das cartas ao e-mail: breve histÓrico e implicaÇÕes · históricos de grande vinculação à...

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DAS CARTAS AO E-MAIL: BREVE HISTÓRICO E IMPLICAÇÕES

PEDAGÓGICAS

Autora: Maria Célia Alcantara Madureira Peres1

Orientadora: Rosiney Aparecida Lopes do Vale2

Resumo

Este trabalho foi apresentado para os alunos 7ª série do Ensino Fundamental do Colégio

Estadual Rui Barbosa EFMP, em parceria com os alunos da 7ª série do Colégio Estadual

Marques do Reis E.F.M. (Educação do Campo), com a intenção de averiguar se o trabalho com

gêneros epistolares cartas e o e-mail – enfatizando-se a leitura e escrita, por meio de práticas

sociais que envolvem essa forma de textos, pode contribuir para a criação de um ambiente

agradável, fértil para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa e proficiente; bem como se

auxilia também no desenvolvimento de consequentes produções textuais. O trabalho envolveu

uma pesquisa no laboratório de informática por parte dos alunos sobre o surgimento destes

gêneros bem como suas características. Na sequência, produções textuais de cartas manuscritas

e, ainda, a criação de endereços eletrônicos (gratuitos) e produção de e-mails. Verificou-se com

isso um melhor envolvimento e aprimoramento nas habilidades de leitura e escrita que foram

fundamentais para a formação do aluno, além de oportunizá-lo e aproximá-lo ao acesso a

elementos dessa nossa era digital.

Palavras-chave: Leitura; produção textual; cartas; e-mails.

1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, graduada em Letras (Português./Francês); Licenciada em Pedagogia; Mestra em Educação pela FAFIJA/Jacarezinho-PR; Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE -2010/2011.

2 Professora Assistente do CLCA da UENP-CJ, Doutoranda em Educação pela UNESP/Marília-SP; Mestre em Filologia e Linguística da Língua Portuguesa pela UNESP/Assis-SP.

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Introdução

A leitura e a escrita, habilidades fundamentais para a formação do aluno, são

tarefas da escola com o envolvimento de todas as áreas. A escola tem, portanto, a

responsabilidade de trabalhar essas habilidades, uma vez que serão exigidas em diversas

práticas sociais, bem como aprimorar os conhecimentos dos seus educandos, tornando-

os cidadãos capazes, participativos na sociedade.

Por isso, o presente trabalho procurou dar ênfase à leitura e a escrita, por

entender a necessidade de melhorá-la no meio educacional, possibilitando uma melhoria

nas produções textuais. Por conta disto, este estudo, realizado por meio de uma pesquisa

bibliográfica e posterior prática, pretendeu verificar como o trabalho com gêneros

epistolares, cartas e e-mails – enfatizando-se a leitura e a escrita em práticas sociais,

contribui para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa, bem como auxilia no

desenvolvimento de produções textuais, como também fazendo um breve histórico

sobre estes dois gêneros e suas diferenças.

Para tanto, contamos com a colaboração dos alunos da 7ª série (8º ano), do

Colégio Marques dos Reis; com os alunos do Colégio Estadual Rui Barbosa EFMP, da

mesma série, que realizaram trocas de correspondências por meio de cartas e

posteriormente e-mails.

O trabalho realizado teve como início o gênero carta, sua estrutura, seu histórico,

para que os alunos realizassem as atividades com mais subsídios, não somente

desenvolvendo o aspecto social que a representa, mas também tivemos o cuidado de

trabalhar a leitura e escrita, que contribuiria para suas produções textuais.

Em seguida, já no Laboratório de Informática, os alunos criaram seus e-mails

para as correspondências com os mesmos alunos, que se desenvolveu como atividade

até o final do ano letivo, mas que teve continuidade, devido aos laços afetivos que

conquistaram ao longo das atividades desenvolvidas entre eles.

Estas atividades contribuíram para que os alunos pudessem desenvolver com

eficiência e continuidade as leituras e escritas dentro e fora do ambiente escolar, tendo

em vista que o uso do computador para o estudante passa a ser um complemento a mais

nas suas tarefas diárias, provocando, ainda, uma transformação na nossa concepção de

ensino e aprendizagem.

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Leitura e escrita: compromisso de todos

Com o objetivo de melhorar a capacidade leitora, as Diretrizes Curriculares de

Língua Portuguesa (2008), apregoam que variedades de composições precisam circular

numa sala de aula em ações de uso, e não a partir de conceitos e definições de diversos

modelos de textos.

Em relação à leitura, é importante, como descreve a DCE (2008 apud

ANTUNES, 2003, p.47) que o professor desenvolva uma prática de escrita escolar e que

para ele, “a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas

socialmente específicas e relevantes”.

O educando desenvolve a escrita quando produz diferentes gêneros, e essa

prática permite ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo (DCE,

2008).

Nas Diretrizes Curriculares a leitura é vista como um ato dialógico,

interlocutivo, envolvendo demandas sociais, históricas, políticas, econômicas,

pedagógicas e ideológicas de determinado momento. .

A esse respeito, Silva (2002, p. 42) afirma que

Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do Ser Humano. (O patrimônio simbólico do homem contém uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com e no mundo pressupõe, então, atos de criação e re-criação direcionados a essa herança. A leitura, por ser uma via de acesso a essa herança, é uma das formas do Homem se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo.

Nesse mesmo sentido, Kleiman (1997, p.10) diz que “a leitura é um ato social,

entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si, obedecendo a objetivos e

necessidades socialmente determinados”.

A presença da leitura tem seu inicio na alfabetização que no entender de Silva,

(2002), é quando a criança passa a compreender o significado potencial de mensagem

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registrada através da escrita, entende o autor que ler e escrever são atos

complementares, um não pode existir sem o outro e que por isso, cabe à escola, que é

uma instituição formal, oportunizar a aprendizagem não só do falar e ouvir, mas

principalmente do ler e escrever.

De acordo com Kleiman (1997), ao ler, o leitor lança mão de seus

conhecimentos prévios. Estes englobam o conhecimento lingüístico, que envolve o

conhecimento da língua, seu vocabulário; o textual, que se refere a estrutura a que o

texto se refere, se é descritivo, narrativo ou expositivo e o conhecimento de mundo, que

pode ser adquirido formal ou informalmente, possibilitando-o a construir o sentido do

texto.

A autora relata que quando se tem um objetivo para uma tarefa, uma leitura, a

capacidade de processamento de memória melhora significativamente, bem como

quando temos um objetivo específico, passamos a lembrar das informações que nos são

importantes.

Com o passar do tempo, e não num espaço muito longo, as mudanças em relação

à prática pedagógica foram sendo modificadas, buscando atender às necessidades reais

dos alunos.

Silva (2002, p.97) diz que “as crianças nunca chegam à escola num estado de

ignorância, mas podem chegar analfabetas. Elas talvez não saiam analfabetas, mas

podem sair ignorantes”.

Atualmente, com o uso de novas tecnologias dentro e fora da sala de aula, o

professor e o educando dispõem de muitos recursos para um ensino aprendizagem mais

elaborado e o computador já faz parte deste processo de mudanças, que está

acontecendo.

Para um aluno das séries finais do Ensino Fundamental é um esforço tremendo

escrever, produzir um texto, talvez seja porque alguns professores de Língua Portuguesa

não façam uso frequente de produções textuais, e quando eles ficam diante de uma

atividade como essa tenha dificuldades para escrever, devido, possivelmente, ao fato de

ser uma atividade pouco explorada.

Ao longo de nossa prática docente percebemos a grande dificuldade de fazer o

aluno produzir um texto, por isso acredito que o professor precisa usar de muitos meios

para ajudá-lo nesse aprendizado, visto que a prática de leitura e da escrita é necessária

para o seu dia a dia no convívio social e profissional.

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Nesse sentido, o uso de vários gêneros textuais em sala de aula contribui para

que o professor avalie o rendimento escolar do educando, oportunizando a este a

escolher o que melhor aprecie.

Em relação aos gêneros textuais, Marcuschi (2005) revela que são fenômenos

históricos de grande vinculação à vida cultural e social, são maleáveis, dinâmicos e

plásticos, contribuindo com as inovações tecnológicas, tanto na oralidade como na

escrita. Para o autor citado, trabalhar com gêneros textuais é uma oportunidade de se

lidar com a língua nos seus diversos usos no dia a dia, principalmente os que aparecem

na mídia, que são bem conhecidos dos internautas.

Um dos gêneros que optamos para trabalhar com nossos alunos da 7ª série (8º

ano) foram os gêneros epistolares, uma vez que englobam cartas (pessoais, aberta, de

leitor, oficiais), bilhetes, cartões postais, telegramas, bem como os e-mails.

Este gênero é tão antigo como a própria História. Ao longo do tempo foram

surgindo diversos tipos de cartas, usadas por diferentes pessoas, em diferentes situações.

São famosas as Epístolas de São Paulo fazendo menção às comunidades cristãs. São na

verdade compostas de vinte e um livros dos vinte e sete que formam o Novo

Testamento. Ficaram famosas também as Cartas dos filósofos e poetas romanos como

Horácio, Ovídio, Sêneca, Cícero, isso na Antiguidade, que resultaram em livros e

poemas.

Na Literatura, as epístolas são denominadas de epistolografia que são textos que

não têm a obrigatoriedade de formarem correspondências.

Nestas são famosas as Cartas entre os escritores modernistas Carlos Drummond

de Andrade e Mário de Andrade, este com Fernando Sabino e este com Clarice

Lispector, que contribuíram para nossa literatura.

Também na Arquitetura se fizeram presentes as cartas de Oscar Niemayer,

grande arquiteto que foi um dos idealizadores dos projetos para a nova capital, Brasília

com o engenheiro Carlos Sussekind. Algumas cartas se transformaram em filmes como

em A cor púrpura, e As ligações perigosas, por exemplo.

Gêneros Epistolares: características

As cartas podem ser formais e informais, com conteúdos diferentes como nas

cartas comerciais, cartas de ofícios, endereçadas às autoridades, cartas entre amigos,

entre namorados, etc.

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Mesmo com os avanços tecnológicos, o trabalho com a carta é benéfico devido à

sua construção textual, favorecendo uma linguagem formal, padronizada. Muitas

empresas ainda exigem de seus futuros candidatos a uma vaga de emprego, cartas de

intenção, acompanhadas de seus currículos.

O trabalho desenvolvido com Cartas envolve ao mesmo tempo várias situações

de aprendizagem como a escrita. A utilização da carta em nosso convívio, tão

despercebida com as novas tecnologias, favorece a criação de laços de amizades,

essenciais para a nossa convivência diária e formação humana, possibilitando que o

educando desenvolva competência comunicativa que é essencial para o seu caminhar

pessoal e profissional.

Começamos nosso trabalho com a estrutura da Carta, tendo o cuidado de mostrar

a eles como elaborar uma carta para que esta saia de acordo com a proposta.

De posse da lista de chamada deste colégio, começamos a passar para os alunos

os nomes de cada aluno que eles iam se comunicarem e todos muito eufóricos foram

anotando os nomes. Então, demos início à escrita das cartas, ajudando de várias

maneiras na elaboração das mesmas. Depois de revistas todas as cartas, vêm a parte do

envelope, parte na qual cada pode explorar a sua criatividade; de posse das cartas

prontas, entregamos ao professor da referida sala.

Durante os dias que antecederam a volta das cartas houve uma ansiedade muito

grande por parte dos alunos, pois todos estavam ansiosos por recebê-las e se

comunicarem novamente.

Durante a chegada das cartas, os alunos liam as suas cartas e também dos

colegas, faziam comentários, e começavam a uma nova correspondência.

Depois de várias trocas de correspondências, partimos para as atividades no

Laboratório de Informática, lá, cada um fez seu e-mail para uma nova correspondência

entre eles.

Escola e letramento digital

A escola, como instituição, como portadora de responsabilidade quanto à

formação de pessoas capazes de se integrarem à sociedade, não pode ficar à margem das

mudanças, há que se adequá-la e permitir a participação de seu corpo discente como

sujeito de transformação. A sociedade com as novas tecnologias ampliou as

possibilidades para o cidadão de atuar como ser reflexivo e autônomo.

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Santos (2003, p.12), afirma a respeito que “a tecnologia é vista hoje como um

modo de transformar o mundo carregado de ambivalência. A escola tem que se

modificar, pois ela não é mais o único espaço de desenvolvimento do saber”.

O uso das novas tecnologias avançou em todos os setores da sociedade, inclusive

na educação, as mudanças são tantas e tão importantes como foram na época da

Revolução Industrial, exigindo da escola um novo olhar como para ler e interpretar o

mundo digital (SANTOS, 2003). Afinal, a tecnologia proporcionou ao Homem do

século XXI o acesso a Internet (rede mundial de computadores), uma comunicação

virtual, capaz de romper fronteiras, interligando pessoas do mundo todo.

O sistema de educação voltado para a informatização favorece o processo ensino

aprendizagem, a maneira como o conhecimento é construído é repensado, um novo

ciclo começa, fazendo com que a tecnologia com suas inovações e constantes

transformações faça com que todos estejam em constante aprendizado.

Com os meios tecnológicos presentes no nosso dia a dia, o computador passou a

fazer parte da vida escolar do aluno. O conhecimento chega mais rápido, as pesquisas

tornam-se mais fáceis e mais prazerosas. Torna-se mais difícil pensar o aluno sem o

computador. O mundo globalizado exige notícias mais rápidas. O computador passou a

ser o complemento do material escolar.

O aluno fazendo suas pesquisas, suas atividades diárias no computador ligado à

internet, tem a oportunidade, devido às características desse meio, por exemplo, de

observar se sua escrita, concordâncias gramaticais estão corretas, sem precisar decorar

conceitos de regras de acentuação, por exemplo, pois o computador auxilia, fazendo

algumas correções dessa ordem.

Importante ressaltar que estamos cientes de que, por ser uma máquina

programada, o computador não “entende” determinadas construções, frutos do estilo,

frutos de criações individuais ser perfeitamente aceitáveis, dependendo do contexto

Nesse contexto, atualmente, a tecnologia na escola possibilita um laço mais

próximo com o educando, este se motiva, quer aprender, há algo diferente para ele na

escola, já o professor muda sua prática que por muito tempo se ocupou do quadro de giz

e do giz também, abre espaço para que seja um sujeito em transformação, um pensar

globalizado e tendo uma visão melhor como ser humano (SANTOS, 2003).

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Para Pereira (2011), é importante que se domine a tecnologia da informação,

porque além de digitar, ter o conhecimento das teclas, saber manusear o mouse,

buscando alguma informação, há que se extrair desta tecnologia conhecimentos, que

para isso há que se buscar a inclusão digital em sala de aula.

Essa inclusão se refere ao processo que uma pessoa passa num grupo, tendo os

mesmos usos e costumes dos já participantes, fazendo usos dos conhecimentos para seu

aprendizado. (PEREIRA, 2011).

Ao tratar sobre a inclusão digital, Pereira ressalta também sobre a importância

que a sociedade da informação deve vencer que é a exclusão digital, que somada a ela,

tem a seu lado a exclusão econômica e social, pois não havendo a inclusão digital, não

participa da convergência digital.

Para o autor, é importante a participação no mundo computacional, se não

dominarmos e não fizermos usos dessas diferentes habilidades, poderemos estar

excluídos da sociedade, pois em todos os setores, seja público ou privado, obtemos

informações rápidas e precisas, como numa agência bancária, em secretaria de

repartições públicas e privadas e para que possamos nos beneficiar deste mundo

computacional.

È necessário que haja a inclusão digital dentro e fora da escola e para isso é

necessário que o professor se atualize com as novas tecnologias e passe a utilizá-la em

suas práticas docentes.

O computador na escola

O advento da informática propiciou o surgimento de inúmeros veículos de

comunicação, veículos estes também de grande valia para o universo escolar, veículos

que podem contribuir e dinamizar a prática pedagógica.

Com os recursos do computador ligado à internet, o aluno passa a ter acesso a

variedades de assuntos, lugares, devido às inúmeras possibilidades que ela dispõe, sendo

uma fonte de informação, possibilita ao aluno, momentos por ele muitas vezes

irrealizáveis, e disto não podemos privar nossos alunos.

No entanto, é necessário que o aluno se familiarize com esta ferramenta, não

apenas aprendendo a digitar um texto, a conhecer as fontes disponíveis que o

computador oferece, por exemplo. Nessa tarefa, o aluno, principalmente aquele que não

tem ou tem pouco acesso a esse suporte, necessita do auxílio do professor, figura que

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deve estar preparada para essa nova realidade. Afinal, é importante mostrar aos alunos

as novas possibilidades de aprendizagem, oriundas desse universo digital. Nesse

sentido, a escola como transmissora do saber precisa criar ambiente favorável para a

construção desses conhecimentos e contribuir para que o aluno tenha autonomia para

lidar com tais informações.

De acordo com Coscarelli (2011), o aluno, tendo acesso ao computador, se

familiarizando, poderá, por exemplo, desenvolver habilidades de leituras e escritas por

meio de sites, jogos, se divertindo ao mesmo tempo. A escola não é um lugar que as

informações saem prontas, nem de verdades absolutas, mas sim um lugar em que se

possa construir questionar, pensar, enfim, colocar em prática a história de aprender a

aprender.

Uma breve abordagem sobre o e-mail e as atividades desenvolvidas

A transmissão de mensagens foi sendo modificada ao longo do tempo,

adequando-se cada momento histórico; passando pela forma oral, depois pelos textos

escritos, pelos telégrafos e agora com o computador, pela criação do correio eletrônico.

A primeira menção à transmissão de mensagens teve sua origem na Grécia,

aproximadamente em 190 a.C., mensagens estas feitas a cavalo, que posteriormente,

foram mediadas por aves, até a chegada da escrita, que passou a circular e desenvolver o

gênero epistolar, começando aí o avanço no sistema de comunicação.

Com o aparecimento da eletricidade, surgiram outras formas de comunicação

como transmissão de mensagens, como o código Morse e em seguida o telefone.

O e-mail, ou mensagem eletrônica surgiu em 1971, por Ray Tomlinson, que

enviou a primeira mensagem de um computador para outro com o programa que

acabara de desenvolver. No Brasil, a internet chegou em 1988.

Atualmente, são raras as instituições de ensino superior, estudantes que não

possuem um endereço eletrônico.

Cada dia mais as escolas estão se equipando com novas tecnologias, como salas

de informáticas, de vídeos, oportunizando cada vez mais a preparação do aluno para

uma sociedade que evolui rapidamente.

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Neste contexto, a carta pessoal deu lugar ao e-mail, que se assemelha à carta,

mas de forma abreviada, rápida, de fácil comunicação. O e-mail (correio eletrônico)

gera mensagens eletrônicas que são encontradas nas cartas (pessoais, comerciais, etc) e

nos bilhetes. Por este motivo considerei interessante complementar meu trabalho com e-

mail, fazendo uso do laboratório de informático do colégio.

O trabalho com cartas e posteriormente com o e-mail, ambos com base em

pesquisas feitas pelos alunos, possibilitarão num avanço em seus estudos para outras

disciplinas, buscando, como diz Magda Soares (2009), alfabetizar letrando.

Os alunos de posse de seus e-mails começaram a mandar mensagens para os

alunos que correspondiam anteriormente por meio das cartas. Essa atividade

proporcionou uma grande satisfação por parte de todos, pois tiveram a oportunidade de

familiarizarem com o computador para seu uso escolar e fora dele.

A maioria dos alunos gostou das atividades, pois consideraram de grande

importância para o seu dia a dia como estudantes, pois tanto as cartas como os e-mails

proporcionaram um aprendizado diferente, prazeroso, puderam ao mesmo tempo

trabalhar a leitura e a escrita e ainda, bem como se socializaram com os colegas de outro

colégio, fazendo amizades que foram se solidificando por meio dos e-mails que

começaram a fazer parte de suas correspondências.

Alguns alunos se queixaram porque seus colegas escreviam pouca coisa, apenas

se limitavam a responder o que havia escrito, outros reclamaram da letra que não estava

legível, às vezes até com alguns erros, observação feita pelos próprios alunos,

preocupação que tivemos desde o início das atividades e que por algum motivo pode, às

vezes, passar despercebido.

Cada aluno fazia suas observações a respeito das cartas recebidas, houve até

quem passou a escrever para duas ou três pessoas ao mesmo tempo por gostarem da

maneira como foram escritas. Deixamos que eles se correspondessem, mas tomando o

cuidado para que eles verificassem as respostas, para que nenhum aluno ficasse sem

recebê-las. Mesmo assim, apesar do cuidado, tanto os nossos alunos como de outro

colégio ficaram sem respostas algumas vezes.

Apesar de toda a motivação, por parte dos alunos, houve momentos de

insatisfação e de desânimo, pois a rede de computadores sobrecarregava à medida que

os alunos começavam a fazer as suas digitações e por vários momentos dava “pane” nos

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computadores e os alunos precisavam reiniciar suas atividades. Isso causou alguns

aborrecimentos.

No término das realizações, os alunos apresentaram um relatório observando as

atividades desenvolvidas, tarefa esta que foi digitada no Laboratório de Informática,

momento em que cada aluno expressou sua opinião sobre realização das atividades,

tanto no que se referiam às cartas quanto aos e-mails.

Muitos alunos ficaram satisfeitos pelas atividades realizadas, relatando que

serviram para melhorarem suas escritas, bem como se interessaram em lerem as cartas

dos colegas; incentivo que fez com que eles olhassem a leitura como uma forma

também de entretenimento, sobretudo de criarem laços de amizades.

O término das atividades aconteceu com uma confraternização entre eles no

Colégio Estadual Rui Barbosa EFMP. Os alunos do outro colégio chegaram pela manhã

num ônibus fretado por eles e foram direto para o salão nobre.

Iniciamos com a apresentação dos dois professores que realizaram as atividades,

em seguida cada aluno fez sua apresentação, falando de si e também de quem tinha se

correspondido; em seguida, o aluno citado ia à frente e também se apresentava e assim

por diante, até todos se apresentarem.

Na sequência, cada escola apresentou uma dança. Estava marcada uma partida

de futebol para as meninas e meninos, mas infelizmente a chuva forte daquela manhã

impediu que realizassem as duas partidas. Então, na improvisação, alguns alunos

optarem por jogarem ping pong, outros preferiram conhecer o colégio, acompanhados

dos novos colegas. Encerramos com atividades do dia com um lanche para os

envolvidos.

Considerações finais

Nosso objetivo, conforme expusemos, foi averiguar se o trabalho com gêneros

epistolares, cartas e o e-mail – enfatizando-se a leitura e escrita, por meio de práticas

sociais que envolvem essa forma de textos, pode contribuir para a criação de um

ambiente agradável, fértil para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa e

proficiente; bem como se auxilia também no desenvolvimento de consequentes

produções textuais.

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A proposta apresentada envolveu também uma pesquisa no laboratório de

informática por parte dos alunos sobre o surgimento destes gêneros bem como suas

características e, na sequência, produções textuais de cartas manuscritas e, ainda, a

criação de endereços eletrônicos (gratuitos) e produção de e-mails.

Tendo o computador como suporte, os alunos passaram a realizar suas atividades

não somente na digitação, mas por meio do acesso á internet, “viajar”, “conhecer

lugares”, fazer suas pesquisas com mais interesse, realizando, assim, as tarefas com

mais satisfação. E ao mesmo tempo em que aprendiam com suas pesquisas,

demonstravam maior concentração e, até mesmo, disciplina, o que contribuiu para um

melhor aprendizado.

Observamos que o resultado do trabalho, apresentado pelos dois colégios, foi de

grande ajuda para os alunos, pois além de possibilitar a ambos uma aproximação com os

meios de comunicação antigos e modernos, resultou numa considerável melhora nas

produções textuais subseqüentes; produções mais criativas e, sobretudo, numa aparente

disposição para realizá-las. Verificou-se , portanto, um maior envolvimento e

aprimoramento nas habilidades de leitura e escrita, habilidades fundamentais na

formação do aluno. Além disso, nossa proposta foi bastante significativa por

oportunizar a aproximação dos alunos a elementos dessa nossa era digital, tão

necessários à vida em sociedade, atualmente. E, finalmente, destacamos, ainda, a

criação dos laços de amizade e afetividade entre eles, laços esses tão importantes para o

nosso dia a dia e realização pessoal.

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