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YONE FREDIANI

GREVE NOS SERVIÇOS ESSENCIAIS

A LUZ DA CONSTITUIÇÁO FEDERAL DE 1988

MESTRADO EM DIREITO

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFIEOIOSASCO

2001

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YONE FREDIANI

GREVE NOS SERVIÇOS ESSENCIAIS

A LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Dissertação apresentada a Banca Examinadora da UNIFIEO - Centro Universitário FIEO, como exigdncia parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Direito, sob orientação do Professor Doutor Gabriel Chalita.

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFIEO/OSASCO

2001

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Banca Examinadora:

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CAP~TULO 1 A HIST~RIA DO TRABALHO

SUBORDINADO E SEUS REFLEXOS NA

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . EMPRESA. 12

CAP~TULO 2: O DIREITO DE GREVE. ORIGEM E

EVOLUÇAO HIST~RICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

CAP~TULO 3: O DIREITO ESTRANGEIRO E A

GREVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

CAP~TULO 4: A ORGANIZAÇAO INTERNACIONAL

DO TRABALHO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

CAP~TULO 5: DA COMUNIDADE EUROPÉIA AO

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . MERCOSUL. 54

CAP~TULO 6: O DIREITO DE GREVE NO BRASIL.

6.1. EVOLUÇÃO E TRATAMENTO NAS DIVERSAS

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CONSTITUIÇ~ES. 72

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CAP~TU LO 7: FUNDAMENTAÇAO CONSTITUCIONAL E CONCEITUAÇÃO DA

GREVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

7.1. REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

7.2. DAS DIVERSAS FORMAS DE PROTESTO

COLETIVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

7.3. A NOVA VISÃO DA GREVE DIANTE DA

FLEXIBILIZAÇÃO DAS RELAÇÓES DE

TRABALHO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

CAP~TULO 8: NATUREZA JUR~DICA. . . . . . . . . 109

8.1. TITULARIDADE DO DIREITO DE GREVE. 115

8.2. FINALIDADES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

8.3. QUALIFICAÇÃO DA GREVE . . . . . . . . . . . 118

CAPITULO 9: LIMITAÇÕEs AO DIREITO DE

GREVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

C A P ~ U L O 10: DA CARACTERIZAÇÃO DOS

SERVIÇOS ESSENCIAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

10.1. A INICIATIVA PRIVADA E OS SERVIÇOS

ESSENCIAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 36

10.2. O SERVIÇO PÚBLICO E O EXERC~CIO DA

GREVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

10.3. AS EMPRESAS PÚBLICAS E AS

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. . . . . . . . 142

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C A P ~ U L O 11: A DEFLAGRAÇÁO DE GREVE

NOS SERVIÇOS ESSENCIAIS. . . . . . . . . . . . . 144

11.1. OS SERVIÇOS OU ATIVIDADES

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ESSENCIAIS 150

11.3. O ATENDIMENTO AS NECESSIDADES

M~NIMAS DA POPULAÇÁO. . . . . . . . . . . . . . . . 152

CAP~TULO 12: CONSEQUÊNCIAS DA

INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS NA

DEFLAGRAÇÃO DE GREVE NOS SERVIÇOS

ESSENCIAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162

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Nossa proposta quando da escolha do tema "Greve

nos Serviços Essenciais" não foi outra senão demonstrar que o

exercício de direitos de igual grandeza, no caso a paralisação de

serviços essenciais em contraposição a necessidade da

população, podem conviver harmonicamente sem que possamos

afirmar que as limitações impostas pela legislação

infraconstitucional importem em qualquer restrição aos mesmos.

@ Para chegarmos a análise da questão propriamente

dita, examinaremos de inicio a evolução do trabalho subordinado

e seus reflexos na comunidade laboral e empresarial, passando à

apreciação da origem e evolução histórica da greve no Direito

Estrangeiro, para, logo a seguir, verificarmos eventuais

influências sofridas no direito pátrio diante dos inúmeros textos

constitucionais e infraconstitucionais promulgados até a presente

data.

A abordagem histórica nos pareceu de fundamental

relevância para compreensão da evolução sociológica do

instituto, influências e limitações sofridas em face do tratamento

dispensado pelo ordenamento legal sob apreciação.

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Ainda que superficialmente, analisaremos o

tratamento dispensado por alguns países quanto ao exercício do

direito de greve nos denominados serviços essenciais,

respectivas peculiaridades e reflexos, passando a verificação das

normas e diretrizes emanadas da Organização Internacional do

Trabalho acerca do mesmo tema, trazendo a colação alguns

verbetes de relevância provenientes do Comitê de Liberdade

Sindical e que tratam da parede nos serviços essenciais a

população.

Sob a denominação " Da Comunidade Européia ao

Mercosul", discorreremos com um pouco mais de detalhes sobre

as peculiaridades decorrentes do tratamento dispensado a greve

nos serviços essenciais junto ao Direito italiano e português em

face da existência de mecanismos singulares, quais sejam, a

existência de mediador oficial no primeiro deles e da possibilidade

de requisição civil no segundo com vistas a continuidade dos

serviços necessários a comunidade.

Posteriormente verificaremos o tratamento dado ao

direito de greve nos países integrantes do Mercosul com vistas a

constatação de suas divergências e semelhanças, de extrema

importância para o futuro e necessário processo de harmonização

de regras em face da implantação progressiva do mercado

comum entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

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Passaremos em seguida ao enfoque da

fundamentação constitucional do instituto da greve e sua

conceituação, bem como a perquirição de seus requisitos básicos

para ao final analisarmos as inúmeras formas de protestos

coletivos existentes que não podem ser tidos tecnicamente como

greve.

De primordial importância nos pareceu a pesquisa

da natureza jurídica do instituto da greve, bem como de sua

titularidade, visto não ser pacífico o entendimento quanto ao

exercício individual ou coletivo do mesmo direito. De igual forma,

verificaremos se o exercício da greve constitui direito ou liberdade

e suas respectivas considerações.

Questão de real interesse consistiu no exame das

limitações do direito de greve decorrentes da legislação

infraconstitucional e por conseguinte a constatação de que a

mesma, apesar das restrições impostas, não restringe o exercício

do direito sob apreciação, posto inexistir na atualidade direito cujo

exercício possa dar-se de maneira absoluta e ilimitada.

O objeto central do presente residiu na apreciação

do movimento pared>ta quando este é deflagrado por

trabalhadores vinculados aos serviços essenciais e respectivos

reflexos no âmbito do julgamento da parede.

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Genericamente, podemos conceituar serviços

essenciais os que por envolverem a vida, saúde e necessidades

básicas da população não podem ser objeto de paralisação total,

sob pena de causarem em algumas oportunidades danos

irreparáveis, como é o caso do abastecimento de água,

combustíveis e gás liquefeito, transportes coletivos e hospitais,

dentre outros.

Finalmente, estaremos aduzindo nossa conclusão

quanto a necessidade de criação de mecanismos alternativos

para o exercício do direito de greve em se tratando de

funcionários vinculados aos serviços essenciais, por entendermos

que, nessas atividades haverá de prevalecer o interesse coletivo

da comunidade atingida pela paralisação do serviços em

detrimento do interesse de determinado grupo de trabalhadores.

Com efeito, por mais legítimas que possam ser as

reivindicações da categoria profissional em confronto com os

interesses da categoria patronal, o terceiro estranho a relação, ou

seja, a população, é que na verdade sofre com a privação ou

diminuição dos serviços essenciais durante a realização da

parede.

Dessa forma, entendemos que o direito de greve

em tais serviços deva ser exercido moderadamente, uma vez

que a comunidade usuária dos serviços qualificados por

essenciais náo poderá sofrer as consequências da paralisação

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dessas atividades, até porque inexistem mecanismos alternativos

que funcionem com eficiência nessas ocasiões.

Assim sendo, nossa proposta em face do

ordenamento legal vigente cinge-se a ampliação do percentual do

contingente de trabalhadores envolvidos na prestação dos

serviços inadiáveis da população durante o movimento paredista

como forma de minorar os graves efeitos que a paralisação em

serviços essenciais acarreta a comunidade usuária dos mesmos

serviços.

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CAP~TULO I: A HISTÓRIA DO TRABALHO SUBORDINADO E

SEUS REFLEXOS NA EMPRESA

Considerando que o espírito associativo do homem

deriva de sua própria natureza, claro está que, por este motivo,

nos Estados democráticos, os direitos do livre exercício de

qualquer trabalho e da livre associação foram erigidos a condição

de garantias fundamentais. Em nosso ordenamento tais garantias

encontram-se previstas na Lei Maior no artigo sO, XIII e XVII.'

a Por outro lado, é perfeitamente compreensível e

justificável que o homem queira, com maior razão, associar-se

aos amigos, aqueles com OS quais tenha elos de identidade

ideológica, funcional, religiosa, etc.

Assim sendo, dúvidas não pairam quanto ao fato de

haver sido o interesse comum e a solidariedade entre pessoas

que partilham do mesmo meio, da mesma atividade profissional,

das mesmas dificuldades, resultante do embrião das associações

profissionais e, mais recentemente, dos sindicatos.

1 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissao, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

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No entanto, impossível seria adentrarmos ao tema

em questão sem antes relembrarmos, ainda que resumidamente,

as diversas fases por que passou a evolução do trabalho.

De início, não podemos olvidar que desde a mais

remota Antiguidade, sempre existiram dois grupos: os que

trabalham e os que se utilizam do trabalho desenvolvido.

Durante o regime da escravidão, pouco havia a ser

considerado, visto que o escravo era tido como coisa, e, como tal,

podia ser vendido, trocado, doado; era um objeto do qual seu

proprietário poderia dispor livremente.

$

Seguindo-se a evolução do homem, passamos da

escravidão a servidão, na qual a situação do escravo galgou

pequena melhoria, eis que não se encontrava mais o mesmo

sujeito ao seu proprietário, passando, no entanto, a condição de

prisioneiro da terra.

Com efeito, os latifundiários, necessitando de mão-

de-obra para prestação dos serviços nas grandes glebas,

passaram a ceder aos trabalhadores pequenos lotes para cultivo.

Em troca, os proprietários recebiam a prestação

pessoal de serviços e parte dos produtos obtidos; posteriormente,

iniciaram o pagamento de pequenas importâncias em moeda

corrente aos trabalhadores vinculados as suas glebas.

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Por outro lado, estava o trabalhador obrigado a

prestar fidelidade e obediência ao latifundiário, sendo de

ressaltar-se que, em caso de eventual transaçáo da propriedade,

os trabalhadores costumavam permanecer no local, passando a

trabalhar para o novo proprietário, motivo pelo qual tal período

chegou a ser conhecido como de servidão a gleba, que, na

definição de Paulo Sandroni, constitui "vinculação perpétua e

hereditária dos camponeses a terra senhorial, numa modalidade

de relaçáo de produção que predominou nos primeiros séculos do

feudalismo europeu. Os camponeses tinham a obrigação de não

abandonar as terras e o direito de não ser delas despejados.

Podiam cultivar uma pequena porçáo em seu proveito, e em troca

viam-se obrigados a trabalhar gratuitamente a terra do senhor

feudal durante certo número de dias por semanaw.*

Na Idade Média, surgem as corporações, através

das quais começam os trabalhadores a se organizar por

profissões; cada corporação correspondia a uma determinada

atividade profissional. estando seus membros sujeitos a seguinte

hierarquia: mestres, companheiros e aprendizes.

O mestre chefiava a corporação, tendo por

auxiliares os companheiros, os quais, por sua vez, orientavam e

iniciavam os aprendizes no oficio. Já naquela época, procuravam

Paulo Sandroni, Novíssimo Dicionário de Economia, p. 554.

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evitar a concorrência com o estabelecimento por conta própria

quando houvesse insatisfação por parte dos companheiros.

Segundo Amauri Mascaro Nascimento, "as

corporações de ofício da idade média precederam o sindicalismo

do qual se distingue porque reuniram as forças produtivas numa

só entidade enquanto que o sindicalismo as bifurcou separando

trabalhadores e empregad~res".~

Mais tarde, surgiram as manufaturas, regime

através do qual, por ato do poder público, a uma organização era

conferido o monopólio de determinada atividade econômica em

determinada região. Sob esse sistema, os trabalhadores

admitidos eram remunerados, porém, não havia se cogitar de

qualquer contrato, visto que não era dado ao trabalhador o direito

de discutir ou reivindicar melhores condições de serviço.

Autores como Russomano costumam definir como

marco inicial do sindicalismo a época das dissidências entre os

companheiros e os mestres, com a fundação de novas

corporações, já que se rebelavam contra a superioridade e

despotismo destes.

Tais entidades passaram a ser conhecidas por

companhias que, lado a lado aquelas dirigidas pelos mestres e

Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito Coletivo do Trabalho. Estudos em homenagem ao Ministro Orlando Teixeira da Costa, p. 33.

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conhecidas por mestrias, deram origem as categorias patronal e

profissional, uma em oposição a outra.4

Em semelhante linha de pensamento, Alfredo

Ruprecht, assevera que "com o aparecimento das corporações

de ofício, o panorama - sobretudo econômico - vai se alterando.

No principio, todos os seus integrantes - mestres, companheiros

e aprendizes - pertenciam a uma mesma classe social e havia

solidariedade e defesa mútua entre eles, não existia a luta de

classes. Com o desenvolvimento das corporações e a

conseqüente acumulação de capitais, começa a luta interna entre

os mestres - que detêm o poder na corporação - e os

companheiros e aprendizes que se encontram marginalizados e

carentes de suficiente proteção. Esses trabalhadores se unem

então, fazendo-o em agrupamentos separados dos mestres e

começa a luta entre ambos".

Wilson Batalha assevera que " a legitimidade das

coalizões e dos agrupamentos sindicais seria, como foi, uma

decorrência da agiutinação dos indivíduos que, concretamente,

se reconheciam desiguais necessitando compensar essa

desigualdade pela força social dos grupos.

A concentração de esforços de maneira eventual e

esporádica nas coalizões e, posteriormente, de maneira

permanente e institucional nos sindicatos, conduziu a filosofia da

Mozart Victor Russomano, Manual Prático de Direito do Trabalho, Direito Sindical, Volume II, p. 11. Alfredo J. Ruprecht, Relaçóes Coletivas de Trabalho, p. 724.

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greve a convertê-la de fenômeno individual em fenômeno sindical

ou gremial".6

Somente no final do século XIX é que os sindicatos

foram finalmente reconhecidos como entidades representativas

das categorias, cabendo sua iniciativa ao governo inglês no ano

de 1824.

Em pouco tempo, o número de associados

cresceu de tal forma, com sensível fortalecimento econômico e

profissional, em virtude do que não restou outra alternativa aos

empregadores senão a fundação de seus próprios sindicatos.

t

Com as revoluçóes que ocorreram na Inglaterra e

na França, o homem passou a exercer suas atividades produtivas

sem qualquer limitação, advindo desse fato o surgimento das

jornadas excessivas.

A história narra a edição da primeira lei destinada a

proibição do trabalho de crianças a noite ou por duração superior

a 12 horas em 1802, tendo como berço a Inglaterra.

Na França, quase 40 anos após, em 1841, surge a

primeira lei proibindo o trabalho dos menores de 8 anos de idade, ,\

/

limitando a jornada em 8 horas diárias para os menores de 12

anos e de 12 horas para os menores de 16 anos.

Wilson de S.C.Batalha, Silvia M.L. Batalha, Sindicatos Sindicalismo, p.211

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Com a Revolução Francesa ocorrida em 1848, a

influência dos operários foi preponderante através de sua

arreg imentação para reivindicação de direitos.

Enquanto isso, na Inglaterra, foi firmado o primeiro

contrato coletivo de trabalho em 1862. Na mesma época, nos

Estados Unidos surge a fixação da jornada normal de trabalho em

8 horas diárias.

Em 1891, com a encíclica RERUM NOVARUM, do

Papa Leão XIII, foram traçadas diretrizes quanto a intervenção

estqtal nas relações patrão-empregado, eis que, dizia o Santo

Padre que " o trabalho muito prolongado e pesado e uma

retribuição mesquinha são, não poucas vezes, aos operários

ocasião de greve^".^

" Trabalho excessivamente longo e penoso, e

salário considerado baixo, constituem, muitas vezes, motivo de os

operários apelarem para a greve e para o ócio voluntário. A esse

mal frequente e grave deve ser aplicado remédio público, pois

essa classe de greve prejudica não só os patrões e os próprios

operários, mas também o comércio e os interesses do estado; e,

por não faltarem a violência e os tumultos, frequentemente põe

em risco a tranquilidade pública. Por isso, o meio mais eficaz e

salutar é prevenir com a autoridade das leis e impedir que o mal

Rerum Novarum, item 24, Enciclicas e Documentos Sociais, v. 1, p. 34.

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possa surgir, afastando, em tempo, as causas suscetíveis de

gerar conflito entre patrões e operário^".^

A seguir, em 1919, destacamos o Tratado de

Versalhes e a Constituição de Weimar, responsáveis pela

definitiva autonomia do Direito do Trabalho, com o surgimento de

inúmeros institutos, tais como :

- fixação da jornada em 8 horas diárias e 48

semanais;

reconhecimento do repouso semanal de 24

horas, coincidindo, sempre que possível, com o domingo;

- a estabelecimento do princípio da isonomia

salarial sem distinção de sexo para trabalho de igual valor;

- organização de serviços de inspeção do

trabalho, com vistas a proteção do trabalhador.

Decorrência do Tratado de Versalhes, na mesma

época, foi a criação da Organização Internacional do Trabalho,

cuja prioridade inserta em seu preâmbulo reside na justiça social,

encontrando-se vazado nos seguintes termos :

" a paz universal e permanente só pode basear-se

na Justiça Social".

Rerum Novarum, item 24, Encíclicas e Documentos Sociais, v. 1, p. 34.

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Como instituição de caráter permanente e

internacional, a OIT prioriza sua atuação junto ao direito coletivo,

posto que incentiva a liberdade sindical, entendendo-a básica na

negociação coletiva em seus diversos níveis.

Por conseguinte, podemos afirmar que a revolução

decorrente do aparecimento da máquina transformou por

completo o cenário até então existente.

Com efeito, a mudança no mundo da produção foi

radical em virtude da substituição da força humana pela força da

máquina como fonte de energia.

B

Por outro lado, a produção industrial acabou por

criar concentraçóes dos trabalhadores ao redor das máquinas, os

quais ativavam-se na prestação de serviços sem qualquer

limitação do horário de trabalho, mediante pagamento de

importâncias ínfimas.

Exatamente nesse ponto é que se constatou o

agravamento da questão social, tornando-se necessária a

intervenção do Estado a fim de assegurar o equilíbrio entre as

classes componentes da sociedade, tendo por objetivo garantir

ao trabalhador um padrão de vida mais consentâneo com o

progresso.

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Em estágio mais atual e com o advento do

liberalismo, surgiu a valorização da personalidade do homem,

dando lugar a relação de emprego, nos moldes como é tida na

atualidade.

De ser lembrado ainda que a tendência atual no i

que pertine as relações de trabalho no Direito Estrangeiro curva-

se no sentido de prestigiar o negociado em detrimento do

legislado, o que vale dizer que os problemas desta área do direito

por envolverem questões de real magnitude, deixaram de ser

simplesmente resolvidas através da intervenção do Estado,

dando lugar a necessária e permanente negociação entre as , categorias profissional e patronal.

Tal fenômeno justifica-se pelo fato de que a

sociedade de trabalhadores também sofreu alterações nas

últimas décadas, posto que um sem número de postos de

trabalho nos setores primário e secundário da economia foram e

continuam sendo substituídos pela automação.

Em decorrência desse fato a relação tradicional

entre empregados e empregadores também sofreu mutações,

refletindo diretamente no sistema da negociação e por conseguinte no movimento paredista.

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CAP~ULO 2: O DIREITO DE GREVE. ORIGEM E EVOLUÇAO HIST~RICA.

Verifica-se em relatos históricos que o fato da

paralisação coletiva do trabalho é tão antiga quanto a história do

próprio homem; nessa conformidade, as primeiras greves teriam

ocorrido no Egito nos idos do século XII a.C., durante a

construção do túmulo real do faraó Ramsés II em face do

tratamento desumano que recebiam.

Em 2100 aC, em Tebas, as mulheres dos

trabalhadores que atuavam na construção do templo de Mut

teriam convencido seus maridos a exigir dois pães extras por dia.

Como não foram atendidos, teriam paralisado os serviços e sido

enforcado^.^

Outra ocorrência histórica foi registrada durante o

Império romano, com a rebelião de Sparfacus e, posteriormente,

nos serviços públicos e essenciais entre os operários fabricantes

de moedas, tendo sido objeto de sérias repressões legais.

Entretanto, parece haver um consenso no sentido

de que somente de maneira imprópria é que movimentos dessa

natureza poderiam ser rotulados como greve, posto que

consistiam, na verdade, em manifestação violenta de escravos ou

Marco Túlio Viana,Conflitos Coletivos do Trabalho, Revista do Tribunal Superior do Trabalho, vol. 66, janlmar 2000, p. 123.

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assemelhados contra a opressão que sofriam, eis que, não tendo

os mesmos direitos pessoais, não passavam de ferramentas de

trabalho na visão de seus senhores.

Assim sendo, jamais poderíamos considerar o

fenômeno greve no ambiente em que não houvesse liberdade de

trabalho, na medida em que a mesma surgiu a partir do trabalho

assalariado.

Martins Catharino assevera que " a evolução da

greve confunde-se com a do sindicalismo, incluída a fase a este l i 10 precedente : a das coalizões .

b

Histórica e classicamente, o termo greve teria

surgido, segundo J. Dayby citado por Ricardo Nacim Saad, "na

praça do Hotel de Ville que se chamava anteriormente 'Place de

Grève'. Era um grande terreno baldio sobre o qual o rio havia

acumulado uma grande quantidade de areia e pedrinhas, daí

vindo o seu nome, antes de serem construidos os cais para

manter o Sena no seu leito. Nessa praça reuniam-se, durante

muito tempo, os operários sem trabalho : era ai que os

contratistas vinham discutir com eles e contratá-los. Quando os operários estavam descontentes com as condições de trabalho

ficavam parados na Grève, literalmente, o que quer dizer na

l0 José Martins Catharino, Tratado elementar de Direito Sindical, p.256.

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'Place de Grève', esperando que viessem propor melhores

Por outro lado, não poderíamos falar em greve

como paralisação da prestação de serviços, tal como é entendida

na atualidade, antes da ocorrência da Revolução Francesa em

virtude da total ausência de consciência da classe trabalhadora,

que se viu obrigada à prestação de serviços em troca de salários

e condições ambientais cada vez mais aviltantes em face não só

do restrito mercado de trabalho, como também, em razão da farta

mão-de-obra existente.

e A exploração do trabalho constituía prática reinante

desde a mais tenra idade, em condições insalubres e perigosas,

mediante o cumprimento de jornadas excessivas em troca de

remuneração insuficiente para alimentação e manutenção da

saúde, notadamente no ramo têxtil, eis que, de início, os tecidos

eram confeccionados nas próprias residências em sistemas

rudimentares de fiação.

Posteriormente, deixou o trabalhador de laborar no

próprio domicílio, passando a executar suas atividades nas

fábricas ou tecelagens, onde as condições de trabalho eram

precarissimas.

l1 Ricardo Nacim Saad, Greve nos Serviços Públicos e nas Atividades Essenciais, Dissertação de Mestrado, USP 1988, p. 8.

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Em razão de tais circunstâncias, surgiram

movimentos coletivos de paralisação da prestação de serviços

como meio de pressão aos empregadores até que fossem

atendidas algumas das pretensões reivindicadas, pois,

constataram rapidamente os trabalhadores que o protesto isolado

era ineficaz para o fim de alcançar seus objetivos.

Em represália, os empregadores costumavam

fechar seus estabelecimentos, (circunstância que originou o lock-

out), despediam seus empregados e contratavam outros

mediante proteção policial, eis que tais conflitos, na maioria das

vezes, assumiam natureza violenta.

I

De ser ressaltado dada a oportunidade, que a

iniciativa de paralisação das atividades normais ao

desenvolviment~ do trabalho pode ser de responsabilidade dos

empregados ou dos empregadores, cabendo pois a consideração

de que, enquanto a greve experimentou uma evolução positiva no

sentido de ser aceita como direito, o lock out recebeu tratamento

absolutamente hostil nos diversos ordenamentos jur idi~os. '~

No entanto, um fato se revelou verdadeiro, a partir

do momento em que os empregadores se aperceberam da força,

capacidade e poder de luta que os movimentos coletivos de -

trabalhadores poderiam atingir, as coalizões passaram a ser

proibidas.

l2 José Augusto Rodrigues Pinto,Direito Sindical e Coletivo do Trabalho, p.287.

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wndo que,

N I Alemanha, arn 1537, a tepre8sb r um greve

grevistas. t j a m WqWW. - , -i,

Referida situam pwd~ u 1828, t m sndo or

7 dando mirpwn -- -.-- 1 a, em 1811, O dimb 6 gmve passrnse a ser mwnhe Ia. Mais tarde, com o advento do

Estatuto de Greves Profirsionsir, o direito de greve passou a ser

vinculado &s agmmieç6esj~miionais. . # C - - . . - . - y .,- . a 7 . ' I .&L-. ' 2 , ,i -+ , -L . .

Na França, durante uma greve que rmu~tou em sbrias oonsequhncias para a indú&iri, fol aprovada o Lej

Chapelier, em 1791, que proibia coalizbs, estrrbekwndo, ainda,

puniph~- para os empregadores que porvantr viwsem a

contra , rticipanter do movimento pirsdirh.

Somente em 1864, por fuga da lai promulgad@ em

25 d aio, sob o irnpbrio de NapoleBo III, ' ;- B foi abolido o

delito de c " :&o. Em virtude desse fato, foram fundados

inomera partido8 e sindicatos aperiirios, e em 1036, instituído o mgirncl de arbitragem obrigatória antes da defiagraça0 de

qualquer greve.

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Finalmente, pela Constituição francesa de 1946, o

direito de greve foi assegurado como de fundamental relevância.

Nos Estados Unidos, o Clayton Act reconheceu, em

1914, o direito de associação e coalizão. Já, no México, o direito

de greve foi reconhecido constitucionalmente em 191 7.

Entretanto, somente com o Tratado de Versalhes,

em 1919 e com a criação da Organização Internacional do

Trabalho é que o direito de associação paritária (patronal e

profissional) passou a ser reconhecido.

I

De ressaltar-se, porém, que durante os regimes

políticos instalados na Itália, Alemanha e Espanha, no período

que vai aproximadamente de 1926 a 1941, o direito de greve

passou a ser proibido, voltando a ser restabelecido somente por

volta de1 947.

Anos mais tarde, a Assembléia Geral das Nações

Unidas ao aprovar a Declaração Universal dos Direitos do

Homem em 1948, reconheceu o direito de organização sindical,

na conformidade das regras inserta nos artigos XX, números 1 e

2 e XXIII, número 4, a seguir, respectivamente, transcritos :

" I. Todo homem tem direito a liberdade de reunião

e associação pacíficas.

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2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma

associação.

4. Todo homem tem direito a organizar sindicatos e

a neles ingressar para proteção de seus

interesses. " l3

Vinte anos depois, com o advento do Pacto

Internacional sobre Direitos Econômicos adotado pela

Assembléia Geral das Nações Unidas em 1968, estabeleceu-se o

direito dos sindicatos exercerem livremente suas atividades.

e Dessa data em diante, os constantes movimentos

paredistas ocorridos na Europa de maneira geral, deram origem ao reconhecimento do direito de greve inserindo-o como direito

fundamental nas constituiçÕes de diversos países, tais como, em

Portugal em 1976 e na Espanha em 1978.

Não se pode esquecer a marcante atuação do

Vaticano no que respeita as questões sociais, uma vez que o Papa Paulo VI, em 1971, solidário à necessidade de novas

posturas em um mundo sob transformação pronunciou-se através

da Encíclica Octogesima Adveniens

" A pessoa humana é e deve ser o princípio, o

sujeito e o fim de todas as instituições sociais. Todo

l3 Arnaldo Sussekind. Convenções da 011, p. 586 e 587.

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homem tem direito ao trabalho, a possibilidade de

desenvolver as próprias qualidades e a sua

personalidade, no exercício da profissão abraçada,

a uma remuneração equitativa que lhe permita, a

ele e a sua família, kultivar uma vida digna no

aspecto material, social, cultural e espiritual', e a

assistência em caso de necessidade, quer esta seja

proveniente de doença ou da idade.

A sua atividade não está, contudo, isenta de

dificuldades : pode sobrevir a tentação, aqui e além,

de aproveitar uma situação de força, para impor,

a principalmente mediante a greve - cujo direito, como

meio último de defesa, permanece, certamente,

reconhecido - condições demasiado graves para o

conjunto da economia ou do corpo social, ou para

fazer vingar reivindicações de ordem nitidamente

política. De modo especial, quando se trata de

serviços públicos a serem executados para

utilidade pública e necessários para a vida cotidiana

de toda a comunidade, dever-se-á saber determinar

os limites, para além dos quais o prejuízo causado

se torna inadmissível". l4

Imperioso, ainda, o destaque da movimentação

ocorrida na Polônia, junto aos estaleiros de Gdansk e Szezzein,

l4 Papa Paulo VI, Octogesima Adveniens, Encíclicas e Documentos Sociais, vol 1, p. 44112.

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homem tem direito ao trabalho, a possibilidade de

desenvolver as próprias qualidades e a sua

personalidade, no exercício da profissão abraçada,

a uma remuneração equitativa que lhe permita, a

ele e a sua família, 'cultivar uma vida digna no

aspecto material, social, cultural e espiritual', e a

assistência em caso de necessidade, quer esta seja

proveniente de doença ou da idade.

A sua atividade não está, contudo, isenta de

dificuldades : pode sobrevir a tentação, aqui e além,

de aproveitar uma situação de força, para impor,

h principalmente mediante a greve - cujo direito, como

meio último de defesa, permanece, certamente,

reconhecido - condições demasiado graves para o

conjunto da economia ou do corpo social, ou para

fazer vingar reivindicações de ordem nitidamente

política. De modo especial, quando se trata de

serviços públicos a serem executados para

utilidade pública e necessários para a vida cotidiana

de toda a comunidade, dever-se-á saber determinar

0s limites, para alem dos quais o prejuízo causado

se torna inadmi~sível".~~

Imperioso, ainda, o destaque da movimentação

ocorrida na Polônia, junto aos estaleiros de Gdansk e Szezzein,

l4 Papa Paulo VI, Octogesima Adveniens, Enciclicas e Documentos Sociais, v01 1, p, 44112,

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nos idos de 1980, culminando-se com o fechamento do Sindicato

Solidariedade e com a libertação do líder Lech Walesa em 1983.

Parece-nos inegável do quanto exposto (

sucintamente que a liberdade de associação e de trabalho está

intimamente ligada a poder do capitalismo. 7 4' - -

Dessa forma, podemos resumidamente asseverar

que, enquanto proibidas as coalizões de empregados, era a greve

tida como delito e, em vários dos ordenamentos jurídicos citados,

punida como crime através da legislação penal.

, Na evolução dos fatos, as coalizões passaram a ser

reconhecidas, dando origem as associaçóes profissionais que

mais tarde se transformariam em sindicatos, quando então

passou a greve a condição de direito do trabalhador.

Atualmente, inserido, o Direito de Greve, no texto

constitucional de inúmeros países, teria sido guindado a condição

de superdireito pelo fato de ser posto genericamente, tal como se

infere da regra contida no artigo 9' da Lei Maior brasileira,

vazado nos seguintes termos :

"É assegurado o direito de greve, competindo aos

trabalhadores decidir sobre a oportunidade de

exercê-lo e sobre os interesses que devam por

meio dele defender".

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Entretanto, tal posicionamento que concluindo pelo

direito de greve como superdireito, que diante da redação legal

poderia ser considerado ilimitado, não pode prevalecer, pois,

além de inexistirem direitos cujo exercício seja ilimitado, a própria

legislação infraconstitucional cuidou de estabelecer as restrições

e parâmetros para o legítimo exercício da parede.

De considerar-se assim que a greve, inobstante as

fases mencionadas, não poderá ser concebida a p r j o ~ como

delito ou direito, já que esse enquadramento dependerá da

ordem jurídica examinada, uma vez que em última análise

corresponde a mera abstenção ou paralisação do trabalho.

Com efeito, a greve como fato coletivo que

corresponde a paralisação da prestação dos serviços, traz em

seu bojo o animus dos trabalhadores através de mecanismo de

autodefesa, compelir o empregador ao atendimento dos pleitos

formulados.

Dessa forma, se em determinado ordenamento

jurídico tal fato é considerado lícito, como é o caso da Itália,

Argentina e Brasil, dentre outros, poderá ser definida como

direito.

Se, entretanto, for objeto de proibição legal como

outrora previsto nos mesmos ordenamentos legais dos países

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supra mencionados durante a vigência de regimes autoritários,

claro está que o mesmo fato coletivo em questão haverá que ser

considerado delito.

Remotamente parecia ser a greve considerada ato

do qual participavam apenas dois personagens : empregado e I

empregador. ,'~osteriormente ipassou a ser considerado um

terceiro participante que não pode ser deixado a margem de seus

j reflexos, a comunidade.;

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CAP~TULO 3: O DIREITO ESTRANGEIRO E A GREVE.

De forma geral, no direito estrangeiro, constata-se

que os povos sempre se submeteram a movimentos de toda

ordem laboral, culminando com medidas extremas de

paralisação dos serviços como é o caso da deflagração de greve.

Verifica-se, também, que, de certa maneira, embora

previsto constitucionalmente, o direito de greve encontra-se

usualmente condicionado a alguma limitação e a diferença que

pudemos constatar diz respeito ao grau de maior ou menor

regulamentação do exercício desse mesmo direito.

Para Eduardo Gabriel Saad, " a concepção

mitológica da greve vem sempre associado a idéia de ser ela um

direito absoluto, o que, numa sociedade organizada, ou melhor, 11 15 num Estado de Direito, é de todo inaceitável .

Do estudo que pudemos empreender, apuramos a

ocorrência de uma certa tendência de uniformização no

tratamento jurídico do direito de greve, notadamente no que se

refere B paralisação nos serviços ou atividades essenciais.

l 5 Eduardo Gabriel Saad, Relação Greve e Direito no Brasil, Revista da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, p. 47.

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Assevera Arnaldo Sussekind que " visando a

preservar os mais elementares e legítimos interesses da

população, o direito comparado tem admitido restrições a greve, e

até proibição, não apenas na função pública, mas também nos 11 16 serviços privados considerados essenciais .

Em trabalho da lavra de Luiz Carlos Amorim

~oborte l la '~ pudemos verificar as diversidades e convergências

do tratamento dado ao direito de greve nos diversos países, a

saber :

ALEMANHA

b

Omissa a Constituição de Bonn acerca do direito de

greve, cuida, apenas, do direito de associação.

Giancarlo Perone, citando a doutrina alemã

ressalta "com vista a greve, a suspensão do trabalho da parte do

trabalhador não é um ato isolado que, como tal, acabaria sem

sucesso e sem sentido. E, em vez, decisiva a comunhão de ação

solidária conscientemente querida. A greve é um ato coletivo,

tanto em sua deliberação como em sua execução, e obra dos

trabalhadores que suspendem suas prestações. Na greve, em

suma, não é o indivíduo que age, mas os grevistas em grupo.

Segue dessa "teoria coletivista" da greve que as ações dos

16 Arnaldo Sussekind, Responsabilidade pelo Abuso do Direito de Greve, Revista da ?demia Brasileira de Direito do Trabalho. p.39.

Luiz Carlos Amorim Robortella, A Greve no Direito Comparado, Revista da Academia Nacional de Direito do Trabalho, p.79191.

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trabalhadores individuais devem ser juridicamente avaliadas no

contexto coletivo em que se qualificam não como fato isolado,

individual, mas como ato coletivo de um membro do grupo ao

qual, precisamente para a participação na greve, pertence o

indivíduo".I8

Inobstante essa omissão, a greve é exercida

moderadamente, com fulcro no princípio da proporcionalidade,

segundo o qual só devem ser declaradas quando objetivamente

necessárias para a consecução de objetivos legais, uma vez que

os sindicatos são responsáveis pelos danos causados a

população.

8

Dos países europeus, a Alemanha tem sido o

menos atingido por movimentos paredistas, citando-se a

existência de normas de autodisciplina fixadas pelos próprios

trabalhadores quando a paralisação ocorrer nas atividades

essenciais.

ARGENTINA

Guindado a condição de direito constitucional,

através do disposto no artigo 14 bis da Constituição argentina, o

direito de greve encontra-se regulamentado pela Lei 14.786, que

estabeleceu como obrigatória a instância conciliatória prévia,

ficando a cargo da autoridade administrativa do Ministério do

I* Giancarlo Perone, Ação Sindical nos Estados-Membros da União Européia, p.149.

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Trabalho e não do Poder Judiciário a declaração quanto a

legitimidade ou ilegitimidade do movimento paredista.

Em qualquer caso, caberá ao Judiciário a revisão

da decisão administrativa, sendo facultado ao empregador o não

pagamento dos salários durante o período da parede.

De forma similar a legislação pátria, a titularidade

desse direito compete as entidades sindicais ou grêmios.

No que pertine a greve nos denominados serviços

essenciais, disciplinados pela Lei 25.250, torna-se necessário

além, da notificação prévia da paralisação a comunidade, que se

assegure previamente uma dotação mínima de trabalhadores a

fim de serem evitados danos aos consumidores e usuários dos

serviços públicos.

ESPANHA

A Carta Constitucional espanhola de 1978 admite o

direito de greve como fundamental aos trabalhadores para defesa

de seus interesses, não implicando necessariamente em iniciativa

pela entidade sindical.

Necessária a comunicação prévia e escrita ao

empregador quanto aos motivos da eclosão do movimento de

paralisação dos serviços, sendo prevista legalmente a arbitragem

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obrigatória nas greves que por sua duração prolongada possam

afetar gravemente a economia nacional.

O ordenamento espanhol não permite a eclosão de

greve nas seguintes condições : a greve de motivação

essencialmente política OU de qualquer outra finalidade não

voltada ao interesse profissional dos trabalhadores; a de

solidariedade ou de apoio; a que tenha por finalidade alterar,

dentro de seu período de vigência, clausula inserta em

convenção ou contrato coletivo e a que seja deflagrada com

inobservância dos requisitos legais ou do expressamente

pactuado em norma colet i~a. '~

8

NOS serviços essenciais, assim considerados

aqueles que envolvam a vida, saúde e necessidades básicas da

população, torna-se obrigatória a manutenção de atividade

mínima, cabendo a autoridade governamental decidir sobre as

medidas para assegurar o funcionamento dos serviços.

ESTADOS UNIDOS

De forma geral, a Constituição americana é omissa

quanto aos direitos sociais, o mesmo ocorrendo quanto ao direito

de greve, passando a ser exercido com maior liberdade a partir

da Lei Norris-La Guardia, sendo que, através da Lei Talf-Hartley

19 Afredo Montoya Melgar, Derecho de1 Trabajo, p.72516 e 729130.

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de 1947, passou a ser definida a responsabilidade da entidade

sindical em se tratando de atividades essenciais.

A deflagraçáo do movimento somente poderá ser

realizada pelo sindicato majoritário, considerado como tal o que

congregue o maior número de trabalhadores e em se tratando de

parede que possa importar em ameaça a saúde pública ou

segurança do Estado, o Procurador-Geral poderá requerer junto

ao Tribunal do Distrito Federal a proibição da greve por noventa

dias.

Poderá ainda o Governo Federal utilizar-se da

"inju~ction", visando a obtenção de mandado judicial que

determine a interrupção da greve por noventa dias, durante os

quais terá lugar o procedimento de negociação e mediação entre

as categorias envolvidas, podendo, ainda, haver a cominação de

multa diária ao sindicato que descumprir a ordem judicial de

suspensão da parede.

Durante o período da parede permite-se ao

empregador a contratação de empregados a fim de que a

produção não seja interrompida, sendo por demais utilizado o

sistema arbitral.

Relata Baltazar Flores que o Presidente Reagan

durante a eclosão de parede por controladores de tráfego aéreo

determinou o retorno dos grevistas ao trabalho e não tendo sido

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atendido, foi-lhes imposta a rescisão de seus contratos e

admissão de novos trabalhadores a fim de que o transporte aéreo

não sofresse solução de continuidade.*'

FRANÇA

Previsto constitucionalmente desde 1946 e

considerado direito humano fundamental, o direito de greve

encontra-se regulamentado por lei ordinária como na maioria dos

países da Comunidade Européia.

Na conformidade dos princípios que norteiam o

instituto, a greve para o direito francês não é considerada

suspensão do contrato de trabalho, como ocorre no ordenamento

pátrio que permite a suspensão reciproca das obrigações

decorrentes do pacto laboral.

No setor público, exige-se aviso prévio por parte do

sindicato mais representativo e se necessário, diante das

repercussões da paralisação, faculta-se ao governo a requisição

de trabalhadores durante o movimento paredista, podendo,

inclusive chegar a proibição total de greve nesse segmento.

20 Baltazar Flores, Lecciones de Derecho Laboral, p. 2991301.

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De igual forma, a Constituição italiana de 1947

inseriu o direito de greve em seu corpo, sendo na atualidade

disciplinada pela Lei 146190, ressaltando-se que restrições

também são impostas aos trabalhadores que executam seu labor

junto aos denominados serviços essenciais, conceituados como

destinados a garantir o gozo dos direitos constitucionalmente

tutelados da pessoa a vida, saúde, liberdade, segurança,

circulação, assistência e previdência social, instrução e

comunicação.

a Pelo sistema italiano, a greve constitui direito

público coletivo de autotutela, realçando-se a ausência

significativa de legislação nesse sentido e predominância da

jurisprudência na apreciação dos casos concretos.

Em caso de recusa da proposta formulada pela

"Comissão de Guarda da Lei de Greve", o Presidente do

Conselho de Ministros poderá expedir "ordem motivada",

determinando a submissão do conflito a arbitragem, que será

desempenhada por especialistas designados pelos Presidentes

do Senado e da Câmara dos Deputados.

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Comportamento absolutamente diverso de qualquer

outro a ensejar a demonstração de insatisfação com as condições

laborais é adotado pelos trabalhadores japoneses com a

utilização de fitas vermelhas em substituição a paralisação dos

serviços.

Segundo relato de Baltazar Flores, os empregados

descontentes ao invés de interromperem a prestação de serviços

costumam iniciar a jornada mais cedo, aumentando a produção

normal de bens e serviços e durante o expediente põe-se a usar

fitas vermelhas e a cantarem manifestando sua insatisfação com

seu empregador.

Diante de tais circunstâncias o empregador procura

estabelecer uma C O ~ ~ O S ~ Ç ~ O Com os grevistas para pôr fim a

greve, eis que movimentos dessa natureza no Japão são

considerados vergonhosos. Narra o mesmo autor a ocorrência de

greve no metrô deflagrada as três horas da manhã de um

domingo e com duração de apenas meia hora a fim de que o

movimento paredista perturbasse o menor número possível de

usuários do serv iç~.~ '

21 Baltazar Cavazos Flores, Lecciones de Derecho Laboral, p. 29819.

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Foi o primeiro país a incluir o direito de greve em

sua Lei Maior, fato que ocorrendo em 1917 teria se disseminado

para toda Europa, visto que, dois anos após, o mesmo direito

passou a ser previsto na Constituição de Weimar.

No direito mexicano a deflagração de uma greve

passa por três etapas :

a) gestação - que se inicia no momento em que dois

ou mais trabalhadores se coligam em defesa de interesses

comuns, elaborando pedido escrito ao empregador no qual

manifestam a intenção de paralisação dos serviços. Nesta fase

apenas os trabalhadores participam do movimento, eis que a

titularidade cabe a coalisão dos operários;

b) pré-greve - período que tem por missão

fundamental propiciar a conciliação das partes e, para tanto,

promove-se audiência perante a Junta de Conciliação e

Arbitragem, sendo que durante referido interregno o empregador

fica proibido de proceder a qualquer demissão. Se necessário,

ajustarão as partes a constituição de grupo de emergência que

deverá trabalhar durante o período de greve para evitar prejuízos

na produção, o mesmo ocorrendo quando a paralisação envolver

serviços essenciais. O período em questão terá duração mínima

de seis dias ou dez dias em se tratando de empresas privadas ou

que explorem serviços públicos, respectivamente e máximo de

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quinze dias, devendo o empregador apreciar as reivindicações da

categoria em 48 horas. Comparecendo a audiência e aceitando o

empregador as condições propostas o expediente será arquivado;

c) greve - quando efetivamente os trabalhadores

paralisam a prestação dos serviços e oferecem suas provas

tendo por objetivo a celebração, cumprimento ou revisão de

contrato ou exigir a revisão salarial ajustada no mesmo

instrumento. O procedimento arbitral é obrigatório para os

empregadores e facultativo para os empregados. As Juntas de

Conciliação e Arbitragem proferem suas decisões assessoradas

por dois representantes, um da categoria profissional e outro da

patronal. A decisão arbitral não é definitiva e poderá ser revista

sem $uspensão da paralisação dos serviços.

A penalidade prevista para deflagração de greve

sem observância dos requisitos legais será a rescisão dos

contratos de trabalho dos trabalhadores sem quaisquer ônus para

o empregador.

AS paredes deflagradas nos serviços essenciais,

dentre eles as atividades universitárias, ficam sujeitas a requisição de pessoal a fim de se propiciar a população os

serviços que deveriam estar sendo prestados pelos grevistas.22

22 Baltazar Cavazos Flores, Lecciones de Derecho Laboral, p.277189.

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PORTUGAL

Também em Portugal, o direito de greve ganhou

destaque constitucional, sendo sua declaração privativa das

organizações sindicais.

É expressamente admitida no serviço público e nas

atividades essenciais exige-se a prestação dos serviços mínimos

indispensáveis para atender à satisfação das necessidade da

população.

Em caso de desrespeito, o Conselho de Ministros

poderá, através de requisição civil, recrutar o pessoal necessário

para promoçáo das atividades necessárias básicas.

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CAP~TULO 4: A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO

TRABALHO

Assevera Amauri Mascaro Nascimento que " para o

direito do trabalho, o Tratado de Versalhes (1919) assumiu

especial importância, pois dele surgiu o projeto de organização

internacional do trabalho.

A Parte XIII desse tratado é considerada a

constituição jurídica da Organização Internacional do Trabalho - OIT, e foi complementada pela Declaração de Filadélfie (1944) e

pela reforma da Reunião de Paris (1945) da OIT.*~

A OIT é composta de três órgãos : a Conferência

Internacional do Trabalho ou Assembléia Geral, o Conselho de

Administração e a Repartição Internacional do Trabalho.

De forma sintética podemos dizer que Conferência

Internacional do Trabalho OU Assembléia Geral constitui o órgão

máximo de deliberação, ao qual incumbe a elaboração das

regulamentações internacionais do trabalho e problemas a este

afetos, bem como a aprovação e admissão de Estados que não

pertençam à organização, reunindo-se sempre que necessário

em local designado pelo Conselho de Administração, que exerce

função executiva sendo composto por representantes

23 Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito do Trabalho, p. 86.

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governamentais de empregados e empregadores, enquanto que

a Repartição corresponde a secretaria permanente e centro de

documentação, destinada a divulgação de atividades e

publicações da OIT.

Ao Conselho de Administração compete a

administração da OIT de forma colegiada, bem assim a promoção

de cumprimento de suas deliberações sendo integrado por 56

Estados-membros, sendo 28 representantes dos governos, 14

representares dos empregados e 14 dos empregadores.

Importa esclarecer que dentre os 56 Estados-

membros, dez possuem assento em caráter permanente, a saber:

Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos, França índia, Itália,

Japão, Reino Unido e Rússia.

Como órgão internacional a OIT possui atividade

normativa constante de Convenções, Recomendações e

Resoluções as quais dependem ou não de ratificação pelos

Estados soberanos.

Até a presente data foram editadas 181

Convenções Internacionais, tendo o Brasil ratificado apenas 75

delas, sendo que não procedeu a ratificação das que foram

consideradas as mais importantes, quais sejam : a Convenção 87

que trata da Liberdade Sindical e Proteçáo ao Direito de

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Sindicalização e a 151 que dispõe sobre o Direito de

Sindicalização e Relação de Trabalho na Administração Pública.

Dentre os diversos desmembramentos da OIT, o

Conselho de Administração em 1951, instituiu como uma de suas

comissões permanentes o Comitê de Liberdade Sindical, que nas

palavras de Arnaldo Sussekind " se tornou o mais eficiente 11 24 mecanismo mundial de salvaguarda da liberdade sindical .

Compete ao Comitê de Liberdade Sindical o exame

das queixas e reclamações referentes a violação dos direitos

sindicais de maneira geral, advindo da apreciação dos casos as

resoluções e verbetes acerca da matéria tratada, especialmente

no que diz respeito ao direito de greve.

Segundo Alfredo Ruprecht, para a Organização

Internacional do Trabalho, "as greves são mais frequentes nos

países que têm pouca experiência em matéria de contrataçáo

coletiva. Geralmente são causadas pela resistência patronal, para

que o sindicato intervenha nas empresas, por dispensas injustas,

por represália, por aumento de salários, jornada de trabalho,

razões disciplinares, organização do trabalho, e t ~ . " ~ ~

Na opinião de Carlos M. de Luca, " as

manifestações da OIT em matéria de greve têm-se verificado no

quadro da proteção a liberdade sindical, e tomam posição no

24 Arnaldo Sussekind, Direito Internacional do Trabalho, p. 275.

25 Alfredo J. Ruprecht, Relações Coletivas de Trabalho, p. 718.

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sentido da limitação de sua exercibilidade a vista de objetivos

trabalhistas, com prévia notificação as autoridades

administrativas. Contemplam ainda a possibilidade de restrição

de seu exercício por parte de determinadas categorias de

servidores públicos, e em atividades essenciais.

AS posições da OIT refletem, de modo geral, o que

é admitido na maioria dos países que reconhecem a greve como

direito. Representa, o prestígio da greve como direito.

Representa, em síntese, o prestígio da greve como instrumento

do sindicalismo reformista, em O ~ O S ~ Ç ~ O ao revolucionário (hoje

de nenhuma expressão), que via a greve como instrumento da

mobilização da classe operária para a luta política, e na greve 11 26 geral o caminho para a tomada do poder .

Manifestando-se acerca das razões que conduziram

as limitações do exercício do direito de greve pela OIT,

asseveraram Gomes e Gottschalk " a greve é concebida pelo

legislador como arma contratual, excíusivamente econômica, que

as partes têm o direito de utilizar no livre jogo da concorrência

para obter melhores condições de trabalho e de remuneração,

enquanto as condições de trabalho e de serviço dos servidores

públicos estão determinadas, em regra, não por um contrato mas

pela lei : a lei orgânica dos funcionários oferece-lhes garantias

26 Carlos Moreira de Luca, Curso de Direito Coietivo do Trabalho, Cood. Georgenor de Sousa Franco Filho, p. 452.

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excepcionais de estabilidade, duração e outras, pondo-os a salvo II 27 das vicissitudes da livre concorrência .

Algumas decisões proferidas pelo Comitê de

Liberdade Sindical da OIT acerca do exercício do direito de greve

foram destacadas por Georgenor de Sousa Franco Filho em obra

versando sobre o Direito de Greve no Direito Comparado

transcritas a seguir :

Verbete 360, pelo qual o Comitê considerou-se

competente para apreciar denúncias sobre direito de greve desde

que afetem o exercício dos direitos sindicais;

B

Verbete 362, no qual o Comitê entendeu que a

greve é direito legitimo dos trabalhadores e de suas organizações

para a defesa de seus interesses econômicos e sociais;

Verbete 363, entendendo que o direito de greve é

essencial para a promoção e a defesa de interesses profissionais;

Verbete 377, considerando que, para a greve ser

licita, deve ser exercida em condições razoáveis e não limitar a ,

ação das organizações sindicais;

Verbete 378, dispondo que a existência de uma lei

obrigando prévia conciliação e arbitragem para ser deflagrada a

27 Gomes e Gottschalk, Curso de Direito do Trabalho. p. 578.

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greve não poderia ser considerada como atentatória a liberdade

sindical.

Verbete 381, segundo o qual,. na greve, é

admissivel pré-aviso ao empregador;

Verbete 382, indicando que são admissiveis

quorum e escrutínio secreto para a deflagração da greve;

Verbete 383, também sobre quorum, opinando que

a proporçáo de 2/3 é difícil se OS sindicatos têm muitos afiliados

ou abrangem vasto território;

8

Verbete 386, cuidando da possibilidade de

conciliação e arbitragem em serviços essenciais e funções

públicas;

Verbete 394, sobre serviços essenciais, os quais,

se interrompidos, podem colocar em perigo a vida, a segurança e

a saúde da população;

Verbete 406, considerando que a metalurgia e

mineração não são serviços essenciais;

Verbete 408, que também considera não ser

atividade essencial o trabalho em transportes metropolitanos;

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Verbete 420, entendendo que a arbitragem

obrigatória, pelo Estado, restringe o direito de greve e contraria a

liberdade sindical; (nesse aspecto, consoante o art. 114, § 1°, da

Constituição de 1988, a arbitragem é facultativa no Brasil)

Verbete 425, opinando que atitudes que

prejudiquem o livre exercício da greve são contrárias ao princípio

da liberdade sindical;

Verbete 430, considerando que o uso de forças de

segurança para manter a ordem pública não limita o exercício do

direito de greve, mas que 0 recurso à força policial para acabar

uma greve é violação dos direitos sindicais;

Verbete 439, pelo qual a existência de disposição

penal ou análoga aplicável a qualquer greve que defenda

interesses profissionais dos trabalhadores contraria o direito de

greve;

Verbete 440, dispondo que sanções severas,

especialmente penais, contrariam O direito de greve;

Verbete 444, pelo qual a dispensa de trabalhador

ou a recusa a seu reingresso importa em violação do princípio da

liberdade sindical.28

28 Georgenor de Sousa Franco Filho, Liberdade Sindical e Direito de Greve no Direito Comparado, p. 9314.

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Arnaldo ~ussekind*~ ressalta como de real

importância os seguintes :

Verbete 475 - Direito de Greve - O direito de greve

dos trabalhadores e de suas organizações constitui um dos meios

essenciais de que dispõem para promover e defender seus

interesses profissionais;

Verbete 502 - Aviso prévio - A obrigação de dar

pré-aviso ao empregador ou a sua organização antes de declarar

uma greve pode ser considerada admissível;

@ Verbete 533 - Função pública e serviços essenciais

- O direito de greve pode ser objeto de restrições, inclusive de

proibições, quando se tratar de função pública ou de serviços

essenciais, já que nesses casos a greve pode causar graves

prejuízos à coletividade nacional e sob condição de que essas

restrições sejam acompanhadas de certas garantias

compensatórias.

Verbete 540 - Serviços Essenciais - Para

determinar os casos em que pode proibir-se a greve, o critério

determinante é a existência de uma ameaça evidente e iminente

para a vida, a segurança ou a saúde de toda ou parte da

população.

29 Arnaldo Sussekind, Direito Internacional do Trabalho, p 34213.

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Verbete 598 - Imposição de funcionamento mínimo

- O Comitê tem insistido na importância de que as disposições

relativas a serviços mínimos para aplicar em casos de greve num

serviço essencial sejam determinadas de forma clara, aplicadas

estritamente e conhecidas no devido tempo pelos interessados.

Novamente citando Georgenor de Sousa Franco

Filho, " o direito de greve, principal arma dos trabalhadores,

deveria, no âmbito internacional, ser objeto de uma convenção

específica da OIT. Seu uso moderado e com a adoçáo de

indispensáveis critérios de razoabilidade pode levar ao encontro 11 30 da paz social .

8

Não se pode negar pois a importância dos

entendimentos emanados pelo Comitê de Liberdade Sindical, os

quais são constantemente divulgados aos países convenentes

como orientação e forma de aplicação dos princípios e normas

relativos aos direitos sindicais.

30 Arnaldo Sussekind, Direito Internacional do Trabalho, p. 121

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CAP~TULO 5: DA COMUNIDADE EUROPÉIA AO MERCOSUL

Considerando-se os diversos aspectos abordados

acerca da greve nos serviços essenciais, julgamos oportuna a

verificação quanto ao tratamento dispensado ao mesmo instituto

por alguns países integrantes da União Européia e do Mercosul

com a finalidade de possível estabelecimento de pontos de

semelhança e divergências.

A escolha da Itália e de Portugal dentre os países

integrantes da União Européia deveu-se ao fato das

peculi3ridades existentes nos respectivos ordenamentos jurídicos

a propósito da greve nos serviços essenciais, especialmente no

que se refere a existência de órgão de negociação representando

a administração pública quanto ao modelo italiano e a requisição

civil para prestação de serviços inadiáveis no sistema português

consoante se verificará a seguir.

Relativamente aos critérios estabelecidos pela

Argentina, Paraguai e Uruguai quanto ao tema, acreditamos que

o conhecimento das peculiaridades acerca do tratamento

dispensado à greve nos serviços essenciais poderá ser de grande

interesse e utilidade no presente, eis que estudos já se

encaminham com vistas à possível harmonização de normas

entre os países integrantes do Mercosul, a semelhança do

processo implantado na Comunidade Européia.

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Assim sendo e considerando a diretriz adotada

pelos países integrantes do Mercosul, qual seja, o das

assimetrias, busca-se a harmonização de normas com vistas a

redução de diferenças existentes nos respectivos ordenamentos

legais no que for possível, ao contrário do que popularmente se

entende por harmonizaçáo como sinÔnimo de uniformidade de

condições de trabalho, circunstância impossível de ser alcançada

em face da soberania interna de cada país-membro.

De inicio pudemos constatar que falta de

disposições normativas a propósito do exercício do direito de

greve acarretou sensível desenvolvimento da jurisprudência a

propósito do tema.

A recente Lei italiana regulando a greve nos

serviços essenciais estabeleceu limitações ao exercício da

parede, considerando indispensáveis à comunidade os serviços

que digam respeito a vida, saúde, liberdade de circulação,

assistência e previdência social, instruçáo e comunicaçáo,

especificando em cada grupo dessas necessidades as atividades

sujeitas as prestações mínimas durante o movimento de

paralisação.

Apenas a título de exemplificação citamos como

atividades contempladas na condição de essenciais :

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a) os serviços de higiene pública;

b) distribuição de energia e gêneros de primeira

necessidade;

c) transportes;

d) educação;

e) telecomunicaçóes;

f) correios;

g) abastecimento de água, com bustiveis, telefonia,

etc.

A deflagração da greve compete à entidade

sindical, devendo haver comunicação prévia e escrita ao

empregador e a Comissão de Garantia no que se refira a data de

início do movimento, período de duração e objetivos a serem

alcançados.

A comunicação aos usuários dos serviços

essenciais se fará pelos meios normais de divulgação, dando-se

ciência do elenco e horários de funcionamento dos serviços

m inimos assegurados durante o movimento paredista, sendo

certo que a inobservância de tal providência sujeitará a entidade

sindical 5 sanção administrativa variável de $ 5.000.000 a

$ 50.000.000 liras,(correspondendo à R$ 4.870,00 e R$

48.700,00, em face da cotação obtida junto ao Banco do Brasil

SIA, dezembro 1999 = 0,000974 ) dependendo da gravidade da

violação legal.

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Para garantia do exercício do direito de greve em

harmonia com o exercício dos direitos constitucionalmente

garantidos a pessoa, instituiu-se uma Comissão de Garantia

composta de nove membros escolhidos mediante indicação dos

Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado da

República dentre os especialistas em matéria de direito

constitucional, do trabalho e relações industriais, nomeados pelo

Presidente da República para um mandato de três anos,

permitida apenas uma recondução.

Dentre outras atribuições e visando ao

estabelecimento de composição entre as partes a Comissão de

Garantia terá por missão a compatibilização do exercício do

direito de greve com os demais constitucionalmente garantidos a

pessoa.

AS partes deverão pronunciar-se sobre a proposta

da Comissão dentro de quinze dias e se não o fizerem poderá a

mesma deliberar provisoriamente sobre a prestação dos serviços

indispensáveis (assegurando 0 mínimo de 50% das atividades

normalmente prestadas), bem como sobre as medidas de

resfriamento do conflito e de conciliação.

Competirá ainda a mesma Comissão manifestar o

próprio entendimento acerca da controvérsia e elaborar laudo a

respeito da matéria, recomendando, inclusive fim da greve e

propondo a solução do litígio; aceitas as ponderações

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formuladas a parede terminara através de autocomposição das

partes.

PORTUGAL

Algumas peculiaridades foram constatadas quando

do exame do ordenamento legal português no pertinente ao

direito de greve que passaremos a expor resumidamente.

Inicialmente, parece-nos adequado enfatizar que a

greve é tida como "direito autônomo e independente da existência

do direito substantivo ou da pretensão mate ria^".^'

I

Verificamos que, diversamente do que ocorre no

Direito pátrio, no português, as greves não estão

obrigatoriamente vinculadas ao sistema de negociação e solução

dos conflitos coletivos, posto que a deflagração da parede não se

reveste em fase final quando da frustração da negociação

coletiva.

Ademais, em referido ordenamento legal não se

revela imprescindível a definição de seus objetivos, inobstante

seja essa a finalidade da parede, visto que, em sendo acolhidas

as reivindicações formuladas pelos trabalhadores, a paralisação

poderá ser desconvocada.

31 Bernardo da Gama Lobo Xavier, Curso de Direito Coletiv0, Cood. Georgenor Sousa Franco Filho, p. 632.

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A semelhança do Direito pátrio, o ordenamento luso

impõe a notificação prévia escrita ao empregador, no entanto,

com antecedência mínima de 5 dias e também ao Ministério para

a Qualificação e Emprego e em se tratando de paralisação em

serviços que importem na satisfação de necessidades sociais

impreteríveis (correspondendo aos serviços essenciais no

ordenamento pátrio), o prazo será elevado a 10 dias.

Segundo Bernardo G.L.Xavier, "a obrigaçáo de pré-

aviso não constitui uma mera formalidade, mas assume um

significado importante no exercício do direito de greve. Não

propriamente porque esteja directamente ligada - como em outros

países - à actuação de um esquema pacífico de resolução de

conflitos, já que nesses países se estabelecem avisos prévios

dilatados que permitem a intervenção de meios mais ou menos

cogentes de composição dos diferendos, o que não é o caso

português. Mas se a greve se não perfila no ordenamento

português como extrema et ultima ratio do sistema conflitual

previsto na lei, nem por isso pode ter passado despercebido ao

legislador que - ao apor-lhe uma dilação - estava a abrir caminho

a uma composição pacéfica. O aviso da greve possui um forte

poder intimidativo. É da experiência quotidiana que a

desconvocação de greves se deve às negociações havidas e a

compromissos tomados precisamente no período de aviso 11 32 prévio .

32 Bernanrdo da Gama Lobo Xavier, Curso de Direito Coletivo do Trabalho, Coord. Georgenor de Sousa Franco Filho$. 625.

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Por outro lado, o período de pré-aviso que antecede

a efetiva paralisação dos serviços propicia ao empregador o

tempo tido como necessário a fim de que possa tomar

providências relativas a que OS equipamentos, instalações e

materiais de produção não sofram qualquer dano.

Em se tratando de empresas que explorem serviços

dirigidos à comunidade, o próprio Estado a partir da notificação

da parede tem condições de tomar as medidas necessárias com

referência a composição do litígio, bem como quanto às

consequências sociais e ec0nÔmicas que possam advir do

movimento grevista.

I

Constatamos também que o ordenamento

português permite aos sindicatos a organização de piquetes e

que na prática revelam-se componentes essenciais do exercício

da greve, já que constituem meio de convencimento dos

trabalhadores para aderirem a parede por meios pacíficos.

Entretanto, OS excessos praticados durante os

piquetes que importem em ameaças ou viol8ncias visando

intimidar ou pressionar trabalhadores não grevistas implica em exercício abusivo do direito de greve.

Embora diante do ordenamento português a greve

também constitua modalidade de suspensão do contrato de

trabalho, não se permite ao empregador desde o anúncio da

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paralisação dos serviços a contratação de empregados, salvo no

caso de "manutençáo do suporte do emprego" ou seja, a

promoção de atividades relativas a manutenção da segurança,

equipamentos e instalações.

Segundo a norma inserta no item 2 do artigo 8 O da

Lei 65/77, são consideradas empresas ou estabelecimentos que

se destinam a satisfação de necessidades sociais impreteríveis

os que se integram aos setores a seguir relacionados :

a) correios e telecomunicaçÓes;

b) serviços médicos, hospitalares e

mediqamentosos;

c) salubridade pública, incluindo a realização de

funerais;

d) serviços de energia e minas, incluindo o

abastecimento de combustíveis;

e) abastecimento de águas;

f) bombeiros;

g) transportes, incluindo portos, aeroportos,

estações de caminho-de-ferro e de camionagem, relativos a

passageiros, animais e gêneros alimentares deterioráveis e a

bens essenciais a economia nacional, abrangendo as respectivas

cargas e descargas.

Em se tratando de greve em empresas que se

destinam 6 satisfaçáo das "necessidades sociais impreteriveis",

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deverão as associações sindicais e trabalhadores providenciar a

promoção dos serviços mínimos indispensáveis, sob pena de ser

a greve tida por ilícita, gerando por conseguinte a consideração

dos dias parados como ausências injustificadas ao trabalho,

sendo de ressaltar-se que três faltas injustificadas seguidas

implicam em graves consequências disciplinares e cinco

importam em despedimento por justa causa.

Na situação em questão, ou seja, a de falta de

promoção dos serviços mínimos necessários a população, além

da ilicitude da parede, poderá haver a requisição civil para que 0s

interesses da comunidade sejam integralmente assegurados.

I

A requisição civil constitui o conjunto de medidas

determinadas pelo Governo necessárias para, em circunstâncias

especialmente graves, assegurar 0 regular funcionamento dos

servi~os essenciais de interesse público OU de setores vitais da

economia.

Referida medida tem caráter excepcional, podendo

ser objeto da prestaçáo de serviços de forma individual ou

coletiva, determinando-se a convocação de trabalhadores através

de Portaria expedida pelo Conselho de Ministros diante de cada

caso em concreto, analisadas as consequências da parede.33

33 Maria do Rosário Palma Ramalho, Lei da Greve, p. 69.

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Uma vez solucionado o conflito coletivo seja através

de acordo ou de deliberação de cessação do movimento, o

Conselho de Ministros através de Portaria dá por finda a

requisição civil determinada por ato anterior.

Procedimento de relativa frequência nos casos de

greve em serviços essenciais, constitui a prática de liberação

pelos grevistas em relação aos usuários dos serviços, por

exemplo de transporte público, quanto ao pagamento do

correspondente preço, circunstância essa que pode gerar para o

empresário danos tão VU~~UOSOS OU até maiores que suportaria se

tal atividade não tivesse sido executada.

@

Exemplos típicos de requisição civil em casos de

greves em serviços essenciais ocorrem com aeroviários,

servidores da justiça, trabalhadores em hospitais, transporte

ferroviário de passageiros e mercadorias dentre outros.

Assim sendo dúvidas não pairam sobre a ilicitude

da greve no direito português retirar toda e qualquer proteção ao

trabalhador quando descumpridas as normas legais, podendo

importar ainda em responsabilidade civil da entidade sindical com

fulcro no ordenamento civil, embora a imposição de referida

responsabilidade não encontre entendimento uniforme na

jurisprudência lusa.

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ARGENTINA

0 s novos textos legais que disciplinam na

atualidade o exercício do direito de greve nos serviços essenciais,

quais sejam, a Lei 25.250 de 2/6/00 e DT 2000-A, 1284,

trouxeram algumas modificações no sistema até então vigente

com a introdução do que se denominou "período de prova" e a

intervenção do Ministério do Trabalho, Emprego e Formação de

Recursos Humanos na falta de acordo entre as partes em

conflito, estabelecendo como obrigatória a instância conciliatória

previ;\ e deixando a cargo da autoridade administrativa do

Ministério do Trabalho e não do Poder Judiciário a declaração

quanto à legitimidade ou ilegitimidade do movimento paredista.

No entanto, em qualquer caso, caberá ao Judiciário

a revisão da decisão administrativa, sendo facultado ao

empregador o não pagamento dos salários durante o período da

parede.

A diretriz legal prioriza a condução da resolução do

litígio a autoregulamentação, também denominada

regulamentação através de fontes autônomas, ou seja, a situação

em que as próprias partes adotem as medidas necessárias para

garantia das prestações mínimas dos serviços essenciais, eis que

estes não podem ser interrompidos.

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Dessa forma, não ajustando as partes a garantia de

funcionamento dos serviços mínimos, ao Ministério do Trabalho,

Emprego e Formação de Recursos Humanos competirá a fixação

dos mesmos sempre com observância das normas e resoluções

emanadas da Organização Internacional do Trabalho através do

Comitê de Liberdade Sindical. Nesse caso, o ordenamento legal

impõe que a cobertura mínima devida à comunidade não poderá

ser maior do que 50% da prestação normal do serviço

usualmente promovido.

Da verificação do texto legal pertinente, constatou-

se terem sido considerados serviços essenciais :

a)serviços sanitários e hospitalares;

b) a produção e distribuição de água potável e

energia elétrica;

c) os serviços telefônicos;

d) o controle do tráfego aéreo.

Além das atividades acima elencadas, poderá 0

Ministério do Trabalho, Emprego e Formação de Recursos

Humanos, mediante resolução fundamentada, qualificar como

essencial outras atividades quando :

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a) a extensão e duração da interrupção dos

serviços puder colocar em perigo a vida, a saúde ou a segurança

da comunidade;

b) a atividade afetada constituir serviço de

importância transcendental ou de utilidade pública;

c) a interrupção ou suspensão do serviço puder

provocar situação de crise nacional que exponha a perigo a

população.

A notificação prévia e escrita no que se refere à

paralisação dos serviços à semelhança dos diversos

ordenamentos analisados também é exigida, ressaltando-se que

o não,atendimento pelas partes no que diga respeito a promoção

das prestações mínimas devidas implicará na possibilidade de

rescisão contratuai motivada do trabalhador sem qualquer

indenizaçáo e com relação a entidade sindical a possibilidade de

suspensão ou até mesmo cancelamento de sua personalidade

gremial.

PARAGUAI

O estudo das peculiaridades de tratamento à greve

pelo ordenamento paraguaio revelou que as partes podem

através de contrato coletivo ajustar a abstenção de utilização dos

meios de resistência para S O ~ U Ç ~ O dos conflitos no que se refere à

parede (huelga) e ao lock-out (paro).

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Em desconformidade com o estipulado na

Convenção 98 da OIT, o sistema paraguaio não admite a eclosão

de greve de servidores públicos, incluídos os membros das forças

armadas e da polícia.

No que pertine aos trabalhadores em geral, a greve

terá por objeto :

a) exigir do empregador a celebração de contrato

coletivo;

b) obter o cumprimento do contrato coletivo em

curso no que se refira as condições de trabalho ajustadas;

c) exigir a revisão ou modificação do contrato

coletivo ao término de seu período de vigência.

A deliberação do movimento paredista se fará

através da entidade sindical respectiva e ensejará a comunicação

escrita ao empregador com antecedência mínima de 5 dias do

início da paralisação.

Os trabalhadores que prestam serviços em

atividades imprescindíveis a população Como o abastecimento de

água, energia eiétrica e hospitais, deverão assegurar a prestação

mínima necessária dessas atividades à comunidade.

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Especificamente nos hospitais, deverão funcionar

os serviços de pronto-atendimento a fim de evitar que as pessoas

possam correr risco de vida.

Nos casos em que a greve possa afetar a prestaçgo

de serviços públicos, o Poder Executivo poderá intervir para

administração dos mesmos durante O período necessário e

indispensável a fim de evitar prejuízos à coletividade, podendo

determinar o auxilio de força policial com a finalidade de permitir

que trabalhadores não grevistas possam exercer os serviços

indispensáveis ao público.

OS atos de violência praticados contra as pessoas I

ou bens durante o movimento paredista acarretarão a ilicitude da

greve, gerando por consequência O término dos contratos de

trabalho dos grevistas sem que haja qualquer responsabilidade

do empregador pelo pagamento da indenização que seria devida

em casos normais de extinção do pacto 1abora1.~~

URUGUAI

O sistema uruguaio ao tratar da greve nos serviços

essenciais considerou que as transformaçóes do mundo

contemporâneo com a crescente urbanização, importância das

comunicações e dos meios de produção acentuaram a

problemática existente no que diz respeito a paralisação de

34 Jorge Dario Cristaldo, Legislacion Laboral Paraguaya, p. 281190.

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inúmeras atividades, eis que vivemos em sociedades cada vez

mais numerosas, cujo funcionamento depende em grande parte

da conexão de uma série de serviços cuja interrupção poderá

acarretar consequências de real gravidade.35

Possivelmente por essa razão é que o ordenamento

uruguaio não previu um conceito legal sobre serviços essenciais,

estipulando que caberá ao Ministério do Trabalho a definição de

quais são as atividades consideradas essenciais cuja

manutenção deverá ser assegurada.

Diversamente da regulamentação existente nos

paise9 vizinhos integrantes do Mercosul, o Direito uruguaio não

vinculou 0 exercício do direito de greve a entidade sindical

entendendo que a titularidade do direito pertence ao grupo de

trabalhadores sem quaisquer

A deflagraçáo da parede no ordenamento uruguaio

depende de notificação antecipada e escrita ao empregador

quanto à deflagraçáo do movimento, sendo possível a realização

de consulta aos trabalhadores por determinação do Ministério do

Trabalho a fim de que estes confirmem ou revoguem a eclosão

da parede através de voto secreto.

35 Juan R,Delgue - Lucia p. Percovich, Derecho sindical en ia jurisprudencia uruguaya, p.

102. 36 Instituto de Derecho del Trabajo e de Ia Seguridad Social, El Derecho Laboral de1 Mercosur, p. 31 6/23.

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Verificou-se também que a prática adotada pelas

categorias patronal e profissional se dirigiu ao estabelecimento de

regras através de contratos coletivos, inclusive no que respeita a

cláusula de paz, o que vale dizer que a tendência das partes é

marcada pela constante admissão de ampla negociação.

Analisando os diversos aspectos e reflexos da

greve nos serviços essenciais Oscar Uriarte recomenda a adoção

de arbitragem obrigatória além da introdução de mecanismos

compensatórios como medida de proteção aqueles trabalhadores

vinculados as atividades essenciais, de forma que quanto maior a

restrição ou limitação do exercício do direito de greve, maior

nece~sidade de proteção substitutiva, destacando ainda a

importância da constante prevenção desses conflitos de cujas

condições de funcionamento depende fundamentalmente a

comunidade usuária de tais

37 Oscar E. Uriarte, Apuntes sobre Ia huelga, p.17519.

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CAP~ULO 6: O DIREITO DE GREVE NO BRASIL

Os acontecimentos passados na Europa, sequer

chegaram a interferir diretamente na evolução do instituto, uma

vez que o crescimento da questão social no Brasil deu-se em

cenário completamente diverso.

Com efeito, após O descobrimento, a única

preocupação residia na extração de riquezas inexistentes na

Europa, como foi o caso da exploração da madeira, metais e

pedras preciosas.

t

Em 9824, enquanto na Europa já se reconhecia o

primeiro sindicato, 0 trabalho aqui desenvolvido era

predominantemente escravo, fundando-se a economia na

exploração das culturas açucareira e cafeeira.

6.1. ~volução e tratamento nas diversas Constituições

A Constituição de 1824"

Embora através da Carta de 1824 tivesse sido

assegurada a liberdade de trabalho, não houve qualquer

referência às associaçóes profis~ionai~, até porque a abolição da

escravatura somente ocorreu em 1888.

-- -

J8 Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituições do Brasil, p. 8321833.

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O artigo 179, XXIV, encontrava-se redigido da

seguinte forma :

" A inviolabilidade dos Direitos Civis, Politicos dos

Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade,

a segurança jndividual, e a propriedade, é garantida

pela Constituição do Impeno, pela maneira

seguinte:

Nenhum genero de trabalho, de cultura, industna OU

commercio póde ser prohibido, uma vez que não se

opponha aos costumes publicas, á segurança e t

saude dos Cidadãos".

Com o advento da República, em virtude de norma

inserta no Código Penal de 1890, era a greve proibida e punida

com pena de prisão quando violenta ou praticada por meio de

coação.

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A Constituição de 18913'

Com o advento da República, o problema sindical

ganhou espaço concorrendo para tanto a formação da economia

industrial.

José Duarte esclarece que as Constituições de

1891 e a de 1934 teriam sido omissas quanto ao direito de greve,

cujo aparecimento teria ocorrido com a Carta de 1 9 3 7 . ~ ~

Referidas assertivas também foram confirmadas por Pontes de

ir anda.^'

I No entanto, verifica-se que a Carta Magna

republicana não descuidou da livre ~ S S O C ~ ~ Ç ~ O profissional, desde

que para fins pacíficos, na conformidade da regra inserta no

artigo 72, § BO, vazado nos seguintes termos :

l r A Constituição assegura a brazileiros e a

estrangeiros residentes no paíz a inviolabilidade dos

direitos concementes á liberdade, á segurança

individual e á propriedade nos temos seguintes :

A todos é licito associarem-se e reunirem-se

livremente e sem amas; não podendo intervir a

policia, sinão para manter a ordem publica".

39

40 Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituiçóes do Brasil, p. 769, José Duarte, A Constituição Brasileira de 1946, p.216.

41 Pontes de Miranda, Comentários a Constitui@0 de 1967, p.93.

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Nesse período constata-se a criação dos primeiros

sindicatos agrícolas com a Lei 97911903, sendo tal prerrogativa

posteriormente reconhecida a todos OS trabalhadores com a

edição da Lei 163711 907.

De realçar-se que nessa época os sindicatos

fundados não tiveram qualquer expressão, visto que somente

com a Revolução de 1930 é que tais entidades passaram a ser

consideradas colaboradoras do poder público e instrumento

indispensável à organização racional do trabalho.

A Constituição de 1 9 3 4 ~ ~

A nova Carta Constitucional além de reconhecer 0

direito de associação em sindicato, proclamou, ainda a autonomia

do grupo sindical, admitindo o sistema de pluralidade.

sob a presidência de Getúlio Vargas, o novo

governo notabilizou-se pelo marcante inteivencionismo do Estado

nas relações de trabalho, segundo se verifica dos comandos

inseitos nos artigos 113, números 12 e 13 e 120,

respectivamente, transcritos.

.É garantida a liberdade de associação para fins

lícitos. Nenhuma associação será

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compulsóriamente dissolvida senão por sentença

judiciária".

livre o exercício de qualquer profissão,

obsenladas as condições de capacidade technica e

outros que a lei estabelecer, dictados pelo interesse

público ".

"0s syndicatos e as associações profissionaes

serão reconhecidos de conformidade com a lei".

A lei assegurará a pluralidade syndical e a

# completa autonomia dos syndicatos".

Através da Lei no 38 de 04/04/35, que dispunha

sobre a Segurança Nacional, foi reprimido o direito de greve, eis

que conceituado como delito-

A Constituição de 1 9 3 7 ~ ~

Derrogada a Lei Maior anterior por golpe de Estado

que manteve a chefia de governo e dissolveu o Congresso, foi

promulgada a Carta de 1937, reafirmando a liberdade sindical.

NO entanto, restou restabelecido o princípio da

unidade sindical, através do qual, no mesmo município, só

-- -

42 Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituições do Brasil, p. 71 7 e 71 9, 43 Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituições do Brasil, p. 619 e 624.

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poderia haver um sindicato representativo de idêntica categoria

patronal e profissional.

Nessa oportunidade foi instituída a contribuição

sindical e condicionada a existência de tais entidades ao

reconhecimento pelo Estado, segundo se depreende da redação

dos artigos 1 22 número 9 e 1 38, respectivamente transcritos.

A Constituição assegura aos brasileims e

estrangeiros residentes no país o direito à

liberdade, a segurança individual e a propriedade,

nos termos seguintes :

b

A liberdade de associação, desde que os seus fins

não sejam contrários a lei penal e aos bons

costumes".

A Associação profissional ou sindical é livre.

Sòmente, porém, o sindicato regularmente

reconhecido pelo Estado tem o direito de

representação legal dos que parficiparem da

categoria de produção para que foi constituído, de

defender-lhes os direitos perante o Estado e as

outras associações profissionais, estipular contratos

co/efivos de trabalho obrigatórios para todos 0s

seus associados, impor-lhes contribuições e exercer

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em relação a êles funções delegadas de poder

público l'.

A mesma lei maior ao instituir a Justiça do Trabalho,

considerou a greve e o lock-out recursos anti-sociais nocivos ao

trabalhador e ao capital e incompatíveis com os superiores

interesses da produçáo nacional, na conformidade do disposto no

artigo 1 39, vazado nos seguintes termos:

l1 Para denmir OS conflitos oHundos das relações

entre empregadores e empregados, reguladas na

legislação social, e instituída a justiça do trabalho,

que será regulada em lei e à qual não se aplicam as I

disposições desta Constituição relativas à

competência, ao recrutamento e as prerrogativas da

justiça comum.

A greve e o "lock out" são declarados recursos anti-

sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e

incompatíveis Com OS supeflores interesses da

produção nacional1'.

A mesma diretriz foi estabelecida pelo Decreto-lei no

431/38 que versava sobre a Segurança Nacional, pelo qual a

greve foi tipificada como crime.

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O Decreto-lei no 1237139, que instituiu a Justiça do

Trabalho, estabeleceu que a greve seria passível de punições

que variavam desde a suspensão, despedimento e prisão do

trabalhador.

O Código Penal de 1940, seguindo as diretrizes do

regime vigente, tipificou a participação em greve como crime

contra a organização do trabalho.

A seguir, em 1943, com a promulgação da

Consolidação das Leis do Trabalho, condicionou-se a cessação

de qualquer atividade a prévia autoridade do tribunal competente.

I

Findo o "Estado NOVO" com a eleição do Presidente

Eurico Gaspar Dutra, foi reconhecido 0 direito de greve por força

da declaração de Princípios sociais da América quando da

realização da Conferência Internacional do Trabalho de

Chapultepec, realizada no México em 1945, subscrita pelo Brasil.

A Constituição de 1 9 4 6 ~

A Magna Carta em referência garantiu a liberdade

de associação com corporativismo, inserindo a Justiça do

Trabalho no poder Judiciário e remetendo para a lei ordinária 0s

aspectos relativos a criação e funcionamento dos sindicatos.

" Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituições do Brasil, p.516.

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Através dos artigos 158 e 159 foram assegurados,

respectivamente, o direito de greve e a liberdade sindical, na

conformidade da redação constitucional in vecbis:

"É reconhecido o direito de greve, cujo exercício a

lei regulará ". 45

" É livre a associação profissional ou sindical, sendo

reguladas por lei a forma de sua constjtuição, a sua

representação legal nas convenções coletivas de

trabalho e o exercício de funções delegadas pelo

poder público ".

@

Dessa forma, o direito de greve assegurado

constitucionalmente, teve seu exercício regulamentado, de inicio,

pelo Decreto-lei 9070 e posteriormente, pela Lei 4330 de 1964.

Referido diploma legal estabeleceu a greve como

direito sindical o que significou que a mesma só poderia ser

defiagrada através da entidade sindical, permitindo, ainda, a

eclosão da parede em qualquer atividade econômica.

45 Dirceu A. Victor Rodrigueç, Constituição Brasileira de 1946 vista pela Jurisprudência, p.

284.

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A Constituição de 1 9 6 7 ~ ~

No período de 1967169, destaca-se a manutenção

das normas de direito coletivo na linha da Carta anterior, sendo

que, com referência ao direito de greve foram impostas proibições

quanto ao seu exercício nos serviços públicos e atividades

essenciais.

Assim sendo, preservados como direitos

assegurados constitucionalmente, 0 direito de greve e a liberdade

sindical foram tratados na conformidade dos comandos insertos

nos artigos 158, XXI e 159, respectivamente transcritos:

I

13 Constituição assegura aos trabalhadoms OS

seguintes direitos, além de outros que, nos termos

da lei, visem a melhotia de sua condição social :

XXI - greve, salvo o disposto no arf. 157, §

livre a associação profissional ou sindical; a sua

constituição, a representação legal nas convenções

co/efivas de trabalho e o exercício de funções

delegadas de poder público serão regulados em

lei1'.

Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, As Constituições do Brasil, p.4341436,

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No entanto, segundo se verifica da norma contida

no artigo 157, 5 7O do mesmo diploma legal, o direito de greve foi

obstado aos empregados envolvidos nos serviços públicos e

atividades essenciais, pela seguinte forma :

A ordem econômica tem fim realizar a justiça

social, com base nos seguintes princípios :

6 70 N ~ O será permitida greve nos serviços públicos

e atividades essenciais, definidas em lei",

Na oportunidade, o exercício do direito de greve

estavg disciplinado pela Lei 4330164, promulgada no início do

período militar e possivelmente Com marcante carater

intervencionista, posto que exigia quorum para aprovação do

movimento em assembléia, proibindo a deflagraçáo de parede

política, religiosa, de solidariedade OU fundada em qualquer

motivação náo relacionada às relações de trabalho, além de

reafirmar a proibição de greve de funcionários públicos.

Verifica-se, pois, que na conformidade do texto

acima reproduzido, o direito de greve do servidor público foi

equiparado às atividades essenciais que náo estariam

necessariamente ligadas ao serviço público em geral nos seus

diversos desdobramentos.

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As Emendas Constitucionais de no 1 até a de no 24 de

1011 2183~~

A proibição quanto a paralisação nos serviços

públicos e atividades essenciais 6 reafirmada através das

disposições contidas nos artigos 162 e 165, XXI, respectivamente

transcritos :

" ~ ã o será permitida a greve nos setviços públicos

e atividades essenciais, definidas em lei",

A Constituição assegura aos trabalhadores 0s D

seguintes direitos, além de outros que, nos temos

da lei, visem a melhoria de sua condição social :

greve, salvo o disposto no ad. 162. (nos termos da

EC no 18, de 30-6- 1981) ".'*

Em 1978 dois outros diplomas legais passaram a

tratar da paralisação dos serviços, quais sejam, o Decreto-Lei

1632, que dispunha sobre a proibição da greve nos serviços

essenciais e a Lei 6620 que definia OS crimes contra a segurança

nacional, estabelecendo punições ao incitamento as paredes nos

serviços públicos.

" Hilton L. Campanhole, Adriano Campanhole, Constituições do Brasil, p. 3211322. 48 Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Coment~rios Constituição Brasileira, p. 673 e 690,

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A Constituição de 1988

A nova Lei Maior estabeleceu como princípios

básicos a unicidade sindical, proibição de interferência estatal

quanto ao registro dos atos constitutivos do sindicato, garantindo

a liberdade de filiação, a organização por categoria, a

participação obrigatória nas negociações coletivas, dentre outros

tantos novos direitos.

Permitimo-nos, ainda que de maneira sucinta,

ressaltar que alguns dos princípios insculpidos na atual Lei Maior

são aptagônicos com o sentido e dimensão dos direitos que se

pretendeu reconhecer.

Com efeito, o princípio da liberdade sindical

encontra-se emchoque com O sistema existente quer no que diga

respeito à contribuição sindical que é compulsória, quer quanto à

limitação da base territorial das entidades sindicais limitadas ao

município e ainda, ao determinar impositivamente a presença do

sindicato nas negociações coletivas, em descompasso com a

tendência atual que norteia a negociação coletiva admitindo-a até

de forma restrita a pequenos grupos de trabalhadores e

respectivo empregador.

Preservado pela nova Carta Constitucional, o direito

de greve passou a ser assegurado de forma ampla, na medida

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em que a decisão acerca da paralisação competirá aos trabalhadores, na conformidade da regra inserta no artigo gO,

vazado nos seguintes termos :

"É assegurado o direito de greve, competindo aos

trabalhadores decidir sobre a oportunidade de

exercê-lo e sobre os interesses que devam por

meio dele defenderf'.

O mesmo dispositivo legal em seu parágrafo

primeiro estendeu o direito de paralisação coletiva aos serviços e

atividades essenciais, dispondo que :

I

" A lei definirá os serviços e atividades essenciais e

disporá sobre o atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidadef'.

Verificamos pois que logo em seguida à

promulgação da Lei Maior, O Congresso Nacional aprovou a Lei

7783/89, aplicável unicamente ao setor privado, ou seja, às

relações de trabalho regidas pelo regime da CLT, implicando,

portanto, na exclusão de trabalhadores regidos pelo regime

jurídico único (terminologia que substituiu a antiga expressão

"trabalhador ou servidor estatutário").

Ademais, não só aos trabalhadores vinculados ao

setor privado foi assegurado o direito de greve, como também

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aos servidores públicos em face na norma inserta no artigo 37,

VII, da Lei Maior, vazada nos termos seguintes :

" A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Munic(oios obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte :

o direito de greve será exercido nos termos e nos

limites definidos em lei específica; "

t

Analisando referido dispositivo, José Afonso da

Silva assevera que, " na prática, é quase O mesmo que recusar o

direito prometido; primeiro porque, Se a lei não vier, o direito

inexistirá; segundo porque, vindo, não há parâmetro para seu

conteúdo, tanto pode ser mais aberta como mais restritiva.

Depende da correlação de forças. Por isso, é melhor constar o

direito com esses condicionamentos do que não ser li 49 constitucionalmente reconhecido .

A propósito dessa questão pronunciou-se o mais

alto Sodalicio da Nação quando do julgamento de mandado de

injunção,50 concluindo que a norma constitucional inserta no

artigo 37, vil, da Lei Maior reveste-se de eficácia meramente

49 Jos6 Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 678. MI-~O~DF; D J 22/11/96, EMENT VOL 01 851 -01, rei. Min. Celso de Mello.

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limitada, desprovida de auto-aplicabilidade, dependendo de lei

complementar exigida pelo próprio texto constitucional.

No mesmo sentido, decisão proferida pelo C. STJ,

nos seguintes termos :

" A greve de servidor público continuará ilegal

enquanto não for editada lei complementar

determinada pela Constituição Federal, art. 37, V//,

Cabe ao servidor justificar perante a administração

a ausência anotada nos dias de greve. Abonar

faltas de servidor público nos dias de greve significa

reconhecer a legalidade da greve. Recurso 8

conhecido e náo provido". 51

Dessa forma, equivale afirmar que o direito de

greve assegurado ao servidor público depende de lei

complementar, revestindo-se esta em requisito de aplicabilidade e

do próprio exercício do direito em referência.

Assim sendo, reafirmamos que as disposições

constantes na Lei 7783189 aplicam-se, ta0 somente, a atividade

privada, uma vez que, diante da regra inscrita no inciso Vil, do

artigo 37 da ~onstituição Federal, 0 exercício do direito de greve

pelo servidor público está condicionado aos termos e limites que

vierem a ser definidos em lei específica, sequer editada até o

-.

Valenfin Carrion, Nova ~urisprudência em Direito do Trabalho, 1' semestre 2000, p. 245.

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com base na hierarquia e na disciplina, sob a

autoridade suprema do Presidente da República, e

destinam-se a defesa da Páttia, a garantia dos

poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer

destes, da lei e da ordem.

ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;"

Com efeito, outro não poderia ter sido o comando

constitucional uma vez que, as forças armadas "são instituições

nacionais permanentes e regulares, vale dizer, seus membros

não são convocados nem seus órgãos organizados apenas em li 53 momqntos de comoção interna ou de conflito externo .

Verifica-se, pois, que a destinação primeira das

Forças Armadas constitui a defesa da pátria, seguida da garantia

aos poderes constituíd~s, assegurando e garantindo a lei e a

ordem e só atuando se chamadas a intervir por iniciativa dos

Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Do quanto exposto resulta evidente a

incompatibilidade total entre o exercício do direito de greve e as

obrigações constitucionais estabelecidas para os integrantes das

Forças Armadas.

53 Celso R.Baçtos, ~ves G. Martins, Comentários a Constituição do Brasil, p.163.

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CAP~TULO 7: FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E

CONCEITUAÇÃO DA GREVE.

Muito se tem discutido a respeito da inclusão do

direito de greve como garantia ~ ~ n ~ t i t ~ ~ i ~ n a i visto que alguns

países, tais como Alemanha e Estados Unidos, sequer o

inseriram no texto da Lei Maior.

A idéia da constituciona~ização dos direitos sociais

dentre eles aqueles diretamente dirigidos ao trabalhador, parece

ter nqscido com a Constituição Mexicana de 1917, seguida pela

Carta Alemã de Weimar em 1919, cujos princípios visando a

melhoria das condições de vida do homem acabaram sendo

difundidos e reproduzidos pelos demais países da Europa e

Américas.

Feitas estas breves considerações, podemos

af inar que inúmeros seriam 0s conceitos que poderiam ser

reproduzidos, esclarecendo-se, desde já, que sua variação

consiste quanto à consideração da greve como direito ou

liberdade, na dependência do respectivo ordenamento jurídico

sob análise.

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Com efeito, a concepção do movimento paredista

como liberdade surgiu a partir do afastamento pelo Estado dos

mecanismos jurídicos que puniam o movimento como crime.

A partir da visão da greve como liberdade, caberia a

indagação se este fato social consiste em liberdade pública ou

privada.

Considerada a parede como liberdade pública,

haveria que ser exercida a mesma contra 0 Estado e outorgada a

todos sem qualquer distinção.

No entanto, é sabido que o movimento de I

paralisação temporária dos serviços só é oponível contra o

empregador , sofrendo as necessárias limitações legais de tal

forma que o exercício do direito por Seu titular não fira o direito de

seu próximo, circunstância que nos leva à conclusão de que a

greve se caracteriza como liberdade particular.

Merece destaque ainda o posicionamento da greve

vista como um superdireito, cuja fundamentação é metajurídica,

valorizando o justo acima do legal e autorizando o movimento

paredista como meio de resistência contra as injustiças.

Em oposição, parte da doutrina considera a greve

como direito potestativo, colocando 0 empregador em situação de

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total submissão a vontade dos empregados quanto a paralisação

dos serviços.

Tratando do ilogismo do direito de greve, assevera

Cesarino Júnior que " A evolução da humanidade se caracteriza,

sobretudo, no aspecto jurídico pela substituição da proteção pela

autoridade pública a defesa privada, de tal maneira que a

ninguém será licito, senão em casos especialissimos, fazer

justiça pelas próprias mãos. Assim a defesa privada se limita a

poucas exceções : a legítima defesa, o direito de retenção, etc. E

o Código Penal brasileiro pune expressamente, no art. 345, 0

exercício arbitrário das próprias razões, nestes termos : ' Fazer

justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora

legitima, salvo quando a lei o permite'. Com efeito, nos países

policiados, onde há tribunais, a estes e não aos indivíduos

compete a tutela dos direitos ameaçados OU violados.

Ora, a greve e o lock-ouf, em última análise, nada

mais são que casos de defesa privada, evidentemente mais r i 54 graves, por se tratar de atitudes não individuais, mas coletivas .

Poderá também ser entendida a greve como

autotutela ou procedimento impositivo visando a soluçáo do

conflito mediante emprego da força ou pressão como fator

decisivo, o que será objeto de apreciação mais acurada quando

estivermos tratando da natureza jurídica deste direito.

54 Antonio Ferreira Cesarino Júnior, Direito Social. p. 567.

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No entanto, quer nos parecer que sob qualquer

ângulo que se enfoque a questão, dúvidas parecem inexistir

quanto ao fato de que a greve constitui instrumento de que se

vale a categoria profissional para pressionar a categoria

econômica no atendimento de suas reivindicações, consistindo

mesmo em fator de equilíbrio entre as forças capital - trabalho e

servindo como meio de estímulo e aprimoramento da negociação

coletiva.

Poderá ser ainda conceituada como fato coletivo

consistente na paralisação dos serviços, bem como, omissão

coietiva quanto aos atos de trabalho.

No entanto, para Pontes de Miranda, a parede há

que ser temporária, motivada e cientificada ao empregador, visto

que, inexistentes tais requisitos, náo há se cogitar de greve.55

Octavio Bueno Magano entende que a greve

consiste no "poder do grupo social que Se manifesta através da

atividade tendente a realização de um interesse coletivo,

mediante a suspensão coletiva e temporária do trabalho dos

trabalhadoreç pertencentes ao mesmo grupo".56

'' Pontes de Miranda, Comentários a C 0 n ~ t i t ~ i ~ ã 0 de 1967, p. 225. 56 Octavio Bueno Magano, Manual de Direito do Trabalho, Direito Coletivo do Trabalho, volume 111, p. 172.

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Para Amauri Mascaro Nascimento, a greve tem

uma causa material, final e formal.

A causa material consiste na paralisação OU

diminuição do trabalho, enquanto que a causa final representa a

combinação de interesses dos mesmos de se unirem numa ação

conjunta de pressão contra o empregador, visando a satisfação

de uma pretensão. E por fim, a Causa formal refere-se à

observância do procedimento legal desde a deliberação da

parede até seu término.57

Wilson e Silvia Campos Batalha consideram que " 0

direito de greve não é simples consectário da liberdade individual,

do direito de fazer ou não fazer, nem simplesmente emanação da

personalidade do indivíduo.

~ ã o é um direito abstrato, mas um direito coletivo

'funcional e instrumental! O direito de greve desempenha uma

função social e só no sentido dessa função social pode legitimar-

se. Não é um direito em si, que encontre satisfação no seu

próprio exercício - é um direito instrumental, cujo exercício se

destina 3 obten@o de resultados fina~ísticos".~~

Considera Alfredo Ruprecht que "se deve entender

por greve a suspensáo de carater temporário do trabalho,

pactuada e acertada por um grupo organizado de trabalhadores,

57 Arnauri Mascaro Nascimento. Compêndio de Direito Sindical. LTR Editora Ltda. p. 39416, 58 Wilson de s,c.~atalha, Silvia M.L. Batalha, Sindicatos Sindicalismo, p. 229.

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com abandono dos locais de trabalho, com o objetivo de fazer

pressão sobre os empregadores, na defesa de seus interesses

profissionais e econômic~s".~~

Assim sendo, reputa o citado autor ser fundamental

o abandono do local de trabalho, a pressão contra o empregador

e a defesa de interesses profissionais e econÔmicos, visto que,

inexistentes tais requisitos, estaríamos diante de outras figuras

contempladas pelo direito que não a greve.

Délio Maranhão afirma que " a greve é uma forma

de autodefesa que, dando margem, inicialmente, à

autocpmposição do dissidio, acaba, se esta não se realiza, por

provocar-lhe a solução processual. 0 direito de greve define-se

pelo seu objeto : é o direito de fa~ê-la".~'

7.1. Requisitos da greve

Regra geral, os requisitos para a deflagraçáo de

movimento paredista estarão invariavelmente ligados ao

ordenamento legal de cada pais. No entanto, parece haver

consenso de que nenhuma greve poderá eclodir se não

resultarem reunidos os seguintes elementos :

a) intenção de não trabalhar - representada pela

unidade de opiniões para efetuar o movimento;

59 Alfredo J. Ruprecht, Relações Coletivas de Trabalho, p. 738.

60 Délio Maranhão, Direito do Trabalho, p.387.

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b) abandono do trabalho - consiste no primeiro ato

pelo qual a greve se materializa através da abstenção da

prestação dos serviços;

c) tempo indeterminado - a indeterminação do prazo

de duração da parede e da essência do movimento;

d) paralisação coletiva - visto que os atos isolados

ou de uma minoria descaracteriza O movimento paredista que há

de contar com expressivo número de trabalhadores dentro do

mesmo local de trabalho;

e) finalidade - é da essência da greve o pleito de

natureza profissional, a defesa dos interesses trabalhistas da

categoria, a reivindicação de melhoria salarial, surgindo, daí, 0s

conflitos de natureza econÔmica e/ou jurídica.

Feitas tais considerações a propósito das inúmeras

conceituaçóes do direito de greve, mister analisarmos o conceito

legal do movimento paredista inserto no artigo 2' da Lei 7783190,

que, regulamentando a regra contida no artigo 9' da Lei Maior,

estabeleceu :

Aff. 24 Para os fins desta lei, considera-se

legítimo exercício do direito de greve a suspensão

coletiva, temporána e pacífica, total ou parcial, de

prestação pessoa de s e m a empregador".

Diante do texto legal que definiu a greve como

suspensão do trabalho, claro está que em face do ordenamento

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pátrio qualquer outra forma de protesto coletivo sem paralisação

dos serviços não poderá ser considerada greve por lhe faltar

elemento essencial.

Ademais, cumpre-nos enfatizar que a parede há

que ser coletiva por se tratar de ação de grupo de trabalhadores,

afastando-se por conseguinte, movimentos isolados, de pouca ou

nenhuma adesão entre os trabalhadores de determinado

estabelecimento ou categoria.

Dessa forma, para a doutrina pátria a greve

somente será legitimada e por conseguinte deflagrada por

motivos profissionais ou econômicos na defesa de interesse da #

categoria, cujos integrantes devem estar vinculados a prestação

de serviços subordinados, o que vale dizer que, em nosso

ordenamento, impossível será a deflagraçáo de parede por

autônomoç, como se verifica no direito estrangeiro.

Por outro lado, a simples interrupção da prestação

de serviços não deverá ocorrer de maneira desordenada, 0 que

implica asseverar que os integrantes da parede devem prestar o

necessário respeito às pessoas e aos bens de terceiros.

Finalmente, os efeitos decorrentes das limitaçóes

do direito de greve também estão diretamente subordinados à

legislação positiva de cada país, uma vez que tais restrições

visam à preservação da paz social entre as categorias

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profissional e econômica que via de regra é alcançada através da

necessária negociação entre as partes.

7.2. Das diversas formas de protesto coletivo.

Apenas a guisa de ilustração, apresentaremos

algumas das diversas formas de protesto, retiradas da obra de

Alfredo J. ~ u ~ r e c h t , ~ ' na medida em que não poderiam ser

consideradas tecnicamente Com0 tIIovimento paredista por lhe

faltarem 0s requisitos essenciais acima já especificados para

tanto :

a) greve de advertência - consistente na súbita

interrupção da prestação dos serviços Por curto período, via de

regra, antes do término da jornada normal de trabalho. A rigor,

não poderia ser considerada greve, eis que lhe falta a

indeterminação do prazo e o abandono do local de trabalho;

b) greve simbólica - a que implica numa brevissima

interrupção do serviços, sem qualquer abandono do local de

trabalho;

c) greve política - visa atingir terceiro que não o

empregador, não se encontrando revestida de qualquer finalidade

61 Alfredo J. Ruprecht, Relações Coletivas de Trabalho, p. 843161

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reivindicatória de ordem contratuai ou profissional já que dirigida

contra o Estado;

Para Arnaldo Sussekind, "as greves políticas, ainda

que comandadas por entidade sindical de trabalhadores, não

encontram guarida na Constituição brasileira de 1988, porquanto

objetivam algo que não pode ser atendido pelos respectivos

empregadores".62

A propósito do tema pronunciou-se o C.TST nos

termos seguintes :

" A greve política não 6 um meio de ação direta da I

classe trabalhadora em beneficio de seus

interesses profissionais, e, portanto, não está

compreendida dentro do conceito de greve

trabalhista. Entende-se por greve política, em

sentido amplo, a dingida contra OS poderes públicos

para conseguir determinadas reivindicações não

suscetíveis de negociação coietiva ". (TS T-RO-DC

454 136/98.7, Ac. SDC, Min. Valdir ~ i g h e t o ) ~ ~

d) greve de zelo - importa em verdadeiro atentado

à produ@o em face da meticulosidade empreendida pelo

trabalhador em cada uma das tarefas executadas;

62 Arnaido Sussekind, Responsabilidade pelo abuso do Direito de Greve, Revista da $ademia Nacional de Direito do Trabalho. Ano 1. no 1. 1993, P. 38.

Valentin Carrion. Nova ar ris prudência em Direito do Trabalho. 1' semestre 2000, p, 245,

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e) greve de braços caídos - consiste na realização

do trabalho lentamente e sem condições técnicas, com resultado

deficiente;

f) greve por turnos - implica na paralisação dos

serviços por curtos espaços de tempo em várias seções da

empresa ou em diversas empresas, podendo tomar proporções

relevantes quanto se tratar de produçáo em série;

g) greve intermitente - importa na paralisação das

atividadeç de forma reiterada e breve durante a jornada de

trabalho, causando evidente prejuízo;

h) greve selvagem ou espontânea - é a realizada

de forma súbita, sem qualquer ordenamento ou aviso,

assemelhando-se a greve surpresa;

i) paralisação - também conhecida por greve

passiva, consiste na falta de execução de qualquer atividade pelo

empregado durante toda a jornada de trabalho;

j) ocupação do estabelecimento - com a finalidade

de pressionar o empregador, 0s trabalhadores não se retiram do

local de trabalho, pretendendo assim 0 atendimento de suas

reivindicações;

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I) greve de estrangulamento e rotativa - implica na

paralisação do serviço em pontos OU seções consideradas

estratégicas;

m) greve geral - assemelhada a greve política,

dirige-se contra a coletividade, não tendo qualquer objetivo

profissional, eis que o empregador não é O alvo do movimento;

n) greve de solidariedade - de igual forma, também

é dirigida a terceiros e não ao real empregador, já que a pressão

é realizada em benefício de outros empregados em apoio ao

grupo em conflito;

b

Para Francisco Antonio de Oliveira, " a greve de

solidariedade poderá ganhar foros de legalidade quando se tratar

de solidariedade interna (na mesma empresa) ou restar provado

que a categoria que titulariza a greve de solidariedade estaria

ligada por uma comunidade de interesses com os grevistas

pr in~ ipa is" .~~

O) sabotagem - consiste na destruição de máquinas,

equipamentos, matérias-primas, &c., Como consequência do

conflito de origem laborai;

p) boicote - importa no acordo entre trabalhadores

vedando-se a de serviços a determinado empresár;~;

64 ~~~~~i~~~ ~~~~~i~ de Oliveira, Manual de Direito Individual e Coletivo do Trabalho, p, 501,

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q) náo-cooperação ou colaboração - implica na

recusa coletiva de prestação de tarefas que em circunstâncias

normais seriam rotineiramente cumpridas;

r) ratting - consiste na impossibilidade de execução

de tarefas por falta das ferramentas ou equipamentos

necessários a tanto;

S) piquete - é o impedimento do local da prestação

de serviços por paredista obstando que trabalhadores não-

grevistas alcancem o estabelecimento para laborarem;

I

t) trabalho arbitrário - implica na prática de açõeç

contrárias a vontade do empregador;

u) greve de rendimento - a semelhança da greve de

zelo consiste na demorada OU deficiente produção de bens em

condições anormais.

Constatamos, pois que OS movimentos acima

expostos não podem ser caraterizados como tipicamente greve,

segundo a doutrina clássica, na medida em que em alguns casos

a paralisação de serviços Sequer é interrompida por período

considerável, em outros não há abandono do local da prestação

de serviços, desvirtuando-se, assim, 0s requisitos tidos por

básicos para do movimento paredista.

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Examinando as greves de solidariedade, de

protesto e as políticas, manifestaram-se Wilson e Sílvia Batalha

asseverando que tais movimentos " não podem ser considerados

como exercício do direito de greve, porque não têm fundamento

econômico-profissional, nem visam a objetivos de melhoria das

condições de trabalho que o empregador possa atender no todo

ou em parte.

São fatos sociais e p ~ l í t i ~ o ~ , não exercícios de um

direito. Os que deles participam agem exclusivamente por sua

conta e risco, incorrendo nas consequências de atos praticados

~ e m - ~ i r e i t o " . ~ ~

7.3 A Nova Visão da Greve diante da flexibilização das

relações de trabalho.

No entanto, em recentíssima obra a propósito da

análise do movimento paredista frente às transformações que têm

ocorrido quer nos meios de produção, quer nas relações de

trabalho e de subordinação, Oscar Uriarte apresenta

considerações acerca do denominado fenômeno "flexibilização da

greve"66 diante dos processos e sistemas de informatização

utilizados na atualidade, desconsiderando, pois, 0s elementos até

então reputados básicos para a doutrina clássica no que se refere

65

66 Wilson de S.C. Batalha, Silvia M.L. Batalha, Sindicatos Sindicalismo, p.244, Oscar Uriarte, A flexibilizaçáo da Greve. P 16, 29/38 e 42/48.

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à caracterização da greve e que resumidamente passaremos a

expor.

De maneira geral, dúvidas não pairam no sentido de

que o conflito entre as categorias profissional e econômica

constitui meio permanente de negociação com a finalidade última

de alcançarem as partes sua composi~ão.

Assim sendo, o próprio conflito representa

elemento permanente e significativo na constante alteração das

relações de trabalho que ao lado das transformações

tecnológicas estaria a contribuir para uma nova visão, senão

dandp origem a um novo sistema legal imposto pelo terceiro

milênio.

É de ser ressaltado que a própria origem da

legislação trabalhista nos países da América Latina diverge

sobremaneira do ordenamento legal aplicável nos países que

integram a Comunidade Européia diante da diversidade de

experiências e desenvoivimento sociais, econÔmi~0s e políticos

dentre outros fatores de relevância.

Com efeito, enquanto na Comunidade Européia a

predominância na atualidade visa à proteção coletiva da massa

de trabalhadores através de políticas conjuntas relativas 6

qualificação, requalificaçá~ de mão-de-obra, absorção da mesma

no mercado produtor e da prestação dos serviços, sem que seja

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esquecida a atenção especial de que goza a demissão coletiva,

nos países da América Latina o que se constata é uma tendência

de constitucionalização de direitos sociais com marcante caráter

protetor na esfera individual e excessiva limitação ou restrição no

exercício dos direitos coletivos tomando-se como exemplo a

profusão de normas disciplinando a atividade sindical e

consequentemente a negociaçáo coletiva.

Por conseguinte, sempre que O Estado intervir na

regulamentaçáo das relações entre as categorias profissional e

patronal menor será o espaço disponível para negociação entre

as partes.

I

Tanto esse aspecto é verdadeiro que já se constata

a existência de inúmeros segmentos (bancários, comerciários,

metalúrgicos) pregando a prevalência do "negociado sobre o

legislado" como forma de atendimento aos interesses do grupo

envolvido em determinado conflito, inobstante a legislação

existente a propósito da matéria.

Outro fator de real importância no tema ora

abordado refere-se as alterações que vem sendo implementadas

nas relações de trabalho com a a u t ~ m a ~ á ~ , descentraii~açã~ e

diminuição das empresas, terceirizaçáo de mão-de-obra,

modificaçõeç no conceito de subordinação diante das diversas

formas de prestação de seiviços como é 0 caso do trabalho em

domicílio, teletrabalho, trabalho à distância e tantos outros.

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Dessa forma, diante de um novo tempo, deverá

prevalecer a ação coletiva de pequenos grupos em detrimento

dos grandes e expressivos sindicatos de categoria, visto que as

alterações e adaptações por que passam as entidades

empresariais implicarão, inevitavelmente, na fragmentação e

fragilizaçáo da atuação dos sindicatos.

Exemplo típico dessa realidade é a existência de

sindicatos por empresa facultando-se a adoçáo total ou parcial

das cláusulas estabelecidas para a categoria através de norma

própria, o que vale dizer que as regras a serem cumpridas por um

pequeno bazar poderiam diferir das adotadas por uma loja de

departamentos, na conformidade do interesse de cada grupo, tal

como vem ocorrendo em países europeus.

Devemos ainda lembrar que nos dias atuais a

imagem da empresa em relação a0 público consumidor é de vital

importância na medida em que não constitui novidade a

preferência dada por este ao empresário que Se utiliza de

processos de reciclagem, adotando medidas de proteção do meio

ambiente, desenvolvendo atividades comunitárias, sociais e

educativaç como meio de cumprir a função social da empresa.

Em virtude dos diversos fatores expostos e que

causaram a alteração de comportamento empresarial, claro está

que as coletivas de paralisação na prestação dos

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serviços também ganharam novas formas de atuação, sendo

exemplo típico os movimentos que até então pela doutrina

clássica eram considerados movimentos atípicos, greves atípicas

ou simplesmente movimentos coletivos.

Nesse contexto é que podemos trazer alguns fatos

ocorridos na Comunidade Européia denominados "cibergreves"

ou "greves virtuais" e que inevitavelmente deverão servir como

reflexão e possível diretriz para novas formas de atuação dos

movimentos coletivos na realidade brasileira.

Citamos como exemplo a manifestação dos

petroguímicoç vinculados à Elf que em determinado momento

interromperam a prestação de serviços por algumas horas com

bloqueio do sistema de gestáo informatizado do empregador,

dando ciência à imprensa desse fato.

Nova alternativa da atuaçáo coletiva constitui a

ocupaqão de espaço na mídia cientificando o consumidor acerca

da pretensão da categoria profissional motivadora do conflito e

que nem por isso acarreta a paralisação total das atividades,

como foi o caso da liberação de catracas nos transportes

coletivoç, bloqueio de alguns serviços bancários nos caixas

automáticos, de correçáo de provas em instituições de

ensino.

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Revelaram os trabalhadores com tal procedimento

que as greves deixaram de ser um fenômeno isolado entre as

categorias profissional e econômica, tomando dimensão de

acontecimentos sociais que não podem ser omitidos do público

consumidor dos produtos OU serviços envolvidos nessas

atividades, sejam elas básicas ou não, já que a decomposição da

prestação dos serviços acarreta apenas a paralisação parcial de

algumas tarefas, preservando-se o funcionamento de outras.

Em tal circunstância, poderíamos asseverar que

poucos empregados na atualidade poderão gerar maiores

prejuízos ao empregador em determinados processos de

autor(iaçã0 do que um verdadeiro batalhão de trabalhadores

braçais na mera interrupção de suas atividades.

Sem dúvida, tais consideraç6es haverão de

merecer atenção das entidades sindicais das categorias

profissional e patronal, na medida em que o acolhimento das

formas atípicas de greve tem sido defendido pelo Comitê de

Liberdade Sindical e pela Comissão de Peritos em Aplicação de

Convençõeç e ~ecomendações da Organização Internacional do

Trabalho.

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CAP~ULO 8: NATUREZA JUR~DICA .

Discussão que ganhou grande realce refere-se ao

fato de o direito de greve revestir-se em direito de natureza

individual ou coletiva, eis que, dependendo do ordenamento legal

que se considere, poderá ser concebido como direito isolado do

trabalhador, como é o caso da França, ou considerado como fato

coletivo e que tem como sujeito ativo O grupo de trabalhadores e

que na realidade brasileira se encontra representado pela

entidade sindical.

b

Segundo Ruprecht, " a greve deixou de ser um

fenômeno individual, o direito individual de parar, para se

converter numa expressão s o ~ i o l ó g i ~ a ' ~ . ~ ~

Para Amauri Mascaro Nascimento, " a greve é um

direito individual do trabalhador, de exercício coletivo declarado

pelo sindicato. É a concIusáo que permite conciliar a concepção

orgânica da declaraçáo e a liberdade individual de participação no t i 68 exercício, corolário do princípio da liberdade de trabalho .

Na visão de Santiago P6t-e~ de1 Castillo, " o direito

de greve não se extingue Com Seu exercício. Trata-se de um

direito constitucionalmente, de natureza individual,

67

68 Alfredo Ruprecht, Relaçóes Coletivas de Trabalho, p. 765. Amauri Mascaro Nascimento, Comenthrios B Lei de Greve, p. 37

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mas com diversas implicações coletivas : a decisão coletiva

prévia; o exercício coletivo do direito e o interesse coletivo, cuja t i 69 defesa se persiga .

No entanto, o direito constitucional de paralisação

dos serviços individualmente considerados só ganha destaque

em face da manifestação coletiva da categoria profissional, uma

vez que o interesse em discussão não só é tratado coletivamente,

mas também exercido em grupo através das entidades sindicais.

Outro aspecto a ser abordado diz respeito as

entidades sindicais, cuja natureza jurídica, na atualidade, não

deixa dúvida quanto ao fato de constituir O sindicato pessoa

jurídica de direito social, contribuindo como produtor do direito

objetivo, segundo Mário de Ia Cueva citado pelo Professor

Cesarino ~únior .~ '

Afastam-se, por conseguinte, as antigas teorias que

enquadravam a entidade sindical ora como pessoa de direito

público, ora como de direito privado.

N ~ O caberia no momento adentrarmos na discussão

relativa 2 unicidade ou pluralidade sindical, mas, tão-somente,

enfatizarmos o fato de que o homem sempre procurou se

associar àqueles com OS quais tivesse identidade, fosse ela

política, religiosa OU profissional.

69

70 Santiago Pérez de1 Castillo, O Direito de Greve, P. 65. Antonio Ferreira Cesarino Junior, Direito Social, p. 567175.

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Em nosso ordenamento jurídico, uma das grandes

contradições no meio sindical decorre dos princípios insertos no

artigo 8 O e incisos da Lei Maior: liberdade sindical e definição de

base territorial (somente uma entidade por município);

contribuição sindical compulsória; custeio do sistema

confederativo e assistencial.

Melhor esclarecendo, na primeira hipótese

poderíamos concluir que o sistema adotado não contempla a

liberdade sindical plena ao estabelecer que a entidade sindical de

primeiro grau está limitada a um municí~io.~' Contrariamente,

enteyemos que a liberdade sindical tal como erigida pelo texto

constitucional estaria vinculada à multiplicidade de sindicatos da

mesma categoria no mesmo município.

A segunda hipótese tratada versando sobre a

contribuiçáo sindical compulsória, 72 O custeio do sistema

confederativo e assistencial também colide com o princípio de

liberdade sindical inserto no capuf do artigo 8' da Lei ai^^^^ bem como com aquele constante do incho V do mesmo

dispositivo na medida em que Se o ordenamento

--

71 11 - ~~é vedada a criação de tnais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional OU economica, na mesma base territorial, que ser& definida oeloç trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de i m Município"; 72 A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou Por uma pmfissão liberal. em favor do Sindicato representativo da mesma categoria OU profissao, ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591". 73 "É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte": 74 ,I ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato";

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infraconstitucional impõe e obriga ao desconto compulsório da

contribuição, claro está que não vivenciamos o regime de

liberdade sindical tal como apregoado.

Além disso, cumpre-nos ressaltar a transformação

porque passam as entidades sindicais diante do total

desinteresse do trabalhador em geral em pertencer a tais

organismos, em face da influência dos meios de comunicaç~o,

das ambições individuais e das dificuldades que o mercado de

trabalho moderno apresenta.

De conseguinte, assiste-se a uma reformulação da

post~ua sindical abstendo-se da preocupação quase que

exclusiva com o trabalho subordinado para engajar-se aos

movimentos da modernidade integrados por autônomos,

trabalhadores informais e outras modalidades da prestação de

serviços, tais como o teletrabalho e trabalho à distância dentre

outros.

por tais razões, parece-nos que a atuação sindical

da atualidade se volta muito mais para 0 estabelecimento de

programas de preservaçáo dos atuais empregos, requalif ica~ã~

de mão-de-obra, redimensionamento de jornadas, do que

propriamente pela luta por reajustes salariais e outros benefícios

outrora reclamados em dissídios coletivos e notadamente através

de greves.

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A elucidar tal afirmativa o testemunho prestado por

dirigente sindical do ABC, relatando a situação de esvaziamento

e descentralização das empresas automobilísticas, com

fechamento de inúmeras unidades produtoras, situação que

conduziu as categorias profissional e patronal ao diálogo

constante buscando ponto de equilíbrio e ajuste diante do

desajuste econômico-financeiro que setor atravessava no período

de 1998199.

Verificou-se que em face da possibilidade concreta

e irreversível de demissão de cerca de 10 mil empregados do

setor, a melhor solução seria a negociação resguardando o

patr i~ônio mais importante sob a ótica de qualquer cidadão que

precise trabalhar, ou seja, o emprego, ao invés de buscar-se

reajuste salarial e possivelmente recorrer a categoria a tradicional

"greve dos metalúrgicos do ABC" que em diversas oportunidades

ocupou parte dos noticiários da imprensa falada e escrita.

Questionado a propósito da atuação sindical,

manifestou-se o então presidente do Sindicato dos Metalúrg ices

do ABC, Luiz Marinho, " creio que O dirigente sindical, hoje, tem

que ter, acima de tudo, maturidade, responsabilidade, 'pé no

chão1 e saber fazer a leitura do que está acontecendo no Brasil e

no mundo. ~ventualmente, pode escolher um caminho mais

difícil mais complexo, um caminho, inclusive, que talvez lhe crie

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Para Amauri Mascaro Nascimento a frustração da

negociação pode operar-se de duas maneiras, quais sejam,

através da recusa do empregador e pelo desacordo78.

Na primeira hipótese a simples falta de qualquer

manifestação por parte do empregador a respeito das

postulações apresentadas pelos empregados importará na

caracterização da recusa à negociação, decorrido o prazo

estabelecido para manifestação, visto que, em regra, as

propostas são apresentadas por escrito.

0 desacordo, por sua vez, será materializado quando

o empregador, por razões que não merecem ser discutidas no

momento, não aceitar as reivindicações formuladas, hipótese em

que caberá aos empregados, sempre através da entidade sindical

representativa, a avaliação da oportunidade quanto a paralisação

dos serviços ou náo.

8.2. Finalidades da greve

A doutrina de forma geral costuma apontar dentre as

inúmeras modalidades de greve as que se revestem de

finalidades profissional, social e solidária.

78 Arnauri Mascaro Nascimento, Comentários Lei de Greve, p. 51.

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Relativamente a greve profissional parece-nos

inexistir quaisquer dúvidas quanto ao fato de que o movimento

paredista puro reveste-se, antes de mais nada, no legítimo pleito

em ver melhoradas as condições de trabalho de seus

participantes, ora postulando aumento salarial, diferentes

períodos de descanso, condições de segurança e salubridade

laboral, além de benefícios de ordem social dentre tantas

reivindicações que normalmente são apresentadas.

J& a greve social não visa quaisquer dos pleitos

acima apontados, mas, tão somente, a valoração e ampliação

dos instrumentos de luta da categoria profissional em relação à

categoria patronal, constituindo exemplo típico dessa modalidade

as que sáo deflagradas em apoio de questões puramente

sindicais.

Finalmente, a greve de solidariedade, também

conhecida por greve de simpatia, visa a dar suporte a

trabalhadores de outra atividade ou setor, procurando fortalecer a

unidade da classe profissional-

Por conseguinte, como já dissemos anteriormente,

podemos asseverar tratarem-se 0s dois últimos de movimentos

de protesto ou greve atípicas, Uma vez que não reivindicam 0s

trabalhadores denominados solidários, melhorias contratuais ou

profissionais ao próprio empregador, consistindo O movimento em

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mera manifestação de apoio aos trabalhadores realmente

envolvidos no conflito.

Assim sendo, tais movimentos, ainda que contem

com a simpatia e adesão de inúmeros participantes, não podem

ser considerados tecnicamente como greve por Ihes faltar

requisito básico para tanto, ou seja, reivindicação profissional

diretamente formulada ao real empregador.

Wilson Batalha não considera a greve de

solidariedade como direito, uma vez que não Se formulam durante

a mesma pretensões que possam ser atendidas pelo

empqgador, por não possuírem fundamento econômico-

profissional e nem visarem melhoria das condições laborais.

"Trata-se de fato social que poderá ensejar

consequências jurídicas, mas que não pode ser erigido em

direito, posto que lhe falta a liceidade do objetivo". T9

8.3. Qualificação da greve.

O reconhecimento da legitimidade ou

ilegitimidade, legalidade OU ilegalidade do movimento paredista

há que estar na estrita dependência do ordenamento jurídico de

cada país, visto náo podermos confundir a greve legal com a

reconhecidamente lícita OU a ilegal com a manifestamente ilícita.

79 milson s , c . ~ ~ t ~ l h a , Silvia M. L. Batalha. Sindicatos Sindicalismo, p.243.

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Com efeito, a parede será considerada legal

todas as vezes em que os trâmites iegais prévios para sua

deflagração forem rigorosamente cumpridos pelos trabalhadores,

na medida em que o descumprimento de qualquer dos requisitos

legais implicará na declaração da ilegalidade da paralisação.

NO que pertine ao aspecto da licitude do

movimento, há que ser ressaltado que esse aspecto está

intimamente ligado com seus fins justos e razoáveis, enquanto

que a ilicitude da parede estará marcada pela violação das

disposições convencionais ou pelo excesso nos meios

empcegados.

Assim sendo, ilícita será a parede que não atender

aos pressupostos legais da prévia negociação e pré-aviso ao

empregador; quando não se desenvolver por meios pacíficos;

quando não forem organizados OS serviços de manutenção que

possam provocar prejuízos irreparáveis; na inexecução dos

serviços essenciais a população e finalmente quando envolver a

ocupação do ou violar a liberdade das pessoas.

O pronunciamento dos tribunais a propósito da

qualificação da greve reveste-se através da declaração de

abusividade ou não do movimento paredista, na conformidade da

Orientação ~~~isprudenciai da SDC do C. TST sob número 38 e

dos ~córdáos a seguir transcritos

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GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA

DAS NECESSIDADES INADIA VEIS DA

POPULAÇAO USUARIA. FATOR DETERMINANTE

DA QUALIFICAÇAO JUR'DICA DO MOVIMENTO.

abusiva a greve que se realiza em sefores que a

lei define como sendo essenciais a comunidade, se

não é assegurado o atendimento básico das

necessidades inadiáveis dos usuários do serviço,

na foma prevista na Lei 7783189.

Considera-se abusiva a greve quando não forem

observados os requisitos da Lei 7783/89 e, via de t

consequência, fica o empregador desobrigado do

pagamento dos dias de paralisação, até porque 0s

confratos ficam suspensos durante a greve,

mantendo-se as relações laborais pelo acordo entre

as partes''. ( TST-RO-AD 414809/99.3, Ac. SDC

Min. Ursulino Santos ~ i lho) .~ '

A greve, como ato jurídico, deve sujeitar-se 2

legal, sendo ~0dant0 abus jvo o

movimento deflagrado sem a observância dos

requjsitos contidos na Lei 7783/8g1'. (TST-RO-DC

368290197.5, Ac. SDC Min. Antonio Fabio

~ ibe i ro) .~ '

Valentin Carrion Nova ~ ~ ~ i ~ p r u d ê n c i a em Direito do Trabalho, 1999, 2' semestre, p 212, 81 Valentin Carnon: Nova ~~r i~prudênc ia em Direito do Trabalho. 1999, 1' Semestre, p 276,

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com o exercício de outro direito, por outro cidadão,

caracterizando-se a colisão entre esses direitos".83

Luisa Galantino, citada por Ari P. Beltran, " aborda a

questão sob o ponto de vista de duas teorias : a) a greve como

direito subjetivo potestativo (que diz estar superado pela doutrina

mais recente); e b) a greve como direito absoluto da pessoa, ou

como direito de liberdade OU como direito político. Considera a

segunda configuração a mais idônea, sobretudo porque a greve é

um meio de desenvolvimento dos trabalhadores e de sua

participação na vida política, econômica e social do pais. assim,

direito da penonalidade e direito da liberdade. Como direito

polítiço, tem limitações, já que o direito de greve não deve ter

carater exclusivamente político : seria em tal hipótese lícito sob o

aspecto penal e ilícito sob O aspecto civil, facultando sanções por

parte do empregador".w

por fim, uma Última consideração a propósito da

greve como direito de a~fopr~feção, cujo exercício é tolerado pelo

ordenamento legal, permitindo a atua@o direta dos empregados

independentemente de qualquer apelo à autoridade judiciária.85

Manifestando-se sobre 0 tema, Roberto Barrete

Prado assevera que li a greve considerada como simples direito

de não trabalhar, sem limitação, na0 apresenta qualquer

83 Sandra Lia simón, A prote@o Constitucional da intimidade e da vida Nrivada do

empregado, p. 51. 84

85 Ari Poçsidonio Beltran, Autotutela nas Rela@es do Trabalho,p.224. Carlos Henrique Bezerra Leite, CUBO de Direito do Trabalho. P. 9911 00.

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consistência jurídica, podendo entrar em irremediável atrito com

os princípios fundamentais da própria Constituição, que

asseguram imperativa e categoricamente a dignidade da pessoa

humana (art, 1°, item III), os valores sociais do trabalho e da livre

iniciativa (item IV), o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou

profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei

estabelecer (item XIII), e o direito de trabalhar (artigo 6O).

Os citados princípios nos fornecem o critério de

apreciação dos dispositivos constitucionais de carater

suplementar. Acha-se O trabalho vinculado essencialmente à

pessoa humana, constituindo, entre outros desmembramentos, a

principal base para o exercício da liberdade.

É a greve um direito subjetivo, de natureza coletiva,

que pertence a um grupo de trabalhadores. Não se diga que

reconhecida a autonomia do grupo, ilegítima Se tornaria qualquer

l im i ta~ão" .~~

Segundo Sergio Pinto Martins, " num primeiro

momento poder-se-ia dizer que 0 interesse a ser defendido por

meio de greve seria ilimitado, porém, não é isso que ocorre. 0 s

limites desse interesse podem Ser encontrados na própria

Constituiçáo, ao analisá-la sistematicamente. se o direito de

greve está inserido no Capitulo 11, dos Direitos Sociais, do Titulo 1,

já é possível dizer que os limites desse interesse são sociais,

86 Roberto Barrete Prado, O Direito de Greve em face da Constitui@o de 5110188, LTR no 52, Novembro 1988.

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dizendo respeito as condições de trabalho, a melhoria das

condições sociais, inclusive salariais. Esses interesses,

entretanto, vão dizer respeito aqueles que possam ser atendidos

pelo empregador, pois é em face deste que a greve é

d e f ~ a ~ r a d a " . ~ ~

Acreditamos porém que não seria demais

lembrarmos, ainda que ligeiramente, que duas teorias informam a

doutrina referente às limitações do direito de greve.

A primeira delas, conhecida por teoria da

"equivalência dos danos OU proporcionalidade de sacrifícioslM

enc~ntra-se fundada no fato de que 0 empregador está obrigado

a suportar os prejuízos advindos do movimento de paralisação

sem a possibilidade de postular qualquer ressarcimento

decorrente da parede.

Entretanto, a doutrina p o ~ i ~ i ~ n ~ u - s e no sentido de

que a greve constitui instrumento de pressão coletiva contra o

empregador ou categoria econômica Com a finalidade de

atendimento das reivindicações do grupo ou da categoria

profissional, o que importa afirmar que 0 dano decorrente da

parede há que ter relevância para 0 empregador, sob pena de

constituir meio de luta inócuo e desprovido de qualquer eficácia.

87 Sergio Pinto Martins, Direito do Trabalho, P. 757

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Nessa linha de pensamento, Lélia Guimarães

Carvalho Ribeiro assevera que " embora com vários

inconvenientes, não só para OS interlocutores, como também para

toda a coletividade, entendemos que a greve é um mal

necessário, porque só através da pressão exercida pelos obreiros

têm eles conseguido alcançar e ver reconhecidos certos direitos e

vantagens resistidos pela parte antagônica na relação de 11 88 trabalho .

A segunda teoria fundamenta-se no respeito

reciproco dos direitos protegidos pelo ordenamento legal,

implicando na salvaguarda do direito de propriedade do

empregador, circunstância que conduz à conclusão de que, em

ocorrendo dano intencional decorrente do movimento de

paralisação, poderá o empresário postular ressarcimento dos

danos sofridos com fulcro no disposto nos artigos 159 do Código

Civil ~ ~ ~ ~ i l ~ i ~ ~ , ~ ~ 14 e 15 da Lei 7783189 'O, eis que, configurada

restaria a hipótese do abuso de direito.

Assim sendo, sob quaisquer ângulos que se

enfoque o direito de greve, haveremos de Concordar que o

mesmo não pode ser exercido ilimitadamente, visto não se tratar

88 Lélia Guimarães Carvalho Ribeiro, A Greve Com0 legítimo Direito de Prejudicar, Curso de Direito Coletivo do Trabalho, Cood. Georgenor de Sousa Franco Filho, p. 51 1. 89 Aquele que, por aÇao ou omissão voluntária, neglig6ncia. ou impnid8ncia. violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar 0 dano". 90 " Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a da paralisaçao a ~ b s a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho". " A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos Ou crhles cometidos, no curso da greve, será apurada, confome o caso, segundo a legislaÇa0 trabalhista, civil ou penalu,

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de direito absoluto, embora considerado direito fundamental do

indivíduo, mas meio de luta dos trabalhadores que deve ser

utilizado em caráter excepcional Para compelir o empregador não

só à necessária e imprescindível negociação, como ao

atendimento das reivindicações propostas, em respeito ao

pnncípjo da finalidade, tido como fundamental nas ciências

sociais, na medida em que inexistente a finalidade não haverá

liberdade e sem esta inexistirá a responsabilidade pelo ato

praticado.

Dessa maneira, sem que estejamos estabelecendo

qualquer conflito com a análise realizada no que pertine à

natureza jurídica da greve, poderíamos acrescentar que a greve

possui natureza insfrumenfal de que Se valem OS trabalhadores

para compelir o empregador ao atendimento dos pleitos

formulados pela categoria profissional.

A bem ilustrar o entendimento jurisprudencial

acerca da limitaçáo do direito de greve o V. Acórdão a seguir

transcrito :

A greve e direito assegurado em sede

c~n~~itucional (arfs. 9' e 37, VI/, da Carta Magna).

Inobsfante não é direito absoluto, posto que o

Estado de Direito e incompatível com a existência

de direitos absolut~~. E'medida extrema e como ta/

sofre limifaçõs legais, as quais não observadas

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dão azo a declaração de abusividade do direito de

greve, mormente em se tratando de serviços

essenciais de transporte coletivo urbano". (TST-RO-

AD 488299198.8, Ac. SDC199, Min. Valdir Righet~)~ '

'1 Valentin Canion, Nova ~~nsprucíência em Direito do Trabalho, 1' semestre I 999, p. 244,

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Serviço Público para Paulo Sandroni constitui 0s

"serviços fornecidos a comunidade pelo Estado, aos quais, por

princípio todo cidadão tem direito. Abrangem todos os serviços

prestados pelo aparelho burocrático-administrativo dos governos

e o conjunto de benefícios que o Estado é obrigado por lei a

prestar à população em áreas como educação, saúde,

previdência social, saneamento básico e lazer. De modo geral, 0s

serviços públicos se enquadram no setor terciário da economia e

são financiados com os impostos pagos pelos contribuintes.

Apesar disso, muitos deles são Pagos pela população de forma

direta, extratributária, conforme 0 nível de consumo - caso de luz,

água e telefone. Ocorre ainda que alguns serviços, embora de

responsabilidade do Estado, também sejam fornecidos

parcialmente a populaçáo por empresas Particulares, que

recebem concessões OU licenças especiais. O Caso da

educação, çaúde, transporte urbano e até mesnlo policiamento

particu~ar."~~

Maria Syívia Zaneíla Di Pietr0 define serviço público

"como toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que

a exerça diretamente ou por meio de Seus delegados, com o

objetivo de satisfazer concretamente as necessidades coletiva~,

sob regime jurídico total ou parcialmente

93

94 Paulo Çandroni, Novissimo Dicionário de Economia, p 554. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo. P. 84.

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Mario Masagáo considera serviço público " toda

atividade que o Estado exerce para cumprir seus fins".95

~ o s é Cretella Júnior define serviço público como "toda

atividade que o Estado exerce, direta ou indiretamente, para a

satisfação das necessidades públicas mediante procedimento

típico do direito

Para Hely Lopes Meirelles, " é todo aquele prestado

pela Administração OU por seus delegados, sob normas e

controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou

secundárias da coletividade OU simples conveniência do i1 97 Estado .

O mesmo autor assevera que na definição do serviço

público o que prevalece é a vontade soberana do Estado ao

qualificar determinada prestaçáo como pública ou de utilidade

pública, cuja promoção poderá ser diretamente executada pelo

Poder Público ou por particulares.

Considerada a essencialidade dos serviços, a

finalidade e seus destinatários, podem Ser classificados em

próprios e impróprios.

95

96 Mario MasagBo, Curso de Direito Administrativo. P- 252. José Cretella Júnior, ~dministraçtio indireta brasileira, p.5540.

97 Heiy ~ o p e ~ Mejrelles, Direito Administrativo Brasileiro, p.294.

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OS serviços públicos também denominados próprios

ou pró-comunidade, são aqueles prestados diretamente pela

Administração a comunidade, visto reconhecer o poder público

serem 0s mesmos essenciais e necessários à sobrevivência da

população como é o caso da defesa nacional, policia, higiene e

preservação da saúde pública.

0 s serviços de utilidade pública também chamados

impróprios OU pró-cidadão, são aqueles que podem ser prestados

diretamente pela Administração OU por terceiros, na medida em

que reconhece o poder público apenas sua conveniência,

afastando, por conseguinte, O carater de essencialidade,

con&tituindo exemplos típicos 0s transportes coletivos,

fornecimento de energia elétrica, gás, telefone. dentre outros.

Cremos que numa apreciação superficial possa

parecer que ambas as conceituaçóes estejam em conflito, posto

que os serviços tidos como essenciais como é o caso dos

transportes coletivos, energia elétrica, gás, estejam incluídos

dentre aqueles que apenas importam em conveniência ao

cidadão náo estando portanto revestidos de essencialidade.

p~o entanto, não podemos olvidar que a caracterizaçáo

da necessidade e essencialidade dos serviços públicos próprios

ou impróprios é dada por força de lei, segundo 0 comando inserto

no artigo 175 da Lei Maior vazado nos seguintes termos :

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" Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,

diretamente ou sob regime de concessão OU

permissão, sempre através de licitação, a prestação

de serviços públicos".

Verifica-se, pois, que a Lei Maior reservou para si a

tarefa de definir quais são OS serviços públicos e o fez dividindo-

os entre a União, Estados e Municípios, segundo as normas

insertas nos artigos 21, XII, 25, 2' e 30, V , a seguir

respectivamente transcritos:

Compete a União :

b explorar, diretamente OU mediante autofização,

concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e

imagens;

b) os serviços e instalações de energia e/étrica e o

aproveitamento enefJétic0 dos Cursos de água, em

articulação com OS Estados onde se situam 0s

potenciais hidroenerg8ficos;

c) a navegação aérea, aemespacial e a infra-estrutura

aeropoftuária;

d) 0s serviços de transporte ferroviário e aquaviáfio

entre pofios brasileiros e fronteiras nacionais, ou que

transponham os limites de Estado OU Territ íio;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e

internacional de passageiros;

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í) os podos marítimos, fluviais e lacustres;

Os Estados organizam-se e regem-se pelas

Consfituiq6es e leis que adotarem, obsen/ados 0s

pinc,@ios desta Cons fituição.

Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante

concessão, os serviços locais de gás canalizado, na

forma da leis, vedada a edição de medida provis&-is

para a sua regulamentação.

Compete aos Municípios :

I organizar e prestar, diretamente O sob regime de

concessão ou permissão, 0s S ~ W ~ Ç O S público de

interesse local, incluído 0 de transporte coletivo, que

tem caráter essencial".

Em se tratando especificamente de greve nos

serviços essenciais e considerando o comando inserto no

dispositivo supra mencionado, será a vontade soberana do

Estado que qualificará 0 s ~ ~ Ç O Como público OU de utilidade

pública e no caso sob analise, a qualificação da essencialidade

dos serviços encontra-se definida pela Lei 7783189.

Resta ressaltar também que a moderna teoria acerca

dos serviços públicos erigiu como princípios básicos que

conduzem sua prestação :

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a) permanência ou continuidade impõe serviço constante, na área

e período de sua prestação;

b) generalidade, ou seja, o serviço é proporcionado a todos

indiscriminamente, sem qualquer distinção;

c) eficiência, quer dizer serviço satisfatório, qualitativa e

quantitativamente a exigir contínua atualizaçáo do serviço;

d) modicidade, significando que 0s preços cobrados pelos

sewiços haverão que ser razoáveis e a0 alcance de seus

destinatários;

e) cortesia, implicando no bom tratamento do público

consumidorQ8.

I ~ ã o podemos deixar de mencionar nessa

oportunidade a importante atuação do Comitê de Liberdade

Sindical da OIT na configuração da idéia de serviços essenciais e

que segundo Santiago Pérez de1 Castillo " existem, de forma

abundante, atividades essenciais a cargo de entidades privadas.

0 problema da greve nos serviços essenciais não é, pois, de

nenhum modo, relacionado com a greve dos funcionários

públicos. AS razões que podem existir Para impedir o exercício do

direito. no primeiro caso. não acontecem em boa parte das

atividades que, hoje em dia, desempenha 0 Estado, através de

seus funcionário^".^^

98 Heiy Lopes Meirelles, Direito ~dministrativo Bras;leiro, P 331 99 Santiago pérez de1 Castillo, O Direito de Greve1 P. 172.

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10.1. A iniciativa privada e os serviços essenciais.

No entanto, a utilização de poderoso instrumento

que é a greve pelos trabalhadores vinculados aos serviços

essenciais, há de sofrer as necessárias limitações visto existirem

certas atividades em que não se pode aceitar interrupção ou

solução de continuidade diante do interesse geral da

comunidade, uma vez que a paralisação dos serviços não é um

fim em si mesma, mas meio de pressão contra O empregador de

que se valem os empregados Para verem atendidas suas

reivindicações.

@ Não se trata, pois, de advogar a proibição de greve

nos serviços ou atividades essenciais, 0 que refletiria verdadeiro

retrocesso cultural e jurídico, mas necessidade imprescindível de

atendimento 6s necessidades inadiáveis da comunidade como se

os trabalhadores de determinado seguimento não estivessem

participando em movimento de greve, uma vez que não se trata

de mero desconforto para a comunidade, mas de atividade que,

pela sua importância e utilização, ultrapassa a esfera do interesse

coletivamente considerado de determinada categoria,

Constituindo interesse da própria sociedade, podendo, pois ser

considerado como interesse difuso por constituir desdobramento

do INTERESSE PÚBLICO.

Esse de exercício disciplinado pela

legislação ordinária é de cunho universal, citando-se a propósito a

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Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 ao

proclamar que o direito de greve deve ser:

"exercido de .conformidade com as leis de cada

país, sendo que elas podem prever limitações no

interesse da segurança nacional ou da ordem

pública, ou para proteção dos direitos e liberdades

de outrem".

Identicamente, o Comitê de Liberdade Sindical da

OIT tem admitido limitações e até proibições ao exercício do

direito de greve nos serviços essenciais através do seguinte

verbete :

Quando o direito de greve haja sido limitado OU

suprimido em empresas ou serviços considerados

essenciais, os trabalhadores devem gozar de uma

proteção adequada, de sorte que se Ihes

compensem as restrições impo~fas a sua liberdade

de ação durante os conflitos ocorridos nesses 1, 100 serviços ou empresas .

De igual maneira, o pronunciamento do Papa João

Paulo 11 na Encíclica "Laborem Exercens" advertiu que

"admitindo que se trata de um meio legítimo, deve

simultaneamente revelar-se que a greve continua a ser, num

'00 Georgenor de Sousa Franco Filho. Liberdade Sindical e Direito de Greve no Direito Comparado, Verbete 396 do Comitd de Liberdade Sindical . p 94

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certo sentido, um meio extremo. Não se pode abusar dele; e não

se pode abusar dele especialmente para fazer o jogo da política.

Além disso, náo se pode esquecer nunca que, quando se trata de

serviços essenciais para a vida da sociedade, estes devem ficar

assegurados, inclusive, se isso for necessário, mediante

apropriadas medidas. O abuso da greve pode conduzir a

paralisação da vida socioeconÔmica; ora isto é, contrário às

exigências do bem comum da sociedade, o qual também

corresponde a natureza, entendida retamente, do mesmo

trabalh~."'~'

Segundo Alice Monteiro de Barros, a greve,

"mormente nos serviços essenciais, deverá ser exercida em

harmonia com os interesses da coletividade, para evitar que

direito de grupos determinados se sobreponham ao direito

coletivo difuso, que se refere a toda a comunidade". 'O2

DO quanto exposto. podemos afirmar que, embora

não poçsamos negar o direito ao trabalhador do livre exercício do

direito de greve, certo é que esse direito há que ser limitado

quando envolver atividades essenciais, porem de maneira tal que

não implique na restrição completa ou aniquilamento de referida

prerrogativa.

Io1 joão Paulo 11, O profeta do Ano 2000, Laborem Exercens, item 20.7, p. 140. Io2 Alice Monteir0 de Barros, Fundamento Social da Greve, Curso de Direito Coletjvo do Trabalho, cood. Georgenor de SOUS~ Franco Filho, P. 465.

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10.2. O serviço público e o exercício da greve.

Relativamente ao exercício do direito de greve

pelos servidores públicos, ao examinamos o comando inserto na

Lei Maior (art. 37, VII), tivemos oportunidade de constatar que a

estes trabalhadores o exercício de tal direito encontra-se obstado

na atualidade em face da inexistência de promulgação de lei

complementar disciplinando a matéria.

verifica mo^, ainda, que a mesma condicionante foi

repetida no artigo 16 da Lei 7783/89'03 ao estabelecer a

necessidade de lei complementar a definir os limites e termos

para o exercício do direito de greve por servidores públicos.

E o motivo de tratamento diferenciado não constitui

qualquer exagero posto que a paralisação dos serviços públicos

sem qualquer dúvida implicara no envolvimento de um sem

número de pessoas, podendo mesmo causar maior dano à

comunidade que a própria administração pública.

Para Arion Sayáo Romita " os serviços públicos

funcionam em regime de monopólio, de sorte que os usuários, em

caço de greve, não encontram alternativa, sofrendo incômodos 11 104 injustificáveis .

'O3 Para 0s fins previstos no art. 37, inciso Vil, da Constitui@o, lei complementar definira os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido. IM Arion Sayão Romita, A Greve dos Servidores Públicos, Revista da Academia Nacional de Direito do Trabalho, p. 31.

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Roberto A. O. Santos, entende que " o serviço

público possui, em principio, uma ligação direta com as

necessidades específicas da comunidade, não se espera que

opere em função do lucro individualizado de alguém, mas de um

interesse presumivelmente geral.

Assim, a previsão constitucional sobre a

necessidade de lei complementar para o exercício da greve pelo

11 105 funcionalismo público se afigura razoável e necessária .

Por outro lado, não nos parece correto qualificar

genericamente todos 0s serviços prestados por funcionários

públicos como essenciais, na medida em que inúmeras atividades

produtivas e de prestação de serviços desenvolvidas pela

iniciativa privada estariam a merecer 0 enquadramento de

essencialidade como é 0 caso da atividade bancária,

industrialização de alimentos e medicamentos dentre outros.

Assim sendo, podemos afirmar que as limitações ao

exercicio do direito de greve são encontradas em inúmeras

formas, ora dirigindo a limitação com relação aos sujeitos da

relação de trabalho, ora direcionando a limitação a atividade

executada pelo trabalhador.

NO que se refere aos funcionários públicos e em

decorrência da regra insef'ta no inciso Vil, do artigo 37 da Lei

105 ~~b~~~ A.O. Santos, Uma contribuição soci0lÓgi~ a renovação da teoria jurídica da greve, Revista da Academia Nacional de Direito do Trabalho. Ano I, no 1, 1993, p. 13011.

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Maior, entendemos de conveniência para maior esclarecimento

da controvérsia trazermos a C O ~ ~ Ç ~ O as considerações em que se

fundou a decisão proferida em Madado de Injunção ajuizado pela

Confederação dos servidores Públicos do Brasil contra o

Congresso Nacional.

A propósito da questão manifestou-se o mais alto

Sodalicio da nação ao concluir que a norma contida no artigo

37,Vll, da Constituição não se reveste de auto-aplicabilidade por

se tratar de norma de eficácia meramente limitada, eis que

dependente de ediçáo de lei complementar.

Asseverou ainda O C. Tribunal que só a lei

complementar é que definirá OS termos e os limites do exercício

do direito de greve no serviço público, constituindo requisito de

aplicabilidade, segundo a ementa a seguir transcrita :

Mandado de Injunção Colefivo. Direito de Greve

do Senlidor Público Civil. C~n~t i tuciona/ ism~

brasi/eiro. Modelos normativos no direito

comparado. Prerrogativa jurídica assegurada pela

Constituição (art 3 7, VI/). Impossibilidade de seu

exercício antes da edição de lei complementar.

Omissão Legislativa. Hipótese de sua configuração.

~econhecimenfo do estado de mora do Congresso

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Nacional. Impetração por entidade de classe.

Admissibilidade. Writ concedido". ' O 6

Tratando da parede no serviço público, Alfredo

Ruprecht assevera que "a incompatibilidade entre o exercício da

função pública e o exercício do direito de greve é manifesta. 0

fenômeno grevístico é próprio das relações entre trabalhadores e 11 107 patrões .

Argumenta nesse sentido aduzindo que tal limitação

está fundada nas prerrogativas de todo organismo soberano e

que 0s serviços prestados são essenciais para a vida da

comunidade, não podendo ser objeto de suspensão ou

interrupção.

Ademais, acrescenta que a greve nessas

circunstâncias resulta em prejuízo da coisa pública em virtude do

que o abandono a normal prestação de serviços haveria que ser

tida como delito, diante da possibilidade de o Estado ser

colocado em risco.

10.3. As empresas públicas e as sociedades de

economia mista-

Acreditamos que para completarmos o quadro geral

de abrangência das disposições relativas a Lei 7783189, também

lC6 MI-~OIDF, DJ 2211 1196, reiator Min. Celso de Mello. 'O7 Alfredo J. Ruprecht, Relações Coletivas de Trabalho. p. 745.

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deva merecer apreciação a situação dos trabalhadores

vinculados as empresas públicas e sociedades de economia

mista.

Nessa hipótese específica sob apreciação, os

trabalhadores vinculados às empresas públicas e sociedades de

economia mista serão em tudo igualados aos empregados das

empresas privadas, na conformidade da regra inserta no artigo

173, 5 10 Io8 da Constituição Federal, eis que sujeitos ao regime

jurídico próprio das empresas privadas.

'O8 I' A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade ec0nÔmica de produção ou Comercialização de bens ou de prestação de serviços. dispondo sobre":

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CAP~TULO 11: A DEFLAGRAÇÃO DE GREVE NOS

SERVIÇOS ESSENCIAIS.

Em linhas gerais, a efetiva deflagração de

movimento paredista está condicionada ao cumprimento dos

requisitos legais exigidos, quais sejam :

a) convocação de assembléia pela entidade sindical

para definição de pauta de reivindicações e

deliberação sobre a paralisação dos serviços;

b) tentativa prévia de negociação entre as

categorias profissional e patronal visando ao

atendimento das reivindicações dos

trabalhadores ou possibilidade de sujeição dessa

negociação a via arbitral;

c) pré-aviso ao empregador ou entidade patronal

quanto a deliberação sobre a paralisação dos

serviços pelo empregados com antecedência

mínima de 48 horas nas atividades normais e 72

horas nas atividades essenciais, comunicação,

esta, extensiva aos usuários dos mesmos

serviços através dos meios que propiciem ampla

divulgação da parede.

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Constatamos, pois, que a negociação constitui

requisito ou condição essencial para o efetivo exercício do direito

de greve, prevista, ainda, na regra inserta no 5 2 O do artigo 114

da Lei Maior 'O9, O que nos permite asseverar que a negociação

coletiva representa na atualidade a base em que se sedimentou o

ordenamento legal, ressaltando-se, ainda que a ausência da

mesma poderá importar a possibilidade de declaração de ilicitude

da parede.

A propósito da questão pronunciou-se o C. TST :

Abusividade. Inobservância das formalidade legais.

sol~ção do conflito por meio extremo. Supressão do

processo negocial. 6 abusiva e, pois, insuscetjvel

de gerar efeitos benéficos a seus participes, a

paralisação que se leva a efeito sem antes esgotar

as possibilidades de solução pacífica e autonoma

do conflito, além de inobservar os requisitos formais

estabelecidos na Lei 7783189". (TST-RO-DC

398258197.8, Ac. SDC, Min. Armando de rito). lo

NO entanto, a frustração da negociação coletiva

poderá operar-se de duas maneiras : seja pela recusa de

qualquer das categorias ou pela impossibilidade material de

109 "Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissidio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condiçóes, respeitadas as disposições COnven~i~nai~ e legais mínimas de roteçáo ao trabalho"

(0 valentin carrion, Nova ~urisprudBncia em Direito do Trabalho, l0 semestre 1999, p, 276,

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atendimento as reivindicações postuladas, lembrando-se que a

negociação e a arbitragem constituem vias alternativas, não

cumulativas, como possa parecer a primeira vista.

No que se refere a notificação prévia do

empregador, a Lei 7783189 previu duas modalidades, de acordo

com as atividades desempenhadas pelos trabalhadores, a saber :

a) nas atividades normais, impôs a

notificação prévia do empregador com 48 (quarenta e oito)

horas de antecedência da paralisação dos serviços; (art. 30)fIl

b) nas atividades OU serviços denominados

essenciais, a notificação deverá guardar 72 (setenta e duas)

horas de antecedência, impondo-se, não só a ciência do

empregador, mas da coletividade também através dos meios

usuais de comunicação (art. 13)112

DO quanto exposto verifica-se que visou o legislador

impedir a ocorrência da greve-Surpresa, importando em

incontáveis prejuízos seja para 0 empregador considerado

isoladamente, ou nos serviços ou atividades essenciais, para 0s

usuários dos mesmos, de tal f0ma que 0s direitos dos cidadáoç

conçtitucionalmentê garantidos também sejam respeitados

111 "Frustrada a negocia@^ ou verificada a impossibilidade de recurso via arbitral, é facultada a cessação coietiva do trabalho". 112 '.Na greve em serviços ou atividades essenciais. ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme O caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisaçao".

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durante o movimento grevista, na medida em que o interesse

público geral há de prevalecer sobre o interesse coletivo da

classe ou categoria.

Para que possamos adentrar a análise da parede

nos serviços ou atividades essenciais necessária a repetiçao dos

conceitos relativos à distinção entre estes e os serviços

denominados públicos, posto que há uma tendência

preponderante de considerar-se o serviço essencial como aquele

prestado pelo poder público 0 que nem sempre se revela

verdadeiro.

Sobre referida matéria parece não haver dúvidas

entre os cultores do direito administrativo no sentido de que

serviço público genericamente é aquele prestado pelo Poder

Público, cujo destinatário é a comunidade.

Assim sendo, podemos asseverar que serviço

essencial é aquele que além de definido como tal pela legislação

em vigor, se revela indispensavel, necessário mesmo à existência

da coletividade e dos quais a mesma não pode abdicar sob pena

de implicar em inviabilidade completa da vida da população.

Analisando O conceito de serviço público, assevera

Ruprecht que tal serviço poderá Ser desempenhado pelo próprio

Estado, por particulares ou por entidades mistas, sendo difícil

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estabelecer de forma segura e taxativa quais as atividades que

devam ser consideradas de natureza pública.

No entanto, parece-nos pacífico o entendimento de

que os serviços públicos constituem as prestações realmente

indispensáveis a população e uma vez suspensos ou

interrompidos acarretam prejuízos vitais diante das necessidades

básicas da sociedade.

Seguindo essa linha de exposição aduz Ruprecht

que " a ampla faculdade de paralisá-los que afeta gravemente um

extenso segmento da população, na0 é compatível com o estado

de direito. Quer Se trate de um serviço público atendido pelo

Estado ou por particulares, sua paralisação afeta serviços

essenciais imprescindíveis à comunidade ou a um grande

segmento dela, cujo cumprimento deve ser bem assegurado. 0

interesse da comunidade é nitidamente superior ao dos grevistas

e se pode dizer Com todo f~ndamento que mais do que uma

questão jurídica é de interdependência social, de viver em 11 113

comunidade e até de bom-senso -

Santiago Pérez de1 Castillo assevera que não se

deve confundir a origem das normas jurídicas que fixam as

condições para limitar 0 exercício do direito de greve com a

autoridade encarregada do estabelecimento do serviço essencial,

Alfredo J. Ruprecht, Relações Coletivas de Trabalho. p. 752.

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De modo que, na elaboração das normas sobre

serviços essenciais, podem intervir três fontes heterônomas : a 11 114 Administração, a lei e o Poder Judiciário .

Por conseguinte, resulta a conclusão de que os

serviços essenciais não podem sofrer solução de continuidade

diante do prejuízo da coletividade, O que significa dizer que a

greve deflagrada nessas atividades implicará na subordinação

dos interesses da sociedade aos interesses das categorias

profissional e econômica.

Para Amauri Mascaro Nascimento " a greve nos

serviços essenciais 6 Um direito sob condição. Não é proibida

pela Constituição. É permitida, desde que sejam mantidos 0s

serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade e comunicada ao empregador e aos

usuários dos serviços, com antecedência mínima de 72 horas 11 115 (art.13) .

A titulo de ilustração poderíamos citar os serviços

de abastecimento de água, gás, eletricidade, funerários,

transportes coletivos, etc, dependendo das necessidades

fundamentais de cada grupo social-

'I4 Santiago Pérez de1 Castillo, O Direito de Greve. p. 177. 'I5 Amauri Mascaro ~ascimento,Comentários a Lei de Greve, p. 109.

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11 .I. Os serviços ou atividades essenciais

Segundo o elenco inserido no artigo 10 da Lei

7783189, constituem serviços ou atividades essenciais :

a) tratamento e abastecimento de água;

produção e distribuição de energia elétrica, gás e

combustíveis;

b) assistência médica e hospitalar;

c) distribuição e comercialização de

medicamentos e a~imentos;

d) funerários;

e) transporte coletivo

f) captação e tratamento de esgoto e lixo;

g ) telecomunicaçóes;

h) guarda, uso e controle de substâncias

radioativas, equipamentos e materiais nucleares;

i) controle de tráfego aéreo;

j) compensação bancária.

O exame da questão há de envolver,

primeiramente, a afirmação de que a relação das atividades

contidas no dispositivo legal supra é taxativã, o que significa

asseverar que inobstante Possam existir outros serviços ou

atividades de igual grandeza e importância para a população,

apenas as legalmente enumeradas é que ensejarão a

observância do comando inserto no artigo 11 do mesmo diploma

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legal, ou seja, a prestação dos serviços indispensáveis e

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

Segundo Wilson Batalha " o elenco dos serviços ou

atividades essenciais, enu~eração taxativa e não meramente

11 116 exemplificativa, consta do art. 10 da Lei no 7783189 .

Da análise de referido dispositivo legal parece-nos

ainda de primordial importância a fixação de conceito mais

preciso acerca de atividade essencial e necessidades inadiáveis

da comunidade.

Para Amauri Mascaro Nascimento, "atividade

essencial deve ser o serviço cuja interrupção poderá colocar em

perigo a vida, a segurança e a saúde das pessoas, em parte ou

na totalidade da população, e não simplesmente, os serviços cuja 11 117 cessação possa causar mero incômodo ao cidadão .

Já, a conceituaçáo das necessidades inadiáveis da

comunidade dispensa maiores comentários na medida em que

legalmente definidas pela regra inserta no § único do artigo 11 da

Lei 7783/89, consistindo nas atividades que coloquem em perigo

a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.

Assevera ainda Amauri Mascaro Nascimento que

"este é um dos aspectos mais delicados da problemática da

lq6 wilson de s,c.Batalha, Silvia M.L. Batalha, Sindicatos Sindicalismo, p. 267, ' I 7 Amauri Mascaro Nascimento, Comentários Lei de Greve, p. 10611 07.

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greve, a compatibilizaçáo entre a garantia do exercício do direito

e a adequada restrição do mesmo, para que a comunidade não

venha a ser penalizada. Seria sumamente injusto afetar a

comunidade em suas necessidades básicas de contar com

determinadas atividades, como se fosse parte do conflito entre os

trabalhadores e os empregadores quando se sabe que não o é.

Por mais que se queira o engajamento da comunidade na defesa

de causa de terceiro, é inviável da mesma esperar uma adesão à

greve a ponto de sacrificar 0s seus interesses ou direitos, dentre

0s quais o de não ver paralisados alguns serviços de que ii 118 realmente venha a precisar .

Acrescenta, também, que " a indispensabilidade dos

serviços exigidos pela comunidade é conceito relacionado com o

bem estar da população concebido de forma restrita ao 11 119 atendimento das necessidades inadiáveis desta .

11.2. O atendimento as necessidades mínimas da

população.

Consideradas tais atividades, bem andou , o

legislador ao impor às partes, empregadores e trabalhadores, a

garantia de prestação de serviços indispensáveis ao atendimento

118 . idem, ibdem, p. 1 14. 'I9 Amauri Mascaro Nascimento, Comentários a Lei de Greve, p. 115.

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das necessidades inadiáveis da população durante o movimento

de paralisação. (art. 1 1 da Lei 7783/89)Iz0

Com efeito, considerou o legislador que a falta de

atendimento as necessidades básicas ou inadiáveis poderá

colocar a comunidade em perigo iminente quanto à

sobrevivência, saúde ou segurança, assegurando, ainda, a

garantia de que todas as vezes em que as partes envolvidas no

litígio não propiciarem a continuidade dos serviços, caberá ao

Poder Público sua delimitação (art. 12 da Lei 7783/89).12'

Segundo entendimento de Ronald Olivar Amorim e

Souza, "para que se possa preservar o direito constitucional de

greve, parece-nos que deve tocar ao titular da empresa ou

dirigente do estabelecimento a designação inequívoca de quem

ou quais os empregados que devem garantir o funcionamento em

condições mínimas para, aí sim, caractei'izar a insubordinação e li 122 responsabilizar o empregado e não O sindicato .

Manifestando-se a propósito da controvérsia

asseverou Roberto Barreto Prado " Não vemos, a rigor, nenhuma

razão de ordem doutrinária Para a distinção, no que toca à

faculdade de promover greve, entre o funcionário público e o

cidadão particular. O que Se deve observar é a maior ou menor

1 20 "NOS serviços ou atividades essenciais, OS sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de Comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade",

IINO caso da jnobservância do disposto no artigo anterior, O Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis".

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necessidade do serviço para a subsistência da coletividade, e não

a denominação dos cargos que ocupam aqueles que trabalham.

NBo importa que o empregado trabalhe para empresa privada ou

para empresa pública. As atividades dos padeiros, leiteiros,

condutores de bondes etc., têm muito mais relevância social que

os trabalhos executados por legião de escriturários e oficiais

administrativos que latam grande número de repartições t i 123 públicas .

constatamos, pois, que a efetiva promoção das

atividades inadiáveis da população está diretamente vinculada à

capacidade das categorias patronal e profissional na negociação

coletiva, pois será da afinidade alcançada entre os grupos que

resultará o atendimento à todas as disposições relativas à

execução dos serviços cujo único destinatário será a população

usuária dos serviços essenciais.

E é justamente quanto a regra contida no artigo i 2

da Lei 7783189 que ousamos divergir, na medida em que impôs

ao Poder Público assegurar a prestação dos serviços

indispensáveis sem quaisquer diretrizes para efetivação da

medida.

Diante da amplitude da atribuição inserta em

referido dispositivo legal poderíamos até asseverar que o Poder

'22 Ronaldo Olivar Amorim e Souza, 0 papel da Justiça do Trabalho e a Greve, Curso de Direito Coletivo do Trabalho, Cood. Georgenor de Sousa Franco Filho, p. 533. '23 Robert~ Barrete Prado.Tratado de Direito do Trabalho. V.11, p. 777.

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Público poderia proceder a requisição civil a semelhança da

previsão contida no Direito português.

No entanto, a prática adotada pelo judiciário

trabalhista foi a de fixação de percentual de trabalhadores

envolvidos na paralisação para promoção dessas atividades

através de decisão proferida pelos Tribunais Regionais do

Trabalho, através de Medidas Cautelares Inominadas ajuizadas

pela categoria patronal ou especificamente pela empresa a mercê

da parede, inobstante constituir obrigação das categorias

profissional e patronal, de comum acordo, ou seja, através de

negociação coletiva, a prestação dos serviços indispensáveis à

população.

Verificamos, assim, que a negociação coletiva entre

as categorias envolvidas ganha a cada dia maior importância

segundo se verifica da decisão proferida pelo C.TST a seguir

transcrita :

"Greve - Manutenção dos Serviços inadiáveis em

atividades essenciais. Nos termos do artigo 17 da

Lei 7783/89 incumbe aos Sindicatos, empregadores

e trabalhadores, a garantia, durante a greve, da

continuidade de prestação dos serviços

indispensáveis ao atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade. NO entanto, não é crível

que o empregador tivesse ao seu alcance

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instrumento de pressão tão eficiente a obter

sucesso onde o judiciário, mediante comando

judicial com cominação de multa pecuniátia, não

conseguiu atingir, demovendo intuito dos

trabalhadores de paralisar os trabalhos no dia

predeterminado. Ora, se o empregador conseguisse

garantir, durante o movimento paredista, a

prestação dos serviços indispensáveis ao

afendimento das necessidades inadiáveis da

comunidade, e, portanto, a não suspensão total do

trabalho naquela região, não teria postulado a

intervenção judicial. Parece justo interpretar o artigo

7 1 da Lei de Greve como determinação as pades

envolvidas no Dissídio de Greve a cumprirem

obrigação de forma voluntária, e não sendo possível

atribuir indenização aquela que se recusou a

obedecer ao comando legal. Recurso Ordinário

provido" (TST-ROACP 5531 72/99! ac. SDC, Min.

Carlos Alberto Reis de

Dessa forma, entendemos que a fixação de

percentual de trabalhadores através do Poder Judiciário não

observa a garantia infraconstitucional no que se refere ao

entendimento das necessidades inadiáveis da populaçáo, posto

que1 dependendo da atividade envolvida diversa, será a

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apreciação do que possa consistir o atendimento das atividades

inadiáveis da comunidade.

Tomemos por exemplo os transportes coletivos

(trens, metro, ônibus) para 0s quais sabidamente em condições

normais o contingente habitual de trabalhadores, equipamentos e

veículos disponíveis é absolutamente insuficiente e insatisfatório

a garantir o atendimento das necessidades normais da

população.

Segundo o comando inserto no artigo 11 da Lei

7783189, as categorias profissional e patronal está0 obrigadas de

comum acordo a garantir, durante a greve, a prestação dos

serviços indispensáveis à população, circunstância, essa, que na

prática não costuma Ser cumprida em face da incompatibilidade

resultante do movimento paredista.

Nessa hipótese, estaria o Poder Judiciário

incumbido da fixação de contingente mínimo de trabalhadores

para promoção dos serviços indispensáveis a comunidade

durante a parede e nesse caso entendemos que apenas aos

empregados ligados a área administrativa é que seria licita a

interrupção da prestação dos serviços, 0 que significa dizer que

operadores de trem, equipes de manutenção, mecânica e

segurança, bilheteiros, cobradores e integrantes dos serviços de

apoio haveriam que laborar normalmente em estrita observância

regra legal sob análise, sob Pena de impor-se os reflexos

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decorrentes do dissidio entre as categorias profissional e patronal

ao público usuário do mesmo serviço.

De igual forma, procedimento idêntico haveria de

ser observado quando a greve envolvesse qualquer das

atividades contempladas no artigo 10 da Lei 7783189, visto que

segundo nosso entendimento não poderiam ser revestidas de

licitude e legitimidade as greves deflagradas em serviços de

coleta de lixo, controle do tráfego aéreo, telecomunicaç~es,

hospitais, distribuição de combustíveis, energia elétrica e água

dentre outros, especialmente Porque qualquer que seja o

percentual de trabalhadores fixado pelo Poder Judiciário jamais

atenderia às necessidades inadiáveis da população que estaria

sujeita, sem qualquer dúvida, à situação prevista no parágrafo

único do artigo 11 da Lei 7783189, vazado nos seguintes termos :

lf São necessidades inadiáveis da comunidade

aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo

iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança

da população".

Fazendo uso de interpretação mais restrita do

mesmo dispositivo legal poderíamos chegar a conclusão de que o

movimento paredista seria absolutamente vedado em quaisquer

das atividade~ que envolvessem a sobrevivência, saúde ou

segurança do público em geral, circunstância, essa, que

implicaria na total aniquilação do direito de greve aos

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trabalhadores envolvidos nos serviços ou atividades declaradas

legalmente como essenciais.

Assevera-se, portanto, que o direito de greve não

pode ser considerado como absoluto, eis que, como direito,

deverá ser exercido harmonicamente com os denominados

superdireitos fundamentais do h~mem, tais como, o direito à vida,

a liberdade, a preservação da saúde, locomoção, segurança e

integridade física dentre outros.

Dessa forma, o que se verifica nas situações

práticas de ocorrência de greves nos serviços ou atividades

essenciais é que o dano maior pela paralisação das atividades é

sofrido e imposto à coletividade dos usuários de tais serviços,

visto que, na sua generalidade, são desenvolvidos pela iniciativa

privada sob o regime de monopólio, situação que não deixa outra

alternativa a comunidade, senão sofrer os incômodos

injustificáveis e até nocivos da parede.

Como bem ressaltou O Ministro Marcelo Pimentel

ti há limites de comportamento individual e coletivo para a greve

porque ela não pode gerar impunemente a agitação

descontrolada e agressiva capaz de comprometer o exercício de

direitos fundamentais, Como 0 de locomoção, direito a integridade li 125

física, o direito ao pat'imônio .

125 Segadas Vianna, Instituiçdes de Direito do Trabalho. p. 1243.

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Segundo Georgenor de Sousa Franco Filho, " a

determinação do que são serviços essenciais importa em garantir

o funcionamento do minim~m necessário ao atendimento da

comunidade. a exemplo do Decreto argentino n. 2174, de

17.1 0.1 990, e da Lei italiana n. 146, de 12.6.1 990. Assim também

encontra-se na norma infraconstitucional brasileira. Entende-se

que não é excessivamente rígida, embora, a rigor, em alguns

pontos, contrarie a posição do Comitê de Liberdade Sindical,

devendo sua aplicação também atender as pretensões dos

grevistas. Nesse particular. é interessante a denominada

"cláusula da comunidade",(integralmente reproduzida em anexo)

proposta por Roberto Santos, e que vem merecendo significativa

acolhida do Judiciário, mormente na 8a Região, de onde

emanou. r1126

Com efeito, da redação de referida cláusuIa, a

preocupação do judiciário da E. 8a Região não foi outra senão,

através da imposição de pena pecuniária a parte inadimplente da

obrigação, possibilitar que a comunidade usuária dos serviços

essenciais não se visse privada da continuidade dos mesmos

durante o movimento paredista.

reconhecem^^, porém, que numa abordagem

preliminar o posicionamento adotado quanto ao exercício da

parede apenas por empregados ligados área não operaciona1

possa parecer exagerado.

126 Georgenor de Sousa Franco Filho. Liberdade Sindical e Direito de Greve no Direito

Comparado, p. 1 1819.

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No entanto, se considerarmos que a Itália e a

Argentina, apenas para citar pais vizinho com semelhança dos

problemas atinentes aos grandes centros urbanos, determinam

que na hipótese de serviços essenciais ao menos 50% (cinquenta

por cento) dos empregados do segmento envolvido devem

promover os serviços indispensáveis à comunidade, acreditamos

que o efetivo exercício da parede Por empregados de área não

operacional, além de não importar na restrição do exercício do

direito de greve, diminuiria em muito OS reflexos sofridos pela

população usuária dos mesmos serviços.

Além desse aspecto, tal procedimento, sem

qualquer dúvida estaria a conquistar a simpatia e possível adesão

da população usuária dos serviços essenciais. fortalecendo

movimentos dessa natureza.

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CAP~TULO 12: CONSEQUENCIAS DA INOBSERVÂNCIA DOS

REQUISITOS LEGAIS NA DEFLAGRAÇÃO DE GREVE NOS

SERVIÇOS ESSENCIAIS

Uma vez que já tivemos oportunidade de examinar

0s aspectos relativos a legalidade e ilegalidade da parede no que

diz respeito aos aspectos formais e materiais, cabe-nos nesse

momento a verificação das consequências que implicam na

caracterizaçáo do abuso de direito.

De inicio, necessitamos estabelecer o conceito de

abuso de direito, cuja idéia foi formulada pelo Código Civil suiço

diante dos seguintes termos :

Ircada um é compelido a exercer seus direitos e a

executar suas obrigações segundo as regras da

boa-fé. O abuso manifesto de um direito não é r r 127 protegido pela lei .

Por outro lado, inobstante o conceito acima

formulado, não podemos esquecer que a idéia do abuso de

direito nos foi dada pelo Direito romano através da teoria dos atas

ad aemulationem.

127 Wilson S.C. Batalha, Silvia M.L. Batalha, Sindicatos Sindicalismo, p. 247.,

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Porém, a moderna teoria evoluiu no sentido de n3o

mais se coibir o ato intencional ou o emulativo, na medida em que

o simples desvio do direito ou seu USO contrariamente a finalidade

do instituto é considerado abuso de direito, gerando, por

conseguinte, responsabilidade.

A primeira hipótese relativa ao abuso de direito vem

prevista no artigo 6' da Lei 7783189 ao permitir a realização de

piquetes pacíficos como forma de persuadir OS trabalhadores a

aderirem ao movimento de paralisação. posto que todas as ações

tendentes a impedir, por coaçáo ou pressão, a adesão a greve

importará, sem dúvida alguma, na caracterização do abuso de

direito, (ou seja, a utilização de um direito em desconformidade

com seu fim último) por constituir prática impeditiva da livre

manifestação da vontade-

porém, mister a análise das outras modalidades de

abuso de direito previstas no artigo 1412' do diploma legal sob

comento, consistente nas hipóteses a seguir elencadaç.

lnobservância das normas contidas na Lei 7783189

ou seja, qualquer prática ou ato em desconformidade com

quaisquer dos preceitos legais importará na caracterização do

128 *lsá0 aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos b-Identes a persuadir Ou aliciar os trabalhadores a aderirem a greve; 1 1 - a arrecada@o de fundos e a livre divulgação do movimento. 129 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho".

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abuso de direito, podendo ser citados como exemplos : a falta de

notificação ao empregador; a realização de assembléia irregular;

o não atendimento as necessidades inadiáveis da população; a

falta ou a recusa de discussáo da proposta patronal; pratica de

excessos através de piquetes OU violência contra pessoas e

coisas, etc.

Acreditamos que as ementas a seguir transcritas

elucidam satisfatoriamente as questões acima ventiladas.

" Considera-se abusiva a greve quando não forem

obsentados os requisitos da Lei 7783/89 e, via de

consequência, fica o empregador desobrigado do

pagamento dos dias de paralisação, até porque 0s

contratos ficam suspensos durante a greve,

mantendo-sê as relações laborais pelo acordo entre

as partes''. (TST-RO-AD 41 4809199.3, Ac. SDC Min.

Ursulino Santos ~ i l h o ) ' ~ ~

" Abusividade. Publicidade da assembléia. A

convocação da assembléia para deliberar sobre a

greve deve ser feita mediante a publicação de edita1

na imprensa. Irregular a convocação por meio de

disttjbuiçã0 de panfletos no local de trabalho, deve

ser declarada a abusividade da greve". (TST-RO-

1x1 Valentin Carrion, Noca ~urisprudência em Direito do Trabalho, 1999, Io semestre, p. 212,

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autorizando-se a dedução dos dias de paralisação e

determinando-se o imediato retorno ao traba1h0.l~~

Verifica-se, pois, que dentre os efeitos decorrentes

da parede há que ser ressaltada a ocorrência da suspensão do

pacto laboral e, por conseguinte, a isenção da obrigação de

pagamento dos salários correspondentes.

A elucidar essa assertiva, o entendimento adotado

pelo C.TST a propósito da matéria pela forma que se segue :

Greve. Suspensão do contrato de trabalho.

Inexistência de direito ao pagamento dos salários.

Nos termos do art. 7' da Lei 7783189, a participação

em movimento grevista importa na suspensão do

contrato de trabalho, equivalendo dizer que não há

pagamento de saiario, dada a ausência de

prestação de serviçof'.(TST-RR 253548196.0, Ac.

3aT, Min. José Luiz Vascon~ellos). '~~

"Greve. Sen/iços essenciais. Ausência de

manutenção de atividades essenciais. Abusividade

do movimento.

O não atendimento aos requisitos do artigo treze da

lei sete mil setecentos e oitenta e três de oitenta e

nove, bem como 0 descumprimento da ordem

133 LTR Sulemento Trabalhista 38-275191, TST-DC 231 97191.7, Ac. SEDC 0002191. 134 Valentin Carrion, Nova ~urisprudência em Direito do Trabalho. 1999, 1 semestre, p, 275,

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judicial do retomo ao trabalho, toma abusivo o movimento grevista. Recurso a que se nega

rr 135 provimento .

No entanto, em se tratando de greve licita com a

consequen te procedência das reivindicações formuladas pelos

trabalhadores, inexistem dúvidas quanto ao fato de que nessa

hipótese os salários serão devidos durante a totalidade dos dias

de paralisação.

Alguns Tribunais Regionais, dentre eles os da 2' e

15' Regiões, ao qualificarem 0 movimento paredista de legitimo,

decretando a procedência das reivindicações, costumam

conceder aos grevistas garantia provisória de emprego a fim de

evitar eventuais retaliações decorrentes do movimento,

condicionando porém tal vantagem a0 imediato retorno ao

trabalho, sob pena de perda de referida concessão.

Entretanto, tal posicionamento não é acolhido pelo

C.TST, na conformidade das decisões que vêm sendo

reiteradamente proferidas, destacando-se a que se segue ;

A concessão de estabilidade por Sentença

Normativa não tem suporte legal. A Constituição

Federal e a Lei já particularizaram os casos

135 TST-RODC 143056194, 1 3a Região.

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merecedores do benefício. Os empregadores ficam

desobrigados do pagamento dos dias de

paralisação quando a greve for considerada

abusiva. A jurisprudência do TST é pacífica nestes

tópicos". (TST-RO-DC 430796198.7, Ac. SDC, Min.

Ursulino Santos ~ i l h o ) . ' ~ ~

" A garantia de emprego não se projeta além do

período de paralisação. Não assegura a lei o direito

à reintegração, mas tão somente o pagamento dos

salános e das vantagens do período de duração do

movimento paredista. ocorre que não existe no

ordenamento jurídico lei que assegure a

permanência do trabalhador no emprego em

período posterior a greveff, (TST-E-RR 272663196.3,

AC. SBDI, Min. José Luiz Vascon~ellos). '~~

Nessas circunstâncias parece-nos inexistir

quaisquer dúvidas quanto à possibilidade de responsabilizaçáo

do trabalhador e da entidade sindical nas esferas civel, criminal e

trabalhistas de acordo Com a infraçáo cometida, todas as vezes

que o movimento paredista implicar no mau uso do direito, melhor

dizendo, todas as vezes em que ocorrer abuso de direito sob as

mais diversas hipóteses, segundo se constata das recentes

decisões proferidas acerca da matéria como se segue.

136 valentin Carrion, Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho, 2O semestre, 1999, p, 21 1, 137 Valentin Carrian, Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho, l0 semestre, 1999, p, 244,

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" Greve. Sen/iços Essenciais. Garantia das

necessidades inadiáveis da população usuária.

Fator determinante na qualificação jurídica do

movimento.

É abusiva a greve que se realiza em setores que a

lei define como sendo essenciais a comunidade. se

não é assegurado o atendimento básico das

necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, i r 138 na forma prevista na Lei 7783/89 .

"Greve. Serviço Essencial. Abuso de Direito,

A greve é direito assegurado em sede constitucional

(arts. g0 e 37, VII, da Carta Magna). Inobstante não

é direito absoluto, posto que O Estado de Direito é

incompatível com a existência de direitos absolutos.

É medida extrema e como tal sofre limitações

legais, as q ~ a i s mormente em se tratando de

serviços essenciais de transporte coletivo urbano

(Lei 7783/89). Recurso Ordinário a que se nega i i 139 provimento .

Greve. Atividades Essenciais.

A greve, como ato jurídico, deve sujeitar-se à

legal. sendo, portanto, abusivo o

movimento deflagrado sem a observância dos

Orienta@o Jurisprudencial da SDC no 38 -Tribunal Superior do Trabalho, 139 ROAD, SDC 488299, DJ 26/06/99, p.17.

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requisitos formais contidos na Lei 7783/89. Por

outro lado, o direito de greve em atividades

consideradas essenciais é condicionado ao

atendimento das necessidades inadiáveis da

comunidades, acarretando a inobsen/ância de tal

preceito a interferência do Poder Público com a

finalidade de assegurar o efetivo cumprimento da

lei, cabendo, para tanto, a fixação de multa por

descumpnmento da obrigação de fazer

imposta(CPC, art. 461, § 4°)".140

'" RODC, SDC 609069, DJ 0111212000, p. 553.

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Do quanto exposto, podemos concluir que as

limitações impostas ao exercício do direito de greve nos serviços

essenciais não importam em qualquer restrição ao mesmo direito.

Com efeito, considerando-se que na atualidade

poderíamos asseverar que nem rmsmo a soberania dos Estados

vem de ser exercida de f ~ m ~ a ilimitada ou absoluta, claro está

que o direito de greve há de Ser exercido na conformidade das

restrições que a ordem jurídica lhe impõe, visto que os graves I

transtornos causados à populaçáo durante O movimento paredista

defiagrado por trabalhadores ligados aos serviços essenciais

requer uma preocupação específica e especial dos tribunais no

que pertine à garantia do atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade.

Relativamente a efetiva atuação dos tribunais no

trato da questão, de ressaltar-se a inédita e original iniciativa do

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Ba Região na utilização

da denominada C/&USU/~ da comunidade (integralmente

reproduzida no anexo) quando 0 f'Iloviment0 grevista envolver

çen/içoç essenciais e por conseqüência de notória necessidade

da populaçáo.

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Permitimo-nos entretanto discordar da fixação pelo

Poder Judiciário do contingente de trabalhadores necessários à

promoção dos serviços inadiáveis da população por entendermos

que referido contingente não se reveste de adequação à

promoção das necessidade mínimas e essenciais da população.

Na hipótese de parede envolvendo serviços

essenciais, entendemos que somente aos empregados que

executem atividades não operacionais é que seria lícita a eclosáo

de parede, na medida em que 0 comando legal visa a garantia da

promoçáo dos serviços necessários evitando que a comunidade,

diante de provimento paredista, seja colocada em perigo iminente

no que se refere a sua sobrevivência, saúde ou segurança.

Entretanto a garantia de eficácia da denominada

cláusula "Da Comunidade", oriunda do TRT da 6 Região, reside

na imposição de multa Com fulcro nos artigos 722124 da CLT, de

das empresas ou da entidade sindical

profissional, conforme 0 caso, se a determinação contida na

sentença normativa vier a ser descumprida por qualquer das

partes.

A justificação da imposição de multa fundou-se na

prática observada oriunda da lei italiana para as hipóteses de

violação das regras por ele impostas, asseverando-se, ainda que

as sentenças normativas podem Ser muito mais benéficas às

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partes envolvidas no litígio do que a própria legislação, diante da

proximidade dos fatos ensejadores da prática da parede.

Para tanto, haverá que ser implementada em

alguns setores e ampliada em outros a prática da constante e

necessária negociação entre as partes, a permitir a perfeita

convivência nas relações de trabalho, uma vez que os interesses

das categorias profissional e patronal, a primeira na reivindicação

de melhores condições de trabalho e salários e a segunda na

eterna discussão e resistência quanto ao atendimento dos pleitos

formulados, não podem prevalecer sobre os interesses da

populaçáo usuária dos serviços essenciais.

Verifica-se, pois, que a deflagração do direito de

greve em se tratando de atividades essenciais se reveste em

direito sob condição, qual seja, a de promoção, durante o decurso

do movimento paredista, das atividades indispensáveis ao

atendimento das necessidades mínimas da população, de forma

tal que restem cumpridas as exigências previstas no artigo 10 da

Lei 7783189 em suas exatas dimensões em perfeita consonância

com o entendimento que deverá ser objeto de incentivo através

das decisões judiciais nesse sentido.

Por outro lado, não se pode ignorar a dificuldade

encontrada na prática pelas categorias patronal e profissional em

face da inexperiência do legislador ao remeter 0 possível ajuste

entre 0s litigantes a matéria relativa ao funcionamento dos

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serviços mínimos necessários, visto que, se de um lado as partes

resistem ao atendimento das pretensões recíprocas, difícil e em

algumas hipóteses, impossível exigir-se dos litigantes em

momento de crucial delicadeza a celebração de ajuste para

promoção dos serviços mínimos.

No entanto, somente da prática da negociação

coletiva e do ajustamento das categorias profissional e patronal é

que o comando legal com o objetivo de preservação do interesse

da comunidade poderá ser alcançado.

Ademais, constituindo a greve recurso último de

que se devem utilizar 0s trabalhadores para pressionar o

empregador, cremos que uma das formas p~ssiveis visando

compatibilizar a regra legal que exige a pr~moção dos serviços de

atendimento a população em face dos interesses da população e

o patronal em ver sua atividade sem qualquer paraiisaçáo, seria a

efetiva deflagração da parede em atividades ou serviços

considerados essenciais por empregados envolvidos em área não

operacional, na medida em que a greve para aqueles abrangidos

por essas atividades haveria que ser simbólica, visto a

necessidade de preservação do interesse da sociedade usuária

do mesmo serviço.

Acreditamos ainda que diante das dificuldades

expostas, a deflagração de greve nos serviços essenciais só

poderia ocorrer após a exaustão das neg~~iações entre as

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categorias envolvidas, constituindo último recurso a ser utilizado

pelos trabalhadores em caso de frustração das negociações,

ficando restrita aos seguintes parâmetros :

a) a preservação do direito constitucionalmente

assegurado ao trabalhador como decorrência do principio da

igualdade entre 0s membros das diversas categorias

profissionais;

b) a necessária preservação, proteção e

manutenção imperativa da continuidade dos serviços essenciais,

que por sua própria natureza não podem ser suprimidos da

coletividade, sob a justificativa de exercício de direito

constitucionalmente previsto.

Tais assertivas residem na convicção de que a

greve, antes de constituir instrumento incompatível com o Direito,

encontra seu exercício legalmente limitado em situações

definidas, uma vez que na atualidade não há se cogitar da

existência de direito absoluto ou ilimitado.

Ademais, considerando-se que para o alcance da

plena eficácia dos direitos fundamentais não podem ser olvidados

0s princípios da proporcionalidade e O da harmonização de

valores, cremos que a limitação do exercicio dos direitos

previstos reside no principio fundamental do

respeito e da proteçáo da dignidade da pessoa humana a

conduzir toda a ordem con~titucional.

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Referida assertiva fundamenta-se no fato de que

todos os indivíduos e grupos possuem direitos, circunstância que

afasta a possibilidade de existência de um direito absoluto entre

OS mesmos.

Por outro lado, há ainda que ser considerado o

principio da prevalência dos interesses da coletividade quando

em confronto com interesses individuais ou de grupos em face da

necessária proporcionalidade e harmonização de valores com o

objetivo de preservação da dignidade humana

Ademais, ainda que considerado como direito da

personalidade, o exercício do direito de greve não poderá colidir

com outros direitos de igual grandeza, dentre eles a segurança, a -- vida e a saúde da população atingida pela paralisação nas a

atividades consideradas essenciais, em estrita observância à Lei

Maior, na medida em que as necessidades da comunidade que

por sua peculiar natureza não admitem adiamento, não podem

ser suçpensas, por mais legítimo que seja o exercício do Direito

de Greve garantido constitucionalmente. sob pena de preferir-se

interesses e direitos individuais em detrimento de direitos

individuais homogêneos.

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ANEXO

CLAÚSULA DA COMUNIDADE (constante da

decisão normativa aprovada pelo Tribunal Regional do Trabalho

da 8a Região, no julgamento do processo DC-TRT-Ba no 61 5/90,

entre aeroviários e empresas de aviação, sessão de 27/08/90).

Reconhecido que é, por bem desta sentença, o

caráter essencial da atividade desenvolvida pela empresa

demandada, ficam as partes obrigadas a observância dos

seguintes preceitos de interesse da comunidade regional, em

caso de greve :

a) comunicação do Sindicato a empresa, por escrito e mediante

comprovante, com antecedência

mínima de 96 (noventa e seis)

horas em relação ao instante inicial

da paralisação coletiva do trabalho;

divulgação, pelo Sindicato e pela

empresa, a clientela e ao público

em geral, da realização iminente da

greve, com antecedência mínima

de 72 (setenta e duas) horas;

nos mesmos atos de comunicação

a que referem as letras "a" e "b"

desta cláusula, deverá o Sindicato

pôr a disposição do empregador o

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número de empregados

estritamente indispensáveis ao

atendimento das necessidades da

comunidade, como tal incluídas as

funções mínimas de operação em

escritório, em atendimento de

aeroporto, em manutenção e

assistência a equipamentos de

voo, em acondicionamento e

movimentação de carga de

urgência, bem como em

deslocamento urgente de

passageiros;

a empresa, reciprocamente, fica

adstrita a fazer operarem as

funções mínimas a que alude a

alínea anterior, oferecendo aos

empregados designados pelo

Sindicato as condições

necessárias.

l0 A violação a qualquer das alíneas desta cláusula

por uma ou ambas as partes, caracterizará recusa a

cumprimento de decisão proferida em dissidio coletivo,

para o efeito de aplicação da multa prevista nos artigos

722, letra "a" e 724, letra "a", da Consolidação das Leis

do Trabalho triplicada e convertida em BTN, na forma do

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art. 2 O da Lei 7855 de 24-10-89, mais juros de mora por

atraso no pagamento.

2 O Considera-se 'reincidência no descumprimento

desta cláusula a repetição ou continuidade do ato ou

omissão, a cada dia.

3' A execução do disposto nesta cláusula, nos

termos do art.16, item XV, do Regimento Interno do

Tribunal, bem como do art. 682, item VI, da Consolidação

das Leis do Trabalho, incumbirá ao seu Juiz Presidente.

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