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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – PROPPE Luana Coutinho de Oliveira GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE: LEGISLAÇÃO E PROBLEMÁTICAS CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – PROPPE

Luana Coutinho de Oliveira

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE:

LEGISLAÇÃO E PROBLEMÁTICAS

CURITIBA 2010

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE:

LEGISLAÇÃO E PROBLEMÁTICAS

CURITIBA 2010

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Luana Coutinho de Oliveira

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE:

LEGISLAÇÃO E PROBLEMÁTICAS

CU2

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação em Auditoria e Gestão em Saúde daUniversidade Tuiuti do Paraná, como requisitoparcial para a obtenção do título deespecialização. Orientadora: Profª Dra. Ana Maria Dyniewicz.

RITIBA 010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Luana Coutinho de Oliveira

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE:

LEGISLAÇÃO E PROBLEMÁTICAS

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação em Auditoria e Gestão em Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de especialização.

Curitiba, _____________________de 2010.

Curso de pós-graduação em Auditoria e Gestão em Saúde Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: __________________________

Profª Dra. Ana Maria Dyniewicz

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RESUMO

Esta pesquisa bibliográfica objetiva uma revisão teórica sobre resíduos em instituições de saúde e sua legislação; as etapas necessárias para um Programa de Gerenciamento de Resíduos; as problemáticas referentes ao mal gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde.Entende-se por resíduos de serviços de saúde todos aqueles que resultam de atividades exercidas no serviço que tem relação com o atendimento de saúde, tanto humana quanto animal, o que inclui serviços de atendimento domiciliar, laboratórios analíticos de produtos para saúde, necrotérios, funerárias, drogarias e farmácias (incluindo as de manipulação) unidades móveis de atendimento á saúde, centro de controle de zoonozes, serviços de acupuntura, tatuagens e outros similares (ZAMONER, 2008). Essa classificação e como esses resíduos devem ser manejados estão contidos nas legislações da ANVISA (RDC nº 306 de 7 de Dezembro de 2004) e CONAMA (nº 358/05), que atribui ao gerador de Resíduos dos Serviços de Saúde - RSS o correto gerenciamento até a disposição final de seus resíduos. Para tanto, é necessário a elaboração de um Programa de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) que constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004). Este trabalho expõe ainda, as etapas que constitui o PGRSS (classificação, segregação, acondicionamento, coleta interna, coleta externa armazenamento temporário externo e destinação final), bem como os riscos a que estão sujeitos os profissionais, comunidade e meio ambiente.

Palavras-chave: Resíduos de Serviço de Saúde; Gerenciamento; Programa de Gerenciamento de Resíduos.

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SUMARIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6

1.1 OBJETIVOS...........................................................................................................8

2 REVISÃO LITERATURA..........................................................................................9

2.1 O QUE SÃO RESÍDUOS DE SAÚDE....................................................................9

2.2 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE

SAÚDE.......................................................................................................................10

3 ETAPAS DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESIDUOS HOSPITALARES.......................................................................................................12 3.1 CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................12

3.2 SEGREGAÇÃO....................................................................................................16

3.3 ACONDICIONAMENTO.......................................................................................17

3.4 COLETA INTERNA..............................................................................................19

3.5 ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO EXTERNO.................................................20

3.6 COLETA EXTERNA E DESTINAÇÃO FINAL .....................................................22

4 PROBLEMATICAS.................................................................................................24

4.1 RISCOS PARA OS PROFISSIONAIS..................................................................26

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................29

REFERENCIAS..........................................................................................................31

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1 INTRODUÇÃO

Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) são gerados por prestadores de

assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica e instituições de ensino

e pesquisa médica relacionada tanto a população humana quanto a veterinária. Os

RSS, apesar de representar uma pequena parcela em relação ao total de resíduos

gerados em uma comunidade, são fontes potenciais de propagação de doenças e

apresentam um risco adicional à população, quando gerenciados de forma

inadequada (SILVA; HOPPE, 2005).

Segundo a legislação do CONAMA Resolução nº358 de 29 de Abril de 2005

art 3º, cabe aos geradores de resíduos de serviços de saúde e ao responsável legal,

o gerenciamento dos resíduos desde a geração até a disposição final, de forma a

atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e saúde ocupacional, sem

prejuízo de responsabilização solidária e de todos aqueles, pessoas físicas e

jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradação

ambiental, em especial os transportadores e operadores das instalações de

tratamento e disposição final (CONAMA, 2005).

Portanto é fundamental compreender que todo serviço de saúde deve,

obrigatoriamente, elaborar um plano de gerenciamento de resíduos e submeter à

aprovação do órgão fiscalizador determinado pelo município, seja ligado ao meio

ambiente e/ou à saúde. O objetivo de um programa efetivo de gerenciamento de

resíduos infecciosos é promover proteção à saúde pública e ao meio ambiente,

devido aos riscos apresentados por esses resíduos (MOZACHI; SOUZA, 2005).

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Para Naime, Sarton e Garcia (2004) a reciclagem de lixo surge como uma

opção importante no gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde. O maior

desafio para a reciclagem é a separação dos resíduos.

È preciso se considera três aspectos fundamentais: a organização do sistema

de manuseio dos resíduos sólidos, os aspectos técnico-operacionais relacionados

aos resíduos dos serviços de saúde e os recursos humanos necessários para o

funcionamento do sistema (BRASIL, 1997).

Nesse sentido, deve-se compreender que todos os membros da comunidade

dos estabelecimentos de saúde, inclusive os pacientes, os visitantes e o público em

geral, têm relação direta com a geração de resíduos dos serviços de saúde, e estão

igualmente expostos aos riscos que tais resíduos possam acarretar. Dessa forma,

todos devem participar do estabelecimento das medidas de controle e tomar parte

da solução.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico,

realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), são

coletadas diariamente 228.413 toneladas de resíduos no Brasil. Em geral, estima-se

que 1% desses corresponda aos resíduos de serviços de saúde, totalizando

aproximadamente 2.300 toneladas diárias.

Ainda segundo o IBGE (2002), 74% dos municípios brasileiros depositam o

“lixo hospitalar” a céu aberto, 57% separam os dejetos nos hospitais e apenas 14%

das prefeituras tratam adequadamente os resíduos dos serviços de saúde.

O gerenciamento correto dos resíduos dos serviços de saúde significa não só

controlar e diminuir os riscos, mas também alcançar a minimização dos resíduos

desde o ponto de origem, que elevaria também a qualidade e a eficiência dos

serviços que proporciona o estabelecimento de saúde (BRASIL, 1997).

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1.1 OBJETIVOS

De acordo com o exposto acima, os objetivos desta pesquisa são:

• Elaborar revisão teórica sobre resíduos em instituições de saúde e sua

legislação;

• Expor as etapas necessárias para um Programa de Gerenciamento de

Resíduos;

• Elencar as problemáticas referentes ao mal gerenciamento dos resíduos dos

serviços de saúde.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O QUE SÃO RESÍDUOS DE SAÚDE

Para Zamoner (2008), consideram-se resíduos de serviços de saúde como:

todos aqueles que resultam de atividades exercidas no serviço que tem relação com

o atendimento de saúde, tanto humana quanto animal, o que inclui serviços de

atendimento domiciliar, laboratórios analíticos de produtos para saúde, necrotérios,

funerárias, drogarias e farmácias (incluindo as de manipulação), unidades móveis de

atendimento à saúde, centro de controle de zoonozes, serviços de acupuntura,

tatuagens e outros similares.

Uma classificação adequada dos resíduos gerados em um estabelecimento

de saúde permite que seu manuseio seja eficiente, econômico e seguro. A

classificação facilita uma segregação apropriada dos resíduos, reduzindo riscos

sanitários e gastos no seu manuseio, já que os sistemas mais seguros e

dispendiosos destinar-se-ão apenas à fração de resíduos que os requeiram e não

para todos (BRASIL, 1997).

O gerenciamento inadequado de resíduos de serviços de saúde produzidos

diariamente, aliado ao aumento significativo de sua produção, vem agravando os

riscos a saúde da população. Cada responsável por seu estabelecimento gerador

destes resíduos, deve implementar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde – PGRSS. Cabe às secretarias de saúde e meio ambiente

municipais a principal responsabilidade por orientar e monitorar a construção e a

sustentação dos PGRSS (ZAMONER, 2008).

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2.2 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE

SAÚDE

Conforme a legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – RDC nº

306 de 7 de Dezembro de 2004 (ANVISA, 2004) – o gerenciamento dos RSS

constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e

implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o

objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados

um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos

trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente. O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais

relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de

saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis pelas etapas.

De acordo Naime, Sarton e Garcia (2004), um programa eficiente de

gerenciamento dos resíduos infecto-contagiosos gerados nos estabelecimentos de

saúde objetiva promover a melhoria das condições de saúde pública, através da

proteção do meio ambiente.

Um sistema adequado de manejo dos resíduos em um estabelecimento de

saúde permitirá controlar e reduzir com segurança e economia os riscos para a

saúde associados a esses resíduos (BRASIL, 1997).

Segundo Zamoner (2008) o gerenciamento adequado destes resíduos é de

extrema importância, favorecendo tanto a segurança de profissionais de saúde e

comunidade, quanto à preservação ambiental.

Para Salomão, Trevizan e Günther (2004) o gerenciamento dos RSS,

considerado como as diferentes etapas por que passam os resíduos, desde sua

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geração até sua disposição final, pode ser dividido em gerenciamento interno (intra-

unidade de serviço de saúde) e gerenciamento externo (extra-unidade), este último

envolvendo a coleta, transporte e destinação final.

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3 ETAPAS DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

HOSPITALARES

Um programa de gerenciamento intra-unidade de saúde deve seguir as

seguintes etapas: Classificação, Segregação, Acondicionamento, Coleta Interna,

Armazenamento temporário externo. E extra instituição como Coleta e Destinação

final.

3.1 CLASSIFICAÇÃO

Classificação dos resíduos sólidos, segundo Resolução CONAMA nº 358/05

(CONAMA, 2005):

• Grupo A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por

suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar

risco de infecção.

a-) A1

1 – culturas e estoques de microorganismos; resíduos de fabricação de produtos

biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microorganismos vivos

ou atenuados; meio de culturas e instrumentais utilizados para transferência,

inovulação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação

genética;

2 – resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita

ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4,

microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou

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causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou

cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido;

3 – bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por

contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido,e aquelas

oriundas de coleta completa;

4 – sobra de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,

recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo

sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

b-) A2

1 – carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos,

bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem

portadores de microorganismos de relevância epidemiológica e com risco de

disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou

confirmação diagnóstica;

c-) A3

1 – peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais

vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou

idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e

não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares;

d-) A4

1 – kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

2 – filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de

equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

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3 – sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e

secreções, proveniente de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de

conter agentes provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam

suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância

epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doenças

emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de

transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

4 – resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro

procedimento de cirurgia plástica que gere esse tipo de resíduo;

5 – recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não

contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

6 – peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de

procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomo-patologicos ou de confirmação

diagnostica;

7 – carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos,

bem como suas forrações;

8 – bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

e-) A5

1 – órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e

demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com

suspeita ou certeza de contaminação com príons.

• Grupo B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar

risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

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a-) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos;

imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais; quando

descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de

medicamentos, controlados pela portaria do Ministério da Saúde 344\98 e suas

atualizações;

b-) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes, resíduos contendo metais

pesados, reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por

estes;

c-) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

d-) efluente de equipamentos automatizados utilizados em análise clínicas;

e-) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004

da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

• Grupo C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que

contenham radionucleídeos em quantidades superiores aos limites de

eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia

Nuclear – CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

a-) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratório de

pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de

medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade

superior aos limites de eliminação.

• Grupo D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou

radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos

resíduos domiciliares.

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a-) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de

vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia

de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

b-) sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

c-) resto alimentar de refeitório;

d-) resíduos provenientes das áreas administrativas;

e-) resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

f-) resíduos de gesso provenientes da assistência à saúde.

• Grupo E: materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de

barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas,

pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; lâminas e

lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório

(pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

3.2 SEGREGAÇÃO

O manuseio apropriado dos resíduos hospitalares segue um fluxo de

operações que começa com a segregação. Essa é a primeira e mais importante

operação, pois requer a participação ativa e consciente de toda a comunidade

hospitalar.

A segregação é uma das operações fundamentais para permitir o cumprimento

dos objetivos de um sistema eficiente de manuseio de resíduos e consiste em

separar ou selecionar apropriadamente os resíduos segundo a classificação

adotada. Essa operação deve ser realizada na fonte de geração, condicionada à

prévia capacitação do pessoal de serviço (BRASIL, 1997).

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Implantar a segregação promove a redução os riscos para a saúde e o

ambiente, impedindo que os resíduos infecciosos ou especiais, que geralmente são

frações menores, contaminem os outros resíduos gerados no hospital.

Para Figueredo (2005), quando não há separação de resíduos nos recipientes

recomendados, todos são considerados como pertencentes do grupo A,

aumentando os custos de acondicionamento e tratamento.

Segundo Salomão, Trevizan e Günther (2004) o objetivo principal da

segregação não é reduzir a quantidade de resíduos infectantes a qualquer custo,

mais acima de tudo, criar uma cultura organizacional de segurança e de não

desperdício.

A segregação é importante porque permite que se adote o manuseio,

embalagem, transporte e tratamento mais adequados aos riscos oferecidos por um

determinado tipo de resíduo, permitindo que se intensifiquem as medidas de

segurança apenas quando realmente necessário, facilitando as ações em caso de

acidente. Além disso, a segregação é um fator de redução de custo, permitindo o

emprego mais racional dos recursos financeiros destinados ao sistema de resíduos

nos serviços de saúde (OLIVEIRA, 2002).

3.3 ACONDICIONAMENTO

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes

que evitem vazamentos e resistam à punctura e ruptura. A capacidade dos

recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada

tipo de resíduo (ANVISA, 2004).

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O acondicionamento dos resíduos na origem consiste em controlar os riscos

para a saúde e facilitar as operações de coleta, armazenamento externo e

transporte, sem prejudicar o desenvolvimento normal das atividades do

estabelecimento (BRASIL, 1997).

Deve-se contar com recipientes apropriados para cada tipo de resíduo. O

tamanho, o peso, a cor, a forma e o material devem garantir uma apropriada

identificação, facilitar as operações de transporte e limpeza, ser herméticos para

evitar exposições desnecessárias e estar integrado às condições físicas e

arquitetônicas do local. Esses recipientes são complementados com o uso de sacos

plásticos para efetuar uma embalagem apropriada dos resíduos (ANVISA, 2004).

Segundo a RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 (ANVISA, 2004), os

recipientes devem conter tampas acionadas sem o contato manual, de fácil acesso,

identificado visivelmente que tipo do resíduo que se destina, com coloração

diferenciadas, no caso dos perfuros-cortantes caixas com dupla proteção envolto por

sacos plástico, não deve ultrapassar 2\3 de sua capacidade, em caso de químicos e

radioativos recipientes tipo bobonas mantém-se fechada em local distante do local

onde se presta o serviço (expurgo).

Uso de sacos: Deve-se generalizar o uso de sacos para o manuseio de resíduos

hospitalares. Eles devem ter, entre outras, as seguintes características preconizados

pela ABNT (NBR 9191\2000):

• Espessura e tamanho apropriados, de acordo com a composição e o peso do

resíduo.

• Resistência, para facilitar a coleta e o transporte sem riscos, devem ser opacos

para impedir a visibilidade do conteúdo.

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• Material apropriado, podem ser de polipropileno de alta densidade (para submeter

o resíduo à esterilização em autoclave) ou simplesmente de polietileno.

• Impermeabilidade, visando a impedir a introdução ou eliminação de líquidos dos

resíduos.

Segundo a legislação da ANVISA, na RDC nº 306 de 2004 (ANVISA, 2004): a

simbologia contida na NBR 7500 da ABNT, o Grupo A é identificado pelo símbolo de

substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenhos e contornos pretos. O

Grupo B é identificado através do símbolo de risco associado, e com a discriminação

de substância química e frases de risco. O Grupo C, é representado pelo símbolo

internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos

de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão REJEITO

RADIOATIVO. O Grupo E é identificado pelo símbolo de substância infectante, com

rótulos de fundo branco, desenho e contorno preto acrescido da inscrição de

RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo.

3.4 COLETA INTERNA

Consiste no translado dos resíduos dos pontos de geração até o local

destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo, com a

finalidade de apresentação para a coleta.

Em seu estudo, Silva e Hoppe (2005) relatam que em visitas realizadas em

várias ocasiões aos estabelecimentos hospitalares, constatou-se que resíduos

segregados são misturados junto aos demais resíduos pelos servidores

responsáveis pela coleta e transporte para a estocagem externa. Portanto, enquanto

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a segurança dos servidores dos estabelecimentos de saúde é assegurada, em

alguns casos, a situação do público em geral continua a mesma.

Para a RDC nº 306\04 (ANVISA, 2004) devem-se utilizar carros de tração

manual com amortecedores e pneus de borracha. O carro deve ser projetado de tal

forma que assegure hermetismo, impermeabilidade, facilidade de limpeza,

drenagem e estabilidade, visando a evitar acidentes por derramamento dos

resíduos, acidentes ou danos à população hospitalar. Os carros devem ter, de

preferência, portas laterais e estar devidamente identificados com símbolos de

segurança.

Devem-se estabelecer turnos, horários e a freqüência de coleta para evitar o

acúmulo de resíduos. Os resíduos especiais e alguns recicláveis devem ser

coletados de forma separada segundo as características do resíduo. Os carros para

a coleta interna devem ser lavados e desinfetados no final de cada operação. Além

disso, devem ter manutenção preventiva (ANVISA, 2004).

Ao depositar os resíduos no local temporário após a coleta e transporte, o

funcionário deverá pesar os resíduos separadamente, conforme sua segregação,

pois se sabe que os resíduos recicláveis podem ser rentáveis e os infectantes

podem ser cobrados por peso para sua coleta.

3.5 ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO EXTERNO

O armazenamento externo consiste em selecionar um ambiente apropriado

onde será centralizado o acúmulo de resíduos que deverão ser transportados ao

local de tratamento, reciclagem ou disposição final.

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A Legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - RDC nº 306\04

indica que o local deve respeitar os seguintes requisitos (ANVISA, 2004):

• Acessibilidade

O ambiente deve estar localizado e construído de forma que permita um

acesso rápido, fácil e seguro aos carros da coleta interna. Deve contar com

itinerários sinalizados e espaço adequado para a mobilização dos carros durante as

operações;

• Exclusividade

O ambiente designado deve ser utilizado somente para o armazenamento

temporário de resíduos hospitalares; por motivo algum se devem armazenar outros

materiais. Dependendo da infra-estrutura disponível, poderão existir ambientes

separados para cada tipo de resíduos.

• Segurança

O ambiente deve reunir condições físicas estruturais que evitem que a ação

do clima (sol, chuva, ventos, etc.) cause danos ou acidentes e que pessoas não

autorizadas, crianças ou animais ingressem facilmente no local. Para tanto, deve

estar adequadamente sinalizado e identificado.

• Higiene e saneamento

O ambiente deve contar com boa iluminação e ventilação, deve ter andares e

paredes lisas e pintadas com cores claras, de preferência o branco. Deve contar

com um sistema de abastecimento de água fria e quente, com pressão apropriada,

para executar operações de limpeza rápidas e eficientes e um sistema de esgoto

apropriado.

O ambiente deve estar localizado, se possível, em zonas distantes das salas

do hospital e perto das portas de serviço do local, para facilitar as operações de

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transporte externo. Deve contar com facilidades para o acesso do veículo de

transporte e para a operação de carga e descarga.

3.6 COLETA EXTERNA E DESTINAÇÃO FINAL

A coleta externa consiste no recolhimento do lixo do armazenamento

temporário, para o local onde será transportado pela coleta municipal ou tratamento

prévio (FIGUEREDO, 2005).

Segundo a legislação do CONAMA nº 358 04\05, após serem segregados

corretamente, devem seguir conforme o grupo pertencente (CONAMA, 2005):

• Grupo A1: devem ser submetidos a processos de tratamento em equipamento

que promova redução da carga microbiana compatível com nível III de

inativação microbiana e devem ser encaminhados para o aterro sanitário

licenciado ou local devidamente licenciado para disposição de resíduos dos

serviços de saúde.

• Grupo A2: após serem submetidos aos processos e destinos idênticos ao

Grupo A1, ou após a redução microbiana ser sepultado em cemitérios de

animais.

• Grupo A3: quando não houver requisição pelo paciente ou familiares e\ou não

tenham mais valor científico ou legal, devem ser encaminhados para:

sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente

do Município, do Estado ou do Distrito Federal, ou tratamento térmico por

incineração ou cremação em equipamento devidamente licenciado para esse

fim.

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• Grupo A4: podem ser encaminhados sem tratamento prévio para o local

devidamente licenciado para a disposição final de resíduos de serviços de

saúde.

• Grupo A5: devem ser submetidos a tratamento específico orientado pela

ANVISA.

Os resíduos do Grupo A não podem ser reciclados, reutilizados ou

reaproveitados, inclusive para alimentação animal.

• Grupo B: com características de periculosidade, quando não forem

submetidos a processos de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem

ser submetidas a tratamento e disposição final específicos, as características

dos resíduos pertencentes a esse grupo são contidas na ficha de informações

de segurança de produtos químicos – FISPQ. Os resíduos em estado sólido

devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos – Classe I. Os resíduos

em estado líquido não devem ser encaminhados para a disposição em aterros

podem ser lançados em corpo receptor ou na rede pública de esgoto, desde

que atendam as diretrizes ambientais estabelecidas pelos órgãos, gestores

de recursos hídricos e de saneamento. Resíduos que não tem característica

de periculosidade, não necessitam de tratamento prévio.

• Grupo C: os rejeitos radioativos não podem ser considerados resíduos até

que seja atingido o tempo necessário de decaimento ou atingimento do limite

de eliminação só então são considerados resíduos das categorias biológica,

química ou resíduo comum, devendo seguir as determinações do grupo a

qual pertencem.

• Grupo D: quando não forem passível do processo de reutilização,

recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para o aterro sanitário

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de resíduos urbanos. E quando forem passiveis de reciclagem devem atender

normas legais de higiene e descontaminação.

• Grupo E: devem ter tratamento específico de acordo com a contaminação

química, biológica ou radiológica, devem ser apresentados a coletas

acondicionados em recipientes estanques, rígidos e hígidos, resistentes à

ruptura, a punctura, ao corte ou a escarificação.

Para Souza e Brigagão (2001), a incineração do lixo hospitalar não é

obrigatória como meio de tratamento, porém é considerada a melhor alternativa de

tratamento, pelos seguintes fatores: reduz drasticamente o volume de resíduo

sobrando uma pequena quantidade de cinzas; é um processo simples apesar de

crítico, quanto ao cumprimento dos procedimentos operacionais; como

desvantagens existe a emissão de compostos tóxicos como as dioxinas e furanos,

caso a usina seja projetada e operada adequadamente.

Segundo Spina (2005), entende-se por disposição ou destino final de RSSS o

confinamento em vala séptica ou, depois de haverem sido submetidos a um

tratamento como a desinfecção, esterilização ou incineração, em aterro sanitário.

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4 PROBLEMÁTICAS

Em seu estudo, Salomão, Trevizan e Günther (2004) observaram que as

etapas do gerenciamento interno em dois hospitais eram insatisfatórias, sobretudo

pela inobservância da legislação e normatização existentes. Além disso, a maior

parte dos resíduos eram classificados como resíduos com características infectantes

(Tipo A), independentemente do hospital estudado. Com exceção dos resíduos

perfurantes e cortantes e das peças anatômicas, os demais resíduos gerados eram

acondicionados sem qualquer segregação, tornando-se assim resíduos biológicos

(Tipo A).

Para Garcia e Zanetti-Ramos (2004), vários estados e municípios possuem

legislações próprias específicas sobre o gerenciamento de resíduos de serviços de

saúde, estabelecendo normas para a classificação, segregação, armazenamento,

coleta, transporte e disposição final desses resíduos. Contudo, as legislações em

vigor não são claras e muitas vezes é conflitante, o que provoca dúvidas e

impossibilita a adoção de normas práticas eficazes para o GRSS em todo o país.

Salomão, Trevizan e Günther (2004), de acordo com os resultados obtidos no

seu trabalho, deduziram que: o elemento humano que atua nos Centros Cirúrgicos

(CC) desconhece os padrões normativos quanto ao manejo dos RSS; o

Gerenciamento dos RSS limita-se à coleta e acondicionamento do mesmo em saco

plástico branco leitoso (normatizado), para que sejam recolhidos pelo sistema

público de coleta municipal; os resíduos perfurantes e cortantes e as peças

anatômicas são segregados, em sua grande maioria, de forma adequada; é possível

minimizar volume de resíduos biológicos no CC, considerados como, área crítica,

através da implantação de gerenciamento de RSS (PGRSS), que priorize a

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segregação na origem e o acondicionamento diferenciado. Nessa segregação, cerca

de 82% (em peso) dos RSS do CC poderiam ser considerados como resíduos

comuns, passiveis de reaproveitamento.

Em muitos locais, o que se observa é um comportamento de “tudo ou nada”.

Ou todos os resíduos são segregados como perigosos, ou os resíduos de serviços

da saúde acabam sendo dispostos como resíduos comuns ou domiciliares (GARCIA;

ZANETTI-RAMOS, 2004).

4.1 RISCOS PARA OS PROFISSIONAIS

Segundo a ANVISA (2005), nos resíduos hospitalares, os materiais

perfurocortantes, como agulhas, lâminas e tubos de ensaio quebrados, ocupam

lugar de destaque no fator perigo. Isso porque são materiais que entram em contato

com substâncias contaminadas e podem facilmente provocar um corte na pele de

uma pessoa sadia.

Segundo Brevidelli e Cianciarullo (2002), em diversos estudos a prática de

reencapar agulhas foi responsável por 15 a 35% dos acidentes com objetos

perfurocortantes, enquanto o descarte de agulhas em local inadequado (saco de lixo

comum, cama e mesa de cabeceira do paciente, campos cirúrgicos, bandejas)

ocasionou de 10 a 20% dos acidentes com profissionais de saúde.

Em seu estudo, Garcia e Zanetti-Ramos (2004), relatam que em seis anos

foram tratados aproximadamente 1.300 casos de acidentes envolvendo materiais

biológicos no Hospital São Paulo. Desses acidentes, 90% foram injúrias

percutâneas, a maioria envolvendo agulhas. Afirma ainda que tais casos são

freqüentemente provocado pela disposição inadequada e reencape das agulhas.

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Os riscos à saúde incluem aquisição direta ou indiretamente de doenças

infecciosas em virtude do gerenciamento inadequado de resíduos de serviços de

saúde, que pode ocorrer em seu manuseio, acondicionamento, coleta, transporte,

armazenamento, tratamento ou destino final (FORMAGGIA, 1995).

Os pacientes e os profissionais das áreas médicas e para-médicas, bem

como os funcionários que manuseiam os resíduos, são potenciais alvos das

infecções. Sendo assim, justifica-se uma rigorosa normatização de conduta para o

gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços de saúde (NAIME, SARTON e

GARCIA, 2004).

Segundo Silva e Hoppe (2005), os pérfuros-cortantes são os principais

resíduos que estão associados à transmissão de doenças infecciosas, visto que há

uma capacidade em romper a integridade da pele e introduzir agentes infecciosos no

tecido.

Existem diferentes microorganismos patogênicos presentes nestes resíduos

com capacidade de persistência ambiental. Entre eles, podem-se citar:

Mycobacterium tuberculosis, Staphylococus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas

aeruginosa, vírus da hepatite A (HAV) e da hepatite B (HBV), microorganismos

esses de interesse por estarem associados a situações de infecção hospitalar

(SILVA et al., 2002).

Segundo ANVISA (2005), há estudos que mostram que a possibilidade de se

contrair hepatite B em um acidente com perfurocortante é de 30% e, no caso da

hepatite C esse índice é de 1,8%. Normalmente, acontece um acidente com o

responsável pela limpeza porque a agulha ou bisturi não foi descartado de maneira

adequada pelo profissional de saúde.

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No Brasil, a inexistência de um sistema de vigilância de acidentes de trabalho

com material biológico faz com que haja poucos estudos epidemiológicos sobre

injúrias ocupacionais envolvendo resíduos de serviços de saúde (GARCIA;

ZANETTI-RAMOS, 2004).

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5 CONCLUSÃO

Um programa de gerenciamento de resíduos deve ser elaborado pelo gestor

responsável pela instituição e deve conter todas etapas e especificações que

envolvem os resíduos de saúde. Esse programa deve estar em um manual de fácil

acesso para eventuais consultas, conter inicialmente a classificação dos Resíduos

do Serviço de Saúde (RSS), como deve ser feita sua segregação,

acondicionamento, coleta interna, armazenamento temporário externo, coleta

externa e como se procede a sua destinação final.

É importante salientar ainda que um excelente projeto de gerenciamento de

resíduos não terá êxito sem um eficiente programa de treinamento com todos os

colaboradores envolvidos na instituição, pois é necessário um planejamento de

educação continuada no intuito de que todos os funcionários tomem ciência da

importância, riscos expostos e destinação de seu lixo.

Além de questões ambientais, o conhecimento sobre custos associados a

materiais e insumos e seu tratamento após o uso, podem despertar uma maior

conscientização, diminuindo o uso inadequado ou descontrolado, com isso a

instituição também investirá em seu profissional mais capacitado, melhorando seu

conceito ambiental e de cidadania.

Os problemas relacionados ao gerenciamento de RSS estão diretamente

ligados à conscientização de toda a equipe multiprofissional e a gerência do hospital,

da importância da correta segregação, armazenagem e manuseio dos resíduos.

Problemas secundários são a falta de recursos e espaço físico. Em literaturas

consultadas, observou-se deficiências em relação a planejamento, documentação e

estatísticas básicas para tomada de decisão no gerenciamento dos RSS. É

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necessária uma maior mobilização por parte dos estabelecimentos hospitalares para

a discussão da legislação e de soluções de problemas, com ações concretas

guiadas por objetivos e metas a serem alcançados, compatíveis com a realidade dos

hospitais.

Três princípios devem orientar o gerenciamento dos resíduos: reduzir,

segregar e reciclar. Esses princípios devem ser incorporados ao PGRSS de todos os

estabelecimentos geradores.

A primeira providência para um melhor gerenciamento de RSS é a redução no

momento da geração. Evitar o desperdício é uma medida que tem benefício duplo:

economiza recursos não só em relação ao uso de materiais, mas também no

tratamento diferenciado desses resíduos.

O processo de reciclagem traz benefícios para a comunidade, pois gera

empregos e renda, além de contribuir para a redução da poluição ambiental, pois

menos resíduos serão depositados em aterros, e ainda implica o menor gasto de

recursos naturais.

Um caminho para solucionar a questão dos RSS é o exercício do bom-senso

aliado com a educação e o treinamento dos profissionais de saúde, além do

esclarecimento da população.

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