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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
Vygotsky e a Teoria Histórico-Cultural
Artigo apresentado à disciplina de Psicologia da Educação, do curso de Filosofia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Departamento de Educação/UFPR sob a orientação da Profª Dr ª Clara Brener Mindal .
Curitiba, 10 de março de 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
Vygotsky e a Teoria Histórico-Cultural
Resumo: O texto abaixo é um resumo de uma das contribuições de Bettina Steren dos Santos sobre Vygotsky. O título do resumo acompanha o título da autora, chamado de “Vygotsky e a teoria histórico-cultural”. O texto tem 26 páginas e será resumido em apenas 4 páginas.
Vygotsky e a Teoria Histórico-Cultural
Perspectivas teóricas: para Vygotsky, primeiro temos que entender as relações sociais
nas e pelas quais o individuo se desenvolve. Vygotsky contrário ao reducionismo da
psicologia individual, realizou uma crítica a psicologia do momento apontando questões
metodológicas inovadoras a esta nova proposta. Vygotsky crítica o estudo objetivo do
comportamento externo e situa sua psicologia evolutiva em um contexto mais amplo: o
da origem da cultura. Seus princípios teóricos seguem 3 objetivos: 1- Afastar de todo
reducionismo e de qualquer forma de idealismo; 2- procurar explicar os fenômenos
baseando-se no modelo das ciências naturais e não contentar-se com descrições; 3-
adotar uma perspectiva genética (e dialética) buscando a explicação na história e no
desenvolvimento. Para Vygotsky, somente a partir da gênesis de um processo é que
podemos passar da descrição de um fenômeno à sua explicação, e assim encontrar a
base causal dinâmica. Os três princípios que determinam a estrutura teórica do trabalho
realizado por Vygotsky são: a) a crença no método genético ou evolutivo, b) a tese de
que os processos psicológicos superiores têm a sua origem nos processos sociais e c) a
tese de que osprocessos mentais podem ser entendidos somente através da compreensão
dos instrumentos e dos signos que atuam como mediadores. Primeiro principio, o estudo
histórico do comportamento. Para Vygotsky, a história do desenvolvimento cultural da
criança deveria ser estudada da mesma forma como estudamos o processo vivo da
evolução biológica. O segundo principio refere-se ao lugar onde os fenômenos
psicológicos se desenvolvem, isto é, à origem social dos processos mentais humanos.
Origens sociais das funções psicológicas: O grande objetivo de Vygotsky foi o de
constatar como as funções psicológicas, tais como a memória, a atenção, a percepção e
o pensamento aparecem primeiro na forma primária para, posteriormente, aparecerem
em formas superiores. Vygotsky utilizou 4 critérios para diferenciar as funções
elementares das superiores: 1- a passagem do controle do meio para o indivíduo, ou
seja, a emergência da regulação voluntária; 2- o surgimento da realização consciente
dos processos psicológicos; 3- as origens sociais e a natureza social das funções
psicológicas superiores; 4- o uso de signos como mediadores das funções psicológicas
superiores. A grande diferença entre os processos psicológicos elementares e superiores
diz respeito ao fato de que os primeiros são controlados pelo meio, enquanto os
segundos obedecem a uma auto-regulação. Um dos objetivos de Vygotsky era examinar
como as funções psicológicas: a memória, a atenção, a percepção e o pensamento
aparecem primeiro na forma primária para, logo em seguida, se mudarem para a
superior.
Processo de mediação: instrumentos e signos. As mudanças evolutivas podem ocorrer
em função da introdução de novas formas de mediação ou também devido à transição
para versões mais avançadas de uma forma de mediação já existente. Em termos
genéricos, a mediação é o processo de intervenção de um elemento intermediário em
uma relação. Essa deixa de ser direta e passa a ser mediada por um elemento
intermediário. Ao se engajar em atividades com adultos ou colegas mais competentes,
as crianças aprendem a usar signos, com a linguagem, para mediar, isto é, para moldar
ou definir o seu pensamento. Para Vygotsky, os seres humanos se relacionam com o
mundo por meio de uma relação mediada, e não direta. Sobre a invenção dos signos,
Vygotsky considera que os mesmos eram úteis para solucionar um determinado
problema psicológico (lembrar, comparar coisas, relatar, etc.) bem como era similares à
criação de instrumentos, a diferença, porém, reside no fato que os signos pertencem ao
campo psicológico, age como um instrumento da atividade psicológica e provocam
transformação no sujeito. Segundo Bettina, para Vygotsky os instrumentos de
mediação, inclusive os signos, são produzidos pela cultura, pelo meio social. De
qualquer forma, a aquisição dos signos não significa somente absorvê-los do mundo
social externo, mas é necessário internalizá-los, o que exige uma série de
transformações e de processos psicológicos.
O processo de internalização: para Vygotsky, a internalização é “a reconstrução
interna de uma operação externa”. A internalização supõe a reconstrução individual de
uma atividade externa social. Esse processo não deve ser considerado perfeito e
completo. No decorrer da vida de um sujeito haverá atividade parcialmente
interiorizadas e atividades que já tinham sido interiorizadas. Nos momentos de tensão
ou de dificuldade necessitaremos exteriorizar nossas operações mentais ou transferir a
ação intelectual de uma situação mais visível e sólida para não perder o nosso discurso,
pensando, por exemplo, com papel e lápis na mão ou raciocinando em voz alta,
sozinhos ou com outras pessoas.
Desenvolvimento e aprendizagem: na época havia duas correntes sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem, sendo o (objetivismo reducionistas) e (psicologia
descritiva com matizes idealista). A primeira corrente, reduz as funções superiores ao
esquema reativo dos reflexos, afirmando que o desenvolvimento consiste na formação
de conexões reflexas ou associativas. Segundo essa concepção, portanto, o
desenvolvimento deveria ser reduzido. Nesse sentido, o desenvolvimento ficaria
limitado ao acúmulo de respostas possíveis e à construção de hábitos e associações.
A outra corrente (idealista, racionalista) defende a ideia que o desenvolvimento é um
processo interno, enquanto a aprendizagem é um processo externo. Nessa concepção o
desenvolvimento não consiste em aprendizagem, ele é a condição para a aprendizagem,
a qual constitui um processo interno de incorporação do meio, no entanto, a
aprendizagem não é a condição fundamental para o desenvolvimento.
Para Vygotsky há diferenças entre as duas correntes. Os teóricos da primeira corrente
consideram que a aprendizagem e desenvolvimento são simultâneos (ou que são o
mesmo processo); os do segundo modelo entendem que os ciclos evolutivos de
desenvolvimento precedem aos da aprendizagem. Vygotsky propõe que esses dois
processos fossem analisados em termos dialéticos, passando a considerar as mudanças
como sendo qualitativas e não quantitativas. Para explicar esse processo de
desenvolvimento, Vygotsky afirmava que é importante dar conta das relações que
mudam as diferentes forças do desenvolvimento e seus princípios explicativos. Sempre
que ocorrem mudanças qualitativas, novas forças e novos princípios explicativos entram
em jogo, formando, a todo o momento, diferentes princípios explicativos do
desenvolvimento do desenvolvimento psicológico. Conforme Vygotsky, é pela
aprendizagem com os outros que o indivíduo constrói constantemente o conhecimento
promovendo o desenvolvimento mental e passando, desse modo,de um ser biológico a
um ser humano. A aprendizagem resulta do desenvolvimento e este não ocorre sem a
aprendizagem. Ambos ocorrem a partir de um movimento dialético.
Zona de desenvolvimento proximal: para Vygotsky, a aprendizagem vai depender do
desenvolvimento prévio, não somente da criança,mas também do colega que está
interagindo com ela. Na concepção Vygotskyana a aprendizagem depende também do
desenvolvimento potencial do sujeito, ou seja, além do que ela é capaz de realizar
sozinha é necessário determinar o que ela é capaz de realizar com a ajuda de outros
companheiros. Vygotsky criticou a tendência psicrométrica. Para ele enquanto medimos
o nível de desenvolvimento a partir das fases evolutivas previamente realizadas,
estamos limitando o desenvolvimento da criança, uma vez que não lhe são
proporcionadas situações educacionais desafiadoras. A noção de zona de
desenvolvimento potencial ajuda a apresentar uma nova fórmula: a boa aprendizagem é
somente aquela que precede ao desenvolvimento. Outro aspecto desse conceito é a
imitação e o jogo. A imitação permite a transformação do desenvolvimento potencial
em atual; enquanto o jogo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança.
Papel da linguagem no desenvolvimento: a fala é considerada um dos elementos de
origem sócio-cultural que atua sobre a formação dos processos mentais superiores da
criança. A teoria histórico-cultural defende que os signos e as palavras constituem, para
a criança um meio de contato social com outras pessoas. A maior mudança nas
capacidades da criança ao usar a linguagem como ferramenta para a solução de
problemas ocorre quando elas internalizam a fala socializada, previamente utilizada
para dirigir-se ao adulto, agora é dirigia a si mesma como instrumento para planejar.
Método de Vygotsky: genético-experimental. O método empregado por Vygotsky é
um aspecto fundamental do seu trabalho. A forma como são interpretados os processos
psicológicos é que vai determinar tais processos. Tal método pode nos explicar
fenômenos ao invés de descrever, como era feito pelos estudiosos da época, a quem
criticava por deixarem de lado os processos interiores e suas dinâmicas causais. Tal
método coloca a análise dos processos de desenvolvimento na zona de desenvolvimento
potencial, através da influência ativa do experientador e da aprendizagem ativa do
sujeito. A aprendizagem através da intervenção pedagógica, era para Vygotsky, fator
fundamental ao desenvolvimento.
Contribuição à educação: podemos inferir que os resultados encontrados por
Vygotsky não apresentam receitas prontas para serem aplicadas no processo de ensino e
aprendizagem. Em relação aos conceitos, segundo o autor, são entendidos como um
sistema de relações e generalizações, contidos nas palavras e determinado por um
processo histórico-cultural. Para explicar o papel da escola Vygotsky distingue entre
conhecimentos construídos na experiência pessoal (concreta e cotidiana das crianças),
que ele chamou conceitos cotidianos ou espontâneos e aqueles elaborados na sala de
aula (adquiridos por meio do ensino sistemático) eu chamou de conceitos científicos.
Vygotsky fundamentou três ideias básicas que influenciaram o ensino
escolarizado. Primeiro, deve haver um interesse pelo que há de novo no individuo,
aquilo que chamamos de “broto ou flores” do desenvolvimento ao invés de seus frutos.
Segundo, em termos de ação pedagógica , o papel do professor é o de provocar avanços
no aluno que não aconteceriam de forma espontânea. Terceiro, a intervenção de
membros mais maduros da cultura, na aprendizagem das crianças é essencial para o
processo de desenvolvimento infantil.