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A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NO COMÉRCIO ELETRÔNICO CONSUMER PROTECTION IN E-COMMERCE Anaisa Pacheco Rocha - [email protected] Graduanda em Direito - UNISALESIANO Lins Prof. Mestre Cristian de Sales Von Rondow - UNISALESIANO Lins [email protected] RESUMO Este trabalho aborda a proteção do consumidor no comércio eletrônico, com base nas regras do Código de Defesa do Consumidor, bem como o Decreto Federal n. 7.962/2013. Foram primeiramente retratadas considerações básicas acerca do comércio eletrônico, abordando a caracterização da relação jurídica de consumo, demonstrando a legitimidade para a aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao comércio eletrônico, bem como a exemplificação dos principais princípios e normas que incidem na relação de consumo pela internet. Por fim, foi abordado o Decreto Federal n. 7962/13 que regulamenta a relação de consumo pela internet, exemplificando o texto de seus dispositivos para uma melhor compreensão do leitor. Palavras-chave: Comércio Eletrônico. Contrato Eletrônico. Código de Defesa do Consumidor. ABSTRACT Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

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A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NO COMÉRCIO ELETRÔNICOCONSUMER PROTECTION IN E-COMMERCE

Anaisa Pacheco Rocha - [email protected] em Direito - UNISALESIANO Lins

Prof. Mestre Cristian de Sales Von Rondow - UNISALESIANO Lins [email protected]

RESUMO

Este trabalho aborda a proteção do consumidor no comércio eletrônico, com

base nas regras do Código de Defesa do Consumidor, bem como o Decreto Federal

n. 7.962/2013. Foram primeiramente retratadas considerações básicas acerca do

comércio eletrônico, abordando a caracterização da relação jurídica de consumo,

demonstrando a legitimidade para a aplicação do Código de Defesa do Consumidor

ao comércio eletrônico, bem como a exemplificação dos principais princípios e

normas que incidem na relação de consumo pela internet. Por fim, foi abordado o

Decreto Federal n. 7962/13 que regulamenta a relação de consumo pela internet,

exemplificando o texto de seus dispositivos para uma melhor compreensão do leitor.

Palavras-chave: Comércio Eletrônico. Contrato Eletrônico. Código de Defesa do Consumidor.

ABSTRACT

This work deals with consumer protection in e-commerce, based on the rules

of the Consumer Protection Code and the Federal Decree n. 7,962 / 2013. They

were first portrayed basic considerations about e-commerce, addressing the

characterization of the legal relationship of consumption, demonstrating the

legitimacy of the application of the Consumer Protection Code to e-commerce, as

well as the exemplification of the main principles and rules that affect the

consumption ratio through the Internet. Finally, it was approached the Federal

Decree. 7962/13 which regulates the use of the Internet connection, exemplifying the

text of your devices to a better understanding of the reader.

Keywords: E-commerce. Electronic Contracts. Consumer’s Defense Code.

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INTRODUÇÃO

Na sociedade, diante da evolução tecnológica, conforme novos recursos

foram surgindo, novas questões também foram sendo instituída, tendo o poder

legislativo a competência para a regulamentação de normas que pacifiquem as

problemáticas em questão.

Dentre as maiores mudanças ocorridos pelo avanço da tecnologia, destaca-se

o comércio eletrônico com a celebração de contratos de consumo realizados por

intermédio de um aparelho eletrônico conectado a internet.

Por se tratar de algo relativamente novo, ainda há muita dificuldade de

aceitação por parte da sociedade perante as peculiaridades dessa modalidade de

comércio, que acaba por gerar inseguranças nas relações comerciais. A

aplicabilidade das normas jurídicas e do Código de Defesa do Consumidor aos

contratos eletrônicos está pacificada, tendo em vista que hoje há o Decreto Federal

n. 7.962/2013 que regulamenta as compras realizadas pela internet, estabelecendo

normas e princípios em face da proteção do consumidor, proporcionando plena

segurança jurídica a relação de consumo no comércio eletrônico.

Portanto, o presente artigo tem por objetivo delinear o tema, demonstrando o

amparo jurídico nas relações de consumo realizadas pela internet, abordando a

incidência da legislação vigente e do Código de Defesa do Consumidor nas relações

de consumo realizadas pela internet, exemplificando a proteção que o consumidor

que realiza negócios on-line possui.

1 CONCEITO DE COMÉRCIO ELETRÔNICO

Podemos dizer, basicamente, que comércio eletrônico é uma modalidade de

comércio onde são efetuadas transações comerciais por meio eletrônico, ou redes

de computadores.

Segundo Turban e King (2004, p. 3) “Por comércio eletrônico (CE, e-

commerce) entende-se o processo de compra, venda e troca de produtos, serviços e

informações por redes de computadores ou pela internet (...).’’

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O comércio eletrônico não se limita apenas à venda de produtos, mas

também à prestação de serviços, como discorre o autor Ventura (2010):Mas o conceito de comércio eletrônico não pode se restringir apenas à compra e venda de mercadorias porque existe também a possibilidade de se prestar SERVIÇOS por meio de redes eletrônicas de comunicação à distância. Por conseguintes, quando se fala de comércio eletrônico refere-se tanto à compra e venda de bens quanto à prestação de serviços. Logo, comércio eletrônico é a operação que consiste em comprar e vender mercadoria ou prestar serviços por meio eletrônico. (VENTURA, 2010, p. 18).

Vale dizer que o comércio eletrônico, nos dias de hoje, é normalmente

realizado por meio da internet. Porém; segundo os autores Turban e King (2004, p.3)

também pode ser realizado por meio de redes particulares, como as VANS value-

added networks, ou em máquina computadorizada. Por exemplo: comprar em uma

máquina de refrigerantes e pagar com o cartão eletrônico, ou por celular, pode ser

considerada uma compra realizada por meio do comércio eletrônico.

O comércio eletrônico se configura em relação de consumo via internet, que

incidirá nas normas do Código de Defesa do Consumidor, como se verá a seguir.

2 A APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR AO COMÉRCIO ELETRÔNICO

Toda vez que existir uma relação de consumo, esta relação jurídica será

regida pelo Código de Defesa do Consumidor. No caso do comércio eletrônico não

há que se questionar a caracterização da relação de consumo, visto que há a

presença dos três elementos caracterizadores da relação consumerista: a)

consumidor em um dos polos da relação; b) fornecedor em outro polo, e, c) produto

ou serviço que vincula consumidor e fornecedor.

Porém, sendo o Código de Defesa do Consumidor promulgado em uma

época em que não havia a relação comercial por meio eletrônico, não houve normas

no código que regulamentassem especificadamente. Por isso, a aplicação do direito

na relação de consumo por meio eletrônico, tem como um dos principais métodos a

analogia, que é um método de suprir a necessidade da regulamentação diante da

ausência de previsão específica a respeito de um assunto, aplicando normas que

regem casos semelhantes, feito de acordo com as devidas adaptações, conforme o

caso concreto.

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Entretanto, a aplicação da lei para os casos de conflitos nas relações de

consumo pela internet, a partir de 2013, deixou de ser exclusivamente regida por

analogia, em razão do Decreto Federal n. 7.962, que regulamentou especificamente

as regras da relação de consumo no comércio eletrônico, as quais questões que não

estão previstas no Decreto Federal n. 7.962/2013, ficarão a cargo de serem supridas

por analogia.

O fundamento da possibilidade da aplicação das normas por analogia,

decorre do artigo 4, III, do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe sobre a

proteção do consumidor e providências. Art. 4° III: Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.

Portanto, as regras que o Código de Defesa do Consumidor prescreve às

relações de consumo físicas, podem ser adaptadas para os consumidores que

adquirem produtos ou serviços por meio do comércio eletrônico, são as seguintes:

a) Princípio da boa-fé

O princípio da boa-fé tem como fundamento o artigo 4º, III do Código de

Defesa do Consumidor, que dispõe:Art. 4º : A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

Nunes (2012) traz a definição do respectivo princípio: [...]pode ser definida, grosso modo, como uma regra de conduta, isto é, o dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo. Não o equilíbrio econômico, como pretendem alguns, mas o equilíbrio das posições contratuais, uma vez que, dentro do complexo de direitos e

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deveres das partes, em matéria de consumo, como regra, há um desequilíbrio de forças. (NUNES, 2012, p. 669).

O princípio da boa-fé que o Código de Defesa do Consumidor adota não se

refere aos conceitos de ordem subjetiva, que busca a análise de questões internas,

como a questão do objetivo do titular do direito, se tal tinha, ou não, conhecimento

do vício que se apresentou, e sim refere-se a boa-fé objetiva, que analisa as regras

de conduta que devem estar em conformidade com a moral, e com o objetivo final

da relação de consumo.

b) Publicidade

A publicidade é o meio pelo qual é divulgado um produto ou serviço com a

finalidade de promover o interesse pelo objeto que se pretende vender, agregando

valor ao nome ou marca do fornecedor, ou ainda relacionando o objeto anunciado a

um novo modelo de vida ideal.Art. 36: A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

Conforme o artigo 36 do Código de Defesa do Consumidor, apresentado

acima, a publicidade só será permitida de maneira exposta, devendo o consumidor

identificá-la de imediato, sem qualquer dificuldade; caso contrário, a publicidade se

torna ilegal.

Sendo assim, a proibição a essas práticas ilegais estão elencadas no artigo

37 do Código de Defesa do Consumidor, estabelecendo através do dispositivo a

valorização do princípio ético da verdade nos conteúdos da publicidade:Art. 37:  É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

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§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.§ 4° (Vetado).

Propagandas de caráter enganosa ou abusiva, são consideradas infrações

penais descritos no Código de Defesa do Consumidor, artigo 66 e 67, tutelando não

apenas o patrimônio, mas também a saúde e segurança do consumidor.

c) Dever de informar

Inicialmente, podemos verificar a presença do dever de informar no artigo 6 º,

inciso II, que dispõe:Art. 6º: São direitos básicos do consumidor:III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

O elemento da informação é de extrema importância nas relações de

consumo, tanto é que o legislador, mais uma vez, reforçou essa ideia no artigo 31 do

Código de Defesa do Consumidor, que disciplina: Art. 31: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidades, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Em caso do fornecedor recusar ao cumprimento da oferta, apresentação ou

da publicidade, o consumidor poderá tomar uma das medidas previstas no artigo 35

do Código de Defesa do Consumidor, podendo exigir o cumprimento forçado da

obrigação, aceitar outro produto ou prestação ou buscar a rescisão do contrato, com

direito a ser ressarcido como mostra o referido artigo:Art. 35: Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

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d) Possibilidade de desistência

O Código de Defesa do Consumidor estipulou regras para as compras feitas

fora do estabelecimento comercial no artigo 49, que dispõe: Art. 49: O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

Nas compras realizadas fora do estabelecimento comercial, presume-se que

o consumidor está ainda mais vulnerável a ser induzido a erro para comprar do que

nas compras realizadas no próprio estabelecimento comercial. Por isso, muitos

doutrinadores entendem a possibilidade de desistência como um prazo de reflexão,

como mostra Nunes, (2012):Fala-se em prazo de “reflexão” porque se pressupõe que, como a aquisição não partiu de uma decisão ativa, plena, do consumidor, e também como este ainda não “tocou” concretamente o produto ou testou o serviço, pode querer desistir do negócio depois que o avaliou melhor. Ou, em outros termos, a lei dá oportunidade para que o consumidor, uma vez tendo recebido o produto ou testado o serviço, possa, no prazo de 7 dias, desistir da aquisição feita. (NUNES, 2012, p. 712).

O prazo para a devolução deve ser contado a partir da data do recebimento

efetivo do produto, sendo garantido ao consumidor o ressarcimento dos valores

pagos e monetariamente corrigidos.

Salienta-se que se o consumidor ficar insatisfeito ao receber o produto ou

serviço porque a realidade não correspondeu com a oferta, nesse caso não se

tratará da possibilidade de desistência, mas sim de vício, incorrendo o consumidor

na garantia legal prevista no artigo 18, 19 e 20 do Código de Defesa do Consumidor.

e) Contratos de adesão

A definição dos contratos de adesão está na própria lei do Código de Defesa

do Consumidor, que dispõe:Art. 54: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

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O contrato de adesão, de forma simples, podemos constatar que são

clausulas redigidas pelo fornecedor, sendo estabelecida unilateralmente sem a

participação do consumidor que lhe permita discutir ou modificar substancialmente

seu conteúdo; logo, são modelos de contratos prontos para a finalidade de acelerar

a execução da relação negocial.

Considerando o consumidor como a parte mais vulnerável de uma relação de

consumo, o Código de Defesa do Consumidor prevê aos contratos de adesão

termos claros, e em evidência, para que assim o consumidor possa visualizar e

compreender o estabelecido no contrato, estando ciente do conteúdo disposto,

buscando, assim, o equilíbrio contratual. Essa norma está contida no artigo 54, § 3º

do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe: “Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor”. (grifo nosso)

f) Da responsabilidade por vício do produto ou serviço

O fornecedor on-line pode ser responsabilizado pelo Código de Defesa do

Consumidor, referente ao produto ou serviço que apresentou anomalias, e afetou a

funcionalidade do produto ou serviço nos aspectos de qualidade e quantidade,

diminuindo-lhe o valor. Como exemplo, podemos citar um aparelho celular que não

faz ligação, ou um vidro de perfume de 100 ml que só tem 90 ml. Para dar melhor

alusão à definição de vício do produto, consoante a Nunes (2012): São consideradas vícios as características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma são considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária.(NUNES, 2012, p. 229).

O artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor trata do vício de qualidade e

impõe o prazo de até 30 (trinta) dias para que o vício seja sanado. Caso o

fornecedor não cumpra a obrigação de sanar o vício no prazo legal, o referido artigo

prevê alternativas ao consumidor.  Art. 18: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade

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que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço.

De acordo com o § 2° do artigo mencionado, poderão as partes de modo

consensual, estabelecer o prazo para o fornecedor realizar os reparos, desde que

não seja inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos casos de

contratos de adesão, o mesmo parágrafo da lei prevê que a cláusula de prazo

deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do

consumidor. A escolha de uma dessas três alternativas, automaticamente,

acarretará na exclusão das demais.

Ainda conforme o referido artigo, o parágrafo §3° prevê que o consumidor

poderá fazer uso imediato das alternativas do §1° sempre que, em razão da

extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade

ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou tratar-se de produto essencial.

Conforme o artigo 26 do Código de Defesa do Consumidor, nos casos de

vício aparente, o direito de reclamar se extinguirá em trinta dias para serviço e

produtos não duráveis, e em noventa dias tratando-se de fornecimento de serviço e

de produtos duráveis, iniciando a contagem do prazo a partir da entrega efetiva do

produto ou do término da execução dos serviços. Já nos casos de vício oculto, o

prazo iniciará no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Nos casos de vício de quantidade, o artigo 19 do Código de Defesa do

Consumidor, prevê também alternativas que o consumidor poderá recorrer com o

intuito de que o vício seja sanado, como demonstra o referido artigo a seguir: Art. 19: Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:I - o abatimento proporcional do preço;II- complementação do peso ou medida;

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III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

Nas hipóteses de prestação de serviços com vícios de qualidade, que

impossibilita a finalidade de seu consumo ou que diminua seu valor, o artigo 20 do

Código de Defesa do Consumidor prevê alternativas ao consumidor para este caso

específico:Art. 20: O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:I - a reexecução dos serviços, sem custo dicional e quando cabível;II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;III - o abatimento proporcional do preço.§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.

Dando seguimento, conforme o §1° do artigo em questão, a reexecução dos

serviços poderá ser confiada a terceiros, por conta e risco do fornecedor, sendo

impróprios os serviços de acordo com o §2º, os serviços que se apresentarem

inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles

que não atendam às normas regulamentares de prestabilidade.

Para finalizar, ante as garantias previstas no artigo 18, 19, e 20 do Código de

Defesa do Consumidor, o consumidor poderá se valer imediatamente destas, se a

garantia estabelecida no contrato de consumo não incluir todos os vícios do produto

ou serviço, da mesma forma, poderá utilizar a garantia contratual se esta for mais

favorável ao consumidor.

3 A REGULAMENTAÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NO CÓDIGO DO CONSUMIDOR. (DECRETO FEDERAL Nº 7962/13)

O Decreto Federal nº. 7962 passou a vigorar a partir da data 13/05/2013,

emanada pela presidência da República Federativa do Brasil, a qual regulamenta a

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relação comercial do comércio eletrônico na internet, estabelecendo regras com

base nos princípios que regem o Código de Defesa do Consumidor.

Para iniciar a análise do referido Decreto, o mesmo em seu artigo 1º

estabelece a abrangência do seu objetivo, prevendo três pontos básicos a serem

regulamentados, visando à proteção do consumidor mediante a esses três direitos

fundamentais elencados nos incisos do seguinte artigo:Art. 1º:  Este Decreto regulamenta a Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico, abrangendo os seguintes aspectos:I - informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor;II - atendimento facilitado ao consumidor; eIII - respeito ao direito de arrependimento.

Como pode ser observado, o Decreto que regulamenta o comércio eletrônico

no Brasil é basicamente estruturado pelo princípio da informação, princípio da boa-

fé, e pelo direito de arrependimento, que veremos, expressamente, a presença de

tais direitos fundamentais nos artigos seguintes do presente decreto.

Superado o artigo 1º, que estabelece as diretrizes do Decreto, passamos para

o artigo 2º. Nesse dispositivo, o legislador se preocupou em indicar informações

imprescindíveis que o fornecedor deve disponibilizar ao consumidor para que haja

maior segurança ao efetuar a compra por meio eletrônico:Art. 2º Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as seguintes informações:I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda;II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e contato;III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à segurança dos consumidores;IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de entrega ou seguros;V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; eVI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.

Como o consumidor presumidamente é a parte mais vulnerável da relação,

para compensar a falta de informações devido à distancia do consumidor entre o

fornecedor e o produto, deve haver – de forma destacada e de fácil visualização – o

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acesso do consumidor a todas as informações do fornecedor e produto/serviço

elencadas nos incisos do artigo apresentado acima.

Seguindo para o artigo 3º do Decreto, além da obrigatoriedade de

disponibilizar as informações dispostas no artigo anterior, esse visa regulamentar

acrescentando informações específicas devidas aos consumidores de sites que

ofertam compras coletivas:Art. 3º Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para ofertas de compras coletivas ou modalidades análogas de contratação deverão conter, além das informações previstas no art. 2o, as seguintes:I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do contrato;II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; eIII - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do fornecedor do produto ou serviço ofertado, nos termos dos incisos I e II do art. 2o.

Essa modalidade de compra, como apresenta algumas peculiaridades, além

das informações que constam no artigo 2º, há a necessidade dos sites de compras

coletivas, adicionalmente, disponibilizarem ao consumidor a quantidade mínima de

consumidores para validação da oferta,  o prazo para utilização da oferta pelo

consumidor e identificação do fornecedor responsável.

Com relação ao artigo 4º do Decreto Federal, encontramos regras que

apontam o atendimento facilitado ao consumidor, visto que como o consumidor

presumidamente é a parte mais frágil da relação de consumo, esse artigo tem como

objetivo impor condições mínimas de relacionamento entre fornecedor e consumidor,

tanto na fase anterior da celebração do contrato, como após a formação do contrato.Art. 4º: Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o fornecedor deverá I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as informações necessárias ao pleno exercício do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem direitos;II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e correção imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores à finalização da contratação;III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta;IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservação e reprodução, imediatamente após a contratação;V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio eletrônico, que possibilite ao consumidor a resolução de demandas referentes a informação, dúvida, reclamação, suspensão ou cancelamento do contrato;VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso, pelo mesmo meio empregado pelo consumidor; eVII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor.Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas previstas no inciso V do caput será encaminhada em até cinco dias ao consumidor.

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Seguindo para o artigo 5º, constata-se que é dever do fornecedor informar de

forma clara e ostensivamente os meios pelo qual o consumidor poderá usar-se para

fazer valer o direito de arrependimento, e impõe regras que protegem o consumidor

de consequências para que possa ser exercido o direito de arrependimento sem

qualquer prejuízo: Art. 5º: O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.§ 1 O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados.§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor.§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou à administradora do cartão de crédito ou similar, para que:I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ouII - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha sido realizado.§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata do recebimento da manifestação de arrependimento.

Prosseguindo para o artigo 6º do Decreto Federal, o mesmo dispõe: Art. 6º: As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos, quantidade, qualidade e adequação.

Esse artigo visa aplicar os artigos 30 e 31 do Código de Defesa do

Consumidor as contratações no comércio eletrônico, que assim dispõe:Art. 30: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.

Já o artigo 7º do Decreto dispõe: “A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das sanções previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990”. (grifo nosso)

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Por fim, o artigo 8º do Decreto impõe que as regras previstas nos artigos 2º,

3º e 9º do decreto 5.903/06 serão aplicadas às contratações eletrônicas.Art. 8º O Decreto no 5.903, de 20 de setembro de 2006, passa a vigorar com as seguintes alterações.Art. 10.  Parágrafo único. O disposto nos arts. 2o, 3o e 9o deste Decreto aplica-se às contratações no comércio eletrônico.” (NR)

Portanto, faz-se necessária a verificação dos referidos dispositivos do Decreto

5.903/06, que além de serem aplicados no comércio em geral, também abrangerão

às contratações eletrônicas:Art.2º Os preços de produtos e serviços deverão ser informados adequadamente, de modo a garantir ao consumidor a correção, clareza, precisão, ostensividade e legibilidade das informações prestadas.§ 1o  Para efeito do disposto no caput deste artigo, considera-se:I - correção, a informação verdadeira que não seja capaz de induzir o consumidor em erro;II - clareza, a informação que pode ser entendida de imediato e com facilidade pelo consumidor, sem abreviaturas que dificultem a sua compreensão, e sem a necessidade de qualquer interpretação ou cálculo;III - precisão, a informação que seja exata, definida e que esteja física ou visualmente ligada ao produto a que se refere, sem nenhum embaraço físico ou visual interposto;IV - ostensividade, a informação que seja de fácil percepção, dispensando qualquer esforço na sua assimilação; eV - legibilidade, a informação que seja visível e indelével.Art.3º O preço de produto ou serviço deverá ser informado discriminando-se o total à vista.Parágrafo único.  No caso de outorga de crédito, como nas hipóteses de financiamento ou parcelamento, deverão ser também discriminados:I - o valor total a ser pago com financiamento;II - o número, periodicidade e valor das prestações;III - os juros; e IV - os eventuais acréscimos e encargos que incidirem sobre o valor do financiamento ou parcelamento. Art. 9º  Configuram infrações ao direito básico do consumidor à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, sujeitando o infrator às penalidades previstas na Lei no 8.078, de 1990, as seguintes condutas:I - utilizar letras cujo tamanho não seja uniforme ou dificulte a percepção da informação, considerada a distância normal de visualização do consumidor;II - expor preços com as cores das letras e do fundo idêntico ou semelhante;III - utilizar caracteres apagados, rasurados ou borrados;IV - informar preços apenas em parcelas, obrigando o consumidor ao cálculo do total;V - informar preços em moeda estrangeira, desacompanhados de sua conversão em moeda corrente nacional, em caracteres de igual ou superior destaque;VI - utilizar referência que deixa dúvida quanto à identificação do item ao qual se refere;VII - atribuir preços distintos para o mesmo item; eVIII - expor informação redigida na vertical ou outro ângulo que dificulte a percepção.

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CONCLUSÃO

Atualmente podemos usufruir das vantagens que o comércio eletrônico

proporciona sem se preocupar com imprevistos futuros concernentes as compras

realizadas, pois certamente tem se consolidado cada vez mais ao longo dos anos,

adquirindo validade e eficácia na órbita jurídica. É notório o amparo jurídico diante

dos princípios e normas do Código de Defesa do Consumidor, visto que os conceitos

de consumidor e fornecedor, constantes desse Código, se aplicam perfeitamente ao

comércio eletrônico.

Além da aplicabilidade imediata dos institutos do referido Código, o

consumidor que se sentir lesionado poderá encontrar amparo jurídico valendo-se do

Decreto Federal n. 7.962/2013 que visa à proteção do consumidor nas compras

realizadas pela internet mediante princípios e normas fundamentais, que darão

segurança as transações eletrônicas nos casos de lesão ao direito do consumidor na

rede.

Portanto, conclui-se que as atuais disposições legislativas são totalmente

aptas a proteger o consumidor sempre que sentir explorado ou inferiorizado.

Contudo, este trabalho não teve por objetivo esgotar o assunto aqui tratado,

tendo em vista que a relação de consumo realizada através da internet encontra-se

em constante desenvolvimento que parece não ter limite.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº. 7.962, de 15 de março de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7962.htm>. Acesso em: 05 abril 2016.

BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 13 março 2016.

NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 

TURBAN, Efraim; KING, David. Comércio Eletrônico: Estratégia e Gestão. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2004.

VENTURA, Luis Henrique. Comércio e Contratos Eletrônicos: Aspectos Jurídicos. 2 ed. Bauru: Edipro, 2010. 

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