitimidade da Secretaria Municipal de Cidadania (Procon) para fiscalizar a ocorrência de infração contra a ordem econômica e aplicar multa em decorrência dessa prática. O entendimento baseou-se em voto do ministro Francisco Falcão, que relatou o recurso especial sobre o tema. A posição reformou a decisão da Justiça paulista. Denunciada ao Procon pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região, a revendedora de combustíveis insurgiu-se contra a aplicação da multa no valor de 3 milhões de UFIRs. Por isso, ingressou com mandado de segurança, alegando que a competência para fiscalização da prática de dumping, bem como para aplicação de penalidades previstas em lei seria do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e não do Procon. A Justiça paulista, em primeira e segunda instâncias, deu razão à revendedora de combustíveis, anulando a multa aplicada pelo Procon, por entender que não haveria dano direto ao consumidor para justificar a penalidade. Inconformado, o Procon recorreu ao STJ. O ministro Falcão destacou, em seu voto, que o Código de Defesa do Consumidor abre a possibilidade de atuação do Procon em casos como esse. De acordo com o ministro, ainda que, num primeiro momento, possa se entender a inexistência de afronta ao direito do consumidor, não há como se afastar a legitimidade do Procon para atuar, já que a “Lei 8.884/94, que trata da prevenção e da repressão às infrações contra a ordem econômica, é também protetora e defensora dos direitos do consumidor”. Desta decisão, a Esso recorreu novamente à Primeira Turma, para que a decisão fosse modificada, mas os ministros, outra vez por unanimidade, mantiveram a posição.

27/02/2008 - 08h25Banco Central terá de indenizar empresas por intervenção na década de 70

O Banco Ipiranga Investimentos S/A (Grupo Financeiro Ipiranga) e a Companhia Brasileira de Administração e Participação S/A (Cobrasap) receberão indenização do Banco Central do Brasil (Bacen) por intervenção feita na década de 70, a qual teria causado danos ao patrimônio das empresas. De US$ 125 milhões, os bens teriam sido reduzidos a US$ 4,3 milhões depois de 14 anos de administração, segundo consta dos relatórios. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a questão foi decidida definitivamente pela Corte Especial. Os ministros, por unanimidade, negaram o recurso do Bacen que alegava ter sido dada ao caso interpretação diferente da aplicada a outros julgamentos semelhantes ocorridos no próprio STJ. O Bacen já entrou com recurso para levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF). Desde 2003, os envolvidos debatem no STJ o pedido de indenização. Em 2006, um julgamento na Segunda Turma admitiu, por maioria, que estavam comprovados os danos causados ao Grupo Financeiro Ipiranga pela gestão “desastrosa”. Por isso, definiu que o Bacen deveria indenizar, já que seria “impossível se fazer uma reposição natural, ou seja, o desfazimento dos atos ilegais, abusivos e fraudulentos”. A Segunda Turma considerou que os documentos que indicam os valores do patrimônio da empresa do início e do fim da intervenção apenas comprovavam a existência do dano, sendo que o valor da indenização deveria ser calculado na fase de execução. Dessa decisão, o Bacen recorreu à Corte Especial, afirmando existir divergência entre a interpretação dada pela

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Segunda Turma e julgamentos realizados em outros órgãos do STJ. Inicialmente, o ministro Cesar Asfor Rocha não acatou as alegações do Bacen, por inexistir semelhança entre as decisões apontadas. No entanto a instituição insistiu para que o caso fosse levado à análise dos outros ministros, o que ocorreu no último dia 20. HistóricoA ação de que trata o recurso no STJ foi ajuizada na Justiça do Distrito Federal, em 1990. A questão essencial tratou do pedido de indenização e da possibilidade de este ser ou não apreciado pelo STJ. Os ministros decidiram existirem provas suficientes da prática do ato ilícito do Bacen. As empresas pediam indenização no valor da diferença entre o patrimônio líquido do grupo antes da intervenção e o período quando foi finalizada a liquidação. Afirmam que o Bacen, ao intervir, teria beneficiado os controladores do Banco de Crédito Nacional, que assumiu parte das empresas como co-gestor e ainda ficou com o controle do Banco Comercial Ipiranga (único a ter a intervenção interrompida). O Grupo Financeiro Ipiranga, que tinha como holding a Cobrasap, era composto de 35 empresas no país e mais de 30 no exterior. Dessas, seis eram instituições financeiras. Em 1974, o grupo foi atingido por uma séria crise de liquidez no mercado financeiro, pedindo auxílio ao Banco Central. Em maio do mesmo ano, sofreu intervenção do Bacen, que assumiu todas as empresas, sendo afastados todos os seus administradores. Como citado no relatório da ministra Eliana Calmon, a intervenção foi tão radical que foram suspensos até mesmo os contratos de publicidade, demitido o pessoal e controladas as atividades essenciais das empresas financeiras. Em novembro do mesmo ano, a Cobrasap foi forçada a transferir 24 das 38 empresas do Grupo Financeiro Ipiranga para o Banco de Crédito Nacional S/A, que passou a ser co-gestor na qualidade de novo acionista e controlador do Grupo.

26/02/2008 - 12h27Farmacêutico pode ser responsável técnico simultaneamente de farmácia e drogaria

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu o direito de farmacêutico acumular a responsabilidade técnica por farmácia e drogaria. A decisão unânime da Primeira Turma do tribunal segue o entendimento do relator, ministro José Delgado. A questão foi definida no recurso apresentado pelo farmacêutico contra decisão do Tribunal regional Federal da 1ª Região que entendeu não ser possível o acúmulo, sendo permitido a cada farmacêutico exercer a direção técnica de, no máximo, duas farmácias, sendo uma comercial e uma hospitalar.” No recurso, o farmacêutico alega que a proibição à acumulação de responsabilidade está restrita a duas farmácias comerciais ou públicas (Lei n. 5.991/73), não atingindo, portanto, seu caso, que trata de uma farmácia e uma drogaria. Ao apreciar o pedido, o ministro José Delgado entendeu que o artigo 20 da Lei 5.991, de 1973, determina que "a cada farmacêutico será permitido exercer a direção técnica de no máximo, duas farmácias, sendo uma comercial e uma hospitalar" não está proibindo a acumulação de exercício de direção técnica de uma farmácia e uma drogaria. O relator explica que a drogaria é uma espécie de farmácia com atividades limitadas, conforme estabelece as definições a respeito dispostos no art. 4º, incisos X e XI, da Lei 5.991, de 1973. a conclusão do ministro é a de que a drogaria é uma espécie de farmácia onde, apenas, há distribuição e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens, e a farmácia, além de efetuar essa distribuição (dispensação) e comércio de drogas, pode manipulá-los. Assim, deu provimento ao recurso para permitir ao farmacêutico acumular a responsabilidade técnica em ambos os estabelecimentos.

26/02/2008 - 10h04Menor de 21 anos, com o apoio dos pais, pode retificar seu registro civil

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu não ser mero capricho o pedido de uma jovem de 19 anos para que se retifique o seu registro civil, incluindo o nome pelo qual é tratada ao seu prenome. Assim, determinou que tanto a sentença quanto a decisão do tribunal estadual sejam anuladas para que ela possa comprovar as alegações que fundamentam o seu pedido de retificação. No caso, o juízo de primeiro grau julgou improcedente o pedido sob o fundamento de que, contando a jovem com 19 anos, ela não poderia pedir a alteração de seu nome, o que só lhe seria permitido fazer no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, observada a legislação em vigor (Código Civil de 1916 e artigo 56 da Lei n. 6.015/73, Lei de Registros Públicos). Na apelação, a jovem alegou cerceamento de defesa, bem como a possibilidade de retificação de seu prenome, independentemente da limitação etária, ressaltando, ainda, que, no seu caso, trata-se de mero acréscimo ao prenome registrado, para melhor aceitação social. No tribunal, a sentença foi mantida por decisão monocrática do relator, que adicionou não ter sido caracterizada a excepcionalidade e o justo motivo que autorizam a alteração do prenome no registro civil, de acordo com o princípio da imutabilidade consagrado no artigo 58 da Lei nº 6015/73. A decisão monocrática foi confirmada pela Oitava Câmara Cível do tribunal estadual. Recurso EspecialNo STJ, a jovem sustentou o impedimento da produção de prova documental e testemunhal, prova esta que era absolutamente indispensável à demonstração das situações de constrangimento e problemas acarretados a ela em razão da confusão quanto ao seu nome. Segundo o relator, ministro Sidnei Beneti, a jurisprudência do STJ tem flexibilizado a regra temporal prevista no artigo 56 da Lei n. 6.015/73, admitindo que menores de 21 anos, devidamente assistidos por seus pais, possam pedir a retificação no registro civil, desde que se verifique o justo motivo.

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“Quanto ao ponto, nota-se que houve uma certa precipitação da Corte fluminense, visto que não foi oportunizada à autora a realização da prova dos fatos que embasaram seu pedido. O nome civil, como se sabe, está inserido nos chamados direitos da personalidade, ou seja, aqueles de conteúdo não-patrimonial, reconhecidos à pessoa tanto no campo particular quanto nos desdobramentos do convívio em sociedade. O nome é, portanto, atributo da personalidade, caracterizado como elemento individualizador da pessoa no meio social”, disse o relator. O ministro destacou que o pedido da jovem é bastante razoável, tendo em vista que o registro original nem sequer será alterado de modo substancial com o acréscimo do segundo nome, com o qual ela de fato se identifica e que a individualiza no meio em que vive. Além disso, o ministro Beneti destacou que, nesse processo, não houve audiência de instrução, porque o magistrado que proferiu a sentença entendeu que a jovem não fazia jus ao pedido diante da limitação temporal do artigo 56 da Lei n. 6015/73.

26/02/2008 - 08h31STJ extingue ação penal contra condenada por tentar furtar 12 barras de chocolate

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas-corpus a uma mulher condenada por tentar furtar 12 barras de chocolate na Cia. Brasileira de Distribuição. Os ministros determinaram a extinção da ação penal contra ela imposta, aplicando ao caso o princípio da insignificância sob o entendimento de que a lesão ao bem jurídico foi inexpressiva. Com a decisão da Turma, a condenação penal contra a ré fica invalidada. A mulher foi presa em flagrante e condenada à pena de seis meses de reclusão em regime inicial semi-aberto, pela tentativa de furto. Segundo ela, os chocolates seriam para presentear seus sobrinhos por ocasião do Natal. Na época, dezembro de 2005, as 12 barras tinham um custo total de R$ 36,00. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) acolheu apenas parte do recurso interposto pela Procuradoria de Assistência Judiciária em favor da ré. O TJ/SP reduziu a pena imposta, mas manteve a condenação porque não aceitou o argumento baseado no princípio da insignificância. De acordo com o TJ, embora a tentativa tenha se referido a barras de chocolate, ela cometeu o delito durante indulto – saída temporária de Natal. A Procuradoria de Assistência recorreu ao STJ. No recurso, reiterou a alegação de que deve ser aplicado o princípio da insignificância ao caso. O Ministério Público Federal opinou, em parecer, pelo acolhimento do pedido. O ministro Arnaldo Esteves Lima, presidente da Quinta Turma, foi o relator do habeas-corpus. Ele acolheu o pedido para “determinar a extinção da ação penal instaurada contra a paciente (a mulher condenada), invalidando, por conseqüência, a condenação penal contra ela imposta”. O ministro aplicou ao caso o princípio da insignificância e seu voto foi seguido pelos demais membros da Turma. Segundo o ministro, o princípio em questão “significa dizer que a intervenção do direito penal apenas se justifica quando o bem jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano impregnado de significativa lesividade. Não havendo, outrossim, a tipicidade material, mas apenas a formal, a conduta não possui relevância jurídica, afastando-se, por conseqüência, a intervenção da tutela penal, em face do postulado da intervenção mínima”. Para o relator, no caso, “a tentativa de subtrair 12 barras de chocolate, as quais seriam presenteadas aos sobrinhos da paciente (ré) por ocasião do Natal, embora se amolde à definição jurídica do crime de furto tentado, não ultrapassa o exame da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de pena privativa de liberdade, uma vez que a ofensividade da conduta se mostrou mínima”. Ele destacou ainda que “não houve nenhuma periculosidade social da ação; a reprovabilidade do comportamento foi de grau reduzidíssimo e a lesão do bem jurídico se revelou inexpressiva”. O relator citou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em que foi aplicado o princípio. Segundo o STF, “o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor – por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social”. O ministro ressaltou, ainda, que, “na hipótese dos autos, as 12 barras de chocolate foram avaliadas em R$ 36,00, correspondente, à época da tentativa de furto, ocorrida em 27/12/2005, a 12% do salário mínimo então vigente, o que, por tal critério, implicaria, também, a adoção da insignificância”.

25/02/2008 - 11h03Prefeito de Paulínia continua com direitos políticos suspensos

O prefeito do município de Paulínia (SP), Edson Moura, vai continuar com os direitos políticos suspensos pelo prazo de oito anos. O recurso interposto pela defesa de Moura no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi rejeitado pela maioria dos ministros que compõem a Primeira Turma do Tribunal. Moura foi denunciado por improbidade administrativa, em razão de ter utilizado de recursos públicos para contratar advogado a fim de defender interesses particulares e pessoais. A sentença, entendendo ter havido enriquecimento ilícito do prefeito e prejuízo às finanças públicas, declarou a nulidade da contratação, suspendendo seus direitos políticos pelo prazo de oito anos. Também o proibiu de contratar com o Poder Público ou de receber incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 10 anos. Condenou-o, ainda, ao pagamento da multa civil equivalente ao acréscimo patrimonial, assim considerando o desembolsado pela Prefeitura, convertida em favor da municipalidade e devidamente corrigida, e condenando-o na reposição do valor devidamente corrigido. A sentença foi mantida pelo tribunal estadual. Inconformado, o prefeito interpôs o recurso especial no STJ alegando que não houve ilicitude na contratação do advogado em referência, fato que motivou a ação civil pública, uma vez que os serviços a serem atendidos eram da própria administração. Sustentou, ainda, que, em julgados paradigmas, aplicou-se solução jurídica diversa da empregada pela decisão

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do Tribunal estadual, considerando-se legal a contratação de advogado com verbas municipais, para acompanhamento de ações de natureza semelhante. Ao julgar o recurso, a Turma manteve a solução dada em primeiro grau, destacando que, para a avaliação da inconformidade do prefeito, que insistiu na afirmação de que não configura atitude ímproba a contratação do advogado, ou mesmo que seria desproporcional a condenação, seria necessário o reexame do conjunto probatório utilizado pela instância local, o que é impedido ao STJ devido à Súmula 7 do Tribunal. Além disso, a Turma ressaltou que os prefeitos não gozam de prerrogativa de foro para o julgamento das ações de improbidade, não só pela declaração de inconstitucionalidade do parágrafo 2º do artigo 84 do Código de Processo Penal, como também conforme reiterada jurisprudência da Corte.

25/02/2008 - 10h22Progressão de condenados por crime hediondo deve seguir legislação vigente à época do delito

Condenados por crimes hediondos cometidos antes de 28 de março de 2007, data da publicação da nova redação da lei que trata desses crimes, podem progredir de regime com o cumprimento de um sexto da pena, e não com o mínimo de dois quintos, conforme a nova regra. A definição é da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em julgamentos ocorridos na Turma, os ministros vêm entendendo que a inovação prejudicial não pode retroagir, devendo ser aplicada somente aos crimes cometidos após a vigência da nova lei. A nova redação para a lei de crimes hediondos, dada pela Lei n. 11.464/2007, foi inspirada pelo julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou inconstitucional a vedação da progressão de regime para condenados por crimes dessa natureza. Para adequar-se à interpretação do STF, mas prevendo distinção entre crimes comuns e hediondos, a lei de crimes hediondos (de n. 8.072/90) passou a exigir para a progressão nesses casos que o preso tenha cumprido dois quintos da pena se for primário, ou três quintos caso seja reincidente. Num dos julgamentos mais recentes, o relator ministro Napoleão Nunes Maia Filho ressalvou que considera inaceitável do ponto de vista jurídico que os condenados por crime hediondo possam progredir de regime carcerário nas mesmas condições de tempo (um sexto da pena) exigidas dos condenados por crimes não-hediondos. No entanto, apesar desse entendimento pessoal, ao julgar o habeas-corpus, o ministro Napoleão considerou ilegal a aplicação retroativa da nova regra, posição do STJ. De acordo com o ministro, quando o fato que gerou a condenação é anterior à nova legislação, deve ser aplicado o previsto no artigo 112 da Lei de Execuções Penais (LEP), ou seja, a exigência de somente um sexto da pena para a progressão, além da análise de outros requisitos objetivos e subjetivos previstos na mesma lei. No caso em análise, tratava de um habeas-corpus a condenado por latrocínio a mais de 19 anos de reclusão em regime integralmente fechado. Com a decisão do STJ, o juiz da Vara de Execuções Penais da comarca de Presidente Prudente (SP) terá de apreciar o requerimento de progressão de regime do condenado, como disciplinado pelo artigo 112 da LEP. Esse direito lhe havia sido negado tanto pela primeira quanto pela segunda instância da Justiça paulista.

25/02/2008 - 08h31Empresa pode deduzir despesas efetuadas no PAT sem limitação de custo máximo por refeição

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou um entendimento que vai afetar o apetite do Leão da Receita. Por unanimidade, a Segunda Turma do Tribunal considerou ilegal os atos que fixaram valores máximos para as refeições individuais como condição para a empresa ter direito ao incentivo fiscal pelas despesas com alimentação dos trabalhadores. No recurso especial interposto contra a Pirelli S/A Companhia Industrial Brasileira, a Fazenda Nacional sustentou que os limites estabelecidos pela Portaria Interministerial nº 326/77 e pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 143/86 devem ser observados para efeito do incentivo fiscal relativo ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A Pirelli defendeu a possibilidade de a empresa beneficiária deduzir do lucro real as despesas efetuadas no referido programa, sem a limitação de qualquer custo individual máximo por refeição. Segundo o relator, ministro Castro Meira, tanto a lei quanto o decreto regulamentar estipulam que para a concessão do incentivo são exigíveis a existência do PAT aprovado pelo Ministério do Trabalho e o atendimento aos requisitos legais, sem contemplar a fixação de custos máximos para as refeições. Acompanhando o voto do relator, a Turma concluiu que ao fixarem custos máximos para as refeições individuais como condição ao gozo do incentivo fiscal previsto na Lei nº 6.321/76, a Portaria Ministerial 326/77 e a Instrução Normativa 143/86 violaram o princípio da legalidade e da hierarquia das leis, porque extrapolaram os limites do poder regulamentar. “Essas limitações estabelecidas por normas hierarquicamente inferiores restringiram a própria lei ordinária, portanto, são ilegais, uma vez que inovaram ao prever condições não previstas na Lei 6.321/76 ou no Decreto nº 78.676/76” ressaltou o relator, acrescentando que ato infralegal não pode restringir, ampliar ou alterar direitos decorrentes de lei.

Informativo n. 0345Período: 18 a 22 de fevereiro de 2008.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

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Corte EspecialANISTIA. CONFIGURAÇÃO. DISSÍDIO.

A Corte Especial negou provimento ao agravo regimental reiterando que o decisório embargado examinou caso submisso à Lei n. 9.140/1995, que reconheceu como mortas e desaparecidas, no período de 2/9/1961 a 5/10/1998, pessoas cujos nomes constavam de uma lista anexa à citada lei, bem como que, só com o reconhecimento oficial da morte dessas pessoas desaparecidas durante a ditadura militar, surgiu o direito de postular indenização, contando-se a prescrição a partir da citada lei. Por outro lado, o paradigma colacionado, a seu turno, examinou um caso de pensão por morte (não de indenização) à luz do art. 8º do ADCT, não cuidando, em nenhum momento, da Lei n. 9.140/1995, nem mesmo a agravante levantou a questão da prescrição. Assim, não há a divergência apontada. AgRg nos EREsp 651.512-GO, Rel. Min. José Delgado, julgado em 20/2/2008.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA ALIMENTAR.A Corte Especial, ao prosseguir o julgamento, por maioria, acolheu os embargos, declarando a natureza alimentar dos honorários advocatícios, inclusive daqueles provenientes da sucumbência. EREsp 706.331-PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgados em 20/2/2008.

Segunda TurmaCORTE. ENERGIA ELÉTRICA. INADIMPLEMENTO. AGÊNCIAS. INSS.

A Turma entendeu que o corte no fornecimento de energia elétrica, quando se trata de pessoa jurídica de direito público, é indevido apenas nas unidades cujo funcionamento não pode ser interrompido, como hospitais, prontos-socorros, centros de saúde, escolas e creches. No caso, trata-se de agências do INSS localizadas no Estado do Rio de Janeiro, que estão com atraso no pagamento das contas de energia elétrica. Assim, a Turma deu provimento ao recurso para que a recorrente tenha possibilidade de cortar o fornecimento de energia elétrica em caso de inadimplemento do usuário. REsp 848.784-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 9/2/2008.

COFINS. PRESCRIÇÃO. IMPUTAÇÃO. PAGAMENTO. COMPENSAÇÃO.A Turma reiterou o entendimento de que, quando o tributo está sujeito ao “autolançamento”, o Fisco pode homologá-lo expressa ou tacitamente. Não estipulado pela lei um prazo para homologação, ela será de até cinco anos, tendo como termo a quo a ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º, CTN). A extinção do crédito tributário ocorrerá não com o pagamento antecipado, mas com a homologação e, a partir daí, fluirá o prazo de cinco anos para a prescrição (art. 168, I, CTN). Quanto à questão da imputação de pagamento, a Min. Relatora asseverou que essa não pode ser aplicada, pois é própria do Direito Civil e só poderia ser aplicada em matéria tributária se houvesse lei especial autorizadora. Os precedentes do STJ (REsp 951.608-SC, DJ 29/8/2007, e REsp 665.871-SC, DJ 19/12/2005) que afirmam ser pertinente imputar-se o pagamento conforme as regras do Código Civil aos precatórios não servem como paradigmas, pois não se confunde a imputação de pagamento para efeito de precatório com a imputação de pagamento em matéria de compensação, como é o caso abordado. Assim, a Turma determinou que se proceda à compensação, conforme o art. 74 da Lei n. 9.430/1996, com a redação dada pelas leis posteriores. Precedentes citados: REsp 206.503-SP, DJ 2/8/1999; EREsp 435.835-SC, DJ 26/10/2006; EREsp 644.736-PE, DJ 30/5/2005; REsp 905.337-SP, DJ 24/9/2007, e REsp 968.717-SP, DJ 22/10/2007. REsp 987.943-SC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 19/2/2008.

Terceira TurmaADMINISTRADOR. CONSTRIÇÃO ILEGAL. BENS.

O recorrente impetrou mandado de segurança contra a decisão do TJ-RS que determinou a indisponibilidade de bens do impetrante na qualidade de membro da administração da empresa falida. No mérito, pugnou pela inaplicabilidade do art. 36 da Lei n. 6.024/1974 ao argumento de que não era mais, ao tempo da quebra, administrador da falida. Inicialmente, a Min. Relatora verificou que o recorrente não era, à época da liquidação extrajudicial decretada pelo Bacen, administrador da empresa falida. Observou, também, que o recorrente não se enquadra na hipótese prevista no art. 36 da mencionada lei, que dispõe sobre a indisponibilidade dos bens dos administradores das instituições financeiras em intervenção, em liquidação extrajudicial ou em falência, tendo em vista que se retirou da sociedade no mês de novembro de 1998, e a liquidação foi decretada em 28/3/2001, evidenciando-se, assim, o lapso temporal de 28 meses. O § 1º do art. 36 da Lei n. 6.024/1974 estabelece que a indisponibilidade prevista no caput atinge apenas aqueles que estiveram no exercício de suas funções sob intervenção nos doze meses anteriores ao ato que decretou a intervenção, a liquidação ou a falência. Assim, cotejando-se os fatos apresentados aos comandos legais anteriormente declinados, vê-se a incongruência entre a hipótese legal e a moldura fática, o que desautoriza a constrição aplicada aos bens do recorrente. Acrescentou a Min. Relatora que o acórdão recorrido transbordou os limites legais impostos para a análise de mandado de segurança, ao adentrar na seara do direito material perquirido. Isso posto, a Turma, ao prosseguir na renovação do julgamento, por maioria, conheceu do recurso e lhe deu provimento para reformar o acórdão recorrido, concedendo a ordem para determinar o levantamento da constrição efetuada sobre os bens do recorrente. RMS 16.880-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/2/2008.

FRAUDE. EXECUÇÃO. CIÊNCIA. AÇÕES.A questão consiste em saber se a pendência de ação de conhecimento da qual possa decorrer a insolvência do

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devedor é abrangida pela hipótese prevista no art. 593, II, do CPC. A Min. Relatora ressaltou que a incidência do disposto no mencionado artigo não é automática, isto é, decorrente apenas da alienação na pendência de demanda capaz de reduzir o alienante à insolvência. E, segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, ficou esclarecido que, para existir fraude à execução, é preciso que a alienação do bem tenha ocorrido após registrada a citação válida do devedor ou, então, que o credor prove o conhecimento do adquirente sobre a existência da demanda pendente contra o alienante ao tempo da aquisição (precedente: AgRg no REsp 625.232-RJ, DJ 2/8/2004). Por outro lado, doutrina e jurisprudência têm exigido, nos casos em que inexiste o registro da citação ou da penhora, que ao credor cabe o ônus de provar que o terceiro tinha ciência da demanda em curso ou da constrição. Assim, para a caracterização da fraude de execução, é preciso que a alienação tenha ocorrido depois da citação válida, devendo este ato estar devidamente inscrito no registro, ou que fique provado que o adquirente sabia da existência da ação (precedente: REsp 218.290-SP, DJ 26/6/2000). Todavia, meditando melhor sobre a questão e, principalmente, considerando que esse entendimento acaba por privilegiar a fraude à execução por torná-la mais difícil de ser provada, a Min. Relatora diverge do entendimento acima transcrito quanto à questão relativa ao ônus da prova sobre a ciência pelo terceiro adquirente da demanda em curso ou da contrição. Isso porque o inciso II do art. 593 do CPC estabelece uma presunção relativa da fraude que beneficia o autor ou exeqüente. Portanto, em se tratando de presunção, é da parte contrária o ônus da prova da inocorrência dos pressupostos da fraude de execução (CPC, art. 334, IV), porque, a pessoa a quem a presunção desfavorece suporta o ônus de demonstrar o contrário, independentemente de sua posição processual, nada importando o fato de ser autor ou réu. Caberá ao terceiro adquirente, através dos embargos de terceiro (art. 1.046 e ss. do CPC), provar que, com a alienação ou oneração, não ficou o devedor reduzido à insolvência, ou demonstrar qualquer outra causa passível de ilidir a presunção de fraude disposta no art. 593, II, do CPC, inclusive a impossibilidade de ter conhecimento da existência da demanda. De fato, impossível desconhecer-se a publicidade do processo gerada pelo seu registro e pela distribuição da petição inicial (CPC, arts. 251 e 263), no caso de venda de imóvel de pessoa demandada judicialmente, ainda que não registrada a penhora ou mesmo a citação. A partir da vigência da Lei n. 7.433/1985, para a lavratura da escritura pública relativa a imóvel, o tabelião obrigatoriamente consigna no ato notarial, a apresentação do documento comprobatório dos feitos ajuizados. Não é crível que a pessoa que adquire imóvel (ou o recebe em dação em pagamento) desconheça a existência da ação distribuída (ou da penhora) em nome do proprietário do imóvel negociado. Diante disso, cabe ao comprador provar que desconhece a existência da ação em nome do vendedor, não apenas porque o art. 1º da mencionada lei exige a apresentação das certidões dos feitos ajuizados em nome do vendedor para lavratura da escritura pública de alienação de imóveis, mas, sobretudo, porque só se pode considerar, objetivamente, de boa-fé o comprador que toma mínimas cautelas para a segurança jurídica da sua aquisição (precedente: REsp 87.547-SP, DJ 22/3/1999). As pessoas precavidas são aquelas que subordinam os negócios de compra e venda de imóveis à apresentação das certidões negativas forenses. Portanto, tem o terceiro adquirente o ônus de provar, nos embargos de terceiro, que, mesmo constando da escritura de transferência de propriedade do imóvel a indicação da apresentação dos documentos comprobatórios dos feitos ajuizados em nome do proprietário do imóvel, não lhe foi possível tomar conhecimento desse fato. Na hipótese, observa-se que o acórdão recorrido é omisso em relação à existência da prova de que o adquirente, ora recorrente, não tinha conhecimento da ação de indenização ajuizada em face do proprietário do imóvel, ao tempo em que recebeu em dação em pagamento o imóvel em questão. E concluiu a Min. Relatora que, partindo-se da análise fática exposta no acórdão recorrido, a alegação de violação do art. 593, II, do CPC esbarra no teor da Súmula n. 7 deste Superior Tribunal. REsp 618.625-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/2/2008.

VENDA. AÇÕES. BOLSA. VALORES. DENUNCIAÇÃO. LIDE. PROCURAÇÃO FALSA.Cinge-se a questão em definir se a empresa responsável pela intermediação da venda de ações na bolsa de valores e a corretora que determina tal venda podem ser denunciadas à lide em ação ajuizada contra a instituição financeira depositária, pelo titular dessas ações, sob o argumento de que a negociação foi realizada sem o consentimento do proprietário, mediante falsificação de procuração. A Min. Relatora esclareceu que a denunciação da lide é determinada com base no art. 70 do CPC, mas, para que seja possível a aplicação do seu inciso III, deve haver lei ou contrato - no caso, o art. 521 do CC/1916 - que obrigue o denunciado a indenizar regressivamente o prejuízo daquele que perder a ação. Na venda de ações escriturais, cuja propriedade é caracterizada por extrato de conta de depósito do titular em instituição financeira depositária que for designada, a corretora deve, previamente ao depósito, obter o bloqueio dos títulos frente ao banco depositário, ato que garante a disponibilidade para negociação. Esse bloqueio é efetivado mediante apresentação, pela corretora, de uma ordem de transferência. Dessa forma, ainda que o banco, na qualidade de depositário das ações, tenha o dever de adotar todas as medidas de segurança para evitar fraudes, o que, a rigor, inclui a conferência de toda a documentação envolvida na venda, tal circunstância não exime a corretora da sua obrigação legal de responder pela legitimidade da procuração necessária à transferência de valores mobiliários, inclusive frente à instituição depositária, para quem apresenta a ordem de transferência e requer o bloqueio das ações a serem negociadas em nome do acionista depositante. A condenação da instituição financeira ré fundou-se no fato de que ela, na condição de depositária, tinha o dever de conferir a autenticidade da procuração supostamente outorgada pelo acionista. A negligência do banco, contudo, não afasta a obrigação da corretora, ora recorrente, de garantir a legitimidade da procuração por ela própria utilizada para requerer o bloqueio, depositar e vender as ações. Restando incontroverso nos autos que o instrumento de mandato era falso, bem como que, com base nesse documento, foi apresentada a ordem de transferência de ações escriturais, concretiza-se o direito de regresso da instituição depositária frente à corretora. Precedente citado: REsp 70.608-SP, DJ 18/12/1995. REsp 521.120-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/2/2008.

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COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. JUIZADO ESPECIAL. CONTROLE.A Turma entendeu que, não obstante ser possível o controle pelo juízo comum da competência dos juizados especiais via mandado de segurança, não é cabível o MS sem a observância das regras de competência de cada Tribunal para conhecimento de tais medidas. Outrossim, ainda que presente o interesse da CEF na causa a ponto de deslocar a competência para a Justiça Federal, não se altera aquela conclusão. Precedentes citados: CC 37.929-AL, DJ 22/2/2004; CC 67.330-MG, DJ 1º/2/2007; CC 73.000-RS, DJ 3/9/2007; CC 73.681-PR, DJ 16/8/2007, e CC 83.130-ES, DJ 4/10/2007. RMS 24.014-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/2/2008.

Quarta TurmaBUSCA E APREENSÃO. REVELIA. VISTA. DOCUMENTO.

Discute-se a aplicação da pena de revelia e a nulidade da sentença que se teria amparado em documento cuja vista não foi dada aos réus, ora recorrentes, em ação de busca e apreensão movida por instituição bancária. Explica o Min. Relator que a revelia foi corretamente aplicada; pois, segundo o acórdão recorrido, a contestação é intempestiva, uma vez que, após a citação, houve a retirada dos autos pelo advogado e, só após três meses e meio, eles foram devolvidos com a contestação. Essa demora, segundo o citado acórdão, obstruiu a marcha processual, não permitindo a juntada da carta precatória. Assim, para o Min. Relator, chegar-se à conclusão contrária demandaria reexame fático (Súm. n. 7-STJ). Observa o Min. Relator que o Tribunal a quo reconheceu que a parte, em tese, teve acesso aos autos em momento ulterior e nada alegou a respeito. Por outro lado, o documento a que se reportou a sentença, a cuja vista os recorrentes alegam que não tiveram acesso, é uma certidão do cartório atestando a retirada e a restituição desses autos de busca e apreensão pelo advogado dos recorrentes, informação de que já tinham ciência. Para o Min. Relator, afirmar que o causídico fê-lo em nome próprio e não dos recorrentes seria pueril e ele teria praticado a irregularidade de retirar autos de processo do qual não era advogado. Outrossim, não se alegou, em nenhum momento, que a certidão estaria errada ou era falsa; assim, não se configura a hipótese de nulidade da decisão. REsp 472.554-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 19/2/2008.

PROTESTO INVÁLIDO. PEDIDO. QUEBRA. EXTINÇÃO. AÇÃO.É invalido o protesto de título cuja intimação foi realizada no endereço da devedora, contudo sem a identificação de quem a recebeu, pois a intimação pessoal é essencial à higidez do pedido de quebra. Assim, com fundamento no art. 267, IV, do CPC, extingue-se o processo. Precedente citado: EREsp 248.143-PA, DJ 23/8/2007. REsp 472.801-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 21/2/2008.

Quinta TurmaHABEAS CORPUS. SUSTENTAÇÃO ORAL. INTIMAÇÃO. NULIDADE.

Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário em que se alega, entre outras coisas, a falta de intimação do impetrante para a sustentação oral, embora o pedido se encontrasse expresso nos autos. Assim, deveria ser nulo o acórdão que manteve a instauração de ação penal em desfavor dos ora pacientes. A Turma concedeu a ordem ao entendimento de que, havendo o pedido de sustentação oral, é imprescindível seja dada ciência ao impetrante da data em que será colocado o feito em mesa para julgamento, ressaltando que a referida ciência pode ser feita até por meio de informação disponibilizada no sistema informatizado de acompanhamento processual. Precedentes citados do STF: HC 92.290-SP, DJ 30/11/2007; HC 93.101-SP, DJ 22/2/2008; do STJ: HC 88.869-MG, DJ 3/12/2007. HC 93.557-AM, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/2/2008.

SONEGAÇÃO FISCAL. ADESÃO. REFIS. CONSTRIÇÕES JUDICIAIS. LEVANTAMENTO.Trata-se de recurso especial contra acórdão que determinou o levantamento de bens sob constrições judiciais ao argumento de que o denunciado encontrava-se amparado pela sua adesão ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis), visto que a homologação dessa prescinde de garantias legalmente exigidas, o que ocorreu no caso. A Turma deu provimento ao recurso ao fundamento de que a adesão ao Refis implica a suspensão da pretensão punitiva, e não a extinção da punibilidade, que só ocorre com o pagamento integral dos tributos. Dessa forma, impossibilita-se o levantamento dos bens sob constrições judiciais. Ressalte-se que as garantias prestadas para a homologação da opção pelo Refis possuem natureza administrativa e não podem substituir as medidas judiciais assecuratórias. Precedente citado: REsp. 733.455-RS, DJ 7/11/2005. RESP 762.072-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/2/2008.

INTIMAÇÃO. SENTENÇA. DESEJO. RECURSO.Não há qualquer preceito legal que exija, quando da intimação da sentença penal condenatória, que se indague o réu sobre seu desejo de recorrer. HC 77.964-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/2/2008.

ECA. PRESCRIÇÃO. MAIORIDADE CIVIL.É consabido que o instituto da prescrição é aplicável aos atos infracionais cometido por adolescentes, pois as medidas sócio-educativas têm caráter retributivo e repressivo, apesar de possuírem, também, natureza preventiva e reeducativa. Diante da ausência de fixação de um lapso temporal pela sentença, há que se valer do limite máximo de três anos, previsto no art. 121, § 3º, do ECA, bem como dos mesmos critérios necessários à decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado (arts. 109, IV, e 115 do CP). Anote-se que o prazo prescricional não se aperfeiçoou no caso. Obriga-se a considerar a idade do adolescente infrator na data do fato

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para efeito de aplicação das medidas sócio-educativas constantes do ECA, observado que a liberação obrigatória deve ocorrer não com a maioridade civil, mas apenas quando o menor completar 21 anos, pois o art. 121, § 5º, do ECA não foi revogado pelo CC/2002. Precedentes citados: HC 44.458-SP, DJ 13/2/2006; HC 33.473-RJ, DJ 6/2/2006; RHC 15.905-SC, DJ 3/11/2004; HC 45.567-SP, DJ 17/4/2006; HC 58.178-SP, DJ 25/9/2006; HC 44.168-RJ, DJ 10/9/2007, e HC 30.032-RJ, DJ 2/2/2004. HC 90.172-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/2/2008.

Sexta TurmaPROGRESSÃO. REGIME PRISIONAL. EXAME CRIMINOLÓGICO.

É certo que a novel redação do art. 112 da Lei de Execuções Penais (LEP), dada pela Lei n. 10.792/2003, não mais determina a submissão do apenado ao exame criminológico para fins de progressão prisional. Porém, isso não é empeço para que o juízo da execução, em decisão fundamentada, determine sua realização se entender necessário à formação de seu convencimento. No caso dos autos, houve a avaliação psicológica do ora paciente, que revelou ser frágil sua personalidade, com tendência à impulsividade, agressividade, hostilidade, o que demonstra ser ele vulnerável quanto ao retorno ao crime. Em sua avaliação social, vê-se ainda faltarem condições para que se beneficie da progressão de regime, pois há várias ocorrências no meio carcerário que desabonam sua conduta. Dessarte, constata-se que a cassação pelo Tribunal estadual do benefício concedido pelo juízo singular (que desprezou essas avaliações) não sofre a pecha de constrangimento ilegal, é decorrência da própria conduta inadequada do apenado, sopesado que a progressão não é dádiva decorrente do simples decurso do prazo legal, mas, sim, conquista feita diariamente em busca da liberdade definitiva. Precedente citado do STF: HC 88.052-DF, DJ 28/4/2006. HC 94.426-RS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG), julgado em 19/2/2008.

EXCESSO. PRAZO. PRISÃO CAUTELAR. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu não se aplicar a Súm. n. 21-STJ ao caso em que o recurso em sentido estrito interposto em favor do ora paciente, pronunciado em dezembro de 2005 e preso preventivamente há três anos, ainda aguarda apreciação. Mostra-se evidente o excesso de prazo, quanto mais se a defesa sequer deu causa ao atraso. Anote-se que o co-réu já se encontra em liberdade para aguardar o desenrolar da ação penal. HC 77.469-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 19/2/2008.

FURTO QUALIFICADO. RELAÇÃO SUBJETIVA DE CONFIANÇA. QUALIFICADORA.O furto praticado por agente diarista contratada em função de boas referências, a quem foram entregues as próprias chaves do imóvel enquanto viajavam os patrões, caracteriza, certamente, a forma qualificada prevista no artigo 155, § 4º, II, do CP. HC 82.828-MS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 21/2/2008.

DESCAMINHO. CONTRABANDO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA.O paciente está sendo investigado pelo cometimento, em tese, do crime de contrabando ou descaminho (art. 334 do CP). Mas a Turma denegou a ordem ao argumento de que o princípio da insignificância invocado pela defesa não se aplica ao presente caso. Para a Min. Relatora, o valor de referência utilizado pela Fazenda Pública quanto aos débitos inscritos em dívida ativa da União são cem reais, conforme o art. 18, § 1º, da Lei n. 10.522/2002 e corresponde ao valor máximo de que o erário está disposto a abrir mão por meio do cancelamento. E, em seu art. 20, diz que, acima de cem reais até o limite de dez mil reais, serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais, porém com a ressalva do parágrafo primeiro de que os autos de execução a que se refere o artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados. O mencionado arquivamento não implica renúncia fiscal, mas, tão-somente, denota a política quanto à prioridade para efeito de cobrança imediata conferida aos montantes mais elevados. Logo, considerando-se que a lesividade da conduta no crime de descaminho deve ser aferida com base no valor do tributo incidente sobre as mercadorias apreendidas e que os montantes inicialmente apurados excedem em muito o valor de cem reais, não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância. Entendeu a Min. Relatora que o trancamento do inquérito policial pela via do habeas corpus representa medida excepcional, admissível tão-somente quando evidenciada, de pronto, a atipicidade dos fatos investigados ou a impossibilidade de a autoria ser imputada ao indiciado, sendo que nenhuma dessas circunstâncias foi efetivamente demonstrada pela defesa. Precedente citado: HC 41.700-RS, DJ 20/6/2005. HC 66.308-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 21/2/2008.

ROUBO. ARMA. APREENSÃO. PERÍCIA.O impetrante pretende o afastamento da qualificadora do emprego de arma visto não ter sido esta apreendida e periciada. Para a Min. Relatora, se a arma não é apreendida e periciada nos casos em que não se pode aferir a sua eficácia, não há como a acusação provar que ela poderia lesionar mais severamente o bem jurídico tutelado, caso em que se configura crime de roubo por inegável existência de ameaça, todavia não se justifica a incidência da causa de aumento, que se presta a reprimir, de forma mais gravosa, aquele que atenta gravemente contra o bem jurídico protegido. Nos casos em que não há apreensão, mas a vítima e demais testemunhas afirmam de forma coerente que houve disparo com a arma de fogo, especificamente nesse tipo de caso, não é necessária a apreensão e a perícia do objeto para constatar que a arma possuía potencialidade lesiva e não era de brinquedo, uma vez que sua eficácia mostra-se evidente. Contudo, nos demais casos, sua apreensão é necessária. Isso decorre, como afirma a Ministra Maria Thereza de Assis Moura, da mesma raiz hermenêutica que inspirou a revogação da Súmula n. 174 deste Superior Tribunal. A referida súmula que, anteriormente, autorizava a

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exasperação da pena quando do emprego de arma de brinquedo no roubo tinha como embasamento teoria de caráter subjetivo. Autorizava-se o aumento da pena em razão da maior intimidação que a imagem da arma de fogo causava na vítima. Então, em sintonia com o princípio da exclusiva tutela de bens jurídicos, imanente ao Direito Penal do fato, próprio do Estado democrático de direito, a tônica exegética passou a recair sobre a afetação do bem jurídico. Assim, reconheceu-se que o emprego de arma de brinquedo não representava maior risco para a integridade física da vítima; tão só gerava temor nesta, ou seja, revelava apenas fato ensejador da elementar "grave ameaça". Do mesmo modo, não se pode incrementar a pena de forma desconectada da tutela do bem jurídico ao se enfrentar a hipótese em exame. Afinal, sem a apreensão, como seria possível dizer que a arma do paciente não era de brinquedo ou se encontrava desmuniciada? Sem a perícia, como seria possível dizer que a arma do paciente não estava danificada? Logo, à luz do conceito fulcral de interpretação e aplicação do Direito Penal - o bem jurídico - não se pode majorar a pena pelo emprego de arma de fogo sem a apreensão e a realização de perícia para se determinar que o instrumento utilizado pelo paciente, de fato, era uma arma de fogo, circunstância apta a ensejar o maior rigor punitivo. Logo, o emprego de arma de fogo é circunstância objetiva e torna imperiosa a aferição da idoneidade do mecanismo lesivo, o que somente se viabiliza mediante sua apreensão e conseqüente elaboração do exame pericial, nos casos em que a eficácia da arma não exsurge incontroversa por outros meios de prova. Isso posto, a Turma concedeu a ordem para decotar a causa de aumento de pena referente ao uso de arma de fogo, aplicando sobre a pena-base a majorante do concurso de pessoas em um terço. Precedentes citados: HC 59.350-SP, DJ 28/5/2007, e HC 36.182-SP, DJ 21/3/2005. HC 89.518-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG, julgado em 21/2/2008.

HC. CONCESSÃO. ANULAÇÃO. PROCESSO. INQUIRIÇÃO.O paciente foi condenado pelo Tribunal do Júri a 4 anos de reclusão pela prática dos delitos previstos no art. 121, c/c art. 14, II, do CP. Pede a anulação do feito; pois, segundo a tese da defesa, imbuído de violenta emoção, teria atentado contra a vida de seu ex-cônjuge e o seu então namorado, sendo que não foi feito o quesito relativo a tal versão, assim, não teve, durante todo o processo, a efetiva defesa garantida constitucionalmente e no art. 261 e parágrafo do CPP, esse acrescentado pela Lei n. 10.792/2003. A Min. Relatora entendeu assistir integral razão ao paciente quanto a ter ficado sem defesa efetiva durante todo o seu processo. A única testemunha ocular dos fatos não foi ouvida, tendo sido a ausência de sua oitiva o motivo pelo qual o defensor constituído desistiu de continuar a defesa do réu. O defensor nomeado não apresentou recurso em sentido estrito quando o pedido para inquirição de testemunha poderia ser reexaminado pelo Tribunal nem arrolou, na contrariedade, a referida testemunha, bem como, já em plenário, não cuidou de pedir a inclusão de quesito pertinente à defesa. Lembrou a Min. Relatora que, segundo o relato dos autos, a testemunha é imprescindível para o réu que alega que, antes de ele efetuar os disparos, por duas vezes, o namorado de sua ex-companheira tentou atropelá-lo com o veículo no qual se encontrava. Se confirmada sua versão pela testemunha, a pretensão de ver reconhecida a legítima defesa ficaria, em tese, possível de ser reconhecida. Entendeu a Min. Relatora que a omissão feriu o princípio da ampla defesa, constituindo nulidade absoluta, que pode ser reconhecida em qualquer fase do processo e até mesmo depois do trânsito em julgado da condenação. Dizer, como afirmou o Tribunal a quo, que as matérias argüidas foram atingidas pela preclusão é fazer tábula rasa do princípio constitucional do devido processo legal e da ampla defesa. Isso posto, a Turma concedeu a ordem de habeas corpus. HC 88.934-PB, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 21/2/2008.

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Sexta, 29 de Fevereiro de 2008Suspensa liminar que ordenava avaliação ambiental para construção de usinas no Rio Tibagi

O juiz federal Marcelo De Nardi, convocado para atuar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), suspendeu ontem (28/2) a liminar que condicionava a concessão de licenças de instalação das usinas e barragens na bacia do Rio Tibagi, no Paraná, à elaboração de avaliação ambiental integrada (AAI). A medida tinha sido tomada pela Justiça Federal de Londrina (PR), em sentença proferida em ação que questiona o projeto hidrelétrico da União.A União recorreu ao TRF4 contra a liminar, concedida em setembro de 2007, argumentando, entre outros aspectos, que a decisão estaria pondo em risco o abastecimento de energia elétrica. Alegou ainda que a AAI só poderia ser requisitada pelo órgão competente.Ao analisar o recurso, o magistrado entendeu que a medida deve ser suspensa até o exame do mérito do processo pelo tribunal, uma vez que as razões para a concessão da liminar se restringem “à idéia abstrata de que um estudo de impacto ambiental deve ser efetivado em caráter global e universal, tomando aleatoriamente um objeto ecológico-ambiental de abrangência maior do que o escolhido pelo órgão competente, sem indicação objetiva da necessidade de tal ampliação”. A apelação contra a sentença já foi admitida pela Justiça Federal de Londrina, mas ainda não chegou ao TRF4.Para De Nardi, não há dúvida de que a manutenção da liminar “põe em risco o provimento de energia no país”. O juiz federal salientou que a energia elétrica é essencial ao modo de vida hoje adotado, aceito e desejado pela grande maioria da população brasileira e mundial e citou dois exemplos dessa dependência: a estiagem no Brasil em 2001, “que impôs necessidade de contenção de consumo”, e a situação atual da Argentina, que sofre com a escassez, “mesmo para a climatização dos lares mais meridionais, por conta da falta de planejamento”.O magistrado destacou que a geração de energia elétrica é, em todos os casos, acompanhada de degradação ambiental. Por isso, afirmou, a Administração deve avaliar o quanto de prejuízo é admissível e o quanto será necessário exigir em compensação para manter e preservar o ambiente. “Em suma, há que se ponderar os dois interesses públicos em jogo”. Segundo De Nardi, assim agiu o legislador, ao estabelecer as condições de licenciamento ambiental para empreendimentos como os em análise, admitindo a sua execução, e não impedindo a sua realização.Outro aspecto ressaltado pelo juiz é que o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) é a autoridade competente para decidir sobre o alcance do estudo de impacto ambiental. Esse órgão, ressaltou De Nardi, entendeu não haver necessidade de o estudo abranger toda a bacia hidrográfica, decisão esta que presume-se regular, já que não foi impugnada, concluiu o magistrado.A ação civil pública foi ajuizada pela Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (Anab).AI 2008.04.00.003286-3/TRF

Quinta, 28 de Fevereiro de 2008Médica consegue revalidar diploma obtido na Argentina

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou nesta semana, por unanimidade, que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) deve revalidar o diploma de uma médica formada em Buenos Aires, Argentina. A universidade estava exigindo que a médica, residente de um hospital em Porto Alegre, fizesse uma prova para obter a revalidação do título, apesar de a equivalência dos currículos ter sido considerada suficiente.A médica entrou com uma ação na Justiça Federal da capital gaúcha contra a Ufrgs. A sentença de primeiro grau determinou à universidade o registro do diploma da autora no Ministério da Educação, em face da equivalência da carga horária e da correspondência curricular entre os estudos empreendidos no exterior com os correspondentes nacionais, liberando a médica de submeter-se a provas prático-profissionais.Contra essa decisão, a Ufrgs recorreu ao TRF4. No entanto, a relatora do caso no tribunal, desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, entendeu que a sentença deve ser mantida. A magistrada salientou em seu voto que “nem todo pretendente à revalidação obrigatoriamente realizará uma prova”. Ela explicou que, conforme a Resolução nº 01/2002 do Conselho Nacional de Educação, o requerente só pode ser submetido a prova após uma comissão julgar insuficiente a equivalência dos currículos e, ainda, após parecer de

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instituição de ensino especializada na área em que obtido o título. No caso, afirmou Maria Lúcia, a Ufrgs analisou e declarou a equivalência dos currículos em percentual de 75%. “Cumprida a primeira etapa, as subseqüentes são desnecessárias”, ressaltou a desembargadora.Outro aspecto destacado pela relatora é o fato de que a médica foi aprovada em programa de residência, cujo exame é elaborado pela Associação Médica do RS (Amrigs). A Ufrgs, lembrou Maria Lúcia, quer condicionar a revalidação do diploma à aprovação em exame realizado pela mesma Amrigs, “o que se revela, pois, além de ilegal, desarrazoado”. Tendo a autora da ação obtido êxito na prova de residência médica, concluiu a desembargadora, “estão comprovados os conhecimentos teóricos e práticos indispensáveis ao exercício da profissão”.AMS 2004.71.00.041878-8/TRF

Terça, 26 de Fevereiro de 2008Suspensas duas liminares contra cotas na UFRGS

A desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), suspendeu hoje (26/2) duas liminares que permitiam a matrícula de três candidatos aos cursos de Odontologia, Administração e Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). As decisões tinham sido tomadas pela Justiça Federal de Porto Alegre, atendendo a solicitação dos vestibulandos.A universidade recorreu ao TRF4 contra as liminares, argumentando que os critérios de inclusão social adotados são legais e constitucionais. Também alegou ser impossível aplicar, como determinado em uma das decisões, os critérios exigidos pelo Programa Universidade Para Todos (Prouni), que é direcionado a instituições privadas.Ao suspender as liminares, Maria Lúcia salientou que a adoção do sistema de cotas é possível em decorrência da autonomia universitária, prevista na Constituição Federal. O próprio edital do vestibular da Ufrgs, destaca a magistrada, estabelece um percentual de 30% para egressos do sistema público, destinando, deste total, 50% para autodeclarados negros.Para a desembargadora, é equivocada a alegação de falta de previsão legislativa para a adoção da política de cotas. Desde 1996, com o Primeiro Plano Nacional de Direitos Humanos, lembrou, a questão das políticas afirmativas já estava incluída. Citando as leis que criaram o Programa Diversidade na Universidade (Lei 10.558/2002) e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Lei 10.678/2003), a magistrada destacou não ser possível alegar falta de base legal para a aplicação de qualquer política afirmativa, pois o Executivo está autorizado a “implementar” as políticas, com anuência do Legislativo.O acesso aos níveis superiores de educação segundo a capacidade de cada um, como previsto na Constituição, “nem constitucionalizou o vestibular nem estabeleceu um padrão ‘meritório’ como critério único de acesso à universidade”, considerou Maria Lúcia. “Permitiu, como em todo concurso público, a adoção de mais de um critério, de forma a avaliar, dentre as metas e finalidades a que a universidade se destina, aquele corpo discente”, ressaltou.Segundo a desembargadora, a utilização de critérios do Prouni cria um entrave burocrático ilegal. O Prouni e o programa Diversidade na Universidade, ressaltou, “são nitidamente políticas públicas distintas em sua concepção e em suas finalidades, com pressupostos legais diferenciados e para atingir metas distintas”.Maria Lúcia ressaltou ainda que o deferimento da liminar resultaria no cancelamento da matrícula de outro candidato, tendo em vista a impossibilidade de criação de vagas, exceto por meio de legislação específica. A desembargadora lembrou também que a política de cotas da UFRGS prevê duração e verificação periódica dos resultados. “Não estabeleceu-se, pois, uma regra a vigorar indefinidamente, sem qualquer análise de sua eficácia”, concluiu.AI 2008.04.00.005863-3/TRF AI 2008.04.00.005918-2/TRF

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Notícias29/02/2008 PRE/SP pede cassação de tempo de propaganda partidária do DEM MPF/RJ e Fiocruz garantem direito de pessoas com deficiência em concurso Ex-prefeito de Uruaçu é condenado em ação penal do MPF/GO MPF/BA requer que SUS forneça medicamento para doença pulmonar MPF/MA: comerciante é proibido de distribuir ovos com rótulos falsificados MPF/PE obtém condenação de ex-prefeito de Lagoa Grande Condenado ex-prefeito de Taguatinga (TO) a ressarcir cofres públicos

28/02/2008 MPF/SC consegue que empresas de ônibus paguem indenização coletiva MPF/SE move ação de improbidade contra ex-prefeita de Canindé MPF/SP aciona hospital que não cumpre lei para tratamento mental

27/02/2008 MPF/BA pede inquérito policial para apurar fraudes na escolha de livros MPF/GO processa “empresários” de caça-níqueis MPF/SP apura atraso no agendamento de atendimento do INSS em Santos MPF/DF propõe penas alternativas para combater disseminação da vaca louca MPF/DF ajuíza ação de improbidade administrativa contra ex-reitor da UnB

26/02/2008 TRF-1 mantém proibição do suco noni a pedido do MPF/GO TRF-3 determina vacinação em cidade de SP com surto fatal de catapora Aterro sanitário de Palmas: assentados vão receber indenização MPF/SC consegue evitar cobrança de taxa de diploma MPF/RJ quer fim de exigência no IRPF-2008 PGR diz que cotas para mulheres em listas eleitorais é constitucional PRR-1 denuncia prefeito de Itarantim (BA) por extração ilegal de granito MPF/MG denuncia envolvidos em fraudes à Previdência em Governador Valadares Prefeito de Santa Inês (BA) é acusado de desviar recursos da Funasa MPF/SE coordena ação para impedir ocupações irregulares no litoral

25/02/2008 MPF/GO investiga o desvio de R$ 800 mil do Ibama MPF/MA: supensa realização de bingo por TV e rádio MPF/SE quer cumprimento da lei que proíbe fumo em locais fechados MPF/SC propõe ação penal por transporte com excesso de peso na BR-101 MPF/RJ: sócio do Canecão é denunciado por estelionato e falsidade ideológica MPF/RJ: Net é condenada por venda casada do Virtua PGR: Defensoria Pública não pode propor ação civil pública MPF/PA: prefeito de Marituba e 16 funcionários são acusados de desviar R$ 1,9 mi da saúde Suspensa atividade comercial de madeireiras de Tailândia (PA) MPF/TO recebe denúncias de crimes envolvendo recursos do Basa

PRE/SP pede cassação de tempo de propaganda partidária do DEM29/2/2008 18h58

Procuradoria Regional Eleitoral aponta promoção pessoal irregular do prefeito Kassab em propagandas partidárias veiculadas em rádio e TV.A Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo (PRE/SP), órgão do Ministério Público Federal, ajuizou junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) duas representações contra o Diretório Regional do Partido Democratas (DEM-SP) pelo desvirtuamento do tempo de propaganda partidária em favor do atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Uma representação trata das propagandas veiculadas na TV e outra, das veiculadas no rádio. O tribunal determinou hoje, 29 de fevereiro, a citação do partido em ambas as representações para apresentação da defesa no prazo de cinco dias.De acordo com as representações da PRE/SP, nos dias 14, 16, 18, 21, 23 e 25 de janeiro, o DEM veiculou pela televisão quatro tipos de propaganda nas quais todo o tempo da propaganda partidária foi usado para promover Gilberto Kassab, com o claro intuito de “divulgar seu nome e alavancar os índices de aprovação de sua gestão”. Essas propagandas têm, somadas, o tempo total de 20 minutos, tempo integral destinado ao partido para propaganda partidária na TV no mês de janeiro. No dia 25 de janeiro, o DEM utilizou ainda dois minutos de inserções veiculadas em rádio com o mesmo fim, cometendo as mesmas irregularidades.A defesa de interesses pessoais na propaganda partidária gratuita é prática vedada pela Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95). De acordo com o artigo 45 dessa lei, a propaganda partidária gratuita deve:

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"I. difundir os programas partidários;II. transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido;III. divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários."Nas propagandas veiculadas pelo DEM-SP, de acordo com a PRE/SP, o que houve foi uma clara promoção pessoal de Kassab. As mensagens confundem a pessoa de seu filiado Gilberto Kassab, único protagonista de todas as propagandas, com a Administração Pública do município de São Paulo, identificando o prefeito como responsável por serviços disponibilizados e pelos investimentos e gastos ocorridos, ações apresentadas pelo partido como sendo “do prefeito Gilberto Kassab”.Tendo em vista que foi utilizada, irregularmente, a totalidade do tempo destinado à propaganda partidária, tanto no rádio quanto na TV, a Procuradoria pede a cassação integral do tempo de transmissão que o DEM-SP teria o direito no semestre seguinte ao julgamento da ação proposta no TRE-SP.Veja o inteiro teor das representações CRE 73/2008 (TV) e CRE 74/2008 (Rádio) no sítio da PRE-SP em www.presp.mpf.gov.br.

MPF/RJ e Fiocruz garantem direito de pessoas com deficiência em concurso29/2/2008 17h48

Termo estabelece novos critérios para oferta de vagas em concurso. O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) que prevê alterações no preenchimento de vagas para pessoas com deficiência em seus concursos. A Fiocruz comprometeu-se a reservar vagas atendendo ao critério de distribuição por cargo/especialidade e a garantir a igualdade de condições com os demais candidatos durante a realização e avaliação das provas.De acordo com o MPF, a Fiocruz não atendia plenamente a legislação que garante a reserva de vagas a candidatos com deficiência. Isso porque, segundo o Decreto 3.298/99, da política nacional para a integração de pessoas com deficiência, a reserva para esses candidatos deve ser de 5% para cada cargo e não somente sobre o total de vagas oferecidas.Além disso, a Fiocruz passará a publicar o resultado do concurso no Diário Oficial em duas listas: a de pontuação dos inscritos e a dos candidatos com deficiência, a fim de assegurar a garantia de vaga de todos. Para a nomeação dos aprovados, é obrigatória a convocação dos candidatos das duas listas, de forma alternada e proporcional, inclusive para preenchimento do cadastro de reserva.O acordo prevê ainda que a Fiocruz faça as adaptações necessárias no ambiente de trabalho para o servidor com deficiência poder exercer o cargo já no período de estágio probatório. A multa para descumprimento das obrigações do termo equivale a 1% do orçamento anual da fundação.

Ex-prefeito de Uruaçu é condenado em ação penal do MPF/GO29/2/2008 16h37

Edmundo Fernandes desviou dinheiro da saúde destinado ao combate à doença de chagas. O médico e ex-prefeito da cidade de Uruaçu (GO) Edmundo Fernandes de Carvalho Filho foi condenado a três anos de reclusão e inabilitado por cinco anos para exercício ou função pública. O juiz federal Alderico Rocha Santos, porém, ofertou-lhe a substituição de pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Assim, Edmundo terá de pagar dez salários mínimos a instituição filantrópica e prestar oito horas semanais, no mínimo, de serviços comunitários.A decisão atende pedido do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) que acusa o ex-prefeito de desvio de verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). De acordo com a denúncia, durante o seu mandato, entre 1997 e 2000, Edmundo teria desviado 246 mil reais de verbas destinadas ao controle da doença de chagas no município.A Justiça considerou a culpa do ex-prefeito ainda mais grave por considerar que como médico “se esperava maior comprometimento no exercício de suas funções, principalmente na área de saúde”. Os motivos da prática do crime, de acordo com o juiz, são o desprezo no trato com a saúde e o patrimônio público.Superfaturamento - Para “maquiar” o desvio de verbas da Funasa, notas fiscais superfaturadas foram apresentadas até mesmo de empresas fantasma. No processo, consta uma nota da empresa Comercial JB, que nunca existiu, para justificar o gasto de 15 mil reais.Outra prática foi a contratação de um laboratório, sem licitação, de propriedade do então secretário municipal de Saúde. Exames que custavam 24 reais cobravam-se 45 reais. O detalhe é que não foi encontrado registro de nenhum paciente efetivamente atendido, apesar do pagamento de R$ 35.506,97 ao laboratório. O prefeito ainda adquiriu inseticida superfaturado. Em vez de pagar o valor de mercado pelo produto “inseticida ICON” ( que custa 170 reais o quilo), foi pago 500 reais pela mesma quantidade do produto, gastando um total de 11 mil reais.O ex-prefeito foi condenado no artigo 1º do Decreto-Lei n° 201, de 27 de fevereiro de 1967, que prevê punições para crimes de responsabilidade. No caso, tratou-se de apropriação indevida de bens ou rendas públicas, ou desvio em proveito próprio. Da sentença, ainda cabe recurso.

MPF/BA requer que SUS forneça medicamento para doença pulmonar29/2/2008 16h32

Ação visa garantir o direito à integralidade da assistência farmacêutica a pessoas portadoras da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.O Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) propôs hoje, 29 de fevereiro, ação civil pública com pedido de

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antecipação de tutela (liminar) contra a União e o estado da Bahia para garantir o direito à integralidade da assistência farmacêutica de pessoas portadoras da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), com a inclusão do medicamento Brometo de Tiotrópio (Spiriva – nome comercial) na lista de remédios disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).O MPF/BA pede à 10ª Vara da Justiça Federal que a União e o estado da Bahia adotem todas as medidas administrativas necessárias para o fornecimento do remédio pelo SUS às pessoas que residam na Bahia e comprovem, por meio de receita ou relatório médico, indicação para o tratamento e o seu não beneficiamento com fármacos de menor custo. Autora da ação, a procuradora da República Nara Dantas pede, ainda, que a União, por meio do Ministério da Saúde (MS), dê início aos estudos necessários para inclusão do Brometo de Tiotrópio em lista pactuada ou em tabela de procedimentos, a fim de que haja a transferência de recursos federais que contemplem o financiamento do medicamento no estado.A procuradora afirma que a dispensação do medicamento vem sendo negada no âmbito do sistema público de saúde, tanto pelo gestor federal, quanto pelo estadual. “Tal omissão do poder público tem causado dano aos portadores da referida patologia que não possuem condições econômicas para suportar, por seus próprios meios, a aquisição do medicamento de uso contínuo e de alto custo”.A DPOC é uma doença que provoca desordens de limitação do fluxo aéreo, como bronquite crônica e enfisema, sendo que, em geral, a obstrução do fluxo aéreo é irreversível. A origem da DPOC é associada ao tabagismo, infecções, poluição ambiental e exposição ocupacional à poeira. O tratamento tem, entre outras finalidades, o objetivo de prevenir a evolução da doença, preservar o fluxo aéreo e aumentar a capacidade funcional.Número da ação para consulta processual: 2008.33.00.002519-8

MPF/MA: comerciante é proibido de distribuir ovos com rótulos falsificados29/2/2008 12h15

Francisco da Chagas falsificou rótulos da empresa Naturovos para comercializar os produtos em supermercados de São Luís.A Justiça Federal acolheu os argumentos do Ministério Público Federal no Maranhão (MPFR/MA) e proibiu Francisco das Chagas Silva de comercializar e/ou distribuir ovos com rótulos falsificados da marca Naturovos e, ainda, condenou o réu ao ressarcimento dos danos causados com a comercialização irregular dos produtos cujo valor deverá ser fixado em eventual liquidação da sentença, a ser proposta pelo consumidor que se sentir lesado.Francisco da Chagas falsificou rótulos da empresa Naturovos para comercializar os produtos em supermercados de São Luís (MA), como se fossem produzidos pela empresa Wallauer Muller e Cia. Ltda., atualmente denominada Solar Comércio e Agronegócio Ltda. Foram apreendidas na sede de sua empresa nove mil rótulos de papel da marca Naturovos, com gravaçaõ do S.I.F nº 3679, com registro do Ministério da Agricultura, e mais de cinco mil dúzias de ovos.O procurador da República Tiago de Sousa Carneiro encaminhou requerimento ao juiz federal da 6ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão Marcelo Dolzany pedindo que seja publicado o edital de convocação para que os consumidores que se sentirem lesados pelos atos de Francisco da Chagas possam requerer em juízo o ressarcimento dos danos.Processo nº 2005.37.00.008182-0

MPF/PE obtém condenação de ex-prefeito de Lagoa Grande29/2/2008 11h24

Jorge Roberto desviou verbas públicas federais do Ministério da Saúde.O Ministério Público Federal (MPF) em Petrolina (PE) obteve a condenação de Jorge Roberto Garzieira, ex-prefeito de Lagoa Grande, a 700km do Recife, por desvio e aplicação indevida de verbas públicas federais destinadas à execução do Programa de Combate às Carências Nutricionais (PCCN), do Ministério da Saúde. A decisão também inclui a ausência de prestação de contas de aplicação de recursos públicos e a não-observância de formalidades pertinentes à dispensa de licitação.De acordo com a Justiça Federal, auditorias realizadas pelo Ministério da Saúde e pelo Tribunal de Contas da União demonstraram a ocorrência de apropriação indevida de parte da verba do PCCN, em proveito da pessoa jurídica do Mercadinho Cristal, em Lagoa Grande. Além disso, uma tomada de contas realizada em 2001 apurou que o réu deixou de apresentar documentação comprobatória da execução do Programa de Combate às Carências Nutricionais. Para a Justiça, “a compra superfaturada do produto foi realizada com o fim específico de se quitar, por vias escusas, dívida da Administração perante o fornecedor, Mercadinho Cristal”.A compra em questão, não licitada, refere-se a uma quantidade de 1.230kg de leite em pó. No entanto, apenas 700kg foram entregues ao solicitante. Como argumentou o MPF em suas razões finais, os recursos liberados pelo Ministério da Saúde eram creditados em contas específicas e transferidas para outras contas da prefeitura de Lagoa Grande, tendo sido livremente remanejados entre elas, comprometendo a gestão do PCCN.Pelos crimes cometidos, a pena para Jorge Roberto Garzieira foi arbitrada em oito anos de reclusão em regime semi-aberto, um ano de detenção em regime aberto e pagamento de multa de 60 salários mínimos mensais, devidamente corrigidos. O réu também foi condenado à perda de cargo público e à inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação. A procuradora da República Vanessa Gomes Previtera irá recorrer da sentença para agravar a pena.Jorge Roberto também responde a, pelo menos, mais duas ações penais por envolvimento em crimes de responsabilidade ou contra a administração pública e outras três ações civis públicas por improbidade administrativa, uma delas já com sentença condenatória.Processo nº 2007.83.08.000219-0 – 17ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco

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Condenado ex-prefeito de Taguatinga (TO) a ressarcir cofres públicos29/2/2008 10h40

Paulo Roberto foi acusado de desviar dinheiro para ampliação e compra de equipamentos para hospital.A Justiça Federal no Tocantins condenou o ex-prefeito de Taguatinga, Paulo Roberto Ribeiro, ao ressarcimento de 200 mil reais corrigidos monetariamente, oriundos de convênio com o Ministério da Saúde, firmado em 1997. Paulo Roberto também foi condenado ao pagamento de multa civil equivalente a três vezes o valor atualizado do dano e teve decretados a perda de função pública que esteja ocupando, a suspensão de direitos políticos por dez anos e a proibição de contratar com o poder público por dez anos. A medida é resultado de ação de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público Federal no Tocantins (MPF/TO) em agosto de 2002, para apurar ocorrência de desvio de recursos públicos destinados à ampliação e compra de equipamentos para o Hospital de Taguatinga. O investimento também iria fortalecer a capacidade operacional do hospital e integrá-lo ao Serviço Único de Saúde (SUS).O desvio dos recursos federais acontecia por intermédio da empresa Girassol Construções e Comércio, de propriedade de José Gomes da Silva, que, apesar de vencedora do certame, é fictícia. Os pagamentos à empresa foram feitos sem medição dos serviços executados, sendo que cinco das notas fiscais apresentadas são falsas. No esquema da fraude, o dinheiro era depositado em uma conta convênio pertencente a Bento Costa Guerra, que na ocasião era procurador da empresa Campinas Veículos, de propriedade de Paulo Roberto. Após fazer os saques, Bento, que posteriormente passou a ser sócio da empresa Campinas Veículos, repassava o dinheiro desviado para Paulo Roberto.Bento Costa Guerra também foi condenado ao ressarcimento de 200 mil reais e pagamento de multa civil no valor do dano, além de ter os direitos políticos suspensos por oito anos.Entre as Irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) na condução do projeto constam ausência de ordens de serviço, ausência de termo aditivo para justificar o término de obra fora de prazo, apresentação de planilhas generalizadas, sem separação dos itens reforma e ampliação, inviabilizando a visualização dos serviços executados, ausência de valores unitários dos serviços a serem executados e pagamento de 94,22% do valor contratado, sendo que apenas 34% dos serviços estavam executados.José Gomes da Silva, também citado na ação do MPF/TO, foi considerado pela Justiça Federal vítima da conduta praticada por Paulo Roberto para enriquecimento ilícito. Na condição de pessoa simplória, José Gomes deixou em aberto uma pessoa jurídica utilizada indevidamente, não podendo, portanto, ser responsabilizado pela prática de qualquer ato, sendo por isso absolvido.

MPF/SC consegue que empresas de ônibus paguem indenização coletiva28/2/2008 18h17

Indenização se deve à supressão de viagens sem autorização dos órgãos competentes.O Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF/SC) conseguiu obter na Justiça a condenação das empresas Viação Itapemirim e Real Expresso, que prestam serviço público de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, a pagarem indenização por danos coletivos aos consumidores, em função da supressão de viagens sem autorização dos órgãos competentes. O valor da indenização deve corresponder à diferença entre a tarifa do "serviço executivo" e do "serviço convencional" que deixou de ser prestado, considerando 60% da ocupação de cada ônibus convencional que não esteve à disposição dos consumidores entre 28 de junho de 2000 e a data da sentença. Para definição do valor total, que reverterá em favor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai realizar auditoria extraordinária junto às duas empresas.A sentença obriga as duas empresas a prestarem o serviço em ônibus convencionais, ou cobrando a mesma tarifa, e com a freqüência mínima determinada pela ANTT, sob pena de rescisão da permissão sem direito à indenização. O juiz estabeleceu, ainda, obrigações para a União e a ANTT, referentes à fiscalização. A decisão deve ser cumprida em 60 dias, independentemente de recurso. Cabe apelação ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.O MPF instaurou procedimento interno depois de receber reclamação de um passageiro sobre a linha Porto Alegre – Brasília, em que não haveria ônibus convencionais disponíveis. As diligências administrativas do MPF detectaram outras irregularidades, que geraram a ação judicial. A Viação Itapemirim alegou, sem provar, que prestava o serviço corretamente. A Real Expresso argumentou que algumas viagens foram de fato canceladas por falta de passageiros, que prefeririam serviços "diferenciados" para viagens mais longas, e também por razões econômicas.Para o procurador da República Carlos Augusto de Amorim Dutra, autor da ação, o serviço diferenciado com ônibus executivo deve ser oferecido de modo complementar, para aqueles consumidores que optarem por esta forma de serviço e não como vem ocorrendo, justamente ao contrário. Em pesquisa citada na ação, o procurador afirma que o preço da passagem convencional do percurso Goiânia – Florianópolis, na época da propositura da ação, era de 119,36 reais, sem taxa de embarque e pedágio que são cobrados separadamente. Quando o serviço era executivo o valor pulava para 171,51 reais. Já, quando o serviço era semi-leito o valor aumentava para 189,27 reais. Durante a fase de investigação, o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) informou o MPF que uma das empresas havia cancelado as linhas convencionais e a outra só oferecia tarifas convencionais às quintas-feiras.Com base em documentos, o juiz acolheu as razões do MPF e julgou a ação procedente. Segundo o magistrado, a empresa que pretende operar uma linha de transporte rodoviário submete-se a condições pré-estabelecidas. "Não pode depois, ao seu próprio critério, modificar a forma de execução para livrar-se de prejuízos iminentes,

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prováveis ou mesmo certos", lembrou Carmona. "Sempre que observar alguma dificuldade, deve levar o fato ao conhecimento da Administração e requerer as alterações, de modo que a modificação da forma de prestação do serviço exige a prévia e expressa autorização do órgão rodoviário", concluiu.Processo nº 2005.72.00.003181-5

MPF/SE move ação de improbidade contra ex-prefeita de Canindé28/2/2008 18h03

Ela deixou de prestar contas dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola, do MEC.A não prestação de contas dos recursos públicos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) resultou numa ação de improbidade administrativa que o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) moveu contra a ex-prefeita do município de Canindé do São Francisco, Rosa Maria Fernandes Feitosa. A ação é assinada pela procuradora da República Eunice Dantas Carvalho.Em outubro de 2005, no MPF/SE foi instaurado um procedimento fruto de uma representação da Procuradoria-Geral do Município de Canindé de São Francisco, relatando que as verbas do PDDE, destinadas ao município estavam suspensas pelo Ministério da Educação desde o ano de 2003, por conta da ausência da prestação de contas do ano de 2002 pela ex-prefeita, que permaneceu no cargo até 2004.A ex-prefeita alegou que tinha prestado contas, mas a documentação chegou a Brasília com atraso. No entanto, só em setembro de 2006, o município de Canindé de São Francisco, a 213km de Aracaju, informou que voltou a receber os recursos do programa federal, isto é, depois de três anos com as verbas do PDDE suspensas por conta da omissão na prestação de contas.“Com a atitude da então prefeita de não prestar contas, os alunos, professores e a comunidade ficaram num grande prejuízo, porque, por três anos, Canindé ficou sem ter acesso a esse dinheiro que devia ser empregado na aquisição de material permanente e de material de consumo das escolas, na manutenção e conservação das unidades escolares e na implementação de outros projetos do governo federal relacionados à educação”, esclarece a procuradora. A prefeitura atende cerca de 20 mil alunos.Para o MPF/SE, o fato de se enviar a prestação de contas bem depois do prazo não isenta a ex-prefeita de responsabilidade. “A simples omissão do dever de prestar contas no prazo estabelecido caracteriza conduta ímproba, a ensejar punição de seu responsável”, completa a procuradora, assegurando que a referida prestação de contas sequer foi apresentada pela ex-prefeita. Os documentos no processo provam que a prestação de contas foi prestada em 2005, pela atual gestão. Os recursos que deixaram de ser repassados para a prefeitura de Canindé formam um montante de 50 mil reais.A procuradora da República pede que a ex-prefeita seja condenada a devolver os 50 mil reais aos cofres do município, além de pagamento de multa e ter suspensos seus direitos políticos na forma da lei.

MPF/SP aciona hospital que não cumpre lei para tratamento mental28/2/2008 16h01

Falta de tratamento médico e psicológico individualizado, problemas de higiene pessoal, total ausência de atividades de lazer ou ocupacional são apenas alguns dos problemas encontrados no hospital psiquiátrico Charcot.A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão e o Ofício da Saúde, do Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP), ajuizaram ação civil pública com pedido de liminar na Justiça Federal contra a Associação Beneficente de Saúde Mental (ABSM) - antiga Associação dos Amigos do Charcot - para que a entidade seja obrigada a sanar todos os problemas apontados e apresente, no máximo em 90 dias, projeto terapêutico que atenda ao novo modelo de atenção ao portador de transtorno mental, como previsto na Lei nº 10.216/01.A ação é movida também contra a União, o estado e o município para que tomem as medidas administrativas e legais necessárias para assegurar que a entidade corrija todas irregularidades apontadas. A associação, que recebe recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), deverá suprir todo o hospital de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, psicólogos e terapeutas ocupacionais em quantidade suficiente e durante 24 horas do dia.Um dos pedidos da ação é para que a União, o estado e o município sejam obrigados a, solidariamente, constituir uma equipe multidisciplinar formada por médico psiquiatra, psicólogo e assistente social, para avaliar todos os pacientes internados no local em 90 dias.Após esse prazo, devem fiscalizar a ABSM e verificar se as irregularidades foram sanadas e encaminhar os pacientes que não mais necessitem de internação a serviços extra-hospitalares da rede pública. Caso a clínica não corrija as irregularidades, o MPF pede que os pacientes sejam transferidos para outros serviços de saúde mental.O MPF pede na ação que também seja instituído o atendimento individualizado para todos os pacientes internados e a correção de deficiências estruturais no prédio da clínica, como consertos e pinturas, aumento do número de sanitários, regularização do serviço de limpeza e lavanderia do hospital (roupas sujas eram misturadas com as limpas) e das instalações e aparelhos elétricos.As equipes de avaliação do Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar do Ministério da Saúde (PNASH/Psiquiatria) já tinha detectado as falhas em vistorias realizadas entre 2002 e 2007, concluindo que o hospital não possui infra-estrutura adequada e que não tem condições de prover atendimento médico adequado aos portadores de transtornos mentais.Vistoria do MPF - Em outubro de 2007, a procuradora dos regional dos Direitos do Cidadão Adriana Fernandes e a procuradora da República Sônia Curvello, autoras da ação, realizaram uma vistoria em que foram constatadas diversas irregularidades na clínica. Entre as mais graves destacam-se: pacientes abandonados, muitos deles

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descuidados da higiene pessoal e a constatação de que entre os meses de junho e julho de 2007 ocorreu um surto de diarréia no hospital, com 38 casos confirmados, sendo um fatal. O Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo elaborou relatório e informou posteriormente que a causa da infecção foi o baixo nível de higiene pessoal dos pacientes.Outro fato levantado na visita ao hospital é a presença de pacientes sem nenhuma identificação civil (como o RG, por exemplo) e a presença de pacientes que já possuíam “alta hospitalar” que poderiam voltar ao convívio da sociedade, residindo com os pacientes do hospital.Outros aspectos que chamaram a atenção foi o forte odor em todo o hospital e as queixas dos pacientes sobre furtos de objetos pessoais. Na enfermaria de intercorrência foi detectado que a ala de sanitários está em estado lastimável, usado tanto para os pacientes do sexo feminino e masculino. A outra ala de sanitários estava sendo usada para depósito de entulhos e roupas sujas.Leia a íntegra da ação em http://www.prsp.mpf.gov.br/infoprdc/charcot.pdf

MPF/BA pede inquérito policial para apurar fraudes na escolha de livros27/2/2008 18h24

A Políca Federal vai apoiar com o objetivo de indicar a autoria e a dimensão da fraude.O Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) requisitou hoje, 27 de fevereiro, à Polícia Federal (PF), abertura de inquérito policial para investigar indícios de falsificação de assinaturas de docentes em formulários do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para escolha de livros didáticos destinados a escolas públicas de Salvador. O MPF pede que a PF ouça, no inquérito, os professores que tiveram seus nomes utilizados indevidamente na seleção de títulos de obras cujas matérias são diferentes das que lecionam, além de outras medidas que venham a ser necessárias.Com o pedido de inquérito policial, as denúncias que já vêm sendo investigadas pelo ofício de patrimônio público do MPF/BA, passam a ser apuradas também criminalmente. A representação criminal que resultou no pedido de investigação pela PF partiu da procuradora da República Juliana Moares que instaurou, em janeiro último, inquérito civil público para averiguar denúncias de falsificação de assinaturas relatadas por vários professores baianos, pela mídia local e pela Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros).Os procuradores que acompanham o caso na área cível e criminal entendem que as denúncias dos professores e os documentos enviados pelo Ministério da Educação (MEC), por solicitação do MPF, são insuficientes para indicar a autoria e a dimensão da fraude, por isso a necessidade de a PF também investigar o caso. No início de fevereiro, Juliana enviou ofício ao MEC para que se manifestasse sobre denúncias de docentes que tiveram nomes fraudados na seleção de obras, já que uma auditoria interna do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) concluiu pela não existência de fraude.

MPF/GO processa “empresários” de caça-níqueis27/2/2008 18h06

Os acusados mantinham um esquema de montagem e distribuição de jogos eletrônicos. O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) ofereceu, nesta semana, denúncia contra os sócios da empresa Forte Diversões Eletrônicas por contrabando de componentes de máquinas caça-níqueis. Os empresários Olímpio José de Alencar, Euler Charles Cunha e Celson de Castro Junior sustentavam, em Goiânia, um esquema de montagem e distribuição de máquinas caça-níqueis para o mercado ilegal de jogos.O esquema foi desbaratado em 2001 durante o cumprimento a um mandado de busca e apreensão na empresa, localizada no Setor Aeroporto. No local, foram encontradas 121 máquinas caça-níqueis e acessórios eletrônicos relacionados a jogos de azar. Junto aos equipamentos, havia também 177 chips de controle para esse tipo de máquina, provenientes de Formosa (Taiwan), com entrada ilegal no país.Para contrabandear os equipamentos, outras duas empresas participaram do esquema – Eagle Diversões Eletrônicas e Gambina do Brasil. A intenção era a montagem e distribuição dos equipamentos a estabelecimentos comerciais de micro e pequeno porte, sustentando a rede ilegal de jogos no país (Decreto Lei n° 9.215/46).Suspensão condicional - Pelo crime, a pena mínima é de um ano de reclusão. Por não estarem sendo processados ou condenados, os acusados poderão beneficiar-se da suspensão condicional do processo. O Ministério Público ofertou o benefício por dois anos.Acatado a suspensão condicional, os acusados serão proibidos de freqüentar bares e casas noturnas após às 22h, não poderão sair de Goiás ou mudar de endereço sem prévia autorização da Justiça e precisarão comparecer a juízo para informar e justificar suas atividades, além de apresentar certidões negativas a cada seis meses.O MPF/GO sugere ainda que os acusados cumpram a prestação pecuniária durante um ano a uma instituição filantrópica ou prestem oito horas semanais de serviço comunitário durante um ano.

MPF/SP apura atraso no agendamento de atendimento do INSS em Santos27/2/2008 15h35

Sistema de agendamento eletrônico tem tempo de espera entre marcação e atendimento que supera os 45 dias determinados em lei.O Ministério Público Federal em Santos (SP) investiga o atraso no agendamento de atendimento de segurados da Previdência Social que queiram solicitar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) o benefício de aposentadoria e o amparo assistencial destinado a idosos e deficientes.Um dos procedimentos que apuram a deficiência no serviço do INSS foi instaurado por determinação da própria Procuradoria da República em Santos e o outro teve início após solicitação da Defensoria Pública da União na

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região. Nos dois casos havia notícia de que o tempo de espera entre o agendamento eletrônico feito por meio da internet (http://www.mps.gov.br), do telefone 135 ou qualquer outro método que seja criado, e o atendimento efetivo em uma agência da Previdência Social na baixada santista era bem superior ao previsto em lei para a apreciação do pedido de concessão.Para avaliar as providências a serem adotadas para eliminar a fila virtual formada para atender aos segurados, em especial com relação aos que estejam em situação de risco social, os procuradores da República Antônio Arthur Barros Mendes e Luis Eduardo Marrocos de Araújo convocaram a gerente-executiva do INSS Ivete Rocha Bittencourt para reunião, ocorrida na segunda-feira, dia 25.Ivete apresentou esclarecimentos e forneceu dados sobre o agendamento eletrônico na região, reconhecendo a existência das deficiências apontadas. Informou, porém, que o INSS vem adotando várias ações para diminuir o tempo de espera do segurado pelo atendimento, que foram estabelecidas num plano elaborado em abril de 2007 e que, segundo Ivete Bittencourt, teriam trazido melhorias para o sistema.Na reunião ficou deliberado que a Gerência Executiva apresentará dados estatísticos e informações adicionais no prazo de dez dias. Com a análise dessa documentação os procuradores da República pretendem definir as próximas etapas das apurações, inclusive se acionarão o INSS judicialmente para solucionar os problemas, como ocorreu recentemente na Procuradoria da República da capital.Reabilitação profissional - Na mesma reunião também foi discutida a situação do serviço de reabilitação profissional nas agências do INSS na baixada santista, que também é investigada pelo Ministério Público Federal em Santos.Embora seja dever da autarquia garantir a todos os segurados incapacitados para o trabalho meios de reeducação e readaptação profissional para retorno ao mercado de trabalho, as apurações indicam que vem ocorrendo a desativação gradual desse setor da autarquia. Entre as irregularidades, não há profissionais de várias especialidades que deveriam atender os segurados e existem filas de espera para freqüentar cursos de recapacitação.Além dos documentos apresentados à Procuradoria da República na reunião, a gerente-executiva do INSS fornecerá informações suplementares em dez dias, para melhor instrução do procedimento investigatório e análise do procurador da República que conduz os trabalhos.

MPF/DF propõe penas alternativas para combater disseminação da vaca louca27/2/2008 14h09

Em 2008, duas propostas de transação penal já foram apresentadas à Justiça Federal do DF.O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) tem atuado para punir criadores de gado que desrespeitam normas que visam prevenir a disseminação do mal da vaca louca. A partir de fiscalizações realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), duas propostas de transação penal já foram apresentadas à Justiça Federal do DF esse ano.A transação penal é uma espécie de instrumento jurídico em que o Ministério Público e o autor do crime fazem um acordo perante o juiz para extinguir o processo, mediante o cumprimento de uma pena consensualmente ajustada. O objetivo principal é a reparação dos danos e a aplicação de pena não privativa de liberdade.Os criadores Benjamim Manoel Cardoso e Leonir de Oliveira Santos são acusados de infringir a instrução normativa do Mapa que proíbe a utilização de qualquer proteína de origem animal (exceto lácteos) na alimentação do gado. A prática, conhecida como “cama de aviário” ou “cama de frango”, é uma das causas da doença contagiosa conhecida como vaca louca.Eles foram flagrados em fiscalizações feitas pelo Mapa nas cidades satélites de Planaltina e Brazlândia, em setembro de 2006 e agosto de 2007, respectivamente. Exames do Laboratório Nacional Agropecuário realizados em amostras colhidas nas chácaras dos acusados detectaram subprodutos de origem animal.Penas alternativas - Segundo o Código Penal, infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa é crime, com pena de detenção de até um ano. Por ser considerada uma infração penal de menor potencial ofensivo, porém, a denúncia criminal foi substituída por propostas de penas alternativas, como o pagamento de multa e a prestação de serviços à comunidade durante um ano.Para a procuradora da República Lívia Nascimento Tinôco, a atuação do MPF é importante para conscientizar a população dos perigos de práticas agropecuárias inadequadas e punir os responsáveis. "O combate às práticas agropecuárias que ponham em risco a saúde do rebanho brasileiro é de extrema importância não só para economia, mas sobretudo à proteção da saúde da população consumidora da carne bovina", afirma a procuradora.

MPF/DF ajuíza ação de improbidade administrativa contra ex-reitor da UnB27/2/2008 10h06

Lauro Morhy e ex-secretários do Ministério da Educação são acusados de pagar funcionários terceirizados com recursos destinados a manutenção e limpeza do campus da Universidade de Brasília.O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) ajuizou ação de improbidade administrativa contra o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), Lauro Morhy; o ex-diretor da Editora Universidade de Brasília, Alexandre Lima; o ex-diretor do Departamento de Desenvolvimento da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, José Luiz da Silva Valente; e os ex-secretários da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação Carlos Roberto Antunes dos Santos e Nelson Maculan Filho.No caso, Alexandre Lima e José Luiz da Silva Valente agiram de forma comissiva e dolosa, desviando dinheiro público federal destinado originariamente à manutenção do campus da UnB para custear a folha de pagamento

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de 108 funcionários terceirizados da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC).O contrato firmado entre a UnB e a União não tinha previsão de pagamento de funcionários terceirizados vinculados à Sesu/MEC. Os pagamentos desses terceirizados eram realizados em folha de pagamento suplementar, conforme relação enviada por José Luiz da Silva Valente para serem pagas pela Editora Universidade de Brasília, na época dirigida por Alexandre Lima.Outro aspecto irregular comprovado nas investigações realizadas pelo MPF foi o fato de que nem todas as pessoas que constavam na lista encaminhada à Editora Universidade de Brasília trabalhavam na Sesu, o que enseja a possibilidade de pagamento a funcionários fantasmas.O procurador da República Peterson de Paula Pereira entende que os agentes públicos envolvidos no esquema não poderiam ter desvirtuado a destinação dos recursos do contrato. “É inaceitável que um agente público, responsável direto pelo pagamento de funcionários terceirizados da Sesu/MEC, tendo pleno conhecimento de falhas no sistema, ou seja, de que nem todas as pessoas constantes em listagem trabalhavam realmente na secretaria do MEC, continuasse a efetuar tais pagamentos”, justifica.Apesar de os fatos terem sido apurados por sindicância e processo administrativo internos do MEC, os envolvidos foram absolvidos. Porém, o MPF não acolheu tal decisão.Omissão – Diante dos fatos apurados, o procurador da República Peterson de Paula Pereira verificou que o sistema de pagamentos de pessoal do Sesu/MEC era extremamente precário, desorientado, desarticulado, sem fiscalização e sem qualquer tipo de controle. Neste ponto reside o comportamento omissivo do então reitor da UnB, Lauro Morhy, bem como do então secretário de Ensino Superior, Carlos Roberto Antunes dos Santos, e de seu sucessor, Nelson Maculan Filho.No caso, o reitor era o representante legal da UnB, tendo inclusive assinado o convênio com a União. Sendo assim, ele era o responsável por fiscalizar o real direcionamento das verbas públicas provenientes da União e originariamente destinadas a limpeza e manutenção do campus da universidade. Já os ex-secretários da Secretaria de Educação Superior do MEC Carlos Roberto Antunes dos Santos e Nelson Maculan Filho agiram omissivamente porque tinham conhecimento desta prática e nada fizeram para interrompê-la.O MPF pede a condenação dos réus ao ressarcimento integral dos danos, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública àqueles que sejam servidores públicos, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o poder público.

TRF-1 mantém proibição do suco noni a pedido do MPF/GO26/2/2008 18h30

Tribunal mantém liminar que suspende propagandas e comercialização do produto. A comercialização do suco noni está proibida em todo território nacional. A decisão da desembargadora federal Selene Maria de Almeida mantém a liminar concedida pela 7ª Vara da Justiça Federal em Goiânia que, em 2007, suspendeu propagandas do produto em todos os meios de comunicação, inclusive na internet. A decisão também proibiu a comercialização do produto até que a empresa obtivesse registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).Para a procuradora da República Mariane Guimarães, autora da ação, o suco noni não atende as exigências sanitárias e fere o Código de Defesa do Consumidor (artigo 39, inciso VIII). A empresa responsável pelo produto, Tahitian Noni Internacional Brasil, entrou com agravo de instrumento (recurso) para derrubar a liminar de Goiás, sem sucesso.A desembargadora entendeu que inexistem razões para a reforma da decisão e que “deve prevalecer a proteção à vida e à sua integridade”. A decisão do TRF-1 foi publicada nesta terça-feira, 26 de fevereiro, na imprensa oficial.Fiscalização - O MPF/GO enviou ofícios à Anvisa e à Alfândega da Receita Federal do Brasil no Porto do Rio de Janeiro no último dia 20 de fevereiro. O objetivo é ter a colaboração desses órgãos no cumprimento da decisão judicial. Para o inspetor-chefe da Alfândega Fernando Fernandes Fraguas, é solicitado que se impeça o ingresso do suco no país.Já para a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Denise de Oliveira Resende, o Ministério Público Federal pede que o órgão fiscalize a comercialização do suco noni em todo o Brasil, com o objetivo de cumprir as ordens judiciais goiana e paulista. Em São Paulo, a Justiça revogou liminar que autorizava a comercialização do produto por entender que havia necessidade de maiores esclarecimentos sobre a eficácia e segurança do suco.

TRF-3 determina vacinação em cidade de SP com surto fatal de catapora26/2/2008 17h49

Para desembargador, que julgou recurso do MPF, está confirmado o risco de epidemia e a possibilidade de novas mortes.O desembargador federal Lazarano Neto, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), concedeu liminar em recurso impetrado pelo Ministério Público Federal em Guarulhos (SP) e determinou que a União, por meio do Ministério da Saúde e da Secretaria de Vigilância Sanitária, forneça cinco mil doses da vacina de varicela (catapora), em lotes semanais de 500 doses, para que sejam usadas no controle do surto da doença na cidade de Santa Isabel, que já matou duas crianças maiores de 6 anos. A decisão é do último dia 11, mas o MPF só foi comunicado oficialmente ontem, 25 de fevereiro.As vacinas deverão ser aplicadas em crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, uma vez que as menores de 6 estão sendo vacinadas, mas o surto não foi controlado. Segundo a imprensa local, pelo menos sete crianças da cidade foram hospitalizadas com a doença em hospitais de Santa Isabel, São Paulo e Guarulhos.

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Com a decisão do TRF-3, estão suspensos os efeitos de decisão da 6ª Vara Federal de Guarulhos, que em janeiro havia negado a liminar.Surto grave - O MPF em Guarulhos ajuizou ação civil pública com pedido de liminar em dezembro, após ter recebido uma denúncia em 13 de novembro que informava um surto de catapora grave na cidade de Santa Isabel, mas que o Sistema Único de Saúde (SUS) não fornecia a vacina. No mesmo dia, o procurador da República Matheus Baraldi Magnani contatou o secretário municipal da Saúde, que confirmou o surto e explicou que cinco mil doses de vacina seriam suficientes para contê-lo.No dia 14, técnicos do MPF estiveram na cidade e constataram o surto, entrevistando moradores, inclusive a família do menino Gabriel de Lima Machado, de 7 anos de idade, que faleceu em 2 de novembro de 2007 no município, após ter seu estado de saúde complicado por infecções decorrentes da catapora. A maioria dos entrevistados ressaltou também que não poderia arcar com os custos da vacina em clínicas particulares, em torno de 120 reais.O secretário municipal da Saúde de Santa Isabel complementou as informações prestadas, com dados precisos sobre a situação do surto de catapora do município em 14 de novembro de 2007. Um total de 112 casos da doença foram notificados, sendo que 55 casos (quase 50%) foram registrados em crianças maiores de seis anos.Segundo Magnani, entretanto, o número de casos pode ser bem maior, uma vez que muitas crianças são tratadas em casa e há registro de alunos que ficaram doentes em todas as escolas da pequena cidade, cuja população é de cerca de 45 mil habitantes (estimativa IBGE, 2003).Mesmo fora do calendário do SUS, o estado de São Paulo, ao contrário da União, tem prestado colaboração ao município, disponibilizando a vacina parcialmente, apenas para crianças de 1 a 6 anos. Entretanto, segundo apurado pelo MPF, a taxa de letalidade da doença aumenta conforme a idade, sendo consideravelmente maior em adultos e pessoas com deficiência imunológica. Consta que a população de 6 a 15 anos de Santa Isabel é de aproximadamente 12.786 habitantes.Recomendação - Em novembro, o MPF havia recomendado ao Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde que fossem imediatamente remetidas ao referido município todas as doses necessárias para conter o surto e evitar que se convertesse em uma epidemia.A Secretaria de Vigilância em Saúde respondeu por meio da Nota Técnica nº 08/07 que a recomendação não seria atendida, pois a vacina contra catapora não faz parte do calendário de vacinação de rotina do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde e que as autoridades de saúde acompanhavam o caso, adotando as medidas de controle necessárias.Posteriormente, o MPF insistiu no pedido e o Ministério da Saúde, entretanto, recusou-se a colaborar, anunciando apenas que a vacinação por catapora pode ser incorporada ao calendário entre 2008 e 2011. "Em outras palavras, caso não haja resposta judicial rápida, crianças permanecerão, por ora, adoecendo e morrendo com a aquiescência do Ministério da Saúde", afirmou o procurador na ação.Leia a íntegra da decisão do TRF-3 acessando http://www.prsp.mpf.gov.br/infoprdc/catapora.pdf

Aterro sanitário de Palmas: assentados vão receber indenizaçãoO valor total das indenizações alcança R$ 340 mil, a serem pagos pela prefeitura até o dia 30 de maio.Em reunião realizada no gabinete do procurador da República Álvaro Manzano nesta terça-feira, 26 de fevereiro, foi fechado o compromisso para indenização dos trabalhadores rurais do Projeto de Assentamento São João, impactados pelo aterro sanitário de Palmas. Com o acordo, a prefeitura de Palmas irá indenizar quatro assentados em decorrência das benfeitorias realizadas nas áreas, lucro cessantes e danos morais sofridos em razão das atividades do aterro.O valor total das indenizações alcança a cifra de 340 mil reais, a serem pagos pela prefeitura até 30 de maio. Os assentados têm 120 dias para saírem de suas posses. Também participaram da reunião o advogado-geral do município, Antonio Luiz Coelho, o presidente a Agesp, Jair Correa Júnior, e a advogada Gilmara da Penha Araújo.O acordo no valor das indenizações aos assentados mais atingidos pelo aterro é um importante avanço para a assinatura do termo de ajuste de conduta (TAC), que deve envolver o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), município de Palmas e famílias de assentados, com interveniência do Ministério Público Federal.O TAC é um documento amplo que busca resolver todos os problemas relativos ao aterro, que tinha como principal obstáculo a indenização aos assentados que terão que sair de suas posses. “Com a assinatura do termo, ficarão definidas as obrigações do município em relação ao aterro. Acredito que esta assinatura aconteça em breve, pois a minuta está praticamente pronta e o obstáculo era a indenização a estas famílias”, disse o procurador Manzano.O advogado-geral Antonio Coelho ressalta que a prefeitura quer primeiro resolver a questão dos assentados impactados e depois um problema do município, que é a atual forma com que o aterro tem sido operacionalizado. “Sem a assinatura do TAC, não termos condições de assumir empréstimos que possibilitarão adequar o manejo do aterro de acordo com as normas legais”, disse.

MPF/SC consegue evitar cobrança de taxa de diploma26/2/2008 17h22

Os alunos que já se formaram, mas não conseguiram obter ou retirar o diploma por falta de pagamento da taxa também são favorecidos pela determinação judicial.O Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF/SC) obteve na Justiça a suspensão da cobrança da taxa para emissão de certificados ou diplomas universitários, por parte das instituições de ensino superior que atuam no âmbito da Subseção Judiciária de Joinville. Os alunos que já se formaram, mas não conseguiram obter ou retirar o

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diploma por falta de pagamento da taxa também são favorecidos pela determinação judicial.A ação foi assinada pelo procurador da República em Joinville Mário Sérgio Ghannagé e teve origem a partir de uma recomendação encaminhada às instituições superiores, no final do ano passado, solicitando a não cobrança da referida taxa. Conforme o procurador Mário, a expedição do diploma é ato indissociável da conclusão do curso e não se caracteriza como serviço extraordinário. Para ele, a exigência de uma prestação adicional restringe o direito fundamental de se obter, ao final do curso, o documento que atesta a habilitação para exercer a profissão escolhida.Como pedido final, o MPF busca a restituição, em dobro, dos valores indevidamente exigidos nos últimos dez anos. De todas as instituições de ensino notificadas pelo MPF, na época da recomendação, apenas o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) informou que irá devolver os valores cobrados de seus graduados nos últimos dez anos. Para tanto, enviará correspondência para cada ex-acadêmico graduado nesse período, convocando-o a receber os respectivos valores.São rés na ação, além da União (por não ter exercido seu poder fiscalizatório), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Associação Catarinense de Ensino (ACE); Instituto Superior e Centro Educacional Luterano (Ielusc); União de Tecnologia e Escolas de Santa Catarina (Utesc); Faculdade Cenecista de Joinville (FCJ); Educar Instituição Educacional S/S Ltda.; Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc) e Universidade da Região de Joinville (Univille).Ação civil pública nº 2008.72.01.000266-7

MPF/RJ quer fim de exigência no IRPF-200826/2/2008 15h57

Indicação de número de recibo prejudica contribuintes e a própria Receita.O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) enviou recomendação à Receita Federal para suspender a exigência da informação do número do recibo da última Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (ano-base 2006) como condição indispensável ao recebimento da declaração deste ano. O procurador da República Gustavo Magno Albuquerque, autor da recomendação, teme a formação de grandes filas em unidades da Receita Federal, além do desnecessário deslocamento dos contribuintes, especialmente em grandes regiões com escassos postos de atendimento.A exigência divulgada pela Receita Federal contraria os direitos dos contribuintes e a razoabilidade, já que o impedimento da Declaração do Imposto de Renda pode trazer prejuízos imediatos à arrecadação tributária e, maior ainda, para os contribuintes que estarão sujeitos a uma multa mínima de R$ 165,74 e juros sobre o pagamento em atraso, caso não consigam entregar a tempo a declaração deste ano.“Cabe destacar que a Receita Federal já possui este dado em relação a cada contribuinte, não se justificando que ele seja indispensável à transmissão da Declaração do Imposto de Renda de 2008”, afirma o procurador Gustavo Magno Albuquerque.A Receita Federal tem até o dia 29 de fevereiro para informar as medidas tomadas para atender ao MPF. Com a recomendação, a instituição fica formalmente ciente dos potenciais danos ao Tesouro e aos contribuintes e da possibilidade de responder a uma ação judicial no caso de manter a exigência.

PGR diz que cotas para mulheres em listas eleitorais é constitucional26/2/2008 15h01

Ação direta de inconstitucionalidade foi proposta pelo PSC contra a Lei nº 9.504/97.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, emitiu parecer pela improcedência da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3986) ajuizada pelo Partido Social Cristão (PSC) contra a lei que reserva uma cota mínima de 30% para cada sexo na composição das listas de registro de candidaturas. O partido alegava que o artigo 10, parágrafo 3º, da Lei 9.504/97 viola o princípio da isonomia entre homens e mulheres estabelecido pelo artigo 5º, inciso I, da Constituição Federal. Segundo Antonio Fernando, a visão formalista do partido sobre o princípio da isonomia não leva em conta o compromisso democrático assumido pela Constituição de ampliar a inserção e o direito à participação das mulheres e de outras minorias na sociedade brasileira. Ele afirma que “o ganho social dessa medida é evidente e em nada é desmerecido pela virtual – e não provada – subtração de tal ou qual liberdade individual”. E acrescenta que a norma questionada pelo PSC “não só é constitucional, como imperiosa é a importância de se reconhecer legítima a adoção da medida afirmativa em questão”.Em seu parecer, o procurador faz uma ampla exposição sobre a literatura jurídica referente a adoção de cotas entre gêneros nas eleições brasileiras, assim como em outros países, e conclui que apenas a medida em si não é suficiente para a democratização do acesso das mulheres ao parlamento. Ele alerta para o fato de que a eficácia da política de cotas “depende da superação de barreiras culturais e eleitorais, fixadas por questões tradicionais da sociedade, relativas a valores que inibem a participação das mulheres em processos públicos de decisão” .O procurador-geral ilustra essa tese com vários exemplos, como a ausência de punição aos partidos que não cumprem a meta legal; o sistema eleitoral de lista aberta e a ausência de mandato de alternância de posições, que promove competição entre candidatos do mesmo partido e remete as mulheres aos últimos lugares na ordem de apresentação para o eleitorado; a pouca inserção das candidatas no contexto partidário, o que não favorece o recrutamento e as chances delas nas eleições; e a fragilidade financeiras de suas campanhas.Antonio Fernando também cita a ampliação da formação das listas, que passou de 100% do número de vagas a serem disputadas para 150%. Com isso, apesar de estarem na lista, as mulheres “mantêm-se em disputa com tantos outros candidatos quanto o modelo anterior admitia”. Com isso, o preenchimento das cotas é “eminentemente formal, sem que os partidos tenham orientação prática de por em igualdade de condições as

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candidaturas de homens e mulheres”.O parecer será analisado pelo ministro Eros Grau, relator da ADI.

PRR-1 denuncia prefeito de Itarantim (BA) por extração ilegal de granito26/2/2008 13h53

Salvador Alves de Brito extraiu de sua propriedade quase sete vezes mais granito do que constava na autorização do DNPM.A Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR-1) denunciou o prefeito do município de Itarantim, a 650 quilômetros de Salvador, por extração ilegal de granito em sua propriedade. Salvador Alves de Brito foi autorizado a explorar até 600 m³ de rocha da Fazenda Bela Flor, mas técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) constataram que o prefeito extraiu cerca de 4000 m³.Em 2005 foi realizada a primeira vistoria na fazenda. Na época, já verificaram que boa parte da área estava sendo explorada sem autorização federal. O DNPM expediu, então, um chamado “auto de paralisação” para suspender a exploração. Mesmo assim, “a empresa do denunciado reiniciou a atividade de lavra do material sienito, de maneira ainda mais ostensiva e degradante, sendo verificada a presença de inúmeros operários trabalhando no local e de maquinário de grande porte, razão por que foram lacrados máquinas e equipamentos utilizados na extração da rocha ornamental”, explica o procurador regional da República Paulo Roberto de Alencar Araripe Furtado, autor da denúncia. Em janeiro de 2006, uma nova vistoria constatou que os lacres haviam sido rompidos.O prefeito de Itarantim está sendo acusado de vários crimes previstos em leis diferentes: extração de recursos minerais sem permissão; exploração de matéria-prima da União sem autorização legal; e violação de selo empregado por funcionário público para cerrar qualquer objeto. As penas podem chegar a cinco anos de detenção.Inquérito número 2008.01.00.002823-0/BA.A PRR-1 é a unidade do MPF que atua no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a segunda instância do Poder Judiciário para as seguintes unidades da Federação: Acre, Amapá. Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.

MPF/MG denuncia envolvidos em fraudes à Previdência em Governador Valadares26/2/2008 13h03

Dois médicos e cinco despachantes foram denunciados por estelionato, corrupção passiva e formação de quadrilha.O Ministério Público Federal em Governador Valadares (MG) denunciou ontem, 25 de fevereiro, sete integrantes de uma organização criminosa especializada em crimes contra a Previdência Social no município, que fica na região leste de Minas Gerais. Os médicos Milson Souza Brige e Altair de Paula Vargas, bem como os despachantes Juarez Pereira dos Santos, Genésio Reis de Souza, Jessi Fernandes Morini, José Alves de Souza e José Valúcio dos Santos Sales são acusados dos crimes de estelionato, corrupção passiva e formação de quadrilha, cujas penas máximas, somadas, podem chegar a mais de 20 anos de prisão.Dois deles, Milson Souza Brige e José Alves de Souza, foram condenados no ano passado pelo Tribunal do Júri Federal a 16 e 18 anos de prisão, respectivamente, em razão do assassinato da médica-perita do INSS Maria Cristina Felipe da Silva.Dessa vez, a acusação do MPF tem origem nas mesmas fraudes que motivaram o assassinato de Maria Cristina. As investigações tiveram início em 5 de julho de 2006, quando a Gerência Executiva da Previdência Social em Valadares encaminhou à Polícia Federal notícia de que algumas pessoas estariam cooptando segurados, muitos deles na porta da própria agência do INSS, oferecendo-lhes facilidades para a concessão de benefícios previdenciários. O esquema teria a participação de médicos-peritos e servidores administrativos da própria autarquia.No dia 25 de janeiro passado, a Polícia Federal e o INSS deflagaram a Operação Hemostasia para cumprimento de sete mandados de prisão e 27 de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Valadares. O material apreendido acabou revelando um esquema bem mais complexo do que se imaginava a princípio.Esquema - A quadrilha atuava basicamente em duas frentes: na primeira, médicos-peritos do INSS realizavam perícias médicas nos clientes do esquema, deferindo-lhes o benefício de acordo com acertos prévios estabelecidos com os intermediários. Na segunda frente, eram providenciados atestados médicos ideologicamente falsos para apresentação aos médicos-peritos que não integravam a quadrilha.Por sua vez, o modo de ingresso dos clientes no esquema também se dava de duas maneiras. Ou eles procuravam os intermediários, ou eram por eles cooptados, algumas vezes no interior da própria agência do INSS, após a negativa do benefício. Em alguns casos, esta negativa já constituía o próprio início da fraude, pois o benefíciário, mesmo atendendo aos requisitos legais, somente obtinha o benefício se contratasse os serviços dos intermediários.Para comprovar a existência das fraudes, foi feito trabalho de reavaliação pericial por médicos especializados vinculados à força-tarefa do INSS. Benefícios suspeitos foram selecionados e submetidos a novas perícias. No decorrer das apurações, diligências policiais descobriram inúmeras pessoas que, afastadas por invalidez ou auxílio-doença, foram encontradas trabalhando normalmente.Segundo o procurador da República Lauro Coelho Júnior, autor da denúncia, depoimentos tomados no curso da investigação apontaram que os acusados lucravam cerca de cinco mil reais por benefício fraudado.Divisão de tarefas - Milson Souza Brige perdeu o cargo de médico perito do INSS em virtude da sentença que o condenou pelo homicídio da médica-perita Maria Cristina de Souza Felipe. Foi o estruturador da organização

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criminosa. Realizava falsas perícias médicas, por meio das quais concedia benefícios previdenciários a pessoas que não ostentavam condições para tanto.Durante certo período, ostentou a condição de membro da Gerência de Benefícios do INSS, o que lhe dava poderes para revisar suas próprias perícias e as de seus colegas, mantendo ou indeferindo benefícios. Isso sem falar no tempo em que era médico ocupacional de uma empresa de transportes, quando os empregados que eram por ele afastados vinham a ser periciados no INSS por ele mesmo ou por algum de seus comparsas.Segundo a denúncia, a atuação de Milson “sofreu forte revés quando a médica-perita Maria Cristina Souza Felipe da Silva, no exercício da chefia da Gerência de Benefícios por Incapacidade, retirou dele a senha que o permitia remarcar consultas agendadas para outros médicos. Sem tal poder de manipulação, Milson viu obstada sua reiterada prática criminosa, motivo que o teria levado a assassinar a referida médica-perita."Altair de Paula Vargas, também médico-perito do INSS, dividia a liderança da quadrilha com Milson. Sua atuação se dava diretamente, através da realização de perícias médicas fraudulentas, e, indiretamente, por meio do seu poder de influência perante servidores administrativos, despachantes e até mesmo sobre outros colegas peritos.Os outros cinco denunciados são agenciadores e/ou intermediadores do esquema. Todos eles também foram aposentados por meio de benefícios previdenciários concedidos fraudulentamente. José Alves de Souza, o Zuza, era vinculado diretamente a Milson e foi condenado juntamente com este pelo homicídio da médica Maria Cristina.Todos os réus encontram-se detidos na Cadeia Pública de Governador Valadares, à exceção de Milson Brige, que cumpre pena em regime domiciliar, e de José Valúcio e Juarez, foragidos desde o dia 25 de janeiro.

Prefeito de Santa Inês (BA) é acusado de desviar recursos da Funasa26/2/2008 9h49

A verba deveria ser destinada à execução do sistema de abastecimento de água do povoado de Lagoa Queimada. O Ministério Público Federal (MPF) no município de Jequié (BA) propôs, na sexta-feira, 22 de fevereiro, ação de improbidade administrativa contra o prefeito de Santa Inês, a 302 quilômetros de Salvador, José Wilson Nunes Moura. O gestor é acusado de aplicar de forma irregular 200 mil reais repassados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em 2001.A verba deveria ser destinada à execução do sistema de abastecimento de água do povoado de Lagoa Queimada. Porém, de acordo com vistoria realizada no local da obra pela Funasa, por meio da Coordenadoria Regional da Bahia – Divisão de Engenharia de Saúde Pública, somente 51,99% do plano de trabalho acordado no convênio foi cumprido pelo prefeito, ou seja, foram aplicados apenas 103.997,11 reais da verba.José Wilson Nunes Moura chegou a apresentar à Funasa prestação de contas parcial do convênio em dezembro de 2004, justificando que o valor empregado nas obras havia sido de quase 168 mil reais. De acordo com o procurador da República Frederico de Carvalho Paiva, a prestação de contas apresentada pelo gestor não condiz com a realidade, pois gastos de mais de 63 mil reais foram feitos em finalidade diversa da pactuada com a Funasa.Na ação, o MPF pede a indisponibilidade dos bens e ativos financeiros do prefeito; além de que seja condenado ao ressarcimento do dano, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público.Número da ação para consulta processual: 2008.33.08.000159-8.

MPF/SE coordena ação para impedir ocupações irregulares no litoral26/2/2008 8h57

Foi criada uma força-tarefa que vai percorrer toda região de área de preservação permanente.Da noite para o dia, casas são erguidas, ruas abertas e cercas rapidamente são cravadas em dunas e mangues. Tudo isso acontece em áreas de preservação permanente no litoral sul do estado de Sergipe. Essas ocupações irregulares avançam, reforçando a especulação imobiliária nas praias daquela região. Diante desse quadro, o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) abriu um procedimento administrativo, fez uma audiência pública com os órgãos ambientais e coordena uma força-tarefa que vai percorrer toda área de preservação ocupada no litoral sul.“No próximo mês vamos verificar pessoalmente essas ocupações ilegais. A ação contra as construções antigas e já consolidadas será difícil, mas vamos atuar com força contra as novas edificações e principalmente tentar impedir as novas”, disse a procuradora da República Eunice Dantas Carvalho, responsável pelo procedimento no MPF. Participam da força-tarefa a Advocacia-Geral da União (AGU), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o Pelotão Ambiental da Polícia Militar, Projeto Tamar, Universidade Federal de Sergipe e as prefeituras dos municípios de Estância e Itaporanga D´Ajuda.Para a procuradora da República, é fundamental que se busquem mecanismos para monitorar a ocupação do litoral sul de Sergipe e identificar a superposição entre as inscrições na GRPU e as áreas de preservação permanente. “Antes da ação no local, faremos outra reunião para real identificação das áreas de preservação ambiental. O fundamental é que todos os órgãos públicos envolvidos na questão participem de forma efetiva”, disse a procuradora. Uma outra ação que foi cobrada pelo MPF é a exigência para construção nos municípios litorâneos da documentação junto a prefeituras e órgãos ambientais.

MPF/GO investiga o desvio de R$ 800 mil do Ibama

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25/2/2008 18h15Onze pessoas físicas e uma jurídica estão envolvidas no esquema que transferiu irregularmente verbas do órgão ambiental.O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) investiga a transferência irregular de R$ 836.849,65 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizada pela servidora Marina de Fátima Piau Ferreira. A funcionária era coordenadora do Setor Financeiro do órgão ambiental. Além de outros gastos, ela teria feito um tratamento estético no valor de R$ 23.399,93 em uma clínica de Goiânia (Angela e Karina Centro de Estética).Em coletiva à imprensa na tarde desta segunda-feira, 25 de fevereiro, o procurador da República Cláudio Drewes informou que dez pessoas físicas e uma jurídica estão envolvidas no esquema, supostamente “encabeçado” por Marina de Fátima. Inclusive o filho da servidora, José Ferreira de Araújo Neto, teria recebido R$ 54.597,69 nas transferências irregulares.O procurador disse que há possibilidade de solicitar a prisão preventiva da servidora do Ibama caso seja necessário às investigações. Ele também explicou que os crimes cometidos por Marina podem acarretar uma pena que ultrapassaria os 20 anos de reclusão. Por ser servidora pública, ela cometeu, além de outros, o crime de peculato.O Ibama já afastou a servidora e já foi pedido, em ação cautelar, a constrição dos bens dos envolvidos para um possível ressarcimento ao erário. Os envolvidos no caso são:1. Marina de Fátima Piau Ferreira (responsável pelas transferências indevidas)2. José Ferreira de Araújo Neto (filho da servidora) – valor recebido: R$ 54.597,693. Andréia Ferreira da Silva – valor recebido: R$ 249.296,944. Diego Henrique da Silva Lima – valor recebido: R$ 132.400,835. Divino Luiz Borges – valor recebido: R$ 208.958,016. André Luis Mota de Andrade – valor recebido: R$ 34.184,997. Sinara Alves Piau – valor recebido: R$ 14.034,498. Luana Dantas da Silva – valor recebido: R$ 3.700,009. Karine Caixeta – valor recebido: R$ 89.839,0010. Frederico Augusto Machado de Araújo – valor recebido: R$ 13.095,0011. Ângela Karina Centro Estético LTDA – Pessoa Jurídica – valor recebido: R$ 23.399,9312. Ana Karina Gomes de Araújo – valor recebido: 23.399,93

MPF/MA: supensa realização de bingo por TV e rádio25/2/2008 16h59

Justiça acolheu pedido do Ministério Público Federal em Caxias.A Justiça Federal no Maranhão acolheu o pedido do Ministério Público Federal em Caxias (MA) e proibiu a realização de sorteios pelo Bingo Cocais da Sorte. Os responsáveis pelo bingo terão que devolver os valores pagos pelas cartelas vendidas e promover o anúncio da proibição e da restituição nas emissoras responsáveis pela exibição do sorteio. A ação civil pública é contra o Bingo Cocais da Sorte, Rede Vida de Televisão e o Sistema Veneza FM.O MPF verificou a existência de um bingo no município de Caxias, conhecido como Cocais da Sorte, que promove a distribuição de prêmios através de sorteios transmitidos pela TV e rádio.O bingo tem livre funcionamento e realiza semanalmente na sua sede, aos domingos, sorteio ao vivo em quatro rodadas, com distribuição de prêmios em dinheiro nas três primeiras rodadas e de uma moto, na rodada final, além de poupanças no valor de cem reais. Os sorteios são transmitidos pela televisão, canal 20 (Rede Vida) e pelo rádio (Sistema Veneza FM), ambos em Caxias.Segundo o procurador da República Alexandre Asunção e Silva, autor da ação, os responsáveis pelo bingo são pessoas que residem em Teresina (PI), onde desde o ano passado foi proibida, por decisão judicial, a existência de bingos e sorteios pela TV, podendo ser citado como exemplo o Bingo Poupa Ganha, que foi proibido de funcionar.

MPF/SE quer cumprimento da lei que proíbe fumo em locais fechados25/2/2008 16h26

Donos de bares e restaurantes garantem que cumprem a lei, mas falta conscientização dos clientes.A regra é clara. É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero em locais coletivos, privados ou públicos, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente. Esta é a Lei federal nº 9.294/2004, que o Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) quer ver cumprida.Depois de reclamações de várias pessoas, o MPF/SE abriu um procedimento administrativo e já começa a intensificar as reuniões com donos de bares e restaurantes, os primeiros comerciantes que foram chamados ao Ministério Público Federal. A procuradora regional da República Gicelma Santos do Nascimento, responsável pelo tema, realizou hoje, 25 de fevereiro, uma audiência com alguns donos de estabelecimentos comerciais para tratar do assunto.O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Sergipe (Abrasel/SE) Álvaro Egerland garantiu que a grande maioria dos estabelecimentos está tentando atender as exigências da lei, mas o problema está na falta de conscientização dos clientes e na resistência em cumprir às determinações. “Muitos bares e restaurantes já deixaram de vender cigarro e também estão adaptando espaços exclusivos para fumantes”, completou.No MPF/SE, além de denúncias contra bares e restaurantes, também há reclamações contra shopping. No caso

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de alguns estabelecimentos, os proprietários levaram para a audiência no MPF/SE fotos, panfletos, placas e outros materiais de divulgação da lei. “Vamos solicitar a ação da Vigilância Sanitária para que inspecione os locais alvo das denúncias e em outros onde é preciso identificar a real condição da área destinada aos fumantes”, disse a procuradora regional. As penalidades impostas pela lei vão da advertência à multa.

MPF/SC propõe ação penal por transporte com excesso de peso na BR-10125/2/2008 15h07

Empresa gaúcha é flagrada inúmeras vezes trafegando em rodovia federal com cargas além do permitido.O Ministério Público Federal em Tubarão (SC) ingressou com ação penal contra o administrador de uma empresa que autorizou, por inúmeras vezes, o transporte de cargas em rodovias federais acima do peso permitido. O administrador da empresa Buzin Transportes e Comércio, Orlando Leovaldo Busin, é acusado de causar grave dano ao patrimônio da União, crime previsto no artigo 163 do Código Penal.Na ação, o procurador da República em Tubarão Celso Antônio Três afirma que, ao realizar o transporte de cargas com pesos superiores ao permitido, o réu destrói a malha viária e coloca em risco a integridade física e patrimonial dos demais usuários da rodovia federal. Para o procurador, a prática desafia as normas de trânsito e demonstra total desrespeito ao patrimônio público. Segundo ele, o resultado do descaso "é o morticínio, a tragédia".Segundo a ação, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu reiteradas vezes os caminhões da empresa Buzin Transportes e Comércio, no trecho sul da BR-101, por estarem trafegando com excesso de peso. Para comprovar, o MPF arrolou 15 autos de infração da PRF contra a empresa, todos por excesso de peso, sendo que em um dos casos os caminhões foram flagrados com 31 toneladas a mais do que o permitido. A própria PRF já sugeriu a cassação das autorizações especiais de trânsito da empresa. Em outra oportunidade, moradores de Jacinto Machado denunciaram, que durante a madrugada, os veículos da empresa Buzin passavam em frente de suas residências para desviar da fiscalização da PRF de Araranguá. Por causa do excesso de peso, os moradores afirmaram que as casas tremiam e a rodovia estava sendo destruída, além dos caminhões não possuírem licença para transitarem em rodovias estaduais. A empresa Buzin fica estabelecida na BR-116, no município de São Marcos, no Rio Grande do Sul.Conforme o Núcleo de Apoio Jurídico da Superintendência da PRF, a condução de veículos com excesso de peso é uma das principais causas dos acidentes graves e fatais que acontecem nas rodovias. O excesso de carga é apontado, ainda, como um dos principais fatores que contribuem para desgaste das condições asfálticas das estradas. Buracos e afundamento de asfalto são os prejuízos causados pelo peso acima do permitido. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura do Transporte (Dnit) calcula que um veículo cuja carga excede em 30% de capacidade provoca diminuição da vida útil da rodovia em 50%.Ação Penal nº 2004.72.07.006557-3

MPF/RJ: sócio do Canecão é denunciado por estelionato e falsidade ideológica25/2/2008 14h51

Dirigente usou empresa com nome parecido para ter patrocínio da Petrobras.O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) ofereceu denúncia à Justiça contra Mario Hamilton Priolli, principal sócio do Canecão, pelos crimes de falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal) e estelionato qualificado (artigo 171 do Código Penal). O empresário, para garantir o patrocínio da Petrobras, utilizou-se da empresa Canecão Promoção de Eventos Ltda, criada em 1997, em lugar da Canecão Promoções e Espetáculos Teatrais S/A, verdadeira razão social da casa de espetáculos com cerca de 40 anos.Segundo a denúncia, ao usar outra pessoa jurídica, o empresário teve aprovado o projeto Canecão Petrobras junto ao Ministério da Cultura, valendo-se dos incentivos fiscais da Lei Rouanet e ocultando os débitos da Canecão Promoções e Espetáculos Teatrais S/A com o INSS, o que impediria que a casa de espetáculos celebrasse o contrato. A denúncia, oferecida pelo procurador da República José Maria Panoeiro, foi recebida pela 5ª Vara Federal Criminal, dando origem à ação penal.Segundo o procurador, ficou claro que a empresa patrocinada não foi a usada no contrato, mas a Canecão Promoção de Eventos Ltda, criada há menos de dez anos sem empregados nem prestadores de serviço. Segundo a gerência de patrocínios da Petrobras, sua intenção era fechar contrato com o Canecão, mas foi informada por Priolli que a casa atendia pela razão social Canecão Promoção de Eventos Ltda."O débito do Canecão com o INSS o impede de receber qualquer incentivo de natureza pública, como o da Lei Rouanet. Embora o sócio mencione o verdadeiro Canecão no contrato para justificar o patrocínio, formalmente optou por usar uma empresa que não tem um único empregado, não recolhe para o INSS e tem o mesmo endereço do estabelecimento", afirma o procurador da República José Maria Panoeiro. "Além disso, o contrato foi celebrado por Mário Priolli, que é sócio majoritário de ambas as empresas, o que permite concluir pela fraudulenta utilização de uma pessoa jurídica em lugar de outra."

MPF/RJ: Net é condenada por venda casada do Virtua25/2/2008 14h44

Ação questionou exigência de contratação de provedor de conteúdo.A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça determinou que a Net Rio e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não exijam mais a contratação de um provedor de conteúdo aos usuários do serviço de banda larga Virtua. A empresa também foi proibida de suspender o Virtua se o cliente não contratar o provedor adicional e quem foi privado do Virtua por este motivo deve ter o serviço reativado. A Net Rio ainda deve incluir na fatura do Virtua um aviso de que não é necessária a contratação do outro provedor.

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A decisão da 10ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que resulta da ação civil pública movida há um ano (nº 2007.51.01.002537-0), é válida em todo o estado. Segundo o procurador da República Claudio Gheventer, autor da ação, a Net Rio vem violando o Código de Defesa do Consumidor, que considera ilícita a prática da venda casada. A imposição da contratação de um provedor de conteúdo é abusiva, pois o acesso à rede independe da utilização desse tipo de provedor, ao contrário do que os consumidores são levados a crer.Em esclarecimento ao MPF, a Net Rio afirmou que "a partir da obtenção da licença de serviço de comunicação multimídia (SCM), passou a disponibilizar, aos seus clientes Net Virtua, o acesso à internet sem a obrigatoriedade de contratação de um 'provedor de acesso'. O serviço de 'provimento de conteúdo' pode ser livremente contratado". Embora não exija mais o provedor de acesso para novos usuários, a exigência foi mantida para os clientes antigos".

PGR: Defensoria Pública não pode propor ação civil pública25/2/2008 13h56

Para o procurador-geral, as ações civis públicas não podem ser propostas pela Defensoria Pública.A Defensoria Pública não pode propor ação civil pública. Esse é o entendimento do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal sobre ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3943) proposta pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp). A entidade pede que seja declarada a inconstitucionalidade do inciso II do artigo 5º da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 11.448/07. Esse inciso incluiu a Defensoria na lista de instituições que podem propor a ação civil pública, como o Ministério Público, autarquias, empresas públicas, fundações e sociedades de economia mista.Para Antonio Fernando, a Defensoria não pode propor esse tipo de ação porque os artigos 5º, inciso LXXIV, e 134 da Constituição Federal determinam que a instituição tem competência para prestar assistência jurídica integral e gratuita somente às pessoas que comprovarem insuficiência de recursos. Já a ação civil pública é utilizada para as causas de conteúdo difuso, coletivo ou de defesa de interesses transindividuais, ou seja, que envolvem número indeterminado de pessoas.O procurador-geral afirma que a coletividade que se vincula à Defensoria é a dos que comprovarem insuficiência de recursos, isto é, “de quem não detém fortuna para conhecer, postular e defender seus direitos. A outras instituições públicas, aos cidadãos e à sociedade compete a demanda dos direitos por atacado: direitos consumeristas, ambientais, de proteção ao patrimônio histórico-cultural e de outros bens coletivos e difusos. Parece nítida a repartição feita pelo constituinte, que não é dada ao legislador alterar”.Em seu parecer, Antonio Fernando destaca, ainda, a falta de interesse do Poder Executivo Federal e de muitos governos estaduais na alocação de recursos humanos, financeiros e logísticos para a criação, instalação e funcionamento das Defensorias. “É cabível questionar se o incremento de competências da Defensoria Pública, representado pela legitimidade ativa para a propositura de ações civis públicas, não agravaria mais ainda esse quadro de faz-de-conta”, conclui.O parecer de Antonio Fernando será analisado pela ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia, relatora da ação.

MPF/PA: prefeito de Marituba e 16 funcionários são acusados de desviar R$ 1,9 mi da saúde25/2/2008 10h15

MPF quer a suspensão dos direitos políticos dos envolvidos e a devolução dos recursos em dobro. O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) ajuizou na semana passada quatro ações por improbidade administrativa contra o prefeito de Marituba, Antônio Armando Amaral de Castro. Juntamente com 16 funcionários da prefeitura, seis empresas e um empresário, ele é acusado de fraudes em licitações, má administração e desvio de 1,9 milhão de reais em recursos públicos.Detectadas por fiscalizações da Controladoria Geral da União (CGU), as irregularidades apontadas pelo MPF são relativas à execução do programa de atenção básica da saúde, cujos recursos foram encaminhados ao município pelo Ministério da Saúde.Na esfera da prefeitura, além de Castro foram denunciados três secretários municipais, a tesoureira do município, o presidente e 11 membros da comissão permanente de licitação. Segundo o MPF, faltou publicação de editais, termos aditivos foram assinados depois do fim do prazo de contrato, não foram realizadas licitações obrigatórias ou foram apenas simuladas e não foram apresentados comprovantes fiscais.Para a construção de um posto de saúde, foi contratada uma empresa cujos sócios-propritários são os irmãos e a mãe da tesoureira municipal. A empresa recebeu por serviços não realizados e partes da obra foram executadas em desacordo com o especificado e com qualidade inferior ao que foi contratado. Recursos que deveriam ser aplicados em saúde foram usados para a compra de computadores e pagamento de contas telefônicas.Caso condenados de acordo com a solicitação do MPF, os acusados perderão suas funções públicas, terão que devolver os recursos, terão seus direitos políticos suspensos por oito anos e serão obrigados ao pagamento de multa equivalente ao dobro do valor desviado e de indenização por danos morais, além de ficarem impedidos do contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais e creditícios por cinco anos.Veja a lista dos denunciados:Antônio Armando Amaral de Castro, prefeito Elma Márcia Bastos de Castro, secretária de Saúde em 2006 Ederson de Araújo Cardoso, secretário de Saúde em 2005 Veríssimo Martins Gaspar Júnior, secretário de Obras Nilma Quaresma Lourinho, tesoureira do município

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Sandro Gilberto Oliveira Brito, presidente da comissão de licitação Edilene de Nazaré Mesquita Bastos, membro da comissão de licitação Josiane de Moraes Rodrigues, membro da comissão de licitação Sílvia Estela Pinto Bastos, membro da comissão de licitação Erivaldo Almeida Barbosa, membro da comissão de licitação José Maria de Oliveira, membro da comissão de licitação Luiz Sérgio Ferreira Coelho, membro da comissão de licitação Paulo Vitor Lisboa da Silva, membro da comissão de licitação Helder de Paula Mello, membro da comissão de licitação Leonila Amaral de Castro, membro da comissão de licitação Madson Vidal dos Santos, membro da comissão de licitação Valdinéia da Silva Farias, membro da comissão de licitação João Nélio Quaresma Lourinho, representante da empresa Quaresma & Quaresma Ltda. Quaresma & Quaresma Ltda. Iveco Fiat Brasil Ltda. M.M. Lobato Com. Rep. Ltda. Progeral Rep. e Com. Ltda. Disbino Comércio Ltda. J. Machado Comércio de Petróleo Ltda.Números dos processos na Justiça Federal em Belém: 2008.39.00.002345-0, 2008.39.00.002347-8 (2ª Vara), 2008.39.00.002346-4 e 2008.39.00.002348-1 (5ª Vara).

Suspensa atividade comercial de madeireiras de Tailândia (PA)25/2/2008 9h40

A solicitação foi feita pelo Ibama e pelo Ministério Público Federal no Pará.As madeireiras responsáveis pelos tumultos que impediram no início da semana passada uma operação contra o comércio ilegal de madeira em Tailândia, nordeste do Pará, serão excluídas por dois meses do sistema eletrônico que controla o transporte e o armazenamento de produtos florestais, o que, na prática, impede as empresas de exercerem qualquer atividade comercial no período.Em decisão liminar (urgente), a juíza Hind Gassan Kayath, da 2ª Vara Federal em Belém, permitiu na sexta-feira, 22 de fevereiro, que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) bloqueie a inscrição das madeireiras no sistema. A solicitação foi feita à Justiça pelo instituto e pelo Ministério Público Federal (MPF) no Pará. As empresas suspensas do sistema são as serrarias Primavera, Catarinense, GM Sufredini, Tailaminasplac e Taiplac.

MPF/TO recebe denúncias de crimes envolvendo recursos do Basa25/2/2008 8h15

Denúncias são resultado de fiscalização do Basa na aplicação de recursos liberados pela instituição. O procurador da República Álvaro Manzano recebeu na última quinta-feira, 21 de fevereiro, na Procuradoria da República no Tocantins, o diretor de suporte aos negócios do Banco da Amazônia (Basa) Milton Cordeiro, o gerente-executivo jurídico Marçal Marcellino da Silva Neto e o gerente jurídico da Superintendência do Basa no Tocantins Maurício Cordenonzi. O objetivo da visita foi entregar quatro representações criminais por prática de crimes envolvendo recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e solicitar ao MPF/TO empenho na punição dos infratores. As denúncias são resultado de fiscalização do Basa na aplicação de recursos liberados pela instituição.Segundo o procurador, o FNO tem uma natureza social, com a finalidade de desenvolvimento regional prevista na Constituição Federal. “São recursos subsidiados, liberados com juros reduzidos, e não devem em hipótese alguma ser desviados de sua finalidade. O Basa vai continuar fiscalizando a aplicação e o Ministério Público Federal irá priorizar a apuração destes crimes”, disse. Já foi instaurado procedimento administrativo na PR/TO, que pode resultar em proposição de ação civil pública.

Responsável pelo “Seleções da Biblioteca” : Jussara de Mello Toledo RamosMINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ – DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO

Fone/Fax: (41) 3250-4555

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