das cartas ao e-mail: breve histÓrico e implicaÇÕes · históricos de grande vinculação à...
TRANSCRIPT
1
DAS CARTAS AO E-MAIL: BREVE HISTÓRICO E IMPLICAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Autora: Maria Célia Alcantara Madureira Peres1
Orientadora: Rosiney Aparecida Lopes do Vale2
Resumo
Este trabalho foi apresentado para os alunos 7ª série do Ensino Fundamental do Colégio
Estadual Rui Barbosa EFMP, em parceria com os alunos da 7ª série do Colégio Estadual
Marques do Reis E.F.M. (Educação do Campo), com a intenção de averiguar se o trabalho com
gêneros epistolares cartas e o e-mail – enfatizando-se a leitura e escrita, por meio de práticas
sociais que envolvem essa forma de textos, pode contribuir para a criação de um ambiente
agradável, fértil para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa e proficiente; bem como se
auxilia também no desenvolvimento de consequentes produções textuais. O trabalho envolveu
uma pesquisa no laboratório de informática por parte dos alunos sobre o surgimento destes
gêneros bem como suas características. Na sequência, produções textuais de cartas manuscritas
e, ainda, a criação de endereços eletrônicos (gratuitos) e produção de e-mails. Verificou-se com
isso um melhor envolvimento e aprimoramento nas habilidades de leitura e escrita que foram
fundamentais para a formação do aluno, além de oportunizá-lo e aproximá-lo ao acesso a
elementos dessa nossa era digital.
Palavras-chave: Leitura; produção textual; cartas; e-mails.
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, graduada em Letras (Português./Francês); Licenciada em Pedagogia; Mestra em Educação pela FAFIJA/Jacarezinho-PR; Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE -2010/2011.
2 Professora Assistente do CLCA da UENP-CJ, Doutoranda em Educação pela UNESP/Marília-SP; Mestre em Filologia e Linguística da Língua Portuguesa pela UNESP/Assis-SP.
2
Introdução
A leitura e a escrita, habilidades fundamentais para a formação do aluno, são
tarefas da escola com o envolvimento de todas as áreas. A escola tem, portanto, a
responsabilidade de trabalhar essas habilidades, uma vez que serão exigidas em diversas
práticas sociais, bem como aprimorar os conhecimentos dos seus educandos, tornando-
os cidadãos capazes, participativos na sociedade.
Por isso, o presente trabalho procurou dar ênfase à leitura e a escrita, por
entender a necessidade de melhorá-la no meio educacional, possibilitando uma melhoria
nas produções textuais. Por conta disto, este estudo, realizado por meio de uma pesquisa
bibliográfica e posterior prática, pretendeu verificar como o trabalho com gêneros
epistolares, cartas e e-mails – enfatizando-se a leitura e a escrita em práticas sociais,
contribui para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa, bem como auxilia no
desenvolvimento de produções textuais, como também fazendo um breve histórico
sobre estes dois gêneros e suas diferenças.
Para tanto, contamos com a colaboração dos alunos da 7ª série (8º ano), do
Colégio Marques dos Reis; com os alunos do Colégio Estadual Rui Barbosa EFMP, da
mesma série, que realizaram trocas de correspondências por meio de cartas e
posteriormente e-mails.
O trabalho realizado teve como início o gênero carta, sua estrutura, seu histórico,
para que os alunos realizassem as atividades com mais subsídios, não somente
desenvolvendo o aspecto social que a representa, mas também tivemos o cuidado de
trabalhar a leitura e escrita, que contribuiria para suas produções textuais.
Em seguida, já no Laboratório de Informática, os alunos criaram seus e-mails
para as correspondências com os mesmos alunos, que se desenvolveu como atividade
até o final do ano letivo, mas que teve continuidade, devido aos laços afetivos que
conquistaram ao longo das atividades desenvolvidas entre eles.
Estas atividades contribuíram para que os alunos pudessem desenvolver com
eficiência e continuidade as leituras e escritas dentro e fora do ambiente escolar, tendo
em vista que o uso do computador para o estudante passa a ser um complemento a mais
nas suas tarefas diárias, provocando, ainda, uma transformação na nossa concepção de
ensino e aprendizagem.
3
Leitura e escrita: compromisso de todos
Com o objetivo de melhorar a capacidade leitora, as Diretrizes Curriculares de
Língua Portuguesa (2008), apregoam que variedades de composições precisam circular
numa sala de aula em ações de uso, e não a partir de conceitos e definições de diversos
modelos de textos.
Em relação à leitura, é importante, como descreve a DCE (2008 apud
ANTUNES, 2003, p.47) que o professor desenvolva uma prática de escrita escolar e que
para ele, “a escrita, na diversidade de seus usos, cumpre funções comunicativas
socialmente específicas e relevantes”.
O educando desenvolve a escrita quando produz diferentes gêneros, e essa
prática permite ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo (DCE,
2008).
Nas Diretrizes Curriculares a leitura é vista como um ato dialógico,
interlocutivo, envolvendo demandas sociais, históricas, políticas, econômicas,
pedagógicas e ideológicas de determinado momento. .
A esse respeito, Silva (2002, p. 42) afirma que
Leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do Ser Humano. (O patrimônio simbólico do homem contém uma herança cultural registrada pela escrita. Estar com e no mundo pressupõe, então, atos de criação e re-criação direcionados a essa herança. A leitura, por ser uma via de acesso a essa herança, é uma das formas do Homem se situar com o mundo de forma a dinamizá-lo.
Nesse mesmo sentido, Kleiman (1997, p.10) diz que “a leitura é um ato social,
entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si, obedecendo a objetivos e
necessidades socialmente determinados”.
A presença da leitura tem seu inicio na alfabetização que no entender de Silva,
(2002), é quando a criança passa a compreender o significado potencial de mensagem
4
registrada através da escrita, entende o autor que ler e escrever são atos
complementares, um não pode existir sem o outro e que por isso, cabe à escola, que é
uma instituição formal, oportunizar a aprendizagem não só do falar e ouvir, mas
principalmente do ler e escrever.
De acordo com Kleiman (1997), ao ler, o leitor lança mão de seus
conhecimentos prévios. Estes englobam o conhecimento lingüístico, que envolve o
conhecimento da língua, seu vocabulário; o textual, que se refere a estrutura a que o
texto se refere, se é descritivo, narrativo ou expositivo e o conhecimento de mundo, que
pode ser adquirido formal ou informalmente, possibilitando-o a construir o sentido do
texto.
A autora relata que quando se tem um objetivo para uma tarefa, uma leitura, a
capacidade de processamento de memória melhora significativamente, bem como
quando temos um objetivo específico, passamos a lembrar das informações que nos são
importantes.
Com o passar do tempo, e não num espaço muito longo, as mudanças em relação
à prática pedagógica foram sendo modificadas, buscando atender às necessidades reais
dos alunos.
Silva (2002, p.97) diz que “as crianças nunca chegam à escola num estado de
ignorância, mas podem chegar analfabetas. Elas talvez não saiam analfabetas, mas
podem sair ignorantes”.
Atualmente, com o uso de novas tecnologias dentro e fora da sala de aula, o
professor e o educando dispõem de muitos recursos para um ensino aprendizagem mais
elaborado e o computador já faz parte deste processo de mudanças, que está
acontecendo.
Para um aluno das séries finais do Ensino Fundamental é um esforço tremendo
escrever, produzir um texto, talvez seja porque alguns professores de Língua Portuguesa
não façam uso frequente de produções textuais, e quando eles ficam diante de uma
atividade como essa tenha dificuldades para escrever, devido, possivelmente, ao fato de
ser uma atividade pouco explorada.
Ao longo de nossa prática docente percebemos a grande dificuldade de fazer o
aluno produzir um texto, por isso acredito que o professor precisa usar de muitos meios
para ajudá-lo nesse aprendizado, visto que a prática de leitura e da escrita é necessária
para o seu dia a dia no convívio social e profissional.
5
Nesse sentido, o uso de vários gêneros textuais em sala de aula contribui para
que o professor avalie o rendimento escolar do educando, oportunizando a este a
escolher o que melhor aprecie.
Em relação aos gêneros textuais, Marcuschi (2005) revela que são fenômenos
históricos de grande vinculação à vida cultural e social, são maleáveis, dinâmicos e
plásticos, contribuindo com as inovações tecnológicas, tanto na oralidade como na
escrita. Para o autor citado, trabalhar com gêneros textuais é uma oportunidade de se
lidar com a língua nos seus diversos usos no dia a dia, principalmente os que aparecem
na mídia, que são bem conhecidos dos internautas.
Um dos gêneros que optamos para trabalhar com nossos alunos da 7ª série (8º
ano) foram os gêneros epistolares, uma vez que englobam cartas (pessoais, aberta, de
leitor, oficiais), bilhetes, cartões postais, telegramas, bem como os e-mails.
Este gênero é tão antigo como a própria História. Ao longo do tempo foram
surgindo diversos tipos de cartas, usadas por diferentes pessoas, em diferentes situações.
São famosas as Epístolas de São Paulo fazendo menção às comunidades cristãs. São na
verdade compostas de vinte e um livros dos vinte e sete que formam o Novo
Testamento. Ficaram famosas também as Cartas dos filósofos e poetas romanos como
Horácio, Ovídio, Sêneca, Cícero, isso na Antiguidade, que resultaram em livros e
poemas.
Na Literatura, as epístolas são denominadas de epistolografia que são textos que
não têm a obrigatoriedade de formarem correspondências.
Nestas são famosas as Cartas entre os escritores modernistas Carlos Drummond
de Andrade e Mário de Andrade, este com Fernando Sabino e este com Clarice
Lispector, que contribuíram para nossa literatura.
Também na Arquitetura se fizeram presentes as cartas de Oscar Niemayer,
grande arquiteto que foi um dos idealizadores dos projetos para a nova capital, Brasília
com o engenheiro Carlos Sussekind. Algumas cartas se transformaram em filmes como
em A cor púrpura, e As ligações perigosas, por exemplo.
Gêneros Epistolares: características
As cartas podem ser formais e informais, com conteúdos diferentes como nas
cartas comerciais, cartas de ofícios, endereçadas às autoridades, cartas entre amigos,
entre namorados, etc.
6
Mesmo com os avanços tecnológicos, o trabalho com a carta é benéfico devido à
sua construção textual, favorecendo uma linguagem formal, padronizada. Muitas
empresas ainda exigem de seus futuros candidatos a uma vaga de emprego, cartas de
intenção, acompanhadas de seus currículos.
O trabalho desenvolvido com Cartas envolve ao mesmo tempo várias situações
de aprendizagem como a escrita. A utilização da carta em nosso convívio, tão
despercebida com as novas tecnologias, favorece a criação de laços de amizades,
essenciais para a nossa convivência diária e formação humana, possibilitando que o
educando desenvolva competência comunicativa que é essencial para o seu caminhar
pessoal e profissional.
Começamos nosso trabalho com a estrutura da Carta, tendo o cuidado de mostrar
a eles como elaborar uma carta para que esta saia de acordo com a proposta.
De posse da lista de chamada deste colégio, começamos a passar para os alunos
os nomes de cada aluno que eles iam se comunicarem e todos muito eufóricos foram
anotando os nomes. Então, demos início à escrita das cartas, ajudando de várias
maneiras na elaboração das mesmas. Depois de revistas todas as cartas, vêm a parte do
envelope, parte na qual cada pode explorar a sua criatividade; de posse das cartas
prontas, entregamos ao professor da referida sala.
Durante os dias que antecederam a volta das cartas houve uma ansiedade muito
grande por parte dos alunos, pois todos estavam ansiosos por recebê-las e se
comunicarem novamente.
Durante a chegada das cartas, os alunos liam as suas cartas e também dos
colegas, faziam comentários, e começavam a uma nova correspondência.
Depois de várias trocas de correspondências, partimos para as atividades no
Laboratório de Informática, lá, cada um fez seu e-mail para uma nova correspondência
entre eles.
Escola e letramento digital
A escola, como instituição, como portadora de responsabilidade quanto à
formação de pessoas capazes de se integrarem à sociedade, não pode ficar à margem das
mudanças, há que se adequá-la e permitir a participação de seu corpo discente como
sujeito de transformação. A sociedade com as novas tecnologias ampliou as
possibilidades para o cidadão de atuar como ser reflexivo e autônomo.
7
Santos (2003, p.12), afirma a respeito que “a tecnologia é vista hoje como um
modo de transformar o mundo carregado de ambivalência. A escola tem que se
modificar, pois ela não é mais o único espaço de desenvolvimento do saber”.
O uso das novas tecnologias avançou em todos os setores da sociedade, inclusive
na educação, as mudanças são tantas e tão importantes como foram na época da
Revolução Industrial, exigindo da escola um novo olhar como para ler e interpretar o
mundo digital (SANTOS, 2003). Afinal, a tecnologia proporcionou ao Homem do
século XXI o acesso a Internet (rede mundial de computadores), uma comunicação
virtual, capaz de romper fronteiras, interligando pessoas do mundo todo.
O sistema de educação voltado para a informatização favorece o processo ensino
aprendizagem, a maneira como o conhecimento é construído é repensado, um novo
ciclo começa, fazendo com que a tecnologia com suas inovações e constantes
transformações faça com que todos estejam em constante aprendizado.
Com os meios tecnológicos presentes no nosso dia a dia, o computador passou a
fazer parte da vida escolar do aluno. O conhecimento chega mais rápido, as pesquisas
tornam-se mais fáceis e mais prazerosas. Torna-se mais difícil pensar o aluno sem o
computador. O mundo globalizado exige notícias mais rápidas. O computador passou a
ser o complemento do material escolar.
O aluno fazendo suas pesquisas, suas atividades diárias no computador ligado à
internet, tem a oportunidade, devido às características desse meio, por exemplo, de
observar se sua escrita, concordâncias gramaticais estão corretas, sem precisar decorar
conceitos de regras de acentuação, por exemplo, pois o computador auxilia, fazendo
algumas correções dessa ordem.
Importante ressaltar que estamos cientes de que, por ser uma máquina
programada, o computador não “entende” determinadas construções, frutos do estilo,
frutos de criações individuais ser perfeitamente aceitáveis, dependendo do contexto
Nesse contexto, atualmente, a tecnologia na escola possibilita um laço mais
próximo com o educando, este se motiva, quer aprender, há algo diferente para ele na
escola, já o professor muda sua prática que por muito tempo se ocupou do quadro de giz
e do giz também, abre espaço para que seja um sujeito em transformação, um pensar
globalizado e tendo uma visão melhor como ser humano (SANTOS, 2003).
8
Para Pereira (2011), é importante que se domine a tecnologia da informação,
porque além de digitar, ter o conhecimento das teclas, saber manusear o mouse,
buscando alguma informação, há que se extrair desta tecnologia conhecimentos, que
para isso há que se buscar a inclusão digital em sala de aula.
Essa inclusão se refere ao processo que uma pessoa passa num grupo, tendo os
mesmos usos e costumes dos já participantes, fazendo usos dos conhecimentos para seu
aprendizado. (PEREIRA, 2011).
Ao tratar sobre a inclusão digital, Pereira ressalta também sobre a importância
que a sociedade da informação deve vencer que é a exclusão digital, que somada a ela,
tem a seu lado a exclusão econômica e social, pois não havendo a inclusão digital, não
participa da convergência digital.
Para o autor, é importante a participação no mundo computacional, se não
dominarmos e não fizermos usos dessas diferentes habilidades, poderemos estar
excluídos da sociedade, pois em todos os setores, seja público ou privado, obtemos
informações rápidas e precisas, como numa agência bancária, em secretaria de
repartições públicas e privadas e para que possamos nos beneficiar deste mundo
computacional.
È necessário que haja a inclusão digital dentro e fora da escola e para isso é
necessário que o professor se atualize com as novas tecnologias e passe a utilizá-la em
suas práticas docentes.
O computador na escola
O advento da informática propiciou o surgimento de inúmeros veículos de
comunicação, veículos estes também de grande valia para o universo escolar, veículos
que podem contribuir e dinamizar a prática pedagógica.
Com os recursos do computador ligado à internet, o aluno passa a ter acesso a
variedades de assuntos, lugares, devido às inúmeras possibilidades que ela dispõe, sendo
uma fonte de informação, possibilita ao aluno, momentos por ele muitas vezes
irrealizáveis, e disto não podemos privar nossos alunos.
No entanto, é necessário que o aluno se familiarize com esta ferramenta, não
apenas aprendendo a digitar um texto, a conhecer as fontes disponíveis que o
computador oferece, por exemplo. Nessa tarefa, o aluno, principalmente aquele que não
tem ou tem pouco acesso a esse suporte, necessita do auxílio do professor, figura que
9
deve estar preparada para essa nova realidade. Afinal, é importante mostrar aos alunos
as novas possibilidades de aprendizagem, oriundas desse universo digital. Nesse
sentido, a escola como transmissora do saber precisa criar ambiente favorável para a
construção desses conhecimentos e contribuir para que o aluno tenha autonomia para
lidar com tais informações.
De acordo com Coscarelli (2011), o aluno, tendo acesso ao computador, se
familiarizando, poderá, por exemplo, desenvolver habilidades de leituras e escritas por
meio de sites, jogos, se divertindo ao mesmo tempo. A escola não é um lugar que as
informações saem prontas, nem de verdades absolutas, mas sim um lugar em que se
possa construir questionar, pensar, enfim, colocar em prática a história de aprender a
aprender.
Uma breve abordagem sobre o e-mail e as atividades desenvolvidas
A transmissão de mensagens foi sendo modificada ao longo do tempo,
adequando-se cada momento histórico; passando pela forma oral, depois pelos textos
escritos, pelos telégrafos e agora com o computador, pela criação do correio eletrônico.
A primeira menção à transmissão de mensagens teve sua origem na Grécia,
aproximadamente em 190 a.C., mensagens estas feitas a cavalo, que posteriormente,
foram mediadas por aves, até a chegada da escrita, que passou a circular e desenvolver o
gênero epistolar, começando aí o avanço no sistema de comunicação.
Com o aparecimento da eletricidade, surgiram outras formas de comunicação
como transmissão de mensagens, como o código Morse e em seguida o telefone.
O e-mail, ou mensagem eletrônica surgiu em 1971, por Ray Tomlinson, que
enviou a primeira mensagem de um computador para outro com o programa que
acabara de desenvolver. No Brasil, a internet chegou em 1988.
Atualmente, são raras as instituições de ensino superior, estudantes que não
possuem um endereço eletrônico.
Cada dia mais as escolas estão se equipando com novas tecnologias, como salas
de informáticas, de vídeos, oportunizando cada vez mais a preparação do aluno para
uma sociedade que evolui rapidamente.
10
Neste contexto, a carta pessoal deu lugar ao e-mail, que se assemelha à carta,
mas de forma abreviada, rápida, de fácil comunicação. O e-mail (correio eletrônico)
gera mensagens eletrônicas que são encontradas nas cartas (pessoais, comerciais, etc) e
nos bilhetes. Por este motivo considerei interessante complementar meu trabalho com e-
mail, fazendo uso do laboratório de informático do colégio.
O trabalho com cartas e posteriormente com o e-mail, ambos com base em
pesquisas feitas pelos alunos, possibilitarão num avanço em seus estudos para outras
disciplinas, buscando, como diz Magda Soares (2009), alfabetizar letrando.
Os alunos de posse de seus e-mails começaram a mandar mensagens para os
alunos que correspondiam anteriormente por meio das cartas. Essa atividade
proporcionou uma grande satisfação por parte de todos, pois tiveram a oportunidade de
familiarizarem com o computador para seu uso escolar e fora dele.
A maioria dos alunos gostou das atividades, pois consideraram de grande
importância para o seu dia a dia como estudantes, pois tanto as cartas como os e-mails
proporcionaram um aprendizado diferente, prazeroso, puderam ao mesmo tempo
trabalhar a leitura e a escrita e ainda, bem como se socializaram com os colegas de outro
colégio, fazendo amizades que foram se solidificando por meio dos e-mails que
começaram a fazer parte de suas correspondências.
Alguns alunos se queixaram porque seus colegas escreviam pouca coisa, apenas
se limitavam a responder o que havia escrito, outros reclamaram da letra que não estava
legível, às vezes até com alguns erros, observação feita pelos próprios alunos,
preocupação que tivemos desde o início das atividades e que por algum motivo pode, às
vezes, passar despercebido.
Cada aluno fazia suas observações a respeito das cartas recebidas, houve até
quem passou a escrever para duas ou três pessoas ao mesmo tempo por gostarem da
maneira como foram escritas. Deixamos que eles se correspondessem, mas tomando o
cuidado para que eles verificassem as respostas, para que nenhum aluno ficasse sem
recebê-las. Mesmo assim, apesar do cuidado, tanto os nossos alunos como de outro
colégio ficaram sem respostas algumas vezes.
Apesar de toda a motivação, por parte dos alunos, houve momentos de
insatisfação e de desânimo, pois a rede de computadores sobrecarregava à medida que
os alunos começavam a fazer as suas digitações e por vários momentos dava “pane” nos
11
computadores e os alunos precisavam reiniciar suas atividades. Isso causou alguns
aborrecimentos.
No término das realizações, os alunos apresentaram um relatório observando as
atividades desenvolvidas, tarefa esta que foi digitada no Laboratório de Informática,
momento em que cada aluno expressou sua opinião sobre realização das atividades,
tanto no que se referiam às cartas quanto aos e-mails.
Muitos alunos ficaram satisfeitos pelas atividades realizadas, relatando que
serviram para melhorarem suas escritas, bem como se interessaram em lerem as cartas
dos colegas; incentivo que fez com que eles olhassem a leitura como uma forma
também de entretenimento, sobretudo de criarem laços de amizades.
O término das atividades aconteceu com uma confraternização entre eles no
Colégio Estadual Rui Barbosa EFMP. Os alunos do outro colégio chegaram pela manhã
num ônibus fretado por eles e foram direto para o salão nobre.
Iniciamos com a apresentação dos dois professores que realizaram as atividades,
em seguida cada aluno fez sua apresentação, falando de si e também de quem tinha se
correspondido; em seguida, o aluno citado ia à frente e também se apresentava e assim
por diante, até todos se apresentarem.
Na sequência, cada escola apresentou uma dança. Estava marcada uma partida
de futebol para as meninas e meninos, mas infelizmente a chuva forte daquela manhã
impediu que realizassem as duas partidas. Então, na improvisação, alguns alunos
optarem por jogarem ping pong, outros preferiram conhecer o colégio, acompanhados
dos novos colegas. Encerramos com atividades do dia com um lanche para os
envolvidos.
Considerações finais
Nosso objetivo, conforme expusemos, foi averiguar se o trabalho com gêneros
epistolares, cartas e o e-mail – enfatizando-se a leitura e escrita, por meio de práticas
sociais que envolvem essa forma de textos, pode contribuir para a criação de um
ambiente agradável, fértil para o desenvolvimento de uma leitura prazerosa e
proficiente; bem como se auxilia também no desenvolvimento de consequentes
produções textuais.
12
A proposta apresentada envolveu também uma pesquisa no laboratório de
informática por parte dos alunos sobre o surgimento destes gêneros bem como suas
características e, na sequência, produções textuais de cartas manuscritas e, ainda, a
criação de endereços eletrônicos (gratuitos) e produção de e-mails.
Tendo o computador como suporte, os alunos passaram a realizar suas atividades
não somente na digitação, mas por meio do acesso á internet, “viajar”, “conhecer
lugares”, fazer suas pesquisas com mais interesse, realizando, assim, as tarefas com
mais satisfação. E ao mesmo tempo em que aprendiam com suas pesquisas,
demonstravam maior concentração e, até mesmo, disciplina, o que contribuiu para um
melhor aprendizado.
Observamos que o resultado do trabalho, apresentado pelos dois colégios, foi de
grande ajuda para os alunos, pois além de possibilitar a ambos uma aproximação com os
meios de comunicação antigos e modernos, resultou numa considerável melhora nas
produções textuais subseqüentes; produções mais criativas e, sobretudo, numa aparente
disposição para realizá-las. Verificou-se , portanto, um maior envolvimento e
aprimoramento nas habilidades de leitura e escrita, habilidades fundamentais na
formação do aluno. Além disso, nossa proposta foi bastante significativa por
oportunizar a aproximação dos alunos a elementos dessa nossa era digital, tão
necessários à vida em sociedade, atualmente. E, finalmente, destacamos, ainda, a
criação dos laços de amizade e afetividade entre eles, laços esses tão importantes para o
nosso dia a dia e realização pessoal.
Referências
BRASIL, Lei Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9394/96. Brasília: MEC, 1996.
COSCARELLI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa. Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. 3. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
http://www.nre.seed.pr.gov.br/toledo/arquivos/File/o_que_ letramento .pdf . acesso em
02/04/2012
13
KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: Aspectos objetivos da Leitura. 5.ed. Campinas-SP:
Pontes, 1997.
MARCUSCHI, Luis Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In:
DIONISIO, A. et alii. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba: SEED,
2008.
PEREIRA. João Thomaz. Educação e Sociedade da Informação. In: COSCARELLI,
Carla; RIBEIRO, Ana Elisa. Letramento Digital: aspectos sociais e possibilidades
pedagógicas. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. p.13-24
SILVA, Ezequiel Theodoro. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova
pedagogia da leitura. 9ªed. São Paulo: Cortez, 2002.
Santos, Maria Lúcia. Do Gil à era digital. São Paulo: Zurik, 2003.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2009.