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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet n.º 350 Curitiba, 14 a 22 de outubro, 2008 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ....................................................................................... ..................01 - 49 Superior Tribunal de Justiça ....................................................................................... ..............50 - 81 Procuradoria-Geral da República...................................................................................... ..........82 - 87 Terça-feira, 21 de Outubro de 2008 21:02 - Supremo desobriga juiz de comparecer a CPI das Escutas para prestar depoimento 20:30 - 2ª Turma dá prazo para Tribunal do Júri paulista julgar acusado de homicídio 19:50 - STF mantém ação penal contra sócios da Telebinguinho 19:40 - 2ª Turma do STF confirma decisão favorável a Ivo Noal 19:30 - 1ª Turma: Habeas corpus de condenado por tráfico de drogas terá novo julgamento no TJ-RS 19:10 - 2ª Turma nega HC a uruguaio envolvido em crimes contra o Sistema Financeiro 17:48 - 2ª Turma do STF mantém em liberdade acusado de homicídio duplamente qualificado 17:27 - Concedido habeas corpus a acusados de fraudar Previdência 17:24 - Acusado de assassinar ex-vice-prefeito de João Pinheiro (MG) será julgado na própria comarca 17:00 - 1ª Turma reafirma legalidade da parcela do solo criado 16:57 - 2ª Turma anula condenação por tráfico de drogas por ausência de defesa prévia Segunda-feira, 20 de Outubro de 2008 17:23 - STF reconhece repercussão geral em quatro processos de matéria tributária 16:50 - Mantida prisão de casal acusado de crime ambiental e falsidade ideológica Sábado, 18 de Outubro de 2008 22:20 - Ministro determina que Ministério Público fiscalize greve de policiais civis de São Paulo Sexta-feira, 17 de Outubro de 2008 19:01 - STF abrevia julgamento de ADI contra taxa para embarque de bois paraenses 09:00 - Carcereiro denunciado por tráfico tem pedido de suspensão de novo exame toxicológico negado Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008 20:30 - STF julga inconstitucional dispositivo do Estatuto da Polícia Civil do Amazonas 20:28 - Ministros repudiam acusação de que houve favorecimento da Corte a advogados de Requião 19:47 - Ministra afirma não ser competência do STF julgar ação sobre nepotismo no TJ-RS 19:25 - Plenário mantém liminar que garante a Eduardo Requião permanecer no cargo de secretário 18:50 - Ministro Marco Aurélio defende o fim da aposentadoria por idade durante homenagem a ministros 16:50 - STF mantém liminar que permite corte de energia em Magé (RJ), mas preserva serviços essenciais

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁSELEÇÕES DA BIBLIOTECA

Notícias & JurisprudênciaInformativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

n.º 350Curitiba, 14 a 22 de outubro, 2008

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal .........................................................................................................01 - 49Superior Tribunal de Justiça .....................................................................................................50 - 81Procuradoria-Geral da República................................................................................................82 - 87

Terça-feira, 21 de Outubro de 200821:02 - Supremo desobriga juiz de comparecer a CPI das Escutas para prestar depoimento 20:30 - 2ª Turma dá prazo para Tribunal do Júri paulista julgar acusado de homicídio 19:50 - STF mantém ação penal contra sócios da Telebinguinho 19:40 - 2ª Turma do STF confirma decisão favorável a Ivo Noal 19:30 - 1ª Turma: Habeas corpus de condenado por tráfico de drogas terá novo julgamento no TJ-RS 19:10 - 2ª Turma nega HC a uruguaio envolvido em crimes contra o Sistema Financeiro 17:48 - 2ª Turma do STF mantém em liberdade acusado de homicídio duplamente qualificado 17:27 - Concedido habeas corpus a acusados de fraudar Previdência 17:24 - Acusado de assassinar ex-vice-prefeito de João Pinheiro (MG) será julgado na própria comarca 17:00 - 1ª Turma reafirma legalidade da parcela do solo criado 16:57 - 2ª Turma anula condenação por tráfico de drogas por ausência de defesa prévia

Segunda-feira, 20 de Outubro de 200817:23 - STF reconhece repercussão geral em quatro processos de matéria tributária 16:50 - Mantida prisão de casal acusado de crime ambiental e falsidade ideológica

Sábado, 18 de Outubro de 200822:20 - Ministro determina que Ministério Público fiscalize greve de policiais civis de São Paulo

Sexta-feira, 17 de Outubro de 200819:01 - STF abrevia julgamento de ADI contra taxa para embarque de bois paraenses 09:00 - Carcereiro denunciado por tráfico tem pedido de suspensão de novo exame toxicológico negado

Quinta-feira, 16 de Outubro de 200820:30 - STF julga inconstitucional dispositivo do Estatuto da Polícia Civil do Amazonas 20:28 - Ministros repudiam acusação de que houve favorecimento da Corte a advogados de Requião 19:47 - Ministra afirma não ser competência do STF julgar ação sobre nepotismo no TJ-RS 19:25 - Plenário mantém liminar que garante a Eduardo Requião permanecer no cargo de secretário 18:50 - Ministro Marco Aurélio defende o fim da aposentadoria por idade durante homenagem a ministros 16:50 - STF mantém liminar que permite corte de energia em Magé (RJ), mas preserva serviços essenciais 15:15 - Indeferida liminar para policial civil que pede aposentadoria especial 08:30 - Supremo arquiva HC que pretendia suspender medida sócio-educativa aplicada a maior de 18 anos

Quarta-feira, 15 de Outubro de 200820:11 - Ministro determina a disponibilização de UTIs para pacientes do SUS no Ceará 19:20 - Negado pedido de arquivamento de ação penal por lavagem de dinheiro aos bispos da Igreja Renascer 19:10 - STF declara inconstitucional instituto da Reclamação previsto no Regimento Interno do TST 18:10 - Cartórios paulistas podem usar valor do imóvel como referência na tabela de taxas 16:30 - STF declara inconstitucional lei do RN que permitia a contratação temporária de defensores públicos 16:20 - Rejeitado recurso de Palocci em inquérito sobre sistema de coleta de lixo em Ribeirão Preto 10:00 - Turma do STF remete casos de escravidão à Justiça Federal

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008

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20:35 - 1ª Turma anula processo de ex-militar desertor 19:55 - Mantida ordem de prisão contra acusada por tráfico internacional de mulheres 19:25 - 1ª Turma: médico preso por suposto crime de aborto obtém liberdade 18:24 - Ministros suspendem ação penal por furto de bicicleta usada 17:36 - 1ª Turma mantém preso assaltante do BRB 17:20 - 2ª Turma do STF concede liberdade a réu preso por furto qualificado 17:10 - Ministro suspende extradição de fundadores da Igreja Renascer em Cristo 16:35 - 1ª Turma nega habeas corpus para acusado por tráfico internacional de drogas 15:45 - Ministro dispensa operadoras de telefonia de informar a CPI ofícios que autorizaram escutas

Segunda-feira, 13 de Outubro de 200819:10 - Ministro Joaquim Barbosa indefere liminar e mantém Cacciola preso 18:00 - Concedida liminar para suspender seqüestro de verbas em Santa Maria (RS)

Terça-feira, 21 de Outubro de 2008

Supremo desobriga juiz de comparecer a CPI das Escutas para prestar depoimentoO ministro Cezar Peluso deferiu o pedido de liminar que desobriga o juiz titular da vara criminal da cidade de Itaguaí (RJ), Rafael Oliveira Fonseca, de comparecer à reunião da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas marcada para esta quarta-feira (22), na Câmara dos Deputados. Segundo Peluso, a motivação da comissão parlamentar ao convocá-lo era a de questionar atos tipicamente jurisdicionais, o que, segundo entendimento do Tribunal, romperia o sistema constitucional de freios e contrapesos e agredira o princípio da separação de poderes. O pedido para que Rafael Fonseca falte ao depoimento foi feito pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), no habeas corpus (HC) 96549. A entidade afirma que a convocação de Rafael Fonseca baseou-se apenas no fato de o juiz haver enviado 874 pedidos de interceptação telefônica à operadora Claro, em 2007. O magistrado já havia rejeitado um convite feito pela CPI no dia 9 de outubro alegando “falta de interesse como também impossibilidade de acrescentar mais informações do que as já prestadas, sob pena de violação da lei e ferimento das prerrogativas inerentes ao cargo”. Além disso, ele justificou, na ocasião, a impossibilidade de comparecer por estar impedido de se manifestar sobre os processos em que atua, “sobretudo os acobertados por sigilo” sob risco de ferir a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman). O HC lembrou que Rafael Fonseca sofre ameaças por causa de processos que envolvem escutas – razão pela qual ele usa escolta policial em sua locomoção.ConvocaçãoDiante dessa resposta de Fonseca, o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba, encaminhou novamente um ofício ao juiz, dessa vez intimando-o a comparecer nesta quarta-feira (22). “Caso haja negativa de comparecimento à reunião acima citada, este órgão técnico utilizar-se-á dos meios necessários para garantir a presença compulsória de vossa excelência, e que a ausência implicará na tipificação do crime de desobediência previsto no artigo 330 do Código Penal”, advertiu. Diante disso, o juiz recorreu ao Supremo Tribunal Federal para garantir que seu não comparecimento tenha respaldo judicial.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20082ª Turma dá prazo para Tribunal do Júri paulista julgar acusado de homicídio

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de liberdade formulado no Habeas Corpus (HC) 95314, impetrado pelo estudante L.A.G.C., preso por ordem da Vara do Júri da Comarca de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, sob acusação de homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º, incisos III e IV). A Turma, entretanto, decidiu recomendar ao Tribunal do Júri de São Bernardo que marque seu julgamento, no prazo de 30 dias após a apresentação das alegações da defesa, uma vez que a instrução criminal foi concluída, e o estudante já foi encaminhado para julgamento pelo júri popular.Excesso de prazoA defesa alegava justamente excesso de prazo para o julgamento, pois L.A.G.C. está preso desde 18 de agosto de 2005, e ainda não havia previsão de julgamento, quando o HC foi protocolado no STF. Entretanto, conforme informou a relatora do processo, ministra Ellen Gracie, este argumento está prejudicado, pois já foi encerrada a instrução do processo, “encontrando-se o feito pronto para realização da sessão do Tribunal do Júri”. A defesa alegava, também, que a ordem de prisão careceria de fundamentação e que, na data do crime, L.A.G.C. apenas se encontrava na casa do suposto autor do assassinato, que seria viciado em drogas, condição também atribuída à vítima. Ademais, L.A.G.C seria primário, teria bons antecedentes, ocupação e residência fixas. O juiz de primeiro grau não aceitou os argumentos. Em seguida, sucessivamente, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negaram HCs. Em seu voto, a ministra Ellen Gracie afirmou que o decreto de prisão preventiva, “na realidade, baseou-se em fatos concretos, observados pelo juiz

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de direito na instrução processual, notadamente a covardia das possíveis condutas do paciente e do co-réu, que impuseram à vítima sofrimento maior que o necessário em circunstâncias relacionadas ao consumo de entorpecentes pesados”, além de terem buscado dissimular o crime e sua autoria. “Anoto, assim, que  houve fundamentação idônea à manutenção da prisão cautelar”, observou a ministra. “Existe justa causa para o decreto de prisão. A circunstância de o paciente ser primário e de bons antecedentes não se mostra obstáculo ao decreto de prisão”.

Terça-feira, 21 de Outubro de 2008STF mantém ação penal contra sócios da Telebinguinho

Uma ação penal contra os sócios da empresa Telebinguinho, do Rio Grande do Norte, por crimes contra as relações de consumo, vai continuar tramitando na Vara Criminal de Natal. A decisão foi da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou pedido para suspender a ação, por suposta inépcia da denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP). De acordo com o MP, a empresa teria cometido irregularidades em premiações realizadas, uma vez que os sorteios seriam realizados antes de sua transmissão pela TV. Dessa forma, os empresários podiam confeccionar as cartelas que seriam sorteadas. No Habeas Corpus (HC) 94670, julgado na tarde desta terça-feira (21), a defesa pedia o trancamento da ação penal contra seus clientes, com o argumento de que a denúncia apresentada não individualizou a conduta de cada um dos acusados, conforme determina o artigo 41 do Código de Processo Penal. Dessa forma, conclui, não existe como exercitar o direito à defesa para cada um dos sócios.JurisprudênciaA relatora do processo, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, salientou em seu voto que a jurisprudência do STF se encaminha cada vez mais no sentido de reconhecer, mesmo em relação aos delitos societários, que a denúncia deve conter, ainda que minimamente, a descrição individualizada da conduta, supostamente praticada por cada um dos denunciados. Nesse sentido, ela citou a decisão da Corte no julgamento do HC 85549, em que o Supremo entendeu ser suficiente, para a aptidão da denúncia por crimes societários, a indicação de que os denunciados são responsáveis, de algum modo, pela condução da sociedade. No caso, prosseguiu a ministra, a denúncia atende aos requisitos do artigo 41 do CPP, porque descreve a conduta considerada delituosa, indica o momento de quando começou, como era praticada e a responsabilidade de cada sócio na gestão da empresa. Assim, concluiu a relatora, apesar de a denúncia não pormenorizar a participação individual de cada um, as condutas foram imputadas aos empresários de forma a permitir que eles possa se defender. A decisão de negar o habeas corpus foi unânime.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20082ª Turma do STF confirma decisão favorável a Ivo Noal

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta terça-feira (21) liminar concedida em 2005 pelo ministro Cezar Peluso a Ivo Noal, conhecido em São Paulo como banqueiro do jogo do bicho, condenado pela Justiça Federal por sonegação fiscal. Com a confirmação da liminar, foi concedido Habeas Corpus (HC 85792) apresentado em defesa de Noal contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo explicou o relator da matéria, ministro Cezar Peluso, o STJ determinou que a pena aplicada a Noal fosse revista pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo, e, ao mesmo tempo, fixou o regime semi-aberto para o início do cumprimento da sanção. De acordo com Peluso, o regime para início do cumprimento da pena privativa de liberdade somente pode ser determinado após a fixação da quantidade de pena aplicável, conforme determina o artigo 59 do Código Penal. Na liminar, o ministro informa que, uma vez “revista a quantidade da pena com base na proporcionalidade das circunstâncias judiciais, ainda que nos termos do acórdão impugnado, é possível sua diminuição de forma a admitir o início em regime aberto que, ao menos em tese, poderá tornar-se plausível”. A liminar mantida nesta tarde suspendeu o curso de apelação criminal em curso perante TRF-3, até que fosse revisto o tempo da pena de Noal, fixada em cinco anos. Com isso, também ficou suspenso o regime estabelecido para o início do cumprimento da pena privativa de liberdade e prejudicada a expedição de mandado de prisão contra Noal.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20081ª Turma: Habeas corpus de condenado por tráfico de drogas terá novo julgamento no TJ-

RSPor unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) cassou decisão do Tribunal de Justiça do estado do Rio Grande do Sul (TJ-RS) que condenou Marcos Roberto Borba à pena de três anos e três meses de reclusão em regime inicial fechado pelo crime de tráfico de drogas. Os ministros analisaram na tarde de hoje o Habeas Corpus (HC) 94874 impetrado pela Defensoria Pública da União

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em favor de Borba. O pedido, contido no habeas corpus e negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pretendia a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos por falta de fundamentação da sentença que condenou Marcos Borba. Para o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o tribunal estadual deve julgar novamente a causa. Isto porque toda vez que alguém é condenado por crime doloso à pena não superior a quatro anos, o julgador deve se manifestar de forma fundamentada se a hipótese é ou não de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. “Estando presentes os seus pressupostos, ela se torna imperativa”, disse. “No caso, o TJ-RS limitou-se a mencionar o artigo 44, III, do Código Penal, sem aludir a qualquer circunstância concreta, o que torna a decisão nula nesse aspecto não apenas por falta de fundamentação, como também por ofensa ao princípio da individualização da pena”, afirmou Lewandowski. O relator cassou a decisão e devolveu os autos ao TJ-RS para que o caso seja examinado de forma fundamentada, “substituindo ou não a pena corporal pela restritiva de direitos, conhecidas as razões”.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20082ª Turma nega HC a uruguaio envolvido em crimes contra o Sistema Financeiro

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta terça-feira (21), o Habeas Corpus (HC) 94955, impetrado pelo doleiro uruguaio Najun Azario Flato Turner contra julgamento da 6ª Turma do  Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve sua condenação e prisão por infração dos artigos 11 e 16 da Lei 7.492/86 (captar, intermediar e aplicar recursos financeiros de terceiros, sem autorização do Banco Central). A defesa sustentou que Turner foi absolvido da acusação em primeiro grau, mas que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em apelação interposta pelo Ministério Público Federal (MPF), reformou a decisão de primeiro grau e o condenou à prisão. Um HC impetrado contra essa decisão no STJ foi negado. O habeas no STF contesta essa negativa. A defesa alegava constrangimento ilegal, observando que, nos termos da Constituição, a lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu. Segundo ela, por ocasião do julgamento da apelação pelo TRF, em abril de 2004, já se encontrava em vigor a Lei 10.303, que alterou dispositivos da Lei 6.385. Portanto, ela pleiteava a declaração de nulidade do julgamento do TRF ou, então, que fosse determinado novo julgamento àquele colegiado, à luz do artigo 27 e da Lei 10.303/2001, e expedido alvará de soltura em favor de Turner. A relatora do processo, ministra Ellen Gracie, deixou claro que não houve a alegada revogação do artigo 16 da Lei 7.492 pelo artigo 27 e da Lei 10.303. “Da leitura desses dispositivos fica claro que não houve revogação do artigo 16 da 7.492, eis que, além de a objetividade jurídica dos tipos penais ser distinta, existem elementos da estrutura dos dois tipos que também não se confundem”, observou ela. Segundo a ministra, o doleiro teria supostamente captado, intermediado e aplicado recursos financeiros, não valores mobiliários de terceiros, funcionando como instituição financeira, fora, portanto, do mercado de valores mobiliários, sem a devida autorização do BC. “Essa conduta apresenta os elementos do tipo penal previsto no artigo 16 da Lei 7.492, não a norma do artigo 27 da Lei 10.303”, sustentou a ministra relatora. “O bem jurídico tutelado na primeira é a higidez do Sistema Financeiro Nacional, considerando-se instituição financeira a que tem por atividade principal a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros”. “Ao seu turno, a Lei 10.303 objetiva tutelar a higidez do mercado de valores mobiliários, que, no caso relacionado ao  paciente, sequer foi ameaçada pelas práticas apuradas e comprovadas nos autos da  ação penal”, acrescentou Ellen Gracie. “Não houve, portanto, revogação do disposto no artigo 16, nem qualquer constrangimento ilegal a ser reparado”, concluiu.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20082ª Turma do STF mantém em liberdade acusado de homicídio duplamente qualificado

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta terça-feira (21) liminar do ministro Joaquim Barbosa, concedida em maio deste ano a um acusado de homicídio duplamente qualificado e de tentativa de homicídio na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada no julgamento final de Habeas Corpus (HC 94509) apresentado em defesa do acusado. Ele aguardará em liberdade seu julgamento pelo júri popular. Segundo Barbosa, a prisão não respeitou os requisitos previstos no artigo 312 do Código do Processo Penal, que trata das regras de prisão preventiva. O Juízo de Gramado levou em conta a gravidade do delito, a comoção social e o fato de o acusado não ter se apresentado à Justiça. O ministro informou que o denunciado se

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apresentou espontaneamente à Delegacia um dia após o decreto de prisão ser expedido. Acrescentou que o acusado é primário, tem bons antecedentes, residência fixa e não tem contra ele qualquer elemento que “aponte para sua periculosidade ou para a possibilidade de reiteração criminosa”. Segundo a denúncia, o crime ocorreu na tarde do dia 4 de junho de 2007. O motivo teria sido o atraso no pagamento de aluguel pelas vítimas, pai e filho. O acusado teria ido à fábrica que locava para as vítimas para saber quanto tempo permaneceriam trabalhando e, em seguida, ido pegar a arma do crime, um revólver. O filho foi morto pelos disparos, enquanto o pai foi deixado gravemente ferido.

Terça-feira, 21 de Outubro de 2008Concedido habeas corpus a acusados de fraudar Previdência

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta terça-feira (21) Habeas Corpus (HC 95304) para o médico-perito Agostinho Serôdio Boechat, acusado de integrar suposta quadrilha que cometeria fraudes na agência da Previdência Social em Bom Jesus do Itabapoana, no noroeste do estado do Rio de Janeiro. A decisão desta tarde confirma liminar concedida em julho pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, a Boechat. Ele e outras 18 pessoas foram denunciados por crime de quadrilha, advocacia administrativa, estelionato qualificado, peculato e prevaricação. Outros acusados conseguiram extensão da liminar concedida no habeas de Boechat e também tiveram a liberdade confirmada hoje. Somente os denunciados Pedro Manhães Filho e Francisco Ferreira Cotts não obtiveram habeas corpus porque tiveram a prisão determinada posteriormente por outro juízo, a 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A relatora do habeas corpus, ministra Ellen Gracie, adotou a posição do Ministério Público Federal (MPF) em parecer sobre o caso. Segundo o MPF, faltam dados concretos para justificar a segregação no decreto de prisão dos acusados, de autoria do Juízo Federal de Itaperuna, no Rio.

Terça-feira, 21 de Outubro de 2008Acusado de assassinar ex-vice-prefeito de João Pinheiro (MG) será julgado na própria

comarcaA Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu, por unanimidade, o Habeas Corpus (HC) 93939, e com isso não aceitou transferir para outra localidade o julgamento de D.S.A, acusado de assassinar, com dois tiros, o comerciante Juarez Braga de Lima, ex-vice-prefeito de João Pinheiro, cidade no interior de Minas Gerais. O crime teria ocorrido por conta do não pagamento de uma dívida de R$ 10 mil. Com a decisão desta terça-feira (21), o acusado deve ser julgado pelo Tribunal do Júri da própria comarca. O crime ocorreu em 2002 e realmente causou grande comoção na cidade à época, disse o advogado de defesa. A popularidade da vítima pode causar sérios riscos a seu cliente, prosseguiu o defensor, lembrando que a prefeitura chegou a decretar feriado de três dias em função da morte do comerciante. Disse ainda que o julgamento dos mandantes do crime, em fevereiro deste ano, teve que ser anulado por conta de revolta da população. Dessa forma, o advogado acredita que seu cliente – que é réu confesso -, corre o risco de ter um julgamento parcial. O relator do habeas, ministro Marco Aurélio, disse que nos pedidos de desaforamento – a mudança da comarca responsável pelo julgamento –, o ponto de vista do juiz presidente do Tribunal do Júri é da maior importância. E que no caso de João Pinheiro o magistrado informou que os jurados são pessoas sérias, idôneas e comprometidas tão somente com a justiça. Outro fator que deve ser levado em conta, disse o ministro, é que a vítima não exercia função pública na cidade há mais de vinte anos, e não teria mais nenhum poder de influência na comunidade.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20081ª Turma reafirma legalidade da parcela do solo criado

Por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) mantiveram entendimento do Plenário da Corte no sentido da legalidade do artigo 9º da Lei 3.338/89, de Florianópolis (SC), que regulamentou a chamada parcela do solo criado (artigo 9º). A contribuição é cobrada de quem constrói acima de um coeficiente determinado pela lei, e visa a constituição de um fundo responsável por obras de infra-estrutura e urbanização do município. Para o advogado da Biguaçu Empreendimentos e Incorporações de Imóveis, autor do Recurso Extraordinário (RE) 226942, o município não teria competência para criar essa espécie de “tributo”. Mas o relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, explicou que, a seu ver, o dispositivo não criou nenhum imposto. Como não há configuração de tributo, não há questão constitucional em debate, ressaltou o relator, avaliando não ser necessário levar a matéria para julgamento pelo Plenário do STF, como chegou a sugerir o ministro Marco Aurélio, presidente da Primeira Turma.Remuneração

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Menezes Direito salientou que a parcela de solo criada, chamada de outorga onerosa do direito de construir, é uma remuneração ao município paga pelo proprietário apenas com relação ao que for construído acima do índice determinado pela lei. Nesse sentido, o ministro lembrou do julgamento do RE 387047, realizado no Plenário, em que a maioria dos ministros do Supremo acompanhou o voto do ministro Eros Grau, relator daquele processo, que revelou seu entendimento de que a parcela do solo criado é um ônus, e não um tributo. O relator foi acompanhado pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha e pelo ministro Ricardo Lewandowski.

Terça-feira, 21 de Outubro de 20082ª Turma anula condenação por tráfico de drogas por ausência de defesa prévia

Por maioria, a Segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira (21), o Habeas Corpus (HC) 94027, declarando a nulidade da condenação de João Faria à pena de 13 anos, sete meses e 10 dias por tráfico de drogas, com base no artigo 12 da Lei 6.368/76, e a seis anos e nove meses de prisão em regime fechado, por associação com o tráfico, com base no artigo 14 da mesma lei. Com a decisão, Faria, preso em flagrante desde 15 de março de 2003 e cumprindo prisão preventiva, agora já em regime semi-aberto em função de decisão anterior do STF, obteve alvará de soltura para aguardar novo julgamento em liberdade, salvo se estiver preso por outro motivo. Em 4 de abril deste ano, o relator original do processo, ministro Gilmar Mendes, havia indeferido pedido de liminar.Negada defesa preliminarNo julgamento de hoje, prevaleceu a tese de que houve cerceamento da defesa, porquanto o juiz de primeiro grau desrespeitou o artigo 38 da Lei 10.409/2002, que prevê a defesa preliminar do acusado antes do recebimento da denúncia, rito este que é mais favorável ao acusado que o previsto na Lei 6.368. O juiz de primeiro grau, assim como, posteriormente, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP) não reconheceram esse direito. O mesmo ocorreu em HC impetrado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cuja relatora negou liminar. Tanto o juiz de primeiro grau quanto os dois tribunais decidiram pela aplicação da Lei  6.368, que não previa esse rito. Além disso, alegaram que a não-observância do rito mais benéfico previsto na Lei 10.409 não trouxe prejuízo ao réu e que tampouco a defesa comprovou ter havido prejuízo.PrecedentesA relatora do processo na Segunda Turma, ministra Ellen Gracie, confirmou a tese que predominou nas instâncias inferiores para manter a condenação de Faria. Ela sustentou, ademais, que a  Lei 10.409 já foi revogada pela Lei 11.343/2006. Além disso, a ministra entendeu que a materialidade e autoria do crime ficaram suficientemente demonstradas na instrução do processo, de modo que tampouco a defesa preliminar do réu o absolveria da condenação. Ellen Gracie, entretanto, foi voto vencido. Os ministros Joaquim Barbosa e Cezar Peluso votaram pela nulidade do processo, reconhecendo a validade dos argumentos da defesa. Ambos citaram precedentes da própria Turma neste sentido. Entre eles, a defesa havia relacionado o HC 88836, relatado pelo ministro Cezar Peluso; o Recurso em HC (RHC) 86680, relatado pelo ministro Joaquim Barbosa, e o HC 94276, relatado pelo ministro Celso de Mello e julgado em 30 de setembro deste ano.

Segunda-feira, 20 de Outubro de 2008STF reconhece repercussão geral em quatro processos de matéria tributária

Em votação eletrônica, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, por maioria, como de repercussão geral, quatro processos envolvendo matéria tributária que, agora, serão incluídos na pauta de julgamentos do Plenário da Corte. A repercussão é um filtro que permite ao STF julgar somente os recursos que possuam relevância social, econômica, política ou jurídica. Trata-se dos Recursos Extraordinários (REs) 592905, 592616, 580264 e 591340. O primeiro deles (592905) foi interposto pelo HSBC Investment Bank Brasil S/A – Banco de Investimento contra decisão do Tribunal de Justiça do estado de Santa Catarina (TJ-SC), que reconheceu a incidência de Imposto sobre Serviços (ISS) em contratos de arrendamento mercantil de coisas móveis (leasing). O banco alega que o acórdão recorrido contraria os artigos 156, inciso III, e 146, inciso III, a, da Constituição Federal (CF), pois o arrendamento mercantil traduz-se em obrigação de dar, que não caracteriza prestação de serviço. O processo tem como relator o ministro Eros Grau.ISS na contribuição do PIS/Cofins O segundo RE (592616) foi interposto pela Viação Alvorada Ltda. contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segundo o qual o Imposto sobre Serviços (ISS) integra a base de cálculo da contribuição para o PIS e a Cofins. A empresa pede exclusão do valor pago a título de ISS dessa

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base, invocando, analogicamente, a questão relativa ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ao votar pelo reconhecimento de repercussão geral à matéria, o relator, ministro Joaquim Barbosa, observou que o caso é análogo ao RE 574706, que tem como relatora a ministra Cármen Lúcia e discute a constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, cuja repercussão geral foi reconhecida pelos ministros do STF. Segundo Barbosa, o tema “transcende o interesse subjetivo das partes e possui relevância suficiente para viabilizar o julgamento do RE pelo STF". Além disso, conforme o ministro, a norma do artigo 3º, parágrafo 2º, inciso I, da Lei 9.748/98, que dispõe sobre a base de cálculo da PIS/Cofins, é objeto da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nº 18, também de relatoria dele e em tramitação no STF. O ministro lembrou que, naquela ação, foi deferida medida cautelar pelo Plenário da Corte para determinar que os juízes e tribunais suspendam o julgamento dos processos em tramitação – não incluídos os que estão no STF – que envolvam a aplicação do dispositivo.Tributos estaduaisO terceiro RE (580264) foi interposto pelo Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) que considerou não ser imune à tributação por impostos estaduais sociedade de economia mista que atua na área de prestação de serviços de saúde. O grupo hospitalar argumenta que a participação privada no seu quadro societário é irrisória e que a União é sócia do grupo, com o que ele seria uma extensão do Poder Público na prestação de serviços de saúde. Além disso, desde 31 de dezembro de 2003, teria passado a atender pacientes exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), e sua receita seria proveniente de repasses públicos. Invoca, além disso, sua relevante função social, a inexistência de exploração econômica da atividade e sua vinculação ao Ministério da Saúde. O relator do processo é o ministro Joaquim Barbosa.Compensação de IRPJ e CSLLInterposto pela Pólo Industrial Positivo e Empreendimentos Ltda., o RE 591340 contesta decisão do TRF-4 que considerou legal a limitação, em 30% para cada ano-base, do direito do contribuinte de compensar os prejuízos fiscais do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A contribuinte alega violação dos artigos 145, parágrafo 1º; 148; 150, inciso IV; 153, inciso III, e 195, inciso I, alínea c, da CF. Sustenta que as limitações impostas pelas Leis nº 8.981/95 e 9.065/95, cuja constitucionalidade é discutida no processo, configuram tributação sobre o patrimônio ou capital das empresas, e não sobre o lucro ou renda, adulterando os conceitos delineados pelo Direito Comercial e pela CF. Afirma ter sido instituído verdadeiro empréstimo compulsório, pois o contribuinte desembolsa antecipadamente o recolhimento dos tributos para, posteriormente, recuperá-los com a compensação da base de cálculo negativa não utilizada. Ao propor repercussão geral à matéria, o relator, ministro Marco Aurélio, argumentou que a matéria envolve “um sem número de contribuintes”. Lembrou, também, que, relativamente à constitucionalidade das limitações aplicáveis ao IRPJ, tramita no STF o RE 344994, também relatado por ele próprio e cujo julgamento está suspenso em virtude de pedido de vista da ministra Ellen Gracie.

Repercussão geralA repercussão geral possibilita ao Supremo deixar de apreciar REs que não tenham maiores implicações para o conjunto da sociedade. É um filtro que permite ao STF julgar somente os recursos que possuam relevância social, econômica, política ou jurídica. Ao mesmo tempo, determina que as demais instâncias judiciárias sigam o entendimento da Suprema Corte nos casos em que foi reconhecida a repercussão geral.

Segunda-feira, 20 de Outubro de 2008Mantida prisão de casal acusado de crime ambiental e falsidade ideológica

A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a prisão preventiva de um casal acusado de forjar esquema de emissão de documentos de origem florestal (DOF) para o transporte irregular de carvão. Os dois respondem por crime ambiental e falsidade ideológica em Bonito, Mato Grosso do Sul. A decisão é liminar e foi tomada em Habeas Corpus (HC 96424) apresentado em favor dos acusados contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve a prisão preventiva dos dois. A Corte entendeu que há, no caso, “fundado receio” de que o casal volte a praticar crimes contra o meio ambiente de forma reiterada se for solto. Segundo Ellen Gracie, a decisão do STJ se encontra devidamente motivada, “apresentando as razões de convencimento da Corte no sentido da necessidade e fundamentação da prisão decretada em desfavor dos [acusados]”. A denúncia foi encaminhada para a Promotoria de Justiça pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Nela, o casal de proprietários de uma microempresa de produção de

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carvão vegetal é acusado de emitir DOFs em nome do proprietário de uma outra fazenda em Bonito, da qual não se retirava lenha ou carvão e sem autorização do dono. O casal nega as acusações.

Sábado, 18 de Outubro de 2008Ministro determina que Ministério Público fiscalize greve de policiais civis de São Paulo

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na noite dessa sexta-feira (17) que cabe ao Ministério Público de São Paulo fiscalizar, em caráter provisório, o cumprimento da liminar concedida pelo relator da Reclamação 6568, ministro Eros Grau, quanto à greve dos policiais civis do estado. A decisão foi tomada em um pedido de extensão na Reclamação feito pela Procuradoria Geral do Estado e é válida até o julgamento final da ação pelo STF. Essa fiscalização da greve dos policiais civis paulistas, segundo o ministro, "há de ser feita pelo Ministério Público estadual, sem prejuízo da ação de outras autoridades locais eventualmente competentes". Lewandowski lembrou, ainda, que no julgamento do Mandado de Injunção 708, que tratou da greve dos servidores públicos, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, em seu voto condutor, "assentou que, por aplicação analógica do art. 6º da Lei 7.701/88, as questões oriundas de greves de servidores públicos, restritas ao âmbito estadual ou municipal, devem ser dirimidas pelo Poder Judiciário local". PedidoA Procuradoria Geral do Estado de São Paulo pedia a extensão da medida liminar já concedida pelo ministro Eros Grau na Reclamação 6568, em que se discute a competência para o julgamento da greve da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Anteriormente, Eros Grau, relator da citada Reclamação, concedeu liminar pleiteada para “(i) suspender o trâmite do Dissídio Coletivo de Greve n. 20199.2008.000..02.00-7, em curso perante o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, até o julgamento final desta reclamação; (ii) manter a liminar concedida pelo TRT 2ª Região, em que foi determinada a continuidade dos serviços e a manutenção de 80% (oitenta por cento) do efetivo dos profissionais da Polícia Civil do Estado de São Paulo”. Ocorre que, de acordo com a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, a decisão vem sendo desrespeitada pelo movimento grevista deflagrado pelos policiais civis paulistas, o que tem acarretado “graves danos para a população que necessita ser atendida nas unidades da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo”, uma vez que a categoria não vem mantendo o funcionamento de 80% de seus serviços regulares. Alega, ainda, que “considerando a expressa recusa já manifestada pelo Ministério Público do Trabalho (de poder fiscalizar a greve) e a reiterada jurisprudência dessa Suprema Corte, que reconhecem a competência da Justiça comum para processamento das demandas envolvendo relação de natureza estatutária entre o poder público e seus servidores", que cabe ao Ministério Público estadual encarregar-se provisoriamente de fiscalizar o cumprimento da liminar concedida anteriormente pelo ministro Eros Grau. Ricardo Lewandowski aceitou os argumentos do MP paulista e declarou que essa é a melhor decisão a ser tomada, pois se o próprio Ministério Público do Trabalho, por meio da Procuradora Regional do Trabalho da 2ª Região, teria declarado a sua incompetência para zelar pelo cumprimento e execução da liminar proferida pelo Ministro Eros Grau, "forçoso é convir que tal mister deve ser atribuído a outro órgão estatal, sob pena de ficar sem eficácia a decisão do STF, exarada por um de seus membros, em sede de jurisdição cautelar", sentenciou.

Sexta-feira, 17 de Outubro de 2008STF abrevia julgamento de ADI contra taxa para embarque de bois paraenses

A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha aplicou o rito abreviado para o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) contra a exigência de certificado para exportação do gado proveniente do Pará – prevista na lei estadual 7.076/07. A ADI 4158 poderá ser julgada definitivamente pelo Plenário (no mérito) após o prazo para os pareceres do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República (cinco dias, cada um). Por causa da relevância do assunto, pode ser dispensada a avaliação do pedido liminar. O principal argumento da CNA contra a obrigatoriedade do Certificado de Embarque de Bovídeos para o Exterior é que a lei estadual 7.076, assinada pela governadora paraense, Ana Júlia Carepa, fere a competência privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual (artigo 22, inciso VIII). Segundo a entidade, a taxa cobrada para a expedição do certificado (R$ 22,12 por boi embarcado) limita o exercício da exportação no Pará e o prejudica na concorrência com outros estados que não obrigam o certificado. “A taxa constitui verdadeiro imposto de exportação ao tributar o embarque do gado para o exterior”, diz a CNA. A ADI também lembra que, na edição da Emenda à Constituição 42/03, o artigo 155 da Constituição Federal excluiu dos estados e municípios a competência de instituir impostos sobre operações que destinam mercadorias ao exterior (inciso X).

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Outros artigos que a CNA diz terem sido desrespeitados são o 145 (inciso II, que veda criação de taxas) e 150 (que impede o aumento de tributo sem que lei estabeleça e o tratamento desigual entre contribuintes em situação equivalente). Além disso, os advogados da CNA lembraram que a competência de fiscalização agropecuária e de inspeção animal é atribuída à União, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, segundo está previsto nos artigos 22 (inciso I) e 187 da Constituição Federal.

Sexta-feira, 17 de Outubro de 2008Carcereiro denunciado por tráfico tem pedido de suspensão de novo exame toxicológico

negadoO Habeas Corpus (HC) 95373, impetrado no Supremo Tribunal Federal em favor do carcereiro da Polícia Civil de São Paulo L.S.R. foi indeferiu pelo ministro Menezes Direito. Denunciado pelo Ministério Público (MP) por tráfico de entorpecentes (artigos 12 e 18 da Lei 6.368/76), ele pedia a suspensão, em caráter liminar, de ordem judicial para que se submetesse a novo exame toxicológico. L.S.R. foi preso em flagrante delito na posse de ecstasy, em maio de 2006, e está sendo processado, na Vara Criminal de São Paulo, por tráfico de entorpecentes. No interrogatório a que foi submetido, declarou-se dependente físico e químico. A defesa alega que, em um primeiro exame, realizado em processo administrativo a que foi submetido no âmbito da Polícia Civil paulista, demonstrou sua plena dependência toxicológica e, portanto, sua inimputabilidade quanto ao crime pelo qual é processado. E lembra que o laudo deste exame foi incluído pelo juiz da Vara Criminal de primeiro grau como prova nos autos, com expressa concordância do Ministério Público.IndeferimentoO ministro Menezes Direito verificou que, no caso, não há flagrante ilegalidade capaz de afastar, neste primeiro exame, a incidência da Súmula 691. Segundo o verbete, “não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”. “A pretensão dos impetrantes é trazer ao conhecimento desta Suprema Corte, de forma precária, questão não analisada, definitivamente, no Superior Tribunal de Justiça, em flagrante intenção de suprimir a instância antecedente”, afirmou o relator. Ele também destacou que o pedido tem natureza satisfativa, hipótese em que o deferimento da liminar pelo Supremo prejudicaria o julgamento do habeas corpus impetrado no STJ, “ainda sub judice, o que também configuraria indevida supressão de instância”. Com essas considerações e não tendo como configurado o suposto constrangimento ilegal, o ministro Menezes Direito inferiu a liminar.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008STF julga inconstitucional dispositivo do Estatuto da Polícia Civil do Amazonas

Dispositivos do Estatuto da Polícia Civil do estado do Amazonas foram declarados inconstitucionais pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2120, a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) questionou os parágrafos 2º, 3º, 4º, 5º e 6º do artigo 43 da Lei 2.271/94, que trata da punição disciplinar antecipada do policial civil sem exercer o prévio direito de defesa. Em síntese, o autor sustentava que os dispositivos da lei atacada afrontam o artigo 5º, incisos LV e LVII da Constituição Federal, ao fixarem penas de imediato, antes mesmo de o servidor apresentar qualquer defesa. Conforme a entidade, a Constituição é taxativa ao assegurar às partes de processo judicial ou administrativo, bem como aos acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa e o estado de inocência até o trânsito em julgado da sentença.Voto “O diploma legislativo amazonense representa, a meu juízo, ato de direta violação a um dogma fundamental impregnado de universalidade, de transcedentalidade, de historicidade, consagrado nos mais diversos estatutos internacionais”, ressaltou o ministro Celso de Mello, relator. Segundo ele, ninguém pode ser privado de seus direitos, nem mesmo punido, ainda que com sanções de menor gravidade, sem que tenha assegurado o direito de se defender previamente. Celso de Mello afirmou que o caso não trata de suspensão preventiva ou cautelar, mas da própria sanção disciplinar final, com eficácia imediata. Para o ministro, nenhuma pessoa deve ser condenada sem ser previamente ouvida, mesmo no campo do direito administrativo. Durante o voto, o relator comentou um episódio da obra “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll, em que a rainha de copas ingressa em grande salão onde estava havendo um julgamento e propõe logo a decapitação. “Primeiro a punição e depois o processo. Isso não tem sentido em face da Constituição da República”, avaliou o ministro Celso de Mello. “Nunca é demasiado enfatizar que ninguém pode ser privado de sua liberdade, de seus bens ou de seus direitos sem o devido processo, notadamente naqueles casos em que se estabelece uma relação de polaridade conflitante entre o Estado de um lado e o indivíduo de outro”,

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disse, reconhecendo ser evidente a inconstitucionalidade dos preceitos contestados. De acordo com o relator, o Estado não pode exercer a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária desconsiderando, no exercício de sua atividade, a defesa plena “eis que o reconhecimento da legitimidade ético-jurídica de qualquer medida imposta pelo poder público de que resultem, como no caso, conseqüências gravosas no plano dos direitos e garantias individuais exige a fiel observância do princípio do devido processo”.  Assim, o relator acolheu o parecer, julgando procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos 2º, 3º, 4º, 5º e 6º, do artigo 43, da Lei 2.271/94, que instituiu o Estatuto do policial civil do estado do Amazonas. A decisão foi unânime.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Ministros repudiam acusação de que houve favorecimento da Corte a advogados de

RequiãoDurante o julgamento do recurso da Reclamação 6650, que denuncia suposta prática de nepotismo no governo do Paraná, os ministros presentes no Plenário do Supremo Tribunal Federal na tarde desta quinta-feira (16) fizeram um desagravo ao vice-presidente da Corte, Cezar Peluso. Ele havia sido acusado de favorecer uma das partes envolvidas na Reclamação ao supostamente enviar um fax com a decisão liminar em data que seria anterior à constante no próprio texto da decisão proferida. Peluso, contudo, apresentou aos demais colegas uma série de documentos demonstrativos de que a transmissão por fax da cópia da decisão não foi feita no dia 23 de setembro, como alegavam os advogados, e sim no dia 25. Ele atribuiu o erro de datas a uma queda no sistema de energia elétrica ocorrida em todo o Tribunal no dia 24 de setembro, razão pela qual os aparelhos de fax teriam perdido a programação da data correta. “O fax consignou expressamente a data exata do seu envio, dia 25 de setembro às 14h11, mas, na linha abaixo, em virtude da desprogramação do aparelho de fax, foi registrada a data do dia 23, e outro horário”. O ministro apresentou aos colegas as cópias dos extratos de ligações fornecidas pela Embratel que testificam o envio apenas no dia 25. Segundo o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, o ato nem pode ser recebido como tom de explicação à Corte, mas sim, como meras informações. “É lamentável que a nossa advocacia esteja exposta à sanha de pessoas que cometem atos que não dignificam a nobre atividade dos advogados, e isso, por sua vez, tem conseqüências, que são, cada vez mais, a distância entre os magistrados e os advogados”, disse. A ministra relatora da Reclamação, Ellen Gracie, reiterou que nenhum ministro do STF tem interesse em prejudicar ou beneficiar partes ou seus representantes. “Não pode essa Suprema Corte silenciar em relação a ofensas a seus ministros sob pena de subversão do respeito que lhe é devido por todos os brasileiros”, destacou. Ela foi acompanhada pelos demais magistrados no repúdio à suspeita levantada contra Peluso. O ministro Marco Aurélio, embora tenha votado de maneira divergente no recurso à Reclamação, ressaltou que o episódio da acusação sobre Peluso revela um ato de “maledicência” contra os ministros da Corte.LeviandadeO próprio ministro Cezar Peluso rebateu a acusação dos advogados de que ele havia favorecido a defesa do caso ao supostamente antecipar por fax a decisão liminar, antes mesmo de tê-la assinado. Em 40 anos de magistratura jamais desci e não me permitiria descer ao porão de provocações, mas não posso deixar de consignar fatos que a meu ver dizem respeito à imagem e ao prestígio público desta Corte e os quais demonstram até que ponto (chega) a leviandade de suspeitas contra a retidão do comportamento dos ministros”, comentou. Para evitar acusações semelhantes, Peluso anunciou que o seu gabinete não mais fará o envio de decisões por fax ou telefone às partes interessadas (isso é tradicionalmente feito por vários gabinetes assim que as decisões são anexadas aos autos). Ele disse que não conhece nenhuma das partes da ação e não privilegiou o advogado que tinha procuração nos autos e, que por isso, estaria habilitado para receber a notificação sobre a decisão antes de ser publicada. Peluso lamentou a acusação recusando-se “a acreditar que o nível da advocacia brasileira chegue a esse extremo”. 

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Ministra afirma não ser competência do STF julgar ação sobre nepotismo no TJ-RS

A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal (STF), extinguiu a Ação Originária (AO) 1531, proposta pela servidora pública Simone Janson Nejar contra o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). Na ação, a servidora alegava “evidente suspeição daquele Tribunal e de seus membros” da prática de improbidade administrativa por descumprimento da Súmula Vinculante nº 13, do STF, que proíbe a prática de nepotismo no serviço público. Ao negar seguimento (arquivar) à ação, a ministra Cármen Lúcia observou que uma mera alegação de “suspeição do Tribunal de Justiça e de seus membros” não é suficiente para atrair a competência do STF para julgar a ação com base no artigo 102, inciso I, alínea “n”, conforme pretendia a autora. Esse

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dispositivo remete ao STF a competência para julgar “a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados”. Segundo a ministra, “a lista de servidores ocupantes de cargos comissionados que, segundo a autora, teriam laços consangüíneos com magistrados do TJ gaúcho não é capaz de configurar a circunstância de que mais da metade dos membros daquele Tribunal estariam impedidos para processar e julgar a presente ação ou de que são direta ou indiretamente interessados”. “A prevalecer a tese da autora, todas as ações ajuizadas contra atos administrativos de presidentes dos Tribunais do país seriam da competência deste Supremo Tribunal Federal, argumento que, a toda evidência, não é suficiente para fixar a competência originária excepcional deste Tribunal”, concluiu a ministra, ao extinguir o processo. Na ação, a servidora alegou que “os parentes (dos desembargadores) não foram exonerados e seguem gozando de todas as prerrogativas como se estáveis fossem, ou, pior, mais do que isso, pois detêm cargos comissionados com vencimentos muito superiores aos dos concursados”. E relacionou nomes de ocupantes de cargos que teriam relações de parentescos com magistrados daquele Tribunal. Por fim, pediu que fosse determinado ao TJ-RS o ressarcimento, ao erário, das quantias pagas indevidamente aos parentes referidos e a outros que porventura fossem apurados, desde a publicação da súmula. Aprovada pelo STF em agosto deste ano, a Súmula Vinculante nº 13 dispõe: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Plenário mantém liminar que garante a Eduardo Requião permanecer no cargo de

secretárioPor sete votos a um, o Supremo Tribunal Federal rejeitou o recurso (agravo regimental) na Reclamação (RCL) 6650. Com isso, o Plenário da Corte confirmou a decisão liminar do ministro Cezar Peluso de que o cargo ocupado por Eduardo Requião, irmão do governador do Paraná, Roberto Requião, tem natureza política, e portanto, está fora dos especificados na Súmula Vinculante 13 do Tribunal contra a prática de nepotismo (todos de natureza administrativa). A Súmula veda a contratação de parentes até o terceiro grau em cargos administrativos e funções de chefia, direção e assessoramento, no serviço público. Com a confirmação da liminar pelo colegiado, Eduardo Requião tem garantido o direito de exercer as atividades de secretário de Transportes do Estado do Paraná. Ele também poderá responder pela administração da autarquia estadual Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), cargo que exerce sem receber remuneração. O mérito (decisão final) da questão ainda será avaliado oportunamente pelo STF. Segundo a relatora do agravo, ministra Ellen Gracie, a decisão do ministro Peluso é “irretocável e não merece qualquer reforma” no que ele entende serem os cargos diferentes dos especificados pela Súmula Vinculante. Ela lembrou que a decisão liminar seguiu o decidido pelo Plenário no dia em que o texto da Súmula foi redigido. Os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Carlos Ayres Britto, Celso de Mello, Menezes Direito e o próprio Peluso acompanharam o voto da relatora. O ministro Peluso, que substituiu a relatora na decisão liminar, lembrou que a matéria foi versada nos debates que antecederam a edição da súmula. “Trata-se, portanto, de uma questão ligada à interpretação e ao alcance da súmula, e nesse debate está consignada expressamente minha posição, que ressalvei quanto à extensão dessa conclusão de que o alcance da súmula não atingiria os agentes políticos. Deixei em dúvida permitindo-me reavaliar a questão em outra oportunidade e adotei, na concessão da liminar, a posição da maioria”, afirmou. O único que discordou da posição dos demais foi o ministro Marco Aurélio. Para ele, como não há no teor do verbete qualquer referência a agente político, não houve desrespeito à súmula. “O verbete 13 não versa, e teria que versar expressamente, a possibilidade da nomeação verificada, por isso dou provimento ao agravo”, explicou. Como foi o único voto nesse sentido, o recurso foi negado pela maioria.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Ministro Marco Aurélio defende o fim da aposentadoria por idade durante homenagem a

ministrosO fim da aposentadoria compulsória por idade (hoje aos 70 anos, no serviço público) foi defendido, nesta quinta-feira (16), pelo ministro Marco Aurélio, durante solenidade em homenagem aos ministros Olavo Bilac Pinto e Raphael de Barros Monteiro. O centenário de nascimento de ambos, nascidos em

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1908 e falecidos, respectivamente, em 1985 e 1974, foi lembrado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Escolhido para fazer o discurso em homenagem a Bilac Pinto, o ministro Marco Aurélio qualificou a aposentadoria compulsória daquele magistrado, aos 70 anos, em 8 de fevereiro de 1978, como “castigo da aposentadoria compulsória, cujas balizas hão de ser revistas em prol do interesse nacional”. “É chegada a hora de ter-se presente não o critério da idade cronológica para definir a velhice, mas, como proclamado pela Organização Mundial de Saúde, a funcional, medida com base na autonomia da pessoa, na aptidão para realizar tarefas rotineiras”, afirmou o ministro, na presença, entre outros, de familiares dos dois ministros, ministros aposentados, representantes a Ordem dos Advogados do Brasil e do Ministério Público. “À luz desse novo entendimento, devem-se repensar preceitos constitucionais que arbitrariamente imprimem limite não biológico à capacidade produtiva de um ser humano, que restringem o exercício livre do universal direito ao trabalho”, continuou. “A aposentadoria há de representar uma recompensa, nunca um castigo, para quem, pelo tanto que se dedicou à causa pública (como Bilac Pinto), merece ao menos ser considerado digno e apto a concluir, por si mesmo, já ter cumprido a própria jornada”.LegadosEm seu pronunciamento, Marco Aurélio mencionou alguns legados deixados pelo ministro Bilac Pinto, tanto como ministro do STF (de 1970 a 1978), quanto como deputado federal (durante 15 anos). Comerciário, bancário, escrivão de delegacia de polícia, estudante, advogado, professor universitário, deputado, Secretário de Estado (em Minas Gerais, seu estado natal), líder e presidente de partido (a extinta UDN), presidente da Câmara dos Deputados, jurista, estadista e, por fim, ministro do STF e do TSE, foram teses contidas em acórdãos de que ele foi relator que deram origem a boa parte das súmulas editadas pelo STF, na época. Marco Aurélio citou, entre elas, as de número 559, 560, 561, 569, 571, 574, 576, 577, 579, 582, 588, 590, 591, 592 e 595. De sua carreira política, o ministro Marco Aurélio mencionou a participação de Bilac Pinto na redação do Manifesto dos Mineiros, em 1943, que clamou por abertura democrática durante a ditadura Vargas, atitude punida com a aposentadoria como professor da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, cargo que conquistara em concurso público e que reassumiu com a redemocratização do país, em 1945. O ministro citou, também, a dedicação do então deputado às causas de liberdade e da probidade administrativa. Neste campo, como lembrou Marco Aurélio, Bilac Pinto logrou, entre outros, a aprovação da Lei nº 3.502/1958, regulando o seqüestro e o perdimento de bens nos casos de enriquecimento ilícito, por influência ou abuso de cargo ou função pública, também conhecida como Lei Bilac Pinto. Igualmente de projeto de sua autoria se originou a Lei 4.31’9/64, que criou o Conselh o de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Bilac Pinto foi autor, também, de emenda substitutivo a projeto de lei complementar à Constituição Federal (CF) transformado na Lei 4.717/65, que instituiu a ação popular.Monopólio estatalO ministro Marco Aurélio lembrou igualmente que foi graças a um substitutivo de Bilac Pinto à Mensagem nº 469, encaminhada pelo governo Vargas ao Congresso Nacional  para criação da Petrobrás e do Fundo Rodoviário Nacional, que foi instituído o monopólio estatal do petróleo. Conforme lembrou o ministro, o governo havia proposto um sistema misto, combatido por Bilac Pinto, cuja tese acabou prevalecendo no Congresso e resultou na Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, sancionado pelo presidente Getúlio Vargas, que criou a Petrobrás.Barros Monteiro Coube ao vice-presidente do STF, ministro Cezar Peluso, fazer o discurso em homenagem ao ministro Raphael de Barros Monteiro, paulista de Areias que integrou a Corte Suprema no período de 1967 a 1974. Lembrando que ele era oriundo de uma tradicional família de juízes, Peluso disse que seu pai e um irmão – Washington de Barros Monteiro - assim como ele próprio, foram desembargadores do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP), dois filhos foram desembargadores do TJ-SP e o mais velho deles, Raphael de Barros Monteiro Filho, aposentou-se recentemente como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de que foi presidente. Peluso lembrou que Barros Monteiro foi juiz por vocação, e ele próprio estava consciente disso. Tanto que, quando deixou o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP), disse, na solenidade de despedida: "Jean-Paul Sartre, numa frase amarga, disse que não se escolhe a vocação: acerta-se ou malogra-se, eis tudo. Não é verdade. Posso assegurar que fui, sou e serei juiz por vocação. Só essa me fez permanecer na função judicante até hoje, e somente ela far-me-á nela permanecer até que a Providência ainda me dê forças para tanto”. Formado em 1930 pela Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, Barros Monteiro passou em concurso público para funcionários dos Correios e Telégrados  do estado, iniciou sua carreira de advogado e, em 1935, passou em concurso para juiz. Em 1949, passou a integrar o TJ-SP como desembargador, exercendo, ao mesmo tempo, o cargo de professor de Direito Judicial Civil na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Presidiu o TJ/SP no

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período de 1966 e 1967 e integrou, também, o Tribunal Regional Eleitoral  de São Paulo (TER/SP), cuja presidência exerceu em de 1961 a 1963. Além de ser membro do STF, Barros Monteiro integrou, também, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do qual foi presidente de fevereiro a novembro de 1973Peluso lembrou que o ministro Barros Monteiro se preocupava com a pouca divulgação das atividades do Judiciário, temendo que, por isso, viesse a se tornar quase desconhecido como um dos Poderes do Estado. Por isso, ao presidir a instalação do Ano Judiciário de 1967, no TJ-SP, afirmou: “Já é tempo de divulgar nos setores populares que o nosso governo é tripartido de que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário estão no mesmo plano constitucional, cada um na sua esfera de ação, desempenhando suas atribuições peculiarEs, todos três delegados  em exercício da soberania do povo paulista”.PGR e OABApós os discursos dos ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso, foi a vez de o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, e o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, prestarem suas homenagens. Antonio Fernando afirmou que, para além da formalidade, a homenagem aos dois ministros é “substancialmente justa”. Segundo ele, Bilac Pinto e Barros Monteiro marcaram suas passagens no Supremo “com o brilho destacado de suas inteligências e dedicação à Justiça”. O procurador-geral lembrou a biografia destacada de Bilac, especialmente na área do direito público, e sua intensa participação na vida política brasileira. Quanto à Barros Monteiro, ele ressaltou como a vida do ministro foi voltada à realização da Justiça. Outros juristas afirmavam que Barros Monteiro foi “magistrado da verdade e do Direito”. O presidente do Conselho Federal da OAB rememorou que tanto Bilac Pinto quanto Barros Monteiro tiveram na advocacia o ponto de partida para suas carreiras. Quanto a Bilac, Britto afirmou que o ministro pontificou “não apenas o direito, mas a política nacional”. Bilac sempre rechaçou de forma contundente a ditadura de Getúlio Vargas, chegou a ser destituído de suas cátedras por isso e contribuiu de forma efetiva para o processo de redemocratização do país, em 1945. Apoiador incondicional de projetos nacionalistas, mesmo sendo oposição a Vargas foi “voz decisiva para a campanha do petróleo é nosso”. Britto definiu Barros Monteiro como um “trabalhador do direito, ao qual serviu com generosidade e talento”. O presidente da OAB ressaltou o período em que o ministro presidiu a associação de magistrados de São Paulo, ocasião em que deixou claro que o magistrado não poderia ficar alheio à sociedade. Cezar Britto também anunciou que no dia 16 de janeiro a OAB realizará evento para discutir a aposentadoria compulsória dos ministros Evandro Lins e Silva, Hermes Lima e Victor Nunes Leal. Os três foram aposentados no dia 16 de janeiro de 1969 pelo regime militar, com base no Ato Institucional 5. “Que a história nos ensine nesse episódio que a democracia é o melhor dos regimes. Que a ditadura que não respeita o Judiciário jamais possa voltar e que o dia 16 de janeiro seja lembrado como a data de resistência para todos nós”, disse Britto.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008STF mantém liminar que permite corte de energia em Magé (RJ), mas preserva serviços

essenciaisO ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), reconsiderou decisão tomada por ele em julho de 2006, e negou o pedido de Suspensão de Liminar (SL 118) feito pela prefeitura de Magé (RJ), que tentava evitar o corte no fornecimento de energia elétrica na cidade, em prédios onde não funcionem serviços essenciais. O pedido de reconsideração foi feito pela Ampla Energia e Serviços S/A, concessionária que fornece eletricidade na localidade. A empresa afirma, na petição, que sempre se preocupou em preservar dos cortes os serviços essenciais no município. E que, no caso, não haveria a grave lesão à ordem pública alegada pela prefeitura, até mesmo porque o município estaria utilizado geradores próprios para fornecimento de energia em diversos órgãos públicos. O corte de energia é legal, diz a empresa, ainda mais porque o município não cumpriu acordo firmado para o pagamento de dívidas referentes aos anos de 2005 e 2006.SecretariasAo analisar o pedido de reconsideração, o ministro explicou que concedeu a liminar, em julho de 2006, principalmente depois que recebeu informação de que, naquela época, a concessionária teria cortado o fornecimento de energia em prédios que abrigam diversas secretarias municipais de Magé. Tal fato, além de ter causado tumulto na cidade, poderia causar prejuízos à economia local, uma vez que os pagamentos a servidores e outras despesas que influenciam o desenvolvimento do comércio local estariam em atraso, lembrou o ministro.Nova realidadeGilmar Mendes frisou, contudo, que hoje existe uma nova realidade no município. Primeiro, a afirmação de que o município estaria usando geradores próprios para compensar a falta de luz, havendo mesmo indícios de captura ilegal de energia elétrica destinada a imóveis públicos, salientou.

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Outro ponto controverso, disse o presidente do STF, é que apesar da prefeitura alegar que estaria em dia com a empresa fornecedora, existem documentos comprovando que o município pagou à Ampla cerca de R$ 8,6 milhões referentes aos exercícios de 2005/2006, mas que a dívida para o período seria de R$ 12,4 milhões. Diante desses novos elementos, arrematou o ministro, não haveria mais porque manter suspensa a decisão do TJ-RJ, que havia permitido o corte, desde que preservados os serviços essenciais, como hospitais, escolas, guarda policial e corpo de bombeiros.ProcessoDepois do corte de energia em Magé, o juiz de primeira instância concedeu liminar em favor do município, determinando à concessionária o restabelecimento do fornecimento de energia elétrica, bem como a abstenção de interrupção de fornecimento de energia elétrica, até a decisão. O TJ-RJ suspendeu essa decisão inicial. O relator do processo naquela corte determinou que, se houvesse a decisão da empresa de cortar a energia, que a Ampla se abstivesse de cortar o fornecimento de energia em escolas, hospitais, guarda municipal ou outros prédios onde funcionem serviços essenciais como polícia, bombeiro, serviço de saúde ou educacionais, bem como em vias públicas. Essa decisão foi mantida pela 10ª Câmara Cível do TJ-RJ. A prefeitura de Magé, por sua vez, recorreu ao STF, por meio da SL 118, pedindo que fosse proibido o corte de energia. Em julho de 2006, o ministro Gilmar Mendes, então vice-presidente da Corte no exercício da presidência, acolheu o pedido de Magé, entretanto a decisão foi reconsiderada no último dia 9.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Indeferida liminar para policial civil que pede aposentadoria especial

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou liminar pedida pelo policial civil Eurico Hummig Filho, que alega omissão do presidente da República por não editar lei complementar federal sobre o direito à aposentadoria especial daqueles que exercem atividades de risco prejudiciais à saúde e à integridade física. O pedido foi apresentado por meio de Mandado de Injunção (MI 865) no qual o policial sustenta que “o exercício das atividades policiais demanda um grau de desgaste físico e mental muito superior à média a que está submetida os demais servidores públicos”. E, por não haver regulamentação da regra que se refere à concessão de aposentadoria especial para esses profissionais, deveria ser aplicada, por analogia, o artigo 57 da Lei 8.213/91, que trata do plano de benefícios da Previdência Social. Eurico Hummig Filho alega que já ultrapassou os 30 anos de serviço público necessários à concessão da aposentadoria especial, mas teve o pedido indeferido sob a alegação de que teria de se aposentar como os demais servidores, aos 35 anos de serviço. Para ele, isso acarreta riscos à sociedade, que conta com a atuação de policiais idosos, despreparados e desatualizados.DecisãoO relator, ministro Ricardo Lewandowski, indeferiu a liminar com base na jurisprudência do Supremo no sentido de que “a concessão de medidas liminares é incabível em sede de mandado de injunção”. O caso ainda será analisado pelo Plenário do STF, que decidirá o mérito do pedido.

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008Supremo arquiva HC que pretendia suspender medida sócio-educativa aplicada a maior de

18 anosFoi arquivado o Habeas Corpus (HC 91299) em favor de uma jovem, que cumpre medida sócio-educativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por roubo com uso de arma de fogo. A jovem foi sentenciada quando era menor de idade e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, autora da ação, alega que agora ela é maior de idade e, por isso, ela deveria estar em liberdade. Por decisão da Vara da Infância e Juventude da cidade do Rio de Janeiro, a jovem continua cumprindo a medida sócio-educativa de semiliberdade. Para a Defensoria Pública, a decisão é arbitrária, pois o ECA (parágrafo 5º do artigo 121) só permitiria a manutenção de um tipo de medida sócio-educativa - a de internação - para jovens maiores de 18 anos. De acordo com o ministro Joaquim Barbosa, relator, o habeas corpus perdeu o objeto. “Com efeito, conforme informou o Juízo de Direito da 1ª Vara da Comarca de Itaboraí/RJ, a medida sócio-educativa imposta à paciente foi declarada extinta por sentença, em razão de a jovem ter completado vinte e um anos”, disse, ao julgar prejudicado o pedido, por perda de objeto.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008Ministro determina a disponibilização de UTIs para pacientes do SUS no Ceará

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve decisão liminar do Juízo da 18ª Vara Federal de Sobral (CE) que determinou à União e ao estado do Ceará a transferência de todos os pacientes necessitados de atendimento em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) na

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Macrorregião Administrativa do SUS daquele município para hospitais públicos ou particulares que disponham de tais unidades. O Juízo determinou, também, o início de ações tendentes à instalação e ao funcionamento de dez leitos de UTIs adultas, dez leitos de UTIs neonatais e dez leitos de UTIs pediátricas, no prazo máximo de 90 dias, sob pena de multa diária de R$ 10 mil para cada réu. Ao decidir sobre este ponto, o ministro suspendeu a aplicação de multa. A decisão do juízo cearense foi tomada em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público do Ceará (MP-CE) e abrange a população dos 61 municípios que compõem a mencionada macrorregião administrativa do SUS. A ação foi proposta depois que um inquérito civil público instaurado sobre a situação hospitalar naquela região, sobretudo diante do elevado índice de incidência de casos de dengue e de um número preocupante de óbitos, constatou um quadro de saúde pública extremamente grave. Verificou, por exemplo, que a região só disponibiliza nove leitos para atendimento aos pacientes do SUS. A decisão liminar do Juízo de Sobral foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). Por essa razão, a União interpôs o pedido de Suspensão de Liminar (SL) 228, deferida parcialmente pelo presidente do STF.

AlegaçõesAo pedir a suspensão da liminar, a União alegava lesão à ordem público-administrativa, à saúde pública, à economia pública; violação do princípio da separação funcional dos Poderes; desrespeito ao princípio da legalidade orçamentária e inobservância da cláusula da reserva do financeiramente possível. O ministro Gilmar Mendes, entretanto, desconsiderou a maioria desses argumentos. “Entendo que tão-somente neste ponto a decisão impugnada gera lesão à economia pública, ou seja, apenas quanto à fixação de multa por não cumprimento, em 90 dias, da determinação de iniciar as ações tendentes à instalação e ao funcionamento de pelo menos dez novos leitos de UTI adulta, dez leitos de UTI neonatal e dez leitos de UTI pediátrica”, afirmou o ministro em sua decisão.DecisãoGilmar Mendes reconheceu a existência de controvérsia e a competência do STF para apreciá-la, diante da alegação de ofensa a artigos da Constituição Federal (2º; 6º, caput; 167, 196 e 198, entre outros). Ao decidir, ele contrapôs às alegações de indisponibilidade de recursos necessários para suprir satisfatoriamente as demandas da saúde na região ao argumento de que a Constituição Federal (CF) inclui a saúde entre os direitos fundamentais e estabelece que esses direitos têm aplicação imediata (artigo 5º, parágrafo 1º). Ele lembrou que o direito à saúde é estabelecido pelo artigo 196 da CF como “direito de todos” e “dever do Estado”, garantido mediante “políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos”, regido pelo princípio do “acesso universal e igualitário” e obriga o Poder Público “a ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. “Verifico que a decisão objeto do pedido de suspensão, especialmente na parte em que determinou a instalação de UTIs neonatais e pediátricas, apenas determinou o cumprimento de política pública constitucionalmente definida como prioritária (artigo 196 c/c 227, caput e parágrafo 1º, I) e especificada, de maneira clara e concreta, por atos normativos do próprio Ministério da Saúde”, observou o ministro. Ele lembrou, a propósito, que a Portaria MS/GM nº 1.101, de 13 de junho de 2002, que estabelece os parâmetros de cobertura assistencial no âmbito do SUS, especifica a quantidade mínima de leitos de UTIs, de acordo com o número de habitantes de cada região. E estes parâmetros não são satisfeitos, no caso em foco. “Verifico que a suspensão da decisão atacada poderá ocasionar graves e irreparáveis danos à saúde e à vida da população abrangida pela macrorregião do município de Sobral”, observou o ministro, ao decidir, desconsiderando a maioria das alegações elencadas pela União no pedido de suspensão de liminar.Leia a íntegra da decisão.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008Negado pedido de arquivamento de ação penal por lavagem de dinheiro aos bispos da

Igreja RenascerO ministro Marco Aurélio indeferiu liminar ao apóstolo da Igreja Renascer em Cristo Estevan Hernandez Filho e sua mulher, a pastora evangélica Sonia Haddad Moraes Hernandez. Por meio do Habeas Corpus (HC) 96007, impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), eles pretendiam reverter decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não arquivou o processo a que eles respondem na 1ª Vara Criminal de São Paulo, por lavagem de dinheiro por organização criminosa. Para a defesa do casal, a denúncia oferecida contra seus clientes teria sido baseada em informações da imprensa. O defensor avaliou que o caso poderia até ser considerado uma perseguição religiosa. O Ministério Público afirma, na denúncia, que depois de terem fundado a Igreja, Estevam e Sonia teriam passado a arrecadar altíssimos valores em dinheiro, às custas de ludibriar fiéis e de deixar de honrar incontáveis compromissos financeiros. De acordo com o MP, o suposto aumento de patrimônio do casal, nos

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últimos vinte anos, seria exatamente o reflexo de ganhos com a exploração da fé alheia. A Igreja assumiria feição de organização criminosa, dada sua estrutura, e com isso, cometeria inúmeros crimes. O fato imputado a Estevan e Sonia não estaria previsto como crime. Isso porque de acordo com a Lei 9.613/98, diz a defesa, para que se configure o crime de lavagem de ativos seria necessária a existência de crime antecedente, previsto no artigo 1º da mesma lei, para possibilitar a imputação. No caso, o dinheiro tem que vir de tráfico de entorpecentes, terrorismo, contrabando ou tráfico de armas, extorsão mediante seqüestro, ou de crimes contra a administração pública ou contra o Sistema Financeiro Nacional. “A suspensão do processo-crime, considerada a tipicidade da conduta, pressupõe convencimento, em princípio, sobre o que articulado. Deve-se concluir que os fatos narrados na peça primeira da ação não consubstanciam crime”, afirmou o relator, ressaltando, entretanto, que existem dois pronunciamentos de tribunais (TJ-SP e STJ) em sentido diverso, “o que bem sinaliza a impropriedade de suspender-se, ainda que temporariamente, a ação”. 

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008STF declara inconstitucional instituto da Reclamação previsto no Regimento Interno do TST

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucionais os artigos 190 a 194* do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que dispõe sobre o instituto da reclamação. Em sessão realizada na tarde desta quarta-feira (15), o Plenário deu provimento a um Recurso Extraordinário (RE 405031) interposto pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no estado de Alagoas para invalidar decisão do TST.O casoO TST julgou procedente uma reclamação contra ato da 2ª Vara do Trabalho de Maceió que indeferiu requerimento de limitação da condenação em diferenças salariais decorrentes do IPC de junho de 1987 (Plano Bresser) à data-base da categoria. Assim, a Companhia Energética de Alagoas (CEAL) foi absolvida da aplicação de multa pelo juiz de execução. Contra a decisão do TST que extinguiu a multa, foi interposto recurso extraordinário alegando que a corte trabalhista admitiu a reclamação para reformar uma sentença que já havia transitado em julgado (não cabia mais recurso), dando ao dispositivo regimental dimensão incompatível com a Constituição Federal. O Sindicato sustenta estar em jogo questão ligada ao cabimento de reclamação no âmbito do TST, diante da ausência de previsão constitucional. Também argumenta falta de motivação quanto aos pressupostos e condições de procedibilidade da ação. Dessa forma alega violação aos artigos 5º, XXXV, XXXVI, LIII, LIV e LV, artigo 22, I, artigo 93, IX, artigo 96, I, a, artigo 102, I, l, e artigo 105, I, f, todos da Constituição Federal.JulgamentoPara o relator, ministro Marco Aurélio, é inconstitucional a criação da reclamação via regimento interno. Ele analisou que o TST deixou de observar o binômio: segurança jurídica e justiça. “A busca incessante e inesgotável da justiça colocaria em risco o primeiro predicado enquanto a potencialização da segurança jurídica acabaria por afastar do cenário jurídico todo e qualquer recurso, bastando um único crivo sob o ângulo jurisdicional”, disse o relator. Conforme o ministro Marco Aurélio, a segurança jurídica deve se sobrepor. “Em Direito o meio justifica o fim, mas não o fim ao meio”, ressaltou. Em relação ao cabimento da reclamação no processo trabalhista, o ministro disse que, segundo o Supremo, “há necessidade desse instrumento estar previsto em lei no sentido formal e material, não cabendo criá-lo por meio de regimento interno. No tocante ao Supremo e ao STJ foi criado via Constituição Federal”. De acordo com o relator, o Supremo já admitiu a possibilidade de constituição estadual introduzir a reclamação com base no artigo 125, caput, parágrafo 1º, da CF. No entanto, ele destacou que, em âmbito federal, cabe ao Congresso Nacional dispor sobre a matéria. “Não se pode cogitar de disciplina em regimento interno porquanto a reclamação ganha contornos de verdadeiro recurso, mostrando-se inserida, portanto, conforme ressaltado pelo Supremo, no Direito constitucional de petição”, afirmou. Presente ao julgamento, o ministro Menezes Direito acrescentou que em razão de a reclamação ser incabível, o TST não poderia decidir no sentido de acolhê-la para modificar a decisão do juiz de primeiro grau.Inconstitucionalidade dos artigos 190 a 194 Durante o julgamento, os ministros declararam inconstitucionais os artigos 190 a 194 do Regimento Interno do TST. “Surge merecedora da pecha de inconstitucional a norma do Regimento Interno do TST que dispõe sobre a reclamação. Não se encontrando esta versada na Consolidação das Leis do Trabalho, impossível seria institui-la mediante deliberação do próprio colegiado”, disse o ministro Marco Aurélio, que foi acompanhado por unanimidade.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008Cartórios paulistas podem usar valor do imóvel como referência na tabela de taxas

O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3887, ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil contra a lei paulista que estabelece os preços de serviços (emolumentos) de cartórios de imóveis em São Paulo. A maioria dos ministros entendeu que o fato de o valor do imóvel servir de referência tanto para o pagamento de impostos (IPTU ou ITR), quanto nas tabelas de cobrança de serviços cartorários, não quer dizer que as taxas

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cobradas pelo cartório tenham a mesma base de cálculo que os impostos, o que não seria permitido. O alvo da ADI foi o artigo 7º da Lei paulista 11.331/02, que prevê as cobranças nos cartórios. Pelo inciso II do dispositivo, a taxa  a ser paga pela transferência do imóvel encontra-se numa tabela, na qual o valor do imóvel corresponde a uma quantia fixa. Entretanto, o valor a ser considerado é o mesmo que foi apurado na cobrança do Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana (IPTU). Segundo o Conselho Federal da OAB, o dispositivo afronta a Constituição Federal, pois “taxas não poderão ter base de cálculo de impostos”, como detalha o artigo 145, parágrafo 2º da Lei Maior. A maioria dos ministros da Corte julgou, no entanto, que as tabelas de valores praticadas pelos cartórios não estão equiparadas a impostos, uma vez que elas apenas servem como "critérios de enquadramento" dos imóveis em categorias para cobrança do serviço cartorário. Como explica o artigo 4º da própria Lei 11.331, a base de cálculo não seria o próprio valor do ITBI ou do IPTU: eles apenas servem de parâmetros para adequar cada imóvel numa faixa para cobrança dos serviços do cartório. Segundo o relator da ADI, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, a variação do valor da taxa em função dos padrões considerados pela lei estadual “não significa que o valor do imóvel seja a sua base de cálculo”. Ele explicou que o preço do imóvel “é apenas usado como parâmetro para determinação do valor dessa espécie de tributo”.Impostos x taxas Discordaram desse entendimento os ministros Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio – eles entenderam que a lei paulista afronta a Constituição na proibição de taxas terem base de cálculo própria de impostos e, por isso, votaram pela procedência da ADI. A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional determinam que imposto e taxa são duas espécies de tributo que têm conceitos distintos. O imposto é um tributo que não obriga a contraprestação individualizada para aqueles que o recolhem, e nisto se distingue da taxa, que é a remuneração paga pela prestação de um serviço específico.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008STF declara inconstitucional lei do RN que permitia a contratação temporária de

defensores públicosPor unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, nesta quarta-feira (15), a inconstitucionalidade da Lei nº 8.742/2005, do Rio Grande do Norte, que autorizou a contratação temporária, em processo seletivo simplificado – sem concurso público – de 20 advogados para exercerem a função de defensores público substitutos, no âmbito da Defensoria Pública daquele estado. O governo potiguar alegou que a lei, aprovada pela Assembléia Legislativa estadual (AL-RN), visava suprir a falta de defensores públicos no quadro permanente da Defensoria. A contratação seria por um ano, renovável por igual período, devendo os candidatos, cujo salário seria de um terço do de defensor substituto, ser selecionados por uma comissão de três membros, dos quais um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um do Ministério Público, vedada a contratação de servidores públicos para a função, salvo em caso de compatibilidade de horários.OAB impugnouA decisão foi tomada pelo Plenário do STF no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3700, proposta pelo Conselho Federal da OAB. A entidade alegava ofensa aos artigos 134 da CF, que prevê a contratação de defensores públicos em caráter permanente. Alegava também que, embora as contratações previstas fossem temporárias, a lei impugnada não tinha este mesmo caráter, o que poderia ensejar a contratação sucessiva de defensores pelo processo seletivo simplificado, indefinidamente. Sustentava, ademais, que a contratação de defensores públicos substitutos não se enquadra na necessidade temporária de excepcional interesse público, hipótese em que a contratação é admitida pelo artigo 37, inciso IX, da CF. A OAB citou vários precedentes para sustentar que o STF já firmou jurisprudência no sentido de que não é possível a contratação temporária de funcionários para funções permanentes. Entre outros, relacionou as ADIs 2987, relatada pelo ministro Sepúlveda Pertence (aposentado), e 890 e 2125, que tiveram como relator o ministro Maurício Corrêa (aposentado). Especificamente sobre a contratação temporária de defensores públicos, ela citou a ADI 2229, relatada pelo ministro Carlos Velloso (aposentado). Nesse julgamento, o relator observou que as defensorias públicas são órgãos permanentes do serviço público que não comportam a contratação de defensores em caráter temporário. Velloso lembrou, na época, que as Defensorias Públicas são instituições essenciais à jurisdição do Estado, que tem o dever de prestar assistência jurídica a quem provar insuficiência de recursos para ser parte em processo. Essa função, segundo ele, insere-se no rol de instrumentos de que o Estado dispõe para reduzir as desigualdades sociais, sendo, pois, instrumento de efetivação dos direitos humanos.VotoO relator do processo, ministro Carlos Ayres Britto, concordou com os argumentos da OAB e do ministro Carlos Velloso. Segundo ele, como órgãos permanentes, as Defensorias Públicas estaduais

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prestam assistência jurídica administrativa e judicial, sendo instrumento de democratização do acesso às instâncias judiciárias. Com isso, contribuem para efetivação do disposto no artigo 5º, inciso XXXV da CF (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”), dentro do dever do Estado de proporcionar prestação jurisdicional para possibilitar que se dê tratamento desigual aos economicamente desiguais”. Em função desse papel das Defensorias, segundo ele, “não há a possibilidade de contratação temporária”, até mesmo para garantir a independência técnica desses órgãos.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008Rejeitado recurso de Palocci em inquérito sobre sistema de coleta de lixo em Ribeirão

PretoO Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta tarde (15) recursos do deputado federal Antônio Palocci (PT-SP) e dos sócios da Leão & Leão Ltda. Luiz Cláudio Ferreira Leão e Carlos Alberto Ferreira Leão contra decisão da Corte que desmembrou o Inquérito (Inq 2443) que investiga a formação de um possível "caixa dois" eleitoral com dinheiro proveniente de um contrato de coleta de lixo da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP). No dia 1º de julho, o Plenário do STF decidiu que somente o inquérito relativo a Palocci tramitará na Corte. O deputado é investigado pelos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documento público e lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, durante sua administração na Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de SP). Os outros nove indiciados responderão na Justiça comum. Hoje, o Tribunal também determinou que seja dado imediato cumprimento à decisão tomada em julho. Segundo o ministro Joaquim Barbosa, relator do inquérito, isso é necessário para “evitar maiores chicanas e delongas na continuidade das investigações”. Em 2005, o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, foi acusado por um ex-assessor de receber R$ 50 mil mensais da Leão&Leão, empresa responsável pela coleta de lixo em Ribeirão Preto, na década de 90, quando Palocci ainda era prefeito da cidade. O dinheiro seria usado como caixa dois de campanha de candidatos do PT.

Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008Turma do STF remete casos de escravidão à Justiça Federal

Na sessão desta terça-feira (14), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal deu provimento aos Recursos Extraordinários 541627 e 511853 e garantiu que situações comparáveis a escravidão detectadas em duas fazendas, uma no Pará e outra no Mato Grosso, sejam julgadas na Justiça Federal, e não na comum. A decisão da Turma reforma o entendimento de tribunais regionais federais que haviam negado a competência da Justiça Federal para julgar situações análogas a escravidão. Segundo a ministra Ellen Gracie, relatora do RE 541627, “a União tem interesse jurídico direto nesses casos” e, por isso, eles devem ser julgados na esfera federal. Ela lembrou que o artigo 109 da Constituição Federal prevê como competência dos juízes federais julgar crimes contra a organização do trabalho. Segundo ela, os fatos concretos registrados nas duas fazendas se enquadram nessa categoria e não podem ser considerados casos isolados de maus tratos contra os trabalhadores, individualmente. Como eles ficam completamente sujeitos ao poder dos donos das fazendas ou de seus prepostos, Ellen entende que isso “causa a supressão total de seus direitos e da dignidade humana”.Entendimento pacífico O entendimento da relatora baseia-se, também, no julgamento feito pelo Plenário do STF em novembro de 2006, quando o Tribunal deixou claro o entendimento de que a Justiça Federal é competente para processar e julgar crime de redução à condição análoga à de escravo. Nas palavras do relator do caso então analisado, o Recurso Extraordinário 398041, o crime de condições análogas à de escravo “viola não só o sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores, mas também o homem trabalhador, atingindo-o nas esferas em que a Constituição lhe confere proteção máxima, enquadram-se na categoria dos crimes contra a organização do trabalho, se praticadas no contexto de relações do trabalho”, disse o ministro Joaquim Barbosa.Infraconstitucionais Entre as irregularidades encontradas na fazenda paraense de Ponta da Pedra durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, estão a frustração de direito do trabalho, falsificação de documentos, exposição da vida e da saúde dos empregados e sonegação de contribuição previdenciária – a maioria dos crimes de competência exclusiva da Justiça Federal. A Segunda Turma não julgou a parte do recurso que tinha natureza infraconstitucional, por não ser competência do Supremo.

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Terça-feira, 14 de Outubro de 20081ª Turma anula processo de ex-militar desertor

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou decisão do Superior Tribunal Militar (STM), suspendendo condenação contra um ex-militar pelo crime de deserção. A análise da matéria ocorreu no julgamento do Habeas Corpus (HC) 90838. D.T.S. foi condenado pela Justiça Militar a seis meses de reclusão. Ao ser submetido a exame de saúde, conforme prevê o Código Penal Militar, ele foi considerado incapaz para o serviço militar. Ao analisar recurso da defesa, o STM negou a apelação, mantendo a prisão. A ministra ressaltou que, de acordo com o artigo 457 do Código Penal Militar (CPM), o fato de D.T.S. não ser mais militar impede o prosseguimento da ação. Ela disse que os autos revelam que o praça perdeu a condição de militar quando foi desligado do serviço ativo do exército, em 1º de janeiro de 2006, por incapacidade temporária.Voto-vista Hoje, a Turma retomou a análise da matéria após pedido de vista. O ministro Ricardo Lewandowski divergiu da relatora. “Nos crimes propriamente militares, que também são crimes funcionais próprios, a perda superveniente da qualidade de militar do serviço ativo não significa o surgimento de excludente de punibilidade, mesmo que após o trânsito em julgado da decisão”, disse. Segundo ele, “a superveniente exclusão dos quadros da força não tem o condão de prejudicar a pretensão executória da decisão proferida pela Corte castrense”. Lewandowski concluiu que as excludentes de punibilidade deverão ser vistas, conforme o ordenamento, sob interpretação restritiva. Assim, votou no sentido de manter a condenação do ex-militar, sendo seguido pelo ministro Menezes Direito. Os ministros Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio votaram com a relatora formando, dessa forma, a maioria vencedora.

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008Mantida ordem de prisão contra acusada por tráfico internacional de mulheres

A defesa de J.A.P., residente em Madri, na Espanha, e acusada de tráfico internacional de mulheres, não conseguiu revogar a prisão decretada contra ela. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido feito por meio do recurso ordinário em Habeas Corpus (RHC) 94271. Para a relatora, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, o decreto de prisão preventiva encontra-se devidamente fundamentado. Teria ficado demonstrada a necessidade de se desarticular o esquema de tráfico de mulheres mediante a prisão de J.A.P., peça central no esquema por ser quem estaria recebendo as brasileiras e sul-americanas para fim de prostituição na Espanha, disse a ministra, citando a argumentação do juiz de primeiro grau. A ministra explicou que a acusada não está presa e teria afirmado que gostaria de comparecer perante o juiz, desde que a ordem de prisão fosse revogada. Mas a relatora citou trechos do decreto de prisão, em que o juiz revela ter encontrado a existência de “farto material, com fortíssimos indícios de autoria e materialidade dos crimes”. Por fim, disse a ministra, o juiz asseverou no decreto que, uma vez encarcerada J.A.P., há grandes chances do esquema ser quebrado, garantindo com isso a ordem pública. “Fora isso, o fato de a denunciada residir no exterior e até o presente momento não ter se apresentado perante as autoridades policial e judiciária, a fim de prestar esclarecimentos sobre a acusação, denota clara vontade de furtar-se à aplicação da lei penal”, sentenciou o magistrado. A ministra negou o pedido da defesa e manteve a ordem de prisão preventiva contra J.A.P., sendo acompanhada pelos ministros Menezes Direito, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.

Terça-feira, 14 de Outubro de 20081ª Turma: médico preso por suposto crime de aborto obtém liberdade

O médico L.P.V., preso em flagrante em 16 de outubro de 2007 pela suposta prática do crime de aborto, será solto. Os ministros que compõem a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) analisaram o Habeas Corpus (HC) 94469 e concederam, de ofício, a liberdade. Preso há mais de seis meses, L.P.V. alegava ser primário e ter bons antecedentes. Sustentava que caso fosse condenado, a pena seria fixada no patamar mínimo, ou seja, de um ano, diminuída de 1/3 a 2/3 por causa de tentativa, ou seja, seria condenado de seis meses a nove meses. “Reprimenda que não levaria a prisão do paciente”, argumentava a defesa. “O acusado praticamente já pagou a pena a que supostamente seria condenado”, afirmou o relator, ministro Ricardo Lewandowski. Ele não conheceu da impetração, uma vez que a matéria ficou prejudicada no Superior Tribunal de Justiça (STJ). No entanto, o ministro concedeu a ordem de ofício para soltar o médico. “O juiz de primeiro grau determinou prisão de forma inusitada, repleta de juízo de valor, fundando-a no resguardo da ordem

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pública”, disse Lewandowski, ao se manifestar de forma favorável à liberdade do acusado. A decisão foi unânime.

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008Ministros suspendem ação penal por furto de bicicleta usada

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu Habeas Corpus (HC) 94017, e determinou o fim de uma ação penal contra H.S.P, que respondia a processo na justiça por ter furtado uma bicicleta usada, no valor de R$ 60,00, crime cometido em Rosário do Sul (RS). O relator, ministro Carlos Ayres Britto, aplicou ao caso o princípio da insignificância. De acordo com o relator, H.S. teria furtado a bicicleta em função de estar passando necessidade. Ele não usou de violência, e no dia seguinte se arrependeu do que fez e se apresentou perante a justiça. Ayres Britto ressaltou que a bicicleta não era meio de vida de seu proprietário, nem instrumento de trabalho. O prejuízo do dono foi apenas o valor estimado da bicicleta, explicou o ministro. O juiz de primeiro grau, conhecedor da realidade local, não aceitou a denúncia, revelou o relator. Apenas em grau de recurso o Ministério Publico conseguiu reverter essa decisão. O ministro votou no sentido de conceder a ordem para encerrar a ação contra H.S. Acompanharam o relator a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha e o ministro Marco Aurélio.

Terça-feira, 14 de Outubro de 20081ª Turma mantém preso assaltante do BRB

Preso por roubo à mão armada, formação de quadrilha e seqüestro de pessoas no assalto ao Banco de Brasília (BRB) ocorrido em 15 de outubro de 2001, Odlavson continuará preso, aguardando o pronunciamento de uma nova sentença pela 2ª Vara Criminal da Circunscrição Especial de Brasília (DF). A decisão é da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal que arquivou (não conheceu) o Habeas Corpus (HC 95576). Odlavson Gelain está preso desde 12 de novembro de 2003. Em 2004, ele recebeu condenação a 21 anos e 11 meses de reclusão, mas essa sentença foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob argumento de erro no cálculo da pena. A defesa pedia que ele aguardasse o julgamento e a nova sentença em liberdade, uma vez que já cumpriu mais de um terço da pena que havia sido aplicada e foi anulada. Ele está há oito meses preso sem saber qual será a sua sentença, mesmo já estando preso por mais de quatro anos.Voto do relatorO ministro Menezes Direito, relator, observou que a ação questiona exclusivamente questão relativa ao excesso de prazo. “Eu estou sequer conhecendo o habeas corpus”, disse o ministro, ressaltando que a defesa não reclamou o excesso de prazo no tribunal de origem. Segundo o relator, a petição inicial apresentada no Superior Tribunal de Justiça não indica uma palavra sobre excesso de prazo. Ele afirmou que o STJ manteve a configuração do delito, portanto julgou a substância do próprio crime e determinou apenas que fosse feita uma nova dosimetria da pena que, conforme os advogados, estaria demorando para ser realizada. “A defesa está vindo diretamente aqui reivindicar o excesso de prazo e isso é uma dupla supressão de instância na medida em que ele [o condenado] pode, lá embaixo, determinar a providência judicial competente, o próprio habeas corpus junto ao tribunal”, afirmou Menezes Direito. Assim, o ministro não conheceu do habeas corpus por entender que o Supremo não pode substituir o tribunal de origem ou o STJ. Menezes Direito foi acompanhado, pela maioria, vencido o ministro Marco Aurélio.

Terça-feira, 14 de Outubro de 20082ª Turma do STF concede liberdade a réu preso por furto qualificado

Por votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira (14), liberdade provisória a A.V.V., preso preventivamente desde setembro do ano passado sob acusação de furto qualificado em concurso material (artigos 155, parágrafo 4º, incisos I e IV, e 69, ambos do Código Penal). A decisão foi tomada no julgamento do Habeas Corpus (HC) 95118, relatado pela ministra Ellen Gracie. A justiça de primeiro grau de São Paulo indeferiu pedido de liberdade provisória, decisão esta mantida também, posteriormente, pelo Tribunal de Justiça paulista (TJ-SP) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em HCs lá impetrados. É contra esta última decisão que a defesa recorreu ao STF, alegando falta de fundamentação válida apoiada no artigo 312 do Código de Processo Penal (CPP), ou seja, que o réu representaria ameaça à ordem pública e à ordem econômica e poderia obstruir a aplicação da lei penal. Alegou, também, que o réu é primário, tem residência e emprego fixos.VotoAo decidir, a relatora do processo, ministra Ellen Gracie concordou com esses argumentos. “A fundamentação constante da decisão do Juízo de Direito não apontou, com base em dados concretos, os fatos objetivos que induziriam à conclusão acerca de reiteração de práticas criminosas”, afirmou. “O  decreto de prisão preventiva não pode ser exarado com base em meras suposições, sendo nececesária efetiva demonstração da necessidade da manutenção da segregação preventiva”. “Não

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se revela correto, portanto, o decreto prisional já que, sob fundamento da necessidade de garantir a ordem pública, se funda apenas na gravidade do delito”, concluiu a ministra, sendo acompanhada pelos demais membros da Turma.

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008Ministro suspende extradição de fundadores da Igreja Renascer em Cristo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio suspendeu liminarmente a extradição do casal Estevan Hernandez Filho e Sonia Haddad Moraes Hernandez, fundadores da Igreja Renascer em Cristo. Ao analisar o pedido de liminar no Habeas Corpus (HC) 96372, o ministro concordou com os argumentos do advogado de defesa, de que não existe contra o casal nenhum decreto de prisão expedido pela justiça brasileira. Dois pedidos nesse sentido foram cassados – um pela Primeira Turma do STF, e outro pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou o ministro. “O fato de terem contra si ação em andamento e estarem hoje nos Estados Unidos da América não é suficiente a respaldar o ato do juízo que resultou no acolhimento do pedido formulado pelo Ministério Público [de extradição]” salientou. O ministro explicou, ainda, que os crimes pelos quais o casal responde não estão abrangidos pelo Tratado de Extradição assinado entre Brasil e EUA. Isto porque o crime de que são acusados Sonia e Estevan – lavagem ou ocultação de de bens e valores – foi previsto pela Lei 9.613/98, e não estava presente no Tratado, que é de 1965. O ministro concedeu a liminar, para suspender, até o julgamento final do Habeas pelo STF, o ato do juiz da Primeira Vara Criminal de São Paulo, que deferiu a apresentação do pedido de extradição formulado pelo Ministério Público.

Terça-feira, 14 de Outubro de 20081ª Turma nega habeas corpus para acusado por tráfico internacional de drogas

Por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram Habeas Corpus (HC 94486) para S.A.S., preso preventivamente desde janeiro de 2007 em conseqüência de uma operação da Polícia Federal que investigou tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Para o advogado de defesa, a decisão do juiz que decretou a prisão de S.A.S. não estaria devidamente fundamentada com relação à participação de seu cliente nos fatos tidos como delituosos. Todos os crimes narrados – corrupção, lavagem de dinheiro, tentativa de homicídio –, frisou o defensor, em nada se relacionam com S.A.S. Tanto é que ele foi denunciado apenas por associação e por tráfico de drogas, salientou. Além do mais, prosseguiu a defesa, é indiscutível o excesso de prazo na prestação jurisdicional, uma vez que S.A.S. estaria preso desde janeiro de 2007, portanto há mais de 630 dias. O relator do processo, ministro Menezes Direito, rebateu os argumentos da defesa, afirmando que o decreto de prisão demonstra indícios da suposta participação do acusado nos delitos de que é acusado. Quanto à alegação de excesso de prazo, o ministro explicou que a denúncia envolve cerca de cinqüenta acusados, que foram apreendidos de três a quatro toneladas de cocaína, além de aeronaves, veículos e dinheiro em espécie. Trata-se de processo extremamente complexo, asseverou Menezes Direito, lembrando que nesse caso existem, ainda, supostas conexões internacionais. “O que se verifica é que o processo corre com a celeridade possível, diante do grau de complexidade do caso”, concluiu o relator, negando o pedido. Acompanharam o relator a ministra Cármen Lúcia e o ministro Ricardo Lewandowski.

Terça-feira, 14 de Outubro de 2008Ministro dispensa operadoras de telefonia de informar a CPI ofícios que autorizaram

escutasDecisão do ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal (STF), garante às operadoras de telefonia o direito de não repassarem informações referentes aos números dos ofícios da autorizações da Justiça que permitiram interceptações telefônicas em 2007, inclusive os ofícios relativos às prorrogações das autorizações. Em agosto, o Plenário do STF confirmou decisão dada pelo ministro Peluso no mesmo processo (Mandado de Segurança 27483), a qual determinou que as operadoras eram obrigadas a informar à CPI dados sobre interceptações telefônicas realizadas em 2007, com exceção daquelas protegidas pelos segredo de Justiça. Pela decisão, as telefônicas tiveram de enviar para a CPI a relação dos juízos que expediram os mandados de interceptação telefônica; a quantidade de mandados e de telefones objeto das ordens judiciais de interceptação; a relação dos órgãos policiais destinatários das ordens judiciais; a relação dos órgãos que requereram as interceptações; a relação das cidades em que se situam os telefones que foram alvo das ordens judiciais de interceptação e a duração total de cada interceptação telefônica. Depois dessa decisão, as operadoras informaram ao relator que a CPI requisitou diversos outros dados, entre os quais, os números dos ofícios das autorizações judiciais que permitiram e prorrogaram as interceptações telefônicas. O ministro Peluso afirmou em seu despacho que a decisão dada pelo STF confirmou a impossibilidade de quebra do segredo de Justiça e abriu exceção para que as operadoras informassem alguns dados que não estivessem protegidos por esse princípio. “Isto quer dizer claramente que, longe de significar que o que não foi proibido, teria sido autorizado por implicitude, a

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eficácia da decisão do Plenário só autorizou a informação dos elementos que enumerou letra por letra, de modo didático e inequívoco”, afirmou o ministro ao observar que estão excluídos todos as demais informações, ainda que não mencionadas na decisão do Plenário. Com isso, Peluso decidiu que as operadoras não estão obrigadas a apresentar à CPI os números individualizados dos ofícios de autorização e de prorrogação judicial das interceptações, bem como os números dos telefones alvo de escutas. Segundo ele, esses dados devem ser excluídos das informações repassadas à CPI "pela razão óbvia de que, à sua vista, é possível capturar os principais elementos identificativos das causas resguardadas por segredo de Justiça e das pessoas nelas envolvidas como partes, investigados ou indiciados".

Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008Ministro Joaquim Barbosa indefere liminar e mantém Cacciola preso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa indeferiu o pedido de liminar em Habeas Corpus (HC 96445) impetrado em defesa do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso preventivamente desde 18 de julho na Penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira - Bangu 8, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Barbosa afastou o argumento de que a prisão de Cacciola foi decretada sem que a defesa do ex-banqueiro fosse ouvida pelo juiz federal. Os advogados alegam que o juiz da 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro primeiro indeferiu o pedido de prisão e, depois, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), decidiu deferi-lo. Segundo o ministro Joaquim Barbosa, ao contrário do que foi alegado pela defesa, o pedido de prisão do ex-banqueiro não foi julgado pelo juiz federal. “Este apenas retratou-se da decisão [anterior]”, conforme previsto no Código de Processo Penal (CPP). O ministro acrescentou que Cacciola não foi prejudicado, já que o  CPP prevê que a parte contrária pode recorrer da decisão do juiz por meio de petição. “Ademais, considerando que a prisão preventiva pode ser decretada até mesmo de ofício pelo juiz, não se sustenta a tese de que a defesa deveria ser ouvida antes da decretação da custódia, apenas porque, no caso, a decretação operou-se em sede de juízo de retratação”, concluiu o ministro. Barbosa também observou que o habeas corpus foi impetrado sem que documentos importantes fossem anexados ao pedido, como as decisões judiciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no Rio, que indefeririam pedidos anteriores feitos pela defesa de Cacciola. A decisão do ministro Joaquim Barbosa é provisória. O habeas ainda será julgado em definitivo pela Segunda Turma do STF. Não há data prevista para o julgamento.

Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008Concedida liminar para suspender seqüestro de verbas em Santa Maria (RS)

Foi concedida pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, do Supremo Tribunal Federal (STF), liminar pedida pelo município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para suspender o seqüestro de verbas públicas determinado pelo Tribunal de Justiça do estado (TJ-RS). O pedido foi feito em Reclamação (RCL 6734) na qual o município alega que o TJ-RS teria desrespeitado decisão do STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1662. Ao decidir sobre essa ação, o Supremo determinou que a única hipótese de seqüestro de verbas públicas ocorre quando há quebra na precedência do pagamento, que deve ser feito por ordem cronológica. No caso de Santa Maria, o seqüestro das verbas foi para cumprir contrato do município com a empresa distribuídora de energia elétrica AES Sul. A reclamação sustenta que não houve quebra de ordem  cronológica de pagamento, uma vez que outras credoras também não foram pagas. Alega também que a população da cidade foi prejudicada com a retenção dos recursos públicos e que “os danos não abalaram unicamente a municipalidade, mas toda a comunidade, atingindo as contas vinculadas, como as de fundos próprios de saúde, educação e assistência social”.DecisãoA relatora do caso, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, decidiu suspender a decisão do TJ-RS por entender que a determinação parece estar em desconformidade com o que decidido pelo STF sobre seqüestro de verbas. Ela destacou que a liminar deve ser concedida porque há o perigo na demora da decisão, pois o valor seqüestrado é elevado, “o que poderia comprometer a disponibilidade de recursos públicos do município”. Assim, a ministra concedeu a liminar para suspender a ordem de seqüestro ou devolver os valores para as contas do município, caso eles já tenham sido retirados.

Informativo STFBrasília, 13 a 17 de outubro de 2008 - Nº 524.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIO

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PlenárioContratação Temporária de Advogado e Exercício da Função de Defensor PúblicoEmolumentos e Valor do ImóvelReclamação e Criação por Regimento Interno - 1Reclamação e Criação por Regimento Interno - 2Reclamação e Criação por Regimento Interno - 3Reclamação e Criação por Regimento Interno - 4Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 1Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 2Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 3Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 4Aproveitamento de Servidores da Extinta Minas Caixa e Princípio do Concurso Público - 1Aproveitamento de Servidores da Extinta Minas Caixa e Princípio do Concurso Público - 2Súmula Vinculante 13 e Agente PolíticoImposição Sumária de Penas e Direito à Defesa Prévia1ª TurmaPublicação da Pauta e Julgamento em Sessões SubseqüentesApelação: Juntada de Documentos e Parecer OpinativoMaus Antecedentes e Processos em CursoDeserção e Condição de Militar - 32ª TurmaHomicídio Culposo na Direção de Veículo Automotor e ConstitucionalidadeDesvio de Verbas Públicas Federais e CompetênciaRedução a Condição Análoga à de Escravo e CompetênciaRepercussão GeralClipping do DJInovações Legislativas

PLENÁRIOContratação Temporária de Advogado e Exercício da Função de Defensor Público

Por vislumbrar ofensa ao princípio do concurso público (CF, art. 37, II), o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 8.742/2005, do Estado do Rio Grande do Norte, que dispõe sobre a contratação temporária de advogados para o exercício da função de Defensor Público, no âmbito da Defensoria Pública do referido Estado-membro. Considerou-se que, em razão de desempenhar uma atividade estatal permanente e essencial à jurisdição, a Defensoria Pública não convive com a possibilidade de que seus agentes sejam recrutados em caráter precário. Asseverou-se ser preciso estruturá-la em cargos de provimento efetivo, cargos de carreira, haja vista que esse tipo complexo de estruturação é que garante a independência técnica das Defensorias, a se refletir na boa qualidade da assistência a que têm direito as classes mais necessitadas. Precedente citado: ADI 2229/ES (DJU de 25.6.2004). ADI 3700/RN, rel. Min. Carlos Britto, 15.10.2008. (ADI-3700)

Emolumentos e Valor do ImóvelO Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra os incisos II e III do art. 7º da Lei 11.331/2002, do Estado de São Paulo, que dispõe sobre os emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro, em face das disposições da Lei federal 10.169/2000 (“Art. 7º. O valor da base de cálculo a ser considerado para fins de enquadramento nas tabelas de que trata o art. 4º, relativamente aos atos classificados na alínea ‘b’ do inciso III do art. 5º, ambos desta lei, será determinado pelos parâmetros a seguir, prevalecendo o que for maior.... II - o valor tributário do imóvel...; III - a base de cálculo utilizada para o recolhimento do imposto de transmissão ‘intervivos’ de bens imóveis”). Entendeu-se que os dispositivos impugnados indicam referências que não se confundem com identidade capaz de atrair a vedação do art. 145, § 2º, da CF. Asseverou-se que a variação do valor da taxa (emolumento), em função dos padrões levados em conta nesses preceitos, não significa que o valor do imóvel seja sua base de cálculo. Afirmou-se que o preço do imóvel é utilizado apenas como parâmetro para determinação do valor daquela espécie de tributo. Concluiu-se, portanto, tratar-se de taxa, não se confundindo com imposto porque não estabelece base de cálculo específica. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto que julgavam o pleito procedente por reputarem violado o aludido dispositivo constitucional. Precedente citado: ADI 1948/RS (DJU de 7.2.2003). ADI 3887/SP, rel. Min. Menezes Direito, 15.10.2008. (ADI-3887)

Reclamação e Criação por Regimento Interno - 1

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O Tribunal deu provimento a recurso extraordinário interposto pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Alagoas para, tornando insubsistente acórdão proferido pelo Tribunal Superior do Trabalho - TST em reclamação, declarar a inconstitucionalidade dos artigos 190 a 194 do Regimento Interno do referido tribunal, que sobre ela dispõem [RITST, aprovado pela Resolução Administrativa 908/2002: “Art. 190. A reclamação é a medida destinada à preservação da competência do Tribunal ou à garantia da autoridade de suas decisões, quer sejam proferidas pelo Pleno, quer pelos órgãos fracionários. § 1º Não desafia a autoridade da decisão a que for proferida em relação processual distinta daquela que se pretenda ver preservada. § 2º Estão legitimados para a reclamação a parte interessada ou o Ministério Público do Trabalho. § 3º Compete ao Pleno processar e julgar a reclamação. § 4º Oficiará no feito o Ministério Público do Trabalho, como custos legis, salvo se figurar como reclamante. Art. 191. A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal e instruída com prova documental, será autuada e distribuída, sempre que possível, ao Relator da causa principal. Art. 192. Ao despachar a inicial, incumbe ao Relator: 1I - requisitar informações da autoridade a quem for atribuída a prática do ato impugnado, para que as apresente no prazo de 10 (dez) dias; e 2II - ordenar liminarmente, se houver risco de dano irreparável, a suspensão do processo ou do ato impugnado. Parágrafo único. Decorrido o prazo para informações, o Ministério Público terá vista dos autos por 8 (oito) dias, salvo se figurar como reclamante. Art. 193. À reclamação poderá opor-se,fundamentadamente, qualquer interessado. Art. 194. Julgada procedente a reclamação, o Tribunal Pleno cassará a deliberação afrontosa à decisão do Tribunal Superior do Trabalho ou determinará medida adequada à preservação da sua competência.”]. RE 405031/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 15.10.2008. (RE-405031)

Reclamação e Criação por Regimento Interno - 2Na espécie, o TST julgara procedente o pedido formulado na reclamação ajuizada contra o acórdão por ele proferido em recurso ordinário em ação rescisória, para determinar a limitação da condenação da empresa reclamante, ora recorrida, à data-base da categoria. Levara em conta que ele, ao apreciar os dois temas versados na ação rescisória (Plano Bresser e limitação da condenação à data-base da categoria), consignara, negando provimento ao recurso ordinário patronal, que, em relação ao segundo tema, havia carência de interesse processual — pois a decisão rescindenda não proibira a pretendida limitação, a qual deveria, por isso, ser observada na execução. Considerara, portanto, configurar desrespeito a sua decisão, passível de impugnação pela via da reclamação, a recusa do juiz da execução na observância da orientação por ele emanada, fundada na Orientação Jurisprudencial 35 da SDI. Entendeu-se, na linha de precedentes do Supremo, que a reclamação seria incabível, haja vista a necessidade de esse instrumental estar previsto em lei no sentido formal e material, não sendo possível criá-lo mediante regimento interno. Asseverou-se ser inadmissível se cogitar de disciplina em regimento interno, visto que a reclamação ganha contornos de verdadeiro recurso, mostrando-se inserida, portanto, no direito constitucional de petição. Assim, cabe, no âmbito federal, ao Congresso Nacional dispor a respeito, ainda que o faça, ante a origem da regência do processo do trabalho, por meio de lei ordinária. Esclareceu-se que, em relação ao Supremo e ao Superior Tribunal de Justiça, porque o campo de atuação dessas Cortes está delimitado na própria Carta Magna, a reclamação foi prevista, respectivamente, nos seus artigos 102, I, l, e 105, I, f. RE 405031/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 15.10.2008. (RE-405031)

Reclamação e Criação por Regimento Interno - 3No mais, considerou-se que a Corte de origem não observou o binômio segurança jurídica e Justiça e incorreu em desrespeito à coisa julgada. Esclareceu-se que o sindicato ora recorrente tivera reconhecido o direito a certa reposição do poder aquisitivo dos salários integrantes da categoria, com repercussão em parcelas remuneratórias, contempladas prestações vencidas e vincendas, e que a empresa ora recorrida tentara reverter o quadro, inclusive quanto à limitação do direito ao reajuste à data-base da categoria, interpondo, até mesmo, recurso extraordinário ao Supremo, que fora desprovido, e, depois, ação rescisória, que, julgada improcedente, ensejara a interposição de recurso ordinário perante o TST. Afirmou-se que o relator no TST glosara a circunstância de se haver ajuizado a rescisória não contra o acórdão prolatado pelo TRT, mas contra a sentença da Junta que apreciara o processo de conhecimento, condenando a ora recorrida a satisfazer o reajuste salarial. Realçou-se que o aludido relator, consignando que a coisa julgada material teria se operado apenas em relação ao acórdão, porquanto constituía a última decisão que apreciara o mérito da causa no processo, e que o ataque rescisório deveria ser dirigido contra esse acórdão porque apenas ele transitara em julgado, concluíra que o processo deveria ser julgado extinto sem exame do mérito. Tal relator teria, ainda, argumentado que o pleito da rescisão por violência à lei não indicara, de forma precisa, o preceito que teria sido vulnerado. Assentara, assim, a negativa de provimento ao ordinário. Não obstante o mencionado relator afirmasse, sob o ângulo dos dois defeitos, haver já a razão do desprovimento, deixara na peça redigida, por ter preparado voto para o caso de serem suplantados esses aspectos, a abordagem do tema alusivo à limitação à data-base da categoria. Ou seja, a parte do acórdão atinente ao recurso ordinário na ação rescisória ficara como algo que seria objeto de decisão se não houvesse motivo para negar-se provimento ao ordinário pelas deficiências apontadas. RE 405031/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 15.10.2008. (RE-405031)

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Reclamação e Criação por Regimento Interno - 4Portanto, salientou-se que constara do acórdão formalizado por força do recurso ordinário a abordagem do tema sob o prisma da limitação à data-base, o que abrira margem ao TST, no julgamento da reclamação visando à preservação da autoridade dos respectivos julgados, a concluir como fizera. Daí, por meio de interpretação restritiva ao título executivo judicial, apontara-se a improcedência do inconformismo veiculado na rescisória, porque não teria havido condenação explícita nesse campo, dando-se enfoque próprio à condenação de a recorrida satisfazer prestações vencidas e vincendas, consignando-se, em homenagem ao Verbete 322 da Súmula do TST, que a limitação poderia ocorrer até mesmo de ofício. Concluiu-se que, diante desses fatos, não se poderia, na via estreita da reclamação, reputar-se desrespeitado o acórdão reclamado, sob pena de solapar-se a segurança jurídica. Por fim, frisou-se que, ainda que assim não se entendesse, a ordem natural das coisas estaria a direcionar à configuração da infringência à coisa julgada, visto que a condenação se fizera considerada a integração do reajuste aos salários, cogitando-se, sem limitação, de parcelas vencidas e vincendas, não se podendo dizer que, no título executivo judicial, estaria encerrado termo para o término. O Min. Cezar Peluso fez ressalva no sentido de que se haveria de repensar o assunto, tendo em conta que os tribunais federais não têm nenhum meio de fazer prevalecer a autoridade de suas decisões. Precedentes citados: Rp 1092/DF (DJU de 19.12.84) e ADI 2212/CE (DJU de 14.11.2003). RE 405031/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 15.10.2008. (RE-405031)

Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 1O Tribunal iniciou julgamento de ação direta ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio - CNC em que se objetiva a declaração de inconstitucionalidade do art. 13, § 3º, da Lei Complementar 123/2006, que concede isenção às microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional - Supersimples quanto ao pagamento das contribuições instituídas pela União, inclusive aquelas devidas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (CF, art. 240). Sustenta-se, na espécie, violação dos artigos 150, § 6º; 146, III, d; 8º, I e IV, e 150, II, todos da CF. O Min. Joaquim Barbosa, relator, julgou improcedente o pedido. Afastou, inicialmente, a alegada ofensa ao art. 150, § 6º, da CF. Após registrar haver pertinência entre a isenção e o tema geral que foi objeto da Lei Complementar 123/2006, e que a contribuição sindical é tributo cuja instituição está na esfera de competência da União (CF, artigos 8º, IV, 149 e 240), considerou não ser estranha à lei destinada a instituir o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte a matéria relativa à tributação destas mesmas entidades. Asseverou que dispor sobre o assunto, de maneira global, seria insuficiente para ocultar ou escamotear o igualmente relevante tema da exoneração tributária. ADI 4033/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.10.2008. (ADI-4033)

Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 2Quanto à apontada afronta ao art. 146, III, d, da CF, o relator citou o que disposto no art. 170, IX, da CF, e aduziu que o fomento da atividade das empresas de pequeno porte e das microempresas é objetivo que deve ser alcançado, nos termos da Constituição, na maior medida possível diante do quadro fático e jurídico a que estiverem submetidas, e que, dentre as medidas que podem ser adotadas pelo Estado, está a elaboração de regime tributário diferenciado, que tome por premissa a circunstância de as empresas com menor receita não terem potencial competitivo tão desenvolvido como as empresas de maior porte. Para o relator, a fim de alcançar tais objetivos e ainda atender ao princípio da capacidade contributiva, não seria adequado afirmar que o regime tributário diferenciado deve se limitar a certos tributos. Assim, tendo em conta que a proposta de limitação do regime tributário diferenciado a espécies tributárias específicas poderia amesquinhar ou mesmo aniquilar o propósito da instituição de tal regime, concluiu que se haveria de dar ao texto do art. 146, III, d da CF caráter exemplificativo e não taxativo, no que se refere aos tributos que poderão ter o alcance modulado em função de o contribuinte ser empresa de pequeno porte. No ponto, ressaltou que aqui o Sistema Tributário se subordina ao objetivo que o Sistema Econômico e o Social demarcam no campo jurídico, ou seja, o fomento da atividade das pessoas jurídicas submetidas à Lei Complementar 123/2006 tem primazia ou prioridade sobre a literalidade das disposições específicas sobre matéria tributária. ADI 4033/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.10.2008. (ADI-4033)

Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 3O relator, em seguida, repeliu o argumento de violação ao art. 8º da CF. Não obstante reputando ser relevante a alegação acerca do risco de enfraquecimento das entidades de representação patronal no campo das relações do trabalho, considerou o fato de que o benefício fiscal contestado não seria novo, e reportou-se ao julgamento da ADI 2006 MC/DF (DJU de 1º.12.2000), em que se fixara orientação no sentido de que a finalidade extrafiscal da isenção da contribuição sindical patronal prevalecia, em termos, sobre a autonomia e a liberdade sindical. Ponderou, ademais, ser necessário observar o trânsito da situação a que estariam atualmente submetidas as microempresas e empresas de pequeno porte, para o quadro incentivado pela exoneração, de modo a confirmar se a influência da norma impugnada seria ou não perniciosa. No ponto, aduziu que, se o objetivo previsto com a concessão do benefício for obtido — fomento da pequena empresa — duas conseqüências advirão, em maior ou menor grau: o fortalecimento de tais

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empresas, que poderão passar à condição de empresas de maior porte e, portanto, superar a faixa de isenção, e o incentivo à regularização das empresas ditas informais melhorará o perfil dos consumidores, o que será benéfico às atividades das empresas comerciais de maior porte. Realçou que a competência para instituir as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas seria da União, nada impedindo que tais tributos também atendessem à função extrafiscal estabelecida nos termos da CF, e que a circunstância de o tributo ser parafiscal, não modificaria o quadro. Salientou que, se a política econômica pede por sacrifícios proporcionais em matéria de arrecadação — como forma de estímulo e desenvolvimento das atividades das micro e pequenas empresas, bem como do aumento das condições propícias à oferta de empregos — as entidades parafiscais não podem alegar uma espécie de titularidade absoluta ou de direito adquirido ao valor potencialmente arrecadável com o tributo. Concluiu que situação diversa se configuraria se a exoneração fosse tão intensa a ponto de forçar situação de grave e irreversível desequilíbrio, apta a inviabilizar completamente a atuação da entidade paraestatal, sendo, mesmo em tais casos, indispensável questionar se a entidade paraestatal não teria, ou não deveria ter, outras fontes de custeio. ADI 4033/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.10.2008. (ADI-4033)

Empresas Optantes do Simples Nacional e Isenção de Contribuições - 4Por fim, o relator não vislumbrou a mencionada infringência à isonomia e à igualdade. Apesar de julgar ser indiscutível a assertiva da requerente quanto à relevância que as entidades sindicais patronais possuem no sistema das relações do trabalho, bem como a contribuição por elas dada à indispensável liberdade sindical, o relator entendeu que a premissa apresentada seria insuficiente para afastar a inexistência de especificidade que justificasse a aplicação de regimes diferenciados no campo da tributação às entidades patronais e às entidades de representação dos trabalhadores. Após mencionar ser diverso o contexto da presente situação do daquela analisada no julgamento do RE 217355/MG (DJU de 2.2.2001), considerou que seria relevante para o desate da questão saber se a exoneração concedida às empresas de pequeno porte teria a mesma carga de benefício fiscal concedido aos trabalhadores de baixa renda. Ocorre que não haveria argumentação nesse sentido, não tendo a requerente explorado a eventual simetria ou discrepância entre o potencial de custeio das entidades sindicais. Assim, ausentes tais dados, não seria possível confirmar a assertiva quanto às violações apontadas. Após, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio. ADI 4033/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.10.2008. (ADI-4033)

Aproveitamento de Servidores da Extinta Minas Caixa e Princípio do Concurso Público - 1O Tribunal iniciou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República contra o art. 3º, da Lei 11.816/95, do Estado de Minas Gerais, que estabelece que o “servidor público estadual à disposição do Tribunal de Contas em 30 de novembro de 1994 poderá requerer sua integração ao Quadro Especial de Pessoal do referido Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da publicação da lei”. De início, o Tribunal rejeitou a preliminar de que a ação não deveria ser conhecida por ter havido apenas impugnação parcial do sistema normativo do qual faz parte a norma impugnada. Salientando que essa idéia do subsistema normativo, a exigir a impugnação integral de todo o controle concentrado dentro desse subsistema, pressupõe uma estreita interdependência lógica entre as normas, de modo que uma não tenha sentido sem a outra, entendeu-se que, no caso, os problemas relativos à integração do subsistema normativo não estariam presentes, porque a Lei 11.816/95 possuiria suficiente autonomia, no sentido de ser impugnada isoladamente, sem o risco de quebra da unidade ou coerência de qualquer subsistema normativo. Esclareceu-se, no ponto, ter havido uma política de aproveitamento da Minas Caixa de seus servidores dentro do sistema que se reproduziu em todos os Poderes do estado, sendo esse aproveitamento, entretanto, regido por diplomas legais individualizados, distintos, cada qual com uma incidência normativa própria e autônoma entre si, a permitir um exame em separado para efeito do controle da constitucionalidade. ADI 1251/MG, rel. Min. Menezes Direito, 15.10.2008. (ADI-1251)

Aproveitamento de Servidores da Extinta Minas Caixa e Princípio do Concurso Público - 2No mérito, o Min. Menezes Direito, relator, julgou procedente o pedido formulado, por entender que o dispositivo em exame afronta o princípio do concurso público (CF, art. 37, II), no que foi acompanhado pelos Ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Ellen Gracie. O Min. Menezes Direito afastou a tese de que o preceito impugnado teria fundamento de validade no art. 41, § 3º, da CF (“Art. 41. ... § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.”), uma vez que a integração importaria sempre no provimento derivado de servidores em quadro da Administração Pública diverso do qual originariamente pertenciam, o que vedado. Em seguida, o Min. Marco Aurélio, tendo em conta que a concessão de liminar gera eficácia prospectiva a partir da data em que implementada, no caso, 30.6.95, e que, à época em que ajuizada ação (13.3.95), já teria se esgotado o prazo de 30 dias para a opção exposta no preceito sob análise, levantou preliminar a respeito

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da inadmissibilidade da ação, ao fundamento de não se estar diante de ato abstrato autônomo passível de produzir efeitos. O julgamento foi suspenso para que o Tribunal, com o quorum completo, se manifeste sobre essa preliminar. ADI 1251/MG, rel. Min. Menezes Direito, 15.10.2008. (ADI-1251)

Súmula Vinculante 13 e Agente PolíticoO Tribunal, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto contra decisão que deferira pedido de liminar em reclamação, na qual se impugna, sob alegação de afronta à Sumula Vinculante 13, decisão proferida em ação popular que suspendera o ato de nomeação do reclamante, irmão do Governador do Paraná, para o cargo de Secretário Estadual de Transportes (Decreto estadual 3.3.48/2008). Entendeu-se irretocável a decisão recorrida. Reportando-se ao que decidido no RE 579951/RN (DJE de 12.9.2008), asseverou-se que a nomeação de parentes para cargos políticos não implica ofensa aos princípios que regem a Administração Pública, em face de sua natureza eminentemente política, e que, nos termos da Súmula Vinculante 13, as nomeações para cargos políticos não estão compreendidas nas hipóteses nela elencadas. Dessa forma, não seria possível submeter o caso do reclamante — nomeação para o cargo de Secretário Estadual de Transporte, agente político — à vedação imposta pela referida Súmula Vinculante, por se tratar de cargo de natureza eminentemente política. Por fim, no que se refere ao pedido formulado pelo agravante no sentido de se impedir o exercício pelo reclamante do cargo de responsável pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA, autarquia estadual, considerou-se o fato de não se estar a analisar o mérito da presente reclamação, devendo o julgamento ficar restrito apenas à aferição da fumaça do bom direito. Vencido o Min. Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso, ao fundamento de que não seria possível empolgar o que decidido no RE 579951/RN para se ter base para a reclamação, por se tratar de processo subjetivo, e porque o Verbete Vinculante 13 não versaria expressamente a possibilidade da nomeação verificada. Rcl 6650 MC-AgR/PR, rel. Min. Ellen Gracie, 16.10.2008. (Rcl-6650)

Imposição Sumária de Penas e Direito à Defesa PréviaPor entender caracterizada a ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV), o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta proposta pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis - COBRAPOL para declarar a inconstitucionalidade dos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º do art. 43 da Lei 2.271/94 (Estatuto da Polícia Civil), que, ao disporem sobre as penas disciplinares, prevêem que “as penas de repreensão e suspensão, até cinco dias, serão aplicadas de imediato pela autoridade que tiver conhecimento direto de falta cometida”, e que “o ato punitivo será motivado e terá efeito imediato, mas provisório, assegurando-se ao funcionário policial civil o direito de oferecer defesa por escrito no prazo de três dias”. Considerou-se que os dispositivos impugnados afrontam a prerrogativa constitucional que assegura a qualquer servidor público o direito de ser ouvido previamente ao ato veiculador de sua punição disciplinar, ainda que desta resulte, por aplicação do critério da verdade sabida, a imposição de sanção administrativa revestida de menor gravidade, como ocorre com a repreensão e a suspensão funcional por até cinco dias. Asseverou-se não ser admissível que o Estado, em tema de restrição à esfera jurídica de qualquer cidadão e de seus servidores, exerça a sua autoridade de maneira abusiva ou arbitrária, de modo a desprezar, no exercício de sua atividade, o postulado da plenitude de defesa, visto que o reconhecimento da legitimidade ético-jurídica de qualquer medida imposta pelo Poder Público de que resultem, como no caso, conseqüências gravosas no plano dos direitos e garantias individuais exige a observância da garantia do devido processo. Alguns precedentes citados RMS 22789/RJ (DJU de 25.6.99) e MS 21254/DF (DJU de 2.8.91). ADI 2120/AM, rel. Min. Celso de Mello, 16.10.2008. (ADI-2120)

PRIMEIRA TURMAPublicação da Pauta e Julgamento em Sessões Subseqüentes

A Turma indeferiu habeas corpus em que pleiteada a nulidade de julgamento de apelação realizado sem a presença do paciente e de seu advogado, ao argumento de que não foram intimados da data exata em que aquele ocorreria. Enfatizou-se que a regra é a inclusão do recurso em pauta e, diante da inviabilidade de ocorrer o exame na sessão designada, haver o acompanhamento pelo causídico. Ademais, tendo em conta o que previsto no Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (“Art. 149. ... § 2º - Os feitos que não forem julgados nas duas próximas sessões subseqüentes à sessão de cuja pauta constarem, somente poderão sê-lo mediante inclusão em novo edital, salvo se presentes e concordes os Advogados das partes.”), entendeu-se que a situação dos autos também estaria enquadrada nessa regência especial, haja vista que, inserido o processo em pauta para certa assentada, o julgamento se dera até a terceira sessão subseqüente. HC 95682/SE, rel. Min. Marco Aurélio, 14.10.2008. (HC-95682)

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Apelação: Juntada de Documentos e Parecer OpinativoA Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus interposto contra acórdão do STJ que mantivera decisão indeferitória de juntada de parecer elaborado por renomado jurista como aditamento às razões de apelação já apresentada. Sustentava-se, na espécie, a nulidade dessa decisão, por falta de motivação, bem como se alegava o desrespeito à garantia da parte em juntar documentos a qualquer tempo (CPP, art. 231), o que supostamente ocasionara cerceamento à defesa dos recorrentes. Inicialmente, salientou-se que o aludido parecer, por não ser um escrito destinado à prova, não poderia ser qualificado como documento nos termos da legislação processual penal vigente. Dessa forma, mencionou-se que a jurisprudência do STF é assente no sentido de que pareceres opinativos não se equiparam a documentos e que a sua eventual juntada aos autos sequer induz à abertura de vista à parte contrária. Ademais, asseverou-se que, ainda que se pudesse cogitar da possibilidade de se enquadrar o citado parecer nos termos pretendidos pelos recorrentes, a decisão impugnada deveria ser mantida, pois a apelação da defesa, salvo limitação explícita no ato de sua interposição, devolve ao tribunal todas as questões relevantes do processo, independentemente de terem sido argüidas nas razões do recurso ou, como no caso, no pedido de aditamento. Por fim, observou-se que, diversamente do que alegado, o pleito de aditamento fora formulado quase 1 ano depois da distribuição da apelação no tribunal de origem. Precedentes citados: RE 93243/BA (DJU de 5.12.80) e RE 357447 AgR-ED/SP (DJU de 6.8.2004). RHC 94350/SC, rel. Min. Cármen Lúcia, 14.10.2008. (RHC-94350)

Maus Antecedentes e Processos em CursoA Turma decidiu afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus nos quais se discute se inquéritos policiais e ações penais sem trânsito em julgado podem ser considerados como elementos caracterizadores de maus antecedentes. A impetração aduz que tal reconhecimento violaria o princípio constitucional da não culpabilidade e que a pena aplicada aos pacientes fora exasperada com base nessas circunstâncias judiciais reputadas desfavoráveis. Requer, em conseqüência, a fixação da pena-base no mínimo legal. HC 94620/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 14.10.2008. (HC-94620) HC 94680/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 14.10.2008. (HC-94680)

Deserção e Condição de Militar - 3A Turma concluiu julgamento de habeas corpus preventivo em que condenado pelo crime de deserção alegava, por não possuir mais a condição de militar, a nulidade de acórdão do STM que mantivera a sua condenação. Questionava-se, na espécie, se a execução do julgado estaria prejudicada em face da incapacidade temporária do paciente para o serviço militar, certificada em inspeção de saúde realizada para fins de reinclusão, o que ocasionara seu desligamento do serviço ativo — v. Informativo 464. Em votação majoritária, deferiu-se a ordem para anular o acórdão impugnado, tornando insubsistente a condenação do paciente. Inicialmente, salientou-se que o crime de deserção é classificado, pela doutrina, como delito propriamente militar. Assim, entendeu-se que a perda do status de militar pelo paciente, em razão do fato de haver sido considerado temporariamente incapaz para o serviço militar, antes do trânsito em julgado do acórdão recorrido, impediria o prosseguimento da execução da pena imposta pela sentença de primeiro grau. Asseverou-se que somente a hipótese de capacidade plena para o serviço ativo permitiria a reinclusão do militar e a continuidade do processo, a teor dos Enunciados 8 (“O desertor sem estabilidade e o insubmisso que, por apresentação voluntária ou em razão de captura forem julgados em inspeção de saúde para fins de reinclusão ou incorporação, incapazes para o Serviço Militar, podem ser isentos do processo, após o pronunciamento do representante do Ministério Público.”) e 12 (“A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção sem ter readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de procedibilidade é a reversão ao serviço ativo.”) da Súmula do STM. Vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski e Menezes Direito que, ao afastar a incidência do mencionado Verbete 12, deferiam o writ. Sustentavam que a incapacidade definitiva do desertor sem estabilidade (CPPM, art. 457, § 2º) operaria como excludente da punibilidade nos casos em que sua saída dos quadros militares ocorresse em momento anterior ao início do processo, o que não acontecera na presente situação, bem como aduziam que, nos crimes propriamente militares, a superveniente exclusão da Força não teria o condão de prejudicar a pretensão executória da decisão proferida pela Corte castrense. HC 90838/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 14.10.2008. (HC-90838)

SEGUNDA TURMAHomicídio Culposo na Direção de Veículo Automotor e Constitucionalidade.

A Turma, ao declarar a constitucionalidade do art. 302, parágrafo único, da Lei 9.503/97 - Código de Trânsito Brasileiro, manteve acórdão que condenara o recorrente e o co-réu pelo crime de homicídio culposo em decorrência de acidente de trânsito. Alegava-se, na espécie, que, em razão de a pena-base variável cominada no dispositivo mencionado ser de 2 a 4 anos de detenção e, no art. 121, § 3º, do CP, ser apenas de 1 a 3 anos, o tratamento diferenciado seria inconstitucional por violar o princípio da igualdade

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(CF, art. 5º, caput). Considerou-se que o princípio da isonomia não impede o tratamento diversificado das situações quando houver um elemento de discrímen razoável, pois inegável a existência de maior risco objetivo em decorrência da condução de veículos nas vias públicas. Enfatizou-se que a maior freqüência de acidentes de trânsito, acidentes graves, com vítimas fatais, ensejou a aprovação de tal projeto de lei, inclusive com o tratamento mais rigoroso contido no art. 302, parágrafo único, do CTB. Destarte, a majoração das margens penais — comparativamente ao tratamento dado pelo art. 121, § 3º, do CP — demonstra o enfoque maior no desvalor do resultado, notadamente em razão da realidade brasileira, envolvendo os homicídios culposos, provocados por indivíduos na direção de veículos automotores (CTB: “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:...”). RE 428864/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 14.10.2008. (RE-428864)

Desvio de Verbas Públicas Federais e CompetênciaA Turma desproveu recurso extraordinário contra decisão da Justiça Estadual que declinara, em favor da Justiça Federal, da competência para julgar processo em que se investiga a prática de fraude em diversas licitações envolvendo empresas de construção civil. Ante a constatação de indícios de desvio de verbas federais, a Corte de origem reconhecera a existência de interesse da União em ver apurada a responsabilidade pelo suposto desvio de tais recursos. O recorrente argüia ofensa ao art. 109, IV, da CF, eis que os elementos colhidos da prática de fraude em diversas licitações envolviam empresas de construção civil, o que afastaria a competência da Justiça Federal. Adotou-se orientação do Supremo no sentido de competir à Justiça Federal processar e julgar crimes em detrimento do interesse da União que envolvam possível desvio de verbas federais. Precedentes citados: HC 80867/PI (DJU de 12.4.2002) e HC 81994/SP (DJU 27.9.2002). RE 464621/RN, rel. Min. Ellen Gracie, 14.10.2008. (RE-464621)

Redução a Condição Análoga à de Escravo e CompetênciaA Turma deu provimento a recurso extraordinário para fixar a competência da Justiça Federal para julgar os crimes de exposição da vida ou da saúde de trabalhadores a perigo, de redução a condição análoga à de escravo, de frustração de direito assegurado por lei trabalhista e de omissão de dados da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CP, artigos 132, 149, 203 e 297, § 4º, respectivamente). Entendeu-se, no caso, que as condutas atribuídas aos recorridos, em tese, violam bens jurídicos que extrapolam os limites da liberdade individual e da saúde dos trabalhadores reduzidos àquela condição, malferindo os princípios da dignidade da pessoa humana e da liberdade do trabalho. Por conseguinte, afastou-se a competência da Justiça Estadual. Por outro lado, não se conheceu do recurso na parte referente à alegada competência da Justiça Federal para conhecer e julgar outros crimes descritos na denúncia, alegadamente conexos, porquanto envolveriam o exame de legislação infraconstitucional, bem como o revolvimento de matéria fático-probatória. Precedentes citados: RE 398041/PA (j. em 30.11.2006); RE 480138/RR (DJE 24.4.2008) e RE 508717/PA (DJU 11.4.2007). RE 541627/PA, rel. Min. Ellen Gracie, 14.10.2008. (RE-541627)

REPERCUSSÃO  GERAL

DJE de 17 de outubro de 2008

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 578.635-RSRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTADIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DESTINADA AO INCRA. EXIGIBILIDADE DAS EMPRESAS URBANAS. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisões Publicadas: 1

CLIPPING  DO  DJ

17 de outubro de 2008

ADI N. 523-PR

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RELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 78, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. POSSIBILIDADE DE REEXAME, PELO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL, DAS DECISÕES FAZENDÁRIAS DE ÚLTIMA INSTÂNCIA CONTRÁRIAS AO ERÁRIO. VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NO ARTIGO 2º E NO ARTIGO 70 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.1. A Constituição do Brasil — artigo 70 — estabelece que compete ao Tribunal de Contas auxiliar o Legislativo na função de fiscalização a ele designada. Precedentes.2. Não cabe ao Poder Legislativo apreciar recursos interpostos contra decisões tomadas em processos administrativos nos quais se discuta questão tributária.3. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do § 3º do artigo 78 da Constituição do Estado do Paraná.*noticiado no informativo 523

ADI N. 2.649-DFRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS - ABRATI. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, QUE CONCEDE PASSE LIVRE ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA, DA ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DO DIREITO DE PROPRIEDADE, ALÉM DE AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO (ARTS. 1º, INC. IV, 5º, INC. XXII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA): IMPROCEDÊNCIA.1. A Autora, associação de associação de classe, teve sua legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade reconhecida a partir do julgamento do Agravo Regimental na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.153, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 9.9.2005.2. Pertinência temática entre as finalidades da Autora e a matéria veiculada na lei questionada reconhecida.3. Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar efetividade ao que foi ajustado.4. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados.5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.* noticiado no Informativo 505

AG. REG. NA Rcl N. 6.534-MARELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: RECLAMAÇÃO - ALEGAÇÃO DE DESRESPEITO A ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RESULTANTE DE JULGAMENTO PROFERIDO EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO - DECISÃO RECLAMADA QUE NÃO DESRESPEITOU A AUTORIDADE DO JULGAMENTO DESTA SUPREMA CORTE INVOCADO COMO REFERÊNCIA PARADIGMÁTICA - ELEITORAL - RESSALVA CONSTANTE DA ALÍNEA “G” DO INCISO I DO ART. 1º DA LEI COMPLEMENTAR 64/90 - CONSTITUCIONALIDADE - INDEFERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA FUNDADO NA INOBSERVÂNCIA DA JURISPRUDÊNCIA FIRMADA PELO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - PRETENDIDO RECONHECIMENTO DA INCORREÇÃO DE DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL PREDOMINANTE NO ÂMBITO DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - MATÉRIA TOTALMENTE ESTRANHA AO QUE SE DECIDIU NO JULGAMENTO DA ADPF 144/DF - RECURSO IMPROVIDO.- O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF 144/DF, declarou-a improcedente, em decisão impregnada de efeito vinculante e que estabeleceu conclusões assim proclamadas por esta Corte: (1) a regra inscrita no § 9º do art. 14 da Constituição, na redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4/94, não é auto-aplicável, pois a definição de novos casos de inelegibilidade e a estipulação dos prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, dependem, exclusivamente, da edição de lei complementar, cuja ausência não pode ser suprida mediante interpretação judicial; (2) a mera existência de inquéritos policiais em curso ou de processos judiciais em andamento ou de sentença penal condenatória ainda não transitada em julgado, além de não configurar, só por si, hipótese de inelegibilidade, também não impede o registro de candidatura de qualquer cidadão; (3) a exigência de coisa julgada a que se referem as alíneas “d”, “e” e “h” do inciso I do art. 1º e o art. 15, todos da Lei Complementar nº 64/90, não transgride nem descumpre os preceitos fundamentais concernentes à

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probidade administrativa e à moralidade para o exercício de mandato eletivo; (4) a ressalva a que alude a alínea “g” do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90, mostra-se compatível com o § 9º do art. 14 da Constituição, na redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4/94.- Tratando-se da causa de inelegibilidade fundada no art. 1º, I, “g”, da LC nº 64/90, somente haverá desrespeito ao pronunciamento vinculante desta Suprema Corte, se e quando a Justiça Eleitoral denegar o registro de candidatura, por entender incompatível, com os preceitos fundamentais da moralidade e da probidade administrativas, a utilização, pelo pré-candidato, da ressalva autorizadora de acesso ao Poder Judiciário.A ressalva legal de acesso ao Poder Judiciário, prevista no art. 1º, I, “g”, da Lei Complementar nº 64/90, dá concreção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, que se qualifica como preceito fundamental consagrado pela Constituição da República. A regra inscrita no art. 5º, inciso XXXV, da Lei Fundamental, garantidora do direito ao processo e à tutela jurisdicional, constitui o parágrafo régio do Estado Democrático de Direito, pois, onde inexista a possibilidade do amparo judicial, haverá, sempre, a realidade opressiva e intolerável do arbítrio do Estado ou dos excessos de particulares, quando transgridam, injustamente, os direitos de qualquer pessoa.- O indeferimento do pedido de registro de candidatura (LC nº 64/90, art. 1º, I, “g”), quando fundado em razões outras, como a inobservância da jurisprudência firmada pelo E. Tribunal Superior Eleitoral - que exige, para efeito de superação (ainda que transitória) da inelegibilidade em questão, não só o ajuizamento da pertinente ação, mas, também, a obtenção de liminar, de medida cautelar ou de provimento antecipatório, em momento anterior ao da formulação do pedido de registro de candidatura -, não implica manifestação de desrespeito à autoridade da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, por se tratar de matéria totalmente estranha ao que se decidiu no julgamento da ADPF 144/DF.- Os atos questionados em qualquer reclamação - nos casos em que se sustenta desrespeito à autoridade de decisão do Supremo Tribunal Federal - hão de se ajustar, com exatidão e pertinência, aos julgamentos desta Suprema Corte invocados como paradigmas de confronto, em ordem a permitir, pela análise comparativa, a verificação da conformidade, ou não, da deliberação estatal impugnada em relação ao parâmetro de controle emanado deste Tribunal. Precedentes.Inocorrência, no caso, dessa situação de antagonismo, pois o ato objeto da reclamação não teve como fundamento nem a inconstitucionalidade da ressalva a que alude a alínea “g” do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/90, nem a existência de processo penal ainda em tramitação, nem, finalmente, a incompatibilidade daquela ressalva legal com os preceitos fundamentais da probidade e da moralidade administrativas.- O remédio constitucional da reclamação não pode ser utilizado como um (inadmissível) atalho processual destinado a permitir, por razões de caráter meramente pragmático, a submissão imediata do litígio ao exame direto do Supremo Tribunal Federal. Precedentes.- A reclamação, constitucionalmente vocacionada a cumprir a dupla função a que alude o art. 102, I, “l”, da Carta Política (RTJ 134/1033) - embora cabível, em tese, quando se tratar de decisão revestida de efeito vinculante (como sucede com os julgamentos proferidos em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental, de ação direta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade) -, não se qualifica como sucedâneo recursal nem configura instrumento viabilizador do reexame do conteúdo do ato reclamado, além de não constituir meio de revisão da jurisprudência eleitoral, eis que tal finalidade revela-se estranha à destinação constitucional subjacente à instituição dessa medida processual. Precedentes.

AG. REG. NA SS N. 2.512-SPRELATORA: MINISTRA PRESIDENTEEMENTA: Agravo Regimental em Suspensão de Segurança. 2. Observância do limite remuneratório dos Servidores Públicos estabelecido pelo art. 37, XI, da Constituição de República, com redação dada pela Emenda Constitucional 41/2003. 3. O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que a percepção de proventos ou remuneração por servidores públicos acima do limite estabelecido no art. 37, XI, da Constituição da República, enseja lesão à ordem pública. 4. Impõe-se a suspensão das decisões como forma de evitar o efeito multiplicador, que se consubstancia no aforamento, nos diversos tribunais, de processos visando ao mesmo escopo dos mandados de segurança objeto da presente discussão. Precedentes. 5. A decisão do Plenário no MS 24.875 (rel. Sepúlveda Pertence, DJ 06.10.06) refere-se apenas à concessão da segurança para que os impetrantes recebam o acréscimo previsto no art. 184, III, da Lei 1.711/52, de 20% sobre os proventos da aposentadoria, até sua ulterior absorção pelo subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, determinado em lei. Tal questão não se confunde com a controvérsia versada no caso. 6. Agravo Regimental conhecido e improvido.

MS N. 26.602-DFRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. MANDADO DE SEGURANÇA. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. DESFILIAÇÃO. PERDA DE MANDATO. ARTS. 14, § 3º, V E 55, I A VI DA CONSTITUIÇÃO. CONHECIMENTO DO

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MANDADO DE SEGURANÇA, RESSALVADO ENTENDIMENTO DO RELATOR. SUBSTITUIÇÃO DO DEPUTADO FEDERAL QUE MUDA DE PARTIDO PELO SUPLENTE DA LEGENDA ANTERIOR. ATO DO PRESIDENTE DA CÂMARA QUE NEGOU POSSE AOS SUPLENTES. CONSULTA, AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, QUE DECIDIU PELA MANUTENÇÃO DAS VAGAS OBTIDAS PELO SISTEMA PROPORCIONAL EM FAVOR DOS PARTIDOS POLÍTICOS E COLIGAÇÕES. ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MARCO TEMPORAL A PARTIR DO QUAL A FIDELIDADE PARTIDÁRIA DEVE SER OBSERVADA [27.3.07]. EXCEÇÕES DEFINIDAS E EXAMINADAS PELO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. DESFILIAÇÃO OCORRIDA ANTES DA RESPOSTA À CONSULTA AO TSE. ORDEM DENEGADA.1. Mandado de segurança conhecido, ressalvado entendimento do Relator, no sentido de que as hipóteses de perda de mandato parlamentar, taxativamente previstas no texto constitucional, reclamam decisão do Plenário ou da Mesa Diretora, não do Presidente da Casa, isoladamente e com fundamento em decisão do Tribunal Superior Eleitoral.2. A permanência do parlamentar no partido político pelo qual se elegeu é imprescindível para a manutenção da representatividade partidária do próprio mandato. Daí a alteração da jurisprudência do Tribunal, a fim de que a fidelidade do parlamentar perdure após a posse no cargo eletivo.3. O instituto da fidelidade partidária, vinculando o candidato eleito ao partido, passou a vigorar a partir da resposta do Tribunal Superior Eleitoral à Consulta n. 1.398, em 27 de março de 2007.4. O abandono de legenda enseja a extinção do mandato do parlamentar, ressalvadas situações específicas, tais como mudanças na ideologia do partido ou perseguições políticas, a serem definidas e apreciadas caso a caso pelo Tribunal Superior Eleitoral.5. Os parlamentares litisconsortes passivos no presente mandado de segurança mudaram de partido antes da resposta do Tribunal Superior Eleitoral.Ordem denegada.* noticiado no Informativo 482

QUEST. ORD. EM RE N. 540.410-RSRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: RECURSO. Extraordinário. Previdência social. Benefício previdenciário de prestação continuada. Art. 203, V, da CF/88. Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso interposto contra acórdão publicado antes de 03.05.2007. Irrelevância. Devolução dos autos ao Tribunal de origem. Aplicação do art. 543-B do CPC. Precedente (AI nº 715.423-RS-QO, Rel. Min. ELLEN GRACIE). Aplica-se o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil aos recursos cujo tema constitucional apresente repercussão geral reconhecida pelo Plenário, ainda que interpostos contra acórdãos publicados antes de 3 de maio de 2007.* noticiado no Informativo 516

HC N. 92.435-SPRELATOR: MIN. CARLOS BRITTOEMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. REVISÃO CRIMINAL. CABIMENTO. HIPÓTESES. INCISO I DO ARTIGO 621 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. SENTENÇA CONTRA A EVIDÊNCIA DOS AUTOS. FRAGILIDADE EVIDENTE DO CONJUNTO PROBATÓRIO. IMUTABILIDADE DAS DECISÕES JUDICIAIS. PRIMAZIA DO DIREITO À PRESUNÇÃO DE NÃO-CULPABILIDADE.1. A revisão criminal retrata o compromisso do nosso Direito Processual Penal com a verdade material das decisões judiciais e permite ao Poder Judiciário reparar erros ou insuficiência cognitiva de seus julgados.2. Em matéria penal, a densificação do valor constitucional do justo real é o direito à presunção de não-culpabilidade (inciso LVII do art. 5º da CF). É dizer: que dispensa qualquer demonstração ou elemento de prova é a não-culpabilidade (que se presume). O seu oposto (a culpabilidade) é que demanda prova, e prova inequívoca de protagonização do fato criminoso.3. O polêmico fraseado “contra a evidência dos autos” (inciso I do artigo 621 do CPP) é de ser interpretado à luz do conteúdo e alcance do Direito Subjetivo à presunção de não-culpabilidade, serviente que é (tal direito) dos protovalores constitucionais da liberdade e da justiça real.4. São contra a evidência dos autos tanto o julgamento condenatório que ignora a prova cabal de inocência quanto o que se louva em provas insuficientes ou imprecisas ou contraditórias para atestar a culpabilidade do sujeito que se ache no pólo passivo da relação processual penal. Tal interpretação homenageia a Constituição, com o que se exalta o valor da liberdade e se faz justiça material, ou, pelo menos, não se perpetra a injustiça de condenar alguém em cima de provas que tenham na esqualidez o seu real traço distintivo.5. Ordem concedida.

HC N. 94.148-SCRELATOR: MIN. CARLOS BRITTOEMENTA: HABEAS CORPUS. ESTELIONATO COMETIDO CONTRA ENTIDADE DE DIREITO PÚBLICO. IMPETRANTE QUE ADULTEROU ANOTAÇÕES DA CTPS PARA QUE CO-RÉU RECEBESSE APOSENTADORIA.

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CRIME INSTANTÂNEO. TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. ORDEM CONCEDIDA.1. No caso, a conduta assumida pelo impetrante, a despeito de produzir efeitos permanentes quanto ao beneficiário da falsificação da CTPS, materializou, instantaneamente, os elementos do tipo. Descaracterização da permanência delitiva.2. Nos crimes instantâneos, a prescrição é de ser computada do dia em que o delito se consumou ou do dia em que cessou a atividade criminosa (no caso de tentativa).3. Transcurso de lapso temporal superior ao prazo prescricional entre a data do fato e o recebimento da denúncia. Reconhecimento da prescrição retroativa.Ordem concedida para declarar extinta a punibilidade do impetrante.* noticiado no Informativo 509

HC N. 88.707-SPRELATORA: MIN. ELLEN GRACIEDIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. SOBERANIA DOS VEREDICTOS NÃO VIOLADA. LIMITE DE ATUAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. DENEGAÇÃO.1. A soberania dos veredictos do tribunal do júri não é absoluta, submetendo-se ao controle do juízo ad quem, tal como disciplina o art. 593, III, d, do Código de Processo Penal.2. Conclusão manifestamente contrária à prova produzida durante a instrução criminal configura error in procedendo, a ensejar a realização de novo julgamento pelo tribunal do júri.3. Não há afronta à norma constitucional que assegura a soberania dos veredictos do tribunal do júri no julgamento pelo tribunal ad quem que anula a decisão do júri sob o fundamento de que ela se deu de modo contrário à prova dos autos4. Sistema recursal relativo às decisões tomadas pelo tribunal do júri é perfeitamente compatível com a norma constitucional que assegura a soberania dos veredictos.5. Juízo de cassação da decisão do tribunal do júri, de competência do órgão de 2º grau do Poder Judiciário (da justiça federal ou das justiças estaduais), representa importante medida que visa impedir o arbítrio.6. A decisão do Conselho de Sentença do tribunal do júri foi manifestamente contrária à prova dos autos, colidindo com o acervo probatório produzido nos autos de maneira legítima.7. Habeas corpus denegado.

HC N. 90.140-GORELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: “HABEAS CORPUS” - CRIME CONTRA OS COSTUMES - DELITO DE ESTUPRO PRESUMIDO - CASAMENTO DO AGENTE COM A VÍTIMA - FATO DELITUOSO QUE OCORREU EM MOMENTO ANTERIOR AO DA REVOGAÇÃO, PELA LEI Nº 11.106/2005, DO INCISO VII DO ART. 107 DO CÓDIGO PENAL, QUE DEFINIA O “SUBSEQUENS MATRIMONIUM” COMO CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE - “NOVATIO LEGIS IN PEJUS” - IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE APLICAR, AO CASO, ESSE NOVO DIPLOMA LEGISLATIVO (“LEX GRAVIOR”) - ULTRATIVIDADE, NA ESPÉCIE, DA “LEX MITIOR” (CP, ART. 107, VII, NA REDAÇÃO ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 11.106/2005) - NECESSÁRIA APLICABILIDADE DA NORMA PENAL BENÉFICA (QUE POSSUI FORÇA NORMATIVA RESIDUAL) AO FATO DELITUOSO COMETIDO NO PERÍODO DE VIGÊNCIA TEMPORAL DA LEI REVOGADA - EFICÁCIA ULTRATIVA DA “LEX MITIOR”, POR EFEITO DO QUE IMPÕE O ART. 5º, INCISO XL, DA CONSTITUIÇÃO (RTJ 140/514 - RTJ 151/525 - RTJ 186/252, v.g.) - INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DA CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE PREVISTA NO ART. 107, INCISO VII, DO CÓDIGO PENAL, NA REDAÇÃO ANTERIOR À EDIÇÃO DA LEI Nº 11.106/2005 (“LEX GRAVIOR”) - “HABEAS CORPUS” DEFERIDO.- O sistema constitucional brasileiro impede que se apliquem leis penais supervenientes mais gravosas, como aquelas que afastam a incidência de causas extintivas da punibilidade sobre fatos delituosos cometidos em momento anterior ao da edição da “lex gravior”.A eficácia ultrativa da norma penal mais benéfica - sob cuja égide foi praticado o fato delituoso - deve prevalecer por efeito do que prescreve o art. 5º, XL, da Constituição, sempre que, ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, constatar-se que o diploma legislativo anterior qualificava-se como estatuto legal mais favorável ao agente. Doutrina. Precedentes do Supremo Tribunal Federal.- A derrogação do inciso VII do art. 107 do Código Penal não tem - nem pode ter - o efeito de prejudicar, em tema de extinção da punibilidade, aqueles a quem se atribuiu a prática de crime cometido no período abrangido pela norma penal benéfica.A cláusula de extinção da punibilidade, por afetar a pretensão punitiva do Estado, qualifica-se como norma penal de caráter material, aplicando-se, em conseqüência, quando mais favorável, aos delitos cometidos sob o domínio de sua vigência temporal, ainda que já tenha sido revogada pela superveniente edição de uma “lex gravior”, a Lei nº 11.106/2005, no caso.* noticiado no Informativo 450

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HC N. 94.752-RSRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. EXCEPCIONALIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE.1. O trancamento da ação penal por ausência de justa causa é medida excepcional, justificando-se quando despontar, fora de dúvida, atipicidade da conduta, causa extintiva da punibilidade ou ausência de indícios de autoria, o que não ocorre no caso sob exame.2. A denúncia que descreve as condutas dos co-réus de forma detalhada e individualizada, estabelecendo nexo de causalidade com os fatos, não é inepta3. O habeas corpus não é a via processual adequada à análise aprofundada de matéria fático-probatória.Ordem indeferida.

Acórdãos Publicados: 568

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS13 a 17 de outubro de 2008

IDOSO - Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa IdosaDecreto de 14 de outubro de 2008 - Dá nova redação ao art. 1o do Decreto de 5 de março de 2008, que convoca a II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Publicado no DOU de 15/10/2008, Seção 1, p.4

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

[email protected]

Informativo STFBrasília, 6 a 10 de outubro de 2008 - Nº 523.

Este Informativo, elaborado a partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário, contém resumos não-oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja

uma das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a sua publicação no Diário da Justiça.

SUMÁRIOPlenárioADI e Quinto ConstitucionalCálculo do Valor Adicionado e Reserva de Lei ComplementarAmpliação de Mandatos e Vício MaterialArt. 999, § 1º, do CPC: Citação por Edital e Domicílio em Comarca DiversaTempestividade de Recurso e Momento de ComprovaçãoExtradição Supletiva e Princípio da EspecialidadePeculato-Desvio: Secretária Parlamentar e Prestação de Serviços ParticularesRepercussão GeralCobrança de Pulsos além da Franquia: Detalhamento de Ligações e Competência - 1Cobrança de Pulsos além da Franquia: Detalhamento de Ligações e Competência - 21ª TurmaTribunal de Contas Estadual e Controle Prévio de Licitações2ª TurmaTráfico de Drogas e Combinação de Leis IncriminadorasHC contra Ato de Membro do MPF e CompetênciaAposentadoria: Contribuição Previdenciária e Restituição de ValoresRepercussão GeralClipping do DJTranscriçõesPresunção de Inocência - Direito de Não Produzir Provas contra si Próprio (HC 96219 MC/SP)

PLENÁRIOADI e Quinto Constitucional

O Tribunal deferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, proposta pelo Governador do Estado

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de São Paulo, para suspender, até decisão final, a eficácia da expressão “depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta da Assembléia Legislativa”, incluída no parágrafo único do art. 63 da Constituição do Estado de São Paulo, mediante a EC 25/2008, o qual submete o nome escolhido pelo Governador, para preenchimento de vaga destinada ao quinto, à referida Casa Legislativa. Entendeu-se que o dispositivo impugnado ofende, em princípio, o que disposto no art. 94, parágrafo único, da CF, que estabelece que, recebidas as indicações feitas, quer pela Ordem dos Advogados do Brasil, quer pelo Ministério Público, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Considerou-se que o trato da matéria pela Carta da República não abre margem à estipulação de formalidade além das estabelecidas, e que, ante a previsão exaustiva do aludido art. 94, não há como se cogitar de adoção do princípio versado no art. 52 do mesmo diploma quanto à aprovação de nomes para preenchimento de cargos, muito menos presente a iniciativa da própria Assembléia Legislativa. Precedente citado: ADI 202/BA (DJU de 7.3.97). ADI 4150/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 8.10.2008. (ADI-4150)

Cálculo do Valor Adicionado e Reserva de Lei ComplementarO Tribunal iniciou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República contra a Lei 13.249/2004, do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre o cálculo do valor adicionado, para fins de partilha do produto arrecadado com a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, relativo à energia elétrica. O Min. Joaquim Barbosa, relator, na linha de precedentes da Corte [(RE 253906/MG (DJU de 18.2.2005); ADI 3262/MT (DJU de 4.3.2005); ADI 2728/AM (DJU de 2.2.2004); ADI 1423/SP (DJU de 8.6.2007)], julgou procedente o pedido formulado por entender caracterizada a ofensa ao art. 161, I, da CF, que reserva à lei complementar a definição do valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I, da CF. Asseverou que a lei impugnada opta por metodologia e critérios próprios para a repartição das receitas previstas no art. 158, IV, e parágrafo único, I, da CF (“Art. 158.... IV... parágrafo único... I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;”), critérios esses que se manifestam na fórmula que determina o cálculo do valor adicionado na operação de geração e distribuição de energia elétrica com base em frações diferenciadas, relativas à proporção de extensão territorial em que se encontram dois tipos de instalações de uma mesma usina hidrelétrica: o reservatório de água e as demais instalações. Após os votos dos Ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso e Ellen Gracie, que acompanhavam o voto do relator, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio. ADI 3726/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 8.10.2008. (ADI-3726)

Ampliação de Mandatos e Vício MaterialO Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta proposta pelo Partido da Frente Liberal - PFL (atual Democratas) para declarar a inconstitucionalidade da expressão “e em 15 (quinze) de fevereiro para a posse”, contida no § 4º do art. 30 da Constituição do Estado de Roraima, na redação dada pela EC 16/2005, que altera a data da posse dos deputados estaduais eleitos em 1º.10.2006 — v. Informativo 452. Entendeu-se que o dispositivo impugnado ofende o § 1º do art. 27 da CF, que estabelece ser de 4 anos o mandato dos deputados estaduais, haja vista que amplia, por mais 46 dias, o tempo de duração dos mandatos dos parlamentares estaduais da legislatura de 2003 a 2006. Precedente citado: ADI 1162/SP (DJU de 15.9.95). ADI 3825/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.10.2008. (ADI-3825)

Art. 999, § 1º, do CPC: Citação por Edital e Domicílio em Comarca DiversaO Tribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, e declarou a constitucionalidade do art. 999, § 1º, do CPC [“Art. 999. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixou testamento. § 1º Citar-se-ão, conforme o disposto nos arts. 224 a 230, somente as pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário ou que aí foram encontradas; e por edital, com o prazo de 20 (vinte) a 60 (sessenta) dias, todas as demais, residentes, assim no Brasil como no estrangeiro.”]. O acórdão recorrido reputara válida a citação, por edital, de herdeiro e de seu cônjuge domiciliados em comarca diversa daquela em que processado o inventário. Os recorrentes alegavam que não deveriam ter sido citados por esse modo, haja vista possuírem endereço certo, e sustentavam ofensa aos princípios da isonomia, da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal no reconhecimento da constitucionalidade do referido dispositivo — v. Informativo 521. Salientando tratar-se de dispositivo vetusto, que já constava do Código de Processo Civil anterior, entendeu-se que a citação por edital em processo de inventário seria perfeitamente factível, até mesmo para se acelerar a prestação jurisdicional. Ressaltou-se, também, que qualquer irregularidade poderia ser enfrentada nas instâncias ordinárias. Vencido o Min. Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso e assentava a inconstitucionalidade do art. 999, § 1º, do CPC, ao fundamento de que o inventário se processa sob o ângulo da jurisdição voluntária, mas, a partir do momento em que a legislação indica o necessário conhecimento de herdeiros, sabendo-se quem eles são e onde estão, a ciência não poderia ser ficta, e sim realizada por meio de carta precatória, sob pena de se colocar em segundo plano a regra segundo a qual se deve, tanto quanto possível, promover a ciência de fato quanto ao curso do processo de inventário. Vencido, também, o Min. Celso de Mello, que acompanhava a divergência, e afirmava que a citação ficta, mediante edital, teria caráter excepcional e não viabilizaria o exercício pleno do direito ao contraditório. RE 552598/RN, rel. Min. Menezes Direito, 8.10.2008. (RE-552598)

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Tempestividade de Recurso e Momento de ComprovaçãoIncumbe ao recorrente, no momento da interposição do recurso, o ônus da apresentação de elementos suficientes, incontestáveis, que demonstrem sua tempestividade, sendo impossível fazê-lo quando os autos já se encontrarem neste Tribunal. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, desproveu agravo regimental interposto contra decisão que negara seguimento a recurso extraordinário em face de sua extemporaneidade. Sustentava-se, na espécie, a tempestividade do recurso extraordinário sob a alegação de que, em virtude do feriado de carnaval (quarta-feira de cinzas), não houvera expediente no tribunal de origem, sendo o termo final do prazo prorrogado para o primeiro dia útil subseqüente, data em que protocolizada a petição. Aduzia, ainda, o agravante que não juntara a resolução que “regulamentou” o aludido feriado local, quando da interposição do recurso, haja vista que publicada somente na própria terça-feira de carnaval — v. Informativo 504. Asseverou-se que saber se o recurso extraordinário é tempestivo constitui preliminar não só ao exame do mérito, mas dos próprios pressupostos específicos para o processamento ou não do extraordinário, e que os fundamentos usados no juízo de admissibilidade pelo tribunal a quo não vinculam o STF. Considerou-se, também, o que disposto no art. 115 do RISTF, no sentido de que, nos recursos interpostos em instância inferior, não será admitida a juntada de documentos desde que recebidos os autos no Tribunal, salvo no que tange à comprovação da existência de textos legais ou precedentes judiciais, desde que estes últimos não se destinem a suprir, tardiamente, pressuposto recursal não observado. Afirmou-se, por fim, que, tratando-se de feriado local, cabia ao recorrente solicitar à secretaria do Tribunal a quo que certificasse nos autos a ausência de expediente, do que resultaria justificada a contagem do prazo processual e a tempestividade do recurso. Vencidos os Ministros Cezar Peluso, Carlos Britto e Marco Aurélio que, tendo em conta que seria fato indiscutível a tempestividade do recurso, proviam o regimental, ressaltando, ademais, ter de se considerar que o tribunal a quo sinalizara essa tempestividade quando do juízo provisório de admissibilidade, e que o recorrente, inclusive, fizera menção do feriado nas suas razões. O Min. Cezar Peluso aduziu, ainda, que, não tendo o recurso passado pelo juízo definitivo de admissibilidade do tribunal ad quem, estaria sempre oportuna a prova de sua regularidade. Alguns precedentes citados: RE 452780/MG (DJU de 18.6.2006); AI 413956 AgR/SP (DJU de 3.9.2004); RE 148835 AgR/MG (DJU de 7.11.97); AI 288066 AgR/MG (DJU de 30.3.2001); AI 526479/AL (DJU de 6.10.2006). RE 536881 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 8.10.2008. (RE-536881)

Extradição Supletiva e Princípio da EspecialidadeO princípio da especialidade (Lei 6.815/80, art. 91, I) não impede que o Estado requerente de extradição já concedida solicite sua extensão para abranger delito diverso, anteriormente cometido, mas só apurado em data ulterior pela justiça estrangeira. Com base nessa orientação, o Tribunal deferiu pedido de extensão em extradição de nacional holandês, requerida pelo Governo do Reino dos Países Baixos, para que ele possa ser processado pela prática de crimes sexuais, perpetrados em período anterior ao deferimento do pleito extradicional. Considerou-se estar o pedido adicional formalizado com os documentos relacionados no art. 80 da Lei 6.815/80, bem como se assentou a não ocorrência, na espécie, da prescrição dos delitos imputados ao requerido, os quais encontrariam correspondência com os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, previstos no Código Penal pátrio (Lei 6.815/80: “Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso: I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido;”). Ext 1052 Extensão/Reino dos Países Baixos, rel. Min. Eros Grau, 9.10.2008. (Ext-1052)

Peculato-Desvio: Secretária Parlamentar e Prestação de Serviços ParticularesO Tribunal, por maioria, recebeu denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra Deputado Federal, em que se lhe imputa a prática do crime previsto no art. 312 do CP, na modalidade de peculato-desvio, em razão de ter supostamente desviado valores do erário, ao indicar e admitir determinada pessoa como secretária parlamentar, quando de fato essa pessoa continuava a trabalhar para a sociedade empresária de titularidade do denunciado. Inicialmente, rejeitou-se a argüição de atipicidade da conduta, por se entender equivocado o raciocínio segundo o qual seria a prestação de serviço o objeto material da conduta do denunciado. Asseverou-se que o objeto material da conduta narrada foram os valores pecuniários (dinheiro referente à remuneração de pessoa como assessora parlamentar). No mais, considerou-se que os requisitos do art. 41 do CPP teriam sido devidamente preenchidos, havendo justa causa para a deflagração da ação penal, inexistindo qualquer uma das hipóteses que autorizariam a rejeição da denúncia (CPP, art. 43, hoje art. 395, na redação da lei). Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, que rejeitavam a denúncia por reputar atípica a conduta imputada ao denunciado. Inq 1926/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 9.10.2008. (Inq-1926)

REPERCUSSÃO GERALCobrança de Pulsos além da Franquia: Detalhamento de Ligações e Competência - 1

O Tribunal negou provimento a recurso extraordinário interposto contra decisão de Turma Recursal Cível e

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Criminal do Estado da Bahia que reputara indevida a cobrança de pulsos além da franquia. Inicialmente, o Tribunal afastou a alegação de que, ante a necessidade da inclusão da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, na lide, seria da Justiça Federal a competência para julgar o feito, nos termos do art. 109, I, da CF. Salientando a ausência de manifestação expressa de interesse jurídico ou econômico pela ANATEL, entendeu-se que a competência seria da Justiça estadual. Esclareceu-se que a situação não configuraria hipótese de litisconsórcio passivo necessário a justificar a inclusão da ANATEL no pólo passivo, haja vista que este é estabelecido pela natureza da relação jurídica ou por determinação legal, sendo insuficiente que a decisão a ser proferida no processo possa produzir efeitos sobre esfera jurídica de terceiro. Asseverou-se que a eficácia natural das sentenças, como regra, alcança terceiros, sem que esta circunstância obrigue a respectiva inclusão no processo. Aduziu-se tanto inexistir expressa previsão legal a obrigar a formação de litisconsórcio no caso presente quanto não resultar a pretendida obrigatoriedade do litisconsórcio da natureza da relação jurídica. Apontou-se que, nos autos, é discutida a relação entre o consumidor do serviço de telefonia e a concessionária, ou seja, se há possibilidade da cobrança dos chamados pulsos referentes a ligações locais além da franquia, não sendo a ANATEL, portanto, parte na relação de consumo. Realçou-se que, ainda que o acolhimento do pleito do autor, ora recorrido, possa repercutir, em tese, jurídica ou economicamente, na relação mantida entre a concessionária e a ANATEL — contrato de concessão, a exigir eventual ajuste nas bases da própria concessão —, essa repercussão não decorre diretamente do resultado individual da presente lide, nem o consumidor mantém relação jurídica com a ANATEL, não sendo, ademais, da natureza da relação de consumo a participação direta de um ente fiscalizatório e normatizador. RE 571572/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.10.2008. (RE-571572)

Cobrança de Pulsos além da Franquia: Detalhamento de Ligações e Competência - 2Em seguida, rejeitou-se a assertiva de que a tramitação do processo em Juizado Especial Estadual implicaria afronta ao disposto no art. 98, I, e no art. 5º, II, LIV e LV, da CF, porque a complexidade da demanda e a necessidade de dilação probatória firmariam a competência da Justiça Comum. Aduziu-se que a definição da lide não passa por dilação probatória complexa, nem pela produção de prova pericial, bastando a análise dos documentos e sua confrontação com as normas jurídicas aplicáveis. Além disso, a verificação da possibilidade da cobrança de pulsos além da franquia, sem a devida discriminação das ligações realizadas, constitui matéria exclusivamente de direito e está, portanto, no âmbito de competência dos Juizados Especiais (CF, art. 98, I), não se podendo falar, por conseguinte, em violação aos princípios do devido processo legal, ampla defesa, contraditório e legalidade, cuja incidência, para o deslinde da causa, seria reflexa. Por fim, quanto à matéria de fundo, o Tribunal não conheceu do recurso no que se refere à alegação de ofensa ao art. 37, XXI, da CF, por considerar que o tema de fundo é infraconstitucional, porquanto as normas legais de direito do consumidor é que orientam o resultado da demanda. Observou-se que, ainda que a causa tangencie aspectos quanto à aplicação do art. 37, XXI, da CF (manutenção das condições contratuais), ou mesmo direito fundamental do consumidor, de forma ampla ou indireta, o debate pressupõe e está centrado na análise do cumprimento de regras da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). Vencido, neste ponto, o Min. Marco Aurélio, que reputava não se estar diante da disciplina de tema que seria estritamente legal, mas que teria raiz básica na Constituição Federal no que se diz que a decisão de origem não teria ficado limitada à proteção querida pela Carta de 1988 ao consumidor. RE 571572/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.10.2008. (RE-571582)

PRIMEIRA TURMATribunal de Contas Estadual e Controle Prévio de Licitações

A Turma proveu recurso extraordinário para conceder a segurança impetrada em favor de servidor público condenado, por Tribunal de Contas estadual, ao pagamento de multa pelo não envio automático de cópia de edital de concorrência para controle prévio perante aquela Corte. Asseverou-se que, no caso, discutia-se o avanço de Resolução editada pelo recorrido sobre disciplina federal relativa ao tema, que autoriza o controle prévio quando houver solicitação do Tribunal de Contas para a remessa de cópia do edital de licitação já publicado (Lei 8.666/93, art. 113, § 2º). Enfatizou-se a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação (CF, art. 22, XXVII) e o fato de a Lei de Licitações não impor o mencionado controle prévio sem que exista solicitação para a remessa do edital antes de realizada a licitação. Considerou-se incabível, tanto do ponto de vista lógico quanto do ponto de vista formal, que os Poderes Executivo e Judiciário, em cada processo de licitação, sejam obrigados a encaminhar, previamente, ao Tribunal de Contas estadual os editais de licitação, bem como ficar aguardando a aprovação, ou não, da legalidade do certame. Dessa forma, concluiu-se que a exigência feita

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por atos normativos do recorrido sobre a remessa prévia do edital, sem qualquer solicitação, invadiria a competência legislativa distribuída pela Constituição, já exercida pela Lei 8.666/93, que não contém essa determinação. Em conseqüência, reputou-se que a penalidade imposta ao recorrente careceria de fundamento legal. A Min. Cármen Lúcia, embora ressaltando não ver inconstitucionalidade em leis estaduais que estabeleçam, por lei específica, essa obrigatoriedade, acompanhou o relator na conclusão, ao entendimento de que, na espécie, ante a falta de norma estadual dispondo sobre tal imposição, não haveria como se criar, por Resolução, cominações no sentido de se multar alguém por ter descumprido o que não era compelido a fazer. RE 547063/RJ, rel. Min. Menezes Direito, 7.10.2008. (RE-547063)

SEGUNDA TURMATráfico de Drogas e Combinação de Leis Incriminadoras

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que condenado por tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 6.368/76, art. 12, c/c art. 29 do CP) propugna pela aplicação da causa de diminuição de pena prevista pelo art. 33, § 4º, da nova Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), lei esta já em vigor à época da prolação da sentença condenatória. Alega que o STJ concedera parcialmente a ordem, mas equivocara-se ao determinar que a redução pretendida fosse efetivada sobre o caput do art. 33 da Lei 11.343/2006, cuja pena mínima é de 5 anos, uma vez que o réu fora condenado à pena mínima prevista no caput do art. 12 da antiga Lei de Drogas (Lei 6.368/76), que é de 3 anos, portanto mais benéfica. A Min. Ellen Gracie, relatora, indeferiu a ordem, afirmando que a questão de direito central no writ diz respeito à possibilidade de combinação de normas incriminadoras relativas ao tráfico ilícito de entorpecentes. Lembrou que o STF tem orientação consolidada no sentido de que não é possível a combinação de leis no tempo, uma vez que, agindo assim, estaria criando uma terceira lei (lex tertia). Nesse diapasão, a relatora assentou entendimento de que extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro preceito de outro diploma legal, implica alterar por completo o seu espírito normativo, criando um conteúdo diverso do previamente estabelecido pelo legislador. Destarte, concluiu não haver razão para consideração de terceira regra (diferente dos sistemas jurídicos das Leis 6.368/76 e 11.343/2006) relativamente à situação individual do paciente. Após, o julgamento foi suspenso em virtude de pedido de vista formulado pelo Ministro Cezar Peluso. Precedente citado: HC 68416/DF (DJU de 30.10.92). HC 95435/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 7.10.2008. (HC- 95435)

HC contra Ato de Membro do MPF e CompetênciaCompete ao TRF, com fundamento no art. 108, I, a, da CF, processar e julgar, originariamente, habeas corpus contra ato de membro do Ministério Público Federal – MPF com atuação na primeira instância (“Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;”). Com base nesse entendimento, a Turma deu provimento a recurso extraordinário em que se questionava a competência para apreciar writ impetrado contra ato de Procurador da República que requisitara a instalação de inquérito policial para apurar suposta prática de crime previsto no art. 22 da Lei 7.492/86. RE provido a fim de determinar o retorno dos autos ao TRF da 3ª Região, para processamento e julgamento do habeas corpus. RE 377356/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 7.10.2008. (RE-377356)

Aposentadoria: Contribuição Previdenciária e Restituição de ValoresA Turma deu provimento a recurso extraordinário para julgar procedente pleito de ressarcimento dos valores indevidamente recolhidos à Previdência Social pelo recorrente. No caso, o acórdão impugnado, ao fundamento de se tratar de relação jurídica tributária, indeferira a pretensão de restituição de valores descontados a título previdenciário durante o período situado entre o pedido de averbação do tempo de serviço prestado sob regime insalubre, constatado judicialmente, e a data de aposentação do ora recorrente, ocorrida desconsiderando-se seu regime especial de trabalho. Tendo em conta o reconhecimento em juízo de que o servidor efetivamente cumprira os requisitos para a aposentadoria quando a requereu, entendeu-se que ele teria jus à restituição do que pagara no período trabalhado além da data em que completara os requisitos para sua aposentadoria, nos termos do art. 8º, § 5º, da EC 20/98 (“§ 5º - O servidor de que trata este artigo, que, após completar as exigências para aposentadoria estabelecidas no “caput”, permanecer em atividade, fará jus à isenção da contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria contidas no art. 40, § 1º, III, “a”, da Constituição Federal”), dispositivo este posteriormente revogado pela EC 41/2003. RE 568377/RS, rel. Min. Eros Grau, 7.10.2008. (RE- 568377)

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REPERCUSSÃO  GERAL

DJE de 10 de outubro de 2008

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 587.008-SPRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOTRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10/96. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisões Publicadas: 1

CLIPPING  DO  DJ

10 de outubro de 2008

MED. CAUT. EM AÇÃO CAUTELAR N. 1.620-7-SPRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: CONFLITO FEDERATIVO. FINANCEIRO. INSCRIÇÃO DE ESTADO-MEMBRO NO CADASTRO INFORMATIVO DE CRÉDITOS NÃO-QUITADOS DO SETOR PÚBLICO FEDERAL (CADIN). EXISTÊNCIA DE DISCUSSÃO JUDICIAL ACERCA DA VALIDADE DOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS LANÇADOS E QUE JUSTIFICARAM A CONSTRIÇÃO.AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA. MEDIDA LIMINAR CONCEDIDA PELO MINISTRO-RELATOR. REFERENDO.Medida liminar concedida, para suspender os registros de inadimplência da requerente no CADIN, relativos aos créditos tributários constituídos nas NFLDs pertinentes, e para suspender as restrições postas pelo registro do inadimplemento de créditos tributários, cuja validade se discute judicialmente, à obtenção de Certidão Positiva de Débitos Tributários com Efeitos de Negativa (CP-EN, art. 206 do Código Tributário Nacional). Precedentes.Medida liminar referendada.

ADI N. 2.006-DFRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. QUESTÃO DE ORDEM. ARTIGO 3º, § 4º, DA LEI N. 9.137/96. IMPOSSIBILIDADE DE PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO DIRETA. PREJUDICIALIDADE. REVOGAÇÃO DO ATO NORMATIVO IMPUGNADO POR LEI POSTERIOR. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO DA AÇÃO.1. A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, nos termos do disposto no artigo 89, revogou expressamente, a partir de 1º de julho de 2007, a Lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996.2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a revogação do ato normativo impugnado por outro ato superveniente prejudica a análise da ação direta. Precedentes.3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada prejudicada.*noticiado no Informativo 489

MED. CAUT. EM ADI N. 3.937-SPRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOCOMPETÊNCIA NORMATIVA - COMÉRCIO. Na dicção da ilustrada maioria, em relação à qual guardo reservas, não há relevância em pedido de concessão de liminar, formulado em ação direta de inconstitucionalidade, visando à suspensão de lei local vedadora do comércio de certo produto, em que pese à existência de legislação federal viabilizando-o.*noticiado no Informativo 509

MS N. 26.210-DFRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

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EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE RETORNAR AO PAÍS APÓS TÉRMINO DA CONCESSÃO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.I - O beneficiário de bolsa de estudos no exterior patrocinada pelo Poder Público, não pode alegar desconhecimento de obrigação constante no contrato por ele subscrito e nas normas do órgão provedor.II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau.III - Incidência, na espécie, do disposto no art. 37, § 5º, da Constituição Federal, no tocante à alegada prescrição.IV - Segurança denegada.*noticiado no Informativo 518.

REFERENDO EM MED. CAUT. EM MS N. 27.483-DFRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTAS: 1. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. Interceptação telefônica. Sigilo judicial. Segredo de justiça. Quebra. Impossibilidade jurídica. Requisição de cópias das ordens judiciais e dos mandados. Liminar concedida. Admissibilidade de submissão da liminar ao Plenário, pelo Relator, para referendo. Precedentes (MS nº 24.832-MC, MS nº 26.307-MS e MS nº 26.900-MC). Voto vencido. Pode o Relator de mandado de segurança submeter ao Plenário, para efeito de referendo, a liminar que haja deferido.2. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - CPI. Prova. Interceptação telefônica. Decisão judicial. Sigilo judicial. Segredo de justiça. Quebra. Requisição, às operadoras, de cópias das ordens judiciais e dos mandados de interceptação. Inadmissibilidade. Poder que não tem caráter instrutório ou de investigação. Competência exclusiva do juízo que ordenou o sigilo. Aparência de ofensa a direito líquido e certo. Liminar concedida e referendada. Voto vencido. Inteligência dos arts. 5º, X e LX, e 58, § 3º, da CF, art. 325 do CP, e art. 10, cc. art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Comissão Parlamentar de Inquérito não tem poder jurídico de, mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias de decisão nem de mandado judicial de interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça. Este é oponível a Comissão Parlamentar de Inquérito, representando expressiva limitação aos seus poderes constitucionais.*noticiado no Informativo 515

Rcl N. 4.963-MGRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: RECLAMAÇÃO. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO. MESMOS FATOS INVESTIGADOS EM INQUÉRITO QUE TRAMITA NO STF. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. INOCORRÊNCIA DAS HIPÓTESES PREVISTAS NO REGIMENTO INTERNO DO STF. RECLAMAÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.1. Inquérito Civil Público instaurado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais que pretende apurar eventual dano ao erário estadual, relacionado a atividades de empresas e pessoas detentoras de contrato com o Governo Estadual.2. A afirmação de que o Ministério Público do Estado de Minas Gerais estaria investigando os mesmos fatos apurados em inquérito que tramita neste Tribunal não tem procedência. A investigação do Ministério Público estadual não possui natureza criminal, nem envolve Senador da República ou outra autoridade detentora de foro por prerrogativa de função.3. Reclamação julgada improcedente.

Rcl N. 5.264-DFRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: RECLAMAÇÃO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES - ANATEL. CONTRATO TEMPORÁRIO. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. DESCUMPRIMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 3.395. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1. Os contratos firmados entre a Anatel e os Interessados têm natureza jurídico-temporária e submete-se ao regime jurídico-administrativo, nos moldes do inc. XXIII do art. 19 da Lei n. 9.472/97 e do inciso IX do art. 37 da Constituição da República.2. Incompetência da Justiça Trabalhista para o processamento e o julgamento das causas que envolvam o Poder Público e servidores que sejam vinculados a ele por relação jurídico-administrativa. Precedentes.3. Reclamação julgada procedente.

QUEST. ORD. EM RE N. 553.546-PRRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: RECURSO. Extraordinário. Previdência social. Benefício previdenciário de prestação continuada. Art. 203, V, da CF/88. Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso interposto contra acórdão publicado antes de 03.05.2007. Irrelevância. Devolução dos autos ao Tribunal de origem. Aplicação do art. 543-B do CPC. Precedente (AI nº 715.423-RS-QO, Rel. Min. ELLEN GRACIE, e RE n°

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540.410-QO-RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO, j. 20/08/2008). Aplica-se o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil aos recursos cujo tema constitucional apresente repercussão geral reconhecida pelo Plenário, ainda que interpostos contra acórdãos publicados antes de 3 de maio de 2007.

HC N. 94.649-RJRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. PACIENTE DENUNCIADO PELA INFRAÇÃO DO ART. 290 DO CÓDIGO PENAL MILITAR. ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FAVORÁVEIS À TESE DA IMPETRAÇÃO: NÃO APLICAÇÃO À ESPÉCIE VERTENTE. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. HABEAS CORPUS INDEFERIDO.1. A existência de decisão neste Supremo Tribunal no sentido pretendido pela Impetrante, inclusive admitindo a incidência do princípio da insignificância à justiça castrense, “a despeito do princípio da especialidade e em consideração ao princípio maior da dignidade humana” (Habeas Corpus n. 92.961, Rel. Ministro Eros Grau, DJ 21.2.2008), não é bastante a demonstrar como legítima sua pretensão.2. Nas circunstâncias do caso, o fato não é penalmente irrelevante, pois a droga apreendida, além de ter sido encomendada por outra pessoa, seria suficiente para o consumo de duas pessoas, o que configuraria, minimamente, a periculosidade social da ação do Paciente.3. A jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal é no sentido de reverenciar a especialidade da legislação penal militar e da justiça castrense, sem a submissão à legislação penal comum do crime militar devidamente caracterizado.4. Habeas corpus indeferido.*noticiado no Informativo 515

HC N. 94.579-RSRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOHabeas corpus. Penal. Aplicação da pena. Circunstância atenuante. Impossibilidade de fixação da pena abaixo do mínimo legal. Impossibilidade. Precedentes.1. Como assentado em precedentes da Suprema Corte, a presença de atenuantes não pode levar a pena a ficar abaixo do mínimo, e a de agravantes também não pode levar a pena a ficar acima do máximo previsto no tipo penal básico ou qualificado.2. Habeas corpus denegado.

HC N. 94.655-MSRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. MAJORAÇÃO DA PENA-BASE. INVOCAÇÃO DA ESPÉCIE DE DROGA APREENDIDA, QUE TERIA MAIOR POTENCIAL LESIVO À SAÚDE PÚBLICA DO QUE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS TAMBÉM CAPAZES DE CONFIGURAR O CRIME DE TRÁFICO. VIABILIDADE, DESDE QUE A ESPÉCIE DE DROGA SEJA CONJUGADA COM OUTROS ELEMENTOS. AUSÊNCIA DE DESPROPORCIONALIDADE OU DESARRAZOABILIDADE DA PENA APLICADA. REDUÇÃO DA PENA INVIÁVEL NA VIA ESTREITA DO HABEAS CORPUS. ORDEM DENEGADA.1. Ao fixar a pena dentre os limites mínimo e máximo estabelecidos no preceito secundário do tipo do tráfico, pode o Juiz majorar a pena a partir da conjugação da espécie de substância apreendida com outros elementos, como a quantidade ou mesmo a qualidade do entorpecente apreendido.2. Não se presta o habeas corpus para realizar novo juízo de reprovabilidade, ponderando, em concreto, qual seria a pena adequada ao fato pelo qual condenado o Paciente: Precedentes.3. Ordem denegada.*noticiado no Informativo 516

Acórdãos Publicados: 544

TRANSCRIÇÕESCom a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento do

Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Presunção de Inocência - Direito de Não Produzir Provas contra si Próprio (Transcrições)

HC 96219 MC/SP*RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

EMENTA: PRISÃO CAUTELAR. INCONSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS EM QUE SE APÓIA A DECISÃO QUE A

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DECRETOU: GRAVIDADE OBJETIVA DO CRIME, NÃO-VINCULAÇÃO DO RÉU AO DISTRITO DA CULPA E RECUSA DO ACUSADO EM APRESENTAR A SUA VERSÃO PARA OS FATOS DELITUOSOS. INCOMPATIBILIDADE DESSES FUNDAMENTOS COM OS CRITÉRIOS FIRMADOS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL. DIREITO DO INDICIADO/RÉU DE NÃO SER CONSTRANGIDO A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI PRÓPRIO. DECISÃO QUE, AO DESRESPEITAR ESSA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL, DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA DO ACUSADO. INADMISSIBILIDADE. NATUREZA JURÍDICA E FUNÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR. DOUTRINA. PRECEDENTES. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.- A privação cautelar da liberdade individual – qualquer que seja a modalidade autorizada pelo ordenamento positivo (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia e prisão resultante de condenação penal recorrível) – não se destina a infligir punição antecipada à pessoa contra quem essa medida excepcional é decretada ou efetivada. É que a idéia de sanção é absolutamente estranha à prisão cautelar (“carcer ad custodiam”), que não se confunde com a prisão penal (“carcer ad poenam”). Doutrina. Precedentes.- A utilização da prisão cautelar com fins punitivos traduz deformação desse instituto de direito processual, eis que o desvio arbitrário de sua finalidade importa em manifesta ofensa às garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal. Precedentes.- A gravidade em abstrato do crime não basta, por si só, para justificar a privação cautelar da liberdade individual do suposto autor do fato delituoso.O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta a legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes.- A ausência de vinculação do indiciado ou do réu ao distrito da culpa não constitui, só por si, motivo autorizador da decretação da sua prisão cautelar. Precedentes.- A recusa em responder ao interrogatório policial e/ou judicial e a falta de cooperação do indiciado ou do réu com as autoridades que o investigam ou que o processam traduzem comportamentos que são inteiramente legitimados pelo princípio constitucional que protege qualquer pessoa contra a auto-incriminação, especialmente aquela exposta a atos de persecução penal.- O Estado - que não tem o direito de tratar suspeitos, indiciados ou réus como se culpados fossem (RTJ 176/805-806) - também não pode constrangê-los a produzir provas contra si próprios (RTJ 141/512).Aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas básicas, o direito (a) de permanecer em silêncio, (b) de não ser compelido a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c) de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada do evento delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de padrões vocais, para efeito de perícia criminal. Precedentes.- O exercício do direito contra a auto-incriminação, além de inteiramente oponível a qualquer autoridade ou agente do Estado, não legitima, por efeito de sua natureza constitucional, a adoção de medidas que afetem ou restrinjam a esfera jurídica daquele contra quem se instaurou a “persecutio criminis”. Medida cautelar deferida.DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida liminar, impetrado contra decisão emanada de eminente Ministra do E. Superior Tribunal de Justiça, que, em sede de idêntico processo, não conheceu do “writ” constitucional requerido em favor do ora paciente (HC 115.202/SP).Passo a apreciar o pedido de medida liminar ora formulado pela parte impetrante. E, ao fazê-lo, entendo plausível, em sede de estrita delibação, a pretensão jurídica deduzida na presente causa.Os fundamentos em que se apóia a presente impetração revestem-se de inquestionável relevo jurídico, especialmente se se examinar o conteúdo da decisão que decretou a prisão preventiva do ora paciente, confrontando-se, para esse efeito, as razões que lhe deram suporte com os padrões que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou na matéria em análise.Eis, no ponto, o teor da decisão, que, emanada de magistrada de primeira instância, motivou as sucessivas impetrações de “habeas corpus” em favor do ora paciente (Apenso, fls. 51/51v.):“Vistos.Recebo a denúncia apresentada pelo MP, pois presentes os requisitos legais.Fls. 179, item 02: defiro. Providencie a D. Serventia.Respondem os acusados por crimes gravíssimos, hediondos. Demonstram, com suas condutas, periculosidade.Não bastasse, demonstraram total ausência de vinculação ao distrito da culpa, pois desapareceram sem deixar vestígios, sequer seus familiares sabem de seus paradeiros.Ademais, deixaram claro que não pretendem colaborar com a aplicação da lei penal, pois sequer apresentaram suas versões para os fatos.Decreto, pois, a prisão preventiva de Adão Ramos da Cruz, Wellington Silva Ramos da Cruz e Robson Ramos da Cruz.Expeçam-se mandados de prisão.Para a oitiva dos réus em interrogatório, designo o dia 10 de abril de 2008, às 13:00 hrs. Citem-se e

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intimem-se, com as advertências legais.” (grifei)Tenho para mim que a decisão em causa, ao decretar a prisão preventiva do ora paciente, nos termos em que o fez, apoiou-se em elementos insuficientes, destituídos de base empírica idônea, revelando-se, por isso mesmo, desprovida de necessária fundamentação substancial.O exame do ato decisório em questão permite assim resumir, em seus aspectos essenciais, os fundamentos em que se sustenta a prisão cautelar ora questionada: (a) gravidade do crime, (b) não-vinculação do paciente ao distrito da culpa e (c) recusa em colaborar com o juízo processante, especialmente porque o paciente sequer apresentou sua versão para os fatos.É inquestionável que a antecipação cautelar da prisão - qualquer que seja a modalidade autorizada pelo ordenamento positivo (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente da decisão de pronúncia e prisão resultante de sentença penal condenatória recorrível) - não se revela incompatível com o princípio constitucional da presunção de inocência (RTJ 133/280 – RTJ 138/216 - RTJ 142/855 - RTJ 142/878 - RTJ 148/429 - HC 68.726/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, v.g.).Impõe-se advertir, no entanto, que a prisão cautelar (“carcer ad custodiam”) - que não se confunde com a prisão penal (“carcer ad poenam”) - não objetiva infligir punição à pessoa que sofre a sua decretação. Não traduz, a prisão cautelar, em face da estrita finalidade a que se destina, qualquer idéia de sanção. Constitui, ao contrário, instrumento destinado a atuar “em benefício da atividade desenvolvida no processo penal” (BASILEU GARCIA, “Comentários ao Código de Processo Penal”, vol. III/7, item n. 1, 1945, Forense), tal como esta Suprema Corte tem proclamado:“A PRISÃO PREVENTIVA - ENQUANTO MEDIDA DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO TEM POR OBJETIVO INFLIGIR PUNIÇÃO ANTECIPADA AO INDICIADO OU AO RÉU.- A prisão preventiva não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público, como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a prática do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com condenações sem defesa prévia.A prisão preventiva - que não deve ser confundida com a prisão penal - não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no processo penal.”(RTJ 180/262-264, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Daí a clara advertência do Supremo Tribunal Federal, que tem sido reiterada em diversos julgados, no sentido de que se revela absolutamente inconstitucional a utilização, com fins punitivos, da prisão cautelar, pois esta não se destina a punir o indiciado ou o réu, sob pena de manifesta ofensa às garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal, com a conseqüente (e inadmissível) prevalência da idéia – tão cara aos regimes autocráticos – de supressão da liberdade individual, em um contexto de julgamento sem defesa e de condenação sem processo (HC 93.883/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).Isso significa, portanto, que o instituto da prisão cautelar - considerada a função exclusivamente processual que lhe é inerente - não pode ser utilizado com o objetivo de promover a antecipação satisfativa da pretensão punitiva do Estado, pois, se assim fosse lícito entender, subverter-se-ia a finalidade da prisão preventiva, daí resultando grave comprometimento ao princípio da liberdade (HC 89.501/GO, Rel. Min. CELSO DE MELLO).É por isso que esta Suprema Corte tem censurado decisões que fundamentam a privação cautelar da liberdade na gravidade objetiva do delito ou, então, no reconhecimento de fatos que se subsumem à própria descrição abstrata dos elementos que compõem a estrutura jurídica do tipo penal:“(...) PRISÃO PREVENTIVA - NÚCLEOS DA TIPOLOGIA - IMPROPRIEDADE. Os elementos próprios à tipologia bem como as circunstâncias da prática delituosa não são suficientes a respaldar a prisão preventiva, sob pena de, em última análise, antecipar-se o cumprimento de pena ainda não imposta (...).”(HC 83.943/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - grifei)Essa asserção permite compreender o rigor com que o Supremo Tribunal Federal tem examinado a utilização, por magistrados e Tribunais, do instituto da tutela cautelar penal, em ordem a impedir a subsistência dessa excepcional medida privativa da liberdade, quando inocorrente hipótese que possa justificá-la:“Não serve a prisão preventiva, nem a Constituição permitiria que para isso fosse utilizada, a punir sem processo, em atenção à gravidade do crime imputado, do qual (...) ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória’ (CF, art. 5º, LVII).O processo penal, enquanto corre, destina-se a   apurar uma responsabilidade penal; jamais a antecipar-lhe as conseqüências.Por tudo isso, é incontornável a exigência de que a fundamentação da prisão processual seja adequada à demonstração da sua necessidade, enquanto medida cautelar, o que (...) não pode reduzir-se ao mero apelo à gravidade objetiva do fato (...).”(RTJ 137/287, 295, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei)Entendo, por tal razão, que os fundamentos subjacentes ao ato decisório emanado da ilustre magistrada de primeira instância, que decretou a prisão cautelar do ora paciente, conflitam com os estritos critérios que a

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jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consagrou nessa matéria.Inquestionável, desse modo, que a gravidade em abstrato do crime não basta, por si só, para justificar a privação cautelar da liberdade individual do paciente.O Supremo Tribunal Federal tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância apta, só por si, para legitimar a prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado.Esse entendimento vem sendo observado em sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Corte, ainda que o delito imputado ao réu seja legalmente classificado como crime hediondo (RTJ 172/184, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RTJ 182/601-602, Rel. p/ o acórdão Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - HC 89.503/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO - RHC 71.954/PA, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.):“A gravidade do crime imputado, um dos malsinados ‘crimes hediondos’ (Lei 8.072/90), não basta à justificação da prisão preventiva, que tem natureza cautelar, no interesse do desenvolvimento e do resultado do processo, e só se legitima quando a tanto se mostrar necessária: não serve a prisão preventiva, nem a Constituição permitiria que para isso fosse utilizada, a punir sem processo, em atenção à gravidade do crime imputado, do qual, entretanto, ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória’ (CF, art. 5º, LVII).”(RTJ 137/287, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei)“A ACUSAÇÃO PENAL POR CRIME HEDIONDO NÃO JUSTIFICA A PRIVAÇÃO ARBITRÁRIA DA LIBERDADE DO RÉU.- A prerrogativa jurídica da liberdade - que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida por atos arbitrários do Poder Público, mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de crime hediondo, eis que, até que sobrevenha sentença condenatória irrecorrível (CF, art. 5º, LVII), não se revela possível presumir a culpabilidade do réu, qualquer que seja a natureza da infração penal que lhe tenha sido imputada.”(RTJ 187/933-934, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Também não se reveste de idoneidade jurídica, para efeito de justificação do ato excepcional de privação cautelar da liberdade individual, a alegação de “ausência de vinculação ao distrito da culpa” do paciente (Apenso, fls. 51).Como se sabe, a mera ausência do distrito da culpa não basta, só por si, na linha do magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (RTJ 175/715 - RTJ 180/262, v.g.), para legitimar a utilização do instituto da tutela cautelar penal, como resulta claro de recente decisão emanada da colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal:“PRISÃO CAUTELAR E EVASÃO DO DISTRITO DA CULPA.- A mera evasão do distrito da culpa - seja para evitar a configuração do estado de flagrância, seja, ainda, para questionar a legalidade e/ou a validade da própria decisão de custódia cautelar - não basta, só por si, para justificar a decretação ou a manutenção da medida excepcional de privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu.- A prisão cautelar - qualquer que seja a modalidade que ostente no ordenamento positivo brasileiro (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de sentença de pronúncia ou prisão motivada por condenação penal recorrível) - somente se legitima, se se comprovar, com apoio em base empírica idônea, a real necessidade da adoção, pelo Estado, dessa extraordinária medida de constrição do ‘status libertatis’ do indiciado ou do réu. Precedentes. (...).”(HC 89.501/GO, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Sustentou-se, ainda, para justificar a decretação da prisão cautelar do ora paciente, que este se recusara a colaborar com as autoridades públicas, deixando, até mesmo, de apresentar a sua versão para os fatos (Apenso, fls. 51v.).Cabe advertir, presentes tais razões, que esse fundamento – ausência de colaboração do réu com as autoridades públicas – não pode erigir-se em fator subordinante da decretação ou da preservação da prisão cautelar de qualquer réu, como resulta claro de decisão emanada da colenda Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal:“(...) PRISÃO PREVENTIVA - APLICAÇÃO DA LEI PENAL - POSTURA DO ACUSADO - AUSÊNCIA DE COLABORAÇÃO. O direito natural afasta, por si só, a possibilidade de exigir-se que o acusado colabore nas investigações. A garantia constitucional do silêncio encerra que ninguém está compelido a auto-incriminar-se. Não há como decretar a preventiva com base em postura do acusado reveladora de não estar disposto a colaborar com as investigações e com a instrução processual. (...).”(HC 83.943/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - grifei)Ao assim proceder, a ilustre magistrada de primeira instância exigiu, de um réu (o ora paciente), comportamento processual que não lhe podia ser exigido nem imposto, eis que o princípio constitucional contra a auto-incriminação, por revestir-se de conteúdo abrangente, compreende diversas prerrogativas jurídicas, dentre as quais a que protege qualquer pessoa submetida a atos de persecução penal, valendo referir, por expressivo, o direito de não produzir provas contra si mesma (LUIZ FLÁVIO GOMES, “Direito Penal - Comentários à Convenção Americana sobre Direitos Humanos/Pacto de San José da Costa Rica”, vol. 4/106, em co-autoria com VALÉRIO DE OLIVEIRA MAZZUOLI, 2008, RT; SYLVIA HELENA DE FIGUEIREDO

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STEINER, “A Convenção Americana Sobre Direitos Humanos e Sua Integração ao Processo Penal Brasileiro”, p. 125, item n. 4.4.7, 2000, RT, v.g.).É importante assinalar, neste ponto, que, em virtude do princípio constitucional que protege qualquer pessoa contra a auto-incriminação, ninguém pode ser constrangido a produzir provas contra si próprio (RTJ 141/512, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTJ 180/1125, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 68.742/DF, Rel. p/ o acórdão Min. ILMAR GALVÃO, v.g.), tanto quanto o Estado, em decorrência desse mesmo postulado, não tem o direito de tratar suspeitos, indiciados ou réus como se culpados (já) fossem (RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO).Tais conseqüências – direito individual de não produzir provas contra si mesmo, de um lado, e obrigação estatal de não tratar qualquer pessoa como culpada antes do trânsito em julgado da condenação penal, de outro – qualificam-se como direta emanação da presunção de inocência, hoje expressamente contemplada no texto da vigente Constituição da República (CF, art. 5º, inciso LVII).Não se pode desconhecer, por relevante, que a presunção de inocência, além de representar importante garantia constitucional estabelecida em favor de qualquer pessoa, não obstante a gravidade do delito por ela supostamente cometido, também impõe significativa limitação ao poder do Estado, pois impede-o de formular, de modo abstrato, e por antecipação, juízo de culpabilidade contra aquele que ainda não sofreu condenação criminal transitada em julgado.Na realidade, ao delinear um círculo de proteção em torno da pessoa do réu - que nunca se presume culpado, até que sobrevenha irrecorrível sentença condenatória -, o processo penal revela-se instrumento que inibe a opressão estatal e que, condicionado por parâmetros ético-jurídicos, impõe, ao órgão acusador, o ônus integral da prova, ao mesmo tempo em que faculta, ao acusado, que jamais necessita demonstrar a sua inocência, o direito de defender-se e de questionar, criticamente, sob a égide do contraditório, todos os elementos probatórios produzidos pelo Ministério Público.É sempre necessário registrar que a pessoa sob investigação penal do Estado não está obrigada a responder ao interrogatório das autoridades policiais ou judiciárias, podendo exercer, sempre, de modo inteiramente legítimo, em face dos órgãos estatais, o direito ao silêncio (HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), além de não precisar demonstrar a sua inocência, eis que, como se sabe, incumbe, ao Ministério Público, a comprovação plena da culpabilidade dos que sofrem a “persecutio criminis”:“(...) AS ACUSAÇÕES PENAIS NÃO SE PRESUMEM PROVADAS: O ÔNUS DA PROVA INCUMBE, EXCLUSIVAMENTE, A QUEM ACUSA.- Os princípios constitucionais que regem o processo penal põem em evidência o nexo de indiscutível vinculação que existe entre a obrigação estatal de oferecer acusação formalmente precisa e juridicamente apta, de um lado, e o direito individual à ampla defesa, de que dispõe o acusado, de outro. É que, para o acusado exercer, em plenitude, a garantia do contraditório, torna-se indispensável que o órgão da acusação descreva, de modo preciso, os elementos estruturais (‘essentialia delicti’) que compõem o tipo penal, sob pena de se devolver, ilegitimamente, ao réu, o ônus (que sobre ele não incide) de provar que é inocente.É sempre importante reiterar – na linha do magistério jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na matéria – que nenhuma acusação penal se presume provada. Não compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe, ao contrário, ao Ministério Público, comprovar, de forma inequívoca, para além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do acusado. Já não mais prevalece, em nosso sistema de direito positivo, a regra, que, em dado momento histórico do processo político brasileiro (Estado Novo), criou, para o réu, com a falta de pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria inocência (Decreto-lei nº 88, de 20/12/37, art. 20, n. 5). Precedentes.”(HC 83.947/AM, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Não custa rememorar que aquele contra quem foi instaurada persecução penal tem, dentre outras prerrogativas básicas, o direito de permanecer em silêncio (HC 75.257/RJ, Rel. Min. MOREIRA ALVES - HC 75.616/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - HC 78.708/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - HC 79.244/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – HC 79.812-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RE 199.570/MS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO), de não produzir elementos de incriminação contra si próprio, de não ser compelido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa nem constrangido a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada do evento delituoso (HC 69.026/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RHC 64.354/SP, Rel. Min. SYDNEY SANCHES) e o fornecimento de padrões gráficos (HC 77.135/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO) ou de padrões vocais (HC 83.096/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE), para efeito de perícia criminal, consoante adverte a jurisprudência desta Suprema Corte:“1. AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Réu que não compareceu à delegacia de polícia para depoimento. Fato que lhe não autoriza a custódia cautelar decretada. Ofensa à garantia constitucional de não auto-incriminação. Exercício do direito ao silêncio. Constrangimento ilegal caracterizado. HC concedido. Precedentes. Inteligência do art. 5º, LXIII, da CF, e art. 312 do CPP. O só fato de o réu, quando indiciado ou investigado, não ter comparecido à delegacia de polícia para prestar depoimento, não lhe autoriza decreto da prisão preventiva. (...).”(HC 89.503/RS, Rel. Min. CEZAR PELUSO - grifei)

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“PENAL. PROCESSO PENAL. ‘HABEAS CORPUS’. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - CPI. DIREITO AO SILÊNCIO. TESTEMUNHA. AUTO-ACUSAÇÃO. LIMINAR DEFERIDA PARA DESOBRIGAR A PACIENTE DA ASSINATURA DE TERMO DE COMPROMISSO. PREJUDICIALIDADE SUPERVENIENTE.I - É jurisprudência pacífica no Supremo Tribunal Federal a possibilidade do investigado ou acusado permanecer em silêncio, evitando-se a auto-incriminação.II - Liminar deferida para desobrigar a paciente da assinatura de Termo de Compromisso. (...).”(HC 89.269/DF, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - grifei)Essa orientação, por sua vez, reflete-se no magistério jurisprudencial de outros Tribunais (HC 57.420/BA, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO - HC 82.009/BA, Rel. Min. DENISE ARRUDA, v.g.):“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. DETERMINAÇÃO DO JUÍZO ‘A QUO’ DOS PACIENTES PRODUZIREM PROVA CONTRA SI MESMOS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO AUTO-INCRIMINAÇÃO – ‘NEMO TENETUR SE DETEGERE’.1. A auto-incriminação não encontra guarida na norma penal brasileira, nem na doutrina, muito menos na jurisprudência, o que legitima a insurgência dos Pacientes contra a determinação da prática de exercício probatório que possa reverter em eventual condenação penal. 2. Através do princípio ‘nemo tenetur se detegere’, visa-se proteger qualquer pessoa indiciada ou acusada da prática de delito penal, dos excessos e abusos na persecução penal por parte do Estado, preservando-se, na seara dos direitos fundamentais, especialmente neste caso, a liberdade do indivíduo, evitando que o mesmo seja obrigado à compilação de prova contra si mesmo, sob pena de constrangimento ilegal, sanável por ‘habeas corpus’. Cuida-se de prerrogativa inserida constitucionalmente nos princípios da ampla defesa (art. 5º, inciso LV), da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII) e do direito ao silêncio (art. 5º, inciso LXIII).”(HC 2005.04.01.023325-6/PR, Rel. Des. Federal TADAAQUI HIROSE - TRF/4ª Região - grifei)Mostra-se extremamente precisa, a respeito da inadmissibilidade de o Poder Público constranger o indiciado ou acusado a cooperar na investigação penal dos fatos e a produzir provas contra si próprio, a lição ministrada pelo eminente Professor ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO (“O Princípio da Presunção de Inocência na Constituição de 1988 e na Convenção Americana Sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa Rica”, “in” Revista do Advogado/AASP nº 42, p. 30/34, 31/32, 1994):“Outra decorrência do preceito constitucional, ainda no terreno da prova, diz respeito à impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração dos fatos. O direito ao silêncio, também erigido à categoria de dogma constitucional pela Constituição de 1988 (artigo 5º, LXIII), representa exigência inafastável do processo penal informado pela presunção de inocência, pois admitir-se o contrário equivaleria a transformar o acusado em objeto da investigação, quando sua participação só pode ser entendida na perspectiva da defesa, como sujeito processual. Diante disso, evidente que o seu silêncio jamais pode ser interpretado desfavoravelmente (...).” (grifei)Não constitui demasia assinalar, neste ponto, analisada a função defensiva sob uma perspectiva global, que o direito do réu à não auto-incriminação e à presunção de inocência, especialmente quando preso, além de traduzir expressão concreta do direito de defesa (mais especificamente da prerrogativa de autodefesa), também encontra suporte legitimador em convenções internacionais que proclamam a essencialidade dessa franquia processual, que compõe o próprio estatuto constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, mesmo que se trate de réu processado por suposta prática de crimes hediondos ou de delitos a estes equiparados.A justa preocupação da comunidade internacional com a preservação da integridade das garantias processuais básicas reconhecidas às pessoas meramente acusadas de práticas delituosas tem representado, em tema de proteção aos direitos humanos, um dos tópicos mais sensíveis e delicados da agenda dos organismos internacionais, seja em âmbito regional, como o Pacto de São José da Costa Rica (Artigo 8º, § 2º, “g”), aplicável ao sistema interamericano, seja em âmbito universal, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Artigo 14, n. 2), celebrado sob a égide da Organização das Nações Unidas, instrumentos que reconhecem, a qualquer réu, dentre outras prerrogativas eminentes, o direito de não produzir provas contra si próprio e o de não ser considerado culpado pelo Estado antes do trânsito em julgado da condenação penal, cabendo referir, por relevante, nesse sentido, a Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia (Artigo 48, n. 1) e a Convenção Européia dos Direitos Humanos (Artigo 6º, n. 2).Vale registrar, finalmente, expressivo fragmento extraído do “Livro Verde” apresentado pela Comissão das Comunidades Européias (Bruxelas, 26.4.2006, p. 5 e 6), que analisa, precisamente, o tema concernente ao princípio da presunção de inocência no âmbito da União Européia:“A jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (‘TEDH’) compreende orientações respeitantes aos elementos constitutivos da presunção de inocência. Apenas a pessoa ‘objecto de uma acusação penal’ dela pode beneficiar. Os arguidos devem ser tratados como inocentes até que o Estado, através das autoridades responsáveis pela acção penal, reúna elementos de prova suficientes para convencer um tribunal independente e imparcial da sua culpabilidade. A presunção de inocência ‘exige [...] que os membros de um tribunal não partam da idéia pré-concebida de que o arguido cometeu a infracção que lhe é imputada’. O órgão jurisdicional não pode declarar um arguido culpado antes de estar

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efectivamente provada a sua culpabilidade. Um arguido não deve ser detido preventivamente excepto por razões imperiosas. Se uma pessoa for sujeita a prisão preventiva, deve beneficiar de condições de detenção compatíveis com a sua inocência presumida. O ónus da prova da sua culpabilidade incumbe ao Estado e todas as dúvidas devem ser interpretadas a favor do arguido. Este deve ter a possibilidade de se recusar a responder a quaisquer perguntas. Normalmente o arguido não deve contribuir para a sua própria incriminação. Os seus bens não devem ser confiscados sem um processo equitativo.” (grifei)Em suma: a invocação da prerrogativa contra a auto-incriminação é inteiramente oponível a qualquer autoridade ou agente do Estado, e o exercício desse direito, assegurado pela própria Constituição, não legitima a adoção de medidas que afetem ou restrinjam a esfera jurídica daquele contra quem se instaurou a “persecutio criminis”.Essa é a razão pela qual não tem sentido decretar-se a prisão cautelar de alguém, como sucedeu na espécie em exame, sob o fundamento (equivocado) de que o réu não se mostrou disposto a colaborar com o Estado, recusando-se a expor - segundo enfatizou a magistrada local - a sua versão para os fatos que lhe foram imputados (Apenso, fls. 51/51v.).Sendo assim, tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até final julgamento desta ação de “habeas corpus”, suspender, cautelarmente, a eficácia da decisão que decretou a prisão preventiva do ora paciente (Processo nº 052.05.002953-5/00, Controle nº 2.674/2005, 1º Tribunal do Júri da comarca de São Paulo/SP), expedindo-se, imediatamente, em favor desse mesmo paciente, se por al não estiver preso, o pertinente alvará de soltura.Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia da presente decisão ao E. Superior Tribunal de Justiça (HC 115.202/SP), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (HC 990.08.074530-1) e ao MM. Juiz de Direito do 1º Tribunal do Júri da comarca de São Paulo/SP (Processo nº 052.05.002953-5/00, Controle nº 2.674/2005).

Publique-se.Brasília, 09 de outubro de 2008.Ministro CELSO DE MELLORelator

* decisão publicada no DJE de 15.10.2008

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS6 a 10 de outubro de 2008

ANIMAL - Uso Científico - Pesquisa Científica - Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA)Lei nº 11.794, de 8 de outubro de 2008 - Regulamenta o inciso VII do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá outras providências. Publicado no DOU de 9/10/2008, Seção 1, p.1.

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

[email protected]

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Notícias do Superior Tribunal de Justiça

22 de Outubro de 200813h48 - Pedido para suspender audiência de Daniel Dantas é negado 09h53 - Empresa de telefonia não responde por restituição de ICMS 08h07 - Reconhecimento espontâneo da paternidade só pode ser desfeito diante de vício de consentimento

21 de Outubro de 200820h15 - CORREÇÃO - STJ mantém bloqueio da conta-corrente de município gaúcho para custeio de cirurgia 14h47 - Inocentado pelo furto de três garrafas de uísque não receberá dano moral 11h23 - Reserva de vaga para engenheiro agrônomo, destinada ao Estado do Amapá, continua valendo 09h30 - Apenas o ISS incide sobre os serviços das farmácias de manipulação

20 de Outubro de 200814h39 - Empresa consegue ajuizar ação de execução sob a justiça gratuita 12h47 - Aposentado vai continuar a receber vantagem incorporada aos seus proventos 10h58 - Mantida prisão de narcotraficante paulista condenado a 24 anos de reclusão 09h33 - STJ mantém indenização contra homem que difamou ex-namorada por e-mail 08h51 - DJe publica decisão de recurso repetitivo sobre não incidência de IR em aposentadoria complementar

18 de Outubro de 200810h21 - ESPECIAL - Relações homoafetivas podem ser reconhecidas juridicamente

17 de Outubro de 200816h17 - Liminar suspende greve dos servidores do DNIT 16h14 - Suposto integrante de máfia chinesa vai permanecer preso 14h32 - Cabe à Justiça Federal apurar procedimento administrativo contra empresa que mantinha em cativeiro animais

exóticos 11h39 - Indenização por tortura durante regime militar pode ser pedida a qualquer tempo 09h59 - Candidato a prefeito eleito atrás das grades consegue liberdade 08h33 - Transferência de dependente de militar deve levar em conta última matrícula e não a origem 07h57 - STJ afasta a incidência de Imposto de Renda sobre a indenização por dano moral

16 de Outubro de 200815h31 - STJ mantém afastado ex-presidente do Tribunal de Contas do Espírito Santo 15h24 - Juros moratórios não estão sujeitos a cobrança de imposto de renda 13h29 - Liberação de veículo de transporte irregular não depende de prévio pagamento de multas e despesas 11h14 - STJ tranca ação contra empresário acusado de negligenciar imóvel tombado 08h08 - Concurso público pode determinar número fixo de vagas para classificação de candidatos

15 de Outubro de 200819h26 - SÚMULAS - Súmula expande a proteção dada ao bem de família a pessoas solteiras, separadas e viúvas 19h12 - SÚMULAS - Enunciado define competência para julgar cobrança de honorários de profissionais liberais 18h39 - SÚMULAS - Nova Súmula do STJ define: dano moral deve ser corrigido a partir do arbitramento 16h45 - Nicolau dos Santos Neto não consegue anular condenação imposta por juiz condenado por venda de sentença 15h31 - Justiça Federal é quem deve decidir liberdade provisória de um investigado na Operação Carrossel 13h47 - STJ restabelece sentença que absolveu acusado de homicídio 08h54 - Supermercado vai indenizar consumidor acusado de furto em via pública 08h12 - Jovem infrator deve cumprir medida socioeducativa mesmo ao completar 18 anos

14 de Outubro de 200819h39 - STJ determina retirada de grades de prédios em área tombada de Brasília 14h44 - Veículos usados no transporte ilegal de pessoas não podem ser liberados 11h32 - Acusado de ludibriar emigrantes ilegais vai permanecer preso 10h49 - STJ mantém interditado lixão de Uruguaiana 09h55 - Ação penal contra prefeito municipal por dispensa de licitação é trancada 09h18 - Município de Igrejinha deverá fornecer medicamento a portadora de leucemia 08h13 - Plano de saúde deve pagar dano moral a segurado inadimplente que teve atendimento de emergência negado

13 de Outubro de 200820h03 - CORREÇÃO - menor sob guarda não tem direito a pensão previdenciária 16h05 - Prêmio Educar é só para professores em sala de aula 14h33 - Município gaúcho terá que pagar cirurgia de redução de estômago para portadora de obesidade mórbida 11h41 - É impossível remoção para acompanhar cônjuge se o outro não foi removido

22/10/2008 - 13h45

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Pedido para suspender audiência de Daniel Dantas é negadoO ministro Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou, há instantes, a liminar requerida pela defesa de Daniel Dantas. A defesa pretendia, entre outras coisas, que fosse suspensa a audiência marcada para a tarde desta quarta-feira, dia 22, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. A defesa apresentou habeas-corpus sustentando ser nula a ação penal em que Daniel Dantas foi denunciado por corrupção ativa por incompetência do juízo processante. Alega-se, ainda, vários vícios nos procedimentos adotados, tais como cerceamento de defesa com indeferimento de provas testemunhais e periciais, nulidades nas interceptações telefônicas, quebra de sigilo bancário não autorizada (HD do Banco Opportunity), entre outros. Ao apreciar o pedido, o ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do habeas-corpus, ressaltou ser notória a complexidade que envolve os processos e procedimentos relacionados a Dantas, investigado nas operações Chacal e Satiagraha, da Polícia Federal, ambas ainda em curso, com ações penais e habeas-corpus em tramitação. O próprio pedido de habeas-corpus tem mais de 200 páginas. Dessa forma, o ministro entende que, nessa fase, não se tem como identificar a plausibilidade do pedido, de modo que se possa sobrestar a audiência designada para hoje. Não há nenhuma decisão, sequer liminar, originada no TRF, o que, em princípio, poderia fazer incidir a Súmula 691, do Supremo Tribunal Federal (STF), a qual impede a análise de habeas-corpus apresentado contra decisão liminar. Para ele, não é possível deferir a liminar – o que representaria suprimir uma instância – pois a realização da audiência, por si só, não representa constrangimento ilegal, mas um ato inerente ao devido processo. O ministro Arnaldo Esteves Lima concluiu, contudo, que há argumentos, em tese, que devem ser considerados, como a incompetência de Turma Julgadora, o fato de não ter sido observada a prevenção a favor do próprio Juízo da 6ª Vara Federal, ilegalidades de provas derivadas, entre outras coisas. Esses fatos, acredita o ministro, torna necessário dar seguimento ao habeas-corpus para melhor avaliar as alegações. O mérito do habeas-corpus será apreciado pela Quinta Turma após chegarem as informações solicitadas ao tribunal regional e o processo retornar do Ministério Público Federal com parecer.

22/10/2008 - 09h53Empresa de telefonia não responde por restituição de ICMS

Por unanimidade, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça rejeitou recurso especial no qual a Companhia Brasileira de Distribuição pleiteava da Brasil Telecom a restituição do ICMS que entende ter recolhido a maior. A Companhia alega que a alíquota devida é de 7% ou 12% e não os 25% cobrados pela empresa de telefonia. Citando precedentes da Primeira e da Segunda Turmas, a relatora do processo, ministra Denise Arruda, reiterou em seu voto que concessionária de serviço público de telefonia não possui legitimidade passiva para responder pela devolução de valores de ICMS, pois ela apenas recolhe o dinheiro referente ao tributo devido e o repassa para o ente federativo. A legitimidade para responder pelas ações que tratem do ICMS devido na prestação do serviço de telefonia recai, pois, sobre os Estado ou o Distrito Federal e não sobre as concessionárias do serviço público. A decisão foi unânime.

22/10/2008 - 08h07Reconhecimento espontâneo da paternidade só pode ser desfeito diante de vício de

consentimentoO Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que aquele que reconhece voluntariamente a paternidade de uma criança com a qual sabia não ter vínculo biológico não possui o direito subjetivo de propor posteriormente uma ação negatória de paternidade, sem que esteja caracterizado algum vício de consentimento, como por exemplo o erro ou a coação. A decisão, unânime, é da Terceira Turma, que sob a relatoria da ministra Nancy Andrighi deu provimento ao recurso especial do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo os autos, um homem propôs uma ação negatória de paternidade combinada com declaratória de nulidade de registro civil contra uma menor nascida em 1992, representada por sua mãe. Ele afirmou que conheceu a mãe da menor quando ainda cursavam o ensino médio, ele com 18 anos. Seis anos mais tarde, ao se encontrarem, conheceu a menor, então com dois anos. Casaram-se no civil em 1995, e, em 1996, sob alegada pressão da mãe, reconheceu a paternidade da criança, que tinha três anos. Ele afirma que tinha plena consciência de que não era o pai biológico da menina. O casamento durou apenas seis meses e a separação judicial já transitou em julgado. Por mais de dez anos não teve mais contato com mãe e filha, mas permaneceu pagando pensão alimentícia, conforme acordo homologado em juízo. Ele requer na Justiça a exclusão de seu nome da certidão de nascimento da menor, com a correspondente exoneração das obrigações financeiras inerentes à paternidade da criança. A mãe da criança, por sua vez, afirma que a iniciativa de registrar a criança partiu dele próprio, não ocorrendo nenhum vício de vontade. A sentença julgou o pedido procedente para declarar que o homem não é pai biológico da

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criança e determinar que, após o trânsito em julgado, seja excluído o nome do pai e dos avós paternos do registro da criança. Em seguida, a menor, representada por sua mãe, apelou ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), mas a decisão foi mantida, por entenderem haver “vício insanável – falsidade -, quando há reconhecimento simulado, dando-se filho alheio como próprio”, do que decorreria a nulidade do reconhecimento da paternidade. Daí o recurso especial interposto ao STJ. Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi observa, abstraindo-se de qualquer juízo de valor a respeito do processo julgado, que o considerável aumento dos pedidos formulados pelos “pais” perante o Judiciário, no sentido de não mais quererem exercer essa outrora eterna função, tem acarretado diretamente nas crianças envolvidas um inquietante estado de insegurança e abandono. Segundo a ministra, não há como desfazer um ato realizado com perfeita demonstração de vontade, como ocorreu no caso dos autos, em que o próprio recorrido [o pai não-biológico] manifestou que sabia não haver vínculo biológico com a criança, e, mesmo assim, reconheceu-a como sua filha. Se o fez com o intuito de agradar sua então mulher, tal motivação não caracteriza coação, como alegou de início. A ministra ressalta, ainda, que o recorrido jamais poderia valer-se de uma falsidade por ele mesmo perpetrada, o que, a seu ver, corresponderia a utilizar-se de sua própria torpeza para benefício próprio, o que realmente seria muito conveniente, em prejuízo direto à criança envolvida. A relatora afirma que é preciso ter em mente a salvaguarda dos interesses dos pequenos e que a ambivalência nas recusas de paternidade são particularmente mutilantes para a identidade das crianças. Isso impõe ao julgador desvelo no exame das peculiaridades de cada processo, no sentido de tornar, o quanto possível, perenes os vínculos e alicerces na vida em desenvolvimento. O entendimento consolidado na Turma é o de que, para que haja possibilidade de anulação do registro de nascimento de menor cuja paternidade foi reconhecida, é necessária prova robusta no sentido de que o “pai registral” foi de fato, por exemplo, induzido a erro, ou ainda, coagido a tanto. Ela resume: “Existem, pois, ex-cônjuges e ex-companheiros; não podem existir, contudo, ex-pais”. “A fragilidade e a fluidez dos relacionamentos entre os adultos não deve perpassar as relações entre pais e filhos, as quais precisam ser perpetuadas e solidificadas. Em contraponto à instabilidade dos vínculos advindos das uniões matrimoniais, estáveis ou concubinárias, os laços de filiação devem estar fortemente assegurados, com vistas no interesse maior da criança, que não deve ser vítima de mais um fenômeno comportamental do mundo adulto”, conclui.

21/10/2008 - 20h11CORREÇÃO - STJ mantém bloqueio da conta-corrente de município gaúcho para custeio de

cirurgiaA matéria Município gaúcho não consegue evitar bloqueio de conta-corrente para pagamento de cirurgia foi republicada com alterações para melhor explicitar o fundamento da decisão de se negar a pretensão da Prefeitura de Pelotas, qual seja, o fato de a sentença contra a qual demandava já ter transitado em julgado, não cabendo mais recurso. O texto original já pode ser acessado com as alterações.

21/10/2008 - 14h47Inocentado pelo furto de três garrafas de uísque não receberá dano moral

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso com o qual ex-funcionário do Hotel Caiçara, de João Pessoa, pretendia receber indenização pelos danos morais sofridos devido à acusação de furto de garrafas de uísque. Ele foi absolvido por falta de provas. Segundo os autos, o ex-funcionário do hotel, juntamente com outras duas pessoas, foi acusado de furtar três litros de uísque do Hotel Caiçara, onde trabalhavam, havendo devolvido uma delas intacta. Foram absolvidos pela 2ª Vara Criminal de João Pessoa por insuficiência de provas. Com a absolvição, ele entrou com pedido de indenização na Justiça paraibana, mas não obteve êxito. A ação foi julgada improcedente na primeira instância e, na apelação ao TJPB, concluiu-se que “se a vítima do furto presta queixa à delegacia de polícia e o faz de forma sensata, sem dolo, malícia ou má-fé, não responde por perdas e danos morais, no caso de absolvição do acusado por insuficiência de provas”. Em recurso interposto no STJ, o ex-funcionário sustenta que o acórdão recorrido diverge de entendimento da Justiça catarinense em caso semelhante ao seu. Lá se reconheceu o dano moral em razão de temerário processamento na esfera penal, em que houve posterior absolvição do acusado. O recurso, contudo, não foi conhecido pela Quarta Turma. Para o relator, ministro Aldir Passarinho Junior, não houve a demonstração analítica da divergência de jurisprudência alegada para que o caso pudesse ser apreciado pelo STJ. Afirma que o recorrente deixou de demonstrar a semelhança entre os fatos dos casos confrontados, nem apresentou uma análise comparativa das decisões que afirma serem divergentes. O que impede a apreciação da questão pelo STJ.

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21/10/2008 - 11h23Reserva de vaga para engenheiro agrônomo, destinada ao Estado do Amapá, continua

valendoA Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso interposto pela União contra decisão do ministro Og Fernandes, que determinou a reserva de uma vaga para o cargo de engenheiro agrônomo, destinada ao Estado do Amapá, a um candidato do concurso para fiscal federal agropecuário do Distrito Federal. O candidato impetrou mandado de segurança protestando contra suposto ato ilegal do ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que teria desrespeitado o critério de distribuição de vagas no concurso. O presidente do Tribunal, ministro Cesar Asfor Rocha, negou a liminar por entender que esta se confundia com o mérito. O candidato interpôs agravo regimental alegando que o pedido de liminar e o definitivo não se coincidem, pois a reserva de vaga é providência que tem nítido cunho cautelar, próprio do instituto processual do provimento liminar, e visa, tão-somente, a garantir a eficácia da concessão da segurança, se efetivada, após o exame do mérito. Para ele, não haveria, portanto, natureza satisfativa da liminar, se esta fosse concedida. Ao analisar o agravo, o relator, ministro Og Fernandes, deferiu a liminar determinando a reserva de uma vaga para o cargo de engenheiro agrônomo, destinada ao Estado do Amapá, até decisão final do mandado de segurança. Novo agravo regimental foi apresentado. Dessa vez da União, argumentando, entre outras coisas, que a situação relatada na inicial não justifica a concessão do provimento de urgência contra o qual agora se discute. Alegou violação à Lei 1.533/51, por acreditar insubsistentes os motivos sustentados pelo candidato, acrescentando, ainda, que o requisito do perigo na demora, na espécie, não estaria satisfeito. Por fim, declarou não existir ato ilegal ou conduta abusiva da autoridade apontada como coatora. Ao analisar a questão, o ministro Og Fernandes entendeu novamente que a reserva da vaga para o cargo de engenheiro agrônomo deve ser mantida até sua deliberação final. Segundo ele, ainda que a União declare que os critérios de distribuição de vagas tenham decorrido de estudos técnicos, ela não forneceu documento hábil nesse sentido, que pudesse demonstrar que o não aproveitamento do candidato para a vaga em questão teria resultado de ato legítimo, compatível com os princípios que regem o concurso público.

21/10/2008 - 09h30Apenas o ISS incide sobre os serviços das farmácias de manipulação

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu que os serviços prestados por farmácias de manipulação, que preparam e fornecem medicamentos sob encomenda, submetem-se à exclusiva incidência do Imposto Sobre Serviços (ISS). A Justiça gaúcha havia concluído pela incidência exclusiva do Imposto Sobre Mercadoria e Serviço (ICMS) sobre o preparo, manipulação e fornecimento de medicamentos por farmácias de manipulação, entendendo predominar a mercadoria em detrimento do serviço. O que levou ao recurso da farmácia ao STJ. Para o relator do caso no STJ, ministro Herman Benjamin, diferentemente do que entende o tribunal estadual, o critério da "prevalência" para a definição da incidência do ISS ou do ICMS é absolutamente subjetivo e impreciso. “É impossível determinar objetivamente qual a parcela do preço que corresponde aos insumos do remédio e qual refere-se à atuação do profissional. O mesmo ocorre com diversos outros serviços: construção civil, hospitais, gráficas etc.”, explica. Ele reconhece que o texto original do Código Tributário Nacional (CTN), de 1966, tratava do critério da preponderância, mas tal critério foi logo abandonado. A Constituição Federal de 1967 previu a definição dos serviços pela legislação federal. A sistemática da listagem taxativa foi adotada no Decreto Lei 406/1968 e é adotada até hoje, conforme dita a Lei Complementar 116/2003. A partir do DL 406/1968, os serviços listados submetem-se exclusivamente ao ISS, ainda que envolvam o fornecimento de mercadorias. A regra é a mesma na vigência da LC 116/2003 (art. 1º, § 2º). Assim, para a Turma, a preponderância do serviço ou da mercadoria no preço final é irrelevante: Os serviços prestados por farmácias de manipulação, que preparam e fornecem medicamentos sob encomenda, submetem-se à exclusiva incidência do ISS (conforme disposto no item 4.07 da lista anexa à LC 116/2003). A conclusão da Segunda Turma coincide com a já tomada pela Primeira Turma quando do julgamento de discussão análoga.

20/10/2008 - 14h39Empresa consegue ajuizar ação de execução sob a justiça gratuita

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) garantiu a uma empresa mato-grossense o direito de ajuizar ação de execução sem o pagamento das custas judiciais. A empresa de engenharia cobra dívidas do Município de Rondonópolis (MT). Em razão de suas atividades estarem paralisadas, pediu a gratuidade por incapacidade de arcar com as custas da execução. A Justiça do Mato Grosso lhe havia negado o direito. Além de determinar o ajuizamento da ação sob a justiça gratuita, a relatora do caso, ministra Eliana Calmon, ordenou o prosseguimento do recurso especial que discute a controvérsia. O recurso ainda estava pendente de admissão junto ao Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), o que significa que ainda não existia competência do STJ para analisar a medida cautelar. No entanto a ministra entendeu que, se deixasse de fazê-lo, poderia negar à empresa a possibilidade do exercício do direito de ação, um direito

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público subjetivo. A decisão foi confirmada por unanimidade na Segunda Turma. Tão logo a empresa ingressou com a ação de execução, na qual havia o pedido de gratuidade judicial, o juízo de primeira instância deu prazo para pagamento das custas sob o risco da suspensão da distribuição do processo. A empresa apelou, mas o TJMT confirmou a decisão. Para os desembargadores, tratando-se de pessoa jurídica, é necessário demonstrar o estado de necessidade, o que não teria sido feito. Entenderam, ainda, que o fato de a empresa possuir advogados particulares fragilizaria a tese de hipossuficiência. Sob este aspecto, a ministra Eliana Calmon entendeu que a concessão da justiça gratuita não causa risco à parte contrária, porque o pagamento das custas pode ser exigido posteriormente ou mesmo debitado ao crédito que a empresa pretende receber do Município, caso seja vencedora na ação.

20/10/2008 - 12h47Aposentado vai continuar a receber vantagem incorporada aos seus proventos

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu a servidor aposentado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o direito de continuar a receber a vantagem denominada “opção de função”, incorporada aos seus proventos, na forma prevista na Lei n. 8.911/1994. Segundo o relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, o Tribunal já teve a oportunidade de apreciar casos idênticos ao do aposentado do CNPq, tendo firmado entendimento no sentido de que os servidores públicos aposentados na vigência da Lei n. 8.911/94 têm direito ao reajuste dos valores dos cargos e funções comissionadas concedido pela Lei n. 9.030/95, assegurado o percentual de 55% do DAS. No caso, o aposentado recorreu de decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o qual entendeu que a Lei n. 9.030/95 alterou o percentual de opção para os ocupantes de DAS, níveis 4 a 6, e de natureza especial, de 55% a 25% da remuneração total do cargo ou função exercido. Assim, considerou ilegítima a adoção de sistema híbrido, de pagamento da vantagem com incidência do percentual preconizado pela legislação anterior sobre os valores.

20/10/2008 - 10h58Mantida prisão de narcotraficante paulista condenado a 24 anos de reclusão

Está mantida a prisão de Davos da Costa e Silva, considerado pela polícia o maior narcotraficante do interior paulista e condenado a 24 anos de reclusão, em regime fechado, por tráfico de drogas, associação para o tráfico e falsidade ideológica. O ministro Arnaldo Esteves Lima, da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, indeferiu pedido de liminar feito pela defesa, considerando não ser possível a verificação da existência de constrangimento ilegal alegado, por falta de documento. No início deste ano, a Quinta Turma negou pedido para diminuir a pena. No pedido, o advogado afirmou que o condenado estaria sofrendo constrangimento ilegal, pois faria jus à aplicação retroativa do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei nº 11.343/2006, que prevê redução de pena “desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa”. Na ocasião, o ministro Felix Fischer, relator daquele caso, considerou que se tratava de matéria relevante – diminuição de pena prevista no artigo 33, parágrafo 4º, da Lei nº 11.343/06 – e determinou, ex-officio, a remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para que se manifestasse acerca da questão, sob pena de supressão de instância. No habeas-corpus agora examinado, a defesa pediu liminar, alegando constrangimento ilegal. O pedido foi novamente negado, por falta de documentos que comprovassem a alegação. Segundo o relator, ministro Arnaldo Esteves, tal fato impossibilita um melhor exame da questão pelo STJ. Na decisão, o relator determinou a intimação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo para que assista, se for o caso, o paciente na busca de seus direitos. “Trata de exordial [inicial] desacompanhada de documentos comprobatórios a possibilitar um melhor exame da questão por este Tribunal Superior”, considerou o ministro. O processo será encaminhado ao Ministério Público Federal, para parecer. Em seguida, retorna ao STJ, onde terá o mérito julgado pela Quinta Turma.

20/10/2008 - 09h33STJ mantém indenização contra homem que difamou ex-namorada por e-mail

Um homem que divulgou mensagens eletrônicas difamando uma ex-namorada, referindo-se a ela como “garota de programa”, não terá o recurso especial julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com isso, fica mantido o acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), que o condenou a pagar uma indenização por danos morais no valor R$ 30 mil, mais juros. A decisão é do juiz convocado Carlos Fernando Mathias. A mulher alegou que recebeu diversas ligações telefônicas com o objetivo de contratá-la para a prática de programas sexuais. Ela declarou que o fato ocorreu em virtude da publicação de e-mails divulgando seu nome, profissão, telefone e faculdade, junto com a fotografia de uma mulher em posições eróticas. Diante da situação, passou a ser incomodada pelos telefonemas e boatos que a taxavam de “garota de programa”. Ela, inclusive, teve de se retirar do clube ao qual era associada. Em uma ação cautelar de exibição de documentos movida contra o provedor da mensagem, a mulher obteve a informação de que o correio eletrônico pelo qual foram

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enviados os e-mails pertencia ao ex-namorado dela e que a assinatura do provimento da internet pertencia ao irmão deste. A partir daí, requereu a condenação de ambos ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos. Em primeira instância, a sentença condenou os irmãos ao pagamento de indenização no valor de R$ 17 mil. Na apelação proposta perante o TJRS, a ação referente ao ex-cunhado foi extinta por ilegitimidade passiva, sob o entendimento de que ele foi apenas o contratante do serviço utilizado e não o remetente. E manteve o julgamento com relação ao autor do e-mail e elevou o valor dos danos morais para R$ 30 mil. A defesa pretendia levar a discussão ao STJ por meio de um recurso especial, pretensão indeferida pelo tribunal gaúcho. Mas o agravo de instrumento foi rejeitado pelo relator, juiz convocado Carlos Mathias. Para ele, não foram atendidas exigências processuais para este fim. Além disso, para apreciar a questão seria necessário analisar o conjunto de provas e fatos, o que é proibido ao STJ fazer em razão da sua Súmula 7.

20/10/2008 - 08h51DJe publica decisão de recurso repetitivo sobre não incidência de IR em aposentadoria

complementarJá está disponível no Diário da Justiça Eletrônico (DJe) a primeira decisão proferida pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça sob o rito da Lei 11.672/2008, dos recursos repetitivos. A Seção definiu, no julgamento do recurso especial 1.012.903/RJ, que não pode ser cobrado imposto de renda sobre valores de complementação de aposentadoria e de resgate de contribuição correspondente junto a entidade de previdência privada. A decisão foi publicada no DJe da última segunda-feira, 13 de outubro, e vai solucionar, de forma rápida, milhares de processos sobre o mesmo assunto em trâmite por todo o país. Para o ministro Teori Albino Zavascki, relator do julgado da Primeira Seção, “a Lei 11.672/08 tem eficácia persuasiva ante os tribunais de todo o país”, pois determina a aplicação imediata dos julgamentos realizados sob o seu rito a todos os recursos que discutam temas repetitivos pacificados pelo STJ. De acordo com o ministro, a Lei dos recursos repetitivos tem efeitos práticos contra a morosidade, problema que tanto preocupa magistrados e a sociedade de modo geral. No entanto, segundo o ministro Zavascki, a efetiva aplicação da 11.672/08 também depende da postura dos Tribunais de Justiça (TJs) e Tribunais Regionais Federais (TRFs) em respeito aos entendimentos firmados pelo Superior Tribunal sob o rito da nova lei, e dos próprios membros do STJ, em não admitirem recursos repetitivos ou que não tenham fundamentos novos para que as teses já pacificadas possam voltar à discussão no Tribunal superior. Aplicação imediata A decisão do primeiro repetitivo da Primeira Seção será aplicada imediatamente a todos os processos suspensos no Superior Tribunal e nas demais Cortes do Brasil, quando do envio do recurso pelo ministro Teori Albino Zavascki ao órgão julgador. Em seu voto, o relator determinou o encaminhamento de ofícios com o teor do julgamento aos TRFs e à Presidência do STJ para as devidas providências. Além de definir a não incidência do imposto de renda sobre valores recebidos de aposentadoria complementar, o julgado da Seção também determinou à União que devolva aos aposentados que têm previdência privada o imposto cobrado indevidamente nesse tipo de operação (aposentadoria complementar). Os valores devem ser devolvidos com correção monetária de acordo com os índices previstos no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pelo Conselho da Justiça Federal (CJF) em 2007. A Lei 11.672/08 estabelece que, após o julgamento de um recurso repetitivo, a decisão deve ser aplicada a todos os processos com o mesmo tema. No STJ, os feitos já distribuídos aos gabinetes devem ter despachos dos relatores seguindo o julgado. Os recursos ainda não distribuídos devem ser decididos pelo presidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha. Já os processos suspensos nos TJs e TRFs poderão ter dois destinos: se a decisão do tribunal coincidir com a orientação do STJ, o recurso terá seguimento negado e, então, solucionada a questão. Caso a decisão do tribunal seja diferente do entendimento do Superior Tribunal, o recurso deverá ser novamente analisado pela justiça de segundo grau. Neste último caso, se o tribunal mantiver posição contrária a da Corte superior, deve analisar a admissibilidade do recurso, para definir se ele sobe ou não ao STJ para análise.

18/10/2008 - 10h14Relações homoafetivas podem ser reconhecidas juridicamente

A parcela homossexual da população brasileira, estimada em cerca de 17,9 milhões de pessoas*, comemorou no último mês de agosto uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que admitiu a possibilidade de análise pela Justiça do reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Para muitos casais é um grande passo, já que a legislação brasileira não vê, na união homossexual, uma família. A servidora pública Marina**, 36 anos, que vive há cinco anos com outra mulher, acha que qualquer medida tomada para reconhecer direitos é válida, seja para homossexuais

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ou qualquer outra pessoa. Segundo ela, essa decisão, especificamente, demonstra que o preconceito, ainda muito grande, está perdendo espaço. “As pessoas deviam respeitar os outros por sua ética e seu caráter e não ficar se importando com o que eles fazem ou deixam de fazer dentro de suas casas, em sua vida particular. A menos que sejam coisas nocivas aos outros, ninguém tem nada a ver com isso”, afirma. Em sua opinião, é muito triste duas pessoas se unirem, constituírem um patrimônio e, de repente, algo acontece e uma delas fica prejudicada. “Isso sem falar na dificuldade para conseguir inclusão em plano de saúde, reconhecimento à herança ou transferência funcional, por exemplo. Acho que decisões como a do STJ são passos importantes para o reconhecimento do que é uma realidade”, avalia. Na decisão da Quarta Turma do Tribunal, ficou estabelecido que não existe vedação legal para que prossiga o julgamento do pedido de declaração de união estável ajuizado por um casal homossexual na Justiça estadual do Rio de Janeiro. Segundo o ministro Luís Felipe Salomão, que desempatou a questão, os dispositivos legais limitam-se a estabelecer a possibilidade de união estável entre homem e mulher, desde que preencham as condições impostas pela lei, quais sejam, convivência pública, duradoura e contínua, sem, contudo, proibir a união entre dois homens ou duas mulheres. “O objetivo da lei é conferir aos companheiros os direitos e deveres trazidos pelo artigo 2º (Lei n. 9.278/96), não existindo qualquer vedação expressa de que esses efeitos alcancem uniões entre pessoas do mesmo sexo. Poderia o legislador, caso desejasse, utilizar expressão restritiva, de modo a impedir que a união entre pessoas de idêntico sexo ficasse definitivamente excluída da abrangência legal. Contudo, assim não procedeu”, afirma o ministro em seu voto. Direito de Família As relações homoafetivas são uma realidade no Brasil e no mundo. A Dinamarca foi o primeiro país a reconhecer a união de homossexuais, em 1989. A Constituição da África do Sul, de 1996, foi a primeira a proibir, explicitamente, a discriminação em razão da orientação sexual. A Holanda foi o primeiro país a autorizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, em 2001. Entretanto, a lei brasileira até o momento não disciplina especificamente a questão da união homoafetiva. A doutrina é unânime em considerar que não pode haver casamento entre pessoas do mesmo sexo, considerando-se a diversidade de sexos como requisito fundamental para a caracterização do casamento, assim como a forma solene e o consentimento. Assim, não se concebe a união homossexual com natureza jurídica de casamento. Segundo o advogado Gustavo Mourão, mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), muito embora o conjunto das leis civis não proíba a união ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, não se pode deixar de reconhecer que os princípios gerais e os costumes, quando aplicados ao casamento ou à união civil, presumem a proteção dos institutos enquanto entidade familiar, o que, potencialmente, só ocorreria entre homem e mulher. Outro operador do Direito, o advogado Luís Roberto Barroso, em seu artigo intitulado “Diferentes, mas iguais: O reconhecimento jurídico das relações homoafetivas no Brasil”, ressalta que a defesa do modelo tradicional de família não pressupõe a negação de outras formas de organização familiar. Segundo ele, não há incompatibilidade entre a união estável entre pessoas do mesmo sexo e a união estável entre pessoas de sexos diferentes, ou entre estas e o casamento. “O não-reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas não beneficia, em nenhuma medida, as uniões convencionais e tampouco promove qualquer valor constitucionalmente protegido”, destaca no artigo.

Direito Patrimonial Independentemente de reconhecer ou não a união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, as relações homoafetivas procuram encontrar, de uma forma ou de outra, amparo judicial. Questões como constituição de patrimônio, pensão, partilha de bens, inclusão de companheiro como dependente em plano de assistência médica etc. não são novidades no STJ. A Corte já estabeleceu jurisprudência sobre os temas patrimoniais. O primeiro caso apreciado no STJ (Resp 148.897) foi relatado pelo ministro Ruy Rosado de Aguiar, hoje aposentado. Em 1998, o ministro decidiu que, em caso de separação de casal homossexual, o parceiro teria direito de receber metade do patrimônio obtido pelo esforço comum. Também foi reconhecido pela Sexta Turma do STJ o direito de o parceiro receber a pensão por morte do companheiro falecido (Resp 395.904). O entendimento, iniciado pelo saudoso ministro Hélio Quaglia Barbosa, é que o legislador, ao elaborar a Constituição Federal, não excluiu os relacionamentos homoafetivos da produção de efeitos no campo de direito previdenciário, o que é, na verdade, mera lacuna que deve ser preenchida a partir de outras fontes do direito. Em uma decisão recente (Resp 238.715), o ministro Humberto Gomes de Barros negou um recurso da Caixa Econômica Federal que pretendia impedir um homossexual de colocar o seu companheiro há mais de sete anos como dependente no plano de saúde. O ministro destacou que a relação homoafetiva gera direitos e, analogicamente à união estável, permite a inclusão do companheiro dependente em plano de assistência médica.

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Projeto de UniãoJá existem algumas iniciativas para tornar realidade, em nosso ordenamento jurídico, o reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo. O Projeto de Lei 1.151/95 é um deles. A proposta garante que duas pessoas que compartilhem uma vida em comum com laços afetivos, independentemente do sexo, tenham a possibilidade de regularizar essa situação, constituindo, por exemplo, bem de família e partilhando o patrimônio construído em conjunto. No mais, a proposição também assegura a possibilidade de inscrever como dependente em planos de saúde e direitos previdenciários. O projeto sofreu algumas alterações e um substitutivo está aguardando a inclusão na pauta do Plenário da Câmara dos Deputados. * estimativa da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). ** nome fictício Clique e acesse a íntegra do acórdão que permitiu a análise sob a ótica do direito de família. E acesse o voto que desempatou o julgamento.

17/10/2008 - 16h16Liminar suspende greve dos servidores do DNIT

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Jorge Mussi determinou a suspensão do movimento grevista dos servidores do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT). Paralisados desde o dia 6 de outubro, os servidores reivindicam o cumprimento de acordo com o Governo Federal para alterações na Medida Provisória n. 441/2008, em tramitação no Senado. A liminar concedida a pedido do órgão fixou, ainda, multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento da decisão. Para o ministro relator, está clara a ausência de tentativa de negociação entre as partes: a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) realizou um contato com parlamentares para emendar o texto da medida provisória, e reuniu-se uma vez com o governo, sem, no entanto, aguardar as respostas aos questionamentos feitos. “A greve se apresenta como alternativa para solução de impasses somente quando frustradas todas as demais tentativas de composição”, advertiu o ministro Mussi. O ministro relator considerou grave o fato de serviços essenciais, como pesagem de cargas, estarem paralisados. Também entendeu que a interrupção de obras de manutenção de estradas poderá representar prejuízo financeiro ao erário, além de colocar em risco direto o cidadão que utiliza o sistema viário brasileiro. De acordo com a Condsef, a MP n. 441/2008 quebrou o acordo firmado em 7 de maio deste ano e aprovado em assembléias pela categoria. O mérito da medida cautelar em que foi concedida a liminar ainda será analisado pelos ministros da Quinta Turma, que poderá manter ou não a suspensão da greve.

17/10/2008 - 16h14Suposto integrante de máfia chinesa vai permanecer preso

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de revogação da prisão cautelar do chinês Shie Seng Jung. Acusado do crime de homicídio qualificado tentado, Jung é apontado como integrante de um dos ramos da máfia chinesa. A decisão foi unânime. No caso, a defesa de Jung sustentou falta de motivação idônea, bem como a inexistência de fato novo que justifique a sua prisão cautelar. Alegaram seus advogados, ainda, que não há nenhum elemento que indique o envolvimento do chinês com as supostas ameaças feitas à testemunha e ao co-réu já condenado. Para o ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do processo, o decreto prisional atacado encontra-se devidamente fundamentado, ao menos para assegurar a instrução criminal. Segundo ele, o decreto está baseado em motivação concreta, qual seja, há elementos nos autos que apontam que a “testemunha ouvida em plenário deu demonstração de estar atemorizada”, sendo, portanto, necessária a segregação a fim de evitar a intimidação das testemunhas.

17/10/2008 - 14h32Cabe à Justiça Federal apurar procedimento administrativo contra empresa que mantinha

em cativeiro animais exóticosCabe à Justiça Federal apurar procedimento administrativo com base em notícia-crime do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A conclusão é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou ser da competência do Juízo Federal da 3ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul apurar a denúncia de que uma empresa de Porto Alegre (RS) mantinha em cativeiro diversos animais da fauna exótica (um babuíno e sete tigres de bengala), sem autorização do órgão competente. O caso chegou ao STJ por meio de um conflito de competência encaminhado para que se indicasse qual juízo deveria decidir a questão. O juízo do 2º Juizado Especial Criminal de Porto Alegre suscitou o presente conflito alegando a competência da Justiça Federal. Para ele, o controle da introdução de espécimes exóticas no país refere-se à proteção da fauna silvestre brasileira, o que faz incidir a tutela jurídica da União, por meio de seus órgãos próprios. O juízo federal da 3ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, por sua vez, declinou de sua competência. Para ele, inexistem elementos que indiquem a ofensa de bem, serviço ou interesse da União,

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de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, já que a apreensão dos animais se deu em área urbana do município de Porto Alegre. Além disso, a mera fiscalização realizada pelo Ibama não atrai a competência da Justiça Federal, conforme entendimento dos tribunais superiores. Ao analisar a questão, o relator ministro Og Fernandes destacou que, no presente caso, os animais foram apreendidos em área urbana do município de Porto Alegre, sendo que a empresa artística responsabilizada teria cometido, em tese, o delito previsto no artigo 31 da Lei n. 9.605/98, já que mantinha em cativeiro animais da fauna exótica sem o devido registro da autoridade competente. O ministro ressaltou, ainda, que o ingresso de espécimes exóticas no país está condicionado à autorização do Ibama. Para ele, entende-se firmada a competência da Justiça Federal, haja vista a existência de interesse de autarquia federal.

17/10/2008 - 11h39Indenização por tortura durante regime militar pode ser pedida a qualquer tempo

As ações de indenização por danos derivados de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar são imprescritíveis. A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reiterou o entendimento já consolidado de que, em casos em que se busca a defesa de direitos fundamentais, indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura por motivo político ou de qualquer outra espécie, não há que prevalecer a prescrição de cinco anos (qüinqüenal). Dois recursos da União tentavam reverter decisão individual do relator, ministro Mauro Campbell Marques, que reconhecia a imprescritibilidade dos danos morais advindos de tortura no regime militar. A União tentava fazer valer o prazo prescricional de cinco anos previsto no Decreto n. 20.910/32. Também se alegava que a decisão não levava em consideração o que afirma a súmula vinculante n. 10 do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte." O relator, ao apreciar os recursos especiais da União, já havia considerado que o STJ tem reiteradas decisões reconhecendo o direito à indenização por danos morais sofridos pelas prisões e torturas advindas das perseguições políticas perpetradas durante o regime militar. Ele reconheceu não somente o dever de indenizar, mas o fato de que tais ações poderiam ser ajuizadas a qualquer tempo, ou seja, são imprescritíveis. Ao levar os novos recursos da União à apreciação dos demais ministros que integram a Segunda Turma, confirmou-se o entendimento do ministro Mauro Campbell de que a ofensa a direitos fundamentais não se subsume aos prazos prescricionais do Decreto n. 20.910/32 e do Código Civil. Quanto à alegada violação à cláusula constitucional de reserva de plenário, a Turma entendeu que, nas palavras do Ministro Relator, a “suposta malversação do artigo 97 da Constituição Federal de 1988 deve ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, sendo o recurso especial via inadequada para suscitá-la” e que “para fins de interposição de recurso especial, o conceito de "lei federal" não abrange as súmulas, sejam vinculantes ou não, especialmente quando a decisão do Tribunal de origem é anterior à edição do verbete considerado violado”.

17/10/2008 - 09h59Candidato a prefeito eleito atrás das grades consegue liberdade

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Jorge Mussi concedeu liminar em habeas-corpus a Walter Tenan, candidato eleito à prefeitura do município de Porecatu (PR). O empresário é acusado de receptação de mercadorias, formação de quadrilha e posse ilegal de munição proibida. Foi eleito, estando preso desde o dia 10 de setembro. O ministro do STJ entendeu que o decreto de prisão está fundamentado em aspectos incapazes de sustentá-lo, como a gravidade abstrata dos fatos criminosos, a suposição de que, solto, influenciaria negativamente funcionários testemunhas no processo, além da repercussão e do clamor social. Para o ministro Mussi, são argumentos desvinculados de fatores concretos que indiquem a necessidade da prisão. O ministro relator do habeas-corpus também considerou a eleição do empresário, e o fato de ter residência fixa, ser primário e não ter antecedentes criminais. Concluiu, assim, que não estava claro o risco que o empresário pode representar uma vez solto. A liminar foi concedida na última quarta-feira, dia 15, e o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) foi comunicado por meio de telegrama na noite do mesmo dia. Prisão A denúncia apresentada pelo Ministério Público contra Walter Tenan foi recebida pelo juízo singular (primeiro grau), que decretou a prisão do empresário. Ele foi preso um dia antes do prazo estipulado pelo Código Eleitoral, que veda a prisão dos candidatos 15 dias antes das eleições às quais concorrem. Inicialmente uma prisão temporária (com prazo menor), em 24 de setembro a prisão foi convertida em preventiva. Sua defesa ingressou com pedido de habeas-corpus no TJPR. O desembargador relator do pedido negou a liminar, mantendo a prisão. A defesa, então, recorreu diretamente ao STJ, antes mesmo da análise do mérito pelo Tribunal paranaense. Para a concessão da

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liminar, o ministro Jorge Mussi superou o impedimento imposto pela Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta súmula admite o habeas-corpus contra indeferimento de liminar de decisão que se apresente manifestamente ilegal. O mérito do habeas-corpus no STJ ainda será analisado pela Quinta Turma, que poderá manter ou revogar a liminar concedida.

17/10/2008 - 08h33Transferência de dependente de militar deve levar em conta última matrícula e não a

origemO dependente de militar transferido a trabalho, matriculado em uma instituição de ensino superior de natureza pública, mas oriundo de uma universidade privada, tem direito à transferência para outra instituição pública. A decisão foi da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que atendeu a pedido da esposa de um militar, atualmente residente em Brasília (DF). Matriculada no curso Direito na Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro (RJ), a aluna foi obrigada a mudar-se para Salvador (BA) acompanhando o marido militar, transferido ex-officio [por dever do cargo].Passou, então, a estudar na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em dezembro de 2004, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que o artigo 1º da Lei 9.536/97 permite a mudança entre instituições de ensino, nos casos de transferência ex-officio de servidor, desde que observada a natureza privada ou pública daquela origem, viabilizada a matrícula na congênere, isto é, em instituição privada se assim for a de origem e em pública se o servidor ou o dependente for egresso de instituição pública. Uma nova transferência ex-officio do militar, desta vez para Brasília, obrigou mais uma vez sua esposa a solicitar a transferência, o que foi encaminhado para a Universidade de Brasília (UnB), instituição pública de ensino. No entanto a universidade negou o pedido, alegando que a estudante era oriunda, originalmente, de uma instituição não-congênere, isto é, particular. A aluna ingressou com mandado de segurança e, após, com recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O TRF1 entendeu que ela deveria procurar para a transferência uma instituição privada de ensino em Brasília que oferecesse o curso de Direito. Para o TRF1, a UnB não teria a obrigação de acolher o pedido de transferência, já que a aluna era oriunda de uma instituição privada de ensino, ainda que estivesse vindo de uma universidade pública. A aluna recorreu, então, ao STJ. A Segunda Turma, seguindo o voto da relatora, ministra Eliana Calmon, reconheceu o direito à transferência da UFBA para a UnB, já que estaria atendido o critério de congeneridade, estabelecido pelo STF. Para a relatora, não deve ser indagada a origem da aluna para autorizar o procedimento.

17/10/2008 - 07h57STJ afasta a incidência de Imposto de Renda sobre a indenização por dano moral

A indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do Imposto de Renda, pois se limita a recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito praticado. O entendimento da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é o de que a negativa da incidência do Imposto de Renda não se dá por isenção, mas pelo falo de não ocorrer riqueza nova capaz de caracterizar acréscimo patrimonial. A questão foi definida em um recurso especial da Fazenda Nacional contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (RS), que, ao apreciar mandado de segurança, reconheceu o benefício fiscal à verba recebida, confirmando decisão da primeira instância. A ação foi apresentada pelo advogado gaúcho Elton Frederico Volker contra ato do delegado da Receita Federal em Porto Alegre, buscando afastar a incidência do Imposto de Renda sobre a verba indenizatória. O contribuinte recebeu R$ 6 mil de indenização do Estado do Rio Grande do Sul como ressarcimento por danos morais relativos a falhas administrativas que, dentre outros problemas, provocaram a expedição equivocada de ordem de prisão em seu nome. O fato que gerou a ação de indenização foi um assalto no qual levaram todos os documentos de Volker. Um mês depois, ele soube pelo noticiário que um assaltante de uma agência de turismo foi preso e identificado com o seu nome. Três anos depois, esse assaltante fugiu do presídio e foi expedida ordem de prisão no nome de Elton Frederico Volker. O advogado só teve conhecimento da confusão quando recebeu ordem de prisão ao tentar renovar a Carteira Nacional de Habilitação, prisão que só não ocorreu porque conseguiu provar todas as circunstâncias. No recurso ao STJ, A Fazenda Nacional argumentava que a indenização representa acréscimo patrimonial. Sustentava, ainda, ser impossível conceder isenção por falta de fundamento legal, uma vez que somente a lei poderia deferir a exclusão do crédito tributário. O relator do recurso no STJ, ministro Herman Benjamin, entendeu que a verba recebida a título de dano moral não acarreta acréscimo patrimonial e, por isso, não se sujeita à incidência do Imposto de Renda. Para o relator, “a indenização por dano estritamente moral não é fato gerador do Imposto de Renda, pois se

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limita a recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito praticado. Ao negar a incidência do Imposto de Renda, não se reconhece a isenção, mas a ausência de riqueza nova - oriunda dos frutos do capital, do trabalho ou da combinação de ambos – capaz de caracterizar acréscimo patrimonial. A indenização por dano moral não aumenta o patrimônio do lesado, apenas o repõe, pela via da substituição monetária, in statu quo ante [no mesmo estado em que se encontrava antes]”. O ministro Herman Benjamin ressaltou que “a tributação da reparação do dano moral, nessas circunstâncias, reduziria a plena eficácia material do princípio da reparação integral, transformando o Erário simultaneamente em sócio do infrator e beneficiário da dor do contribuinte. Uma dupla aberração. Destaco que as considerações feitas no presente voto, referentes à incidência do IR sobre o dano moral, restringem-se às pessoas físicas enquanto possuidoras, por excelência, dos direitos da personalidade e das garantidas individuais, consagrados no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana”. Após voto-vista do Ministro Francisco Falcão, acompanhando integralmente o relator, a Seção, por maioria, vencido o ministro Teori Albino Zavascki, concluiu pelo afastamento da tributação pelo IR sobre a indenização por dano moral. O julgamento pacifica a questão nas duas turmas que integram a Primeira Seção, responsável pela apreciação das causas referentes a Direito Público.

16/10/2008 - 15h31STJ mantém afastado ex-presidente do Tribunal de Contas do Espírito Santo

O presidente do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, Valci José Ferreira da Silva, continua afastado do cargo. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça negou, por unanimidade, agravo regimental (tipo de recurso) contra decisão do próprio STJ que negou o pedido de revogação da medida que determinou seu afastamento. Valci Ferreira foi denunciado pelo Ministério Público por fraude em licitações e desvio de dinheiro público em obras superfaturadas. No agravo, a defesa do conselheiro argumenta que não existe razão para o afastamento por tempo indeterminado, principalmente porque seu retorno ao cargo não atrapalharia a ação penal. Sustenta ainda que a manutenção da medida sem a estipulação de prazo razoável constitui pena de caráter perpétuo e fere o princípio da presunção da inocência. O relator do caso, ministro Teori Albino Zavascki, ressaltou que o afastamento do conselheiro não é uma medida de punição, mas sim de natureza acautelatória, com previsão constitucional, que tem o objetivo de resguardar a integridade da função pública e a moralidade administrativa. A decisão contestada já afirmava que as atividades de conselheiro de Tribunal de Contas são incompatíveis com a gravidade dos crimes pelo quais Valci Ferreira foi denunciado. Quanto à alegada demora na instrução do processo, o ministro Teori Zavascki entendeu que ela é justificável, conforme a jurisprudência do STJ, em razão dos incidentes processuais. Mas, nesse ponto, o relator fez uma recomendação. Ele defende uma mudança na jurisprudência para fixar critérios definidores das condições necessárias para manutenção, no tempo, de afastamentos de cargos. “É sabido que as ações penais têm, em geral, tramitação demorada, razão pela qual o afastamento do cargo pode significar, na prática, uma providência de caráter permanente, transformando-a, desta forma, em verdadeira medida punitiva”, entende o ministro.

16/10/2008 - 15h24Juros moratórios não estão sujeitos a cobrança de imposto de renda

Os valores recebidos pelo contribuinte a título de juros de mora na vigência do Código Civil de 2002 têm natureza jurídica indenizatória. Por isso, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou que sobre eles não incide imposto de renda. A decisão foi unânime e seguiu voto do relator do recurso especial, ministro Humberto Martins. O recurso foi apresentado pela Fazenda Nacional. Em primeira instância, ela propôs ação judicial relativa à incidência de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) sobre juros de mora referentes a verbas pagas em razão de ação reclamatória trabalhista. O pedido foi negado e a Fazenda Nacional apelou. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve a decisão. Entendeu que os juros moratórios são verba indenizatória que visa à compensação das perdas sofridas pelo credor em razão do pagamento extemporâneo de seu crédito, e não estão sujeitos à incidência de IR. A Fazenda Nacional recorreu novamente, desta vez ao STJ. Alegou que, em matéria tributária sobre isenção, não se poderia dar interpretação “larga” ao Código Tributário Nacional e à Lei n. 7.713/88, que trata do IR. Disse que o imposto de renda incidiria sobre os juros de mora, independentemente da natureza do valor principal. Ao julgar o recurso, o ministro relator lembrou que, em julgamento recente, em maio deste ano, a Segunda Turma resumiu o entendimento da questão ao reconhecimento da natureza jurídica dos juros moratórios. De acordo com a relatora daquele recurso (Resp 1037452), ministra Eliana Calmon, a partir do novo Código Civil, ficou claro que os juros de mora têm natureza indenizatória, característica que afasta a incidência do imposto de renda.

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Liberação de veículo de transporte irregular não depende de prévio pagamento de multas e despesas

É ilegal o condicionamento da liberação de veículos, retidos em razão de transporte de passageiros sem autorização, ao prévio pagamento de multa e despesas com transbordo. Foi com esse entendimento que o ministro Luiz Fux, da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), rejeitou o recurso especial interposto pela União contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O TRF1 julgou como legítimas a apreensão de veículo e a imposição de multa, porém observou que não há a aprovação da justiça para a “não liberação do veículo como forma coercitiva do pagamento de multa aplicada”. Declara também que é legal a exigência do pagamento de despesas efetuadas por terceiro para a conclusão da viagem interrompida. Sustenta a União, recorrendo ao STJ, violação ao artigo 85, inciso VI, do Decreto 2521/98, pois a remoção do veículo decorreu do estrito cumprimento do poder-dever de evitar a circulação de veículo não licenciado para fins de transporte de pessoas ou bens, sendo legal a exigência do pagamento das multas, impostos e demais despesas como condição à sua liberação. Para o ministro relator Luiz Fux, a imposição de pagamento imediato da multa e demais despesas não é prevista em lei, configurando-se fato que denota extrapolação dos limites impostos ao exercício do Poder Regulamentar. A conclusão do ministro segue posicionamento anterior do STJ segundo o qual o artigo 85 do Decerto 2521, à guisa de regulamentação, criou penalidade (a apreensão), impondo, outrossim, obrigação (pagamento imediato da multa e despesas de transbordo como condição para liberação do veículo) sem previsão na lei.

16/10/2008 - 11h14STJ tranca ação contra empresário acusado de negligenciar imóvel tombado

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o trancamento da ação penal instaurada contra socioproprietário de empresa de transportes e turismo do Rio Grande do Sul por inépcia da denúncia. Os ministros, por unanimidade, consideraram que a inexistência absoluta de elementos individualizados, que apontem a relação entre os fatos delituosos e a sua autoria, ofende o princípio constitucional da ampla defesa. No caso, o empresário foi denunciado pelo Ministério Público gaúcho pelo crime contra o patrimônio cultural por ter se omitido em sua obrigação legal de impedir a deterioração de imóvel tombado, em razão de seu valor histórico e cultural. Inconformada, a defesa do empresário impetrou habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Estado defendendo a inépcia da denúncia porque ele está sendo processado pelo simples fato de ser sócio, sem qualquer poder de representação e gerência da empresa que, por sua vez, era locatária e possuidora do imóvel tombado, onde ocorreu a deterioração. O Tribunal estadual negou o pedido entendendo que “o trancamento da ação penal, a título de falta de justa causa, somente pode acontecer quando a denúncia não descrever conduta caracterizadora de crime em tese ou na total impossibilidade da pretensão punitiva”. No STJ, a relatora, ministra Laurita Vaz, destacou que, embora não seja necessária a descrição pormenorizada da conduta de cada acusado, nos crimes societários, não se pode conceber que o Ministério Público deixe de estabelecer qualquer vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada. Para a ministra, o simples fato de o acusado figurar no quadro associativo de uma empresa jurídica que, na condição de locatária, teria se omitido em sua obrigação legal de impedir a deterioração do imóvel tombado, não autoriza a instauração de processo criminal por crime contra o patrimônio cultural, se não ficar comprovado o vínculo entre a conduta e o agente. “A inexistência absoluta de elementos individualizados, que apontem a relação entre os fatos delituosos e a autoria, ofende o princípio constitucional da ampla defesa, tornando, assim, inepta a denúncia”, afirmou a relatora.

16/10/2008 - 08h08Concurso público pode determinar número fixo de vagas para classificação de candidatos

O edital de um concurso público pode estabelecer número fixo de vagas para classificação dos candidatos. Com isso, mesmo que o certame ainda esteja no prazo de validade, a Administração Pública pode abrir novo concurso para o preenchimento de novas vagas (com exceção das previstas no concurso ainda válido), não sendo obrigada a aproveitar os classificados no certame anterior, além do número de vagas fixadas. Com esse entendimento, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso de candidata classificada em concurso para o cargo de delegado de Polícia Civil do Rio Grande do Sul. O edital previu 50 vagas para a classificação de candidatos para a segunda etapa do certame – o curso de formação. Ainda de acordo com o edital, os classificados além das 50 vagas estariam automaticamente eliminados da concorrência. A candidata ficou colocada na 231ª posição. Ela recorreu ao STJ para obter sua inclusão no curso de formação previsto para o novo

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concurso, posterior ao que ela obteve a aprovação, mas não foi classificada. Quando o novo certame foi aberto, o concurso anterior ainda estava em validade. Novo concurso O processo teve início quando a candidata entrou com mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) com o objetivo de ter seu nome incluído na listagem dos aprovados para a etapa do certame que previa o curso de formação. O TJRS negou o pedido. De acordo com o Tribunal gaúcho, no caso em análise, “a abertura de novo concurso, dentro do prazo de validade do anterior, não infringe o direito fundamental dos candidatos que, aprovados em algumas fases, não ingressaram na última, derradeira e decisiva etapa do certame”, como no caso da autora da ação. Com a decisão da Corte estadual, a concursanda recorreu ao STJ. Ela reafirmou que obteve aprovação em todas as fases do concurso, “inclusive submetendo-se aos exames clínicos e psicológicos, físicos e médicos, e à biometria do Estado, realizada pelo Órgão Oficial”. Para os advogados da candidata, a abertura de novo concurso no prazo de validade do certame anterior, com previsão de mais vagas, contraria o artigo 37, inciso IV, da Constituição Federal, bem como a súmula 15 do Supremo Tribunal Federal. A concorrente também afirmou que os itens do edital do concurso que prevêem a exclusão dos candidatos não-aprovados no número de vagas estabelecido (50) divergem do Princípio da Razoabilidade. Além disso, segundo a defesa da candidata, 53 concorrentes, e não 50, foram encaminhados ao curso de formação na Academia, “sendo que, inclusive, a candidata posicionada em 64º lugar encontra-se trabalhando definitiva e normalmente no cargo”. Regras do Edital O ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do processo, rejeitou o recurso. Para ele, “se o edital estabeleceu que todos os candidatos classificados além do número de vagas previsto estariam eliminados, não há falar em aprovados nessa situação, razão por que a abertura de novo concurso público no prazo de validade do anterior não gera direito líquido e certo à convocação para a fase subseqüente, assim como não contraria o disposto no artigo 37 da Constituição Federal”. Além disso, segundo o ministro, se a candidata entende que as regras do edital eram ilegais ou inconstitucionais, deveria impugná-las no momento oportuno. Todavia, não se manifestou. “Insurge-se contra essas regras tão-somente agora, por meio de mandado de segurança, quando superado o prazo decadencial de 120 dias, a que alude o artigo 18 da Lei 1.533/51”. O relator destacou, ainda, decisão da Sexta Turma do STJ em caso semelhante ao em julgamento. “A Sexta Turma, ao julgar caso análogo, atenta às regras editalícias em referência, negou provimento (rejeitou) ao recurso ordinário em mandado de segurança de candidatos, ao fundamento de que eles estavam posicionados além do número de vagas previsto, motivo pelo qual estariam eliminados. Desse modo, não teriam direito de participar do curso de formação profissional, que constitui a fase final do concurso”.

15/10/2008 - 19h21SÚMULAS - Súmula expande a proteção dada ao bem de família a pessoas solteiras,

separadas e viúvasNova súmula, a de número 364, aprovada pela Corte Especial amplia os casos em que se pode usar a proteção do Bem de Família. Criado pela Lei Nº 8.009 de 1990, o Bem de Família é definido como o imóvel residencial do casal ou unidade familiar que se torna impenhorável para pagamento de dívida. O projeto 740, que deu origem à nova súmula, foi relatado pela ministra Eliana Calmon e estendeu a proteção contra a penhora para imóveis pertencentes a solteiros, viúvos ou descasados. Entre os precedentes da súmula 364 estão os Recursos Especiais (Resp) 139.012, 450.989, 57.606 e 159.851. O Resp 139.012, o relator, ministro Ari Pargendler considerou que o imóvel de uma pessoa ainda solteira no momento em que a ação de cobrança foi proposta e que veio a casar-se depois era protegido contra a penhora. O ministro considerou que no momento da penhora já haveria uma unidade familiar no imóvel, justamente o alvo da proteção do Bem de Família. Já em outro recurso, o 450989, o ministro aposentado Humberto Gomes de Barros destaca que a Lei Nº 8.009 não visa apenas à proteção da entidade familiar, mas de um direito inerente à pessoa humana: o direito a moradia. Nesse processo, uma pessoa residia sozinha no imóvel, não tendo sido considerada protegida pela 8.009. No entendimento do ministro relator, entretanto, a proteção deve ser estendida para esses casos. Segundo a súmula 364, “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas” .

15/10/2008 - 19h09SÚMULAS - Enunciado define competência para julgar cobrança de honorários de

profissionais liberaisA Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou o Projeto 695, que criou a súmula 363. A nova súmula, relatada pelo ministro Ari Pargendler, vai resolver diversos conflitos de competência

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entre tribunais em julgamentos de cobrança de honorários de profissionais liberais. O novo enunciado define que a competência para processar e julgar ação de cobrança de profissionais liberais contra clientes é da Justiça Estadual. Entre os vários precedentes legais utilizados estão os CC 52.719-SP, 65.575-MG, 93.055-MG e 15.566-RJ. No conflito originário do Rio de Janeiro, o relator, o ministro aposentado Sálvio de Figueiredo, decidiu que o pagamento pela prestação de serviços por pessoas físicas não se confunde com verbas trabalhistas definidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Portanto não poderiam ser julgadas pela Justiça trabalhista e sim pela Justiça comum. Já no Conflito 52719, tratou-se de ação trabalhista originada de serviços jurídicos prestados à Caixa Econômica Federal por terceiros. A ministra Denise Arruda, relatora da ação, aponta que, apesar da Emenda Constitucional (EC) 45 de 2004 tenha passado para a justiça laboral a competência para julgar as ações relações trabalhistas de entes públicos de direito e da administração pública, isso não incluiria ações com natureza exclusivamente civil. É o seguinte o enunciado da súmula 363: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.

15/10/2008 - 18h25SÚMULAS - Nova Súmula do STJ define: dano moral deve ser corrigido a partir do

arbitramentoA Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou uma nova súmula. A súmula 362, originada pelo projeto 775, relatado pelo ministro Fernando Gonçalves, tem o seguinte texto: “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”. Entre os precedentes do novo resumo de entendimentos do Tribunal estão os recursos especiais (Resp) 657.026, 743.075 e o 974.965. No julgamento do REsp 675.026, o relator, ministro Teori Albino Zavascki, aponta que o reajuste em indenizações por dano moral deve ser da data em que o valor foi definido na sentença e não na data em que a ação foi proposta. Para o ministro a última hipótese seria corrigir o que já havia sido corrigido anteriormente. A nova súmula faz uma exceção à regra da súmula 43, que define que nas indenizações de modo geral a correção da indenização deve contar da data do efeito danoso. Apenas no caso indenização por dano moral, a correção se dá a partir da data do arbitramento.

15/10/2008 - 16h44Nicolau dos Santos Neto não consegue anular condenação imposta por juiz condenado por

venda de sentençaA Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça negou, por unanimidade, mais um habeas-corpus impetrado pelo juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, condenado pelo desvio de verbas da obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Ele pretendia anular sua condenação alegando que o juiz Casem Mazloum, que a presidiu o julgamento da ação penal foi condenado por venda de decisões judiciais. A defesa de Nicolau dos Santos Neto alegou que houve cerceamento de defesa. Sustentou que a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região relatora da ação penal contra Mazloum não decidiu o pedido de impedimento do juiz e negou acesso aos autos. Os advogados do juiz aposentado queriam provar que a sentença que o condenou fazia parte da ação penal contra Mazloum. A relatora do habeas-corpus no STJ, desembargadora convocada Jane Silva, não acatou os argumentos da defesa do juiz aposentado e negou o pedido. Segundo ela, já foi comprovado que não há cópia da sentença contra Nicolau dos Santos Neto na ação penal contra Mazloum. Além disso, a decisão contestada esclareceu que não há nenhuma prova de que a sentença tenha sido objeto de corrupção. Afirmou também que não existe impedimento do magistrado porque os processos são completamente distintos.

15/10/2008 - 15h31Justiça Federal é quem deve decidir liberdade provisória de um investigado na Operação

CarrosselCabe à Justiça Federal apreciar pedido de liberdade provisória de um investigado na Operação Carrossel. A conclusão é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou ser da competência do Juízo Federal da 9ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo apurar o caso. O investigado foi preso em flagrante no Estado de São Paulo pela Polícia Federal, em diligência de busca e apreensão autorizada pelo Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, no âmbito da denominada Operação Carrossel. A intervenção apura a suposta prática de divulgação de material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes por meio de uma rede mundial de computadores. O caso chegou ao STJ por meio de um conflito de competência encaminhado para que se indicasse qual juízo deveria decidir a questão. O Juízo da 9ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo suscitou o conflito alegando que os fatos investigados neste processo já foram decididos pelo Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, além de outros casos idênticos. O Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito

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Federal, por sua vez, declinou de sua competência. Para ele, cuida-se de representação pela exceção ao sigilo telemático devido à constatação de crime de pedofilia com a divulgação de material pornográfico através da internet, conduta levada a efeito na cidade de São Paulo. Por essa razão, entende que compete à Seção Judiciária correspondente conhecer e julgar o feito. Ao analisar o caso, o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, destacou que, no inquérito policial oriundo da denominada Operação Carrossel, a Polícia Federal solicitou ao Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal que ordenasse uma medida de busca e apreensão. A diligência seria realizada em outro estado, o que foi devidamente ressaltado pelo Ministério Público, à época, para alertar sobre eventual futura declaração de incompetência da Justiça Federal do Distrito Federal. Por essa razão, preferiu-se aguardar o desenvolvimento das investigações para formalização da declinação de incompetência, para não atrapalhar a colheita de provas. O ministro ressalvou, ainda, que, na hipótese, sugeriu-se a competência da Justiça Federal do Distrito Federal e Territórios, pois foi quem teria autorizado a diligência de busca e apreensão. Ocorre que, assim como no precedente citado, no estágio atual das investigações, não se constatou conexão probatória entre as condutas dos diferentes investigados que justificasse a aplicação da regra de qualquer dos incisos do artigo 76 ou 78 do CPB, que disciplinam a competência por conexão. Ao que tudo indica, cuida-se de condutas autônomas, praticadas por agentes distintos. Segundo o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, a solução deve ser a mesma já adotada pela Terceira Seção, que fixa a competência no lugar em que a prisão em flagrante do investigado é realizada e no local da consumação do delito.

15/10/2008 - 13h47STJ restabelece sentença que absolveu acusado de homicídio

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a unanimidade, restabeleceu sentença que absolveu Ricardo da Silva da acusação de homicídio qualificado. Segundo o relator, Arnaldo Esteves Lima, constatado que o Conselho de Sentença entendeu suficientes as provas produzidas pela defesa para proferir o veredicto de absolvição, não cabe ao Tribunal de Justiça revalorá-las com o fim de anular o processo. No caso, a defesa impetrou habeas-corpus contra decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que anulou o julgamento realizado pelo Tribunal do Júri pelo qual Ricardo foi absolvido da acusação de homicídio, determinando a realização de um novo, ao fundamento de que o veredicto original é manifestamente contrário à prova dos autos. Para o ministro Arnaldo Esteves, o TJ usurpou competência constitucional do Tribunal de Júri, uma vez que não se limitou a analisar a existência de prova suficiente para fundamentar a decisão dos jurados, mas, sim, a proferir verdadeiro juízo de valor sobre a absolvição do réu, reexaminando todo o conjunto probatório a fim de refutar aquelas provas que foram consideradas pelo Conselho de Sentença como suficientes para proferir o veredicto.

15/10/2008 - 08h54Supermercado vai indenizar consumidor acusado de furto em via pública

Em decisão unânime, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação de um supermercado em indenizar consumidor pelos danos morais sofridos. Ele foi obrigado a retornar à loja e ser revistado pela suspeita infundada de furto quando já se encontrava em via pública. A humilhação levou o consumidor a pedir indenização na Justiça pretendendo ver reparado o dano moral. Em primeira instância, o pedido foi julgado improcedente, mas o Tribunal de Justiça deu ganho de causa ao consumidor. Condenou o supermercado a indenizá-lo em R$ 7 mil. A condenação levou a empresa a recorrer ao STJ. Para ela, somente há obrigação de indenizar se for provada que a abordagem se deu com evidente má-fé, o que, alega, não ocorreu no caso. A relatora do recurso no STJ, ministra Nancy Andrighi, entendeu que o tribunal estadual explicitou claramente a configuração da responsabilidade civil do estabelecimento: o fato, baseado no comportamento do funcionário do supermercado; o dano, caracterizado pela humilhação e situação vexatória a que foi submetido o consumidor; e o nexo de causalidade entre a conduta da empresa e o constrangimento experimentado pelo consumidor. Além do mais, entendeu que o valor determinado para indenização se enquadra dentro do que o STJ vem definindo. O tribunal, em situações similares, destaca a ministra, tem mantido indenizações em patamares superiores a este.

15/10/2008 - 08h12Jovem infrator deve cumprir medida socioeducativa mesmo ao completar 18 anos

A aplicação das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera apenas a idade do menor infrator no tempo em que ocorreu o fato delitivo. O menor alcançar a maioridade civil e penal – 18 anos – durante o cumprimento da medida não o exime da determinação judicial. Com essas conclusões, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas-corpus em favor de um jovem que completou 18 anos durante o

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cumprimento de medida socioeducativa de semiliberdade. Assim, ele permanece submetido à medida. O ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do processo, ressaltou que, “para a aplicação do ECA, leva-se em consideração apenas a idade do menor ao tempo do fato (ECA, artigo 104, parágrafo único)”. O relator destacou a orientação dominante no STJ no mesmo sentido do seu voto e citou precedentes que estabelecem a liberação obrigatória do adolescente infrator somente quando ele completa 21 anos, “nos termos do artigo 121, parágrafo 5º, do ECA, dispositivo que não foi alterado com a entrada em vigor do novo Código Civil”. Maioridade x ECA Dessa forma, segundo o ministro, é “irrelevante a circunstância de atingir o adolescente a maioridade civil ou penal durante seu cumprimento, tendo em vista que a execução da respectiva medida pode ocorrer até que o autor do ato infracional complete 21 anos de idade”. Esses entendimentos do relator têm por base o artigo 2º, parágrafo único, combinado com os artigos 120, parágrafo 2º, e 121, parágrafo 5º, todos do ECA. Segundo o relator, “cumpre ressaltar que o ECA registra posição de excepcional especialidade tanto em relação ao Código Civil como ao Código Penal, que são diplomas legais de caráter geral, o que afasta o argumento de que o parágrafo único do artigo 2º do aludido estatuto teria sido tacitamente revogado pelo atual Código Civil”. Para o ministro Arnaldo Esteves Lima, se os dispositivos do ECA não valessem perante as demais normas, todos os artigos que compõem o Estatuto “não poderiam mais ser aplicados aos maiores de 18 anos, impedindo, assim, a adoção de quem tem menos de 21 anos e já se encontra sob a guarda ou tutela dos adotantes, conforme previsto no artigo 40 do referido Estatuto, em indiscutível prejuízo do jovem adulto, considerando que ‘a adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios’”. Medida em cumprimentoA defesa do jovem entrou com habeas-corpus no STJ pela extinção da medida socioeducativa após ter o mesmo pedido negado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). O menor foi encaminhado à medida socioeducativa de semiliberdade pela prática de ato infracional equiparado aos delitos de tráfico ilícito de entorpecentes e homicídio qualificado. Durante o cumprimento da medida, o jovem completou 18 anos de idade e a defesa dele entrou com habeas-corpus. Para a defesa, a manutenção da medida de semiliberdade não seria mais possível porque não há previsão legal no ECA que autorize a aplicação da referida medida aos maiores de 18 anos. O habeas-corpus foi negado pelo STJ.

14/10/2008 - 19h33STJ determina retirada de grades de prédios em área tombada de Brasília

As grades que cercam prédios do Cruzeiro Novo, Região Administrativa de Brasília (DF), terão de ser retiradas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou o gradeamento dos edifícios uma mutilação ao tombamento da cidade. Uma das características do Plano Piloto da capital federal, projetada por Lúcio Costa e tombada como patrimônio cultural da humanidade, é a livre circulação sob os prédios erguidos em pilotis nas áreas residenciais. Seguindo entendimento do ministro Herman Benjamin, a Segunda Turma atendeu a pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que os obstáculos sejam removidos. A decisão foi por três votos a um. Apenas a relatora do caso, ministra Eliana Calmon, votou em sentido contrário. Para ela, o recurso especial não contestou o fundamento da decisão de segunda instância. Ainda cabe recurso da decisão. Integrante da Segunda Turma, o ministro Humberto Martins ressaltou em seu voto-vista que a colocação de grades nos espaços abertos (pilotis) dos blocos residenciais do Cruzeiro Novo descaracteriza o bem tombado, na medida em que desvirtua a concepção urbanística que determinou sua construção. O ministro considerou que as grades enquadram-se no conceito de mutilação, proibida pelo artigo 17 do Decreto-Lei 25/37, por se constituir acréscimo indevido e não-previsto no projeto urbanístico original. No entender dos ministros, o gradeamento é proibido. Também acompanhou este entendimento o ministro Mauro Campbell Marques. A ação Inicialmente, uma ação foi proposta pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Justiça do Distrito Federal. O órgão argumentou que não é permitido gradear área tombada do Plano Piloto, por alterar o projeto arquitetônico tombado (livre circulação). Além disso, afirmou não ter sido consultado pelo GDF na ocasião da emissão de permissões de gradeamento dos prédios do Cruzeiro Novo, omissão que teria violado o artigo 17 do Decreto-Lei 25/37, que proíbe a destruição, demolição ou mutilação de coisa tombada. Em primeiro grau, a ação foi julgada procedente. O juiz considerou que o GDF teria sido desidioso no cumprimento do seu dever legal de preservar a área tombada. O GDF recorreu e teve sucesso em segunda instância. O Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) considerou que a colocação de grades de proteção não impediria ou reduziria a visibilidade da coisa tombada, ao contrário do que acusa o Iphan. Assim, não seria o caso de exigir

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autorização do órgão, como prevê o artigo 18 do DL 25/37. O TJDFT também considerou que não houve violação do artigo 17 da mesma norma. O MPF recorreu, então, ao STJ. Argumentou que, ao negar a remoção das grades, o TJDFT teria ignorado o fato de que o tombamento de Brasília não se esgota na preservação dos aspectos estéticos e arquitetônicos da cidade, mas alcança os elementos de sua concepção urbanística, orientada para a construção de espaços abertos ao ar livre e trânsito de pessoas. Disse que o artigo 17 alcançaria quaisquer situações em que a intervenção compromete, de algum modo, as características arquitetônicas do bem. No STJ, ao contrário do que entendeu a segunda instância, os ministros consideraram que não se trata de violação ao artigo 18 do DL 25/37, pois este dispositivo refere-se expressamente à realização de obras na vizinhança da coisa tombada e, no caso em análise, as grades não estão dissociadas fisicamente da estrutura do bem tombado.

14/10/2008 - 14h44Veículos usados no transporte ilegal de pessoas não podem ser liberados

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, suspendeu decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de liberar veículos apreendidos porque estavam sendo utilizados para o transporte irregular de passageiros. O pedido de suspensão de segurança foi impetrado pelo município fluminense de Barra do Piraí. A liberação dos veículos apreendidos havia sido concedida no julgamento de uma apelação cível em mandado de segurança. O tribunal local concedeu a ordem parcialmente também para impedir a aplicação da multa para esta infração prevista no artigo 231, inciso VIII do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97). No pedido de suspensão de segurança ajuizado no STJ, o município alegou que a liberação dos veículos causa grave lesão à ordem, à segurança e à saúde públicas, uma vez que impede o poder de polícia na fiscalização do transporte público exercido por pessoas não autorizadas, colocando em risco a segurança e a vida da população. Para o presidente do STJ, foi configurada no caso a grave lesão à ordem e à segurança públicas. Por isso o ministro Cesar Rocha concedeu o pedido do município para suspender a decisão que liberou os veículos e impediu a aplicação da multa.

14/10/2008 - 11h32Acusado de ludibriar emigrantes ilegais vai permanecer preso

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas-corpus impetrado pela defesa de Cláudio Raimundo dos Reis. Preso preventivamente em junho de 2007, Reis foi denunciado pelo crime de estelionato. A decisão foi unânime. Segundo consta dos autos, Reis abriu uma empresa de turismo de fachada e, a partir desta, ludibriou 27 pessoas, ora afirmando ser amigo e sócio de dois funcionários da embaixada americana, ora se fazendo passar pelos próprios funcionários da representação americana, com a promessa de legalizar a situação de pessoas que estivessem irregularmente nos Estados Unidos. Suas ações levaram a um prejuízo total de R$ 500 mil. No habeas-corpus, a defesa de Reis alegou a ausência dos requisitos autorizadores da manutenção da prisão e o excesso de prazo para a formação da culpa na tentativa de obter a sua liberdade. Segundo o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, no caso, além da materialidade do delito e de indícios suficientes de autoria, a decretação da prisão preventiva fundou-se, primordialmente, na necessidade de preservar a ordem pública, em razão da periculosidade de Reis, evidenciada pelo seu modus operandi (modo de operar).

14/10/2008 - 10h49STJ mantém interditado lixão de Uruguaiana

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido do município de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, para suspender uma liminar que interditou o aterro sanitário da cidade conhecido como lixão. Desde 1992 o Ministério Público estadual contesta as condições do aterro e no mês passado, por decisão do Tribunal de Justiça gaúcho, o local foi interditado. Contra a decisão do tribunal estadual, o município ajuizou pedido de suspensão de liminar e de sentença no STJ. Alegou que a interdição do aterro sanitário causa grave lesão à ordem, à economia e à segurança públicas porque o município será obrigado a transportar 92 toneladas de lixo por dia para outra cidade. Sustenta que o custo desse transporte é alto e que não há previsão orçamentária para esse fim, de forma que programas de educação e saúde serão prejudicados. O presidente do STJ ressaltou que, de acordo com a Lei n. 8.437/92, a decisão só será suspensa se for constatada a existência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. Para o ministro Cesar Rocha, esses riscos não foram demonstrados pelo município. Não foi comprovada nem mesmo a necessidade de transportar o lixo para outra cidade. Por outro lado, o ministro Cesar Rocha considerou fortes os

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argumentos do Ministério Público, acatados pelo tribunal estadual, de que o aterro sanitário está com a capacidade plenamente esgotada, gerando extrema degradação ambiental. Além disso, foi comprovado que o município não cumpriu o acordo homologado judicialmente para solução do problema, revelando o descaso com o meio ambiente e a saúde pública. Por essas razões, o pedido do município foi negado.

14/10/2008 - 09h55Ação penal contra prefeito municipal por dispensa de licitação é trancada

Em decisão unânime, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) trancou a ação penal instaurada contra o prefeito do município de Tupandi (RS), José Hilário Junges. Ele foi denunciado por dispensa irregular de licitação para aquisição de combustíveis e lubrificantes. No caso, o prefeito municipal, no ano de 2002, celebrou com a empresa Comércio de Combustíveis, Bebidas e Rações Schneider Ltda., aditamento ao contrato 022/2001, visando à aquisição de combustíveis e lubrificantes, arcando, para o adimplemento do contrato, com o valor total de R$ 134.013,36. Segundo a denúncia, a conclusão do acordo teria ocorrido em detrimento da regra constitucional que torna cogente (racionalmente necessária), salvo hipóteses especiais, a realização de licitação visando à contratação do serviço que melhor atenda ao interesse público. Em sua defesa, a prefeitura sustentou que, em 2001, abriu licitação, na modalidade tomada de preços, para compra de combustíveis. Como nenhum interessado respondeu ao edital, a administração entendeu que estava autorizada a contratar diretamente com o único posto de combustível do município. Além disso, destacou que o Tribunal de Contas emitiu parecer favorável à aprovação das contas. No STJ, a defesa de Junges sustentou que a administração municipal observou rigorosamente o que prevê a Lei 5.666/93, no que toca à inexigibilidade, e obteve o preço mais vantajoso ao município, na medida em que seria insano e profundamente irresponsável se o administrador determinasse o deslocamento dos veículos da prefeitura, automóveis e máquinas pesadas a outro município para abastecer os tanques com gasolina e óleo diesel. O relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ressaltou que, no caso, não só houve a aprovação das contas do município pelo TCE, como ocorreu específica análise da operação de compra de combustíveis, com parecer, ao final, favorável ao prefeito, afastando eventual irregularidade.

14/10/2008 - 09h18Município de Igrejinha deverá fornecer medicamento a portadora de leucemia

O município de Igrejinha (RS) terá de fornecer o medicamento Hidroximéia 400mg a portadora de leucemia mielóide crônica. A determinação foi mantida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha, que não acatou os argumentos apresentados pelo município para suspender decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS). O município alega que tal medida causará grave lesão à ordem e à economia públicas, pois impõe o fornecimento de medicamento de alto custo. Afirma que a responsabilidade pertence ao Estado do Rio Grande do Sul, que recebe da União verba específica para esse fim. O presidente do STJ destaca que as alegações de que o município não tem legitimidade para responder pela ação e de que a responsabilidade para o custeio dos medicamentos é exclusiva do estado do Rio Grande do Sul, por dizerem respeito ao mérito da demanda, devem ser discutidas em recurso próprio. Afirma também que “o fornecimento de medicamento a uma única pessoa acometida de moléstia grave, em razão de suas circunstâncias pessoais, que necessita fazer uso urgente do medicamento, não tem, por si, o potencial de causar dano concreto e iminente aos bens jurídicos protegidos pela referida lei”.

14/10/2008 - 08h13Plano de saúde deve pagar dano moral a segurado inadimplente que teve atendimento de

emergência negadoA recusa do plano de saúde em prestar assistência médica de emergência a segurado inadimplente há menos de 60 dias gera dano moral. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou decisão das instâncias inferiores e condenou a Associação de Médicos São Paulo – Blue Life a pagar a um segurado indenização por dano moral no valor de R$ 7 mil. Vítima de um assalto, o filiado do plano de saúde foi ferido nas duas mãos e antebraços por disparos de arma de fogo. Ao procurar atendimento médico de urgência, a cobertura dos gastos foi negada porque a última mensalidade estava com o pagamento atrasado há quinze dias. O segurado

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pediu judicialmente indenização pelos valores que pagou pelo atendimento médico e compensação por danos morais em razão da angústia que sofreu. O pedido de danos morais foi negado no primeiro e no segundo grau. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo entendeu que a não-autorização do atendimento, por si só, não configura dano moral. Seria necessário comprovar a ofensa à dignidade. A ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso, ressaltou que o STJ adota posição diferente em situações idênticas. Para a Corte Superior, é evidente o dano moral sofrido por alguém que, em momento de delicada necessidade, tem negada a cobertura médica esperada. Além disso, o artigo 13, parágrafo único, inciso II, da Lei n. 9.656/988 proíbe a suspensão do atendimento antes de decorridos 60 dias de inadimplência. A relatora destacou que um levantamento histórico da jurisprudência do STJ sobre o tema mostrou que antes o Tribunal não reconhecia o direito à compensação devido ao inadimplemento, mas esse entendimento mudou a partir de 2004. Depois de entender que o dano moral estava caracterizado, a ministra Nancy Andrighi decidiu o valor da indenização. Levando em conta que, embora sério, o ferimento ocorrido não colocava a vida do segurado em risco e que os danos materiais indenizados foram no valor de R$ 1.888,46, os danos morais foram fixados em R$ 7 mil. Todos os demais ministros da Terceira Turma seguiram o voto da relatora.

13/10/2008 - 20h00CORREÇÃO - Menor sob guarda não tem direito a pensão previdenciária

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que o menor sob guarda não é dependente para efeitos previdenciários, ao contrário do que foi divulgado na notícia Crianças e adolescentes garantem direitos no STJ. O novo entendimento do STJ foi firmado em julgamento ocorrido em março deste ano na Terceira Seção. O acórdão é do dia 30 de junho de 2008. O texto original já foi alterado.

13/10/2008 - 16h05Prêmio Educar é só para professores em sala de aula

O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), suspendeu a decisão que obrigava o estado de Santa Catarina a pagar o Prêmio Educar a diversos professores readaptados ou afastados por motivo de saúde. O governo catarinense instituiu, para o magistério público estadual, o Prêmio Educar, uma vantagem pecuniária visando compensar e estimular a permanência dos professores em efetivo exercício em sala de aula. A lei proíbe, expressamente, o pagamento aos docentes em readaptação ou em licença por motivo de saúde. A medida levou esses professores a ajuizar mandados de seguranças no Tribunal de Justiça local (TJ), que já concedeu liminares e decisões de mérito concordando com a alegação de ofensa aos princípios da legalidade, razoabilidade e isonomia. Para os professores excluídos pela lei, não é possível que a remuneração seja reduzida. O significativo número de liminares concedidas levou o governo a buscar suspender a decisão no STJ. Sustenta que, afora o fato de a lei vedar o pagamento do prêmio a esses professores que não estão efetivamente em sala de aula, há o risco de grave lesão à ordem político-administrativa e à economia pública. Ao apreciar o pedido, o ministro Cesar Asfor Rocha rejeitou a alegação de que as decisões judiciais contestadas causariam lesão à ordem político-administrativa. Nesse tipo de demanda judicial – suspensão de segurança –, só é possível analisar a existência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia. Esta última ele entende que ocorre diante do fato de que o número de ações já com ordens concedidas cresceu rapidamente em um espaço de tempo reduzido, considerando-se que a lei estadual é de abril deste ano. O ministro suspendeu os efeitos dos acórdãos e decisões proferidos pelo TJ por constatar que “o cumprimento imediato da decisão sem a anterior e necessária previsão orçamentária acarretará importante impacto nas finanças do estado e inevitáveis dificuldades no ordenamento das contas públicas”.

13/10/2008 - 14h33Município gaúcho terá que pagar cirurgia de redução de estômago para portadora de

obesidade mórbidaO município de Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, terá de custear uma cirurgia de redução de estômago para uma moradora da cidade portadora de obesidade mórbida. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido do município para suspender a liminar que o obrigou a pagar a cirurgia. No pedido encaminhado ao STJ, o município alegou que liminar causava grave lesão à ordem e à economia públicas porque obriga a realização de uma cirurgia que é de responsabilidade estadual, além de inexistir dotação orçamentária ou fonte de custeio específica para essa despesa. Alega também que houve ofensa ao princípio da independência entre os poderes em razão da intervenção indevido do Poder Judiciário na gestão dos recursos públicos no âmbito da saúde. O ministro Cesar Rocha ressaltou que, segundo a Lei n. 8.437/92, a

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suspensão de liminar e sentença só é concedida quando é constatada a existência de grave lesão à ordem, saúde, segurança e à economia públicas. Nesse ponto, o presidente do STJ entendeu que o alegado prejuízo à ordem e à economia públicas não estava evidente. De acordo com o ministro Cesar Rocha, o município tinha que ter comprovado, de forma inequívoca, que o cumprimento imediato da decisão causaria sérios prejuízos. Para o ministro, o custeio urgente da cirurgia à uma única pessoa, não tem o potencial de causar dano concreto aos bens protegidos pela Lei n. 8.437/92. Como a liminar foi mantida, o município terá que realizar a cirurgia no prazo de 30 dias ou fazer um depósito no valor de R$ 13.600,00 para custear o tratamento.

13/10/2008 - 11h41É impossível remoção para acompanhar cônjuge se o outro não foi removido

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o mandado de segurança com o qual um servidor público pretendia ser removido para outro estado para acompanhar a esposa. Os ministros entenderam que o direito à remoção do servidor para acompanhar cônjuge só pode ser concedido se este também for servidor público e se o deslocamento do cônjuge se der por interesse da Administração. No caso, apesar de ambos serem servidores, tanto o servidor quanto sua esposa exerciam o primeiro provimento em seus respectivos cargos públicos, sem que tenha havido qualquer deslocamento a permitir a remoção. A discussão se deu em um mandado de segurança impetrado contra o ato do ministro da Justiça que indeferiu o pedido de remoção do servidor. Ele e a esposa são servidores públicos. Ela passou no concurso para auxiliar de enfermagem em 2006 e hoje é lotada na Fundação Hemocentro de Brasília, no Distrito Federal. Ele, por sua vez, passou no concurso para agentes penitenciários federais e exerce a função na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul. O que motivou o pedido de remoção, segundo alega o servidor, é a saudade que sente da esposa e da filha, de cinco anos, fato que o levou a um quadro depressivo-ansioso, à baixa auto-estima e à dificuldade de concentração. Para o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, ao se submeter ao concurso para o cargo de agente penitenciário federal, ele tinha prévio conhecimento de que a lotação, nos termos do edital, ocorreria nos dois únicos presídios federais existentes no País, localizados nas cidade de Catanduvas/PR e Campo Grande/MS. Isso demonstra que os efeitos sobre sua família não resultam de que sua lotação tenha se dado por remoção. “Tende a traumatizar a unidade familiar e, portanto, o interesse da coletividade, o afastamento do seu convívio diário e direto, porém a estrutura da Administração, que observa a lotação atribuída em lei para cada órgão, não comporta a aplicação imoderada do instituto da remoção, a ponto de se conceder o pedido de deslocamento a todo e qualquer servidor público que assuma cargo que impossibilite a manutenção da convivência familiar diária e direta”, afirma o ministro. Ainda que considere relevantes os motivos apresentados, o relator entendeu que a sua situação não se enquadra em nenhum dos casos que permitem a remoção como direito subjetivo do servidor. E conclui: o interesse público está patente e presente na proteção da unidade familiar, que, segundo o artigo 226 da Constituição Federal, é a base da sociedade, independentemente da causa que impede o convívio entre seus integrantes; contudo a peculiaridade de não ter estabelecimento prisional federal na localidade do domicílio dos familiares do servidor impede que a Administração contribua para a preservação do núcleo íntimo de sua família.

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Informativo n. 0371Período: 6 a 10 de outubro de 2008.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira SeçãoRECURSO REPETITIVO. IR. COMPLEMENTAÇÃO. APOSENTADORIA.No julgamento de recurso repetitivo (Lei n. 11.672/2008 e Res. n. 8/2008-STJ), confirmou-se a pacificação da jurisprudência da Primeira Seção deste Superior Tribunal no sentido de que, por força da isenção concedida pelo art. 6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi dada pela Lei n. 9.250/1995, é indevida a cobrança de imposto de renda sobre o valor da complementação de aposentadoria e do resgate de contribuições correspondentes a recolhimentos para entidade de previdência privada ocorridos no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995. Confirmou-se também que, na repetição de indébito tributário, a correção monetária é calculada segundo os índices indicados no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Res. n. 561/2007-CJF: a ORTN de 1964 a fevereiro de 1989; a OTN de março de 1986 a dezembro de 1988; o IPC de janeiro e fevereiro de 1989 e de março de 1990 a fevereiro de 1991; o INPC de março a novembro de 1991; o IPCA (série especial) em dezembro de 1991; a UFIR de janeiro de 1992 a dezembro de 1995, e a Taxa Selic a partir de janeiro de 1996. Destacou o Min. Relator que o recurso é o do art. 543-C do CPC, assim, daqui para frente, poder-se-á julgar, monocraticamente, os casos semelhantes e, em relação aos casos que não estão distribuídos, a própria Presidência do Tribunal poderá julgar dentro dessa linha. Precedentes citados: EREsp 643.691-DF, DJ 20/3/2006; EREsp 662.414-SC, DJ 13/8/2007; EREsp 500.148-SE, DJ 1º/10/2007; EREsp 380.011-RS, DJ 2/5/2005; EREsp 912.359-MG, DJ 3/12/2007, e EREsp 500,148-SE, DJ 1º/10/2007. REsp 1.012.903-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 8/10/2008.CONTRIBUIÇÃO. INCRA. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS. INSS.A Seção proveu os embargos ao argumento de que, tendo em conta a diferença de natureza entre a contribuição vertida ao Incra (intervenção no domínio econômico) e as demais recolhidas pelo INSS (contribuições para a seguridade social), é impossível a compensação, por simples inteligência do art. 66 da Lei n. 8.383/1991. Precedentes citados: EREsp 749.430-PR, DJ 18/12/2006; AgRg nos EREsp 935.325-PR, DJ 10/3/2008, e AgRg na Pet 6.367-PR, DJ 9/6/2008. EREsp 675.787-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgados em 8/10/2008.FGTS. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA. MASSA FALIDA.A jurisprudência dos tribunais superiores consolidou-se no sentido de que é descabida a cobrança de multa moratória da massa falida em execução fiscal, haja vista seu caráter administrativo. Contudo, no caso dos autos, a controvérsia é referente à multa prevista no art. 22 da Lei n. 8.036/1990. Tal multa remonta à teoria geral da prestação pecuniária legal ou convencional imposta pelo descumprimento da obrigação com fins cominatórios ou compensatórios. A multa em comento decorre de imperativo legal, as partes envolvidas naquela relação jurídica não podem afastar ou modificar o seu modo de incidência. A jurisprudência da Primeira Seção deste Superior Tribunal é firme no sentido de que a relação jurídica existente entre o FGTS e o empregador decorre da lei, e não da relação de trabalho. Ressaltou a Min. Relatora que o beneficiário da multa é o próprio fundo (sistema do FGTS), e não o trabalhador. Por essas razões ela não pode ser excluída. Outrossim, a multa decorrente das infrações previstas no art. 23 da Lei n. 8.036/1990 é de natureza administrativa que se constitui em sanção e está adstrita a um processo administrativo; impõe-se, portanto, o seu afastamento do crédito habilitado na falência, tendo em vista a hipótese de exclusão prevista no art. 23, parágrafo único, III, do DL n. 7.661/1945. Com esse entendimento, a Seção negou provimento ao recurso. REsp 882.545-RS, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 8/10/2008.MS. INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS.Trata-se de MS impetrado contra ato do Ministro de Estado da Defesa e do Comandante da Aeronáutica, consubstanciado na negativa de retirada do grau ou classificação de confidencial às informações prestadas pelos impetrados sobre viagens de Ministros em aviões da Força Aérea Brasileira. O impetrante noticia que solicitou informações ao Ministro de Estado da Defesa, as quais foram prestadas por meio de ofício. Entretanto o Comando da Aeronáutica classificou tais informações como de sigilo confidencial, tendo o Ministro mantido essa classificação. O impetrante, neste writ, requer seja concedida a ordem para que tais informações não mais sejam classificadas desse modo. O Min. Relator esclareceu que, no caso em tela, o impetrante não demonstrou em que medida as informações acerca de viagens pretéritas de Ministros de Estado em aviões do Comando da

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Aeronáutica se enquadraram na ressalva de informações que colocam em risco a segurança da sociedade e do Estado. A CF/1988, em seu art. 5º, XXXIII, garante a todos o direito de receber dos órgãos públicos informações de interesse coletivo ou geral, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Assim agindo, o impetrante não observou os requisitos para a propositura do writ. Não há ato abusivo ou ilegal da autoridade impetrada. Não há direito líquido e certo do impetrante. Aplicou-se por analogia a Súm. n. 2-STJ. Diante do exposto, a Seção denegou a segurança. MS 13.138-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/10/2008.AR. SÚM. N. 343-STF. SEGURANÇA JURÍDICA.Cuida-se de ação rescisória em que os autores manifestam seu inconformismo com o julgamento que proclamou a incidência do imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de resgate das contribuições recolhidas à previdência privada no período de vigência da Lei n. 7.713/1988 (1º/1/1989 a 31/12/1995). No período, os contribuintes estavam autorizados a descontar do IR os valores pagos a título de contribuição à previdência privada, alterando-se a situação com a vigência da Lei n. 9.250/1995. Para a Min. Relatora, não houve a alegada violação à literal disposição de lei. A Primeira Seção deste Superior Tribunal, em uma única oportunidade (EREsp 946.771-DF, DJ 25/4/2008), entendeu pertinente afastar a aplicação da Súm. n. 343-STF. A posição adotada, entretanto, se por um lado privilegia o princípio da eqüidade, deixa sem segurança centenas de julgados, os quais podem ser atacados na via da ação rescisória, o que é de absoluta inconveniência. Adotar ação rescisória para alinhar a jurisprudência antiga à nova, mais recente, é inserir mais um inciso ao art. 485 do CPC, criando, assim, uma modalidade de impugnação à decisão transitada em julgado. Assim, em nome da segurança jurídica, entende a Min. Relatora que deve ser mantido o julgado. Diante disso, a Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, inadmitiu a ação rescisória com base no enunciado da Súm. n. 343-STF, extinguindo o processo sem resolução de mérito. AR 3.525-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em 8/10/2008.AR. COMPETÊNCIA. STJ.Trata-se de ação rescisória ajuizada equivocadamente neste Superior Tribunal porque não houve aqui julgamento de mérito. A Seção extinguiu o feito, mas determinou a remessa dos autos para o Tribunal a quo. Em embargos de declaração, impugna-se a remessa ao argumento de que tal providência contraria a conclusão de extinção do feito e altera o pedido deduzido na exordial da rescisória. A Min. Relatora reconheceu ter razão a embargante, pois a ação rescisória perante o juízo incompetente impõe a extinção do processo sem julgamento de mérito, sem remessa do feito ao Tribunal competente, de acordo com a jurisprudência firmada a partir da análise do art. 113, § 2º, do CPC, por se entender que o equívoco da parte está relacionado com o próprio objeto da ação rescisória, e não somente com o foro competente para conhecer a demanda. Sendo assim, ficou prejudicada a análise das demais questões suscitadas. Precedentes citados: AgRg na AR 3.806-SP, DJ 6/12/2007, e AR 602-RJ, DJ 26/10/1998. EDcl nos EDcl nos EDcl na AR 3.418-DF, Rel. Min. Eliana Calmon, julgados em 8/10/2008.COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL.Trata-se de ação ajuizada com o objetivo de que as pessoas políticas demandadas fornecessem medicamentos de uso continuado para a autora. Em agravo regimental interposto contra decisão que reconheceu o conflito e declarou competente o juízo federal do juizado especial cível, nos termos da jurisprudência firmada na Súm. n. 348-STJ, ponderou-se em relação à aplicação subsidiária da Lei n. 9.099/1995, o alto grau de complexidade da lide e a prova técnica, temas impugnados pela agravante. Para a Min. Relatora, citando a doutrina, a regra é simples e objetiva, incide a Lei n. 9.099/1995 onde a Lei n. 10.259/2001 não regula a matéria. Dessa forma, observou não prosperar a argumentação de que os juizados especiais federais não detêm competência para conhecer de causa em que haja interesse da Fazenda, uma vez que a competência dos juizados federais encontra-se regulada no art. 6º, II, da Lei n. 10.259/2001. Outrossim, ressaltou que os juizados especiais foram criados com o objetivo de facilitar o acesso à Justiça, propiciando maior celeridade na solução dos conflitos. Assim, o citado dispositivo deve ser interpretado de forma lógico-sistemática, entendendo-se que aquele artigo cuidou tão-somente de autorizar que a União e demais pessoas jurídicas ali mencionadas figurassem no pólo passivo dos juizados federais, não se excluindo a viabilidade de que outras pessoas jurídicas possam, em litisconsórcio passivo com a União, ser demandadas no juizado especial cível. Por fim, quanto à prova técnica, o art. 12 da Lei n. 10.259/2001 admite expressamente a possibilidade de prova técnica, o que, por si só, representa a existência de lides de maior complexidade probatória, diferentemente do que se verifica nos juizados estaduais. Logo, pouco importa se a matéria objeto do conflito instaurado seja de grande ou pequena complexidade probatória, pois sua competência define-se em razão do critério absoluto do valor da causa. Precedentes citados: CC 73.000-RS, DJ 3/9/2007; CC 49.171-PR, DJ 17/10/2005, e CC 83.130-ES, DJ 4/10/2007. AgRg no AgRg no CC 87.626-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 8/10/2008.

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Terceira SeçãoRCL. HONORÁRIOS. ADVOGADO.A reclamação é mero incidente processual. Nela não há a formação de nova relação jurídico-processual. Daí ser impossível a condenação em honorários advocatícios e despesas processuais. Precedente citado: Rcl 502-GO, DJ 22/3/1999. Rcl 2.017-RS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgada em 8/10/2008.COMPETÊNCIA. JF. ANIMAL EXÓTICO.É cediço que a edição da Lei n. 9.605/1998 desencadeou o cancelamento da Súm. n. 91-STJ. Porém a jurisprudência tem reservado a competência da Justiça Federal, nos crimes contra o meio ambiente, quando comprovada a lesão a bens ou interesses da União, de suas autarquias ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF/1988), além da hipótese de o dano assumir contornos regionais ou nacionais. No caso, foi constatado, em laudo de vistoria, que o indiciado mantinha em cativeiro animais de fauna exótica (um babuíno e sete tigres-de-bengala) sem nenhuma marcação ou comprovação de origem, em desacordo com a Instrução Normativa n. 2/2001 do Ibama, o responsável pela expedição de autorização de ingresso e posse desse tipo de animal. Assim, diante da prática, em tese, do delito previsto no art. 31 da Lei n. 9.605/1998 (introdução sem licença de espécie no País) e do inegável interesse daquela autarquia federal, deve ser firmada a competência do juízo federal. Precedentes citados: CC 34.689-SP, DJ 17/6/2002, e CC 37.137-MG, DJ 14/4/2003. CC 96.853-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 8/10/2008.COMPETÊNCIA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. SÚM. N. 147-STJ.O então conselheiro da universidade federal ofertou parecer desfavorável em recurso manejado por aluno. Ao ensejo do julgamento definitivo, ele já estava aposentado, mesmo assim foi chamado a comparecer ao conselho para prestar esclarecimentos complementares. Nessa ocasião, ao final, aquele colegiado entendeu negar provimento ao recurso. Inconformado, o aluno perseguiu o ex-conselheiro pelos corredores daquela instituição e lhe dirigiu palavras injuriosas, o que o levou a causar lesões corporais nesse estudante. Diante disso, vê-se que os supostos crimes (de lesão corporal e contra a honra) ocorreram enquanto o funcionário público federal já estava aposentado, a afastar a incidência da Súm. n. 147-STJ, mesmo ao sopesar-se o fato de ter comparecido à universidade para esclarecer fato ocorrido quando ainda estava na ativa. Assim, fixou-se a competência do juízo estadual. Precedente citado: RHC 8.043-PI, DJ 29/3/1999. CC 88.262-SE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 8/10/2008.COMPETÊNCIA. REMUNERAÇÃO. PRESO.A Seção entendeu que é do juízo das execuções penais a competência para processar e julgar o pedido de pagamento da remuneração do trabalho realizado pelo apenado em estabelecimento prisional. O Min. Nilson Naves e o Min. Napoleão Nunes Maia Filho ressalvaram seus entendimentos pessoais. Precedentes citados: CC 92.851-MS, DJ 19/9/2008, e CC 66.974-PR, DJ 13/8/2007. CC 92.856-MS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 8/10/2008.LEI MARIA DA PENHA. EX-NAMORADOS.O ex-namorado teria jogado um copo de cerveja na vítima, a ex-namorada, oportunidade em que também lhe desferiu um tapa no rosto e a ameaçou de futuras agressões. A vítima estava acompanhada de outro rapaz naquele momento e alega ter necessitado da ajuda de amigos para livrar-se das agressões. Nesse contexto, discutiu-se a aplicação do art. 5º, III, da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) a refletir na determinação da competência para o julgamento do crime em questão. A Seção, por maioria, declarou a competência de juizado especial criminal, por entender não incidir o referido artigo à hipótese, visto que ele se refere não a toda e qualquer relação, mas sim à relação íntima de afeto, categoria na qual não se encaixa a situação descrita nos autos, que não passou de um namoro (de natureza fugaz, muitas vezes), aliás, já terminado. Por sua vez, a Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), vencida juntamente com o Min. Napoleão Nunes Maia Filho, declarava competente o juízo de Direito da vara criminal, ao entender que o namoro configuraria, para efeitos de aplicação daquela lei, uma relação doméstica ou familiar, simplesmente por ser relação de afeto, que deve ser assim reconhecida mesmo que não haja coabitação, posterior união estável ou casamento (também não importando ter cessado ou não), pois o escopo da lei é o de proteger a mulher colocada em situação de fragilidade diante do homem em decorrência de qualquer relação íntima em que o convívio possa resultar. Precedentes citados: CC 88.952-MG, DJ 4/3/2008, e HC 96.992-SP, DJ 12/9/2008. CC 91.980-MG, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 8/10/2008.ESTUPRO. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. MENOR.A Seção, por maioria, entendeu que a presunção de violência (art. 224, a, do CP) tem caráter absoluto. Ela é instrumento legal destinado à proteção da liberdade sexual do menor de quatorze anos justamente em razão de sua incapacidade volitiva. Assim, seu consentimento é irrelevante para a formação do tipo penal de estupro ou atentado violento ao pudor, pois o que se coíbe é qualquer

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prática sexual envolvendo pessoas nessa faixa etária. Porém, diante da constatação de que o crime foi praticado com violência presumida, não há que aplicar, sob pena de bis in idem, a agravante do art. 61, II, h, do CP, porque a menoridade da vítima já é elementar do crime. O Min. Nilson Naves, que capitaneou os votos vencidos, entende aquela presunção como relativa, a admitir prova em contrário, tal como já defendia Nelson Hungria, Heleno Fragoso e Aníbal Bruno, isso também calcado no amadurecimento precoce dos jovens de hoje. Precedentes citados do STF: HC 81.268-DF, DJ 16/11/2002; do STJ: REsp 905.877-PR, DJ 14/5/2007; Pet 5.535-SP, DJ 7/2/2008; HC 77.018-SC, DJ 16/6/2008; REsp 617.315-DF, DJ 5/9/2005; REsp 295.648-RJ, DJ 8/10/2001, e REsp 762.044-SP, DJ 2/5/2006. EREsp 688.211-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgados em 8/10/2008.ERESP. COISA JULGADA. PARADIGMA. EMBARGOS. DEVEDOR.No caso, a decisão do juízo de execução de determinar a aplicação de supervenientes leis municipais para efeito do recálculo dos vencimentos de servidores afronta o comando expresso no acórdão exeqüendo de que outra legislação municipal é que deveria ser considerada. Na liquidação de sentença, o quantum debeatur a ser executado é o definido nos cálculos realizados com estrita observância da norma concreta da sentença exeqüenda, que não comporta modificação, sob pena de ofensa à coisa julgada, tal como se deu no caso. O meio processual adequado a eliminar do julgado as eventuais máculas ao Direito ou infração direta a dispositivo legal não pode ser a via dos embargos do devedor (utilizada pela municipalidade na espécie), pois é a ação rescisória o instrumento apropriado para tal. Por último, ressalta-se que o trânsito em julgado do acórdão apontado como paradigma é irrelevante ao cabimento dos embargos de divergência (arts. 496, VIII, 508 e 546, I, todos do CPC, e arts. 266 e 267, ambos do RISTJ). Com esse entendimento, a Seção, por maioria, deu provimento aos embargos. Os votos vencidos aplicavam as Súms. ns. 7-STJ e 280-STF. Precedentes citados: AgRg no Ag 941.671-SP, DJ 7/4/2008; AgRg no Ag 902.759-SP, DJ 26/11/2007; REsp 466.800-SP, DJ 4/8/2003; REsp 262.036-SP, DJ 23/8/2004, e REsp 585.392-SP, DJ 10/10/2005. EREsp 585.392-SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgados em 8/10/2008.COMPETÊNCIA. USO. FARDA MILITAR. ESTELIONATO.O réu fez uso de farda militar para se fazer passar por oficial do Exército Brasileiro e, assim, ludibriar um civil, enquanto lhe oferecia a oportunidade de ingressar nas Forças Armadas mediante pagamento de dinheiro. Vê-se, então, que o uso indevido do uniforme militar (art. 172 do CPM) foi meio necessário para a prática do estelionato (art. 171 c/c art. 14, II, ambos do CP). Daí ser forçoso reconhecer a absorção daquele delito por esse último, em observância do princípio da consunção, a determinar a fixação da competência para o processamento e julgamento do réu no juízo comum estadual e o trancamento da ação penal instaurada no juízo castrense. CC 92.547-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 8/10/2008.

Primeira TurmaCOMPETÊNCIA. STJ. TRE. REQUISIÇÃO. CBTU.A Turma, por maioria, entendeu que o princípio da razoabilidade e o da proporcionalidade, em confronto com o conceito de legalidade, invocados pelo aresto recorrido, emprestam-lhe fundamento constitucional. Por esse motivo, cabe afastar a competência cognitiva do STJ para aferir a legalidade do ato administrativo do TRE quanto à requisição de empregados da CBTU (sociedade de economia mista federal), vinculada ao Ministério dos Transportes, e dizer se houve ou não ofensa ao art. 1º da Lei n. 6.999/1982. REsp 735.156-PE, Rel. originário Min. Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 7/10/2008.IR. CONVENÇÃO TRABALHISTA.A Turma reiterou que os direitos trabalhistas remuneratórios resultantes de convenções coletivas, por meio de acordo trabalhista na constância do contrato de trabalho, a título de indenização decorrente da extinção de benefícios como licença-prêmio e salário-família que os converteu em pecúnia não têm natureza indenizatória, sujeitando-se à incidência do imposto de renda, mormente por tratar-se de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN e art. 39 do RIR, aprovado pelo Dec. n. 3.000/1999). Precedente citado: REsp 669.012-CE, DJ 27/6/2005. REsp 911.015-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 7/10/2008.AG. MC. RESP. PENDÊNCIA. ADMISSÃO.A Turma negou provimento ao agravo regimental, porquanto o Tribunal a quo indeferiu medida cautelar incidental ao REsp, pendente de juízo de admissibilidade. As hipóteses de cabimento de agravo de instrumento ao STJ são apenas duas: na primeira, cabe agravo de instrumento contra decisões que inadmitem recurso especial (art. 544 do CPC); na segunda, cabível agravo contra as decisões interlocutórias em causas processadas na Justiça Federal de 1º grau, presentes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional, e do outro município ou pessoa residente ou domiciliada no País (arts. 539, II, b, parágrafo único, e 540 do CPC). Em caso similar, a Turma decidiu no mesmo sentido, já que o agravo interposto era contra decisão monocrática que proveu

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liminarmente medida cautelar em um REsp da parte contrária, não admitido na origem. Tanto naquele como neste caso é impossível reapreciar o decidido. Precedente citado: EDcl no Ag 454.085-RS, DJ 21/10/2002. AgRg no Ag 1.020.574-MG, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 7/10/2008.EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. ENERGIA. PRESCRIÇÃO.A Turma reiterou, referentemente a empréstimo compulsório tomado no período de 1964 a 1977, restituído mediante a entrega de obrigações emitidas pela Eletrobrás, que a ação para haver o pagamento dessas obrigações ou de eventuais diferenças prescreve em cinco anos a partir da data do respectivo vencimento. Esse prazo é o mesmo previsto de modo específico para resgate da obrigação em face da Eletrobrás (art. 1º do Dec. n. 20.910/1932 e art. 5º, § 11, do DL n. 644/1969). Precedentes citados: REsp 443.439-RS, DJ 28/10/2002; AgRg no Ag 696.910-RS, DJ 1º/2/2006; REsp 612.218-SC, DJ 13/2/2006, e REsp 424.048-RS, DJ 13/6/2005. REsp 1.029.514-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 7/10/2008.

Segunda TurmaREMESSA. PRIMEIRA SEÇÃO. REVISÃO. SÚM. N. 276-STJ.A Turma, em atenção ao art. 125, § 2º, do RISTJ, remeteu o feito para julgamento na Primeira Seção, já colhido o parecer do MP, para rever o enunciado n. 276 da Súmula do STJ, que diz: as sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas da Cofins, irrelevante o regime tributário adotado. REsp 982.023-AL, Rel. Min. Eliana Calmon, em 7/10/2008.IR. JUROS MORATÓRIOS. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA.Após a entrada em vigor do CC/2002, os valores recebidos pelo contribuinte a título de juros de mora oriundos do pagamento de verbas provenientes de condenação em reclamação trabalhista têm natureza jurídica indenizatória. Assim, sobre eles não incide imposto de renda. Precedente citado: REsp 1.039.452-SC, DJ 10/6/2008. AgRg no REsp 1.066.949-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/10/2008.EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. FALÊNCIA.Uma vez que os créditos trabalhistas têm preferência sobre os créditos tributários, o produto da arrematação realizada na execução fiscal deve ser colocado à disposição do juízo falimentar para garantir a quitação dos créditos trabalhistas. Por sua vez, na espécie, a Fazenda não pleiteia o leilão do bem, mas sua adjudicação. Assim, a satisfação do crédito tributário dar-se-á com a própria incorporação do bem ao patrimônio público, não havendo, portanto, o que oferecer para adimplir os créditos trabalhistas. Neste caso, não caberá a adjudicação pela Fazenda no feito executivo, mas somente a venda do bem na esfera do juízo falimentar, garantindo-se a ordem de preferência dos créditos. REsp 695.167-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/10/2008.EXECUÇÃO FISCAL. BLOQUEIO. ATIVOS FINANCEIROS. BACEN JUD.Trata-se de recurso especial interposto contra agravo de instrumento que entendeu que o bloqueio de ativos financeiros via Bacen Jud somente pode ser efetuado após a realização de todos os esforços na busca de outros bens passíveis de penhora. A Turma entendeu que, numa interpretação sistemática das normas pertinentes, deve-se coadunar o art. 185-A do CTN com o art. 11 da Lei n. 6.830/1980 e arts. 655 e 655-A do CPC para viabilizar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, independentemente do esgotamento de diligências para encontrar outros bens penhoráveis. Logo, para decisões proferidas a partir de 20/1/2007 (data de entrada em vigor da Lei n. 11.038/2006), em execução fiscal por crédito tributário ou não, aplica-se o disposto no art. 655-A do CPC, uma vez que compatível com o art. 185-A do CTN. Na aplicação de tal entendimento, deve-se observar a nova redação do art. 649, IV, do CPC, que estabelece a impenhorabilidade dos valores referentes aos vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios, montepios, quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, ganhos do trabalhador autônomo e honorários de profissional liberal. Deve-se também observar o princípio da proporcionalidade na execução (art. 620 do CPC), sem se desviar de sua finalidade (art. 612 do mesmo código), no intuito de viabilizar o exercício da atividade empresarial. Assim, a Turma conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe provimento. REsp 1.074.228-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/10/2008.

Terceira TurmaINVESTIGAÇÃO. PATERNIDADE. ALIMENTOS.Cinge-se a questão a definir se pode ser conferida a retroação à data da citação dos alimentos fixados na investigação de paternidade, ainda que requerido expressamente, na inicial, o pagamento da pensão alimentícia a partir da prolação da sentença de mérito, nos termos do art. 7º da Lei n. 8.560/1992. A Turma não conheceu do recurso, por entender não se ter configurado o dissídio jurisprudencial nem ter havido violação por parte do acórdão recorrido dos dispositivos legais apontados pela recorrente. No acórdão, conclui-se estar implicitamente assentado que não se aplica à

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hipótese o abrandamento da proibição de julgamento ultra petita. Os limites da lide e da causa de pedir foram fixados na petição inicial, cabendo ao Judiciário zelar para que a linha estabelecida pela própria autora não seja ultrapassada em prejuízo da outra parte. Nada há, dessa forma, para retocar na decisão recorrida, que aplicou diligentemente o Direito à espécie. Ressaltou-se que, na verdade, os vícios apontados confundem-se com a tentativa da recorrente de corrigir equívoco cometido na formulação do pedido inicial. REsp 1.079.190-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/10/2008.MENOR. GUARDA. AVÓ.A questão em causa consiste em definir se há ou não o direito de a avó obter a regularização da situação de fato já existente e comprovada no processo, relativa à obtenção da guarda judicial de seu neto, com a peculiaridade de que os pais da criança com ela residem e manifestaram, nos autos, concordância com o deferimento do pedido. A Turma deu provimento ao recurso, ao entendimento de que, no interesse maior da criança, inclina-se para que o menor permaneça sob a guarda da avó, ora recorrente, de quem recebe afeto desde nascido e é fonte de seu sustento. Não há, nesse caso, nenhum indício de que o objetivo desta seria o de garantir o recebimento de benefício previdenciário para o menor, o que afasta a assertiva que obstaria o acolhimento do pleito em questão. Ressaltou-se que não remanesce dúvida, diante da descrição fática do processo dada pelo acórdão recorrido, de que a criança vive sob a guarda de fato da avó, que não é apenas a provedora material, pois mantém estreito laço afetivo com o neto. Há menção até mesmo de que a avó estaria fazendo o papel dos pais, visto a instabilidade financeira destes. Ressaltou-se, ainda, que o melhor interesse da criança deve ser a máxima a ser trilhada em processos desse jaez, e que resguardar a situação fática já existente, com o consentimento dos próprios pais no intuito de preservar o bem-estar do menor, de forma alguma atenta contra as diretrizes fixadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as quais são ditadas pela Constituição Federal. Ao contrário, coaduna-se perfeitamente com o disposto no art. 33, § 1º, do referido estatuto, de que a guarda destina-se a regularizar a posse de fato. Por fim, destacou-se que o deferimento da guarda não é definitivo, tampouco faz cessar o poder familiar, o que permite aos pais, futuramente, quando alcançarem estabilidade financeira, reverter a situação, se assim entenderem, na conformidade do art. 35 do ECA. REsp 993.458-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/10/2008.DANOS MARAIS. PLANO. SAÚDE. RECUSA. COBERTURA.O cerne da questão é estabelecer a necessidade ou não de compensação por danos morais a cliente de plano de saúde que, em momento de emergência resultante de ferimento causado por arma de fogo, tem a cobertura recusada pelo convênio por atraso de quinze dias na última mensalidade. O acórdão recorrido consignou de forma expressa que a recusa ao atendimento foi indevida, pois o atraso de quinze dias na última mensalidade do plano não é, de acordo com as normas legais específicas (Lei n. 9.656/1998), causa para tanto, na medida em que a seguradora fica obrigada a cobrir eventuais gastos pelo período de sessenta dias após o início da mora. Contudo, mesmo declarando a nulidade da cláusula contratual que permitia a imediata suspensão do atendimento a partir do primeiro dia de mora, o acórdão entendeu que o ato da não-autorização, por si só, não torna evidente a concretização dos danos morais. É necessária, portanto, a comprovação de ofensa à dignidade do apelante, ora recorrente, ou de qualquer situação constrangedora, o que não sucedera no caso. A Turma deu provimento ao recurso por entender que tal posicionamento está em dissonância com a jurisprudência deste Superior Tribunal, pois, especificamente quanto à situação fática, como na hipótese, isto é, relativa ao relacionamento entre segurado e plano de saúde em momentos críticos de atendimento de urgência, a jurisprudência tem entendimento mais elástico, no sentido de que é evidente o dano moral sofrido por aquele que, em momento delicado de necessidade, vê negada a cobertura médica esperada. Assim, tendo em vista que o motivo gerador do atendimento médico negado não era dos mais traumáticos (não havia, aparentemente, risco à vida ao consumidor), fixou-se o valor dos danos morais em R$ 7.000,00. Precedentes citados: REsp 993.876-DF, DJ 18/12/2007; REsp 880.035-PR, DJ 18/12/2006, e REsp 663.196-PR, DJ 21/3/2008. REsp 907.718-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/10/2008.

Quarta TurmaCOMPETÊNCIA. JT. CANCELAMENTO. REGISTRO. DELEGACIA.Na espécie, não se trata de ação entre trabalhador portuário e o Órgão de Gestão de Mão-de-Obra (OGMO), mas de viúva de trabalhador portuário com objetivo de receber indenização decorrente do cancelamento de seu registro em delegacia de trabalho marítimo por meio de sindicato dos estivadores e dos trabalhadores em estiva de minérios, conforme o teor da Lei n. 8.630/1993. Note-se que o cancelamento do registro dá direito à indenização pleiteada, no entanto, no caso, foi requerido naquela delegacia antes do óbito do marido da autora, mas não foi paga. O Tribunal a quo declarou a incompetência da Justiça estadual de ofício, via embargos de declaração, determinando a remessa do feito à Justiça do Trabalho, mas manteve os atos decisórios, inclusive a sentença. Ressaltou-se

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também que, na hipótese, o juízo estadual não estava autorizado a atuar como órgão de administração da Justiça do Trabalho. Para o Min. Relator, a demanda deve ser solucionada na Justiça do Trabalho porque, em princípio, o possível direito à indenização decorre da relação de trabalho do trabalhador portuário e do OGMO, entretanto incide o § 2º do art. 113 do CPC, com subsistência apenas nos atos não-decisórios, pois os outros, inclusive a sentença, foram contaminados pela nulidade causada pela incompetência. Dessa forma, a Turma declarou a nulidade da sentença e a remessa dos autos à Justiça do Trabalho. REsp 550.861-RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 7/10/2008.DANO MORAL. ABSOLVIÇÃO CRIMINAL.As instâncias ordinárias julgaram improcedente a ação de indenização por danos morais em razão de o autor ter sido acusado pela empresa ré de furto pelo qual respondeu a processo criminal em que, ao final, foi absolvido por falta de provas. Anotou o Min. Relator que o acórdão recorrido não discrepa do entendimento deste Superior Tribunal sobre o tema, pois a comunicação do fato à autoridade policial ou o ajuizamento da ação representa exercício regular de um direito, não podendo, em princípio, caracterizar responsabilidade de indenizar. Entretanto a Turma não conheceu do recurso, por não haver demonstração analítica da divergência jurisprudencial e incidir a Súm. n. 7-STJ. Precedentes citados: REsp 468.377-MG, DJ 23/6/2003, e AgRg no Ag 704.019-DF, DJ 28/11/2005. REsp 691.210-PB, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 7/10/2008.INDENIZAÇÃO. VAZAMENTO. ÓLEO. ACORDO.Trata-se de ação de indenização em razão de explosão de navio, com conseqüente vazamento de óleo, fato que impediu o autor de exercer sua profissão de pescador e prover seu sustento. Durante o curso do processo, uma das rés firmou acordo, o que resultou em sua extinção (art. 269, III, do CPC). Seguiu a ação somente contra a sociedade empresarial administradora do porto responsável pela contenção do vazamento de óleo. Entretanto o magistrado singular entendeu que a transação realizada aproveitaria àquela sociedade e extinguiu a ação. Por sua vez, o Tribunal a quo reformou a decisão e entendeu impossibilitada a fixação de valor diverso daquele acordado. Diante disso, explicitou o Min. Relator que, quando o credor dá quitação parcial da dívida, mesmo por meio de transação, tal remissão não aproveita aos outros devedores. Assim, o acordo significa a liberação daquele devedor que participou com relação à quota-parte pela qual era responsável. Por isso, a ação contra a recorrida (sociedade empresarial administradora do porto) somente pode ser pelo quantum indenizatório remanescente pro rata, que lhe cabe. Dessa forma, a Turma não conheceu o recurso. REsp 1.079.293-PR, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1ª Região), julgado em 7/10/2008.PENHORA ON-LINE. SUBSTITUIÇÃO. FIANÇA BANCÁRIA.A sociedade empresarial executada ofereceu como garantia fiança bancária 30% maior que o valor executado, nos termos do art. 656, § 2º, do CPC. Apesar disso, foi determinada a penhora de suas contas bancárias no valor de R$ 4.531.681,76. Houve agravo de instrumento, e o TJ determinou a substituição da penhora on-line pela fiança bancária apresentada. No entanto o juízo singular descumpriu essa determinação e autorizou o levantamento dos valores. Cientificado dos fatos, o TJ anulou todos os atos contrários à determinação de substituição da garantia e exigiu a devolução do valor sacado. Não obteve êxito essa determinação pois, dentre outras razões, o juiz entendeu que seria necessário aguardar o julgamento da apelação interposta nos embargos à execução. Além disso, a sociedade empresarial passou a ser executada para pagar a verba honorária fixada nos embargos, sendo determinado novo bloqueio de seus ativos. Isso posto, adverte o Min. Relator que as alterações advindas da Lei n. 11.382/2006, a fim de tornar efetivo o processo de execução, devem ser tratadas com cautela, como por exemplo no contexto dos autos, em que, na execução principal, foram penhoradas via Bacen Jud e levantados valores vultosos sem garantia, apesar da decisão do TJ, deferindo a substituição da penhora on-line pela fiança bancária oferecida. Ademais, nova constrição sobre o patrimônio da devedora, nos mesmos moldes da anterior, foi deferida, o que desafia a razoabilidade e a estabilidade das decisões judiciais. Observa que o art. 9º, II, da Lei n. 6.830/1980 também admite a fiança bancária como garantia da execução fiscal. Logo, se nos créditos de natureza pública privilegiados, a fiança bancária é suficiente para assegurar o juízo, outro não poderia ser o entendimento adotado quanto aos créditos privados. Outrossim, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a penhora sobre a renda da empresa é medida excepcional. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso para determinar a substituição da penhora sobre conta-corrente pela fiança bancária oferecida. Precedentes citados: REsp 910.522-SP, DJ 1º/8/2007, e AgRg no Ag 952.491-RJ, DJ 23/4/2008. REsp 1.043.730-AM, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 7/10/2008.DANO MORAL. ANÚNCIO. INTERNET.Trata-se de ação de indenização por danos morais devido a anúncio em página da internet de

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conteúdo ofensivo à imagem e à honra da autora, oferecendo programa sexual com fotos atribuídas a ela. O juiz deferiu liminar determinando que o provedor retirasse a página, sob pena de multa diária de R$ 200,00. Contra essa decisão, o provedor opôs agravo de instrumento, argüindo a impossibilidade técnica e jurídica para cumprir a obrigação por serem necessários procedimentos imputados à empresa controladora estrangeira, uma vez que o site foi criado por usuário, utilizando-se de ferramenta oferecida pela empresa controladora. Apesar desses argumentos, o Tribunal a quo manteve a liminar com base no art. 28 do CDC, com amparo na Teoria da Aparência. Assim, o cerne da questão cinge-se à possibilidade da aplicação dessa teoria, tendo em vista que o CDC somente fala em responsabilidade subsidiária de participante do mesmo grupo econômico, e não em responsabilidade direta. Concluiu o Min. Relator que, como o provedor no Brasil apresenta-se com a mesma logomarca da empresa estrangeira e que, ao acessá-la na rede mundial, abre-se o endereço na página do provedor no Brasil. Isso faz o consumidor não distinguir com clareza a divisa entre as duas empresas, uma aparenta ser a outra, portanto deve responder pelos riscos. Além de que tem o consumidor direito à facilitação da defesa de seus direitos, bem como à efetiva reparação dos danos morais experimentados. A empresa nacional, portanto, tem legitimidade passiva para responder à ordem judicial, não sendo razoável impor à autora o ônus de demandar contra a empresa internacional, mormente pela demora que acarretaria, a agravar-lhe o sofrimento moral. Ressaltou ainda que o juízo a quo facultou, na impossibilidade técnica, que o provedor adotasse procedimentos na sua controladora, uma vez que pertencem ao mesmo grupo econômico. Com esse entendimento, a Turma não conheceu do recurso, mantendo a decisão recorrida. REsp 1.021.987-RN, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 7/10/2008.

Quinta TurmaESTELIONATO. SOCIEDADE EMPRESARIAL. “FACHADA”.A Turma denegou a ordem por entender indevida a ocorrência do crime de estelionato e presentes indícios suficientes de autoria. Não há ilegalidade na decisão que determina a custódia cautelar do paciente, se presentes os requisitos do art. 312 do CPP. In casu, a decretação da constrição cautelar fundou-se, principalmente, na necessidade de preservar a ordem pública, em razão da periculosidade do paciente, evidenciada pelo modus operandi - abrir sociedade empresarial de “fachada” dedicada ao turismo e, por esse meio, ludibriar, com a promessa de legalização da situação de pessoas que estivessem irregularmente nos EUA, causando-lhes um prejuízo total de R$ 500.000,00. A preservação da ordem pública não se restringe às medidas preventivas da irrupção de conflitos e tumultos, mas abrange também a promoção daquelas providências de resguardo à integridade das instituições, à sua credibilidade social e ao aumento da confiança da população nos mecanismos oficiais de repressão às diversas formas de delinqüência. HC 109.563-GO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 7/10/2008.

AQUISIÇÃO. COMBUSTÍVEIS. IRREGULARIDADE. TCE.A Turma concedeu a ordem para trancar a ação penal por considerar que o entendimento firmado neste Superior Tribunal de que o fato de o Tribunal de Contas eventualmente aprovar as contas a ele submetidas não obsta, em princípio, diante da alegada independência entre as instâncias administrativa e penal, a persecução criminal promovida pelo Ministério Público, bem como a correspondente responsabilização dos agentes envolvidos em delitos de malversação de dinheiros públicos. Todavia, no caso em apreço, por ocasião da aprovação das contas da gestão do prefeito pelo TCE, houve específica análise da operação de compra de combustíveis, que constitui o núcleo da acusação, com decisão, ao final, favorável ao paciente, afastando eventual irregularidade. Conforme a decisão do TCE, não há o que censurar na compra dos combustíveis, quando há um único posto de abastecimento na cidade, pois não poderia a Administração concordar em que os veículos do município se deslocassem a longas distâncias para efetuar o abastecimento, com visíveis prejuízos ao erário. Precedente citado: HC 34.560-RS, DJ 30/8/2004. HC 88.370-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 7/10/2008.INÉPCIA. DENÚNCIA. CRIME. PATRIMÔNIO CULTURAL.A Turma deu provimento ao recurso para reconhecer a inépcia da denúncia, por ausência de individualização da conduta, e determinar o trancamento da ação penal instaurada em desfavor do recorrente, sem prejuízo de que outra possa ser ofertada nos termos do art. 41 do CPP. O simples fato de o réu figurar no quadro associativo de pessoa jurídica que, na condição de locatária, ter-se-ia omitido em sua obrigação legal de impedir a deterioração de imóvel tombado, não autoriza a instauração de processo por crime contra o patrimônio cultural, se não estiver comprovado o vínculo entre a conduta e o agente, sob pena de reconhecer impropriamente a responsabilidade penal objetiva. A inexistência absoluta de elementos individualizados que apontem a relação entre os fatos

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delituosos e a autoria ofende o princípio constitucional da ampla defesa, tornando, assim, inepta a denúncia. Precedentes citados: HC 79.376-RS, DJ 22/9/2008, e HC 73.747-SP, DJ 29/6/2007. RHC 19.488-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/10/2008.HC. ATENTADO. PUDOR. FRAUDE.O paciente foi condenado como incurso no art. 216, caput, do CP (atentado ao pudor mediante fraude), consistente em beijar e agarrar a vítima de dezenove anos, quando ela se havia apresentado para uma entrevista de emprego. Isso posto, a Turma concedeu a ordem apenas para fixar a pena-base no mínimo legal, ou seja, um ano de reclusão. Para o Min. Relator, como não há agravantes, nem causas de diminuição ou aumento de pena, tornou-se a pena definitiva em um ano de reclusão, mantida a substituição por restritiva de direitos pelo prazo da condenação, tal como determinado pelo juiz sentenciante. Segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, a elevação da pena-base acima do mínimo legal deve ser fundamentada em aspectos concretos, sendo insuficiente a simples transcrição das circunstâncias jurídicas do art. 59 do CP. Outrossim, é inviável se utilizar de elementos intrínsecos ao tipo para a referida majoração. Precedente citado: HC 48.124-RJ, DJ 5/2/2007. HC 90.022-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 7/10/2008.

Sexta TurmaCONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO. PUDOR.A Turma entendeu, por maioria, que é possível a continuidade delitiva entre o crime de estupro (art. 213 do CP) e o atentado violento ao pudor (art. 214 do mesmo código). Ambos são crimes praticados contra a liberdade sexual e atingem, de forma ampla, o mesmo bem jurídico tutelado: a inviolabilidade carnal. Assim, caracterizam-se como crimes de mesma espécie. O legislador, quando se refere à continuidade, alude a crime de mesma espécie, e não a crime idêntico (tal como faz enquanto no trato de concurso material ou formal), além de referir-se a penas iguais ou mais graves, o que demonstra a possibilidade de os crimes não estarem contidos no mesmo tipo legal. Não se pode olvidar que o crime continuado é modalidade do concurso material e foi concebido com o objetivo de evitar a injustiça advinda da aplicação das penas, tal como as do caso, em que, mesmo aplicadas isoladamente, são de alto patamar. Por isso, é suficiente à reprovação e prevenção dos delitos que apenas uma delas seja aplicada com a elevação proveniente da aplicação do art. 71 do CP. Precedentes citados do STF: HC 89.827-SP, DJ 27/4/2007; do STJ: HC 57.872-SP, DJ 8/10/2007. HC 99.810-SP, Rel. originário Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 7/10/2008.

DELAÇÃO PREMIADA. FORNECIMENTO. NÚMERO. TELEFONE.No caso de extorsão mediante seqüestro (art. 159 do CP), não se considera delação premiada (§ 4º do referido artigo) o fato de o paciente, depois de preso, apenas fornecer o número de telefone de seu comparsa, visto que, em nenhum momento, facilitou a resolução do crime ou influenciou a soltura da vítima. Precedente citado: HC 92.922-SP, DJe 10/3/2008. HC 107.916-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 7/10/2008.JÚRI. NOTIFICAÇÃO. TESTEMUNHA.Após o interrogatório do réu, o juiz, ao consultar as partes, suspendeu a sessão do Tribunal do Júri para que, a pedido da própria defesa, fossem intimadas e trazidas a juízo as testemunhas arroladas na contrariedade ao libelo, reiniciando-a após o cumprimento dessa diligência. Anote-se que as testemunhas não foram conduzidas coercitivamente e se dispuseram a prestar espontaneamente seus depoimentos. Logo, não há como acolher a alegação de nulidade referente a esse ato, visto que causado justamente pela defesa e posto o inconformismo de forma extemporânea (arts. 571, I, e 406 do CPP), operando-se a preclusão. Anotou-se que a intervenção do juiz na atividade processual é permitida, não somente para dirigir a marcha da ação penal e, após, julgá-la, mas também para ordenar, de ofício, as provas que lhe parecem úteis ao esclarecimento da verdade, tal como nos autos, ainda mais quando respaldado na própria anuência da defesa. Precedentes citados do STF: HC 83.887-MG, DJ 21/5/2004; do STJ: HC 71.820-MG, DJ 25/6/2007. RHC 16.602-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 7/10/2008.PRONÚNCIA. MANUTENÇÃO. PRISÃO.Um réu foi preso em flagrante, enquanto o outro teve sua prisão preventiva decretada. Porém, na sentença de pronúncia, o juízo nada disse a respeito da manutenção dos réus no cárcere. Diante disso, ao entender que não se trata de exigir nova fundamentação a respeito da prisão dos pacientes, mas sim de o juiz dizer, ao menos, se permanecerão ou não presos, a Turma, por maioria, deu parcial provimento ao recurso para que o juízo da pronúncia supra a referida omissão e decida, de modo

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fundamentado, se os mantém ou não na prisão (art. 408, § 1º, do CPP). O Min. Nilson Naves, ao acolher o pedido em sua total extensão, ficou vencido com o fundamento de que, ao ler-se as peças dos autos, já existente a pronúncia, verifica-se não mais subsistirem os motivos da prisão cautelar. Precedentes citados: HC 71.708-SE, DJ 5/11/2007, e RHC 13.605-PR, DJ 30/6/2003. RHC 23.696-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 7/10/2008.COMPETÊNCIA. SOLDADO TEMPORÁRIO.O serviço auxiliar voluntário (Lei n. 10.029/2000) é restrito às áreas administrativa, auxiliar à saúde e de defesa civil, das polícias militares e corpos de bombeiro. É expressa a vedação ao porte ou uso de armas de fogo, ou mesmo exercício do poder de polícia. Já a Lei paulista n. 11.064/2002, ao seguir os critérios estabelecidos naquela norma federal, discriminou as obrigações e objetivos inerentes ao serviço auxiliar voluntário a ser cumprido pelo denominado soldado temporário, deixando explícito que essa atividade, além de cunho social (oferecer qualificação profissional e renda a jovens), objetivava direcionar os policiais militares lotados em áreas administrativas às atividades ligadas diretamente à segurança da população. Dessarte, essas legislações em nenhum momento consideraram militar o soldado temporário. Desse modo, o crime que se alega cometido pelo paciente como soldado temporário (art. 303, § 2º, do CPM) não é de competência da Justiça Militar, visto se estar diante de “civil ou assemelhado”. Assim, há que anular, desde a denúncia, o processo promovido diante da auditoria da Justiça Militar, pois que, para tanto, é competente a Justiça comum estadual. Precedente citado: HC 62.100-SP, DJ 4/8/2008. HC 66.442-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 7/10/2008.PECULATO. CONVÊNIO. VERBA PÚBLICA.Os pacientes eram o presidente e o tesoureiro de uma sociedade civil sem fins lucrativos que, em razão de convênio, recebiam verbas públicas. Eles foram denunciados pela prática de peculato (art. 312 c/c art. 29 do CP), mas alegam que, ao tempo dos fatos tidos por criminosos (1986 a 1992), não se enquadravam no conceito de funcionário público (art. 327, § 1º, do CP), que só os abarcou na edição da Lei n. 9.983/2000. Nesse panorama, a Turma, por maioria, entendeu que, apesar de a denúncia não ter qualificado os fatos corretamente, não cabe anulá-la, visto que o erro de capitulação pode ser corrigido no momento da sentença (art. 383 do CPP) sem que haja prejuízo à defesa e ao contraditório, pois os acusados defendem-se dos fatos que lhes são imputados (que, no caso, nem sequer são atípicos) e não dos dispositivos legais em que qualificados. O voto vencido do Min. Nilson Naves trancava a ação penal, diante do vício material (descrição das condutas) e formal (desacerto quanto ao enquadramento delas) de que padece a denúncia, mas sem impedir que o MP oferecesse outra e desse nova capitulação aos fatos. Precedentes citados: HC 39.166-PE, DJ 28/2/2005; RHC 12.502-PR, DJ 20/5/2005, e RHC 3.243-MG, DJ 7/3/1994. HC 42.828-RJ, Rel. originário Min. Nilson Naves, Rel. para acórdão Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 7/10/2008.FURTO QUALIFICADO. ROMPIMENTO. OBSTÁCULO. PERÍCIA.A Turma, por maioria, entendeu que, para a aplicação da causa de aumento do art. 155, § 4º, I, do CP, é necessária a realização de perícia (se viável). Os votos vencidos entendiam que o rompimento do obstáculo poderia ser demonstrado por outros meios de prova, tais como a testemunhal ou a documental. AgRg no REsp 942.341-RS, Rel. originário Min. Hamilton Carvalhido, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 7/10/2008.FALÊNCIA. CONTRADITÓRIO PRÉVIO.No caso, houve o constrangimento ilegal enquanto recebida a denúncia pela prática de crime falimentar sem antes proporcionar ao falido a oportunidade de apresentar defesa, tal como prelecionava o art. 106 do DL n. 7.661/1945. Acolheu-se o parecer do MP quanto a afastar a prova do prejuízo, pois se utiliza a analogia com o entendimento deste Superior Tribunal quando declara a nulidade por falta da defesa prévia nos processos de tráfico de entorpecentes (Lei n. 10.409/2002). Assim, os atos processuais desde o recebimento da denúncia devem ser tidos por nulos, no entanto, reconheceu-se a extinção da punibilidade pela prescrição, visto que, declarada a nulidade do recebimento da denúncia, desaparece o marco interruptivo. Constatou-se, portanto que o prazo de prescrição de dois anos já ocorreu, anotado que o marco inicial é a data do provável encerramento da falência (Súm. n. 147-STF), ou seja, dois anos da decretação da quebra. Precedentes citados do STF: HC 82.222-SP, DJ 6/8/2004; do STJ: RHC 16.181-RJ, DJ 9/5/2005; HC 41.859-SP, DJ 2/10/2006; RHC 10.219-SP, DJ 6/5/2002, e RHC 15.723-RJ, DJ 11/9/2006. RHC 20.880-RJ, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 7/10/2008.SIGILO TELEFÔNICO. INDICAÇÃO. INVESTIGADO.A Turma considerou ilícita a prova resultante da interceptação de comunicações telefônicas realizadas pelo paciente. Tal como observou o Min. Nilson Naves em seu voto-vista, tanto no requerimento da autoridade policial quanto na decisão do juízo de autorização do monitoramento não há a qualificação e nem sequer a identificação do investigado (art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 9.296/1996). HC 89.023-

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MS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 7/10/2008.

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NOTÍCIAS

22/10/2008 09:45 ADI da AMB contra norma do Amazonas é parcialmente procedente, diz PGR

21/10/200814:04 Nepotismo: PGR envia reclamação ao STF contra ato do Senado 12:23 PGR: MP que isenta estado do pagamento de honorários é inconstitucional

20/10/2008 08:50 CNMP: conclusão de estudo sobre fiscalização do MP a prisões

17/10/200809:29 PGR ajuiza ação contra lei complementar de SC

16/10/200816:43 MPF assina acordo com a Febraban para melhorar atendimento a deficientes

15/10/200816:46 MPU institui prorrogação da licença-maternidade e da licença à adotante

13/10/200817:15 PGR opina pelo não conhecimento de ação da Adepol contra leis de SC

ADI da AMB contra norma do Amazonas é parcialmente procedente, diz PGR22/10/2008 9h45

Para Antonio Fernando, inconstitucionalidade se limita apenas à expressão "magistrado" da Lei complementar 17/97.

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O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, opinou pelo conhecimento, em parte, da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4088) proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A AMB questiona o artigo 70, inciso XXIX, da Lei Complementar 17/97, do Amazonas, que atribui ao presidente do Tribunal de Justiça a competência para autorizar o afastamento, do estado, de juízes e servidores da Justiça. A AMB alega que a norma contraria o artigo 93, caput, e inciso VII, da Constituição Federal, pois a disciplina acerca do afastamento dos magistrados do estado no qual exercem suas funções somente poderia ser regulamentada por lei complementar federal, de inciativa do Supremo Tribunal Federal. Por esse motivo, para a associação, há vício formal de constitucionalidade. De acordo com a AMB, ainda há violação ao princípio da proporcionalidade, pois a norma estaria restringindo de maneira injustificada as garantias e prerrogativas dos juízes estaduais. No parecer, o procurador-geral sustenta que a associação somente tem legitimidade para impugnar a expressão 'magistrados', inscrita no inciso XXIX, do artigo 70, da LC 17/97, do Amazonas. Ele explica que “o dispositivo questionado destina-se não só aos juízes estaduais, representados pela AMB, mas também aos servidores da Justiça, o que denota não estar preenchido, nesse ponto, o requisito da pertinência temática”. Antonio Fernando acrescentou que a análise da adequação do dispositivo ao texto constitucional deve ser limitada à expressão 'magistrados'. Em relação a essa expressão, o procurador-geral destaca que “é de se reconhecer sua incompatibilidade com normas constitucionais disciplinadoras da matéria, flagrante é o vício de inconstitucionalidade formal a atingir a norma impugnada, haja vista a expressão determinação do artigo 93 da Constituição, no sentido de que cabe ao Supremo Tribunal Federal iniciar o processo de elaboração da lei relativa ao Estatuto da Magistratura”. Antonio Fernando ainda afirma que “qualquer inovação a respeito de deveres referentes à ausência ou locomoção de magistrados somente pode ser instituída mediante a edição de ato normativo próprio, a saber, lei complementar federal, o que denota a ilegitimidade do dispositivo, por afronta ao limite formal fixado pelo constituinte originário”. O parecer foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal e será analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação.

Nepotismo: PGR envia reclamação ao STF contra ato do Senado21/10/2008 14h04

Para o procurador-geral, ato do Senado afronta súmula do Supremo.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviou hoje, 21 de outubro, reclamação (nº 6838), com pedido de medida liminar, ao Supremo Tribunal Federal (STF), contra o Enunciado nº 13 da Advocacia Geral do Senado, aprovado pelo Ato nº 7 da Comissão Diretora daquela instituição, que permite a prática de nepotismo. De acordo com o procurador, o enunciado afronta a Súmula Vinculante nº 13 do STF. Essa súmula estipula regras que proíbem a nomeação de parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau. Antonio Fernando questiona quatro itens do enunciado do Senado. O procurador afirma que há real possibilidade de afronta à súmula do STF. Para isso, ele ressalta que o enunciado, ao ter efeito normativo, torna obrigatória a aplicação a todos os órgãos administrativos e gabinetes dos senadores de forma imediata. Assim, Antonio Fernando quer a suspensão dos itens para um exame mais aprofundado e para evitar que a autoridade da decisão do STF seja desconsiderada. Enquanto a súmula do STF proíbe a nomeação de parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o tercerio grau, o item II do enunciado do Senado restringe a proibição apenas aos irmãos do cônjuge ou companheiro. O item III deixa de fora da proibição do nepotismo servidores que possuem cargo efetivo (concursado) do Senado, desde que não haja vínculo hierárquico até o segundo grau, nos termos da Lei nº 8.112/90. O procurador explica que, nesse ponto, o enunciado destoa da súmula vinculante porque limitou o vínculo até o segundo grau. Nessa questão, Antonio Fernando salienta que as autoridades estão dando várias interpretações à súmula do STF, como os que estão exonerando das funções de confiança e cargos comissionados os servidores efetivos, mesmo que não detenham vínculo hierárquico direto com eventual parente nos quadros da Administração Pública. O item IV exclui os parentes de senadores já contratados antes do início do mandato. Antonio Fernando afirma que se deve levar em conta as situações licitamente pré-constituídas e os eventuais impedimentos após o mandato, como casamentos. No entanto, nos casos em que há renovação de mandatos ou de legislaturas, o procurador-geral destaca que é fundamental questionar a legitimidade da contratação que não tiver sido realizada pelo mesmo senador ou autoridade. “No caso da aceitação dessa premissa, a violação pela via oblíqua à impessoalidade e moralidade, em desacordo com o enunciado da Súmula Vinculante nº 13”. Na visão de Antonio Fernando, o item V também demanda reflexão, especialmente ao retirar do âmbito da restrição da Súmula Vinculante nº 13 o caso de nomeações em que haja vínculo conjugal ou de parentesco com senador ou autoridade já aposentados. O procurador diz que é notória a situação de parlamentares que, após se aposentarem, permanecem no cenário político como tomadores de decisões, no âmbito

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interno de suas legendas ou coligações ou até mesmo nos bastidores de poder, de forma que os laços anteriormente construídos permanecem inalterados. “Portanto, a aposentadoria de um parlamentar não caracteriza, per si, seu afastamento do jogo político, como normalmente ocorre com o membro do Poder Judiciário. Logo, também aqui há a necessidade de uma melhor reflexão por parte dessa Corte”, conclui Antonio Fernando. Na reclamação, o procurador-geral fez considerações sobre o nepotismo. Para ele, o nepotismo é filho dileto do patrimonialismo. Menciona, também, que o assunto não é uma novidade no Brasil, passando por todos os períodos político-institucionais do país: colônia, Reino Unido, Império e República. Além disso, ele diz que a transgressão da ordem política e pública é que faz nascer como um direito de família o privilégio de ocupação de cargo público. “Forte, portanto, desde o início de nossa história política, o nepotismo é fruto da renitente e odiosa confusão entre as esferas pública e privada, tendo reflexos mais acentuados na República, sobretudo quando o poder proveniente desta res publica é exercido pelo povo (art. 1º, parágrafo único, da CF). Por isso mesmo a prática do nepotismo sempre foi um fardo a ancorar a efetividade da construção concreta da democracia no país”, completa Antonio Fernando. Leia a íntegra da Reclamação nº 6838. O relator é o ministro Cezar Peluso.

PGR: MP que isenta estado do pagamento de honorários é inconstitucional21/10/2008 12h23

Para Antonio Fernando, a norma viola os princípios da razoabilidade, isonomia e coisa julgada.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, deu parecer pela procedência parcial da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 2527) proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil contra a Medida Provisória n° 2226/01. A norma prevê a hipótese de transação de honorários advocatícios por terceiros e institui o requisito da transcedência para a admissão do recurso de revista. Um dos questionamento do Conselho Federal da OAB é em relação ao procedimento estabelecido pela MP, em seu artigo 3º, para casos de pagamento devido pela Fazenda Pública em virtude de sentença judiciária. De acordo com a norma, quando há acordo ou transação celebrada diretamente pela parte ou por intermédio de procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, cada uma das partes tem responsabilidade pelo pagamento dos honorários de seus respectivos advogados, mesmo que tenham sido objeto de condenação transitada em julgado. No parecer, o procurador-geral concorda que a regra é incostitucional, já que, “sendo os honorários de sucumbência devidos aos advogados da parte vencedora, não há fundamento em se permitir que tal direito seja transacionado por terceiros”. Ele destaca ainda que a retirada pré-estabelecida da verba honorária de uma das partes configura ofensa ao princípio da isonomia e que é latente a violação ao princípio da coisa julgada ao se permitir a alteração de condenações já transitadas em julgado. Por isso, apenas com relação ao artigo 3º, o parecer é pela procedência do pedido. Antonio Fernando discorda, no entanto, de que a edição da medida provisória questionada não tenha atendido aos requisitos de relevância e urgência e tenha desrespeitado a reserva legal referente à matéria processual, conforme é alegado na ação. Para ele, as informações prestadas pelo presidente da República mostram que foram bem delineadas as razões de urgência e relevância que levaram à edição da medida provisória. Ele ressalta ainda que, na época da edição da norma, não havia restrição quanto ao uso de medida provisória no campo do direito processual, o que foi feito pela Emenda Constitucional n° 32/2001. Antonio Fernando afirma que também não tem cabimento a alegação de ofensa ao artigo 246 da Constituição da República, responsável por proibir a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada a partir de 1995. “A EC n° 24/99, apesar de ter promovido modificações no artigo 111, não trouxe qualquer inovação atinente à competência do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Não há espaço para a análise literal feita pelo requerente acerca do comando contido no citado artigo 246”, explica. Outro argumento defendido na ação é o de que o regimento interno do TST não poderia regulamentar o processamento da transcedência do recurso de revista, como determina a medida provisória contestada, porque somente uma lei poderia dispor sobre a competência do tribunal. Mais uma vez, Antonio Fernando rebate o rigor literal adotado na interpretação feita pelo requerente: “A própria Constituição, em seu artigo 96, I, “a”, confere aos tribunais a prerrogativa de dispor sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais, por meio de seus regimentos internos.” O Conselho Federal da OAB argumenta ainda que o requisito de transcedência para o recurso de revista é um conceito fluido, sem densidade normativa. Assim, ele seria insuficiente para garantir a segurança jurídica aos jurisdicionados. De acordo com Antonio Fernando, no entanto, essa tese de insuficiência normativa não merece ser acolhida. “Esta flexibilidade concedida ao julgador, por meio de conceitos passíveis de uma interpretação ampla, em verdade, está a prestigiar a segurança jurídica, na medida em que evita o engessamento do Judiciário e, por conseguinte, a prolação de decisões cartesianas, diantes da complexidade e da peculiaridade das controvérsias

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jurídicas que lhe são apresentadas”, conclui. O parecer vai analisado pela ministra Cármen Lúcia, relatora da ação no Supremo Tribunal Federal.

CNMP: conclusão de estudo sobre fiscalização do MP a prisões20/10/2008 8h50

O relatório da Corregedoria Nacional deve ser apreciado na sessão do Conselho Nacional do Ministério Púbico, nesta segunda-feira, 20 de outubro.

O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público deve apreciar na sessão desta segunda-feira, 20 de outubro, relatório da Corregedoria Nacional sobre a atuação do Ministério Público no controle externo da atividade policial e na fiscalização do cumprimento das sanções penais e de medidas sócio-educativas. O Relatório é resultado da Correição instaurada em março de 2008, com o objetivo de apurar, de forma ampla, as condições de exercício pelo Ministério Público da atividade de fiscalização de estabelecimentos em que estejam recolhidos adultos e adolescentes. O estudo, resultado da análise de mais de 40 volumes de documentos, começou a partir da divulgação pela mídia nacional de casos de maus tratos a presos e de pessoas recolhidas em cadeias públicas ou delegacias de polícia - quando deveriam estar em penitenciárias ou colônias agrícolas, além de casos mais extremos de pessoas recolhidas a estabelecimentos inadequados para idade e sexo, situação que chegou a resultar em gravidez de adolescentes dentro da prisão. Diante desse quadro, o corregedor nacional, conselheiro Osmar Machado, considerou necessário um levantamento geral sobre a atuação de cada unidade do Ministério Público, tanto no que diz respeito à fiscalização do cumprimento das penas e medidas sócio-educativas, quanto sobre o acompanhamento e a orientação aos órgãos de execução. O CNMP já havia editado, em maio de 2007, a Resolução nº 20/2007 que determina a realização de visitas periódicas a estabelecimentos ou unidades policiais, civis ou aquartelamentos militares, bem como casas prisionais, cadeias públicas ou quaisquer outros estabelecimentos onde encontrem pessoas custodiadas, detidas ou presas. O Relatório que será levado ao Plenário na Sessão de segunda também apresenta estudo sobre o cumprimento da Resolução 20 pelos MPs. A 8ª Sessão Extraordinária do Conselho Nacional do Ministério Público será realizada a partir das 9h,  no Plenário do edifício-sede do CNMP (endereço: SHIS QI 3, Lote A, Bloco E, Ed. Terracotta, Lago Sul, Brasília – DF). As reuniões do CNMP são abertas ao público e transmitidas ao vivo pela internet.

PGR ajuiza ação contra lei complementar de SC17/10/2008 9h29

Lei viola o princípio da separação dos poderes.O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ajuizou, no Supremo Tribunal Federal, ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4159) contra dispositivos da Lei Complementar nº 339/2006, do estado de Santa Catarina. De acordo com o procurador, a lei, que trata sobre a organização e a divisão judiciárias de Santa Catarina, viola a Constituição Federal e ofende o princípio da separação dos poderes. Isso porque impõe que a alteração da estrutura judiciária estadual seja feita por meio de ato próprio do Pleno do Tribunal de Justiça. O procurador-geral quer que o STF defira medida cautelar para suspender, até a decisão final da ação, os artigos 3º, § 2º, 7º, caput e parágrafo único, 13, caput, e 17, e a expressão “depende de resolução do Tribunal Pleno, que”, contida no artigo 4º. As normas impugnadas pelo procurador-geral da República permitem ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por meio próprio, a criação, definição, instalação, classificação, funcionamento, elevação, rebaixamento, desdobramento, agregação e extinção de subseções, regiões, circunscrições, comarcas, distritos e varas judiciais. Elas disciplinam, de forma imediata, a organização e a divisão da estrutura judiciária estadual, incluindo-se a criação de varas. Antonio Fernando explica que o Poder Judiciário pode somente propor (e não alterar) ao poder Legislativo a criação de varas judiciais e alteração da organização e da divisão judiciárias. Com isso, um tribunal não tem permissão, por ato administrativo próprio, para fazer as mencionadas criação e alteração. “Em outras palavras, a modificação da estrutura judiciária deve ser veiculada por lei, compreendida não apenas em seu sentido material, mas, inclusive, formal”, destaca o procurador. Antonio Fernando destaca que a classificação das comarcas em entrâncias possui vinculação com o desenvolvimento da carreira dos magistrados. Isso resulta em escalonamento de organização que, em suma, reflete na progressão dos titulares. “Há ligação, portanto, com as figuras de promoção dos membros do Poder Judiciário, o que, mais uma vez, anuncia a relevância da matéria, assim como sua relação com a organização judiciária, a exigir a intermediação legislativa, em legitimação dos procedimentos administrativos do Tribunal de Justiça catarinense”, afirma o procurador-geral. O parecer de Antonio Fernando será analisado pela ministra Carmen Lúcia, relatora da ação no STF.

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MPF assina acordo com a Febraban para melhorar atendimento a deficientes16/10/2008 16h43

Todas as agências do Brasil devem cumprir o acordoAs pessoas que possuem algum tipo de deficiência vão ter melhor atendimento das agências bancárias de todo o país. Esse é o objetivo do termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado hoje, 16 de outubro, entre o Ministério Público Federal e a Federação Brasileira dos Bancos. O acordo trata da acessibilidade e do atendimento prioritário às pessoas com deficiência física, visual, auditiva e mental. O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, falou sobre a importância do acordo. Ele ressaltou que o termo de ajustamento é uma providência de inclusão e de grande eficácia social. Antonio Fernando afirmou, também, que “este evento constitui um exemplo eloqüente da capacidade do Ministério Público de manejar com equilíbrio os instrumentos legais predispostos ao desempenho de suas atribuições constitucionais”. A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Gilda Carvalho, destacou a atuação do grupo de trabalho Inclusão de Pessoas com Deficiência, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, para que a Lei nº 10.040/2006, que prevê a a acessibilidade de pessoas deficientes, fosse cumprida. Para ela, “esse termo de ajustamento de conduta vem coroar esses esforços”. Gilda Carvalho destacou, ainda, que “esses direitos, já dispostos na lei, visam a atender cerca de 25 milhões de brasileiros e brasileiras”. Para o vice-presidente da Febraban, Antonio Jacinto Matias, “o que temos a celebrar hoje é um belo exemplo de convergência público-privada compartilhando construtivo diálogo em iniciativas de apoio ao cidadão. Ele destaca que “tratar essas pessoas com respeito, dignidade e consideração significa, antes de tudo, valorizar a diversidade”. Entre as mudanças previstas pelo acordo, as agências bancárias de todo o país terão que oferecer rampas de acesso ou equipamentos eletromecânicos de deslocamento vertical para pessoas com dificuldade de locomoção; folhetos em Braille e com letras ampliadas, com orientações de uso do cartão e as informações relativas a ele; e a disponibilização de pessoal e de equipamentos capazes de manter comunicação com pessoas com deficiência auditiva. Também assinaram o TAC a procuradora regional dos direitos do cidadão em São Paulo, Adriana da Silva, ministério públicos de São Paulo e de Minas Gerais, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde).

MPF assina acordo com a Febraban para melhorar atendimento a deficientes16/10/2008 16h43

Todas as agências do Brasil devem cumprir o acordoAs pessoas que possuem algum tipo de deficiência vão ter melhor atendimento das agências bancárias de todo o país. Esse é o objetivo do termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado hoje, 16 de outubro, entre o Ministério Público Federal e a Federação Brasileira dos Bancos. O acordo trata da acessibilidade e do atendimento prioritário às pessoas com deficiência física, visual, auditiva e mental. O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, falou sobre a importância do acordo. Ele ressaltou que o termo de ajustamento é uma providência de inclusão e de grande eficácia social. Antonio Fernando afirmou, também, que “este evento constitui um exemplo eloqüente da capacidade do Ministério Público de manejar com equilíbrio os instrumentos legais predispostos ao desempenho de suas atribuições constitucionais”. A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Gilda Carvalho, destacou a atuação do grupo de trabalho Inclusão de Pessoas com Deficiência, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, para que a Lei nº 10.040/2006, que prevê a a acessibilidade de pessoas deficientes, fosse cumprida. Para ela, “esse termo de ajustamento de conduta vem coroar esses esforços”. Gilda Carvalho destacou, ainda, que “esses direitos, já dispostos na lei, visam a atender cerca de 25 milhões de brasileiros e brasileiras”. Para o vice-presidente da Febraban, Antonio Jacinto Matias, “o que temos a celebrar hoje é um belo exemplo de convergência público-privada compartilhando construtivo diálogo em iniciativas de apoio ao cidadão. Ele destaca que “tratar essas pessoas com respeito, dignidade e consideração significa, antes de tudo, valorizar a diversidade”. Entre as mudanças previstas pelo acordo, as agências bancárias de todo o país terão que oferecer rampas de acesso ou equipamentos eletromecânicos de deslocamento vertical para pessoas com dificuldade de locomoção; folhetos em Braille e com letras ampliadas, com orientações de uso do cartão e as informações relativas a ele; e a disponibilização de pessoal e de equipamentos capazes de manter comunicação com pessoas com deficiência auditiva. Também assinaram o TAC a procuradora regional dos direitos do cidadão em São Paulo, Adriana da Silva, ministério públicos de São Paulo e de Minas Gerais, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde).

PGR opina pelo não conhecimento de ação da Adepol contra leis de SC13/10/2008 17h15

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Page 83: celepar7cta.pr.gov.brcelepar7cta.pr.gov.br/mppr/noticias.nsf/a3f1510fe91dd82b... · Web viewSustentava que caso fosse condenado, a pena seria fixada no patamar mínimo, ou seja, de

Normas possibilitam que policiais militares façam termo circunstanciado.A ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3954) ajuizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol-Brasil) pedindo a impugnação de leis catarinenses que possibilitam a lavra de termo circunstanciado por policiais militares deve ser extinta, sem ter o mérito analisado, diz o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. A opinião dele fundamenta-se em posicionamentos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal de que é impossível submeter ato de caráter regulamentar ao controle de constitucionalidade e de que não há motivo para se analisar norma estadual que reproduz literalmente conteúdo de lei federal. Os dispositivos questionados pela Adepol são o parágrafo único do artigo 68 da Lei complementar nº 339/2006, de Santa Catarina, e o Provimento 4/1999, do corregedor-geral da Justiça daquele estado. A associação alega que as normas usurpam competência da União para legislar sobre matéria processual (prevista no artigo 24, inciso XI, da Constituição Federal), ofendem o princípio da legalidade (artigo 5º, inciso II, da CF), provocam ingerência indevida da polícia militar nas atribuições das polícias civis e federal (artigo 144 da CF) e afrontam o postulado da separação dos poderes (artigo 2º da CF). Segundo Antonio Fernando, o dispositivo da Lei 339/2006 tem conteúdo idêntico ao do parágrafo único do artigo 4º do Código de Processo Penal, que dispõe que a competência da polícia judiciária para apurar infrações penais não excluirá a de autoridades administrativas, a quem seja cometida a mesma função. Ele acrescenta que eventual declaração de inconstitucionalidade da norma catarinense não surtiria efeitos práticos, pois a regra nacional permaneceria válida na ordem jurídica. Quanto ao Provimento 4/99, o procurador-geral afirma que ele tem caráter secundário, pois destina-se a regulamentar o artigo 69 da Lei dos Juizados Especiais (9.099/95) e, por isso, não pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade. Ele cita julgamentos anteriores do STF nos quais se negou prosseguimento à ação quando a norma questionada não era primária, mas apenas interpretava lei ordinária. Nesses casos, a questão não é de inconstitucionalidade, mas de ilegalidade, diz Antonio Fernando, e o dispositivo não está sujeito ao controle de constitucionalidade. O ministro Eros Grau é o relator da ação no STF e deverá analisar o parecer do procurador-geral.

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Jussara de Mello Toledo Ramos - Bibliotecária responsável pelo “Seleções da Biblioteca”

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