volume i - diagnóstico socioeconômico da pesca artesanal do litoral de pernambuco

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ENTIDADE DE UTILIDADE PBLICA LEI N 13.483, DE 25 DE JUNHO DE 2008 D.O. 26 DE JUNHO DE 2008

Prezado(a) Senhor(a), Estamos disponibilizando o Diagnstico Socioeconmico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco em formato digital. O diagnstico um retrato da Pesca Artesanal do litoral pernambucano. Seu objetivo registrar o perfil socioeconmico e socioambiental dos pescadores que trabalham nas indstrias naturais de alimentos, que so considerados os rios, esturios, manguezais, lagoas e a plataforma continental. Foram visitadas 71 comunidades e entrevistados 5.077 pescadores (homens 3.365 e 1.712 mulheres). Esta pesquisa foi elaborada pelo Instituto Oceanrio de Pernambuco e o Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com financiamento do Governo do Estado atravs da Secretaria Especial de Juventude e Emprego. Tivemos a colaborao do Ministrio da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, Fundao Joaquim Nabuco, Pastoral dos Pescadores, Movimento dos Pescadores de Pernambuco (MOPEPE) alm de Colnias e Associaes de Pescadores. O presente diagnstico est apresentado em quatro arquivos, cada um representando um volume, devido complexidade de informaes. O volume I ou inicial, aborda de uma forma generalizada, os elementos dos municpios e das comunidades que encontram-se detalhados nos volumes restantes. Consta neste volume: a introduo, a metodologia, os resultados estatsticos das reas litorneas estudadas, incluindo a Ilha de Fernando de Noronha. A diviso em quatro reas foi embasada nas condies geolgicas e geomorfolgicas, ecossistemas aquticos, ocupao demogrfica e atividades pesqueiras. Os volumes seguintes, II, III e IV, correspondem s reas Norte, Metropolitana e Sul, respectivamente. O interesse que este trabalho sirva como base de anlise para diversos pblicos, como: governo federal, estadual e municipal, organizaes no governamentais, os movimentos sociais dos pescadores, pesquisadores, estudantes, e os prprios atores do processo: os pescadores (as) artesanais e seus familiares.

Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnstico Diretor Cientfico do Instituto OceanrioRua Benigno Cordeiro Galvo, 900 Jaguaribe Ilha de Itamarac PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmos Recife PE CEP: 52171-900 Pr-Reitoria de Extenso - UFRPE E-mail: [email protected] www.oceanario.org.br

DIAGNSTICO SOCIOECONMICO DA PESCA ARTESANAL DO LITORAL DE PERNAMBUCOVOLUME - I

2010

Ficha catalogrfica

D536

Diagnstico socioeconmico da pesca artesanal do litoral de Pernambuco / coordenador geral Luiz Lira; comisso de redao Luiz Lira, Beatriz Mesquita, Mnica Maria Cavalcanti Souza, Cezar Augusto Leite, Ana Paula de Almeida Leite, Amanda Machado Farias, Carolina Galvo. -- 1. reimpr. -- Recife : Instituto Oceanrio de Pernambuco : Departamento de Pesca e Aqicultura da UFRPE, 2010. 4 v. : il. ; 30 cm Contedo: v. 1. Sntese do litoral pernambucano, incluso Fernando de Noronha v. 2. rea Norte v. 3. rea Metropolitana v. 4. rea Sul. Inclui referncias e anexos.

CDD 639.098134 1. 2. 3. 4. I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. Pesca artesanal Pernambuco Anlise socioeconmica Anlise socioambiental Educao ambiental Lira, Luiz, coord. Mesquita, Beatriz Souza, Mnica Maria Cavalcanti Leite, Cezar Augusto Leite, Ana Paula de Almeida Farias, Amanda Machado Galvo, Carolina Instituto Oceanrio de Pernambuco UFRPE. Departamento de Pesca e Aquicultura

Instituto Oceanrio de PernambucoRua Benigno Cordeiro Galvo, 900 Jaguaribe Ilha de Itamarac PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmos Recife PE CEP: 52171-900 Pr-Reitoria de Extenso - UFRPE E-mail: [email protected] Site: www.oceanario.org.br

Governo do Estado de PernambucoEduardo Henrique Accioly Campos Governador

Secretaria Especial de Juventude e Emprego - SEJEPedro Jos Mendes Filhos Secretrio Estadual de Juventude e Emprego

Ins tuto Oceanrio de PernambucoPresidenteAlexandre Carvalho

Diretor Cien coLuiz Lira

Diretora de ProjetosAna Paula de Almeida Leite

PesquisadoresCezar Augusto de Almeida Leite Hermon Augusto da Costa Braga Junior Mnica M Cavalcan de Azevedo Souza

Equipe do Diagnstico ocioecon ico da Pesca Artesanal no litoral de Pernambuco

Coordenador GeralLuiz Lira

Coordenador Administra voAlexandre Carvalho

Coordenadores de reaLitoral Norte Silvanda Galvo de Arruda Litoral Metropolitano Vanildo Souza de Oliveira Litoral Sul Jos Carlos Pacheco dos Santos

Consultores do Diagns coAndr Luis San ago Maia Beatriz Mesquita Jardim Pedrosa Ricardo Gama Soares Gecynalda Soares da Silva Gomes

Equipe TcnicaAmanda Machado de Moura Farias Ana Paula de Almeida Leite Ana Paula Gonalves da Silva Bernardo Ramos de Barros Dias Carolina da Cunha Galvo Cardoso Cezar Augusto de Almeida Leite Daniel Locatelli Santos Darlany Benedita Cabral S da Rocha Felipe Csar Barros da Silva Hermon Augusto da Costa Braga Junior Isabela Maria da Silva Arajo Jasiael Felipe da Costa Mirela Assuno Simes Mnica M Cavalcan de Azevedo Souza Sandra Regina da Silva Galvo Wellane Cassett Arajo Guedes

O Instituto Oceanrio e o Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, dedicam o Diagnstico da Pesca Artesanal ao Prof. Hamilton Cavalcanti Costa (in memorian), pelos servios prestados aos pescadores e pescadoras do litoral pernambucano.

Di cil no a compreenso, querer compreender Mestre Gabriel

AgradecimentosO Instituto Oceanrio de Pernambuco (IOPE) vem expressar, atravs do seu Presidente Alexandre Carvalho e do Coordenador Geral do Diagnstico Socioeconmico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco, Luiz Lira, o reconhecimento e apoio de todas as instituies e pessoas que contriburam para o presente trabalho. Agradecemos: Ao Governo do Estado de Pernambuco atravs do Dr. Pedro Mendes, Secretrio Especial de Juventude e Emprego (SEJE), pelo apoio nanceiro e pela credibilidade depositada. Aos tcnicos da SEJE: Pedro Mello, Zara Peixoto, Maria Ribeiro e Marta Loreto.

Ao Ministrio da Pesca e Aqicultura na pessoa do superintendente em Pernambuco, Dr. Srgio Mattos, que facilitou as entrevistas junto aos pescadores registrados naquela instituio.

Universidade Federal Rural de Pernambuco, por meio da Pr-Reitoria de Extenso, pelo acolhimento em seu espao fsico, e do Departamento de Pesca e Aqicultura, por liberar os pesquisadores Vanildo Souza de Oliveira e Jos Carlos Pacheco, bem como, Fundao Apolnio Salles de Desenvolvimento Educacional pela gerncia nanceira dos recursos do Projeto Diagnstico.

Ao Movimento de Pescadores de Pernambuco (MOPEPE), que iniciou a ao e mobilizou os pescadores, lderes e comunitrios contra a poluio dos rios que cortam a cidade do Recife, e que com postura equilibrada e tica, juntou-se a ns no acompanhamento do trabalho de campo. Pastoral dos Pescadores (CPP), pelas crticas

e auxlio no processo de discusso. s Colnias de Pescadores e Associaes de Pescadores, pelo acolhimento e informaes concedidas ao longo da nossa caminhada por todo o litoral de Pernambuco, muitas vezes nos concedendo seu espao fsico e agendando reunies.

No sentido de homenagear e agradecer a todos os pescadores, pescadoras e cidados que militam em prol da causa da Pesca Artesanal, listamos os seguintes representantes: Jasilma Amorim Muller (Cabo - MOPEPE), Terezinha Filha (Ilha de Deus - MOPEPE), Edson da Cruz Correia (Fly- Ilha de Deus - MOPEPE), Manoel Vicente Rodrigues Filho (Dega Jatob - MOPEPE), Valdir de Souza Gonzales (Ponte de Limoeiro - MOPEPE), Bartolomeu Jos Souza (Ilha do Maruim - MOPEPE), Luciane Santos do Nascimento (Morena - MOPEPE), Renata Manzi de Souza (CPP), Jos Jonas Pereira Silva (Comunidade do Bode), Edileuza Silva do Nascimento (D Leu - Braslia Teimosa), Josias Clementino (Jorge da PraiaMONAPE), Ccero Santino de Oliveira (Itapissuma), Manoel Messias (Sirinham).

Fundao Joaquim Nabuco, pela colaborao dos pesquisadores Tarcsio Quinamo, Beatriz Mesquita e Cristiano Ramalho e a Fundao de Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (FUNDAO PROZEE), na pessoa do presidente Natalino Matsui.

equipe do projeto: os coordenadores Silvanda Galvo, Vanildo Oliveira e Jos Carlos Pacheco; os consultores, pela assessoria e disponibilidade, Beatriz Mesquita, Ricardo Gama, Andr Luis Maia e Gecynalda Gomes; aos educadores/ entrevistadores de campo, que acreditaram no sucesso desse trabalho, Amanda Farias, Ana Paula Silva, Bernardo Dias, Carolina Cardozo, Cezar Leite, Darlany Rocha, Felipe Silva, Isabela Arajo, Jasiael Costa, Mirela Simes, Sandra Galvo

e Wellane Guedes; as pessoas que reuniram e formataram todo esse material: Mnica Souza, Cezar Leite, Beatriz Mesquita, Ana Paula Leite, Amanda Farias e Carolina Galvo. Hermon Augusto Braga Jnior, que estava sempre na retaguarda, para facilitar o trabalho de campo e de laboratrio com dedicao e prossionalismo.

Agradecemos tambm, aos pesquisadores, tcnicos e representantes de classe que nos concederam as entrevistas: Srgio Mattos (MPA) Fernando Acioli (APA Costa dos Corais), Cludio Rabelo (FAEPE), Assis Lacerda (CPRH), Laurineide Santana e Bill Santos (CPP), Magnus Machado (Centro de Mamferos Aquticos) e Joo Carlos Borges (Projeto Peixe Boi).

Administrao da Ilha de Fernando de Noronha na pessoa de Marieta Borges Lins e Silva, ao Museu do Tubaro atravs de Leonardo Veras, a Jos Martins, do Projeto Golnho Rotador, pelo acolhimento e disponibilidade.

ApresentaoO Diagnstico dos Pescadores Artesanais do Estado de Pernambuco uma iniciativa pioneira em projetos do tipo, visto sair da tradicional metodologia acadmica que apresenta em seus trabalhos uma linguagem tcnica bem especca. O contexto desta publicao se distncia do campo puramente cientco para adentrar nas necessidades de planejamento e gesto pblica, sendo fruto da demanda do governo estadual e principalmente dos prprios pescadores.

Diante de uma realidade to complexa dessas comunidades, trs pontos foram traados objetivando uma melhor interpretao dos fatos: o primeiro ponto est relacionado ao nmero de entrevistas, que neste caso, procurou abordar o mximo de pessoas possveis; o ponto seguinte partiu do comprometimento com a linguagem, que deveria ser de fcil acesso, assim como, da retirada das tradicionais referncias bibliogrcas do corpo do texto, as quais seriam utilizadas realmente quando necessrias. Por ltimo, restou o comprometimento de organizar uma srie innita de dados, que facilitassem e prendessem a ateno do leitor na busca por informaes detalhadas de cada regio, comunidade ou aspectos mais particulares.

O presente diagnstico est apresentado em quatro volumes devido complexidade de informaes. O volume I ou inicial, aborda de uma forma generalizada, os elementos dos municpios e das comunidades que encontram-se detalhados nos livros restantes. Consta neste volume: a introduo, a metodologia, os resultados estatsticos das reas litorneas estudadas, as principais consideraes nais obtidas, alm de toda a estatstica realizada na Ilha de Fernando de Noronha. Esto presentes tambm, resumos de outros Diagnsticos da Pesca realizados no Estado, para caso o leitor deseje alguma informao complementar. Igualmente, ao invs de referncias bibliogrcas o trabalho traz uma srie de bibliograas sugeridas, no intuito de oferecer mais subsdios ao leitor sobre a pesca artesanal.

A diviso em quatro reas foi embasada nas condies geolgicas e geomorfolgicas, ecossistemas aquticos, ocupao demogrca e atividades pesqueiras. Os volumes seguintes, II, III e IV, correspondem s reas Norte, Metropolitana e Sul, respectivamente. Esses livros renem os resultados estatsticos especcos por municpios e comunidades, bem como observaes e anlises realizadas. Constam ainda, de entrevistas com tcnicos e/ou pessoas envolvidas nas questes da pesca artesanal, de caractersticas scio-ambientais e de concluses. O arquiplago de

Fernando de Noronha, quarta rea, se faz presente no volume I, anteriormente citado. Encontra-se incorporado neste livro, devido as suas condies atpicas de aoramento vulcnico da Cordilheira Meso-Atlntica e profundidade de 4.000 m, assim como pelo distinto tipo de pesca que realiza.

O interesse que este trabalho sirva como base de anlise para diversos pblicos, no s o governo ou os movimentos sociais dos pescadores, mas tambm, estudantes, organizaes no governamentais e os prprios atores do processo: os pescadores artesanais e seus familiares.

A parceria entre o Instituto Oceanrio e a Universidade Federal Rural de Pernambuco, atravs do Departamento de Pesca e Aqicultura, foram fundamentais, assim como outras instituies cientcas, organizaes sociais e especialmente o Movimento dos Pescadores de Pernambuco (MOPEPE)

Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnstico

Lista de FigurasFigura 1. Regio do Litoral de Pernambuco e seus municpios. .......................................................... 20 Figura 2. Comunidades Pesquisadas: Litoral Norte. ........................................................................... 25 Figura 3. Comunidades Pesquisadas: Litoral Metropolitano. .............................................................. 26 Figura 4. Comunidades Pesquisadas: Litoral Sul. ............................................................................... 27 Figura 5. Produo pesqueira do Estado de Pernambuco. ................................................................... 29 Figura 6. Distribuio dos entrevistados por rea. .............................................................................. 30 Figura 7. Percentual dos documentos trabalhistas dos pescadores....................................................... 32 Figura 8. Distribuio dos entrevistados segundo o estado civil. ........................................................ 33 Figura 9. Distribuio dos entrevistados segundo o tipo de casa. ........................................................ 34 Figura 10. Distribuio dos entrevistados segundo o material em que foi construda a casa. ............... 34 Figura 11. Condies sanitrias dos domiclios dos entrevistados....................................................... 35 Figura 12. Itens presentes nos domiclios dos entrevistados. .............................................................. 36 Figura 13. Distribuio da atividade principal na pesca por rea estudada. ......................................... 40 Figura 14. Caracterizao dos tipos de embarcao e aparelho utilizado pelos que tem atividade pesqueira. .......................................................................................................................................... 42 Figura 15. Tipo de embarcao segundo o aparelho utilizado. ............................................................ 43 Figura 16. Distribuio da renda mensal familiar e individual na atividade principal segundo a rea. . 50 Figura 17. Arquiplago Fernando de Noronha. .................................................................................. 58 Figura 18. Nvel de escolaridade dos pescadores. ............................................................................... 62 Figura 19. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao................................................... 64 Figura 20. Pescadores oferta de capacitao. ................................................................................... 64 Figura 21. Renda familiar total por ms. ............................................................................................ 65 Figura 22. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais. .................................................. 65 Figura 23. Pescadores filiados Associao/ Colnia. ....................................................................... 66 Figura 24. Roberto Carlos G. de Morais (Robertinho) critica a restrio da atividade pesqueira, notadamente da pesca da Sardinha. .................................................................................................... 67 Figura 25. Embarcaes de pesca, turismo e de abastecimento. Porto Santo Antnio. ........................ 68 Figura 26. Museu dos Tubares: Pesquisa cientfica e educao ambiental......................................... 68 Figura 27. Sede da Associao Noronhense de Pescadores. ............................................................... 69 Figura 28. Barcos pesqueiros capturando sardinha. Praia do Leo. ..................................................... 69

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Figura 29. Usina de tratamento do lixo. Observe o processo de compostagem. ................................... 70 Figura 30. Equipamento eficiente de sade. ....................................................................................... 70

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Lista de TabelasTabela 1. Nmero de questionrios aplicados entre os anos de 2008 e 2009. ...................................... 21 Tabela 2. Nmero de entrevistados por rea e comunidade. ............................................................... 22 Tabela 3. Nmero de pescadores por rea. ......................................................................................... 31 Tabela 4. Quantidade de entrevistados com familiares trabalhando de forma remunerada................... 34 Tabela 5. Escolaridade dos entrevistados e dos chefes de famlia. ...................................................... 37 Tabela 6. Histrico de doenas e problemas de sade. ....................................................................... 37 Tabela 7. Localidade dos postos de sade ou hospitais utilizados. ...................................................... 38 Tabela 8. Caracterizao da atividade principal do entrevistado. ........................................................ 39 Tabela 9. Tipo de comercializao da produo na atividade pesqueira. ............................................. 44 Tabela 10. Fatores que prejudicam a atividade pesqueira. .................................................................. 45 Tabela 11. Fontes de renda/atividade extras que os entrevistados possuem, gostariam de ter ou trabalharam. ...................................................................................................................................... 46 Tabela 12. Caracterizao do tipo de treinamento/capacitao. .......................................................... 47 Tabela 13. Caracterizao da vontade de se capacitar e do fato de possuir outras habilidades. ............ 48 Tabela 14. Distribuio da renda mensal familiar e individual na atividade principal. ........................ 49 Tabela 15. Benefcios recebidos por algum programa social. ............................................................. 50 Tabela 16. Distribuio da renda familiar mensal dos entrevistados segundo o Programa Social. ....... 51 Tabela 17. Caracterizao da participao dos entrevistados em algum tipo de associativismo. .......... 52 Tabela 18. Distribuio da atividade principal dos entrevistados segundo o associativismo que apresentaram mais associados............................................................................................................ 52 Tabela 19. Caracterizao do conhecimento de algum rgo/ao/instituio que realize algum tipo de ao na rea de meio ambiente no seu municpio. .............................................................................. 53

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SumrioApresentao Lista de Figuras Lista de Figuras Lista de Tabelas Lista de Tabelas Introduo ........................................................................................................................... 16 Metodologia ........................................................................................................................ 19rea de Estudo.................................................................................................................... 19 Coleta de Dados ................................................................................................................ 19

Estatstica da Pesca Litornea ....................................................................................... 291 - Produo Pesqueira em Pernambuco......................................................................... 29 2 Anlise Estatstica............................................................................................ 30 2.1 Descrio da Amostra........................................................................................ 30 2.2 Identificao Pessoal.......................................................................................... 30 2.3- Perfil Socioeconmico......................................................................................... 33 2.4- Atividade Econmica .......................................................................................... 39

Consideraes Finais........................................................................................................ 55 Diagnsticos Socioeconmico da Pesca Artesanal em Fernando de Noronha .. 571 Anlise Estatstica...................................................................................................... 60 1.1- Perfil Socioeconmico......................................................................................... 61 1.2 - Atividade Econmica.......................................................................................... 62 2 Anlise Socioambiental......................................................................................... 3 Ilha de Fernando de Noronha: consideraes finais................................................ 66 71

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Alguns Resumos dos Diagnsticos da Pesca Realizados em Pernambuco......... 73 Literaturas Sugeridas......................................................................................... 80 Anexos................................................................................................................ 88

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IntroduoO litoral de Pernambuco possui 187 km de extenso e ocupa 2,3% de todo o litoral brasileiro. Abriga em suas 14 zonas estuarinas um ecossistema produtivo aos quais esto associadas inmeras espcies de peixes, crustceos e moluscos. Estas fbricas naturais de alimentos so responsveis por mais de 60% do pescado estadual e se destacam por gerar alternativa de renda para milhares de pessoas, que encontram no manguezal e na plataforma continental fontes importantes de alimento. A Pesca Artesanal representa a maior parcela da produo pesqueira do Estado, caracterizada pelo trabalho familiar e comunitrio, utilizando tcnicas e tecnologias tradicionais, quer a p ou com uso de embarcaes, como: jangadas, canoas, baiteras e barcos motorizados de pequeno porte. As artes de pesca empregadas nesta modalidade para captura do pescado incluem: coleta manual, vara de pesca, linha e anzol, tarrafa, redes de cerco, de emalhe, de arrasto e armadilhas, com fins comerciais e/ou de subsistncia. O presente trabalho retrata a Pesca Artesanal no litoral pernambucano e objetiva conhecer o perfil socioeconmico dos pescadores e pescadoras que utilizam os ecossistemas fluvial, estuarino e martimo como recurso alimentar e financeiro. Para que o atual estudo abrangesse todo litoral pernambucano foi preciso dividi-lo em: Litoral Norte, Litoral Metropolitano, Litoral Sul e Ilha de Fernando de Noronha. A estratgia do trabalho utilizou o procedimento da pesquisa fenomenolgica, onde a maioria das 71 comunidades estudadas foram sugeridas pelos prprios pescadores. O trabalho realizado em campo baseou-se na Pesquisa-Ao, a qual o entrevistador procurava adentrar ao mundo dos entrevistados na busca de uma relao de troca. No processo da escuta e no estabelecimento de uma relao de respeito e confiana surgiram informaes da realidade do pescador e da sua comunidade. As 52 perguntas constantes no questionrio eram respondidas com interesse e conhecimentos empricos, que ao aflorarem enriqueciam a troca entre o profissional do Instituto Oceanrio e o trabalhador aqutico.

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Os questionrios, assim como as observaes do contexto ambiental, foram aplicados de janeiro de 2008 a fevereiro de 2009 e respondidos por 3.359 homens e 1.718 mulheres. Procurou-se enfocar o perfil socioeconmico do entrevistado, a sua atividade econmica, a participao em organizaes representativas, o envolvimento no campo do meio ambiente, entre outros. Todos os dados foram tratados por um programa estatstico e, posteriormente analisados por consultores complementando as concluses e sugestes explicitadas no trabalho. Os dados de produo pesqueira e principais espcies capturadas por municpios so oriundos do ESTATPESCA (2006). As informaes socioeconmicas sobre os municpios foram transcritas do Servio Geolgico do Brasil/CPRN (2005), alm do site do IBGE. A localizao das comunidades entrevistadas foram plotadas nas imagens de satlite do Programa Google Earth, assim como os registros dos municpios do litoral pernambucano. A quantidade e complexidade dos dados trabalhados possibilitaro, ainda, vrios trabalhos cientficos que juntamente com artigos publicados, contribuiro para a verticalizao do conhecimento da Pesca Artesanal no litoral de Pernambuco. As informaes geradas foram discutidas em seminrios internos e os resultados apresentados atravs da oficina tcnica realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), para pescadores e pescadoras, diretores de Colnias e Associaes, pesquisadores da UFRPE, pesquisadores da Fundaj, tcnicos da Agncia Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hdricos (CPRH), representantes da Comisso da Pastoral de Pescadores de Pernambuco (CPP) e da ONG Caranguejo-U. Neste encontro foram discutidas propostas de intervenes necessrias nas comunidades estudadas. Ficou evidenciado tanto no evento quanto na pesquisa, que o maior inimigo da Pesca Artesanal, e conseqentemente do pescador a poluio dos rios, esturios e manguezais associados. O Diagnstico revela que os 5.077 pescadores entrevistados somados, aos seus 28.177 dependentes familiares vivem da Pesca Artesanal. Entretanto, se for considerado o dado oficial do Ministrio da Pesca e Aquicultura de Pernambuco em que 8.517 pescadores litorneos esto cadastrados, esta projeo atinge cerca de no mnimo 47.269 dependentes,

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sabendo-se ainda, que estes dados so subestimados, pois no atinge a totalidade dos pescadores pernambucanos. A linguagem acessvel deste trabalho serve para facilitar a consulta por estudiosos da Pesca Artesanal, bem como profissionais de outras reas, especialmente o pescador. A participao de pescadores com o conhecimento vivido e a experincia na atividade pesqueira foi fundamental, pois o seu conhecimento emprico agregado ao conhecimento cientfico a base desta fotografia, denominada Diagnstico Socioeconmico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco.

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Metodologiarea de Estudo O Estado de Pernambuco encontra-se entre as coordenadas geogrficas de 071545/ 092818 de latitude Sul e de 0344835/ 0411954 de longitude oeste. Seu litoral, com 187 km de extenso, abrange 16 municpios, que para serem contemplados no presente diagnstico precisaram ser divididos em: Litoral Norte, Litoral Metropolitano e Litoral Sul. Alm dos litorais supracitados, houve a insero no trabalho da Ilha de Fernando de Noronha (Figura 1). A diviso dos municpios foi realizada atravs da busca de informaes junto s comunidades participantes e embasada nas condies geolgicas e geomorfolgicas, ecossistemas aquticos, ocupao demogrfica e atividades pesqueiras. A estratgia do trabalho de campo utilizou o procedimento da pesquisa fenomenolgica, onde a maioria das 71 comunidades visitadas foram indicadas pelos pescadores.

Coleta dos Dados

O trabalho realizado em campo foi baseado na Pesquisa-Ao, a qual o entrevistador procurava adentrar o mundo dos entrevistados na busca de uma relao de troca. No processo da escuta e no estabelecimento de uma relao de respeito e confiana, surgiram informaes da realidade do pescador e da sua comunidade. As 52 perguntas apresentadas no questionrio do anexo I, eram respondidas com interesse e conhecimentos empricos, que ao aflorarem enriqueciam a troca entre o profissional do Instituto Oceanrio e o trabalhador aqutico.

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Figura 1. Regio do Litoral de Pernambuco e seus municpios.

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Os questionrios, assim como as observaes do contexto ambiental, foram aplicados de janeiro de 2008 a fevereiro de 2009 (Tabela 1). Procurou-se enfocar o perfil socioeconmico do entrevistado, a sua atividade econmica, a participao em organizaes representativas, o envolvimento no campo do meio ambiente e outros. Cada questionrio foi examinado individualmente para verificao de possveis erros de preenchimento, em seguida, foram digitados em um formulrio de entrada de dados construdo no programa Epi Info 1. Aps a digitao, os dados foram agrupados e armazenados no programa ACCESS 2, para validao e os resultados tabulados com o auxlio do programa estatstico SPSS3. Posteriormente, houve a anlise por consultores, complementando assim, as concluses e sugestes explicitadas no Diagnstico.Tabela 1. Nmero de questionrios aplicados entre os anos de 2008 e 2009. Ano 2008 4 66 1161 1047 326 1 2 741 820 586 5077 2009 87 236

Ms da entrevista Janeiro Fevereiro Maro Abril Maio Julho Setembro Outubro Novembro Dezembro Total

1

Software de domnio pblico criado pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) que rene aplicaes de banco de dados. Nessa pesquisa foi usado, especialmente, para criar questionrios de protocolos. 2 Um sistema relacional de administrao de banco de dados da Microsoft que permite o desenvolvimento rpido de aplicaes que envolvem tanto a interface a ser utilizada pelos usurios como tambm a modelagem e estrutura de dados. 3 Statistical Package for the Social Sciences. Um programa estatstico muito utilizado na vertente de manipulao de grandes bancos de dados.

21

Os dados de produo pesqueira, artes de pesca e principais espcies capturadas por municpios so oriundos da ESTATPESCA4 (2006). As informaes socioeconmicas sobre os municpios foram transcritas do Servio Geolgico do Brasil/CPRN (2005) alm do site do IBGE. O nmero de entrevistas que totalizou 5.077, sendo 3.359 homens e 1.718 mulheres, foi calculado com base no nmero de pescadores solicitados pela prpria Secretaria Especial de Juventude e Emprego (SEJE), a partir dos levantamentos iniciais j existentes e visando atingir grande parte das pessoas envolvidas na pesca no litoral de Pernambuco. Foram entrevistados 2.689 pescadores (as) no Litoral Norte, 1.352 no Litoral Metropolitano, 1.011 no Litoral Sul e 25 na Ilha de Fernando de Noronha, dispostos (as) por comunidade conforme tabela 2.Tabela 2. Nmero de entrevistados por rea e comunidade.

reaInham Cobras Mangue Seco Beira Mar

ComunidadePorto de Jatob

N entrevistas183 39 91 132 24 59 60 108 61 98 39 28 27 102 76

%3,6% 0,8% 1,8% 2,6% 0,5% 1,2% 1,2% 2,1% 1,2% 1,9% 0,8% 0,6% 0,5% 2,0% 1,5%

Litoral Norte

Nova Cruz I Nova Cruz II Veloz/Itapissuma Espinheiro Pilar Jaguaribe Chie Vila Velha Beira Mangue-Cidade Criana Nossa Senhora da Conceio/Itapissuma

4

Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura da Presidncia da Repblica (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).

22

Cajueiro/Itapissuma Atapuz Tejucupapo Carne de Vaca / Goiana Povoao de So Loureno / Goiana Barra de Catuama / Goiana Beira Mar I / Igarassu Beira Mar III / Igarassu Escorregou T Dentro / Igarassu Ponta de Pedras / Goiana Malvinas Vrzea/Itapissuma Baldo do Rio/Goiana Grmio/Itapissuma Botafogo/Itapissuma Mangabeira/Itapissuma Canabrava/ Goiana Subtotal Pau Amarelo/Paulista Enseadinha Janta/Paulista Maria Farinha/Paulista Ilha de Deus/Recife Ilha do Maruim/Recife Ponte de Limoeiro/Recife Bode/Recife

132 88 401 56 148 101 29 42 13 133 28 103 57 99 32 87 13 2689 65 73 57 17 230 128 88 113 31 256 6 79 10 42 15 22 27

2,6% 1,7% 7,9% 1,1% 2,9% 2,0% 0,6% 0,8% 0,3% 2,6% 0,6% 2,0% 1,1% 1,9% 0,6% 1,7% 0,3% 53,0% 1,3% 1,4% 1,1% 0,3% 4,5% 2,5% 1,7% 2,2% 0,6% 5,0% 0,1% 1,6% 0,2% 0,8% 0,3% 0,4% 0,5%

Litoral Metropolitano

Espao Cincia/Olinda Braslia Teimosa/Recife Boa Viagem/Recife Piedade/Jaboato dos Guararapes Barra de Jangada/Jaboato dos Guararapes Lagoa do Nutico/Jaboato dos Guararapes Ponte dos Carvalhos/Cabo Suape/Cabo Carmo (Colnia dos Pescadores de Olinda),

23

Pontes do Recife/ Recife Beira Rio/ Recife Aude Apipucos Caranguejo Tabaiares Subtotal Barra de Sirinham/Sirinham Rio Formoso/Rio Formoso Quilombola/Rio Formoso Centro/So Jos da Coroa Grande Vrzea do Una/So Jos da Coroa Grande Abreu do Una/So Jos da Coroa Grande Barreiros/Barreiros Tamandar/Tamandar

35 29 20 9 1352 188 180 46 185 73 79 19 78 37 27 1 11 9 33 25 20 1011 25 25 5077

0,7% 0,6% 0,4% 0,2% 26,6% 3,7% 3,5% 0,9% 3,6% 1,4% 1,6% 0,4% 1,5% 0,7% 0,5% 0,0% 0,2% 0,2% 0,6% 0,5% 0,4% 19,9% 0,5% 0,5% 100,0%

Litoral Sul

Porto de Galinhas/Ipojuca Salinas/Ipojuca Maracape/Ipojuca Serrambi/Ipojuca Vila de Sirinham/Sirinham Vila de Aver o Mar/Sirinham Santo Amaro/ Sirinham Agrovila - Sirinham Subtotal Fernando de Noronha

Fernando de Noronha

Subtotal Total

No Litoral Norte os municpios estudados foram os de Goiana, Itapissuma, Igarassu, Abreu e Lima, e Itamarac cujas comunidades totalizaram 32 (Figura 2). No Litoral Metropolitano os municpios foram: Paulista, Olinda, Recife, Jaboato e Cabo que totalizaram 22 comunidades (Figura 3). Para o Litoral Sul os municpios pesquisados foram: Ipojuca, Sirinham, Rio Formoso, Tamandar, Barreiros e So Jos da Coroa Grande, com 16 comunidades (Figura 4).

24

Figura 2. Comunidades Pesquisadas: Litoral Norte.

25

Figura 3. Comunidades Pesquisadas: Litoral Metropolitano.

26

Figura 4. Comunidades Pesquisadas: Litoral Sul.

27

A participao de pesquisadores do Instituto Oceanrio e da Universidade Federal Rural de Pernambuco, nos eventos cientficos relacionados Pesca Artesanal, a consulta expressiva da bibliografia de cientistas reconhecidos pelo setor pesqueiro, as entrevistas realizadas com tcnicos, coordenadores e dirigentes de instituies oficiais, alm da Oficina Tcnica realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), para pescadores e pescadoras, diretores de Colnias e Associaes, pesquisadores da UFRPE, pesquisadores da Fundaj, tcnicos da Agncia Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hdricos (CPRH), representantes da Comisso da Pastoral de Pescadores de Pernambuco e da ONG Caranguejo-U, foram tambm estratgias metodolgicas na busca de informaes para o respectivo Diagnstico.

28

Estatstica da Pesca Litornea1- Produo Pesqueira em PernambucoSegundo o ESTATPESCA a produo total de pescado, no Estado, proveniente da pesca artesanal, para o ano de 2006, correspondeu a 13.999,5 t (Figura 5) e a receita gerada por tal atividade, tendo como base o preo de primeira comercializao, foi de 37,2 milhes de reais. Os responsveis por 35,4% da receita total foram os municpios de Itapissuma e Goiana, seguidos do municpio de Jaboato dos Guararapes com 10,9% e So Jos da Coroa Grande com 9,9%. Os municpios de Igarassu e Abreu e Lima foram os que15000

Produo pesqueira anual do Estado de Pernambuco

e Produo (t)12000 9000 6000 3000 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

apresentaram as menores arrecadaes.

Figura 5. Produo pesqueira do Estado de Pernambuco.

Perodo (anos)

Fonte: ESTATIPESCA, 2006

importante ressaltar que o grupo das espcies: manjuba (sardinha laje), marisco, ostra, siri, sururu e mais o item denominado OUTROS (reunio de vrias espcies), representaram mais de 50,9% de toda a produo do Estado em 2006. Ainda possvel verificar, no anexo II, as nominaes populares desses peixes segundo os pescadores.

29

2 Anlise EstatsticaA estatstica foi calculada com o nmero total de 5077 pescadores (as) correspondendo ao percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio, o entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser realizado em cima dos 100% (5077) para cada mltipla escolha, assim no excederia o nmero total de questionrios aplicados. Ser possvel verificar em algumas tabelas um total inferior ao estudado, porm importante que se destaque que estes totais nada mais so do que as respostas afirmativas sobre determinado assunto.

2.1 Descrio da AmostraDas 5.077 entrevistas realizadas em Pernambuco, 2.689 foram aplicadas no Litoral Norte, 1.352 no Litoral Metropolitano,0,5%

1.011 no Litoral Sul e apenas 25 na Ilha de Fernando de Noronha (Figura 6).

Entrevista s

19,9%

53,0% Norte Metropolitana

Figura 6. Distribuio dos entrevistados por rea.

26,6%

Sul Fernando de Noronha

Em termos de comunidade, a de Tejucupapo, situada no Litoral Norte do Estado a que apresenta o maior nmero de entrevistas (401 pessoas). No Litoral Metropolitano, as comunidades com mais entrevistados foram as de Braslia Teimosa (256) e Ilha de Deus (230) e no Litoral Sul, as de Barra de Sirinham (188), de Rio Formoso (180) e do Centro de So Jos da Coroa Grande (185). Na ilha de Fernando de Noronha foram realizadas 25 entrevistas.

30

2.2 Identificao PessoalDos 5.077 entrevistados no litoral pernambucano, 4.969 (97,9%) so pescadores, sendo 3.316 (66,7%) do sexo masculino e 1.653 (33,3%) do feminino. Foi possvel verificar ento, que em todas as reas o nmero de pescadores conseguiu ser superior a 95% (Tabela 3).

Tabela 3. Nmero de pescadores por rea. Pescador (a) Sim No NS/NR 2630 46 13 1308 34 10 1006 5 0 25 0 0 4969 85 23

rea Norte Metropolitana Sul Fernando de Noronha Total

Total 2689 1352 1011 25 5077

A idade variou entre 14 e 85 anos e apresentou uma mdia de 38 anos para os homens e 37 para as mulheres. As reas que apresentaram menor e a maior mdia de idade foram respectivamente, o Litoral Norte com 36 anos e Fernando de Noronha, com 45 anos. Vale lembrar que todos os entrevistados de Fernando de Noronha so do sexo masculino. Quando questionados se j haviam participado de outras pesquisas semelhantes, cerca de 4.556 (89,7%) pessoas responderam que no, mostrando por tanto, que informaes precisas da real necessidade desses pescadores encontravam-se ocultas.

Dos 4.938 pescadores que possuem documentos trabalhistas, 2.245 (45,5%) tm pelo menos uma das carteiras de pescador (do IBAMA, da SEAP 5, da Capitania dos Portos, da Associao de pescadores ou da Colnia de pescadores). Observa-se que entre estas carteiras a que

5

Atualmente conhecida como Superintendncia Federal da Pesca e Aqicultura de Pernambuco do Ministrio da Pesca e Aqicultura (SFPA-PE/MPA).

31

apresentou maior nmero de associados foi a da Colnia de pescadores 36,2%. No entanto, como os entrevistados poderiam marcar mais de uma opo, a maior representatividade foi da carteira de trabalho (CTPS) que totalizou 79.3% das respostas (Figura 7).

Carteira de pescadorIBAMA

Carteira de pescador-SEAP

Carteira de pescador Capitania Portos

Carteira de Associao de pescadores

Carteira da colnia de pescadores

CTPS - Carteira de Trabalho

0%

20%

40%Sim

60%No

80%

100%

Figura 7. Percentual dos documentos trabalhistas dos pescadores.

32

2.3- Perfil SocioeconmicoEm Pernambuco, as 5.077 entrevistas realizadas contemplaram 3.365 homens e 1.712 mulheres. Destes entrevistados, 3.401 (67,0%), representados por 2.651 homens e 750 mulheres, so chefes de0,1% 3,8%

famlia. Quanto ao estado civil, 70,0% so casados ou afirmaram morar junto e 24% so solteiros (Figura 8).50,9%

Estado Civil18,8%

23,9%Casado Solteiro Vivo Mora junto Separado/Desquitado/Divorciado NS/NR

Figura 8. Distribuio dos entrevistados segundo o estado civil.

2,5%

Das 4.976 pessoas que responderam a questo sobre a quantidade de filhos (as), 4.101 (82,4%) possuem filhos. Desses, 1.835 (44,7%) possuem apenas um ou dois filhos, 1.322 (32,2%) trs ou quatro e 944 (23,0%) cinco ou mais filhos. Ainda quando questionados qual a faixa etria de seus filhos, 2.740 pescadores tm pelo menos um filho menor de 16 anos, 1.389 tm filho(s) com idade entre 16 e 24 anos e 748 tm filho(s) com mais de 24 anos. Desse total de 4.877 de filhos, 3.800 encontram-se freqentando escolas.

Ao descrever o perfil familiar e domiciliar dos (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,6 e de famlias por residncias 1,2. As pessoas possuem em mdia 2,8 filhos, sendo 1,8 a mdia dos filhos que dependem financeiramente do entrevistado. Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 3.211 (63,2%) entrevistados tm, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma remunerada (Tabela 4). Destes, 99,6% trabalham de forma remunerada na pesca.

33

Tabela 4. Quantidade de entrevistados com familiares trabalhando de forma remunerada. Trabalhando de forma remunerada % Pelo menos uma pessoa 63,2 Ningum 35,4 NS/NR 1,3 Total 100,0% Nmero de entrevistados 5077

a) Habitao: condies fsicas e sanitriasObserva-se entre os pescadores0,3%

que 82,5% possuem casa prpria e 17,1% casa alugada, cedida ou emprestada (Figura 9).9,6%

Habitao0,1%

7,5%

Figura 9. Distribuio dos entrevistados segundo o tipo de casa.

82,5%

Casa prpria Casa alugada Casa cedida/emprestada Outro NS/NR

Os materiais predominantes utilizados na construo dessas residncias foram alvenaria (79,0%) e taipa (14,9%) (Figura 10). Ainda nos domiclios, de acordo com as questes sanitrias, 79,0% dos entrevistados possuem gua encanada, 58,7% fossa, 82,1% banheiro e 70,9% coleta de lixo. Os que0,8% 0,3% 4,3% 14,9% 0,6%

Material de Construo

possuem energia eltrica totalizam 96% (Figura 11). Um fator

importante a ser relatado, a falta de rede de esgoto para cerca de 80%Alvenaria Taipa Madeira Caiara Outro NS/NR

das pessoas.

79,0%

Figura 10. Distribuio dos entrevistados segundo o material em que foi construda a casa.

34

Coleta de lixo

Energia eltrica

Banheiro

Fossa

Esgoto

gua encanada 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Sim No

Figura 11. Condies sanitrias dos domiclios dos entrevistados.

b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefoniaDos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta, com 51,2% das respostas. Com relao aos eletrodomsticos, destacam-se: o fogo (89,2%), a TV (88,6%), a geladeira (74,7%), o liquidificador (65,5%), o aparelho de som (60,4%) e o vdeo/DVD (55,9%). Na telefonia, os aparelhos mveis (celulares) representaram 55,9%, enquanto que o telefone fixo s 5,2% (Figura 12).

35

Carro Mquina de lavar roupa Telefone fixo Motocicleta Aspirador de p Telefone Celular Bicicleta Geladeira Aparelho de som TV Freezer Liquidificador Vdeo/DVD Fogo Computador Microondas0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0% 90.0% 100.0%

Sim No

Figura 12. Itens presentes nos domiclios dos entrevistados.

c) EscolaridadeSegundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor dos entrevistados (27,2%), bem como dos chefes de famlia (23,5%), representa o Ensino Fundamental II incompleto. O total correspondente aos que sabem, no mximo, escrever o seu prprio nome de 13,8% para os pescadores e 17,3% para os chefes de famlia. Apesar de algumas pessoas afirmarem possuir outro grau de escolaridade, nenhum foi especificado (Tabela 5). importante lembrar que a mdia de idade dos entrevistados de 31 anos e dos chefes de famlia 41 anos.

36

Tabela 5. Escolaridade dos entrevistados e dos chefes de famlia. Entrevistado Chefe de famlia % % Escreve o nome 13,8 17,3 Ensino Fundamental I incompleto 21,6 21,4 Ensino Fundamental I completo 16,2 15,8 Ensino Fundamental II incompleto 27,2 23,5 Ensino Fundamental II completo 6,5 4,8 Ensino Mdio incompleto 4,9 3,7 Ensino Mdio completo 6,6 4,9 Curso tcnico 0,2 0,2 3 grau (graduao) 0,2 0,2 Outros 1,3 1,7 NS/NR 1,3 6,4 Nvel de escolaridade Total Nmero de entrevistados 100,0 % 5077 100,0 % 5077

d) SadeO histrico de doenas mostra que 3.106 (61,2%) pessoas declararam ter algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais representativos so: problemas de coluna (49,4%), outras doenas nos olhos (30,2%), hipertenso (19,9%), artrose (18,4%) e outras doenas (29,8%) (Tabela 6). Das 925 pessoas que citaram ter outras doenas, 183 (19,8%) foram do sistema nervoso, 142 (15,4%) cardiovasculares, 138 (14,9%) do sistema esqueltico, 116 (12,5%) do trato digestrio e 105 (11,4%) respiratrias.

Tabela 6. Histrico de doenas e problemas de sade. Doenas Catarata Sim No Outras doenas nos olhos Sim No Problemas de coluna Sim No Doenas de pele Sim No Doena de rins Sim % 2,1 97,9 30,2 69,8 49,4 50,6 7,0 93,0 5,2

37

No Artrose/Doenas de junta Sim No Reumatismo Sim No Diabetes Sim No Doenas pelo mergulho (descompresses, embolias, outras) Sim No Hipertenso Sim No Outras Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas

94,8 18,4 81,6 3,7 96,3 3,6 96,4

0,5 99,5 19,9 80,1 29,8 70,2 100% 3106

Segundo os pescadores, 97,9% costumam utilizar servios de posto de sade ou hospital. Considerando esta afirmao, observa-se na tabela 7 que, 58,0% utilizam os servios encontrados na vizinhana, 38,2% no prprio municpio, 5,1% na capital e apenas 3,3% utilizam servios mdico-hospitalares em municpios prximos.Tabela 7. Localidade dos postos de sade ou hospitais utilizados. Localidade Vizinhana Sim No Capitais Sim No Prprio municpio Sim No Municpios prximos Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas % 58,0 42,0 5,1 94,9 38,2 61,8 3,3 96,7 100% 4969

38

2.4- Atividade Econmica Das 5.077 entrevistas realizadas no litoral de Pernambuco, 4.969 delas, 66,6% homens e 33,3% mulheres, so pescadores (as). A principal atividade exercida por eles a pesca do tipo estuarina/manguezal (59,4%) (Tabela 8).Tabela 8. Caracterizao da atividade principal do entrevistado. Atividade principal % Pesca estuarina/manguezal 59,4 Pesca de mar de fora 18,3 Pesca de mar de dentro 13,7 Aposentado/benefcio 1,7 Comrcio 0,4 Aqicultura 0,4 Construo civil 0,4 Funcionrio pblico 0,3 Servios gerais 0,2 Nenhuma 0,2 Caseiro/servios domsticos 0,2 Turismo 0,1 Indstria 0,1 Agricultura (Cana) 0,1 Agricultura (Outros) 0,1 Outros 4,0 NS/NR 0,4 Total 100,0

De acordo com as reas estudadas, possvel verificar que em Fernando de Noronha 92,0% dos entrevistados pescam no mar de fora. Para o Norte, Litoral Metropolitano e Sul, a pesca mais realizada nos esturios/mangue, correspondendo a um total de 71,0%, 41,9% e 54,5%, concomitantemente (Figura 13). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 70,7% so autnomos e 21,4% so empregados/parceiros.

39

92,0% Fernando de Noronha 4,0%

4,0% 0,2% 31,6% 10,8% Sul 0,2% 54,5% 0,7% 2,1% 0,3% 29,3% 15,2% Metropolitana 0,2% 41,9% 1,0% 3,1% 9,0% Nenhuma 0,2% 7,2% 14,3% 0,0% 71,0% 0,2% 1,4% 5,7% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Pesca de mar de fora Pesca de mar de dentro Turismo Pesca estuarina/manguezal Aquicultura Aposentado/benefcio Outros

Norte

Figura 13. Distribuio da atividade principal na pesca por rea estudada.

a) Jornada de Trabalho na PescaO tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 20 anos, a mdia de dias trabalhados por semana de 4,5. Os maiores ndices encontrados para a mdia de horas trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 65,9% e 28,9%, respectivamente.

40

b) Embarcaes e Aparelhos de Pesca de fundamental importncia para o entendimento deste tpico, que o leitor utilize o trabalho intitulado Aparelhos de Pesca e Embarcaes Utilizados pelos Pescadores Artesanais do Litoral de Pernambuco, presente no anexo III. O tipo de embarcao mais presente a baitera utilizada por 32,6% das 5.048 pessoas com atividades gerais relacionadas diretamente pesca. O bote motorizado foi citado por 16,1%. Na questo referente aos aparelhos utilizados para tal atividade, representando 46,3% do total, a coleta manual encontra-se entre as mais citadas, acompanhada da rede de

emalhar/espera/caoeira/malhadeira (31,4%) e linha de mo (19,9%). O uso de outros tipos de aparelho correspondeu a 12,0%, porm, eles no foram especificados (Figura 14). Uma vez sabendo quais as embarcaes e os aparelhos de pesca mais utilizados foram realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relao que possuam. Verificou-se que 61,2% dos 811 pescadores que utilizam bote motorizado tm a pesca com linha de mo como principal tcnica para captura do pescado, seguida pelas redes de emalhar/espera/caoeira/malhadeira (55,5%). J 59,1% dos 369 pescadores que usam canoa e 45,5% dos 1.645 que empregam a baitera, possuem a coleta manual como principal prtica de pesca. Dentre os 474 que trabalham com jangada, a rede de

emalhar/espera/caoeira/malhadeira a arte mais comumente utilizada, sendo citada por 50,6% dos pescadores. Em contrapartida, o uso de espinhel e de curral, bem como a tcnica do mergulho, no uma prtica comum entre os que pescam com alguma das embarcaes listadas (Figura 15).

41

Bote motorizado Canoa Baitera Jangada Rede de Arrasto Mangote Mangoto Linha de Mo Covo/Peixe Covo/Lagosta Espinhel Linha/Vara de Pescar Siri Coleta Manual Tarrafa Mergulho Curral Rede de emalhar/espera/ caoeira/malhadeira

SimOutros 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

No

Figura 14. Caracterizao dos tipos de embarcao e aparelho utilizado pelos que tem atividade pesqueira.

42

Outros Rede de emalhar Curral Mergulho

Jangada

T arrafa Coleta Manual Linha/Vara de Pescar Siri Espinhel Covo/Lagosta Covo/Peixe Linha de Mo Mangoto Mangote Rede de Arrasto Outros Rede de emalhar Curral Mergulho T arrafa

Baitera

Coleta Manual Linha/Vara de Pescar Siri Espinhel Covo/Lagosta Covo/Peixe Linha de Mo Mangoto Mangote Rede de Arrasto Outros Rede de emalhar Curral Mergulho T arrafa

Canoa

Coleta Manual Linha/Vara de Pescar Siri Espinhel Covo/Lagosta Covo/Peixe Linha de Mo Mangoto Mangote Rede de Arrasto Outros Rede de emalhar

Bote motorizado

Curral Mergulho T arrafa Coleta Manual Linha/Vara de Pescar Siri Espinhel Covo/Lagosta Covo/Peixe Linha de Mo Mangoto Mangote Rede de Arrasto 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0

Figura 15. Tipo de embarcao segundo o aparelho utilizado.

43

c) Comercializao do PescadoSegundo os (as) pescadores (as) dos municpios estudados, metade (50,1%) de sua produo vendida diretamente ao consumidor e 45,4% repassadas para peixeiro/ pombeiro (Tabela 9).Tabela 9. Tipo de comercializao da produo na atividade pesqueira. Comercializao da produo Pesca para subsistncia/consumo prprio Sim No Peixeiro/pombeiro Sim No Empresas de beneficiamento Sim No Venda direta ao consumidor Sim No Colnia/associao/cooperativa Sim No Atacadistas Sim No Peixaria Sim No Bar e restaurantes Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas % 20,0 80,0 45,4 54,6 0,7 99,3 50,1 49,9 2,0 98,0 1,7 98,3 4,6 95,4 3,4 96,6 100,0 % 4641

d) Impactos na Atividade PesqueiraPara 3.820 pessoas alguns fatores tm prejudicado a atividade pesqueira. Destes, 1.825 apontaram a poluio das guas como o principal. Dos 793 entrevistados que mencionaram outros fatores, 576 citaram o mergulho, o assoreamento, a fiscalizao excessiva, as redes de arrasto, a proibio de rede, as condies climticas, o valor do pescado e o valor de equipamentos (Tabela 10).

44

Tabela 10. Fatores que prejudicam a atividade pesqueira. Fatores Pesca excessiva/ muita pesca/ muita gente na pesca Sim No Lixo Sim No Poluio da gua (rios, mars) Sim No Falta de saneamento bsico/ esgoto Sim No Uso de agrotxicos Sim No Diminuio dos recursos naturais Sim No Falta de polticas pblicas direcionadas ao setor Sim No Turismo Sim No Falta de organizao do setor Sim No Monocultura da cana-de-acar Sim No Aqicultura Sim No Falta de fiscalizao na pesca Sim No Pesca predatria (bomba/malha fina/veneno) Sim No Indstria Sim No Barcos/pescadores de outros locais Sim No Nmero total de respostas % 17,0 83,0 16,0 84,0 47,8 52,2 16,6 83,4 1,7 98,3 16,7 83,3 4,5 95,5 1,2 98,8 6,7 93,3 2,4 97,6 7,1 92,9 3,2 96,8 18,0 82,0 10,1 89,9 1,7 98,3 5077

45

e) Alternativas de Fontes de RendaA tabela 11 apresenta os resultados referentes fonte de renda/atividade extra que os entrevistados possuem, gostariam de ter e que j trabalharam. Dos 5077 entrevistados, 1.540 disseram possuir, alm da pesca, outras fontes de renda/atividade. Entre as mais citadas esto: o comrcio e a construo civil com 14,5% e 11,9%, respectivamente. Por outro lado, em relao aos 3.609 que gostariam de ter uma renda alternativa, as mais desejadas so os servios gerais (22,4%) e o comrcio (15,9%). Na especificao das fontes de renda/atividade mais almejadas, aproximadamente 40,0% dos que responderam outras usou o termo qualquer se referindo ao desejo de ter qualquer outra atividade. Para os 3.644 pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho, 22,1% foram na construo civil, 17,8% como caseiro/servios domsticos e 15,2% em servios gerais.

Tabela 11. Fontes de renda/atividade extras que os entrevistados possuem, gostariam de ter ou trabalharam.Variveis Pesca de mar de fora Sim No Pesca de mar de dentro Sim No Turismo Sim No Pesca estuarina/manguezal Sim No Aqicultura Sim No Funcionrio pblico Sim No Comrcio Sim No Caseiro/servios domsticos Sim No Agricultura (Cana) Sim NoPossui outra fonte de renda/atividade Gostaria de ter outra Trabalhou em outra fonte fonte de renda/atividade de renda/atividade

% 2,9 97,1 5,1 94,9 2,6 97,4 9,5 90,5 1 99 1,1 98,9 14,5 85,5 5,7 94,3

% 1,5 98,5 0,9 99,1 1 99 1,1 98,9 0,3 99,7 1,9 98,1 15,9 84,1 6 94

% 0,8 99,2 0,6 99,4 0,6 99,4 0,9 99,1 0,8 99,2 1,4 98,6 10,2 89,8 17,8 82,2

2,9 97,1

0,4 99,6

7,7 92,3

46

Agricultura (Outros) Sim No Artesanato Sim No Servios gerais Sim No Aposentado/benefcio Sim No Indstria Sim No Construo civil Sim No Outros Sim No

2,5 97,5 1,4 98,6 9,8 90,2 9,7 90,3 0,3 99,7 11,9 88,1 25,1 74,9

0,8 99,2 1,9 98,1 22,4 77,6 3,4 96,6 4,7 95,3 6,4 93,6 36,7 63,3

3,3 96,7 0,9 99,1 15,2 84,8 0,2 99,8 7,9 92,1 22,1 77,9 24,7 75,3

Total para cada alternativa Nmero total de respostas

100,0% 1540

100,0% 3609

100,0% 3644

f) CapacitaoDe todos os entrevistados, 797 (15,7%) afirmaram ter feito algum tipo de capacitao. Destes, 283 tiveram treinamento em capacitao tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/artesanato) e 495 declararam ter praticado alguma outra capacitao diferente das listadas no questionrio. No entanto, no se observou nenhum treinamento que merea destaque devido sua freqncia (Tabela 12).

Tabela 12. Caracterizao do tipo de treinamento/capacitao. Tipo de Capacitao Capacitao gerencial/administrativa/comercializao Sim No Capacitao tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/artesanato) Sim No %

6,6 93,4

35,5 64,5

47

Capacitao em meio ambiente Sim No Outro Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas

1,6 98,4 62,1 37,9 100,0% 797

Para 5.077 pescadores, 73,4% tm vontade de se capacitar, sendo 1.928 (38,0%) na atividade pesqueira e 1.799 (35,4%) em outras atividades. Desses, 465 (25,8%) usaram o termo qualquer se referindo ao desejo de se capacitar em qualquer atividade e 199 (11,1%) gostariam de se capacitar em informtica. Em relao aos 2.376 (46,8%) que possuam outras habilidades, as mais relatadas foram: o artesanato com 25,2%, pedreiro/construo civil (22,5%) e cu1inria (6,7%) (Tabela 13).Tabela 13. Caracterizao da vontade de se capacitar e do fato de possuir outras habilidades. Variveis Atualmente gostaria de se capacitar No gostaria Na sua atividade principal (pesca) Em outra atividade NS/NR Possui outra(s) habilidade(s) Sim No NS/NR Total para cada alternativa Nmero total de respostas % 26,3 38,0 35,4 0,3 46,8 41,9 11,3 100,0% 5077

g) Financiamento na Atividade PesqueiraA caracterizao dos entrevistados em relao ao recebimento individual ou coletivo de crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica, revelou que 738 (14,5%) pessoas receberam algum crdito, sendo que 466 (63,1%) foram atravs do Banco do Nordeste, 39 (5,3%) do Banco do Brasil e 35 (4,7%) de outros bancos. O crdito proveniente da prpria Colnia de pescadores beneficiou apenas 13 (1,8%) entrevistados. 48

h) Renda FamiliarA renda salarial para 84,5% dos pescadores que vivem em famlia, no ultrapassa mensalmente6 dois salrios mnimos. possvel observar que 94,8% das rendas individuais, tambm so inferiores a dois salrios mnimos, quando relacionadas com a atividade principal de cada entrevistado. Cabe assinalar que mesmo as famlias com renda total maior podem se revelar pobres, dependendo de quanto integrantes s componham (Tabela 14).Tabela 14. Distribuio da renda mensal familiar e individual na atividade principal. Faixas de renda (em salrio mnimo) Menos de s.m. De a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m. 5 ou mais s.m. NS/NR Total Nmero total de respostas Renda familiar % 18,6 32,1 33,8 9,4 1,0 5,1 100,0% 5077 Renda na atividade principal % 47,9 30,0 16,9 3,4 0,5 1,4 100,0% 5077 Nmero mdio de moradores 4,1 4,5 4,7 5,0 4,9 5,6 4,6

A renda quando analisada por rea, revela que, o Litoral Norte a que apresenta a menor renda familiar, assim como a menor renda na atividade principal, devido maior proporo de entrevistados na faixa de at um salrio mnimo. Na ilha de Fernando de Noronha, observase o inverso, ou seja, a maior proporo encontra-se acima de dois salrios mnimos (Figura 16).

6

Considera-se o total de rendimentos da famlia, provenientes de todas as fontes, no apenas aquela que advm da atividade da pesca.

49

A t il a p v i ic n i r d p e a d d a d i e v P a rN i n c i p a l

Fernando de Noronha

Sul

i t a

Metropolitana

Norte

F a m r a ii l i lm ia F a r

Fernando de Noronha

Sul

Metropolitana

Menos de s.m. De a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m.

Norte

0% 10 % 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Figura 16. Distribuio da renda mensal familiar e individual na atividade principal segundo a rea.

i) Programas SociaisAs informaes referentes aos benefcios recebidos atravs de algum programa social esto apresentadas na Tabela 15. De todos os entrevistados, 2.859 (56,3%) afirmaram receber algum benefcio, sendo mais citado o programa Bolsa Famlia.

Tabela 15. Benefcios recebidos por algum programa social. Programa social Bolsa Famlia Sim No Seguro desemprego Sim No % 85,0 15,0 0,9 99,1

50

Seguro defeso Sim 5,5 No 94,5 Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS (aposentado deficiente/idoso) Sim 11,7 No 88,3 PETI Programa de Erradicao do Trabalho Infantil Sim 0,5 No 99,5 Outros Sim 1,7 No 98,3 Total para cada alternativa 100,0% Nmero total de respostas 5077

A distribuio de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o Programa Bolsa Famlia tambm o programa mais citado nas classes com rendas mais baixas. Propores considerveis de pessoas nas faixas de renda familiar mais alta citaram o Seguro defeso e o Benefcio Assistncia de Prestao Continuada BPS/LOAS. Observa-se tambm que dos 151 que no responderam qual a renda familiar, 140 (92,7%) tem em sua residncia algum assistido pelo programa Bolsa Famlia (Tabela 16).

Tabela 16. Distribuio da renda familiar mensal dos entrevistados segundo o Programa Social. Programa Social Benefcio Seguro Seguro Assistncia de Desemprego Defeso Prestao Continuada 0,2% 0,8% 3,5% 0,8% 4,0% 4,0% 1,2% 7,2% 18,4% 1,6% 15,3% 30,2% 5,6% 27,8% 27,8% 0,7% 0,0% 11,3% -

Faixa de renda familiar

n

Bolsa Famlia 94,9% 91,9% 78,0% 65,3% 38,9% 92,7% -

PETI 0,2% 0,6% 0,5% 0,4% 0,0% 0,0% -

Menos de s.m. De a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m. 5 ou mais s.m. NS/NR Nmero total de respostas

488 960 994 248 18 151 2859

51

j) Organizao SocialSobre o associativismo dos 5.077 entrevistados, 84,0% encontram-se associados colnia (Tabela 17). Desses, 46,1% tem como atividade principal a pesca estuarina/manguezal. Esta tambm a atividade principal dos 54,3% dos associados associao de pescadores (Tabela 18).Tabela 17. Caracterizao da participao dos entrevistados em algum tipo de associativismo. Organizao Associao de moradores Sim No Associao de produtores/servios Sim No Associao de pescadores Sim No Colnia de pescadores Sim No Cooperativa de produtores Sim No Outra Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas % 6,9 93,1 0,1 99,9 14,7 85,3 84,0 16,0 0,2 99,8 1,6 98,4 100,0% 5077

Tabela 18. Distribuio da atividade principal dos entrevistados segundo o associativismo que apresentaram mais associados.

Atividade principal Nenhuma Pesca de mar de fora Pesca de mar de dentro Turismo Pesca estuarina/manguezal Aqicultura Funcionrio pblico Comrcio Caseiro/servios domsticos Agricultura (Cana)

Tipo de associao Colnia de Associao de pescadores pescadores % % 0,2 0,0 30,8 27,0 17,7 10,5 0,1 0,3 46,1 54,3 0,2 1,1 0,2 0,6 0,2 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0

52

Agricultura (Outros) Artesanato Servios gerais Aposentado/benefcio Indstria Construo civil Outros NS/NR Total para cada alternativa Nmero total de respostas

0,0 0,0 0,1 1,6 0,1 0,0 2,1 0,2 100,0% 2009

0,3 0,0 0,0 1,7 0,0 0,6 2,8 0,6 100,0% 352

l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio AmbienteSobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em seu municpio, os 2.059 (40,6%) entrevistados identificaram: o IBAMA (59,8%), a SEAP (24,1%) e o CIPOMA (17,8%) como os principais (Tabela 19).Tabela 19. Caracterizao do conhecimento de algum rgo/ao/instituio que realize algum tipo de ao na rea de meio ambiente no seu municpio. rgo Conselho de Defesa do Meio Ambiente Sim No rgo Ambiental no municpio (Secretaria, diretoria, chefia) Sim No Cdigo Municipal de Defesa do Meio Ambiente Sim No SEAP Sim No ONGs Sim No IBAMA Sim No Marinha/ Capitania dos Portos Sim No CIPOMA Sim No %

1,6 98,4

3,4 96,6

1,5 98,5 24,1 75,9 2,8 97,2 59,8 40,2 13,7 86,3 17,8 82,2

53

Universidades Sim No Outros Sim No Total para cada alternativa Nmero total de respostas

7,4 92,6 26,2 73,8 100,0% 2059

54

Consideraes FinaisAs consideraes aqui explicitadas configuram o quadro das 71 comunidades as quais o questionrio foi aplicado. Consta principalmente das observaes dos profissionais que durante o trabalho em campo, tiveram acesso aos relatos dos pescadores/marisqueiras que trabalham nos ecossistemas aquticos estudados. Para melhor entendimento foram listadas em tpicos, descritos abaixo:

O diagnstico visualizou um grande contingente de pescadores que moram na Regio Metropolitana. Esses Pescadores Urbanos que no foram contemplados em outros diagnsticos publicados, e vivem da pesca ou complementam sua renda familiar atravs dela, so os que mais sofrem com a poluio. Condies ambientais mais favorveis, como a despoluio das guas foram uma das alternativas mais citadas por eles;

A cada dia, os rios, esturios e manguezais recebem uma quantidade maior de pessoas que os utilizam como uma alternativa de sobrevivncia e fonte de alimento. O Diagnstico advoga que o maior problema para a pesca artesanal no Estado a poluio hdrica desses locais por esgotos, dejetos industriais, vinhoto e resduos slidos. Essa questo crnica acaba no s prejudicando a produtividade pesqueira, como tambm, a subsistncia dos pescadores e seus dependentes; alm de outros usurios desses ecossistemas.

Foi verificado que algumas atividades tm conflitado com o setor da pesca, entre as mais citadas encontram-se: a carcinicultura, o turismo selvagem, a especulao imobiliria, bem como polticas pblicas inadequadas. A pesca excessiva e predatria com uso de bombas, veneno e rede de malha fina, tambm so mencionadas no intuito de denunciar os pescadores que as promovem e acabam prejudicando o trabalho dos que dependem desta atividade;

55

O poder pblico, apesar de aes pontuais, continua afastado dos profissionais da pesca. Este distanciamento ocorre muitas vezes porque estas aes superficiais contemplam pequenos grupos de pessoas mais informadas e engajadas nas instncias de representao;

O movimento dos pescadores encontra-se em renovao, tomando caminhos diferentes. Vrias associaes que esto surgindo e algumas colnias vm renovando seus quadros diretivos, apontando para um maior envolvimento dessa classe nos movimentos sociais.

A pesca estuarina representa para Pernambuco, no s a maior produo de pescado, como tambm, absorve o maior nmero de pescadores/pescadoras, demonstrando sua importncia no Estado. Alm disso, a relevncia biolgica dos esturios e manguezais associados de extrema importncia na medida em que fertilizam as guas costeiras, contribuindo para a produtividade da plataforma continental. Assim, relacionamos que a manuteno da pesca marinha est dependente da conservao e recuperao dos nossos manguezais.

A quantidade de pessoas que dependem desses ecossistemas pesqueiros cresce a cada ano. Ao projetar o dado oficial do Ministrio da Pesca e Aqicultura de Pernambuco, em que 8.517 pescadores litorneos esto cadastrados, percebe-se que cerca de 47.269 pessoas dependem deste trabalhadores da pesca. possvel afirma ainda, que estes dados so subestimados, pois no atingem a totalidade dos pescadores do litoral pernambucano.

O Diagnstico Socioeconmico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco uma esperana para os pescadores, e para as instituies que navegaram neste Barco. uma forma de servir, espelhando o desejo que diz: Pernambuco na frente com a fora da gente.

56

DIAGNSTICO SOCIOECONMICO DA PESCA ARTESANAL NA ILHA DE FERNANDO DE NORONHA

Fernando de Noronha um arquiplago vulcnico pertencente Cordilheira Dorsal Meso-Atlntica

que localiza-se entre as coordenadas geogrficas de 03o51' de latitude sul e 32o25' de longitude oeste. Com uma rea total de 26 km2, encontra-se

constitudo por 21 ilhas, ilhotas e rochedos que distam aproximadamente 345 km do cabo de So Roque, no Estado do Rio Grande do Norte e 545 km de Recife, Alm em da

Pernambuco.

ilha principal, que recebe o nome do arquiplago, destacam-se ainda as

ilhas: Rata, do Meio, Sela Gineta, Cabeluda, do

Morro do Leo e do Morro da Viva (Figura 17).

Figura 17. Arquiplago Fernando de Noronha.

58

A ocupao de Fernando de Noronha quase to antiga quanto do continente. Em decorrncia da sua posio geogrfica, o arquiplago foi uma das primeiras terras localizadas no Novo Mundo, sendo registrado em carta nutica desde o ano de 1500. No decorrer de sua histria, entre os anos de 1942 e 1988, a ilha foi administrada por militares do Exrcito, da Aeronutica e EMFA. Em 1988, por fora da Constituinte, foi reintegrado ao Estado de Pernambuco, virou Parque Nacional Marinho (PARNAMAR/FN) e rea de Proteo Ambiental Estadual e hoje, considerado um Distrito Estadual.

A atividade turstica ganha, a cada ano, uma conotao ecolgica elitizada, uma vez que, alm da taxa de preservao ambiental (TPA) paga por cada visitante, existe por parte dos moradores da ilha, uma transferncia de informaes sobre os cuidados com o meio ambiente que essas pessoas precisam ter.

O turismo gera trabalho para a populao nos setores de hospedagem, alimentao, transporte e comrcio especfico. Atualmente vem absorvendo grande parte dos pescadores devido s vantagens econmicas e conseqentemente, diminuindo a tradicional transferncia de conhecimento da arte da pesca de gerao em gerao, colocando em risco a continuidade da comunidade pesqueira de Fernando de Noronha. De acordo com a Associao Noronhense de Pesca (ANPESCA), algumas embarcaes tm operado com pescadores contratados do continente devido falta de mo de obra especializada.

Historicamente a pesca, juntamente com a agricultura, respondia como uma das principais atividades econmicas da ilha. Segundo a historiadora Marieta Borges, na poca do presdio a atividade pesqueira era realizada por presos que tinham o dever de voltar do mar com pescado, caso contrrio, seriam castigados. Toda a produo era dirigida s autoridades, enquanto eles eram alimentados com arroz, feijo e carne de charque. Esse sistema perdurou por 201 anos e acabou originando os pescadores artesanais, que posteriormente se formariam das famlias de antigos presos, guardas e outros pequenos funcionrios do sistema.

Com a criao do PARNAMAR/FN, a atividade da pesca na rea do Parque passou a ser controlada pelo IBAMA, o qual consentiu direitos de pesca apenas para antigos pescadores 59

como o Sr. Salviano e Jlio Grande, figuras conhecidas na histria do Arquiplago. importante salientar que esses direitos no so transferveis aos descendentes e acabam se extinguindo na medida em que essas pessoas envelhecem ou morrem. Para os demais pescadores no contemplados, a nica alternativa para desenvolver a pesca, realizando-a na rea externa ao parque. Os dados oficiais do ESTATPESCA7 (2005) afirmam que em relao s embarcaes, os pescadores da ilha possuem: 1 jangada, 5 barcos pequenos, 17 barcos motorizados mdios e 2 barcos grandes. No entanto, essa estatstica no contempla a produo pesqueira, que ser apresentada ento, atravs dos resultados das pesquisas realizadas pelo Prof. Paulo Travassos da UFRPE. Segundo Travassos a captura, na dcada de 60 era composta basicamente de pargos. Entre 1980 e 1990 a pesca foi voltada para os peixes de fundo (Cioba, Garoupa e Sirigado) juntamente com espcies de passagem, (cavalas e atuns). Atualmente, a maior parte das capturas representada pelo Peixe-rei, Barracudas, Xaru preto e Albacoras. As artes de pesca utilizadas na ilha, de acordo com o professor, so: a linha de mo (meia gua e de fundo), o corrico e a tarrafa (empregada apenas na captura da sardinha).

1 Anlise EstatsticaA estatstica foi calculada com o nmero total de 25 pescadores (as) correspondendo ao percentual de 100%. Em algumas questes presentes no questionrio do Anexo I, o entrevistado poderia marcar vrias opes, o clculo do percentual, neste caso, precisou ser realizado em cima dos 100% (25) para cada mltipla escolha, assim no excedendo o nmero total de questionrios aplicados.

7

Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundao de Amparo Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva (Fundao PROZEE), pela Secretaria Especial de Pesca e Aqicultura da Presidncia da Repblica (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA).

60

1.1- Perfil SocioeconmicoEm Fernando de Noronha as 25 entrevistas realizadas contemplaram 25 homens (100%). Desses entrevistados, 92% so chefes de famlia. Quanto ao estado civil, 40% so casados, 36% moram juntos e 20% esto solteiros. Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se que, o nmero mdio de moradores nas residncias de 4,56 e de famlias por residncias 1,04. As pessoas possuem em mdia 2,76 filhos, sendo 1,76 a mdia dos filhos que dependem financeiramente do entrevistado. Os resultados, referentes questo sobre remunerao, mostram que 56% dos entrevistados tm, em sua residncia, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma remunerada. Desses, 24% trabalham de forma remunerada na pesca.

a) Habitao: condies fsicas e sanitriasObserva-se entre os pescadores que 19 (76%) possuem casa prpria e 5 (20%) cedida ou emprestada. Os materiais predominantes utilizados na construo dessas residncias foram alvenaria 17 (68%) e madeira 7 (28%). Ainda nos domiclios, de acordo com as questes sanitrias, 23 (92%) dos entrevistados possuem gua encanada, 14 (56%) fossa, 25 (100%) tm banheiro, 10 (40%) rede de esgoto e 23 (92%) coleta de lixo. Os que possuem energia eltrica totalizam 25 (100%).

b) Bens materiais: transporte, utenslios domsticos e telefoniaDos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado a bicicleta com 24% bicicleta, seguida pelo carro (6%) e motocicleta (20%). Com relao aos eletrodomsticos, destacam-se: o fogo (96%), a geladeira (92%), freezer (64%), mquina de lavar roupas (16%), a TV (92%), ventilador (12%), o liquidificador (72%), o aparelho de som (72%), computador (8%), microondas (4%), e o vdeo/DVD (80%). Na telefonia, os aparelhos mveis (celulares) representaram 80% das respostas, enquanto que o telefone fixo apenas 56%.

61

c) EscolaridadeSegundo o grau de escolaridade, 6 (24%) possuem o Ensino Fundamental II incompleto e outros 6 (24%) o Ensino Fundamental II completo, bem como os chefes de famlia (24%), representa o Ensino Fundamental II12% 20% 4% 4% 8% Escreve o nome Fundamental I incompleto Fundamental I completo Fundamental II incompleto Fundamental II completo 24% 4% Mdio incompleto Mdio completo Graduao 24%

Escolaridade

incompleto (Figura 18).

Figura 18. Nvel de escolaridade dos pescadores.

d) SadeO histrico de doenas mostra que, 36% do total de pessoas entrevistadas declararam ter algum tipo de doena. Dentre os problemas de sade de interesse deste estudo, os mais representativos so: problemas de coluna (12%), doenas nos olhos (16%), hipertenso (8%), artrose (8,2%), diabetes (4,1%), doenas de pele (2%), reumatismo (2%) e apresentam outras doenas que no foram citadas acima (8%). Segundo os pescadores, todos costumam utilizar servios de posto de sade ou hospital. Considerando esta afirmao, observa-se que, 21 (84%) utilizam os servios mdicohospitalares encontrados na vizinhana e 3 (12%) no continente.

1.2 - Atividade EconmicaDas 25 entrevistas realizadas em Fernando de Noronha, 25 homens (100%), so pescadores (as). A principal atividade exercida por eles a pesca do mar de fora (92%). A relao trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 56% so autnomos e 12% so empregados/parceiros.

62

a) Jornada de Trabalho na PescaO tempo mdio que trabalham na atividade pesqueira de 26,96 anos, a mdia de dias trabalhados por semana de 5,28. O ndice encontrado para a mdia de horas trabalhadas por dia esteve em mais de oito horas dirias, correspondendo a 92%.

b) Embarcaes e Aparelhos de PescaO tipo de embarcao presente o bote motorizado (100%). Na questo referente aos aparelhos utilizados para tal atividade, a linha de mo representa 96%.

c) Comercializao do PescadoSegundo os (as) pescadores (as), a produo do pescado vendida diretamente para o consumidor (52%) e o peixeiro/atravessador (28%).

d) Impactos na Atividade PesqueiraPara os pescadores, vrios fatores tm prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que mais merecem destaque so: a diminuio dos recursos naturais (24%), a pesca predatria (16%) e a falta de polticas pblicas direcionadas ao setor (16%).

e) Alternativas de Fontes de RendaVerificando a estatstica voltada para esta questo, possvel perceber que alguns pescadores, no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras no relacionadas pesca. Ainda no questionrio, existem os que almejam outra fonte de renda e os que j experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas foram: o turismo (24%), a pesca no mar de fora (8%) e o comrcio (4%). Por outro lado, dos que gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados so: o comrcio (8%), o turismo (4%) e 12% em outras atividades. Para os pescadores que j tiveram outras experincias de trabalho, exerceram: na construo civil (24%), no turismo (12%), como funcionrio pblico (12%), no comrcio (8%), em servios gerais (8%) e na aqicultura (4%).

63

f) CapacitaoDos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitao, 40% tcnica-produo (pesca/cultivo/turismo/artCursos de capacitao

esanato), 24% em outros tipos. Contudo, 40% no participaram de nenhuma capacitao (Figura 19).100% 80% 60% 40% 20%

Figura 19. Entrevistados que participaram de cursos de capacitao.

0% no fez capacitao gerencial Sim capacitao meio ambiente tcnica No No se aplica outros

Capacitao

Atualmente, 84% tm vontade de se capacitar na atividade

0,0%

pesqueira. Para os 16% restantes,16,0%

qualquerNo gostaria Pesca Em outra atividade

capacitao

ou

treinamento est rejeitado (Figura 20).

84,0%

Figura 20. Pescadores oferta de capacitao.

g) Financiamento na Atividade Pesqueira A caracterizao dos entrevistados em relao ao recebimento individual ou coletivo de crdito/financiamento, projeto produtivo ou assistncia tcnica, revelou que 12% das pessoas receberam algum crdito, sendo que 50% foram atravs do Banco do Brasil e 50% de outros bancos.

64

h) Renda FamiliarNa renda salarial familiar, 16% possuem de 1 a menos de 2 salrios mnimos e 72% de 2 a menos de 5 salrios mnimos (Figura 21). possvel observar que 28% das rendas individuais, tambm esto entre 1 a menosRenda Familiar

de 2 salrios mnimos e 64%8,0% 4,0% 16,0%

entre 2 a menos de 5 salrios mnimos.Menos de s.m. De a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m. 5 ou mais s.m. NS/NR

72,0%

Figura 21. Renda familiar total por ms.

i) Programas SociaisAs informaes referentes aos benefcios recebidos por algum programa social esto apresentadas na figura 22. De todos os entrevistados, 28% afirmaram receber algum benefcio, sendo os mais citados: o Seguro Defeso (24%) e o programa (12%). Bolsa Famlia100% 80% 60% 40% 20% No se aplica Sim No

Benefcios Sociais do Governo Federal

Seguro Defeso

Seguro Desemprego

BPS/LOAS

Nenhum

Bolsa Famlia

Figura 22. Pescadores/ famlia contemplados por benefcios sociais.

Dos pescadores assistidos pelo Seguro Defeso, 66,70% possuem renda familiar de 2 a menos de 5 salrios mnimos e 33,30% de 1 a menos de 2 salrios. Daqueles beneficiados pelo

65

Outros

0%

PETI

programa Bolsa Famlia, 66,70% possuem a renda familiar de 2 a menos de 5 salrios mnimos e 33,30% de 1 a menos de 2 salrios mnimos.

j) Organizao SocialSobre o associativismo 76% dos pescadoresFiliados Associao

encontram-se vinculado Associao e 32% de100%

Pescadores

80% 60% 40% 20% No se aplica No Sim

Colnia de Pescadores (Figura 23). Desses

filiados a Associao de pesca, 94,7% pescam no mar de fora e 5,3% trabalham no comrcio.

nenhuma

Colnia

Cooperativa

Moradores

Produtores

Pescadores

Figura 23. Pescadores filiados Associao/ Colnia.

l) Aes de Instituies Ligadas ao Meio AmbienteSobre o conhecimento de instituies que realizem algum tipo de ao na rea ambiental em seu municpio, os entrevistados identificaram: o IBAMA (80%).

m) DocumentaoCom relao documentao de pescador, 80% possuem a carteira a da Capitania dos Portos, 72% a da SEAP, 64% a carteira de trabalho (CTPS), 52% a do IBAMA, 48% a da Associao de pescadores e 40% a da Colnia de pescadores. Entre os pescadores 60% contribuem para a previdncia social.

2 Anlise Socioambiental

66

outros

0%

A presente anlise socioambiental foi elaborada com base nas observaes da equipe do Instituto Oceanrio in loco e atravs de trabalhos cientficos como o de Glauber Carvalho e Paulo Travassos intitulado: Atividade Pesqueira e Biologia Reprodutiva do Peixe-Rei (Elafatis bipinnulatus Bennett, 1840) no Arquiplago de Fernando de Noronha. Desde o ano de 1988 o Arquiplago foi considerado Parque Nacional, o que conseqentemente restringiu a atividade da pesca, que at os dias atuais encontra-se sendo realizada no mar de fora

(Figura 24).

Figura 24. Roberto Carlos G. de Morais (Robertinho) critica a restrio da atividade pesqueira, notadamente da pesca da Sardinha.

Ao final da dcada de 80 ainda, com o objetivo bsico de promover e incentivar a pesca no predatria na rea de jurisdio da Ilha, bem como apoiar seus associados no desenvolvimento de suas atividades, foi criada a Associao Noronhense de Pescadores (ANPESCA). Esta iniciativa foi uma grande conquista para a classe dos pescadores que, trabalhavam sob o rgido sistema militar. Entretanto, com o crescimento da atividade turstica, a Associao passou por srias dificuldades financeiras na primeira metade da dcada de 90, cessando suas atividades em meados de 1996. Estas dificuldades, principalmente nos perodos de entressafra, ocasionaram uma diminuio na oferta de pescado, obrigando os donos de restaurantes e pousadas a importar peixe de Recife e Natal. O turismo como principal atividade econmica, cresce inversamente proporcional ao quadro da atividade pesqueira em Fernando de Noronha e os pescadores atrados pela renda deixam suas funes, passando a trabalhar em tempo parcial ou integral neste setor, que gradativamente absorve grande parte da mo-de-obra local. Em alguns casos, os armadores e pescadores proprietrios de embarcaes de pesca vm adaptando seus barcos para oferecer

67

um melhor conforto aos turistas durante os passeios nuticos e prtica da pesca esportiva, gerando retorno financeiro e imediato, principalmente na alta estao turstica (Figura 25).

Figura 25. Embarcaes de pesca, turismo e de abastecimento. Porto Santo Antnio.

O Museu do Tubaro alm de funcionar como um turismo cientfico, alerta os visitantes sobre a problemtica do meio ambiente, juntamente como o Projeto Golfinho Rotador, Projeto Tamar, onde as palestras so verdadeiros cursos de educao ambiental (Figura 26).

Figura 26. Museu dos Tubares: Pesquisa cientfica e educao ambiental.

68

Em 1998, a ANPESCA retomou as atividades, reestruturando administrativamente a associao e contratando pescadores do continente, devido falta de trabalho especializado na ilha. Como fator agravante desta situao, praticamente no mais se observa no arquiplago a tradicional transferncia de

conhecimentos de gerao em gerao, permanente mo-de-obra promover a responsvel disponibilidade qualificada continuidade pela de para da

atividade pesqueira (Figura 27).

Figura 27. Sede da Associao Noronhense de Pescadores.

Alm dos vrios problemas enfrentados com o turismo, ainda existem os conflitos entre a administrao do Parque Nacional Marinho e os pescadores, referente s questes da pesca da sardinha, isca que s pode ser capturada dentro da regio do parque. Segundo as entrevistas realizadas, houve um acordo na poca da criao do Parque que no est sendo cumprido. Na ocasio, o IBAMA havia

liberado a pesca da sardinha no local e hoje restringe horrio, com os barcos s podendo capturar sardinha das 6 s 9h da manh (Figura 28).

Figura 28. Barcos pesqueiros capturando sardinha. Praia do Leo.

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Outras particularidades que dificultam a pesca na ilha esto relacionadas ao custo de produo que mais elevado que no continente, onde a maioria dos produtos comercializados tem seu preo elevado devido ao frete. Como exemplos, podem ser citados os valores do litro de leo diesel que custa em Noronha R$ 2,89, enquanto em Recife custa em R$ 1,85 e do litro de gua mineral que custa R$ 5,00 mais que o dobro do continente, onerando assim os custos dos pescadores. Paralelamente, foi declarado que o valor do pescado no acompanha esses valores, pois o quilo est sendo comercializado a R$ 3,50. pertinente referir que o trabalho na usina de tratamento de lixo vem sendo bem elaborado requerendo cuidado especial no

perodo de chuvas, que possam escoar material da compostagem, uma vez que a usina est no nvel acima das vias de acesso s praias da Cacimba, do Padre e do Sancho (Figura 29).

Figura 29. Usina de tratamento do lixo. Observe o processo de compostagem.

Os servios de sade do Hospital So Lucas, utilizados pela grande maioria dos pescadores, para o socorro de traumas leves, foi bastante elogiado (Figura 30).

Figura 30. Equipamento eficiente de sade.

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Com relao ao pescado, ao contrrio do que se observou nas ltimas dcadas, onde os peixes mais capturados eram: o Pargo, Cioba, Garoupa, Sirigado, Cavalas e Atuns, a maior parte das capturas nos dias atuais representada pelo Peixe-Rei, Barracuda, Xaru Preto e Albacoras.

3 Ilha de Fernando de Noronha: consideraes finaisFernando de Noronha possui uma situao diferenciada do pescador do litoral de Pernambuco, visto que o pescador da ilha melhor remunerado. No entanto, essa renda no provm apenas da atividade pesqueira, mas do turismo, onde tambm seus barcos acabam sendo utilizados para promover passeios. Por outro lado, a atividade turstica vem sendo uma preocupao, uma vez que diminuiu a prtica da pesca entre as geraes pela oferta da renda e faz a ilha importar pescadores do continente para desenvolver a prtica pesqueira. Talvez uma alternativa para minimizar tal problema, seria o incentivo do setor turstico, como nas reas litorneas de Pernambuco, a pesca voltada para a culinria local, onde os frutos do mar, comprados aos pescadores seriam vendidos nos restaurantes. Verificou-se que o trabalho do IBAMA e da Escola Estadual, responsvel por disponibilizar cursos profissionalizantes distncia voltados principalmente para rea de meio ambiente, contribuem para a conscincia da preservao ambiental dos ilhus. A viso dos pescadores da ilha sobre os fatores que prejudicam a pesca diferente das comunidades de pesca do litoral. Enquanto que a poluio uma regra em Pernambuco, a ilha no sofre diretamente com este impacto. Ainda sim os pescadores destacam como problemas: a diminuio dos recursos naturais, a pesca predatria e a falta de polticas pblicas direcionadas ao setor. Em se tratando de uma ilha, cuja atividade pesqueira ocenica e os barcos atingem o local de pesca em pouco tempo, a jornada de trabalho acaba sendo diria. Apenas em regies de ilhas ocenicas encontra-se uma pesca com essas caractersticas. Atividades de capacitao devem ser incentivadas como um todo, pois os pescadores declararam nunca ter participado de treinamentos ou cursos. A maioria deles tem o desejo de serem capacitados na pesca.

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Diante do exposto, algumas medidas e aes encontram-se descritas, a fim de contribuir com a melhoria da comunidade: - Investimento na estrutura fsica e instrumental na oficina de barco; - Trabalhos de extenso pesqueira para a pesca artesanal e fortalecimento da Associao de Pesca (Anpesca) para aes cooperativas; - Investimento na melhora do aterro sanitrio; - Promover aes para a regulamentao dos pescadores; - Capacitao na rea de pesca e de meio ambiente, especialmente para os jovens.

Em ambientes de alto grau de conservao ambiental, tais como a regio de Fernando de Noronha, necessita de desenvolvimento de uma atividade pesqueira compatvel com este grau de complexidade ambiental. Este desenvolvimento deve contemplar a criao de cais especficos para embarque e desembarque de pescado, edificao de entreposto alimentado por fontes de energia limpa, compatvel com poder aquisitivo dos pescadores, alm da renovao da frota pesqueira, por embarcaes menos poluentes que assegurem a sustentabilidade ecolgica desses ambientes. Ernande Jos de Sousa- Pescador de Fernando de Noronha.

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Alguns Resumos dos Diagnsticos da Pesca Realizados em Pernambuco

Anlise econmica da pesca martima de PernambucoBARROS, A. R.; HAZIN, F. H. V.; CORREIA, S.; PEDROSA, B. M. J. ; RAPOSO, I. ; FILIZZOLA, M

Referncias adicionais: Relatrio de pesquisa, 200 pginas. Inst. promotora/financiadora: Fundao de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco FADE/UFPE.

Este trabalho foi elaborado por um grupo de economistas assessorado por pessoas que atuam no setor pesqueiro. O objetivo maior foi abranger a cadeia produtiva do pescado, desde os produtores (pescadores artesanais), passando pelos atravessadores, estabelecimentos de comercializao at as empresas exportadoras de pescado. Foram entrevistados neste estudo 439 pescadores, alm de 16 representantes de colnias e associaes, 193 armadores, 6 atacadistas, 4 varejistas e 8 bares e restaurantes do segmento.

Em relao aos pescadores artesanais entrevistados 41% possuam renda entre 1 e 2 salrios mnimos e 31% de at 1 salrio mnimo, indicando a carncia do setor. importante citar tambm que o setor (96% dos pescadores no proprietrios de embarcaes) possui uma forma de contrato de trabalho diferenciada, chamada de parceria. Na parceria o pescador, aps a retirada dos custos da pescaria, divide com o dono do barco o lucro gerado. A pesquisa identificou que apenas 57% dos entrevistados possuam carteira de pescador, documento que d direito a uma srie de benefcios, incluindo seguro defeso e aposentadoria. O nvel de escolaridade baixo, sendo 55% das pessoas entrevistadas sem o primeiro grau completo e 25% nunca tinham ido escola. Na pesquisa foi encontrada uma idade mdia de 40 anos para o pescador e 23 anos de tempo mdio de profisso.

Este alto grau de informalidade da atividade pesqueira encobre o real dimensionamento do setor no que diz respeito quantidade de pessoas nele empregada e gerao de renda, pois quando os pescadores