representaÇÕes culturais da imigraÇÃo alemà · tecnológicas provocados pelo trabalho humano...
TRANSCRIPT
REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ
NO SUDOESTE DO PARANÁ
Autora: Elci Lucia Stein Keske1
Orientador: André Ulysses De Salis2
Resumo
O presente trabalho consiste na realização de uma análise em torno dos elementos históricos e culturais resultantes da imigração alemã no Sul do Brasil. Foram estudados os reflexos e vestígios, advindos da influência da imigração alemã no município de Sulina, também o predomínio nas relações de trabalho e da constituição da cidadania no município. Promovendo a reflexão, em sala de aula com os educandos, discutiram-se conceitos de pertencimento, construção da identidade local e da questão da preservação patrimonial e cultural, por meio dos costumes e tradições da identidade étnica de Sulina, fazendo parte do passado, mas com o dever de serem lembrados, respeitados e valorizados para que se possa entender o presente. As influências econômicas, culturais e étnicas deixadas pelos colonizadores imigrantes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina muito contribuíram para a formação identitária do Paraná. O processo imigratório no Paraná não foi tarefa fácil, tiveram que desbravar as terras, construir estradas, moradias, escolas para seus filhos, adequando-se ao trabalho agrícola ou buscar outros caminhos para sua sobrevivência. A ocupação do sudoeste do Paraná se deu devido à abundância das matas, principalmente de araucária, fertilidade, grande prática da agricultura, tornando o Paraná um grande celeiro de riquezas inigualáveis. O projeto procurou realizar atividades diversificadas com os alunos da 1ª SÉRIE “A” do Ensino Médio do Colégio Estadual Nestor de Castro EFM, no município de Sulina, NRE de Pato Branco, no Estado do Paraná. Foram utilizadas pesquisas, textos e imagens, com atividades reflexivas permitindo ao aluno analisar, refletir, investigar e construir seu conhecimento em torno do tema, sempre procurando despertar o interesse dos alunos e favorecendo as conjunturas e análises dos resultados obtidos.
Palavras-chave: Imigração; Cultura; Desenvolvimento.
1 Professora QPM de História da rede estadual de Educação do Estado do Paraná, Especialista em Supervisão Escolar e Educação Especial, Professora PDE 2010. 2 Mestre em história - Professor colaborador da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Campus de Guarapuava.
1 Introdução
Ensinar história não é simplesmente memorizar fatos, informar dados
eventuais com riqueza de detalhes e suas circunstâncias de acontecimento, não
sendo também apenas relato de fatos isolados. O ensino da história é o momento de
debater, refletir e solucionar situações conflitantes. É o lugar que pode oportunizar a
pesquisa, construir o saber, mas que, para chegar a um consenso total ainda é
muito difícil. (SILVA, 1984).
O objeto da História é a busca pela compreensão e interpretação das
versões existentes para um mesmo evento, e não apenas gravá-lo na memória. O
conjunto de informações selecionado para ocorrência do ensino é tão importante
quanto à maneira com a qual se deve efetivá-lo, ou seja, a metodologia empregada
no momento em que se aplica o conhecimento em sala de aula. Ao ensinar o aluno,
este pode apenas aprender a responder perguntas, ou então é possível durante o
ensino da história que a compreenda melhor e faça referência à importância das
relações históricas para a vida em sociedade.
Estudar história contribui para a formação do aluno, reforça que na realidade
tudo possui uma razão e que ela pode ser mantida como está ou ser modificada a
qualquer momento. Portanto, é fundamental que se entenda a História como a
consequência da atividade de grupos diversos na sociedade. O aluno deve
reconhecer a história da humanidade como produto de todos e não apenas como a
ação e as ideias de um pequeno grupo (TEIXEIRA, 2008).
Aprender, hoje, aproxima-se de um processo de modificação
comportamental, conquistado com a experiência e a construção do conhecimento no
tempo, podendo ser influenciado por alguns fatores como emoção, relações
pessoais, ambientais e de funcionamento neurológico. Para tanto, as instituições
escolares e os professores não podem ignorar o que acontece no mundo. Assim, é
importante que o aluno conheça suas raízes e como ocorreu o processo de
colonização de sua cidade, estado e nação, fazendo disso um exercício de
cidadania.
As escolas devem oportunizar aos alunos e à comunidade a participação
nesse processo de ensino histórico, com o propósito de unir e produzir o
conhecimento através dos conteúdos curriculares, da Cultura Histórica e cotidiana,
fomentando oportunidades e vivenciando as mudanças de rumo da escola em que
se trabalha. A utilização de recursos tecnológicos também pode servir como
ferramenta extremamente rica e proveitosa para a melhoria e expansão da prática
pedagógica. Também, como forma de envolvimento dos profissionais da educação,
para que interajam das mais variadas formas com os educandos, propondo o estudo
de mudanças sociais e culturais, com o intuito de resgatar a importância da cultura
brasileira.
Levando-se em conta o exposto, o tema deste trabalho circundou entre as
representações culturais de um grupo de imigrantes / descendentes de alemães que
se deslocou do Rio Grande do Sul para o Sudoeste do Paraná. Este estudo priorizou
o diálogo, a pesquisa, a leitura, a interpretação, a produção de textos e a análise de
fotos.
Estão apresentados neste artigo os resultados obtidos com a aplicação da
proposta de ação didático-pedagógica e do material didático-pedagógico produzido
durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) desenvolvido pela
Secretaria de Estado da Educação. Pelos quais, houve a realização de uma análise
dos elementos históricos e culturais resultantes da imigração alemã no Sul do Brasil.
Os trabalhos iniciais: Projeto de Intervenção Pedagógica e Material Didático-
Pedagógico, neste caso uma Unidade Didática, foram apresentados a grupos e
momentos distintos.
A primeira apresentação foi realizada no GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
no qual, professores da rede estadual inscreveram-se para uma capacitação à
distância, que oportunizou a discussão das produções do Professor PDE, como
professor tutor e os professores da área inscritos no curso. Esta atividade propiciou
que os cursistas conhecessem o trabalho e dessem sua opinião e contribuições,
algumas bastante importantes que puderam ser aproveitadas na intervenção em
sala de aula. A segunda exposição, em outro momento, levou os trabalhos ao
conhecimento da direção e equipe pedagógica da escola de implementação. Em
seguida, procedeu-se com a aplicação, realizada durante o segundo semestre do
ano letivo de 2011, junto aos alunos da 1ª Série do Ensino Médio do Colégio
Estadual Nestor de Castro - EFM, do município de Sulina, NRE de Pato Branco, no
Sudoeste do Estado do Paraná.
O objetivo do trabalho foi o de fazer com que o aluno compreendesse as
transformações ocorridas ao longo do tempo, fazendo-se parte das mudanças
tecnológicas provocados pelo trabalho humano no passado e a análise dos
elementos históricos e culturais resultantes da imigração alemã no Sul do Brasil,
produzindo a inserção do aluno na comunidade da qual faz parte, criando sua
historicidade.
Partindo deste objetivo, foram desenvolvidas algumas linhas específicas de
desenvolvimento das atividades, como a análise das influências culturais, sociais e
econômicas resultantes da colonização de imigrantes e descendentes alemães na
sociedade sulinense; pesquisa das manifestações culturais, costumes e tradições da
vida diária dos educandos; o desenvolvimento no aluno do respeito pela diversidade
étnica.
O foco da pesquisa circunscreveu-se à região Sudoeste do Paraná,
especificamente, no município de Sulina. Buscou compreender as influências e a
complexidade do processo imigratório no que tange à formação cultural brasileira,
também, dos reflexos e vestígios neste município. A percepção desses traços,
advindos da influência da imigração alemã, possibilitou a análise de muitas fontes de
pesquisa, tendo em vista a alteridade de representações culturais encontradas no
município, como: o idioma, a culinária, as técnicas agrícolas, os ritmos musicais, as
festividades religiosas e as danças. Esses elementos são cultuados, reafirmados e
ressignificados, fazendo parte da história da população de Sulina, tradições e
representações culturais presentes em muitas comunidades e sendo transmitidas de
geração a geração.
Com a realização da pesquisa, foram investigadas as representações
culturais resultantes do processo de colonização de Sulina, sua influência nas
relações de trabalho e de constituição da cidadania do município. O estudo foi
desenvolvido para que se promovesse em sala de aula, com os educandos, a
reflexão e discussão de conceitos como: o sentimento de pertencimento; a
construção da identidade local; as representações simbólicas; o imaginário social e a
questão da preservação patrimonial e cultural, conceitos que podem ser analisados,
por meio dos costumes e tradições e reiterados na construção da "identidade étnica"
do município de Sulina.
Assim, foram analisadas e correlacionadas ao processo histórico da
imigração e da colonização elementos da diversidade cultural brasileira, expressos
no cotidiano da sociedade, como: jeito de falar, cantar, dançar, as tradições
culinárias e religiosas.
2 Revisão da Literatura
2.1 O processo histórico da imigração alemã no Brasil
O processo histórico da chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Brasil
tem registros a partir do século XIX, sendo efetivado lentamente, se comparado aos
demais contingentes migratórios, mas intensificado a partir dos acontecimentos
sociais e econômicos ocorridos na Europa e se concretiza através do decreto de D.
João VI, em que aprova o acesso a terra através do regime de sesmarias, baseado
nas pequenas propriedades familiares, isto entre 1824 e a década de 1930 (BRASIL
- IBGE, 2010).
Os primeiros imigrantes alemães se estabeleceram no Rio de Janeiro entre
1808 e 1822, o registro indica uma entrada numericamente expressiva de alemães
atraídos pela abertura dos portos às Nações Amigas. Inicia-se então uma nova
trajetória para a construção da história do nosso país, transformando a população
brasileira em seres multirraciais, ou seja, com uma miscigenação muito rica
(FAUSTO, 2000).
Certamente não foi a vontade da grande maioria, em deixar seu país de
origem, suas casas e comunidades, para se aventurarem em terras tão distantes e
opostas da Europa. Mas quando as condições econômicas e sociais constituíam o
fator dessa expulsão, a ordem era enfrentar todos os obstáculos, atravessar o
Atlântico, e por em prática o lema “Fazer a América”, tendo como objetivo a
superação em um curto prazo de tempo, poder retornar ao seu país de origem e
desfrutar de uma vida mais digna. Grande parte da imigração era composta de
jovens e adultos do sexo masculino, em busca de emprego temporário ou
permanente no país que os acolhessem. Aos que decidiram aqui permanecer, ao
assimilar a nova cultura e economia, resolveram buscar suas famílias e noivas para
concretizar definitivamente suas vidas aqui no Brasil. A partir disso, preocuparam-se
em preservar a língua alemã falada em casa, na igreja e na escola, para manter a
identidade cultural; houve o investimento na educação de seus filhos em idade
escolar, construção de igrejas para professar a fé, organização de associações
beneficentes e assistenciais e de associações culturais e esportivas, mantendo
assim, a relação com a Alemanha que foi deixada para trás (KLEIN, 2000).
A política de imigração visava atrair estrangeiros para povoar o "vazio
demográfico", os agricultores, colonos e artesãos eram os mais indicados para suprir
essa demanda governamental, fazendo com que em 1808 fosse promulgada a lei
que permitia aos estrangeiros o direito à propriedade de terras (Colatusso, 2004). O
Brasil possui o maior registro de imigrantes alemães vindos para viver neste país,
destacando o cuidado com a preservação da identidade de muitos colonos, que
mantiveram acesas as manifestações da vida coletiva, os costumes e tradições, a
preocupação constante de recuperação da identidade nacional, considerando-se
alemães ao máximo, mantendo ligação com sua cultura e sociedade de origem,
tendo um importante papel no processo de diversificação da agricultura, urbanização
das cidades, industrialização e cultura (COLATUSSO, 2004).
Os imigrantes alemães, destinados a projetos agrícolas, chegaram em 1818
ao sul da Bahia na colônia “Leopoldina”, considerada a primeira “colônia alemã”. No
Rio de Janeiro, em Nova Friburgo, data de1819 uma nova tentativa de colonização,
com os suíços, mas as precárias condições do assentamento, a distância e a alta
mortalidade fez com que abandonassem o local. Porém, em 1824, a mesma colônia,
recebe cerca de 350 imigrantes alemães. O assentamento de imigrantes
mencionado na literatura aliciado pelo major J. A. Schaeffer, na Imperial Feitoria do
Linho Cânhamo no Rio Grande do Sul em 1824, é considerado o fato inaugural da
Colônia Alemã no Brasil pelo empreendimento bem sucedido. Em 1829 a fundação
das colônias de São Pedro de Alcântara e Mafra em Santa Catarina e Rio Negro no
Paraná encerram a primeira fase da imigração devido à primeira guerra civil no sul,
sendo retomada a partir de 1840 (HUBER, 2002).
É importante destacar a contribuição que os imigrantes deixaram para a
sociedade brasileira, através de seu trabalho, conhecimento, cultura, costumes e
tradições, hoje fazendo parte do passado, mas com o dever de serem estudados,
lembrados, respeitados e valorizados para que possamos entender o presente. A
este respeito o historiador Eric Hobsbawm afirma:
[...] passado, presente e futuro constituem um continuum. Todos os seres humanos e sociedades estão enraizados no passado – o de suas famílias, comunidades, nações ou outros grupos de referências, ou mesmo de memória pessoal – e todos definem sua posição em relação a ele, positiva ou negativamente. Tanto hoje como sempre: somos quase tentados a dizer “hoje mais que nunca”. E mais, a maior parte da ação humana consciente, baseada em aprendizado, memória e experiência, constituem um vasto mecanismo para comparar constantemente passado, presente e futuro. As pessoas não podem evitar a tentativa de antever o futuro mediante alguma forma de leitura do passado. (HOBSBAWM, 1997, in GUZZO, 2010).
O desencadeamento da imigração alemã no sul do Brasil sucedeu-se no ano
de 1824, na cidade de São Leopoldo aonde chegaram em pequenos grupos
organizados e expandiram-se pela região, surgindo assim as primeiras colônias,
basicamente agrícolas, voltadas para a produção de gêneros alimentícios, para a
sua subsistência e para o abastecimento do mercado interno, resultando disso o
trabalho familiar rural. “Apesar de sua presença significativa em cidades como São
Paulo, Porto Alegre e Curitiba, a maioria encontra-se em projetos baseados na
pequena propriedade familiar, nas zonas rurais” (HUBER, 2002, p.1).
É possível observar na história de nossos antepassados a relação da ideia
de Huber, da qual se destaca em muitas comunidades do interior do sul do Brasil, a
preservação das técnicas agrícolas, o cooperativismo, a agricultura familiar
predominante, podendo ser observados no trabalho diário dos agricultores.
Conforme Giralda Seyferth (in Mauch, 1994, p. 12):
A imigração alemã no Brasil esteve estreitamente vinculada ao processo de colonização baseada na pequena propriedade, implementada na iniciativa do Estado brasileiro desde 1818. Os imigrantes dessa origem foram dirigidos preferencialmente para colônias agrícolas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A imigração de famílias camponesas europeias que vieram a ocupar a
região sul do Brasil deve-se a alguns fatores: à imagem negativa como nação
escravista, a região norte seria imprópria para a colonização de europeus e as
grandes extensões de terras desocupadas à espera de um povoamento para o vazio
demográfico. Há controvérsias em relação ao uso ou não de mão-de-obra escrava
pelos teutos, alguns historiadores defendem que os teutos rio-grandenses não
possuíam escravos, por serem pequenos proprietários, pela mentalidade
antiescravista e a existência de leis imperiais impedindo que teutos rio-grandenses
possuíssem escravos. Por outro lado Müller (1981, p.15), defende que “os
imigrantes teutos foram “bons senhores” e que “trataram bem” seus “escravos” sem
lhes infligir os maus tratos referidos nos livros de história”. Afinal a prova de que os
imigrantes alemães possuíam escravos está nas cartas de alforria concedidas aos
escravos, que serviria como documento de negócio, assegurando mão-de-obra e se
precavendo contra a desorganização do trabalho doméstico. (ZUBARAN, in
MAUCH, 1994)
Na década de 1920/30 os imigrantes alemães haviam construído inúmeras
escolas comunitárias, com isso, não havendo registros de analfabetos nessas
comunidades teuto-brasileiros, tornando-se, já a partir de 1900, entre os estados
brasileiros e países latino-americanos, os imigrantes alemães com maior número de
escolas comunitárias dessa etnia e um centro referencial de produção de material
didático. Isso comprova a ênfase dada pelos imigrantes alemães à questão escolar
para a formação dos processos humano, político, social e religioso, incutindo tais
conhecimentos na bagagem cultural dos imigrantes. Kreutz (in Mauch, 1994, p. 149)
afirma que: “[...] a escola e o professor foram objetos de preocupação e de grande
esforço. Para as primeiras levas de imigrantes, predominantemente evangélicos, a
questão escolar era fundamental, inclusive para a experiência religiosa”.
Era grande a preocupação em difundir novas ideias e iniciativas, o que era
feito através da elaboração de bons materiais didáticos e a preparação do professor.
Isso fez com que as escolas fossem vistas como um mecanismo para a formação
religiosa de seus filhos e também para vivência da cidadania, tornando-os cidadãos
conscientes e autônomos. Desta forma, promovendo a participação de todos na
igreja, na escola e nas associações, inclusive nos trabalhos concretos. A escola foi
uma das instâncias a merecer atenção especial dos imigrantes. E todas estavam
vinculadas a um projeto, a uma perspectiva comum (KREUTZ, in MAUCH, 1994). Em geral a escola e o professor eram paroquiais, o professor exercia, além
do magistério, uma ampla liderança social e religiosa, sob a orientação da Igreja, e o
Ensino Religioso ocupava destaque entre os Protestantes e Católicos, objetivando a
formação de bons cristãos. O final da década de 1930 marca o final das escolas
teuto-brasileiras no Rio Grande do Sul. O governo, estadual e federal, que por
muitas vezes havia elogiado a educação dos imigrantes, começou a interferir com
medidas repressivas e preventivas a favor da escola gratuita e o incentivo de os
alunos aprenderem melhor o português, enfraquecendo as escolas paroquiais e
muitas delas tornaram-se insustentáveis, vindo a ser fechadas (KREUTZ, in
MAUCH, 1994).
2.2 O processo histórico da imigração alemã no Estado do Paraná
As influências econômicas, culturais e étnicas deixadas pelos
colonizadores imigrantes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina muito contribuíram
para a formação da identidade do Paraná, basta repensar e estudar a história que
teremos imensas respostas.
E neste contexto que se inserem os alemães e seus descendentes, como agentes de um processo de transformação econômico-social capitalista, expresso no desenvolvimento do grande comércio da indústria, dos bancos, da renovação urbana (PESAVENTO, in MAUCH 1994, p. 200).
No Paraná o início da imigração ocorreu em Curitiba. Fouquet (1974)
assinala a existência de famílias alemãs antes de 1840, formando uma colonização
urbana. Antes da primeira guerra mundial, a Região Sul foi o destino dos imigrantes,
onde migravam internamente entre os três estados, levando filhos e netos das
primeiras gerações de imigrantes para as colônias abertas por companhias
particulares de colonização. Seyferth no livro “Fazer a América” escreve:
Este movimento migratório – que resultou na formação de algumas colônias homogêneas, particulares, que privilegiaram a origem étnica ou religiosa dos colonos – ficou mais intenso nas décadas de 1920 e 1930, quando os egressos das colônias “velhas” do Rio Grande do Sul chegaram ao oeste de Santa Catarina e do Paraná. (SEYFERT, in FAUSTO, 2000, p. 284,).
O processo imigratório no Paraná como nos outros estados do Brasil, não foi
tarefa fácil, nem todos os núcleos obtiveram sucesso. Vários foram os fatores que
dificultaram a fixação dos primeiros imigrantes. Primeiro tiveram que desbravar as
terras, iniciando a mudança na paisagem, transformando a natureza, construíram
estradas e suas moradias, escolas para seus filhos era uma raridade. Muitos não se
adequaram ao trabalho agrícola e buscaram outros caminhos para a sobrevivência,
ocorrendo assim, novas atividades econômicas e sociais. A ocupação do Sudoeste
do Paraná se deu devido á abundância das matas, principalmente a árvore da
araucária, a erva-mate, a fertilidade e a grande extensão das terras disponíveis para
a prática da agricultura, surgindo graves conflitos, jurídicos, políticos e sociais
(LAZIER, 2004).
2.3 O processo histórico da imigração alemã no município de Sulina
A Influência da cultura germânica no município de Sulina no Sudoeste do
Paraná pode ser considerada fator decisivo para o seu processo de colonização.
O início histórico do atual município de Sulina ocorreu aproximadamente no
dia 28 de maio de 1956 quando uma caravana vinda do Rio Grande do Sul, oriunda
da cidade de Sebiri e arredores, contratada pela colonizadora Dona Leopoldina Ltda.
lançou-se mata adentro, desbravando uma densa mata de araucária, com a
finalidade de construir o primeiro rancho. A pé abriram picadas, para facilitar o
acesso dos futuros compradores de terras que chegariam alguns meses mais tarde.
Com a ajuda de dois cavalos cargueiros levavam os alimentos e roupas, munidos de
foices, machados, serrotes e cunhas para lascar a madeira de pinheiro, iniciam a
construção do primeiro rancho.
As terras existentes eram de uma riqueza natural extraordinária, a presença
da mata de araucária, cujos pinhões, que se encontravam no chão serviam de
alimento aos desbravadores, era abundante. Além da existência das araucárias,
eram encontrados por toda a parte, árvores de angico, gabriuva, marfim e canela. A
alimentação básica dos primeiros desbravadores era feijão, arroz e polenta, a carne
era trazida de São João, município mais próximo, a aproximadamente 35 km,
buscava-se a pé com os burros cargueiros, de três em três dias. Mais tarde foi
utilizada a carne de charque. O café da manhã era um revirado de feijão com
lingüiça, pois deveria dar sustento no árduo trabalho braçal de abrir picadas e lascar
a madeira (LAZIER, 2004).
Finalmente no dia 06/06/1956, estava praticamente pronto o primeiro e
histórico rancho que, em meados de 1956, junto ao arroio “Forte” foi recepcionado
um grupo com os primeiros compradores de terras e futuros moradores de Sede
Sulina, que com a garra e o vigor de seus braços, de machado, foice e facão em
punho, começam a desbravar a mata virgem com grandes perspectivas de
progresso e o sonho de uma vida nova para suas famílias, o trecho abaixo do artigo
de Giralda Seyferth é exemplo da luta diária também encontrada pelos pioneiros de
Sulina:
O cotidiano das primeiras décadas da maioria das colônias foi marcado pela insegurança gerada por problemas fundiários e pelas deficiências dos serviços públicos essenciais. As verbas não eram suficientes para abrir as estradas necessárias, para demarcar os lotes com antecedência, para atender às demandas na área do ensino fundamental e da saúde. Muitas vezes não havia recursos sequer para pagar os serviços prestados pelos colonos (eles próprios contratados para realizar demarcações, construir pontes e pontilhões, picadas,) (SEYFERTH, 1993).
Ao analisarmos o histórico de Sulina, pode-se perceber uma notável
presença dos imigrantes alemães, prova disso está nos sobrenomes dos primeiros
moradores de Sede Sulina, os senhores Avelino Rubi Erhart, Guilherme Goldschmidt
e Maximiliano Jung, que em meados de 1956, organizaram a primeira caravana
oriunda do Rio Grande do Sul, chegando a esta localidade para conhecer as novas
terras, instalaram-se num pequeno ranchinho de pinheiro, antes construída por um
grupo de pessoas contratadas pela Colonizadora Leopoldina Ltda.. Então,
começaram a derrubar a mata para fazer suas roças, dando continuidade a nossa
história. Retornaram para as suas cidades de origem no dia 17 de dezembro de
1956 no intuito de regressarem o mais cedo possível. No dia 11 de março de 1957
saiu de Santa Rosa o senhor Avelino Rubi, com a esposa Edith Erhart e seu
primogênito Geraldo Erhart de apenas 11 meses com destino à nova terra, aqui
chegando no dia 15 de março de 1957. Em 05 de maio, chegaram aqui mais duas
famílias, Maximiliano Jung e Walter Barth. Após esta data foram chegando mais
famílias. Como: Fredolino Kunz, Guilherme Goldschmidt, Lucas Hanzen, Harry
Willenborg, Andre Weber entre outros (SULINA, 2011).
Em 17 de dezembro do mesmo ano, nasceu à primeira cidadã sulinense,
Adelaide Erhart, contribuindo até os dias de hoje para a formação da identidade da
sociedade Sulinense.
Alguns meses depois chega uma nova leva de colonos, tendo o exemplo do
êxito dos primeiros moradores, que propiciavam melhorias na agricultura e no
comércio, principalmente o madeireiro, sentiu-se a necessidade de programar
melhorias nesse setor e no ano de 1958, iniciou-se a construção da primeira
serraria, por Armando Hoff, Fredolino Kreuz e Jorge Kreuz, aos poucos uma nova
composição étnica ia surgindo, a presença da emigração italiana e polonesa,
desempenhando assim um papel importante na construção da História desse
município.
Ruy Wachowicz (2002, p.158) em seu livro Histórias do Paraná afirma:
No oeste e sudoeste do Estado, também se fixou um número expressivo de descendentes de italianos, alemães e poloneses. Essas populações migrantes são integrantes da chamada frente de colonização sulista, procedentes do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Além da agricultura, o setor da indústria madeireira merece destaque, pois
deu um importante impulso para o desenvolvimento desta localidade, as serrarias
muito contribuíram para o aumento populacional, mão-de-obra assalariada e
consequentemente a devastação desordenada da mata de araucárias, que era
abundante, cujo beneficiamento das madeiras de lei era destinado à construção de
casas e móveis, estes comercializados por todo o Paraná e também aos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O corte das árvores não era tarefa nada fácil,
pois tudo era realizado a partir da experiência e da força braçal, desde o corte com
serras manuais, o carregamento, transporte e descarregamento das mesmas no
pátio da serraria.
O primeiro comércio Sulinense, era de propriedade do senhor Arlindo
Steffens, para a época a existência desse comércio era de suma importância, pois
facilitava a aquisição de gêneros alimentícios de primeira necessidade, antes
adquiridos na cidade de São João, pois com a falta de estradas e automóveis, os
moradores faziam o trajeto a pé ou a cavalo, mais tarde o senhor Armindo
Rocktmbach vinha de caminhão e trazia os mantimentos para vender à população.
Com o melhoramento das estradas, as tropas de mulas foram deixadas de lado e
entra em ação o primeiro transporte de mercadorias de caminhão, que trazia as
novidades para a comunidade local (SULINA, 2011).
Com o passar dos anos, a população sentiu a necessidade de uma escola
para seus filhos, a primeira escola funcionava juntamente com o prédio da Igreja
Católica Sagrada Família, lugar no qual os filhos aprenderam a ler, escrever e fazer
contas. As primeiras professoras foram às senhoras Nelly Rocktmbach e Nair Kreuz,
ainda lembradas por muitas pessoas nos dias atuais, com muito carinho e afeição. A
preocupação com a formação cultural, social e religiosa dos filhos dos primeiros
moradores de Sulina foi fundamental para despertar nos alunos, o respeito à
cidadania.
Atualmente, pode-se perceber ainda, em muitas residências sulinenses, a
preservação das tradições culinárias alemãs, presentes no cotidiano, nas reuniões
em família, no Natal e Páscoa, os fartos pratos típicos enfeitando as mesas, não
faltando, a broa de milho, roscas de polvilho, cucas recheadas com frutas, bolos,
bolachas pintadas com glacê e bem coloridas com açúcar de cor, as batatas
cozidas, a carne de porco e muito mais, nas festas acompanhadas de cerveja e as
famosas músicas das bandinhas típicas, alegrando o ambiente hospitaleiro das
famílias germânicas, buscando manter a tradição e os costumes dos antepassados
(SULINA, 2011).
Hoje, o município conta com uma população aproximada de 3.394
habitantes. A agricultura, pecuária de corte e leiteira predominam na economia, além
de o turismo aquático estar em crescente desenvolvimento, devido à existência das
Termas de Sulina, um importante polo turístico localizado dentro do complexo
turístico, em área ecológica de preservação permanente, com riquíssima fonte
centenária de água mineral com ação terapêutica, devido à alta temperatura e às
substâncias minerais e gasosas nela dissolvidas, a água emerge naturalmente com
vazão espontânea de 10 m/h a 37,5 C., rica em sulfato com substâncias a base de
enxofre, não necessita de tratamento a partir de outros componentes químicos
possibilitando o consumo ideal. Proporcionando bem estar, qualidade de vida, lazer,
entretenimento e crescimento do município (BRASIL - IBGE, 2011).
2.4 A fotografia em sala de aula como fonte histórica
A fotografia se constitui em fonte de informações muito importante na
reconstrução de fatos do passado, mesmo que, utilizá-la possa representar a
formação de ficções. O professor, agente de extrema importância na construção do
conhecimento escolar, do mesmo jeito que o historiador, pode usar a fotografia
como instrumento no despertar e aprimoramento do conhecimento histórico dos
estudantes (ABUD, 2010).
Ao se falar do uso da fotografia em sala de aula, especialmente na disciplina
de História é importante o entendimento de sua constituição como produção humana
e fonte documental, qual a sua utilidade, as várias possibilidades de análise e
também suas limitações.
Partindo desta compreensão podem-se estabelecer parâmetros e análises a
respeito da forma de se utilizar tal documento tornando-o fonte de apreensão,
compreensão e produção de conhecimentos. Desta forma, alia-se imagem e texto
escrito na busca do conhecimento histórico.
Diante disso, tem-se que:
Fotografia é memória e com ela se confunde. Fonte inesgotável de informação e emoção. Memória visual do mundo físico e natural, da vida individual e social. Registro que cristaliza, enquanto dura, a imagem de uma ínfima porção de espaço do mundo exterior. É também a paralisação súbita do incontestável avanço dos ponteiros do relógio: pois o documento que retém a imagem fugidia de um instante da vida que flui ininterruptamente. (KOSSOY, 1989, p. 101 in SCHNELL, 2008).
Surgida no século XVIII, a fotografia se constituiu em importante fonte para o
conhecimento histórico, de início despertou a atenção dos artistas, observada com
desconfiança pelos acadêmicos, porém, como como fonte de pesquisa, a fotografia
possibilita “informação e conhecimento, instrumento de apoio nos diferentes campos
da ciência e também como fonte de expressão artística” (KOSSOY, 1989, p. 14 in
SCHNELL, 2008).
A fotografia para a História pode servir de material de pesquisa, como
também para diversas outras ciências que buscam, a partir das imagens, mostrar as
mudanças ocorridas em toda a humanidade, sejam elas na natureza: como
paisagens, pessoas; como materiais: ruas, prédios, veículos de transporte, entre
outros. Por muito tempo, a fotografia servia apenas para ilustrar a linguagem escrita.
Borges (2008, p. 15,16) explica a fotografia e sua relação com as práticas
pedagógicas da seguinte maneira:
Antiga hóspede da literatura, da política, da filosofia, a História busca, ao longo do século XIX, construir sua própria morada. No decorrer desse período, historiadores de diferentes correntes teórico-metodológicas empenharam-se na definição da fisionomia e da identidade cognitiva da História com o objetivo de distingui-la das demais ciências do homem. É também esse o momento do surgimento de um novo tipo de imagem visual: a fotografia.
Borges (2008, p. 18) comenta ainda que “há quem acredite que o uso de
imagens fotográficas na pesquisa histórica signifique inovar, mesmo quando se lhe
aplica o mesmo conceito de documento histórico utilizado pela historiografia
metódica”.
Conforme o exposto pode-se dizer que a fotografia passou a ser uma fonte
muito rica para o trabalho, pois através dela podemos registrar fatos,
acontecimentos, momentos variados. Através dela também, podemos buscar o
passado, como suporte para registrar as histórias de nossa sociedade. Hoje a
fotografia está presente em todos os momentos e muitas vezes se fazem
necessários estes registros.
O mundo moderno está repleto de imagens, cabe então, aos professores de
história, analisar o olhar, discutir os significados, neste estudo, as fotografias da
época da Revolta dos Posseiros de 1957, foram utilizadas como suporte de análise
e reflexão, por ser fonte de ricas informações históricas e contribuindo
relevantemente para a reconstrução da história daquela luta pela terra ocorrida no
Sudoeste do Paraná.
3 Relato da experiência e apresentação dos resultados
O presente trabalho apresenta os resultados de uma experiência didático-
pedagógica idealizada e elaborada para implementação com alunos de 1ª série do
Ensino Médio, em turma que frequentasse o Colégio Estadual Nestor de Castro -
EFM, do município de Sulina, Núcleo Regional de Educação de Pato Branco, no
Estado do Paraná. A elaboração do material, que resultou em uma Unidade Didática
intitulada: Representações Culturais da Imigração Alemã no Sudoeste do
Paraná, foi constituída para que se trabalhasse determinado assunto/tema através
de apresentações e produções de textos, exploração de imagens, atividades
reflexivas que permitiriam ao aluno, analisar, refletir, dialogar, investigar e construir
seu conhecimento em torno do tema.
O propósito do trabalho foi o de oportunizar ao aluno buscar, através de
pesquisas, as informações históricas referentes ao tema, no intuito de conhecer a
história do passado para entender e valorizar o presente. Comprovar através de
fotos e relatos, a coragem e a bravura dos colonizadores migrantes e imigrantes
possibilitando a análise, reflexão e a realização das atividades propostas.
O trabalho foi desenvolvido no 2ª semestre de 2011, a partir dos referenciais
teóricos estudados e material didático-pedagógico elaborado. Os participantes no
estabelecimento de ensino foram os alunos da 1ª Série “A” do turno matutino do
colégio citado, com faixa etária em média entre os 14 e 15 anos. Os trabalhos
também foram explanados, discutidos e analisados por ocasião do GTR (Grupo de
Trabalho em Rede), que é uma forma de capacitação à distância, oferecida pela
SEED (Secretaria de Estado da Educação) aos professores da Educação Básica da
rede estadual de educação. Nesta capacitação a pesquisadora participou como
tutora e interagiu com os cursistas trocando ideias, recebendo contribuições e
críticas construtivas referentes ao material postado no ambiente virtual do curso, ou
seja, sobre o projeto de intervenção pedagógica e também do material didático
pedagógico elaborado que continha as atividades a serem trabalhadas com os
alunos no decorrer da aplicação da intervenção em sala de aula.
Durante o GTR, os cursistas realizaram atividades em fóruns e diários, a
seguir, estão transcritas algumas considerações de professores extraídas dos
diários do curso, consideradas como contribuição importante a este estudo:
Depoimentos:
Professor 01
“Ao analisar o material apresentado nesta temática, percebe-se a
importância do processo migratório, principalmente ao analisar as influências
culturais, sociais e econômicas.
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade,
entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas,
tradições, entre outros aspectos.
Os imigrantes enfrentaram diversos problemas. O governo alemão proibiu a
emigração para o Brasil devido a um forte movimento que surgiu na Alemanha
contra esta emigração, devido a diversos problemas. Ao chegar ao Brasil, os
imigrantes alemães sofreram para se adaptar ao clima brasileiro, ao idioma e às
novas condições de vida, normalmente primitivas, que já não tinham em seu país de
origem. Em alguns casos, chegavam ao Brasil e por não estarem suas terras
demarcadas, ficavam alojados aguardando durante meses o assentamento em seus
lotes. Também por problemas na demarcação de terras, muitas brigas surgiam.”
Professor 02
“O projeto de pesquisa proposto apresenta clareza em seus objetivos, com,
o recorte espaço temporal adequado para o tempo disponível para seu
desenvolvimento e sobretudo, necessita-se ressaltar que os referenciais teóricos são
bastante profícuos, os mesmos, além de abarcar reflexões voltadas para o tema nos
brinda com reflexões bastante instigantes.
Penso que a atividade da Roda de Conversa vai despertar bastante
curiosidade entre os seus alunos assim, minha sugestão é que elabore algumas
questões como um pequeno roteiro para direcionarem a conversa pois, uma
entrevista no coletivo tende a desviar o foco, além dos alunos, dos próprios
protagonistas do processo de colonização do município de Sulina, pois quando o
objetivo é falar de experiências vividas ficam mais à vontade e ai reside o problema
do desvio do foco principal.
Quanto às questões voltadas às representações culturais na construção da
identidade, o aluno irá perceber-se como um protagonista desta construção no
momento em que se fizer uma reflexão a partir dos dados coletados nas fontes
levantadas, a exemplo da fonte oral, fotografia, músicas, danças, gastronomia entre
outros propostos e acredito se pensados lidos e analisados com cuidado podem
revelar aspectos históricos que até o presente momento não foram contemplados
pela historiografia local ou pouco mencionados. Creio que ai está a originalidade de
seu projeto: as fontes e a leitura sobre elas.”
Professor 03
“O projeto da professora Elci é relevante para o estudo sobre a imigração
para a região Sul e especialmente a imigração no Paraná que forma um mosaico de
etnias, culturas, onde cada região tem sua especificidade. Algumas marcadas pela
presença italiana, outras por alemães, japoneses, ucranianos que influenciaram nos
padrões culturais estabelecidos ao longo do processo de ocupação do espaço
através dos núcleos coloniais, influenciaram na culinária incorporando à culinária
local novos pratos e ingredientes, a cultura de gêneros desconhecidos pela
população local e também sofreram alterações em seu modo de vida.
As atividades propostas possibilitam o contato com a fotografia enquanto
fonte histórica e permite uma investigação sobre a história das famílias que foram
pioneiras nos municípios onde vivem. Além das fotografias é possível utilizar
documentos de imigração, relatos de viagem, oralidade, poesias, músicas. A
imigração europeia para o Brasil é uma temática que permite muitos olhares e
análises, cada região tem característica própria, foi marcada por uma demanda
econômica, social, cultural.
Ao propor um trabalho que envolve os alunos, torna-os responsáveis pelo
processo de aprendizagem e permite a construção do sentimento de pertencimento
ao lugar onde vivem os alunos aprender a respeitar a cultura de seus familiares,
valorizarem a memória, e perceber a necessidade de preservar sua história, não
para si, mas para que outros possam entender o processo de ocupação daquele
espaço, as expectativas, os sonhos, as dificuldades enfrentadas, a superação e
realização dos projetos das famílias que ali se instaram e ajudaram a construir a
história da cidade e das pessoas que ali vivem.
O trabalho com os pioneiros possibilita o resgate da memória e identidade,
desperta o sentimento de pertencimento e promove a preocupação com a
preservação da memória, das festividades, dos bens materiais e imateriais. A escola
é o espaço da produção e apropriação do conhecimento de modo que transforma a
realidade e os alunos ao participarem de pesquisas de campo, coleta de materiais,
sejam documentos, fotografias, relatos, sejam pesquisas na internet, em bibliotecas,
documentos de famílias, objetos, entre outros, possam fazer uma leitura crítica da
história.”
Já em sala de aula, o trabalho sempre foi desenvolvido com os alunos
distribuídos em pequenos grupos, para que pudessem socializar as habilidades,
fazer os registros de cada atividade proposta pelo professor e então partir para as
explanações, analisar, refletir, dialogar, investigar e construir seu conhecimento
acerca do mesmo.
No primeiro momento fez-se uma indagação sobre a origem étnica de cada
educando, de modo que se valorizasse a apresentação de cada um, na sequência
apresentou-se o tema do trabalho: As representações culturais de um grupo de
imigrantes / descendentes de alemães que se deslocaram do Rio Grande do Sul
para o Sudoeste do Paraná.
O primeiro encontro foi muito aguardado pelos alunos da 1ª série “A”, sentiu-
se a expectativa positiva dos alunos, mostraram-se curiosos e participativos durante
a explanação e interessados em saber um pouco mais sobre sua própria história.
Então, foi realizada uma análise, com o uso do mapa mundi, da trajetória desses
imigrantes, desde a saída da Europa, sempre lhes indagando a respeito da causa,
objetivos e planos dessa partida da terra natal para um mundo totalmente
desconhecido.
Os alunos estavam atentos e curiosos em relação ao desfecho do percurso,
por eles realizado, as dificuldades enfrentadas, doenças, mortes, alimentação,
convívio durante a longa viagem. E a chegada ao Brasil. Quanto a isso fizeram os
seguintes questionamentos:
Qual foi a impressão dos imigrantes ao desembarcarem?
Quem os acolheu?
Eles tinham casa, terra, emprego, comida ao chegarem ao porto?
Eles se adaptaram ao clima e à população que aqui já se encontrava?
Ao observarem a Alemanha moderna, da atualidade, os alunos ficaram
impressionados com relação aos cuidados com a limpeza das ruas, arquitetura,
eficiência no transporte, clima com o frio rigoroso, preservação de monumentos
históricos, contrastados à modernidade, seriedade com a saúde, costumes e regras
seguidas pelo povo, alimentação, música. Enfim, chegaram a conclusões e
identificaram no cotidiano algo que os identificassem a herança deixada pelos
antepassados. Então, propuseram-se como tarefa, transmitirem aos seus familiares
o que aprenderam no intuito de introduzir ou melhorar atitudes observadas em
relação aos cuidados e a limpeza das ruas e no cultivo de flores nos jardins de suas
casas, proporcionando a melhoria na qualidade de vida.
No segundo encontro foram trabalhados diferentes tipos de textos, estes
selecionados cuidadosamente, no intuito de conter um completo conteúdo da
história da imigração alemã para o Brasil, a turma foi distribuída em seis grupos, fez-
se leitura, análise e discussão oral e escrita. Todos entenderam o trabalho e se
empenharam na leitura. Percebeu-se o interesse, pois o diálogo e o questionamento
foi constante. Ao Concluir a leitura, cada grupo expôs seu trabalho oralmente. Um
dos grupos optou em escrever um poema, exposto, abaixo, para a explanação do
assunto debatido, no qual expressaram a coragem, luta e acolhimento do Brasil aos
imigrantes:
Tudo se resume em superação
Fome, miséria e destruição. Desemprego e pobreza Um país nessa situação? Sim, pois roubaram sua riqueza. Possibilidades foram divulgadas, O Brasil deu novas esperanças. Á uma nação desesperada, De homens mulheres e crianças. O povo alemão pra cá imigrou, E em processo de adaptação No Rio Grande do Sul se instalou, Reconstituindo um “ser cidadão” Mas após tantas guerras e dificuldades, Muitos aprenderam à lição
De que deixar suas terras, Nem sempre é a melhor opção. Descendentes de alemão Hoje você pode dizer, Com orgulho e superação! Eu vi este país crescer... 180 anos já se passaram, E muita coisa mudou, Todos aqui se instalaram Um novo Brasil se formou!
Autoras: Vanessa Santos, Dalila da Rosa e Edivane Aline
Os demais grupos fizeram sua explanação através de relato oral,
explanando sobre os aspectos que mais lhes chamou a atenção, como: arquitetura,
idioma, culinária e diversidade cultural. A questão da 1ª e 2ª guerras mundiais e a
construção do muro de Berlim também foi destacada pelos grupos durante as
apresentações.
O terceiro encontro formalizou-se com a ida ao laboratório de informática do
Colégio para a realização de pesquisas na Internet referentes ao processo
migratório na região Sul do Brasil. O trabalho foi iniciado pela conscientização, pela
qual, todos demonstraram interesse e comprometimento. Iniciaram a pesquisa e com
muita paciência e dedicação todos conseguiram finalizar o trabalho de pesquisa
proposto. De volta à sala de aula os alunos transcreveram o conteúdo pesquisado
em forma de texto, então foi realizado um seminário com a apresentação individual
das produções ao grande grupo.
O quarto encontro foi de grande sucesso. A sala de aula foi preparada com
antecedência para que a aula fosse realmente tocante, estavam expostos cartazes
com dizeres sobre o tema do encontro, o acervo de fotografias antigas e atuais
estavam expostas na sala de aula, no intuito de conduzi-los à percepção da
importância dos avanços e do progresso histórico de Sulina. Neste encontro ainda,
foi montada uma exposição de objetos antigos trazidos pelos alunos e pela
professora, sendo que muitos dos objetos possuíam aproximadamente entre 80 e
100 anos de existência. Durante a aula, fez-se a análise da foto do primeiro rancho
de Sulina construído em 1956. Em seguida, fez-se a leitura e comentários do texto
“Início da colonização de Sulina”. O interesse e a curiosidade do grupo foram
imensos, pois a grande maioria não conhecia a história de seu município.
Ainda neste dia, fez-se em grupos, a partir do roteiro abaixo, a análise da
foto do primeiro rancho de Sulina, na época chamada de “Sede Sulina”, benfeitoria
esta construída em meados de 1956 com o objetivo de servir de acomodação aos
primeiros compradores de terras.
Figura 01 - Primeiro rancho construído por migrantes
Fonte: Foto cedida pela Família de Frederico De Carli.
O roteiro apresentado aos alunos continha os seguintes questionamentos
para observação e análise:
Quem seriam as pessoas retratadas? Data, local, tema, paisagem,
ambiente, situação. Como se vestem, objetos que podem ser notados?
Quem seria o fotógrafo?
Que intenção pode-se imaginar que possuíam ao ser tirada a
fotografia?
Que informações podem ser deduzidas sobre a época em que foi
tirada a foto?
Por que esta foto foi preservada e hoje é tema de estudo?
Que valor histórico a foto revela?
Como se encontra hoje o local em que foi tirada a foto?
Quem é o atual proprietário da foto?
A imagem foi projetada com o auxílio de multimídia (data show), assim,
todos puderam contemplar a histórica foto, que passou a ser denominada pelos
alunos de “certidão de nascimento de Sulina”. A atividade foi desafiadora, pois
tiveram que usar a imaginação, a criticidade e a interpretação.
Após todos terem realizado a tarefa proposta, partiu-se para a apresentação,
as respostas, lidas e comentadas, foram audaciosos e os alunos demonstraram a
assimilação do conteúdo proposto.
O tema do 5ª encontro foi: “Aprofundando o assunto”. Novamente os alunos
formaram grupos e dirigiram-se à sala de informática para realização de uma
pesquisa referente às influências dos costumes e tradições da imigração alemã,
italiana e polonesa na cultura brasileira, com referência à culinária, os ritos musicais,
danças, arquitetura e curiosidades dos idiomas incorporados ao português do Brasil.
A pesquisa transcorreu normalmente, sem problemas técnicos. Os alunos puderam
baseá-la em vários sites e construir uma conclusão. Houve grande interesse dos
alunos que foi percebido pelas constantes interrupções pelos alunos indagando
assuntos referentes à pesquisa. Os itens que mais chamaram a atenção dos alunos
foram referentes à culinária, vários deles copiaram receitas para, em casa, junto com
as mães tentarem prepará-las. A música e a arquitetura também despertaram
grande interesse.
No sexto encontro o tema abordado foi: “Sulina, um município rico e com
diversidades econômicas”. Neste dia analisou-se um acervo fotográfico da época e
fotografias atuais, o objetivo foi estabelecer comparações entre o antes e o depois.
Figura 02 - Tora de madeira gigantesca, extraída das florestas sulinenses.
Fonte: Foto cedida pela família de Anna Arlinda Hanzen Stein.
Figura 03 - Madeiras cortadas no interior de Sulina no ano de 1967.
Fonte: Foto cedida pela família de Anna Arlinda Hanzen Stein.
Figura 04 - Estocadas mais de duas mil dúzias de tábuas em madeira de pinheiro.
Fonte: Foto cedida pela família de Anna Arlinda Hanzen Stein.
Os alunos foram muito críticos, ficaram admirados pela riqueza florestal
existente no passado nesta região, comentaram a respeito da necessidade de
destruírem as frondosas matas para dar lugar à agricultura e à pecuária que
garantiam a sobrevivência das famílias, sendo as intenções para a época as mais
naturais possíveis, o que, atualmente, não é mais tolerável.
Após observar, analisar e comentar as fotos, os alunos produziram textos
baseando o contexto de produção no roteiro seguinte, constante do material didático
utilizado:
Que realidade as fotografias propiciaram construir na atualidade?
É possível estabelecer as intenções da época ao tirarem as
fotografias?
Que reflexões podem ser feitas ao se observarem as fotos?
Cite os aspectos positivos e negativos em relação à preservação do
meio ambiente em nosso município, estado e país?
No sétimo encontro teve-se a oportunidade de enriquecer o conhecimento
de todos, com a presença do Padre Affonso Niys, um imigrante vindo da Bélgica
para o Brasil no ano de 1985, que atualmente ainda reside no município, devido à
cordialidade do povo brasileiro.
Padre Affonso fez uma brilhante apresentação, fazendo uma retrospectiva
histórica da imigração alemã, traçou um comparativo do ciclo das grandes
imigrações europeias, suas causas, e o motivo pelos quais os imigrantes preferiram
o Sul do Brasil para se instalarem definitivamente. Relatou como se encontra a
Alemanha, hoje, pois anualmente ele se reencontra com seus conterrâneos na
Europa. Os alunos pediram para que contasse brevemente sua história de vida.
Affonso gentilmente colocou que não gosta de detalhar sobre sua infância, pois as
imagens do sofrimento de uma guerra deixam cicatrizes irreparáveis, porém, o relato
feito impressionou muito a todos. Sua infância ocorreu no período da 2ª Guerra
Mundial e pós-guerra, onde os bombardeios eram constantes e as perdas humanas
numerosas. Para proteger a vida, ele e os irmãos tiveram que ir bem longe para o
interior, sendo cuidados por famílias desconhecidas, ficando, por muito tempo,
separados da mãe. A comunicação era somente por cartas, o pai era prisioneiro da
Alemanha. Affonso tinha apenas 03 anos de idade e o feliz reencontro ocorreu aos
09 anos, até então não sabiam se o pai estaria morto ou vivo. A partir daí não se
separaram mais, reconstituindo aos poucos a vida e o convívio familiar.
O oitavo encontro ocorreu sob a forma de uma “roda de conversa” com os
pioneiros de Sulina. Este momento se deu fora do ambiente escolar, o local
escolhido para o acontecimento foi a residência da professora pesquisadora, local
este que também foi alvo de estudos e análises durante a implementação. Na
chegada os alunos observaram as mudanças ocorridas na paisagem do local,
fizeram inúmeros comentários e ficaram admirados com as mudanças.
Fizeram-se presentes no encontro o casal pioneiro de Sulina, Avelino Rubi
Erhart e Edith Erhart, a primeira cidadã sulinense, a também professora, Adelaide
Erhart Pereira da Costa e o senhor Lauro Arno Keske. O ambiente para este
encontro foi preparado com muito carinho pela professora e pelos alunos, pois,
anteriormente, em sala de aula, organizou-se um roteiro com questões pertinentes
ao tema do projeto para que os convidados respondessem. A varanda da casa foi
decorada com cartazes, quadros, objetos antigos e fotografias que relembrassem
fatos importantes da época. Sentiu-se a imensa alegria e satisfação dos convidados
em poderem dar informações importantes com seus relatos da História do município,
contribuindo assim com o aprendizado dos alunos.
O diálogo foi proveitoso, os alunos estavam tranquilos e demonstraram
interesse pelo assunto, participando constantemente com questionamentos. Os
relatos foram relevantes para a construção do conhecimento histórico, muito se
aprendeu, dúvidas decorrentes do estudo anterior foram esclarecidas e o
entrosamento entre os pioneiros e os alunos foi muito bom, proporcionando assim, o
respeito à diversidade.
Para finalizar o encontro, e a implementação do projeto, foi realizada uma
confraternização entre os participantes com degustação de pratos típicos alemães,
não faltando a famosa “cuca” recheada com doces de frutas, as roscas de polvilho
azedo - para as quais tradicionalmente as famílias se reuniam todos os anos para a
produção do polvilho, assim garantiam o alimento para o ano todo -, as tradicionais
bolachas pintadas em diversos formatos estavam presentes enfeitando a mesa, a
broa de milho, o melado batido, o requeijão, a nata, também a carne de porco frita e
o salame cozido que, curiosamente, são consumidos com pão. A cerveja foi
lembrada, mas, por se tratar de um encontro com jovens adolescentes e em um
momento de estudo, serviram-se as tradicionais gasosas, com sabores de
framboesa, guaraná, laranja e abacaxi, muito consumidas em festas religiosas da
época de fundação do município de Sulina.
4 Depoimento dos alunos participantes do projeto
Nesta seção transcrevem-se sucintamente os depoimentos dos alunos que
participaram das atividades de implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica do PDE 2010. Indagados a respeito das informações recebidas e das
atividades realizadas, todos foram unânimes nas respostas, observa-se assim, que o
trabalho foi válido, interessante, despertou a curiosidade e que, cada encontro, foi
um “chamado de atenção” para mais informações importantes que muito influenciam
e ensinam para a vida.
Questionados acerca da possibilidade de se aprender através de projetos
diferenciados, os alunos responderam que essas atividades são ótimas, possibilitam
ao aluno maior participação, entrosamento e até a desinibição ao aluno mais tímido.
Quanto ao uso das multimídias, consideraram importante que os professores façam
uso destes recursos em sala, tornando as aulas mais atraentes, com uso de textos
diversificados. Os depoimentos dos convidados foram por eles classificados como:
“incríveis”. Sendo assim, pode-se afirmar que acreditam que os aprendizados dos
conteúdos por meio de aulas divertidas, dinâmicas e diversificadas mudam
completamente a rotina e a forma de estudar.
Com as pesquisas e pelos depoimentos ouvidos, alguns estudantes
descobriram que seus antepassados participaram da 2ª guerra mundial e que é bom
ouvir as memórias da família. Com isso, passaram a dar maior importância à
preservação do patrimônio tanto da família quanto do município.
5 Considerações Finais
O objetivo inicial do presente estudo foi o de oportunizar aos educandos o
acesso à diversidade de informações sobre a imigração alemã na Região Sul e
instrumentalizar essa reflexão por meio de conceitos, acreditando que isso poderia
possibilitar a observação e análise mais aguçada sobre o mundo que o cerca.
Diante disso, pode-se concluir que o trabalho pedagógico tem a finalidade de
propiciar a formação do pensamento histórico dos estudantes. Para isso, professor e
alunos utilizaram métodos de investigação histórica articulados por suas narrativas
históricas. Assim, os alunos perceberam que a História está narrada em diferentes
fontes como nos livros, cinema, canções, palestras, relatos de memória, entre tantas
outras, já que os próprios historiadores se utilizam destas fontes para construírem as
narrativas históricas.
Então, é importante dizer que, sempre que se trabalha partindo da realidade
do aluno, faz-se do conteúdo algo atraente. Por isso é que se escolheu trabalhar a
imigração, para valorizar a história do educando, pois o mesmo se sente inserido no
processo histórico, uma vez que o povo paranaense tem uma riqueza cultural
oriunda do processo do qual fazem parte. O que pode ser constado através da
história repassada pelos familiares, pelas fotos analisadas, pelas pesquisas
realizadas em diversas fontes, com os objetos antigos expostos, enfim, todos os
elementos integrantes da intervenção pedagógica provocaram mudanças no olhar
dos educandos.
Neste patamar ainda, pode-se afirmar também que a utilização de recursos
didáticos diferenciados geralmente é bem recebida pelos alunos, neste caso foi.
Experiências vividas evidenciaram tal realidade. Além disso, o projeto desenvolvido
contemplou o diálogo, a observação, a leitura, a interpretação e a produção de
textos no intuito de contribuir com a motivação do aluno, facilitando-lhe a
aprendizagem dos conceitos históricos e proporcionando aos alunos a percepção de
que o trabalho desenvolvido na atualidade é fruto das experiências do passado,
podendo assim servir de aprendizado para as novas gerações.
Por fim, vale dizer que o estudo foi de grande valia, pois possibilitou a
aproximação dos educandos com os pioneiros do seu município, fazendo com que
entendessem e captassem a concepção e os conhecimentos sobre a realidade em
que vive o povo sulinense. Assim, para concluir o exposto, tem-se a convicção de
que os alunos estão em condições de identificar processos históricos, reconhecer
criticamente as relações de poder existentes e, também, intervir no mundo histórico
em que vivem, fazendo-se sujeitos da própria História.
Referências
ABUD, Kátia Maria. Ensino de história. São Paulo: Cengage Learning. 2010.
(Coleção ideias em Ação)
BORGES, Maria Eliza Linhares. História e fotografia. 2. Ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2008.
BRASIL - IBGE, Sulina. 2011. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=412665. Acesso em 20.03.2011.
COLATUSSO, Denise Eurich. Imigrantes alemães na hierarquia de status da. Sociedade luso-brasileira (Curitiba, 1869 a 1889). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/historia/dissertacao_denise_colatusso.pdf . Acesso em: 23 de setembro de 2010.
COSTA, Sérgio. Imigração no Brasil e na Alemanha: Contextos, Conceitos,
Convergências. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/pdf/938/93844202.pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010
FAUSTO Boris. Fazer a América. 2 ed. São Paulo: Edusp, 2000.
FOUQUET, C.. O imigrante alemão e seus descendentes no Brasil: 1808-1824-1974. São Paulo, Instituto Hans Staden; São Leopoldo: Federação dos Centros Culturais 25 de Julho. 1974
HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. In GUZZO, Ana Cristina Provin - A Importância do Estudo do Patrimônio Histórico para o resgate da Memória. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2512-8.pdf Acesso em: 20 de outubro de 2010.
HUBER, Valburga. A Literatura da imigração alemã e a imagem do Brasil.
Curitiba: UFRGS, 2002.
KLEIN, Herbert S. Migração Internacional na História das Américas. In: FAUSTO, Boris (org.) Fazer a América. São Paulo: Edusp, 2000.
KOSSOY, B. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989. In SCHNELL, Rogério. Uso da fotografia em sala de aula - Palmeira: espaço urbano, econômico e
sociabilidades – a fotografia como fonte para a história – 1905 a 1970. 2008. Dsiponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/5-4.pdf. Acesso em 10 de abril de 2012.
KREUTZ, Lúcio. Escolas da imigração alemã no Rio Grande do Sul: perspectiva histórica. In: MAUCH, Cláudia (org.) Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas:Ed. Ulbra, 1994.
LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história.
Francisco Beltrão: GRAFIT, 2004.
MÜLLER, Telmo Lauro. Colônia alemã, histórias e memórias. Porto Alegre: Escola
Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1981.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. De como os alemães tornaram-se gaúchos pelos caminhos da modernização. In: MAUCH, Cláudia (org.) Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas: Ed. Ulbra, 1994.
SEYFERTH, Giralda. Identidade étnica, assimilação e cidadania: a imigração alemã e o Estado brasileiro. 1993. Disponível em:
http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_26/rbcs26_08.htm. Acesso em: 15 de setembro de 2010.
SEYFERTH, Giralda. A identidade teuto-brasileira numa perspectiva histórica. In: MAUCH, Cláudia (org.) Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas:Ed. Ulbra, 1994.
SILVA, Marcos Antonio da. (org). Repensando a história. Rio de Janeiro: Marco zero, 1984.
SULINA. História da Cidade de Sulina - Paraná. 2010. Disponível em:
http://citybrazil.uol.com.br/pr/sulina/historia-da-cidade Acesso em: 08 de setembro de 2010.
SULINA. Evolução histórica de Sulina. Prefeitura Municipal de Sulina. 2011. Disponível em: http://www.sulina.pr.gov.br/historia.php. Acesso em 20 de março de 2011.
TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro. A escola vai ao cinema. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2000.
ZUBARAN, Maria Angélica. Os teuto-rio-grandenses, a escravidão e as alforrias. In MAUCH, Cláudia (org.) Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas:Ed. Ulbra, 1994.