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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ SELEÇÕES DA BIBLIOTECA Notícias & Jurisprudência Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet v. 6, n.º 361 Curitiba, fevereiro, 2009 SUMÁRIO Supremo Tribunal Federal ..................................................................................................01 - 69 Superior Tribunal de Justiça ..............................................................................................70 - 127 Procuradoria-Geral da República........................................................................................128-132 Segunda-feira, 02 de Março de 2009 08:35 Ministro considera ilegal o uso de força para coagir o Poder Público a desapropriar terras com fins de reforma agrária Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009 19:40 - Ministro suspende execução provisória da pena para condenado por atentado ao pudor 16:20 - Ministra nega suspensão de sentença para condenado por roubo e latrocínio 16:00 - Negado pedido de comerciante para anular provas colhidas em grampo telefônico 09:00 - Pedido contra Súmula Vinculante das algemas é reautuado como PSV Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2009 17:25 Ministro nega liberdade a jornalista acusado de formação de quadrilha e extorsão Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009 17:51 - Concedida liberdade a mecânico acusado de assassinar namorada 10:00 - STF nega liberdade a acusado de ser mandante de assassinato em Minas Gerais 09:00 - Supremo nega pedido de diminuição da pena a empresário acusado de fraudar licitação Quinta-feira, 19de Fevereiro de 2009 20:15 - Negado o direito de condenado acusado de chefiar bando dedicado ao tráfico de drogas apelar em liberdade 20:00 - Íntegra do voto do ministro Eros Grau e ementa do HC sobre execução provisória da pena 19:50 - Candidato de concurso do MP que não comprovou três anos de experiência não tomará posse 19:10 - Plenário: Arma de fogo, mesmo sem perícia, qualifica crime de roubo e agrava pena 18:44 - Tribunais prometem aderir a projeto do STF para ressocialização de sentenciados 16:28 - Conamp questiona lei que obriga promotores do RJ a declarar bens e renda 16:22 - Ministro suspende pena do empresário Chico Recarey por apropriação indébita 16:10 - STF editará Súmula Vinculante sobre gratificação para servidores inativos Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 20:20 - Íntegra do voto do ministro Eros Grau em ADI sobre equiparação de vencimentos em SC 19:55 - STF estende por mais 30 dias liminar que suspende dispositivos da Lei de Imprensa 17:23 - Supremo arquiva habeas corpus em que acusado por crime de fraude fiscal pedia liberdade 17:20 - Arquivado HC em que preso por descaminho pedia para responder a processo em liberdade 14:38 - PGR deve se manifestar em ação sobre posse de segundo colocado quando o cargo ficar vago Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 20:50 - AMB ajuíza mais três ações contra escalonamento de subsídios de juízes estaduais (republicada) 20:45 - 1ª Turma entende que Poder Legislativo do Piauí não pode anular PDV no estado 19:30 - Presidente suspende multa diária de R$ 10 mil imposta à União e à Universidade Federal do Paraná 19:20 - STF nega liberdade a integrante de facção criminosa paulista 18:20 - Preso por homicídio qualificado poderá responder a processo em liberdade 18:00 - Filha de prefeita pode voltar ao cargo de secretária de Saúde de município paranaense 17:40 - 1ª Turma confirma HC para investigados por lavagem e ocultação de bens 17:20 - OAB questiona constitucionalidade de três fundações de saúde de Sergipe 14:54 - PGR opina pela ineficácia de MP reeditada na mesma sessão legislativa

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

SELEÇÕES DA BIBLIOTECANotícias & Jurisprudência

Informativo semanal com reprodução fiel de matérias veiculadas via Internet

v. 6, n.º 361Curitiba, fevereiro, 2009

SUMÁRIOSupremo Tribunal Federal ..................................................................................................01 - 69Superior Tribunal de Justiça ..............................................................................................70 - 127Procuradoria-Geral da República........................................................................................128-132

Segunda-feira, 02 de Março de 200908:35 Ministro considera ilegal o uso de força para coagir o Poder Público a desapropriar terras com fins de reforma agrária

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 200919:40 - Ministro suspende execução provisória da pena para condenado por atentado ao pudor 16:20 - Ministra nega suspensão de sentença para condenado por roubo e latrocínio 16:00 - Negado pedido de comerciante para anular provas colhidas em grampo telefônico 09:00 - Pedido contra Súmula Vinculante das algemas é reautuado como PSV

Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 200917:25 Ministro nega liberdade a jornalista acusado de formação de quadrilha e extorsão

Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 200917:51 - Concedida liberdade a mecânico acusado de assassinar namorada 10:00 - STF nega liberdade a acusado de ser mandante de assassinato em Minas Gerais 09:00 - Supremo nega pedido de diminuição da pena a empresário acusado de fraudar licitação

Quinta-feira, 19de Fevereiro de 200920:15 - Negado o direito de condenado acusado de chefiar bando dedicado ao tráfico de drogas apelar em liberdade 20:00 - Íntegra do voto do ministro Eros Grau e ementa do HC sobre execução provisória da pena 19:50 - Candidato de concurso do MP que não comprovou três anos de experiência não tomará posse 19:10 - Plenário: Arma de fogo, mesmo sem perícia, qualifica crime de roubo e agrava pena18:44 - Tribunais prometem aderir a projeto do STF para ressocialização de sentenciados16:28 - Conamp questiona lei que obriga promotores do RJ a declarar bens e renda 16:22 - Ministro suspende pena do empresário Chico Recarey por apropriação indébita 16:10 - STF editará Súmula Vinculante sobre gratificação para servidores inativos

Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 200920:20 - Íntegra do voto do ministro Eros Grau em ADI sobre equiparação de vencimentos em SC 19:55 - STF estende por mais 30 dias liminar que suspende dispositivos da Lei de Imprensa 17:23 - Supremo arquiva habeas corpus em que acusado por crime de fraude fiscal pedia liberdade 17:20 - Arquivado HC em que preso por descaminho pedia para responder a processo em liberdade 14:38 - PGR deve se manifestar em ação sobre posse de segundo colocado quando o cargo ficar vago

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 200920:50 - AMB ajuíza mais três ações contra escalonamento de subsídios de juízes estaduais (republicada) 20:45 - 1ª Turma entende que Poder Legislativo do Piauí não pode anular PDV no estado 19:30 - Presidente suspende multa diária de R$ 10 mil imposta à União e à Universidade Federal do Paraná 19:20 - STF nega liberdade a integrante de facção criminosa paulista 18:20 - Preso por homicídio qualificado poderá responder a processo em liberdade 18:00 - Filha de prefeita pode voltar ao cargo de secretária de Saúde de município paranaense 17:40 - 1ª Turma confirma HC para investigados por lavagem e ocultação de bens 17:20 - OAB questiona constitucionalidade de três fundações de saúde de Sergipe 14:54 - PGR opina pela ineficácia de MP reeditada na mesma sessão legislativa

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 200919:50 - Liminar suspende pena imposta a condenado por furto de suínos 17:25 - Deputado obtém liminar para continuar processo contra jornalista por difamação 16:59 - Entenda as diferenças entre impedimento e suspeição 16:45 - Indeferida liminar contra uso de algemas durante audiência criminal 08:30 - Ministro Ayres Britto nega liminar para acusados de crime contra a ordem tributária

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 200918:40 - Negado pedido de progressão de regime a condenado por homicídio qualificado 17:55 - Negada liminar a condenado que recorreu depois de dois anos da sentença 17:50 - Pedido de vítima de desabamento do Palace II é arquivado por falta de pressuposto de admissibilidade 17:20 - Negada liminar a condenado por desviar sinal de TV a cabo 14:47 - Arquivada ação que pedia devolução de verbas utilizadas pela Abin em operação da PF 09:00 - Suspensa aplicação de pena por descaminho mediante aplicação do princípio da insignificância

Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 200918:35 - Plenário autoriza ministros a decidir em definitivo habeas corpus sobre prisão civil por dívida, execução provisó-ria da pena e acesso a inquérito 18:20 - Ministro indefere liminar em HC para acusado de sonegação fiscal 08:40 - Ministra Cármen Lúcia mantém condenação de traficantes que alegavam falta de defesa preliminar

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 200918:55 - Irredutibilidade de vencimentos é direito adquirido do servidor, mas não a forma de cálculo 17:38 - Parecer da PGR diz que não é inconstitucional teto de remuneração diferenciado 17:30 - STF amplia gratificação de desempenho a inativos e pensionistas da Saúde e Previdência 08:45 - Ministro Joaquim Barbosa mantém processo administrativo contra membro do MP que exerce advocacia 08:30 - Ministro suspende ação penal de réu sentenciado pelo mesmo juiz em ação civil pública

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 200920:10 - Concubina não tem direito à divisão de pensão por morte 19:10 - 1ª Turma: Coleta de provas desnecessárias para julgamento de ação penal pode ser negada 18:15 - Negado HC a policial civil acusado de assassinato dentro da delegacia 18:10 - 1ª Turma concede cinco Habeas Corpus sobre prisão civil por dívida 18:00 - 2ª Turma anula parte de processo contra ex-presidente do Cofen por falta de ampla defesa 17:40 - 1ª Turma segue entendimento do Plenário quanto à ilegalidade da execução provisória da pena 17:35 - 2ª Turma mantém sentença de 16 anos contra PM condenado por extorsão mediante sequestro 17:20 - 1ª Turma: Alegação de legítima defesa deve ser analisada pelo Tribunal do Júri 13:49 - Genéricos 10 anos depois: STF deve julgar ações sobre fornecimento de remédios (republicada em 12/2 às16h10) 10:00 - Ministro Menezes Direito nega HC a acusado de pedofilia em Roraima 09:00 - Réus do mensalão devem desembolsar R$ 19 milhões para que testemunhas sejam ouvidas no exterior 08:30 - Mantida prisão de piloto acusado de jogar 48 Kg de cocaína em fazenda

Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 200919:25 - Cassada decisão que permitiu dispensa imotivada de servidor público em estágio probatório 19:10 - ADI que contestava teto de salários do MPU é arquivada 17:30 - Arquivada reclamação ajuizada contra provimento de vagas em cartório do Paraná 16:45 - Indeferida liminar a acusados de planejar sequestro da família de coordenador de presídio paulista

Sexta-feira, 06 de Fevereiro de 200918:24 - MPF defende arquivamento de ação contra portaria que proíbe importação de pneus usados 08:30 - Indeferida liminar a acusado de fraude na construção do TRT-SP

Quinta-feira, 05 de Fevereiro de 200920:30 - Supremo garante a condenado o direito de recorrer em liberdade 12:00 - Indeferido pedido de transferência de julgamento do interior para a capital cearense a acusado de homicídio

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 200919:37 - Mudar jurisprudência sobre lei de refúgios não seria incoerência, diz Celso de Mello 17:55 - Negada liminar a empresários de Manaus que pediam suspensão de processo por descaminho 17:45 - Equiparação de vencimentos de policiais civis e militares catarinenses é inconstitucional 15:22 - HC de acusado por homicídio em Tocantins é arquivado 13:25 - AGU diz que Lei da Anistia é ampla e irrestrita 09:00 - Supremo arquiva HC de acusada de matar o próprio filho 08:30 - Arquivado pedido de liberdade a acusado por homicídio ocorrido em Guarulhos (SP)

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Terça-feira, 03 de Fevereiro de 200919:25 - 2ª Turma do STF mantém transferência de acusado de participar de facção criminosa para Catanduvas (PR) 18:50 - 1ª Turma defere em parte HC para acusado de receptação de bens de traficante 18:30 - Empresária presa por declarações na televisão consegue liberdade 17:30 - Negado pedido do ex-juiz Rocha Mattos para que fosse ouvida testemunha em sua defesa 16:50 - Mantida prisão preventiva de acusados de homicídio por disputa de terras no Pará 14:54 - PGR considera inconstitucional lei que proíbe cobrança de emissão de boleto bancário

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 200920:10 - Servidores de outras instituições não podem representar MP junto aos Tribunais de Contas 19:15 - Confirmadas liminares que livraram MT e PR de inscrição no cadastro de inadimplentes da União 19:00 - STF derruba lei que determina registro prévio de contratos públicos no Tribunal de Contas 18:21 - Plenário edita 14ª Súmula Vinculante e permite acesso de advogado a inquérito policial sigiloso 18:10 - Plenário confirma decisão que limita candidatos a cargos diretivos no TJ-MG

Segunda-feira, 02 de Março de 2009 Ministro considera ilegal o uso de força para coagir o Poder Público a desapropriar terras com

fins de reforma agrária "Constitui atividade à margem da lei a conduta daqueles que visam, pelo emprego arbitrário da força epela ocupação ilícita de prédios públicos e de imóveis rurais, constranger o Poder Público a promoverações expropriatórias, para execução do programa de reforma agrária." Assim se pronunciou o ministroCelso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, ao proferir seu voto na liminar da Ação Direta deInconstitucionalidade 2213, em abril de 2002, no qual foi discutido o Estatuto da Terra. A decisão foirelembrada pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, na quarta-feira passada (25), quandorepudiou as invasões de terra ocorridas durante o Carnaval, nos estados de Pernambuco e São Paulo, eque deixaram um saldo de quatro mortes. Segundo Celso de Mello, o proprietário da terra tem o “deverjurídico-social de cultivá-la e de explorá-la adequadamente”. Para tanto, os proprietários devem favorecero bem-estar de seus trabalhadores; manter a produtividade do imóvel; conservar os recursos naturaisexistentes e; manter uma relação justa com os empregados. Descumpridos um destes itens, apropriedade não estará exercendo sua função social, o que legitima a intervenção estatal para arealização da desapropriação para fins de reforma agrária. Entretanto, o ministro mais antigo da Cortesalientou que “o processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas,não pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos ilícitos de violaçãopossessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente improdutivos”. As invasões de propriedadespúblicas ou privadas, “além de qualificar-se como ilícito civil, também pode configurar situação revestidade tipicidade penal, caracterizando-se, desse modo, como ato criminoso”, destaca.Dever estatal de punir invasõesCelso de Mello ressaltou que o Poder Público não pode “aceitar, passivamente, a imposição, por qualquerentidade ou movimento social organizado, de uma agenda político-social, quando caracterizada porpráticas ilegítimas de invasão de propriedades rurais, em desafio inaceitável à integridade e à autoridadeda ordem jurídica”. “O sistema constitucional não tolera a prática de atos, que, concretizadores deinvasões fundiárias, culminam por gerar grave situação de insegurança jurídica, de intranquilidade sociale de instabilidade da ordem pública”, lembrou.Avaliação de produtividadeO ministro afirmou que particulares ou movimentos sociais não têm o poder de avaliar e decidir sobre aimprodutividade de um determinado imóvel rural, uma vez que existe um processo legal para tanto. “O Supremo Tribunal Federal não pode validar comportamentos ilícitos. Não deve chancelar,jurisdicionalmente, agressões inconstitucionais ao direito de propriedade e à posse de terceiros. Não podeconsiderar, nem deve reconhecer, por isso mesmo, invasões ilegais da propriedade alheia ou atos deesbulho possessório como instrumentos de legitimação da expropriação estatal de bens particulares, cujasubmissão, a qualquer programa de reforma agrária, supõe, para regularmente efetivar-se, o estritocumprimento das formas e dos requisitos previstos nas leis e na Constituição da República.”O casoEstas considerações foram feitas pelo ministro Celso de Mello ao proferir voto na análise de pedido liminarna Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2213, da qual é o relator. A ação foi ajuizada pelo Partidodos Trabalhadores (PT), que, à época, era oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Omérito ainda será analisado pelo Plenário do STF. Com a ação, o PT pretende a revogação de uma medidaprovisória que tinha por finalidade “neutralizar abusos e atos de violação possessória, praticados contraproprietários de imóveis rurais”. Em abril de 2002, o Plenário do STF, por unanimidade, indeferiu o pedidode liminar feito pelo PT, mantendo a validade da norma que determina que “o imóvel rural de domíniopúblico ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário

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de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à suadesocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidadecivil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie odescumprimento dessas vedações”.

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009 Ministra nega suspensão de sentença para condenado por roubo e latrocínio

Condenado em Minas Gerais a 32 anos de reclusão por roubo qualificado e latrocínio, Antônio Floriz daSilva teve negado pedido de suspensão de sentença penal. A decisão foi da ministra do Supremo TribunalFederal (STF) Ellen Gracie, na análise de liminar no Habeas Corpus (HC) 97618. O advogado de defesaalega que os acusados foram reconhecidos por meio de fotografias, sem terem sido apresentados emjuízo para acareação. Ao rejeitar pedido idêntico feito àquela Corte, o Superior Tribunal de Justiça (STJ)frisou que a sentença penal contra o condenado está embasada em outras provas, e não apenas noreconhecimento por meio das fotos. Para Ellen Gracie, a decisão do STJ não caracteriza constrangimentoilegal a permitir a concessão de liminar. A ministra indeferiu o pedido e determinou o envio do HC paramanifestação da Procuradoria Geral da República.

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009 Negado pedido de comerciante para anular provas colhidas em grampo telefônico O ministro Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou liminar no Habeas Corpus (HC)97542, em que o comerciante S.O.A., preso desde 24 de janeiro de 2008 por ordem da juíza da Comarcade São Bento (PB), sob acusação de tráfico de drogas, pedia que as provas obtidas por meio de escutastelefônicas fossem consideradas ilegais. Ele pedia também para responder em liberdade ao processo. NoHC, a defesa alegou que o comerciante é ex-candidato a vereador de São Bento, renunciou à candidaturae foi vítima de grampos telefônicos, com renovações automáticas, quando por lei isto somente poderiaocorrer uma vez pelo prazo de 15 dias, renovável por igual período. Afirmou também que ele sofreconstrangimento ilegal, pois continua preso há mais de um ano sem o julgamento definitivo da açãopenal, o que configura o excesso de prazo da prisão cautelar. Além disso, sustenta que, estando emliberdade, o acusado não oferece qualquer risco ao processo. Pedido idêntico foi negado pelo SuperiorTribunal de Justiça (STJ).DecisãoO relator do caso, ministro Menezes Direito, negou a liminar por entender que não existe, no caso,constrangimento ilegal ou flagrante ilegalidade capaz de afastar a incidência da Súmula 691. Esta súmulaimpede o STF de analisar habeas corpus contra decisão em fase de liminar que tenha sido negada emoutro tribunal superior. O ministro observou também que o pedido de liminar se confunde com o que sepede em definitivo e, portanto, negou a liminar.

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009 Pedido contra Súmula Vinculante das algemas é reautuado como PSV

Foi reautuado como Proposta de Súmula Vinculante (PSV 13) a Petição (Pet 4428) em que aConfederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol) pede o cancelamento da SúmulaVinculante nº 11, que restringe o uso de algemas durante as prisões apenas para os casos em que opreso oferecer risco aos policiais ou a terceiros. A reatuação foi determinada pelo ministro Carlos AyresBritto, que era relator da petição. Na petição, a entidade alega “manifesta ilegalidade cometida pelaSuprema Corte do país, ao editar uma súmula que viola a Constituição Federal de 1988, uma vez queviola o que se entende por igual tratamento entre todos (princípio da isonomia)”. Além disso, segundo aCobrapol, a Súmula Vinculante nº 11 “é lesiva ao Estado Democrático de Direito e aos princípiosrepublicanos”. A nova classe processual “Proposta de Súmula Vinculante” foi criada em dezembro do anopassado por meio da Resolução 388, do STF. Ela determina que todas as propostas relativas a SúmulasVinculantes - seja de edição, revisão ou mesmo de cancelamento - deverão ser autuadas como PSV.Esses processos sempre tramitarão em formato eletrônico e terão edital publicado no Diário da Justiçapara que interessados se manifestem no prazo de cinco dias sobre a matéria.Depois desse prazo, os ministros integrantes da Comissão de Jurisprudência deverão analisar aadequação formal da proposta. A competência para submeter a Proposta de Súmula Vinculante aoPlenário é do presidente do STF. Durante o julgamento, o procurador-geral da República será ouvido eeventuais interessados na matéria poderão se pronunciar sobre o tema da proposta de súmula.

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Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2009

Ministro nega liberdade a jornalista acusado de formação de quadrilha e extorsão S.L.F., jornalista de Piracicaba, no interior de São Paulo, teve Habeas Corpus (HC 97568) negado peloministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele contestava prisão provisória, sob alegação deausência de justa causa para a medida de restrição à liberdade. Em 2007, a 1ª Vara Criminal da Comarcade Santa Barbara d’Oeste aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público que acusou o jornalista deformação de quadrilha e extorsão. Segundo a denúncia, ele teria se associado a outros três indivíduoscom o objetivo de instaurar investigação criminal contra médico, imputando-lhe crime que não teriacometido. Além disso, a quadrilha foi acusada de ter ameaçado de morte o médico, exigindo-lhepagamento de R$ 15 mil. “Não tendo, à primeira vista, por configurados seus requisitos, indefiro o pleitocautelar”, disse o relator. Após instruídos, os autos deverão ser encaminhados ao Ministério PúblicoFederal.

Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009 Concedida liberdade a mecânico acusado de assassinar namorada

O Supremo Tribunal Federal (STF) relaxou a prisão do mecânico E.P.B, preso preventivamente sobacusação de ter assassinado a vendedora Josiane Abial Dias Biotto, sua ex-namorada, no dia 17 desetembro deste ano, em Campinas (SP). No Habeas Corpus (HC) 96568 impetrado, com pedido deliminar, o acusado pedia o direito de responder em liberdade à ação penal movida contra ele porhomicídio triplamente qualificado. A defesa alega que o decreto de prisão, expedido pelo Juízo da Vara doJúri da Comarca de Campinas, está fundado na necessidade de garantia da aplicação da lei penal, “únicae exclusivamente por conta da fuga ocorrida logo após os fatos”. Sustenta, ainda, que “o cárcere cautelarnão pode configurar adiantamento de pena”. O ministro Marco Aurélio, relator da ação, analisou que ofato de o acusado deixar o distrito da culpa tem justificativa com o direito à autodefesa. “Foge ele aoflagrante, na espécie, existe inclusive notícia de que, expedido o mandado de prisão, o paciente veio aapresentar-se”, disse. Segundo o ministro, até mesmo a revelia, sem credenciamento de advogado, nãogera automaticamente a prisão preventiva. Ele citou o artigo 366, do Código de Processo Penal, segundoo qual “se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos oprocesso e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provasconsideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.Assim, o relator verificou excesso de prazo da prisão preventiva e deferiu a medida cautelar para relaxara prisão do acusado, ressaltando que até o momento não há designação de data para a realização do júri.

Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009 STF nega liberdade a acusado de ser mandante de assassinato em Minas Gerais

O Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu liminar ao produtor rural A.C.C.A., acusado de ser o supostomandante do assassinato de Sebastião Gomes das Mercês Ramos, crime ocorrido em junho de 2006, nointerior de Minas Gerais. A decisão, que negou a liberdade, é do ministro Marco Aurélio.De acordo com seu advogado, A.C. está preso preventivamente desde maio de 2008, para garantia daordem pública e conveniência da instrução criminal. Além disso, a defesa argumenta não haver respaldolegal para a justificativa adotada no decreto de prisão e mantida na sentença de pronúncia de A.C., nosentido de que a segregação cautelar seria necessária para garantia da ordem pública em virtude dagravidade abstrata do delito. Em análise ao Habeas Corpus (HC) 97490, o ministro Marco Aurélioobservou que no Superior Tribunal de Justiça, a liminar foi indeferida em razão da deficiência da instruçãodo pedido. Ele afirmou que, em vez de a defesa impetrar habeas corpus no Supremo, “deveriam terprovidenciado a peça reclamada pelo relator do processo em curso naquela Corte”. O relator ressaltoutambém que a prisão preventiva se fez calcada em ameaças implementadas pelo paciente contra corréuse testemunhas. “Não tenho como configurada a excepcionalidade suficiente a ultrapassar, no campoprecário e efêmero da medida acauteladora e, portanto, em atuação como porta-voz do Colegiadocompetente para julgar este habeas, o Verbete nº 691 da Súmula do Supremo”, disse o ministro MarcoAurélio.

Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009 Supremo nega pedido de diminuição da pena a empresário acusado de fraudar licitação

O ministro Joaquim Barbosa indeferiu liminar solicitada por um profissional na área de confecção depróteses para mutilados. Por meio do Habeas Corpus (HC 97592), ele pedia ao Supremo Tribunal Federal(STF) redução em dois terços da pena que recebeu por supostamente tentar fraudar uma licitação emAracaju (AL). W.C.S. teria tentado trocar o envelope com a oferta durante o processo. O artigo 90 da Lei8.666/93, que regulamenta as licitações, determina que a pena por frustrar ou fraudar, mediante ajuste,combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório tem pena de

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detenção de dois a quatro anos, e multa. A defesa argumenta que W.C.S. agiu por inexperiência emlicitações, e que a tentativa se deu na fase de habilitação do ato, portanto a primeira delas. No entanto,ele foi condenado como se tivesse sido descoberto já na abertura dos envelopes. Segundo o relator, aalegação de que o crime não teria se consumado por interrupção da licitação, logo no início doprocedimento, demandaria, em princípio, o reexame de fatos e provas, “o que é inviável na estreita viado habeas corpus”. Assim, o ministro Joaquim Barbosa negou a liminar. Barbosa solicitou informações aoJuízo de Direito da 4ª Vara Criminal da Comarca de Aracaju/SE sobre a matéria que, posteriormente,receberá parecer da Procuradoria Geral da República.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Negado o direito de condenado acusado de chefiar bando dedicado ao tráfico de drogas apelar

em liberdade Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta quinta-feira (19), o RecursoOrdinário em Habeas Corpus (RHC) 93123, em que Marcelo Araújo de Souza, condenado a um total de 17anos de reclusão e mais 430 dias-multa por tráfico de drogas, associação com o tráfico e porte ilegal dearma de fogo, questionava decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou pedidopara apelar da condenação em liberdade. Em abril de 2006, quando, acusado juntamente com 12corréus, ainda não havia sido condenado, Marcelo obteve a revogação de ordem de prisão contra eledecretada pelo Juízo da 2ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A decisão foitomada pela Primeira Turma do STF no HC 87003, relatado pelo ministro Sepúlveda Pertence(aposentado), tendo em vista a ausência de adequada fundamentação do decreto de prisão.Preso novamenteEntretanto, em 19 de setembro de 2006, sobreveio a sentença condenatória, sendo novamente decretadaa sua prisão. Desta feita, a juíza da 2ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá fundamentou a ordem coma “vasta folha de antecedentes criminais” e a reincidência específica de Marcelo Araújo no tráfico deentorpecentes. Ela alegou a elevada periculosidade do condenado e a sua reiterada atividade delitiva.Marcelo teria posição de destaque em organização criminosa fortemente armada, voltada para o tráficode drogas em uma favela carioca. Ele teria continuado a chefiar o grupo, de dentro da prisão. Em vão, elerecorreu do mandado de prisão em HCs impetrados no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e noSuperior Tribunal de Justiça (STJ). O HC 93123 começou a ser julgado pela Primeira Turma do STF em 18de março de 2008, quando, tendo em vista sua decisão no HC anterior envolvendo Marcelo, decidiu levaro caso a Plenário, que hoje indeferiu o pedido.Voto Em seu voto pelo indeferimento do HC, acompanhado pela maioria dos ministros, a ministra relatora,Cármen Lúcia Antunes Rocha, endossou parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) contra aconcessão da ordem de soltura de Marcelo. Segundo a PGR, “não há constrangimento ilegal”. Ela levouem conta voto do ministro Celso de Mello no julgamento do HC 94666. Na oportunidade, ao se manifestarpela manutenção de réu preso, o ministro considerou que a prisão cautelar estava em harmonia com ajurisprudência do STF no sentido de que “se evidenciaram, com fundamento em base empírica idônea,razões justificadoras da imprescindibilidade da adoção, pelo Estado, desta extraordinária medida cautelarde privação da liberdade”. Em outro HC (67267) citado pela PGR e pela ministra Cármen Lúcia, o STFdecidiu que “a prisão preventiva pode ser decretada em face da periculosidade demonstrada pelagravidade e violência do crime, ainda que primário o agente”. A ministra citou, ainda, o fato de Marceloser réu confesso em outro crime – o de falsificação de documentos – pelo qual foi preso em flagrante em15 de agosto de 2007. Foi nessa ocasião que foi cumprido o mandado de prisão expedido contra ele peloJuízo da 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, na ação por tráfico de drogas. É a partir daí que a defesainiciou a sequência de recursos na tentativa de obter nova libertação de réu.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Íntegra do voto do ministro Eros Grau e ementa do HC sobre execução provisória da pena

Leia a íntegra do relatório e do voto do ministro Eros Grau, bem como o texto da ementa e do acórdãoque serão publicados no Diário da Justiça Eletrônico do Supremo Tribunal Federal, relativos ao HabeasCorpus (HC) 84078, julgado pelo Plenário do STF no último dia 5. Por sete votos a quatro, os ministrosdeferiram o pedido de condenado para recorrer a tribunais superiores em liberdade. Esse entendimentodo Supremo não interfere na situação das prisões temporárias, preventivas e em flagrante. Estandopresentes os requisitos constantes do artigo 312 do Código de Processo Penal – garantia da ordempública, conveniência da instrução criminal ou garantia da aplicação da lei penal, o juiz pode decretar oumanter a prisão preventiva do acusado.Íntegra do relatório e do voto do relator, ministro Eros Grau - Ementa e acórdão

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Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Candidato de concurso do MP que não comprovou três anos de experiência não tomará posse

O Plenário do Supremo Tribunal Federal rejeitou o Mandado de Segurança (MS) 27609, no qual umcandidato do concurso de procurador da República, promovido pelo Ministério Público Federal no anopassado, pedia autorização para continuar no certame. Ele teve a inscrição recusada pelo MinistérioPúblico por não ter comprovado o mínimo de três anos de atividade jurídica. O tempo mínimo é requisitoestabelecido pelo artigo 129 da Constituição Federal. A ministra Cármen Lúcia, relatora do MS, haviadeferido o pedido liminar para que ele participasse da prova oral e ele foi aprovado no concurso. No MS, ocandidato argumentava que trabalhou como secretário de um desembargador no Mato Grosso durante otempo em que terminava a faculdade, no primeiro semestre de 2006, e pediu que esse tempo fossecomputado como experiência na área jurídica. Se aceito o período, ele completaria a exigência dos trêsanos mínimos. Contudo, a ministra Cármen Lúcia verificou que, pelo regimento interno do Tribunal deJustiça do Mato Grosso, o cargo de secretário nos gabinetes não é privativo de bacharéis em Direito e,portanto, sua ocupação não poderia ser considerada tempo de atividade jurídica. Por outro lado, ocandidato ainda pedia que a contagem dos três anos de experiência se desse pelo ano forense, e não pelasoma de 36 meses de trabalho. Ele alegava ter trabalhado em 2006, em 2007 e em 2008 – embora aatividade exclusiva de bacharel em Direito tenha-se iniciado apenas em 25 de julho de 2006, um mêsapós a colação de grau do candidato. O parecer do subprocurador da República Roberto Gurgel foicontrário ao Mandado porque, na opinião dele, a forma de contagem sugerida pelo candidato não “atendeo que prevê o texto constitucional”. Além disso, deixar que ele assuma o cargo de procurador seriainjusto com todos os que desistiram de participar do certame em obediência ao pré-requisito do tempo deatividade jurídica. Os ministros Cármen Lúcia, Carlos Ayres Britto, Menezes Direito, Cezar Peluso eRicardo Lewandowski votaram pelo impedimento de o candidato assumir o cargo. O ministro MarcoAurélio, contudo, considerou que a atividade como secretário do desembargador pode ser consideradaatividade jurídica e que, diante disso, ele deveria ser admitido na carreira do Ministério Público.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Plenário: Arma de fogo, mesmo sem perícia, qualifica crime de roubo e agrava pena

O Plenário do Supremo Tribunal Federal negou, nesta quinta-feira, um pedido de Habeas Corpus (HC96099) no qual um condenado por roubo pedia a retirada do qualificadora por uso de arma de fogo desua sentença. A tese da Defensoria Pública da União era a de que, uma vez que a suposta arma nunca foiencontrada e não pode ser periciada, seu potencial lesivo seria desconhecido. O condenado, Luiz AntônioViegas, recebeu sentença por roubo qualificado pelo uso arma de fogo e concurso de pessoas por ter seapoderado de um carro em que estavam três pessoas, durante uma hora e meia. Segundo as vítimas, elee seus três comparsas portavam armas. Luiz Antônio Viegas foi condenado com base no artigo 157 doCódigo Penal (roubo, mediante grave ameaça ou violência depois de haver reduzido a possibilidade deresistência da vítima) e concurso de pessoas. A agravante foi enquadrada ainda no inciso I do parágrafo2º, que prevê mais tempo de pena se a violência é exercida com emprego de arma. Os votos, noPlenário, suscitaram entre os nove ministros presentes o debate sobre a diferenciação do tempo de penapara criminosos que portam armas verdadeiras e para aqueles que assaltam usando armas de brinquedo,ou sem poder lesivo. Prevaleceu a ideia de que uma arma – quer funcione ou não, periciada ou não – jáintimida a vítima causando-lhe susto, medo e rendição. Ou seja, embora seja importante a perícia, o fatode ela não ter sido feita na arma de Luiz Antônio não livra o criminoso do aumento da pena. “Neste caso,houve outros meios pelos quais se considerou comprovada independente da perícia – porque, para mim,a perícia não é a única forma de comprovação das condições potencialmente lesivas dessa arma”,apontou a ministra Cármen Lúcia, referindo-se ao testemunho das vítimas. Ela, o relator do caso, ministroRicardo Lewandowski, e os ministros Marco Aurélio, Menezes Direito e Joaquim Barbosa entenderam quea Justiça deve manter a pena qualificada para Luiz Antônio Viegas. Já os ministros Cezar Peluso, ErosGrau e Gilmar Mendes votaram pela modificação da sentença no sentido de, ainda que condenado porroubo, o ladrão não tenha a pena aumentada por uso de arma já que o instrumento nunca foi encontradoe, por isso, não foi periciado – ou seja, seu poder lesivo também não pode ser comprovado. Na visão doministro Cezar Peluso, o Código Penal não deixa margens quando diz que a pena será aumentada “se aviolência ou ameaça é exercida com emprego de arma”. Segundo ele, se ficar claro que a arma tinhacapacidade ofensiva (se for usada, por exemplo), a perícia está dispensada. “Agora, quando a arma nãofoi apreendida, não se sabe se ela é de brinquedo ou não – e, sendo de brinquedo, não é arma, e aqualificadora exige que seja arma”, defendeu. “A arma a que se refere o parágrafo 2º do artigo 157 éaquela que é específica como tal, e faz parte da sua natureza, e não qualquer objeto que pode setransformar numa arma”, completou Peluso. Peluso ressaltou ainda que a descrição do crime de roubo jáinclui a ameaça como meio para subtrair um objeto de outra pessoa. Portanto, combateu o entendimento

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de que a apresentação da arma – sem qualquer disparo e sem a perícia necessária para atestar o seupoder lesivo, não pode ser considerada, no presente caso, como qualificadora para aumentar a pena.HistóricoEm primeira instância, Luiz Viegas foi condenado por roubo com a qualificadora do uso de armas econcurso de pessoas a cinco anos, seis meses e 20 dias de reclusão a ser cumprida inicialmente emregime fechado. Em recurso, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reformou a sentença retirando aqualificadora que, em recurso do Ministério Público estadual ao Superior Tribunal de Justiça, voltou a serincorporada à pena. O condenado, então, impetrou o Habeas Corpus no Supremo na tentativa de voltar apena ao previsto no acórdão do TJ do seu estado. A Procuradoria Geral da República havia opinado peloindeferimento do HC, como aconteceu.Leia a íntegra do relatório e do voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Tribunais prometem aderir a projeto do STF para ressocialização de sentenciados

Desde quinta-feira da semana passada (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) conta com oitocontratados por meio do programa de ressocialização de sentenciados que cumprem pena em regimessemiaberto e aberto. Nesta tarde (19), após dar as boas-vindas aos novos funcionários, o presidente daCorte, ministro Gilmar Mendes, afirmou que vários tribunais já se mostraram dispostos a integrar oprojeto. “Alguns [tribunais] até já tinham iniciativas assemelhadas, mas não com essa formalização”,disse. Mendes informou que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar AsforRocha, comunicou que vai aderir ao projeto e que o Tribunal Superior do Trabalho e o Tribunal Regionaldo Trabalho no Distrito Federal (10ª Região) também já se mostraram dispostos a participar. “Nósestamos orientando os Tribunais de Justiça para que tomem essa iniciativa”, emendou. Segundo oministro, os primeiros resultados do programa já sensibilizam. “Creio que nós realmente realizamos umacoisa que pode nos ajudar e pode ajudá-los de forma marcante. E, com isso, nós também estamos dandoum sinal à sociedade de que é possível avançar numa questão que é extremamente sensível, marcadapor grande preconceito.” Um dos oito funcionários contratados por meio do programa de ressocializaçãoressaltou a importância de o STF liderar o movimento. “[A Corte] está demonstrando para outrostribunais que eles também podem ampliar esse projeto, dar um voto de confiança para a gente. Quando apessoa está fora do sistema, está em liberdade e adquire um voto de confiança desse, com certeza nãovai pisar na bola. É uma chance ímpar, uma chance única.” Formado em Filosofia e Teologia pelaUniversidade Católica de Belo Horizonte, ele promete que em 2010 começa a realizar um sonho deinfância: cursar Direito e se preparar para ser juiz. “Quando estudava Filosofia, li a frase de um grandefilósofo que disse: o importante não é como começa a história, mas como ela termina. Eu quero terminar[a minha história] de um modo genial. Esse é o meu desejo e de todos nós que estamos aqui.”Copa do MundoAo todo, 40 egressos do sistema prisional serão beneficiados com vagas no STF em 2009. A iniciativa foipossível por meio de convênio celebrado entre a Corte e o Governo do Distrito Federal, em dezembro. Noprimeiro dia de trabalho, eles recebem orientações sobre o Tribunal, o trabalho que irão desempenhar eas regras que deverão seguir. Em seguida, são encaminhados às unidades onde estão lotados. Os oitocontratados exercem atividades na área administrativa. Eles preenchem os requisitos exigidos pela varade execuções penais, como estar cumprindo a pena em regime aberto ou semiaberto e passar porentrevistas com uma assistente social do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), do Ministério daJustiça. Nesta tarde, o ministro Gilmar Mendes lembrou que a Corte tem conversado com a CBF e a FIFApara incluir egressos e jovens infratores nos projetos de construção de obras para a Copa de 2014. “Nósqueremos mais”, afirmou Mendes.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Conamp questiona lei que obriga promotores do RJ a declarar bens e renda

A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) ajuizou uma Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI 4203) no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de liminar, contra a Lei5.388/2009, editada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A lei estabelece a obrigatoriedade dadeclaração de bens e rendas para o exercício de cargos, empregos e funções nos Poderes Legislativo,Executivo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, todos no âmbito do estado do Rio deJaneiro. De acordo com a Conamp, essa exigência impõe obrigações aos membros do Ministério Público,em flagrante desrespeito às normas constitucionais. Sustenta que a lei questionada sofre de vício deinconstitucionalidade, pois trata de matéria de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. Alémdisso, a instituição afirma que a lei é contra os artigos 127 e 128 da Constituição Federal, pois fere aautonomia do Ministério Público, impondo-lhe “obrigação descabida”. Sustenta ainda ofensa ao artigo 2º

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da Constituição, uma vez que estende a obrigatoriedade aos Poderes Executivo e Judiciário, o que afrontaa independência de ambos. Pede, portanto, liminar para suspender a eficácia da lei e, no mérito, que amesma seja considerada inconstitucional. O relator é o ministro Menezes Direito.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 Ministro suspende pena do empresário Chico Recarey por apropriação indébita

Em razão da ausência de lançamento definitivo do crédito tributário, o ministro do Supremo TribunalFederal (STF) Eros Grau concedeu, nesta quarta-feira (18), liminar em Habeas Corpus (HC 97854) emfavor de Francisco Recarey Vilar e determinou a suspensão da execução da pena de dois anos e oitomeses (em regime aberto) à qual o empresário foi condenado pelo crime de apropriação indébitaprevidenciária. De acordo com a defesa do empresário, a denúncia foi apresentada antes do esgotamentoda via administrativa fiscal. Como não foi concluído o processo administrativo referente ao suposto créditoprevidenciário, não havia nenhuma dívida tributária pesando contra Recarey que pudesse embasar umadenúncia criminal, conforme a pacífica jurisprudência atual dos tribunais superiores, explicou o advogado.Recarey foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região. Ao confirmar essa decisão, oSuperior Tribunal de Justiça (STJ) frisou que o crime foi cometido em 1996, e que à época dos fatos e daapuração da denúncia, o entendimento dominante nos tribunais era no sentido de que não se fazianecessário o encerramento do processo administrativo – confirmando o débito com o fisco, para quepudesse se apresentar denúncia penal. A ação penal contra Recarey, naquele momento, “estavaresguardada de legalidade e não configurava constrangimento ilegal”, assentou a decisão do STJ. Aoconceder a liminar, o ministro Eros Grau baseou sua decisão na jurisprudência atual do Supremo. Eledisse considerar relevantes as razões apresentadas pela defesa de Recarey, “em razão de a denúncia tersido recebida anteriormente à constituição definitiva do crédito tributário, que é condição de punibilidade”.

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009 STF editará Súmula Vinculante sobre gratificação para servidores inativos

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no início da tarde desta quinta-feira (19) que editará duasSúmulas Vinculantes sobre decisões que garantiram a servidores inativos e a pensionistas a Gratificaçãode Atividade de Seguridade Social e do Trabalho (GDASST) e a Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa (Gdata). Os textos sobre cada uma das gratificações serão elaborados peloministro Ricardo Lewandowski e enviados para a Comissão de Jurisprudência do STF. Semana passada, aCorte analisou um recurso (RE 572052) da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) contra decisão judicialque havia reconhecido o direito de servidores inativos das áreas da saúde e da Previdência Socialreceberem o GDASST. Os ministros, que já haviam reconhecido a repercussão geral do tema, mantiverama decisão favorável aos inativos. O único voto contrário na matéria é o do ministro Marco Aurélio, paraquem a Constituição Federal permite tratamento diferenciado entre servidores da ativa e os inativos.Hoje, os ministros também aplicaram para a decisão sobre a Gdata, tomada pelo plenário em abril de2007, os efeitos do instituto da repercussão geral, criado pela Emenda Constitucional 45/04. Arepercussão geral é um filtro que permite ao STF julgar somente os recursos que possuam relevânciasocial, econômica, política ou jurídica. Ao mesmo tempo, determina que as demais instâncias judiciáriassigam o entendimento da Suprema Corte nos casos em que foi reconhecida a repercussão geral. Permiteainda que o STF barre ou devolva recursos sobre temas já analisados. Em questão de ordem, o Plenáriodecidiu a matéria ao analisar um Recurso Extraordinário (RE 597154) interposto pela União contradecisão judicial que havia reconhecido a servidor público federal inativo receber a gratificação.Novamente, por maioria, o Tribunal manteve entendimento sobre a legalidade de os inativos receberemas gratificações na mesma proporção garantida aos servidores em atividade.

Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 Íntegra do voto do ministro Eros Grau em ADI sobre equiparação de vencimentos em SC

Leia a íntegra do relatório e do voto do ministro Eros Grau, relator, na Ação Direta deInconstitucionalidade 4009, julgada na sessão plenária de 4 de fevereiro. O Supremo Tribunal Federal(STF) declarou inconstitucionais trechos de leis de Santa Catarina que equiparavam vencimentos dascorporações militares – como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros – aos recebidos pelos policiais civis.- Íntegra do relatório e do voto na ADI 4009.

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Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009

STF estende por mais 30 dias liminar que suspende dispositivos da Lei de Imprensa O Supremo Tribunal Federal (STF) prorrogou por mais 30 dias a decisão da Corte que suspendeu 20 dos77 artigos da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67). A decisão foi tomada no final da sessão plenária destaquarta-feira (18), a pedido do relator da ação, ministro Carlos Ayres Britto. Em fevereiro do ano passado,o Plenário concedeu liminar na ação, uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF130), ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra a lei. Naquela ocasião, o STF ficou dejulgar o mérito da ação em seis meses, prazo que foi prorrogado no final de agosto por igual período. Nadecisão de fevereiro, o STF autorizou os juízes de todo o país a utilizar, quando cabível, regras dosCódigos Penal e Civil para julgar processos sobre os dispositivos da lei que foram suspensos. Ao todo,estão sem eficácia 22 dispositivos da Lei de Imprensa, entre artigos, parágrafos e expressões contidos nanorma.

Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 Supremo arquiva habeas corpus em que acusado por crime de fraude fiscal pedia liberdade

O ministro Ricardo Lewandowski arquivou Habeas Corpus (HC 97556) impetrado em favor do empresárioe advogado L.C.A.J. a fim de que pudesse responder em liberdade por crimes de fraudes à ReceitaFederal, falsidade ideológica e formação de quadrilha. O habeas chegou ao Supremo Tribunal Federal(STF) contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou o mesmo pedido. Segundo orelator, a Súmula 691/STF só pode ser superada em caso de teratologia, flagrante ilegalidade ou abusode poder, que possam ser constatados imediatamente. “Verifica-se que a autoridade impetrada [STJ], aoindeferir a liminar, apreciou tão somente os requisitos autorizadores para concessão dessa excepcionalmedida, concluindo pela inexistência destes. Não há nesse ato ilegalidade flagrante, tampouco abuso depoder”, avaliou Lewandowski. O ministro ressaltou que os argumentos apresentados ao Supremo são osmesmos levados a conhecimento do STJ, fazendo com que a análise desses motivos pelo STF implique emsupressão de instância. “Deve-se, portanto, aguardar o desfecho do writ impetrado naquela CorteSuperior, uma vez que, repito, não se está diante de excepcional hipótese de superação do enunciado daSúmula 691 do Supremo Tribunal Federal”, concluiu. Por fim, o ministro Ricardo Lewandowski afirmouque o exame das alegações contidas na inicial demandaria o “revolvimento do conjunto fático-probatório,hipótese que não se compatibiliza com o pedido de habeas corpus”.

Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 Arquivado HC em que preso por descaminho pedia para responder a processo em liberdade

O ministro Celso de Mello determinou o arquivamento do Habeas Corpus (HC) 97274, em que ocomerciante A.M., preso provisoriamente desde novembro passado pelo crime de descaminho (artigo 334do Código Penal), pede para responder a ação penal em liberdade. Ele é acusado de ter comercializadoprodutos importados sem o pagamento dos correspondentes impostos devidos. A prisão do empresário ede outras 13 pessoas ocorreu em função de operação da Polícia Federal em conjunto com a ReceitaFederal e o Ministério Público Federal, que desbarataram um esquema fraudulento de importação deprodutos populares sem o recolhimento de tributos. PedidoApós ter indeferido pedido de HC pela relatora daquele processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), oempresário pediu a superação das restrições impostas pela Súmula 691/STF – que impede o STF deanalisar HC que tenha liminar negada por relator de tribunal superior. A defesa alega que ele é vítima deconstrangimento ilegal, porque o decreto de sua prisão, pelo Juízo da 2ª Vara Federal Criminal do Rio deJaneiro, não teria sido fundamentado. Particularmente, faltariam justificativas concretas para as suspeitasde que o réu poderia fugir ou destruir provas, com o objetivo de atrapalhar as investigações.DecisãoAo não conhecer do pedido (mandar arquivá-lo), o ministro Celso de Mello observou que “o exame dospresentes autos evidencia que não se registra, na espécie, situação de flagrante ilegalidade ou de abusode poder, cuja ocorrência, uma vez constatada, teria o condão de afastar, hic et nunc (aqui e agora), aincidência da Súmula 691”. Esta hipótese, como lembrou, somente seria possível em caso de a decisãoquestionada – negativa de HC pelo STJ – divergir da jurisprudência predominante no STF ou, então,configurar flagrante abuso de poder ou manifesta ilegalidade. Além disso, ele endossou a fundamentaçãoda relatora de HC com pedido idêntico no STJ, segundo a qual a petição inicial lá protocolada “semostrava insuficientemente instruída” para provar o constrangimento ilegal. Celso de Mello afirmou que,também no HC impetrado no STF, “não se produziu, desde logo, essa faltante (e necessária) peçaprocessual, cuja imprescindibilidade se evidencia pelo fato de veicular as razões que, deduzidas peloMinistério Público, foram acolhidas, formalmente, pela decisão judicial que ordenou a privação cautelar da

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liberdade do ora paciente”. Portanto, segundo Celso de Mello, analisar um pedido que não chegou a seranalisado pelo STJ – que ainda não examinou o mérito do HC lá impetrado – seria supressão de instância.“A jurisprudência do Supremo entende que a ação de HC, que possui rito sumaríssimo, não comporta, emfunção de sua natureza processual, maior dilação probatória, eis que se impõe ao impetrante, comoindeclinável obrigação de caráter jurídico, subsidiar, com elementos documentais pré-constituídos, oconhecimento da causa pelo Poder Judiciário”, concluiu o ministro.

Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009 PGR deve se manifestar em ação sobre posse de segundo colocado quando o cargo ficar vago

Desde ontem (17) os autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 155,proposta pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) estão a cargo da Procuradoria Geral daRepública (PGR) para que se manifeste sobre o tema. Na ação, o PSDB pediu ao Supremo TribunalFederal (STF) que concedesse uma liminar para impedir que fosse cumprida determinação do TribunalSuperior Eleitoral (TSE) de dar posse ao segundo colocado nas eleições para governador da Paraíba –José Maranhão - em decorrência da cassação do mandato do primeiro colocado, Cássio Cunha Lima. Deacordo com o partido, é errôneo o entendimento que os tribunais eleitorais, incluindo o TSE, têm dado aoartigo 224 do Código Eleitoral (Lei 4.737/65), no sentido de que nas eleições para presidente,governadores e prefeitos, se não houve em primeiro turno mais da metade de votos anulados, não énecessária a realização de nova eleição. Esse entendimento foi aplicado pelo TSE em decisão que cassouo governador paraibano no dia 20 de novembro de 2008 e confirmado no julgamento dos recursos nanoite desta terça-feira (17) por aquela Corte. O PSDB argumenta que nesses casos a Justiça Eleitoralestaria dando posse ao segundo colocado nas eleições, desrespeitando frontalmente a vontade do povo ea lei, que manda realizar um novo pleito. Isso porque o artigo 224 do Código Eleitoral determina que, naseleições para presidente, governadores e prefeitos, se forem anulados mais de 50% dos votos, deve serrealizado um novo pleito, no prazo de 20 a 40 dias, explica a legenda tucana. Para o PSDB, a norma deveser aplicada tanto para o primeiro quanto para o segundo turno das eleições. O partido sustenta que nadisputa entre dois candidatos o eleitorado escolhe aquele que realmente tem a preferência da maioria,“homenageando-se, de forma inconteste, a vontade da maior parte dos eleitores”. Assim,“consequentemente, também fica registrada a repulsa da maioria ao candidato derrotado e que mais dametade dos eleitores com votos válidos expressaram sua rejeição”. Com esses argumentos, o PSDBressalta que não pode haver diplomação e exercício do poder por parte de quem não ostenta a necessárialegitimidade, tal como exigida pela Constituição Federal e pelo princípio da maioria. “Sem legitimidadenão há democracia, há usurpação de poder”, destaca. No mérito, a ação pede que seja dadainterpretação conforme a Constituição ao artigo 224 do Código Eleitoral, no sentido de que, “seja qual foro motivo da nulidade, e, independentemente de a eleição haver ocorrido em dois turnos, se a maioria dosvotos for de sufrágios nulos, deve ser renovada a eleição”.Pedido negadoNo trâmite natural do processo, o relator foi substituído depois de o ministro Celso de Mello declarar a suasuspeição por razão de foro íntimo. A ação foi então redistribuída, tornando-se relator o ministro RicardoLewandowski, que em decisão do dia 4 de dezembro do ano passado mandou arquivar a ação porentender que a ADPF não pode ser utilizada “para a solução de casos concretos, nem tampouco paradesbordar os caminhos recursais ordinários ou outras medidas processuais para afrontar atos tidos comoilegais ou abusivos”. Na ocasião, o ministro afirmou que a ADPF somente pode ser admitida quandoinexiste qualquer outro meio juridicamente idôneo capaz de sanar uma lesão. Segundo ele, o próprioPSDB reconhece que ajuizou a ação antes mesmo de o TSE publicar a decisão que cassou Cunha Lima e,portanto, antes que o partido pudesse lançar mão de outro meio jurídico para tentar cassar a decisão doTribunal Eleitoral. No entanto, o partido apresentou um recurso (agravo regimental) que deverá serjulgado pelos ministros do STF. Os argumentos apresentados nesse recurso serão analisados peloprocurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, e posteriormente pelo Plenário da Corte em dataa ser definida.

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 AMB ajuíza mais três ações contra escalonamento de subsídios de juízes estaduais

(republicada) A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou no Supremo Tribunal Federal três novas AçõesDiretas de Inconstitucionalidade contra a variação e o escalonamento dos salários de magistrados dentrodas entrâncias. Os pedidos de declaração de inconstitucionalidades são contra leis estaduais do EspíritoSanto (ADI 4199), da Paraíba (ADI 4200) e do Maranhão (ADI 4201). Segundo a AMB, as AssembleiasLegislativas dos três estados estabeleceram pisos de subsídios a juízes estaduais em início de carreira

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menores do que o previsto pela Constituição Federal a partir da Emenda 19/98. As leis estaduais – LC335/06 no ES; Lei 7.975/06 na PB; e LC 104/06 no MA – teriam deixado de observar a diferença salarialmáxima entre as categorias conforme previsto no artigo 93, inciso V, da Constituição Federal. Nas seisações já ajuizadas pela Associação, o principal argumento utilizado é o de que "os legisladores estaduaisnão verificaram a necessidade de observar a limitação prevista na nova redação do inciso V, do art. 93,da CF, quanto à necessidade de a diferença mínima e máxima entre os subsídios dos níveis da carreira terde observar a estrutura judiciária nacional". A Carta da República prevê uma diferença de subsídios de 5 a10% entre as categorias da estrutura judiciária nacional, sendo que o teto não pode passar de 95% dossubsídios pagos aos ministros dos tribunais superiores. "Os legisladores devem levar em conta oescalonamento a partir do subsídio de ministro do STF: diferença entre 10 a 5% de uma categoria paraoutra, sempre observando a estrutura judiciária nacional. Isso quer dizer que além de um teto, aConstituição também estabeleceu um "piso" para os subsídios", cita a associação. Para a AMB, não parecelógico que pudessem as entrâncias, a partir da Emenda Constitucional 19/95, ser consideradas comocategorias da estrutura jucidiária nacional para fins do escalonamento dos subsídios. Ao aplicar oescalonamento, os três estados estariam considerando, além da divisão entre desembargador, juiz e juizsubstituto, os níveis dentro da categoria dos juízes (as entrâncias). As ADIs contestam essa diferenciaçãojustificando que ela aumenta a distância entre o salário do desembargador para o de juiz da entrânciainicial além do permitido pela Constituição, prejudicando magistrados em início de carreira. As ações daAMB têm pedido de liminar e buscam a declaração de inconstitucionalidade das leis estaduais e a correçãoimediata da percentagem aplicada nos salários dos juízes de direito e dos juízes substitutos. Já existemtrês outras ações semelhantes ajuizadas pela AMB sobre o mesmo assunto: ADI 4177 (Rio Grande doSul), ADI 4182 (Ceará) e ADI 4183 (Pernambuco).Veja quem são os relatores das ADIs da AMB contra o escalonamento dos subsídios de magistradosdentro das entrâncias:ADI 4199 - ministro Cezar Peluso -- ADI 4200 - ministro Ricardo Lewandowski ADI 4201 -- ministro Eros Grau -- ADI 4177- ministro Celso de Mello -- ADI 4182 - ministra Ellen Gracie -- ADI 4183 - ministro Menezes Direito

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 1ª Turma entende que Poder Legislativo do Piauí não pode anular PDV no estado

Por maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o Programa deDemissão Voluntária (PDV) executado pelo estado do Piauí. A discussão ocorreu na análise dos RecursosExtraordinários (RE) 445393 e 486748, ambos interpostos pelo estado. Os recursos dizem respeito a ummandado de segurança coletivo impetrado, na origem, no Tribunal de Justiça do estado (TJ-PI)questionando ato do poder Legislativo que determinou, por meio de decreto, a reintegração defuncionários aos quadros do serviço público. O TJ concedeu a ordem de segurança mantendo os acordosde demissão. O programa foi estimulado pelo Executivo local por meio da Lei estadual 4.865/97, noentanto, ao entender que teria havido coação nas demissões voluntárias, o poder Legislativo do estadoreintegrou todos os funcionários que haviam aderido ao PDV. O Legislativo anulou as adesões porconsiderar que essas eram viciadas, readmitindo os servidores. Para o relator, ministro Menezes Direito, oLegislativo usurpou a competência do Judiciário. “O poder Legislativo, de fato, interferiu na ordemdeterminada pela lei estadual que fez o programa”, disse ao revelar que o ato praticado é típico doJudiciário. “Anoto que, no caso, o que o Poder Legislativo estadual fez foi, de fato, praticar um ato própriodo poder Judiciário, ao reconhecer que teria havido coação independentemente da provocação dospróprios interessados”, ressaltou o relator. Segundo ele, essa orientação foi acolhida em decisãomonocrática no RE 526666 e em agravo regimental no RE 463097. Menezes Direito destacou que háinúmeros precedentes, entre eles as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 1594 e 2192, nosquais o Supremo desqualificou a intromissão indevida do poder Legislativo em matéria reservada aoExecutivo concernente aos servidores públicos. Para o ministro, é evidente que os recorridos não dispõemde direito líquido e certo, por isso proveu os recursos e, consequentemente, manteve a validade do PDV.Ficou vencido o ministro Marco Aurélio.

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 Presidente suspende multa diária de R$ 10 mil imposta à União e à Universidade Federal do

Paraná Foi publicada no Diário da Justiça (DJ) decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministroGilmar Mendes, que livrou a União e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) do pagamento de multa novalor diário de R$ 10 mil, determinada pela 5ª Vara Federal de Curitiba (PR). A sanção foi aplicada pela5ª Vara Federal no caso de a União e a universidade descumprirem decisão que as obrigou a contratartemporariamente 75 funcionários para a unidade de transplante de medula óssea do Hospital de Clínicas

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da UFPR e a reservar recursos financeiros para a realização de concurso público para a contrataçãodefinitiva de servidores para a unidade. O ministro suspendeu o pagamento da multa ao analisar umpedido de Suspensão de Tutela Antecipada (STA 287) da União contra a determinação da Justiça Federalem Curitiba. Segundo Mendes, a multa é elevada e poderá gerar vultoso prejuízo para a sociedade. “Afixação de multa em valor elevado e sem limitação máxima constitui ônus excessivo ao Poder Público e àcoletividade capaz de gerar grave lesão à ordem e à economia públicas, pois impõe remanejamentofinanceiro das contas federais, em detrimento de outras políticas públicas federais de alta prioridade”,alega o ministro. Por entender necessário ouvir previamente os órgãos federais envolvidos, GilmarMendes não chegou a suspender a parte da decisão relativa à contratação temporária de funcionários e àalocação de recurso para a realização de concurso público para a unidade de transplante de medula ósseado hospital da UFPR. Na decisão, o ministro determina que o reitor da UFPR e o diretor-geral do Hospitalde Clínicas da universidade se manifestem sobre: quais são as atuais condições de funcionamento dohospital; qual é a real situação da unidade de transplante de medula óssea; quais são os outrostratamentos realizados pelo hospital e em que condições estão sendo realizados e quais são asconsequências da medida liminar para o funcionamento e para a administração do hospital como um todoe para a unidade de transplante de medula óssea especificamente. Na decisão, Gilmar Mendes tambémdetermina o encaminhamento do processo para a Procuradoria Geral da República, que emitirá parecersobre a matéria.ControvérsiaA controvérsia começou com o ajuizamento, pelo Ministério Público Federal (MPF), de ação civil públicacontra a União e a UFPR. Na ação, o MPF alega que o serviço de transplante de medula óssea do Hospitalde Clínicas da UFPR tem 25 leitos destinados à realização desse tipo de transplante, mas que somente 12são utilizados atualmente devido ao número insuficiente de funcionários. Isso prejudicaria os 7transplantes realizados mensalmente, número que poderia ser duplicado com a contratação dos 75funcionários. Na ação, o MPF acrescenta que a falta de profissionais na unidade de transplante gera uma“demora excessiva [na realização de transplantes]”, o que tem provocado, ao longo dos anos, umaumento no número de mortes de pacientes, que esperam cerca de 431 dias pela operação. Peloscálculos do MPF, a consequência dessa demora é o aumento do número de mortes entre os doentes queestão esperando pela realização do transplante: 12 mortes em 2003, 30 mortes em 2004, 40 mortes em2005, 32 mortes em 2006 e 30 mortes até novembro de 2007. A UFPR, por outro lado, argumenta que acarência do Hospital de Clínicas não se limita ao serviço de transplante de medula óssea, fato que nãojustificaria a preocupação do MPF com essa unidade “em detrimento de 338 outros serviços existentes[no hospital]”. Ainda segundo a universidade, “muitos dos pacientes que aguardam em fila peloatendimento do serviço de medula óssea estão, em verdade, aguardando possíveis doadorescompatíveis”. Na STA, a União alega que a decisão da 5ª Vara Federal de Curitiba viola o princípio daseparação dos Poderes porque desrespeita a autonomia do Executivo e gera consequências aos seuscofres, já que determina custos anuais superiores a R$ 4,5 milhões, valor não previsto no orçamento, edetermina o remanejamento de verbas orçamentárias sem a autorização de lei específica, conformedispõe a Constituição Federal (o artigo 169, parágrafo 1º, incisos I e II).

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 STF nega liberdade a integrante de facção criminosa paulista

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu o pedido de Habeas Corpus (HC) 97260,no qual uma integrante da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) pedia liberdade. OHC alegava excesso de prisão e falta de fundamentação necessária da autoria do crime, porque, segundoa defesa, não haveria provas de que S.F.R. seria autora dos crimes. A mulher foi presa por um homicídioqualificado e outro tentado, ambos em concurso de pessoas e contra policial militar que tentava coibir“negócios ilícitos” praticados pelo PCC. De acordo com os autos do processo no Superior Tribunal deJustiça, a prisão de S.F.R. teria sido decretada ainda em outubro de 2007. “A prisão preventiva foidecretada porque os denunciados integram o PCC e trata-se de pessoas extremamente temidas”, explicouo ministro Eros Grau. O voto do ministro foi acompanhado com unanimidade pela Segunda Turma, eseguiu o parecer da Procuradoria Geral da República, segundo o qual a prisão “deveria ser mantida combase na periculosidade da ré conjugada à gravidade concreta de delito perpetrado e em razão da garantiada ordem pública e da conveniência da instrução criminal”.

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Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Preso por homicídio qualificado poderá responder a processo em liberdade Por votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta terça-feira(17), liminar concedida em 14 de maio do ano passado pelo ministro Joaquim Barbosa a W.F., para quepossa continuar a responder em liberdade a processo na Vara do Júri da Comarca de Jundiaí (SP) pelocrime de homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º, incisos III e IV, do Código Penal – CP). W.F. éacusado de ter matado, com cinco tiros, sua ex-mulher, a auxiliar contábil Milene Pereira Alves, de 25anos. O crime ocorreu em março de 2007 na cidade de Jundiaí. O acusado teve decretada a prisãotemporária, convertida posteriormente em preventiva, com fundamento na gravidade em abstrato docrime, considerado hediondo, bem como da conveniência da instrução criminal e da garantia da aplicaçãoda lei penal. A defesa pediu, inicialmente, a revogação da prisão ao juízo de primeiro grau, que negou opedido. Em seguida, recorreu sucessivamente ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e ao SuperiorTribunal de Justiça (STJ), que também negaram os habeas corpus, apoiando-se na fundamentação daJustiça de primeiro grau para justificar a prisão preventiva. Contra esta decisão, a defesa impetrou o HC94587 no Supremo Tribunal Federal (STF).FundamentosNo seu voto de hoje, em que confirmou a liminar, o ministro Joaquim Barbosa reportou-se àargumentação por ele utilizada para conceder a liminar, apoiado também em parecer da ProcuradoriaGeral da República (PGR), que igualmente se pronunciou pela concessão do HC. Ele afastou os alegadosfundamentos da conveniência da instrução criminal e da garantia da aplicação da lei penal, observandoque consta da impetração que o paciente se apresentou espontaneamente na Delegacia de Jundiaí, apósdecretada a sua prisão temporária. Quanto ao fundamento da garantia da ordem pública, o ministrolembrou que o STF tem-se pronunciado, em diversas ocasiões, sobre o caráter excepcional damanutenção da prisão preventiva sob esse fundamento, limitando tais casos aos de comprovadapericulosidade do agente ou com vistas a evitar a reiteração criminosa. “Contudo, no presente caso,verifico que a ordem de prisão emitida contra o paciente se funda na gravidade em abstrato do delito”,ponderou.JurisprudênciaAo conceder a liminar a W.F., em maio de 2008, o ministro Joaquim Barbosa reiterou jurisprudência doSTF sobre a questão da antecipação da pena. “A prisão cautelar não pode revestir-se do caráter deantecipação do cumprimento da pena, em respeito ao princípio da presunção de não-culpabilidade (artigo5º, LVII, da Constituição Federal)”, afirmou, então, o ministro. “Por outro lado, a circunstância de setratar de crime hediondo não é óbice à liberdade do paciente, sobretudo em face da nova redação doinciso II do artigo 2º da Lei 8.072/90, com redação determinada pela Lei 11.464/07 (que trata dos crimeshediondos)”, concluiu Joaquim Barbosa.

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 Filha de prefeita pode voltar ao cargo de secretária de Saúde de município paranaense

O ministro Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar para que a secretária deSaúde do município de Assis Chateaubriand, no Paraná, reassuma o cargo. Tatiane Weiko Watanabe foiafastada por decisão do juiz de Direito da comarca, que alegou nepotismo na sua nomeação, já que ela éfilha da prefeita da cidade, Dalila José de Mello. Direito suspendeu em caráter liminar a decisão do juiz daprimeira instância na parte em que ele declarou nula a nomeação de Tatiane. O nepotismo é vedado pelaSúmula Vinculante 13 do próprio Supremo. Mas nessa decisão de Menezes Direito (Reclamação 7590), oministro cita outras decisões já tomadas pela Corte segundo as quais os cargos de natureza política –como de secretários de prefeitura, secretários de estado e ministros – não estão abrangidos pela súmulado STF. Por isso, podem, sim, ser ocupados por parentes diretos dos chefes do Executivo municipal,estadual ou federal. A Súmula Vinculante 13 do STF considera ilegal a nomeação de cônjuge,companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, daautoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ouassessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificadana administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos estados, do DistritoFederal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas (nepotismo cruzado).

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Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

1ª Turma confirma HC para investigados por lavagem e ocultação de bens Por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornaram definitiva, nasessão desta terça-feira (17), a liminar em Habeas Corpus (HC 92423) concedida pelo ministro MarcoAurélio em setembro de 2007, para relaxar a prisão preventiva de Laurentino Freire dos Santos e outros14 corréus em processo penal por lavagem e ocultação de bens, em curso na 6ª Vara Federal Criminal doRio de Janeiro. A ação é resultante de desdobramentos da mesma operação da Polícia Federal queresultou na prisão, entre outros, de um ministro do STJ e outras autoridades judiciárias brasileiras eempresários ligados ao jogo de azar. O relator do processo, ministro Marco Aurélio, salientou que odecreto de prisão preventiva não estaria devidamente fundamentado a ponto de permitir a manutençãoda prisão preventiva. Além disso, o ministro lembrou que esses quinze réus respondem a outrosprocessos na Justiça Federal, e que o decreto de prisão preventiva questionado por meio desse HC, sebaseou em imputações de outras ações. Ao acompanhar o relator, o ministro Carlos Ayres Britto observouque os réus estão soltos – por força da liminar concedida pelo relator, desde setembro de 2007. E desdeentão não causaram embaraço ao andamento do processo, e responderam aos chamamentos da Justiça.Por se encontrarem na mesma situação de Laurentino, os ministros acompanharam o voto do relator nosentido de estender o benefício a Ailton Guimarães Jorge, Aniz Abrahão David, Antonio Petrus Kalil, JoséRenato Granado Ferreira, Júlio César Guimarães Sobreira, Paulo Roberto Ferreira Lino, Marcelo KalilPetrus, Nagib Teixeira Suaid, João Oliveira De Farias, Luciano Andrade Do Nascimento, Belmiro MartinsFerreira, Marcos Antonio Dos Santos Bretas, Licínio Soares Bastos e Marcos Antonio Machado Romeiro.

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 OAB questiona constitucionalidade de três fundações de saúde de Sergipe

O ministro Joaquim Barbosa pediu, nesta segunda-feira, informações ao governador de Sergipe, MarceloDeda, e à Assembleia Legislativa do estado acerca de três leis que criaram diferentes fundações de saúde.Elas são alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4197) ajuizada pelo Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil (OAB) no Supremo Tribunal Federal. Segundo a OAB, a Fundação deSaúde Parreiras Horta – FSPH (criada pela Lei 6.346/08), a Fundação Hospitalar de Saúde – FHS (Lei6.347/08), e a Fundação Estadual de Saúde – Funesa (Lei 6.348/08) estariam ilegalmente instaladasporque seriam fundações públicas de direito privado com finalidade de execução de serviços e políticaspúblicas de saúde. Por isso, deveriam ter suas áreas de atuação definidas por lei complementar federal,como prevê o artigo 37, inciso XIX da Constituição: “Somente por lei específica poderá ser criadaautarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.” O texto da ADI diz quea própria lei ordinária que autorizou a criação das fundações “já estabeleceu as suas áreas de atuação,em flagrante ofensa à reserva constitucional de lei complementar”. Além disso, a Ordem questiona acontratação dos servidores das fundações pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),quando deveria ser pelo regime estatutário por se tratar de fundações, segundo consta na ADI. No pedidode liminar, a entidade cita a urgência do caso diante da possível realização de um concurso públicoprevisto para o dia 1º de março para contratação sob a forma celetista. Segundo a OAB, a prova nãopoderia ser realizada até que a situação das três fundações fosse regulamentada, com a contratação peloregime estatutário.

Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009 PGR opina pela ineficácia de MP reeditada na mesma sessão legislativa

O parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, sobre o mérito da Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI) 3964, segue o mesmo entendimento aplicado pelo Plenário do SupremoTribunal Federal (STF) ao suspender a eficácia da Medida Provisória (MP) 394. Tanto os ministros do STFquanto Antonio Fernando consideram que a MP é inconstitucional porque foi reeditada na mesma sessãolegislativa depois de ter sido rejeitada, o que é vedado pelo parágrafo 10 do artigo 62 da ConstituiçãoFederal. A MP trata do registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição no âmbito doSistema Nacional de Armas (Sinarm) e foi suspensa em dezembro de 2007 por 7 votos a 2 a pedido doPartido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e do Democratas (DEM), autores da ADI. Ao propor aação, os partidos alegaram também ofensa ao caput do mesmo artigo, que estabelece os requisitos deurgência e relevância para que uma MP seja editada. O PMDB e o DEM sustentaram ainda que a edição daMP foi uma “afronta à autonomia do Poder Legislativo (CF. art. 51, inciso III e IV, da Constituição)”,porque “sujeita o Congresso Nacional a uma pauta de votações definida pelo presidente da República”.Isto porque a MP 379, por não ter sido votada pelo Congresso no prazo de 45 dias, estava trancando a

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pauta de votações de outras matérias de interesse do governo no Congresso, motivo por que foirevogada, sendo substituída pela de número 394.LiminarO relator da ação, ministro Carlos Ayres Britto, votou para conceder a liminar e suspender a MedidaProvisória. Seu voto foi acompanhado pelos ministros Cezar Peluso, Cármen Lúcia Antunes Rocha, GilmarMendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e pela presidente do STF à época, ministra Ellen Gracie. Osministros Eros Grau e Ricardo Lewandowski foram contra a suspensão por entenderem que o STF estariaacrescentando uma terceira hipótese às previstas para a proibição da reedição de MPs, pois, além darejeição e do decurso de prazo, acrescentaria a revogação. Ao elaborar um voto sobre o mérito da ação,o ministro Carlos Ayres Britto contará com o parecer do procurador-geral da República, no qual afirmaque a reedição de medida provisória na mesma sessão legislativa viola o princípio da separação dosPoderes. Isso porque o Executivo estaria impondo sua vontade ao Legislativo, “furtando-lhe, de formacontumaz”, a atribuição constitucional de deliberar sobre o tema.

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009 Liminar suspende pena imposta a condenado por furto de suínos

O ministro Carlos Ayres Britto deferiu pedido de liminar formulado no Habeas Corpus (HC) 97626,suspendendo, até o julgamento de mérito da causa, a condenação de J.A. à pena imposta pelo juízo daComarca de Restinga Seca (RS) de dois anos e quatro meses de reclusão, além de multa, pelo crime defurto qualificado. A Defensoria Pública da União (DPU) sustenta a atipicidade da conduta. Alega que ofurto praticado por ele não afetou em mais do que R$ 160,00 o patrimônio da vítima e “é irrisório, ínfimo,para ser considerado como socialmente danoso e apto a gerar a aplicação de uma pena privativa deliberdade”. “No caso, tenho por atendidos os pressupostos do provimento cautelar”, afirmou o ministroCarlos Britto, ao conceder a liminar. “É que se me afigura ocorrente, neste exame provisório da causa, aplausibilidade jurídica do pedido veiculado nesta impetração.”O casoJuntamente com dois corréus, J.A. abateu dois porcos numa propriedade rural em que um delestrabalhava. Os animais foram retalhados ali mesmo e sua carne levada pelos réus para suas residências.J.A. foi preso em flagrante, em sua casa, sendo apreendida com ele parte da carne suína. Interrogado,ele confessou o furto. Preso provisoriamente, ele teve deferido pedido de liberdade provisória após serinterrogado. Posteriormente, quando foi condenado, o juízo, tendo em vista seus antecedentes, afastou apossibilidade de substituição da pena. A defesa recorreu, então, ao Tribunal de Justiça do Rio Grande doSul (TJ-RS), que afastou a tese da insignificância e deu nova capitulação jurídica aos fatos narrados nadenúncia para condenar J.A. pelo delito de furto qualificado em concurso de agentes e privilegiado pelopequeno valor da causa roubada (artigo 155, parágrafo 2º, combinado com o inciso II, parágrafo 4º, doCódigo Penal – CP). Dessa decisão o Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pormeio de Recurso Especial (REsp). Esse recurso foi parcialmente provido pelo relator para afastar da penaimposta a J.A. o privilégio do artigo 155 do CP. Este dispositivo permite a substituição da pena dereclusão pela de detenção, sua diminuição de um a dois terços ou, então, a aplicação, tão somente, dapena de multa. É dessa decisão que a DPU recorreu ao Supremo, obtendo a liminar.

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009 Deputado obtém liminar para continuar processo contra jornalista por difamação

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar ao deputadofederal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinando a continuidade de queixa-crime movida peloparlamentar na 8ª Vara Criminal da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília contra jornalista do“Correio Braziliense”, a quem acusa dos crimes de calúnia e difamação (artigos 138 e 139 do CódigoPenal – CP). A liminar foi concedida pelo ministro na Reclamação (RCL) 7513, em que o parlamentarquestiona decisão do Juízo daquela Vara criminal que suspendeu a queixa-crime, baseando-se em decisãotomada pelo STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130. Em 2008, o STFmanteve decisão do relator desta ação, ministro Carlos Ayres Britto, e suspendeu parte da Lei nº5.250/1967 (Lei de Imprensa). Como a parte suspensa dessa lei trata exatamente dos crimes de calúniae difamação, o STF autorizou os tribunais a utilizarem, quando cabível, as regras dos Códigos Penal,Processual Penal, Civil e Processual Civil para julgar os processos que tratem do tema. Na RCL, oparlamentar alega descumprimento dessa decisão pelo juízo da 8ª Vara Criminal do DF. Sustenta que oscrimes de que acusa o jornalista encontram as respectivas correspondências no Código Penal. “Como háperfeita identificação entre os dispositivos da Lei de Imprensa – que estão com a eficácia suspensa – comos dispositivos do Código Penal, nada impede que a ação tenha o seu normal prosseguimento”, sustenta.

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AçãoA ação do deputado na Justiça Criminal teve como causa uma notícia veiculada no dia 20 de setembro de2007 que tratava da aprovação, pela Câmara dos Deputados, da proposta de prorrogação da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). De acordo com a matéria, alguns parlamentares dabancada do PMDB, sob a liderança do deputado Eduardo Cunha, teriam chantageado o presidente daRepública em troca de favores. Para votar a favor da CPMF, eles teriam exigido cargos no governo eempresas estatais para seus “apadrinhados”.DecisãoAo decidir, o ministro Ricardo Lewandowski observou que, embora a decisão do STF indique que juízes etribunais devem suspender o andamento de processos e os efeitos de decisões judiciais ou de qualqueroutra medida que versem sobre os dispositivos da Lei de Imprensa suspensos pelo STF, “restou claro queas referidas autoridades judiciárias estão autorizadas a utilizar, quando cabível, as regras dos CódigosPenal, Processual Penal, Civil e Processual Civil, para julgar processos que desafiam os dispositivos queestão suspensos”. E isso, no entender do ministro, “parece ser o caso dos presentes autos”.

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009 Entenda as diferenças entre impedimento e suspeição

As causas de impedimento e suspeição estão previstas nos artigos 134 a 138, do Código de Processo Civil(CPC) e dizem respeito à imparcialidade do juiz no exercício de sua função. É dever do juiz declarar-seimpedido ou suspeito, podendo alegar motivos de foro íntimo. O impedimento tem caráter objetivo,enquanto que a suspeição tem relação com o subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um dospressupostos processuais subjetivos do processo. No impedimento há presunção absoluta (juris et dejure) de parcialidade do juiz em determinado processo por ele analisado, enquanto na suspeição háapenas presunção relativa (juris tantum). O CPC dispõe, por exemplo, que o magistrado está proibido deexercer suas funções em processos de que for parte ou neles tenha atuado como advogado. O juiz seráconsiderado suspeito por sua parcialidade quando for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer daspartes, receber presente antes ou depois de iniciado o processo, aconselhar alguma das partes sobre acausa, entre outros. Confira o texto integral de dispositivos do CPC que dispõem sobre impedimento e suspeição:Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:I - de que for parte;II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ouprestou depoimento como testemunha;III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ouafim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceirograu; VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio dacausa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. Art. 135. Reputa-sefundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateralaté o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ousubministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta e no segundo grau na linhacolateral, o primeiro, que conhecer da causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em que osegundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de todos os tribunais. O juiz que violar o dever deabstenção, ou não se declarar suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes (art. 304).Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;II - ao serventuário de justiça;III - ao perito; (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)IV - ao intérprete.§ 1º A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída,na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e semsuspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando opedido.

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§ 2º Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135).A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conteráo rol de testemunhas.Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seusubstituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol detestemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no casocontrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009 Indeferida liminar contra uso de algemas durante audiência criminal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa indeferiu pedido de liminar de umcondenado a dois anos e 11meses de prisão por receptação e tráfico de drogas, que alega ter sidoalgemado sem justificativa durante audiência na 1ª Vara Criminal de Votorantim, em São Paulo. Ocondenado pretendia suspender o andamento de seu processo, em fase de apelação, com base naSúmula Vinculante 11, que restringe o uso de algemas apenas para casos em que o preso oferece riscoaos policiais ou a terceiros. O pedido do condenado, feito em uma Reclamação (RCL 7165), ainda serájulgado em definitivo. O ministro Barbosa disse não verificar, “ao menos à primeira vista, ilegalidadepatente, a exigir a concessão da liminar pleiteada, até porque não há elementos de convicção para, emsede de cognição sumária, ser questionada a falta de segurança destacada pelo reclamado [o juiz da 1ªVara Criminal de Votorantim], não podendo esta ser simplesmente ignorada”. O juiz justificou anecessidade das algemas na falta de condições de segurança do Fórum. Barbosa informa em sua decisãoque a determinação do juiz baseou-se em informações do agente penitenciário responsável pela escoltado preso e em parecer do Ministério Público que dava conta de que o fórum funciona em local adaptado,onde desde abril de 2000 ocorreram três fugas de réus presos, que estavam algemados. O condenadoalega que foi mantido algemado durante toda a audiência sem justificativa plausível, já que não resistiu àprisão, não tentou fugir, é réu primário, tem bons antecedentes e não representa risco concreto àintegridade física de ninguém. No mérito, ele pede liberdade provisória, em como a anulação de todos osatos processuais praticados após a audiência em que ficou algemado, ou a anulação da sentençacondenatória.

Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009 Ministro Ayres Britto nega liminar para acusados de crime contra a ordem tributária

O ministro Carlos Ayres Britto indeferiu a liminar no Habeas Corpus (HC) 97417, impetrado por seisempresários de Ribeirão Preto (SP) acusados pelo Ministério Público de crime contra a ordem tributária.No documento, eles pedem o sobrestamento da apelação criminal que tramita no Tribunal RegionalFederal da 3ª Região. Os empresários querem, ainda, que as cartas rogatórias a serem enviadas pelaJustiça brasileira a juízes de outros países com a solicitação de oitiva de testemunhas de defesa nãosejam pagas antecipadamente, como determinou o acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no caso.Os empresários sugeriam que as custas do processo – inclusive as traduções das cartas – sejam pagaspor quem perder a ação penal, quando já não houver a possibilidade de recursos (trânsito em julgado).Ao indeferir o pedido de liminar, Ayres Britto salientou que “a primeira dificuldade que encontro é que adocumentação instrutória da inicial aponta para uma provável artificialização do perigo da demora. Istoporque o acórdão apontado como a constituir ilegalidade flagrante data de 30/06/2005 (há mais de trêsanos, portanto); sendo que os acionantes só protocolaram o presente HC em 07/01/2009”. Ayres Brittopediu informações ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região com urgência antes de julgar o mérito do HC– que, em síntese, tenta anular o acórdão do STJ. Os empresários também pedem, no texto, mais prazopara o pagamento das traduções, caso prevaleça, de fato, o entendimento do STJ de que eles terão derecolher a quantia antecipadamente.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Negado pedido de progressão de regime a condenado por homicídio qualificado

O Supremo Tribunal Federal (STF) indeferiu liminar em Habeas Corpus (HC 97453) a Claudiomiro Rosa daSilva, condenado à pena de 14 anos de reclusão, em regime fechado, pelo crime de homicídio qualificado.A decisão do ministro Menezes Direito impede a progressão do regime de cumprimento da pena. ADefensoria Pública da União (DPU), que atua em defesa de Claudiomiro, alegava constrangimentoilegal decorrente de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou seguimento (arquivou) aum HC lá impetrado com igual objetivo. Sustentava que o preso já cumpriu um quarto da pena, mais doque o mínimo necessário (um sexto) para pedir o direito de passar a cumprir a parte restante da pena em

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regime semiaberto. Segundo o ministro, em exame inicial não há qualquer ilegalidade que justifique odeferimento da liminar. “Com efeito, a decisão proferida encontra-se, à primeira vista, motivada ajustificar a formação de seu convencimento”, disse Menezes Direito, ao mencionar ato do STJ,questionado no HC. O relator afirmou que as razões apresentadas pela Defensoria a fim de que fosseconcedida a medida liminar possuem caráter satisfativo, pois se confundem com o mérito da impetração,“o que recomenda seu indeferimento conforme reiterada jurisprudência desta Suprema Corte”. Nessesentido os Habeas Corpus 94888, 93164, 92737 e 85269, entre outros.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Negada liminar a condenado que recorreu depois de dois anos da sentença

De acordo com decisão do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), um recursopara anular sentença apresentado depois de dois anos do trânsito em julgado do processo não é caso deliminar. A decisão foi dada no Habeas Corpus (HC) 97380, em que a Defensoria Pública do estado de SãoPaulo, em defesa de A.P., afirma que “a ausência de intimação pessoal do defensor público para a sessãode julgamento de apelo criminal é causa de nulidade”. O mesmo pedido foi rejeitado pelo SuperiorTribunal de Justiça (STJ) que, na ocasião, afirmou que a defesa foi inerte em oferecer o recurso. Comisso, a defensoria recorreu ao STF sob o argumento de que não foi intimada para a sessão de julgamentodo recurso de apelação apresentado pela acusação e que esse seria um motivo para tornar o processonulo.DecisãoO ministro Joaquim Barbosa entendeu que os argumentos não são suficientes para se conceder umaliminar e que, para avaliar a suposta ausência de intimação da defensoria, seria necessário examinarinformações e peças processuais que não constam nos autos, “fato este que impede a pronta constataçãoda veracidade das alegações constantes na impetração”. Ele destacou também que não vê urgência parase decidir em liminar, considerando que a defesa demorou dois anos após o trânsito em julgado paracontestar pela primeira vez a suposta nulidade do processo. Assim, o ministro negou a liminar, massolicitou informações ao STJ e ao Tribunal de Justiça do estado de São Paulo para analisar o mérito dopedido.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Pedido de vítima de desabamento do Palace II é arquivado por falta de pressuposto de

admissibilidade Foi arquivada, pelo ministro Ricardo Lewandowski, a Ação Cautelar (AC) 2268 ajuizada, com pedido deliminar, por uma das vítimas do desabamento do Edifício Palace II, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,ocorrido em 1998. Ele pretendia continuar residindo em imóvel cedido por decisão judicial para ele morar,em troca do seu apartamento destruído pelo desabamento. O ministro entendeu que a ausência do juízode admissibilidade de recurso extraordinário inviabiliza a própria tramitação de medida cautelar perante oSTF, pois “a instauração da jurisdição cautelar do Supremo Tribunal Federal supõe, em caráternecessário, além de outros requisitos, a formulação, na instância judiciária de origem, de juízo positivo deadmissibilidade”. Ele citou como precedentes as Petições 914, 965, 1841 e 1865. Lewandowski ressaltouque a viabilidade de concessão de feito suspensivo a recurso extraordinário não admitido somente seconfigura na hipótese de o RE contestar decisão que seja incompatível com a jurisprudência do Supremo,“o que deve ser extraído, prima facie, dos fundamentos da petição recursal em causa e dos elementosconstantes dos autos”. Por fim, ao arquivar a ação, o relator constatou que, no caso, os fundamentosapresentados pela decisão contestada são coerentes com a jurisprudência da Corte, razão pela qual setorna inviável a própria tramitação da medida cautelar no Supremo.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Negada liminar a condenado por desviar sinal de TV a cabo

O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu pedido de liminar no HabeasCorpus (HC) 97261, em que A.P. pede a suspensão de sua condenação por ter desviado sinal de TV acabo, fato enquadrado como crime previsto no artigo 155, parágrafo 3º, do Código Penal (roubo de coisamóvel). Condenado em primeiro grau pela Justiça do Rio Grande do Sul, A.P. foi absolvido pelo Tribunalde Justiça daquele estado (TJ-RS), em apelação lá interposta. O tribunal fundamentou sua decisão noartigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal (não constituir infração penal o ato a ele imputado).Entretanto, o Ministério Público gaúcho interpôs Recurso Especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ),que reformou a decisão do TJ e restaurou a condenação inicial. Contra essa decisão, a defesa impetrouHC na Corte Suprema. Sustenta não ser crime a conduta de interceptar sinal de TV, violação ao princípioda legalidade e inconstitucionalidade da participação do assistente de acusação na ação penal originária.

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Diante disso, pede liminar para suspender a aplicação da pena, até o julgamento final do HC e, no mérito,o afastamento definitivo da condenação.DecisãoAo indeferir o pedido, o ministro Joaquim Barbosa observou que “as alegações constantes da inicial nãosão suficientes para demonstrar, em cognição sumária, a presença dos requisitos necessários aodeferimento da medida cautelar pleiteada”. Segundo ele, o HC não é a via própria para o exame dequestões em que há necessidade de dilação probatória, inclusive de ordem pericial e científica, para aferira tipicidade ou não da alegação de receptação irregular de sinal de TV a cabo”. Ademais, segundo ele, asrazões constantes na decisão questionada “parecem descaracterizar, ao menos em juízo de estritadelibação, a plausibilidade jurídica da pretensão deduzida nesta sede processual”.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Arquivada ação que pedia devolução de verbas utilizadas pela Abin em operação da PF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou o arquivamento da açãopopular (Pet 4512) que pedia a devolução aos cofres públicos do dinheiro gasto pela Agência Brasileira deInteligência (Abin) na operação da Polícia Federal que culminou na prisão, dentre outros, do banqueiroDaniel Dantas e sua irmã, Verônica, do ex-prefeito paulista Celso Pitta e do empresário Naji Nahas, emjulho de 2008. A ação foi movida por Nery Kluwe, ex-presidente da associação dos servidores da agência,contra o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência República, general JorgeFélix, e contra o diretor-geral interino da Abin, Wilson Roberto Trezza. A competência do Supremo está“taxativamente” prevista no artigo 102 da Constituição Federal, ponderou o ministro. “Para o caso emtela, aplica-se uma série de precedentes deste Tribunal que o colocam como incompetente para processare julgar, originariamente, ação popular constitucional”, frisou Lewandowski ao rejeitar a ação.A ação chegou ao STF em fevereiro de 2009, depois que a imprensa tornou pública a suspeita de que aAbin – uma agência de inteligência e informação, teria cooperado com a PF – instituição que tem afunção de investigar, realizando escutas telefônicas e outras atividades, típicas de polícia judiciária. Opróprio ex-diretor da Abin, delegado Paulo Lacerda, teria confirmado, em depoimento à CPI dos Grampos,no Congresso, que a agência teria cedido alguns profissionais para auxiliar o trabalho da polícia nestaoperação.

Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009 Suspensa aplicação de pena por descaminho mediante aplicação do princípio da insignificância O ministro Joaquim Barbosa aplicou o princípio da insignificância para suspender os efeitos da condenaçãodo comerciante V.C.A. por descaminho, levando em consideração que a importância de tributos por elenão recolhidos, no valor de R$ 1.200,06 incidente sobre produtos de procedência estrangeira por elemantidos sem a devida documentação legal, é inferior ao mínimo de R$ 10 mil fixado pela Lei 11.033/04para execução fiscal pela União. Dos autos (HC 97676) consta que foram apreendidos em poder docomerciante 23 pneus, 182 calculadoras, três fitas para filmadora e um alto-falante ilegalmente trazidosdo exterior. Para tais produtos, foi estimado o valor aduaneiro total de R$ 2.412,00, conformerepresentação fiscal para fins penais. Sobre esse total incidiram tributos no valor de R$ 1.200,06.Condenado em primeiro grau como incurso no artigo 334, parágrafo 1º, alínea d, combinado com oparágrafo 2º do Código Penal, por ocultar e manter em depósito, em proveito próprio, no exercício deatividade comercial, mercadorias de procedência estrangeira desacompanhada de documentação legal,V.C.A. interpôs recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que foi negado. Em seguida,no entanto, foram providos embargos infringentes opostos a essa decisão, sendo então rejeitada adenúncia mediante aplicação do princípio da insignificância. Dessa decisão, o Ministério Público interpôsRecurso Especial (REsp) no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que cassou o acórdão do TRF. É contraessa decisão que a defesa recorreu ao STF, pela via de habeas corpus.Ao aplicar o princípio da insignificância, o ministro Joaquim Barbosa ressaltou que “a aplicação de talpostulado há de ser criteriosa, casuística, mediante análise individualizada e atenta a todas ascircunstâncias que envolveram o fato delituoso”, conforme decidido pelo STF no HC 70747, relatado peloministro Francisco Rezek (aposentado). Observou também que, no entendimento da Suprema Corte, “oprincípio da insignificância possui como vetores a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausênciade periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e ainexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 84412, relatado pelo ministro Celso de Mello)”. JoaquimBarbosa lembrou, ainda, do julgamento do HC 92438, por ele próprio relatado, em que foi trancada açãopenal por falta de justa causa, porque o valor do tributo supostamente devido era inferior ao montantemínimo legalmente previsto para a execução fiscal, a exemplo do que ocorre no HC que acaba de ser porele apreciado.

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Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009

Plenário autoriza ministros a decidir em definitivo habeas corpus sobre prisão civil por dívida,execução provisória da pena e acesso a inquérito

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (12) que os ministros podemjulgar individualmente o mérito de habeas corpus que tratem sobre três matérias recentementeanalisadas pela Corte: prisão civil por dívida, execução provisória da pena e acesso de advogado ainquérito. Nesses três casos, a posição da maioria dos ministros é sempre pela concessão do habeascorpus. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, classificou a decisão como uma “autorização” queos colegas terão para aplicar o entendimento da Corte, sem necessidade de levar os processos parajulgamento nas Turmas ou mesmo no Plenário. “É uma verdadeira delegação”, emendou Celso de Mello.Somente o ministro Marco Aurélio foi contra a proposta. “Não devemos colocar o julgador em uma camisade força, compelindo-o a julgar de determinada forma”, disse. Segundo ele, cada ministro deve “formarjuízo a respeito [da matéria] e acionar ou não o artigo 21 do Regimento Interno”, que trata dasatribuições do relator do processo. Gilmar Mendes informou que já está em análise uma proposta deemenda regimental para autorizar que habeas corpus sejam julgados monocraticamente em caso dematéria já pacificada no STF. Tanto a autorização concedida nesta tarde aos ministros quanto a emendado Regimento Interno do STF atenderia, nas palavras de Mendes, a “casos que estão assumindo caráterde massa”.Execução antecipada da penaO debate desta tarde começou com o julgamento de vários habeas corpus sobre execução provisória dapena. No último dia 5, o Plenário decidiu, por maioria de votos, que o réu pode aguardar o julgamento derecursos de apelação em liberdade, mesmo já tendo sido condenado em primeira e segunda instâncias. Adecisão atinge os condenados que responderam ao processo em liberdade. Eles não devem ser recolhidosà prisão enquanto aguardam o julgamento dos recursos nos tribunais superiores, a menos que haja fatonovo para justificar a prisão preventiva. Os ministros analisaram quatros Habeas Corpus (HCs 91676,92578, 92691 e 92933) de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski e um Recurso Ordinário em HabeasCorpus (RHC 92933) de relatoria da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. Todos foram concedidos combase na decisão da semana passada, por 8 votos a 2. Os ministros Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, queno dia 5 votaram pela legalidade da execução da pena quando já houver condenação, mantiveram esseentendimento. A ministra Cármen Lúcia concedeu os pedidos ressalvando seu entendimento no sentidoda legalidade da execução da sentença, mesmo que o condenado ainda esteja recorrendo, mas disse securvar à decisão da maioria da Corte. O ministro Menezes Direto votou no mesmo sentido dela. Asdecisões dos habeas do ministro Lewandowski beneficiaram um condenado a quatro anos de prisão portentativa de estupro, dois condenados por apropriação de bens e rendas públicas, um sentenciado a trêsanos de prisão e o outro a quatro anos, e um condenado a quatro anos e seis meses de prisão porestelionato. Em todos os casos, o ministro já havia deferido liminar para garantir a liberdade doscondenados até o julgamento definitivo dos habeas. O processo da ministra Cármen Lúcia era em defesade um comerciante condenado a sete anos e seis meses de reclusão por roubo qualificado.Acesso a inquéritoA decisão que garantiu a advogados o acesso a provas já documentadas em inquéritos, inclusive os quetramitam em sigilo, foi tomada no dia 2 de fevereiro, por 9 votos a 2. A Súmula Vinculante 14, publicadano Diário da Justiça desta segunda-feira (9), trata sobre o assunto. Ela determina que: “É direito dodefensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentadosem procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeitoao exercício do direito de defesa”.Prisão civil por dívidaO entendimento de que não é cabível prisão civil por dívida, a não ser em caso de devedor de pensãoalimentícia, foi firmado também por maioria de votos em dezembro do ano passado. Na ocasião, foiinclusive revogada a Súmula 619, do STF, segundo a qual “a prisão do depositário judicial pode serdecretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura deação de depósito”.

Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009 Ministro indefere liminar em HC para acusado de sonegação fiscal

O ministro Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal, negou liminar no Habeas Corpus (HC) 97419,impetrado por acusado de sonegação fiscal. Ele questiona decisão judicial que dividiu a ação penal à qualo réu responde por ter, supostamente, deixado de pagar tributos nos anos de 1998, 1999 e 2000.A defesa impetrou Habeas Corpus junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região questionando o fato dea denúncia ter sido recebida pela Justiça Federal de São Paulo. À época, alegaram que havia pendência de

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decisão na esfera administrativa em relação aos anos-base 1999 e 2000. O relator verificou que osadvogados não juntaram aos autos cópia da decisão contestada, sendo necessário aguardar asinformações da autoridade coatora, isto é, o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Com efeito, sem aanálise desse documento não há como vislumbrar, efetivamente, em juízo de estrita delibação, eventualexistência de constrangimento ilegal na decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça”, disse. Elerelembrou que a jurisprudência da Corte é no sentido de que a concessão de habeas corpus com afinalidade de trancamento de ação penal em curso só é possível em situações excepcionais, quandoestiverem comprovadas, de plano, a atipicidade da conduta, causa extintiva da punibilidade ou ausênciade indícios de autoria. Ele citou como precedentes os Habeas Corpus 90320, 87324, 86583, 85496 e85066, entre outros.

Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009 Ministra Cármen Lúcia mantém condenação de traficantes que alegavam falta de defesa

preliminar A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha negou liminar no Habeas Corpus (HC) 97501, em que J.B.S.N. eJ.B.S. pedem anulação de processo em que foram condenados por tráfico de drogas a penas de,respectivamente, 10 anos e seis meses e cinco anos e quatro meses de reclusão, em regime inicialmentefechado. Reclamam, também, o direito de acompanhar, em liberdade, o desenrolar do processo. Elespedem, ainda, que seja reformada decisão do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), queaumentou a pena de J.B.S. para oito anos e quatro meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.AlegaçõesNo HC, eles questionam decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que arquivou HC com pedidosemelhante lá impetrado. Eles pedem a nulidade do processo desde o recebimento da denúncia, alegandoque, no julgamento de primeira instância, não foi observado o rito da Lei 10.409/02, que prevê aapresentação de defesa preliminar antes do recebimento da denúncia. No STJ, este pedido não foiconsiderado pelo relator. Ele alegou que, em nenhum momento, esse argumento foi levantado nasinstâncias ordinárias e que, se o STJ o examinasse, haveria indevida supressão de instância. No HCimpetrado no Supremo, J.B.S.N. e J.B.S. reiteram o argumento de nulidade. Pedem que seja dada a eles”a oportunidade de oferecer suas indispensáveis e necessárias defesas preliminares”, bem como aexpedição de alvará de soltura para aguardar em liberdade o desenrolar do processo.DecisãoAo decidir, a ministra Cármen Lúcia observou que “a liminar requerida tem natureza satisfativa”, ou seja,se concedida, exauriria o objeto da ação no seu momento inicial, e que isso não é possível em HC.Ademais, segundo ela, do que contêm os autos “não se constatam fundamentos suficientes para declararnulo o processo no qual figuraram os pacientes, pelo menos neste juízo preliminar”. Ela admite existirem,no STF, decisões nas quais foram anuladas ações penais em decorrência da inobservância doprocedimento previsto na Lei nº 10.409/02, porém ressalta que, no presente caso, a sentençacondenatória já transitou em julgado. Observa, além disso, que há, na Primeira Turma do STF,precedente em caso análogo, desfavorável ao pedido de habeas corpus. Diante disso, ela indeferiu opedido de liminar, mas, de qualquer modo, mandou oficiar ao Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca deVolta Redonda para que informe, com urgência, se a sentença condenatória já transitou em julgado.

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 Irredutibilidade de vencimentos é direito adquirido do servidor, mas não a forma de cálculo

Por decisão majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) aplicou, nesta quarta-feira (11),jurisprudência da Corte no sentido de que não há, para o servidor público, direito adquirido em relação àforma como são calculados os seus vencimentos, mas apenas no que diz respeito à irredutibilidade devencimentos. E, com esse entendimento, negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 563965,interposto por uma professora aposentada que contestava dispositivos da Lei Complementar nº203/2001, do Rio Grande do Norte. Essa lei modificou a forma de cálculo dos vencimentos dos servidorescivis e militares do estado. Os ministros entenderam que não houve afronta ao princípio dairredutibilidade de vencimentos, vez que não houve redução dos proventos da professora, que seaposentou em 1995. Tanto assim é que, segundo dados apresentados em Plenário pelo procurador-geraldaquele estado, em setembro de 2001, mês anterior ao da edição da LC, seus proventos somavam R$654,13 e, no mês seguinte (outubro de 2001), R$ 932,53. O procurador-geral do Rio Grande do Nortealegou, ainda, que o vínculo do servidor com o estado não é contratual, mas sim institucional. Assim,segundo ele, cabe ao estado, unilateralmente, fixar seus vencimentos, porém observados os princípiosconstitucionais que regem a matéria. Ele citou, como precedentes do STF a favor de sua tese, osjulgamentos do RE 226462 e do Mandado de Segurança (MS) 24875, ambos relatados pelo ministro

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Sepúlveda Pertence (aposentado). Sustentou que o que a lei garante é a preservação do valor dosvencimentos e do poder aquisitivo do servidor, o que é feito mediante reajustes anuais dos vencimentosdos servidores e dos proventos dos aposentados. Por seu turno, a ministra-relatora Cármen Lúcia,também se referindo ao RE 226462, disse que “não houve agressão ao princípio da irredutibilidade devencimentos”. Isto porque a lei estadual atacada modificou a composição salarial, acabando com osadicionais de gratificação representados em forma de percentual sobre os vencimentos, transformando-osem valores pecuniários equivalentes nos contracheques, mantido o valor vigente no mês anterior ao daedição da Lei Complementar.Repercussão geral O processo deu entrada no STF em setembro de 2007 e, em 20 de março de 2008, os ministrosdecidiram por sua repercussão geral, vencidos a própria relatora do processo, ministra Cármen LúciaAntunes Rocha, e os ministros Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Carlos Alberto Menezes Direito. Tambéma Procuradoria Geral da República (PGR) manifestou-se contra a aplicação da repercussão geral ao caso,argumentando que o que estava em jogo era uma lei estadual (infraconstitucional).DivergênciaOs ministros Marco Aurélio e Carlos Ayres Britto foram votos divergentes, na votação do RE 563965. “ALei 8.112 (Estatuto do Servidor Público) prevê, em seu artigo 13 – e ninguém escoimou este dispositivo –que, quando da admissão do servidor público, é lavrado um termo do qual constam direitos e obrigações,inalteráveis para qualquer uma das partes”, observou Marco Aurélio. Ainda segundo o ministro, “toda vezque a observância do regime jurídico novo implicar prejuízo do servidor, é possível ter o reconhecimentodesse prejuízo e a condenação do tomador do serviço”. E isso, opinou, ocorreu no caso em julgamento.“Não há direito adquirido?”, questionou Marco Aurélio. “Mas repercute no campo patrimonial”, respondeuele próprio. Também voto discordante, o ministro Carlos Britto disse ter dificuldade para seguir na linhada jurisprudência do STF. “Quando a Constituição Federal (CF) fala de vencimento e remuneração, fala devencimento básico e acréscimos estipendiários, que compõem a remuneração”, observou. Portanto,segundo ele, “básico” significa vencimento sujeito a acréscimo de outras remunerações.AcórdãoNo RE, a professora aposentada contestava decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN), que entendeu não haver direito adquirido a regime jurídico e que não houve violação ao princípioconstitucional da irredutibilidade de vencimentos, pois “com a edição da Complementar Estadual nº203/01, o cálculo de gratificações deixou de ser sobre a forma de percentual, incidente sobre ovencimento, para ser transformado em valores pecuniários, correspondentes ao valor da gratificação domês anterior à publicação da lei”. Este entendimento prevaleceu, também, na votação desta quarta-feira,no STF. Com a relatora – pelo desprovimento do RE – votaram os ministros Menezes Direito, RicardoLewandowski, Ellen Gracie, Eros Grau, Cezar Peluso e Joaquim Barbosa.

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 Parecer da PGR diz que não é inconstitucional teto de remuneração diferenciado

O procurador-geral da República (PGR), Antonio Fernando Souza, encaminhou ao Supremo TribunalFederal (STF) seu parecer na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4107 em que se posicionaparcialmente a favor da fixação de um teto remuneratório diferenciado para cada poder no estado deRondônia. A ADI foi proposta pela Confederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB) para pedir asuspensão, em caráter liminar, da Emenda à Constituição (EC) de Rondônia nº 55/207, que alterou aforma de estipulação do teto remuneratório único do funcionalismo público daquele estado. No mérito, aCSPB pede a declaração da inconstitucionalidade da norma. A Confederação alega vício formal daEmenda, pois na apresentação da proposta a Assembléia Legislativa de Rondônia (AL-RO), não foiobservado o número mínimo de um terço dos membros da Casa, em afronta ao artigo 60, inciso I, daConstituição Federal (CF), bem como ao artigo 1º, parágrafo único. O artigo 60, I, dispõe que aConstituição Federal somente poderá ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, dosmembros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Segundo a CSPB, essa norma é dereprodução obrigatória nas constituições dos estados. Tanto assim que a Constituição de Rondônia, emseu artigo 38, recepcionou esse dispositivo, ao estipular: “A Constituição pode ser emendada medianteproposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da Assembléia Legislativa”. A representante dosservidores públicos de todos os níveis do país afirma que, do protocolo nº 5, de 13 de março de 2007,consta que a proposta de emenda constitucional que deu origem à EC nº 55 foi assinada apenas por seuautor, deputado estadual Alex Textoni, e por outros seis deputados (quando eram necessárias, nomínimo, oito assinaturas para completar um terço), “e tão-somente essas, sem nenhuma identificaçãoreferente àquele que a tenha assinado”.

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PGREm seu parecer, Antonio Fernando Souza acredita que a ADI não deve ser aceita pelo Supremo, uma vezque a Confederação não teria legitimidade para propor a ação por ser formada por servidores públicoscivis federais, estaduais e municipais. “Admitir tão ampla representatividade ameaça a seriedade e acompletude dos argumentos tratados na arguição de inconstitucionalidade, que melhor viriam organizadasse apresentados por entidade mais próxima à categoria profissional atingida pelas regras atacadas”,justifica. No entanto, ao analisar os argumentos da CSPB, o procurador-geral afirma que a realização doprimeiro e do segundo turnos de votação no mesmo dia não gera nenhuma inconstitucionalidade,considerando que o intervalo entre os dois turnos está previsto apenas no Regimento Interno do SenadoFederal e, desse modo, a existência de violação ao Regimento Interno do Senado Federal estaria situadano âmbito infraconstitucional, não sendo passível de análise em sede de controle abstrato deinconstitucionalidade. Ele destacou também que a Constituição Federal estabelece duas formas de tetopara remuneração do funcionalismo público, sendo que uma determina um teto singular para cada poder,como foi adotado pela Constituição de Rondônia e a outra admite a opção pelo teto único, que mire ossubsídios pagos aos desembargadores do Tribunal de Justiça, excluídos os deputados e vereadores.Assim, os estados não são obrigados a acatar a opção do teto único. Portanto, a ação seria procedenteapenas em relação ao artigo 2º da lei contestada. Esse dispositivo estabelece que os efeitos da EmendaConstitucional n° 55/2007, em relação ao limite de remuneração dos servidores do Poder Executivo,devem retroagir a 5 de março de 2004. O ministro Joaquim Barbosa irá analisar as ponderações eelaborar um voto sobre a ação.

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 STF amplia gratificação de desempenho a inativos e pensionistas da Saúde e Previdência

O Plenário do Supremo Tribunal Federal negou provimento a um Recurso Extraordinário (RE 572052)interposto pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) contra decisão da Justiça Federal no Rio Grande doNorte que reconheceu aos inativos das áreas de saúde e previdência o direito de receberem a Gratificaçãode Atividade de Seguridade Social e do Trabalho (GDASST) na mesma proporção garantida aos servidoresem atividade. Com a decisão do Supremo, os inativos deixarão de ter apenas 30 pontos de gratificação eserão igualados aos servidores em atividade, que recebem pelo menos 60 pontos (os pontos sãoconvertidos em valor pecuniário), a partir 1º de maio de 2004. A gratificação é concedida aos servidoresque integram a carreira da seguridade social e do trabalho, composta basicamente pelos servidores dosministérios da Saúde, da Previdência e Assistência Social, do Trabalho e Emprego e, ainda, da Funasa. AGDASST foi criada como gratificação aos servidores bem-sucedidos numa avaliação de desempenho que,segundo a Lei 10.483/02, seria estabelecida pelo Poder Executivo e com critérios e procedimentosespecíficos normatizados pelo titular de cada órgão. Como isso nunca foi regulamentado, a maioria dosministros do STF entendeu que a GDASST não pode ser baseada em desempenho e, por isso, ganhou umcaráter generalizado. Sendo assim, deve ser estendida aos inativos e pensionistas na mesma proporçãopaga aos servidores em atividade. Caso isso não fosse feito, a Lei 10.971/04, que criou a GDASST,estaria infringindo a Constituição Federal, já que a Emenda 41 determinou que proventos de aposentadose pensões deverão ser revistos na mesma proporção e na mesma data que a remuneração dos ativos,sendo estendidos àqueles todos os benefícios e vantagens posteriormente concedidos a servidores ematividade. À exceção do ministro Marco Aurélio, que dava provimento ao RE, os demais ministrosconsideraram que atualmente a GDASST não pode ser uma gratificação verdadeiramente baseada nodesempenho do servidor porque não tem relação direta com as avaliações de eficiência, embora seuintuito seja o de gratificar servidores eficientes. Até que isso aconteça, ela deverá, então, contemplartodos os servidores da carreira, inclusive aposentados e pensionistas, na mesma proporção. Apenas oministro Celso de Mello estava ausente na votação.

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 Ministro Joaquim Barbosa mantém processo administrativo contra membro do MP que exerce

advocacia O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve processo administrativoinstaurado contra procurador regional da República em Minas Gerais acusado de atuar como advogadoem casos envolvendo o Ministério Público de Minas Gerais (MP). O integrante do MP alega que tem direitolíquido e certo ao exercício da advocacia. Com essa justificativa, impetrou Mandado de Segurança (MS27853) contra a instauração do processo administrativo, determinada pelo Conselho Nacional doMinistério Público (CNMP). No processo, ele pediu a concessão de liminar para impedir a instauração doprocesso administrativo e para afastar as restrições da Resolução CNMP 8/2006 quanto ao exercício daadvocacia. O ministro Barbosa indeferiu a liminar sob o argumento de que a investigação do caso está de

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acordo com as regras constitucionais vigentes. “Não vislumbro, assim, nesta análise preliminar, qualquervício formal ou ilegalidade na condução da sindicância e consequente procedimento administrativodisciplinar”, conclui o ministro. O mandado de segurança ainda será julgado em definitivo. Não háprevisão de data para tanto. Ao negar a liminar, Barbosa citou trechos da decisão do CNMP sobre ainstauração do procedimento administrativo. O documento registra que “sobre o evento investigado nãohá controvérsia. O reclamado [o procurador] atuou em diversos processos em que era parte o MinistérioPúblico de Minas Gerais”. Entre esses processos estariam ações de improbidade administrativa e açõescivis públicas ajuizadas pelo MP de Minas Gerais. O procurador regional da República alega que ingressouno MPF em 15 de fevereiro de 1980 e que, portanto, está autorizado a advogar, nos termos do parágrafo3º do artigo 29 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. O CNMP respalda a abertura doprocesso exatamente com base nesse dispositivo, além de citar a Resolução CNMP 8/2006. O parágrafo3º do artigo 29 do ADCT trata do regime de transição para integrante do MP admitido antes dapromulgação da Constituição de 1988 e da obediência às vedações constitucionais quanto ao exercício docargo.

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 Ministro suspende ação penal de réu sentenciado pelo mesmo juiz em ação civil pública

O ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau deferiu nesta semana o pedido de liminar no HabeasCorpus 97544, impetrado pelos advogados de C.G. Eles alegam que seu cliente não poderá ser julgadonuma ação penal pelo mesmo juiz que já proferiu sentença contra ele numa ação civil pública sobre omesmo caso. A decisão de Eros Grau, ao conceder a liminar, implica parar o trâmite da ação penal a queC.G. responde na vara criminal da cidade de Santa Rosa de Veterbo (SP). Segundo o ministro, a liminarfoi concedida porque a ação penal está em fase adiantada na primeira instância. Ao julgar esse mesmocaso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia decidido que o fato de o juiz ter proferido sentença numaação civil pública não o impede de julgar novamente o caso já no âmbito de uma ação penal. Essejulgamento anterior tampouco o colocaria sob suspeição. O STJ também não admitiu a tese da defesa deque a atuação do mesmo juiz na esfera cível e na esfera criminal implicaria ofensa ao duplo grau dejurisdição. “Não há impedimento quando o juiz exerce, na mesma instância, jurisdição criminal, após terproferido sentença em ação civil pública”, diz o acórdão do STJ. Eros Grau entendeu que a ação penaldeve ser suspensa, até que o STF decida este pedido de habeas corpus, garantindo a segurança jurídica.Dando prosseguimento ao curso do processo, determinou o envio dos autos ao Ministério Público Federal,que dará seu parecer sobre o assunto antes de ser julgado o mérito.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Concubina não tem direito à divisão de pensão por morte

Por maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve entendimento deque concubina não tem direito a dividir pensão com viúva. A discussão se deu no julgamento do RecursoExtraordinário (RE) 590779 interposto pela viúva contra decisão da Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais de Vitória (ES), favorável à concubina.O casoSegundo o ministro Marco Aurélio, relator, à época do óbito, o falecido era casado e vivia maritalmentecom a mulher, com quem teve filhos, mas manteve relação paralela, por mais de trinta anos, tendo tidouma filha nela. Ao acolher pedido formulado em recurso, a Turma Recursal reconheceu a união estávelentre a concubina e o falecido para fins de divisão de pensão. Assentou que não poderia desconheceresses fatos mesmo com a existência do casamento e da família constituída. A viúva alega ofensa ao artigo226, parágrafo 3º, da Constituição Federal, argumentando que não se pode reconhecer a união estávelentre o falecido e a autora diante do fato de ele ter permanecido casado, vivendo com a esposa até amorte. A concubina sustenta não haver sido demonstrada ofensa ao dispositivo constitucional.BigamiaO ministro Marco Aurélio lembrou que a Primeira Turma já se pronunciou sobre o assunto ao analisar oRE 397762. Na ocasião, a sentença foi reformada com base no parágrafo 3º, do artigo 226, da CF, quediz que a união estável merece a proteção do Estado devendo a lei facilitar a conversão em casamento.“Aqui o casamento seria impossível, a não ser que admitamos a bigamia”, afirmou o ministro, que votoupelo provimento do presente RE para que, nesse caso, também fosse restabelecido o entendimento dojuízo na sentença. “Para se ter união estável, protegida pela Constituição, é necessária a práticaharmônica com o ordenamento jurídico em vigor, tanto é assim que no artigo 226, da Carta da República,tem-se como objetivo maior da proteção, o casamento”, completou. Conforme ele, o reconhecimento daunião estável entre homem e mulher, como entidade familiar, pressupõe a possibilidade de conversão emcasamento. “A manutenção da relação com a autora se fez à margem mesmo mediante discrepância do

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casamento existente e da ordem jurídica constitucional”, disse o ministro, ao recordar que, à épocavigorava o artigo 240, do Código Penal, que tipificava o adultério. O dispositivo foi retirado com a Lei11.106.Sem efeitos jurídicosO ministro registrou que houve um envolvimento forte entre o falecido e a concubina, do qual resultouuma filha, porém, avaliou que ele, ao falecer, era o chefe da família oficial e vivia com sua esposa. “Arelação com a concubina não surte efeitos jurídicos ante a ilegitimidade por haver sido mantidocasamento com quem o falecido contraiu núpcias e teve filhos”, explicou. “Abandonem o que poderia sertida como uma justiça salomônica, porquanto a segurança jurídica pressupõe o respeito às balizas legais,à obediência irrestrita às balizas constitucionais”, disse. O ministro ressaltou que o caso não é de uniãoestável, mas “simples concubinato”, conforme previsto no artigo 1727, do Código Civil, segundo o qual asrelações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Poressas razões, o ministro Marco Aurélio proveu o recurso. Presente ao julgamento, o ministro RicardoLewandowski destacou que se a tese da Turma Recursal fosse aceita e se houvesse múltiplas concubinas,“a pensão poderia ser pulverizada, o que seria absolutamente inaceitável”. “Seria um absurdo sereconhecer múltiplas uniões estáveis”, comentou o ministro Menezes. A ministra Cármen Lúcia AntunesRocha também acompanhou o relator.Companheirismo x concubinatoO ministro Carlos Ayres Britto ficou vencido. “Não existe concubinato, existe mesmo companheirismo e,por isso, acho que se há um núcleo doméstico estabilizado no tempo. É dever do Estado ampará-lo comose entidade familiar fosse”, disse. Ele salientou que os filhos merecem absoluta proteção do Estado e “nãotem nada a ver com a natureza da relação entre os pais”. “O que interessa é que o núcleo familiar em simesmo merece toda proteção”, concluiu Ayres Britto. Ele votou pelo desprovimento do recurso.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 1ª Turma: Coleta de provas desnecessárias para julgamento de ação penal pode ser negada

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão liminar do relator, ministroCarlos Alberto Menezes Direito, e negou o Habeas Corpus (HC 95694) impetrado pelo empresário SérgioAmílcar de Aguiar Lima, com o objetivo de suspender ação penal a que responde na Justiça Federal porcrimes contra o Sistema Financeiro Nacional. A decisão foi unânime. Os crimes teriam sido cometidos àépoca em que Sérgio Lima integrava os quadros do Consórcio Nacional Garibaldi, instituição liquidada peloBanco Central em 1994. De acordo com seu advogado, porém, o empresário nunca foi diretor nemcompôs o quadro social do consórcio. E para provar esse argumento e demonstrar incorreções norelatório do Banco Central que levaram à liquidação do consórcio e abertura de processo contra oempresário, ele pedia a realização da perícia técnica contábil. O HC questiona a decisão do juiz federal denão aceitar pedido de produção de prova pericial que, segundo os advogados do empresário, seria“imprescindível para demonstração da inocência do acusado”. Ele alega que estaria sofrendo cerceamentoao seu direito de ampla defesa.DecisãoPara negar o mérito do HC, Menezes Direito manteve os mesmos fundamentos que o levaram a rejeitar aliminar. Para o ministro, a decisão do juiz federal, que indeferiu o requerimento de perícia, foidevidamente fundamentada em dois requisitos principais: “não ser pertinente nem concludente para odeslinde do caso”, concluiu o ministro. O ministro frisou, ainda, que a decisão do Superior Tribunal deJustiça (STJ), que negou HC lá impetrado com o mesmo pedido, foi acertada. Segundo o STJ, “não ocorrecerceamento de defesa nas hipóteses em que o juiz reputa suficientes as provas colhidas durante ainstrução, não estando obrigado a realizar outras provas com a finalidade de melhor esclarecer a tesedefensiva do réu, quando, dentro do seu livre convencimento motivado, tenha encontrado elementosprobatórios suficientes para a sua convicção”.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Negado HC a policial civil acusado de assassinato dentro da delegacia

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, na tarde desta terça-feira (10), pedido deHabeas Corpus (HC 95885) em favor do policial civil I.N.F.S., acusado pela morte de Francisco PaivaCardoso em outubro de 2007. O crime teria acontecido dentro da delegacia de polícia onde I.N.trabalhava, no município de Ariquemes, em Rondônia. De acordo com o relator, ministro Carlos AlbertoMenezes Direito, o decreto de prisão preventiva está bem fundamentado, descrevendo os fundamentosnecessários para a manutenção de sua custódia, conforme previsto no artigo 312 do Código de ProcessoPenal. A gravidade do delito e a periculosidade do acusado foram elementos apontados pelos ministros daPrimeira Turma para manter a prisão preventiva do policial civil. O HC, negado pela Primeira Turma do

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STF, foi ajuizado contra decisão negativa do Superior Tribunal de Justiça, que entendeu que “amanutenção da custódia cautelar foi motivada na necessidade da segregação do acusado para sepreservar a ordem pública, em razão de sua periculosidade, pois ao invés de exercer a função para qualfoi investido (policial civil), ou seja, proteger a sociedade, cometeu crime gravíssimo nas dependências deseu local de trabalho”.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 1ª Turma concede cinco Habeas Corpus sobre prisão civil por dívida

Decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) mantém soltos o ex-presidente daAssociação Comercial e Empresarial de Ribeirão Preto (ADIRP), A.M, e a comerciante I.D.M., ambosacusados de serem depositários infiéis. Ao julgar em conjunto os Habeas Corpus (HCs) 92356 e 94013, osministros aplicaram entendimento da Corte no sentido de que apenas cabe prisão civil pelo nãopagamento de pensão alimentícia. O empresário A.M., residente nos Estados Unidos, tem no Brasil prisãocivil decretada contra ele pela acusação de depositário infiel. No HC 92356, ele pedia para vir ao Brasil,sem ser preso, para participar do casamento de sua filha única e visitar sua mãe, com mais de 80 anosde idade e com sérios problemas de saúde. Já no HC 94013, a comerciante I.D.M. teve ordem de prisãocivil decretada pela Segunda Vara da Fazenda da Comarca de São José dos Campos (SP). Ela teria sidoconvocada a apresentar em juízo dois automóveis novos da marca Fiat, ou o equivalente em dinheiro, sobpena de prisão. Nas duas ações, o ministro Carlos Ayres Britto (relator) concedeu liminar suspendendo aeficácia da ordem de prisão civil. Durante o julgamento realizado nesta terça-feira (10), o relator aplicouorientação do Plenário no sentido da inconstitucionalidade da prisão civil do depositário infiel. O tema foianalisado pelo STF no Recurso Extraordinário 466343 e no HC 87585. O “Supremo somente autoriza aprisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de prestação alimentícia”,salientou Ayres Britto.HCs 94523, 94935 e 95170Outros três habeas corpus, com situação igual à dos anteriores, também foram concedidos pela Turma. Oministro Carlos Ayres Britto aplicou, do mesmo modo, a recente orientação plenária de que apenasautoriza a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de prestaçãoalimentícia, nos termos do inciso LVIII, do artigo 5º, da Constituição Federal. O relator não conheceu dostrês habeas, mas concedeu a ordem de ofício superando a Súmula 691, do STF. A Súmula 691 impede aanálise de habeas corpus contra decisões de ministros de cortes superiores que negam liminares.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 2ª Turma anula parte de processo contra ex-presidente do Cofen por falta de ampla defesa

Por votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta terça-feira(10), o Habeas Corpus (HC) 91501, anulando, desde a fase de oitiva de testemunhas, o processo porcrime contra a administração pública em curso contra o ex-presidente do Conselho Federal deEnfermagem (Cofen) Gilberto Linhares Teixeira, na 6ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, porcrime contra a administração pública. No processo, que deu entrada no STF em maio de 2007, Teixeirateve negada liminar em agosto daquele mesmo ano, pelo então relator, ministro Gilmar Mendes. Ele seinsurgia contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de negar HC contendo pedido semelhante.Posteriormente, a relatoria foi assumida pelo ministro Eros Grau que, em junho do ano passado, negou opedido, em julgamento na Segunda Turma, sendo acompanhado pelo ministro Joaquim Barbosa.Entretanto, naquela data pediu vista do processo o ministro Cezar Peluso, que hoje o trouxe de volta parajulgamento. O ministro manifestou-se pelo deferimento do HC, no sentido de que sejam anuladas todasas fases do processo, desde, inclusive, a inquirição de uma testemunha ouvida por carta precatória, emBelém (PA).Impossibilidade de defesaPeluso lembrou que o juízo de origem do processo – a 6ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro –expediu, em 22 de abril de 2005, carta precatória à Justiça Federal no Pará para que fosse ouvida atestemunha de defesa Maria Lúcia Martins Tavares. Entretanto, argumentou, entre a data de intimação dodefensor de Linhares Teixeira, constituído no Rio de Janeiro, e a oitiva, em Belém do Pará, “da principaltestemunha de defesa”, foi concedido prazo de apenas 10 dias corridos, ou sete dias úteis. E isso,segundo ele, inviabilizou o comparecimento do advogado do réu. Diante disso, foi nomeado um defensorad hoc “para atuar no momento culminante da instrução do processo, cuja inicial continha mais de 400páginas”. “Em tais condições, a nomeação do defensor dativo satisfez apenas formalmente à exigência dedefesa técnica no processo”, sustentou Peluso. “Mas é inconcebível que o advogado não tenha tidocondições de atuar de maneira eficiente e efetiva em benefício do acusado. Por essa razão, estouconcedendo a ordem para anular o processo desde a oitiva, por carta precatória, da testemunha Maria

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Lúcia Martins Tavares, inclusive.” Diante desses argumentos, os ministros Joaquim Barbosa e Eros Graudecidiram mudar seu voto e acompanhar o do ministro Cezar Peluso. Também o ministro Celso de Mellovotou nesse sentido, tornando unânime a decisão da Turma.O caso Gilberto Linhares Teixeira foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), juntamente com 48corréus, pela suposta prática de crime contra a administração pública, na condição de funcionário públicona época dos fatos, como incurso nos artigos 312 (apropriar-se de bem público em função do cargo),combinado com os artigos 327, § 2º (ocupante de cargo comissionado); 312, combinado com o artigo288 (formação de quadrilha); 299 (falsidade ideológica); 304 (uso de documento falso) e 321 (advocaciaadministrativa), todos do Código Penal; artigos 89, 90, 92 e 96, inciso I (fraudes em licitações), todos daLei no 8.666/1993; art. 10, da Lei no 9.269/1996 (roubo e extorsão), e artigo 1o, inciso V, c/c § 4º, daLei 9.613/1998 (lavagem ou ocultação de bens ou dinheiro). Na denúncia do processo em curso naJustiça de primeiro grau, o Ministério Público Federal afirma que Linhares Teixeira seria o “principal líderda organização criminosa” e “mais importante articulador das fraudes ocorridas no Cofen nos últimos dezanos”. Acusa-o, ainda, de ser o “principal articulador do esquema de desvio de recursos da Autarquia(Cofen), mediante a formulação de prévio ajuste com os denunciados que representavam empresas nosprocedimentos de licitação fraudulentos do Cofen”. Ainda segundo o MPF, seria ele o “maior organizadorda quadrilha” e teria efetuado “a distribuição de tarefas aos demais denunciados, cabendo-lhe também amaior parte dos rendimentos ilícitos obtidos”. Com um total de 28 HCs impetrados no STF, GilbertoLinhares Teixeira é um dos autores de maior número de processos, desta natureza, propostos à CorteSuprema.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 1ª Turma segue entendimento do Plenário quanto à ilegalidade da execução provisória da penaA decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde da última quinta-feira (5),reconhecendo o direito do condenado de recorrer em liberdade, já se estabeleceu como precedente paracasos semelhantes na Primeira Turma. Os ministros aplicaram, por unanimidade, o entendimento docolegiado maior em dois processos julgados durante a sessão desta terça-feira (10). Nesse sentido, aPrimeira Turma concedeu dois habeas corpus (HC 94778 e 93062) na linha do entendimento de que não élegal a execução da pena antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Os processos, relatadospelo ministro Carlos Ayres Britto, buscavam a expedição de alvará de soltura, tendo em vista adecretação da prisão após condenação confirmada em segundo grau. Ao conceder a ordem, em ambos oscasos, o ministro Ayres Britto ressaltou que o Plenário reconheceu, na última quinta-feira, que “acondenação em segundo grau não opera automaticamente” e que a pena só pode começar a sercumprida depois do trânsito em julgado da condenação, quando não couber mais qualquer tipo deapelação ou recurso. Presunção de inocênciaNo HC 94778, G.J.M., condenado no Espírito Santo a mais de cinco anos por roubo com uso deviolência, sentença confirmada em segunda instância, questiona a determinação de sua imediata prisãopelo Tribunal de Justiça estadual, alegando que ainda seriam cabíveis os recursos excepcionais – especialou extraordinário. A expedição do mandado de prisão, neste caso, “afronta o princípio constitucional dapresunção da inocência”, sustenta a defesa de G.J. Condenado por extorsão a mais de seis anos deprisão, L.G.A.M. impetrou no Supremo o HC 96062, alegando que a decisão do Tribunal de Justiça deMinas Gerais, de negar apelação de sua defesa e determinar sua prisão, é inconstitucional. Isso porque adefesa já teria interposto um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça e, portanto, com base napresunção de inocência, a condenação ainda não teria transitado em julgado.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 2ª Turma mantém sentença de 16 anos contra PM condenado por extorsão mediante sequestroPor unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve hoje (10) a sentençaque condenou a 16 anos e três meses de reclusão um policial militar acusado de extorsão mediantesequestro qualificado. A defesa do PM contestou a sentença condenatória por meio de Habeas Corpus (HC90045), que foi indeferido nesta tarde. Segundo o relator da matéria, ministro Joaquim Barbosa, osrequisitos legais para a fixação da pena base do militar foram devidamente respeitados na sentença.Barbosa acrescentou que a aplicação da pena base acima do mínimo legal levou em conta ascircunstâncias e consequências do ato criminoso e o fato de o acusado ser um policial militar e estar emserviço durante o delito. Em novembro de 2006, o ministro já havia negado o pedido de liminar sob oargumento de que o policial poderia aguardar o julgamento final do habeas corpus sem que issorepresentasse maior dano à sua liberdade.

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AcusaçãoO policial militar e outros dois colegas foram acusados de extorquir dinheiro de uma família de turistasmineiros, abordada em uma suposta blitz na cidade do Rio de Janeiro, em 2000. O crime ocorreu napresença do filho do casal, com três anos há época, fato que foi somado ao cálculo da pena. Além daextorsão, consta na denúncia que mulher e filho foram mantidos privados de sua liberdade em um postopolicial da Barra da Tijuca. Eles somente teriam sido libertados após a mulher assinar oito cheques novalor de R$ 1 mil.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 1ª Turma: Alegação de legítima defesa deve ser analisada pelo Tribunal do Júri

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de Habeas Corpus(HC 95534) a S.D.S., denunciado juntamente com seu filho pelo crime de homicídio. Fazendeiro eagricultor no município goiano de Niquelândia, ele alegava que teria agido em legítima defesa e, por isso,pretendia ser absolvido. Em 31 de julho de 1997, S.D.S. foi atacado por E.G.S. com uma espingarda eposteriormente com um revólver calibre 32, sendo atingido pelas costas, ocasionando uma luta corporal.Conforme a defesa, E.G.S. dominava S.D.S. a fim de matá-lo quando o filho da vítima, T.C.D.C.,assassinou o agressor disparando tiros contra ele, em legítima defesa de terceiro, no caso, seu própriopai. Assim, os advogados pediam absolvição do agricultor. Os ministros da Primeira Turma analisaramdois aspectos, sendo o primeiro quanto ao desaforamento, isto é, pedido de troca do foro parajulgamento do habeas corpus. A defesa pretendia que S.D.S. fosse julgado em comarca próxima aNiquelândia, município em que o acusado reside. No entanto, este ponto não foi aceito pelo relator,ministro Menezes Direito, por não ter sido analisado na origem e nem no Superior Tribunal de Justiça(STJ), o que ocasionaria dupla supressão de instância. Menezes Direito ressaltou que o caso refere-se àdisputa de terras em que se questiona a moderação do uso de armas de fogo pelos acusados em relaçãoà vítima, que por sua vez também os teria agredido. Segundo ele, a vítima deu um tiro, tendo havidouma luta corporal em que o acusado conseguiu obter a arma da vítima, dando duas coronhadas nacabeça de seu agressor. O filho do acusado pegou uma espingarda e atirou na vítima, que veio a falecer.Dessa forma, quanto ao pedido de absolvição, o relator entendeu que a hipótese deve ser analisada peloTribunal do Júri, uma vez que a questão fundamental é saber se esse tipo de reação foi moderada ou nãoa justificar a absolvição. “Na minha compreensão isso não é matéria a ser examinada no habeas corpus,deve ser examinado concretamente no Tribunal do Júri”, avaliou o ministro Menezes Direito. “Não temoscondições, na via do habeas corpus, para dizer se houve moderação ou não com relação à reação dopaciente que foi atacado em primeiro lugar pela vítima”, explicou. A Turma conheceu do HC em parte,apenas com relação à matéria de fundo relativa à absolvição e, nessa parte, negou o pedido.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Genéricos 10 anos depois: STF deve julgar ações sobre fornecimento de remédios (republicada

em 12/2 às 16h10) Nesta terça-feira, 10 de fevereiro de 2009, a lei que criou os medicamentos genéricos (Lei 9.787/99)completa 10 anos. Nesse período, algumas ações foram ajuizadas no Supremo Tribunal Federal (STF) afim de regularizar o fornecimento de remédios e a utilização de nomes genéricos em produtosfarmacêuticos. Um exemplo é a Suspensão de Segurança (SS) 3263, que desobrigou o estado de Goiás afornecer os medicamentos Synarel, Gonal e Ovidrel para uma paciente portadora de infertilidadefeminina. A ação foi impetrada no STF contra liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do estado (TJ-GO), que determinou o fornecimento gratuito dos medicamentos. Outras duas ações semelhantes (SS3158 e SS 3205) foram decididas pela ministra Ellen Gracie que obrigou os estados do Rio Grande doNorte e Amazonas a continuar fornecendo medicamentos a duas portadoras de doenças graves quenecessitam de remédios que não constam da Portaria 1318, do Ministério da Saúde – Programa deMedicamentos Excepcionais. Os estados pediam para não cumprir a determinação dos respectivostribunais de justiça. Há também a Suspensão de Tutela Antecipada (STA) 211, em que a União contestadecisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região que determinou que fosse concedida assistênciaintegral depois do diagnóstico do autor da ação, portador de patologia que ocasiona graves danos à saúdee à vida, promovendo o pagamento dos exames que deveriam ser realizados no exterior. A AGU pede quetal obrigação seja suspensa, uma vez que cumpri-la acarretaria em grave lesão à ordem pública, poisdiminui a possibilidade de serem oferecidos à população em geral ações e serviços de saúde básicos.A relatora da ação, ministra Ellen Gracie, considerou que por ser menor de idade e sem condiçõesfinanceiras para custear todos os exames necessários que não são feitos no Brasil o benefício deveria sermantido. Com isso, negou o pedido da União para suspendê-lo. Com a redistribuição dos processos queestavam sob a relatoria da ministra, enquanto era presidente do STF, ao ministro Gilmar Mendes, atual

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presidente, este é o novo relator do tema. Em 2009, há previsão de que seja realizada a quarta audiênciapública no âmbito do STF em que se discutirá a saúde no Brasil. O presidente da Corte, ministro GilmarMendes, deve conduzir a discussão do tema.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Ministro Menezes Direito nega HC a acusado de pedofilia em Roraima

O ministro Carlos Alberto Menezes Direito, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu pedido de liminarformulado pelo comerciante V.Q.S., preso preventivamente desde 6 de junho do ano passado por ordemda Segunda Vara Criminal da Comarca de Roraima, sob acusação de integrar uma rede de pedofiliadesbaratada pela Polícia Federal naquele estado. Ele pede no Habeas Corpus (HC) 97273, impetrado noSTF, a superação dos obstáculos da Súmula 691/STF e consequente relaxamento da ordem de prisão,alegando constrangimento ilegal. V.Q.S. foi preso juntamente com outras nove pessoas acusadas deintegrar a rede de pedofilia, todas elas indiciadas pelos crimes previstos no artigo 213, combinado com oartigo 224 “a” e 288 (estupro contra menor de 14 anos, submeter criança ou adolescente à prostituição eformação de quadrilha), todos eles do Código Penal. No HC, ele questiona negativas do Tribunal deJustiça de Roraima (TJ-RR) e da relatora de igual pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ) de liminarem HC. Em ambos os tribunais foram ratificados, basicamente, os fundamentos da prisão preventivautilizados pelo juízo de primeiro grau para decretar a prisão, previstos no artigo 312 do Código deProcesso Penal. O TJ-RR retirou, no entanto, o fundamento da necessidade da garantia da aplicação da leipenal, mantendo apenas os argumentos da garantia da ordem pública e da instrução criminal. Ao negar opedido de liminar, a relatora do habeas no STJ observou, entre outros, que o pedido, na forma comorequerido, “consubstancia-se em pedido eminentemente satisfativo, incabível em HC”.AlegaçõesA defesa alega que o juízo de primeiro grau, ao manter a prisão preventiva, não teria indicado nenhumato praticado efetivamente por V.Q.S. para obstruir a instrução processual, que prejudicasse a aplicaçãoda lei penal ou que atentasse contra a ordem pública. Afirma que a prisão do empresário foi mantida emrazão de suspeita de ter ele coagido, por intermédio de outrem, algumas das vítimas no curso deprocesso, baseando-se tão somente em afirmações destas. Além disso, alega tratamento desigual,porquanto outros quatro corréus no mesmo processo já teriam obtido alvará de soltura.DecisãoAo negar o pedido de liminar, o ministro Menezes Direito observou que ”não há como ter-se pordesprovida de fundamentação ou teratológica a decisão que entende não haver elementos suficientes,demonstrados de plano para o deferimento da liminar”. Também, segundo ele, a defesa está trazendo aoSTF questões não analisadas definitivamente pelo STJ, que ainda não julgou o mérito do HC lá impetrado.Ademais, segundo ele, em uma análise do decreto prisional, “efetivada em juízo de estrita deliberação,não existiria, na espécie, fundamento para justificar, ao menos em sede de cognição sumária, a privaçãoprocessual de liberdade do paciente, porque revestida da necessária cautelaridade”. Desde já, no entanto,o ministro observou que estava adotando a decisão, sem prejuízo de exame mais detido quando dojulgamento do mérito do HC. Súmula 691 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer dehabeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,indefere a liminar.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Réus do mensalão devem desembolsar R$ 19 milhões para que testemunhas sejam ouvidas no

exterior Apenas a tradução das cartas rogatórias, incluindo-se os autos da Ação Penal (AP) 470, para que juízesestrangeiros possam ouvir as testemunhas da defesa que residem no exterior e realizarem melhor acolheita de provas – custaria R$ 19,187 milhões às defesas dos réus, que teriam de adiantar esse valorpara viabilizar a realização de diligências. Com esse argumento, o ministro Joaquim Barbosa determinou adez réus do processo conhecido como mensalão que demonstrem a “imprescindibilidade” dosdepoimentos de testemunhas arroladas que residem no exterior – mais especificamente nos EstadosUnidos, Bahamas, Argentina e Portugal. O acesso aos autos para os juízes que estão no Brasil vem sendofeito em meio magnético, disse o ministro. “Já para os juízes rogados (estrangeiros), este simples enviodos CD-Roms com cópia dos autos não seria suficiente, diante da necessidade de tradução”, explicouJoaquim Barbosa. Tendo em vista exatamente o “custo astronômico” do processamento de cartasrogatórias em um processo da dimensão da Ação Penal 470, o despacho, datado da última sexta-feira(6), dá cinco dias para que os réus digam se querem manter o depoimento dessas testemunhas quemoram no exterior. Se a resposta for positiva, o ministro pede que seja demonstrado qual oconhecimento que essas testemunhas têm dos fatos e a colaboração que podem prestar para o processo.

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O ministro pede, por fim,que os réus se manifestem sobre alternativas legais para que essas testemunhassejam ouvidas, “por via menos dispendiosa como, por exemplo, optando por sua oitiva no Brasil, atravésdo pagamento de passagens de ida e volta para as mesmas”. Fase do processo : Encerrados osdepoimentos das testemunhas de acusação, o processo entra agora na fase em que serão ouvidas astestemunhas de defesa dos 39 réus do processo. O ministro baseou seu despacho na Lei 11.900/09, queincluiu o artigo 222-A ao Código de Processo Penal, determinando que “as cartas rogatórias só serãoexpedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com oscustos de envio”.

Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009 Mantida prisão de piloto acusado de jogar 48 Kg de cocaína em fazenda

A ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu o pedido liminar em Habeas Corpus(HC 97579) impetrado em favor do piloto G.R., preso em flagrante em 1º de julho de 2007 em MarechalRondon (PR), após ser flagrado jogando 48 quilos de cocaína da aeronave por ele pilotada em umapropriedade rural localizada no município de Rosário Oeste, em Mato Grosso. Segundo a ministra, “nostermos dos artigos 5º, XLIII, da Constituição Federal, e 44, caput, da Lei 11.343/06, o crime de tráficoilícito de drogas não admite a concessão de liberdade provisória”. Em sua decisão, ela cita diversosprecedentes do STF nesse sentido e acrescenta que “primariedade, bons antecedentes, residência fixa eprofissão lícita são circunstâncias que, por si sós, não afastam a possibilidade da [prisão] preventiva”.Ellen Gracie afirma ainda que as razões da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para manter aprisão do piloto “mostram-se relevantes e, num primeiro exame, sobrepõem-se aos argumentos lançadosno [habeas corpus]”. O pedido ainda será julgado em definitivo pela Segunda Turma do STF. Não háprevisão de data. Falta de fundamentação: A defesa alega que o juiz da 5ª Vara da Justiça Federalem Mato Grosso transformou a prisão em flagrante em prisão preventiva sem a devida justificaçãoexigida pelo artigo 312 do Código de Processo Penal (CPP). A decisão foi ratificada pelo STJ ao negarpedido de habeas corpus ao piloto. No Supremo, a defesa sustenta constrangimento ilegal em virtude deviolação ao artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal (CF), segundo o qual “ninguém será preso senãoem flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”.Requisitos da prisão preventiva (art. 312 do CPP) : Para que uma prisão preventiva seja decretadaela deve ter como fundamento um dos requisitos presentes no artigo 312 do Código de Processo Penal.Os requisitos que autorizam a decretação da prisão são: garantir a ordem pública e a ordem econômica;por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, ou seja, por exemplo:impedir que o réu continue praticando crimes; impossibilitar a destruição de provas ou ameaça detestemunhas e, ainda, evitar a fuga do processado, respectivamente.

Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2009 Cassada decisão que permitiu dispensa imotivada de servidor público em estágio probatório

Todo servidor público tem direito ao devido processo administrativo antes de ser demitido, mesmo queainda esteja em estágio probatório. Com essa tese, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) RicardoLewandowski cassou decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que entendeu válida a dispensaimotivada de servidor público ainda em estágio probatório, sob o argumento de que este ainda nãogozava de direito à estabilidade. No caso, o funcionário trabalhava no Departamento Autônomo de Água eEsgoto de Araraquara, em São Paulo. Ele recorreu da decisão do TST por meio de um RecursoExtraordinário (RE 594040), que foi provido pelo ministro. Segundo Lewandowski, a decisão do TST estáem confronto com a jurisprudência do Supremo. Ele cita diversos julgamentos da Corte, em especial o doRE 223904, no qual o Supremo concluiu que “é necessário o devido processo administrativo, em que segaranta o contraditório e a ampla defesa, para a demissão de servidores públicos, mesmo que nãoestáveis”. Lewandowski acrescenta que o entendimento do TST afronta a Súmula 21 do STF. O verbetedetermina que o “funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquéritoou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade”.

Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2009 ADI que contestava teto de salários do MPU é arquivada

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, determinou o arquivamento da AçãoDireta de Inconstitucionalidade (ADI) 4184 porque, segundo ele, o Sindicato Nacional dos Servidores doMinistério Público da União (SINASEMPU) não teria legitimidade ativa para propor a ADI. “É que,conforme o artigo 103, IX, da Constituição, é legítima para propor ADI confederação sindical ou entidadede classe de âmbito nacional”, escreveu o ministro na decisão. A ADI 4184 foi ajuizada contra o artigo 19da Lei 11.415/06, que fixa os valores da remuneração dos servidores do Ministério Público da União

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(MPU) em até 80% do subsídio pago ao procurador-geral da República. De acordo como o SINASEMPU, alei estaria ferindo a Constituição porque o único teto estabelecido por ela é o que corresponde aos saláriosdos ministros do Supremo Tribunal Federal, como explicitado no seu artigo 37. Além disso, a Lei11.415/06 estaria provocando a redução dos salários da carreira, o que também seria inconstitucional. Otexto da ADI arquivada argumenta que “o artigo 37, XI, da CF/88 perfez verdadeira garantiaconstitucional de que a remuneração dos servidores, ao mesmo tempo que não pode exceder ao teto,também pode corresponder ao teto, ou seja, garantiu que os vencimentos dos servidores possam chegaraté aquele valor estabelecido pela Constituição”.

Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2009 Arquivada reclamação ajuizada contra provimento de vagas em cartório do Paraná

O ministro Gilmar Mendes arquivou Reclamação (Rcl 7555) ajuizada pelo oficial designado do Cartório deRegistro de Imóveis da comarca de Rebouças, no interior do Paraná, José Carlos Leandro. Ele pedia paraexcluir o cartório da listagem de serventias vagas a serem preenchidas por aprovados em concursopúblico do Tribunal de Justiça do estado. Na ação, proposta com pedido de liminar no Supremo TribunalFederal (STF), o reclamante afirma que passou a desempenhar as funções de oficial designado pordecisão da direção do Fórum da Comarca de Rebouças em 1998, tendo desempenhado essa atividadedesde então. No segundo semestre de 2007, o Poder Judiciário estadual publicou edital de concursopúblico para ingresso de servidores na atividade notarial e de registro do Paraná. O edital incluiu oCartório de Registro de Imóveis de Rebouças na lista dos locais onde havia vagas a serem ocupadas.DecisãoDe acordo com o ministro, no julgamento da Reclamação 447 o Plenário do Supremo fixou entendimentono sentido de “ser incabível a reclamação quando se alega descumprimento de decisão tomada em sedede recurso extraordinário de que o reclamante não tenha sido parte”. O relator lembrou que, no mesmosentido, há diversos outros precedentes que seguiram a orientação do Plenário, tais como as Reclamações2723, 3740, 4007, entre outros. Mendes verificou que, no caso dos autos, José Carlos Leandro não foiparte no Agravo de Instrumento (AI) 373519, por isso não possui legitimidade para solicitar adesconstituição de atos jurídicos por suposta afronta àquela decisão. “Ademais, ao contrário do queaventado na petição inicial, o caso não sugere qualquer aplicação da tese da eficácia vinculante dosfundamentos determinantes ou do que defendido em voto na RCL 4.335/AC”, afirmou o ministro GilmarMendes, ao arquivar a reclamação.

Segunda-feira, 09 de Fevereiro de 2009 Indeferida liminar a acusados de planejar sequestro da família de coordenador de presídio

paulista Liminar solicitada pela defesa dos presidiários M.H.E. e M.A.S., a fim de serem liberados do RegimeDisciplinar Diferenciado (RDD), foi negada pela ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF).Eles estão submetidos ao regime desde 1º de março de 2008. Os dois foram acusados de tentaremsequestrar parentes do coordenador dos presídios do oeste do estado de São Paulo e também de outrosdiretores de penitenciárias para então negociar a libertação de presos. O plano teria sido descobertodepois de uma investigação policial, que conseguiu evitar os sequestros. Ao analisar o Habeas Corpus (HC97607), a ministra ressaltou que a decisão contestada, proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ),não considerou a fumaça do bom direito (fumus boni iuris) como solicitado liminarmente pela defesa.Ellen Gracie lembrou que, na oportunidade, o STJ considerou que o pedido urgente “confunde-se com opróprio mérito da impetração, cuja análise competirá ao órgão colegiado, no momento oportuno”. Arelatora frisou que a aplicação da Súmula 691*, do STF, tem sido abrandada por julgados da Corteapenas em hipóteses excepcionais de flagrante ilegalidade ou abuso de poder na denegação da tutela deeficácia imediata. Contudo, a ministra Ellen Gracie entendeu que, no caso, não há a presença de qualquerum dos pressupostos que autorizam o afastamento da orientação contida na Súmula, sob pena desupressão de instância. * Súmula 691 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relatorque, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

Sexta-feira, 06 de Fevereiro de 2009 MPF defende arquivamento de ação contra portaria que proíbe importação de pneus usados

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, defendeu o arquivamento da Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI 3939) proposta pelo governador do Paraná, Roberto Requião, contra o caputdo artigo 41 da Portaria n° 35/2006, da Secretaria de Comércio Exterior, que proíbe a importação depneus recauchutados e usados. Segundo Antonio Fernando, falta ao governador legitimidade e interesse

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processual para propor a ação. Ele afirma, na linha de parecer dado pela Advocacia-Geral da União(AGU), que Requião deveria ter demonstrado o interesse específico do estado do Paraná na questão, oque não é feito na ação direta de inconstitucionalidade. Com relação à falta de interesse processual, oprocurador-geral explica que mesmo com a declaração de inconstitucionalidade do dispositivoquestionado, o impedimento da importação de pneus usados subsistiria por força de outros dispositivoslegais, como o artigo 7-A do Decreto 3.179/99 e diversas resoluções do Conama (Conselho Nacional doMeio Ambiente) editadas a partir de 1996.Mérito Caso o STF decida julgar o mérito do pedido de Requião, Antonio Fernando defende que este sejaconsiderado improcedente. Segundo ele, a proibição das importações de pneus usados pelo Brasil deveser compreendida como política concebida para proteger a saúde pública e o meio ambiente, ao evitar atransferência de despejos de outros países para o território brasileiro. “Há vivo debate nas arenaspúblicas quanto aos resíduos de pneus não mais sujeitos à utilização. Esse produto, deteriorado, constituium dos fervilhantes problemas ambientais e de saúde pública identificados nos últimos tempos. Ao finalde sua vida útil, os pneus tornam-se resto, de dificílimo reaproveitamento ou destruição”, observa oprocurador-geral no parecer. Ele aproveita para rechaçar todos os argumentos apresentados por Requiãocontra a norma. Entre eles está o da ilegitimidade da Secretaria de Comércio Exterior para exercer afiscalização e o controle do comércio exterior por meio de portarias como a que está em análise. Deacordo com Antonio Fernando, quando a Constituição Federal atribui essa competência ao Ministério daFazenda, no artigo 237, está a determinar, na verdade, que a tarefa seja desenvolvida pelo Executivo,em esfera ministerial: “A referência textual ao Ministério da Fazenda deu-se, tão-somente, em razão deque, ao tempo de sua entrada em vigor, tais faculdades já ficavam a cargo desse órgão”, justifica. Oprocurador-geral também adverte que, ao contrário do afirmado por Requião, a portaria objeto da açãonão legisla sobre matéria de competência do Congresso Nacional, porque não promove inovações noordenamento jurídico. Para ele, a Secretaria de Comércio Exterior agiu “nos estritos limites de suacompetência regulatória, nos quais se inclui a possibilidade de restringir o ingresso de determinados bensno território nacional, atuação esta que, por sua própria essência, demanda a agilidade que lhe épeculiar”. Por fim, Antonio Fernando ressalta que é improcedente a tese de desrespeito ao postulado daisonomia, baseada no fato de serem permitidas as importações de pneus usados vindos dos países doMercosul. De acordo com ele, não há dúvidas de que o governo federal tem como objetivo regulamentaro tema de forma igualitária, mas “a matéria envolve interesses contrapostos em âmbito internacional, oque leva o Brasil a travar verdadeiras batalhas junto aos organismos competentes e, consequentemente,a obter vitórias e derrotas”. O parecer vai ser analisado pela ministra Carmén Lúcia, relatora da ação noSTF, que também analisa a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 101, propostapelo presidente da República contra decisões judiciais que, em todo o país, autorizaram a importação depneus usados. Sobre o mesmo tema, também está em curso no STF a ADI 3938, de relatoria do ministroCarlos Ayres Britto. Em todos esses processos, o Ministério Público Federal (STF) já se manifestoucontrariamente à importação de pneus usados.

Sexta-feira, 06 de Fevereiro de 2009 Indeferida liminar a acusado de fraude na construção do TRT-SP

José Eduardo Correa Teixeira Ferraz, sócio da antiga construtora Incal S/A, encarregada da construção doTribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-2ª Região) teve liminar negada pelo Supremo TribunalFederal. Ao impetrar, no STF, o Habeas Corpus (HC) 97293, ele pretendia anular julgamento de outrohabeas corpus em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ). José Eduardo Ferraz foi denunciado,juntamente com Fábio Monteiro de Barros, Nicolau dos Santos Neto, Luiz Estevão e outros, pela práticados crimes de estelionato contra entidade de direito público, quadrilha, uso de documento falso, peculato,corrupção ativa. A acusação é de que eles teriam supostamente desviado verbas públicas ao fraudar, emtese, licitação referente à construção do prédio do Fórum Trabalhista. Segundo a defesa, o pedido deanulação do julgamento de um habeas pelo STJ deveu-se à nítida ofensa aos princípios da ampla defesa,do contraditório e do devido processo legal, “restabelecendo os efeitos da liminar anteriormenteconcedida”. Os advogados pediam, ainda, para que fosse determinado novo julgamento, devendo serresguardado o direito de a defesa manifestar-se só após o pronunciamento do Ministério Público Federal(MPF). A relatora do HC, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, considerou que, além de o caso nãoapresentar iminência de constrangimento à liberdade de locomoção, também não se verifica, de plano,plausibilidade jurídica dos fundamentos apresentados na inicial. Isso porque, conforme a ministra, oartigo 252, inciso III, do Código de Processo Penal* “não preceitua qualquer ilegalidade em razão do juízode admissibilidade dos recursos especial e extraordinário ser realizado pelo juiz que julgou o recurso deapelação criminal”. Cármen Lúcia disse, ainda, que os regimentos internos do STJ e do STF** asseguram

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a primeira sustentação oral ao acusado e não ao Ministério Público, nas sessões do Plenário e dasTurmas**, “o que basta para evidenciar a ausência plausibilidade jurídica da presente ação”.

Quinta-feira, 05 de Fevereiro de 2009 Supremo garante a condenado o direito de recorrer em liberdade

Por sete votos a quatro, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, nesta quinta-feira (5), oHabeas Corpus (HC) 84078 para permitir a Omar Coelho Vítor – condenado pelo Tribunal do Júri daComarca de Passos (MG) à pena de sete anos e seis meses de reclusão, em regime inicialmente fechado–que recorra dessa condenação, aos tribunais superiores, em liberdade. Ele foi julgado por tentativa dehomicídio duplamente qualificado (artigos 121, parágrafo 2º, inciso IV, e 14, inciso II, do Código Penal).Antes da subida do Recurso Especial (REsp) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Ministério Público deMinas Gerais pediu ao Tribunal de Justiça daquele estado a decretação da prisão, uma vez que o réu,conhecido produtor de leite da região, estava colocando à venda, em leilão, seu rebanho holandês e suasmáquinas agrícolas e equipamentos de leite. Esse fato, segundo o MP mineiro, estaria a demonstrar seuintuito de se furtar à aplicação da lei penal. O 1º Vice-Presidente do TJ-MG acolheu as ponderações do MPestadual e decretou a prisão. Como o REsp ainda não foi julgado e Vitor corre o risco de a ordem deprisão ser cumprida, ele impetrou habeas no STF, pedindo a suspensão da execução da pena. Tambémpediu que não se aplicasse a norma (artigo 637 do Código de Processo Penal) segundo a qual o recursoextraordinário não tem efeito suspensivo.O processo foi trazido de volta a julgamento pelo ministro Menezes Direito, que pediu vista do processoem abril do ano passado, quando o relator, ministro Eros Grau, já havia votado pela concessão do HC.O processo deu entrada em março de 2004, tendo naquele mês o então relator, ministro Nelson Jobim(aposentado), negado e posteriormente concedido liminar. Ele mudou de posição diante da explicaçãode Omar Coelho de que vendera seu rebanho de leite para mudar de ramo de negócios. O caso começoua ser julgado na Segunda Turma do STF, que decidiu afetá-lo ao Plenário, que iniciou seu julgamento emabril do ano passado, quando Menezes Direito pediu vista.O processo provocou prolongados debates, tendo de um lado, além de Eros Grau, os ministros Celso deMello, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio, quevotaram pela concessão do HC. Foram vencidos os ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia AntunesRocha, Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, que o negaram. Prevaleceu a tese de que a prisão de OmarCoelho Vitor, antes da sentença condenatória transitada em julgado, contrariaria o artigo 5º, inciso LVII,da Constituição Federal (CF), segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o trânsito emjulgado de sentença penal condenatória”. Já os ministros Menezes Direito e Joaquim Barbosa sustentaramque o esgotamento de matéria penal de fato se dá nas instâncias ordinárias e que os recursosencaminhados ao STJ e STF não têm "efeito suspensivo" (quando se suspende a sentença condenatória,no caso). Menezes Direito e Ellen Gracie sustentaram, também, que a Convenção Americana de DireitosHumanos (Pacto de San José da Costa Rica, de que o Brasil é signatário) não assegura direito irrestrito derecorrer em liberdade, muito menos até a 4ª instância, como ocorre no Brasil. Afirmaram, ainda, que paísnenhum possui tantas vias recursais quanto o Brasil. Direito citou os Estados Unidos, o Canadá e a Françacomo exemplos de países que admitem o início imediato do cumprimento de sentença condenatória apóso segundo grau. Observaram, ademais, que a execução provisória de sentença condenatória servetambém para proteger o próprio réu e sua família. Esta, entretanto, conforme o ministro Celso de Mello,“não é juridicamente viável em nosso sistema normativo”. Ele admitiu, no entanto, que a prisão cautelarprocessual é admissível, desde que fundamentada com base nos quatro pressupostos previstos no artigo312 do Código de Processo Penal – garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica,conveniência da instrução criminal e garantia da aplicação da lei penal”.Críticas ao sistema penalDurante os debates, o ministro Joaquim Barbosa questionou a eficácia do sistema penal brasileiro. “Seformos aguardar o julgamento de Recursos Especiais (REsp) e Recursos Extraordinários (REs), o processojamais chegará ao fim”, afirmou. “No processo penal, o réu dispõe de recursos de impugnação que nãoexistem no processo civil”, observou ainda Joaquim Barbosa. Segundo ele, em nenhum país há a“generosidade de HCs” existente no Brasil. Ele disse, a propósito, que há réus confessos que nuncapermanecem presos. E citou um exemplo: “Sou relator de um rumoroso processo de São Paulo”, relatou.“Só de um dos réus foram julgados 62 recursos no STF, dezenas de minha relatoria, outros da relatoriado ministro Eros Grau e do ministro Carlos Britto”. “O leque de opções de defesa que o ordenamentojurídico brasileiro oferece ao réu é imenso, inigualável”, afirmou. “Não existe em nenhum país no mundoque ofereça tamanha proteção. Portanto, se resolvermos politicamente – porque esta é uma decisãopolítica que cabe à Corte Suprema decidir – que o réu só deve cumprir a pena esgotados todos os

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recursos, ou seja, até o Recurso Extraordinário julgado por esta Corte, nós temos que assumirpoliticamente o ônus por essa decisão”."Mundo de horrores"Ao proferir seu voto – o último do julgamento – o ministro Gilmar Mendes acompanhou o voto majoritáriodo relator, ministro Eros Grau. Apresentando dados, ele admitiu que a Justiça brasileira é ineficiente, masdisse que o país tem um elevado número de presos – 440 mil. “Eu tenho dados decorrentes da atividadeno Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que são impressionantes. Apesar dessa inefetividade (da Justiça),o Brasil tem um índice bastante alto de presos. São 440 mil presos, dados de 2008, dos quais 189 mil sãopresos provisórios, muitos deles há mais de dois, mais de três anos, como se tem encontrado nessesmutirões do CNJ. E se nós formos olhar por estado, a situação é ainda mais grave. Nós vamos encontrarem alguns estados 80% dos presos nesse estágio provisório [prisão provisória]”. “Nos mutirões realizadospelo CNJ encontraram-se presos no estado Piauí que estavam há mais de três anos presosprovisoriamente sem denúncia apresentada”, relatou ainda o ministro. “No estado do Piauí há até umasingularidade. A Secretaria de Segurança do Estado concebeu um tal inquérito de capa preta, quesignifica que a Polícia diz para a Justiça que não deve soltar aquela pessoa. É um mundo de horrores aJustiça criminal brasileira. Muitas vezes com a conivência da Justiça e do Ministério Público”. “Dos habeascorpus conhecidos no Tribunal, nós tivemos a concessão de 355”, informou o presidente do STF. “Istosignifica mais de um terço dos habeas corpus. Depois de termos passado, portanto, por todas asinstâncias – saindo do juiz de primeiro grau, passando pelos TRFs ou pelos Tribunais de Justiça, passandopelo STJ – nós temos esse índice de concessão de habeas corpus. Entre REs e AIs [agravos deinstrumento] tratando de tema criminal, há 1.749, dos quais 300 interpostos pelo MP. Portanto, não é umnúmero tão expressivo”. “De modo que eu tenho a impressão de que há meios e modos de lidar com estetema a partir da própria visão ampla da prisão preventiva para que, naqueles casos mais graves, e opróprio legislador aqui pode atuar, e eu acho que há propostas nesse sentido de redimensionar o sentidoda prisão preventiva, inclusive para torná-la mais precisa, porque, obviamente, dá para ver que há umabuso da prisão preventiva”, assinalou Gilmar Mendes. “O ministro Celso de Mello tem liderado na Turmalições quanto aos crimes de bagatela. Em geral se encontram pessoas presas no Brasil porque furtaramuma escova de dentes, um chinelo”. “Portanto – concluiu – não se cumprem minimamente aquelacomunicação ao juiz para que ela atenda ou observe os pressupostos da prisão preventiva. A prisão emflagrante só deve ser mantida se de fato estiverem presentes os pressupostos da prisão preventiva. Docontrário, o juiz está obrigado, por força constitucional, a relaxar [a prisão]. De modo que estouabsolutamente certo de que esta é uma decisão histórica e importante do Tribunal.”

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 2009 Mudar jurisprudência sobre lei de refúgios não seria incoerência, diz Celso de Mello

Em conversa com a imprensa na tarde desta quarta-feira (4), o decano do Supremo Tribunal Federal(STF), ministro Celso de Mello, disse entender que não seria nenhuma incoerência uma eventual mudançade jurisprudência da Corte Suprema no caso da Extradição (Ext 1085) do italiano Cesare Battisti.Segundo o ministro, a Corte pode rever entendimentos anteriores. Celso de Mello foi o primeiro relator docaso, que começou a tramitar no Supremo em fevereiro de 2007 (PPE 581). Mas, em outubro de 2007, oministro declarou seu impedimento para atuar no processo, e pediu a redistribuição da Ext 1085. Oministro Cezar Peluso foi o novo sorteado, e passou a cuidar do processo. Com isso, o ministro Celso deMello não deve participar do julgamento. A incoerência mencionada pelos jornalistas seria uma mudançade posição do STF em relação ao caso do padre Oliverio Medina. Isso porque em março de 2007, a Cortearquivou o processo de Extradição contra Medina, depois que o Conare (Comitê Nacional para osRefugiados) concedeu refúgio ao colombiano. Na ocasião, por nove votos a um, a Corte entendeu que aLei 9.474/97 que dispõe sobre refúgio seria constitucional. Mas, de acordo com Celso de Mello, “oSupremo tem procedido a uma ampla reavaliação de sua anterior jurisprudência, e tem dado passossignificativos no sentido de alterar o seu entendimento em diversas matérias”. Como exemplo dealteração jurisprudencial, o ministro citou o julgamento da Extradição 855, do chileno Maurício HernandezNorambuena, realizado pelo Supremo em agosto de 2004. Na ocasião, os ministros mudaram ajurisprudência da Corte, e passaram a entender que não se podia permitir a extradição de ninguém parao cumprimento de pena de prisão perpétua no exterior. Pouco tempo antes dessa decisão, lembrou Celsode Mello, a Corte havia tomado decisões em sentido exatamente oposto, permitindo a extradição paracumprimento de penas perpétuas. Celso de Mello lembrou ainda que o Plenário do STF aproveitou ojulgamento histórico para reafirmar, por unanimidade, o compromisso constitucional da RepúblicaFederativa do Brasil de repúdio ao terrorismo (inciso VIII do artigo 4º da Constituição Federal de 1988).

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Norambuena Norambuena foi condenado no Chile por homicídio e seqüestro, crimes considerados pelo poder judiciáriodaquele país como atos terroristas. Na ocasião, o STF reconheceu que terroristas não devem receber omesmo benefício que a Constituição Federal dá, desde 1934, àquele que comete crimes políticos.Extradição 1085Falando sempre em tese, o ministro disse que no caso de Cesare Battisti, o Plenário deverá analisar,preliminarmente, se a Lei 9.474/97, que dispõe sobre o refúgio, afeta ou não a competênciaconstitucional da Corte para prosseguir na análise dos pedidos de Extradição. Se a lei for consideradaconstitucional, o processo deve ser mesmo encerrado, frisou o ministro. Porém, se os ministrosultrapassarem a questão preliminar, suspendendo a concessão de refúgio por parte do ministro daJustiça, e adentrarem o mérito do caso, prosseguiu o ministro, a Corte deverá discutir, então, a naturezados ilícitos penais pelos quais Battisti foi condenado. Se a Corte entender que os crimes praticados porBattisti não têm índole política, o STF poderá conceder a Extradição. Do contrário, se entender que oscrimes são realmente políticos, o STF deve manter a decisão administrativa do ministro da Justiça TarsoGenro e arquivar a Extradição 1085.

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 2009 Negada liminar a empresários de Manaus que pediam suspensão de processo por descaminho Relator do Habeas Corpus (HC) 97541, o ministro Cezar Peluso negou liminar à F.D.N. e A.G.B.G.,acusados pelo crime de descaminho. Eles pediam a suspensão de ação penal em trâmite contra elesperante a 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas, com fundamento no princípio dainsignificância. F.D.N. é proprietário e A.G.B.G. gerente de uma empresa de computadores. Eles sãoacusados de, em 2003, terem enviado, por via aérea, peças de reposição de mercadorias de sua linha deprodução na Zona Franca de Manaus para assistência técnica em São Paulo, sem respectiva nota fiscal,sendo essas mercadorias retidas pela Receita Federal. Ao lavrar termo de retenção, a Receita Federalteria estimado o imposto a pagar em R$ 10 mil. Mas a defesa alega que, de acordo com seus cálculos,esse valor seria de aproximadamente R$ 1.000,00. Segundo a defesa, o que ocorreu foi que a ReceitaFederal decretou a retenção dos produtos sem que houvesse constituição de crédito tributário. Aindaconforme os advogados, não teria sido observado no caso o artigo 11 do Regulamento do ICMS do Estadodo Amazonas, que prescreve a suspensão do imposto devido na operação que envolva conserto ou reparode mercadorias. Portanto, segundo a defesa, tratava-se de produtos não tributáveis. Assim, o principalfundamento do pedido da defesa é a insignificância dos valores supostamente sonegados, que, segundocálculos próprios, totalizariam R$ 1.055,60. Tal montante seria inferior ao mínimo exigido pela ReceitaFederal para a instauração de execução fiscal. Indeferimento Para o ministro Cezar Peluso, o caso não é de liminar. Ele entendeu que os cálculos não estãoacompanhados de documentos oficiais que comprovem o que foi dito, não havendo, especialmente emsede liminar, como verificar nesse momento a procedência da alegação. De acordo com o ministro, essafoi a principal razão que levou o Superior Tribunal de Justiça a indeferir o pedido lá impetrado equestionado neste habeas corpus, no Supremo. Com relação à alegada inépcia da denúncia, Pelusoverificou que a impetração se limita a apontar, de forma genérica, a nulidade da inicial, sem indicar quaisseriam as falhas que conduziriam ao cerceamento de defesa. “Em primeira análise, verifico que aacusação está fundada em provas documentais e testemunhais, produzidas em inquérito policial”, disse oministro. Além disso, ele afirmou que a denúncia traz a descrição individualizada da conduta de cada umdos denunciados e, portanto, não se pode afirmar que os réus não têm informação do conteúdo daacusação feita a eles. “Inexistindo razoabilidade jurídica no pedido, inviável a concessão da medidacautelar”, concluiu o ministro, ao indeferir a liminar. O ministro pediu informações à 2ª Vara da SeçãoJudiciária do estado do Amazonas para que preste informações sobre a alegação contida na inicial.Posteriormente, a Procuradoria Geral da República opinará sobre o caso.

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 2009 Equiparação de vencimentos de policiais civis e militares catarinenses é inconstitucional

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (4), declarar inconstitucionais trechos deleis de Santa Catarina que equiparavam vencimentos das corporações militares – como a Polícia Militar eo Corpo de Bombeiros – aos recebidos pelos policiais civis. Com a decisão na Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI) 4009, os militares catarinenses deixarão de ter um acréscimo no salárioexistente desde 1992. Os contracheques das carreiras militares do estado ficarão mais enxutos a partir dapublicação do acórdão do STF. Os ministros decidiram não retroagir os efeitos da declaração deinconstitucionalidade porque os militares que receberam salários a mais o fizeram de boa-fé, conforme

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previam as leis do estado. Além disso, a devolução dos vencimentos representaria insegurança jurídica egrandes prejuízos para os profissionais. No julgamento da ADI, a tese que ganhou mais votos no Plenáriofoi a de que qualquer vinculação de salário entre carreiras distintas do serviço público fere o inciso XIII doartigo 37 da Constituição Federal. Ele veda a vinculação ou a equiparação de quaisquer espéciesremuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Votaram nesse sentido orelator da ADI, o ministro Eros Grau, acompanhado dos ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, RicardoLewandowski, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Celso de Mello e Gilmar Mendes. O voto do ministroMarco Aurélio foi favorável às leis catarineses. Já os ministros Joaquim Barbosa e Ellen Gracie seabstiveram de votar o mérito.InconstitucionalidadeA Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) havia pedido a inconstitucionalidade do artigo106, parágrafo 3º da Constituição catarinense (que assegura a proporcionalidade da remuneração dascarreiras com a de delegado de polícia); do artigo 4º da LC 55/92 (que assegura a adequadaproporcionalidade das diversas carreiras com a de delegado especial); e do artigo 1º da LC 99/93 (quemantém a proporcionalidade estabelecida em lei que as demais classes da carreira e para os cargosintegrantes do grupo segurança pública – Polícia Civil). Por consequência, foi declarada ainconstitucionalidade de partes da Lei Complementar 254/2003 (alterada pela LC 374/2007): o parágrafo1º do artigo 10 e os artigos 11 e 12. O único artigo impugnado pela ADI que permaneceu válido foi o 27desta última lei. O artigo 106 da Constituição catarinense, o artigo 4º da Lei Complementar (LC) 55/92 eo artigo 1º da LC 99/93 já haviam sido suspensos cautelarmente por decisão do Supremo, na análise daADI 1037, ressalta a associação. O argumento da Adepol para pedir o fim da vinculação foi o de que, noBrasil, o delegado cuida da instrução pré-processual, com poder de decidir pela liberdade ou prisão dealguém. A função, portanto, seria muito diferente da missão dos policiais militares, que têm comoatribuição manter a ordem pública.

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 2009 Equiparação de vencimentos de policiais civis e militares catarinenses é inconstitucional

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira (4), declarar inconstitucionais trechos deleis de Santa Catarina que equiparavam vencimentos das corporações militares – como a Polícia Militar eo Corpo de Bombeiros – aos recebidos pelos policiais civis. Com a decisão na Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI) 4009, os militares catarinenses deixarão de ter um acréscimo no salárioexistente desde 1992. Os contracheques das carreiras militares do estado ficarão mais enxutos a partir dapublicação do acórdão do STF. Os ministros decidiram não retroagir os efeitos da declaração deinconstitucionalidade porque os militares que receberam salários a mais o fizeram de boa-fé, conformepreviam as leis do estado. Além disso, a devolução dos vencimentos representaria insegurança jurídica egrandes prejuízos para os profissionais. No julgamento da ADI, a tese que ganhou mais votos no Plenáriofoi a de que qualquer vinculação de salário entre carreiras distintas do serviço público fere o inciso XIII doartigo 37 da Constituição Federal. Ele veda a vinculação ou a equiparação de quaisquer espéciesremuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. Votaram nesse sentido orelator da ADI, o ministro Eros Grau, acompanhado dos ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, RicardoLewandowski, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Celso de Mello e Gilmar Mendes. O voto do ministroMarco Aurélio foi favorável às leis catarineses. Já os ministros Joaquim Barbosa e Ellen Gracie seabstiveram de votar o mérito.InconstitucionalidadeA Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) havia pedido a inconstitucionalidade do artigo106, parágrafo 3º da Constituição catarinense (que assegura a proporcionalidade da remuneração dascarreiras com a de delegado de polícia); do artigo 4º da LC 55/92 (que assegura a adequadaproporcionalidade das diversas carreiras com a de delegado especial); e do artigo 1º da LC 99/93 (quemantém a proporcionalidade estabelecida em lei que as demais classes da carreira e para os cargosintegrantes do grupo segurança pública – Polícia Civil). Por consequência, foi declarada ainconstitucionalidade de partes da Lei Complementar 254/2003 (alterada pela LC 374/2007): o parágrafo1º do artigo 10 e os artigos 11 e 12. O único artigo impugnado pela ADI que permaneceu válido foi o 27desta última lei. O artigo 106 da Constituição catarinense, o artigo 4º da Lei Complementar (LC) 55/92 eo artigo 1º da LC 99/93 já haviam sido suspensos cautelarmente por decisão do Supremo, na análise daADI 1037, ressalta a associação. O argumento da Adepol para pedir o fim da vinculação foi o de que, noBrasil, o delegado cuida da instrução pré-processual, com poder de decidir pela liberdade ou prisão dealguém. A função, portanto, seria muito diferente da missão dos policiais militares, que têm comoatribuição manter a ordem pública.

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AGU diz que Lei da Anistia é ampla e irrestrita Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a manifestação da Advocacia Geral da União (AGU) naArguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 153) ajuizada pela Ordem dos Advogadosdo Brasil (OAB) por meio da qual questiona a anistia dada aos representantes do Estado (policiais emilitares) que, durante o regime militar, praticaram atos de tortura. A pedido do relator da ação, ministroEros Grau, a AGU enviou ao STF as suas informações sobre a ADPF. Em sua opinião, a ação não deve serconhecida, ou seja, não deve ser aceita pelo Supremo. Para a AGU, a OAB não demonstrou a existênciade controvérsia judicial a que se refere à lei. No documento, a AGU sustenta que a regra é de que aanistia se dirija aos chamados crimes políticos, nada impedindo, no entanto, que seja concedida a crimescomuns. Destaca que a própria Constituição Federal de 1988 reforça o caráter amplo e irrestrito da anistiaa que se refere a Lei 6.683/79 e sustenta que “uma vez que a anistia abrange os mais diversos crimes,comuns ou políticos, qualquer que seja a natureza – desde que tenham sido praticados em decorrência derazões políticas – é contraditório falar-se em enumeração dos referidos delitos, sob pena de conferir-se àmedida caráter restritivo e dissidente da pretensão do legislador”. Ressaltou também que, ainda que hajaa revisão da lei, já teria ocorrido a extinção da punibilidade relativa a tais delitos por causa da prescrição,considerando que já se passaram mais de 29 anos desde o cometimento. Observou ainda que a OABesperou para questionar a lei quase trinta anos após a sua vigência e vinte anos após a vigência daConstituição Federal “para mudar a interpretação e tardiamente apresentar uma extemporâneairresignação”. Além disso, diz que a própria OAB concordou com a edição da lei na ocasião de sua entradaem vigor e que agora “volta-se contra sua própria opinião, essencial àquela época para a formação damentalidade que permitiu entender que todos os sujeitos que eventualmente tivessem praticadoquaisquer ilícitos fossem beneficiários da anistia”. Por fim, pede que o Supremo não conheça a ADPF e,caso venha a aceitar, opina pela sua improcedência.Origem do debateNa Arguição de Descumprimentos de Preceito Fundamental 153, a OAB aponta que o primeiro artigo daLei da Anistia (Lei Nº 6683/79) precisa de uma interpretação mais clara no que se refere a considerarconexos e igualmente perdoados os crimes “de qualquer natureza” relacionados aos crimes políticos oupraticados por motivação política no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979. Para aOAB, a lei “estende a anistia a classes absolutamente indefinidas de crime”. Nesse contexto, pede aoSupremo que a anistia não seja estendida aos autores de crimes comuns praticados por agentes públicosacusados de homicídio, desaparecimento forçado, abuso de autoridade, lesões corporais, estupro eatentado violento ao pudor contra opositores ao regime político da época. O documento da OAB diz que é“irrefutável que não podia haver e não houve conexão entre os crimes políticos, cometidos pelosopositores do regime militar, e os crimes comuns contra eles praticados pelos agentes da repressão eseus mandantes no governo”. A entidade chama de “aberrante desigualdade” o fato de a anistia servirtanto para delitos de opinião (cometidos por pessoas contrárias ao regime) e os crimes violentos contra avida, a liberdade e a integridade pessoal cometidos contra esses opositores, no que a OAB supõe ser“terrorismo do Estado”.

Quarta-feira, 04 de Fevereiro de 2009 Supremo arquiva HC de acusada de matar o próprio filho

Foi arquivado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, HabeasCorpus (HC 97578) impetrado, com pedido de liminar, em favor de N.A.F.O. Ela foi acusada pelo crime dehomicídio, previsto no artigo 121 do Código Penal, pela morte do próprio filho recém-nascido. A defesaalegava que a ré encontra-se presa preventivamente há mais de 13 meses no município de Tremembé,no interior de São Paulo. Argumentava afronta à Constituição Federal, uma vez que o tempo para aformação da culpa extrapolaria o limite do razoável. Sustentava, ainda, que a acusada é mãe de 7 filhos,que dependem econômica e emocionalmente da acusada, ré primária segundo ressalta a ação. Osadvogados apontavam nulidade absoluta do processo de acusação e alegavam que a Polícia Militar domunicípio de Itapetininga (SP), onde ocorreu o suposto crime, invadiu a residência da acusada semordem judicial, contrariando o artigo 5º da Constituição Federal. A defesa também afirmou que ospoliciais obrigaram a acusada a se submeter a exame para comprovar o parto sem o consentimento damesma, ou de algum parente. Em sua decisão, o ministro Gilmar Mendes considerou que o Supremo éincompetente para apreciar o caso, uma vez que a autoridade contra a qual foi impetrado o HC, ou seja,o Tribunal de Justiça de São Paulo, não está inserido no rol do artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, daConstituição Federal. Dessa forma, o ministro negou seguimento ao pedido e determinou a remessa dosautos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Arquivado pedido de liberdade a acusado por homicídio ocorrido em Guarulhos (SP) O ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou ação em que oaçougueiro D.A.S. pedia, liminarmente, para ser solto. Ele está preso desde o dia 28 de fevereiro de 2008na cadeia pública de Santo Antônio do Descoberto (GO). Em 30 de novembro de 2007, ele foipronunciado pela Vara do Júri da Comarca de Guarulhos (SP) por ter, supostamente, praticado crime dehomicídio. Com o objetivo de que o acusado permaneça preso até ser julgado pelo júri, mandado deprisão cautelar foi cumprido pelo poder Judiciário de Goiás, na Comarca de Santo Antônio do Descoberto,onde reside. No Habeas Corpus (HC) 97575, D.A.S. contestava a demora em sua remoção ao juízo quelhe impôs a prisão. A defesa contava que seu cliente permanece ilegalmente preso, sob a custódia doestado de Goiás, há mais de 90 dias da autorização de transferência para a jurisdição de São Paulo. Deacordo com o ministro, não cabe ao STF julgar habeas corpus contra ato da Vara do Júri da Comarca deGuarulhos/SP, pois esta não foi contemplada pelo artigo 102, inciso I, alíneas “d” e “i”, da ConstituiçãoFederal. Assim, o ministro arquivou o pedido e determinou o envio dos autos ao Tribunal de Justiça doestado de São Paulo.

Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 2ª Turma do STF mantém transferência de acusado de participar de facção criminosa para

Catanduvas (PR) A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve nesta tarde (3) a transferência deacusado de participar da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para a Penitenciária Federalde Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná. A transferência, autorizada em agosto de 2006 por juizda primeira vara de execução penal de Campo Grande, foi contestada pela Defensoria Pública da Uniãopor meio de Habeas Corpus (HC 96531), indeferido por unanimidade. Para a Defensoria, a transferênciateria ocorrido de forma irregular, já que nem a defesa do preso e tampouco o Ministério Público haviamse manifestado sobre ela. A Turma rechaçou esses argumentos ao avaliar que a mudança de presídio foiautorizada diante da situação de extrema gravidade que envolvia o caso e, por isso, não seguiu as regrasprevistas em Resolução do Conselho da Justiça Federal (CJF). A transferência do preso foi solicitada pelaSecretaria de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, que o apontou como responsável porpromover motins em penitenciária do estado. Segundo parecer da Procuradoria Geral da República (PGR),a transferência ocorreu com base no artigo 6º da Lei 10.792/03, que permite sua realização em caráterde urgência. Isso foi feito, segundo a PGR, “tendo em vista a existência de motim”. Além do acusado,outros 19 detentos foram transferidos para Catanduvas à época.

Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 1ª Turma defere em parte HC para acusado de receptação de bens de traficante

Um homem que recebeu eletroeletrônicos de um traficante teve seu pedido de Habeas Corpus (HC92258) deferido em parte nesta terça-feira (3), pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Oscinco ministros foram unânimes ao decidir que não havia suficiente comprovação de que G.A.S.A étraficante e, sendo assim, ele responderá criminalmente apenas por receptação dos bens obtidosilegalmente. Com isso, ele ficará livre das acusações de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Oréu foi denunciado pelos três crimes e preso preventivamente desde 22 de setembro de 2006. Foienquadrado em artigos (12 e 14) da antiga lei de entorpecentes (6.368/76) e, ainda, no artigo 180 doCódigo Penal, que tipifica como crime a receptação de bens que se sabe ser produto de crime. A defesade G.A.S.A diz que a prisão ocorreu sem que sequer houvesse descrição típica da conduta, comprovaçãoda materialidade do crime ou indícios de autoria, uma vez que a denúncia chegou um mês depois daprisão. O interrogatório teria ocorrido 245 dias após a prisão. Os advogados ainda reclamavam deexcesso de prazo na prisão preventiva, de ausência de descrição da denúncia – o que impossibilitaria opreso de saber como se defender – e de falta de adequada fundamentação para a prisão. O relator,ministro Marco Aurélio, já havia votado pelo prejuízo parcial da impetração do HC e concedeu a ordemparcialmente. O julgamento voltou à Primeira Turma hoje porque o ministro Ricardo Lewandowski haviapedido vista do processo. Por adquirir produtos relacionados ao tráfico de drogas, o réu foi tido como“associado” ou até mesmo traficante. Na denúncia estava dito, também, que G.A.S.A. tinha contacorrente conjunta com o traficante. O ministro Ricardo Lewandowski lembrou que a Lei 6.368/76 definiacomo traficante quem também contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido outráfico ilícito de substância entorpecente. Contudo, ele disse não ter visto evidências de que a conta eramovimentada por ambos. O voto de Lewandowski – como o de toda a Turma – seguiu a linha do relator:pela incriminação de G.A.S.A apenas pelo delito de receptação, e não de tráfico e de associação para otráfico.

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Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 Empresária presa por declarações na televisão consegue liberdade

A Primeira Turma concedeu, nesta tarde (3), Habeas Corpus (HC 95116) de ofício, para que a empresáriaVera Lúcia Samagaia, condenada a 30 anos de prisão por latrocínio em Santa Catarina, aguarde emliberdade o julgamento de seu recurso de apelação. Ela teve a prisão preventiva decretada por conta dedeclarações dadas a uma rede TV. Vera Lúcia foi condenada em primeira instância, sem direito derecorrer em liberdade. Foi o relator de um habeas ajuizado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) queconcedeu liberdade à empresária, até o trânsito julgado da condenação. O relator do processo noSupremo, ministro Carlos Ayres Britto, explicou que a empresária foi presa novamente, com base,exclusivamente, em uma entrevista concedida por ela a um programa de televisão. No novo decreto deprisão, a juíza de primeira instância disse que a custódia se fazia necessária, porque, em razão daentrevista, “a credibilidade da Justiça estaria abalada”. Mas o ministro Ayres Britto, assim como o parecerdo Ministério Público, entendeu que este fato não basta para justificar a prisão. A empresária apenasatuou no campo da auto-defesa, disse o relator. Ela exerceu o legítimo exercício do direito à liberdade deexpressão, em proveito próprio, “o que não pode justificar, isoladamente, a decretação da custódiapreventiva”, frisou o ministro ao votar pela concessão da ordem. A decisão da Turma foi unânime.

Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 Negado pedido do ex-juiz Rocha Mattos para que fosse ouvida testemunha em sua defesa

Por maioria, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta terça-feira (3), o HabeasCorpus (HC) 94542, no qual o ex-juiz da 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo João Carlos da RochaMattos, hoje cumprindo pena na Penitenciária de Araraquara (SP), pleiteava a oitiva da testemunhaDerney Luiz Gasparino, em processo no qual é acusado dos crimes de abuso de poder e extravio,sonegação ou inutilização de livro ou documento. No HC, o ex-juiz pedia, também, a nulidade do processodesde a fase de instrução (defesa prévia), em que ocorreu a negativa de ouvir a mencionada testemunha.Com o indeferimento do pedido, a Turma confirmou, no mérito, decisão tomada em fins de abril do anopassado pelo relator do HC, ministro Eros Grau, de indeferir pedido de liminar no processo.AlegaçõesNo HC, a defesa questionava decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve decisão doTribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) de não permitir a oitiva da testemunha Derney LuizGasparino, arrolada pela defesa do ex-juiz. A defesa alegava ofensa aos princípios do devido processolegal, da ampla defesa e do contraditório (artigo 5º, incisos LV e LIV, da Constituição Federal), tendo emvista o indeferimento de oitiva de testemunha na fase de instrução processual (defesa prévia), o que teriaocasionado cerceamento de defesa e conseqüente nulidade do feito. Rocha Mattos foi denunciado econdenado como incurso nas penas dos artigos 350, parágrafo único, inciso IV, e 314, caput, ambos doCódigo Penal (CP), tendo-lhe sido aplicadas as penas, respectivamente, de 3 anos de reclusão (abuso depoder) e 6 meses de detenção (extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento), tendodecretada, ainda, a perda do cargo de Juiz Federal.Decisão No voto que proferiu hoje, Eros Grau contestou as alegações da defesa do ex-juiz. O ministro sereportou à jurisprudência do próprio STF no sentido de que “não constitui cerceamento de defesa anegativa de diligências, quando desnecessárias para o órgão julgador”. Eros Grau reportou-se ao voto darelatora do processo no TRF-3, segundo a qual a testemunha arrolada não teria influência em relação aosesclarecimentos e a comprovação dos fatos discutidos no processo. Isso porque estava preso há váriosanos e “muito antes dos acontecimentos narrados nos respectivos autos [da denúncia contra o ex-juiz]”.“A negativa está amplamente fundamentada”, sustentou o ministro Eros Grau em seu voto. “Não cabe aoSupremo Tribunal Federal substituir o juízo de origem”. Segundo ele, não há constrangimento ilegal, nocaso. Mesmo porque Derney Gasparino está preso há vários anos, desde antes da ocorrência dos fatosem que o juiz estaria envolvido. “O que se pretendia ouvir dele nada tem a ver com o processo. Seria acolheita de provas inúteis, que não interessam ao deslinde da causa”, afirmou ainda o ministro relator.“Ao juiz compete verificar a pertinência das provas”, ressaltou Grau. Acompanharam o voto de Eros Grauos ministros Joaquim Barbosa, Cezar Peluso e Ellen Gracie. Entretanto, o ministro Celso de Mello foi votodiscordante.DivergênciaCitando o penalista Júlio Fabrini Mirabete, Celso de Mello sustentou que, “oferecido tempestivamente o rolde testemunhas até o número permitido, não tem o juízo o direito de indeferir a oitiva delas, sob pretextode procrastinação ou que a pessoa (testemunha) nada sabe sobre os fatos”. Segundo o ministro, o direitode produzir prova integra o direito constitucional ao devido processo legal. Também no entender dele, no

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caso não haveria o propósito procrastinatório, porquanto a testemunha está presa no distrito da culpa.Assim, segundo o ministro Celso de Mello, a negativa de oitiva da testemunha mencionada “frustra apossibilidade do réu de produzir prova em juízo”. Por essa razão, ele votou pela concessão do HC.

Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 Mantida prisão preventiva de acusados de homicídio por disputa de terras no Pará

Por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram Habeas Corpus(HC 96006) para os agricultores O.V.C. e L.V.C., acusados por um assassinato ocorrido em 2006,supostamente por disputa de terras na zona rural de Marabá (PA). Eles pediam para responder aoprocesso em liberdade. Segundo os advogados de defesa, os dois se encontram foragidos desde a épocado crime. As testemunhas de acusação seriam parentes da vítima, revela o defensor. “Esses testemunhosnão têm a imparcialidade das testemunhas normais”. Além disso, prosseguiu o advogado, afundamentação do decreto de prisão seria sucinta ao extremo, e não atenderia aos pressupostos legaispara a prisão preventiva. Sobre o fato de que os dois estariam foragidos, o advogado disse entender quea fuga do local do crime não é motivo para que se negue o direito do acusado de responder ao processoem liberdade. Os agricultores teriam fugido por temerem por suas vidas, concluiu a defesa, pedindo aconcessão da ordem, para que O.V.C. e L.V.C. possam responder ao processo em liberdade.DecisãoO relator, ministro Carlos Alberto Menezes Direito, concordou com os fundamentos da decisão do SuperiorTribunal de Justiça questionada por meio desse HC. “Não vejo vulneração a nenhum dispositivo, de ordemlegal ou constitucional, com relação ao decreto prisional”, disse o ministro. O decreto de prisão preventivacontém os pressupostos legais para a manutenção da custódia, frisou o ministro, ressaltando que “não setrata de fundamentação abstrata, sem vinculação com os elementos dos autos”. Além disso, ressaltou orelator, a fuga dos acusados evidencia a intenção de se furtarem à aplicação da lei penal, caso venham aser condenados, explicou o ministro, dizendo entender que o decreto contém, sim, os pressupostosjustificadores da preventiva, constantes do artigo 312 do Código de Processo Penal. O relator foiacompanhado pelos ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Carlos Ayres Britto.

Terça-feira, 03 de Fevereiro de 2009 PGR considera inconstitucional lei que proíbe cobrança de emissão de boleto bancário

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu parecer do procurador-geral da República, Antônio FernandoSouza, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4090, que questiona a lei (Lei distrital 4083/08) queproíbe a cobrança por emissão de boleto bancário no Distrito Federal. Para o procurador-geral, a lei éinconstitucional porque usurpa competência legislativa da União ao tratar de direitos do consumidor. AADI foi proposta pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sob oargumento de que a norma intervém na ordem econômica porque impõe restrições contratuais. A CNCalega que, “ao invés de regulamentar uma relação de consumo propriamente dita, a referida lei distritalestabelece uma restrição à liberdade de contratação e remuneração de um serviço lícito, que atende aosinteresses não só das empresas, mas também dos consumidores pela segurança e comodidade queproporciona, possibilitando a utilização de toda a rede bancária nacional para efetivação do pagamento desuas contas”. Na opinião de Antônio Fernando Souza, a CNC tem razão, pois com exceção do inciso I doartigo 1º, a lei em questão fixa norma geral no campo dos direitos do consumidor e, com isso, usurpacompetência legislativa da União. “Constata-se, desse modo, que mais uma vez o legislador distritalinovou acerca de tema sobre o qual não poderia fazê-lo”, afirma. O relator da ADI, ministro Eros Grau,vai analisar o parecer e, posteriormente, levará o processo ao Plenário para o julgamento da lei.

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2009 Servidores de outras instituições não podem representar MP junto aos Tribunais de Contas

Com o entendimento de que é inconstitucional a designação de membros de outras instituições, emespecial de procuradores da Fazenda, para o desempenho das funções próprias do Ministério Público juntoaos Tribunais de Contas, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) definiram, na tarde destasegunda-feira (2), o julgamento de três processos que estavam na pauta da Corte. As decisões foramtodas unânimes. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 328) foi ajuizada pela Procuradoria Geral daRepública (PGR) contra o parágrafo único do artigo 102 da Constituição do estado de Santa Catarina, quedizia que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas é exercido pelos procuradores da Fazenda juntoao tribunal. Para a PGR, a norma teria invadido a competência privativa da União para legislar sobreprofissões (artigo 22, XVI, da Constituição Federal). Afrontaria, ainda, os artigos 127, parágrafos 2º e 3º,e artigo 130, todos da Carta Magna. Esses dispositivos dizem que o ingresso no Ministério Públicoordinário, bem como no especial – o que atua junto ao Tribunal de Contas – deve dar-se mediante

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concurso público. “Diversos precedentes da Corte têm assentado que os ministérios públicos que atuamjunto aos Tribunais de Contas constituem órgãos autônomos, organizados em carreiras próprias,aplicando-se aos seus integrantes os direitos, vedações e a forma de investidura aplicáveis ao MP comum,nos termos estabelecidos pela Constituição Federal”, frisou o relator, ministro Ricardo Lewandowski, aovotar pela procedência da ação. Ao acompanhar o relator o decano da Corte, ministro Celso de Mello,lembrou de um precedente do STF, em um recurso contra decisão da justiça carioca que reconhecia apossibilidade de membro do MP comum – um procurador de justiça, atuar perante o Tribunal de Contasdo estado. “O Supremo entendeu que não, que caberia ao Ministério Público especial, na linha do voto doministro Lewandowski”, disse Celso de Mello.Mato GrossoNo mesmo sentido, os ministros julgaram procedente, em parte, a ADI 3307, relatada pela ministraCármen Lúcia Antunes Rocha, para declarar inconstitucional o artigo 106 da Constituição estadual doMato Grosso.Rio Grande do SulCom o mesmo entendimento, os ministros negaram, ainda, o Mandado de Segurança (MS) 27339, quetratava de questão semelhante no Rio Grande do Sul. De acordo com o relator, ministro Menezes Direito,a discussão versa sobre o mesmo tema – o fato de os membros do MP estadual não poderem atuar no MPdo Tribunal de Contas.

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2009 Confirmadas liminares que livraram MT e PR de inscrição no cadastro de inadimplentes da

União Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta segunda-feira (2),liminar concedida em novembro passado pela ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha ao estado de MatoGrosso na Ação Cautelar (AC) 2200, suspendendo sua inscrição no Sistema Integrado da AdministraçãoFinanceira (SIAFI) e no Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias (CAUC). Decisãosemelhante foi tomada pelo Plenário em favor do Paraná na AC 2090. Neste caso, foi ratificada liminarconcedida pelo ministro Gilmar Mendes em julho do ano passado e negado provimento a agravoregimental interposto pela União contra essa decisão. Em ambos os casos, a inscrição das unidadesestaduais no cadastro de inadimplentes impedia-as de receber repasses voluntários da União e decontratarem empréstimos.JurisprudênciaAo propor a ratificação das duas liminares, a relatora, ministra Cármen Lúcia, observou que estava sendoaplicada jurisprudência do STF para casos semelhantes. Relativamente ao Paraná, ela disse que o STF jáconcedera liminar relativa ao exercício de 2006 e que o estado recorreu ao STF novamente, porque se viumais uma vez inscrito no cadastro de inadimplentes em 2007, pelo mesmo motivo da inscrição anterior: oalegado descumprimento da aplicação de, no mínimo, 12% de sua receita líquida na área de saúde. JáMato Grosso foi registrado no SIAFI e no CAUC em razão de supostas irregularidades na prestação decontas de convênio firmado com o Ministério do Turismo para a realização de evento para promover oturismo no estado. O projeto apoiado pelo convênio foi o “Pólo Pantanal Mato-grossense, Pólo Cerrado,Pólo Araguaia e Pólo Amazônia”, que teria ocorrido entre dezembro de 2004 e junho de 2006. Segundo acoordenação-geral de convênios do Ministério do Turismo, o estado não justificou a presença de apenasuma empresa de turismo no pregão para a realização do evento e não atestou que este teria sidorealizado. A coordenação do Ministério alega, ainda, que o governo do estado deve devolver à Uniãomontante relativo a despesas feitas com o projeto no valor de cerca de R$ 92 mil.

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2009 STF derruba lei que determina registro prévio de contratos públicos no Tribunal de Contas

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou liminar que julgou inconstitucional a Lei6.209/93, de Mato Grosso. A norma, suspensa desde 1993, dispunha que todos os contratos públicos –entre o governo estadual e empresas particulares – dependeriam de registro prévio junto ao Tribunal deContas do estado. A decisão aconteceu durante a sessão plenária desta segunda-feira (2), no julgamentode mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 916, relatada pelo ministro Joaquim Barbosa. Aação, ajuizada pelo governador mato-grossense em 1993, alegava que o dispositivo feria os artigos 2º,71, 74, 75, 132 e 175 da Constituição Federal. A liminar foi deferida pelo Pleno em novembro de 1993.Os ministros citaram a existência de precedentes da Corte no mesmo sentido e, por unanimidade,julgaram procedente o pedido.

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Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2009

Plenário edita 14ª Súmula Vinculante e permite acesso de advogado a inquérito policialsigiloso

Por 9 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou na tarde desta segunda-feira (2) súmula vinculanteque garante a advogados acesso a provas já documentadas em autos de inquéritos policiais que envolvam seusclientes, inclusive os que tramitam em sigilo. O texto a 14ª Súmula Vinculante diz o seguinte: “É direito dodefensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados emprocedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito aoexercício do direito de defesa”. A questão foi levada ao Plenário a pedido do Conselho Federal da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB) por meio de processo chamado Proposta de Súmula Vinculante (PSV), instituído noSTF no ano passado. Essa foi a primeira PSV julgada pela Corte. Dos 11 ministros, somente Joaquim Barbosae Ellen Gracie foram contra a edição da súmula. Para os dois, a matéria não deve ser tratada em súmulavinculante. A maioria dos ministros, no entanto, afirmou que o verbete trata de tema relativo a direitosfundamentais, analisado diversas vezes pelo Plenário. Eles lembraram que a Corte tem jurisprudênciaassentada no sentido de permitir que os advogados tenham acesso aos autos de processos. “A súmulavinculante, com o conteúdo proposto, qualifica-se como um eficaz instrumento de preservação de direitosfundamentais”, afirmou Celso de Mello. O ministro Marco Aurélio destacou que “a eficiência repousa natransparência dos autos praticados pelo Estado”, reiterando que precedentes da Corte revelam que a matériatem sido muito enfrentada. Ele afirmou que há pelo menos sete decisões sobre a matéria no STF.“Investigação não é devassa”, observou a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. O ministro Pelusolembrou que a súmula somente se aplica a provas já documentadas, não atingindo demais diligências doinquérito. “Nesses casos, o advogado não tem direito a ter acesso prévio”, observou. Ou seja, aautoridade policial está autorizada a separar partes do inquérito que estejam em andamento paraproteger a investigação. Ellen Gracie concordou com o entendimento dos demais ministros quanto aodireito dos advogados de ter acesso aos autos dos processos, mas afirmou que uma súmula sobre o temadependeria da interpretação de autoridades policiais. “A súmula vinculante é algo que não deve serpassível de interpretação, deve ser suficientemente clara para ser aplicada sem maior tergiversação.”Para Barbosa, a súmula privilegiará os direitos dos investigados e dos advogados em detrimento dodireito da sociedade de ver irregularidades devidamente investigadas. Segundo ele, “peculiaridades docaso concreto podem exigir que um inquérito corra em sigilo”. Essa tese foi defendida pela ProcuradoriaGeral da República (PGR), que também se posicionou contra a edição da súmula. Durante o julgamento, ovice-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que o verbete causará um “embaraçoindevido do poder investigativo do Estado”, podendo até inviabilizar o prosseguimento de investigações.Ele acrescentou que o verbete se direciona, sobretudo, a crimes de colarinho branco, e pouco seráutilizado por advogados de réus pobres. Ao responder, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, relatorda matéria, afirmou que a súmula não significará um “obstáculo à tutela penal exercida pelo Estado”. Eleacrescentou que muitos casos de pedido de acesso a autos de processo dizem respeito a crimes que nãosão de colarinho branco.

Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2009 Plenário confirma decisão que limita candidatos a cargos diretivos no TJ-MG

Por unanimidade, o Plenário referendou decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministroGilmar Mendes, que em julho de 2008, durante o recesso forense, concedeu liminar na Ação Direta deInconstitucionalidade (ADI) 4108, e suspendeu a vigência dos parágrafos 2º e 3º do artigo 100 do RegimentoInterno do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG). Os dispositivos alargavam o rol de desembargadoresque podiam concorrer aos cargos de direção da corte estadual. A liminar foi concedida em regime de urgência,explicou a relatora da ADI, ministra Ellen Gracie, tendo em vista que a eleição no TJ-MG ocorreria dias depoisde ajuizada a ação no STF. Os ministros decidiram referendar a decisão seguindo o entendimento da ministraEllen Gracie. Ela salientou em seu voto que os dispositivos questionados são contrários ao que diz a LeiOrgânica da Magistratura (Lei Complementar 35/79). E, segundo a ministra, as regras e normas contidas naLoman são de obediência obrigatória. Mesmo que já tenha ocorrido a eleição em Minas, lembraram osministros, a decisão desta segunda-feira (2) convalida os efeitos da decisão liminar.Regimento x LomanPelos dispositivos – suspensos - do Regimento Interno do TJ-MG, a eleição para presidente e vice daqueleTribunal poderia ser feita entre os membros integrantes da metade mais antiga da Corte Superior que aindanão tenham exercido o cargo. E essa metade seria apurada depois de excluídos os desembargadoresinelegíveis, os impedidos e os que, antecipadamente, declarassem não ser candidatos. A Loman, contudo,prevê que essa votação se dá pela maioria dos membros efetivos dos tribunais, dentre os juízes mais antigos,em número correspondente ao dos cargos de direção, excluídos aqueles que tiverem exercido quaisquer cargosde direção por quatro anos, ou o de Presidente, até que se esgotem todos os nomes, na ordem de antiguidade.

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Informativo STFBrasília, 9 a 13 de fevereiro de 2009 - Nº 535.

SUMÁRIOPlenárioExecução Provisória da Pena e Princípio da Não-Culpabilidade - 1Execução Provisória da Pena e Princípio da Não-Culpabilidade - 2Julgamento Definitivo de Habeas Corpus e Decisão Monocrática do Relator - 3Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 3Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 4Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 5ADI e Nomeação de Cargos de Procuradoria Geral Estadual - 1ADI e Nomeação de Cargos de Procuradoria Geral Estadual - 2ADI e Criação de Carreira Especial de Advogado - 2ADI e Criação de Carreira Especial de Advogado - 3Repercussão GeralGratificação: Dispensa de Avaliação e Extensão aos InativosForma de Cálculo da Remuneração e Inexistência de Direito Adquirido a Regime Jurídico1ª TurmaCrime Militar: Peculato Culposo e Extinção da PunibilidadeTráfico de Drogas e Art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006Pensão por Morte e Rateio entre Esposa e Concubina2ª TurmaOitiva de Testemunha: Audiência no Juízo Deprecado e Ampla DefesaGratificação e Extensão a Inativos - 1Gratificação e Extensão a Inativos - 2Gratificação e Extensão a Inativos - 3Repercussão GeralInovações Legislativas

PLENÁRIOExecução Provisória da Pena e Princípio da Não-Culpabilidade - 1

Adotando a orientação fixada no julgamento do HC 84078/MG (j. em 5.2.2009, v. Informativo 534), no sentidode que a execução provisória da pena, ausente a justificativa da segregação cautelar, fere o princípio da não-culpabilidade, o Tribunal, por maioria, concedeu uma série de habeas corpus. Vencidos os Ministros JoaquimBarbosa e Ellen Gracie, que denegavam a ordem. O Min. Menezes Direito, curvando-se à referida decisão doPleno, concedeu a ordem, mas ressalvou a posição expendida naquele julgamento.HC 91676/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.2.2009. (HC-91676)HC 92578/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.2.2009. (HC-92578)HC 92691/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.2.2009. (HC-92691)HC 92933/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.2.2009. (HC-92933)

Execução Provisória da Pena e Princípio da Não-Culpabilidade - 2Na mesma linha de entendimento, o Tribunal proveu recurso ordinário em habeas corpus interposto em face deacórdão do Superior Tribunal de Justiça que denegara writ lá impetrado em favor de condenado a pena dereclusão pela prática do crime de roubo, contra o qual expedido mandado de prisão quando ainda pendente dejulgamento recurso especial. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, que desproviam o recurso.A Min. Cármen Lúcia, relatora, também curvando-se à aludida decisão do Pleno, ressalvou seu posicionamento.RHC 93172/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2009. (RHC-93172)

Julgamento Definitivo de Habeas Corpus e Decisão Monocrática do Relator - 3Em seguida, o Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem, no sentido de autorizar o relator a decidir,monocraticamente, pedido de habeas corpus, nos seguintes casos já apreciados pelo Plenário: prisão civil pordívida, acesso do patrono a procedimento investigatório policial e execução provisória de pena criminal.Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que entendia não caber essa autorização, tendo em conta o dispostono art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal - RISTF.RHC 93172/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.2.2009. (RHC-93172)

Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 3O Tribunal retomou julgamento de inquérito em que se imputa a ex-Governador de Estado, atual Senador, eoutras três pessoas a suposta prática do crime previsto no art. 20 da Lei 7.492/86, porque teriam aplicado, em

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finalidade diversa da prevista, recursos provenientes de financiamento concedido, à República Federativa doBrasil, pelo BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Na espécie, a União,mediante convênio, transferira ao Governo do Estado de Rondônia parte desses recursos, a fim de que fossemintegralmente utilizados na execução do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia - PLANAFLORO — v.Informativo 464. O Min. Gilmar Mendes, Presidente, em voto-vista, rejeitou a denúncia no que diz respeito aoSenador, por entender que, diante dos fatos nela descritos, ele não teria praticado nenhum crime, cabendo aojuízo de 1ª instância analisar a viabilidade da ação penal em relação aos demais denunciados que não dispõemde foro por prerrogativa de função. Afirmou, inicialmente, que, não obstante seja possível estabelecer umarelação de presunção no sentido de que o administrador ou agente público conheça os fatos relativos a suaadministração, responsabilizando-se pela conduta de seus auxiliares, isso não prevalece, de modo absoluto, naesfera penal, haja vista que crime é ato pessoal do agente, não se admitido, pelo menos como regra geral noordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade penal objetiva. Discordou, em seguida, dos fundamentosdo relator quanto a ser suficiente, para atribuir ao atual Senador a prática de crime contra o sistema financeironacional, o simples fato de, na época, ele exercer o cargo de Governador do Estado e de ter firmando oconvênio com a União, comprometendo-se a não aplicar os recursos em finalidades outras daquelas pactuadas.Inq 2027/RO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.2.2009. (Inq-2027)

Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 4O Min. Gilmar Mendes observou que, da leitura da denúncia, resta evidente um grosseiro equívoco e umanotória lacuna na tentativa de vincular, com gravíssimos efeitos penais, a conduta do ex-Governador e o desviode recursos. Aduziu que, se houvesse relação de causa e efeito entre uma ação ou omissão do ex-Governador,deveria o parquet explicitá-la de modo consistente e, se houvesse consistência, a cadeia causal dificilmenteocorreria diretamente entre um ato do Governador de Estado e o desvio de um recurso de projetoPLANAFLORO, segundo a denúncia, operado diretamente por gestores desta, conforme assinaturas lançadasem requisições de transferência dirigidas ao Banco do Brasil, nada, entretanto, demonstrando a atuação, diretaou indireta, do então Governador. Ou seja, ressaltou que, se há um efeito danoso e se há uma tentativa deresponsabilização individual, um pressuposto básico para isso é a demonstração consistente de relação decausalidade entre o suposto agente criminoso e o fato. No ponto, asseverou não ver como imputar o eventodanoso descrito na denúncia ao ex-Governador, e que, caso contrário, sempre que constatada qualqueraplicação de recursos vinculados ao Estado de forma tida por indevida, haveria imediata responsabilização doGovernador, fazendo-se necessário, antes, aprofundado exame investigatório para a propositura da açãopenal. Salientou ser gritante a fragilidade dos elementos indiciários coligidos em desfavor do ex-Governador eque nada justificaria o início de uma ação penal, com todas as conseqüências deletérias para o réu que deladecorrem apenas porque assinou o convênio com o Ministério do Planejamento e Orçamento, não merecendomínima importância, em termos de teórica configuração de ilícito penal por parte do ex-Governador do Estado,a pura demonstração de que houve transferência de valores para fins diversos dos pactuados ou a hipótese detestemunha ouvir dizer que a ordem para tanto teria partido do Chefe do Executivo Estadual.Inq 2027/RO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.2.2009. (Inq-2027)

Crime contra o Sistema Financeiro Nacional e Autoria - 5Prosseguindo, o Min. Gilmar Mendes considerou estar-se diante de um quadro de evidente má compreensãodos limites do direito penal. Para ele, tendo em conta apenas as condutas objetivamente imputadas ao ex-Governador, verificar-se-ia que, no fundo, a única motivação para a denúncia seria o fato de desempenhar talfunção, absolutamente nada, porém, indicando tivesse tomado parte na transferência. Concluiu, após lembrarque a atuação institucional de uma autoridade que dirige o Estado dá-se em um contexto de notório risco, queacreditar que qualquer transferência de recursos ocorrida no âmbito do Estado pudesse representar um atocriminoso de seu Governador, pelo simples fato de haver assinado o convênio de transferência de recursosobtidos pelo Governo Federal junto ao BIRD, sem, ao menos, empreender investigações que pudessem colherao menos indícios de sua participação, afigurar-se-ia, no mínimo, um excesso. Após, pediu vista dos autos oMin. Menezes Direito.Inq 2027/RO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.2.2009. (Inq-2027)

ADI e Nomeação de Cargos de Procuradoria Geral Estadual - 1O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta ajuizada peloConselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para declarar a inconstitucionalidade das expressões “ode Sub-Procurador Geral do Estado” e “o de Procurador de Estado Chefe”, contidas no caput do art. 33 da LeiComplementar 6/94, do Estado do Amapá, com a redação conferida pela Lei Complementar 11/96 do mesmoEstado-membro; bem como das expressões “e o Procurador do Estado Chefe” e “Procurador do EstadoCorregedor e”, contidas, respectivamente, no caput e no § 1º da redação originária do art. 33 da mencionadaLei Complementar estadual 6/94 (Lei Complementar 6/94, na redação da Lei Complementar 11/96: “Art. 33 -Constituem cargos de provimento em comissão da Procuradoria-geral do Estado, a nível institucional, o de

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Procurador-Geral do Estado, o de Sub-Procurador Geral do Estado, o de Procurador de Estado Corregedor, o deProcurador de Estado Chefe, na forma do anexo III desta Lei. § 1º - Os cargos de que trata o caput desteartigo são de livre nomeação e exoneração do Governador do Estado, dentre advogados.”; Lei Complementar6/94, na redação originária: “Art. 33 - Constituem cargos de provimento em comissão da procuradoria Geraldo Estado, a nível institucional, Procurador do Estado Corregedor e Procurador do Estado Chefe, além do seuTitular. § 1º - À exceção do cargo de Procurador Geral do Estado, são privativos de Procurador de Estado oscargos de Procurador do Estado Corregedor e Procurador do Estado Chefe.”). Julgou-se improcedente o pedidorelativamente ao art. 153, § 1º, da Constituição do Estado do Amapá — que prevê que a Procuradoria-Geral doEstado será chefiada pelo Procurador-Geral do Estado, com prerrogativas de Secretário de Estado, sendo ocargo provido em comissão, pelo Governador, preferencialmente, entre membros da carreira — e aos demaisdispositivos impugnados no que diz respeito ao Procurador-Geral do Estado. Adotou-se o entendimento fixadona ADI 2581/SP (DJE em 15.8.2008) consoante o qual a forma de nomeação do Procurador-Geral do Estado,não prevista pela Constituição Federal (art. 132), pode ser definida pela Constituição Estadual, competênciaesta que se insere no âmbito de autonomia de cada Estado-membro. Citou-se, também, a orientação firmadano julgamento da ADI 217/PB (DJU de 13.9.2002) no sentido da constitucionalidade da previsão, naConstituição e na legislação estaduais, da faculdade do Chefe do Executivo local de nomear e exonerarlivremente o Procurador-Geral do Estado. Asseverou-se, assim, que o Estado-membro não está obrigado aobservar o modelo federal para o provimento do cargo de Advogado-Geral da União (art. 131, § 1º). Verificou-se, ademais, que, nos termos do art. 28 da Lei Complementar estadual 6/94, o Procurador-Geral do Estadodesempenha funções de auxiliar imediato do Governador do Estado, o que justificaria a manutenção dasprerrogativas do Chefe do Poder Executivo estadual na escolha de seus auxiliares.ADI 2682/AP, rel. Min. Gilmar Mendes, 12.2.2009. (ADI-2682)

ADI e Nomeação de Cargos de Procuradoria Geral Estadual - 2Quanto ao cargo do Procurador do Estado Corregedor, tendo em conta as suas atribuições básicas (LeiComplementar estadual 6/94, art. 29), sobretudo a contida no inciso V — que prevê que, em caso de ausênciaou impedimento do Procurador-Geral do Estado, cabe ao Procurador de Estado Corregedor substituí-lo —,considerou-se justificada a manutenção da prerrogativa do Governador para nomear livremente o ocupantedesse cargo. No que se refere ao cargo de Procurador de Estado Chefe, reputou-se não haver justificativa paraque os ocupantes desse cargo fossem livremente nomeados pelo Governador do Estado, haja vista serem suasatribuições idênticas às dos demais Procuradores do Estado, com a diferença de serem responsáveis porcoordenar o trabalho do restante da equipe (Lei Complementar 6/94, art. 30). Assim, salientando não haverexercício de qualquer atribuição de auxiliar imediato do Chefe do Poder Executivo estadual, mas apenas odesempenho das atividades inerentes ao regular funcionamento da Procuradora-Geral do Estado, aplicou-se ajurisprudência do Tribunal segundo a qual afronta o disposto no art. 37, II e V, da CF, norma que cria cargo emcomissão, de livre nomeação e exoneração, que não possua o caráter de assessoramento, chefia ou direção.Com base nesses mesmos fundamentos, declarou-se a inconstitucionalidade dos dispositivos atacados emrelação ao cargo de Sub-Procurador Geral do Estado, tendo em conta as competências a ele atribuídas no art.2º da Lei Complementar 11/96. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello que julgavamintegralmente procedente o pleito. Outros precedentes citados: ADI 3706/MS (DJE de 5.10.2007); ADI3233/PB (DJU de 14.9.2007); ADI 1141/GO (DJU de 29.8.2003); ADI 2427 MC/PR (DJU de 8.8.2003); ADI1269 MC/GO (DJU de 25.8.95).ADI 2682/AP, rel. Min. Gilmar Mendes, 12.2.2009. (ADI-2682)

ADI e Criação de Carreira Especial de Advogado - 2O Tribunal retomou julgamento de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado doParaná contra as Leis estaduais 9.422/90 e 9.525/91, que dispõem sobre a carreira especial de advogado doreferido Estado-membro — v. Informativo 452. A Min. Cármen Lúcia, em voto-vista, abriu divergência e julgouprocedente o pedido formulado, por vislumbrar ofensa aos artigos 37, II, XIII, e 132 da CF e ao art. 69 doADCT. Salientou que a aplicação dos fundamentos do precedente aludido pelo relator (ADI 175/PR), aopresente caso, admitiria algumas ponderações, evitando-se que se pudesse argumentar no sentido dairradiação compulsória dos efeitos do reconhecimento de constitucionalidade da norma da Constituiçãoestadual (art. 56) às suas normas regulamentadoras. Ressaltou que o art. 132 da CF veicula norma deorganização administrativa, não sendo vedado, em situações apenas específicas e a critério das entidadesfederadas, o exercício por outros advogados, sempre em caráter excepcional, de atribuiçõesconstitucionalmente conferidas aos procuradores de Estado. Portanto, a contrario sensu, o exercício regular dasatribuições constitucionalmente definidas no art. 132 deveria ser desempenhado por quem aquela normaestabeleceu, ou seja, os procuradores dos Estados e do DF, ingressos na carreira por meio de concurso públicode provas e títulos. Considerou, em razão disso, não ser possível extrair, do art. 132 da CF, autorização paracoexistência, nas unidades federadas, de duas ou mais procuradorias paralelas, ainda que com nomes diversos.Após citar o que decidido na ADI 811 MC/ES (DJU de 25.4.97), aduziu que o disposto no art. 69 do ADCT antes

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comprovaria esse entendimento do que o infirmaria, já que, assim como o art. 132 da CF, também veicularianorma eminentemente de organização administrativa. Nessa linha, o art. 69 do ADCT apenas admitiria amanutenção de consultorias jurídicas separadas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desdeque, na data da promulgação da Constituição, tivessem órgãos distintos para as respectivas funções. Verificou,entretanto, que, ao invés de manter o que já existia, a Lei 9.422/90 teria criado a carreira especial deadvogado do Estado, além de conferir aos integrantes dessa nova carreira atribuições que não se restringiriamà consultoria jurídica, o que estaria em confronto com o princípio constitucional da unicidade orgânicaadministrativa contido no art. 132 da CF, bem como com o art. 69 do ADCT. No ponto, registrou a existênciade 2 advocacias públicas no Estado do Paraná, quais sejam: a Procuradoria-Geral do Estado e a carreiraespecial de advogado, criada pela lei impugnada. ADI 484/PA, rel. Min. Eros Grau, 12.2.2009. (ADI-484)

ADI e Criação de Carreira Especial de Advogado - 3A Min. Cármen Lúcia ainda reputou inconstitucional a norma do inciso I do art. 12 da Lei 9.422/90, haja vistaque, ao determinar que “os ocupantes de emprego público de advogados atingidos pela estabilidade, até quese submetam a concurso para fins de efetivação, ficarão organizados em quadro especial de naturezatransitória”, além de dispensar a aprovação desses empregados públicos por concurso a ser realizado paraaquisição de efetividade, possibilitaria interpretação que altera o marco temporal ad quem fixado no art. 19 doADCT para aquisição da denominada “estabilidade excepcional”, e que é a data da promulgação da CF,alargando-o até a data de submissão daqueles advogados a concurso para fins de efetivação. O art. 12também ofenderia o art. 37, II, da CF, ao prever o enquadramento dos servidores integrantes de serviçopúblico de advogado e detentores de cargo de assistente jurídico em cargo de carreira nova sem concursopúblico, desde 5.10.88. De igual modo, feriria o princípio do concurso público o § 2º desse mesmo dispositivo,que prevê que “para o preenchimento das vagas observar-se-á ordem de pontuação obtida pelo servidor”,pois, se o certame é para efetivar, é certo que é para os que não estão ingressando, mas para os que já estãono serviço público. Ademais, o art. 16 da norma em questão (“para os efeitos da presente lei, a remuneraçãode advogado classe 1 guardará identidade com o limite fixado pela Lei 9.105, de 23 de outubro de 1989,alterada pela Lei 9.361 de 1990, e, para as demais classes, observar-se-á a diferença percentual existenteentre as mesmas.”) não estaria em consonância com o art. 37, XIII, da CF, que, em sua norma originária,vigente em 1990, estabelecia ser vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos para efeito deremuneração de pessoal do serviço público. Por fim, considerou que, mesmo que se viesse a ter porconstitucional a Lei 9.422/90, a Lei 9.525/91, em seu art. 1º, teria estatuído vinculação geral com a outracarreira, que deveria ter sido prevista, exclusivamente, para os procuradores, o que contrariariaflagrantemente o referido art. 37, XIII, da CF. Eivada de inconstitucionalidade, portanto, a Lei 9.422/90, a Lei9.525/91 ficaria esvaziada, devendo, também, ser declarada inconstitucional. Em seguida, os MinistrosMenezes Direito e Ricardo Lewandowski acompanharam o relator, julgando o pedido improcedente, mas,considerando que existiam exatamente 295 servidores exercendo essas funções de assessoramento jurídico,deram interpretação conforme no sentido de que a lei estaria limitada à criação de uma carreira apenas paraesses servidores, a fim de evitar a possibilidade de se criar uma carreira paralela à de procurador do Estado,projetando-se para o futuro a autorização, e extrapolando-se o que disposto no art. 56 do ADCT daConstituição paranaense. O Min. Eros Grau, relator, aderiu à interpretação conforme. Após, pediu vista dosautos o Min. Cezar Peluso.ADI 484/PA, rel. Min. Eros Grau, 12.2.2009. (ADI-484)

REPERCUSSÃO GERALGratificação: Dispensa de Avaliação e Extensão aos Inativos

O Tribunal, por maioria, manteve acórdão de Turma Recursal de Juizado Especial Federal, que entendera que aGratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do Trabalho - GDASST, instituída pela Lei10.483/2002, deveria ser estendida aos inativos no valor de 60 pontos, a partir do advento da MedidaProvisória 198/94, convertida na Lei 10.971/2004, que alterou sua base de cálculo. O acórdão recorrido,fundado no princípio da isonomia, ainda declarara a inconstitucionalidade do art. 7º da Lei 10.971/2004, quedeterminou que essa gratificação seria devida aos aposentados e pensionistas no valor correspondente a 30pontos. Salientou-se, de início, que a Lei 10.483/2002 estabeleceu, em seu art. 5º, que a GDASST teria comolimites mínimo e máximo os valores de 10 e 100 pontos, respectivamente, e assegurou, aos aposentados epensionistas, a percepção da gratificação no valor de 10 pontos. Com o advento da Lei 10.971/2004, aGDASST passou a ser paga, indistintamente, a todos os servidores da ativa, no valor equivalente a 60 pontos,até a edição do ato regulamentador do processo de avaliação, previsto no art. 6º da Lei 10.483/2002, tendo osinativos obtido uma majoração na base de cálculo da gratificação de 10 para 30 pontos. Asseverou-se que,para caracterizar a natureza pro labore faciendo da gratificação, é necessário que haja edição da normaregulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráterde generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos. Salientando a inexistência, até a

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presente data, de norma regulamentadora da Lei 10.483/2002 — que permitisse a realização das avaliações dedesempenho institucional e coletivo para atribuição de uma pontuação variável da gratificação, aos servidoresem atividade —, entendeu-se que a GDASST teria se transformado numa gratificação de natureza genérica,extensível, portanto, aos servidores inativos, desde o momento em que os servidores ativos passaram arecebê-la sem a necessidade da avaliação de desempenho. Aduziu-se, entretanto, a partir de ressalva no votodo Min. Cezar Peluso, a possibilidade de sobrevir o regulamento, estabelecendo, sem ferir direito adquirido esem reduzir vencimentos, os critérios de avaliação, portanto, de 60 a 100 pontos. Reputou-se revogado, porconseguinte, o dispositivo que garantiu o valor mínimo da gratificação em 10 pontos. Vencido o Min. MarcoAurélio, que dava provimento ao recurso extraordinário. Precedentes citados: RE 476279/DF (DJU de15.6.2007); RE 476390/DF (DJU de 29.6.2007).RE 572052/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 11.2.2009. (RE-572052)

Forma de Cálculo da Remuneração e Inexistência de Direito Adquirido a Regime JurídicoPor não vislumbrar ofensa à garantia de irredutibilidade da remuneração ou de proventos, e na linha dajurisprudência do Supremo no sentido de não haver direito adquirido à manutenção à forma de cálculo daremuneração, o que importaria em direito adquirido a regime jurídico, o Tribunal, por maioria, negouprovimento a recurso extraordinário interposto, por servidora pública aposentada, contra acórdão do Tribunalde Justiça do Estado do Rio Grande do Norte. Na espécie, com a edição da Lei Complementar Estadual203/2001, o cálculo das gratificações da recorrente deixou de ser sobre a forma de percentual, incidente sobreo vencimento, para ser transformado em valores pecuniários, correspondentes ao valor da gratificação do mêsanterior à publicação da lei. Considerou-se que a Lei Complementar 203/2001 teria preservado o montantepercebido pela recorrente, tendo, inclusive, expressamente garantido que “os índices da revisão geral daremuneração dos servidores públicos serão obrigatoriamente aplicados aos adicionais e gratificações quepassam a ser representados por valores pecuniários”. Vencidos os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio quedavam provimento ao recurso.RE 563965/RN, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.2.2009. (RE-563965)

PRIMEIRA TURMACrime Militar: Peculato Culposo e Extinção da Punibilidade

Por vislumbrar constrangimento ilegal, a Turma, em decorrência da extinção da punibilidade, deferiu habeascorpus para trancar processo penal militar instaurado em face do paciente para apurar a suposta prática docrime de peculato culposo (CPM, art. 303, § 3º) — pelo fato de sua arma haver sido furtada enquanto elerepousava no intervalo de seu turno. No caso, o paciente fora denunciado não obstante a demonstração dopagamento do valor integral do prejuízo causado ao erário em data anterior ao recebimento dessa peçaacusatória. Considerando o disposto no § 4º do referido art. 303 do CPM (“No caso do parágrafo anterior, areparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz demetade a pena imposta.”), asseverou-se existir prova inequívoca de que a conduta do militar enquadrar-se-iaem uma causa explícita de extinção da punibilidade, qual seja, o ressarcimento do dano até a sentençairrecorrível.HC 95625/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 10.2.2009. (HC-95625)

Tráfico de Drogas e Art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006Para que a redução da pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006 seja concedida, não basta que oagente seja primário e tenha bons antecedentes, sendo necessário, também, que ele não se dedique aatividades criminosas nem integre organização criminosa. Com base nesse entendimento, a Turma desproveurecurso ordinário em habeas corpus no qual se pleiteava a incidência da referida causa especial de diminuiçãode pena a condenado pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes na vigência da antiga Lei deTóxicos (Lei 6.368/76, art. 12). Aduziu-se que, na espécie, a dedicação do recorrente ao tráfico de drogasficara devidamente comprovada nos autos e que não fora afastada pela defesa na apelação e nas demaisimpetrações posteriores. Os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto também denegaram o recurso, mas porfundamento diverso, consentâneo com a óptica do tribunal estadual, no sentido de que o aludido § 4º do art.33 da Lei 11.343/2006 não se aplica à situação concreta regida pela Lei 6.368/76, sob pena de se olvidar ocritério unitário, chegando ao conglobamento com o surgimento de uma nova regra normativa.RHC 94802/RS, rel. Min. Menezes Direito, 10.2.2009. (RHC-94802)

Pensão por Morte e Rateio entre Esposa e ConcubinaA Turma, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário no qual esposa questionava decisão de TurmaRecursal dos Juizados Especiais Federais de Vitória-ES, que determinara o rateio, com concubina, da pensãopor morte do cônjuge, tendo em conta a estabilidade, publicidade e continuidade da união entre a recorrida e ofalecido. Reiterou-se o entendimento firmado no RE 397762/BA (DJE de 12.9.2008) no sentido daimpossibilidade de configuração de união estável quando um dos seus componentes é casado e vive

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matrimonialmente com o cônjuge, como na espécie. Ressaltou-se que, apesar de o Código Civil versar a uniãoestável como núcleo familiar, excepciona a proteção do Estado quando existente impedimento para ocasamento relativamente aos integrantes da união, sendo que, se um deles é casado, esse estado civil apenasdeixa de ser óbice quando verificada a separação de fato. Concluiu-se, dessa forma, estar-se diante deconcubinato (CC, art. 1.727) e não de união estável. Vencido o Min. Carlos Britto que, conferindo tratoconceitual mais dilatado para a figura jurídica da família, desprovia o recurso ao fundamento de que, para aConstituição, não existe concubinato, mas companheirismo.RE 590779/ES, rel. Min. Marco Aurélio, 10.2.2009. (RE-590779)

SEGUNDA TURMAOitiva de Testemunha: Audiência no Juízo Deprecado e Ampla Defesa

A Turma, em conclusão de julgamento, deferiu habeas corpus para anular o processo desde a oitiva, por cartaprecatória, de determinada testemunha, inclusive. Alegava-se ausência de intimação do paciente para a oitivada mencionada testemunha no juízo deprecado, não obstante houvesse ocorrido sua intimação quanto àexpedição de carta precatória. Aduziu-se que o tempo transcorrido entre a intimação do defensor constituído —no Rio de Janeiro, quanto à expedição da carta precatória — e a realização da oitiva da referida testemunha,em Belém do Pará, fora de apenas 10 dias corridos ou 7 dias úteis, o que, na prática, inviabilizara ocomparecimento do patrono do réu. Diante disso, nomeara-se um defensor ad hoc para atuar no momentoculminante da instrução do processo-crime, cuja inicial continha mais de 400 páginas. Concluiu-se que, em taiscondições, a nomeação de defensor dativo satisfizera apenas formalmente a exigência de defesa técnica noprocesso, pois seria inconcebível que o advogado tivesse tido condições de atuar de maneira eficiente e efetivaem benefício do acusado. Os Ministros Eros Grau, relator, e Joaquim Barbosa reconsideraram seus votosproferidos em 24.6.2008 pelo indeferimento do writ. Naquela sessão, assentaram que a jurisprudência do STFestaria consolidada no sentido da prescindibilidade da intimação da defesa para a audiência de oitiva detestemunha no juízo deprecado, sendo necessária apenas a ciência da expedição da carta precatória.HC 91501/RJ, rel. Min. Eros Grau, 10.2.2009. (HC-91501)

Gratificação e Extensão a Inativos - 1A Turma não conheceu de recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de se estender aaposentados vantagem paga a servidores em exercício, a título de estímulo à produção individual. Na espécie,o Estado de Minas Gerais alegava violação aos artigos 37, 39, § 1º, e 40, § 8º, todos da CF, ao argumento deque a vantagem pecuniária em questão não seria devida aos inativos no mesmo valor calculado para opagamento dos servidores em atividade, pois a legislação local teria fixado critérios diferenciados diante daimpossibilidade de avaliar o desempenho daqueles já aposentados. Aduzia, destarte, que o servidor, noexercício da função pública, seria avaliado quanto à produtividade e à eficiência, ao passo que não poderiamsê-lo os aposentados e pensionistas.RE 586949/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 10.2.2009. (RE-586949)

Gratificação e Extensão a Inativos - 2Assentou-se que é condição indispensável para conhecimento da alegada ofensa direta ao § 8º do art. 40 daCF, a prévia definição, pelo tribunal a quo, da natureza e alcance jurídicos do acréscimo pecuniário objeto dacausa, à luz das normas subalternas locais que o disciplinam, enquanto premissa necessária para apuração deeventual direito subjetivo dos servidores aposentados, nos termos daquela regra constitucional. Enfatizou-seestar claro que tal definição, porque se dá com base exclusiva na interpretação do regramentoinfraconstitucional que institui e conforma a vantagem, compete às instâncias ordinárias, mediante análise daprova dos fatos que podem compor, ou não, sua fattispecie normativa, disciplinada pela lei estadual. Assim,esclareceu-se que, se o acórdão impugnado, no exercício dessa particular competência, reconhecendo que agratificação tem caráter geral, a estende aos aposentados, ou, dando a ela cunho específico, lhes nega talextensão, não pode esta Corte, no âmbito de recurso extraordinário, ditar solução diversa à causa, porque,para fazê-lo, seria preciso rever, num primeiro passo metodológico, os fundamentos de fato e de direito que,importando incidência do direito local aos fatos tidos por provados, levaram o tribunal a quo a decidir neste ounaqueloutro sentido. Desse modo, para declarar que a gratificação guardaria natureza geral ou específica, oSTF teria de, antes, interpretar normas da lei ordinária que a regula e avaliar provas, para aplicar aquelas aosfatos revelados por estas, em tarefa que lhe é vedada (Súmulas 279 e 280 do STF).RE 586949/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 10.2.2009. (RE-586949)

Gratificação e Extensão a Inativos - 3Nesse diapasão, concluiu-se que este Tribunal só poderia avançar juízo sobre suposta incompatibilidade entre oteor do acórdão impugnado e o disposto no art. 40, § 8º, da CF, se, perante a legislação local e as provas dacausa, aquela instância houver reconhecido dimensão geral à gratificação, sem por motivo legítimo garanti-laaos aposentados, ou, predicando-lhe alcance específico, a atribuísse também aos inativos sob pretexto de

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aplicação daquela regra constitucional, de mera isonomia, ou de outra razão qualquer, que não seria o caso.Por derradeiro, ressaltou-se que, relativamente ao tema, em que pese possam, no plano dos tribunaisinferiores, ser editadas decisões contraditórias em causas com o mesmo objeto ou quaestio iuris, para taleventualidade, os remédios jurídicos que asseguram a unidade e a certeza do direito estão, quanto aos feitosda competência dos tribunais estaduais, no incidente de uniformização de jurisprudência (CPC, art. 476), e,quanto às vantagens previstas na legislação federal, no recurso especial (CF, art. 105, III, a e c). Quanto aosdemais temas constitucionais suscitados, esclareceu-se não terem sido objeto de consideração no acórdãorecorrido, faltando-lhes o requisito do prequestionamento, que deve ser explícito (Verbete 282 do STF).RE 586949/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 10.2.2009. (RE-586949)

REPERCUSSÃO GERAL

DJE de 6 de fevereiro de 2009

REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. EM RE N. 576.321-SPRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. TAXA. SERVIÇOS DE LIMPEZA PÚBLICA. DISTINÇÃO.ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE IMPOSTOS. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. ART. 145, II E § 2º,DA CONSTITUIÇÃO.I - QUESTÃO DE ORDEM. MATÉRIAS DE MÉRITO PACIFICADAS NO STF. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.CONFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. DENEGAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS QUE VERSEM SOBREOS MESMOS TEMAS. DEVOLUÇÃO DESSES RE À ORIGEM PARA ADOÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NOART. 543-B, § 3º, DO CPC. PRECEDENTES: RE 256.588-ED-EDV/RJ, MIN. ELLEN GRACIE; RE 232.393/SP,CARLOS VELLOSO.II - JULGAMENTO DE MÉRITO CONFORME PRECEDENTES.III - RECURSO PROVIDO.

REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. EM RE N. 582.019-SPRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. SALÁRIO-BASE INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO.POSSIBILIDADE. ARTS. 7º, IV, E 39, § 3º (REDAÇÃO DADA PELA EC 19/98), DA CONSTITUIÇÃO.I - Questão de ordem. Matéria de mérito pacificada no STF. Repercussão geral reconhecida. Confirmação dajurisprudência. Denegação da distribuição dos recursos que versem sobre o mesmo tema. Devolução desses REà origem para adoção dos procedimentos previstos no art. 543-B, § 3º, do CPC. Precedentes: RE 579.431-QO/RS, RE 582.650-QO/BA, RE 580.108-QO/SP, Rel. Min. Ellen Gracie; RE 591.068-QO/PR, Rel. Min. GilmarMendes; RE 585.235-QO/MG, Rel. Min. Cezar Peluso.II - Julgamento de mérito conforme precedentes.III - Recurso provido.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 593.388-MGRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTAADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE INSTITUCIONAL AUTÔNOMA CONCEDIDA AOSPROCURADORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. EXTENSÃO AOS PROCURADORES DA FAZENDA DO ESTADO.AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 594.296-MGRELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTADIREITO ADMINISTRATIVO. ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO CUJA FORMALIZAÇÃO TENHA REPERCUTIDONO CAMPO DE INTERESSES INDIVIDUAIS. PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO SOB O RITO DO DEVIDO PROCESSOLEGAL E COM OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. EXISTÊNCIA DEREPERCUSSÃO GERAL.

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

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Informativo STFBrasília, 2 a 6 de fevereiro de 2009 - Nº 534.

SUMÁRIOPlenárioProposta de Súmula Vinculante e Acesso do Advogado a Elementos de Prova já DocumentadosADI e Cargos de Direção de Tribunal de JustiçaADI e Competência de Tribunal de ContasADI e Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas - 1ADI e Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas - 2ADI e Vinculação de Remuneração“Leasing” e Incidência do ICMSCensor Federal: Extinção de Cargo e Aproveitamento - 2Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução Provisória - 5Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução Provisória - 6Repercussão Geral“Leasing” e Incidência do ISS1ª TurmaRoubo: Emprego de Arma de Fogo e Causa de AumentoPrisão Preventiva: Falta de Fundamentação e AutodefesaEnquadramento na Denúncia e Responsabilidade Objetiva - 2Pronúncia: Excesso de Linguagem e Lei 11.689/2008Sessão de Julgamento: Intimação Pessoal do Defensor e Nulidade RelativaPorte Ilegal de Arma de Fogo e Trancamento de Ação Penal2ª TurmaOitiva de Testemunha: Indeferimento e Juízo de ConveniênciaDeserção e Incapacidade para o Serviço MilitarClipping do DJTranscriçõesRepercussão Geral e Ação Cautelar (AC 2030/SP)

PLENÁRIOProposta de Súmula Vinculante e Acesso do Advogado a Elementos de Prova já DocumentadosO Tribunal, por maioria, acolheu proposta de súmula vinculante formulada pelo Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil, e, em seguida, aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante 14 nosseguintes termos: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementosde prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência depolícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”. Na espécie, o Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil, com fundamento no art. 103-A, § 2º, da CF, e no art. 3º, V, da Lei11.417/2006, propunha a edição de enunciado de súmula vinculante que tratasse do acesso, peloadvogado do investigado, aos autos do inquérito policial sigiloso, e sugeria a aprovação do seguinte texto:“O advogado constituído pelo investigado, ressalvadas as diligências em andamento, tem o direito deexaminar os autos de inquérito policial, ainda que estes tramitem sob sigilo”. Preliminarmente, o Tribunal,por maioria, rejeitou questão suscitada pela Min. Ellen Gracie, e seguida pelo Min. Joaquim Barbosa, nosentido de se reconhecer não ser conveniente e oportuna a edição de súmula vinculante, ao fundamentode o tema tratado não ter tanta abrangência, no momento, a exigir da Corte um absoluto posicionamentosobre ele. Considerou-se estarem preenchidos os requisitos do art. 103-A da CF, e de ser oportuna econveniente a edição da súmula vinculante haja vista estar-se diante de tema relativo a direitosfundamentais. Ressaltou-se, ademais, já haver diversos precedentes da Corte sobre o assunto. Nomérito, entendeu-se que a jurisprudência do Supremo tem garantido a amplitude do direito de defesa, oexercício do contraditório e o devido processo legal (CF, art. 5º, LIV e LV) mesmo que em sede deinquéritos policiais e/ou processos originários, cujos conteúdos devam ser mantidos sob sigilo. Asseverou-se, por outro lado, que a redação sugerida pelo requerente já excluiria da determinação contida nasúmula as diligências em andamento, a evitar qualquer óbice à efetividade da atividade investigatória.Precedentes citados: HC 88520/AP (DJU de 19.12.2007) HC 90232/AM (DJU de 2.3.2007); HC 88190/RJ(DJU de 6.10.2006); HC 92331/PB (DJU de 2.8.2008); HC 87827/RJ (DJU de 23.6.2006); HC 82354/PR(DJU de 24.9.2004).PSV 1/DF, rel. Min. Menezes Direito, 2.2.2009. (PSV-1)

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ADI e Cargos de Direção de Tribunal de Justiça

O Tribunal referendou decisão concessiva de liminar, proferida pelo Min. Gilmar Mendes, Presidente, emação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República, para suspender os §§2º e 3º do art. 100 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Referidosdispositivos estabelecem, respectivamente, que a eleição para Presidente e Vice-Presidente do Tribunal,Corregedor-Geral de Justiça e Vice-Corregedor, “será feita entre os membros integrantes da metade maisantiga da Corte Superior que ainda não tenham exercido o cargo, sendo considerado eleito odesembargador que obtiver a maioria de votos da totalidade dos membros do Tribunal Pleno” e que “ametade referida no parágrafo anterior será apurada depois de excluídos os desembargadores inelegíveis,os impedidos e os que, antecipadamente, declararem que não são candidatos”. Entendeu-se que ospreceitos impugnados, ao ampliar o rol de magistrados aptos a serem eleitos para os cargos de direçãodaquela Corte, afrontam, em princípio, o disposto no art. 93 da CF, por tratar de matéria reservada à leicomplementar de iniciativa do STF, bem como não observam o art. 102 da Lei Orgânica Nacional daMagistratura - LOMAN (LC 35/79), que prevê a eleição de magistrados para os cargos de direção dostribunais de forma diversa. Precedentes citados: ADI 3566/DF (DJU de 15.6.2007); ADI 3976 MC/SP (DJEde 15.2.2008). ADI 4108 Referendo-MC/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2.2.2009. (ADI-4108)

ADI e Competência de Tribunal de ContasO Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta proposta pelo Governador do Estado deMato Grosso para declarar a inconstitucionalidade da Lei 6.209/93, do referido Estado-membro, quedetermina que todos os contratos celebrados entre o Governo do Estado e empresas particularesdependerão de registro prévio junto ao Tribunal de Contas estadual. Entendeu-se que a lei em questãoofende o art. 71 da CF, aplicável aos tribunais de contas estaduais, ante a regra da simetria (CF, art. 75),que não prevê como atribuição do Tribunal de Contas da União o controle prévio e amplo dos contratoscelebrados pela Administração Pública. Asseverou-se que, nos termos do art. 71, I, da CF, os tribunais decontas devem emitir parecer prévio relativo às contas prestadas anualmente pelo Chefe do PoderExecutivo, prestação essa que tem amparo na responsabilidade geral pela execução orçamentária e nãose restringe à obrigação do Presidente da República, do Governador de Estado ou do Prefeito municipalcomo chefes de Poderes. Precedente citado: ADI 849/MT (DJU de 23.4.99).ADI 916/MT, rel. Min. Joaquim Barbosa, 2.2.2009. (ADI-916)

ADI e Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas - 1O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral daRepública para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 102 da Constituição do Estadode Santa Catarina, que estabelece que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas é exercido pelosProcuradores da Fazenda junto ao Tribunal de Contas. Aplicou-se a orientação fixada pela Corte emdiversos precedentes no sentido de que os ministérios públicos que atuam junto aos tribunais de contasconstituem órgãos autônomos, organizados em carreiras próprias, aplicando-se, aos seus integrantes, asdisposições pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura do parquet comum (CF, artigos 73, §2º, I; 75 e 130). Precedentes citados: ADI 263/RO (DJU de 22.6.90); ADI 789/DF (DJU de 19.12.94);ADI 1545/SE (DJU de 24.10.97); ADI 2068/MG (DJU de 16.5.2003); ADI 2378/GO (DJU de 6.9.2007);ADI 2884/RJ (DJU de 20.5.2005) e ADI 3192/ES (DJU de 18.6.2006).ADI 328/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.2.2009. (ADI-328)

ADI e Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas - 2Por vislumbrar afronta aos artigos 75 e 130 da CF, o Tribunal julgou parcialmente procedente pedidoformulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República para declarar ainconstitucionalidade do inciso VIII do art. 106 da Constituição do Estado do Mato Grosso, que estabeleceque lei complementar, cuja iniciativa é facultada ao Procurador-Geral de Justiça, disporá sobre o exercícioprivativo das funções do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, e do inciso III do § 1º do art. 16da Lei Complementar estadual 27/93, que cria uma Procuradoria de Justiça junto ao Tribunal de Contas.Preliminarmente, julgou-se a ação prejudicada quanto à Lei Complementar estadual 11/91, tambémimpugnada, por perda superveniente de objeto, ante sua revogação pela Lei Complementar estadual269/2007, que dispôs sobre a organização do Tribunal de Contas daquela unidade federativa. Algunsprecedentes citados: ADI 709/PR (DJU de 24.6.94); ADI 520/MT (DJU de 6.6.97); ADI 3831/DF (DJU de24.8.2007); ADI 1445QO/DF (DJU de 29.4.2005); ADI 387/RO (DJU de 9.9.2005); ADI 2884/RJ (DJU de20.5.2005); ADI 3192/ES (DJU de 18.6.2006); ADI 2068/MG (DJU de 16.5.2003); ADI 789/DF (DJU de19.12.94); ADI 3715 MC/TO (DJU de 25.8.2006).ADI 3307/MT, rel. Min. Cármen Lúcia, 2.2.2009. (ADI-3307)

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ADI e Vinculação de Remuneração

Por vislumbrar ofensa ao disposto no art. 37, XIII, da CF, que veda a vinculação ou equiparação dequaisquer espécies remuneratórias para efeito de remuneração de pessoal do serviço público, o Tribunal,por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em duas ações diretas ajuizadas pelaAssociação dos Delegados de Polícia do Brasil - ADEPOL contra atos normativos do Estado de SantaCatarina que reorganizam a estrutura administrativa e dispõem sobre a remuneração dos profissionais doSistema de Segurança Pública estadual. Declarou-se, com eficácia ex nunc, a partir da publicação doacórdão, a inconstitucionalidade das seguintes expressões: “de forma a assegurar adequadaproporcionalidade de remuneração das diversas carreiras com a de delegado de polícia”, contida no § 3ºdo art. 106 da Constituição estadual; “assegurada a adequada proporcionalidade das diversas carreirascom a do Delegado Especial”, constante do art. 4º da Lei Complementar estadual 55/92; “mantida aproporcionalidade estabelecida em lei que as demais classes da carreira e para os cargos integrantes doGrupo Segurança Pública - Polícia Civil”, do art. 1º da Lei Complementar estadual 99/93. Porarrastamento, declarou-se a inconstitucionalidade do § 1º do art. 10 e dos artigos 11 e 12 da LeiComplementar estadual 254/2003, com a redação dada pela Lei Complementar estadual 374/2007.Vencido, quanto ao mérito, o Min. Marco Aurélio, que julgava o pedido improcedente, e, vencidos, quantoà modulação dos efeitos, os Ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio. Alguns precedentes citados: ADI191/RS (DJE de 7.3.2008); ADI 64/RO (DJE de 22.2.2008); RE 218874/SC (DJE de 1º.2.2008); ADI3853/MS (DJE de 26.10.2007); ADI 955/PB (DJU de 25.8.2006); ADI 2831 MC/RJ (DJU de 28.5.2004)ADI 4001/SC, rel. Min. Eros Grau, 4.2.2009. (ADI-4001)ADI 4009/SC, rel. Min. Eros Grau, 4.2.2009. (ADI-4009)

“Leasing” e Incidência do ICMSO Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, em que sediscute a constitucionalidade, ou não, da incidência do ICMS na importação de bem móvel realizadamediante operação de arrendamento mercantil (leasing). O recurso impugna acórdão do Tribunal deJustiça do Estado de São Paulo, que reputara indevido o recolhimento do referido imposto, quando dodesembaraço aduaneiro, ao fundamento de que o contrato de leasing é complexo e, no caso, não foraexercida a opção de compra, não se cuidando, dessa forma, de operação que envolvesse circulação demercadoria, mas prevalecendo a prestação de serviços consoante previsão da Lei Complementar 56/87. AMin. Ellen Gracie, relatora, deu provimento ao recurso, e reportou-se à orientação fixada no julgamentodo RE 206069/SP (DJU de 1º.9.2006), de sua relatoria, no sentido de reconhecer a constitucionalidade daincidência do ICMS sobre a entrada de mercadoria importada, qualquer que seja a natureza do ajusteinternacional motivador da importação. Asseverou, inicialmente, que o Constituinte de 1988 conferiutratamento especialíssimo à incidência de ICMS sobre itens importados (CF, art. 155, § 2º, IX, a), e que aanálise desse dispositivo revela que, nessa circunstância, a imposição de ICMS prescinde da verificação danatureza do negócio jurídico motivador da importação. Esclareceu que se elegeu o elemento fático“entrada de mercadoria importada” como caracterizador da circulação jurídica da mercadoria ou do bem,e se dispensaram indagações sobre os contornos do negócio jurídico realizado no exterior. Ressaltou queo legislador constituinte assim o fez porque, de outra forma, não seria possível a tributação do negóciojurídico que ensejou a importação por não estar ele ao alcance do fisco brasileiro, nem ter sido pautadopelas leis brasileiras, já que realizado no exterior. Por isso, ante a impossibilidade de tributar o próprioajuste — a teor da regra das transações internas, em que o vendedor é o contribuinte do ICMS — eleoptou por sujeitar ao ICMS o resultado do ajuste, consubstanciado na entrada da mercadoria importada.Daí, em contraponto ao sistema da incidência genérica sobre a circulação econômica, o imposto serárecolhido pelo utilizador do bem que seja contribuinte do ICMS. Além disso, frisou que a Lei 6.099/74,que rege a matéria, ao tratar do leasing internacional (art. 17), teria objetivado proteger o mercadointerno e evitar a elisão fiscal. Considerou, ainda, que o disposto no inciso VIII do art. 3º da LeiComplementar 87/96, que prevê a incidência do ICMS apenas na hipótese do exercício da opção decompra pelo arrendatário, só se aplicaria nas operações internas, eis que a opção de compra constante docontrato internacional não está no âmbito da incidência do ICMS e o arrendador sediado no exterior não édele contribuinte. Por fim, observou que a isenção pretendida pela recorrida ocasionaria uma inevitávelsituação de privilégio em prejuízo aos bens e mercadorias nacionais objetos de leasing. Após, antecipoupedido de vista dos autos o Min. Eros Grau.RE 226899/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 4.2.2009. (RE-226899)

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Censor Federal: Extinção de Cargo e Aproveitamento - 2

Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, não conheceu de ação direta deinconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República contra a Lei 9.688/98, que declarou aextinção dos cargos de Censor Federal, referidos na Lei 9.266/96, dispôs sobre o aproveitamento de seusocupantes nos cargos de Perito Criminal Federal e de Delegado de Polícia Federal, exigindo, quanto aoúltimo, o título de bacharel em direito, bem como determinou a extensão, aos aposentados nos cargosextintos, dos benefícios decorrentes desse enquadramento — v. Informativo 400. Ressaltando asextravagantes peculiaridades do caso concreto, entendeu-se que o ato em análise não se amoldaria aocontrole abstrato de constitucionalidade, pois, com o enquadramento por ele perpetrado (que somenteveio aperfeiçoar situação que a Administração Pública já havia efetivado desde 1988) nada mais restou aser regulamentado. Considerou-se, portanto, ter-se norma — que só serviu para dar fim a uma situaçãoconcreta relativa a um grupo insubstituível de indivíduos — de eficácia completamente exaurida, pois nãoocorreram e não mais ocorrerão quaisquer outras situações no mundo dos fatos que possam subsumir-seà previsão nela contida, ou seja, seus efeitos esgotaram-se, em instante único, com a extinção do cargode censor e o enquadramento de seus ocupantes — certos e determinados — nos cargos de peritocriminal e delegado de Polícia Federal. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, relator, Joaquim Barbosa,Carlos Britto, Carlos Velloso e Celso de Mello que conheciam da ação.ADI 2980/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso, 5.2.2009.(ADI-2980)

Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução Provisória - 5Ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito emjulgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, desde que presentesos requisitos autorizadores previstos no art. 312 do CPP. Com base nesse entendimento, o Tribunal, pormaioria, concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, para determinar que o pacienteaguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença condenatória. Tratava-se de habeas corpusimpetrado contra acórdão do STJ que mantivera a prisão preventiva do paciente/impetrante, aofundamento de que os recursos especial e extraordinário, em regra, não possuem efeito suspensivo — v.Informativos 367, 371 e 501. Salientou-se, de início, que a orientação até agora adotada pelo Supremo,segundo a qual não há óbice à execução da sentença quando pendente apenas recursos sem efeitosuspensivo, deveria ser revista. Esclareceu-se que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/84 (Lei deExecução Penal, artigos 105, 147 e 164), além de adequados à ordem constitucional vigente (art. 5º,LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”),sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP, que estabelece que o recursoextraordinário não tem efeito suspensivo e, uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, osoriginais baixarão à primeira instância para a execução da sentença. Asseverou-se que, quanto àexecução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia aplicar o mesmo entendimento fixado, por ambas asTurmas, relativamente à pena restritiva de direitos, no sentido de não ser possível a execução dasentença sem que se dê o seu trânsito em julgado. Aduziu-se que, do contrário, além da violação aodisposto no art. 5º, LVII, da CF, estar-se-ia desrespeitando o princípio da isonomia.HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009. (HC-84078)

Prisão Preventiva: Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução Provisória - 6Em seguida, afirmou-se que a prisão antes do trânsito em julgado da condenação somente poderia serdecretada a título cautelar. Enfatizou-se que a ampla defesa englobaria todas as fases processuais, razãopor que a execução da sentença após o julgamento da apelação implicaria, também, restrição do direitode defesa, com desequilíbrio entre a pretensão estatal de aplicar a pena e o direito, do acusado, de elidiressa pretensão. Ressaltou-se que o modelo de execução penal consagrado na reforma penal de 1984conferiria concreção ao denominado princípio da presunção de inocência, não sendo relevante indagar sea Constituição consagraria, ou não, a presunção de inocência, mas apenas considerar o enunciadonormativo de garantia contra a possibilidade de a lei ou decisão judicial impor ao réu, antes do trânsitoem julgado de sentença condenatória, sanção ou conseqüência jurídica gravosa que dependesse dessacondição constitucional. Frisou-se que esse quadro teria sido alterado com o advento da Lei 8.038/90,que instituiu normas procedimentais relativas aos processos que tramitam perante o STJ e o STF, aodispor que os recursos extraordinário e especial seriam recebidos no efeito devolutivo. No ponto,observou-se que a supressão do efeito suspensivo desses recursos seria expressiva de uma políticacriminal vigorosamente repressiva, instalada na instituição da prisão temporária pela Lei 7.960/89 e,posteriormente, na edição da Lei 8.072/90. Citou-se o que decidido no RE 482006/MG (DJU de14.12.2007), no qual declarada a inconstitucionalidade de preceito de lei estadual mineira que impunha a

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redução de vencimentos de servidores públicos afastados de suas funções por responderem a processopenal em razão da suposta prática de crime funcional, ao fundamento de que tal preceito afrontaria odisposto no art. 5º, LVII, da CF. Concluiu-se que, se a Corte, nesse caso, prestigiara o disposto nopreceito constitucional em nome da garantia da propriedade, não o poderia negar quando se tratasse dagarantia da liberdade. Vencidos os Ministros Menezes Direito, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa e EllenGracie, que denegavam a ordem.HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009. (HC-84078)

REPERCUSSÃO GERAL“Leasing” e Incidência do ISS

O Tribunal iniciou julgamento de dois recursos extraordinários em que se discute a constitucionalidade, ounão, da incidência do Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza - ISS sobre operações dearrendamento mercantil (leasing). O Min. Eros Grau, relator, deu provimento ao RE 547245/SC,interposto pelo Município de Itajaí, e negou provimento ao RE 592905/SC, interposto por instituiçãofinanceira. O relatou afirmou, inicialmente, quanto ao caráter jurídico do contrato de arrendamentomercantil, que ele é contrato autônomo que compreende 3 modalidades: 1) o leasing operacional; 2) oleasing financeiro e 3) o chamado lease-back (Resolução 2.309/96 do BACEN, artigos 5º, 6º e 23, e Lei6.099/74, art. 9º, na redação dada pela Lei 7.132/83). Asseverou que, no primeiro caso, há locação, e,nos outros dois, serviço. Ressaltou que o leasing financeiro é modalidade clássica ou pura de leasing e, naprática, a mais utilizada, sendo a espécie tratada nos recursos examinados. Esclareceu que, nessamodalidade, a arrendadora adquire bens de um fabricante ou fornecedor e entrega seu uso e gozo aoarrendatário, mediante pagamento de uma contraprestação periódica, ao final da locação abrindo-se aeste a possibilidade de devolver o bem à arrendadora, renovar a locação ou adquiri-lo pelo preço residualcombinado no contrato. Observou que prepondera, no leasing financeiro, portanto, o caráter definanciamento e nele a arrendadora, que desempenha função de locadora, surge como intermediáriaentre o fornecedor e arrendatário. Após salientar que a lei complementar não define o que é serviço, masapenas o declara, para os fins do inciso III do art. 156 da CF, concluiu que, no arrendamento mercantil(leasing financeiro) — contrato autônomo que não é contrato misto, cujo núcleo é o financiamento e nãouma prestação de dar —, por ser financiamento serviço, pode sobre ele incidir o ISS, resultandoirrelevante a existência de uma compra. Em seguida, em relação ao RE 547245/SC, pediu vista dos autoso Min. Joaquim Barbosa, e suspendeu-se o julgamento do RE 592905/SC, por nele estar impedido o Min.Joaquim Barbosa de votar.RE 547245/SC, rel. Min. Eros Grau, 4.2.2009. (RE-547245)RE 592905/SC, rel. Min. Eros Grau, 4.2.2009. (RE-592905)

PRIMEIRA TURMARoubo: Emprego de Arma de Fogo e Causa de Aumento

A Turma decidiu afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus em que se discute se, para acaracterização da majorante prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, é dispensável ou não a perícia da armade fogo. Trata-se, na espécie, de writ em que a Defensoria Pública da União sustenta constrangimentoilegal consistente na incidência dessa causa de aumento, sem que verificado o potencial lesivo dorevólver, à pena aplicada a condenado por roubo qualificado pelo emprego de arma de fogo e peloconcurso de pessoas. Deliberou-se, também, sobrestar todos os processos que tramitam pela Turma emigual situação.HC 96099/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 3.2.2009. (HC-96099)

Prisão Preventiva: Falta de Fundamentação e AutodefesaA Turma não conheceu de habeas corpus em que pleiteada a revogação do decreto de prisão cautelarexpedido em desfavor de condenada pela prática do crime de latrocínio (CP, art. 157, § 3º). No caso,após a soltura da paciente pelo Tribunal de Justiça local para que aguardasse o julgamento de apelaçãoem liberdade, o juízo processante, ao receber esse recurso, determinara seu recolhimento à prisão aoargumento de garantia da ordem pública, uma vez que a credibilidade da justiça estaria abalada porcausa de entrevista concedida pela paciente em programa de televisão, narrando o fato delituoso. Contraessa decisão, fora impetrado writ perante a Corte de origem, não conhecido, o que ensejara igual medidano STJ, cujo pedido de liminar restara indeferido monocraticamente. Ante a concessão de medida liminarpelo Min. Carlos Britto, relator, o STJ declarara o prejuízo do habeas corpus lá impetrado. Superado oóbice da Súmula 691 do STF, concedeu-se a ordem, de ofício, por se considerar que o simples ato de apaciente participar de programa televisivo, discorrendo sobre o quadro empírico do delito a que

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condenada, não teria a força de justificar a respectiva segregação cautelar. Assim, reputou-se inidôneo ofato superveniente apontado pela juíza de 1º grau para a determinação da custódia provisória. Enfatizou-se, no ponto, que a paciente apenas manifestara a sua própria versão sobre os fatos delituosos,autodefendendo-se. Dessa forma, entendeu-se que a entrevista da paciente traduzira-se no exercícioconstitucional à “livre manifestação do pensamento” (CF, art. 5º, IV) e de autodefesa, a mais natural dasdimensões das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º, LV). Por fim,acolheu-se proposta do Min. Menezes Direito no sentido de que deveria ficar consignado na ementa doacórdão que esse comportamento do STJ em declarar o prejuízo da impetração não é pertinente.HC 95116/SC, rel. Min. Carlos Britto, 3.2.2009. (HC-95116)

Enquadramento na Denúncia e Responsabilidade Objetiva - 2A Turma, tendo em conta a concessão da ordem pelo STJ apenas no tocante à falta de fundamentação dodecreto constritivo, declarou o prejuízo parcial de habeas corpus no qual se pretendia o trancamento deação penal instaurada contra denunciado, com terceiros, pela suposta infração aos artigos 12 e 14 da Lei6.368/76 e ao art. 180 do CP, todos combinados com o art. 69 do referido código — v. Informativo 498.Entretanto, deferiu-se o writ quanto aos fatos narrados na denúncia e o enquadramento dela constante.Aduziu-se que, relativamente ao paciente, os fatos diriam respeito à imputação ligada à circunstância deadquirir produto que sabia de procedência ao menos duvidosa, implementando, assim, práticaenquadrável no delito de receptação. Asseverou-se que o Ministério Público estadual, contudo, a partir dapremissa de ter o paciente adquirido produto de acusado de tráfico de drogas, o denunciara também porassociação para tal fim e até mesmo por tráfico. Entendeu-se que o parquet fizera ilação incompatívelcom o ordenamento jurídico vigente, chegando-se, dessa forma, à responsabilidade objetiva. Emconseqüência, concluiu-se que deveria ser excluída da inicial acusatória a imputação relativa aos crimesde tráfico e de associação. HC 92258/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 3.2.2009. (HC-92258)

Pronúncia: Excesso de Linguagem e Lei 11.689/2008Embora ressaltando a ofensa ao princípio da colegialidade, a Turma não conheceu de habeas corpusimpetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que, após apreciar o mérito da causa, negaraseguimento a idêntica medida em que se alegava excesso de linguagem na decisão de pronúncia dopaciente. Concluiu-se pela falta de interesse de agir da impetração ante a superveniência da Lei11.689/2008 — que alterou dispositivos do Código de Processo Penal referentes ao tribunal do júri —,haja vista que, com a referida reforma, não existe mais a possibilidade de leitura da sentença depronúncia no plenário do tribunal do júri (CPP: “Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sobpena de nulidade, fazer referências: I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaramadmissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade quebeneficiem ou prejudiquem o acusado;”). Acolheu-se, ainda, o voto adendo do Min. Menezes Direito, nosentido de assentar na própria ementa que há impropriedade do julgamento do mérito por decisãomonocrática de Ministro do Tribunal a quo. HC 96123/SP, rel. Min. Carlos Britto, 3.2.2009. (HC-96123)

Sessão de Julgamento: Intimação Pessoal do Defensor e Nulidade RelativaTendo em conta as particularidades do caso, a Turma indeferiu habeas corpus em que se alegavanulidade processual consistente na ausência de intimação pessoal do defensor público para a audiência dejulgamento do recurso de apelação do paciente. De início, salientou-se que seria incontroverso nos autosque o patrono do réu não fora intimado pessoalmente da data do aludido julgamento e que, interposta aapelação pela defesa, houvera publicação da pauta da sessão de julgamento na imprensa oficial. Emseguida, enfatizou-se que a nulidade por falta de intimação do patrono para o julgamento da apelação éde natureza relativa, devendo ser sanada no momento em que o defensor do réu dela tem conhecimento,sob pena de preclusão. Esclareceu-se, ainda, que os dois momentos essenciais à defesa, sem os quaishaveria, sim, nulidade absoluta, foram cumpridos em favor do paciente, quais sejam, a intimação para aoferta das razões de apelação e a intimação do resultado do julgamento. Aduziu-se, também, que o atode intimação para a data do julgamento, que permitiria à defesa não mais do que uma sustentação oral,nos termos do regimento interno do tribunal estadual, se ausente ou deficiente, caracterizaria apenasnulidade relativa. Contudo, na presente situação, inexistiria dado a evidenciar que a defensoria nãotivesse sido cientificada do resultado do julgamento do recurso. Assim, se essa instituição e o paciente,apesar de intimados do resultado da apelação, quedaram-se inertes por mais de 8 anos quanto acontestação de eventuais vícios procedimentais, não haveria como deixar de assentar a preclusão.Ademais, reiterou-se que o writ não pode ser empregado como sucedâneo de revisão criminal.HC 94277/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 3.2.2009. (HC-94277)

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Porte Ilegal de Arma de Fogo e Trancamento de Ação Penal

Por considerar que a desclassificação do delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (Lei10.826/2003, art. 14) para o de posse irregular (Lei 10.826/2003, art. 12) demandaria análise doselementos fáticos-probatórios, incompatível com a via eleita, a Turma, em votação majoritária, indeferiuhabeas corpus no qual pleiteado o trancamento de ação penal instaurada em desfavor do paciente. Adefesa reiterava a alegação de falta de justa causa para o recebimento da denúncia, uma vez que o fatode o revólver de propriedade do paciente haver sido encontrado em barraca de terceira pessoa (que oguardara a pedido do próprio paciente) deveria ser enquadrado no tipo previsto no art. 12 da Lei10.826/2003, cuja conduta seria atípica por força do período de vacatio legis indireta instituída pelosartigos 30 e 32 dessa mesma lei. Enfatizou-se, ainda, não estar prejudicada a apreciação, pelo juízo deorigem, do tema referente à interpretação da conduta praticada pelo paciente. Vencidos os MinistrosMarco Aurélio e Carlos Britto que, assentando cuidar-se de questão de direito saber se, na espécie, ter-se-ia o porte — quando a arma é encontrada, não na residência ou no trabalho do proprietário, mas emoutro local, guardada por terceiro —, concediam a ordem ao fundamento de que incidiria a vacatio legis.Desse modo, tendo em conta que o paciente não portava a arma, ou seja, não a trazia consigo,asseveravam que o conceito de porte não poderia ser elastecido para nele se compreender o fato descritona denúncia, fato este reputado incontroverso.HC 95911/PE, rel. Min. Cármen Lúcia, 3.2.2009. (HC-95911)

SEGUNDA TURMAOitiva de Testemunha: Indeferimento e Juízo de Conveniência

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que condenado pelos crimes de abuso de poder eextravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento alegava violação aos princípios do devidoprocesso legal, da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV e LIV) em vista do indeferimento deoitiva de testemunha na fase de instrução processual, o que teria ocasionado o cerceamento de suadefesa e conseqüente nulidade do feito. No caso, a impetração teve tal pedido negado ao fundamento desua total desnecessidade e irrelevância para a busca da verdade real, na medida em que a testemunhaarrolada estaria presa há vários anos, muito antes da ocorrência dos fatos que estavam em apuração,bem como da ausência de relação entre o que a defesa pretendia provar e o objeto daqueles autos.Assentou-se que a jurisprudência do STF está alinhada no sentido de não constituir cerceamento dedefesa o indeferimento de diligências requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessáriaspelo órgão julgador, a quem compete a avaliação da necessidade ou conveniência do procedimento entãoproposto. Asseverou-se, ademais, que a decisão a qual indeferiu a oitiva de testemunha da defesa estáamplamente motivada, não cabendo a esta Corte substituir o juízo de conveniência da autoridadejudiciária a respeito da necessidade ou não dessa oitiva. Vencido o Min. Celso de Mello, que concedia owrit por entender que a exclusão antecipada, por parte do órgão judiciário competente, do rol detestemunhas, sob a alegação de que o depoimento poderia ser procrastinatório, ou de que, como naespécie, os fatos os quais o réu pretendia provar com a oitiva da aludida testemunha não tinhamqualquer relação com aqueles tratados na ação penal, na verdade, acabaria frustrando a perspectiva de oréu produzir, em seu favor, prova, especialmente a partir da possibilidade da inquirição a ser feita emjuízo, com a oportunidade de o Ministério Público ou contraditar esta testemunha antes mesmo datomada de seu depoimento ou então de formular reperguntas com o objetivo de neutralizar as repostaspor ela eventualmente dadas. Precedentes citados: HC 76614/RJ (DJU de 12.6.98); AI 723935 AgR/GO(DJE 14.11.2008).HC 94542/SP, rel. Min. Eros Grau, 3.2.2009. (HC-94542)

Deserção e Incapacidade para o Serviço MilitarA Turma deferiu habeas corpus para que seja declarada a nulidade da sentença condenatória e aconseqüente extinção da punibilidade em favor do paciente, cuja condenação pelo delito de deserção(CPM, artigos 187 e 189, I) transitara em julgado posteriormente à constatação de sua temporáriaincapacidade para o serviço militar, em inspeção médica de saúde realizada em instrução provisória dedeserção. A defesa reiterava a tese de que a condenação pelo crime de deserção perde a justa causa seconstatada a incapacidade do paciente para o serviço militar, tendo em vista a própria extinção do direitode punir do Estado decorrente da perda da aptidão para esse serviço, elemento essencial paracaracterizar o delito.HC 90672/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 3.2.2009. (HC-90672)

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R E P E R C U S S Ã O G E R A L

DJE de 6 de fevereiro de 2009

REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. EM RE N. 572.921-RNRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS. SALÁRIO MÍNIMO. COMPLEMENTAÇÃOPOR ABONO. CÁLCULO DE GRATIFICAÇÕES E OUTRAS VANTAGENS SOBRE O ABONO UTILIZADO PARASE ATINGIR O SALÁRIO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE.I - Questão de ordem. Matéria de mérito pacificada no STF. Repercussão geral reconhecida. Confirmaçãoda jurisprudência. Denegação da distribuição dos recursos que versem sobre o mesmo tema. Devoluçãodesses RE à origem para adoção dos procedimentos previstos no art. 543-B, § 3º, do CPC. Precedentes:RE 579.431-QO/RS, RE 582.650-QO/BA, RE 580.108-QO/SP, Rel. Min. Ellen Gracie; RE 591.068-QO/PR,Rel. Min. Gilmar Mendes; RE 585.235-QO/MG, Rel. Min. Cezar Peluso.II - Julgamento de mérito conforme precedentes.III - Recurso desprovido.

REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 586.224-SPRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE A QUEIMA DE PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR E O USO DO FOGO EM ATIVIDADES AGRÍCOLAS. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.COMPETÊNCIA MUNICIPAL. REPERCUSSÃO GERAL. EXISTÊNCIA.

C L I P P I N G D O DJ

12 de dezembro de 2008AG. REG. NA ADPF N. 148-SPRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: LEGITIMIDADE. Ativa. Inexistência. Ação por descumprimento de preceito fundamental (ADPF).Prefeito municipal. Autor não legitimado para ação direta de inconstitucionalidade. Ilegitimidadereconhecida. Negativa de seguimento ao pedido. Recurso, ademais, impertinente. Agravo improvido.Aplicação do art. 2º, I, da Lei federal nº 9.882/99. Precedentes. Quem não tem legitimidade para proporação direta de inconstitucionalidade, não a tem para ação de descumprimento de preceito fundamental.

AG. REG. NA AO N. 1.498-SPRELATOR: MIN. EROS GRAUEMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO ORIGINÁRIA. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.AÇÃO DE INTERESSE DE TODA A MAGISTRATURA. ART. 102, I, “N”, DA CONSTITUIÇÃO.INOCORRÊNCIA. HIPÓTESE EM QUE SE DISCUTEM INTERESSES INDIVIDUAIS, NÃO PERMITINDO ODESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO. NECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃOEXPRESSA DO TRIBUNAL DE ORIGEM. INSTAURAÇÃO, PELO ÓRGÃO ESPECIAL, DE PROCEDIMENTOADMINISTRATIVO DISCIPLINAR CONTRA MAGISTRADO. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL LOCAL PARA AREVISÃO DO ATO. ART. 21, VI, DA LC N. 35/79 [LOMAN]. AGRAVO IMPROVIDO.1. O impedimento e a suspeição que autorizam o julgamento de ação originária pelo Supremo TribunalFederal, nos termos do disposto no art. 102, I, “n”, in fine, da CB/88, pressupõem a manifestaçãoexpressa dos membros do Tribunal competente, em princípio, para o julgamento da causa. Precedentes[Rcl n. 2.942 - MC, Relator o Ministro CELSO DE MELLO, DJ 16.12.2004; AgR-MS n. 25.509, Relator oMinistro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 24.03.2006; AgR-AO n. 1.153, Relator o Ministro CARLOS VELLOSO,DJ 30.09.2005; AgR-AO n. 1.160, Relator o Ministro CEZAR PELUSO, DJ 11.11.2005 e AgR-AO n. 973,Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ 16.05.2003].2. A competência para rever decisão de órgão colegiado atinente à instauração de processo disciplinarcontra magistrado é do Tribunal cujos membros o compõem, pena de supressão de instância e violaçãodo disposto no art. 21, VI, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN [LC n. 35/79].3. A mera alegação de interesse da magistratura na questão, do que decorreria a atribuição de“generalidade” à causa, não permite, por si só, o deslocamento da competência do Tribunal local.Precedente [AO n. 587, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ de 30.6.06].4. Agravo regimental a que se nega provimento.

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AG. REG. NA Rcl. N. 3.021-SPRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: COMPETÊNCIA. Ratione muneris. Foro especial, ou prerrogativa de foro. Perda superveniente.Ação de improbidade administrativa. Mandato eletivo. Ex-prefeito municipal. Cessação da investidura nocurso do processo. Remessa dos autos ao juízo de primeiro grau. Ofensa à autoridade da decisão da Rclnº 2.381. Não ocorrência. Fato ocorrido durante a gestão. Irrelevância. Reclamação julgadaimprocedente. Agravo improvido. Inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 84 do CPP, introduzidospela Lei nº 10.628/2002. ADIs nº 2.797 e nº 2.860. Precedentes. A cessação do mandato eletivo, nocurso do processo de ação de improbidade administrativa, implica perda automática da chamadaprerrogativa de foro e deslocamento da causa ao juízo de primeiro grau, ainda que o fato que deu causa àdemanda haja ocorrido durante o exercício da função pública.

Ext N. 1.120-REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHARELATOR: MIN. MENEZES DIREITOEMENTA: Extradição instrutória. República Federal da Alemanha. Pedido formulado com promessa dereciprocidade. Atendimento aos requisitos da Lei nº 6.815/80. Impossibilidade de análise sobre ainconsistência do mandado de prisão e a ausência de indícios de autoria dos fatos investigados no Estadorequerente. Sistema de contenciosidade limitada. Precedentes. Propositura de ações perante a Justiçabrasileira não é óbice ao deferimento da extradição. Pedido deferido.1. O pedido formulado pela República Federal da Alemanha, com promessa de reciprocidade, atende aospressupostos necessários ao seu deferimento, nos termos da Lei nº 6.815/80.2. A falta de tratado bilateral de extradição entre o Brasil e o país requerente não impede a formulação eo eventual atendimento do pedido extradicional desde que o Estado requerente, como na espécie,prometa reciprocidade de tratamento ao Brasil, mediante expediente (Nota Verbal) formalmentetransmitido por via diplomática.3. Os fatos delituosos imputados ao extraditando correspondem, no Brasil, ao crime de tráfico ilícito deentorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/06, satisfazendo, assim, ao requisito da duplatipicidade, previsto no art. 77, inc. II, da Lei nº 6.815/80.4. Não-ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, tanto pelos textos legais apresentados pelo Estadorequerente quanto pela legislação penal brasileira (inciso I do art. 109 do CP).5. No Brasil, o processo extradicional se pauta pelo princípio da contenciosidade limitada, o que nãoconfere a esta Suprema Corte indagação sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ousobre o contexto probatório em que a postulação extradicional se apóia.6. A propositura, pelo extraditando, de Ação por Dano Material e Moral contra a República Federal daAlemanha e de Ação de Divórcio Direto Litigioso, ambas em curso na Justiça brasileira, não é óbice aodeferimento da extradição.7. Com base na promessa de reciprocidade em que se apóia o presente pedido de extradição, a RepúblicaFederal da Alemanha deverá assegurar a detração do tempo em que o extraditando tenha permanecidopreso no Brasil por força do pedido formulado.8. Extradição deferida.

EMB. DECL. NOS EMB. DIV. NOS EMB.DECL. NO AG. REG. NO AI N. 567.171-SERELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - RECURSO MANIFESTAMENTE INFUNDADO - ABUSO DODIREITO DE RECORRER - IMPOSIÇÃO DE MULTA À PARTE RECORRENTE (CPC, ART. 557, § 2º) - PRÉVIODEPÓSITO DO VALOR DA MULTA COMO REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE DE NOVOS RECURSOS -VALOR DA MULTA NÃO DEPOSITADO - DEVOLUÇÃO IMEDIATA DOS AUTOS, INDEPENDENTEMENTE DAPUBLICAÇÃO DO RESPECTIVO ACÓRDÃO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS.MULTA E ABUSO DO DIREITO DE RECORRER.- A possibilidade de imposição de multa, quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo,encontra fundamento em razões de caráter ético-jurídico, pois, além de privilegiar o postulado dalealdade processual, busca imprimir maior celeridade ao processo de administração da justiça, atribuindo-lhe um coeficiente de maior racionalidade, em ordem a conferir efetividade à resposta jurisdicional doEstado.A multa a que se refere o art. 557, § 2º, do CPC, possui inquestionável função inibitória, eis que visa aimpedir, nas hipóteses referidas nesse preceito legal, o exercício irresponsável do direito de recorrer,neutralizando, dessa maneira, a atuação processual do “improbus litigator”.O EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO DE RECORRER E A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.- O ordenamento jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis com o postulado ético-jurídico da

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lealdade processual.O processo não pode ser manipulado para viabilizar o abuso de direito, pois essa é uma idéia que serevela frontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das partes. O litigantede má-fé - trate-se de parte pública ou de parte privada - deve ter a sua conduta sumariamente repelidapela atuação jurisdicional dos juízes e dos tribunais, que não podem tolerar o abuso processual comoprática descaracterizadora da essência ética do processo.O DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA CONSTITUI PRESSUPOSTO OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE DE NOVOSRECURSOS.- O agravante - quando condenado pelo Tribunal a pagar, à parte contrária, a multa a que se refere o §2º do art. 557 do CPC - somente poderá interpor “qualquer outro recurso”, se efetuar o depósito préviodo valor correspondente à sanção pecuniária que lhe foi imposta.A ausência de comprovado recolhimento do valor da multa importará em não-conhecimento do recursointerposto, eis que a efetivação desse depósito prévio atua como pressuposto objetivo de recorribilidade.Doutrina. Precedente.- A exigência pertinente ao depósito prévio do valor da multa, longe de inviabilizar o acesso à tutelajurisdicional do Estado, visa a conferir real efetividade ao postulado da lealdade processual, em ordem aimpedir que o processo judicial se transforme em instrumento de ilícita manipulação pela parte que atuaem desconformidade com os padrões e critérios normativos que repelem atos atentatórios à dignidade dajustiça (CPC, art. 600) e que repudiam comportamentos caracterizadores de litigância maliciosa, comoaqueles que se traduzem na interposição de recurso com intuito manifestamente protelatório (CPC, art.17, VII).A norma inscrita no art. 557, § 2º, do CPC, na redação dada pela Lei nº 9.756/98, especialmente quandoanalisada na perspectiva dos recursos manifestados perante o Supremo Tribunal Federal, não importa emfrustração do direito de acesso ao Poder Judiciário, mesmo porque a exigência de depósito prévio tem porúnica finalidade coibir os excessos, os abusos e os desvios de caráter ético-jurídico nos quais incidiu o“improbus litigator”. Precedentes.

HC N. 94.387-RSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.SUPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE. CARACTERIZAÇÃO. ACESSO DOS ACUSADOSA PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO SIGILOSO. POSSIBILIDADE SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOSDO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA. PRERROGATIVA PROFISSIONAL DOS ADVOGADOS. ART. 7,XIV, DA LEI 8.906/94. ORDEM CONCEDIDA.I - O acesso aos autos de ações penais ou inquéritos policiais, ainda que classificados como sigilosos, pormeio de seus defensores, configura direito dos investigados.II - A oponibilidade do sigilo ao defensor constituído tornaria sem efeito a garantia do indiciado, abrigadano art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, que lhe assegura a assistência técnica do advogado.III - Ademais, o art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB estabelece que o advogado tem, dentre outros, o direitode “examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito,findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomarapontamentos”.IV - Caracterizada, no caso, a flagrante ilegalidade, que autoriza a superação da Súmula 691 do SupremoTribunal Federal.V - Ordem concedida. * noticiado no Informativo 529

HC N. 94.367-RJRELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSAEMENTA: HABEAS CORPUS. DESERÇÃO. DESERTOR EXCLUÍDO DO SERVIÇO MILITAR. INSTAURAÇÃO DEINSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO E PRISÃO INDEPENDENTEMENTE DE ORDEM JUDICIAL.POSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA.A prática do crime de deserção quando o paciente ainda ostentava a qualidade de militar autoriza ainstauração de instrução provisória de deserção, assim como a prisão do desertor, independentemente deordem judicial (art. 5º, LXI, da Constituição).A exclusão do desertor do serviço militar obsta apenas o ajuizamento da ação penal (CPPM, art. 457, §3º), que não se confunde com a instauração de instrução provisória de deserção.Ademais, mesmo a ação penal poderá ser ajuizada após a recaptura ou apresentação espontânea dopaciente, quando então este será reincluído nas forças armadas, salvo se considerado inapto depois desubmetido à inspeção de saúde (CPPM, art. 457, § 1º). Ordem denegada. * Informativo 525

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RHC N. 87.198-DFRELATOR: MIN. CEZAR PELUSOEMENTA: PROVA. Criminal. Interceptação telefônica. Deferimento por juízo do DF, em investigaçãopreliminar. Desmembramento ulterior e redistribuição dos feitos. Remessa de todo o conjunto probatóriorecolhido a outro órgão. Arquivamento dos autos originais. Ilegalidade que deveria arguida perante ojuízo da ação penal instaurada com base naquela prova. Inexistência de ato coator do primeiro juízo. HCdenegado. Recurso improvido. Se o juízo que, originalmente, deferiu interceptação telefônica, remeteu,por incompetência reconhecida perante as investigações ulteriores, os autos do procedimento a outroórgão, não pode ser tido como coator em relação à ação penal subseqüente, cuja denúncia se fundounessa prova.* noticiado no Informativo 530

AG. REG. NO RE N. 477.814-SCRELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS - REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DASRECEITAS TRIBUTÁRIAS - PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS(CF, ART. 158, IV) - PRODEC (PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EMPRESA CATARINENSE) - LEICATARINENSE Nº 11.345/2000 - CONCESSÃO, PELO ESTADO, DE INCENTIVOS FISCAIS E CREDITÍCIOS,COM RECURSOS ORIUNDOS DA ARRECADAÇÃO DO ICMS - PRETENSÃO DO MUNICÍPIO AO REPASSEINTEGRAL DA PARCELA DE 25%, SEM AS RETENÇÕES PERTINENTES AOS FINANCIAMENTOS DO PRODEC- CONTROVÉRSIA EM TORNO DA DEFINIÇÃO DA LOCUÇÃO CONSTITUCIONAL “PRODUTO DAARRECADAÇÃO” (CF, ART. 158, IV) - PRETENDIDA DISTINÇÃO, QUE FAZ O ESTADO DE SANTACATARINA, PARA EFEITO DA REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DO ICMS, ENTRE ARRECADAÇÃO(CONCEITO CONTÁBIL) E PRODUTO DA ARRECADAÇÃO (CONCEITO FINANCEIRO) - PARCELA DERECEITA TRIBUTÁRIA (25%) QUE PERTENCE, POR DIREITO PRÓPRIO, AO MUNICÍPIO - CONSEQÜENTEINCONSTITUCIONALIDADE DA RETENÇÃO DETERMINADA POR LEGISLAÇÃO ESTADUAL (RE 572.762/SC,PLENO) - DIREITO DO MUNICÍPIO AO REPASSE INTEGRAL - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.

HC N. 91.361-SPRELATOR: MIN. CELSO DE MELLOE M E N T A: “HABEAS CORPUS” - PRISÃO CIVIL - DEPOSITÁRIO LEGAL (LEILOEIRO OFICIAL) - AQUESTÃO DA INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA - CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO7º, n. 7) - HIERARQUIA CONSTITUCIONAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS -PEDIDO DEFERIDO.ILEGITIMIDADE JURÍDICA DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL.- Não mais subsiste, no sistema normativo brasileiro, a prisão civil por infidelidade depositária,independentemente da modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário (convencional) ou cuide-se de depósito necessário. Precedentes.TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES COM O DIREITO INTERNOBRASILEIRO E A QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA.- A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, n. 7). Caráter subordinante dos tratadosinternacionais em matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos direitos básicos da pessoahumana.- Relações entre o direito interno brasileiro e as convenções internacionais de direitos humanos (CF, art.5º e §§ 2º e 3º). Precedentes.- Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento positivo interno doBrasil: natureza constitucional ou caráter de supralegalidade? - Entendimento do Relator, Min. CELSO DEMELLO, que atribui hierarquia constitucional às convenções internacionais em matéria de direitoshumanos.A INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA CONSTITUIÇÃO.- A questão dos processos informais de mutação constitucional e o papel do Poder Judiciário: ainterpretação judicial como instrumento juridicamente idôneo de mudança informal da Constituição.A legitimidade da adequação, mediante interpretação do Poder Judiciário, da própria Constituição daRepública, se e quando imperioso compatibilizá-la, mediante exegese atualizadora, com as novasexigências, necessidades e transformações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos quecaracterizam, em seus múltiplos e complexos aspectos, a sociedade contemporânea.HERMENÊUTICA E DIREITOS HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO CRITÉRIO QUE DEVE REGERA INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO.- Os magistrados e Tribunais, no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente no âmbito dos

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tratados internacionais de direitos humanos, devem observar um princípio hermenêutico básico (tal comoaquele proclamado no Artigo 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos), consistente em atribuirprimazia à norma que se revele mais favorável à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a maisampla proteção jurídica.- O Poder Judiciário, nesse processo hermenêutico que prestigia o critério da norma mais favorável (quetanto pode ser aquela prevista no tratado internacional como a que se acha positivada no próprio direitointerno do Estado), deverá extrair a máxima eficácia das declarações internacionais e das proclamaçõesconstitucionais de direitos, como forma de viabilizar o acesso dos indivíduos e dos grupos sociais,notadamente os mais vulneráveis, a sistemas institucionalizados de proteção aos direitos fundamentais dapessoa humana, sob pena de a liberdade, a tolerância e o respeito à alteridade humana tornarem-sepalavras vãs.- Aplicação, ao caso, do Artigo 7º, n. 7, c/c o Artigo 29, ambos da Convenção Americana de DireitosHumanos (Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de primazia da regra mais favorável àproteção efetiva do ser humano.

HC N. 96.026-RJRELATORA: MIN. ELLEN GRACIEPROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INTIMAÇÃO DA DEFESA DA DATA DA AUDIÊNCIA PARA OITIVADE TESTEMUNHA POR CARTA PRECATÓRIA. DESNECESSIDADE. PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA.DECISÃO DE ADMISSÃO DAS QUALIFICADORAS SATISFATORIAMENTE FUNDAMENTADA. EXCESSO DELINGUAGEM NO ACÓRDÃO QUE JULGOU O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO NÃO CONFIGURADO. ORDEMDENEGADA.1. No presente habeas corpus os impetrantes colocam as seguintes teses, também argüidas perante oSuperior Tribunal de Justiça: a) nulidade absoluta em razão da ausência de intimação da defesa técnicaacerca de depoimento de testemunha prestado por carta precatória; b) violação aos arts. 239, 381, III e408, do Código de Processo Penal, face à total ausência de indícios de autoria; c) ausência defundamentação mínima do Juízo pronunciante no reconhecimento de duas qualificadoras; e d) excesso delinguagem no acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que negou provimento ao recurso emsentido estrito interposto pela defesa.2. No que se refere especificamente à intimação da defesa quanto à data da audiência para oitiva detestemunha no juízo deprecado, registro que a jurisprudência consolidada desta Corte Suprema jáassentou que “A ausência de intimação para a oitiva de testemunhas no juízo deprecado nãoconsubstancia nulidade (precedentes). Havendo ciência da expedição da carta precatória, como no caso,cabe ao paciente ou a seu defensor acompanhar o andamento no juízo deprecado” (HC 89.159/SP, rel.Min. Eros Grau, 2ª Turma, DJ 13.10.2006). Precedentes: HC 87.027/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ªTurma, DJ 03.02.2006; HC 84.655/RO, rel. Min. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 04.02.2005; HC 82.888/SP,rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJ 06.06.2003)3. No que tange à pronúncia, a decisão considerou exatamente a existência do crime e de indícios de queo paciente teria participado do homicídio (art. 408, CPP), não sendo caso de se esperar um juízo decerteza a esse respeito diante da soberania do tribunal do júri.4. Quanto à admissão das qualificadoras, a decisão do Juiz de primeiro grau, apesar de sucinta, estásatisfatoriamente fundamentada.5. Da leitura do voto de fls. 136/139, verifica-se que a eminente Desembargadora apenas justificou, commoderação e linguagem adequada, os motivos do seu convencimento em relação à materialidade e aosindícios da autoria.6. Habeas corpus denegado.

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TRANSCRIÇÕES

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais aprofundada do pensamento doTribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o

interesse da comunidade jurídica.

Repercussão Geral e Ação Cautelar (Transcrições)AC 2030/SP*RELATOR: MIN. CEZAR PELUSO

DECISÃO: 1. Trata-se de ação cautelar com o objetivo de destrancar recurso extraordinário cujoprocessamento foi sobrestado até decisão final desta Corte sobre a matéria e sua repercussão geral.O autor alega que o sobrestamento do feito foi equivocado, na medida em que a decisão recorridacontraria jurisprudência dominante desta Corte, sendo, neste caso, presumida a repercussão geral, nosexatos termos do § 3º do art. 543-A do Código de Processo Civil.Aduz que, “não obstante tendo sido interposto o Recurso Extraordinário de fls., com no máximo rigortécnico, e ainda, não obstante tendo sido registrado, nesse Recurso Extraordinário, que o pleno doColendo STF já decretara a inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei 9.718/98, o r. Despacho da E.Vice-Presidente do Egrégio TRF-3ª Região/SP houve por bem em determinar ‘o sobrestamento da análisede admissibilidade do presente recurso extraordinário, nos termos do § 1º do artigo 543-B, atépronunciamento definitivo do Colendo Supremo Tribunal Federal sobre a matéria em tela’, ou seja, sobrea matéria em questionamento nos autos paradigma de nº 2001.61.09.001296-8 (inconstitucionalaumento da base de cálculo do PIS, perpetrado pelo artigo 3º, § 1º da Lei 9.718/98).” (fls. 14).E acrescenta: “ocorre, todavia, que, o r. Despacho (...),, a ver da Requerente, labora em equívoco, eisque não se aplica, ao caso do Recurso Extraordinário interposto de fls., o disposto no § 1º do artigo 543-B, do CPC, quando a tese em discussão – no caso, a inconstitucionalidade do aumento da base de cálculodo PIS, perpetrado pelo artigo 3º, § 1º, da Lei 9.718/98 – já foi decidida, pelo Pleno, do Colendo STF,consoante atesta o citado informativo STF nº 408/05, que, no julgamento dos Recursos Extraordináriosnºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390.840/MG e 346.084/PR, já decretou a inconstitucionalidade do artigo3º, § 1º da Lei 9.718/98, mas, sim, há de se aplicar, ao caso (...), o disposto no § 3º do artigo 543-A, doCPC, ou seja, quando o Recurso Extraordinário impugna decisão contrária a súmula ou jurisprudênciadominante do Tribunal (leia-se STF), há sempre repercussão geral, e, por via de conseqüência, há de serprocessada a imediata análise de admissibilidade do Recurso Extraordinário de fls., e que, constatando origor técnico em que foi interposto o Recurso Extraordinário de fls., determinar o seu seguimentoimediato ao Colendo STF.” (fls. 18-19).Requer, assim, seja deferida medida liminar, para determinar, ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região(“TRF3”), o destrancamento do recurso extraordinário e sua remessa imediata ao Supremo TribunalFederal.2. Inconsistente o pedido.Frágil o argumento de que o sobrestamento determinado pelo TRF3 foi equivocado. O Tribunal de origemdeterminou, corretamente, a suspensão do exame da admissibilidade de recursos múltiplos (dentre osquais já fora remetido um, paradigmático, ao STF), até pronunciamento definitivo do Plenário sobre amatéria objeto de repercussão geral, nos termos do art. 543-B, § 1º.Não caberia, de fato, ao TRF3 decidir sobre a existência de repercussão geral “presumida”, por entender,eventualmente, que a decisão recorrida teria contrariado “súmula ou jurisprudência dominante doTribunal”. Essa disposição, prevista no art. 543-A, § 3º, do CPC, tem por destinatário normativo o próprioSupremo Tribunal Federal, ao qual compete decidir acerca da existência, ou não, de jurisprudênciadominante ou súmula capaz de configurar a repercussão geral presumida da matéria.3. Observo, ademais, que o paradigma originalmente enviado pelo TRF3 a esta Corte (autos nº2000.61.09.001296-8) foi substituído pelo RE nº 585.235 (oriundo do AMS nº 2005.38.00.020245-9/MG), em cuja Questão de Ordem foi reconhecida a existência de repercussão geral e, reafirmado oentendimento jurisprudencial já existente sobre o tema, nos seguintes termos:“O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geralda questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1ºdo artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos dovoto do Relator. Vencido, parcialmente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que entendia ser necessária ainclusão do processo em pauta. Em seguida, o Tribunal, por maioria, aprovou proposta do Relator paraedição de súmula vinculante sobre o tema, e cujo teor será deliberado nas próximas sessões, vencido oSenhor Ministro Marco Aurélio, que reconhecia a necessidade de encaminhamento da proposta à

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Comissão de Jurisprudência. Votou o Presidente, Ministro Gilmar Mendes. Ausentes, justificadamente, oSenhor Ministro Celso de Mello, a Senhora Ministra Ellen Gracie e, neste julgamento, o Senhor MinistroJoaquim Barbosa.”(RE nº 585.235-QO, Rel. Min. CEZAR PELUSO, j. em 10.09.2008. V. Informativo nº 519).Ora, conforme andamento processual extraído do sítio eletrônico do TRF3, verifica-se, na data de30.01.2009, registro de certidão de que “houve alteração de paradigma para RE 585.235/MG”, o que fazsupor esteja aquele Tribunal na iminência de reformar seu acórdão datado de 17.12.2003 (que deuprovimento à apelação e à remessa oficial, fls. 241), para, em juízo de retratação, adequá-lo àjurisprudência da Suprema Corte sobre a questão.4. Somente na hipótese de manutenção do equivocado acórdão poderá o STF, se admissível o RE, “cassarou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada” (CPC, art. 543-B, § 4º). Não lhecompete, porém, analisar medida cautelar antes da reapreciação da decisão pelo tribunal a quo.Logo, tendo em vista o reconhecimento da repercussão geral do objeto do recurso, bem como adeliberação da Corte no sentido de reafirmar sua jurisprudência a respeito, cumpre ao TRF3 ajustar suadecisão à jurisprudência constitucional aqui firmada.Tal conclusão, no entanto, não implica admitir caiba ação cautelar perante o Supremo Tribunal Federalpara impor essa providência.5. Ante o exposto, com base no § 1º do art. 21 do RISTF, no art. 38 da Lei nº 8.038, de 28.5.90, e noart. 557 do CPC, não conheço da ação cautelar, determinando-lhe o oportuno arquivamento dos autos.Publique-se.Brasília, 03 de fevereiro de 2009.Ministro CEZAR PELUSORelator*decisão publicada no DJE de 3.2.2009

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS

6 de fevereiro de 2009Inovações legislativas referentes ao período de 22.12.2008 a 30.1.2009:

Regulamento - AlteraçãoDecreto nº 6.722, de 30 de dezembro de 2008 - Altera dispositivos do Regulamento da Previdência Social,aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999. Publicado no DOU de 31/12/2008, Seção 1, ed. extra,p. 1.

ARMA DE FOGO - Munição - Registro - Posse - Comercialização - Sistema Nacional de Armas (SINARM)Decreto nº 6.715, de 29 de dezembro de 2008 - Altera o Decreto n. 5.123, de 1º de julho de 2004, queregulamenta a Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercializaçãode armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes. Publicado no DOUde 29/12/2008, Seção 1, ed. extra, p. 2.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - Magistrado - Aperfeiçoamento - Afastamento - Lei Orgânica daMagistratura NacionalResolução nº 64/CNJ, de 16 de dezembro de 2008 - Dispõe sobre o afastamento de magistrados para fins deaperfeiçoamento profissional, a que se refere o artigo 73, inciso I, da Lei Complementar n.º 35, de 14 demarço de 1979 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional). Publicada no DJE/CNJ de 24/12/2008, n. 112, p. 5.Publicada também no DJE/CNJ de 26/12/2008, n. 113, p. 3.CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - Sistema Nacional de Bens Apreendidos (SNBA)Resolução nº 63/CNJ, de 16 de dezembro de 2008 - Institui o Sistema Nacional de Bens Apreendidos - SNBA edá outras providências. Publicada no DJE/CNJ de 24/12/2008, n. 112, p. 4. Publicado também no DJE/CNJ de26/12/2008, n. 113, p. 2

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - Preso - Reintegração SocialRecomendação nº 21/CNJ, de 16 de dezembro de 2008 - Recomenda aos Tribunais ações no sentido darecuperação social do preso e do egresso do sistema prisional. Publicada no DJE/CNJ de 24/12/2008, n. 112,p.3. Publicada também no DJE/CNJ de 26/12/2008, n. 113, p. 8.

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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - Execução Criminal - Vara de Execução Criminal - Estruturação -Mandado de Prisão - ControleRecomendação nº 20/CNJ, de 16 de dezembro de 2008 - Recomenda aos tribunais que proporcionem maiorintercâmbio de experiências no âmbito da execução penal, a adoção de processo eletrônico, a estruturação e aregionalização das varas de execuções penais; e, aos juízes, maior controle dos mandados de prisão. Publicadano DJE/CNJ de 24/12/2008, n. 112, p. 2. Publicada também no DJE/CNJ de 26/12/2008, n. 113, p. 7.

HABITAÇÃO POPULAR - Assistência GratuitaLei nº 11.888, de 24 de dezembro de 2008 - Assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública egratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social e altera a Lei nº 11.124, de 16 de junhode 2005. Publicado no DOU de 26/12/2008, Seção 1, p.2.

TRATADO DE EXTRADIÇÃO - Brasil - LíbiaDecreto Legislativo nº 348, de 2008 - Aprova o texto do Tratado de Extradição entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo da República Libanesa, celebrado em Beirute, em 4 de outubro de 2002.Publicado no DOU de 24/12/2008, Seção 1, p.14.

TRABALHO TEMPORÁRIO - Licença - Estrangeiro - Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)Decreto Legislativo nº 347, de 2008 - Aprova o texto do Mecanismo para o Exercício Profissional Temporário,aprovado pela decisão CMC 25/03, emanada da XXV Reunião de cúpula do Mercosul, realizada em Montevidéu,em 15 de dezembro de 2003. Publicado no DOU de 24/12/2008, Seção 1, p.14.

VISTO - Estrangeiro - Circulação - Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)Decreto Legislativo nº 346, de 2008 - Aprova o texto do Acordo para a Criação do Visto Mercosul , aprovadopela decisão CMC 16/03, emanada da XXV Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Montevidéu,em 16 de dezembro de 2003. Publicado no DOU de 24/12/2008, Seção 1, p.14.

SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE (SUDECO) - CriaçãoLei Complementar nº 129, de 8 de janeiro de 2009 - Institui, na forma do art. 43 da Constituição Federal, aSuperintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste - SUDECO, estabelece sua missão institucional,natureza jurídica, objetivos, área de atuação, instrumentos de ação, altera a Lei no 7.827, de 27 de setembrode 1989, e dá outras providências. Publicado no DOU de 9/1/2009, Seção 1, p. 3.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP) - Alteração - Interrogatório - VideoconferênciaLei nº 11.900, de 8 de janeiro de 2009 - Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941- Código de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de interrogatório e outros atosprocessuais por sistema de videoconferência, e dá outras providências. Publicado no DOU de 9/1/2009, Seção1, p. 3.

LEI Nº 11.900, DE 8 DE JANEIRO DE 2009.Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, para prevera possibilidade de realização de interrogatório e outros atos processuais por sistema de videoconferência, e dáoutras providênciasa República.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) - Processo Judicial - UniformizaçãoResolução nº 65/CNJ, de 16 de dezembro de 2008 - Dispõe sobre a uniformização do número dos processosnos órgãos do Poder Judiciário e dá outras providências. Publicado no DJE/CNJ de 9/1/2009, n. 2, p. 2.

ESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (EOAB) - AlteraçãoLei nº 11.902, de 12 de janeiro de 2009 - Acrescenta dispositivo à Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, quedispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB. Publicado no DOU de13/1/2009, Seção 1, p. 1.TRATADO DE EXTRADIÇÃO - Brasil - República DominicanaDecreto nº 6.738, de 12 de janeiro de 2009 - Promulga o Tratado de Extradição entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo da República Dominicana, celebrado em Brasília, em 17 de novembro de2003. Publicado no DOU de 13/1/2009, Seção 1, p.12.

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ACORDO SOBRE COOPERAÇÃO POLICIAL EM MATÉRIA DE INVESTIGAÇÃO, PREVENÇÃO E CONTROLE DE FATOSDELITUOSOS - Brasil - UruguaiDecreto nº 6.731, de 12 de janeiro de 2009 - Promulga o Acordo entre a República Federativa do Brasil e aRepública Oriental do Uruguai sobre Cooperação Policial em Matéria de Investigação, Prevenção e Controle deFatos Delituosos, celebrado em Rio Branco, Uruguai, em 14 de abril de 2004. Publicado no DOU de 13/1/2009,Seção 1, p. 5.

ACORDO INTERNACIONAL - Brasil - Moçambique - Entorpecente - Lavagem de DinheiroDecreto nº 6.748, de 22 de janeiro de 2009 - Promulga o Acordo de Cooperação entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo da República de Moçambique sobre o Combate à Produção, ao Consumo e aoTráfico Ilícitos de Entorpecentes, Substâncias Psicotrópicas e sobre o Combate às Atividades de Lavagem deAtivos e Outras Transações Financeiras Fraudulentas, firmado em Brasília, em 31 de agosto de 2004. Publicadono DOU de 23/1/2009, Seção 1, p.4.

TRATADO INTERNACIONAL - Brasil - Canadá - Assistência - Matéria CriminalDecreto nº 6.747, de 22 de janeiro de 2009 - Promulga o Tratado de Assistência Mútua em Matéria Penal entreo Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Canadá, celebrado em Brasília, em 27 de janeirode 1995. Publicado no DOU de 23/1/2009, Seção 1, p.2.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - Tabela de Custas - AutosResolução nº 389/STF, de 20 de janeiro de 2009 - Dispõe sobre as Tabelas de Custas e a Tabela de Porte deRemessa e Retorno dos Autos e dá outras providências. Publicado no DJE de 23/1/2009, n.15, p.1.

SALÁRIO MÍNIMOMedida Provisória nº 456, de 30 de janeiro de 2009 - Dispõe sobre o salário mínimo a partir de 1o de fevereirode 2009. Publicado no DOU de 30/1/2009, Ed. Extra, p.1.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - Prisão ProvisóriaResolução nº 66/CNJ, de 27 de janeiro de 2009 - Cria mecanismo de controle estatístico e disciplina oacompanhamento, pelos juízes e Tribunais, dos procedimentos relacionados à decretação e ao controle doscasos de prisão provisória. Publicado no DJE/CNJ de 30/1/2009, n.17, p.2.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - Concurso Público - Poder Judiciário - Vaga - DeficienteEnunciado Administrativo nº 12/CNJ - Determina que em todos os concursos públicos para provimento decargos do Poder Judiciário, inclusive para ingresso na atividade notarial e de registro, será assegurada reservade vagas a candidatos com deficiência, em percentual não inferior a 5% (cinco por cento), nem superior a 20%(vinte por cento) do total de vagas oferecidas no concurso, vedada a incidência de ‘nota de corte’ decorrenteda limitação numérica de aprovados e observando-se a compatibilidade entre as funções a seremdesempenhadas e a deficiência do candidato. Publicado no DJE/CNJ, n.16, p.2.

Na sessão de abertura do Ano Judiciário, ocorrida em 2.2.2009, o Min. Gilmar Mendes, Presidente, proferiudiscurso nestes termos:Senhores,É com imensa satisfação que lhes dou as boas-vindas nesta sessão solene de abertura de um ano judiciárioque, espero, seja tão ou mais promissor para a justiça brasileira quanto o foi o ano de 2008.E não estou a me referir somente à expressiva redução no número processos resultante de medidas deracionalização processual e de filtros recursais que finalmente permitiram solucionar o antigo desafio dosrecursos idênticos e mecanicamente protocolados, dessa forma abrindo espaço para que a Corte pudesse seconcentrar no debate de assuntos mais variados e de maior impacto social.De fato, pela primeira vez o Supremo experimentou significativa diminuição, cerca de 41% no total deprocessos distribuídos, obtida principalmente com a aplicação do instituto da Repercussão Geral. Entretanto,celebro mais a oportunidade que tivemos de apreciar alguns dos mais relevantes temas constitucionais, cujasdecisões, extrapolando o interesse individual das partes envolvidas, repercutiram de modo decisivo no cenáriosocioeconômico e político do País e, assim, no cotidiano da população. Alguns há que desviaram os olhos domundo para o Brasil, a exemplo da controvérsia acerca da realização de pesquisas científicas com célulasembrionárias humanas e do início do debate sobre a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra doSol.Vale lembrar também, entre outros julgamentos de grande destaque, os relativos à fidelidade partidária, àproibição do nepotismo no âmbito de toda a administração pública nacional, à edição de medidas provisóriassobre créditos extraordinários, à constitucionalidade da especialização das varas, ao piso salarial de

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professores, à limitação do uso de algemas. Algumas dessas decisões resultaram na edição de súmulasvinculantes. Das 13 hoje existentes, 10 foram elaboradas em 2008.Casos houve em que, mediante a realização de audiências públicas e com a participação da figura do amicuscuriae, a Corte se transformou num amplo foro de argumentação e reflexão do qual participaram segmentos osmais diversos da sociedade brasileira, da igreja à comunidade científica.Nesse ponto, é de registrar que até pouco tempo atrás seria verdadeiramente inimaginável tão abrangentepluralidade de sujeitos, argumentos e visões no âmbito da Corte. O certo é que, aperfeiçoados os mecanismosde abertura do processo constitucional, e aqui rendo uma homenagem ao meu Professor Peter Häberle, a Cortenão só tem garantido os elementos técnicos disponíveis para apreciação, como também vem ensejando amplaspossibilidades de participação de terceiros interessados.De tudo resulta que o desate do nó górdio que aprisionava a Corte na esdrúxula tarefa de apreciar recursosinviáveis ou improcedentes importou não só maior qualidade nas decisões proferidas, como também maisdinamismo e aproximação da sociedade, com evidente ganho nas relações de cidadania e do fortalecimento doEstado Democrático de Direito.Ademais, a eliminação dos gargalos que cerceavam o fluxo processual produziu efeitos em cascata em todo oPoder Judiciário, tanto no tocante ao sobrestamento na tramitação de causas idênticas, quanto no queconcerne à pacificação definitiva de temas controversos, a implicar a solução de múltiplas demandas – àsvezes, alcançando a casa dos milhões –, além de possibilitar a aplicação mais isonômica do textoconstitucional.Nada obstante todo esse hercúleo esforço para racionalizar e otimizar as atividades judicantes, um desafiomaior se impõe à sociedade brasileira como um todo: é preciso acabar com a velha mentalidade de que, noBrasil, o reconhecimento e a concretização de direitos só se dá por meio judicial.A judicialização pura e simples, por excessiva, além de se afigurar como uma das causas da morosidadeprocessual, acaba desaguando no conhecido círculo vicioso em que mais processos demandam mais juízes,mais cargos, maior infra-estrutura e, assim, infindáveis recursos a fim de manter, sempre em exponencialinchaço, a máquina administrativa necessária para fazer frente a atividade que deveria ser meio de pacificaçãosocial, nunca um fim em si mesma.Segundo dados do CNJ, no ano de 2007, tramitaram no Poder Judiciário brasileiro cerca de 68 milhões deprocessos, o que representava mais de uma demanda para cada 2,5 habitantes. Considerando que o acesso àjustiça ainda é um problema para grande parte da população brasileira,se não houver uma revisão da “práxisjudicializante” em breve não haverá estrutura possível para a prestação jurisdicional que se exige no País.Ressalte-se que esta forte demanda não pode desestimular as ações para tornar o Poder Judiciário mais abertoe acessível. Nesse sentido, a cooperação do Judiciário com as defensorias públicas, com a OAB e instituiçõesvoluntárias para expandir a assistência judiciária deve ser aprofundada com maior afinco, dados os excelentesfrutos percebidos nestas iniciativas.Daí a importância de firmar-se uma das diretrizes da atual política judiciária: estimular a solução de conflitosmediante conciliação de interesses, viabilizar meios de extensão da normatização de direitos, de maneira aalcançar a concretização de mais direitos com menor judicialização, até porque interessa ao próprio Estadobrasileiro mais proatividade de seus órgãos em busca dessa universalização de direitos sem que sejanecessária a intervenção judicial tópica.A boa notícia é que, ainda que com certa timidez, tem-se notado certa convergência de propósitos nessesentido, a exemplo do acordo de cooperação técnica, subscrito pelo Conselho Nacional de Justiça, Conselho daJustiça Federal, Advocacia-Geral da União e o Ministério da Previdência Social, que possibilitou a solução demais de cem mil processos mediante a realização de mutirões. Além dessas composições amplas, chamamatenção os casos de regulação espontânea de órgãos estatais que autorizam seus agentes a desistirem ou nãorecorrerem diante da pacificação de entendimento sobre a matéria discutida.Semelhantes iniciativas devem ser aplaudidas e estimuladas, pois revelam uma inflexão na tradicional,contraditória e improdutiva cultura de recorrer ao Judiciário como forma de ganhar tempo e protelar gastos.Num século em que a Ética parece se impor como necessário norte, já não se pode admitir nenhum tipo deabuso, sobretudo quando patrocinado por agentes do próprio Estado.O diálogo institucional entre órgãos inclusive de diferentes esferas de poder restou aprofundado em 2008, noafã de viabilizar soluções pragmáticas para problemas que infelizmente se perpetuam por décadas, como vema ser o desrespeito de direitos humanos e garantias fundamentais, amiúde flagrado, por exemplo, no interiordos presídios brasileiros. Assim aconteceu quando da realização dos mutirões carcerários que tão bonsresultados produziram nos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Rio de Janeiro. Este esforço garantiu aliberdade, ainda que com condições em alguns casos, de 1.694 pessoas, o que equivale a 4,8 presídios demédio porte.Em 2009, tais procedimentos haverão de se multiplicar, sinalizando para um caminho que, definitivamente,não terá volta: o da modernização do Poder Judiciário, cujo efeito mais benéfico, além da celeridadeprocessual, é a transparência e, portanto, o controle mais eficiente.Nessa perspectiva, encontro motivos para fundado otimismo, a exemplo da implantação das varas virtuais de

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execuções penais, que, permitindo o acompanhamento on line de tais feitos, viabilizarão mais efetividade àsleis que regem as execuções penais, ao tempo em que, evitando ou corrigindo irregularidades, ensejarão oplanejamento eficaz de recursos destinados à manutenção e ao aperfeiçoamento do sistema carcerário do País.Nesse sentido, deve ser enfatizada a iniciativa do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe que desenvolveusistema para informatização de tais varas. Esse sistema já foi significativamente melhorado com a colaboraçãode outros Tribunais estaduais como o da Paraíba e do Pará sob os auspícios do Conselho Nacional de Justiça,demonstrando excelentes frutos na cooperação de diferentes órgãos do Poder Judiciário. Também os Estadosdo Piauí e Maranhão em breve instalarão varas informatizadas de execução penal. Não tarda o dia em que,com todas as varas de execuções penais informatizadas, mostrar-se-á extravagante a permanência de umpresidiário no cárcere por um único dia além do devido para o cumprimento legal da pena a si cominada.Esta informatização deve ser estendida também para os inquéritos e ações penais, não só como forma degarantir a prevalência dos direitos fundamentais, como também para evitar a impunidade e a morosidade dosprocessos criminais.A essa modernização e eficiência aspira toda a justiça brasileira, como restou demonstrado no EncontroNacional do Judiciário, marco no alinhamento de metas norteadoras da política judiciária. Do evento resultou aCarta do Judiciário, documento em que foi registrado o compromisso dos signatários com a execuçãocompartilhada de ações voltadas ao aperfeiçoamento e à efetividade da prestação jurisdicional. Chegou-se,afinal, à convergência de propósitos, à orquestração de procedimentos e métodos, de cuja falta há muito secobrava do Judiciário pátrio.Os ventos da renovação também alcançaram a política de comunicação social e institucional desta Corte,objetivando ampliar a produção de conteúdos informativos sobre as atividades do Judiciário, a seremrepassados à sociedade. Ainda que o corte na dotação orçamentária destinada à Rádio e TV Justiça tenha sidoexpressivo, o aumento no número de horas de jornalismo da Rádio Justiça foi de 1000% — de uma para 11horas diárias. Na TV Justiça, deu-se prioridade, na grade de programação, ao meio mais democrático deeducação de massa – a educação a distância –– para a qual foi destinada uma faixa diária de quatro horas deduração, em que veiculados programas de grande repercussão, como o Saber Direito e Defenda sua Tese. Aotodo, a TV Justiça produziu 495 programas, 117 interprogramas, além de dois vídeos institucionais.Avançamos também no campo do diálogo internacional, na medida em que o Brasil mais e mais se firma comoprotagonista na esfera da cooperação judiciária internacional. Nesse mister, vale citar o pleito para compor aComissão de Veneza como membro efetivo, a criação da Conferência das Cortes Constitucionais daComunidade dos Países de Língua Portuguesa e da Conferência Índia, Brasil e África do Sul - IBAS, além daativa participação na Conferência Ibero-Americana de Justiça Constitucional e na realização do VI Fórum dePresidentes de Cortes Supremas do MERCOSUL. Todo esse empenho em ampliar a troca de experiências comoutras nações sobre os valores constitucionais diz com o fortalecimento das instituições democráticas,nomeadamente no que tange à proteção dos direitos humanos.Sob esse prisma, no âmbito da cooperação entre órgãos de jurisdição constitucional, o Brasil tem muito aoferecer e talvez a ensinar. Neste primeiro semestre, receberemos magistrados provenientes de paísesintegrantes e associados do Mercosul, que passarão um mês conhecendo a estrutura e o funcionamento doPoder Judiciário brasileiro. Além disso, o STF tem estimulado o intercâmbio de estudantes e acadêmicos noâmbito do Mercosul, com a finalidade de estreitar ainda mais os laços com estes países.Por outro lado, não se pode olvidar que os direitos fundamentais de caráter processual e as garantiasjurisdicionais para a proteção da ordem constitucional têm merecido tratamento ímpar por parte do SupremoTribunal Federal, a ponto de formar, nesse aspecto, um dos sistemas constitucionais mais completos domundo.A um só tempo, ao exigir o respeito às garantias do devido processo legal e das liberdades em geral, oSupremo tem defendido, intransigentemente, a consolidação do Estado Constitucional pátrio. Algumas decisõestiveram importante significado na efetivação dessas garantias, como a vedação ao uso abusivo de algemas.Não se pode deixar de registrar tampouco os esforços do Poder Judiciário como um todo, no último ano, dezelar por essas garantias, como demonstra a drástica redução das interceptações telefônicas verificada peloConselho Nacional de Justiça.Repita-se que o cumprimento da difícil tarefa de assegurar que os direitos e garantias declarados no textoconstitucional tornem-se realidade efetiva para toda a população brasileira não importa interferência negativanas atividades do legislador democrático.A Corte tem a real dimensão de que não lhe cabe substituir-se ao legislador, muito menos restringir o exercícioda atividade política, de essencial importância no Estado Constitucional.Legislador democrático e jurisdição constitucional têm papéis igualmente relevantes nos Estadosconstitucionais contemporâneos, sendo a interpretação e a aplicação da Constituição tarefas cometidas a todosos Poderes, assim como a toda a sociedade. No Brasil, os Poderes da República encontram-se preparados emaduros para o diálogo político inteligente e suprapartidário.Todos os Poderes estão conscientes de seu dever de dar efetividade à Constituição, inclusive de aplicar osinstrumentos que a própria Carta Magna previu para solucionar as omissões inconstitucionais, que obstam o

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pleno cumprimento de normas fundamentais.No mais é continuar trabalhando firmemente pela melhoria dos padrões de funcionamento da Justiça brasileira,que se quer sempre mais ágil, transparente, acessível e eficiente.Por derradeiro, faço registro de grande significação simbólica para esta Casa, a servir de sinalização para osdemais órgãos judicantes e, por consequência, a toda a sociedade brasileira.A partir desse mês, o Supremo passa a contar com atuação de novos especiais colaboradores. São quarentapessoas sentenciadas, egressas de prisões, que trabalharão de seis a oito horas por dia, dando suporteadministrativo ao Tribunal, por até um ano. Em processo de ressocialização, merecem todo o nosso apoio paraque, bem adaptados às suas funções, desempenhem dignamente as tarefas que lhe forem designadas eretornem com sucesso ao convívio social.Com estas palavras, declaro instalado o Ano Judiciário de 2009.Muito obrigado a todos.

Assessora responsável pelo Informativo Anna Daniela de A. M. dos Santos

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Notícias do Superior Tribunal de Justiça

02 de Março de 200908h02 - Suspensão de habilitação em homicídio culposo é proporcional à pena de prisão

27 de Fevereiro de 200911h01 - Condenação de banco a restituir a cliente quantia aplicada indevidamente é mantida 09h40 - DNão é falta grave preso deixar de se apresentar à oficial de justiça para ser citado 08h02 - Negada liberdade a Anna Carolina Jatobá, presa pela morte de Isabella Nardoni

26 de Fevereiro de 200912h09 - Policial civil acusado de corrupção e sequestro vai continuar preso 11h00 - Agressor de doméstica na Barra da Tijuca tem habeas-corpus negado 10h28 - Ação de família de segurado contra a BB Corretora de Seguros continuará sem a seguradora 09h39 - STJ reconhece inépcia da denúncia contra diretoria de colégio 08h43 - Local do provedor é indiferente para definir quem julga pornografia infantil na internet

25 de Fevereiro de 200912h50 - STJ nega recurso à empresa que pretendia atuar no ramo de reciclagem de agrotóxico 11h23 - Empresa tem pedido para alterar indenização contra seguradora negado 10h31 - Entrada de litisconsorte em processo baseado no CDC pode ser afastada se apenas tumultua e retarda

20 de Fevereiro de 200916h27 - Concedida liberdade a acusado de financiar assalto ao Banco Central de Fortaleza 12h15 - STF deve examinar pedido do município de Aracaju para suspender expedição de precatórios 11h03 - Prossegue ação penal contra acusado de fraudar o Cofen 09h41 - Médico terá que indenizar paciente por sequelas de cirurgia plástica

19 de Fevereiro de 200913h35 - STJ rejeita recurso contra pagamento de pensão a filho de procurador falecido 11h41 - CVC Tur tem reduzida indenização a casal por problemas em viagem 10h18 - STJ inverte ônus da prova em favor de empresário que adquiriu caminhão com defeito 09h30 - Administração pública deve exigir certidões negativas para celebrar convênios

18 de Fevereiro de 200911h58 - Acusado de contrabando de cigarros tem liberdade negada 10h19 - Intermediário de venda de imóvel não consegue receber comissão acertada verbalmente 09h35 - STJ mantém decisão que autorizou 5º suplente a tomar posse como deputado estadual 08h59 - Mulholland tem liminar negada em ação que contesta manifestação do MP após defesa prévia 08h07 - Empresa de factoring está limitada a cobrar juros de 12% ao ano

17 de Fevereiro de 200912h57 - Escrevente acusada de praticar agiotagem em cartório tem recurso negado 11h32 - Acusado de exploração sexual infantil tem prisão mantida 10h57 - Acusada de fraudar o INSS continuará presa 09h03 - STJ mantém ação penal contra adolescente que falsificou certidão de nascimento 08h41 - SÚMULAS - Apresentação do cheque pré-datado antes do prazo gera dano moral 08h06 - SÚMULAS - Constituição de mora em contrato de leasing exige notificação prévia

16 de Fevereiro de 200912h57 - Condenado por ato libidinoso contra menina tem pedido de progressão negado 10h45 - Continua válida decisão que condenou prefeito por irregularidade em licitação de veículos 08h01 - Negados três recursos em que o MP pedia a não aplicação do princípio da insignificância

13 de Fevereiro de 200912h35 - Ação monitória é válida para cobrança de serviços advocatícios 11h33 - STJ tranca ação penal contra dono da maior rede de farmácias do País 10h30 - Se ação pelo crime fim é trancada, não se pode apurar somente o crime meio 09h27 - Empresa não pode ser responsabilizada por pedra atirada em ônibus que fere passageira 08h04 - Banco não pode cobrar taxas para emissão de extratos determinada pela Justiça

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12 de Fevereiro de 200916h40 - STJ julga repetitivo em que valida notificação via internet sobre exclusão do Refis 12h08 - Presidiário que pretendia a remissão da pena pela faxina da cela continuará preso 11h04 - Policiais rodoviários acusados de integrar quadrilha tem habeas-corpus negado 08h50 - É imprescindível manifestação do MP em acordo extrajudicial nas ações de alimentos 08h06 - Rito da Lei Maria da Penha também vale para lesões corporais leves

11 de Fevereiro de 200910h34 – Embratel deve indenizar consumidora por negativação causada por linha obtida fraudulentamente 09h47 - Sócios da empresa Bateau Mouche têm recurso negado no STJ 09h01 - STJ mantém bloqueados R$ 10,84 mi de controlador de empresa offshore 08h07 - Juiz pode fixar a distância que o agressor deve manter da vítima, em vez de listar lugares

10 de Fevereiro de 200912h33 - Pedido para promotor acusado de estupro manter foro privilegiado é negado 11h12 - STJ rejeita dispensa de exame criminológico para progressão de pena 10h09 - Suspeito de estupro no Paraná deve se apresentar à polícia 09h16 - Negada liminar a acusado de roubar R$ 57 mil de agência dos Correios 08h34 - É nulo processo em que juiz interrogou réu em fase inquisitória

09 de Fevereiro de 200911h01 - Mantida prisão de acusados de clonagem de cartões de crédito 10h20 - Acusado de sequestrar casal de empresários continuará preso 09h10 - Pedido para suspender alvará de construtora para erguer residencial em área industrial do DF é indeferido

08 de Fevereiro de 200910h00 - Exame criminológico não é obrigatório, mas, se for realizado, deve ser seguido

06 de Fevereiro de 200915h46 - Está suspenso pagamento de gratificações a servidores do Judiciário 11h59 - Vereador acusado de roubo de carros continuará preso 10h06 - Está suspensa decisão que assegurava ajuda de custo e transporte a procuradores da Fazenda 09h34 - Novo CPP deve estar pronto para consulta pública em março, afirma Carvalhido 08h21 - STJ libera atividades da Câmara de Florianópolis por considerar inoportuna intervenção do Judiciário em atividadeespecífica do Legislativo

05 de Fevereiro de 200915h10 - STJ rejeita pedido de liberdade de outro acusado por morte de estudante 12h01 - Condenado por furtar aposentado tem pedido de liberdade negado 10h35 - Portador da síndrome de Moebius acusado de homicídio e formação de quadrilha tem liminar negada 08h43 - Condenado pela morte de estudante na porta de clube vai continuar preso 08h02 - STJ nega pedido de liberdade a acusado de envolvimento nos desvios do Confen

04 de Fevereiro de 200913h50 - Presidente do STJ nega liminar a acusado de furto a bancos 11h26 - Acusado de tráfico de drogas tem liberdade provisória negada 09h11 - Empresário acusado de homicídio qualificado permanecerá preso

03 de Fevereiro de 200912h43 - Crime de supressão de tributo por emplacamento fraudulento deve ser julgado no estado lesado 12h39 - Acusado de corrupção, falsidade ideológica e formação de quadrilha tem liberdade negada 10h36 - Tribunal acolhe pedido de condenado que teve pena executada antecipadamente 09h57 - Mantida a prisão de ex-oficial de justiça acusado de morte de criança

02 de Fevereiro de 200915h05 - STJ nega pedido para suspender trâmite de ação penal contra juiz 13h09 - Acusado de roubar bilheterias da CPTM continuará preso 09h59 - STJ nega liminar a acusados pela chacina de Ibicuitinga 08h17 - Mantida a prisão de integrante de facção criminosa acusado de execução

01 de Fevereiro de 200910h00 - Código de Processo Penal: em busca de uma legislação efetiva

30 de Janeiro de 200912h28 - Indeferida liminar a integrantes de quadrilha que roubava cargas 11h55 - Viúva de homem agredido por PMs permanece com pensão provisória fixada por TJ 11h27 - Mantida decisão que impede permanência no cargo de professoras temporárias 10h14 - STJ mantém data de julgamento de jovem acusada de matar a própria mãe 09h21 - Militar de base aérea tem prisão mantida por decisão do presidente do STJ

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29 de Janeiro de 200912h16 - Mantida condenação de falso engenheiro em São Paulo 10h13 - Acusados de descaminho de cigarros no RS têm liminar negada 09h22 - Estagiário tenta se livrar da acusação de inserir documento falso em processo 08h09 - Mantida a prisão de PM acusado de integrar milícia no Rio de Janeiro

28 de Janeiro de 200909h35 - Negada liminar a acusado de agredir área verde pública em Brasília 08h08 - Mantida ação penal contra delegado acusado de beneficiar fraudadores da Previdência

27 de Janeiro de 200912h11 - Policial militar condenado por tortura não consegue alvará de soltura 11h33 - Empresa inadimplente não consegue suspender corte de energia 10h18 - Negada progressão de regime a condenado por crime de abuso sexual infantil

26 de Janeiro de 200919h17 - STJ suspende decisão que autorizava cooperativa alterar suas linhas de transporte 11h37 - Presidente do STJ nega liminar a acusado de sequestro relâmpago em Pernambuco 10h28 - STJ nega liminar a acusado por tráfico de drogas

23 de Janeiro de 200912h23 - STJ indefere liminar em habeas-corpus a presidiário flagrado com celular 09h21 - Ex-policial militar condenado por tortura de menores continuará preso 08h10 - Suspeito de mandar matar ex-prefeito de Mariana vai continuar preso

22 de Janeiro de 200912h24 - STJ mantém decisão que demitiu engenheiro civil por improbidade administrativa 11h47 - Suposto líder de milícia armada tem liminar negada

21 de Janeiro de 200913h53 - Acusados por tráfico de drogas têm pedido de liberdade negado 11h27 - Denunciado por suposta apropriação indébita previdenciária tem liminar negada 10h15 - STJ nega liminar a formando impedido de participar da colação de grau 08h09 - Mantida decisão que demitiu policial federal por abuso de poder

20 de Janeiro de 200911h24 - Negada liberdade a policial militar acusado de homicídio na Bahia

02/03/2009 - 08h02 Suspensão de habilitação em homicídio culposo é proporcional à pena de prisão

A pena de suspensão da habilitação do motorista para dirigir deve ser proporcional à pena de prisão à qual foicondenado por homicídio culposo. Com base neste entendimento, a Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça (STJ) concedeu parcialmente o pedido de habeas-corpus em favor de Zemar de Sicca, reduzindo otempo de suspensão de sua habilitação. No dia 24 de maio de 2004, Zemar, que é motorista profissional,estava dirigindo uma van escolar pela BR 163, próximo à região de Cruzaltina/MS, quando perdeu a direção doveículo, invadiu a contramão e bateu de frente com um caminhão. No acidente, morreu Edson Pereira Barreto,que estava acompanhando o motorista à cidade de Rio Brilhante. O motorista foi condenado a dois anos e oitomeses de prisão, em regime inicial aberto, por homicídio culposo (modalidade imprudência, pois dirigia comvelocidade acima da permitida pela via). Além disso, por ser motorista profissional, também foi condenado aficar sem habilitação por prazo idêntico, como prevê o artigo 302 do Código Brasileiro de Trânsito: “Nohomicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se oagente: no exercício de sua profissão a atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros”.Inconformada com a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato-Grosso do Sul, a Defensoria Públicarecorreu ao STJ alegando que, no momento do acidente, Zemar não estaria em serviço, mas apenas levando ocarro para ser consertado em outra cidade. A defesa do motorista também afirmou que não havia fundamentopara fixar, acima do mínimo legal, a pena de proibição de se obter habilitação ou permissão para dirigir veículoautomotor que foi aplicada ao réu. Ao analisar o pedido, o ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do processo,ressaltou que seria inviável, por meio de habeas-corpus, confirmar se Zemar dirigia a van na condição demotorista profissional, “uma vez que este tipo de recurso é marcado por rito célere e não comporta o examede questões que demandem conhecimento mais aprofundado do conjunto de fatos e provas dos autos”.Entretanto, quanto ao argumento de que não havia fundamentação jurídica para fixar a pena de suspender ahabilitação para dirigir veículo automotor acima do mínimo legal, o ministro entendeu que a defesa de Zemartinha razão. “Verifica-se inequívoca ofensa aos critérios legais (artigos 59 e 68 do Código Penal) que regem adosimetria (fixação de prazo da pena) da resposta penal. Há de se reconhecer a ilegalidade decorrente daausência de fundamentação idônea na fixação da pena”, enfatizou Esteves Lima. A Defensoria Pública pediaque a suspensão da carteira do motorista fosse fixada no prazo mínimo legal que, nesses casos, é de dois

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meses. Todavia, Esteves Lima discordou: “dois meses é tempo curto demais, acaba desvirtuando a essência dapunição”. Reflexão compartilhada pelo ministro Felix Fisher: “matar uma pessoa no trânsito e ficar dois mesessem habilitação parece brincadeira”, salientou. Após intenso debate, os ministros da Quinta Turma, pormaioria, concederam em parte o habeas-corpus para reduzir a pena de proibição de se obter a permissão ouhabilitação para dirigir veículo automotor para 1 ano e 4 meses, metade do prazo fixado anteriormente.

27/02/2009 - 11h01 Condenação de banco a restituir a cliente quantia aplicada indevidamente é mantida

O Banco Industrial e Comercial S/A terá que restituir a um cliente o valor indevidamente aplicado pelo bancoem um fundo de ações de alto risco. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a decisão doTribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que reconheceu como ilegítima a movimentação financeira. Ocorrentista do banco ajuizou uma ação de indenização, afirmando que, em março de 1998, sem seuconhecimento e sem sua autorização, o gerente de sua conta aplicou a importância de R$ 400 mil num fundode ações de alto risco financeiro. O dinheiro permaneceu aplicado por meses, sem oposição do correntista.Nesse período, o fundo de ações registrou significativas perdas. Em abril de 1999, os R$ 400 mil aplicadoshaviam se reduzido a R$ 148.715,26. Após ter sido condenado a restituir ao cliente o valor aplicado, o bancorecorreu ao STJ alegando que lhe foi dada autorização verbal e que, ainda que não ficasse comprovada aautorização prévia, o silêncio do correntista, após 15 meses desde a data em que a aplicação financeira foifeita, implica sua aceitação tácita da operação. Argumentou, ainda, que o conhecimento do correntista arespeito da operação poderia ser comprovado pelo fato de que ele promoveu depósitos para cobrir saldoinsuficiente em sua conta-corrente, após a aplicação financeira. A ministra Nancy Andrighi, relatora doprocesso, confirmou a decisão do tribunal estadual, afirmando que este se baseou em fundamento suficientepara a rejeição dos argumentos de defesa formulados pela instituição financeira. Ressaltou, ainda, serindispensável a comprovação de que o correntista deu autorização prévia para que fosse promovidamovimentação em conta-corrente. Segundo a relatora, não é possível invocar o instituto da ratificação de atosdadas as peculiaridades do caso concreto.

27/02/2009 - 09h40 Não é falta grave preso deixar de se apresentar à oficial de justiça para ser citado

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) cancelou a anotação de falta grave e a anulação de diasremidos contra um preso que deixou de se apresentar ao oficial de justiça para ser citado. A relatora do caso,desembargadora Jane Silva, destacou que esse comportamento, embora errado, não pode ser classificadocomo falta grave porque não há previsão no artigo 50 da Lei de Execução Penal (LEP). “Não se pode interpretarextensivamente a lei para encaixar a conduta do paciente”, afirmou a desembargadora no voto. O habeas-corpus foi impetrado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo contra decisão do tribunal estadual.Segundo os autos, depois que o preso recusou-se a comparecer perante o oficial de justiça, foi aberto umprocesso administrativo disciplinar contra ele. O preso teve de cumprir 30 dias de isolamento. A pedido doMinistério Público, o juiz da execução determinou ainda a anotação de falta grave e a perda dos dias remidos.A desembargadora Jane Silva ressaltou que faltas graves devem ser aplicadas exatamente nos termos da LEP,“sob pena de serem cometidos graves erros que desestimulam o paciente na reconquista de sua liberdade”. Eladestacou que é lícito a qualquer pessoa, mesmo ao preso, esquivar-se da citação. Nesse caso, basta o oficialde justiça certificar o fato, determinar a entrega do mandado citatório e dar a pessoa como citada. O casoainda tem uma particularidade importante. Estava ocorrendo na penitenciária um movimento pacífico dereivindicações. No entendimento da desembargadora Jane Silva, o preso ficou com medo de sofrer represáliapor parte dos colegas caso se recusasse a participar. “O que é compreensível, principalmente quando seconhece a realidade dos nossos presídios e como ocorre o relacionamento entre os que ali se encontram”,afirmou a relatora.

27/02/2009 - 08h50 Negada liberdade a Anna Carolina Jatobá, presa pela morte de Isabella Nardoni

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Nunes Maia Filho negou liminar em habeas-corpusapresentado pela defesa de Anna Carolina Jatobá. Ela continuará presa, pelo menos, até o julgamento domérito do pedido no STJ. A defesa alega não ter havido esganadura da menina Isabella Nardoni, sua enteada,ato imputado a Anna Carolina na denúncia, o que justificaria o trancamento da ação penal quanto ao crime e aliberdade da acusada. Anna Carolina e Alexandre Nardoni, pai de Isabella, foram pronunciados pelo homicídioda menina de cinco anos, ocorrido em março do ano passado. Ela foi jogada do sexto andar do edifício em queo casal morava, em São Paulo (SP). Além do homicídio, Anna Carolina responde por fraude processual, pois ocasal teria tentado adulterar a cena do crime para encobrir evidências. Baseado em laudo do assistente técnicoda defesa, o pedido de habeas-corpus foi apresentado somente em benefício de Anna Carolina. A alegação éque não há fundamento científico que comprove a hipótese de esganadura sustentada pelo Ministério Público.De acordo com esse laudo, não haveria sinal físico na menina que indicasse a suposta esganadura praticada

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pela madrasta. Resumindo, a causa da morte de Isabella teria sido consequência exclusiva da queda. Aoexaminar a questão, o ministro Napoleão Nunes observou que a hipótese de prevalência do laudo daassistência em detrimento de outro é extremamente controvertida, de cunho fático-probatório, o que não podeser analisado em habeas-corpus. Isso, por si, já afasta qualquer ilegalidade manifesta contra a acusada. Alémdisso, não foi apresentada nos autos cópia do habeas-corpus originário, do Tribunal de Justiça de São Paulo(TJSP), para comprovar que a mesma tese tenha sido sustentada na segunda instância. O ministro relatordeterminou que o Ministério Público Federal seja ouvido sobre o caso; após o retorno dos autos, levará ohabeas-corpus para julgamento na Quinta Turma. Já há recurso na Justiça paulista contra a sentença depronúncia.

26/02/2009 - 12h09 Policial civil acusado de corrupção e sequestro vai continuar preso

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve apreciar o mérito do habeas-corpus com o qual umpolicial civil de São Paulo acusado de corrupção ativa, passiva e extorsão mediante sequestro tenta revogarsua prisão preventiva. Os crimes teriam ocorrido entre 2005 e 2006 com a participação de outras seis pessoas.No início do ano, o presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, indeferiu liminar nesse sentido, mantendo aprisão. Agora, a defesa pede reconsideração desse pedido. O relator é o ministro Napoleão Nunes Maia Filho. O policial civil foi denunciado pelo Ministério Público estadual (MP) por sequestrar uma pessoa e, em seguida,oferecer quantia em dinheiro a um outro agente de polícia para omitir o caso. Ainda foi denunciado por recebervalores para facilitar a fuga de presos no local em que trabalhava. No pedido, o acusado alegou que sofreconstrangimento ilegal por haverem se passado mais de 230 dias sem que tenha sido agendada a audiência deinstrução e julgamento, o que caracterizaria excesso de prazo. Solicitou, liminarmente e no mérito, arevogação da prisão preventiva com a consequente expedição de alvará de soltura. Ao decidir, o ministro CesarRocha explicou que não compete ao STJ conceder a liminar sem que antes tenha sido julgado o mérito dohabeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), exceto em hipóteses excepcionais de flagranteilegalidade ou abuso do poder, o que, aparentemente, não é o caso.

26/02/2009 - 11h00 Agressor de doméstica na Barra da Tijuca tem habeas-corpus negado

O acusado de agredir a empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho na madrugada de 23 de junho de 2007,na Barra da Tijuca, na capital carioca Rubens Pereira Arruda Bruno teve pedido de habeas-corpus negado pelaSexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Rubens responde por roubo mediante violência, juntamentecom mais quatro jovens de classe média alta do Rio, Rodrigo dos Santos Bassaio da Silva, Leonardo Pereira deAndrade, Júlio Pereira da Silva e Felipe de Macedo Nery. De acordo com o processo, os jovens saíram de carroapós uma festa e pararam em um ponto de ônibus na Barra da Tijuca, bairro da cidade do Rio de Janeiro, ondeagrediram e roubaram a bolsa da doméstica, que continha um celular e uma carteira com R$ 47 em espécie.Eles alegaram ter confundido a mulher com uma prostituta. O crime foi testemunhado por um taxista queanotou a placa do carro de um dos rapazes, levando à prisão dos agressores. Segundo a denúncia, eles teriamagredido outras duas pessoas no mesmo dia. O réu foi preso preventivamente e condenado à pena de seisanos de reclusão em regime semi-aberto e ao pagamento de 40 dias-multa por roubo mediante violência, eabsolvido do crime de lesão corporal. Ele pediu o habeas-corpus para apelar em liberdade, nos mesmos moldesdo concedido ao corréu Felippe de Macedo Nery, com argumento de ser réu primário e possuir bonsantecedentes. A decisão em favor de Felippe foi cassada pelo próprio STJ. Segundo o relator no STJ, ministroOg Fernandes, “a acentuada e desnecessária violência física perpetrada pelo paciente e mais quatro jovenscontra uma mulher indefesa que, numa madrugada, voltava do trabalho e encontrava-se num ponto de ônibusrevelam o absoluto desprezo pelas normas que regem a vida em sociedade e a periculosidade dos agentes”. De acordo com o ministro, a grande comoção que o crime causou em todo o país, bem como a gravidadeconcreta do delito praticado, evidenciada pelo modo de agir dos agentes, constituem circunstâncias queautorizam a segregação cautelar para a garantia da ordem pública, mesmo após a edição da sentençacondenatória.

26/02/2009 - 10h28 Ação de família de segurado contra a BB Corretora de Seguros continuará sem a seguradora

O Banco do Brasil Corretora de Seguros e Administradora de Bens S/A vai continuar a responder à ação deindenização movida pela viúva e três filhos beneficiários de seguro em razão do não pagamento do valor daapólice após morte do segurado. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso como qual a empresa pretendia trazer ao processo a seguradora. A BB Corretora alegava ter apenas a função deintermediar os contratos de seguro, não sendo parte jurídica da relação estabelecida entre segurado eseguradora, neste caso, a sociedade Sul América Companhia Nacional de Seguros. Para os ministros da QuartaTurma, contudo, o chamamento ao processo deve ser promovido em momento oportuno, sendo descabidofazê-lo no recurso especial. A discussão judicial começou porque a família entrou com ação indenizatória

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afirmando que o marido contratou o serviço Seguro Ouro Vida, oferecido pelo Banco do Brasil. A financeiraresponsabilizou a empresa de seguros pelo não pagamento do sinistro. A Sul América, por sua vez, afirmouque não efetuou o pagamento porque o segurado omitiu doença adquirida na época da assinatura do contrato. Em primeira instância, o magistrado declarou que a instituição financeira participa do negócio jurídico apenascomo estipulante, de modo que, formalizado o contrato de seguro, a corretora é isenta da obrigação deassumir a responsabilidade pelo descumprimento do contrato. Dessa forma, extinguiu a ação sem discutir omérito. Os autores recorreram ao Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), que determinou o retorno dos autos àprimeira instância para nova avaliação. Para os desembargadores, a corretora que divulgou o contrato e emitiua apólice na qual não é possível distinguir qual a seguradora realmente contratada tem a responsabilidadesolidária pelo pagamento do prêmio, proibida a denunciação à lide (chamamento ao processo) da seguradora,conforme dispõe o Código de Defesa do Consumidor. Diante da decisão, o banco interpôs recurso especial,afirmando ser apenas entidade estipulante, não se confundindo com a seguradora. A Quarta Turma, porunanimidade, não conheceu do recurso, acompanhando as considerações do relator do processo, ministro LuisFelipe Salomão. Ele destacou que, na ocasião, houve falha na prestação do serviço, pois a corretora não supriuo consumidor com as informações necessárias para a identificação de quem era a entidade responsável pelocontrato. E, tratando-se de prestação de serviço, a atividade está sujeita ao CDC e, consequentemente, “ànecessidade de transparência, ou seja, o dever de prestar informações adequadas, claras e precisas acerca doproduto ou serviço fornecido”. Para o relator, se o tribunal estadual assentou ter ocorrido falha na prestação doserviço, reformar o julgado, que reconheceu a responsabilidade da corretora pelas informações fornecidas deforma precária, encontra impedimento nas Súmulas 5 e 7 do STJ. Além disso, o chamamento ao processo deveser promovido quando da contestação, não cabendo sua arguição em sede de recurso especial, “ante proibiçãode inovação da lide”.

26/02/2009 - 09h39 STJ reconhece inépcia da denúncia contra diretoria de colégio

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça reconheceu a inépcia das acusações contra Marco Antonio dosSantos, Maria Christina dos Santos e Soraia Brena, que integram a diretoria do Colégio Seta. Eles foramdenunciados por suposta prática de crime contra a ordem tributária (artigo 1º, I e II, da Lei n. 8.137/1990) emconcurso de pessoas e continuidade delitiva. O habeas-corpus havia sido negado pelo Tribunal Regional Federalda 3ª Região. No pedido de habeas-corpus ajuizado no STJ, a defesa sustentou que a denúncia é formalmenteinepta porque não individualizou a conduta de cada um dos agentes no suposto crime e que eles foramdenunciados apenas por exercer cargos de direção na empresa. Alegou, ainda, desrespeito à garantiaconstitucional da ampla defesa, já que a denúncia não permite que os pacientes saibam de qual conduta estãosendo acusados. Em seu voto, a relatora da matéria, desembargadora Jane Silva, entendeu que a denúncia éinepta por não proporcionar aos pacientes uma correta possibilidade de defesa. “Vê-se que, na verdade, ospacientes foram denunciados pela prática de um crime contra a ordem tributária tão-só por pertencerem aoquadro social da empresa autuada pela Receita Federal, sem que se lhes tenha sido atribuída especificamenteuma determinada ação que demonstre a sua contribuição individual para o crime tributário imputado”,destacou. Segundo a relatora, nos casos de crimes societários muitos são os julgados que vêm dispensando oautor da peça vestibular de detalhar a conduta de cada um dos diretores, mas há necessidade, em qualquerhipótese, de que se indique qual a ação que todos praticaram para chegar ao fim criminoso, definindoprecisamente a ação ou ações que lhe deram causa. Para ela, o trio foi denunciado por mera presunção, semqualquer indicação de um ato, pelo menos, que evidenciasse a sua contribuição individual ou coletiva para ocrime pelo qual estão sendo processados. “Toda a acusação repousa na presunção de que como diretores dasociedade estavam conscientes do fato criminoso, ou deveriam dele ter consciência.” Assim, por unanimidade,a Turma concedeu a ordem para declarar a acusação inepta e anular todos os atos posteriores, ressalvada apossibilidade de oferecimento de nova denúncia com a correta individualização das ações dos pacientes,permitindo a efetiva e ampla defesa dos denunciados.

26/02/2009 - 08h43 Local do provedor é indiferente para definir quem julga pornografia infantil na internet

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que é indiferente a localização do provedor deacesso à internet para determinar a competência para julgar caso de publicação de imagens pedófilo-pornográficas na internet. O relator do caso é o ministro Og Fernandes. Foi instaurado procedimentoadministrativo para apurar a responsabilidade criminal de acusado de veicular imagens pornográficasenvolvendo crianças e adolescentes, por meio da internet. O juízo federal do estado de São Paulo declinou dacompetência, acolhendo a manifestação do Ministério Público de que os autos deveriam ser remetidos aoendereço do titular do portal onde foi consumado o delito, no Rio de Janeiro. Já o Juízo Federal da 4ª VaraCriminal da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro atribuiu a competência ao Juízo de São Paulo, já queteria sido demonstrado que existiram protocolos de internet referentes à empresa situada na capital paulista.

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Segundo o ministro Og Fernandes, de acordo com o entendimento do STJ, o delito consuma-se no momento dapublicação das imagens, ou seja, aquele em que ocorre o lançamento na internet das fotografias depornografia infantil, o que, no caso, se deu em São Paulo. Dessa forma, não se mostra relevante, para fins defixação da competência, o local em que se encontra sediado o provedor de acesso ao ambiente virtual. Diantedo contexto, o ministro conheceu do conflito de competência e declarou competente o Juízo Federal da 1ª VaraCriminal, do Júri e das Execuções Penais da Seção Judiciária do Estado de São Paulo. A decisão foi seguida porunanimidade pelos demais ministros da Terceira Seção.

25/02/2009 - 12h50 STJ nega recurso à empresa que pretendia atuar no ramo de reciclagem de agrotóxico

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não acolheu o recurso da empresa Santos e PacciniLtda. – Fineplast que pretendia atuar na atividade de reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos. Aempresa recorreu de decisão que considerou estar a concessão de licença ambiental legalmente condicionada àcelebração de termo de compromisso com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias(Inpev). No STJ, a Fineplast alegou que a Resolução Conama 334/2003, ao exigir o termo de compromissocom o Inpev para o licenciamento ambiental, inovou o ordenamento jurídico e conferiu a uma entidade privadao poder de decidir quais empresas poderiam atuar na atividade em questão. Além disso, sustentou que aexigência atenta contra os princípios constitucionais da legalidade, da livre iniciativa, da concorrência e dopoder de polícia exclusivo da Administração. Ao decidir, a relatora, ministra Denise Arruda, ressaltou que oresponsável pelo destino final das embalagens vazias de agrotóxicos é o seu fabricante ou, quando o produtonão for fabricado no país, o importador. No exercício dessa obrigação, disse a ministra, as empresasprodutoras e comercializadoras de agrotóxicos são representadas, atualmente, pelo Inpev, que possui, em seurol de associados, 99% das empresas fabricantes de defensivos agrícolas do Brasil e as sete principaisentidades do setor. “Diante desse contexto, é possível afirmar que o Inpev atua como verdadeiro mandatáriodas empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, que são as únicas responsáveis pela destinaçãofinal das embalagens vazias. Assim, se essas empresas serão responsabilizadas por eventual dano ao meioambiente decorrente da reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos, é justo que elas tenham aprerrogativa de firmar parcerias de acordo com suas conveniências”, assinalou.

25/02/2009 - 11h23 Empresa tem pedido para alterar indenização contra seguradora negado

É desnecessário juntar, em agravo de instrumento (tipo de recurso), cópia de toda a cadeia das procuraçõesoutorgadas e posteriores substabelecimentos quando daí não decorre nenhum prejuízo. Com esseentendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou os argumentos de uma empresaagropecuária no recurso com o qual tentava reverter a redução do valor da indenização a que faz jus. Adiscussão judicial começou porque a empresa ajuizou ação de indenização contra a seguradora. Na ação, elaalegou que explora suas atividades rurais com a utilização de fortes veículos com tração integral. Por essarazão, contava com um Land Rover Defender, que era objeto de contrato de seguro para eventuais avarias. Em1998, ocorreu um dano no utilitário. A empresa encaminhou o veículo a uma concessionária para reparos, masa seguradora não pagou os consertos necessários, não cumprindo, dessa maneira, suas obrigações. Emprimeira instância, a seguradora foi condenada ao pagamento dos danos emergentes e lucros cessantes, aserem objeto de liquidação por arbitramento Na liquidação, homologou-se o cálculo que apontou um totaldevido no valor de mais de R$ 1 milhão. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) reformou a sentençapara reduzir a quantia devida para R$ 116.662,61. Segundo o TJ, deve ser afastada dos lucros cessantes averba de aluguel diário de um veículo, já que não houve essa contratação, sendo o caso de obedecer aoparâmetro do laudo pericial. A empresa agropecuária recorreu ao STJ alegando que o agravo de instrumentointerposto pela seguradora contra a sentença de liquidação não poderia ter sido sequer conhecido diante daausência do translado de peça obrigatória, qual seja, a cópia de substabelecimento a comprovar a cadeia deprocurações. Por fim, argumentou que a decisão não poderia ter isentado a seguradora de responder peloslucros cessantes que foi condenada a pagar. Em sua decisão, a relatora, ministra Nancy Andrighi, destacouhaver exagero na exigência de que o instrumento do agravo seja formado com cópias de todas as procuraçõese substabelecimentos juntados no processo, devendo-se ter em mente que as formalidades previstas no artigo525 do Código Processual Civil (CPC) têm uma finalidade clara, que é propiciar ao Tribunal os meiosnecessários à cognição e viabilizar à parte adversa o exercício do contraditório e da ampla defesa. Para ela, alegislação não está a exigir cópia integral do processo formado na origem, mas apenas cópias de algunsdocumentos, justamente daqueles necessários à compreensão da controvérsia. A ministra ressalvou, ainda,que não haveria como a cognição do Tribunal estadual e o contraditório serem ampliados com a juntada dacópia de um substabelecimento revogado que então já não vigia, não se podendo admitir que essa formalidadeestéril impeça o julgamento do mérito. Acrescentou que, por ter sido a empresa agrícola regularmenteintimada, tendo oferecido contraminuta ao recurso com todos os argumentos que lhe pareceram convenientes,não houve, nem alegou haver, prejuízos que justificassem a não admissão do agravo. Quanto aos lucros

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cessantes, a relatora concluiu que estes consistem na frustração do crescimento patrimonial alheio, ou seja, oganho patrimonial que a vítima poderia auferir, mas não o fez por causa da lesão sofrida. “Razoável imaginarque a lucratividade da empresa agropecuária sofreu decréscimo por ter perdido a oportunidade de se utilizarda força de produção que o veículo representa”, acrescentou. Por fim, a ministra ressaltou que a fórmula paraencontrar os lucros cessantes deve ser fixada em função dos produtos agropecuários que a empresa poderiavender ou transportar a mais, e não da receita bruta que a empresa que explora atividade de locadora deveículos deixaria de experimentar, pois a empresa agrícola exerce atividades agropecuárias, não de locação deveículos.

25/02/2009 - 10h31 Entrada de litisconsorte em processo baseado no CDC pode ser afastada se apenas tumultua e

retarda A proibição expressa à denunciação da lide contida no artigo 88 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) nãoé exaustiva, nada impedindo que, à luz dos elementos da causa e sob a ótica processual usual (artigo 70, III),possa ser afastada a entrada de um litisconsorte cuja relação jurídica seja exclusivamente com o réu, quandosua participação não auxilia em nada e só serve para tumultuar e atrasar o curso do processo. A conclusão éda Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que não conheceu do recurso especial do banco Itaú emprocesso que discute indenização. Tudo teve início com o extravio de talonário de cheques de uma correntistade São Paulo em virtude de roubo. Como teve o nome inscrito em cadastro de inadimplentes após o ocorrido,ela entrou na Justiça com ação de indenização por danos morais contra o banco. Em sua defesa, o Itaú afirmouque a empresa de entregas Transpev Express Ltda. deveria ser integrada ao processo, pois o roubo deveu-se aato culposo da transportadora, não do banco. Foi condenado, no entanto, a pagar R$ 5 mil de indenização pordanos morais. Em embargos de declaração da Transpev, o Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que nãocabe denunciação da lide (chamar o terceiro denunciado que mantém um vínculo de direito com a partedenunciante para vir responder pela garantia) em ações judiciais fundadas no Código de Defesa doConsumidor. Acolheu em parte os embargos, com efeitos modificativos, apenas para pronunciar a extinção,sem julgamento do mérito, da relação jurídico-processual formada entre denunciante e denunciada. No recursopara o STJ, o banco alegou que a decisão violou os artigos 88 do Código de Defesa do Consumidor e 70, III, doCódigo de Processo Civil, sustentando ser admissível, na hipótese, a denunciação da lide, uma vez que aresponsabilidade pelo alegado dano moral é da empresa entregadora. Ainda segundo a defesa do banco, tantoa instituição financeira quanto a empresa contratada são prestadoras de serviço, havendo relação consumeristaentre elas e entre o banco e a cliente, porém tais vínculos estão previstos no artigo 14 do diploma legal, quenão veda a denunciação na hipótese. Para a instituição, pode ocorrer a denunciação no caso de prestação deserviço, baseando-se na conjugação, que faz, das disposições do artigo 88 com o artigo 14 da Lei n. 8.078/90,distinguindo a situação do artigo 13. A Quarta Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso especial dobanco. “O contrato foi celebrado entre a recorrida [correntista] e o recorrente, banco Itaú S/A, de sorte que adiscussão sobre a responsabilidade de uma segunda empresa, esta sim, contratada pelo réu, é estranha aodireito discutido e somente iria retardar a demanda em favor da autora”, considerou o relator do caso, ministroAldir Passarinho Junior. O ministro ressaltou, no entanto, que é possível ao banco buscar na Justiçaressarcimento da Transpev. “O que se faz é ressalvar eventual direito de regresso do réu contra atransportadora terceirizada”, concluiu Aldir Passarinho Junior.

25/02/2009 - 09h05 Lei processual nova atinge execução de título judicial iniciada pelo rito antigo

Ainda que a execução do título judicial tenha iniciado antes de alteração na lei processual civil, tais mudançassão de aplicação imediata. Por isso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou decisão da Justiçaparanaense e autorizou a intimação sobre uma penhora na figura do advogado do executado, conformealteração do Código de Processo Civil feita pela Lei n. 11.232/2005. O caso foi julgado na Terceira Turma. Arelatora do recurso, ministra Nancy Andrighi, destacou que o direito brasileiro não reconhece a existência dedireito adquirido ao rito processual. “A lei nova aplica-se imediatamente ao processo em curso, no que dizrespeito aos atos presentes e futuros”, afirmou a relatora. Assim, ao contrário do que entendeu o Tribunal deJustiça do Paraná (TJPR), a execução de título judicial não está imune a mudanças procedimentais. A decisãodo STJ garante que a intimação do executado possa ser feita na figura do seu advogado, ainda que a execuçãodo título judicial tenha iniciado seguindo a norma processual antiga, que previa a intimação pessoal. Outras instâncias A ação original teve início por um pedido de indenização contra uma editora jornalística e três pessoassupostamente responsáveis por divulgação de notícia inconveniente contra o autor da ação. Os réus foramcondenados ao pagamento de R$ 30 mil a título de danos morais. O autor da ação iniciou a execução desentença, pedindo a citação dos condenados. Encontrou bens de um deles, mas não teve sucesso em intimá-loda penhora. Para localizar o devedor, requereu a suspensão do processo. Com a entrada em vigor da Lei n.11.232/2005, o autor da ação pediu que a intimação da penhora fosse feita na figura do advogado constituído

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pelo devedor. O juiz de primeiro grau negou o pedido, alegando que não seria possível misturar as duassistemáticas processuais – a antiga e a nova. O TJPR negou o recurso apresentado pelo autor da ação sob oargumento de que a lei processual teria aplicação imediata, desde que não atingisse atos já exauridos quandoiniciada sua vigência.

20/02/2009 - 16h24 Concedida liberdade a acusado de financiar assalto ao Banco Central de Fortaleza

O ministro Napoleão Nunes Maia, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), concedeu liminar no habeas-corpusapresentado em favor do ex-prefeito de Boa Viagem (CE) Antonio Argeu Nunes Vieira, acusado de financiar ofurto ao Banco Central de Fortaleza, ocorrido em 2005. Ele estava preso preventivamente desde novembro de2008, na Superintendência Regional da Policia Federal no Ceará. O mérito do pedido será julgado pela QuintaTurma do STJ. No habeas-corpus contra acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, a defesasustentou que a prisão preventiva do ex-prefeito foi decretada sem qualquer dado concreto que indique suaefetiva participação no episódio e sem fatos objetivos que justifiquem a medida cautelar. Ao conceder aliminar, o ministro Napoleão Nunes Maia admitiu a existência de indícios suficientes para justificar ainvestigação e as medidas cautelares, mas ressaltou que o decreto não explicitou elementos suficientementedensos e verossímeis capazes de fornecer base segura para a constrição à liberdade do paciente. “É precisodistinguir e aprofundar a diferença entre os indícios de autoria que autorizam a investigação policial ou mesmoa ação penal, daqueles requisitos elencados no Processo Penal como indispensáveis à privação da liberdade dapessoa”. Segundo o ministro, os fatos ocorreram há mais de três anos, mas a investigação em torno do ex-prefeito é recente não existindo, sequer, denúncia em seu desfavor. Ele reiterou que a restrição à liberdade docidadão é uma medida excepcionalíssima e só deve ser admitida quando for demonstrado, por meio de fatosconcretos e objetivos, que, além da existência do crime e dos indícios de autoria, a prisão revela-seimprescindível para a garantida da ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar afutura aplicação da lei penal. Napoleão Nunes Maia também ressaltou, em sua decisão, que o ex-prefeitoesteve em liberdade durante toda a tramitação do processo sem qualquer conduta que apontasse ofensa aosvalores elencados no artigo 312 do Código de Processo Penal, inclusive com ostensiva aparição em comíciosdurante a disputa das eleições municipais em Boa Viagem. Além de suspender o decreto de prisão preventivacom a imediata expedição de alvará de soltura, o ministro determinou que o ex-prefeito compareça a todos osatos processuais quando regularmente convocado pelo juízo responsável pela ação penal.

20/02/2009 - 12h15 STF deve examinar pedido do município de Aracaju para suspender expedição de precatórios

Será examinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido do município de Aracaju para que seja suspensaa decisão que determinou a expedição de precatórios de natureza alimentar, bem como a expedição derequisição de pequenos valores relativos a pagamento de servidores. A decisão é do presidente do SuperiorTribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, ao julgar que a questão é de índole constitucional. Nasuspensão de segurança dirigida ao STJ, o município protestava contra a decisão em mandado de segurançaque determinou a expedição dos precatórios. Segundo alegou, a questão já havia sido resolvida com arealização de acordos que viabilizaram o cumprimento da decisão do mandado de segurança, que já estariaextinto, tornando inexigível a execução em trâmite. O município sustentou, também, a nulidade da decisão,pois teria sido tomada por autoridade sem competência para isso. Por fim, afirmou que a decisão ofende aordem e a economia públicas, pois obras no município deverão ser interrompidas “para possibilitar opagamento de uma despesa tão grande e indevida que nem ao menos se encontra prevista no orçamento,além de ter sido fixada em desacordo com os valores permitidos em lei”. O presidente negou seguimento àsuspensão e determinou a remessa dos autos, com urgência, ao STF, destacando que é a naturezainfraconstitucional da controvérsia que determina a competência do Superior Tribunal de Justiça. “Constato quea controvérsia instaurada no âmbito da Execução da Decisão n.18/2006 cinge-se a questão eminentementeconstitucional”, observou o ministro Cesar Rocha. “Discute-se sobre a determinação de expedição deprecatórios e requisições de pequeno valor, nos termos do artigo 100, 1º-A, da Constituição Federal”,ressaltou. “Ademais, o próprio requerente noticiou a formulação de suspensão de segurança apresentadaperante o STF (SS 2830), envolvendo a Execução de Decisão n.2/2005, referente ao mesmo mandado desegurança”, concluiu Cesar Rocha.

20/02/2009 - 11h03 Prossegue ação penal contra acusado de fraudar o Cofen

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a ação penal movida pelo Ministério Público Federaldo Rio de Janeiro contra o empresário Salomão Jacob Roffe Levy, acusado de participação nas fraudes emlicitações e desvios de recursos públicos promovidos pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e algunsConselhos Regionais (Coren). Sócio da empresa Infoplan Informática e Planejamento Ltda., Salomão Levyrecorreu ao STJ contra acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região. Alegando inépcia absoluta da

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acusação, ele requereu o trancamento da ação penal pela suposta prática do crime de quadrilha ou bando.Segundo a denúncia do Ministério Público, o empresário é um importante componente da organizaçãocriminosa que recebeu ao longo dos anos elevadas quantias desviadas dos cofres públicos. Afirma ainda adenúncia que ele manteve com os demais acusados associação permanente e estável com o propósito defraudar o patrimônio do Cofen e se beneficiou de licitação fraudulenta para firmar contrato com a referidaautarquia. De acordo com a relatora, ministra Laurita Vaz, ao contrário do que sustenta o acusado, a peçatachada de inepta contém indícios suficientes de autoria e materialidade do crime, e demonstra a evidenteassociação permanente para a prática de crimes contra a administração pública por meio de fraudes à licitação.Para Laurita Vaz, a denúncia atende perfeitamente às exigências do artigo 41 do Código de Processo penal,permitindo ao acusado ter clara ciência da conduta ilícita que lhe é imputada, garantindo-lhe o livre exercíciodo contraditório e da ampla defesa. O habeas-corpus foi negado por unanimidade.

20/02/2009 - 09h41 Médico terá que indenizar paciente por sequelas de cirurgia plástica

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que condenou cirurgião plástico mineiroa pagar indenização a paciente que obteve resultados adversos em cirurgias de abdominoplastia emamoplastia a que se submeteu. O médico pretendia a nulidade dos acórdãos proferidos pelo extinto Tribunalde Alçada de Minas Gerais (TAC/MG). Em outubro de 2004, E.E.P. ajuizou ação indenizatória contra o cirurgiãoplástico, exigindo a reparação por danos materiais, morais e estéticos que lhe teriam sido ocasionados atravésdos procedimentos cirúrgicos em questão. A paciente sustentou que a fracassada cirurgia plástica lhe rendeu,além de cicatrizes, uma necrose no abdômen. O TAC/MG condenou o médico a pagar à E.E.P. todas asdespesas e verbas honorárias despendidas com os sucessivos médicos, bem como ao pagamento deindenização no valor de 200 salários mínimos, a título de reparação por dano moral. Ao recorrer ao STJ, omédico não concorda com a conclusão do acórdão atacado no sentido de que a obrigação contratual que sefirma entre o médico e o paciente para realização de cirurgia plástica de natureza estética seja de resultado.Sustenta que seria inadmissível em nosso ordenamento jurídico a admissão da responsabilidade objetiva domédico nesse caso. O relator, desembargador federal convocado Carlos Fernando Mathias, afirma que o STJ éum tribunal de precedentes e acompanha o entendimento de que “a natureza jurídica da relação estabelecidaentre médico e paciente nas cirurgias plásticas meramente estéticas é de obrigação de resultados e não demeios”. A Quarta Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso especial.

19/02/2009 - 13h35 STJ rejeita recurso contra pagamento de pensão a filho de procurador falecido

Filho de procurador do estado do Piauí vai continuar recebendo pensão pela morte do pai. O presidente doSuperior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, não acolheu o pedido do estado do Piauí parasuspender a tutela antecipada que garantiu o benefício por falta de imprescindível comprovação de lesão àeconomia pública. No caso, o filho solicitou administrativamente à Procuradoria-Geral do estado o direito dereceber pensão pelo falecimento do pai, ocorrido em 12/3/1983, afirmando possuir enfermidade congênita queo incapacita para o trabalho. O pedido foi indeferido. Esgotada a via administrativa, o interessado, em11/4/2008, ajuizou uma ação com pedido de antecipação de tutela contra o estado do Piauí. O juízo da 1ª Varada Fazenda Pública da Comarca de Teresina (PI) negou a antecipação de tutela, o que provocou a oposição deembargos de declaração (tipo de recurso). O recurso foi acolhido para conceder a tutela e determinar opagamento de metade do valor da pensão até a decisão final. Inconformado, o filho do procurador falecidorecorreu, visando receber por inteiro a o valor da pensão. O recurso foi provido pelo Tribunal de Justiça doPiauí. Daí o pedido de suspensão dessa decisão no STJ, no qual o estado do Piauí afirma haver grave lesão àordem e à economia públicas. Para isso, alegou prescrição, pois, entre o óbito e o pedido judicial, já haviadecorrido período superior a cinco anos. Sustentou, também, que a antecipação de tutela implica a inclusão dofilho na folha de pagamento do estado na condição de pensionista, o que é ilegal, pois, somente por sentençatransitada em julgado, isso poderia ser feito. Por fim, argumentou que a cobrança das pensões vencidaspoderá causar grave lesão aos cofres estaduais. Em sua decisão, o presidente do STJ afirmou que a alegaçãode que o interessado não tem direito a receber a pensão e de que houve prescrição diz respeito ao mérito dademanda, devendo ser discutida em recurso próprio. Ressaltou, ainda, não ter havido demonstração precisa deque a ordem econômica estaria gravemente prejudicada pela decisão, pois os autos não contêm dadosconcretos que sustentem tal alegação, não estando evidenciado o impacto da medida judicial nas finanças doestado. Assim, indeferiu o pedido.

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19/02/2009 - 11h41

CVC Tur tem reduzida indenização a casal por problemas em viagem A operadora e agência de viagens CVC TUR Ltda. deverá pagar indenização por danos morais e materiais novalor de R$ 15 mil a um casal do Ceará por causa de erro que os fez retornar um dia antes do previsto emcontrato de passeio turístico na Europa. A Quarta Turma deu parcial provimento ao recurso especial daempresa para diminuir de R$ 25 mil para R$ 15 mil o valor da indenização. O casal adquiriu junto à operadorao pacote turístico “Circuito Europa” para o período de 15/10/2005 a 1º/11/2005. Próximo à partida, foraminformados pela empresa de que não haveria assento no dia 15, devendo embarcar no dia 14, pagando, paratanto, diária extra e prosseguindo com o pacote contratado. Apesar de o casal ter pagado a diária a mais, aoperadora contou os dias a partir do dia 14/10, ficando a passagem de volta marcada para o dia 31/10 e não1º de novembro, conforme o contrato. O casal tentou, então, por várias vezes, entrar em contato com aoperadora, só conseguindo retorno no dia 28/10. Na ocasião, um funcionário da CVC, por e-mail, terialamentado o ocorrido, afirmando que não havia o que fazer e que o casal seria ressarcido pelo prejuízo. Comoisso não ocorreu, o casal entrou na Justiça. Em primeira instância, a ação foi julgada procedente, tendo o juizcondenado a CVC ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 25 mil; já os danos materiaisdeveriam ser apurados em liquidação por artigos. Em apelação para o Tribunal de Justiça do Ceará, a CVCalegou que os autores não perderam um dia de viagem, que optaram por viajar de 14 a 31/10, permanecendoos 17 dias e 16 noites, que o dia 1º/11 não teve nenhuma programação, sendo apenas para saída do hotel echeckin no aeroporto. A empresa não admitiu qualquer erro na expedição dos bilhetes aéreos, estando a voltamarcada corretamente no voucher, não havendo, portanto, nenhuma ofensa à moral dos dois, o que tornaindevida qualquer indenização. O Tribunal de Justiça do Ceará negou provimento à apelação, mantendo asentença. “Ressarcimento de danos morais e materiais. Os primeiros arbitrados de forma equilibrada. Osmateriais com apuração a ser liquidada por artigos. Sentença lúcida e irretocável”, considerou a decisão.Insatisfeita, a CVC recorreu ao STJ, alegando violação dos artigos 458 e 535 do Código de Processo Civil (e,alternativamente, pedindo a redução do valor da indenização). A Quarta Turma, por unanimidade, deu parcialprovimento ao recurso. “Não procede o argumento da recorrente de que os autores não perderam nenhumpasseio no dia 1º/11, por tratar-se de itinerário do hotel para o aeroporto”, afirmou o relator do caso, ministroAldir Passarinho Junior. “Ora, se tiveram que fazer esse itinerário no dia 31/10, um dia antes, é óbvio queperderam um dia do passeio, pois neste dia poderiam estar usufruindo da viagem e não cuidando da saída dohotel e checkin no aeroporto”, considerou. O relator afastou, ainda, a alegação de que a sentença deu maisatenção ao e-mail enviado aos recorridos do que ao voucher do pacote turístico. “Tendo sido emitido por umfuncionário da recorrente, para efeito de prova tem o mesmo valor do que qualquer outro documento, aindamais que o e-mail reconheça a falha por parte da empresa”, ressaltou. Votou, no entanto, pela redução dovalor da indenização por danos morais, de R$ 12.500 para R$ 7.500 a cada um. “De fato, passaram os autorespor uma situação desconfortável por perderem um dia do seu passeio, além de terem que ficar preocupadoscom essa questão durante a viagem, mandando e-mails e fazendo reclamações. Mas, ainda assim, a lesão nãotem gravidade a justificar o montante estabelecido”, concluiu Aldir Passarinho Junior.

19/02/2009 - 10h18 STJ inverte ônus da prova em favor de empresário que adquiriu caminhão com defeito

A pessoa empresária pode ser reconhecida como consumidora, desde que se evidencie o nexo de sujeição,vínculo de dependência caracterizado pela incapacidade, pela ignorância ou pela necessidade. Com esseentendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu o pedido de inversão do ônus daprova em favor de um caminhoneiro mineiro. Com isso, caberá à Volkswagen demonstrar não seremverdadeiros os fatos alegados pelo consumidor em uma ação de indenização por danos morais. No caso, ocaminhoneiro ajuizou uma ação contra a Volkswagen do Brasil Ltda., com o objetivo de rescindir contrato decompra e venda de um caminhão, ver reembolsados os valores pagos e recompostas as parcelas pagas aterceiro arrendador do veículo, além de obter compensação por danos morais. Na ação, o consumidor afirmouque adquiriu veículo novo que apresentou defeitos no motor, sendo submetido a conserto duas vezes naconcessionária, fato que lhe causou prejuízos econômicos decorrentes do período de imobilização do bem,acarretando, ainda, a rescisão do contrato de prestação de serviços que deveria honrar com a efetiva utilizaçãodo caminhão. Informou, também, que, por não ter cumprido o contrato, sofreu ofensa moral consistente nodesprestígio de seu nome no meio profissional e diminuição de sua autoestima. Pediu a inversão do ônus daprova no tocante à produção de prova da existência do defeito do caminhão. Foi deferida a inversão do ônus daprova em favor do empresário em primeira instância. A Volkswagen recorreu dessa decisão e o Tribunal deJustiça de Minas Gerais entendeu que consumidor é o destinatário final do produto ou serviço, não seenquadrando nesse conceito a pessoa física ou jurídica que adquire capital ou bem a ser utilizado em suacadeia de produção, sendo esse o caso. Assim, considerou indevida a inversão do ônus da prova. No STJ, arelatora, ministra Nancy Andrighi, destacou que a jurisprudência do STJ reconhece que o critério da destinaçãofinal econômica não é determinante à exata compreensão da relação de consumo. Segundo ela, mesmo que oadquirente do bem não seja seu destinatário final econômico, pode ser considerado consumidor desde que se

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apresente vulnerável, relativamente à pessoa do fornecedor. “Na hipótese dos autos, o recorrente (ocaminhoneiro) é pessoa natural que presta serviços de transporte e, para tanto, usa o caminhão. Únicocaminhão, diga-se, arrendado com opção de compra. A maior quantidade de coisas transportáveis só seobtém, no mercado, por pessoa com o perfil do recorrente, por meio de um caminhão. Há vulnerabilidadeeconômica na medida em que necessita do bem para exercer sua atividade”, ressaltou a ministra. Assim,constatado o vício do produto e a vulnerabilidade do caminhoneiro, a ministra concluiu que este é consumidore, caracterizada a sua hipossuficiência, pode ser beneficiado pela inversão do ônus da prova.

19/02/2009 - 09h30 Administração pública deve exigir certidões negativas para celebrar convênios

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça rejeitou, por unanimidade, mandado de segurança impetradopela Associação Educativa do Brasil (Soebras) para excluir a exigência de apresentação de certidões negativasde débitos fiscais na celebração de convênios com o Ministério da Saúde. A entidade é mantenedora de váriasinstituições de ensino e de saúde. No recurso, a Soebras argumentou que a exigência de comprovação deregularidade com a Fazenda federal, estadual e municipal, com a seguridade social e com o FGTS é ilegal, jáque o Estado tem outros meios legais para a cobrança de tributos, não podendo impedir a atividadeprofissional do contribuinte. Em seu voto, o relator da matéria, ministro Humberto Martins, ressaltou que aexigência do Ministério da Saúde em apenas estabelecer convênios com entidades de reputação ilibadaobedece ao princípio da razoabilidade, podendo, para tal, exigir comprovação e certidões negativas de débitosfiscais nos termos do artigo 29 da Lei n. 8.666/93. Segundo o ministro, as determinações feitas pelo Ministérioestão previstas em lei, não configurando práticas abusivas ou ilegais. ”Ao contrário, são mandamentoconstitucional e legal as exigências de tais atributos de idoneidade, sob pena de responsabilidade do próprioadministrador público que não adotar tais cautelas”, concluiu em seu voto.

18/02/2009 - 11h58 Acusado de contrabando de cigarros tem liberdade negada

A Quinta Turma do Superior de Justiça negou o pedido de liberdade provisória de Luciano Pereira de Melo,preso em flagrante, desde janeiro de 2008, pela suposta prática dos crimes de contrabando e corrupção ativa.Por unanimidade, a Turma negou seu pedido de habeas-corpus e manteve o acórdão do Tribunal RegionalFederal da 3ª Região (TRF3). Segundo os autos, o acusado foi preso durante fiscalização de rotina realizadapela Polícia Militar Rodoviária no km 561 da Rodovia Raposo Tavares, quando policiais militares abordaram doiscaminhões que transportavam grande quantidade de cigarros de procedência estrangeira sem a devidadocumentação legal. Luciano de Melo assumiu ser o proprietário dessa carga de cigarros e teria oferecido aospoliciais a quantia de R$ 10 mil para liberarem a sua carga. Ele foi encaminhado à Delegacia de Polícia Federalem Presidente Prudente (SP), onde foi lavrado o flagrante pelos delitos de contrabando e corrupção ativa. Nopedido de habeas-corpus contra o acórdão do TRF3, a defesa alegou inexistência de motivos para amanutenção da prisão antecipada, pois nada indica que, solto, ele porá em risco a ordem pública, aconveniência da instrução criminal ou a aplicação da lei penal. Argumentou, ainda, que o fato de o acusado jápossuir registros de antecedentes criminais pela prática de contrabando não seria suficiente para fundamentarsua prisão cautelar. O TRF já lhe havia negado pedido semelhante por considerar presentes os pressupostos efundamentos para a custódia cautelar do paciente, cujos registros de antecedentes criminais apontam umareiterada prática de contrabando ou descaminho, justificando a possibilidade de que o preso esteja fazendo docrime seu modo de subsistência. Segundo o relator, ministro Jorge Mussi, é necessário frisar que o paciente jáfoi condenado anteriormente por contrabando em sentença transitada em julgado, o que caracteriza suareincidência no mesmo tipo de um dos crimes em exame. Para o ministro, não há por que falar em ausência demotivação ou de justa causa para a prisão, pois está plenamente demonstrada a imprescindibilidade dapermanência da custódia cautelar. “Nesse contexto, verifica-se que a custódia do paciente, ao contrário doalegado na inicial, encontra-se bem fundamentada e mostra-se devida a sua manutenção, especialmente paragarantir a ordem pública, diante da existência de indícios de habitualidade da prática de outros crimes decontrabando por parte do paciente”, concluiu o relator.

18/02/2009 - 10h19 Intermediário de venda de imóvel não consegue receber comissão acertada verbalmente

Um homem que intermediou a venda de um imóvel no Distrito Federal não conseguiu comprovar a realizaçãode um contrato verbal de corretagem. Ele pretendia receber 6% do valor de venda imóvel a título de comissão,mas a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não aceitou o pedido porque seria necessário oreexame de provas, o que é vedado pela Súmula n. 7. O autor do recurso afirma que o imóvel foi vendido porR$ 257 mil devido à atuação dele e que a comissão acertada corresponde a 6% desse valor, percentualprevisto na tabela do Creci/DF. Ele alega que teria recebido apenas R$ 1.500,00 e pede a condenação do ex-proprietário do imóvel ao pagamento do saldo remanescente, no valor de R$ 13.920,00. O relator, ministroLuis Felipe Salomão, destacou que não se discute a ocorrência ou não de intermediação, mas o cumprimento

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de cláusula contratual que deveria ter a existência comprovada. Segundo ele, essa comprovação éindispensável para julgamento do pedido. Por essa razão, o recurso não foi conhecido, por decisão unânime daQuarta Turma.

18/02/2009 - 09h25 STJ mantém decisão que autorizou 5º suplente a tomar posse como deputado estadual

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido do 3º suplentede deputado estadual pela coligação Frente Popular do Acre II, do Estado do Acre, para suspender a decisãoque autorizou que o 5º suplente da mesma coligação, também eleito, mas com menos votos, tomasse possecomo deputado estadual. Aquele suplente pediu a suspensão de segurança ao STJ alegando que, obedecendo àordem de suplentes da coligação, aos critérios legais da legislação eleitoral, às decisões do Tribunal SuperiorEleitoral (TSE) e de assembleias legislativas de estados, o próximo a ser nomeado seria ele. Além disso, elesustentou ter sido eleito com mais votos do que o outro suplente da mesma coligação empossado em seulugar. Por isso, tem direito de pedir suspensão de liminar que o impede de exercer o mandato para o qual foraregularmente designado. Ele argumentou, ainda, que a ordem de suplência, segundo determina a lei e semque ocorra infidelidade partidária, faz-se tendo em vista a votação obtida pelo candidato dentro da coligação, enão do partido. Por fim, afirmou que a decisão contestada trará graves prejuízos à ordem pública, instalando ocaos não só entre os eleitores, mas colocando em risco todo o sistema eleitoral brasileiro, inviabilizando arealização de coligações, violando o princípio da segurança jurídica e ainda trazendo insegurança para todas asassembleias municipais e legislativas, como a Câmara Federal, as quais sempre adotaram a tese em questão.Na decisão, o ministro Cesar Rocha destacou que, por se tratar de medida excepcional, a análise do pedido desuspensão de segurança deve-se ater aos estritos termos do artigo 4º da Lei n. 4.348/64. Com isso, a decisãoserá suspensa apenas quando for constatada a existência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou àeconomia públicas, não se prestando tal medida ao exame da legalidade ou constitucionalidade das decisõesjudiciais. O ministro ressaltou, ainda, que, conforme orientação firmada no STJ, o pedido, por sua naturezaextraordinária, não pode ser utilizado como substituto recursal. Para ele, o tema relativo ao próximo suplente atomar posse no cargo de deputado estadual, por dizer respeito ao mérito da demanda, não comporta examena via da suspensão de segurança, deve ser discutida em recurso próprio. Não bastassem esses argumentos,continua o presidente do STJ, é pacífica a jurisprudência no sentido de que a “via da suspensão de segurançanão é própria para a apreciação de lesão à ordem jurídica. É inadmissível, ante a sistemática de distribuição decompetências do Judiciário brasileiro, a presidência arvorar-se em instância revisora das decisões emanadasdos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais”, complementa. Por fim, o ministro Cesar Rochaconcluiu que não ocorre a alegada ofensa à ordem pública. Segundo ele, não houve interferência do PoderJudiciário em questão interna da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, e a manutenção da decisãocontestada, enquanto se discute se a vaga pertence ao partido político ou à coligação, não causará qualquerprejuízo ao pleno funcionamento da Casa Legislativa no exercício da sua função institucional.

18/02/2009 - 08h59 Mulholland tem liminar negada em ação que contesta manifestação do MP após defesa prévia

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) irá decidir se é legal a manifestação do Ministério Público (MP) depois daapresentação da defesa preliminar do denunciado. O habeas-corpus que trata do tema está nas mãos doministro Arnaldo Esteves Lima. Ele negou a liminar pedida pela defesa do denunciado, o ex-reitor daUniversidade de Brasília (UnB) Timothy Mulholland. Para o ministro, não estão presentes, no caso, os requisitoslegais que autorizam a concessão de liminar – a plausibilidade do direito e o risco da demora. A defesa pedia asuspensão do processo que tramita na 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal. O mérito aindairá a julgamento na Quinta Turma. A defesa quer que o STJ determine ao Tribunal Regional Federal da 1ªRegião (TRF1) o reexame da questão levantada em habeas-corpus, algo que, ao seu ver, não foi feito. Quer,alternativamente, que seja determinada a retirada da manifestação do MP oferecida após a defesa preliminar,ou que seja aberta vista para que a defesa de Mulholland se manifeste sobre o conteúdo daquela manifestação.No ano passado, o MP ofereceu denúncia contra o ex-reitor da UnB por peculato (duas vezes) e formação dequadrilha. Após a apresentação da defesa preliminar, o juiz federal determinou a manifestação do MP sobre oconteúdo defensivo. O MP apresentou, então, manifestação em 15 laudas, nas quais teria discutido questões demérito. Para a defesa do ex-reitor, o MP, ao falar por último nos autos, ignorou a lógica processual penal queresguarda a possibilidade de a defesa se manifestar por último. Diz que o procedimento dos crimes deresponsabilidade dos funcionários públicos, conforme o artigo 514 do Código de Processo Penal, nãocontemplaria a hipótese de manifestação da acusação entre a apresentação da resposta por escrito e orecebimento da denúncia. Isso possibilitaria ao MP “corrigir” a denúncia, ferindo o direito à ampla defesa.

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18/02/2009 - 08h07

Empresa de factoring está limitada a cobrar juros de 12% ao ano As empresas de factoring não são instituições financeiras e estão restritas a cobrar 12% de jurosremuneratórios ao ano em seus contratos. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmouesse entendimento ao negar, em parte, recurso apresentado por uma administradora de valores do Rio Grandedo Sul. O relator do recurso, ministro Aldir Passarinho Junior, aplicou a regra prevista na denominada Lei deUsura, que limita a cobrança. O ministro destacou, em seu voto, que uma empresa de factoring não é umainstituição financeira, pois não capta recursos de depositantes e, para seu funcionamento, não se exigeautorização do Banco Central. Há regra legal que nulifica de pleno direito as estipulações usurárias, masexcepciona as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central (MedidaProvisória 2.172). Mas, como o entendimento do STJ não considera as empresas de factoring instituiçõesfinanceiras, elas não se encaixam na exceção à regra da usura. A defesa da empresa contestava, ainda, adecisão do Tribunal de Justiça gaúcho de desconstituir o contrato de factoring, pois esse aspecto não teria sidoalvo da apelação na segunda instância. Neste ponto, o ministro Aldir Passarinho Junior concordou com acontestação da empresa, atendendo o recurso. Conforme observou o relator, houve julgamento extra petita(fora do pedido) de uma questão referente a direito patrimonial, o que é vedado ao órgão julgador.

17/02/2009 - 12h57 Escrevente acusada de praticar agiotagem em cartório tem recurso negado

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso com o qual escrevente substituta decartório de ofício de notas de Minas Gerais tentava reverter sua demissão. Ela havia sido demitida por estaremprestando dinheiro a juros na dependência do cartório, exigindo como garantia do negócio que ostomadores transferissem imóveis para o seu nome mediante a celebração de contratos de compra e venda. Oministro Luiz Fux, atuando como relator, considerou correto o processo administrativo que resultou nademissão, “no qual restou comprovada a razoabilidade da sanção”. O recurso impetrado pela escreventedemitida, segundo Fux, não comprova violação de direito líquido e certo. A recorrente, segundo o relator, “nãocomprovou a alegada ofensa aos princípios insculpidos na Constituição (contraditório, devido processo legal egarantia de ampla defesa)”. A escrevente tenta agora levar a questão ao Supremo Tribunal Federal, por meiode um recurso extraordinário.

17/02/2009 - 11h32 Acusado de exploração sexual infantil tem prisão mantida

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça negou habeas-corpus a acusado de atentado violento ao pudor eexploração sexual contra duas meninas com o consentimento da mãe das menores. Ele continuará preso nopresídio de Balneário do Camboriú (SC). No habeas-corpus contra acórdão do Tribunal de Justiça de SantaCatarina, a defesa requereu o trancamento da ação penal por ilegitimidade ativa do Ministério Público, autor dadenúncia. Alegou tratar-se de ação pública condicionada, portanto deveria ter sido ajuizada pela vítima, nãopelo MP. Segundo os autos, a mãe das menores foi denunciada com base no artigo 244 do Estatuto da Criançae do Adolescente por ter submetido suas duas filhas à exploração sexual. O acusado não foi denunciado porausência de representação, mas, posteriormente, a denúncia foi aditada e ele incluído no polo passivo da ação.O Tribunal de Justiça entendeu que não se tratava de ação penal pública condicionada à representação, massim incondicionada, nos moldes do disposto no artigo 225, parágrafo 1º, inciso II, do Código Penal. Para arelatora, desembargadora convocada Jane Silva, no caso em questão, está caracterizada a legalidade da açãopública incondicionada, já que a mãe das ofendidas compactuava com o ato criminoso. Segundo a denúncia, amãe não apenas determinava que as filhas fossem até o local dos fatos, como as convencia ao exercício daprática sexual e recebia auxílio financeiro periódico por parte do acusado. Jane Silva ressaltou, em seu voto,que o objetivo do artigo 225 do Código Penal é justamente o de preservar a vítima no caso de o delito ter sidocometido por seus pais ou responsáveis. “Como a mãe das vítimas possuía participação direta na execução dosdelitos praticados pelo ora paciente, tanto é que figurou no polo passivo da lide, não era de se esperar que elaoferecesse a representação.” Citando vários precedentes, a relatora reiterou que o Ministério Público temlegitimidade para propor a ação penal em crime de atentado violento ao pudor, quando o crime é cometidocom abuso do pátrio poder, ou na qualidade de padrasto, tutor ou curador. O pedido de habeas-corpus foinegado por unanimidade.

17/02/2009 - 10h54 Acusada de fraudar o INSS continuará presa

Acusada de integrar um grupo especializado em lesar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mediantefraudes em benefícios de auxílio-reclusão, Glauciene Ferreira continuará presa preventivamente, porestelionato e formação de quadrilha. Companheira do advogado e suposto líder da quadrilha José Osni Nunes,ela está presa desde outubro de 2007. No pedido de habeas-corpus rejeitado por unanimidade pela SextaTurma do Superior Tribunal de Justiça, a defesa requereu a imediata revogação da prisão alegando excesso deprazo e falta de fundamentação para a manutenção da custódia cautelar. Tal pedido já havia sido negado pelo

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Tribunal Regional Federal da 3ª Região como forma de resguardar a ordem pública e conveniência da instruçãocriminal. Segundo a denúncia, depois de aliciar mulheres e presidiários, o grupo criminoso conseguiadeclarações falsas de nascidos vivos em várias maternidades para obter certidões de nascimento que nãocorrespondiam à verdade. Com a documentação fraudulenta, eles criavam “filhos fantasmas” e requeriam oindevido auxílio-reclusão retroativo à data da prisão do segurado. Ao ser concedido o benefício, seu valor erarepartido entre os envolvidos. O auxílio-reclusão está previsto no artigo 80 da Lei n. 8.213/01: “O auxílio-reclusão será devido nas mesmas condições da pensão por morte aos dependentes do segurado recolhido àprisão que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria oude abono de permanência em serviço”. Citando vários precedentes da Corte, a relatora do processo,desembargadora Jane Silva, concluiu que a soltura da impetrante atentaria contra a ordem pública e aconveniência da instrução criminal. Quanto ao alegado excesso de prazo, entendeu que não se justifica portratar-se de feito complexo, com elevado número de acusados e de diligências a realizar, o que viabiliza aaplicação do princípio da razoabilidade. Segundo a relatora, consta dos autos que a paciente e seucompanheiro teriam ameaçado vários coinvestigados, razão pela qual sua soltura seria prejudicial à colheita deprovas. Jane Silva concluiu seu voto afirmando que, presentes os requisitos do artigo 312 do Código deProcesso Penal diante de fatos concretos, é inviável a revogação da medida cautelar, independentemente dassupostas condições pessoais favoráveis da paciente.

17/02/2009 - 09h03 STJ mantém ação penal contra adolescente que falsificou certidão de nascimento

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a ação penal por falsidade ideológica movida peloMinistério Público contra uma mulher acusada de adulterar a data de seu nascimento no registro civil.Acompanhando o voto da relatora, desembargadora convocada Jane Silva, a Turma rejeitou o pedido dehabeas-corpus contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Segundo a denúncia, quando tinha15 anos de idade, a adolescente, nascida em 1985, falsificou sua certidão de nascimento como tendo nascidoem 1982. Com o falso registro, ela obteve vários outros documentos ideologicamente falsos como carteira deidentidade, CPF, título de eleitor e passaporte. A carteira de identidade foi obtida em 2001 e os demaisdocumentos em 2006, quando ela já gozava de maioridade penal. No habeas-corpus, a defesa requereu otrancamento da ação alegando que, na época da falsificação, ela era inimputável em razão da idade e que oreferido crime já estaria prescrito. De acordo com a relatora, como a denunciada já tinha 20 anos quandoobteve três dos quatro documentos citados na denúncia, o trancamento da ação em virtude da alegadainimputabilidade é inviável. Jane Silva também destacou, em seu voto, que a denúncia não acusou a pacientepelo uso dos documentos falsos, pois, ainda que a certidão de nascimento tenha sido falsificada quando elaainda era menor e inimputável, a paciente não foi acusada por utilizar o referido documento, mas sim por obterdocumentos ideologicamente falsos perante as autoridades competentes. Quanto à alegada prescrição, arelatora reiterou que o crime de falsidade ideológica prevê pena máxima de cinco anos de reclusão e prescreveem doze anos, prazo reduzido à metade quando praticado por menor de 21 anos. “Mas, como visto, todos osdelitos foram praticados, em tese, no ano de 2006, donde se infere que a aventada prescrição está longe deocorrer”, concluiu Jane Silva.

17/02/2009 - 09h03 STJ mantém ação penal contra adolescente que falsificou certidão de nascimento

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a ação penal por falsidade ideológica movida peloMinistério Público contra uma mulher acusada de adulterar a data de seu nascimento no registro civil.Acompanhando o voto da relatora, desembargadora convocada Jane Silva, a Turma rejeitou o pedido dehabeas-corpus contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Segundo a denúncia, quando tinha15 anos de idade, a adolescente, nascida em 1985, falsificou sua certidão de nascimento como tendo nascidoem 1982. Com o falso registro, ela obteve vários outros documentos ideologicamente falsos como carteira deidentidade, CPF, título de eleitor e passaporte. A carteira de identidade foi obtida em 2001 e os demaisdocumentos em 2006, quando ela já gozava de maioridade penal. No habeas-corpus, a defesa requereu otrancamento da ação alegando que, na época da falsificação, ela era inimputável em razão da idade e que oreferido crime já estaria prescrito. De acordo com a relatora, como a denunciada já tinha 20 anos quandoobteve três dos quatro documentos citados na denúncia, o trancamento da ação em virtude da alegadainimputabilidade é inviável. Jane Silva também destacou, em seu voto, que a denúncia não acusou a pacientepelo uso dos documentos falsos, pois, ainda que a certidão de nascimento tenha sido falsificada quando elaainda era menor e inimputável, a paciente não foi acusada por utilizar o referido documento, mas sim por obterdocumentos ideologicamente falsos perante as autoridades competentes. Quanto à alegada prescrição, arelatora reiterou que o crime de falsidade ideológica prevê pena máxima de cinco anos de reclusão e prescreveem doze anos, prazo reduzido à metade quando praticado por menor de 21 anos. “Mas, como visto, todos osdelitos foram praticados, em tese, no ano de 2006, donde se infere que a aventada prescrição está longe deocorrer”, concluiu Jane Silva.

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17/02/2009 - 08h41

SÚMULAS - Apresentação do cheque pré-datado antes do prazo gera dano moral Apresentar o cheque pré-datado antes do dia ajustado pelas partes gera dano moral. A questão foi sumuladapelos ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em votação unânime. O projeto queoriginou a súmula 370 foi relatado pelo ministro Fernando Gonçalves. A questão vem sendo decidida nessesentido há muito tempo. Entre os precedentes citados, há julgados de 1993. É o caso do Resp 16.855. Em umdesses precedentes, afirma-se que a “apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera odever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos”. É ocaso também do Resp 213.940, no qual o relator, ministro aposentado Eduardo Ribeiro, ressaltou que adevolução de cheque pré-datado por insuficiência de fundos que foi apresentado antes da data ajustada entreas partes constitui fato capaz de gerar prejuízos de ordem moral. A nova súmula ficou com a seguinte redação:“caracteriza dano moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado”.

17/02/2009 - 08h06 SÚMULAS - Constituição de mora em contrato de leasing exige notificação prévia

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou nova súmula. Segundo o verbete, “no contratode arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificaçãoprévia do arrendatário para constituí-lo em mora”. O projeto que deu origem à súmula 369 foi relatado peloministro Fernando Gonçalves e tem, entre os precedentes, os recursos especiais 139.305, 150.723, 185.984,285.825 e os embargos de divergência no recurso especial 162.185. Em um desses precedentes, o Resp285.825, o relator, ministro aposentado Raphael de Barros Monteiro Filho, considerou que, para a propositurada ação reintegratória, é requisito a notificação prévia da arrendatária, ainda que o contrato de arrendamentomercantil contenha cláusula resolutiva expressa. Em outro recurso, Eresp 162.185, o ministro Aldir PassarinhoJunior destacou que é entendimento hoje pacificado no âmbito da Segunda Seção ser necessária a notificaçãoprévia da arrendatária para a sua constituição em mora, extinguindo-se o processo em que tal pressuposto nãotenha sido atendido, conforme dispõe o artigo 267, inciso VI, do Código Processual Civil.

16/02/2009 - 12h57 Condenado por ato libidinoso contra menina tem pedido de progressão negado

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, não acolheu o pedido deprogressão de regime para o semiaberto de homem condenado à pena de seis anos de reclusão por cometeratentado violento ao pudor contra uma menina de seis anos. A defesa discorda do indeferimento do pedido deprogressão pela Justiça de origem por entender que não existem circunstâncias judiciais desfavoráveis aocondenado que justifiquem o cumprimento inicial da pena em regime fechado. Além disso, alega, o réu éprimário. O crime ocorreu em 2003, em Ceilândia, localidade da periferia de Brasília (DF). O autônomo foicondenado por praticar ato libidinoso contra a vítima no período em que trabalhou como ajudante de pedreirona reforma da casa dela. O pedido já havia sido negado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), queconsiderou que, apesar de o condenado não ser reincidente, o crime é hediondo pelo fato de a vítima sermenor de 14 anos. No STJ, o ministro Cesar Asfor Rocha destacou que a Justiça do Distrito Federal considerouas condições subjetivas do condenado suficientes para estabelecer o regime inicialmente fechado de prisão.Assim, entende, a liminar em habeas-corpus não pode ser admitida por exigir a revisão aprofundada dos fatose provas, inviável nesta via. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Sexta Turma.

16/02/2009 - 10h45 Continua válida decisão que condenou prefeito por irregularidade em licitação de veículos

O Superior Tribunal de Justiça manteve o acórdão da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grandedo Sul que condenou o atual prefeito do município gaúcho de Teutônia, Silvério Luersen, por irregularidade noprocesso de licitação (artigo 89 da Lei n. 8.666/93) para locação de veículos ocorrida nos anos de 1995 e1996. Na época, Silvério Luersen era chefe de gabinete do então prefeito Elton Klepker. Segundo os autos, em1995, o município alugou, sem licitação, um Galaxie Landau ano 1983 e um VW Quantum 1986. Os doisveículos pertenciam a empresas dos denunciados Elton e Silvério, respectivamente, Cobral Transporte eComércio de Combustíveis Ltda. e Transporte Luersen Ltda, ou seja, seus próprios veículos foram locados pelaPrefeitura para uso pessoal. Em 1995, a locação custou R$ 19.784,53 ao cofre municipal. No ano seguinte,além do Galaxie Landau e do Quantum, a prefeitura alugou um Ford Versailles totalizando R$ 23.941,50. Nohabeas-corpus ajuizado no STJ, o atual prefeito requereu a concessão da ordem para declarar a denúnciainepta e cassar o acórdão recorrido. Sua defesa alegou cerceamento de defesa, ilegitimidade passiva econstrangimento ilegal exercido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que julgou procedente a açãopenal originária movida pelo Ministério Público. Para a relatora, desembargadora convocada Jane Silva, umasimples leitura da peça acusatória é suficiente para afastar as alegações de inépcia da denúncia e cerceamentode defesa, pois os fatos foram bem descritos e o réu deles se defendeu com amplitude, não tendo havidoqualquer prejuízo à sua defesa. Em seu voto, ela também destacou que a questão não trata de

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responsabilização objetiva, como pretende a defesa, pois, diante da atuação direta do paciente nos fatos tidoscomo delituosos, tudo indica que ele concorreu, por duas vezes, para a consumação da ilegalidade. “Talassertiva é suficiente, no presente momento, para afastar a tese de que a hipótese é de crime próprio e quesomente o prefeito poderia ter praticado”, ressaltou a relatora, cujo voto foi acompanhado por unanimidade.Silvério Luersen foi condenado a três anos e seis meses de detenção em regime aberto e à multa de 2% novalor dos contratos. A pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade por igual período epagamento de 50 cestas básicas em favor de entidades assistenciais.

16/02/2009 - 08h01 Negados três recursos em que o MP pedia a não aplicação do princípio da insignificância

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou três recursos especiais em que o Ministério Públicodo Rio Grande do Sul (MP) pedia a não aplicação do princípio da insignificância adotado pelo Tribunal de Justiçagaúcho. Os três casos, relatados pelo ministro Arnaldo Esteves Lima, tratam de tentativas de furto de objetosque foram restituídos aos donos. Em um dos casos, o tribunal estadual absolveu o réu que havia sidocondenado em primeiro grau por tentar furtar uma cafeteira elétrica avaliada em R$ 55,00. Na sentença, ofurto foi julgado como qualificado por envolver mais de uma pessoa e devido ao rompimento de obstáculo paraalcançar aquele fim. O Ministério Público questionou o laudo pericial por ter sido realizado por peritos semcurso superior e alegou que a conduta do réu é penalmente relevante. Em outro processo, o MP contestou arejeição da denúncia contra duas pessoas que tentaram subtrair 17 barras de chocolate e um pacote devitamina C de um supermercado. Os produtos foram avaliados em R$ 62,56. Em primeiro e segundo grau, foiaplicado o princípio da insignificância em razão do valor ínfimo dos artigos, sem nenhuma repercussão nopatrimônio da vítima. No terceiro caso, um homem arrombou um Fusca para furtar uma bateria de 12 volts eum alicate, avaliados em R$ 105,00. Os bens foram recuperados por policiais militares e devolvidos à vítima. Otribunal estadual acatou a apelação e absolveu o réu por entender que o fato não justificava a movimentaçãodo Judiciário. Em todos os processos, o ministro Arnaldo Esteves Lima ressaltou que o princípio dainsignificância tem grande relevância na medida em que exclui da norma penal aquelas condutas em que aação e o resultado impliquem ínfima lesão ao bem jurídico. Ele destacou que todas essas tentativas de furto,embora se encaixem na definição jurídica do crime de furto tentado, não ultrapassam o exame da tipicidadematerial. O ministro completou que é desproporcional impor pena restritiva de liberdade nesses casos, umavez que a ofensa das condutas foi mínima, não houve nenhuma periculosidade social das ações, foireduzidíssimo o grau de reprovabilidade do comportamento e a lesão aos bens jurídicos se revelouinexpressiva. Esses, aliás, são os requisitos definidos pelo Supremo Tribunal Federal para incidência doprincípio da insignificância.

13/02/2009 - 12h35 Ação monitória é válida para cobrança de serviços advocatícios

É permitida a utilização da ação monitória para cobrança de serviços advocatícios, ainda que não demonstradaa liquidez do débito. A decisão é da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que proveu o recursode um advogado que pedia a expedição de mandado de pagamento pelos serviços prestados a uma empresaautomotiva. O advogado recorreu ao STJ após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) entender que a provaescrita exigida para o ajuizamento da ação monitória deve envolver, a par da existência da obrigação,igualmente a liquidez da soma em dinheiro cujo pagamento se pede. Para o TJ, sem liquidez, não há provaescrita, devendo ser proclamada a carência da ação por falta de interesse processual. Inconformado, elerecorreu ao STJ sustentando ofensa ao artigo 1.102-A do CPC, que narra que “a ação monitória compete aquem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro,entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel”. Ao analisar a questão, a relatora, ministra NancyAndrighi, destacou que a liquidez, a certeza e a exigibilidade são requisitos específicos de um título executivo,devendo estar presentes, portanto, para viabilizar o desenvolvimento válido e regular de uma execução,enquanto a monitória foi introduzida no sistema brasileiro exatamente para facilitar o exercício de pretensõesao recebimento de créditos cuja prova documentada não reúna todos os requisitos do título executivo. Aministra ressaltou, ainda, não haver necessidade de que os documentos que instruem a ação monitóriademonstrem a liquidez do débito objeto da cobrança. Para ela, havendo prova escrita que indique a existênciada dívida, não há razão para que seja imposto obstáculo ao ajuizamento da monitória, sob o argumento de quefaltaria liquidez ao documento escrito.

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13/02/2009 - 11h33

STJ tranca ação penal contra dono da maior rede de farmácias do País A Sexta Turma Superior Tribunal de Justiça determinou o trancamento, por inépcia da denúncia, da ação penalmovida contra Francisco Deusmar de Queiroz, dono do grupo Pague Menos S/A, que controla a maior rede defarmácias do Brasil. O empresário foi denunciado pelos supostos crimes de sonegação fiscal, operação ilegal deinstituição financeira e por operação de câmbio não autorizada com o fim de promover evasão de divisas doPaís. No pedido de habeas-corpus que foi acolhido pelo STJ, a defesa do empresário argumentou que adenúncia é inepta por não individualizar e narrar satisfatoriamente a conduta que lhe foi imputada. Sustentou,ainda, que nenhuma ação ou omissão por ele praticada foi sequer descrita na denúncia, o que impede oadequado exercício da ampla defesa e do contraditório. Segundo a relatora, desembargadora convocada JaneSilva, realmente os autos não comprovam a existência de qualquer vínculo entre o paciente e os fatos que lhesão imputados, já que apenas a condição de “titular” da empresa Empreendimentos Pague Menos S/A foiutilizada para corroborar sua participação nos eventos delitivos. Ela reiterou, em seu voto, que a jurisprudênciados tribunais superiores não exige a descrição pormenorizada das condutas de cada denunciado nos casos decrimes societários, porém se faz imprescindível a demonstração de um nexo causal entre a conduta atribuídaaos acusados e o evento danoso que lhes foi atribuído. “Não se pode denunciar qualquer cidadão tão-só por elepertencer ao quadro social de empresa alvo de irregularidades sem que lhe tenha sido atribuídaespecificamente uma determinada ação que demonstre a sua contribuição individual para o crime imputado”,destacou a relatora. De acordo com Jane Silva, o inteiro teor da denúncia não traz uma linha sequer dando aentender que o ora paciente tenha feito parte, ainda que indiretamente, de uma operação desautorizada deinstituição financeira. Da mesma forma, a denúncia é omissa quanto ao crime de sonegação fiscal ou deremessa, sem autorização, de moeda ou divisa para fora do País, acrescentou. “Ante tais fundamentos,concedo a ordem impetrada para reconhecer a inépcia da denúncia ofertada contra o paciente nos autos daação penal nº 2001.81.00.005810 -5, ajuizada perante o Juízo Federal da 11ª Vara da Subseção Judiciária deFortaleza - CE, reputando-se nulos todos os atos posteriores ao seu recebimento, salientando-se que apresente decisão não abarca os demais co-réus”. A relatora concluiu seu voto afirmando que fica ressalvada apossibilidade de oferecimento de nova denúncia, desde que individualize satisfatoriamente a contribuição dopaciente para a prática delituosa, possibilitando, desse modo, o efetivo exercício da ampla defesa. A decisão foiunânime.

13/02/2009 - 10h30 Se ação pelo crime fim é trancada, não se pode apurar somente o crime meio

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas-corpus para trancar a ação penal por falsidade ideológicacontra dois empresários do Grupo MAM. Como a ação penal pelos crimes de descaminho e formação dequadrilha já havia sido trancada pela Justiça Federal, a Sexta Turma acolheu a alegação da defesa ereconheceu que o crime de falsidade ideológica não poderia ensejar uma ação autônoma, pois foi tratado nadenúncia como crime meio. Os empresários chegaram a ser presos em 2006, durante uma operação da PolíciaFederal fruto de dois anos de investigações. A Receita Federal divulgou que aquele seria o “maior esquema jáconstatado de fraudes no comércio exterior, interposição fraudulenta, sonegação, falsidade ideológica edocumental, evasão de divisas, cooptação de servidores públicos, entre outros ilícitos”. No entanto, após adenúncia, o juízo de primeira instância rejeitou a acusação pelo crime de formação de quadrilha. Além disso,ao julgar um habeas-corpus, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) trancou a ação penal quanto aocrime de descaminho por falta de justa causa (ausência do ato ilícito). Restou o crime de falsidade ideológica.A defesa recorreu ao STJ. Alegou que a ação também deveria ser trancada quanto a este crime, já que elenada mais seria do que o meio empregado para a execução do descaminho, devendo ser absorvido como umcrime meio. Assim, uma vez ter sido considerado inexistente o crime de descaminho, o de falsidade ideológicatambém inexistiria. De acordo com a relatora, desembargadora convocada Jane Silva, a denúncia deixou claroque o falso (ocultação do nome da empresa gerida pelos réus nas declarações de importação apresentadasdiante do Fisco) teria sido praticado com a finalidade de resguardar a empresa da atuação da Receita Federal.A relatora concluiu que não existiu a intenção de praticar o falso com motivação diversa da ilusão tributária.Por unanimidade, a Sexta Turma entendeu que não cabe a apuração exclusiva do crime meio. Caso tivesse sidoapurado o delito fiscal, este crime fim absorveria o crime meio. “Não se pode, nesse caso, querer transformar afalsidade em delito autônomo simplesmente porque não foi apurado o crime tributário”, afirmou adesembargadora convocada. A decisão foi estendida a outros seis co-réus do processo.

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13/02/2009 - 09h27

Empresa não pode ser responsabilizada por pedra atirada em ônibus que fere passageira Arremesso de pedra por pessoa de fora de ônibus que fere alguém dentro do veículo constitui ato de terceiropelo qual a empresa de transporte não pode ser responsabilizada. A conclusão é da Quarta Turma do SuperiorTribunal de Justiça, ao dar provimento a recurso especial da empresa Viação Itapemirim S/A. Após ser atingidapor uma pedra lançada por um terceiro posicionado fora do veículo que lhe causou ferimentos no rosto, apassageira T. A. V. entrou na Justiça para pedir indenização. Em primeira instância, a ação foi julgadaimprocedente. Insatisfeita, a usuária apelou, e o Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais reformou asentença, julgando existente a responsabilidade da empresa pelos danos causados à passageira. A empresarecorreu, então, ao STJ, alegando que não pode ser responsabilizada por ato exclusivo de terceiro. Em parecerenviado ao STJ, o Ministério Público Federal concordou, manifestando-se pelo provimento do recurso daempresa de ônibus. A Quarta Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, reconhecendo a falta deculpa da empresa. “Pelo que consta dos autos, a recorrida [a passageira] foi atingida por uma pedra, atiradapor terceiro que não se encontrava no veículo”, observou o ministro Aldir Passarinho Junior ao votar. “Tal fatoisenta de responsabilidade a recorrente, pela ocorrência de força maior”, acrescentou, ao aplicar jurisprudênciajá firmada pela Segunda Seção. O ministro Passarinho ressalvou: “Pessoalmente, entendo que, em situaçõesexcepcionais, quando o trecho em que trafega o ônibus ou o trem é costumeiramente sujeito a tais atos devandalismo, torna-se previsível o fato e se espera alguma providência preventiva por parte da transportadora”.Para ele, em caso de omissão, a empresa teria de arcar com a responsabilidade pelo evento danoso, inerenteao risco do negócio. Destacou, no entanto, que tal entendimento não poderia ser aplicado ao presente caso.“Não se identifica aqui essa hipótese”, pois a decisão que se objetiva reverter não se pronunciou a esserespeito, concluiu Aldir Passarinho Junior.

13/02/2009 - 08h04 Banco não pode cobrar taxas para emissão de extratos determinada pela Justiça

O Banco Bandeirantes de Investimentos S/A deverá disponibilizar, sem qualquer custo ou cobrança de tarifas,os extratos e contratos referentes aos negócios bancários firmados com a Distribuidora Nacional Comércio eRepresentação Ltda. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu a cobrança das taxas porquea emissão de documentos por ordem judicial não pode ser confundida com um mero procedimentoadministrativo do banco. A distribuidora ajuizou ação cautelar de exibição de documentos para que o bancoapresentasse extratos e contratos porque suspeitava da ocorrência de débitos indevidos em sua conta-corrente, sem qualquer autorização. Em primeiro grau, o magistrado acolheu o pedido e determinou aexpedição dos extratos, mas condicionou essa emissão ao pagamento das tarifas relativas à segunda via dedocumentos. A empresa apelou contra o pagamento das taxas, mas elas foram mantidas pelo extinto Tribunalde Alçada de Minas Gerais. No recurso especial ao STJ, a distribuidora pediu a isenção das tarifas alegando queo Código de Defesa do Consumidor assegura o acesso a toda informação relativa aos contratos firmados cominstituição financeira. A Quarta Turma, por unanimidade, acatou o pedido seguindo as considerações doministro Luis Felipe Salomão, relator do processo. Ele destacou que está caracterizada a relação de consumoentre o banco e a distribuidora e que o direito à informação é uma das bases do sistema de proteção aoconsumidor e não deve ser constrangido pela cobrança de taxas, o que poderia invalidar a garantia legal. “Aexibição judicial de documentos, no âmbito de ação cautelar, por sua natureza mandamental, não comportacondicionantes”, afirmou o relator no voto. De acordo com a decisão do STJ, o banco tem o prazo de cinco diaspara apresentar os documentos.

12/02/2009 - 16h38 STJ julga repetitivo em que valida notificação via internet sobre exclusão do Refis

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou processo conforme a Lei dos RecursosRepetitivos (Lei n. 11.678/08) no qual considera legal a notificação via internet de exclusão da pessoa jurídicado Programa de Recuperação Fiscal (Refis). A decisão desobriga a Fazenda Nacional de intimar pessoalmente aempresa excluída, e tribunais de todo o país devem seguir a mesma orientação. O processo julgado foi o REsp1.046.376, do qual é relator o ministro Luiz Fux, que acolheu o recurso da Fazenda Nacional contra a empresaMonteiro de Barros Investimentos S/A, do Distrito Federal. A intimação via internet com relação ao Refis estáprevista na Resolução 20/2001 do Comitê Gestor do Programa, norma regulamentar da Lei n. 9.964/00. Com adecisão, prevalece a notificação via internet do ato que excluiu a empresa do cadastro do Refis. A empresaMonteiro de Barros Investimentos S/A ajuizou ação ordinária contra a Fazenda, com o objetivo de serreincluída no Refis, já que tinha sido excluída por meio da internet. Para a empresa, a notificação regular deveser pessoal, e o ato da Fazenda teria ferido o princípio do contraditório. Em ambas as instâncias da JustiçaFederal, a decisão foi favorável à empresa, o que fez a Fazenda recorrer ao STJ. Notificação A Fazenda Nacional alegou, em seu recurso, que a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1),ao manter a decisão favorável ao contribuinte, violou os artigos 26, parágrafo 3º, e 69 da Lei 9.784/99. Alegou

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ainda que a opção pelo Refis implica a aceitação de todas as condições previstas no programa, o que nãoferiria o princípio do contraditório. A Primeira Seção do STJ acolheu o argumento da Fazenda reconhecendo avalidade da notificação via internet. Segundo a Seção, não se aplica aos atos de exclusão do Refis o dispostono artigo 26 da Lei n. 9.784, por haver disciplina específica na legislação de regência do referido programa, aLei n. 9.964/2000. Segundo o relator, ministro Luiz Fux, não há que se falar em prejuízo à eventual defesaadministrativa do contribuinte excluído do Refis, “uma vez que a sua insurgência é endereçada apenas contra oprocedimento de cientificação da exclusão do programa, não sendo infirmadas as razões da exclusão”.Aplicação imediata – A decisão, por se tratar de recurso repetitivo, será aplicada imediatamente a todos osprocessos suspensos no Superior Tribunal e nas demais Cortes brasileiras, quando do envio do recurso peloministro Luiz Fux ao órgão julgador. No STJ, os feitos já distribuídos aos gabinetes devem ter despachos dosrelatores seguindo o julgado. Os recursos ainda não distribuídos devem ser decididos pelo presidente da Corte,ministro Cesar Asfor Rocha.

12/02/2009 - 12h08 Presidiário que pretendia a remissão da pena pela faxina da cela continuará preso

Presidiário que pretendia a remissão da pena pelo trabalho com faxina da própria cela e com artesanato tevepedido negado. O habeas-corpus foi indeferido pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).Aplicável ao condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto, a remissão é um instituto deexecução penal pelo qual o preso, em razão do trabalho, pode ter a duração da sua pena reduzida. Natentativa de obter o benefício para E.P.S., a defesa sustenta que ele desempenhou tarefas relacionadas aartesanato e faxina entre grades no regime fechado. Segundo argumenta, não há distinção ou restrição àespécie de trabalho apta a proporcionar a remissão de pena. Para a relatora do habeas-corpus,desembargadora convocada Jane Silva, para que seja reconhecida a remissão, ainda que esta seja devida aodesempenho do trabalho, a atividade deve necessariamente ser fiscalizada do órgão de execução, “de modoque esteja adequada à sua função ressocializadora e para que se garanta o cumprimento do modo devido”. Aministra ressalta que não há qualquer relatório de horários e de atividades desempenhadas, apenas é citada aprestação de serviços entre grades, que consistiriam em limpeza pessoal e da própria cela. Também oartesanato foi praticado sem o menor controle, não havendo informações acerca das atividadesdesempenhadas. Dessa forma, a magistrada entendeu não ser possível considerá-las como trabalho. Oentendimento foi seguido por unanimidade pelos demais integrantes da Sexta Turma.

12/02/2009 - 11h04 Policiais rodoviários acusados de integrar quadrilha tem habeas-corpus negado

A Sexta Tuma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas-corpus a cinco policiais rodoviários federaislotados no estado de Sergipe. Eles estão presos preventivamente, desde junho de 2008, acusados de participarde um esquema de cobrança de propina para deixar de fiscalizar veículos. Eles queriam o relaxamento daprisão preventiva. A defesa alega que faltam os requisitos que justifiquem a prisão. Sustenta que o fato deserem policiais não pode, por si só, servir de condição para mantê-los no “putrefato ambiente do cárcere”,como classificou o advogado. Ele também pede que seja afastada a presunção de que eles criarão obstáculospara as investigações ou voltarão a praticar crimes se forem soltos. Argumenta ainda que os presos têmocupação lícita, residência fixa e são primários. A defesa também contesta a suspensão do pagamento desalário dos policiais em decorrência da prisão, que estaria causando um prejuízo desnecessário aosdependentes dos presos. Como essa questão, bem como o afastamento do cargo, não foi analisada pelotribunal de segundo grau, o STJ não pode se manifestar. O único pedido apreciado pelo STJ foi o de revogaçãoda prisão preventiva. A relatora, desembargadora convocada Jane Silva, ressaltou que, no julgamento dehabeas-corpus impetrado por outro policial envolvido na mesma quadrilha, foi constatado que o juízo deprimeiro grau fundamentou a prisão na periculosidade concreta dos policiais, formação de articulada quadrilhacom grande número de integrantes, séria possibilidade de reiteração e que o crime coloca em risco a vida devárias pessoas, pois veículos irregulares continuam trafegando. Seguindo o entendimento da relatora de que aprisão está devidamente fundamentada, todos os ministros da Sexta Turma negaram o habeas-corpus.

12/02/2009 - 08h50 É imprescindível manifestação do MP em acordo extrajudicial nas ações de alimentos

É obrigatória a intervenção do Ministério Público em acordo extrajudicial firmado por pais de menores em açãode alimentos, a fim de evitar prejuízos aos interesses de incapazes. A conclusão, unânime, é da Quarta Turmado Superior Tribunal de Justiça, que deu provimento a recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul, paraanular a sentença que havia declarado extinta a ação de alimentos de dois menores representados pela mãecontra o pai. Após a desistência da ação de alimentos, o Ministério Público apelou para o Tribunal de Justiça doRio Grande do Sul (TJRS), afirmando que sua presença no processo era imprescindível. O tribunal gaúchonegou provimento à apelação. Segundo considerou, em se tratando de pura e simples desistência da ação dealimentos, sem revelação dos termos em que se deu o acordo, a participação do órgão ministerial era

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dispensável. Insatisfeito, o Ministério Público recorreu ao STJ, alegando que a promotoria deve ser intimadaregularmente a intervir em processos que discutem interesses de menores. Segundo sustentou, a tese doprincípio do prejuízo não poderia ser invocada, pois a simples notícia de um acordo que resultou na desistênciada ação não serve para demonstrar a satisfação dos interesses dos menores na ação de alimentos. “Assisterazão ao parquet quando defende que, na atuação como fiscal da lei para assegurar o interesse de incapazes(artigo 82, I, e 84 da lei instrumental civil), deveria ser intimado da realização de acordo extrajudicial noticiadopela representante dos menores autores”, afirmou o ministro Aldir Passarinho Junior, relator do processo, aovotar pelo provimento do recurso. O ministro observou, ainda, que consta da decisão estadual que a transaçãosequer foi apresentada nos autos do processo para verificação dos termos do acordo, de modo a conhecer adimensão do direito preservado, a fim de evitar prejuízo de ordem alimentar para os menores. A QuartaTurma, por unanimidade, concordou com o relator sobre a obrigatoriedade da intervenção do Ministério Públicono caso. “Não há sentido em não se colher sua manifestação acerca da transação, para aferir se há ou nãoprejuízo para os menores”, concluiu o ministro Aldir Passarinho Junior.

12/02/2009 - 08h06 Rito da Lei Maria da Penha também vale para lesões corporais leves

Por três votos a dois, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que lesões corporais levespraticadas contra a mulher no âmbito familiar também constituem delito de ação penal pública incondicionada.Acompanhando o voto da relatora, desembargadora convocada Jane Silva, a Turma rejeitou o pedido dehabeas-corpus em favor de um homem que foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática delesões corporais leves contra sua esposa. No caso julgado, a defesa do agressor alegou que o Tribunal deJustiça do Mato Grosso do Sul violou o devido processo legal ao não designar audiência preliminar para que avítima pudesse renunciar à ação movida pelo Ministério Público. Argumentou, ainda, que a esposa já voltou amorar com o acusado, o que demonstra sua intenção em renunciar à representação e a nulidade da ação porfalta de condição legal. O delito sujeito a acionamento penal público incondicionado é aquele que não necessitade que a vítima impulsione a sua investigação ou o ajuizamento da ação penal, que pode ser movida peloMinistério Público. Na ação penal pública condicionada, a ação criminal só é ajuizada com o consentimentoexpresso da vítima. Citando doutrinas, juristas e precedentes, a relatora fez um breve histórico sobre asalterações legislativas que culminaram com a publicação da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340), em agosto de2006, que criou mecanismos para coibir, prevenir e punir mais severamente a violência contra a mulher nostermos do parágrafo 8º do artigo 226 da Constituição Federal. Segundo Jane Silva, um dos princípioselementares do direito preconiza que a legislação não utiliza palavras inúteis, e o artigo 41 da Lei Maria daPenha diz claramente que não se aplicam aos crimes praticados com violência doméstica os ditames da Lei n.9.099/1995, que transferiu para os juizados especiais os procedimentos relativos às lesões corporais simples eculposas. “Se a Lei n. 9.099/1995 não pode ser aplicada, significa que seu artigo 88, que prevê arepresentação para a lesão corporal leve e culposa nos casos comuns, não pode, por conseguinte, ser aplicadoa essas espécies delitivas quando estiverem relacionadas à violência doméstica encampadas pela Lei Maria daPenha”, ressaltou a desembargadora. Jane Silva destacou, em seu voto, que, se o legislador quisesse limitar aaplicação de apenas alguns mecanismos da Lei dos Juizados Especiais aos crimes praticados com violênciadoméstica, ele assim teria procedido, mas não o fez: “Pelo contrário, a Lei Maria da Penha deixa claro que a Lein. 9.099/1995 não se aplica por inteiro, isso porque os escopos de uma e de outra são totalmente opostos.Enquanto a Lei dos Juizados Especiais procura evitar o início do processo penal que poderá culminar com aimposição de uma sanção ao agente do crime, a Lei Maria da Penha procura punir, com maior rigor, o agressorque age às escondidas nos lares, pondo em risco a saúde de sua própria família”. Dessa forma, concluiu adesembargadora, os institutos despenalizadores e as medidas mais benéficas da Lei dos Juizados Especiais nãose aplicam aos casos de violência doméstica, independendo, portanto, de representação da vítima para apropositura da ação penal pelo Ministério Público nos casos de lesão corporal leve ou culposa.

11/02/2009 - 10h34 Embratel deve indenizar consumidora por negativação causada por linha obtida fraudulentamente

A Embratel, como operadora de telefonia de longa distância, deverá pagar indenização a uma consumidora porincluir seu nome no cadastro de inadimplentes em razão de dívidas relativas à linha telefônica solicitadafraudulentamente, mesmo que a instalação tenha sido feita por outra empresa e aquela tenha recebido osdados por dependência cadastral. A empresa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para evitar acondenação, mas os ministros da Quarta Turma rejeitaram o recurso, pois envolvia reexaminar os fatos jáapreciados pela Justiça do Distrito Federal, o que é proibido pela súmula 7 do Tribunal. O relator é o ministroAldir Passarinho Junior. Segundo o processo, foi solicitada por terceiros uma linha nova à Telemar por telefone,utilizando-se o nome e os dados de uma consumidora. Como não houve os respectivos pagamentos pelo usode tais contas telefônicas, o nome dela foi incluído em cadastro de devedores. Posteriormente, foi comprovadaa fraude, iniciando-se uma ação de indenização por danos morais e materiais da consumidora contra aempresa de telecomunicações. A Justiça brasiliense deu ganho de causa à consumidora, condenando a

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empresa a indenizá-la por danos morais, com base nos artigos 7º e 14 do Código de Defesa do Consumidor(CDC). Tais artigos definem a responsabilidade objetiva (direta) e solidária (por associação com outrasempresas) de empresas por conduta negligente em fraudes cometidas contra terceiros de boa-fé. O Tribunalde Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) confirmou a indenização, aumentando-a para R$ 10 mil.O TJDFT também considerou que não foram comprovados danos materiais, já que a consumidora nãodependeria do telefone para suas atividades. A Embratel recorreu da decisão no STJ, tentando se isentar dodever de indenizar, ou pelo menos reduzir o valor a ser pago. Afirma não ter cometido ato ilegal, já que aresponsabilidade pela concessão da linha seria da empresa concessionária local, no caso a Telemar.Argumentou, ainda, que o valor da indenização seria excessivo e que a data da correção monetária deveria sercontada desde a fixação da indenização, e não da data do dano. No seu voto, o ministro Aldir Passarinho Juniordestacou que o TJ considerou a responsabilidade da empresa de telecomunicações com base nas provas dosautos do processo. Analisar novamente a matéria, seria reapreciar os fatos, o que é vedado pela Súmula 7 dopróprio STJ. O TJ observou que a Telemar já teria retirado o nome da consumidora do cadastro deinadimplentes, mas que a Embratel voltou a incluí-lo. Em relação ao valor da indenização, fixado em R$ 10 mil,o relator considerou razoável e dentro dos parâmetros utilizados no Tribunal. O ministro aceitou o pedido daEmbratel apenas no que se referia à data da correção monetária da indenização, sendo que esta deve sercorrigida da data de sua fixação, e não da data em que ocorreram os fatos.

11/02/2009 - 09h47 Sócios da empresa Bateau Mouche têm recurso negado no STJ

O ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não acolheu pedido dos sócios daempresa Bateau Mouche Rio Turismo Ltda. para que o recurso especial interposto por eles pudesse prosseguir.Eles recorrem de decisão que os condenou ao pagamento de pensão à família de vítima do naufrágio do BateauMouche IV, ocorrido no Rio de Janeiro (RJ), em 1988. Em fevereiro de 1997, Nívea da Silva ajuizou uma açãode indenização contra a empresa e os seus sócios em virtude do falecimento de seu pai no naufrágio daembarcação. A sentença julgou procedente o pedido para condená-los ao pagamento de pensão sobre osganhos da vítima, desde o seu falecimento até a sua provável sobrevida, devendo incidir sobre tais verbas 13ºsalário e 1/3 de férias, verba de funeral, verba de dano moral de 250 salários mínimos. Determinou, ainda, aconstituição de capital garantidor dessas prestações. Na apelação, o Tribunal de Justiça de Rio de Janeiro(TJRJ) excluiu a multa por litigância de má-fé e a verba de funeral, mantendo o restante da sentença.Inconformados, os sócios interpuseram recurso especial, que não foi admitido no tribunal estadual. No STJ, ossócios da empresa interpuseram agravo de instrumento (tipo de recurso) para que o recurso especial tivesseprosseguimento. Entre suas alegações, estavam a suposta incompetência da Justiça estadual para julgar aação e a ocorrência de prescrição. Ao decidir, o ministro Luís Felipe Salomão considerou que a decisão do TJRJfoi clara em afirmar a ausência de interesse da União no feito, não se justificando o deslocamento dacompetência para a Justiça Federal. Quanto à indicada ocorrência de prescrição, o ministro destacou que esta éde 20 anos, pois, no caso, decorre de responsabilidade civil do empregador em acidente de trabalho, conformejurisprudência predominante no STJ.

11/02/2009 - 09h01 STJ mantém bloqueados R$ 10,84 mi de controlador de empresa offshore

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve o bloqueio de R$ 10,84 milhões de um doscontroladores da Trade Link Bank, empresa offshore com sede nas Ilhas Cayman. Por unanimidade, osministros negaram o recurso em mandado de segurança em que o controlador pedia liberação do dinheirobloqueado na conta dele e das filhas em razão da suposta prática de crimes contra o Sistema FinanceiroNacional e de lavagem de dinheiro. A Trade Link Bank está envolvida na efetivação de operações financeirasilegais decorrentes do caso que ficou conhecido como “Mensalão”. Perícia realizada em investigação da PolíciaFederal apontou que a empresa movimentou US$ 698,4 milhões em conta na extinta agência do Banestado deNova York. O dinheiro vinha principalmente de contas brasileiras de não-residentes ou domiciliados no exterior,as chamadas CC5. Também foi constatada significativa transferência de recursos da offshore para o BancoRural e outras empresas do Grupo Rural, que mantinham conta na mesma agência do Banestado. Entre 1996 e2000, o Grupo Rural remeteu ao exterior US$ 4,85 bilhões através de contas CC5. No recurso em mandado desegurança interposto no STJ, a defesa alega que o recorrente era apenas diretor honorífico da empresa apedido de um amigo e nega qualquer participação dele nos atos investigados. Alega também que o dinheirobloqueado tem origem lícita. Do total, R$ 1,58 milhão está na conta do recorrente e R$ 9,26 milhões na contade suas filhas. Ele afirmou que o dinheiro é oriundo de cinco décadas de investimentos e que foi doado em vidana qualidade de adiantamento de herança. O relator, ministro Jorge Mussi, verificou no processo que, emreunião realizada em junho de 1996, o controlador foi um dos signatários da ata como membro do quadro deadministradores e que, sozinho, tinha poder de firmar, em nome da empresa, operações financeiras semrestrição de valores. Portanto, era um diretor com plenos poderes. Quanto ao arresto dos bens, o ministroJorge Mussi ressaltou que os artigos 134 e 137 do Código de Processo Penal autorizam o bloqueio de recursos

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de origem lícita para garantir o ressarcimento dos danos causados por supostas infrações, pagamento dasdespesas do processo e de possíveis sanções pecuniárias. Além disso, o relator destacou trecho de decisão dotribunal regional que negou a liberação do dinheiro. O acórdão afirma ser “notório que em crimes contra osistema financeiro seus autores costumam utilizar contas titularizadas por terceiras pessoas para movimentardividendos irregulares”.

11/02/2009 - 08h07 Juiz pode fixar a distância que o agressor deve manter da vítima, em vez de listar lugares

Em casos de violência doméstica, é perfeitamente legal ao juiz da causa fixar, em metros, a distância que oagressor deve manter da vítima, não sendo necessária a nominação de lugares a serem evitados. A conclusãoé da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao negar recurso em habeas-corpus a um agressor doAmapá. Em primeiro grau, o juiz determinou a distância que o acusado deveria manter da vítima, além daobrigação da provisão de alimentos, medidas de proteção previstas na Lei Maria da Penha. Ao julgar habeas-corpus, o Tribunal de Justiça manteve tais medidas urgentes determinadas pelo magistrado de primeiro grau,sem a oitiva prévia do então paciente, assim como os alimentos provisionais. No recurso para o STJ, a defesaalegou que cabia ao magistrado identificar claramente os locais que o paciente não poderia frequentar. “Omagistrado, na prática, o proibiu de frequentar qualquer local público ou privado, já que a indeterminação docomando o coloca em risco de ser preso por se encontrar em qualquer local onde, porventura, a ofendidaesteja presente”, sustentou. O advogado afirmou, ainda, a existência de constrangimento ilegal quanto àfixação dos alimentos provisionais, em razão da “possibilidade de vir a ser decretada a prisão do [...] pacientepelo inadimplemento de obrigação imposta ao arrepio da legislação de regência”. Segundo argumentou, adecisão impõe obrigação a ser adimplida em favor de quem sequer comprovou, como exige a lei, ter o direitode requerer o benefício, baseando-se exclusivamente na alegação da ofendida. Em parecer, o Ministério PúblicoFederal afirmou que a proibição de aproximação não infringe o direito de ir e vir, consagrado no artigo 5º , XV,da Constituição Federal. “A liberdade de locomoção do ora paciente encontra limite no direito da vítima depreservação de sua vida e integridade física. Na análise do direito à vida e à liberdade, há que se limitar estapara assegurar aquela”, afirmou a subprocuradora. Após examinar o recurso em habeas-corpus, a QuintaTurma negou provimento. “Conforme anotado no parecer ministerial, nos termos do artigo 22, inciso III, da Lein. 11.340/06, conhecida por Lei Maria da Penha, poderá o Magistrado fixar, em metros, a distância a sermantida pelo agressor da vítima – tal como efetivamente fez o juiz processante da causa”, considerou oministro Napoleão Nunes Maia, relator do caso. Segundo o ministro, é desnecessário listar quais os lugares aserem evitados. “Uma vez que, se assim fosse, lhe resultaria burlar essa proibição e assediar a vítima emlocais que não constam da lista de lugares previamente identificados”, observou. Quanto à alegação de nãohaver parentesco entre o suposto agressor e a menor envolvida nos fatos, o relator afirmou que o examedemandaria exame incompatível com o habeas-corpus. “Não existem elementos suficientes nos autos acomprovar as alegações feitas pelo recorrente, sendo, pois, passível de verificação mediante procedimentojudicial próprio”, concluiu o ministro Napoleão Nunes.

10/02/2009 - 12h33 Pedido para promotor acusado de estupro manter foro privilegiado é negado

Promotor de justiça alagoano acusado de praticar crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra aprópria filha e a enteada teve pedido de liminar em habeas-corpus negado no Superior Tribunal de Justiça(STJ). A defesa pretendia reverter a decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) que, ao afastar opromotor de suas funções, suspendeu suas prerrogativas da função, determinando o encaminhamento doprocesso para julgamento na primeira instância. A decisão é do presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha.O TJ também decretou a sua prisão preventiva, para garantia da ordem pública e conveniência da instruçãocriminal. No habeas-corpus ao STJ, a defesa alega que o afastamento das funções de promotor de justiça nãosubtrairia ao acusado o foro especial por prerrogativa de função. Segundo o ministro Cesar Asfor Rocha, aprovidência cautelar reclamada tem natureza satisfativa, ou seja, se encerra nela mesma se deferida, sendoconveniente, dessa forma, aguardar a completa instrução do habeas-corpus para a apreciação do pedido docolegiado de modo definitivo. Com esse entendimento, o ministro, indeferiu a liminar. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Sexta Turma do STJ. O relator do caso é o ministro Paulo Gallotti.

10/02/2009 - 11h12 STJ rejeita dispensa de exame criminológico para progressão de pena

Nada impede o juiz de determinar a realização de exame criminológico para definir se acata pedido deprogressão de pena. Com base nesse entendimento, já consolidado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), opresidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha, negou liminar no habeas-corpus com o qual condenado pelaprática de roubo qualificado e resistência pretendia ir para o regime semi-aberto. O crime pelo qual Alex Valefoi condenado a cinco anos e seis meses de reclusão, além de três meses de detenção, em regime fechado,ocorreu em setembro de 2006, em São José dos Campos (SP). Ele e mais outras três pessoas abordaram o

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gerente, a representante e o segurança de uma grande loja da região levando os valores que seriamdepositados no banco. O juiz da execução havia concedido a progressão da pena para o regime semiaberto,mas o Tribunal de Justiça de São Paulo exigiu exame criminológico, fato que levou a defesa a entrar comhabeas-corpus no STJ, tentando cassar a decisão. O argumento é que a Lei n. 10.792/2003 deixou de exigir oexame criminológico para a progressão de regime prisional. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha citajurisprudência do STJ, destacando que, embora a lei tenha deixado de exigir o exame para a progressão dapena, nada impede que o juiz, com base nos elementos concretos do caso, determine a realização de examecriminológico. Para o ministro, não é possível afirmar que há flagrante ilegalidade no acórdão contestado apermitir a concessão de liminar.

10/02/2009 - 10h09 Suspeito de estupro no Paraná deve se apresentar à polícia

O suspeito de estupro contra uma menina de oito anos deverá se apresentar para realização de exames edepoimentos para conclusão das investigações. Por intermédio de sua defesa, o suspeito alega inocência edisposição de se apresentar, mas, para preservar sua integridade física ameaçada, solicitou revogação daordem de prisão, concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O crime ocorreu em Jaguapitã (PR), noinício do ano passado. Foragido desde janeiro de 2008, o engenheiro elétrico seria um ex-namorado da mãe dacriança. Mãe, vítima e outras testemunhas já depuseram apontando o acusado como autor do estupro. Noapartamento dele, a polícia apreendeu lençóis manchados de sangue e sêmen. No entanto, como o engenheiroainda não se apresentou à autoridade, não foi possível fazer a comparação com amostras de DNA do acusado.O engenheiro alega inocência. Sua defesa afirma que ele ainda não se apresentou à polícia por receio deameaças, já que não há cela especial para que ele aguarde o julgamento. Disse, também, que teria sido criadauma comunidade no site de relacionamento Orkut sobre o fato, onde os participantes pregariam a “justiça comas próprias mãos”. Inicialmente, o habeas-corpus foi negado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR). Osdesembargadores entenderam que a prisão cautelar do suspeito era imprescindível às investigações doinquérito policial. No entanto, ao mesmo tempo, reconheceu que estas estariam prejudicadas pelo fato de oacusado estar foragido, o que impossibilita a colheita de elementos para solucionar o caso. A defesa recorreuao STJ. Apesar de relatora do habeas-corpus, desembargadora convocada Jane Silva, ter votado no sentido denegar o recurso, sendo acompanhada pelo ministro Og Fernandes, a maioria dos ministros da Sexta Turmadecidiu atender ao pedido e revogar a ordem de prisão contra o engenheiro. O ministro Nilson Navesconsiderou que o decreto de prisão não está bem fundamentado, uma vez que se apoia na hediondez e nagravidade do crime. Para o ministro Naves, estes são critérios que não justificam a prisão. O entendimento foiacompanhado pelos ministros Paulo Gallotti e Maria Thereza de Assis Moura. A ordem de prisão foi revogadamediante o compromisso de comparecimento a todos os atos do inquérito e sob pena de renovação do decretode prisão, caso o suspeito não se apresente à autoridade policial.

10/02/2009 - 09h16 Negada liminar a acusado de roubar R$ 57 mil de agência dos Correios

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido de liberdade aacusado de roubar mais de R$ 57 mil de uma agência dos Correios e Telégrafos na Paraíba. Para o ministro, hámotivos suficientes para fundamentar a manutenção da medida cautelar do réu, preso por reiteração deconduta similar. A defesa do acusado interpôs habeas-corpus contra acórdão da Quarta Turma do TribunalRegional Federal da 5ª Região (TRF5), que considerou bastante para o recebimento da denúncia e amanutenção da prisão o reconhecimento fotográfico do acusado no circuito interno de segurança da agência.Além disso, a prisão para garantir a ordem pública, se justifica pelo fato de o réu responder ação penal porcrime de mesma natureza, intensificado pelo emprego de arma de fogo, violência e ameaças aos funcionários. Consta nos autos que a conduta reincidente do réu oferece risco à sociedade, por se tratar de integrante dequadrilha especializada nesse tipo de crime. O acusado obteve ordem de habeas-corpus quando presopreventivamente durante as investigações relativas ao roubo de uma agência dos Correios em outra cidade.Posteriormente, nova ordem de prisão foi expedida devido ao reconhecimento, por moradores, do réu comosuposto autor do crime. No habeas-corpus ao STJ, a defesa sustenta existência de constrangimento ilegal, pornão estarem presentes os requisitos básicos para a prisão preventiva. Requer a expedição de alvará de solturapara que o réu aguarde em liberdade o julgamento da ação penal e no mérito, a concessão definitiva da ordemde habeas-corpus. Para o ministro Cesar Rocha, não se verifica o constrangimento ilegal apontado, devido àexistência de fundamentos suficientes que justificam a manutenção da prisão cautelar. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Quinta Turma, após o retorno do processo do Ministério Público Federal (MPF) comparecer.

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10/02/2009 - 08h34

É nulo processo em que juiz interrogou réu em fase inquisitória O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu declarar nulo um processo em que um juiz federal do Rio deJaneiro interrogou um acusado antes de haver ação penal. A Sexta Turma entendeu que o procedimento éilegal, pois não está previsto no ordenamento jurídico. O entendimento é da maioria dos ministros, queseguiram voto da relatora do habeas-corpus, desembargadora convocada Jane Silva. A relatora advertiu que aLei 7.960/89 não autoriza o juiz a solicitar informações ao réu preso, nem a interrogá-lo antes do oferecimentoda denúncia, como se fosse a autoridade judicial a responsável pela colheita da prova da fase inquisitória.Como, no caso, o juiz federal, no curso de investigações preliminares, realizou o interrogatório do acusado, sãonulos todos os atos decisórios e os atos de colheita de provas praticados pelo magistrado. O acusado é umadvogado que atuava na defesa de um réu. Devido ao rumo das investigações, ele foi incluído como autor docrime de quadrilha e denunciado por isso em conjunto com os demais co-réus. O processo tramitava na 3ªVara Criminal Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, cujo juiz titular é Lafredo Lisboa. Nulidade Ao analisar o habeas-corpus apresentado pelo advogado, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região declarou aparcialidade objetiva daquele juízo de primeiro grau, bem como o seu impedimento em relação ao acusado,determinando a redistribuição do processo a qualquer outra vara federal da Seção Judiciária fluminense. Noentanto, invocando a economia processual, autorizou o aproveitamento dos atos da fase de instruçãopraticados antes da propositura da ação. O acusado recorreu, então, ao STJ, alegando que havia vícioinsanável e que todos os atos, inclusive da fase inquisitória, seriam nulos. Em seu voto, a desembargadoraconvocada Jane Silva ressaltou que a lei que trata do instituto da prisão temporária não permite a participaçãodo juiz como se fosse um inquisidor. Sendo assim, a investigação preliminar realizada pelo magistrado maculanão apenas os atos decisórios, mas também todo o processo, inclusive os atos de colheita de provas por elepraticados ainda no curso da fase inquisitória. A desembargadora Jane Silva observou que, no caso, o juiztomou providências típicas da Polícia Judiciária ao realizar o interrogatório dos acusados, antes mesmo dehaver ação penal. “Permitir que o juiz se imiscua nas funções do Órgão Acusatório ou da Polícia Judiciária éentregar-lhe de vez a gestão da prova, é retornar ao sistema inquisitivo, responsável por tantas atrocidadescontra o homem acusado da prática de crimes”, refletiu a relatora. Acompanharam este posicionamento osministros Nilson Naves e Maria Thereza de Assis Moura. Os ministros Paulo Gallotti e Og Fernandes entenderamque a redistribuição do processo para outra vara que não a do juiz que participou do interrogatório preliminar,determinada pelo TRF2, seria suficiente para afastar a suspeita de quebra de imparcialidade do julgador. Paraesses ministros, uma vez afastado o juiz, o Tribunal local poderia aproveitar a colheita de provas, em nome daeconomia processual.

09/02/2009 - 11h01 Mantida prisão de acusados de clonagem de cartões de crédito

A Presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de liberdade provisória a dois acusados declonar cartões eletrônicos no Rio de Janeiro. O presidente, ministro Cesar Asfor Rocha, manteve a decisão doTribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que não reconheceu ilegalidade na prisão preventiva. Os acusadosforam presos em flagrante, no dia 29 de novembro de 2008, em razão da suposta prática de estelionato efurto. Consta nos autos que seguranças de uma agência bancária suspeitaram que os dois haviam instalado,em um dos caixas eletrônicos, um equipamento denominado “chupa-cabra”, que serve para “clonar” cartões decrédito. O juízo de primeiro grau considerou que depoimentos, fotografias e objetos coletados no flagrante sãoindícios suficientes de materialidade e autoria do fato. Além disso, os acusados possuem antecedentes poroutros crimes de furto e estelionato. A defesa alegou incoerência e falta de fundamentação na prisão, uma vezque eles não oferecem nenhum tipo de ameaça. A decisão foi mantida em decisão do desembargador relatorde habeas-corpus no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que reconheceu os requisitos presentes nadenúncia. Inconformada, a defesa impetrou no STJ habeas-corpus com semelhante pedido. Alegou que a prisãoconfigura constrangimento ilegal devido à inexistência de razões concretas para tal. Afirma ainda que elespossuem residência e trabalho fixos em São Paulo, família constituída e primariedade, uma vez que osprocessos em que estão envolvidos ainda tramitam, tornando inviável qualquer consideração prévia. Busca naliminar e no mérito a concessão do habeas-corpus para que possam aguardar em liberdade o andamento daação penal. O ministro Cesar Rocha destacou que só é possível ao tribunal apreciar pedido de habeas-corpusapresentado contra indeferimento de liminar se houver alguma ilegalidade na decisão ou abuso de poder, oque, a seu ver, não é o caso. Para ele, a decisão que negou o relaxamento da prisão e a liberdade provisóriaapresenta fundamentos suficientes para sua manutenção.

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09/02/2009 - 10h20

Acusado de sequestrar casal de empresários continuará preso O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido de liberdade aum homem acusado de extorquir e sequestrar um casal de empresários em Penedo, Alagoas. A defesa alegaconstrangimento ilegal pela ausência dos requisitos da prisão preventiva e excesso de prazo na instruçãocriminal. Solicita, liminarmente e no mérito, a liberdade provisória do réu. O crime ocorreu em 2007. Oacusado, em companhia de outra pessoa e usando coletes da Polícia Civil, abordou as vítimas com ajustificativa de investigar um suposto roubo de carga. Ao entrar na residência, roubou-os e, não satisfeito,anunciou o sequestro. Em seguida, com o auxílio de mais seis envolvidos, fez o casal refém por três dias emum cativeiro no estado de Pernambuco. O pedido para responder em liberdade já havia sido negado peloTribunal de Justiça do Estado de Alagoas (TJAL). O Tribunal estadual levou em conta que a prisão do acusadoevitará a prática de novos crimes da mesma gravidade além de garantir a fiel execução da pena. Em suadecisão, o presidente do STJ considerou que os motivos expostos na decisão do TJAL mostram-se, emprincipio, suficientes para garantir a prisão e a manutenção da ordem pública. Segundo o ministro, o excessode prazo só é considerado ilegal quando a demora for injustificada, o que, no caso, deu-se em razão dacomplexidade do processo, evidenciada pelo elevado número de denunciados (oito).

09/02/2009 - 09h10 Pedido para suspender alvará de construtora para erguer residencial em área industrial do DF é

indeferido O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, indeferiu o pedido desuspensão da liminar que determinou a expedição do alvará de construção para a empresa iniciar as obras deum empreendimento residencial na cidade de Taguatinga, a capital econômica do Distrito Federal, localizada acerca de 20 quilômetros de Brasília. Na ação contra a construtora, o GDF alega que a Platinum começou aconstruir o residencial sem o pagamento prévio da Onalt (outorga onerosa por alteração de uso). Oempreendimento estaria contrariando a lei porque o próprio Plano Diretor Local de Taguatinga (LeiComplementar Local n. 90/98) determina ser aplicável a cobrança da Onalt para os casos de habitaçãocoletiva. A empresa vai construir um prédio residencial numa área antes destinada apenas a indústrias. Deacordo com o GDF, “a nova destinação que o proprietário dá à sua propriedade gera consequências que afetamtoda a coletividade, pois envolve a alocação de um significativo contingente populacional, havendo, cedo outarde, a saturação da infraestrutura viária, de transportes públicos ou das redes de suportes a outros serviçosessenciais”. Desse modo, sustenta o GDF, estaria ocorrendo lesão à ordem pública porque as normasurbanísticas da cidade estão sendo descumpridas. Os advogados do GDF enfatizam a necessidade de exigir opagamento da Onalt, como forma de compensar o provável adensamento da infraestrutura urbana queocorrerá pela alteração do uso originário da área, antes destinada a indústrias, para a construção de umresidencial. Para o ministro Asfor Rocha, no pedido de suspensão de segurança não ficou demonstrada lesão àordem pública. “Caso tivesse sido paga a referida Onalt, o requerente (GDF) não se insurgiria alegando que aalteração do uso da área configuraria lesão à ordem pública, sustentando, como o faz, que a nova destinaçãogerará à coletividade problemas de contingente populacional. Toda a questão, portanto, resume-se ao planojurídico (lesão à ordem jurídica), situação que não dá ensejo ao cabimento do pedido de suspensão”, explicou.O presidente do STJ ressaltou que a suspensão de uma liminar só deve ser requerida nas hipóteses de gravelesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas, o que não ficou comprovado no pedido. Alémdisso, existem outras decisões do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios considerando abusivaa exigência do pagamento da Onalt como condição para a expedir o alvará de construção.

08/02/2009 - 10h00 Exame criminológico não é obrigatório, mas, se for realizado, deve ser seguido

O STJ já consolidou o entendimento de que o exame criminológico não é obrigatório para que o preso tenhadireito à progressão de regime prisional, mas o magistrado pode solicitar a realização desse exame quandoconsiderar necessário, desde que o pedido seja devidamente fundamentado. Mesmo com a jurisprudência firmenesse sentido, são frequentes no STJ habeas-corpus contestando decisões relativas à avaliação criminológica.O exame criminológico é feito para avaliar a personalidade do criminoso, sua periculosidade, eventualarrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes. Ele deixou de ser obrigatório para a progressãode regime com a entrada em vigor da Lei n. 10.792, em dezembro de 2003, que alterou a LEP (Lei n. 7.210/84).A mudança gerou diferentes interpretações acerca do exame. A nova redação determina que o preso temdireito à progressão de regime depois de cumprir ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentarbom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do presídio. Como o novo texto não faz qualquerreferência ao exame criminológico, muitos criminalistas entenderam que ele havia sido extinto. No julgamentodo HC 109.811, o relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, ressaltou que o STF decidiu que, apesar de a lei terexcluído referência ao exame criminológico, nada impede que os magistrados determinem a realização doexame, quando entenderem necessário, considerando as peculiaridades do caso. Mas a determinação deve ser

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adequadamente motivada. A decisão do STF ocorreu no julgamento do HC 88.052, em abril de 2006. Oentendimento do STF vem sendo aplicado no STJ pelas Quinta e Sexta Turmas, especializadas em DireitoPenal, que, juntas, formam a Terceira Seção. Os ministros entendem, de maneira geral, que o examecriminológico constitui um instrumento necessário para a formação da convicção do magistrado. Ele deve serrealizado como forma de obter uma avaliação mais aprofundada acerca dos riscos de colocar um condenadoem contato amplo com a sociedade. Consideram também que o exame não configura constrangimento por setratar de uma avaliação feita por meio de entrevista, sem qualquer ofensa física ou moral. Legalidade Muitos advogados ainda contestam a legalidade do exame. É o que ocorreu no HC 111.601,relatado pelo ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Um homem condenado a nove anos e meio de reclusão porroubo e receptação teve o livramento condicional concedido pelo juiz da execução. Mas a liberdade foi cassadapelo tribunal estadual, após a realização do exame criminológico. A defesa recorreu alegando que submeter opreso ao exame seria criar um requisito inexistente na lei. Para o relator, a simples apresentação de umatestado assinado pelo diretor do estabelecimento prisional não assegura ao condenado o direito de serpromovido a um regime menos restritivo. Segundo o ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o bomcomportamento mencionado na lei pressupõe uma avaliação mais individualizada das condições do presoabrangendo, além do comprimento às regras carcerárias, um juízo sobre a conveniência de transferi-lo a umregime menos gravoso, o que é feito no exame criminológico. Todos os ministros da Quinta Turma seguiram oentendimento do relator e negaram o habeas-corpus. Exame não pode ser desprezado Uma vez que a avaliação criminológica foi realizada, sendo desfavorável àconcessão do benefício, o magistrado de primeiro grau não pode desprezar seu resultado. Essa é a conclusãodo ministro Paulo Gallotti, ao relatar o HC 91.880. A Sexta Turma decidiu, neste caso, manter a decisão doTribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou o retorno do condenado ao regime fechado apósrealização de exame criminológico, principalmente porque o preso fugiu quando foi beneficiado com aprogressão para o regime semiaberto. Outros precedentes nesse mesmo sentido são os HCs 94.426 e 92.555,ambos relatados pela desembargadora convocada Jane Silva, também da Sexta Turma. Mesmo que ocondenado tenha atestado carcerário favorável, o entendimento é que “o exame criminológico para fim deprogressão de regime é, em tese, dispensável, mas se realizada avaliação psicológica e social, com laudosdesfavoráveis ao paciente, ela deve ser considerada”. Fundamentação Em muitos habeas-corpus que tratam de exame criminológico, os advogados contestam afundamentação do pedido de exame. No HC 106.289, relatado pelo ministro Jorge Mussi, a Quinta Turmarestabeleceu o regime semiaberto a um homem condenado por tentativa de homicídio por entender que asolicitação de exame não estava devidamente fundamentada. A pedido do Ministério Público local, o tribunalestadual impediu a progressão de regime concedida pelo juiz da execução e pediu a realização da avaliaçãocriminológica com base na gravidade do crime cometido, o que não é aceitável, pois o que deve ser observadoé a periculosidade do preso e os riscos de seu retorno ao convívio social. Mesmo quando o pedido de exame éfundamentado, o condenado beneficiado pelo livramento condicional que não tiver descumprido as condiçõesimpostas ou cometido falta que justifique sua regressão pode aguardar a realização do exame em liberdade.Foi essa a decisão da Quinta Turma no julgamento do HC 108.533, relatado pelo ministro Arnaldo Esteves Lima.Mudanças em discussão Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei (PL 1294/2007) quealtera mais uma vez a LEP quanto ao exame criminológico. O texto prevê a obrigatoriedade do exame para aprogressão de regime, livramento condicional, indulto e comutação de pena quando se tratar de presocondenado por crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. O projeto foi apensado à outraproposta, o PL 4500/2001, que busca promover alterações mais amplas na LEP. Os projetos já foram aprovadospelo Senado e aguardam votação no Plenário da Câmara dos Deputados.

06/02/2009 - 15h34 Está suspenso pagamento de gratificações a servidores do Judiciário

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, atendeu a pedido do estado doRio Grande do Norte e suspendeu o pagamento da gratificação especial de técnico de nível superior a 29servidores do Poder Judiciário potiguar. O ministro entende que há ameaça de grave lesão à economia pública,pois não existe previsão orçamentária para a imediata implantação da gratificação na folha de pagamento. Adecisão foi tomada em 16 suspensões de segurança. O estado recorreu ao STJ depois que o Tribunal de Justiçapotiguar determinou os pagamentos. Os servidores haviam ingressado com mandados de segurança pedindo aimplantação da gratificação no valor de 100% sobre o salário-base, inclusive com o pagamento dos respectivosvalores atrasados devidos a partir do ajuizamento das ações. Além do risco de lesão à economia pública, oministro Cesar Rocha observou que a Lei n. 4.348/64 assegura que os mandados de segurança que buscam aconcessão de aumento ou extensão de vantagens salariais a servidores públicos somente serão executadosapós trânsito em julgado das decisões. Nos casos analisados, há recursos apresentados pelo estado contra aconcessão da gratificação.

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06/02/2009 - 11h59

Vereador acusado de roubo de carros continuará preso Acusado de liderar uma quadrilha especializada em roubos de veículos, o vereador de Sertânia José EveraldoCardoso Gondim continuará preso. Seu pedido de liminar em habeas-corpus contra ato do Juízo de Direito da1ª Vara da Comarca de Belo Jardim (PE) foi negado pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministroCesar Asfor Rocha. No pedido, a defesa alegou constrangimento ilegal em razão do excesso de prazo naformação da culpa e ausência de motivos para a manutenção da custódia preventiva. O vereador foidenunciado por roubo, formação de quadrilha armada e corrupção de menores. Segundo o ministro, não existenos autos notícia da interposição ou impetração de recurso ou habeas-corpus contra decisão ou omissão doJuízo de primeiro grau, o que configura a incompetência do STJ para apreciar a questão. Assim, nos termos doartigo 210 do Regimento Interno do STJ, o ministro Cesar Rocha indeferiu a liminar e determinou a remessados autos ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.

06/02/2009 - 10h06 Está suspensa decisão que assegurava ajuda de custo e transporte a procuradores da Fazenda

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, acolheu o pedido da União parasuspender a tutela antecipada que assegurou aos procuradores da Fazenda Nacional o direito ao recebimentode indenização de ajuda de custo e transporte, na forma do Decreto 1.445/95. Segundo o ministro, no caso,estão presentes os requisitos necessários para acolher o pedido, já que a União demonstrou que o impactofinanceiro advindo da tutela antecipada importa em aproximadamente R$ 35 milhões, a comprovar a gravelesão à economia pública. O presidente do STJ destacou que as informações prestadas pela procuradora-geraladjunta da Fazenda Nacional são bastante detalhadas, apresentando quadros sobre a quantidade de remoçõesefetivadas em 2007 e 2008 e sobre o impacto financeiro respectivo, relativo à ajuda de custos, às passagensaéreas e ao transporte de mobiliário. “Diante destes dados, o que a União questiona é, justamente, o fato datransferência de localidade, a pedido, por concurso de remoção perfazer-se por mero direito do servidor, nãocom caráter de obrigatoriedade, obedecidos critérios de antiguidade e classificação no concurso de ingresso nacarreira. A possibilidade de lesão à economia pública, portanto, está configurada”, afirmou o ministro. No caso,a União ingressou com o pedido de suspensão da tutela antecipada concedida pelo juiz federal da 20ª VaraFederal da Seção Judiciária do Distrito Federal em ação proposta pelo Sindicato Nacional dos Procuradores daFazenda Nacional (Sinprofaz). Na ação coletiva, o sindicato pediu, liminarmente, a concessão cumulativa deajuda de custo, passagens aéreas e indenização pelo transporte mobiliário e bagagem a todos os procuradoresremovidos a pedido no concurso regido pelo edital PGFN nº 1, de 30/5/2008. No mérito, postula, além daconfirmação dos pedidos liminares, que seja “reconhecido o direito dos procuradores da Fazenda Nacional aperceber ajuda de custo em todos os casos de transferência de localidade, a pedido, por concurso deremoção”. A União sustentou que “nenhum procurador da Fazenda Nacional é obrigado a se transferir paraatender ao interesse do serviço por meio dos concursos de remoção respectivos, sendo o preenchimento dasvagas oferecidas em tais concursos verdadeiro direito dos mencionados servidores, outorgado com base emcritérios de antiguidade e classificação no concurso de ingresso na carreira”. Acrescentou, ainda, que a tutelaantecipada concedida enseja grave lesão à ordem e à economia públicas, além de ter efeito multiplicador.

06/02/2009 - 09h34 Novo CPP deve estar pronto para consulta pública em março, afirma Carvalhido

A comissão de juristas que discute o novo Código de Processo Penal (CPP) deve finalizar os trabalhos emmarço, data em que a redação final deve ser submetida à consulta pública. A previsão é do presidente dacomissão, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Hamilton Carvalhido, corregedor-geral da JustiçaFederal. Segundo o ministro, a discussão de algumas propostas já foi encerrada, como a que trata doinquérito, e a comissão já trabalha sobre uma primeira versão integral do anteprojeto. Algumas propostasvisam dar celeridade à Justiça. É o caso da que trata do fim da participação dos juízes na tramitação doinquérito policial, o qual ficaria a cargo da autoridade policial e do Ministério Público. A medida – já adotada emvários outros países – permitirá desburocratizar o inquérito policial. Para a diligência policial, aceita a proposta,não mais será necessária a autorização judicial, a competência para isso passará a ser do Ministério Público.Para o ministro, o juiz não deve acumular funções de policial. Daí a proposta de criação de um juiz de garantia,cuja competência, durante a fase de investigação, seria tratar das questões relativas ao respeito dos direitosfundamentais. “O juiz tem que julgar e deve se manter como tal. A acusação incumbe ao Ministério Público; ainvestigação, à polícia e o julgamento, ao juiz, que não tem de produzir prova de ofício”, entende. “O juiz degarantias é presença que não se pode mais retardar no direito penal brasileiro.” A esse magistrado caberiaexercer o controle sobre a legalidade da investigação, inclusive quanto à autorização para interceptaçõestelefônicas, solicitadas pela autoridade policial. Oferecida a denúncia, esse juiz sairia da causa, cedendo lugarao juiz do processo propriamente dito, que ficaria mais livre em relação à validade das provas colhidas noinquérito. Outra sugestão que também visaria a promover a agilidade do processo penal é a que trata daextinção da ação penal de iniciativa privada: os crimes contra a honra só podem chegar à Justiça após

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avaliação do Ministério Público. Pelas propostas dos juristas que compõem a comissão, não haveria mais aprisão especial para pessoas com diploma de nível superior. Esse tipo de prisão só alcançaria autoridades.Também deve ser delimitado o prazo máximo para as prisões preventivas, bem como as circunstâncias de suautilização. “Ninguém no Brasil discute que a prisão preventiva deva ser a exceção, não a regra”, afirma oministro Carvalhido. A seu ver, já há uma mudança na forma como as pessoas a veem. “Prisão preventiva nãoé pena, e é preciso continuar essa mudança de mentalidade de ver na preventiva uma antecipação da sançãopenal, embora não haja ainda julgamento definitivo que possa criar a certeza da aplicação da pena”, explica.No entender do presidente da comissão, a primeira transformação é mudar a concepção antecipatória da prisãocautelar, uma espécie de punição antecipada das pessoas. “A preventiva, ela é cautelar, é excepcional, só deveocorrer quando absolutamente necessária e só pode ocorrer de forma fundamentada, de modo a não haverdúvida sobre a sua necessidade. Esse é um capítulo que deve se encerrar.” Para ele, o Supremo TribunalFederal (STF) deu o mais significativo passo nesse sentido ao fazer absoluta a presunção de não culpabilidade.“Não pode haver pena antes do trânsito em julgado”. Prisão cautelar, exatamente pela presunção de inocência,é de natureza excepcional. “É necessário que os direitos das pessoas sob investigação sejam respeitados, oque não significa dizer que não se pode prender cautelarmente”. Segundo entende o ministro, o poder doEstado de investigar é limitado. A comissão tem até julho deste ano para concluir os trabalhos iniciados no anopassado. Depois da consulta pública, após a qual o texto final será enviado aos parlamentares para que elesapresentem o projeto para a votação no Congresso Nacional. As próximas reuniões estão marcadas para 26 e27 de fevereiro. Em março, está prevista a realização de outras quatro.

06/02/2009 - 08h21 STJ libera atividades da Câmara de Florianópolis por considerar inoportuna intervenção do

Judiciário em atividade específica do Legislativo O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, deferiu o pedido da CâmaraMunicipal de Florianópolis para suspender a decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) que aimpedia de deliberar a respeito das matérias objeto de convocação extraordinária antes do início da legislatura.Na decisão, o ministro Cesar Rocha concluiu que o tema debatido no processo encerra a aplicação e ainterpretação de ato praticado pela Câmara Municipal no processo legislativo, o que impede o controle judicial.Para ele, havendo intervenção inoportuna do Poder Judiciário na atividade específica do Poder Legislativo –elaboração e votação de leis –, fica configurado o risco de grave lesão à ordem, relacionada à separação daatividade institucional de cada Poder da República. Na suspensão de segurança, deferida pelo presidente doSTJ, o legislativo municipal sustentou que a decisão ofende a ordem administrativa e a ordem pública sob oaspecto jurídico, argumentando ser dele a deliberação dos projetos de lei e ser indevida a interferência doPoder Judiciário no mérito administrativo. Alegou, ainda, que foram obedecidos todos os requisitos exigidospela Lei Orgânica do Município e pelo Regimento Interno que permitem a convocação extraordinária da CâmaraMunicipal pelo prefeito para apreciação de projetos de sua autoria. Por fim, alegou que a multa aplicada, novalor de R$ 100 mil por dia, viola os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. O TJSC também haviadeterminado o sobrestamento de todas as proposições aprovadas na sessão legislativa realizada no último dia26, sob pena de multa diária a ser paga pelo presidente da Câmara Municipal. O ministro enumerou trêsprecedentes do Supremo Tribunal Federal que, em hipóteses semelhantes, reconhecem a impossibilidade decontrole judicial sobre atos interna corporis do Legislativo, salvo quando ofensivos à Constituição ou à lei.

05/02/2009 - 15h09 STJ rejeita pedido de liberdade de outro acusado por morte de estudante

Mais um condenado pela morte do estudante Paulo Roberto Rosal Filho, ocorrida em Brasília, tem o pedido deliberdade rejeitado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Nilson Naves, da Sexta Turma, negouseguimento ao recurso em habeas-corpus apresentado pela defesa de Arikson Ramos Rocha de Lima. Oministro já havia negado seguimento ao habeas-corpus apresentado pela defesa de Bruno da Silva Farias,condenado à pena de 18 anos de prisão em regime fechado, sob a acusação de ter sido o autor do disparo quematou o estudante. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), Arikson vinha investigando a rotina davítima e seus hábitos no dia a dia, por causa de briga anterior entre eles. Na madrugada de 13 de janeiro de2007, o estudante Paulo Roberto foi abordado por Bruno da Silva Farias ao sair de um pagode promovido pelaAssociação Atlética Banco do Brasil (AABB), na companhia da namorada e de amigos. Bruno, de arma empunho, aproximou-se da vítima e atirou duas vezes. A vítima foi atingida no rosto e morreu no local. Ainda deacordo com o MP, Arikson e os irmãos Jéferson de Araújo Costa e Joel de Araújo Costa, seus companheiros,sabiam que Paulo Roberto estava no pagode na data dos fatos e o aguardavam na saída do clube. Todos osenvolvidos foram condenados. Bruno, a 18 anos de reclusão em regime fechado; Arikson, a 17 anos e seismeses, como o mandante do homicídio; e os irmãos Jéferson e Joel, a 12 e 13 anos respectivamente. Como,no recurso de apelação, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios manteve a condenação, oministro negou seguimento à tentativa da defesa de permitir que o acusado respondesse ao processo emliberdade.

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05/02/2009 - 12h01

Condenado por furtar aposentado tem pedido de liberdade negado O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não acolheu pedido da defesade Adilson Vieira dos Santos. Condenado por furto qualificado a uma pena de três anos e seis meses dereclusão em regime semiaberto, no estado de São Paulo, pretendia converter a pena privativa de liberdade emrestritiva de direitos. Réu confesso, Santos foi condenado por utilizar meios fraudulentos para ter acesso àconta-poupança de um aposentado e efetuar sete saques no intervalo de 30 dias. A defesa alega que Santos éréu primário e, por ter sido condenado a uma pena inferior a quatro anos, deveria ser submetido ao regimeprisional aberto. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) já havia negado a apelação docondenado, considerando que ele não apresentou qualquer prova que confirmasse ter sido, efetivamente,autorizada pela vítima a realização dos saques. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha destacou que a decisão doTJSP não cuidou dos temas levantados pela defesa de Santos. Assim, o presidente do STJ considerou, emprincípio, incabível o exame da matéria sob pena de supressão de instância.

05/02/2009 - 10h35 Portador da síndrome de Moebius acusado de homicídio e formação de quadrilha tem liminar

negada O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de liberdade provisória em favor de G.C.V, portador dasíndrome de Moebius (doença que causa paralisia facial e perda dos movimentos do rosto). Ele foi denunciadopor homicídio e formação de quadrilha. A liminar foi rejeitada pelo presidente do STJ, ministro Cesar AsforRocha. No habeas-corpus, a defesa alegou que a enfermidade poderá se agravar, já que a delegacia dacomarca de Palmas (PR) não dispõe dos recursos necessários para atender às necessidades do acusado. Porfim, sustentou constrangimento ilegal, pois não estão presentes os requisitos básicos da prisão preventiva. Aodecidir, o ministro Cesar Rocha destacou não verificar o constrangimento ilegal apontado, uma vez que osmotivos expostos na decisão do Tribunal de Justiça do Paraná mostram-se, em princípio, suficientes parafundamentar a manutenção da prisão cautelar do denunciado. Quanto ao estado de saúde do acusado, oministro ressaltou não haver elementos suficientes no processo à comprovação dos fatos, devendo-se anotarque a defesa apenas declarou, de modo genérico, a doença de que é portador o denunciado, juntando atestadode serem as alterações irreversíveis. Para ele, o atestado é omisso quanto à necessidade de eventuaistratamentos especiais.

05/02/2009 - 08h43 Condenado pela morte de estudante na porta de clube vai continuar preso

Acusado de participar do assassinato do estudante Paulo Roberto Rosal Filho, de 24 anos, Bruno da Silva Fariasvai continuar preso. O habeas-corpus com o qual ele pretendia responder ao processo em liberdade teve oseguimento negado pelo ministro Nilson Naves, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça. Bruno foicondenado juntamente com outros três jovens por matar o estudante Paulo Roberto Rosal Filho na saída doclube da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), em Brasília. O crime ocorreu em 13 de janeiro de 2007,por volta das 4h da manhã. Paulo Roberto foi abordado por Bruno da Silva Farias ao sair de um pagodepromovido pela AABB, na companhia da namorada e de amigos. Conforme consta da denúncia, Bruno, de armaem punho, aproximou-se da vítima e atirou duas vezes: na primeira tentativa, a arma falhou, na segunda, otiro atingiu o rosto do estudante, que morreu no local. Segundo testemunhas, não houve discussão préviaentre vítima e agressor. No habeas-corpus ao STJ, a defesa pleiteava a revogação da prisão preventiva. Orelator, ministro Nilson Naves, contudo, negou seguimento ao pedido devido ao fato de o rapaz ter sidocondenado à pena de 18 anos de reclusão e esta condenação ter sido confirmada no julgamento da apelaçãopelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios em sede de apelação.

05/02/2009 - 08h02 STJ nega pedido de liberdade a acusado de envolvimento nos desvios do Confen

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido de GilbertoLinhares Teixeira para que a sua prisão preventiva fosse revogada. Teixeira é acusado de envolvimento nogrupo que fraudou o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em 2005. O ministro, em sua decisão,considerou os motivos expostos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) como suficientes para amanutenção da prisão do acusado. No habeas-corpus, a defesa alega não estarem presentes no processo osrequisitos necessários para a prisão preventiva do acusado. Afirma, também, a falta de fundamentação dodecreto condenatório, além da insuficiência de provas. Requereu, asssim, a revogação da custódia cautelar,liminarmente e no mérito. Teixeira era o presidente do Confen. Está preso desde 30 de abril de 2008, após serapontado pela Polícia Federal (PF), numa operação em que foram detidos outros membros da diretoria, departicipar do esquema que desviava dinheiro a partir de licitações superfaturadas. De acordo com asinvestigações da PF, a diretoria desviava o dinheiro mediante notas frias. Segundo o ministro Cesar Rocha, nãohá no processo fatos que comprovem abuso de poder ou flagrante irregularidade na decisão contestada pela

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defesa. Ressalta, também, baseado em trechos da decisão do TRF2, que o fato é grave e há indícios de autoriae materialidade do crime. O ministro destaca, ainda, que a prisão cautelar foi decretada pela conveniência dainstrução criminal, bem como para assegurar a aplicação da lei penal. O mérito do habeas-corpus será julgadopelos ministros que integram a Quinta Turma. A relatora do processo é a ministra Laurita Vaz.

04/02/2009 - 13h50 Presidente do STJ nega liminar a acusado de furto a bancos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de liberdade provisória a chaveiro acusado de participar deuma quadrilha de furto a bancos em Ribeirão Preto, cidade a 336 km de São Paulo (SP). A liminar em habeas-corpus foi indeferida pelo presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha. Pedido semelhante já havia sidonegado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF). No habeas-corpus, a defesa afirma que adecretação da prisão fere o artigo 312 do Código de Processo Penal, apontando que não havia indíciossuficientes da participação do chaveiro nos crimes. Alegam, ainda, que o pedido de prisão é ilegal e trazconstrangimentos ao acusado. O ministro Cesar Rocha, ao decidir, afirma que os motivos expostos na decisãodo TRF 3ª Região são suficientes para a manutenção da prisão cautelar. Entre esses motivos, destacam-se osfortes indícios presentes nos autos do processo, dando conta de que o acusado utilizou-se das facilidadesdecorrentes da profissão (ele prestava assistência técnica de chaveiro na manutenção de cofres-fortes) parafacilitar as atividades da quadrilha. O ministro destaca, ainda, que, além da devida motivação do decreto deprisão, os fatos investigados são graves, há indícios de autoria e da existência do crime, afora o fato de que aprisão foi decretada para garantir a ordem pública e para a conveniência da instrução criminal. Isso demonstra,a seu ver, não ocorrer abuso de poder ou flagrante ilegalidade na decisão contestada pela defesa, razão pelaqual indeferiu o pedido. O mérito do habeas-corpus será julgado pelos ministros que integram a Sexta Turma.O relator é o ministro Og Fernandes.

04/02/2009 - 11h26 Acusado de tráfico de drogas tem liberdade provisória negada

O. L., preso em flagrante por tráfico de drogas, teve pedido de liberdade provisória negado no SuperiorTribunal de Justiça (STJ). O pedido de liminar em habeas-corpus contra acórdão do Tribunal de Justiça doParaná foi rejeitado pelo presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha. No habeas-corpus, a defesa alegouausência de fundamentação da decisão que negou ao denunciado o benefício da liberdade provisória e excessode prazo na formação da culpa. Por fim, argumentou que o acusado faz jus ao pedido de liberdade provisória,já que as condições objetivas e subjetivas lhe são favoráveis. Ao indeferir a liminar, o ministro Cesar Rochadestacou que a tese de mérito trazida no habeas-corpus não encontra respaldo na jurisprudência do Corte e doSupremo Tribunal Federal, porque há orientação firme de que não cabe liberdade provisória em crimes detráfico de entorpecentes. O ministro ressalvou, ainda, que, no que diz respeito ao alegado excesso de prazo naformação de culpa, também há precedentes do STJ de que os prazos criminais não são absolutos e podem serrazoavelmente alongados em razão das circunstâncias do caso concreto. Segundo o ministro Cesar Rocha, nãohouve ilegalidade ou constrangimento ilegal flagrante na decisão, que, em princípio, está em harmonia com ajurisprudência do Tribunal sobre o tema.

04/02/2009 - 09h11 Empresário acusado de homicídio qualificado permanecerá preso

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, não acolheu o pedido da defesade um empresário preso devido à acusação de homicídio qualificado. O ministro considerou que os motivosapontados pelo Tribunal de Justiça de Sergipe para manter a sua prisão são suficientes para fundamentá-la. Nocaso, a defesa recorreu ao STJ alegando a nulidade da citação por edital, pois, apesar de constar dos autos oendereço fixo do empresário, este não teria sido citado validamente em relação ao aditamento da denúncia doMinistério Público. Além disso, sustentou excesso de prazo no encerramento do processo, tendo em vista queele encontra-se preso há mais de 330 dias e “sua permanência na prisão é uma precoce condenação, o quefere frontalmente o princípio da inocência”. Assim, pediu a concessão da liminar e a suspensão do processo emtrâmite na 5ª Vara Criminal da Comarca de Aracaju, até decisão final do STJ. O ministro Cesar Rocha indeferiuo pedido, entendendo estar bem fundamentada a decisão que manteve preso o acusado. No que se refere aoexcesso de prazo, o ministro destacou que não estão presentes os pressupostos autorizadores para aconcessão da liminar, porque, segundo precedentes do Tribunal, o prazo da instrução criminal não é absoluto epode ser razoavelmente alongado em razão das circunstâncias do caso concreto.

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03/02/2009 - 12h41

Crime de supressão de tributo por emplacamento fraudulento deve ser julgado no estado lesado Muita gente desconhece, mas emplacar veículo em estado diferente daquele em que reside só para fugir deuma tributação mais alta é crime. Está no artigo 1º da Lei n. 8.137/90, que define os crimes contra a ordemtributária e econômica. Mas, como a prática geralmente é acompanhada de falsidade ideológica cometida noestado do emplacamento, surge a dúvida sobre em qual estado deve se processar a ação contra o fraudador. ATerceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) enfrentou o impasse e definiu que cabe à Justiça doestado lesado apreciar a questão. O relator do conflito de competência foi o ministro Nilson Naves. Eledestacou que a supressão ou redução de tributos é um crime material e, por isso, consuma-se no local onde foiconstatado o efetivo prejuízo. No caso em julgamento, o STJ definiu o juízo competente para processar e julgaruma ação contra uma locadora de automóveis da cidade de Osasco (SP). A polícia de Jundiaí, cidade tambémdo interior paulista, abordou um veículo da locadora e constatou indícios de que o licenciamento na cidade deCuritiba (PR) ocorreu de forma fraudulenta, com o fim específico de se beneficiar da alíquota do imposto depropriedade de veículo automotor (IPVA) menor no estado do sul. Os autos foram remetidos para a Vara deInquéritos Policiais de Curitiba. Lá, o juiz entendeu que, como o prejuízo consumou-se contra a FazendaPública de São Paulo, a competência para processar a ação seria da Justiça estadual paulista. Essa tese foirecebida pela Terceira Seção do STJ, que fixou no Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de Jundiaí (SP) acompetência para julgar a ação.

03/02/2009 - 12h39 Acusado de corrupção, falsidade ideológica e formação de quadrilha tem liberdade negada

Acusado de corrupção, falsidade ideológica e formação de quadrilha tem pedido de liberdade provisória negadono Superior Tribunal de Justiça (STJ). A liminar em habeas-corpus contra decisão de relator do Tribunal deJustiça do de Mato Grosso (MT) foi rejeitada pelo presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha. No habeas-corpus, a defesa sustentou constrangimento ilegal praticado pela autoridade coatora, que indeferiu o direito àliberdade provisória do denunciado, argumentando que foi desprezado o princípio da isonomia processual, jáque o benefício foi concedido a um outro acusado. Além disso, o pedido preenche os requisitos objetivos esubjetivos exigidos por lei para a concessão da liberdade provisória e o decreto de segregação cautelar estácarente de fundamentação. Ao indeferir a liminar, o ministro Cesar Rocha destacou que incide, em princípio, aorientação da Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal, observada pelo STJ, segundo a qual “não compete aoSupremo Tribunal Federal conhecer de habeas-corpus contra decisão de relator que, habeas-corpus requerido aTribunal Superior, indefere a liminar”. Segundo o ministro, tal entendimento só pode ser atenuado emhipóteses excepcionais de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, o que, aparentemente, não é o caso, tendoem vista a fundamentação da decisão recorrida.

03/02/2009 - 10h36 Tribunal acolhe pedido de condenado que teve pena executada antecipadamente

O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), acolheu o pedido da defesa deum condenado por porte ilegal de arma de fogo que, antes de expirado o prazo para a interposição de qualquerrecurso, teve a sua pena de prisão executada antecipadamente. No caso, a defesa alega que o preso foicondenado à pena de dois anos e quatro meses de reclusão, em regime inicial fechado, tendo o juízomonocrático concedido-lhe o direito de aguardar em liberdade até o trânsito julgado da condenação. Afirma,entretanto, que o Tribunal de Justiça de São Paulo negou o recurso interposto exclusivamente pela defesa edeterminou, “de imediato, a expedição de mandado de prisão em seu desfavor”. Assim, sustenta no STJ que,se o juiz sentenciante condicionou a prisão do condenado somente após o trânsito em julgado da sentençacondenatória, o Tribunal estadual não poderia, antes de expirado o prazo para a interposição de qualquerrecurso, executar a pena corporal antecipadamente. Pede, portanto, que o cliente posso interpor recursos emliberdade até o trânsito em julgado da ação. Ao decidir, o ministro considerou que a tese da defesa está emconsonância com os precedentes do STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) de que “fica configuradareformatio in pejus [reforma da sentença que causa prejuízo à pessoa] quando, em sede de apelaçãointerposta unicamente pela defesa, é autorizada a execução provisória da pena que, na sentença de 1º grau,estava condicionada ao trânsito em julgado da condenação”. Dessa forma, o presidente do STJ deferiu aliminar para que o condenado permaneça em liberdade se por outro motivo não estiver preso, até o trânsitoem julgado da sentença condenatória ou até posterior deliberação do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, daQuinta Turma do Tribunal, relator do habeas-corpus.

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03/02/2009 - 09h57

Mantida a prisão de ex-oficial de justiça acusado de morte de criança O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido de liminar emhabeas-corpus a um ex-oficial de justiça do estado do Pará acusado de matar um menino de quatro anos eocultar seu cadáver. O crime ocorreu na cidade de Bragança (PA), e o acusado está preso preventivamentedesde abril de 2008, data do fato. O ministro Cesar Rocha constatou que, na segunda instância, houvesomente a apreciação do pedido de liminar, estando pendente a análise do mérito do habeas-corpus noTribunal de Justiça do Pará. Por isso, ainda não compete ao STJ o julgamento do mesmo pedido, a não ser emcaso de ilegalidade flagrante, o que não se caracteriza na hipótese. O acusado afirma que a polícia o teriaincriminado devido aos antecedentes que possui e pelo fato de ter sido a última pessoa que esteve na casa davítima antes de a criança desaparecer. A denúncia apresentada pelo Ministério Público estadual conta que,após ter sido raptado do pátio da casa dos avós, o menino foi morto; o corpo, nu e com marcas no pescoço, foiencontrado boiando num igarapé, três dias depois. A ação penal está na 2ª Vara Criminal de Bragança (PA). Oacusado pediu a revogação da prisão sob o argumento de que não existiriam indícios suficientes dematerialidade e autoria de crime. O presidente do STJ encaminhou pedido de informações ao Tribunal deJustiça do Pará que deverá fornecer a síntese dos fatos da acusação, antecedentes criminais e informaçõessobre a conduta social e personalidade do acusado, período de prisão do acusado e fase em que se encontra oprocedimento.

02/02/2009 - 15h03 STJ nega pedido para suspender trâmite de ação penal contra juiz

O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não acolheu o pedido da defesado juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco (AC) para que o trâmite da ação penalinstaurada contra ele fosse suspenso. Dessa forma, fica mantido, para esta segunda-feira (2/2), o seuinterrogatório judicial. No caso, o juiz foi denunciado por falsidade ideológica em documento particular, invasãode terras da União com a intenção de ocupá-las, entre outros. O Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça do Acrerecebeu a denúncia contra ele. No STJ, a defesa pediu, liminarmente, a suspensão do trâmite da ação penalaté o julgamento final do habeas-corpus, porque “o interrogatório judicial do paciente (o juiz) foi designadopara o dia 2 de fevereiro de 2009, primeiro dia útil após as férias forenses do Superior Tribunal de Justiça,sendo o seu comparecimento compulsório e flagrantemente constrangedor”. No mérito, pretende “otrancamento da ação penal no tocante à prática do crime previsto no artigo 20 da Lei n. 4.947/66, haja vistanão conter a denúncia qualquer descrição típica a se amoldar ao aludido dispositivo legal”. Ao decidir, opresidente do STJ considerou que o comparecimento do juiz ao interrogatório não afetará o seu status de réusolto. Além disso, ressaltou que o trancamento da ação penal somente é admissível em habeas-corpus quandoestiver evidenciada nos autos, sem que seja necessário o exame aprofundado das provas, a inocência doacusado, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade, a inexistência do crime ou a ausência de indíciosda autoria e da materialidade, circunstâncias, no caso, não reveladas. O relator do habeas-corpus é o ministroArnaldo Esteves Lima, da Quinta Turma do STJ.

02/02/2009 - 13h09 Acusado de roubar bilheterias da CPTM continuará preso

O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido de liminar emhabeas-corpus a André Geraldo da Silva. Acusado de roubar bilheterias da Companhia Paulista de TrensMetropolitanos (CPTM), ele está preso preventivamente desde janeiro de 2008. No pedido de habeas-corpuscontra acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, a defesa alegou excesso de prazo na formação da culpa eausência dos requisitos justificadores da prisão preventiva para requerer que o acusado seja colocado emliberdade provisória. Citando vários precedentes, o ministro ressaltou ser entendimento consolidado queapenas o excesso de prazo injustificado da instrução criminal consubstancia constrangimento ilegal. “O prazolegalmente estabelecido para a conclusão da instrução criminal não é absoluto e o constrangimento ilegal porexcesso de prazo só pode ser reconhecido quando a demora for injustificada”. No caso em questão, o ministrodestacou que próprio tribunal paulista esclareceu as razões que impediram o inicio da instrução em tempo maiscurto e justificou o razoável prazo excedido. Quanto à alegada ausência dos requisitos da prisão preventiva,Cesar Rocha afirmou que não há como apreciá-la, já que o impetrante não juntou aos autos a cópia da decisãoque a decretou.

02/02/2009 - 09h59 STJ nega liminar a acusados pela chacina de Ibicuitinga

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou liminar em habeas-corpus a Jakson Rabelo Maciel e Jandercleiton Rabelo Maciel, acusados de participação na chacina deIbicuitinga (município a 200 km de Fortaleza) ocorrida em maio de 2004, quando sete moradores da regiãoforam mortos a tiros de espingarda e pistola. No pedido contra decisão do Tribunal de Justiça do Ceará, a

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defesa alegou excesso de prazo e ausência de motivos justificadores da prisão preventiva e requereu aimediata expedição de mandado de soltura. O mérito do habeas-corpus será apreciado pela Sexta Turma. Aodecidir, o ministro ressaltou que a concessão de liminar em habeas-corpus é medida extrema e só se justificaem casos de flagrante ilegalidade, o que não é o caso dos autos, já que os motivos que ensejaram a prisão dosacusados mostram-se, em princípio, suficientes para fundamentar a prisão cautelar. Segundo Cesar Rocha, asegregação provisória dos acusados foi decretada para garantir a ordem pública local, por conveniência dainstrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal. Quanto ao alegado excesso de prazo, o ministroreiterou que o STJ entende que o prazo legalmente estabelecido para a conclusão da instrução criminal não éabsoluto e o constrangimento ilegal por excesso de prazo só pode ser reconhecido quando a demora forinjustificada. “Na espécie, não ficou demonstrada qualquer desídia na condução da fase instrutória”, concluiu opresidente, que solicitou informações ao tribunal cearense e determinou vista ao Ministério Público Federal.

02/02/2009 - 08h17 Mantida a prisão de integrante de facção criminosa acusado de execução

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido de revogaçãoda prisão preventiva de um suposto integrante de uma facção criminosa que atua em presídios de São Paulo.Ele é acusado de participar da execução de um homem portador de deficiência mental ocorrida na FavelaNaval, em São Bernardo do Campo (SP), em setembro de 2007. Segundo a denúncia do Ministério Públicoestadual, o acusado e outras quatro pessoas teriam, sob as ordens de mandantes, executado a pauladas egolpes de faca um morador da favela. A vítima era suspeita de ter estuprado e assassinado uma criança. Osintegrantes da facção criminosa teriam realizado um “julgamento” e, após o crime, jogado o corpo dodeficiente em um córrego. O acusado está preso desde dezembro de 2007. Em novembro do ano passado, oTribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negou o pedido de habeas-corpus. A defesa procurou, então, o STJ.Alega que há excesso de prazo para a formação da culpa, já que ele está preso há mais de um ano. Ao analisara possibilidade de concessão de liminar, o ministro Cesar Rocha esclareceu que o STJ tem entendimento deque o prazo legalmente estabelecido para a conclusão da instrução criminal (90 dias) não é absoluto e oconstrangimento ilegal por excesso de prazo só poder ser reconhecido quando a demora for injustificada. Nocaso, o presidente do STJ verificou que a demora na instrução criminal foi motivada pela complexidade doprocesso e por serem 13 os denunciados.

01/02/2009 - 10h00 Código de Processo Penal: em busca de uma legislação efetiva

Nos dias 2 e 3 de fevereiro, a Comissão de Reforma do Código de Processo Penal se reúne para mais umarodada de discussão sobre o novo texto que deve dar efetividade ao sistema penal brasileiro. O trabalho, deacordo com o presidente da Comissão, ministro Hamilton Carvalhido, é consolidar algo que já está naconsciência de todos nós: a própria democracia. Ano de 1941 – O mundo vive aterrorizado pela 2ª Guerra Mundial. Navios brasileiros começam a ser atacadospor forças alemãs, e tropas norte-americanas se instalam no Nordeste. Um sentimento nacionalista faz GetúlioVargas criar a Companhia Siderúrgica Nacional, e Monteiro Lobato é preso por acusar o governo de impedir ainiciativa privada de participar da exploração do petróleo. Em um cenário de autoritarismo, é criado no Brasilum novo Código de Processo Penal, refletindo um sistema inquisitivo, com poucas garantias ao acusado. Maisde meio século se passou e o país foi aos poucos conquistando a democracia. O ápice dessa mudança foi aConstituição de 1988, que trouxe novas atribuições para o Ministério Público, garantiu a ampla defesa aoacusado e muitos direitos penais até então desconhecidos pelos brasileiros. O ministro do Superior Tribunal deJustiça (STJ) Hamilton Carvalhido, ator e espectador desse processo em mais de 40 anos de experiência naárea jurídica, assistiu à transformação por que passou o país. Atualmente ele preside a Comissão de Reformado Código de Processo Penal, já tendente a nascer, segundo ele, sob um viés democrático. A mais importantetransformação que a Constituição trouxe no campo jurídico, segundo o ministro, foi uma percepção diferentedo Direito. Um direito não mais separado da vida, mas presente na vida do cidadão. “Antes, ele era visto sócomo um conjunto de normas que regulava a realidade social, mas não se mostrava presente na realidade”, dizo ministro. “ O Poder Judiciário se mantinha, assim, afastado da sociedade e dos órgãos. Era um poder à parte,conhecido pela sisudez dos seus membros. “Para que fosse bom, correto, tinha que ser neutro, e fazendo-seneutro, fazia-se estranho e, sendo estranho, tornava-se desconhecido”, assinala. Reacende a consciência brasileira Esse desconhecimento do Judiciário se modificou bastante após 1988. Com a democratização, a sociedadepassou a estar mais consciente dos seus direitos e o número de processos cresce a cada ano. Em 1988, foicriado o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, só no ano passado, julgou 345 mil processos. Desde que foicriada, a instituição julgou dois milhões e oitocentos mil processos. Só de habeas-corpus, foram julgados maisde 23,5 mil. O que se busca com o Código é um sistema que proteja os direitos fundamentais do cidadão.“Agrande transformação que o projeto de reforma do Código está consolidando é transformar o lado autoritárioda legislação numa disciplina que põe no devido lugar o direito fundamental da liberdade”, acentua o ministro.

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O maior desafio para esse novo Código é garantir agilidade ao trâmite das ações e assegurar o pleno exercíciodas garantias individuais, especialmente numa sociedade que, além de democrática, é cada vez mais violenta.Diante dos inúmeros delitos praticados e das notícias expostas no noticiário, a sociedade clama por mais rigor,principalmente para o crime praticado por menores de 18 anos. Muitos preferiam rito sumário e pronto. Mas,de acordo com a ponderada análise do doutor em Direito Processual Penal pela USP Maurício Zanóide deMoraes, o processo melhor e mais justo não é o que pune mais, não é o que pune menos, somente o rico ou opobre. “O processo justo é aquele que pune, com todas as garantias e com maior eficiência, os culpados e nãopune, talvez nem idealmente, os inocentes”. Garantir o direito dos acusados envolve, por exemplo, transformara prisão preventiva em exceção. Atualmente não há controle sistemático sobre as razões que motivam essetipo de prisão. A Comissão defende a obrigatoriedade de reexame periódico da decisão judicial para que sejaobservado se os motivos que justificaram tal prisão ainda persistem. Pela jurisprudência, ninguém pode serpreso preventivamente por prazo superior a 81 dias, o que equivale à soma dos prazos de todos os atosprocessuais. No entanto, essa interpretação é descumprida e a falta de previsão legal faz muitos ficarempresos além do tempo. A Comissão também defende, em nova ordem democrática, a necessidade de assegurarao preso o direito de ser assistido por um advogado ou defensor público desde o interrogatório policial. Talgarantia, que já vigora nos Estados Unidos desde 1966, bem como em outros países como Itália, Chile eMéxico, só é assegurada aos brasileiros na fase de interrogatório judicial. Segundo o consultor legislativo e umdos membros da comissão Fabiano Augusto Martins Silveira, em matéria veiculada no site do Senado(www.senado.gov.br/novocpp ), isso representa um ganho do ponto de vista democrático ao evitar possíveispráticas de tortura ou ao evitar que fatos ocorridos durante o inquérito contaminem os desdobramentos dosrumos da investigação e do processo. Um Código já amadurecidoO atual Código de Processo Penal regula o trâmite que vai da investigação criminal à sentença judicial e seusrecursos e possui 811 artigos, distribuídos em cinco livros. Diversas modificações foram introduzidas ao longode mais de meio século e mudanças na legislação alteraram seu teor, mas deixaram vazios que comprometemos princípios penais, segundo Carvalhido. De acordo com o ministro, a tentativa ou orientação de propostasparciais traz um defeito que só tempo mostra: criam lacunas que comprometem o sistema. “Elas às vezescriam contradições dentro do sistema e produzem resultados que não são aqueles desejados num Estadodemocrático de direito”, diz. Em termos de etapa de trabalho, a Comissão já conseguiu produzir os textosfundamentais em toda extensão que o projeto deve abranger. A entrega do texto estava marcada para 30 dejaneiro deste ano, mas o prazo foi prorrogado por 180 dias para que seja submetido a um debate público.Cada membro da Comissão cuidou de um determinado tema, o que, segundo o ministro Carvalhido, nãoprejudicou a totalidade das discussões. As tarefas foram distribuídas em quatro grandes temas: princípios eestruturas, processos de conhecimento, investigação criminal e medidas cautelares e provas.“Queremosfortalecer e dar efetividade ao Estado democrático de direito e essa efetividade passa por suas leis”, resume opresidente da Comissão. Assuntos já discutidos pela Comissão envolveram, entre outros, o fim da prisãoespecial para quem tem curso superior. Para a maioria de seus membros, não há justificativa constitucionalpara que os detentores de diploma universitário tenham a garantia desse benefício, pois isso fere o princípio daigualdade. Um outro assunto discutido é a instituição da figura do juiz de garantias, que participa dasinvestigações dos processos. Tal juiz não seria o responsável pela causa, portanto pela sentença, o que, emtese, garantiria maior imparcialidade a quem vai decidir. O juiz de garantias atuaria numa fase pré-processuale o juiz da causa examinaria tudo o que foi produzido, como observador crítico. Essas modificações que devemser ainda votadas pela Câmara e Senado se somam a tantas outras, como a mais recente sancionada em junhopelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Leis n. 11.689 e n. 11.690). Entre outras mudanças, a minirreformado Código de Processo Penal, como foi denominada, trouxe a extinção da exigência de realização de novojulgamento sempre que o réu for condenado a penas superiores a 20 anos de reclusão por um único crimedeterminadas pelo Tribunal do Júri; criou a absolvição sumária e reduziu para uma única audiência a tomadade depoimento entre acusação e defesa, além de permitir audiência por videoconferência, medidas, entreoutras, destinadas a tornar o processo mais célere. A demora nas fases do processo é uma das maiores causasde falta de punição aos criminosos, por conta da prescrição. Um todo obediente a princípios democráticos Instalada em 9 de julho último pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, a Comissão de Reforma doCódigo de Processo Penal foi criada atendendo a requerimento do senador Renato Casagrande (PSB-ES). Otexto final do anteprojeto do Código será colocado em consulta pública e, após exame e aprovação dossenadores, será transformado em projeto de código. A sociedade também pode oferecer contribuições pelo siteou pelo e-mail [email protected] . “O novo Código não deve cuidar apenas de pequenas modificaçõesnuma lei que deve ser mantida na sua estrutura”, afirma Carvalhido. “A Comissão de Reforma do Código deProcesso Penal busca alterar a sua substância”. Segundo o presidente da Comissão, o objetivo é elaborar umnovo Código, obediente a princípios que não foram aqueles que inspiraram ao Código de Processo Penal,acolhendo as transformações que já foram operadas por ação do governo e jurisprudência. “Não se cuida de

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produzir algo que vai marcar uma nova etapa”, diz o ministro. Cuida-se de consolidar algo que já está naconsciência de todos nós. “Todas essas questões já são maduras pela experiência concreta, na reflexão.” Alémdo ministro, integram a comissão o juiz federal Antônio Corrêa, o advogado e professor da Universidade de SãoPaulo (USP) Antônio Magalhães Gomes Filho, o procurador regional da República Eugenio Pacelli, o consultorlegislativo do Senado Fabiano Augusto Martins Silveira, o advogado e ex-secretário de Justiça do estado daAmazônia Félix Valois Coelho Júnior, o advogado e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) JacintoNelson de Miranda Coutinho, o delegado federal e presidente da Associação Nacional dos Delegados da PolíciaFederal (ADPF), Sandro Torres Avelar, e o promotor de Justiça Tito de Souza Amaral.

30/01/2009 - 12h27 Indeferida liminar a integrantes de quadrilha que roubava cargas

José Eraldo Freire e Pedro Manoel da Silva, condenados por receptação e formação de quadrilha, devemcontinuar presos. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedidode liminar mediante a qual os presos pretendiam ficar em liberdade. Freire foi condenado a 12 anos e setemeses de reclusão e Silva a 12 anos de reclusão. No habeas-corpus contra decisão do Tribunal de Justiça dePernambuco, os advogados dos condenados alegam nulidade absoluta do processo por cerceamento de defesae afirmam que estão presentes os requisitos para a concessão da liberdade provisória. Liminarmente, a defesapediu a expedição de alvará de soltura dos presos e, no mérito, a nulidade do processo e solicitou que os doisaguardem em liberdade o julgamento da apelação. O ministro Cesar Rocha negou a liminar por considerar quenão há flagrante ilegalidade no acórdão do tribunal estadual. O mérito será julgado pela Quinta Turma. Orelator é o ministro Napoleão Nunes Maia Filho.

30/01/2009 - 11h55 Viúva de homem agredido por PMs permanece com pensão provisória fixada por TJ

Viúva de homem morto após agressões produzidas por integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal vaicontinuar a receber uma pensão provisória. O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal deJustiça (STJ), indeferiu o pedido do governo do Distrito Federal para declarar nula a decisão que fixou apensão. No caso, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) concedeu a tutela antecipada, em agravo deinstrumento (tipo de recurso), à viúva para reformar a sentença de 1º grau e fixar a sua pensão provisória novalor de R$ 1.333,33. Inconformado, o governo do Distrito Federal recorreu ao STJ sustentando a nulidade dapublicação da decisão devido à ausência do nome do advogado público responsável pela ação. Ressaltou que a“imprescindibilidade de que das publicações constem os nomes dos advogados das partes estende-se inclusiveàs causas nas quais figure a Fazenda Pública, revelando-se cogente a indicação do nome do procuradorresponsável pelo feito, para que se propicie a captação da publicação e a tomada das providências porventuracabíveis”. Argumentou, ainda, a impossibilidade do pagamento de pensão provisória, desconsiderando-se oprevisto na Constituição Federal sobre o regime de precatórios. Por último, alegou a ausência de provainequívoca dos requisitos da responsabilidade civil estatal. Destacou que “não há prova segura da dinâmica dosfatos alegada pela viúva, visto que inservíveis quaisquer documentos ou declarações unilaterais que venham aser trazidas por ela, notadamente por sua restrição probatória”. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha ressaltouque o pedido do governo do Distrito Federal resumiu sua indignação ao ataque da decisão que concedeu atutela antecipada, no plano da legalidade. Segundo ele, tal medida não se presta ao exame da legalidade ouconstitucionalidade das decisões judiciais, tarefa própria da via recursal.

30/01/2009 - 11h27 Mantida decisão que impede permanência no cargo de professoras temporárias

Está mantida a decisão que negou a reintegração de cinco pessoas contratadas temporariamente para ocuparos cargos de professor e de apoio do sistema de educação especial do estado do Pará. O presidente doSuperior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, indeferiu a liminar em medida cautelar impetradapelas profissionais, considerando ausente a plausibilidade jurídica do direito à reintegração alegado por elas.Os contratos temporários foram prorrogados sucessivamente até que, em razão do termo de ajuste de condutafirmado entre o Governo do estado e o Ministério Público do Trabalho, foram rescindidos. No mandado desegurança impetrado no Tribunal de Justiça estadual, as contratados afirmaram ter direito líquido e certo àpermanência nos cargos, alegando que o exercício da função pública por período superior a cinco anosininterruptos lhes garantiriam o direito à estabilidade no cargo. Ainda segundo a defesa, a dispensa dascontratadas poria em risco não apenas o interesse particular delas, mas também o interesse público ante adescontinuidade do serviço. O Tribunal de Justiça (TJPA) denegou a segurança, julgando extinto o processo.Segundo observou o TJPA, a pretensão dos contratados em permanecer nos quadros do funcionalismo públicoestadual, vai contra o dispositivo constitucional que obriga a realização de concurso público para isso. “E tendosido esvaziada a tese de que o Estado não estava dando continuidade a serviço público essencial como aeducação especial, a pretensão das impetrantes não constitui direito líquido e certo a ser amparado pela via domandado de segurança”, acrescentou. Insatisfeitas, elas recorreram ao STJ com uma medida cautelar,

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insistindo na reintegração imediata. O pedido de liminar pretendia atribuir efeito suspensivo ativo ao recursointerposto contra a decisão do TJPA. O presidente do STJ, ministro Cesar Rocha, negou a liminar, considerandoausentes os pressupostos para a concessão. Segundo destacou, o efeito suspensivo a recurso ordinário emmandado de segurança somente é admissível em hipóteses específicas e excepcionais, exigindo-se, para tanto,a demonstração concomitante dos requisitos autorizadores da medida liminar, quais sejam, o fumus boni iuris(fumaça do bom direito) e o periculum in mora (perigo da demora). “Em juízo de cognição sumária, contudo,não se reconhece, na hipótese, tal situação.“Ausente, com efeito, a plausibilidade jurídica do direito alegado”,acrescentou Cesar Rocha.

30/01/2009 - 10h14 STJ mantém data de julgamento de jovem acusada de matar a própria mãe

Jovem acusada de matar a própria mãe em Santa Catarina tem seu julgamento pelo Júri Popular mantido parao dia 12 de fevereiro do corrente ano. O pedido de liminar em habeas-corpus solicitado pela acusada tinha porobjetivo obter a suspensão do julgamento. Ao examinar a solicitação, o presidente do Superior Tribunal deJustiça, ministro Cesar Asfor Rocha, indeferiu a liminar sob o argumento de que a documentação apresentadademanda um exame aprofundado. O crime ocorreu em 28 de junho de 2000. Conforme os autos, a acusada,que era filha adotiva da vítima, teve a ajuda de um adolescente para praticar o homicídio. A vítima, LeomarRodrigues de Matos, tinha 56 anos, era médica ginecologista e morreu devido à asfixia por estrangulamento. Aacusada foi indiciada no artigo 121, parágrafo 2º, incisos III (asfixia) e IV (surpresa). No STJ, a acusada, emcausa própria, alega a existência de excesso de linguagem na sentença de pronúncia no que se refere à autoriado delito e à qualificadora. Sustenta também a necessidade de realizar-se uma reprodução simulada dos fatos,negada pelo juízo de primeiro grau. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha observou que os documentos trazidoscom o habeas-corpus demandam um exame aprofundado, além de não ter encontrado ilegalidade na decisãodo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJSC), no qual o pedido de mesma natureza também foiindeferido. Solicita, ainda, informações em caráter de urgência ao TJSC e ao juiz de Direito da 1ª Vara Criminalde Florianópolis. O mérito do habeas-corpus será julgado pelo colegiado formado pelos ministros da SextaTurma. O relator é o ministro Nilson Naves.

30/01/2009 - 09h21 Militar de base aérea tem prisão mantida por decisão do presidente do STJ

O presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido da defesa de um militar da base aérea deCampo Grande (MS) para que a sua prisão fosse relaxada. A defesa recorreu da decisão do TJ do Mato Grossodo Sul, que indeferiu outra liminar em habeas-corpus, considerando que há indícios suficientes de sua autoria eprova da existência do crime, requisitos essenciais para a manutenção da sua prisão. No STJ, a defesa domilitar sustentou que ele sofre constrangimento ilegal em razão da manutenção de sua custódia cautelar pordecisão sem fundamentação. Alegou não haver indícios suficientes de autoria e prova da existência do crime,não ter havido reconhecimento pela vítima e estarem ausentes as provas do crime praticado mediante arma defogo e em concurso de pessoas. Assim, pediu o relaxamento da sua prisão. Em sua decisão, o ministro CesarRocha destacou que o STJ, nos termos da Súmula 691 do STF, pacificou a orientação de que não se admitehabeas-corpus contra decisão proferida pelo relator da impetração na instância de origem, excetuados os casosde indeferimento de pedido liminar em decisão inquestionavelmente estranha, despida de qualquerrazoabilidade. Além disso, ressaltou que a análise das alegações postas no pedido demandaria o exameaprofundado dos fatos da causa.

29/01/2009 - 12h16 Mantida condenação de falso engenheiro em São Paulo

Um homem que utilizava título falso de engenheiro civil e, com isso, realizava perícias judiciais teve o pedidode liminar em habeas-corpus negado pelo STJ. Ele foi condenado a dois anos e quatro meses de reclusão ealega nulidade no julgamento e no cálculo da pena. A decisão do presidente do Tribunal, ministro Cesar AsforRocha, manteve a condenação até que as alegações da defesa do falso engenheiro sejam analisadas na QuintaTurma. Para o presidente do STJ, não há qualquer ilegalidade que, numa análise emergencial, justifique aconcessão de liminar. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) manteve, na íntegra, a sentença quecondenou o falso engenheiro. A pena diz respeito somente à utilização do documento falso junto à 2ª VaraFederal de São José dos Campos (SP). A sentença narra que o falso engenheiro atuou como perito judicial emuma ação de usucapião naquela vara, em 1998. Ele teria obtido o registro de engenheiro civil junto aoConselho de Engenharia e Arquitetura e Agronomia do estado (CREAA/SP) mediante a apresentação de umdiploma falso. A denúncia sobre a irregularidade chegou à Justiça Federal a partir de constatação do MinistérioPúblico Federal. O condenado chegou a apresentar na própria vara cópia de um diploma da Universidade doPará, que mais tarde foi comprovado como falso. Há outra ação penal contra ele por uso de documento falso,junto à 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

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29/01/2009 - 10h13

Acusados de descaminho de cigarros no RS têm liminar negada O presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, negou pedido de liminar em habeas-corpus a três presosacusados de integrar uma quadrilha que introduziu ilegalmente no país 50 mil maços de cigarros deprocedência estrangeira. A mercadoria foi avaliada em R$ 75 mil e os tributos sonegados foram estimados emR$ 37,5 mil. Para o ministro, os elementos trazidos pela defesa ao processo não são suficientes parademonstrar a ilegalidade da decisão que arbitrou fiança para a liberação dos presos. O TRF da 4ª Regiãoconcedeu a liberdade aos acusados mediante o pagamento de fiança nos valores de R$ 20 mil e R$ 10 mil,considerando a “grandiosidade da quadrilha desvendada”. Para o TRF4, de nada valeria a fixação de valoresmódicos, já que pouca influência exerceria sobre o comportamento futuro dos acusados. O mérito do pedido dehabeas-corpus ainda será julgado no STJ pela Sexta Turma. A defesa considera o valor das fianças exagerado,pois os acusados não teriam condições financeiras de efetuar o pagamento. A investigação do suposto grupocriminoso teve início em maio de 2008, em Passo Fundo (RS). A PF identificou a existência de estruturacriminosa dividida em duas células especializadas na introdução de cigarros de procedência estrangeira nopaís. As prisões ocorreram em agosto do ano passado.

29/01/2009 - 09h22 Estagiário tenta se livrar da acusação de inserir documento falso em processo

Um estagiário de escritório de advocacia impetrou habeas-corpus com pedido de liminar no STJ para se livrarda acusação de inserir e protocolar documento adulterado em uma petição. Esse crime é tipificado no art. 299do CP. O estagiário alega que não praticou ato ilegal, que é um simples aprendiz e não tem capacidadepostulatória. Além disso, afirmou não ter condições mínimas de analisar qualquer documento enviado aofórum. Ele explicou que sua atribuição diária é pegar os processos em cima das mesas, assinar em conjuntocom o advogado responsável e levar ao fórum competente. Por acreditar que a denúncia poderá prejudicar suacarreira profissional, principalmente em concursos públicos, o estagiário pediu no habeas-corpus que ele figurecomo testemunha na ação penal. Ao analisar o pedido, o presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha,verificou que não existe nos autos informação sobre a interposição de recurso ou habeas-corpus no TJ de SãoPaulo. Com isso, fica configurada a incompetência do STJ para apreciar o caso. Para impedir a supressão deinstância, o ministro Cesar Rocha indeferiu liminarmente pedido, extinguindo o HC no STJ.

29/01/2009 - 08h09 Mantida a prisão de PM acusado de integrar milícia no Rio de Janeiro

O presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, negou liminar em habeas-corpus a um policial militar do RJacusado de homicídio e pagamento de testemunha. O pedido de liberdade apresentado pela defesa do presoestava mal instruído, sem a cópia de documentos essenciais para a sua análise. O mérito do habeas-corpusserá apreciado pela Sexta Turma. O policial é apontado pelo MP estadual como integrante de milícia em favelasdo subúrbio do RJ. Em fevereiro do ano passado, ele teria assassinado a coronhas, pauladas e chutes JoséAlexandre da Silva Eugênio. O motivo seria o fato de a vítima estar concorrendo com o policial na venda dedrogas na região. Baseado em interceptações telefônicas, o MP apurou que o policial ainda teria oferecidodinheiro a uma das testemunhas para que alterasse seu depoimento sobre o crime. A prisão preventiva dopolicial foi decretada no final de 2008, para a garantia da ordem pública e o sucesso da instrução do processo.O policial teria outras anotações por crimes graves, como homicídio, extorsão, porte de arma e formação dequadrilha.

28/01/2009 - 09h35 Negada liminar a acusado de agredir área verde pública em Brasília

O presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, negou liminar para trancar o andamento de uma ação penalna qual um morador do Lago Sul, bairro nobre de Brasília (DF), é acusado de crime contra uma área verdepública. O ministro observou que não estão claras evidências que autorizem, antes da análise do mérito dohabeas-corpus, a interrupção do processo. O morador do Lago Sul foi denunciado pelo MPDFT por crime contraa flora. Ele estaria ocupando 473 m² nos fundos e na lateral de um lote na quadra QL 24. Ocorre que o localseria área verde pública, dentro da área de proteção ambiental (APA) do lago Paranoá, no interior da poligonaldo Parque Ecológico e Vivencial Canjerana e em área de preservação permanente (APP) do córrego Canjerana.Na suposta invasão, o morador manteria estacionamento e circulação de veículos, canil, churrasqueira à beirade uma piscina, casa de máquinas, depósito, área impermeabilizada adjacente ao depósito, casa de bombas,reservatório de onde extrairia água subterrânea sem autorização dos órgãos ambientais. Na denúncia, além docrime ambiental, o MPDFT apontou a ocorrência de invasão de terra pública. A defesa do morador do Lago Sulingressou, então, como habeas-corpus no TJDFT, que determinou o trancamento parcial da ação penal, apenasquanto ao crime de invasão, devendo o processo seguir quanto ao crime ambiental. Inconformada, a defesaprocurou o STJ, alegando que a ação também mereceria ser trancada quanto ao crime contra o meio ambiente.A análise do mérito do pedido será feita pelos ministros da Quinta Turma.

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28/01/2009 - 08h08

Mantida ação penal contra delegado acusado de beneficiar fraudadores da Previdência O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, manteve o andamento da açãopenal em que um delegado da Polícia Federal é acusado de integrar quadrilha que beneficiava fraudadores daPrevidência Social. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro, com outras 23pessoas. Para o ministro Cesar Rocha, não há ilegalidade na decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região(TRF2) que negou habeas-corpus ao delegado. A decisão baseou-se em fatos e provas constantes dos autos,inclusive interceptações telefônicas. A respeito da alegação de incompetência do Tribunal de segunda instânciapara o julgamento da ação, o presidente do STJ afirmou não haver ilegalidade aparente, já que a soma daspenas máximas de todos os crimes de que o delegado é acusado impossibilitaria que se mantivesse o processona competência do Juizado Especial. As investigações da suposta quadrilha iniciaram em maio de 2005, e aoperação que resultou nas prisões foi deflagrada em julho de 2006. De acordo com a denúncia do MPF, umgrupo de policiais federais da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro utilizava os cargos embenefício particular para satisfazer interesses de terceiros em troca de vantagens financeiras. Atuando naDelegacia de Repressão a Crimes Previdenciários, os policiais acusados deixavam de investigar devidamentefatos delituosos. O julgamento do mérito do habeas-corpus do delegado federal ainda caberá à Quinta Turma.

27/01/2009 - 12h11 Policial militar condenado por tortura não consegue alvará de soltura

O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou o pedido da defesa dopolicial militar Manoel de Jesus Caldas Menezes para que ele fosse posto em liberdade até o julgamento darevisão criminal. O policial foi condenado à pena de quatro anos de reclusão em regime fechado, pela práticado delito de tortura. No STJ, a sua defesa sustentou insuficiência de provas para a condenação, uma vez que aúnica testemunha ocular da suposta sessão de tortura, “de maneira inesperada e absolutamente espontânea,compareceu até à delegacia do município de Mocajuba (PA) – segundo informações, movida por umarrependimento em decorrência de ter se convertido ao evangelho e estar muito arrependida de ter mentido –e, diante da autoridade local, declarou, em linhas gerais, que: (...) o que disse em juízo não era verdade, quesó afirmou ter visto a vítima ser torturada por esta ser conhecida sua, haja vista esta morar próximo à suacasa [...]”. Alegou, ainda, que o policial apresenta todas as condições necessárias à substituição da penaprivativa de liberdade por restritiva de direitos. Assim, pediu, liminarmente, a expedição de alvará de solturaaté o julgamento da revisão criminal interposta no Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e, no mérito, que a“condenação seja abolida” ou que a “pena privativa de liberdade venha a ser substituída por restritiva dedireitos”. Segundo o ministro Cesar Rocha, não há, de plano, nenhuma ilegalidade na decisão do Tribunal deJustiça de São Paulo, porquanto a alegação de insuficiência de provas, não obstante a supervenientedeclaração da testemunha, requer o exame aprofundado dos autos do processo. Além disso, o presidente doSTJ considerou incabível, em princípio, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,tendo em vista o emprego de violência na prática do delito de tortura. O ministro solicitou informações ao TJPAe ao juiz de Direito da Vara Criminal de Mocajuba. Após, determinou o encaminhamento do processo aoMinistério Público Federal para elaboração de parecer. O relator do habeas-corpus é o ministro Jorge Mussi, daQuinta Turma do STJ.

27/01/2009 - 11h33 Empresa inadimplente não consegue suspender corte de energia

A Companhia Energética de Pernambuco pode manter suspenso o fornecimento de energia à ICP IndústriaCerâmica de Paudalho Ltda. por inadimplência. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministroCesar Asfor Rocha, negou a medida cautelar em que a empresa pretendia restabelecer o serviço. A empresa decerâmica alegou que precisa da energia para exercer regularmente suas atividades, que geram diversosempregos diretos e indiretos. Argumenta que há apenas um débito, do mês de novembro, que possibilitaria ainterrupção do fornecimento de energia, já que outros débitos estão sendo discutidos judicialmente. A empresapediu o imediato restabelecimento do serviço até o julgamento final da ação, mediante o pagamento da faturade dezembro e dos meses subsequentes. O presidente do STJ considerou não ter sido demonstrada aplausibilidade do direito, o que caracteriza ausência de fumus boni iuris (fumaça do bom direito), requisito paraa concessão da medida cautelar. O ministro Cesar Rocha ressaltou que o STJ já decidiu que o corte nofornecimento de energia elétrica em decorrência de mora não fere o Código de Defesa do Consumidor e épermitido pela Lei n. 8.987/95. Por fim, o ministro Cesar Rocha destacou que, de acordo com os autos, ascobranças são referentes não só a débitos antigos, mas também a débitos recentes, inclusive a todos os mesesde ano de 2008. Para o presidente do STJ, isso evidencia a atitude contumaz da empresa, o que não éaprovado pelo Tribunal Superior.

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27/01/2009 - 10h18

Negada progressão de regime a condenado por crime de abuso sexual infantil Está mantida a decisão que negou progressão de regime prisional a um condenado do Rio Grande do Sul porter abusado sexualmente de uma criança de 10 anos. O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministroCesar Asfor Rocha, indeferiu a liminar, destacando que cabe ao juiz da execução penal o exame dos requisitosobjetivos e subjetivos para que o preso tenha direito à progressão do regime. Após cumprir 1/6 da pena, ocondenado entrou na Justiça, por meio da Defensoria Pública, requerendo a progressão do regime prisional. Ojuiz da Execução Penal negou, afirmando que, apesar de o paciente ostentar bom comportamento carcerário, aavaliação psicológica informa a existência de dificuldades emocionais para lidar com conflitos psíquicos quepossam ter contribuído para a atuação criminosa de abuso infantil, a qual é negada por ele. O Tribunal deJustiça confirmou a decisão do juiz da execução, afirmando que o paciente não preenchia as condiçõessubjetivas favoráveis à progressão requerida, uma vez que o laudo psicológico aponta discurso confuso econtraditório, negação de abuso sexual, pouca crítica, sem modulação afetiva, sem importar-se com o rumo desua vida, sentimentos de perseguição, afirmando que o delito foi inventado por seus inimigos. “Trata-se dequadro psicológico que sugere maior investigação clínica, evidenciando prematuridade na concessão de seubenefício para a progressão de regime, no atual momento”, afirmou. No habeas-corpus com pedido de liminardirigido ao STJ, a Defensoria sustentou que o paciente preenche os requisitos objetivos e subjetivos exigidospela Lei de Execução Penal para a concessão do benefício, quais sejam, o cumprimento de 1/6 da pena econduta satisfatória. O presidente do STJ, ministro Cesar Rocha, negou a liminar. “O exame do habeas-corpusdemanda, em princípio, a análise aprofundada dos elementos de convicção existentes nos autos a respeito dosrequisitos subjetivos do paciente, o que não se admite na via eleita”, afirmou. Ele determinou, ainda, que oTribunal de Justiça e o juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre enviem informações sobre o caso.Em seguida, o processo vai para o Ministério Público, que se manifestará sobre o caso. Posteriormente, retornaao STJ, onde o mérito será julgado pela Quinta Turma. A relatora do caso é a ministra Laurita Vaz.

26/01/2009 - 19h07 STJ suspende decisão que autorizava cooperativa alterar suas linhas de transporte

A Cooperativa de Transportes Alternativos do Recanto das Emas (Cootarde), do Distrito Federal, não vai podercolocar seus veículos em linhas e itinerários mais rentáveis. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ),ministro Cesar Asfor Rocha, acolheu o pedido do Governo do Distrito Federal para que fosse suspensa a liminardeferida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) que permitia a ela o deslocamento da metade desua frota para 25 novas linhas. A cooperativa participou da licitação n. 2/2007 promovida pela Secretaria deTransportes do Distrito Federal com um lote de 40 veículos e venceu. Passados em torno de trinta dias, aCootarde entendeu que os valores arrecadados nas respectivas linhas seriam insuficientes. Assim, impetrou ummandado de segurança alegando privilégios na concessão de linhas de transporte público coletivo urbano. Odesembargador relator do TJDFT, em 16 de janeiro de 2009, deferiu o pedido liminar para permitir odeslocamento da metade da frota da cooperativa para 25 linhas, sendo um veículo para cada itinerário,permanecendo os outros 25 coletivos no atendimento integral das 10 linhas que lhe foram destinadas. No STJ,o Governo do Distrito Federal sustentou a ocorrência de grave lesão à ordem pública, em seu aspectoadministrativo. Destacou que a decisão do tribunal promoveu “verdadeira desorganização administrativa, namedida em que autorizou alteração de rota de veículos destinados ao transporte público coletivo, em manifestoprejuízo do interesse público e da comunidade local”. Argumentou, ainda, que a retirada da metade dosveículos da cooperativa das linhas que lhe foram originalmente concedidas implica a ausência de oferta doserviço aos usuários das regiões atendidas por ela, tudo em flagrante violação do princípio da continuidade doserviço público. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha afirmou estar comprovada a alegação de lesão à ordempública. Segundo ele, a continuidade do serviço público está ameaçada, na medida em que metade da frota deveículos da cooperativa, originalmente determinada para algumas linhas de ônibus, foi alterada pela decisão dodesembargador. “A manutenção da liminar poderá causar prejuízo aos usuários das linhas alteradas, tumulto edesordem, além de risco ao serviço de transporte, configurando-se, portanto, a alegada lesão à ordemadministrativa”, destacou o ministro. De outra parte, o presidente do STJ ressaltou que a decisão do TJDFT, aogarantir itinerários mais rentáveis à cooperativa, não teceu qualquer consideração acerca do seu direito líquidoe certo, que, ao que parece, é questionável.

26/01/2009 - 11h37 Presidente do STJ nega liminar a acusado de sequestro relâmpago em Pernambuco

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido de liminar dadefesa de um taxista acusado de participar do seqüestro relâmpago de três pessoas, incluindo um menor, nacidade de Recife. A defesa recorreu de decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que tambémnegou o pedido. No STJ, a defesa aponta irregularidades no processo, argumentado que a existência de umavítima menor de idade torna o caso de competência da Vara Especializada em Crimes contra a Criança e oAdolescente. Afirma, também, que houve ofensa ao enunciado nº 11 da súmula vinculante do Supremo

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Tribunal Federal (STF), segundo a qual o uso de algemas só é lícito em casos de resistência e de fundadoreceio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia. Assim, a defesa alega que não havianecessidade do uso de tal acessório. Ao examinar e indeferir o pedido de liminar, o ministro Cesar Rochaaplicou o entendimento da súmula 691 do STF, segundo o qual “não compete ao STF julgar habeas-corpuscontra decisão do relator que, em habeas-corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar”. Opresidente do STJ ressalta que a liminar somente é deferida em hipóteses excepcionais de flagrante ilegalidadeou abuso de poder, o que, segundo o ministro, não é o caso. O mérito do habeas-corpus será julgado pelaQuinta Turma. O relator é o ministro Jorge Mussi.

26/01/2009 - 10h28 STJ nega liminar a acusado por tráfico de drogas

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de liberdade provisória de S.B.F, acusado por tráfico dedrogas. A liminar em habeas-corpus foi rejeitada pelo presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha. Nopedido, a defesa sustentou não estarem presentes os requisitos para a prisão. Alegou ainda que, nas instânciasordinárias, a ordem foi concedida a uma co-acusada no processo, nada obstante ostentarem as mesmascondições como primariedade, endereço fixo, atividade laboral. Por essa razão, requereu a extensão dosefeitos do benefício para o acusado. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha destacou que os elementos existentesno habeas-corpus não são suficientes para demonstrar a ilegalidade apontada. Para o ministro, a questão dapossibilidade de extensão dos efeitos da ordem concedida a co-acusado não foi apreciada pelo Tribunalestadual, o que inviabiliza o seu exame no feito, em princípio, sob pena de supressão de instância.

23/01/2009 - 12h25 STJ indefere liminar em habeas-corpus a presidiário flagrado com celular

A posse de celular por preso constitui falta grave e é motivo para punições como a perda dos dias remidos. Adecisão é do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, ao indeferir pedidode liminar em habeas-corpus de um preso que recorreu de decisão do Tribunal de Justiça do Estado de SãoPaulo. O preso Flávio Rodrigues Cândi cumpre uma pena superior a 25 anos por estupro e tráfico ilícito deentorpecentes. Em janeiro de 2007, o réu foi flagrado na posse de um celular e punido. A sua defesa alega queo fato ocorreu ante da publicação da Lei n. 11.454, de março de 2007, que alterou o artigo 50 da Lei deExecução Penal (LEP) e definiu a posse de celular como falta grave. Para a defesa, aplicar a pena desrespeitariao princípio da anterioridade penal, segundo o qual só há um delito se houver lei anterior que o defina. Combase nisso, a defesa pediu que as punições fossem suspensas a fim de que Flávio Rodrigues voltasse à situaçãoprocessual anterior. Na sua decisão, entretanto, o ministro Cesar Rocha considerou que não haveria ameaça dedano grave para o réu, visto que sua pena já é longa. Para o ministro Asfor Rocha, falta um elemento essencialpara a concessão da medida, o periculum in mora (perigo de dano em caso de demora). Com essafundamentação, o ministro negou o pedido de liminar em habeas-corpus.

23/01/2009 - 09h21 Ex-policial militar condenado por tortura de menores continuará preso

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou liminar em habeas-corpus ao ex-policial militar Edicarlos Sena de Almeida, preso e condenado pelo crime de tortura contra trêsadolescentes no estado da Bahia. A jurisprudência do STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF) admite que,nos casos em que a periculosidade do acusado ficou expressa pela maneira como o delito foi praticado, éadmitida a manutenção da prisão baseada na garantia da ordem pública. O réu foi denunciado pelo MinistérioPúblico baiano em 2003, por atear fogo nos jovens, o que resultou em queimaduras graves. À época, o policialainda teria ameaçado de morte as vítimas caso fosse denunciado. Ele acabou condenado em primeiro grau, porcrime de tortura no exercício da profissão, mas apelou. O pedido para responder ao processo em liberdade jáhavia sido negado pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA). O Tribunal estadual levou em conta queo condenado respondeu a um processo por tráfico de drogas e, por isso, teria maus antecedentes. No STJ, adefesa sustenta que o fato de o condenado responder a outros processos não representaria antecedentecriminal, pois em um ele teria sido absolvido e outro ainda não teria transitado em julgado (ainda caberecurso). Além disso, a defesa discorda do cálculo da pena de nove anos e quatro meses imposta pelo juiz, queteria sido agravada em decorrência de um outro processo por tortura movido contra o condenado. Segundo opresidente do STJ, não existe ilegalidade na aplicação da sentença no caso presente. O recurso não poderia serfeito em habeas-corpus, pois exige a revisão aprofundada dos fatos e provas.

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23/01/2009 - 08h10

Suspeito de mandar matar ex-prefeito de Mariana vai continuar preso O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, negou o pedido da defesa doempresário Francisco de Assis Ferreira Carneiro para que a sua prisão preventiva fosse revogada. Carneiro ésuspeito de ser o mentor do crime que culminou no assassinato do ex-prefeito de Mariana (MG) João RamosFilho (PTB). A defesa de Carneiro recorreu contra a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) quemanteve a sua prisão preventiva por considerar que há necessidade de garantir a ordem pública, mesmo sendoo empresário primário e de bons antecedentes. No STJ, sustentou constrangimento ilegal porque não foramexpostas as razões que fundam e mantêm o decreto de prisão preventiva, estando, igualmente, ausentes osrequisitos que a autorizam, conforme previsto no artigo 312 do Código de Processo Penal. Pediu, liminarmente,a expedição do alvará de soltura para que Carneiro possa responder em liberdade aos termos da ação penal e,no mérito, a revogação da prisão preventiva. Ao decidir, o ministro Cesar Rocha destacou que não verificou oconstrangimento ilegal apontado pela defesa de Carneiro, pois os motivos expostos na decisão do TJMGmostram-se, em princípio, suficientes para a manutenção da prisão por ocasião da sentença de pronúncia.Além disso, o presidente do STJ frisou que o habeas-corpus demanda a análise da decisão que decretou aprisão preventiva do empresário, a qual não foi juntada ao processo, uma vez que a sentença de pronúnciaafirmou que “persistem as condições previstas nos artigos 311 e 312 do CPP, que levaram à decretação daprisão preventiva”. “Não há, portanto, prima facie, abuso de poder ou flagrante ilegalidade no acórdãoimpugnado”, afirmou o ministro. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Quinta Turma do STJ. O relatordo processo é o ministro Jorge Mussi.

22/01/2009 - 12h24 STJ mantém decisão que demitiu engenheiro civil por improbidade administrativa

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, indeferiu a liminar emmandado de segurança impetrado por um engenheiro civil lotado no Departamento Nacional de Obras Contraas Secas (DNOC/PE). Assim, fica mantido o ato do ministro de Estado do Controle e da Transparência que odemitiu por improbidade administrativa. No mandado de segurança encaminhado ao STJ, a defesa sustentouarbitrariedade no ato, já que não foram assegurados o contraditório e a ampla defesa ao engenheiro. Alegou,ainda, a falta de motivação da pena aplicada, configurando a ilegalidade desta. A defesa salientou também quenão se vislumbra, nesse caso, um desequilíbrio patrimonial ou moral do ente público, inerente ao desempenhofuncional do engenheiro. Para ela, o enriquecimento ilícito não se presume, haja vista a necessidade de provaro conseqüente empobrecimento da administração pública, sob pena de não se configurar a tipificação do delito.Em sua decisão, o ministro Cesar Rocha destacou que, em juízo de cognição sumária, não se encontramsatisfeitos, concomitantemente, os requisitos autorizadores da medida liminar. Ausente, com efeito, opressuposto da fumaça do bom direito, que depende da análise aprofundada dos fatos e circunstâncias dacausa. Além disso, não se verifica a ocorrência de ilegalidade no parecer da Advocacia-Geral da União, já quenão existe vinculação ao proposto pela comissão disciplinar. O ministro ressaltou, ainda, que o pedido doengenheiro civil confunde-se com o próprio mérito do mandado, razão pela qual, diante da sua naturezasatisfativa, é inviável o acolhimento do pedido.

22/01/2009 - 11h47 Suposto líder de milícia armada tem liminar negada

Ficará a cargo dos ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisar o pedido deliberdade de Natalino José Guimarães. Acusado de ser um dos líderes de uma milícia do Rio de Janeiroconhecida como “Liga da Justiça”, o ex-deputado estadual Natalino José Guimarães (PMDB) foi preso emflagrante e denunciado por quadrilha armada. No habeas-corpus apresentado, a defesa alega não havernecessidade de mantê-lo preso e contesta a sua remoção para o presídio federal de Mato Grosso do Sul, poisisso impede que ele receba assistência familiar, religiosa, médica e jurídica. Entre os argumentos, também estáo de que ele tem direito à prisão especial pelo fato de ser ex-policial civil e ter nível superior. Além disso, ofato de ele ter renunciado ao cargo de deputado estadual obriga que a ação penal corra na primeira instância,e não mais no tribunal estadual. Em dezembro, o relator do habeas-corpus, ministro Napoleão Nunes MaiaFilho, indeferiu liminar a Guimarães. O mérito do pedido será apreciado pela Turma após chegarem asinformações solicitadas pelo ministro à Justiça fluminense e o processo retornar do Ministério Público Federal,aonde vai para que seja redigido parecer. Além do relator, os ministros Felix Fischer, Laurita Vaz, ArnaldoEsteves Lima e Jorge Mussi compõem a Quinta Turma.

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21/01/2009 - 13h50

Acusados por tráfico de drogas têm pedido de liberdade negado O STJ negou pedido de liberdade provisória em favor de J.F da S. e V.N.F. da S, presos em flagrante por tráficode drogas. A liminar em habeas-corpus contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi rejeitadapelo presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha. No habeas-corpus, a defesa sustentou que os denunciadossão primários e que tem bons antecedentes. Alegou, ainda, que eles compraram a droga (395 gramas demaconha) para uso pessoal, já que são usuários há mais de 10 anos. Por fim, argumentaram a ausência dosrequisitos autorizadores da prisão preventiva. Ao indeferir a liminar, o ministro Cesar Rocha destacou que apretensão de desclassificação do delito sob o argumento de que a droga era para uso pessoal dos denunciadosnão é admitida nesta via, pois demanda o exame aprofundado de fatos e provas. Segundo o presidente, não háflagrante ilegalidade na prisão cautelar dos denunciados, já que o habeas-corpus não está instruído com todasas decisões que lhes denegaram a liberdade provisória.

21/01/2009 - 11h27 Denunciado por suposta apropriação indébita previdenciária tem liminar negada

O presidente do STJ negou o pedido de liminar em habeas-corpus em favor de J.O.B.N., denunciado pelasuposta prática de apropriação indébita previdenciária. A defesa requereu a suspensão e posterior trancamentoda ação penal que tramita na 1ª Vara Criminal Federal de Piracicaba (SP). Segundo os autos, na qualidade desócio-gerente e efetivo administrador da Carbus Indústria e Comércio Ltda, o acusado deixou de recolher, noprazo legal, as contribuições sociais descontadas dos salários e décimos terceiros pagos aos empregados noano de 2005. No habeas-corpus contra acórdão do TRF3, a defesa sustentou que as contribuições não foramrepassadas por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa, que tal débito ainda está sendodiscutido administrativamente e que o tributo devido já foi depositado judicialmente, inclusive com a multa de20% prevista em lei. Ao decidir, o presidente do STJ ressaltou que não vislumbra, em sede de liminar, ailegalidade do acórdão impugnado, tendo em vista que a complexidade da questão demanda um exameaprofundado dos documentos trazidos com a impetração. O mérito do habeas-corpus será julgado pela SextaTurma.

21/01/2009 - 10h15 STJ nega liminar a formando impedido de participar da colação de grau

O STJ manteve, até o julgamento do mérito, a decisão do ministro da Educação que proibiu a colação de graude um formando do curso de engenharia química da UFMG por ele não participado do Enade. O mandado desegurança com pedido de liminar foi negado pelo ministro Cesar Asfor Rocha. No mandado de segurança, adefesa sustentou que o estudante não foi formalmente notificado para a realização do exame e que a falta dacertificação pode gerar consequências graves na sua vida profissional. Alegando direito líquido e certo,requereu o afastamento da exigência imposta pelo MEC e a permissão para que o estudante participe dasolenidade de colação de grau. Com base no artigo 7º da Lei n. 1.533/51, o ministro entendeu que, no casoem questão, não se encontram preenchidos os requisitos autorizadores para a concessão da medida liminar.Segundo Cesar Asfor Rocha, o acolhimento do pedido é inviável já que a liminar confunde-se com o mérito daprópria impetração, tratando-se, assim, de tutela cautelar satisfativa. O presidente do STJ solicitouinformações ao MEC e determinou que seja dada vista ao MPF.

21/01/2009 - 08h09 Mantida decisão que demitiu policial federal por abuso de poder

O presidente do STJ indeferiu a liminar em mandado de segurança impetrado por um ex-policial federal. Assim,fica mantido o ato do ministro de Estado da Justiça que o demitiu por abuso da condição de policial. Segundodados do processo, o ex-agente, utilizando-se de sua condição de policial federal, apresentava-se como expertem serviços de segurança física e patrimonial, obtendo contrato para prestar serviços de assessoria desegurança particular. No mandado de segurança encaminhado ao STJ, a defesa sustentou que a legalidade doato demissionário tem que ser apreciada quanto à proporcionalidade da sanção aplicada ao fato apurado,devendo ser exercido pelo controle jurisdicional em mandado de segurança. Referiu-se, ainda, aoreconhecimento pela comissão processante das circunstâncias atenuantes do caso, como os bons antecedentesdo agente e a ausência de prejuízo ao erário, sustentando, assim, a penalidade de suspensão, sugerida pelareferida comissão. A defesa afirmou haver perigo na demora, requisito necessário para a concessão do pedido,já que, em se tratando de penalidade de demissão, a sobrevivência familiar estaria ameaçada. Em sua decisão,o ministro Cesar Rocha destacou que, em juízo de cognição sumária, não se encontram satisfeitos,concomitantemente, os requisitos autorizadores da medida liminar. Ausente, com efeito, o pressuposto dafumaça do bom direito, que depende da análise aprofundada dos fatos e circunstâncias da causa. Além disso,não se verifica a ocorrência de ilegalidade no parecer da AGU, já que não existe vinculação ao proposto pelacomissão disciplinar. O ministro ressaltou, ainda, que o pedido do ex-policial federal confunde-se com o própriomérito do mandado, razão pela qual, diante da sua natureza satisfativa, é inviável o acolhimento do pedido.

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20/01/2009 - 11h24

Negada liberdade a policial militar acusado de homicídio na Bahia Um policial militar do interior da Bahia acusado da morte de um trabalhador rural continuará preso. APresidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de liminar em habeas-corpus apresentadopela defesa do policial. A decisão do mérito caberá à Quinta Turma do Tribunal. A ordem de prisão foideterminada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), que atendeu a recurso do Ministério Público estadual.Anteriormente, o pedido havia sido negado pelo juiz singular. O TJBA entendeu que o policial estaria exercendoinfluência sobre as testemunhas, inclusive intimidando-as. A prisão foi decretada em setembro do ano passado.O crime ocorreu na cidade de Itapebi (BA), em julho de 2006. De acordo com a denúncia apresentada peloMinistério Público, o policial teria abordado a vítima sem motivo aparente e, após ordenar que erguesse osbraços, teria disparado contra seu peito. A defesa do policial alega que ele se defendia de uma agressão davítima, que estaria armada de uma faca. A liminar foi negada pelo ministro Hamilton Carvalhido, no exercícioda Presidência do STJ.

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Informativo n. 0383Período: 9 a 13 de fevereiro de 2009.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das ComissõesPermanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Primeira Seção RECURSO REPETITIVO. NOTIFICAÇÃO. REFIS.Trata-se de recurso repetitivo submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução n. 8/2008 do STJem que a Seção reafirmou a jurisprudência no sentido de que a intimação do ato que exclui o contribuinte doRegime Especial de Consolidação e Parcelamento dos Débitos Fiscais (Refis) pode ser feita por meio depublicação no Diário Oficial ou da Internet. Note-se que esse também é o enunciado da Súm. n. 355-STJ.Explica o Min. Relator que, conforme os arts. 2º e 3º, IV, da Lei n. 9.964/2000 (legislação do Refis), ocontribuinte adere ao regime mediante aceitação plena e irretratável de todas as condições. Há previsão denotificação da exclusão do devedor por meio do Diário Oficial e da Internet (art. 9º, III, da referida lei, c/c art.5º da Resolução n. 20/2001 do Comitê Gestor). Ademais, a Lei n. 9.784/1999, que regula o processoadministrativo na Administração Pública Federal, em seu art. 69, prevê que suas normas somente se aplicamsubsidiariamente nos procedimentos regulados por lei específica, obedecida a máxima de que a lex specialisderrogat lex generalis. Com esse entendimento, a Seção deu provimento ao recurso da Fazenda Nacional.Precedentes citados: REsp 791.310-DF, DJ 6/2/2006; REsp 790.788-DF, DJ 1º/2/2006, e REsp 738.227-DF,DJ 10/10/2005. REsp 1.046.376-DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/2/2009.

Segunda Seção EDCL. TELECOM. AÇÕES. DIFERENÇA.A Seção reiterou o seu entendimento manifestado no leading case REsp 975.834-RS, DJ 26/11/2007, de que“o pagamento resultante da diferença de ações devido em razão do contrato de participação financeiracelebrado entre as partes seja baseado no valor patrimonial da ação (VPA) apurado pelo balancete do mês darespectiva integralização”. Asseverou, ainda, que o termo “aprovação” não tem o sentido que lhe quer dar aparte autora, pois o voto do Relator no recurso acima citado determinou como critério os balancetes dosmeses correspondentes à data da integralização, os quais não se lhes poderia imputar manipulação de dadosou suspeita de maquiagem, seja por serem eles originários de exercícios já longínquos, seja porque, à época,como a CRT fazia parte da administração indireta, estaria ela sujeita a ter seu balanço e balancete submetidosao controle de órgãos fiscalizadores, entre os quais a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o TCE (Tribunalde Contas do Estado do Rio Grande do Sul), com a participação do MP ali oficiante, a CAGE (Controladoria eAuditoria Geral do Estado), a auditoria externa e o seu próprio Conselho Fiscal. Logo não se trata deaprovação formal do balancete, mas apenas de critérios para que os ditos balancetes sirvam como base deapuração do VPA. EDcl no REsp 1.033.241-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgados em 11/2/2009.

COMPETÊNCIA. CONTRATO. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL.A Seção reiterou o seu entendimento e afirmou ser competente a Justiça comum estadual para processar ejulgar as causas que envolvam contratos de representação comercial, mesmo após o início da vigência da ECn. 45/2004. Isso ocorre em razão de, na representação comercial, não haver subordinação, que é um doselementos da relação de emprego. Precedente citado: CC 60.814-MG, DJ 13/10/2006. CC 96.851-SC, Rel.Min. Carlos Fernando Mathias (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 11/2/2009.

Terceira Seção COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.Vê-se a legalidade da Resolução n. 7/2006 do TJDFT, que atribuiu aos juizados especiais criminais (comexceção de determinadas circunscrições) a competência para as causas decorrentes de violência familiar edoméstica contra a mulher. Note-se que não se trata de aplicar a Lei n. 9.099/1995 a esses casos (o que évetado pelo art. 41 da Lei n. 11.340/2006), pois, no art. 2º daquela resolução, está expressamente ressaltadoque os procedimentos instituídos pela Lei n. 9.099/1995 não se confundem com os da Lei 11.340/2006: há oalerta de que eles devem ser aplicados separadamente, conforme seus respectivos ritos. Precedente citado:CC 96.522-MG, DJ 19/12/2008. CC 97.456-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em11/2/2009.

COMPETÊNCIA. LAVAGEM. CAPITAIS.É da competência da Justiça Federal os casos em que as infrações penais referentes à lavagem de capitais sãopraticadas contra o sistema financeiro e ordem econômico-financeira ou em detrimento de bens, serviços ouinteresses da União, suas entidades autárquicas ou empresas públicas, bem como nos casos em que o crime

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antecedente for afeito à competência da Justiça Federal. No caso, não se notam as situações acima descritas,ressaltado que o crime antecedente (de tráfico de drogas que não ostenta internacionalidade) não é dacompetência da Justiça Federal, o que determina reconhecer a competência da Justiça comum estadual.Precedentes citados: CC 43.131-SP, DJ 22/11/2004, e HC 15.068-RJ, DJ 13/8/2001. CC 96.678-MG, Rel. Min.Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/2/2009.

COMPETÊNCIA. CORREIOS. CONDOMÍNIO.Apesar de a discussão pautar-se na obrigação de os Correios entregarem correspondências na porta de cadaum dos moradores (individualmente) ou na portaria do condomínio por eles formado, vê-se que não se está aapontar qualquer prejuízo àquela empresa pública, a indicar lesão a bens, serviços ou interesses da União,pois somente os particulares foram afetados pela retenção das missivas pela administração do condomínio(mais de cem mil). Daí que, no caso, a Justiça comum estadual é a competente para a apuração de eventualcrime de sonegação de correspondência (art. 151, § 1º, I, do CP). CC 95.877-SP, Rel. Min. Maria Thereza deAssis Moura, julgado em 11/2/2009.

COMPETÊNCIA. TRABALHO ESCRAVO.Nos crimes de redução à condição análoga à de escravo e frustração de direito assegurado por lei trabalhista(arts. 149 e 203 do CP), é da Justiça Federal a competência, quando eles se referem a determinado grupo detrabalhadores (art. 109, V-A e VI, da CF/1988; art. 10, VII, da Lei n. 5.010/1966, e Título IV da Parte Especialdo CP). Precedentes citados do STF: RE 398.041-PA, DJ 19/12/2008; RE 508.717-PA, DJ 11/4/2007; RE499.143-PA, DJ 1º/2/2007; do STJ: HC 26.832-TO, DJ 21/2/2005, e HC 18.242-RJ, DJ 25/6/2007. CC 95.707-TO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/2/2009.

COMPETÊNCIA. USO INDEVIDO. BRASÃO. REPÚBLICA.Apreendeu-se em poder do réu uma carteira (expedida por entidade privada) que ostentava o Brasão daRepública, distintivo da Administração Federal, seguido da inscrição “delegado ambiental”, além de uma placautilizada no painel de seu veículo de semelhante teor. Diante disso, é certo afirmar que o crime em questão(art. 296, § 1º, III, do CP, na redação dada pela Lei n. 9.983/2000) tem como bem jurídico tutelado a fépública: busca resguardar o interesse da União consistente na correta identificação de seus agentes. Dessarte,no caso, exurge a competência da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF/1988), sendo desnecessário haver lesãoa bens estatais. CC 85.097-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/2/2009.

COMPETÊNCIA. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.Compete à Justiça comum estadual o processo e julgamento do delito de interceptação telefônica semautorização judicial (art. 10 da Lei n. 9.296/1996), pois não se evidencia ofensa a bens, serviços ou interessesda União, suas autarquias ou empresas públicas, mas sim violação da privacidade do particular. Precedentecitado: CC 40.113-SP, DJ 1º/7/2004. CC 98.890-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em11/2/2009.

COMPETÊNCIA. ESTELIONATO. LIBERAÇÃO. VEÍCULO.O réu foi denunciado pela prática de estelionato, pois, valendo-se de meio fraudulento, induziu a autoridadepolicial estadual a erro, conseguindo, mediante expediente, a liberação de motocicleta antes apreendida porse tratar de instrumento de crime de roubo. Anote-se que, apesar de a motocicleta, ao tempo do crime,encontrar-se em poder daquela autoridade, não há notícia de seu perdimento em favor da União, de suaincorporação ao patrimônio do ente federal. Daí sobressair a competência da Justiça comum estadual, pois aconduta em questão não alcançou a esfera de interesses da União ou mesmo seus bens ou serviços, visto quesomente desfavorecido o particular com a prática do ato tido por criminoso. CC 43.283-SP, Rel. Min. OgFernandes, julgado em 11/2/2009.

Primeira Turma DÉBITO FISCAL. PROFISSIONAL LIBERAL. DEDUÇÕES.A Turma proveu o recurso da Fazenda Nacional, entendendo que a recorrida, profissional liberal, autora daação anulatória do débito fiscal, não faz jus ao postulado regime especial quanto às deduções de despesasrelacionadas à atividade profissional previstas no art. 48, § 1º, b, do RIR/1980, acima de 20% do seurendimento bruto, mormente pela falta de registro da escrituração em livro caixa oficial do total derendimentos e deduções feitas, formalidade não observada pela recorrida. REsp 1.085.810-SP, Rel. Min.Francisco Falcão, julgado em 10/2/2009.

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IMÓVEL. PREFERÊNCIA. LICITAÇÃO. ANULAÇÃO.A Turma negou provimento ao recurso da empresa de engenharia adquirente de imóvel com matrículabloqueada por decisão judicial, em razão de cautelar ajuizada para anular o procedimento licitatório que deudireito de preferência a outros dois co-réus, dos quais a recorrente adquiriu o imóvel sub judice. Irresignada,impetrou MS, na qualidade de terceiro prejudicado, visto que entendia fazer jus ao pretendido direito líquido ecerto da titularidade do imóvel, fundada tão-somente na condição de adquirente de boa-fé, malgrado afetadapor decisão judicial de processo do qual não fez parte. Porém, carente de prova a impetração, pelo fato de queo referido procedimento licitatório no qual os co-réus alienantes do imóvel obtiveram o “direito de preferência”tem possibilidade de ter ferido o princípio da isonomia, razão pela qual é passível de anulação. RMS 28.219-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 10/2/2009.

ICMS. CREDITAMENTO. MERCADORIAS. REFORMA.Descabe o creditamento de ICMS de valores sobre materiais utilizados em obras de construção ou reforma dasede da recorrida, diante das exceções previstas no art. 20, § 1º, da LC n. 87/1996, entre elas a aquisição demercadorias alheias à atividade do estabelecimento, tal como no caso sub judice. Precedentes citados: REsp860.701-MG, DJ 17/5/2007; REsp 1.077.242-MG, DJe 12/2/2009, e REsp 1.051.080-MG, DJe 12/2/2009.REsp 1.062.839-RS, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 10/2/2009.

Segunda Turma IRPJ. CORREÇÃO MONETÁRIA. UFIR. ANO-BASE 1994.A Turma reiterou o entendimento de que o IRPJ ano-base 1994 (fato gerador ocorrido em 31/12/1994) tem oseu vencimento em 31/5/1995, portanto não está abrangido pelo disposto no art. 36 da MP n. 1.004/1994 –que determinou a interrupção da atualização da UFIR tão-somente para o período de 1º/7/1994 a 31/12/1994–, mas se sujeita à regra geral elencada no art. 55, § 1º, dessa mesma MP. Precedentes citados: REsp502.204-RS, DJ 5/9/2005, e REsp 262.698-RS, DJ 7/10/2002. REsp 579.377-RS, Rel. Min. Herman Benjamin,julgado em 10/2/2009.

EXECUÇÃO. LEI N. 11.232/2005. APLICAÇÃO.Trata-se de embargos à execução interpostos antes da entrada em vigor da Lei n. 11.232/2005 e rejeitadospor sentença prolatada em 15/10/2006 e publicada em 20/11/2006, quando já vigia a mencionada lei. ATurma reiterou o entendimento manifestado pela Corte Especial e afirmou que, reconhecida a existência dedúvida objetiva e ausência de erro grosseiro na interposição do agravo em vez de apelação, deve-se aplicar oprincípio da fungibilidade. Assim, cassou o acórdão recorrido e determinou que o Tribunal de origem aprecie oagravo de instrumento. Precedente citado: REsp 1.044.693-MG. REsp 1.033.447-PB, Rel. Min. Eliana Calmon,julgado em 10/2/2009.

Terceira Turma HC. PRISÃO CIVIL. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO.A questão em causa volta-se para a possibilidade de flexibilizar a prisão civil do paciente, para que possa sercumprida em sua residência, diante da necessidade de atendimento médico/fisioterápico de forma contínua.Note-se que, conforme laudos médicos juntados, o paciente foi vítima de acidente vascular cerebral comcomprometimento de sua capacidade de locomoção. É cediço que os resultados de um tratamento fisioterápicoestão diretamente associados à proximidade da lesão e à sua continuidade até a completa recuperação;desnecessário, assim, locubrar-se sobre as consequências negativas que o ora paciente suportaria caso fosseinterrompido o tratamento em decorrência de sua prisão civil. Com esses argumentos, reconhecendo ainviabilidade do tratamento fisioterápico necessário à recuperação do paciente em estabelecimento prisional, aTurma concedeu a ordem. Precedente citado: HC 86.716-SP, DJ 1º/2/2008. HC 114.356-RJ, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 10/2/2009.

GUARDA. MENOR. PAIS. ESTUDO PSICOSSOCIAL.In casu, discute-se a guarda de menor em que litigam os pais da criança e ambos sustentam oferecermelhores condições para exercer a guarda da filha. Conforme estudos psicossociais realizados, evidenciou-seque ambos os pais, efetivamente, reúnem condições de educar a filha. Contudo, dois fatos apresentam-serelevantes para o deferimento da guarda a um deles, quais sejam: mais tempo disponível da genitora paraestar com a menor e maior empatia desta com o companheiro da mãe. Ademais, é consabido que a guardadeverá ser atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidãopara propiciar afeto ao filho (não só no universo genitor-filho como também no do grupo familiar em que estáa criança inserida), saúde, segurança e educação. Dessa forma, se o acórdão recorrido atesta que a mãeoferece melhores condições de exercer a guarda da criança, revelando em sua conduta plenas condições depromover o sustento, a guarda, a educação da menor, bem assim de assegurar a efetivação de seus direitos efacultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social da filha, em condições de liberdade e de

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dignidade, deve a relação materno-filial ser preservada, sem prejuízo da relação paterno-filial, assegurada pormeio do direito de visitas. Com esses fundamentos, entre outros, a Turma negou provimento ao recurso. REsp1.076.834-AC, Rel Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/2/2009.

CONSUMIDOR. ÔNUS PROBATÓRIO. INVERSÃO.Trata-se de recurso especial em que a controvérsia jurídica diz respeito à amplitude do conceito deconsumidor, almejando-se a concessão do benefício da inversão do ônus da prova. A Turma entendeu que, nocaso em questão, não há argumento nem teoria plausíveis para afastar a incidência do sistema garantista doconsumidor à relação jurídica. O recorrente é pessoa natural que presta serviços de transporte e, para tanto,usa o único caminhão, diga-se, arrendado com opção de compra, encontrando-se vinculado ao contrato dearrendamento (meio usual disponível para pessoas que não podem adquirir um caminhão à vista), mas litigacontra uma pessoa jurídica que produz e vende caminhões. Desse modo, a disparidade econômica é evidente,havendo, portanto, nexo de sujeição e, em consequência, vulnerabilidade. Há dependência, ainda, frente àfornecedora, na medida em que o recorrente entende do transporte de coisas, não da mecânica de caminhão.A causa do vício do bem não lhe interessa, senão que o veículo mova-se, porque pagou por ele e conta com oseu perfeito funcionamento. Assim, constatado o vício do produto e a vulnerabilidade do recorrente, há deconcluir-se que este é consumidor e, caracterizada a sua hipossuficiência, pode ser beneficiado pela inversãodo ônus da prova. Precedentes citados: REsp 915.599-SP, DJ 5/9/2008. REsp 1.080.719-MG, Rel. Min. NancyAndrighi, julgado em 10/2/2009.

Quarta Turma CAUTELAR. EXIBIÇÃO. EXTRATOS BANCÁRIOS. TARIFA.Trata-se de ação cautelar de exibição de documentos para obtenção de extratos e contratos relativos anegócios firmados entre o autor e a instituição financeira em que se alega a existência de débitos indevidos –sem autorização – na conta-corrente do autor. O juiz acolheu o pedido inicial, determinando a expedição dosextratos bancários mediante pagamento de tarifa. O autor opôs embargos declaratórios que foram rejeitados,neles o autor apontava contradição na exigência de tarifa bancária as quais a lei não autoriza. O Tribunal aquo também considerou pertinente tal cobrança e negou provimento ao apelo. Para o Min. Relator,incontroverso que o autor é correntista do banco réu, assim, há relação de consumo, logo o fornecedor deveinformar plenamente o consumidor acerca dos serviços prestados (arts. 6º, III, 20, 31, 35 e 54, § 5º, doCDC). Ademais, a exibição judicial de documentos em ação cautelar não se confunde com a segunda emissãode extratos bancários, não cabendo cobrança de qualquer tarifa. Diante do exposto, a Turma deu provimentoao recurso para determinar a exibição dos documentos requeridos na petição inicial no prazo de cinco dias,afastada a cobrança de tarifa pela emissão dos extratos bancários. Precedentes citados: REsp 330.261-SC, DJ8/4/2002, e REsp 653.895-PR, DJ 5/6/2006. REsp 356.198-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em10/2/2009.

FIANÇA. EXONERAÇÃO.Discute-se, nos autos, se a fiança prestada pelo autor a sua filha em contrato de abertura de crédito emconta-corrente pode ir além do prazo de validade previsto no contrato celebrado entre as partes, ou seja, 90dias, uma vez que existe cláusula contratual de prorrogação automática. Nas instâncias ordinárias,considerou-se não ser possível admitir a responsabilidade do fiador em contratos dessa natureza, mesmoquando existe cláusula de prorrogação automática. Para o Min. Relator, essa decisão não merece reforma,pois, embora o contrato de abertura de crédito em conta-corrente seja de natureza contínua, com adisponibilização permanente de uma determinada quantia ao titular com base em sua relação com o banco,histórico como cliente e saldo médio, não se pode considerar que essa garantia adicional da fiança, dadaoriginalmente, perpetue-se além do lapso temporal inicialmente estabelecido. Observa ainda que o art. 1.483do CC/1916, além de exigir a forma escrita da fiança, veda sua interpretação extensiva por cuidar de umagarantia que não está, a princípio, trazendo qualquer benefício ao garante. Essa formalidade diz respeito àregra limitativa de interpretação, a plena ciência e consciência do fiador, logo não se pode onerar o garantealém do que ele expressamente assinou e conhece. Diante do exposto, a Turma não conheceu do recurso dobanco. Precedentes citados: REsp 15.963-MS, DJ 26/10/1992; REsp 522.324-SP, DJ 4/10/2004; REsp594.178-SP, DJ 19/4/2004, e REsp 322.026-SP, DJ 6/5/2002. REsp 594.502-RS, Rel. Min. Aldir PassarinhoJunior, julgado em 10/9/2008.

FACTORING. LIMITAÇÃO. TAXA. JUROS.Em ação revisional de contrato de factoring, a apelação não pleiteou a descaracterização do contrato, limitou-se ao inconformismo quanto aos juros remuneratórios. Diante disso, o Min. Relator considerou que ojulgamento do Tribunal a quo quanto à descaracterização do contrato foi extra petita, sendo vedada a análisede ofício pelo órgão julgador de questão patrimonial. Quanto aos juros remuneratórios, observou, citando ajurisprudência do STJ e doutrina, que, como a factoring não integra o Sistema Financeiro Nacional, a taxa de

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juros obedece à limitação de 12% ao ano prevista no Dec. n. 22.626/1933, não se incluindo na exceçãoprevista na moderna regra da Lei de Usura (ex vi MP n. 2.172/2001 e MP 1.820/1999, arts. 1º e 4º).Ressaltou ainda que, embora as factoring desempenhem algumas atividades também desenvolvidas pelasinstituições financeiras, delas se distinguiram, pois não há operação de risco, nem para seu funcionamentoexige-se autorização do Banco Central. Com essas considerações, a Turma deu provimento ao recurso apenaspara excluir o tema enfrentado de ofício e reconhecer a natureza do contrato como factoring. Precedentescitados: REsp 330.845-RS, DJ 15/9/2003; REsp 489.658-RS, DJ 13/6/2005, e REsp 623.691-RS, DJ28/11/2005. REsp 1.048.341-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 10/2/2009.

CORRETORA. SEGURO. SOLIDARIEDADE.Trata-se de ação indenizatória proposta por beneficiários de seguro de vida por não terem recebido o valoracordado sob a alegação de doença preexistente do falecido. Na contestação, a ré, instituição financeiracorretora, alegou contrato de representação e denunciou à lide a companhia seguradora para garantir direitode regresso. A sentença julgou extinto o feito sem resolução de mérito, por ilegitimidade passiva, asseverandoque a ré participou do negócio jurídico apenas como estipulante e, formalizado o contrato, extinguiu-se suaobrigação. Assim, não pode assumir a responsabilidade pelo descumprimento do contrato de seguro de vida.Porém, o Tribunal a quo proveu o apelo dos beneficiários, anulou a sentença e determinou o retorno dos autospara o julgamento de mérito, reconhecendo, com base no CDC, a solidariedade da ré com a seguradora, umavez que falha a prestação de serviço, por não fornecer ao consumidor as informações necessárias, levando-o aacreditar que estava contratando a instituição financeira. Inconformada, a ré interpôs recurso especial. Para oMin. Relator, como se cuida de prestação de serviço, a atividade da ré corretora está sujeita ao CDC (arts. 6º,III, 20, 31, 35 e 54, § 5º), consequentemente, há necessidade de transparência, clareza e dever de prestartodas as informações. Outrossim, após o Tribunal a quo ter reconhecido a solidariedade entre a corretora e aseguradora, rejeitando a denunciação à lide, não pode a ré agora no REsp chamar ao processo a co-devedora(seguradora), pois seria inovação à lide. Tal pedido deveria ser formulado na contestação (art. 78 do CPC).Afirma que, por essa razão, a pretensão do chamamento ao processo não ultrapassou a barreira doconhecimento, além de que quanto à conclusão do Tribunal de origem, reconhecendo falha na prestação deserviço e responsabilidade da corretora, incidem as Súmulas ns. 5 e 7 do STJ. Diante disso, a Turma nãoconheceu do recurso. Precedente citado: REsp 937.780-RJ, DJ 18/11/2008. REsp 254.427-SE, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, julgado em 10/2/2009.

DANO MORAL. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO. RESULTADO.Em ação indenizatória por fracasso de procedimento plástico-cirúrgico (abdominoplastia e mamoplastia comresultado de cicatrizes, necrose e deformação), o Tribunal a quo reformou a sentença, condenando o médico apagar todas as despesas despendidas com sucessivos tratamentos médicos e verbas honorárias, devendo oquantum ser apurado em sede de liquidação, além do pagamento de indenização por dano moral, em razão daobrigação de resultado. Entendeu aquele Tribunal que o cirurgião plástico responde pelo insucesso da cirurgiadiante da ausência de informação de que seria impossível a obtenção do resultado desejado. Isso posto, oMin. Relator destaca que, no REsp, a controvérsia restringe-se exclusivamente em saber se é presumida aculpa do cirurgião pelos resultados inversos aos esperados. Explica que a obrigação assumida pelos médicosnormalmente é obrigação de meio, no entanto, em caso da cirurgia plástica meramente estética, é obrigaçãode resultado, o que encontra respaldo na doutrina, embora alguns doutrinadores defendam que seriaobrigação de meio. Mas a jurisprudência deste Superior Tribunal posiciona-se no sentido de que a naturezajurídica da relação estabelecida entre médico e paciente nas cirurgias plásticas meramente estéticas é deobrigação de resultado, e não de meio. Observa que, nas obrigações de meio, incumbe à vítima demonstrar odano e provar que ocorreu por culpa do médico e, nas obrigações de resultado, basta que a vítima demonstre,como fez a autora nos autos, o dano, ou seja, demonstrou que o médico não obteve o resultado prometido econtratado para que a culpa presuma-se, daí a inversão da prova. A obrigação de resultado não priva aomédico a possibilidade de demonstrar, por meio de provas admissíveis, que o efeito danoso ocorreu, como,por exemplo: força maior, caso fortuito, ou mesmo culpa exclusiva da vítima. Concluiu que, no caso dos autos,o dano está configurado e o recorrente não conseguiu desvencilhar-se da culpa presumida. Diante do exposto,a Turma negou provimento ao recurso do cirurgião. Precedentes citados: REsp 326.014-RJ, DJ 29/10/2001;REsp 81.101-PR, DJ 31/5/1999, e REsp 10.536-RJ, DJ 19/8/1991. REsp 236.708-MG, Rel. Min. CarlosFernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1ª Região), julgado em 10/2/2009.

COMPRA E VENDA. REINTEGRAÇÃO. POSSE.Em ação com objetivo de rescindir contrato de compra e venda de dois imóveis (fazendas) porinadimplemento, alega o recorrente, entre outros argumentos, a incompetência absoluta do foro eleito paraprocessar a causa porque o foro da causa seria o da situação da coisa (art. 95 do CPC). Preliminarmente, oMin. Relator considerou como válida a autenticação bancária do porte e remessa diante da seguintepeculiaridade: o banco deixou de autenticar uma das vias. Explica ainda que, conforme assentado no Tribunal

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de origem e de acordo com a jurisprudência deste Superior Tribunal, a ação que objetiva resolução de comprae venda firmada pelos litigantes tem caráter pessoal, sendo competente, quando houver, o foro de eleição.Entretanto, a reintegração da posse deve ser compreendida apenas como um dos efeitos do provimento dademanda principal, não tendo incidência o art. 95 do CPC. Outrossim, não há cerceamento de defesa pelojulgamento antecipado da lide quando o próprio recorrente postulou, sem ressalva, a providência. Nem háviolação do pacto comissório por processo executivo que envolve as mesmas partes, mas não guarda relaçãocom o contrato que se pretende resolver. Ademais, o REsp deixou de indicar o art. 765 do CC/1916 quanto ànulidade do pacto comissório, incidindo a Súm. n. 284-STF. Por fim, a pretensão de reembolso das prestaçõespagas por violação do art. 53 do CDC não pode ser reconhecida (Súm. n. 182-STJ). Diante do exposto, aTurma não conheceu o recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 537.721-GO, DJ 20/9/2004; REsp 338.023-MS, DJ 27/5/2002; REsp 404.762-SP, DJ 24/4/2002; REsp 967.826-RN, DJ 22/11/2007, e REsp 19.992-SP, DJ17/4/1995. REsp 332.802-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/2/2009.

Quinta Turma CONCURSO. FORMAÇÃO. DECISÃO JUDICIAL.Por força de decisão judicial precária, o candidato obteve êxito na academia de polícia, logrando a 131ªposição ao término do curso de formação. Mas a Turma negou provimento ao agravo por entender que ateoria do fato consumado não se aplica às hipóteses nas quais a participação do candidato no certame ocorreapenas por força de decisão judicial precária. Não há como aplicar o disposto no art. 7º da Lei n. 4.878/1965,o qual determina que a ordem das nomeações observe a sequência classificatória obtida no curso de formaçãoprofissional, tendo em vista que o presente caso não se subsume à mencionada teoria, de modo a reconhecero direito à nomeação de candidato aprovado sub judice. Dessa forma, não viola o direito individual decandidato o cumprimento de ordem judicial, porquanto inexistente ato espontâneo da Administração.Precedentes citados: RMS 24.223-CE, DJ 7/2/2008; RMS 20.480-DF, DJ 1º/8/2006; MS 8.497-DF, DJ22/3/2004; RMS 25.854-RJ, DJ 23/6/2008; REsp 723.993-DF, DJ 6/6/2005, e AgRg na MC 7.664-PI, DJ21/6/2004. AgRg no Ag 1.070.142-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 10/2/2009.

LOCAÇÃO. FIADOR. EXECUÇÃO. CITAÇÃO. CÔNJUGE.A recorrente alega a nulidade da arrematação, uma vez que o imóvel penhorado não teve seu valordevidamente atualizado, que foi arrematado por preço vil e, também, porque não foi citada para compor opolo passivo, visto que, também, é fiadora do contrato de locação juntamente com seu marido. Isso posto, aTurma, por maioria, conheceu do recurso e lhe negou provimento ao argumento de que a intimação pessoalda realização da hasta pública é necessária apenas em relação ao devedor executado, sendo desnecessário emrelação ao seu cônjuge (art. 687, § 5º, do CPC). Tendo a recorrente e seu marido sido regularmente citadosna ação de execução, restou completamente atendida a exigência do art. 10, § 1º, do CPC. É irrelevante o fatode a recorrente também constar como fiadora no contrato de locação que serviu de título executivoconjuntamente com seu marido, tendo em vista que a possibilidade de escolha de um dos devedores solidáriosafasta a figura do litisconsórcio compulsório ou necessário por notória antinomia ontológica, porquanto o que éfacultativo não é obrigatório. Uma vez que o juiz, expressamente, afastou, na sentença, a alegação dearrematação do imóvel por preço vil, não há falar em ofensa ao art. 267, § 3º, do CPC. Precedente citado:REsp 763.605-MG, DJ 7/8/2006. REsp 900.580-GO, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 10/2/2009.

MAGISTRADOS. FÉRIAS. CONVERSÃO. PECÚNIA.A Turma conheceu parcialmente do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento ao entendimento de que,não havendo previsão na Loman da possibilidade de conversão das férias não-gozadas em pecúnia, não épossível sua concessão aos magistrados, por não estar prevista a mencionada vantagem no rol exaustivo doart. 65 da LC n. 35/1979. Precedentes citados do STF: AO-AgR 820-MG, DJ 6/11/2006; AO 1.384-SC, DJ21/6/2006; AO 1.059-GO, DJ 19/4/2006; do STJ: REsp 601.578-RN, DJ 13/6/2005; REsp 302.060-RN, DJ2/8/2004, e REsp 576.278-PB, DJ 7/6/2004. REsp 791.659-CE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 10/2/2009.

PENSÃO VITALÍCIA. SERINGUEIRO.O TJ condenou a autarquia ao pagamento retroativo das parcelas de pensão vitalícia percebida pelo recorrido,desde a vigência da Lei n. 7.986/1989, em razão de sua condição de seringueiro na Amazônia, durante aSegunda Guerra Mundial. Sustenta o recorrente que o benefício somente é devido a partir da data de seurequerimento administrativo. Diante disso, a Turma deu provimento ao recurso por entender que o art. 54 doADCT concedeu pensão mensal vitalícia no valor de dois salários mínimos aos seringueiros que, durante aSegunda Guerra Mundial, contribuíram para o esforço de guerra, trabalhando na produção de borracha naregião amazônica. In casu, o autor requereu administrativamente o benefício, obteve seu deferimento erecebeu o montante relativo aos valores compreendidos entre a data do requerimento e a da respectivaconcessão. Quanto ao aspecto social da questão e em estrita observância ao princípio da legalidade, não háfalar em percepção de valores anteriores ao requerimento administrativo, uma vez que o INSS agiu conforme

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os ditames do art. 5º, parágrafo único, da Lei n. 7.986/1989. Precedente citado: REsp 779.740-PA, DJ8/11/2005. REsp 801.172-PA, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 10/2/2009.

Sexta Turma JÚRI. INOVAÇÃO. TRÉPLICA.A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que, no âmbito do Júri, é possível a inovação detese defensiva (no caso, de inexigibilidade de conduta diversa) quando da tréplica, visto que essa instituiçãovem pautada, sobremaneira, pela plenitude de defesa (art. 5º, XXXVIII, a, e LV, da CF/1988). O voto vencidorepudiava a inovação ao fundamento de violação do princípio do contraditório. Precedente citado: REsp 5.329-GO, DJ 26/10/2002; HC 42.914-RS, DJ 19/4/2005, e HC 44.165-RS, DJ 23/4/2007. HC 61.615-MS, Rel.originário Min. Hamilton Carvalhido, Rel. para acórdão Min. Nilson Naves, julgado em 10/2/2009.

SERVIDOR. SUBSTITUIÇÃO. REMUNERAÇÃO.A Constituição do estado-membro em questão é expressa quanto a dispor ser devida ao servidor designadopela Administração para exercer expediente diverso do seu a mesma remuneração percebida pelo titular dafunção. Para tanto, mostra-se desnecessário perquirir sobre o equívoco da designação frente à falta devacância da função, anotado que o funcionário, efetivamente, realizou labor de grau mais elevado e diverso doseu. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso. Precedentescitados: AgRg no REsp 541.388-SC, DJ 9/10/2006, e AgRg no REsp 396.704-RS, DJ 1º/8/2005. RMS 10.139-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/2/2009.

EDCL. MP. IMPOSIÇÃO. PENA RESTRITIVA. DIREITOS.Não caracteriza reformatio in pejus o fato de o Tribunal a quo, em sede de embargos de declaração propostospelo MP para aclarar o julgado que proveu sua apelação, cominar mais uma pena restritiva de direitos aopaciente. O que se fez foi o reconhecimento do lapso de não impor a segunda pena restritiva de direito oumulta, tal como prescreve o art. 44, § 2º, do CP. HC 100.203-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,julgado em 10/2/2009.

CRIME. EXPLOSÃO. FOGOS. ARTIFÍCIO.O crime de explosão (de perigo comum), tal como descrito no art. 251 do CP, exige, como circunstânciaelementar, a comprovação de que a conduta perpetrada causou efetivamente afronta às vidas e integridadefísica das pessoas, ou mesmo concreto dano ao patrimônio de outrem. Daí que o arremesso de fogos deartifício em local ocasionalmente desabitado (no caso, a bilheteria de um cinema), que sequer causou danosao ambiente, não pode denotar o crime de explosão. Poderia, no máximo, mostrar-se como a contravençãopenal do art. 28, parágrafo único, do DL n. 3.688/1941, a qual já foi alcançada pela prescrição. Assim, aordem deve ser concedida para trancar a ação penal. HC 104.952-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,julgado em 10/2/2009.

PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. FURTO. DVDS.A denúncia descreve a tentativa de furto de dois discos (DVDs), mas a sentença condenatória alertava para arecorrência do réu na prática desses pequenos furtos, além de sua má conduta social e reprovávelpersonalidade. Diante disso, o Min. Nilson Naves entendeu acolher a incidência do princípio da insignificância,pois sempre o aplica sem as amarras de ordem dogmática, propondo-se a não se prender ao fato de não setratar da primeira vez. Firmou que, não obstante a reincidência, a habitualidade ou os maus antecedentes,ainda valeria aplicar o princípio à hipótese. Esse entendimento também foi acolhido pela Min. Maria Thereza deAssis Moura, porém a Turma, por maioria, entendeu negar a ordem de habeas corpus. HC 120.286-MG, Rel.originário Min. Nilson Naves, Rel. para acórdão Min. Paulo Gallotti, julgado em 10/2/2009.

PRESCRIÇÃO. CONCURSO MATERIAL. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA.O paciente foi condenado, em concurso material, pelo crime de receptação simples (visto o entendimento dojuízo de que seria inconstitucional o tipo da receptação qualificada), bem como pelo crime de quadrilha.Inconformada, a defesa recorreu e o MP, por sua vez, buscou o reconhecimento não da forma simples dereceptação, mas da qualificada, no que foi atendido pelo acórdão do Tribunal a quo. Nesta sede, a Min.Relatora originária considerou prescrito o crime de quadrilha, visto que, quanto a esse crime, o MP nãorecorreu, não havendo modificação da respectiva condenação pelo Tribunal a quo, o que levaria a firmar omarco prescricional na sentença condenatória. Dentre outros temas, aquela Ministra também se filiou aoentendimento da inconstitucionalidade da referida forma qualificada. Sucede que, ao prosseguir-se ojulgamento, a Min. Maria Thereza de Assis Moura, acompanhada pelos demais integrantes da Turma, entendeuincidente o disposto no art. 117, § 1º, segunda parte, do CP, pois a relação processual seria indivisível e una aponto de a reclassificação do crime de receptação pelo Tribunal a quo atrair a designação do marcointerruptivo da prescrição dos dois crimes. Divergiu, também, no tocante à inconstitucionalidade da

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receptação qualificada, pois ainda não foi consagrada no âmbito do STF, só existindo decisões monocráticas arespeito, além de a Sexta Turma ter julgado em sentido oposto. Salientou que lhe basta considerar areceptação qualificada, mas com a pena do caput do art. 180 do CP, para não se ver quebrado o princípio daproporcionalidade na cominação penal. Precedentes citados: HC 49.444-RJ, DJ 13/8/2007, e HC 28.493-SP, DJ6/2/2006. HC 118.813-SC, Rel. originária Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), Rel. paraacórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/2/2009.

PRISÃO PREVENTIVA. DÚVIDA. IDENTIDADE. PACIENTE.Diante da dúvida quanto à identidade do paciente (nos moldes do art. 313, II, do CPP), havendo indícios deque utiliza vários CPFs e identidades, não há constrangimento ilegal na decretação de sua prisão preventivalastreada na necessidade da conclusão da investigação e do desenvolvimento da instrução criminal. HC103.523-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/2/2009.

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Informativo n. 0382Período: 2 a 6 de fevereiro de 2009.

As notas aqui divulgadas foram colhidas nas sessões de julgamento e elaboradas pela Assessoria das ComissõesPermanentes de Ministros, não consistindo em repositórios oficiais da jurisprudência deste Tribunal.

Corte Especial PRAZO. EMBARGOS. EXECUÇÃO. INTIMAÇÃO. DEPÓSITO.Prosseguindo o julgamento, a Corte Especial proveu os EREsp no sentido de que, efetuado o depósito emgarantia, a contagem do prazo para os embargos à execução começa a fluir a contar da data de intimaçãopessoal do devedor (art. 16, II, da LEF). Precedentes citados: REsp 5.859-SP, DJ 9/5/1994; REsp 17.585-MG,DJ 20/9/1993, e EREsp 767.505-RJ, DJe 29/9/2008. EREsp 1.062.537-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgadosem 2/2/2009.

COMPETÊNCIA INTERNA. CONCESSIONÁRIA.Trata-se de conflito interno de competência em que são partes as Primeira e Terceira Turmas deste SuperiorTribunal, as quais se declararam incompetentes para julgar o REsp interposto por concessionária de telefoniacontra o acórdão de TJ que proveu o recurso de assinante que pretende receber da concessionária listatelefônica. O Tribunal de origem decidiu a lide com base nos arts. 1º e incisos e 2º da Res. n. 66/1998 daAnatel, que regulamentou a aplicação do art. 213 da Lei n. 9.472/1997. O Min. Relator do REsp do qual seoriginou o conflito, na Primeira Turma, declinou de sua competência para uma das Turmas que compõem aSegunda Seção, ao fundamento de tratar-se de obrigação de fazer exigida por particular contra aconcessionária. Por outro lado, após a redistribuição, o novo Min. Relator submeteu questão de ordem àTerceira Turma, que suscitou o conflito, entendendo que a hipótese trata, exclusivamente, de DireitoAdministrativo – quais são as obrigações da concessionária perante o poder concedente – tanto que o REsp dizviolado o art. 213, § 2º, da Lei n. 9.472/1997. Para o Min. Relator do conflito de competência, discute-se arelação de obrigatoriedade no fornecimento gratuito de listas telefônicas impressas pelas concessionáriastelefônicas, bem como do serviço “102 on line” pela internet. Diante disso, concluiu o Min. Relator cuidar-se dematéria própria da competência da Primeira Seção (Direito Administrativo) nos termos do disposto no art. 9º,§ 1º, XI, do RISTJ. Isso posto, a Corte Especial, por maioria, conheceu do conflito e declarou competente aPrimeira Seção. O Min. Luiz Fux (vencido) entendia não ser a Primeira Seção a competente para julgar amatéria, uma vez que se trata de obrigações de fazer exigidas judicialmente por um particular contra aconcessionária e a Anatel não é parte no feito. Ressaltou, ainda, tratar-se de um contrato particular, atéeventualmente submetido ao CDC. Há determinadas relações jurídicas que são dirimidas por legislação editadapela União, como questões solucionadas à luz dos Códigos Civil, Tributário e Comercial e de leis federais.Assim, nessa linha de entendimento, o fato de a normatização ser de Direito Público ou Privado não influi nacompetência, mas, sim, influi na relação jurídica de direito material. Para o Min. Luiz Fux, o caso é de umparticular exigindo o dever de uma concessionária que tem a obrigação de fazer, podendo ser regulada peloCDC, pelo Código Civil ou por aquela resolução da Anatel. CC 100.504-RJ, Rel. Min. Hamilton Carvalhido,julgado em 4/2/2009.

Primeira Turma HC. DEPOSITÁRIO INFIEL. PRISÃO.A prisão civil do depositário judicial infiel não encontra guarida no ordenamento jurídico (art. 5º, LXVII, daCF/1988), em quaisquer de suas modalidades, quais sejam, a legal e a contratual. Ela configuraconstrangimento ilegal, máxime quando há manifestação da Corte Suprema em vedar a sua decretação. Apósa ratificação pelo Brasil, sem qualquer reserva, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) eda Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), art. 7º, § 7º, ambos doano de 1992, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel. Isso porque o caráter especialdesses diplomas internacionais sobre direitos humanos reserva-lhes lugar específico no ordenamento jurídico,estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja elaanterior ou posterior ao ato de ratificação. Assim, ocorreu com o art. 1.287 do CC/1916 e com o DL n.911/1969, tal como em relação ao art. 652 do CC/2002. A CF/1988, de índole pós-positivista e fundamento detodo o ordenamento jurídico, expressa como vontade popular que a República Federativa do Brasil, formadapela união indissolúvel dos estados, municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático dedireito e tem como um dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana como instrumento realizador deseu ideário de construção de uma sociedade justa e solidária. Por sua vez, o STF, realizando interpretaçãosistemática dos direitos humanos fundamentais, promoveu considerável mudança acerca do tema em foco,assegurando os valores supremos do texto magno. Ademais, o Pleno do STF retomou o julgamento do RE

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466.343-SP, DJ 12/12/2008, concluindo, desse modo, pela inconstitucionalidade da prisão civil do depositárioinfiel. Diante disso, a Turma deu provimento ao recurso. RHC 19.406-MG, Rel. originário Min. José Delgado,Rel. para acórdão Min. Luiz Fux (RISTJ, art. 52, IV, b), julgado em 5/2/2009.

ISS. EXECUÇÃO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE.As recorrentes interpuseram agravo de instrumento contra decisão proferida em execução fiscal contraempresa de arrendamento mercantil determinando a inclusão do banco no feito. O banco agravante pleiteou asua exclusão da lide, haja vista a ausência de solidariedade entre ele e a empresa do mesmo grupoeconômico, na forma do art. 124, I, do CTN, por não ser, in casu, o prestador do serviço, conforme a definiçãodo art. 10 do DL n. 406/1968. Esclareceu o Min. Relator que, em matéria tributária, a presunção desolidariedade opera inversamente àquela do Direito Civil: sempre que, numa mesma relação jurídica, houverduas ou mais pessoas caracterizadas como contribuinte, cada uma delas estará obrigada pelo pagamentointegral da dívida, perfazendo-se o instituto da solidariedade passiva. A LC n. 116/2003 define o sujeitopassivo da regra-matriz de incidência tributária do ISS. Nesse segmento, conquanto a expressão "interessecomum" encarte um conceito indeterminado, é mister proceder-se a uma interpretação sistemática dasnormas tributárias de modo a alcançar a ratio essendi do referido dispositivo legal. Nesse diapasão, ointeresse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoassolidariamente obrigadas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato imponível. Issoporque feriria a lógica jurídico-tributária a integração, no polo passivo da relação jurídica, de alguém que nãotenha tido qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação. Destarte, a situação queevidencia a solidariedade, no condizente ao ISS, é a existência de duas ou mais pessoas na condição deprestadoras de apenas um único serviço para o mesmo tomador, integrando, desse modo, o pólo passivo darelação. Forçoso concluir, portanto, que o interesse qualificado pela lei não há de ser o interesse econômicono resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas o interessejurídico, vinculado à atuação comum ou conjunta da situação que constitui o fato imponível. In casu, verifica-se que o banco não integra o pólo passivo da execução tão-somente pela presunção de solidariedadedecorrente do fato de pertencer ao mesmo grupo econômico da empresa de arrendamento mercantil.Portanto, há que se considerar, necessariamente, que são pessoas jurídicas distintas e que o referido banconão ostenta a condição de contribuinte, uma vez que a prestação de serviço decorrente de operações deleasing deu-se entre o tomador e a empresa arrendadora. Diante disso, a Turma deu provimento ao recursopara excluir o banco do pólo passivo da execução. Precedente citado: REsp 834.044-RS, DJe 15/12/2008.REsp 884.845-SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/2/2009.

Segunda Turma IOF. DRAWBACK. DECADÊNCIA.A Turma entendeu que, constituído o crédito tributário, o marco inicial da decadência define-se pela regra doart. 173, I, do CTN. No caso, alega-se negativa de vigência da citada norma, pois erroneamente fixado otermo inicial da decadência (ocorrência do fato gerador) do IOF no vencimento do regime aduaneiro dedrawback. Ademais, questiona-se a eficácia desse regime sobre o prazo de constituição do crédito de IOF,resultante de contrato de câmbio entre importador e instituição financeira. Contudo, o referido regimeaduaneiro somente causa a suspensão do exercício do crédito tributário durante o prazo fixado no acordo,mantidas as condições do benefício. Não lançado o IOF, que não compõe o termo de compromisso, caberia aoFisco tê-lo lançado com base na data da ocorrência do fato gerador (art. 63, II, do CTN). Assim sendo, no casosub judice, operou-se a decadência porquanto o IOF, com efeito, não foi objeto do citado termo decompromisso, inexistindo a sua constituição no ato da importação. Precedentes citados: REsp 658.404-RJ, DJ1º/2/2006, e REsp 736.040-RS, DJ 11/6/2007. REsp 1.006.535-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 3/2/2009.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SANÇÕES. PRESCRIÇÃO.Em ação de improbidade administrativa cumulada com o pedido de ressarcimento de danos, a Turma deuprovimento ao recurso do MP. Preliminarmente, em relação ao documento novo constituído de acórdão doTribunal de Contas estadual, arquivando processo administrativo de tomada de conta especial, considerou-sea incidência do art. 21, II, da Lei n. 8.429/1992 – em que se aplicam as sanções ali previstas por ato deimprobidade administrativa independentemente da aprovação ou rejeição das contas por aquele órgão decontrole. No mérito, reconheceu a legalidade do pedido de ressarcimento de danos por ato de improbidadecumulado com o pedido das demais sanções do art. 12 da citada lei, bem como considerou que a prescriçãoquinquenal atinge os ilícitos administrativos dos agentes públicos, abrangidos o servidor público e o particular,os quais lhes deram causa (nos termos do art. 23 da mesma lei); entretanto, a ação de ressarcimento dosprejuízos causados ao erário é imprescritível, conforme estabelecido no art. 37, § 5º, da CF/1988. Ademaisnão há óbice para o ressarcimento dos danos ao erário na ação de improbidade administrativa. Precedentescitados do STF: MS 26.210-DF, DJ 10/10/2008; do STJ: REsp 199.478-MG, DJ 8/5/2000; REsp 434.661-MS, DJ 25/8/2003,e REsp 1.069.779-SP, DJ 18/9/2008. REsp 1.067.561-AM, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 5/2/2009.

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CONCURSO. ANULAÇÃO. QUESTÕES. PROVA.A Turma negou provimento ao recurso em que, na origem, o MS fora impetrado contra ato da comissãoexaminadora do concurso público para ingresso nos serviços de tabelionato e de registro, devido aoprocedimento administrativo que deixou de anular questões do concurso, no qual o recorrente apontou erromaterial ou discrepância com o edital nos quesitos. Destacou a Min. Relatora que o Poder Judiciário não podeatuar em substituição à banca examinadora, apreciando critérios na formulação de questões, examinandocorreções de provas ou reavaliando as notas. Só é possível a anulação judicial de questão objetiva de concursopúblico em caráter excepcional, quando o vício que a macula manifeste-se de forma evidente e insofismável,ou seja, quando se apresente primo ictu oculi. O Min. Herman Benjamin acompanhou o voto da Min. Relatora,ressaltando preocupação quanto ao fato de o primeiro edital ser mais amplo do que o segundo, o que podecausar alguma dificuldade de compreensão, porque normalmente os editais retificadores são para ampliar,detalhar, permitir uma leitura mais minuciosa e orientar o candidato, mas, no caso dos autos, restringiu asmatérias do concurso. Precedentes citados: RMS 19.615-RS, DJe 3/11/2008; RMS 18.318-RS, DJe 25/8/2008;RMS 21.617-ES, DJe 16/6/2008, e RMS 21.781-RS, DJ 29/6/2007. RMS 28.204-MG, Rel. Min. Eliana Calmon,julgado em 5/2/2009.

Terceira Turma PROCURAÇÃO. ADVOGADO. MONITÓRIA.Constavam da procuração conferida ao advogado poderes para que ele realizasse levantamentos judiciais eretivesse para si determinado percentual desse valor. Dessarte, esse documento é hábil para fundar açãomonitória com fulcro no recebimento de honorários advocatícios, porque basta a essa ação a demonstração daliquidez do débito objeto de cobrança, e não a liquidez, certeza e exigibilidade, que são requisitos específicosde título executivo. Precedentes citados: REsp 647.184-DF, DJ 12/6/2006; REsp 240.043-ES, DJe13/10/2008, e REsp 450.877-RS, DJ 16/12/2002. REsp 967.319-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em5/2/2009.

AG. PROCURAÇÃO. SUBSTABELECIMENTO. LUCROS CESSANTES.No agravo de instrumento interposto contra a decisão que julga a liquidação de sentença nas instânciasordinárias, a cadeia das procurações outorgadas aos causídicos (art. 525, I, do CPC) não estava completa,visto constar cópia da primeva procuração e do último substabelecimento. Mesmo assim, o agravo foi admitidoe julgado no mérito. Diante disso, primeiramente, a Turma, afastando-se do entendimento que vempredominando no STJ, relevou a referida ausência. A Min. Relatora ponderou que há exagero em certosformalismos incrustados na jurisprudência a cercear, injusta e desproporcionalmente, uma solução de mérito eque, em questões controvertidas, convém adotar, sempre que possível, a opção que aumente a viabilidade doprocesso e as chances de julgamento da causa, pois o processo não pode ser visto mais como um fim em simesmo. Salientou que as formalidades exigidas pelo art. 525 do CPC têm finalidade clara: a de proporcionarmeios necessários à cognição e viabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa, daí não ser exigívelcópia das peças que informam todo o processo, mas só daquelas necessárias à compreensão da controvérsia.Dessarte, nessa linha de entendimento, é bastante para a formalidade do art. 525, I, do CPC a juntada daprocuração que, à época da interposição do agravo, era eficaz em comprovar que o agravante tinha poderespara recorrer, não ampliando a cognição do Tribunal a quo a exigência estéril de juntada da cópia de umsubstabelecimento revogado, que já não mais vigia. Outrossim, a Turma entendeu que o Tribunal a quo nãoafastou nem excluiu os lucros cessantes do título liquidante quando fez prevalecer o valor constante daprimeira perícia realizada, pois, num esforço hercúleo de entregar a prestação jurisdicional, diante mesmo dainépcia da inicial da liquidação, aquele Tribunal apenas apartou do valor parcela cujo critério de cálculo nãotem base legal: no âmbito da liquidação da sentença proferida na ação indenizatória ajuizada contra aseguradora em razão do sinistro ocorrido com seu veículo, a recorrente, uma agropecuária, buscava ainclusão, na rubrica de lucros cessantes, do valor referente à locação de um veículo similar ao sinistrado, umamera expectativa de efetuar gastos e contrair dívidas, o que não se coaduna com o conceito jurídico que se dáàqueles lucros (art. 402 do CC/2002). REsp 1.056.295-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2009.

BANCO. APLICAÇÃO. AUTORIZAÇÃO. CORRENTISTA.O recorrido buscou indenização em razão de o banco recorrente ter aplicado vultosa quantia depositada na suaconta-corrente em um fundo de ações de alto risco, isso sem sua autorização ou conhecimento. Nos 15 mesesem que o dinheiro ficou aplicado (sem oposição do correntista), o fundo registrou significativas perdas, o quecausou a redução da quantia a menos da metade do que inicialmente aplicado. O banco argumentava que lhefoi dada autorização verbal e que, mesmo que comprovada a falta dessa autorização, o silêncio do correntistacorresponderia à uma autorização tácita. Nas instâncias ordinárias, o banco foi condenado a devolver omontante dos prejuízos causados, acrescido de juros e correção monetária. Nessa instância especial, a Turma,por maioria, entendeu que, no acórdão recorrido, não houve violação dos arts. 458, I e II, e 535, II, do CPC,ou mesmo dos arts. 149 a 151 do CC/1916, mostrando-se suficientes seus fundamentos quanto a ser hipótese

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de mútuo o negócio jurídico consubstanciado no depósito bancário em conta-corrente (visto as peculiaridadesque o envolvem), o que afastaria as regras relativas à gestão de negócio. Entendeu, também, que não caberiaratificação dos atos, pois é indispensável a autorização prévia para a movimentação em conta-corrente,reconhecida a responsabilidade objetiva. Anotou-se que a ratificação em questão diz respeito a atos anuláveispraticados por agente relativamente incapaz (art. 145 do CC/1916) e que esse instituto busca atribuir validadeperante terceiros do ato praticado nessas condições, o que não é o caso. Ressaltou-se, ainda, que a discussãonão foi trazida pela ótica do art. 1.296 do CC/1916, que cuida da ratificação de atos praticados semautorização por mandatários, o que, mesmo assim, ainda levaria à aplicação da Súm. n. 7-STJ. REsp 526.570-AM, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/2/2009.

Quarta Turma COMPETÊNCIA. AÇÃO TRABALHISTA. CONSULADO. LEGITIMIDADE PASSIVA.A Turma entendeu que, na espécie, não obstante o ajuizamento da ação trabalhista ter-se dadooriginariamente na Justiça do Trabalho, a qual acolheu preliminar de incompetência absoluta por ser oreclamado entidade de Direito Público Internacional, compete à Justiça Federal o processo e julgamento dademanda. Outrossim, mesmo se tratando de matéria trabalhista, a falta de personalidade jurídica dodemandado não o descaracteriza como empregador. Logo, o consulado estrangeiro no Brasil é parte legítima,devendo responder perante o reclamante, representado por seus agentes no polo passivo da reclamaçãotrabalhista (art. 2º, § 1º, da CLT e art. 27, § 10, do ADCT c/c art. 125, II, da EC n. 1/1969). REsp 202.991-RS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 5/2/2009.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. VENDA EXTRAJUDICIAL. SALDO REMANESCENTE.A Turma decidiu que, na alienação fiduciária, não se há de reconhecer certeza e liquidez de saldoremanescente apurado com a venda extrajudicial do bem feita à revelia do crivo do Poder Judiciário e sem oconsentimento do consumidor, pelo que inaplicável ao caso o art. 5º do DL n. 911/1969. Isso porque não sequer dizer que, após a venda extrajudicial, poderá o credor preferir a via executiva para obter o saldo devedorremanescente. Ao contrário, tal norma concede ao credor apenas a faculdade de optar pela via executiva oupela busca e apreensão. Se tiver optado pela última, descabe a via executiva por inexistir título a embasá-la.Precedente citado: REsp 2.432-CE, DJ 17/12/1990. REsp 265.256-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgadoem 5/2/2009.

Quinta Turma ENTORPECENTE. TRÁFICO INTERESTADUAL.As pacientes adquiriram a droga em um estado-membro com a confessada intenção de transportá-la a outro.Sucede que seu desígnio foi obstado por causas alheias à sua vontade, visto que interceptadas e presas antesde cruzarem a fronteira interestadual. Nesse contexto, a Turma, por maioria, decotou da condenação a causaespecial de aumento prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, por entender não configurado o tráficointerestadual. HC 115.787-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/2/2009.

MS. ANTECIPAÇÃO. PROVA. CITAÇÃO. RÉU.O juiz indeferiu a produção antecipada de provas. Então, o MP impetrou mandado de segurança que foirecebido e processado, culminando na concessão da ordem sem qualquer tentativa de citação do acusado,revel na ação penal. Porém, a Turma, por maioria, anulou o MS desde o início, ao entender que, nos termos daSúm. n. 701 do STF, é necessária a citação do réu como litisconsorte passivo. O fato de o réu ser revel naação penal não pode influir em suas prerrogativas no mandamus impetrado em seu desfavor, pois o mandadode segurança mostra-se autônomo em relação àquela ação penal. Anote-se, contudo, que a simples alegaçãode que a passagem do tempo propiciaria um inevitável esquecimento dos fatos, tal como feita na espécie, nãoé suficiente, por si só, à produção antecipada da prova testemunhal. Se assim fosse, em todos os casos desuspensão do processo, a medida reputar-se-ia urgente, a retirar a possibilidade de o juízo avaliá-la em cadacaso concreto. Precedente citado: HC 60.637-RJ, DJ 23/6/2008. HC 116.785-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgadoem 3/2/2009.

REGIME ABERTO. PRESTAÇÃO. SERVIÇO. COMUNIDADE.No âmbito do regime aberto, é possível estabelecer obrigatoriamente a prestação de serviços à comunidade,pois não se trata de comutação de pena, mas sim de condição especial (art. 115 da LEP). Precedente citado:REsp 982.847-PR, DJe 17/11/2008. HC 81.098-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 3/2/2009.

FALSIDADE IDEOLÓGICA. DECLARAÇÃO. ?POBREZA?. A princípio, é típica a conduta de quem, com o fito de obter a benesse da assistência judiciária gratuita,assina declaração de que não tem condições de pagar as despesas e custas do processo judicial sem prejuízopróprio ou de sua família (declaração de “pobreza”), mas apresenta evidentes possibilidades de arcar com

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elas. Daí não haver constrangimento ilegal na decisão do juízo de remeter cópia dessa declaração aoMinistério Público para a análise de possível cometimento do crime de falsidade ideológica. Precedente citado:HC 55.841-SP, DJ 11/2/2006. RHC 21.628-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 3/2/2009.

CONVERSÃO. PECÚNIA. LICENÇA-PRÊMIO.É cabível a conversão em pecúnia de licença-prêmio não desfrutada, mas adquirida antes da passagem doservidor público para a inatividade, isso em razão do princípio da vedação do enriquecimento ilícito. Contudo,o termo inicial da contagem do prazo prescricional quinquenal para requerimento da conversão é a data daaposentadoria, independentemente de o direito ser requerido pelo próprio servidor ou seus beneficiários.Precedentes citados: AgRg no Ag 1.006.331-DF, DJ 4/8/2008; AgRg no REsp 919.412-DF, DJ 31/3/2008, eAgRg no REsp 734.972-SP, DJ 15/10/2007. AgRg no RMS 27.796-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,julgado em 3/2/2009.

FURTO. FERRAMENTAS. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA.O furto em questão, de ferramentas utilizadas na construção civil, além de caracterizar valor ínfimo (R$32,50), não afetou o patrimônio da vítima de forma expressiva, daí incidir o princípio da insignificância.Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ 19/4/2004; do STJ: HC 39.599-MG, DJ 22/5/2006, e REsp663.912-MG, DJ 5/6/2006.HC 102.869-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 3/2/2009.

LEI MARIA DA PENHA. DISTÂNCIA. METROS.Conforme o art. 22, III, da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), é lícito ao juízo determinar, em metros, adistância que o agressor deve manter da vítima, mostrando-se desnecessário listar os lugares a seremevitados, pois, se assim fosse, seria possível ao agressor burlar a proibição e assediar a vítima em locais quenão constam da lista. RHC 23.654-AP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 3/2/2009.

PENSÃO POR MORTE. UNIVERSITÁRIA. MAIOR DE 21 ANOS.A Turma reiterou o entendimento de que, nos termos do art. 217, II, a, da Lei n. 8.112/1990, a pensão pelamorte de servidor público federal é devida aos filhos até o limite de 21 anos de idade, salvo se inválido, não sepodendo estender até os 24 anos para os estudantes universitários, por falta de previsão legal. Precedentescitados: AgRg no REsp 945.426-PR, DJ 13/10/2008; RMS 10.261-DF, DJ 10/4/2000; REsp 772.580-PB, DJ23/8/2006; REsp 612.974-ES, DJ 7/6/2006, e REsp 744.840-RN, DJ 10/8/2005. REsp 939.932-PB, Rel. Min.Arnaldo Esteves Lima, julgado em 5/2/2009.

Sexta Turma HC. FALTA. INTIMAÇÃO. ADVOGADO.A Turma, por maioria, concedeu parcialmente a ordem para anular o julgamento do HC no Tribunal a quo,acolhendo a preliminar de cerceamento de defesa devido à falta de intimação da defensora da data derealização do julgamento do habeas corpus naquele Tribunal, a fim de possibilitar a apresentação desustentação oral, conforme requerida, ficando prejudicadas as demais questões suscitadas. Vencido o Min.Nilson Naves, que entendia ser essa uma tese que o preocupa, por não haver a obrigação de o advogado seravisado; pois, nos regimentos internos dos tribunais, é expresso que os habeas corpus independem de pautae, nessa tese, dever-se-iam avisar todos os advogados. Sendo assim, antes é necessário que se alterem osregimentos internos para que os habeas corpus entrem em pauta. HC 114.773-AP, Rel. Min. Jane Silva(Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 3/2/2009.

HC. OFENSA. AMPLA DEFESA.Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário em que se alega constrangimento ilegal exercidopor TJ que indeferiu pedido de adiamento de defensor impossibilitado de comparecer ao interrogatório dopaciente e o realizou na presença de defensor dativo. Diante disso, a Turma concedeu parcialmente a ordemtão-somente para reconhecer a ilegalidade do interrogatório do paciente – em que o defensor protocoloupetição com antecedência por ter compromisso agendado em Brasília. Não teria necessidade de ser adiado ointerrogatório de todos os acusados, mas apenas o do ora paciente, com o desmembramento em relação aele, sem causar tumulto processual. Por conseguinte, determinar-se-ia nova data para o interrogatório, comoo último da instrução, em obediência à nova redação do art. 400 do CPP. Determinou-se que a nulidade emquestão restringe-se ao paciente e não acarreta a anulação dos atos posteriores. Observou-se, ainda, quantoà denegação da ordem no Tribunal a quo, com base no art. 265 do CPP em vez da Lei n. 11.719/2008, semostra irrelevante, porquanto o importante seria sua aplicação no momento do ato, ou seja, o interrogatório(nessa época, a citada norma não havia sido sequer editada). HC 120.197-PE, Rel. Min. Jane Silva(Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 3/2/2009.

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LEI MARIA DA PENHA. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.A Turma, por maioria, denegou a ordem, reafirmando que, em se tratando de lesões corporais leves eculposas praticadas no âmbito familiar contra a mulher, a ação é, necessariamente, pública incondicionada.Explicou a Min. Relatora que, em nome da proteção à família, preconizada pela CF/1988, e frente ao dispostono art. 88 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que afasta expressamente a aplicação da Lei n.9.099/1995, os institutos despenalizadores e as medidas mais benéficas previstos nesta última lei não seaplicam aos casos de violência doméstica e independem de representação da vítima para a propositura daação penal pelo MP nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Ademais, a nova redação do § 9º do art. 129do CP, feita pelo art. 44 da Lei n. 11.340/2006, impondo a pena máxima de três anos à lesão corporalqualificada praticada no âmbito familiar, proíbe a utilização do procedimento dos juizados especiais e, pormais um motivo, afasta a exigência de representação da vítima. Conclui que, nessas condições deprocedibilidade da ação, compete ao MP, titular da ação penal, promovê-la. Sendo assim, despicienda,também, qualquer discussão da necessidade de designação de audiência para ratificação da representação,conforme pleiteava o paciente. Precedentes citados: HC 84.831-RJ, DJe 5/5/2008, e REsp 1.000.222-DF, DJe24/11/2008. HC 106.805-MS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em3/2/2009.

MAGISTRADO. PARCIALIDADE.Na espécie, ainda na fase de investigação preliminar, antes que fosse oferecida a denúncia, o juiz, porentender que a causa era complexa, iniciou a realização do interrogatório de alguns réus. O referidoprocedimento não encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio, o que torna nulos não apenas os atosdecisórios, mas todo o processo. O juiz não pode realizar as funções do órgão acusatório ou de PolíciaJudiciária, fazendo a gestão da prova, pois seria retornar ao sistema inquisitivo. Assim, a Turma, por maioria,deu provimento ao recurso para declarar a nulidade de todo o processo, não apenas dos atos decisórios, bemcomo dos atos praticados pelo juiz durante a fase das investigações preliminares, determinando que osinterrogatórios por ele realizados nesse período sejam desentranhados dos autos, de forma que nãoinfluenciem a opinio delicti do órgão acusatório na propositura da nova denúncia. RHC 23.945-RJ, Rel. Min.Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 5/2/2009.

REMIÇÃO. PENA. LIMPEZA. CELA. ARTESANATO.No caso, há indicação genérica de prestação de serviços, sem qualquer relatório dando conta de horários eatividades desempenhadas. Apenas faz menção à prestação de serviço entre grades, que consistia em limpezapessoal e da própria cela. Quanto à prática de artesanato, ela foi desempenhada sem qualquer controle, nãotendo como verificar o caráter ressocializador da atividade. Logo, não há como viabilizar a pretensão deremição de pena. HC 116.840-MG, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em6/2/2009.

FALTA GRAVE. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA.A conduta de o paciente, durante a execução da pena de reclusão, não ter comparecido perante o oficial deJustiça para ser citado não pode ser considerada como falta grave, uma vez que referida conduta não estápropriamente ligada aos deveres do preso durante a execução penal. As faltas graves devem serexpressamente dispostas na Lei de Execução Penal, não cabendo interpretação extensiva quer do art. 39 querdo art. 50, para que sejam aplicadas. HC 108.616-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 6/2/2009.

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NOTÍCIAS

PGR: MP revogada não pode ser reeditada na mesma sessão legislativa 16/02/200916:09

1ª CCR reafirma que lei que limita atuação do MP é inconstitucional 16/02/200912:58

Portaria que proíbe a importação de pneus usados é constitucional, diz PGR 04/02/200915:11

ANPR: Súmula Vinculante Nº 14 inviabilizará persecução penal 03/02/200912:25

CNMP: conselheiro propõe resolução sobre estágio no MP 29/01/200917:54

PGR: farmácias de SP não podem vender alguns produtos permitidos por lei estadual 28/01/200912:42

Lei fluminense que institui feriado no estado é inconstitucional, diz PGR 26/01/200912:30

PGR: cobrança sindical compulsória não deve ser suspensa 23/01/200912:23

PGR é contra ação do PDT que questiona lei de recuperação de empresas 20/01/200912:30

PGR: MP revogada não pode ser reeditada na mesma sessão legislativa16/2/2009 15h09

A reedição de medida provisória viola o princípio da separação dos poderesA Constituição Federal proíbe a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sidorevogada. Prática contra esse entendimento viola o princípio da separação dos poderes. Com essa opinião, oprocurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) umparecer em ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3964), com pedido de medida cautelar, ajuizada peloPSDB e pelo Democratas. Os partidos querem a impugnação da Medida Provisória nº 394/2007, que dá novaredação ao parágrafo 3º do artigo 5º da Lei nº 10.826/2003, ao dispor sobre registro, posse e comercializaçãode armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm). Alegam que seria uma reedição daMP nº 379/2007, que foi revogada. O STF analisou a medida cautelar e considerou procedente o pedido doPSDB e do Democratas. Isso porque a Medida Provisória 394/2007 incorpora temas da Medida Provisória379/2007, sem modificações substanciais, como a prorrogação do prazo para renovação de registros depropriedade de armas de fogo, expedidos pelos órgãos estaduais, e a fixação dos valores das taxas a recolherem caso de registro de armas, renovação do certificado de registro, expedição de armas, entre outros. Agora,ao analisar o mérito da questão, o procurador-geral entende da mesma forma. “A prevalecer a tese defendidaem favor do texto impugnado, poder-se-ia admitir que fossem reeditadas sucessivas alterações de prazo, sobo mesmo argumento atinente a supostas mudanças na realidade fática. Estaria, pois, o Executivo impondo suavontade ao Legislativo, furtando-lhe, de forma contumaz, a atribuição constitucional de deliberar sobre otema, em flagrante violação ao princípio da separação dos poderes”, destacou Antonio Fernando. O parecer doprocurador-geral será analisado pelo ministro Carlos Britto, relator da ação no STF.

1ª CCR reafirma que lei que limita atuação do MP é inconstitucional16/2/2009 11h58

1ª CCR divulga nota defendendo o entendimento A 1ª Câmara de Coordenação e Revisão, em recente decisão, reafirmou o seu entendimento no sentido de queé inconstitucional o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 7347/85, acrescentado pela MP 2180-35, visto que alimitação imposta à legitimidade do Ministério Público nas causas de natureza tributária afronta os artigos 127,caput e 128, incisos III e IX da Constituição de 1988. Como já fizera em outra oportunidade, a 1ª CCRencaminhou os autos para a ciência do PGR com a expectativa de que se obtenha a revisão da orientação doSTF sobre o tema, por considerar que é clara a legitimidade do MP quando os interesses individuaishomogêneos tiverem relevância social.

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Portaria que proíbe a importação de pneus usados é constitucional, diz PGR

4/2/2009 14h11 Antonio Fernando explica que a regra tem como objetivo proteger a saúde pública e o meio ambiente

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, deu parecer pelo não-conhecimento e, no mérito,pela improcedência da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3939) proposta pelo governador do Paraná. Aação questiona o caput do artigo 41 da Portaria n° 35/2006, da Secretaria de Comércio Exterior, que proíbe aimportação de pneus recauchutados e usados. De acordo com o governador, o dispositivo contestadodiscrimina a importação de pneus usados como matéria-prima, enquanto autoriza, até com isenção oususpensão de tributos, a importação de outros bens usados para a finalidade de recondicionamento. Ele afirmatambém que a portaria privilegia as indústrias de pneus remoldados do Mercosul em detrimento das indústriasde remoldados do Brasil a terem acesso a matérias-primas de melhor qualidade. Outro argumentoapresentado na ação é o de que a norma questionada legisla sobre comércio exterior, o que seria competênciaprivativa do Congresso Nacional e, excepcionalmente, do Ministério da Fazenda para defesa de interessesfazendários. Além disso, o governador defende a existência de privação ao livre exercício de atividadeeconômica não proibida em lei amplamente regulamentada. No parecer, o procurador-geral da Repúblicadefende a extinção da ação sem julgamento do mérito. Um dos argumentos é a falta de pertinência temática,já que, como foi apontado pela Advocacia Geral da União, a ação deveria ter demonstrado interesse específicodo Paraná na questão, o que não aconteceu. Além disso, ele enfatiza a ausência de interesse processual, poisa proibição que se pretende afastar por meio da declaração de inconstitucionalidade continuaria a existir,mesmo que a disposição fosse retirada do mundo jurídico. “Vez mais a AGU bem verifica que a vedaçãosubsistiria, tanto por força do artigo 47-A do Decreto 3179/99, quanto por força de uma sequência deresoluções do Conama, iniciada pela Resolução 23/96”, explica. Análise do mérito - Caso a ação seja julgadapelo STF, Antonio Fernando descarta o argumento de ilegitimidade da Secretaria de Comércio Exterior paraexercer a fiscalização e o controle do comércio exterior, por meio de portarias como a que está em análise. Deacordo com ele, quando a Constituição Federal atribui essa competência ao Ministério da Fazenda, no artigo237, está a determinar, na verdade, que a tarefa seja desenvolvida pelo Executivo, em esfera ministerial: “Areferência textual ao Ministério da Fazenda deu-se, tão-somente, em razão de que, ao tempo de sua entradaem vigor, tais faculdades já ficavam a cargo desse órgão”. Ele argumenta também que a portaria objeto daação não legisla sobre matéria de competência do Congresso Nacional porque não promove inovações noordenamento jurídico. Para ele, “agiu a Secretaria de Comércio Exterior nos estritos limites de suacompetência regulatória, nos quais se inclui a possibilidade de restringir o ingresso de determinados bens noterritório nacional, atuação esta que, por sua própria essência, demanda a agilidade que lhe é peculiar”. Oprocurador-geral destaca ainda que a proibição das importações pelo Brasil tem que ser compreendida comopolítica concebida para proteger a saúde pública e o meio ambiente, ao evitar a transferência de despejos deoutros países para o território brasileiro. Assim, estaria afastada a “suposta violação a princípios da ordemeconômica, no sentido de que, dada a importância da medida governamental no combate à poluiçãoambiental, tratar-se-ia de uma medida amparada por completo pelo princípio da proporcionalidade”. Por fim,Antonio Fernando ressalta que é improcedente a tese de desrespeito ao postulado da isonomia, baseada nofato de serem permitidas as importações de pneus usados vindos dos países do Mercosul. De acordo com ele,não há dúvidas de que o governo federal tem como objetivo regulamentar o tema de forma igualitária, mas “amatéria envolve interesses contrapostos em âmbito internacional, o que leva o Brasil a travar verdadeirasbatalhas junto aos organismos competentes e, consequentemente, a obter vitórias e derrotas.” “Acolher opleito deduzido pelo requerente, a pretexto de se promover isonomia, significaria sobrepor os efeitos de umúnico revés a todos os demais êxitos até aqui alcançados, o que definitivamente seria inconcebível”, conclui. O parecer vai ser analisado pela ministra Carmén Lúcia, relatora da ação no STF.

ANPR: Súmula Vinculante Nº 14 inviabilizará persecução penal3/2/2009 11h25

Para a ANPR, a Súmula Vinculante n.° 14 será um forte obstáculo, pois extingue o sigilo das investigações,indispensável em alguns casos

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, ontem, 2 de fevereiro, a primeira proposta de súmula vinculante(PSV-1) ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil, requerendo que advogados de cidadãos investigadostenham acesso a inquéritos policiais que tramitem em sigilo. Para ANPR, a súmula vinculante será um forteobstáculo a persecução penal, pois extingue o sigilo das investigações que em alguns casos é indispensável. Opresidente da ANPR, Antonio Carlos Bigonha, afirma que a aprovação da súmula vinculante é um retrocesso nosistema de persecução penal do país. Segundo ele, é um equivoco a intromissão do Poder Judiciário emquestão eminentemente legislativa. "Nós encaramos isso com uma dupla gravidade, não só pelo desserviçoque prestará na diminuição da corrupção no país, no sentido de inviabilizar a persecução penal, mas,sobretudo, por essa intervenção indevida do Poder Judiciário nos assuntos do Parlamento Federal", enfatizaBigonha. Atualmente, depende de cada juiz autorizar a vista dos processos sigilosos aos advogados. O relatordo pedido foi o ministro Carlos Alberto Menezes Direito. A Súmula Vinculante n.° 14 passa a vigorar a partir desua publicação no Diário Oficial da União.

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CNMP: conselheiro propõe resolução sobre estágio no MP

29/1/2009 16h54 O projeto busca atender as determinações estabelecidas no ano passado pelo Congresso Nacional através da

Lei 11.788Uma proposta de resolução que regulamenta a atividade de estágio nos Ministérios Públicos da União e dosEstados foi apresentada nesta quinta-feira, 29 de janeiro, na 1ª Sessão Ordinária de 2009 do ConselhoNacional do Ministério Público (CNMP). O projeto busca atender as determinações estabelecidas no anopassado pelo Congresso Nacional através da Lei 11.788, conhecida como Lei do Estágio. Serão definidasquestões como prazos, recesso, bolsa ou contraprestação financeira, entre outras, no âmbito dos estágiosnão-obrigatórios. O autor da proposta, conselheiro Cláudio Barros, destaca o papel do estágio como umaoportunidade de aprendizado que não deve ser encarada como uma relação de trabalho. Segundo ele, aresolução “não permitirá eventuais desvios, com estagiários exercendo funções definidas, por lei, a atividade-fim dos servidores da Instituição”. Além de evitar desvios de função, os dispositivos da proposta pretendemimpedir o excesso de estagiários e garantir a isonomia e transparência do processo de seleção. O número deestudantes em estágio de caráter não-obrigatório não poderá exceder o dobro do total de membros doMinistério Público em questão. Quanto ao processo seletivo, este deverá ser precedido por convocação poredital público e terá, pelo menos, uma prova escrita sem identificação do candidato. A resolução dispõe aindasobre outros assuntos, como pagamento de bolsa, obrigatoriedade de auxílio-transporte e de recesso, que, emcaso de estágio não-obrigatório, será remunerado. Entre os benefícios concedidos está também a redução dacarga horária de trabalho, se necessária, durante os períodos de avaliação escolar. Os interessados têm 15dias para sugerir alterações ao conselheiro Cláudio Barros. Confira aqui a íntegra do texto apresentado hoje.

PGR: farmácias de SP não podem vender alguns produtos permitidos por lei estadual28/1/2009 11h42

Lei paulista substitui regra estipulada em lei federalFarmácias e drogarias de São Paulo não podem comercializar filmes fotográficos, colas, cartões telefônicos,isqueiros, bebidas lácteas, cereais matinais, balas, doces, barras de cereais e artigos para bebê. Oentendimento é do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, que enviou parecer ao SupremoTribunal Federal (STF), em ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4093), ajuizada pelo governador de SãoPaulo. José Serra propôs a ação para que o STF declare inconstitucional a Lei nº 12.623/2007, que disciplina ocomércio de artigos de conveniência em farmácias e drogarias. O governador pediu a inconstitucionalidade detoda a lei, mas o procurador-geral opinou pela inconstitucionalidade de parte da norma. Antonio Fernandoesclarece que a Lei federal nº 5.991/1973 permite que as farmácias e drogarias possam comercializar drogas,medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. Por correlatos, entende-se substância, produto, aparelhoou acessório cujo uso ou aplicação esteja ligado à defesa e proteção da saúde individual ou coletiva, à higienepessoal ou de ambientes, ou a fins diagnósticos ou analíticos, os cosméticos e perfumes e, ainda, os produtosdietéticos, óticos, de acústica médica, odontológicos e veterinários. O conceito de correlatos, no entanto, nãoabrange produtos como filmes fotográficos, colas, cartões telefônicos, isqueiros, bebidas lácteas, cereaismatinais, balas, doces, barras de cereais e artigos para bebês. O procurador-geral explica que a lei paulistafugiu dos padrões legais fixados por lei de âmbito nacional, que fixa as normas gerais, “com comprometimentode critérios sanitários, de segurança e de saúde do consumidor”. O Conselho Regional de Farmácia de SãoPaulo também se manifestou no processo. E teve o mesmo entendimento do procurador-geral. AntonioFernando menciona que o STF já entendeu que lei estadual, com o objetivo de preencher lacunas, podesuplementar lei federal que fixe os princípios gerais. Todavia, o procurador-geral afirma que a lei de SãoPaulo, em vez de fazer suplementação, fez substituição de regra. Assim, a Lei 12.623 violou o artigo 24,parágrafos 1º (competência da União para editar normas gerais) e 2º (a competência da União para legislarsobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos estados) da Constituição Federal. O parecer doprocurador-geral será analisado pela ministra Ellen Gracie, relatora da ação no STF.

Lei fluminense que institui feriado no estado é inconstitucional, diz PGR26/1/2009 11h30

Norma invade competência da União para legislar sobre direito do trabalhoA Lei estadual 4.007/2002, do Rio de Janeiro, que institui feriado estadual para celebrar a data do aniversárioda morte de Zumbi dos Palmares e Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) é inconstitucional.Esse é o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ao se manifestar favoravelmenteao pedido de ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4091), proposta pela Confederação Nacional doComércio (CNC) contra a lei em questão. A Confederação sustenta que a lei fluminense viola o artigo 22,inciso I, da Constituição Federal, por usurpar a competência da União para editar normas sobre direito dotrabalho. A CNC ainda destaca que, de acordo com a Lei federal nº 9.093/95 (com redação dada pela Lei nº9.335/96), somente a União pode legislar sobre a criação de feriados, pois o tema está inserido na esfera dodireito do trabalho, cabendo aos estados apenas a declaração de datas comemorativas. No parecer, o

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procurador-geral destaca que há pertinência entre os objetivos da CNC e o debate em questão, pois “ao disporsobre a criação de um novo feriado, a lei estadual adentrou na seara do direito do trabalho, refletindo nasrelações entre empregados e empregadores, sobretudo do comércio”. Ele explica que a instituição de novoferiado implica o fechamento do comércio, com integral pagamento do dia aos funcionários, o que tornaevidente o interesse da confederação, sobretudo porque a multiplicação desordenada dos dias de proibição detrabalhar resulta num agravamento dos custos suportados pelos comerciantes. Quanto ao mérito, AntonioFernando concorda com a CNC quando ela defende que a norma impugnada está em contrariedade com anorma constitucional que atribui à União a competência para legislar sobre direito do trabalho (inciso I doartigo 22 da Constituição Federal). “Dessa forma, reconhecendo que a criação do novo feriado no estado doRio de Janeiro representa a instituição de um dia de descanso remunerado para os trabalhadores, o que fazsurgir obrigações para os empregadores, vê-se que o legislador estadual invadiu o âmbito da competêncialegislativa federal, a quem cabe, nos termos do artigo 22, I, da Lei Fundamental, disciplinar matéria atinenteao direito do trabalho”, conclui o procurador-geral. O procurador-geral ainda chamou a atenção para a Leifederal 9.093/1995, que determina que aos estados somente cabe instituir um dia de feriado para acomemoração de sua data magna, sendo da competência dos municípios a instituição de até quatro feriadosnos dias santos de guarda, mas incluída a sexta-feira da Paixão, dias em que o trabalho não é permitido. Oparecer será analisado pelo ministro Carlos Britto, relator da ação no STF.

PGR: cobrança sindical compulsória não deve ser suspensa23/1/2009 11h23

De acordo com Antonio Fernando, o entendimento do STF é de que essa forma de cobrança não viola oprincípio da liberdade sindical

Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Antonio FernandoSouza, se manifestou contra a suspensão da obrigatoriedade da cobrança sindical. O pedido foi feito naarguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF 126), proposta pelo Partido Popular Socialista,(PPS) tendo por objeto os artigos 579, 582, 583 e 587 da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n°5452/1943), com as redações dadas pelo Decreto-Lei n° 229/1967 e Lei n° 6386/1976. De acordo com opartido, os dispositivos contestados violam a liberdade de associação, garantida pelos artigos 5°, XX, e 8°, V,da Constituição da República. Isso porque eles instituem a cobrança compulsória de contribuição sindical,independentemente de os empregados serem ou não filiados à entidade de classe. Por isso, a arguição pedeque seja suspensa a obrigatoriedade da cobrança sindical, em caráter liminar, e que, no mérito, seja declaradaa não-recepção, pela Constituição de 1988, dos artigos contestados. O procurador-geral da República explicaque, à primeira vista, a contribuição sindical realiza o princípio da igualdade no âmbito do Direito Coletivo doTrabalho. Isso porque, quando o sindicato obtém vantagem negociada para os empregados de uma empresa,o benefício acaba sendo estendido a todos os trabalhadores. “Portanto, teria caráter discriminatório a não-obrigatoriedade da contribuição ou a sua restrição somente aos membros dos sindicatos, tendo em vista aamplitude dos beneficiados. Outrossim, a não-obrigatoriedade incentivaria a inércia dos trabalhadores queoptassem por não se filiar, visto que muitos desfrutariam dos benefícios das negociações sindicais semcontribuir com o processo que lhe serve”, argumenta. Antonio Fernando ressalta também quepronunciamentos anteriores do STF seguem o entendimento de que é constitucional a exigência dacontribuição sindical instituída no interesse das categorias profissionais ou econômicas, obrigatória para todosos membros da categoria, filiados ou não ao sindicato. Ele explica que o STF tem identificado a parte final doinciso IV do artigo 8º da Constituição Federal como uma exceção à regra da liberdade de associação, com oobjetivo de se manter em funcionamento o sistema de representação sindical. Por esses motivos, não estariapreenchido um dos requisitos para a concessão da medida cautelar, que é a plausibilidade jurídica no pedido(fumus boni iuris). Questionamentos constantes - O procurador-geral também defende que não há risco nademora em esperar o resultado final do julgamento (periculum in mora). Ele destaca que os dispositivosatingidos por essa arguição vêm sendo objetos de constantes questionamentos desde a promulgação daConstituição de 1988, que institui como princípio regente das relações sindicais a liberdade de associaçãoprofissional. Além disso, “ao contrário do que se possa alegar, a recente Lei 11.648/2008, que dispõe sobre oreconhecimento formal das centrais sindicais, em nada interfere na cobrança dos empregados, tratandoapenas da forma de sua repartição”. O parecer vai ser analisado pelo ministro Celso de Mello, relator do casono STF.

PGR é contra ação do PDT que questiona lei de recuperação de empresas20/1/2009 11h30

Partido pediu a inconstitucionalidade de lei que regula a recuperação judicial de empresasEm parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Antonio FernandoSouza, opinou pelo não-conhecimento ou pela improcedência da ação direta de inconstitucionalidade (ADI3934) ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista. O PDT contesta artigos da Lei nº 11.101/2005, queregula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência de empresário e de sociedade empresária. De acordocom o partido, no que se refere às hipóteses de alienação judicial, descritas nos artigos 60 e 141, teria havido

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“descaso com a valoração do trabalho e a dignidade dos trabalhadores, na medida em que os eventuaisarrematantes de empresas e seus ativos foram liberados de quaisquer ônus de natureza trabalhista”. Alémdisso, o PDT sustenta a impossibilidade de norma infraconstitucional estabelecer formas de extinção deemprego, sem que o direito social e a dignidade do empregado sejam observados. Por isso, sugere que ahipótese em questão “passará a constituir caminho fácil para o desrespeito aos direitos adquiridos pelosempregados no curso da relação desenvolvida com seu empregador, que vindo a prestigiar outros credorescomuns e, uma vez acumulando com eles grandes dívidas, delas poderá se livrar com a simples realização deuma alienação judicial em falência”. Afirma ter sido criada, por meio de lei ordinária (11.101/2005) novaforma de extinção de emprego, sem garantias ao empregado, o que, no seu entender, somente poderia tersido feito por lei complementar, por força do disposto no inciso I do artigo 7º da Constituição Federal. O PDTassevera que o caso guardaria relação com o julgamento do STF na ADI 1721, que declarou ainconstitucionalidade do parágrafo 2º do artigo 453 da Consolidação das Leis Trabalhistas, segundo o qual oato de concessão de benefício de aposentadoria importaria em extinção automática do vínculo empregatício.Nesse ponto, defende que a única diferença em relação à presente ação seria a de que naquela o ato jurídicogerador da extinção automática seria a aposentadoria, enquanto nesta, a simples alienação da empresa emprocesso falimentar. O partido questiona, também, o artigo 83 da Lei 11.101/2005, que considerou comoquirografários (sem nenhuma garantia) os créditos trabalhistas que excederem a 150 salários mínimos. Porisso, teria desrespeitado direitos adquiridos, ao argumento de que, “ao alterar os critérios de classificação decréditos, teria atingido retroativamente direitos constituídos antes de sua vigência”. O PDT ainda mencionapossíveis violações ao princípio da isonomia, às garantias dos direitos sociais do trabalho e do emprego, bemcomo ilegítima vinculação ao salário mínimo. Argumentos - O procurador-geral da República opinou pelo não-conhecimento da ação. Isso porque o PDTpediu a inconstitucionalidade do inciso II do artigo 141, mas não pediu a do parágrafo 2º do mesmo artigo. Oinciso II determina que “o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão doarrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação dotrabalho e as decorrentes de acidentes de trabaho”. Antonio Fernando explica que ainda que se admita asespecificidades de cada qual, não há dúvidas de que, com base na previsão do parágrafo 2º (“O arrematantenão responde por obrigações decorrentes do contrato de trabalho anterior”), iriam permanecer a cargoexclusivo do devedor as dívidas trabalhistas. Assim, de nada adianta impugnar o inciso II se o parágrafo 2ºtambém não for considerado inconstitucional. No mérito, o procurador-geral opinou pela improcedência daação. Ele destaca que só o fato de a norma prever que o adquirente não se responsabiliza pelas dívidas doalienante contradita a hipótese de que este possa se livrar, já que, em não ocorrendo a sucessão,permanecem com quem as contraiu. A simples previsão de transmissão de tais obrigações a um possíveladquirente, de outro lado, em nada impactaria nas supostas extinções de direitos trabalhistas ou de contratosde trabalho. Com relação ao suposto desrespeito à reserva de lei complementar, conforme o artigo 7º, incisoI, da Constituição Federal, para criar forma de extinção de emprego, Antonio Fernando responde que não hánenhuma previsão de extinção de contratos, dado que já se referem a uma situação futura, posterior aeventuais rompimentos de relação de trabalho. Tratam tão-somente de uma de suas consequências: aresponsabilidade pela quitação de débitos trabalhistas. Além disso, complementa o procurador-geral, o inciso7º , inciso I, da Constituição Federal se refere à hipótese de despedida arbitrária. Já o texto da Lei11.101/2005, “por se relacionar com fatos alheios à vontade não só do empregado, mas do próprioempregador, nem de longe poderia ser equiparado a uma despedida, que dirá arbitrária”. Antonio Fernandonão viu inconstitucionalidade, também, no teto de 150 salários mínimos para a conversão de créditostrabalhistas em quirografários, ou seja, aqueles que não possuem nenhuma preferência ou garantia emrelação ao seu crédito. O procurador salienta que não há que se falar em perda de direitos, pois,independentemente da categoria em que se classifiquem, não deixam de existir, tampouco se tornaminexigíveis. “Não se verifica, igualmente, qualquer discriminação ou irrazoabilidade, mas ao contrário, nota-seque o legislador, apesar de buscar dar maior possibiilidade de pagamento às demais espécies creditícias,primou pela proteção da grande maioria dos credores trabalhistas, aos quais são devidas verbas rescisórias demenor monta”. Sobre a vinculação ao salário mínimo, Antonio Fernando argumenta que a proibiçãoconstitucional sobre o assunto diz respeito à utilização de tal parâmetro na qualidade de indexador deprestações periódicas, e não como quantificador de indenizações ou condenações. O parecer de AntonioFernando será analisado pela ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação no STF.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - Fone/Fax: (41) 3250-4555

Jussara de Mello Toledo Ramos Bibliotecária responsável pelo “Seleções da Biblioteca”

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