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O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA The Tax PLANNING AS A STRATEGIC TOOL Letícia da Silva Caires –[email protected] Thaísa Fernanda Jeremias Gaviola - [email protected] Graduandos em Ciências Contábeis – UniSALESIANO Lins Prof. Irso Tófoli – UniSALESIANO Lins – [email protected] Érica Cristiane dos Santos Campaner – UniSALESIANO Lins – [email protected] RESUMO A inexperiência dos empresários em lidar com as operações burocráticas do dia a dia de uma empresa e diante diversas mudanças econômicas e sociais que o Brasil passa, para que as empresas se mantenham no mercado é necessário um bom planejamento com visão estratégica para alcançarem suas metas. A alta carga tributária acaba prejudicando àqueles que não possuem conhecimento dos tributos e levando muitas empresas a falência ou a prejuízos contínuos e isso ocorre por não saberem realizar um planejamento tributário ou não conhecer os regimes tributários existentes ou benefícios que melhor se enquadra. O presente trabalho visa mostrar os principais regimes existentes e quais suas principais características para auxiliar e implantar o planejamento tributário e demonstrar ao gestor da empresa Açaí +Sabor Lins sua realidade financeira, obtida através do planejamento tributário, e visualizará estrategicamente se a mesma está enquadrada corretamente, permitindo que se realize o acompanhamento de seu faturamento mensal e anual, maximizando seus resultados. Palavras–chave: Planejamento Tributário . Carga Tributária . Visão Estratégica . ABSTRACT Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

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O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

The Tax PLANNING AS A STRATEGIC TOOL

Letícia da Silva Caires –[email protected]ísa Fernanda Jeremias Gaviola - [email protected]

Graduandos em Ciências Contábeis – UniSALESIANO Lins

Prof. Irso Tófoli – UniSALESIANO Lins – [email protected]Érica Cristiane dos Santos Campaner – UniSALESIANO Lins –

[email protected]

RESUMO

A inexperiência dos empresários em lidar com as operações burocráticas do dia a dia de uma empresa e diante diversas mudanças econômicas e sociais que o Brasil passa, para que as empresas se mantenham no mercado é necessário um bom planejamento com visão estratégica para alcançarem suas metas. A alta carga tributária acaba prejudicando àqueles que não possuem conhecimento dos tributos e levando muitas empresas a falência ou a prejuízos contínuos e isso ocorre por não saberem realizar um planejamento tributário ou não conhecer os regimes tributários existentes ou benefícios que melhor se enquadra. O presente trabalho visa mostrar os principais regimes existentes e quais suas principais características para auxiliar e implantar o planejamento tributário e demonstrar ao gestor da empresa Açaí +Sabor Lins sua realidade financeira, obtida através do planejamento tributário, e visualizará estrategicamente se a mesma está enquadrada corretamente, permitindo que se realize o acompanhamento de seu faturamento mensal e anual, maximizando seus resultados.

Palavras–chave: Planejamento Tributário. Carga Tributária. Visão Estratégica.

ABSTRACT

The inexperience of entrepreneurs in dealing with bureaucratic day to day of a company and on various economic and social change operations that Brazil goes for companies to stay in the market requires a good planning with strategic vision to reach their goals. The high tax burden ends up hurting those who have no knowledge of taxes and leading many companies to bankruptcy or continuous losses and it is not knowing conduct a tax planning or do not know the existing tax regimes or benefits that best fits. This work aims to show the main existing regimes and what its main features to assist and implement tax planning and demonstrate the company's manager Açaí +SaborLins financial reality, obtained through tax planning, and display strategically if it is framed correctly , allowing you to perform the monitoring of your monthly and annual revenues, maximizing your results.

Keywords: Tax Planning. TaxBurden. Strategic Vision.

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INTRODUÇÃO

Atualmente as empresas vêm enfrentando grandes mudanças políticas e

econômicas nos últimos tempos e estão submissas a uma pesada carga tributária, o

que tem feito muitos empresários vir a declarar falência, pois não conseguem manter

fatores competitivos como o preço de suas mercadorias/serviços.

A maneira de não deixar que a empresa enfrente o processo de falência ou

de prejuízos contínuos é de buscar ferramentas e orientações de profissionais da

qualificados para auxiliar os gestores em suas tomadas de decisões, através da

realidade financeira da empresa, de modo a reduzir sua carga tributária.

A finalidade é a de demonstrar que a elaboração e a utilização do

planejamento tributário em uma organização podem afetar seus resultados e se

tornar-se uma ferramenta estratégica que auxiliará os gestores em suas tomadas de

decisões, diminuindo seus riscos e custos.

O planejamento tributário é um meio legal para redução de carga tributária de

extrema importância tanto para pessoa física, quanto jurídica, onde cada empresa

se adéqua em um regime tributário de acordo com suas atividades e resultados

financeiros, identificado através da análise e planejamento elaborado por um

profissional qualificado.

Para o desenrolar deste trabalho foi realizada uma pesquisa na empresa Açaí

+Sabor Lins, no período de fevereiro a outubro de 2016, com o objetivo de analisar a

influência do regime tributário nos resultados financeiros da empresa e verificar qual

o melhor a se enquadrar.

1 A EMPRESA

A franquia Açaí +Sabor Lins está presente em toda a região de São Paulo

com mais de 20 lojas, e em Lins está localizada na Rua Tenente Gomes Ribeiro,

n°75, no Bairro Vila Alta, desde maio de 2015.

A unidade de Lins deu início as suas atividades em maio de 2015 com os

sócios o sócio Sr. Rodrigo Lima Ferreira e o Sr. Cristian Moriwaki, passaram por

turbulências logo na abertura da empresa devido exigências do corpo de bombeiros,

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referente ao acesso ao piso superior do prédio que está desocupado e não faz parte

de sua empresa, onde os mesmos exigiam uma rampa para cadeirantes mesmo que

não tivesse acesso ao Açaí.

Esse fato impossibilitou que a empresa optasse pelo regime tributário Simples

Nacional, que exige um prazo de 30 dias para fazer a opção, que segundo os

contadores da empresa seria o melhor regime para seu enquadramento, assim

perdendo o prazo de opção do simples e se enquadraram no regime normal, o qual

para os contadores seria inviável para a empresa devido à alta tributação do regime

a empresa pagaria muitos impostos.

Logo, os mesmos os aconselharam a adequar o prédio, segundo às normas

do Corpo de Bombeiros, e reabrir um novo CNPJ, fato que só foi possível em 2016,

logo a empresa alterou um antigo CNPJ e regularizou todo o processo para fazer a

opção pelo regime Simples Nacional.

2 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA

Para a organização alcançar suas metas e apresentar bons resultados é

necessário que se tenha um bom planejamento, que é uma ferramenta de estratégia

futura que auxiliará os gestores em suas tomadas de decisões.

Segundo Robbins (2000), o planejamento é a definição de metas, estratégia

global para alcançá-las e hierarquia de planos para coordenar as atividades que

serão realizadas.

O planejamento estratégico demanda grande tempo e abrangem uma área

mais ampla, aplicando-se à organização como um todo e estabelecendo objetivos

globais. Já o planejamento operacional possui metas mais estreitas e limitadas,

detalhando como devem ser alcançadas os objetivos organizacionais globais,

cobrindo curtos períodos de tempo.

A falta do planejamento evita “surpresas” inesperada e reduz o impacto da

mudança, minimizando os desperdícios e a redundância, que através dos padrões

fixos facilita o controle.

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O planejamento deve ser de conhecimento de todos da organização, pois

assim dá direção aos gestores e não gestores, permitindo trabalharem em equipe e

seguirem o mesmo rumo às metas estabelecidas.

A estratégia empresarial complementa o planejamento, pois é a visão de onde

se quer chegar. Para Chiavenato e Sapiro (2003), é um padrão de objetivos e

políticas a serem seguidas que definirá o tipo de empresa que é ou deverá ser.

Conforme Costa (2006), estratégia é você se imaginar no futuro e observar o

que ainda deve ser feito hoje para que o idealizado se concretize.

Para que uma empresa tenha consciência dos caminhos a serem seguidos

para se alcançar os objetivos visados, e os riscos que poderá enfrentar, é de

extrema importância que se possua a estratégia empresarial.

3 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

O planejamento tributário permitirá aos gestores uma visão de todos os

tributos que deverão ser pagos hoje e no futuro, sendo uma ferramenta de estratégia

empresarial, que auxiliará os mesmos em suas tomadas de decisões.

A organização que realiza o planejamento tributário possui vantagem

competitiva entre os seus concorrentes, onde tem a capacidade de buscar a menor

carga tributária seguindo a legislação vigente.

“Planejamento tributário é o meio legal de redução da carga tributária. Nos

tempos atuais, é a ferramenta necessária não só a qualquer empresa, como também

aos contribuintes pessoas físicas” (CHAVES, 2008, p. 8).

Para Fabretti (2003), o planejamento tributário é uma relação custo/benefício

que deve ser elaborado por profissional contábil bem qualificado, pois exigirá bom

senso do mesmo para verificar quais as alternativas mais adequadas para a

organização.

O planejamento tributário deve ser elaborado visando à elisão fiscal, que é a

redução da carga tributária de forma lícita respeitando o previsto na legislação. É

direito de qualquer organização pagar menos tributos de forma a reduzir este

impacto, perante a lei.

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3.1 Tributo

O tributo é a prestação de contribuintes pessoas físicas e jurídicas pagos ao

estado, através da lei, cobradas pela administração pública e fisco.

Segundo a Lei nº 5.172/66 de 25 de outubro de 1966, em seu artigo 3º,

“tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato licito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, p. 1).

O Portal Tributário (2016), em 02 de fevereiro de 2016, baseado nos

conceitos constitucionais e do Código Tributário Nacional informou que o Brasil

conta com 92 tributos, sendo os Impostos, taxas, contribuições e contribuições de

melhoria.

3.1.1 Impostos

O imposto é o tipo de tributação mais conhecido na sociedade, e está

presente direta ou indiretamente no dia a dia de cada consumidor, sendo de ordem

Municipal, Estadual ou Federal.

“Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”

(BRASIL, 1966, art. 16).

Sabbag (2010) cita dois tipos de impostos: os diretos e os indiretos. O

primeiro a carga econômica é suportada pelo contribuinte, sendo àquele que não

repercute, como por exemplo, o Imposto de Renda. O segundo não é assumido por

quem realizou o fato gerador, repercutindo em terceira pessoa.

3.1.2 Taxas

Conforme Amaro (2014), a taxa é fato gerador do estado, que exerce

determinada atividade e àquele que a aproveitou é cobrada a taxa, não sendo fato

gerador do contribuinte.

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Segundo o Portal Tributário (2016), as taxas são cobradas em razão do

exercício de poder de polícia ou pela utilização de serviços públicos específicos ou

divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à disposição da população.

3.1.3 Contribuições

Conforme o Gestor Total (2013) há dois grupos de contribuições: Contribuição

Especial e Contribuição de Melhoria. A primeira é cobrada quando se destina a um

determinado grupo ou atividade, como por exemplo, o Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS), PIS (Programa de Integração Social). O segundo é quando há

melhoria que resulte em benefício ao contribuinte, como por exemplo, quando é feito

asfaltamento em uma rua, que consequentemente aumenta o valor do imóvel e gera

a contrapartida do cidadão, pois ele teve um claro benefício.

4 REGIME TRIBUTÁRIO

A escolha do regime tributário para uma empresa é de extrema importância,

pois o enquadramento definirá qual será sua base de cálculo dos impostos e sua

incidência. Cada empresa possui uma realidade e atividades econômicas diferentes,

e é necessária uma verificação aprofundada em cada regime tributário para definir

aquele que melhor se enquadrará. No Brasil, os regimes tributários mais utilizados

são: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional. Cada um possui uma

legislação própria que define todos os impostos e procedimentos que a empresa

deverá cumprir para ficar dentro da legalidade.

A escolha pelo melhor regime é efetuado juntamente a um escritório e

profissional contábil, onde a empresa posteriormente recolherá seus tributos e

contribuições ao Governo Federal. A seguir, pontos importantes de cada regime

tributário:

Quadro 1: Veja como escolher o melhor Regime Tributário:

(continua)SIMPLES NACIONAL LUCRO PRESUMIDO LUCRO REAL

Nível de Faturamento

Até R$ 3,6 milhões por ano Até R$ 48 milhões. Todas as empresas.

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(conclusão)

Cálculo de Impostos

As alíquotas são fixas e dependem do

faturamento do setor. O percentual máximo é de 16,85% sobre a receita.

Os 25% de IR incidem sobre um lucro pré-definido de 8%

da receita para a indústria e a maior parte do comércio e de

32% para a maioria dos serviços. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de 9%

incide sobre 12% da receita da indústria e do comércio e sobre 32% nos serviços

O Imposto de Renda de 25% e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de 9% são

cobrados sobre o lucro realmente apurado.

Apenas as instituições financeiras pagam 15% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Para quem serve

Microempresas (faturamento até R$

360 mil ao ano) e pequenas empresas

(faturamento de R$ 360 mil a 3,6 milhões ao

ano).

Para as empresas que possuem uma margem líquida real superior a presumida pela legislação fiscal (8% da receita

para a indústria e a maior parte do comércio e de 32% para a maioria dos serviços).

Para empresas que possuem margem líquida real inferior a presumida

pela legislação fiscal.

Principais Regras

O Simples Nacional é um regime unificado de cobrança e arrecadação

de tributos (IR, contribuição social e

previdenciária, PIS/PASEP, COFINS,

IPI, ICMS E ISS).

A alíquota do PIS é de 0,65% e a da Cofins 3% sobre a

receita. Mas nenhum crédito pode ser descontado.

A legislação é mais complexa. As alíquotas

do PIS (1,65%) e da Cofins (7,6%) sobre a

receita são maiores que no lucro presumido.

Atenção

Outros benefícios ou isenções fiscais

municipais ou estaduais não são possíveis no

simples.

Se a margem real de lucro for inferior aos percentuais pré-definidos, a empresa pagará

mais impostos pelo sistema de lucro presumido.

É possível descontar créditos referentes a

despesas relacionadas ao processo produtivo,

entre outras, o que pode representar ganhos.

Fonte: Adaptado de Folha de São Paulo, 2013.

5 COMPARAÇÃO TRIBUTÁRIA

O empresário precisa conhecer todos os regimes tributários e saber o que ele

pagaria em cada um, para saber qual trará melhor custo/beneficio fato que não

ocorreu na empresa Açaí +Sabor que apenas aceitou o regime que o contador

propôs, até por desconhecerem sobre os demais regimes existentes e a legislação.

Assim, foi verificada a necessidade de apresentar os cálculos dos impostos

em cada regime tributário, se escolhido, utilizando como base o período, maio de

2015, mês e ano que a empresa iniciou suas atividades até o final do ano de 2015,

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depois uma nova análise tributária considerando o período de janeiro a julho de

2016 e por fim um planejamento futuro para definir em qual momento a empresa

precisará alterar seu regime, pois o mesmo não compensará mais e resultará em

altos custos e prejuízos financeiros, visando sempre o melhor custo/benefício e

respeitando a legislação.

5.1 Comparação tributária: Lucro Real

O Lucro Real, como o próprio nome sugere, é com base no lucro apurado no

período, onde foi utilizada a apuração anual para realizar os cálculos. As alíquotas

utilizadas foram:

a) Programa de Integração Social (PIS), a alíquota é de 1,65% sobre as

mercadorias incidentes;

b) Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social

(COFINS), a alíquota é de 7,6% sobre as mercadorias incidentes;

c) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a alíquota

é de 18%, sendo que apenas 5% das mercadorias da empresa têm a

incidência, pois já vem recolhido pelos fornecedores;

d) Como a empresa não presta serviços não tem a incidência do Imposto

sobre Serviços (ISS);

e) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a alíquota é de 8%

sobre o valor da folha de pagamento;

f) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sobre o valor da folha de

pagamento dos funcionários a alíquota de 8%, na cota patronal a alíquota

é de 20% e sobre o pró-labore, a alíquota de 11% sobre o valor informado

pela empresa;

g) Imposto de Renda (IR), a alíquota é de 15% sobre o lucro líquido trimestral

que a empresa apresenta, estando sujeita ao adicional de 10% se

ultrapassar a receita de R$ 60.000,00. Não foi apurado o adicional de

10%;

h) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a alíquota é de 9%

sobre o lucro líquido trimestral.

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Quadro 2: Impostos devidos Lucro Real

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2016.

Opção normalmente de empresas de maior porte, devido os altos valores

faturados e por ser um regime que exige mais obrigações acessórias, e a

fiscalização ser mais intensa, faz com que muitos empresários, devido à dificuldade

que encontram para atender às exigências organizacionais para poder permanecer

neste regime sem infringir as leis, acabam optando por outros regimes mesmo que o

Lucro Real seja o mais indicado.

5.2 Comparação tributária: Lucro Presumido

O Lucro Presumido se comparado com o Lucro Real é um regime mais

simplificado, tanto da visão das obrigações acessórias quanto para a apuração que

é realizada sobre o faturamento, fator este que a empresa deve se atentar quanto à

receita bruta anual exigida na lei. As alíquotas utilizadas foram:

a) Programa de Integração Social (PIS), a alíquota é de 0,65% sobre as

mercadorias incidentes e não gera créditos na entrada.

b) Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS),

a alíquota é de 3% sobre as mercadorias incidentes e não gera créditos na

entrada.

c) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a alíquota é

de 18%, sendo que apenas 5% das mercadorias da empresa têm a

incidência, pois já vem recolhido pelos fornecedores;

d) Como a empresa não presta serviços não tem a incidência do Imposto

sobre Serviços (ISS);

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e) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a alíquota é de 8%

sobre o valor da folha de pagamento;

f) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sobre o valor da folha de

pagamento dos funcionários a alíquota de 8%, na cota patronal utilizou- a

alíquota de 20% e o pagamento sobre o pró-labore, com a alíquota de 11%

sobre o valor informado pela empresa;

g) Imposto de Renda (IR), a alíquota é de 8% e 15% para empresas do

comércio aplicadas sobre o faturamento trimestral que a empresa

apresenta, estando sujeita ao adicional de 10% se ultrapassar a receita de

R$ 60.000,00. Foi apurado o adicional de 10% somente no terceiro e

quarto trimestre de 2015;

h) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a alíquota é de 12% e

9% para empresas do comércio aplicadas sobre o faturamento trimestral.

Quadro 1: Impostos devidos Lucro Presumido

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2016.

Por ser calculado sobre o valor faturado o Imposto de Renda (IR) e a

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), logo mesmo que a empresa

apresente prejuízo, pagará estes impostos, o que é um ponto negativo do regime.

Porém muitas empresas que não podem se encaixar ou não compensa o Simples

Nacional, acabam optando por este regime por ser menos exigente que o Lucro

Real.

5.3 Comparação tributária: Simples Nacional

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O Simples Nacional é o regime mais simplificado dentre os três, por ser

unificado e vem se tornando o preferido dos contadores para indicar aos

empresários, porém a ideia de ser simples e se pagar menos são ilusórios, onde

somente através de uma análise é possível se identificar este fator. As alíquotas

utilizadas foram:

a) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), é devido

somente para compras interestaduais, pagando o diferencial entre as

alíquotas ou substituição tributária, porém como a empresa não realiza

compras interestaduais, não tem a incidência do imposto;

b) Como a empresa não presta serviços não tem a incidência do Imposto

sobre Serviços (ISS);

c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a alíquota é de 8%

sobre o valor da folha de pagamento;

d) Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o pagamento da cota patronal é

dispensável, sendo calculadas apenas as alíquotas de 8% sobre a folha de

pagamento e 11% sobre o pró-labore.

Quadro 4: Impostos devidos Simples Nacional

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2016.

5.4 Análise tributária do exercício de 2015

Na análise tributária realizada com os dados da empresa, foram observados

os custos, impostos e margem líquida em cada regime tributário através dos

resultados obtidos. Com o gráfico abaixo pode-se realizar a análise tributária.

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Gráfico 1: Gráfico da análise tributária de 2015

Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional R$-

R$10,000.00

R$20,000.00

R$30,000.00

R$40,000.00

R$50,000.00

R$60,000.00

R$70,000.00

R$80,000.00

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2016.

Se analisar apenas os custos apresentados, pode-se concluir que o melhor

regime a se enquadrar é o Lucro Real, porém a análise continuou e ao analisar os

impostos, verifica-se uma incompatibilidade com a análise dos custos, pois

analisando os impostos a empresa pagará menos no Simples Nacional e por fim,

analisando os lucros líquidos/margens líquidas, é possível afirmar que no simples

nacional a empresa terá maior lucratividade.

Se analisar todos os dados obtidos, como: margens apresentadas,

juntamente com os custos e impostos, já se pode concluir que no Simples Nacional

a empresa vai obter maior Lucro Líquido do Exercício que nos demais regimes.

Assim, é possível reafirmar a importância de analisar o conjunto de dados,

tendo que individualmente o gestor pode tomar uma decisão errônea que poderá

gerar altos custos e podendo levar a empresas a sofrer prejuízos.

5.5 Análise tributária do exercício de 2016

Foi realizada a análise tributária do exercício de 2016, com os valores

apresentados pelo Açaí +Sabor Lins, referentes aos meses de Janeiro à Julho, e

verificado se o regime tributário que a empresa se enquadrou para esse exercício,

que foi o Simples Nacional, realmente foi o melhor a se enquadrar.

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Essa necessidade surge, pois neste período a empresa obteve um grande

aumento de suas receitas, fato que pode mudar a escolha do regime tributário, onde

que a mesma agora pode está pagando mais impostos no atual regime em que está

enquadrada. Diante da análise realizada foram identificados, através do gráfico

abaixo, os custos, impostos e margem líquida em cada regime tributário.

Gráfico 2: Gráfico da análise tributária de 2016

Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional R$-

R$20,000.00 R$40,000.00 R$60,000.00 R$80,000.00

R$100,000.00 R$120,000.00 R$140,000.00 R$160,000.00 R$180,000.00

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2016.

Comparado os valores do gráfico, o regime tributário que apresentou o menor

custo foi o Lucro Real, porém se comparado pelos Impostos, aquele que apresentou

menor valor foi o Simples Nacional e se observado o Lucro Líquido, o que resultou

maior valor foi também o Simples Nacional

Assim, pode-se concluir que até então a empresa tem optado melhor regime

tributário, pois está resultando na menor carga tributária, logo apresentando melhor

relação custo/beneficio, o que impulsiona o crescimento e desenvolvimento da

empresa.

Cabe ressaltar que a legislação está em constantes mudanças e para 2018 já

está prevista novas alterações nos regimes tributários, o que torna necessário

acompanhar e verificar as mudanças tributárias e se ocorrerá a necessidade de

mudança de regime, para evitar possíveis desvantagens para a empresa.

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CONCLUSÃO

Quando a empresa inicia suas atividades não deve se iludir olhando apenas a

simplicidade de um regime tributário, ou o que apresenta as menores alíquotas de

imposto de renda, ou então não escolher devido às imensas obrigações acessórias

exigidas do regime.

A escolha de um regime tributário não pode ser com base em apenas um tipo

de tributo. A empresa deve ser vista como um todo, pois por um lado ela pode pagar

um valor menor em um determinado tributo, mas por outro lado, submeter-se a

outros tipos de impostos com alíquotas mais altas.

Logo surge a necessidade da empresa, procurar profissionais qualificados

para realizar uma análise detalhada e bem definida ao iniciar suas atividades e ao

final de cada ano, para determinar qual o melhor regime a ser enquadrada, para que

resulte em menor incidência de tributos, dentro da lei.

O presente trabalho teve como objetivo verificar que a elaboração e a

utilização do planejamento tributário em uma organização podem afetar seus

resultados e se tornar uma ferramenta estratégica que auxilia os gestores em suas

tomadas de decisões, diminuindo seus riscos e custos.

A empresa Açaí +Sabor Lins, sentiu a preocupação de avaliar se o seu

regime tributário adotado é o mais ajustado ao seu ramo, visando um crescimento

saudável da empresa.

É possível afirmar, nas condições atuais da empresa, após as devidas

análises nas opções tributárias disponíveis, que a sua opção pelo regime do Simples

Nacional é a melhor decisão, a mais vantajosa e rentável, desde que mantenha suas

compras dentro do estado de São Paulo e não ultrapasse o limite bruto de

faturamento.

Todavia é importante ressaltar que para que uma empresa seja considerada

uma empresa saudável é imprescindível a realização de um planejamento tributário

com o auxílio de profissionais capacitados, para que através de levantamentos e

análises, escolha o melhor regime para se enquadrar, evitando o pagamento de

tributos em excesso ou aproveitamentos ilícitos. E, anualmente deve-se realizar uma

verificação para analisar se deve manter o regime escolhido ou não.

Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016

Page 15: Universitári@ - SALESIANO Lins · Web viewO Portal Tributário (2016), em 02 de fevereiro de 2016, baseado nos conceitos constitucionais e do Código Tributário Nacional informou

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Todas essas análises devem ser contínuas e criteriosas para manter uma

empresa saudável.

O presente trabalho não esgota o assunto, podendo ser fonte de consulta

para novas pesquisas.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Decreto-Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 12452.

BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 28805.

CHAVES, F. C. Planejamento tributário na prática: gestão tributária aplicada. São Paulo: Atlas, 2008.

CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

COSTA, E. A. Gestão estratégica. São Paulo: Saraiva, 2006.

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ROBBINS, S. P. Administração: Mudança e perspectivas. Tradução Cid Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2000.

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