hilsdorf hist educ bras cap 3 a ilustração no brasil
TRANSCRIPT
- A ILUSTRA
-
'0~/iI/ulo :J,A ILUSTRACfAONO BRASIL
1. NossoPonto deVista
A mentalidadeilustradaquepromoveuareformadaculturaedoensinodoperio-dopombalinofoicapazdedarurnnovorumoiteducas;ao,tantonametropolequantonacolonia,emtermosderenovas;aometodologica,deconteudosedeorganizas;ao:essaassertivaseradiscutidanestetexto,queprocuramostraraexistenciadeumaescolailustradanoBrasil,entre1770e1820(0periododa"crisedosistemacolonial"),aomesmotemporesultanteepromotoradacirculas;aodasideiasdaIlustras;aoemPortugaleaqui.Essepontodevistainverteascolocas;oesmaisconhecidassobre0periodopos-pombalinodahistoriadaescolabrasileira,0qualternsidodescritoaindanostermosdeFernandodeAzevedo:como0deurngrandevazio,"meioseculodedecadenciaedetransis;ao"(ACulturaBrasileira,p.548;p.533).
Deoutraparte,procuramosterpresente0alertadeLuisCarlosVillalta,0qual,baseadoemVovelle,consideraasmentalidadesprisioneirasdalongaduras;ao,efalaassim,dassobrevivenciasjesuiticasquedetectanaeducas;aoescolardosfinsdoseculoXVIII, comoaspraticasdememorizas;ao,dedisputasoraiseusodeautoreslatinosdocanonejesuitico,aoinvesdaobservas;aoedaexperienciapreconizadaspelasreformaspombalinas.Tambem,paraesseautor,emMinasGeraisospadroesquantitativosnaoteriamsidealteradoscomacrias;aodasaulasregiaspombalinas,mantendo-seestavelo numerodosquesabiamassinar0seunomemesmodepoisdasmedidasde1772.Concordandocomele,confirmamosainterpretas;aorestritivadasreformaspombalinasapresentadaanteriormente:afinal,0Marqueserailustrado,masnaourndemocrata.
2. Ideias"Afrancesadas"
A aproprias;aooficialdoEcletismoedoIluminismoemPortugalfoi feita,comovimosanteriormente,pelos"estrangeirados",cujamentalidadederenovas;aodaso-
27
- Historiodo Educo
- Capitulo3: A lIustra
- Historiada Educa
- Capitulo3: A lIustra
- Hist6riodo Educo
-
Capitulo3: A lIustra~aono Brasil
Eprecisolembrarqueareformapombalinafoi implantadacommuitadificul-dadenacoloniapelaoposiyaodospartidariosdosjesuitasepelodesviodosrecursosdoSubsidioLiterarioqueaconteceuduranteaadministrayaodecapitaes-moresre-trogrados,comomostrouMiriamXavierFragosoparaacapitaniadeSaoPaulo,nasultimasdecadasdoseculoXVIII. Mas,aospoucos,inclusivepelaayaodasCamarasMunicipaisjuntoasautoridadesdametropole,foicriadaumarededeaulasavulsasdeprimeirasletras,gramaticalatina,grego,retoricaepoetica,filosofia,matematicasuperioregeometrianosmoldesdasreformaspombalinas.
NaBahia,porexemplo,usandoasinformayoesdeL. dosSantosVilhenanassuas"CartasSoteropolitanas",temosaseguintesituayaoem1799:
[J emSalvador:6 aulasdeprimeirasletras+4 degramaticalatina+ 1degeometria+1degrego+1deretorica+1defilosofia;
[J emIpitanga,Sra.doMonte,Nazare,NovaReal,MuritibaeRioVermelho:1deprimeirasletras;
[J emS.Joaod'AguaFria:1degramaticalatina;
[J emCachoeiro,Ilheus,PortoSeguro,Sto.Amaro,Itaparica,S.Francisco,Camamu,Caravelas,Sta.Luzia, Sergipedel Rei, Vitoria, Jacobina,JaguaripeeItapagipe:1deprimeirasletras+1degramaticalatina;
No Ceara,porvoltade1800,existiam5aulasdeprimeirasletrase5degrama-ticalatina.
ParaSaoPaulo,consideradaemrelayaoaosoutroscentroseconomicosdacoloniaumacapitaniapobre,semrecursos,urnpanoramadosprofessorespombalinosexistentesentre1772e 1801podeserobservadonoquadrodapagina29.
EmPernambuco,alemdasaulasavulsas,foicriadournSeminario,istoe,urncolegio,paraaformayaodepadrescomdominiodacienciaaplicadaasnecessidadesdoEstadoportugues:ex-alunodaUniversidadedeCoimbrareformada,bispoegover-nadordacapitania,AzeredoCoutinhoabriuemOlinda,noiniciode1800,nomesmoprediodoantigocolegiodosjesuitas,0SeminarioNossaSenhoradasGrayas,40qual,rompendocom0ensinojesuitico,faziaaaplicayaodosprincipiosilustrados:
[J pelosseusobjetivos,deformayaodepadresqueatuassemcomoagentesdametropoleparaa modernizayaoeconomica dacolonia,poisseriampreparadossegundoosprincipiosdoconhecimentocientificomoderno,ilustrado.Alemde"pastoresdealmas",osalunosseriamfuturos"padres-
Ele criou tambem uma institui"ao feminina, 0 Recolhimento Nossa Senhora da Gloria, para educar as maes de familia.
33
-
Historiada Educa~ooBrasileira
exploradores",conhecedoresdasriquezasminerais,vegetais,hidricas,erealizariamestudospara0seuaproveitamentopelaCoroaportuguesa;
o peloseupIanodeestudos,quedeveriaincorporarasliteraturaselinguaschis-sicas,aslinguasmodernas,agramaticaportuguesa,asmodernascienciasnaturaiseexatas,desenho,geografia,cronologiaeteologia;
o pelasuametodologia,quesebaseavaemrela~oesnovasentremestresediscipulos,maisbrandas,semcastigosfisicosecomapeloapersonalidadedoaluno,indicandoquea sensibilidadenaoeracultivadaapenaspelosleitoresdeRousseau,masatraiatambemosadeptosdailustra~aooficial.
A a~aopedagogicadeAzeredoCoutinhoeexemplarpara0entendimentodajaaludidaorienta~aopragmaticadasLuzes,pois,se0Seminarioquecrioufoi0celeirodosfuturosrevoluciomiriospernambucanosde1817,eleproprioapoiavaaescravidaoefoi0ultimograndeinquisidordoreinoportugues.5Seriamuitointeressante,alias,estudardessepontodevistaaa~aodocleroedeoutrascongrega~oesreligiosasdaepoca,comofezFranciscoAdegildoFerrercomaordemfranciscana:esteautorper-cebeuqueosfradesreformaramsuaordemdeacordocomasideiasdePombalesetornaramagentesdaigreja,daculturaedaescolailustradaemPortugalenoBrasil.
3.5 A obrajoanina
Finalmentepodemosconsideraraobrajoaninacomopartedessaa~aoilustradanacolonia.0 desembarquedeD. JoaonoRio,em1808,acaboucom0"exclusivome-tropolitano",abrindoacoloniaparaastrocaseconomicaseculturaiscomaInglater-ra.SegundoA. K. Manchester,comavindadeD. Joao- programadadesde1807conjuntamentecomosingleses- houvegrandesmudan~asnossistemaseconomico,socialeculturaldacolonia,masnaonosistemafiscal,naadministra~aodajusti~aenaorganiza~aomilitar.
A a~aojoaninanaeduca~aoescolaracompanhaatendenciageralapontadapelahistoriadaeduca~aoparaosseculosXVIII eXIX, deperdapelaIgrejadagestaodaeduca~aoescolarparaosfunciomiriosdoEstado,aomanterasseguintescaracteris-ticasdasreformasde1759-1772:estatiza~ao,nosentidodeconcentrar0controledaeduca~aoescolardosniveissecundarioesuperiornasmaosdoEstado,epragmatismo,nosentidodeoferecerconhecimentocientificoutilitario,profissional,eminstitui~oesdeensinoavulsas,isoladas,segundo0modeloilustrado.6
Algunsautoresnegam0 caraterrevolucionariodo movimentode 1817.destacandoqueseus participantesnaopro-punhama abolilfaodas relayoesescravistasnacolonia.
Outromodeleda epocaeraa OpyaOnapoleonica(liberal)dauniversidadecentralizadora.
34
- Capitulo 3: A lIustra
- Historiodo Educa
-
Capitulo3: A "ustra~aono Brasil
AZEVEDO, F.de.A culturabrasileira.4i1ed.SaoPaulo:Melhoramentos,1964.
CANDIDO, A. "MinervaColonial".RevistaBrasiliense,13(1957):85-94
CARDOSO,M. "AzeredoCoutinhoe0fermentointelectualdesuaepoca".Keith,H.H.eEdwards,S.F.(orgs.)Conflitoecontinuidadenasociedadebrasileira.RiodeJaneiro:Civ.Brasileira,1970.
CARRATO, 1.F. Iluminismo,igrejaseescolascoloniaismineiras.SaoPaulo:Nacional/Edusp,1968.
. "UmaPedagogiajansenistanoBrasil:0regulamentodoColegiodoCaraya".Didatica,9-10(1972-73):135-60.
CHACON,V. "JansenismoegalicanismonoBrasil".RevistaBrasileiradeFilo-sofia,XXIII, 191(1975):268-88.
CUNHA, L. A.A universidadetemporil:0ensinosuperiordacoloniaaeraVargas.Rio deJaneiro:CivilizayaoBrasileira/UFC,1980.
DIAS, M. OdiladaS. "AspectosdaIlustrayaonoBrasil".RevistadoInstitutoHistoricoeGeograficoBrasileiro,278(1968):105-170.
DUPRAT,R.MitsicanaSedeSiloPauloColonial.SaoPaulo:Paulus,1995.
FERRER, Fr.Adegildo."0 ObscurantismoIluminado:PombaleaInstruyaoemPortugalenoBrasil- seculoXVIII". SaoPaulo:FEUSP,1998.
FRAGOSO,M. X. "0 EnsinoRegionaCapitaniadeSiloPaulo(1759-1801)':SaoPaulo:FEUSP,1972.
FRIEIRO, E. 0 diabonalivrariadoconego.2i1ed.SaoPaulo:Itatiaia/Edusp,1981.
MANCHESTER, A. K. "A TransferenciadaCortePortuguesapara0Rio deJa-neiro".Keith,H.H. eEdwards,S.F.(orgs.)Conflitoecontinuidadenasociedadebrasileira.Rio deJaneiro:Civ.Brasileira,1970.
NEME, M. "UrngovernadorreformistanoSaoPaulocolonial".AnaisdoMuseuPaulista,XXIV (1970):.11-53.
NOVINSKY, A. "EstudantesBrasileiros'Afrancesados'da UniversidadedeCoimbra.A perseguiyaodeAntoniodeMoraiseSilva(1779-1806)".Coggiola,0. (org.).A Revolu9iloFrancesaeseuimpactonaAmericaLatina.SaoPaulo/Brasilia:NovaStella/Edusp/CNPq,1990.
N6vOA, A. "Para0estudosocio-historicodageneseedesenvolvimentodapro-fissaodocente".TeoriadaEduca9ilo,4(1991):109-139.
PAlM, A. "OsprimeirosprofessoresdeFilosofianoBrasil".RevistaBrasilieradeFilosofiaXXI, 81(1971):67-77.
37
- Hist6riodo Educo