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Workshop: “Teoria Quântica: estudos históricos e implicações culturais” Workshop: “Quantum theory: historical studies and cultural implications” Caderno de Resumos e Programa Abstract book and Program

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Workshop: “Teoria Quântica: estudos históricos e implicações culturais”

Workshop: “Quantum theory: historical studies and cultural implications”

Caderno de Resumos e Programa Abstract book and Program

Editores: Editors:

Olival Freire Jr. – Aurino Ribeiro Filho Fábio Freitas – Ana Paula Bispo

Indianara Silva – Alessandro Silveira – Marcos Barros

Workshop: “Teoria Quântica: estudos históricos e implicações culturais”

Workshop: “Quantum theory: historical studies and cultural implications”

Caderno de Resumos e Programa Abstract book and Program

Universidade Federal da Bahia Universidade Estadual de Feira de Santana

Universidade Estadual da Paraíba

EdUEFS, Feira de Santana, 2008

Diagramação: Fábio Freitas e Elenice Costa 

 

Capa: Pablo Trajano 

 

Ficha Catalográfica: Biblioteca Central Julieta Carteado, UEFS 

 

 

 

 

 

 

 

           

                                      Ficha Catalográfica ‐ Biblioteca Central Julieta Carteado 

   

 

 

 

  

 

 

 

 

 

   

 

Workshop: “Teoria Quântica: estudos históricos e implicações culturais ”   (2008 : Feira de Santana)

W873c Cadernos de Resumos e Programa = Abstract book and Program [do] Workshop: “Teoria Quântica: estudos históricos e implicações culturais ” / Editores: Olival Freire Jr. ... [et al]. - Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2008.

79 p. Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das

Ciências – UFBa/UEFS Texto em português e inglês. ISBN 978-85-7395-180-6

1. Teoria quântica. 2. Física. I. Freire Jr., Olival. II. Título.

CDU: 530.145

Apoios R Support  

 Universidade Estadual da Paraíba 

Pró‐reitoria de Pós‐Graduação e Pesquisa 

Universidade Federal de Campina Grande Departamento de Física 

 

 

 

 

      

 

 

 

 

 

Max‐Planck‐Institut für Wissenschaftgeschichte MPIWG 

 

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – PROCAD UFBA/UFRGS/UFSC 

Universidade Estadual de Feira de Santana Pró‐reitoria de Extensão 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comissão organizadora/ Organizing committee  Olival Freire Jr. (UFBa) 

Aurino Ribeiro Filho (UFBa) 

Fábio Freitas (UEFS) 

Ana Paula Bispo (UEPB) 

Indianara Lima Silva (UFBa) 

Alessandro Silveira (UEPB) 

Marcos Barros (UEPB) 

 

Comissão de Apoio – Support Committee:  

Welber Leal Araújo Miranda(UFBa) 

Pablo Rafael Trajano(UEPB) 

 

Comissão Científica – Scientific Committee  

Ileana Greca (Universidad de Burgos, Espanha) 

Joan Bromberg (Johns Hopkins University, USA) 

Michel Paty (Equipe REHSEIS, Paris) 

Osvaldo Pessoa Jr. (Universidade de São Paulo) 

Roberto Martins (Unicamp) 

Stefano Osnaghi (Institut für Quantenoptik und Quanteninformation, Viena) 

 

 

 

 

 

  I 

Sumário R Summary Programa / Program  IV 

Apresentação / Foreword  1/3 

Palestras / Invited Talks   

P1 ‐– The Microwave Cavity as a Philosophical Instrument Joan Bromberg – Johns Hopkins University 

P2 ‐– O Fenômeno Cultural do Misticismo Quântico Osvaldo Pessoa – Universidade de São Paulo 

P3 ‐– History of Solid State Physics and Quantum Mechanics Christian Joas – Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte 

P4 ‐– Einstein on Reality and Quantum Mechanics Christoph Lehner – Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte 

P5 ‐– From Louis de Broglie to Schrödinger: a comparison Roberto Martins – Universidade de Campinas 

10 

P6 ‐– Is Bohr’s approach to quantum mechanics dualistic? Stefano Osnaghi – Institut für Quantenoptik und Quanteninformation 

11 

P7 ‐– “Construção de objeto” e objetividade em física quântica Michel Paty – Centre National de la Recherche Scientifique 

12 

P8 ‐– Medidas e Processamento de Informação em Sistemas Quânticos Francisco M. de Assis – Universidade Federal de Campina Grande 

13 

   

Mini‐Cursos / Short Courses   

MC1 ‐ O problema da medição na teoria quântica Osvaldo Pessoa Jr. – Universidade de São Paulo 

15 

MC2 ‐ Ciência da Informação: aspectos históricos e Conceituais Aércio Lima – Universidade Federal de Campina Grande 

16 

MC3 ‐ A quântica na arte, na cultura, e os charlatões Frederico de Souza Cruz – Universidade Federal de Santa Catarina 

17 

   

Comunicações Orais / Talks   

CO1 ‐ Mecânica Quântica e Não‐Linearidade ‐ possibilidades e dificuldades Aurino Ribeiro Filho – Universidade Federal da Bahia 

19 

CO2 ‐ Sobre a cultura material dos primeiros testes experimentais do teorema de Bell: uma análise dos instrumentos (1972‐82) Wilson Fábio Oliveira Bispo, Denis Gilbert Francis David, Olival Freire Júnior  Universidade Federal da Bahia 

21 

 II 

CO3 ‐ Max Planck and the Fokker‐Planck Equation Sílvio R. Dahmen – Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

22 

CO4 ‐ Notas para um perfil dos “dissidentes quânticos” Olival Freire Jr. – Universidade Federal da Bahia 

23 

CO5 ‐ A Evolução Teórico‐Experimental das Idéias de Arthur H. Compton (1915‐1923) Indianara Lima Silva, Olival Freire Jr. e Ana Paula Bispo da Silva Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual da Paraíba 

26 

CO6 ‐ Os modelos de átomo no período entre 1904 e 1913 e as tentativas de explicação das linhas espectrais Pablo Rafael Trajano Ribeiro e Ana Paula Bispo da Silva Universidade Estadual da Paraíba 

28 

CO7 ‐ Sobre o Desenvolvimento Histórico‐Conceitual da Teoria Quântica da Gravidade: Uma Análise do Trabalho de Bryce Dewitt (1967) Welber Leal Araújo Miranda – Universidade Federal da Bahia 

29 

CO8 ‐ O itinerário científico de Louis de Broglie em busca de uma interpretação causal para a mecânica quântica  Paulo Vicente Moreira dos Santos – Universidade Federal da Bahia  

31 

CO9 ‐ As origens do efeito descoerência: a tensão entre Zeh, Zurek e os legados de Everett e Bohr Fábio Freitas – Universidade Estadual de Feira de Santana 

33 

CO10 ‐ Quantização de sistema classicamente caóticos: testando os limites do princípio da correspondência de Bohr Sandra Denise Prado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

35 

CO11 ‐ Ressonância e informação quântica José Suassuna Filho – Universidade Federal de Campina Grande 

36 

CO12 ‐ A Ontologia de Fourier, Análise Local por Onduletas e a Física Quântica João Eduardo Farias de Araújo, João Luís de Lemos e Silva Cordovil, José Nunes Ramalho Croca, Rui António Nobre Moreira e Amaro Rica da Silva Universidade de Lisboa 

37 

CO13 ‐ As Origens do Princípio da Complementaridade João Luís de Lemos e Silva Cordovil; João Eduardo Farias de Araújo; José Nunes Ramalho Croca, Rui António Nobre Moreira ‐ Universidade de Lisboa 

39 

CO14 ‐ Análise da Contribuição Fenomenológica para o Problema da Medição através do Texto: “La Théorie de l’Observation en Mécanique Quantique” de F. London & E. Bauer. Ioná Almeida de Brito – Universidade Federal da Bahia 

40 

CO15 ‐ Pressupostos metafísicos e epistêmicos na obra científica de Eugene P. Wigner Frederik Moreira dos Santos – Universidade Federal da Bahia 

42 

CO16 ‐ Tres perspectivas para la noción de estado cuántico: A. Peres, L. Ballentine y M. Paty Jhonny Castrillón – Universidad de Antioquia 

43 

CO17 ‐Teoria da Ressonância: História e Ensino José Luis de Paula B. Silva e Nídia Franca Roque – Universidade Federal da Bahia 

45 

CO18 ‐ Énfasis conceptual e interpretaciones en la enseñanza de la mecánica cuántica Ileana M. Greca & Olival Freire Jr. Universidad de Burgos e Universidade Federal da Bahia 

47 

  III 

CO19 ‐ Os Princípios de Complementaridade e de Incerteza na obra Copenhague de Michael Frayn: a arte e a teoria quântica Alessandro Frederico da Silveira, Aurino Ribeiro Filho e Ana Paula Bispo da Silva Universidade Estadual da Paraíba e Universidade Federal da Bahia 

48 

CO20 – The Quantum History Project Christoph Lehner – Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte 

50 

   

Painéis / Posters   

PO1 ‐ Modelo Atômico Quântico e Ensino Médio de Química José Luis de Paula Barros Silva e Maria Bernadete de Melo Cunha Universidade Federal da Bahia 

51 

PO2 ‐ A Química é redutível à Mecânica Quântica? Nelson Bejarano – Universidade Federal da Bahia 

53 

PO3 ‐ Determinação da Temperatura Mesosférica a partir do Espectro Vibra‐Rotacional da Hidroxila. Fábio Egito, Ricardo A. Buriti, Amauri F. Medeiros e Hisao Takashi Universidade Federal de Campina Grande e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 

55 

PO4 ‐ Experimentos históricos e o conceito de spin Morgana Lígia de Farias Freire, Ana Paula Bispo da Silva, Marcelo Gomes Germano, Ana Raquel Pereira de Ataíde – Universidade Estadual de Campina Grande 

57 

PO5 ‐ Tópicos de Mecânica Quântica para a Formação de Professores de Física Marcos Antonio Barros  Universidade Estadual da Paraíba 

58 

PO6 ‐ Organização Sistêmica dos Conteúdos: Identificando na História os Invariantes Operatórios dos Modelos Atômicos Jadson Augusto de Almeida da Silva e Isauro Béltran Núñez Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Rio Grande do Norte 

59 

PO7 ‐ Adaptação de Experiência de Ensino de Física Quântica em Disciplina Integradora de um Curso de Licenciatura em Física Virgínia Mello Alves, Eduardo Fontes Henriques, Bruno Duarte da Silva Moreira, Gilvana Oliveira Bottini, Luciano Pereira Luduvico, Marcio da Silva Canielas e Michele Volz Bertim – Universidade Federal de Pelotas 

60 

PO8  ‐  Sequência Didática  adaptada da  proposição  de  Feynman: o  experimento  da  dupla fenda com partículas, ondas e elétrons Neide Maria Michellan  Kiouranis,  Aguinaldo  Robinson  de  Sousa  e Ourides  Santin  Filho – Universidade Estadual de Maringá 

62 

PO9 ‐ A mecânica  da resolução espectral de sistemas quânticos Rafael de Lima Rodrigues – Universidade Federal de Campina Grande 

64 

   

Índice / Index  66 

 

 IV 

Programa R Program  

  Domingo 14.12 

Segunda‐feira 15.12 

Terça‐feira 16.12 

Quarta‐feira 17.12 

08:00 – 09:30   Minicursos 1, 2 e 3 

Minicursos 1, 2 e 3 

Minicursos 1, 2 e 3 

09:30 ‐10:00    Intervalo  Intervalo  Intervalo 10:00 – 10:50    Palestra 1  Palestra 4  Palestra 7 10:50 – 11:40    Palestra 2  Palestra 5  Palestra 8 11:40 – 12:30    Palestra 3  Palestra 6  Painéis 12:30 – 14:00    Almoço  Almoço  Almoço 

14:00 – 16:00   Comunicações 

1‐4 Comunicações 

9‐12 Comunicações 

17‐20 16:00 – 16:30    Coffee break  Coffee break  Coffee break 

16:30 – 18:30   Comunicações 

5‐8 Comunicações 

13‐16  

18:00  Abertura   Jantar Regional ‐ 

20:00  

 

 

 

  Sunday 14.12 

Monday 15.12 

Tuesday 16.12 

Wednesday 17.12 

08:00 – 09:30    Short Courses 1, 2 e 3 

Short Courses 1, 2 e 3 

Short Courses 1, 2 e 3 

09:30 ‐10:00    break  break  break 10:00 – 10:50    Invited Talk 1  Invited Talk 4  Invited Talk 7 10:50 – 11:40    Invited Talk 2  Invited Talk 5  Invited Talk 8 11:40 – 12:30    Invited Talk 3  Invited Talk 6  Posters 12:30 – 14:00    Lunch  Lunch  Lunch 14:00 – 16:00    Talks  

1‐4 Talks  9‐12 

Talks  17‐20 

16:00 – 16:30    Coffee break  Coffee break  Coffee break 16:30 – 18:30    Talks 

5‐8 Talks 13‐16 

 

18:00  Opening    Regional Dinner‐ 20:00 

 

 

 

Workshop: “Teoria Quântica: Estudos Históricos e Implicações Culturais”

  1 

Apresentação  A teoria quântica, desenvolvida no primeiro quartel do século XX, é a mais bem sucedida teoria física  hoje  disponível.  A  confiança  que  os  físicos  nela  depositam  é  de  tal  ordem  que  os desenvolvimentos teóricos ulteriores da física tomam essa teoria como um quadro referencial básico para pensar essa ciência. Desde as primeiras aplicações tecnológicas, com a invenção do transistor  e  do  laser,  até  as  atuais  promessas  no  campo  da  informação  quântica,  o  seu manancial de aplicações parece inesgotável. No que pese esse sucesso científico e tecnológico, persiste  entre  os  cientistas  incertezas  sobre a  interpretação  de  seus  fundamentos. Não  é de estranhar, portanto, que a segunda metade do século XX tenha presenciado um renascimento tanto da  controvérsia quanto das  investigações  sobre os próprios  fundamentos dessa  teoria. Essa  controvérsia  não  tem  sido  estéril.  A  propriedade  do  emaranhamento  entre  sistemas quânticos espacialmente separados, hoje largamente aceito como um genuíno efeito quântico, tem  suas  raízes  associadas  a  críticos  dos  fundamentos  dessa  própria  teoria,  como  Albert Einstein, David Bohm,  John Bell,  John Clauser  e Abner  Shimony.  Em 1974, o historiador Max Jammer  finalizava  seu The Philosophy of Quantum Mechanics  afirmando que a história dessa controvérsia  é uma  “história  sem  fim”;  e  acrescentava,  lembrando o ensaísta  francês  Joseph Joubert,  “é  melhor  debater  uma  questão  sem  resolvê‐la  do  que  resolver  uma  questão  sem debatê‐la.” O leitor contemporâneo só pode expressar o seu espanto diante da atualidade da afirmativa. 

O  workshop  “Teoria  Quântica:  Estudos  Históricos  e  Implicações  Culturais”  visa  explorar aspectos da história dessa teoria científica, desde sua criação aos desenvolvimentos ulteriores, incluindo  a  controvérsia  sobre  os  seus  fundamentos  e  sobre  suas  implicações  filosóficas  e culturais. O workshop visa também discutir problemas relacionados à pesquisa sobre o ensino e a difusão cultural dessa teoria científica bem como os usos, e abusos, que aí podem aparecer. Além  de  reunir  pesquisadores  brasileiros  e  estrangeiros,  e  estudantes  que  têm  trabalhado sobre  esses  temas,  o  workshop  espera  contribuir  para  a  formação  desses  e  de  novos pesquisadores  através  da  oferta de mini  cursos,  ao  lado  das  palestras,  comunicações  orais  e pôsteres. 

Esse evento científico é realizado no Brasil em um momento oportuno. Há cerca de quinze anos vem  crescendo  no  Brasil  o  número  de  pesquisadores  dedicados  a  trabalhos  históricos  e/ou filosóficos  sobre  a  teoria  quântica,  muitos  deles  presentes  nesse  workshop,  sem  que tivéssemos realizado até o momento um evento científico de maior envergadura integralmente dedicado ao  tema. Além disso,  o workshop é  realizado em um momento no qual  a pesquisa sobre a história da teoria quântica ganha novo impulso seja com o Projeto de História da Física Quântica  promovido  pelo  Instituto Max  Planck  de  História  da  Ciência,  Alemanha,  ou  com  a realização  de  conferências  internacionais  dedicadas  ao  tema  (HQ1,  Berlim,  2007;  Sessão “Interpreting  Quantum Mechanics  –  a  century  of  debate”  na  HSS,  Washington,  2007;  HQ2, Utrecht, 2008). 

Caderno de Resumos e Programa

 2 

O desenvolvimento  da  pesquisa  sobre  história  da  teoria  quântica  no  Brasil  deve  também  se beneficiar da  sua  relação com a história da  física brasileira.  Se é verdade que a pesquisa em física  moderna  no  Brasil  só  recebeu  um  momentum  intelectual  e  institucional  a  partir  da criação  da  USP,  em  1934,  já  passada  a  fase  áurea  da  criação  da  teoria  quântica,  também  é verdade que aspectos  relevantes da pesquisa e da  controvérsia  sobre os  fundamentos dessa teoria tiveram como cenário a  física brasileira. Quando, no  início da década de 1950, o  físico David  Bohm  passou  três  anos  na  Universidade  de  São  Paulo,  fugindo  da  perseguição macarthista, muito da pesquisa e dos debates sobre a interpretação causal da teoria quântica proposta por Bohm ocorreram naquela universidade. O trabalho conjunto com Jayme Tiomno e os embates com Mário Schenberg, professores da USP, são parte dessa história. Mario Bunge, Jean‐Pierre Vigier e Ralph Schiller  vieram ao Brasil para  trabalhar  com Bohm, enquanto Léon Rosenfeld  veio  para  estabelecer  o  contraponto  entre  a  interpretação  causal  e  a  visão  da complementaridade patrocinada pelo físico dinamarquês Niels Bohr. Mais tarde, na origem da consolidação  cognitiva  e  profissional  da  Ótica  Quântica  como  disciplina  física,  nós  vamos encontrar  entre  os  seus  protagonistas  o  físico  brasileiro  Herch  Moysés  Nussenzveig,  então radicado na Universidade de Rochester, Estados Unidos. Pouco depois, o  físico brasileiro José Leite  Lopes,  exilado  em    Estrasburgo,  na  França,  junto  com  o  físico  francês  Michel  Paty, promoviam  o  evento  “Quantum  Mechanics  –  A  Half  Century  Later”,  uma  das  reuniões científicas que contribuíram para criar um espaço favorável à pesquisa sobre os fundamentos da teoria quântica. Recentemente, os desenvolvimentos teóricos sobre o efeito descoerência e o  experimento  tipo  “Gato  de  Schrödinger”  que  testou  pela  primeira  vez  esse  efeito,  contam entre seus protagonistas com os físicos brasileiros Amir Caldeira e Luiz Davidovich.  

O workshop “Teoria Quântica: Estudos Históricos e  Implicações Culturais” é uma  iniciativa do Programa  de  Doutorado  Inter‐Institucional  (DINTER)  em  Ensino,  Filosofia  e  História  das Ciências, oferecido pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O evento não teria sido possível, entretanto, sem um leque de apoios, e dentre esses o mais expressivo foi o da UEPB, através de sua Reitoria e Pró‐Reitoria de Pós‐Graduação e Pesquisa. De fato, o apoio institucional  dessa  Universidade  e  o  encorajamento  recebido  da  sua  Pró‐Reitora,  Profa.  Dra. Marcionila  Fernandes,  permitiram  que  o  evento  adquirisse  uma  dimensão  maior  e  fosse realizado em condições materiais mais propícias. Além da UEPB, o workshop conta com o apoio do IQuanta, Campina Grande; do Departamento de Física da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); da CAPES (PROCAD NF UFBa‐UFSC‐UFRGS); da FAPESB, do CNPq e do Instituto Max  Planck  de  História  da  Ciência,  Berlim.  Esses  apoios  permitiram  a  realização  na  Paraíba desse debate  sobre a história e os  fundamentos da  teoria quântica, encontro  simbolizado na foto do cartaz do evento, onde aparece uma superposição das esculturas dos Pioneiros (o índio, o tropeiro e catadora de algodão, representando ciclos econômicos da história da região) e da escultura de Albert Einstein ao lado de Niels Bohr tendo ao fundo a cidade de Campina Grande. 

 

 

Workshop: “Teoria Quântica: Estudos Históricos e Implicações Culturais”

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Foreword Quantum theory was created in the first quarter of the 20th century and is currently the most successful  physical  theory.  Physicists  trust  so  highly  in  such  theory  that  it  has  been  since  its inception  the  basic  framework  to  think  on  theoretical  physics.  Since  its  technological applications  in  transistor  and  laser  until  its  current  promises  in  quantum  information,  its potential  applications  do  not  run  out.  In  spite  of  these  scientific  success  and  technical applications,  there  is  an  enduring  controversy  on  its  foundations  and  interpretations.  Such controversy has not been sterile. Entanglement between quantum systems spatially separated, now accepted as a genuine quantum effect, has its roots in works of critics of the foundations of this theory such as Albert Einstein, David Bohm, John Bell, John Clauser and Abner Shimony. In 1974 historian Max  Jammer ended his The Philosophy of Quantum Mechanics  labeling  the history  of  such  controversy  “a  story  without  an  ending”,  and  added,  recalling  the  French moralist  Joseph  Joubert, “It  is better to debate a question without settling  it  than to settle a question without debating it.” This assessment could not be more fitted to the current days. 

This workshop aims to discuss studies on the history of this physical theory, since its creation until  later  developments,  including  the  controversy  on  its  foundations, as  well  as  on  its philosophical,  cultural,  and  educational  implications,  and  its  misuses.  It  will  bring  together Brazilian  researchers  and  graduate  students  devoted  to  these  topics  in  addition  to  invited foreign  speakers. We  hope  it  could  contribute  to  train  new  researchers  through  its  courses, invited talks, talks, and posters, and debates related to them. 

This workshop is a timely event in the Brazilian scene. In the last fifteen years it has grown in Brazil  the  number  of  researchers  working  with  history  and/or  philosophy  of  quantum mechanics, many  of  them  attending  such workshop.  However, we  did  not  have  yet  a major scientific  conference  entirely  dedicated  to  the  theme.  In  addition  to  such  national circumstances, it is held when history of quantum mechanics gains new momentum in several places. Evidences may be  found  in  the Quantum History Project  launched by  the Max Planck Institute for the History of Science, in Berlin, or in a number of scientific conferences dedicated to  the  subject  (HQ1,  Berlin,  2007;  Session  “Interpreting  Quantum Mechanics  –  a  century  of debate” at the HSS Annual Meeting, Washington, 2007; and HQ2, Utrecht, 2008). 

In  Brazil,  the  development  of  research  on  the  history  of  quantum  physic  should  take  into account the history of Brazilian physics. It is true that research in modern physics only took off in  our  country  following  the  creation  of  the  Universidade  de  São  Paulo  and  its  Physics Department  in 1934,  thus when the golden years of the creation of quantum mechanic were past.  However,  meaningful  episodes  from  the  controversy  over  the  interpretation  and foundations of quantum physics  should be  framed  including physics  in Brazil  and/or Brazilian physicists. In the early 1950s, when David Bohm came to Brazil, escaping from McCarthyism in America, much of  the  research and controversy on his causal  interpretation happened at  the 

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Universidade de São Paulo. His collaboration with Jayme Tiomno and his arguments with Mário Schönberg are part of  such story. Mario Bunge,  Jean‐Pierre Vigier and Ralph Schiller came to Brazil to work with Bohm while Léon Rosenfeld also came but for make the contrast between Bohm’s causal interpretation and the complementarity view supported by the Danish physicist Niels Bohr and himself. Later on, in the cognitive and professional origins of Quantum Optics as a  physics  discipline,  among  its  protagonists  we  find  the  Brazilian  physicist  Herch  Moysés Nussenzveig,  then working  at  the University  of  Rochester  in  the USA.  A  little  after,  Brazilian physicist  José  Leite  Lopes,  exiled  in  Strasbourg,  France,  and  the  French  physicist Michel  Paty organized the conference “Quantum Mechanics  – A Half Century Later”, one of  the  scientific gatherings which helped to  increase  the  research on the foundations of quantum mechanics.  Recently, theoretical developments on the decoherence effect and the first Schrödinger cat‐like experiments, which was a  test  for such effect, had Brazilian physicists Amir Caldeira and Luiz Davidovich among their protagonists. 

The  workshop  “Quantum  Theory:  Historical  Studies  and  Cultural  Implications”,  held  on December  15‐17,  2008  in  Campina  Grande,  Paraiba,  Brazil,  is  organized  by  the  Program  of Graduate Studies  in History, Philosophy and Science Teaching at  the Universidade Federal da Bahia (UFBa) and Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). In special, it is an initiative of that program and the Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) through a doctoral program (DINTER)  supported  by  CAPES,  the  Brazilian  agency  for  graduate  studies.  It  is  supported  by several  agencies  but  none  was  more  instrumental  than  the  sponsoring  of  UEPB;  indeed, institutional  support  from this university and encouragement  from  its Dean  for Research and Graduate  Studies,  Dr.  Marcionila  Fernandes,  were  instrumental  for  the  success  of  this workshop.  In  addition  to  UEPB,  we  are  grateful  to  IQuanta,  Campina  Grande;  Physics Department at the Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); CAPES (PROCAD NF UFBa‐UFSC‐UFRGS); FAPESB; CNPq; and the Max Planck Institute for the History of Science for their sponsoring. These supports allowed us to held in Paraíba, Brazil, this debate on the history and foundations of quantum physics  symbolized  in  the picture  in  the poster of  the workshop: an overlapping of the sculpture of the Pioneers (the native Indian, the “tropeiro” cowboy, and the cotton  collector  representing  the  economic  cycles  in  the  regional  history)  and  a  sculpture  of Albert  Einstein  side  by  side  with  Niels  Bohr,  and  the  town  of  Campina  Grande  as  the background of such gathering. 

 

 

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Palestras R Invited Talks  

P1. A cavidade de microondas como um instrumento filosófico 

Joan Bromberg Johns Hopkins University 

No  final  do  último  século,  o  avanço  da  tecnologia  permitiu  aos  cientistas  realizarem efetivamente no  laboratório alguns dos clássicos experimentos de pensamento da física quântica. Os  físicos afirmam  freqüentemente que esses experimentos  reais mudaram a nossa  compreensão  da  mecânica  quântica  e  lançam  uma  nova  luz  sobre  seus fundamentos filosóficos.   O historiador gostaria de testar esses argumentos observando as  inovações  materiais,  os  experimentos  que  elas  facilitaram,  e  o  impacto  que  os resultados de laboratório tiveram, de fato, na filosofia. Este trabalho procura iniciar esse processo, traçando a história de uma classe particular de novos instrumentos: a do maser de um único átomo. Ele olha para a criação desse “micromaser”, como ele estava unido com  as  reflexões  teóricas  que  o  tinha  precedido,  e  a  sua  aplicação  em  experimentos sobre  a  complementaridade  e  a  fronteira  clássico‐quântica.  Ao  observar  os  efeitos filosóficos  dos  resultados  experimentais,  tal  estudo  pode  explorar  outras  questões históricas.  Essas  incluem  a  interação  da  teoria  e  experimento,  e  a  sobreposição  entre questões  nos  fundamentos  da  física  e  aplicações  comerciais,  governamentais,  e  as tecnologias militares. 

P1. The microwave cavity as a philosophic instrument 

Towards  the  end  of  the  last  century,  the  progress  of  technology  allowed  scientists  to actually perform in the  laboratory some of the classic  thought experiments of quantum physics.  Physicists often affirm that these real experiments changed our understanding of quantum mechanics  and  cast  new  light  on  its  philosophical  foundations.   The  historian would  like  to  test  these  claims by  looking  at  the material  innovations,  the experiments that they facilitated, and the impact that the laboratory results in fact had on philosophy. This paper seeks to begin this process by tracing the history of a particular class of novel instrumentation: the one‐atom maser.  It looks at the creation of this "micromaser", how it got united with the theoretical reflections that had preceded  it, and  its application to experiments on complementarity and the classical‐quantum boundary.  As well as looking at  the  philosophic  effects  of  the  experimental  results,  such  a  study  can  explore  other historical issues.  These include the interaction of theory and experiment and the overlap between  issues  in  the  foundations  of  physics  and  applications  to  commercial, government, and military technologies. 

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P2. O fenômeno cultural do misticismo quântico  

Osvaldo Pessoa Jr.  Universidade de São Paulo 

Dezenas de  interpretações da  física quântica  têm sido propostas, e algumas podem ser classificadas como “místicas”. A associação entre ciência e misticismo vem dos primórdios da civilização, e essa longa tradição pode ser chamada de “naturalismo animista”, e inclui o  pitagorismo,  o  taoísmo,  o  estoicismo,  a  alquimia,  o  naturalismo  renascentista  e  o romantismo alemão. Ela se distingue de outras formas de naturalismo por considerar que o mundo natural, mesmo o inanimado, é dotado de uma espécie de alma, de vida, ou de um  propósito.    Autores  como  Forman  e  Cushing  argumentam  que  a  escolha  da interpretação  da  teoria  quântica,  por  uma  determinada  sociedade,  é  fortemente influenciada pela cultura. Pode‐se argumentar que no Entre Guerras Europeu houve um ressurgimento de idéias e sentimentos românticos, e que isso favoreceu o surgimento da interpretação subjetivista da teoria quântica na década de 1930. Esta visão, exposta mais claramente por London & Bauer  (1939), e defendida por cientistas como Heitler,  Jeans, Eddington, Haldane e posteriormente Wigner, pode ser considerada mística, na medida em que a consciência humana teria o poder de influenciar um sistema atômico localizado à distância, sem a intermediação do corpo. Após a Segunda Guerra Mundial houve um declínio da interpretação subjetivista, mas o movimento  de  contracultura  da  década  de  1960  e  a  intensificação  das  discussões científicas  e  filosóficas  sobre  as  interpretações  da  teoria  quântica,  na  década  de  1970, propiciaram  a  exploração  da  interpretação  subjetivista,  aliada  à  noção  de  que  a consciência humana seria um fenômeno essencialmente quântico (década de 1980). De lá para cá, físicos como Henry Stapp e Nick Herbert, entre muitos outros, divulgaram o misticismo quântico, que passou a fazer parte da cultura popular, especialmente após o filme Quem Somos Nós?. Analisaremos o periódico científico NeuroQuantology, fundado em  2003,  e  que  apresenta  todo  espectro  de  idéias  do  movimento.  A  fronteira  entre ciência e pseudociência se abriu, e a decisão de onde se posicionar pode ser chamada de “o dilema do místico”, que detalharemos.  Fortes  interesses econômicos,  especialmente por  parte  de  editoras,  ajudam  a  explicar  a  intensidade  do  fenômeno  cultural  do misticismo quântico, que já é objeto de estudo de antropólogos, conforme indicaremos.  

P2. The cultural phenomenon of Quantum Mysticism  

Dozens of  interpretations of quantum physics have been proposed,  and a  few of  them may  be  classified  as  “mystical”.  The  association  between  science  and mysticism  comes from  the  beginning  of  civilization,  and  such  a  long‐standing  tradition  may  be  called “animist naturalism”, which includes Pythagorism, taoism, stoicism, alchemy, Renaissance naturalism,  and  German  romaticism.  It  differs  from  other  forms  of  naturalism  by considering  that  the natural world,  even  inanimate,  is  imbued of  a  soul,  of  life, or of a purpose.  

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Authors such as Forman and Cushing have argued that the choice of the interpretation of quantum theory, by a certain society, is strongly influenced by its culture. One may argue that between the World Wars there was a revival of romantic  ideas and feelings, which favored  the  appearance  of  the  subjectivist  interpretation  of  quantum  theory  in  the 1930's.  This  view,  most  clearly  presented  by  London  &  Bauer  (1939),  and  adopted  by scientists such as Heitler, Jeans, Eddington, Haldane and later Wigner, may be considered mystical,  since  according  to  this  view  human  consciousness  would  have  the  power  to exert an influence over an atomic system placed at a distance, without the mediation of the body.  With the end of World War II, the subjectivist interpretation was not explored very much, but  after  the  countercultural movement  in  the 1960's  and  the  increasing  scientific  and philosophical  discussions  on  the  interpretations  of  quantum  theory  in  the  1970's,  the subjectivist  interpretation  became  once  again  popular,  together  with  the  notion  that human  consciousness  would  be  an  essentially  quantum‐mechanical  phenomenon (1980's).  Afterwards, many physicists, such as Henry Stapp and Nick Herbert, popularized quantum mysticism, which became part of the general culture, especially after the film What the Bleep do We Know? We will analyze the scientific  journal NeuroQuantology,  founded  in 2003, which presents the full spectrum of ideas of the movement. The boundary between science  and  pseudoscience  was  opened,  and  the  decision  of  where  one  should  place himself may be called “the mystic's dilemma”, which we shall explain. Strong economical interests, especially  from publishing houses, help to explain the  intensity of the cultural phenomenon  of  quantum  mysticism,  which  is  already  a  subject  of  study  for anthropologists, as we will indicate.  

 

 

P3. A história do estado sólido e a mecânica quântica  

Christian Joas Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte 

Metade  do  Prêmio  Nobel  de  Física  de  2008  foi  atribuído  a  Yoichiro  Nambu  por  sua descoberta em 1960 do papel da quebra espontânea de simetria em física das partículas elementares.  O  avanço  obtido  por  Nambu  foi  facilitado  por  seu  trabalho  anterior  em teoria  do  estado  sólido  –  particularmente  sobre  a  teoria  BCS  da  supercondutividade  – onde  conceitos  similares  tinham  sido  introduzidos  no  final  dos  anos  1950s.  Pela transferência  de  conceitos  da  teoria  do  estado  sólido  para  a  teoria  das  partículas elementares,  Nambu  concebeu  um  ponto  de  vista  engenhoso  que  renderia  frutos  por anos seguidos e ainda hoje perpassa todas as teorias que envolvem o Modelo Padrão. 

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Física de estado sólido e partículas elementares são usualmente vistas como campos de pesquisa  desconectados  que  compartilham  pouco  mais  que  suas  bases  conceituais  – mecânica quântica. Em meu seminário, mostrarei que, ao contrário, a história de ambos os  campos  está,  em  grande medida,  entrelaçada.  Em meados  dos  anos  1950s,  noções chaves  (quasi‐partículas,  excitações  coletivas)  e  métodos  (teoria  de  perturbação diagramática, renormalização) modernos da teoria da matéria condensada emergiram a partir da transferência para o domínio nascente da física do estado sólido dos métodos da teoria  quântica  de  campos  que  tiveram  suas  origens  na  física  de  partículas.  Traçarei  a formulação  e  transformação  destes  conceitos  no  contexto  dos  sólidos,  e  seu  longo alcance  heurístico  e  as  conseqüências  ontológicas  para  o  campo  que  hoje  é indiscutivelmente  a  maior  subdisciplina  da  física.  No  início  dos  anos  1960s,  novos conceitos  da  teoria  quântica  de  campos  de  sólidos  ‐  que  tinham  florescido  de  forma independente durante vários anos – foram capazes de reflorescer no campo da física de partículas. Ainda hoje, interações entre matéria condensada e física de partículas não são incomuns,  especialmente  nas  fronteiras  das  pesquisas.  Estudarei  a  dinâmica  destas interações e examinarei a topologia das fronteiras conceituais entre ambos os campos de pesquisa.  

P3. History of solid state and quantum mechanics 

One half of the 2008 Nobel Prize in Physics recently was awarded to Yoichiro Nambu for his 1960 discovery of the role of spontaneous symmetry breaking in elementary‐particle physics. This insight was eased considerably by Nambu's prior work in solid‐state theory—particularly  on  the  BCS  theory  of  superconductivity—where  similar  concepts  had  been introduced in the late 1950s. By transfering concepts from theories of the solid state to theories  of  elementary  particles,  Nambu  succeeded  in  providing  an  ingenious  point  of view  that would prove  fruitful  for  years  to  come  and  still  today permeates  all  theories involving the Standard Model.  Solid‐state  and  elementary‐particle  physics  are  usually  viewed  as  largely  disconnected fields of research who share little more than their conceptual basis—quantum mechanics. In my talk, I will show that, quite to the contrary, the history of both fields is intertwined to  a  large  extent.  In  the  mid‐to‐late  1950s,  key  notions  (quasiparticles,  collective excitations)  and methods  (diagramatic perturbation  theory,  renormalization) of modern condensed‐matter  theory emerged  from  the  transfer  to  the  nascent  field  of  solid‐state physics of quantum field theoretic methods which had their origins  in particle physics.  I will  trace  the  formulation  and  transformation  of  these  concepts  within  the  context  of solids, and their  far‐reaching heuristic and ontological consequences for  the field which today  arguably  is  the  single  largest  subdiscipline  of  physics.  In  the  early  1960s,  novel concepts  from  the  quantum  field  theory  of  solids—which  had  flourished  quite independently for several years—were able to cross‐fertilize back into the field of particle physics. Even today, interactions between condensed‐matter and particle physics are not uncommon,  especially  at  the  frontier  of  research.  I  will  study  the  dynamics  of  these 

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interactions and examine the topology of the conceptual borderlands between both fields of research.  

 

 

P4. Einstein sobre a realidade e a mecânica quântica 

Christoph Lehner Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte 

Uma das  acusações padrão  formuladas  contra  a  crítica de  Einstein  da  interpretação de Copenhague  da mecânica  quântica  é  que  ela  é  baseada  em um  conceito  "ingênuo"  de realidade  que  não  somente  perdeu  o  contato  com  a  sofisticação  filosófica  da modernidade mas simplesmente tem sido reprovada pela física moderna. Vários críticos de  Copenhague  têm  argumentado  que  o  realismo  de  Einstein  não  é  de  modo  algum filosoficamente  ingênuo.  Contudo,  o  seu  exato  significado  tem  sido  difícil  de compreender.  Voltando às  reflexões  de  Einstein  sobre  o  significado de  relatividade  em suas duas teorias da relatividade, vou propor uma nova análise do conceito de Einstein de "realidade física". Ao invés de ser contestada pelos desenvolvimentos da física do século XX, argumento que as  considerações de Einstein  lançam  luz  sobre o aparato  teórico da física  moderna  dos  dias  atuais.  Vou  discutir  a  crítica  de  Einstein  da  interpretação  de Copenhague à luz desse conceito de realidade física. 

P4. Einstein on reality and quantum mechanics 

One  of  the  standard  charges  levelled  against  Einstein's  critique  of  the  Copenhagen interpretation of quantum mechanics  is  that  it  is  based on a  "naive"  concept of  reality that  is  not  only  out  of  touch  with  the  philosophical  sophistication  of  modernity,  but simply has been disproven by modern physics. Various critics of Copenhagen have argued that Einstein's realism is not philosophically naive at all. However, its exact meaning has been  difficult  to  pin  down.  Going  back  to  Einstein's  reflections  on  the  meaning  of relativity in his two theories of relativity, I will offer a new analysis of Einstein's concept of "physical reality".  Rather than being disproven by the developments of twentieth century physics, I argue that Einstein's considerations throw light on the theoretical apparatus of modern  physics  up  to  this  day.  I  will  discuss  Einstein's  critique  of  the  Copenhagen interpretation in the light of this concept of physical reality. 

 

 

 

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P5. "De Louis de Broglie a Schrödinger: uma comparação" 

Roberto de Andrade Martins Universidade de Campinas 

O trabalho de Erwin Schrödinger sobre mecânica ondulatória começou no final de 1925, como resultado de seu estudo da tese de Louis de Broglie. Sabe‐se que em suas primeiras tentativas de formular uma teoria quântica do átomo, Schrödinger procurou desenvolver uma teoria relativística, seguindo as idéias de De Broglie, e apenas depois procurou uma equação de onda não‐relativística. É fácil deduzir uma equação de onda para as ondas de fase de De Broglie tanto no domínio relativístico quanto no não‐relativístico. No caso de sua tentativa relativística, Schrödinger seguiu de fato uma abordagem simples, usando a teoria de De Broglie. Na abordagem não‐relativística, ele tentou produzir uma “dedução” independente da equação de onda, seguindo várias  linhas distintas, em vez de utilizar o limite  clássico  dos  resultados  de  De  Broglie.  Esta  comunicação  analisa  os modos  pelos quais  Schrödinger  obteve  a  equação  de  onda, mostrando  as  diferenças  e  semelhanças entre  sua  teoria e a de Louis de Broglie.  Será mostrado que, embora  seja  formalmente possível  deduzir  uma  equação  de  onda  a  partir  da  teoria  de  De  Broglie,  existe  uma incompatibilidade entre as duas teorias: seria impossível aplicar as idéias de De Broglie ao caso de um sólido em rotação, por exemplo. Assim, em certo sentido, a abordagem de Schrödinger  era  independente  e  incompatível  com  a  teoria  de  De  Broglie,  e  podia  ser aplicada facilmente a muitas situações físicas diferentes. Esse valor heurístico da equação de onda de Schrödinger é outra distinção muito importante entre as duas teorias, já que a de  De  Broglie  levou  a  uma  única  previsão  nova:  o  comportamento  ondulatório  de elétrons em experimentos de difração.  

P5. "From Louis de Broglie to Schrödinger: a comparison" 

Erwin Schrödinger's work on wave mechanics started in late 1925 as a development of his study of Louis de Broglie's thesis. It is well known that in his initial attempts to formulate a quantum theory of the atom Schrödinger tried to develop a relativistic theory, following de Broglie's ideas, and only afterwards he looked for a non‐relativistic wave equation. It is straightforward  to  derive  a  wave  equation  for  de  Broglie's  phase  waves  both  in  the relativistic and non‐relativistic realms. In the case of his relativistic attempt, Schrödinger did  indeed  follow  a  simple  approach,  using  de  Broglie's  theory.  In  the  non‐relativistic approach, he attempted to produce an  independent "derivation" of the wave equation, following several different lines, instead of using de Broglie's results in the classical limit. The  present  communication  analyses  Schrödinger's  derivations  of  the  wave  equation, showing  the  differences  and  similarities  between his  theory  and  de  Broglie's.  It will  be shown that, although it is formally possible to derive a wave equation from de Broglie's theory,  there  is an  incompatibility between the  two theories:  it would be  impossible  to make  any  sense  of  de  Broglie's  ideas  in  the  case  of  the  rigid  rotator,  for  instance. 

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Schrödinger's  approach  was,  in  this  sense,  independent  and  incompatible  with  de Broglie's theory, and it could be easily applied to many different physical situations. This heuristic  value  of  Schrödinger's  wave  equation  is  another  very  important  distinction between the two theories, since de Broglie's theory only  led to a single new prediction: the wave behaviour of electrons in diffraction experiments. 

 

 

P6. É a abordagem de Bohr para a mecânica quântica dualista? 

Stefano Osnaghi Institut für Quantenoptik und Quanteninformation 

É comumente reconhecido que a abordagem de Bohr para a mecânica quântica fornece uma  estrutura  consistente  para  lidar  com  todas  as  situações  experimentais,  incluindo aquelas que,  à primeira  vista,  levantam  importantes questões  interpretativas.  Contudo, de acordo com um ponto de vista  largamente difundido, a consistência é alcançada por Bohr  ao  custo da  introdução de divisões  artificiais  na  descrição  física  (por  exemplo,  ao postular que os mundos micro e macro não  são  regidos pelas mesmas  leis).  Em minha palestra,  vou  analisar  esse  argumento,  e  mostrarei  que  as  características  dualistas atribuídas à abordagem de Bohr não somente se distanciam de sua formulação original, mas  também  são  totalmente  desnecessárias  para  garantir  a  sua  validade.  As interpretações  dualistas  resultam  do  esforço  de  adequar  essa  abordagem  ao  quadro conceitual  da  epistemologia  “naturalizada”.  Contudo,  tal  quadro  conceitual  é precisamente  o  que,  de  acordo  com  as  linhas  do  pensamento  de  Bohr,  deveria  ser abandonado à luz da mecânica quântica. 

P6. Is Bohr’s approach to quantum mechanics dualistic? 

It  is  commonly  acknowledged  that  Bohr’s  approach  to  quantum mechanics  provides  a consistent framework for dealing with all experimental situations, including those which, at  first  sight,  raise significant  interpretative  issues. However, according  to a widespread view, consistency is achieved by Bohr at the price of introducing artificial divides into the physical description (for example, by postulating that the micro and the macro world are not governed by the same laws). In my talk, I will analyse this claim, and I will show that the dualistic features ascribed to Bohr’s approach are not only at variance with its original formulation,  but  also  altogether  unnecessary  in  order  to  assure  its  validity.  Dualistic interpretations  result  from  the  endeavour  to  fit  that  approach  into  the  framework  of “naturalized” epistemology. Yet such a framework is precisely what, along Bohr lines, one should abandon in the light of quantum mechanics. 

 

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P7. “Construção de objeto” e objetividade em física quântica 

Michel Paty  Centre National de la Recherche Scientifique 

O domínio da física quântica pode ser pode ser atingido apenas indiretamente, através de construções  abstratas  de  conceitos;  estes  últimos  são  organizados  em  uma  teoria coerente e poderosa, que parece corresponder à “necessidade dos fenômenos”, isto é, a algo objetivo. Na «interpretação da mecânica quântica», objetividade é admitida, mas  a dúvida aparece sobre o que ela se refere: a fenômenos dados através de sua observação ou  a objetos  físicos  reais?  Examinamos  se  este debate  pode  ser  articulado  com aquele ente construção ou objetividade enunciados hoje para a filosofia do conhecimento pelos estudos  sociais  da  ciência.  Um  elemento  importante  de  apreciação  é  fornecido  pela análise da natureza da correspondência entre conceitos teóricos e seus significados: até que  ponto  a  representação  teórica,  primeiro  pela  construção  de  um  caráter  abstrato, torna‐se em seguida “direta”, “concreta” e “intuitiva”, devido ao próprio conhecimentos dos fenômenos? 

P7. «Constructing object» and objectivity in quantum physics 

The  domain  of  quantum  physics  can  be  attained  at  only  indirectly,  through  abstract constructions of concepts ; these last are organized into a coherent and powerful theory, that  seems  to  correspond  to  the  « necessity  of  the  phenomena »,  i.e  to  something objective.  In  the  « interpretation  of  quantum mechanics »,  objectivity  is  admitted,  but doubt is cast on to what it does refer : to phenomena given through their observation or to  real physical objects ? We examine whether  this debate  can be articulated with  that between  construction  or objectivity  set  forth  nowadays  to  philosophy of  knowledge  by the  social  studies  of  science.  An  important  element  of  appreciation  is  provided  by examining  the  nature  of  the  correspondence  between  theoretical  concepts  and  their signified :  up  to  which  point  does  the  theoretical  representation,  that  is  first  by construction  of  an  abstract  character,  become  thenafter  a  « direct »,  « concrete », « intuitive » one, due to the phenomenal knowledge itself ? 

 

 

 

 

 

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P8. Medidas e processamento de informação em sistemas quânticos 

Francisco M. Assis Universidade Federal de Campina Grande 

Apesar  de  não  ser  exclusiva,  uma  importante  característica  das  engenharias  é  a preocupação com a aplicação de conceitos elaborados no domínio das ciências naturais. Não é diferente em relação à teoria quântica, em que aplicações tecnológicas tais como micro‐eletrônica e comunicações ópticas são hoje de uso generalizado. Nestas todavia, os aspectos mais contra‐intuitivos da teoria quântica podem ser evitados tratando os efeitos como  resultado de  estatística  convencional.  Entretanto,  recentemente  (anos  90)  foram dados os primeiros passos na direção do uso tecnológico de sistemas quânticos isolados para comunicações seguras e dados os primeiros  passos para aplicações em computação. Neste  contexto  os  princípios  mais  radicais  da  teoria  quântica  (e.g.,  superposição  e emaranhamento) não podem ser descartados. A teoria de Shannon (1948) tem obtido um sucesso impressionante como guia de projeto de tecnologias da informação em que sistemas físicos clássicos (ondas eletromagnéticas, dispositivos  eletrônicos,  etc.,)  são  utilizados  como meios  de  registro,  processamento  e comunicação.  Portanto,  diante  da  perspectiva  concreta  de  uso  de  sistemas  quânticos isolados  neste  mesmo  contexto,  é  indispensável  considerar  as  possíveis  extensões    e desafios à  teoria de Shannon.  Na  primeira  parte  desta  palestra  serão  revistas  as  medidas  de  informação  (entropia, divergência e  informação mútua) e apresentados exemplos de aplicações resultantes da aplicação  da  teoria  de  Shannon.  Na  segunda  parte,  os  problemas  de  processamento  e medida de informação em sistemas quânticos são discutidos, destacando as diferenças e analogias com os problemas similares em sistemas clássicos.  Em particular, será discutida a capacidade erro‐zero de canais quânticos.  

P8. Information measuring and information processing in quantum systems 

An  important  in  spite  not  exclusive  characteristic  of  the  engineering  activities  is  the compromise with  the practical application of concepts created by natural  sciences. This engineering  caveat  is  kept  concerning  quantum  theory  by  means  many  technological applications that are very common today, for example, microelectronics based products and optical communications services. In these applications, more bizarre aspects from the Quantum Theory can be more or less avoided, because as billions of electrons or photons are involved, quantum effects can be interpreted ``statistically''. However, recently (90s), the first steps were performed to the technological utilization of single quantum systems in  computation.  In  this  context  the  very  ``radical''  quantum  effects  (e.g.,  superposition and entanglement) cannot be discarded in any way.  The  Shannon  theory  (1948)  has  had  a  impressive  success  in  shaping  the  design  for information  technologies where  classical  physical  systems  (e.g.,  electromagnetic waves, electronic  devices,  etc.),  are  utilized  to  registering,  processing  and  communicating 

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information. Therefore, in view of the concrete perspective of employing single quantum systems  for  the  same  context,  it  is  indispensable  take  in  consideration  possible  extensions and challenges concerning Shannon theory.  In the first part of this talk we review classical information measures (entropy, divergence and mutual information) and relate them with Shannon theory applications. In the second part  of  the  talk,  we  discuss  about  issues  concerning  information  processing  and information measuring with quantum systems. Main differences and analogies to similar issues  when  classical  systems  are  emphasized.  In  particular,  zero‐error  information  capacity is discussed. 

 

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Mini‐cursos 

Short C

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Mini‐cursos R Short Courses  

MC1 ‐ O problema da medição na teoria quântica 

Osvaldo Pessoa Jr. Universidade de São Paulo 

O mini‐curso se inicia com uma introdução conceitual à física quântica e às interpretações do  estado  quântico.  Discute‐se  a  origem  histórica  da  noção  de  redução  ou  colapso  do estado quântico, exemplificando com o experimento de Stern‐Gerlach e o de  resultado nulo. Apresenta‐se então o problema da medição (caracterização), que envolve a análise do processo de medição. Após discutir o gato de Schrödinger, passam‐se a examinar as provas  de  insolubilidade  do  problema  da  medição.  Diferentes  interpretações  para  a questão são examinadas em seqüência histórica. Finaliza‐se com uma discussão sobre a decoerência  induzida  pelo  ambiente,  e  sobre  experimentos  envolvendo  superposições macroscópicas. 

MC2 – The measurement problem of quantum theory 

This  short  course  begins  with  a  conceptual  introduction  to  quantum  physics  and interpretations of quantum states. We discuss the historical roots of the idea of quantum state  reduction  or  collapse,  exemplifying  it with  the  Stern‐Gerlach  experiment  and  null result  experiment.  Then  we  introduce  the  measurement  problem  (characterization), which concerns an analysis of  the measurement process. After discussing Schrödinger’s cat,  we  examine  unsolvability  proofs  of  the  measurement  problem.  Diverse interpretations for this issue are analyzed in chronological sequence. We finish discussing decoherence  introduce  by  environment  and  experiments  related  to  macroscopic superpositions. 

 

 

 

 

 

 

 

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MC2 ‐ Ciência da Informação: aspectos históricos e conceituais 

Aércio Lima Universidade Federal de Campina Grande 

A  física  quântica,  a  teoria  da  informação  e  a  ciência  da  computação  estão  entre  os grandes triunfos  intelectuais da ciência do século XX.   É razoável acreditar que estamos no limiar de  uma grande unificação entre  essas  áreas do conhecimento. Somos levados a crer que o desenvolvimento desse novo campo, no século XXI,  poderá  gerar avanços revolucionários na tecnologia  e  produzir  uma mudança significativa em nossa  forma de  compreender    o  universo  .    Os  princípios  matemáticos  da  teoria    quântica    foram estabelecidos  a cerca de cem anos   atrás. Segundo esses princípios a informação contida em  sistemas  quânticos  possui  estranhas  e  contra‐intuitivas  propriedades  e  só    hoje começamos a vislumbrar algumas de suas aplicações. O exponencial desenvolvimento da ciência da  informação quântica pode ser creditado  fundamentalmente a dois  fatores. O primeiro  seria  o  profundo  entendimento  da  teoria  clássica  da  informação,  codificação, criptografia e complexidade computacional. O segundo fator seria o desenvolvimento de novas  técnicas  experimentais  que  têm  permitido  a manipulação  e  o  controle  cada  vez mais  preciso  dos  sistemas  com  poucas  partículas  atômicas,  fótons  isolados  e  sistemas nucleares.  Neste  mini‐curso  apresentaremos  uma  introdução  a  ciência  da  informação  quântica abordando  didaticamente o que consideramos como os pilares desta ciência a saber, os princípios  da  mecânica  quântica,  os  princípios  da  teoria  da  computação  e  noções  da teoria da informação. Serão enfatizados as noções de estados emaranhados, algoritmo de Deutsch, teleporte quântico  

MC2 – Information Science: conceptual and historical aspetcs 

Quantum physics,  information  theory    and  computer  science  are  among    the  crowning intellectual developments of the past century. Now, is reasonable to believe  that  a new synthesis  of  these themes is underway. Also, we believe  the growing  of this new field may    guide  the  revolutionary  advances  in  technology  and  in  our  understanding  of  the physical  universe.      The  basic  mathematical  principles  of  quantum  theory,  were established  nearly  hundred  years  ago.  It  was  recognized  early  on  that  these  principles imply  that  information  encoded  in  quantum    systems    has  weird  and  counterintuitive properties . Although   only recently some applications   are found. The explosive recently development  of  quantum  information  science  has  been  attributed    to  two    essentials factors.    First,  deepening  understanding  of  classical  information,  coding,  cryptography and  computational  complexity.    Second,  the  development  of  sophisticated    new techniques  has  provided  the  essential  tools  for  manipulating  the  behavior  of  single quanta in atomic and nuclear systems  

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In this course we introduce a pedagogical approach about  quantum information science.  There  are  presented,  the  basics  postulates  of  quantum mechanics,  basics  principles  of computer  science,  and  notions  of  information  theory.  Important  concepts  as  quantum entanglement, Deutsch algorithm and teleportation have been developed.  

 

 

MC3 ‐ A quântica na arte, na cultura, e os charlatões. 

Frederico de Souza Cruz Universidade Federal de Santa Catarina 

Embora uma velha e centenária senhora, a mecânica quântica tem seduzido corações e mentes dentro e  fora da comunidade científica. Artistas, poetas, economistas, médicos, psicólogos, advogados entre outros, têm se apropriado dos conceitos quânticos. Algumas são  apropriações  válidas,  outras  metafóricas,  mas  existem  também  as  apropriações indébitas,  o  charlatanismo  em  busca,  mais  uma  vez,  de  validação  científica.  No  curso faremos  um  desenvolvimento  fenomenológico  da  mecânica  quântica,  enfatizando conceitos e aspectos que têm sido associados fortemente a muitas destas apropriações. Trataremos  de  alguns  casos  de  charlatanismo,  e  discutiremos  a  necessidade  social  de difundir mais este conhecimento, e as implicações no ensino de física. 

MC3 – The quantum theory in arts, culture and the cheaters 

While  an old  centenary  lady, quantum mechanics has  seduced minds and hearts  inside and  outside  scientific  community.  Artists,  poets,  economists,  medical  doctors, psychologists, and lawyers have borrowed concepts from quantum mechanics. Some are valid  transfers,  other  are  metaphorical  but  there  also  are  equivocal  transfers;  indeed there  are  cheaters  looking  for  scientific  validation.    In  this  course,  we  present  the phenomenological development of quantum mechanics, emphasizing quantum concepts and features mainly associated to such transfers. We also present some case of cheaters and discuss the social need of popularizing such knowledge and their implications for the physics teaching.  

 

 

 

 

 

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Comun

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Talks 

Comunicações Orais R Talks  

CO1. Mecânica Quântica e Não‐Linearidade ‐ possibilidades e dificuldades  

Aurino Ribeiro Filho Universidade Federal da Bahia  

Nas últimas décadas a possibilidade de se construir uma teoria quântica para os sistemas não  lineares  tem  chamado  a  atenção  de  inúmeros  pesquisadores,  os  quais  têm encontrado  respaldo  experimental  e  dificuldades  na  sua  elaboração.  Desde  Louis  de Broglie  com a  crença  que  no  futuro  a  não  linearidade  seria  discutida  com maior  vigor, dentro  da  teoria  quântica,  alguns  físicos  têm  perseguido  distintas  trilhas  a  fim  de confirmar tal conjectura. Em 1971, Bastin editou o livro “Quantum Theory and Beyond” baseado em um colóquio informal, e de mesma denominação, sobre os Fundamentos da Física  Quântica,  realizado  em  Cambridge,  em  julho  de  1968.  Somente  vinte  e  cinco pessoas participaram de tal evento, o qual  foi organizado por E. W. Bastin e D. Bohm e teve  como  “general  Chairman”  O.  R.  Frisch.  Nesse  colóquio,  somente  um  de  seus debatedores,  H.  R.  Post,  que  apresentou  o  trabalho  “The  Incompleteness  of  Quantum Mechanics or the Emperor´s Missing Clothes” faria a seguinte inquirição:  “Anyway, we do not expect a linear formalism such as quantum mechanics to express the  truth  about  an  actual  universe  abounding  in  such  non‐linear  phenomena  as elementary charges, etc.”  Pois  bem,  além  de  Post,  outros  pesquisadores  têm  conjecturado  sobre  o  tema  da  não linearidade, na atualidade, a partir de experimentos em distintos sistemas quânticos (vide “Climbing the Jaynes‐Cummings  ladder and observing  its  (n)1/2 nonlinearity  in a cavity QED  system”  ‐  Nature,  454,  pp.  315‐318,  julho,  2008)  que  têm  sido  relatados  como exemplos  da  “quantum  nonlinearity”.  Apesar  de  tais  experimentos  é  importante lembrarmos uma tentativa tida como “bem sucedida” na busca da desejada teoria para a não‐linearidade quântica e que não obteve unanimidade: o  formalismo  introduzido por Lachlan  Mackinnon,  numa  série  de  trabalhos  publicados  em  Foundations  of  Physics (1978),  Nuovo  Cimento  (1981),  Physica  B  (1988),  em  que  o  citado  autor  contruiu  um pacote  de  onda  para  as  ondas  de  de  Broglie  não  dispersivo  (conhecido  por  Soliton  de Mackinnon).  Durante  os  dez  anos  seguintes,  distintos  pesquisadores  (Vigier,  Guerret, Kostro, Horodecki, …) discutiram a construção matemática de Mackinnon, tudo indicando que  o  sonho  de  de  Broglie  tinha  sido  quase  alcançado.  Surpreendentemente,  Marek Czachor,  em  1989,  publicou  o  artigo  “Mackinnon´s  Soliton  Reexamined”  que  foi encaminhado por Vigier à Physics Letter A, no qual concluia que uma aplicação correta da construção  de Mackinnon no  espaço  de Minkowski  (1+3)D não  satisfazia  à  equação de D´Alembert, em vista de algumas ambiguidades físicas, de tal maneira que para o autor, a contribuição mencionada não parecia ser justificada nem física e nem matematicamente.  

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No presente trabalho, apesar de enfatizarmos os êxitos experimentais recentes em torno da teoria quântica de sistemas não  lineares e  lembrar, com um exemplo, uma tentativa teórica  controversa  em  torno  do  assunto  (o  caso Mackinnon),  também  discutiremos  a formulação  dos  físicos  chineses  Pang  Xiao‐Feng  e  Feng  Yuan‐Ping  que  admitem  ter conseguido  um  formalismo  quantum‐mecânico  não  linear,  bem  sucedido,  o  qual  se diferencia de outros, inclusive aquele de de Broglie, pelo fato de não terem como base a conhecida  axiomática  da  Escola  copenhaguense  da  Física  Quântica,  ou  seja,  a  Teoria Quântica Linear.  

CO1. Quantum Mechanics and Nonlinearity – possibilities and difficulties 

In the last few decades the possibility of constructing a quantum theory for the nonlinear systems  have  called  the  attention  of  innumerable  researchers  which  have  found experimental  support  and  difficulties  in  its  elaboration.  Since  Louis  de Broglie with  the belief  that  in  the  future  the  nonlinearity  would  be  argued  bigger  vigour,  inside  of  the quantum  theory,  some  physicists  have  pursued  distinct  tricks  in  order  to  confirm  such conjecture. In 1971, Bastin edited the book “Quantum Theory and Beyond” based on an informal conference, and of same denomination, on the Foundations of Quantum Physics, carried through in Cambridge, in July of 1968. Twenty five people had only participated of such  event,  which  was  organized  by  E.  W.  Bastin  and  D.  Bohm  and  had  as  general Chairmain  O.  R.  Frisch.  In  this  conference  only  one  of  its  participants,  H.  R.  Post,  that presented  the  work  “The  Incompleteness  of  Quantum  Mechanics  or  the  Emperor´s Missing Clothes” would make the following inquiry: “Anyway, we do not expect a linear formalism such as quantum mechanics to express the  truth  about  an  actual  universe  abounding  in  such  non‐linear  phenomena  as elementary charges, etc.”  Well  then,  beyond  Post,  other  researchers  have  conjectured  on  the  subject  of nonlinearity nowadays from experiments in distinct quantum systems (see “Climbing the Jaynes‐Cummings ladder and observing its (n)1/2 nonlinearity in a cavity QED system” – Nature,  454,  pp.  315‐318,  julho,  2008)  that  they  have  been    told  as  examples  of “quantum  nonlinearity”.  Despite  such  experiments  it  is  important  to  remember  an attempt,  had  as  “successful”  in  the  search  of  the  desired  theory  for  the  quantum nonlinearity  and  that  it  did  not  get  unanimity:  the  formalism  introduced  by  Lachlan Mackinnon,  in  a  series  of  papers  published  in  Foundations  of  Physics  (1978),  Nuovo Cimento  (1981),  Physica  B  (1988),  where  the  mentioned  author  constructed  a  wave packet  for  the  nondispersive  de  Broglie  waves  (Mackinnon´s  soliton).  During  the  ten following years different researchers (Vigier, Guerret, Kostro, Horodecki, … ) had argued the mathematical  construction of Mackinnon, all  indicating  that  the de Broglie´s dream had  been  almost  reached.  Meanwhile  Marek  Czachor,  em  1989,  published  the  paper “Mackinnon´s Soliton Reexamined” which was presented by Vigier to the Physics Letter A, in which concluded that a correct application of the construction of Mackinnon in the Minkowski  (1+3)D did not  satisfy  to  the D´Alembert equation,  in  sight of  some physical 

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ambiguities, such way that for the author, the mentioned contribution did not seem to be justified nor physics and nor mathematically. In the present work, despite we emphasize the recent experimental successes around the quantum theory of nonlinear systems and to remember, with an example, a controversial theoretical attempt around the subject (the case Mackinnon), we will also argue the work of Chinese physicists Pang Xiao‐Feng and Feng Yuan‐Ping who admit to have obtained a successful  nonlinear  quantum‐mechanical  formalism,  which  it  is  distinct  of  others, including that one of de Broglie, for the fact not to have as basis the known foundations of Copenhagen school of Quantum Physics, that is, the linear quantum theory. 

 

 

CO2. Sobre a cultura material dos primeiros testes experimentais do teorema de Bell: uma análise dos instrumentos (1972‐82) 

Wilson Fábio Oliveira Bispo, Olival Freire Júnior e Denis Francis Gerard David. Universidade Federal da Bahia 

Nesse  trabalho  analisamos  a  cultura  material  dos  primeiros  experimentos  com  fótons ópticos  que  testaram  as  desigualdades  de  Bell,  desigualdades  estas  considerada  por Clauser  um  dos  trabalhos mais  profundos  do  século  XX  no  campo  de  fundamentos  da mecânica quântica (Clauser, 2002), a saber, os experimentos realizados por: Freedman e Clauser (1972); Clauser (1976); Fry e Thompson (1976); Aspect, Grangier e Roger (1981); Aspect,  Grangier  e  Roger  (1982)  e  Aspect,  Grangier  e  Dalibard  (1982).  O  conceito  de cultura material surge na arqueologia, contudo foi introduzido na história das ciências por Peter Galison, em seu livro “Image and Logic” (1997). Em seus trabalhos, Galison advoga a favor de um desenvolvimento trilateral para a história da física, no qual a instrumentação, os  experimentos,  e  a  teorização  configuram  subculturas  da  física  que  caminham  cada uma delas ao seu próprio ritmo. Nessa análise explicamos o que eram os aparatos, como funcionavam  e  seus  papeis  nos  experimentos,  bem  como  as  técnicas  de  excitação, detecção  e  contagem utilizadas,  já  que  estes  podem  ser  divididos  nestas  três  técnicas. Fazemos  ainda  um  estudo  histórico  de  alguns  aparatos  cruciais  na  confecção  desses experimentos,  verificando  se estes poderiam  ter  sidos  realizados anteriormente,  com o intuito de entender como a ciência se desenvolveu neste período e contexto. Dentre os aparatos  cruciais  para  a  confecção  dos  experimentos  estão  o  fototubo  e  o  circuito  de coincidência, aquele criado por Koller e Campbell em 1930 e este desenvolvido pelo físico Bruno Rossi em 1929, a partir de uma modificação na técnica de coincidência criada por W.  Bothe  e  W.  Kolhörster.  Esses  resultados  mais  a  constatação  (Freire,  2006)  de  que existiu  na  comunidade  de  físicos,  entre  as  décadas  de  1930  e  1960,  um  preconceito contra  temas relacionados a  fundamentos da mecânica quântica nos  leva a crer que os dois primeiros experimentos já poderiam ter sidos realizados desde a década de trinta e 

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isto não ocorreu, provavelmente, devido ao pouco interesse da comunidade de físicos por temas relacionados a fundamentos da mecânica quântica. 

CO2.  About  the material  culture  of  the  first  experimental  tests  of  Bell’s  theorem:  an analysis of the experimental apparatus (1972‐82) 

In this work we analyze the material culture of first experiments with optical photons that tested  the  Bell’s  inequalities,  considered  by  Clauser  the  most  profound  work  in foundation of quantum mechanical of the twentieth century, realized by Freedman and Clauser  (1972),  Clauser  (1976),  Fry  and  Thompson  (1976),  Aspect,  Grangier  and  Roger (1981),  Aspect,  Grangier  and  Roger  (1972),  Aspect,  Grangier  and  Dalibard  (1982).  The concept of material culture rises from the archaeology, though it had been introduced by Peter  Galison,  in  his  book  “Image  and  Logic”  (1997).  In  his  works,  Galison  defended  a three‐way  development  of  the  physics’  history,  that  is:  the  instrumentation,  the experiments and the theory as physic’s sub‐cultures which walks, each of them, at its own rhythm.  In  this analysis we’ll  explain what are  the  instruments, how  they operated and their  principal  functions  in  the  experiments,  as  well  as  the  excitation’s  technique, detection and count, seeing that they can be separate in these three techniques. We did yet  a  historical  study  of  some  instruments,  checking  if  these  experiments  could  be realized before,  rummaging  to understand how  the  science has been developed  in  this period and context. Among the crucial instruments needed to make the experiments are the photomultiplier and the coincidence counter, the first invented by Koller and Campbel in  1930  and  the  second  by  Bruno  Rossi  in  1929.  Those  results,  with  the  confirmation (Freire,  2006)  that  there  were  in  the  physic’s  community,  between  1930  and  1960,  a prejudice against themes related with quantum mechanics, make we think that the first and  the  second  experiments  (analyzed  here)  could  have  already  be made  before  1930 and this did not happen, probably, on account of the few physics community’s interest for themes related with quantum mechanics. 

 

 

CO3. Max Planck e a equação Fokker‐Planck  

Sílvio R. Dahmen Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

A equação de Fokker‐Planck é uma ferramenta fundamental na Física Estatística do Não‐Equilíbrio e não parece ser minimamente relacionada à Mecânica Quântica. De fato, ela não  é  de  modo  algum  relacionada,  pois  ela  pode  ser  aplicada  somente  a  sistemas microscópicos clássicos. Sua história, todavia, diz‐nos uma história diferente: Max Planck estava  tentando  obter  uma  prova  formal  da  equação  que  tinha  sido  derivada previamente por Adriaan Fokker na sua tese de PhD a fim de compreender o espectro de 

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emissão e absorção  dos graus de liberdade rotacional de moléculas diatômicas. Como o “relutante”  revolucionário,  Planck  acreditava  que  não obstante  o  fato que  emissão era quantizada, como mostravam os experimentos, absorção não tinha nenhuma razão para ser (e portanto os quanta de luz não eram necessários). Nesta apresentação, discutiremos o trabalho de Planck sobre a equação Fokker‐Planck no seu contexto histórico. 

Referências: 

1) Silvio R. Dahmen, "Statistical Thermodynamics and Stochastic Theory" in "Max Planck: Annalen Papers", D. Hoffmann (Ed.), Wiley VCH, 2008. 

2)  Silvio  R.  Dahmen,  "Max  Planck  und  die  Fokker‐Planck‐Gleichung",  in  "Max  Planck" (prov. title), D. Hoffmann (Ed.), Springer, 2008. 

CO3. Max Planck e a equação de Fokker‐Planck  

The  Fokker‐Planck  Equation  is  a  fundamental  tool  in  Nonequilibrium  Statistical  Physics and  it does not seem to be  related  in  the  least to Quantum Mechanics.  It  is  in  fact not related  at  all,  for  it  can  only  be  applied  to  classical  microscopic  systems.  Its  history, however,  tell  us  a  different  story: Max  Planck was  trying  to  give  a  formal  proof  of  the equation that had been derived previously by Adriaan Fokker in his PhD thesis in order to understand the emission and absorption spectrum of the rotational degrees of freedom of  diatomic  molecules.  As  the  "unwilling"  revolutionary,  Planck  believed  that notwithstanding  the  fact  that  emission  was  quantized,  as  experiments  showed, absorption had no reason to be (and therefore light quanta were not necessary).  In this talk I will discuss Planck's work on the Fokker‐Planck Equation in its historical context. 

References: 

1) Silvio R. Dahmen, "Statistical Thermodynamics and Stochastic Theory" in "Max Planck: Annalen Papers", D. Hoffmann (Ed.), Wiley VCH, 2008.  

2)  Silvio  R.  Dahmen,  "Max  Planck  und  die  Fokker‐Planck‐Gleichung",  in  "Max  Planck" (prov. title), D. Hoffmann (Ed.), Springer, 2008. 

 

CO4. Notas para um perfil dos “dissidentes quânticos” 

Olival Freire Jr. Universidade Federal da Bahia  

Essa  comunicação apresenta um perfil biográfico  coletivo  (prosopografia) preliminar de alguns  dos  físicos  que  entre  o  final  da  década  de  1960  e  o  início  da  década  de  1970 contribuíram ativamente para imprimir um dinamismo à pesquisa sobre os fundamentos 

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da teoria quântica. Eles são os norte‐americanos  John Clauser  (1942‐) e Abner Shimony (1928‐), o irlandês John Bell (1928‐1990), o francês Alain Aspect (1947‐) e o alemão Heinz‐Dieter Zeh (1932‐). Os três primeiros, entre 1964 e 1976, levaram a questão das “variáveis escondidas”  para  os  laboratórios,  e  desse  modo  contribuíram  para  evidenciar  a propriedade  física  hoje  denominada  de  emaranhamento.  O  último  foi  o  precursor  da abordagem ao problema da medição que levou ulteriormente ao esclarecimento teórico e experimental do efeito descoerência com a publicação em 1970 de trabalho no qual os aparatos de medição são tratados pela teoria quântica mas considerados como sistemas abertos,  não  sujeitos  à evolução  via  equação de  Schrödinger.  Eles não  foram os únicos protagonistas do dinamismo impresso àquele tema de pesquisa, mas a sua escolha pode ser  justificada  porque  ao  lado  de  seu  protagonismo  eles  pertencem  a  gerações  muito próximas e mais recentes que aquelas de outros físicos atuantes nesse tema como David Bohm,  Eugene Wigner  ou  Léon  Rosenfeld.  Adicionalmente,  eles  começaram  a  publicar nesse tema antes do dinamismo ainda maior adquirido por essa pesquisa entre o final da década de 1980 e  a década de 1990. A  análise de  suas  realizações em  física,  carreiras, treinamentos  científicos,  opções  filosóficas  e  políticas,  e  ambientes  institucionais  onde atuaram  nos  permite  compreender  melhor  os  obstáculos  existentes  à  época  ao desenvolvimento da pesquisa nesse tema. Duas conclusões podem ser antecipadas. Eles confrontaram a atitude ‐ tácita entre os físicos da época ‐ de que fundamentos da teoria quântica não era “boa física” e foram influenciados ‐ favoravelmente ‐ por circunstâncias culturais da época que extrapolavam os problemas estritamente científicos em questão nos  fundamentos  dessa  teoria  científica.  É  esse  pano  de  fundo  comum  aos  nossos personagens que me leva a caracterizá‐los como dissidentes quânticos, sem dúvida uma analogia excessivamente fácil com a história de muitos dos dissidentes do século XX que enfrentaram  variados  obstáculos  mas  ao  fim  viram  suas  causas  obter  amplo reconhecimento.  Um  estudo  focado  nesses  personagens  pode  contribuir  também  para discernir  a  diversidade  dos  fatores  relacionados  ao  desenvolvimento  da  pesquisa  em fundamentos da teoria quântica na segunda metade do século XX. Trabalhos como Freire (2004, 2006, 2007) têm enfatizado o papel de razões teóricas, culturais e profissionais na emergência desse campo de pesquisa, mas são estudos focados em episódios que vão até o início da década de 1980, enquanto trabalhos como Bromberg (2006, 2008) enfatizam a interação  entre  razões  ligadas,  de  um  lado,  à  física  experimental  e  instrumental  e,  de outro,  ao  interesse  filosófico  em  fundamentos  da  teoria  quântica,  mas  são  trabalhos focados em episódios da  década de 1980. Uma narrativa  integrada das  transformações ocorridas com esse tema de pesquisa ainda está por ser elaborada, e poderá contribuir para um melhor entendimento do desenvolvimento da física no século XX.  

CO4. Remarks for a profile of the “quantum dissenters”  

Is communication presents a preliminary biographical profile (a kind of prosopography) of some  of  the  physicists  who  contributed  to  convey  momentum  to  the  research  on foundations of quantum mechanics between the late 1960s and the early 1970s. They are 

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the Americans John Clauser (1942‐) and Abner Shimony (1928‐), the Irish John Bell (1928‐1990),  the  French  Alain  Aspect  (1947‐),  and  the German Heinz‐Dieter  Zeh  (1932‐).  The first  three,  between  1964  and  1982,  pushed  the  hidden  variable  controversy  for  the laboratories and contributed to make explicit the quantum feature called entanglement. The last one began the approach to the quantum measurement problem that eventually led  to  the  theoretical  and experimental  research on what one  calls  today decoherence effect.  According  to  such  approach  measurement  devices  are  treated  by  quantum mechanics, but as they are considered open systems Schrödinger equation does not apply to them. They were not the sole protagonists in pushing foundations from the margins to the mainstream physics. In addition to the founding fathers such as Niels Bohr and Albert Einstein, physicists who were active on these issues in the 1950s and the 1960s, such as David Bohm, Hugh Everett, Eugene Wigner, and Léon Rosenfeld should be considered in a broad story of this theme. The arbitrariness of my choice may be justified as a preliminary approach.  I  intend to present their achievements  in physics, careers, scientific trainings, philosophical  and  political  choices,  and  institutional  setting  where  they  worked.  These data may shed light on the intellectual and professional obstacles to the development of the research on foundations of quantum mechanics. Two conclusions may be advanced. They  fought  against  the  tacit  attitude among physicists  according  to which  research on foundations was not “good physics” and they were favorably influenced by contemporary cultural circumstances far beyond the scientific issues at stake. These conclusions led me to portray  such characters as quantum dissenters,  an analogy  surely  simplistic with  the political dissenters of the 20th century.  Finally,  in  a  different  record,  a  study  focused  in  these  characters  may  contribute  to disentangle the diversity of factors related to the burgeoning of works on foundations in the late 20th century. Papers such as Freire (2004, 2006, 2007) have emphasized the role cultural, professional, and theoretical reasons, but they are focused on cases running until the  early  1980s.  By  contrast,  papers  such  as  Bromberg  (2006,  2008)  emphasized  the resonance between experimental physics and  interest  in  instruments and devices,  from one  hand,  and  the  research  on  foundations,  on  the  other  hand,  but  they  are  mainly focused on cases  in the 1980s. An integrated account of the changes in the research on foundations of quantum mechanics in the second half of the last century remains an open lacuna to be filled for a better understanding of the history of physics in the 20th century. 

 

 

 

 

 

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CO5. A evolução teórico‐experimental das idéias de Arthur H. Compton (1915‐1923) 

Indianara Lima Silva, Olival Freire Jr e Ana Paula Bispo da Silva Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual da Paraíba 

A visão recebida da história da física, apresentada, por exemplo, em livros didáticos, ao relacionar o físico Arthur H. Compton (1892‐1962) ao efeito que leva o seu nome, obtido em 1923, sugere que Compton trabalhou sobre o espalhamento da radiação pela matéria adotando  desde  o  início  a  abordagem  quântica.  Contudo,  trabalhando  desde  1915  no tema,  Compton  explorou  de  início  diversas  explicações  clássicas  para  o  fenômeno.  A transição, por Compton, da explicação clássica para a quântica expõe um capítulo crucial na história da criação da teoria quântica. Em 1906, J. J. Thomson (1856‐1940) explicou o espalhamento  dos  raios  X  sugerindo  que  um  pulso  eletromagnético,  ao  atravessar  um átomo, causa oscilações forçadas nos elétrons levando os mesmos a emitirem a radiação espalhada. Embora essa teoria tenha sido confirmada experimentalmente por G. Barkla e T. Ayres, a intensidade dos raios X espalhados de comprimentos de onda muito pequenos era consideravelmente menor do que o predito por Thomson. Compton tentou explicar essa diferença a partir da sua hipótese do “grande elétron”. Para Compton, o diâmetro do elétron deveria ser, no processo de espalhamento, da ordem do comprimento de onda da radiação  incidente, e  isso daria origem ao  fenômeno de  interferência,  já que os  raios X espalhados  seriam  difratados  pelas  diferentes  partes  do  elétron.  No  laboratório  de Cavendish,  de  1919  a  1920,  Compton,  com  base  nos  seus  resultados  experimentais, abandonou  a  sua  teoria  do  grande  elétron,  concluindo  que  para  grandes  ângulos  de espalhamento, a maior parte da radiação secundária tinha freqüência menor do que a da radiação  primária.  Diante  dessa  evidência,  Compton  assumiu  que  essa  radiação secundária  seria  um  tipo  de  “radiação  fluorescente”.  Em  Outubro  de  1922,  Compton abandonou essa nova idéia e assumiu que cada elétron espalhado recebe dos raios X todo um  quantum  de  energia,  mas  usou  o  efeito  Doppler  para  explicar  a  velocidade  dos elétrons  espalhados  bem  como  a  freqüência  da  radiação  espalhada.  Com  essa combinação de idéias quânticas e clássicas, ele explicou a mudança no comprimento de onda  da  radiação  secundária.  No  entanto,  em  Dezembro  de  1922,  Compton  escreveu outro trabalho, em que analisou o processo de espalhamento entre um único elétron e um quantum de energia,  sem o recurso ao efeito Doppler, e determinou, com o auxílio das  leis  de  conservação  da  energia  e  do  momento,  a  freqüência  do  quantum  de  luz espalhado em  função do ângulo de espalhamento. Compton  considerou,  assim,  raios X como  constituídos  de  quanta  de  energia  h   e momentum  chp / ,  e  analisou  a 

colisão desses quanta com os elétrons com o auxílio da dinâmica relativística. Compton concluiu  que  a  concordância  com  a  experiência  não  deixava  dúvida  de  que  o espalhamento  dos  raios  X  era  um  fenômeno  quântico.  A  finalidade  deste  trabalho  é analisar,  com  o  recurso  dos  artigos  originais  e  da  literatura  secundária  como  Stuewer (1975;  2007),  Jammer  (1966),  Rosa  (2004),  e  Mehra  &  Rechenberg  (1982),  o 

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desenvolvimento das idéias de Compton sobre o espalhamento da radiação pela matéria, entre 1915 e 1923. 

CO5. The theorical‐experimental evolution of Arthur H. Compton’s ideas (1915‐1923) 

The  received  view  of  the  history  of  physics,  as  shown  for  example  in  the  textbooks, relates Arthur H. Compton  (1892‐1962)  to  the effect that  takes your name, obtained  in 1923, and suggests that Compton worked on the scattering of the radiation by matter by using  since  the  beginning  a  quantum  approach.  Though,  working  since  1915  on  the subject, Compton tried several classical explanations for the phenomenon. The transition, by Compton,  from the classical explanations  to  the  introduction of  the quantum model exposes a crucial chapter  in the history of the creation of quantum theory.  In 1906, J. J. Thomson  (1856‐1940)  explained  the  X‐rays  scattering  by  suggesting  that  an electromagnetic pulse while traverses an atom causes forced oscillations in the electrons leading  them  to  emit  the  scattered  radiation.  Though  this  theory  had  been  confirmed experimentally by G. Barkla e T. Ayres, the intensity of the scattered X‐rays of very short wavelength was considerably  lesser  than  that predicted by Thomson. Compton  tried  to explain  this  difference  from  the  hypothesis  of  a  “large  electron”.  For  Compton,  the diameter  of  the  electron  should  be,  in  the  process  of  scattering,  of  the  order  of  the incident  radiation  wavelength,  and  this  would  give  origin  at  the  phenomenon  of  the interference,  since  the  scattered  X‐rays  would  be  diffracted  by  different  parts  of  the electrons.  On  the  Cavendish’s  laboratory,  from  1919  to  1920,  based  on  the  their experimental results, he abandoned his theory of the  large electron, by concluding that for  large angles of scattering, the most part of secondary radiation had frequency lower than  the primary  radiation.  Front  this  evidence,  Compton  assumed  that  this  secondary radiation  would  be  a  type  of  “fluorescence  radiation”.  On  October  of  1922,  Compton abandoned this new idea and assumed that each scattered electron receives from X‐rays an entire energy quantum, but he used the Doppler Effect for explaining the velocity of the  scattered  electrons  as well  as  the  frequency  of  the  scattered  radiation. With  such combination of quantum and classical  ideas, he explained the change in the wavelength of the secondary radiation. However, on December 1922, Compton wrote another paper, in which he analyzed the process of scattering between a single electron and a quantum of energy, without appealing for  idea of a Doppler Effect, and determined, with help of the laws of conservation of energy and momentum, the frequency of scattered quantum of  light  in  function  of  the  angle  of  scattering.  Compton  considered,  thus,  X‐rays  as constituting of energy quanta   = hv and momentum p = hv/c, and analyzed the collision 

between these quanta and the electrons with the aid of the relativist dynamic. Compton concluded  that  the agreement with experimental  results didn’t  leave doubt  that X‐rays scattering was a quantum phenomenon. The purpose  this paper  is  to analyze, with  the appeal  of  original  articles  and  secondary  literature  as  Stuewer  (1975;  2007),  Jammer (1966), Mehra & Rechenberg (1982), Rosa (2004), and the development of the Compton’s ideas about the scattering of the radiation by matter, between 1915 and 1923. 

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CO6. Os modelos de átomo no período entre 1904 e 1913 e as tentativas de explicação das linhas espectrais 

Pablo Rafael Trajano Ribeiro, Ana Paula Bispo da Silva Universidade Estadual da Paraíba 

A descoberta do elétron no  final  do  século XIX,  pelo  físico  inglês  J.  J.  Thomson  (1856  ‐ 1940)  em  seus  experimentos  com  os  raios  catódicos,  abriu  caminho  para  novas  visões acerca  da  constituição  da  matéria.  Mais  precisamente  do  átomo,  que  sempre  foi considerado,  desde  os  atomistas  gregos  (séc.  V  a.C.),  como  sendo  a  menor  parte indivisível da matéria. O primeiro modelo de constituição de átomos foi apresentado em 1903 pelo próprio Thomson, considerando que o átomo seria uma esfera uniformemente positiva  com  os  elétrons  possuindo  cargas  negativas  mergulhados  em  seu  interior. Posteriormente, em 1904 o japonês Hantaro Nagaoka (1865 ‐ 1950) propôs que o átomo seria constituído por um núcleo positivo cercado por uma série de anéis de elétrons em círculos concêntricos com velocidade angular comum. Inspirado pelo modelo de Nagaoka e  baseado  no  estudo dos  desvios  das  partículas  α,  em  1911  Ernest  Rutherford  (1889  ‐ 1970)  apresentou  um modelo  de  átomo  semelhante  ao  sistema  solar,  onde  no  centro existiria  o  núcleo  dotado  de  carga  positiva  e  possuindo  metade  da  massa  atômica enquanto os elétrons com cargas negativas girariam ao seu redor. A massa de um elétron seria  ínfima em comparação com a massa do núcleo, mas a massa de todos os elétrons juntos corresponderia a outra metade da massa atômica. Apesar de todos esses trabalhos apresentarem complexidades  ímpares, eles não conseguem responder de uma vez  só a alguns  fenômenos  que  já  eram  muito  bem  estudados  na  época,  como  a  emissão  do espectro de linhas e os desvios das partículas α e β com ângulos muito grandes. Em 1913 Niels  Bohr  (1852  ‐  1962)  físico  dinamarquês  aluno  de  Rutherford,  propôs  uma  solução para  esse  problema,  no  caso  do  átomo  de  hidrogênio.  Tomando  como  referência  o modelo de Rutherford, Bohr utilizou a teoria de Planck para a radiação do corpo negro e a teoria  eletrodinâmica  clássica,  chegando  a  resultados  satisfatórios.  Os  valores  de freqüência encontrados para o átomo de hidrogênio explicavam as séries  já conhecidas de  Balmer  e  Paschen,  bem  como  a  constante  de  Rydberg.  O  objetivo  deste  trabalho  é analisar  esses  diversos  modelos,  observar  seus  pressupostos  e  suas  conclusões,  e esclarecer as hipóteses consideradas por Bohr para explicar os resultados experimentais obtidos até então. Para isso, fazemos uso de obras primárias, como o artigo de Nagaoka de 1904, os  trabalhos de Rutherford sobre partículas e o artigo de Bohr de 1913, entre outras relevantes; e também de obras de historiadores da ciência que trabalharam com o assunto, como Nye (1976), Heilbron (1981) e Darrigol (1992). 

CO6. The models of atoms between 1904 and 1913 and the attempts to explain the spectral lines.  

The discovery of the electron in the end of the XIX century by J. J. Thomson (1856 ‐ 1940) through the catode rays experiments brought new interpretations to the constitutions of matter. In this context, the atom, which was considered the smallest part of matter since the Greeks atomists (V b.C.) became the main object of new researches. The first model of constitution of the atom was presented in 1903 by Thomson himself, who considered that the atom was an uniformly positively charged sphere where the negatively charged 

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electrons  were  immersed.  After  that,  in  1904,  the  Japanese  Hantaro  Nagaoka  (1865  ‐ 1950)  proposed  that  the  atom  would  be  consisted  of  a  positively  charged  nucleus enclosured by electrons which were moving around it in concentric circles with the same angular  velocity.  Inspired  by  Nagaoka's  model  and  based  in  the  studies  of  particles  α deviations, Ernest Rutherford (1889 ‐ 1970) presented in 1911 a model of atom similar to the solar system, where the nucleus would be in the centre and the electrons would be oscillating around it.  In this model the nucleus would have the total positive charge and half of the atomic mass and the electrons would have the negative charge. The mass of the electron would be too small if compared to the mass of the nucleus, but the masses of all the electrons together would be the other half of the atomic mass.  In spite of the different  characteristics  of  these  models,  they  did  not  get  to  resolve  all  the  observed phenomena, as the emission of spectral lines and the deviation of α and β particles to big angles. In 1913 Niels Bohr (1852 ‐ 1962) a Danish physicist, pupil of Rutherford, proposed a solution to the problem of the hydrogen atom case. Based on Rutherford's model, Bohr made use of Planck's theory of the black‐body radiation and classical electrodynamics to get  satisfactory  results. The  values of  frequency  found  in  the hydrogen atom explained the already known Balmer's and Paschen's series and the Rydberg constant. In this work we intend to analyze the many models of the atom in the period between 1904 and 1913 from  their  presuppositions  and  their  conclusions.  We  also  intend  to  clarify  Bohr's hypothesis to explain the experimental results known in this period. To reach our goal, we made use of primary texts, as Nagaoka's paper of 1904,  the works of Rutherford about the  particles  and  Bohr's  article  of  1913,  among  others;  as  also  articles  of  historians  of science who deal with the subject as Nye (1976), Heilbron (1981) and Darrigol (1992).  

 

 

CO7.  Sobre  o  desenvolvimento  histórico‐conceitual  da  teoria  quântica  da  gravidade: uma análise do trabalho de Bryce Dewitt (1967) 

Welber Leal Araújo Miranda Universidade Federal da Bahia 

O  estudo  do  problema  da  quantização  da  gravitação,  isto  é,  a  quantização  do  campo gravitacional  através  da  compatibilização  da  teoria  quântica  com  a  relatividade  geral, segue como um enigma cientifico, permanecendo há mais de 70 anos uma questão em aberto da ciência. Uma conclusão ainda  se  conserva  intangível devido à dificuldade em obtenção de dados empíricos, uma vez que nenhum efeito é observado até a escala de 10‐33  cm  e  energia  de  1028  eV,  os  chamados  comprimento  e  energia  de  Planck  ,  uma ordem de energia ainda extremamente  superior ao do moderno Large Hadron Collider. Existem,  por  outro  lado,  diversas  dificuldades  de  análise  histórica  desse  tema uma  vez que  ainda  estamos  no  meio  dos  próprios  desenvolvimentos  científicos.  Conforme  o 

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pesquisador  italiano Carlo Rovelli  (2000), “Time will go along, dust will settle, and it will become clear if we are all right, if some of us are right, or if we are all wrong .” Contudo, enquanto esperamos a poeira assentar, o trabalho histórico sobre o tema começa a ser feito, e o próprio artigo referido de Rovelli traça um panorama do desenvolvimento dessa questão. O nosso projeto de trabalho é bem mais limitado. Buscamos analisar o trabalho publicado pelo  físico norte‐americano Bryce DeWitt sobre o tema, em 1967  [“Quantum Theory of Gravitation, I. The Canonical Theory”], trabalho no qual aparece pela primeira vez  a  equação  hoje  conhecida  como  Equação  de  Wheeler‐DeWitt,  denominada  pelo próprio DeWitt à época como Equação de Einstein‐Schrödinger. Esse artigo é um marco na história da quantização da gravitação, tendo recebido cerca 1110 citações até os dias atuais. Nosso projeto envolve a análise conceitual desse artigo, das influências recebidas, e  da  sua  influência  no  desenvolvimento  deste  ramo  de  pesquisa.  Interessa‐nos,  em especial, as conexões entre o trabalho de DeWitt e a interpretação da Teoria Quântica em termos de estados relativos sugerida por Hugh Everett em 1957.  Interessa‐nos também mapear a influência desse artigo na física brasileira, em especial nos trabalhos dos físicos Brasileiros  Nelson  Pinto  Neto  e  Gil  de  Oliveira  Neto.  Para  essa  finalidade  usaremos procedimentos de uso de citações desenvolvidos em Freitas &Freire (2003). 

CO7.  Concerning  a  historic‐conceptual  development  of  quantum  gravity:  The work  of Bryce DeWitt (1967)  

The  study  of  the  problem  of  quantum  gravity,  i.e.,  quantization  of  gravitational  field through  a  compatibility  of  quantum  theory  and  general  relativity,  follow  as  a  scientific puzzle,  remaining during more  than 70 years an open problem of science. A conclusion still  remains  inaccessible,  as  difficulties  emerges  to  acquire  physical  data,  since observable effects are  reachable on the so called “Planck scale”  through  length of 10‐33 cm and energy of 1028 eV  , a order of energy still tremendously superior of the modern Large Hadron Collider. There is, by other hand, some difficulties in historically scrutinizing this field, since we are in the middle of the scientific developments of this theme. As the Italian physicist Carlo Rovelli (2000) wrote, “Time will go along, dust will settle, and it will become clear if we are all right, if some of us are right, or if we are all wrong .”, Albeit as we wait, the historic research of the field is carried out. And the referred article of Rovelli trails a historic panorama of Quantum Gravity. Our work project is far more limited. We seek  to  analyze  the  paper  published  by  American  physicist  Bryce  DeWitt  on  1967 [“Quantum Theory of Gravitation, I. The Canonical Theory”], a paper in which appears for the  first  time  the  now  called  Wheeler‐DeWitt  equation,  called  by  that  time  Einstein‐Schrödinger equation. Such article is remarkable in the history of Quantum Gravity, being cited  more  than  1110  times  until  nowadays.  Our  project  involves  an  analysis  of  this article,  the  influences  it  suffered  and  its  influence  on  the  development  of  this  field  of research.  We  are  interested,  particularly  on  the  relations  with  the  interpretation  of Relative States of Hugh Everett (1957). We are also interested in mapping the influence of this  article  over  the  Brazilian  scientific  community,  especially  the  papers  of  Brazilians 

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physicists Nelson Pinto Neto and Gil de Oliveira Neto. To accomplish this purpose we will use procedures developed in Freitas & Freire (2003). 

 

 

CO8. O  itinerário científico de Louis de Broglie em busca de uma  interpretação causal para a mecânica ondulatória 

Paulo Vicente Moreira dos Santos Universidade Federal da Bahia 

Louis  de  Broglie  ao  ser  convidado  para  apresentar  sua  Teoria  da  Dupla  Solução  no congresso Solvay de 1927 optou por utilizar uma versão simplificada, a qual ele chamou 

de teoria da onda piloto, na qual a partícula seria guiada pela onda  . Por não conseguir justificar matematicamente as suas idéias, ele se viu obrigado a abandonar a sua teoria e entrou para o grupo que ele chamava de “puramente probabilistas”. Somente em 1951 influenciado por David Bohm e J. P. Vigier ele resolve retomar seu programa de pesquisa em  busca  de  uma  interpretação  causal  para  a mecânica  ondulatória.  Neste  retorno  de Broglie  as  suas  idéias  da  juventude,  duas  obras  são  consideradas  fundamentais.  Uma delas  publicada  em  1956,  sob  o  título  Une  tentative  d'interpretation  causale  et  non linéaire  de  la  mécanique  ondulatoire  ‐  La  théorie  de  la  double  solution,  onde  faz  uma revisão dos conceitos da mecânica ondulatória e em seguida reapresenta a sua Teoria da Dupla  Solução,  refinadas  em  certos  pontos  e  com  uma  hipótese  que  ele  considera fundamental,  a  de  que  a  onda‐u  deveria  obedecer  a  uma  equação  de propagação  não linear, esperando com isso desenvolver uma teoria que fosse capaz de reproduzir todos os dados da teoria linear e pudesse resolver os problemas em torno dos fundamentos da teoria  quântica.  A  segunda,  somente  publicada  em  1982,  sob  o  título  Les  incertitudes d'Heisenberg et  l'interprétation probabiliste de  la mécanique ondulatoire, mas que pode ser considerada como a mais fundamental para a compreensão da evolução das idéias de de  Broglie,  pois,  segundo  Lochak,  os manuscritos  datam  de  1950‐1951.  Neste  livro  de Broglie  escreve  sobre  a  interpretação  ortodoxa  da  mecânica  ondulatória,  talvez  numa tentativa de convencer a si mesmo, e na forma de notas ele registra as suas críticas a esta interpretação.  Ele  não  desejava  que esta obra  fosse  publicada, mas  foi  convencido  por Lochak de que este  livro não pertencia  a  ele, mas  sim a história da  ciência que  teria  a oportunidade de conhecer como as idéias de um cientista são arduamente desenvolvidas.  

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Segundo Lochak  (1982), de Broglie desenvolveu  sua crítica à  interpretação ortodoxa da mecânica  quântica  e defendeu  as  suas novas  idéias  em  cerca  de  doze  livros  e mais  de sessenta  artigos.  Dentre  estas  novas  idéias  duas  parecem  fundamentais:  a  primeira  se refere  a  considerar  a  partícula  como  sendo  constituída  de  pacotes  de  ondas  não deformadas obedecendo a uma equação de propagação não‐linear, ao qual ele utilizou o termo ondes à bosse  (humped waves), o que Lochak relacionou posteriormente com os sólitons; a segunda  idéia esta relacionada com a termodinâmica da partícula  isolada, na qual ele tentava fazer uma comparação entre três princípios fundamentais da Física, o de Fermat, Maupertuis, e Carnot.  Neste  trabalho  pretendemos  traçar  o  itinerário  científico  de  Louis  de  Broglie  após  seu retorno ao grupo dos que defendiam a incompletude da mecânica quântica, examinando seus trabalhos em que propõe a não linearidade da equação das ondas de matéria como alternativa ao formalismo linear padrão da mecânica ondulatória.  

CO8. The scientific itinerary of Louis de Broglie in search of a causal interpretation for the wave mechanics  

Louis de Broglie was invited to present his Theory of the Double Solution in the Congress Solvay in 1927 and opted in using a simplified version, which he called theory of the pilot 

wave, in which the particle would be guided by the   wave. For not succeed in to justify mathematically their ideas he was forced to abandon his theory and joined as a member of  the  group  that he  called  of  “purely  probabilistic”. Only  in  1951,  influenced by David Bohm  e  J.P.  Vigier  he  decided  to  retake  his  research  program  in  search  of  a  causal interpretation for the wave mechanics. In  this  return  of  de  Broglie  to  their  ideas  of  youth,  two workmanships  are  considered essential. One of  them published  in 1956, under  the  title Une tentative d'interpretation causale  et  non  linéaire  de  la mécanique  ondulatoire  ‐  La  théorie  de  la  double  solution, where he makes a revision of the concepts of the wave mechanics and soon afterwards he presents again his theory of the double solution, refined in certain points and with a hypothesis that he considered fundamental, that is the wave‐u it should obey a nonlinear equation  of  propagation,  waiting  with  this  to  develop  a  theory  that  was  capable  to reproduce all  the data of  the  linear  theory and  it  could  solve  the problems around  the foundations  of  quantum  theory.  The  second,  only  published  in  1982  under  title  Les incertitudes d'Heisenberg et l'interpretation probabiliste de la mécanique ondulatoire, but that it can be considered as fundamental for the understanding of evolution of the ideas of the Broglie, therefore, according to Lochak, the manuscripts date of 1950‐1951. In this book  de  Broglie  writes  on  the  orthodox  interpretation  of  the  wave  mechanics  in  an attempt to perhaps convince himself, and in the form of notes he registers their criticisms to this interpretation. He did not desire that this workmanship was published, but he was persuaded  by  Lochak  of  that  this  book  did  not  belongs  to  him,  but  the  history  of  the science the would have the chance de know as scientist's ideas arduously are developed.  

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According  Lochak  (1982),  de  Broglie  developed  his  criticisms  to  the  orthodox interpretation of the quantum mechanics and defended their new ideas in about twelve books and more than sixty papers. Amongst these new ideas two of them are basic. The first one refers to considered to consider the particle as being constituted of packets of non  distorted  waves  obeying  a  non‐linear  equation  of  propagation  which  he  used  the term ondes à bosse (humped waves), which Lochak related later with solitons; the second idea  is  related with  the  thermodynamics  of  the  isolated  particles,  in which  he  tried  to make  a  comparison  among  three  basic  principles  oh  the  physics  the  one  of  Fermat, Maupertius, and Carnot.  In this work we intend to draw the scientific itinerary of Louis de Broglie after his return to the group of the ones that defend the incomplete nature of the quantum mechanics, examining  their  works  in  that  it  proposes  the  nonlinearity  of  the  equation  of  matter waves as an alternative to the standard linear formalism of the wave mechanics.  

 

 

CO9.  As  origens  do  efeito  descoerência:  a  tensão  entre  Zeh,  Zurek  e  os  legados  de Everett e Bohr 

Fábio Freitas Universidade Estadual de Feira de Santana 

A interação entre o ambiente e os sistemas quânticos, responsável pelo desaparecimento de superposições e pela  transição entre o mundo quântico para o clássico, hoje em dia conhecida pelo nome de efeito descoerência, ou simplesmente descoerência, possui uma história  tortuosa.  Ainda  que  em  alguns  textos,  de  modo  bastante  específico  e  sem considerar  o  panorama  completo  posteriormente  alcançado,  alguns  físicos  tivessem mencionado a importância da correlação entre o meio ambiente e os sistemas quânticos, como Hugh Everett e Werner Heisenberg, foi somente em fins da década de 1960, com a Habilitationsschrift  (1966) de H. Dieter Zeh e seu posterior artigo publicado em 1970 na Foundations  of  Physics,  que  a  descoerência  recebeu  o  seu  primeiro  tratamento sistemático. Todavia, esse tema começaria a receber atenção de uma comunidade mais ampla apenas na década de 80, com os trabalhos pioneiros de W. Zurek e A. Caldeira & A. Legget, porém, ainda assim,  seria necessário esperar a década de 1990, principalmente após  o  artigo  de  Zurek  em  1991  na  revista  Physics  Today,  para  que  o  tema  torna‐se central na pesquisa em Física, o que culminou nos experimentos  realizados em 1995‐6, conhecidos como experimentos tipo gato de Schroedinger. Esse  breve  esboço  da  história da descoerência nos  permite  focar  em dois  personagens centrais,  Dieter  Zeh  e W.  Zurek,  posto  que  ambos  tiveram,  em momentos  distintos,  a responsabilidade de mostrar ao mundo a importância da descoerência, porém o fizeram com  estratégias  bastantes  distintas.  Zeh,  desde  a  sua  primeira  apresentação  do  tema, 

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escolheu  situá‐lo  dentre  do  debate  acerca  do  problema  da  medição  e,  deste  modo, colocá‐lo  especificamente  no  rol  de problemas de  fundamentos da  teoria  quântica. No artigo  de  1970,  ele  começa  debatendo  três modos  distintos  de  resolver  o mencionado problema, criticando todos os três, e conclui o seu artigo argumentando em favor de uma interpretação  como  a  de  Hugh  Everett,  posteriormente  conhecida  como  interpretação dos muitos‐mundos. O suporte a esta  interpretação e a  forte conexão entre o tema e a área  de  fundamentos  de  Física  permaneceria  ao  longo  de  toda  a  sua  carreira,  o  que, segundo sua opinião, causou um grande estigma. Zurek, por sua vez, adotou um caminho distinto: ainda que mantivesse a relação entre descoerência e fundamentos da Física, nos seus  escritos  a  ênfase  era  muito  mais  na  dedução  de  novos  resultados  físicos  e  na sugestão de novas heurísticas de pesquisa. Além disso,  o mesmo não se  comprometeu tão fortemente com uma interpretação heterodoxa da teoria quântica. Aluno de John A. Wheeler,  ele  manteve  uma  posição  semelhante:  apoiou  a  interpretação  de  Everett, porém  sem  nunca  distanciar‐se  de  Niels  Bohr.  Na  conclusão  do mencionado  artigo  de 1971,  ele  afirma  que  a  descoerência  pode  ser  interpretada  no  quadro  de  duas interpretações:  a  de  Everett  e  a  de  Niels  Bohr.  O  objetivo  do  presente  trabalho  é apresentar em detalhes as diferenças entre as estratégias utilizadas por Zeh e por Zurek e analisar o impacto que estas tiveram no desenvolvimento de suas carreiras em Física. 

CO9. The origins of the decoherence effect: the tension among Zeh, Zurek and the legacies from Everett and Bohr  

The  interaction  between  quantum  systems  and  the  environment,  responsible  for superposition  extinguishing  and  the  transition  from  the  quantum  world  to  classical, nowadays known as  the decoherence effect, or  just decoherence, has a  tortuous  story. Despite the fact that  in a few papers,  in a very specific manner and without considering the major landscape reached later, some physicists had mentioned the importance of the correlation  between  quantum  systems  and  the  environment,  like  Hugh  Everett  and Werner  Heisenberg,  not  earlier  than  late  1960's,  with  Dieter  Zeh's  Habilitationsschrift (1966)  and  his  later  paper  published  on  1970  at  Foundations  of  Physics,  decoherence received its first systematic treatment. Yet, this theme would only receive the attention of a  broader  community  during  the  1980's, with  the  pioneering work  of W.  Zurek  and  A. Caldeira & A. Legget, but, still, would be necessary to wait for the 1990's, specially after Zurek's  1991  paper  on  Physics  Today,  so  the  theme  became  central  on  the  Physics research,  which  culminated  on  the  experiments  performed  on  1995‐6,  known  as Schrödinger's cat type experiments.  This short draft of decoherence's story allow us to focus on two central characters, Dieer Zeh and W. Zurek, since both had, on different moments, the responsibility to show the world  the  importance  of  decoherence,  but  they  accomplished  it  in  very  distinguished ways. Zeh, since its first presentation of the theme, chose to place it among the debate about the measurement problem and to place it specifically as one of the many problems on foundations of quantum theory. In the 1970 paper, he begins debating three distinct 

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ways of solving the afore mentioned problem, criticizing all three of them, and concludes his  article  arguing  in  favor  of  an  interpretation  like  the  one  from  Hugh  Everett,  later known  as  many‐worlds  interpretation.  The  support  for  this  interpretation  would  be present during his entire career, which, according to him, marked a great stigma. Zurek, on  the  other  hand,  adopted  a  distinct  way:  although  he  kept  the  relation  between decoherence and foundations of physics, on his writings the emphasis was greater on the deduction  of  new  physical  results  and  on  the  suggestions  of  new  research  heuristics. Further,  he  did  not  compromise  himself  so  strongly  to  a  heterodox  interpretation  of quantum theory. John A. Wheeler's student, he kept a similar stand: supported Everett's interpretation, but without ever distancing  itself  from Niels Bohr. On the conclusions of his  1991  article,  he  states  that  decoherence  may  be  interpreted  on  the  frame  of  two interpretations: Everett's and Bohr's. The purpose of this work is to present in details the differences between the strategies used by Zeh and Zurek and to analyze the impact that it had on the development of its careers on physics. 

 

 

CO10. Quantização de sistemas classicamente caóticos: testando os limites do Princípio da Correspondência de Bohr 

Sandra Denise Prado Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

Em 1917, Einstein apontou para as dificuldades de  se aplicar  regras de quantização em sistemas clássicos não‐integráveis. Passaram‐se mais de 40 anos até a publicação dos três trabalhos em que Martin Gutzwiller apresenta uma  fórmula  semiclássica, que  relaciona estatísticas do espectro quântico com as trajetórias clássicas do sistema clássico análogo. Podemos  sintetizar  em  linhas  gerais  que  o  mundo  quântico  é  estritamente  linear, enquanto  que  o  mundo  clássico  é  tipicamente  não‐linear.  Assim  sendo,  a  Fórmula  do Traço  é  a  única  ferramenta  conhecida  que  garante  a  validade  do  Princípio  da Correspondência de Bohr para sistemas classicamente caóticos. Nesta  apresentação  serão  priorizados  aspectos  gerais  e  conceituais  da  área  de  caos quântico. 

CO10.  The  quantization  of  classically  chaotic  systems:  testing  the  boundaries  of  the correspondence principle of Bohr.  

In  1917  Einstein  pointed  out  serious  problems  of  applying  the  quantization  laws  to systems  whose  classical  dynamics  are  not  integrable.  After  almost  'Forty  Years  in  the Desert' a  set of three papers by Martin Gutzwiller presents a semiclassical  formula that relates  spectral  statistics  of  quantum  system  to  periodic  orbits  of  its  classical  analog. 

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While  the quantum world evolution  is  strictly  linear,  the classical world  it  typically non‐integrable. Being this way, the Gutzwiller Trace Formulae is the only known tool able to justify mathematically  the  famous  Correspondence  Principle  of  Bohr when  the  classical dynamics is chaotic.  In this presentation the general and conceptual aspects of the so called quantum chaos field will be emphasized. 

 

 

CO11.  Computação  quântica: implementação  física por ressonância  nuclear magnética do Algoritmo de Grover (1) 

José Suassuna Filho  Universidade Federal de Campina Grande  

A  Ressonância  Nuclear  Magnética  é  o  campo  da  Física  que  experimentou  maior crescimento desde as experiências bem sucedidas de Purcell, Pound e Torrey em Harvard e  de  Bloch,  Hansen  e  Packard  em  Stanford  USA)  nos  anos  de  1946.   Hoje  se  pode constatar  seu  uso  extensivo  nos  mais  diversos  campos  da  ciência  tais  como  química, engenharia de materiais, biofísica, a própria física e no dia a dia da medicina com o uso universal  em  diagnose  por  imagens  via  Ressonância Magnética.  Recentemente  a  RNM tem  sido  apontada  como  técnica  promissora  no  campo  da  Computação  Quântica, principalmente no que se refere à implementação de alguns algoritmos quânticos. Nesta palestra vamos  falar  sobre a  implementação via Ressonância Nuclear Magnética de um dos mais  importantes algoritmos quânticos, o algoritmo de busca de Grover, conduzida pelos  experimentos  de  Chuang  e  outros(2)  e  Ranabir  e  outros(3),  fato&nbs  p;  que  se constituiu  na  primeira  demonstração  experimental  completa  da  possibilidade  da computação quântica via Ressonância Nuclear Magnética. (1) ‐  L.k.Grover, Phys. Rev .Lett.79,325 (1997). (2) – Chuang e outros; Science, 275, 350 (1997) (3) – Ranabir Dias e outros, Journal of Magnetic Resonance, 159, 46 (2002)  

CO11.  Quantum  computation:  physical  realization  of  Grover’s  Algorithm  through nuclear magnetic resonance   

Nuclear Magnetic  Resonance  (NMR)  is  the  field  of  the  physics  that  have  experimented mayor  development  since  the  famous  experiments   of  Purcell  ,  Pound  and   Torrey  in  Harvard and  Bloch, Hansen and  Packard in  Stanford USA) in the year of 1946. In fact the use of NMR techniques has spread extensively by the most important areas of the science such  as  chemistry,  materials  engineering,  biophysics,  physics  and  its  universal  use  in medicine  as  a  powerful  tool  in  the  field  of  diagnosis  by  NMR  image.  NMR  has  more recently been identified as one of the most promising techniques in the field of quantum 

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computing, more  specifically  in  the  implementation of  some quantum algorithms. Here we are to talk about the implementation via NMR of one of the most important quantum algorithms,  the  Grover's  quantum  search  algorithm  (1),  in  experiments  performed  by Chuang et al (2) and Ranabir et al (3). Those founds have been considered as the first com plete experimental demonstration of the viability of the quantum computation.  (1)  ‐  L.k.Grover,  Phys.  Rev  .Lett.79,  325  (1997).  (2) –  Chuang  e  et  al;  Science,  275,  350 (1997) (3) – Ranabir Dias et al, Journal of Magnetic Resonance, 159, 46 (2002). 

 

 

CO12. A Ontologia de Fourier, análise local por onduletas e a física quântica 

João Eduardo Farias de Araújo, João Luís de Lemos e Silva Cordovil,  José Nunes Ramalho Croca, Rui António Nobre Moreira, Amaro Rica da Silva. Universidade de Lisboa 

Iniciamos  este  trabalho  com  uma  breve  revisita  à Mecânica Quântica Ortodoxa,  dando especial atenção à estrutura matemática da Análise de Fourier. No paradigma de Fourier, um pacote de onda, por exemplo, pode ser construído através de uma soma  infinita de ondas harmônicas. Estas funções constituem os tijolos básicos da teoria,  tendo duração temporal  e  extensão  espacial  infinitas,  com  frequências    e  k ,  respectivamente.  A interpretação  de  Niels  Bohr  parte  de  uma  íntima  relação  com  esta  hipótese  que denominamos  por  ontogia  de  Fourier.  Como  consequência,  a  comunidade  científica assistiu  ao  surgimento  de  noções  como  a  não‐localidade,  nos  domínos  temporal  e espacial, e ainda a rejeição da causalidade. Os desdobramentos dessa postura encontram ecos até os dias de hoje, quando presenciamos várias publicações da especialidade que extrapolam  a  sua  interpretação.  Em  geral,  nesses  trabalhos,  os  resultados  teóricos obtidos  estão  razoavelmente  de  acordo  com  os  resultados  experimentais.  Porém,  no campo epistemológico, provocam distorções interpretativas e conduzem a propostas que escapam  completamente  ao  plano  de  objectividade  e  transparência  que  sempre caracterizou  a  Ciência,  pelo  menos  desde  os  Gregos.  Noções  como,  por  exemplo, interacções instantâneas, retroação temporal, ou mesmo viagens no tempo, habitam uma parte significativa da literatura científica como propostas emergentes dessa teoria linear indeterminista. Assim, com esta primeira parte do nosso trabalho, pretendemos ter situado os elementos contextuais que nos servirão de  referência comparativa aos desenvolvimentos expostos em  seguida.  Neste  segundo  momento,  objectivamos  apresentar  um  modelo  que  se inspira, em parte, na teoria da dupla solução de Louis de Broglie. Assim, podemos, por um lado, mostrar e discutir alguns dos limites de validade da teoria indeterminista proposta pela Escola de Copenhagen e, por outro, contrastá‐la com uma teoria causal e não‐linear, que  rejeita  a  ontologia  de  Fourier.  Mostramos  como  é  possível  superar  não  só 

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teoricamente os limites impostos ao conhecimento pelas relações de Indeterminação de Heisenberg, como também fazemos referência às experiências concretas que, na prática corrente,  falsificam  a  validade  geral  de  tais  relações.  Mostraremos  ainda  uma  forma heurística  de  derivação  da  equação  não‐linear  fundamental  deste modelo,  a  partir  das duas  equações  clássicas  de  balanço:  a  equação  de  Hamilton‐Jacobi  e  a  equação  da Continuidade. Propomos, finalmente, uma interpretação causal para os fenômenos físicos onde se considera de forma objectiva, simultaneamente, uma única realidade extensa e local para o ente quântico, em contraste com a noção de potencialidade característica da interpretação ortodoxa dominante.

CO12. Fourier Ontology, Wavelet local analysis and quantum physics 

In the present work, we start with a brief revisit to Orthodox Quantum Mechanics, paying particular  attention  to  the  mathematical  structure  of  Fourier  Analysis.  In  Fourier’s paradigm, a wave packet,  for example,  is the result of the sum of an  infinite number of harmonic plane waves. These harmonic functions, infinite both in time and space, are the basic  bricks  of  the  orthodox  theory.  Furthermore,  in  this  ontology,  they  are  the  only waves  that  have  a  pure  frequency  either  in  time  and  space k .  Niels  Bohr’s interpretation of has a deep relationship with this hypothesis, called Fourier Ontology. As a result of these non explicit assumptions, the scientific community saw the emergence of new concepts such as non‐locality, in the temporal and spatial domain, and the rejection of causality. Today, we still can see the consequences of this posture in many specialized publications that extrapolate the orthodox interpretation. In general, in those works, the theoretical results obtained are reasonably in concordance with the experimental results. However,  in  the epistemological  domain,  those works  lead  to proposals  that  escape  of the plan for objectivity and transparency that has always characterized the science, since the  Greek  golden  age.  Some  of  the  notions,  emerging  from  the  linear  and  non‐causal theory,  are,  for  example:  instantaneous  interaction,  retroaction  time,  or  even  travel through time. With this first part we whish to locate the contextual elements that provide a  comparative  reference  for  the  recent  developments  in  causal  nonlinear  quantum physics.  In  the  second  part, we  intend present  a model which  based,  in  part,  on  the  theory  of double solution of Louis de Broglie. On the one hand, we show and examine some of the limits of validity of the theory proposed by the Copenhagen School, by the other hand, we contrast  it  with  the  modern  causal  and  nonlinear  theory.  This  theory  rejects  Fourier Ontology, assuming that there are finite waves with a well definite frequency. As a direct consequence we  show  that  the  formal  limits  to knowledge  imposed by  the Heisenberg indetermination  relations  are overcome  in  real  concrete experiments.  Furthermore, we present  a  heuristic  derivation  for  the  nonlinear  equation  of  this model.  This  derivation starts  from  the balance equations  of  classical mechanics,  the Hamilton‐Jacobi  equation and from the equation of continuity. Finally, we propose a causal nonlinear interpretation for  the  quantum  physical  phenomena.  We  also  assume,  in  an  objective  way,  a 

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simultaneous single reality, extensive and local,  in contrast with the notions of potential reality of the dominant orthodox interpretation. 

 

 

CO13. As origens do princípio da complementaridade 

João Luís de Lemos e Silva Cordovil, João Eduardo Farias de Araújo, José Nunes Ramalho Croca, Rui António Nobre Moreira Universidade de Lisboa 

Focalizamos o nosso objecto de estudo no conceito de Complementaridade desenvolvido por Niels Bohr e que está no núcleo fundador da Física Quântica. A nossa comunicação é baseada  nos  trabalhos  dos  Profs.  Rui  Nobre  Moreira  (Contribuição  para  o  Estudo  das Origens do Conceito de Complementaridade, UL,  Lisboa 1993)  e  J.  R.  Croca,  (Towards a Nonlinear Quantum Physics, World Scientific, 2003.  Partiremos  do  problema  levantado  inicialmente,  em  1966,  por Max  Jammer,  sobre  as influências do filósofo dinamarquês Harald Høffding no trabalho científico de Niels Bohr. Nomeadamente,  nas  origens  do  princípio  de  complementaridade.  Nesta  material, tentaremos expor as posições de Max Jammer (The Conceptual Development of Quantum Mechanics, McGraw‐Hill,  1966),  Jan  Faye  (Niels  Bohr:  His  Heritage  and  Legacy,  Kluwer Academic Publishers, 1992) e David Favrholdt (Niels Bohr's Philosophical Background, The Royal  Danish  Academy  of  Sciences  and  Letters,  Copenhagen,  1992).  Tentaremos, igualmente,  defender  que,  à  luz  dos  mais  recentes  desenvolvimentos  no  estudo  dos fundamentos da Física Quântica, houve, de facto, uma importante influência de Høffding na elaboração do princípio da complementaridade, por parte de Bohr.  

CO13. The origins of the principle of complementarity 

We focus your object of study on the concept of complementarity from Niels Bohr. That is, in our view, the main concept of Quantum Physics. Our paper is based in the works of Profs.  Rui  Moreira  (Rui  Nobre  Moreira,  Contribuição  para  o  Estudo  das  Origens  do Conceito de Complementaridade, UL,  Lisboa 1993)  and  J.R. Croca  (Towards a Nonlinear Quantum Physics, World Scientific, 2003).  In this paper we will start with the the problem raised in 1966 by Max Jammer about the Harald Høffding's  influences  in Niels Bohr's  scientific work, mainly on  the origins of  the complementarity  principle.  In  this  matter,  we  intent  to  expose  the  positions  of  Max Jammer  (The Conceptual Development of Quantum Mechanics, McGraw‐Hill,  1966),  Jan Faye (Niels Bohr: His Heritage and Legacy, Kluwer Academic Publishers, 1992), and David Favrholdt (Niels Bohr's Philosophical Background, The Royal Danish Academy of Sciences and  Letters,  Copenhagen,  1992). We will  also  try  argue  that  the  new  developments  in 

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Quantum Mechanics foundations shows that in fact, there were a important influence of Høffding in Bohr's complementarity principle. 

 

 

CO14. Análise da contribuição fenomenológica para o problema da medição através do texto: “La théorie de l’observation en mécanique quantique” de F. London &  E. Bauer. 

Ioná Almeida de Brito Universidade Federal da Bahia 

A brochura  “La  théorie  de  l'observation  en mécanique  quantique”,  escrita  pelos  físicos Fritz London e Edmond Bauer e publicada em 1939, é uma obra de importância crucial na história  da  pesquisa  sobre  os  fundamentos  da  física  quântica.  Nela  o  problema  da medição é abordado de acordo com a abordagem proposta por J. Von Neumann, porém com maior ênfase no papel do observador, através de um enfoque mais fenomenológico‐descritivo do que mentalista. Trata‐se de uma abordagem filosófica pouco explorada na teoria  da  observação.  Uma  vez  entendida  como  uma  explicação  “mentalista”,  esta abordagem foi deslocada no cenário da pesquisa pelas interpretações mais objetivistas, e em  especial  pelo  programa  de  pesquisa  que  levou  à  identificação  do  efeito  físico  da descoerência e ao seu uso no problema da medição. O fato de ser hoje uma explicação francamente marginal na física não reduz o seu interesse histórico, conceitual e filosófico. É  certo  que  a  obra  de  London &  Bauer  foi muito  influente  sobre  pesquisadores  como Eugene Wigner e Abner Shimony, sendo este último o primeiro a traduzir o texto para o inglês,  com  o  título  “The  Theory  of  Observation  in  Quantum  Mechanics”.  Mais recentemente,  a  obra  foi  analisada  por  Steven  French  em  seu  artigo:  “A phenomenological solution to the measurement problem? Husserl and the foundations of quantum mechanics”, (Studies in History and Philosophy of Modern Physics 33, 2002, 467‐49). Segundo French, o trabalho de London & Bauer teve fundamental importância, pois funcionou  como  uma  lente  a  partir  da  qual  a  interpretação  ortodoxa  da  mecânica quântica passou a ser entendida por muitos físicos.  “La  théorie  de  l'observation  en  mécanique  quantique”  é  uma  obra  marcada principalmente  pelo  anti‐reducionismo,  onde  é  enfatizado  o  papel  essencial  da consciência do observador no processo de medição (Gavroglu, 1995). Nela são resgatados aspectos  filosóficos, que apesar de  fundamentais,  são pouco considerados pela maioria dos  físicos  nos  debates  atuais  sobre  o  problema  da medição:  a  relação  entre  sujeito  e objeto,  e  a  maneira  como  nós  expressamos  nosso  conhecimento  do  mundo  externo. Contudo,  não  conhecemos  uma  análise  mais  fina  dessa  obra,  da  sua  repercussão  e influência no meio científico. Acredita‐se portanto, que uma discussão mais aprofundada sobre este texto, principalmente do ponto de vista fenomenológico, pode contribuir para 

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levantar  novos  aspectos  históricos  e  filosóficos  do  problema  da medição  em mecânica quântica.  

CO14.  Analysis  of  the  phenomenologic  contribution  for  the  measurement  problem through  the  text:  "La  théorie of  l'observation en mécanique quantique" by London & Bauer.  

The  1939  brochure  "La  théorie  of  l'observation  en  mécanique  quantique",  written  by physicists Fritz London and Edmond Bauer, is a work of crucial importance in the history of the research on the quantum physics  foundations.  In  it  the measurement problem  is treated  in  agreement  with  the  approach  proposed  by  J.  Von  Neumann,  however  with larger  emphasis  on  the  observer's  role,  more  through  a  phenomenological  description focus than a mentalist focus. It is a philosophical approach little explored in the theory of the observation.  Once  understood  as  a mentalist  explanation,  this  approach was moved  away  from  the scenery  of  the  research  by  the  interpretations  more  objectivist,  and  especially  by  the research program that took to the identification of the physical effect of decoherence and its  use  in  the  problem  of  the  measurement.  The  fact  of  being  today  a  marginal explanation  in  the  physics  doesn't  reduce  its  historical,  conceptual  and  philosophical interest.  It  is  true  that  the work of London & Bauer was very  influential on researchers such as Eugene Wigner and Abner Shimony, the latter being the first to translate the text into English, under  the  title  "The Theory of Observation  in Quantum Mechanics”. More recently,  the work was analyzed by Steven French  in his article  "The Phenomenological solution  to  the  measurement  problem?  Husserl  and  the  Foundations  of  quantum mechanics”,(Studies  in  History  and  Philosophy  of  Modern  Physics  33,  2002,  467‐49). According to French, the work of London & Bauer has worked as a lens through which the orthodox interpretation of quantum mechanics is now perceived by many physicists.  "La théorie de l'observation in mécanique quantique" is a work characterized primarily by anti‐reductionism, in which is emphasized the essential role of conscience of the observer in  the  process  of measurement  (Gavroglu,  1995).  It  rescued philosophical  aspects,  that even  though  fundamental  are  not  considered  by  most  physicists  in  the  current discussions  about  the  problem  of measurement:  the  relationship  between  subject  and object and the way we express our knowledge of the outside world.  However, as far as we know, there is not any historical and philosophical analysis of that work and its influence in the scientific environment. It is believed therefore, that a deeper reading of this text, especially from a phenomenological point of view, can contribute to raise new historical and philosophical aspects of the measurement problem in quantum mechanics.  

 

 

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CO15. Pressupostos metafísicos e epistêmicos na obra científica de Eugene P. Wigner 

Frederik Moreira dos Santos  Universidade Federal da Bahia 

Este  trabalho  busca  sistematizar  o  pensamento  filosófico  do  físico  húngaro  Eugene  P. Wigner. Remonto nesta comunicação o que creio ser o centro dos modelos conceituais e explicativos  na  física  feita  por  Wigner.  Parto  da  caracterização  do  seu  pensamento científico  quanto  àquilo  que  ele  refletiu  sobre  a  natureza  da  atividade  científica.  Seu poder descritivo da realidade e suas leis gerais necessárias e a priori, tal como, a lei mais geral e profunda da natureza,  segundo Wigner, a  simetria. Tal princípio  influenciou  sua proposta para solução do problema da medição? Começarei por identificar “a metáfora do edifício” que Wigner utiliza para poder ilustrar aquilo que ele entende caracterizar a atividade científica. Posteriormente, conectarei esta visão  geral  da  ciência  com  seu  princípio  primeiro  e  organizador  do  mundo  natural,  o princípio  da  simetria.  Por  fim,  na  última  parte  do  texto,  irei  mostrar  como  Wigner articulou  este  princípio  com  a  mecânica  quântica,  mais  precisamente,  no  processo  da medição. Wigner utiliza o critério de obediência a este princípio como uma das (talvez a principal  delas)  condições  necessárias  para  que  os  processos  e  descrições  físicas  se construam de forma coerente com os ditames do mundo empírico. Tal  trabalho  tem  se  realizado  através  da  análise  das  fontes  primárias.  Escritas  em  um período  que  parte  do  início  da  década  de  1950  (sendo  a maioria  a  partir  do  início  da década  de  1960)  ao  início  da  década  de  1980.  Começa  com  a  publicação  de  seus primeiros  artigos  de  cunho  filosófico  e  termina  quando  Wigner  abandona  sua interpretação alternativa para o problema da medição na MQ. Minha interpretação dos diálogos  e  discussões  registrados  em  cartas,  conferências,  entrevistas,  e  em  algumas publicações  feitas  pelo  próprio  Wigner,  terá  o  suporte  de  alguns  de  seus  principais comentadores,  tais  como,  Abner  Shimony,  Paul  Feyerabend,  Bernard  d'Espagnat,  entre outros. Tais comentadores nos servirão como apoio secundário, porém essencial para o sucesso deste projeto. Dessa forma se explicitará a construção e o conteúdo de sua visão filosófica, que influenciou, e ainda influencia, a muitos físicos do séc. XX. 

CO15.  Metaphysics  and  epistemic  presuppositions  in  Eugene  P.  Wigner's  views  on science and the quantum measurement problem  

This  communication  presents  a  general  schema  of Wigner's  metaphysic  and  epistemic views  concerning  science  and  quantum  mechanics.  Wigner  used  to  compare  the development  of  science  with  the  construction  of  a  building;  there  are  many  diverse activities but all of  them are connected by general principles.  In science such principles would be underlying general laws a priori. For Wigner, the most important principles are symmetry  ones.  I  want  to  exploit  how  useful  this  “building  analogy” was  for Wigner´s 

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approach to the quantum measurement problem, as he developed it from the early 1960s on.  My  analysis will  focus  on  the  following Wigner´s  papers:  Invariance  in  Physical  Theory, [1949],  in Wigner,  E. P. Philosophical Reflections and  Syntheses.  Springer, NY, 1995, pp. 283‐293;  The  Limits  of  Science, op.  cit.  [1950],  in Wigner,  E.  P.  1995,  pp.  523‐533;  The Problem of Measurement, [1963], in Wigner, E. P. op. cit. 1995, pp. 163‐180; On Some of Physics' Problems, [1972], in Wigner, E. P. op. cit. 1995, pp. 578‐583; and Events, Laws of Nature, and  Invariance Principles,  [1980],  in Wigner,  E. P. op.  cit.  1995, pp. 334‐342.  In addition  I  used  unpublished  documents  from  his  interactions  with  philosophers  and physicists  such  as  Abner  Shimony  and  Henry  Margenau  and  comments  on  Wigner's approach by Paul Feyerabend and Bernard d'Espagnat.  

 

 

CO16. Tres perspectivas para  la noción de estado cuántico:   A Peres, L Ballentine y M Paty  

Jhonny Alexander Castrillón Perez Universidad de Antioquia 

En  este  trabajo  seguimos  tres  autores  de  perspectivas  epistemológicas  de  la  física cuántica (Peres, Ballentine  y Paty). Son revisados el estatuto de la función de estado y de las  variables  dinámicas,  y  las  implicaciones  de  estos  problemas  en  el  contexto  de  la interpretación.  Sus objetivos son, (1) mostrar cómo cada concepción trata el proceso de medición en la determinación del estado,  y  (2) comparar los tipos de posturas realistas de cada una.  Aunque las tres tienen valoraciones diferentes de la posición observacional, además se refieren a acercamientos axiomáticos y críticos.  Por tal razón comparamos las consecuencias que se siguen de elegir una posición. Peres afirma que la determinación del estado se hace en la observación de los resultados probables  en  una medición,  y  por  tanto  el  formalismo,  antes  de  referirse  a  vectores  y variables,  enuncia propiedades de preparaciones y pruebas.  Ballentine se interesa en la correspondencia que establece entre un teorema de la medición y la interpretación de un vector  de  estado.  El  desarrollo  formal  de  este  autor  se  basa  en  legitimar  las correspondencias  entre  variables  físicas  y  observables matemáticos.    Paty  por  su  parte concibe  el  procedimiento  intelectual  de  reconstitución  de  la  función  de  estado de  una medición,  subrayando que  el  conocimiento  físico  no  está  restringido  a observaciones  y mediciones, sino que requiere comprensión, para formular relaciones entre la función de estado y sus propiedades físicas. Al  reunir  estos  abordajes  encontramos  una  controversia  sobre  la  realidad  de  los fenómenos cuánticos. La realidad de Peres está en las marcas de un aparato de medición. Ballentine definirá la realidad en la validez de las correspondencias que enuncia, mientras 

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Paty  propone  el  programa  del  realismo  crítico  para  que  el  aspecto  conceptual  del formalismo “entre al dominio cuántico.”  No obstante la controversia, encontramos que los autores siguen un procedimiento común que va de la definición a la interpretación de la noción de estado  cuántico. En caso  se hace un estudio histórico sobre el significado de cantidad física, seguido de una crítica epistemológica de dicha noción en física cuántica. De  este  modo  queremos  señalar  la  importancia  práctica  de  estos  aspectos  en  la formulación  de  la  teoría.  A  partir  de  estos  estudios  y  críticas  pueden  distinguirse  y justificarse interpretaciones diferentes. 

CO16. Three perspectives for the quantum state concept: A Peres, L Ballentine y M Paty  

In  this work we  followed three epistemological perspective authors of quantum physics (Peres, Ballentine and Paty). The statute of state function and dynamic variables, and the implications  of  these  problems  in  the  context  of  the  interpretation,  are  revised.  Its objectives  are,  (1)  to  show  how  each  conception  deals  the  quantum  measurement process in determination of the state, and (2) to compare the kind of realistic positions of each  one.  Although  each  conception  has  different  valuations  of  the  observational position, in addition they comment axiomatic and critical approaches. For this reason we compare the consequences followed by a chosen position.  Peres affirms that state determination occurs in the observation of probable results of a measurement, and the formalism, before to talk about vectors and variables, enunciates properties of preparations and tests. Ballentine is interested in the correspondence that establishes  between  a  theorem  of  the measurement  and  the  interpretation  of  a  state vector. The formal development of this author  is based on legitimizing correspondences between  physical  variables  and  mathematician  observables.  On  the  other  hand,  Paty conceives  the  intellectual  procedure  of  reconstruction  of  the  state  function  of  a measurement, emphasizing that the physical knowledge is not restricted to observations and measurements,  but  that understanding  requires  formulating  relations between  the physical state function and its physical properties.  Joining  these  approaches we  found  a  controversy  on  the  quantum phenomena  reality. The reality of Peres lies in the marks of a measuring instrument. Ballentine will define it in the validity of  the correspondences  that he enunciates, while Paty proposes  the critical realism program for  the conceptual aspect of  formalism "enters  the quantum domain." Despite  the  controversy,  we  found  that  the  authors  follow  a  common  procedure  that goes from the definition to the interpretation of the quantum state concept. In each case there  is  an  historical  study  for  the  meaning  of  physical  quantity,  followed  by  an epistemological critic of this notion in quantum physics. This way we want to indicate the practical importance of these aspects in the formulation of the theory. From these studies and critics different interpretations can be distinguished and justified.  

 

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CO17. Teoria da ressonância: história e ensino  

José Luis de Paula.Barros Silva e Nídia Franca Roque  Universidade Federal da Bahia 

No  período  de  1928  a  1939,  Linus  Pauling  elaborou  uma  teoria  de  ligação  química fundamentada num conceito de ressonância em sistemas quânticos, tais como átomos e moléculas.  De  acordo  com  a  interpretação  de  Pauling,  o  fenômeno  da  ressonância quantum‐mecânica manifesta‐se através da  função de onda do  sistema, expressa como combinação linear das funções de base, bem como pela energia de interação eletrônica, através da parcela expressão pela integral de ressonância (ou integral de troca) (Pauling; Bright Wilson, 1985).  A  idéia de ressonância foi aplicada, com sucesso, na explicação da estrutura de átomos, íons, moléculas e redes cristalinas que não se encaixavam na teoria de ligação de valência da  época.  Pauling  introduziu  a  idéia  de  que  a  estrutura  desses  sistemas  poderia  ser explicada como híbrida das várias estruturas convencionais possíveis. Um sistema híbrido de  ressonância  ressoaria  entre  diversas  estruturas,  cada  qual  correspondendo  a  uma distribuição eletrônica possível. No centro do conceito de ressonância estava a concepção de movimento dos elétrons do sistema,  fosse um átomo, uma molécula, um  íon ou um cristal.  Através  desse  movimento  o  sistema  passava  de  uma  estrutura  a  outra, possibilitando  identificar a distribuição de carga elétrica pelo sistema e  localizar centros reativos.  No  caso  dos metais  o movimento  eletrônico  adquiria  feição mais  nítida  pois, além  de  explicar  a  interação  dos  átomos,  também  justificava  a  condução  elétrica.  A ressonância era um fenômeno relacionado ao movimento eletrônico interno aos sistemas materiais.  Uma  idéia  com  grande  poder  de  explicação  dos  fatos  químicos  a  partir  da representação das estruturas moleculares (Pauling, 1945).  Este  conceito  de  ressonância  foi  duramente  criticado,  pelo  excessivo  realismo. Argumentou‐se  que  as  funções  de  onda  empregadas  na  construção  da  estrutura  do sistema  híbrido  não  teriam  significado  físico‐químico.  A  teoria  da  ressonância  deveria reduzir‐se  ao  método  da  ressonância  e  as  fórmulas  de  ressonância  seriam  meros instrumentos  para  resolver  problemas  (Wheland,  1955).  A  controvérsia  nascida  das diferentes conceituações científicas da ressonância — movimento de estruturas e método para  representação  de  estruturas  —  terminou  com  a  vitória  do  método  sobre  o fenômeno.  A transposição didática da ressonância — tanto em manuais técnicos, quanto em livros de pós‐graduação, graduação ou ensino médio — embora espelhem o resultado da disputa científica,  escondem  o  processo  de  elaboração  conceitual  do  método  (Silva;  Roque, 2003). Tal procedimento aponta para a necessidade de maior articulação entre ensino de química e história da teoria quântica.  

  

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Referências: PAULING, Linus C. The Nature of  the Chemical Bond and the Structure of Molecules and Crystals. 2nd ed. Ithaca‐NY: Cornell University Press, 1945.  PAULING,  Linus  C.;  BRIGHT  WILSON  JR,  E.  Introduction  to  Quantum  Mechanics  with  Applications  to Chemistry. New York: Dover, 1985.  SILVA,  José  Luis  P.  B.;  ROQUE,  Nídia  Franca.  Ordens  de  transposição  didática.  In:  Encontro  Nacional  de Pesquisa em Educação em Ciências, 4., 2003, Bauru‐SP. Atas... . Bauru: Unesp, 2004. 1 CD.  WHELAND, George W. Resonance in Organic Chemistry. New York: John Wiley, 1955.  

CO17. Resonance theory: history and teaching  

In the period between 1928 and 1939, Linus Pauling elaborated a chemical bond theory based  on  a  concept  of  resonance  in  quantum‐mechanical  systems,  such  as  atoms  and molecules.  According  to  Pauling  interpretation,  the  quantum‐mechanical  resonance phenomenon manifests  itself  through  the  system wave  function,  expressed  as  a  linear combination of base  functions, as well  as  through  the  system energy,  in  the  resonance integral (or exchange integral) parcel (Pauling; Bright Wilson, 1985).  The  idea  of  resonance  was  applied  in  successful  structure  explanation  of  atoms,  ions, molecules  and  crystals  that  do  not  fit  on  valence  bond  theory  of  that  period.  Pauling suggested that these systems structure could be explained as hybrid of several possible conventional  structures.  A  resonance  hybrid  system  would  resonate  among  several structures, each one corresponding to a possible electronic distribution. In the centre of resonance  concept  there was  a  conception of  system's  electron movement, whether  it was an atom, a molecule, an ion or a crystal. Through this movement the system passed from  one  structure  to  another,  making  it  possible  to  identify  system's  electric  charge distribution and to  localize reactive sites.  In the case of metals this movement  acquired more  well‐defined  shape  since  beyond  explaining  atoms  interaction,  justified  electric conduction  too.  Resonance  was  a  phenomenon  related  with  internal  electronic movement of material  systems: an  idea with great explanation power of chemical  facts from molecular structure representations (Pauling, 1945).  This  resonance concept was hardly  criticized by  its excessive  realism.  I was argued that the  wave  functions  used  in  hybrid  system  structure  building  did  not  have  physical meaning. Resonance theory should reduce to resonance method and resonance formulae should be simple instruments to problem solving (Wheland, 1955). The controversy born from  different  scientific  resonance  concepts  —  structures  movement  and  structure representation  method  —fended  up  with  the  victory  of  the  method  over  the phenomenon.  The  didactic  transposition  of  resonance  —  in  technical,  graduate,  undergraduate  or secondary school books — though reflect the result of scientific controversy do not show the  method  conceptual  elaboration  process  (Silva;  Roque,  2003).  Such  procedure suggests  the  need  of  a  deep  relationship  between  chemistry  teaching  and  quantum theory history.  

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References  PAULING, Linus C. The Nature of  the Chemical Bond and the Structure of Molecules and Crystals. 2nd ed. Ithaca‐NY: Cornell University Press, 1945.  PAULING,  Linus  C.;  BRIGHT  WILSON  JR,  E.  Introduction  to  Quantum  Mechanics  with  Applications  to Chemistry. New York: Dover, 1985.  SILVA, José Luis P. B.; ROQUE, Nídia Franca. Ordens de transposição didática. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 4., 2003, Bauru‐SP. Atas... . Bauru: Unesp, 2004. 1 CD.  WHELAND, George W. Resonance in Organic Chemistry. New York: John Wiley, 1955. 

 

 

CO18. Énfasis conceptual e interpretaciones en la enseñanza de la mecánica cuántica 

Ileana M. Greca e Olival Freire Jr. Universidad de Burgos e Universidade Federal da Bahia 

En este trabajo reflexionamos sobre la necesidad de que toda investigación en el área de la enseñanza de la mecánica cuántica que pretenda enfatizar sus aspectos conceptuales– ya  sea  aquellas  que  estudian  la  comprehensión  de  diferentes  conceptos  cuánticos  por estudiantes o las abocadas a desarrollar formas más eficaces para su enseñanza—parta, por las características de esta teoría, de una explicitación justificada de la interpretación adoptada por  los autores, cuestión raramente abordada en  los trabajos existentes en el área.  Intentaremos  mostrar  como  el  énfasis  didáctico  instrumentalista  que  ha caracterizado  la  (mala)  formación  de  físicos  en  mecánica  cuántica,  con  ausencia  de discusiones  conceptuales  está  relacionado,  entre  otros  aspectos,  con  una  postura  que relega  las  cuestiones  interpretacionales  y,  tomando  un  caso  específico,  el  fisico  John Clauser,  como  las  dificultades  conceptuales  durante  su  formación  impulsaron  a  un investigador,  dentro  de  un  particular  contexto  histórico,  a  escoger  el  campo  de investigación en fundamentos de la mecánica cuántica. Finalmente, argumentaremos que si bien los pocos trabajos aparecidos en los últimos años en enseñanza de las ciencias que explicitan  algún  tipo  de  interpretación  tienden  a  adoptar  interpretaciones  que  caen dentro  de  un  espectro  realista,  no  es  posible  a  priori  establecer  una  interpretación privilegiada desde el punto de vista didáctico.  

CO18. Conceptual emphasis and interpretations in quantum mechanics teaching  

In  this paper we argue that  research  in quantum mechanics  teaching with emphasis on conceptual issues should make explicit the interpretation of quantum mechanics assumed by their authors; a point of view rarely adopted by current research on this matter. Such requirement should be fulfilled both by those aiming to study student's understanding of quantum concepts and those  intending  to work out effective pedagogical  resources  for their  teaching.  In  addition,  we  intend  to  show  how  the  instrumentalist  pedagogical emphasis,  which  has  been  widely  adopted  while  training  physicists  in  quantum 

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mechanics, is related to the view that interpretational issues should not be approached in physicist's  training.  We  take  John  Clauser's  case  for  illustrating  this  point.  Conceptual difficulties  in  learning  quantum mechanics  were  a  driving  force  for  this  physicist,  in  a specific  historic  context,  towards  his  research  work  on  foundations  of  quantum mechanics, in special performing experiments with Bell's theorem. Finally, we argue that while most of papers which make explicit assumptions on interpretations tend to choose realist approaches,  it  is not possible,  from a pedagogical point of view consider a priori any interpretation as the most adequate.  

 

 

CO19.  Os  princípios  de  complementaridade  e  de  incerteza  na  obra  Copenhague  de Michael Frayn: a arte e a teoria quântica 

Alessandro Frederico da Silveira, Ana Paula Bispo da Silva e Aurino Ribeiro Filho Universidade Estadual da Paraíba e Universidade Federal da Bahia 

Este trabalho é um estudo teórico da obra Copenhague, peça de teatro escrita em 1997 pelo autor  inglês Michael Frayn, que procura estabelecer uma ponte entre a ciência e a arte,  como  forma  de  divulgação  da  ciência.  A  peça  explora  os  aspectos  sociais  e  os dilemas éticos de dois dos principais cientistas envolvidos na teoria quântica, Niels Bohr (1885‐1962)  e  Werner  Heisenberg  (1901‐1976),  quanto  às  questões  complexas provocadas pela Física Quântica e pela  fissão nuclear. Durante os anos de 1925 a 1927, Bohr  e  Heisenberg  haviam  trabalhado  juntos  em  Copenhague,  desenvolvendo  os  dois princípios  fundamentais  formadores  da  chamada  “Interpretação  de  Copenhague”,  que negava  a  possibilidade  de  descrições  causais  microscópicas,  semelhantes  às  da  Física clássica para os fenômenos quânticos. Em 1927, Heisenberg havia chegado às relações de incerteza  baseado  principalmente  no  papel  do  experimento  na  teoria  quântica  e  o formalismo para descrever os fenômenos, porém, as bases conceituais sobre as quais o princípio  da  incerteza  foi  estabelecido  não  agradaram  a  Bohr  ,  apesar  deste  concordar com  as  conclusões  a  que  Heisenberg  chegava  em  sua  formulação.  Este  fato  acabou gerando  uma  controvérsia  entre  os  dois  físicos.  A  posição  de  Bohr  estava  baseada principalmente  no  fato  de  que  as  relações  de  incerteza  limitavam  a  aplicabilidade  das noções  clássicas de posição ou momentum ao caso da microfísica. Além disso, havia as diferentes opiniões sobre o papel do formalismo matemático nas explicações físicas. Em setembro  do  mesmo  ano,  depois  da  publicação  de  Heisenberg  sobre  as  relações  de incerteza,  Bohr  apresentou  as  bases  do  princípio  da  complementaridade  para  quase todos os  físicos envolvidos na nova  teoria quântica. O princípio da  complementaridade pode ser definido como um fator comum que pode ser encontrado em uma variedade de casos.  Tanto  o  princípio  da  incerteza  quanto  o  da  complementaridade  apresentavam implicações  para  a  Filosofia.  As  relações  de  incerteza  estabelecidas  por  Heisenberg 

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tinham um  significado maior do que a determinação da posição ou  velocidade de uma partícula. Elas eliminavam a causalidade, que sempre regeu tanto as leis da Física quanto a  Filosofia.  No  contexto  da  peça,  os  personagens  Heisenberg,  Bohr  e  sua  esposa Margrethe  se  encontram  mortos  e  relembram,  ora  no  mesmo  ambiente,  ora  em ambientes diferentes, o que Bohr e Heisenberg conversaram em um encontro  real que aconteceu entre os cientistas em 1941, em Copenhague, na casa de Bohr. Época em que Heisenberg  liderava o programa alemão para  investigar a possibilidade de fabricação de uma bomba atômica e estava naquela cidade para participar de um seminário no Instituto Cultural  Alemão  e  foi  convidado  por  Bohr  para  jantar  em  sua  casa.  Como costumeiramente  acontecia  nos  encontros,  os  dois  saíram  para  uma  caminhada  para conversar,  porém,  pouco  se  sabe  sobre  o  que  conversaram.  Apresentaremos  os elementos de História da Mecânica Quântica presentes na peça, em particular as  idéias dos princípios da complementaridade e da incerteza, discutidas pelos personagens. Assim como os princípios abordados, a própria peça parece não obedecer a uma causalidade, não deixando claro a seqüência de fatos e sua ocorrência no tempo. 

CO19.  The  Complementarity  and  Uncertainty  Principles  in  the  play  Copenhagen  of Michael Frayn: the art and the quantum theory  

This work is a theoretical study of the Copenhagen, theatre´s play written in 1997 by the English author Michael Frayn, which try to establish a bridge between science and the art, as  form  of  spreading  of  science.  The  play  explores  the  social  aspects  and  the  ethical dilemmas  of  two  of  the  main  scientists  involved  in  quantum  theory,  Niels  Bohr  and Werner Heisenberg. This situation involves the complex questions provoked by quantum physics and the nuclear fission. Between the years 1925 and 1927, Bohr and Heisenberg had worked together  in Copenhagen and had developed the two basic principles of the so‐called  “Copenhagen's  Interpretation”,  which  denied  the  description  of  quantum phenomena  by  the  causal  interpretation  of  classic  physics.  In  1927,  Heisenberg  had presented  the  uncertainty  relations  based mainly  on  the  role  of  the  experiment  in  the quantum  theory  and  on  the  formalism  to  describe  the  phenomena.  In  spite  of  Bohr's agreement  with  the  conclusion  reached  by  Heisenberg  in  his  formulation,  he  was  not satisfied  with  the  conceptual  foundations  on  which  the  uncertainty  principle  was established. This fact provoked a controversy between the two physicists. Bohr's position was based mainly on the fact that the uncertainty relations limited the applicability of the classic notions of position or momentum to the case of the microphysics. Moreover, they had  different  opinions  on  the  role  of  the  mathematical  formalism  in  physical explanations.  In September of  the  same year, after  the Heisenberg's publication on the uncertainty  relations, Bohr presented  the  foundations of  the  complementarity principle for almost all  the physicists  involved  in  the new quantum theory. The complementarity principle can be defined as a common factor that can be found  in a variety of cases. As much  the  uncertainty  principle  as  well  the  complementarity  principle,  they  presented implications for the Philosophy. The uncertainty relations established by Heisenberg had 

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a  meaning  beyond  the  determination  of  the  position  or  velocity  of  a  particle.  They eliminated the causality, a subject always presented in Physics' laws as well in Philosophy. In  the Michel  Fray's play,  the  personages Heisenberg, Bohr  and his wife Margrethe  are already dead and remember, sometimes in the same surrounding, sometimes in distinct places  and  time,  what  Bohr  and  Heisenberg  had  talked  in  a meeting  which  happened between  the  scientists  in  1941,  in  Bohr's  house  in  Copenhagen.  The meeting  occurred when Heisenberg led the German program to investigate the possibility of manufacture of an  atomic  bomb  and  was  in  Copenhagen  to  participate  in  a  seminary  in  the  German Cultural  Institute.  Bohr  then  invited  him  to  his  house.  As  usually  it  happened  in  their meetings, the two scientists talked during a walked around Bohr's house. However, few details  are  known  about what  they  really  talked. We will  present  the  elements  of  the history  of  quantum  mechanics  present  in  the  play,  in  particular  the  ideas  of  the complementarity  and  uncertainty  principles,  argued  for  personages.  As  well  as  the principles  boarded,  the  proper  play  seems  not  to  obey  a  causality.  The  facts  and  their consequences do not follow a clear sequence in time.  

 

 

CO20. O projeto da história da física quântica 

Christoph Lehner Max‐Planck‐Institut fur Wissenschaftsgeschichte. 

O  Instituto Max  Planck  para  a  História  da  Ciência  e  o  Instituto  Fritz  Haber  (ambos  em Berlim) iniciaram um projeto conjunto para explorar a história da física quântica em uma colaboração de historiadores e  físicos praticantes. Esse projeto é bastante  incomum na história da  ciência no que  se  refere  tanto ao número quanto a  grande diversidade dos pesquisadores  envolvidos.  Irei  apresentar  as  considerações  metodológicas  e historiográficas que motivaram sua criação. Além disso, vou olhar a história da história da física quântica em si e situar o projeto dentro dela.  

CO20. The quantum history project 

The Max Planck Institute for the History of Science and the Fritz Haber Institute (both in Berlin)  have  initiated  a  joint  project  to  explore  the  history  of  quantum  physics  in  a collaboration of historians and working physicists. This project is rather unusual in history of  science  regarding  both  the  number  and  the  diverse  background  of  involved researchers.  I will  present  the methodological  and historiographical  considerations  that have  motivated  its  inception.  I  will  also  take  a  look  at  the  history  of  the  history  of quantum physics itself and situate the project within it. 

 

Workshop: “Estudos Históricos e Implicações Culturais”

 

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PO1. Modelo atômico quântico e ensino médio de química  

José Luis de Paula. B. Silva e Maria Bernadete de Melo Cunha  Universidade Federal da Bahia 

O conceito de átomo tem uma grande importância na explicação química dos fenômenos 

materiais. A história deste conceito é muito rica em função das polêmicas travadas e da 

multiplicidade de modelos atômicos elaborados ao longo do século XIX e início do século 

XX.  O modelo  atômico  qualitativo  empregado  contemporaneamente  na  pesquisa  e  no 

ensino  de  química  deriva  da  solução  da  equação  de  Schrödinger  para  átomos 

hidrogenóides e da teoria de  ligação química de Linus Pauling. Talvez por  isso,  livros de 

história da química não se refiram a qualquer modelo atômico atual, mas, à contribuição 

da teoria quântica para a estrutura atômica (p. ex.: BROCK, 2000).  

De  fato,  a  teoria  quântica  contribuiu  de  modo  decisivo  para  o  conceito  de  átomo 

empregado na química contemporânea. Em trabalho anterior, defendemos a idéia de que 

as contribuições mais importantes para a elaboração desse modelo foram as noções de: 

1. sistema quântico; 2. comportamento dual da radiação e da matéria; 3. movimento sem 

trajetória  definida;  4.  caráter  probabilístico  do  comportamento  do  sistema;  5. 

representação  do  estado  de  um  sistema  quântico  por  uma  função  de  onda  (SILVA; 

CUNHA, 2008).  

Compartilhamos como outros estudiosos do ensino de ciências a necessidade de  incluir 

conhecimentos  científicos  atualizados  na  formação  geral  dos  cidadãos,  notadamente, 

aqueles  referentes  à  teoria  quântica  (GRECA; MOREIRA;  HERSCOVITZ,  2001),  dada  sua 

importância na química e na física, bem como em aplicações tecnológicas cada vez mais 

presentes nas sociedades industrializadas.  

Tomando como pressuposto que textos didáticos costumam servir de referencial para a 

atividade docente, buscamos  identificar se e como os cinco aspectos da teoria quântica 

supracitados  são  apresentados  nos  seis  livros  didáticos  brasileiros  de  química  para  o 

ensino médio  aprovados  no  PNLEM 2006/7  [1].  A  análise  revelou que apenas uma das 

obras  trata  dos  cinco  pontos  em  conexão  com  a  discussão  do  modelo  atômico  atual. 

Outras três obras discutem‐nos parcialmente e duas não os incluem.  

Em  nosso  entender,  os  livros  analisados  não  tratam  o  assunto  com  suficiente  clareza 

conceitual. Defendemos que a inclusão de tais tópicos no ensino médio de química exige 

uma  interação  mais  forte  com  o  ensino  de  física,  especialmente  no  que  se  refere  à 

distinção clássico/quântico. Por outro  lado, não podem ser evitadas questões de ordem 

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epistemológica como o limite do nosso conhecimento acerca dos entes microscópicos, da 

conceituação de modelo científico, da representação pictórica do átomo.  

Tais  resultados  apontam  a  necessidade  de  atualização  e  aprimoramento  dos  textos 

didáticos de Química no tocante ao modelo atômico atual.  

[1] Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/port366_pnlem.pdf>.  

Referências: BROCK, William H. The Chemical Tree: a history of chemistry. New York: W. W. Norton, 2000.  GRECA, Ileana M. ; MOREIRA, Marco Antonio; HERSCOVITZ, Victoria E. Revista Brasileira de Ensino de Física, v.23, n.4, p.444‐457, 2001  SILVA,  José  Luis  P.  B.;  CUNHA,  Maria  Bernadete  M.  Para  Compreender  o  Modelo  Atômico  Quântico. ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 14. Anais ..., 2008. No prelo.  

PO1. Quantum atomic model and secondary school chemistry  

The  atom  concept  has  a  great  importance  in  chemical  explanations  of  natural 

phenomena.  Its  history  is  a  very  precious  one  due  to  polemics  and  the multiplicity  of 

atomic models conceived along XIX century and the beginnings of XX century. The atomic 

model presently  employed  in  chemical  research and  teaching derives  from Schrödinger 

equation solution for hydrogenlike atoms and from Linus Pauling chemical bond theory. 

Maybe because of this fact history of chemistry books do not refer to any contemporary 

atomic model but to contributions of quantum theory to atomic structure (e.g.: BROCK, 

2000).  

Indeed,  quantum  theory  contributed  in  a  decisive  way  to  atom  concept  employed  in 

contemporary  chemistry.  In  a  previous  paper  we  defended  the  idea  that  the  most 

important  contributions  for  elaborating  this  model  were  the  notions  of:  1.  quantum 

system; 2. dual behavior of radiation and matter; 3. motion without a definite trajectory; 

4. probabilistic character of system behavior; 5. representation of system state by a wave 

function (SILVA; CUNHA, 2008).  

We  share with  another  science  teaching  investigators  the  need of  including  up‐to‐date 

scientific  knowledge  in  general  instruction  for  citizens,  mainly,  those  ones  referred  to 

quantum  theory  (GRECA;  MOREIRA;  HERSCOVITZ,  2001),  due  to  their  importance  in 

chemistry  and  physics,  as  well  as  in  technological  applications  increasingly  present  in 

industrial societies.  

Assuming as a presupposition that textbooks used to be reference to teaching activities 

we  sought  to  identify wether  and how  the  five  features of quantum  theory mentioned 

above are presented in the six secondary chemistry textbooks approved in PNLEM 2006/7 

[1]. The analysis reveled that only one work deals with the five points connecting them to 

contemporary atomic model. The other three works partially discuss them and two works 

do not include them.  

In  our  perception  the  textbooks  analyzed  do  not  approach  the  subject  with  enough 

conceptual  clarity.  We  defend  that  the  inclusion  of  these  issues  in  secondary  school 

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chemistry  teaching  needs  more  strong  connection  with  physics  teaching,  especially 

concerned  to  the  classic/quantum  distinction.  On  the  other  hand,  we  can  not  avoid 

epistemological  questions  such  as  the  limits  of  our  knowledge  related  to  microscopic 

entities, to the concept of scientific model and to the atom pictorial representation.  

These  results  suggest  the  need  of  refining  and  up‐to‐date  chemical  textbooks  with 

respect to contemporary atomic model.  

[1] Available at: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/port366_pnlem.pdf>. PNLEN 

is a selection promoted by Brazilian Ministry of Education to buy and distribute textbooks 

to public secondary schools.  

References: BROCK, William H. The Chemical Tree: a history of chemistry. New York: W. W. Norton, 2000.  GRECA, Ileana M. ; MOREIRA, Marco Antonio; HERSCOVITZ, Victoria E. Revista Brasileira de Ensino de Física, v.23, n.4, p.444‐457, 2001  SILVA,  José  Luis  P.  B.;  CUNHA,  Maria  Bernadete  M.  Para  Compreender  o  Modelo  Atômico  Quântico. ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 14. Anais ..., 2008. No prelo.  

 

 

PO2. A química é redutível à mecânica quântica? 

Nelson Bejarano Universidade Federal da Bahia 

A  despeito  do  enorme  sucesso  da  Mecânica  Quântica,  filósofos  da  Química  têm  se empenhado primordialmente  em demonstrar  a  autonomia  da  Ciência Química  frente  a outras  ciências  da  natureza,  especialmente  frente  à  Mecânica  Quântica,  e,  por conseguinte, mostrar  a  legitimidade  das  questões  levantadas  pela  filosofia  da Química, colocando‐a como uma área importante da investigação filosófica da ciência. O conhecido programa de redução deseja desde os anos 20 do século XX, buscar reduzir as  leis  e  teorias  da  Química  às  leis  e  teoria  da  MQ.  Inicialmente  com  Paul  Dirac  que afirmava que: 

“As leis físicas básicas necessárias para a teoria matemática de uma larga parte da Física  e  da  totalidade  da  Química  [são]  completamente  conhecidas  da  Mecânica Quântica” (Dirac, 1929).  Vários são os argumentos contrários à tese da redução. Hoffmann (2007), por exemplo, considera  importante  a  comunicação  das  ciências  com  a  sociedade,  a  despeito  dessa polêmica reducionista: 

 “Os  cientista  adotaram  o  modo  reducionista  de  pensar  como  ideologia dominante. Mas essa filosofia tem muito pouca relação com a realidade dentro da qual os próprios cientistas  trabalham. E  isso causa um perigo potencial ao discurso do cientista dirigido ao resto da sociedade” (p. 38).  

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A  autonomia  da  Química  é  também  defendida  com  base  na  falha  da  redução “epistemológica”: nem todos os conceitos químicos e leis podem ser derivados da Física. Em  particular,  seguindo  Lombardi  &  Labarca  (2005),  argumentaremos  que  noções químicas  importantes  como  ligação  química,  quiralidade,  estrutura molecular  e  orbital, entre outros, não são tratáveis de forma rigorosa pela mecânica quântica. Além  dessa  falha  na  redução  epistemológica,  pode‐se  também  atacar  a  redução “ontológica”,  como  fazem  os  autores  argentinos.  Para  esses  filósofos,  a  conquista  da autonomia total da Química em relação à Física só será alcançada quando as ontologias da química e da Mecânica Quântica puderem coexistir sem que a ontologia quântica seja considerada como hierarquicamente superior. Nesse sentido entram em cena as idéias de Putnam  (1981),  conhecidas  como  realismo  internalista,  que  tem  em  seu  argumento central  a  defesa  de  um  pluralismo  ontológico.  Putnam  argumenta  que  objetos  não existem independentemente de esquemas conceituais. Questões como ‘de quais objetos se compõe o mundo?’ só fazem sentido para os internalistas se for perguntado dentro de uma  teoria  ou  uma  descrição.  Putnam  assume  que  diferentes  esquemas  conceituais definem diferentes ontologias, implicando, portanto, uma tese de pluralismo ontológico. Diante  disso,  pode‐se  conviver  com  duas  teorias  que  sejam  indistinguíveis  em  termos empíricos, mas que se refiram as ontologias completamente diferentes. Faremos  uma  exposição  dessas  idéias,  com  as  quais  concordamos  em  linhas  gerais, especialmente quanto à autonomia ontológica da Química, mas buscaremos argumentar que esta autonomia é  consistente  também com uma postura mais  realista externalista. Ou seja, não é preciso adotar integralmente a filosofia de Putnam para chegar à mesma conclusão de Lombardi e Labarca com relação à autonomia da Química.  

PO2. Is chemistry reducible to quantum mechanics?  

In spite of the enormous success of quantum mechanics, philosophers of chemistry have worked to prove that chemical  science  is autonomous  in relation to the other sciences, especially  quantum mechanics,  thus  showing  the  legitimacy  of  the  issues  raised by  the philosophy of chemistry, rendering it an important field of research.  The  so‐called  reduction  program,  since  the  1920's,  attempts  to  reduce  the  laws  and theories of chemistry to those of quantum mechanics. This project began with Paul Dirac, who stated that: “The underlying physical laws necessary for the mathematical theory of a  large  part  of  physics  and  the  whole  of  chemistry  are  thus  completely  known  [by quantum mechanics]” (Dirac, 1929).  There are many arguments against the reduction  thesis. Hoffmann  (1995),  for example, considers  important  the  communication  of  science  with  society,  in  spite  of  this reductionist controversy:  “Scientists have brought the reductionist mode of thinking as their guiding ideology. Yet this  philosophy  bears  so  little  relationship  to  the  reality  within  which  scientists themselves operate. And it carries potential danger to the discourse of scientists with the rest of society.” (Hoffmann 1995, p. 19)  

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The failure of “epistemological” reduction is also an argument in favor of the autonomy of chemistry:  chemical  concepts  and  laws  cannot  be  derived  from  physics.  In  particular, following Lombardi & Labarca (2005), we argue that important chemical concepts, such as chemical  bond,  chirality, molecular  structure,  and orbital,  are not  rigorously  treated by quantum mechanics.  Besides  this  failure  in  epistemological  reduction,  one  may  also  attack  “ontological” reduction, as is done by the Argentinian authors. For them, total autonomy for chemistry will  only  be  attained  when  the  ontologies  of  chemistry  and  quantum mechanics  may coexist,  without  the  ontology  of  quantum  mechanics  being  considered  hierarchically superior.  At  this  point  come  in  the  ideas  of  Putnam  (1981),  known  as  internal  realism. Putnam argues that objects don't exist independently of conceptual schemes. Questions such as `of what objects  is the world composed?' only make sense for the internalists  if reference is made to a theory or description. Putnam supposes that different conceptual schemes  define  different  ontologies,  thus  implying  ontological  pluralism.  One  may therefore have  two  theories  that are empirically  indistinguishable, but have completely different ontologies.  In this work, these ideas will be explained, in our defense of the ontological autonomy of chemistry, but we will argue that such autonomy is also consistent with a more external, realist  position.  In  other words,  one may  arrive  at  the  same  conclusion as  Lombardi & Labarca  concerning  the  autonomy  of  chemistry  without  fully  adopting  Putnam's philosophical views.  

 

 

PO3. Determinação da temperatura mesosférica a partir do espectro vibra‐rotacional da hidroxila. 

Fábio Egito, Ricardo A. Buriti, Amauri F. Medeiros e Hisao Takahashi Universidade Federal de Campina Grande e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 

A  temperatura  atmosférica  é  um  parâmetro muito  relevante  para monitoramento  das mudanças  que  ocorrem  na  atmosfera  terrestre.  As medidas  de  temperatura  in  situ  na troposfera são relativamente mais  fáceis e pouco onerosas quando comparadas com as regiões superiores da atmosfera. Assim, o desenvolvimento de técnicas que permitam a determinação  da  temperatura  nas  regiões  superiores  da  atmosfera  se  torna  muito importante.  Uma  técnica  bastante  utilizada  para  a  determinação  da  temperatura  em torno de 87km de altitude é o monitoramento do espectro vibra‐rotacional de emissão do radical hidroxila. A emissão da hidroxila resulta de transições vibra‐rotacionais dentro do estado  eletrônico  fundamental,  cujos  termos  de  energia  vibracional  e  rotacional  são dados pelas  aproximações do oscilador  anarmônico e do  rotor  rígido,  respectivamente. Medindo‐se  a  intensidade  de  pelo  menos  duas  linhas  rotacionais,  é  possível  inferir  a 

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temperatura rotacional da molécula a partir da razão entre essas  linhas. A  temperatura rotacional  da  molécula  pode  ser  utilizada  para  estimar  a  temperatura  cinética  da atmosférica  porque  o  número  de  colisões  da  hidroxila  por  unidade  de  tempo  com  os constituintes majoritários na região de emissão é suficientemente maior que o tempo de vida  radiativa  dessa  molécula.  Com  isso,  as  populações  rotacionais  podem  atingir  o equilíbrio  térmico  com  o  ambiente.  Em  São  João  do  Cariri  (7,38ºS;  35,53ºW),  um instrumento  denominado  de  fotômetro multicanal, mede  no  solo  a  intensidade  zenital das  linhas rotacionais P1(2) e P1(4) da banda (6‐2) da hidroxila desde 1998 e, a partir da razão entre essas linhas, é obtida a temperatura rotacional da molécula. Neste trabalho, mostraremos  os  detalhes  da  técnica  utilizada  para  a  determinação  da  temperatura rotacional, bem como o seu comportamento entre 1998 e 2007. 

PO3. Mesospheric temperature inferred from hydroxyl rotational spectrum.  

The atmospheric temperature is a very important parameter for monitoring the changes that occur in the Earth atmosphere. Temperature measurements in the troposphere are easier and less expensive to make in comparison with measurements taken in the upper atmosphere. Thus, the development of techniques which allow monitoring this parameter is  very  important.  One  particular  technique  frequently  used  for  determining  the atmospheric  temperature around 87km of altitude  is  to measure  the hydroxyl emission vibra‐rotational spectrum. Hydroxyl emission comes from vibra‐rotation transitions inside the  ground  electronic  state.  The  vibrational  and  rotational  energy  terms  are  given  by anharmonic  and  rigid  rotor  approximations,  respectively. Measuring  the  intensity  of  at least two rotational lines, it is possible to infer the rotational temperature of the molecule from the ratio between these lines. The rotational temperature may be used in order to estimate  the kinetic  temperature, because  the number of collisions  is sufficiently  larger than  the  radioactive  life  time  of  that molecule.  In  this way,  rotational  populations  can reach  the  thermal  equilibrium  with  the  environment.  At  São  João  do  Cariri  (7.38ºS, 35.53ºW), one instrument called multichannel photometer, deployed on the ground, has been  measuring  the  zenithal  intensity  of  the  rotational  lines  P1(2)  and  P1(4)  of  the hydroxyl  (6‐2)  band  since  1998,  and  from  the  ratio  between  these  two  lines,  the rotational temperature is obtained. In this work, we will give details of the technique used for  determining  the  rotational  temperature  as  well  as  its  behavior  between  1998  and 2007. 

 

 

 

 

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PO4. Experimentos históricos e o conceito de spin 

Morgana Lígia de Farias Freire, Ana Paula Bispo da Silva, Marcelo Gomes Germano, Ana Raquel Pereira de Ataíde Universidade Estadual de Campina Grande 

O  comportamento  de  um  átomo  ou  qualquer  partícula  subatômica  é  descrito  pela Mecânica Quântica. Cada partícula tem um momento angular intrínseco chamado spin e configurações específicas descritas por um conjunto de números quânticos. A hipótese do spin  do  elétron  foi  um  sucesso  quando  estabelecida,  pois  esclareceu  uma  série  de resultados  experimentais  como  o  da  espectroscopia  atômica.  A  existência  do  spin  do elétron foi comprovada pela experiência de Stern‐Gerlach. O objetivo deste trabalho é o de apresentar o conceito de spin através de experimentos históricos como: Stern‐Gerlach e  Rabi‐Cohen  que  possam  ilustrar  de  maneira  simples  a  relação  entre  a  teoria  e experimentação  no  desenvolvimento  da Mecânica  Quântica.  Desta  forma,  pretende‐se que o conceito de spin seja compreendido de forma menos abstrata do que geralmente se apresenta. Ao  longo dessa narrativa  faz‐se o uso de experimentos históricos, pois se parte  do  pressuposto  que  estes  possam  reforçar  o  entendimento  de  uma  grandeza complexa como o spin. 

PO4. Historical experiments and concept of the spin  

The comportamet of any atom or subatomic particle is described by Quantum Mechanics. Each  particle  has  an  intrinsic  angular  moment  called  spin  and  specific  configurations described by a set of quantum numbers. The hypothesis of the spin of the electron was a success when established, because it clarified a series of experimental results such as the atomic  spectroscopy.  The  existence  of  the  spin  of  the  electron  was  confirmed  by  the Stern‐Gerlach  experience.  The  objetive  of  this  work  is  to  present  the  concept  of  spin through  historical  experiments  such  as:  Stern‐Gerlach  and  Rabi‐Cohen  which  may illustrate in a simple manner the relationship between theory and experimentation in the development of the Quantum Mechanics. In this regard, it is intended that the concept of spin  is  understood on a way  less  abstract  than  that usually presented. Throughout  this narrative one uses historical experiments, because one  starts with  the assumption  that they can enhance the understanding of a complex magnitude of the spin.  

 

 

 

 

 

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PO5. Tópicos de Mecânica Quântica para a formação de professores de física 

Marcos Antonio Barros  Universidade Estadual da Paraíba 

A escolha do tema de pesquisa está diretamente relacionada a situações vivenciadas ao longo das minhas atividades como professor no ensino superior, especificamente em um curso  de  formação  de  professores.  Em  2006,  concluí  a minha  dissertação  de mestrado que teve como objetivo geral verificar a compreensão de alunos de Licenciatura em Física da  Universidade  Estadual  da  Paraíba  (UEPB),  a  respeito  da  difração  de  elétrons  e  suas possíveis  mudanças  de  concepções  através  do  Ciclo  da  Experiência  Kellyana  (CEK).  Os resultados  apontaram  inicialmente  para  concepções  errôneas  semelhantes  às  descritas em  pesquisas  anteriores,  mostrando‐nos  que  os  alunos  da  disciplina  de  Mecânica Quântica (MQ) apresentavam sérias dificuldades em definir objetos quânticos, diferenciá‐los  dos  objetos  clássicos,  falta  de  conhecimento,  quase  total,  das  interpretações filosóficas  utilizadas  na  MQ  e  uma  ausência  completa  do  uso  da  história  da  Física Quântica na abordagem de cada assunto. A análise de nossas pesquisas e as descritas na literatura  nos  leva  a  concluir  que  há  uma  baixa  qualificação  acadêmica  nos  futuros professores, permitindo‐nos pensar,  como objetivo deste projeto, em novas estratégias didáticas, menos  formais e abstratas para o ensino da Mecânica Quântica, apoiada nos aspectos históricos, filosóficos e experimentais. Entendemos ser essa questão relevante, pois se considera a possibilidade concreta de possivelmente facilitar, para o licenciando, a aquisição  de  significativos  conceitos  da  MQ,  capazes  de  oferecer  uma  adequada  e fecunda  dimensão  do  impacto  Cientifico,  Tecnológico  e  Filosófico  que  a mesma  trouxe para a cultura dos séculos XX e XXI. 

PO5. Topics of quantum mechanics for the formation of teachers of physics  

The choice of the research theme is directly related to situations lived along my activities as teacher in the higher education, specifically in a course of teachers' formation. In 2006, my  master's  degree  dissertation  that  had  ended  as  general  objective  to  verify  the students' of Degree understanding  in Physics of  the State University of Paraiba  (UEPB), regarding  the  electrons  diffraction  and  your  possible  changes  of  conceptions  through Experience  Kellyana's  Cycle  (CEK).  The  results  appeared  initially  for  erroneous conceptions  similar  to  described  them  in  previous  researches,  showing  us  that  the students of the discipline of Quantum Mechanics (MQ) they presented serious difficulties in  defining  quantum  objects,  to  differentiate  them  of  the  classic  objects,  lack  of knowledge, almost total, of the philosophical interpretations used in MQ and a complete absence of the use of the Quantum Physics history in the approach of each subject. The analysis of our researches and described them in the literature in the group to end that there  is  a  low  academic  qualification  in  the  futures  teachers,  allowing  to  think  us,  as objective  of  this  project,  in  new  didactic  strategies,  less  formal  and  abstract  for  the 

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teaching of the Quantum Mechanics,  leaning  in the aspects historical, philosophical and you  try.  We  understand  that  this  issue  is  relevant,  since  there  is  a  true  possibility  of offering  to  the  student  the  knowledge  of  the  main  concept  of  QM,  including  the appropriate and dimension of the scientific, technological and philosophical impact that it caused to the culture in centuries XX and XXI. 

 

 

PO6.  Organização  sistêmica  dos  conteúdos:  identificando  na  história  os  invariantes operatórios dos modelos atômicos 

Jadson Augusto de Almeida da Silva e Isauro Béltran Núñez Universidade  Federal  Rural  de  Pernambuco  e  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do Norte 

A  abordagem  da  História  da  Ciência  no  Ensino  tem  sido  bastante  investigada  pela literatura  nacional  e  estrangeira.  Vários  autores  justificam  suas  posições  acerca  de  seu uso  afirmando  que  a  história  da  ciência  humaniza  as  disciplinas  científicas;  ajuda  a diferenciar  o  contexto  de  justificação  do  contexto  da  descoberta  das  teorias;  revela  a dimensão  epistemológica  do  conhecimento  ao  explicitar  os  métodos  da  ciência,  entre outras afirmações. No entanto, para além das justificavas apresentadas, ainda permanece a polêmica acerca da validação dessas conjecturas em condições de sala de aula. Com a introdução da Física Moderna e Contemporânea no ensino médio tal problemática ganha um  maior  nível  de  complexidade.  Essa,  por  sua  vez,  parece  ter  início  na  seleção  e organização do conhecimento com objetivos didáticos. Considerando que conhecimento básico  não  é  sinônimo  de  conhecimento  elementar  apresentamos  uma  proposta  de organização do  tema  referente  aos modelos  atômicos de  Thomson, Rutherford, Bohr  e Mecânico  Quântico  para  o  programa  de  ensino  de  ciências.  Na  presente  pesquisa propomos  explicar  como  a  abordagem  histórica  pode  contribuir  para  seleção  e organização  do  conteúdo  ciências.  Consideramos  o  principio  de  unidade  entre  o conhecimento e a atividade e partimos do pressuposto de que a mente não opera com fragmentos, mas com a totalidade do conhecimento de maneira que sua organização com fins didáticos exerce uma  função seminal na  lógica do processo de  internalização. Além disso,  assumimos  o  enfoque  sistêmico  estrutural‐funcional,  conforme  Z.A.  Reshetova, para estruturação do conteúdo considerando que  tal etapa do planejamento de ensino tem uma função seminal na apropriação conceitual dos aprendizes. 

 

 

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PO6.  Systemic  organization  of  the  contents:  identifying  in  history  the  operational invariants of the atomic models 

The  history  of  science  as  a  tool  for  high  school  teaching  has  recently  received  much attention  in  the  international  literature. Many authors propose  its usage  stating  that  it provides,  among  other  things,  a  humanization  of  scientific  disciplines.  Furthermore,  it helps  to  differentiate  between  two  contexts:  one  concerning  the  discovery  of  the phenomena and other the theories justification. It reveals the epistemic dimension of the knowledge  making  explicit  the  methods  of  science.  However,  in  despite  of  all  these arguments  it  remains  controversial  how  to  validate  the  above  conjectures  in  the  class room. Such a question becomes more complex in the particular case of the introduction of modern and contemporary physics at the scholar stage, what seems to start since from the  selection  and  subsequent  assembling  of  the  subject  with  a  didactic  goal,  two fundamental steps for a further quality of  learning. For this reason and considering that knowledge  at  a  ground  level  does  not  mean  at  an  elementary  one,  in  this  work  we present a proposal of how to organize the subject concerning the atomic models with a historical cultural perspective. We will make some comments on the historical approach to  the  Thomson,  Rutherford,  Bohr  and  Quantum‐mechanical  models  for  a  teaching program of sciences. To do this we make use of the dialectic materialism laws as well as of the principle of unity between knowledge and activity, taking  into account that mind does not operate  in a fragmented picture but rather with the whole body of knowledge obeying  to  an  intrinsic  logic  of  the  internalization  mechanism.  Also,  we  adopt  for  the organization  of  the  subjects  the  systemic‐structural‐functional  approach  of  Z.  A. Reshetova, once it seems to us that this stage of the teaching planning has a seminal role in conceptual appropriation by the students. 

 

 

PO7. Adaptação de experiência de ensino de  física quântica em disciplina  integradora de um curso de licenciatura em física 

Virgínia Mello Alves, Eduardo Fontes Henriques, Bruno Duarte da Silva Moreira, Gilvana Oliveira Bottini, Luciano Pereira Luduvico, Marcio da Silva Canielas e Michele Volz Bertim Departamento  de  Física  –  Instituto  de  Física  e  Matemática  –  Universidade  Federal  de Pelotas 

Nas disciplinas integradoras do Curso de Licenciatura em Física da UFPel, tem‐se utilizado, na medida do possível, artigos da área de Ensino de Física em suas diversas modalidades: aprofundamento  conceitual,  sugestões  de  atividades  experimentais,  resultados  de pesquisa  e  relato  de  experiências  de  ensino.  A  exploração  desta  última  categoria  cabe dentro  da  disciplina  Instrumentação  para  o  Ensino  de  Física  II,  que  pretende  abrir  um 

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espaço  desvinculado  dos  estágios  tradicionais  de  forma  que  os  licenciandos  possam experimentar novas abordagens para o ensino da Física sem as preocupações do ensino formal em Escolas. No caso do primeiro  semestre  letivo deste ano, o grupo escolheu o trabalho de autoria de Pinto e Zanetic, publicado no Caderno Brasileiro de Ensino de Física com o título É possível levar a Física Quântica para o Ensino Médio? (Pinto, A.C. e Zanetic, J. Cad. Bras. Ens. Fís. V. 16, n.1: 7‐34, abr/1999). O trabalho, por sua vez, utilizou, como referencial  teórico,  as  idéias  epistemológicas  de  Gaston  Bachelard  e,  mais especificamente, a abordagem filosófica de Osvaldo Pessoa Jr sobre as interpretações da dualidade onda‐partícula. Dessa forma, foi proposto um mini‐curso para alunos do Ensino Médio e de Graduação em geral da UFPel com o tema Conhecendo o Mundo Quântico: A Dualidade  Onda‐  Partícula.  Seguindo  a  ordem  das  aulas  descritas  no  artigo,  que  de desenvolveram  em  torno  da  introdução  e  a  análise  do  experimento  de Mach‐Zehnder. Segundo  a  proposta  metodológica  do  trabalho  reproduzido,  a  aulas  consistiram  de abordagens  diferenciadas  usando  recursos  multimídias,  experimentos,  dramatização  e história  da  ciência.  Os  licenciandos  apresentaram  dificuldades  em  desenvolver  essa estratégia,  mais  especificamente  ligadas  à  realização  de  atividades  experimentais  em grupos. Os licenciandos trabalharam inicialmente em conjunto e, na segunda metade do curso,  optaram  por  responsabilizar‐se  individualmente  pelas  aulas.  Os  objetivos  foram atingidos, ou seja, os alunos puderam realizar uma abordagem diferenciada para o Ensino de Física  sem a pressão da  sala de aula  real de Escola. Realizou‐se,  como planejado, as aulas  de  preparação  e  de  avaliação  que  deram  a  dinâmica  ao  desenvolvimento  da atividade.  Os  alunos  do  Ensino  Médio  e  Superior  que  foram  até  o  final  do  Curso aprovaram  o  projeto  em  questionário  de  avaliação  de  opinião.  Também  pudemos explorar o visão distorcida da Física Quântica em  livros e  filmes esotéricos populares. A avaliação de todos foi positiva tendo sido encaminhada a idéia de novamente reproduzir o curso na próxima oferta da disciplina. Um aspecto  importante a ser salientado é que, exceto um licenciando, os alunos da disciplina estavam cursando a disciplina introdutória de Mecânica Quântica da Graduação. Essa característica foi importante no sentido deles vivenciarem  uma  situação  de  ensino  em  que  não  houvesse  o  domínio  do  conteúdo, situações essas que deveriam ser corriqueiras no ensino básico.

PO7. Quantum physics education experiment adaptation in a subject of an undergraduate physics teacher formation course 

Papers  on  Physics  Education,  discussing  topics  such  as  conceptual  depth  of  physical questions,  suggestion  of  experimental  activities,  research  results  and  reports  on educational  experiences  have  been used,  as  far  as  possible,  in  the  subjects  devoted  to those  topics  in  Physics  teacher  formation  course  of  UFPel.  Exploration  of  educational experiences can be done  in a subject called “Instrumentação Para o Ensino de Física  II” (Physics education instrumentation II), which aims at providing to alumni the possibility of experiencing,  out  of  their  compulsory  traditonal  stage  working  at  schools,  new approaches to physics education without concern to the formal education. In this year's 

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first semester the group (instructor and alumni) has chosen the paper “É Possível levar a Física Quântica para o Ensino médio?” (Is it possible to introduce quantum Physics to the High  School?,  Pinto,  A.  C.,  Zanetic,  J.,  “Caderno  Brasileiro  de  Ensino  de  Física”,  V.  16, n.1:7‐34,  abr/1999).  This  time  our  work  has  used,  as  theoretical  reference,  the epistemological standpoint of Gaston Bachelard and, more specifically, the wave‐particle duality  interpretation  from  the  philosophical  approach  given  by  Osvaldo  Pessoa  Jr. Following this purpose, a mini‐course was prepared to be presented to High School pupils and  freshmen  undergraduates  from  courses  of  UFPel,  called  “Conhecendo  o  Mundo Quântico: A Dualidade Onda‐ Partícula” (Knowledge of the quantum world: wave‐particle duality), following the presentational order suggested by the paper of Pinto and Zanetic, who  prepared  classes  discussing  the  Mach‐Zehnder  experiment.  According  to  this reproduced  methodological  framework,  classes  consisted  in  various  approaches,  using multimedia  resources,  experiments,  dramatization  and  History  of  Science.  Alumni presented  difficulties  in  developping  this  strategy,  specially  involved  with  the  group preparation of  experimental  activities.  Firstly,  alumni worked  in  groups and, during  the second  half  of  their  work,  they  decided  to  individually  assume  responsibility  for  their classes.  The  proposed  goals  were  achieved,  meaning  that  the  alumni  were  able  to develop a distinguished approach to education without the pressures of real school work. Previous preparation and evaluation classes, as planned, gave adequate dynamics to the activities. High School and Freshmen who went through the mini‐course to its end have approved  the  project  in  evaluation  sheets  specially  prepared.  We  could  also  explore popular  distorted  views  over  Quantum  Physics  in  exoteric  books  and  films.  General evaluation of all the group was positive, and it was proposed that the mini‐course should be repeated when the discipline is again offered. One important aspect to be pointed out is  that  the  involved  alumni,  with  one  exception,  were  having  introductory  Quantum Physics  classes.  This  was  important  in  the  sense  that  they  could  live  an  educational situation  in  which  one  has  not  enough  knowledge  of  the  subject,  as  should  currently happen in basic education. 

 

 

PO8. Sequência didática adaptada da proposição de Feynman: o experimento da dupla fenda com partículas, ondas e elétrons 

Neide Maria Michellan Kiouranis, Aguinaldo Robinson de Sousa e Ourides Santin Filho Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual Paulista 

Este estudo é parte da pesquisa de doutorado em Educação em Ciências que realizamos junto  a  dezenove  estudantes  de  química  quântica,  do  curso  de  Química  de  uma Universidade Estadual. Trata da implementação e análise de uma seqüência didática que discute  algumas  características  do  comportamento  de  partículas,  ondas  e  elétrons. 

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Tomamos  como  ponto  de  partida,  alternativas  didáticas  que  pudessem  melhorar  a compreensão  dos  estudantes  acerca  de  fenômenos  do  mundo  microscópico.  A investigação,  de  cunho  qualitativo,  está  ancorada  principalmente  na  síntese  de  teorias discursivas  que  buscam  valorizar  as  condições  de  produção  do  discurso.  Utilizamos variados  recursos,  como:  representações  analógica  e  gráfica,  produção  de  textos  , produção  e  circulação  de  discursos.  O  foco  deste  trabalho  volta‐se  para  o    clássico experimento  de  pensamento  das  duas  fendas,  adaptado  das  proposições  de  Feynman, para  elétrons,  para  partículas  e  para  ondas  e  foi  desenvolvido  em  três  momentos distintos, totalizando 12 horas. O registro na íntegra de cada momento foi feito por meio de  audio  e  vídeo.  Os  resultados  analisados  preferencialmente,  pela  Teoria  que fundamenta a Análise do Discurso da linha francesa de Pêcheux, mostraram que por meio das atividades, os estudantes criaram representações apelando para o uso da imaginação. Um ponto importante que é fundamental refletir nos textos elaborados pelos estudantes, é  a  dificuldade  em  transpor  as  idéias  de  forma  clara.  Muitas  lacunas,  interrupções, analogias,  além  da  linguagem  essencialmente  coloquial,  denotam  os  limites  da comunicação  de  idéias  científicas.  Assim,  esses  resultados,  mesmo  que  parciais permitiram  identificar necessidades e possibilidades que podem  reorientar a prática do professor na dinâmica do discurso escolar. 

PO8. Didactic  sketch adapted  from Feynman´s propostion:  the double‐slit  experiment on particles, waves and electrons  

This work describes  the  implementation of a didactic  sketch applied on students of  the Quantum  Chemistry  discipline  of  a  graduate  Chemistry  course.  In  order  to  investigate their  comprehension  on  the  behavior  of  particles,  waves  and  electrons,  a  didactic procedure  was  proposed,  using  the  double‐slit  experiment.  The  activities  were  split  in three  parts,  corresponding  to  the  interaction  of  particles,  waves  and  electrons  with  a single‐ and double‐slit arrangement, treated as a thought experiment, and supported by a Feynman´s  Lectures on Physics  text. The  students'  interventions were based on graphic and  analogical  representations  and  text  production  and  discussion  in  class.  All  the activities were registered by audio and video media, and the material was analyzed using the  theory  of  Pecheux´s  Discourse  Analysis.  The  students  exhibited  some  difficulties  in make  predictions  and  in  explain  ideas  concerning  the  experiment.  Lacks,  interruptions and  misinterpretations,  as  well  as  a  very  colloquial  language  denotes  their  limits  in understand and communicate scientific ideas. Some possibilities in re‐orient the teacher's practice are discussed. 

 

 

 

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PO9. Sobre os aspectos históricos da supersimetria 

Rafael de Lima Rodrigues Universidade Federal de Campina Grande 

A  pesquisa  na  física  quântica  é  de  importância  fundamental  para  o  desenvolvimento tecnológico. Uma  revisão  geral  sobre  a  álgebra  da  supersimetria  (SUSI)  na  mecânica quântica (MQ) e sobre o processo de construção de uma hierarquia Hamiltoniana SUSI a fim  de  uma  resolução  espectral  completa  é  explicitamente  aplicada  para  o  potencial Pöschl‐Teller  em  duas  monografias  por  este  autor  www.biblioteca.cbpf.br  (2002‐em inglês  e  2004‐em  português),  com  um  grande  número  de  referências  onde  MQ  SUSI funciona,  com  ênfase  na  autofunção  de  uma  componente  sob  um  contexto  não‐relativístico. Mecânica Quântica Supersimétrica é em si mesma de interesse matemático intrínseco,  pois  conecta  equações  diferenciais  de  segunda  ordem  de  outro modo  não‐relacionadas. Aqui, o objetivo é salientar a forma como surge e trazer a correspondência entre  SUSI  e o método da  fatoração na mecânica quântica. Nesta  comunicação,  alguns aspectos históricos sobre MQ SUSI são apresentados. SUSI apareceu primeiro na teoria de campos  em  termos  de  campos  bosônicos  e  fermiônicos,  e  logo  foi  observada  a possibilidade que pode acomodar uma Teoria de Grande Unificação (TGU) para as quatro interações básicas da natureza (forte, fraca, eletromagnética e gravitacional). O primeiro trabalho sobre SUSI MQ foi feito por Witten (1981), e a super álgebra no espaço‐tempo no quadro da álgebra de Poincaré foi investigada por Gol'fand and Likhtman (1971). Por outro  lado,  Volkov‐Akulov  considerou  uma  realização  não‐renormalizável  da supersimetria  em  teoria  de  campos  (1972),  e Wess‐Zumino  apresentou  um modelo  de teoria de campo supersimétrico renormalizável (1972). Partindo do método de fatoração uma  nova  classe  de  uma  família  uniparamétrica  de  potencial  isoespectral  em  uma dimensão  foi  construída  com  o  espectro  de  energia  coincidindo  com  o  do  oscilador harmônico  por  Mielnik  (1984);  a  hierarquia  hamiltoniana  na  MQ  SUSI  por  Sukumar (1985);  operadores  escada  na MQ  SUSI  via  álgebra Wigner‐Heisenberg  por  Jayaraman‐Rodrigues  (1990);  operadores  escada  na  MQ  SUSI  via  condição  de  invariância  por Balantekin (1998); operadores escada na MQ relativística SUSI via equação de Dirac  pelo autor  desta  comunicação  (2004).  Na  literatura  recente,  existem  alguns  livros interessantes  sobre  supersimetrias  clássica  e  quanto‐mecânica  enfatizando  diferente abordagens e aplicações da teoria. 

P09 ‐ On the supersymmetry historical aspects 

The  research  in  quantum  physics  is  of  importance  fundamental  to  technological development.    A  general  review  on  the  supersymmetry  (SUSY)  algebra  in  quantum mechanics (QM) and the procedure on like to build a SUSY Hamiltonian hierarchy in order of a complete spectral  resolution  it  is explicitly applied for the Pöschl‐Teller potential  in two monographies    by  this  author www.biblioteca.cbpf.br  (2002‐in  English  and  2004‐in 

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Portuguese),  with  a  large  number  of  references  where  the  SUSY  QM  works,  with emphasis  on  the  one‐component  eigenfunction  under  non‐relativistic  context. Supersymmetric Quantum Mechanics is of intrinsic mathematical interest in its own as it connects otherwise apparently unrelated second‐order differential equations. There, the aim objective  is to stress the discussion how arise and to bring out the correspondence between SUSY and factorization method  in quantum mechanics.  In this communication, some historical aspects on SUSY QM are presented. SUSY first appeared in field theories in terms of bosonic and fermionic fields, and the possibility was early observed that it can accommodate  a  Grand‐Unified  Theory  (GUT)  for  the  four  basic  interactions  of  Nature (strong,  weak,  electromagnetic  and  gravitational).  The  first  work  on  the  SUSY QM was made by Witten (1981), and the superalgebra in the space‐time within the framework of the  Poincaré  algebra  was  investigated  by  Gol'fand  and  Likhtman  (1971).  On  the  other hand, Volkov‐Akulov have considered a non‐renormalizable realization of supersymmetry in  field  theory  (1972),  and  Wess‐Zumino  have  presented  a  renormalizable supersymmetric field theory model (1972). Starting from factorization method new class of one‐parameter family of  isospectral potential in one dimension has been constructed with  the  energy  spectrum  coincident  with  that  of  the  harmonic  oscillator  by  Mielnik (1984);  hierarchy  of  Hamiltonian  in  SUSY  QM  by  Sukumar  (1985);  ladder  operators  in SUSY  QM  via  Wigner‐Heisenberg  algebra  by  Jayaraman‐Rodrigues  (1990);  ladder operators  in  SUSY  QM  via  shape  invariance  condition  by  Balantekin  (1998);  ladder operators in SUSY relativistic QM via Dirac equation by the author of this communication (2004). In recent literature, there are some interesting books on supersymmetric classical and quantum mechanics emphasizing different approach and applications of the theory. 

 

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Índice R Index Aércio Lima  16    João Eduardo Farias de Araújo  37, 39 

Aguinaldo Robinson de Sousa  62    João Luís de L. e Silva Cordovil  37, 39 

Alessandro Frederico da Silveira  48    José Nunes Ramalho Croca  37, 39 

Amaro Rica   37    Jadson Augusto de A. da Silva  59 

Amauri F. Medeiros  55    Jhonny Castrillón  43 

Ana Paula Bispo da Silva  26, 28, 48, 57 

  Joan Bromberg  5 

Ana Raquel Pereira de Ataíde  57    José Luis P. Barros Silva  45, 51 

Aurino Ribeiro Filho  19, 48    José Suassuna Filho  36 

Bruno Duarte da Silva Moreira  60    Luciano Pereira Luduvico  60 

Christian Joas  7    Marcelo Gomes Germano  57 

Christoph Lehner  9, 50    Marcio da Silva Canielas  60 

Dennis Gilbert Francis David   21    Marcos Antonio Barros  58 

Eduardo Fontes Henriques  60    Maria Bernadete de Melo Cunha  51 

Fábio Egito  55    Michel Paty  12 

Fábio Freitas  33    Michele Volz Bertim  60 

Francisco M. de Assis  13    Morgana Lígia de Farias Freire  57 

Frederico de Souza Cruz  17    Neide Maria Michellan Kiouranis  62 

Frederik M. dos Santos  42    Nelson Bejarano  53 

Gilvana Oliveira Bottini  60    Nídia Franca Roque  45 

Ileana M. Greca  47    Olival Freire Jr.  21, 23 25, 47 

Indianara Lima Silva  26    Osvaldo Pessoa  6, 15 

Ioná Almeida de Brito  40    Ourides Santin Filho  62 

Isauro Béltran Núñez  59    Pablo Rafael Trajano Ribeiro  28 

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  67 

Paulo Vicente M. dos Santos  31    Sandra Denise Prado  35 

Rafael de Lima Rodrigues  64    Sílvio R. Dahmen  22 

Ricardo A. Buriti  55    Stefano Osnaghi  11 

Roberto Martins  10    Virgínia Mello Alves  60 

Rui António Nobre Moreira  37, 39    Welber Leal Araújo Miranda  29 

      Wilson Fábio Oliveira Bispo  21